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GINZBURG, Carlo.

“David, Marat: arte, política e religião” In:


Medo, Reverência e terror: quatro ensaios sobre iconografia
política.

Traduzido no Brasil em
2014, livro reúne artigos,
sendo o mais antigo de
1999]

Fio condutor dos artigos: o


conceito Pathosformeln –
MEMÓRIA DOS GESTOS
Aby Warburg: intelectual alemão, historiador da arte,
estudou transição da iconografia antiga à cultura
europeia moderna.

Obra: Atlas Menmosine, coleção de imagens.


Influenciou: Panofsky, Gombrich, Walter Benjamin,
Ginzburg.

Memória dos gestos: Warburg: Renascimento não


apenas copiou gestos gregos. Eles sobreviveram,
ressurgiram de forma fantasmal, como novos
significados, funções e sentidos. Muitas vezes opostos.
“Deus está nos detalhes”, costumava dizer Aby
Warburg diante das imagens.

Aby Warburg (1866-1929) - Pathosformeln:

“Ressonância de gestos”, “fórmula de emoções”

Recuperar gestos do paganismo no início do


Renascimento.

Burckhardt – teria um praticado método


parecido, identificando um certo “pathos” na
forma antiga.

“Gestos de emoção extraídos da Antiguidade


que foram retomados na arte do Renascimento
com seu significado invertido”.

Referências clássicas – “pagãs” – sentido


invertido, cristianizado.
Concerto campestre, Giorgione, 1510

Detalhe gravura romana

Casa, Carracci, 1587

“Almoço
na
relva”,
“Julgamento de Páris”, Rafael_Marcantonio Raimondi _1510 Manet.
MÉTODO: estudo da imagem junto aos diversos
elementos que estavam em seu entorno. TEIA –
fios tecendo uma TEIA DE SIGNIFICADOS.

TEIA → contexto + artista e seus referenciais +


círculos intelectuais + processos de circulação e
recepção.
IDEIA CENTRAL: gestos semelhantes assumem
significados diferentes. MEMÓRIA DOS GESTOS
E EMOÇÕES.
Pathosformeln – Aby Warburg

Baccio Bandinelli, Crocifissione_1752. Baccante Detalhe de relevo século I a. C


Crucifixion_fragmento_Bertoldo di Giovanni_1485
No livro:
Ginzburg: Com obras de tempos históricos diferentes, mostra
como o historiador pode fazer dialogar política e arte junto
aos medos e terrores.

Mostrar entre outros:


1 – Uso político das imagens; imagens também como atos
políticos, sem prescindir da arte.

2 – Artistas e seu engajamento (Jacques-Louis David) – sem


cair na simplificação da arte como espelho do real

ARTISTA TAMBÉM COMO ATOR POLÍTICO


Jacques-Louis David, O último suspiro
de Marat, 1793.

Obra muito estudada – mas Ginzburg


trilha outros caminhos. Referenciais em
textos e imagens diferenciados.

História Cultural no Brasil – acostumou-


se trabalhar com emoções e
sensibilidades, nem sempre entram
chaves de leitura como medo e pouca
articulação com o político.
Seguindo “paradigma indiciário”, parte do
detalhe

Como esse detalhe ajuda na construção do


argumento central?
Jacques-Louis David, Marat em seu
último suspiro, 1793.

“l’an deux” – referência ao


calendário revolucionário, início
simbólico de nova era – entrou em
vigor em 5 out 1793, dez dias antes
da exposição do quadro – data
provavelmente acrescentada no
último instante. Data antiga –
calendário tradicional –
parcialmente encoberta pela cor .

Novo calendário retirava elementos


cristãos. Maneira de romper com
passado
Método/passos de pesquisa de Ginzburg

A – Sobre o artista: David e seu engajamento na


Convenção; sua proximidade com Marat,
Robespierre.
B – Percurso da obra: quadro, sua confecção,
seu companheiro de exposição, sua retirada de
circulação, sua retirada do contexto de produção
(perda da tela Le Pelletier)
Les derniers moments de Michel Lepeletier, David, 1793.

Marat em seu último suspiro, David, 1793.


C – Referências, influências para confecção das
obras-irmãs.

Fonte: caderno de notas de David, gravuras de


seus alunos e outras de suas obras.

Constatação do repertório clássico


Pierre-Alexandre Tardieu, Le Pelletier de Saint-Fargean, s/d
Andrômaca chorando Heitor,
1783, David.
D – Entendendo a lógica e as características
dessas referências, ou ainda, da “tradição” –
como contar a vida de heróis.

Tragédia, comédia e inversão cristã

Morte de um herói na banheira: violação do


decorum clássico
E – Formulando seu “PROBLEMA” de pesquisa a
partir de diálogo com bibliografia:

DEBATE: estudos apontavam que interpretações


do culto de Marat com conotação religiosa
seriam fruto de uma “projeção retrospectiva”,
nascida no clima de 1848.

PERGUNTA: HÁ OU NÃO ELEMENTOS e ALUSÕES


À ICONOGRAFIA DE CRISTO EM MARAT?
F – Recepção do quadro: ajuda a ver possibilidades
verossímeis de análise.

Baudelaire:
“O divino Marat, com um braço fora da banheira e a pena pela
última vez na mão agora inerte, o peito trespassado pelo
ferimento sacrílego, acaba de soltar seu último suspiro”.

“Santa morte” – “acaba de beijá-lo com seus lábios amorosos


e ele repousa na serenidade de sua metamorfose” – uma
alma na banheira.
Saint Stanislaus Kostka on his
deathbed
Legros, Pierre t. Y. 1666–1719.
1702-1703
G – Aumenta repertório possível da obra, tenta
estabelecer novas conexões imagética. A estátua
de Pierre Legros.
Com que objetivo?
Saint Stanislaus Kostka on his
deathbed
Legros, Pierre t. Y. 1666–1719.
1702-1703
Obra de Pierre Legros, escultor romano do início do
XVIII. Estátua de Estanislw Kostka, jesuíta morto em
1567 aos 18 anos, beatificado em 1605 e santificado
em 1726. Ginzburg pressupõe que David viu a estátua
em sua estada em Roma.

Conclusão: Das MEMÓRIAS LIGADAS AO PASSADO +


URGENCIAS DO PRESENTE surge o exemplum virtus no
duplo sentido – clássico e cristão.
H – Último passo: “amarrar os fios”. Por que
acionar imagens cristãs em momento de
secularização da sociedade (calendário)?
Ginzburg: resposta nas páginas do Contrato Social
de Rousseau – Hobbes (Leviatã) e Maquiavel (O
Príncipe)

Para Rousseau, “República cristã” era incompatível


– cristianismo servidão, escravos, tirania. Padre
sempre seria mais forte que Estado. Para David,
revolução abrira espaço para novas manobras.
Marat representado como santo.
Conclusão 1
Invasão da esfera do sagrado é outra face da
secularização. “Sempre que possível, o poder
secular se apropria da aura (que também é uma
arma) da religião”.

Secularização ao lado do cristianismo –


apropriação de conteúdos.

Obra de David não é sobre um “quadro político”,


é um ato político.
Conclusão 2:
Artista, obra e contexto dialogam com outros
tempos, imagens e textos. CONTINUIDADE E
DESCONTINUIDADE COM PASSADO ESTÃO
CONTIDAS NO QUADRO.

Imagens são portadoras de temporalidades


diferentes.

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