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Nacionalismo e militarismo

no Peru contemporâneo
Mudanças nos anos 20

A - consolidação do capital imperialista dos EUA nos setores de


exportações primárias e nas finanças
B - recomposição e reestruturação das classes sociais - proprietários
pré-capitalistas se associaram à nova coalizão
C - formação econômica dependente e combinada desigualmente com
formas pré-capitalistas de produção. Latifúndios e empresas
estrangeiras ampliam domínio sobre as massas camponesas
D - emergência de novos setores afetados pelas transformações
econômicas, trabalhadores agrícolas, mineiros, pequena burguesia
rural e urbana com demandas canalizadas através de novas
organizações anti-imperialistas (Haya e Mariátegui…)
A crise dos anos 30

 O caráter oligárquico - dependente do Estado determinava a situação


política geral
 Entre 1930-1933 ocorre uma sucessão de levantes militares e populares
(PCP e APRA)
 O exército, apesar da influencia da Apra, preservou-se como guardião da
oligarquia
 A Apra ganha terreno frente ao PC principalmente por conta da
orientação obreirista deste (3º período da Internacional Comunista e que
acusava o Apra de ser social-fascista…). Era uma orientação política
completamente diferente daquela antes defendida por Mariátegui, que
propunha a unidade operária e a busca de apoio do campesinato
 Mesmo derrotado nas eleições de 1931 a Apra conseguiu se consolidar
em vários setores populares e camadas médias.
A crise dos anos 30

 O novo setor ou fração da burguesia que se coligou com o sucessor de


Leguía (1919-1930) era comandada por Sáchez Cerro e foi justamente
aquele desalojado pela coligação oligárquico-imperialista anterior. Suas
“posições nacionalistas” eram na verdade um repúdio às ameaças de
destruição dos traços patrimoniais, católicos e hispânicos da sociedade
peruana. Pregavam uma ideologia “arielista” contrária às mobilizações
populares e se mostrariam rapidamente próximos de fórmulas fascistas e
corporativistas
 A ausência de um setor burguês industrial e militante foi um real
obstáculo a algum tipo de aliança com os setores nacionalistas da Apra e
levou a uma situação de confronto aberto na década de 1930.
 Em 1939 o general Benavides chamou eleições buscando recompor a
hegemonia oligárquica. Por outro lado, tanto a Apra como o PC se
aproximaram de uma política de colaboração com os EUA.
A experiência democrática de 1945

 Nas eleições de 1945 o triunfo da Frente Democrática Nacional liderada


pela Apra foi esmagador, com a articulação de sindicatos, federações e
associações que representavam uma ascensão política inédita das
massas populares.
 A Apra buscou reforçar uma política de conciliação de classes: “A Apra
não veio para tirar a riqueza de quem a tem, mas para criá-la para quem
não a tem” (Haya de la Torre)
 A pressão popular das massas apristas passava por cima da
acomodação parlamentar que a direção queria estabelecer, e isso
apareceu em uma onda de greves por salários e mobilizações sociais.
 Em 3 de outubro de 1948 ocorre um levante popular em Lima dirigido
pelas massas apristas e em contradição com a direção do partido. Seu
fracasso levou a Apra à ilegalidade e abriu caminho para uma brutal
ofensiva das forças oligárquicas. Um golpe militar do general Manuel
Odría se prolonga até 1956.
A nova ofensiva imperialista
 Durante o período Odría a economia foi beneficiada por um
aumento das exportações, manufaturas e mineração. Cresceu
também a participação de capitais externos (47% EUA em 1965)
e a concentração de propriedades.

 Essa nova situação provocou mudanças nas estruturas


econômicas do país, forçando o confronto com as formas arcaicas
e pré-capitalistas no campo. Surgiu um poderoso movimento
camponês e um novo setor operário.

 O governo Odría buscou combater a influência de massas da


Apra através de uma política assistencialista com as massas
marginais e na esteira da experiência peronista.
A crise oligárquica e a “Convivência”

 Uma possibilidade de acordo da burguesia com as cúpulas do Apra


começou se configurar sob o nome de “Conveniência”. O acordo previa
que a Apra deveria abandonar seus métodos radicais e tornar-se uma
“oposição leal”.
 Para a fração dominante que apoiava este novo experimento, a criação
do clima de confiança para os investidores, numa situação de rápida
urbanização e industrialização, só era possível pela cooptação politica da
direção aprista.
 Através da participação 'responsável' da Apra na atividade
governamental, ela se encontraria obrigada a controlar as exigências
populares e interceptar o comunismo.
 A Apra vai se deslocar cada vez mais de uma força anti-imperialista com
base de massas para uma linha cada vez mais conservadora, o que abriu
terreno para outras alternativas políticas.
Igreja e exército frente à nova situação
da década de 1950
 A igreja como bastião tradicional da burguesia peruana começou a sofrer
fissuras internas por conta da aproximação de alguns setores do clero
com as mobilizações camponesas.
 No Exército usa série de mudanças institucionais e ideológicas
favoreceram sua crescente autonomia. Estudos estratégicos da CAEM
(centro de altos estudos militares) levaram a constatação de que o Peru
estava em um estágio “subdesenvolvido”. E nasceu a exigência militar
por desenvolvimento e planejamento, com a constatação de que as
“nacionalizações” e a reformulação do aparato produtivo eram
fundamentais para incrementar o aparato produtivo do país.
 O serviço de inteligência “detectou” que as causas dos movimentos
populares estavam na persistência da pobreza, desemprego, favelas,
invasões. A constatação foi: “desenvolver-se para que não haja
revolução…”
As eleições de 1962

 Nas eleições de 1956 surgiram novas forças políticas como a


Ação Popular de Fernando Belaúnde Terry buscando canalizar as
forças anti-oligárquicas e nacionalistas das cidades e campos.
 Fernando Belaúnde buscava representar as novas forças
reformistas (Ação Popular, setores da igreja e exército
nacionalista) ou que se afastavam da Apra.
 Haya de la Torre com apoio da oligarquia conseguirá uma
vantagem por estreita margem.
 O exército depôs o presidente Manuel Prado poucos dias antes
da transmissão do cargo e instalou um governo militar.
 As novas eleições deram o poder a Belaúnde com compromissos
de realizar reformas gradualmente sem que as massas tivessem
espaços para iniciativas próprias.
O governo Belaúnde e as ações de
massas na década de 1960
 A vitória de Belaúde favoreceu uma onde de mobilizações sociais no país pelo
atendimento das reivindicações enfrentando as velhas estruturas oligárquicas.
 Entre 1950 e 1960 a rebelião camponesa dava um golpe mortal na ordem
latifundiária tradicional. A lei de reforma agrária de Belaúde não conseguiu
pacificar o campo,(Belaúde reprimiu em 1965 a guerrilha do MIR – uma cisão da
Apra que formara o Apra Rebelde e depois MIR guevarista). Abria-se um vazio
estratégico ao se eliminar um dos pilares do sistema (o latifúndio) e a possibilidade
de uma “grande transformação”.
 O Apra conseguiu maioria no parlamento, mas isso não a fez constituir uma
aliança com Belaúde, o que teria permitido avançar várias reformas parciais. A
Apra se coligou com o odrismo (a velha Convivência) para inviabilizar o governo
Belaúde.
 De 1940 a 1980 a população peruana triplicara de 6 para mais de 17 milhões,
sendo que agora 65% era urbana e vivia na costa, não mais na serra. As
migrações internas destruíram a tradicional dualidade sociocultural peruana. O
verdadeiro Peru havia se deslocado para o centro do sistema.
O rápido esgotamento do reformismo
do governo Belaúde
 O governo de Belaúde entrou numa crise crescente que refletia sua
desintegração. Nas eleições de 1967 surgiu um polo operário
independente que conseguiu 10% dos votos e formou uma federação
sindical independente da Apra, a CGTP. Tratava-se de um movimento de
reagrupamento em torno de um setor radicalizado da Ação Popular.
 A massificação da luta política fez com que os antigos mecanismos
clientelistas de controle social entrassem em colapso, ameaçando não
somente a ordem oligárquica, mas a propriedade da terra. Era uma crise
de hegemonia da burguesia peruana. Ao mesmo tempo, o movimento
camponês estava sob ataque, a esquerda fragmentada e o velho Apra
desmoralizado. Esse vazio de protagonistas abriu espaço para a ação
dos militares.
 No dia 2 de outubro de 1968 um golpe militar derrubou um presidente já
isolado.
A militarização do Estado
Os militares peruanos fizeram sua
própria leitura da doutrina de
segurança nacional, uma leitura
particular: realizar uma revolução
“vinda de cima” para destruir a
“dominação tradicional”. Tropas
aerotransportadas tomaram
campos petrolíferos de empresa
dos EUA, abriram-se relações
com o bloco soviético e a grande
propriedade foi liquidada por
decreto governamental. Foi o que
alguns chamaram de “nasserismo
latino-americano”…
A militarização do Estado

 O vazio político deixado pela crise hegemônica da coalizão dominante e,


correlativamente, a integração político-ideológica no seio do exército permitiram
que o GRFA (governo revolucionário das forças armadas) emergisse com uma
autonomia de ação relativamente importante frente ao conjunto da sociedade.
 O “fracasso do civis” em organizar uma transição pós oligárquica com a falência
do reformismo de Belaunde e a direitização do Apra deu coesão ao núcleo
golpista. Se a Junta Militar de 1962 foi um ensaio geral, a guerrilha de 1965 foi o
catalizador. O núcleo de oficiais da inteligência, após eliminarem os guerrilheiros,
refletiram profundamente sobre as reais motivações da luta…
 A militarização do estado se expressou na:
 composição, representação e legitimidade fundadas no aparato militar;
 racionalização tecnocrática e procedimentos burocráticos dos atos do governo
 A política se convertia em um ato burocrático a ser resolvido por vias
administrativas e qualquer manifestação contrária seria concebida como um ato de
traição, de sabotagem e antipatriótico
Bonapartismo militar

 Havia ecos do discurso aprista original em Velasco:


 - tom messiânico,
 - pretensão de ser um processo atípico, autônomo e aberto, nem comunista e nem
capitalista…
 - a crítica à dependência ideológica da esquerda, com a proposta de um “estado
anti-imperialista” anteriormente elaborado por Haya…
 Criou-se uma elite tecnocrática que incorporou antigos militantes de esquerda,
intelectuais e quadros técnicos frustrados por suas antigas aspirações
reformistas… Intelectuais como Carlos Delgado Oliveira, um dos principais
ideólogos e que buscava se referenciar em Mariátegui: “o destino da revolução
depende em grande parte do curso seguido pelo processo de mudanças na área
rural.”
 O propósito era manter as forças armadas “por cima” da sociedade. Tratava-se de
um regime militar – bonapartista: “Não somos políticos, não temos interesses
particulares, só o da Pátria.”
A democracia vinda de cima

 A proposta do GRFA seria edificar uma “democracia social


plena”:

 - com uma ordem moral de solidariedade e não de individualismo;

 - uma economia autogestora dirigida pelos trabalhadores;

 - uma ordem política dirigida diretamente pelas instituições


politicas, econômicas e sociais sem intermediação.

 Mas como organizar os de baixo a partir de uma revolução vinda


“de cima”?…
A vanguarda militar e a economia

 A vinculação entre segurança militar e desenvolvimento


econômico era um dos eixos centrais do novo regime.
 O GRFA foi o primeiro governo da CEPAL, que ajudou a elaborar
um plano de desenvolvimento para os próximos vintes anos.
 O objetivo era erradicar os enclaves estrangeiros
 Eliminar a área pré-capitalista do campo
 Fortalecer a capacidade empresarial e reguladora do Estado
 Promover a integração econômica e social da população
 Como disse o general Mercado Jarrín: “um exército forte não
pode sustentar-se sobre um país fraco...”
 Ou como diria um observador: “o governo da GRFA é um governo
aprista sem a Apra em seu projeto original de 40 anos atrás”
As primeiras medidas econômicas

 Seis dias depois do golpe o complexo petroleiro da Standard Oil foi ocupado por forças
militares.
 O GRFA eliminou de forma administrativa o caráter oligárquico e enclavado da
economia, abrindo canais para a constituição de novas formas de acumulação
capitalista, que deveriam criar um sistema original, “nem capitalista nem comunista,
solidário, humanista, cristão e comunitário”.
 no setor financeiro o governo centralizou sua atividade no banco da Nação; limitou a
20% participação estrangeira em ativos dos bancos, organizou a cooperação financeira
de fomento, impôs o controle de câmbio e exigiu a repatriação de capitais; o Estado
deveria encontrar capacidade de canalizar o crédito de acordo com seus planos;
 o governo organizou a empresa de petróleo do Peru; adquiriu o complexo mineiro de
Cerro-Pasco
 decretou em 1970 a lei de indústrias estipulando a exclusividade do estado na produção
de insumos básicos: cimento, aço, química, papel, eletricidade etc.,
 Transportes e comunicações - adquiriu 51% da companhia de telefones e tomou o
sistema de ferrovias e promoveu a indústria de construção de barcos; estatizou o
comércio de farinha de peixe;
A reforma agrária de 1969

 O segundo passo foi avançar a Reforma Agrária em junho de 1969: os militares


ocuparam instalações açucareiras de um enclave da burguesia agrária e dos
setores oligárquicos opositores…
 Esperava-se que se criassem cooperativas agrárias e a massa rapidamente
rompesse seus antigos laços políticos, inclusive com os sindicatos camponeses
 O fato da reforma agrária prever estrito respeito à propriedade, indenizações,
combate ao sindicalismo e controle militar, deu garantias aos EUA e aos
proprietários. A reforma visava “criar uma ordem comunitária, solidária e cristã”.
 O governo interviu nas grandes empresas agrárias e se confrontou com
trabalhadores; e houve grande diferenciação entre os camponeses beneficiários
por conta da produtividade diferenciada nas fazendas;
 O fato dos camponeses terem que pagar para reembolsar os antigos latifundiários
provocou uma descapitalização do campesinato e acumulação burguesa em
setores modernos da economia.
A política externa do novo regime

 A política externa buscou firmar uma linha terceiro-mundista e não alinhada


destinada a diminuir a dependência externa, com a diversificação de mercados e
fontes de financiamento;
 Barcos pesqueiros dos EUA foram capturados em água territoriais por não
respeitarem a soberania do país e os EUA retaliaram.
 O governo do Peru exigiu a retirada dos militares dos EUA da base militar de e
suspenderam o convite a Rockfeller para visitar o país.
 Os EUA decidiram agir com mais cautela para não precipitar uma ruptura e
radicalizar o novo governo.
 Foram abertas relações com a China e se rompeu o bloqueio a Cuba, foram
ampliados o comércio com antigas economias socialistas.
 Ao mesmo tempo se buscou manter todos os canais de contato e evitar
rompimento com os EUA em busca de uma verdadeira renegociação com o
imperialismo.
Os impasses da gestão cogestionária
ou cooperativa das empresas?
 O GRFA buscou instituir três setores de atividades econômicas: o estatal com formas de
associação ao capital imperialista, o privado reformado com comunidades trabalhistas e
o cooperativo. E deveria haver um quarto no futuro, hegemônico e destinado a
consolidar a estrutura comunitária… Seria uma “democracia social de participação
plena” ou uma terceira via autônoma…
 - O governo criou em todos os setores da economia “comunidades trabalhistas” que
deveriam receber parte dos lucros até o limite de 50%, assim nas empresas mais
produtivas recebiam mais, gerando novas desigualdades… Este setor representava
apenas 10% da população ativa e os outros 90% eram subempregados, rurais e
urbanos…
 - A alternativa do governo foi elaborar a proposta do “setor de propriedade social”, uma
propriedade grupal e autogestionária mas que tinha como principal problema ser regida
pelas regras capitalistas de mercado, com acumulação privada e expropriação
coletiva…
 - Contrariamente ao que esperavam os planejadores econômicos as reformas
aumentaram a concentração de renda e riquezas, o que aumentou a demanda por
produtos importados pelas camadas da pequena e alta burguesia.
Corporativismo e bonapartismo
militarista: o SINAMOS
 Como transferir ao povo as novas estruturas criadas? Havia pelo menos duas propostas: os
que defendiam a criação de um partido velasquista e os participacionistas.
 Os participacionistas elaboraram uma proposta nova: criar mecanismos novos de participação
a partir do trabalho local e cotidiano: o Sinamos (sistema nacional de mobilização social) que
seria uma agencia estatal provisória para estimular o surgimento de organizações sociais com
poder de decisão ou mecanismos de autogoverno.
 O Sinamos tornou-se um organismo poderoso dirigido aos bairros pobres, o proletariado fabril
e a sociedade rural. Na área rural criaram-se Ligas Agrárias, federações e por fim a
confederação nacional agrária inaugurada em 1974. As Ligas Agrárias obtinham várias
vantagens, mas logo ocorreram desvios e funcionários terminaram reproduzindo posturas dos
antigos fazendeiros.
 Os partidos e organizações foram quase engolidos pelo poderoso aparato estatal velasquista,
mas havia obstáculos: dar um caráter revolucionário a um processo dirigido por uma instituição
conservadora; a desconfiança e resistência das organizações populares;
 O Sinamos tentou responder aos desafios com “um intenso trabalho educativo” baseado em
Paulo Freire… Mas o impasse era que a entrega maciça de terras à comunidade que era
inviável e gerava perigosas frustrações, propuseram !”empresas associativas” para manter a
capacidade produtiva, mas reconheciam o baixo nível de “conscientização política” do
campesinato.
A luta de classes e o militarismo

 O objetivo final do regime era a reorganização institucional com a finalidade de construir


um Estado comunitário, com filiações cristãs expresso na tentativa de conciliação de
classes e busca da Unidade Nacional. Buscava-se um país único, total, homogêneo,
para eliminar as divisões de classes… Por isso, a campanha pela despolitização das
camadas populares, para apagar todo rastro de consciência classista e somar as forças
populares às forças do governo. Mas as greves e repressões do governo destruíram
esse caminho
 A proposta de um partido da revolução igualmente naufragou pois rivalizaria com o
papel das forças armadas, com a ideia de que os partidos perderiam a função com as
novas instituições em formação.
 Os trabalhadores ao participarem da vida das empresas tiveram acesso aos livros de
contabilidade e ao caráter explorador da empresa capitalista; uma consequência disso
foi que os trabalhadores tentaram criar uma confederação nacional de comunidades
industriais (Conaci) ao lado da consolidação da própria CGTP… A Conaci atacou a
burguesia e exigiu direito de veto em decisões empresarias, além da entrega imediata
de 50% do capital das empresas…
 A CGTP , apesar do PC e sua tentativa de eliminar os ultras e colaborar com o
governo, conseguiu centralizar as principais lutas dos trabalhadores.
A luta de classes e o militarismo

 As forças armadas queriam fazer uma “revolução burguesa sem


a burguesia” e contra a vontade desta. Dois motivos principais
explicariam isso: a criação das comunidades de trabalho que
tiravam legitimidade da burguesia no controle dos meios de
produção; em segundo lugar foi o controle ideológico através da
reforma educativa e estatização da imprensa.
 Várias medidas de propaganda criavam impasses com a
burguesia. Uma reforma educacional para “formar um “homem
novo” e a “nova sociedade”: o termo “índio” foi proscrito da
linguagem oficial, “Papai Noel e Pato Donald foram abolidos como
símbolos de penetração cultural”
 As relações com países socialistas que de alguma forma
legitimava o termo “revolução”…
A crise do governo Velasco

 A crise do governo Velasco esteve ligada também a crescente perda de


controle do processo com a criação do MLR (movimento laborista
revolucionário) que com apoio do governo queria destruir, com métodos
gangsteristas, o sindicalismo classista. Esse MLR foi favorecido a se aliar
tacitamente à Apra.
 Uma onda de perseguições a ativistas oposicionistas desde agosto de
1975 aumentou as dissidências no governo.
 A criação do MLR visava controlar a resistência popular ao modelo e
controle corporativo, oferecer a paz social à burguesia e ao imperialismo,
mas era tarde demais e só fez aprofundar a luta de classes além dos
níveis toleráveis pelos militares.
 Essa virada à direita terminou por selar os apoios à esquerda. Uma greve
de policiais precipitou a queda do governo. Em 29 de agosto Velasco,
então muito doente, foi obrigado a renunciar.
A crise do governo Velasco

 A doença de Velasco em 1974 e a greve policial de fevereiro de 1975 mostraram


fragilidade do governo. Na verdade fora um motim provocado pela CIA com apoio
de apristas.
 Temas que foram críticos no processo de esgotamento do governo velasquista:
 - resultados decepcionantes com respeito à busca de autonomia e distribuição
justa de receitas;
 - ausência de uma fonte de dinamismo econômico alternativa frente a diminuição
das exportações tradicionais por conta do impacto das reformas;
 - impacto de compras maciças de armamentos ;
 - represálias dos EUA;
 - recusa de Velasco por ajustes econômicos recomendados por técnicos.
 - No sepultamento do chamado “general dos pobres” em dezembro de 1977
ocorreria uma das maiores mobilizações sociais em Lima.
O regime militar nacionalista e a crise
mundial de 1973
 O novo general, Morales Bermudes, embora reivindicasse uma segunda fase de
continuidade da revolução, faria de fato uma “contrarrevolução” ao processo
iniciado em 1968.
 O governo Bermudez buscou respaldo popular e concedeu liberdade de imprensa
e permitiu a volta de vários exilados,. Foi desmantelado o MLR.
 O objetivo da “nova fase” do governo militar era: impor novos ajustes econômicos,
principalmente por conta dos efeitos cada vez mais explícitos da crise econômica
mundial de 1971. O plano de ajuste com desvalorizações da moeda aguçou a
inflação.
 Em julho de 1976 o país estava a beira da insurreição popular e foi decretado o
estado de sítio e toque de recolher, fechamento de revistas e proibição de greves,
reuniões sindicais e políticas. Novas medidas foram tomadas par desarticular as
“comunidades de trabalho”.
A continuidade por outros caminhos?

 Foi uma tentativa de “revolução por decreto” e quando tentou


também por decreto integrar as massas nas estruturas políticas,
chocou-se com sua própria natureza militar.
 Foi criticado como um regime de tipo fascista e corporativista,
mas liquidou os restos de latifundismo e servidão;
 Ao dar legitimidade às demandas camponesas deixou grandes
expectativas insatisfeitas que cobrarão seu preço nos anos
seguintes;
 A chamada “Nova Esquerda” peruana e o Sendero Luminoso
talvez tenham sido expressões desse fenômeno, ao lado do
autoritarismo e conservadorismo arraigada nas camadas sociais
dominantes.
Bibliografia

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