UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Instituto de Saúde Coletiva

Disciplina: Construção Social da Realidade (Enf.

2010/2)

CORPO: ASPECTOS SOCIOCULTURAIS

 CORPO: natural / cultural-social
• Dimensão natural/física => potenciais, “plasticidade”

Formas de como:
- usamos;
- falamos dele;
- “deciframos”/interpretamos as sensações corporais;
- dispensamos cuidados a ele => VARIAM entre os
grupos sociais; no tempo e espaço

• Dimensão cultural-social=> tais formas são

adquiridas, cultivadas, aprendidas (ex: sociedades
humanas e animais)
EXEMPLOS:
1) Uso do corpo: intelectual e manual (mental e físico),
trabalho feminino e masculino,;

2) Preeminência da mão esquerda/direita;

3) Dormir; andar;

4) Ato de comer: o quê comer, quando comer (ocasiões

especiais), quem pode comer (leite, carnes, bebidas,
doces etc); quem come primeiro (prioridade e divisão
intra doméstica); de que forma comer (local;
talheres; posição etc);
5) Cuidado com o corpo - atenção à:

• aparência => embelezamento, “correções” (QUADRO

PADRÕES DE BELEZA);

• alimentação => função vital, mas mediada pelas

condições materiais concretas de vida e pela
sociabilidade (força => comida + repouso);

• sensações e respectivos comportamentos => aprende

a classificá-las e ajustar a tolerância a elas => busca
por agentes terapêuticos (doenças => tratamentos).
Enfim: há normas sociais e culturais (aprendidas) que
mediam a relação pessoas com o corpo (=> influência
processo saúde e doença)

Há normas predominantes => “normal” e “desvio” das

mesmas => INTERVENÇÕES para corrigi-lo =>
controle dos corpos => FÍSICO E MORAL (cirurgias,
medicamentos, dietas, exercícios, conselhos,
comportamentos) => medicalização

Como e o quanto é possível dar atenção à aparência; à

alimentação e às sensações corporais no cotidiano
pelos grupos sociais?
 Relação com o corpo em segmentos populares (ex):
• Uso profissional e intenso do corpo => menos
“consciência” do corpo(não sentir nada), menos atenção
às sensações, disposição para o trabalho;

• Quanto menos o trabalho exige competência e força física

mais se treina a percepção das sensações corporais;

• Esporte: similar ao trabalho – popular o que requer força,

destreza e coragem física não necessitando de
aprendizagem “formal”/educar os movimentos;

• Alimentação: comida que “sacie”, sustente (“sustança”),

dê força => valorização da “gordura” (magreza =>
fraqueza/não trabalho, doença): ambigüidades
• Necessidades impostas ao corpo saudável => não
abstratas, mas passível de satisfação pela aquisição de
“mercadorias” concretas (as intervenções)
(obs: para objetos cobiçados, produção de mercadorias
adequadas a satisfazê-las)

• Lazer: Ex. estilos de férias => praia impõe exibição

corporal e consumos que evite a vergonha do corpo
desviante => vergonha de classe.

Corpo => informa status/posição que pessoa ocupa na

sociedade por que, também, é produto dela
O feitiço do corpo ideal. Revista VEJA, 04/02/1998
Referências bibliográficas:

• BOLTANSKI, L. O uso do corpo. In: _____. As classes sociais

e o corpo. 3ª edição, Ed. Graal: RJ, 1989, p. 167-185.

• MAUSS, M. Técnicas e movimentos corporais. In: _____.

Sociologia e antropologia. V. I, São Paulo: EPU, 1974.

• VEJA. O feitiço do corpo ideal. Revista Veja. 04/02/1998.

Disponível em: ... . Acesso em: 08/11/2010.