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Graduando em História/UFS
Monitor da Disciplina História Medieval I
Integrante do Vivarium – Laboratório de Estudos da Antiguidade e do Medievo
(Núcleo Nordeste)
rafaelcostaprata@hotmail.com
A Recusa no uso destas armas, pode ser entendida assim, como uma tentativa de não ver
desbaratada este mecanismo da faide, mantendo assim intacta esta guerra “segura” que
garante a manutenção quase intacta desta aristocracia, que procurava se distanciar de todo
risco possível de morte.
Também, podemos interpretar o uso destas armas principalmente por guerreiros mais
pobres, como uma resposta ao papel marginalizado em que se posicionavam nestas pelejas,
a sua aproximação costumeira frente ao risco da morte em combate, uma tentativa de
diminuir os flancos de sua própria morte – e surpreendentemente perfurar a faide
aristocrática – através de artifícios baratos e mais satisfatórios em uma clara alusão também
a dificuldade destes obterem o caríssimo instrumento de batalha – a pompa metálica da faide
– como eram as grandes armaduras, os belíssimos cavalos de guerra e as honrosas espadas
de combate, a que estavam excluídos.
Conclusão
Por fim, após apresentadas estas questões, acreditamos que é possível destacar
como a guerra medieval possui uma dicotomia fundamental em sua execução: de
um lado, caracterizada pelo mecanismo da faide, condicionava os membros de
seu “regimento”, a uma forte recusa da promoção da morte no seio do grupo,
permitindo por meio de uma serie de artifícios de defesa a incorruptibilidade
física da classe, e por outro lado, a obtenção de riquezas imediatas oferecidas
pelos mecanismos dispostos por essa guerra, cuja fonte é a própria classe.
Recusa-se a morte do outro, como um artificio paradoxal de sua própria defesa,
pois se assumia, ainda que inconscientemente, o medo de em outra ocasião
ocupar esta incômoda posição. Como parte do próprio mecanismo bélico, o
sequestro e o resgate garantia a reprodução do grupo, o capital de giro desta
indústria nobiliárquica, um pagamento que passa das mãos de pares para pares,
circulando dentro da própria aristocracia. Entretanto, contrariamente a este
quadro, observamos a emergência de uma guerra sangrenta, viva e crua, quando
nos referimos às principais vítimas destes conflitos: os soldados de infantaria e as
populações desprotegidas dos raios de ação desses combates.
Referências
Bibliográficas
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