Profa. Ma. Wilma Avelino de Carvalho COMO TEM SIDO O ENSINO DA GRAMÁTICA NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO NO BRASIL • O ensino de gramática em nossas escolas tem sido primordialmente prescritivo, apegando-se a regras de gramática normativa que, como vimos, são estabelecidas de acordo com a tradição literária clássica, da qual é tirada a maioria dos exemplos. (p. 101). • Ausência quase total de atividades de produção e compreensão de textos. • Uso da metalinguagem para a identificação e classificação de categorias, relações e funções dos elementos linguísticos ensino descritivo. • Leva à repetição dos mesmos tópicos gramaticais. • Segundo Neder (1992, p. 1992), a gramática é dada “para se cumprir um programa previamente estabelecido sem se levar em conta as dificuldades ou não dos alunos no emprego que fazem efetivamente da linguagem, nessa ou naquela ocasião, num processo de interação verbal”. (p. 102). PRIMEIRA CONCEPÇÃO - NORMATIVA Como diz Franchi(1991:48), para essa concepção, que normalmente é rotulada de gramática normativa, “gramática é o conjunto de normas para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no bom uso da língua consagrado pelos bons escritores” e “dizer que alguém ‘sabe gramática’ significa dizer que alguém ‘conhece essas normas e as domina tanto nocionalmente quanto operacionalmente’” (TRAVAGLIA, 2009, p. 24). PRIMEIRA CONCEPÇÃO - NORMATIVA Gramatical: Segue as normas do bom uso da língua;
Língua: Variedade dita padrão/culta.
PRIMEIRA CONCEPÇÃO NORMA CULTA ESTÉTICA: formas e usos são incluídos ou excluídos da norma culta; ELITISTA OU ARISTCRÁTICA: critério é feitos pela classe de prestígio; POLÍTICA: o purismo e a vernaculidade; COMUNICACIONAL: adequada expressão do pensamento; HISTÓRICA: tradição – definitivo/absoluto. SEGUNDA CONCEPÇÃO - DESCRITIVA • A segunda concepção de gramática é a que tem sido chamada de gramática descritiva, porque faz na verdade, uma descrição da estrutura e funcionamento da língua, de sua forma e função. (TRAVAGLIA, 2009, p. 27). SEGUNDA CONCEPÇÃO - DESCRITIVA • A segunda concepção de gramática é a que tem sido chamada de gramática descritiva, porque faz na verdade, uma descrição da estrutura e funcionamento da língua, de sua forma e função. (TRAVAGLIA, 2009, p. 27). SEGUNDA CONCEPÇÃO - DESCRITIVA • CONCEITO: “é o sistema de noções mediante as quais se descrevem os fatos de uma língua, permitindo associar a cada expressão dessa língua uma descrição estrutural e estabelecer suas regras de uso. • GRAMATICAL: tudo o que atende às regras de funcionamento da língua de acordo com determinada variedade linguística. TERCEIRA CONCEPÇÃO - INTERNALIZADA • A terceira concepção de gramática percebe a gramática como o conjunto das regras que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão ao falar. Ou, como diz Franchi (1991: 54), “Gramática corresponde ao saber linguístico que o falante de uma língua desenvolve dentro de certos limites impostos pela sua própria dotação genética humana, em condições apropriadas de natureza social e antropológica”. (p. 28). TERCEIRA CONCEPÇÃO - INTERNALIZADA
• SABER GRAMÁTICA: “não depende de
escolarização, ou de quaisquer processos de aprendizado sistemático, mas da ativação e amadurecimento progressivo Não existem livros dessa gramática, pois ela é o objeto de descrição, daí porque normalmente essa gramática é chamada gramática internalizada. TERCEIRA CONCEPÇÃO - INTERNALIZADA • Nessa concepção de gramática não há o erro linguístico, mas a inadequação da variedade linguística utilizada em uma determinada situação de interação comunicativa, por não atendimento das normas sociais do uso da língua, ou a inadequação do uso de um determinado recurso linguístico para uma determinada intenção comunicativa que seria melhor alcançada usando-se outro recurso. (p. 29) TERCEIRA CONCEPÇÃO - INTERNALIZADA INADEQUAÇÃO
a) Meus sentimentos porque sua mãe bateu as
botas. b) Então a velha bateu as botas?! c) Meus sentimentos pela perda de sua mãe. TERCEIRA CONCEPÇÃO - INTERNALIZADA Temos outro exemplo , abaixo, onde ninguém irá considerar ruim o texto de um jornal sensacionalista e popular, que trata com certo descaso a perda da vida humana, principalmente dos seres humanos tidos como maléficos ao restante da sociedade. a) José S. V., conhecido como traficante de drogas, com mais de 50 mortes nas costas, abotoou ontem o paletó de madeira em um tiroteio com a polícia, quando recebia mais um carregamento de cocaína. GRAMÁTICA NORMATIVA É a gramática que todos nós conhecemos. A gramática de norma culta, que dita regras, que diferencia o “bom” dos “maus”. Dita regras do bem falar e escrever, normas para a correta utilização oral e escrita do idioma. (p. 30) Prescreve o que se deve e o que não se deve usar na língua. (p. 31). GRAMÁTICA DESCRITIVA Procura descrever o uso da língua. Orienta o trabalho dos linguistas. Na descrição gramatical não há o certo ou o errado. (p.32) Gramática descritiva de qualquer variedade da língua. GRAMÁTICA INTERNALIZADA OU COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA INTERNALIZADA DO FALANTE • Gramática interiorizada pelas pessoas ao aprenderem a língua materna. Já nascemos com essa predisposição. Na verdade é essa gramática que é o objeto de estudo dos outros dois tipos de gramáticas a seguir, sobretudo da descritiva. (p. 32). GRAMÁTICA IMPLÍCITA É a competência linguística do falante internalizada e que seria implícita, porque o falante não tem consciência dela. (p. 33). GRAMÁTICA EXPLÍCITA OU TEÓRICA É representada por todos os estudos linguísticos que busca, por meio de uma atividade metalinguística sobre a língua, explicar sua estrutura, constituição e funcionamento. (p. 33).
Ex: gramáticas normativas e descritivas
GRAMÁTICA REFLEXIVA Gramática da explicitação Representa as atividades de observação e reflexão sobre a língua que buscam detectar, levantar suas unidades, regras e princípios, ou seja, a constituição e funcionamento da língua. (p. 33). ENSINO PRESCRITIVO
CONSIDERA ERRADOS E INACEITÁVEIS OS PADRÕES LINGUÍTICOS POSSUÍDOS PELOS ALUNOS E DESSE MODO LEVA EM CONSIDERAÇÃO A CORREÇÃO GRAMATICAL. ENSINO PRODUTIVO
SE CONSTRÓI A PARTIR Do PRINCÍPIO DE QUE A
LINGUA MATERNA DEVE TER COMO OBJETIVO DESENVOLVER A CAPACIDADE COMUNICATIVA DO FALANTE... ATIVIDADE REFLEXIVA 1. De acordo com as pesquisas de Neves apontadas por Travaglia (2009), como a gramática tem sido ensinada no Brasil? 2. Considerando suas vivências enquanto aluno e enquanto estagiário, relate suas experiências com o ensino de gramática. • Segundo Travaglia, quais são os tipos de gramática? Caracterize cada um deles e posicione-se sobre a sua aplicabilidade no ensino atual. REFERÊNCIAS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília, 1997.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO.
Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.
TRAVAGLIA, Luis Carlos. Gramática e interação: uma
proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2009.