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CAPÍTULO 6 E 7 – A SOCIOLOGIA NO BRASIL

INTRODUÇÃO

 Na América Latina, e em particular no Brasil, o


processo de formação, organização e sistematização
do pensamento sociológico obedeceu também às
condições de desenvolvimento do capitalismo e à
dinâmica própria de inserção do país na ordem
capitalista mundial.
 Reflete a situação colonial, a herança da cultura
jesuítica e o lento processo de formação do Estado
nacional.
O COLONIALISMO EUROPEU
 No Brasil, desde a colonização, teve início um processo
de implantação da cultura europeia promovido
principalmente pelas ordens religiosas.
 A administração, por um lado, e a cultura, por outro,
tratavam de subordinar a colônia aos interesses de
Portugal e da Igreja.
 Durante séculos, premida por diferentes circunstâncias,
a cultura no Brasil manteve seu perfil ilustrado, de
distinção social e de dominação.
A VISÃO DE MUNDO E AS CLASSES INTERMEDIÁRIAS NO
SÉCULO XVIII
A mineração provocou um surto de urbanização.
Surgiram novas ocupações livres para os
estratos médios da sociedade: comerciantes,
artífices, criadores de animais, funcionários da
administração, fiscais e controladores da
extração de minérios e da exportação, entre
outras.
 Ao contrário do período açucareiro, o da mineração alterou a
composição da população: pela primeira vez, a população
livre era mais numerosa do que a escrava.
 Essa camada intermediária livre e sem propriedades, que
precede o surgimento da burguesia propriamente dita,
torna-se consumidora da cultura europeia, buscando criar
uma identidade nova que a distinguisse tanto do escravo
inculto como da elite colonial conservadora.
 O grupo emergente contou com o ensino praticado pelas
ordens religiosas estabelecidas em Minas Gerais, bastante
progressistas para a época.
A VISÃO DE MUNDO DA CORTE E O SÉCULO XIX

 Com a transferência da corte joanina para o Brasil, em


1808, é introduzida na colônia a cultura portuguesa da
época.
 A criação da Academia de Belas-Artes, a fundação da
imprensa, o lançamento do primeiro jornal, a
organização da primeira biblioteca e dos primeiros
cursos superiores romperam em parte com a cultura
escolástica e literária anterior.
Apesar de voltada mais à praticidade,
continuava sendo uma cultura alienada,
ditada pelas normas europeias, cujo objetivo
era organizar o saber descritivo, funcional e
ostentatório, além de garantir o domínio do
poder imperial.
O diploma concorria em importância com o
título de propriedade da terra.
 Esse distanciamento da classe culta em relação às
condições da grande maioria da população criava um
hiato tão grande que, mesmo quando o exercício do
saber levava à rebelião, como na Conjuração Mineira e
na revolução Pernambucana de 1817, defrontava-se a
elite rebelde com uma constrangedora contradição: uma
atividade intelectual crítica, de inspiração liberal,
exercida por pessoas que dependiam da classe
dominante, em uma sociedade ainda colonial e
escravocrata.
O distanciamento dos rebeldes em relação ao
restante da população escrava e espoliada impedia
a transformação da dissidência em revolução.
 Essa dicotomia entre a realidade vivida e o
conhecimento produzido e consumido pela elite
caracterizava uma nova forma de alienação,
responsável pelo tardio desenvolvimento da
ciência no Brasil.
 Embora a imprensa se desenvolvesse prevalece o
caráter ostentatório de uma cultura de elite.
O ADVENTO DA BURGUESIA
O desenvolvimento das atividades comerciais e de
exportação e a expansão capitalista do início do
século, com a formação da burguesia nacional,
revolucionaram o modo de pensar no Brasil.
 A nova classe social necessitava de um saber mais
pragmático capaz de transformar a antiga colônia
em uma nação capitalista.
 Além do combate às oligarquias agrárias era necessário
instruir e emancipar as camadas populares, de maneira
a desenvolver necessidades e atitudes políticas, além de
possibilitar novas alianças ideológicas.
 A modernização do país passava a ser importante.
Nesse sentido desenvolviam-se inúmeras campanhas,
como a abolicionista, do final do século XIX.
 A Primeira Guerra Mundial e a crise que a sucedeu
fizeram crescer o poder econômico e político da
burguesia nacional.
 Foi a aurora do nacionalismo.
 Propunham a defesa da produção nacional por meio de
taxas alfandegárias.
 Além dos aspectos econômicos, o nacionalismo
expressava o desejo de se conhecer realmente a nação
e de conclamar as diversas classes sociais a exercer seu
papel transformador da realidade.
 Procurava repudiar todo traço de colonialismo propondo
até mesmo a substituição do português clássico por
uma língua brasileira, eminentemente nacional.
 Esse movimento revolucionário da sociedade e da
cultura reorientou o pensamento social na crítica literária
ou nas análises já de cunho sociológico.
 São dessa época, das primeiras décadas do século XX, o
movimento modernista nas artes e na literatura e a
fundação do Partido Comunista.
 A Coluna Prestes e o movimento tenentista, apesar das
divergências, lutavam pela moralização e pela
modernização do sistema político brasileiro, propondo o
fim da política do café-com-leite e de seus vícios
eleitoreiros.
 Embora possamos dizer que, desde o final do século XIX,
existiu no Brasil uma forma de pensamento sociológico,
a sociologia, tal como atividade autônoma voltada para o
conhecimento sistemático e metódico da sociedade, só
irrompe na década de 1930, com a fundação da
Universidade de São Paulo e o consequente incremento
da produção científica.
 A repercussão mundial da crise norte-americana de
1929 faz com que se desenvolva a crítica,
sistematizando-se de maneira científica na nascente
sociologia.
 Não só a vinda de imigrantes fortaleceu a
produção intelectual e artística da América, como a
decadência do velho continente obrigava os
intelectuais a reverem suas posições de
subserviência diante dele.
 O existencialismo, o modernismo e o pessimismo
presentes na produção literária, filosófica e
artística da primeira metade do século XX
estimulavam a ruptura e a crítica.
A GERAÇÃO DE 1930

A década de 1930 se norteou por algumas


preocupações gerais entre a intelectualidade.
 Em primeiro lugar, o interesse pela descoberta do Brasil
“verdadeiro”, em oposição ao Brasil colonizado e
estudado sob a visão etnocêntrica da Europa.
 Em segundo lugar, o desenvolvimento do nacionalismo,
como sentimento capaz de unir as diversas camadas
sociais em torno de questões internas à nação.
A valorização do cientificismo e um grande anseio
por modernizar a estrutura social brasileira
estavam também presentes nesses estudos.
 É dessa época a fundação da Escola Livre de
Sociologia e Política, da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras, em São Paulo, e da Ação
Integralista Brasileira (1932), bem como do
movimento regionalista promovido por Gilberto
Freyre, todos tentando concretizar, a seu modo, as
aspirações intelectuais do momento.
Também foi nesse período que a reforma de
ensino, proposta pelo então Ministro Milton
Campos, introduz a disciplina de sociologia no
ensino médio (1931).
Despontam nesse período os intelectuais da
chamada geração de 1930, cujos expoentes
foram Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre,
Sérgio Buarque de Holanda e Fernando de
Azevedo.
CAIO PRADO JÚNIOR

 Iniciou seus estudos a partir de uma historiografia


de caráter social, em que procurava formalizar o
método marxista para a análise da realidade
brasileira.
 Procurava definir a situação colonial brasileira a
partir das relações internacionais capitalistas e
seus mecanismos comerciais, desde a expansão
marítima europeia.
SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA

 Iniciou sua produção intelectual voltado para a crítica


literária e para a crítica cultural.
 Foi um dos primeiros autores a utilizar o instrumental
tipológico de Weber na análise histórica e social do país
(comportamento típico do brasileiro).
 O autor consegue denunciar em uma de suas obras, pela
primeira vez, a visão estereotipada que os europeus
tinham do Brasil.
FERNANDO DE AZEVEDO

 Era o representante típico daquela intelectualidade que


unia anseios liberais e moderadamente socialistas a um
estilo de vida senhorial.
 Destacou-se nas campanhas pela laicização do ensino e
pela escola pública.
 Desempenhou importante papel na criação da
Universidade de São Paulo e foi um dos primeiros
mestres brasileiros de sociologia naquela instituição.
GILBERTO FREYRE
 Foi em Pernambuco, o representante do pensamento dessa
época.
 Entendia o nacionalismo como a fusão de raças, regiões,
culturas e grupos sociais possibilitada pelas características do
colonialismo no Brasil.
 Destacava o papel do negro e do mestiço na adaptação da
cultura europeia aos trópicos e na formação da identidade
cultural brasileira.
 Acreditava ainda que a sociologia e a antropologia podiam
auxiliar a administração do país, possibilitando a articulação
sociocultural.
INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ENSINO E DIVULGAÇÃO DA
SOCIOLOGIA
 Na década de 1930 grandes mudanças ocorreram no
Brasil: a crise da política defendida pelas oligarquias
agrárias, o crescimento da burguesia, o incremento da
industrialização e a centralização do poder com o golpe de
1937, que instaurou o Estado novo no país.
 Houve transformações importantes na área do
conhecimento como o surgimento de diversas profissões
impulsionado pela redefinição da divisão social do
trabalho.
 Os antigos bacharéis de direito, engenharia e medicina,
com conhecimentos gerais de ciências sociais e
humanas, foram encaminhados para o funcionalismo
público em decorrência da criação de inúmeros
ministérios e institutos.
 Auxiliada pelo antagonismo existente entre os setores
progressistas da elite paulista e o governo federal, a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras pôde adotar
uma postura crítica em relação à realidade brasileira e
desenvolver a pesquisa de forma mais original e
autônoma.
 No Distrito Federal a proximidade com o poder público e
a ingerência do Estado na universidade dificultaram o
desenvolvimento das ciências sociais que se confundia
com a formação de quadros para o serviço público.
 Inúmeros professores foram convidados a vir do exterior
para formar profissionais das ciências sociais. Para a
Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo vieram
Donald Pierson e Radcliffe-Brown, imprimindo às
atividades acadêmicas o cunho empirista da Escola de
Chicago.
 Para a USP, veio a chamada “Missão Francesa”, composta
por Lévi-Strauss, Georges Gurvitch, Roger Bastide, Paul
Arbousse-Bastide, Fernand Braudel, nela instalando uma
sociologia teórica humanista, com ênfase nos estudos
culturais.
 A importância desses acontecimentos foi enorme para a
formação de um grupo de sociólogos que passará a
desenvolver suas pesquisas já no fim da década de 1940,
como Florestan Fernandes, Maria Isaura Pereira de
Queiroz, Antonio Candido de Mello e Souza, Gilda de Mello
e Sousa, Ruy Galvão de Andrada Coelho e outros.
O INTEGRALISMO E A INTELECTUALIDADE DE DIREITA
O principal representante e o fundador dessa
corrente foi Plínio Salgado, que via com
desconfiança não só o movimento modernizador
da sociedade como também o liberalismo e o
marxismo.
 Suas ideias conservadoras exaltavam a ordem, a
disciplina e a tradição, bem como o autoritarismo
do Estado.
 Acreditava que o Estado seria o meio de
compatibilizar os aspectos dicotômicos da realidade
brasileira, que via como sendo estritamente dualista.
 Outro movimento cultural conservador foi encabeçado
pela Igreja Católica, o chamado Renascimento
Católico.
 Procurava defender os interesses reacionários da
Igreja compatibilizando-os com o pensamento da
oligarquia agrária.
A DÉCADA DE 1940
A Segunda Guerra Mundial foi um divisor de
águas na história da civilização ocidental,
responsável pela emergência e pela
consagração dos Estados Unidos e da então
URSS como potências mundiais.
Os acordos de Yalta e Potsdam dividiram o
mundo em áreas de influência soviética e
norte-americana.
 Esses acordos definiram as regiões do planeta que
ficariam sob o controle político e ideológico dos Estados
Unidos ou da URSS, “determinando” a divisão do mundo
em dois blocos político-econômicos rivais e
inconciliáveis.
 Um cenário mundial transformador se descortinava nas
mais diversas nações e em especial naquelas que
integravam o chamado Terceiro Mundo.
 A industrialização transformava radicalmente as relações
sociais entre classes, entre setores e entre regiões.
 Processava-se uma aceleração no êxodo rural.
 O trabalho agrícola perdia sua importância em
relação ao industrial, enquanto as regiões agrícolas
tornavam-se cada vez mais dependentes do
Sudeste industrializado.
 Inúmeros conflitos surgiam nesse processo de
mudança, e o pensamento sociológico procurava
dar conta das transformações.
 Integração e mudança eram temas recorrentes na
sociologia do pós-guerra.
 Havia em toda produção sociológica do período
uma grande preocupação com o despertar da
consciência e com o resgate das raízes, das
origens e das tradições do país, ameaçadas de se
perderem no confronto com o Brasil industrial.
 O país adquiria a consciência de sua
complexidade, ao mesmo tempo em que se
estimulava a descoberta da própria especificidade.
 Outras questões ocupavam também o pensamento
dos sociólogos. Era a tentativa de identificação,
nesse processo de mudança, de uma legítima
revolução burguesa, nos moldes da que ocorrera
na Europa entre os séculos XVIII e XIX.
 Acreditavam nossos estudiosos que o capitalismo
industrial no Brasil reproduziria as mesmas etapas
e características da Revolução Burguesa liberal
ocorrida na França e na Inglaterra.
 As teorias sobre a dependência e o imperialismo
permitiram que se compreendesse que o capitalismo no
Terceiro Mundo produz uma realidade diversa.
 As análises sobre desigualdades sociais, etnias, políticas
indigenistas, regionalismos, tradições, transição e
mudança extrapolaram os limites da disciplina e foram
incorporadas pela geografia, pela história e até pela
filosofia.
 1940 – Os “cronistas viajantes”, como os chama Octavio
Ianni, referindo-se àqueles intelectuais estrangeiros que
passaram a se interessar pela realidade brasileira.
 Enquanto os pesquisadores brasileiros se interessavam
por aquilo que nos aproximava da Europa, os europeus, ao
contrário, dedicavam-se ao estudo daquilo que nos
afastava deles.
 O resultado dialético dessa oposição foi uma produção
diversificada e rica que tinha o Brasil como principal ponto
de interesse e convergência.
 Começa a surgir uma preocupação mais abrangente
focada em toda a América Latina, constituída de nações
nascidas dos mesmos processos de dominação colonial e
de exploração imperialista.
A DÉCADA DE 1950
O pós-guerra teve profundas repercussões no
desenvolvimento do pensamento sociológico no mundo.
 Rompe-se o intercâmbio mantido com alguns centros
universitários, especialmente os franceses.
 A sociologia brasileira volta-se mais profundamente para si
mesma.
 A década de 1950 é marcada por dois importantes
pensadores: Florestan Fernandes e Celso Furtado.
 Florestan Fernandes foi discípulo de Fernando de
Azevedo e Roger Bastide.
 Com Roger Bastide, desenvolveu uma importante
pesquisa sobre negros e a questão racial no Brasil.
 Foi um dos grandes sistematizadores do pensamento
sociológico brasileiro.
 Florestan unia a teoria à prática, sendo o que ele próprio
chamava de “sociólogo militante”.
 Sua obra foi influenciada pelos clássicos da disciplina,
sobretudo por Marx.
 Segundo Florestan, a sociedade podia ser estudada pelos
padrões ou estruturas, isto é, os fundamentos da
organização social e pelos dilemas que eram as
contradições geradas pela dinâmica interna da estrutura.
 Suas grandes preocupações, além da reflexão teórica,
foram o estudo das relações sociais e da estrutura de
classes da sociedade brasileira, o capitalismo
dependente e o papel do intelectual.
 Celso Furtado foi o grande inovador do pensamento
econômico, não só no Brasil como em toda a América
Latina.
É apontado como o fundador da economia política
brasileira.
 Foi defensor da ideia de que o subdesenvolvimento não
correspondia a uma etapa histórica das sociedades rumo
ao capitalismo, mas se tratava de uma formação
econômica gerada pelo próprio capitalismo internacional.
 Participou ativamente da administração econômica do
governo João Goulart, tendo sido responsável pelas
diretrizes do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE, hoje BNDES), e da Sudene (Superint.
De Desenv. Do Nordeste).
DARCY RIBEIRO E A QUESTÃO INDÍGENA
 Romancista, etnólogo e político, Darcy Ribeiro superou sua
formação acadêmica funcionalista e até mesmo o
humanismo de Rondon para, diante do Serviço de Proteção
ao Índio, depois Funai, denunciar as relações interétnicas
brasileiras, que tinham como resultado o aniquilamento
dessa cultura e dessa etnia.
 Sua atuação foi sempre a de um antropólogo militante que,
seguindo a linha marxista, condenou toda ortodoxia, buscou
as raízes históricas da situação das populações indígenas e
procurou saídas estratégicas.
Exilado após o golpe militar de 1964,
regressou ao Brasil em 1974 e se
encaminhou para a vida política.
Procurou unir a teoria à prática e aceitar
modelos científicos, desde que adaptados
à realidade brasileira, por ele considerada
única e particular.
O GOLPE DE 1964
 No período que vai dos anos 1940 a meados dos
anos 1960, as ciências sociais de maneira geral
foram responsáveis pela elaboração de teorias que
denunciavam as desigualdades sociais, as
relações de domínio e opressão, a exploração
existente entre regiões, classes e países.
 Responsáveis também pelo desenvolvimento de
um pensamento crítico e revelador de conflitos
sociais.
 Os mais diversos estudos buscavam a
conscientização da população e a luta pelo
desenvolvimento de formas mais democráticas e
igualitárias de vida social, desde os estudos
voltados para a ação sindical até aqueles que
procuravam introduzir mudanças na educação.
 O golpe militar de 1964, implantando nova ditadura
no Brasil, teve duras repercussões junto ao
desenvolvimento das ciências sociais e à
estruturação desses cursos universitários no país.
O confronto entre a universidade, os estudantes e o regime
militar chegou a extremos em 1968, com passeatas,
embates físicos, manifestações, ocupações de prédios,
espancamentos, prisões e mortes.
 com a decretação do Ato Institucional n° 5 (AI-5), em
dezembro de 1968, que implantou legalmente a ditadura
no país, os principais nomes da sociologia no Brasil foram
sumariamente aposentados e impedidos de lecionar.
 Muitos foram exilados, outros se exilaram, passando a
publicar seus trabalhos no exterior.
AS CIÊNCIAS SOCIAIS PÓS- 1964
 Durante o regime militar, alguns dos intelectuais afastados de
suas cátedras e de suas pesquisas continuaram trabalhando no
exterior. Outros formaram núcleos de pesquisa independentes.
 Cada um deles desenvolveu interesses e cursos, formas
próprias de obter verbas e de publicar trabalhos práticos e
teóricos.
 Na USP os mais conhecidos foram o CERU (Centro de Estudos
Rurais e Urbanos), o CESA (Centro de Estudos de Sociologia da
Arte) e o CER (Centro de Estudos da Religião).
A repressão política aos intelectuais e
universitários foi um duro golpe ao
desenvolvimento da sociologia.
 O amadurecimento da sociologia e de seu papel na
reflexão sobre a sociedade brasileira foi
violentamente interrompido.
 Nos anos 1980, com a abertura política, surgem
novos partidos e a vida política participativa
recomeça a tomar fôlego.
 Florestan Fernandes, Antonio Candido de Mello e Souza e
Francisco Weffort foram alguns nomes que engrossaram as
fileiras da luta política do PT – que foi o que mais se beneficiou
com a atuação de nossos cientistas na política propriamente
dita.
 O antropólogo Darcy Ribeiro filiou-se ao PDT (Partido
Democrático Trabalhista), legenda que reivindicava o
nacionalismo e o populismo do antigo líder Getúlio Vargas.
 Outros nomes importantes da sociologia – como de Fernando
Henrique Cardoso – estiveram presentes na fundação do PSDB
(Partido social Democrata Brasileiro). Originou-se do antigo MDB
– partido que se opunha ao regime militar.
 Nessa época, o governo era representado pela Arena, num
fechado esquema bipartidário.
 O PSDB, adotando uma linha de centro-esquerda, teve
papel importante no impeachment do presidente
Fernando Collor de Melo e acabou elegendo, nos anos
1990, para a Presidência da República, o primeiro
sociólogo a ocupar esse cargo – Fernando Henrique
Cardoso.
 Multiplicaram-se os campos de estudo, fazendo surgir
análises sobre a condição feminina, do menor, das
favelas, das artes, da violência urbana e rural, entre
outras.
A sociologia se fragmentava em áreas autônomas e
isoladas.
 Ganhou em riqueza, em sutileza dos métodos
analíticos, e na fecunda interdisciplinaridade, mas
perdeu complexidade, no fortalecimento da disciplina
como processo de entendimento da realidade e no
alcance de suas teorias.
 Entre 1989 e 1991, a derrubada do muro de Berlim e a
desagregação da União Soviética resultaram num duro
golpe no desenvolvimento dos estudos sociais.
 Estamos hoje diante dessa realidade plural e
contraditória: os cientistas sociais – até poucas décadas
atrás perseguidos pelo governo – despontam na política
ocupando os mais importantes postos e cargos do Estado.
 A sociologia se torna cada vez mais interdisciplinar e
plural.
 Os sociólogos buscam redefinir os conceitos de
dependência e divisão internacional do trabalho num
mundo que se globaliza e no qual a opção pelo
capitalismo liberal aparece, ao menos
momentaneamente, triunfante.

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