Respiração Celular Aeróbica 1

RESPIRAÇÃO CELULAR AERÓBICA E SUA

IMPORTÂNCIA PARA A VIDA

Autor: Maurício de Mattos

Salgado

Imagine: Ao quebrar a glicose, a célula recebe

A IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DA
o equivalente a uma barra de ouro de energia.
RESPIRAÇÃO CELULAR
Mas suas atividades custam apenas alguns
centavos (fig.1).
Para resolver este problema, a célula quebra a
Verificamos que diversas atividades do glicose e coloca a energia liberada em moléculas
metabolismo celular gastam energia para serem menores, o ATP (AdenosinaTriFosfato). Estas
realizadas. Transporte ativo de substâncias, moléculas, quando quebradas em ADP
síntese protéica e divisão celular são apenas (AdenosinaDiFosfato)*, liberam a quantidade de
algumas destas atividades. Tudo isso significa energia necessária para as reações da célula,
que viver custa, energeticamente falando, caro. sem grandes excessos. Desta forma, o
O corpo obtém esta energia a partir de rendimento do processo de quebra da glicose
alimentos. Existe energia contida nas ligações pode ser calculado pela quantidade de ATPs
químicas dos alimentos, e é esta energia que as formados a partir de uma molécula de glicose.
células utilizam para manter sua vida. Podemos
observar duas formas de quebra destas ligações,
a respiração aeróbica, que necessita de oxigênio,
e a respiração anaeróbica, que não o utiliza.
A respiração celular aeróbica é um dos
processos de quebra de alimento (geralmente
glicose), com grande liberação de energia,
realizado por células eucariontes. Este processo
só é observado nestas células pois depende da
presença de uma organela, a mitocôndria, só Fig.1 - A glicose e o ATP, as moedas de troca
da energia das células.
encontrada nas células eucariontes.

ENERGIA E ATP

Ao quebrar as ligações da glicose grande

quantidade de energia é liberada. Isto coloca um * O P da sigla, ao invés de F de fosfato, segue
problema para as células, visto que suas o símbolo químico do fósforo (P).
atividades necessitam de quantidades pequenas
de energia.
 2 Respiração Celular Aeróbica
A EQUAÇÃO SIMPLIFICADA DA
RESPIRAÇÃO CELULAR AERÓBICA
De forma bastante simplificada, podemos
dizer que a respiração celular ocorre de acordo
com o esquema abaixo.
C6H12O6 + O2 6 CO2 + 6 H2O + energia
Verificamos então que a glicose é quebrada
até que restem substâncias mais simples, gás
carbônico e água.
Como foi visto, a produção energética da
respiração celular é bastante alta, se comparada
com outras formas de obter energia realizadas
por seres vivos (fermentação em especial). Para
obter este alto rendimento, o processo tem etapas
bem definidas e importantes.
AS FASES DA RESPIRAÇÃO CELULAR
1-Glicólise
Esta etapa ocorre no citoplasma, e
corresponde a quebra da gocorre no citoplasma,
e corresponde a quebra da glicose (C6H12O6) em
duas moléculas mais simples de ácido pirúvico
(C3H4O3). Este processo libera uma pequena
quantidade de energia (2 ATPs; produz 4 mas
tem gasto de 2), e para ocorrer, depende que
atomos de hidrogênio sejam arrancados da
glicose.
2 Nad
2 NadH2
glicose 2 ácido
(C6H12O6) pirúvico
(C3H4O3)
2 ADP + 2 P 2 ATP
Fig. 2 - Glicólise
O que é o NAD? E o FAD?
As moléculas de NAD mencionadas são
transportadores de hidrogenio. Elas são
importantes pois transportam os hidrogênios ao
longo da respiração celular, até a ultima etapa, a
Cadeia Respiratória.
No caso da Glicólise, o NAD é importante, pois
ele participa da retirada de hidrogênios da glicose.
Sem NAD disponível para fazer este serviço, a
Glicólise para.
Outro transportador de hidrogênio que
participa da respiração celular é o FAD. Ele
transporta hidrogênios obtidos durante o Ciclo de
Krebs.
Como podemos ver pelo esquema (fig. 2), 4
hidrogênios são retirados da glicose.
2-Ciclo de Krebs
Os ácidos pirúvicos obtidos na Glicólise
ainda possuem bastante energia em seus
hidrogênios. Esta energia é aproveitada no Ciclo
de Krebs. Este ciclo pode ser encarado como um
grande moinho de moléculas. O ácido pirúvico
entra no ciclo, e seus carbonos e oxigênios são
liberados como gás carbônico (CO2), enquanto os
hidrogênios se fixam a seus transportadores
(NAD e FAD) para serem levados à etapa sese
fixam a seus transportadores (NAD e FAD) para
serem levados à etapa seguinte.
Devemos lembrar que o ácido pirúvico é
produzido no citoplasma da célula, e que o Ciclo
de Krebs acontece no interior da mitocondria.
Este interior é chamado de matriz mitocondrial, e
corresponde ao líquido que fica no interior da
organela. O ácido pirúvico, desta forma, entra na
mitocôndria onde é convertido em ácido acético
(produzindo 1 NADH2) para continuar a ser
“desmontado” e sua energia liberada.
De forma bastante simplificada, o Ciclo de
Krebs pode ser resumido como na figura 3.
 Respiração Celular Aeróbica 3

Fig. 3 – Introdução do
ácido pirúvico CO2
ácido pirúvico no ciclo de
(C3H4O3) Krebs e sua degradação.
O ciclo de krebs funciona
como o moinho em que o
1 Nad ácido acético carbono e o oxigênio
são eliminados como gás
carbônico, e o
1 NadH2 hidrogênio é colocado
nos transportadores
para ser utilizado na
Ciclo de Krebs etapa seguinte.

OBS: É comum se
CO2 esquecer do NADH2
obtido com a conversão
CO2 do ácido pirúvico em
ácido acético.

1 Fad 1 FadH2
3 Nad 3 NadH2
1 ADP + 1 P 1 ATP

Engordando:
Quando temos uma dieta rica em carboidratos,
a célula vai quebrar o excesso de glicose e enviar
Matriz
o ácidos pirúvico para o Ciclo de Krebs.
Caso essas substâncias cheguem ao ciclo em
quantidade maior do que as necessidades da Cristas
célula de produção de energia, serão convertidas
em ácidos graxos. Estes ácidos dão orígem à
gordura. Fig. 4 – Partes da mitocôndria.

Devemos ter em mente que a função do ciclo 3.1- A importância do oxigênio

de Krebs não é a produção de ATP. Seu saldo
energético é de 1 ATP por ácido pirúvico apenas.
A função do ciclo é colocar os hidrogênios em
seus transportadores (Nad e Fad), para serem
levados até a Cadeia Respiratória.
3-Cadeia Respiratória
A ultima fase da respiração celular aeróbia
também ocorre dentro da mitocôndria. Mas
diferente do Ciclo de Krebs, que ocorre no líquido
no interior da organela (matriz), a Cadeia
Respiratória acontece na membrana interna da
mitocondria (fig. 4), nas chamadas cristas
mitocondriais. Estas cristas ficam repletas de
enzimas que realizam as reações do processo.
A Cadeia respiratória deve ser vista como a
principal formadora de ATP da célula. É nela que
os hidrogênios liberam a energia para formação
de ATP, e que o oxigênio obtido nos pulmões, e
tão importante para a vida, se faz útil.
Quando o NAD e o FAD liberam o hidrogênio
na Cadeia Respiratória, a energia dos elétrons é
liberada e aproveitada pelas enzimas da crista
mitocondrial, chamadas de Citocromos. Estas
enzimas usam a energia para montar moléculas
de ATP. Estes citocromos formam 3 ATPs por
NAD que chega reduzido (com hidrogênio ligado),
e 2 ATPs por FAD reduzido.
 4 Respiração Celular Aeróbica

A partir deste momento, os hidrogênios Os NADs e FADs que chegam do Ciclo de

perdem sua função, e tenderiam a se acumular na
célula. Se isso acontecesse, o pH do interior das
mitocondrias ficaria ácido e elas parariam de
funcionar.
Para evitar isto, é necessário fazer com que
o hidrogênio não se acumule, e a solução é
utilizar um elemento que se ligará a ele, formando
alguma substância inerte.
O oxigênio absorvido pelos pulmões e
distribuido pelo sangue é utilizado principalmente
para se ligar aos hidrogênios da Cadeia
Respiratória, formando água. Esta atividade o faz
ser chamado de ACEPTOR FINAL do hidrogênio.
A falta de oxigênio causa acúmulo de
hidrogênio, e acidificação do pH da mitocôndria.
Krebs carregando hidrogênio, não conseguem
liberar este hidrogênio para uma cadeia já repleta
deles. Com isso os NADs e FADs reduzidos (com
hidrogênio) começam a se acumular na
mitocôndria.
No ciclo de Krebs isso significa uma
paralização, pois não terá mais NADs e FADs
livres para retirarem hidrogênios do ciclo.
A única atividade que pode continuar a
produzir energia na célula é a Glicólise, que
ocorre fora da mitocôndria. Mas mesmo esta
etapa requer NADs livres, e estes, sem o oxigênio
para receber hidrogênios, começam a ficar
acumulados e saturados de hidrogênio. Desta
forma, a Glicólise também ficaria paralisada.

RENDIMENTO ENERGÉTICO DA RESPIRAÇÃO AERÓBICA

Glicólise:
4 ATPS produzidos
2 ATPS gastos Saldo = 2 ATPs
2 NADH2

2 ácidos pirúvicos 2 ácidos acéticos 2 NADH2

Ciclo de Krebs:
Por molécula de Por molécula de
ácido acético Glicose
são produzidos
1 ATPS produzidos 2 ácidos 2 ATPS produzidos
3 NADH2
2 pirúvicos por 6 NADH2
molécula de
1 FADH2 2 FADH2
glicose
Cadeia Respiratória:
Chega nela:

10 NADH2 X 3 ATPS 30 ATPS Saldo = 34 ATPs

2 FADH2 X 2 ATPS 4 ATPS

TOTAL:
Glicólise - 2 ATPs
Ciclo de Krebs - 2 ATPs
Cadeia respiratória - 34 ATPs
38 ATPs