UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Campi Agreste - Núcleo de Formação Docente

BEHAVIORISMO
Parte 1

Por Ana Lúcia Leal

 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

A ruptura da psicologia com

a filosofia foi recente

 Até a dec. de 40: raro encontrar uma universidade que tivesse

um departamento de psicologia, e os professores de psicologia,
em geral, se encontravam em departamentos de filosofia
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 Na última metade do século XIX, tornou-se

costumeiro chamar a psicologia de “ciência
da mente”

 A palavra grega psyche tem um significado

algo próximo de “espírito”, porém mente O fisiologista alemão Wilhelm Wund: A
parecia menos especulativo e mais acessível Psicologia alemã de Wundt não é muito
ao estudo científico usada, mas seus estudos foram
essenciais para o surgimento de tudo
que hoje chamamos de psicologia.
Século XIX - 1861
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 Psicólogos: sugeriram a adoção do

método dos filósofos, a introspecção.
Tarefa difícil, caso se desejasse colher
fatos científicos fidedignos

 Alguns psicólogos do século XIX sentiam-se pouco à vontade

com a introspecção, pois parecia um método científico pouco
confiável, vulnerável a distorções pessoais, subjetivo
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 Se duas pessoas que utilizassem a

introspecção discordassem sobre suas
conclusões, seria difícil resolver o conflito

 Entretanto, se utilizassem métodos

objetivos, os pesquisadores poderiam
notar diferenças de procedimento que
talvez explicassem os resultados
diferentes
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

A Psicologia deveria ser definida como

CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

Ao seguir métodos objetivos, a psicologia poderia transformar-se

em uma verdadeira ciência!!

Ao mesmo tempo que os psicólogos tentavam fazer da

Psicologia uma ciência objetiva, a TEORIA DA EVOLUÇÃO
estava tendo um efeito profundo sobre ela
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 Os seres humanos não eram mais

vistos como entes à parte, separados
dos outros seres vivos

 Começava-se a reconhecer que

compartilhamos, por exemplo, com
macacos e cães, não apenas traços
anatômicos, mas também
comportamentais
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 Assim nasceu a noção de continuidade

da espécie

 Mesmo sendo claramente diferente

entre si, as espécies também se
assemelham umas às outras, à medida
que compartilham a mesma história
Charles Darwin (1809 – 1882) evolutiva
Nascimento: 12/02/1809, Inglaterra
Morte: 19/04/1882 (73 anos), Inglaterra
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

A Teoria de Darwin ensinou que novas espécies passaram a

existir apenas como modificações de espécies existentes
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 A ideia de fazer comparações entre

as espécies a fim de conhecer
melhor a nossa própria, deu origem
à Psicologia Comparativa
BEHAVIORISMO
Referencial histórico

A idéia central do
behaviorismo desperta
controvérsias semelhantes à
reação contra a explicação de
Darwin para a evolução
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

Se Darwin agrediu ao deixar de fora

a mão oculta de Deus, os
behavioristas agridem ao deixar de
fora outra força oculta: o poder das
pessoas governarem seu próprio
comportamento
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

Ou seja, assim como a teoria

Darwiana desafiou a
venerada noção de um Deus
criador, o behaviorismo
desafiou a venerada noção
de LIVRE-ARBÍTRIO
 BEHAVIORISMO
Livre-arbítrio versus determinismo

Argumentos pró e contra o livre-arbítrio

 Para provar o livre-arbítrio (contestar o

determinismo) seria necessário que, embora se
conhecesse todos os possíveis fatores
determinantes de um ato, a consumação desse
ato assumisse sentido contrário ao previsto

Como na prática esse conhecimento perfeito é impossível, o

conflito entre determinismo e livre-arbítrio nunca poderá ser resolvido
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico
Voltando à Psicologia Comparativa...

No final do século XIX e início do XX, os psicólogos comparativos

começaram a substituir as vagas informações por observações
rigorosas, conduzindo experimentos com animais

Todas as razões levavam a esperar que, assim como podíamos

ver as origens de nossos traços anatômicos em outras espécies,
poderíamos também ver as origens de nossos próprios traços
mentais
BEHAVIORISMO
Referencial histórico

Seria possível imaginar um cão

que aprendeu a abrir o portão do
jardim levantando o trinco, depois
de observar o exemplo de seu
dono e raciocinar sobre ele
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 Muitas dessas pesquisas basearam-se em

labirintos: qualquer criatura que se
movimente, desde o ser humano até o rato,
pode ser adestrada na resolução de um
labirinto

 Era possível contar o tempo que o rato levava para atravessá-lo e

o número de erros que cometia, assim como o declínio no tempo e
nos erros, à medida que o espaço era dominado
 Esses primeiros pesquisadores acrescentavam especulações
sobre estados mentais, pensamentos e emoções dos animais

Dizia-se, por exemplo, que os ratos manifestavam aborrecimento

ao fazer um erro, ou mostravam confusão, hesitação, confiança e
assim por diante
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

 O problema dessas
afirmações sobre
consciência animal era
ficarem à mercê de viesses
individuais

Se duas pessoas, ao fazerem uma introspecção, podiam discordar se

estavam irritadas ou tristes, com mais razão duas pessoas discordariam
sobre o ‘estado emocional’ dos animais
JOHN B. WATSON (1879-1958),
fundador do behaviorismo
 BEHAVIORISMO
Referencial histórico

JOHN B. WATSON (1879-1958), fundador do behaviorismo,

acreditava que, como método científico, as inferências sobre
consciência em animais eram ainda menos confiáveis do que a
introspecção, e que nenhuma das duas poderia servir como
método para uma verdadeira ciência
 JOHN B. WATSON

 Evitar os termos relacionados à consciência e mente deixaria a

psicologia livre para estudar o comportamento humano e animal;

 Não usar qualquer dos termos tradicionais referentes à mente e

consciência;

 Evitar a subjetividade da introspecção;

 Estudar apenas o comportamento objetivamente observável.

Behaviorismo/ Comportamentalismo

A aprendizagem é o tema central

Ao enfatizar a influência dos fatores externos e ambientais,

afirma que o mais importante na determinação do
comportamento do indivíduo são as suas experiências, aquilo
que ele aprende durante a vida
Behaviorismo/ Comportamentalismo

Condicionamento Clássico e Operante

Ambos adotam a perspectiva comportamentalista para explicar a

aprendizagem
Condicionamento clássico

Esta forma de aprendizagem foi

estudada pela 1ª vez por
IVAN PETROVICH PAVLOV
(1849-1936)
 Estímulos e Respostas
 Uma maneira simples de mudar o comportamento de um organismo
consiste em apresentar um estímulo

 Por exemplo, se alguém está envolvido em uma conversa em voz

baixa, um ruído alto súbito provavelmente interromperá a conversa
e produzirá a mudança de postura conhecida como a reação de
sobressalto

 Os estímulos são eventos no mundo e as respostas são instâncias

do comportamento
 Propriedades gerais dos estímulos

 Para a criança podemos descrever a comida e as brincadeiras como

estímulos ou eventos apetitivos e tomar banho como um evento
aversivo, enquanto os eventos que não são nem apetitivos nem
aversivos seriam categorizados como neutros.
Propriedades gerais dos estímulos

Com mudanças na hierarquia de comportamentos, surgem

mudanças na importância dos estímulos

 Consideremos, por exemplo, como a comida

pode mudar de apetitiva para aversiva se
exagerei. Ou como um banho pode ser
delicioso, se estou com calor
 Condicionamento clássico

 Passou a relacionar o alimento a outros

estímulos, originalmente neutros, quanto à
capacidade de provocar a salivação, como
a luz de uma lâmpada ou o som de uma
campainha
 Condicionamento clássico

 A boca do animal ficava cheia de

saliva não apenas à vista e cheiro
do alimento, mas também na
presença de outros estímulos
associados, como o som de passos
fora da sala, na hora da
alimentação
 Condicionamento clássico

 Verificou que, se o alimento fosse muitas vezes precedido destes

estímulos, o cão passaria a salivar também na sua presença. A
esta reação Pavlov denominou “reflexo condicionado”

 Posteriormente, passou-se a preferir a expressão “resposta

condicionada”, uma vez que este tipo de aprendizagem não se
limita apenas aos comportamentos reflexos
 Como ocorre a aprendizagem no
condicionamento clássico?
Antes do condicionamento
 Alimento (est. não-cond.- ENC)

 Salivação (resp. não-cond. - RNC)

Durante o condicionamento
Apresentam-se muitas vezes os dois estímulos simultaneamente, ou o estímulo neutro antes do
ENC
 Som da campainha (est. neutro)
 Alimento (ENC) salivação (RNC)

Depois de estabelecido o condicionamento

 Som da campainha (agora chamado de est. cond – EC)

 Salivação (agora chamada de resp. cond. – RC)

Condicionamento clássico

Diz-se que o animal aprendeu a responder a um estímulo,

já que, anteriormente, este estímulo não provocava tal
resposta

Cão de Pavlov
Condicionamento clássico
 Outros exemplos de aprendizagem por condicionamento

 O cão nos vê (est. neutro)

 Recebe um pontapé (ENC) foge (RNC)

Depois

 O cão nos vê (EC) foge (RC)

Condicionamento clássico
Não ocorre apenas com animais. Muitas aprendizagens humanas se dão por este
processo. Assim, como exemplo, um condicionamento de medo:

O menino vê um rato branco (EN)

Ouve um ruído alto e surdo (ENC)

Medo, afasta-se (RNC)

Depois
O menino vê um rato branco (EC)

Medo, afasta-se (RC)

 O condicionamento
 Provavelmente o responsável por muitos de nossos gostos,
temores, simpatias ou antipatias, aparentemente irracionais, pois
ocorre, em grande parte, sem que se tome consciência
 Experimento de Watson (1920)

O pequeno Albert

 11 meses

Depois de ter aprendido a temer a simples visão do rato branco,

passou a temer também outros objetos e animais peludos, até mesmo
uma barba branca de homem
 O condicionamento

Ex1. A pessoa que sente um grande

medo de falar em público,
provavelmente, já foi vítima de uma
ou várias situações em que isso foi
associado a um acontecimento
desagradável
 O condicionamento

Ex2. A menina que teve

experiências desagradáveis com
seu pai pode generalizar mais
tarde sua resposta emocional de
aversão a todos os homens, ou
a figura de autoridade, ou ainda,
apenas aos homens de
características semelhantes às
de seu pai
Condicionamento Clássico e Operante

O condicionamento clássico é uma

aprendizagem relativamente automática de
respostas emocionais perante estímulos

 No entanto, o comportamentalismo abraça outras formas de

aprendizagem, o condicionamento operante (CO)

 CO: Thorndike e Skinner produziram experiências com animais e

são as maiores referências na área
 O condicionamento

 Pode-se perceber a importância, na vida humana, do efeito de

centenas de condicionamentos e suas generalizações

 Sentimentos positivos, provenientes de uma “atmosfera geral” do lar,

da escola (por ex.), podem se generalizar a ponto de conceber-se as
pessoas como boas e amigas, a ponto de promover a auto-aceitação
e o otimismo

 O contrário se daria a partir de uma “atmosfera geral” promovedora

de sentimentos negativos
O mais conhecido behaviorista pós-Watson é
B. F. Skinner (1904-1990)