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A construção do ethos e a relação intergenérica

no âmbito das práticas letradas


Maria Sílvia Cintra Martins
Departamento de Letras – Universidade Federal de São
Carlos (SP) 
Fundamentos teóricos
 1) questões referentes à formação da
identidade (Hall, 2003; Holland, 1998);
 2) relação entre linguagem e identidade
social (Gumperz, 1982; Signorini, 1998);
 3) relação entre letramento e identidade
(Gee, 2004; Blommaert, 2008);
 4) ethos e ethos discursivo (Amossy, 2002;
Fairclough, 2001).
 5) Gramática e multifuncionalidade (Halliday,
1994).
Justificativas
 Projeto de pesquisa: “Questões de linguagem
e de identidade na transição para práticas
letradas complexas” (PPGL/UFSCar)
 Buscamos aprofundar nossa compreensão
da linguagem de sujeitos em fase de
apropriação da linguagem escrita e de
inserção em práticas letradas complexas,
assim como das eventuais disparidades entre
o “ethos oral” e o “ethos escritural” (Cf.
Maingueneau, 2004).
Fairclough e a análise tridimensional
Prática social

Prática discursiva
Ideologia Hegemonia

Tipos de Discurso como texto


Força  texto cujas partes
ato de fala  constitutivas são
Significado relacionadas com
Coerência
das palavras; um sentido de
Vocabulário  criação de Textual  forma que o texto
palavras; todo
metáfora. faça sentido
Cadeias intertextuais Transitividad
Gramática  e; tema;
modalidade
Coesão Estrutura Condições da prática
Polidez textual discursiva
Controle
Ethos
interacional

Fragmentos
Interdiscursividade Intertextualidade de textos de
(tipos de discurso) manifesta  outros

Matriz social do discurso  ordens do discurso; efeitos ideológicos e políticos do discurso


(sistemas de conhecimentos e crença; relações sociais ; identidades sociais (eu)).
A abordagem crítica de Fairclough
 TRÊS DIMENSÕES:
 (a) Estruturas sociais como a definição de um potencial.
 (b) Práticas discursivas = entidades organizacionais
intermediárias entre os eventos e as estruturas. Maneiras de
controlar a seleção de certas possibilidades estruturais e a
exclusão de outras, assim como a permanência dessas
seleções por certo período de tempo em áreas particulares da
vida social. Produção, distribuição e consumo de textos.
 Quem escreve para quem? Em que circunstâncias? Por quê?
 (c) Evento discursivo = aproxima-se do conceito de “evento
de letramento” enquanto “uma ocasião em que a fala se
organiza ao redor de textos escritos e livros, envolvendo a
compreensão dos textos” (Kleiman, 2005).
A análise descritiva do texto
 Análise feita com base na lingüística
sistêmica funcional – LSF – Halliday
 A linguagem é multifuncional porque realiza
três tipos de significados simultaneamente –
são as metafunções da linguagem:
 Significados ideacionais;
 Significados interpessoais;
 Significados textuais
FORMAS, SIGNIFICADOS E
EFEITOS
 “A análise de textos focaliza as formas lingüísticas dos textos e
a distribuição de formas lingüísticas diferentes em tipos
diferentes de textos”.
 Exemplo: a nominalização: “em vez de representar os processos
que estão acontecendo no mundo como processos (com
verbos), eles são representados como entidades”. Exemplo: “O
mundo atual está dominado pela mudança” (Tony Blair) em
lugar de: “As corporações multinacionais em colaboração com
os governos estão mudando o mundo de diversas maneiras”.
 Conseqüência: os agentes dos processos estão ausentes dos
textos.
 A nominalização contribui para uma elisão muito difundida da
agência e da responsabilidade humana nos processos dentro
dos relatos da “nova economia global”.
 Outros recursos lingüísticos: voz passiva, adjetivação, verbos
intransitivos.
GÊNEROS, DISCURSOS E ESTILOS
 O discurso dá-se de três maneiras principais na prática social:
 Enquanto gêneros (formas de agir): diferentes maneiras de
(inter)agir discursivamente. Articula-se com a função textual.
 Enquanto discursos (formas de representação): podem-se
distinguir diferentes discursos que podem representar a mesma
área do mundo de diferentes perspectivas. Articula-se com a
função ideacional.
 Enquanto estilos (formas de ser): o discurso junto com o
comportamento corporal constitui maneiras particulares de ser,
identidades particulares, pessoais ou sociais. Exemplo: o estilo
de um administrador, seu modo de usar a linguagem como um
recurso de auto-identificação. Articula-se com a função
interpessoal que, para Fairclough, envolve a questão referente
à constituição da identidade e ao ethos.
A FUNÇÃO INTERPESSOAL

 Função interpessoal = função reguladora –


estabelece relações
 Sistema de modo
 Enquanto cria significados ideacionais,
qualquer texto estabelece também algum tipo
de relação interpessoal
 Segundo Fairclough, a ACD deve explorar as
identidades e as relações que cada texto
estabelece.
A FUNÇÃO INTERPESSOAL

 Análise da relação que o texto estabelece com os


leitores:
 Modo verbal: as proposições são afirmativas e
expressam a troca de informação? as proposições
são categóricas, não contendo nenhuma forma de
modalização?
 Relação interpessoal de certeza sobre o que é
afirmado: as coisas são assim mesmo
 A certeza categórica colabora para a naturalização
das práticas sociais implicadas em determinado
texto.
A noção de “ethos”
 o ethos configura-se como a voz do fiador
ou o tom que o enunciador insere em seu
texto com a finalidade, não apenas de
persuadir, mas de aderir ao co-
enunciador, propiciando, inversamente,
sua adesão ao logos que lhe apresenta.
 O ethos e a construção das identidades
social e virtual (Cf. Goffman, 1975, 1996)
O ethos pré-discursivo
 No caso da Filosofia clássica, o ethos pré-existe ao
discurso, na medida em que significa o aspecto
moral que o locutor, com diferentes intenções, deixa
transparecer em seu discurso. Adquire, também, na
reflexão aristotélica, o sentido de adequação à idade
e à classe social do locutor, na medida em que os
temas e o estilo escolhidos devem ser apropriados
ao tipo social do orador. (Cf. Aristóteles, Retórica).
Ethos procedural
 O ethos e o pathos só pertencem, de fato, à
arte retórica quando produzidos e
reconhecíveis no discurso, ou seja, quando
se mostram como efeitos do discurso
proferido, através das escolhas lingüísticas e
estilísticas efetuadas pelo orador. É nesse
sentido que, na abordagem aristotélica, o
ethos é procedural, pois deve mostrar-se de
forma apropriada à idade e à situação social
do orador e aos habitus de seu auditório.
Ethos discursivo
 Qualquer discurso escrito possui uma
vocalidade específica que se manifesta por
meio de um tom: este tom indica quem o
disse, permitindo relacioná-lo a uma fonte
discursiva e determinar o “corpo do
enunciador” – e não do autor efetivo: “a
leitura faz emergir uma origem enunciativa,
uma instância subjetiva encarnada que
exerce o papel de fiador” (Maingueneau,
2005, p.72).
A construção do ethos no jogo de
direção
 Felipe: Daí, essa avalanche começou a cair e
ninguém venceu ela!
 Daniel: Só eu!
 Felipe: Não, ninguém!
 Daniel: Pronto, vamos fugir!
 (Antecipa verbalmente que deverão fugir da
“avalanche” que está por vir.)
 Felipe: Não! Vamos tampar tudo, vamos fazer um
reforço, já que a gente é trabalhador!
 (França, Gisela Wajskop. 1988. O papel do jogo na educação
das crianças. Revista Idéias. São Paulo: FDE, v. 1.pp.48-50).
A construção do ethos entre
adultos
 “Ilmo Sr J.P., Digníssimo Prefeito desta Cidade.
 Venho através desta desferir votos de agradecimento pelo que
tens feito à mim, e a outros cidadãos cosmopolense;
principalmente os benificiados pelo projeto Chico Mendes.
 Através deste projeto foi que realizei o sonho de ter uma casa
própria, casa esta, situada na Quadra C Lote 08 Jd Chico
Mendes. Este projeto é a demonstração de um político voltado
para os interesse dos menos favorecidos.
 (...)
 Obrigado
 Estes são os sinceros agradecimentos do Guarda Municipal
A.S. de O.”
 (SIGNORINI, 2000, pp. 48-49).
Tentativa de reprodução de
modelos textuais
 “Trata-se de uma tentativa de reprodução de
modelos textuais comumente utilizados em diferentes
práticas de uso da escrita. (...) Se por um lado, esse
modo de construir o texto aponta para deficiências
atribuíveis ao grau de escolarização do remetente e,
sobretudo, para sua posição periférica nas redes
letradas de comunicação social, por outro também
aponta para um sujeito ativamente empenhado não
só em se fazer ouvir, mas também em legitimar sua
voz pelo uso estratégico de fragmentos lingüísticos
que sinalizam sua condição de membro, isto é, de
não excluído dessas mesmas redes letradas de
prestígio” (SIGNORINI, 2000, pp. 48-49).
A construção do ethos entre
adultos
 “Eu me sinto inferiô na hora de escrevê porque eu
quero elaborá um documento e tenho que pedi pra
outras pessoas e se eu soubesse mesmo escrevê eu
mesmo elaborava e escrevia aquilo que eu mesmo
tenho vontade de falá pros governante, né, e quando
a gente pede pras outras pessoa elas distorce as
palavras, né, vem com palavras difíce pra manipulá
e a gente não entende nada”
 (Pereira, Ivani Aparecida. 1998. A Oralidade Letrada De
Lideranças Não-escolarizadas. Tese (Doutorado). Campinas:
UNICAMP, pp.116-117)
Três estratégias enunciativas
 Três estratégias, correspondentes a
três estruturas enunciativas:
  Estratégia do relato (“récit”):
constatação da verificação de um
processo numa situação dada.
 Subjetividade relativa.
 Comportamento verbal de processos.
Estratégia da História
 Objetividade relativa.
 Estabilização qualitativa. Literalmente, algo se
diz dentro da estratégia da História definida
por Benveniste (1995): as palavras
pronunciam-se por si mesmas, qualificam o
mundo, não se contentando, apenas, com
designá-lo.
 Referência implícita ou explícita a um arquivo
social e culturalmente reconhecido.
 Comportamento verbal de acontecimentos.
Estratégia do discurso
 Atribuição de uma propriedade a um
suporte: um enunciador predica a
propriedade em questão a propósito do
que serve de tema de seu discurso.
Neste caso, o enunciador se expõe
diante do interlocutor.
 Predominam os estados e as
nominalizações.
Artigo científico

A contínua expansão das áreas sob plantio direto no


Brasil reflete o reconhecimento, entre técnicos e
produtores, dos benefícios que esse sistema
proporciona. Dentre esses benefícios, destaca-se o
aumento na eficiência da utilização dos nutrientes
pelas plantas, sejam provenientes de fertilizantes ou
do próprio solo, em função das alterações na sua
dinâmica em plantio direto. Os principais fatores que
propiciam essas alterações são a manutenção dos
resíduos culturais em superfície, o aumento da
população e da atividade microbiana, o não
revolvimento do solo e a redução das perdas de solo
por erosão (Chueiri & Vasconcellos, 2000).
Redação de vestibulandos
Desde os primórdios, o homem vem aperfeiçoando a
técnica do desenvolvimento, muitas vezes não tendo
noção do que pode causar de bom ou ruim para a
humanidade.
A tecnologia de um modo geral avançou de forma
bonita em alguns países, como no campo da
medicina, recuperando vidas, do qual antigamente
não se consegüia. A evolução acontece com mais
apogeu nas sociedades onde a educação está em
primeiro lugar, exemplo: Japão, Estados Unidos etc.
Redação de vestibulandos
 “O bullying se manifesta com assaz incidência nos
meios escolares. Sua perversidade promove temíveis
conseqüências a vítimas e algozes. As primeiras, em
última instância, assassinam seus atormentadores
e/ou se suicidam. A indulgência dirigida ao
transgressor torná-lo-á violento na idade adulta, pois
sempre imperará o ambiente de libertinagem.
 (...) Indispensável é propor aos intimidadores que
estes se imaginem padecendo de suas atitudes
coercitivas, podendo desta maneira sentirem o
menosprezo e o jugo perpassados a suas vítimas.”
Redação de vestibulandos
 “É comum quando você entra em uma escola
ver grupinhos de amigos e crianças afastadas
deles (sozinhas).
 Normalmente isso se dá por elas possuírem
algumas diferenças das outras: usar óculos,
ser mais ricas, ter problemas físicos etc.
 Esses isolamento pode levar as crianças a
terem problemas psicológicos, cujas
conseqüências sugerem agressividade com
colegas e a sociedade desde a infância.”
Redação de vestibulandos

 “O Capitalismo, o aumento da população


mundial e o aprimoramento tecnológico vêm
tornando o mundo cada vez mais competitivo,
isso gerou fenômenos como o ‘bullying’ e o
‘mobbing’, que são comportamentos
agressivos praticados entre colegas. Esses
são graves problemas que prejudicam o
desenvolvimento social e profissional de
pessoas e nações.”
Referências bibliográficas
 Amossy, Ruth (Org.). Imagens de si no Discurso: a Construção
do Ethos. São Paulo: Contexto, 2005, pp.69-92.
 Bakhtin, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da
criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997, pp.227-326.
 Barton, David & Ivanic (Eds.) Writing in the community. London:
Sage, 1991.
 Benveniste, Émile. Problemas de lingüística geral I. Campinas:
Pontes, 1995.
 Blommaert, Jan. Grassroots literacy: writing, identity and voice
in Central Africa. New York: Routledge, 2008.
 Fairclough, Norman. Discurso e mudança Social. Brasília:
Editora da UNB, 2001.
 Gee, James Paul. Oralidad y literacidad: de El pensamiento
salvaje a Ways with Words. In: Zavala, V.; Nino-Murcia, M;
Ames, Patricia (Eds.). Escritura y sociedad: nuevas
perspectivas teóricas e etnográficas. Lima: Red para el
desarollo de lãs ciências sociales em el Peru, 2004.
Referências bibliográficas
 Halliday, M.A.K. An introduction to functional
grammar. London: Edward Arnold, 1994.
 Schneuwly, Bernard. Gêneros e tipos de discurso:
considerações psicológicas e ontogenéticas. In:
Schneuwly, Bernand; Dolz, Joaquim. Gêneros orais e
escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de
Letras, 2004.
 Signorini, Inês. 2000. O Contexto Sociocultural e
Econômico: às Margens da Sociedade Letrada. In:
Kleiman, Ângela B., Signorini, Inês e colaboradores.
O Ensino e a Formação do Professor: Alfabetização
de Jovens e Adultos. Porto Alegre: Artes Médicas.
 Street, Brian. Cross-cultural approaches to literacy.
Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

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