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ANGELA ALONSO IDEIAS EM MOVIMENTO A geracdo 1870 na crise do Brasil-Império Prémio de melhor tese em doutorado do I Concurso CNPq-ANPOCS de Obras Cientificas c Teses Universitarias em Ciéncias Sociais - 2001. ANPOCS PAZE TERRA bis CRITICA E MOBILIZAGAO Toda maneira de agir dependia, é evi- dente, da maneira de pensar. Silva Jardim, GN, 12.11.1889 A contestagio co status quo imperial — este foi o sentido comum da atuagao do: los Erupes de oposigdo que emergiram publicamente a par- tir dos anos 1870, criando associagbes e jornais e escrevendo obras de inter- pretacdo da sociedade brasileira. A convergéncia no diagnéstico da conjun- tura como crise do padraa de sociedade e da organizacac politica poderia ter levado os diversos grupcs a convergirem para um mesmo partido ou asso- Gacao. Nac foi este 0 desfecho. As atividades de contestacdo continuaram, ? ao longo dos anos 1880. vindo de varios pontos da sociedade, descentrali- - zadas, sem coordenagio ou lideranga unificada. Essa dispersao foi lida pela maioria dos intérprztes como evidéncia da inconsisténcia teérica do movi- mento intelectual da gcragao 1870. A conclusdo é apressada, resulta da ado- ga0 das doutrinas camo cixo explicativo do movimento intelectual. O conjunto de manifestagdes aparentemente aleatérias ganha sentido quando se atenta para as conexées politicas entre os grupos “intelectuais”. . Amultipliddade de eventos, grupes e atividades pode ser melhor compreen- . ida tomando-se em conta dois fatores. . Primciro, os custos de organizacao. Os grupos contestadores estavam politicamente marginatizados (capitulo 2). Assim, as institui¢ € 0s partid:s imperiais nao erain vias naturais para sua aglutinacdo. Todos Os grupos se formaram vinculados as dissidéncias liberais de fins dos anos 1860. Mas a partir sla reunificagdo do Partido Liberal, em 1878, suas estra- tégias passaram a variaz. Nos anos 1880, cada grupo recorreu a estrutura de mobilizagdo que Ihe era mais acessivel. Novos liberais, liberais republi- 264 1oeL \ AS EM MOVIMENTO — A GERACKO 1870 NA CRISE DO BRASIL-IMPERIO cat.os € federalistas cientificos apostaram no caminho partidario. Os novos liberais eram uma facgdo minoritdria em busca de hegemonia interna no scu partido, cam 0 qual nunca romperam oficialmente. Liberais republica- nos e federalisias cientificos correram sobre suas proprias bases partidarias, furdando partidos republicanos locais. Os po stas abolicionistas também lutaram por um comando repu- Dlicano nacional. Sofriam, porém, de um crénico deficit de recursos ina- teriais para a mobilizagdo. Sua dificuldade de acesso as instituighes impe- riais e A burocracia estatal, postos sob controle saquarcma, vedou-lhes a carreira politica e os encaminhou para a profissionalizacao no ensino. Sua forma principal de proselitismo consistiu, pois, em transformar a cétedra em pwipito. A carreira publica era mais permedvel do lado “intelectual”, as cdtedras de ensino, que do lado “politico”, o parlamento. Isso ajuda a ex- plicar a acentuagao de dotes filoséficos, socioldgicos etc. pelo grupo de po- sitivistas abolicionistas. Trata-se de uma estratégia de carreira. Muitos dos membros deste grupo, como Miguel Lemos, Silvio Romero, Clovis Bevi- ldqua, Martins Jr., obtiveram posiges nas escolas superiores ao longo dos anos 1880. Mas, num campo como no outro, os grupos contestadores ficaram meio paralelos a vida politica oficial. Os partidos republicanos cram inconstitu- cionais. As catedras das faculdades eram, em principio, destinadas ao ensi- no, nao a polftica. O grupo dos novos liberais, de todos o mais préximo do regime, foi sistematicamente boicotado pela facc3o mais moderada do par- tido que, como veremos, lhes barrava mesmo as candidaturas. Essa situ¢do de marginalizacao relativa em relacao as instancias de poder do Segundo Reinado, tenho insistido, é a causa principal da mobi- lizaga “intelectual” dos anos 1870. E é também, vou agora argumentar, 0 cue explica sua forma, o cardter parainstitucional de suas manifestacées. O movimento da geracéo 1870 inicialmente procurou os meios candnicos de exprimir demandas no Império: a publicagéo de obras de interpreta- do da conjuntura, o ingresso nos partidos, a redaciio de panfletos e ma- nifestos, Malograda esta via, comecaram atividades paralelas para auto- expressdo e difuséo de suas teses fora do mundo estamental. Fundaram sociedades, cl.abes e pequenos jornais. Organizaram eventos, efemérides, intervengées publicas, com{cios, banquetes, recitais, passcatas, viagens de Propaganda. Ao adotarem esta estratégia de falar diretamente 4 populagao urbana letrada, os grupos contestadores aprofundaram um processo de diferencia 40 social de longa duracdo: a separacao entre esfera publica e privada. A ,

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