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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

PROVA ESPECIALMENTE ADEQUADA A AVALIAR A CAPACIDADE DE MAIORES DE 23 ANOS


PARA A FREQUÊNCIA DE CURSOS SUPERIORES DA UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

PROVA ESPECÍFICA DE PORTUGUÊS


2014
Duração da prova: 1h30m Tolerância: 30 minutos 2014/06/06

Leia atentamente o texto abaixo transcrito.


Se te dizem que faças o que quiseres, a primeira coisa que parece aconselhável é que
penses com tempo e a fundo o que é aquilo que queres. Apetecem-te com certeza muitas
coisas, amiúde contraditórias, como acontece com toda a gente: queres ter uma moto, mas
não queres partir a cabeça no asfalto, queres ter amigos, mas sem perderes a tua
independência, queres ter dinheiro, mas não queres sujeitar-te ao próximo para o 5
conseguires, queres saber coisas e por isso compreendes que é preciso estudar, mas também
queres divertir-te, queres que eu não te chateie e te deixe viver à tua maneira, mas também
que esteja presente para te ajudar quando necessitas disso, etc. Numa palavra, se tivesses
que resumir tudo isto e pôr sinceramente em palavras o teu desejo global e mais profundo,
dir-me-ias: «Olha, pai, o que eu quero é ter uma vida boa.» Bravo! O prémio para este senhor! 10
Era isso mesmo o meu conselho: quando te disse «faz o que quiseres», o que, no fundo,
pretendia recomendar-te é que tivesses o atrevimento de teres uma vida boa. E não ligues
aos tristes nem aos beatos, com licença e perdão deles: a ética é apenas o propósito racional
de averiguar como viveremos melhor. Se nos vale a pena interessarmo-nos pela ética, é
porque nos agrada uma vida boa. Só quem nasceu para escravo ou quem tem tanto medo 15
da morte que acha tudo a mesma coisa se entrega às lentilhas e vive de qualquer maneira...
Queres ter uma vida boa: magnífico. Mas também queres que essa vida boa não seja a
vida boa de uma couve-flor ou de um escaravelho, com todo o respeito que tenho por
ambas as espécies, mas uma vida humana boa. É o que te interessa, creio eu. E tenho a
certeza de que não renunciarias a isso por nada deste mundo. Ser-se humano, já o vimos 20
antes, consiste principalmente em ter relações com outros seres humanos. Se pudesses ter
muito, muito dinheiro, uma casa mais sumptuosa do que um palácio das mil e uma noites,
as melhores roupas, os alimentos mais requintados (montes e montes de lentilhas!), as
aparelhagens mais perfeitas, etc., mas tudo isso à custa de não voltares a ver nem a ser visto
– nunca – por um outro ser humano, ficarias satisfeito? Quanto tempo poderias viver assim 25
sem te tornares louco? Não será a maior das loucuras querermos as coisas à custa da relação
com as pessoas? Mas se justamente a graça de todas as coisas de que falámos assenta no
facto de te permitirem – ou parecerem permitir – relacionares-te mais favoravelmente com
os outros! Por meio do dinheiro, esperamos poder deslumbrar ou comprar os outros; as
roupas são para lhes agradar ou para que eles nos invejem; e o mesmo se passa com a bela 30
casa, os melhores vinhos, etc. Para já não falarmos nas aparelhagens: o vídeo e a televisão
servem para os vermos melhor, o «compacto» para os ouvirmos melhor, e assim
sucessivamente. Muito poucas coisas conservam a sua graça na solidão; e se a solidão for
completa e definitiva, todas as coisas se volvem irremediavelmente amargas. A vida humana
boa é vida boa entre seres humanos ou, caso contrário, pode ser que seja ainda vida, mas não 35
será nem boa nem humana. Começas a ver onde quero chegar?
As coisas podem ser bonitas e úteis, os animais (pelo menos alguns) parecem simpáticos,
mas os homens o que querem – o que queremos – é ser humanos, não instrumentos nem
bichos. E queremos também ser tratados como seres humanos, porque a humanidade é algo
que depende em boa medida do que fazemos uns com os outros.
Fernando Savater (2005): Ética para um Jovem. Lisboa: Dom Quixote, p. 63-65.
[Os itálicos são do texto original.]

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PARTE I
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1. Selecione, nos dois itens abaixo, a única alternativa que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto. Escreva, na folha de respostas, o número de cada item,
seguido da letra que identifica a alternativa correta.

1.1 A característica essencial da vida humana é, segundo o autor, a


A. ambição.
B. neutralidade.
C. imparcialidade.
D. comunicação.

1.2 O conceito de educação implícito nas palavras do autor poderá traduzir-se pelo princípio da
A. máxima liberdade para a mínima responsabilidade.
B. mínima liberdade para a maior responsabilidade.
C. máxima liberdade para a máxima responsabilidade.
D. mínima liberdade para a menor responsabilidade.

2. Corresponda ao solicitado nas questões abaixo, desenvolvendo cada resposta em 4 a 7 linhas.

2.1 Na perspetiva do autor do texto, explicite em que consiste “a maior das loucuras” (linha 26)
e justifique a utilização desta expressão.

2.2 Explique o sentido da palavra “atrevimento” (linha 12) no contexto em que é utilizada neste
texto.

2.3 O texto transcrito assenta numa relação dialogal. Identifique expressões que atestam essa
relação e caracterize, em traços gerais, a entidade a quem, presumivelmente, se dirige o
enunciador.

PARTE II
ANÁLISE DO FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

3. Selecione, nos itens abaixo, a única alternativa que permite obter uma afirmação adequada ao
sentido do texto. Escreva, na folha de respostas, o número de cada item, seguido da letra
que identifica a alternativa correta.

3.1 O significado de «amiúde» (linha 3) é


A. casualmente.
B. frequentemente.
C. invariavelmente.
D. esporadicamente.

3.2 Em «e te deixe viver» (linha 7), a anteposição do pronome «te» ao verbo decorre do facto de
esta oração
A. se integrar numa frase em discurso indireto.
B. depender do advérbio «também» (linha 7).
C. se inserir numa oração subordinada.
D. pertencer a uma frase de forma negativa.

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3.3 Em «dir-me-ias» (linha 10), o pronome «me» ocorre em posição medial por se tratar de uma
forma verbal no
A. condicional.
B. futuro do indicativo.
C. imperativo.
D. imperfeito do indicativo.

3.4 O uso de dois pontos na linha 11 justifica-se por


A. anunciar uma enumeração.
B. introduzir uma explicação.
C. preceder uma citação.
D. anteceder um discurso direto.

3.5 A expressão «pode ser que seja ainda vida» (linha 35) veicula um valor de
A. obrigação
B. permissão.
C. certeza.
D. possibilidade.

4. Faça corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna
B, de modo a obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.
Na sua folha de respostas, assinale, junto do número de cada item da coluna A, a alínea da
coluna B que lhe corresponda corretamente.

A B
4.1 Com a expressão «Numa palavra» a) o enunciador manifesta um estado
(linha 8), emocional.
4.2 Com o recurso à interjeição b) o enunciador introduz um nexo de
«Bravo!» (linha 10), causalidade.
4.3 Com as expressões «vida boa de c) o enunciador prenuncia uma síntese
uma couve-flor» e «ou de um das ideias anteriormente expressas.
escaravelho» (linha 18), d) o enunciador apresenta o conteúdo da
4.4 Com o recurso a interrogações frase como uma obrigação.
(linhas 21 a 27), e) o enunciador lança mão de exemplos
4.5 Com o uso do travessão duplo na para reforçar o peso das ideias que
linha 28, expõe.
f) o enunciador introduz um tópico novo,
distinto dos anteriormente
apresentados.
g) o enunciador recorre a uma estratégia
retórica de defesa da ideia exposta.
h) o enunciador reformula, modalizando-
-a, a afirmação anterior.

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PARTE III
COMPOSIÇÃO

5. Num texto coeso e coerente cuja extensão ocupe um espaço de 30 a 35 linhas, exiba os
resultados da sua reflexão sobre o teor de um dos dois excertos abaixo transcritos.

Texto A
«Circulando em todos os sentidos, ao longo de redes, à semelhança da energia
elétrica, a informação mediática repercute-se hoje quase instantaneamente até aos mais
íntimos recônditos do espaço, ultrapassando assim as fronteiras que, até há pouco
tempo, separavam as comunidades humanas e serviam de quadro à própria perceção
do mundo.»
Adriano Duarte Rodrigues (1999): As Técnicas da Comunicação e da Informação.
Lisboa: Editorial Presença, p.18. [Com adaptação da grafia ao A.O.]

Texto B
«Todos temos de multiplicar as vozes contra o excesso de centralismo reinante,
quer da órbita nacional, quer da órbita regional, de modo a que as forças centrípetas se
sobreponham às centrífugas e assim se consiga um desenvolvimento regional mais
equilibrado.»
António Fontainhas Fernandes, em entrevista. Eduarda Freitas (2014): «UTAD:
O futuro passa por aqui”. In: Revista Mais Norte, n.º 1281, maio/junho, p. 9.

N.B.:
1. O enunciado desta prova segue o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (A.O).
Nas respostas, são igualmente aceites a grafia definida no A.O. e a anterior, desde que utilizadas de
forma coerente ao longo da prova.
2. Nas questões 1, 3 e 4, atribuir-se-á a classificação de zero valores aos registos que não apresentarem
uma indicação inequivocamente legível.
3. Nas questões 2.1, 2.2 e 2.3, serão anuladas as respostas em que se apresente apenas a transcrição de
troços do texto.
4. Na questão 5, o desrespeito pelas indicações relativas à extensão do texto a produzir será penalizado
(entre 0,5 e 1,5 valores).
5. O texto e as questões 1, 3 e 4 desta Prova Específica de Português foram adaptados da Prova Escrita
de Português (Prova 639), da 2.ª fase de 2009, do Exame Nacional do Ensino Secundário.

COTAÇÕES (0 - 20 valores)
1.1…………………… 0,5
1.2…………………… 0,5

2.1…………………… 1,5 4.1…………………… 0,6


2.2…………………… 1,5 4.2…………………… 0,6
2.3…………………… 1,0 4.3…………………… 0,6
4.4…………………… 0,6
3.1…………………… 0,6 4.5…………………… 0,6
3.2…………………… 0,6
3.3…………………… 0,6 5……..………………… 9
3.4…………………… 0,6
3.5…………………… 0,6

4/4

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