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CIENCIAS soctars: SABERES COLONIAIS E EUROCENTRICOS! EpGarpo LanpER* NOS DEBATES POLITICOS ¢ em diversos campos das ciéncias sociais, tém sido notérias as dificuldades para formular alternativas tedricas e politicas 4 primazia total do mercado, cuja defesa mais coerente foi formulada pelo neoliberalismo. Essas dificuldades devem-se, em larga medida, ao fato de que o neoliberalismo é debatido e combatido como uma teoria econémica, quando na realidade deve ser compreendido como o discurso hegeménico de um modelo civilizatério, isto é, como uma extraordindria sintese dos pressupostos e dos valores basicos da sociedade liberal moderna no que diz respeito ao ser humano, a ri- queza, 4 natureza, 4 histéria, ao progresso, ao conhecimento e a boa vida. As alternativas as propostas neoliberais e ao modelo de vida que representam nao podem ser buscados em outros modelos ou teorias no campo da economia, visto que a prépria economia como disciplina cientifica assume, em sua esséncia, a visio de mundo liberal. A expressao mais potente da eficacia do pensamento cientifico moderno -especialmente em suas expressoes tecnocraticas e neolibe- * Universidad Central de Venezuela, Caracas. . : us estudantes no Doutorado de Ciéncias Sociais da 1 Quero do a me omecar agradecendo a mi ado de ais da Gienci Sociais pelas frutfferas discuss6es que mantivemos Faculdade de Ciéncias Econémicas:¢ sobre estes temas nos tiltimos dois anos. ER ‘A. COLONIALIDADE PO SABER ser literalmente descrit, é 0 que pode tg de acordo com eee da moderna s4o a express§o, das jas espontaneas € naturais do desenvolvimento histéricg da tendéncias esp* dade liberal constitui -de acordo com esta perspectj. sociedade. A socieda’ cial desejavel, mas também a tinica possivel, va- nado apenas a oe a a qual nos encontramos numa linha de Essa é a Cone Pe some ideologias, modelo civilizatorio unico, global. og ame esa pon, medi om jé nao ha alternativas possiveis a este modo de vi la. ; Bssa forga hegeménica do pensamento neoliberal, sua capacida- de de apresentar sua propria narrativa historica como conhecimento objetivo, cientifico e universal e sua visio da sociedade moderna como a forma mais avancada -e, no entanto, a mais normal- da experiéncia humana, esté apoiada em condigoes histérico-culturais especfficas. 0 neoliberalismo é um excepcional extrato purificado e, portanto, des- pojado de tensées e contradigées, de tendéncias e opgées civilizaté- rias que tém uma longa historia na sociedade ocidental. Isso lhe dé a capacidade de constituir-se no senso comum da sociedade moderna. A eficécia hegeménica atual desta sintese sustenta-se nas tectonicas transformacées nas relagdes de poder ocorridas no mundo nas ulti- mas décadas. 0 desaparecimento ou derrota das principais oposigées (snahonn alas atone ca edad Hl em todas as partes do mundo), bem eee alists 5 como a riqueza e o poderio mili- tar sem rivais das sociedades i iai les industriais do Norte, i F 5 oe imagem da sociedade liberal di apn aay 6 ‘as— hegemonicas- € 0 que P das relagaes sociaiS, i chamat caracteristicas da sociedade rais hoje hege a naturalizagao le mercado como a tinica op¢ao possi- vel, como istoric © fim da Historia. No entanto, a naturalizagdo da sociedade ‘ada e normal de existéncia humana EpGarpo LanpER vigoroso e multifacetado que vem sendo realiza iltimos anos todas 8 artes do mundo, Entre suas contribuigde undertones oo destacam: as mtiltiplas vertentes da critica feminista?, 0 questionamento da historia européia como Histéria Universal (Bernal, 1987; Blaut, 1992; 1993), 0 desentranhamento da natureza do orientalismo (Said, 1979; 1994), a exigéncia de “abrir as ciéncias sociais” (Wallerstein, 1996) as contribuigdes dos estudos subalternos da india (Guha, 1998; Rivera Cus- canqui e Barragdn, 1997), a produgao de intelectuais africanos como V. Y. Mudimbe (1994), Mahmood Mamdani (1996), Tsenay Serequeberham (1991) e Oyenka Owomoyela, e 0 amplo espectro da chamada perspec- tiva pds-colonial que muito vigor encontra em diversos departamentos de estudos culturais de universidades estadunidenses e européias. A pro- cura de perspectivas do saber nao eurocéntrico tem uma longa e valiosa tradigao na América Latina (José Marti, José Carlos Maridtegui) e conta com valiosas contribuigées recentes, dentre as quais as de Enrique Dus- sel (Apel, Dussel e Fornet B., 1992; Dussel, 1994; 1998), Arturo Esco- bar (1995), Michel-Rolph Trouillot (1995), Anibal Quijano (1990; 1992; 1998), Walter Mignolo (1995; 1996), Fernando Coronil (1996; 1997) € Carlos Lenkersdorf (1996). Este texto inscreve-se dentro de tal esforgo, argumentando que 6 possivel identificar duas dimensées constitutivas dos saberes moder nos que contribuem para explicar sua eficdcia neutralizadora. Trata-se de duas dimensées de origens hist6ricas distintas, que s6 adquirem sua atual poténcia neutralizadora pela via de sua estreita imbricacdo. A pri- meira refere-se As sucessivas separagdes ou partigdes do mundo “real” ‘0 historicamente na sociedade ocidental e as formas como se que se da processo de suces- vai construindo o conhecimento sobre as bases desse ‘separagoes. A segunda dimensao é a forma como se articulam os Saberes modernos com a organizacio do poder, especialmente as rela- ‘Ges pperiais de poder constitutivas do mundo moderno. Essas 1m de sustento sélido a uma construcao discursiva ais modernos. duas dimensées serve! 7 neutralizadora das ciéncias sociais e dos saberes soci L. As MULTIPLAS SEPARAGOES DO OCIDENTE tradigao ocidental é de origem religiosa. formas particulares do conhecer e do al 6 associado por Jan Berting & Uma primeira separagao da Um substrato fundamental das fazer tecnolgico da sociedade ocident 2-Ver, por exemplo, os ensaios incluidos em Linda Christiansen-Ruffman (1998). 23 po saBeR 0 sagrado), © homem (0 hy, wui0 ade em 7 coun nico crist entre in (1993), nesta tradicgao: ang) aq judaice” je fio Jus ordo CO} | non era. De a io maneira que © mundo mesmo nay peus or in eee sagrado. Isto esta associado a igg, peus, & oa omem a sua propria imagem e elevouy de que Deus rio! outras criaturas da terra, dando-lhe 0 dire, F s as + acima de to 7 no curso dos acontecimentos na terra, Die, to [..} 2 inte jor parte dos outros sistemas religiosos, 3, rentemente ¢ exe nao estabelecem limites ao controle da 1, a partir da Jlustragéo e com 0 desenvolvimento poste. 0 entant ; An ire ciéncias modernas que Se sistematizam e se multiplicam tais separagoes’, Um marco hist6rico significativo nestes sucessivos proces. sos de separagao € representado pela ruptura ontolégica entre corpoe mente, entre a raz4o € O mundo, tal como formulada na obra de Des- cartes (Apffel-Marglin, 1996: 3). Aruptura ontolégica entre a razao e o mundo quer dizer que o mundo ja no é uma ordem significativa, esta expressamen: te morto. A compreensio do mundo j4 nao é uma questao de estar em sintonia com 0 cosmos, como era para OS pensadores gregos classicos. O mundo tornou-se o que é para OS cidadaos ae cae um mecanismo desespiritualizado a i lo pelos conceitos e representa¢des construfdos pela razdo (Apffel-Marglin, 1996: 3). Esta tot e corpo eee entre mente e corpo deixou o mundo? ‘os de significado e subjetivou radicalmente @ men 3 "De ac cordo com Pensamento mon Max Weber, o cristiani asaade 2 ue aside Mégico. Isto abriu o cai istianismo herdou do judafsmo sua hostilidar if ma chegadn 2S impdem ar 10 para importantes conquistas econdmn ering soy °° SUMO protestanter een te racionalizagao da vida eOM oy" §Dada natural ¢, esta desmistificagao do mundo se CO™ inclusive a fage® tanto ee lo carder yo UNdamental sn lags sociais quanto dos limites dos saberes msi rico cultural esneciae, tieito/objeto, acaba sendo “ried a COMP as nos permite destas formas do saber sem recorrer & a? estas formas te es tailiarizar-nos e portanto desnaturar ate 10 60 de Carlos 1onebet a realidade. Um texto particular cos ct Lenkersdort, ja citado, Lenkersdor! 7 ant idioma, Caracteriza o que chama 4° Ye entre objeto ¢ to, como expresst0 fiat arece das miiltiplas separagoes "™ ; EpGarpo LANDER te. Esta subjetivagéo da mente, esta separacao e1 ] ntre men mundo, colocou os seres humanos numa Posigao anaes corpo e€ ao mt Pp un 0, com uma postura instrumental frente eles (Apffel-Marglin, 1996: 4), a Cria-se desta maneira, como assinalou Charles Taylor, toldgica entre a razdo e o mundo (Apffel-Marglin, 1996: 6), separagéo que nao esta presente em outras culturas (Apffel-Marglin, 1996: 7) So. mente sobre a base destas separacées —base de um conhecimento des- corporizado e descontextualizado- é concebivel esse tipo muito particu- lar de conhecimento que pretende ser des-subjetivado (isto 6, objetivo) e universal. uma fissura on- Estas tendéncias radicalizam-se com as separagées que Weber conceitualizou como constitutivas da modernidade cultural, e uma crescente cisdéo que se da na sociedade moderna entre a populagdo em geral e o mundo dos especialistas. Como assinala Habermas: [Weber] caracterizou a modernidade cultural como a separa- gao da razdo substantiva expressa na religido e a metaffsica em trés esferas aut6nomas: ciéncia, moralidade e arte, que se diferenciaram porque as visdes do mundo unificadas da re- ligiéo e da metaffsica se cindiram. Desde o século XVIII, os problemas herdados destas velhas visdes do mundo puderam ser organizados de acordo com aspectos especificos de vali- dade: verdade, direito normativo, autenticidade e beleza, que puderam entio ser tratados como problemas de conhecimen- to, de justiga e moral ou de gosto. Por sua vez, puderam ser institucionalizados o discurso cientffico, as teorias morais, a jurisprudéncia e a produgao e critica de arte. Cada dominio da cultura correspondia a profissdes culturais, que enfocavam os problemas com perspectiva de especialista. Este tratamento profissional da tradi¢ao cultural traz para o primeiro plano as estruturas intrinsecas de cada uma das trés dimens6es da cultura. Aparecem as estruturas das racionalidades cognitivo- instrumental, moral-pratica e estético-expressiva, cada uma delas submetida ao controle de especialistas, que parecem ser mais inclinados a estas logicas particulares que 0 restante dos homens. Como resultado, cresce a distancia entre a cultura dos especialistas e a de um ptiblico mais amplo. O projeto de modernidade formulado pelos filésofos do iluminis- mo no século XVIII baseava-se no desenvolvimento de uma ciéncia Ao ia Migao ctoral do mUNdO®. Com g Banizagag Mea constituiglo colonial dog ree (Mignolo, 1995) © do imagindtig si qe cliard nose a ae primeira ve, Se OFEANIZA 2 tOtalidadg culos XVILe DE m0 aU PT ras, owes e territories do planeta, do espago edotempe de narrativa universal. Nessa narra presenesepassdos” num ultaneamente 0 centro geogrifico ¢ va, 2 Buropa é-0 Sen emporal. Nesse perfodo moderno prime- a culminagio d0 me passos na “articulacdo das diferencas volclonial dos re cronolégicas” (Mignolo, 1995: xi) e do que caltaris em hierargu fe negagdo da simultaneidade (negation of a eas cronistas espanhdis da-se inicio & “massiva for- aarrrieeusha’ de conseaga da EuropalOcidente € 0 outro, do eu- ropeu eo indio, do lugar privilegiado do lugar de ene ‘ao poder imperial (Mignol : 328). ‘Tal construcdo tem como pressuposicao bésica o caréter universal da experiencia européia, As obras de Locke e de Hegel ~além de extra- ordinariamente influentes- sio neste sentido paradigmaticas. Ao cons- tmur-se a nogo de unversalidade a partir da experiéncia particular (ou aroquial) da histriaeuroptia e realizar aletura da totalidade do tem- iagao associado Nas plaias de Tovetan Todoror Jo descobrimento da América é eel oro: “(Jo descobrimento da América é © que anu [grates iene presen mesmo quetoda data que permite separar dss 6pocts emo 132 cosa thus gue caia to bem para marearo inicio da era modern a: Colombo ora lombeatravessa 0 Oceano Atlantico, Todos somos descendents wad rem ge a het were wit ei ra edna penne semi de it *upolgia” Fabian, 88h, gy lerente do presente do produtor do discus 6 ® Ponto de vista dessa particulae ; 6 negacao de um direito coletive por um direito individual; Locke no segundo Treatise of Govern. ‘ment, elabora mais concretamente esse direito como direito de propriedade, como propriedade privada, por uma razio muito precisa. A propriedade, para ele, é fundamentalmente um direi- to de um individuo sobre mesmo. £ um principio de dispo- sigo pessoal, de liberdade radical. E 0 direito de propriedade também pode sé-lo sobre essas coisas desde que resulte da pré- pria disposi¢ao do individuo nao apenas sobre si mesmo, mas sobre a natureza, ocupando-a e nela trabalhando. £ 0 direito subjetivo, individual, que constitui, que deve assim constituir 0 direito objetivo, social. A ordem da sociedade ter4 de responder a faculdade do individuo. Nao hé direito legitimo fora desta composicao (Clavero, 1994: 21-22). ‘Let him [the Man] plant in some in-land, vacant places of Ameri- ca’, que assim o homem colonize as terras vazias da América, um territério que pode ser considerado vazio juridicamente porque nao est povoado de individuos que respondam as exigéncias da propria concepgio, a uma forma de ocupagao e exploragao da terra que produza antes de tudo direitos, e direitos antes de mais nada individuais (Clavero, 1994: 22), [..] se nao ha cultivo ou colheita, nem a ocupagao efetiva serve para gerar direitos; outros usos niio valem, essa parte da terra, esse continente da América, ainda que povoado, pode ser consi- derado desocupado, & disposicao do primeiro colono que chegue esse estabelega. 0 indigena que nao se atenha a esses conceitos, a tal cultura, nao tem nenhum direito (Clavero, 1994: 22). Eis aqui a linha de chegada do discurso proprietario, ponto de partida da concepcio constitucional. Endo é desde logo uma mera ocorréncia de um pensador isolado. Estamos diante de eof eommonwealth, nem vere so algum diteito Pol da populagio indigena, po- Sjpelusive para efeitos judi sm Adam Smith, sua Wealth privar de direito que o vero, 1994: 23). jurica e cs en ‘ama ordem de direitos universais sain mn se a ene eae de todos os eres ae ‘como to maioria dle. ee roa universalizaglo do dieito, mas a entroniza¢ao 0 € mo a jurdico, com expulsio radical de qualquer inne enema sa posgdo subordinads, Agora o resultado é que no possu Toga algum se nfo e mostra disposto a abandonar completa- taaatc seus costumes e desfazer inteiramente suas comunidades gata integrarse a tinico mundo constitueionalmente concebido do direito (Clavero, 1994: 25-26). [..]ndo se concebe apenas um vado. Di também se admite coletivo, de uma cole ividade, ‘mas $6 aquele ou somente daquela que corresponda ou sirva a0 primeiro, ao direito de autonomia pessoal de propriedade pri- oe no de qualquer comunidade, mas somente da institui¢do pol ida de acordo com o referido fundamento, com vistas a sua existéncia e asseveramento. Tanto as comunidades tradicionais préprias como todas as estranhas, tais como as it tuigdo, " snas sem soberano nem cons! 's4o, ficam excluidas de um nivel paritario do ordenamento 8 Epoano Lanpen jurfdico ou mesmo do campo do direi ito; © primeito no que mais excludente, no que diz respeito as alheias, as que nao respondam & forme ced lorma estatal (Clavero, 1994: 27), © universalismo da filosofia da historia de Hegel re gio do espirito universa?’. Mas desse espirito universal nt jgualmente todos os povos. ae pam 4 que a hist6ria € a figura do espirito em forma de acontecer, da realidade natural imediata, entio os momentos do desenvelvi ‘mento sio existentes como principios porque so naturais, so como uma plu adem: cexisten imediatos, e estes, lade fora da outra e, , de modo tal que a um povo corresponde um deles, é sua geogréfica e antropologica (Hegel, 1976: 334). Ao povo a que corresponde tal momento como prinefpio natu- -Ihe encomendada a execucao do mesmo no progresso da autoconsciéncia do espftito do mundo que se abre. Este povo, na hist6ria universal e para essa época, é 0 dominante e s6 pode fazer época uma vez. Contra este seu absoluto di de ser portador do atual grau de desenvolvimento do espi do mundo, 0 es itos dos outros povos nao tém direitos, eles, como aqueles cuja época passou, néo contam na histéria universal (Hegel, 1976: 334-335), Deste universalismo eurocéntrico excludente, derivam as mesmas con- clusdes que podemos observar em Locke com relagao aos direitos dos povos. Diferentemente dos povos que sao portadores hist6ricos da ra- 70 universal, as nagdes barbaras (e seus povos) carecern de soberania ede autonomia, Um povo nao é ainda um Estado, e a passagem de uma familia, de uma horda, de uma cla, de uma multidao, ete., a uma ago de Estado con: em geral nesse povo, Sem essa forma, carece, como substancia ética que & em si (an sich), da objetividade de ter nas leis, como deter- portanto, nao & reconpe ferigearece Je legalidade objetiva « ” k 7 a é apenas formal € nao € soberanjs ie . jeas nage" js movimentos substanciais do By pactores face 308 cagadores, Os cultores s poves ‘ Lad (0 Poe mo barbaros, com a conseineia de um face a ambos, et.) vineito desigual, ¢ tratam SU ‘autonomia como algo formal (Hegel, 1976: 336)- . eo eer sobre uma tri ntinent A nmi Hea ed ‘mundo nao esti...) divididas (hia aeppprrazbes de comodidade, masse trata de diferen. os Soencas” "A Histéria move-se do Oriente a0 Ocidente, sendo a cient absoluto, ugar no qual oespfrito alcanca sua maxi aoe te aouniseconsgo mestno”. Dentro desta metanarrativa rr encaoeupa um papel ambiguo. Por um lado o conti sarc jovem, coma implcagao potencial que esta caracterizacao pode serena pertador de futuro, mas sua juventude se manifesta funda- tnentalmente em ser débileimaturo (Gerbi, 1993: 527 y 537). Enquan- to sua vegetagéo é monstruosa, sua fauna é frégil (Gerbi, 1993: 537), «mesmo o canto de seus péssaros € desagradavel (Gerbi, 1993: 542). Osaborigenesamericanos so uma raga débil em processo de desapa- recimento (Gerbi, 1993; 545), Suas civilizagdes careciam “dos grandes insirumentos do progresso, 0 ferro eo cavalo” (Gerbi, 1993: 537). gcivilizadas consideram a outras qu ‘A América sempre se mostrou e continua mostrando-se fisica € espiritualmente impotente", Mesmo as civil eel ‘vilizagbes do México e do Peru eram meramente naturais: ito, a chegada da incompardvel civilizaga0_ tio lhes podia acontecer o4 is 7 mutt a ~ Parecimento (Gerbi, 1993; 545, 548). medi quenio fesse seu dass 8G.W.F. Hepa, Enayk Ee lopaideder philoso Slo rr et Be ceophischen Wissenchatften (Werke) Vol. VI 442, Me soto teases on he P osophy of History (Cambridge Universit ) ronil (1996: 58), ana schite 'e(Lasson)Vol.1, 189-191, citado por Antonello Ben Laxpen TI. A NATURALIZACAO DA SOCIEDADE LIBI FERAL EA DAS CIENCIAS SOCIAIS eee (0 processo que culminou com a consolidagao das relagbe ho capitalisias e do modo de vida liberal ene ‘hae as Caréter de formas naturais de vida social, teve simltancanene vera dimensio coloniallimperial de conquista e/ou submissio de outros continentes e territrios por parte das poténcias européias, e uma en- carnigada luta civilizatéria no interior do territério europeu na qual finalmente acabou-se impondo a hegemonia do projeto liberal, Para as geragdes de camponeses e trabalhadores que durante os séculos XVIILe XIX viveram na prépria came as extraordindriase traumaticas transformagdes (expulsio da terra e do acesso aos recursos naturais), 1 ruptura com os modos anteriores de vida e de sustento -condicio necesséiria para a criagio da forga da trabalho ‘livre’-e a imposigio da ina do trabalho fabril, este processo foi tudo, exceto natural {As pessoas no entraram na fabrica alegremente e por sua pr6- pria vontade. Um regime de disciplina e de normatizagdo cabal foi ne- cessdrio. Além da expulsio de camponeses e de servos da terra e da criagao da classe proletaria, a economia moderna exigia uma profunda transformagaio dos corpos, dos individuos e das formas sociais. Como produto desse regime de normatizagao criou-se 0 homem econémico (Escobar, 1995: 60). Em diversas partes da Europa, ¢ com particular intensidade no Reino Unido, o avango deste modelo de organizagao nao apenas do tra- balho e do acesso aos recursos, mas do conjunto da vida, sofreu ampla resistencia tanto nas cidades como no campo. Detenhamo-nos na ca- racterizagao dessa resistencia, desse conflito cultural ou civilizatério, como o formula o historiador inglés E. P. Thompson, lticido estudioso da sensibilidade popular de tal periodo: Minha tese € a de que a'consciéncia do costume ¢ os usos do costume eram especialmente robustos no século dezoito: de fato, alguns dos ‘costumes’ eram de invengio recente ¢ eram na reali dade demandas por novos ‘direitos’ [...]a pressio para ‘reformat’ foi resistida obstinadamente e no século dezoito abriu-se uma distancia profunda, uma alienagio profunda entre as culturas de patricios e plebeus (Thompson, 1993: 1). Esta 6, entio, uma cultura conservadora em suas formas que aPe- la aos usos tradicionais e busca reforgé-los. So formas nfo iomais: nfio apelam a nenhuma razio através do folhete, serma0 at ‘conservadores. Na re década a década, mais paroqu Orporativos ¢ iancia clientelista direta qg igtico do século: encontramos uma sm ultura conservadora dos ple. sume, a essas racionalizagSes eco, sem om ocezamento de fTr2S coms, oes eos mercados ‘iVEeS’ N80 regulados comerciantes ou patrées buscam eras evidente na camada superior da so. ovagao no : sen tecnol6gicolsociolégico neutro © sem normas um proces» racionalizagio’) € sim a inovacao do proces. (moderizasi< geqlientemente experimentada pelos plebeus aan je exploragio, ou epropriagso de seus direitos de eo tradicionais, ou a ruptura violenta de modelos valorizados se abalho ¢ écio...Portanto, a cultura plebéia é rebelde na defeen dos costumes, Os costumes defendidos sao os do pré- prio povo, e alguns deles estio, de fato, baseados em recentes, fssergdes na prética (Thompson, 1993: 9-10). ‘em nome do cost nomics © nove a disciplina no tr de gros) que governamtess As ciéncias soci iém como piso a derrota dessa re: tém como substrato as novas condigdes que se criam quando o modelo liberal de organizagio da propriedade, do trabalho e do tempo deixam de apare- cer como uma modalidade civilizatéria em disputa com outra(s) que ; eadquire hegemonia comoa tinica forma de vida Apartir deste momento, as lutas sociais ja ndo tem como eixo oo civilizatério e aresistén \posicdo, mas passam 2: de- 'rseno interior da sociedade liberal". Estas sao as condigées histér- asua 11 Parauma anise ext "sowliariamente rica deste processo, ver o texto de E. P. Thom? tureza humana e a n reali ma e a necessidade hi 1993, 15) MT® assumiram que esse homem econ Eocanoo Lawpen cas da naturalizagdo da sociedade liberal de Dee evidente” desse modelo de organizagao social eae ht pag hi € raca- fica demonstrada tanto pela conquista e subreieene dag demais povos do mundo, como pel; ‘superagao” histérica das fon = anteriores de organizastio social, uma vez que se logrou impor na Eure. pa plena hegemonia da organizagao liberal da vida sobre as miltiplae formas de resisténcia com as quais se enfrentou, . E este 0 contexto hist6i 0-cultural do imaginario que impregna © ambiente intelectual no qual se dé a constituigdio das disciplinas das ciéncias sociais. Esta € a visdo de mundo que fornece os pressupostos fundacionais de todo o edificio dos conhecimentos soci Esta cosmovisao tem como eixo articulador central nidade, nogio que captura complexamente quatro dimensdes bésicas: 1) a visio universal da hi ia de progresso (a partir iga0 de todos os povos, aturalizagao” tanto das is como da “natureza humana” da sociedade liberal-ca- ista; 3) a naturalizacdo ou ontologizacao das miltiplas separagoes proprias dessa sociedade; e 4) a necessaria superioridade dos conhe- cimentos que essa sociedade produz (“ciéncia”) em relagao a todos os outros conhecimentos. Tal como 0 caracterizam Immanuel Wallerstein (1996) eo gru- po que trabalhou com ele no Relatério Gulbenkian, as ciéncias sociais se constituem como tais num contexto espacial e temporal espect co: em cinco paises liberais industriais (Inglaterra, Franga, Alemanha, as Itdlia € os Estados Unidos) na segunda metade do século passado, No corpo disciplinar basico das ciéncias sociais -no interior das quais continuamos hoje habitando- estabel paragdo entre passado e presente: a disci do, enquanto se definem outras espe estudo do presente, Para o estudo deste diferenciados correspondentes ao soci concebidos propriamente como regides ontolégicas da realidade hist6- ‘A cada um destes mbitos separados da realidade histérico- intelectuais, seus departamentos uni ica e a economia. A antropologia e os estudos clissicos definem-se como 0 campo para 0 Da constituiga Oma, vod taro possiel de todas as outras yt guirem INCOrpOraT-Se A esta March cer. Em segundo lugar ‘da experiéncia hist6rica europe snhecimento dé ¥tinicas form: as vilidas, objetivas € universaig ius, conceitos e perspectivas (economia, Es. AS cate ar avereado, lasses, et.) Se convertem, assim, nag tado, sociedade cn ‘ vias universais para a andlise de qualquer realidade, ibém. ea proposigdes normativas que definem o dever ser para mae Janeta, Estes conhecimentos convertem-se, assim, ls 05 povos do pl 3 m rdrdesa partir dos quai se podem analisar€ detectar as caréncias, 1 deatrasos, os freios e impactos perversos que se dao como produto do primitvo ou o tradicional em todas as outras sociedades. Esta é uma construgdo eurocéntrica, que pensa € organiza a to- taldade do tempo e do espaco para toda a humanidade do ponto de vista de sua propria experiéneia, colocando sua especificidade hi ricocultural como padrio de referéncia superior e universal. Mas & sinda mais que isso. Este metarrelato da modernidade é um it de conhecimento colonial e imperial em que se articula essa tot de povos, tempo e espago como parte da organiza¢ao colonial/imperial do mundo. Uma forma de organizagao e de ser da sociedade trans- a este Pr) colonizador do conhecimento na cera coast huano da sociedade, As outras formas de {conclu cag tanzase da sociedade, as outras formas carne, aeen, io tansformads no s6 em diferentes, mas em as num momento anterior bra (Fabian, 1983), inferioriday “rhamanoe a Epcanpo Laxper iperior para safrem de seu ivismo ou ; lizagao imposta definem, destarte, os tinicos jinos possiveis para os outros”, © conjunto de separagdes sobre as quais esta sustentada essa nogo do carater objetivo e universal do conhecimento cientifico esta articulado com as separagdes que estabelecem os conhecimentos so- re a Sociedade moderna e o restante das culturas, Com as cien- cias sociais da-se 0 processo de cientifizagao da sociedade liberal, sua objetivacao ¢ universalizacao e, portanto, sua naturalizagao, O acesso a ciéncia, ¢ a relacdo entre ciéncia e verdade em todas as disciplinas, estabelece uma diferenca radical entre as sociedades modernas ociden- tais e o restante do mundo. Dé-se, como aponta Bruno Latour, uma diferenciagao basica entre uma sociedade que possui a verdade-o con- trole da natureza~e outras que nao o tém. Aos olhos dos ocidentais, o Ocidente, e apenas 0 Ocidente, niio é uma cultura, nao é apenas uma cultura. Por que se vé 0 Ocidente a si mesmo desta forma? Por que deve- ria ser 0 Ocidente e s6 0 Ocidente nao uma cultura? Para com- preender a Grande Divisdo entre nos ¢ eles. Devemos regressar a outra Grande Divisao, aquela que se dé entre humanos e ndo-hu- manos... De fato, a primeira € a exportagdo da segunda. Nos oci- dentais nao podemos ser uma cultura mais entre outras, j4 que nés também dominamos a natureza. Nés no dominamos uma imagem, ou uma representaco simbdlica da natureza, como fa- zem outras sociedades, mas a Natureza, tal como ela é, ou pelo menos tal como ela é conhecida pelas ciéncias -que permanecem no fundo, nao estudadas, nao estudaveis, milagrosamente identi- ficadas com a Natureza mesma (Latour, 1993: 97). Assim, a Grande Divistio Interna da conta da Grande Divisio Ex- terna: nés somos 0s tinicos que diferenciamos absolutamente en- tre Natureza e Cultura, entre Ciéncia e Sociedade, enquanto que a nossos olhos todos os demais, sejam chineses, amerindios, azan- des ou baruias, nao podem realmente separar 0 que é conheci- mento do que é sociedade, o que é signo do que € coisa, o que vem da natureza daquilo que sua cultura requer. Fagam o que fizerem, sno nto se localizam apenas a dtr na compres ct a ea itorgio ma autocampreet- aa 1icos da hi io curopéia, ao cone niidade. Ver mais abaixo a discuss regulado ou funcional, cles semp,, “esta confusdo. S20 prisioneing, anger. NOS, fAGAMOS O QUE fre, ‘ou imperialista Possamos sey. vale da linguagem Para ter ACESS ag wia de safda providencial, a dg fico, A separagao interna entre humanos segunda separagao ~externa desta ver useram-se a simesmos num plang s eS (Latour, 1993: 99-100). Se pressupostoS e olhares espe Neate sentido € possivel afirmar que, em todo or nas soca servi rai para 0 sabe xperiéncia hist6rica universal (normal lien de corse’ amentas neste sentido de identificagto de a ar defiéncas que tam de ser superadas), que para © conhe- ves asas sociedades a partir de suas especificidades hist6rico- continuidade entre as diferentes dental ¢28 outras| aagges e exclusbes esta snhecimento dos outros. fo mundo ex-col ‘em relagdio ao padrao normal ci {erentes recursos hist6ricos (evangeli como sustento a concepgao de que ha um padrao civilizatério que € simultaneamente superior e normal. Afirmando 0 caréter universal dos conhecimentos tficos eurocéntricos abordou-se o estudo de todas as demais culturas e povos a partir da experiéncia moderna ocidental, uindo desta maneira para ocultar, negar, subordinar ou ex! Tora ou expresso cultural que nfo correspond a esse inks Sa ona ee sociais. As sociedades ocidentais modo de vide sonal em de futuro para o resto do mundo, © se por stia com icional, seus pre pelo populismo Ecanoo Laser e por Estados excessivamente intervencionistas, liberdade espontanea do mercado. " ‘Na Amél Jaram asta ol mida pelas que nio respondem & ade universal, contribuitam para'a buses, are latino-americanas ao longo de toda a histéria deste continente, da “superagao” dos tracos tradicionais e pré-modernos que tém servido de obstaculo ao progresso e a transformagio des. jedades & imagem e semelhanga das s as ciéncias sociais estdo impossi t6rico-culturais diferentes daqueles postulados por essa cosmovisio. Caracterizando as expressdes culturais como “tradicionais” ou “ndo- modernas”, como em processo de transi de, nega-se-Ihes toda possibilidade de logicas culturais ou cosmovi- s0es préprias. Ao colocé-las como expresso do passado, nega-se sua contemporaneidade. Tao profundamente arraigados esto esta nogio do moderno, 0 padrao cultural ocidental e sua seqiiéncia histérica como 0 normal ou universal, que este imaginario conseguiu constranger uma alta propor- cdo das lutas sociais e dos debates politico-intelectuais do continente. Estas nogGes da experiéncia ocidental como 0 moderno num sen- tido universal com o qual é necessdrio comparar outras experiéncias permanecem como pressupostos implicitos, mesmo em autores que expressamente se propdem A compreensio da especificidade histérico- 1 deste continente. Podemos ver, por exemplo, a forma como aborda a caracterizagio das culturas latino-america- nas como culturas hibridas (1989). Apesar de rejeitar expressamente a leitura da experiéncia latino-americé da modernidade “como eco diferido e deficiente dos paises centrais", caracteriza o modernismo nos seguintes termos: Se 0 modernismo nio é a expresso da modernizagao socioeco- némica, e sim 0 modo como as elites assumem a intersecgdo de di- 15 °O ambi ste dco lino ameicao,em sn ee & donna cop. cal ; “ missio: izadora, assumitt a forma de um processo = use te someone pers i ‘and Revolution” em New Left Review (Londres) tor Garcia Canclini (1989: 69). ac ygme' we aodernidade © P6S-Mo a. et conjuntura latino-american, sider rova [ux] como se desenvolveray pmpmigos ou mnovimentos definidoney spans, renovaciio e democra, piaam na América Latina. O problema snhamos modernizado,e sim na for aa qual estes Componentes vémnse a contradit pela gu mealando (Garcia Canclini, 1989: 330) assume que ha um tempo hist6rico “normal” i opew. Amodernidade entendida como universal euiter aay puro’ a experiencia européia, Em contraste com ‘como a «err odelo ou padrio de comparagao, OS Processos de modernidade, Fe aoe dda modernidade na América Latina dio-se de forma “con. tau ‘omo interseccao de diferentes temporalidades ria” hist6rieas (temporalidades européias?). Parece claro que aqui S& II], ALTERNATIVAS AO PENSAMENTO EUROCENTRICO-COLONIAL NA ‘Awaica LaTiNa HOJE No pensamento social latino-americano, seja do interior do continente ou de fora dele -e sem chegar a constituir um corpo coerente- produ- ziu-se uma ampla gama de buscas, de formas alternativas do conhecer, questionando-se 0 carater colonia/eurocéntrico dos saberes sociai sobre 0 continente, o regime de separagées que Ihes servem de fun- damento, ea idéia mesma da modernidade como modelo civilizat6rio universal, De acordo com Maritza Montero (1998), a partir das muitas vo- zesem busca de formas alternativas de conhecer que se vém verificando fa ee nas iltimas décadas, é possivel falar da existéncia comthul prog oo mundo, de interpreté-lo e de agir sobre ele” que estéctercnde cae ma enisteme com o qual “a América Latina ‘pacidade de ver e fazer de uma perspectiva Outta, ”. As idéias centrais articuladoras deste as colocada enfim no lugar de No Paradigma sao, para Montero, Eocanvo Laxpen - Uma concepgao de comunidade e de pa saber popular, como formas de con: produto de uma episteme de relasdo, ipagio assim comodo tuigdo € ao mesmo tempo - Aidéia de libertagdo através da praxis, que da consciéncia, e um sentido critic Pressupie a mobilizagio das formas canénicas de aprender ‘que conduz.& desnaturalizagao construit-ser no mundo, - A redefini¢ao do papel do pesquisador social, o reconhecimento do Outro como $i Mesmo e, portanto, a do sujeto-objeto da im. vestigaedo como ator social e construtor do conhecimento. - 0 cardter hist6rico, indeterminado, indefinido, inacabado e rela- tivo do conhecimento. A multiplicidade de vores, de mundos de vida, a pluralidade epistémica, ~Aperspectiva da dependéncia, ¢ logo, ada resisténcia. A tensio entre minorias ¢ maiorias e 0s modos alternativos de fazer-conhecer. - Arevistio de métodos, as contribuigées e as transformagoes pro- vocados por eles (Montero, 1998). As contribuigdes principais a esta episteme latino-americana sto iden- tificadas por Montero na teologia da libertacao e na filosofia da liberta- 0 (Dussel, 1988; Scalone, 1990), bem como na obra de Paulo Freire, Orlando Fals Borda (1959; 1978) e Alejandro Moreno (1995). IV. TRrES CONTRIBUIGOES RECENTES: TROUILLOT, ESCOBAR, = CoRONIL, ‘Trés livros recentes ilustram-nos 0 vigor de uma produgio teérica cuja riqueza reside tanto em sua perspectiva critica do eurocentrismo colonial dos conhecimentos sociais modernos quanto das reinterpre- tacdes da realidade latino-americana que oferecem, partindo de ou- tras suposigdes"”. MicueL-Rowen Trouitor ‘As implicagdes da narrativa historica universal que tem a Europa como tinico sujeito significativo sio abordadas por Michel-Rolph Trouillot. Em Silencing the Past. Power and the Production of History, ele analisa 6 caréter colonial da historiografia ocidental mediante o estudo das fos Unidos, pertencem a 97), tox, que fram publics em ingles ni ea ro Escobar (198) erando Cot haitiana, enfatizando particu)... lagoes de poder'# » 4. mse em premissas OU COMpreey, a distribuigao q, No caso da historiografia haitiang .ydo Terceiro Mundo, essas compre. ¢ modeladas por convengoes ¢ 1995: 55). ‘a Revolusao Haitiana foi silenciadg re dadas suas suposicdes, essa revo. vera impensdvel (1995: 27). De fato a afirmagao de acordo com a gual africanos escravizados eros descendentes no podiam imaginar sua liberdade-e menos ese mult estratégias para conguistar e aflangar tal Liberda- rae petaa baseada tanto na evidencia empirica quanto numa losin, uma organizagio implcita do mundo e de seus habi- tantes nda que de nenhum modo monolitica, esta concepeao Jo mundo era amplamente compartilhada por brancos na Europa cas Américas, e também por muitos proprietarios ndo-brancos de plantagées. Mesmo que tenha deixado espaco para variagoes, renhuma destas variagdes incluiu a possibilidade de um levante revoluciondrio nas plantagdes de escravos, e menos ainda que fos- se exitoso e conduzisse & criagao de um Estado independente. lugio, Assim, a Revolugdo Haitiana entrou na historia mundial com a caracteristica particular de ser inconcebivel ainda enquanto cor~ 1995: 73). ‘oda historia. Rastreando o poder através de varios ‘momentos’ ofazar carer undamentalmente procedimental da produeSo rae i rab contenant menos que como trabalha a hiss: ave 9 =n mente coma histéria;e que a fas politicas de- orrsti pou infuena ma malo das Ptens eae dO Oe” t inerentes& histri ‘Beendo de algumas de suas ee it porque cada evento singular entra na hist6ria cette Nurs hm hanes eal sempre se omiteenquato 0 de nenhum evento. Assim, aqui Em out 40 com auséncis Hs eros, om mo ta também assegu ad neg tens ao ls Si oe deena eee um eveno nu dat te torna possf \6ricos sic Epoanno LANDER Numa ordem global caracterizada pela organi: glob rrganizaco colonial do mun. do, pela escravidlo e pelo racismo, nio havia cpertenten ean das quanto a superioridade europtiae,portante acon pusessem em questo nao eram concebiveis (Trouillot, 1995. 3081) O impensivel € aquilo que nao pode ser concebido dentro dé leque de alternativas disponiveis, aquilo que subverte as respos- tas, pois desafia os termos com os quas se formulatn as perpen tas, Neste sentido, a Revolugao Hattana fo! impensvel er soa tempo. Desafiou os préprios pontos de referéncia dos quais seus defensores e opositores vislumbravam a raga, 0 colo1 escravidao (Troui 1995: 82-83). A vistio de mundo vence 0s fat hegemonia branea ¢ natural, tomada como um elemento dado; qualquer alternativa ainda est no dominio do impensavel (Trouillot, 1995: 93). De acordo com Trouillot, 0 silenciamento da Revolugao Hi nas um capitulo dentro da narrativa da dominacdo global sobre os po- vos nao europeus (1995: 107). ‘Arturo Escopar Em Encoutering Development. The Making and Unmaking of the Thirld World, Arturo Escobar propée-se a contribuir para a construcio de um quadro de referéncia para a critica cultural da economia como estru- tura fundacional da modernidade. Para tanto, analisa 0 discurso -e as instituigées nacionais e internacionais- do desenvolvimento no pés- guerra, Este discurso, produzido sob condigoes de desigualdade de po- der, constréi o Terceiro Mundo como forma de exercer controle sobre ele®, De acordo com Escobar (1995: 5), dessas desigualdades de poder, ea partir das categorias do pensamento social europeu, opera a “colo~ nizagao da realidade pelo discurso” do desenvolvimento". ins Escobar, 1935: vapoah me a falar do desenvolvimento como uns expt Dropontome dominio de pensamento asso pl i 2 ‘rica singular, ‘caracteristicas e inter-relagdes dos tréseixos que o ‘que se referem a de objetos, concei formas de subj to do padrao de desenvolvimen, erie segunda Guerra Mundial, ¢g)° da produzindo-se substanciais yy." s relagdes entre os pajse. ola e comer produ dest (Escobar, 1995: 39 de desenvolvimento que CorTespondia ag sty Ocidente prosper, O GUE OS pafses og cee curso da evolugao e do progres. var o progresso nestes terMOS, a estratégig vevtransformourse nuum poderoso instrument 30 do mundo (Escobar, 1995: 26). « consideravam que e730 0 [a0 conceit . 1a sio concebidas nao apenas como base do pro. eeerereil mas como a origem da direcao © ea sentido ¢ fe — olsimento (Escobar, 1995: 36). Nas ciéncias socials : nto pre- ‘omina uma grande confianga na possibilidade de um. Conhecimento terto, objetivo, com base empirica, sem contaminacao pelos precon- og ou pelos erros (Escobar, 1995: 37). Por isso, apenas determina. das formas de conhecimento foram consideradas apropriadas para os planos de desenvolvimento: 0 conhecimento dos especialistas, treina- dos na tradigao ocidental (Escobar, 1995: 1 11). O conhecimento dos “outros”, 0 conhecimento “tradicional” dos pobres, dos camponeses, no apenas era considerado nao pertinente, mas também como um dos obstéculos a tarefa transformadora do desenvolvimento. No perfodo do pés-guerra, deu-se 0 “descobrimento” da pobre- za massiva existente na Asia, na Africa e na América Latina (Escobar, 1995: 21). A partir de uma definigao estritamente quantitativa, dois ter- os da humanidade foram transformados em pobres -e portanto em te Mandal ee sstando de intervengao- quando em 1948 0 Bar- capita oa mene com Pobres aqueles paises cuja renda anual per ‘menor do que u$s 100 ao ano: “se o problema era de renda insuficiente, a solu ie wolvimen : a solugdo era clarament imento econdmi ces a 0 desenvolvimento econé1 ). Desta forma: fou em cena criando anormalidades (08 anomalias que enti ce, ‘mulheres gravidas’, os ‘sem-terta’), nto a eattve de reformar, Buscando elimina a ‘ realmente consegui f ce da Terra, do Terceiro Mundo, 0 4U® Epcanpo Lavoe lizando-se num conjunto de teve um profundo impacto si sociais, as formas de pensar, das indelevelmente por este Praticas, instituicdes e estrut estruturas, *obre o Terceiro Mundo: as relagdes 2s vs0es de futuro caram marca- ubfquo elemento. © Terceiro Mundo chegou a ser 0 que é, em grande medida, pelo_de iment Este processo de chegar a ser implicou escolhas entre opgbes er ticas ¢ altos custos, e 0s povos do Terceiro Mundo mal comecat a perceber sua verdadeira natureza (Escobar, 1991: 142) Por tras da preocupagiio humanitéria e a perspectiva positiva da nova estratégia, novas formas de poder e de controle, mais sutis e refinadas, foram postas em operagdo. A habilidade dos pobres para definir e assumir suas préprias vidas foi erodida num grau inédito. Os pobres transformaram-se em alvo de pré- ticas mais sofisticadas, de uma variedade de programas que pa- reciam inescapaveis. Originado das novas instituigdes do poder nos Estados Unidos e na Europa, dos novos érgios de planeja- mento das capitais do mundo subdesenvolvido, este era o tipo de desenvolvimento que era ativamente promovido, e que em poucos anos estendeu seu alcance a todos os aspectos da socie- dade (Escobar, 1995: 39), -senvolvimento. A premissa organizadora era a crenga no papel da modernizagao como a tinica forga capaz de destruir as superstigdes e relagoes arcaicas, a qualquer custo social, cultural ou politico. A indus- trializagao e a urbanizagao eram vistas como inevitaveis e neces- sariamente progressivos caminhos em diregao & modernizagio (Escobar, 1995: 39). Estes processos, de acordo com Escobar, devem ser entendidos no &m- bito global da progressiva expansio destas formas modernas nao ape- nas a todos os Ambitos geogréficos do planeta, mas também ao préprio coragio da natureza e da vida. Se com a modernidade podemos falar da progressiva conquista semiética da vida social e cultural, hoje esta conquista esten- deu-se a0 proprio coragao da natureza ¢ da vida, Uma vez que a modernidade se consolidou e a economia se transforma numa realidade aparentemente suprema -para a maioria um verda- deiro descritor da realidade- 0 capital deve abordar « quest da domesticagao de todas as relagbes sociais ¢ simbaticas tantes nos termos do cédigo de produclo, J4 no sao SNA mente o capital e o trabalho per se que estéo em Jo8, eS ransforma-se, Para toma, a realida yard. no ‘espelho da prod. de Baud as universalistas de submissao e da vida, Escobar aponty 'stencia local de grupos de nemservensao, € & GeSCOnStTUGHO do de, an 33.223), tarefa que implica o esforgo Ps Talizagio da modernidade, Para este -¢ desunivt ropologa da modemidade, que cond. iia dernidade ocidental como um fenomeng ‘2a.a uma compre especifico (Escoba 995: 11), Isto passa necessa. riamente “rade mode Qual eddigo estrutural 1 iscrito na estrutura da economia? Que oo desenvolvimento civilizatorio resultou das ae ven da economia? [.-] Uma antropelogia da modernidade « Pirada na economia conduz-nos a narragdes de mercado, pro- dlugio e trabalho, que esto na base do que se pode chamar de 1s toma-se completamente invistvel 997: 57) cil da cago da exploragao em Marx busca evi? reds fea come ones de valor. Mas termina cx, 1971 y°8 Produc capitalista, apaga sew PAP -omodelo dual Portincin a Epcanpo Lanpen Coronil afirma que na medida em que se deixa de fora anatureza na caracterizagao tedrica da produgdo e do desenvoh i savolvimento do capit e da sociedade moderna, também se esti deixando o espaco for do elle da teoria. Ao fazer-se a abstracio da natureza, dos recursos, do espago dos territ6rios, 0 desenvolvimento histérico da sociedade moderna ¢ do capitalismo aparece como um processo i femo € autogerado da socieda- de moderna, que posteriormente se expande as regides “atrasadas”. Nesta construgéo eurocéntrica, desaparece do campo de visio 0 colonialismo ‘como dimensdo constitutiva destas experiéncias histéricas. Estio ausen- tes as relagdes de subordinacdo de territérios, recursos e populagées do espaco nao-europeu. Desaparece assim do campo de visio a presenga do mundo periférico ¢ de seus recursos na constituigao do capitalismo, com qual se reafirma a idéia da Europa como tinico suj A reintrodugio do espago -e, por essa via da dialética, dos trés elementos de Marx (trabalho, capital e terra)- permite ver 0 capita- lismo como processo global, m: na Europa, € permi subalternas (Coroni que como um processo autogerado incorporar ao campo de visio as modernidades 97: 8). Recordar a natureza -reconhecendo teoricamente seu significa- do histérico- permite-nos reformular as histérias dominantes do desenvolvimento hist6rico ocidental, e questionar a nosio segundo a qual a modernidade é a criagdo de um Ocidente auto- propelido (Coronil, 1997: 7). © projeto da paroquializagio da modernidade ocidental {...] implica também o reconhecimento da periferia como da modernidade subalterna. 0 propésito ndo € nem homoge- neizar nem catalogar as muiltiplas formas da modernidade, menos ainda elevar a periferia por meio de um mandato se mAntico, mas sim desfazer as taxonomias imperiais que feti- chizam a Europa como portadora exclusiva da modernidade 997: 57) 27 S6 a partir destas exclusdes € pos separada tanto da nature capitulo, lwural dos €entr0s imperiais ramsey do focus da modernida. a crvondigbes Para UMA critica a propria modernidade. ag stabilizadors ¢Y vferia como a encarnagag ro ag auto-FepTESEMtACO euro. ong razto e dO PrOETesso his. atureza andlise social, a organizagio do nature gues ais (Coronil, 1997. pma vez que i etal ta de suas bases materiais taba nao pose ser abstraiee 0 acional do trabalho tem de 293) Er consequtnelas © 2% isto socal do trabalho, mas tam. serentendida 80 oP obal da naureza (Coronil, 1997: 29), ura dvislo ; es ria chamat de divisio internacional da natureza eee eater ara divisio internacional do trabalho: jomecea bas ve prtuem duas dimensOes de um proceso unitario. O ce comin it i nce de que o trabalho sempre est localizado no espago, que trans- forma a natureza em localizacbes especificas, que portanto sua cestratura global implica também uma divisao global da natureza (Coronil,1997:29). Como a produgao de matérias-primas na periferia est ge- ralmente organizada em torno da exploragao ndo apenas do trabalho, mas também dos recursos naturais, acredito que 0 estudo do neocolonialismo requer uma mudanca de foco do desigual fluxo de valor para a estrutura desigual da produgdo internacional. Esta perspectiva coloca no centro da anélise as relagdes entre a produgao de valor social e a riqueza natural (Coronil, 1997: 32) Para rom i ca romPer com este conjunto de cisdes, particularmente com as que se construram entre 0s atores materiais eos f iturais (Coronil, 1997: 15), Comal oe fatores culturais , 3), Coronil prope uma perspectiva hi da produgdo que Escobar concrbe iit mesmo campo analitco, Assim como Arturo de sujeitos e de ‘mercadorias, ‘0 simultaneamente como cria¢0 ‘Proceso produtiv ira perspectivaholistica em * producao de mercadorias : ‘ls implicados neste prog, mo da producao abarca tanto quanto a formagao dos agentes 8° "S80, portanto, unifica num mes- Epcanbo Laser ‘mo campo analitico as ordens materiais e culturats aus os seres humanos formam asi mesmor ena oes seu mundo, (...] Esta visio unificadora busca compreender a constituiséo histérica dos sujeitos num mundo de relagoes sociais € significados feitos por seres humanos, Como estes sujeitos so constitufdos historicamente, e ja que sio prota, gonistas da histéria, esta perspectiva vé a atividade que faz a histéria como parte da histéria que os forma e relata sua atividade (Coronil, 1997: 41). Uma apreciagao do papel da natureza na criacdo de riqueza oferece uma visio diferente do capitalismo. A inclusto da natureza (e dos agentes a ela associados) deveria substituir a relagdo capital/trabalho da centralidade ossificada que tem cocupado na teoria marxista. Juntamente com a terra, a relagio capital/trabalho pode ser vista dentro de um proceso mais amplo de mercantilizagao, cujas formas especificas e efeitos devem ser demonstrados a cada instancia. A luz desta visao mais compreensiva do capitalismo, seria dificil reduzir seu desenvolvimento a uma dialética capital/trabalho que se origi: na nos centros avancados e se expande em direcio & periferia atrasada. Pelo contrario, a divisio internacional do trabalho poderia ser mais adequadamente reconhecida simultanea- mente como uma divisdo internacional de nacdes e da nature- za (e de outras unidades geopoliticas, tais como o primeiro e 0 terceiro mundos, que refletem as cambiantes condi¢des inter- nacionais). Ao incluir os agentes que em todo o mundo estao implicados na criagdo do capitalismo, esta perspectiva torna possivel vislumbrar uma concepgao global, nao eurocéntrica de seu desenvolvimento (Coronil, 1997: 61). BIBLioGRaFIA Apel, Karl-Otto; Dussel, Enrique e Fornet B., Ratil 1992 Fundamen- tacién de la ética y filosofia de la liberacion (México: Siglo XI Editores/UAM Iztapalapa). Apffel-Marglin, Frédérique 1996 “Introduction: Rationality and the ve édéri lin, Stephen A. World” in Apffel-Marglin, Frédérique and Marglin Decolonizing Knowledge. From Development 10 Dialogue (Oxford: Clarendon Press). 9 Clas: ‘. oasiatic Roots of Classical c;, atte PS) Vl Th 1785-1985: 7 Human Rights: Mode Jmpacis oF els: 993 “Teel ma Fechnology and Human Rights? san pent, SETEE TT pact of Technology on Hurnan bes mente ie) requ United Nations University in Wee © saudi Fabri tog ne World. 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