Michel Serres (1977), La Distribution. Paris: Minuit.
(p. 201) [trecho sobre Kant]
Je puis recommencer, le long de la série. Démontrer cette affaire stable sur la
prison, enceinte close, ou su l'hotellerie, seuil, relais ou relance, et sur le labyrinthe enfin qui est la somme des emblèmes. Dédale de connexion et de non- connexion, fermé tout autant qu'ouvert, où le transport est un voyage autant qu'une immobilité. Tous opérateurs paradoxaux de l'espace, signalant qu'on en a trop vite fini avec l'espace, qu'on n'en finit jamais avec les espaces, opérateurs au travail à la fois aux mythes fabuleux de la Crète, aux récits de ce que nous nommons littérature, et dans la théories ou topologie des graphes, des jeux et réseaux de transport. Il y a deux siècles, assez exactement, Kant commençait à philosopher en observant une propriété paradoxale de l'espace. Sur une asymétrie non dite ou non dicible, il projetait une esthétique. Or, sa faute était double : il ne repérait qu'un espace, alors qu'on peut en définir de variés, de nombreux, et en nombre croissant ; il tentait d'autre part le sot projet d'une fondation dans le sujet transcendantal, alors que nous pouvons tout recevoir dans lelangage et les pratiques.
D'où ce bilan temporaire. Je dispose d'opérateurs, tirés de symboles naïfs, qui
travaillent sur un non-dit, au moins par la philosophie, savoir les accidents ou catastrophes de l'espace et sur la multiplicité des variétés spatiales. Qu'est-ce qu'un fermé ? Qu'est-ce qu'un ouvert ? Qu'est-ce qu'un chemin de connexion ? Qu'est-ce qu'un déchirure ? Qu'est-ce que le continu et le discontiny ? Qu'est-ce qu'un seuil, une limite ? Programme élémentaire d'une topologie. Ce n'est plus donc ma mère l'Oye qui, stable, raconte tous les mythes possibles, ou reste invariante par leurs variantes, c'est desormais l'espace ou les espaces qui sont la conditions de ses vieux racontars. Les espaces pour qui j'ai la chance de disposer d'un savoir neuf. Et les mythes sont écrits sur eux.
(p. 201) [trecho sobre Kant]
Posso começar de novo, ao longo da série. Demonstrar essa questão estável
sobre a prisão, recinto fechado, ou sobre a hotelaria, limiar, intermediário (relais) ou relance (relance), e sobre o labirinto, enfim, que é a soma dos emblemas. Confusão, complicação de conexões e não-conexões, tanto fechado como aberto, onde o transporte é tanto uma viagem quanto uma imobilidade. Todos os operadores paradoxais do espaço, assinalando que acabamos muito rapidamente com o espaço, que jamais acabamos com os espaços, operadores trabalhando por sua vez com os mitos fabulosos da ilha de Creta, com as histórias daquilo que chamamos de literatura, e nas teorias ou na topologia de grafos, dos jogos e das redes de transporte. Há exatamente dois séculos atrás, Kant começou a filosofar ao observar uma propriedade paradoxal do espaço. A partir de uma assimetria não-dita ou não-dizível (?), ele projetou uma estética. Mas sua falha era dupla: ele somente encontrou um espaço, enquanto podemos defini-lo de modo variado (suas variações, de variés?), numeroso, e em número crescente; ele tentou, por outro lado, o tolo projeto de uma fundamentação a partir do sujeito transcendental, quando podemos tudo acolher através da linguagem e das práticas.
De onde este resultado, balanço, temporário. Disponho de operadores, retirados
de símbolos ingênuos, que trabalham sobre o não-dito, pelo menos para a filosofia, conhecedores (?) dos acidentes ou catástrofes do espaço, e sobre a multiplicidade de variedades espaciais. O que é um fechado? Um aberto? O que é um caminho de conexão? O que é um rasgo? O que é um contínuo ou um descontínuo? O que é um limiar, um limite? Programa elementar de uma topologia. Assim, esta não é mais minha mãe Oye que, estável, reconta todos os mitos possíveis, ou permanece invariante pelas suas variantes, é doravante o espaço ou espaços que são as condições para suas velhas fofocas. Espaços para os quais tenho a oportunidade de dispor, ordenar, preparar, um novo saber.E os mitos são escritos sobre eles.