Vous êtes sur la page 1sur 96

le ne fay r i e n

sans
Gayeté
(Montaigne, Des livres)

Ex L i b r i s
José M i n d l i n
i'

1 p>
POEMETO DA ADOT/RSCEXOIA

POR

Joaquim de Souzandrade

1888—1889

_ MARANIjAO
Typ. a vapor deJoáo d'Ágttigv Ahneida S- C,

IM>3
mm •

#•
B c n c d i x i t q u c ilüs Deus, e i ait: C r c s c i t c c i m u l -
t i p l i c a m i n i . . - do l i g n o a u t e m s e i e m i a b o n i
et malí nc comedas. I u q u n c u m q u e e n i m
dic c o m c d c r i s ex co, m o r t e m o r i e r i s . C a p ,

I , v 28; 11. v. 17.


D i x i t a u t e m scrpens a d m u l i e r e m : n e q u á q u a m
m o r t e mdriéirdhí. Sc*it e n i m D e u s q u o d i n
q u o c u m q u e die c o m e d e r i t i s ex en, a p e r i c n -
t u r o c u l i v c s t r i , ct c r i t i s s i c u t d i i , sCiei^tes
b o n u m et n u i l u m Cap. I I I v. 4, 5.
'.. .mine ergó ne f o r t e m i u a t m a m m i suam, et
s u m a t e t i a m de lígRO vitas, et comedát, ct
wvat in cetefhum. K t c m i s i t e u m D o m i n u s
Deus de p a r a d i s o v o l u p t a t i s . . . et .collo-
ca vit ante p a r a d i s u m v o l u p t a t i s C h e r u b i i n
ct t l a m m e i i n i g l a d i i i i n a t q u e v e r s a t r j e m , ad
cusUidicndam'viain l i g i j i vi t a i . v . 2 2 , 24.
A d a m v e r o c o g n o v i t uxópetn s u a m Hevam:
qu¡c e o n c e p u e t p e p e r i t Caín, diceas: Pos-
scdi h o m i n c m per D e i i m , cap ÍV, v. 1.
C o n l i n u o u Deus dizetuio.,.
K u p o r c i n m c u arcp ñas mivcivs,e elle será
o s i g n a l dy concertó u n t r e m i r n c a i e r r a .
E nao tornará triáis a havVr diluvio...
Cap. I X v. 12, i!?, i 5 . ClhM'.SIS.

| l r i m r i r o (üa
Paraisal du,aivd*íii principio, rindo
N'aurora a Creacán^ a térra áureo vcrdí.r;
Os troncos scínti l i a n d o e m fructós: nteigo c l i n d o
V e r b o a m a r , nos j a r d i n s , crescendo-^a branca lior !
. O h o m e m na adolescencia a presentir a sciencia.
T e m o r d o cpracáo, q u e atarda e i n c a u t a a uniáo;
E Serpens callidior das m o i t a s de v i o l e t a .
Dos anjes c o m o u l h a r , de Sátan co'a véneta
Ante a m e n o r d i v i n a , ante E v a aínda m e n i n a ;
Deus ad auvam: da l u z t e i i a a revolucáo.
Que o d i l u v i o apagou (passado, d o n d e a esp'ran¿a
Dos ecus d e n t r o s o r r i u nos arcos d'allianca).
4

Faz-Sc novo Edén.


Sons d'amphioiiea l y r a :
O h o r i z o n t e d o i r a r a ; e o que d o u m b r o r saira.
A s c a l m a s da Thessaüa estando a descansar
E á coroa dos lauxéis sempre o m a i o r c u i d a d o ,
Níobe do rochedo a houvesse a m a r r o i a d o ,
Gencsio i d y l l t o vi.u de scienc a: o doce a l t a r
l j e urna d o i r a d a e s t r e l l a , u l n l i r i o - l u z . táo p u r o ,
J£ l i v r e e sciente e doce, e na m e t a m o r p h o s e .
Os ceus d o astro p o l a r ! Canta, canta o f u t u r o ,
Oh, silenciosa Musa !
E r i n d o áureo o cantar:
Kórmas, seculn-vime, além do dczeiiovc
Dos ¿elcpnonios sons e m q u e F d d i s o n nos o u v e !
Dos reíáñipagos-luz, b e l l a electrícidade.
I'cstaneiar de Joye., e m tix;i c l a r i d a d e !
I)n a n i m a l - m a g n e t i s m o e o Deus-vivo o c e u l t i s m o !
Do telescopio, o l h a r p ' r a os ceus c o m b'latiuiiário.n
E os a d m i r a r c o m K a n t q u a l á m o r a l , e vezes
Choral-os m o r i a l n i e n t e - — a i V'esper de Phaofi !
Do esbrazeia'nento Eirl'el. t o r r e - n v i m i o s marselhc/.es !
Do s i n o de Sao-Paulo, o r g u l h o dos Ingleses,
Libei'ty-lh'll r a d i a d o ao «incendio» d'Albion !
Q u a l B r a z l l ao C i ' i u c i r H , adíssechens serpentes
Contra Libertas, Deus! é o eterno Tiradeutes
Que a ítóitc secular d e s p e n a eo'o meteoro:
Do e x c r c i t o s e i i h o r , q u e envía e m b e m , D e o d o r o
O g r a u d c brac's unid'» a s u b l i m a d a f r o n t e
Du Benjaiíiin. 'o ideal d W m c r i e a ao horizotúe),
De paz üiicrreiro m a i o r q u e o malicio Napoleón, •
Q u é m i d e ha revolucoes a llores, I i barda dé
P r o c l a m a á luz' social, i n v e r s o da vaidade
Que em l i v r e p r i n c i p i a n d o , acaba e m W a t e r loo !
Olí! da h u m a n a crupeáo r i r a m . a T c m p e s i a d c ,
()rcó-Veáuyio, o E t n a , e só náo ríu-sc Job
Gidadáo v i c t o r i o s o ! E ao I n i c i o da República,
A v i r g e m q u e ha cem a n u o s 'spera-o d en i re arcanos,
V. e m g l o r i a o X o v c m b r a l , o scu n o v o Edén tez:
P r o m e t t i d a C h a n a a n — d a nova p a t r i a a rúbrica
Assigna.e e n t r a , na f e , q u a l nao c u t r o u Movsés:
S u p r e m o s c a m p o s de o i r o , I r i s t o n u o s a e pucjica
E os ceus perulco-azues m a n h a u s . 1

— E r a urna vez ...
: D á lua-tiiová a b r a c o aó* r u b r o sol-occaso;
Contení pía a térra ao q u a t t r o , o a m o r q u e está no espaco,
A g l o r i a d o occidente, o l e i t o a z u l d'esta h o r a
I V a q u e l l e arco de luz, q u e faz i n c a n t a d o r a
D o i r a d a paz e.quer: L u c i f e r a a d o r a r
PRIMEIRO DIA 5

A Deus, nos de acuccna e de s a p p h i r a e rosa


Sagrados novos c e u s ) . . .
— H s t a v a Helé ditosa
( P h o s p h o r o áureo q u e b r i l h a ao límpido r i s c a r
1$ d a f a m i l i a alegra o coracáo, d a casa
A c c c n d e e c a existencia d'essa p r i m e i r a b r a z a
Que ás alvas mesas m a n d a a reteicáo d o l a r ) :

Radiosos carros—-quáo ruidoso o alpendre í


C a v a l l o s nebros, em fógueífa os o l h o s ;
A o e m t o r n o o claráó, nos ceus n o c t u r n o s ,
De altaneiras. j a n e l l a s e m sanefas
A l c a c h o r r a d a s de o i r o , r e g o l f a n d o
R o l a n d o ao l a r g o d a mansáo longeva
E u p h r a l e a d'Ara: e os rose ¡raes e r r a n t e s :
Q u a l Great-Kastern a p r o a p a r a a A u s t r a l i a ,
V a p o r a t r o v e j a r , r a d i a as rodas,
Parado m o n u m e n t o , em m e i o océano
E e v i a t h a n etilos sal ,' o cabo eléctrico
S o l t a n d o , Yanzeiando, e os passageiros
A s b o r d a s accorrendo, t a l o povo,
Dos'noivos ledo vendo a entrada. E m t a n t o ,
Noite, á voda a u r o r a ! i m c i r a noi'.te
Os compassadoS i n s t r u m e n t o s p u r o s
Nos reluzeutes" e r v s t a l l i n o s ícelos.
Sonoras vibracóes lonyas r e b o a v a m .
Era mu costunie, a noite dos fulgores;
Do rendc\vous dos sonhos, i o d o s v i u d o
Realidades t r a / e r aos q u e os s o n h a r a m :
Genios r i d c n i e s , d o ar, d o i r i s das f l o r e s ,
Das s o m b r a s mvsieriosas, dos e a r m h o s
Luzes d i v i n a s . Formas i n c a u t a d a s
Q u e estáo dos deuzes creadores n'alma
S p l e i i d i n d o . até q u e á a u r o r a abrissem coroas
Dos roscos espORSácSj mirageñs d'Eden:
C o m o e r a b e l l a a noite dos f u l g o r e s !
Oh ! mocidade ' e tu do albor da vida,
Doce p r i m e i r a l i o r , m u r t a o d o r a n t e
H é r m e o servic'ó das paixÓes que nascem,
Paradisios r'estins da natüpézá
E eterno a s s u m p i o d'csmeraldeas Iyras
Win principio, eternarhénté i n f l l i d a s . . .
— A i de Cnssandra ! recebeu de A p o l l o
L i n d a p r e n d a de a m o r . Se ella engañara
Ao Deus da l u z ; o h ! náo tacáis, ó* bellas,
Q u a l a i n f e l i z e m q u e m n i n g u e m m a i s crera !

6 NOVO ÉfiETJ

Antes de nevé o lloco incandescente


Q u e h a l o s fez-se de luz e a r d e n n o s ares . . .
P o r vos o coracáo g r i t a n d o : ao i i r n u i m e i i t o
C a r r o g a d o de o r v a l h o . abrí as doces rosas.
Dos seios-ceus abrí os l i r i o s v i r g i n a c s !
Se neis crencas e m verdade e a m o r o pen'samcuto,
( S e n t i d o ! a m o r a m o r ! ; grínaldas g l o r i o s a s
S o b r e a f r o n t e havereis; m o r r e i s . se d u v i d a i s . • ^
Q u e é o adeus d'azasde r o l a o adens de nunca m a i s .
— E sois o a m o r , C sois a o m n i p o t e n c i a :
Dancai, dos montes ao redor, dos arijos
Co'as rútilas estrellas, as m á o s d a d a s ,
.\ danca planetar . os l i r i o s d a n c a m
1

A c a r i c i a n d o aragens; c daOCando
V i v i d a s ondas s e r p e m e i a m , s a l i a m —
Oh, de e r y s t a l as límpidas b a r q u h i h a s
Pelas c u r v a s d o s rios. n'uns c a n t a r e s ,
N'uns s u s p i r o s de gracas. q u e l e n i b r a n c a s
Dao r i n d o ás rectidóes q u e liáo se c u r v a m í
Das cráteras ñas rosas d a n c a m c h a m a r a s
De sagrado Vesuvío zona-torrída
C i n c t o s da m a d r e terrir. Oh, m o c i d a d e !
Vos, q u e da c a r n e e m fiar sois os esmaltes.
Sois os b r i l h a n t e s pelos ceus d o i d e a r i d o .
A l i m e n t a n d o os ceus q u e vos devoran!.
Q u e c m b r e v e t e m p o a ciiv/as .vos r e v e r t e m ;
Vos, coracáo e m sangue, o l l l o s e m luirteá
Nos a l h e i o s thésoiros q u e s'escóndem
l.á ñas oceultas, nas celestes v i v a s
Estcllileras urnas oiro-puro,
Olhósv.'i g l o r i o s o Deus ! Olí. m o c i d a d e !
C e g u c i r a a n g e l i c a l da intancía d'Lva,
Doce eslacáo p r i m a v e r i l - e d e n e a
Das a u r o r a s , da e s p T a n c a . a tior, o s ninlíos,
N i n h o s táo a l v o s r e i l e c t i n d o ás aguas
Do E u p h r a t c s , m a r g e o s l u c i d a s verdosas.
De A m i d a a B i r , d'l'.l-Deir á B a b y l o n j a ,
E,os d i s t a n t e s rochedos separados,
E os castcllos t e u d a c s —
h'lav'io c a r i s s i m o , -
P a r a p h r a s c s a q u i b o r d a n d o (oras,
T e l a r i s o u h a a m a t i z a r de a u r o r a s
Assim:
R l i e n o , na a g u a
Teus berghs, tuas villas.
Paragens t r a n q u i l l a s ,
Mirando-se estáo:
E da hórrida f r a g o a
PRlMF.IItO DIA 7

E os m v s t i c o s e r m o s
Os t h r e n o s inferamos
E l i d i e n d o a soidao:
K os vcvis das ondinas.
As brancas n e b l i n a s
Cobrindo o caslcllo
Q u é eleva-so a l c m .
T.errivel n o v u l t o
Phantasuco, o c e u l t o i
N'uni c e t i . - , a i i i i b e l l o
Q'ii'e ao plectro e o n v e m !
Pois, se edenca c' a niinha «Evansclinav
De n o i n c H c l c u r a ; se <> metí fifi é bíblico,
De lücto CÓ'os l u c t u o s o s . . . E prosigo.
—O duan da Crcacáo: fora-lhe o melhor liiulo _
A o em d i a s s e i s creado: e «uns d cuses» sendo nós;
P o r u n u o . o creador, sem miltónos celieulos,
Va i ao través a l a r de uní n o v o Edén a vos:
I-orinas, b e l l a nudez ( p o b r e z a de toilette,
Dirán., n o abvsmo.-ainor e m luz o coracáo:
Hóínens, d e i x e m seguir todo o q u e os ceus reflecte
Das ¿lorias a . o p u l e n c i a — o h , 0 ideal milháo !

Plutiis! Éójlo ? iiji lyra cu ponho chordas


Sonoras Je o i r o v i r g o m , q u e F o r t u n a
Náo assopra d a térra: 'Vaurus ! E i t p h r a t e s !
I esse r h y t h m o incautado, f o r m o s i s s i m o
Das perolas dos rins. q u a l u m presente
Que,, a f i r m a n d o u t o passado, a l e m b i a á e s p r a n c a
Meigo p o r y i r . artístico; o u heroicos
Náo rhymádos. andantes c a v a l l e i r o s .
H o r n e r o s q u e d o r m i t a m , q u e nao d o r m e m
Horacios; D e u s ! m i trágicos .bradalldo
Q u a n d o , ó: l.óiulon. da a m e r i c a Qdyssea
( E m q u a n t o o b a n d o v i l dos t i m o r a t o s
A* cinza a r d i a ) os raios. mais eternos
Q u a l de C a p c l l a eternos resplandores,
Pelas p r o vas do togo, «scente I h a v aró» .'
Mas, da sciencia a música á hora intrépida
fcüeilái do' p o r v i r ... L'Arenir .' l o r a
L'in b a r c o uiarsel hez. que ap! predestino
Mau l a i a m genios d o Q u a r e m a - e - o i t o ,
A \. nganea educando a o noyi J m u n d o
T e m p o s dos -M\I iseraveis» e as '(Cabanas» ^
Das ¿scravas m e n i n a s , Vale, Vopsyx
g NOVO EDIyN

Q u a n d o os B a r d o s aos réis d i z i a m : o t h r o i i o
Kuirá por'térra, se dos sons da [ y r a
A m p a r a d o nao forí E os rúis cáiram'.
* *
Otie de iifas eras récord% d'imagcns
N á o d esperta m níuralhas r u i n o s a s /
A o longo as ondas oorrem-ihes o os te nipos
Incessántes lhes v o a m , rió s i l e n c i o
D e m o l i d a s dos Persas, o u das i m i t e s ;
N o m a n t o d'ebano e s t r e l l a d o . OU q u a n d o
Saltava-as, sol q u e salta dó h o r i z o n t e .
O m a g n á n i m o Arsáejda Tíridáto
l-'ugiudo- d'Ardeschir
A mansá'o d'Ara.
Sem r a n g e r c m portSes nos b r o n z e o s gon/os
N e m ver-se luz n e m gente, e 0 sol b a t e m l o
Nos p e q u e u i n o s vidroá m u l l i c o r c s ,
Era m a l a s s o m b r a d a . ()s q u e passavam,
Evitando-a, di/er baixinho haviam:
«Astros d o i r a i l o s / Fogo de Z o r o a ^ r r o
Para passarcm: té n'aquella noite
LVesta illúminacáo, vista na A r m e n i a ,
Que os d i a s e d e n a c s volta aos f u l g o r e s .
« * *
Do n o v o Edén os ceus brühando, Nnethe
C o n t a d o antediluvio a historia á llcletira:
— « D o c e A r m e n i a ! . s o r r i r de'gozo á e n t r a d a ,
oD'ondc á saida d'Edcn s o l u c a v a m
«Nossos primeíros pacs; feliz estancia
«Dosjardins de d e l i c i a , o hornero crescendo,
« C o m e n d o figos, a brincár ñas s o m b r a s ,
«Entre as zoonias f i r m a s p r i m i t i v a s ,
«Co'os ursos e os leóes a i n d a i n o l l e n s o s ,
«Parelhas co'a g i r a f a a d o n z c l l a d a ,
« E ao sol, ñas espumosas c l a r a s foiités
«A a d o r a r Eva mía, q u e se k a n ha
" R i n d o , i g n a r a e táo p u r a e tao d i v i n a ,
«Ñas ondas de e r v s t a l , o n d a o n d u l a n d o .
«Na áurea i n n o c e n c i a / é os coracóc* t a o doces
«Vibrando, n'esse estar na e t e r n i d a d e
« E m v i d a , nivea carne, sá, rosada /

«Mundo, mareo; Scaligero, de oitubro:


«Correspondendo á data e m q u e os seis días,
«Das t a r d e s e as m a n h a n s i a fazendo
« O S e n h o r Deus. C r e a d o eslava o m u n d o ;
«Casal t b r m o s o h u m a n o adolescente,
«Por firmada i e r r a a flor, dos ceus o o r v a l l i o .
p n l M E f R O .DÍA 9

«E se queréis saber c o m o D e u s fez a b e l l a , • t


«Foi assim: u m boiáo de l u z - d i a n t h c a - r o s a
.«Pondo e m sagrado l a r e;logo u m coracáo
«Transformando-o, E l l e d i z : Respleudc, áurea e sutgela !
«Cr¿ c t e m f¿ ! — S o ísto. A m e s m a g l o r i o s a
«Forma, das h u v c n s - f e z , dos ceus d a a u r o r a , Adao:
L

«Ürvalho á t e r r e a flor, d a face e t h e r c a o suor.

«Manhans d'Édem.Ainidos, longe-ólhando


« O sol d i v i n a m e n t e j o v e n , fújaidos
«Vivetites raios d o grande ólho c i e r n o
«Aos o l h o s d'eüesvindo, q u e náo cegam,
«Mas os recebem, e aos arrecios c a n d i d o s
«Retribucm, táo c a n d i d o s , q u a l p a r t e s
«Da Natiíréza" toda, na su a g l o r i a ,
«Illutninada m a t i n a l , estavam:
• «Ora, ao claráo obscuros, v é m f l u c t u a n d o .
«Do s o l a r r e v e r b e r o , á c i m a innúmeras
. «Rodas g l o r i o s a s , púrpuras,^ s t a r l a t a s ,
«Nos v c r d c j a j i t e s ares . . . É o u v e n v rosas . . .
« E o h o m e m : C a n t a m , d i v i n a ! olha-as a b r i n d o !
« Q u e m a r ^ v i l h a ! o u e m as abre ? E l l e ? . . . p i l e !
«Máos i n v i s i v e i s d'Elle ! . . . q u e d ' i n c a n t o s l
«Se p r e s e n t e Elle*está, m e i g a , a d o r e m o s
«A D e u s q u e está presente ! — Sancto ! Sancto t
«Das entranhas da térra liascem— Olha
«Coiño aos ceus erguc.a térra ps-scus l o u v o r e s ! '
«Qual esses vivos q u e cín teus scios b r i l h a m ,
«Astros de a m o r ! e d a c a m p i n a angélicas,
1

«Tomando-as Deus, ñas m á o s abre-as: o l h a urna


««Que t o d a esfolhá rescendendo a r o m a s "...
« E a m u l h e r : O t r c f n o r g l o r i o s o e ntesmo
«Abrindo eu s i m o ' i n t e r n o — ao l a d o esquerdo
«P5c, t o r v a , a tu'a m á o ! aquí ! se c d'Elle,
«Se 11 Elle estamos, se c o m E l l e somos—•..
«Oh, a d o r e m o s ^ S a n c t o ! S a n c t o ! Sancto !
«Como a soidáo de dois carece da trindade !
«Náo p r o l e : mas, o pae, u a m p a r o , á piedade
«Que e o g u i a , e o u m b r a l da v i d a e d a prudencia;'
«Que, se náo, ¡des ver, desgarfa-se a existencia.
«Táo n a t u r a e s crescendo as edeninas aliñas:
«Ao'segundo preceito, eis q u e se a l t e i a m p a l m a s !.
«Noivos. A' sesta os dois adormecidos,.
«Táo f r a t e r n o s , tao candidos,, t&o puros,
NOVO F.nr.v
«Ao' j a d o u m do o u t r o , os genios d'innocencia,
«De fórca h u m a n a e d e nobreza: a i n d a
«iAdolescentes, q u e á n a t u r a edenea
«Crcscessem bellos e m u l t i p l i c a s s c m ;
« A aura edenal os r a m o s s'embalando;
«A s o m b r a a f o r t u n a d a : acontecerá
«Eva p e r d e r o somno. E r a m e n i n a ;
«Náo sabia o q u e tihjia» desejava
«ív sem saber o q u e — t a n t o era Q enlév.^
«Paraisal ! O r a , a Adáo q u e allí r e s o m n a
«Tranquiliamcme, tfib t r a n q u i l l a m e n t e ,
«Ella, ii'um b r a c o a f r o n t e a leva l i t a n d o ,
«Se poz a contemplar,.toda a m o r o s a ,
«Enamorados ceus, n m firmamento-
«Mais c r v s t a l l i n o d o q u e a l u z d o d i a ,
«Sua álroa, c d e n t r o Adáo, so; e donríindo
«Rcsplendcnic de g l o r i a c juvcntiidé '
«O c o u t c m p l a v a , allí, toda a m o r o s a ,
«Toda i n c a u t a d a — e afrlicta e p r e s a — presa
«Acuccna q u e ás brisas m a i s s'eleva
«Quanto a segura m a i s o solo: e t a n t o ,
fl're que, s'erguendo, sem destino, andará.
«E ao natural illuniinismo d'Edcn,
«Eva sprríndo aos p o m b o s q u e beijavam-sc,
«Quando a c o l u m b a liumilha-se d i v i n a ,
« Q u a n d o o tórqüáz «'encrespa r u t i l a n t e . . .
«Eá d alie a beíjarlor dos ceus nos ares,
« D o sol nos raios de zeüicfi suspenso...'
« — Q u e doce E v i n h a ! — A d á o c h a m o u , d i z e l l a .
«Oh, a s a p p h i r a trémula das aguas !
«A a l a d a gotta a z u l ! n o espado i m m e n s o !
' «Multidáo d'existencias prc-sentia
•Nos ceus de s i , d'estrcllas i n t e r i o r e s
« Q u e n*ella existenr. d e n t r o l h c s s c i m i l l a m
« E g r i i a m pela luz. E andando, e andando;
«Sonora, a d e s a r m a r íacos-serpotes;
• \ I m q u a l sol d e s l u m b r a n t e a c i r c u m d a v a ,
« N i m b o sagrado, e m q u e ella vive e q u e e r a m
«Do h o m e m os pensamem<>s a s e g u i n d o
»Nas s o m b r a s , ñas c l a r e i r a s . Nua, b e l l a ,
«A sós, m e i o dos grandes resplandores,
«Os c a b e l l o s o n d e o s o s I h e d o i r a n d o
• Do m a r m o r b r a n c o o d o r s o r e f u l g e n t e
« Q u e s fulgí a e m fuguillas, s e m p r e a n d a n d o
«E andando: no. E'den o a s t r o i r r a d i a v a !
11

• I n e b r i a d a aos p e r f u m e s quentes d a h o r a
«Aos s u s p i r o s cinéreos— q u e i m p r u d e n c i a .
«D,eixkr a n o i v a ao n o i v o %eú, q u e d o r m e
r

«Sozinho, e ir-se c r r a m u n d a a a n d a r a toa .

«Taúto'andou que, perdida e dando voltas,


«Veiu... ao m e s m o l o g a r d'omle saira.
«Sorriu picdosa ao v c r q u e d e s p e r t a r a
« O aorrninhocó, e já fazendn agora
« C a m a s de frescas rosas i n c a r n a d a s
«Colhidas m e s m o d'oiule nasce o o i r o ,
..lYellas seiva, d o Phiso á b o r d a , olentes
«De f a z e r e m l o i i c u r a . .V roda as áryorcs
«S'esgalhando, a d a vida; e a da sciencia,
« Q u á o l u m i n o s a ! g u l o d i c e s d'Eden.
«Adáo q u e aceña, o c e r e b r o g l o r i o s o
«D'tva b r i l h a p u n c t i u n c o l o s d i a m a n t e s :
« E u m p o m o feito liíz, l i r i o que i'rtcendé'
• Ao sol, vem v i n d o : e s c i n t i l l a n t e e fúlgida
«Ella; e l l e g r a n d e e i l l u m i n a d o e.trémulo
«Bcija.-lhc a bocea dos evanos risos,
«Co'o b r a c o esquerdo enlaca o a l v o r c o cmcio.
• Q u a l ap través, de u m i r i s d'alllanca
«Penetrando serpente u o paraíso,
«Inclinando-a ñas rosas. 'Pao i n g e n u a ,
«Táo sem j u i s o , táo r i s o n h a , exposta;
«tridifTcrente, fría, o h ! c o m o éstáva
«Deliciosa Eva / ... Ora. u m relámpago
«Dos ceus toda a cegou. Amortecerá,
«Porque é m o r t a l a sensacáo dos gozos
«Ignorados: na l u z , tétana, lívida-,
• F a v o de m e l q u e u m r a i o acceso esmaga,
«Os s e m i d o s perdeu.
«Olhos fechados,
«Da q u e p r o s t r a d a nos j a r d i n s escuta
• Dos passaririhos o concertó- innúmero,
• Da virgerri térra aos uaturaes h a l e m o s ,
«Dos s o n s a intensa g l o r i a : ella os o u v i a
«Glacial, m o n a , os longes lougc-ienotos *
«Nunca o u v i d o s cantares, que d i z i a m :
«Sao o l h o s t e n s a e t e r n a t r a n s p a r e n c i a ,
«Profundo a z u l ideal dos n r m a m e n t o s .
.«As nuvens brancas o teu e o l i o hranco:
«Sao beijatlores da d o i r a d a America-
• Fstcs raios d o sol sao teus cabellos,
«Namorada de Adáo ! — S i l e n c i o s a ,
«Doce, m o r t a l , calada; adormecida.
NOVO EfcEtf

«Eva. lánguidamente abrindó os olhos;


«Do tocpor amon>so, s'espreguica
«Mellirlua, m u r m u r a n d o : — o n i a l — . . . táo m c i g a
«Sorrindo ás rosas q u e ao r e d o r c a n t a v a m !
«A cssc édeúe'ó m u r m u r i o l h c Ülumina
«A bocea e m rlór:—o b e m — q u é e r a o t h c s o i r o
«Da. a p a i x o n a d a d'esse b e i j o dé o i r o ;
«Esse que, d i z e m , póe o séllw d'álmá
«A gralidáo do a m o r e n t r e s u s p i r o s :
1

»0HJ bcmaveiiturado eternamente


« Q u e m n'csse i n s l a n t e «'encontrar v c r i d i c o !
«Receiós toda* Eva assentou-sc, ao modo
« Q u e a m u l h e r c d o l a r sagrado ássento;
( «Assentada, o l h o s mudos, v e l a d o r a
«Do esposó scu ao lado, o c o m p l e t a n d o - •
«Porcm, náo vía a .Adán ! .. Pensó u: n a o be i jos
« A bocea a b e n a dos n o i v a d o s risos. .
„—>Abrácou-a, d o b r a d o o c i n c t o a l v o r e o ,
•. «Inclinando-a ñas rosas .!.. e deixal-a
.«Ella o deixou.también! quando.dormia...
• •,-—EleJeleu !' c l e l e l e u ¡—Distante
, «Scrpeutes assobiavam; a»jos passsam
« E m desvairado voa'r; g c m c - l h e o v e n t r e ;
«E ella t e m medo: — A d á o ¡ A d á o ! esposo !
«Al de m i m .' ai de mim'!^—Eva t r e m i a .
«Üu s o n h a r a , pensou aínda-, co'as ro'sas ?...
«Lembra: q u a n d o a chamara- Adáo, já e s t i v a .
«Ella cansada, c'á s o m b r a i a assentar-se;
«'Tanta f o m c ! n o chao,' q^ua) c o r n e l i n a ,
«Eructo a v i s t o u luzente, com'o c a c m
«Tempóráos, e táo l i n d o , ella o comerá
« E adormecerá logo e n t r e , áureos sonhos.
«Entáo v i u , a semir-se toda t o n t a ,
« Q u e o doce fructo, d e J e l i o v a h p r o h i b i d o ,
«Era. p o r v e r d e aínda venenoso:
«Doe-lhe o estomago; c.creu-sc m o n a . Ossonhos...
« T a m a s m i r a g e n s n o Edén sempre, sempre
«Via-o depois de u m sonho: c c o m o agora
«Aos sentidos l h e v i n h a esta t'olhada?
«Dcbaide, os b e l l o s o l J i o s g r a n d e - a b e r t o s
«Percorrcndo ao redor,, a Adáo náo v i a i i i .
«Lcvanta-se. Eva: e folfias vclludosas
crtjmbrando-1 h e a cinctúfa: alva,' a l t a , l u c i d a
«A¿uiou d i re i t a : áurea' rigueira a n d a n d o ,
. «Sisuda, linda...
• « — O h ¡...—vé l o n g c o m a n d o
PRIMEIRO DIA 13

nNu !... as faces l h e a r d e r a m de v e r g o n h a .


«Adáo c o l h i a os favos a r o m o s o s
«De n i e l paradisiaco,os m a i s l o i r o s
«Cachos d'uvas passemas. M e r c n d a r a m .
« E A d á o náodera pela falta d'Eva.

«Dasesta conjugal, do maljá feito


« O rosto p u d i b u n d o , Eva incantava:
«Magnetisou ao h o m e m . A t o r d o a n d o ;
«Já das sciencias visáo sagrada: n o i t e
«De v i g i l i a s ditosas, vendo os astros,
«Des q u e o d'Eva cscondeu-se, agora os v e n d o
«N'ella l u z i r , q u e a j l i lhe d o r n i e ao lado
«Estendida n o edencoxháo, d i v i n a
«Coruscante de a l v o r .
«Dia segiünte:
«Oh, q u e formoso' dia 'J'Eden .' rosas
«Toda a i e r r a ; s o l g r a n d e , i l l u m i n a n d o
«Aureo o espaco; e s p l e n d o r os arvoredos;
«Cerúleo o e t h e r e a l , a d i v i u d a d e
«Da a l m a feliz amante; o n o i v o , a esposa.
«Porém, sem q u e u m ao o u t r o s'cntendesscm,
«Ellaá nudez, nem e l l e a q u e l l a s cinctas.
«Aléiii d'isto, g e m e n d o os horizontes,
« Q u e e m alegre t r i n a r a m a n h e c i a m ,
«Ais as r o l a s d o a m o r , a n g u s t i a as fotites:
«Coracáo p r i n c i p i a v a ; os ceus d o i a m .

«Porcm, quando aos perfumes quelites da hora


« E ás b r i s a s do Senhor, c a i n d o as c a l m a s ,
«A's sestas m e r i d i a n a s . c o n v i d a v a m ,
«Ella, e l l a r i j i d o , as rosas acamando,
«De a n i m o : as de h o n t e m — D e u s ! táo i n c a m a d a s !
«Colhidas m e s m o d'onde nasce o o i r o ,
«D'ellas seiva, d o Phiso á b o r d a , olcntes
«De fazerem loucura... E s ' i n c l i n a n d o —
• Q u á o innocentemente e l l a b e i j a v a
« O a m a d o seu, a Adáo, c o m o aprenderá
«De Qddáo! E na cx¡stcncia_riam-sc a m b o s , (

«Sem d e n u n c i a s da tcrra,.táo felizes,


«Quando os ceus t r o v e j a r a m . . .
«Stava negro
«Adáo traído d'Eva.—Deus!... v i u Serpeas!
«A t r i n d a d e os niatava, sonhos d'Eva:
«Apartou d'Eva o o l h a r ; e e m m u d e c e u .
«Hontem. .. . p'ra quefalara aedenea bocea?
«Aos r i s o s celestiaes, o seu t h e s o i r o ,
14 NOVO F.HEN
— ——,
«Mais q u e o s r u b i s d o Cántico dos Cánticos,
«Mais q u e a f r a g r a n c i a dos preciosos nardos,.
«Mais d o q u e as phrases d o consoló b r a n d a s ,
« O u raios d a verdade—ó seu t h e s o i r o ,
« O maior, c o silencio ! e Eva talara.

«Susurro interior de terremoto—


«Dos c u m e s d'altos gclos q u e os i n v o l v e m ,
«Qual u m v u l c á o q u e r e p e n t i n o i r r o m p e ,
«Do h o m e m o peito e n t u m e c e n d o , o e t e r n o
«Rugido entáo sol too,.Troya c C a l v a r i o ,
• T r o y a i n c e n d i a d a c e m sangue ardendo o G o l g o t n a :
• O r u g i d o achiüeu, a q u e c s t r e m e c e m
«Cadáveres e as moscas csvoacam,
«Quando, a l y r a d c i x a d a , m o r t o o a m i g o ,
«Louco, e r o u c o de p r a u t o i 0 héroe t e r n v c l
«Resplcndindo vingancá c n t r o u n a g u e r r a |
« O r u g i d o christáo, a q u e se r a s g a m
«Templos, trevas, q u a n d o o H o m e m - D e u s p e r d i d o
«Bradou da cruz, p e n d e u d o a f r o n t e p a lti(1.a !
«Rugido-Adáo, ao q u a l , trovóes echoando,
«Os ceus fechando, r e s p o n d i a m : m o r t e .'

«Grasnaram corvos; lobos devoravam


« O c a n d i d o c o r d e i r o e ás b r a n c a s aves
« O s a b u i r e s nos ceus. Mas, ao espectáculo
«De sangue e h o r r o r , Adáo tornou-se u m h o m e m :
«Defendía a E v a , ao e o l i o e r v s t a l l i n o ,
«Porque ácinctura as f o l h a s d e f e n d i a m .
« E despertó das sánelas i g n o r a n c i a s ,
«Já eo'o t h y r o i d e o rió, q u e tem-lhe o n o m e
« Q u c . v e m do r u b r o p o m o q u e engasgara;
«K estando ao respléndor de u m sol s u b l i m e ,
«A piedade o t o m o u , q u e exalta os mocos,
« E esqueceu-se da «morte». A - a n u r q u e a r r u l h a ,
• F l o r argéntea d'yuceá, se tremía,
«Dos e s p i n h o s tañendo urnas a g u l h a s ,
«Folhando o ligue i raí f r a l d o j s cosia.

«No amor-proprio ofendido... ao pensamento.


«Viera o d u c l l o a Adáo. e n t r e elle e Scrpens
«fO de v i d a e de m o r t e p r i n c i p i a r a ] ,
« E antes q u e Deus viesse a t o m a r Comas,
«Sírangular a ini;odáta e elle c o m e l l a ,
«Ella t ) e s d e m o n i n h a f.or de n e g r o ,
«Para o i n f e r n o ! m c l h o r c s Deus creasse.
« E r u g i a mortífero, i m p i e d o s o !
«Eva/... as áureas madeixas" a r r a n c a v a .
PR1MFIR0 DIA 1$

«Oiro cdena! (e cis d'onde essa prudencia


«De haverem dote as noivas que se amparan»;
«Dote em scmpre-vivo oiro), que cnvolvera-o.
«Mas, aos odios funestos (ai do escravo
(«Da honra!) o homem deixara, desde o instante,
«A adolescencia: cil-o um varáo ¡barbara !
«Espinhou-se-lhe o memo em qual brazciro,
« Q u e t a m b e m arrancava.—Ceus toi quando
«Dos ceus o imerrompeu cherub:
—Agora...
a(E Adáo b e m v i u q u e ha invisivcis, csses
«Que váo aos ceus contar o que fazemos)
«Oh—paciencia de Deus—! pellcs vestidas,
nCarnes comidas que tecm tome e frío,
«Co'o fructo do saber, ó vós rcrmentos,
«P'ra fóra do paraíso .' das scieneias
«Arvorc, é o trabalho, é o pranto Lhoram t
«D'ella, sombra havereis, coitados !» (

;
^. VÍ®£ ' * ' ' ' —Nnethe ?"..* • 'L
:

— L e m b r a s Theseu, Argiva ? a rhodea Déndritis


— E x c l a m a Heleura, e entáo r — _
«Vé-se, menina,
(«Claro claro, que Deus perdoafia <

«A'¡añorante glutona aquelle equivoco


«DcsVazendooque fez Serpens, batendo-o;
«Mas, de conscicncia contra a natnreza;
«Sobre as formas ebúrneas táo divinas
«Vinhedo artificioso, que provoca
(descomiendo o alvo altar da tormostira
«(A Adáo fazer insomnias, que, náo vendo,
«Soiiha-o, por modos mil, que se desvia,
«N'umaonda decrvstal, n'.uns áureos mohos,
«N'uma acúcena-luz) ?...quc Deus proclama
«Do puro amor nos sacrificios-, d'onde
« E m tanta gloria nasce a h u r t a n idade:
«Náo tcm perdáo! E o pejo anula, Oual rotibo
• Feiio a coisas alheias. . Fóra do Edén
«Que vá nascerCaVn, o pr-mogemto
<¡£ primeiro assassinu sobre a térra,
«Detaes cinctas nascer. atro, üiyejoso,.
«Por náo do esposo Adáo, mas d'homo .Serpens .

«Mas,* a mulher á dor reerguuiae a lagrymas,
«Dos ceus com que Deus cura todas penas,
«Na alma o arrependimenio, prometiera
«Firme: eo'o lindo pé, que ao ionge errara,
«Esmagar acabecu da serpeóte !
i 6 NOVO EDEN

« — D a existencia n o océano, e m f u n d a s áncoras,


• Barcas de salvacáo já s e g u r a v a m . -
• — E h o u v e f r u c t o p r o h i b i d o ; c ha b e l l a esquiva;
«Paixáo feroz; románticos negocios;
«Ha, q u e n a t u r a l i s a m . V e n u s , F l o r a ;
« O ü q u e háo lucros-venenos, q u e dáo m o r t e
• D i v o r c i a n d o a uniáod'almas consortes V»

S'interrompendo cntáo Nncthc cieónia


— P a l a v r a e prata, mas silencio é o i r o —
SeHeleura: Onde? onde tora? lheperguntta
( E Helé t e n i e n d o q u e nao fosse L u c i f e r ) ,
«Lá! responde da-lvra-a-última-chorda,
• E á onde, e n t r e o ástrpe o sol, r e t i n g e a u r o r a !

—Nncthc ? «A' outra faladcira


. f.love c o r t o u a l i n g u a ,
« Q u e os natos deuses L a r e s
«Guardasscm n o s i l e n c i o
«A casa, s o m b r a e miz.'
«Menos c r u e l q u e .1 choya',
« T a m b e m páede f a m i l i a ,
«Dos Édens náo e n x o i a ;
«A ííngua, porérn, zas !
<iA lingüa, a rósea phrasc,
« O saf, o c a n t o , o mel,
« Q u e m a deprava, perde-a:
«Ai t r i s t e m á e dos Lares,
«Porque d a i n t r i g a o fe¡J?
«Vinganca f e m i n i n a !
«Coiítra r i v a l d i t o s a ,
« O u v e r d o deus a esposa
«Quebrar.d'allianca 0 a n n e l ?
«Rasáo tcin andorinha
«V'ingandoa r o u x i n o l :
«Grita, Progne c s t i v i n h a !
«Canta, P h i l n m e l a , ao sol !

« O edeneo par: Uhs grandes de treze anuos;


«Peloar e r r a n d o u m ¿ero-, a d d i c i o n o u - s c
«Ao treze: céiito c t r i n t a ; q u e díziam
«Da v i d a p a r a i s a l — o h , o c h i m e r c o
• / e r o t r a i d o r ! E o n ú m e r o o m a i s límpido
« D e transicáo,da i n f a n c i a á p u b e r d a d e ,
«Logo a l i c a r de m a u a g o i r o — o treze \ »
PRIMEIRO DIA 17

E r a a edade de H e i e u r a : e d'Eva á h i s t o r i a
V i r g e n s t e m p l o s r e s o a v a m de M e m u r i a .

«Versátil Chcrubim do paraíso á defeza,


c G l a d i o e t e r n o de fogo, estava s i l e n c i o s o :
«Oh, q u e m l h e visse o aspecto, e a l u z e a solidáo
« Q u e v i b r a v a d o o l h a r ! ao o l h a r r i s o - t r i s t e z a
«D'Eva, ao Edén o adeus, sem l a g r y m a s , saudoso,
• De q u e m se despedía ! e s o l u c a v a A d á o .

«Banidosdo paraíso: olhando para tras,


«D'espelho q u e se parte o r c l a m p a g u c i a m c n t o
D'cstámpido s e g u i d o c q u e c e g u c i r a faz
« Q u c d ' a l m a a d o r p r o f u n d a apaga n o m o m e n t o ,
«Vjram... u m lago ! ao longc... tira HIQIUC !... ñad< ta mais.

• l a m pensando: essa onda...o monte...o ecu q u e e s t r o n d a . .


«Qucmd'essa agua adesgraca?..quemd'essc m o n t e agraca?.

«Já era o por do sol: cansados do caminho,


«Eva c h o r a n d o , o a b r o l h o , o.cardo, a u r t i g a , o e s p i n h o ,
«Rastos dos pés s a n g r a n d o : u n i d o s se dea t a r a rfi
« S e m m a i s o i n c a n t o edeneo... A m a r ? aos ceus o l h a r a m :
«Os astros c m f u l g o r , suas frontes e m suor;
«Travessciro ? urna pedra. E os asiros s e m p r e r i n d o !...
«Foi q u a n d o P r o m e t h e u s nao poude mais; c t r o u x e
«Dos ceus scentelha: e ao fogo o h o m e m q u e aquentou-se¡
«Toda tristeza ante e l l e , os .olhos r e l u z i n d o
«Meiga, m o r t a l , callada: ao eolio da m u l h c r , .
• N o Edén d o a m o r , 0 l a r c o s m o p o l i t a , achou-se
« I m a g e m de Deus u n o , á c a r n e r o s i c l e r ;
« h o r m a Mor, fórmaecus, pára-olhos e para-almas,
«DaCreacáo o a m o r c m gemeos, dois amores,
«Corpos v i b r a n t e s dois, duas psychicas p a l m a s
«Os coracñes.cm luz, c a r n a r i u m s , sangues, dores
« E o i d e a l P r o m e t h e u s , a ideal imagem-Deus.

«A' moral da humildade dcscomposta,


«Moraldo exposto a m o r q u e é t e r n a m e n t e ,
« Q u e é o i m p u d o r m o r a l d'ondc resulta
« O i n c a n t o dos recatos: m a i s feüzes
«A coroa h y m e n e a l tristes c i n g i r a m .
• Sobre o Caucaso ergucu-se 0 busto glorioso
• Da lúa Mcnc aos ceus, raca e astro m y s t e r i o s o
« D'Eva: ella a c o n t c m p l o u saudosa, rotas coroas
« D a alegría edenal. Gansos g r a s n a r a m loas, ,
18 NOVO FDEN

«Na immensidáo dos ceus prendiam Próffiétbétís.


..Redonda c clara a lúa, oethereo océano em luz
«Do Caspio ao Negro marpairava sobre o E l o u r z .
iMas/compondo-se'meigk, Eva ^^^^^
«Mulher nobrc-senhora, ou a n l u l ^ ^ « % .
•Ou gloria aoesposo-deus, ou ao diabo camateus,
«Ou máedahumanidade,oudo homem sepultura.
«Nao houvesse pcccado: ella nem mais ventura
«Quizera ser... c a i r ! E se dcixou de n r .
«Eantc cancro lunar á flor de humanidade,
«Que c Deus punindo a flor de edenca d.vindade,
«Resignou-se a guardar seus lares em silencio:
«E do mystcrio infermo houve prestigio immenso. j
. ' . * * "
«Finda a innocencia: principia a sctencia;
• « Q u e m era paraíso, é máe agora;
«E os coracóes representando sexos,
«Eis o aladio de íogo adeantc do Edén:
«Morrem ! ou vencem 1 ha constancia, a g l o r i a —
«Erro d'Inglezfez Milton, no paraíso
•Compondo o leilo nupcial, artístico;
« U m Edén de veráo greea-Ertñ, o homem
«(Maisp'ra alcancar do que p'ra perder Edén)
«Qualo devera ser coma senhora
«Ruralisandoe m u i t o b e m casados,
«Fortes de Deus, que quer os homens sabios,
«Quenáooicam m u l h e r satanizada; '
«Deixcm-n'a,auíirdem fé; porquanto, o Eterno,
«Outra, náo da costella, outra mais bella
«Lhcs formará do coracáo—
«Egressos
«Do Edén, f o i , travesseiro a pedrac o leito
«Entre abrolhos e espinhos, que os esposos
«Casaram consolando-se: que apenas
«Adolescencia, puberdade, sonhos,
«Aínda ñas máos de Deus se perfazendo
«Nevosos copos do alvo seio d Eva,
«Risos, auroras, nos ¡ardíns houveram
«De delicias, que tecm da divindade, .
«Que Deus náo deu ao irracional d'instinctos,
• A o q u a l mandou procrear sem ri'r nem sciencia.
«Fosse Eva madre e Adáo virilidade,
«Náo cairiam; mas, táo jovehs... deuses !
«Serpens fazendo espclho; Eva, ao rerlexo:—vida !
«Limoes-diamantes ! figo !— E vermelháo ungida...
«Aberto o olhar: occorrem-lhe toilettes,
«E despertar Adáo, que abra bem olhos
PRIME[RO DÍA 19
«
«P'ra a térra, erti vez de aos ceus somente olhando:
oFeminil garridice após delirios; o homem
«Consternado aos de Deus fructOs, que nao se comem
«Tcmporáos—erain reus, ouvindo aa auvam Deus.

«Co'aséntenca de morte aos innocentes


«E qué o fructo cm lic?áo dos ceus continha,
«Quiz holocausto o coracáo dos que amam,
«Edo eterno holocausto os ceus abriram-se. »
De Hcleura o virgem templo de Memoria
Continuava a resoár longmqua historia

«Tal, perdida a innocencia; forasteiros


«{Porque as chuvas das nuvens principiavam
«Medindo-lhes 'stacóes ás longas lavras
*E que etisinam aos homens, dado o tempo,
«Rev'lucóes natúracs de paz com flores):
«Como dois corrupiocs que fazem uinho,
«Desgracados estáo edificando
•A primeira choupana sobre a ierra.
• — N e m casa no paraíso havia... alembram,
•Tanto natura edenea agasalhava /
« — Q u e palaciofacaatado a Natureza!
« O edificio de Deus, da térra e os ceus !
«E a vida eterna c o doce enlévo amigo !
«E o coracáo... que esta palhoca esmaga:
«Onde a primeira dor materna e onde
«O primeiro vagido, em Deus echoando,
«Nasceu Cain; c aerólitho caira
«Indicando o architecto urbano, a que háo de
«Enochias s'elevar por todo o mundo,
«Mecas, Jerusalems, Romas-Cybeles—
«E trabalhando, suavam: nem trabalho,
«Consolo da esperanea e o desespero;
• E o suor, belloorvalho A flor do rosto,
«Lá era o riso divinal. Sehouveram
• Delinquido—-que os astros fóssém gottas
«De adamantinas luzes... De repente
«Cae trovoada; e todos resfriaram.
. «—Ora, \uceas gloriosas prateiassem,
;

- «E com que Adáo cosia no paraíso,


«Ellc cm matar quadrupedes, somente
«Já pensa, comer carnes, vestir pelles.
«Assentados á porta da choupana
«Sentíam nossos paes toda a violencia
áo NOVO EDEN

«Do bantmento: Eis a hora em que adoramos !


«Arvores eram duas mysteriosas,
«Do paraíso os divinos sustentáculos:
«Sem ser por s cien pía nem por vida, rindo
«Cresciamos emDeus; hoje, á tristeza.
«Serpens apenas de urna fructos deu-nos; t
«Metteu medo .lehovah—morrem, se comem.^-
«Talvez, d'Elle ao perdáo que era o seu Lucifer;
«E nós, materia vil... baniu-nos d'Eden,
«Para que náo comessemos da Vida
«Tambem, qual da S ciencia nós comemos;
«Pois, comessemos, nós náo morreriamos:
«Antidoto saudavel, Deus negou-nos.
«E a mulher: Olha as pétalas pofposas
«Quáo melliHuas enrugam-se, desmaiam,
«Caem das invisiveis máos c morrem, .
«Que náo m o r r i a m no Edén! lora do Edcn,
«Morte fez a tristeza... Fórea: o Interno
«Que é árvurc de Vida, de alimento
«Que sust¿m, se deixar-nos, cairemos
«Qual estas?... devorou-as! devorou-as !
«E a nos?... Os pcnsamcntos\ longc d"Kden,
«Todos toruam-sc-cm dúvidas..^ bajaiicam !
«E os ceus tudo devoram d'esta térra,
«Á íbmosura, a flor, de que alimentam-se—
«Deus está ahí/., ctt tremo quál ad auram;
«E as ideas sáo Deus; c cada u m vivo
«Revela-as do character... oh, revela-as...
«Quanto u'elle ha de Dcus-Interno, aromas
«D'csta flor que desfolha e vai passando
«Do natural secnario.—O homem aínda:
«Troveja;-ai cega minha, dos relámpagos
«Estes claroes, que lá náo te cegavam
«E que ora é d'Elle a luz amcacadora,
«A de Cherub espada i-cticciindo,
«Adoremos I . . . \em, cega c doce d'alma,

«Olhos de roxo vinho descerrando


«Dos ceus gloria !... alimente a nós, longevos,
«De gloria alimentados, viVcremos/
«Aos do Eterno rclampagós-olhares,
«Teus firmamentos abrí rao abysmos' •
«Qual sol brilhando cm.mares negrejantes,
«A' humanidade, que ergue-se de amores
« E m Deus e a que es os inysticos segredos
f

PRIMEIRO DIA

«Do coracáo de u m túmulo que era Edén;


«D'onde surge a perpetua branca i n o d o r a —
«Quáo respeitosa a sua divindade !...
«Destroe Elle o que é sciencia e que era d'Ellc:
«Oh, a innocencia ¡ e lh'a roubamos, Sérpens !
«Que eramos Elle em nós, o bem sentíamos:
«Náo tocamos na Vida, e a náo destroe
«Deus em que somos nós... corpo, baniu-nos
«En'este decaído, o Deus agora
«Nao stando mais... Esr/rito adeja: escuta
«Se em ti náo stá dizendo: ere; c espera?
«Na. terra, caiu terra-fructo-sdencia;
«Nos ceus, os ceus estáo, que sáo de vida
«O coracáo-amor, os risos--alma,'
«Alegrías, ou pramos, n'essas formas
• Das preces, dos clamores e dos cánticos
«Que a divindade sáo e que s'expandem
«No infinito; c infinitamente existem .
«No rcsplendor ideal da Natureza; .
«De nós. Dosodiososbulcóesseformam.
«D'Eva os seios bradaram palpitantes:
« Ü m homem possui por D e u s ! — d i i erítis.
«Gerado fora Abel, a quem Deus ólha, (

«Por ser primeiro Chnsto e humana víctima.


«Sol d'incendio de florestas,
«Da ierra vinga-sc Deus:
«Vem ás sombras, irazc as sestas,
«Eva, os cinnamomos mcus
«(Diz Adáo glorioso}—lérias,
«Serpeas no Edén nenetrou;
«Morte seguiu ás miserias,
«E o fogO á térra lavrou !
«Crcacáo do ¡ntromettido,
«Eva, esta c a hora fatal.
«D'Eden / do Creador querido.
.«Vem ás sestas, do casal!

«Findara cresciíe; a nmltiplicammi


• Estavam feitós deuses creadores:
«Toda sensata entáo máe-de-t'amilia,
«E Adáo lhe dando mimos, flores, cíñelos;
«Meigas rolinhas, pedras preciosas,
22 NOVO EDEN

«Eva enrolava na cabcca as trancas


«Já íiínhos de oiro ou cestos de serpentes, -
«D'antcs solías, de luz, azas voando.
«Ora, d'ahi veiu a social vaidade •
«De edenisar noivados com presentes,
«Banhos d'cgreja, públicos proclamas,
«A Adáo náo impida Serpens adamita
«Nem o Espirito-Sancto pomba-branca
«Ao bom Joscphus. Eva por Mana
«É a innocencia pela consciéncia..
«A ambas virgens os mysticos escándalos
«De coñcepc5cs, de Deus e do demonio;
«Filhos, Jfesüs da luz; Caín, das trevas;.
« U m , o eme mata; ¿«tro, o que resusena.
«E Eva c e t a r i a , do Calvario aos túmulos
«Onde Adáo sepultou-se e c morto o C h r i s t o ,
«A cabcca j u r a r a m da servente.»
Dentro d'Helé formava-se revólta:
Salvar Serpens (náo mais turbassC ao mundo;
Pelo p'erdáo de amor de Deus a L.uTifer,
Rehabilitando,.pela graca, Lucifer:
«Duas viventes pcrolas: divinas '
aD'i«norancia, Eva e Adáo! áureas chrysalida*;
«Civilísam em reis da térra; e aos secarlos
« R o m p e m metamorphoses—liberdade
«O homem, e a ñor do lar n u t r i x verídica.
«—Vcrgónha. que fez perda do paraíso,
«Tornou-se d'Eva a salvacáo no mundo.
«—Somente, e crcio ser o maí dos males,
X; «Entre esposos ricou a desconfianza:
.«De sorte que Eva,, cm bem d i s i m u l a n d o ,
«Creu, entretanto, sempre: Era elle mesmo
«Que a chamara... e a deixou tambem dormindo,
«Qual ella o fez; que é; o homem vingativp.'
«E de seu lado Adáo, ou com cadeias
«Amores e a m u l h e r queimadalouca,
«Ou com desprúso, a indi fie rene a, a morte.
«Ñas sestas do vi ver, sempre que dcscansarám,
• «Do Edén o mediiar: Post meridiem ad auram
«Invisivel falou; c mas a Deus náo vimos;
• «Com toda a creacáo, co'os anjos existimos,;
«E sóo csp'rito do ar, Yentus Vívente existe ,

I1
«Sem tersido creado: entáo e Creador?...
«—Que náo coma tambem d'árvor' de vida, ouviste,


m•
B
m
P R I M E t R O DIA

!p ¡I fJ Áé ¡! -
m c ne te
A morte c que era! h o r r o r J
«Tn m ^ CU
; *
i a v i i l d
' fruetó a comer aínda
Ü U i r a r v 0 r

-Com a.do b e m c o m a l : v e m dar-nos Serpens, v i d a '


« \ c o n q u i s t a da v i d a aos q u e já a teeiíi d o a m o r »
« O t u , d o h o m e m o amigo!...
~ - ergue-sc, e o d e s m e m e .
, , r v a

«Querella c o m e c o u m o r t a l e n t r e casados*
«Ivo c a b e l l o e n r e d a n d o e m cesto de serpente
«Outror-a azas de l u z . s e o ¿ a embravecer- ' P

íi 'SvS °? n Cil
? P' raos
¿$«*; c odiados
«his d a r v o r e de V i d a a traduecáo a r d e n t e '
«Apossc.cncia .. v i v e r ? piedade, D e u s ! m o r r e r ! -
A c o r r u p c a o p o r meios i n f i n i t o s
«De taces cor-de-rosa c ác o l h o s táo b o n i t o s ,
« L o o desespero a n d a n d o , e a térra a cOrrupcáo
«Morir... verdade ah, está d o D e u s d u C r e a c a o '
«Kisos d o .princi piar; desgostos; do a c a b a r —
"!* n t a s p h e t n a n d o assiin, c a v a n d o a térra, ceus »
«Da m o r t e e r a a e l o q u e n c i a , er-Va t r a n s f o r m a d o .
« A b n r a m sepultura.- E a térra e m d e s v e n t u r a
«Comrremia a t r e m e r , entrada dando aos reus.»
Qual fosse mesmo'd'cIJa a edenea historia, "
Q u a l a u r o r a c o r a n d o ( E v a de MÍIíón)
Lahíu-se-Nncth-c c, n u v e m z i n h a branca.,.
-~Uh! vede os ceus! ao s o l - z e n i i h b'rilháva
H a l o de g l o r i a eterna o r o d e i a n d o ' .
E e x n n g u i u - s c . Diriamqüe'de A p o l l o
M u d a r a o i m p e r i o . E ao coracáo d'Heleura
M e o u resoando o t e m p l o de M e m o r i a .
Assim houve patria qual Eva juvciite
Que fora engañada p o r nc-ara serpente
De u m - t h r o n o sem g l o r i a n e m sclencias n e m leí-
C h o r a l - a i que triste c h o r a r n o paraíso'
- ¡^"tíio nova p a t r i a s u r g i u toda r i s o , '
Ditosa de crencas q u a l Edén d'Helé:'
Asclepiadeo verso: á evolucáo do. poema
Das seseas cadenciar d'altas amigaidades,'
¿a p o r q u e b i p a r t i d o e m fúlgidas metaclcs
Keacta e m conjunecáo oppostos de u m d i l e m m a
L iá p o r ser de c a l a a f o r m a d o m a t i z
H c l l e n o na e s c u l t u r a e lacio n a l i n g u a s c m
Reaccesa, de A l e x a n d r e , e m fogós de Paris-
París o r o m da moda, o born costo, a r o u p a g e n v ,
Q u e d e s p e n a aos toezips, gaño ás c s t r e i i a s V a va,
Que taz r e v o l u c o e s d e P h i l a d e l p h i a ás salvas
54 NOVO EDEN


E ó verso-luz, fardeur das f o r m a s , de grandeza,
O verso-formosura, adornos, l a u t a .mesa . ' .
Ond- l o k a v , champágn', f l o r , copos c r y s i a -d a m a n t e s
Sobrelevam ronst-bcefe o s q u e i j o s e o pudding.
P o r c m , mens divinior, poesía é o t e r r e o g u a n t e :
A o das d e l i c i a s t e m p o , o fácil verso o v a n t e ,
O verso c o r de rosa, o d é p i r o , o d e c a r m i m , ,
Dos raios q u e o astro veste c m día a z i l l - c c i e s i c ,
E para os q u e teem f o m e e sede de n i s t i c a ,
O verso kóndor, elvamma, alárum, de c a n u c a ,
D'hurpas d ^ s c h y l u s , de Hugo, ^ d o r , ^ e n i p e ^ u de:
Q u e , e m b o r a c o n t r a u m deus o'«Figaro>» i m p i t d a n e
Vesgo o l h i n h o a pisenr d i g a tambour-majoy,
• R e s t r u s c a l t o acordando os c a n d i d o s e s p i r a o s
( s eloi ias-do.océano e p e r c u t i n d o os g r i t o s
v

Rctis. Ao b e l l o i r o v o a r d o m a g n o 1 r o v a d o r
Ouve-seahnacáo no m u n d o b r a z i i c i r o ,
Accorde táo forrtioso, h o d i e r n o , h o s p i t a i e i r o ,
F l a m m i v o r n o social, i n c a n t a d o r . K i l g u r a
L u z de d i a p r i m e i r o , a n o t a t o r m o s u r a , .
Q u e ao J c h o v a h ^ g r a n d e - a b r i r taz novo Edén l u z i r .
Oh, Armenia ! O' Armenia, que doevira
A vida e m ten r e g a c o ! a térra v i r g e m ,
O c h a o reí voso e as verdes-roseas m u r t a s
Sempre vicando quando o a m o r p r i m e i r o
l u c a r n a ao coracáo.' Na doce A r m e n i a
Pelas assyrias'armas'dtísihronodo
N o e x i l i o ' A r a vivía c n a tristeza;
T r i s t e z a e e x i l i o , q u a l o sáo na p a t r i a
Q u e nossa náo c mais, e n ' e l l u estando.
— S a l v e - s e q u e m p u d e r !... E a d e b a n d a d a ,
T o m a n d o dos d e s c o m b r o s de l i r t h c s o i r o s :
D a l i n h a g e m de Abraháo e l l e , d e i x a v a
Sem c h o r a r n e m fuüir. na c a r a v a n a
P e a l , m u d o , as d o V a n saudosas margens..
P o r q u e , depois da h u m i l h a c a o , v e n c i d o s
Ñas c o l u m n a s , nos p o t r o s de d e s h o n r a ,
Estes seráo da térra os vencedores.
«Abnde l'oiUi-':ilÍah^deixando a Helcura?..
O rci A r a i n q u i n a cuidadoso. .
— P o m b a deseen dos m o n t e s v i r i d a i i t e s : .
S e m i r a m i s ! S e m i r a m i s !... e a b n n d o .
Azas m u i brancas,.á filhinha l l c l e i i r a
T o m a - l h e e v a i c o m ella o a c c o m p a n h a n d o :
V a i q u a l u r n a g a i v o t a alva e luzentc
No e s p a c o a v o a r á a l t u r a d o h o m b r o da a m a
PRIMEÍRO T)IA 25

E aó vagaroso q u e d o r m i r fazia-a,
Na estrada e t e r n a j o r n a d c a n d o ao occaso.
T é a p o r t a e r m a da mansao q u a l Párilienos
Poiso saudave! d'immortalidáde
E, q u a l E d e n s de scicncia, i m p e n e t r a v e l .
O r a , eOcolhendo as b r a n c a s aZas trémulas,
Oepoz a q l i r i o c u i d a d o s a e m térra
A bella pombai e o voo ergucndo lento,
N'um cantar q u e resoara c m - B a b v l o n i a ,
Doauréoí t e m p l o babélico d e B e l u s
Aos suspensos" járdins, es'elevando
E m c u r v e l i n c o . m o v i m e n t o lúcido
De t r i a n g u l a r e s velas d a n d o aos ventos ,
1

Voltou: aos altos montes viridántcs. !:j


Olhava-a toda a c a r a v a n a extactica:
Nos ares desdobrándo, as ponctas d'aza'
• Triángulos t'ormavam l u m i n o s o s ~
O h , dos ceus a visáo resplcndesceme 1

Q u e Savia n'alma de ficar d'Heleura !


Mirando-se aos'espelhos,devisava
Os t r i a n u u l o s lucidos dos b r i l h o s J
Da estrella das níanhatis: divríia c s t h e t i p
Da assyria d i v i n d a d e , e d'csta agora.
Era urnaedenca Helé, toda vinosa e doce, •
Vcrgómea d e c r y s t a l , q u a l de-urna vela a l u z ,
C o m as s c i m i l l a c o e s de u m a s i r o e c o m o fosse
O da coustcllacáo mais rútilo da C r u z ,
E q u e d e u i n c r a v o - n o i v o ha fórma.e'os b r i l l o s lanca
L c m b r a u d o , a o l a d o esquerdo o s c i m i l l a r d'esp'ranea:
Generoso, vivo-¡gno,o saugue l h e m a u a y a
P u r o o i r o d ' H c v i l a t h que altiva a i l l u m i n a v a
Ó 0 c r y s t a l atraves; sonoros os cabellos '
O n d e ó sol occidente á flor dos h o m b r o s b e l l o s .
Era ella o i n c a n t o d'Ara, a g l o r i a d e r r a d e i r a
D'aquelle grande r e a l , diis oih'os o te re oí: '
Co a t i l h a V e n c e r r a r a e a d o r d a p a t r i a i n t e i r a
1

E, á l u z d'esse p h a r o l , náoqui/ n i a i s v e r o sol.


Gladiador silencioso, ensangueutado
E triste i d e a l m e n t e o sem r e m e d i o
O r e i t o r t u o s o os o l h o s seus, a r m e n i o s
De azul q u a l os de Adáo, aos ceus v o l v e n d o ;
Os días t e r m i n o u Q u e e t e r n o p r a m o
Que a til ha náo d e r r a m a d o i d a m e n t e
A b r a c a d a e m seu pac !
Balcoes de leste:
Seguiu e l l a co'a vista l a c r y m o s a 4
26 NOVO EDEN

E o coracáo p a r t i d o de saudades
O áureo te re tro l e n t o a c c o m p a i i h a d o
De alas d'acccsas tochas q u e s u b i a m i
As 1 migas m a r g e n s t a c i t u r n a s d o E u p h r a t c s
Na noite f u n e r a l . D o t r o n c o a m i g o
Ella eutáo viu-se o d e s p r e n d i d o f r u c t o
D'excmpcáo e i n n o c e n c i a , áos c s t e l l i f e r o s
Ra i os dos ceus, allí, a o o r v a l h o e ás l a g r v m a s .
— E l U - a l l a h V que d e m o r a !... toda a noite
A sos, espera-a Helé t r i s t e e misérrima. " '
V i u d o aurora:'escutava sem t e r m e d o
Vt»Z tiistíneta c h a m a n d o - a pelos ares,
(la 1 ix e r r a n t e de c a r i n h o e g r a c a s ,
(¿nal fosse d o astro, das m a n h a n s , q u e e m riso
M u d o u - l h e o p r a n t o e.eni l u z , c c o m o fosse
Maridado de seu pac. E entáo l h e a l e m b r a
A h i s t o r i a , q u a n d o p e r g u n t a r a a Nnethe:
O n d e 'i e d responder: la.
D o r i o ás m a r g e o s
E r g u e u - s e o de o i r o túmulo ao reí A r a
L o n g e d'ondcjazia a q u e elle a m a r a .
A que elle tanto amara! Oica-mc a que é leitora
Romántica c m c h o u p a n a edenca a m e r i c a n a ,
G o m o s da h u m a n a p a t r i a , a s e m p r e s u r g i d o r a
P a t r i a , se ao coracáo h a día p a r a i s a l :
— A o T a u r u s venerava o povo, e x t r a n h a m o n t e
Q u a l u m sagrado symb'lo exposto n o h o r i z o n t e ;
N o s c i m o s d o Maz-is, m y s t i c o aereo rosal
O l h a v a q u a n d o ás n u v e n s n u v e n s r a r e i a n d o .
Q u e desapparecia ao i n e s m o i n s t a n t e q u a n d o
Nuvens, nuvens, c s e m p r e aosól o c c i d e n t a l .
O m o n t e é o A r a r a t de b e l l a f o r m a cónica
Reversa á p r i m i t i v a edenca, cha,' d e i n o i t i c a j
Vértice ao i n t e r i o r ignívomo d a esphera,
Base vasta ao e x t e r i o r o n d e Edén e s t i v e r a —
O p l a i n o h o r i z o n t a l de u m bmiquet i d e a l .
( P r i m e i t o t e r r e m o t o ) o m u n d o deslocado,
Q u a n d o Deus t r o v e jo», o áureo j a r d i m v o o u
Que desenraiza e v i r a e t o m b a , e r m o boceado
( i n m e n s o !... E i s u m c o v á o ! d i l u v i o o c n c h e u ! o V a n !
E i s ao longc o A r a r a t , p i n c a r o , b a r b a c a n !
Arca de salvacáo f i r m e s o b r e e l l e , e t e r n a
(Sciencia a descer't s u b i d a a a.mor, t e n d o o p h a n a l :
Q^ie A l c i d e hercuíeando b a j a S t y m p h a l o o u L e r n a ;
Augias, Nessus, A n t e u ; mas, b a j a a a l m a d o ecu, i
Da t e n a o p o m o de o i r o c u m a o n d a de c r y s t a l .
—N'essa veneracáo foi c o m a esposa a m a d a
\

PRIMEIRO I>IA

O rci Ara subindo aos cimos do Mazis


Aos ceus sacrificar sobre a rosidoirada
Bella nuvem d'allianca a que Jehovah bcmdiz;
Para a lúa de mel os ceus Fazcríi doce] !
A escadá de Jacob houve nunca esplendores
Qual os degraus subindo ao be reo dos amores.
Os anjos 'stavam lá leudo na luz d'aurora
Do in principio a verba edenea incantadora.
Do que nos ceus se gera, oppor toda chimera.
Dcsccndo 6 Taurus háo, dos ceus, os bellos mulos,
Elle, de Ara o formoso, ella, de esposa-rosa,
Ate ahi ceus; pois bem, acharam-se ridiculos
Entre os mortaes; e o que Sardanapalo goza ,
(E o v.íu feliz Ninive á morte a mais grandiosa)
Na ierra. Ara nerdeu na térra... a assvria guerra.
v.';*"*-';. . •./'<?• ' V - 'V. -lEgES
Qual rocbedocrysialleo que estalando
Ao sol candente, o thesoirinbo dá-uos
De diamantee rubis que cm si guardava;
Qual d'haste esbelta em flor de luz rcsplendc
Acuccna divina a u m ecu brilhante,
Assim dos scios-máes, da esposa-rosa
Nasccra Heleura, um l i r i o rindo abrindo
Que, da térra vibrado, aos ceus se ostenta,
Sobre as bordas do 'Van, quando raiava
A estrella matutina. E estaudo urna orphá:
O amparo se formou do arco-celeste,
Voz ad auram se ou'viu que abencoava.
Olham: pedra angular, marmórea, branca
(Mais do que as borboletas vaporosas),
Brilhante de verdade. Ondas ergueram
Seios virgíneos aponctando a Lucifer:
Raio viu-se da luz d'uma alva lámina,
Relámpago sair do undoso lago,
Raios de'Adad e Addirdaga gerando, 1

Subindo uns descernió outros dos ceus, gloria


Divindade nutrjx. Diziam crédulos
Ser Daphne—ora, um loureiro roscos ramos
Tela coroá de amor dando a de gloria,
Do sol nos raios desaparecerá,
Nem a ierra o-viu mais; outros diziam
Ser a propria serpente do paraíso,
Do Edén pfirñeiro o tim, do Edén segundo .
O principio, ao perdáo de Dcüs penando,
Que vinna alimentar menina edenea
Co'os fructos mesmos da árvore de Vida
Por equidade aos da Sciencia, engaños
NOVO EDEN

Q u e Eva a m i g a p e r d e r a m . A c h a i r r a v a m ,
C a u s a da doce Voz d'eíla c dos c i r c u i o s
Symb'los d'eternidade, c m q u e lizcra-se
Metamorphosciaiido-sc,.Ut, Ut-állah.
— V e r d a d e é q u e e r a m ambas, U t C D a p h n c ,
D u p l o c u t e celestial j a n u o e q u a l vendo
D'Eva opássado e o áureo p o r v i r d ' H e l e u r a :
C o m o os dois b r i n c o s de b r i l h a n t c s cre-sc
A o s ouvídos d i z e r e m de urna n o i v a
Os segredos do a m o r , q u e estáo-lhe r i n d o
Na luz dos l a b i o s , t a l L t - a l l a h e D a p h n c ,
Ñas f o r m a s d i v i n a o s , de D e u s n o e s p i r i t o ,
E d e n c a e d u c a m perfeicáo H c l c u r a .

Olí, o ideal prezeme! Heleúra .incauta


A U l - a l l a h , q u e a i n c a n t o u ; áresce,' revoa
Q u a l os astros levantes", ceus s u b i n d o ,
A u g m e n t a m de* f u l g o r : auras, a r o m a s ,
Zagalejos sons; l i n d a s , c o r r e d o r a s
l l a i g a n a s gentis, a a c a r i c i a v a m ;
F. á t a r d e ao l a g o o l h a n d o e ás ledas migas
Dos contentes pastores; ledas f l a u t a s
Nos ares o d i a p h a n o e s m a l t a v a m
Da tela vesperal, notas l u z e n t c s
Que nos espatos c r y s t a U i n o s b o r d a m
O u a b r a n d a v a m , bíblicas m a n d r a g o r a s
C o m que, cega de amores, L i a , o esposo
De ambas. rogaVa á irmá p r u d e n t e m e n t e
C o m grandes olhos pretos-bramlos i r e m u l o s ,
Por ser m a i s moca a a m a r R a c h c l p u l c h e r f i m a .

E pyrilampoo cíncto ¡Iluminando


Pára Hele r i r b a i l a v a r i n d o Haíguita
F c i t i e e i r a a quebrar-seeá 1er m i r a n d o - s e
Na r o d a dos rapazes c e n t r e a p p l a u s o s ,
F l o r e o t h v r s o a b r a n d i r d e van, s c e p t r i g e r a
A s canecas c o n t a n d o decepadas
Dos b a p t i s t a s q u c ' a r r u f a m . Oh, das dancas
línidade g e n t i l e i n f a n c i a e enlevos
Dos s a r a o s ! oh, lundü-chorado, aerea
A u r e a edade. antc-walsas r o t a t o r i a s
E m a n h a n s dos b a i l a d o s ! Hoje,aecaso,
Se aínda t u r c v o l t e i a s ñas c h o u p a n a s
E m t e m p o s de N a t a l , és q u a l s u s p i r o s
F u r a da moda, ó t u , d i v i n o f a d o !
E ao l u z l t i z i r d ' I I a l g u i t a , H c l c u r a r i n d o ,
A o eolio d e U t - a l l a n n u t r i x celeste,
Sobre o e s p e l h o d o lago se n i t r a v a .


PRIMKIRO BU

Haíq convalescera.
— H a v i a o mal edeneo
O n d e t o r a paraíso:
Curava-sc c o m r i s o ^
D'Heleura ao coracáo.
O m o d o , o dava a s c i e n d a
D ondas á i n t e l l i g e n c i a ,
D c i x a n d o a i n g l o r j a corea
E h a v e n d o a crcnca-torca:
Entáo. convalescentes
l a m servir contentes
A ella, na g r a t i d l o .
— Q u e , se urna o v e l h a ma
Perder faz toda a g r e i :
A boa, d i z U t - a l l a h , .
C h u m a á v i r t u d e e a leí.
i-*' ;.v • -i*.: ¿; • • --
Desde a n o i t e funérea, de t r i s t e z a
H e l c u r a está docntc. A r a , morréntlo.
N u n c a perderá as cores d o s e m b l a n t e ;
Uní formóse défuncto: «vivo | vivólo
O r i t a v a a rilha p*ra q u e o n a o levassem:
«Vivo! vivo!» P r e n u n c i o s maus, d i z i a m .
Mas, p a r a U t c r a c r e n c a q u c , dos túmulos,
C o r v o s de O d i n m a n d a n d o p e l o m u n d o ,
Os m o r i o s m e l h o r c u m p r e m seus designios..
O r a , a c h o r a r no t u m ' l o ( l a , e m v i o l e t a s
M u d a d a p e l o a m o r ) , p e r p e t u a s me gas.:
Tornára-se U t - a l l a h , q u e o a m o r t a l h a r a m .
Fundo silencio cstava dia c noite
Na sombría mansáo: de longe e m l o n g e ,
C o m o raseam-sc as brisas acoitadas
Por vergónteas, m a n h a n s d'csto, cinérea a u r a
Parecía c h a m a n d o : H e l c u r a !,... H e l c u r a
Q u e e l l a cscutava; e n'uns b a i x i n h o s ceños
A febre a r r e m e d a n d o : Hc-le-u-rous...
IJclieíou-urion... Súbito salta va,
Pesar d'Ut e as A r m e n i a s v i g i l a n t e s ,
y as seraphicas traídas a p a n h a n d o ,
N u z i n h o s pés,a r i r t o d a , i r r a d i a v a
No aposento a e s t c l h f c r a c a r r e i r a
A t a l a n t a de l u z . E v i a m n'ella
V l u z c n t e visáo dos scmtiMados
Limócs dé l u z , de l u z niveos triángulos
N'cssa da c a l m o r t a l b r a n c u r a , o rosto,
O r i s o , a bocea, os o l h o s brancos, brancos:
J¿o m a t e r n a l d i a m a n t e e m po desicito
3o NOVO EDEN

Que vivífica ao c a n d i d o d i a m a n t e ,
Torna-a ao l e i t o U t f a U a h : «Heleura! I l c l e u r a
% ;•; >M •-.*......
Fcíta rio a b y s m o a l u z , q u e vé da t r c v a as trágoas,
E o espiritó de Deus levado sobre as aguas.
Da t a r d e c da m a ñ e a n fez-se o p r i m e i r o día;
Faz~sc a p r i m e i r a sesta, e q u e esqticcéra Deus:
A sesta, cssa n o i t i n h a á c a l m a , á l e t h a r g i a .
M e r i d i a n o z e n i t h a d i v i d i r os ceus
F.m dois, u m día e m dois ! v i v e r d o b r a d a v i d a !
Ser q u a s i e t e r n i d a d e !. . A o m e i o d i a , a essa h o r a
Noitccer, descansar; novo acordará Iida;
MaiJhan e tarde: sciencia, arte;d'occaso-aurora
Ditosos somnos'-véus, doces v i g i l i a s - D e u s .

S15GTJKD0 DIA

c u i v , n t íes chroniqncnr*. lc'rm;aume d'\rmc-

• u ór,- chrétie.me. Aral sumammé »C


£• ' fe:ia6 vaina, .pables Assyncn».
l-Armímedcvintune provine, du M«»
de Babvlone. ct v resta incorpóreo )Usqua
ltf m f t t d e . Sárdanapale. . ,„.„;, r \ r -
•Yrdeschir, premier roí de Persc, c o n q u i t 1 A r
me ,ic eífitperir Mus les prmees arsac.de>
de Tirldate, fliu .se sauva
S o n e n u parles Romains, i l r e u m bicntut
chasser les Persans, et restaura le troné, de
ses peres. A. LAGRUK.

tf*cr;i rriteíhor: amaranthinas

SSSSM no olhar sagradas chammas;


'ao-lhe as laces crystal de pura angehea,
De pura gran scus labios silenciosos, ;

Sonorosas alegram-lhc os ouyidos ,


Do rio as vozes, que reamando passamj
" a i trancas meadas de oiro d'elos v.vidos
Desarrugando aos ye.uos, ¡ n g y a x n |
— A n d a ? uní raio de luz andando, u m uno,
Urna vergómeados jardins edeneos .
Teccndo o ninho hirundma. c q u a l d ella
O voo susurrante e os echos; longuiqua,
('cus de azul e soídoes [mnhp d hirundma.
Se náo ha bemtivis, esses dos ares
/eladores-hilo.uras -Que suspeitam ?
0<! amarantlv. do ólhar que náo se aba.xa
\me o dos homens qual o das Armenias,
Mas sempre háo raios Iixos tao doirados
Qual oiro d'llcvilath por sobre a térra í
líil-a rindo; depois, eil-a chorando.
NOVO EDEN

Pedra c n c o n t r o u , r a i o d e L u c i f e r :
Javardós. que a cerca m, f e r i u \
M e n i n a de t a n t a coragern,
A s t r o ao bonnet p h r y g i o , q u e m v i u ?

Desde entáo,_Lucifer das alyas, '


D'ellá fóra o a m o r , fóra a I c i ;
S e m p r e a d i / e r : aDeus ! se me salvas,
T a m b e m te s a l v a r e i !»

—Doctor, que'ella terá V «Nonadas lucidos,


G l o r i o s o s sins d i v i n o s , i r i s a n t e s
Vistos de u m p r i s m a de c r y s t a l p u r i s s i m o ,
Eléctrico, através, r i n d o . No r i o
Passeios, m a d r u g a d a s ; c m c o n t r a r i o
A o l u a r , aos crepúsculos de Vésper,
A' q u e m e n i c o c i a n a , aos f o r t e s a l l i u m s ;
P o r e m , limóes, maunás.»
E x c l a m a L'l-alla*:
—Insolaco'cs. n a t u r a ! olí, n a t u r e z a ,
Q u e de riagcllos á m u l h c r ! — E o r d e n a
Apparelhar Djorokh,alta, alvcjante
F e s t i v a l galeota a dozc remos.

Tardes do Euphratcs ! luz do astro saudoso


ReHcctida/nas aguas p r a t e i a d a s ,
M c i g o e n t e r n e c i m e n t o e mudCz d'alma
E m que as d o n z c l l a s o l h a m , v a g o o c n l e v o ,
A t i e n t a s c s c u t a n d o e nada o u v i n d o ,
N e m a cünc.áo dos r o u x i n o e s das b r i s a s ,
Mas c o m o que e s p e r a n d o das espheras
D e s c e r o casto b e i j o á h o r a a p r a z a d a !

Ñas aguas surdamcnic marulhosas


A lúa toda b e l l a s'cmbalando,
A' p o r t a os c a m p o n e z e s b e m d i z i a m
A's m a r g e n s rloréscchtes. C o n s t e r n a d a
O l h a v a H e l c u r a ao c a n d i d o espectáculo
Da a m a n t e n a t u r e z a , co'a s a u d a d e
Do coracáo a b e r t o aos s e n t i m e n t o s
Que h a na convalesccncia dos q u e v o l t a m
A' l u z da v i d a E a lúa toda b e l l a ,
D i a p h a n o s ceus ea b a r c a f l u c t u a n t c ,
U m bcreó de Moyscs v a g i n d o na o n d a ,
E m cadencia v o g a u d o , c os r e m a d o r e s
C a n t a n d o saudosas, táo saudosas
Cancñes dos nautas, d o c e m e n i e ao c o r o
F e m i n i n o cntoadas: da harmonía
SEGUNDO DÍA

Ao eolio adormeceu Helé tnstonha.


Gente ajunctava-se ás r i b e i r a s v e n d o
A incautada galeota; r e m o s de o i r o
Irradiando, p r o a alta e toda e s m a l t e s ,
Madrepcrola impávida. D i v i n a s
Na bella concha as p e r o l a s c a n t a v a m i
«Naturcza... Oh, de Deus formósa amante !
«Ceus de añil... q u e m vos dá saudade c a m o r ?
«Sópro do ar... n a v e g a m o s ao l e v a n t e —
•Voga, o' nauta... o h , aos p o r t o s da áurea rlor !
«Rosa edenea... oh, dos ceus d'aurora imagem !
nAurea f l o r . . . q u a n t o a t e r r a v o s s e d u z !
«Ao pharol... d o h o r i z o n t e ardéndo a m a r g e m —
«Voga, o' nauta... o h , aos p o r t o s onde h a l u z !
«branca espuma.,, oh, das'ondas riso e incanto !
«Da creacáo... p u r a s f o r m a s váo s u r g i r !
• Bravo mar... ás c o r r e n t e s de a m a r a n t h o — •
•Voga, o' nauta... o h , aos p o r t o s do porvir!»

Cessara a ondulacáo das vozes.


—Ouvcm T
Dir-sc-hia o m u n d o todo solucando...
Triste-csquecidas notas, q u a l m e m o r i a s
D'outras eras, da p r o a ' s'extiuguiam...
— Q u e m é que tanto chora?..—
Alborotando,
Das ayas a constcllaeáo levauta-se
C o n t r a os que i a m d'encontro a avisos medico»,
Que o astro, q u e a l l i d o r m e , d e s p e r t a v a m
Q u á o m e l o d i o s a m e n t e a b r i n d o os o l h o s ! ,
E m u r m u r a m no o u v i d o , urnas ásoutras:
C o n t r a E s c u l a p i o as caúsasele saudade.
— V i u - s c a m á o i n v t s i v e l do Destino
Que dos náufragos seus, faz s a l v a v i d a s
De m u t u a esp'ranca q u e lhes b r a d a n'alma:
««Se me salvas, t a m b e m te salvarci...»
—Deus Providencia ! o Euphratcs. deu volta:
A salvacáo, m u r a l h a s a v u l t a r a m ;
E ocysne a l v u r a e g l o r i a e cantos náuticos,
Azas r u f l a n d o q u e a t r a c o u k r a m p a ,
«(Hontem, diz Uta Hele: quáo macilenta,
Q u a l de mo'rcégps varios, que-uos nrpháos,
Que na i n n o c e n c i a b e b e m , desangrada,
34 NOVO EDEM

Rindo, urna defuncünha r i n d o — t r i s t e !


Ai quem r i r assim taz a- urna menina
Na orphandade ! astro de olhos que se abaixam
Km sua branca mortalha, branca, branca,
Um sepulchro innocente !c porcmonde
Sentia-sc de Deus vtngaíica. E h o j e !
Hoje acuccna-alvorco*a risca rósea—
(¿uem deu-te cores táo divinas ? puras
Qual da Paixáo, do r u b r o sol-occaso
Novilunio abracando' em liberdade
Mais doce o abraco gue*é do fim do día !
Da tu a flor e das-cinzas do teu nome,
Phenix de luz resurges C qual sendo
Alma de um poderoso: Helé ditosa,
Nem sol. Sirius, nem Lucifer, brilhando,
Mais doce alminha nao Ibes v i b r a o s raios¡
Como os passeios dáo-te vida./ E dieai-n
Que a gente nao renasce... Qual sedo Eupnratcs
Pilha e'obra sua, ahí 'stás redivivente!
A's bordas viuda, morta elle acceitou-te
E ora es-lhe a flor, e o tcns de amar, oh quanto ¡
\i mas, contam que esta ¿dena córreme .
T o m a dos immórtaes a forma: ao longe,
Ardendo á margem vés aquellc incendio ?»
— V e j o !—«Era alma de nm d'esses, m u i t o antigo
E Helé:—Suaves manhans... os sons da aragem
No pomar b.oninoso matutinos,
Dize: náo sao qual os da tarde, de hontem,
Q h ! Ut-allah ! da proa, táo doridos,
Prantos d'Hespcrus, do Euphratcs mystenos,
Que solucavam mesmo, e nem deixaram
A m i m d o r m i r no eolio t e u —
«Caluda !*
E pondo á Helcura a máona bocea c meiga,
Porque tal nome pronunciar dá morte,
Coma Ut-allah: «Tirídato... Oh.' Zobeida !
«Oh.'Harun-al-Raschid O foragido,
«O principe de morte, o incantamento
«De Bagdad a infernal!... eos bons, cairam;
• O m a ü íquasi aura aphonica c m segredos),
«Crimcs, qual fdssem noites d'csplendores .
«E os bracos 'spedafados de u m demonio...
«Fronte que altcasse formosura edénica,
«Logo anódoa fatal.'... dcdalea Creta,
«Pascendo real alteza, a prole-monstro
«Do adulterio; pesar do sabio Minos
«Filhode Jove e Europa, a bem dos povos
«Eer a legislacáo... Eoens perdidos,..
SEGUNDO DIA 35

«E' d e s m a i a r !...'»
— N á o ! U i ! Ui-ália», a c o r d a ! —
R a l h a a m e n i n a ; e a meiga c o n t i n u a n d o :
« T U náo t c n s m e d o ? p o i s o s ' r e i s t r e m e r a m . !
"Cacava; e n o e m b r e n h a d o a pos rhinóceros,
«Nos bosques de l i m e i r a s o d o r os ás,
«Avista u m f r u c t o persa, Alba-dorída
( V i u - l h c as faces H e l c u r a q u e e s p e l h a v a m ) ,
«Princeza q u e r e i n a r d e v e r a a u g u s t a ,
«Filha m a i s v e l h a de A r d e l e h i r , vestidos
«Arregazados, írancas o r v a l h a n d o
«Nocturnas estrellosas, q u e d a s f o n t e s
• E l l a v i n h a ; e aos j a c i n t h o s repetía
«Arias antigás c o m q u e a avó, c o m medo
«Da estrella do pastor, a adormentava
•Co'os passariuhos. C a l l a d i n h a , escuta:

«Antes Fogo, ó linda neta,


D o que o astro p e n s a t i v o
.Sempre-mudo, sempre-vivo
Que amanhece. ao a n o i t e c e r ,
M e n i n o exposto, q u e a teta
M a l ditosa a l e i t a r i a
. De f a d a q u e l h e s o r n a
A e n v e n e n a r e a perder;
«Izcd ! arranca-vos d'alma
Sabéas lagrymas: fira,"
E destilla o peito,'myrrha,
Pranto. p r a n t o : doce ?... q u a l !
Ora, a t r a n s p a r e n c i a c a i m a
P e r t u r b a d a da innocente,
Raio s'inclitia ao occidente,
A o q u e absorve-a, t a t a l !
«Ou... se c* Deus?... a ti preserve
Fogo ! S o l ! d o táo scnsivel
E n t e m y s t i c o , visívcl
Só n o f u n d o coracáo ?
A q u e m de C l i t u m n o serve
. . N'um crepúsculo s o m b r i o
-O esp'riio m o v e l d o r i o ,
Que se vé na ondulacáo.
«Ized.'o cérulo espirito
Que assassfna á n o i t e , e m sonhos
T á o doirados, táo r i s o n h o s —
F e l i z , se o podes p r e n d e r /
NOVO EDEN

A h ! a h ! da dúvida u e s p i r i t o ,
Que ha de verdade c m e n t i r a ,
E' rosa dos ventos, g y r a .
F l o r ? . . . borbolciinhá a a r d e r !

«Ized ! lzed ! oh, querida,


Q u e antes Sol, F o g o te abrazc,
D o q u e os s u s p i r o s audazes
D a m u d e z dos l a b i o s s e u s !
F o g c a alegría da v i d a
Com e l l e , vai-se m o r r o r i d p — "
Mas, se estás a d o r m e c e n d o ,
D o r m c e fecha os o l h o s teus.»
«Edesatou a rir: atravessando
«Aereo voo os bosques o d o rosos,
«As m o i t a s de j a c i m h o s : e náo estando
«Mais allí; d'cüa o i n c a n t o , a b e l l a i m a g e t n
«D'ella a l l i estava, q u e p r e n d e r a o a m a n t e ,
«O cacador indómito i n c a u t a d o !
«Oh, a cega paixáo ! d ' A l b a - d o r i d a
«Elle a i m a g e m s e g u i n d o e n t r e o s j u c h i l h o s
« E os bosques odorosos !
«Ora, á n o i t e —
«Tirídato ! Tirídato \ os i n c e n d i o s
«A arcada alta o g i v a 1 i l h i m m a r a m :
•Ouvem-se as gargajeadas labaredas,
«cE de r e p e n t e , co' a d o n z e l l a m o r t a ,
«Por e n t r e as•chammas, vede-Pos! passaram í
«De¡xa o throno Ardcsclvir; bramindo p exército
«Espadas nuas, busca o n a m o r á d o
«(lacador de r h i n o c e r o o t c s : i r e t n a m
«Da vínganca de u m pac ! C a d a u m Arsácida
" S a n g u e d e Y'agharchag, e s c m e l e r n e u c i a ,
«Decapitado! escrava toda a p a t r i a
« E a cabeca d o tránsfuga, a b o m preco !
«Oh, náo s'clcva u m h o m e m sem q u e faca
«Vasta s o m b r a ! feliz aínda, se. a b r i g a
« E m si a h o r a da Leí q u e eterna ameaca,
«Lh'cslandu n'alma a c a l m a austera e amiga...

«A' hora da guerra (e o cacador eslava


«No c a m p o a r m e n i o ) , sobre as cinzas persas,
«A' m e s m a h o r a desee ti a b e l l a i m a g e m
«Táo sombría^ ceus ! táo t r a n s f i g u r a d a
« Q u e n i n g u e m m a i s a c o n h e c e u ! c olivando
«A's m o l l a s de j a e i m h o s c as limeíras •
SEGUNDO DÍA 3Í

«Dos bosques odorosos, p r e l u d i a r a .


RA a r i a antiga: mas, luzes dos seus l a b i o s
«Táo doces c o m o a u r o r a s , se a p a g a r a m — *
«Teu s o m n o é p u r o , Alba-dór.ida!. - »
Hcleura
M i r o u - s c toda: u m áspide a morderá,
E l l a o seriüu; f u g i u para o aposento
A l c a t i f a d o de c r a v i n a e de o i r o .
E onde sonhoslcvianosnáo e n t r a v a m ,
C h e i r o s e n t i n d o de ¡acinthos, vendo
Labios-luz, yerdejantes larangeiras,
Flores-noivas g r i n a l d a s a g i t a n d o
S o b r e u m á b y s m o v e n t u r o s o , e m yagas
Comocspelhós levando-a, c o m b a n i d a s ,
M^"r\siallína l i m p i d e z , reférvida
7^ cp'iderme n'um phoSphpT' l u m i n o s o —
Triángulos! triángulos! . S e m i r a m i s !
A ájyuca'é o s e m i m c u t o ! aunéis da t r a n c a ,
Q u a n d o as faces b e i j a \ a m - l h e , . i u c e u d i a m .

— 1 ' t - a l l a h !—
«D'ella escutas a a r i a a n t i g a
« Q u e os r o u x i n o e s eternos c o n t i n u a r a m ,
«Esses cor de leus olhos: o l h o s q u e e r a m
«llrancos da c a l , e a h i "stáo, q u a l n'um i n c a n t o ,
«Terras-rirmes d o s o l , q u e s ' i l l u m i n a m ,
«Qual p'ra s a l v a r e m náufrago! h y m n o s se o u v e m
«Dos j a c i n t h o s e os bosques o d o r o s o s —
«Oh, A M a h - E l o h i m ! c h o r a m ; p e r c o r r e m
«Largas térras b u s c a n d o A l b a - d o r i d a :
«Nun'ca mais a veráo, q u e já passara
«Ella, q u e estava táo t r a n s f i g u r a d a
« Q u e n i n g u c m mais a c o u h e c e u !. . E x t i n c t a
«(Deusdas heneaos !) d o q u a d r o d i existencia,
ttD'ellca f a m i l i a D'entre os r e m a d o r e s
cd.'m, m o d o a l t i v o e o o l h a r , p a t r i a o u n i v e r s o ,
«Tecto os ceus, l e i t o a t e r r a . sonrio os a s t r o s —
«Oh, A l l a h - K I o h i m ! poz vela á barca e mastros !•
Mas de Ut as duas pétalas, que accendem
Retlexos d o A r a r a t subtaneos, traem-n'a:
E de a m a r a n t h o , o r a e l e e t r o n - d o i r a d o s ,
O l h o s sobre e l l a s c i n t i l l a n d o H e l c u r a :
— Q u e t n te c o n t o u V.. — N e m contóu mais üt-alla'.
E n'alma os róseos arcos s c a p a g a v a m .
—Doctor ? «Seve plantarum dolorida,
«Mas, b e l l a E r i n n y s tendo b o m governo
KoVO ETlEN

(.D'Eros vivido, lucido, pura alma


«Razáo do gerador divinisando:
flP^sseiós sobre o Ruphrates a aurora
uDas azues madrugadas.»
A alma physica
Somente este ólha. Porém, já promptinha
Co'as alvorudas stava Helcura, yendo:
Alta amarella estrella brilhantissima;
Cadentes sul-metcoros luminosos
Domáis divino pó de luz; veus ópalos
Abrindo ao oriente a homerea rnododactyia
Aurora ! e ao crystallino firmamento
eyfftii-réssQ par de sóes unidos sempre,
Invisiveis; c que ella vía claros,
Dadas máos, em sitas órbitas eternas
Qual n'um lago ideal as bellas azas
Por essaimmensidade. Ora, pensando
No cómpanheiro da incautada estrella,
T r e m e u - l h e o seio, frúctO conformado
De umasingela flor e á máocolhuio
D'arvore doce verde ¡an te e bella.-.
lmagensna alma impressionavel, sonn.os
IVHclc-1 abertas 'svoacavam, doces
Qual á resurreiváo, de um povo morto,
A* «loria, á csp'ranCa, á chandade -glorias
Da adolescencia c onde mcanladoras
Résplcndeiavamv ni dos que* Inundo,
Do Deus a trina tiIha desvirtúan! !
Aurea Polaris vendo na firmeza
E espclho seu; e Lucifer na aurora
Qual ifaimad'clla, o precursor do día.
Da luz dos ceus que toda a térra aclara
Afuyentando as hordas de vampiros
Qué, na innocencia Helcura, a desangraran»:
\ irgem, do humano mal sem ter memoria
N'esta social transformacáo.
Sol b r i l n a .
— M a s , náo houvc passeio á madrugada;
Porque as outras diziam: Frescas tardes.
Oh, salutaris Diva ! Eos que desceram
A's margens a bater co'os ledos lencos
P'ra a alvejante galeota, a argéntea concha
Das sonorosas pendas, voltaram
Perguntando unsaos outros, se havena
Passado
Era Ut aantes. divinal, árvor* de sciencia,
— F t - a l l a h ! I H ! acorda !—
S E G U N D Ó 1)IA

Graiidáp roystcrjosa de T i r u l a t o :
Na noite f u n e r a l q u a n d o escotidcra-se
E l l e das m u l t i d o c s p o r i r a s dos túmulos
O n d e e l l a p r a v a , eis que, m a r a v i l h a d o s ,
O u v i a m d'outros m u n d o s , g r a n d e s vozes
Das s o m b r a s , o u dos ventos q u e f a l a s s c m ,
O u me s m o q u a l dos túmulos bradadas,
Ave m e m n ó n i a ás l a g r v m a s d a a u r o r a .
- * •* u ' * • *
A s s i m , q u a n d o a m i b c m e esteve á* m o r t e doe n i c
l * t - A l l a l i , q u e náo d o r m e e estando t r e s n o i t a d a ,
A o fresco dos balcóessaía ponctipé
K o r u v a p e l a i n t e r i n a aos astros e á c o r r e n t c .
Hele q u e ouve-a, p e r g u n t a , á f e b r e a l o r d o a d a :
— D a agua e do t i r m a m e n l o ao separar: q u e m e .'
E asesta adormecía. E r a o segundo dia,.
Da tarde e d a m a n i j a n , q u a l d a esperanca e a fe*.
40 NOVO EDEN

A p o m b a vpltóü sobre a tarde t r a z e n d o


ao bico u m r a m o de o l i v e i ra c o m
as f o l h a s verdes. GENESIS- (

l'n ven die vie á boire, etce verre d'eau


Dfeu. v. HUC.ü.

Cercciro úta

E u amo; c u sou amado: a m a s t u ? a m a m - t c !


T o d a a m o r , t o d a amando; a m a v a m todos
A' l i v r e Hele: n u t r i d a á árvor' d e V i d a ,
V i d a e r a e l l a , q u e ao m u n d o a y t v e m a v a :
L i r i o i n t e n t e ! ao a r c o d'allianca
Das n u v e n s r e s p l e n d o r , substá q u a l fóra
R a i o e s t c l l a r q u e de m a n h a n nos v a l l e s
Picasso ao dia, á l u z d o s ceus b r a n d i n d o :
P a b t h e o i l de g l o r i a , o coracáo a m a n t e ,
E s s e q u e p o r a m o r o d e i a ao m u n d o ,
B r u t o d i a m a n t e , deus lealdade, a q u e l l c
L u c i d o zero, a q u e l l a c i f r a límpida
Q u e a o tresc edeneo u n i d a , da caí nanea
S i n i s t r a descendencia, a A d á o p o r S e i h
Reergue e p o r E n o s , q u e a o S c n h o r i n v o c a !
O espirito feliz; e o que é feliz porque ama
E bóa g o v e r n a v a a casa: l.'i-allah c h a m a ?
8 u a l flores d a g r i n a l d a i n d o ao c e n t r a l rloráo,
bedientes v c e m , A l s - Z c n v q u e c S a l g e m m a
Caucasia l i n d a (a ter d o m e s t i c o d i a d e m a
De coracóes, o l h a i d'Heleura o coracáo)
AIs-7.ény q u e c o z i n h a ; e Célia a v i u v i n h a
P o m o páraisal, róseo imán p a l p i t a n t e
Que póe a t e m p o c h o r a a mesa a m p i a a b u n d a n t e
E m lcites c alvos pács c frangos e macaos,
E assim c o m o q u e m d i z «eu sou o páo feliz»;
* P e a u r o r a s otticiacs, Rosinu, Lássie, C o r a
TEÍICEIRO DÍA

Fazem.o.orvalhp á flor, banhosa cada aurora:


Junomas a onda clara ou rcsistivcl ara
Lavam,. engommam roupa; Haiguita inquieta, c o T i l
Vapprzmho olho prcto, u m bugan fragranté,
urna alva borboleta em voos mal-seguros
Que haviam derribar de Jerichó os muros
berzém, pregam botóes; senhbréal perfil '
Auricnnata Ollreuda, olhos de azul brilhante
C o s t u r a r a e m primor, de quem depende o mundo-
Aureos talheres; mutuo á mesa o servir; tudo
Q u a l aurabemfazejá; A as--qcelo canta, incauta, ,

ni v ü «"•«¿ouve-a Helcura othañdp a alva «arcan t¡


d e

Oh, vede o grupo ideal! Thclch, a doeeira, os ais, *


Qual q u c m d o omcio doce ás formas toda achou-se
A calda em poncto, ondeosa c branda e soberana
Que amorenuva a tarde cm pallida écyptaria
Se nao vía mngúeni da granja de seüs paes;
Rosto de amendoa Nnethe, historias, rnmilhetcs
•az em génnlqmresmd a conheccr-se mesma,
ja-lyra-a-uJuma-chorda. Eis edencaes mamictes !
Honrando a luva, a seda, a joia rica e leda*
I odas varrtani casa, a r i r lavavam pratos;
Rosendo; abrmdo ao sol ltmpos todos ornatos;
Kcumdasao comer; unidas rccolhcr
F n m e i r o ao oratorio e apósao dormitorio:.
Ao centro planctar U t e que éda harmonía
A mae de ordem suprema; e Hele que é luz do día
K ¿ H ° A"" • °- 60
- havendo" um deus á m a m e .
) ü d i nfa,n ce

- H e l i a s Armenias, sois, remando o coracáo,


•Ui.so amor, verdade. Um, jardineirOá herdade.

' T^** *
10
ñ£S?íí¿ "V í° ° Ü P r,a0
0
Suarda; um cao;
Urna cobra te iz que andaya nos jardins;
E a d Ara escolta amiga a Helé velando a m i g a —
socialismo chnstap cpm cheiro de jasmins.
Cada qual, urna industria generosa,
Ou arte liberal, que a salvaguarda
Sempre-,ovcn no mundo, livre, alegre;
le que Deus mande o amor, que os ceus inspiram
E a que rmgcm os seios gloriosos '
!í MÍ V

\ ° . 9 S L c m fornalha árdeme
OI ro a an r u

i ¿M -, ,^ - ' Hetó, qtfal a arte?


e Cve M a s d

A d i m c i l ! Com parecer vadia:


Era a despertadora^ madrugada;
A que, em vez d'cníbrcar, ria de Judas;
mzia a luz o como as trovas fazem,
L o m o vampiros á orphá desangravam;
Ji as trancas dos cabellos antépunha
:
p
A o c o l l e i a r d a s víboras, l . u r a v a
E l l a os leprosos e'as q u e sao a lepra;
S e m p r e boa o piedosa e s e m p r e r i n d o —
Kis a t e r r i v c l j o v e n l . i b e r d a d c !
Omif do labor iirgssciro. ao labuiar diurno
\s f o r m a s o h o m e m t o m a , o u t r o n c o , ou p e d r c g u l h o ,
O u se l h e aclara a f r o m e as l u c i a s d o i d e a l :
T a l a b a i x a a m o l b c r , em desastrar n o c t u r n o
O u r e a l m e n t e e m l l o r e t e m a graca, o a r r u i n o ,
V chave t e m dos ceus e a «lona d o casal.
V s e m a inveja c o o d i o , e b r i o d c m o n l o - b r o d i o
Que. c o r r o m p e n d o a-bocea, os denles q u e b r a a louca.
\ bocea e r a u m t h e s o i r o , u m cxdre áureo techado,
V i m i d e os coracóes—do N o v o fEd.cn o a r c a n o !
Respiras o ar v i t a l , a t A s p ' r a n c a - l l e l e u r a . \ em,
Q u e m d i r i a onde amor:' O d o 1'ropheta, achado . ..
No h ú m i d o l a c r v m a ) d'Aichca e o mahometano.- .
ResplaiKles-;imc-hio... o h ! o h ! toda a r o r m o s a o t e m !
O l h o s de U t - a l l a h toem. u m d o e a adoracao,
F u n d o s i l e n c i o o o l h a r , sagrada m a n s i d a o ;
A m a r a n t h o s d'Heleura, o t c e m - q u e a t r e v i m e n t o s !
E o gélo e a v i r g e m b r a z a h a v e n d o p e n s a m e n t o s
Q u a l (iemini, asiros d o i s , f o r m a n d o u m coracáo.
Tal quando váo senhoras aos comicios
Q u e silenciosasc'ó'a prescuca i n s p i r a m
V i r t u d e s aos varóes da p a t n a i l l u s i r e s
.Viam bc.m, q u e a n u t r i x e .pie a m e n i n a ,
A m a v a m , m e s m o o l e m p o , as m e s m a s coisas:
f i n a o sentía, e o s e n t i m e n t o d'ambas,
E p o r lim, todo o coro, á m e s m a a r a g c m
Invísivcl celeste, ao m e s m > l a d o
T o d a a sebe i n c l i n a n d o Horescida.
H a r m o n i a s d o lar: c o n d e c o n c e r i o
H o u v e feliz, se d c s a f i n a m chordas-?
--Que os i n s t r u m e n t o s , p o i s , náo d c s a c c o r d e m
Na casa da Harmonía !
—Que estás yendo,
F i l h a d'Arao f o r m o s o e a espoSa-rosa'Y
S e m p r e -madrugadora, a u r a s s e r a p h i c a s
E o s p a s s a r i n h o s , c o m o as tiores a b r e m ,
Oh, s u b s t a n c i a e s i e l l i f e r a e x a l t a d a
Ha l u z , d o c e e d e n i n a adolescencia,
Brasa sagrada s e m n e n h u m d e f e i t o
Ao raio ronectiiido, oh, divindade !
O h , m a n h a n que i n c a r n o u ! sempre escuiando
TERCEIRÓ DIA 43

Aos ceus. q u e nada l e e m de táo d i v i n o


C o m o a v i r g e m paixáo t o a ! "Diziam,
T o m a v a d o astro a In? c o m q u e na terpa
Resplendeiava. Q u á o saudavcis horas /
— C o m as alvas s'crauer m a n d a E s c u l a p i o .
,*;••! ' * • *
Mas, das h i s t o r i a s paraisaes de N n e t h e
V e i u a m e l a n c h o l i a sci'smadora:
Eva l h e e n t r a r a n'alma e l h e edenava
E m q u a l ita0éfáa\á* in f i n i t a esp'ranca
D e n t r o d-:s peí tos. Se perdía o somno,
Pensando eslava silencies», intrépida,
Tantoquantoá soidáo d a noite fúnebre
Vozes a om'ir, q u a l fosse ó asteo de L u c i f e r
Opúsolo de seu- pac v i u d o n a a r a g e m .
A i ai / q u e ora esta de U t , e mais romántica
Historia... que era o m e s m ó , ella o ¡urava,
O Arsácida g l o r i o s o , o a s t r o de L u c i f e r :
O dos ceus e o da térra; o q u e dos raios
¿Vclarava-a na a u r o r a c o q u e a o o u v i d o
K ao coracáo cantava - E q u e o náocreiam...
- .N'um paraíso i n t e r n o s'iucantara
Paixáo; náo a paixáo b r u t a l femínea
.• Que á Ipücura f r a n s t o r n a e taz m u n d a n a
A m u l h c r ; mas, a faz Edén celeste,
De crencas n u t r e - a , d a árvorc de V i d a
Q u e a Eva c Adáo náo n u t r i u .Os meigos símiles .'
A l u z d o a s t r o l h e a l e m b r a a e l l a , Tirídato;
Do Arsácida o s o r r i r , l h e a l e m b r a L u c i f e r .
Vazendo M y r t o u m r a i n i l h e t e e r i n d o :
"Quem, q u e m d'Erato pelasverdes m u r t a s
«Passou, g a l h i n h o náo q u e b r o u , Iembranca...»
— Q u e a l v i n h o eotovelo e mangas c u r t a s ! "
Respondem L't e Hele; m o r r e d'esp'ranca-!
Terrena; celestial: a Scicncia; a Vida:
v estías d o n a d a s c nudez seraphica.
L i r i o da gratidáo, a m a va ao a s t r o
Quecos p r a m o s l h e l u c i o cara: e a s l u z e s
.lá n'um d i a m a n t e s'iam t r a n s f o r m a n d o :
Tal, ao contacto das áecóes formosas
D'eternidade, as a l m a s s u b l i m a r a m :
Q u e o n a s c i m e n t o , q u e a vírtude, a g l o r i a ,
be a m u l h e r náo desfaz, d i a m a n t i n i z a - a !
* * *
. 'Sláo de b r a n c o os r e m e i r o s r e u n i d o s .
Sobre a m á r g e m contentes esperando
— E m Deus u n i v e r s a l , psyehico abysmo,
S'OVO F.nRN*
44
E r r a v a a m o r : despedazadostriángulos,
As azas c a n d i d i s s i m a s g l o r i o s a s
S'cstendcndo aos a m p a r o s .
Naturcza—
E i s a c r u e l , q u e r o m p e á l l o r o s cálices
E m d i v i n a e m b r i a g u e z d o p r a n t o e o sangue,
Q u e o u r a m , q u e os deuses das paixoes r o r m o s a s
Percutcm-se... m e n t i r ? n u n c a m e n t i r a m ,
Nunca m e n t i u o a m o r ! — d e s p r c z a , c h o r a ,
Vinga-se t b r m i d a v e l . . Mas, s u b l i m e s ,
Os ele A p o l l o radiosos, p a r a d a r e m ,
U m h e i j o na jasm'mca dos r e t i r o s ,
O u no c h e i r o s o d i a n t h o . a d o r dos deuses,
Váo: r a s g a m t r o v a s , atravessam nones,
Ermos. eneriizilhadas. cemiterios
Q u e f a l a m , q u e a s s o b i a m ! váo á esp'ranca
Das m u r t a s verdes-róseas, das roseiras
C e g a m e n t e e s p i o n a d a s .' váo; e b e i j a m .
E só p o r isto se a r r i s c a n d o ao i n t e r n o ,
E s Ó p o r isto d a n d o a alma• i n f i n i t a
Qtíal o sol d a n d o os r a i o s .
Pára-raios
A q u e l l a doce rlor,co'o l i n d o r i s o
Desvia o i n c e n d i o e e m luz b r a n d a c o n v e r t e - o
E m c i g a c ¡iluminante c l'avorayel
A' h u m a n i d a d e : a l u z d'cssa h o r a e t e r n a
Q u a n d o J e h o v a h d i z i a — A l u z se f a c a r -
E toi feitaVa existencia q u a l «cismares
Dos s e m b l a n t e s ao b o m . ao casto, ao i n t e g r o .
, Os r e v o l u c i o n a r i o s sáo d o r i s o .
D a e t e r n a g u e r r a os s e m p r c - v i c t o n o s o s :
M a i s d o qüe O'mphala c a c a n d i d a acucena
De d o c u r a edenal; c m a i s c l o q u e O ' m b r i u s ,
P u r a gotta de lagrvma--Tirídato ! .
* * *.
O a n t e d i l u v i o Edén... perdeu-o áurea i n n o c e n c i a
A' p r i m e i r a t r i n d a d e , o ignorantáo Adamas,
Ilomo-Serpens, c E v a e n t r e os dois, a m u l n e r ;
E á t r i n d a d e i n v e r t e u o Eden-vída-scieiicia:
M o r a l de sabio a m o r , u m deus, d u a s a m a m o s , '
Tirídato entre H e l c u r a e a q u e m a i s n ' a l m a a q u e r .
Boa m a m m a n i n q u c r u l a , c m nácar de o i r o a p e r o l a ,
T e r r a - E v a , terra-ámor; ceus-Hele, e s t r c l l a - n o r .
Chave é o ang'lo terceiro aos dois primeiros ángulos
O u Serpeas? o u Tirídato? a h i fecha m dois triángulos:
U m . o ü u c d e s v i o u toda essa h u m a n i d a d e ;
O u t r o , o q u e a recompóe, t e r c i o ang'lo a l i b c r d a d e
tKRCEIRO -DÍA

— O último triang'Io é Deus a r e f o r m a r os seus.


P e r d i d o o d a Creacáo; o E d c n de scicncia, o h o r a r i o ,
O j a r d i m c u l t i v a d o , o feito de'consciencia,
Feitoá c o n q u i s t a , a a m o r , m nuca n i n g u e m p e r d e u .
S u H e cobrA-mandada ?—Aos ceus u m S e r p e n t a r i o
L o g o a se c o n s t e l l a r < C h i m e r a s .'—Logo a sciencift >
Crótalos g u e r r e m dois ? — D a paz o cáduceu !
Correccóes d o Deus de h o j e , a ver t a n t o s esforcos
Que o h o m e m faz p o r sair, das t r o y a s e m dcstrocos, i
D'esta prisáo da carne. A r a c h n o i d e a s s e d a s ?
Cerébreos? a r e t i n a ? -O r e s p l e n d o r d o s o l !
Cruz m o r t a l ?—O C r u z e i r o ! A s t o r t u o s a s veredas ? —
V¡as-lacteas nos c e u s ! I'ois b e m , e c a r a c o l ? —
M i t h r i d a t c - a p o t h c o s c ! o c a l c i u m do c o m e t a
F o g u e i r a ao f i r m a m e n t o e os astros p o r vedettas,
«Nada» q u e ao m u n d o amcaca e q u a l t u l m i n a o r a i o
Que á treva fez claráo s o r r i n d o o «treze-mayo«:
Qiiatre-vingt-tra-i' a l l o r e s — c h e i r o d e v i o l e t a s !
A n d a n o s os t r o v o es,* os órgáos dos vu leñes,
R u g i n d o d e C o l u m h i a o h y m n o d o L i v r e e a íú
A q u e Iza be! c h n s t a , q u e a p r e c u r s o r a estrella
E* a u r o r a , é a formosa,'ó a de o i r o a b e n a rosa,
F i r m o u h i n c a n d o a'corga fóra peia janetla:
Que a leuda se c u m p r i s s e ; e era o m y s i e r i o , q u e é
A q u e l l a (irosa deoiro». Heis-the o d u p l o i h e s o i r o :
V i n g a n d o áurea o l i v e i r a ; e n hippódromo de g u e r r a
De a m e r i c a n o horror—Edén de g l o r i a e a m o r .
No sabio Benjamín, no i l l u s t r c héroe D c o d o r o ,
B u s c a m o f u n d a d o r ? Porérn, na rosa de o i r o ,
De W a s h i n g t o n c u vejo a irmá. E* de Isabel,
A inconsciente g e n t i l s u i c i d a , e m i b r m o s u r a
Q u e r a i o u l i b c r d a d e e gloría, e por. v e n t u r a
Revolucáo d e paz; a t i c r e l l a ferr) q u e o a un él.
Que a u m m a r t y r d c g o l a r a , a b r i u ; ella é L i b e r t a s
A n o v a e m g i e , a' que,das t r e v a s s e m p r e iucertas,
Faz a directa luz: da p a t r i a seja. a va,
A dtñda Joanna; mas, de. W a s h i n g t o n a irmá !
E l l o , as l u c t a s vio r a i o ; ella as rbsas de Mayo;
Doce V e n u s de M i lo a triuníphar sem bracos;
Hollé, q u e em. arios de o i r o , ha m o d o e dos espacos
Cae n a voragem; bella a m erica Amazonas, (

M u n d o a n t i g o a ¡Ilustrar co'a H o r d a s novas zonas


Q u a l do C a l v a r i o a f l o r , p o r salvacáo de amor.
Crepúsculos: os mares añilados
E do h o r i z o n t e as verdeuegras margeos;
Azul-ferrete o c c u ; e o plenilunio,
Do d o i r a d b crvstaí desrola a a l f o m b r a
4 fi NOVO KDEN

A meus pos: m a r c h a r e m o s , pois, á g l o r i a


Na áurea e s t r a d a p o r onde eu navfcgava.
— B e l l o espectac'lo c o m q u e a nós recebe
\ n a t u r e z a c m luz: ao longc o b a r c o
Espera. A d e u s aos añilados m a r e s !

Na corrupeáo, pagáo, o mundo-primitivo.*


— Q u e a agua o lave ! — D e u s diz, e arbga d i l u v i a l
A raca d o Assassino. O E b r i o s o m e n t e v i v o ,
M u n d o m e l h o r se gera e m a i s e s p i r i t u a l I
T a l , b a p t i s a d a a térra, eiltáó, a E u c h a r i s t t a •''
D e u s m a n d a e m p l e n a l u z , meridiauo.día,
Pao corpo-sacramento e v i n h o c o r d i a l ;
Rehabilitaváo, m u n d o para christáo;
Já b e m v i s i v e l Deus, q u e c a a l m a u n i v e r s a l .
— M a s , Salan v e n d o á fórma o c o r r i g i r d i r e c t o .
Se poz, a e m e n d a a achar p e i o r d o q u e o soneto:
«Deusnáo p e r d o a r a Adáo. i . a m o r t e é o tramboiháo
«De Deus. O h o m e m , e m b o r a a i r r a d i a r n o m u n d o
«Qual sol vívenle, n u n c a á m o r t e e á. p'odridáo
-Rcsignou-se! c m o r t a l , e m Deus é o v i v o i m m u n d o .
»E a'Salan, m e s m o Job, deu, a c h o r a r , rasáo !
« M a n ; sua c r e a t i n a o a r r u i n o u ! N a t u r a , .
«A' pena d e C a i n , náo á de m o r t e , e i n f i m !•»

Serpens foi morte a dois no Edén das innocencias;


H e l e u r a é vida e m tres no Edén novo das sciencias: '
La; m i r a g e m solar, desfeilo paraíso, .
Serpente, aojos, moríaos, d i l u v i o , a arca, o A r a r a t ;
A q u i , montes c o m r a i / - v i r t u d e , a l l i a n c a , j u i z o ,
J a r d i n s edeneos d'arle e o s a l v a m e n t o q u e ha.
E os anjos, e as mortaes... d o q u e ¡mmortacs, m a i s b e l l a s ,
C a u s a d o entristecer c a d o r , m i s e r i a d'ellas.
Q u e nos ceus náo existe, c aos a n j o s t a n t o i n c a u t a
Que os faz deseer á térra.
E tradicáo se espanta.
Q u e o n d e e r a E d e u é h o j e o lago de V a n , d'Eva,
T r a n s p a r e n c i a d'espelho, onde m i r a r - s e váo:
Mais, q u e ao a m a n h e c e r t e m o v e r d o r de reí va
E o r o m b o i n t e r i o r f o r m a de u m coracáo,
D'onde a r r a n c a d o f o r a o m o n t e q u e além fóra
Se avista c era o paraíso, o mesmo, eá l u z d'aurora
A t e sánguco p a l p i t a . A' face entáo d o e s p e l h o
D'aquella o n d a e s m e r a l d a a n o i v a q u e se m i r a
T e m d o saber edeneo o l u c i d o c o n s c l h o,
Q u e a punicáo fatal e t e r n a m e n t e i n s p i r a ,
Se a g l o r i a i n t e r i o r nao d e s e n t r a n h a a m o r .
* * *
T F R C E I R O DÍA 47

Meditacáo; e m m u d c c e r . D i s t i n c t o s •
U m d o o u i r p os dois paraísos: de i n n o c e n c i a ,
P e r d i d o ; e o de sciencrá, i n a b a j a v e l :
De u m l a d o o l i r i o evano que ausentando-se,
Da fórca-Adáo, f r a q u e j a l o g o , i g n a r o ,
Fragranté; ao- o u t r o l a d o o l i r i o sciente,
Raca de q u e m navega n o D i l u v i o ,
P l a n t a a v i n b a - e m b r i n g u e z , ha l i b e r d a d e ,
Q u e é a estrella p o l a r , d a térra o n o r t e ,
P o m b a co'o verde r a m o de o l i y e i r a
M u n d o novo a m i u n c i a n d o d'cxistencia.
L i r i o a b u r i l , cm m a r m o r e , em diamante,
T o d o cheio'de gráeás e v i r t u d e s
F. m e i g u i c e . a r o m a d o a amor-perfeito,
A ódar-de-fémitia, n mil flores, q u e ama.
Que e m qñajntd a n t e d i l u v i o s passam. m o r r e m :
C r e e r e v i v i h c a sempre.edenco,
Q u e 0 f o r t e é,quc desperta co' as a u r o r a s ,
Setinosos os ceus. sagrados, pernios,
E vivps d o a s t r o s c i n t i l l a n d o os beijos.
Os b e i j o s i n f i n i t o s , se reflecte
Ñas b e l l a s aguas c r y s t a l l m a s d o E u p h r a t c s ,
O Edén, E d e n - H e l e — q u e c\ em n o v o Edén,
N o v a Eva, a i m m o r t a l , que se a l i m e n t a
De VÍda,queá o u t r a náoalimentara,
M a r t a á Sciencia; e q u e vénovinha a lúa
C o r p a d i v i n a q u e a uní só t e m p o a l e m b r a
O h y m e n das v i r g e n * , o arco-de Diana
E d*to i n c i g a as ponetas l u m i n o s a s ,
E os oracóes, q u e náo das a p p a r e n c i a s ,
D'imitacáo, no peito e q u i l i b r i s t a s ,
Porém, os q u e n a s crencas m u í formosas
E m sacrificio estáo...
Náo n'os havendo,
Entáo, o C r e a d o r q u e hajft p i e d a le
Das su as creáturas: q u e ha. sem dúvida,
Entcrncc'endo-as d e s m e d i d a m e n t e
(Batidas clarasd'ovo nos s u s p i r o s
A n t e a d o i r a d a g e m m a das cap'ellasj,
D a i i d o - l h e s prole-eorreccóes r i s o n h a s
Q u e dito sentarás varias sem assemo;
E aos horneas, dos designios seus desviados,
Que n'azas d'alma á c t e r n i d a d e vo'ern,
Nos ceus as a n a o r m h a s de M i n e r v a ,
, Ñas i m m o r t a e s regióes adbjcm. b r i n q u e m ,
D e s u a vez desviando b nial "satánico,
O m a l cárnico, o da h u m a n a i o v e j a ,
A m o r t e , e a feia m o r t e ; p o r q u e ha m o r t e
VOVO KTtV.S

B o n i t a , a das ¿utreras, q u e a b r e m días;


A dos oecasos, noites estrellosas;
Virgens; poetas.
Ora, os r e m a d o r e s
T o d o s de branco, ás m n r g e i i s esperando,
De u m a imuyinaeáo b r i l h a v a : doces
Enlevos'd'alma.c aos ceus, c o m s i g o m e s m o
T a l a n d o a sós: «humilde a t i m e i n c l i n o ,
«O'toda-poderosa. o h ! t o r i n o s u r a .
«Toda estellar e irmá e a r m e n i a ! a q u e l l e
« Q u e ás a r m a s d'Ardcschiruáo se rendéra,
«Rende-se á t u a d i v i n a l i n f a n c i a !
«í.onge o m a r i v r i o de social d e l i r i o ,
«N'elia rCpoísa, oh f b e a t i t t i d e d'alma,
«l.ethcs de a m o r , em q u e p c r d p a f eu v e n h a
«Aos i n t e r n o s do m u n d o !-> Os c o m p a n h e i r o s ,
E q u e o r e s p e i t a m , vendo-o s i l e n c i o s o
C o n t e m p l a t i v o e b o m e áo m e s m o t e m p o
T e r r i v c l , a G r e g o r i o de N a r a g . .
Erramundo.em magismo ouvir stlppunham:
«I.uz—orvalho—diamante! a luz,'que é vida c amor;
«A gotta d'agua á sede: e a p e d r a onde se p o r
«A cabéca e d o r m i r : o u v i u - m e D e u s p e d i r ;
«Nada m a i s ! coisa só ! luz q u e e m onda, condensa;
«'Onda.'., q u e c r v s i a l l i s a e m p e d r a — a coisa i m m e n s a
«No a b y s m o side'ral d este u n i v e r s o . . R' r i r ,
«Quchouvcssea l u z . . . d o sol, d e u m r a i o d a existencia
«Dos astros e, p o r t a n t o , d o a m o r a eterna ausencia
(Jamáis a Tycho-Bráhe e m c h a m m a o Peregrino
Nos.ceusapparecera e d e s p a r e c e r á
M u d a n d o a b e l l a cor, q u a l o dúaíi d'estc h y m n o
Resóarát; ««orvalho' e en sendo v i d a ásjlórcs,
«Tive as l a g r y m a s c u , q u e c h o r a m nossas máes
« E a l j o f r a m no rochedo aos grandes r e s p l e n d o r e s
« O u das revolucóes ñas límpidas m a n h a n s —
«Mas, á.mctarnorphose, a éssa h o r a d o d i a m a n t e ,
«Da pedra onde a caneca eu descansassC amante:
«Traindoos genios de morte... Oh. f u i pedras de m ó !
«Rindo-me espedacei os turónos da vaidade !
• F.u f u i raios do sol ;e sem m a i s t e r p i e d a d
•Povos s a c r i r i q u e i ! sem descansar ! eu só !»

Kolhava. A s r o u p a s náuticas t i c a v a m
N'elle mais brancas, o condá.O'do b a r d o :
(.Ilumina. E n t r e t a n t o , epochas h o u v u
Dos d i g n i t a r i o s sem rasáo d o Pindó,
Q u a i u i o p o r v i n h o néctar fpi m u n i d o
TKRCÍÍTRO DIA

. O v i n h o s o debochc; c pelas Musas


Ás mocas d o inípúdOrj H y r o n s f u g i a m ,
M o l i e r e s , Hugos; e o s apagadores
Do e l e m e n t o de l u z , s e n h o r e a v a m .

Mas, da proa da argéntea galeota,


Q u a l q u a n d o o sol d e i x o u de s e r p l a n e t a
A foeus p l a n e t a r, u m deus ! passando,
Passara ao l e m e de o i r o d o govérno,
Do n i u n d o o náufrago e e t e r n a ! salvado
Pelo e t e r n o p o d e r d o a m o r , Tirídato,
Da tarde c da manhnn fe/-se o tereciro día
D o r m i d a a sesta ao me i o á a r a g e m d o S e n h o r ,
Do sey'traba'Iho a h o r a , oüvindg essa harmonía
Dos mares, t o d a a térra em f r u e t o s e c m verdor:
Vos, pois,que n'alvoradu os días principiáis,
Podéis b e m p r o l o n g a r e sem q u e a d o r m e c a i s
Dos astros os sen.es d u l c i s s i m o s de a m o r ,
T c n d o «la luzáfesia ahí p e r n o i t a d o á sesta.
SO MOVO E D E N 1

«Phrixus et H e l l e , i n s a n i a ! a L i b e r o
. obiecta, c u m i n s y l v i s e r r a r e n t ,
n c p u l a m a t e r eo diéitur venisse. et
a r i e l c m ináuratum adduxisse Nc-
p t u n i e t T h e o p h a n e s íilium, eurn-
q u e natos suos ascenderé j u s s i t ,
et C o l c h o s ad r e g e m ¿Ectam S o l i s
t i l i u m transiré, i b i q u c a r i e t e m
M a r t i i m m o l a r e . Q u o c u m ascen-
dissent, et aríes eos i n pelagus de-
I t u l i s s e t , H e l l e de a r i e t e deciclit, ex
q u o H e l l e s p o n t u m pelagus est ap-
pcllaturn» HYOIN. P A B . I II (/ES-
C H Y L U S o s PERSAS).
5

Bcmavemurados os queteem fomc e


sede dcjustíca. JESUS.

05ttarto rtia
H o r a s d o coracáo: días f o r m o s o s
D e s l u m h r a d o s e m raios d'esplcndores.
H o r a s d ' E d c n — o h , d i a s de paraíso,
S a l v e ! salve.' P a r o u o t e m p o em éxtasis.

P a r a d o ás s o m b r a s d'arvorcs de V i d a
Está nos ¡ardins d'Ara descansando,
O r d e n s de U t - a J l a \ o q u a l - m i n e i r o Arsácida.
Meditava: a l l i perto o j a r d i n c i r o
M u l g i n d o váccas o u r e g a n d o llores,
U m hábil g e m m a d o r de acacias veras
E r h o d o d e n d r o n s v a r i o s ; vía a casa
Boa para m o r a r , a escada b r a n c a ;
E n t r e os da m c s m a edade vía H e l c u r a
U o n v a l c s c c n t c , aos i n c a u t a d o s m u n d o s
Dos q u e háo n o peño a elevaeáo m a g n á n i m a ;
Q HARTO Í)IA 51

D i z i a : o grande a m o r r e d i m e as v i c t i m a s
Dos pequeños amores: já d e s p e n a
Na l i o e r d a d e , H e l c u r a , i n c e n d i a d a
Relámpagos de Deus serás.' existes.
E x i s t i m o s — o h , t u , salvada m i n h a
Das trevas, q u e v a m p i r o s desangraran!,
Javardos a s s a l t a r a m !*Ai q u e m perde
Seu pae na i n f a n c i a ! Da r e f o r m a a g l o r i a ,
Porém, m a i s q u e a q u e nasce e a q u e r e n a s c e —
Oh, q u a u t a f o r m o s u r a ! H c l l e - L i b e r t a s
Náp naufragóu ñas o n d a s c mas surge
D'ellas co'o v e l l o de o i r o , artes vívente
E q u e a defenderá. E m tamo, H e l c u r a
Já náo sae dos c a n t e i r o s vice jantes
C o m S a l g e m m a a rionr e a r a m i l h e t e s
Rosto de arpen do a N n c t h c , vendo heroicas
A mandada feliz; e U t - a l l a h vendo-as'
Irréprchcnsiveis, anda ao rlórco g r u p o ,
O r d e n a , que os e s p i n h o s c o r t e m , v a r r a m ,
Por onde o a s t r o dos ceus r e v o a e b r i n c a .
—Oh ! a cobra mandada !... bonancosa;
F r e s c u r a m a t i n a l o ventre, a l i t a
De l u a r por s o b r e as glaucas aguas, mansa,
D e n t i n h o s a a m o s t r a r táo sem veneno
C o n t r a E u r y d i c e o u c o n t r a o Edén d'Heleura,
Doce n o r m a , t o r t u o s a atravessando
Os t r i l h o s dos j a r d i n s — d ' o n d e surgía
Por i n c a n t o / o. p r a z e r era, a c o r a g e m
Das m e n i n a s q u e ás sestas v i n h a m vcl-a.
— E o qual-mineíro c h e l o d'alma, r u d e
Antes que os a n j o s aos j a r d i n s descessem,
V i u negra vara: Pecan S e e i s m o r t a a c o b r a
(Pois e l l e a v i u a r m a d a c o n t r a H e l e u r a )
F u t u r o d'Edcn. Q u e tristeza ! H e l c u r a
Nem v o l t o u mais.' .V 'dpr d'aquella m o r t e
Qual-mineíro f a l o u , e o u v i r a m todas:
<iE' o perdáo que faz a remissáo;
«Deus náo perdoando, c h a r i d a d e ha Serpens:
«Ai t u , r e p t i l de dpr', que E v a perderás,
«1N0 a m i g o Edén, c o m o es d'este É d e n d e h o j e
« O e l e m e n t o ele a m o r !.,. náo volta H e l e u r a
«Mais ver-te e n e m b r i n c a r ñas flores !»
Rindo,
Sobre a.linda cabeca H e l e u r a e n r o l a a t r a n c a
Q u a l ninho de serpente e e n c r a v a r i o r d'csp Yanca:
Q u a l fosse u m p e n s a m e n t o e m d e s i n c a n i a m c n l o
Dcsdobrou-se o claráo d'iris em rectidáo.
KOVO EDEN

---ReSplendeiava o día: os ares l u m i n o s o s


E llores de jasmins: v a r a m dos h o r i z o n t e s
Niveos p o m b o s — r e l u z ! Dos ceus d e s c o b r i d o r ,
Tirídato os p r e n d e n , eolios p u r o - e s t r e l l o s o s ,
Fúlgur r i n g i r - t r e m o r : ás c s t e l l a n t e s fontes,
Os copos de d i a m a n t e aéreos v i u d o errantes,
A s e d e e m finí p a r n u . Q u e m m a n d a a o n d a de a m o r .
A g l o r i a do D i l u v i o — o h . salvacáo! e m b a r c a ,
T h e s o i r o e u p h r a t c o , ao c e u ! E v o s , r e m e i r o s d a arca,
A.' l u z d o a s t r o p o l a r voga.i a b e l l a ñor

;V mesa virginal já vem sontar-sc


teqme atnbrosíde bebe o p u r o néctar)
Qual-mineíro, do M a r t y r os cabellos,
Do q u e s u r g i u d o i n f e r n o e está na a u r o r a ;
O l h o s p r e c l a r o s d'essa c l a r i d a d e
E m q u e . n o h u m a n o b o m , ve-se o b o n i t o ,
Vé-sc á c h a m m a d o t e r n o , a e t e r n i d a d e ;
Na c o r d o i r i s s c m finí ve-se o I n f i n i t o ;
A f r o n t e ampia; c comeudo e r i n d o j o s denles
A c u c c n a s gloriosas. Doce H e l e u r a
Co'as sanetas torcas q u e e f a m de T e l e m a c o
E o sor riso m o r t a l de q u e m adora,
M u r m u r a n d o náo pr'es¡ta\.., repartía
Com elle osfructos. E n e n h u m corava,
Q u a l q u a n d o p o r d e b a i x o a n d a m d a mesa
L e w anos pés. Dos ceus r e i n a v a o r i s o
Q u e nada t e m e das i r a i c o e s d o m u n d o .
NVopOsento do re i. mora Tirulato,
Q u a l d e u m túmulo de o i r o á l i b e r d a d e ,
Conversa c o m D j o r o k h e o b o m T i g r a n o :
Deus da hospitalídade ! l e a l , d i v i n o ,
N e m p o r ser o p a l a c i o da harmonía,
L de vida e de scicncias o n o v o Edén
C h r y s o l q u e ardentc ao o i r o depurasse ¡
Contava-Ihes; «Fazia o b e m aos homens:
«Ai de nós q u a n d o a nós os e l e v a m o s !
« O u n á o podía d'elles separar-mc
«Dcixando-os táo rasteiros: aos escravos
«Fiz l i b e r d a d e : ar p u r o o n d e e r a a peste;
«Gemia u m g r a n d e i m p e r i o — a i de q u e m o u v e
« O g e m i d o dos h o m e n s ! l ' o l y p h e m o
«Era, q u e ao seu r e b a n h o d e v o i n v a .
Ñingiléhl f u r o i i - l h e o ólho: q u e m a i s n a d a
•(Para o vencer foi neeessario. E o víram
«Medroso aos trambolhócs i r m o r r e r longe.
•A térra aínda r e t r e m e . O r a eu descanso
QÜARTO »U

«D'essa t r e m e n d a luek E r c v o l v e n d o •
«As fezes das nacr.es, b r m a n i i n rieres, >
«Hercules f u i , q u e Ihes hmf;and<> o e s t a b u l o ,
«Sa1vei-as¿u da c o r r u p c a o {^M M^k r&á

«Fnchendo-as de o i r o e de v i r t u d e s . . . P r e m i o s . j

..C.rucíricavam-mc: c e u q u e r e s u r g t a v .
«ContiríuaVa ao b e m d'elles, q u a l descanso
«Nesta verde c o l l i u a f e novo h d e n .
« O n d e ás revolucóes fórcas.eu n a n o ,
«Ouvindo, a m a n d o a v.rgcm m ^ i d a d e v
«Borboletas q u e e s m a l t a n , sobre os ares
«Os m e u s d o i r a d o s p a v i l h o e s d e g ü g ra
„Scimillando s a p p h i r a s e e n t r e os.oosques^
«As c h a m m a s d o s futís.-Fui tosao de oi.ro.
«K triesdiro de a m o r t r a n s p o r t o a g o r a —
M l e l l c náo teme h o r r o r e s d o Hellesponto...
.(Nem áureo A r i e s é s a c r i f i c a d o
«Sus altares de Marte; mas, pací neo,
«Irá com «lia ás g l o r i a s dos vindo.ros .
«Eu e r a a p a t r i a : c c o n t r a m i m s c i g u u a m
«Os i n i m i g o s d'ella e meus h b e r t d s !
«Fuair? Ecmáosaudades d o s q u e c u • '
i m 0

«Dos m e u s ceus, d o s ^ e u s «os, ^ ^ ^ n a m 1

.Ouc nada tecm co'os h o m e n s q u a n d o r e m a m


«Caneando i m p o s m s sobre os nossos tcet.»^
»,E sobre o nósSo páo. A r d e s c h i r , d i z e m . .
«Decapitara a g r a n d e raca: e apenas *
«Se a i n d a a l g u m a c a b e c a e r r a n t e vive,
« \ preco ella anda. Mas, náo e m e n d i g a .
«Só é t V m o s o .o mend-gar Hoincreo
ftD0 Oiro pelo o i r o , os o l h o s cfalnva c o olhos,
«E p-ra Z6Ü0 o q u e A p o l l o d e r a a M ^ » ; s

«E para o dorso de Thersito... u m s c e p i i o .


. T r i s t e desses! desváos, d'entre os g l o n o s ^
a l > D e u s - O m n i p o t c n t e , eis que os W m m ^ :
c
is.
* Mulherr... Só a q u e ¿ érente c c o m a m o r , ao r n u i t c .
«Chbra. em vez de cantar; ere, e m vez de chorar.»
Tiaráuo amando, c o c.ume ate de u m vagalume.
- O n d a do E u p h r a t e s ! d i z , ruáis vale
D j o r o k h cTiz:-Fogo deus! o deus dos h o m e n
— O i r o . s o l i d o fogo: t u d o i e r r a ! . .
— S e TOS roubam,entáo, n e m m a i s c a r i n n o s .
— F de vós q u e h i fkais- abandonados,
- F o g c m t o d o s ! ouvis, c a n t o r D e m ó d o c o . '
- M a i s nada .tendo os l i v r e s q u e r o u b a r - v o s ,
- l - . m i g r a i d'essa p a t r i a '.--Aínda I ""data:
«Poréiii, Deus g u i a a estes ( a r d m s d e Viaa,
«Onde os odios sociaes todos s esquecem:
NOVO KDEN

"Resurgir, ter nova alma, novo peito--


«Nfm ha melhorcs dons que a solitud o
«Desde que faz-'se a luz da Intelligcncia.»
Se as caucasias meninas spirituosas,
Sempre garridas, tanta queixa ouvisscm, '
Oh, quamo náoririam! P o r c i n . surdas
Andavam, co'os saraus muito occ.upadas.
E a n d a m t r a n q u i l l a s , já sem medo, ao incauto
Da soidaodos salóos vastos, e que ornam
Rctabulos da historia, que ao deserto
Rcdobravam pavor, porque as pinturas,
Diziam, quefalavam, que acpnavam,
Táo animadas practicando chire ellas.
Nem ás calmas os passos vagarosos
E a deshoras transvagos, lardos, fundos,
Deus o u Sátan, e a q u o muralhas tombam,
Ao redor d'Eden nao s'cscutam.' -Como
Pavorosa mansáo euphraiea aheuca,
Memorial, quasi-viva, longovissima,
D'onde pedradas contra os que passavam
Chüviam, e r a , pois, o ecuna torra !
Oh, d'alma a rectidáo de luz! doprava-a
O rñeio, social quo a ve desnorte—,
Visóos do olhos sophismos; o comecam
Decompondo a Deus-vivo, amiserando-sc
Das llores, porque rindo desabrocham
E exhalam: «ai, llorinhas, que destinos,
«Que imán demonio assim pelos cabellos,
«Rutilantes no a r t c m - v o s ! ai, Evinhas,
«Que sois da humanidade a gloria, a esp'ranca
«E de Cynthia as cuecnas rosoando
«Seios Ígnitos, tructos cr.ystallinos
•A' hora da queda d'Eden desponctados!
«Moradoras dos reinos gloriosos,
«Dos thronos d'esmeraldas sobro as nuvens:
«Do seio os pombos trémulos steUiferos,
«Se amor logrou p r e n d e r — o scio abrihdo,
«Formáis de scorpióes o ninho, o' virgens !o
Co'o cynjsmo eslcHar Hollé corrige:
«Ci'jrstallinos alientos, quando olharcm,
• Vejam: consicilacáo que além rcsplcúdoi'
«licílo j o t a ! Jehovah.' J o v e com astros
«Rubricando nos ceüs ! amor, o sello!
«A carta, em pranto o coracáo!» E leudo:
«Existencias pre-sentem-se infinitas;
QUARTO Í)lA.

«Aqitam-Sc os virgíneos seios-Edens:


«iñstiuctos divinaes roscos transvagani.»

Vasos, brincos ñas azas, ñas cráteras


F l á m m c a erupcáo de rosas; c o r t i n a d o s
Ccus-dcscendo p u r i s s i m o s e m n u v e n s
D'cssencias paradisias; e os t o c h c i r o s
Giganteos de o i r o na a m p h d á o a r d e n d o
.Dos salóes a l f o m b r a d o s v e r d e j a n t c s
' Campos-clvsios o n d e váo p a r a n d o
G r u p o s das a l m a s b e m a v e n t u r a d a s
Dos héroes i m m o r t a c s , q u e se r e c l i n a m
Nos espaldares mystícos, lentosos
Ñas m t r a g e n s de vago e s p e l h a m e n t o
D'ampla vaga, a m p i o océano c o n c a v a n u o
D i a p h a n o - a m p l a s , retiexas c p r o t u n d a s ,
E lá, ñas s o m b r a s das acacias-veras
Uuzeluzindo olhares refulgentes
S c i n t i l l u l a s f o r m o s a s — o h , as b e l l a s ,
As sempee-doecs b e l l a s , d'otule lora
A térra edenea c onde a i n d a a s s c i i n a m
C e u s de d o i r a d o a z u l , n o s sons, ñas vozes
A i n d a , aínda a r o m a o bdcllío c h a c o r n e l i n a s
Nos t r i n o s d a ave e ha p c r o l a s ñas v i r g e n s ,
D o s sentidos fusáo co'os s e n t i m e n t o s ,
Ceus dos t e i n p o s de D e u s !
Porém, D esta h o r a ,
E m q u a n i o as v i r g e n s , niveos l i n o s dedos, '
C o m frescas alvas s e d a s e os t r a i q a d o s
C l a r o o i r o e c o m retidas, q u a l e s c u m a s
Q u e estáo s e m p r e a l e m b r a n d o G y t h c r e a ,
0 thalamo nupcial sorrindo ornavam:
Tirídato descendo e p r e v i d e n t e
No subterráneo f e r r o - a b o b a d a d o ,
N'cssa alegría r u d e dos j u v e n t e s
G u e r r c i r o s , pracas d'armas e de amores,
A o s nautas que, q u a l s o m b r a s , o s e r v i a m
Por d e b a i x o d a térra, as u r n a s de o i r o
D a v a á g u a r d a . U t c H e l l e , se a p p r o x u n a n d o ,
A voz o u v i r a m d'Ara, q u e a d e m e n c i a
Condemnava Ardcschir.—Alba-donda,
Das c h a m m a s p r o c l a m a r a ao s a l v a m e n t o
H e l e u r a , q u e n o i n c e n d i o era de L u c i t e r .
E a voz p a r o u c m U t . — H e l l é ríndeme
b c i n t i l l o u co'esse g r i t o de a n d o r i n h a
Da c h o r d a d o a r c o ( o r a , U t - a l l a h dobrara-sc
C o m o os arcos l u z i n d o se r e c u r v a m )
Q u a n d o os heroes o v i b r a m : «Vivo! vivo¿w
SC VoVO EJ>EN

Celestial g r a t i d a o : o Arsácida h o u v c e s t r e l l a ,
O i r o , a r m a s , r a i o s d'ella ao d'elle ¡jrftco ingente:
A' i n c r u e n i a v i n d i c t a o p a r a i s a l a r d o r :
U m i d y l l i o reinava, a eternidade bella
ÍCmseu throno'cdcnal; u m doce o m n i p o t e n t e
O i r o d o áureo da a u r o r a c d o q u e h a nos ceus c o n t e n t e ,
Que u m túmulo e n v i a r a a u m reu l i b e r t a d o r .
T a r d e s d o E u p h r a t c s — q u e m d'e.ssc d i v i n o r e u
S'esquecc, d e s c a n t a n d o á p r o a t r i s t e c q u a n d o
A c o r d a r a a m e n i n a a oüvir, a o l h a r ao ceu !
Eonge, os q u e náo s a b i a m , l a m e n t a v a m :
«Ai. a n o b r e c r i a n z a ! a tantas m á g o a s
« Q u e m resiste no m u n d o V é o pac q u e a c h a m a :
«Náo se vé m a i s a argéntea galeota
«Yogando os r e m o s de o i r o , leda a proa;
« O rio. entristecen.»
Mas, q u a n d o víraiu
Fresco-recente a a l t i v a c o l u m n a t a ,
F l o r e o - p u r o o arabesco r c s p l e n d i n d o ,
Da c a r c o m a .lavados os relevos
Que d e n e g r i a m tácitos s o l e m n e s
Sem o r i s o i i h o docc-branco, e os m a r m o r e s ,
C o m o acucenas nos j a r d i n s e s p u m a m
Co'o p r i m e i r o c h u v e r d a primavera,
Na candidez festiva dos noivados:
C h e g o u a vez dos ínvidos m u r m u r i o s
«Paflída i n v e j a podridáodos ossos»
C a n c r o d a h u m a n i d a d e ; e á táodamapSa
Da a l h e i a g l o r i a * os coracóes t o r c e r a m ;
C o b r i u - s e a térra de villóes,d'hediondas
Rans, de sapos,'de harpías p u s t u l e n t a s : •
Antes, porém, q u e a H e l e u r a envenenassem
,Ecom o a m o r q u e háo deuses c e n t e n a r i o s
Aos anjos d'aurea l u z d e adolescencia:
A b r i n d o ¡ts nuvens. a p r e v i n e O r ó m a s o ,
« Q u e é o i n u n d o assim i n e s m o e a q u e l l e o e s p i r i t o
«Da p a t r i a d o Argonauta.»
E v i e r a m sánelos,
Os semideuses do c a t h o l i c i s m o
( T e m p o feliz e m q u e a u i u l h e r hava !]
E h o r a os b e l l o s relámpagos na e s p h e r a
Instantáneas coroas, s u p e r c i l i o s
C o m que.lovc acenava, sáo renexos
Da áurea p o r t a q u a n d o abre á e t e r n i d a d e
Entrando, as almas, g l o r i o s a s , g r a n d e s —
K q u e é m y t h o l o g i a symbo.lómr»rpha
Se náo, dos ceus, .a tcVra opprcssa ás tontas.
OUARTO DIA 57
—-

Antes da luz, do sol christáo sagrado?


Se náo meteorológicas imagens
Inspirando aos mortaes, ou nos descrtos,
Ou através das nuvens, ou nos mares,
Revelacoes de Deus? Sempre os relámpagos
Lembrando o eterno Pantheon.
E vieram
Educar a fraternidade: brónzeo
Charactcr d'encravar dos sentimentos
Do homem, eque ainda ahí está vago e romántico
Sem ter cspVanca em mclhor verbo, h m b o r a
Frci Euthcro luctasse, Torquemada
Queimasse: todas créticas 'stao com duvidas.
Se pelo encinerar, u m pretenderá,
Qual nos tempos heroicos, pelas honras
Gcrarnoscoracoesum melhor sangue,
As sepulturas ao subsolo pútridas,
O trigo d'cssa térra cortamente
Dcu pao de degencracáo. Julgados
Da propria conscicncia, legislaram
Scus códigos penacs E iam andando,
Quando Joáo-Jacques revolucionario
Diz: confíteor; que os mais reformadores
Náo dizem. Porém, serení mesmo «mis deuses»,
Foi, para os homens, do Senhoro catión.
Mas, pretendentes mocos, os mais nobres
E os que co' as moedas das herdeiras sonham:
Deixaram do rondar com serenatas
Que tazem sonho ao.somno das que dormem;
Nem nos cavallos róseos cdoirados
Náo param ñas collinas litteratos
Contemplando saudosos, ou sob árvores
De larga e bellasombra, á prata do Euphratcs
Olhando e a onde, os kiosks florejantes,
Brincava Hollé O h ! como a bcmdiziam !
U i ! co^no agora fálam ! quem ouvisse
Os pretendentes da estellar donzella...
E a r i r e m r i r s c m t o m nem som. E Invidus:
«Oicam, amigos, sólta áo sol olla saltava
«Noscontins do pomar; atropa.na amendocira
«Desequilibra, embala, c a r i r , fructa no chao !
«Farrapos o vestido aos galhos lá ñcava:
«Outras gritam; se zanga e as d e i x a — q u e brejeira !
«E vai-sc nuazinha á paternal mansáo,
«De todos toda vista, e sem recato algum !...
«Fechar olhos... que liz? nem mais eu pensei n ella :
NOVO EDEN

«Ser preténdeme eu?..\ tuV- . nem que fosse Isis bella...


«Trico d'espiga, e diga.» E applaudem.
n
— H u m ! Hum / l l u u m .'—
Orómaso, dos ceus abrindo ás nuvens, olha,
Vé; de Zoroastro %our lustral n'elles gotreja; .
Torna-as nuvens fechar, q u a l q u e m conhecca ínveja.
Quemáis, genios do m a l ! Atropos alma abrolha •
Dentro de vós^ queem nós risonha vos festeja.
E Helle d'entrc o seu mundo, phenix de amor reliz,
A l u z se d'ella emana, é a alegría; esfolha ...
Ramilhetes de Myrto ou corre e infantil bciia
O qual-minciro Arsácida agora em ceus de liz.
Onde, hypocritas, onde a indecencia ? a nudez
De u m astro; ou de Lysisca.o aurivestir dobrez r
A virgent de Musset; de Tácito o carao',
Ou a descaradinha, a luz do lar christáo ?...
Bem haja esta: velita reJuzcntc,
Salvavidas fluctuando nos naufragios
De férreo mar, a urndeus mysterioso/
E Helle, vestida de papae-ab'rc-olhos,
Ao cspelho vissem que m a miñan náo f<>gc,
De oiro o pendáo de galas, que i l l u m i n a m
Pcruleo n i m b o divinal, sincefa
Diz: «Cherubim ás róseas portas d'Eden,
«Novilunio meteoro eu v i caindo,
«Tirídato infermara ao cynthio eclipse:
•Crendo eu no fluido-amor das sympathias,
«Chas das minhas roseiras, charidosos
«Uns vomitivos ponches... fiz mal,doctor?...»
Um accidente no Edcn: assentando-se,
A cadeira quebrou-sc, c a baixo doctor
Machucou o chapéu das cortezias.
— C e u s ! as meninas, cram taes risadas,
Que elle, até entáo suspenso, agora estoira:
«Abrahamus! Abrahamus ! quando, quando,
«Raca maldicta escutarás á sciencia?
«Eu que ao rei desthronado f u i conforto
«E da ülhinha Heleura o guia, o amigo
«Aconselhando á hvgiene ¿'Esculapio:
«Vossa edade eu conheco, herdeira d'Ara,
«Vamos ver... oito anhinhos... treze ?... é pouco !
«Oh, terriveis aslcisdó m a t r i m o n i o !
«Da esposa-rosacu sei... dcixai, crianea,
Aos do facultativo bous cuidados,
1 «Tempus...» Risadas ainda mais selvagensl
I
QUARTO DIA 59

—Porém, divina e carinhosa Helcura,


Ao redor do hombro d'clle u m braco, cania:
—Ama-me a deusa
Que protege aos l i r i o s —

No sabio cerebro as yisoes passavam


Do impiedoso Nimrod e das montanhas
Dcslocadás da térra; da cidade
A arder do T i g r i s com seu rei uas chammas,
E com elle os thesoirose as esposas,
Que de saudades nada lhe ficasse;
Da temeraria torre, sotoposta
A' Babvlonia e a solucar; derruindo
O mundo em confusáo—e que foi quando
A cadeira quebrou-se.
O cao amado
Saltou mordendo a Hellé no mesmo braco.
E ella o sangue enxugando, entáo co'o o p i l l o
Curou do mesmo, e a haver moral profunda
Do guarda do palacio: o afagao Arsácida
Com quem Atthys, o cao d'Ara, folgava.
E nem chorou Heleura.
Mas, philosopho
Vai, gallo d'Esculapio, convidando,
Felicitando: quem náo ama os noivos !
* ? . * . *
Preparam-se os banquetes: áureos vinhos,
Fimssimos aprestos. Demoiselles
Ao desdobrarem ruge-ruges sedas
Discutindo toilettes nqvos-Edens:
«Vai haver premio na fcsia
A' mais modesta...»
— E á mais bonita, já sei:
Oiro?—«Qual oiro.. .«—Brilhante ? —
«Qual brilhante...»
—Entáo c noivo! a c e r t e i ! —
E escutava-as Heleura: c sempre rindo,
Sempre a brincar co'as syilabas dos nomes;
Vendo Ut-allah e o Arsácida a arrumarem,
Gritava-Ihes: obons tilhos, Hutte e T h y r i d c ,
« E m nome de Deus uno, meus herdeiros
• Vos constituo U E os perturbava e ria
Na alegría infantil dos incautados.
E Ut-alla',as máos dos dois ñas máos que aperta: .
«Mais que o eterno thesoiro do universo,
«Heleura, o thcsoirmho, momentáneo
«Da vida nossa, es l u : beija a Tirídato ¡»
Seria H e l e — Q u e m eu s o u ? —
fio NOVO I5DEN
¡

«Está acuccua
«Da pureza das notas de B c l l i n i
*E o sentimento d'esta Natureza U
— D i z e m que estáis p'ra vos casar ?—
«Comtigo !»
— D e u s me livre!—Tirídatio befando
R o m á n roránte ao ecuda abena bocea
De alegría divina: «Semprfc rindo !»
E entáo, severo e meigo, e brandamente
Pondo d'ella n o dedo o annel sagrado
Que lhe dera sua m á e ha hora da morte:
«Deus! Polaris !»> E Helle transhgurou-se
Ante o fronteiro polo qual se torna
Riso de luz cm pedra de diamante;
E a sempre-a-rir menina, eil-a a senhora
Semprc-sisuda e bella e prudentissima.
E Ut-allah, quáo divina os vendo unidos !
— E Ut é o mundo social, ierra que move-sc
Entreos dois, náo separa, mas os prende
Prende, á Norte-polar, Austro-alpha-crucis.
—Conjugava-se o vcrbo-Deus: cu amo ?
Eu sou amado! conñrmavaiu ecchos.
*.¡i • • } '''. \* . *• ' '•
Da tarde c da manhan, o sol no firmamento
Dando luz e calor, a lúa dando luar
E estrellinhas pungindo os beiiós: n'um momento
E' feito o q u a n o día; a sesta ao meio, o lar.
QUINTO DIA fi
'

Nmv m o m , h c r rosy stcps ¡vi t h ' e a s t c n . ' c l i m e


.Advancing s o W d t f i e c a r t h * u h o n c n t peaU,-. .
- _ . , . . hfttf h c r s w e l l m g b r e a s t •
*Niked- niel bis u n d c p t h c flowing go'd . ,
o í h c r mose ¿rcsse/hid... a n d press'd h c r marrón I
W f t h kissós n ,rc; asídc the d e v i l u i r u c d
U

'Vor.envv... M I L T O N . > ! i
ÍK "•í" i ' - ' : •>!•;'•?:¿* " ;
#l

'Ora,'Amor vendo éntao q u e eu o f e r i a v . '


Co-m suas p r o p r i a s ártitas, áprandameiUe ••
;

O l h a i i d o c o m sorrisovme"dizia: :•
ti Maui-me; se- te apraz, bárbaramente;
' «A m'ortc é-me d i tosa n^este día: v n R T | 7

«Eigwci d o i s eoraeóes, m o r r o contente... NON-

tú i m i t o ííiá

l a m tonvando-se a l v a s as coüinas
O n d u l a d a s ao o r i e n t e : ares saudaveis
N a t u r a semprc-joven r e s o i r a v a ; .
S'expaiidiaui os. átomos das. luZes •
ÍÜ E u p h r a t c s prátcimido; e os astros límpidos,
LMamantinisacao. Vida d'Helcura,
. D'cssc i n c o l o r f u l g o r q u e esta r a i a n d o
É m a t u t i n o treme.e rcsplcgiíc*ce .
Ao'risonho t n e a r n a r f u l g e n t e d'elhi;

ibis religiosa do -horizonte


Vei'u, lentos*» 0 vor», e s o b r e a a m e i a
Pofsóu ¡la maiisáód'Ara; ÓUtras tao brancas
V i e r a m p o i s a r a m . longos docemente
Os coljós en'lacando. co'a y i r t u d e
Dos naséenles claróes-uo- ár vcrdcjanics-?- * -
uBóa's novas, H e l e ' candidas aves
« E m nVanhansdc-noivado, boas novas - 1
<

«Dáo das heneaos dos ceus!» Todos estacticos


«2 NOVO EÍ>EÑ

Olhando para o albor, sentí ndo cstayam


Nos raios de oiro, cmanacóes de Lucifer,
A harmonía de Deus déscendo a Ierra.
É os noivos a bebíam co'a dp6üra .
Dos cnlacados puros eolios d'lbis,
O ouvido ao'ouvido glorias transmita nao
(¿uc náosabem dizer-sc: como quando
Em'polidos setius ->s dedos tocam,
Ou do myosotis Uo iris d'onde O genio
Da perfumada residencia rege-nos .
D'csde o bcrco a este amor-fidcl.idado—
Mas, dizer-sc que o symbolo, ojiadinha
'De'um'/orget^nfe-nqté quem governa
Os destinos do-mundo-, e meigos, stavam
Em doce communháo odiando. E Heleura:
•Astro-alegria, divino sentimento
«Echo crystal nosceus entre amarauthos;
' «Peito tiá térra oryalho-amor, sagrados
«Pranios, quando por nossos.paes choramos
• A. magna d o r ! Azues os olbosd'Eva.
«Dizeni,meus, crain-ondas, que ficaram
."•Terra-nrme, de salvacáo de náufrago—
«Doce, doce, quando é papá quecnvia
«Deus infeliz a terra d'esplendores !«_
-

Mas, nos fcsüns do amor e dos prazeres,


Dos lindos roseiraes e u-camo o as dancas,
Dos risos e os aromas c os banquetes, ••
A noite se passára. Náo delirios;
A divina anciedade;venturosa •
A que incendem 'sm era Idas dos diademas
E háo insomnias n8 eburneo-collo as pcrolas,
A existencia das mocas palpita va j
K os mocos, osarau co'o sol lindando
, E elle áhi vindo fatal, «oh / quem da aurora
•NaPodcsse os passos
rósea mesa, retardar
á ctherea f». diziam.
similhanca
Do rosal do Mazis, ao centro, c onde
Os noivos c os amigos se ássentavain
Bcbcndo ponehe-HcIle que inspira crencas:
Duas tochas que ardiain •crystal I i mts
Co'a divindade do natal dos que amam,
Táo sonorosas confundindo luzcs,
Derretendo-sc unidas, consumiram-se.
De Cygnij o astrobinario, Heleura pensa
QUINTO DIA 63

D'ella c o esposo,xonstellando Ut-alla",


. • A ideal conjuiKcáó—ceus, quahta gloria
Na noite paraisal, rioitc d i v i n a ! . • -.
. .— • . • • »..'•••• * , ''~ j " *,

Era por máos de Helcura f c i t o o ponche: >


Hiberio viuho, que exahou Colu-mbus,'
Ou da v i f i h i ^ c m que Noé s'embriagava;
Licúes, que aos.Hippomolgos rraqsl'ormarani
', Nos nuiis'justos dos homens; e agila límpida
' Que a lagrymas paternas similhassem,
' Ou dos rochedos do Deserto. E rindo,
Tomando as prOporc'ócs, cm jarro de oiro
• Oré meas ondas-jorrando oxigenando
Audiencia dava aos sonhos eresperaucas
- No último raidezvous—qyáo bellos foram !
. E á cternagloria •Heleura retiectindo,
, D'cllu o somblaute, quanto.iiuerno luzc,
Transhiz estando ua íeljcidade /
' O inettavel sorriso, ao mesmo lempo
Desgrana e bemaventuranca, doce
A consternar o.-rnundo, o riso noivo!
— O h , q u e m podesse retardar a aurora!
Os órgáos amorosos n'ella estavam
Rosal celeste.ao imaginar b.rilhaudo.
E a lhe e n t r a b a r o Arsácida, auiéigavam
- -Os gloriosos cabellos, sinos de oiro
* Da liberdade os ares resoandoí
«Nova patria! novo Edén sobre a térra,
«Tu vais commigo á eternidade *?>»—Eu vou !—
-

Edén... róseo yiver, .sempre-noiva exisreucia;


Km chammasde pureza e divindade-amor •
A virgen) social: ahi corre um Eden-crelica,"
Após.o esposo a esposa é ser loda-t'ormosa:
E unida se asscntou, do noivo ao lado, a Mor I
T

Sor risos doces 'dos prese*ntínicntos


Quáo penósosrgloriobos ! tal quando Eva,
Ruindo a estrenada abobada sobre ella,
Ao sair d'Eden ria-se p'ra o mundo
Aos grandes di as, da maternidade: '
E vinha o íoíqúe fora incautos d'Eva,
Eera incamos d'líele. Raios cegavam !
. Tirídato, de púrpuras irajando,
. . Do sangue o rcsplendor, era a magnánima
Elor-líoerdadc, da meumórphose
Do reí Ara chrysalida brilhante,
Do homem-icrreno Adáo. D'Eva terrena

/•
6 4
NOVO KDEN*

Chrysulüla éa r i i h h a i c a senhora;
Mas, a ideal meta m o r mosc,. a b e l l a ,
•E' vida-Hele, sciencia é a i n i m u t a v c l
Perfcicáo cstel l i t e r a , q u e aos >ei.os
SMlhimmou: V i r i u d e s'iliuniina.
C o r d'Hcllesponto-cm-luz teias y e s u n d o ,
E r a H e l e u r a o el ara o das alvoradas-
Q u e s'espraianr nos ceus e m q u a m o L u c i f e r
V a i co'a scCntellui p r e c u r s o r a o día . *
I n c e n d i a n d o tío sol. Porém.'iiáo'findam .
Doces spónsac* no. Jeito dos-amores
Q u a n d o a t r o a m clar-ins da l i b e r d a d e
Pelos fühus da g l o r i a . E m g l o r i a o Arsácida*
, Nao perde a guerra., que A r a o"rei f o r m o s c .
. Perderá, "quando tíos i'psaes clasnuvefks
A n d a v a d o Mazisf N á o / a m o n ó n o s ;
; V e d e — d o grande a m o r »s. desposados ,
j Da aecáo e d o i d e a l : a este-Consorcio *,
Decretaran!, a térra e os ceus, v i c t o r i a !
C o m o os alvos encontros d a á/,a' f u j g e i n
No m o m e n t o c m q u e aos ceus I b i s filando
V a i l e v a n t a r o vOo: a árvore edenea,
' Q u e edenisava, se t r a n s f i g u r a n d o ,
Uní r a i o c l a r o - l u c i d o , a l v o r a v a :
..—Quem c o n d e m r j o u á. rñorte a. v i r g i n d a d e ?
— Q u e m , ao z o o n i o p r o c r e a r , os hoiríens'? -
l i r i l h a m os h o m b r o s de c r y s t a l vívente
E o e o l i o a d a m a n t i n o c á f r o n t e e os. bracos
E as trancas,-0*0 a s t r o o rc.splendor, d a noivs
• Ao d i v i n o momento, á gloria!
{, . . •'• ' "' . E n t r a v a ,
Na e t e r n i d a d e ! t r a n s p a r e n c i a augusta ! .
V i r g i n a l saucufieácáo ¡'—Heleura ! *. *
— A s s i m , tenebra a térra, .silencioso •"
E m a m o s t r a r Jesús 'se e o m p r a x i a .
As t r a n s f i g u r a r e s s ' i I l u m i n a n d o , •
Vissenv 'scravos de- Cojear quáo m a i s b e l l a .
- Fulgía a l i b e r d a d e . E o a d o r a y a h i . ',•
... _ * , **f¿$¿-;y"' Nte^ní'j^^^K»»?'v'"r**
D.a t a r d e c da m a n n a n (creados peixes e aves 1

C a r n e s brancas; Deus fez o'día q u i n t o , 1 'envns


>t>ia;d'azas-no azul Voaatdo cthcrCo .do ar:
Nefasto -dia aziago. 5.0 naveganie c ás naves.
Q u e aos R c d e m p l o r e s dá' patíbulo* SKI generis.
Da a ierra" o o r v a l l m e a oí ceus rosas a i r i a d u i r .
SEXTO DIA 65

«Crcscamfeapparecam.»
Propaganda republicana

Edén—oh, promettida ! oh, Ghannaan J dos soiihos


Kdade de oiro I a sesia os ninhos muí nsqnhos.
Todos malfeitos, ceus ! todos de amor perreitos !
O semprenoivo finado e a sempreviva flor.
Casado amor e prole é o templo do trabalho,
T e r r a que o negro arou, vendo da planta o esgalho,
Dos fructos o cair, do estomago o clamor.
Ora, in principio o verbo á genesiaca sciencia:
Náo ser sataneo mal, sendo a lealdade-Deus,
N'esse estado da crenca em clara consciencia,
As térras das manhans alvoreavam ceus
Com a poesia-amór, porque é poeta Deus.
Findava contradanca u m grupo de precoces,
Scintillacóes os pes e os sciozinhos doces, •
Ai limoeiros dos ceus. dinas pnsoes de Deus!.
Fructas d'aurea fructeira, ataá, nanazes, peras,
Qual dentro de u m navio o balancear a re*,
A' proa, a esti, a bombordo, em seus chasse%-croisc¡,
Edenssem Serpens aínda, á adolescencia linda,
Risonhas e géntis, muí serios os perfis
Como ás musas convem, que a Apollo querem bem,
D'entre espinhos a flor; d'cntre as flores, amor.
Clio, divina historia; Erato, ebúrnea lyra;
Thalia, bella masc'ra; Urania, os astros gyra.
Hastcs de luz á leste, c o rír no olhar celeste;
Melithytas-hyblé, mel, vinho, leite e te;
Navalhas d'aco argénteo á roda da i ortuna,
O agave a cstalar do ar, d'auru á sorte importuna-
— E s p i r i t o s azues dos ceus! que ás dores matam
Que o aroma, os soiihos d'alma, aos ceus lhes arrebata
Onde estáis?... «Ondea flor?... diz Zephyro de amor;
66 NOVO EDEN

«Povo de b e i j a f l o T c s (o inconstante
K ' q u e m fala) «onde a v e r d a d e i r a a m a n t e ,
«Esta a l b a - c a n d i d i s s i m a , áureo d i a ?
«Esta a u r o r a l - r u b o r a l e x a n d r i a ? ••
«Oh, edcncacs E v i n h a s lácteos demos,
« Q u e e m fitas d e s e t i m p r c n d c m s e r p c n t e s , I
«Ceus q u e c v a p o r a m , s e d e rosas c o r a m \to j
E os mocos: o porvir da patria ¡uventudc.
A l t i v o s , rectos; mais,. se talas d e v i r t u d e ,
Respeitoós grandes l e i s , q u e v e e m d o a m o r a Deus;
Gentis irmáos,.s.iciaes, c n e i o s d a i n t e l l i g e n c i a
D o t r a b a l h o c d o e s t u d o , essá d i v i n a essencía
Q u e a m a r faz á República -e a d o r a r os.ceus!
A l m a piedosa e boa, e havendo os traeos grandes
Das sociedades h o n r a , e r a m c h a r a c t e r - l u z ,
T a n t o ao r i s o aossaraus c o m o ao s'erguer dos Andes,
C o r a g e m n o c a i r , o u ao s u b i r d a c r u z
Da p a t r i a p e l a g l o r i a aos h y m n o s de v i c t o r i a :
Pois, c o m o 6 f o r m o s u r a asó d i s t i n c t a e p u r a ;
D e h o m e n s , o só b o n i t o é o g e n i o d o i n f i n i t o .
E'só b o n i t o o h o m e m quando. a e s t a m p a
Faz esquecer pelas aecóes f o r m p s a s :
Sócrates, esse e o h o m e m , sol f u l g e n t e ,
C a r a n g u e i j o l a feia. EmPhíladclpnia
Nao raioü l i b e r d a d e c m q u a n t o á a l t u r a
De tocar a r e b a t e o s i n o brónzeo
N á o se despedacara á e t e r n a f o r m o s u r a .

Ouvem?... r u g i r d'cnormc i n c e n d i o n o h o r i z o n t e !
Da térra o e s t r e m e c e r ! d'armas o c s t r o n d e i a r !
Oh, o e x e r c i t o persa !•.. E l a m p e j o u a f r o n t e
Do Arsácida q u e crgueu-sc, e o p e i t o a Ih'estuar
I,eáo p e t r i f i c a d o e súbito acordado-í
E o e d i f i c i o c u p h r a t c o , E d é n d e v i d a c sciencia,
C o m m u n i c a n d o o ánimo a o g a l v a n a r m a g n á n i m o
Nao já lago verde o n d a ; o r a , é m fogáo de c rene a
Já t r a n s f o r m a d o i d e a l , já de v i n g a n c a entáo
Jira m í u ! t o d o r e s b o u ! e de ánimo a t r e v i d o
P o l o a pólo contrário, e a r d e n t e e p e r c u t i d o '
Os m u r o s a p r o m p t o u , c o n t r a o i n i m i g o a aecáo
T e m p l o q u e v i v o assanha a apocalypse c n t r a n h a ,
R c l u z e m os u m b r a c s v i v o s ! v i v a s paredes !
De a r d o r o r e l u z i r ! da g u e r r a o r e l u z i r !
R e l a m p a g u e a v a m d e n t r o espejhos de A r c h i m c d e s
E ante elies se q u e b r a n d o os raios s e r p e n t e a n d o
Láminas d e n a v a l h a , E d é n q u e s'csbandalha,
Subterrco crino b r a m i r . i g n o t o no p o r v i r l
SEXTO DIA

Raios! i r r o m p c o sol, Deus!—Phebo-Apollo entrando


Nos radiosos s a r a u s ! — D e u s ! o d c s l u m b r a m c n t o !
Das salas o claráo r o t o ao claráo s o l a r •
Eléctrico i n c c n d i o u . ' a l m a s divinisandó,
E m polarisacáo a l u z e o s e n t i m c n t o ;
E o palacio iucantado a arder ideal no a r !

—Rucchabah.' Rucchábáh/—de fóra agente a olhar.


D e u s ! a v e r d a d e entáo p e r f e i t a m e n t e b e l l a ,
D o s o l sendo m a i o r d o q u e a t e r r e n a e s t r e l l a
Milháo e vezes m i l t r e z e n t a s / S'evolando
T a n t o s zeros nos ceus e a sos treces, ficando:
« M a n d o b r a m i r os ceus ! q u e r o abrazada a t e r r a !
« T e m p l o de Jaiius, a b r o as p o r t a s ! sou a g u e r r a !» •
B c i j o u a Hellé. R u g i u ! relámpago; p a r t i u .

C a b c c a q u e anda a preco, ao d e s c o b r i r - s e e m frente,


R o m p e r á o r c i i n i i n d e atroz l u c r a r . L u z e n t e
H e l c u r a , a t i e n t a o o u v i u : se fez r a i o , o s e g u i u .
— P e d r i n h a a s t r a l o l h a i , q u e e n t r e assassinos c a i !

L a n c a d a de Jasáo pedra aos dragóes^ Tirídato


Os v i u u n s a o u t r o s maus, se d e v o r a n d o , A H e l l e
M o n t a c m A r i e s i d e a l áureo, c d o I n f i n i t o
A* direceáo l h e diz: «Se l u z ! t e m crenca e te 1»

M e t e o r o f o r m o s o ! o Fogo a b r a z a á a u r o r a !
O i n c e n d i o da a l m a - D e u s ! c o n t l a g r o u Deus agora,
O m u n d o i l l u m i n a d o ! b e l l a auroralvisáo !
— J á Tirídato andava: H e l c u r a e r a o claráo.

Como, apóso failuvio, se formara


O de J e h o v a h b e l l o arco d'allianca
D'esmeraldas, e rosas sobre as nuvens:
O d'allianca das c h a m m a s viu-se a r d e n d o
Após o i n c e n d i o p a t r i o e de n o v o E d é n .
Por sobre novos mundos. L i v r e H e l e u r a
E ó qual-mineíro Arsácida, s u r g e n t c s *
N'essa ditoaa uuiáoda P a t r i a cilenea
Bella q u a l u m solsticio e a L i b e r d a d e
B e l l a q u a l Deus, n o i r i s estáo das chammas*.
E u m róseo m u n d o se apagou n o s ares
CJualde urna face a flor purpura-rosa;
E a térra o n d u l o u p r a n t o s c o m o mares,
Do o l h a r b e i j a u d o a c h a m m a g l o r i o s a
A q u e o m u n d o o s c i l l o u todo c sumiu-sc.
68 NOVO EDEN

— P o r é m , A r i e s i d e a l , lans cstellarcs,
De g l o r i a as l a n s v i b r a n d o l u m i n o s a s
A o través da a v e n i d a q u e áurea abriu-se
A H e l l f i leva. E^balindo n o I n f i n i t o ,
Q u a l c a m p a e t h e r e a l . g u i a a Tirídato.

Já os ceus t e c m coracáo.—Estáis o u v i n d o , o u náo ?

A' n o i t e o u v i das i l l u s o e s r i s o n h a s ' .


Q u a n d o d a n c a v a m anjos q u a l descessem
R o s e o s g a n s o s das n u v e n s — c o n f u f g i n d o

A i ! d e n t r o d'almas ¡ncantadas, d'esses


D'eternidade-Deus, p a i x o c s s u b l i m e s
E m q u e f u m e g a o c e r e b r o dos q u e a m a m ,
Q u e táo depressa o d e i a m ! d e r r o c a d a
Dos coracóes q u e c e d e m d a v i c t o r i a ,
C e d e m da a l m a orgulhosá a bem, d o m u n d o
Q u a n d o os s o r r i s o s v i r g i n a e s já m e n t c m
A o s e n t i m c n t o h o n o r . Lstáo o u v i n d o ?
— Q u a l a de o r y a l h o g o t t a a d a m a n t i n a
Q u e p o r h o r d a i n f e r n a l sendo e s m a g a d a ,
Aínda ao c a m p o h u m e d e c e e v i v i f i c a :
E i s m i n i a t u r a d e urna g r a n d e p a t r i a
O n d e a I o u c u r a d e h o m e n s fez desorden),
Fez m i s e r i a s . . . os Persas 'devoraram
O n o v o Edén d'Hellé, desde os t h e s o i r o s
T é as m u r a l h a s dos l i m i t e s ! o E u p h r a t e s
L á v a i b r a d a n d o - o á térra, aos mares. O u v c m V

D e u s fez o m u n d o á sesta: e a sesta é a saudade;


Q u e m s a u d a d e fizer, esse t e m feito Um m u n d o ,
U m coracáo ao o u t r o c m lacos de a m i z a d e
/Todos os a n i m a e s . D o ecu a z u l - p r o f u n d o ,
Saudade u n i v e r s a l s e m i n d o o C r e a d o r ,
Fez, último p r i m o r , Kva a h u m a n a esperanca
Que estando a o l h a r r i s o n h a aos ceus, c o m o q u e m
Dos ceus Deus m a n d a a Adáo, a l m a á t e r r e n a Mor,
C h a v e de oiro.á Crcacáo. E espelho Deus, descansa
Procedente u n i v e r s o á e t e r n i d a d e - a m o r .
SEPTIMO DIA : «0

F/uma formosa página d;\ historia do mundo a ap-


paricSo'da liberdade na torra... Alhenas ó como u m poncto
luminoso ñas trevas; mas deve, como o sol, íllummaro
mundo... K' antiga tra'diccáo do Oriente, que Saloinuo pos-
suia u m annel em que os anjos'haviarh gravado o verda-
d e i r o n o m e de Deus... E u creio no annel de Saloman;
crcio nos prodigios do verdadeif.o nome de Deus: r a e
Nosso A I M E MARTIN, Educacao das maes de familia,
- «O paco, ou o-povo?» Propaganda Republicana.

«A tua vida á minha gloria insulta !•


Dísse, c como o koridor, descendoa prumo
Dos astros, sobre o lhama descuidóse,
• Pavido o prendc.nas torcidas garras
E sobe audaz onde náo chega o raio...
Voa Itajuba sobre o rei das selvas,
Cingc-o nos bracos, contra s i o apena
C o m Torca incrivcl: ocolosso vérga,
ínclina-se, dcsabá, cae do chofre,
E o pó levanta e atroam tono QS-echos. ^
1
OONC^ALVES DIAS; os TVMB1RAS.

Séptimo dia

Pois... saudade se faca á doce luz da grácil,


Dos descansos de Deus c o amado, Heleura, c teus

Do sahbado, ScnRor,* o homem fe/ o domingo


Diado sol, primeiro á lu¿ tua e'tnihalho, _
E e m vez de trabalhar, descansa á adoracáo !
Mas, principiar orando, c ver da luz ao pingo
Os días da semana, as cartas do baralho
Dominical, e após, segunda, o trabalháo
Día da rúa: c ser em Christo antes que cln Deus-,
Antes que ser emJove ¿ser com PrometbeuS,
I

EDEN

Quec sera humanidad* e u fogo ao coracáo:


Mas, I h e f i c a n d o o errar do perturbar a Deus.
(É que ha mais causativo? oh, o pensamento activo
Estava decretada a softe mclhorada:
Meiamorphose os q u e r e m genios ímmortaes,
Da grande aecáo héroes, áccoes eternas, taes
DeMoysés,de Jesús ¡inmaculado: o c m que hao
Vlimpeza exterior, que u m sacramento, urgía,
O baptismal, e o em que háo coroMs-euchanstia,
Quec transformar o corpo em de virtudes pao;
Em semprevivaHcle, polar que fixa e crfi^
;Emquanto roda a ierra) e ama a revolucao
tirídáio, dos r¿us a luz, em luz de. Deus. ¿
Na hamanidade eternamente rosas
Desbrochando edenaes, raciocinaram
(E mesmo pela causa rebeldía ;
Por que a mulher, do homem divorcia)
Haver sido a m u l h e r , que étíor da ierra,
D o que o homem p r i m e i r o feita; e o homem
Vntao depois (qual sendo o etnereo orvalno
Á q u e abre a-flor) quebrada urna costella
• Que quer dizer eterno desazado
Por ser queda, das nuvens: eloquencia
Que cntendeu a d i v i n a , sendo amada,
Náo dominada como Deus o ordena.
Entáo Cassandra
Nao morreu C l y t i que mentisse
a pelas maos ádeLyra,
Apollo,
Nem d'Echo á t a h a se afogou.Narciso,
Nem, proprios males, c factora Augitu. .

Só, á soidáo universal da térra


E os cabellos crescendo-lhe formosos
— V e i a m Sansáo ! — D a l i l a s suspiravam: .
Ora ía andando o Arsácida, m c a n t a d o
Todo á interior, visáo do raio q u e ouve
Dos ceus. c v i b r a nalifíá.-a c r e n c a d a h m i .
Vencedora do m a l social.
'• E ia cHcv
Ceus! do archimau ty.ranno Cecsai l o u c o
Que das trevas resume todos inonstros,
E m q u a l fascinacáo tomar as armas -
Contra Ardeschir, com que, a Ardcschir c a Ñero,
' Elle predestinado destruirá—
Viu-sc aantithesc a essa hora setazendo
Na Armenia espaco, c mesmo onde íoi Edén,
Para o phanal da luz, sombras oppostas.
SEPTIMO DIA
n
Q u a l u m deus t r i n o , cujo'ceu e.a patria- .
Para a q u a l fosse-o g u i a n d o do I n f i n i t o
N á o m a i s o incandescente h a l o dé luzes,
Mas d o a m o r a acuecna s c m p r c - b c l l a . %

L e v a d a d*Aries i d e a l b a h n d o ,
Q u e de ao través d o a z u l sagrado c t h e r c o
O u v e c s e g u i n d o v a i na térra—
-
D
<-Os Persas
«Incendiaran!, Deus.' o Edén de v i r t u d e s ,
• Das alegrías d a V i r t u d c eterna,
« E q u e etíes náo c r e a r a m , desespero! •
nCinzas !... ao renascer, P h e m x d o i r a d a í
«Creacáo nossa de Sciencia e V i d a ,
nDe q u a n t b t'oi b a n i d o do paraíso
« D o C r e a d o r tío o r c o - m u n d o e os ceus d i s t a n t e s ,
aE E l l e i n v i s i v c l através: c a térra
»Lhe r e f l e c t i n d o a i m a g e m n'essas dores
«Dos cinctos d álvaS conchas;.ñas tristezas
«Vindasdps risos; flores, dos s e p u l c h r o s ;
«A v i d a , d ' H c l a - m o r t c - e t c r m d a d c ;
• Claráo s o l a r A ] u e h a sede dos desertys, , .
«As ambieñes sociacs, o a m o r , a g l o r i a ,
«Os m a r e s de o i r o ; e'os ceus a z u c s - d o i n u l o s
«D'ondeas m i r a g e u s vás d e s a p p a r e c c m ,
«Qual desgracas n o s s e i o s dos a b y s m o s !
«Dareodornizea, tome dos desiertos \ • • .
«Caide,páo c e l e s t i a l , mannácelcstc! •
«Sede! sede I estalai d'Ondaos'rochedos !
'«N'csta c a m e r a ardente, ceus e térra,
«Assobcrbado a todos os terrores",
«Por todas trevas esmagado e o r n o
«Expiando c t i m e s d e unía raca i n t e i r a , \
»De u m p o v o H e b r c u q u a l fosse o r c s p o n s a v c l !»
I r i s fórmava-se; elle dcscánsava^ -
Xonieiavam-ao sonhos— Fngga I h r i g g a r — .
' Do pavilháo as .sombras g l o r i o s a s .
,' De i r i s de fogo e.chamm'.is E s e r g u c n d o , .
E seguindo: « O h , ser e n t r e D e u s e Satán,,
i Q u a l de oppostos p r i n c i p i o s ás .yingáncaa» !
«E o 'abysmo* azul todo ao redor da esphera,
«Astros accesos cósmicos—luz grande,!
«Aonde a-luz v a i , depois q u e «o ar se apíigaí
o'Aonde f o i t a n t a l u z q u e d e s l u m b r a v a ?
. «E echo e m t o r n o á esohera o a z u l a b y s m o
I

72 NOVO EDEN

«Quando Deus. quando Sáian o utravcssam.


«Nem d'um nem d'outro ó o retiñir que eu oico.»

Nos aresruns trebclhos gcniozinhps: . _ ,"


~*Mcninp manco, quem te mancou i
- — F o i a pedriuna.i.
— Q u e c da pedrinha ?
—Está no matto .. fogo queimou...
— A g u a apagón.. .
— Q u e m fogo oceulto n'alma ateiou
Quercm os ceus altar e sacrificios: •
Odin ! Odin la v a i , perdido u m ólho
.' |* • •
E elle, ouvidos tapando, c os pés bem firmes,
Seguindo a linha eterna do occidente:
«A patria ! a patria ! dem-mc a patria m i n n a !
«Ou morro das saudades semprevivas,
«As saudades dos ceus, dos sonhos nossos,
«Dos seios maternaes da nossa térra U
Relámpago das nuvens,d'azas brancas:
Voz d'Heleura gritava—adcante * adeante !—
E seguindo: «Que o Eden,só a patria
«E' mclhor ! esse amor da liberdade
« E m que se fazo bem. Se hontem aínda
«O Cordetro de Deus á cruz subia,
«Luz de aclarar as trevas: das .sciencias
aHojc sáo os arietes formosos
«Que sobem pondo o pe no hombro das trevas.
«Que a luz s'elcve ! Dem-mc a patria m i n h a !»
E o u v i a a Hele dos ceus entre relámpagos:
— D c m ! dem a patria d'elle! do que os Edcns
Mais vale.o patrio lar, ifonde possamos
Dcstribuir beneficios de nossa alma
A's novas geracóes: é nossa a patria
Doce herdadinha só melhor que os Edens---

Chegado ao mar. b r a m i u tempestuoso


Qual as vagas, as náufragas, as loucas
Ncgrcjantes que ante elle s'elcvavam:
'.Deus! Deus! onde haja o mundo quantnseja
«Exccracáo e horror, d'essc ainda ven ha
«A justica dos ceus ! que náo d'hypocritas,
«Náo dos que ao teu Cordciro assassinaram:
S E P T I M O DIA 73

«Mas do inferneo instrumento da vinganca


•Tus* com que ora a humanidade acoitas:
«Partindo os raios da neronea trova,
«Cae por térra Ardeschir, e é livre a patria I
•E morre o homem que tindou seu día,
«Acabou seu trabalho; o meu comeca,
«O trabalho de luz, depois das trevas.»
Táboa de salvacáo. Longe, nos mares
Naufragado baixel fluctuando: elle ouve
Os echos d'innocencia desgracada
E de resignacao divina; os cchos
Que ouviu tambem Heleura ás tardes do Euphrates
Quando os ceus solucavam: Se me salvas
Tambem te salvareií
Sobre o crespusculo,
E n'um ceu de crystal rindo o crescente,
Ebúrnea vela, branca flor dos mares,
Eongc, longe, mais longe; navegavam.
Elephantes das vagas negrejando,
E hcando o horizonte solitario.
No firmamento s'elevou cometa
Aurea sombra dos que seausentam. Pnrtos.
As estrellas desciam e o beijavam:
«Como astílhasda noite sáo farinosas!»
— Q u e importa onde pernoita, onde descansa !
Aondc tem de chegar, eis o que importa:
Gotta de sangue que circula e torna
De novo ao coracáo; o sol tornava;
Chegava aurora homerca rododactyla
E os áureos paos dos cegos entregando,
Entre oiro e risos desapparecia..
«Oh, quanta ilha amorosa! é Sapho e canta;
«Sáo Poseidono cTheóphana, incautados;
«E'a desincantada áurea pendente
«Helena Argiva, eternamente bella
«Como o sao as perdidas da- innocencia,
«Que por Deus voltam conflagrar o mundo;
«A tanta mágoa as rosas desmaiaram.» í
Oh, como a esta hora os salteadores vemos
A's rosoiras retorcem! qual salteando
Os outros ventos dos saraus, nos bracos
Os roseiraes suspensos volteiavam:
Eram doces as músicas humanas;
A natural, que ora oieo, eleva ao homem.
10
Cercavam-n'o diuturnasde meiguices,
A l m a de sol-zenith em plena Grecia,
74
4 ..— r. • •
NOVO EDEN
- i -

Zeus.! logo c m p l e n a A u s o n i a , l u z dé V e s t a !
G l o r i o n i m b o o ródeiando l u m i n o s o
Q u a l n u n c a v i s t o d'anies; visto agora
N"csse i n c a n t o dos céus c i r c u m p o l a r e s ,
A d i z e r c m q u e o m u n d o se acabava,
F.ntre os occasos d'rjc'sperus e as tardes
D'ethereacs violetas. «Dem-iue a p a t r i a !.«!
KVoiiviá-se dos ceus: É" d'elle a p a t r i a
O n d e d e c r e t a m ceus, d ' H e l e - L i b e r t a s /
« E a térra, e os a s i r o s r - s e m p r c ao o r i e n t e
«Volvendo a térra, c ós astros ao occidente:-
«Eis d'onde os i n f o r t u n i o s q u e r e s u l t a i n
«Contrarias dírcecóes.»
1
O i r i s das c h a m m a s .
E á s o m b r a descansando, e l l e eseulava
D o i r a d a s H a r p a s .do- s e n t i r ilo póvo:.
— C o n s t a i i c a , n u n c a me esquceas,
Q u e c u n u n c a te e s q i i e c c r e i — -
Nos róchedos g e m e n d o tristes náufragos;
Nos céus estrellas cheias ele b r i l h a n t e s ,
Oficios de a m o r os corácoes n a i e r r a ;
F l o r e j a v a m edeneas. « Q u e d.'iueantos
•«Ñas i l l u s o e s dos "gloriosos cuines.'•
«Nos s e r p e n t i n o s raios d'enire láminas —
«Ha.' h a ! h a ! áh | d o pe lago os gemidos;
«I)a t r e v a a aecáo; das flores o r i e g r u m e ;
«Das b r i s a s geniaos de vida,a' m o r t e ;
«D'invólta a"espher-á nos azues a b y s m o s
« Q u e a attrucc&ó teem dos sejos b r a n c o s d'iman,
flliem t h e s o i r o s de a m o r t e z o i r a s d'Atropos;
«Ao o r i e n t e o - f u l g o r n a f l o r , c logo
-«A murchidáo: Deus, Sátan! n'um só l i r i o :

«Os atícetos v i v e n d o e m flor, dcstruindo-se «


« E m murchidáo: Deus, Sátan ! d u p l a m e n t e
«A m e s m a h u m a n i d a d e Deus-vívcndo,
«Sátan-morrendo ! c m m e s m a f o r m o s u r a
"Deus á face g e n t i l , d e n t r o v i l Sátan !
«Coracáo róseo, f e f negror: Deus; Sátan \
« C o m o q u e m cae c Como q u e m resurge,
«Eva-Adáo, á Sciencia árvor, de m o r t e ;
«Hclé-Tiridato, á árvore de V i d a .
«Eva, a cabcca . t e n d o i p e q u c i i i n a
«Linda, da Grega H e l e n a ; t e n d o H e l c u r a
«A b r a n c u r a - c a d a v e r j ¡niorta rindo,.:
« U m c r y s t a l d o l o r o s o , q u e dá pena
«Ao coracáo, q u e de c u i d a r sobre e l l a ,
T r a n s f o r m a - a , anima-a á l u z : e eis Deus ao j i c a m o ,
«D'aquella g l o r i a aó amor!» F e c h a va'anorté; '
SEPTIMO DIA

Abría a u r o r a estradas g l o r i o s a s :
E o l h a n d o p a r a os astros: «Se c o n d e n s a m
o As nuvens: sao c o m i c i o s e c o m m o v e m
<iK s'csmagam d y n a m i c a s , dos r a i o s
«A e l o q u e n c i a e m fuzis s u b i t o - e l e c t r i c o s ¡
í-E as c h a m m a s q u e f u l m i n a r ^ ; c o p l a n e t a
«Tremendo á ctherea p a l a v r a d a — C o m o
«Cae d ' i m p r o v i s o o ecu ! c as n u v e n s l i v r e s
«(Dando liccocs á térra». E l l e cstudava-as
Do relámpago á l u z q u e á b e l l a f r o n t e
M o m e n t á n e o a c l a r a v a ; adormecía.
Sonbava: eis I l o r de a m o r t r a c a n d o u m »Í,
A doce «morte»» a q u e tremerá a térra;
D e u m l a r d i t o s o as solidóes e n c h e n d o
Vozes d o Euphrátes,.arcas de harmonías,
E r u c t o s das lafa.hgei.ras i n c a u t a d a s ,
A' aúrea mesa lucífera d'Heleura:
E o d e s p e r t a v a n i genios de v i n g a n c a :
E e l l e a Detis-£reador: «Triste e x i s t e n c i a
«Das luctas c o n t r a os ceus e c o n t r a os m u n d o s ¡
"¡Do u n s d e l e i t e s p r o v i n d o s de N a t u r a
«Nascem h o m e u s , s o f l r e r d a h u m a n i d a d e !
«Ai de Jesús ! da c r u z , c o m p a d é c e m e
«Dando a i n d a o perdáo da h o r a da m o r t e !
«(Eos róseos natos, t o d o - a m o r os t o m a
«Aos bracos Deus e os*tría: entao, f o r m a d o s
«D'EIle. n'Elle yivendó:* f o r m a s d'Elle,
«Dízcmos á esmiigada flor escrava:
«Eia 1 v e m l i b e r t a r a raca t u a !
«E a s c i n t i l l i n h a l o g o i n c e n d i a n d o .
«Dizcmos á i n n o c e n c i a e n l o u q u e c i d a
«Da coreopcap d o t h r o n o : c i a ! d e r r i b a - o !
«pa-lyra-a-uítima-chórda os sóns v i b r a n d o ,
nCaem os t h r o n o s ! — b o u s , q u e a esphera i n v o l v e s !
«Dizemos: ai d'Holc! ouáodesangrada
«E r i n d o n a o r p h a n d a d e ! E surge a p a t r i a ,
«Da scintillinha alevantada bella
«Pedra a n g u l a r q u a l é dochrístia'nismo
«líaptismo c m fogo e o r e v i v e r dos r n o r t o s ,
«EázarusM? leproso o u Magdalena
«Misérrima. Aos h o d i e r n o s l e m p o s édenos,
«As e n a n c a s p e r d i d a s e s o m e n t e
«Ainostrándo-se e m l u z , r i n d o e m desgraca,
«Fazem rcvolucóes na E t e r n i d a d e 1...
«E os radiosos de Deus, resoando, véderós
fl'MáStros que ao p r o c e l l a r d c s a r v o r a r a m ,
«Mas náo q u e b r a r a m . Mas, h a v i s t o o m u n d o ;
«Nao c o m a r t i l h a r i a ; a l u z apenas,
16 NOVO EDEN

«Pelas reaccoes dos ceus, vencer á térra !...


pUns visionarios subditos rebeldes
•Sem ordem regia doutrinando os povos,
((Monumentos da luz de Apollo erguendo,
«Distribuindo victorias como os deuses
«A* liberdade ! c a r i r dos regios thronos,
«Do genio a gargalhada que os derriba,
«Se nao erguemda luz os monumentos .'—
«Eisocrime, Ardeschir, de um fructo nado
•De urna flor, c de Deus-Ommpotentc
«Vívente á imagem. Quanto ha practicado,
«Se lhe agrada¡ de amor e de virtudes,
flDil-o fortuna eos coracóes o dizem
« E m cada peito bom; náo peito ignavo
«Teu, assassino-rei ! Sou prisioneiro,
«Náo de tuas armas, sou d'esta áurea tranca»-
Q u a l de Alexandre ao travesseiroa Iliada
l l l u m i n a v a os sonhos, tal o Arsácida
N'uns de cabellos raiosfulgorosos
A noite adormecía; edeneos sonhos
Astros dos ceus d'Heleura c novos ánimos,
E l l a ao romper d'aurora o despertando,
Elle andava, ao claráo d'ella, á alma d'ella
E o s vindos d'ella, doces pensamentos.
Ardendo a sesta, os arcos se formavam,
De fogo os pavilhoes, que o abrigavam.
Porém afama a percorrer os reinos,
Que tanto era preciso: «Os que o encontrem,
Logo o assassinaráo». E a negra fama...
Do homem a divindade se perderá
No Edén, d'onde por Deus róraenxotado:
Náo sendo cáo, é deus: portanto aos Edens
Volta de novo... De Ardeschir a escolta
Infernal, invisivel, o assaltava:
Luctar co'os invisiveis!... c seguía
O sempre vencedor e do outro mpudo u
Já n'cste astradicoes ouvindo s u a s —
A i , que o rodar constante cío planeta
Fez a loucura a todo o humano cerebro !
— E a negra fama, de Ardeschir a fama
(Deus, que séptimo dia de descanso/)
Fóra pungir ao proprio Ñero ! e eis Ñero,
O khaos, d'onde se faz a luz-Tirídato:
Calcando opé n'aquella treva immensa,
Cresceu e appareceu a Liberdade!
Centenar triumphava a Inconfidencia...
— E humilhado o tyranno, estremecerá;
SEPTIMO DIA

— A n t e as IcgiÓes de G a l b a , s u i c i d a r a .
C o n t e n t e s ceus, o b o n n e t r-hrygio e m R o m a ,
S o r r i a d'esperanca o c h r i s t i a n i s m o
C h e i o de a m o r . E do C a l v a r i o a hostia
Se h o n t e m tora dos m a u s s a c r i f i c a d a ,
E r a agora a m a l d a d e q u e aos i n f e r n o s
Dcscia, p o r q u e u m h o m e m s'elevasse !

• M a d r e térra; aereal l u z - v i d a ; n a Onda,


«No fogo, n o ar, o crear da O m n i p o t e n c i a ;
«Terra vívente a e s p u m e j a r h u m a n a
• E á Divindade resplendciando a espuma
«Das geracoes;eos seculos,carnadas
«De pensamentos a m o n t o a n d o eternos,
«Té f r e n t e á f r e n t e acharase o h o m e m c o m Deus
«Jusüñcando-se, o I n f i n i t o e o fiado,
«O inteligente e a Intelligencia—olhando-se,
«Alma-Creadora e a c r e a t u r a n'Alma.
« E as ¡nvisiveis legioes das t r e v a s
r

« C o m as legioes dos ceus, no h u m a n o c e r e b r o


o F a z c m seu c a m p o d e b a t a l h a c i u c t a m :
• E n a c r é b c n a lucta... n i n g u c m vence
«Ao h o m e m , da térra o sangue c t e r c i a f o r m a
«Perfeitamente a fim de revclar-se
«Ao través d'elle o D e u s i n e o m p r e h e u c i v c l ,
•E claro ahí p r o c l a m a n d o : hó roen s - H o r n e r o s , .
«Aurora e t e r n a m e n t e c o r de rosa;
«Homens-Jesus, e t e r n a m e n t e d i a :
«Volvendo d'estes c e n t r o s p l a n e t a r i o s
•A* roda, no I n f i n i t o , os o u t r o s astros,
«Cada u m claráo segundo a i n t e u s i d a d e ,
«Tanta q u a n t a c m si d'Elle revelaran!,
« E m v i v o Deus os h o m e n s reviyentes;
«E cis a i m m o r t a l i d a d e sobre a t e r r a
«Nos a r c h i v o s da H i s t o r i a resoando.
«Astros ha, q u e se apagam; ha, q u e n u n c a ,
* D o t e m p o e m b o r a os'nevociros, n u n c a
«Se apagaráo.—Relámpagos f o r m o s o s !

«Terra moría: d'alli propulsan! vidas,


«Luzem, d o E t e r n o - D e u s g l o r i a s p r o c l a m a m ,
« E r e c o l h e m de n o v o á i e r r a m o r t a ;
«Ficou aos cchos q u a n t o p r o c l a m a r a n ! .
«E o s o l l r i m c m o ? o g o l p e m a i s s a u d a v e l
« Q u e a fé nos d e i x a dos q u e sáo-nos caros.
«E q u a n d o c h o r a o h o m e m . N a u i r e z a
•Resente-seda grande d o r e t r i s t e
nSc approximoü do peno s o l i t a r i o -
78 NOVO EDEN

«D'onde o l i r i o e d c n a l caiu íbfrindó,


«Mas, como o homem, lilho das delicias
«Momentáneas dos ceus, prende-sc á térra !
• T a l nos mares a espuma sobrenada,
«Proa de ñau que eleva-se ao instante .
«De bater no rochedo: é riso a espuma
« E m que o mar s'csban'dalha hurn'anidadc.
«E a tristeza de Deus feriu minha alma...
— D e m - l h e a sua patria ! só melhor que os Edens .—
«Elle que era a. alegria, o amor, a cso/ranCa,
•Já náo stá mais em mim. F-stou no vacuo, .
«Na viva sepultura: que tristeza
«Quando sem Deus.' E o círculo s'cstreita
«Dos invisiveis assassinos ledos
«Que as esperancas... náo, náo nos mataram.
«Como os memores filhos de Deus forte
«Contra seu pac revoltam-sc b f a m i n d o !
«E alter-se á vida lónga, é a virtude
«D'honra de Deus: que entáo vivamos ! D'alma,
• Ve-se ,a immortalialade de além-tumulo
«-Doce convidativa dos suicidas
«Qué o mundo dcixam: váo-se a Deus-Eterno
«Peregrinos dos ceus, quáo saudosos !
« E m tanta luz as víctimas divinas,
«Luso Néstor, Ncwjcrzco Nazarethno !
«Dcbalde o telescopio ha devassado o espaco;
«Olhos mortaes náo vem os ceus onde está Deus:
«E atravessando a Deus, ou noite, ou sol mormacO,
«Já prostrado o homem diz: Bracos de Briareus,
«Mais sciencias ! trabalhai mais poderosas lentes !
«Comccam, entretanto, os ceus semprc-presentes,
« E m cada homem que os busca.oHele lhe achava Deus.
E os ceus lhe eramcorreio: «Oh, ceus ! ella cmmudece !»
\ nuvcm lampejava; o astro, o trováo falava;
Noticias elle vía, do ceu que á ierra desee:
T o d o o invisivcl mundo, os vivos plainos aéreos,
Pndiga ao imaginar c á dúvida os mystcrios,
Atomos que abriam luz, meteoros que torneavam
O áureo pó do deserto, a «progredir 1» bradavanu,
— T r c v a s na térra e no ar, Libertas!—«Caminhar !»
No abysmo o homem caía. Mais alto resurgía.
«Adcante ! ao lar-Helé ! tem fé no amor c ere /
«Ai de quem náo resurge e que aos'erguer náo ruge:
« H o m e m , homem caí: Deus sou; e resurgí ! .
«Removo a cscravidáo !» Brinde de ponche-Hele
Tcndo o número-raio entre llores de mayo:
SEPTIMO DIA

Q u a n t o r i s o infeliz, a tcr chammas de amor !


Quanta musa perdida, a ter seu trovador .'
Bella revolucáo! Mas, viu-se á liberdade
Trevas re/or migando... oh, a calamidade \...
Náo: no mesmo logar u m astro á Cruz b r i l h a r
Des d'cmáo viu-sc á tarde, u m cravo-noivo olentc,
A fronte adamantina c pura e refulgente,
Que as mács dizem: colhei e áo peito rccolhcí.
Echo viudo d'Helia... Hele que aos ceus s'incanta;
Que á térra vai guiando; e quando desincanta
A térra, o relicario a dar lorca ao Calvario,
Na ubiquidade ideal. Descansa o homem mortal.

Iris de chammas. E Habitantes d'iris


Geniozinhos\le luz, vestidos róseos,
Dando-se asmaos ás máos, rindo cantavam:
—Nos dias doirados,
Nos dias d'infancia
Arfava men yeito
Náo sci se de amor.—
i
nDoccs imagens, como sempre vindes !
«Gumcs de acó vívente com que a ierra
«Vencemos! vejo a coruscante alvura,
• Os eolios fulgorosos arrulhandb
«Glorias do coracáo: transluminavam /»>
Eerro cm braza no peito. mudo-indomito,
Para a estrella polar sempre seguindo.
Scmaphoros. As mais formosas crencas
Em mundos de miragens o levavam,
Entre risos de amor, á Liberdade.
Manhans d'anjos: uns lirios candidissimos
Co'os aromas angélicos'e os risos
O bei¡avam; e desappareciam
%

Como fogem manhans de Venus d'alva.


«Descia ao occaso Marte em bellas chammas;
«Da doce cór de luz dos pyrilampos
«Alúade crystal: á noite andamos.
«Deus cnxofando do paraíso ao homem
«Propriedade sua: á Ltcrnidadc,
«Pelo fructoda queda alevantou-se
«O intemerato, a scicncias. Deus augmenta
«Com c a d a u m homem-Deus. Náo nascc o lilho
«Sem que se despedace a máe formosa;
«Nem surda patria ouviu, emquanto o bronze
«De tocar a róbale náo quebrou-so
«E caiu resoando á Liberdade.

t
80 NOVO KDKM

« D e cada q u e d a forma-sé u r n a g l o r i a .
• Ha, través d'cstcrtorcs, harmonías;
« E das m a n c h a s do sol, os ^esplendores:
«Tortuosas leis, leis grandes d o u n i v e r s o —
« Q u e m vos cdttica á Üvre n o v a p a t r i a
«Se náo V i c t o r i a cscrava-soberana
«Curvando-vos ao solo irradicados.
«Porque améis aó q u e é vosso e q u c ' f u g i c i s Y
« O filho de D a v i d , c m D e u s o u n g i d o ,
«Salomáo, é o m o n a r c h a ; oeleito.é W a s h i n g t o n
•Jesús é o Sacerdote m y s t e r i o s o
• Do coracáo da h u m a n i d a d e : o educa
«N'csse c o n h e c i m e n t o de si proprío,
«Cada q u a l veja o v i d r o e b e m defenda
•O frágil r e i n o seu, n o r e i n o n o s s o —

«Alveo de arcia, onde cstáo tuas ondas?


«Onde a f o r m o s a carne, o' b r a n c a ossada ?
«Deserto o s o l , candentes os rochedos,
«Sérpcntcava c o r a l ; d'azas fíammivomas
«Na a r t e pensando d e e x a l t a r v o l u p i a s ,
«Os c i n n a m o m o s d a v a m melodiosos:
«E pendiam; passaram. S'inclinando
« O s olivaes e m t l o r , ás m e i g a s b r i s a s
«Além d e m a r c a m v e r d e j a n t c s s y m b o l o s !
« Q u e os a m o r e s a l e m b r a m ; rosa edenca
«Todo o h o r i z o n t e d'incarnado e s m a l t a ;
« E o s alvos b u g a r i s , quáo p u r o o a r o m a
«Ao r e d o r d o casal ! a l v a s campánulas
«Ao l u a r argentíferas t r e m e n t e s
«D'entrc a g u l h a s de A d á o n o paraíso
«Floresccndo d ' y u c c a s — a b r a z a v a m !
«Ai as q u e h o n t e m brühavam, f e n e c c r a m :
«Azas d a r o l a g e m e d o r a , a r d e r a m ;
«Scios das A m a z o n a s ; se assentarain,
«Aos festins os espectros m e n t i r o s o s
«Algozes das llórenles, salvas, salvas
« O u dos z e n i t h s nos h a l o s f u l g o r o s o s
« O u das vagas dos m a r e s nos l a m p e j o s
«Bilaminados c e r i l l o s , d o i r a d a s
«Vi'gas, longas serpentes, s'enrolando
«Aos l o n g c s \ l o a r e i a l ; u m g r a n d e b r a d o
«Crystallisou n'um c a m p o de r e b a n h o s —
«Jacob pelas esposas q u e c h a m a v a ,
«Alvas m á o s L i a , os ceus os eolios b r a n c o s
«Incautados de a m a r ; R a c h c l m e n i n a
«Bilha a z u l n a cabcca v i u d o á f o n t c ,
«Os cinctos p u r o s q u a l d o m a r a escuma:
I

SEPTIMO DÍA gl

•Mesa com pao feliz, néctar de gloría,


• Risos dos ceus: nem ha maior banquee.
«Astro binario aos ceus equilibrando,
• As máos de L i a e de Rachel os bracos,
«De L i a os bracos, de Rachel os olhos !»
Ora, foi o caminho retardado.
Da liberdade os prantos esquecidos
Pela causa de u m beijo, o r i r seraphico
E o s dentes cncenaes jardins edeneos
E o puro aroma e a música infinita
Dos risos fe acontece quando amantes
Héroes, revolueóes fazem Icntissimas):
A flor da larangeira fóra o Icito,
A alva papilor.acea o travesseiro;
aHontens formosns, hojes da verdade,
«Já amanhans sao horas de saudade.»
Ai da que delirou . porém. é d'cssa,
Que nao d'F.vano Edén thríons vestindo,
A triste causa da tristeza humana:
Pois o esposo da Argiva que a imitasse...
Náo fóra Troya incendiada. E a Grecia
Restituindo ao lar belleza adúltera,
Base e alicerces alluiu dos lares:
Sóébaptismo cm fu.*o hostia de guacas
A de Naim mais bella. Ao ceu co ;; ra:
E a térra, qual todo-astro o ceu, rebrilha
Preciosas podras, ou metal palpita;
A torra senté,-e ao verde jar s'externa
Troncos, bálsamos, flores, sons; térra, ama,
Lhe é chamma o sangue J^spurijC jando vidas...
— Q u a l da Nau-Argo'o astro iriysteriqso,
T e m pos em grande irrad&Cáo e tempos
Diminuíndo,*e se apagando, e tempes
De novo ao resplandor: assi'm na Historia
Apaga-so o mundano e o homem é sobei ano.
Foi n'csta cotí fu sao dos varios pensamen'os
Aguia quede man han ritavu o oriento e vía
Das horas o destino a cada ignoto dia.
Que o Arsácida andando á nevo, ao sol, aos ventos,
A' interna direceáo do ra ¡o celestial,
. Ou fosse abysmo a térra, ou túrbido océano:
Chegou; a Úrbs entrón. ?e revclavao arcano:
Brilhava a cor do día essa hora do auroral
Quando o sol deslumbrou co'as l u z e s — o claráo
Dogladio de Cherub ante o Edcn-corscáo.
#1
8i NOVO EDEN

No m o n t e P a l a t i n o as dozc a g u i a s v o a v a m
De R o m u l u s nos ceus. Do L a c i u m a b e n c o a v a m
A c a m p a n h a , S a t u r n o , ^Eneas. R o m a e t e r n a
E r a o i m m e n s o topazió, a u n i v e r s a l m a t e r n a ;
D o T i b r e a o n d a sonora e m láminas v i b r a n d o
H a r p a s de brónzea c h o r d a e o C a p i t o l i o echoando;
I n v o l t o o G o l i s e u e m sedas d'esearlatc
I n c e n d i a v a , a l t o o. s o L q u a l pavilháo de M a r t e .
V a t i c i h a y a Deus: de Ccesar e r a m testas
A ' a r m e n i a l i b e r d a d e . Ardía a l u z dasVestas,
De álém dos ceus b a l i n d o A r i e s i d e a l , d'Hcllú
Tirídato escuiava, ao q u e ningüem m a i s eré,"
Q u e e r a R o m a feliz: revoava o b o n c t p h r y g i o
N c s astros, das visócs formava-se o p r e s t i g i o .
N u m a ao h o r i z o n r e , Égeria e r a o c r y s t a l da fonteí
Tremía a Natureza ao vago p r e s e n t i r .
Ñero a c a n t a r n o p a l c o , e n t r e a p p l a u s o s , m e n a l c o ,
E o p o v o e s c r a v i t a d o ' c a b o m córner e a r i r
A o u v i r , t r i s t e c a n d a r a c q u a l da s e p u l t u r a ,
Dos v e r m e s o r o e r , o ¡Iluminar d o i m p e r i o ,
R e j u b i ' a r do m u n d o ao r e s p l e u d o r d e Ñero,
'Splendor de Satanaz, q u e a h o r a da quéda f a z .
Ao banquete reroneo e vasto csulphurante
Náo assentou-se o a r m e n i o b e l l o s u p p l i c a n t e :
Porém, todos ?m pé, q u a n t o á d i p l o m a c i a
R e q u e r e n t r e nacóes política harmonía,
Despediram-s:: o Arsácida a n d a n d o sobre f l o r ;
No t h r o n o u n i v e r s a l íicando o I m p e r a d o r .

V e g a o Arsácida: os m a r e s espumosos,
A vaga novembrál c r y s t a l i i s a r a
Mediterránea: e d o r o c h e d o á r o d a
D'cncontro áSolidáo m u g i a m vagas,
N a u s des t o r t e a d a s se q u e b r a v a m : s t a n d o
O h o r i z o n t e s o n o r o e ¡Iluminado
D o sol, q u e faz d e s e r t o aos ceus dos astros,
E l l e á v o i t a c o n t e m p l a e e x u l t a e m Deus:
• C o m o , da a l t u r a , todos t r e s l o u c a r a m .' :

• Aguias, que á tempestare desaninham,


BA q u a n t o s , quántos v i se d e s a b a n d o
• Persiosdotbanás dos ares.' a l m i r a n t e s
« S e m bussola c s e m norte? e apenas grandes
«D' Eólo o a s i o p r a d o r u . A v i s t a os c u i n e s
Q u e m f u g i u moco, para a g u e r r a , e v o l t a
Brancos c a b e l l o s — m a s , co'a l i b e r d a d e
A'térra. A i Preftéctindo o r a i o i n t e r i o r
( } u e dos ceus v e m d'Helle, s e n t i u s a u d a d e e a m o r .
S E P T I M O DIA 65

Pcciras cantavam;
—Ghegóü Vahaghen
O vencedor !
— R o s t a n ? lá foge
Rostan traidor J
Gloria á victoria
Da guerra-tíor I
Passado era Ardeschir, o tigre a r m e n i o
Dcgolador de todos os Arsácidas;
Nem por máos fóra m o n o de.Tirídato.
— Q u e náo destrüam do passado os marcos,
Os marcos tenebrosos ! mas, fronteiros
Que os novos marcos do porvir s'elevem !
T u d o a se ver, carranca n e g r e a d a ,
O u a recennar chrysites ceus nsonhos.
E chegara dos ceus v i n g a n c a — t raem?
Ai dos ladróes que julgam a República
Re d'elles p'ra scrd'clies loucos publica
Justicada\ a Mác-Pública ! a Mae-Patria \
— M a s , sobre os taes passará aest pe negra;
Edeneo ar p u r o respirai
Atroam ..
Sublime ! os ceus atroam co'o relámpago
O mais formoso de Jehovah na gloría:
Qual se o peito de Lucifer abrirá,
Rompeu-se n'um tria.nglO a estrella d'alva
E aoclaráo matinal viu claro o mundo:
Dos ceus penderam candelabros de oiro,
Luzcs como romans i l l u m i n a r a m .
Viu a patria, asua patria ! a doce patria armenia
Verdejante, feliz, sonora, rindo edenea:
Nao mais os paqos reaes; annel de claridade,
Cínctos de sentimemoa ccrcam, divindade
Muralha das paixóes dos grandes eoracó» s

Que o Destino elevara ao genio vingador:


Homem que ahi se firma, ha gloria .e é vencedor.
Ora, ia a suspirar da interna solidáo,
Quando a esphera moveu-se ao cthereal claráo.
Raio de mel que em raio de Deus fez-se,
Que em trinta e tres milhóes de tempos desee
Vem do lntinito; cntrou nos ceus d'estrellas;
'Sstá no espaco do azul, do sol no disco
E láo resplendescente; está ñas nuvens
De tina prata e de crystal brilhante;
Formou-se o arco celeste—sobre aschamma»

\
34 NOVO EDEN

, ¡ •
Añilando, ella vé do Euphratcs a edenea
O n d a sagrada, l h e s o r r i n d o o s lares;
E m terrá!... b e i j a - a , beija-a, b e i j a - a o Arsácida, •
C h r i s t o de a m o r b e i j a n d o a u m l i r i o p u r o
Q u e d o m u n d a n o pó s'cspanejara.
Grita Hclfi para os ceus: ñÁ voz como a de Deus !»
E e l l e m e i g o a revendo e sobre o peito a rendo:
« O coracáo c h a m m e j a ; I n s s a c o d e as rosas
«Cobrindo toda a térra: o h , c o m o estáo tortuosas !
«Já t e n s o c i n c t o d'Aurca; o l h o s d'onde transí uz
•O a m a r a n t h u d e a l , ao e s t a t u a r i o d o r s o
;

• A'scuas de u m b e i j a - r l o r e o h y a c i n t h i n o estorso,
« F a g u l h a m ! aurc o o ondáo, nos p u r o s h o m b r o s ñus
• Que háo d'arenaccafalVú-ráas d u n a s p a t r i a s , p u r a s !
• Descanso e u p h r a t e o meo, p r a n t o metí e alegría,
« M u n d o de coracáo ! E v a da Creacáo
« Q u e a Deus deu descansar ! n e m Deus descansaría
• Se Ihenáodcssc esposo; c o dando, descansou:
«Da térra a flor, r e q u i n t e c esscncial e san.ue,
•Que e m d o r t o d a n u m i l h a d a , e m g l o r i a s'elevou.
« O p e p l u m . f i r m a m e n t o ázul-pó-de-diimante,
• Que através faz s e n t i r os ceus de u m astro a m a n t e .
« — Das azas de c r y s t a l o l u m i n o s o t r i a n g u l o ,
• Desccndo á térra, ostenta u m l u m e em cada u m a n g u l c :
«O I n c a n t o , o I n c a n t a d o r , e o I n c a n t a d o - A m o r . s

Qual, dircccocs inversas, a g- ande Ursa


G y r a n d o , hélice á p o p a d o p l a n e t a ,
E a U r s a m e n o r , q u e á p o n c t a l u z da c a u d a
P o l a r tixa c s t r e i l i n h a áurea magnética,
T o p a z i o acs ceus, p h a r o l de a m o r á térra:
T a l , da grande Eva e d a pequeña H e l e u r a
Sáo os d e s t i n o s d'inversáo. á quéda
B u t a l . a q u e s a i u p u r a das m á o s dé Deus;
p

Mas, ao r e e r ^ u e r d'esp'ranca, a q u e i n f e l i z se a c h a r a
C o m L u s b e l decaído, e só, e q u e a s a l v a r a ,
E q u e e l l a t a m b e m s a l v o u — d o c e uniáo dos ceus !
Já d i a m a n t e o c a n d o r , b r i l h a v a o astro c r e s c e n t e ,
E allí f r o n t e p o i s a r a o sol r u b r o o c c i d e n t e .

De V i d a árvor*, t h e s p i r o o e t e r n o v e l l o de o i i o ,
Q u e náo sera p o r a r t e o s a c r i f i c i o a M a r t e ,
Hellé se c o n s a g r a r a ao ser m u í bella e a c r e r
No l i v r e m o r a l riso, csse p o r v i r paraíso
Q u e o E u p h r a t e s l h e e d u c o u e éíuz n o p e i t o a a r d e r :
M o r a l belleza o m e t h o d o e as vozes táo doiradás
A n o v a ¿racantando, ás róseas m a d r u g a d a s
NOVO EDÉN 85

Q u a n d o agite chorara, e o p r a n t o ao sol b r i l h a r a :


Coracáo eom a m o r , f r o n t e corrí réspjenddr:
Na h u m a n a m o r t a l trova. H e l e u r a aos seíos d'Eva.
Náo e d u c a r ao l i v r e , é estar sem cidadáo.
Sem v i r t u d e s a m á e . sem respcito.s o anciáo;
A b a n d o n a r o l i v r e . é ¡Ilum i n a r S o d p m a ,
Patria sem léi nem Deus, do Cocsar-Ner» a Roma.

Mas, 0111 fono ados homens dosdrtosa,


Das cin/as Pheut.v surgirá g l o r i o s a . -
lío caduceo da paz, fe i tu com víboras:
..lá d'Helcura o Tirídato tlorescem
Do n o v o Edén o s l a r e s . Já das.sestas
Ñas s o m b r a s incautadas, ella'escuta,
Qh, a doce oracáo dos q u o se a d o r a m l
Rcconhecol-a, c a r i n h p s a s vínham:
i;Mesma bocea, urna rosa c o n s a g r a d a !
:»Mesmos domos, u n s l i r i o s m a t u t i n o s ,
" A candidez dos l i r i o s de y i r t u d e !
< A bocea de verdades, táo Jorróos a
vQuc'sem nunca d i z e r p a l a v r a s torpes,-
«Q«.:e sem n u n c a m e n t i r , s e m p r e r l o r i r a ;
• «Gifcirosa ¡bocea, das f o m a n s o as m u r t a s ,
• Q u e feexiinccád dos t r a i d o r e s decretara
«Victoriosa, c e x t i n g u i u - s c o v a m p i r i s m o .
«Oh, a estacáo d i t o s a da República,
«Da alegría das heneaos e das (lores-,
«Afortunados lares das f a m i l i a s !
"Deus ! mesnios o l h o s , g r a n d e s a m a r a n t h o s
«•Que o r a háo c h a m m a s e cstáo q u a l terrá aurífera,
«As t o r r a s d ' H e v i l a t h , as luminosas'
«Rochosas torras-firmes, occidentes
«Térras de salvacáo, q u e o l h a m a V i d a ¡
«Mármor'branco-sagrado, u m b r o s a s r i seas
«Pureza d o c a n d o r da alva nencetta
BÉ O s e n t i m e n t o d'psta n a t u r e z a —
«Oh, iransfiguracáo !',.. Eva, có'os olhós
«Sempre d o a z u l , m o r r o u , do b a n i m e n t o
« Q u o a Sciencia es mago n; o a tantos m a l e s
Náo p o d e r a m d o i r a r !»
Perdida, Eva b a n i d t i ,
Eva d o paraíso fóra, ó a triste h u m a n i d a d e ;
S e m p r e Hele no Edén-Vida; ó a h u m a n a d i v i n d a d e .
Dos olhos doce.beijo, o os l a b i o s granadino.-.
Mudez c m que s'incanta a e n a m o r a d a flor.
O l h o s d o fixo o l h a r , dos r o u x i n o e s co'os h v n m o s .
Das térras d'Hevilath e do a m a r a n t h o a cór.
S6 SEPTIMO DIA

De V i d a árvore. H e l e u r a á s o m b r a a m a n t e e bella _
Pendo o n o i v o : ao Edén seu náo vá Persa o u serpente,
Do astro p o l a r a l u z em raios flxa á t r e n t e .
Do seu áureo casal: e entáo na s u a e s t r e l l a ,
Arachnída g l o r i o s a e m teia cuidadosa,
Na E t e r n i d a d e está; s e m p r e m a i s b e l l a anula
Da m o r a l f o r m o s u r a e activa p o r v e n t u r a -
C o m o d o a m o r á l u z r e s p l e n d e árvor d e V i d a .
« B o m m o d o ?»Exp"rimentou:«Eu chamo,vcns ?>>—Eu v o u . —
M o d o dos passarinhos.
Viveram calladinhus:
N i n h o s todos m a l feitos,
T o d o s de a m o r p c r f e i t o s .

D o p a r a i s a l d u a n se o u v i s o p o r m e n o r ,
\'ercis r e s u m e t o d o o p o e m a i n c a u t a d o r :
¿alindo A r i e s i d e a l , a el a n d a d e i d e a l ,
S u b i n d o d Agñus Dei e l i v r e , ao e n t r a r nos ceus.
y

L u c i f e r t r i s t e r i u : sendo o p r i m e i r o r i s o ,
Dcsse, D e u s fez m a n h a n q u e c c o m o paraíso
E m q u c s'incarna H e l e u r a . E l l a o ¡urara: «a Deus
«Por t i , q u e es só m a l d i c t o o n d e t t i d o é pendí ció,
«Pedir a Deus eu v o u , a s t r o q u e a H e l e sal vou» !
E á noite c o n f u l g i n d o , a térra aos ceus a n u i d o
A s t r o cadente, a a r d e r d o ar n o a m p i o regaco
Phosplioromomentáneo e m l u m i n o s o t r a v o .
T r a n c a em q u e se repousa o l h a n d o á b e l l a esposa.
T a l u n i d o s p o r c h a m m a i n t e r i o r , lá v a i ,
De Tirídato, H e l e u r a ao e t h c r c a l S i n a i .

O como a viagem fez na tan d'Aries ideal


A' h o r a d a a u r o r a ; e a D e u s f a l a r a e m c e l e s t i a l .
C o n t e n t e e táo q u e r i d a a Deus, H e l e t i r a - V i d a ;
O c o m o p e n e t r a r a a esphera de b a r m o i i i a s
Q u e é de a l é m d a d e l u z , d'essa da /», t>c faed,
E após á e s p i r i t u a l dos v e r d a d e r o s dias,
T é á d a e t e r n a C a l m a , c m p y r e o s C e u s da (jJ'Ucai
O n d e M e l l e v i u do D a n t e a d o c e B e a t r i z
Que a ella c o r r e n , b e i j o u , e a q u e m , o l h a n d o as siluetas,
No relámpago a estar, q u e náo se apaga, d i z :
« A ti q u e náo cegaste c q u e ao Poem i n c a u t a s
«Salve ! salve !» latiréis, D a p h n c l h e tece a g l o r i a

A v í r a m de Tirídato os d i a s da v i c t o r i a
Coroando a altiva Irontc.
NOVO EI>EN

Os ceus d'ésté h o r i s o m e ,
O' M u s a , cámaras ! dos n i n h o s estallares
Hajá o m u n d o a m o r a l d o d u a n d ' E d e n — P o l a n s .

Aos q u e p e r g u n t a r e m , se H e l e u r a e verídica:
D i z e i , q u e c a e i r i g i c sagrada, a táo púdica
A u r o r a q u e r a i a , a intrépida, a l y r i c a ;
A m u s a , d i z c i - l h e s , da nova República.
:
Dizci-lhes : é o gladio yo liado p'ra terra,
,

E a l a n c a co'o p h r v g i o b o n c t p a r a os ceus,
E o b r a c o de T h c m i s — l a c s a r m a s de g u e r r a
Q u e sos r e s i t i r a m das p a t i t a s aos r c u s .

Heleura é a musa seinprc-aurea juvenle


Q u e a o p e i t o c o n v i d a dos ceus á soidáo
I V o n d e ama-se ao m u n d o , d o n d e c-se c o n t e n t e ,
Sem nada h a v e r d'elle ..salvo u m coracáo !

Cybelc coroada de torres—celeste;


T e r r e s t r e : a q u e eleva-se á p a t r i a i d e a l ;
E a q u e de acuecnas c risos se veste,
E edeneo a Tirídato i n c a u t a o casal.

Polaris os olhos das rixas estrellas,


S i n a i s s e m p r e ardentes dos r u b o s c m flor,
Quo ao m u n d o c o n t l a g r a m d'ctcrnas s c e n t e l h a s
Q u e sáo d ' a m a r a n t h o s d o i r a d o s , d e a m o r .

E eu que ao Liífro que voa azas dei do cometa,


Do sidéreo u n i v e r s o i g n o - e s p e c i r a l p r o p h e t a :
O l i v r o q u c náo voa, azas a lhe q u e b r a r ,
A b r o — a v i r t u d c o leia, incantador o lar.

Ergueu-seá L i b e r d a d e o t h r o n o da \ e r d a d c .
Da iustiea dos ceus l o r a a c o n q u i s t a - p e u s .
D u a s vezes l i b e r t o o a r m e n i o p o v o Caz
De g u e r r a o m a r c h e - m a r c h e e m c a m p o a b e r t o á paz.
E a c l a r a d a a conscicncia dos casuistas,
E s t r o n d o s resoavam das revistas,
Do Arsácida á asecnsáo. G l o r i a formón claráo.

Revulucáo feliz, qual a dos astros,


Plores, bencáos: escravos c senhores,
E m justica e a m o r se separando;
Todos, d a L i b e r d a d e á boa v i u d a ,
S E P T I M O T>IA

S u b l i m e s se d k e ú d ó o adeas. A t e r r a
Estremecía ao ver c h e g a d a s g l o r i a s
Das eras, q u e se créu náo c n e g a r i a m .

Vede o formoso incendio ! o resplendor ideal


Da L i b e r d a d e . aos ceus r a j a n d o o N o v c m b r a l !
* *
Da n o i t e de f u l g o r c a b e l l a h o r a de sestas,
C e u s refléctente l u z , o a z u l p r a i e i a n d o , festas,
E* téito o d o descanso, o d o S e n h o r , o día
Séptimo, o c m q u e t e r m i n a ; e do Iv.mem p r i n c i p
O trabalho". e antevé necessidade ás •-
H u m a n a s , ao horf¿Onte ásdefensoras cobras.
l

-—JánUS fechanJo.cu.i paz g l o r i o s o s t e m p l o s seus:


Tirídato houye a H e l c u r a , ó n o v o E d c n de Deus.

-fim--
I •

> i .

ÉL

Vous aimerez peut-être aussi