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Obras do autor
A"' t· ['ave,,,·,. des villes, Édicions Odile Jacob, 1995; ed. por-
metapo rs, ort · .
A,, ta, , /,·s Acerca do Futuro da Cidade, Celta, 1998.
cuguesa: 1YJe r1 0 · . , . .
La République contre la vil/e. Essat sttr l avemr de la France urbame,
I'Aube, 1998.
La Société hypennodeme. Ces événements nous dépassent, feignons d'en
être les o,ganisatetm, I'Aube, 2001, 2005.
Les Nouveaux Príncipes de l'urbanisme. La fin des villes n'est pas à
l'ordre du jour, l'Aube, 2001; l'Aube poche, 2004. .,
Le Mangeur hypermoderne. Une figure de l'individu éclectique, Edi-
cions Odile Jacob, 2005.
Examen clinique. Joumal d'un hypennoderne, l'Aube, 2007.
La Societé évolue, la politique aussi, Édicions Odile Jacob, 2007.
Les Nouveaux Compromis Urbains. Lexique de la vil/e plurielle, l'Aube,
2008.
Colaborações
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novos
princípios
do urbanismo
seguido de
novos •
comprom1ssos
urbanos um léxico
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François Ascher
p10s ·
JT l!il
I!
r an1smo
seguido de
novos
■
compromissos
urbanos um léxico
PREFÁCIO DE Nuno Portas
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Ad-vertência do Editor
Titulo:
Novos Princípios do Urbanismo
seguido de
Novos Compromissos Urbanos. Um Léxico
Título origi11nL·
Lcs Nouvcaux Principcs de l'Urbanismc. L, fio dcs villes n'cst pas à l'ordrc du jour
© Êdi1ions de l'i\ubc 2001 cr 2004 pour l'édition de poche
Tmdurão:
~ largarida de Souza Lobo e Ana Valente
e
Les Nouvcaux Comp~omis Urbains. Lexique de la ville pluriclle
© Edirions de l'Aube 2008
Tmduráo:
Margarida de Souza Lobo
Autor:
François Ascher
Prefácio:
Nuno Portas
C11pn:
Nuno Neves
sobre imagem do Google E.,rch
Rroisáo:
Sandra Elias
ISBN 978-972-24-1670-2
3.• edição 2012
Paginação:
Estúdios Horizonte
lrnprcss:io:
Rolo & Filhos II, SA
Junho 2012
Dep. Legal n.º 345 185/12
'Y
Reservados todos os direitos de publie:tção
tmal ou pare·m1para a I'mgua portuguesa por
LIVROS HORIZONTE LDA
Rua das C ha ' ·
gas, 17 -1.º De· 0 - 1200-106 LISBOA
E-mail·
• · geral@!'1vros horizonte.pt
IV\Vw.livroshorizonce.pt
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ÍNDICE
PREFÁCIO 11
······················································································
Nuno Portas
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, S DO NOVO URBANISMO ....................... .
IV. Os PRINCIPIO . .. ........... .
78
8
1. E1aborar e gerir proJ·ectos num contexto mcerro .. ............... . 79
... z. . . g·iar os obJ'ectivos em relação aos meios ..... .. .............. .
Pnv11e 81
3. Incegrar Os novos modelos de desempenho ........ .. .............. ..
Q)
.r::
(J
cn 82
<! . Adaptar as cidades à diversidade das necessidades ............... .
cn 4 84
'õ S. Conc~ber os lugares em função das novas práticas sociais .. ..
(J,
,- 86
...
íõ
u..
6. Agir numa sociedade fortemente diferenciada .............. ..... .. 88
7. Requalificar a missão dos poderes públicos ......... ............... .. 90
8. Responder à variedade dos gostos e das procuras ............... . 91
9. Promover uma nova qualidade urbana ............... ................ . 92
1o. Adaptar a democracia à terceira revolução urbana ............. 93
AMBIENTE
DESENVOLVIMENTO URBANO
Atractividade
e ......................................................................... . 114
eentras comerciais ······............................... ............................. 118
omércio de proximidade • •e• a• a. a• I t I t I • t ■I eI •II•. I •II II t III t I. III t III• I t f 1 1 f I
120
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Logística urbana 122
•• • • •••• • •• •• ••• • • •• ••••• •• •••• • • ••••• ••• • • •• •••••••••• ••••• •• • •• • f ••
9
Polarização/ polaridades .......................................................... . 123
5"'
a.
(")
GovERNABILIDADE CD
MOBILIDADE
U RBANIZAÇÁO
Densidade urbana. Densificaçáo ············································ 147
Dispersão urbana ................................................................... . 151
Habitat intermédio ................................................................ . 153
Mistura funcional .................................................................. . 155
Moodade social ...................................................................... . 157
Periurbano/suburbano ........................................................... . 159
Ruas, avenidas ................................................ •.. •••••.. ••••••••••... • 161
ENTREVISTA . ,,
''As cidades constroem-se so 6re compromissos .................... .. 171
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Prcf?tcio
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Jcmcnro e aprofundamento da matéria dad
crJmO comp , . . a no en.
. d 95 agora dirigidas a publ1cos mais recentes ou lllen
,;:u<J e 19 , 05
cc,pccializadns.
A~:,1•m :,e 1·unta, com o acordo do autor, aos Novos Pri,icrp,o•
..
do Urbanúmo, de 2001, o recém-publicado Novos CompronziSio;
UrbanoJ escrito sob a forma de um léxico, de 2008.
E'ita edição é também uma homenagem a dois amigos entre-
ramo desaparecidos: ao Autor, e também ao Editor, Rogério
Mcnde!> de Moura, que, infelizmente, não puderam vê-la
irnpre:,:,a.
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modelo formatado e ilustrado da cid~1dc hc.:rd,1c.b 011, ma í i l'cu.:11 •
remente, os de alguns defensores nfio mcno.'l 1111ilat(·nti•; d~,
' (J
sustentabilidade. r,{
.,..
1
A via reflexiva e reformista não nega a.li q11alicbdc1,i 11rhnrn1: 'I
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aso porruguês, além dos receios regionais e
14 N0 e . . , ªPesar
e , l dimensão relanva dos nossos mumcipios .
ravorave d .
da
, a interrnu
... .. alidade raramente eu provas convincentes de 1. ·
(!)
,!;
(.)
mc1p . so 1darie.
(1)
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dade e de aproveitamento das economias de escala para a es _
. _ d" . g tao
(1)
'õ ban a Sendo que nas reg1oes rtas metropo 11tanas (do·
U• ur . . . . 1s terços
e:
...
~ da população e ainda mais da economia) se chegou ao gr
u. au zero
de o-overnabilidade coesa. Nem sequer serviu O recu
D ~~
modelo francês, inrermunicipal (em vez de supramunicip J
a no
caso inglês) que, no entanto, Ascher demonstra, neste livro, ser
também insuficiente para a melhor gestão das estrutura5 trans-
versais ou de coesão.
A noção de compromisso urbano que o Autor aponta corno
condição necessária e imprescindível para manter a coesão social
e a complexidade funcional entre formas mais e menos concen-
tradas, percorre os "novos princípios" e é exemplificada em
diversas situações correntes que comenta sob~ forma de "fichas"
no último livro que entretanto foi editado como "léxico da
cidade plural" e que valoriza esta edição portuguesa.
b
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e o scu Gtpiral fixo fossem descartáveis e a outra, antes única, 15
pudes e ter suportado um século de desenvolvimento sem danos
...,,
maiores.
Aschcr opõe neste livro estratégias real istas cautelosas não o
-
cr,
Ci),,
Q.
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, . duas metápolis do nosso litoral joga-se di _ .
O
16
a unica: nas a a-e1ia
(J d metade da população servida por mais de meia
•
de mais e cen.
... •cípios que por razões dessa lógica eleitoral ern
Q)
r rena d e mun l ' vez
õ m as suas interdependências (salvo em r
rn
c::r d e recon hecere aros
rn
'õ casos) gastam os escassos recursos como se fossem cidades
O·
e
...
('0 isoladas dos tempos pré-modernos ou do interior do país.
u.
NuNo PoRTAS
D
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NOVOS PRINCÍPIOS D10 URBANISMO
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Introdução
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20
ocidentais estão de facto em mutação e entram numa 110
A l , c. d va fase
da modernidade que ve evo uirem prorun amente as forrna
..
Q)
• • A • , •
J
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-
Urbanização e modernização
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22 necessárias à organização da divisão do trabalho
. . e das tr
0 cas
como O demonstra o nascimento conJunto da es .
,_ ' cnta d ,
(1)
.r; tabilidade. Finalmente, a dimensão das cidades d e ª con.
u " ependell d
meios de transporte e d e armazena1nenco» das pes
(/)
~ os
.!!? , . _ soas, e111
o ácular das tecmcas de construçao em altura da g _ Par.
U•
e
l'O
' estao urb
,_
dos fluxos e dos serviços (redes viárias, esgotos água ) ana
u.. , , etc. b
como das exigências de protecçáo e de controlo. , ern
A história das cidades foi assim ritn1ada pela história d , .
as tecn1•
cas de transporte e arn1azenan1ento de bens (b) de ·1ncor .
, u maçoes (')
e de pessoas (p). Este sistema de mobilidade, a que chamam;
"sistema bip", está no centro das dinâmicas urbanas da es . s
> Cflta à
Internet, passando pela roda, a imprensa, o caminho-der
-rerro,
o telégrafo, o betão armado, a esterilização, a pasteurização e a refri-
geração, o carro eléctrico, o elevador, o telefone, o automóvel,
a telefonia, etc. O crescimento horizontal e vertical das cidades
tornou-se possível pela invenção e aplicação destas técnicas.
As formas das cidades, quer tenham sido pensadas de raiz
quer sejan1 o resultado mais ou menos espontâneo de diversas
_dinâmicas, cristalizan1 e reflectem as lógicas das sociedades que
acolhem. Assim, a concepçáo das cidades antigas expressava
mais particularmente os preceitos religiosos e militares que
constituíram. as "justificações" primordiais das cidades e dos
grupos sociais que as habitavam. Num mundo pouco seguro, as
cidades medievais refugiavam-se atrás de muralhas e organiza-
van1-se em corporações à volta da praça do mercado, das ata·
laias e dos campanários, expressando espacialmente, numa
muito grande imbricação , as solidariedades e dependências que
. d sociedades
caracterizavam as populações citadinas no se10 as
· d des moder·
feudais. Mais tarde, o desenvolvimento das socte ª ,
, · ' concepçao
nas foi progressivamente imprimindo novas log1cas ª
e ao funcionamento das cidades.
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Agir hoje no campo cio urbanismo requer uma compreensão 23
fina das lógicas em jogo na sociedade contemporânea.
z
o
<
o
(JJ
"'O
a.
É: habitual caracterizar as sociedades ocidentais contemporâ- o
e
..,
neas pelo qualificativo de "1nodernas" para as distinguir simul- C"
0J
:J
taneamente de um passado mais ou menos longínquo e de cii'
3
o
outras sociedades que funcionam em registos diferentes. Mas
esta noção é demasiado vaga e pouco cómoda ou mesmo ambí-
gua. De facto, é difícil datar o início dos "Tempos Modernos"
que se instalaram progressivamente e de diversas formas nos
vários países do Ocidente europeu e mais tarde na América.
A noção de modernidade foi também usada em contextos e
perspectivas que a tornam por vezes suspeita de abrigar um pro-
jecro hegemónico do Ocidente ou que a culpam por apresentar
ambições demasiado funcionalistas cujos danos pudemos com-
provar, nomeadamente no urbanismo.
De facto, é mais correcto falar-se de "modernização", uma
vez que a modernidade não é um estado, mas um processo de
transformação da sociedade. Poderíamos mesmo dizer que
aquilo que diferencia as sociedades modernas das outras socie-
dades é ser a mudança o seu princípio essencial. Por certo, mui-
tas outras sociedades conheceram e conhecem evoluções, têm
história, mas não se organizam colocando no centro da sua
dinâmica de funcionamento a mudança, o progresso, o projecto.
Pelo contrário, é a tradição que constitui o seu princípio essen-
cial e são as referências ao passado que fundamentam em geral
as suas representações do futuro.
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entes da modernização
24
&oo~~ .
. ação é um processo que en1erg1u bastante a,
A mo d ern1z ltcs
I
..
Q)
.e
, d ue classificamos de 1noderno. Ele resulta da irlt
do peno o q " . . , . ,. . . ' e-
o , d t ês dinam1cas soc1oantropo~og1cas CUJas tnarc
Ili
ci: racçao e r . l as
Ili
'õ encontramoS e
m diversas sociedades, n1as que, ao entrarem e,
n
O•
..
e
t'0 ,. 1·a na Europa no decurso da Idade Média dcra,11
ressonanc
u.
origem às sociedades modernas: a i ndividualizaç:ío, a racionali-
zação e a diferenciação social.
Podemos definir a individualização, etn primeiro lugar,
como a representação do mundo feita não a partir do grupo ao
qual pertence o indivíduo rolas a partir da sua própria pessoa.
o uso do "eu" em vez do «nós", ou ainda a invenção da perspec-
tiva, que se impuseram progressivan1ente no fi1n da Idade
Média, ilustram perfeitamente este processo de individuali-
zação. Falamos igualmente de individualização para exprimir as
lógicas de apropriação e de do1nínio individuais que progressi-
vamente tomaram a dianteira. sobre as lógicas colectivas. Assim,
as sociedades modernas separam e reúne1n indivíduos e não
grupos.
A racionalização consiste na substituição gradual da tradição
pela razão na determinação dos actos. A repetição d~i lugar às
escolhas. Isto pressupõe preferências e projectos individuais e
colectivos; estes utilizam os conhecimentos resultantes da expe-
riência, os saberes científicos e n1obilizan1 as técnicas. A racio-
nalização é uma forma de "desencantamento do inundo" porque
imputa às acções humanas e às leis naturais o que outrora era
atribuído aos deuses.
A diferenciação social é um processo de diversificação das
funções dos grupos e dos indivíduos no seio de uma mesma
soci~d~de. Ela é largamente estimulada pelo desenvolvimento
· e soei"al do trabalho, a qual resu lta, P0 r sua
da divisão té cnica
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vez, da dinâmica da economia de mercado. A diferenciação 25
produz a diversidade e desigualdades entre grupos e indivíduos
2
e gera uma sociedade cada vez mais complexa. o
<
o
Estes três processos alimentam-se reciprocamente e produ-
...,,5'
IJ)
zem sociedades cada vez mais diferenciadas, formadas por indi- (')
ii'
víduos que são, ao mesmo tempo, mais parecidos e mais õ'
C/1
o.
singulares, com escolhas mais complexas. o
e
..,
É certo que a individualização, a racionalização e a diferen- cr
0l
::J
ciação não são exclusivas da modernidade; foi porém a sua iii'
3
o
combinação que, em circunstâncias históricas particulares,
desencadeou a dinâmica da modernização criando-se uma espé-
cie de ramificação na qual o "mundo ocidental" se envolveu por
volta do ano 1000. Nunca antes qualquer outra sociedade tinha
conhecido esta conjunção, nem entrado nesta espiral de "desen-
volvimento" específico da modernidade.
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ar um lugar central na sociedade eco .
, · passa a ocuP
cecn1co " . ,, " d " «
nst1-
26 dos-providencia. E a segun a ou moder .
tuem-se os Esta n1-
,_
QJ
.i:
dade médià' •
CJ estas épocas corresponderam modos de pens
(/J
<( A cad a uma d ,. , ar
(/J
. tores dominantes e concepçoes de poder, represen-
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CJ·
e de cnar, ac , .
e:
Cll
,_
,, da soc1e
taçoes • dade , critérios de eficac1a, formas
_ de organizaça·o
u.
e obviamente, princípios e modos de concepçao e de organiza-
ç~o do território. O estabeleciment~ da primeira e da segunda
modernidades efectuou-se progressivamente, mas a amplitude
das mudanças ocorridas nas diversas esferas da sociedade provo-
cou crises de toda a espécie: económicas, sociais, políticas, reli-
giosas. A concepção, a construção e o funcionamento das
cidades não escaparam a estas transformações e a estas crises.
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é, que diz respeito a um campo específico integrando valores e 27
técnicas novas pronta a mergulhar nas referências antigas, mas
2
permitindo-se também novas liberdades, nomeadamente com o o
<
o
barroco. C/J
e.
rências dos seus criadores à tradição não são actos repetitivos o
e
...
mas reflectem escolhas racionais com diversas motivações. Esta C"
tu
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. ,1 >rindJ>Í<HI q11 · f,m1m c•;r·ahclc.:cidrn, na in<l' .
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' a parnr dos fin:11s do s6culo xrx ar · ravés
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lc.:v:ll'fio ao excesso.
N:i dd:ide da n.:vol11<;:ío ind11strial :l mobilidade das pessoas
d:is inf,Jrm:H/>es e dos htns gnnhn igualmente um novo lugar:
mai.,; importan te. A primeira ncccssic.bJe é, com deito, adaptar
:t.ci cidades tis cx igé11cías c.fo produçáo, do consumo e das trocas
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urbanos foi decisivo para tornar possível a expansão dos territó- 29
Scanned by CamScanner
e Haussmann, Cerdà, Sitte, Howard e, claro L
30
nomead a.men t . , e
. e inimpelidos, apesar das diferenças que os di .
Corbus1er, rora ,, __ Sttn-
... mesma preocupaçao de adaptaçao das cidad 1
Q)
.e guem, por es ta . . . es <t
()
1/) . d d • dustrial As cidades e o ur ban1smo conhece
c:t socie a e m · ram
1/)
. verdadeira revolução quando comparados com
'õ
U•
assim uma as
e
...
«I cidades e com as concepçóes arquitectónicas e espaciais da pri-
u.
meira revolução urbana, conduzindo, in fine, a um urbanismo
fordo-keynesio-corbusiano - expressão de uma racionalidade
simplificadora com o seu planeamento urbano, os zonamentos
monofuncionais, as estruturas urbanas hierárquicas, adaptado à
produção e ao consumo de massas, com os seus centros comer-
ciais, as zonas industriais e as circulações rápidas e, também, de
uma concretização do Estado-providência com os seus equipa-
mentos colectivos, os serviços públicos e a habitação social. Esta
segunda revolução urbana não eliminou totalmente as cidades
preexistentes, ainda que em França tenha sido bastante radical,
desde as destruições maciças de Haussmann às "renovações
bulldozer" ocorridas entre os anos cinquenta e setenta. De facto,
muitas vezes o espaço construído e os cidadãos revelaram capa-
cidades de inércia, de resistência e de readaptação. Assim, uma
vez mais, as cidades demonstraram capacidade para sedimentar
as diferentes camadas da sua história, isto é, a sua função de
palimpsestos: pergaminhos que não mudam mas acolhem
sucessivamente escritos diferentes. Porém, até as partes das cida-
des antigas que foram materialmente preservadas sofreram
transformações profundas e já não funcionam da mesma forma
que anteriormente.
A cada uma das duas primeiras fases da modernização cor-
respondeu uma mutação profunda da maneira de conceber, de
produzir, de utilizar e de gerir os territórios em geral e as cidades
em particular. A Europa ocidental já conheceu, portanto, duas
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revoluções urbanas modernas. Podemos assim lançar a hi pórese 31
_ agora que se desenha uma nova fase da modernização - de
2
que as mudanças que hoje se esboçam no urbanismo prefigu- o
e:
o
rem uma terceira revolução urbana moderna. (/)
"'O
::i.
:::l
C")
"O
o
(/)
e.
o
e
...
C"
e:.,
:::,
L Scanned by CamScanner
II
A terceira modernidade
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e das suas certezas, e que se desembaraça das formas de pensa- 33
mento messiânico ou providencial que caracterizavam ainda a
2
ideia moderna de progresso. De certa maneira tornamo-nos o
e:
o
verdadeiramente modernos cada vez mais depressa. De facto, o (/)
...
'"O
a.
Entramos assim numa terceira fase ou num terceiro episódio da o
E MAIS DIFERENCIADA
A modernização reflexiva
A racionalização, que é um dos três processos de base da
modernização, continua a marcar de forma cada vez mais pro-
funda todas as acções individuais e colectivas. Ela conduz a uma
"reflexividade" da vida social moderna que se pode definir como
"o exame e a revisão constante das práticas sociais, à luz das
informações que dizem respeito a essas mesmas práticas". Dito
de outra forma, já não se trata apenas de utilizar os conheci-
mentos anteriores a certas acções mas de examinar em perma-
nência as escolhas possíveis e de as reexaminar em função
daqüilo que começaram a produzir. A "reflexividade" é a refle-
xão antes, durante e depois ...
De facto, cada indivíduo, assim como cada colectividade,
é confrontado com um número de situações e de circunstâncias
individuais e colectivas cada vez mais diferenciadas e mutáveis.
Isto tem dois tipos de consequências. Por um lado, é mais raro
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es possam recorrer a uma experiência dir
34 que os ac tor . ., ecta do
mesmo a um saber operativo Jª constituíd
passad o o U . o Para
...a, e. t ruma situação, pois esta tem cada vez menos hip,
.e
(J
emren a ., . . Oteses,
C/) estatísticos, de Jª ter acontecido ou de se r
e! em termos epetir
C/)
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adaptação dos meios para u1n determinado fim. Estas teorias 35
deseinpenhara1n um papel-chave no desenvolvimento das ciên-
2
cias que serviram como pontos de apoio da informá~ica; tive- o
<
o
ram també1n uma influência muito importante no campo da 1/)
..."C
economia prática e do planeamento. 5'
n
-õ'
O progresso das ciências cognitivas abre igualmente hoje, õ'
C/1
e.
directa ou indirectamente, imensas perspectivas e por vezes um o
Scanned by CamScanner
O rinleiro erro dos pós-modernistas foi provaveI
36
• terpretado esta divers1'dade c1ent1
p . 'fi ca e teór' Illente
terem m_ tca cotn
..
Q,)
~
. d ' dor de un1a crise da razão moderna quando est
m 1ca
O0
es estud
CJ
Ql
4:
sobre a incerteza, a complexidade e o caos constituíram de f: os
Ql , . E " . acr0
'õ de Se nvolvimentos notave1s. sras novas racionalidade ,, _
t.>- . _ s estao,
..
c
Ili
u.
efectivamente, no centro da modern1zaçao reflexiva. A noção d
fe edback por exemplo, central na maioria dos estudos . e
' ~~
ficos que acabámos de mencionar, é assim uma noção-chave
para a acção reflexiva. O feedback é un1a retroacçáo que permite
modificar aquilo que precede pelo que se segue. É um disposi-
tivo de regulação das causas através dos efeitos que implica um
conhecimento e uma avaliação permanentes dos efeitos das
acções. Está na base das abordagens incrementalistas e proces-
suais que revolucionaram muitos domínios de estudo e, em par-
ticular, as relações entre estratégia e tácrica, a gestão das
empresas, o planeamento. É um elen1ento dos métodos ditos
heurísticos que procedem por avaliações sucessivas e hipóteses
provisórias para permitir agir estrategicamente em contextos
cada vez mais incertos. Cada acção baseia-se numa hipótese de
resultado; a análise do resultado de cada acção permite então
afinar ou infirmar essa hipótese. A qualidade e a velocidade de
retorno da informação são decisivas e geram novas técnicas
de reporting que vão ben1 111ais longe do que os "painéis de ins-
,
trumentos de bordo" habituais. O conhecin1ento já não e5ca
separado da acção, esd na própria acção.
A sociedade do risco
Paradoxalmente, de certo modo, em relação ao projecc~
1 . e
moderno o desenvolvimento das ciências e das recno ogias
, f .
tam bem um actor de risco. Na verdade, o nsco e um
, conceito
.
. é aqui1o
mo derno que deve ser distinguido do perigo. O perigo
l
Scanned by CamScanner
que ameaça ou compromete a segurança, a cxisctncia ele urna 37
3
o
O risco cresce com o processo de modernização pois os peri-
gos e ·o conhecimento que deles podemos ter aumentam.
Por um lado, com efeito, as tecnociências pelos instrumen-
tos com que elas municiam certos actores privados e públicos
criam novos perigos de que são testemunho os problemas
ambientais actuais. Certamente que, ao mesmo tempo, outros
riscos são controlados. Porém "o risco zero" é um horizonte
que recua quando se crê que nos aproximamos. Além disso, os
riscos localizados e pessoais dão lugar a riscos cada vez mais
alargados ou mesmo planetários. O próprio desenvolvimento
dos ·,meios de comunicação e de transporte amplificam a sua
divulgação e conhecimento. A distância espacial e temporal
entre as causas e os seus eventuais efeitos também aumenta,
recolocando de uma nova maneira a questão da responsabili-
dade e da ética.
Por outro lado, o risco aumenta porque o conhecimento
reflexivo transforma a inconsciência dos perigos, a incerteza ou
aquilo que era outrora considerado como a vontade dos deuses
num futuro que em parte se pode conhecer e eventualmente
dominar; o avanço das ciências dessacraliza e "desnatura" assim
os perigos e transforma o destino, o contingente, o acaso, em
objectos de conhecimento, em realidades potencialmente
Scanned by CamScanner
, .. O aumento considerável do "nível,, de d
3S inensuravc>1s. . . . ~ . e Ucação
. •enrífica e da 1nfot maça o difunde socialrn ,
d,l cu ltur.1 c1 . . ente est
. , A sociedade traduz assim cada vez mais as e
knomeno. . . suas difi_
. d os seus rnedos e a sua .insegurança em term os de tts-
culd,\ es,
.
.::o .J ·t em tennos de pengos que ela deverá ide .
~- cos ou se < , , • nt1 6car,
e
~ . e oerir. Isto da onge1n a novos saberes especial· d
~
u. rned 1r ., . . . tza os
(a cindínica ou ciência ~o pengo, a n ~k-management, etc.),
a dispositivos cada vez n1a1s presentes na vida quotidiana e novas
regras de acção, con10 o princípio da precaução, por exemplo,
que se deve aplicar quando os especialistas se declaram incom-
.... petentes ou entram em desacordo .
Os riscos são, portanto, construídos socialtnente e apoiam-
-se no estabelecimento de normas específicas. Eles estão cada
vez mais no centro da vida de cada um e do debate público num
mundo moderno que não pode evitar os perigos mas que pode
tentar decidir aqueles que ele aceita e a que preço.
Scanned by CamScanner
possível escolher individualmente os lugares e os momentos das 39
suas com u n icaçiio e das suas trocas.
2
O crescimento das possibilidades de acção e de interacçáo à o
e::
o
cn
distância espacial e temporal é tal que os indivíduos podem ter
a impressão de estar em v~hios lugares e cm vários tempos em
~-
"O
:::l
C')
-g:o
simultâneo. Um scnrimcnco de ubiquidade e de multitempora- cn
e.
lidade acompanha assim um duplo processo de "deslocalização" o
.,e
e ele "desmscan
. .
tane1zaçáo ,, . O"
tl)
2.
A deslocalização traduz-se concretamente pelo enfraque- cn
3
o
cimento progressivo das comunidades locais. Evidentemente,
isto não significa o desaparecimento de toda a vida local, das
relações sociais de proximidade, elas escolhas locais; contudo,
o local j,i não é o lugar obrigatório dia maior parte das práticas
sociais nos diversos campos do trabalho, da família, dos lazeres,
da política, da religião, etc. Todavia, os novos instrumentos de
transporte e de co1nunicação abrem as possibilidades de escolha
em matéria de localização da resid1ência e das actividades e
mudarn a natureza do "local": este já não é herdado nem
imposto, mas entra nas lógicas reflexivas, em decisões tanto
mais complexas quanto mais as pessoas ou as organizações dis-
põem de meios para se deslocar e telecomunicar. Isto não deixa
de pôr problemas de coesão social, pois estas lógicas de relacio-
na1nento podem gerar novas formas de segregação.
Scanned by CamScanner
I constroem as decisões é tnais complexo tant
40 qua se . ,, A • o os ind·1 ,
'
Scanned by CamScanner
Uma diferenciação social cada vez mais complexa 41
o.
efeito das fases precedentes de internacionalização da economia o
:?
o
se efectuar através da organização de processos de produção
à escala internacional e por uma mobilidade generalizada.
A globalização, ao associar sociedades locais diversificadas num
mesmo processo produtivo, reforça a diferenciação social com a
diferenciação territorial. Contribui igualmente para a diferen-
ciação cultural porque, num mesmo movimento em que ela
parece de certa maneira "homogeneizar" as práticas e os estatu-
tos difundindo por roda a parte os mesmos objecros, as mesmas
referências e quase os mesmos modos de organização, a globali-
zação alarga também, de maneira inédita, a paleta na qual os
indivíduos, os grupos e as organizações mergulham para fazer
as suas escolhas e desenvolver as suas especificidades.
A diversificação social transforma igualmente as estruturas
familiares e o seu funcionamento. A família-tipo, do casal com
filhos, que constituía a referência económica e política domi-
nante, é hoje minoritária. Mas mesmo as famílias tradicionais
são cada vez mais diversificadas, pois cerca de um quarto dessas
famílias são famílias "recompostas", induzindo uma estrutura-
ção familiar cada vez mais complexa que os demógrafos e os
juristas têm dificuldade em qualificar com crianças que têm até
oito avós, sem contar com os meios-irmãos, os falsos irmãos e as
quase-cunhadas.
Scanned by CamScanner
diferenciação opera-se também pela diversificação d .
42 A . ~h~
, . d vida Os ciclos de vida, outrora marcados por l
tonas e · .A • a gurnas
... s fases mais ou menos 1dent1cas para todos co h
.e
C1)
t)
grand e . . . . , n ecern
1/)
• episódios cada vez mais variados, 1nclus1ve com O r
4: h oJe . etorn0
1/)
o
t),
ao ponto de partida, com o regresso dos Jovens adultos ao dorni-
e:
...n:I cílio parental depois de uma experiência de descoabitação ou
LL. 0
regresso ao celibato dos divorciados. A diversidade aumenta
igualmente em virtude da aceleração das mudanças dos modos
de vida e dos sistemas de valores. Antes, cada geração reprodu-
zia mais ou menos os usos e costumes das gerações precedentes
nas diversas fases dos seus ciclos de vida. A aparição do fenó-
meno dos teenagers nos Estados Unidos no pós-guerra pôs em
evidência o enfraquecimento desta reprodução intergeracional.
Hoje, numerosos observadores consideram, por exemplo, que a
proximidade intrageracional dos adolescentes é mais forte em
muitos domínios, e em particular no lazer (música, desporto,
leitura), do que a proximidade intergeracional no seio de um
mesmo grupo socioprofissional. É certo que as desigualdades
sociais subsistem, algumas aumentaram mesmo, mas para uma
parte cada vez maior da população trata-se de diferenças de grau
e não de natureza e não se agregam para formar categorias
homogéneas. De facto a amplitude das variações de preço da
maior parte dos objectos de consumo aumentou muito
chegando, por exemplo, a mais de um para cinquenta como no
caso do automóvel.
A mobilidade social é o corolário da diferenciação. Aumenta
muito lentamente, mas os indivíduos têm trajectórias de vida e
práticas quotidianas menos determinadas pelas suas origens
sociais do que antigamente. A sua socialização inicial pelo con-
tacto com o meio dos seus pais perde a sua importância ~m
relação a formas mais alargadas de socialização onde os rnetos
Scanned by CamScanner
de comunicação, de inform:,ç:in e de dt.'ilocn~:fio r~rll 11111 p:1pd
cada vez mais signific:nivn. 1-;'.src prncesso :1hr:111gt: l;~11cgori:1,c;
7-
extremas como os jovens dos s11ht'1rhios 0 11 o.e; jovcw; do.'i h:dr'l'O,'i 0
r.:
ricos, cuja soci:lliza\~fto é m:1i.c; r s1Ti1 iv:1 t ,'ic n.::iliz:1 c111 {.'.<>1ll'cXl'oS
~
?.
1nais homogéneos. ::i
o
-õ'
A mobilidade física das pcsso:1s e da i11forn1:1~;:ío p:1nidp:1 o
cn
o.
também de forma acriva na di fcre nciaç:ío social. Fl:1 é, ao 111cs1110 o
Scanned by CamScanner
,. d e afirmam por vezes os políticos, os laços soe· .
44
contrano o qu . . , tais
" ram" Claro que certos 1nd1v1duos e grupos
não se rompe · . _ . so-
... . . ,. d'fi uldades graves e un1a franJa nao negltgenciável d
Q)
.r:.
c1a1s tem 1 e a
(,)
,., sta' excluída do 1nercado de trabalho e encontra-
(/)
4: popu1açao e . ,. . . e se
(/)
'õ
. "d'1s fili'ada''·
assim e ,
é certo que a d1stanc1a entre os 1na1s ricos e os
(,),
e:(ll . po br·es também atUTlent.ou en1 praticarnente todos 0 s
...
u.
mais
países desenvolvidos e que a sociedade conhece surtos de vio-
lência e de incivilidade. Mas esta1nos longe de cair numa ano-
mia maciça ou de cair na barb.frie. Pelo contnirio, as exigências
de segurança, de civilidade e do Estado de direito vão mais no
sentido do crescimento. As sociedades ocidentais, neste
momento, parecem prosseguir a sua modernização sem sofrer
ameaças essenciais e sem que surja qualquer alternativa radical
verdadeiramente credível. 10 mesmo não é evidente noutras
sociedades que se encontra1n em verdadeiro processo de disso-
lução: seja porque se encontram brutaltnente 1nergulhadas na
globalização e porque conhecem de forma acelerada e acentuada
dramas semelhantes aos que a Europa conheceu nos sécúlos XIX
e xx, seja porque estão excluídas da globalização e se afundam
em fomes, guerras e doenças.
Scanned by CamScanner
ao lado das mesmas pessoas. Com a transição da comunidade
aldeã ou da vila para uma sociedade urbana e industrial, os laços
z
o
entre indivíduos mais diferentes entre si diversificaram-se, mul- <
o
til
tiplicaram-se e começaram a especializar-se. Todavia, nas cida- ""O
::i.
:::,
des, nos subúrbios e nas povoações do século XIX, o vizinho era ~.
"2.
ainda muitas vezes um colega, urr1 amigo, um familiar, um co- o
til
a.
-paroquiano ou um companheiro de luta. Hoje, pelo contrário, o
e
..,
a vida nas cidades desenvolve-se a uma outra escala e a coinci- CT
0l
:!.
dência das diferentes esferas de relações sociais é cada vez menor. til
3
o
Os vizinhos são menos frequentemente os amigos de infância,
os colegas, os pais ou os amigos. Cada indivíduo relaciona-se
com um número crescente de outros indivíduos, cada dia e ao
longo da sua vida, dentro e fora do trabalho; ele escolhe um ou
vários cônjuges sucessivos, os seus amigos, os seus vizinhos. Uti-
liza nas suas relações uma gama alargada de meios: o uso das
telecomunicações permite diversificar as formas das suas inte-
racções e o automóvel tornou-se a principal ferramenta para os
encontros face a face. As relações económicas e técnicas sociali-
zam também os consumidores através do uso de bens e serviços
comerciais: a nossa alimentação quotidiana, como os objectos
que utilizamos, são muito largamente produtos concebidos e
distribuídos por multinacionais; a menor das nossas actividades
está assim inserida de facto numa multiplicidade de relações.
As relações sociais foram de facto extraordinariamente mul-
tiplicadas. A sua natureza é diversificada e apoiam-se em modos
de comunicação múltiplos: trocar mensagens na internet e
encontrar-se no café são com efeito interacções qualitativamente
diferentes. As relações são igual1nente muito mais "fracas" do
que antigamente e mais frágeis também. Em compensação,
é muito mais fácil estabelecer outras novas. É a "força das rela-
çõ_es fracas,,. O tecido social constituído pelas relações sociais
Scanned by CamScanner
46
contemporâneas muda assim de textura. É cada vez mais con,_
posto por uma multiplicidade de "~os", muito finos, de todos
...
Ql os tipos, que não lhe dão menos solidez mas muito mais subti-
.L:
t.)
C/l
<t leza e elasticidade. Constituído por fibras diversas é também
C/l
'õ
t.),
social e culturalmente heterogéneo.
e:
...
(1l
u.
Uma estrutura social ent rede
As estruturas sociais que emergen1 hoje, baseadas em laços
fracos e muito numerosos e entre organizações e indivíduos
muitas vezes afastados uns dos outros, são de tipo reticular.
A sociedade é estruturada e funciona como uma rede, ou, melhor
como uma série de redes interligadas que asseguram uma mobili-
'
dade acrescida às pessoas, aos bens e à informação. É a generaliza-
ção desta mobilidade que torna obsoletas as estruturas areolares
antigas baseadas em processos de "difusão,, limitada no espaço e
sobre áreas de mobilidade restrita. Esta organização em rede gera
de facto uma nova solidariedade, no sentido em que cria um
sistema de interdependências entre indivíduos. Depois da "soli-
dariedade mecânica" da comunidade aldeã e da "solidariedade
orgânica" da cidade industrial, emerge, assin1, uma terceira soli-
dariedade, a solidariedade "comutativa", que põe em contacto
indivíduos e organizações pertencentes a uma multiplicidade
de redes interligadas. O desafio para a democracia é, portanto,
o de transformar esta solidariedade comutativa, de facto, numa
solidariedade "reflexiva", isto é, numa consciência de pertença a
sistemas de interesses colectivos.
L
---
Scanned by CamScanner
trabalho, a família, o lazer, a vizinhança, a.li organizaçfü.:.li religio- 47
:::.
-se as primeiras dissociaçôcs, mas ainda se .'iohrepunliam em ::J
e,
-§:o
grande medida. Hoje, as suas intersecções sfto cada vez menos (/)
a.
numerosas; formam uma csp~cic de "folhado" .'iodai e sfio os o
Scanned by CamScanner
"textos-campos
· sociais". Passam de um campo a 0 Utro s .
48
ndo-se seJ·a telecomunicando. Quando um ern , eJa
d es1oCa ' pregad0
...
(1) telefona para a sua casa do seu local de trabalho, de cerro mod
.r:
(.) " ,, o,
rtJ
<l: ele muda de texto .
rtJ
'õ Os diversos campos sociais são de naturezas diferente A
CJ•
e: · par-
...
(ll
u.
ticipação dos indivíduos em cada um deles pode ser m .
ais ou
m enos voluntária, durável. As interacções podem aí ser e ,
cono-
micas, culturais, afectivas, recíprocas, hierárquicas, norrna~
lizadas face a face, escritas, faladas, telecomunicadas
' , etc.
Os campos são de escala variável (do "local" ao "globar') e rnais
ou menos abertos. As redes que estruturam estes campos podem
ser em estrela, em malha, hierarquizadas. E os indivíduos fazem
code switching, isto é, tentam fazer malabarismos com diferentes
códigos sociais e culturais para poderem passar de um para 0
outro.
Esta metáfora do hipertexto permite igualmente renovar a
identificação e a análise das desigualdades sociais. Com efeito,
os indivíduos não dispõem todos, por razões diversas mas larga-
mente explicáveis pelas suas histórias sociais, das mesmas possi-
bilidades de construir espaços sociais a n dimensões ou de passar
facilmente de um plano social para outro. Para algumas pessoas
o "folhado,, de redes está completamente esmagado: os seus
campos económicos, familiares, locais e religiosos sobrepõem-se
muito consideravelmente. Assim, os excluídos do mercado do
trabalho não são geralmente multipertencentes: habitam na
maioria dos casos nos subúrbios, vivem de uma economia
"informal" local e não encontram habitualmente senão pessoas
do seu bairro. A possibilidade de se deslocar numa séri~ ~e
campos abre potencialidades que não são igualmente aces~ive~s
a todos. Esta multiplicidade pode também trazer a certos indi~
I ~~ª1
viduos problemas psicológicos complicados e tornar
Scanned by CamScanner
constituição do seu « eu" . M as a sociedade hipertexto renova
49
profundainente as modalidades de constituição do social como
identidades pessoais. z
o
<
o
(/j
'"O
::::!.
::,
o
a.
o
Scanned by CamScanner
. ,,dos sectores que pareccn1 deixar a \)roclt .
50 em d etermu1·• lÇao
·a1
maten para outros_ e para o resto do mundo - e que sf\
"'- con-
...
(1) cen eram nas I1ovas
, · cecnolooias
" atraindo capitais e ncssoal
r ,
qt1al'1_
.e
u
1/) ficado de todo O mundo para assegurar o seu desenvolvimento,
<t
1/)
'õ Esta nova "economia cognitiva" aparece como a expressão da
U•
e:
...ltl fase contemporânea de modernização no domínio da econo-
u.
mia. Dito de outra fonna, a economia cognitiva esti para a
"sociedade hipertexto,, e para a "so t·d ·dd
l anc a e comur:uiva11
-- Scanned by CamScanner
ordenamento do território. Entrou progressivamente em crise 5 ·1
'"O
:::!.
:,
zação que tinham assegurado o crescimento da produção e da n
-g:
produtividade atingiram os seus limites. As receitas keynesianas o
1.11
o.
tornaram-se contraprodutivas nas economias mais aberras; as o
e
....
intervenções dos Estados-providência tornaram-se demasiado O"
Q.)
:,
dispendiosas e geraram toda a espécie de efeitos perversos. vi' l 1
3
o
A globalização, a aceleração dos movimentos de capitais, as
políticas de transferência das regulações para os mercados não
fizeram senão aumentar as incertezas. O conjunto destas evo-
luções convergentes pôs em causa as formas fordo-keynesianas
do industrialismo. Os seus dispositivos, baseados no desempe-
nho por repetição (a rotina tayloriana e o consumo de massa),
sobre racionalidades simples, moldadas segundo um ideal de
prcvisibHidade (a programação e a planificação linear), entra-
ram assim em crise, uns após outros, juntando-se ainda à inse-
gurança e à instabilidade criadas mais geralmente pela
dínámica da modernização, mas criando de igual modo as
condições para o aparecimento de uma nova forma de econo-
mia mercantil.
Scanned by CamScanner
. da informação e dos procedimentos
52
conhecimentos, . . . 0 desen.
. d ta econorrua inscreve-se no processo d
volv1mento es ,. . . e tnoder.
... . ~ ta' em ressonancia com o aparecimento da 50 . ,L
(1)
J;.
n1zaçao e es c1e~de
(J
cn
<t hipertexto. .
cn na verdade, de uma economia cada vez ma·
"õ Trata-se, 1s refle.
U•
e: . mobiliza sob diversas formas o progresso das e·,· .
...
ta
u.
xiva que . enCJas
, ·cas·
e das tecn 1 · através do desenvolvimento de máquinas ,L
caua
vez mais sofisticadas que integram muitas tecnologias da infor.
mação e da comunicação (TIC), pelo emprego de uma mão-
-de-obra globalmente cada vez mais qualificada e cujas tarefas
são cada vez menos repetitivas, pelo recurso a métodos de gês-
táo que exigem uma informação rápida e abundante para fazei
frente a incertezas cada vez mais numerosas e a escolhas mais
complexas. A característica essencial desta nova economia é
que uma parte crescente das actividades económicas e dos
valores que ela produz depende do capital cognitivo incorpo-
rado nos homens, nas máquinas e na organização. Os modelos
industriais de performance tornam-se inutilizáveis e o valor do
capital difícil de calcular pois é em boa pane consriruído por
"activos intangíveis", ou seja, por saberes e saber-fazer, por
modos de funcionamento, relações pessoais, criatividade, etc.
A nova economia est,Í também mais individualizada, ramo
ao nível do consumo como da produção. Os consumidores
exigem produtos cada vez mais diversificados e específicos,
o "industrial feito à medida"; o conhecimento das suas necessi-
dades singulares torna-se assim uma das chaves da competitivi-
dade do comércio, dos serviços e da indústria. A evolução da
produção industrial testemunha igualmente o proces.so de indi·
vidualização, quer se trate das qualificações, dos esraruros e das
carreiras dos trabalhadores, dos modelos de organização, do
funcionamento por projectos onde cada um encontra UIIlª
\
Scanned by CamScanner
posição temporária dentro de um colectivo de trabalho, da fle- 53
"§:
das empresas mais apuradas. Esta evolução é acentuada pela o
(/)
a.
externalização crescente que é praticada pelas grandes empresas. o
e
Com efeito, os progressos das técnicas de transportes e de comu- a-
0.)
:;
nicação fazem baixar os custos das transacções e contribuem (/)
3
o
para melhorar o desempenho do recurso ao mercado. A sub-
contratação, as joint-ventures, as parcerias e as franchises substi-
tuem o antigo modelo organizacional da grande indústria.
Scanned by CamScanner
54
O desenvolvimento económico das cidades baseia-se
. 'b•1·d d ., efectiv
m ente, cada vez mais na sua acess1 i 1 a e, ou seJa n a.
...
Q) onexão coin as grandes redes de transporte terrest , ª sua
.s::
o c re e aér
1/)
<l'. no seu potencial em mão-de-obra qualificada. A at _ eo e
1/) , . racÇao das
'õ camadas J·ovens da classe media e alta transforma-se a .
O•
e
, ssun nu
...
ro elemento central das políticas urbanas que colocam , rn
LL
. . no centro
do desenvolvimento local a qualidade de vida, os equip
, . . arnentos
educativos, a cultura, os lazeres e a propna imagem da cidade.
O uso dos meios de transportes rápidos e das telecom .
un1ca.
çóes pelas empresas contribui também para reestruturar as
cidades e os territórios. O desenvolvimento da net-econom1a.
(comércio electrónico de retalho e entre empresas, 0 chamado
"e-comércio", e-formação e tele-ensino, e-recrutamento e e-
-pessoal temporário, e-saúde e telemedicina, e-banco/seguros,
e-bolsa, e-segurança e televigilância, e-informação e telejornais,
etc.) muda os critérios de localização das actividades e participa
nomeadamente na reconfiguração das centralidades e das espe-
cializações comerciais. Os centros de negócios vêem o seu papel
reforçado pelo acolhimento das actividades muito qualificadase
com uma alta intensidade informacional. A logística torna-se
uma função-chave nos processos de produção e suscita novos
tipos de equipamentos multimodais e multisserviços (as plata-
formas logísticas). Os aeroportos rodeiam-se de uma gama
muito variada de empresas atraídas pelas sua acessibilidade
tanto aérea como terrestre.
Scanned by CamScanner
comunicação desempenham um papel-chave nesta dinámica. 55
Não mudam de forma autónoma a sociedade mas, agarradas e
2
aproveitadas pelos actores económicos e pelos indivíduos- o
<
o
-consumidores, podem contribuir para lhe dar novas formas //1
~
::;,
porque lhe estão particularmente adaptadas. Com efeito, por o
-§:
um lado inscrevem-se activamente nas dinâmicas de racionali- o
//1
o.
zação, de individualização e de diferenciação da sociedade o
3
o
dos da palavra - os progressos muiro rápidos das suas perfor-
mances. Estas estão muito ligadas à numeralização que, ao
modificar de forma decisiva a produtividade na produção, a
acumulação e a circulação de informação, contribuem de forma
determinante para a dinâmica do capitalismo cognitivo. As TIC
participam também activamente na aceleração de todos os
movimentos de pessoas, de informaçáo e de bens, sendo enten-
dido que tudo aquilo que produz a diferença, sobretudo cm
1
~ termos de velocidade, se inscreve particularmente bem nas lógicas
capitalistas que se baseiam na concorri:ncia e na acumulação.
~, Estas tecnologias estão longe de ter esgotado as suas poten-
cialidades. Elas ocupam progressiva.mente, como aconteceu
it anteriormente com a electricidade, uma posição genérica, ou
seja, elas penetram em todos os sectores económicos e em todas
1
~
· as esferas da vida social. Já não existe praticamente nenhuma
indústria, ciência ou tecnologia cujo desenvolvimento não
dependa do uso das TIC, em particular nos novc;>s domínios
como por exemplo na genómica e a cognítica.
Neste contexto a Internet desempenha um papel pivô, funcio-
nando como uma espécie de metamédia que associa e articula
diversos modos de produção e de circulação de informação.
Assistimos, de facto, à "convergêncià' em volta da Internet de
Scanned by CamScanner
todos os meios de con1unicaçáo e ao aparecimento de ob·
56 . , · 1 ._ Jectos
que 1.ntegram nos o bJectos moveis a te ev1sao O t l e
novos . , . , ' e erone, 0
... dor a agenda, o livro, a 1naqu111a fotografica ea ,
comPuta ,
Q)
.r:
(.J
maquina
(/)
<t de filmar.
(/)
'õ
C)•
e:
...
10 As novas regulações do capitalismo cognitivo
u..
A acumulação e a concentração de capitais contii
1ua111 e
aceleram-se no contexto da globalização e da nova eco .
, . . nom,a
cognitiva. Mesmo nos dom1n1os muito recentes, as actividades
organizam-se ou reorganiza1n-se a nível n1undial à volta de
algumas das principais empresas do seu sector. Os processos de
crescimento e de crise são acelerados e não nos podemos deixar
enganar nem pelo fenómeno das start-up, cuja existência inde-
pendente é muitas vezes breve, nem pela proliferação de peque-
nas e médias empresas das quais muitas dependem de facto dos
grandes grupos, mais ou menos directa e duravehnente. Não se
deve, portanto, confundir o fim do industrialismo com o fim da
economia capitalista. As leis económicas não são novas mas
aplicam-se num contexto diferente. O mercado é talvez mais
transparente, os custos de transacção mais fracos, as informa-
ções menos assimétricas, os sistemas de adaptação da oferta e da
procura mais sincronizados, as origens do valor diferentes, os
modelos de desempenho renovados: só falta que a dinâmica de
acumulação prossiga e tem todas as possibilidade de assim con-
tinuar durante algum tempo.
A economia cognitiva conhece e conhecerá portanto o~ múl-
tiplos disfuncionamentos do capitalismo, as suas oscilações e
crises de todo o género - económicas, sociais, ambientais -
enquanto os interesses sociais se multiplicam e as concorrências
entre empresas e entre territórios aumentam. Deve, portanto, ser
"regulado" pois não pode funcionar de forma duradoura sem
Scanned by CamScanner
instituições representando as diversas colectividades sociais e ter- 57
-§:
dente funcionam cada vez pior no contexto do capitalismo o
(/l
a.
cognitivo, entre outros motivos porque a globalização continua a o
...e
minar as bases nacionais dos Estados--providência, torna inefica- C"
D)
2.
zes as políticas keynesianas, porque a relação salarial fordiana (/l
3
o
perde terreno perante contratos de trabalho muito mais instáveis,
os investimentos privados a longo prazo tornam-se cada vez mais
raros, os ciclos dos produtos encurtam-se e porque emergem
novos problemas sociais e novas desigualdades. Contudo, um
novo tipo de regulação parece delinear-se, a qual podemos quali-
ficar de "regulação de parceria", na rnedida em que os actores,
com lógicas diferentes e com interesses eventualmente divergentes,
ou mesmo conflituais num certo número de pontos, esforçam-se
ou são obrigados a fazer diligências en1 comum, a negociar com-
promissos duradouros e a criar instituições colectivas.
O capitalismo cognitivo apoia-se também mais fortemente
ainda que o capitalismo industrial na bolsa de valores e no capital
financeiro, mas estes são hoje em dia largamente alimentados
pelas poupanças dos assalariados e dos trabalhadores indepen-
dentes que utilizam os valores bolsistas para garantir mna parte
crescente da sua protecção social e em primeiro lugar para
financiar e garantir as suas reformas. O fordismo tinha feito dos
trabalhadores de massa consumidores de massa. Hoje, os traba-
lhadores-consumidores tornam-se accionistas, directamente pela
compra de acções, indirectamente por aplicações das suas caixas
de reforma. Os "fundos de pensões" ganham, assim, uma maior
importância social e económica e tornam-se, nomeadamente,.
Scanned by CamScanner
. .d res do sector .imobiliário. Por outro lado .
58
randes mvestl o , , . 'a crise
g d idência que e tambem uma cnse do seu lllod
do Esta o-prov ' o de
.... . ~ do seu desempenho, leva os poderes púbI·
Q)
.e
organ1zaçao e · . icos
(.l
. . locais a recorrer cada vez mais a actores privados
(/J
cd'. nac10na1s e para
1/l do O tipo de prestações, livre de subvencionar
"õ
e.,.
assegurar to estes
e: eles que devem comprar os seus produtos e se .
...ca ~o~OU aqu ~
u..
ços. & concessões e as parcerias público-privadas multiplicarn-se
sob formas diversas. A globalização, o enfraquecimento das bar-
reiras alfandegárias, a aceleração dos movimentos de bens, de
homens, das informações e dos capitais, necessitam igualmente
da criação ou do reforço das instituições supranacionais de
regulação, enquanto os poderes públicos locais vêem o seu papel
económico e social reforçado num contexto de concorrências
inrerrerritoriais, intensificadas pela internacionalização e o desen-
volvimento de meios de transporte e de comunicação.
& parcerias entre diferentes tipos de actores são uma forma
"reflexiva" de regulação mais adaptada a uma sociedade aberta,
muito diversificada, móvel e instável. As instituições produzidas
por essas parcerias trazem uma estabilidade relativa num con-
texto mais marcado pelas incertezas de toda a espécie.
A amplitude das mudanças sociais, económicas, culturais,
políticas, territoriais, geradas pella emergência da sociedade hiper-
texto e do capitalismo cognitivo, confirma a tese da entrada das
sociedades ocidentais numa nova fase do processo de moderniza-
ção. Esta, como as duas precedentes, tornam necessárias e geram
mutações múltiplas. Assim, a sociedade hipertexto e o capitalismo
cognitivo provocam uma terceira revolução urbana moderna,
É esta última que vamos agora caracterizar para deduzir, dos pro-
blemas específicos que ela coloca e dos desafios mais gerajs da
sociedade moderna avançada, princípios e métodos de acção para
ª concepção, a produção e a ges1tão das cidades.
Scanned by CamScanner
· ~ ocidental
Fresco esquemático da du1âtru'ca d a mo dern1zaçao · e d o contexto
das três revoluções urbanas modernas
- COMUNIDADE SOCLEDADE INDUSTIUAL SOClEDADE HIPERTEXTO
Laços sociais Pouco numerosos, Mais numerosos, Muico numerosos, muito
curtos, não de vários tipos, variados, mediatizados
diversificados, pouco evolutivos, fortes, e directos, frágeis,
mediatizados, estáveis, em via de especialização especializados
forces e mulrifuncionais
Scanned by CamScanner
III
1
O New Urbnnism norte-americano remete, de facto, para crês tipos de práticas: estilo
estético, desenho urbano e modos de urbanização. A estética proposta é uma arqui-
ceccura do tipo contextual, muitas vezes pastiche e kitsch; o desenho urbano privilegia um
urbanismo de ruas, de espaços públicos, de altas densidades; o modo de urbanização baseia-
-se em princípios de mistura funcional e social, no uso dos transportes públicos e na luca
contra a expansão urbana. Uma cana procura codificar o New Urbnnism, cujos princípios
estão evidentemente longe de serem novos, mas que rompem com as formas urbanas que
se desenvolveram nos Estados Unidos no interior e nas proximidades das grandes agl~me·
rações. As suas referências iniciais foram Seaside (uma estação balnear baseante chique)
e Celebrarion (a cidade privada concebida e realizada pela Disney). Contudo, os promoco·
Ar , ,. b . tentam escapar a esta imagem de cidade para a classe me'clia, baseante
res dO JVew ur amsm
, . d f: . d
proXJma, e acto, dos modelos impostos pelas gated comm1mities (as Cida es pnva .
. das ame·
ricanas), e convencer-nos de que o seu projecto pode servir também para requalificar e
regenerar zonas degradadas.
Scanned by CamScanner
Esta terceira revolução urbana está já amplamente instalada: 61
numa trintena de anos as evoluções foram consideráveis nas
2
práticas quotidianas dos citadinos, nas formas das cidades, nos o
<
o
meios, motivos, lugares e horas das deslocações, nas comunica- (1)
"C
:::!.
ções e nas trocas, nos equipamentos públicos e nos serviços, na ::J
e,
"§:
tipologia dos lugares urbanos, nas atitudes em relação à natureza o
(1)
Q.
e ao património, etc. Apareceram inovações de grande impor- o
3
o
segundo automóvel e do TGV contribuiu igualmente para
modificar profundamente os territórios. Porém, estas evoluções
estão apenas a começar. Tendências pesadas estão, efectivamente,
em curso, sustentadas e determinadas pelo novo processo de
modernização. Trata-se de identificar estas tendências com a
maior precisão possível, não para prever ou decidir o futuro,
o que seria ilusório, mas para avaliar os tipos de impactos que
são susceptíveis de provocar nas cidades e nos modos de vida
urbanos, e para elaborar, em consequência, instrumentos sus-
ceptíveis de ajudar a gerir da melhor forma estas evoluções
estruturais.
Cinco grandes evoluções parecem caracterizar a terceira
revolução urbana moderna: a n1etapolização, a transformação
dos sistemas urbanos de mobilidade, a formação de espaços-
-tempo individuais, a redefinição das relações entre interesses
individuais, colectivos e gerais, novas relações com riscos.
Scanned by CamScanner
. a rnerropolizaçáo con10 a procura da e
Podemos d efin 1f . . on-
62 . zas humanas e matena.is nas aglomera _
rracáo d e nque . Çoes
cen · É um processo reconhecido em todos os p ,
mais importantes. e d" ai-
·d mesmo se assume rormas 1versas que têrn
ses desenvo1v1 os, . . . a
cificidades reoiona.is e nac1ona1s. Resulta prin .
ver com as espe i:, c1-
balizacáo e do aprofundamento da divisão d
palmen re da glo , , . o
ua balli ,
o a es cala mundial, o que torna necessanas e mais com_
...
.. aalomeraçóes urbanas capazes de oferecer um mer-
peauvas as t, . •
cado de trabalho vasto e c:Uvers1ficado, a presença de serviços
de muito alto nível, um grande número de equipamentos e de
infra-escruturas e boas ligações internacionais. Os empregos, 0
comércio, os equipamentos sanitários, educativos, culturais e de
lazer das grandes aglomerações atraem igualmente as popula-
ções mais qualificadas.
A mecropolizaçáo, tal como o crescimento precedente das
cidades, apoia-se no desenvolvimento dos meios de transporte e
de armazenamento dos bens, das informações e das pessoas
(o sistema bip) e nas tecnologias que aumentam o seu desempe-
nho. Assim, a rapidez de deslocação das pessoas nas cidades
europeias aumentou aproximadamente trinta por cento numa
quinzena de anos, enquanto, no mesmo ten1po, se desenvolvia
o telefone portátil e o uso da Internet, dos compact-discs e as
transmissões por satélite e se generalizava o uso dos congelado-
res e dos fornos microondas. Estes meios de transporte e de
armazenamento, com um bom desempenho e cada vez mais
individualizados, dão novas formas às aglomerações urbanas.
Constituem-se assim as metápoles, isto é, vastas conurbaçóes,
extensas e descontínuas, heterogéneas e multipolarizadas.
O processo de urbanização e de crescimento das cidades,
que acompanhou as duas primeiras fases da modernização e
lhes serviu de ponto de apoio, prossegue, portanto, mas sob
Scanned by CamScanner
novas formas. O crescimento interno das aglomerações, por 63
3·
de vilas e de aldeias cada vez mais distanciadas. Os limites e as (1
-õ'
diferenças físicas e sociais entre cidade e campo tornam-se cada o
(/)
o.
vez mais ténues. A dilatação dos territórios urbanos praticada o
e
..,
usualmente pelos citadinos enfraquece a importância da proxi- O"
o,
~
'==
Scanned by CamScanner
r ,. . interurbana se alarga e se anima, acentu d
64
a concorrenc1a an o a
,. . das diferenças. As escolhas que os actores l .
importanc1a . oca1s
... f: r sáo assim cada vez mais numerosas e O cont
Q)
,J; po dem aze ,, " l bal" f: acto
o . , •os «locais com o g o az aparecer as difer
r/)
<t dos ternton ,, . ,. . enças
r/)
• a' intervenção. E esta dupla d1nam1ca de homog .
'õ
O·
e encoraJa ene1-
e:(O zação e de diferenciação que constitui o quadro das políticas do
...
LI-
desenvolvimento local e que abre um espaço de debate, de tran-
' . /
,
sacçao, e de parceria entre actores econom1cos moveis e acto res
locais. A globalização activa a~sim o local, ao mesmo tempo
pelas comparações que sáo estabelecidas e porque lhe deve a sua
existência. E é, em última instância, a diversidade dos territó-
rios que faz mexer os homens, os bens, os capitais e as informa-
ções.
Scanned by CamScanner
a ulll paradoxo: o ckscnvolvinwnrn das rdccomu11icaçõcs bana- 65
Scanned by CamScanner
. tar sensações que não procuram no e-comércio. É ist
66 expenmen . " , . ,, o
. desenvolvimento do comercio-lazer , dos acom
que exp11ca o . e-
...l1l . omerciais dos show-rooms, dos obJectos em "liv
.e omw~c ' re
()
!/) ,, das grandes superfícies onde se podem experimentar 0
<! coque , , s
!/)
'õ
e os materiais e até aprender a usa-los.
(), pro d ucos , .
e:
... uso dos meios de transporte rap1dos e das TIC põe assim
C0
u.
0
em causa os antigos sistemas de centralidade e as organizações
urbanas radioconcêntricas. O centro geométrico das cidades
deixa de ser O lugar mais acessível, nomeadamente para os cita-
dinos dispondo de automóveis. Assistimos, portanto, nomeada-
mente 110 domínio comercial, à multiplicação de polarizações.
A terceira revolução urbana não gera assim uma cidade vir-
tual, imóvel e introvertida, mas uma cidade móvel e q:lecomu-
nicante, feita de novas arbitragens entre as deslocações das
pessoas, dos bens e das informações, animada por acontecimen-
tos que exigem a co-presença e na qual a qualidade dos lugares
mobilizará todos os sentidos, incluindo o tacto, o paladar e o
olfacto.
A individualização do espaço-tempo
A acenn1açáo da individualização leva a mudanças na maneira
como os citadinos organizam os seus territórios e os seus horários.
Eles procuram dominar individualmente o seu "espaço-tempo" e,
para o conseguir, utilizam cada vez mais intensamente todos os
instrumentos e tecnologias que aumentam a sua autonomia, que
lhes abrem a possibilidade de se deslocarem e de comunicarem 0
mais livremente possível. Os meios de transporte individuais
(automóvel, mota, bicicleta, patins, etc.) exprimem, cada um
Scanned by CamScanner
:l s11:1 111:111t:ir:1, '."il':t cxig~ru.:ia c.:n.:sn.: 111c cl<.: :111tonomi:1 e de 07
o.
do n.:k:111{wd a.i;sirn o 1cs1c1111111ha: pouco a pouco, torna-se indis- o
e
...,
pc11s:1vd para se p:1rricipar 11:1 vida 11rhan:1, e aqueles que c.l<.:scja- O"
QJ
::l
ria111 dispc11s:í-lo s:io progrc.:,i;siv:11w.:nt<.: obrigadas a adquirir um. (/J
3
o
/\. flc.:xihili<lade e a pcrsonali'l,:tçfto cn.:sccntc cio.e; horários ele traba-
lho ilustram igu:tlmc.:11te a maneira como a sociedade se organiza
hoj<.: com base numa individualização crescente, inclusive para
maximizar as pe1f<Jn1u11,,ces económicas.
O desenvolvimento dos meios de transporte e das telecomu-
nicações ahr<.: igualmente a cada indivíduo equivalências e
ligaçé>cs direcras cntr<.: o espaço e o tempo: as distâncias físicas
não se traduzem j:í cm períodos Ílxos de deslocação, mas mudam
confr>rme os modos de transporte e.: de comunicação e conforme
as horas; cnda vez mais os citadinos podem escolher os lugares e
os momentos das suas actividadcs; podc.:m também escolher
entre uma mudança de lugar (uma deslocação) e uma mudança
de tempo (uma dessincronizaç:ío). De facto, os instrumentos,
técnicns e modalidades que permitem modificar os tempos e os
lugares das actividadcs individuais e colcctivas constituem um
dos traços principais da nova revolução urbana moderna. O uso
do correio clcctrónico ilustra perfeitamente esta evolução, já
que permite a transmissão acelerada de informações e a sua ges-
tão dessincronizada a partir de qualquer lugar conectável.
Todas estas técnicas são ao mesmo tempo técnicas de des-
sincronização e de ressincronização, de desJocaçáo e de "recolo-
cação". b êxito obtido pelo par microondas/congelador, que
Scanned by CamScanner
T
. l'amos , ilustra-o bem: ele favorece a autonon-.·
antes assina ~,,1a
68
. dos indivíduos e, ao mesn10 tempo, torna possíve·1s
al 1mentar
..,..
Q)
e . ,
re1e1çoes
colectivas feitas com pratos individuais diferentes
" . ,. •
ü(/) ,E o 1nscrum
. ento por excelencia da fam1lta contemporânea.
~
..
e:
(0
Scanned by CamScanner
do bairro à escala planetária, desde a refeição anual entre vizi- 69
"
:::!.
::,
Os novos tipos de serviços públicos C')
-§:
o
A individualização da vida urbana provoca também uma CI)
ci
crise na concepção e no funcionamento dos equipamentos o
e
....
e serviços públicos. De facto, assim como os produtos priva- C"
e.,
::,
dos são confrontados com uma segmentação dos mercados cii'
3
o
cada vez n1ais fina e flutuante, que os obriga a desenvolver um
marketing personalizado, também os serviços públicos, tradi-
cionalmente concebidos na base de uma mesma prestação
para todos, deve1n enfrentar mna inadaptação dos seus equi-
pamentos e prestações perante a diversificação de necessidades
sociais. O caso dos transportes públicos ilustra particularmente
esta crise e a necessidade de desenvolver novas concepções.
Com efeito, nas 1netápoles os citadinos deslocam-se cada vez
mais em todos os sentidos, a qualquer hora do dia e da noite,
de maneiras diferentes e variáveis consoante os dias e as
estações do ano. As deslocações pendulares casa-trabalho
tornaram-se minoritárias assim como os movimentos radio-
concêntricos. Ora, os transportes públicos, comboios, tram-
ways, autocarros clássicos, foram concebidos segundo o
modelo "fordiano,,, ou seja, com base num princípio repetitivo,
de produção em massa e com economias de escala: o mesmo
transporte, sobre o mesmo itinerário, para todos e ao
mesmo tempo. Este tipo de transporte continua a ter um bom
desempenho, mesmo do ponto de vista ecológico, nas zonas
densas e nos grandes eixos. Mas isto não representa senão uma
parte minoritária e decrescente dos. transportes. Os habitantes
das metápoles que não dispõem de um meio de tr_a nsporte
Scanned by CamScanner
. . l particular de u1n auto1nóvel, ficam, portan
ind1v1dua ' e em . , to,
70 . !'mirados porque a cidade lhes e cada vez llle
cada vez mais 1 ' . , • nos
... , l s transportes colect1vos class1cos, apesar de lh
Q)
.s::.
acess1ve com o , es
CJ mais indispensavel. Sendo pouco provável
1/1
<t: ser cad a vez a
1/1 . . . ,. das necessidades en1 termos de mobilidade pel
'õ
CJ•
dimmu1çao o
e: , roximidade das cidades antigas para a maior pan
...til
u.
regresso a p , . . , e
da população, é_necessano desenvolve~ serviços publicas de
e mais individualizados servindo o conjunto dos
transp Ort .
territórios metapolitanos, combinando os diversos meios de
transporte e utilizando as possibilidades que oferecem as TIC,
de maneira a aproximare1n-se de um serviço "porta-a-porta»,
que está para os transportes como o one to one está para 0
marketing.
A crescente autonomia dos indivíduos é acompanhada pelo
aumento da sua própria dependência de sistemas técnicos cada
vez mais elaborados e socializados. Os menores actos quotidia-
nos dependem assim de dispositivos complexos e geralmente
mercantis. Estes constituem de facto pontos de apoio para as
desigualdades sociais, podendo mesmo duplicá-las criando
novos handicaps. As dificuldades económicas e/ ou culturais
nalguns grupos sociais ou grupos de idade en1 utilizar estas
ferramentas são factores de desigualdade, que tornam ainda
mais importante o desenvolvimento de novos tipos de serviços
públicos adaptados às cidades da terceira revolução urbana.
A complexidade das práticas sociais e das necessidades e a indis-
pensável individualização das prestações tornam igualmente
necessário o recurso a princípios de equidade mais do que a
princípios de igualdade quando da criação destes serviços e para
ª imputação do seu financiamento.
Scanned by CamScanner
A RED.EflNIÇÁO DAS RELAÇÕES ENTRE INTERESSES 71
a.
muito mais numerosos e variados, in1bricados nas nuHtiplas o
e
~
3
o
pa.rcilhan1, de forma durável, un1 grande número de caracterís-
ticas (rendimentos, cultura, nível de fonnação, etc.), tende1n a
perder a sua i1nportância objecciva e subjectivamente. Os indi-
víduos têm assi1n un1 menor sentimento de partilhar com wn
mesmo conjunto de indivíduos un1 grande número de interes-
ses em vários domínios. Isco complica profundamente o funcio-
namento da democracia representativa que está baseada
precisamente na capacidade de representar um grupo de eleito-
res entre duas eleições. Isto põe em causa igualn1ente todas as
organizações que pretendam integrar posições sobre u1n grande
número de questões num mesmo conjunto ideológico ou nu1n
mesmo programa. Esta evolução cem múltiplas consequências
que participam na terceira revolução urbana 1noderna.
Em primeiro lugar, torna necess,-iria uma refundação da
arquicectura institucional do território e uma renovação das
modalidades de funcionamento da democracia en1 geral e
da democracia local em particular. O encaixe dos diversos níveis,
segundo o princípio das bonecas russas (desde o bairro até à
Europa, passando pelo município, a aglon1eraçáo, a província,
o cantão, o distrito, a região e a nação), j~í não é viável a médio
prazo se considerarn1os as suas formas actuais. Numa sociedade
a n dimensões e em territórios que mudam de tamanho e de
Scanned by CamScanner
e e as práticas e as rnobilidades individ .
72
natureza conrorm . . . tta1s,
, ·io elaborar d1spos1t1vos de natureza estatal
torna-se necessar . • , . corn
... . ente flexíveis, baseadas n1wto mais fartem
Q)
.e
escalas re Ianvam . . ente
(J
. , . da subsidiariedade, e penn1trndo consultar
110 pnnc1p10 . . as
(/)
<(
(/)
,. e os actores de un1 modo 1na1s contmuado e s b
'õ
t.l·
popu Iaçoes ' . , . o
e:(O formas diversas. A democracia electron1ca apresenta certamente
...
u.
.
pengos, porque ela pode não deixar tempo suficiente parae a(
reflexão e O debate, 1nas abre tambérn possibilidades para
enfrentar os novos desafios da de1nocracia.
Em segundo lugar, a dinâmica da sociedade hipertexto
obriga a renovar profundan1ente as modalidades de definição
dos interesses colectivos e de construção das decisões públicas,
quer se trate do interesse geral à francesa, ou do interesse comum
anglo-saxónico. O "nimbismo" (not in my backyard, "onde qui-
serem mas em minha casa, não!") e o aumento do contencioso
no domínio do ordenamento, re~ectem a crise das legitimi-
dades públicas, a diversificação e a instabilidade dos interesses
colectivos.
Por fim, em terceiro lugar, assiste-se ao aparecimento de
novas formas de segregação social. Estas são produzidas por
vários tipos de factores . En1 prin1eiro lugar, há uma tendência
para a formação de guetos de pobres, nos quais são reagrupadas
por diferentes mecanismos econón1icos, sociais e políticos
populações excluídas do desenvolvimento económico, ou seja,
rejeitadas pelas mutações sociotécnicas. O desenvolvimento dos
meios de transporte dá a seguir possibilidades novas de escolha
das localizações residenciais provocando reagrupamentos de
populações sobre bases que poden1 pôr em causa a coesão social
e urbana. Assiste-se em certos países à formação de bairros pri-
vados rodeados por muros. Estas tendências para a frag~entaçáo
social e para o endausuramento espacial reforçam-se com ª
Scanned by CamScanner
tentação de ruptura do pacto social e dos laços de solidariedade 73
Scanned by CamScanner
, ,id-l política con10 no funcionamento I
r n·lo so na ' · eos
74 ocupa ' • 'bl' e esnt~tis não põe e1n causa a democr· .
aparelhos pu icos . .' . ' .·, s e ., ,·esn . t ·t·d ,1c1a
. . . rearas rnat0nta11.1, •l , ,onsao1 1 ade d
represenn1nv,1, .1s t, . « . , . • ,, os
.. esn den1ocrac1a 1nodel n.1 .1v.:1nçada deves .
eleitos. Todav1.1, ' . c1
. . . d liberativa, porque, nu 1na sociedade hiperrcxr
muito m,us e - , . . o
. , procrr· n1 ,ívd, nao so a 1na10na dos problen,·•s a
comp lexa e tm t, ' 1 - - . • ' e
- ·n previstos e portanto nao sao obJecto de un1
resolver sao 1 1
mandato por parte dos eleitores, con10 tarnbé1n as maiorias
, • sa-0 cada vez nrnis raras, enquanto as minorias variáveis
esrave1s é
Scanned by CamScanner
suas noções de solidariedade e de responsabilidade. Assim, mais 75
a.
respeito pelas regras, códigos e valores colectivos na reflexão da o
Scanned by CamScanner
. estão-chave e permanente da sua vida e d
76
nsco uma qu as suas
acções.
..
Ql
,r; O p~
doxo da modernização reside no facto de que O d
~~
CJ
u, . to dos conhecimentos e das técnicas e a circulaça-0 -
<( volvimen ace1e-
u,
da das informações aumentam os riscos· 0 pro
'õ
CJ•
rada e alarga · gress0
e:
..
ro
u.
das ciências faz aparecer sem cessar novos riscos ligados à poluição
à emissão de gases carbónicos na atmosfera, ao uso de sistemas d;
refrigeração, etc. Os progressos da infonnação conduziram também
à difusão imediata das notícias do dia, contribuindo para dar 0
sentimento de um mundo urbano perigoso. Contudo, o aumento
do risco não se reduz muito certamente ao sentimento de que a
sociedade é mais perigosa, pois, por um lado, as exigências em
termos de segurança aumentam e, por outro, certas inseguranças
aumentam efectivamente. Hoje, o poder das técnicas é de facto
uma faca de dois gumes: abrem novas possibilidades, mas também
aumentam os danos que podem provocar. Além disso, a sociedade
hipertexto emergente dificilmente encontra novas formas de regu-
lação e assistimos num certo número de países ao aumento da "vio-
lência urbanà' e de toda a espécie de delitos.
Estas novas relações com o risco, com a incerteza e com o
futuro fundamentam em grande parte o êxito das problemá-
ticas em termos de desenvolvimento sustentável porque, parale-
lamente, a procura do processo de modernização continua a
transformar a relação da sociedade com a natureza. Actualmente,
aquilo que é "natureza" é vivido como qualquer coisa que está
inserida no social, que implica a tomada de decisões, que pode
e deve ser dominada e protegida. A noção de "património natu-
· assim uma atitude profundamente mo derna de
ral,, exprime
apropriação da natureza pelas sociedades humanas.
A mudança rumo à sociedade do risco, isto é, o lugar cres-
cente ocupado pelas preocupações em termos de segurança
Scanned by CamScanner
física, econótnica, social e familiar resulta portanto ao mes1no 77
"§:
mais tudo o que possa proteger, tranquilizar e produzir confian- o
(/)
o.
ça. É neste quadro de referência que se deve situar o ((princípio o
e
.,
da precauçáo'', que conhece hoje um tal êxito que se torna par- O"
ll)
2.
ticularn1ente difícil pô-lo em pr::Í.tica. O princípio da precaução (/)
3
o
surge, com efeito, quando h~í. incerteza sobre as consequências
possíveis de uma decisáo, seja porque não conseguimos conhe-
cê-las ou 1nedi-las, seja porque os especialistas não estão de
acordo. Quando os impactos são conhecidos ou conhecíveis
não há necessidade de invocar o princípio de precaução, porque
nos encontramos no contexto de um exercício normal de esco-
lha e de responsabilidade. E é preciso não confundir o facto de
se ser precavido com a aplicação do "princípio de precaução».
Este remete especificamente para os procedimentos a adaptar
quando não o sabemos: ele transfere desce modo para o político
todo o peso da decisão, da medida suspensiva ou dilatória ou da
assunção do risco.
Risco e princípio da precaução constituem assim elen1entos
determinantes do contexto no qual actuam hoje os poderes
pttblicos, os urbanistas, os ordenadores do território e todos os
actores privados e associativos envolvidos na produção e na ges-
tão das cidades.
Scanned by CamScanner
IV
Scanned by CamScanner
com os equipamentos colectivos e os servicos urbanos numa 79
sociedade com práticas e com necessidades c~da vez mais varia-
z
das e individualizadas? Como decidir e agir para O bem da o
<
o
colectividade numa sociedade em mudança e diversificada? (/1
"O
"§:
tativas no contexto da sociedade hipertexto e do capitalismo o
(/1
cognitivo? Q.
o
e:
....
É a estas questões que nos propomos tentar responder, iden- e;
Q)
2 Estratégia: conjunto de objectivos operacionais escolhidos para levar a cabo uma política
previamente definida.
Gestão: aplicação de um conjunto de conhecimentos sobre organização e administração
para garantir O funcionamento de uma empresa ou de uma instituição e para com eles
elaborar e realizar projectos.
Scanned by CamScanner
as mutações que se avizinham, pronta a rever, se
80 desenham,
, .
d fi . . d'
b'ectivos que e n1u ou os meios 1sponibili-
necessano, os J O •
... . . ·a1 te para os realizar. Converte-se numa gestão
Q)
.e
zados 1n1c1 men .
o , . b na que integra a dificuldade crescente de reduzir
(/)
<t estrateg1ca ur ª . ,
(/) . os acasos numa sociedade aberta, democratica e
'õ
O•
as mcertezas e '
e: celeração de uma nova economia. O neo-urba-
...
(O
u.
marcad a pe1a a
.
msmo arti'cula de uma forma nova o longo e o curto prazo,
através de múltiplos avanços e recuos, a grande e a pequena
escala, os interesses mais gerais e os interesses mais particulares.
I • I • •
3
Método heurístico: que serve a descoberta, que procede por avaliações sucessivas e hipó-
teses provisórias.
4
Iteração: método de resoluçao
• d e uma equaçao
- por aprox1maçoes
. - sucessivas.
.
5
Incremento: quantidade à qua1se acrescenta uma vanavel
. , em cada ciclo de um c1rcutro
· ·
d e um programa.
6
Série recorrente· aqu I d .
. · e ª em que ca a um dos seus termos é uma função dos termos 1me-
d1atamence precedentes.
L Scanned by CamScanner
mentos mais cautelosos e duradouros através de avaliações que 81
7
pressupõem feedback e que se traduzem eventualmente pela
2
redefinição de elementos estratégicos. o
<
o
A gestão urbana estratégica não é, portanto, um urbanismo (/)
"'O
-,
aligeirado e de ideias frágeis; encontra-se no oposto das teses 5'
(")
-a·
espont3:11eístas, dos postulados do caos criativo, das ideologias o
(/)
o.
simplistas do predomínio do mercado. Pelo contrário, ela pro- o
cura explorar os acontecimentos e as forças mais diversas de ...e
O"
Dl
:,
forma positiva em relação com os seus objectivos estratégicos. (/)
3
o
1 Feedbttck: regulação das causas pelos efeiros. Modificação do que precede pelo que se
segue. Ver contra-reacção e retroacçáo. , , . . . .
e Exigencial: que diz respeito a uma exigência, isto e, que e imposto por uma d1sc1plma,
uma submissão, uma ordem, uma lei.
e •a1 1 ·ona com O desempenho, ou seja, com o resultado optimizado
Penormanc1 : que se re ac1
, .
que uma maquina, · ou u ma organizaça·o pode obter.
um ser vivo
Scanned by CamScanner
. biente, ~1 sua acessibilidade, a disponibilidad
82
contexto, o seu ~Hll . • e
. . colectivos e serviços urbanos. Esta complcx·
de equ1pan1enro5 . . , . ,_
... , d· rn as tornou-se parttculacn1entc necessana pel
Q)
.e:
ficaçao ,1s no 1 , . , . , . a
(.J
e/) . 'd d rescente dos rerntonos e das prat1cas urbanas ' pelo
<{ d 1vers1 a e c
(ll
xigências qualitativas, pela dificuldade crcscent"
'õ
U•
aun1ento das e' '-
e
...
l'0 em aplictr con1porramentos igualitários e pela necessidade de
u.
os substituir por abordagens mais subtis e menos preconcebidas,
baseadas em princípios de equidade. Os chamados planos de
urbanismo "qualitativos,, inscrevern-se nesta nova perspectiva de
regras que privilegiam mais o projecto que os meios, inclusive do
I • • I •
Scanned by CamScanner
de ·connmi:1s de esc1la, d:1 simplifü.::1~·:in e rqxtiç·:1n das fitn çôcs 83
urbanas 1..: pcl:t s11:1 :tl·~-rr:1~·;10 a espaços reservados. O zo namcnro
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lo~ias de inf-c.ll'l\l:1ç:1o e de comunicat,::1o; procura menos a sim- o
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plillcaç:fin de realidades complic:1d:1s e 1..·sforç 1-sc acima de rudo O"
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igualmente externaJidades que m~difica~ o~ cálculos econó.
84
micos e as escolhas urbanas e que 1nfluenc1arao provável e pro-
..
QI
.&:.
gressivamente as formas urbanas, favorecendo as mudanças de
o
1/1
<! uso, uma reutilização intensiva das zonas já urbanizadas e urn
(/)
'õ
O•
maior controlo do consumo do espaço.
..
e:
(,:J
LI.
Os profissionais do urbanismo serão levados a introduzir nas
suas práticas o uso destes novos modelos de desempenho e a
utilizar as potencialidades das TIC nas suas próprias activida-
des. Os bancos de dados urbanos e os modelos de simulação e
visualização a três dimensões abrem, com efeito, possibilidades
consideráveis que "retroagem" nos conteúdos dos próprios pro-
jectos. O progresso das ciências e das técnicas nos diferentes
domínios do urbanismo tornarão necessária a renovação dos
perfis profissionais e dos tipos de dispositivos pluridisciplinares
permanentes (serviços técnicos locais, agências de urbanismo,
organismos de ordenamento do território, gabinetes de estudos
multidisciplinares). O desafio é o de assegurar ao mesmo tempo
a continuidade e a capitalização das experiências e dos conheci-
mentos e o funcionamento por projecto que permitam associar
especialistas de alto nível.
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O neo-urbanismo e os serviços públicos urbanos devem 85
hoje considerar o processo de individualização que 1narca a
2
evolução das nossas sociedades. A diversificação das situações o
<
o
e das necessidades tornam assim necessária uma maior varie- (/)
-o
dade e uma personalização das soluções. Esta evolução não é
~-
::,
C')
-g:
nova: os equjpamentos colectivos banhos/duche transforma- o
(/)
o.
ram-se nas casas de banho familiares e depois por vezes na o
3
o
passou igualmente de equipamento colectivo a equipamento
de locais privados e depois com o telefone móvel ao equipa-
mento da pessoa.
Esta personalização dos serviços precisa de redes e de sis-
temas técnicos mais complexos, que recorrem de forma deter-
minante às novas tecnologias da informação e da comunicação.
Nem todos os equipamentos colectivos tradicionais se tor-
naram obsoletos (universidades, hospitais, estádios, etc.),
porém, eles devem integrar de uma nova forma esta noção de
serviço individualizado e apoiar-se em técnicas avançadas
de transporte e de telecomunicação. Isto gera novos disposi-
tivos complexos, de que são testemunho por exemplo o
sistema que associa - graças a um uso intensivo dos transpor-
tes e das telecomunicações - centros hospitalares que reagru-
pem todas as dlsciplinas com um alto nível de especialização,
os hospitais de proximidade, a hospitalização no domicílio,
os serviços de cuidados ambulatórios, os serviços de atendi-
mento móvel de urgência, os centros de saúde e a medicina
privada. No domínio dos transportes desenvolvem-se igual-
mente «centrais de mobilidade" que recolhem e põem à dis-
posição dos citadinos uma informação em tempo real sobre
os horários dos transportes colectivos, as disponibilidades
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rres a pedido, dos parques de estado-
, xis dos rranspo
86 dos ta ' d do trânsito, as tarifas, etc. Estes dispositi-
menco, o esta o lh d . d· ,
... na ossibilidades de esco a os 1n 1v1duos e
QJ vos alargam as P . d d
.r.::
(.) , l vos tipos de serviços a apta os a uma
~
r/l tornam passive no
1.1)
. dade de situações.
'õ
(.)•
grand e vane
e:
...
nl
u..
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modificações nos modos de cobrança das taxas de utilização 87
de certas vias de comunicação e a partir daí contribuem para a
2
evolução da concepção e do financiamento das infra-estruturas; o
e::
o
finalmente, pela Internet, criam novos tipos de "quase-espaços" C/1
"'tl
:!.
públicos "virtuais" que penetram no seio dos lares e das em- ::;
(")
-õ'
presas. o
(J)
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EDADE FORTEMENTE DlPERENCIAOA
6. Ac1R NUMA soei
88
9
... b tancial ao interesse processual
Q) Do interesse su s . ..
J:
(.) . derno construiu-se sobre concepçoes subs-
ti) 0 urbanismo rno ,.
<t
ti) . . d . . se geraJ ou do interesse comu1n. E necessário
'õ tanc1a1s o interes .
e
()•
isso as decisões públicas, os planos, com as
...
(C
enten der que por . ,, , .
u..
. . . e proibições, as real1zaçoes publicas, as excep-
suas O 6 ngaçoes . .
.. d' ·e de usar livremente a propnedade (serv1dões)
çoes ao lfel o . . . ,
· çóes e os impostos eram Jeg1t1mados por mteresses
as expropna . .
colectivos que eram considerados como supenores aos interesses
individuais.
A sociedade hipertexto, feita de múltiplas pertenças, de
mobilidades e de territórios sociais e individuais de geometria
variável, confronta o neo-urbanismo com uma diversidade de
interesses e com uma complexidade de desafios que se concreti-
zam cada vez mais dificilmente em interesses colectivos estáveis
e aceites por todos. Os eleitos locais, o Estado, os urbanistas e
todo o tipo de especialistas cada vez menos podem pretender
basear as suas acções e as suas propostas num interesse geral, ou
comum, objectivo e único. Além disso, o desenvolvimento das
ciências e das técnicas põe em evidência complexidades irredu-
tíveis aí onde antigamente não havia senão complicações a sim-
plificar: a especialização em que se baseava a chamada decisão
de interesse geral é substituída pela controvérsia entre peritos,
o que faz confrontar os decisores com o espinhoso princípio
da precaução. Uma decisão já não pode ser considerada como
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sendo de interesse geral ou comum apenas cm virtude da sua 09
substância objectiva. É a maneira, o "procedimento" segundo o
2
qual ela foi elaborada, e cventualmcntc co-produzida pelos o
<
o
acrores envolvidos, que lhe confere no final o seu car:ktcr de r.n
'"C
:i.
interesse geral. As divergências e os cnnAiros resolvem-se assim :,
(")
menos por maiorias, porque são cada vez mais circunstanciais, "E:
o
r.n
n.
e mais por compromissos que permitem tratar uma variedade o
e
de situações colcctivas. -,
a
O>
::!.
O s procedimentos ele idcntificação e ele formulação cios (/)
3
o
problemas, de negociação cios seus termos, ganham, portanto,
uma importância crescente e decisiva. A participação - sob
diversas formas - neste processo, desde o início, dos habitan-
tes, dos utilizadores, dos vizinhos e de todos os actorcs impli-
cados torna-se essencial. Já não se trata apenas de debater
opções diferentes, de melhorar as soluções propostas, mas de
co-produzir o quadro de referência e a própria formulação dos
desafios.
Estas diligências procedimentais modificam a natureza da
intervenção dos peritos e cios profissionais e, mais particular-
mente, as tarefas dos urbanistas. Estes devem inscrever a sua
intervenção em processos de longo prazo, que por vezes se
adaptam mal às lógicas do mercado e às mudanças políticas
locais. Além disso, cada vez menos podem adaptar a sua inter-
venção ao interesse geral e são levados a pôr as suas competên-
cias ao serviço de diversos grupos e actores. Isto introduz de
uma nova forma as questões da ética e da deontologia neste
domínio profissional.
O neo-urbanismo privilegia a negociação e os compromissos
em relação à aplicação da regra maioritária, o contrato em rela-
ção à lei, a solução ad hoc em relação à norma.
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I
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ln1pubinn:un a gc:sr:iu proccdimcnral de interesse geral. Tanto 91
quanm possin:I. mandam fazer cm vez de fazerem, para explorar
2
mdlwr as compercncias e o desempenho dos especialistas. Mas o
<
o
r.unhl'lll conrrolam. avaliam, corrigem, compensam e even- .,,
U)
3
o
<las missücs e do pessoal que trabalha por conta dos poderes
públicos.
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eduzir. Esforça-se por propor uma espé .
rbanismo d eve s . .. . c1e
92 neo-u . ,, ue 0 fereça comb1naçoes variadas de qu .
. d "' hsca , q a11-
de cida e ª Para isso, não hesita em utilizar as formas anti-
...
Q) dades urbanas. , .
~ . aculares, bem como os arquettpos modernos
tJ
1/l 1
gas e os estl os·dvern as ideo1og1as. . 1•fi d .
c:l'.
simp 1 ca oras e totalitária
1/l
'õ Tendo rompi o e001 . . s
tJ•
e d pta-se à complexidade das cidades que herdou
...
(O do progresso, a a . .
u. . . Patrimonializa assim cada vez mais o edificado
e Joga com isso. .
. . musealizando-o e integrando-o na nova econo-
ex1stente, seJa . ..
mia. cul tural e turística urbana, seJa reutilizando-o e afectando-o
a novos uso S• O neo-urbanismo procura tanto quanto possível
..
utt11zar as
" icas do mercado para produzir ou conservar os
di'nam
valores simbólicos da cidade histórica.
O novo urbanismo aproveita a variedade das arquitecturas e
das formas urbanas para fabricar cidades diversificadas, ampliar
as escolhas, tornar possíveis as mudanças à escala metapolitana.
Ao fazê-lo, ele dá de certa maneira uma importância renovada à
questão dos estilos arquitectónicos, emancipando-os em parte
das escolhas urbanas funcionais e morfológicas. Mas inscreve
também estas escolhas estéticas, quando implicam espaços pú-
blicos, nos procedimentos do debate democrático, modificando
o quadro de acção dos criativos e a sua relação com o público e
o político.
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O neo-urbanismo desenvolve uma abordagem funcional 93
1nuito 1nais fina, tendo em conta a complexidade e a variedade
2
das práticas urbanas e respondendo com soluções tão multifun- o
<
o
cionais quanto possível. Confrontado com exigências cada vez (1)
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94 , que erarn os professores, os padres, os comer-
med .ta d ores locais
. d ba.LITO os porteiros, etc. Deve apoiar-se em lógi·
c1antes e ' cas
...
Q) técnico-económicas privadas, as quais diferem bastante profun-
.e
u
·is culturas e das maneiras de fazer públicas. Preci·sa
damente d e
(/J
e:(
(/J
'õ de novas fonnas de concepção e de realização das decisões
U·
e:
...
CII públicas, permitindo consulta~ e as_sociar habitantes, usuários,
u.
vizinhos, accores, os peritos mais vanados a montante e a jusante
das tomadas de decisão.
o aoverno
o das cidades dá assim lugar à governância urbana,
que podemos definir como um sistema de dispositivos e de modos
de acção que associa às instituições representantes da sociedade
civil para elaborar e realizar as políticas e as decisões púbicas.
A oovernância urbana implica um enriquecimento da demo-
º
cracia representativa com novos procedimentos deliberativos e
consultivos. Necessita ao mesmo tempo de urna relação mais
directa com os cidadãos e de novas formas democráticas de
representação à escala das rnetápoles - que é a escala a que se
devem tomar decisões urbanas estruturantes e estratégicas. Este
nivelamento da democracia local é um dos elementos-chave do
futuro das cidades e mais alargadamente das sociedades ociden-
tais. Existe, efectivamente, um risco muito forte de que a auto-
nomia crescente dos indivíduos e a força crescente da economia
de mercado agravem as desigualdades sociais actuais ou mesmo
que suscitem outras novas. E a democracia de vizinhança sem a
democracia metapolitana não pode ser suficiente para fazer com
que os citadinos adquiram consciência de que as suas sortes
estão ligadas. E1n contrapartida, o debate democrático sobre o
futuro e sobre a gestão da sua metápole pode contribuir para
desenvolver esta solidariedade reflexiva, necessária em todas as
escalas, da mais local à mais global, e da qual depende o futuro
das nossas sociedades.
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Em conclusão, para n:sumir c qualif,car este nco-urbanismo 95
que hoje se cshoya, pelo menos no mundo ocidental, pode1nos
dizer que é: 2
o
<
o
- um urbanismo de dispositivos: não se trata tanto de fazer (/)
"O
::.
planos, quanto ele organizar os dispositivos que os elaboram, ::i
n
ii'
os discutem, os negoceiam e os fazem evoluir; o
(/)
o.
- um urbanismo reflexivo: a an,Uise já não precede a t:egra o
e
....
nem o projccco, mas csuí prcscnrc permanentemente. O conhe- C'
O)
::,
cimento e a informação são mobilizados antes, durante e depois (/)
3
o
da acção. Reciprocamente, o projecto torna-se também plena-
mente um instrumento de conhecimento e de negociação;
- um urbanismo de precaução, que dá lugar às controvérsias
e que procura os n1eios para ter cm consideração as externali-
dadés e as exigências do desenvolvimento sustent.í.vel;
- um urbanismo concorrente: a concepção e a realização dos
projeccos resultam da intervenção de uma multiplicidade de
accorcs com lógicas diferentes e da combinação das suas lógicas;
- um urbanismo reactivo, flexível , em sintonia con1 as dinâ-
micas da sociedade;
- um urbanismo multivariado, composto por elementos
híbridos, ele soluções múltiplas, de redundâncias, de diferenças;
- um urbanismo cstilisticamentc aberto, que ao emancipar o
desenho urbano das ideologias urbanísticas e político-culturais,
deixa lugar para escolhas formais e estéticas;
- um urbanismo multissensorial, que enriquece a urbani-
dade do lugar.
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pz
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11111
I n u ·rJ duçáo
"
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. d # senta anos constituirão um quano da
,oo com mais e ses . popula-
, __ 1 A5 de menos de vinte anos, que representavam
çao toLaJ • .. _ . ~ •, Peno
da populac.áo em 197), nao serao Jamais d0
de um terço · , . . . . que
dimen5áo média das famílias d1mmui. Cada
um quarto. A , Vti
. e ílias se recompõem e o numero de divórcios foi rn
ma1s a.s 1am , u-1
.up .1cado po r quarro em trinta anos. E cada vez mais freque
1 . nte
eracóes coexistam. Surgem novos modelos farnil·
que quatro g , . , . La-
res. O número de pessoas que vivem sos duplicou em vinte anos
e ultrapassa os seis milhões de adultos.
O consumo e os patrimónios das famílias experimentam
igualmente grandes transformações. Mais de metade das farní-
lia_s sáo proprietárias da sua habitação e 40% dos inquilinos
habitam em bairros s,ocíais. 80% dos fogos dispõem de todo 0
conforto face a somente um terço em 1970. A superfície média
habitável por pessoa ultrapassa os trinta e cinco metros quadra-
dos. Mais de 80% das famílias têm um automóvel contra menos
de um terço em 1960; 30% têm já dois automóveis. O poder de
compra por pessoa foi multiplicado por duas vezes e meia em
trinta anos. A parte da alimentação diminuiu no orçamento das
famílias e constitui menos de 20% das despesas; em contrapar-
tida a dos trans portes aumentou mais de um terço, atingindo
15% das suas despesas totais. A isto juntam-se as despesas em
telecomunicações, nova entrada orçamental e em crescimento
rápido.
O trabalho continua a ser o modo de integração social domi-
nante, mas o tempo que lhe é consagrado não representa mais
do que ·12% da vida acordada dos indivíduos. O tempo livre
aumentou 20% numa quinzena de anos. O audiovisual passou
a ocupar um lugar central na vida quotidiana: 95% das famílias
têm um televisor, um terço têm dois, dois terços têm um video-
gravador; cada televisor está ligado em média cinco horas por
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p
► A
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· ros tendo lugar na igreja caiu de 9501,1 para
102
m'1111cro de casamen ,
menos de 50%.
...cu . fonn-ições parccc111 gerar uma complc:xi-
.t::
..rodas estas tr,11 15 • . . • .
(.) . sodnhdc e a muluplicaçao <las diferenças
CI)
o
, .
As propnas est , ,
d 'gtt·tl,l·Hks s·ío 1nais variadas, mesmo se o "nível
·· . .
(.),
e:
...
(O ·J . 'd' ,, ·itimcnrou ' 1>orquc a <l1st:1nc1a entre os extremos
de vi a me 10 ,
u.
aumentou co 11 s.1·(tcr·wdmcntc.
, Os mais ricos são relativamente
. · r'icos e os mais 1,obres são rclariv::uncnte cada vez
I vez 111.1 15
caca
•
mais poo1. 1es. Situ·tções
q -
• de grande pobreza reaparecem
. também
de forma significativa e perdudvcl. O desemprego afccta dirccta
ou indirecramcnte mais de urna família c1n cada quatro. Um
quarto dos menores de vinte cinco anos estão à procura de um
einprcgo. Por outro lado, os inquéritos de opinião mostram que
,nais franceses têm o sentimento de pertencer a uma classe
média e se identificam socialmente n1enos pela categoria socio-
profissional. Porém, os franceses têm tarnbém o sentimento de
que a sociedade é cada vez mais injusta e de que as distâncias
sociais têm mais tendência para au1nentar. O sentimento de
insegurança tornou-se, por outro lado, um dado importante da·
vida social e polític1; é multiforme e cresce en1 todos os grupos
sociais. ConcuJo, a intervenção dos poderes ptíblicos e os seus
esforços de regulação nunca for:un tão importantes: a quota-parte
dos impostos aumentou perto de un1 quarto de h:i vinte e cinco
anos p:ua cí e um activo cm c.'lda quatro depende do Estado.
A estas evoluções internas é preciso juntar as transformações
do contexto internacional, que não for.un n1cnores, quer se trate
das mudanças sociopolfticas <los países do antigo bloco soviético
e do lugar conquistado pela China na cena n1undial, quer da
globalizaçáo cconómic~ que se acelerou extraordjnariamcnte.
Esta lista das evoluções e n1utações da sociedade francesa
está longe de ser exaustiva. No entanto, é importante sublinhar
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>
(ll
...e
O'
c:i
Estas mudanças na sociedade francesa, como as de outras :::,
o
(ll
sociedades ocidentais, inscrevem-se numa evolução de muito
longa duração, a "modernização", que se acelerou nestas úlrimas
dezenas de anos, mas que está em curso há séculos e que é devida
à acção combinada de várias dinâmicas.
Em primeiro lugar, a evolução da sociedade é animada por
um processo duplo, que é ao mesmo tempo de individualização
e de socialização: os indivíduos aspiram a mais autonomia mas
ao mesmo tempo inscrevem-se mais em redes sociais complexas
e dependem de grandes sistemas técnico-económicos. Este pro-
cesso de individualização transforma as estruturas familiares e
profissionais. Inscreve os indivíduos em redes feitas de uma
grande multiplicidade de laços sociais fracos: cada um conhece
mais pessoas mas tem com elas relações menos intensas. Toda a
espécie de objectos e de técnicas, mas mais particularmente os
meios de transporte e de telecomunicação, são utilizados pelos
indivíduos para tentar dominar tanto quanto possível os seus
espaços-tempo, para tentar fazer o que querem, onde o querem,
quando o querem, com quem o querem ...
Em segundo lugar, os domínios da vida social dissociam-se e
rearticulam-se mais individualmente: cada um tende a diferen-
ciar os seus comportamentos e os seus projectos nas diversas
esferas da vida social - trabalho, família, vizinhança, amizade,
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104
compromisso social, etc. - mas cada um passa também constan-
temente de um para o outro, jogando com os valores e os códi-
...
Q) gos destas diferentes esferas da vida quotidiana .
.t:.
o
U)
<! Em terceiro lugar, assiste-se também à busca da "racionaliza.
U)
.õ
O•
ção", quer dizer, por um lado, ao enfraquecimento das tradi-
e
...
('0
LL
ções, costumes, rotinas e à mobilização, cada vez mais direcra
e quase permanente, das ciências e das técnicas para qualquer
acção; por outro lado, as ciências e a investigação desempenham
um papel crescente na sociedade e mais particularmente na eco-
nomia. A tal ponto que se fala de uma "sociedade de conheci-
mento" .
Por fim, o quarto e duplo processo de modernização é a mer-
cantilizaçáo, que é acompanhada por uma "regulação" crescente,
de que é o corolário: a economia ganha importância, aumenta
sem cessar o campo das relações comercias e inventa novas mer-
cadorias; mas o seu desenvolvimento torna necessário o reforço
da regulação pública, por um lado para promover, garantir ou
proteger o mercado, por outro lado para o compensar ou para
corrigir alguns dos seus efeitos. Assim, contrariamente a uma
imagem liberal ingénua, a expansão do campo da economia
para a sociedade gera intervenções públicas. Da mesma forma,
de resto, que as aspirações a mais direitos individuais têm neces-
sidade de poderes públicos capazes de os promover e de os
defender.
Esta dinâmica de modernização gera uma sociedade cada vez
mais complexa. Os indivíduos levam aí vidas por vezes variadas
e que mudam ao longo de todo o seu ciclo de vida. Têm interes-
ses heterogéneos conforme reagem enquanto habitante de um
bairro, citadino de uma aglomeração, trabalhador de um sector
de actividade, membro desta ou daquela rede ou grupo de
actividades. O que não deixa de complicar o funcionamento da
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--,
'-lcrnuLT;l
, ·i11, pol'tjue se: torn·t' 111 -~11·s, d·1e,
nct·1 para estes ·m d.1v1'duos 105
1.,·1,crc111•s -, rcp1·esc11tar.
. Isto
· ulJi·,·ga os poderes pu, 61 1cos. a desenvol-
z
ver lll IH)V~•s formas de acção, para promover uma «governa- o
e:::
o
bilkk1dc'' ú lj>:t'I, de co11struir consensos tão grandes quanto possível Cll
C1
o
l' 11 :lpl)i:11'--Sé cn, maiorias rtd hoc, cm função dos desafios. 3
...
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o
3
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Cll
o
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rvt11.'l'JlUl'Ol.li'.,\~:Í\O 1~ Ml!.'rA POLIZAÇÁO ...e
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Q)
::,
o
Cll
t) pro ·csso de urbanização, que acompanhou a modernização
desde n :,;u;1 origem, continua. A concentração espacial das rique-
'/:IS hun1:u1;1s e maLcriais continua a ser com efeito uma necessi-
d:1d · no quaJro da busca da Jivisáo elo trabalho e da globalização,
que {: a sua nova escala. A urbanização passa para o estádio da
lllCt ropoli·,,a~::to, ou seja, de um crescimento urbano organizado
11ud ·ar, tJllC intcgr:t 110 mesmo conjunto cidade densa e neo-
~rural, pequena cidade, vila e subLJrbio.
/\s ddadcs c:ontemporâncas são assim profundamente hete-
rogéneas, rcílcctindo uma sociedade complexa e de indivíduos
con1 aspirações e c:o m pdticas múltiplas. Colocam problemas
de urbn11ismo muito dih.!rcntes e necessitam de soluções adapta-
das a contextos variados. Fazem apelo à criatividade. É com esta
hctrrogcncid.idc <. ue é preciso fazer a cidade e as soluções não
1
cstfio gcralmcnrc 110 regresso às formas urbanas antigas e em
pnrtkular à continuidade do edificado e à densidade.
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,.
'
...
(li
.r: Simplificando ao máximo, podemos distinguir, no seio das
u
li)
<t metápoles, quatro grandes tipos de cidade e de modos de vida
-~o
U• que mais ou menos lhes correspondem.
e:
...
r,)
LL.
Uma parte da população gosta da cidade, faz um uso inten-
sivo dos seus equipamentos e para isso está pronta a sacrificar a
sua superfície habitável privativa. Trata-se sobretudo de cama-
das médias altamente qualificadas, de jovens e de seniores com
um forte capital cultural. Estes grupos estão em expansão e acti-
vam muito o mercado imobiliário das cidades-centro. Repre-
sentam cerca de 40% da população.
Uma segunda parte da população gosta muito menos da
cidade, todavia necessita dela. Localiza-se portanto na sua
periferia em habitat individual, com um jardim privativo, se
possível. Trata-se sobretudo de famílias com crianças, perten-
centes às camadas sociais modestas e médias. Estes suburbanos
desloca1n-se muito tangencialmente em relação à aglome-
ração, nomeadamente para irem para o seu trabalho ou aos
centros comerciais. Frequentam menos os equipamentos
metropolitanos mas têm necessidade de poder aceder perió-
dica e facilmente ao centro. Estes suburbanos representam
perto de 40% da população.
Uma terceira parte da população escolheu viver no campo
aproveitando ao mesmo tempo o quadro metapolitano.
Portanto, estes "rurbanos" deslocam-se muito. Estão em geral
multimotorizados. São ao mesmo tempo portadores de um
imaginário anticidade. Muita gente partilha este sonho, mas o
número daqueles que passam ao acto é mais baixo porque é um
modo de vida muito caro. Pode-se considerar que abrangem
cerca de 10% da população.
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Po r fim, uma qua rta parrc da popula ft é vcnL1dl'ir,1mL n I e 1O/
Scanned by CamScanner
•
108 Esta cidade do século XXI não pode ser senão diversidade e
• I •
portanto compromisso entre as procuras e as praticas variadas
de que ela é O objecto. O urbanismo não pode, assim, ser uni-
forme. Contudo, deve ser voluntário, porque as dinâmicas
sociecais têm tendência a produzir espontaneamente etos e
injustiça.
O urbanismo interpela assim os políticos. Exige que tenham
ambições e projectos. Porém, implica também a arte do com-
promisso porque cada situação, cada aposta urbana, necessira
de ter em conta interesses variados e a construção de acordos e
de maiorias ad hoc.
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Léxico
AMDIENTE
L
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110 micos em energia para o eu fi.mcionamenro (ou mesmo de serem
de energia positiva), de recidarquase rudo e de limitar, tanto quanto
possível não somente o uso mas a posse de um automóvel privado.
Encontram a sua clientela principaln1ente entre as camadas sociais
com uma alta qualificciçio que trabalhem no centro das cidades.
Esce nicho de mercado parece bastante pronus.sor. Não está
muito afastado do da gencrificação. De facto, vários bairros AQA
estão em zonas de reabilitação. Os promocores privados interessam-
-se desde há pouco tempo por este "produto ,, que permite ultra-
passar a escala do imobiliário e vender o urbano. As e.xigências
ambientais são também suscepóveis de legitimar densificaçóes que
facilitam em seguida as negociações entre actores privados e autori-
dades locais. Os lucros adicionais obtidos por estas densificaçóes
podem, por exemplo, permitir a integração da habitação social
nestas operações ou o financiamento de alguns equipamentos.
O objectivo AQA é também mobilizado para legitimar o
relançamento de uma política de cidades novas, nomeadamente
na região da Íle-de-France.
Cleantech
O lugar ocupado pela questão do efeito de estufa está a modifi-
car a maneira como a nossa sociedade aborda e trata os desafios
ecológicos. A economia cleantech (produtos industriais integrando
técnicas que lhes conferem um bom desempenho ecológico) poderia
assim constituir uma alternativa poderosa para soluções defendidas
pelos militantes da ecologia baseadas em mudanças nas formas de
produzi,; de consumir e de habitar.
Scanned by CamScanner
p.1R"l.-e não oferecer dúvidas do ponto de vista científico. São- 111
Scanned by CamScanner
112 e a tornar muito legítima toda a espécie de regulamentações das
actividades emissoras de gás com efeito de estufa. Constitui-se
...
Q)
.e: assim um novo mercado, em particular graças às regulamentações
(.)
(/)
<t públicas. E empresas que antigamente não tinham senão um
(/)
'õ
(.), interesse comunicacional para fazer esforços ecológicos encon-
e:
...
ca
u. tram agora aqui vantagens directas: a produção de produtos e
serviços económicos em emissões de gás com efeito de estufa
tornam-se mais rentáveis para um maior número de actores.
Esta dinâmica é suficientemente forte hoje em dia para que
nos interroguemos sobre o lugar que poderá ter na economia
dos _países desenvolvidos a médio e longo prazo. Poderá com
efeito estar na origem de um mercado considerável, porque
todos os sectores de actividade são utilizadores de energia ou de
bens que a consomem. O ·mercado das cleantechs (produtos
industriais que integram técnicas que melhoram o seu desem-
penho ecológico e económico) é constituído ao mesmo tempo
por produtos e equipamentos novos e pela renovação do parque
de equipamentos antigos não conformes ecologicamente. Por
outro lado, as inovações científicas e tecnológicas parecem
potencialmente imensas, tanto para a produção como para o
armazenamento e para as economias de energia, tendo o baixo
preço desta última deixado este domínio grandemente ao aban-
dono. As cleantechs poderiam juntar-se às tecnologias da infor-
mação e da comunicação e constituir um recurso-chave da nova
economia do conhecimento e do ambiente.
A força deste movimento já começou a modificar a maneira
como nós colocamos os problemas ecológicos. A quantidade de
emissão de gás com efeito de estufa tende a constit~ir a unidade
de medida não somente das regulamentações públicas, mas do
próprio mercado. Os diversos sistemas de taxas existentes ou em
criação não farão mais do.que reforçar esta ligação. As inovações
Scanned by CamScanner
1 -
poderão ser medidas à luz deste critério de rejeição de co 2, o que 113
Scanned by CamScanner
114
desigualdades a este domínio. Os produtos clean arriscam-se a
ser sensivelmente mais caros e contudo serão "obrigatórios''.
...
Q) Modificarão a estrutura do orçamento das famílias .
.e
u
Vl
<t Resulta desta análise que se pode colocar a hipótese de que
Vl
o
e.,.
a luta contra o efeito de estufa não produzirá necessariamente
e:
...
m
u..
grandes alterações nas dinâmicas e formas urbanas. Obrigará
principalmente os citadinos e os transportadores das metápoles
a renovar os seus equipamentos de transporte e a comprar mate-
riais clean. Contudo, favorecerá também uma certa coagulação
da dispersão urbana, o reforço das microcentralidades, a con-
cepçáo de casas individuais, de loteamentos e de bairros AQA.
Legitimará a densificaçáo das primeiras coroas, o encerramento
e a gentrificação das cidades-centro. Mas as vinhetas verdes,
criadas por iniciativa dos poderes públicos locais ou nacionais,
serão também factores de renovação do parque automóvel por-
que será preciso, para os dependentes do automóvel, comprar
um carro clean para ir até à cidade-centro ... O efeito de estufa
poderá assim, de forma surpreendente e decepcionante para
uma geração de militantes e urbanistas, confirmar à sua maneira
o modelo da metropolização capitalista.
DESENVOLVIMENTO URBANO
Atractividade
O desenvolvimento local passa hoje cada vez mais pela capaci-
dade de atrair as camadas médias jovens e qualificadas. O que não
deixa de colocar toda a espécie de problemas.
L_ ◄
Scanned by CamScanner
p
•
Scanned by CamScanner
-1 ·iacivicbde e confere um papel-chave aos traba-
\' ~quL a t' ""\ c1 , .
. l . ente ,1ualificados capazes de sair das rotinas d
fü,ld )íc'. ,\ t,un . _ , e
.t' . drnfios de se adaptar a sttuaçoes específicas
i,lrntt t a1 o. ·' · ' ,
ell.' 1rorma1..tzM
. ns
u,
<iuestóes
• ,
de encontrar soluções novas, de trans-
, . I< "·t·"s O sociólogo norte-americano Richard Florida
t((lr (t'( (1() )~ n . •
fala, ., este- propôsito, ele "classe criativa". O conceito é talvez
lis utí"d do ponto de vista científico, mas a fórmula dá uma
b\,~\ idda do que rêm em con1um toda a espécie de empregos
que"' rnconcr~mos tanto no artesanato, quanto nas pequenas e
m~dbs empresas, na grande indt'1stria, nos serviços privados,
nas administraçôes. Segundo Florida, esta classe criativa repre-
sent~\ria peno de um terço dos activos nos Estado Unidos.
A atractivicbde urbana depende assin1 de variáveis que deci-
dc-m escolhas residenciais e profissionais das camadas sociais
qualificacbs, geralmente móveis, e jovens "criativos" em parti-
ubr. E_1;tes s~io atraídos, evidentemente, pela presença de certas
acti\'idade económicas que os podem empregar, pela qualidade
de \'ida urbana, pela dimensão e variedade do mercado de
emprego, pela presença de equipan1entos colectivos públicos ou
pri\'ados de alto nível e pela imagen1 dos territórios que habi-
tam e frequentam (<la região ao bairro).
Esras camadas sociais não representam senão uma parte
minoridria do emprego, mas constituem um recurso-chave do
drsenvol\'imento. Não somente geram numerosos empregos
induridos, mas animam uma dinân1ica de desenvolvimento.
Isto pode colocar problemas difíceis porque os poderes locais
podem ser levados a fazer muito para atrair e fixar um grupo
social minorit~irio e fuvorecido, enquanto, por outro lado, gru-
pos sociais locais e tnodestos têm necessidades importantes não
satisfeitas. A questão da habitação ilustra, infelizmente, muitas
vezes este problema. Antigamente era preciso ser capaz de
Scanned by CamScanner
abrigar os operJrios para ajudar o desenvolvimento local. A habi- 117
tação social era então também urna ncccssic.Jadc económica.
z
Hoje, tende muitas vezes a não ser já apreendida como uma CJ
Scanned by CamScanner
ni'l de consumo contemporânea a marc
Ora, nc~ta eco n(,J ' . . a
1m , apel crescente e a espcc1fic1dadc de um terri-
cJc;,c.:rnpcn h~tumr
,,.., . " . disso
uíno poL1e ~er . O
ínsrrumcnto. Pode-se mesmo formular a
, . ..
.&;
.,,
-✓ . , d. . no nicho cstrateg1co mundial que o topo de
-1'. h1potci,c e que, ., _
lh . . • para um país como a I-irança, a noçao de região
·~ gama con~ntu1 ,
,.,
e; • . . Lltilizada como marca bem para alem do domínio
-
u.
p<JL1c.:na ser J • • •
agnco a. L • ,
., ,, rc'' "' locais·
p<.;íl,<, uC m,L ..._, ' ' "venha viver, trabalhar e produzir 'aqui'
o 1 ,,
porque isto não existe noutro ugar...
Centros comerdais
As dinámicas comerciais desestruturaram e reestruturaram as
cidades em função das suas próprias lógicas. Mas a redefinição das
estratégias dos actores comerciais, obrigados, nomeadamente, a subir
de gama do ponto de vista urbano, constitui uma ocasião nova para
os poderes públicos focais, que devem ser capazes de utilizar esta
oportunidttde no quadro das suas pr6prias estratégias urbanas.
Scanned by CamScanner
1
vc·,t•,-, l ' :ll 1Sl'l'<)Íicns \.· nrrndas de cidade" testemunham este dei- 119
x:11' 111uh1r.
Hoje, nssiste~sc à s:u11raçáo de um certo número de equipa- z
o
<
o
1nc1l!'os comer 'i:lis, que lev:1111 os :1ctorcs privados a modificar as (/1
(')
o
s11:1s csrt':trégí!ls concorrenciais e a concepção de alguns destes 3
...o
"'C
- Scanned by CamScanner
·imcnto e o ter t.:m consideraçflo e::stas l(wiCíl , ,
1 20 um rccon heC o R priva.
ro lado, a afirmação de um,1 cstraté,,j, u
das e, po r ºLit- t, 1 r1
l 1ana
... . A'1 estão as duas condições de hasc que poderão a,· utIar a
Q)
.e 1
e ar,1.
u
cn .. . .1 conccpçáo de novos centros comerciais ou a r•·n
~ negoc1a1 , . ... OV:t-
,.,,
o çáo de centros antigos, de maneira a fazer deles ccntralidadci,
U•
e
...
(IJ ~ exclus·, vamente
nao e
comerciais, acessíveis de outras forrn-is , para
u.;:
LI.
Comércio de proximidade
Os comerciantes de proximidade oferecem não somente serviços
úteis para os citadinos mas desempenham também um papel impor-
tante na animação da vida urbana e na qualificação e segurança
dos espaços públicos. Porque não ajudá-los?
► ◄
Scanned by CamScanner
comerciais e procuran1 reatar os laço, d pr xim1 \a<le. p \f rn\H \
lado, assiste-se ao desenvolvimento d0 n "ª· ''rni- I< e ' {Hrali 1,\-
:
dcs", ligadas às mobilidades urbanas, qu a. i,tm e 'll\ ;f h~ ,
serviços (independentes ou franchi ados p0r g-ran l ~ _ ·k 1\ lc~)
em cruzamentos importantes e paragen. de transpon?s ,l •rli\', K
~,,
Este novo comércio de proximidade po{k onsrit ulr \ln\,\ l
'
l
ferramenta muito útil na qualificação d0 e~p,w urh,\Ih' L' 1,,1 -~
,l
segurança do espaço público. Conrudo, não aprt·:-. nt , , ., : "n~<\
superfícies limitadas porque não concorre verdadt>irt1mctHl' , HH
as ouuas formas de distribuição. ln. creve-. e milL n, c,,i,,1 h-
ferramentas dos citadinos para um certo tipo de n. 0 n~als op ,,..__
cuno (que ilustra a designação de ront t'>Úent str1,•_; no ,1 1,p,\1, ).
1
Scanned by CamScanner
122 como os po rtel·ros dos bairros urbanos, e ser subvendonado~, de
alguma forma, por esta razão .
...
Q)
.e
(J
1/)
<%:
1/)
'õ Logística urbana
(J.
e
...
(ll
As entregas colocam enormes problemas de circulação e de polui-
u.
ção. Ora, a fluidez dos transportes de mercadorias numa aglomera-
ção tornou-se um elemento-chave da sua produtividade, fazendo
da logística urbana um grande desafio.
Scanned by CamScanner
d
p
7
Polarização/polaridades
O centro antigo da; aglm-aerttçhn ?W/J a;;~gura maiJ tÚJ que um
número limitado de fow;âe; pur~vL a; e;tnaura.: urbanas rá/J cada
vez mais multipolares. úmtwlo~é n~ee1-w o p1/urim r ainda melhtr~
o espaço metapolítano para benefiâar de eanv.,-,11iai de escala e de
transportes e para axi.alímr:, ranto quanw po.:.:fuel aI deslr;ctlfbe.I.
- Scanned by CamScanner
124
Antigamente, 0 centro de uma cidade era definido geome-
tricamente. Era O lugar mais acessível para todos, o mais bern
...
G) protegido e O mais rico simbolicamente. Todas as actividades e
.r:.
o
Ili
<t: funções urbanas tentavam localizar-se aí, conferindo-lhe urna
Ili
'õ
O•
densidade elevada e uma certa mistura funcional. Depois, 0
e:
...
10
u.
desenvolvimento da economia mercantil seleccionou progressi-
vamente as funções que aí se podiam localizar.
O que deu origem aos centros em grande parte desapareceu.
Primeiro que tudo, o lugar mais acessível de uma aglomeração
já não é o centro geométrico mas a sua via periférica. Por outro
lado, é com esta que se articula um bom número de actividades
que antigamente estavam no centro antigo. Em seguida, o de-
senvolvimento da divisão do trabalho tende a diferenciar a loca-
lização das actividades e das funções urbanas. Cada actividade
tem a sua zona, o seu centro ou mesmo a sua cidade: tecnopolo,
zona logística, cidade administrativa, cidade-saúde, centro de
lazer, etc. Finalmente, a acessibilidade física não é já tão neces-
sária para todas as actividades. O face a face e o encontro directo
conservam certamente um grande interesse e são talvez mais
valorizados. Por outro lado, existem muito mais meios de co-
municação e de troca, ou seja, de deslocar informações, pessoas
e bens. O encontro directo, num mesmo lugar, já não é indis-
pensável para um certo número de actividades. A densidade já
não é necessária para dispor de um potencial de contacto, de
escolha, em muitos domínios; a velocidade e a autonomia das
deslocações fazem concorrência, para certos contactos, à proxi-
midade física e à mistura funcional.
Neste contexto, é preciso abandonar uma representação da cida-
de baseada num modelo radioconcêntrico simples e, de forma mais
geral, de um sistema sociopolítico cidade-centro/periferia. As aglo-
merações urbanas têm estruturas metapolitanas e multipolares.
► ◄
Scanned by CamScanner
A noção de polarização pode assim co mpletar utilmentc a de 1Z9
centralidade. Um dos desafios, nomeadamentt= do ponto de 1/Íb-
ta do desenvolvimento durável, é o de p0Jarí1.ar tanto quanto ,~
_;
,.,
'J
possível as actividades urbanas e as deslocações. O ínteres-J{: da '/}
,.,
'j
polarização é duplo: concentrando actívídades nos pálo9 susdta ...3
economias de deslocação; permite concentrar ou rebater a5 dc~-
locaçóes sobre eixos e portanto desenvolver infra-es trutura5
pesadas e transportes colecrivos; finalmente, torna pw,5ívd o
desenvolvimento de vários subsistemas radioconcénrrícos e por-
tanto a criação de eixos principais, ou mesm o de ~tru turas
urbanas de tipo "placa giratória e raios" (modelo inspirado no
transporte aéreo que organiza os transportes a partir de urn
número limitado de grandes centros repartidores) .
GoVERNABILIDADE
Comunidade de aglomeração
É preciso recompor e democratizar profundamente as ínJtítui-
çóes territoriais porque uma França urbana e metropolizada não
pode enfrentar os desafios contemporâneos com uma arquítectura
institucional neo-rural que data da Revolução Francesa.
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r :v ,0;1Vc.'1 e e tl • ·
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cs,.::1 1:1 ur1):1111i • ,, • • t ,. , • ,.
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. 1, :11.
:lU1lll\\l'I. '
1
pc' :s,,..,...1_., !H>I' ckitns l'Ol\lltnnis e.: n H) rc'Sttlt tl\l, pnrcanto, dil'ct.: ra..
mente dtl suldgi,, u1tivc rsnl. ()s sc·11s lks:dins, :-is suns polltlcas c
1
►
Scanned by CamScanner
dos grandes equipamentos. A habicaçno social r 1n,h, m :-pfr1 1
de responsabilidade na matéria.
A eleição para o poder universal das insr~)ucin.~ lç, uglonw,· 11_- in
aparece portanto, mais do que nunca, com<, 111na nc·Ct.','1,'l id ,d,•
urbana, económica, social e democráric.-1. É précl,'/o 91H' n, dl'd -
sóes de interesse supracomunal'+'* sejam roma la.11 por deiro,1 1 11j 1
reeleição dependa do que eles tiverem t~ito pela cidmle l111 cim "
não por esta ou aquela comuna. tvtas esra reforma chnc I h l
dezenas de anos con1 a oposição dos seus presiden1cs 911c• 1c• nw111
ver-se desapossados de uma parte do seu poder. De 1·:1uo, n SL'llíl"
do, onde os senadores presidentes ele comuna sfin n1111w1'1l,•;n.'I,
sempre bloqueou rodas as disposições legislativas q11 c Iam 110 s1:•11-
údo de um pouco mais de supracomunalidade. A sun rcc wm dn
democratização das instâncias da aglomeraçüo csní cons11'11(d;1
sobre uma dupla argumenraçáo: a defesa das compc1ênd:1.~ do
presidente "mais próximo dos hahirnnces" e a j:i m1dro grn1Hlc
complexidade do sistema insritucional terrirnrial an q11:1I 11ll11 L1
preciso juncar um escalão suplcmcnrar. N'las n;ío é IWl!t'Ss:irio
cocar nas comunas: ainda ficariam 36 000, recorde n111ndl11I pnr
habitante, é cerro que para competências redu·Lidns mns p:1r 111111:1
mobilização democrática de peno de 500 000 c.:011sclheiro,'i 11111ni ..
cipais! Além djsso, este escalão suplt:mc.:nrar d:t :1glontl.!nt\~o }tl
existe. Trata-se de o democratizar e de lhe dar mai,'I lmpor1 ~tH'it1
porque a aglomeração é mais imporra11re. Por out rn ludo, ~· é:
preciso insistir neste ponto, a existência de eleitos d:1 aglnnwrn~:: o
responsáveis perante os eleitores da aglomcraç:1o n:ío s11pl'inil1·i:1
de forma alguma as comunas e os presidentes.
Scanned by CamScanner
d apresentar esta reivindicação de uma ir, .
Mas quem po e . d , . ;, O 'd sn•
128 . , de aglomeração mais emocrattca. s prcs1 entes da
cu1çao eram fervorosos partic · Ianos
' · d.e uin·i · I
...
Q) cidade-centro, que . , t,\
.e.
o ., ,, um pouco 1nenos porque as suas populaçõ ,
1/)
<{
corma Jª o sao C6
1/)
reri ' l ente minoritárias nas aglomerações.
'õ
<>
são agora geram ,, *
e . al ente a questao do departamento . As populaçõc
...
(1)
Resta 1gu m ,, . s
u.
. ,, , sobrerrepresentadas, o que nao detxa de ter conse-
rurais estao a1 ·
" . no exercício de al011mas
quenc1as o-
das suas competências , na,
medida em que tem poderes alargados. No contexto de uma rrfor-
ma de conjunto é provável que ele pudesse ser substituído, por
wn lado, por aglomerações urbanas desenhadas de forma ampla e
democratizada, por outro lado, por "regiões", forn1a iniciada pela
antiga Delegação do Ordenamento do Território e da Acção Re-
gional e que poderia ser também sistematizada e democratizada.
A região da Ile-de-France coloca problemas particulares.
O poder da região deveria ser reforçado; mas, na sua falta,
poder-se-iam conservar aí os departamentos.
É portanto claro que uma reforma constitucional é necessá-
ria para modificar o conjunto da arquitectura institucional ter-
ritorial, porque uma .França urbana e mctropolizada não poderá
enfrentar os desafios contemporâneos con1 uma arquitectura
institucional neo-rural que tcn1 origem na Revolução Francesa.
Mas como chegar aí?
Democracia participativa
A "participação'' dos habitantes, dos usudrios d,1 cidade e dos
actores da sociedade civil na concepção dLts decisões locais, e mesmo
na sua realização, é uma necessidade para adaptar a democracia
Scanned by CamScanner
7
>
Scanned by CamScanner
. . _d- _, .,0 \n t>f '\l\ , 'lnp ~nh.H ~' nnlh , l\\._\is Sl\hrr
ca.nd1d~1.to~ .._\clll,'- \
130
_ l _ t""r,io de "l ·i"lir dt., l\\' ,'l'b1 \ ~\~ dt· ·b\, -~ l' On~
tonn.1 que · '" l
.. ' tl · d-ts {\llt'Sl'í . e $ n:.l l' l h. t'm ~ ·r :mt. ·ina(hs
creras p01~ nnn " .. . . , t- • ••
. . .. bre - ,1u.tis ·l ~ se ,tp \.\r.\,J p:u t b ; 'r v;1l •r \l\tt
As m:uona . o ·1• ,
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'õ
· . s~r:,
resses o-er:ll!'i ,-,r·-ín:is k ~l ·ordn \.: ,ln ~ pn.,hh.•mas r n "'""
'" •'0· •' 1' ... , ,,...
(.),
:, i • • • ' l
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u.
· - d" procediment< -s <.l ' tnqu 'ntt,,
s1tarao t:
0 • 1.._'t,n~u t~\, dt
Scanned by CamScanner
PPP - parcerias público-privada,
A associação de actores públiws e priw1dos ; nn1J/1Ji 1'P~ ,: 11raí~
sdria no orde1111me11to. Mas o proreun de [> pp e uma fi,n 11 m,,.,1
de acç1ío pttblica qu.e introduz 11a prdprM roncrprrln rins , n 'tffH
públicos lógicas p1·ivad11s. Por es111 mznn ela trm r J'l ,J/hJ r?iro ,!.
mente em discussão. Pode srr u1nfl oportunidMil' par. , rrdr wu nj
serviços públicos, mas necessita, por outro l,ull'J. de um rc(orr,1 rli1
especializaçíio pública.
Scanned by CamScanner
. m que as colectividades territoriais têm
132
Num contexto e . . urna
'd d d endividamento ltmttada e em que não deseJ·
capact a e . e . arn
... . .. ssáo fiscal, a PPP pode surgir como uma solu _
(1) aume11t,11 ~1 pre . , . . çao
.e
o . ~ , . ela apresenta tambem tnconvementes: é cara
1/1
<t: atracnva. iv1,1s , e
1/1 . des·tpossar parcialmente os poderes publicos de um
'õ
O•
·trnsca-se a · , a
..
e
CII
'parte d·,1s stias
·' ,
competências, pois o actor privado participa na
u.
concepÇa,-0 do caderno de encargos.
Neste momento, a PPP foi utilizada sobretudo para cons-
truir equipamentos, tais corno tribunais, esquadras de polícia*,
prisões, hospitais, etc. As colectividades territoriais hesitam em
lançar-se nisto. Mas o Estado exerce pressões fortes para que
elas lhe recorram. A forma é tanto n1ais interessante para ele
porque a utilização da PPP transfere para actores privados as
despesas que de outra forma pesariam sobre o défice público.
A parceria não é um procedimento entre outros. Trata-se
verdadeiramente de um novo modelo de acção pública, pois o
serviço público e aqueles que nela participam são co-concebidos
com actorcs privados que introduzern portanto, de facto, lógi-
c:1s novas na concepção dos equipamentos e dos serviços. Até
onde podem as colectividadcs admitir as consequências desta
lógica privada sem que seja posto em causa o tipo de serviço
público que desejam assegurar? Não há para isto uma resposta
de princípio. Tudo se joga de facto no processo de elaboração
do caderno de encargos, que é objecto de longas negociações, e
que deve, in fine, provar o interesse do recurso à PPP. Ora, as
colcctividades territoriais e o Estado não dispõem necessaria-
mente da especialização técnica para se situar numa posição de
força nestas negociações.
d
Scanned by CamScanner
>
~tfonn.rDAfW. 1 t:1
Scanned by CamScanner
r
Scanned by CamScanner
física continua a ser primeiro que tudo uma questão humanitá- 135
ria ~ um problema de solidariedade.
Contudo, é preciso sublinhá-lo e repeti-lo, as nossas ambi-
ções actuais para tornar a cidade acessível às pessoas que sofrem
Ci
o
ck uma diminuição física não são dignas da cultura e da riqueza
do nosso país. A mais pequena viagem à Europa do Norte ou ao
Japão, mas também nt'1ma estação de metro na China, é sufi-
-g
'/)
•,t;
o
1/,
Scanned by CamScanner
. concebidos ou, no pior dos casos, com
136 serviço serem - ' o Uflla
. _ regulamentar em relaçao a qual nos temos de prote
rcscnçao • . _ ger.
..
Cl)
. C:- de integração das obrigaçoes regulamentares e'
E esta r.ire1,1 rnu1.•
,J;
t)
fiad-i a um subserviço especializado e "transversal"
li)
~ tas vezes c011 • •
li) r prova de 111uita convicção e dedicação mas '
"õ
0-
que deve fuze · . , . , que
..
c:
ro _ l'spo-,~ necessaria1nenre de meios tecn1cos suficientes e d
u.
nao e 1 "" e
pcs.So,:1l qtrilificado
, de alto nível.
0 diminuído físico deve portanto ser reconsiderado dentro
do conjunto das especificações de base da construção, dos
transportes e do urbanisn10. Já não se trata então de tornar
acessíveis equipamentos e serviços concebidos para os válidos,
mas de conceber ''a montante" estes equipamentos e estes ser-
viços em função do seu uso non1eadamente por diminuídos
físicos.
Esra mudança de perspectiva é indispensável para "meter
ourra mudança" nas políticas de acessibilidade urbana para os
diminuídos físicos. Mas pode tambén1 contribuir para renovar
de forma mais geral a concepçáo dos serviços púbHcos, dos
quais alguns foram apropriados pelos objectos e equipamentos
de que s;io os instrumentos. Assim, e1n numerosos domínios,
poderá ser úril raciocinar mais en1 tcrn1os de serviços às pessoas
e menos cm termos de equipamento dos locais.
Tratando-se de pessoas diminuídas fisicamente é preciso em
primeiro lugar que das possam ter uma mobilidade autónoma
na cidade como rodas as outras categori~ts da população. A rei-
vindicação "onde cu quero, quando eu quero. e ranro quanto
possível como cu quero" é uma das dimensões principais da
procura dos ci,adinos e uma condição da sua condição urbana.
É também verdadeiro para as pessoas vítimas <le uma diminui·
0
çáo física. É portanto este objectivo que deve fundamentar
esforço a realizar neste don1ínio. Implica ao mesmo tempo um
L Scanned by CamScanner
equipamento mais sistemático dos lugares e políticas mais ágeis 137
capazes de responder às necessidades de forma variada, nomea-
damente recorrendo a serviços. o
z
<
o
(1)
(")
o
3
Automóvel
...
"O
o
3
éii.
Constitui uma das principais questões para ofuturo da cidade. (1)
o
(1)
Scanned by CamScanner
138 particular uma erosão do seu valor simbólico estão provavel-
mente em curso nestes domínios, em particular nos países
muito desenvolvidos, onde o seu uso é já muito antigo.
O automóvel é igualmente um desafio societal múltiplo e
,~
o
o-
rico em problemas, conflitos e contradições.
e
...
o
u. Faz parte das questões sociais, porque é caro, porque neces-
sita de uma competência específica (carta de condução) e por-
'
que é, portanto, indispensável para uma muito grande parte da I
<
Scanned by CamScanner
►
7
Híntcdc;trn t ll tc, :w l:i i-,t•i; m ·dí;1> fo v<H' , id;,1; '!I' , h:1birnm pt·<:,- 13 ~
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Intermodalidade
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mnbilíci11rle1 urb1111111 crJntemporímeas, parle drt consttlfttçiío d1t
compíeme11rr1ridnde dos rlivenm rnodor de 1rr11uporte em numems,ts
circu111tft nci111. MaJ ,, 1eu de1r11volvím<.•nto é 1dnd1t demasit,1das
TH:Ze1 entravado ou ín,11Jidente11u:11U desenvolvido por força das
- -- - - - - -- - .....J
Scanned by CamScanner
140
lógicas especialiwdas dos actores do transporte, do localisrno das
escolhas urbanísticas e do peso da ideologia anticarro.
...a.,
.e
(J
C/)
'õ
u-
como mulheres, de qualquer idade, deslocam-se cada V~l mais;
c:
...
m Fazem-no por motivos diversos; vão a lugares variados, tomam
u.
modos de transporte diferentes e utilii.am itinerários que mudam
segundo as circunstâncias. A mobilidade urbana é portanto cada
vez menos rotineira, mesmo se as deslocações casa-trabalho conti-
nuam a desempenhar um papel bastante estruturante.
Os citadinos não utilizam necessariamente sempre os mes-
mos modos de transporte para as mesmas deslocações. Desejam,
nesta matéria como em qualquer outra, dispor de uma escolha:
hoje vou de carro porque vou também fazer compras; amanhã,
se fizer bom tempo, levo a minha bicicleta....
Nos seus percursos os citadinos atravessam fragmentos de
cidade heterogéneos onde o desempenho dos diferentes modos
de transporte são desiguais: em zona pouco densa os meios in-
dividuais são indispensáveis, enquanto nas zonas densas os
transportes coleccivos são mais eficazes.
Os citadinos tornam-se portanto necessariamente multi-
modais. Têm igualmente necessidade de uma grande intermo-
dalidade, para poder passar o mais facilmente possível de um
modo de transporte para o outro.
O desenvolvimento do uso de transportes colectivos nas gran-
des cidades depende assim largamente da qualidade da inter-
modalidade, porque uma parte importante das zonas de habitação
e de emprego é dificilmente acessível "até ao fim" graças aos trans-
portes colectivos. Este problema do "porta a portà' ou do "pri-
meiro" e do "último" quilómetro coloca-se também por outro
lado na zona mais densa, quando as malhas das redes de transporte
d
Scanned by CamScanner
,i;ll) J~(J HJlllill fí· ·h~1d:111, ln,, j}•Jd,· ,.;I'
1 l'f t:tJl11ld111w1,n1, p •lt;(, ttm1:;.. 1/41
port , ín llvíd11:1I,, o I p ·b lw,·r111od,dldo,J,•,
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·1r1 1
Scanned by CamScanner
, . ,, seJ·a, que são ao mesmo tempo pon
" I cas giraronas ' ou ., tos
142 Pa d e lugares de conexao com outras red
. de uma re e
centrais . . d . es.
... rnarn-se assim 1ntermo ais e parecem-
Q) As grandes gares to . . se
.!:.
o des centros comerciais.
dal'd d . 1·
li)
<t com os gran
. ento da intermo i a e tmp ica o abandon
li)
'õ O desenvo Ivim ,. . o
O·
e: . d . especializadas, transferenc1a de competência
...
(O
de lógicas mo ais . s
LL
, . d circulação e esrac10namento e o recuo das ideo-
em matena e
logias simplistas antiautomóvel.
Scanned by CamScanner
7
111·la l11m1, Míl!, c111 caso de engarrafamento, pode também dei- 143
x:ir O11c11 ca rro c.: 1n caminho, na estação de metro e, onde há
llll',Hl'l:'l dt '1la<..:Í<111r1111cnto disponíveis no parque de estaciona- 2
o
<
o
111c1110 de ;1poio, Por firn, como terceira opção, pode tomar um (/J
C)
r:íxl. H;í u 111 livre 11cste momento a 6 minutos da sua casa. o
3
( ) pr ·<;,o nc l'a (1e ...."
1 ...
'C
o
3
Um tal db pnsitivo não coloca problemas técnicos para a sua 1/1
1/1
o
1/1
r ·aliza(;:io. 1k facto, existem já algumas experiências muito .,e
cr
t1v,111r;~itht: . F,m contrapartida, choca com a lógica dos actores e Q)
::::::
o
plk prohl('rnas i11stitucionais e organizacionais que limitam (/J
Scanned by CamScanner
es empresas de transportes colectivos comer-'l
'144
De focro, as gran d , . , . 'r"-
. •r.car-se (no don1m10 dos tax1s, do aluguer de auto-
ram a e11versu1 • , .
... bicicletas) e a dotar-se, por sua propna conta 1 de
Q)
.e. carros e <.1e ..
u .,. d centrais de mobilidade. Alguns dos seus responsá-
~ em11r1ocs e
Ili . . t m-se mesmo se amanhã a chave da drenagem do
'õ
Ü•
veis pe1gun a _ ,
1:
e valor acrescenrado nos transportes nao passara por este canal
u.
de informação e de coordenação, mais do que pela realização do
cransporre propriamente dito. Mais uma razão para que os
poderes públicos locais e nacionais se ~obili~em muito mais
seriamente do que hoje sobre esta aposta. E preciso em particular
que uma nova geração de planos de deslocações urbanas se preo-
cupe não somente com a qualidade do ar, mas também com 0
desenvolvimento e a qualidade da mobilidade dos citadinos e
com O desempenho de conjunto dos sistemas de transporte.
Portagens urbanas
O acesso pago a espaços públicos introduziu uma discriminação
social no uso da cidade e arrisca-se a aumentar a especialização
fimcional e a gentrificaçáo dos centros das cidades.
O acesso a certos serviços públicos foi sempre pago. Mas
hoje é o acesso ao próprio espaço público que tende a tornar-se
pago, pelo menos para aqueles que utilizam automóveis: para o
uso de auto-estradas urbanas, de túneis, de pontes e em breve
talvez, como nalguns países estrangeiros, para o simples acesso
ao centro das cidades.
Este último tipo de portagem urbana chamada "de regula-
ção" (por oposição às portagens que servem para financiar infra-
-estruturas específicas, pontes, túneis, etc.) começou, com
efeito, pelo estacionamento pago, que geralmente não serve
para financiar nen1 uma infra-estrutura nem a gestão de um
Scanned by CamScanner
cqt1ipnme1Ho ou de um serviço. É uma taxa, muitas vezes 145
1110dulávcl, utilizada para regular o estacionamento ou, de
2
forma mais vasta, os transportes e a circulação. Visa muitas o
<
o
vt:zcs dissuadir o uso d.o automóvel em certas zonas. li)
Scanned by CamScanner
~
1
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TranNferênda nuulal
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41
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cidades, apc'iar do ., cu Cll'>lO e do'I cngarnif:1111c1lf 0 , ,
Uma soluç:io con 'iÍhlc portanro, m11i10 impl · ,111 cn1 c, c111
proibir ou cm rc,1 ringir for1 c111cn1 c o 11•,o do a1110111 (wcl. lt.i 10 é
pos~ívd cm ccno,; loc 1is onde cxh1 c111 alr crnativa'-1, riornc:1da-
rncnrc no, hipcrcc111 ro,. Ma, o rí •,t:o (; tpu:, cm 111~:ir de uma
cransfcréncia modal, ~e a,,í, ra a u111a dc,locaç~o d~1~ pr6pri;t\
acrividadc~, indo c,1a, par:1 onde 0 1-i ~111romohílici1a.'l po ~1,;1111 d r-
cul:u e c~1acíonar.
Urna ou1ra po,,ibilidadc é ofcrc(. ·r !íOIIJ(;(>c~ alternativa ~ de
qualidade. Faz.cm•no n11mcm,ali cich1dc, dc:'lcnvolvcndo tram•
poncs cm ., ítio pr6prio, no111c:1darnc111 c o'I 1r1111111111y1. 1)e foc:lO,
o éxiro <lc~tc.\ t'dtimo'i 1cm 11111Í1.th v c1,c ' ult rapa•.,ado a~cxpcc.w•
rivas cm termo.-. de frc<-1uc:ncí:1. Con111do, w,cstudoc; 1110-.1rn111
Scanned by CamScanner
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Scanned by CamScanner
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,1u no /imitf com ::.,m11s til' bai.,·11 rlt:11sirlt1tle. Por outro lado rt den ;-1:
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r /{) h'III t,1111h, m ('//Sf().1' '7/lt' ll(Í(J Sl' podem l/(!glige11d111:
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Scanned by CamScanner
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Esra forma t1rba11:1 \lispcrsa'' hascaJa globalmente nos QI
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C/1
ganhos cm vdocidndc 111:iis do que a partir cbs densidades,
coloca problcm:1:-;, principalmente por causa dos efeitos
ambientais dos tra11.~porrcs individuais, forces emissores de co.z .
É preciso rcntar minimizar os rransportes cm geral e os trans-
portes individuais em part·icular. Podemos fozê-lo em parte fun-
cionando mais com as densidades: seja co nstruindo mais alto,
seja de maneira mais compacta. Um tal urbanismo pode ser
atractivo para certas actividacles e certas categorias da popula-
ção, em particular aquelas que fozcm um grande uso da proxi-
midade física e dos encontros face a face. Sê-lo-á menos para as
actividadcs e populações <.{UC privilegiam o espaço útil.
Assiste-se portanro ao desenvolvimento de políticas urbanas
que se esforçam por "dcnsificar". Meios diversos podem ser uti-
lizados, incluindo regras como a inversão dos coeficientes de
ocupação do solo com :1 fixação de densidades mínimas. Em
zona pcriurbana, é mais vi:ivcl trabalhar com o recurso a tecidos
compactos, tentando limitar a fragmentaçáo. O reagrupamento
dos equipamentos permite também uma dcnsificação baseante
activa através de fenómenos de polarizaçüo.
Contudo, é preciso ser particLLlarmente precavido nesta maté-
ria. A densihcação não se deve traduzir, por outro lado, por un1a
baixa gcncraliz,ada das velocidades, porque isso arrastaria então
Scanned by CamScanner
1GO uma perda de acessibilidade do potencial urbano e portanto urn
empobrecimento do conjunto da cidade. A diminuição das velo-
..
(1) cidades poderia também ter efeitos perversos, pois faz subir 0
.t:
u
li)
«t preço do espaço (e o risco de, por exemplo, aumentar a gentrifi-
.!!?
o
U•
caçáo). Além disso, pode encorajar a urbanização numa periferia
..
e
(1)
u.
ainda majs afastada, onde as velocidades são mais elevadas. Por
fim, os efeitos da densificação arriscam-se a ser muito lentos,
porque ela só é possível no novo parque habitacional, e apenas
sobre uma pequena parte deste (10% da construção anual repre-
senta apenas mais de uma milésima parte do parque existente).
A densificaçáo pode, desta forma, ser um objectivo urbano
em certos contextos, mas não poderá ser a palavra dominante
das estratégias metropolitanas como o vemos afirmar por vezes
de forma muito ideológica. A optimizaçáo do conjunto das des-
locações e mesmo a minimização dos transportes individuais
são necessárias mas não podem ser reduzidas a medidas regula-
mentares de densificaçáo. É preciso trabalhar de maneira mais
complexa sobre as formas urbanas desenvolvendo polarizações e
axializaçóes, o que supõe que os objectivos de ordenamento
devem adiantar-se às políticas monofuncionais de transporte.
Por fim, a densificação de uma zona pode implicar despesas
em infra-estruturas, nomeadamente de transporte, sobre as wnas
envolventes. Mas os benefícios das sobredensidades realizadas em
certas operações imobiliárias, partilhadas entre o promotor imo-
biliário e a comuna como o vemos cada vez mais frequentemente,
deve também servir para financiar as infra-estruturas de transpor-
tes. Atenção portanto a que a legitimação ecológica das densida-
des, de que alguns promotores imobiliários podem usufruir, não
conduza a sobredensidades dispendiosas para a colectividade!
Scanned by CamScanner
Dispersão urbana
151
Certamente que é preciso lutar contra as formas urbanas
ambientalmente incorrectas, mas é preciso também ordenar a 2
o
<
o
cidade de baixa densidade de forma a torná-la compatível com VI
(")
as exigências do desenvolvimento sustentável. o
3
-o
-,
o
3
A dispersão urbana é uma expansão de baixa densidade das VI
VI
o
VI
cidades para uma periferia cada vez mais afastada. É gerada por ...e
C'
uma procura acrescida do espaço habitável, de casas unifamilia- Q)
:l
o
VI
res e de jardins privados e muitas vezes pela rejeição da densi-
dade e do ambiente da grande cidade. Diz respeito também ao
emprego, mais particularmente para as actividades de fraco
valor acrescentado ou quando o número de empregos por
hectare é baixo. Torna-se possível pelo uso do automóvel indivi-
dual e das telecomunicações e pelo deixar andar, ou mesmo
com o auxílio dos poderes públicos comunais e departamentais
das zonas periurbanas. Os citadinos dispersos pertencem muitas
vezes a camadas modestas, que trabalham frequentemente na
periferia e que consagram uma parte importante do seu orça-
mento aos transportes.
Lutar contra a dispersão urbana surge como um grande
desafio para o urbanismo em França, assim como em numerosos
países. O principal motivo é de ordem ambiental, pois a disper-
são urbana implica uma forte mobilidade individual e portanto
emissões importantes de gás com efeito estufa. A expansão
urbana é igualmente acusada de degradar ("retalhar") as paisa-
gens e de ser fiscalmente injusta porque os periurbanos não par-
tilham os custos da centralidade e dos seus equipamentos dos
quais contudo usufruem. _
Face aos problemas colocados pela dispersão urbana, duas
opções são possíveis: por um lado, a luta contra a urbanização
Scanned by CamScanner
•
. . ,uburbana com base em casas individuais e
enur d.Od e - o
. nco de operacões
. n\~o \,me , de urbanismo visando provocar
___ 1 ~ - .-=jden iar' a p~litir do individual agrupado e dQ
Ufl G reJ..:.Ç20 L \.... l
... ueno olectiYu em zona densa; por outro lado, a luta contra
<
_, 5
cfciros ambien almenre incorrectos deste ripo de habitat,
_ _
. .1 1
G.
e nce ão de loteamentos e de casas de alta qualidade
•
• n~
cll11 lêl --t
Lat .
desen,·oh-imenro de cransportes de acordo com a
oro :ura e em in termodalidade, a polarização dos equipamento
de proximidade em microcencralidades, a coagulação da urba-
niuçío em zonas mais compactas etc.
E ras duas opções não são contraditórias. Nfas a primeira
é mu.iro \·olunrarista e muito ambiciosa, porque deseja modi-
ficar os modos de Yida e as procuras de habitat (sendo a casa
ind.i -idual a escolhida pela maioria em todas as sondagens).
_-\. segunda é mais realista pois visa tornar os actuais modos de
,-ida compackeis com as exigencias ambientais. Todavia, esta
última aparece como muito pouco legítima entre os urbanis-
[25 que se debruçam raramente sobre as inovações possíveis
para fab ricar a cidade durável em baixa densidade. Muitos de
entre de-s querem, de facto , mudar a vida das pessoas para
mudar as cidades! ~ Ias as mudanças de mentalidade arriscam-
-se a demorar tanto tempo como as mudanças das formas
urbanas. É preciso, portanto, esforçar-se muito para tornar
mais duráveis as cidades tal como se encontram já dispersas,
mas sem por isso penalizar as populações modestas que são
os seus p rincipais ocupantes. Ordenar a cidade dispersa
consrirui, assim, um dos grandes desafios do urbanismo.
É, porém, muito negligenciada por diversas razões sociopolí-
ticas e ideológicas.
Scanned by CamScanner
Habitat intermédio 153
Existe toda uma gama muito prometedora de compromissos
2
..
I ', entre habitação individual e habitaçáo colectiva. Este tipo deforma <
o
o
'· urbana pode atrair uma pequena parte da clientela actuaL da casa '(')"
'i
o
individual. Mas isto continuará limitado e náo deve, por isso, -
, :;
.,
Habitat intermédio, individual agrupado, casas de cidade, '"
habitação en1 banda, semicolecüvo e pequeno colecti vo, realiza-
dos em pequenas operações com uma identidade urbana bem
'' marcada e espaços públicos quase comunitários, são muitas
vezes do agrado dos urbanistas. Estas formas de habitat surgem
como compromissos possíveis entre a procura de individualiza-
,,
1. ção dos espaços da vida quotidiana e as necessidades muito
socializadas da vida urbana, ou mesmo entre uma procura de
uma comunidade de vizinhança e as liberdades potenciais que a
cidade oferece.
Estes pequenos bairros urbanos, geralmente monofuncio-
nais, parecem ser rambém escalas bastante pertinentes para
montar operações imobiliárias com acrores privados e para tra-
tar toda a espécie de problemas, quer se rrate da segurança, da
gestão dos espaços de transição, do lixo, ou, mais recentemente,
das economias de energia ou da reciclagem.
Respondem com roda a evidência a uma procura. Mas mui-
tos urbanistas pensam que eles são também suscepáveis de des-
viar uma parte significativa da procura que se dirige a casas
individuais na periferia e que esta fórmula urbana deve ponanto
ser vigorosamente promovida como insrrumento de lura contra
a dispersão urbana. A hipótese destes urbanistas é que muitas
-- Scanned by CamScanner
.........
<
Scanned by CamScanner
1'
'
\
·~
que o desenvolvimento deste tipo de operação pode suscitar 155
arrisca-se a ser limitada, mas não quer dizer que esta forma ur-
2
bana seja menos interessante: ela pode ter um efeito exemplar, o
<
o
mesmo "pedagógico". Mas seria certamente muito eficaz tam- (/)
(")
o
bém que os urbanistas se interessassem pelas formas de habitat 3
...
"O
Mistura funcional
A especialização funcional dos espaços urbanos acaba por chocar
com certos limites que abrem o caminho a novos modos de organi-
zação dos espaços urbanos. Mas o modelo dominante da divisão
técnica do trabalho persiste e a mistura funcional dos espaços não
pode ser verdadeiramente obtida senão à escala das aglomerações.
Scanned by CamScanner
, . d trabalho concretizou-se assim no decurso do século
156 tecnica o
os dedicados a uma só actividade: grandes conJ· un-
xx por espaÇ . . . .
...
G) tos habitacionais, zonas industna1s, centros comerc1a1s, parques
.t:
o
cn de lazer, vias especializadas.
~
cn
'õ Contudo, este modelo de desempenho choca, tanto na
O•
e
...co indústria como na cidade, com diversos limites, nomeadamente
u..
em virtude das deseconomias de escala que surgem a partir de
certos limiares de concentração, rigidez que limita a adaptação
a novas necessidades, dificuldade em fazer face com grandes
unidades a procuras que se diversificam. Por outro lado, 0
► ◄
Scanned by CamScanner
--,
--- •
(")
o
mas de deslocação do que pelo jogo da proximidade imediata. 3
..,
"C
o
3
(/)
(/)
o
(/)
Scanned by CamScanner
...
\'
158
habitavam primeiramente nos andares de baixo; depois, com os t
1
I
LL.
muitas vezes nos limites comunais, sendo muitas vezes as auto-
ridades locais actores de ligação importantes.
A segregação social é suportada, por um lado, por lógicas
económicas que políticas urbanas e fundiárias podem em parte
contrariar, com a condição de aí se investirem muitos meios;
resulta, por outro lado, de uma lógica de relação que não é assim
tão simples de contestar. De um certo ponto de vista, é normal,
com efeito, que as populações que têm as mesmas aspirações ou
os mesmos modos de vida se agrupem em territórios comuns.
Mas de um outro ponto de vista, esta dinâmica é a própria ne-
gação da cidade porque esta só existe e só se desenvolve graças à
sua diversidade. Por outro lado, a relação é por vezes secundada
também por um egoísmo colectivo, quando a cidade não pode
funcionar senão na base de uma solidariedade urbana. Em cer-
tos países assiste-se mesmo ao desenvolvimento de condomínios
fechados, quer dizer, bairros fechados onde os serviços "públi-
cos" são de facto privados, ou seja, reservados apenas aos habi-
tantes destes bairros.
Se este tipo de fragmentação social não está de um modo geral
tão avançado em França, não é menos verdade que a fragmen-
tação comunal serve infelizmente muitas vezes de ponto de apoio
para dinâmicas de povoamento segregadoras. A recusa de certos
presidentes em construir habitação social é disso a manifestação
mais evidente. Mas os eleitos locais dispõem também de ouuos
instrumentos, formais ou não, para orientar o povoamento da
sua comuna, atrair certas populações e rejeitar outras.
Scanned by CamScanner
►
Periurbano/suburbano
Uma parte significativa das populações urbanas modestas habita
e trabalha na periferia das cidades e as suas necessidades são mal
transmitidas e mal consideradas pelos poderes políticos. Porque o
desafio não é lutar contra a periurbanizaçáo, a suburbanizaçáo ou
a rurbanfaação como tais, mas organizar da forma mais urbana
possível este modo de habitat e de trabalho.
' ;i1
cialmente vítimas da subida do preço do petróleo. Mas arris-
cam-se igualmente a ser penalizadas com as medidas visando 91
Scanned by CamScanner
É dcscj:ívd igualmente que os esquemas de ordenamento e 161
os documentos de planeamento abranjam zonas bastante
z
grandes, que englobem bem o conjunto destas populações e o
<
o
tenham cm consideração os seus modos de vida e não somente VI
C")
o
a necessidade de lutar contra a dispersão urbana definida de 3
...
,:,
o
maneira sumária apenas a partir das densidades. Os planos 3
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de deslocações urbanas (PDU) não devem ocupar-se apenas da VI
o
VI
qualidade do ar, mas também da qualidade e da quantidade dos ...eO'
tempos de deslocação. É preciso evitar, com efeito, que o ecoló- :li
::,
o
VI
gico não se faça cm prejuízo do social, em particular para as
camadas sociais modestas periurbanas e suburbanas. É mais
difícil que as cidades-centro dominem a cena político-mediática
quando as comunas periféricas estão ainda muito ligadas a
estruturas políticas notabiliárias e neo-rurais.
Ruas, avenidas
É um dos desafios de governabilidade local encontrar os bons
compromissos entre as diversas funções das ruas, residenciais, de
trânsito e de acolhimento de actividades.
A rua é igualmente o espaço pi,blico principal da cidade. Cris-
taliza, portanto, desafios múltiplos. E merece uma atenção e defe-
rências especiais pela parte dos urbanistas.
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I·,• ' .t.;1 l 1<.: cspccia 1ização funcional não diz respeito
163
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de':-, ·xir,1 c.: 111 c.:1,, h~1sLa111 c hrutalmcntc cm cercos países, onde as 2
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......
A • I •
164
mais visitantes e que por consequenc1a era necessano rearticular
a actividade comercial com o trânsito e os fluxos de atravessa-
mento.
Em terceiro lugar, veio juntar-se o regresso de um imaginá-
rio urbano no qual a urbanidade, ou seja, a adequação de um
lugar e dos seus usos, decorre precisamente da mistura, da varie-
dade, do imprevisto, do espectáculo de um espaço compósito.
Os consumidores não querem já somente abastecer-se, eles
querem também fazer compras, ou seja, passear, sonhar, ver 0
espectáculo da rua, ter o sentimento não de que eles estão na
rua mas de que eles são a rua. Este imaginário tem raízes pro-
fundas na história da cidade que é por excelência o lugar de
encontro com «o outro": com gente, ideias, objectos, situações,
que o reagrupamento de "iguais" não é susceptível de oferecer.
Neste contexto, as ruas multifuncionais e multissociais encon-
tram virtudes porque são os lugares de encontro ou de confron-
tação com o outro.
Por isso, a especialização funcional não perde todo o inte-
resse. Continua a produzir numerosos casos de economias de
escala e a trazer soluções com um bom desempenho relativa-
mente a certos problemas. Nem a via exclusivamente pedonal
nem a auto-estrada são portanto convidadas a desaparecer.
Todavia, elas devem ser reservadas para situações bem precisas,
combinando-se com outras formas de rua e esforçando-se por
tornar possível a existência paralela de vias multifuncionais e
multimodais. Assim, o enterramento de grandes infra-estruturas
rodoviárias urbanas, como por exemplo em Barcelona, Boston
ou Saint-Denis, permitiu criar à superfície espaços que reconci-
liam trânsito, serviço e actividades variadas.
A questão da partilha da n1.a no seu duplo sentido de pôr nn
comum e de separação, põe-se portanto com uma acuit/AtÍe
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actescitÚl e sob formas parcialmente novas, porque cada situa- 165
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,
Entrcvi~ta ·
• Última encrevista de François Ascher por ocasião do Grande Prémio do Urbanismo 2009.
Corresia l e Monde.
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os grande conjuntos de habitação É a mundialização responsável 173
- 1 encravados e mal-servidos; por este crescimento metropoli-
so C1•ai,
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finalmente, zonas no campo, re- tano? ::::,
....
-,
Que dificuldade coloca esta evo- Para atrair empresas de alto ní-
lução aos actores do urbanismo? vel, globalizadas e competitivas é
As metrópoles de hoje devem preciso oferecer aos seus assala-
construir-se sobre compromis- riados os serviços urbanos que
sos. O desafio para os urbanistas eles esperam: um aeroporto, uma
e políticos é elaborar os com- ópera... Só as grandes cidades o
promissos que permitirão fazer podem pagar. A globalização tem
viver em conjunto estas cinco como efeito aumentar a escala
categorias, fabricar uma cidade pertinente das cidades em termos
que possa satisfazer as suas ne- económicos, sociais e culturais.
cessidades de uma maneira equi- É por isso que as metápoles cres-
tativa. Como introduzir neste cem, absorvendo cidades e vilas
rodo urbanidade, espaços públi- que entram por sua vez no siste-
cos, serviços de transportes co- ma da globalização.
lectivos?
Nestes últimos anos os urba- Sera' uma "metapot·1zaçao
,., " bem-
nistas reaprenderam a conceber -sucedida a garantia de uma
os centros das cidades. Ora, o ver- melhor resistência fase à crise?
dadeiro desafio seria conseguir a As cidades que souberem
cidade pouco densa, introduzir desenvolver um compromisso
urbanidade nas zonas de mora- urbano criativo têm vantagens
dias da segunda coroa. Os urba- para sair da crise. Mas o elemen-
nistas não dominam este tema to estratégico será o posiciona-
porque não aceitam que a cidade mento nas tecnologias verdes.
do século XXI seja feita também Nós estamos apenas na orla de
de espaços de baixa densidade, um ciclo económico longo, no
que uma maioria dos franceses qual o crescimento será baseado
deseja uma casa com um jardim. em mercadorias ecológicas. As
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cidades devem ao mesmo tempo vel ". A cidade não é por definição
174
ter êxito na atracção de empresas "durável", não deve ser congela-
...
ci, especializadas nestas novas tec- da, deve estar em permanente
.J::.
u
,_,, transformação. Muitas vezes a
~
nologias e em tornar-se lugar de
(/)
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