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Compilação da legislação

penal militar portugueza


desde 1446 até 30 de junho
de 1895 / por José Ricardo da
Costa Silva [...]

Source gallica.bnf.fr / Bibliothèque nationale de France


Antunes, José Ricardo da Costa Silva. Auteur du texte. Compilação
da legislação penal militar portugueza desde 1446 até 30 de
junho de 1895 / por José Ricardo da Costa Silva Antunes,.... 1895.

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JOSÉ BIOASDO Di COSTA, SIMi ASÍtlKEg
General de brigada1 reformado é voplí do supremí) conscljjo
de jjislicá militar

LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1895
ílm estudó critico acerca das phases por que tem passádo a justic a militar em Portugal, se-
ria, decerto, obra de apreco para os que se Intéressam pelas instituigoés militares; lia^ pOréin,
para b empréhender tanta difíiculdade na procura dos elementos precisos para a süa eoordeiiagSOy
que ajisso se deve talvez o naoter havido quem o intentasse até hoje^ pois, achandb-se á legisla-
cao patria dispersa por grande numero de volumes e diversas colleccoes, e tendo-se de recorrer
a differentes archivos e bibliothecas, toma-se bastante enfadonha a tarefa de se eserever sobre
qnalqüer assumpto em especial.
Para aquelle a que me retiro, teria sido.de valioso auxilio o trabalho incumbido a üma com-
missao em portaría de 15 de seternbro de 1865, de revé?' e compilar a legislaqab penal'militar,
para o que haveria necessidade de colligir primeirameute o que existia disposto sobre ésta matea-
rla; mas, infelizmente^ a dita commissao nao cliegou a congregar-se, sendo dissolvidaéni 13 de
feverei'ro de 1868.
Mo se tendo levado a eífeito esse importante encargo, propuz-nie, desde que effi 1886 fui
nomeado secretario do tribunal superior de gueíra e marinha, a reunir n'um só corpó tudo que
podesse encontrar na legisíacSo do nosso paíz, concernentc ao processo e penalidades estabéleci-
das p$ra a repressao dos dclictos e faltas commettidas por militares; Subsidios colhidos a pouco
e pouco e com que constituí a compilacao da Legislagao •panal militar portugueza, abx'ángendo o
periodo decorrido desde 1446 até 30 de junlio de 1895, no intuito de facilitar ássim o Ém es-
tudó.
Segui n'esta compilacao a ordem chronologica dos diplomas, nao separando, como seria mais
racional, as disposieoes relativas á forma do processo das respeitántes á criminalidade e penas
applicaveis, por n'elles se ácharem, em geral, urnas e outras promiscuamente misturadas.

Em alguns dos diplomas transcriptos na integra foram supprimidos Os artigos ou paragra-


p'hos que continharn materia differente da tratada n'esta compilacao, para nao a avolumar dema-
siado.
Com o finí de facilitar a sua consulta, precedia-a de urna syuopse do conteúdo em cada urna
das suas disposi§oes, com indicado de onde foram extrahidaSj e segui-a támbem de outra syno-
pse dos accordaos, contendo jurisprudencia, proferidos pelo tribunal superior de guerra e mari-
nha depois da publicacao do código de justiea militar de 1875.
Juntei, finalmente, como curiosidade, a relaclo dos membros e mais pessoal que tem consti-
tuido o tribunal desde a sua ereacao em 1834, com as datas das suas collocacoes e saídas d'elle.
Diligenciei bastante que o repositorio da legislagao penal militar, que coordenei, fosse o mais
completo possivel; nao succedeu, porém, assim, pois nao pude encontrar onde exaradas varias
disposigoes citadas em reportónos e documentos que compulsei, entre os quaes as que em seguida
índico; possa mesnio, incompleto, servir este trabalho para o fim com que foi intentado, que SÍK
^isfeito ficarei de o haver emprehendido.

Regimentó dos conselhos de guerra de 22 de dezembro de 1648, citado no reportorio re-


missivo da legislacao de marinha, por Costa e Ahneida, pag. 192.
Decreto de 11 de agosto de 1768, contendo o regimentó que amplia o primitivo dos conse-
lhos de guerra, ideiu, ídem, pag. 192.
Decreto de 20 de agosto de 1777, declarando que o réu militar, sendo official de patente,
devia em conselho de guerra responder assentado, idem, idem, pag. 583.
Carta regia de 19 de fevereiro de 1807, revogando a ordenanca de 9 de abril de 1805,
duanto á pena imposta pelo crime de terceira e simples desercíío; citada no alvará de 1 de abril
de 1808, que creou no Rio de Janeiro o conselho supremo militar, c era varios reportónos.
IV ' \
i
.

E sámente a partir do seculo xv que apparecem na legislacao patria preceitos mais positivos
„cóm referencia a este assumpto; antes existia, desde o principio da monarchia, como principal
auctoridade militar, o alfares mor, que exercia as funccoes de general, e que passou no femado
dé EL-Réi D. Alfonso Y a ter únicamente por attribuicao levar a bandeira real; creando-se en-
tao os postos - de condestavel (que mais tarde se tornou meramente honorífico) e o de marechal.
O primeiro era o general da hoste e recebia as ordens do Rei, transmittindo-as ao segundo, a
qixeíñ competía fazél-as executar; havendo tambem na marinha o almirante, que era o seji chefe
supremo 4 • !
Entre as attribuicoes designadas para estes tres altos cargos da milicia nos setis respectivos
régiméntOSj os quaes se acham no tomo ni das Provas da historia ^genealógica da casa real, en-
coñtram-se as seguintes, que mostrara a jurisdiccao criminal que elles tinham. ¡

No regimentó do condestavel: t
«E, ao~ condestavel perténce o maior e mais principal carrego da justica especialnieitte nos
féitps passados de grandes pessoas. E portante lhe convem levar comsigo uní lettradojé bem
entendido por ouvidor e outro homem de bem por meirinho, e elle deve levar cadeia e cafcerei-
ros é homens para fazer justica em tal guisa que possa ser bem cumplida e exectitadi pelos
ditos oíficiaes d'ellá.»

Nb regimentó do marechal:
«B o marechal deve' levar comsigo na hoste uní lettrado perten'cente para elle, que seja
seu ouvidor para conliecer todos os ofncios crimes e civeis que perante elle vierem, e bim as-
sim um meirinho para liaver de prender áqtielles que pelo dito marechal ou seu ouvidor fot' man-
dado oü que elle adiar no arraial fazendó que o nao deVet e n'este caso deve logo ir ao ouvidor
e recontar-llie a rasao por que prendeu o dito preso, e fazer o que lhe for mandado^ bem assim
deve levar cádeias para áprisoar os malfeitores, e carccreiros que hajam de prisoar e guardar,
e algozes para fazer justica quando mister for.
«E que todas as execucoes de justica devem ser encommendadas ao marechal e setis ofíi-
cia.es e portanto se costumoú sempre qué os pregoes de justica sejaní dados em nome do con-
destavel Je marechal juntamente, porém nos tolhemos para que ao condestavel que em alguns
casos de triganga onde a tardanga traria perigo que possa fazer execucao por seus ofliciaes,
quándo lhe bem parecer.»
No regimentó do almirante :' "
«E o almirante tem jurisdicgao e poder sobre todos os homens que coñi elle forera ñas nossas
gales tambem em frota como em armada em todos os logares por um andar por mar e em os
portos de térra onde saírem fórá lhe hao de ser obedientes e bem mandados como seu almirante
e assim como fariam pelo nosso corpo mesmo se ahi presente fossemos, o os que lhe nao forera
bem mandados estranhal-o nos corpos no direito e justica segundo houverem ou merecerem as-
sim como a nos ahi presente fossemos.
«E por quanto outro sim foi duvida se nos casos onde a jurisdiccao criminal ó do dito almi-
rante se fará a justica com pregan em nome do dito almirante se no seu d'e-lle dito senhor, por-
que o dito regimentó o nao declara, determinou que em todo o caso em que ao dito almirante
pertenca fazer justiga se des o pi'egao d'elle dito almirante assim como na hoste e arraial da térra
se pode e deve dar em nome do condestavel e marechal.»
Synopsc clironoiogica das disposicoes coñudas na compilacao da Legislacao penal militar portugiíeza.

l'ag. Pag.
Regimentó fia guerra de 1446. (Pi-ova? da Decreto, 28 dezembro 1640. (Coll. de leg. dé:
historia genealógica da casa real, tomo ni, pag. Andrade e Silva.) — Cria tenente general para a
314.)—Privilegiosconcedidos aos soldados equá- artilheria, dándo-lhejurisdiccao sobre os ártilhei-
lidades que devem ter
Ordenagao, 30 novembro1478. (Ined. da hist.
1 ros..,.:.
Alvará, 14 junho 1642. (ídem, idem.) —
8
port., tomo ni, pag. 51Í.) — Impoe a pena de morte Estabeleee que os soldados pagos sóniente gosem
aos desertores ¡ .-
1 do privilegio do foro nos criines coinmettidos dé-
Regimentó dos capitaes mores, 10 dezem- pois de alistados; e designa os magistrados que
bro 1570. (Syst. dos reg., tomo v, pag. 183.) — Inio de julgar os crimes da gente de guerra ¿
S
listabelece as penas e o modo de as applieai* para Resolueao do conseibo de guerra, 17 ju-
os soldarlos que durante os exercicios militares lho 1642. (Leis extrae, tomo i, pag. 48.)—Accla-
commettessem faltas ou delictos, bem como para rando o alvará de 14 de junho, diz que nenlium '
as vigias dos logares portos do mar .. 2 privilegioaem isencao podia valer aos crimes coin-
Provisao, 15 maio 1574. (ídem, idem, pag. mettidos anteriormente ao privilegio do foro, nem
195.) — Declara e amplia o regulameuto geral das applicar-se ua gente das ordenancas, e menos en-
ordenanzas; estabeleee mais penas para as infrac- tender-se nos casos eiveis 9
coes commettidaM pelos homens da milicia, assim Decreto, 5 julho 1642. (Coll. da leg. de An-
como o processo a seguir no seu julgamento 3 drade e Silva;) — Manda que os desembargadores
Regimentó da Relaeao do estado da India, e ministros da justica defiram aos predatorios do
16 fevereiro 1587. (Liv. i das leis, arch. nacio.- tenente general da artilheria e lhe remettam os
nal, pag. 141.) —-Cria a Relaeao, dando-lhe juris- autos e culpas dos artilheios ¿ ••
9
dicciio para todos os feitos e causas eiveis e cri- Decreto, 11 agosto 1642. (Syn. dos. decr. do
mes, e fixando a dos ouvidores das diversas forta- eons. de guerra, vol. i, pag. 26.)—Manda que se
lezas da dependencia d'aqueüe estado 5 nao publique nem se dé á execuijao sentenca em
Regimentóda Relaeao do estado do Brazil, casos graves sem ser consultado El-liei 9
25 setembro 1587. (ídem, idem, pag. 172.) — Decreto, 14 outubro 1642. (ídem, idem, pag.
Cria Relaeao, dando jurisdiccao
a. todos
para os 38.) — Manda saír de Lisboa dois capitaes vistos
feitos e causas crimcs o eiveis, e íixando a dos ou- em desafio, para scvvirem na fronteira sem soldó.. 9
vidores 6 Decreto, 30 outubro 1642. (ídem, idem, pag.
Carta regia, 38 novembro 1598. (Syat. dos 27.) — Impoe a pena de vinte dias de prisao ao"
reg., tomo v, pag. 217.)—Coutém o regimentó dos oílicial ou soldado das eompanhias do Castello
sargentos mores das comarcas. Estabeleee as pe- que ali nao dormissem 10
nas em que incorrem os que nao satisfizeremaos Decreto, 23 fevereiro 1643. (Metn. estat. hist.
preeeitos que al i se designam G militar.) —Dá ao teneute general da artilheria ju-
Regimentó da Relaeao da Babia, 7 margo risdiccao sobre os bombardeiros,que gosariam das
1809. (Syst. dos reg., tomo vr, pag. 299.) — Cria mesmas isencoes que tinham os soldados pagos... 10
a Relaeao da Babia em logar da antecedente, que Alvará, 26 agosto 1643. (Coll. de leis cihni-
nao cliegou a levar-se a effeito., e estabeleee o naes militares, pag. 475.)—Da jurisdiccao ao ve-
modo por que hao de ser julgadas as causas eiveis dor geral do exercito para proceder contra todas
e criines da gente de guerra no estado do Brazil.. 7 as pessoas que nao etimprirein os seus mandados,
Alvará, 6 dezembro 1612. (Ordenaciio, liv. v, condemnando-os em diversas penas Id
pag. 254.) — Sobre a reformaeao da justica, onde Alvará, 22 dezembro 1643. (Coll. de leis de
se diz que periicm o privilegio do (oro os portu- Verissimo, tomo ir.)—Regimentó do conselho de
guezes que se alistaren! ñas bandeiras da gente de guerra; sua eomposieao e attribuicoes, trata de
guerra hespanhola 7 novo do privilegio do foro para os soldados pagos,
Alvará, ü9 maio 1626. (Ordenacao,liv. iir, pag. e do modo por que bao de ser júlgados 1"
142.) — Fixa o salario que se devia levar pela pe- Resolueao, 23. julho 1644. (Leis extrav.,
nhora que os alcaides c ineirinhos íizessem aos sol- tomo i, pag. 15.)—Ordena que o conselho de
dados que faltassem ñas eompanhias 7 guerra nao impeca As justicas o ireni ao castello 13
Decreto, 11 dezembro 1640. (Leis extrav., de S. Jorge as diligencias que se Idos ordena'rem
tomo i, pag. 7.) Croacáo do conselho de guerra.... 8 Decretó, 19 agosto 1644. (ídem, idem, pag.
VI

Pag.
18.) — Manda que o regedor da casa da supplica- que se guardem aos capitaes e mais officiaes das
cao faca fornecer o neeessario para as execucoes eompanhias da ordenanca os privilegios e isencoes
que se fizerem por sentenca do conselho de guerra 13 do seu regimentó, e que da sua nao observancia
Alvará, 29 agosto 1645. (Syst. dos reg., possam appellar e aggravar para o conselho de
tomo v, pag* 416.) — Contém o regimentó das guerra. N'uma nota a esta carta regia se véem os
fronteiras, que trata, entre outras colisas, da9 notas privilegios que logravam os capitaes mores e ou-
sobre enstigos que se deveni eserever nos livros; tros. bem como os que competiam a todo o militar 18
das revistas de inostra; eontravencoes ñas marcas Decreto, 25 Janeiro 1660. (Ordeuacao, liv. v,
dos cavallos do estado; obras e compra de abas- pag. 270.) — Exclue do privilegio do foro militar
tecimentos 14 dos soldados o caso de furto, para poderem ser
Alvará, 24 novembro 1646. (Mein, estat. hist. presos, processados o castigados pelas justicas or-
militar.) —Concede os privilegios dos soldados pa- dinarias. 19
gos aos auxiliares pelo tempo que estiverem alis- Assento, 29 Janeiro 1660. (Ordenacao, liv. v,
tados ; tendo os capitaes e officiaes patentes e os pag. 299.) — Ficou fesolvido perteueer ao corre-
mesmos privilegios da gente paga. 15 gedor do crime da corte o reconhecimentodas cul-
Alvará, 28 maio 1648. (Ordenacao, liv. n, pas e livramento dos soldados de infantería encon-
pag. 133.) — Manda que por culpas commettidas trados com pistola, i 19
no servico por capitaes da ordenanca, só possam Carta regia, 18 junllo 1663. (Mein, estat. hist.
elles ser presos por ofiiciaés d'ella, e os que forem militar.)-—Cria auditor para as fortalezas desde
jülgados por outros casos pelos ministros de jus- Cascaes até Alcántara 20
tica e que demandem prisáo sejam a, esta levados Decreto,30Janeiro 1664. (Leis extrav., tomo i,
pelos juizes do crime e outros superiores 15 pag. 363.)—Ordena que os corregedores e juizes
Alvará, 20 Janeiro 1649. (Syst. dos reg., de fóra facam diligencias de dois em dois anuos
tomo v, pag. 179.) — Manda subir ao conselho de para se infornmrem se os soldados fúgidos das
guerra, por appellaeao, ás causas crimes da gente fronteiras se achain em casa dos paes, e fazel-os
de guerra alistada ñas fronteiras, julgadas pelos recolher aos seua tercos 20
auditores das provincias 15 Decreto, 31 julho 1664. (Ordenacao, liv.. v,
Decreto, 21 Janeiro 1650. (Leis extrav., pag. 270.) — Estabeleee que os soldados que com-
tomo i, pag. 15.) — Declara que os governadores metterem pequeños furtos sejam presos e levados
das armas téemjurisdiccao para castigar os milita- para as torres da. Berlenga ou Cabeea Secca, pelo
res dentro dos seus distrietoB, mas nao para per- tempo que El-Rei houver por bem 20
doar, nem o conselho de guerra para lli'o confir- Decreto, '¿O novembro 1664. (Mein, estat. mi-
mar ou revalidar 16 litar.)— Cria um auditor para a cavallaria da Es-
Decreto, 4 setembro 1650. (Syu. dos decr. do tremadura 20
cons. de guerra, vol. i, pag. 226.) — Manda que Regimentó dos armazens, 17 marco 1674.
nao sejam propostas para postos na guerra pessoas (Syst. dos reg., tomo m, pag. 1.) — Estabeleee no
delinqueutes ou homisiadas 16 regimentó do provedor, capitulo n, as penas ein que
Regimentó da Relaeao da Babia, 12 setem- incorrem os que faltarem ás mostras; no capitulo
bro 1652. (Syst. dos reg,, tomo vi, pag. 304.) — xxvi d'este regimentó a jurisdiccao do dito prove-
Trata como no regimentó anterior do julgamento dor; no regimentó dos privilegiados, capitulo n,
das causas crimes e eiveis da gente de guerra pela manda castigar conforme as ordenancas militares
dita relaeao 16 os soldados que faltarem ás eompanhias, e no re-
Decreto, 13 setembro 1652. (Ordenacao, gimentó da tenencia, capitulo xxn, <iá ao tenente
liv. m, pag. 144.) — Estabeleee que, quando os gpneral da artilheria a inesina jurisdiccao do pro-
conservadores avocarem a si as culpas dos solda- vedor 20
dos, o facam por precatorios 16 Alvará, 4 maio 1676. (Syst. dos reg., tomo'ni,
Decreto, 18 julbo 1653. (Syn. dos decr. do pag. 363.) — Contém o regimentó dos inarinheiros
eous. de guerra, vol. i, pag. 275.) — Suscita a ob- do Trosso, onde se estabeleee a pena em que in-
servancia do decreto dé 4 de setembro de 1650, correm os que se ausentaren! sem licenca, e por
mandando que os requerentesa postos hístruam os quem bao de ser julgadas as suas causas eiveis e
requerimentos com folha corrida 16 criines 22
Alvará, 23 setembro 1653. (Ordenacao, liv. v, Alvará, 4 junho 1677. (Syst. dos reg., tomo v.
pag. 160.) — Ordena que, quem resistir ás justicas, pag. 483.) — Contém o regimentó dos artilheiros
íhes tirar presos da mío, impedir que os prenrlam do Trosso, onde se estabeleee a pena em que in-
ou tirar presos das cadeias, nao gose de privilegio correm os que se ausentaren! sem licenca, e por
algum militar 17 quem bao de ser julgadas as suas causas eiveis e
Alvará, 6 fevereiro 1654. (Ordenaciio, liv. n, criines 22
pag. 134.) -— Estabeleee que aos auditores das pro- Regimentó dos governadores das armas
vincias toca pasear carta de seguro aos soldados de todas as provincias, 1 junho 1678. (Leis
auxiliares nos casos crimes em que as podem pas- extrav., tomo i, pag. 64.) — Pixa a jurisdiccao dos
ear os corregedores das comarcas, e nos outros o mesmos governadores, as attribuicoes dos audito-
accessor do conselho de guerra 17 res, o privilegio do foro dos soldados e oíliciaes, e
Alvará, 21 Janeiro 1655. (Leis extrav., tomo v, a forma do processo a seguir nos criines por elles
pag 63.)—Manda que tambem os escriva.es da eommettidos 22
gente de guerra respondam ás folhas dos correge- Carta regia, 21 agosto 1683. (Leis extrav-,
dores da corte 17 tomo i, pag. 49.) — Esclarece o regimentó antece-
Decreto, 13 agosto 1655. (Ordenacao, liv. n, dente, declarando que os juizes de fóra eram os
pag. 159.) — Concede aos eonselheiros e secreta- auditores das prncas, e o modo como haviam de
rios, do conselho de guerra os mesmos privilegios sentenciar os soldados e para quein se dariain as
que tinharn o regedor e desembargadores da ca^a appellacoes e aggravos 31
da supplicacáo e mais tribuuaes 18 Alvará, 21 Janeiro 1696. (Syst, dos reg.,
Decreto, 28 agosto 1658. (Leis extrav., tomo i, tomo ív, pag. 68.)—Estabeleee as penas em que
pag. 362.) —Manda que se encommendea todos os incorrem os soldadas pelo crime de contrabando
jülgados do reino o castigo e reeonduceáb dos sol- ou venda de tabaco, c os oíliciaes que nao derem
dados pagos e auxiliares, que se ausentaron das conhecimento d'isso aos governadores das armas
fronteiras 18 ou nao prestaron auxilio ás justicas para a prisño
Carta regia, 25 outubro 1659. (Coll. das leis dos delinqueutes 32
de Verissimo, tomo iv, pag. 60.) — Kccoininciida Alvará, 9 agosto 1701. (Ordenacao, liv. v.
VII

l'ng. Pag.
pag. 250.) — Manda que se nao dé baixa aos ca- Aviso, 4 dezembro 1750. (Syn. dos decr. do
vallos que por incapazes os capitaes venderem sem cons. de guerra, vol. vi, pag. 245.) — Ordena que
se lhes cortar urna orelha e se contramarcarem, e o conselho de guerra, emquanto se nao concluisse
fixa as penas em que incorrem os que o nao cum- o edificio que lhe estava destinado, se reunisse ñas
prirem 32 segundas e sextas feiras de cada semana na casa
Decreto, 10 Janeiro 170o. (Syn. dos decr. do das congregacues da sé de Lisboa 49
cons. de guerra, vol. ni, pag. 409.)—Resolve que Decreto, 20 julho 1751. (Leis extrav., tomo i^
um titular membro do conselho de guerra precede pag. 15.) — Manda novamente que o conselho de
aos mais eonselheiros em rasao do seu titulo .... 33 guerra se ajunte ás tardes das quartas feiras de
Decreto, 16 Janeiro 1706. (Syn. dos decr. do cada semana, para expedicao dos negocios de jus^
cons. de guerra, vol. ni, pag. 409.) — Manda que tica .. 49
sejam privados dos postos os officiaes que nao as- Decreto, 27 setembro 1751. (Leis éxtráv.,
sistissem nos seus tercos ou que se ausentassem tomo t, pag. 51.)—Mandaunir a auditoria da gente
sem licenca das pracas onde estiverem de guar- de guerra do Porto ao logar de juiz do crime da:
niólo
Resolueao, 30 agosto 1706. • *
(Leis extrav.,
33 dita eidade ......
Regimentó de Relaeao do Rio de Janeiro,
49

tomo i, pag. 364.) — Resolve que se nao prenda 13 outubro 1751. (Syst. dos reg., tomo iv, pág;
mülher alguma por cousas militares; é fixa as pe- . 484.)—-Entre os desembargadores d'esta Relá-:
nas em que incorrem os soldados auxiliares e pa- cao contase um ouvidor geral do crime ei outro
49!
gos para fugirem ou desertarem ¿18 do civel
Alvará, 20 fevereiro 1708. — (ídem, idem, Decreto,22 outubro 1751. (Leisextrav.,tomúi, '
pág. 131.)—Mandaobservar as novas ordenancas, pag. 80.) — Manda observar inviolavel e litteral-
ñas quaes se prohibe a venda, dos postos e os offi- mente os §§ 37.° e 45.° do regimentó dos governa-
ciaes injuriaren! ou offenderem os sargentos; se dores das armas ¿ ... *.,
49
estabeleeem penas para os diversos delictos, e for- Resolueao, 27 junho 1767. (Syst. dos reg.,
ma do processo nos julgamentos de deliuquentes, tomo iv, pag. 516.) — Manda imprimir, para te-
e trata das desereocs, pracas suppostas e dos as- rem exacta exeeueao no Brazil, o regimentó das
sentos da vedoria 33 ordenancas e mais ordens a respeito d'esta mate- .
Alvará, 7 maio 1710. (Coll. das leis de Veris- ria 50
simo, tomo II, pag. 173 e 256.) — Ordena que to- Provisao, 30 abril 1768. (Syst. dos reg.,
dos os mezes, antes de fazer o pagamento, se leiam tomo iv, pag. 516.) — Transcrevendo os diplomas
nos regimentoa de cavallaria e infantería as penas a que se refere a resolugao antecedente, ordena
em que incorrem os militares que faltarem á sua que a appellacao ou aggravo do procedimento.dos
obrigacao, e estabeleee outras penalidades, alem corregedorescontra os officiaes da ordenanca seja
das marcadas ñas novas ordenancas,predominando interposto pelos ouvidoresdo estado do Brazil para
ahi a pena de morte natural nos delictos de que o governador geral da capitania, e fixa a maneira
trata 41 como ha de ser julgado 50
Lei, 29 agosto 1720. (Syst. dos reg., tomo v, Alvará, 1 agosto 1758. (Coll. de leis milita-
pag. 236.) — Revoga a permissao da resolacüo de res, tomo i.) — Com referencia ao disposto no § 18;°
26 de novembro de 1709 para os governadores das do estatuto da eompanhia geral do Grao Para e
conquistas poderem eoinmerciar, e prohibe que o Maranháo,declara como se deve proceder para com
facam por si ou por outrem diversas auctoridades os réus que commettem crimes prohibidos palas
e officiaes militares 43 leis, cujo castigo dependa de jurisdiccao conten-
Decreto, 7 agosto 1724. (Leis extrav., tomo i, ciosa, assim como com os crimes que se referirem
pag. 15.) — Para se sentenciaren! as umitas cau- á navegacao e disciplina da marinha 50
sas retardadas, ordena que se reunam ñas segun- Decreto, 27 abril 1761. (Syst. dos reg., tomo v,
das, quartas e sextas feiras do cada semana os eon- pag. 251.) — Prohibe, sob pena de perdihientos dé
selheiros de guerra e adjuntos e aecessor 43 postos, aos officiaes de iretn á presenca de El-Rei
Regimentó para os capitaes de mar e sem os seus uniformes 51
guerra e mais officiaes da armada, 19 Ja- Decreto, 2 abril 1762. (Syst. dos reg., tomo v,
neiro 1735. (Arch. do trib. superior de guerra e pag. 254.) — Fixa as eobertas e pratos, e o numero
marinha.)— Encontrain-sen'elle as penas com que de pessoas que podiain ter á mesa os generaes,
bao de ser castigadas as diversas faltas no servico inipondo penas aos contraventores 51
das embarcacoes, e assim os delictos 43 Ordem do conde de Lippe, 2 Janeiro 1763.
Decreto, 18 abril 1735. (Syst. dos reg., tomo v, (Cuuha Mattos, tomo i, pag. 63.) — Manda que os
pag. 232.)—Providencias para se evitaren) os ex- inferiores nao castiguem os seus subordinados na
cessos e despezas supernitas nos vestidos e mesas presenca dos superiores 51
dos generaes e mais ollieiacs militares, com as pe- Alvará, 18 fevereiro 1763. (Ribeiro, tomo II,
nas que llies eram impostas pelas eontravencoes.. 46 pag. 61.) — Ápprova o vegulamento para a instruc-
Regimentó, 24 margo 1736. (Arch. do trib. Qao e disciplina da infanteria e ¿iracas que consti-
sup. de guerra e marinha.)— Fixa outros castigos, tuem as barraras do reino, no qual se eomprehen-
alem dos mencionados no regimentó antecedente, dem os artigos denominadasde guerra; estabeleee
para diversas faltas commettidas a bordo dos na- os conselhos de guerra e o processo para o julga-
vios de guerra, sendo o de prísao a ferros e o de mento dos criminosos 51
tratos applieados em alguns casos tambem a offi- Resolueao, 8 marco 1763. (Rep. de leg. de
ciaes 46 mar. e ultr. de Costa e Ahneida.)•—Equiparacao
Aviso, 22 abril 1737. (Ordenacao, liv. v, pag. dos postos do excrcito e armada com os logares da
269.) —• Desatiende um embargo feito pelo conse- magistratura . 55
lho de guerra á condeinnacáo feita pela Relaeao Alvará, 9 julho 1763. (Syst. dos reg., tomo v,
de um soldado de cavallaria pelo crime de resis- pag. 287.) —Manda que baja um livro de registo
tencia aos oflieiaes de justica e outros delictos, por em cada regimentó,, onde se escreverao os conse-
isso que nao podia gosar do privilegio militar. 48 lhos do guerra dos officiaes pela forma que indica,
Ordem do conselho de guerra, 18 setembro ... tratando tambem dos abonos a fazer aos culpa-
1743. (Leis extrav., tomo i, pag. 49.) — Ordena dos eondemnados a trabalho ou presos nos quar-
que os auditores das pracas váo a casa dos gover- teis 55
nadores sentenciar os processos, assim como os au- Alvará, 15 julho 1763. (ColJ. das leis milita-
ditores geraes íam a casa dos generaos das armas res, tomo i.)—Declara como bao de proceder os
para o dito finí 48 juizes nos conselhos de guerra, e que no artigo 14." .
VIII

Pag.
dos de guerra se comprehendem todas as pessoas Carta regia, 23 fevereiro 1771. (Arch. do
q ue aconselharem ou induzirem os soldados para a trib. sup. de guerra e marinha.) — Manda repre-
désercao 56 hender o corregedor do crime do bairro do Roció
Ordem do conde de Lippe, 20 outubro 1763. em Lisboa, e bem assim o intendente geral da
(Coll. de leis criminaes militares, pag. 533.) —Para polieia, pelo erro que commetteram por remette-
ós coronéis poderem mandar os presos que tiverein rem para a eorréicáo da corte um soldado aehado
nos seus quarteis para as cadeias, e para poderem
v mandar com faca, o que era contrario ao estabelecido na
conferir as respostas dos soldados quelhes. lei de 21 de outubro de 1763, e annullar o jul-
remetterem Os ministros para sentenciar com es- gado 68
sés ministros,. 57 Carta regia, 23 fevereiro 1771. (Ribeiro,
Decretó* 20 outubro 1763. (Coll. das leis mi- tomo II, pag. 921.) — Manda que se nao executem
litares, tomo i.) — Cria Os auditores lettrados nos penas vis em réüs militares sem primeiro serem
regimentos, para servirem de juizes relatores nos exautorados 69
conselhos de guerra dos seus respectivos régimen- ,
Aviso, 7 margo 1771. (Arch. do trib. sup» de
tos, é sao abolidos os auditores geraes e particula- guerra e marinha.) — Declara como os magistra-
res . ..... ¿ i 57 dos civis háo de jn'oceder,segundo os delictos pú-
Alvará, 21 outubro 1763. (Coll. das leis mili- blicos dos militares forem ou nao commettidoscom
tares, tomó i.) —Estabeleee a jurisdiccao dos au- co-réüs paisanos 69
: ditorés,regimentaes, e fixa os limites entre a juris- Alvará, 14 fevereiro 1772. (Coll. das leis mi-
-
dicgaó civil e militar 57 litares, tomo i.)—Marea a pena ultima para os
Decreto, 15 dezembro 1763. (Coll. das leis militares das tropas pagas encontrados fóra dos
militares; tomo i>) —Esclarece as duvidas havidas quarteis, em reuniáo de tres ou mais, com armas
sobre a applicaijao da lei precedente ás causas que brancas ou de fogo, sem ser em acto de servico;
sé achavam já aflectas áaceessoria do conselho de priva do foro militar os que resistirem aos officiaes
.
guerra..; ^ i......... ¡, 60 da real fazenda ou impedirem a arrecadagao da
Edital do conde de Lippe, 17 fevereiro 1764. mesiiia, o que nos crimes de contrabando sejam
(Gollí de leis militares, tomo i.) — Marca as penas processados e jülgados, os que os commetterem,
em que incorrem os soldados e officiaes inferiores perante o superintendente geral dos contraban-
que resistirem ás Justinas, e todos os que pretende- dos 69
í'Cm tirar presos das maos das justicas ou impedi- Alvará, 15 janeirol774. (Syst.dos reg.,toniovr,
reni quaesquer prisues aos magistrados, bem como pag. 180.) — Approva o regulamento da adminis-
os soldados encontrados com espingardas, bayone- traeiio da justica na India, no qual se determina
tas, etc., nao sendo em accao de servico. Manda que' os juizes de fóra nas diversas comarcas sejam
tambem que os respectivos processos sejam findos tambem auditores da gente de guerra: estabeleee
no mesino dia em que comecarem . ¡ 61 a jurisdiccao do governador e o processo a seguir
Alvará, 18 fevereiro 1764. (Coll. de leis mi- nos feitos'crimes dos militares 70
litares,
_ tomo i.) — Concede aos auditores regimen- Aviso, 11 Janeiro 1775. (Leis extrav., tomo i,
táes a iiatente, vencimentos, honras e uniformes pag. 245.) — Resolve que ao3 officiaes que, estando
dos capitaes, e estabeleee o modo de serení feitas presos, forem soltos e livres por suas sentencas, se
as votacoes nos eouselhos de guerra Gl satisfacam os sóidos vencidos durante o tempo de
Ordemdoconde de Lippe, 20fevereiro 1764. prisiio 71
(Coll. das leis de Verissimo, tomo ir.) — Determina Decreto, 21 julbo 1777.•
(Syn. dos decr. do
que 03 soldados sentenciados a trabalbos ñas for- cons. de guerra, liv. vi, pag. 12.)—Prové como
tificacoes sejam remettidos aos governadores das devem coinpor-se os conselhos de guerra guando
respectivas pravas com os extractos das senteu- os réus forem condecorados com alguma das or-
9as 62 dens '1
Alvará, 24 fevereiro 1764. (Syst. dos reg., Decreto, 20 agosto 1777. (Coll. das leis mili-
tomo v, pag. 205.) — Trata da maneira de se fazer tares, tomo i.) — Determina que baja em todas as
o recrutamento, impondo penas aos que nao cum- semanas um dia no conselho de guerra destinado
prirem os seus preceitos 62 sómente para a resolueao dos processos dos conse-
Alvará, 7 julho 1764. (Syst. dos reg., tomo v, lhos de guerra ali accumulados, para o que foram
pag. 213.)—Ampliao antecedente, fixando as re- no mesnio decreto nomeados mais tres ministros
sidencias dos coronéis e outros officiaes dos auxi- juristas, funecionando o tribunal como conselho
liares 62 de justica 72
Alvará, 25 agosto 1764. (Ribeiro, tomo ir, Aviso, 24 novembro 1777. • (Syn. dos deer.
pag. 66.) —Approva o regulamento para a instrue- - do cons. do. guerra, vol. vi, pag. 245.) —Determina
cao e disciplina da cavallaria, no qual se compre- as sessoes que fo-
que o conselho de guerra faca, brevidade
hendem os artigos de guerra, quasi idénticos aos rem precisas para attender com aos mili-
do regulamento de infantería, e trata, mais desen- tes processos ali accumulados 72
volvidameníe do que se achava n'este regulamento, Decreto, 1S margo 1778. (Syn. dos deer. do
do processo nos conselhos de guerra 21.) —Noineia mais
62 cons. de guerra, vol. vi, pag.
Alvará, 4 setembro 1765. (Coll. das leis mi- dois desembargadores para o conselho de justica
litares,
_ tomo i.) •— Estabeleee as regras a seguir do conse V> de guerra, para que o numero dos vo-
na formacao dos processos dos conselhos de guer- gacs para julgar os processos de réus condemna-
ra, eujo primeiro acto a praticar é o auto do eorpo dos á morte nunca fosse inferior a oito 73
de delicto 64 Decreto, 5 outubro 1778. (Coll. das leis mili-
Alvará,.6 setembro 1765. (Coll. das leis mi- tares, tomo i.) — Permitte aos réus militares em
litares, tomo i.) —Marca meios coercitivos da dé- tempo de paz o nomcarom um advogado para os
sercao.e penas severas para as pessoa3 que derem defender perante os conselhos de guerra; e aos
coito aos desertores, jjara as auctoridades que os réus de crimes capitaes, que se Ibes admitía em-
nao perseguirem, ete 66 bargos dentro de quatro dias depois de sentencia-
Aviso, 17 setembro 1765. (Cunha Mattos, dos 73
tomo i, pag. 65.). — Prohibe castigos a bordo que Aviso, 11 agosto 1780. (Syn. dos decr. do cons,
nao sejam os dos artigos de guerra da armada,.. 68 de guerra, vol. vi, pag. 245.) — Manda que o con-
Decreto, 11 novembro 1768. (Coll. dasleismi- selho de guerra, passe afunecionar na casa do con-
litares,
_ tomo i.) —Estabeleee as relacoes de cate- selho ultramarino 73
goría entre os officiaes do exercito c os da armada Aviso, 12 julho 1781. (Syn. chron. da leg.
real 68 ,
port.) —Determina que os militares condemnados
IX

Pag. Pag.
a penas vis sejam remettidos aos seus regimentos Decreto, 19 novembro 1790. (Coll. das leis
para serení exautorados 73 militares, tomo i.)-—-Declara annexa ao emprego
Aviso, 1 abril 1783. (Leis extrav., tomo i, de conselheiro de guerra o soldó da patente, era-
pag. 60.) —Ordena que os juizes~de fóra chama- quanto ali servirem 78
dos a fazerem de auditores nos conselhos de guerra Aviso, 21 julho 1791. (Coll. de leis eriminaes
se nao escusem sem motivó legal 74 militares, pag. 463.) — Manda dar baixa aos sol-
Resolueao do conselho dé guerra, 19 julho dados desertados que se tiverem alistado depois
1783. (Coll. das leis eriminaes militares, pag. de 25 de agosto de 1779, e que tivessem já com-
533.) — Para que ñas cadeias publicas se nao le- pletado o seu tempo de servido, e os que o nao ti-
Vem carceragens aos presos militares 74 vessem completado fossem obrigádos a servir oü- '
Decreto, 15 novembro 1783. (Coll. das leis, tros tantos anuos •
....... ¡... 79
militares, tomo r.) — Determina que os delinquen- Aviso, 21 julho 1791. (Coll. de leis eriminaes
tes de marinha sejam processados e jülgados na militares, pag. 469,)-—Determina que o cápitaó
conformidade do regulamento das tropas de térra, mor que nao fosse exacto na factura dos recrütas
na parte que Ibes for applicavel , ,. 74 seria emprazado e íemettido para o Limóéiro, e
Aviso, 13 Janeiro 1784. (Coll. de leis erimi- o oflicial de regimentó preso para conselho dé
naes militares, pag. 239.)—Manda organisaf con- guerra. .-•>* >• • -•
79
* •
selhos de guerra interinos para julgarem os solda- Alvará, 14 outubro 1791, (Coll. de leis mili-

dos incorrigiveis ou em processo para irem degra- tares, tomo i;)—'Manda Conceder cartas de seguro
dados para a India ou Mozambique, e que tenham aos militares nos crimes civis; pássadas pelos au-
o mesmo destino os já eondemnados em conselho de ditores ou pelo conselho de Justina, conforme a ná-
guerra, conforme ás condieñes que estabeleee .... 74 tureza dos Crimes ........ ¿. . 79-
Ordena circular do duque de Lafoes, 21 Ja- Decreto, 2 outubro 1792: (Coll, das leis mi-
neiro 1784. (Coll. de leis eriminaes militares, litares, tomo i.) -—Priva do foro militar os áuxi>
pag. 443.) — Trata da orgauisácáo dos conselhos liares que se empregarem no trafico de vendas de
de guerra,indicados no aviso antecedente, para
proceder ao julgamento ali ordenado; 75
carnes . ;...;..,.... ,.,,..,......
Decreto, 16 maio 1793. (Syn. dos decr. do;
79

Decreto, 28 Janeiro 17S4. (Arch. nacional.)— cons, de guerra, vol. vi, ]jág; 144.) — Concede o ti-
Nomeia mais cinco desembargadores para adjun- tulo de conselho de Sua Magestadé áo juiz ácees-
tos ao conselho de guerra e justica, para servirém sor do conselho de guerra .., , ... 80
no impedímentó dos que entao existiam .......... 75 Decreto, 21 outubro 1793. (Syn. dos decr. do
Alvará, 18 setembro 1784. (Coll. das leis mi- cons. de guerra, vol. vi, pag: 145.)—-Mandaádmifc-
litares, tomo i.)—Explica o disposto no artigo 18,° tir na secretaria do conselho de guerra um filho
dos de guerra e no § 2.° da lei de 21 de outubro do secretario, para o substituir nás suas faltas... 80.
de 1763, sobre o foro em que hao de ser jülgados Decreto, 25 abril 1795. (.Coll. das leis milita-
os crimes do furto, segundo a sua natureza 75 res, tomo i.) — Cria o conselho do almirantadopara
Alvará, 20 de dezembro 1784. (Coll. das leis reger tudo quanto possa respeitar á boa adminis--
militares, tomo i.) —Manda sujeitar á jurisdiccao tracao da marinha 80
dos conselhosde guerra toda apessoaqoe offender Decreto, 20 junho 1795. (Coll. das leis mili-
ou embaracar ñas suas diligencias os officiaes das tares, tomo i.)—Eleva á dignidade de tribunal
ordenanzas 75 regio o conselho do almirantado 80
Decreto, 26 fevereiro 1789. (Coll. das leis mi- , .
mili-
Alvará, 30 agosto 1795. (Coll. das leis
litares, tomo i.) — Extingue a elasse de auditores tares, tomo i.)—Concede o titulo do conselho de
regimentaea, substituindo-os pelos juizes do crime Sua Magestadé aos membros do conselho do almi-
onde os bouver, ou pelos juize3 de fóra, e ficando rantado com a graduaeao de chefes de esquadra
com a graduaeao de cabeca de comarca e venci- ou superior .
80
mentos de capitáo de infantería; havendo para os Decreto, 20 junho 1796. (Imprensa nacio-
regimentos de Lisboa auditores especiaes 76 nal.)— Manda observar o regimentó provisional
Decreto, 81 dezembro 1789. (Coll. das leis para o servico da armada, que o acompanha, onde
militares, tomo i.)—Cria na marinha o logar de no artigo 86." se determina que na occasiao do pa-
auditor com o ordenado de 400^000 réis annuaes 76 gamento sejam lidos ás guarnicoes dos navios os
Alvará, 23 abril 1790. (Coll. das leis milita- artigos de guerra do regulamento de infantería e
res, tomo i.) — Regula os veneimentos que devem os castigos o penas do regimentó dos capitaes de
perceber os officiaes presos, antes e depois de jül- mar e guerra 81
, 1796., (Coll. das leis
-••
gados 77 Carta de lei, 26 outubro
Alvará, 10 agosto 1790. (Coll. das leis mili- militares, tomo i.) — Reforma o conselho do almi-
tares, tomo i.) — Declara comprehendidas no dis- rantado, e cria a junta da fazenda da marinha e o
posto no alvará de 20 de dezembro de 1784 todas eorpo de engenheiros constructores, tratando nos-
as pessoas que offenderem, resist.irem ou embaraca- artigos 6." e 8." das funecoes d'aquelle conselho 81
rem aos officiaes, officiaes inferiores e soldados das Alvará, 26 outubro 1796. (Coll. das leis mili-
tropas em actos das suas respectivas diligencias.. 77 tares, tomo i.)—Approva o novo regimentó do
Decreto, 13 agosto 1790. (Coll. das leis mili- conselho do almirantado, estabelecendo a sua or-
tares, tomo i.) —• Ordena que todos os conselhos ganisaeíio e jurisdiccao, e um conselho de justica
de guerra possam ser sentenciados no conselho de aonde subiíao os processos de marinha jülgados
justica por seis juizes; e estabeleee providencias em primeira instancia 82
para os diversos casos que se podem dar no julga- Alvará, 26 outubro 1796. (Coll. das leis mili-
mento .' 78 tares, tomo i.) — Approva o regimentó da junta da
Ordem do duque de Lafoes, 9 novembro fazenda da marinha, e estabelecendonos artigos
1790. (Coll. de leis criminaos militares, pag. 245.}— 35.° e 36." que o auditor da armada seja o fiscal
Manda convocar os conselhos de guerra interinos da dita junta ..' 83
de que trata a circular de 21 de Janeiro de 1784, Decreto, 4 dezembro 1796. (Coll. da leg\) —
para os mesmos fins .' 78 Manda restabelecer o decretode 2 de abril de 1762,
Decreto, 13 novembro 1790. (Coll. das leis que regula o numero de pratos eom que devem ser
militares, tomo i.)—Declara que o conselho de servidas as mesas do general em ehefe e dos mais
justica tem a faculdade de confirmar, revogar, al- generaes °o
terar e modificar as sentencas dos conselhos de Alvará, 7 dezembro 1796. (Coll. das leis mi-
guerra; e estabeleee regras para as votacoes no jul- litares, tomo i.)—Dá tambem competencia ao
gamento feito pelos juizes no dito conselho 78 conselho do almirantado para julgar da validade
ii
X

l'ag. Pag.
das presas em ultima instancia, fendo paraessefim cendo o processo e penas para o crime de de-
como adjuntos dois ministros togados 83 sercao ... 96
Alvará, 7 dezembro 1796. (Coll. das leis mi- Alvará, 5 maio 1805. (C.ll. da íeg.)—Escla-
litares, tomo i.) — Approva o novo regimentó das rece e fixa a jurisdiccao do auditor da marinha e
presas, fixando as penas a que íieam sujeitos juizes de fóra dos portos do reino e dominios so-
oa que transgredirein os preceitos ali estabeleci- bre as prosas 100
dos 83 Portaría, 12 jülho 1805. (Ribeiro, tomo iv,
Decreto, 7 dezembro 1796. (Coll. das leis mi- pag. 107.) — Estabeleee que o crime de desercáo
litares, tomo i.) — Cria o posto de niajor general dos soldados da brigada real da marinha se regule
para commandar alguma esquadra que se armar.. 84 pelo decreto de 9 de abril do dito anuo 100
Alvaráj 31 Janeiro 1797. (Coll. das leis mili- Avisó, 2 setembro 1807. (Syn. dos decr. do
tarOSj tomo i.)—Concede o titulo do com-ellio de cons. de guerra, vol. vn, pag. 354.) — Trata dos
Sua Magestadé ao juiz relator do conselho do al- casos em que os milicianos devem serjülgados no
mirantado ,
84 foro militar 100
Alvará, 9 maio 1797; (Coll, das leis militares, Decreto, 15 outubro 1807. (Coll. da leg.) —
tomo i;) — Declara e amplia as disposicoes do al- Approva o regulamento da dislribuicao e servico
vará de 7 de dezembro de 1796sobre presas..... 84 da brigada real da marinhaabordo dos navios da
Alvará, 20 julho 1797. (Leis extrav., tomo i, armada, tratando § 5,° do modo como hao de ser
pag; 63;)"-Manda que haja um escrivao privativo castigadas as suasnopracas destacadas nos mesmos
das causas eiveis dos militares que se julgam na navios 101
casa da siipplicaeao 85 Decreto, 16 outubro 1807. (Coll. da leg.)—
Alvará; 28 agosto 1797. (Coll. das leis mili- Cria o logar de major general da armada, que deve
tares, tomo 1.) —- Cria a brigada real da marinha, ser deseuipenhado por offieial de patente nao in-
détéiniihando no artigo 47." que fique sujeiía ás ferior a chefe de esquadra e conselheiro do almi-
leis da slibordinagáo militar e disciplina estable- rantado ' 101
cidas .. ...., .
85 Aviso circular, 21 outubro 1807. — (Coll. da
Decreto, 5 novembro 1799. (Coll. das leis mi- leg.) — Declara os privilegios que couipetem aos
litaresj tónio i.) — Determina que das sentencas e milicianos 101
deeisoes do conselbó do almirantado se nao conee- Decreto, 29 outubro 1807. (Coll. da leg.) —
dam revistas ordinarias, -ficando ao real arbitrio Cria um corpo de voluntarios de milicias a eavallo,
permittil-ás em casos espcc-ialissimos 86 dando-lbe as mesmas honras e privilegios dos cor-
Alvará, 26 abril 1800. (Coll. da leg.)— pos milicianos ,
102
Manda dar execucao aos artigos de guerra da ar- Alvará, 1 abril 1808. (Coll. da leg.) — Cria no
mada, que seg.ilem juntos a este alvará 86 Rio de Janeiro um tribunal com a designaeao de
Alvará, 26 novembro 1801. (Coll. da leg.) — conselho supremo militar, fixando-lhe as suas at-
Trata nóvaniente dos limites das jurisdie<joes civil tribuicoes 102
emilitar, impondo penas severas aos militares que Aviso, 30 abril 1808. (Rep. da leg. da mar. e
resistirem ou impedirein ás justicas eivis quaesquer ultr., por Costa e Almcida.) •— Estabeleee, para
prisoes feitas pelos magistrados 93 quem apprehender um desertor da marinha o 2ire-
Decreto, 10 dezembro 1801. (Coll. da leg.)— mio de um mez do seu soldó 104
Cria a guarda real da polieia de Lisboa, e estabe- Alvará, 20 dezembro 1808. (Coll. das leis
leee as penas em que incorrem os que commette- de Verissimo, tomo m, pag. 63 e 75.) — Approva
rem as hifraccoes ali indicadas 94 o regulamento das milicias, estabelecendo ahi as
Decreto, 21 margo 1802. (Manuscripto na bi- honras e privilegios d'cllas e o modo por que bao
Miotheca nacional.) —Cria urna junta para tratar de ser castigadas quando dclinquirem
de um systcina de organisacíio militar, formular o Decreto da regencia, 28 dezembro 1808. ... 104
código penal inilitar e investigar as causas da de- (Coll. da leg.) — Cria dois regimentos de volun-
cadencia das caudelarias do reino' 94 tarios do commercio de Lisboa, um de cavallaria
Decreto, 26 maio 1802. (Coll. da leg.)—Am- e outro de infantería, estabelecendo as honras e
plia o decreto de 10 de dezembro de 1801, e esta- privilegios de que bao de gosar 105
beleee que um dos corregedores do crime dos bair- Decreto, 20 margo 1S09. (Coll. da leg.)—
ros sirva de auditor da guarda real da polieia de Manda punir com a pena de morte e confisco de
Lisboa 95 bens, todos que attentarem contra a seguranza do
Alvará, 17- dezembro 1802. (Cunha Matos, estado, pegarcm em armas a favor d,os inimigos
tomo i, pag. 62.)—Manda que os castigos a appli- d'ellc, etc., sendo os réus jülgados em conselho de
car aos milicianosjiobres sejam o de nao poderem guerra ou pela eotninissao esíabelecida pelo de-
ser promovidos 95 creto de 7 de dezembro de 1808, segundo a natu-
Decreto, 19, Janeiro 1803. {Coll. da leg.) — reza dos crimes que n'nquollc decreto se estabele-
Ordena que no conselho do almirantado se decidam cem 105
sunimaiiamente todas as controversias sobre prc- Declaragáo inserta na ordem do dia 13
sas, ficando salvo o direito a screm as reelamaeoes abril 1809.—Declara estar auctorisado, por Sua
. discutidas
em processo ordinario perante aquello Alteza Real, para poder confirmar ou desapprovar
tribunal, qtiando os litigantes se nao conformem as sentencas proferidas pelos conselhos de guerra,
com aquello processo 95 o marechal 106
Decreto, 26¿narco 1803. (Coll. da leg.) — Decreto, 12 junho 1809. (Coll. dalcg.) —Per-
Dá novo regimentó ao ouvidor de Macan, ao qual doa aos soldados desertados; estabeleee que de
compete intervir em todos os casos criines de piú- ali para o futuro os que desertaron durante a
sanos e militares ; 95 guerra soñram a pena, de morte, e que os milicia-
Alvará, 26 margo 1803. (Coll. da leg.)—Cria nos, polo facto de desertaron, íiquem soldados de
urna junta de justica em Macan para decisao de tropa de linlia; e trata do modo como se ha de
t"das as causas crimes, quor de paisanos, quer de proceder para com os corpos de voluntarios e or-
militares 96 denancas que cominetterem infraccoes das leis que
Decreto, 23 fevereiro 1804. (Arch. do trib. regúlala a disciplina geral da forc.a armada 106
sup. de guerra e marinha ) — Nomeia mais tres vo- Carta regia, 6 outubro 1809. (Veja-se a epi-
gaes para a junta do código penal militar, creada graphe Ordem do dia 14 de, iiovanbro de 1811.)
pelo decreto de 21 de marco 1802 96 Alvará, 16 dezembro 1809. (Coll. da leg.) —
Decreto, 9 abril 1805. (Coll. da leg.)— Manda Manda julgar era conselho de guerra, impondo-se-
observar a ordenanca que o aeonipanha, esfabole- llies a pona de. trabalhos públicos com grilhcta ñas
XI

Pag. Pag»
fortificacóes por seis annos aos que se subt.raírem Portaría, 28 margo 1812. (Coll. da leg.)— Es-
ao reerutamenfo e nao possam satisfazer, por in- tabeleee o modo por que se ha de satisfazer o pre-
digentes, as outras penas estabelecidas no dito mio de 4JÍ800 réis aos aprehensores de desertores 114
alvará 107 Portaría, 11 julho 1812. (Coll. da leg.) —Esta-
Portaría, 21 maio 1810. (Coll. de leg.) — beleee as penas em que incorrem as pessoas que
Manda estabelecer, para a::ompanhar sempre o derem asylo a desertores, e o modo por que hao de
quartel general do conmiaiidante em chefe do exer- ser julgadas 116
cito, urna commissao para impor as penas que eor- Decreto, 22 agosto 1812. (Coll. da leg.) —Ap-
responderem aos delictos eommettidos,quer com re- prova o regulamento para o recrutanientoda tropa
laeao á proniptiíicaeao dos transportes, quer com de linha e milicias; designa no capitulo 5.° as pe-
refeieucia á sua conduecsio 107 nas a que rieain sujeitos os que faltarem a cumprir
Portaría, 23 junho 1810. (Coll. da leg.) — o dito regulamento..,...., 115
Nomeia os individuos que bao de compor a com- Portaría, 22 dezembro 1B12.—Estabeleee
missáo de que trata a portaría de 21 de maio, e providencias mais rigorosas pai-a prevenir as de-
amplia as suas attribuicóes 108 sercoes ;
116
Portaría, 30 junho 1810.. (Coll. da leg.) — Decreto, 26 novembro 1813. (Coll. da leg.) —
Determina que fiquem sujeitos, durante a guerra, Manda que os magistradosempregados nos logares
os officiaes e soldados das ordenancas ás mesmas de inspectores de transportes e nos de commissa-
leis e regulamento dos da tropa de linha, para se- rios, eos auditores do exercito, tenham no fiín de
rení jülgados em conselho de guerra pelos crimes cada triennio os accessos que llies competirem até
e faltas militares que eommetterem..;.; 108 á relaeao e casa do Porto 117
Portaría, 10 julho 1S10. (Coll. da leg.)—Man- Determinagao inserta na ordem do dia 18
da que quatro corpos naeionaes que se organisam Janeiro 1814. — Manda que só se escrevam nos
por esta portaría se regulem pela niesma legisla- processos a defeza dos réus relativa á aecusacáoj e
gao relativa ás milicias do exercito 109 nao aecusacoes e reciiminacoes contra terceiros.. 117j
Portaría, 21 julho 1810. (Coll. da leg.) —De- Portaría,15 julho 1814* (Coll. da leg.) — Man-
clara que as penas estabelecidas no decreto de 12 da extinguir a commissaoespecial criada pela por-
junho de 1809 para, os milicianos desertores, só. taría de 21 de maio de 1810, para processar e sen-
téem logar quando desertem estando dispersos nos tenciar as pessoas que commettessem fraudes ou
seus districtos e nao quando reunidos em servico, 109 desobediencias no servico dos transportes -.. 117
Portaría, 26 setembro 1810. (Coll. da leg.)— Alvará, 21 fevereiro 1816. (Coll. da leg.) —
Estabeleee o premio de 4J5800 réis para quem Approva o regulamento para a organisacáo do
aprehender um desertor 109 exercito, tratando nos artigo 29.°, 30.", 31.c e 35;"
Determinagao inserta na ordem do dia 23 dos auditores, do foro militar, dos conselhos de
outubro 1810. — Manda por a nota de desertor ao guerra e da competencia do general em chefe,..... 117
ofiicial que estiver ausente do seu corpo viute e Alvará, 21 fevereiro 1816. (Coll. da leg.)—
quatro horas sem licenca ;... 109 Approva o regulamento das oi-deukngas, estabele-
Alvará, 6 novembro 1810. (Coll. da leg.) — .
cendo no capitulo 5.° as penas a que fieam sujeitos
Manda julgar pelo conselho de justica supremo os que faltarem a cumprir o preceituado no dito
militar as causas marítimas que se suscitaren! en- regulamento 120
tre vassallos de differeutes estados que forem da Decreto, 27 maio 1816. (Ribeiro, tomo v, pag.
natureza das que se deciden! pelo direito publico 452.) — Cria urnajunta de revisao para o código
das gentes 109 penal militar. 120:
Declaragáo inserta na ordem do dia 2 de- Portarías, 14 juhho 1817 e 5 Janeiro 1818.
zembro 1810. — Declara nao se dever deixar de (Coll. da leg.) — Na primeira d'estas portarías re-
por a nota de desercáo ao oíiicial ausente sem li- gularisa o emprego, abono o direegao dos presos
cencia vinte e quatro horas, aínda que baja motivo militares sentenciados a trabalhos públicos e de
para se presumir ser justa a causa d'essa ausen- ' fortificacao, e na segunda estabelecem-seas pe-
cía 110 nas correccionaes a applicar aos mesmos presos.. 120
Alvará, 17 fevereiro 1811. (Coll. da leg.) — Portaría, 5 agosto 1S17. (Ordem do dia 7 do
Permitte aos individuos da armada real, quando dito mez). — Determina que os desertores dos cor-
em conselho de guerra, eontradietaremas testemu- pos, que forem mandados a alguma expedioao fóra
iihas vcrbalmento ou por escripto e requererem a do reino, sejam punidos cono em tempo de guerra. 121
aeareacáo ou reperguntarem as testenmnhas, se Alvará, 28 fevereiro 1818. (Coll. da ivg.) —
assim o jnlgarem a bem da sua defeza 110 Cria um conselho de justica no Maranhao com sede
Declaragáo inserta na ordem do dia 13 na cidade de S. Luiz 122
agosto 1811. Nomeia uní desembargado!-da re- Declaragáo inserta na ordem do dia 18 no-
laeao do Pono —
ajudante do auditor geral do exercito 111 vembro 1819. —Declara que a culpa militar por
Determinagao inserta na ordem do dia 27 inf'raeeao das leis militares nao pode ser extincta
agosto 1811. — Manda ohervar as in.struceoes, jun- pelo perdáo de qualqucr individuo 123
tas á mesma determinagao, para os processos ver- ' Alvará, 7 agosto 1820. (Bibliotheca da esc. do
baes feitos em eampanha 111 ex.)—Approva c confirma o novo código penal
Portaría, 30 agosto 1811. (Coll. da leg.) — militar, para ter execucao nos reinos de Portugal
Manda^que durante a guerra baja um auditor let- e dos Algarves, e no Brazil, para por elle serení
trado em cada brigada de infantería, cavallaria e jülgados e punidos os réus militares 123
milicias 113 Decreto das cortes geraes extraordina-
Determinagao inserta na ordem do dia 14 rias e constituintes, 9 fevereiro 1821. (Coll.
novembro 1811. — Manda transcrever n'esta. or- da leg.) — Manda restituir ao reino, para gosarem
dem as instruceoes de 6 de outubro de 1809, para o livre exercicio de seus dircitos, todos os que por
os processos verbaes dos conselhos de guerra (de opinioes políticas estavam ausentes sem terem sido
crimes nao capitaes) durante a eampanha 113 processados, c os processndos e condeninados a de-
Determinagao inserta ha ordem do dia 8 gredo ; e permitte a revisao das sentencas dos que
dezembro 1811.—Manda que os conselhos de soffreram a pona ultima 124
guerra, logo que sejam lindos, se remettain fechados Ordem da regencia, 4 margo 1821. (Coll. da
e lacrados ao auditor geral do exercito, tirando-se leg.) •—Manda applicar as disposicoes do decreto
antes nota da sen tenga que será consumida pelo au- de 9 de fevereiro aos sentenciados e executados
ditor quando os processos baixcm aos conselhos em outubro de 1817 125
de guerra 114 Decreto das cortes geraes, extraordina-
XII

Pag. Pag.
rías e constituintes, 9 margo 1821. (Coll. da Decreto, 3 outubro 1823. (Coll. da leg.) — Dá
leg.) —Estabelece-se na secgáo 1." das bases para nova forma ao conselho de marinha de que trata o
a formacáo da constituicao política da nacao por- artigo 4.° da leí de 30 de outubro de 1822 e mar-
tügüeza, exaradas n'este decreto, que as penas de- ea-lhe a sua jurisdiccao 131
vem ser proporcionadas ao delicio e nenhuma deve Alvará, 7 outubro 1823. (Coll. da leg.) —-
pássar do delinquente, e que fiquem abolidas as Manda por em perpetuo silencio todas as causas
penas crueis e infamantes 125 eriminaes processadas em consequencia de opi-
Decretó das cortes geraes extraordina- nioes políticas nos Agores, e que tenha pleno vigor
rias e.constitüintes, 12 margo 1821. (Coll. da o indulto do alvará de 2 de agosto de 1766 132
leg,)—Amplia e declara o decreto de 9 de feve- Decreto, 17 fevereiro 1824. (Coll. da leg.) —
reiro para que ñas suas disposicoes sejam cotn- Ñas instruegoes annexas a este decreto para a or-
prébendidas as pessoas que por opinioes políticas ganisagáo da guarda real da polieia do Porto, es-
éstéjam presas ou resídindo em logar determinado; 125 tabeleeem-se os castigos a que fieain sujeitos os
Ordem da regencia, 4 abril 1821. (Coll, da individuos do dito corpo que nao cumprirem os
leg.)-—Declaraque o foro militar tica subsistindo seus deveres 132
,
ém todos os crimes militares e só extinctopelo que Aviso, 24 abril 1824. (Ordem do dian.°47.) —
respéita áós crimes civis commettidos por militares 126 Declara que o tempo de prisao se nao deve contar
Cárta; de lei, 12 dezembro 1821. (Coll. da aos militares, que estiverem presos, no seu tempo
leg;) -Í— Extingue ó logar de auditor geral do exer- de servigo, e que na commutacao das penas aos
cito é; os de auditor das brigadas e outros; devendo desertores se nao deve eomprehender a perda do
servir de auditores os juizes do crime, e onde os tempo anterior de servigo ,, 132
nao houver os juizes de fórá nás térras em que Decreto, 5 junho 1824. (Coll. da leg.)—Con-
estíverein aquarteladós os corpos
...............
<3artá de,lei, 19 dezembro 1821. (Coll. da
126 cede perdáo geral aos individuos argüidos, aecu-
sados ou processados até aquelle dia por opinioes
¡
leg;)--^ Permitte que ós juizes, que assign&rem políticas, com excllisao dos que indica o dito de-
por vencidos nos accofdaos ou sentencas, decla-
rem essá circumstancia......,......;......;... 127
creto.. .......i
Decreto, 5 junho 1824, (Coll, da leg.)— Con-
133
Carta de lei, 18 Janeiro 1822. (Coll. da leg.) — firma a amnistía de 23 de fevereiro de 1821, conce-
Extingue todos os tribünáes criados no Rio de Ja- dida no Rio de Janeiro, nos termos que aqlielle
neiro desde 1808, e cria no Rio de Janeiro e em decreto declara. 134
Cada urna dasprovineias do Brazil, Onde houver re- Decreto, 5 junho 1824. (Coll. da leg.) — De-
lagaoj conselhos de justiga, entrando n'elles offi- clara que iieam perdoados todos que possam ser
ciaes de marinha onde os houver 127 aecusados de terem pertencido ás ássoeiagoes se-
Carta de lei, 11 julho 1S22. (Coll. da leg.) — cretas até 20 de junho de 1823 134
Extingue todos os privilegios pessoaes de foro em Alvará, 6 junho 1824. (Coll. da leg.)—Abóle
negocios civis ou eriminaes, e bem assim todoB os a auditoria geral do exercito 135
juizos privativos. Preceítuacomo se hade pratiear Decreto, 24junho 1824. (Coll. da leg.) — Con-
na prisao de militares.. 128 cede geral indulto e perdáo a todos os argüidos que
Carta de lei, 19 setembro 1822. (Coll. da se acharem pronunciados por causa dos sueeessos
lég.)-—Trata como hao de ser jülgados os milita- do dia 30 de abril de 1823 e outros posteriores... 135
res presos por crimes civis iio tempo da publica- Decreto, 17 setembro 1824. (Ordem do dia
gao da lei de 11 de julho, e os que forem simultá- n.° 130) -—Nomeia um baeharel para ajudante do
neamente réus de crimes civis e militares 128 juiz relator do conselho de justiga 136
Oonstituigáo política da monarchia, 1 ou- Alvará, 1 fevereiro 1825. (Coll. da leg.) —
tubro 1822. (Diario das cámaras constituintes) — Eleva á categoría de tribunal regio o conselho de
Restringe os privilegios do foro ñas causas eiveis marinha 136
-
ou crimes, extingue as ponas crueis e infamantes. 128 Decreto, 3 fevereiro 1825. (Coll. da leg.) —
Carta^de lei, 30 outubro 1822. (Coll. da Incumbe ao conselho de marinha a composigao da
leg.) — Extingue os tribunaes do conselho do al- ordenanga da armada e do código penal marítimo. 137
mirantado e' da junta da fazenda da marinha; cria Decreto, 23 junho 1825. (Coll.'da leg.) —Cria
o cargo de major general da armada, e manda que dois auditores lettrados em Lisboa, um no Porto
os conselhos de guerra que subiam ao supremo e outro em Elvus, dispensando d'este servico os
conselho de justiga do almirantado eubam ao con- ministros eriminaes d'essas cidades 137
selho de marinha, que cria a.dita lei 129 Decreto, 21 julho 1825. (Coll. da leg.)—Man-
Carta de lei, 21 margo 1828. (Coll. da leg.) — da que ao etnpregado civil militar, com veneimento
Com o fim de sufibear a rebelliao entilo declarada da natureza de .--oído, quando preso, se abone um
em Traz os-Montes, estabeleee providencias espe- tergo do mesmo soldó 138
ciaes de rigor 129 Resolugao, 23 dezembro 1825. (Coll. da
Decreto, 9 abril 1823. (Coll. da leg.) —Manda leg.) — Resolve que os tambores e pífanos dos cor-
que os réus militares, como quaesquer outros, pa- pos de milicias gosem do foro militar nos crimes
guen! as cusías dos processos de culpas eivis e civis 138
portes do eorreio 130 Decreto, 27 abril 1826. (Coll. da leg.)—Con-
Decreto, 11 abril 1823. (Coll. da leg.) —Torna cede amnistía a todos os portuguezes presos, pro-
extensivas a todas as provincias do reino as dispo- ccssadoH, desterrados ou perseguidos por opinioes
sigoes da leude 21 de margo 130 politicas, e indulto a réus por outros crimes 138
Decreto, 17 abril 1823. (Coll. da leg.) —Sup- Carta constitucional da monarchiaportu-
prime o logar de secretario do supremo conselho gueza, 29 abril 1826. (Coll. da leg.) — Estabeleee
de justiga,.passando as suas funegoes para o secre- preccitos nos artigos 115.°, 117.",Í.26." e 145." so-
tario do conselho de guerra... 130 bre as garantías individuaes que téem mais ou
Decreto, 23 abril 1823. (Coll. da leg.) Sup- menos relagao com a justiga militar 139
prinie o premio de 4^800 réis que se dava —a quem Carta de lei, 19 dezembro 1826. (Coll. da
aprehendía um desertor 130 leg.) —Determina que nos conselhos de guerra se
Decreto, 13 junho 1823. (Coll. da leg.)—Re- tome temporariamente coiiheeimento dos crimes de
voga o decreto de 9 de abril 131 lesa-magestade de primeira cabega, sendo os réus
Carta de lei, 14 setembro 1823. (Coll. da areabusados ,(Coll.
139
leg.) — Revoga ás cartas de lei de 11 de julho c Carta de lei, 24 margo 1827. da leg.) —
19 de setembro de 1822, na parte que se refere Declara que a jurisdiegao do conselho de marinha c
ao foro militar 131 restricta aos dclinquentes pertencentes á armada. 140
XIII

Pag. Pag.
Decreto, 13 abril 1827. (Coll. da leg.) — Con- Imitados, estabelecendo os castigos e formado jul-
cede amnistía e perdáo geral a todos os subditos gamento para as faltas e crimes militares commet-
culpados por opinioes políticas ou factos sediciosos tidos pelas pragas d'estes corpos 149
coaimettidos desde o dia 21 de julho de 1826 140 Decreto, 10 novembro 1831. (Coll. da leg.)—
Decreto, 25 agosto 1827. (Ordem do dia Manda por em vigor, nos regimentos He infantería
n.c 111.) — Ordena que se observe nos conselhos de das ilhas dos Agores, as instruegoes provisorias
guerra o determinado no artigo 126." da carta con- para os officiaes inferiores, ajudantes e capitaes;
stitucional •
141 em alguns dos artigos das ditas instruegoes tra-
Decreto, 14 novembro 1828. (Ordem do dia ta-se dos castigos que podem ser mandados appli-
n.° 15.) — Cria um conselho militar em Angra com car pelos officiaes e o processo a seguir na sua .->
as attribuigoes do conselho supremo designado no
alvará de 15 de novembro de 1810 141
applieágáo
Decreto, 14 novembro 1831. (Coll. da ,,......
leg.)--ir-
150.'

Portaría, 15 julho 1829. (Ord. do dia


¡.,
14.) Manda que hajam dois membros supplentes^ uin
n,° —
Dá nova organisagáo ao conselho de justiga de que militar e outro lettrado, no conselho de justigai .> 151
trata o decreto de 14 de novembro de 1828...... 141 Decreto, 24 novembro 1831. (Coll. daíeg..);-^
Alvará, 11 dezembro 1829, publicado pelo Manda que sejam executadáSj no que for eompati-
.
governo ¡ilegitimo (Impi-esso existente no arch. do vel, as instruegoes de 10 de novembro nos bata-
trib. sup. de guerra e marinha), trataváda compo- lhoes de cagadores e de artilheria das ilhas dos
sigao dos conselhos de guerra da marinha e do
processo nos ditos conselhos. 142
Agores . . . i..,..;.......;;.
Decreto, 28 novembro 1831. (Coll;
...,.;
da leg;). .,!
--»
;
151

Decreto, 27 margo 1880. (Coll., da leg.) — Declara irritas e nullás todas as señtengas proferi-
Reorganisa o conselho de justiga dos Agores e das desde 25 de abril de 1825 e que se proferirem
marca-lhe a competencia ...............
Decreto, 6 abril 1830. (Ordem do dia n.° 80)—
143 de futuro, pelos tribunaes, conselhos de guerra,
eommissoes, etc,, em nome ou por aüetoridade do
No regulamentoprovisorio mandado observar por governo ¡Ilegitimo, e estabeleee providencias para
este decreto se fixa a competencia do general com- reparar os males d'ahi provenientes, ;. 151.
mándante das forgás da ilha Tercena e a que se Decreto, 27 fevereiro 1832. (Coll. da leg.) --
reservava para a regencia dos Agores..., 143 Manda applicar ás disposígoes do decreto de 30
Decreto, 30 abril 1830. (Coll. da leg.) —Esta- de abril de 1830 aos desertores de. márinhá..,... 152¡
beleee providencias contra os que recebem otl dáo DecretOj 24 margo 1832, (Ordem. do día
asylo a desertores nos Agores 143 n.° 164) — Manda observar ás instruegoes para ó
Decreto, 23 agosto 1830. (Coll. da leg.) — commándante das tropas, entre ás qúaes a juris^
Considera írritos e nullos os actos do governo ille- diegao que fica tendo sobre os conselhosde guerra
gitimo desde 25 de abril de 1828, exceptuando os e a que pertence ao governo ¡... 152
ordinarios de justiga ou administt ágaó 144 Decreto, 25 abril 1832. (Coll. da leg.) — Ex-
Decreto, 31 agosto 1830. (Coll. da leg.) — tingue ñas ilhas dos Agores todos os batalhoes dé
Fixa as penas a que fieam sujeitos os que induzi- milicias e ordenangas, e manda que em tempo de
rem ou alliciarem soldados para desertar, tanto em guerra os corpos de voluntarios fiqüem sujeitos ao
r.empo de paz como no de guerra, e estabeleee ou- regulamento militar.. .,. 153
tros meios de repressao para este crime 145 Reforma judicial, 16 maio 1832. (Coll. da
Decreto, 22 setembro 1830. (Coll. da leg ) — leg.)—Manda que nao haja mais foro privilegiado
Designa cómo bao de ser compostos os conselhos alem dos exceptuados pela carta constitucional, e
de guerra, quando tetiham de ser jülgados os réus ñas causas crimes gosem do privilegio do foro os
pertencent.es a urna guarnicao, divisáo ou fraegüo militares nos casos em que o nao perderem por
de tropas isolada 146 lei........ ....; 153
Decreto, 13 outubro 1830. (Coll. da leg.) — Decreto, 24 junho 1832. (Coll. da leg.)—Es-
Presereve as disposigoes que se devem seguir nos tabeleee que os delictos e faltas eommettidáspelos
casos de desereao em tempo de guerra 146 voluntarios sejam punidos em conselho dos seus
4
Decreto, novembro 1830. (Coll. da leg.) — officiaes, e fixa os castigos que podem ser-lhes im-
Estabeleee que haja nos conselhos de guerra um postes 153
promotor de justiga de patente nao superior a ea- Decreto, 10 julho 1832. (Ordem do dia
pitáo; que no conselho de justiga baja um relator n.° 189) — Manda organisar batalhoes nacionaes e
militar de patente nao inferior a eapitáo; que as indica quaes os castigos a que fieam sujeitas as
sessóes d'eate conselho o dos de guerra sejam pu- pragas d'esses eorpos 154
blicas, c que o réu poderá nomear defensor para o Decreto, 10 julho 1832.—Extingue os corpos
defender na. segunda instancia, sendo-lhe nomeado de voluntarios realistas e lieeneeia asi milicias.... 154
um official, quando o nao faga 147 Decreto, 14 julho 1932.—Extingueos corpos
Decreto, 29 novembro1830. (Coll. da leg. de de milicias 154
1833) — Esclarece as duvidas havidas com relagáo Decreto, 17 julho 1832. (Coll. da_ leg.)— •

ao ordenado no decreto de 13 de outubro sobre a Concede amnistía geral para todos os delictos po-
exigencia do conselho de investigagáo nos casos líticos eommettidos desde 31 de julho de 1826, com
de desergáo, e declara que se pode auctorisar que excepgáo das pessoas que menciona 154
se escrevain no auto os requerimentos dos promo- Decreto, 29 julho 1832. (Syn. chron. da leg.
tores e defensores 148 port.) — Cria o tribunal de guerra e justiga para
Decreto, 18 dezembro 1830. (Ord. do dia julgar os delinquentes que perturbassem a ordem
n.° 108)-—Manda substituir, emquanto se nao po- publica 155
der executar, a pena de degredo para África ou Decreto, 5 agosto 1832. (Ordem do dia
Asia pela de trabalhos públicos 149 n.° 201)—Manda que os processos jülgados nos
Decreto, 21 julho 1831. (Coll. da leg.)—Or- conselhos de guerra sejam enviados ao auditor ge-
dena que os decretos de exceugiio permanente, pu- ral, para screm submettidos á decisao do general
blicados em Angra desde a installagaoda regencia, commándante em chefe do exercito, a qual será logo
se eumpram ñas mais ilhas dos Agores, que forem exeeutada, excepto nos casos de pena de morte... 155
entrando na obediencia da Rainha, e que a juris- Decreto, 29 agosto 1832. (Coll. da leg.) —
diegao da junta de justiga e conselho de justiga se Mandaconsiderardesertoro soldado que for adiado
estenda a essas ilhas 149 fóra dos postos avangados, sem lieenga ou ordem. 155
Decreto, 7 setembro 1831. (Coll. da leg.)— Decreto, 3 dezembro 1832. (Syn. chron.- da
Manda suspender o servigo das milicias e ordo- leg. port.) —Manda que o tribunal de guerra e jus-
nangas ñas ilhas dos Agores, e crear corpos de vo- tiga conhega dos crimes políticos em primeira e
XIV

Pag. Pagv
segunda instanciasj e dos crimes militares segundo Decreto, 2 Janeiro 1834. (Ordem do dia
a legislagao existente 155 n." 166) — Dissolve o conselho de guerra perma-
Decreto, 5 Janeiro 1833. (Coll. da leg.) —Au- nente criado pelo decretó de 6 de maio de 1833.. 160-
ctorisa a que o presidente do conselho de justiga Portaría, 6 Janeiro Í834. (Coll. da leg.)
possa nomear um advogado para curador dos réus,
- Declara que as disposieaes do decreto de 24 — de
quandu estes o nao hajam feito. 155 junho de 1832 sao só applicaveis aos voluntarios
Decreto, 8 Janeiro 1833. (Coll. da leg.) —De- nacionaes das ilhas dos Agores, e nao aos bata-
clara que, nao obstante o disposto no decreto de lhoes naciouaes criados depois no continente, os
3: de dezembro de 1832, continuam a ser jülgados quaes estío em tempo de guerra sujeitos áa leis de
pelos tribunaes militares os delictos, nao políticos, disciplina e gosam do foro militar 160-'
eommettidos por militares 156 Decreto, '28 Janeiro 1834. (Coll. da leg.) —
Deoreto, 26 Janeiro 1833. (Coll. da leg.) — Os processos das presas passaram a ser jülgados se-
Dissolve o conselho de justiga, anteriormentede- gundo o código eommercial, sendo por ísso abolida
nominado tribunal de guerra e justica¡ e manda a jurisdiegáo que n'elles tinha o auditor da mari-
devolver aos conselhos dé guerra o conhecimento nha .. 161
dos crimes eommettidos por militares., .*...,,... 156 Decreto, 17 fevereiro 1834. (Coll. da leg.); —
Decreto* 25 Janeiro 1833. (Coll. da leg,) — Fixa os vencimeutos dos membros do supremo tri-
Nomeia auditor geral do exercito, interino, o juiz bunal de marinha ,. 161
relator que era no extineto conselho de justica .. 156 Aviso, 3 margo 1834. (Ordemdo dian." 188) —
.
Decreto, 5 fevereiro 1833. (Ordem do dia Declara que foi approvada por resolueao de 25 de
n;° 45;) —Manda remetter os processos dos conse- fevereiro a consulta, que manda trauscrever, tra-
lhos de guerra áo auditor geral do exercito, para tando do modo de proceder-sequando um processo
serem submettidos á decisáo do marechal major do conselho de guerra for annullado 161.
general do exercito, a qual será logo exeeutada, Decreto, 29 margo 1834. (Coll. da leg.) —
excepto no caso de pena capital. 156 Cría a guarda nacional e designa em diversos ar-
Determinagao inserta na ordem do dia 6 tigos as penalidades a que fieam sujeitos os indi-
fevereiro 1833.—Declara que fica prohibido nos viduos u'ella alistados 162
corpos nacionaes o castigo de varadas, sendo substi- Ordem do dia, 24 abril 1834.—Lembra o
tuido pelo de pancadas com espada de prancha... 157 que se acha determinado na portaría de 6 de Ja-
Decreto, 14 margo 1833. (Col!, da leg.)— neiro, e manda trauscrever na niesma ordem do
Manda riscar em todos os documentos paseados dia o decreto de 13 de outubro de 1830 publicado
pelo governo illegitimo, desde 28 de abril de 1828, em Angra, sobre desergoes em tempo de guerra. . 162
que nao tiverem sido declarados nullos por ser Decreto, 27 maio 1834. (Coll. da leg.)—Con-
actos ordinarios de justiga-ou admiuistiagáo, o cede amnistía geral por todos os delictos políticos
nome do dito governo, por forma que se nao possa eommettidos desde 31 de julho de 1826, ás pessoas
mais 1er 157 que se submetteram ou vierem a submetter-seao
Decreto, 6 maio 1833. (Ordem do dia n.°S3)— governo legitimo, ficaiido para os amnistiados sus-
Cria um conselho de guerra permanente presidido pensa a execugao do decreto de 31 de agosto de
por um official general, com um auditor e cinco 1833 163
vogaes de patente nao inferior a major, cujas func- Portaría, 16 junho 1884. (Coll. da leg.) —
goes especifica ,
157 Manda que o presidente da relagáo de Lisboa
Deoreto, 17 junho 1833. (Ordem do dia designe os juizes que devem servir de auditores
n.°102)—-A competencia que competía ao mare- nos conselhos de guerra, quando pelo supremo
chal major general sobre os conselhos passou a ser ttibunal de marinha forem annulladosos processos
exereida pelo chefe do estado maior imperial.... 158 d'aquelles conselhos 163
Decreto, 26 julho 1833. (Ordem do dia Decreto, 1 julho 1834. — Approva o regula-
n.° 117.) — A auctoridadeque competía ao marechal mento do arsenal do exercito, no qual se conee-
major genera!, pelo decreto de 5 de fevereiro, dem aos seus empregados civis as graduagues,
passou a ser exereida pelo chefe do estado maior privilegios e isengocs dos ollieiaes da primeira li-
imperial 158 nha, e Ibes appliea o foro c as penas estabelecidas
Decreto, 14 agosto 1833. (Coll. da leg.) — ñas leis militares 164
Manda cancellar todos os livros de registo publico Decreto, 1 julho 1834. (Coll. da leg.) —Ex-
do governo illegitimo e recolhol-os ao archivo da tingue o conselho de guerra, o conseibo militar de
Torre do Tombo 158 justiga e a auditoria geral do exercito, e cria o
Decreto, 14 agosto 1833. (Ordem do dia supremo conselho de justiga militar 164
n.° 138.) — Amplia a auctoridadedada pelo decreto Portaría, 1 julho 1834. (Ordem do dia
de 26 de julho ao marechal chefe do estado maior n.° 233.) — Manda que d'ali em diante as deser-
imperial 158 goes sejam julgadas pela legislacao para o tempo
Decreto, 22 agosto 1833. (Coll. da leg. de de paz 165
1846.)— Manda que sejam arcabusadosos paisanos Decreto, 3 julho 1834. (Coll. da leg.)—Cria "
e eceíesiasticos encontrados com as armas na máo a guarda municipal de Lisboa, tratando no capi-
e os officiaes que com mandaron corpos irregulares tulo vu das faltas e penas dos individuos da dita
ou a elles se acharem reunidos 159 guarda 165
Decreto, 2 setembro 1833. (Coll. da leg.) — Carta de lei, 15 abril 1835. (Coll. da leg.) —
Extingue o conselho de marinha 159 Estabeleee a garantía das patentes dos officiaes do
Decreto, 2 setembro 1833. (Coll. da leg.) — exercito 166
Cria o supremo tribunal de marinha, com amesma Carta de lei, 18 abril 1835. (Coll. da leg.) —
jurisdiegáo do extineto conselbo de marinha 159 Torna extensivas as disposigoes da lei antecedente
Decreta, 6 setembro 1833. (Coll. da leg.) — aos officiaes da armada e brigada da marinha. ... 166
Determina que os livros de registo publico de que Decreto, 24 agosto 1835. (Coll. da leg.) —
trata o decreto de 14 de agosto coutinucm ñas re- Approva o regimentó da guarda municipal do
partigoes a que perteneiam 160 Porto; no capitulo vu trata das faltas epenas dos
Decreto, 27 setembro 1833. (Ordem do dia individuos da dita guarda 166
n." 132)— Suspende o conselho de guerra das suas Aviso, 28 setembro 1835. (Ordem do dia
funegoes, passando as suas attribuigoesjudiciacs n.° 54.) — Esclarece os casos em que os soldados dos*
para Sua Magostado Imperial como commaiidante corpos nacionaes gosam ou dcixam de gosar do
em chefe do exercito, com aassistencia do auditor foro militar em tempo de paz 167
geral 160 Declaragáo inserta na ordem do exercito
XV

Pag. Pag.
si." 25,4 agosto 1836. — Poe em vigor a porta- 25 de novembro de 1836, sobre os individuos re-
ría de 26 de setembro de 1810, sobre o rjrcinio aos crutados jülgados desertores 175
apprehensores dos desertores.., 168 Carta de leí, 22 fevereiro 1838. (Coll. da
Decreto, 18 novembro 1836. (Coll. da leg.)— leg.) —Manda organisar um corpo militar para se-
Manda que nao soja perseguido, preso ou proees- guranga e polieia em cada districto administrati-
sado nenhum cidadao pelos acontecimentos politi- vo, sendo-lhe applicaveis as regras, penas e disci-
•co.s oceorridos no dito mez 168 plina da guarda municipal de Lisboa 176
Decreto, 25 novembro 1336. (Coll. da leg.) — Carta de lei, 28 fevereiro 1838. (Coll. da
Trata do reorutainento e estabeleee no artigo 10." leg.) — Concede o direito ao monte pío ás familias
que sejam considerados como desertores os indivi- dos officiaes fallecidos que tiverem comtnettido
duos recrutados que nao comparecerem no logar e quaesquei- crimes 176
dia que Ihes for determinado 168 Carta de lei, 5 margo 1838. (Coll. da leg.) —
Decreto, 1 dezembro 1836. (Coll. da leg.) — Estende aos officiaes das guardas municipaes as
Entre outras disposigoes trata dos crimes civis e disposicoes da lei de 5 de outubro de 1837.
.. .i 176
militares por que os cidadaos da guarda nacional Constituigáo da monarchia, 4 abril 1838.
devem ser punidos, e do processo a seguir na ap- (Coll. da leg.)—Trata no capituló ni dos direitos
plicagao das penas..- 168 c garantías dos portuguezes, e no capitulo vi dá
Decreto, 7 dezembro 1836. (Coll. da leg.)— forga armada, onde estabeleee que os officiaes do
Cria urna relagáo em Goa, especifica a eoinposicáo exercito e armada só possam ser privados das suas
do conselho supremo de justica militar e maiitem patentes por sentenga do juizo competente.. 176
as juntas de justiga de Macan e Mocambique 169 Decreto, 4 abril'l838. (Coll. da leg.)—Manda
Decreto, 9 dezembro 1836. (Coll. da leg.) ....
— fiear em perpetuo esquecimento os acontecimentos
•Cria o supremo conselho cíe justiga militar com
jurisdiegáo nos crimes militares do exercito e da
políticos desde 10 dé setembro dé 1836
Portaría, 15 novembro 1838. (Coll.
.;...,,..
daleg;)-—
177

marinha, e extingue os dois supremos conselhos de Manda que a seceáo de uiarinha dó supremo conse-
justiga do exercito e da marinha lho dé justiga militar proponhá um projeeto com-
Decreto, 27 dezembro 1836. (Coll .....
¿....
daleg.) —
169
pleto de ordenaugas de marinha..., 178
.

Manda que sejam publicados na ordem do exercito, Determinagao inserta na ordém do exercito
entre outros, os decretos de perdáo Ou eommuta- n.° 30, 15 julho 1839.-—Fixa a epocha em que
gáo de penas e as sentengas dos conselhos de guer- as sentengas de tiabalhos públicos e fortificagaó
ra, antes da sortirem eff'eito. 172 devem principiar a ser contadas................ 178
Decreto, 11 Janeiro 1837. (Coll. da leg.) — Decreto, 30 julho 1839. (Coll. da leg.) —De-
Cria a escola polytechniea, e no artigo 17.° torna clara que aos réus, a quem por decreto especial e
vitalicio o magisterio, indicando o modo como os em indulto geral já tiver sido perdoadá parte das
lentes podem ser suspensos ou demittidos 172 penas em que estavam condemtiados, nao podem
Decreto, 12 de Janeiro 1837. (Coll. da leg.) — ser applicados os perdoes geraes posteriores 178
Cria a escola do exercito, e no artigo 9." torna ap- Decreto, 4 abril 1S40. (Coll. da leg.) — Con-
plicaveis aos seus lentes o diíposto no decreto an- cede amnistía geral a todos os individuos que fi-
tecedente para os lentes da escola polyt.eehnica... 172 zeram parte das guerrilhas da Beira, ou as áuxir
Decreto, 16 Janeiro 1837. (Coll. da leg.) — liaram e aos indiciados, presos, em processo ou
Orgatiisa a justiga no ultramar,tratando era alguns cumprindo sentenga por crimes puramente políti-
artigos da ordem do processo ñas juntas de justiga cos 179
de Angola, Mocambique, Cabo Verde e S. Thomé Decreto, 8 agosto 1840. (Arch. do trib. sup.
c Principe, que fieam subsistindo 172 de guerra e marinha.) —Concede o titulo do con-
Decreto, 16 Janeiro 1837. (Coll. daleg.)—' selho de Sua Magestadé ao3 vogaes effectivos do
Manda que as pragas da guarda de Lisboa que ti- supremo conselho de justiga militar. 179
verem mau comportainento ou municipal deserta- Carta de lei, 14 agosto 1840. (Coll. da leg.)—
ron sejam passadas aos corpos do exercito 173 Suspende as garantías expressas nos artigos 13.°,
Decreto, 25 Janeiro 1837. (Coll. da leg.) — 16.°, 17.° e 18;° da constituigáo da monarchia; es-
Approva o regulamento para o batalháo naval, e tabeleee um tribunal especial para julgar os im-
trata ein diversos artigos dos castigos que podem plicados na rebelliao de 11 para 12 d'aquelle mez,
ser applicados ás pragas do mesmo batalháo desta- sendo o processo o dos conselhos de guerra, e ha-
cadas a bordo dos navios de guerra 173 vendo recurso das sentengas para o supremo con-
Portaría, 28 fevereiro 1837. (Ordem do selho de justiga militar. .• ;
179
exercito n.° 12) — Declara que o dispesto no de- Carta de lei, 25 agosto 1840. (Coll. da leg.)—
creto de 27 de dezembro de 1836, com respeito á Suspende no continente do reino a garantía ex-
publicagáo na ordem do exercito das sentengas dos pressa iio artigo 20.°, § único, da constituigáo da
conselhos de guerra, só se refere ás de pena de monarchia, e manda que os crimes de que trata a
morte, ou de degredo ou gales por dez anuos, que lei de 14 de agosto e outros que se perpetrarem
se nao podem executar sem subirem ao poder mo- da ¡nesma natureza sejam jülgadospelos conselhos
derador 174 de guerra, com recurso para o supremo conselho
Carta de lei, 4 margo 1837. (Coll. da leg.) — de justiga militar 180
Auctorisa o governo por tres mezes a usar de po- Portaría, 7 setembro 1840. (Ord. da arm.
deres disericionarios no Algarve e suas visinhan- n.° 73) — Determina que os castigos, a que forem
cas, e tambem nos districtos de Beja e Evora... 174 condemnadas as pragas do batalháonaval destaca-
Carta de lei, 14 julho 1837. (Coll. da leg.)— das nos navios surtos no Tejo, sejam executados
Auctorisa o governo a usar por um mez dos pode- perante o dito batalháo; c manda que para os con-
res extraordinarios c disericionarios para atalhar selhos de disciplina a bordo de navios fóra do
a robelliáo que rebentou na provincia do Minho, porto de Lisboa sejam nomeados, na falta de offi-
fieando durante o mesmo periodo suspensas as ga- ciaes, os guardas uiarinhas n'elles em servigo.... 180
rantías individuaos 174 Carta de lei,' 14 setembro 1840. (Coll. da
Carta de lei, 5 outubro 1837. (Coll. da leg.)— leg.) — Proroga até 15 de novembroas disposigoes
Declara que o foro militar é o competente para das leis de 14 e 25 de agosto 181
julgar os criines dos officiaes que importe a perda Carta de lei, 20 outubro 1840. (Coll. da
da ¡latente 175 leg.) — Estabeleee no artigo 3.° que a guarda mu-
Decreto, 11 outubro 1837. (Coll. da leg.) — nicipal do Porto se regule pelas leis e decretos re-
Manda observar as instruegoes que approva para lativos á guarda municipal de Lisboa, no que res-
execucao do disposto no artigo 10.° do decreto de peita ao alistamento, promoeáo c disciplina 181
XVI

Pag. Pag.
Carta de lei, 24 outubro 1840. (Coll. da Decreto, 9 margo 1844. (Coll. da leg.) —
leg.) — Revoga o artigo 3.° da lei de 14 de agosto Manda transportar para o ultramar, e ali postos
e a parte do artigo 1.° que se refere a suspensao em custodia nos presidios, todos os individuos que
da liberdade de imprensa 181 pegaram em armas a favor dos revoltosos ou os
Carta de lei, 5 dezombro 1840. (Coll. da ajudaram por diversos modos 186
leg.) — Manda no artigo 2." observar no recruta- Decreto, 17 abril 1844. (Coll. daleg.)—Manda
mento os decretos anteriores sósnente no que di- julgar em conselho de guerra todos os individuos,
zem respeito á classifieagáo dos individuos a elle militares ou nao, que se revolcaron ou alliciarem
sujeitos ou isentos, e á substituigáo ou troca dos para a revolta; devendo o supremo conselho de
sorteados 181 justiga militar reunir extraordinariamente para o
Decreto, 12 dezembro 1840. (Coll. da leg.) — julgamento d'esses processos e decidil -os dentro de
Chama ao servigo do exercito os individuos depri- oito dias depois de ali entraron 186
meira linha com baixa dásele 1834, sendo conside- Decreto, 1 agosto 1844. (Coll. da leg.) — No
rados desertores os que nao se apresentarem den- artigo 9.° garante as patentes, conforme as leis
tro de quinze días ; e manda reorganisar no Porto anteriores, dos officiaes do exercito,armada e guar-
o regimentó de voluntarios da Rainha 181 das municipaes, mas manda qup possam ser pasea-
Decreto, 12 dezembro 1840. (Coll. daleg.) — dos a aggrégados com meio soldó 187
Suspende as garantías éxpressas nos artigos 16,° Decreto, 18 setembro 1844. (Coll. da leg.) —
e 17.° da constituigáo da monarchia 182 Approva o regulamento da administragáo da fa-
Decreto, 13 dezembro 1840. (Coll. da leg.)— zenda militar, e no artigo 14.° torna applicaveis
Manda orgánisar batalhoes nacionaes, e no ar- áos empregadosdas pagadorias militares as dis]io-
tigo 9.* estabeleee que fieam sujeitos ao regula- sigoes marcadas para os da inspecgáo fiscal, e em
mento das milicias de 1808, gosándo os officiaes ás outros artigos trata das prerogativás, recompensas
mesmas prerogativás e honras 182 e castigos dos empregados da inspecgáo fiscal.... 187
Decreto* 16 dezembro 1840. (Coll. da leg.) — Decreto, 18 setembro 1844. (Coll. da leg.)—
Manda amnistiar todos os que tomaram parte nos Estabeleee no artigo 4.* o quadro dos empregados
movimentosrevolucionarios de 11 para 12 e 27 de da repartigáo da eontabilidade do ministerio da
agosto, e do 1.° de setembro 182 guerra, e equipára-os em veneimentos e gradua-
Decreto, 21 maio 1841. (Nov. ref.¿ jud.) — goes aos da inspecgáo fiscal 187
Nos artigos 851.° e 852.° designam-seos días feria- Decreto, 20 setembro 1844. (Coll. daleg.) —
dos, e no artigo 1:026;° mantem-se entre os foros Manda formar urna provincia de Macau, Timor e
especiáes o dos militares nas causas criines 182 Solor, continuando a pertencer ao distrieto da re-
Decreto, 27 agosto 1841. (Coll. da leg.) — iagao de Goa, e a existir em Macau a junta de jus-
Concede amnistía aos individuos que pertencerain tiga ;
188
ás guerrilhas do Alemtejo e Algarve 183 Officio, 6 fevereiro 1845. (Ordem da armada
Decreto, 30 setembro 1841. (Ordem da ar- n.° 128 de 1845.) — Dispensa abordo dos navios
mada n." 85.) — Determina que se consideren! alte- de guerra o castigo de golilha, substltuindo-sepor
rados os artigos sobre castigos do regimentó pro- algum dos outros de correcgáo 18S
visional que estejam em eontradicgáo com o regula- Carta de lei, 20 abril 1846. (Coll. da leg.) —
mento do batalháo naval 183 Restabelece por sessenta dias as disposigoes dos
Decreto, 10 fevereiro 1842. (Coll. da leg.) artigos 2.°, 3.° e 7.° da lei de 6 de fevereiro de
Declara em pleno vigor a carta constitucional — de 1844 188
1826 183 Carta de lei, 21 abril 1846. (Col!, da leg.) —
Portaría, 17 fevereiro 1842. (Arch. do trib. Nos districtos em que fossem legalmente suspen-
sup. de guerra e marinha.) — Indefere a represen- sas as garantías, manda julgar em conselho de
tagao do supremo conselho de justiga militar para guerra o crime de sedigáo e rebelliao, e passar
que fosee equiparado ao supremo tribunal de jus- pelas armas os seus anctores, em processo verbal
tiga 183 e summarissimo, nao sendo comtudo a sentenga
Decreto, 4 margo 1842. (Culi, daleg.) —Con- condemnatoria executada son resolugáo do poder
cede perdáo aos officiaes do batalháo n.° 6 envol- moderador 189
vidos na révolta d'este corpo em agosto de 1840.. 184 Decreto, 29 maio 1846. (Coll. da leg.) — De-
Decreto, 11 margo 1842. (Coll. da leg.)—Re- clara abolido o decreto de 1 de agosto de 1844
organisa a guarda nacional, manda-lheapplicar as sobre transferencia de juizes, ete 189
disposigoes dos decretos de 29 de margo de 1834 Decreto, 29 maio 1846. (Coll. da leg.)—Con-
e 1 de dezembro de 1836, e estabeleee as penas cedo amnistía geral a todos os individuos que to-
que podem ser impostas aos individuos da dita maram parte no movimeiito revolucionario de 1844 189
guarda e por quem ordenadas 184 Decreto, 12 junho 1846. (Coll. da leg.) —
Decreto, 24 setembro 1842. (Coll. daleg.) — Manda por perpetuo silencio em todos os processos
Suspende as formalidades que garantem a liber- crimes instaurados por tactos relativos ás ultimas
dade individual no distrieto de Portalegre, pol- eleigoes de depurados 189
ímita dias 184 Portaría, 15 junho 1846. (Ordem da armada
Decreto, 13 outubro 1842. (Coll. da leg.) — n.° 144.) — Determina que a bordo dos navios de
Iievoga o decreto de 24 de setembro 185 guerra sejam sómente considerados castigos de
Decreto, 11 fevereiro 1843. (Coll. da leg.) — correcgáo os declarados no ai-ligo 23.° do decreto
Manda applicar as disposigoes do decreto de amnis- orgánico do batalháo naval 190
tía de 4 de margo de 1842 aos individuos da ar- Decreto, 17 junho 1846. (Coll. da leg.)-—
mada envolvidos nos acontecimentosde agosto de Manda licar son ell'eito as disposigoes da lei de 21
1840, na capital 185 de abril 190
Carta de lei, 19 dezembro 1843. (Coll. da Decreto, 21 junho 1846. (Coll. da leg.)—Ap-
leg.) —Estabeleee entre as attribuigoes do supremo prova o regulamento provisorio da guarda nacio-
tribunal de justiga, que tenha logar o recurso, por nal, que estabeleee em diversos artigos os castigos
incompetencia,das sentengas da segunda instancia a applicar aos individuos da dita guarda, segundo
em qnalquer foro, excepto no militar 185 os delictos e faltas que commetterem, e o processo
Carta de lei, 6 fevereiro 1844. (Coll. da a s'guir na sua applicagao 190
leg.) —Concedediversas auetorisagoes ao governo, Decreto, 21 agosto 1846. (Coll. daleg.) —
suspende as garantías individuaos em todo o reino Regula o numero de varadas que podem ser man-
por vinte días e prohibe a pnblicagao de jornaes dadas dar como castigo, e o processo a seguir na
políticos 185 sua applicagao 193
XVII

Pag. Pag.
Decreto, 18 setembro 1846. (Coll. da leg,)— ii. 0 84.) — Deroga o decreto de 24 de novembro de
Cria urna commissao para orgánisar um código pe- 1846, que mandara por em vigor as leis de deser-
nal militar, que regule a forma do .processoe clas- gáo em tempo de guerra ...- 199
sifieagáo das penas e castigos segundo os delictos Portaría, 14 margo 1848. (Arch. do trib; sup.
eommettidos pelos militares
Decreto, 7 outubro 1846. (Coll. da leg.) —
.;....
194 de guerra e marinha.)—Remette, para ser consul-
tado pelo supremo Conselho de justiga militar, o"
Suspende em todo o reino, por trinta dias, as ga- projecto de artigos de guerra para a armada, ela-
rantías individuaes 194 borado por urna commissao ;
199
Decreto, 12 outubro 1846. ('Coll. da leg.) — Relatorio que acompanha o mesmo projecto com
Chama ás filenas as pracas com baixa desde 1 de data de 15 de abril de 1836 199
Janeiro de 1842, e as que se nao apresentarem no Carta de lei, 19 agosto 1848, (Coll. da leg.)—
praso que marea sao consideradas como desertores Manda qué eontinuem a ter observancia todos os
em tempo de guerra
Decreto, 14 outubro 1846. (ColL da ,.....
leg.) —
'194 diplomas publicados pelo goverrió desde 21 de
maio de 1846, que contém materia legislativa, eom;
Contém dieposigoesideuticas ás do decreto antece- as exeepgoes que indica... ,..........;.¡. 200:
dente a respeíto das pragas do batalháonaval, eom Decreto, 18 outubro 1848, (Coll. da leg.) —
baixa .. ,,...; 195 Manda processar como desertores ém tempo; de;
Decreto, 27 outubro 1846. (Coll; da leg.) — paz todas as pragas de pret, que tendo pássado ',..
E, assumida por Sua Magestadé a Rainha a plena para o servigo da junta do Porto, nao se apresen-
auctoridade e poderes para providenciar sobre o tarem ás auctoridades competentes no: praso de
prompto restabelecimentóda ordem legal 195 trinta dias.;;,,....-..... ...... ...;,..;,. ¡,:... 200
Decreto, 30 outubro 1846. (Coll. da leg.) — Decreto, 22 novembro 1848. (Coll. dá leg;);^«
Approva o regulamento provisorio para os corpos Approva o regulamento para os corpos nacionaes,
nacionaes, que no artigo 11.° estabeleee os delictos no qual se estabélecemas honras e privilegios dos
e as penas em que lhés incorrem os individuos d'es- individuos n'élles alistados, e se trata dos; delictos
..... 195 e penas, e desergoes durante o liceneiamento dos;
Decreto, 3 novembro 1846...(Coll.,...
tes corpos
da leg.)
Manda por em vigor o decreto de 22 de agosto de —. ditos corpos ... . ....,;..,....., .;..;...;.
Decreto, 28 dezembro 1848. (CólLdaleg.) --- ... 201

1833, sobre o procedimento a haver contra os pai- Manda applicar as disposicoes do decretó, de 18
sanos apprehendidos com ás armas na mao em au- de outubro ás pragas do batalháo naval e detta-
xilio dos revoltosos e offiuiaes commandantes de
corpos irregulares 196
rinhagem .....,;..,..;.. :.. .......;..
Carta de lei, 4 maio 1849- (Coll; da leg.)
,;; 203:
-—
;
Decreto, 24 novembro 1846. (Ord. do exerc. Ordena que nao sejam execUtadáaás;sentengas de
n.° 15 de 26 de novembro.)— Manda por em vigor pena de morte, proferidas pela junta de justiga de
as leis e ordens pelas quáes devem ser julg-adosos Macau, sem resolugáo do poder moderador..;.. . .203
desertores em tempo de guerra. 196 Decreto, 20 junho-1849. (Coll. da leg.)"-*-:v
Decreto, 30 novembro 1846. (Coll. daleg.)— Concede amnistía.geral e completa para todos os
Cria o corpo de guardas fiscaes, e no artigo 8." crimes políticos eommettidos depois de 28 de abril
manda-lhe applicar o regulamento militar.
Decreto, 4 dezembro 1846. (Coll. da leg.)—
197 de 1847 ,
Carta de leí, 9 julho 1849. (Coll.
.....;..
.204;
daleg.) -^-
Manda demittir dos seus postos os officiaes que to- Permitte a aposentagáo por diuturnidade de ser- .
maran! parte ou de futuro a tomaron na lebelliáo vigo e idade, ou por inhabilidade de o continuar:
armada e aquelles que se nao apresentarem no por molestia grave e iiieurave), áos magistrados,
praso que marca ás auctoridades legitimas milita-
res 197
judieiaes . - • • 1849. (Coll.
Decreto, 24 agosto • ;. - -
da leg.) —.
• •.
204

Portaría, 4 fevereiro 1847. (Coll. da leg.)


Declara que estando o paiz em estado de guerra
— Regula a execugáo da lei antecedente
Comsulta do supremo conselho de justiga
.;..,. 205

nenhumaduvida deve haver no julgamento dos de- militar, 17 maio 1850.— Trata do projecto de
lictos eommettidos por individuos dos corpos na- artigos de guerra para armada, elaborado por urna
cionaes
Decreto, 4 fevereiro 1847. (Coll. da leg.) —
197 commissao em 1836
Aviso,-11 dezembro 1850. (Coll. ...........
daleg.)—
205
Chama ao servigo as pragas do exercito com baixa Trata do modo de contar os oito dias de ausencia
desde 1 de Janeiro de 1837, sendo consideradas ¡Ilegitima precisos para constituir desergao. 207.
desertores as que se nao apresentarem no praso Decreto, 2 julho 1851. (Coll. da leg.) — No-
que marca 197 meia urna commissao para propor um projecto ele
Decreto, 28 abril 1847. (Coll. da leg.) —Con- código penal militar .; 208
cede geral e completa amnistía para todos os cri- Decreto, 6 outubro 1851. (Coll. da leg.) —
mes políticos eommettidos desde 6 de outubro de Reforma o corpo o servigo de saude do exereitOj e
1846 198 trata dos castigos das pragas da companhia de
Decreto, 10 junho 1847. (Coll. da leg.)— saude no artigo 30.° '. ;
208
Declara que a amnistía de 28 de abril sómente Decreto, 6 dezembro 1851. (Coll. da leg.) —
toril execugáo depois da completa submissáo da Reforma o arsenal do exercito, e no artigo 7."
junta revolucionaria do Porto e dos corpos arma- manda applicar aos respectivos empregados os ar-
dos que sustentam a revolta 198 tigos do regulamento da fazendamilitar que trata
Decreto, 29 junho 1847. (Coll. da leg.) — das prerogativás dos empregados da inspecgáo fis-
Manda applicar a amnistía de 28 de abril aos im- cal ..-.- 208
plicados na revolta que se submettercm voluntaria- Decreto, 11 dezembro 1851. (Coll. da leg.) —
mente no praso de quinze dios, nao iiicluindo na Reorganisa o collegio militar, c trata nos artigos
amnistía os que forem coagidos pela forga a sub- 32." e 33.° das garantías e penalidado dos lentes
208
metter-se 198 e professores do dito collegio.
Deoreto, 15 julho 1847. (Coll. da leg.) — Decreto, 14 Janeiro 1852. (Coll. da leg,) —
Manda estender a amnistía de 28 de abril aos cri- Manda ficar em perpetuo silencio os actos políti-
mes políticos pratieados antes de 6 de outubro de cos últimamente pratieados em oficnsa da disci- 209
1846 em favor da causa da usurpagao. 199 plina militar ..'.. ..... ....-. • •
Decreto, 10 setembro 1847. (Coll. da leg.)— Aviso, 2 junho 1862. (Coll. daleg.) —Em.
Ordena que a amnistía de 28 de abril tenha obser- additamento ao ordenado no aviso de 11 de de-
vancia nas provincias ultramarinas 199 zembro de 1850, manda que as auctoridades mili- •
Decreto, 18 novembro 1847. (Ord. do exere. tares declarem nos assentamentos ou actos neces- ¡,
ni
XVIII

Pag. Pag.
garios á órganisagáo dos processos nos crimes de Carta de lei, 18 julho 1855. (Coll. da leg.) —
desergao dia e hora da apresentagáo dos desertores 209 Contém diversas disposicoes sobre o processo cri-
Carta de lei, 5 julho 1852. (Coll. da leg.) — minal e outros assumptos de justica 214
Approva o acto addieional á carta constitucional Decreto, 23 julho 1855. (Coll. da leg.) —In-
dá monarchia, o qual nó artigo 16.° abóle a pena cumbe a um auditor do exercito a eonfecgáo de um
de morte nos crimes politíeos 209 código penal militar, e norneia urna, commissao
Decretó, 18 agosto 1852. (Coll. da leg.) — para examinar esse trabalho á proporgáo que lhe
Norneia üma commissao para apresentar um tra- for sendo apresentado 214
balho completo sobre a parte penal e disciplinar Decreto, 18 agosto 1855. (Coll. da leg.) —
á que déve ficar sujeito o magisterio; ,....209 Manda considerar como soldados os tambores, cor-
DeeretOj 2 dezembro 1852. (Coll. dá leg.) — neteiros e clarins que desertaron, desde que for
Approva o regulamento do servigo de saude do qualifieada a desergao em conselho de disciplina,
exércitój que estabeleee no artigo 36¡° as penali- e os que commetteremoutros crimes desde que pas-
dades a que fiéam süjeitás as pragas da eóihpá- sar em julgado a sentenga que os eóndeinnárem 214
miiádé saudé; ,..,;,;.,;.;...,.... 210 Decretó, 20 outubro 1855. (Coll. da leg.) —
Decreto, 10 dezembro 1852; (Coll. daleg.)--- Concede amnistía para diversos crimes e indulta
Áppi-Ova o código penal commum,
que trata nos réus eondeumados em difíerentes penas 215
artigos lñ¡ae 16,° dos actos que nao sao qüalifi- Aviso, 31 Janeiro 1856. (Coi!, das ord. do exerc;
eadós crimes por este código; mas sim por leis es- de Vital, tomo rr, pag. 160.) — Esclarece as da-
peciaes, e dos crimes; militares..;...;.;;; 210 vidas que se tinhain suscitado acerca da applica-
Decreto, 30 dezembro 1852. (Coll. da leg.) — gao da amnistía de 20 de outubro de 1855....... 215
ApprOya á organiságáo é regimentó da admims- Aviso, 4 fevereiro 1856. (Coll. da leg.) — De-
tragáó da justiga ñas provincias de Angola e termina que o descontó do tergo do pret das pragas
S; Thomé e Principe, tratando os capítulos 7.°, 9¿° presas para conselho, depois de feitos os Outros
e 10;° do foro-militar, creando em Loandá o con- abates, seja somonte feito aos presos de correceáo 216
selho: superior de justiga militar é marcando a Carta de lei, 14 julho 1856. (Coll. da leg.)—
competencia da junta dá justiga j 210 Abóle no exercito do continente e ilhas adjacentes
Ordem da májoriá general da armada, 22 os castigos de varadas e de espada de prancha, e
margo 1854; (Ordem da armada n.° 249.) -^- áuetorisa a execugáo do regulamento disciplinar
Manda seguir ña armada o methodó estabelecido que havia sido proposto ás cámaras 216
lió exercito para a contagem do témpo de ausencia Carta de lei, 21 julho 1856. (Coll. da leg.) —
¡Ilegítima neeessario para -.Constituir, desergao, Trata do crime de desergao e estabeleee as penas
pelo aviso dé 11 de dezembro dé 1852, que tran- a applicar a este crime e o processo a seguir no
sereve;..;......... ¡ .* . ." ...........,.... .1. 211 seu jiilgamento,.. ..; 217
Portaría, 15 maio 1854. (Coll. daleg ) —Fixa Decreto, 30 setembro 1856. (Ord. do exerc.
os vencimeritos das pragas dá armadaquando pre- n." 53.)—Approva o regulamento disciplinar para
sas para conselho de guerra 211 o exercito, definindo ahi b que é a disciplina, e
Portaría, 14 julho 1854. (Coll. da leg:) — Or- trata das transgressoes e correspondentes penas 219
dena que nao. se processem no mesmo conselho de Decreto, 1 outubro 1856. (Coll. da leg.)—
guerra differentes réus, salvo qnando se acharem Extingue a junta de justiga da provincia de Cabo
comprehendidos na mesma pronuncia por crimes Verde, e estabeleee o processo a seguir nos criines
communs a todos os pronunciados 212 dos militares e o foro em que devem ser jülgados
Avisó, 14 julho 1854. (Ord. do exerc. n.° 10 os de 2.» linha 224
de 1855.) Determina que se nao applique aos offi- Decreto, 10 dezembro 1856. (Culi, da leg.) —
ciaes inferiores o castigo de baixa de posto tem- Norneia urna commissao para propor as alteragoes
poraria, que fica substituido pelos que indica.... 212 que forem precisas para ser applicavel ás tropas
Decreto^ 6 setembro 1854. (Coll. da leg.) — do ultramar o regulamento disciplinar do exercito 224
Approva o regulamento do corpo de machiuistas Aviso, 17 Janeiro 1857. (Ord, do exerc. n.°3.) —
navaés, que estabeleee as classes que compoem Declara como deve entender-so o disposto nos ar-
este corpoj as graduagoes militares que Ihes cor- tigos 36.° e 37.° do regulamentodisciplinar do exer-
responden!, e applica-lhes o fól-o militar e os re- cito 224
gulamentos de disciplina e servigo a bordo dos Decreto, 2 margo 1857. (Coll. da leg.)—De-
navios de guerra ; 212 termina que sejam officiaes de l." linha o major
Circular do eommando em chefe do exerci- e ajudantc do batalháo de 2.a linha de Macau, o
to, 16 setembro 1854. (Coll. das ord. do exerc. qual fica sujeito ao regulamento dos corpos. nacio-
de Vital, tomo iv, pag. 100.)-—Designa o modo naes de 1848 225
como deveproceder-secom os militares condenina- Decreto, 1 abril 1857. (Coll. da leg.) Dis-
dos a degredo. 212 solve a commissao Horneada por decreto de—10 de
Deoreto, 9 dezembro 1854. (Coll. da leg.) — dezembro de 1856, por haver apresentado o tra-
Determina que os officiaes inferiores, cabos e ans- balho de que havia sido incumbida sobre o regu-
pegadas criminosos por desergao tenham baixa de lamento disciplinar para as tropas do ultramar.. . 225
posto logo que a desergao for qualifieada no con- Officio do ministerio da guerra, 23 abril
selho de disciplina; e quando jülgados por outros 1857. (Coll. da leg.) —Approva as instruegoes
crimes, logo que a sentenga passe em julgado.... 213 para o deposito disciplinar, e nos n.os 17.° e 18.°
Decreto, 18 dezembro 1854. (Coll! da leg.) — estabeleee como háo de ser castigadas as pragas
Manda por em vigor ñas provincias ultramarinas do dito deposito que commetterem faltas 225
o código penal, com algmnas alteragües 213 Aviso, 9 maio 1857. (Coll. da leg.)—Declara
Portaría, 6 fevereiro 1855. (Coll. de leg.)— que as pragas que commetterem ausencias illegi-
Manda que se exeeute ñas provincias ultramarinas timas devein ser. julgadas por um conselho de dis-
.
o disposto no decreto de 22 de setembro de 1830, ciplina como dispoe o artigo 2.° da ordenanga de
quando se dé o caso de nao poderem ser jülgados 9 de abril do 1805 225
em conselho de guerra alguns officiaes, por nao Portaría, 27 junho 1857. (Coll. da leg.) —
haverem outros de patente igual ou superior para Explica como devem ser jülgados os officiaes de
comporem os ditos conselhos 213 2." linha que tivesson commettido criines ante-
Aviso, 1 maio 1855. (Coll. da leg.) — Declara riormente á publicagao do decreto de 1 de outu-
que nao se eonta para cousa alguma, inclusive ae- bro de 1856 226
cesso, o tempo de prisao que os officiaestiverem por Decreto, 15 julho 1857. (Coll. da leg.)—In-
crimes de que nao forem absolvidoB 213 cumbe á coinmÍ6sáo nomeada por decreto de 23
XIX

Pag. Pag.
de julho de 1855, para o código penal militar, a or- genios de infantería até seis individuos com des-
ganiságáo dos tribunaes militares e do código do tino a facultativos militares ;
239
processo criminal militar 226 Aviso, 18 abril 1859. (Coll. daleg.)—Declara
Decreto, 15 julho 1857. (Coll. da leg.) — Ap- . que as notas por faltas leves nao inhabilitan!o uso
prova o plano de organiságáo da forga militar na do distinctivo por annos de servigo ;... 239
provincia de Angola, o qual estabeleee que os cri- Carta de lei, 4 junho 1859. (Coll. da leg.) —
mes dos militares continuem a ser jülgados no con- Extingue o commaiido em chefe do exercito^ po-
selho superior de justiga militar 226 dendo ser restabelecido nos casos que especifica.. 239
Portaría, 28 julho 1857. (Coll. da leg.) — Carta de lei, 4 junho 1859, (Coll. da leg.) —
Trata da nomeacáo dos membros dos conselhos de Trata das penas e do processo para os crimes de
guerra que téem do julgar os desertores da ar- falsiíieagáo de moeda e papéis de crédito ., 240
mada 226 Portaria, 9junho 1859. (Coll. daleg.)—Man-
Portaría, 10 agosto 1857. (Coll. da leg.) — da que a inajoria general da armada nomeie um
Iudefere o requerimento dos membros do conselho offieial para exercer as funegoes de curador nó su-
de justica militar de Angola, que pediain urna gra- premo conselho de justiga militar ..,....,,;,....' 240
tifieagao.............;. ¡.. 227 Portaria, 16 junho 1859. (Coll. da leg.)—
Aviso, 2 setembro 1857. (Ord. do exerc. Trata do abono para vestuario das pragas da ma-
n.° 10.) — Manda que se tenham por fhidos os pro- rinhágem sentenciadas a servir sem vencimeüto
cessos relativos ao brigadeiro baráo da Batalha,
em vista da divergencia entre os tribunaes civis e
por alguna tempo ..,....;...
Decreto, 18 junho 1859. (Coll. daleg.)—-Ap-
240
militares sobre a questáo de competencia........ 227 prova o regulamento para a classe de aspirantes
Aviso, 29 setembro 1857. (Coll. dá leg.) — a facultativos militares, que fieam sujeitos ás léis
Determina que as ausencias illegitimas sejam aver- e regulámentos militares 241
badas nos livros mestres em vista do conselho de Decreto* 6 setembro 1859, (Coll, da leg.) —
investígagáo e nao do de disciplina 228 Extingue o cargo de major general da armada,
Portaría, 7 novembro 1857. (Coll. da leg.)— substituindo-o pelo de chefe do estado maior- da
Esclarece como se devem executar algumás.das marinha ; ; ;; , ¿,... i 241
disposicoes da lei de 21 de julho de 1856, e manda Decreto, 22 setembro 1859. (Coll. dá leg.) — .-'
adoptar o formulario junto á dita portaria, para Approva o plano dé organiságáo da secretaria de
os conselhos de disciplina que téem de julgar os estado dos negocios da guerra, onde é creado o
desertores ,
228 logar de jurisconsulto^ e trata das penalidades ap-
Portaria, 27 abril. 1858. (Coll. da leg.) — plicaveis aos individuos n'élla empregados
...... 241
Declara que ém regra os conselhos do guerra, na Decreto, 20 outubro 1859; (Coll. da leg.) —
provincia de Cabo Verde, deveráo ser feitos nos Reorganisando o servigo de saude naval, ficando
logares onde residirem os juizes de direito, exce- os enfermeiros naváes sujeitos ás leis e regulá-
pto quando circumstanciab especiaes exigirem o
contrario 232
mentos de disciplinamilitar,
Portaria, 10 agostó 1860; (Arch. do trib. ....;... 241
Decreto, 6 maio 1858. (Coll. da leg.)—De- sup. de guerra e marinha.)—-Remette projectos
termina a maneira como devem ser chamados os dos códigos do ]jrocesso penal da armada, para
vogaes supplentes da secgao de marinha no su- serení estudados pela secgao de marinha do su-
premo conselho de justiga militar a substituir os premo conselho de justiga militar. 241
effectivos 232 Projectos — á que se refere esta portaria 242 e 257
Decreto, 15 maio 1858. (Coll. da leg.) — Con- Carta de lei, 11 agosto 1860. (Coll. daieg)--
cede amnistía para os crimes de desergao 232 Cria a classe de alumnos aspirantes a facultativos
Decreto, 2 junho 1858. (Coll. da leg.)-—Man- da armada c ultramar, com praga no corpo de ma-
da applicar ás provincias ultramarinas, conve- rinhoiros 266
,
nientemente modificadas, as disposicoes da lei de Decreto, 12 setembro 1860. (Coll. dá leg;) —
18 de julho de 1855 '. 233 Regulamento para a organiságáo da classe de as-
Aviso, 10 julho 1858. (Coll. da leg.)—Ap- pirantes a facultativos da armada e do ultramar,
prova o formulario para os conselhos de disci- os quaes fiearam sujeitos ás leis e regulámentos
plina que devem julgar os incorrigiveis 233 militares 266
Portaria, 27 de julho 1858. (Coll. da leg.) — Portaria, 19 setembro 1860. (Arch. geral do
Determina que, para os réus da marinha, se no- minist.: da guerra.) — Norneia urna commissaopara
meie um offieial da armada como defensor, sem- rever as leis de 14 e 21 de julho de 1856 e o re-
prc que elles os nao constituirem 237 gulamento disciplinar de 30 de setembro do dito
Aviso, 21 agosto 1858. (Coll. da leg.)—Man- anuo. ; 267
da que as pragas desertadas unía só vez nao Portaria, 23 novembro1860. (Coll. da leg.) —T
percaní a qualidade de voluntarias quando a te- Approva mitra do governador de Mogambique,
nham 237 pela qual se mandón adoptar na dita provincia o
Portaria, 30 agosto 1858. (Coll. da leg.) — formulario dos conselhos de disciplina constante
Declara, os casos em que os militares iucursos no da portaria do ministerio da guerra de 7 de no-
crime de escravatura nao gosam do privilegio do vembro de 1857 267
foro 238 Portaria, 31 dezembro 1860. (Arch; geral do
Officio, 16 dezembro 1858. (Coll. das ord. do minist. da guerra.) — Dissolve a commissao no-
exerc. do Vital, tomo iv, pag. 1.00.)—Declaraque meada em 19 de setembro de 1860 -267
as pragas julgadas incorregiveis devem conservar- Deoreto, 14 maio 1861. (Coll. da leg.) —Con-
se em custodia até á confirmagao da sentenga.... 238 cede aos officiaes da secretaria do supremo conse-
Carta de lei, 11 Janeiro 1859. (Coll. da leg.) — lho de justiga militar a graduagao de tenente coro-
nel...*
Manda applicar o artigo 1:189.° da novissima re- .. .
267
forma judiciaria aos réus militares jülgados em Determinagao inserta na ordem do exer-
2.-1 instancia, os réus presos nao sériam compelli- cito n." 13, 17 junho 1861. — Manda chamar a
dos a acompanhar os processos á 2.a instancia 238 attengáo dos juizes nos conselhos de guerra jiara o
Officio, 1 margo 1859. (Coll. daleg.)—Pro- ... que é expresso em diversos artigos da novissima
videnciando sobre os conselhos de investígagáo c reformajudicial, a iim de se nao repetiron as ir-
de disciplina dos desertores do deposito de contin- regularidades que se haviam dado. 267
gentes para o ultramar 239 Determinagao inserta na.ordem do exercito
Carta de lei, 16 abril 1859. (Coll. da leg.) — n.° 23, 22 outubro 1861.— Manda que se cum-
Manda abonar os vencimentos de primeiros sar- | pra exactamente o formulario mandando adoptar
XX

Pag. Pag.
para os conselhos de disciplina ñas ordena do Approva o regulamento dos capella.es militares, .
exercito n.° 29 de 1857 e n.° 35 de 1858. 268 que declara as ieis penaos a que iicam sujeitos.. . 275
Portaría, 31 dezembro 1861. (Coll. da leg.)— Decreto, 21 dezembro 1863. (Coll. da leg.)-^
Determina que ás pragas da armada condemna- App'rova o plano da organisacao do exercito que
das a,; pr¡sao a bordo se nao abone soldó, e sim só foi revogado pela carta de lei de 1 de abril de
a racao e o que está determinado para fardamento 2(J8 .1864, e no qual se faziam altefaeoes no supremo
Portaría, 16 Janeiro 1861. (Coll. da leg.) — eonselho de justica militar é auditores; 276
"Manda que as pravas de marinhagem, que falta- Decreto, 24 dezembro 1863. (Coll. da leg.)—
ren! abordo uá oeea'siao da saída dos respectivos Approva a reorganiságao da escola do exercito, na
navios^ respondam a eonselho de investigacao, o qual se cria um eonselho de disciplina para julgar
qual servirá de base para respondérein a eonselho das faltas escolares dos alumnos, e estabelecepara
de guerra por essa falta.
.......
Decretó; 12 fevereiro 1862. ¿(Coll. dá leg.) —
268 elles os correspondentes castigos
Decreto, 26 Janeiro 1864. (Coll. da leg.) — •
276
Concede amnistía para diversos crimes, e indulta Approva o regulamento para a conoessao da me-
as penas em qué estavaní condemnados outros réus 269 dalba. militar, mediante consulta do supremo eon-
Portaría, 9 junio, 1.862* (Coll. da leg.) *— selho de justica militar, especificando os casos em
Louv.a á -eOinrriissap éncari'egada do projécto do co- que se perdé o uso da dita medallia 277
.\áigo. deJUBti$&.militar...,..
iPórtariaj' 25 jünho. 1862. ... .
"(Órd...,,....
do exerc.
270 Decreto, 21 marco 1864. (Coll. da. leg.) —
Estabelece o uniformé dos olficiaes da secretaria
n." 18 de-30 dejünho 1862;)—Enearrega a com- dó supremo eonselho de justica militar 277
:
missaó de 23 de julho de 1855 da organisacao dos Carta de lei, 23 jünho 1864; (Coll. da leg,)—
tribünaesmilitares........ -...,..,............... 270 Manda por em exectícaó um plano de reforma na
Beeretpj 2S agosto 1862. (Coll. da leg.) — secretaria da guerra e na organisacao do exercito;
Flxa ém séte pquadrodos auditores do exercito.. 270 n'esta se reduzem as gratineacúes dos vogaes do
EeGretOy 16 setembro 1§62. (Coll. da leg.) supremo eonselho de justica militar, e n'aquella
Suspende as garantías no distrieto de Braga, por— cria-se o logar de ajudánte do procuradorgeral da
trinta dias.................., ..........'. 271 Carta dé lei, 4 julho ;....;
coróa 277
Sortaria, 18 setem-bro1862, (Coll. da leg.) 1864. (Coll. da leg.) —
Determina que os enfernieiíps navaes, no caso de —
Trata do código penal e disciplinar da..marinha-
insubordinácaPioufalta no seívigo para que forein mercánte, no qual se estabelece recurso para o su-
nomeados, sejamjulgados no foro militar. 271 premo eonselho de justica militar. 277
Decreto, 10 outubro 1862. (Coll. da. leg.) — Portaría, 16 julho 1S64. (Coll. da leg.) —
Concede amnistía geral e conrpleta para todos os Prescrevendo que ira falta de oíiiciaes para consti-
crimes políticos .............. ¿ ¿.......
271 tuirem os conselhos de guerra em Angola possam
Decreto, 2.0 dezembro 1862. (Coll. da leg.) — ser chamados de marinha da estaefío 278
Estabelece que um dos ajudantes do juiz relator Decreto, J.9 julho 1864. (Coll. da leg.) — Cria
do supremo conseibo de justica militar oii unr.áudi* o deposito de contingentes para o ultramar, mar-
tor do exercito seja noineado jurísconsulta junto cando no artigo 11." que as priicas d'elle, emquanto
do ministerio da guerra 272 nao seguirem viagem, fieaui sujeitas á legislagao
Decreto, 29 dezembi*o 1862. (Coll. da leg.) —¡. penal do continente. 278
Cria a classe de almoxárifes de artilheria coin a Portaría, 30 julho 1864. (Coll. da leg.)—
graduacao de primeiro ou segundo teuente....... 272 Trata da reinessa dos processos por delictos marí-
Decreto, 24 fevereiro 1863. (Coll. da leg:) — timos para o supremo eonselho de justica militar
.Approva p regulamento do asylo dosfilbos dos sol- quando os réus níio f'orem de Lisboa 278
dados, no qual, nos artigos 31.° e 37.°, se estabehv Portaría, 30 julho 1864. (Collada leg.)—
cem os castigos a applicar aos alumnos do asylo Estabelece o praso dentro do qual se pode interpor
pelas faltas que commettercm 272 recurso para o supremo eonselho de justica militar
Decreto, SOJulho 1863. (Coll. da leg.) —En- das sentengas dos tribünaes marítimos 278
tre as attrtbuiepes designadas para o major gene- Portaría, 30 julho 1864. (Coll. da leg.) —
ral da armada, logar restabeleeido pela leí de 13, Determina que, no impedimento do intendente da
dá-lhe a da npmeacSo dos conselhos de guerra marinha de Lisboa, exerca a sua jurisdicciio, nos
para julgar os individuos pertencentes á armada 273 casos ostabelet'idos no código penal marítimo para
Determinacao inserta na ordem do exercito aquella auctoridade, o capitao do porto 278
n.o 28, 31 julho 1863—-Na falta de oíEciaes nos Decreto, 17 agosto 1864. (Coll. da leg.)

corpos ou suas fraecoes para constituirem os con- Approva o regulamento para as bandas de música
selhos de disciplina, serao nomeados de entre os dos corpos de infantería e cacadores, em que se
que estiverem rcsidindo na mesma divisao militar 273 marca a consideracao de postos que pertenco a
Portaría, 15 setembro 1863. (Coll. da leg.) — cada classe, devendo os artigos a applicar ser se-
Determiraque as pracas da armada presas, quando gundo essa consideracao 278
tiverem de ser conduzidas perante as justicas or- Decreto, 22 agosto 1864. (Coll. da leg.) —
dinarias ou militar, o sejam em carruagem eellu- Approva outro regulamento para a eoncessao da
lar, que para esse fim manda construir 273 medallia militar 279
Deoreto, 28 setembro 1863. (Coll. da leg.) — Portaría, 8 fevereiro 1865. (Coll. da leg.) —
Coneede amnistía para diversos criines, e indulta Approva o regulamento para o servico das compa-
outros réus já condeuinados em dirferentes penas 274 nhias de artilheria das ilhas adjaeent.es, que lixaa
Decreto, 28 setembro 1863; (Coll. da leg.) — competencia disciplinar dos seus commandantes.. 279
Manda tornar extensiva a amnistía de 10 de outu- Offioio, 16 fevereiro 1865. (Coll. da leg.) —
bro de 1862 aos crimes exceptuadospelo artigo 3." Manda julgar as pracas desertadas do deposito de
d'esse decreto 275 contingentes para o ultramar pela ordenanca de
Decreto, 2 outubro 1863. ...
(Coll. da leg.)
— 1805... 279
Cria a medalba militar, eomprehendendo tres cías- Carta de lei, 18 maio 1865. (Coll. da leg.) —
ses: valor militar, bons servicos e eomportamento Approva urna nova tarifa de sóidos e designa por
excmplar 275 que tarifa serao pagos os sóidos dos oíiieiaes presos
Portaría, 12 outubro 1863. (Coll. da leg.) — para eonselho de guerra ou em cumpriinento de
Trata do abono para vestuario das praeas de ma- sentenca. 279
rinhagem sentenciadas a servir sem veneimento Portaría, 14 junho 1865. (Coll. da leg.) —
por algum tempo 275 Determina que as pracas de marinhagem cum-
Decreto, 22 outubro 1863. (Coll. da leg.) — prindo sentenca a bordo dos navios do estado te-
XXI

Pag. Pag.
nliam a racao de vinlio ou aguárdente como as abolida a pena de morte é tambem a de trabalhos
demais pragas 280 públicos 289
Decreto, 25 julho 1865. (.Coll. da leg.)—Toma Carta de lei, 2 julho de 1867. (Col!, da leg.) —
extensiva ás provincias ultramarinas a lei de 21 de Trata da reforma do recrutamento marítimo^ onde
julho de 1856, sobre as desercoes no exercito do . se prosereve que 0 tempo de desergao ou de pri-
reino, com diversas alteracoes 280 sao nao é contado no tempo mareado para o servigo
Decreto, 25 julho 1865. (Coll. da leg.)— da armada. i........- ...; 290
Torna extensiva ás provincias ultramarinas a leí Portaría, 5 agosto 1867. (Coll. da lég.) —
de 14 de julho de 1856, que aboliu no exercito do Esclarece as duvidas ápresentadas conv relagao ao
reino o castigo de varadas e de pancadas com es- disposto na lei de 2 de julho sobre as desergoes.... 290
pada de praneha, e applica ás' tropas das ditas Decreto, 2 setembro 1867. (Coll. da leg.)—
provincias o regulamento disciplinar com diversas Classifica as possessoes r.m qué devém ser cumpri-
modificagoos..., 281 das as penas de degredo estabelecidas na reforma
Portaría, 15 setembro 1865; (Coll.—
,
da leg.) — penal de 1 de julho.....;..;.........;.;...... 291
Encarrega uñía commissao de rever e compilar a Decreto, 25 junho 1868. da leg.) —
(Coll.
legislagao penal militar-
;
282 Concede amnistía geral e completa para 03 crimes
Decreto, 16 setembro^iSéé. (Coll. da leg.)— contra os direitOs politicos é outros pratieadbs
Declara que a ruédalo.» de comportamento exem- desde o I." de Janeiro: d'aqnellc anno....-'.......,. 291
plár pode ser concedida a individuos com faltas Decreto^ 5 setétnbfo Í868. (ColL da leg,);—--'
nao excedentes a quinzediasconsecutivos ou vinte Manda eliminar 6 modelo do artigo 230;° do.-reguk
interrompidos de prisao. 282 lamento do servigo dos corpos, qué se refería ao,
Decreto, 28 íevereiro 1866. (Coll. da leg.) — descontó no témpo de sérvieó dos officiaes pássá*
Declara applicavel o decreto da eriagao da meda- dos á inactividade temporaria de castigo: ......; 29Í
lha militar nao só aos officiaes, mas tambem ás Decreto, 21 outubro 1868; (Coll. da lég/) —
pragas de pfet das guardas inunicipaes. ......... 282 Altera o disposto nos decretos de 25 de julho de;
Portaría, 30 abril 1866. (Coll. da leg.) — 1865, relativos aos desertores ou incórrigiveis.das
Fixa O tempo de cinco annús para as pragas que tropas de S. Thomé e Principe, e trata da cóñipo-
se alistarem voluntariamente rías guardas munici- sigao dos conselhos de disciplina é de guerra na
paes, e manda que as mesmas, quando commettam dita provincia....:.... ..... ¿........... .292
faltas ou delictos níio sujeitos ás auctoridadesju- Decreto, 22 oüttibro 1868. (Coll. da leg;)—
dicial?, sejam expulsas das ditas guardas ,. 283 Extingue os batalhoes de. veteranos e cria em seu
Decreto, 3 maio 1866. (Coll. cía leg.) — Ap- logar companhias de reformados, e estabelece os.
prova a ordenanga geral da armada, em substituí- casos em que estes serao considerados desertores
gao do regimentó provisional de 1796, tratando no § 4.° do artigo 15;° 292
em difl'ercntes artigos da competencia disciplinar Decreto, 28 outubro-1868. (Coll.: da lég.) —
dos officiaes da armada e do formulario dos conse- Declara em vigor ñas provincias ultramarinas a
lhos de investigagao a bordo dos navios do estado 283 reforma penal de 1 de julho de 1867, com excepgap
Portaría, 15 maio 1866. (Coll. da leg.)—Ex- do § 4.° do artigo 1." d'est'a lei .
292
plica como se deve proceder no caso de crimes Decreto, 30 outubro 1868. (Gilí, da leg.) —
communs cominettidos por militares, em declaragao Fixa em sete os logares de auditores do exercito
ás duvidas do gobernador de Cabo Verde sobre e armada, e designa a maneira como hao sei' pró-
este assumpto
Portaría, 22 maio 1866. (Coll.
¡
da leg.) —Do-
285 vidos. : .. . ....
Decreto, 26 novembro 1868. (Coll. da leg:) — .
293
clara que se nao deve contar aos officiaes da ar- Pisa em sete os vogaes militares e em dois os jui-
mada, no caso de eondemnagao, na antiguidade do zes togados do supremo eonselho de justiga mili-
posto o tempo que estiverem presos ;.. 285 tar; extingue as duas secgees, e faz outras ¿litera-
Portaría, 11 junho 1866. (Coll. da leg.) — cues ao decreto de 9 de dezembro de 1836....... 293;
Esclarece o determinado na portaría do 30 de abril Decreto, 10 dezembro 1868. (Coll. da leg.) —
d.o dito anno com relagao ás pragas alistadas vo- Trata das promogoes dos officiaes do exercito, e
luntariamente ñas guardas municipaes 286 no artigo 16." manda descontar para promogao o
Decreto, 20 junho 1866. (Coll. da leg.) — tempo de prisíio em cumplimento de sentenga e o
Manda que so nao preeneha um dos logares de de inactividade temporaria por castigo 294
ajudnnte do juiz relator do supremo eonselho de Decreto, 17 dezembro 1868. (Coll. da leg.)—
justiga militar 286 Eeorganisa o corpo de marinheiros da armada, e
Portaría, 27 junho 1866. (Coll. da leg.) — no artigo 16.° regularisa os vencimentos das pra-
Manda considerar desertólas as pragas da reserva gas ñas diversas situagoes, onde se inclue as de-
chamadas ao servigo activo pelo decreto de 23, que sertadas c presas, e nos artigos 27.°, 28.° e 29.°
se nao apresentarem no praso ali marcado 286 trata do processo das desergues, elassifjcando de-
Portaría, 7 novembro 1866. (Coll. da leg.) — sergao a falta á mostra de saída dos navios 295
Manda applicar a todas as pragas, que fazem parte Decreto, 17 dezembro 1868. (Coll. da leg.) —
das guarnígoes dos navios do estado, que nao te- Cria junto ao corpo de marinheiros urna divisao de
nham graduagSo de ofiieial, quando presas, o dis- veteranos, em substituigao do corpo de veteranos
posto ñas portarías de 15 de maio do 1854, 16 de de marinha, ficando sujeita aos regulamentos em
junho de 1859 e 12 de outubro de 1863 286 vigor para aquelle corpo, segundo o disposto no
Portaría, 21 novembro 1866. (Ord. do exerc. artigo 10.° 295
n.° 44 de 29 do dito mez.) —Para que a commissao Decreto, 17 dezembro 1868. (Coll. da leg.) —
nomeada em 25 de junho de 1862 active e diríjaos Substituc o deposito de contingentes para o ultra-
trabalhos sobre o projeeto do código do processo, mar pelo deposito de pragas avnlsas para o ultra-
a fim de que esteja ultimado para poder ser apre- mar, estabeleeendo no artigo 7.° que as pragas
sentado ás cortes na próxima sessao legislativa... 287 d'este deposito, emquanto permanecerem no reino,
Decreto, 1 dezembro 1866. (Coli. da leg.) — ficam sujeitas A legislagao penal e disciplinar do
Approva o regimentó da justiga em Mogambique, exercito 295
estado da India e Macan e Timpr, o qual trata no Deoreto, 23 dezembro 1868. (Coll. da leg.) —
capitulo ni da eomposigilo e jurisdiegao do supremo Reorganisa a arma de artilheria, pela qual passou
eonselho de justiga de Mogambique e Macau, e no a haver almoxárifes de 1.", 2.a e 3.a classes comas
capituló x da ordem do servigo e forma do processo 287 graduagoes de capitao, primeiro tenente e segundo
Carta de lei, 1 julho 1867. (Coll. da leg.) — tenente 295
Approva a reforma penal c de prisoes, na qual é Deoreto, 24 dezembro 1868. (Coll. da leg.) —
XXII

Pag. Pag.
Estabelece que ás guardas mtinicipacs de Lisboa e. Decreto, 13 outubro 1869. (Coll. da leg.) —
Porto ficam fazendo parte do exercito 2>elo qué Concede .amnistía geral e completa para os crimes
respeita a disciplina e promogoes 295 politicos e indulto para outros crimes 300
Decreto, 26 dezembro 1868. (Coll. da leg.) — Decreto, 28 Outubro 1869. (Coll. da leg.)— .....
Kéorganisa o servigo de saude naval, e cria urna Cria de novo o commando geral da armada 300
companhia de saude no artigo:26;° e nos 27.° e 31.°, Deoreto, 10 novembro 1869. (Coll. daleg.)—
fisa o seu qüadro,. vencimentos e graduagoesmili- ííomeia urna commissao incumbida de uin código
tares' das pragas qué o. constituem, que ficam su- de justiga da marinha militar 300
jeitas ás leis e: regulaméntos militares.........: £b)6 Decreto, 18 novembro 1869. (Coll. daleg.) —
¡Decreto, 29 dezembro 1868. (Coll. da leg.) —. Contení o plano de organisagao da secretaria da
Reorgaiiisa a secretaria" da marinha e ultramar, guerra, n'elle se trata das penalidades applieaveis
ricandó; pérténceiido- A, primeira reparticáo da di--' aos officiaes e empregados ali servindo; extingue
fecgap geral da¡maMnha a disciplina é instrucgáo, o logar dé ajüdante do procurador geral da eo-
é servigo das córporagoea da armada...:,....... 296 roa. : 301
^Decreto,. 30 dezembro1868..; (Go.il. da lég.)— Deoreto, 2 dezembro 1869. (Coll.-da leg,)-—
Pika os quadrOs do pessbál destinado aos diversos Approva o plano de organisagao das torgas milita^
séfvígos da1marinha^ estabelécendono artigo 22;°¡ res do ultramar, que trata nos artigos 24.°, 44;° e
§;2:°, que se desconta no lempo de servigo do offi- 45.° dos crimes e castigos dos militares das ditas,
ciálí P que éstivér cümprindo sentenga e 0 da áu-
ragap-doiprocesso........:; .. 296
forgas; ...... .....;
Decreto, 2 dezembro 1869. (Coll. da leg.) —
301
-..
Decretoj 30 dezembro 1868. (Coll. da leg.) — Organisa o servigo de saude no ultramar, estabe-
OVganisá: os servigosda intendencia da marinha de lécendo o foro militar para o julgamento dos em-
Lisboa,, estabelécendo que o intendente tém a ca- pregados dos quadros de saude 302
tegoríaqué'competía; áó major general da armada, Decreto, 9 dezembro 1869. ..
(Coll. daleg.)
(logar que extingue) e o. cominando das forgas na- Cría urna divisao de reformados do ultramar junto —
vaes. no seu departamento * 296 áo deposito de pracas avulsas, ficando sujeitos ao
Decreto, 30 dezembro 1868. (Coll. daleg.) — eommandante do mesmo depositó pelo que respeita
Trata: dasi tarifas dos sóidos do pessoal da armada ao servigo, administrágáo e disciplina........... 302
segundo as. situagoes eni que se encontrem...;... 297 Decreto, 9 dezembro 1869. (Coll. da leg.) —
DeGlarágaO inserta ha ordem do eicércíto Modifica as disposigoes que regulavam o servigo
11.° 3,: 15 Janeiro de 1869.;—Manda continuar dé saude naval, tratando no artigo 33.° da admis-
em vigor á legislagao que regia as promogoes no sao na companhia de saude, cujas pragas ficam
exereito até que se: publiquen!; os regulaméntos e sujeitas ás leis e regulaméntosmilitares.. 302
programmás a que se refere o decreto de 10 dé Decreto, 13 dezembro 1869. (Coll. daleg.) —
dezembro de 1868 : 297 Approva o plano de reorganisagao da arma de cn-
Portaría, 1 fevereiro 1869. (Coll. da leg.) — genheria, no qual sao creados os logares de guar-
Manda observar o regulamento provisorio para o das de engenhéria, sem graduagáo de ofiieial, mas
servigo da companhia de saude naval, onde no ar- sujeitos ás leis e disciplina militares 302
tigo 15.?. estabelece o foro e castigos a que ficam Decreto, 23 dezembro 1869. (Coll. daleg.) —
sujeitas ás pracas d'esta companhia. 297 Eeune n'um só diploma todas as disposigoes relati-
Portaría, 23 marco 1869. (Coll. da leg.) — ...
vas aos aspirantes á facultativos navaes c a facul-
Declara que nao ó ineompativel o logar do memr tativos do ultramar, estabelécendo no artigo 9;° que
bro do supremo, eonselho de justica militar com o todos elles ficam sujeitos ás leis e regulaméntos
exercicio de outras funegoes que nao impossibilite militares, 303
da conipareneia ao tribunal por mais de um mez:. 297 Deoreto, 30 dezembro 1869. (Coll. da leg.) —.
Decreto, 24 abril 1869. (Coll. da leg.) — Dá nova organisagao ao eorpo de engenheirosma-
Approva o regulamento geral de promogoes da ehinistas navaes, os quaes tcem graduagoes mili-
corporagao da armada, onde no artigo 16.° se de- tares, e estáo sujeitos ás leis e regulaméntos mili-
clara o tempo que se. nao corita para a antiguidade tares. '. 303
ao ofiieial.. 298 Decreto, 11 margo 1870. (Coll. da leg.)—
Decreto, 17 maio 1869. (Coll. da leg.) — Approva o regulamento para as bandas dos músi-
Approva outro regulamento para a coneessáo da cos dos corpos de infantería, que substítuc o de 17
medalha militar.... 298 de agosto de 1864; estabelécendoque aos músicos
Deelaracao inserta na ordem do exeroito applicar-se-hao as penas correspondentes á eonsi-
n.° 32, 5 julho de 1869.— Sobre deverem os au- deragiío de graduagao que tiverem 303
ditores do exercito residir ñas ]iovoagoes em que Portaría, 29 margo 1870. (Coll. da leg.) —
estiverem os respectivos quarteis generaes....... 298 Regula o abono de faldamento ás pragas do corpo
Decreto, 15 julho 1869. (Coll. da leg.)
— de marinheiros cümprindo sentenga 303
Approva o regulamento dos fogueiros e chegadores Decreto, 6 junho 1870. (Coll. daleg.) — Con-
dos navios do estado, estabelécendo no artigo 16.°, cede amnistía geral e completa para diversos cri-
§ 2.°, os casos em que sao julgados pelas leis mili- mes 303
tares '. 298 Decreto, 9 junho 1870. (Coll. daleg.)—Abóle
Portaría; 9 agosto 1869. (Coll. da leg.)
— a pena de morte nos crimes civis ñas provincias
Manda fiear sem e'ffeito a disposigáo tomada pelo ultramarinas 304
governador geral de Mogambique, para serení pur Decreto, 14 junho 1870. (Coll. da leg.) —
nidos com pena de morte os revoltosos da Zambe- Reorganisaorealeollegio militar, eneorporando-lhe
zia, por estar abolida esta pena, bem como outras o asylo dos fílhos dos soldados, e estabelecea obri-
disposigoes-tomadas pelo dito governador........ 298 gagáo do servigo militar para os alumnos e pena-
DeoretOj 1. outubro 1869. (Coll. da leg.)— lidades a que íieam sujeitos 304
Concede amnistía para os crimes de tentativa de Portaría, 22 junho 1870. (Coll. da leg.) —
motámJie: siiblévágap occorridos. de 6 para 7 de Manda eessar o abono de 4$800 rcis aos appre-
rriáib
...
299 hensores de pragas desertadas da armada 305
Decreto,: 7 outubro, 1869. (Coll. da leg.) — Decreto, 21 julho 1870. (Coll. da leg.) —
Manda que as pragas de pret da guarnigao: de Cria a legiao do ultramar,sendo-lheapplicaveltoda
S. Thomé e Principe, naturacs de Angola, quando a legislagao do exercito da metropole que nao for
t.enham de concluir o tempo:de servigo, por cas- contraria ás disposigoes d'este decreto 306
tigo, em Cabo Verde,.e forera novamentejulgadas Decreto, 11 agostó 1870. (Coll. da leg.) —
j-ncoiTigiveis, sejam mandadas para a Guiñé 299 | Estabelece que os faetos criminosos praticados por
.....
XXIII

Pag. Pag.
pracas de pret das guardas municipaes sejam jul- Carta de lei, 10 (Coll. da leg.) —
abril 1874.
gados nos tribünaes militares 306 Auctorisa o govemo a rever e modificar o regula-
Portaría, 20 setembro 1870. (Coll. da leg.) — mento disciplinar e a orgánisar tribünaes de honra
Revigora o estabelecido anteriormente, de se abo- liara julganiénto de officiaes em certos casos..... 314
nar ás pragas do corpo de marinheiros presas para Carta de leí| 10 abril 1S74. (Coll. da lég.)—
eonselho de guerra gómente metade do soldó de Cria a classe de almoxárifes.de engenheria eom
segundo grumete ...-.. 306 posto de ofiieial..,--.......................... .315
Decreto, 27 setembro 1870. (Coll. da leg.) — Decreto, 27 agosto 1874. (Coll. da lég.)—
Suspende o decreto de 14 de junho de 1870 que Sübstitué as eóírtpanhias de enférmenos das pro-,
reorganisou o real collegio militar. 306 vincias ultramarinaspor ePmpanhias de saude¡ qUev: : :
Determinagaoinserta na ordem do exercito fieam sujeitas ás leis e regulaméntos militares.-,.; 315
Determinagaoinserta na ordem do exercito"
n.° 55, 20 outubro 1870. — üecommenda o exa^
cto cumplimento do regulamento disciplinar con- '
tra as manifestagoes collectivas, e declara que sé
n.° 50, 12 outubro 1874.-^—Determina qué se
nao averbem nos livros dé régiato disciplinar éas-
'.
procederá contra os officiaes e mais individuos tigos interiores a düas guardas.................. 315
que, servindo na secretaria da guerra ou em repar- Carta de lei, 18 margo 1875, de(Coll. dalég¡);—
tí goes da sua dependencia, delataren! os negocios Dá nova organisagao ao corpo marinheiros, \
.
tratados ñas repartieses ...;....
Portaría, 27 outubro 1870. (Coll. da leg.)
307 onde se prescrévé que séjaproeéssadácorno deser- : >
tora a praga que faltar á mostra de saída do navio -
Paz-se análoga recommendagáo á da determinagao em que servir; e que o tempo dé servigo dos dé-'
antecedente pelo ministerio da marinha e ultramar sertores da armada, para o effeito da punigao dav'-''-'
aos gobernadores- das próviucias ultramarinas, e lei de; 21 dé julho de 1856j sej'a como se fossém^ ;
em que se declara tambera ser vedado ás auctoii- pragas dé pret do exercito..i-,.'....-...,;;:...-.; 3i5
dades receberém presentes, etc.,............,.. 307 Carta de.lei,.-9 abril 1875. (Coll. daleg.);—; ;:
Approva, para regerem n'estes reinos e seiis domii- :
Decreto, 26 Janeiro 1871. (Coll. daleg.) —
Approva o regulamento do servigo de saude naval, nios, o código de justiga militar^ que comegaria a;
que trata nos artigos 191.°, 192.° e 193." da legis- ter vigpr no continente do reinó,ilhas á.djacentes '
lagao penal applioavel ás pragas da companhia de é Cabo Verde, no l.0 de setenibro seguinte....... 316
saude naval : — 307 Decreto, 21 junho 1875. (Ord.; da arm. :
Decretó, 28 junho 1871. (Coll. da leg,) — n.° 13) —Noméia urna commissao para redigirunv
Approva o regulamento para a secgáo de vetera- projecto dé código de justigapara a armada..... 367
nos de Macaiij no qual se considera desertor o que Decreto, 21 jiilho 1875, (Collada leg.) —
nao comparecer a mostra sem motivo justificado.. 308 Approva o regulamento para a exeeugao da código
Decreto, 28 junho 1871. (Coll. da leg.)—Ap- de justiga militar...........,.....,./......,..367
prova o regulamento para 0 batalbao nacional de Portaría, 26 agosto 1875. (Ord. do exerc.
Macan, onde se estabelecemas honras e privilegios, n.° 24.) — Dissolvé a commissao enéarregada dá
e as penas applieaveis aos individuos alistados no organisagao do projecto do código de justiga mili-
dito batalbao que dolinauirem. 808 tar .' 395
Decreto, 15 julho'1871. (Coll. da leg.) — Decreto, 7 setembro 1876, (Coll. da leg)—»
Dá nova eonstituigao á junta dé justiga de Macau Approva os uniformes para os empregados do tri- -
e define-llie a competencia 310 bunal superior de guerra e marinha e dos conse-
Decreto, 31 agosto 1871. (Coll. da leg.)
Approva o regulamento da escola pratica dé arti- — lhos de guerra ¿
do....:......
Offtcio, 9. dezembro 1875. (Areh. trib: sup.
.
89.5¡

lheria naval, tratando nos artigos 56.° e 57.° da de guerra e marinha.)— Esclarece duvidas apresen-
disciplina escolar 311 tadas sobro a exeeugao das disposigSes do código dé
Decreto, 22 margo 1872. (Coll. da leg.) — justiga militar e respectivo regulamento 397
Concedo amnistía por todos os factos da subleva- Decreto, 15 dezembro 1875. (Coll. da leg.) —
gao militar oecorrida na ludia em 1871. 311 Approva um novo regulamentodisciplinardo exer-
Decreto, 23 maio 1872. (Coll. da leg.) — eito. -.
.397
Approva o regulamento para ás bandas dos cor- Carta de lei, 3 fevereiro 1876. (Coll. da
pos de infantería, e cagadores, em substituigao do leg.) — Approva a organisagao do regimentó de
de 11 de margo de 1870, e estabelece a cquipara- infantería do ultramar, ao qual é applicavel o re-
gáo dos musióos das diversas classes, para os cas- gulamento disciplinar, íicando addida a elle a di-
tigos, alojainentos, etc., com outras pragas do exer- visao de reformados, e extinctos os corpos europeus
cito 311 da primeira linha na ludia e Macau, e o deposito
Decreto, 16 novembro 1872. (Coll. da leg.) — de pragas avulsas 415
Organisa a companhia de seguranga publica de Oficio, S fevereiro 1876. (Areh. do trib. sup*
Loanda, determinando no artigo 3.° queosoíliciaes de guerra e marinha)—Declara que pelos comman-
c pragas da companhia fiquem sujeitos ás leis e dos das divisoes só devem ser remettidas ao minis-
regulaméntos militares, e ao espeeial de servigo terio da guerra copia das sentengas que nao tive-
de policía 312 rem recurso para o tribunal superior 415
Determinagao inserta na ordem do exercito Carta de lei, 21 fevereiro 1876. (Coll. da " .

n.° 45, 26 dezembro 1872. — Manda que se nao lag.) — Cria a eseola de alumnos marinheiros, es1,
licenceie para a reserva as pragas que estiverem tabelecendo os castigos a que elles ficam sujeitos 4Í5
em processo ou soír'rendo algum castigo 312 Determinagaoinserta na ordem do exercito : •
Determinagao inserta na ordem do exercito n° 7, 24 margo 1876. — Esclarece as duvidas
n.° 10, 31 margo 1873. — Publica a consulta do havidas com relagao a algumas das disposigoes do
supremo eonselho de justigamilitar sobre o destino regulamento disciplinar do exercito 415
que devem ter os réus condemnados em pena Determinagao inserta na mesma ordem do-
maior, segundo os crimes forem comrouns ou mili- exercito.—Torna obrigativa a presenga dos de-
tares 312 fensores officiosos a todas as sessoes dos conselhos
Consulta do supremo eonselho de justiga de guerra 416
militar, 18 julho 1873. (Areh. do trib. sup. de Determinagao inserta na ordem do exeroito
guerra e marinha)—Aínda sobre o assumpto tra- n." 8, 5 abril 1876.—Estabelece o modo como
tado na antecedente consulta 313 devem.ser feitos os abonos'ás pragas que, estando
Decreto, 9 dezembro 1873. (Coll. da leg.) — eom licéngáou desertadas,, fórém presas por cri-
Exceptúa o presidente da relagao de Loanda de mes communs. 416
ser relator do eonselho superior- de justiga....... 314 Déterinihagao inserta na niesma ordem do
XXIV

Pag. Pag.
exercito. —Declara que as copias das sentengas, cito n.° 17, 22 setembro 1879.—Declara o
que devem ser remettidas ao ministerio da guerra, abono de vencimento que se deve fazer aos. alfe-
o sejam por intermedio dos commaudantes das di- res graduados quando em disponibilidadee outras
visóles 416 situagoes, ineluindo as de presos 424
Carta de lei, 20 abril 1876. (Coll: da leg.) — Decreto, 23 outubro 1879. (Coll. da leg.) —
Entre outras disposigoes, manda applicar ás guar- Approva o regulamento de policía e de servigo
das municipaes o regulamentodisciplinar do exer- interno nos tribünaes militares 424
cito 416 Decreto, 22 dezembro 1879. (Coll. daleg.) —
Officio, 30 malo 1876. (Areh. do trib. sup. de Approva o regulamento das escolas regimentaes,
guerra e marinha.) — Declara que sómente se no qual marea, no artigo 49.°, como sao punidas
devem conserrar ñas prisoes militares os presos as faltas escolares 429
en! processo; dando'-se aos definitivamente con- Declaragao inserta no boletim militar do
deinnados o competente destino 416 ultramar n.° 2, 3 fevereiro 1880.—Declara
Officio, 12 setembro 1876. (Areh. do trib. que as pragas deportadas, quando julgadas inca-
sup. de guerra e marinha.) — Chama a attengao pazes do servigo, devem regressar ao reino para
dos generaes commandantes das divisoes milita- serem submettidasá junta de saude naval -.
429
res sobre a exeeugao das sentengas, que só po- Determinagao inserta na ordem do exer-
dém ser suspensas nos casos especifieados no có- cito n.° 6, 23 margo 1880.—Fixa o vencimento
digo de justiga militar 417 das piafas graduadas eucorporadas ñas compa-
Decreto, 13 dezembro 1876. (Coll. da leg.) — nhias de correegao 430
Approva o regulamentoda escola dé alumnos raa- Decreto, 22 abril 1880. (Coll. da leg.)—
riuheiros, o qual no artigo 124.° designa como bao Concede amnistía geral e completa para os di-
de ser castigadas as faltas oü trausgressoes com- mes contra o exercicio do direit.o eleitoral 430
méttidas pelos alumnos 417 Carta de lei, 19 maió 1880. (Coll. da leg.) —
Officio, 28 dezembro 1876. (Areh. do trib. Fixa o quadro de saude de Cabo Verde e Guiñé,
sup. de guerra e marinha.) — Determina que se tratando nos artigos 2.° e 4.° da admissao dos fa-
proceda á autopsia com as formalidades legaes cultativos e individuos da companhia de saude, e
sempre que fallecer alguma praga nos hospitaes das condigoes a que ficam sujeitos 430
militares, quando se presuma ter sido a morte re- Decreto, 3 junho 1880. (Coll. da leg.) — JSTO-
sultado de ofiensas corporaes 418 meia urna commisssio para orgánisar um regula-
Decreto, 28 junho 1877. (Coll. da leg.) — mento para os presidios ñas differentea provincias
Concede amnistía aos individuosimplicados e nao ultramarinas 480
julgados pelo processo instaurado em agosto de Carta de lei, 14 junho 1880. (Coll. da leg.) —
1872 ., da leg.) 419 Tratadas rcadmissoes no servigo do exereito, esta-
Carta de leí, 3 maio 1878: (Coll. — belécendo no § 2." do artigo 3.° que perde a respe-
Substitue por outras as disposigoes contidas em ctiva gratificat.'áo o ofiieial inferior preso por qual-
varios artigos do código de justiga militar....... 419 quer motivo, ou detido 431
Carta de lei, 16 maio 1878.'(Coll. da leg.) — Decreto, 25 junho 1S80. (Coll. da leg.) —
Manda applicar o código de justiga militar aos in- Approva o regulamento das pragas avulsas a bordo
dividuos do regimentó de infantería do ultramar dos navios do estado, as quaes pelo artigo 7.° fi-
que estiverem no continente, ilhas adjacentes e no cam sujeitas ás leis o regulaméntosmilitares, ex-
arehipelago de Cabo Verde, eom as modifieagoes cepto quanto a desergoes. 431
constantes da dita lei. 420 Carta de lei, 30 junho 1880. (Coll. da leg.) —
Carta delei, 16 maio 1878. (Coll. daleg.) — Trata das rcadmissoes no servigo da armada, es-
Manda applicar o código de justiga militar ás tro- tabelécendo no % 2." do artigo 2.° que perdem a
pas de Cabo Verde^ com as modifieagoes constan- respectiva gratifieagao as que estiverem presas
tes da dita lei 421 por qualquer motivo, ou det.idos 481
Determinagao inserta na ordem do exer- Portaría, 14 setembro 18S0. (Coll. da leg.) —
cito n.° 27, 25 outubro 1878. — Presereve o Manda dar exeeugao á portaría de 28 ele julho de
modo como se deve proceder ñas exautoragoes re- 1857, a finí de que so toruem permanentes os con-
queridas pelos magistrados civís a respeito de réus selhos de guerra da marinha 431
condemnadospelos tribünaes ordinarios em penas Decreto, 7 outubro 1880. (Coll. da leg.)—
que importem exautoragao 422 Cria duas companlúas de policía militar e civil
Decreto, 14 novembro1878. (Coll. daleg.) — em Cabo Verde, fieando pelo artigo 11." os offi-
Reforma as instituigoes judioiarias das provincias ciaes e pragas do pret sujeitos aos regulaméntos
ultramarinas, extinguindo no artigo 32.° a junta militares ' 432
de justiga de Angola 423 Decreto, 7 outubro 1880._(Coil. da leg.) —
Decreto, 26 dezembro 1878. (Coll. daleg.) — Cria duas eompanliias de policia em S. Thomé o
Manda applicar as disppsigoes dos deeretos de 2 Principe, fieandopelo artigo 11." os officiaes e pra-
e 9 de dezembro de 1869 aos individuos dos dois gas de pret sujeitos aos regulainontos militares, e
batalhoes oreados por aquelle decreto em Mogam- estabelece outras penalidades para as pracas de
bique. 423 pret 432
Carta de lei, 18 margo 1879. (Coll. da leg.) — Decreto, 19 novembro 1880. (Coll. daleg.) —
Constitue em ¡irovincia independente o territorio Approva o regulamento do ministerio publico nos
da Guiñé, estabelecondo que os erimes ali com- tribünaes militares .. 432
mettidos por militares sejam proeessados e julga- Portaría, 22 fevereiro 1881. (Ord. dá arm.
dos como o sao em Cabo Verde 423 n.o 4.)—-Nomeia unía eonunissao para orgánisar
Decreto, 1 abril 1879. (Coll. da leg.) Orga- um .'projecto de regulamento disciplinar da ar-
uisa urna batería de artilheria na Guiñé — 423 mada. 442
Declaragao inserta no boletim militar do Decreto, 19 abril 1881. (Coll. daleg.)—Ap-
ultramar n.° 5, 3 maio 1879. — Fixa o modo prova o regulamento da escola de torpedos, man-
como deve ser contado o tempo de dejiortagao mi- dando applicar no artigo 30.° ás pracas da compa-
litar 423 nhia as leis e regulaméntos de disciplina do exercito 412
Portaría, 4 setembro 1879. (Coll. daleg.) — Decreto, 25 outubro 1881. (Coll. da leg.) —
Reeommerida aos generaes incumbidos de qual- Altera o estabelecido nos deeretos de 25 dé julho
quer inspoegao a exacta observancia do artigo de 1865 sobre a provincia em que hao completar
228.° do código do justiga militar 423 o tempo de servigo as pragas de Angola eoiidér
Determinagao inserta na ordem do exer- mnadas a do.portagííq 442
XXV

Pag. \ Pag.
Decreto, 27 dezembro 1881. (Coll. da leg.) — Decreto, 11 dezembro 1884. (Coll. da leg.)—
Approva o regulamento para os presidios dp ul- Declara em vigor no ultramar a reforma penal de
tramar 448 14 de junho, menos ñas alteragoes feitas á lei de
Portaría, 14 abril 1882. (Coll. da leg.) —De- 1 dejñnho de 1867 455
clara que é a sentenga que regula a pena da de- Carta de lei, 16 julho 1885. (Coll. da leg.) —
sergao, conforme a leí de 21 de julho de 1856, Manda que as gratificagoes dos generaes do exef-
sem impedir a applieagao do decreto de 25 de eito e armada, membros do tribunal superior dé
julho de 1865 449 guerra e marinha, sejam as correspondentes ás
Carta de lei, 27 julho 1882. (Coll. da leg.) — suas patentes no servigo activo .. 456
Eeforma a escola de alumnos marinheiros,que po- Decreto, 30 julho 1885. (Coll. da leg.) — Con-
derá estabelecer-se a bordo de tres ou mais na- cede amnistía geral e completa para os crimes dé
vios em Lisboa, Porto e S. Miguel, designando nos origem ou carácter politico 456
artigos 12.° e 13.° os castigos a que ficam sujeitos
;
Decreto, 17 setembro 1885, (Coll. da leg.)—- .....
os alumnos 450 Approva o regulamento da guarda fiscal^ o qual
,
Decreto, 28 dezembro 1882. (Coll. da leg.) — trata no eapitulo i da constituigao e compOsigao
Dá nova organisagao ás companhias de polioia de do eorpo, e no v dos deveres e penas disciplinares 456
S. Thomé e Principe, e estabelece penalidades a Decreto, 17 setembro 1885. (Coll. da leg,)-—
que ficam sujeitas as pragas d'estas companhias. . 450 Trata do contrabando, descaminho e transgressap -•
Portaría, 10 abril 1883. (Coll. daleg.)— De- dos regulaméntos, indicando nos capítulos iv e v :
termina que continué a nao serem mandados de- como hao de ser julgados esses delictos e. a forma
gradados para Lourengo Marques. 450 do processo. ¡........... ¡
...': 459 /
Carta.de lei, 29 maio 1883. (Coll. da leg.) Decreto, 24 dezembro 1885, (Coll. da leg;).— "'
Eéorganisa o servigo de saude naval, fieando — as Approva o regulamento da guarda policial déMá-
ás
pragas da companhia sujeitas leis e regulamén- eau e suas dependencias, tratando no capitulo vi
tos militares, segundo dispoe o artigo 34.° 450 d'este da disciplina e penalidades a que ficam su-
Portarla, 12 junho 1883. (Coll. da leg.) — jeitos os officiaes e pragas da dita guarda......... 459
Manda applicar ás pragas pret
de do exercito de- Decreto, 11 fevereiro 1886. (Coll. da leg.) —
portadas no ultramar o disposto no decreto de 9 Manda que teuham a hierarchia fiseal e militar
de dezembro de 1869, que creou a divisao de re- que vae marcada na relacao junta ao dito deere-
formados do ultramar ,
451 to, os empregados que ficaram addidos ao corpo
Determinagao inserta na ordem do exercito fiseal .-". 460

n.° 21, 22 setembro 1883. — Esclarece como se Decreto, 19 fevereiro 1886. (Coll. da leg.) —
deve executar o disposto no artigo 23.™ do regula- Approva o regulamento das escolas de alumnos
mento de 21 de julho de 1875, quanto á nomeagao marinheiros, tratando nos títulos vi e xi d'este das
dos ofíioiaes superiores de um eorpo jiara mem- attribuigoes e deveres geráes do pessoai e das re-
bros dos conselhos de guerra na mesma. epocha.. 451 compensas e castigos 460
Portaría, 28 maio 1884. (Coll. da leg.) — Decreto, 19 fevereiro 1886. (Coll. da leg.) —
Manda dar baixa ás pragas das guarnigoes das Approva o regulamentodo servigo do eorpo dé ma-
}}rovincias ultramarinas, consideradas desertaras rinheiros, tratando no capitulo xi d'este dos von-
ou incorrigiveis, quando julgadas incajiazes de eimentos e abonos, onde se incluem os dos presos
todo o servigo 451 para eonselho de guerra ou disciplina 461
Carta de lei, 29 maio 1884. (Coll. da leg,) — Officio, 11 margo 1886. (Areh. do trib, sup;
líeorganísa o corpo de marinheiros, tratando nos de guerra e marinha.)— Esclarece como deve
artigos 42.", 84.° e 106.° dos abonos das pragas contar-se o tempo que as pragas sao obligadas a
presas para eonselho ou cümprindo sentenga; do permanecer ñas 1." e 2 a elasses das companhias
descontó d'esse tempo no de servigo, e de conti- de correegao 461
nuarem a ser as desergSes julgadas j>ela lei de Decreto, 17 margo 1886. (Coll. da leg;)—
1856 ;
451 Approva o novo plano da organisagao da guarda
Carta de lei, 14 junho 1884. (Coll. da leg.) — fiscal, pelo qual ficou constituida por quat.ro ba-
Approva a reforma penal, no artigo4.0, da qual se talhoes e urna companhia independente 462
manda contar no tempo de prisao correccional o Decreto, 18 margo 1886. (Ord. do exere.
de prisao preventiva . -.
452 n.° G.)—Approva o regulamento disciplinar do
Decreto, 14 junho 1884. (Coll. da leg.) — corpo da guarda fiscal 462
Concede amnistía geral e.completa para os crimes Officio, 23 margo 1886. (Areh. do trib. sup.
}ior abuso da liberdado de imprensa 452 de guerra e marinha.) — Modifiea o estabeleeido
Portaría, 5 julho 1884. (Coll. da leg.) — no officio de 11 do dito mez, quanto ao tempo de
Manda que os fogueiros, que se nao quizerem alis- prisao correccionalinferior a vinte días dever ser
tar no corpo de marinheiros, continuem a reger-se cuvnprido pelos delinquentes nos quarteis 475
riela legislagao vigente ao tempo em que foram Determinagao inserta no boletim da guar-
admittidos no servigo da armada 452 da fiscal n.° 10, 26 margo 1886. — Trata dos
Decreto, 30 outubro 1884. (Coll. da leg.) — abonos e deseontos que em casos espeeiaes se de-
Keorganisa o exercito, tratando no titulo i, capí- vem fazer aos officiaes e pragas de pret da dita
tulos x, das justigas e tribünaes militares; xn, do guarda 475
secretariado militar; xxr, dos officiaes de castigo Decreto, 4 junho 1886. (Coll. daleg.) — Con-
na inactividade. temporaria; e no titulo n, capítu- eede amnistía geral e completa para os crimes de
los i, da matricula dos reservistas; n dos officiaes carácter politico, de desergao simples e outros, e
da reserva; e vr das disposigoes que constitueni a commuta a pena em que estavam condemnados
sanegao penal 452 réus por diversos delictos 4 76
Deoreto, 19 novembro-1884. (Coll. daleg.) — Decreto, 4 junho 1886. (Diario do governo
Manda applicar aos músicos dos corpos das pro- n." 126.) — Nomeia urna nova commissao para re-
vincias ultramarinas o artigo 46.» da lei de 23 de digir um projecto de código de justiga militar
junho de 1864 e o regulamento de 23 de maio de para a armada 477
1872 455 Portaría, 30 junho 1886. (Ord. do exere.
Deoreto, 20 novembro1884. (Coll. daleg.) — n.° 14.) —Nomeiaurna eommissaopara apresentar
Manda ter exeeugao parcial o systema de prisao um projecto de reforma do código de justiga mi-
cellular a datar de 15 de Janeiro de 1885, prescre- litar e outro do regulamento disciplinar do exer-
vendo nos artigos 2." e 3.° os réus que deverao cito 477
cumprir essa pena 455 Officio, 1 julho 1886. (Ord. do exere. n.° 14.) — ..
XXVI

• "/.
Eesolve duvidas apresentadas acerca da exeeugao
Pag.
lhos de guerra sejam avisados da existencia dos
Pag.
do decreto de amnistía e indulto de 4 de junho... 477 processos para julgamento na oecasíao em que for
Decreto, 29 julho 1886. (Coll. da leg.) — entregue a nota da culpa aos réus 486
Approva a nova organisagao do contencioso fiscal, Decreto, 11 julho 1888. (Coll. da leg.)
indicando no titulo i, capitulo iv, e titulo ni, capi- Approva o regulamento da eseola de sargentos — de
tulo i, como hao de ser julgados os delictos de con- eavallaria, que nos artigos 53.° e 54.° trata das
trabando ... 478 penas disciplinaresapplicaveis 48C
Decretó, 9 setembro 1886. (Coll; daleg.) — Decreto, 16 agosto 1888. (Coll. da leg.)—.
Orgánisa de novo a guarda fiseal, tratando no ti- Approva o regulamento da escola de sargentos de
tulo i, capítulos iv e íx da eomposigaod'este eorpo infantería, que nos artigos 53.» e 54.° trata das
e das disposigoes transitorias, e no titulo ir dafis- penas disciplinares applicaveis ;
.....487
; cálísácao marítima. ..;...,(Coll. daleg.)
Decreto, 16 setembro 1886.
479 Portaría, 18 fevereiro 1889. (Coll. da leg.) —
Altera o que se achava disposto na portaría de 14

Approva a nova publicagao ofiieial do código, pe- de setembro de 1880 sobre a eomposigao dos con-
nal.. : ... 479 selhos de guerra na armada ...... 487
Decreto, 21 outubro 1886. (Coll. da leg.) — Officio, 30 margo 1889. (Ord. do exere. n.°6.) —
Define a competencia disciplinar dos commandan- Declara como deve éontar-se o tempo de prisao
tes das companhias, dos chéfes de distrieto e de preventiva aos réus condemnados a prisao mili-
;;secgap, e dos officiaes inferiores ñas diversas con- tar 487
:dig.5és dé servigo da guarda fiscal. 479 Officio, 30 margo 1889. (Areh. do trib., sup.
•Decreto, 23 outubro 1886. (Coll. da leg,) — de guerra e marinha.)•— Approva as instruegoes
Fixá; a competencia disciplinar do commandante para o servigo das carruagens cellulares para a
geral da guarda fiseal 480 eonduegao dos presos do exercito, 487
Portaría, 30 outubro 1886. (Coll. da leg.) — Portaría, 27 abril 1889. (Coll. da leg.)—
ApproVa o regulamento da escola de torpedos, no Regula a8 circumstancias em que deve ser appli-
quál sé marca no artigo 24.° os descontos a fazer cada á prisao preventiva aos individuos sobre
ás: pragas punidas com detengao ou prisao 480 quem pesar a culpabilidade de certos delictos.... 488
:V Decretó, 21 dezembro 1886; (Coll da leg.) Carta de lei, 11 junho 1889. (Coll. daleg.) —
Approva outro regulamento para á concessao da —
Organisa o corpo de machinistas navaes, fixando-
medálha militar ,
481 lhe o quadro, as categorías e graduagoes militares
: Decreto^ 23 dezembro 1886. (Coll. dá leg.) — correspondentes. 488
;
Approva o regulamento do servigo de saude naval, Decreto, 22 fevereiro 1890. (Coll. da leg.) —
p qual trata no titulo iv, capítulos ix e xxn, e ti- Coneede amnistía geral e eompleta para diversos
tulo v, capitiilo iv, das lieengas e castigos dos em- crimes e commutagáode penas a réus já condemna-
pregados menores em servigo no hospital da ma- dos 489
: rinha, o das pracas da companhia de saude 481 Decreto, 27 margo 1890. (Coll. da leg.) —
Secretó, 31 Janeiro 1887. (Coll. dá leg.) — Approva a nova organisagao do corpo de marinhei-
Approva o regulamento do professorado do colle- ros, que manda, nos artigos 126." e 131.°, licenciar
gio militar, que trata no capitulo n da admissao, como ineorrigiveisos reformados incapazesde todo
, direitos
e vencimentos dos professores e das pena- o servigo com mau comportamento, e suspender a
lidades á que ficam sujeitos 482 gratificagáo de readmissao ás pragas detidas ou
Decreto, 24 fevereiro 1887. (Coll. dá leg.)— presas por qualquer motivo 489
Trata da fiscalisagao marítima, indicando nos ar- Decreto, 31 margo 1890. (Coll. da leg.) —
tigos 26.° e 30.° o modo eomo hao de ser julgadas Approva o plano da organisagao dos quadros dos
ás infraegoes disciplinares e os delictos militares officiaes da armada, tratando nos artigos 21.°, 27."
ou fiscaes 482 e 140.° da situagáo dos officiaes, dos descontosno
Decreto, 9 margo ,1887. (Coll. da leg.) — tempo de servigo effeetivo e das preterigoes e re-
Approva ó regulamento das reservas do exercito, cursos 490

que trata nos capítulos ni, v e vi das obrigacoes Portaría, 2 abril 1890. (Coll. da leg.) —Es-
dos reservistas, dos offieiaes da reserva, e das dis- tabelece que as pragas de pret do exercito depor-
posigoes que eonstituem a sanegao penal 483 tadas no ultramar, quandojulgadas incapazes de
Carta de lei, 22 agosto 1887. (Coll. da leg.)— todo o servigo, eontinuem como addidas aos cor-
Estabelece urna nova tarifa de sóidos e gratifica- pos ou seegoes de reformados até perfazerem o
goes para os officiaes do exereito e da armada.... 484 tempo da deportagiío *
490
Decreto, 9 novembro 1887. (Coll. da leg.) — Decreto, 4 abril 1890. (Coll. da leg.) — Torna
Approva o regulamento da escola pratica de in- mais claro o disposto nos indultos dos deeretos de
fantería e cavallaria, marcando nos artigos 7.° e 8.° 4 de junho de 1886 e 22 de fevereiro de 1890, na
a competencia disciplinar do commandante e dos parte que respeita aos réus eondemnados em pe-
mais officiaes ali em servigo 484 nas maiores fixas 491
Decreto, 29 novembro 1887. (Coll. daleg.) — Deoreto, 10 abril 1890. (Coll. da leg.)—De- ...
Approva o plano de reforma da eseola naval e es- termina que nao se deseonte no tempo de servigo
tabelecimentos de ensino annexos, que fixa nos ar- ás pragas da guarda fiscal punidas com detengao
tigos 77.° e 78:° o régimen da eseola, categorías o periodo d'ella 491
dos lentes e alumnos '. 485 Decreto, 18 abril 1890. (Coll. da leg.)—Ap-
Decreto, 8 fevereiro 1888. (Coll. da leg.) — prova o regulamento das guardas munieipaes de
Approva o regulamento da eseola reginiental de Lisboa e Porto, no qual se marca no artigo 1." o
engenheria, que trata no titulo ni, capitulo v, e foro militar para as ditas guardas e as attribui-
titulo iv capitulo n dos premios e penas, e dos fun- goes do respectivo commandante geral......... 491
dos da eseola 485 Deoreto, 24 abril 1890. (Coll. daleg.)—Ap-
Decreto, 26 margo 1888. (Coll. da leg.) — prova o regulamento da escola pratica de infan-
Coneede amnistía geral e completa para todos os tería, marcando no artigo 8." a eompetenciadis-
crimes de origem ou carácter politico. 485 ciplinar do commandante 492
Offioio, 5 junho 1888. (Ord. do exere. n.° 15.) — Deoreto, 2 maio 1890. (Coll. da leg.)—Ap.
Esclarece quando hao de ser detidas ou reclusas as prova o regulamento da escola pratica de eaval-
pragas que vendein, inutilisatn ou extraviam obje- laria, o qual nos artigos 7.», 86.°, 87.°, 88.", 91.° c
ctos militares -485 92.° fixa a competencia disciplinar do pessoal da
Officio, 21 junho 1888. (Ord. do exere. n.° 16.)— eseola, que fiea sujeito aos regulaméntos peuaes
Determina que os defensores offieiosos dos conse- militares e a outroB castigos ali indicados 492
XXVII

Pag. Pag;
Officio, 26junho 1890. (Ord.do exerc.n.°24.)— de desobediencia os emigrados que reeebem sub-
Manda que os promotores dos conselhos de guerra sidio do estado e desertarem dos depósitos ém que
reeorram para o tribunal superior de guerra e ma- se aeharem 498
rinha, das sentengas em que os mesmos conselhos Decreto, 28 outubro 1891. (Coll. da leg.) —
se julguem incompetentes para conheeer dos de- Approva o plano de reorganisagáo da escola; do
lictos subinettidos ao seu julgamento 492 exereito, estabelécendo nos capítulos ni e v a le-
Decreto, 12 setembro 1890. (Coll. daleg.) — gislagao penal a que fica sujeito o pessoal da es-
Approva o plano dé reorganisagáo da escola do cola, e as penas disciplinares applicaveis aos
exercito, estabelécendo nos capítulos ii e v a le- alumnos. 498;
gislagao penal a que fiea sujeito o pessoal da es- Decretó, 31 dezembro 1891. (Coll. daleg.);-U
cola, e as penas disciplinares applicaveis aos Approva o regulamento para a organisagao dá
alumnos 492 reserva do exercito activo, qué fica substituindp
Decreto, 30 setembro 1890. (Coll.daleg.) — o decretado em 9 de margo de 1867; é estabelece
Fixa a competencia disciplinar dos commandan- em diversos artigos as penalidades a que ficam su-
tes dos batalhoes da guarda fiscal.... i'......... 493 jeitas as pragas da reserva ;...... 499"
Portaría, 15 dezembro 1890. (Coll. daleg.)— Determinagao inserta na ordem do exer-
Trata do abono de auxilio para rancho, onde se cito n.° 9, 18 margo 1892.— Manda que se nao
fixa o de 75 reís para pragas eUmprindo sentenga 493 conté como tempo de servigo o de ausenéia illégi- .'.'
Decreto, 29 dezembro 1890. (Coll. daleg.)— tima quando a praga que a eommetter foi* absól-
Manda que os militares e empregados com gradua- vida do crime de desergao.................. ^.. 501-
cao militar do corpo expedicionario a Mogambique Decreto, 21 abril 1892. (Col), da leg.)-^ Ré-/ ^
sejam proeessados segundo a lei de 16 de maio de forma a direegao superior das álfandegas e eon-
1878 493 tribuigóesindirectas, modificando nos artigos132.°^
,
Decreto, 31 Janeiro 1891. (Coll. daleg.) —
Suspende as garantías no districto do Porto por
133." e 134.° algumas das disposigoes dos deeretos -
anteriores respectivas á organisagao da guarda
;;
trinta días _
494 fiscal ....:,. 501
Decreto, 2 fevereiro 1891. (Coll. da leg.) — Carta de lei, 21 abril 1892. (Coll. da lég.) —
Manda julgar pelos tribünaes militares o crime de Trata das reincidencias nos crimes, dévendoj os
rebelliao que teve logar n'aquella oceasiao 494 que as commetterem, ser mandados para as provin-
Decreto, 6 fevereiro 1891. (Coll. daleg.)-— cias ultramarinas, aonde se Ibes fornecerá trába-
Manda orgánisar, quando se julgue conveniente,
ñas divisoes militares, outros conselhos de guerra,
lho .....;....
Decreto, 21 maio 1892. (Coll. da .. ... '.... .i.
leg.)—Or-
501

alem dos existentes, e altera para aquellaoceasiao ganisa a Guiñé portugueza em districto militar
a forma do processo estabelecida no código de autónomo, sob régimen especial administrativo e
justiga militar 494 judicial; onde ha um auditor e um promotor, ma-
Decreto, 6 fevereiro 1891. (Ord. do exere. gistrados civis, que tomam parte no julgamento
n.° —5.) Cria mais dois conselhos de guerra na dos crimes quer civis quer militares ; eonselho de
3.a divisao militar 495 guerra em que estes sao julgados, etc. ., 501
Decreto, 25 fevereiro 1891. (Coll. daleg.) — Decreto, 8 junho 1892. (Coll. daleg.)—Ex-
Manda applicar as disposigoes do decreto de 6 aos tingue o regimentó do infantería do ultramar e
crimes previstos no código de justiga militar substitue-o por um deposito de pragas do ultramar,
quando concorram com o de rebelliao 496 áo qual manda applicar o código de justiga militar
Officio, 8 abril 1891. (Ord. do exere. n.° 12.) — e regulamento disciplinar 502
Manda que, com o auto que tcnlia de ser enviado Decreto, 17 junho 1892. (Coll. daleg.) —Es-
aos delegados do proeurador regio, sobre faltas tabeleee preceitos para a applicagao do código de
de comparencia dos reservistas ás revistas, se justiga militar no districto militar da Guillé, orga-
remetta certidao do aviso que llies tenha sido nisado pelo decreto de 21 de maio 502
feito 496 Declaragao inserta na ordem do exercito
Decreto, 10 abril 1891. (Ord. do exere. n.° 17, 2 julho 1892.— Declara que nao téem
n.° 12;)—Dissolve os dois eonselhos de guerra direito á gratitieagao de guarnigao as pragas deti-
creados pelo decreto de 6 de fevereiro 496 das por effeito da portaría de 27 de abril de 1889 503
Portaría, 4 maio 1891; (Coll. da leg.) — Or- Decreto, 4 julho 1892. (Coll. da leg.) — Con-
dena a mais escrupulosa vigilancia sobre os arti- cede amnistía geral completa para os crimes con-
gos que os militares publiquem na imprensa, dis- tra o direito eleitoral e para os de abuso de liber-
cutindo e apreciando actos dos seus chefes; dade de imprensa 503
devendo ser reinettidos á respectiva proeuvadoria Decreto, 30 julho 1892. (Coll. daleg.)—Fixa
regia os exeinplaresdosjomaos em que so conte- as normas quo os agentes policiaes devem obser-
nha materia ofíénsiva da disciplina 496 var quando, no desempenho das suas funegoes,
Decreto, 14 maio 1891. (Coll. da leg.) — Ap- tenliam de eapturar oflioiaes ou pragas de pret... 503
prova o regulamento da eseola de auxiliares indí- Decreto, 14 agosto 1892. (Coll. da leg.)—
genas para servigo da armada ñas eolonias, esta- Dá nova organisagao aos servigos da armada, .

belécendo nos artigos 13.° e 14." os castigos a que creando o eonselho do almirantado para os dirigir
os seiiB alumnos fieam sujeitos 497 superiormente, nos quaes sao inoluidos os da escola
Decreto, 14 maio 1891. (Coll. da leg.)—Es- de torpedos, e alterando a forma do processo nos
tabelece onde bao de completar o tempo de ser- crimes sujeitos aos conselhos de guerra, e bem as-
vigo as pragas que servireni na Guiñé portugueza sim a penalidade nos de desergao 504
e forera-ahi julgadas incorrigiveis 497 Portaría, 18 agosto 1892. (Coll. daleg.) —
Deoreto, 14 maio 1891. (Coll. da leg.)—Al- Declara que as disposigoes do deereto de 30 de
tera a organisagao do eonselho superior de justiga julho se referem tambem aos individuos da arma-
militar de Loanda, de 30 de dezembro de 1852 497 da, guardas municipaes e guarda fiscal 506
Deoreto, 16 maio 1891. (Coll. da leg.) —Ap- .. Decreto, 30 outubro 1892. (Coll. daleg.) —
prova o regulamento para a concessao da nieda- Approva o plano de organisagaoda escola do exer-
lha de servigos no ultramar, onde se prescrevem cito, estabelécendo nos capítulos m e v a legisla-
os casos em que se perde o uso da mesma meda- gao penal a que fica sujeito o pessoal da eseola e
lha 498 as penas disciplinares a applicar aos alumnos.... 507
Officio, 13 julho 1891. (Ord. do exere. Decreto, 30 dezembro 1892. (Coll. daleg.) —
n.° 20.) — Manda que sejam proeessados e aecu- Approva o plano da reorganisagiio dos servigos
sados em eonselho de guerra como réus do crime | aduaneiros e dos impostas indirectos, onde se en-
XXVlII

l'ag. Pag.
contram algumas disposigoes com réfereneia á petencia disciplinar do pessoal da escola, o qual
guarda fiscal ,
507 fica sujeito ao régimen penal militar. 513
Deereto, 30 dezembro 1892. (Coll. da leg.) — Deereto, 25 outubro 1893. (Coll. da leg.) —
Estabelece o proeesso a seguir nos delictos e trans- Approva o regulamentodas escolas para as pragas
gressoes fiscaes. 508 de pret, e da promogáoaos postos inferiores do exer-
Decreto, 18 Janeiro 1893. (Coll. da leg.) — cito, onde se trata dos castigos applicaveis aos
Approva um novo regulamento para a concessao alumnos.. 514
da medalha de servigos no ultramar, onde sé pre- Deereto, 25 outubro 1893. (Coll. da leg.) —
screvem os eaeos em que nao pode ser concedida Approva o regulamento da companhia dé servi-
e os da perda do uso da dita medalha 508 gaes dp corpo de marinheiros, que fica fazendo
Decreto, 31 Janeiro 1893. (Coll. da lég.) — parte da segunda divisao do mesmo corpo 514
Cria a medalha da Cruz Vermélha e prescreve os Determinagaoinserta na ordem da armada
casos em que se perdé o Uso da mesma., 509 n.° 23, 16 dezembro 1893.—Mandaque nao
Decreto, 25 fevereiro 1893. (Coll. da leg.) — sáiam de Lisboa as pragas a qüem se formar culpa
Coneede amnistía aos individuosimplicados na ré- até ulterior seguimento do proeesso. 514
volta de 31 de Janeiro de 1891, np Porto,., ., 509 Decreto, 20 dezembro 1893. (Coll. daleg.) —
Deereto, 16 margo 1893; (Coll. da leg.)— Approva o regulamento da escola pratiea de enge-
Sobre a competenciadisciplinar do commandante nheria, que trata nos capitules u e vin da compe^
do deposito de pragas do ultramar. ............
Decreto, 23 margo 1893. (Coll. da leg;) —
509 tencia disciplinar do pessoal da eseola, o qual fica
sujeito ao régimen penal militar. 514
Approva o regimentó do eonselho do almirantado, Decreto, 20 dezembro 1893. (Coll. daleg.) —
que trata no artigo 7.° do promotor de justiga Approva regulamento da escola pratica
o de arti-
junto do dito eonselho.;.:..........;,.,. 509 lheria, que trata nos eapitulos u e vw da compe-
Reeommendagao inserta na ordem do exer- tencia disciplinar do pessoal da escola, o qual fica
cito n.° 9, 29 margo 1893,— Trata das inani- sujeito ao régimen penal militar... ¿ 515
íesiagoes eolleetivas dos militares 509 Officio, 13 fevereiro 1894. (Coll. daleg:) —
Determinagao inserta na ordem dá armada Determina que nos casos de someoos iuqiortancia,
n.° 6, 31 margo 1893;'—Sobredeverém os autos cuja punigao cabe na competenciadisciplinar dos
de corpo de delicto eonter, sempre que seja possi- éommandantes dos batalhoes da guarda fiscal, se
vel, as deelaragOes dos argüidos 510 proceda preferentemente a autos de investigagao 515
Determinagao inserta na ordem da armada Decreto, 20 fevereiro 1894. (Coll. da leg.) —
n.° 7, 15 abril 1893. —Manda que na parte do Approva o regimentó da administragáode justiga
erime de abandono de posto se declare a data da ñas provineias ultramarinas; no deereto sao ex-
apresenlagSo da praga que o baja eommettido, se tinctas ás juntas de justiga no ultramar, passando
foi ou nao voluntaria e os artigos que levou com- as suas attribuigoes para as justigas ordinarias ou
sigo 510 para, os eónselhos de guerra, segundo os orimes
Decreto, 27 abril 1893. (Coll. da leg.) — forem do foro eommum ou do militar, e no regi-
Manda ficarem sujeitos'á lei penal militar e com- mentó trata da justiga militar na Guiñé 515
inuin, e regulaméntos militares em vigor na pro- Decreto, 27 fevereiro 1894. (Coll. daleg.) —
vincia de Macau os officiaes e pragas de pret da Estabeleee as bases para urna colonia penal mili-
companhia de artilheria ali creada por este deereto 510 tar em Angola, ñas quaes se trata da competen-
Decreto, 8 junho 1893. (Coll. da leg.) — De- eia disciplinar do commandante 516
clara que as áreas ou circumscripgoes fiscaes de Decreto, 5 julho 1894. (Coll. da leg.)—Ap-
companhia, estabeleeidas no decreto de'24 de de- prova o novo regulamento disciplinar do exercito,
zembro de 1887, sao equivalentes, para os effeitos onde se trata dos deveresmilitares, das iufraegoes
disciplinares, ás anteriores circumscripgoes fiscaes de disciplina e como hao de ser castigadas 516
de districto 510 Decreto, 5 julho 1894. (Coll. da leg.)—Ap-
1 Decreto, 15 junho 1893. (Coll. da leg.) — prova o regulamento para os conselhos de guerra
Manda substituir alguns artigos do regulamento nos territorios da companhiade Mogambique.... 536
disciplinar do corpo da guarda riscal pelos que Decreto, 19 julho 1894. (Coll. da leg.)—Ap-
áeompanhamo dito decreto 510 prova as bases para a organisagao das reservas e
Deoreto, 22 junho 1893. (Coll. da leg.)— das tropas da 2.a linha nas provineias ultramari-
Manda applicar ás pragas da guarda fiscal o dis- nas, onde se trata dos commandos superiores e
posto no artigo 82." da lei de 12 de setemhro de suas attribuigoes, do foro e disciplina, o competen- '
1887, sobre nao poderem continuar readmittidas cia disciplinar dos commandant.es de companhia
as que nao perseveraren! no modo anterior de pro- em eertas eircumstancias 587
ceder 512 Decreto, 19 julho 1894. (Coll. da leg.)—Ap-
Determinagao inserta na ordem da armada prova o regulamentodisciplinar da guarda fiscal,
n.° 1-2, 30 junho 1893. — Manda que sejam re- para substituir o de 18 de margo de 1886 539
mettidos ao comtnando do corpo de marinheirosos Decreto, 11 agosto 1894. (Coll. da leg.) —
autos de eorpo de delicto do crime de desergao... 512 Reorganisa a forga militar na India, onde trata
Carta de lei, 6 julho 1893. (Coll. da leg.)— da competencia do governador geral e da justiga
Trata da epneessao da liberdade provisoria e eon- militar no dito estado 553
dieional aos eóndemnados, e das eircumstancias Decreto, 23 agosto 1894. (Coll. da leg.) —
em que pode ser suspensa a exeeugao da pena ñas Approva o plano de reorganisagáo da escola do
sentengas condemnatorias de prisao eorreeeional 513 exercito, estabelécendo nos capítulos m, iv e v o
Decreto, 10 agosto 1893. (Coll. da leg.) — régimen disciplinar a que fica sujeito o pessoal da
Cria urna companhia de infantería montada em escola 553
Mossamedes, fieando o seu pessoal sujeito aos re- Declaragao inserta na ordem do exercito
gulaméntos e leis militares em vigor em Angola 513 n." 18, 31 agosto 1894. — Declara que eonsti-
Deoreto, 25 outubro 1893. (Coll. da leg.) — tue infraegao do 21.° dever militar expresso no ar-
Approva o regulamento da escola pratica de ca- tigo J.° do regulamento disciplinar as offertas de
vallariá, que estabeleee nos eapitulos ii e ix a subordinados a superiores como demonstragao de
competencia disciplinar do pessoal da escola, o sympathia e aprego 554
qual fica sujeito ao régimen penal militar 513 Deoreto, 22 setembro 1894. (Coll. da leg.) —
Decreto,' 25 outubro 1893. (Coll. da leg.) — Ampliando as disposigoes annexas ao deereto de .

Approva o regulamento da eseola pratica de in- 19 de julho de 1894, sobre reservas no ultramar,
fantería, que nos eapitulos n e vin trata da com- fixa as attribuigoes penaes dos governadores
.... 554
XXIX

Pag. Pag.
Decreto, 27 setembro 1894. (Coll. da leg.) — Decreto, 21 margo 1865. (Ord. da arm. n." 6.)—
Organisa de novo a guarda fiscal, tratando ali da Abóle o castigo de varadas e outros em uso na ar-
sua eomposigao e das disposigoes disciplinares que mada 620
lhe sao applioaveis 554 Decreto, 28 margo 1895. (Ord.da arm. n.° 7.)—
Decreto, 27 setembro 1894. (Coll. da leg.) — Organisa os conselhos de guerra da marinha em
Approva o regulamento do servigo da reserva da harmonía com as preseripgoes do novo código de
armada, trata dos casos em que os reservistas res- justiga militar 620
ponderá no foro militar e das penalidades que lhes Officio, 28 margo 1895. (Ord. do exere. n.° 8,
sao applioaveis 556 1.a serie.) — Esclarece quando deve fazer-se men-
Decreto,. 5 outubro 1894. (Coll. da leg.) — gáo da pena de prisao correeeíonal ñas notas bio-
Approva o regulamento da escola do exercito, graphicas do livro de matricula :,, 622
onde prescreve as penalidades applicaveis ao pes- Officio, 3 abril 1895. (Ord. do exere. n.» 8,
soal escolar e aos alumnos ¿
557 1.a serie.)—Resolve duvidas sobre pracas da 1.a
Determinagao inserta na ordem da armada reserva, chamadas ao servigo antes da vigencia do
n." 21, 15 novembro 1894. — Manda que os au- novo código de justica militar; que nao se apre-
tos de corpo de delicto de pragas do corpo de ma- sentaram até é epocha em que os reservistas da
rinheiros sejam remeítidos ao respeetivo com- sua classe foram novamente licenciados, 622
mando , ,. 559 Decreto, 25 abril 1895. (Ord. do exere. n.° 9,
Decreto, 15 dezembre 1894. (Coll, da leg.) — 1.a serie.)—-Approva o regulamento para a exeeu-
Trata das reincidencias nos crimes a que corres- gao do novo eodigo de justiga militar 622'
ponde a pena de prisao correccional , 559 Decreto, 25 abril 1895, (Ord, do exere. n.° 9,
Decreto, 10 Janeiro 1895. (Ord. do exere. 1.a serie.)—Approva o regulamento provisorio do
n." 1, 1.a serie,) —Approva o novo código de jus- servigo interno do presidio militar; ,..,, 652
tica militar, estabelécendo algumas preseripgoes Deereto, 25 abril 189 5. (Ord. do exere. n.° 9,
quanto á sua execügáo ,
559 1.a serie) — Manda que eomecem a ser applica-
Officio, 10 Janeiro 1895. (Boletim ofiieial das as disposigoes do código de justiga militar
n.° 1 da administragao geral das alfandegas.)— contídas no livro i, relativas a crimes e penas,
Esclarece duvidas havidas sobre o regulamento no 1,° de maio; e que no presidio militar seja cum-
disciplinar da guarda fiscal ., 618 plida a pena de que trata o artigo 21.° 671
Determinagaoinserta na ordem da armada Decreto, maio 1895.
2 (Ord. dáarm. n.° 9.) —
n.° 1, 15 Janeiro 1895.—Prefixa os casos em Regularisá e diminue os tirocinios de embarque
que pode ser qualificado de bom o comportamonto para a promogao das pragas do eorpo de mari-
das pracas do eorpo de marinheiros, para o efi'eito nheiros 671
da promogao 618 Decreto, 22 maio 1895. (Ord. da arm. n.° 10.) —
Officio, 10 fevereiro 1895. (Boletim ofiieial Manda applicar provisoriamente á armada o regu-
n.° 3 da administragao geral das alfandegas.)—" lamento disoiplinar do exercito 671
Esclarece duvidas havidas sobre a verdadeira in- Decreto, 6 junho 1895. (Boletim ofiieial n." 7
terpretagao do artigo 69.° do decreto n.° 4 de 27 da direegao geral das alfandegas.) — Harmonisa
de setembro de 1894 618 as preseripgoes do artigo 56." do decreto n.° 4 de
Portaría, 18 fevereiro 1895. (Ord, da arm. 27 de setembro de 1894 eom á nova lei penal mi-
n.° 4.)—Nomeia urna commissao para examinar litar 671^
(Ord: dá... arm.
:
projectos do código de justiga militar e regula- Portaría, 19 junho 1895.
mento disoiplinar para a armada 618 n.° 12.) — Exonera um primeiro tenente de vogal
Decreto, 27 fevereiro 1895. (Ord. do exere. da commissao nomeada pela portaría de 18 de fe-
n." 5, 1.a serie.) —Trata do modo de se effíectuar vereiro ultimo, substituindo-o por outro primeiro
a revistió extraordinaria das sentengas condemna- tenente 672
torias, tanto dos réus civis, como dos militares .. 619
1446 ;".-'v>::,::;

No regimentó da guerra mandado compilar por El-Rei D. Affonso V em 1444 ou 1446» encontra-se sobré privilegios
dos soldados e quálidades que devem ter, o seguinie:

Capitulo I.—Dos privilegios que sao concedidos aos soldados de Lisboa.


Que os pedes, que na dita ordenangá entrarem e serviréis de soldados, n3o possám élléá}
neni suas mulheres, por caso algum que seja, ser cóndeinnádos em pena de vil. f. era ágóutés,
barago e preglo, salvo por furto ou resistencia. -

Capitulo III. — Das partes que deve ter um soldado.


O que quizer ser um bom soldado deve trabalhár por ter quatro cousas principáesi: al.*
obediencia; a 2.a sóffrimento; a 3.a esforgo e a 4.a boas armas, e prezar-sé d'ellas; e eom éstas
quátró vira a ser valoroso soldado e animoso capitao. ''' '
Deve ser tao obediente ao seu capitao e officiaes da companhia, que, quando ouvir o támr
bor; seja o primeiro que tome as armas e acuda, e assini o será em tudo, porque os primeiros
téém o melhor logar e de mais valor, e n'isso se mostra parte do esforgo que cada uní tém, e"
trabalhár por tomar logar para pelejar em urna dianteirá. Se tiver sóffrimento, fácilmente soffréyá
os trabalhos da guerra e casos que n'ella acontecerem. E se tiver esforgo tudo lhe Será fácil
fazer e commettér, e com elle se ganha grande louvor e alcanca grandes boas venturas. E se
tiver boas armas e se prezar d'éllas, o pora o capitao no logar de mais honra; e esta é á que se
deve estimar mais que todos os havéres do mundo, e sem ella se nao deve desejár nada.

Capitulo XXI. —- No qué deve obedecer mais da obrigacao.


Outras obrigagoes tem muitas o bom soldado que é obrigado a fazer: obedecer a tudo que o
capitao e officiaes mandarem, como guardar, vigiar, trabalhár e outras cousas necessarias na
guerra; sempre deve ser o mais diligente, e o que primeiro acode e obedece; porque ná obe-
diencia está o ser de todas as cousas, que sem ella tudo é diviso e mal ordenado; nao se deve
üssentar em mentes o capitao estiver em pe; estando em esquadrab, nao deve abater sua arma
em mentes a bandeira estivér árvorada; nao se saírá da fileira em mentes estiver em ordem;
nao se tirará da sentinella ou estancia sem o tirarem; nSo se deve vir do campo sem o manda-
rem; finalmente, ha dé acompanhar o seu capitao e bandeira até os deixar em casa; porque é
deshonra e affronta caír em qualquer d'estas, e de outras muitas que deixo dé dizer por nao ser
mais proluxo, aínda qué antes o devera ser que deixar alguma cousa por lerabrar quem nao
quizer errar, que pela ventura seja a causa de o nao saber.

147S
Ordcnap/áo de 30 de novembro de 1478

El-Rei nosso senhor, com os do seu eonselho, determinou para d'aqui em diante, pelos gran-
des inconvenientes que se d'isso seguem, que todo o homem de qualquer qualidade e condicao
que seja, que se partir e deixar o capitüo eom que for em qualquer entrada ou cavalgada, e se
i
partir d'elle ou vier sem sua licenga como cousa furtada, ou em qualquer outra maneira que
seja, até o dito capitao e gente que com elle for entrado em o logar a que tiver ordenado de
com toda a gente tornar, que morra por elle; a qual determinagao manda que se publique, e
guarde e assente nos livros das oufras suas ordenagoes.

1570
No regimentó dos capiláes mores, e mais capitáes das companhias dá gente de cavado c de pe;
c da ordem que teráo em se exercitar, de 10 de dezembro de 1S701, eucontra-se o segninte:

22.° E para se saber os que sao reveis em irem aos exercicios, e fazerem o mais que por
J; : vbem d'este regimentó s&o obrigados, e háverem por isso a pena que merecerem: héi por bem
"r que os cabos de.esquadra sejam apuntadores cada uní da gente da sua esquadra; apontarSo os
:> jqüe n'isso forem culpados, e clarao o ponto aos capitáes das suas companhias, os quaes farao fa-
.zér n'elles exeeugao pelas penas abaixo declaradas, a saber: pela primeira vez que qualquer
pessoa for eomprehendida pagará 50 reís,, pela segunda pagará 100 réis, e pela terceira. será
^
>
Vpresó é hayido por revel; e da cadeia pagará 500 réis; e alem da dita pena de dinheiro será
dégredado por seis mezés para fórá da villa e termo. Na qual pena de degredo o condemnará o
' cápitSo mor, e nSo os capitáes
das bandeiras^, e fará dar suas sentengas á execugSo; e isto sendo
i\;*." comprehendidos todas ás tres vezes dentro em seis mezes. E os que nao forem a cada um dos
dois: álardos geíáesá, que cada anno se hlo de fazer, incorrerá cada um em pena de 1$00Ü réis,'
.
^ que pagará dá cadeia, sendo peao; e, sendo de cavallo ou de mor qualidade que peao, pagará
2$000 réis dá prisao que se lhe der conforme a qualidade da sua pessoa.
23.° E nos outros delictos, que nao forem de qualidade dos ácima ditos, que se commette-
rém no tempo que se fizerem os exercicios militares, o capitao mor mandará prender os culpa-
dos pelos meh'inhos das companhias, e os que assim mandar prender serSo recebidos ñas cadeias
publicas., e com os autos de suas culpas e prisoes os remetterá ás justigas ordinarias para que
. procedam
contra elles, como for justiga; e, se os delictos forem de qualidade que haja n'elles
offensa feita aos capitáes ou a qualquer outro official da ordenangá, se despacharlo os feitos,
'•=;•' Sendo o capitao mor a isso presente. E mando ás ditas justigas á que os remetter que se ajun-
-
tem para isso com elle ao tempo que ordenar, e nao o cümprindo assim serao suspensos de seus
ofncios até mmhá mercé, e haverao a mais pena que eu houver por bem.
-.. 24.° E maiido a quaesquer justigas, qué pelo dito capitao mor e pelos capitáes das compa-
:! nhias forem requeridos, que fagam exeeugao com effeito nos culpados pelas penas em que por
elíes forem condemnados, segundo a forma d'este regimentó; sem lhe receberem ajipella.gSo
nem aggravo, salvo tendo para isso mandado meu em contrario, porque em tal caso farao o que
por mim lhes for mandado. As quaes penas de dinheiro se applicarao para as despezas da pól-
vora e chumbo atrás declaradas.
25.° E parecendo algumas pessoas, das que assim forem eondemnadasñas ditas penas pelos
capitáes das companhias, que sao aggravádas por elles, assim na condemnagáo como na execu-
A ! gao das ditas penas, poderao ir coin seus aggravos ao capitao mor, o qual os ouvirá e determi-
nará summariamente o que lhe parecer justiga, sem lhe receber appellagao nem aggravo.
28.°' ítem o capitSo mor de cada logar será muito diligente, e terá muito especial,cuidado
de saber particularmente como os capitSes das companhias, cabos de esquadra e os mais officiaes
da ordenangá serveni seus cargos; e se téem a sufficiencia e habilidade que para isso se requer
oú se síío negligentes e remissos em fazer o que sao obrigados, assim no que toca á ordenangá
.
da gente como ao ponto dos reveis e exeeugao das penas. E achando alguns comprehendidos
ñas ditas cousas e pai'ecendo-lhe que nao devem por isso ter os ditos cargos, tendo d'isso certa
e verdadeira informagáo, os privará d'elles; e os officiaes da cámara elegerao logo outras pes-
soas, que sirvam. os ditos cargos, que pai'a elles lhe parecerem mais suficientes, segundo a
forma d'este regimentó; e commettendo alguns d'elles taes casos, por onde lhe parega que me-
.
recem maior castigo, só o escreverSo e enviarao suas culpas, para n'isso prover como for meu
servigo, E assim me esereverao os que servem bem seus cargos. E mando ás ditas pessoas, que

1Na lei de 9 de dezembro de 1569, a que este alvará se refere, se deelaram os privilegios de que ficavam
gosando os que tivesscm armas e eavallos^ bem como as penas em que cada um incorria, nao tendo urna nem
outra cousa.
2Companhias na forga de 250 homens.
3 Reuniao da gente de pé e cavallo de cada eidade, villa e eoncelho e seu termo, que tinha logar duas
vezes no anno, ñas oitavas da Paschoa e por dia de S. Miguel, para exercicio a que presidia o capitao mor.
pela maneira n'este regimentó declai'ada forem eleitas e nomeadas para capitáes e para os mais
officios da ordenangá, que sirvam os ditos officios sem d'isso se escusarem. E qualquer que as-
sini nao cumprir e se escusar sem justa causa, incorrerá em pena de dez cruzados e um anno
de degredo para África, ñas quaes penas o capitao mor condemnará e dará suas senteneas á
exeeugao, sem appellágao nem aggravo.
29.° E mando a todos.os meus corregedores, ouvidores, juizes e justigas qué, em tudo ó
que toca a este negocio e ás execugoes do que por este regimentó ordeno, deém aos ditos ca-
pitáes toda a ajuda e favor que Ihes requererem e pedirem, todas as vezes que por elles OU por:
sua parte Ihes for requerido; porque nao o cümprindo assim, alem de incorrerem em süspensáo
de seus officios até minha inercé, haveráo á mais pena que eu hoüver por meu servigo.

"Vigliass
39.° E terá sempre o dito capitao 1 de fazer velar e vigiar as pessoas que para isso forem
ordenadas nos logares assignados para a dita vigia, segundo a ordem que Ihes for dada. E sendo'
alguma das ditas pessoas negligente em viras ditas ,vi gias, ou adiando o capitao que dos ditos
logares nao guardam a dita ordem, assim no tempo qué n'elles hao de entrar e sair como no-
que sao obrigados fazer, hei por bem que incorram ñas penas abaixo declaradas; convem a sa-
ber: pela primeira vez, que cada um nos ditos casos for comprehendido pagará 500 réis; é pela
segunda pagará 1$000 réis; e pela terceira será preso e da cadeia pagará 1¡§¡000 réis, ñas quaes
penas serao as ditas pessoas condemnadas e executadás pelo capitao mor, sem Ihes receber.
appellágao nem aggravo. E as ditas penas de dinheiro seráo entregues áo thesOüreiro do Cóncé^'
lho do tal logar e carregadas sobre elles em receita, para d'elles dar eonta. Essas ditas penas
incorrerao a si mesmo os sobre roldas (rondas), que nao cuniprirem o que o capitao n'este casó
Ihes for mandado. E cada urna das ditas pessoas vigías ou Sobre roldas, que for comprehendidá
tres vezes dentro em seis mezes, será degredada por um anno para África, alem da condemna-
cao do dinheiro; na qual pena de degredo os poderá condemnar o capitao, e dará sua sentenga.
á exeeugao.

provisao de 1a de maio de 1574,


Na
declarando mais algumas cousas, que no rcgimenlo geral sobre as ordenanzas nao foram declaradas,
e provendo em outras cm que era necessario dar ordem, encontra-se o seguiute:

4.° E porque na milicia urnas das cousas que melhor parecem e mais convem para o exer-
cicio de gueiTa, é andarem os sargentos mores, capitáes das companhias, officiaes e soldados
d'ellas em corpo: hei por bem que sargento mor algum, nem capitao, nem official outro da
companhia, nem soldado possa trazer capa depois que se formar a companhia, e saír do logar
costumado ou da casa do capitao até se tornar a recolher e desfazer. E qualquer sargento mor
ou capitao das companhias das cidades d'estes reíaos, e das villas que sem o termo forem de
quinhentos vizinhos e d'ahi para cima, que o contrario fizer, pagará pela primeira vez que for
achado com capa'l$000 réis, pela segunda 2$000 réis, e pela terceira 3&000 réis. E aos sar-
gentos c capitáes das companhias das outras villas e logares menores pagaráo a primeira vez
500 réis, a segunda 1$000 réis, e-a terceira 1^500 réis.
E os outros officiaes das companhias pagaráo pela primeira vez 300 réis, a segunda 600
réis, e a terceira 1$000 réis.
E uns e outros estaráo pela terceira vez quinze dias na prisao que Ihes pertencer, segundo
a qualidade de suas pessoas, e isto se entenderá assim, sendo comprehendido todas as tres ve-
zes dentro em seis mezes. E os soldados incorrerao por este caso ñas mesmas penas, em que,
por bem do regimentó geral das ordenangas, incorrem aquelles que nao vao aos exercicios nos
dias de sua obrigagáo.
8.a Providenciando para que baja á venda em todas as cidades, villas principaes e outros
logares e nos mesmos portos de mar, pólvora, chumbo e munigoes, conclue—E assim obrigarao
es ditos capitáes mores os soldados das companhias a terem sernpre pólvora e pelouros, espe-
cialmente nos logares portos de mar; e os que o nao cumprirem assim incorrerao ñas penas
em que incorrem os que nao váo aos exercicios da ordenangá.

1 JDo logar porto de mar.


9.° E as pessoas, que por virtude da lei das armas téem obrigagáo de ter meias langas ou
dardos, teráo piques ou langas de cpmprimento de 24 palmos pelo menos. E qualquer pessoa
que cortar pique ou langa, e a tiver que nao seja d'este comprimentoj pela primeira vez. pagará
100 réis, pela segunda 200 réis, e pela terceira será preso e pagará 300 réis de cadeia, onde
estará dez dias;-e na mesma pena incorrerao os que forem ñas companhias e exercicios da or-
denangá sem espada, e os que tiverem espingarda ou arcabuz de pedreneira sem ter juntamente
serpe para murráo.
10.° Os capitáes mores, capitáes, álferes, sargentos e cabos de esquadra das companhias
serao muito diligentes era servir seus cargos em todos os dias de sua obrigagáo, em que as,
companhias houverem de saír conforme ao regimentó, e obedeceráo intéiramente aos capitáes
mores no quo locar á ordenangá e exercicios d'ella: e os sargentos mores, capitáes e alteres, é
cabos de esquadra das companhias das cidades e villas, que sem o termo forém de quiíihentos
vizinhos e d'ahi para cima, todas as vezes que sem justa causa deixarem dé ir em suas compa-
nhias os dias que saírem fóra conforme ao regimentó, e nao cumprirem acerca d'isso os manda-
dos dos seus capitáes moros, incorrerá cada um em pena de 1$000 réis pela primeira vézj pela
segunda em 2$000 réis, e pela téi'ceira em 3$000 réis, os quaes pagará da prisao que lhe per*
tencer, segundo a qualidade de sua pessoa; e os sargentos mores, capitáes das companhias^
alferes, sargentos e cabos de esquadra dos logares de quinhentos vizinhos para baixo, sem o
termo, pagaráo pela primeira vez 500 réis, pela segunda 1$00Q réis¿ e pela terceira 1^500 réis,
os quaes pagaráo pela mesma maneira da prisao que Ihes pertencór; e isto sendo uns e outros
comprehendidos todas as ve^es dentro em seis mezes; e ñas mesmas penas e pela ordem ácima
s
declarada incorrerao os alteres, sargentos e cabos dé esquadra das companhias das ditas cidades
e villas, e de quaesquer outros concélhos que ñáo cumprirem no que tocar á ordenangá eéxer^
cicios d'ella, os mandados dos capitáes das ditas companhias n'aquelles días, e cousas a que por
bem do regimentó e d'esta provisao sao obrigados.-'
11.° E porque até agora nao foi certa ordem e forma de como os capitáes das companhias
hao do fazer as condemnagoes das penas pecuniarias dos officiaes e soldados das ditas compa-
nhias, nem do modo que se ha de..ter na arrecadagáo do dinheiro das ditas penas: hei por bem
que d'aqni em diante se tenha n'isso em todos os logares dos nieus reinos e senhorios á maneira.
--,
següinte.
12.° O dia que cada companhia houvef de saír ao campo, cada um dos cabos de esquadra
dará ao Seu capitao um rol dos soldados de sua esquádrá que n'aquelle dia nao foram á resenha, --
o quál eápitáo mandará ao día següinte escriváo da companhia notificar aos que assim nao forem
á resenha que venhá a sua casa ao outro dia, que logo declarará a dar rasáo por que nao foram
á resenha, e o dito escriváo lhe irá fazer a dita notificagáo a tempo que provavelmente os, possa
achar ém casa, e nao os achando o notificará a suás mulheresj sendo casados, ou a seus creados,
obfeiros ou familiares; e nao os tendo, oü nao os achando, fará a dita notificagáo a um vizinho
nláis chegádo; e o dia e hora do termo limitado está o dito capitao em casa com o dito escriváo
da companhia, e ouviráo o descargo que cada um der, e sendo tal, que lhe parega que o deve
esGusar, o fará, e nao sendo tal o descargo para ser escusp ou nao vindo os taes soldados a casa
do capitao, séndo-lhes notificado e requerido pela maneira ácima dita, os condenmara ñas penas
do regimentó sómente, e o dito escriváo fará de cada condemnagao um breve termo em um livro
que para isso havérá, de que ás-folhas seráo numeradas e assignadas pelo corregedor ou prove^
dor da cámara ou juiz de fóra, qual d'elles estiver mais perto; no qual termo dirá sómente:
Fuáo de tal esquadra, morador em tal parte, foi condemnado pelo capitao em tanto, por ser a
primeira vez, ou em tanto por ser a segunda, ou em tanto por ser a terceira; visto como sendo
ouvido nao deu rasáo bastante paradeixar de ir á resenha, que se fez tal dia ou porque sendo
requerido nao pareceu: e pora no dito termo o dia. de tal condemnagao, a qual será assignada
pelo capitao que a fizer: e o dito livro estará em poder do capitao e do escriváo da companhia,
e ás ditas condemnagoes se carregaráo logo em receita em outro livro, que tambem será assi-
gnado pelo corregedor ou provedor da comarca ou juiz de fóra, que estiver mais perto, na qual
receita dirá sómente por outro breve termo: Arrecadar-se-ha de fuáo tanto, em que foi conde-
mnado; e este livro estará em poder, do recebedor das ditas penas, do que haverá um cada com-
panhia, e o dito recebedor terá muito cuidado de arrecadar as ditas condemnagoes e será n'isso
muito diligente, e levará consigo quando as for arrecadar o meirinho da mesma companhia; o
qual nao pagando logo os soldados o dinheiro das condemnagoes, os penhorará na quantia d'ellas;
e nao querendo elles dar o dinheiro ou os penhores, fará o dito escriváo d'isso auto, e o meiri^
nho ou alcaide da cidade, villa ou concelho onde for os irá logo penhorar pela quantia da con-
demnagao era dobro, e carregar-se-ha, mais ao dito recebedor aquillo, em que mais os soldados
forem penhórados, alem do que for a condemnagao.
13.° E o escriváo requererá logo ao dono do tal penhor para a venda e ai*rematagáo d'elle;
e para o remir lhe assignará teísmo de tres dias; e se n'elles nao for a pagar a quantia da con-
demnagao, será o penhor ao outro dia vendido, sem andar mais tempo em pregáo, nem fazer
acerca d'isso outra alguma solemnidade; e vendendo-se por mais prego do que for a condemna-
gao, se tomará á parte a demasía, e o recebedor de cada companhia nao fará despeza alguma
do dito dinheiro das condemnagoes, senáo por mandado dos capitáes mores nos logares onde,
conforme áo regimentó e a esta provisao, os houver, e do capitao da companhia nos logares onde
nao houver mais que urna só. E fazendo tal despeza sem os ditos mandados, náó lhe será levada
em conta. E sendo o dito recebedor negligente na arrecadagáo e exeeugao das ditas penas, os
ditos capitáes mórés, é os capitáes das companhias nos logares onde os nao houver, lhe assi-
gnará termo conveniente, em que os arreeade, e o constrangerá a isso; e nao o fazendo elle no
termo que lhe for assignado, pagará a dita pena de sua casa.
14.° E os provedores das comarcas toínaráo cada anno conta da dita pena aos ditos rece1
hedores e saberáo como se despenderám. E achando que nao foram despendidas na maneira
ácima dita, e ñas cousas para que pelo, regimentó geral das ordenangas foram ápplicadas, fará
arrecadar de quem direito for o qué áchar mal despendido Ou por executar. E mando aos ditos
provedores que assim o cumpram, e nao sejam n'isso negligentes.
E os capitáes mores farao pela maneira ácima dita fázer exeeugao nos sargentos mores e
capitáes das companhias, pela pena em que conforme ao regimentó e a está provisao incorrerem.
E os ditos capitáes das companhias farao fázer a dita execügáo nos -mais.. officiaes d'ellas,
pela penas que outrosim incorréreñi. E tambem os" capitáes mores farao exeeugao ñas penas
em que os capitáes das companhias incorrerem e nos mais officiaes das companhias, quando os
capitáes d'ellas forem ñ'isto negligentes.
15.° E para que os ditos officiaes fágam a dita exécugáo e arrecadagáoniélhor, e com mais von-
tade: hei por bem que á metade do dinheiro de todas as pessoas e condemnagoes, em que, por
virtude do regimentó das .ordenangas e d'ésta provisao incorrerem álgumás pessoas, seja para
as déspezas da ordenangá, a outra metade se parta igualmente, e pelo recebedor, meirinho e
escriváo da companhia, que fizerem á dita arrecadagáo e exécugáo; e pela'.-mesma maneira ha-
veráo os ditos officiaes a metade das penas, em que álgumas pessoas incorrerem polo regimentó
dos sargentos mores das comarcas, os quaes nao haveráo parte alguma das ditas penas.
16.° Os meirinhos e escriváes ñáo farao por si penhora, nem exécugáo alguma, nem recc-
beráo dinheiro algUm dos condeinnadoSj sem o recebedor ser presente para o receber, o qual
recebedor assignará ao pé do termo de cada condemnagaoj qué tiver ém ó livro da receita; e
sendo cada um comprehendido que de outríi maneira recebeu dinheiro, o pagará dobrado de sua
fazenda, na qual pena o capitao mor fará executar ou o capitao da companhia no logar onde
nao*houver capitao mor.
17.° Os corregedoi'es das comarcas, quando forem por correigáo aos logares d'ellas, e-. os
provedores das ditas comarcas, n'aquelles logares onde os ditos córregédores nao entrarem por ,
vía de correigáo, tendo informagáo. que os capitáes nióreS ou os capitáes das companhias ou ou-1
tros officiaes d'ellas, escusam algumas pessoas de ir na ordenangá, que conforme ao regimentó
devam ir n'ella, ou Ihes levám peitas ou dadivas, ou fazem em seus cargosoutras cousás que
nao devam, e dáo oppressao ao povo, e que ha d'isto escándalos, tiraíáo testemunhas, e achando
culpados alguns capitáes mores, senhores de térras e alcaides mores, m'o escreveráo e me envia-
ráo o traslado das culpas de cada um, para n'isso mandar proceder como houver por meu ser-
vigo; e contra todos os outros capitáes mores ou das companhias, que nao forem senhores de
térras e alcaides mores, e quaesquer outros officiaes d'ellas, que acharem culpados, procederáo
como for justiga, dando appellágao o aggravo nos casos em que couber, para a pessoa que em
minha corte nomear; e nao para as casas da supplicagáo, nem do civel. E procederáo n'isso
sem delongas e o mais summariaménte que conforme o direito poder ser.

1587
No regimentó da relacáo da India de 16 de fevereiro de 1387, enconli'a-se o seguíate:

Havefá na dita relagao dez desembargadores; um ehronista, o qual servirá tambem de juiz
da chronica; um ouvidor geral dos feitos e causas crimes; um ouvidor geral dos feitos e causas
civeis; os quaes, outroshn, serviráo de desembargadores dos aggravos, nos casos em que nao
tiverem dado sentenga, etc. Ao ouvidor geral do crime pertence conhecer por acgáo nossa de
todo delicto que, na cidade de Goa e ao redor d'ella cinco leguas se commetter, estando o vice-
rei na dita cidade ou na relagao, e os feitos que se processarem em sen juizo os despachará em
relagao.
Os ouvidores letrados das fortalezas de Mogambique, Orniuz, Diu, Malaca, Damáo, Bagíiim
e Chaul, processaráo por si sos os feitos crimes até final, os quaes, tanto que estiverem conclusos,
o farao saber aoB capitáes para assentarem dia certo e hora em que se hajam de juntar na casa
da cámara da cidade para se lhe haver de dar despacho, é aonde nao houver a dita casa se
ajüntaráó os ouyidores com os capitáes ñas fortalezas, e sendo o dito capitao e oüvidoi-es con-
formes se escreverá a sentenga pelo ouvidor, em que ambos assignaráo^ á qual se dará a devida
exeeugao, cabendo em sua algada; e sendo ém voto diíferentes nao se passará a sentenga e to-
mai'áó tercéiro, que será o veador da fazenda, e nao sendo presente será o feitor da dita forta-
leza;, é sendo caso que nao possa ser o veador da fazanda, nem feitor, por algum impedimento,
sera em seu logar o juiz ordinario mais velho que servir aquellé anno, e conforme ao que por
deis for accordado se passará a sentenca, em que todos tres: assignaráo que se dará á devida
exeeugao pelo,, modo sobredito.
O óüyidor da povQagáo de Macau coñhecerá por acgáo nossa todas as causas civeis e crimes,
éjíós "feitos .civeis que em seu juizo se processárém, sentenciará finalmente por si só> dando appel-
;

lágao nos casos que nao eouber em sua álgáda para a relágáo^ e os instrumentos de aggravo ou
cartas tesíémuühavéis que ante elle se tirarem das sentengas interlüctorias de que por bem de
mihhás ordenagoes se podem appiicar a granar, serao para a relágáo e nao para o ouvidor geral,
cbmó> até aquí se fazia.
:V • O dito'oüvidór proeessárá por si só os feitos crimes até final, os quaes, tanto;que estiverem
-conclusos o fará saber ao capitao para ássentar dia certo e hora em qué se hao ajuntar em
a%uma casa publica se a houver na dita povoágáo de Mácau, para se lhe dar despacho, e
háo havendo á dita casa publica se ajuntará o ouvidor com o capitao-na casa onde elle pousaj
éHsendo 0 dito eápitáo e o ouvidor conformes se escreverá a sentenga; pelo ouvidor em que am-
bós( assignaráo, á qual se dará á devida exécugáo^ cabendo ém sua algada, e sendo em voto
odifferetítés nao se es.creverá a sentenga e toinaráo tercéiro, qué será o véreador mais velho, áo
qual sé: dará, juramento de que se fará assénto no mesmo feito> é conforme ao que por dois for
aéGordádó se pássárá a sentenga em que todos tres assignaráo, que se dai*á á devida exécugáo
pelo:modo sobredito.

No regimenti) da reláfáo do estado do Itrázil, de 2ü de setembro de 1587, encontrarse o seguinlé:

Haverá na dita relagao dez desembargadores, um dos quaes servirá de juiz dá chancellaría;
tress desembargadores do aggravo; um ouvidor geral dos feitos e causas crimes e civeis, etc.
Ao ouvidor geral perteñee conhecer por ácgáo nossa de todos os delictivos, que, na cidade
de S. Salvador, e em cada um dos logares que for da jurisdiegáo da dita capitanía, se commet-
terem estando o governador ou a relágáo na dita cidade, ou em cada \rm dos ditos iogares, e os
féito8 que se processarem em seu juizo os despachará em relagao.

1S98
No regimentó dos sargentos mores das comarcas, de 28 de novembro de 1598, encontrase o següinte:

8. E assim mando aos sargentos mores dos ditos logares 1, capitáes das companhias, alferes,
sargentos, cabos de esquadra e quaesquer outros officiaes das ditas companhias, que em tudo o
que tocar a vosso cargo vos obedegam, cumpram e fagam inteiramente o que por vos Ihes for
mandado para bem dos exercicios, ordem e ensino da milicia.
9. E nao ;o cümprindo assim os sargentos mores, capitáes das companhias, alferes das ci-
dades e villas princípaes, incorrerao cada um em pena, de dez cruzados por cada vez que assim
o nao cumprirem; e os sargentos mores, capitáes das companhias e alferes dos outros logares'
menores incorrerao cada um em pena de 1$0U0 réis por cada vez que n'isso forem comprehen-
didos, ñas quaes penas os condemnareis, e seráo para as despezas da ordenangá do logar> aonde
se fizerem as condemnagoes, e a exécugáo d'ellas fará o corregedor ou provedor da comarca, ou
juiz de fóra ou ouvidor do logar onde se fizerem as taes condemnagoes, com umita brevidade
nos officiaes epessoas' que n'ellas incorrerem, ou os juizes da térra, nao sendo presente algum
dos ministros da justiga ácima declarados.

1 Da respectiva comarca.
ieo9
So regimentó da relaeáo da Bahía, de 7 de marfo de 1609, encontra-se o següinte:

Haverá na dita relágáo dez desembargadores, entrando n'este numero o chañceller, o qual
servirá de juiz da chancellaría; tres desembargadores de aggravos; um ouvidor geral, etc. :
E o dito ouvidor geral e todos os mais juizes e justigas conheceráo de todas as causas ci-
veis e crimeSj nao sómente da gente que está alistada ñas companhiasde guerra d'aqúelle estado,
para acudirem a rebates e occásioes, que se offerecerem, mas dos capitáes, soldados é mais
officiaes de guerra, que residem nos castellos e presidios, que vencem soldó a cüsta da minha
fázendá, com declaragao qué as áppellaeoés que saíram das justigas dos logares eíñ que houver
os ditos presidios, sendo de causas crimes dos capitáes', soldados é máis officiaes d'élleSj os
desembargadores, que as houverem de despachar, as despachem na forma de séu regimentó
perante o governador, quando for á relagao; e que da mesma maneira o dito ouvidor géral; des-
pachará, na forma d'este regimentó, os casos crimes dos ditos capitáes, soldados e officiaési de
guerra, que residirem nos ditos castellos e presidios, de que por seu regimentó pode eonhecér
e cinco leguas ao redor peranté o dito go-,
na dita cidade do Salvador, aonde a relagao reside,dito
vermador, sem embargo que por seu regimentó o governador podía só d'elles cónhecéi'; o
qual n'esta parte hei por bem révogar, e revogo, e assim quaesquer outros regimentos^ alvarás
e provisoes que em contrarío hóuvér; e hei por bem ássim o dito ouvidor, como os mais juizes
e justigas conhegam e despachem, assim. os casos civeis, como crimes, na forma ácima declarada,
e como por seu regimentó devem fazer. . ,

1613
No alvará de 6 de dezembro de 1612, que trata dá reformacáo da justica, cncontra-se o seguíate:

10. E os portuguezes naturaes d'este reino e senhorios, que se alistaran ñas bandeirás de
guerra de gente hespanhola, assim de térra, como de mar, nao gosáráo do privilegio do foro nos
crimes que houverem commettido antes de se alistárem, nem nos que commetterem depois, por-
quarito consta álistarem-se sómente para effeito de nao serem pumdos em seus delictos.

1626
Alvará de 29 de maio de 1626

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará virem, que hávendo respeito ao que me foi pro-
posto acerca do que antigamente se usava n'esta cidade de Lisboa, quando n'ella havia compa-
nhias levantadas, que os capitáes e officiaes de cada urna d'ellas com um meirinho particular do
tergo, que só para esse effeito tinha vara, íam pehhorar aos soldados que faltavam ñas ditas
companhias, na pena que Ihes parecía, sem Ihes levarem salarios de officiaes da penhora que se
Ihes fazia, para assim com menos molestia os obrigarem, e que ora se fazia pelo contrario; por-
que com notavel molestia e vexagáo do povo íam os officiaes das bandeirás com um meirinho
ou alcaide, e seus homens, penhorar a todo o soldado que faltava na companhia; e alem da
pena, em que o penhoravam lhe levavarn 280 réis da, diligencia, sendo a condemnagao algumas
vezes de menos consideragáo; o que resultava em molestia e vexagáo do povo. E querendo eu
prover n'isto com remedio, de maneira que cessem queixas, e outros inconvenientes que podem
resultar, e aos ditos soldados ireni ás companhias com armas e pólvora á sua vista: hei por bem
que os alcaides e meirinhos, que de ora em diante fizerem pénhoras aos ditos soldados por man-
dado e ordem dos capitáes das companhias d'esta cidade, e mais officiaes da. milicia d'ellas,
Ihes nao levem mais que 50 réis por cada penhora, visto que ordinariamente as ditas pé-
nhoras sao de pouca quantia, e muitas as diligencias que em pouco tempo e espago se podem
fazer, alem de serem muitas vezes condemnados e penhorados por muí.leves causas e omissoes.
E aos alcaides e meirinhos, que o contrario fizerem, mandarei castigar, conforme o excesso que
commetterem, como houver por meu servigo. Pelo que mando ás justigas, a que o conhecimento
d'isto pertencer, cumpram, etc.
1640
Decreto de H de dezembro de 1640

Considerando El-Réi D. Joáo IV o muito que importava ao seu servigo e á defeza de seus
reinos e vassallos assignalar ministros, que com particular obrigagáo. tratássem das eousas to-
cantes á guerra, e entendessem na exécugáo d'ellas: houve por bem resolver que se formasse
um eonselho de guerra, para o qual npmeoii logo dez coñselheiros e um secretario; e para que
se nao perdtesse tempo no que se havia de fázer, emquanto se ordenáva^o regimentó do conse-
lho, mandou que se ajuntassém logo áquelles dos nomeados, que éstivessem presentes na casa,
que no pago se lhe tinha signálado e náqual havia urna mesa com bancos de espaldar de ambas as
bandas, e cadeira rásavpará o secretario; e qué os coñselheiros se assentariam e votariam assim
como fossem entrando seni precedencia alguma, e o secretario no topo da mesa da parte da
porta; que elle tocaría a campainha e enviaría áo mesmo senhor as consultas, que se fizessem,
em massos serrados, ás quáés a elle tornariám respondidas, como tambem se lhe remetteriám
as ordens que se déssem, e osmais papéis tocantes á guerra; ordenando últimamente que os
coñselheiros e secretario iriam tomar juramento ná chancellaría logo; na forma do costuine 1.
Por decreto de 28 de dezéinbro de 1640 foi nomeado tenente genei*al para a artilheria, dando-
Ihe jurisdiegáo sobre os artilheiros.

164a
Alvará de 14 de junho de 1642

D. Joáo, por graga de Deus, etc. Fago saber aos que este alvará virem, que vendo eu o
que se me representou pelo regedor e desembargadoresda casa dasupplicágáo, e pelo.'chañceller
dá casa do Porto, e .por cartas e informagoes de outras cidades e ministros zelosos do meu
servigo e bem publico^ sobre os grandes inconvenientes e vexagáo que se segué no reino contra
o sérvigq de JDeus e meu, ,ei boa administragao dá justiga, na largueza dos privilegios de toro
que se pasSaraní aos soldados do ouvidor geral da gente de gueri*a e mais ouvidores, conhecendo
e avocando todas as causas civeis e crimes dos inesmos soldados, vindo-se os mais facinorosos-e
déliiiquentes, e os devedores alistar para impunidade de seus crimes e vexar seus contendoi*es,
trazendo viuvas pobi*es e pessoas miseraveis nos casos crimes e civeis, vexados diante os ditos
ouvidores das fronteirás, e vindo d'ahi por appellágao ao eonselho de guerra, com que perdiam
sua justiga e privilegios alguns eneprporados em direito, provocandorse os soldados a resistencia
e offénsás da justiga, e outros excessos com clamor e escándalo publico, contra a tengáo com
-que Ihes concede os ditos privilegios; e querendo eu ora n'isso prover como convem ao servigo
de Dóus e meu, e boa administragao da justiga, para que de maneira os: soldados, que-estáo em
defensáo do reino sejam favorecidos eom privilegio conveniente, e qué éessem'as ditas vexagoes
e queixás; e tendo eu mandado ver e consultar tudo no meu desembargo do pago (a quein per-
tence passar similhantes provisoes de jurisdiegáo, administragao da justiga e bem publico) infor-
mándo-me com seu parecer, e dos do meu eonselho: hei por bem: que ó dito alvará, qué se
passou ao dr.. Antonio de Mariz Cai'neiro, e aos mais ouvidores sé recolham, e nao usem mais
d'élles,. e que os soldados pagos sómente gosaráo de privilegio de foro nos crimes commettidos
dépois de alistados, e terem assentado praga nos armazens com eei'tidáo dos officiaes d'elles,
e nao nos casos civeis; e que os corregedores na cabega de sua comarca, e aonde nao houvesse
juiz de fóra, e os ditos juizes de fóra sirvam de ouvidores da dita gente de guerra, cada um
em seu districto; e em. ausencia do corregedor e dos mais, quem por elles servir exercitaráo o
dito cargo com seus officiaes, por evitar a multiplicagáo e competencia dos ministros, com tanto
prejuizo da justiga, e a creagáo de novos officiaes e formar novo juizo, podendo servir os ditos
juLga.dorés com os officiaes do seu juizo sem dilagáo nem molestia. E hei por bem que o dr.
Éstéváo.Leitáo de -Meirelles, corregedor do ci'ime da corte, sirva e tenha cargó de ouvidor geral
da gente de guerra alistada, e paga n'esta cidade e seu termo; ecónheceráe avocará os ditos
casos crimes da primeira instancia e dos presidios dos castellos do dito termo, de Cascaes e de

1Anteriormente á crea9ao do eonselho de guerra os negocios militares erarii tratados no eonselho d'estado,
segundo se deprehende do decreto de 31 de marfo de 1645 que regulou os seus trabalhos.
9

Setubal, dando appellágao e aggravo para o eonselho de guerra, e que dos ouvidores viráo a
elle, e teráo assim o dito ouvidor geral, como os das fronteiras, ñas penas e casos de que, se-
gundo este alvará, podem conhecer, e ñas suspeicoes, a mesma algada e procedimento, que por
seu regimentó Ihes compete até ter outra ordem e regimentó, que Ihes mandare! dar, conhecendo
os juizes de fóra, como ouvidores, com algada e regimentó dos corregedores, nos casos dé sim
ouvidoria; e ñas desobediencias e culpas militares que succederem, teráo os capitáes e fróntei-
ros mores, e do dito ouvidor a jurisdiegáo necessaria á prisao e castigo summariamenté, como o
caso pedir; e nos motins, rebelliao, traigáo e casos similhantes (que nao soffrerem dilaeáo) q
fronteiro mor com o ouvidor e outro julgador, provedor ou outro mais próximo, teráo aleada até
morte inclusive, nao soffrendo o crime dilaeáo; salvo nos fidalgos e capitáes, de que sé me dará
conta, mandando-os trazer presos, como a qualidade do caso pedir; e o dito privilegio de foro
e jurisdiegáo dos ouvidores se nao entenderá, nem comprehenderá os soldados das companhias
da ordenangá e seus officiaes, que nao téern por seu regimentó o tal privilegio; e se curnprirá o
das ditas ordenangas como n'elle se contém, sómente dos casos que estáo reservados no capitulo ;
ultimo e outros das ditas ordenangas para a pessoa, qué eu ordenasse. Conheeerá o dito corre-
gedor da corte por esta commissao, na forma do dito regimentó, emquanto o houver por bem;
e os corregedores.. da cidade ássistiráo como ouvidores dos tercos das companhias da prdenánca
d'esta cidade para exécugáo e favor, sómente no que cümprir sua assisténcia, e conhecer"dos
casos; penas e aggravos que, pelos eapitulos xxiv, xxv e XLV, eos similhantes do dito regimentó,
pertenceni ás.justigas ordinarias: e mando aos desembargadores, officiaes e pessoas dos meus
reinos e senhorios, que ciimpram este alvará em tudo e por tudo, como n'elle se contém, etc.

Deereto de o de julho de 1612

Manda que o regedor da casa da supplicaeáo ordene aos desembargadores e mais ministros
da justiga que defiram aos precatorios do tenente general de artilheria e lhe remettam os autos
e culpas dos artilheiros, para conhecer d'elles, e se fazer justiga com brevidáde; e assim orde-
nará aos alcaides que acudam ás diligencias que lhe encarregar. '
Em resoliifjao de consulta do eonselho de guerra de 17 de julho de 1642 foi o mesmo senhor
servido declarar que a lei suprai se passára com todas as boas consideragoes do seu servigo e
niellior governo do reino e administragao da justiga, e que por isso se devia guardar, aerescen-
tando que nenhum privilegio, nem isengáo podía valer aos crimes commettidos antes do privile-
gio, nem era possivel praticar-se na gente das ordenangas, que nunca o tinham tido, e que com-
prehendiam todo o reino, e muito menos entender-se nos casos civeis, porque alias ficariam
escusos e sem exercicio todos os tribünaes e ministros de justiga ordinaria.

Decreto de 11 de agosto de 1612

Tenho mandado que o corregedor do crime da corte, Esteváo Leitáo de Meirelles, com o
auditor da gente de guerra conhega em primeira instancia da causa de Pedro Antunes, soldado
das gales, que está preso por urna morte; dando appellágao para o eonselho de guerra, e que a
sentenga que n'elle se der se nao publique nem execute sem m'a consultar primeiro. Assim o
diréis no eonselho de guerra, e que se advirta que ató agora se nao cumpriu a ordem que man-
dei dar para se me háverem de consultar as sentengas dos casos graves, para que se faga pun-
tualmente.

Decreto de U de outubro de 1652

Os capitáes Ascengo Alvares Barreto e Antonio Soares da Cimha foram vistos em desafio
na Costa do Castello, e em castigo do delicto que commetteram e para que se nao encontrem
outra vez n'esta cidade, se ordenará logo, pelo eonselho de guerra, que Ascengo Alvares vá
logo servir á fronteira de Olivenga e Antonio Soares a Campo Maior, e nao saíam d'aquellas
villas sem ordem minlia. E que enviem certidoes de como se presentaram aos capitáes mores
d'ellas; e serviráo sem soldó.

1 Alvará de 14 de junho de 1G42.


10

Decreto de 30 de outiiliro de 1012

' Pelo eonselho de guerra se déem logo as ordens necessarias, para que os officiaes das eom-
pánhiás do castéllo, e os soldados d'ellas, durmam n'elle, com pena de vinte dias de prisao na
cadeia do mesmo castéllo aos que assim o nao cumprirem. e o cumplimento e exeeugao d'esta
-
ordem se enéarregafá ao sargento mor da armada, e a prisao será na cova do castéllo.

1643
Decreto de 23 de fevereiro de 1613

Foi dada ao tenente general de artilheria a mesma jurisdiegáo sobre os bombardeiros, ñas
culpas que commettessem em seus officios, que tinha o provedor dos armazens e armadas; go-
sando os bombardeiros as isengoes qué tinliam os soldados pagos, e tendo por seus juizes os au-
ditores de guerra;,
"No. alvará de 26 de agosto de 1643 foi dada jurisdiegáo ao vedor geral do exercito ¡jara poder
proceder contra todas as pessoas, ainda. que fossem ministros, officiaes de justiga, como corre-
gedores, procuradores, juizes de fóra, e qvmesquer outros que por qualquer via nao cumprissem
óudilatassem, posto que fosse por breve tempo, a exeeugao de seus mandados, condemnando-os
ém penas pecuniarias, suspensáo e degredo, dando primeiro conta das sentengas de condemna-
gao, para Sua Magestade as approvar, diminuir ou acrescentar.

Regimentó do eonselho de guerra, dado por alvará datado de Lisboa, em 22 de dezembro de 1613

Eü El-Rei fago saber ao regedor e desembargadores da casa da supplicagáo governador e


desembargadores da relágáo do Porto, e a todos os corregedores, provedores, juizes, e a todas
as comarcas, cidades, villas, logares e vassallos de nieus reinos e senhorios de Portugal: que
havendo eu ordenado para bom governo e acertó ñas materias da guerra, houvesse eonselho
particular, em que se tratassem,- e nomeaudo para elle as pessoas, de cujas qualidades e suffi-
ciencia tiver maior confiaiiga; e considerando quanto importa haver regimentó, em que se decla-
ren! as cousas que tocam ao -dito eonselho para se evitaran a competencia e duvidas, que
poderiam occorrer entre os ministros dos outros tribünaes, tomando sobretudo madura delibera-
gao com parecer dos tribünaes e pessoas a que tocava, e conferencias de consultas e replicas,
que sobre ellas se fizeram, houve por bem mandar:
1.° Que n'está cidade de Lisboa, ou no logar onde a corte estiver, baja um eonselho de
guerra, que constará das pessoas que eu para elle tiver nomeado, e de um accessor, um pro-
motor da justiga e um secretario para as cousas de que abaixo se fará mengao.
2.° O eonselho se fará em unía casa dentro do pago, que estará composta decentemente, e
havérá urna mesa comprida com seu panno e o necessario para escrever, com bancos de espal-
das pelos lados, para se assentarem n'elles os coñselheiros e accessor, e cadeiras rasas, como
nos mais tribünaes, para se assentar o secretario e promotor da justiga, fieando livre a cabe-
ceira da mesa da parte da parede para n'elle se por unía cadeira quando eu for ao eonselho.
Ñas paredes d'esta casa se penduraráo os mappas d'este reino e das provincias confinantes com
elle, e ós das conquistas com a maior distinegáo e clareza que for jtossivel.
3.° Para que haja melhor e mais breve expediente nos despachos se ajuntaráo os coñselhei-
ros todos os dias, que nao forem santos de preceito da Igreja, ainda que por devogáo ou costume
seu guardassem até agora, entrando pelo veráo ás sete horas da manhá e saíndo ás dez; e pelo
invernó entraráo ás oito e sairáo ás onze, no que serao mui continuos, e antes, nem depois
d'estas horas haverá despacho, salvo se houver negocio táo importante que pega maior assisten-
cia; e descuidando-se algum conselheiro da sua obrigagáo o secretario lh'a lembrará da minha,
e nao bastando me. dará conta, para que eu ordene o que for servido.
4.° Os coñselheiros se preeederáo e assentaráo na forma em que o fazem os do meu eonse-
lho crestado, e serao obrigados a firmar o que se vencer por mais votos, e só poderáo ñas con-
sultas declarar o seu parecer.
5.° Os coñselheiros d'estado sao tambem do meu eonselho de guerra, aonde Ihes tenlio
11
.

ordenado que acudam. todas as vezes que podérem, para assistencia dos negocios ordinarios, e
hao de preceder no assento e voto aos coñselheiros de guerra, e entre si guardarlo ás prece-
dencias que costumam.
6.° O secretario tomará as •pe.tigoes e as proporá, e cobrará os papéis despachados $ai por
despachar, e nenhum outro ministro os levará, salvo em caso que se lhe eneommende algum
negocio particular, de que ficará lembranga ao secretario, e o secretario me enviará as consul-
tas que se fizereim e a elle lhe tornaráo respondidas, e se lhe remetteráo as ordens qué se
derem, e. os mais papéis tocantes á guerra. E tocará a cámpainha o conselheiro que preceder
aos outros, na forma que se declara no capitulo iv; e emquanto se votar no eonselho, nao estará
presente pessoa alguma dé fóra, ainda que seja official do secretario. E porque nao passe a
oceasiao, em que as resolugoes se devem executar no eonselho de guerra, se tornaráo em lem-
branga para se fazerem as diligencias necessarias, e se satisfázér a ellas em termo de tres dias,
e quando nao seja possivel expedil-as n'este termo me daráo noticias das causas, que para isso
houve, para que eu tenha.noticia d'ellas, e sem embargo de as terém dado, responderáo o mais
breve que poder ser.
7." A primeira hora do despacho se gastará ñas consultas que se me fizerem, e em ler as
que baixarem respondidas. A segunda ñas respostas das cartas dos generaes e fronteiros;; Á
terceira ñas petigoes das partes, salvo havendo negocio de tanta importancia, que obrigue a'
alterar-se esta ordem.
8.° Haverá no eonselho um porteiro, que abra e feche as portas e acuda quando se tocar a

papéis que se mandarem. ...-.-.'"


cámpainha, e um continuo, que assista sempre ñas horas do despacho, para levar os reéados e
9.° Indo ao eonselho para cousas tocantes a meu servigo, algum general ou mestre de campo:.
general ou coronel dos tergos d'esta cidade, mestre de campo ou tenente general dá eávallariáj-
algum titulo ou pessoa do meu eonselho, se lhe dará assento nos bancos no logar dos mais mo-
dernos; e aos fidalgos se Ihes dará assento fóra da mesa em cadeira rasa; e aos désembai'gádo-
res que forem chamados ao eonselho para votaretn em materias, que n'elle se hajam de tratar, É
se dará asSento nos bancos, e todos os officiaes de mestre de campo abaixo estáráo em pé.
succedendo ou offerecendo-se oceasiao em que se vá ao eonselho algum conde com ordem minha,
sé lhe dará assento ácima dos coñselheiros de guerra, que é o que por rasáo do seu titulo e
jH'eeminencias lhe deve tocar.
10.° Quando eu for ao eonselho estaráo os coñselheiros de guerra assentádos nos mesmos
bancos, em que se assentam de ordinario, eom o espaldar dobrado, e n'elle se assentaráo tam-
bem os conselheirus d'estado com suas precedencias, e se tirará a cadeira ao secretario e fieará.
em pé, e terá um bofete pequeño, em que escreverá de joelhos o que se lhe mandar. E quando
os coñselheiros de guerra viereni ao pago, chamados por mim em forma de eonselho, teráo o
assento que Ihes está assignalado.
11.° Dará o eonselho licenga a todos os officiaes e soldados por tempo limitado para-irem
de urnas partes a outras, nao tendo generaes, governador das armas ou mestre de campo gene-
ral, a q.uem requeiram ñas partes onde estiverem. Passará patentes de ajudantes e tenentes das
fortalezas, onde as houvesse d'antes. Confirmará as nomeagoes approvadas de sargentos, alferes.
e as que fazem os mestres de campo dos officiaes das primeiras planas dos seus tergos, capejláo,
physico, cirurgiáo, furriel maior, accessor e os demais. Passará patentes aos sargentos que
nomear para capitáes de campanha, em falta de generaes oú governadores das armas, a que toca
fazel-o; precedendo sempre em cada um d'estes casos resolugáo minha por consulta do eonselho.
E em nenhum caso escusará o eonselho soldado algum de servigo ñas fronteiras, nem na armada,
sem me consultar as causas que para isso ha; e havendo-se passado alguns despachos similhan-
tes sem consulta se revoguem logo.
12.° Terá particular cuidado de tomar cada tres mezes informagáo do estado em que se
achara as fortalezas e fortificagoes do reino, para me consultar o que é necessario para que
tenham bastimentos e municoes convenientes para se defenderem nos accidentes e sitios que
sobrevierem; e aos trinta soldados da lotagao da fortaleza de Cascaes se acrescentaráo mais dez
para que tenha quarenta.
13.° Faráo cumprir as obrigacoes dos cargos que cada um tiver e os regimentos que sao
obrigados a guardar, e que se nao retardem os pagamentos consignados á gente de guerra, nem
se lhe faga com fraude, ou diminuigáo alguma, e que os officiaes d'ella tragam só as insignias
que lhe tocarem, e que os coronéis, mestres de campo, sargentos mores, capitáes, ajudantes,
alferes e sargentos andem em corpo; que as companhias dos tergos d'esta cidade saíráo aos do-
mingos e dias santos a exercitar-se com pouco gasto de pólvora, que se deve poupar para as
occasioes em que ha de ser mais necessaria; e na semana em que houverem de saír, se clesobri-
guem do servigo das fortificagoes um ou dois dias, porque lhe fique maiortraballio. Alguns
domingos viráo os tercos ao Terreiro do Pago por suas antiguidades a formar esquadroes para
eu os ver. As companhias que estiverem faltas de armas de fogo, faráo repartir piques para.
12

cobrir os que tiverem; e aos coronéis se ordenará que infallivelmente fagam saír a rondar todas
.
as noites urna esquadra desoldados no districto de seus tercos, juntamente com o corregedor e
juiz do crime do bairro, para c que mando tambem passar ordem para o desembargo do paco.
'.'; 14.° Fárá acudir promptamente aos hospitaes, e que nos alojamentos haja o ñecessario para
conservagáo dos soldados, e que se observe n'elles a leí militar.
15.° Ordenará que as fundicoes tenham o ñecessario para obrar a artilheria e as officinas,
em que sé lavrarem todas as mais armas e municoes de guerra.
16.° Despachará correios com avisos por mar e térra; mandará commissarios ou sobestan-
;
tes;; noméará engenheiros e capitáes de gastadores e ministros; responderá ás cartas ordinarias*
e tildo o referido e o que eu ordenar sobre as consultas do eonselho, fará executar pelos meios
/qué parécerem mais convenientes, nao tocando a exécugáo a outros tribünaes ou ministros, que
nao sejam subditos ao eonselho, porque a estes escreverá o secretario a resolugáo que eu tomei,
declarando a substancia e o dia, para que elles a executem.
: 17.° As diligencias que, conforme a este regimentó, o eonselho pode mandar fazer, execii-
goes- que lhe tocam as mandará fazer pelo tenente do mestre de campo general e pelos sargentos
mores do castéllo e dos tercos d'esta cidade, e por.seus ajudantes, conforme as taes diligencias
e execugoes forem; e quando haja algumás, para que seja ñecessario ministros de justiga, os
pódéráo chamar e serao obrigados a obedeeer-lhe.
18.° Consultar-me-ha o eonselho todos os postos e cargos de guerra de capitáes até capitáes
generaes e governadorés, e capitáes mores das-pragas e fortalezas do reino e suas conquistas,
e o exercito ou exercitos de mar e térra, e armadas que convem. As fabricas de galeoes e con-
duccoes de vitualhas, munigoes é petrechos, e levas de gente, fortificagoes de logares ou des-
mantelladoS, mover exercitos, as ordens, regimentos e instruegoes dos cargos superiores, e as
.
coüsas que de. novo se ofléregam, para eu mandar sobretodo o que for Servido; e antes que me
consultem os postos e eousas sobreditas, tomará informagáo do governador das armas; e quando
.se acharem duas pessoas jirovidas em um mesmo logar da guerra, se dará a preferencia á quem
tiver inais antiga provisao. '
19." Quando os generaes e mestres de campo óu outras pessoas de muita qualidade com-
. .
metterem algum delicto militar em deservigo meu, poderá o eonselho fazer-me consulta com a
relágáo do delicto para serem presos, o que se entenderá nao estando os sobreditos em exercitos
ou logares em que haja generaes; porque a elles pertencem as prisoes nos casos em que for
prejudicial a^dilagáo.
-
20.° Consultará tambem os cargos de administradores e ouvidores geraes, quarteis mestres
geraes, provostes geraes e furrieis maiores dos exercitos ñas primeiras levas; e os cargos dos
védores, provedores, contadores e thesoureiros geraes serao propostos pela junta dos tres esta-
dos, a cuja conta está o despender-se o dinheiro applicado para a guerra.
21.° O secretario ha de langár os despachos, e fazer as consultas e as patentes e cartas dos
officios de guerra, que .se proverem por consulta do eonselho, e levará de cada unía a metade
de meio soldó de um mez dos officios que por ella se derem, e o cobrará dos officiaes da fazenda
a quem tocar por conta do vencido ou por vencer dos ditos sóidos.
22.° Iiaverá sempre no eonselho de guerra um ministro letrado com titulo de juiz accessor
d'elle, de satisfagáo em letras e procedimentos, que juntamente possa oceupar logar de tanta
importancia, jurisdiegáo e auctoridade, e sendo possivel será desembargador do j>ago. Terá igual
assento com os outros coñselheiros, e irá ao eonselho tres dias em cada semana pelas tardes
mais ou menos, conforme pedirem os negocios e causas de justiga; e ao despacho dos crimes
leves (quaes sao os que pelas leis do reino nao téem maior pena que até cinco annos de degredo)
assistiráo com o accessor os dois coñselheiros mais antigos, e ao despacho das culpas graves,
que sao as que téem maior pena que cinco annos de degredo, assistiráo com o accessor mais
dois letrados, qué tenho mandado nomear por decreto geral, e os ditos dois coñselheiros mais;
e havendo duvida, se ó o caso leve ou grave, fieará no arbitrio do accessor.
23.° E porquanto é minha tengáo fazer aos soldados,favor e. mercé n'aquellas cousas de
que nao resultar escándalo: hei por bem e mandó que os soldados pagos enlistados para servi-
rem ñas fronteiras ou na armada e presidios do reino, nos crimes que commetterem depois de
alistados e terern assentado praga nos armazens, com certidáo dos officiaes d'elles, gosaráo do
privilegio do fSro para serem julgados em primeira instancia por seus auditores, dos quaes lía-
verá appellágao para o auditor geral e eonselho de guerra; e assim mesmo nos casos civeis, que
tiverem nascimento de contratos celebrados com elles depois de estarem alistados por soldados,
o que nao terá logar ñas aegoes civeis de partilhas, herangas e outras similhantes, que Ihes per-
tencerem, sem consentimento das partes" ou contrato, porque essas correráo diante dos juizes,
que de direito o eram se elles nao fossem soldados.
24.° E por evitar a multiplicagáo e competencia de ministros, mando que nos logares onde
.
houverem soldados pagos serviráo de auditores os juizes de fóra; e nao havendo juizes de fóra,
os corregedores ou quem seus cargos servir; e n'esta cidade e seu termo servirá de auditor
13

geral da gente de guerra alistada e paga o dr. Antonio de Beja, que conhecerá dos ditos casos-
em primeira instancia, e dos presidios dos castellos do termo e Cascaes e Setubal, dando appel-
lágao e aggravo para o eonselho de guerra; e cada um d'elles terá aleada que tem por seus re-
gimentos.
25.° E ñas desobediencias e culpas militares que succederem, teráo as capitáes mores e
governadores das armas com cada um dos ditos auditores a jurisdiegáo necessaria para a prisao
e castigo summariamente como o caso o pedir; e nos motins, rebelliao, traigáo e nos casos siini-~'
lhantes que nao soffrem dílagáo, o governador das armas com o auditor e outro julgador, pro-
vedor ou outro mais próximo, teráo algada até morte inclusive, se o crime nao soffrer dilagáo,
salvo nos fidalgos e capitáes de que se me dará conta, mandándo-os trazer presos como a qua-
lidade do caso o pedir. .':",'
26.° O qual privilegio do foro, juiisdicgáo dos auditores se entenderá sómente nos soldados;
pagos e alistados ñas fronteiras ou presidios como dito é; mas nao.se entenderá, nem terá,logar
nos soldados das companhias da ordenangá, porque sobre estes se eiimprirá o i'egimentp dasV-
ordenangas, como n'elle se contém; e sómente dos casos que no capitulo ultimo do dito regi-
mentó das ordenangas se exceptuavam para conhecer d'elles a pessoa que éu mandasse, éonhe--.'.. '
cera por esta commissao o dito dr. Antonio de Beja na forma do dito regimentOj emquanto eu
o houver por bem, e os corregedores da cidade serviráo de auditores dos tergos das companhias V
da ordenangá, um cada terco, conforme aos bairrós da sua repartigáo, para a Sua exeeugáó e;
favor sómente no que cumprir sua assistencia, e conheceráo dos caSós> penas e-aggravos; que ;
pelos capítulos xxiv, xxvi e XLV, e os similhantes do dito regimentó pertence ás justigas
ordinarias.
27.° Ao auditor geral e juiz accessor do eonselho pertence conhecer das appeilágoes<,é-
aggrávos que a elle vierem nos casos d'este regimentó e dos que se tirarem sobre as eleicoes
de capitáes e officiaes de milicia e ordenangá, e das repartigoes de cavallos ou armas e dos offi-
ciaes que forem pelo reino a fazer levas de cavallaria ou infantería; porque todas as ditas appeU-
Jagoes e aggrávos pertenceráo privativamente ao eonselho.
28." E para o despacho d'ellas se terá a forma seguíate: O juiz accessor ás levará para
casa, o depois de as ter visto bem iará relagao ao eonselho, onde votaráo os coñselheiros que
se acharem presentes, e ao menos seráo dois coñselheiros os que votarem com o dito accessor;;
e" quando lhe parecer que por a materia ser grave ou de direito convirá que votem n'eila létra^
doSj mandará chamar os dois de que se fallou, que principia: llavera sempre, que viráo votar
ÍIO eonselho, e teráo assento no mesmo, abaixo dos coñselheiros, guardando-se entre os dois
suas precedencias; e quando o caso foi- de morte, ou absolvigáo ou condemnem, se me fará
consulta da sentenga primeiro que se publique ou execute, e a sentenga se escreverá sempre no.-.'-'',
que for vencido por mais votos.
29.° As appellacoes e aggrávos que vierem ao eonselho, seráo vistas pelo promotor, que
allegará por parte da justiga o que entender conveniente, emquanto eu nao nomear pessoa
que o faga; e indo ao eonselho assistir a algum dos ditos despachos, terá o logar que fica
apuntado.
E este alvará se imprimirá e aos que forem impressos, etc.

1644
Uesolucao de 23 de jullio de IG-lí sohre consulta da mesa do desemliaigo do paco

O mesmo senhor El-Rei D. Joáo IV foi servido determinar que o eonselho de guerra nao
impedisse ás justigas- irem ao castéllo de S. Jorge de Lisboa ás diligencias que se Ihes.orde-
nassom.

Decreto de 19 de agosto de 16-i-i

O regedor da casa da supplicacáo tenha entendido que d'aqui em diante ha de mandar dar
o ñecessario para as execugoes que se fizerem por sentengas do eonselho de guerra, assim e da
maneira que se dá ás que se fazem pela sentenga da relágáo.
164» '

Pió regimentó das frontciras, de 2!) de agosto de 164», se encomia o seyuintc:

'" Se alguns soldados se amotinarem, e sé Ihes riscárem- suas pragas, por esta causa-se
5-.°
lhe notará em seus asséntos,, j)aia que sempre conste dó crime que commetterem; porque estes,
ainda nos casos que sejam perdoados, nao podem subir a postos, e por isso é ñecessario qué nos
:
livros1 haja sempre noticia d'isto.
7.° E de qualquer outro crime grave, que o soldado commetter, que lhe possa ser impedimento

'''.-
para subir a postos, se fará,ilota em seu assento pela maneira qué fica dito; e o védor geral pe^
¿;ójirá ao auditor geral do éxercitOj é á todas as justigas que reconhecerem de similhantes dos sol-
;
dádpsj é n'eiiés se. derem sentengas que se possam executái") que lhe déém a copia d'ellas para
ás notar nos ássentos dos soldados, e elles vseráo obrigados a dar-lh'as dentro de tres dias depois
das; sentengas dadas.
: 10;° E áós que por sentengas fórem desterrados do exercito, se dará baixa ém virtude d'el-
,
:Ías^ que procederáo dos traslados das sentengas; mas quando algum soldado for preso por algum
íCásp por mandado dé seus superiores, se correrá com o seu soccorro, como d'antes, até á sen-
tenca; e se por1 ella for condemnado a desterro, entáo se lhe fará a dita baixa.
. 32i,9i E quahdo> sem embargó de todas estas diligencias, algum se atrever a passar mostra
por Qütrp ém présenga do seu capitao, e-n'áo acudindo elle a atalhar este engaño, ó védor geral,
óu quem póí éllé assistir, fará logo aii prender o tal soldado, e lhe formará a culpa para se
: executar
n-elle á pena do bando, e ao capitao se riscará a praga, e nao poderá o védor geral,
nérn épntádór por si, eommissaiios de mostras, nem seus officiaes em seus livros assentar-lhe
mais paga alguma do soldó sem nova ordem minha ássigiiáda de minha máo, porque istb quero
se guarde iñvioiavelmente; e a nenhum general .concedo auctoridade de poder dispensar n'esta_
inátéria; e em caso que ó eiiténda fazer, nao poderá o védor gérál, nem o contador assentar em
livEosps ditos soldados, eom peña de perdimento de seus officios, e de pagar em tresdobro o
r-qne! assim assentar; é no ásséntó do capitao, cuja pi'ága se riscará, se declarará a causa por que
se riscou, fazendo-se n'isto nota, para que á todo o tempo conste, e fazer mformacao se n'esta
inateria houve induzidores, para que tambem sejam castigados eom a mesma pena, provando^se-
,.Ihes a culpa.
35.° E quando algum
soldado nao ápparecer na mostra, se o capitao disser que foi a al-
gu.'Ula parte muito perto, que logo vira, lhe nao pora nota de como nao appareceu; mas se se
nao apresentar logo antes de estar cerrado o pé de lista, se pora a dita nota; e se faltar em
duas mostras, havendo-se posto nota, e faltar tambem na terceira, executivamente se pora, que
nao appáreeeu em tres mostras, e fieará por isso escuso de toda a aceáo que pode ter por seus
servigos, e se procederá contra elle como os que fogem cía guerra.
48.° E porque alguns soldados usam de confeigoes, com que fazem cobrir de cabello a
marca real, e lhe poem outra para dizerem que os taes cavallos nao sao os que Ihes entregaram,
o general da cavaliaria mandará ter grande cuidado que isto se nao faca, e mandará reformar
as marcas todas as vezes que lhe parecer ñecessario; e o official ou soldado, qué usar de meios
para cobrir ou mudar as marcas reaes, ainda que com effeito o nao consiga, será preso, e per-
derá todos os seus servigos, e cinco annos para África; e n'esta mesma pena incorrerá o que
mudar a dita marca.
56.° E porque se tem entendido que aos eomniissarios de mostras e mais officiaes, quando
as váo passar, nao se Ihes guarda o respeito devido como a pessoa que tem conta e rasáo de
minha fazenda, por cuja causa nao conseguem o bom paradeiro, que convem a ella: mando que
qualquer official de soldó, que fizer ou disser injuria ou offensa aos ditos commissarios, quando
váo passar as taes mostras, sobre cousas tocantes a seus cargos, j^ercam os postos que tiverem,
e sejam castigados com mais penas ao arbitrio do governador das armas; e para que se consiga,
como convem, o auditor da gente de guerra, onde o caso succeder, fará logo autos, e os rcniet-
terá ao dito governador das armas; e o védor geral terá grande cuidado em procurar que o dito
governador íuande proceder contra o culpado; e quando o nao faga, me dará logo conta por es-
cripto, para que mande proceder.
57.° Todas as obras e compras de bastimentos e suas conduegoes, que se fizerem por ra-
sáo da guerra, se faráo com intervengáo do védor geral, e elle nomeará officiaes e olheiros para
ellas, reconhecendo sua bondade, e fazendo-lhes os precos, guardando em tudo o regimentó, que
para este effeito lhemandei passar o com este lhe será entregue, e dará juramento sobre se es-
tao feitos com verdacle, e fará todas as diligencias pelo averiguar; e adiando que n'ellas houye
engaño, fará que o auditor geral faga d'isso os autos necessurios para que as pessoas que delin-
quirem, sejam castigadas como merecerem, nao só pelo crime de furto, mas tambem pelo jura-
15
' /.''

mentó falso; e o vector geral dará despachos em forma para d'elles se fazer mandado, e dos taes
ficarao originaos na contadoria para se fazeréin as ditas despezas e para se dar dinheiro á cústa
d'ellas, e por elles pagará o pagador geral; e qúando o védor geral mandar dar dinheiro, fará
registar o que se der, para que llie conste o que poder ir mandando dar mais.
69.° E nenlium assentista ou almoxarife poderá comprar pao de municao, ceyada e palhá
a nenhum official ou soldado do exercito, nem por si, ném por interposta pessoa, nem por oütra
qualquer vía; e o que ñzer o contrario, provado ou achado, será privado do cargo, sendo almo»
xárife, para o nao poder mais haver; e o assentista, seu feitor ou procurador serao coñdemnados
em dois annos de África; e official ou soldado, que se achar que vendeu a cevada que se lhé dá
para raga o do cavallo, será pela primeira vez castigado com quinze dias de prisao e com tres tra-
tos de corda, e pela segunda em dois annos de gales; e as pessoas particulares que a compra-
ren!, a pagarlo alioveada e serio castigadas a arbitrio do governador das armas, e ñas mésmás
penas incorrerao os que comprarem aos soldados vestidos de niünigao ou armas.
70.° E nenhum almoxarife poderá vender nem comprar algum genero de mantimentos, poís -
os tem de seu recebimento pelos annos que se deixam considerar como trocas dé bom pormaú
para satisfazer suá receita, e por outros muitos inconvenientes que d'isso resultam á minha faí-
zenda; e o que o fizer se fará autos d'elle pelo auditor geral, e se rémetterao á contádoria ge-
ral d'esta cidade para n'elles se verem quánto ao damno que minha fazenda réceheii, e se dar
o remedio, e d'ahi se remetiera ao conseiho de guerra para se proceder conforme a culpa.

Alfará de 21 de novcmbro de lfiio

Entre os privilegios concedidos aos auxiliares n'este alvará se encoñtram os següintes:


Que gosem dos mesmos privilegios clos soldados pagos todo o tempo que estiverem alista^
dos, Q posto que deixem de ir as fronteiras, por nao ser necessario, se lhes terá respeito.1 como
se servissem na guerra.
Que os capitaes e officiaes, emquanto o forem dos auxiliares, gosarao dos mesmos privile-
/gios da gente paga, e se lhes passarao patentes assignadas por mim, como os mais, reputando-
se-lhes o. tal servigo como se fóra feito ñas fronteiras do reino em viva guerra.
Que os bagageiros, que se alistarem para acompanhar os mesmos soldados, alein de se lhes
pagar os caminlios ató entrarem o exercito pelos procos da terra¿ e depois na forma que por
eonta da fazenda real se costuma fazer, gosem dos privilegios do estanque do tabaco e dos mais
privilegios conteúdos no principio cl'este alvará; e cía niesma maneira se entenderá ñas pessoas
que forem servir em sna companhia de gastadores.

1648
AlTará de 28 de maio de 16ÍS

Eu El-Eei fago saber aos que este alvará virem que, posto que nao sejam capitaes de gente
paga, nem assistam ñas fronteiras, os das companhias dos tercos de infantería d'esta corte, para
poderem gosar dos privilegios que o regimentó militar concede aos que actualmente residem nos
presidios; considerando eu como pela maior parte as' pessoas que servem de capitaes da orde-
nanca sao sempre pessoas das mais nobres e principaes das térras, e a grande despeza que a
esse respeito fazem, por se tratarem com luzimento; conformando-me com os estilos antigos,
houve por bem de resolver que, sendo-lhes imposta alguma culpa commettida em acto ele mili-
cia, nao possam ser presos senSo pelos officiaes d'ella; e nos mais casos, em que houverem de-
ser julgados por ministros de justica, que requeiram piisao, serao levados a ella por juizes do
crime e outros ministros superiores, mas nao por alcaides, nem meirinhos. E mando a todas as
minhas justigas, officiaes e pessoas clos meus reinos e senhorios o cumprem e guardem, e facam
inteiramente cumprir e guardar este alvará, etc.

1640
Alvará de 20 de Janeiro de 16i9

D. Joíio, por graca de Deus, Rei do Portugal e dos Álgarves, etc. Fago saber aos que este
alvará virem, que, porquanto a experiencia tem mostrado que os delictos e eximes que se com
'..' -
.
16

mettem pela gente de guerra que está alistada ñas fronteiras das provincias d'este reino, nao
sao castigados com a demonstracüo que é necessario para se evitarem, por causa dos auditores
das ditas provincias nao appellarein as sentencas que dao nos ditos crimes contra os culpados
n'elles: hei por bem e mando que d'aqui em cliante as causas crimes, que se julgareni pelos di-
tos auditores da gente de guerra por bem de seu regimentó, venham, por appellagao, ao meu
coilsellio de guerra, e sejam abrigados á appellal-as por parte da justiga. E mando aos ditos
auditores, officiaes e pessoas a que perténcer que cumpraui este alvará inteiramente como n'elle
se contém, o qual terá forca de léi e se registará em cada ulna das auditorias geraes das ditas
provincias, para se executar o que por elle ordeno.

1630
Decreto de 21 de Janeiro de 16»0

Ó seiihqr Rei D. Joao IV foi servido declarar que, süpposto os governadorés das armas
das: provincias do reino tivessem bastante jurisdiegao para cástigarem aquellas pessoas que mi-
litavain dentro dos seus districtos, comtudo a nao tinhain para lhes conceder perdáo, nem o con-
selho de guerra para Ih'o confirmar ou revalidar, porque só iomesmo senhor pertencia o dis-
>pensar ñas léis, e nao aos tribüñaes, que estaváni debaixo da suá sujeigaó e dominio: mandando
élñ consequéncia d'isto áo regedor que advertisse aos corregédores do crime da corte para que
nao admittissem similhantes perdoes, nem pozessem o «cumpra-se» ñas senténgas proferidas em
rásao d'elíes.

Decreto de A de setembro de i6l>0

""" Recommeildando ao conselho de guerra que tivesse tocio o cuidado em nao propor para
oceupacao ele postos na guerra pessoas que ándassem delinquentes ou homisiadas, o que já mul-
tas yezes tinha acontecido.

;.' ' 1652


No regimentó da relacáo da Babia de 12 de ¡setembro de IGa2, se encontra o seguíate:

2.° Iiaverá na dita relagao oito desembargaclores: mu chanceller, que servirá tambem de
juiz da chancellaría; dois desembargadores do aggravo; um ouvidor geral dos feitos e causas
crimes, que tambem ha de ser auditor da.gentede guerra; outro ouvidor geral clos feitos e cau-
sas civeis, que da mesma maneira ha de servir de auditor das causas civeis entre os privilegia-
dos e soldados; um juiz dos feitos da eoroa, fazenda e fisco, etc.

Decreto de 13 de setembro de 1652

El-Rei D. Joao IV houve por bem, para melhor administragao da justiga, resolver que no
caso, em. que os conservadores tratarem de avocar a si as culpas dos soletados, o nao fagam,
passando mandados aos escrivaes d'ellas, senao por precatorios que fallem com os julgadores.
N'esta eonformidade ordenará o regedor da casa cía supplicagao que se pratique d'aqui por
di ante..

1653
Decreto de 18 de jullio de 1653

Por haver succedido muitas vezes propor-me o conselho de guerra, para os postos d'eile,
aígumas pessoas estando criminosas e homisiadas, nSo sendo assim conveniente, nem as leis do
reino assim permittirem, ser admittido a meu servigo quem tiver similhante impedimento: man-
17

dei, por outro decreto de 4 de setembro de 1650, encarregar ao conselho de guerra tomasse-
todas noticias necessárias dos sitjeitos, antes de me consultar, porque succedendo o contrario
o estranharia muito, de mais, de que a todo o tempo que me consultassej a bem de mandar dis-
por os próvidos, usaría da demonstrágao de castigo, que me parecesse contra ellés, a respeito
da culpa que lhes achasse. E porqué até agora nao visse proceder-se n'essá forma, antes me tem
chegado haver na materia grande onlissao, encommendo muito ao conselho obrigue aos pretén-
dentes, que n'elle requefereín ajüntar folha corrida, pelos escrivaes do criine e auditor, Gomo é
estylo n'Outros tribunaes. E que sem ella lhes nao admitía petigao de nenhumá maneira, para
por esta via se poder atalhar o erro que n'isso havia.

Altará de 23 de setembro de 4653

Eü El-Rei fago saber aos que este meu alvará virem: qué señdo=nie presentes os grandes-
excessos que se commettem pelos ministros, cabos e soldados pagos da milicia, e quaesquer ou-
tros,,no pouco respeito com que tratam os ministros e officiaes da justiga; e a insolencia com
que sé atrevem a tirar presos das cadeias e da mao da justiga, offendendb-á e pérdendo-lhe o
respeito, devendb ser dos meUs vassalíos com toda á süjeigSo obedecida, como por minhas leis
está disposto; querendo eu n'issó prover, como me cumpre a meü servico é aüctpridadé, e cré-
dito da justiga, que eu tanto devo zélar e fazer se observe em meus reinos, para pfír quietagiSó
e perpetuo estabelecimento n'elles, que é a primeira e principal obrigágae dos reis; havendo en-
tendido que procede esta demasía, soltura e liberdade da que os soldados téem com o privilegio
militar: hei por bem de mandar que nenhum ministro, cabo ou soldado págOy oU oütro qualqiief,
gose de privilegio algum militar nos casos em que resistir a minhas justigas e lhes tirar presos
da mao ou impedir os prendám, querendo-o elles por bém da justiga fazer; e bem nao valham
aos que tirarem presos das cadeias e da mao da justiga, offendendo-á e perdendo-lhe o respeito,
0 que assim hei por meu Servigo de o mandar declarar, sem embargo de quálquer privilegio, re-
gimentó, provisto ou alvará; porque todos, nos casos ácima ditos, hei por revogádos; e hei por
meü sérvigó que este alvará tenhá fol'ga de lei e como tal se observe e guarde ern todos osKcon-
celhos, tribunaes ejuizos, porque assim ó minha vontade, sem interprétagaoj nemduvida alguma
que a elle seja posta. E mando, etc.

1654
Alvará de 6 de feferciro de 16a4

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará virem: que, porquanto tenho entendido que em
rasao de se náb haver especificado no alvará dos privilegios, que fui servido conceder aos sol-
dados, auxiliares, nem na ordem que em confirmagao do disposto n'elle se deu para os juizes de
fóra das villas e cidades, cabegas de comarcas, serem juizes privativos de suas causas crimes e
civeis, movidas depois de alistados, a quem toca passar-lhes cartas de seguro nos casos crimes,
succede livrarem-se alguns dos taes soldados diante dos ditos seus juizes com carta de seguro
dos corregédores do crime e das relagoes e dos das comarcas; e convir atalhar as duvidas e in-
convenientes que d'isto podem resultar á boa administragao da justiga: hei por bem declarar
que aos auditores geraes das provincias d'este reino toca passar cartas de seguro aos soldados
auxiliares nos casos crimes em que, conforme a orden agio, as podem passar os corregédores das
comarcas; e nos outros o juiz assessor do meu conselho, a que hao de vir ás appellaeoes das
sentengas dos das comarcas, por todos os outros juizes serem incompetentes. E mando que, o
que por este meu alvará ordeno, se cumpra e guarde tao inteiramente como n'elle se contém, etc.

1655
Alvará de 21 de Janeiro de

O senhor Rei D. JoSo IV, para evitar que no livramento dos delinquentes se nao occultas-
sem aígumas culpas, por que devesseni ser castigados, foi servido mandar que, alern dos escri-
vaes, que costumavam responder até entab ás folhas dos corregédores da cSrte e cidade, res
•- ' 18
- ..

pondessem tambera «s escrivaes da auditoria da gente de guerra, recommendando aos corregé-


dores do crime da corte e cidade, e juizes do crime d'ella que tivessem particular cuidado de
que esta ordem se observasse a respeito das folhas que mandassem passar, e que ordenassem
aos corredores das mesmas folhas, que nao passassem certidSo no fim d'ellas, senao constando
que tinham respondido os ditos escrivaes.

Decreto de 13 de agosto de 16»5

Por fazer mercé aos conselheiros e secretarios, que servem no meu conselho de guerra,
hei por bem coñceder-llies que gosem dos privilegios, que téem pelas úrdenágoes, o regedor e
désembargaclorés da casa da supplicagao, e os mais tribunaes e ministros declarados ñas ditas
órdenagoesi O regedor o tenhá entendido^ e lh'os faga guardar ñas occasioes e tempos em que
pelos ministros Ihe for requerido¡

;''</* 165S
Decreto de 28 de agosto de -I6SS

Oí senhor D. Affonso VIj vendo o grande damno que récebia o seu servigo de se ausenta-
rem Os soldados, assim pagos como auxiliares, das fronteiras a que os mandava remetter com
grande despeza da real fazenda, e o descuido e fronxidao com que os corregédores das comar-
cas e ministros de justiga d'ellas se háviam em os prender, castigar e remetter ás mesmas fron-
teiras, houyé por bem mandar que pelo desembargo do pago se encommendasse a todos os
julgadores do seu reino o castigo e reconducgáo d'esta gente, declarando-lhes se havia de per-
guntar ñas residencias como tinham procedido n'este particular, e que ao regimentó d'ellas se
aGrescentasse um capitulo pai'á este effeito ajustado pela forma que o desembargo do pago en-
tendesse mais conveniente para o intento;

1659
Carta regia de 28 de outnbro de 1659

D. Joao de Lencastre. Amigo. Eu, o Principe, vos envió muito saudar. Por ser informado
que os eapitaes e mais officiaes das companhias da ordenanga lhes nao guardam os ministros e
mais officiaes de justiga os seus privilegios, que por taes lhes tocam, obrigando a servirem os
cargos da república de menos qualidade, e darem alojamento, e nao lhes concedendo homena-
gem, nem lhes permittindo armas offensivas, desarmando-os quálquer alcaide ou official de jus-
tiga, me parece dizer-vos que hei por bem que os capitaes e mais officiaes das companhias da
ordenanga d'estes reinos se lhes guardem os privilegios e isengoes, que pelo regimentó de milicia
lhes sao concedidos, e que da sua desobediencia el'elles possam appellar e aggravar para o con-
selho de guerra, e para que assim com melhor animo possam tolerar o trabalho das taes occu-
pagoes; e vos, pelo que vos tocar, a fai'eis assim executar, fazendo registar-se esta nos livros das
cámaras das cabegas das comarcas, para que a todo tempo conste o que por ella ordeno.
Transcripto do tomo 4°, pag. 60, da CoUecga'/ systematica das Icis militares, por Verissimo
Antonio Ferreira da Costa, onde em nota aquella carta regia se le o segunde:
O senhor Rei D. Sebastiao concedeu que os capitaes mores e mais capitaes lograssem os
privilegios de cavalleiros fidalgos, de que ha varias impressoes, e refere Pegas, titulo xn, fl. 263
sequentibus; ao cargo de capitaes mores das mesmas ordenangas ha dado o privilegio de foro, é
honroso, como elispoe o regimentó militar debaixo do titulo de auditores geraes e particulares,
e n§,o podem ser presos senao pelos ministros, como transcreve Pegas, titulo XII, debaixo do mesmo
titulo, capitulo xxxin sequentibus; o mesmo ordenou Sua Magestade por decreto de 29 de fevereiro
de 1788, que referem as rea.es militares, paragrapho final, e está registado no livro vil da casa
da supplicagSo a fl. 375. E por decreto de 13 de agosto de 1706 ordenou Sua Magestade se
lhes leve seu servigo em conta, que fizerem em tempo de guerra; e assim se tem observado sem
disputa, em que as tropas pagas na definigSo das palavras referidas ñas patentes «E com esta
gosaríto todas as honras, liberdades, franquezas, privilegios e isengoes que lhes pertencem». Todo
o militar gosa de nobreza pelo privilegio do foro que Ihe pertence por
direito civil; e quando é
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official de patente, exvidas as palavi'as referidas n'ellas declaradas e assignadas pela real mió,
tem toda a graduagao de nobreza, e a logra sem dispensa, áinda que antes de o ser tenhá sido
mechanico de quálquer qualidade ou condigao, por ella ha dado a suas mulheres, filhas e des-
cendentes do genero feminino o titulo e graduagao de Dom.
Nao pagaiu jugadas os a'eguengos; sao isentos dos encargos dos conselhos; nao pagam ma-
netos; nem podem ser presos em ferros senao por Crime que por elle meregam morte civil ou
natural, ou casos exceptuados porque nenhum privilegio aproveita; e estes nao podem ser pe-
nhorados por bens do seu uso, nem presos por dividas; os casos civis lhes nao poe pena vil
álguma, nao o sendo o caso de sua natureza, porque sendo-ó percle todo o privilegio de fidalguia;
assim o promulgaram por lei os imperadores Jüstinjano e Álexándre Magno; nem teein obrigagao
ele fazérem cessao de bens; sao éscusos de tutelas, ñangas, ábonagoes; podem fazer procuragoes
pela sua mao; nao podem ser obrigados a testamentarias, e menos a pagarem dividas de defun-
tos dé quem sao herdeiros, posto que naó'seja a beneficio de inventario, e acceitarem herangas;
e outros similhantés privilegios, que se referem no tomo XLlx das causas militares. Tem restituicao
pela segunda pela, lei segué milité a fot. Ex qiiibus para embargar a segunda vez acgSo nntural,
lei 3.a quod restit, e assim tem julgado na relagao em causa dá fazenda real pelas partidas de
Gástella, titulo iv, tomo i, pag. 6, Gl. 6, tomo v, titulo v, pag, 6 e 15, titulo ni, pag. 6, que referem
Hermurilhos, Gregorio Lopes e ¡Zuécia lHe pértencerem d'éstes e putros muitos privilegios para
¿estafeta, Orden, livro iv, titulo LXXXII, § 3," usqüe 9.° Dispoe que visto em acgáo de occasiao
dito pelo qtie teria em urna só pessoa instituigSo de hérdéiro, é válida a escriptura no chao ou
com seu sangue na bainha da espada; d'esta Iiberdade se podem bem colligir os relevantes pri-
vilegios de que gosam os militares; equando a um duque, marquez ou conde se lhes faz mercé
elo cargo de capitao, beijáni a mao ao soberano pela mercé e acceitam parabens; 6 nao se via
que nenhum formado em leis ou cañones acceitassem ser desembargadores, deputados de algum
tribunal; sao-lhes permittidas armas ele seus appéllidos, justificando e tirando carta do brazáo;
Iograin privilegio de aposentadoria activa e passiva, por merce de Sua Magestade em aviso do
.ex.m0 conde de Santo lago no aníio do 170á.

1660
Decreto de 23 de Janeiro de 1660

Iíei por servigo de Deus e meu, e beneficio da república, declarar que o caso de furto,
como escandaloso, é exceptuado no privilegio dos soldados, para poderem ser presos, processa-
dos e castigados pelas justigas ordinarias. O conselho de guerra o tenha entendido e o faga sa-
ber ao auditor geral, e eu o mando advertir ao regedor da casa da supplicagao.

Asscnto de 29 (le Janeiro de 1660

Na mesa grande e presenga do sr. dr. Lourengo da Gama Pereira, do conselho de Sua
Magestade, chanceller da casa da supplicagao, que serve de regedor da justiga, veiu em duvida
sobre a ordenagao do livro v, titulo LXXX, § 14.° e lei novissima passada em 4 de outubro de 1649,
se pertencia ao corregedor do crime da corte o conhecimento das culpas e livramente ele um
soldado de infantería, adiado n'ella com urna pistola; ou se o dito corregedor o devia remetter
preso a seus superiores, como parecía da dita lei novissima;. E vistas e consideradas as leis
allegadas, se assentou pela maior parte dos desembargadores dos aggravos abaixo assignados,
que, sendo o dito soldado n'esta cCrte comprehendido na culpa cía dita arma de fogo, ainda que
ella passasse da marca de palmo e meio até quatro palmos e meio de craveira, termos em que
nao era tao estreita a prohibigao e defeza de similhantés armas de fogo, e se permittiam em os
casos declarados na dita lei novissima; comtudo o conhecimento das culpas do dito soldado per-
tencia ao corregedor do crime da corte, e assim dos mais soldados que d'aqui em cliante forem
adiados em culpa d'esta qualidade, por ter o dito corregedor fundada sua jurisdiegao ñas leis
referidas, para dever e poder proceder contra os transgressores d'ellas sobre as armas de urna
marca e outra na corte; e n'esta forma se devia entender e praticar a dita lei a respeito dos
soldados nos casos occorrentes, segundo a interpretagao de direito; e para que assim se execu-
tasse, e nao viesse mais em duvida se mandón fazer este assento. (Seguem-se as assignatiiras
do chanceller a mais desembargadores presentes.)
20

1663
Carta regia de 18 de junbo de 1663

Por ella foi creado o logar de auditor para a gente de guerra ñas fortalezas desde Cas-
caes até Alcántara.
1664
Decreto de 30 de Janeiro de 1664

O senhor D* Áffónso VI, para mais sé atalhar o excesso eom que os soldados das frón-
teifas se aüsentávaní para ás suás térras, hóitve por bem que o desembargo do pago encom-
mendásse aos corregédores e juizes de fóra por ponto de residencia, que tivessem por cuidado
de fazer diligencia de dois em dois mezés para saberem se algims soldados pagos se achavam
em casa de seus páes ou paréntes, ou fóra d'ellas ñas térras dos districtos dos ditos ministros;
e que os fizessem récolher p'romptámente a seus tergos, ou soltos se hoüvéssein vindo com licenca
dos gobernadores das armas, cujó tempo fósse acabado, ou presos se viéssem sem ellas; e para
que melhor podessém fazer istó, ordenou que se lhes enviassem as listas dos tergos.

Decreto de 31 de jullio de 1664

Squ informado que os ministros de justiga déixam de proceder contra alguns soldados, que
n'esta eidade e seu termo fázem algun's furtos de pouca consideragao, por nao se executar n'elles
a pena capital, que á todos está imposta; e porque convem que sejám presos por quálquer furto
aínda que seja leve: hei por bem que, os que nao merecereni maior pena, sejam presos e leva-
dos ás torres da Berlenga ou Cábega Seccá, onde estarlo o tempo que eu houver por bem;
advertindo que nao é minha tengao moderar com esta maior pena, que merecerem; mas somonte
ordenar que esta seja a menor. E outrosim hei por bem que quálquer ministro de justiga os possa
prender por furtos, e que sejam sentenciados em relagSo, porquanto em casos de furtos nao vale
o privilegio de soldados, como mandei declarar por decreto de 25 de Janeiro de 1660, que mando
por este se execute. O conde regedor o tenhá entendido e ordene aos ministros de justiga o
déem á execugSo, declarando-lhes que contra os quo se houverem coin remissao mandarei pro-
ceder com demonstragao.
Decreto de 20 de novemliro de 1664

Foi por elle creado o logar de auditor geral para a cavallaria da Extremadura.

ie-^4
No regimentó dos arinazens de 17 de marco de 1674, encontra-se o seguinle:

Regimentó do provedor dos armazens


CAPITULO XI. — SoDre as mostras que se flzerem ao tergo da armada
10.° E porque o tergo da armada, capitaes de mar e guerra d'ella e de guarnigao, sao pa-
gos pelos meus armazens; o provedor d'elles procurará achar-se presente a todas as mostras,
para que assim se tomem em maior satisfagáo; e o dia antes que a mostra se houver de passar
dará conta a quem tocar, para que mande langar os bandos, nos quaes se diga a parte e logar
onde se houver de passar, para que venham todos com suas armas, e que ninguem so atreva a
passar mostra por outrem, sob pena de um anno de degredo para as Berlengas, e pela segunda
cinco annos para urna conquista; e quando a mostra se tomar, etc.
II.0'E o mestre de campo ou ao menos o sargento mor assistiráe presentes á mostra do seu
tergo; porque tem mais rasao de conheeer os seus soldados, e estando elles presentes, nao é de
crer que algimi se atreva a passar mostra por outro: e da mesma maneira cada capitao assistirá
á mostra da sua companhia; porque tambem conhega os soldados d'ella, e n'elles se castigue
21 -
'
.

por grave culpa deixar passar praga, súpposto é ünpossivel deixar de os conhecer; e succedendo
n'isto algum engaño, a que o capitao nao acuda, declarando que o soldado que chamavá pela
lista, nao ser aquelle que se apresentou falsamente, será castigado com seis inézes de prisao em
urna das fortalezas da barra d'esta eidade, onde nao vencerá soldó emquanto durar a prisao;: e
pela segunda vez será privado de sóido para sempre.
12.° E quando sem embargo de todas estas diligencias algum se atreva a passar mostra por
outro em preseñga de seu capitao ou official qué governar a companhia, e nao aeudindó elle a
atalhar este dañino, o provedor dos armázens, ou qiiem por elle assístir, fará logo ahí prender
o tal soldado e Ihe formaran culpa para se exeeutar n'elle a pena do bando; e nao poderá of
provedor dos armázens, nem entra pessoa nos livi'ós mandar4he sentar mais paga alguma ele
soldó, sem ordenl assignáda por minliá má*d; porque isto quero se guarde inviolaveíniente; e a
nenhum tribunal nem ministro, concedo auctóridadé de poder dispensar n'esta materia; eem
caso que o intente fazer, nao poderá ó provedor dos armázens mandar assentar nos livros os
ditos sóidos, nem Os escrivaes Ih'os ássentárao coin pena dé pérdiñiento dé seus officiós é de
pagarem em tresdobros o que assim assentárem; e no assento do capitao óu official, cuja praga
se rascar, se declarará a causa por que se riscoü) fazéndo-sed'isto nota, para que a todo ó tempo
conste; e tirar-se-lia infórmagao se n'esta materia hóuve mduzidores, para que támbém sejam
castigados, provandó-se4he a culpa.
13.° E porque ás mostras qué se fázeín, nao sao só para pagar aos soldados coin bóá ordém
e sem engaño, nías para se tomar noticia da gente que ha nos tergos e conipanhias, e como está
armada: mando, etCi; e quándo algum official ou soldado nao parecer na mostfa,, se o cápitaó
clisser que foi a alguma parte muito perto, que logo vira, se Ihe nao pora nota de como«nao
appareceu, é ficará dobrada a folha; mas se se níto apresentar antes de estar cerrado o pé da
lista, se Ihe pora a dita nota; e se faltar em düás mústras havendo-sé-lhe posto nóta¿ e faltando
tambem na tercéirá., ejecutivamente se lile pora nao parecen em tres mostras, e ficará por isso
escuso de toda a aegao que poder ter de seus servigos, e se procederá contra elle como ós que
fogem da guerra.
14,° Ese o capitao disser que o soldado nao parece e está doente em álgumá cásá particu-
lar, em caso que nao podesse ir ao hospital, etc.; é adiando algum engaño n'estes soldados, que
na mostra se derem por doentes, incorrerá o capitao, de-cuja companhia for, ou official que a
governar, ñas penas clos que consentem passar pragás suppostas; e o dinheiro., etc;

CAPITULO XXVI.—Dajurisdiegao que ha dé ter o provedor e offlciaés que ha de prover


2.° Poderá mandar prender a toda a gente de mar e guerra, e officiaes de toctos os ofácios,
que forem necessarios para as naus da India e armadas, bárqueiros, carreiros, almócreves é
mariolas para conduegao e carreto dos materiaes, mádeiras, mantiméntos e mais servigo dos
armázens; e estando fóra d'esta eidade, mandará passar precatoríos para os corregédores, pro-
vectores e juizes de fóra, aos quaes darSo todos inteiro cumplimento, conStando-lhe por elles que
é em ordem a meu servigo; e nao o fazendo, dará conta no conselho da fazenda para os mánclar
vir emprazados a elle a dar rasáo por que o nao fizeram; e os juizes ordinarios e mais pessoas
a quem mandar passar mandados, poderá por si mandar vir emprazados, e proceder contra elles
como Ihe parecer, dando conta ao conselho.

Regimentó dos privilegiados dos armázens


CAPITULO II.—Das occasioes em que ós capitaes poderao ohrigar os soldados
de suas companhias a sairem n'ellas
Os capitaes níio poderao obrigar aos soldados de suas companhias a sairem n'ellas mais
que ñas occasioes em que sair o tergo dos privilegiados; e faltando algum n'ellas sem sua licenga
ou justo impedimento, o castigará na forma que dispoetn as ordenangasmilitares; e nao se emen-
dando, dará conta ao provedor para o mandar tirar da companhia, e que nao :gose dos privilegios
dos officiaes dos armázens.
Regimentó para a repartios©da tenencia
CAPITULO XXII. — Da jurisdiccao que ha de ter o tenente general
e os officiaes que ha de prover
O tenente general ha de ter em tudo á reparticlo da artilheria e expediente
o que tocar
el'ella, a mesma jurisdicgSo que tem o provedor dos armázens, passando os despachos, ordens,
mandados e precatorios que forem necessarios, na mesma forma em que ella os passa, e ha de
prover e no mear os officiaes seguintes, etc.
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16^6
Ño regimentópara os trezeutos mariubeifos dó Trosso de Lisboa, approYádú pelo alvará
....:.;. :~ de 4 de maio dé 1676, éncoiitra-sc o segninte:

Será cada mariuheiro obrigado a servir pela dita matricula tres annos completos, e os que
se ausentaren! durante ellos serao castigados com tres tratos de orda á braco soltó, e coin.eg.a-
ráo a servir de novo os tres anuos, como se nao tiveram servido nenhum teñipo; e tendo algum
negocio a que acudir pedirao licenga ao provedor dos armázens, que será rubricada pelo védór
de niinha fazenda da reparticáo, sendo para fóra da térra, que se notará em seu assento, e no
tempo, d'ella nao hao de vencer soldó, nem se levará eni conta para os tres annos que hao de
servir.
Gosarao os ditos marinheiros do Trosso dos privilegios seguintés: * *: E outrosiln me práz
que, sendo quálquer d'elles culpado em crime, que por pena de justiga iilereca ser agüitado pu-
blicamente ou degredado com barago, seja castigado como sao os escüdeirós*
... E outrosim lhes concedo os mais privilegios, foros, liberdades e isengoes que sao con-
cedidas c de que gosam os meus creados; e que seja son juiz conservador o juiz de Indiae Mina,
"ao qual mando lhes faga eumprir e guardar estes privilegios, como ácima se declara, procedendo
contra os que Ih'os nao guardaren! com pena jiecuniaria até á quantia de 6^000 réis, e ás mais
que de direito Ihe parecer, c que tome conhecimento de todas suasi causas, assim civeis como
crimes, em que forem réus ou auctores, e seja juiz d'ellas, e os Sentencie, e determine finalmente
como for justiga, daudo appellagao e aggravo no que couber para onde pertencer.

Regimentó dos aríilbeiros do Trosso, approvádo pelo alvará de 4 de jünlio de 1677

ív'ellé se encontram dispósigoes idénticas ás que ficam transcriptas do regimentó dos mari-
nlieiros do Trosso, sendo tambem "de 300 o numero d'aquelles.

Regimentó do 1.° de junlio de 1678

Eu, o Principe, como


regente e governador d'estes reinos e senhorios, fago saber aos que
este regimentó virem: que havendo consideragao aos abusos que a calamidade da guerra intro-
duziu na disciplina militar, acerca da administragao da justiga, por nao haver n'este reino leis
ou regimentó com clareza e distincgSo da jurisdiegao que Ihe pertencia, de que se experimenta-
ram e experimentam cada día grandes contendas entre os cabos da milicia, seus auditores, e os
ministros da jurisdiegao ordinaria, estendendo-se a competencia aos tribunaes maiores de
urna e
óutra jurisdiegao,; tanto em prejuizo da boa administragao da justiga, do bem publico e seu so-
cego: querendo evitar estes inconvenientes, e que os vassallos d'estes reinos e senhorios, com
.cértos e determinados preeeito.s, saibam mandar e odedecer com scieiicia da sua jurisdiegao e
privilegios: fui servido, com parecer dos do meu conselho, estabelecer este regimentó para os
governadóres das armas de todas as provincias, seus auditores e assessores; o qüal quero que
se cumpra e guarde inviolaveíniente como lei. Reprovando e derogando, para esse effeito, todos
os usos ó costume que o encontraren!, assim n'este reino e ilhas adjacentes, como nos mais do-
minios d'esta coróa, nos casos a que se poder appliear e nao estiver d'antes próvido, na maneira
seguinte:
1.° Os governadóres
. das armas e outros cabos maiores, a quem eu encarregar o governo
de alguma provincia, registando primeiro a sua patente n'esta corte, na contadoria geral
forma do estylo: tanto que chegar á praga de armas ou ao logar da provincia, onde hade tomar na
posse do sen posto, mandará insinuar ao juiz e officiaes da cámara a patente que levam, para
que Ihe venha á noticia a jurisdiegao que n'ella Ihe é concedida; e se trasladará nos livros da ca-
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_ .
-
mará, na védoria e éóntadoria geral, na forma do estilo; e o mesmo farao os cabos menores, a
qüem se encarregar o governo de aígumas pragas ou presidios dequalquer qualidade que sejam.
2.° Depois de tomarem posse e pessoalmente visitarem as mais principaes pragas que lhes
for possivel, se informaran particularmente dos crimes graves e escandalosos que houverein éóm-
mettido os soldados da sua provincia e estiverém sem livramento; e ordenará ao auditor geral,
que, vendo os livros das querellas e as devassas, proceda contra cuípadosj na forma que e obri»
gado, para que nao fiquem os crimes sem castigo; é, constando-lbe que na provincia assisteín
alguns condemnados por sentenga em pena de degredo para dentro do reino ou fóra d'éllé sem:
o virem cumprir, ordenará ao auditor geral que proceda contra elles, para qué dentro do termo
limitado váo cumprir seus degredos, dando-se-lhés baixá em seus assentos, para nao serení ád*
mittidos émqüánto nao mostfarém certidao corrénte de o terem satisfeito.
3¡° Ñas pragaS, onde os governadóres das armas assistirem de assento, ou n'aquellas óm
qué se acharem, commettendo-se n'esse tempo algum delicio, havendo cónsidéragSó ao maióf
respeito que se Ihe deve pela preeminenciado cargo que exereitaremj fazendo'Sé por esta ©ircünirí
stancia mais grave e conseguintemente digno de maior castigo, nao sendo o crime de qualidade
qué, provado, meregá pena de morte natural, civil ou cortamerito de inémbro, o poderá senten-
ciar o governador das armas com ó mestre de campo general, estando presenté o auditor gérál>;
sem appellagao nem aggravo, até pena de cinco annos para o BraziL Pofém, sendo contra ndalgo
ou cabos maiores até capitao de infantería inclusive, sé nao püblicarao nem dárao á execugao as
séntengas, sem primeiro se Ihe dar conta pelo conselho de guerra, para as mandar executár
ou admittir a appellagao, conforme a qualidade do caso, süás eircumstancias e prova.
4.° Em todos os mais casos, em que couber pena de morte natural, civil ou cortainehtóde
membro ou outra pena criminal, excepto o caso especial ácima referido, e Os mais abáixo espe<-
cificadoS n'este regimentó, os séntenciafao os governadóres das armas com o mestre de campó \
general, estando presente, e com o auditor, dando em todos appellagao e aggravo na forma cío
regimentó; e nao se adiando presente o dito mestre de campo general, o sentenciará o góyeri-
nador das armas com o auditor, e, nao sendo conformes, se chamará o corregedor da comarca
e na sua ausencia o provedor, e na d'este o juiz de fóra; e conforme o que sé vencer pelos iná
votos, se esereverá a Sentenga, porquanto todos dito votos igualmente decisivos.
5.° E porque convem que os crimes militares de motíns, rebelliao^ tránsfugas, quebránta-
mentos de bandos e outros similhantés, que pela qualidade d'elles nao admittem privilegio, nem
excepgao de pessoas, e por se seguir d'elles um prejudicialissimo exempio e grávissima offensá
da justiga, se castiguem logo sem dilagáb, mando que o governador das armas ou quem seu .
cargo occupar, o sentenceie com toda a brevidade summáriamente com o mestre de campo ge-
neral, estando presente, e com o auditor sem appellagao nem aggravo, para que no mesmó
tempo que se vir o escándalo do delicio, se veja o exempio do castigo, e que sómente, sendo a
pena de morte natural, se nao dará á execugao sem se acharein presentes cinco votos, a saber,
o governador das armas, mestre de campo general, estando presente, auditor geral, corregedor
da comarca ou provedor, e que em falta de algum d'elles o juiz dé fóra ou júlgador letrado mais
vizinbo, o que se nao entenderá nos bandos langados, havendo guerra viva ou nos exercitos,
porque entao se guardará o estylo militar coin execugao prompta.
6.° Quando os governadóres das armas ou quem occupar o governo, adiar que convem
mandar langar alguns bandos com penas comminádas aos transgressores, o nao poderao fazer
senao in scriptis e firmados, e se mandarlo entregar ao auditor geral para os mandar registar
pelo seu escrivao, que darao fé da publicagáo, para o que terao livro particular, para a todo o
tempo constar da causa que houve e forma com que se passaram, e se dará execngSo com toda
a pontualidade, por ser materia das mais importantes á conservagao da milicia.
7.° Quando os governadóres das armas sentenciarem alguns réus em pena de degredo para
dentro do reino ou fóra d'elle, de quálquer qualidade que seja, nao admittirao petigao alguma
sobre perdió ou commutagao do dito degredo em parte ou em todo; porquanto o tal perdao é
urna das principaes e mais inseparaveis regalias da nossa pessoa; e quando as partes tenham
justas causas para o perdáo ou. commutagao, poderao reeorrer a nos para lhes deferir como mi-
máis conveniente; e tendo os governadóres das armas que nos advertir sobre o merecimento e
prestimo dos soldados que requererem perdoes, o farSo pela secretaria do expediente.
8.° E porquanto a prisao dos delinquentes é o principal meio por onde a justiga se satis-
faz e executa: mando que d'ahi em diante por nenhuma via ou maneira se possam impedir em
praga ou presidio algum de quálquer provincia, antes, quando pelo conselho de guerra ou quál-
quer outro tribunal de justiga se mandarem prender alguns delinquentes soldados ou cabos assis-
tentes ñas pragas ou presidios ou fóra d'ellas, os ministros, a que se commetterem as ordens,
as déem logo á execugao, sem serem obrigaclos a darem conta d'ellas antes de se executarem;
e sómente depois de feitas as prisoes e seguros os presos se mostrarán as ditas ordens; porque
com este meio se nao arrisca o segredo tao precisamente necessario para se executarem as pri-
soes, como mostrou a experiencia, e se nao falta ao respeito que se deve aos que governam as
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pragas ou presidios; porém, que isto se nao entenderá onde assistir o governador das armas ou
o mestre de campo general, que em seu nome governar, e na ausencia de ambos o general da
cavallaria ou artilheria; porque n'elles pela preeminencia dos postos se lhes dará conta das pri-
soes antes de se effectuarem; e que isto se nao entenderá nos governadóres das pragas e cabos,
que em algama d'ellas governe a cavallaria; porque entao se nao executará, sem primeiro se
dar conta a quem governar a provincia, aínda que assistam em diversas pragas, para que quem
governar a provincia possa supprir sua falta, encarregando a outros cabos o que estiver á conta
dos que hao de ser presos.
9.° Os julgadores letrados de cada urna das provincias d'este reino, sendo-lhes encommen-
dada alguma diligencia pelo governador das armas ou. quem suas vezes fizer, sendo pertencente
á milicia e de qualidade que pega prompta execugao, será obrigado a dar logo cuinprimento a
ella, sob pena do mesmo senhor proceder contra elle conforme o dolo ou negligencia com que
n'ella se houver; porém, que nao poderao por este respeito, nem por outro algum motivo os
ditos governadóres ou seus loco-tenentes proceder contra elles, nem contra os seus auditores,
a pena de süspensáo, prisao ou emprazamento em materia de justiga ou milicia, sem primeiro
me dar conta pela secretaria do expediente ou conselho de guerra, para eu mandar proceder
com a deinonstraglo correspondente á culpa em que for adiado; O que se nao entenderá nos
casos de rebelliao, traigíío e outros similhantés, em que seja precisamente necessaria a segu-
ranga de suas pessoas; porque entSo o poderlo fazer, emquanto dio conta, tendo-os entretanto
em parte segura, mas decente a respeito dos logares que occupam.
10." Porém, quando a desobediencia ás ordens dos governadóres das armas for em materia
muito grave e perigosa na dilagao, os poderao emprazar para, em termo certo, virem á corte a
dar a rasao que tiveram para desobedeeerem ás ordens dos ditos governadóres ou cabos maio-
res, para que, tomada infbrmacao, se lhes de o castigo conveniente á sua culpa; e que, aínda
que ñas provincias se achem alguns letrados que hajam servido em logares de letras, nao pode-
rao os governadóres das armas obrigal-os a que fagam diligencias tocantes á milicia ou justiga,
nem aínda pedindo informagoes; porque só dos que actualmente estao exercitando os seus officios
se poderao valer na forma referida.
11.° Para que os governadóres das annas se nao divirtam com negocios e causas diversas
e impertinentes ás militares da sua profissao, a que devem ter toda a applicagáo, como convem
ao servigo, mostrando a experiencia alguns casos de perturbagoes e vexagoes dos vassallos:
mando que d'ahi em diante se nao intromettam por alguma vía ñas materias tocantes á fazenda
real, como sao alfandegas, portos seceos, tergas, sisas, bens do concelho e outros effeitos simi-
lhantés que téem tribunaes separados de onde tocam, e sómente quando lhes conste de al-
guns descaminhos prejudieiaes ao bom governo publico da justiga ou fazenda, me podem dar
conta, para eu o mandar remediar como mais convier ao meu servigo.
12.° E porquanto langar fintos ou pedidos pelos povos, assim de dinheiro, pao ou outros
géneros similhantés de quálquer qualidade que sejam, aínda que o aperto e necessidade o pe-
gam, é regalía reservada á minha pessoa: mando que d'ahi em diante os governadóres das
armas ou quem seu cargo servir as nao lancem por nenhuma via ou modo, geraes ou particula-
res, sem ordem especial minha, nem os vedores geraes ou official algum de milicias as dé á
execugao, sob pena de perdimento do officio, antes repetidamente repliquen!, como lhes ó con-
cedido em seu regimentó em materias de menos porte.
13.° Dando-se aos governadóres das armas por escripto alguns capítulos de culpas contra
algum cabo ou official de milicia de quálquer qualidade que seja, nao poderá judicialmente, nem
aínda com o seu auditor, tomar conhecimento d'ellas, e sómente depois de assignados os capitu-
lantes, reconhecidos os signaes, mandando pelo auditor tomar informacáo extra-judicial, os po-
derlo remetter com ella ao conselho de guerra, para que, precederido as diligencias necessarias,
mande deferir como parecer justiga; porque nao convem que, para as pessoas que servem na
guerra, se abra porta a um meio de vinganga tao alheio da sua profissao.
14.n. Aos governadóres das armas e seus loco-tenentes pertence o apaziguar, pelo meio
possivel da amisade e uniao, as dissensoes e eneontros que baja entre os cabos e officiaes da
milicia de quálquer qualidade que sejam, acudindo com prevengáo e remedio antes que chegue
o rom|)imento e escándalo; e que, quando nao baste a sua diligencia, os poderao mandar assistir
em logares bem separados na mesma provincia, e me darao logo conta pelo conselho de guerra,
para eu mandar proceder como convier em materia de tao ruim consequencia á conservagao da
milicia e a meu servigo.
15.° Assim como é obrigagao dos governadóres das armas o fazerem-me relagao todos os
annos dos cabos e soldados que. melhor me servem e mais assistem nos logares de sua obrigagSo,
assim tambem m'a devem mandar do estado em que estáo as fortificagoes, trens e mais petre-
chos de guerra, e do que n'elles em particular se necessita. Pelo que ordeno que d'ahi em diante
os ditos governadóres ou cabo maior, que assistir na provincia, no mez de margo de cada um
auno remettam as ditas relagoes com toda a distiucgSo necessaria, assignadas pelo vedor geral.
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.

ao conselho de guerra, para que se mande acudir em tempo conveniente, evitando-se maiores
despezas e o grande damno que se seguía á conservagao das pragas e ao seu servigo.
16.° Aos governadóres das pragas ou quem seus cargos servirem, nos casos que lhes toca
o darem licenga aos soldados e cabos para poderem saír das fronteiras por algum tempo, mando
o nao fagam senao por escripto e por tempo determinado, registada primeiro no livro das vedo-
rías, aonde pertencem, e que de outro modo nao valham, pelo grande prejuizo que se ségue á
disciplina militar e conservagao d'ella, de nao assistirem os soldados onde vencem seus sóidos,
logrando-se fóra dos logares de seu posto eexercieio.
17.° Fazendo-se queixa aos governadóres das armas de alguns delictos commettidos por
cabos, soldados ou officiaes da milicia, encomméndará ao auditor que, sendo causa de devassa,
a tire logo sem dilagao, pronuncie como é obrigado ese officio e prenda os culpados; porém, que
nao poderá fazer caso de devassa o que o nao for pela lei; mas sendo de qualidade que Ihe
parega que será conveniente tirár-se d'elle devassa, m'o fará saber para eu o ordeña^ como
se pratíeá nos tribunaes maiores; porém, havendo queixosós, fará autos, tomará as querellas o
auditor e as sentenciará como Ihe parecer justiga; e aindá que nao haja parte, quando o caso
for digno de devassa, precedendo infórmagao, com ella me dará conta pelo cóñselho dé guerra
para eu mandar proceder como for mais conveniente.
18.° Posto que os casos^ de que os auditores tomarem eonhécimento, sejam de devassa^
sendo tiradas por obrigagao do officio, nao poderao levar salario quando as tirarem no logar da
suá assistencia ou seis leguas áo redor; e sómente, sendo fóra das; ditas seis legoas, Ihe será:
permittido que á custa das partes possá levar o salario, que costumám levar os corregédores das
comarcas quando vio a diligencias fóra d'ellas.
19.° E porquanto a pena de pdr homens ás portas dos paes, maes, irmaos, irmas e outros;
parentes, mais afastados, por filhos e parentes se ausehtarem ou esconderem ñas occasioes de
conducgoés e reconducgoes, encontra regularmente o direito e rásao natural, que nao pérmitté
ser:outrem coñdemnado pela culpa alheia, e resultar d'este rigoroso genero de execugao evéxa-
gao clamor grande nos povos, o que se nao deviá admittír¿ émquanto houver outros, meioss: or-
deno que d'ahi em diante os governadóres das armas ñas levas, conducgoés e reconducgoes dos
soldados nao consintam usar d'este meio; e que, quando a experienciamostré que ó precisamente
necessario este procedimento, os governadóres das armas nos claráo conta, para resolvermos o
que. for mais conveniente á conservagao do reino e bem dos vassalloSi
20.° Mando aos governadóres das armas que se nao intromettamñas eleigoes dos officiaes da
ordenanga, que pertencem ás cámaras e seu governo; porquanto, quando n'ellas haja alguma
desordem contra a forma que devem guardar, tem recurso para o conselho dé guerra na forma
do. seu regimentó. Nem outrosim se intromettam em escusas de alguns officiaes do governo das
cámaras, ainda que seja com o pretextó de serem necessarios para a milicia, pelos grandes
inconvenientes que d'ahi nascem. Nem tambem impegam por alguma vía ás execugoes das senr
tengas dadas ñas relagoes e mais tribunaes, antes para a execugao d'ellas, sendo necessario,
lhes darao toda a ajuda e favor; porém, que os soldados nao poderao ser obrigados pelas cama-
ras a servir os officios da republicano só poderao ser eleitos para vereadores, os quaes cargos
poderao servir voluntariamente, mas nao constrangidos; e que as cámaras nao serSo isentas da
jurisdiegao do governador das armas . n'aquellas materias, que directo ou indirecte pertencem á
defensa das pragas em materias militares, como sao> provisao de mantimentos e outras simi^
Ihantes.
21.° Quando os governadóres das armas assistentes ñas provincias me propozerem alguns
soldados para se proverem de novo em quálquer posto ou para melhoramento de outro maior,
nSo os consultaríítí sem primeiro lhes mostrarem e ajuntarem folha corrida na provincia ou praga
onde servem, e qué na consulta assim o declararao; e sendo ella feita na corte pela pessoa que
governar as armas, se guardará a mesma forma, por se evitar darem-se os melhoramentos em
logar do castigo, que pediam os delictos em prejuizo dos bem procedidos.
22.° Sem embargo de que ñas cSrtes celebradas no anno de 1652 determinasse que aos
governadóres das armas, assim do exercito como da provincia, se tomassem residencias geraes,
e a todos os mais cabos inferiores, e o mandasse executar El-Rei meu senhor e pae, que santa
gloria haja, comtudo, pela grande coníianga que fago dos que de presente me servem e esperar
que com o mesmo exempio eontinuem os que depois vierem, e tambem por alguns inconvenien-
tes que comsigo trazem as devassas geraes: mando que d'aqui em diante, sem nova e especial
resolugffo minha, se nao tirem as ditas residencies geraes, e sómente, quando se offerecerem
aígumas queixas de cabo maior ou inferior, mandarei tirar devassas ou residencias, como pare-
cer ser mais necessario, para averiguagao das culpas e para nao ficarem sem castigo.
23.° Aos governadóres das armas encommendo muito, que o mais que possivel Ihe for,
encarreguem as diligencias de justiga tocantes á milicia aos seus auditores, assim pela noticia e
experiencia que tem para as fazerem melhor e com mais brevidade, como por nao convir occu-
par outros ministros applicados a outras oceupagoes, e que para estas nao téem salario algum,
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nemmerecimento, e juntamente por evitar duvidas de jurisdicgoes; e por estes motivos se orde-
nou ao desembargo do pago se nao. commettamdiiigendas aos auditores.
24.° Quando os governadóres das armas votaren! nos feitos crimes com o auditor é mais
cabos e ministros na¡ forma d'este regimentó, o auditor geral será o juiz relator, e, depois de o
fazer com toda a miüdeza necessaria, votará em primeiro logar e suecessivamente os mais mi-
¡nistíos letrados, conformé asua antiguidade, eomegando o mais moderno, e depois os cabos na
mésina fórmáj e em ultimo •logar o governador das armas oú quem suas vezes fizer, e assigna-
rao na mesmá forma; e que o preparar dos feitos toca sómente ao auditor, como juiz relator^ e
juntamente deferir ásinteflocútoriasdequalqüer qualidade que'sejam.

Auditores geraes e particulares. ....-¡


.

i2&v° Os auditores ele todas as provincias d'este reino sao juizes privativos de todos os;cri-
ines commettidos pelos eaboS: e soldados pagos, cada ttm>.na sua provincia, e procederao a prisao
eniais formas em diféito: estábele.cidás, até senteneiárem a final com o; governador das armas ou
quem sen cargo servir, como fica ordenado n'este regimentó, dando appellagao e; aggravo para
OÍ conselho de/guerra nos feitos crimes com as
dedaragoes e especialidades apontadas nó prin-
cipió d'este regimentó; e serao obrigácíoS a appellaf ex officio, como ó-leí pratieádá nos mais
jüizos ído reinoí; e que sóniente nos< casos que se ácharem exceptuados n'este regimentó para nao
jhávér iappellágao nem aggravoJJ nao serao obrigádos a áppellar ex officio, antes dárao as senten-
gas á suá devidá execugao.
¡i ;26¿° 0 privilegio do foro,gosárao; sómente os
cabos e soldados pagos, que actualmente esti-
verem servindo, para eujo effeitóío auditor geral antes,de tomar conhecimento das culpas e dar
liíyramento,; fará áindá ex officio e sem requérimento da parte toda a diligencia para averiguar
se foram os crimes commettidos antes, - se; depois de alistados; porqué dos crimes que antes
Gommetterani nlo gesarao; do privilegio de.fórOj por Ihe nao valer senao para os commettidos
depoisí de alistados; b que aínda se limitará quando; constar que se alistárámcom notoria fraude^
para; commetter o crime com maior confianga; porque n'este caso nao permitte o direito que
r-:- gosemrdó tal privilegio; <:V- - ;' .>,,;.,;-.
27." Quando alguns soldados ou cabos estiverem ausentes do logar onde servem e conmiet-
..„;-.
térem fóra d? elle alguns crimes^ os auditores nao lhes deferirlo a requérimento algum sobre o
privilegio, ; sem primeiro lhesi; constar legítimamente como se ausentaran! fórá da provincia com
licenga; legitima dé seu superior^ que lh'a possa dar, feita por escripto, registada na contadoriá
ou védoria, notada em seu assento e constando: ser o, delicto commettido aihda durante o tempo
d'ella japorque nos crimes que; commetteremdepoisde terem baixa no seu assento nao gosarao
do privilegio. :--:;;-,.; :-.'.¡i-
.. . :
28.° Quando as culpas commettidas depois de
.
alistados se acharen! eín outro juizo¿ que nao
-
seja o do: seu foro, passarao os auditores cartas precatorias na forma do estylo para os julgado-
res,em cuja jurisdiegao se acharem as taes culpas, lhes remetterem no tocante aos ditos solda-
dos,' porém ñas ditas cartas precatorias irá inserta certidáo da védoria ou: contadoriá de como
foram commettidas depois de alistadosj e de como actualmente estavani servindo, com declarar
gao de¡ como os crimes nao sao dos exceptuados n'este regimentó; e< passando-seemoutra forma,
os juizes deprecados nao serlo obrigádos a dar cumprimento ás ditas cartas.
; ;
29.° E porquanto considerando nos com toda a attengao quao justo e conveniente é ao
bem publico que os privilegios dos soldados, nao só sejam guardados inviolaveíniente, mas am-
pliados & preferidos: mandamos;e ordenamos que d'ahi em diante usem os soldados do seu pri-
vilegio do foro, nao sendo dos casos exceptuados n'este regimentó, aínda; contra as viuvas,
orphaos e pessoas miseraveis; parque de outra sorte lhes seria quasi inútil o privilegio, sendo
ordinariamente as viuvas e orphaos as mais das partes ñas aecusagoes das mortes.
30.° Ñas¡causas civeis nao gosam os soldados do privilegio do foro, como por muitas vezes
está determinado, e que sómente ñas que tiverem náscimento de contratos e aegoes com <elles
edebradas depois de alistados, ou sobre os bens movéis do seu uso, vencimento de seus sóidos,
alugueis de casas, alojamentos e outras cousas similhantés, poderia o auditor geral tomar conhe-,
cimento para si, despachando-as com a maior brevidade, e que das sentengas finaes, que por si
der n'estes casos, nao haverá appellagao nem aggravn até á quantia de 10#000 réis nosbens
movéis e 8¡5¡000 réis nos de raiz; e que, passando das quántias referidas, admittirá appellagao e
aggravo para o conselho de guerra, onde o juiz accessor as determinará na forma do seu regi-
mentó.
31.° No regimentó do conselho de guerra, que mandou fazer El-Rei meu senhor e páe, se
declara ser sua tengao fazer a mercé do privilegio aos soldados n'aquelles casos, em que nao
resultasse escándalo, de que se segué que nos casos mais graves e escandalosos nao gosam os
soldados do dito privilegio; porém, costumando haver duvidas quaes sejam os crimes em que se
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deve verificar, ficando aígumas vezes por este motivo a jurisdiegao indecisa e os crimes sem
castigo; declaro serem os crimes escandalosos, de que nao gosam os soldados de privilegiólos
de lesa magestade, rebelliao, sodomía, moeda falsa, assassinio, forgas de mulheres, resistencias
ás justigas, desafios, sacrilegios, furtos dé mais de mareó de prata ou feitos em logar ermo coin
violencia, e de lévarem dinheiro ñas conducgoés e reconducgSes por escusareni soldados; e
havendo assiru duvida sobre tal privilegio, sendo di ante do auditor geral, a determinará como
Ihe parecer justiga, podendo-a parte; offendida aggravár para o conselho dé guerra; e movendo-se
a duvida diante dos corregédores óu juizes de fóra, poderlo as partes aggravar para as relágoés
do districto, a que tocamos1 aggravos dos taes julgadores.
32.° Havendo respeito áos grandes inconvenientes;que se> experimentavam de se tomar co-
nhecimento ñas relagoesde aígumas; cousas tocantes privativamente á milicia, como, sao conduc-
coes, reconducgoes, levas de soldados, escusa d'elles é outras similhantés, dé que se segué
grande confusao de jurisdiegao e vexagao dos vassaltos,, perténcéndo estas materias notoriamente
a.o conselho de guerra e aos ministros a elle sabordinados: ordeno que d'ahi eih diánte em
nenhuma das relagoes, nem outro tribunal algum se tómem conhecimento de appellagoes oú
aggravos ou de outro quálquer requérimento;sobre; os casos.ácima mencionados; antes, logo que
os auditores lhes pássarem precatorios para lhes serem r.emettidas as culpas dos soldados pagos,
sendo passadas. na forma apontada: n'este regimentó, lhes darlo cumprimento sem duvida ou
embargó algum, por convir assim ámelhor direcglo da justiga,
33v° Tendo consideragao ao particular servigo; que.me fazem os capitaes de infantería da
corte, posto que nao gosehí do .privilegio do fórb, como nlo gosam os;ináis da ordenanga do
reino, por lhes fazer mercé a respeito das maiores despezas que fazem e a outras cousas que a
isso me movem: ordeno que, commetténdo algum,d'elles culpas em actos de milicia, nao possam
ser presos senao ;pelos officiaes d'ella, e ¡nos crimes commettidos fóra do acto da milicia pelos
juizes do¡ crime, e nao por alcaides ou meirínhos, salvo sendo em fágante delicto, onde nao tem
logar .o privilegio. :;
34.° Posto que os cabos, soldados e mais officiaes militares, que gosam do privilegio de
foro, sejam eommendadores ou cávalleiros; das ordens militares com teñga^ nao possam ser con-
demnados em penas crimes senao pelo juiz dos cávalleiros; quando, porém, ás culpas forénii de
qualidade que por ellas se inerega privagao do posto militar que oceuparenu no tocante a estas
sómente os poderlo sentenciar e execntar os auditores cómo juizes competentes, por assim ser
de direito e estar já resoluto por El-Rei meu senhor e pae, que está em gloria, ouvido ;o tribu-
nal;da mesa da consciencia e ordens;
35¿° Nao passarlo os auditores aos cabos ou; soldados;criminosos cartas de seguro nos casos
de morte confessativa com defeza ou negativas coarctadás; porquanto sómente pertencem; ao
juiz accessor do conselho de guerra, como está determinado, eso poderlo passar cartas de se-
guro nos mais casos, em que aos corregédores lhes é: licito passal-as na suacomarca, na forma
da • ordenágao, e qne a mesma jurisdicglo terlo para o recebimento das; contrariedades,, i contra-
ditas e mais termos'judiciaes ñas causas que Ihe pertencem; e que^ se ¡os crimes forem de qua-
lidade, que na formado regimentó do desembargo do pago seja licito o alvará de fianga, pode-
rlo fazer a suppliea ao conselho de guerra, onde, precédendo informaglo e as mais diligencias
necessafias, se poderá conceder como está resoluto.
36.° Quando em alguma das fronteiras succeda algum caso grave e escandaloso ¡de quálquer
qualidade que seja, por algum cabo ou soldado pago, será obrigado o auditor a dar conta d'dle
ao governador das armas da provincia ou a quem. seu cargo servir, para que, quando Ihe parega
necessario, a déem tambem ao conselho de guerra, para que se nao oceultem os délictosque
merecem castigo, ¡posto que n'elles nlo haja;parte; porém, sem embargo de dar a conta, sendo
caso de devassa, continuará com ella e fará toda a diligencia por prender os delinquentes, e,
faltando n'este particular, se Ihe dará ñas residencias em culpa quálquer dolo ou ómisaao em
que for eómprehendido;
37.° Quando os julgadores' letrados,' que me servem ñas correigoes, judicaturas ou ¡outros
quaesquer logares de letras, lhes for necessario A^ireiri diante d'elles alguns soldados pagos da
mesma praga em que assistem, para algum testemunho ou outra quálquer diligencia de justiga,
os poderao mandar chamar ao seu quartel ou a outra quálquer parte, onde estejam por seus
officiaes, e serao obrigádos a irem logo, nao estando de; guarda, sem darem conta a quem go-
vernar a praga; porquanto? tem mostrado a experiencia quéj ele se nlo exécutar assim, se tem
seguido grande prejuizo ao segredo necessario para a execugao das diligencias da justiga; porém,
quando esta se haja de fazer com algum capitao ou cabo maior, serao obrigádos os julgadores a
dar-lhes aviso por escripto; e quando por algum modo lhes impidam a dita diligencia, me darlo
conta pelo conselho de guerra, para mandar proceder com a demonstraglo que convier.
38.° As sentengas de feitos crimes, em que¡houver condemnacoes, mandará logo o auditor
registar a substancia d'ellas na védoria geral da provincia, notada no assento dos culpados, para
que conste d'ellas a todo o tempo, e que se nlo passarlo fes de ófficios aos criminosos emquanto
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se nao livram; e vindo por appellagao ao conselho de guerra ou se confirme a sentenga ou se


altere para maior ou menor condemnagao, o auditor geral Ihe nlo pora o cumpra-se sem junta-
mente a mandar registar na védoria com decláraglo de como se confifmou ou emendou no juizo
superior, para constar a todo o tempo e nao se impedifem áos soldados os seus réqüerimentoSi
39.° Aüsentando-se algum cabo ou soldado dos logares e pragas onde residirem^ sem licenga
legitima, e constando que a ausencia fóra para fóra do -reinó^ o auditor, depois de dar conta aó
governador das armas, tomará urna iníbrmaclo summária^ por testemunbas, da fuga e causa
d'ella, avisando aOvédor geral para Ihe dar baixa, e quando passados seis mezes, contados do
dia da ausencia, se nao torne a recóíheraó reino e logar de onde saíráni, fará auto dé novó,
procederá contra elles por editos sümmariamente e á revelia os sentendará na pena que, con-
formé as drcunistancias da fúgida merecer; pórém, apresentando-se dentro de umanno, contado
do dia da sentenga, o ouvirá estando preso, seguro ou afiangádo, é com a deféza que der o tor-
nará a sentenciar de novo) dando appellagao e aggravo para o conselho de guerra na forma
determinada; o que se nao entenderá nos transfugas qué sé ausentarem para reinos; que com
este tenham guerrái
í
40¿° O auditor geral da corte, fortalezas da barra e Extremadura usará igualmente d'este
regimentó, e Ihe encarrego cómo a ministro dé logar mais superior a observancia d'ellé, para
que com seu exempio se execüte o mésmó nos mais auditores do reino; e sentenciará os feitos
crimes com o mestre de campo general juntó á minha pessóá na primeira instancia^ dando appel-
láglo é aggravo para o conselho de guerra na forma apontada no principio d'este regimentó, e
da résolugló de El-Rei meu senhor epáe de 9 de julho de 1643. E poderá avocar a seu juizo
toaas causas dos soldados e gente paga da eidade de Lisboa e seu districto em quálquer estado
que estiverem, quando Ihe parega necessario ao bem da justiga.
41.° E porquanto ao corregedor do crime da eidade de Lisboa, mais antigo, toca o ser audi-
tor dos soldados pagos da cavallaria da corte, sentenciará os feitos crimes que Ihe perténcerem
com o governador da cavallaria, e que das sentengas que derenl haverá appellagao e aggrávó
p&ráiqnem governar as ármás, que os sentenciará com o auditor geral, de que dará appellagao
e aggravo para o conselho de guerra, guardándo-se no próGedimento e álgada das ditas causas
á forma d'este regimentó.,
:- 42;°; Aos auditores das provincias se tirará residencia no fim do'seu triennio, como Se tira
áos mais julgadores do reino; e porquanto até agora os syndicántes perguntavam n'ellas peh>
regimentó dos corregédores das comarcas, o quál ná maior parte nlo é adequádo á obrigágao e
officio dos auditores: mando que d'aqui em diante os syndicántes perguntem as testemunbas e
tirem ás informagoes necessáriasfválendo-sedos capítulos d'este regimentó e de alguns do dos
corregédores das comarcas n'áquellá parte que se poder accommodar á obrigaglo dos audito-
res ;e ao desembargo do pago, a quem toca á nomeaglo d'estes ministros, Ihe encommendo te-
nhá particular attengao ñas pessoas que nomeárem assim para auditores como syndicántes, pelo
muito que interessa á justiga e bom governo político que sejam dotados de letras, experiencia,
valor e bom procedimento, que tudo lhes servirá de reeommendaglo para as suas melhoras.
43.° E; porque a assisténda dos soldados; ñas pragas, onde vencem os seus sóidos,; ó a
causa em que se deve ter maior vigilancia, tanto pelos cabos, como pelos auditores, para que
por todos os meios se remedeie este damno:' mando que d'aqui em diante os corregédores das
comarcas,;provedores, onde elles nlo entrara, e juizes de fóra, adiando cada um em sua juris-
dicglo alguns .soldados e officiaes de infantería ou cavallaria, os obrigue a que lhes mostrem as
licengas, com que estío fóra das pragas onde servem, e nao lh-'as mostrando ou adiando aca-
bado o tempo d'ellas, déem logo conta ao governador das armas ou a; quem seu cargo servir,,
para que proceda contra elles, como Ihe parecer justiga; e consentindoosandar na sua jurisdie-
gao sem licenga, nem dar conta, se lhes dará em culpa ñas residencias,
44,° Tem mostrado a experiencia que muitos soldados criminosos trazem folhas corridas
passadas calumniosamente, pedindo-as em logares em que nao serviram e oceultando aquelles
em que téem servido^ e usando de outros meios illicitos, levando em logar do castigo, que mere-
cem por seus delictos, os premios devidos aos beneméritos com tao grande detrimento da: justiga,
pelo que ordeno que d'aqui em diante se nlo despachem as petigoes aos soldados para correr
folha, nem se lhes passem sem declararem os logares, pragas e tempo que serviram; e aos mi-
nistros fiscaes dos servigos dos ditos militares ordeno que tenham n'este particular grande ad-
vertencia, conferindo as fes dos officios dos logares onde téem servido, com as folhas corridas que
trazem; para que, pelo modo possivel, se evitem os engaños que se experimentan!.
45,° Os auditores particulares, que costumam ser os juizes de fóra ñas pragas das provin-
cias onde ha gente paga, serlo obrigádos a fazer aviso ao auditor geral da provincia, dos cri-
mes mais graves commettidos pelos soldados,' e sendo caso de devassa a tirar logo com toda
a brevidade e com a mesma a remettam ao auditor geral, para que pronuncie e sentenceie em
seu juizo na forma do regimentó, salvo se os auditores quizerem antes aecusar os réus no logar
do delicto diante do julgador letrado, auditor particular; porque contra sua vontade nao-devem
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padecer a vexagao de irem accusar a outro logar: n'este caso o auditor pronunciará a devassa
e a sentenciará Í com o; cabo que governar a praga, onde se fez o delicto. E dará appellagao e
aggravo na forma do estylo para o governador das amias e seu auditor geral.
46.° Quando aos auditores das provincias se ponham suspeigoes, para nao serem juizes cié
alguns'feitos de soldados pagos ele quálquer qualidade que sejam, o governador das armas ou
quem suas vezes fizer ás mandará remetter a quem de direito tocar o conhecimento d'ellas,
guardando-se a mesma forma que se observa ñas que se intentam aos cóiTegédores das comar-
cas; pórém que, quahdo se intentem para se continuar em alguma devassa da obrigagao do
seu officio, de commissao particular ou de Outra quálquer diligencia, procederá sem embargo
dos suspeigoes, pergüntando as testemunhas com julgadór letrado por adjunto ; e, quando sejam
para impedir alguma; informagao particular, se nlo admittam por nenhuma vía, por lhé ficar
sempre salvo o recurso para ó tribunal ou ministro qué; tal informagao pedir.
47;° As cOndemnagSes pecuniarias qué ós auditores geraes e particulares fizerém nás suas
provincias, ou Seja nos casos de appellagao e aggravo ou nos que os nlo ha, ña forma d-éste
regimentó, serlo sempre applicadas ñas sentengas para as despézas do conselho de guerra e nao
em óutrafórmá; e para qué estas se nao divertám por alguma via, ém cada ama das auditorias
haverá livro numerado pelo escrivao e rubricado peló auditor, em que; sé escrevam e régistém
todas as cóndemnágoes da letra dos escrivaes é signa! dos auditores, para que os syndicántes os
revejam ñas residencias; é achando algum descaminho ou falta de arrécadagao, darlo conta ao
conselho ele guerra, para- sé mandar proceder, assim ñas cobfangas como na commissao dos mi-
nistros a que toear a execuglo.
48.° As sentengas qué Se derem pelos auditores nos feitos crimes cGntra os soldados pobres
que se livram pelas misericordias, de que na forma d'este regimentó lia de vir appellagao ao
conselho de; guerra, tendo parte que os acense, será obrigado a pagar o custó dos autos da ap-
pellagab sómente para que com éste pretexto nlo se dilatem na prislo, e serao sentenciados
brevemente^ e depois os cobrará a parte, pelo meio possivel, dádá a sentenga no juizo superior;
e procedendo-se na causa pela justiga e semparte¿ para que os crimes nao fiqüem sém castigo,
nem os réus dilatados por muito tempo nás pfisoes; o auditor geral fará aviso á casa dá mise-
ricordia do;logar, onde assistem os ditos presos, para que rémettam suá appellagao com toda á
brevidade, e; que^. haVendo falta, dará conta ao governador das armas ou a quem seu cargo ser-
vir, para que por conta dos sóidos vencidos faga vir os autos da áppellágab, pagando aos escri-
vaes as duas partes do salario d'ella, como é estylo nos presos da misericordia; e em falta dos
sóidos vencidos, poderá o mesmo governador das armas, por ájiidá de custo,.mandar fazer á
despeza necessariaá remisslo dos autos, para o que concedemoB particular poder; e no conselho
de guerra se nomeará um solicitador que corra com o livramento dos ditos culpados^ ao qUál se
poderá arbitrar algum salario das despézas, conforme o trabálho que tiver n'esta oecupáglo.
49.° Pela grande conveniencia do meu servigo; e pelo augmento dá diBcipliná militar, que
se tem experimentado nos tergos dos soldados auxiliares: hei por bem fazer mercé aos mestres
de campo, sargentos mores, capitaes e máis officiaes, até sargentos inclusive, que gosem do pri-
vilegio dó foro e dos mais que gosarem os soldados pagos, e qué os auditores tomarlo conheci-
mento das suas culpas em todos os casos, em que compete o privilegio aos pagos, na forma e
declaragao d'este regimentó; o mesmo privilegio se guardará aos cabos reformados, intertenidos,
emquanto servirem, vencendo seus sóidos e nlo passarem a outrá occupaglo, que nao seja mi-
litar. '
50i° Fallecendo algum soldado pago ou cabo ñas fronteiras, sem testamento ou herdeiros
forgadosj' será o auditor obrigado, estando no mesmo logar, a ir logo pessoalmente ao seu quar-
tel, e, achando alguns bens, fará com o seu escrivao inventario d'elles, pondo-os na melhor ar-
récadagao possivel, e a mesma diligencia fará, quando o herdeiro ou testamenteiro nomeado
estiver ausente, para que depois se lhes entreguem sem diminuiglo alguma; porém, nao sé intro-
metterá o auditor n'este particular n'aquillo que toca ao officio de administradorgeral, na forma
do seu regimentó. •;
51.° Osr auditores, quando vagar algum officio ele justiga da mesma auditoria, proverao
logo a serventía, como o fazem os corregédores das comarcas nos da sua jurisdiegao; porém, se-
rlo obrigádos dentro de um mez a dar conta, onde tocar o provimento da propriedade, para
com effeito se fazer nomeaglo d'ella, pelos inconvenientes que a experiencia tem mostrado de
servirem os officios por serventuarios.
52.° Os alojamentos dos officiaes, soldados pagos e auxiliares, onde nlo houver quarteis,
ou sejam ñas pragas onde assistem, ou quando passem de caminho e ñas conducgoés e reconduc-
goes, havendo de ser ñas casas particulares dos paisanos, compete ao juiz de fóra e officiaes
da cámara, que n'ella assistem, os quaes serao obrigádos a fazel-os com a maior igualdade e
menos oppressao dos povos que possivel for, sem que os cabos ou soldados se possam intromet-
ter n'esta materia com jurisdiegao alguma; e, havendo alguma tluvida que nao tenha perigo na
dilagao, se remetta ao auditor, para a determinar sümmariamente com o governador das armas;
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e o mesmo se observará quando por parte dosofficiaes da cámara ou soldados se fizer alguma
queixa judicial; para que neni aos soldados faltem os; alojamentos necessariosj nem os povospa-
degam extorgoes. .-..
53¡.D Os auditores geraes terlo muito particular cuidado de que os soldados presos ípbr cri-
iñes militares se livrein em todo o caso no tempo; de quatro; mézesy: assim por eonvir-•& satisfagío
dájustiga serem logo castigados para exempio dos mais,; cómo; tambem para que nao peregam
os pobres- ñas prisoes dilatadas,, de que se següem grandes prejíuizos.; j :í:; .;Í-;
; §4:? A peña de; privagao;:de postos militares de ¡capitao para cima,; inclusive, se; déve fazer
com -toda a consideraglo, por cómpreheiidér estado, réputagloi «honra dos que servem © seguem
áqüellé; genero devida; Pelo que mandó ¡que nos delictos que pedirems esta -pena,se proceda nás
Sénténgás-com tódaácircumspecgaó ena forma prescripta n'este íegimento'para os casos gra;-
ves, dando-se appellagao e aggravo para o conselho; de guerrav > '
-. 55i° Os auditores geraes terao: particularcüidadoLem nao
;
permitti^

aos soldados
--y,
ó uso das
aifmas prohibidas pelas ordenagoes e extravagantes díiesté reinOj ¡como sao pistolas, bacámáftesj
clavinas dé menos ;de ¡quatro; palmos de cano, exceptuando nos actos militares, em que lhes será
licitó üsáf d'ellas, ó que sé esténdérá ñas: ordens que levarem de seus cabos ¡por escriptó ou
rVierbaesno ¡caso do logar .erpressao::pédir assimí;; e; esta última parte se dará por justificada
pela ássefgaOí do cabo que o mandar; porém, sendo adiados com: as ditas: armas prohibidas¡fóra
do acto; militar, sé fárá auto sümmariamente e. se sentenciará; impondo-íse- ao¡ delinquente as pe-
nas cía lei, excepto o perdimento das armas que jiertencem á minha fazenda,,e¡ que, se: exócutará
a sentenga inviolavelmenté sem appeilagao nem aggravo, salvo quando for condemnado em'pena
corporal, porque entlo se Ihe ádmittirá appellagao para o; conselho de guerra.*
;;5.6:í° Posto que os auditor.est possam prender nás pragas^-onde assistemije em toda, a pro-
vincia, os soldados; criminosos, sem: ¡darem conta aos que govérnam asípragasy ña fórmá;; n-éste
regimentó: explicada, cómtudo se limitará esté;poder nos soldados que estiverem actualmente de
guardáy ^entinélla ou na rondáj que nlo poderlo; ser presos sem noticia e orden! do que governa,
salvo no flagante!delicto, e havendo perigo na dilagao cía prislo. ;>:••-..-.
;
57í.° Quaiido pela,gravidáde dos crimes-commettidos pelos soldados, parecer ao; auditor ¡que
parabem da justiga; ¡é precisamente necessario metter-se; o réu a tormentó, ¡communicará ó íeito
com o governador das armas,: que com o mestre? de campo-general e mais ministros, na forma
apontada no |:5;p, tomará assento, sendo cinco votos ná resolUgao;-e;¡a que se tomar por;mais
votos; sé dará áexecugao; salvo sendo os condemnados mestre de; campó, tenente general ide
campo, general, eommisSariooufidalgo;porque n?estes se nao fará, a execugao sein primeiro- se
me dar conta peló conselho.de gueraa, excepto quando a dilaglo seja notoriamente perigosa.
'58.° E porque os;cabos militares, principalmente capitaes; al'ferese sargentos, abusam do
poder, no castigo dos¡ seus soldados, válendo-se; muitas vezés do officio o do zélo simulado para
vingangás; .particulares, com tal exeesso que niorrem uns:, e outros ficam estropeados e imitéis
para o servigo, havendo o remedio cías prisoes e outros castigosi ¡moderados:¡ordeno ao auditor
que, tanto que tiver noticia de algum d'estes excessos, com o parecer do governador das armas
faga, autos e sentenceie o delinquente ná pena arbitraria que: a qualidade e circunistáncias do
excessó pedir.
59." Havendo cónsideraclo a se ausentárem d'este reino alguns officiaes e soldados crimi-
nosos na occasiao da pa^z, que se celebrou n'este reino com o de Castella, com o temor de; que
cessava o seu privilegio e se lhes nao guardariam as cartas de seguro e privilegio dos coutosy e
ser conveniente se recolhám ao reino: mando que se Ihe declare por editos públicos que sem
temor de pena alguma se possam recolher ao reino¿ e que serlo adniittidos a seus livramentos,
cartas de seguro e privilegios do couto no juizo do seu foro militar, o que se guardará inviola-
velmenté... :;'-- .^!-;- /.:;<:. y
60.° Nos casos crimes ou civeis, em que forem condemnados ¡alguns cabos, officiaes ©u ¡sol-
dados pagos em. penas; pecuniarias, nao farlo os auditores execugao em seus; bens movéis preci-
samente necessarios para seu uso, nem ñas suas armas offensivas e defensivas, nem ..nos «aval-
Ios, servindo na cavallaria; porém, enr tudo o mais, oiro, prata, movéis e bens! da faiz, se
poderá fazer execugao; e constando que calumniosamente por defraudar a: execugao os oecultou,
¡procederá á prisao e ás mais penas de direito, e que nlo havendo ém que se fagaexecuglo
poderlo; as,¡partes recorrer ao governador das armas para lhes dar licenga; a que se fágala exe-
cugao em parte de seus sóidos, havendo respeito á qualidade e quantidade da divida e áneces-
sidade >dos condemnadosy para que nlo peroga o que se deixa a seu arbitrio.
61.°'E porque; convem que as offensas e desobedienciasmilitares feitas pelos subditos aos
superiores,.a quem devem respeitar e obedecer, tenham prompto castigo para exempio dos mais;
mandóu que o governador das armas com o mestre de campo general, estando presente^ e com
o auditor, feitos os autos, necessarios, sümmariamente sentenciarlo os culpados, dando as sen-
tengas á execugao sem appellagao nem aggravo, salvo sendo contra os quatro cabos maiores da
provincia ou contra fidalgo; porque entío se nao executará sem primeiro se me dar conta*.
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62.° Os auditores das; provincias, um mez antes de aéabarem o seu triennio, remetterlo
urna relaglo ao conselho de guerra, em que refiram os delictos principaes que se commettefam ño
seu districto eJtriennio, as sentengas. que derain, as appellagSes qtie interpózéramy as que nao
se receberam e os feitos que ficaram por sentenciar, como as maiscircumstañciaB que Ihe paíe-
cerem néeessarias para maior; clareza, e que vira assignada por elle com fó do seu eserivSo; é
o conselho de guerra a mandará remetter ao juiz aceessor, para qué, vendo-a e communicaiido-a
no conselho,; se tome a resoluglo mais conveniente á'satisfaglo da justiga.
63.°- E porquanto o juiz aceessor do conselho de guerra é o ministeo mais preeminente da
justiga militar e de; quem se, faz maior eonfiangá: mando aos auditores das provincias, ilhás
adjacentes e d'esta corte que, todas ás vezes que em meu nonie passafém aígumas- ordens para
quaesquer diligencias a bem da justiga, as güardem puntualmente e sém demora; e quanclo
tenham alguma duvida, a representarlo ao conselho de guerra, Onde com a minha assistencia se
determinará o que for mais ajustado; e na mesma forma executafao suas ordens Os mais minis-
tros do reino, quando forem mandados; e Sé ñó proceder dos feitos ou de outro despacho inter-
locutorio, que por si só derem, quizerem as partes aggravar para o conselho de guerra, o poderlo
fazer por petigao, entregando-a aqdesembai-gadpfAdjunto, mais antigo, o qual por si só a man-
dará ajuntar aos autos, e ouvido o juiz aceessor, no mesmo conselho se sentenciará o aggravo
com tres votos conformes como for justiga.
64í° E: porquanto a COnSérváglo' das fortificagoés e presidios pede toda avigilancia^ para
que pelo tempo e idescuido Sé nlo ¡ arruinen!, alein ¡da obi-igagaó'dos cabos que govefnam ás
prágás: ordeno aos auditores geraes quéponham n'este pártieulál' todo1o Cuidado; e dé todas as
vezes que lhes chegar á noticia se furtarem alguns materiaés das1 ditas fófiifieagdés^ de quálquer
qualidade que sejam; óu de algum damiió de proposito n'ellas feitOj qué'?passé a importancia da
pérda 2$000 réis; tirem; logó devassa com dbze testemunhás áó inenoS, pronunció é prenda: os
culpados n:estes crimes no seu juizó, sem embargó de quálquer Outro privilegio, qué para esté
éfieito; hei por derogado. •
65.'°-Prendendo-so algum soldado; se sé move duvida sobre"a immunidadey ó juiz dé fófá,
. ,
auditor d& prágá a fará j ulgár, como juiz com o vigário geral ou juiz éccléSiastico a que tocar,

s@--.faz: <;<--;' :.:


66.? Se ao- auditor
-- '•9 '
e discordando será terceiro b auditor geral, guardándo-se a forma dá lei como iióS máis juizos
ou; áos
: -<'
geral
•. auditores particulares
= •.. - - - -- -
for necessario "ajuda e favor dos
¡; =s;¡.-.

governadóres das armas ou de quem seus cargos servirem, para prisoes ou oUtras quaesquéf
diligencias do servigo, se lhes déeni promptamente, para que se consigam com mais fácilidáde e
menos risco.
67.° E porquanto o regimentó do conselho dé guerra foi ordenado com toda á circumspec-
glo, principalmente para a forma do governo e jurisdiegao dos ministros cl'elle, e no máis que
contóm: mando que em tudo, em que¡; especialmente nlo for declarado ou derogado por este
regimentó, se cumpra inviolavelmente como parte d'efe; e, quando pelo decurso do tempo pedir
a experiencia, por motivos que de novo obvierem, alterar-se ou emendar-se alguma das cousas
estabelecidaS, se me; fará presente, para que, tomadas asrínfofmagoes néeessarias^ 1résolva o que
for mais conveniente á observancia da justiga e bem doS vássallos em commum;
E este regimentó hei por bem e mandó que em tudo se cumpra e guarde invioláyelmente
como n'elle se contém, por todos os ministros, officiaes e pessoas, a quem por quálquer via tocar
e perteneer; o qual quero que tenha forga e vigorcde leí, sem embargo dé qiiaesquer órdena-
eSe's, leis e estylosy usos-, regimentos ou decretos, que em contrario haja,-qUe todos hei por1 de-
clarados e derogados: ¡ ;¡

';'"C',.V.' .J i6S3 .

Carta de ¡21 dé agosto de 1683, do senhor i). Pedro (I, romo regente, para o corregedor da eidade de Lagos,
Antonio Icijáo Rombo

Eü,; o Principej vos envió muito saudar. Vendo pela vossa carta o que nié referís de que
servindo de auditor da gente de guerra do reino do Algarve, como corregedor qiie sois da co-
marca da cidadé de Lagos, pelo haverem sido vossos antecessores, e que com este fundamento
passagtes ao juiz de fóra; precatorio, para vos remetter todas as causas que houvesse dos solda-
dos, a que nlo dera cumprimento, por entender em outra forma o que se dispoe no § 45.° do
novo regimentó1, me pareceu clizer-vos que os juizes de fóra sao auditores das pragas e sen-

1 De 1 de>nho de 1678.
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tenceiam com os governadóres d'ellas na primeira instancia os soldados que gosam do privilegio
militar e dio appellaglo e aggravo para os governadóres das armas das provincias e auditor
geral. E quando naB pragas nlo ha governador, sentenceiam os juizes só; e dio appellagao e
aggravo para o.governo da provincia e auditor geral. E como n'essa eidade de Lagos o: nlo ha
e n'ella assiste. o governador capitao general d'esse reino,, para elle e vos, que servís de auditor
geral, ordeno ao juiz de fóra que dé appellagao e aggravo, e nlo para a relagao ou oüvidoria
do governo; e o mesmo mando aos mais julgadores d'esse reino o observem n'esta forma. Eem-
qüánto a se vos nao dar cumprimento ao precatorio para se vos remetterem as causas dos sol-
dados, vos nao toca mais que senteiicial-os com o governador capitao general no gran da appel-
laglo, por ser o que sempre se usou e dispoe o mesmo regimentó.

;. ,;::' ";-:.';.' ;". 1606 .


-''.".'.,'',,'

Aliará de 21 dé Janeiro de 1696

Eu, El-Rei, fago saber aos que este alvará;virem, que por me representar a. junta da admi-
nistragao do tabaco o grande, -prejuizo que feSuItavá á minha fazenda da; publicidade com que
os soldados vendiam tabaco, e que, necessitáva de effieaz e prompto remedio, porque de outra
sorte faltaria o rendimientodo tabaco para as consignagoes a que estavá applicádo, sendo a
maior e principal d'ellas ó¡ pagamento dos mesmos soldados;; fui; servido resolver que todo o sol-
dado qué for achado descáminhando ou vendendo tabaco, ou se Ihe provar que vendeu, perca
todos os servigoáj e seja írremissivelmente degreclado por tempo de cinco ánnos para Angola; e
que os officiaes de guerra, que souberem que algum soldado descaminha ou vende, tabaco, e¡ nao
proeederóm contra elle, a prisao e derém contá ao governador das armas, pefcaín os seus seryi-
gos,, e sejam privados dos ¡postos que tiverem;e o mesmo se entenderá n'aquelles officiaes de
guerra, que nao dereui; favor ás justigas para prenderem ós soldados por este delicto. E para
que assim se execute invariavelmente, e venhá á noticia de todos, sem que se possa allegar
ignorancia^ mandei passar esté alvará, que quero se cumpra e guarde, e.tenha forga de lei.
Pelo que mando, etc.
.,
1?Q1
;•'.' Ahará de 9 dé agosto dé 1701

Eu,,,El-Rei, fago saber aos que meu alvará virem, que, por nao estar bastantemente pró-
vido no regimentó das fronteiras, nem no alvará de 1665, de remedio para as fraudes, que cada
dia.se, experímentam-maiores na cavallaria em grande prejuizo de nieu. servigo: hei por bem
que de hoje.,em diante a nenhum cavallo se dé baixa, sem que se apresentem na védoria aquel-
Íes que os capitles venderem, para se melhorarem de outros capazes de servigo para serem
contramarcados; e depois que o forem, entao se lhes dará baixa. A contramarca ha de ser cor-
tar-se-lhes a orelha esquerda, para que fique troncho; e pó"r-se-lhes ferro na anca da; parte
direita, de modo que se lhes nao possa eobrir com o xairel; e o numero que tiver da compa-
nhia, atravessado com outro ferro; e toda pessoa que comprar das tropas, sem estas contra-
marcas, perderá o cavallo e pagará o valor d'elle em tresdobro; e o capitlo ou cabo que o
vender, pagará o valor do mesmo cavallo e o mantimento que tiver comido na companhia em
tresdobro; e sendo algum cavallo sem estas contramarcas, achado em sege, será perdido para
o official dé guerra ou justiga que o tomar.; e o capitlo pagará o tresdobro do niahtimento que tiver
vencido na tropa; o que se entenderá ainda que o capitao mesmo vá na sege ou outro algum
cabo; e os cavallos que hoje se acharem comprados, que foram das tropas, serlo seus donos
obrigádos a mandal-os contramarcar á, védoria em tempo de quinze dias; e nlo,.o fazendo; fica-
rló seus donos incorrendo ñas mesmas penas; e as contramarcas serlo as ácima referidas, e se
lhes.cortará tambem a,orelha esquerda; e de todas as contravengoes; a este, alvará poderá
denunciar quálquer pessoa diante do auditor geral, para o qual ficará o cavallo que se julgar
por perdido; e. as mais penas^hlo de ficar pertencentes á minha fazenda, e se entregarlo no
thesouro da junta dos tres estados para as remontas da cavallaria; e todo cabo ou;official de
guerra que encontrar cavallo em sege que seja das tropas, sem estas contramarcas, e o nlo
tomar, perderá o posto e os servigos; e o ministro da justiga que o nlo tomar, perderá o logar
e será riscado de meu servigo; e os alcaides e meirinhos, que vendo os ditos cayallos em seges,
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os nlo tomarem, sendo proprietarios, perderlo seus officios, e sendo sefventuarios, perderlo as
serventías e ficarao incapazes de poder entrar em outras, e em officios de justiga ou fazenda.
E este alvará será publicado em forma de lei na chancellaría mor do reino para que chegue á
noticia de todos, o qual valerá como carta, etc.

1706
Decreto de 10 de Janeiro de 1706

Mandei ver e considerar a duvida que se moveu no conselho de guerra entre o visconde de
Barbacena, conselheiro do mesmo conselho, e os mais conselheiros que nlo sao títulos, sobre a
preferencia que devem ter entre si; e ponderadas as rasoes que se me offereceram assim por
parte do mesmo visconde, em que pretende preferir em rasao do seu titulo aos mais conselheiros
que nlo slo títulos, e as que tambem estes me offereceram por sua parte, procurando mostrar que
o que deve regular a preferencia entre elles e o dito visconde é sómente a antiguidade da posse¿
sem Ihe poder prejudicar a ella o titulo de visconde: fui servido resolver qué o titulo de vis-
conde, que tem por mercé minha, o dito visconde de Barbacena é o que basta para preceder
aos mais conselheiros que nlo téem este titulo; porque, supposto que. elle a respeito dos outros
maiores de conde, marquez e duque seja por elles precedido e tenha d'elles grande différenga,
comtudo, a respeito dos que nlo slo títulos, fieá tendo urna, dignidáde a que chamaní real ou
regia, e constituido em superior ordem áos que aínda nao alcangaram a dita dignidáde. O con-
selho o tenha assim entendido, e que n'esta conformidade deve o visconde de Barbacena prece-
der pela raslo de seu titulo aos conselheiros do mesmo conselho que nlo sao titulados, añida
que sejam mais antigos na posse'e exercicio do logar de meus conselheiros de guerra.

Decreto de 16 de Janeiro de 1706

Representando-se-me que os officiaes de guerra nao assistiam nos seus tergos e tropas, e
sem licenga minha ou excedendo o tempo d'ella, se ausentam das pragas em que se achavam de
guarnigao, em grave prejuizo do meu servigo: fui servido resolver que, os que commetterem
similhante delicto, fossem privados de seus postos; e ordeno tambem se lhes ponha a nota de
fúgidos; e alem d'isto farei com elles a demonstragao que me parecer. O conselho de guerra o
tenha entendido.

Em resolugao de 30 de agosto de 1706 foi o senhor D. Pedro II servido resolver que contra
mulher alguma se procedesse a prisao por cousas militares; e que com os soldados auxiliares,
que fugissem, se praticaria o bando que mandara deitar para que fossem feitos pagos; e os que
nlo fossem capazes d'isso trabalhassem ñas fortificagoes das pragas, dando-se-lhes sómente o
pao de muniglo; e que os soldados pagos,-aínda que desertassem para dentro do reino, fossem
condemnados a morte natural, desertando do exercito ou das marchas para elle, ou dos presi-
dios das pragas, que podiam ser atacadas ou surprehendidas, e especialmente das conquistadas
aos castelhanos, nlo tendo os soldados justa causa para fugirem; o que se entendería, nlo po-
dendo de outra maneira subsistir; e que os governadóres das armas deviam ter particular cui-
dado de se remetterem uns aos outros os soldados ausentes, que houverem ñas suas provincias,
e nao consentirem que n'ellas estivesse pessoa que podesse pertencer a outrem; e que, quando
algum governador das armas tivesse noticia que em provincia alheia estava alguma gente que
Ihe pertencia, a podesse pedir da parte do mesmo senhor ao governador d'ella; e que, no que
respeitava ás custas que fizessem os ditos soldados que se ausentavam, se devia fazer na forma
que veneiam os caminheiros, comegando de um até quatro homens; e que estas se poderiam
cobrar dos rendinientos dos bens de raiz ou dos movéis, ficando reservados os vestidos e roupa
de uso dos homens e mulheres.

1708
Alvará de 20 de reverciro de 1708

D. Jólo, por graga de Deus, Rei de Portugal, etc.


Tendo mostrado a experiencia que nos meus exercitos, por se coinporem de differentes na-
coes, resultavam alguns inconvenientes e desordens pela diversidade. dos postos e dos estylos,
o
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que entré si pratíca cada urna d'ellas, fui servido resolver se fizessem estas novas ordenanga»
militares, que mando se observem pontualmente, sob pena de se terem por desobedientes ás mi-
nhas ordens os que as nlo.observaren!, e prohibo qué nenhuma pessoa de quálquer grau, qua-
lidade ou condigao que seja, possa fazer-me representaglo alguma sobre o conteúdo ii'ellas; e
para que sempre tenham a sua devida observancia e fiquem n'ella, revogo quaesquer regimen-
tos, decretos e ordens particulares dos senhores reis meus predecessores, que directa ou indire-
ctamente encontraren! estas minhas ordenanzas^porquanto quero que só éstas se cumpram é
guardem na forma segúrate:
Ñas mesmas ordenancas encontrase o seguinte:
23.° Prohibo a todos os coronéis de infantería, cavallaria, dragoes e artilheria o tirar algum.
hómém das companhias vagas para rééñdhéf a sua, sob: pena de desobediencia é féstituigab.
24.° Tambem prohibo a todos os officiaes de infantería, cavallaria, dragoes e artilheria vém
dérem algum empfego em Séus regimentos e companhias, sob pena de privagao, alem da résti-
tüigao do dinheiro, qué tiverem fécebido, ó qual se applicará aos hospitáes; e que coñseqüentó-
niente seja privado ó official do seu posto, que lióuvér comprado oú dado algum dinheiro, é tam-
bem dedarádb por inhábil para OCcüpár Outro.
25.° Prohibo da mesma maneira a todos os officiaes offenderem ou injuriarém os sargentos,
aós qitaes se devé attender como officiaes, sob pena de sérém suspensos; porém, que os officiaes
oS poderlo prender, quando faltaren!, e que; se a falta for considéravel ou mau o Séu procédi-
méñtó, o commaüdante do seu regimentó poderá ordenar ao sargento mor o faga privar do seu
postó na roda dos sargentos, e obrigál-o a servir como ultimo soldado das companhias.
37.° Ordeno que todos os ófficiaéS de minhas tropáS, qué: se atisentarem dos seus postos
sem licenga, sejam privados d'elles, e que, se sUceeder que o official, que tiver licenga minha
oü dos que fepreséntam minha péssóa, nao voltar para a süa-obrigagao no dia em que expirar
a dita licenga, Ihe serió detidos os sóidos e tambem, havendo excedido a dois mezes ó termo
de suá licenga, Será privado do seu posto.
38.° Em cada corpo se devem conservar sempre com assistencia as duas partes dos officiaes,,
permittindo-se só á terceira parte poder ir acudir ás suas dependencias, excepto em tempo de
guerra, e que seja preciso saír á campanha, onde serao obrigádos a achar-se todos os officiaes,.
sob pena de privá-gaó dos postos.
42.° Os sargentos moros das pragas, quando fizerem suas rondas., examinarlo com todo o
cuidado se os officiaes, sargentos e esquadras estío nos mesmos postos, em que devem pór-se;.
é que, no caso ém que achein alguma mudanga, será mudado immediatamente o official, que o
hoüVer feito e mettido em prislo; e o governador oú commandante e sargento mor da praga.
darño conta a quem governar a provincia, e será o dito official privado do seu posto; e pelo que
toca aos sargentos o cabos de esquadra, que houverem mudado de postos, serlo logo presos, e
dará o governador ou commandante da praga conta ao governador das armas, para se sentencia-
rem até pena de inerte, se o caso o merecer.
44.° Pelo que toca aos officiaes da guarnigao, que nao estiverem de guarda, ordeno que a
terga parte d'elles faga todas as noites rondas ao redor das muralhas ñas horas sinaladas pelos
governadóres ou commandantes das pragas, que as regularlo de maneira que, desde que se fe.-
charem as portas até se abrirem, haja, sendo possivel, sempre officiaes sobre as muralhas; e
quando os officiaes nao cumpram com a sua obrigagao, serlo presos por quinze dias, e pelos
mesmos privados de seus sóidos, que se applicarlo ao hospital do seu districto.
51.° Os officiaes que nlo cumprirem e obedeeerem a tudo o que aqui se ordena (nos dois
paragraphos antecedentes, que versam sobre como; marcharlo as rondas o sentinellas para os
seus postos, etc.), serao pela primeira vez privados dos seus sóidos por quinze dias e da se-
gunda privados dos seus postos; e os cabos de esquadra, pela primeira vez serlo presos por
tempo de um mez e pela segunda os porao em praga de simples soldados.
52.° E pelo qué respeita ás sentinellas, as; que se deixarem mudar por outros que nao, se-
jam os seus cabos de esquadra, ou que os nao seguirem, serlo trateados e mettidos em prislo-
por tempo de um mez.
53.° Quando se adiar urna sentinella dormindo ou nao fizer exactamente o que se Ihe nian-
dou, será logo mudado e preso, e immediatamente será trateado a brago soltó; porém, se hou-
ver faltado á ordem por trato será condemnado á morte.
77.° Prohibo, sob pena de vida, a todos os officiaes das minhas tropas o tirar pistola ou
espada contra os seus coronéis ou commandantes; e a todos os officiaes de infantería, cavallaria.
e dragoes de igual graduagao, assim ñas pragas como ná campanha, prohibo tambem o tirar pis-
tola ou espada uns contra os outros, excepto no caso de sua defeza natural; e ao que se adiar
por informagoes summarias, haver sido aggressor, será privado do posto e eonstrangido a servir
de soldado no mesmo regimentó em que era official; e os soldados, que contra os seus ofiiciaes
tirarem pistola oñ espada, terlo a mesma pena.
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Forma em que se nao de castigar os officiaes e soldados .que delinquirem,


assiin em campanha como ñas pragas e quarteis
146.° Nao.¡sendo possivel conservar na devida obediencia e disciplina agente ,de guerra.,
sem prompto castigo dos delictos que .commetterem, e nlo se podendo conseguir por uní dilatado
processo., como ordinariamente se fazia, resultando d'esta dilagao ou ficaijem sem castigo ou
executar-sé tao tarde, que já nao fazia impressao nos soldados.; fui .servido resolver que, achan-
do-se o exercito em campanha e delinquindo quálquer official oú soldado., seja logo preso, e o
sargento mor ou ajudante, na sua ausencia, se informe do delicto que eommetteu o soldado do
seu regimentó., e sáiba o nome e térra do delinquénte, e vé de tudo dar parte ao governador
das armas e ao auditor geral do exercito, o qual fará no termo de vinte e quatro horas.súmma-
rio ou processo do ¡dito delinquénte, e dará conta ao general de qne está em.termos, paila, com
o mestre de campo general, qne estiver de semana, logo o sentenciar.
147É° Nos qüarteis ou pragas, quando os delictos mereeerem pena capital, se prenderá o
réu e se fará a pfova do delicto pelo auditor de guerra do distrieto, e se remetiera o processo
e .ron ¡ao auditor geral, para ser sentenciado onde o general se achaf, na forma ¡referida; porém,
quando os crimes forem dos em que só tem logar pena extraordinaria, se nao prenderá o réu;
e, sendo o delicto por transgresslo dé algum báñelo, será sentenciado ,na fórmá referida pelo
dito auditor do elistricto com o commandante da praga ou.quartel, e os coronéis assim de infan-
teria como de cavallaria e dragoes; o, quando ompatem, poderá desempatar o dito comman-
dante, e a sentenga se executárá sem appellagao nem aggravo, excepto se o réu tiver o foro dé
fidálgo ou o posto de ¡capitao de infanteria para cima inclusive; porque, tendo o réu quálquer
d'estás qualidades, se Ihe dará appellaglo e aggravo da sentenga para o auditor geral .do exercito.
148.° Quando se houver dé executar a sentenga de morte em algum criminoso,;será trazido
com boa guarda ao logar, em que estiverem as tropas em batalha, e se tocarlo os tambores e
se mandará langar bando, em que se prohiba com pena de morte a todos os soldados ele ¡quál-
quer qualidade que sejam dareni vozes pelo perdió do delinquénte:; e üda a sentenga na frente
das mesmas tropas, será eonduzido ao logar do Simplicio.; e, se o réu for condemnado a ser
arcabuzado, se atará ao poste, e o destacamento que o houver conduzido., se pora em tres filei-
ras diante d'elle; ¡e, quando o sargento, que vier com o dito destacamento, fizer o signal, se
chegará a primeira fileira tres ou quatro passos e dará a, carga, e tocarao os tambores, e o
destacamento que pegou ñas armas para assistir a esta execugao, desfilará por quatro, passando
.por diante do morto.j que...depois d'isto será levado a enterrar*
149.° Se o criminoso for condemnado á forca ou outro .quálquer genero de morte, depois de
exe.cutacla, desfilarlo as tropas tamben! diante do morto na forma referida.
150." Quando se executarem as penas extraordinarias, se for no exercito, será na frente
das linhas; e ñas pragas ñas partes publicas, pegando .ñas amias a guarniglo que n'ellas estiver
ou a maior parte d'ella.

Regra e ordem que se ha de ter na suhordinaQao e disciplina da ¡gente de guerra


151.° Mando a todos os soldados de infanteria, cavallaria, dragoes e aos dé artilheria que
respeitem a todos os officiaes de seus r.eginiehtos, como de todos os mais do exercito, sob pena
de se fazer com elles urna severa demonstragaOi
152.° Todo o soldado de infanteria, cavallaria, dragoes e artilheria será obrigado a obede-
cer aos cabos de esquadra da sua companhia em tudo quanto Ihe mandar tocante ao servigo,
sob pena de dois annos de gales.
153.° Todo o soldado de infanteria, cavallaria ou dragoes obedecerá igualmente aos cabos
de esquadra ele outros regimentos, quando se acharem mandando-os em algum destacamento ou
de guarda com elles, sob a mesma pena de gales.
154.° Quálquer soldado de infantería, cavallaria e dragoes, que por obra oífender .ao cabo
de esquadra da sua companhia, ou áquelle que em alguma funegao o estiver mandando, será
castigado com pena de morte.
155.° Todo o soldado de infanteria, cavallaria e dragoes, que por obra offender aos sar-
gentos de quaesquer regimentos do exercito, será tambem castigado com pena de morte.
156.°- Todo o soldado de infanteria, cavallaria e dragoes, que offender por obra a quálquer
official de seus exercitos, será castigado com a mesma pena de morte.
157.° ¡Quando os soldados de infantería, cavallaria ou, dragoes commetterem alguma desor-
dem, os officiaes de quaesquer regimentos que sejam procuren! estorval-a, fazendo-os prender; e
se os ditos soldados se pozerem em defeza, resistindo aos officiaes, aínda que sómente empu-
nhem a espada sem a clesembainhar, ou outras quaesquer armas para se defenderem, serlo
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levados ao auditor geral, para serem sentenciados na forma do seu regimentó em pena de morte,
provando-se na forma da lei.
158.° A mesma obediencia que os soldados dé infanteria, cavallaria ou dragoes devem ter
aos officiaes de seus exercitos, quero e mando tenham a mesma aos de meus alliados, quando
se acharem juntos, sob pena de vida; porque reciprocamente obrarlo na mesma forma-os sol-
dados de meus alliados a respeito dos officiaes de meus exercitos.
159.° Mando a todos ós soldados de infanteria, eavallaria ou dragoes que se acharem em
marcha, quartel ou guarnigao, que nao maltratem ou violentem a seus patroes, pena de um trato
de corda, e que o mesmo se entenderá na artilheria.
160.° Se acontecer algum motim, sublevagló ou desordem consideravel em alguma praga;
o governador e ministro de justiga d'ella fárao fechar as portas, para que immediatamente se
prendam os aúctores para os fazer castigar; e o coronel ou commandante da companhia estará
obrigado. a entregar o official ou soldado de infanteria, cavallaria, dragoes ou da artilheria, que
houver delinquido; em falta do que se fará cargo ao dito commandante do crime que se impozer
ao accusado.
161.° Todo ó cabo e official de guerra será obrigado a dar ajuda e favor em todas as occa-
sioes aos ministros de justiga; e assim lhes encarrego atalhem as desordens, pena de suspenslo
de seus postos.
162.° Todos os coronéis ou commandantes teflo auctorídade de suspender aos seus officiaes
dos empregos que tiverem; de tal maneira que por mún serlo restabelecidos parecendo-me, oú
pelo meu general.
163.° De todos os soldados de infantería, cavallaria ou dragoes, e dos da artilheria que por
este reino forem com licenga ou sem ella, e insultarem OÚ roubarem a meus vassallos ñas cida-
des, villas oú logares, poderao as justigás das térras fazer apprehenslo, e os remetterlo com
Segurangá ao auditor geral da provincia, onde constar que serviám, com ás devassas que tirarlo -
do seu crime, com toda a brevidade possivel á custa dos bens do concelho, onde se eommetteu
o delicto ou da cabega da comarca, nlo havendo n'elle effeitos, para serem castigados conforme
mereeerem os seus delictos para exempio dos mais.
164.° Mando a todo soldado de infanteria, cavallaria ou dragoes nao falteni a nenliuma ope-
raglo militar sem permissao dos seus officiaes ou sem legitima causa, nem desampárela o logar
em que for posto, sob pena de morte; e o mesmo se entenderá com os da artilheria.
165.° Todos os soldados de infanteria, cavallaria ou dragoes, que nlo se acharem em algum
rebate, campo de batalha ou outra quálquer operaglo com a mesma promptidao que os seus
álferes, e nlo tiverem legitima escusa, serao ápoleaclos;' e que o mesmo se entenderá com os da
artilheria^
166.° Todo o soldado de infanteria, cavallaria, dragoes e artilheria, que em urna pendencia
chamar ou appellidar regimentó ou companhia para seu soccorro, será apoleado.
167." Quando os soldados estivereni com as espadas ñas míos para brigar e algum offieial
lhes disser que se apartem, ¡inmediatamente serlo obrigádos a obedecer-lhe, sob pena de polo.
168.° Nenhum soldado de infanteria, cavallaria, dragoes e artilheria, que tiver com outro
pendencia, poderá chamar algum para que vá em seu soccorro, sob pena de que assim elle,
como os que o acompanharem, serem apoleados.
169.° Quálquer soldado de infanteria, cavallaria, dragoes e artilheria, que de caso pensado
ferir aleivosamente ou ñas marchas, será castigado com pena de morte.
170.° Todo o soldado de infanteria, cavallaria ou dragoes e artilheria, que insultar o outro
ou tirar pela espada contra elle, estando de guarda ou ás ordens ou em alguma funegáo, será
apoleado.
171.° Quem pegar ñas armas no corpo da guarda, ou tirar por faca ou espada para offen-
der outro soldado ou paizano, será condemnado em quatro annos de galo, e o mesmo castigo
terá o que puxar pelas mesmas armas nos quarteis.
172.° O que furtar as armas ao seu cantarada ou roubar quálquer cousa no regimentó será
trateado na polé.
173.° O que furtar em igrejas, assim na campanha como na praga, e ainda nos logares,
que se saquearen! cousas pertencentes ao uso e servigo das ditas igrejas, será condemnado á
morte.
174.° O que forgar quálquer mulher seja enforcado.
175.° O que roubar vivandeiro ou mercador do exercito, ou aos que a elle ou ás pragas
trouxerem mantimentos ou outros géneros, em chegando o furto a meio marco de prata, será
enforcado, e, se for de menos, ficará a arbitrio do governador das armas.
176.° Todo o ladrlo de tenda ou toja será castigado com pena de morte, se a importancia
do furto e as circumstancias com que se fez forem as que referem as leis do reino.
177.° Quálquer soldado de infantería, cavallaria e dragoes, e da artilheria, que fizer trapaga
ou engañar no jogo, será castigado em pena corporal arbitraria; e prohibo ñas pragas e ñas
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companhias todo o genero de jogo dos illicitos e prohibidos pelas leis d'este reino, com pena de
suspenslo. dos postos e sóidos por tempo de dois mezes pela primeira vez, e pela segunda com
privaglo total d'elles; e aos soldados com dois tratos de polé pela primeira vez, e pela segunda
com dois annos de gales; e aínda dos jogos permittidos prohibo, o excesso do prego; porque,
hávendo-o, ficam igualmente illicitos; e deixo no arbitrio do general a decisao d'esta materia.
178.° Prohibo com pena de morte a todo o soldado de infanteria, cavallaria, dragoes e da
artilheria o injuriar ou impedir ao preboste ou a quaesquer ministros das execugoes o fazel-as,
179.° Quando o coronel ou quálquer commandante do regimentó pedir algum soldado in-
fante, de cavallo, draglo ou da artilheria, que tiver feito algum excesso, o que o ddxar escapar
ou occultar, será castigado em seu logar.
180." Toda a pessoa que embaragar o castigo dos tumultos e desordena, incorrerá em pena
de morté.
181.° Quando um destacamento tiver ordem para prender alguns culpados, óu tendo os já
presos para os levar á prisao ou a outra parte, se os que conduzirem os criminosos os forem
investidos e os largarem, se prenderá a guarda que os condüzia, e logo se farao as informagoes
que se remetterlo ao auditor geral; e constando que os soldados nao fizeram o que deviam,
para lhes nao tirarem os presos, e que entre mis e outros houve alguma intelligencia, se proce-
derá contra oS que se adiar nao cumpriram com a sua obrigagao, e langárlo sortes para os que
se houverem de apoleár ou morrer, á proporglo da consequencia do caso e da falta que houve-
rein commettido, e que, se o official que mandava o dito corpo nao houver cumprido com a sua
obrigagao por dissimulaglo ou cobardía, será privado do posto e inhabilitado para tomar áfmás.
182.° Quando se prender algum criminoso e o .entregaren! a um corpo de guarda, o¡ com-
mandante d'elle terá grande cuidado em que esteja com toda a seguranga, e Ihe dará o numero
de sentinellas necessario para a sua guarda; e se escapar,"nevé dar conta d'elle ó commandante;
e, se suceeder que falte por sua culpa, será privado do seu posto; e quando se justifique haver
sido por falta dos soldados da sua guarda ou das sentinellas e se verificar que o deixaram fugir,
ou expressamente ou por negligencia, serlo condemnadosna mesma pena imposta pelo regimentó
ao dito crime, porque o preso infante, cavallo ou draglo ou da artilheria hajam sido accusados.
183.a Prohibo com pena de morte a todo o soldado de infanteria, cavallaria, draglo e da
artilheria o pedir, gritando, a paga, ou servir-se de outro algum termo ou fazer alguma denion-
straglo, que excite a motim ou sediglo, e lhes mando calem sem queixa o devef-se-lhes algum
dinheiro, respeitando a que, quando se lhes nlo pagar no tempo assignálado, é por nao ser
possivel.
184.° Assim mesmo prohibo a todos os soldados de infanteria, cavallaria, dragoes e da
artilheria o juntarem-se e darem algum grito, que incline a sediglo; e que, quando um regí-,
mentó estiver em batalha ou que os soldados estiverem em companhias em aígumas partes, e
sair do batalhlo ou das ditas companhias algum discurso encaminhado a desobediencia,
mando aos officiaes que se acharem presentes acudam á parte, onde tiverem ouvido a voz, e
prendara, a cinco ou seis soldados pouco mais ou menos, e os mandarlo entregar ao auditor ge-
ral para os condemnar á pena de morte, no caso que nlo queiram declarar o culpado, nem fosse
possivel descobrir-se, constando o podiam saber; e o auditor geral os obrigará a que lancera
sortes, para que um d'elles seja arcabuzado.
185.° Mando a todos os soldados de infanteria, cavallaria, dragoes e artilheria recebara os"
soccorros que se lhes quizerem dar em dinheiro ou pao em quálquer quantidade que seja, com
pena de polé ao que o recusar; porém, se o dinheiro ou pío nao for do peso que tenho orde-
nado, poderlo fazel-o presente alguns soldados a quera mandar o regimentó, que nao lhes fa-
zendo justiga, recorrerlo ao governador da praga, estando em guarniglo, e na campanha a quem
mandar o exercito; fazendo porém" a sua representadlo com muita humildade e só quatro ou
cinco juntos.
186.° Quando o mestre de campo general, que estiver de semana, passar mostra á infante-
ria, cavallaria, dragoes e artilheria com os directores e vedor geral ou seus commissarios de
mostras, poderlo, os soldados representar-lhes o prejuizo que seus officiaes lhes houverem cau-
sado; e achando-se serem certos, os ditos generaos obriguem a que se lhes faga justiga e se
lhes restitua o que entenderem dever-se-lhes; e os mestres de campo generaes de cavallaria e
artilheria poderao fazer o mesmo quando lhes passarém mostra em particular.
187.° Se pelas ditas queixas os officiaes maltratarem os soldados, mando aos ditos generaes
e directores os suspendam immediatamente do exercicio de seus postos pelo tempo que lhes
parecer. -"
188.° Prohibo a todo official ou soldado fallar ou conversar com tambor, trombeta ou bola-
tim dos inimigos sem permisslo dos seus superiores. '
189.° Quálquer soldado que furtar gado ou fizer quálquer outro furto domestico, que ex-
ceda o valor, dé mareo, de. prata, será enforcado; e nlo chegando ao dito valor, será condemnado
pela disposigao. da leí do reino..
38

190.° Todo o que jurar falso terá a mesma pena de morte,| quando peló «BU juramento
cause daamo irreparavel ao servigo ou ao crédito e honra de nieus vassallos; ©, nao resultando
este danmo, será eondemnado a agoutes e gales; -e-*> que blasfemar do santo nome de Deus, da
Virgem María ¡Nossa Senhora e dos Santos será apoleado e levará mordagá; ípelo que mando
a todos os officiaes, em cujos corpos servireni os taes blasfemos, os etítreguem aos «argentos
maiores de seus regimentos, e a «stes que logo os entreguem á ordem do auditor gerál,: para
serení proinptamente castigados.
191.° Todo aquelle que vir fazer algum delicio e nao procurarou por si ou gritando para
que-se prenda o delinquente, será apoleado.
192.° Os que cortareni arvores de fructo de particulares ou atirarem a gallinhas e maís ani-
maos idomestiísos serao apoleados. - : >
193.° Prohibo aos ofíiciaes e soldados^tomarem aos seus patroes, onde forero, alojados, mais
do que aquillo que sao obrígados a dar-ihes, que veni a ser, cama,-candeia, aguaj íeiihaie sal,
sob pena aos officiaes de perdereni os seus postos, e aos soldados de tres tratos-de pelé.
194;? ¡Nenhum soldado infante, de cavallo ou di'agSo se separe do seu;regimento, estando
as companhias em marcha, com pena de polé; e com pena de morte ao que fd'slle se separar
mais de meia legua.
19ov° iNerihuní soldado infante, dé cavallo ou dragao tome aos habitantes por onde passar,
comisa alguma; ou fira ou maltrate a algum nos alojamentos ou aas marchas, sob pena'de ser'
castigado ate pena de morte, se o caso o merecer, ficando a arbitrio do goyernadói- das armas;
e o ;eommandaute: que vier ia dita marcha, será obrigado a prender logo © ¡soldado delinquente
e entregal-o ao gOvernador das armas, sob pena de perdimento do posto e-'de. isatisfazer á parte
o damno reeebido á sua custa; e para que se nao possa oecultar, ordeno á todas as justigas dos
logares, por onde passareni as tropas^ou onde estiverem alojadas, mandem um extracto judicial
dos casos que succederem ao governador das armas da provincia, par.a onde fizereni a dita
marcha, declarando o nome do commandante e dos soldados aggressores, 'da provincia de onde
saíram, e fazendo o contrario os ministros de justiga serao suspensos até minha mercéi
196.° Todas as desordens commettidas ñas marchas pelas eoinpanhias serao ¡satisfeitas
á custa dos officiaes que se aeharem com ellas, e o commandante responderá em Hozne de
todos.
197.° Prohibo a todos o por escolta armada ás bagagens na marcha do exei-oito, nem -man-
dem soldado algum de infantería, eavallaria ou dragao e da artilheria em seu iservigo, com pena
de suspensao de postos.
198.° Síando que nenhum soldado infante, de cavallo ou dragao e da artilheria, ném os
criados dos officiaes, nem outros algnns peguera fogo em parte alguma, nem tornera nada ñas
partes, onde for permittida a forragem, excepto esta, madeira eos paus necessarios para o acam-
pamento, sob pena de morte.
199.° Binguem entro ñas partes onde houver salva-guardas, nem lhes faga violencia, pena
de morte^
'200.° Nao impidam uris aos outros as marchas ás suas bagagens, com pena a arbitrio aos
criados que para isto fizerem forga ou violencia.
201.° Nenhum Boldado infante, de cavallo, dragao ou da artilheria dispare arma em marcha
ou no campo, pena de polé; e ao commandante da companhia suspensao do posto, se logo o nao
mandar, entregar ao auditor geral, e quando por causa das chuvas for necessario que descarre-
guem as armas os commandantes de cada corpo lhes farao descarregar sobre térra, de maneira
que nao haja algum perigo.
202.° Prohibo a todos soldados de infantería, eavallaria, dragoes e ¡da artilheria vender
tabaco, aguárdente ou outros géneros de que me sejam devidos direitos; como tambem occul-
tal-os ou p61-os em segunda mao, pena de polé.
203^° ísfenhuma pessoa de qualquer qualidade que seja compre vestidos, armas, nem caval-
lós aos soldados de infantería, eavallaria ou dragoes e artilheria, pena de ser Itudo confiscado e
de 10#000 .reís mais de condemnagao, e pena de morte aos soldados que as venderem.

Regimentó oontra desertores


204.° Todo o soldado pago de infantería, eavallaria ou dragoes e artilheria, que desertar
do exercito ou das pragas pai'a os inimigos ou para dentro do reino, será eondemnado em ;pena
de morte.
205.° Os soldados auxiliares que, estando em pragas ou em campanha, desertarem para o
reino, serao logó feitos soldados pagos, e fugindo para o inimigo, terao a -pena de ¡tránsfuga.
206.° Prohibo a todo o soldado de infantería, cavallaiia ou dragoes e artilheria ipassagem
de urna companhia para outra, sem licenga por escripto do seu capitao e firmada -pelo eommaiir
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dante do i*egimento¿ e do governador ou commandante da praga; nem deixem a sua companhia


sem a mesma iieenga para ir a sua casa, sob pena de polé.
207.° Havendo differentes desertores de um mesmo regimentó, langarao sortés para serem
castigados com a pena e na forma das niinhas ordens, que sao: de cinco, um; e d'ahi até cento,
de dez, um; e de cem para cima, de vinte, um. ,
208.° Toda-á pessoa que, depois. de: ser feito soldado e ter reeebido soccorro, se ausentar
do servigo, será-tido por desertor^ como se houvesse já assentado praga e reeebido soldo^ é como
tal será castigado.
209¡° Todo o. soldado de infantería^ eavallaria, dragoes e artilheria, que sáír do logar onde
estiver de guarnigao ou: aquarteladó, ese desviar d'élle mais de duas leguas sém licenga por es-
cripto, será apoleado, ainda que o seu capitlto declare haver-lhe dado licenga de palavra¿ r
210.° Os soldados infantes, de eavallaria, dragoes e artilheria, que forem presos na distan-
cia de meia legua da guarnigao ou quartel, desertando para as térras do inimigo, seráo todos
condemnados á morte; e, se em menos distancia estiverem os confins das fronteiras, os que os
passarem serao castigados com a mesma pena.
211." Prohibo com pena de. morte a todos os soldados de qualquer condigao que sejam,
aconsélhar ou induzir uns aos outros para desertar.
212.° Ordeno que qualqiier soldado, que por enfermidade se-for curar ao hospital e: que
logo que saír d'elle se nao for encorporar na sua.compauhia, seja preso como desertor, estando
capaz de servir. .,..,-..,..
213.° Os officiaes, que em suas companhias receberem algum soldado desertor ou/qué por
tal seja conhecido,, sem o perdao, serao despedidos e privados de seus postos.
214.° Mando que, todos os capitaes da eavallaria e dragoes que, para trazer ás suas com-
panhias algum soldado infante, contribuir para a sua desergao ou o detiver depois de se ter no-
ticia d'ella, sejam privados de suas companhias; como tambem qualquer capitao de infantería,
que consentir em que algum soldado da sua companhia se passe a outra de eavallaria, dragoes
ou para a mesma,infantería; e que o soldado, que n'esta forma se pasear, será castigado como
desertor.
215.° Ordeno que, logo que for preso algum desertor, o capitao da companhia de que hou-
yer desertado ou sargento maior do regimentó o remetta logo ao auditor geral ou ao distrícto
onde se aeharem, os quaes serao obligados a formar-lhe immediatamente o prpeesso em termo
de quarenta e oito horas.
216.° Ordeno que todos os governadores das comarcas, capitaes mores,' e mais officiaes de
guerra, como tambem a todos os corregedores, juizes de fóra e mais justigas fagam as diligen-
cias possiveis para prenderem todos os desertores; e, presos elles, os remetterao (á custa dos
bens do concelho onde estiverem ou da cabega da comarca, nao havendo n'elle effeitos) aonde
quer que estiverem os seus regimentos; e os seus commandantes os remetterSo logo ao auditor
geral para serem castigados: tendo entendido que, de nSo observaren! o referido, rne'darei por
muito mal servido; e, para que nao possa passar pelos districtos desertor algum sem que o sai-
bam, ordenaráo que de toda a pessoa, que chegar aos ditos districtos, lhes deem eonta e a levem
á sua presenga para examinaha e saber se é ou nSo soldado, e, sendo-o, se leva ou nao licenga.
217.° E, para que esta diligencia se faga mais exactamente e saibam os officiaes de guerra
das comarcas e os ministros de justiga as penas em que deveni incorrer pela sua omissáo na dita
diligencia do capitulo ácima; os governadores das comarcas e todos os seus inferiores pagarao
irremissivelmente por cada desertor, que consentirem nos seus districtos sem os prenderem, réis
20$000 pai-a a despeza dos hospitaes da provincia onde servia o dito desertor, e na perdigSo de
seus postos; e os ministros de justiga dos mesmos logares serao excluidos d'elles e do servigo
para sempre; para o que tenho ordenado ao desembargo do pago mande perguntar ñas residen-
cias por este caso, com recommendagao muito particular, e os nao admitía a fazer opposigao a
outros logares sem apresentarem certidao dos cabos maiores, que governarem as armas da pro-
vincia, pela qual conste que deram satisfagao ao que se lhes ordena n'este capitulo.
218.° Toda a pessoa, que proteger e tiver em sua casa desertor, será condemnada em réis
20f?000, a terceira parte para quem o delatar e as duas para as despezas da guerra.
219.°.Todo o estalajadeiro ou vendeiro, que der pousada a desertor terá a mesma pena pe-
cuniaria e dois annos de degredo para Castro Marim; e a mesma pena terá o barqueiro, que o
passar em algum rio na sua barca.
220.° Ordeno a todos os títulos e fidalgos que nao tomem em seu servigo desertor algum ;
e fazendo o contrario, usarei com elles a demonstragao que me parecer.
221." Sendo informado qué os ecclesiasticos costumam recolher em suas casas e conventos
muitos desertores, lhes mandei escrever e declarar seria muito do meu desprazer o protegel-os
ou servirem-se d'elles; e quando, como nao espero, fagam o contrario, ordeno e mando a todos
os officiaes de guerra e justiga, a quem constar que elles fazem o contrario, me deem conta, para
que eu possa com elles usar aquellas demonstragoes, que corresponderem á sua desattengao ;
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tendo entendido os meamos officiaes que, se por alguma informagao particular, me constar que
ñas taes casas e conventos estao desertores recolhidos, e elles o dissimularem e faltarem em dar-
me conta, os hei de castigar severamente.
222.° Todo o referido se pratieará com todos os desertores de meus alliados que sérvém e
vierem servir a este reino.
223.° A toda a pessoa, que delatar qualquer desertor, o juiz de fóra da villa ou cidade onde
for achado lhe tomará a sua denunciagaó em segredo e Ihe pagará logo pelos bens do concerno
60000 réis; e nao havendo juiz de fóra, lh'a tomará o official maior das ordenangas que houver
no tal logar¿ e avisará a justiga da cabega da comarca, para qué mandem satisfazér os ditos réis
6$000 ao denunciante; e nao fazendo esta diligencia o dito official da ordenanga, sendo áccusado
pelo dito denunciante, lhe pagará de sua fazendá 120000 réis.

Regimentó para castigar as pravas suppostas


228.° Mando que, quando se passarem mostras diante dos officiaes, a que pértence o cuidado
e economía de suas tropas, nenhum capitao ou official d'ellas da infantería, eavallaria, dragoes e
artilheria introduza em algumas das fileiras de suas companhias soldados SuppostOs, que real-
mente nao sejam soldados; é quando se achar algum d'estes, seja logo presó e agoutado pelo
algoz; e que o capitao ou commandante da companhia, em que for achado, seja logo privado do
seu posto.
229i° Para que as pragas suppostas se descubi"am e ninguem escape da referida pena, or-
deno que a todo o soldado de infantería, eavallaria, dragoes e artilheria, que no tempo da mostra
da sua Companhia delatar o soldado supposto que n'ella houver, se lhe d6 immédiatamente, por
conta dos.sóidos vencidos pelo capitao 10$000 réis, sendo infante ; e sendo de cavallo oü dragoes
200000 réis.
230.° Prohibo a.todos os capitaes e outros officiaes de eavallaria e dragoes apreselitar ñas
mostras algum soldado montado em cavallo pertencente a algum d'elles ou emprestado, seja de
quem for, sob pena de privagao dos seus postos ao capitao ou official que mandar a companhia;
e o soldado de eavallaria ou dragao^ que o denunciar, haverá para si o cavallo denunciado, e
pelos sóidos vencidos do capitao ou commandante 200000 réis, e quando queira escusar-se com
o pretexto de que o dito cavallo se lhe deu para o servigo, se lhe nao admittirá senao provando
que quinze días antes da mostra se lhe tinba dado.
231.° Nenhum domestico dos officiaes de infantería, eavallaria, dragoes e artilheria poderá
asseiitár praga na companhia de seu amo, sob pena de serem reputados por pragas suppostas, e
oS officiaes seus amos privados dos postos; isto se entende com os capitaes inclusive e seus su-
balternos.
232.° Os capitaes nao isentem a soldado algum infante, de cavallo, dragao ou da artilheria
de entrar de guarda ou de outra qualquer funegao de seu servigo, sob pena de ser o capitSo ou
commandante de companhia privado do seu posto e o soldado reputado por praga supposta.
233.° Mando aos coronéis, tenentes coronéis e sargentos maiores de eavallaria e dragoes,
com pena de privagao de seus postos, nao permittam que os capitaes de eavallaria e dragoes
desmontem alguns cávallos, para se servirem d'elles em suas equipagens, e serao obligados, de-
baixo da mesma pena, a me dar conta.
234.° Prohibo a todos os capitaes das tropas vestirem alguns de seus criados como soldados
infantes, de eavallaria ou dragoes de suas companhias; e se o tal criado se apresentar em mos-
tra com o dito vestido, mando que o capitao da companhia, em que for achado, seja privado do
posto e o criado reputado por praga supposta.

Regimentó sobre os assentos da védoria


235.° Prohibo a qualquer pessoa, que assentar praga em seus regimentos, oceulte ou dissi-
mule o nome ou logar de seu nascimento, sob pena de ser castigado como desertor.

240.° Ordeno que^tudo o que se contém nos regimentes antigos, que nao estiver revegado
ou encontrar este, se observe assim pelo que respeita á disciplina militar, como á arrecadagao da
fazenda real.
Em consequenciado referido ordeno e mando a todos os capitaes generaes, mestres de campo
generaos e mais officiaes dos meus exercitos e provincias, governadores das pragas, soldados e
mais pessoas de qualquer condigao que sejam, cumpram, guai*dem e obedegam ao que aquí or-
deno ; e assim o encarrego ao meu conselho de guerra para o fazer observar, e a todos os tri-
bunaes e justigas d'estes reinos e senhorios, etc.
.41

1710
Ahará de 7 de maio de 1710

Eu El-Rei fago saber aos que este alvara virem, que sendo muito conveniente ao meu ser-
vigo que todos os mezes, antes de se pagar aos regimentos de eavallaria e infantería, se lhes leía
as penas em que incorrem os officiaes e soldados, que faltarem á sua obrigagao, tanto as estabe-
lecidas ñas novas ordenangas militares, como as que de novo mando estabelecer n'este alvará,
naósó para as tropas portuguezas, que sao pagas pela minha fazenda, mas tambem para as que
manda pagar a rainha da Gran-Bretanha, minha boa irnia e prima: só.u servido mandar declarar
o- seguinte:
1.° Todo o official ou soldado, que profanar e nao tiver o devido respeito ás igrejas óü qual-
quer outro logar deputado para o culto divino, e ás cousas sagradas-, como tambem aos capellaes
e religiosos, será castigado conforme a gravidade do crírue; e se commetter furto algum ñas di-
tas igrejas ou logares sagrados, será castigado com pena de morte natural.
2.° Qualquer official ou soldado, que estando de guarda faltar a ella, será castigado conforme
parecer, sem que o releve da culpa que tiver commettido, o dizer que estava toldado de vinho ;
porque esta mesma allegagao aggrava mais o seu delicio.
3." Se algum official ou soldado injuriar a qualquer general ou official que governar ó exer-
cito, ou proferir palavras em seu descrédito, será castigado rigorosamente.: - ' -
4.° Todo o official ou soldado que, á vista do seu general ou de quem governar, quizer offen-
der a outro official ou soldado com qualquer arma, incorrerá na mesma pena de morte natural.
5.° Na mesma pena iiicorrerá todo aquelle que nao guardar os passaportes e salvos condu-
ctos dos meus: generaes ou dos meus alliados.
6.° Qualquer official ou soldado que, der causa a algum motim, sublevagao ou desordem no
exercito, será castigado com a mesma pena de morte natural; e haverao a mesma.pena todos os
qué constar se ajuntarem para o dito effeito ou proferírem palavras que o possara causar, e tam-
bem terao a mesma pejia os officiaes, que tendo noticia do referido, nao procurarern evitar o
motim e dar conta a quem devem dar.
7.° Todo o official ou soldado, que nao obedecer ao seu superior enftudó o que pertence ao
meu servigo e á boa disciplina, será castigado coni. á mesma pena de morte natural; o que com
maior rasao se praticará, se quizer resistir com qualquer arma que seja, quando outro official
estiver na. execugao do seu officio.
8." Todo o official, que quizer dar ou offendev com qualquer arma ao seu official superior,
seja qualquer que for o pretexto, incorrerá na mesma pena de morte natural.
9.° Quando o exercito marchar ou se pozer em batalha ou aquartelar, observarlo os soldados
um grande silencio, para que possam ouvir e executar as ordens dos seus officiaes, e o que o
contrario fizer será preso e castigado conforme parecer.
10.° Todo o soldado, que matar ou furtar, incorrerá na dita pena de morte natural.
11.° Qualquer official ou soldado que, mi marcha ou formado o exercito em batalha, offender
alguem com qualquer arma que seja, nao sendo aos inimigos, incorrerá na mesma pena de morte
natural.
12." A mesma pena terao os officiaes ou soldados que, sem licenga ou justa causa, se deixa-
rem ficar atrás do exercito em distancia de urna legua;
13.° Qualquer official ou soldado que desertar do campo, marcha, quartel ou guarnigao, terá
a mesma pena de morte natural.
14." Nenhum official ou soldado j)assará de' um regimentó para outro, sem primeiro ser des-
obligado por escripto do seu coronel ou commandante, nem será acceito, sob pena de que o sol-
dado terá a mesma pena de morte natural, e o official que o acceitar será.privado do seu posto.
15.° Qualquer official ou soldado, que tomar quartel por forga ou causar algum damno ñas
casas ou quarteis,: quintas ou coutadas ou herdades, será castigado ásperamente, e no caso em
que de propósito ponha fogo a alguma casa, celleiró ou seára, barca, carreta óu palheiro, ou oii-
tra qualquer cousa que tenha serventía no exercito, sem ter ordena do seu superior, será eonde-
mnado a morte natural.
16.° Todo o official ou soldado, que desamparar o seu posto, bandeira ou estandarte, que ó
obligado a defender, será eondemnado á mesma pena de morte natural. -
17.° Na mesma pena ineorrerrao todos os officiaes e soldados, que na oecasiao da peleja
contra o inimigo, seja em campanha ou. presidio, nao cumprirem com a sua obrigagao ou fallarem
álgumas palavras que induzam a fugir oii a entregar a praga, e tambem serao castigados com a
mesma pena os que nao executarem as ordens que pelos seus superiores lhes forem dadas. /-;.
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18.° Em qualquer occasiao que Deus for servido que o meu exercito venga ao do inimigo,
todo o soldado seguirá o seu official no alcance do mesmo, e o que fizer o contrario, divertindo-Be
com algum saqueio antes do exercito ininiigo estar totalmente desfeito, será eondemnado á mesma
pena de morte natural, e tudo o que for tomado contra o disposto n'este capitulo será confiscado
e applicado aos hospitaes.
19.° Toda a artilheria, munigoes e víveres, que se tomar aos inimigos, se receberá com a
devida arreeadacjto na forma dos regimentos, applicando-se a décima parte da sua importancia
aos mesmos hospitaes.
20.° Todos os officiaes a quem pertencer ter cuidado em que os qnarteis estejám com lim-
^
pezá e asseio, se se descuidarem, serao ásperamente castigados*
21.° Nenhum official estará toda a noite fóra do seu campo oü quartel, sem licenga do seu
official superior, e o que o contrario fizer, será castigado como parecer; a mesma pena terá ó
official oti soldado, que for ao campo ou quartel por caminho desviado ou outro qualquer que nao
seja a estrada destinada para todos.
22i° A mesma pena terá o soldado, que tocar arma falsa ños quarteis ou disparar arma nao
sendo Contra o inimigo.
23. 9 Qualquer soldado, que fizer briga com qualquer arma que seja no campo, posto ou
presidio, terá a mesma pena arbitraria.
24>° Todas as vezes que se fizer o signa! para se sentar a guarda com caixa ou trombeta,
sé algum soldado se ausentar sem legitima causa, será castigado com pena arbitraria; e a mesma
pena haverá o que nao tiver as suas armas limpas e concertadas*
25i-° Qualquer pessoa, que descobrir o santo sem ordena ou der outro differente do que lhe
deu o officialj incorrerá ña mésma pena de morte náturáL
26.° A mesma pena terá a sentinella que se achar dormindo no seu posto, presidio, trín-
cheira ou outra qualquer parte; como tambem se se retirar antes de ser mandado ou rendido,
e se deixar de dar conta de que vem o inimigo, descobrindo-o*
27.° Todo o official ou soldado, que maltratar a qualquer pessoa que trouxer mantiinento
para o exercito ou presidio, tomándo-lhe as suas cavalgaduras ou cargas, será eondemnado na
sobredita pena de morte natural; é na mesma pena incorrerao os que se provar que forgáram
alguma mulher, aínda que esta pertenga aos inimigos.
28.° Qualquer official ou soldado, que espancar ao dono da casa em que estiver aquartelado,
ou sua mulher, filhos ou creados, será castigado como parecer, e satisfará o damno que der; e
o que reincidir terá mais severo castigo.
29.° Nenhum Official ou soldado poderá desafiar a outrem; e o que fizer incorrerá ñas pe-
nas estabelecidas contra os que desafian!.
30¿° Se algum soldado estiver doente ou ferido por causado servigo, será logo mandado do
campo para o hospital que ficar mais yizinho, para ser curado, e vencerá o seu soldó até que es-
teja capaz de servir no exercito ; e no caso em que nao fique, será remettido á sua térra com pas-
saporte e dinheiro para os gastos da jornada.
31.° Se algum soldado de cavallo ou dragao perder ou maltratar o seu cavallo, ou se algum
soldado"infante perder ou vender as suas armas, será eondemnado a servir de gastador até sa-
tisfazer pelo seu soldó o damno que: ¿leu; e se algum soldado, por negligencia ou vontade, que-
brar as suas armas ou quaesquer instrumentos necessarios para a guerra, será castigado como
parecer.
32.° Qualquer pessoa, que comprar cavallo, armas, fazenda ou instrumento pertencente á
guerra, lhe será confiscado, e a mesma pessoa condemnada em dez cruzados, que se applicarao
ás despezas dos hospitaes da provincia em que se achar.
33.° Nenhum official venda ou desencaminhe as munigoes, que lhe forem entregues; fazendo-o,
será castigado com a dita pena de morte natural, ou com o que parecer, segundo o valor da
.
cousa.
34.° Todo o vivandeiro ou assentista, qué trouxer ao exercito ou ás pragas mantimentos
corruptos, que possam causar doenea, será castigado como parecer.
35.° A mesma pena terá o official ou soldado que se metter a ser vivandeiro.
36.° Nenhum vivandeiro ou taberneiro consentirá na sua casa ou barraca a official ou sol-
dado algum, depois de disparada a pega-de signal ou de se tocar o tambor a recolher; e o que
fizer o contrario, será castigado como parecer.
37.° Nenhum official ou spldado impedirá ao preboste ou ao seu teñente e ministros a exe-
cugSo que forem fazer, antes lhe darSo toda ajuda e favor, pedindo-lho'a; e o que o contrario
fizer, incorrerá na pena arbitraria.
38.° Todo o soldado, que depois de preso por qualquer culpa, arrombar a cadeia para fugir,
será condemdado á referida pena de morte natural.
39.° Todo o official ou soldado, que armar alguma pendencia nos quarteis ou presidio*, será
castigado conforme a qualidade da sua culpa.
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40.° Qualquer official inferior,, que se queixar calumniosamente do seu superior, será casti-
gado conforme a justiga.
41.° Se algum coronel, tenente coronel ou capitao tomar por forga alguma cousa ao seu soL;
dado,será castigado conforme a qualidade da sua culpa, queixando-se o tal soldado; porém, se
elle quizer tomar a satisfagao por si mesmo, será castigado cómo parecer.
42.° Todos os officiaes e soldados, que nao observarem o conteúdo em cada um dos referí*
dos capítulos, serSo suspensos e incorrerao ñas mais penas, que parecerem convenientes. ;
E para que ninguem possa allegar ignorancia do sobredito: hei por bem que, na forma qué
tenho declarado* se publique todos os mezes ao som.de caixas e trombetas na frente de cada re-
gimentó, cuja publicagao encarrego aos sargentos mores d'elles; e ordeno e mandó que todos os
generaos e mais officiaes dos exercitose provincias*, governadores das pragas, soldados e mais
p.essoas de qualquer condigáo que sejam* cumpram, guárdem e obedegam ao que aqui ordeno; e
assim o encarrego ao meu conselho de guerra para o fazer observar; e a todos os tribunaes e
justigas d'estes reinos e senhoríos: e todo o referido, sendo por mim ássignado, quero qué valha
como leí passada pela chancellaría, sem embargo de qualquer lei ou costume em contrario, que
para este effeito hei por derogado* -

Lei de 29 de agosto de 1720


.

N'ella se revogou a perinissao que havia sido feita pela resolugáo de 2(3 de novembro de
1709, aos governadores das conquistas para commerciarem, e se ordenou que nenhum viceyeéi,
capitao general, governador, ministro, official de, justiga ou fazenda, nem tambem Os de guerra,
que tivessem patente, que eram do posto de capitSo para cima inclusive, podessem commerciar
por si ou por outrem no reino ou fóra d'élle, sob péná de perda de seus postos^ empregós e óffi-
Cios:e inhabilitados para pbterem outros.

/, 17SI4
...

Decreto de 7 de ayosto de 1721

Por ser informado que no conselho de guerra, se achara muitas causas retardadas, que sé
nao sentenceiam por se nao ajuntarem os ministros do conselho com os adjuntos ñas mesmas can-
sas e o seu accessor: hei por bem que ñas segundas, quartase sextas feiras de cada semana se
achem no conselho os ditos ministros para se sentenciaren! as referidas causas. O mesmo con-
selho o fará assim executar. í

1735
No regimentó de 1!)de Janeiro de 173b, que haviam de guardar os capitaes de mar c guerra e mais officiaes
que embarcassem ñas fragatas de Sua Magostado, encontra-sé o seguintc

Do capitao
4-° Nao se ausentará da cidade sem licenga de Sua Magestade, sob pena de tres mezes de
prisao pela primeira vez, e perdimento de posto pela segunda.
12.° Nao embarcará nenhum voluntario,nem passageiro sem licenga expressa e por escripto,
sob pena de perdimento de posto.
13.° Prohibe Sua Magestade receber a seu bordo fazendas, e de se enibaragar ccm eonmier-
cio algum, sob pena de perdimento de posto, e confiscada a fazenda.
: :
14.° Estando o navio fóra da sua amarragao, o capitao o nao poderá deixar durante a noite,
seja nos portos ou bahias do reino, ou dos estrangeiros, nem dormir em térra ou a bordo de ou-
tro navio, por qualquer causa ou pretexto que haja, sob pena de suspensao, e de maior castigo
se o merecer.
24." Em caso que o grande consumo de mantimentos, que houver feito a seu bordo seja
causa de entrar nos portos, se lhe dará por culpa o tempo, que se nao deteve no mar por causa
da dissipag&o que houver dos mantimentos, e a despeza será tirada dos seus sóidos.
44

25.? Defende Sua Magestade entrar nos portos ou surgidouros, seniuina absoluta iiecessi-
dade, que será obrigado a declarar ao provedor do porto, a que houver arribado, sob pena de,
perdimento de soldó e mesa durante os días imitéis, que fizer nos portos e surgidouros, e de sus-
pensa» de posto pela: segunda vez*
29.° Fazendo alguma preza, impedirá que se nao faga furto algum, ó fará fechar a escoti-
lha, caixas e armarios- pelo escrivao, sob pena de pagar íudo o que faltar, e perdimento dé posto.
30.° Sua Magestade o encarrega de favorecer o commercio de seus vassallos, de lhe assegu-
rar a suá navegaeáo, e de impedir, em tudo o que lhe for possivel, que se lhes nao faga damno
algüm, e lhe prohibe receber gratificagao alguma dos navios mercantes, que: comboiar, com pena
de perdimento de posto*
31.° Nao poderá despedir marinheiro, soldado ou outra alguma pessoa da sua guarnigSo no
decurso daviagem, com pena de suspensao, e de restituir todo o gasto feito com o soldó e man-
timénto do marinheiro ou soldado*
' 34*° Se deixár oui largar.o navio de bandeirá ou flámula a que deva obedecer, incorrerána
pena dé prísao, pela primeira queixa que fizer ó commandante ou pelo primeiro aviso que vier
dos portos a que chegar; e em caso que se ache por informagao, que se 'tirar, que se separou vo-.
lüntaríaménte ou por má navegágao, o julgará o conselho de guerra, e será castigado segundo as
circumstancias do caso.
35.° Chegando aos portos ou surgidouros do reino ou estrángeiros, nao poderá ir a térra,
nem mandar a sua lancha sem licenga do seu commandante, com pena de suspensao.

Do segundo capitao
-
As obrigagoes do segundo capitao serao por subordinagao as mesmas que as do primeiro ca-
pitao* " v
Do tenente

-•- l. 9 O tenente, estando no portoy'assistirá-todos oS diasna aula e exercicios, que forem esta-
belecidos instrucgao dos
para a officiaes, sob pena de ser privado do pagamento pelo tempo de
um mez.
13.° Logo que o navio chegar aos portos ou.surgidouros do reino ou estrángeiros, nao po-
derá ir a térra sem licenga do capitSo, sob pena de! ser suspenso*

•;, Do cirufgiaó '> ;';


8.° Sua Magestade defende que nao pega nem receba cousa alguma dos marinheiros, sol-
dados e mais gente da guarnigao,: doentes ou feridos, con! pena de o restituir, e de ser pri-
vado dos seus sóidos* i
Titulo dos castigos épenas
1.° Os officiaes, marinheiros, soldados e artilheiros, convencidos no crime de desergao, se-
rao condemnados a gales perpetuas.
2.° Serlo tratados como desertores todos aquelles que deixarem o servigo debaixo de qual-
quer pretexto que seja sem licenga.
3.° Como tambem aquelles, que sem licenga válida forem achados duas leguas longe do
porto apnde tiverem desembarcado.
4.° Depois de se Jangar bando no porto, para fazer embarcar a gente da guarniólo, aquel-
les, que no dia signalado no mesmo bando, so nao aeharem a bordo, serao presos com ferros,
e perderaó um mez de seus sóidos; e os que se nao aeharem a bordo, quando o navio se fizer
á vela, serao castigados como desertores.
5.° Os soldados, marinheiros e artilheiros que sentaran praga em differentes jjartes, gerSo
castigados como desertores.
6.° Os soldados de urna companhia, que se aeharem a passar mostra em outra, serao tam-
bem castigados como desertores, e os officiaes que os introduzirem serao privados do: posto.
7.° Todos os corregedores, ouvidores, juizes e guardas estabelecidos para a arrecadagao
da fazenda real, e mais officiaes de justiga, prenderlo quaesquer soldados, marinheiros e ar-
tilheiros, que aeharem desertores, os farao conduzir aos postos: ou.logares de onde souberem que
desertaran!, remettendo-os ao; official que mandar n'elle.
i :. 8.° Os ministros e officiaes de justiga, que tendo reconhecido um desertor o nao prender,-
ou que tendo-o jireso o soltarem por qualquer consideragao que seja, serao suspensos dos seus
officios, e condemnados em 200000 réis, para quem os denunciar. ..:-.
<
9.° Serao pagos pelo thesoureíro, por ordem do provedor, 60000 réis a cada um dos que
trouxerem preso algum soldado desertor.
45

10.° Os moradores das cidades, villas e aldeias, que favorecerem de qualquer modo que
seja a passagem dos desertores, serao condemnados na pena de 120000 réis por cada solda-
do) a cuja evasao tiverem concorrido; a paga da qual somma serao obligados os officiaes da
cámara, juiz de fóra e principaes moradores d'ella, que tiverem cuidado dos negocios communs,-
ficando-lhe o direito reservado contra aquelle ou aquelles que se aeharem culpados.
lí.° Obriga Sua Magestade a todos os seus vassallos de qualquer qualidade ou condigao-
que sejam a assistir e dar ajuda, se necessario for, aquelles que condúzirem os desertores aos
postosj sob pena aos que recusarem.de castigo exemplar.
12.° Defende Sua Magestade, com pena de vida, de os tirarem com violencia das maos
dos que os condúzirem* Quer que os moradores das cidades ou logares em cujo termo a violen-
cia fof. commettida, sejam condemnados em 400000 réis, a cujo pagamento será obrigada a cá-
mara, e a condemnagao será applicada, metade para os hospitaes das mesmas cidades e logares,
se os houver, ou para os máis próximos, e a outra metade para aquelles de cujas maos forem os
desertores tirados.
13.° Prohibe igualmente a todos seus vassallos de comprar roupa alguma ou armas de
soldados desertores, sob pena de confiscagao dos géneros comprados, e de 60000 réis de con-
demnagao.
14.° Todo o soldado desertpiy que puxar pela espada ou oütrá arma offeñsiya contra.,,
os
officiaes de justiga ou outra qualquer pessoa que o quizer prender, será castigado com pena de
morte*
15.° Os marinheiros, soldados e artilheiros*, que pe.rsuadirem outros a desertar, serao coja-
demnados a gales por toda vida. .;-.:( „,
16.? Aquelles,.,que depois de séntarem praga forem reconhecidos ter disfargado. o seu
.
riomp,
e logar de onde nasceram, alistando-se com designio de désertar,; serap presos e condemnados
á mesma pena de gales.
17." Os officiaes, marinheirps, soldados e artilheiros, que se. revelarem contra os officiaes
máiores, ou lévantarem a mao para, os offender, serSo condemnados. ámorte,
18.° Qualquer que fizer bullía a bordo com seus cainaradas e lhe' der cpm. pau, será
preso a ferros por tempo de oito días, e nao se lhe dará mais que pao e agua; e em.cáso de fe-,
rida, será trateado.
19.° Aquelles, que puxarem por faca ou espada ou outra arma, para ferireni os seus com:
panheiros, serao condemnados a gales.
20.° Os marinheiros, soldados e artilheiros, que tiverem bulhas e pendencias em térra,
quando se mandarem as lanchas, serSo trateados, ese pelejarem só, a só com armas iguaes, se-
rao castigados conforme o rigor das leis.
21.° Se depois, que dois homens da obrigagao do navio, que tiverem tido bulha foram re-
conciliados,una d'elles der no seu camarada*. perderá uln mez -de soldó; e em caso de ferida,
será eondemnado a gales.
22.° Aquelles, que forem mandados a térra, níío farao molestia alguma aos moradores dos
logares aonde forem mandados, sob pena de serem castigados conforme o crime merecer.
23.° As sentinellas, que se aeharem dormíndo em térra em caso de desembarque* ou
estando perto do inimigo, serao eondemnadas a gales por toda a vida, e estando no porto, a
mesma pena de gales por tres annos. '
.
"
24.° Os marinheiros, que no tempo do seu quarto desceren! á coberta da artilheria para
irem dormir ñas suas macas, serao postos em ferros por tempo de oito días a pac e agua.
25." Os soldados, que deixarem'o seu quarto ou guarda, sem serem mudados, serao tra-
teados dois días consecutivos*
26.° Os marinheiros, soldados e artilheiros, que tomarein quarto, estarao sobre ó convez,
tombadilho e castello, sob pena de serem postos em ferros por tempo de tres días.
27.° A sentinella do tombadilho, que faltar em avisar o official quando alguma lancha ou
barco tiver chegado, ou saír de bordo do navio, será trateado.
28.° Aquelles, que desamparem o seu posto na occasiao do combate, para se esconder,
serao condemnados á morte. •-.••:
29.° Como tambem os que fallaran em se render e excitaren! outros a motim, ou sabendo
que outros o fomentara nao derem parte.
30.° Os patrSes das lanchas, sejam de navios de guerra, ou de hurtóles, que as desampara-
ren! no combate, serao castigados com pena de morte*
31.° Prohibe Sua Magestade a todos officiaes e mais pessoas da guarnigao do navio de
terem commercio ou intelligeneia com os inimigos, seja por cartas* ou de outro qualquer niodo¿,
sem licenga do official goneral commandante da armada ou esquadra, sobre pena de vida. •
32.° Aquelle, que for apanhado fazendo algum signa!, será castigado com pena de
morte.
33.° Prohibe Sua Magestade a todo o capitao ou official commandante de algum dos seus
46

navios de guerra de o render aos seus inimigos por qualquer razao que possa haver, que-
rendo que se defenda até á extremidade, e que se deixe forgar com a espada na mao, e ainda
queimai'. Aquelle que fizer o contrario, incorrerá na pena de morte conforme as circumstancias
da acgao*
34.° Todo o official que largar o seu navio 3erá castigado com pena de morte como de-
sertor.
35." Aquelle que estiver encarregado de coinboiar navios mercantes, e que os desamparar,
será castigado do mesmo modo. Se o capitao do navio mercante, que for debaixo do cómboio se
separar sem rasao legitima, será eondemnado a gales.
36.° Tanto que se tiver commettido algum crime que merega a pena de morte ou de gal-
les, o capitao do navio avisará logo o commandante da armada ou esquadra, para que ordene
se faga o processo e que seja levado ao conselho de guerra*

Decreto de 18 de abril de 1735

N'elle se determinou, para se evitaran os excessos e despezas superfluas nos vestidos e me-
sas dos generaes e mais officiaes militares, qué nem na cámpanha, nem ñas pragas e quarteis
se pódessé usar oiro ou prata nos vestidos, prescrevéndo o de que sé poderia guarnecer as ca-
sas, vestías e fardas; que ñas tendas de cámpanha, que se fizessem de novo, nao houvesse for-
rós de seda, e se nao usasse dé oiro óü prata ñas armagSes das canias e mais ornatos e forros
das ditas tendas, quer ñas que já estavám feitas, quer ñas que se fizessem dé novo; qué se nao'
podessé usar de baixella alguma dé prata ñas mezas, e que estas se cobrissem urna só vez com
iguarias de cozinhá, e outra com as da copa de fructas e doces; e pelo que tocava ao número
de pratos de urna e outra coberta, se devia evitar, quanto possivel, o excesso.. Tambem se pro-
hibiu o excesso nos jogos permittidos, e nos prohibidos se executariam as penas que lhes eram
impostas, com o maipr rigor. Finalmente, para melhor poder observar-se esta pragmática, ór-
denóu-se no mesmo decreto que ob governadores das armas, generaes governadores das pro-
vincias e auditores geraes fossóm ós executores d'estas disposigoes, que se guardarían! debaixo
da pena de suspensao de postos nos officiaes, e nos soldados do castigo, que teri'am. ao arbitrio
dos generaes.

1736
Nos regimentos com data de 24 de marco ou maio de 173G, conccrnentcs á marinha de guerra,
enconlra-se o seguinte

Regimentó da boa ordem e govemo que deve haver nos navios de Sua Magestade
6.° Os soldados e marinheiros, que deixarem de ouvir missa, e faltarem ás oragoes e dou-
trína, sem causa legitima, ou commetterem aegoes indecentes n'estes actos, serao presos em
ferros por lempo de (res dias, sustentados a pao e agua.
9.° O Santissimo Sacramento nao poderá ser administrado aos dpentes, sem que se avise
primeiro ao official que estiver de guarda, e quando o capellao o levar, a gente se pora de joelhos
com a cabega descoberta, sob pena, aos que o deixarem de fazer, de serem presos tres dias em
ferros, e de se lhes diminuir dois tostoes do seu soldó.
10.° Todos os hlasphemadores serao presos em ferros e castigados pela primeira vez, trran-
do-se-lhes um mez de soldó, e pela segunda seráo trateados e entregues á justiga, para serem
castigados conforme o rigor das leis.
11.° Aquelles, que no navio fallaran mal do seu capitao e mais officiaes, e que lhes faltarem
ao respeito, serSo presps em ferros por tempo de um mez, e receberao maior castigo confoi'me
a urgencia do caso.
12.° Aquelles, que se embebedarem, serao presos em ferros, e so lhes dará sómente pao e-
agua por tempo de seis dias, e se recaírem no mesmo delicio, serSo castigados com tratos.
Í3.° Prohibe Sua Magestade ao capitao de mar e guerra de permittir a pessoa alguma da
guarnigao das naus, einqüanto estiver no mar, que venda ou distribua vinho, aguárdente e ta-
baco, ou outros quaesquer géneros, sob pena de confiscagao d'elles, castigo corporal, e de sus-
pensao contra os officiaes que o consentirem.
14.° Os soldados, artilheiros e marinheiros, que perderán o seu fato ou armas, ás cartas,
dados ou outros jogos, serao castigados, tirando-lhes um mez de soldó, e se dará a quem denun-
ciar d'olles.
47

15.° Aquelles, que furtarem roupa, dinheiro ou outras cousas, ou que as esconderem, per-
derlo um mez de soldó, e serao trateados duas vezes; e se recaírem serao condemnados a
gales.
16.° Aquelles, que sendo mandados a térra furtarem em casa dos moradores vizinhos dos
surgidouros em que estiverem os navios, sérao condemnados a gales* '
17.° Os soldados, que perdereni por negligencia a espada, mosquete ou patrona, ou que as
venderem, serao presos um mez em ferros e trateados.
18*° Aquelle, que furtar quaesquer munigoes ou provisoes do navio, as esconder oü levar a
térra para as vender, será eondemnado a gales perpetuas, se o furto exceder a 20000 réis*. ó
se for menos pagará quátropeado, e se lhe darlo tratos.
20.° Aquelles, que lancarem os seus excrementos em qualquer parte do navio, que nao for
determinada para isso, serao presos em ferros por tempo de oito dias, e sustentados com pao e
agua.
23.° A gente da lancha ou escaler nao poderá levar a bordo feno, palha ou outros materiaes
em saceos, ^aixas ou de outro qualquer modo, sem órdem expressa do capitao, sob pena dé tratos*
24*° É expressamente prohibido levar fogo a alguma parte do navio, sem ordem expressa
dos officiaes superiores e com as cautelas nécessarias, sob pena de ser castigado quem o nao
fizer assim conforme a urgencia do caso.
25.° Nao haverá luz accesa de noite, mais que na cámara do capitao, ha bitacula, na praga
de armas, ñas abitas, quando estiver o navio ancorado, e no corpó da guarda. Os officiaes, qué
tiverem alguma luz sem licenga do capitao, serao suspensos é privados dos seits sóidos em todo
o tempo da viagem, e os soldados e marinheiros serao trateados e perderlo um mez de soldó.
27.° Prohibe Sua Magestade o ir de noite ao paiol das amarras ou chégár a elle com mur-
rao ou luz, sem urna precisa necessidade, e em presenga de um official com ordem do capitao,
sob pena de tratos.
28.° O marinheiro, que assistir no porao nSo poderá ter n'elle mais que urna luz de azeite,
dentro de urna lanterna, debaixo da qual terá urna ceiba com agua, e, no caso que lhe seja ne-
cessario luz para visitar os mantimentos e árrumal-os, se servirá de urna lanterna fechada, de-
pois de ter pedido licenga ao capitao, sob pena de perder um mez de seus sóidos, e de castigo.
29.° Aquelles, que forem ao paiol da pólvora sem ordem e sem serem acompanhádos do
condestavel, ou que forem aos logares dos vizinhos, serao condemnados a gales.
30.° Nenhuma pessoa jioderá ir a térra sem licenga do capitao, nem ficar n'ella mais tempo
da licenga, sob pena de suspensivo contra os officiaes, e de privagao de um mez de soldó contra
os soldados e marinheiros.
31.a Todo o official, soldado, artilheiro ou marinheiro mandado a térra para o servigo do
navio, que se apartar do trabalho a que for mandado, será preso em ferros tres dias a pao e
agua, e se faltar em tornar para bordo com seus cainaradas na lancha, ficará preso oito dias, e
se dormir em térra, se lhe darao tratos e estará preso oito dias em ferros a pío e agua.
32* ° Só o capitao, ou outro official commandante do navio, poderá dar licenga á gente d'elle,
e aos officiaes para irem a térra. Prohibe Sua Magestade a todos os outros de as dar debaixo
de qualquer pretexto que liaja, sob pena de suspensao.
33.° Indo o capitao de mar e guerra a térra, nao poderá ao mesmo tempo dar licenga ao
capitao tenente, e quer sempre Sua Magestade que haja a bordo do navio, quando estiver ar-
mado, ao menos, metade dos officiaes, sob pena de suspensao contra o capitao.
34.° Sua Magestade prohibe aos officiaes de seus navios e mais gente da guarnicSo d'elles
de levaran a bordo mulheres para ficarem de noite, nem por mais tempo que o de urna visita
ordinaria, sob pena de um mez de suspensao contra os officiaes, e contra a gente mai'itima de
serem presos em ferros quinze dias.
36.° Sua Magestade prohibe a todos os soldados, artilheiros e marinheiros esperdigarem oü
langarem fóra de bordo alguma parte dos mantimentos que se lhes derem, aínda que estejam
corruptos, querendo que o que nao podérem comer se deixe ñas celhas e baldes, e contravindo
alguem esta ordem será posto por oito días a pap e agua, pela primeira vez, e recaíndo será
trateado.
38." Aquelles, que furtarem ou consumirem os mantimentos dos doentes, pagarao quátro-
peado o seu valor, e serao trateados.
39.° O soldado, artilheiro ou marinheiro, que for mandado fazer alguma manobra ou outro
trabalho e o deixar sem ordem e sem o ter acabado, será trateado.
40." O capitao de mar e guerra será obligado a estar a bordo quando se executarem os
castigos, excepto o de ferros.
41.° Se navegar em esquadra ou em corpo de armada, nao poderá fazer dar tratos sem
primeiro pedir licenga ao official general ou commandante.
42.° O official, que mandar em ausencia do capitao de mar e guerra, poderá prender em
ferros aquelles que commetterem faltas que o merecam. Prohibe Sua Magestade, sob pena de
m

suspensao, de os soltar de sua propría auctoridade, reservando este poder ao capitao de mar e
guerra, a quem o official será obligado a dar parte, logo que poder, dos motivos que teve para
castigar os culpados.
43." O escrivSo de cada navio fará assento em um livro de todos os que houveram sido
presos em ferros e dos seus criines e castigos, e juntamente do que se lhes houver tirado de seus
sóidos e ragoes.
44.° Este livro de assentos será cominunicádo ao commandante da armada ou esquadra, e
remettido pelo escrivSq áo commissario que for embarcado, e na torna viagem ao provedor dos
armazens, o qual dará ordem ao thesoureiro de reter as sommas em que os soldados e marinhei-
ros houverem sido condemnados.

Regimentó que hao guardar os capitaes de mar e guerra, que emUarearem por segundos ñas natis
de Sua Magestade* tanto para as conquistas, como ñas guardas costas d'este reino

9.° 0
segundo capitao de mar e guerra, estando de quarto, pode mandar prender, sendo
necessario, toda á pessoa que for da obrigacSo da ñau, mas logo dará parte ao capitao comman-
dante. do motivo que teve para o fazer, e nao poderá mandar soltar pessoa alguma da guarni-
gEo sem órdeni do dito commandante, e quando este estiver sobre a tolda ou conyez nao poderá
o segundo capitao de mar e guerra castigar pessoa alguma com prisao.

1737
Atiso de 22 de abril de 1737

Fazendo presente a Sua Magestade que o conselho de guerra mandou embargar pelo audi-
tor geral a José Francisco*, soldado de cavallo, que se acha preso nás cadeias do Limoeiro, e
pela culpa de resistencia feita aos officiaes de justiga, e outros delictos, em que nao gosava do
privilegio militar, foi eondemnado sumniariamente em dez annos de degredo para a India; e que
vindo a este reino incorreria na pena de morte natural; e querendo-se conduzir para a ñau Ca-
bria, se embaragára esta diligencia com a referida que mandou fazer o sobredito conselho: é o
mesmo senhor servido resolver que o dito José Francisco, soldado de cavallo, nao obstante o
embargo do sobredito conselho de guerra, seja logo conduzido para a ñau Cabria, e d'esta se
embarque com effeito na da viagem, para, ir cumprir o seu degredo, visto ser eondemnado sum-
niariamente na relagao pela culpa de resistencia feita aos officiaes de justiga, que é um dos casos
exceptuados; e por outros delictos, em que, como se avisa, nao gosava do privilegio militar.
E Sua Magestade me manda participar esta sua real resolugfto ao conselho de guerra, pelo
que respeita a José de Freitas, filho de Antonio de Freitas, morador no campo de Santa Clara;
o qual Sua Magestade mandou fósse para a India na presente mongao, e é o ultimo que foi na
lista, suppondo se preso em alguma das cadeias do Limoeiro, á ordem do mesmo senhor, com
putros muitos que se deram a rol aos ministros do criiiie d'esta cidade; é certo que elle em ne-
nhuma das ditas cadeias podéiia ser achado; porque nunca chegou a ser preso, como depoe o
corregedor do bairro de Alfama, a quem se deu incumbencia da sua captura, que nunca teve
effeito por se haver ausentado ou escondido; de sorte que ató agora nao appareceu, como últi-
mamente me tornou a certificar o mesmo coiregedor.

1743
Ordem do tribunal do conselho de guerra de 18 de setembro de 1743

Manda appliear a todas as pragas de guerra o disposto na ordem de 16 de setembro de


1718, sobre deverem os jnizes de fóra, auditores particulares das pragas, ir a casa dos gover-
nadores sentenciar com elles as causas erimes dos soldados, da mesma forma que os auditores
geraes iam a casa dos generaes goyex-nadores das provincias sentenciar com estes; e tambem
observassem cornos seus governadores e pessoas que as governassem (as pragas) o darem parte
pessoalmente das prisoes que mandassem fazer aos officiaes e soldados.
49

1750
Aviso de 4 de dezembro de 1750

N'elle se ordénoü que, emquánto nao se edifieasse a casa que sé havia mandado construir
para o conselho de guerra, este se reünisse ñas segundas e sextas feiras de cada semana na
casa das congregagoes da santa igreja de Lisboa.

17S1
Decreto de 20 de jüíbo de 1751

Por decreto de 7 de agosto de 1724 fui Servido ordenar que, para se evitarem as demoras
e prejuizos que resultavam ás partes, que no Conselho de guerra tinham as suas causas e livra-
nientos, houvesse conselho de junta ñas segundas, quartas e sextas feiras de tarde em cada se-
mana, assistindo n'elle os ministros do mesmo conselho, o" seu accessor e mais adjuntos para
sentenciaren! as referidas causas que lhe tocara, e por aviso do meu secretario d'estado Diogo
de Mondonga Corte Real, de 14 de junho de; 1730*, mahdei advertir áo mesmo conselho se obser-
vasse o disposto no dito decreto, para que se nao dilatassem as appellagoes das eausás, com que
as partes vinham a esta corte em seguimento d'ellas, e nao experimentassem as demoras do seu
expediente de que se queixavam, resolvendo que ao menos houvesse em cada semana um día
fixo para se julgareni infallivelmente; e constando-me que urna e outra determinagao nao era
sufficiente remedio para esse effeito: hei por bem ordenar que o conselho de guerra de hoje em
diante observe inviolavelmente o disposto no dito decreto, ajuntando-se ás tardes das quartas
feiras de cada semana com o juiz accessor e mais adjuntos para a expedigao dos negocios de
justiga, seln que n'isto baja alguma interrupgao, que nao seja a de caír a quarta feira em día
ferial. O mesmo conselho o tenha assim entendido, e o faga participar ao juiz accessor e adjuntos
para se executar na sobredita forma, fazendo-me saber o que em contrario succeder obrar-se,
para dar a providencia que for conveniente ao meu real servigo.

Decreto de 27 de setembro de 1751

O mesmo senhor (rei D. José), por justos motivos que lhe foram presentes, foi servido or-
denar que a auditoria da gente de guerra do partido do Porto fosse unida ao logar de juiz do
crime da mesma cidade, para n'elle ficar encorporada, nao obstante até entáo se exercitasse pelo
juiz do civel, mandando que o exercicio d'este ao dito respeito cessasse desde logo.

No regimentó da rclacáo do Rio de Janeiro, dado em Lisboa aos 13 de outubro de 1751, encontra-sc o seguinte:

2.° O corpo da mesma relagao se comporá de dez desembargadores, em que se inclue o seu
chanceller, dividindo-se os mais logares de sorte que sejam cinco os de aggravos, um de ouvi-
dor geral do crime, e outro de ouvidor geral do civel, um de juiz de feitos da coróa e fazenda,
e um de procurador da mesma coróa e fazenda.

Decreto de 22 de outubro de 1751

Sendo-me presente que nem a positiva disposigSo e distincta clareza dos §§ 37.° e 45.° do
regimentó dos governadores das armas, nem as resolugoes que tem havido sobre a sua obser-
vancia bastarain até agora para fazerem cessar as prejudiciaes controversias, com que as dili-
gencias da justiga se frustram e as causas dos militares se retardam, por pretenderán urnas
vezes os officiaes de guerra que os soldados pagos, que nao estao de guarda, nao possam ser
chamados a testemunho ou a outras diligencias de justiga sem se lhes dar parte; por pretende-
50

rem outras vezes os julgadores letrados, que servem ñas correigoes, judicaturas ou outros logares
de letras, encaminhar á real presenga por differentes tribunaes as contas dos impedimentos, com
que se consideram que os officiaes militares obstam ás suas diligencias, sendo esta materia pri-
vativa do conselho de guerra, na conformidade do referido § 37.°; e por pretenderem outras ve-
zes os juizes de fóra,-que costumám servir de auditores particulares ñas pragas das provincias,
sentenciar nullamente as causas por si sos, eximindó-se da obrigagao que téein pelo sobredito
§ 45.° de as irem julgar a final com p cabo que governa a forga, onde se fez o delicio: fui servido
ordenar que os spbreditos dois §§ 37.° e 45.° do regimentó dos governadores das anuas se ob-
servan d'aqui em diante inviolavel e litteralmente¡no mesmo sentido em que estao escriptos, sem
sobre elles se fazer interpretagao, glosa, ampliagao ou restricgao alguma, nem aínda fundadas
em resolugoes, quaesquer que ellas sejam, porque todas hei por derogadas só emquanto forem
contrarias a este decreto, como se de cada urna d'ellas fizesse especial mengSo. O conselho de
guerra ó tenha assim entendido e faga exécxjtar pelo que lhe pertence, mandando expedir os
despachos neeessarios para que este Se registe ñas secretarias dos governos das armas de todas
ás provincias.

\W?\ •--
: » '-....,; Resolucáo de 27 dejunho de 1757

Sob consulta do conselho ultramarino, foi ordenado que se imprimisse o regimentó das or-
denangás d'este reino e as mais ordens que tinham havido a respeito d?esta materia, para terem
exacta execugao no estado do Brazil.

Na provisao de 30 de abril de 1758, transcrcvendo o referido regimentó e outras ordens,


entre as mais disposicoés que contení a mesma provisao, se encontra o seguinte:

77.° A provisao de 15 de maio de 1574, que prorogou o dito regimentó (das ordenangas)^
ordena que do procedimento que tiverem os corregedores contra os officiaes da ordenanga, e nos
casos ahí expressados no ii.° 64, se dará appellagaó e aggravo para a pessoa que na corte as ha-
de sentencear: e hei por bem que esta appellagSo ou aggravo se interponha dos ouvidores do estado
do Brazil para o governador geral da capitanía, aonde o caso succeder, o qual com o auditor
geral e o cabo de maior patente, que tiver no seu governo, sentenceiem em junta estas appella-
goese aggravos; e quando a appellagaó ou aggravo for interposto do auditor geral, assista ao
despacho no grau de appellagaó o ministro letrado, que estiver mais perto, para sentenciar com
o cabo de maior patente e o governador, a quem compete convocar ao dito ministro, em logar
do auditor geral de quem se appellar ou aggravar.

Airará do 1.° de agosto de 1758

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará de declaragaó viran, que sendo-me presente
por parte da junta da administragao da companhia geral do Grao Para e Maranhao, que sobre
intelligencia do § 18.° da instituigSo da mesma companhia se tan movido differentes quéstoes
n'aquelle estado entre os ministros de justiga d'elle e os commandantes das frotas; pedindo-me
que, para cessar toda a duvida, e se conservar sempre urna perfeita harmonía entre os ditos offi-
ciaes militares e ministros civis, houvesse por bem declarar a minha real intengao, para se ob-
servar o dito paragrapho no seu verdadeiro e genuino sentido.:; sou servido declarar que a isengüo
estabelecida pelo mesmo jjaragrapho se deve entender, para nSo poderem as pessoas n'elle con-
teúdas ser embargadas, constrangidas ou molestadas pelos governadores e ministros políticos,
civis ou criminaes dos portos a que se dirigem; e para que no caso de desergaó das naus e na-
vios, ou de criines pertencentes á navegagSo e disciplina da marinha, sejam os réus castigados
pelos commandantes das frotas sem duvida alguma; porém, nos outros casos de commetterem
nos portos, onde se aeharem, ou ñas térras d'elles, quaesquer outros crimes prohibidos pelas minhas
leis, cujo castigo dependa da jurisdiegao cpntenciosa, serSo sujeites os mesmos réus a todos e
quaesquer ministros civis ou criminaes, quanto á prisao e á autuagüo dos delictos, coíntanto que?
51

depois: de presos os réus e de formados os autos das suas culpas, os remetterSo immediatamente,
sem d'elles tomarem outro conhecimento, aos juizes conservadores da mesma companhia, a quem
toca processal-os, dar-lhes livramentó e sentenceal-os, cómo por suas culpas e defezas lhes pare-
cer que é justo.
Pelo que mando, etc.
','.-.'.
:-
1761
No decreto de 27 de abril de 1761, em que se regularám as distinccoes que devíam usar nos seus uniformes
os generaes e officiaes militares, éncoñtrá-se o séguinte:

E considerando que nenhum vestido pode haver mais nóbre, nem mais digno, de entrar na
minha corte, do que os uniformes militares: ordeno quój depois das; ordens expedidas sem exe-
cugao d'este, nenhum general, official de patente, subalterno e soldado, ou pessoa de qualquer
qualidade ou condigao que seja, com exercicio ñas minhas tropas, ou sem elle, veneendo soldó
militar, possa vir á minha presenga ñas funcgoes publicas ou audiencias com outros vestidos que
nao sejam os seus respectivos uniformes ou fardas, sob pena de perdimento do posto ou praga
que tiverem, até nova mercé minha. Exceptuó as pessoas que, em rasao dos seüs empregos po*
uticos, me aeompanharem nos dias em que forem chamados> etc*

. . -.
1^62 .

No decreto de 2 de abril de 1762, sobre a mesa dos generaes, assim em cámpanha como nos quarteis,
enconlra-se o seguinte:

Sou servido ordenar que n'ella (em cámpanha), e nos quarteis, em que estiverem as tropas
juntas ou separadas, só seja permittido ao general, que conrmandar em. ehefe o exercito, dar
mesa aos generaes e militares que podan e cpstumam ir a ella; com tal declaragao, porém, que
ainda na mesa do mesmo general nao poderá haver nem mais de vinte pessoas, nem mais de
urna coberta de vinte pratos sorteados da cozinha, e outra coberta respectiva de fruetá e de doce,
nem pega alguma de prata, que nüo sejam colheres, garios, facas e cafeteiras, nem louga alguma
da China; e tudo debaixo da pena do meu real desagradó ao sobredito general em chefe, e de
perdimento dos postos contra todos e cada um dos militares, qué achando a dita mesa servida
em outra forma, ou excedida no numero doscomensaes, se assentarem para comer, oú n^ella ou
ainda. outra mesa separada.
Na mesma pena incorrerao todos os generaes e militares, desde, mestre de campo 'general
ató capitao inclusivamente, que no referido exercito ou quarteis das tropas deran mesas, que nao
sejam, a saber: os mestres de campo generaes e sargentos mores de batalha aos seus ajudantes
de campo e officiaes de ordens, que estiverem de dia¿ sem excederem um prato de sppa> outro
de cozido, outro de assado e outro de guizado, pelo.que toca á cozinha, e outros quatro pratos de
doce, fructa e queijo, pelo que pertence á copa. E isto sómente no caso que assim lhes parega.

1763
Ordem do conde de lippe.de 2 de Janeiro de 1763

Declarou que os inferiores nao podiam castigar na jjrésenga de officiaes de patente, nem
mesmo em logar que o superior podesse avistar, perceber ou:sentir.

Al vara de 18 de fevereiro de 1763

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará de lei virem, que sendo manífesta a grande alte-
ragSo que tem havido em quasi toda a Europa na formatura, eyolugoes e servigo da infantería e
govemo das pragas, depois do regimentó militar de 20 de fevereiro de 1708, e das mais resolu-
52

goes e ordens, que desdé aquelle tempo até agora foram expedidas n'este reino sobre aquellas
importantes materias; e considerando eu quao útil e necessarío é para"o meu real servigo, bem
commum dos meus reinos e socego publico des meus vassallos*. que a infantería do meu exercito
e as pragas que constituem as barreiras dos meus reinos sejam instruidas, formadas, disciplina-
das e governadas na mesma forma em que actualmente o estao praticandp as outras potencias,
cujos exercitos sao mais distinctos em tudo p que pertence ás mesmas interessantes materias;
havendo encarregado o conde reinante de Schaumbourg Lippe, meu muito amado e prézado
primo e marechal general dos meus exercitos, de compor aos ditos respeitos o regulamento ou
ordenangas, que serao com este alvara; e, conformando-me inteiramente com o que no dito re-
gulamento se aoha estabelecido: mando que tudo o que está escripto nos vinte e sete capítulos
d'elle, e em todos e cada um dos seus paragraphos (assim no texto Como ñas notas) tenha forga
de lei, para por elles se julgar infallivel, inviolavel e litteralmente, sem diminuiglo ou interpre-
tagaú alguma, qualquer que ella seja, nao só pelo que toca ás dispósigoes concernentes á órdeni
do servigo, mas tambem igualmente peló que respeita ao artigos de guerra.
Conseguintemente estabelego que*, achando-se algum official do graü de coronel, chefe de
regimentó ou do sobredito grau para cima no caso de ter commettido culpa grave contra as in-
struegoes geráes da cámpanha do anno de 1762 (que tambem ordeno que valham como lei), ou
contra o dito regulamento, ou contra os artigos de guerra n'elle encorporados> ou contra as or-
denañgas oü ordens dos seus superiores, seja logo preso por ordem do mesmo marechal general,
ou na sua falta pelo general commandante do exercito, ou na falta de ambos pelo governador ou
commandante da praga onde se achar o criminoso, sendo das príncipaes pragas de armas, e se
lhe nomeie suceessivamenté conselho de guerra, composto de generaes de patentes superiores,
oü de Outros officiaes competentes e proporcionados; á graduagao do réu; e se lhe faga o seu pro-
cesso pelo modo indicado no capitulo x do mesmo regulamento, e com a proporgao dos postos
n'elle estabelecida*
Para que ninguem possa desculpar-se debaixo do pretexto de ignorancia* ordeno que todos
os generaes em qualquer reparticao que estejám, todos os governadores e commandantes de pra-
gas, todos os officiaes militares de infantería ou de artilheria (nos pontos que a estes segundos
forem commüns), sejam obligados a terein sempre comsigo o mesmo regulamento, e a estudal-o
, até lhes ficar
o seu conteúdo impresso na memoria, e isto debaixo da pena de perdimento do
posto contra os que forem adiados em falta ao dito respeíto. Mando que todos os officiaes milita-
res (segundo o posto qué cada um tiver) empreguem eficazmente toda a sua auctoridade para
fazerem observar o que se achar prescripto no dito regulamento, com a maior e mais rigorosa
exaetidao, aínda n'aquelles inesmos pontos que lhes parecer que sao de menos importancia.
Tendo entendido que assim como por urna parte darei mostras do meu real agrado e favor aos
que executarem com zéló e exaetidao o referido regulamento, pela outra parte me darei por
muito mal servido e desagradado dos que se houverem com negligencia ou indifferenga-ao dito
respeito. Determino que o mesmo regulamento e instruegoes, que com elle forem encorporadas*.
nao sejam communicados, nem feitos ver a pessoa alguma, que nao esteja no meu real servigo.
Em ordem a cujo fim, logo que qualquer official vier a fallecer, o coronel ou commandante do
regimentó a que tocar fará apprehensSo no regulamento que elle deixar, e o guardará na sua
mao: em depósito, para o entregar ao successor, quando o posto for próvido: e tudo debaixo da
pena de perdimento dos postos, e das mais que reservo ao meu real arbitrio. E este se cumprirá
tSo inteiramente como n'elle se contém, etc.

CAPITULO x
Dos interrogatorios e dos conaelhosde guerra

1." Quando se houver de fazer perguntas a um official superior, o official que commanclar o
regimentó com outro official superior lhe farao os interrogatorios e os mandarao ao general em
chefe. O conselho de guerra (se o tal official houver de ser remettido para elle) será composto
de 1 general como presidente, de 2 tenentes coronéis, de 2 majores e de 2 capitaes.
2.° Quando um capitao houver de ser perguntado, sel-o-ha por um official superior e por
um capitao. O conselho de guerra, se houver de ser remettido para elle, será eomposto de 1
tenente coronel como presidente, de 2 majores, 2 tenentes e 2 alferes; e sendo o delicio capital,
de 1 coronel como presidente, de 2 tenentes coronéis, 2 majores, 2 capitaes, 3 tenentes e 3
alferes.
3.° Quando se houverem de fazer perguntas a um official subalterno, far-lh'as-hao um capitao
e um subalterno. O conselho de guerra, que o ha de julgar, será composto de 1 official superior
como presidente, de 2 capitaes, 2 tenentes e 2 alferes; e se o crime for capital, de 1 tenente co-
ronel como presidente, de 2 majores, 3 capitaes*. 3 tenentes e 3 alferes.
4.° O official inferior será perguntado por um tenente e um alferes. e sentenciado por um
53

conselho de guerra, composto de 1 capitao como presidente, de 2 tenentes, 2 alferes, 2 sargen-


tos e 2 cabos de esquadra; e se o seu delicto é capital, de 1 official superior como presidente,
de 3 capitaes, 3 tenentes, 3 alferes e 3 cabos de esquadra.
5.° Quando se houver de sentenciar um soldado, um tenente antigo lhe fará os interrogato-
rios e sentencial*o-hao 1 capitao como presidente, 2 tenentes, 2 alferes, 2 sargentos, 2 cabos de
esquadra, 2 anspegadas e 2 soldados; e sendo capital o seu delicto, de 1 official superior como
presidente, 3 capitaes, 3 tenentes, 3 alferes, 3 sargentos, 3 cabos de esquadra, 3 anspegadas e
3 soldados.
6*° Para o interrogatorio de um official inferior ou de um soldado culpado em um delicto
capital, députar-se-hao 1 capitao e 1 official, principalmente se tiver cumplices*
7.° O auditor do regimentó, que deve ser igualmente de probidade como de litteratura, e
versado no conhecimento das leis militares e civis, será fiscal d'estas perguntas; e quando o offi-
cial proceder n'elias com irregularidade, deve elle com moderagao insinuar4he o modo de as
fazer; e nao querendo o official confórniar-se com os seus conselhos, tem direito para suspender
o interrogatorio até declarar o commandante do regimentó qual d'elles tem rasao*
8.° Quando houver conselho de guerra e que todos estiverem juntos, o presidente mandará
vir o réu á sua presenga, e tirando-se-lhe primeiro os ferros, mandará ao auditor que lhe leía
em alta voz o interrogatorio. Tsto feito, perguntará ao réu se tem alguma cousa que aereScentar
á sua defeza; e depois ordenará que o tornera a eondüzir para a cadeia pu para a guarda de
onde saíu* O auditor tornará a relatar summariamente o interrogatorio, expondo em pOucás pa-
lavras: o delicto e-a defeza, e logo o presidente fará separar as classes, para que cada üm dé"
o seu voto sobre o castigo do réu, que deve ser conforme aos artigos pu leis militares* Depois
o presidente recolherá os votos, comegando pela classe inferior; o seu será ó ultimo.
9.° Isto feito, o auditor extrahirá d'estes votos a sentenga. Se o delicto for capital, entao
cada official assignará a sua tengao e pora ao pé d'ella o seu sinete, e ó processo será todo re-
mettido a Sua Alteza o marechal general ou ao general commandante do exercito, para dar
Conta do caso a Sua Magestade, de quem deve esperar a confirmagao antes que passe á execu-
tal-a*. em todos os casos em que a demora nao for prejudicial, como, v. g., o.caso de motim óu
alguns outros em que o castigo deve logo succeder ao delicto, principalmenteestando o exercito
em cámpanha.
CAPITULO XI

Dos castigos
1.° Os delictos maiores, e sobretudo o motim, o homicidio premeditado e a traigao hao-de
ter pena de morte. O réu passará pelas armas, será enforcado ou padecerá morte mais severa
nos casos extraordinariamente atrozes, conforme julgar o conselho de guerra, em consequenciá
dos artigos militares. Os delictos graves, que nao forem comtudo capitaes, se castigarao, man-
dándo-se trabalhar os réus ñas fortificagoes por mezes ou por annos, conforme a gravidade do
delicto. Estes criminosos trabalharao com grilliaó no pé ou na inao direita e um rotulo ñas cos-
tas, que declare ó seu delicto.
2.° Fal-os-hao trabalhar mais tempo e em obras mais penosas que os mais trabalhadores.
Bem entendido que, emquanto durar o tempo das suas condenmagoes, se conservarlo em es-
treita prisao, e nao receberáo pSo e paga mais que o precisamente necossarío para sustentar a
vida. Este castigo se dará por sentenga do conselho de guerra.
3.° E as culpas leves commettidas por descuido ou inadvertencia, serao castigadas com
vinte, trinta ou cincoenta pancadas dadas com espada de prancha, ou mettido o réu em prisao a
pao e agua, ou fazendo-lhe montar guarda sem lhe competir, oü carregando-o de armas, urna ou
muitas horas, os quaes castigos leves se darao sém conselho de guerra.
4.° Nenhum official subalterno poderá, comtudo, dar no soldado sem ordem, nem inípor-lhe
nenhum dos castigos ácima mencionados, salvo quando estiver commandando um posto destacado,
e entSo fará uso da sua auctoridade, mas sempre com a moderagao necessaria, porque ha de ser
responsavel da sua conducta a este respeito.

CAPITULO XXVI

Dos artigOB de guerra


Advertencia
1." Os artigos de guerra obrigam a todo o militar de qualquer gran que seja, e san exce-
pgfíp alguma, e servirae de base ou de leis fundamentaes em todos os conselhos de guerra.
2.° Em todos os dias de pagamento serao lidos na frente das companhias, e nenhum sol-
dado tomará o juramento de fidelidade ás bandeiras, sem que primeiro lhes sejam lidos e clara-
mente explicados.
54

3." JJepois: da publicagao dos artigos de guerra, o auditor fará comprehender muito bem aos
soldados de recruta a forga do juramento, representando-lhes vivamente os castigos divinos é
humanos com que sao punidos os prejuros.
4*° Isto fóitOj irá lendo o juramento, o qual irá repetindo palavra por palavra aqüélle que
ó, tomar.
:.
5.° NSo sóméílte aos soldados de recruta se definirá, mas tambem o tomarao aquelles que
tiverem desertado ese lhes houver perdoado.

Ártigós dé guerra
1*° Aquelle qué recusar por palavras ou discursos obedecer ás órdéns dos seus superiores,
cóncernentes ao servigo, será eondemnado a trabalhar nás fórtificagoes; porém* se se oppozér,
servindo»se de qualquer arma oü ameaga, será arcabuzado*
2.° Todo o official, de qualquer graduágaó que seja, que estando melhor informado der aos
seus superiores por escripto ou de boca, sobre qualquer objecto militar, alguma falsa inforniagao,
será expulso com infamia. .
3*° Todo o official de qualquer graduagSo que seja oü official inferior qué, sendo atacado
pelo, inimigo, desamparar o seu posto sem ordem, será punido de morte. Porém, quando for ata-
cado por um inimigo superior em forgas, será preciso provar perante um conselho de guerra que
élléi fez toda a defezá possivel e que nao cedeu senao na maior e ultima extremidade; mas se
tiver ordem expressa para nao retirar; suceeda o que succeder,. n'esse caso nada o poderá escu-
sai'j porque é melhor morrer no seu posto dó que deixal-o*
4. 0 Todo o militar que commetter unía fraqueza, escondendo-se ou fugindo, quando for pre-
ciso eombáter, será punido de morte.
5*° Todo o militar que n'uma batalha, acg&o ou combate, ou em outra occasiaó de guerra,
der um grito de espanto, conio dizendo: O inimigo noS tem cercado. Nos somos cortados* Quem
poder escaparse, escape-se, ou qualquer palavra similhante que possa intimidar as tropas, no
mésmo instante o matará o primeiro official mais próximo que o ouvir; e, se por acaso isto lhe
nao succeder, será logo preso e passará pelas armas por sentenga do conselho de guerra.
6.° Todos sao obrigados a respeitar as sentinellas ou outras guardas: aquello que o nSo
fizer, será castigado rigorosamente, e aquelle que atacar qualquer sentinella será arcabuzado.
7." Todos os officiaes inferiores e soldados deveín ter toda a devida obediencia e respeito
aos seus officiaes do primeiro até ap ultimo em geral.
8.° Todas as differengas e disputa sao prohibidas, sob pena de rigorosa prisao; mas se
succeder a qualquer soldado ferir o seu cainarada á traigao, será eondemnado ao carrinhp per-
petuamente ou castigado com pena de mprte, conforme as circumstancias concurrentes. Porém.,
aquelle que matar seu camarada ou qualquer putra pessoa á traigao, será punido com pena de
morte sem remissSo. E está pena'de morte será ainda aggravadá conformé as circumstancias do
caso, isto é, se o morto era seu superior ou concorrer qualidade que aggrave o homicidio.
9." Todo o soldado deve achar-se onde for chamado e á hora que se lhe determinar, posto
que lhe nao toque, sem murmurar nem por difficuldades; e se entender que lhe fizeram injusti-
ga, depois de fazer o servigo, se poderá queixar, porém, sempre com toda a moderagao.
10." Aquelle que fizer estrondo, ruido, bulha ou gritaría ao pé de alguma guarda, princi-
palmente de noite, será castigado rigorosamente, conforme a intengao com que o houver feito.
11.° Aquelle que faltar a entrar de guarda ou que for á parada tao bebedo que a nao possa
montar, será castigado no dia successivo com cincoenta pancadas de espada de prancha.
12.° Se algum soldado se deixar dormir ou se embebedar, estando de sentinella, ou deixar
o seu posto antes de ser rendido, sendo em tempo de paz, será castigado com cincoenta panca-
das de espada de prancha e eondemnado por tempo de seis mezes a trabalhar ñas fórtificagoes;
porém, se for em tempo de guerra, será arcabuzado.
13.° Nenhuma pessoa de qualquer grau ou condigSo que seja, entrará em qualquer fortaleza
senao pelas portas, e logares ordinarios, sob pena de morte.
14.° Todo aquelle que desertar ou que entrar em conspiragao de desergao, ou que, sendo
informado d'ella a nSo delatar, se for em tempo de guerra, será enforcado; e aquelle que deixar
a sua companhia ou regimentó sem licenga, para ir ao logar do seu nascimento ou a outra qual-
quer parte que seja, será castigado com pena de morte, como se desertasse para fóra do reino;
e sendo em tempo de paz, será eondemnado por seis annos a trabalhar ñas fórtificagoes.
15*° Todo aquelle que for cabega de mótim ou de traigao, ou tiver parto ou concorrer para
estes delictos, ou souber se urdem e nao delatar a tempo os aggressores, será infallivelmente
enforcado.
16.° Todo aquelle que fallar mal do seu superior nos corpos de guarda ou ñas companhias;
será eondemnado aos trabalhos da fortificagao; porém, se na indagagao que se fizer se eonhecer
55

que aquella murmuragao nao fóra procedida sómente de urna soltura de lingua, mas encaminhada
-a rebelli&o, será
punido dé morte, como eabega de motim.
17.° Todo o soldado se deve contentar com a paga, com o quartel e com o uniforme que se
lhe der, e se se-oppozer*, hSo o querendo receber tal qual se> lhe der, será tido e castigado como
amotinador.
18.° Todos os furtos; e assim mesmo todo o genero de violencias para extorquirdinheiróoü
qualquer genero, serao punidos severamente; porém, aquelle furto que se fizer em armas, caval-
los, sellas, etc., munigoes ou cousas pertencentes a Sua Magestade, ou aquelle que roubar o seu
camarada ou commetter furtos com fracgao ou for ladrao de estrada; peladera a vida conforme
.as circumstancias; ou tambem se qualquer sentinella commetter furto ou consentir que alguem
o commetta, será castigado severamente e conforme as circumstancias incurso em pena capital*
19.° Todo o soldado que nao tiver cuidado no seu cavallo, ñas suas armas; no seu uniformé;
sella, etc., e em tudo o que lhe pertenee; que o langar fóráj que o romper o ü arruinar de pro-
posito e sem necessidade, e que o vender, empenhar ou jugar, será pela primeira e Segunda
vez preso ó severamente castigado conforme as circumstancias; porém, á terceira, será punido
de morte.
20.° Todo o soldado deve ter sempre o seiv armamento em bom estado e fazer o servigo
com as suas proprias armas; aquelle que se servir das alheias ou as pedir emprestadas ao seu
camarada, será castigado com prisao rigorosa.
21.° Aquelle soldado que contrahir dividas ás escondidas dos seus officiaes, será punido
corporalmente. "
22.° Todo aquelle que fizer passaportes falsos ou usar mal dá sua habilidadé, por qualquer.

modo que seja, será punido com rigorosa prisao; porém, sé por esté meio facilitar a fuga a
qualquer desertor, será reputado e punido como desertor.
23.° Todo o soldado que occultar um criminoso ou buscar méio para se escapar aquelle que
estiver preso como tal oü o deixar fugir, ou sendo encarregado de o guardar nao pozer todas
as precaugoes para este effeito, será posto no logar do Criminoso.
24.° Se qualquer soldado commetter algum crime, estando bebedo, de nenhum modo o es-
cusará do castigo a bebedice, antes pelo contrario, será punido dobradaméntó, conforme as cir-
cumstancias do caso*
25.° Todo o soldado que de proposito e deliberadamente sé pozer incapaz de fazer o ser-
vigo* será eondemnado ao carrinho perpetuamente*
26.° Nenhum soldado poderá emprestar dinheiró ao seu camarada, nem ao superior.
27.° Nenhum soldado se poderá casar sem licenga do seu coronel.
28." Todo o official, de qualquer graduagSo que seja, que se valer do seu emprego para
tirar qualquer lucro, por qualquer maneirá que seja e de que nao poder inteiramente verificar a
legalidade, será infallivelmente expulso, alem de resarcir-o damno que houver causado. •" ;
29.° Todo o militar deve regular os seus costumes pelas regras da virtude, dacandura e
da probidade; deve temer a Deus, reverenciar e amar o seu-rei e exécutar exactamente as or-
dens que lhe forem prescriptas.

Na resolugaó de 8 de margo de 1763, aob consulta do conselho d'estado,


foi adoptada a seguinte tabella de equiparagao dé postos

Armada Kxorciío Magisiralwra


Guarda marinha * Alferes*................... juiz de 1.a instancia.
Segundo tenente Tenente Juiz de 2.a instancia.,
Primeiro tenente Capitao Correigao ordinaria.
• • ,• •
Tenente. commandante ....... Capitao de granadeiros Primeiro banco. .

CapitSo tenente
Capitao de fragata
Majpr.. .................... .Desembargado!"
Tenente coronel
do Porto.
Desembargado!" da supplicagSo...
Capitao de mar e guerra..... Coronel Conselheiro, da fazenda.
Coronel de mar Brigadeiro • •• •
Desanbargador do pago.,
.

No alvará de 9 de julho de 1763, que determinou que em cada regimentó houvesse um livro de registe,
c os assentos que n'elle se deviam Janear, encontrase o segninte:

7.° Os conselhos de guerra se escreverao similhantemente nos versos das folhas do registo
dos officiaes, e no logar que n'elles se acha tambem indicado para este effeito.
56

11.° Devendo suspender-se os sóidos d'aquelles culpados, que forem condemnados ao traba
lho por annos ou por mezes, e mandados transportar para este effeito a pragas ou logares dis-
tantes, na forma que tenho ordenado pelo capitulo xr do novo regulamento, serao sempre os
mesmos culpados soccorridos com o preciso sem falta nem demora pelas remessas que, para esse
effeito, devem cuidadosamente fazer as thesourarias das repartigoes a que tocar, ficando os go-
vernadores das respectivas pragas respünsaveis pelos caritativos alimentos dos mesmos culpados;
c as thesourarias geraes por qualquer demora que baja ñas remessas do dinheiró necessario para
os referidos alimentos,
12.° Os outros Culpados, que os coronéis prenderem nos regimentos por alguns dias, semanas
oü tempo que nao chegue a completar um mez, nao receberao mais de 20 réis por dia; e os
outros 20 réis do seu soldó, lhes ficarao retidos emquanto durar a prisao; e serao mettidos em
urna caixa que haverá destinada a este fina, para serem distribuidas pelos mesmos coronéis as
multas que n'ella entrarem (logo que perfazem a somma de 2$000 réis) aós officiaes inferiores
e soldados das companhias de cada um dos mesmos delinquentes.

Alvará dé 15 de julho de 1763

Eu El-ítei fago saber aos que este alvará de declaragao virein, que nao permittindo a in-
dispensavel necessidade da observancia da disciplina militar, que os artigos de guerra, que fa-
zem a base na mesma disciplina, estejam sujeitos a interpretagoes e intelligencias, que, ou gra-
vera alguns culpados com penas maiores d'aquellas que centra elles se acham estabelecidas, cu
moderem a outros aquelles castigos a que pelos seus crimes se aeharem necessaríamente sujei-
tos; e sendo informado de que nao obstante que pelo meu alvará de 18 de fevereiro próximo
precedente mandei julgar inviolavel e litteralmente pelos mesmos artigos sem interpretagao ou
alteragao alguma, qualquer que ella fosse, ainda assim houve casos em que veiu em duvida a
intelligencia d'esta minha geral deterniinagao, obviando a estes inconvenientes: sou servido de-
clarar que nos conselhos de guerra que se tiverem para julgar os delictos militares, na conformi-
dade dos sobreditos artigos de guerra, só pertence aos juizes o arbitrio no exame das provas,
para que cada um as possa julgar conforme entender, que verificara ou nao verificara bastante-
mente os delictos; e para que, no caso do os nao aeharem provados o que baste, possam absol-
ver os réus que d'elles estiverem argüidos.
Julgando, porém, que os crimes estao provádos, lhes nao ficará arbitrio algum 3ivi'6 para
alterarem ou modificaran a disposigaó do artigo ou artigos de guerra que houverem sido trans-
gredidos; nem para usarem na sentenga de outras palavras, que nSo sejam as niesmas idénticas
do sobredito artigo ou artigos, que na eondemnagao das mesmas sentengas devem fazer copiar
litteralmente, assim como se acham escripias no novo regulamento, sem acrescontarem ou
diminuirán nena urna só palavra. E porque pode haver casos, nos quaes concorram taes circum-
stancias que fagam os réus dignos de eu usar com elles da minha real clemencia, para moderar
em beneficio seu o rigor das penas em que estiverem incursos, quando as circumstancias dos
crimes parecer prudentemente que sao dignos da minha real benignidade; suspendendo-se n'estes
casos a execugao das sentengas, depois de haverem sido langadas na sobredita forma, se me
farao presentes com os autos d'ellas, para eu determinar o que me parecer justo. E sou ser-
vido outrosim declarar que no artigo 14.° do capitulo xxvi do dito novo regulamento se acham
comprehendidas todas as pessoas que aconselharem ou induzirem soldados para a desergao,
ainda que militares nao sejam os sobreditos inductores ou conselheiros. E que sendo as induc-
g5es e conselhos para desertarem do reino os soldados, ainda no tempo de paz, sejam castiga-
dos os que as fizerem com pena de morte irremissivel, de qualquer sexo ou condigao que sejam;
e fiquem os mesmos inductores e conselheiros sujeitos aos conselhos de guerra dos regimentos,
cujos soldados aconselharem ou induzirem, os que n'este pernicioso crime forem adiados e
d'elles convencidos, para contra elles se proceder summaria e verbalmente em forma militar
pelos sobreditos conselhos de guerra.
E este se cumprirá tao inteiramente como n'elle se contení, etc.

Aviso de 17 de setembro de 1763

N'elle se prohibiu os castigos a bordo dos navios da armada que nao fossem os dos artigo»
de guerra.
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Ordem do conde de Llppe de/20 de oulubro de 1763

Os coronéis que tiverem presos nos seus quarteis, os poderao mandar para qualquer prisSo
á sua ordem, sendo das da corte ou da térra onde estiverem de quartel. Quando algum ministro
prender algum soldado, e o entregar no regimentó a que pertencer para ser sentenciado; depois
do dito soldado ser perguntado, pode o coronel mandar conferir as respostas do soldado com; o
ministro que o prendeu.

Decreto de 20 de ©ütubro de 1763

Porquanto pelo regulamento que estabeleci üovissimaménte para o exercicio é disciplina do


meu exercito, conformando-nie com o que EbRei meu senhor e bisavo havia determinado a éste
respeito, Ordenei que em: cada regimentó haja um auditor letrado, que sendo instruido ños cri-
mes; que pelas minhas leis se acham defendidos, principalmente nos: artigos: de guerra* exercite
como juiz relator nos conselhos que se fizerem para serém sentenciados os criminosos dos seus
respectivos regimentos, tendo a graduagao e ordenado de juiz de fóra da segunda instancia; e
porque pelo referido estabelecimento fica cessandó o exercicio dos auditores particulares das
pragas¡: sou servido abolir a jurísdicgao dos: sobreditos auditores geraes é particulares; e mando
que os; bachareis; que forem promovidos nás sobredit'as auditorias dos regimentos, sendo pagos
pelas respectivas thesourarias geraes das tropas da sua repártiglo* prefiraui aos qué houverem
servido^ outros logares de igual gradúagüo para os adiantamentos, de sorte que emquanto houver
bachareis, nos quaes concorra a referida qualidade; nió sejam consultados os outros em que
ella faltar, havendo servido por tempo; de tres annos, e dando boa residencia dos seus logares.
A mesa do desembargo do pago o tenha assim entendido e: me consulté logo as auditorias que
vao declaradas na relagao que baixa com este decreto, a qual ordeno que valha como parte
d'elle, indo assignada por D. Luiz da Cunha, ministro e secretario d'estado dos negocios estrán-
geiros, e da guerra*

Alvará de 21 de oulubro de 1763

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará com forga de lei virem, que tendo abolido a ju-
rísdicgao dos auditores geraes da gente de guerra das provincias, e os auditores particulares
das pragas; excitando no logar d'elles os auditores, que El^Eei meu senhor e bisav6 houve por
bem crear para cada um dos tergos que constituirán! o sen glorioso exercito; tendo consequav-
temente ordenado que ñas tropas haja para cada regimentó um auditor letrado*, que seja instruido,
nao só. nos artigos de,guerra, mas tambem nos outros crimes, que pelas minhas leis civis se
acham defendidos ém beneficio da paz publica dos meus.reinos.e.do bem commum dos meus
vassallos, para exercitarem o cargo de juizes relatores nos conselhos de guerra, em que os
criminosos devem ser sentenciados; e considerando quáo justo e necessario é que os ditos audi-
tores tenham regras certas e determinados limites que lhes prescrevam a jurísdicgao que devem
exercitar, de sorte que em tao delicadas e importantesmaterias, como sSo, a regular disciplina das
tropas e a tranquillidade publica dos povos que Deus me confiou para os proteger; nem a mesma
jurisdicgSb militar dos referidos auditores e conselhos de guerra implique com a jurísdicgao
civil dos magistrados dos logares onde ambos, eoneorrem; nenr pelo contrario a segunda das
ditas jurísdicgoes implique com a primeira d'ellas; para que de urna vez cessem entre os sobre-
ditos todos os conflictos de jurísdicgao, todas as prevengoes de processos, e todas as mais contro-
versias similhantes, que só servan de animar e fomentar os delictos, dando occasiSo a que os
réus d'elles; os commettam. na esperanga que poderao subterfugir as penas pelas controversias
dos juizes, e pelos circuitos e dilagoes dos raeios ordinarios, que até agora se: empregavam em
dirimir as mesmas controversias:; estabelego aos ditos respeitos o seguinte:
1.° Tendo ordenado que para as sobreditas auditorias me sejam consultados hachareis; que
tenham bem servido logares de prímeira entrancia, para servirem os próvidos n'ellas por tempo
de tres annos:. mando que no -finí d'elles, havendo-lheseu nomeado successores, sejam syndicados
como o sao os mais julgadores do: reino. Porém, os interrogatorios das "suas residencias serao
diversos dos que para os outros syndicantes se acham estabelecidos pela ordenaglo do reino;
usando-se,:em logar d'elles dos que no fina d'esta lei se acharao escriptos, os quaes mandón que
valhám: como parte, d'ella e como se n'ella fossem encorporados.
: ..
2.° ítem. Mando que a jurísdicgao dos referidos auditores e de todos os conselhos de guerra,
em tudo>o que pertence a crimes prohibidos pelas minhas leis militares e civis, seja privativa e
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exclusiva de toda e qualquer outra jurísdicgao, e de todo e qualquer outro privilegio, posto que
seja dos encorporados em direito,, que séjam munidos das mais exuberantes clausulas, e que
Bejam d'aquelles que requeran que d'elles se faga expressa menglo e especial derogag&o;
porque a todos os sobreditos privilegios deve prevalecer n'estes casos de crimes prohibidos pelas
léis militares ou; civis*. sém differéhga alguma, a jurisdicgaó dos sobreditos auditores e conselhos
de guerra, sem outra alguma excepgao: que nao seja a dos crimes de lesa magestade, disána ou
humana., . e porque n'estes crimes serao os réus? d'elles sempre remettidos sem demora ou duvida
-alguma pelos superiores militares,^a cuja ordem se aeharem presos, aos tribunaes é ministros a
quem toca reclamar tSo abofiainaveis delinquentes, ou aos ministros que eu for servidp prdeñar;
segundo a exigencia dos casos*
3*° Para que assim se observé inviolavelmente., hei por,inhibidas e cassadas pelo que per-
ténce aos crimes dos militares (nao sendo da quaíidáde dos que ácima déixo exceptuados) todas
as jurisdiegoes de todos e quaesquer magistrados e de todos e quaesquer tribunaes* e ordeño
que das referidas causas crimes nao possára tomar conheeimento algum*. debaixo da pena de
suspensao de seus cargos até minha mercé, para ficarem n'ella incürsos pelo mesmo facto da
usürpacao que fizerem Contra o ácima disposto* a qual pena mando que, sobre o recurso da
parte e advocagao dos; autos, lhe seja i declarada pelo regedor da casa da supplicagao no territo-
rio da relagao de Lisboa-e pelo chancelíér do Porto no districto da relagao e casa civil; osquaes,
depois de haverem déelarado. as ditas^ suspensoes. íara'o remetter os autos e os presos debaixo
detoda'.aseguranga aós; corpos militares a que forem pértencentes*
4.° Sendo commettidos. os crimes nao expeptúados na sobredita forma por militares que, te-
nham o habito de alguma das ordens de Nósso> Senhor Jesús Christo, de S Thi ago da Espada
*
ou. de S*; Bénto¡ de Aviz, intervirá sempre nos conselhos de guerra qué, se fizerem para os julw
gary um :numero de: cavalleiros de; qualquer ou quaesquer das sobreditas ordens, que seja igual
ao ¡numero dos officiaes de patente dé' qué se composerem os conselhos de guerra, posto qué
todos os ditos cavalleiros nao sejam do mesmo regimentó, ou da mesma ordem dos criminosos;
e assim o estabelego nao só como Reí, más tambem como governador e perpetuo administrador
quesoüdas sobreditas ordens.: ¡
5.° Sendo a disciplina militar e a policía os dois polos que süstentam a paz publica e: tr-ání-
quillidade os povos; e devendo por isso ser inseparaveis, e coadjuvarem-se mutua e reciproca-:
mente, de sorte que entre urna e outra nao só nao haja o menor conflicto de jurisdiegoes, mas
nem aínda o menor signal de disppsigao para elle;, mando que todo aquelle official militar que
usurpar a jurisdicgaó civil dos ministros oü cámaras das térras ou pragas onde estiver ou se
alojar, perGa por esse facto o posto que tiver, nao havendo commettido excesso digno das maio-
res peñas, qué reservo ao meu real arbitrio; e respectivamente estabelego que todo aquelle
ministro: ou magistrado civil, que se intrometter em cousa alguma do que por esta e pelas leis
e ordens que tehho mandado fazér publicas para a disciplina das minhas tropas, pertence aos
officiaes e auditores d'ellas, percam, tambem pelo mesmo: facto da usurpagao que fizerem onda
ingerencia que reduzirem a acto de que conste, os logares em que se aeharem próvidos, alem
das outras penas: que; tambem reservo ao meu real arbitrio, para as mandar declarar segundo
me parecer que ó justo e necessario.
6.° Para evitar ás duvidas que se podemofferecer sobre esta materia, estabelego ©declaro
primeiramente, que por urna parte todos os: militares sao competentes para prenderem nos casos
de flagrante delicto todos os criminosos que virem delinquir ou quando forem chamados para
socegar qualquer disturbio, posto que as pessoas que n'elle intervierem nao sejam militares, e
que pela outra parte todos os magistrados e officiaes civis sao respectivamente competentes para
prenderem todos os soldados e officiaes dé guerra nos. mesmos casos, sem por isso violarém o
privilegio militar, comtanto,' porém, que a respeito dos primeiros, logo que o criminoso chegar
ao corpo da guarda> e logo que se der parte da sua captura ao commandante da praga ou logar
onde houver sido feita a prisao, ó mandará o mesmo commandante entregar com uní recado
civil por. escripto ao ministro ou juiz a quem tocar; e que a respeito dos segundos; logo que
qualquer official ou soldado chegar preso á sua presenga, mandarao avisar, com outro recado
de igual civilidade tambem escripto, o commandante da tropa sobre o caso que houver succe-
dido, para que elle mande buscar com decencia o culpado e o faga conduzir á prisao militar que
lhe; parecer conveniente.
7." ítem. Estabelego e declaro em segundo logar, que ñas rondas e patrulhas: que saírern de
noite nos logares onde houver tropa, é permittido e necessario por urna parte que as patrulhas
militares prendara todos os moradores das térras que aeharem ou delinquindo ou vadiando
n'ellas; que levem os referidos presos aos corpos da guarda, que n'elles os tenham até ao día
seguinte: e hora competente, para darem parte ao seu commandante, a fim de que os faga entre-
gar aos juizes das térras na sobredita forma; e pela outra parte que é igualmente permittido e
necessario que as rondas civis prendamos soldados e militares, que aeharem destacados dos seus
corpos e separados dos seus quarteis ou alojamentos, vagando pelas rúas, que os segtirem na
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cadeia em-.custodia até que na inanlia seguinte á hora competente avisem o commandante do
preso para lli'o remetterem na maneira ácima; declarada, e tudo o referido debaixo das sobredi-
tas penas.
8*° ítem. Estabelego e declaro em tereeiro logar que, havendo creado pela minha leí de 25
de junho de 1760 Um intendente geral da.policía para a minha corte e reinos, com ás instrücgoés
necessarias para que pelo meio de continuos e exactos exames e de successivas Correspondencias
com todos os outros magistrados da mesma corte e reino que lhe subordine!, se conserve a paz
e tranquilidade publica, havendo em commüm beneficio ordenado que o mesmo intendéüte geral
da policía em Lisboa e o chanceller da relagao, com o seu substituto na cidade do Porto, fagam
pelos: ministros, que lhe sao sübordinadosy prender e autuar os criminosos em processos: simplésL
mente verbaes e summaríos; servindo-se para elles do: concurso das irifórmagoés particulares'qué
tem nos seus respectivos archivos, é que nlo é táo fácil que haja em outros logares para remet-
terem aos corregedores do crime da corte os réus que nao sao do fóro militar; ,é nao dévendó
haver pessoa alguma que seja isenta d'estes ¡summaríos proeedimentós da: policía contra a tran-
quillidade publica e bem conimum do reino, por urna parte aos sobreditos intendente geral e seu
substituto pertencerá sempre apprehender e reter na sua prisao, quando assim se fizer necessario;
os soldados e officiaes que tiverem culpas na suá presengá até que as mesmas culpas sejam íóv-
madas pelos processos verbaes e informatorios que só tocam ao seu conhecimentó', e pela Outra
parte serao ambos obrigados, logo que os mesmos: processos forem féitos, á remettél-os com des-
pacho seu e aviso do ministró cóm quem os houverem preparado, ao commandantemilitar a quera,
pertencer, para que este mande conduzir o preso e ó faga julgar com o auditor a qüem tocar na
sobredita forma,, ficandó sempre ñas respectivas intendencias geraes as copias dos jirocessós ver-
baes, que com os presos forem remettidos na maneira acimá declarada* e dando-sé aos orígiñáés
dos: ditos processos verbaes remettidos urna inteira fé e; Crédito nos conselhos de guerra onde
forem apresentados* -.--
9.° ítem. Estabelego e declaro em quarto logar, que sendo necessario para se aclarar a
verdade da defeza ou culpa de qualquer criminoso, que qualquer preso que se ache na cadeia á
ordem dos ministros civis haja de ser perguntado nos conselhos de guerra, oü que qualqüér sol-
dado preso á ordem dos officiaes de guerra haja de ser perguntado por algum ou alguns: magis-
trados civis, have'rá urna reciproca e harnioniosa correspondencia entre os sobreditos para se re-
metterem os presos nos referidos casos, precedendo avisos expedidos nos termos da mais polida
urbanidade, debaixo da clausula de reporem os mesmos presos logo que fórein perguntados, fi-
candó no entretanto responsaveis da sua seguranga. O mesmo ordeno que se observe em todos
os casos em que qualquer soldado for necessario para servir de testemunha perante ós ditos ma-
gistrados civis ou em que quaesquer dos moradores das térras houverem de ser testemunhas nos
conselhos de guerra.
1
10." ítem. Estabelego e declaro em quinto logar, que em ordem a que nem aos officiaes e
soldados faltan os alojamentos necessarios, nem aos povos se fagam extorgoes, se fique obser-
vando a respeito dos mesmos alojamentos, onde nao houver quarteis estabelecidos, o mesmo qué
sempre se praticou n'estes reinos inaltéravelüíente, isto é*. quer seja ñas pragas onde assistirem
as tropas, ou seja ñas térras por onde transitarem, ou seja ñas conducgoes e reconducgoes; de-
vendo os officiaes e soldados ser alojados ñas casas dos particulares; aos juizes e officiaes das cá-
maras ficará pertencendo fazerem os boletos, proeedendo n'elles de sorte que os distribüam com
a maior igualdade e menor oppressáo dos povos que couber no possivelj sem que os officiaes de
guerra ou soldados se póssam intrometter nos sobreditos alojamentos com jurísdicgao alguma.
Nos casos de duvida, havendo perigo na mora, se recorrerá ao official de maior patente que se
achar dentro da distancia de duas até tres leguas, e logo depois ao governador das armas da
provincia ou quem seu cargo servir, dando-se-lhe immediatamente conta da duvida e do modo
com que n'ella se houver interinamente próvido, para elle entáo resolver o que achar que mais
se conforma com as minhas leis é ordens. Ao mesmo governador das armas se recorrerá, porém,
immediatamaite nos outros casos em que a necessidade nao for tito urgente que nao admitía a
dilagiío d'este recurso*
11.° ítem. Estabelego e declaro em sexto logar, que havendo algumas questoes sobre inimu-
nidade, sendo esta feita com o juiz de fóra da praga ou do logar mais vizinho á prisao de que
se tratar, e com o vigario geral ou juiz ecclesiastico a que pertencer, nao concordando os sobre-
ditos serao terceiros os auditores geraes, guardando a este respeito as formas que pelas minhas
leis se acham estabelecidas.
12.° ítem. Estabelego e declaro em sétimo logar, que todas as causas civeis dos militares
por maior graduagao que tenham, ou n'ellas sejam auctores ou sejam réus, sao inteiramente
alheias da jurisdicgaó dos referidos auditores é: de todos os conselhos de guerra, e sao exclusi-
vamente pértencentes á jurísdicgao dos tribunaes e magistrados civis, ou n'ellas se trate sobre
dividas ou sobre bons movéis: ou sobré bens de raíz, nos quaes bens todos se fará execugao sem
duvida ou embaraco algum, como é de direito e milito conforme á boa rasao.
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13.° Estabelego e declaro comtudo em oitavo logar, que por dividas civeis se nao posaam
penhorar nem execütar aos ditos officiaes de guerra e soldados os bens que nao estíio, nem. deve-
rao nunca estar no commercio, per serem indispensavelmente necessarios para o meu real servigo
é. despeza do reinOj conio, sao os movéis que se fazem precisos para os sobreditos officiaes de
guerra e^ soldados me servirán nos quarteis e na cámpanha, segundo as differentes graduagoes
dé cada, um d'elles, como sao os cavailós, sellas*, jaezes e arreiós, as armas offensivas e defensi-
vas, os sóidos destinados aos quótidianos alimentos dos mesmos officiaes e soldados, nos quaes
sóidos ordeno que se nao fagam, penheras, nao só pelo que tuca ao total d'elles, mas nem aínda
ém parte por mínima que seja. E por me constar qué n'esta materia se tem praticado o contra-
rio; com muito perniciosas; consequencias contra o meu real servigo, contra a disciplina das
tropas ,e; contra a utilidáde publica, determino, que; debaixo da pena de suspensao, os thésou-
reiros geraes ou os seüs, eommissario^ pagadores,, nao obstante quaesquer penhoras ou execu-
.goes que se hajam feito oü inteñtarem fazer contra os sobreditos officiaes e soldados, lhes entre-
guemos seus sóidos por inteiro sem descontó algum* i
14.? Itera-. Estabelego e declaro em nono logar, qué pelas mesmas dividas civeis se nao póssa
proceder a prisao contra ps sobreditos officiaes de güei'ráe soldados, devendo prevalecer ao in-
teresse dos credores.particulares a ütilidade publica de se conservarém completos os corpos des-
tinados á déféza do reino*
15.° ítem* Estabelego: e declaro em décimo logar, que fallecendo quaesquer officiaes, ou seja
nos quarteis,, pu seja na cámpanha, o sargento mor do seu regimentó com o auditor d'elle procedan!
logo,com qualquer outro official, que sirva de escrivao, a fazer inventario de todos os bens mo-
véis que lhes forem achados; para entregarem as armas; munigoes e tudo mais pertencehte ao
mett real servigo, qué se achar a cargo dos defuntos aos officiaes a quem tocar; e para remette-
rem os outros bens:: particulares, e proprios dos mesmos defuntos, debaixo da devida arrecadagao
aos juizes competentes dos logares onde os sobreditos fallecerán * precedendo tambem para esté
effeito as necossarias arrecadagoes e quitagoes dos sobreditos: juizes*: os quaes fáraó entregar os
bens que receberem aos herdeiros Ou legatarios*, que peránte elles se legitimaren!. Em tudo o
referido se procederá sempre dé plano pela Verdade sabida e sem a dependencia de meios or*
dinaríps*:
r
16.° Nao servindo os referidos officiaes, que fidlecerem, dentro nos regimentos que téem
determinados auditores, se procederá ao inventario de seus bens pelos sargentos mores das pragas
com p: auditor mais antigo que se achár dentro de tres leguas; observando-se em tudo o mais a
sobredita fóiuna* E sendo os fallecidos soldados ou officiaes inferiores, se entregáráo os fardamen-
tos grossos nao vencidos^ os armamentos e as munigoes aos seus coronéis, debaixo da sobredita
arrecadagao; e se procederá a respeito de todos os mais bens na mesma forma ácima declarada.
17.° Estabelego e declaro, em undécimo logar, que occorrendo alguns casos alem dos sobre-
ditos,; nos quaes se mpva questao sobre a competencia entre as jurísdicgao civil e militar, aquel-
les ministros e officiaes de guerra que moverán a duvida, a participem logo ao governador das
armas da provincia ou quem seu cargo servir, para me fazer presente e eu determinar o que me
parecer justó; suspendendo no entretanto os sobreditos officiaes e ministros todo o procedimiento,
debaixo da pena de privagao dos seus postos e empregos; e dando o mesmo governador das ar-
mas ou quem no seu logar estiver aquella interina providencia que o caso pedir, quando se der
perigp na mora, com que alias se deveria esperar a minha real resolugao.
18.° ítem. Estabelego e declaro que a minha intengao e dicisiva determinagao é que esta lei
fique servindo de única e inalteravel dispósigaó, para se regularen! os limites da jurísdicgao civil
e militar: e mando que a respeito d'ellas se nao possa allegar para algum effeito qualquer outra
lei, regimentó, alvará, ordem ou costume contrario; nem ainda com os pretextos, por exemplo, de
casos similhantes, de casos omissos, dé identidade da razao, de restituigao ou ampliagao; porque
só quero e ordeno que litteralmente se observe esta, e por ella se julgue litteralmente sem inter-
pretagSo ou modificagáo alguma; de sorte que, havendo duvida em qualquer dos casos ácima
exemplificados ou quaesquer outros, se deve em todos elles recorrer á minha immediata provi-
dencia, quando as circumstancias d'elles forem taes, que se fagam dignos de chegarem á minha
real, presengá.
E este se cumplirá tao inteiramente como n'elle se contém, etc., etc.

Decreto de 18 de dezembro de 1763

Porquanto sobre a execugáo da minha lei de 21 de outubro próximo precedente, em que


fui servido crear auditores para todos os regimentos do meu exercito, abolindo geralmente toda&
as outras jurisdiegoes antecedentes, se tem movido a duvida, de comprehender ou nao a, mesma.
lei as causas que de pretérito se acliavam já affectas á accessoria do conselho de guerra : sou ser-:
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vido declarar queias causas criines; que Se acham por appellagaó no conselho de guerra, se de-
vem; n'elle decidir} e que todas as outras causas civeis, qué sempre foram alheias da jurísdicgao
militar ó sobre ás quaes foi por isso sempre controversa a competencia d'ellas, se devem rémét-
ter para as relagoes do.territorio aque tocar.em, para n'ellas se confirmaren! ou revogarem as
sentengas das primeiras instancias, como direito for. V . :
O mesmo cohselho: de guerra ó tenha assim entendido é fagaíexécutar.

Edilal do conde de Lippe, de 17 de fevereiro de 1764

Porquantü El-Réi ífléü senhor; pela sua lei dé' 21 de outubro'do áüñó'próximo passado, em
que déclarou os justos limites da jurisdicgaó civil é militar, tem ordeñado o que consta dos para»
graphos seguintes: -..;-,'
(Següem-se.os§§'6.°e:7.° da citada lei.). '..,...' ^. ..',-
E porquanto ap mesmo tempo em que á iiingtiem deve escitsar a ignorancia, depois dá pu-
blicagSp da sobredita lei e de todas as outras do mesmo senhor*, que tem defendido a resistencia
aos magistrados e officiaes dé justiga; as violencias dé se lhes fazerem insultos ó tirarém presos
das suas maos; e a désordém de andarem os. soldados vagando pelas rúas; tém chegado á real
presengá os estranhos fáctos de differentes transgressoes de todas as referidas leis, tao incompa-
tiveis com a indispensavel auctoridade d'ellas, como contrarias ao soeégo publico, e á disciplina e
decoro que cora louvavel zélo e conhecido aproveitanlento procuram estabelecer ñas tropas d'este
reino os officiaes encarregados de as exercitarem.
Manda Sua Magestade que todos é cada um dos soldados ou officiaes inferiores, que resisti-
rem ás justigas ou aos seus officiaes, ou com armas militares ou ainda com paus ou com pedradas,
e todos os que commetterem qualquer acto de violencia que seja ordenado ou a tirarem presos
das maos das mesuras justigas ou a iinpediréni quaesquer prisoes, qué os officiaes dos magistra-
dos civis pretenderen! fazer, e todos e cada um dos cuñiplices que cóópérárem para qualquer dos
referidos delictos, sejam presos e tratados como rebeldes ás leis do inesmó senhor, como inimi-
gos do socego publico e Como profanadores do decoro é honra militar; sendo cóñio táés irrémis-
sivelmente condemnados na pena de morte natural, pela comprehensiva dispósieao do 1.° é 15."
dos artigos de guerra estabélécidós no novo regulamento. , . , ,
Manda Sua dita Magestade ontrosim qué todos é cada um dos soldados da corte e provincia
da Extremadura, que fórem achados ñas rúas de Lisboa é seus suburbios ou ñas dé Béleni e seus
suburbios com espingardas, ou bayonetas, ou chifárotes, oü tragados, Ou facas de pontá, Oü pis-
tolas, ou quaesquer outras arínas aleivosas, óii sejam brancas óu de íogó,' nao indo em aegao do
real servigo, sejam presos, degradados das honras militares, tirandó-se-lhés todos os fardamén-
tos e insignias dos regimentos a que perteneerem, como indignos d'ellas, é snecessivamente re-
mettidos ao arsenal real do exercito, para n'elle ficarem trabalhando com braga por tempo de
seis annos.
E manda últimamente Sua dita Magestade que es processos dos referidos crimes, tao con-
traríos ao socego publico como indecentes á reputagao das suas tropas, sejam lindos no espago
do mesmo dia natural, em que forem principiados, sem maior prorogagao de tempo.

Alvará de 18 de fevereiro de 1764

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará de ampliagao e declaragSo viran, que havendo
consideragao que para a melhor execugSo do capitulo x do regulamento, que estabeléci para
as minhas tropas, será muito conveniente que aos auditores, que tenho naneado e nomear para
os regimentos do meu exercito, exercitem com maior auctoridade os seus empregos, participando
d'aquella que é inseparavel de tao respeitaveis corpos, como pessoas a elles pértencentes; e at-
tendendo a que assim ficará tambem n'elles mais propria e natural a subordinagSo que devem ter
aos chefes dos regimentos em que exercitarem: hei por bem que logo que apresentarem as suas
nomeagoes se lhes passein patentes de capitaes aggregados aos differentes corpos onde exercita-
rem, vencendo o mesmo soldó que vencem os outros capitaes dos regimentos onde servem; go-
sando das mesmas honras do que gosam os sobreditos capitaes, e usando dos mesmos uniformes;
nos conselhos de guerra em que assistirem occiiparato o logar de capitaes. mais modernos, e vo-
tarlo na classe dos officiaes:em primeiro logar como relatores, votando o presidente sempre em
62

ultimo logar; nos casos de empate se naneará logoum official dé grau immediatamente inferior
aó do presidente, para desempatar. E succedéndo ser marechal de campo ou brigadeiro, o gene-
ral que houver feito congregar p conselho ordenará a um brigadeiro óu coronel qué vá desem-
patar. Quando os sobreditos auditores se acharan impedidos por doengá ou morte*. e houver
negocios tao urgentes que (nao) admittam dilagao, fará o official de auditor aquelle que entre os
capitSes do respectivo regimentó acharó coronel d'elle que é maispróprio pela sua prudencia e
instrucgao para exercitár o dito cargo. O servigo que os ditos auditores me fizerem lhes será
atténdido, nao só para o adiantamento nos logares de letras, mas tambem para o acrescenta-
ménto de patentes nos postos do exercito, havendo mostrado para os occuparem vocagSo, appli-
cágao e prestimo ; e pretendendoseguir a prófissaó'inilitar.
E este sé cumprírá como n'elle se contení, etc.

Ordem do conde de Lippe, de 20 defevereiro de 1764, dirigida a Djpgo da Cunha

Todos os soldados que v. s,a mandar sentenciados pelos artigos de guerra do novo regula-
mento ao trabalho das fórtificagoes das pragas ou fortalezas, mandará v. s.a, junto com os mes-
mes sentenciados, um extractó das ¿entongas aos governadores das ditas pragas oü fortalezas, para
onde forem os culpados^ declarando nos ditos extractos o cónteúdo nos artigos oü culpas por que
os réus ,for.mi julgádós ; porqué os que sao sentenciados por desertores, alem de deverém traba-
lhar, devem tamben! trazer grílhoes ao p.é' e na mió, e rotulo, como dispoe o regulamento ño
capitulo n dos castigos, cujas circumstancias devem tambern declarar nos ditos extractos.

Alvará de 24 de fevereiro de 1764

Estabelece preceitos sobre a forma do recrutainento para o exercito e marinha, imppe-se a


pena de perdimento de postos aos encarregados de fazer reerutas, que faltarem ao cumplimento
d'esses preceitos, alem de outras, penas n'alguns casos. Os que voluntariamente se ausentarem,
ou antes de sorteados,, para nao entrarem no concurso, ou depois das sprtes, para nao seguirem
os; Seus: camáradas,, serao presos debaixo de chave na cadeia publica, e d'ella remettidos logo ás
prisoes da cábega da comarca, para d'eüas. passarem ás das relagoes das cidades de Lisboa ou
do Porto, cada urna no seu territorio, das quaes serao transportados aos estados da India, Ame-
rica pu África* cpmo hpmens vadios, rebeldes ao real servigo e inimigos do bem conmium da
sua patria. O que os capitaes mores dos respectivos districtos farSo executar indispensaveluiente,
de sorte que, constando que aiguní dos sobreditos vadios é visto na térra de onde se tivesse
ausentado sem ser preso, incorreram os referidos capitaes mores ñas sobreditas penas.

Alvará de 7 de julbo de 1764

Amplia o antecedente, ordenando-se, para que nao parasse nunca o prompto expediente das
reerutas, que os coronéis e mestres de campo dos tergos de infantería auxiliar sejam obligados
a residir ñas suas respectivas comarcas, das quaes nao jjoderSo saír san licenga, debaixo da
pena de perdimento de seus postes; e que os capitaes mores, sargentos mores, capitaes e alferes
dos mesmos auxiliares e ordenangas sejam obligados a residir ñas villas ou termos das suas
jurisdiegoes e nos districtos das suas respectivas companhias, debaixo da pena de perdimento
dos seus postos, dos quaes se lhes dará baixa ausentando-se d'elles sem preceder especial licenga,
por tempo: por mais de trinta días.

Alvará de 2l>'dc agosto de 1764

Eu EI-Rei fago saber aos que este alvará viran, que sendo manifesta a grande alteragao
que tem havido em quasi toda a: Europa na formatura, evelugoes e servigo da infantería, eaval-
laria e governo das pragas, depois do regimentó militar de 20 de fevereiro de 1708, e das mais
resolugoese ordais, que desde aquelle tempo até agora forain expedidas n'este í'eino sobre estas
importantes materias; e considerando eü quSo útil e necessario é para ó meu real servigo, bem
,63

commum de ineus reinos esoeego publico dos meus vassallos, que, assim como já mandei dar
para o exercicio e disciplina dos régimentos de infantería dos meus exercitos e governo das pra-
gas o regulamentOj que cornpoz por ordem minha o conde reinante;de SchaumbourgLippe, meu
muito amado e prezado primo, e mareehalgeneral dos meus exercitos, o qual fui servido appro-
var e confirmar pelo outro alvará dé leí de 18 de fevereiro do anno próximo passado de 1763;
seja tambem a cavallaria d'elles instruida, formada, disciplinada e governada na mesma forma,
em que actualmente; ó éstao práticando as outras potencias, cujos exercitos se distinguem ém
tudo o que perteriee ás ditas interessantes materias; havendo encarregado ao sobredito conde de
compor aos ditos respeitos o regulámeüto oü ordenangas;, que seraVcóm este alvará; e confor-
mándo-me inteiramente com o que no mesmo regulamento' se acha estabelecido: mando que
tudo o que está escripto em todos os vinte capítulos, de que elle se compoej e ém todos e cada
nm dos séüs paragraphos, assim no texto^. como ñas notas e no artigo, que vae no fim do dito
regulamento para se acrescentar ao capitulo n d'éíle depois do n.° 3i°, teiiha forga dé leí, para
por elles se julgar infallivel, ünviolavel. e litteralmente, sem diminuigao ou. interpretagáo algu-
ma, qualquer que ella seja, nao só pelo que toca ás disposigoes ooncernentes á ordem do go-
verno e servigo, mas tambem igualmente pelo que réspeita aos; artigos de guerra. Conseqüen-
teniente estabeleco que, achaüdo-se algum official de gráu de coronel, chefe de regimentó ou
do sobredito gráu de coronel; no caso de ter. commettido culpa grave contra as instruccoés ge-
raes da campanha do anno de 1762, que já ordene! tivessem forca de lei pelo mesmo alvará,
ou contra o referido regulamento de infantería, oü contra este de eavallaria, ou contra osi arti-
gós de guerra n'ellés eueorporados, o u contra as ordenangas ou ordens dé séus superiores^ seja
logo presó por ordem do mesmo mareehal general, ou na sua falta, pelo general commaiidarite
do exercito, ou na falta de* ambos, pelo góvernador. ou conmiandante da p'raga onde se achai'
o criminoso> sendosdas principaes pragas de armas, e nao o sendo, seja mandado para urna
d'ellas, e se lhe nomeie successivamente nm conselho de guerra, composto de genefáes de pa-
tentes superiores ou de outrosoínciaes competentes e proporcionados á graduágao do réu, e se
llie faga o seu processo pelo modo indicado no capitulo xi do mesmo regulamento,5 e com a pro-
porgao dos postos n'ellé estabelecida.
Para que ninguenrpossádesculpar-sedebaixo de pretexto. de ignorancia, ordeno que todos
os generaes em qualquer repartigao em que estejam,.-todos os govérnadoreS e commandantes de
pragas, e todos os coronéis e mais offiéiaes de cavallaria, sejam obligados a tér senipre comsigo
este: regulamento, e a estudal-o até Ihes fiear impresso na memoria, eisto debaiso da pena de
perdimento do posto contra os que forem adiados em .falta- ao dito: respeito¿ Mando que todos os
officiaes militares, segundo o posto que cada um tiver, empreguem eíficazmente toda a suá' au-
ctoridadé e actividade para fazerem observar tudo o que se aéha prescripto no dito regulamento,
com a maior e mais rigorosa exactidao, ainda n'aquelles niesmos pontos que Ihes pareceréüi de
menos importancia; tendo entendido que, assim como por:uma parte darei mostras do meu real
agrado e favor, aos que¡ executarem com zélo e exactidao o referido regulamento, assim tambem
pela outra parte me darei por muito mal servido dos que se houverein com negligencia ouindif-
ferenga a respeito do que u'elle se ordena, e com elles mandarei praticar as severas demonstra-
goes do meu desagrado.. Determino, finalmente, que este regulamento nao seja commünicado a
pessoa alguma que nao esteja empregada no meu real servigo. Em ordem a cujo fim, logo que
qualquer official vier a fallecer, o coronel ou commandante do regimentó a que tocar fará ap-
prehensao no regulamento que elle deixar, e..p guardará na sua mao em deposito, para o entregar
ao suecessor quando o posto for próvido, é tudo débaixo da pena de perdimento dos postos, e
das mais que reservo ao meu real arbitrio.
E este se cumprirá táo inteiramente, como n'ellej se contém, etc., etc.
Capitulo IX. — Dos artigos de guerra.—Capitulo X.—Dos castigos.—O regulamento de
eavallaria, approvado pelo alvará supra, contem exactamente a materia dos capítulos xxvre xi
do regulamento ; de infantería de 18 de fevereiro de 1763, que fieam transcriptos n'outro logar
d'éste livro.
Capitulo XI.—Dos interrogatorios e dos conselhos de </«erra. — Encerfa a mesma materia
contida no capitulo x do regulamento de infantería, com as seguintes alteragoes e addiciona-
mentOi'
No § 8.° d'aquelle. capitulo está de menos o ultimo periodo que comega — Depois o presi-
dente, etc.
O § 9." é concebido nos seguintes termos:
!9.° Devendb os conselhos de guerra regular-se sempre nos séus processos e senteJigas pelo
sentido natural dos artigos de guerra e espirito d'elles ein toda a sua extensSo; nUo haverá fá-
cilmente delicio, ou culpa militar ou civil, que nao possa entrar na classe de algum dos ditos
artigos. Nos casos, comtudo, emque ou nSo houver detenninagao expressa sobre a qualidadé do
64

castigó, ou em que o concurso das circumstancias ou ¿ falta de prova, fagam com que o culpado
nao póssa ser condemnado na pena que se ácha .estabelecida, devem< os ¡végaes; do? conselho de
guerra pronunciar entSó segundo o¡ díctame de suas cónscienGÍas,:cb.egando-se, porém, sempre
ñas suas sentengas; 0; mais qué for possivel, ao que está estabeleeido no regulamento;oü nos artigos
déíguérra ou ñas leis-;a respeito dos casos, que forem similhantes ao de que se tratar, lembran-
dprsé comtudo sempre de que Sua Magestade, confiando d'elles por virtude do presente a sénr
tenga dos- criminosos^ ó s.eu juramento: os; abriga diante deiDeus é-de El-Rei a exercerem es-
cíüpulosamente todas as obrigagoes de ¡juizes inteiros e illustrados,, riSo se deixando levar por
motivo áigüm de parcialidade, de vinganga, de empenho; dé compaixao mal entendida, ou por
outro.i qualquer que ppssa ser, antes julgándo segundo oque >a fc.ua ifidelidade para com Ek-Rei,
a-ségüranga publica, ajustiga e a eonservagáo dadisciplina militar devem d'elles exigir, assim
pelo escándalo presente,, cómo a respeito; das; consequenci&s futuras. Tendo entendido; qué nos
casos d'ésta qualidade; é que poderao principalmente manifestar a sua intelligencia e a rectidao
das suas inténgoes parao benido servigo real-e da ütilidade publica;- ' ;
:_•_:.
Ñi B.:-^- Qs crimes puramente cifras! coinmettidóspelos militares serao sentenciados;segundo
as leis cMs, de! que o auditor deve em tal caso explicar.o téor áos oütros membros do conselho
de güerráj para poderemjulgar em consequeneia. -,-
Depois; o presidente recomerá os votos,¡ cpmegando pela classe inferior,o seüserá o ñh

i;;, Següém-se:mais paragraphos:


os: seguintes ;•";;; : ;- •-
Se.o conselho de igjierra faltar em observar as disposigoes oü as formalidades que se
.:;;.; 1Q¡°
aoham .pfescriptas.pprSua.rMagestadé, ou se os votosse nao conform'arémí com o decreto do
dito senhor expedido em 15. dfeijulho de 1763, o. auditor insinuará brándaménte aos vogaes, que
cpnstituirem o conselho, o modocom que se dévem haver.. E recusando algum; d'elles ouo; pre-
sidente conformarse com as representágoes légaes que Ihes fízero mesmo auditor,- este suspen^
dérá entRo.lo conselho;de guerra^ e dará parte ámmediatamente ao coronel ou commandante do
regimentó,; para que este faga executar com toda a formalidade e com a maior preeisSo o r.egu-;
lamento e decretos de Sua Magestade, continuando sempre o¡ conselho dé guerra a; sua sessao,
©iiíio se; ¡separando sem¡ que a sentenga? tenha sido proferida segundo as leis ¡militares ou civis, e
conforme-as. circumstancias do? caso. ÉOrém, se¡ algum vogal se> obstinar em nao votar na confor-
midádé das ditas leis; e.decr.etósjiipEetendendo que prevalega o seu particular elivre arbitrio, o
coronel o; fará immediatamerite prender^ como; réu do cíame de desobediencia, e fará 1substituir
no seü logar o official, que immédiataméñte se seguir ao preso, para com1 elle se findar o conse-
>'.• .-';.
Iho;de> guería., ,.;:r¡:.i;-;:.;;!?--'--;'.'.-; ,;;! -i,-. .... <''
11.°; listo féitOj o auditor :extrahirá d'estes. votos a sentenga, e o processo todo; será remet-
tidoí a Sua; :Altéza o mareehal general ou ao general commandante do exercito, para dar conta
(sendo o caSo capital) a Sua Magestade^ de quemdeve esperar a confirmagao antes que passe a
exedivtal-a, em todos os casos, em que a demora nao for prejudicial, como, v. g.r o caso de mo-
timoü algüns pütros, em que o castigo deve succeder logo ao; delicto, principalmente estando o
exercitc ein campanha. .;¡;
...i^.^-.-ír^-.S'e'ió'.delie.to'ifoPíicaipital,entSo todo o¡ official pora aopé da sua tengao o sinete.

AlVárá de 4 de scténítírodé Í7C5

EÜ El-Rei fage saber, aos que este alvará virem, que tendo chegado á minha presenga difFe-;
rentes processos criminaes dos¡ conselhos de guerra, estabelecidos pelos capítulos x do regular-
mente de infantería e xi do regulamento de cavallaria, formados por differentes modos e al-¡
guns d'elles com defeitos substanciaes, que inhabilítala os mesmos processos para n'elles se pro-
ferirem sentengas válidas e dignas de me serení aprósentadasj e para eu decidir, sobre os casos
de que n'elles se tratoú, com irregularidades tfíp grandes; comoforam, por exemplo, urna,, a; dé-
se governarem os vogaes absolutos e vagamente pela rubrica dos sobreditos capítulos do novo:
regulamento, que trata-dos interrogatorios &, dos conselhos de guerra, para passarema formalisar
os mesmos eonselhos com as simples perguntas feitas aos réus, seguindo-se a ellas immediata^
mente as sentengas condemnatorias, se confessavam, ou absolutorias, se negavam P delicto.; outra,
a de se seguir d?esta irregularidades a outra de ficarem pela maior parte por averiguar os delictos

A¡J Obodo de votar estádieterminadpino alvará de 18 defevereiro de 1764. : ,; .:


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e as suas qualidades que os fazem tao diversos, como sao os mesmos delinquentes e os que com
elles eooperam, para perpetraren! os crimes; outra, a de nao terem advertido os auditores dos
regimentos que procederam com as referidas irregularidades em que nos sobreditos capítulos do
regulamento se nao tratou de explicar a formalidade com que deviam ser feitos os interrogato-
rios, mas que, suppondo a regularidade das perguntas, e que os mesmos auditores (como profes^
sores de letras e versados no conhecimento das leis) nao ignorassem ou preterissem o modo,
passaram sobre a consideragao d'aquelles termos habéis a declarar sómente as pessoas que devem
assistir ás ditas perguntas, e sentenciar os réus em consequencia d'ellas; outra, a de que, de-
vendo os mesmos auditores pela obrigagao do seu officio, serem fiscaes para explicar as leis e
requererem a execugao d'ellas para a conservagao da boa e indispensavel disciplina das tropas,
como Ihes é ordenado.pelos §§ 7.°, 8.° e 9.° do dito capitulo x, e pelos §§ 7.°, 8.°, 9.°, 10.° e ul-
timo do capitulo xi dos novos regulamentos, tem succedido pelo'contrario perverterem os mes-
mos auditores de tal sorte os seus officios, que elles foram os que torceram as mesmas leis
de que deviam requerer a execugao, subterfugindo-as com interpretagoes, modificacoes e restrie-
gues contrarías a toda a boa razao e á expressa disposigao das mínhas leis de 25 de junho de
1760l, 18 de fevereiro de 1762 2, de 15 de julho de 1763 e de 20 de outubro do mesmo anüOj
para as fazerem servir aos seüs mal entendidos empenhos e falsas compaixoes; e a outra emfim
a de que devendo vir á minha real presenga os processos nos seüs originaes, feitos na devida
íírma, succedeu tambem virem muitos d'elles por copias informes, sem assentos de corpos de
delicto, que mostrassem a certa existencia das culpas, sem testemunhas sobre elles perguntadas,
o sem as assignaturas e siuetes dos vogaes ños casos da ultima pena. E para que de urna vez
eessem estas e outras similhantes irregularidades, e se formárem os sobreditos processos verbaes
com todo o acertó, uniformidade e justiga, sou servido ordenar o seguinte:
1.° Declaro que as clausulas que nos ditos capítulos x de infantería e xi de cavallaria. fal-
lam de se fazerem os interrogatorios aos réus, de nenhuma sorte significám que os processos
devam principiar pelos sobreditos interrogatorios, mas que antes contrariamente suppoe os ter-
mos habéis de terem precedido os autos substanciaes. d'estes processos, os quaes sao os que vao
abaixo declarados.
2.° Declaro outrosini e estabelego que o primeiro dos referidos termos substanciaes e impre
teriveis, deve sempre ser em todo e qualquer caso o corpo de delicto, para se verificar a existen-
cia d'elle na maneira seguinte:
Aos
... de tal mes .
.. do anno de
. ..
tiesta villa ou cidade ... foipresente ao coronel do
regimentó de tinha commettido a marte na pessoa de . .., ou se tinha commettido um
.. . que se
roubo ou furto de importancia de ., ou se tinha feito á justiqa a resistencia ou injuria de .. .,
. .
ou se tinha commettido pelo soldado ou ojficial N. tal desobediencia contra o seu superior 1SÍ., ou o
soldado ou soldados ou officiaes N. N. haviam desertado do regimentó de ... no mez de . .., ou
em Jim haviam commettido crime de ... prohibido pela lei militar ote civil de ..., do qué
elle dito
coronel N. mandou fazar este acto, escripto por mira N., auditor do dito regimentó, para por elle
se proceder a inquiricao de testemunhas e interrogatorios; e sentenca contra o
dito réu. E eu N., au-
ditor do sobredito regimentó, o escrevi por ordem do dito coronel: assignando-se. o mesmo auditor
com o seu nome.
o.° Estabelego outrosim, que nos referidos actos do coi'po de delicto se especifiquem todas
as circumstancias que houverem concorrido no crime de que se tratar, ou sejam conducentes
para se absolverem os réus, e eu Ihes moderar as penas em que forem sentenciados, ou sejam.
para,, se Ihes aggravarem os delictos a elles e seus socios nos mesmos delictos, de sorte que
cesse toda a preplexidade, e que os juizes possam sentenciar, como devem, só com os olhos
no servigo de Deus e meu, na disciplina das tropas e na recta administragSo da justiga a
favor
dos innocentes e em castigo dos culpados.
4.° Estabelego outrosim, que o segundo termo substancial dos mesmos processos seja o de
que nomeando-se os officiaes que devem constituir os conselhos de guerra na forma dos sobre-
ditos capítulos x e xi dos novos regulamentos, se proceda n'elles immediatamente a convocar e
inquerir as testemunhas que necessarias forem para prova dos delictos ou defeza dos réus, sem

1 No'alvará d'esta. daHí, pelo qual foi creado o logar de intendente geral da policía, da corte e do reino, se
mandou eessar os procedimentoa ordinarios com que até enf.ao se protelavam os livramentos dos criminosos com
formalidades e delongas, que só serviam de animarem os delictos e de accumularem ñas eadeias numerosos presos
seordenou
uom inevitavel prejuizo dos que n'ellas se reeolliiam, e da boa e prompta administracao da Justina, c liuiitacíio
que os delictos commettidos na mesma corte f'ossem autuados em processos simplesmente verbaes, sem
de teinpo e sem determinado numero de testemunhas, sómente até constar da verdade do facto, sendo logo remet-
tidos aos corregedore8 do crime e da corte para serem immediamente sentenciados em relaeáo, na couformidade
dos reaes decretos de 4 de novembro de 1765.
1 Parece que deve ser 18 de fevereiro de 1763.
A
66

sujeigao a algum determinado numero e nos termos abaixo ordenados, escrevendo os ditos das
mesmas testemunhas os referidos auditores, e dirigindo estes como professores as perguntas no
caso de achafem que se nao fazem com a exactidlo e regularidade competente, como é obriga-
gSo de seus officios e se acha dísposto pelos mesmos capítulos x e xi dos ditos novos regula-
mentos;
5.° Estabelego outrosim, que sobre a existencia d'estes habéis e indispensaveis dois termos
sejam entao os réus opportunamente chamados aos conselhos de guerra, para n'eíle se Ihes fazer
os interrogatorips pelos officiaes que para isso se acham determinados pelos sobreditos capi-
tules x e xi dos mesmos novos regülamentos e na forma n'elles determinada; dirigindo tambem
os mesmos auditores os referidos interrogatorios como Ihes está ordenado pelos mesmos capítu-
los, escrevendo as respostas dos réus interrogados, e reqüerende sobre tudo isto, como fiseaes,
a execugao das leis que se hoüverem transgredido, as quaes apontarao logo para a completa
instrücgao dos Vogaes»
6.° Mando que imniediatá e suceessivaniénte se proceda pelos conselhos de guerra ás sen-
tencas definitivas, tambem na conformidade dos §.§ 8.° e 9.° do primeiro dos referidos capítulos
e dos §:§- 7.°, 8.°, 9.", 10¡° e 11.° do segundo, de tal sorte que as ditas sentengas sejam sempre
proferidas impreterivelmentepela forma seguinte:
Vendo-se nesta cidade, villa, logar ou campamento de ... o procésso verbal do réu ou réus
N¡ Ñ. i. acto do corpo de delicto, testemunhas sobre elle perguniadüs e interrogatorios feitos ao
.
mesmo réu ou réus M. N. .. ; decidiu-se (ou uniformemente ou pela pluridade de votos) que a
spbredita culpa se acha provüda, e o réu ou réus d'ella convencidos: os decláram incursos na lei
de tantos . . páragrapho tantos ... * (cuja disposigao se deve copiar); é mandam que a disposigao
da mesma .lei se execute no sobredito réu. Cidade, villa, logar ou campamento de ... Día ..;
mez ... e anno de, etc. Sendo estas sentengas escripias pelos mesmos auditores, assignadas por
todos os vogaes, e por elles selladas nos casos em que o tenho assim determinado.
1.a O que tudo estabelego, que deve proceder por urna parte nos termos ordenados no meu
alvará de 15 de jülho de 1763, para pertencer aos ditos conselhos de guerra sómente o exame
das provas, ou para absolyerem nao achando provados os delictos, oü para julgarem as penas
determinadas pelas minhas leis, sem Ihes ficar arbitrio para alterarem a disposigao d'ellas, mas
sim tao sómente para nos casos particulares, em que as circumstáncias concorrentes ínostrarem
alguma dureza na exeeugSo das mesmas leis, recommendareni os réus á minha indeffectivel e
benigna clemencia; e pela outra parte, nos termos dos editaos de 17 de fevereiro e 13 de julho
de 1764, e par» se findarem os ditos processos verbaes ou dentro do espago de vinte e quatro
horas contados d'aquella em que for autuado 0 delicto, cabendo no possivel; ou havendo circum-
stáncias que requeiram maior dilagáo, no termo dos oito dias estabelecidos pelo § 1.° da outra
lei de 20 de outubro de 1763.
E este se cumprirá tao inteiramente comp n'elle se contém, etc.

Alvará de 6 de setembro de 17CÍ»

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará de declaragao e amplifieagao e lei virem, que
sendo a desergao um dos mais graves e mais perniciosos crimes militares, porque nem a defeza
dos reinos e dos estados, e a paz publica, e a tranquillidade interior e externa d'elles se podeni
conservar sem exercitos, nem estes podem ter alguma consistencia sem que os corpos, de que
sao constituidos, se aehem completos e promptos debaixo da disciplina dos seus respectivos
commandantes; sendo a mesma desergao por esta indispensavel necessidade publica precavida
em todas as nagoes da Europa com as mais graves penas e com as mais exuberantes providen
cias, como tambem o foi sempre n'estes meus reinos, e ainda no presente seculo pelo regimentó
de 20 de fevereiro de 1708, desde o § 204.° até 223.° inclusivamente, pelo capitulo xxvi § 14.°
do novo regulamento de infantería, e pelo capitulo ix § 14.° do novo regulamento de cavallaria,
e pelo alvará de declaragao de 15 de julho 1763; e havendo mostrado a experiencia que todas
as providencias que foram dadas ñas sobreditas leis nlo bastaram até agora para fazer eessar
um tal prejudicial delicto, e a indisjiensaveí necessidade que ha de cohibir os que n'elle incorrem
e para elle concorrem, ou induzindo para a desergao, ou oceultando os desertores para nao serem
presos, ou faltando em os denunciarem e prenderem, quando chegam a ter conhecimento d'elles;
para que de urna vez venha a eessar um mal de tao perniciosas consequencias; declarando e
ampliando os sobreditos §§ 14.° do dito capitulo xxvi do regulamento de infantería e do capi-
tulo IX do regulamento de cavallaria, e o sobredito alvará de 15 de julho de 1763; sou servido^
ordenar o seguinte:
67

1.° Todo aquelle que se adiar fóra do seu regimentó sem apresentar passaporte expedido
nos precisos termos da formula, que será com este alvará ou manuscripto e sellado com o sello
do regimentó, se as licengas forem de dois até dez días, ou impressos, se as ditas licengas forem
dos referidos días para cima, será tído e havido por desertor, e como tal preso e recondüzido
debaixo de prisao ao corpo a que tocar, na conformidadedas minhas reaes ordens.
2.° Conformando-nie com o que foi estabelecido desde o § 213.° em diante do referido
regimentó de 20 de fevereiro de 1708: mando que todos e cada um dos officiaes militares, que
ñas suas casas ou corpos receberem algum desertor de outros corpos difTerentes e o retiverem
depois de terem noticia de ser tal desertor ou contribuirem para a desergao, percam os postos
que tiverem, e fiquem inhabilitados para entrarem em outros do meu real servigo.
3.° Mando que todos e cada um dos officiaes de auxiliares ou das ordenangás, e todos os
magistrados de vara branca e juizes ordinarios, a cujos districtos chegarem quaesquer soldados;
Ihes fagam exhibir os passaportes de licenga ácima ordenados; e que achando-os sem elles ou
tendo excedido as licengas n'elles determinadas, os prendam íogo immediatamente em cadeia
segura, e os remettam com toda a seguranga ás cadeias das cabegas das comarcas; e avisém
aos coronéis ou commandantes dos regimentos a que tocarem, para mandarem reconduzir os
sobreditos presos; e isto debaixo das penas de que, sendo os ditos desertores achaclos dentro das
cidades ou villas das provincias d'estes reinos, onde ha ministros de vara branca, perclerao os
lpgares que tiverem com inhabilidade para entrar em outros, pois que pela lei da policia sao
obrigados a conhecer todas as pessoas que de novo entram nos seus districtos; sendo achádos
nos logares dos termos das mesmas villas e cidades os capitaes das companhias das ordenangás
de cada logar, onde constar que assiste qualquer desertor, alem de perderem o posto e da inha-
bilidade para entrarem em outro, pagarao 20$000 réis por cada um dos mesmos desertores a
beneficio das caixas dos regimentos, de onde elles ho'uverem desertado, cobrando-se a dita con-
deinnagao pelos ministros de vara branca da propria térra ou da que haja mais vizinha.
4.° Ordeno que toda a pessoa de qualquer qualidade e eondigao que seja, que ñas suas
casas, quintas ou fazendas der asylo a qualquer desertor ou o receber no seu servigo, pague pela
primeira vez 200$000 réis de condemnagao por cada um dos ditos desertores; pela segunda vez
400$000 réis; sendo tudo cobrado executivamente com sequestros feitos pelos coríegedores das
comarcas e ouvidores ñas casas óu fazendas, onde forem adiados ou constar que assistem os
ditos desertores; sem que os ditos sequestros se levanten! até o inteiro pagamento das ditas
condemnagoes, as quaes serao applicadas ás caixas dos regimentos de onde se tiverem ausentado
os ditos desertores. Pela terceira vez mando que os sobreditos receptadores percam os bens da
coróa e ordens que tiverem, e fiquem inhabilitados para chegarem á minha real presenga, e
exercitarem algum emprego no meu real servigo.
5." Reeonheeendo-se os sobreditos desertores em casa de alguns ecclesiasticos, e constando
que n'ella Ihes deram asylo: hei desde logo por exterminados para quarenta leguas fóra do lo-
gar, onde o caso succeder, os que derem tío perniciosos asylos pela primeira vez; pela segunda
os hei por exterminados para a distancia de sessenta leguas dos mesmos logares, e pela terceira
vez os hei por desnaturalisados dos meus reinos e dominios.
6.° E succedendo darem-se os sobreditos asylos em conventos: mando que o mesmo se ob-
serve a respeito dos prelados locaes das casas regulares que taes desertores recolherem ou taes
asylos derem e consentirem n'elles, contra o bem commum e indispensavel necessidade publica
da conservagao do meu exercito.
7.° Sendo tanto .mais aboininavel e indigno de perdáo o delicto dos que, esquecidos do que
devem ao seu Reí e senhor natural, e á patria em que nasceram, desertam das minhas tropas
para fóra do reino; e havendo já sido este delicto acautelado com a pena de morte natural pelas
ditas ordenangás de 20 de fevereiro de 1708 e pelos ditos novos regulamentos: mando que a dita
pena se execute irremessivelmente, ou a desergSo para fóra do reino seja feita no tempo da paz
ou no da guerra; e que logo que d'ella constar, formando-se auto do corpo de delicto e pergun-
tande-se sobre elle testemunhas, que provem a dita desergSe para fóra do reino, e pondo-se edi-
taes de trinta dias, para dentre n'elles virem os réus allegar a defeza que tiverem, e sendo findo
o termo dos ditos editaes, se proceda a sentenca condemnatoria contra os mesmos réus; decla-
rando-os n'ella por infames e banidos, para que, depois de ser por mim confirmada, se levante
uina forca em o logar mais publico da térra e n'elle se affixe a copia da referida sentenga, e fi-
que notorio a todos que impunemente podem matar os taes banidos, achando-os ñas térras d'es-
tes reinos e seus dominios.
8.° Considerando que o regresso de similhantes homens nao serviría nos meus reinos senao
de injuriaran, com a sua presenga e companhia os meus vassallos, que tito louvavelmente se dis-
tinguirán! sempre no amor ao servigo do seu Rei e no zélo do bem commum da sua patria: hei
desde logo por excluidos de toda e qualquer amnistía ou perdao geral ou particular, todas e cada
urna das pessoas que téem desertado das minhas tropas depois da publicagáo dos ditos IIOVPS re-
gulamentos de infantería e cavallaria e d'este alvará, de tal serte que aquelles que antes da pu-
68

blicagSc d'este desertaram das minhas tropas para fóra do reino, depois que se fizeram públicos
Os ditos novos regulamentos, fiquem desnaturaíisados e inhabilitados para o beneficio de qualquer
perdao ou amnistía na referida forma; e os que desertarem depois da publicagao d'este alvará
fiquem incursos ñas mais penas por elle estabelecidas, tambem na forma ácima declarada,
E este se cumprirá tao inteiramente como n'elle Se contém, etc.
(Segue-se a fermula para ns passapprtes de licengas.)

Aviso de 17 de selembro de 1765

Próhibiü que a bordo se executassem castigos arbitrarios, OVL que nao estívessém expressa-
menté determinados nos artigos de guerra da armada.

1768
Decreto de 11 de iiOYcmbro dé 1768

Sendo-íüe presentes as düvidas que se tem movido sobre as graduagoes dos officiaes da mi-
nha armada real, sem que tenham bastado para as fazerem eessar as differentes resolügoes, que
baixaram sobre esta materia nos casos occorrentes, para que de urna vez cessem as ditas ques-
toés: Sóu servido declarar, que aos coronéis do mar competen! as mesmas honras e graduagSo
de brigadeiros de infantería; aos capitaes de mar e guerra, as de coronéis; aos capitales tenen-
tes, as de ténentes coronéis; aos tenentes de mar, as de capitSes; e aos guardas marinhas, as
de alferes¡
O conselho de guerra o tenha assim entendido e faga executar.

17"71
Carta regia dé 23 de fevereiro de 1771 dirigida ao cárdeat regedor

Eu, D. José, por graga de Deus, Reí de Portugal e dos Algarves, d'aquem e d'aleni mar
em África, Senhor de Guiñé, e da conquista, navegagao, commercio da Ethiopia, Arabia, Persia
e da India, etc. Vos envió muito saudar como aquelle que muito amo e prezo. Com desprazer
meu chegaram á minha real presenga os autos crimes que seráo com esta; vendo n'elles o sol-
dado Antonio Pedro, como tal soldado autoado pelo corregedor do crime do bairro do Roció, José
Mascarenhas Salter, como tal soldado nomeado no acto da achada da faca, que consistiu o corpo
do seu crime; como tal declarado pelas testemunhas que feram perguntadas sebre e mesmo auto;
vendo-o tudo isto nao obstante incivil e nullamente remettido pelo mesmo corregedor ao dr. Ma-
nuel José da Gama e Oliveira, servindo de intendente geral da policía; vendo-o por este ministro
com a mesma nullidade outra vez remettido á correigao do crime da corte; vendo-o n'ella sen-
tenciado, com a mesma nullidade e incompetencia, á pena de agoites e degredo por accordao de
3 de julho de 1770; e vendo finalmente, que. em execugao da mesma sentenga, foi o sobredito
Antonio Pedro effectivamente acoitado pelas rúas publicas, até sem preceder a degradagSo do
uniforme e honras militares, que ó indispensavel antes de se executarem penas vis n'aquelles,
que pela atrocidade das suas culpas, se acham n'ellas incursos. E porque sendo o referido obrado
com urna notoria transgressSo da minha lei de 21 de outubro de 1763, que estabeleceu os justos
limites das jurisdiegoescivile militar; e contra as ontras disposigoes que determinara que os unifor-
mes que sao distinctivos de urna profissao, que tem por instituto a honra, e de que eu fago por
isso urna estimagáo táo merecida, se nao irrogue urna tSo injuriosa ignominia : me pareceu partici-
par-vos tudo o sobredito, para que, mandando chamar á relagüo o dito corregedor do Roció, o
facaes n'ella reprehender muito severamente, pelo indesculpavel erro que commetteu em mandar
o dito soldadp ao intendente geral da policía. Ao qual tambem estranhareis no meu real neme o
segundo erro que commetteu na remessa, que incompetentemente mandou fazer á correigüo do
crime da corte. E fazendo convocar os ministros que foraui no referido accordao, Ihes ordena-
reis que logo o rescindan! por outro, em que o declarera por maniféstauíente incompetente, e
como tal nullo para produzir algum efleito de infamia, ou prestar o menor impedimento emjuizo
ou fóra d'elle ao mesmo cendemnade. Ao qual, attendendo a tudo o referido: liei por bem coni-
mutar np aggravo, que indevidamente se lhe fez, todas as penas, que alias merecia pelo delicto
69

em que se achou incurso. E mandareis que seja soltó e restituido ao Beu regimentó. Ao marquez
de Alvito, mareehal dos meus exercitos, a cujo cargo está o governo das armas da có*rte e pro-
vincia da Extremadura, mando participar o referido, para que o dito Antonio Pedro seja reinte-
grado no logar e regimentó, em que antes estava, sem diminuigSo ou pena alguma.

Carta regia de 23 de fevereiro de 1771

Determinou que se nao executassem penas vis em réus militares, sem que priméiro elles
fossem degradados das süás honras e uniformes.

Aviso de 1 de niarfo de -1771 dirigido ao marque?, de Alvito

A El-Rei meu senhor foi presente, que havendo feito eessar todo o conflicto entre as
jurisdiegoes civil e militar, principalmente no que pertence ás capturas e remessas dos presos
de ambos os referidos foros, nao só pelas litteraes e claras determinagoes dos §.§ 6.° e 7.° da
lei fundamental de 21 de outubro de 1763, que derogando todas as oütrás leis, regimentos,
ordenangás, alvarás, resolugoes, decretos ou quaesquer outras antecedentes ordens, ficou esta-
belecendo, pelo que toca aos magistrados ordinarios dos bairrós, a única e impréterivel regra
a respeito dos referidos dois pontos, aínda posteriormente excitada e repetida pelo edital dé 17
de fevereiro de 1764, com a insergao dos referidos dois paragraphos; e pelo que pertence ao inten-
dente geral da policía, pela igualmente litteral e clara determinacao do § 8,° da mesma lei de
21 de outubro de 1763, nao obstante o referido ainda assim occOrrem differentes duvidas, deque
resultaram as queixas que téem chegado á real presenga do mesmo senhor, por parte de algum
eommandantes de regimentos de seus exercitos, dizendo que contra a forma das referidas deter-
minagoes, se Ihes tem retido ñas cadeias publicas alguns de seus respectivos soldados, apprehen-
didos pelos magistrados civis. E para que de urna vez cessem todas referidas questoes, manda
Sua Magestade participar a v. ex.a que os ditos §.§ 6.° e 7.° da referida lei, se devem concordar
com § 8.° d'ella, para todos terem effectiva execugao nos seus differentes casos; que n'aquelles,
em que os presos pelos magistrados civis o forem por casos taes como, acharem-se vadiando de
noite, acharem-os com armas prohibidas, acharem-os commettendo qualquer simiihante delicto
pesseal, que nao diga respeito a alguns outros socios ou alguns outros reos, ja antecedentemente
criminosos, devem esses presos ser remettidos inmediatamente com os autos, que d'elles se for-
maren!, pelos magistrados que os aprehenderem aos seus respectivos eommandantes na formali-
dade dos sobreditos §§ 6.° e 7.°; que, porém, nos outros casos, nos quaes os soldados e militares
apprehendidos tiverem já culpas perante os ditos magistrados civis, commissarios do intendente
geral da policía que nos respectivos bairros exercitam a sua jurisdiegáo, ou tiverem sociedade e
connexao nos delictos com outros réus culpados na policía, n'estes casos podem e devem pela
disposigao do § 8.° ser os ditos militares apprehendidos e retidos ñas prisoes, ató que as suas cul-
pas sejam formadas pelos processos verbaes e informacoes, que só tocam ao cenheeimento da po-
licía, para qué depois de feitos os ditos processos, sejam entao remettidos com os presos aos eom-
mandantes dos seus respectivos regimentos, para os fazerem julgar pelos seus auditores, na
forma que pela sobredita leí se acha determinado.
O que tudo p mesmo senhor ordena que v. ex.a faga communicar circularmente a todos os
eommandantes dos regimentos d'esta corte e provincia, com a ordem de langarem logo este no
seu livro de registo para se ficar observando, de sorte que nao tornem a chegar á real presenga
de Sua Magestade queixas com os ditos motivos.

r7>73
Alvará de ií de fevereiro de 4772
Eu El-Rei fago saber aos que este alvará com forga de lei virem, que á minha real presenga
chegeu por informagoes certas que alguns soldados das tropas regulares das guarnigoes da corte,
da provincia da Extremadura e de outras d'estes meus reinos, com urna estranha prevaricagao
das indispensaveis obrigagoes, que tem de auxiliarem os magistrados e officiaes de justiga e fa-
zenda por niim empregados na conservagao da paz publica e na arrecadagáo dos direitos e im-
postos da minha coróa; e com grave injuria da honra e da reputagao dos seus respectivos regi-
mentos. se tem precipitado no temerario absurdo ele se fazerem transgressorea das mesmas leis
70

que deviam fiel e honradamente sustentar, principalmente dos meus. alvarás de 6 de dezembro
de 1755, de 7 de margo de 1760, das minhas leis de 26 de outubro e 14 de novembro de 1757,
de 17.de outubro de 1769, de 16 de dezembro de 1771 e de todas as outras leis e foraes por
mim e pelos senhores Reís meus predecessores estabelecidos em geral beneficio do commereio
dos meus vassallos, da minha real fazenda, das subsistencias das tropas do meu exercito e des
filhos das folhas das minhas alfandegas e mais casas tributarias que n'ellas téem as assignagoes e
assentamentos dos seus respectivos sóidos militares, ordenados, ordinarias, juros reaes e tengas
de que uns vivem todo o anno, outros a maior parte d'elle; fazendo-se os sobreditos soldados ora
traficantes de mercadorías, ora contrabandistas de géneros prohibidos, ora descaminhadores dos
direitos e despachos, desviando das casas d'elles géneros clandestinamente introducidos, como
tem praticado mais frecuentemente com vendas de sabio e de carnes, e ora (o que mais é) atre-
vendo-se a sustentar os sobreditos attentados com oütro ainda mais enorme de se associarem
juntos em partidas no numero de dez até vinte armados, para assim poderem surprehender e re-
sistir aos officiaes de justiga e fazenda; que rondam pelas ordens dos séus respectivos superiores
para vigiarem sobre as ai'recadágoes dos referidos descaminhos e contrabandos. E porque as so-
breditas prevaricagoes e os temerarios attentados com ellas commettidos requerem por sua na-
türézá urna providencia tao prompta, tal e tao effieaz que os faga eessar inteiramente com o pu-
blico escándalo que d'elle se tem seguido aos meus fiéis vassallos; sou servido ordenar aos ditos
respeitos o seguinte:
1.° Mando que todas e cada urna das pessoas que téem praga assentada ñas tropas pagas
do meu exercito, contra as quaes se provar que, sem ordem dos seus superiores dirigidas á aegao
do meu real servigo, forem adiadas ou vistas fóra dos seus quarteis juntas em uniao em numero
de tres inclusivamente, e d'áhi para cima, com armas brancas ou de fogo, publicas ou occültas, se-
jam irremissivelmente castigadas com a ultima pena, que pelo artigo 15.° dos regulamentos de
infantería e da cavallaria se acha estabelecida contra os amotinadores que como os sobreditos
perturban! a paz e a ordem publica.
2.° ítem. Mando que todas e cada urna das sobreditas pessoas, contra as quaes se provar
que oü resistiram aos officiaes da minha real fazenda ou Ihes impediram com armas, paus ou pe-
dras as diligencias dirigidas á arrecadagSo d'ella, por esses mesmos factos fiquem conrpíehendi-
dos na excepgao do § 2.° da minha lei de 21 de outubro de 1763, e fiquem sujeitas á disposi-
gao da outra lei de 24 de outubro de 1764, e fiquem privadas do foro militar para serem casti-
gadas como réus do crime de lesa magestade.
3° ítem. Porquánto todas as causas em que se trata dos interesses da minha real fazenda,
pertenceram sempre aos juizes e fiseaés da minha coróa pelas leis d'estes reinos, sem que nunca
fosse visto que pelos senhores Reis meus predecessores se tinha concedido privilegioalgum contra
si mesmos ou se poderia ter por mim tolerado simiihante privilegio, concillando a disposigao da
dita lei de 21 de outubro de 1763 com a ordenagao do livro i e titulo X, e com as outras dis-
posigoes com ella concordantes, pelas quaes se deveria sempre entender e julgar conforme a so-
bredita em que estabeleci o foro militar: declaro que no conhecimento de todos os sobreditos
attentados e crimes provenientes de contrabandos e descaminhosde direitos reaes, nao tem logar
a disposigao da referida lei de 2! de outubro de 1763, mas sim e t§o sómente a referida orde-
nagao, livro i, titulo X, e as outras com ella concordantes no que s§io applicaveis aos referidos
casos. E mando que os transgressores de todas as leis e foraes, que prohibem os contrabandos
e descaminhos indicados no preámbulo d'este alvará, sejam presos, processados e julgados na
conformidade da lei novissima de 16 de dezembro do anno próximo pretérito ante o superin-
dente geral dos contrabandos e seus adjuntos, que foi servido subrogar para os mesmos casos
no logar dos juizes dos feitos da coróa e fazenda, a cujo privativo juizo pertencem alias os sobre-
ditos casos por sua natureza.
E este se cumprirá táo inteiramente como n'elle se contém, etc.

1774
No rcgiilamenlo sobrea nova administracáo da jusüca nos governos político, civil e económico no estado da India,
approvado por alvará de 15 de Janeiro de 1774, cnconlra-se o seguinte:

TITULO III
Dos juizes ae fóra
1.° Os juizes de fóra de Goa, de Bardez, ilhas adjacentes e de Salsete serao juntamente
juizes dos orphaos, das alfandegas, auditores da gente de guerra, e usaráo de toda a jurisdiegao
que pelas minhas leis e ordens ó concedida a cada um dos ditos cargos n'este reino e nos domi-
nios ultramarinos (no que aqui nSo for próvido), dando appellagíío e aggravo para o ouvidor geral.
71

10.° Cada um dos juizes de fóra será auditor da gente de guerra que estiver no seu dis
tricto, e praticará como tal nos processos, assim como em tudo o mais, os regulanientos, artigos
de guerra e resolugoes que tenho dado para os criminosos do meu exercito.
11.° As sentengas nos conselhos de guerra proferidas subiráo á presenga do governador.e
capitao general para as confirmar, se assim lhe parecer justo. E com a sua confirmagáo serSo
imprprogavel e irremissivelmente executados os réus condemnados desde a praga de soldado até
ao posto de tenente inclusivamente. Porém, a respeito dos que forem capitaes e d'ahi para cima,
seráo suspensas ás execugoes e as sentengas remettidas com os autos originaes e com os réus á
minha real presenga e á cadeia do Limóeiro de Lisboa, para sobre elles determinar o que me
parecer justo, na conformidade do que tenho estabelecido pelo § 5.° do titulo da ordem dé juizo
nos feitos crimes a respeito dos réus que tiverem o foro de fidalgós da minha real casa.

TITULO V
Da oráem judicial dos feitos erímes
O* 0 Todas as sentengas dadas na referida junta (governador, ouvidor geral e juizes de fora
de Goa, Bardez e Salsete) até á pena de morte inclusive, fará execütar promptameñte o ouvidor
geral, como se regular na mesma junta. Porém, se os condemnados em pena de morte natural
ou civil tiverem os foros de mogo fidalgo e d'ahi para cima, ou os de fidalgós da minha casa,
com as moradias de fidalgós escúdenos ou de fidalgós cavalleiros, se suspenderao ás execugoes,
sendo remettidos os réus com os processos á casa da supplicagáo, para serem por ella mandadas
execütar as sentengas, se nao concorrerem justos motivos para a minha real benignidade mode-
rar as penas aos réus em parte ou em todo. E com o que passár ao dito respeito, seráo os autos
outra vez remettidos á capital de Goa, para n'ella se publicarem por editaes as sobreditás exe-
cugoes e eessar assim o publico escándalo dos crimes por que os mesmos réus forem punidos.
6.° Exceptuó, porém, as causas militares, porque, pertencendo aos conselhos de guerra, de-
vem ser remettidas á minha real presenga, nos casos que nao eouberem no seu expediente, como
vae declarado no seu competente logar.
7.° Exceptuó, outrosim, os casos de conspiragao, sedigao ou tumulto, ou contra o meu real
estado, ou contra a pessoa do governador e capitao general d'elle, ou contra o ouvidor geral ou
juizes de fóra; porque requerendo estes casos, em que é prejudicial a inora, de um prompto cas-
tigo por sua natureza, e devendo por isso prevalecer a todas as contemplagoes. particulares a
defeza e conservagáo da tranquillidade publica: mando que n'elles nao valha privilegio algum, e
que as sentengas n'ellas proferidas sejam executadas immediatamente, sem recurso algum á mi- •
nha, real pessoa ou aos meus tribunaes, posto que os réus condemnados tenham os foros de fi-
dalgós da minha casa ou tenham patentes de capitaes e d'ahi para cima, sendo que aos réus dé
crimes de lesa magestade Ihes nao vale foro militar na conformidade das minhas leia e ordens.

1775
Aviso de 11 de Janeiro de 1778

O Senhor Rei D. José, em resolugao dp requerimente de Gervasio Antonio de Carvalhp,


segundo tenente do regimentó de artilheria de Lagos, que pretendeu o pagamentp de seus sóidos
vencidos no tempo da sua prisap de que se achava sclto e livre, fei servido declarar que suppesto
nao deviam ser pagps PS sóidos aos officiaes militares em que persistissem presos por causas
crimes, comtudo que, logo que elles se mostrassem soltos, restituidos ao exercicio de seus postps
e livres per suas sentengas, se Ihes deviam satisfazer os sóidos vencidos durante as suas prisoes,
que justamente os tinham impedido para os seus competentes exercicios, ordenando o mesmo
senhor que isto. assim se observasse como regra geral fundada em direito.

1777
Decreto de 21 de julho de 1777

Fazendo-se digna da minha real attengao a variedade com que se tem entendido e praticado
o § 4.° do alvará de 21 de outubrp de 1763, emquanto determina que, sendo- couimettidos os
72

crimes mío exceptuados, «por militares, que tenham o habito de alguma das ordens de Nosso
Senhor Jesús Christo, de Santiago da Espada ou de S. Bento de Aviz, intervirá sempre nos
conselhos de guerra, que se fizerem para os julgar, um numero de cavalleiros de qualquer oü
quaesqüer das sobreditas ordens, que seja igual ao numero de officiaes de patente de que se
compozerem os conselhos de guerra, posto que todos os ditos cavalleiros nao sejam do mesmo
regimentó oü da mesma ordem dos criminosos».
Téndo-se ümas yezes nonieado para vogaes dos conselhos, a metade d'elles, cavalleiros de
alguma das sobreditas ordens, e a outra metade sem terem o habito de alguma d'ellas, e outras
vezes outros tantos cavalleiros quantós sao; os officiaes de patenté de que se compoem os conse-
lhos dé guerra, yindo a ficar duplicados os membrós d'elles; para que cesse toda a variedade e
duyida em simiihante materia,: sou servida declarar que ños referidos casos, nunca. excedam os
membros. dos conselhos o numero estabelécido pelo capitulo x do regulamento de infantería e xi
do de cavallaria. Porém, que todos os officiaes de patente, de que se compozerem Os mesmos
cpnselhoSj sejam cavalleiros de algumas das sobreditas ordens, ainda que nao sejam do mesmo
regimentó ou da mesma ordem dos criminosos, como se acha acautelado pelo referido alvará.
E qüañdó acontecer qué no mesmo regimentó, nem em qualquer dos da provincia em que o cri-
minoso tiver a süa praga, haja todos os cavalleiros das differentes graduagoes que devem consti-
tuir ó conselho de guerra, n'esse caso poderá o commandante da mesma provincia nomear em
logar do que faltar um cavalleirp official entretido ou reformado de igual graduagao ao que dever
ser substituido, e ha falta d'estes poderá ser chamado de outra provincia vizinha um official ca-
valleirp da mesma classe oü patente que se fizer necessaria na forma determinada em um e ou-
tro regulamento. O conselho de guerra o tenha assim entendido e mande execütar, remetiendo
exemplares d'esta minha real declaragao aos governadores das armas das provincias e reino do
Algárve, para que, participando-a aos eommandantes dos regimentos e das pragas de guarnigao,
a fagam registár nos seus respectivos livros e observem inalteravelmente.

Ilécfeto de 20 de agosto de 1777

Sendo-me presente haver-se accumulado um grande numero de conselhos de guerra, cujo


prompto expediente se faz sempre necessario para a boa administrágao da justiga com que desejo
ver conservada a disciplina das minhas tropas: e considerando que da demora da expedigao dos
ditos conselhos teni resultado um grande damno, nao só ás partes ofTendidas mas tambem a muj-
tos delinquéntes, seffrendo largo tenipo de prisao, que talvez nSo ínerecesseni os crimes que
coimnetteram; e querendo occorrer a todos estes inconvenientes, e por outros justos motivos di-
gnos da minha real eonsideragae: spu servida ordenar que no tribunal do meu conselho de guerra
se despaehem d'aqui por diante, emquanto eu níío mandar o contrario, todos os referidos pro-
cessos ou conselhos, e os mais que pelo decurso do tempo forem remettidos pela mesma via, e
aa mesma forma que até agora se pratícava, como tambem que em todas as semanas haja um
dia conselho de guerra destinado sómente para este despacho, a que se dará o nome de conselho
de justiga, levando ao mesmo tribunal o dr. Ignacio Xavier de Scusa Pizarro os processos que
tiver em seu poder ou lhe forem remettidos, o qual será relator d'elles e terá por adjuntos, que
para o dito effeito nomeio, os drs. José Joaquim Emauz e Fernando José da Cunha Pereira, to-
dos desembargadores dos aggravos da casa da supplicagao, vindo a ser tres os votos dos minis-
tros juristas, que, com os conselheiros de guerra que se acharem no dito tribunal, confirniaráo ou
moderarlo as sentengas que se tiverem proferido contra os réus na forma do novo regulamento
e mais leis e ordens a este respeito estabelecidas, e igualmente as penas em que pelas referidas
sentengas houverem sido condemnados; bem entendido que nes casos em que os delinquéntes es-
tiverem nos termos da pena ordinaria se me dará parte para eu neniear mais outros ministros,
sendo a minha real inteng&p que nenhum réu haja de ser condemnade á mprte sem que os vo-
gaes sejam pelo menos no numero de oito, em que entrarlo quatro togados; outrosim se me dará
parte, antes de publicadas as sentengas ou as eonfirmagoes dos conselhos, quando os réus tiverem
ou patentes de coronel ou maiores que ellas. O conselho de guerra o tenha assim entendido e
mande passar os despachos necossarios, participando esta minha real resolugao aos governadores
das armas das provincias e reino do Algarve, para que, fazendo-a constar aos chefes dos regi-
mentos e eommandantes das pragas, assim o observem inviolavelmente.

Aviso de 24 de novembro de 1777

Foi determinado que o conselho de guerra fizesse as sessoes que julgasse convenientes para
attender com brevidade ao numero extraordinario de processos de julgamentos que estavam
73

accumulados a fim de que nem os innocentes padecessem, nem aos culpados se .retardasse
pena de que por seus crimes erain merecedores.

177S ' :

V ."...-, Decreto de 18 dé marco de 1778, /


Havendo estabelecido por decreto dé 20 de agosto do anno. prOxiníP; pássado -dé--1777J'é
pelos motivos n'elle declarados, o conselho de justiga,. em que por tres desembargadóres, juntos
com alguns conselheiros de guerra, se moderassem ou confirmássém as sentengas iWóferidas con-
tra os réus militares na-fórma do novo: regulamento; :e;nao sendo dé:minha real inténgao que
delinquente algum fossé condemñado á morte sem que os vogaes, pelo menos, cómpletassem o
numero de pito, ém que deyeriam entrar quatro togados; resérvei á minha real pessoa immédia-
taménté% ñprnéágao de mais ministros para os casos ém que;p's réus-estivessém: nos1térnros'de
pena Ordinaria:'ó com éffeito nomeio aos drs. Manuel HiéólauEstévés ííégrao- é Sébástiaó Fran-
cisco Manuel, dcsembargadores dos aggravos da casa da supplieagSoy sérvindó qualquer amelles
nos impedimentos do otitro, para que, completando aquellé numero com outros quatrp
conselhei-
ros de guerra, possam, segundo as minhas reaes ordens, sentenciar os delinquéntes que estive-
rem nos referidos termos de pena ordinaria. O conselho de guerra o tenha assim entendido é
mande passar as ordens necessarias.

Decreto de 5 de oulultro dé 1778


.

Tendo consideragao áo que ine representou o GonSeíheiro de guerra conoce aposentador móiv,
e aos pareceres de alguns ministros do meü conselho e outras pessoas. que mandeiouyir sobre a
formalidade de processar os delinquéntes militares: sou servido ampliar os capitülos x do
novo regulamento da infanteria e xi da cavallaria, nos quaes se trata dos interrogatorios e
conselhos de guerra, para que Se executem na forma seguinte: emqüanto ao témpo de guerra
e. em eampanha se nao alterará o uso pratícado com os
criminosos militares em conformidade
das ordenangás, que lhe sao relativas; porém, na paz, ordeno que os réus militares que se met-
terem em conselho de guerra1 Ihes seja perhiittido noméarein um advOgadp, que os aconselhe,
que assista aos interrogatorios e que verbalmente allegue as Suas justas defezas; e que nos cri-
mes capitaes, depois de sentenciados os réus no tribunal do conselho,de guerra, como-tenho
determinado, se Ihes admittam üns embargos sómente, para cujo effeito lnes será concedido de-
terminado tenrpo, que nao excederá o de quatro dias. O.opnselho de guerra: o. telilla assim en*-
tendido é faga execütar. .''".'.
.

: 17@0
Aviso de 11 de agosto de 1780

Ordena que o cpnselho de guerra passasse a celebrar as suas sessoes na casa dp cpnselhe
ultramarino, deixande ppr este medp de fazer p despacho, como lhe era permittido, na casa
que anteriormente, servia para as reunioes da mesa dp desembargp dp pago.

1781
Aviso de 12 de julho de 1781

Determina que es réus ccndemnados a agoutes e mais penas vis, sendo militares, antes de
se Ihes infligir a pena,, sejam remettidos aos regimentos respectivos,, para n'elles serem exauto-
rados das honras, cómo é necessario. para a conservagSo dp espirito militar.
74

1783
Aviso de 1 de abril de 1783

A Rainha nossa senhora, foi servida mandar que os juizes de fóra, sendo chamados para
sérvirem de auditores nos conselhos de guerra, qué se fizéssóm aos militares, se nSo éscusassém
sem um motivo tal qué justificassé a impossibilidadé de exercerem as fungoes d'aquelle empre-
gp; é qué do contrarió incorreriam no sou real desagrade.

Resolucáo do consellio dé guerra de 19 de julho de 1783

Qué. ñas cadéias publicas sé nao lévem carceragens aos presos militares, entrando n'ésta or-
demos auxiliares;, bém entendido que n'es.tés se enten,de sómente qüando Sao presos militar-
mente, e ñfío pelas jüstigasY

Decretó de¡15 de novembro de 1783

Séndo-mé presente qué na repartigao da mariüha nSo ha regimentó, regulamento óu outra


alguma ordem militar, que estábelega a forma com que se dévé proceder contra as pessoas do
corpo militar da mesma repartigao, que cpmmetterem algum delicto: sou servida ordenar, que
delmquindo algum dos ditos militares, soja prócéssado e sentenciado na conformidade que deter-
mina o regulamento das tropas do servigo de térra, na parte que lhe possa ser applicavel, o que
assim Se praticará emqüanto eü nao mandar dar a competente providencia e nao determinar o
contrarió. Ó capitao general da minha armada real dos galeoés de altó bordó do mar Océano o
tenha assim entendidp e faga éxéeutar.

.";'':..-. .1784
AÍiso de 13 de Janeiro de 1781 dirigido ao duque de Lafóes

' Sendo presente a Sua Magestade a próposta de v. ex.",, sobre os soldados que podem
ser destinados ao servigp da India e Mpgambique, os quaes se reduzem a quatro classés:
1.a, dos soldados já condemnados pele conselho de justiga, tenham ou nSo comegado a cum-
prir suas sentengas; 2.a, a dos soldados que se acham condemnados pelo conselho de guerra,
mas nao ainda pelo de justiga; 3.a, a dos soldados que se acham em actual conselho de guerra,
mas nao ainda condemnados por elle; 4.a, a dos- soldados que, pelos seus maus procedimentos,
crimes e defeitos graves, julgam os coronéis incorrigiveis, e por isso, no caso de degredo da
India; e conformando-se Sua Magestade com o que v. ex.a propoe ao dito respeito, ó servida
ordenar o seguinte:
Quanto á 1.a classe, que os soldados já sentenciados pelo ccnselhe de justiga ao degredo
da, India e Mogambique, em consequencia das ordens que foram expedidas ao dito conselho, para
esse éfféitoy v. ex.a os mande remettér com guia e declaragao dos annos de degredo ao provedor
da casa da India, para ahí se Ihés sentar praga e irem cumprir as suas sentengas n'aquelle es-
tado e presidio; e que aos soldadps igualmente sentenciádPs pele mesme conselho de justiga á
pena de carrinho, tenham ou n&p cemegadp a cumprir as suas sentengas, se Ihes pergunte, na
forma que tambem se tem praticado, se querem a commutagao da dita pena na do degredo da
India ou Mogambique pelo tempo que ainda Ihes faltar de trabalho, nSo sendo menos de tres
annos; aos que aeceitarem a dita comniutagSó, y. ex.a os mandará remettér ao procurador da
casa da India na forma ácima indicada.
Quanto aos da 2.a classe, que a estes tambem se.Ihes pergunte se querem esperar pela ul-
tima decisao dos seus processos no conselho de justiga, ou ser-lhes conimutada a pena que Ihes
.

foi imposta em o conselho de guerra no de degredo da India ou Mogambique, e os que aeceita-


rem ésta commutagao se praticará com elles o mesmo que fica ácima indicado.
Quanto aos da 3.a e 4.a classe, que v. ex.a mande praticar a visita que propSe a cada re-
gimentó, aónde em um breve e interino conselho de guerra, presidindo a elle o coronel do regi>
75

mentó, ou outro official graduado que a v. éx.a parecer ccm a assistencia de auditor, ou dé
quem seu logar servir, se jülguem e sentenceiem do modo mais summario, e se arbitrem es ah-
nps de degredo para a India e Mogambique, nao só aós soldados tidos por incorrigiveis nos seus
crimes, vicios e graves defeitos, mas tambem áquelles que se acharem accusades eu prócessadps
por crimes que paregam merecer pena mais grave, nao sendo a ultima; elles réus presentes e
ouvidos, fazendo o officio de promotor de cada aceusado o respectivo capitao de cada companhia,
que n'esse caso nSo será vogal, mas sim todos os mais capitaes dp regimentó e officiaes superio-
res; e subindo á real presenga de Sua Magestade o resultado dos referidos conselhos dé guerra,
para a mesma senhora determinar o que for servida.
N'este sentido foi expedida ordem circular aos eommandantes dos corpps, epín data de 21
de janeire de 1784, para cenvpearem os conselhos interinos.

Ordem circular do duque de Laíoes, dé 21 dé Janeiro de 1784

Manda orgánisar os conselhos de guerra indicados no aviso antecedente, para prócederem


ao julgamente ahi ordenado.

Decreto dé 28 de Janeiro de 1784

Foram n'elle nomeados cinco desembargadores para juizes adjuntos ao conselho de guerra
e justiga, servindo qualquer d'elles no impedimento dos aétuaes, para que, completando-seo
numero estabelecido com os conselheiros de guerra, possam, segundo as reaes ordens, senten*
ciar os delinquéntes que estivereili nos termos de pena ordinaria.

Alvará de 18 de setémbro de 1784

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará virem, que em representagSo do procurador
da minha real fazenda me foram presentes as duvidas que principiavam a suscitar-se sobre a
intelligencia do artigo 18.° de guerra e do §J¿° da lei de 21 de outubro de 1763, conferida com
o alvará de 14 de fevereiro de 1772; pondo-se em duvida se o privilegio do foro militar se es-
tendia ao privativo conheeiniento dos crimes perpetrados por militares em damno da minha real
fazenda, com exclusao dos juizes efiscaes dos feitos d'ella e dos das suas differentes repartigoes;
devendo entender-se, como principios e máximas fundamentaos, que o interesse da coi'óa e da
real fazenda, qualquer que elle seja, ainda remoto e mínimo, só nos juizos da corda e da fazenda,
com audiencia e assistencia dos seus respectivos fiscaeSj pode qüestionar-se, e que nunca foi
visto que se concedesse, e menos que se podesse entender concedido um privilegio em contra-
rio, porque seria estranho e dissonante que a coróa concedesseprivilegio algum contra a sua real
prerogativa e independencia. E querendo occorrer aos inconvenientes que resultam ordinaria-
mente da incerteza e variedade de pareceres na interpretagao das leis, e fixar n'esta parte a
verdadeira disposigao d'ellas, sou servida ordenar e declarar ao dito respeito o seguinte:
Ordeno e declaro que o dito artigo 18.° de guerra e a dita lei de 21 de outubro de 1763,
emqüanto dispoem pertencerem ao foro militar os crimes dé furtos perpetrados por quaesquer
pessoas que tiverm praga assentada ñas minhas tropas pagas, ainda que sejam dé armamentos,
inunigoes e petrechos, se entendam litteralmente dos furtos d'estes armamentos, munigoes e pe-
trechos commettidos dentro dos quarteis e alojamentos; e que sendo eommettidósfóra d'elles em
armazens, casas, sitios ou partes que respeitem .i inspecgSo de outras repartigoes da real fazen-
da, se entenda e haja per incompetente o foro militar, e que o conhecimento d'elles pertence aos
juizes e fiscaes de cada urna das repartigoes a que tocarem, ou aos juizes de commissao que eu
for servida nemear no caso ou casps particulares, na conformidade do que está disposto a res-
peito dos militares comprehendidos em contrabandos ou descaminhos dos direitos, por alvará de
14 de fevereiro de 1772. " '
E este se cumprirá tao inteiramente como n'elle se contém, etc.

Alvará de 20 de dezembro de 1784

Í: Eu a Rainha fago saber aes que este alvará virem, que sende-me presentes, em consulta de
meu conselho de guerra, provas de incontestavel certeza, os insultps que contra a auctoridade
76

militar se téem commettido, resistindo-se por differentes modos aos officiaes das: ordenangás em
actos e diligencias proprias do seu ministerio, é tendentes ao meu real servigo; e que alguns
paisanos, esquecidos por urna parte do inviolavel respeito que todos devem ás minhas leis, estar
beleeidas para o publico socegó dos meus reinos e senhorios, e por outra parte de que a conserr
vagao d'elles e defeza dos povos precisamente devé sustentar-se pelo suecessivo complemento
das minhas tropas, cujas providencias principaes participadas aos capitSes mores dos diversos
districtos para promoverem as recrütas, devem ser tao respéitadas como por mim immédiataT
mente dirígidas; tem ehegado com escandalosa temeridade a tirar violentamente algümas das
mesnias recrütas aos officiaes e cabos que ás candüzem para serem remettidas aos: respectivos
regimentos, fazeüdo-lhes com armas urna formal resistencia; e dévendo similhantes insultos ser
punidos á própprgüo das suas tao perniciosas eonsequencias: sou comtudo informada de qué os
sobreditos e outros iguaes excessos continuam por falta de castigo que mei'eeem, e qué os minis-
tros dos districtos üáo tem praticado, por nao julgarem applicavel ñas ditas resistencias a lei de
24 de outubro de 1764* como sé expressa a respeito dos officiaes de justiga; ao mesmo tempo
que tambem os governadores das armas e eommandantes das provincias tem entrado na duvida
dé IheS assistir jurisdicgao para vindicaren! as ditas injurias dos seüs subalternos, por Ihes serem
commettidas por paisanos. E querendo eü remover de urna vez as ditas duvidas e estabelecer
urna providencia legal para nao ficarem impunidos tao horriveis attentados; conformando-mecom
o parecer do mesmo conselho dé guerra, sou servida determinar o seguinte:
Que toda a pessoa que offender aos, officiaes das ordenangás em acto.das suas respectivas
diligencias ou por qualquer forma Ihes resistir; e embaragar as mesmas diligencias, nao só a res-
peito da apprehensao e conduegao das recrütas, mas de qualquer outra nátureza que sejam, por
esses .mesmos faetos; ainda.que por paisanos oü de seu mandado'praticados, fiquem sujéitos á
jurisdicgaV dos respectivos conselhos de guerra regimentaes para serem julgados por elles em
forma militar; para o que hei por bem ampliar a estes casos e fazer comprehensiva d'elles a
disposigao do alvará de 15 de julho de 1763.
E para que nos mesmos conselhos de guerra se nao duvide da competencia de castigo que
deve dar^se aos ditos réus paisanos: sou outrosim servida declarar se Ihes iniponhaní as penas
da ordenagao, livro v, titulo XLIX e do^ alvará de 28 de julho de 1751, que a declarou.
E este se cumprirá tao inteiramente como n'elle se eontém, etc.

Alvará de 26 de fevereiro de 1789

Eu a Rainha fage saber aos que este alvará virem, que havendo mandado examinar e
considerar o estabelecimento dos magistrados auditores militares, que ora foram creados para
cada um dos regimentos, ora extinctos estes, para cada urna das provincias, com a denominagao
de auditores geraes; e, finalmente, abolindo-se estes, excitou o Senhor Rei D. José, meu senhor
e pae, que santa gloria haja^ outra vez os auditores particulares para cada regimentó pelo regu-
lamento militar e pelo decreto de 20 de outubro de 1763; tendo entendido que as occorrencias
dos tempos e circumstancias particulares deviam decidir da necessidade e utilidade de uns e ou-
tros : sou servida, por justos motivos que me foram presentes, revogar n'esta parte o dito regu-
lamento e o dito decreto de 20 de outubro de 1763, e extinguir por agora as ditas auditorias
particulares; e ordeno que os juizes do crime, onde os houver, ou juizes de fóra ñas cidades ou
villas, onde estiverem aquartelados os regimentos, sejam d'elles os auditores; que tenham por
isso a graduagao de cabega de comarca; que vengam com o seu ordenado o soldó de capitao de
infantería; que possam vestir o uniforme de alguns dos regimentos onde houver mais de um;
que fprmem os processos, e se regulen! em tudo e por tudo pelo que Ihes está mandado, assim
nos ditos regulamentos e decreto, como em todas as mais ordens, decretos, resolugoes e instruc-
goes posteriores dirigidas aos auditores abolidos. Pelo que pertence aos regimentos aquartelados
ná corte e cidade de Lisboa, a que nao pode occorrer-se com a dita providencia geral, que na
execugao encontraría com inultos embaragos,,nomearei especialmente os. auditores que me pare-
cerem necessarios e eempetentes.
Pelo que mando, etc.
Decreto de 31 de dezembro de 1789

Tendo consideragfto a me representar Martinho de Mello e Castro, ministro e secretario


d'estado dos negocios da marinha e dominios ultramarinos, a necessidade que havia de um mar
77

gistrado auditor da mesma marinha, que fosse intelligente e proprio para as muitas e differentes
diligencias e averiguagoes que exigiam o regulamento e ordem que ahi se propunha solidar: hei
por bem nomear auditpr da marinha ao dr. Joaqumi Alberto Jorge, gradüando-o com o predica-
mento de primeiro banco e beca, para o servir por tempo de tres annos e o mais que eu houver
por bem, vencendo por anno 400)5000 réis pagos aos quarteis em folha dos armazens, coni inhi-
bigao de levar de partes emolumentos ou assignaturas; e deverá. observar e cumprir, alem do que
lhe pertence. como magistrado criminal, as instfucgoes e commissoes que pelo mesmo secretario
lhe forem enearregadas, que, sendo por elle assignadas, sé entenderá.fazem parte d'este de-
creto, A mesa do desembargo do pago o tenha assim entendido e lhe mande passar os despachos
necessarios. • ,.;
170O ;..-/;\ ',:•,-'w

Alvará de 23 de abril dé 1790 ; : =

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará virem, que sendo miiito conforme aos principios
de equidade e aos da minha real clemencia, que os officiaes dos méüs exercitos, que por qualquer
acontecimento se acharem presos ou para o futuro o forem nao sejam absolutamente privados
d'aquella porgao de Sóidos que se faz indispensayel para o. seu sustento:, son servida ordenar e
estabelecer ao sobredito respeito o seguinte:
1.° Que a todos Os officiaes presos por correcgao ou por culpas leves, que nao exigirém
conselho de guerra, se Ihes nfto retenha soldó algum do que costümam levar pelas súas patentes,,
qualquer que seja o tempo que haja de durar a sua prisao; e os commissários pagadores lh-o
satisfarao no acto da mostrá, debaixo da attéstagao do coronel óii do official commandante dé
respectivo regimentó.
2.° Que a todos aquelles que se acharem presos ou para o futuro o forem por culpas ou
accusagoes, que meregam processár-sé, se Ihes' retenha únicamente a metade do seu soldó, em-
qüanto se nao mostrarem livres por sentenga final da ultima instancia, satisfazeüdo-sé-Jhesalias
o excesso do que Se lheS houver retido até ao presente; porém, tanto que forem solios e apre-
sentarem ñas thesourarias geraes das competentes repartigoes o titulo da sua. absolyigáo, serao
logo embolsados pelo thesoureiro d'ellas ou seus commissários pagadores de toda a porgao retida,
sem dependencia de outra alguma ordem ou despacho.
3.° Que todos os officiaes que, depois de sentenciados em ultima instancia, forem condemna-
dos a prisao temporaria, que nao exceder o .termo de deis anuos, sem mais comminagao ou nota
que merega expulsao do meu real servigo, sejam outrosim ássistidos com a porgao do meio
soldó, que tenho mandado arbitrar para os seus alimentos; mas pelo contrario ordeno que, exee-
dendo a pena imposta o referido termo ou envolvendo-se na comminagao a circumstancia dé di&-
gredo, em tal caso os réus assim sentenciados tenham logo baixa do meu real servigo desde o
día em que se apresentar a sentenga no corpo do seu regimentó.
Este se cumprirá tao inteiramente como n'elle se contém, etc., etc.

Alvará de 10 de agosto de 1790

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará virem, que sendo-me presentes as violencias e
insultos que continuamente se commettem contra a auctoridade das minhas tropas, impedindo as
diligencias que os governadores, eommandantes e chefes dos regimentos mandam execütar éni
rasao do seu ministerio e tendentes ao bem do meu real servigo, sem que tenha sido bastante
para as. precaver e cohibir o alvará que a favor das ordenangás dos meus reinps e dominios se
promulgou em data de 20 de dezembro dé 1784 pela sua restricta applicagao; e sendo muito
conforme a todos os principios da justiga que os seus effeitos se estendam a favor da classe prin-
cipal das minhas tropas: sou servida declarar, que a disposigao do referido alvará de 20 de de-
zembro de 1784 deverá compiehender:para o futuro todas as pessoas que offenderem aos offi-
ciaes, officiaes inferiores e scldados das minhas tropas em acto das suas respectivas diligencias,
ou que por qualquer modo Ihes resistirem e embaragarem a sua devida éxecugSo, sendoípara
isso munidos com prdens dos seus superiores por escripto, que deverito apresentar, sem que con-
tra a disposigao da mesma lei Ihes haja de aproveitar privilegio algum pessoal ou local que pos-
sam allegar em seu beneficio, porque todos em geral e cada um em particular hei por cassados
e derogados como se d'elles fosse aqui feita expressa e declarada mengao.
E este se cumprirá tíío inteiramente como n'elle se contém, etc., etc.
78

Decreto dé 13 de agosto de 1790

Attendendo a alguns justos motivos que me foram presentes e se fizeram dignos da minha
real consideragao: sou servida ordenar que todos os conselhos de guerra, que subirem á supe-
rior' instancia do meu conselho de justiga, sejam n'ella sentenciados a final por seis juizes, a
saber, tres togados e tres conselheifos de guerra oü quatro togados e dois dos referidos conse-
lheiros de guerra, conforme as circumstaneias o permittirem, e isto ainda no caso em que os
crimes dos réüs, nos ditos conselhos processos, forem capitaes e devam por isso merecer a ul-
tima pena, cpm a differenga sómente que nos casos de empate sobre crimes ordinarios o conse-
lho convocará um sétimo juiz togado, que haja de decidir, a fim de se preferir sentenga final;
porém, occorrendo este empate.a respeito de crimes capitaes, entao serao dois os convocados,
para que da mesma manéira se decida e prosiga a final sentenga. E outrosim ordeno que, suc-
cedendo faltar, por impedimento ou molestia, o numero competente de juizes na classe dos toga-
dos, o ,mésmo conselho possa eleger extraordinariamente outro em seü logar e o hajá de convocar
para o dito effeito. O conselho de guerra o tenha assini entendido e faga execütar, 11EL0 obstante
quaesquer leis, decretos eu ordens em contrario.

Ordem do duque de liáfóesdé 9 dé novembro dé 1790, dirigida áo márquez de Marialvá

V, ex*a convocará, sem perda de tempo, um conselho de guerra para sentenciar os solda-
dos do regimentó de qué v¿ ex.a é chafé, que se acharem ñas circumstaneias de exterminio para
os estados da India e Mogambique, observando-seinteiramente o plano de 21 de Janeiro de 1784.

Decreto de13 de novembro de 1790

Sendo-me presente que sobre a intelligencia e execugao dos meus reaes decretos de 20 de
,
agosto de 1777 e 13 dé agosto dé 1790 se pederao mover algumas duvidas: sou servida ordenar
é declarar o seguinte:
Erimo, que o conselho de justiga tenha todo o arbitrio e facUldadé para confirmar, revogarr
alterar e modifiéar as Sentengas dos conselhos de guerra, tanto de condemnar como de absolver
os réus nos casos em que o direito o permittir, podendo minorar ainda as penas impostas pelo
regulamento militar, párécendo justó, e tendo as ditas sentengas dé conselho de justiga urna
promptá execugao regulada pela forma do primeiro decreto de 20 dé agosto de 1777.
Secundo, que para os casos de crimes ordinarios, e nao de pena de morte natural, bastardo
dois juizes togados e dois conselheiros de guerra, pondó-se a sentenga pelo voto de tres, ainda
que o quarto discorde, e havendo empate entre os quatro se decidirá pelo voto de mais um, ou
togado ou conselheiro. Se, porém, elles forem sómente differentes ñas condemnagoes, se reduzi-
rao os votos conforme as minhas leis J a respeito dos crimes que se sentenceiam nos outros tri-
bunaes.
Tercio, que os casos de pena de morte natural se decidirao por tres juizes togados e tres
conselheiros de guerra, ou quatro togados e dois conselheiros; se houver empate convocar-se-hao
mais dois juizes togados, de sorte que sempre se ponha a sentenga por voto de mais dois na
forma da ordenagao do reino, conforme a qual se reduzirao n'estes casos tambem os votos, sendo
necessario. 0; conselho de guerra o tenha assim entendido e faga execütar, nao obstante quaes-
quer leis, decretos ou ordens em contrario, que para este effeito revogo, como se d'elles fizesse
especial mengao, e nao obstante os ditos dois decretos de 20 de agosto de 1777 e 13 de agosto
.
de 1790, que revogo sómente na parte aqui alterada, ficando no mais ém seu vigor.

Decreto de 19 de novembro de 1790

Pedindo a dignidade de meu conselho de guerra que todos os conselheiros, de que o mesmo
se cempoé e que n'elles exercitarem as importantes funegoes do seu emprego, gosem e bajara de

1 Sobre a reduc9ao dos vptoa éri'cpnt.ra-se publicado, a pag. 483 e seguintes no livro 1.° das ordenagoes e
leis do reino, reimpressaspor ordem dé El-Ke¡ D. JoSo V em 1747, o assento em que se especificara extensamente
os exemplos prineipacs, em que a dita reduelo tem logar.
19

gosar para o futuro P vencimento do soldó das suas patentes, sem dependencia de outro qual-
quer encargo: sou servida declarar que ao emprego de conselheiro de guerra fica e ficará sem-
pre annexo o respectivo soldp da sua patente, nao ém rasao de titulo algum estranho, mas pela
única preeminencia do mesmo emprego, emqüanto a pessoa ou pesseas prpmpvidas exércitarem
effectivamente no dito conselho as suas fnncgoes; bem entendido que aquelles conselheiros, que
actualmente pereeberem o soldó das suas patentes a titulo do exercicio de outro postoj o fiquem
percebendo, como até agora, sem a menor alteragSo, mas sem que, em virtude do presente
Secrete, se Ihes duplique o mesmo soldó, nem venham a adquirir novo augmento em virtude da
presente mercé, a qual hei por bem declarar restricta e nao ampliativa. O conselho de guerra
o tenha assim entendido e mande expedir n'esta conformidade os despachos necessarios.

1791
Aviso de 21 de julho de 1791

Determina, entre outras cousas, o seguinte:


1.° Que os soldados que se tivessein alistado depois da promülgagao do decreto de 25 de
agosto de 1779, que fixoü em dez annos o tempe que eraui pbrigadps a servir, e desertade,
tendo já completado este tempo, nao fossem reputados deserteres, mas que se Ihes désse baixa
de servigo, nao se procedendo contra elles; e os que ñas referidas circumstaneias se aehassem:
presos ou processados em conselho de guerra, ainda nao remettidos ap supreme cónseihpde jus-
tiga, fossem immediatamente soltos e livres, havendo-Se por cassados e abolidos os referidos
conselhos.
2.° Que todos os soldados que 'desertassem antes de completar os dez annos da capitulagáo,
e que em virtude dos perdoes geraes ou de outros particulares Se aehassem encorporados nos
regimentos, nao gosariam de sorte alguma do beneficio do decreto, mas, pelo contrario, seriám
obrigados a servir outros dez annos, antes que podésseni obter o premio da sua liberdade, que
em tal caso Ihes seria concedida.
N'outro aviso da mesma data se ordena aos generaes das provincias que todo o capitao
mor que nao fosse exacto na factura das recrütas seria emprazádo, e remettide ap Limoeirp, e
alem d'isso que aqueile official de regimentó que fosse encarregado da mesma diligencia e nao
fosse exacto na sua obrigagSo, fosse preso e mettido em conselho de guerra.

Alvará de 14 de outubro de 1791

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará virem, que sendo-mé presente em como aos
officiaes, officiaes inferiores e soldados do meu exercito se nSo concede seguro, assim nos crimes
militares como civis, ao mesmo passo que esta negagao é justa nos primeiros por causa da dis-
ciplina militar, mas nao nos segundos, em que nao ha principio solido para deixarem de gosa-
rem d'aquelle indulto concedido aos outros meus vassallos; portanto, sou servida mandar
declarar que, subsistindo a negagao quanto aos crimes militares, se Ihes conceda seguro nos
outros crimes civis, nos casos competentes por direito, sendo passadas as.cartas pelos respecti-
vos auditores nos crimes em que se cóñeederiam pelos corregedores das comarcas se militares
nSo fossem; e pelo conselho de justiga nos outrps que tocariáni aos tribunaes superiores, dero-
gando a esté respeito quaesquer leis, regulamentos, decretos, disposigoes ou ordens em contrarió,
iia parte em que forem oppostas a esta minha real determinagao, e ficando alias no seu devido
e intéiro vigor.
E pelo que mando, etc.

1793
Decreto de 2 de ouluhro de 1792

Sendo-me presente o extraordinario abuso com que os militares, esquecidos das obrigagSes
de tao respeitavel cerpo, se empregam no vergenhoso trafico de vender carnes, nSo menos pre-
judicial aos direitos da minha real fazenda que á saude publica, transgredindo as leis que occor-
rem aquelles consideraveis inconvenientes, com tal escándalo que nem deixain illesa a disciplina
w
da: tropa, nem a r.eputagáo dos eommandantespela impimidade e frequencia com que se repetem
os -mesmos delictos: sou servida que os militares n'este caso nSogosem do privilegio do foro.
Oí conselho de guerra o tenha assim entendido e faga execütar comas ordens necessarias¿

- -".:.- ':. -
1793
''-i Decreto dé 16 de maio de 1793

íf'elle se ordena que ap ministro que fosse nomeado accessor do conselho de guerra devia
ser dada carta do titulo do conselho de Sua Magestade, se antes a nao tiyesse, por servir em
tribunal em que os ministros a tinham, istó por consideragao ao estabelecido no regimentó que
ao conselho de guerra fóra dado pelo senhor D. Joao IV em 22 de dezembro de 1643.

Decreto de 21 de outubro de 1793

'' ;':^'élíé se perniitte que Pedro Telles de Mello, filhp do secretario do conselho dé guerra,
Francisco Xavier Télles de Melló, fosse ádmiitido no servigo de secretario do dito conselho, na
fáltá e nos legitimos impedimentos do mesmo secretario, por consideragao aos pungentes motivos
qué a; Sua Magestade haviam sido presentes.

179S '
Decreto de 25 de abril de 1795
.

Sendo-ine presente a indispensavel necessidade que ha de se crear e estabelecer um conse-


lho ;dé alfilirantadó, peló qual- se devá reger para o futuro tudo quanto possá dizei* respeito á
boa ádininistragSp da hiárinha em todos os ramos da sua dependencia; occorrendo éu á urgencia
das circumstaneias: sou Servida crear e estabelecer provisionalmenteo mesmo conselho, que será
composto de 1 presidente é dé 4 conselheiros, além das mais pessoas que irao descriptas no
regimentó da sua instituigáo. E porquanto se faz igualmente necessario que o mesmo almiran-
tado se congregue com.a maior brevidade possivel para os differentes objectos do seu expediente:
sou outrosim servida ordenar que as suas sessoes hajam de ter effeito no 1.° de julho próximo
futuro, que será o dia prefixo para a abertura do mesmo tribunal. O meu ministro e secretario
d'estado encarregado da repartigSo dos negocios da marinha p tenha assim entendido e faga
éxecutar óm tudo o qué lhe compete.

Alvará de 20 de junbo de 179S

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará virem, que tendo creado pelo meu decreto de
25 de abril d'este presente anno um conselho de alniiranta.do, pelo qual se deverá reger para p
futuro' tudo quanto possa dizer respeito á boa administragíip da marinha em qualqüér ramo da
sua dependencia; e querendo eu dar ao mesme conselho toda aquella auotoridadé e preeminencia
qué a importancia das suas funcgpes requer: seu servida eleval-e á dignidade de tribunal regió
cem toda a jurisdiegao que lhe competir em virtude do regimentó da sua instituigáo. .
Pelo que, mando á mesa do desembargo de pagp, etc.

Alvará de 30 de agosto de 179b

Eu a Rainha fage saber aps que este alvará virem, que havende oreado por decreto de 25
de abril d'este anuo P conselho do almirantado, e havendo-o elevado a tribunal, regio cpm toda
a jurisdiegüo que lhe competir pelo seu regimentó, pelo alvará de 20 dé junho próximo: hei
piitrpsim por bem que os conselheiros do mesme almirantadp, assim es que presentemente,o SSP,
81

como os que para o futuro houver, sendo pelas suas patentes chefes de esquadra e d'ahi para
cima, sejam condecorados com o titulo do meu conselho, de que Ihes deverSo expedir suas car-
tas pela repartigao competente, nSo se fazendo uso do alvará datado de 6 do corrente, que se
publicou pela estampa com manifesta equivocagao.
Este se cumprirá tao inteiramente como n'elle se contém, etc.

1796
Decreto de 20 de junho de 1796 ^m

Pedindo o bem do meu servigo, que, para melhor régimen e economía das embarcagoes de
guerra da minha armada real, haja um regimentó proprio para por elle se regülarem os eom-
mandantes das esquadras e navios da mesma' afinada; e sendo-me presente por parte do me a
conselho do almirantado o regimentó provisional que com este baixa: hei por bem approval-ó,
e ordeno que se observe tildo cómo n'elle se contém.
,...--.',
O mésmo conselho do almirantado o tenha assim entendido, e o-mande cumprir e execütar
com as ordens necessarias.

No alludiilo regimentó cncontrá-sc o seguidle

CAPITULO I
Ordem sobre a policía e disciplina
86." Nos dias primeiros de cada mez, e sempre nos de pagamento, serao lidos a toda a guar-
nigao de cada um dos navios de Sua Magestade o capitulo xxvi dos artigos de guerra do regula-
mento para o exercicio e disciplina dos regimentos de infantería dos exercitos de Sua Magestade,
assim como o titulo dos castigos e penas que até agora tem sido incluido no regimentó que se
mandou observar aos capitaes de mar e guerra cm 24 de marco de 1736, emqüanto Sua Mages-
tade a este importante respeito nao for servido alterar algumas disposigoes do referido titulo;
fazendo saber ás equipagens e tropa que, no que lliés for applicavel, comprehende todos os in-
dividuos da guarnicao, cada um dos referidos artigos, ficando por elles sujeitos ás penas que Ihes
possa impor um conselho de guerra, se se atreverem a infringir qualquer parte do que n'elles se
ordena.

Carla de lei de 26 de outubro de 1796

D. María, por graga de Deus, Rainha de Portugal e dos Algarve, etc., etc. Fago saber a
todos que esta minha carta de lei virem, que havendo.-mc sempre devido a mais particular at-
tengao e desvelo, assim como aos augustos Reís meus predecessores, o seguro estabelecimento
o ampliagao da minha marinha real, entretenimento, aprovisionamento e boa economía dos arse-
naes reaes, como comprovam as muito louvaveis providencias, que no meu reinado e nos prece-
dentes se publicaram com grande utilidade dos meus vassallos, pelo abrigo e proteegao que
acham ñas minhas esquadras navaes, a favor das especulagóes mercantis que tentam em seu be-
neficio e do reino em geral; e sendo de outro modo constante a necessidade que ha boje de esta-
belecer um centro commum de uniao, em que possam vir concentrar-se todas as providencias já
dadas, e todas as luzes theorieas. e praticas militares e administrativas, em maneira tal que os co-
nhecimentos do official militar da marinha venham coadjuvar os dos administradores, recebendo
tambem d'estes o necessario auxilio, e destruindo radicalmente os vicios que podiam ainda sen-
tir-se, ou de administragoes hereditarias .ou d'aquellas, em que urna única especie de luzes c
conhecimentos predominava e a que as outras eram sacrificadas: hei por bem e sou servida, nao
só dar urna nova forma ao conselho do almirantado, e prescrever-lhe definitivamente em ade-
quado regimentó os limites da sua jurisdiegao, que provisionalmente foram determinados, nías
outrosim crear urna nova e real junta de fazenda, a cujo cargo ficarao inteiramente os aprovi-
sionamentos do arsenal, toda a parte administrativa e a execugao das novas construccoes e ou-
tros trabamos que eu for servida mandar execütar no arsenal real, uninde-lhe: primo, a inspec-
gííp e direcgSo da real fabrica da conloaría, em que tambem mando execütar algumas uteis al-
teragoes; secundo, a inspeegao dos armazens quo se acham no rio de Coina; tercio, a inspecc.'ío
e direcgfto dos pinhaes reaes, o que tudo constará do regimentó da mesma junta da fazenda,
que mando publicar juntamente com esta carta de lei; e finalmente sou servida crear um novo
m
<c.orpode engenheiros constructores, ¡deixando a inspecgao do mesmo e :dos seus estudos ao mi-
nistro (d'estado da ¡repartigao da marinha,; e ordenando «que se ¡ejecute tudo isto na forma e
modo com que sou servida prescrevel-o nos fseguintes -artigos.

Nos «Iludidos artigos enconlra-sc o seguinte

TíLÜLO, 1
Do almirantado
6.° Tocará ao conselho do almirantado o nomear os conselhos de guerra, que háo-de exami-
nar e julgar da conducta dos officiaes da marinha real, cujo procedimento houver merecido a
censura das ííeis, mas >antes de assim o fazer, o conselho ,me .consultará pela .secretaria d'estado
da smaríñha, para que teu jülgue dos .motivos ¡que ha para se convocar üm conselho de guerra,,
reservando-one, tambem o ¡diceito -de ordenar que o almirantado nemeie e institua um conselho
(le guerra, logo que assim ané pa-r.ega justo.
8.° Sou tambem servida confirmar o ineü conselho ¡do almirantado na dignidade dé; tribunal
regio, a que íüi ¡servida, eleval-o; e quanto ás fuñcgoes e .attribiitos do mesmo conselho ¡e seüs
deputadós, ordeno que se observe o que deixo éstábelecido e prescripto no regimentó :que ¡mando
publicar no mesmo tempo que esta carta de lei.

Alvará de 26 de outubro de 1796

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará de regimentó virem, qué tendo consideragao
a que o meu conselho do almirantado se serve de um regimentó provisional, no qual tambem se
tem iéito a'lgamas alíeraeoes: fui servida mandar fazer este regimentó para o dito conselho, que
hei por bem e mando que d'aqui em diaiite se cumpra e guarde pela maueira seguinte.

No,mesmo i¡<!(|imeuto se cneoiilra o seguinte

TITULO I
Da organisagao do consellio do almirantado
l.°0 conselho do almirantado será composto de presidente e 4 conselheiros, 1 secreta-
1
río, 3 officiaes de secretaría (dos quaes um será denominado official maior) 3 .undantes da mes-
ma, .1 traductor de linguas, 1 porteiro, 2 guardas e 3 correios.
2.p O presidente será -.sempre e ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha
c
dominios ultramarinos, e os conselheiros serSo sempre officiaes do corpo da marinha, e ordina-
riamente generaes d'elle, ficandp a meu arbitrio a sua nomeaeao., sem que a antiguidade ou supe-
rioridade de patente Ibes dé mais -algum ^direito.
3.° O secretario, podendo ser, será official graduado no corpo da marinha ou no do exercito.
Qs officiaes da secretaria, aj.udantes, traductor de linguas, porteiro, guardas e correios serao to-
dos paisanos.

TITULO III
BajurisdiCQ'ao do oonsélho do ¡almirantado
!.° O conselho do almirantado terá toda a jurisdiegao que competía ao -capitao general da
armada 'real, e parte da que toeava no inspector geral da marinha, na forma declarada na minha
carta de lei de 26 -do presente mez de outubro.
7.° 'Gomo pelo decreto de 15 de novembro de 1783 estabeleci no real corpo da marinha
conselhos de-guerra, para os que n'elle delinquissem, serSo estes formados pelosofficiaes do mesmo
corpo da marinha que o conselho do almirantado me consultará, regulando-se sempre o numero
dos officiaes e qualidade do presidente e vogaes, pelo crime que se houver de sentenciar. íí'este
conselho será dada a sentenca, a qual -subirá a superior instancia, aonde se confirmará ou abo-
lirá.
8." Para este fim haverá um.juiz relator e dois para adjuntos, os quaes serao todos minis-
tros togados.da casa da supplicagEo e por mim nomeados, e se farao as juntas na mesma sala do
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conselho do aimirantadoj e no dia e hora que este-determinar, assistindo sempre o vice-presidénte


e um- conselheiro. ou simplesmenteidois conselheiros¡; e n'este caso-o mais antigo será o- que pre-
sida. Porém, se- o> crime for de muita gravidade,. se juntará todo o- conselho com os-- tues¡ minis-
tros, e depois do juiz relator relatar os autos, se procederáá sentenga, a qual sendo dé* morte se
nao executai'á sem. que primeiro» suba á minha' real presenga- e eu decida o¡ que for- servida-.

N'outro alvará da referida data foi mandado publicar o regimentó para a real junta da fazenda,
aonde se encontra solí o tituló «Do auditor da marihüa e liscali o seguinte

35.° 0¡ fiscal que será sempre o auditor- da: minha real armada-, que terá- a- seu cargo- o vi-
giar sobre a fiel e inteira execugao, que se dará a este regimentó, que mando litteralmente- obser-
var. .
36.° Será sempre ouvido pela junta em. todas as resolueoes que se tomarem pertencentes á
minha real fazenda, e responderá a todos os requerimentos e propostas que lhe forem dirigidas
pela junta.

Decreto de 4'de dezembro déi796!

S'- -.-.-
Foi n'elle instaurado e- restabelecido em toda, a sua intengao¡ e- vigor¡ o decr eto> de 2: d'e- abril
de 1762, que regulava e déterminava o numero¡ e qualidade de pratos¡ com que deviam ser: ser-
vid-as as-mesas do° general em chefe-e dos-mais, officia^

Alvará de 7 dé dezembro de 17ÜG

Eu a Rainha fago saber a todos que este alvará com forca de lei virem, que havendo re
conhecido quanto é justo e proprio que a jurisdiecao do meu conselho do almirantado se amplié
o estenda para poder julgar da validade das presas que os meus vassallos fizerem sobre as nacoes
que estiverem em guerra, com a minha coron, e que eu confie, ao mesmo tribunal, composto nao
só dos seus deputados ordinarios, mas tambem dos ministros:togados que sou servida nomear-lhe
como adjuntos, toda a j urisdiecáo necessaria para. julgar em similhantes casos em ultima instancia,
assim como já o fiz para os conselhos de guerra: hei por bem determina].- que d'aqui em diante
pertenga só ao sobredito--conselho do-almirantado, juntamente com os ministros adjuntos, o> julgar
em ultima instancia da validade das presas feitas por embarcacoes dé guerra da minlia real coróa
ou por armadores portnguezes, e das causas que sobre o mesmo objecto se podérem.excitar; regu-
lando-se para o mesmo fim pelo regimentó que mando publicar juntamente conn este alvará com
forga de lei, e que tem por base o antigo que já existia,, feito em 18 de junho de 1704,. com as al-
f.eragoes que a disparidade de circumstaneias e de tenipos pareceu exigir.
Pelo que mando ao conselho do- almirantado, etc., etc.

Ni» regimentó a que se refere o alvará antecedente, c upprovado por outro da mesma data,
encontra-se o seguinte:

16.° Prohibo com pena de morte a todos os officiaes, soldados e marinheiros que mettam a
pique os navios apresados, o que desembarquem os marinheiros em ilhas ou costas remotas e
desertas para oceultarem a presa.
17.° Succedendo que os navios apresadores nao possam carregar com o navio apresado,
nem com a sua marinhagem, lhe tiraran sómente as mercadorias; e relaxando-o debaixo de al-
gum ajuste serfiío obrigados a apoderar-se dos papéis e trazer eomsigo ao menos os dois officiaes
do navio apresado, com pena de serem privados do que Ihes podía tocar na presa, e aínda de
castigo corporal, se o caso o pedir.
18.° Prohibo o fazer-se abertura nos cofres,, fardos,, toneis e outras quaesquer partes, em
que possam estar alguns géneros; como tambem: que se traspassem ou vendam algumas merca-
dorias da presa; e todas as pessoas que as compraran ou oceultarem antes que a presa- esteja
julgada, e que sobre ella se tenha disposto por justiga, íicarao sujeitas á pena de restituicao. cía
importancia quatropeada, e de castigo corporal.
25." E tendo consideragao ao muito que convem animar os corsarios: liei por bem que o
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conhecimento de suas causas e controversias, tocante ao corso, se vejam ejulguem pelas justigas
ordinarias dos portos, em que entrarem com as presas, remettendo-se, porém, os processos ao
meü conselho do almirantado, para ali se julgarem em ultima instancia; tendo entendido as re-
feridas justigas ordinarias que hao de attender com grande cuidado e vigilancia ao breve despa-
cho das partes; e que se se experimentar o contrario, as mandarei suspender de seus logares,
fazendo-as juntamente satisfazer todas as perdas e dañinos, com todas as mais penas que mere-
cer a intelligencia de seus descuidos.
27.° A todos os governados e justigas referidas prohibo que possam tomar a si directe,
nem indirecte os navios, mercadorias e outros quaesquer efiéitos, que pertenciam ás ditas presas,
sob pena de se Ibes confiscar o que se achar terem das ditas presas e suspensáo de seus postos.
29.° Toda a gente de mar e guerra, que navegar nos ditos navios que andarem a corso e
armadores, gosarao de todas as preeminencias, liberdades de que gosa a gente que anda em mi--
nhas armadas,

Decreto de 7 de dezembro de 1796

Tendo ém consideragao a indispensavel necessidade que ha do posto de major general, para


manter a disciplina e boa execugao da ordem que deve inviolavelmenteconservar-se a bordo das
minhas esquadras navaes: sou servida crear o sobredito posto de major genera], que nomearei
sempre que haja destinado o armamento de alguma esquadra, e no momento em que fizer escolha
do general que a ha de commandar, e que será um official da minha real marinha, que nao tenha
inferior patente á de capitao de mar e guerra, nem superior á de chefe de divisao, devendo tam-
bem eessar com o armamento; mandando participar ao conselho do almirantado o regimentó que
o mesmo major general deve observar e em que ihc prescrevo as obrigacoes de que o encarrego,
baixaudo o mesmo assignado pelo meu ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e
dominios ultramarinos, D. Rodrigo de Sousa Coutinho.
O conselho do almirantado o tenha assim entendido e faga execütar.

1797
Alvará de 31 de Janeiro de 1797

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará virem, que attendendo a que, pelo regimentó
que dei ao conselho do almirantado em 26 de outubro do anno próximo passado e j>elo alvará de
7 de dezembro do mesmo anno, ordenei que houvesse um juiz relator para os processos, que se
devessem sentenciar nos conselhos de guerra e de justiga que se formassem no conselho do al-
mirantado ; e sendo necessario que o ministro, que houver de oceupar este importante logar do
juiz relator, seja sempre de tal satisfacao por letras e procedimentos que justamente possa servir
logar de tanta importancia, jurisdiegao c auctoridade: hei por bem declarar, como necessario e
coherente com as referidas circumstaneias, e á ¡mitagíío do que determinei para o juiz accessor
do conselho de guerra, por decreto de 16 de maio de 1793, que o juiz relator que fui servida
nomear para o conselho cío almirantado e os ministros que lhe succederem n'este emprego sejam
condecorados com o titulo do meu conselho, de que se Ihes deverao expedir suas cartas pela
repartigao competente.
E este se cumprirá tito inteiramente como n'elle se contém; etc., etc.

Alvará de 9 de maio de 1797

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará de declaragao e ampliaga'o virem, que haven-
do-me representado em nome de todo o conselho de justiga do almirantado o presidente d'aquelle
tribunal, meu conselheiro d'estado e ministro e secretario d'estado da marinha e dominios ultra-
marinos, as difficuldades que podiam encontrar-se na intelligencia do alvará de regimentó de 7
de dezembro de 1796, que fui servida dar a respeito das presas feitas aos inimigos da minha
real coróa ou pelas minhas embarcagoes de guerra ou pelos corsarios c armadores meus vassallos,
e igualmente a necessidade que havia de oceorrer com novas providencias a casos que nao ha-
viam sido previstos, e que podiam fácilmente sobrevir, resultando graves inconvenientes de se
nao a.charem já previamente determinados; e tendo mandado ouvir sobre tao interessantes pon-
85

tos putros ministros do meu conselho, conformando-me com o seu parecer; e declarando e am-
pliando o sobredito meu alvará em beneficio da melhor defeza dos meus estados e dos maiores.
favores que é necessario conceder a todos os que se empregam na minha marinha real e na mer-
cante : hei por bem determinar aos ditos respeitos o seguinte:
9.° Declarando e ampliando o artigo 29.° do sobredito alvará (de 7 dezembro de 1796), e
tendo ein vista conservar e proteger a boa ordem e obediencia que devem existir a bordo dos
corsarios armados eui guerra, durante as suas expedigoes e corso contra os inimigos da minha
real coróa: determino e ordeno que o commandante do corsario tenha, em todo o tempo que
durar o seu armamento, o mesmo poder que concedo aos officiaes eommandantes das embarea-
coes da minha armada real: e que toda a gente embarcada no mesmo corsario lhe preste toda a
devida obediencia; ficando, porém, obrigado a dar parte de tudo o que houver praticado ao con-
selho do almirantado, logo que voltar a qualquer porto dos meus dominios, a fim que, sendo,
necessario, se mande proceder a urna severa devassa e se declare livre de toda e qualquer im--
putagao de crime o commandante do corsario, oü se entregue aos meus magistrados eriminaes.
para ser por elles julgado no caso de se* conheeer que o commandante excedeu os poderes que
aquí lhe concedo. Se o porto em que entrar o corsario for o tl'esta capital, entao pertencerá o
conhecimento d'este facto ao auditor geral da marinha, que o conselho do almirantado nomeará.
para o mesmo fim; e quando seja em outro porto, o conselho do almirantado nomeará o corre-
gedor da comarca, em que estiver o mesmo porto.
10.° Os eommandantes dos navios que dao comboio ou levaní ordens ficaní inhibidos de dar
caga e de abandonar as commissoes de que vao encarregádos, salvo se assim o exigir a seguranca
do comboio, que tem a seu cargo; e ficarao sujeitos a serem juigados em conselho dé guerra e
punidos como por crime da mais grave desobediencia se contravierem a esta minha real deter-
minagao; sendo-lhes tambem confiscada a parte que tiverem na presa que fizerem a favor do
hospital real da marinha.
11.° Os capitaes dos navios mercantes que clesobedecerem ao commandante da embarcagáo,
ou embarcagoes de guerra, que Ihes dá comboio ou que abandonaran o comboio, ser?ío juigados
severamente pelo conselho de justiga, e poderao ser condemnados em multas até ao valor de
4:000 cruzados em favor do hospital da minha marinha real, e a urna igual pena ficará sujeito
o dono do navio que der similhantes ordens ao capitao do seu navio.
Pelo que mando ao meu conselho do almirantado, etc., etc.

Alvará de 20 de jullio de 17í)7

Eu a Rainha fago saber aos que este alvará virem, que determinando o senhor Rei D. José,
meu senhor e pae, que está em gloria, no alvará de 21 cíe outubro de 1763, que os crimes dos
militares fossem sentenciados dentro dos seus respectivos corpos; declarando que todas as cau-
sas civeis dos mesmos militares sao exclusivamente pertencentes á jurisdiegao dos tribunaes e
magistrados civis; e representando-mePedro José Couceiro, filho ele Francisco Xavier Couceiro,
proprietario que foi do officio de escrivao do juizo da accessoria do meu conselho de guerra, que
por motivo do dito alvará ficára o mesmo seu pae excluido de exercitar o referido officio, suppli-
cando-me concedesse continuar na propriedade e serventía d'elle, pelo que pertencia sómente ás
causas civeis dos militares, avocando os autos pendentes dos escriváes, que as continuavam na
relagao; tendo consideragfio ao referido, á utilidade que se segué aos militares de terem um es-
crivíío ñas suas causas, sem o incommodo de vagarem por diversos escrivíies, e ao mais que me
foi presente em consulta do meu conselho de guerra; e querendo benignamente compensar por
este modo áo supplicante o prejuizo que tem experimentado na falta do exercicio do sobredito
officio: hei por bem que no mesmo supplicante Pedro José Couceiro, continué a propriedade e
serventía d'elle, sómente pelo que toca ás causas civeis dos militares, que em observancia do
referido alvará se julgam na casa da supplicagao, assim e do-mesmo modo que se exercia, quando
as ditas causas se julgavam no meu conselho de guerra, avocando a esse fim os autps pendentes
des diversos escriváes em que existirem. O qual efficio terá e servirá emqüanto eu o hpuver por
bem, e nao mandar o contrario; com declaragao que, havendo por meu servigo de lh'o tirar ou
extinguir em. algum tempo, minha fazenda lhe nSo ficará por isso obligada a satisfagao alguma.
E pelo que mando, etc.

Alvará de 28 de agosto de 1797

Foi por elle creado um corpo de artilheiros marinheiros, de fuzileiros marinheiros e de ar-
tífices e lastradores marinheiros, debaixo da denominagao da brigada real da marinha, e. no ar-
86

tig'o 47.° determina que esta fique1 sujeita ás= mesmas leis de subordinagáo militar e disciplina-,
que se achavaní já estabelecidas.

Decreto de 5 de novembro de 1799

Havendó-me sido presente- que algumas pessoas téemí pretendido' obter revistase ordinarias
das- deeisoes¡ dp conselbo do- almirantado ñas; causas de sua competencia-,, como acaba dé- aconte-
cer a respeito cío que este tribunal proferiu em confirmaga© da sentenga dada peló juiz de fóra
da villa cíe Yianna sobre presas, a favor ele Pedro Momér,. Costa & C.í1,, contra o armador hes-
panhol Di José Fernandos (Srüerra;: e sendo ao mesmo passo, certo¡ que a ordenacao do livro Hf,
titulo-XGV, o regimentó cío desembargo do pago e a carta de leí de 3-de novembro de 17-68, só
-admittem um simiihante recurso (nos únicos dois casos de nullidade nianifesta ou¡ notoria injüsti-
g.a) das sentengas1 proferidas ñas reláeoes do reino, o que nao deve estendér-so aos outros: tribu-
¡naes supremos; qual é o- referido conselho pelo alvará tk sua-. ereagáo,, sem que possam. servir
-de exemplo em contrario as poucas revistas, que por nieío extraordinario- e por graga especia-
lissima se tem¡ permiftido de algumas decisoes dos; mesmos íribunaes;. nem tao poueo eleva ancto- "
visar aquella paetensao o costume de algumas nacoes da Europa, onde as segundas supplicaGoes
ou revistas- sao¡ farvoraveis e frequentes, pois1 que n'este reino ellas se julgam tao exorbitantes e
odiosas que só podem impetrar-se por vía de graga. especial,- como declara o preámbulo da so-
bredita leí de 3 de novembro de 1768; tomando em consideragao o referido, e querendo obviar
para o futuro quaesquer duvidas que hajam de suscitar-se: sou servido ordenar (á maneira do
que se- acha resolvido a- respeito clo¡ desembargo do pago, conselho geral do santo officio e outros
tribunaes supremos) que das sentengas e decisoes do conselho do almirantado se nao concedam
revistas ordinarias, ficando ao meu real arbitrio o permittil-as por graga especialissima quando
eu o julgar conveniente e conforme á indefectiveljustiga, que costumo praticar. O mesmo conse-
lho do almirantado o tenha assim entendido e execute.

1800
Alvará de 26 de abril de 1800

Eu, O'Principe Regente, fago¡ saber aos que este alvará com forga de lei virem,. que tendo
sindo por mim appi-ovados provisionalmente., em resolugao de consulta do conselho do almiran-
tado de 25¡ de setembro dé 1799, os artigos de guerra que este tribunal fez subir á minha real
presenga, e me pareceram convenientes para manter na sua devida ordem o servigo e disciplina
das minhas esquadras e armada real, conforme o regimentó provisional, que igualmente fui ser-
vido approvar pordecreto de 20 de junho de 1796; e considerando ao mesmo passo quito neces-
sario e indispensavel é ao- meu real servigo e ao publico socego dos meus fiéis vassallos que em
nenhum tempo-se ponha,. debaixo de qualquer pretexto, a mais leve duvida ou embarago á exa-
ctissima e inteira observancia dos referidos artigos, sem o que se tornam imitéis as providencias
mais acertadas: hei por bem e mando que, tudo quanto nos mesmos artigos se acha estabelecido
e confirmado pela sobredita resolugao ele consulta,, tenha forga e auctoriclade de lei, para que na
sua conformidade e sem modifieac&o ou interpretagao alguma se hajam de julgar prompta o in-
violave-Imente os casos que occorrerem. Consequentemente. estabelego que, achando-se algum
official cío gran de capitao-de mar e guerra, c do ahi para cima, comprehendido em culpa grave
contra o dito regimentó e artigos, seja logo preso por ordem cío conselho. do almirantado, e na
sua falta; pelo commandante da armada, esquadra ou ñau de guerra em que existir o criminoso,
nomeando-se-lhe snecessivamente conselho de guerra, e procedendo-se a final sentenga pelo me-
recimento dos autos, que se lhe deverao formar. E para que em objecto tao importante mngueni
possa escusar-se a titulo de ignorancia: determino que todos os almirantes, A7ice-almirán tes,
ehefes de esquadra e divisUo, capitaes de mar e guerra e mais officiaes da marinha, sejam obli-
gados, nao só a ter o mencionado regimentó e artigos, mas tambem a instruir-se n'elles por
modo competente, debaixo da pena do perdimento do posto contra os que se mostrarem desti-
tuidos dos conheciuientos que Ihes devem ser inseparaveis em rasao do seu emprego. Ordeno
igualmente a todos os referidos officiaes que cada um, segundo o posto que exercitar, empregue
a sua auctoriclade e efficacia em fazer observar com a maior exactidao o sobredito regimentó e
«7

artigos; -devendo persuadir-se que, assim como por urna parte me darei por bem servido dos que
com zélo e actividade preencherem esta, obrigagao indispensavel que Ihes imponho, incorreráo
por outra parte no meu real desagrado os que, esqueeidos clps seus cleveres, se heuverem ecm
negligencia em simiihante .'materia.
E este ¡se cumprirá tao inteiramente como n'elle se contém, etc.

Artigos de guerra para o scrvifo e disciplina da armada real, mandados publicar por resolugao de consulta
de 25 de setembro de 1799

I. A subordinacao é a base de toda a ordem, e sem ella ¡perde toda sua forga o corpo mi-
litar, sendo necessario para a sua perfeita uniao, que o respeito ¿aos superiores se ponha em ri-
gorosa pratica ijior todos os militares, desde o soldado até ao- mais .graduado general:; .porque
recébendo este-do supremo monarchaas ¡reaes-ordens, gradualmente ¡as delega.-nos¡seus subordi-
nados, os ¡quaes pelo juramento ¡que ¡deram estao na rigorosa obrigagao de obedecerem: como,
porém, ¡poderá ¡haver algum militar, que se esquega ¡.dos seus deveiíés, este, álem ¡de mcorrer no
real desagrado (¡pena a mais sensivel para todo o vassallo de honra), será castigado com a-maior
severidade; ou com prisao; suspensao de posto, expulsao do servigo; baixa com infamia;; e
até com a pena ¡de ¡morte, segundo as circumstaneias que occorl-erem.
II. Deve toda ¡a pessoa ¡de qualquer condigno e gradüagao que seja; e em qualquer cir-
cumstancia do emprego em que estiver (de ¡mandar, onde obedecer) eonduzir-se sempre do modo
mais vantajoso ao servigo de Sua Alteza Real.; e ao dever cía sua propria honra; ¡sob pena ele
entrar em (Conselho de guerra para ser punido, se a sua conducta for culpavel.
III. É da obrigagao de toda a pessoa. subordinada, e ¡mesmo do dever de fiel vassallo, re-
presentar ao seu superior qualquer defeito, ou falta que observe em prejuizo cío-servigo de Sua
Alteza Real, tendo ¡d'isto provas certas, ou pelo menos süspeitas bem fundadas; e nao o fazendo,
ficará responsavel ¡das consequencias que acoiitecerem: o commandante do navio, ou pessoa su-
perior, no sobredito caso, fará as convenientes-diligencias, debaixo ele todo o segre-do, para des-
cobrir a verdade, e proceder com justiga e prudencia. ^
IV. Todo o militar está sujeito ás obrigagoes e penas que se lhe impoe nos presentes ar-
tigos de guerra, seja qualquer o seu posto, praga, classe, ou condigno que for, estando alistado
no corpo da real ¿irmacla, em térra, ou embarcado; clevendo os mesmos artigos de guerra servir
de lei em todos os conselhos de guerra, para se inflig-irem os castigos, e se proporcionaran a
todos os delictos.
V. Depois de -serem líelos os artigos de guerra abordodos navios de Sua Alteza Real, na
conformidade do que se determina no regimentó provisional, tanto a ¡bordo, como nos quarteis,
ficam obrigaclae todas as ¡pessoas empregadas no servigo da real ¡armada ¡ao seu exacto ciim-pri-
mento, e sujeitas ás penas da sua infraegíso.
VI. Todas as pessoas pertencentes ás guarnigoes dps navios ¡ele guerra, cjue ineor-iierem
na culpa de blasfemia, juras falsas, e profanas, imprecacoes, pragas, incontinencias, ou n'outras
aegoes escandalosas, ficaráo sujeitas ás penas, -que Ihes forem impostas emum.conselho de guerra
conforme determinam as leis do reino. -
YH. Todo o official que desobedecer ao seu superior oppondo-se ás -suas ¡ordens, será ¡logo
preso, para ser julgado em um conselho de guerra, e condemnado a prisao pelo tempo de seis
mezes pela primeira vez, e pela segunda, um anno: e quando ¡reincida, será expulso do servigo,
e-degredado para África: se o cuinplice nao for official ele patente, será condemnado a trabalhar
ñas reaes fabricas, pela primeira voz ¡por tempo de um anno, pela segunda terá dois ¿annos de
gales, e pela terceira degradado -a servir em África por quatro anuos, ou mais ¡segundo as -cir-
cumstaneias.
VIH. Quando, porém, qualquer official receber urna ordem de outro seu superior, e -que
enfeuda que da sua execugao resulta prejuizo ao real servigo, ou ¡que seja contrario ás rreaes in-
tengoes cíe Sua-Alteza Real, poderá (se o tempo o permíttir, ou se achar no mesmo logar) ¡re-
presentar pelo modo ¡mais atiento e submisso, as rasoes por ¡que lhe parece prejudicial ou contraria;
porém, se o superior insistir na exeeugíio d'ella, lhe obedecerá logo: podenclo depois ¡representar
a este respeito o que lhe parecer ao commandante do proprio navio, ao da esquadra, e mesmo
a Sua Alteza Real pelo seu conselho do almirantado, que castigará o superior no caso de nao ser
justa a ordem, que fez execütar.
IX. Tocio o official que commandar -quaesquer torgas navaes em tempo de guerra, e que
deixar de perseguir os navios de guerra ou mercantes que lhe fujam, ou que mesmo o facam
tendo sido batidos, será expulso do servigo, -declarado incapaz de servir, logo que nao mostré
rasoes que o possam desculpar ele simiihante falta.
X. Do mesmo modo deverá ser tratado tocio o commandante da esquadra, ou de navio.
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iiicurso na culpa de ter deixado de soccoiTer quaesquer navios amigos ou inimigos na necessi-
dade, quando lhe pegam auxilio; assim como se tiver negado a sua protecgao a embarcagoes de
commercio portuguez, quando nao mostré rasoes que o possam deseulpar.
XI. Todo' o offieial commandante de qualquer embarcagao de gueiTa, culpado de ter aban-
donado era alguma critica circumstancia o commando d'ella para se esconder, ou do ter feito
arriar a sua bandeira, estando ainda em estado de defender-se, será coudemnado á morte; e se
pernoitar fóra da embarcagao, nao estando nos portos, será eseuso de servigo; e será suspenso
-do commando, se nos portos sem justa causa o fizer.
XIL O commandante de qualquer embarcagao de guerra culpado de a ter perdido por
ignorancia ou negligencia, será expulso do servico; mas se o tiver feito voluntariamente, será
condemnado á morte. Na mesma pena de morte mcorrerá aquelle commandante de navio ou em-
barcagao de guerra que, tendo perdido o seu navio nao poiiha todo o desvelo em salvar a gente,
e effeitos do niesmo navio, sendo o ultimo a abandónalo.
XIII. Todo o offieial commandando urna esquadra, ou navio de guerra, qualquer que elle
for, e que nao tenha satisfeito inteiraniente á commissao de que for encarregado, e isto por igno-
rancia ou negligencia, será escuso do servico, se for offieial general ou capitán de mar e guerra,
e se tiver qualquer outra patente, será preso por iim anno, e privado de qualquer commando por
tempo de tres aunos; porém, se for culpado de ter voluntariamente deixado de cumprir a refe-
rida commissao, será condemnado á morte.
XIV. Quando, porém, a perda da embarcagao for causada por falta de execugao das or-
dens que qualquer commandante tenha recebido, n'este caso se lhe dará baixa, e será preso em
tima torre pelo tempo de um anño, ou terá maior castigo se as circumstanciasassim o exigirem.
XV. Qualquer offieial particular incumbido de urna expedigao ou commissao, culpado de
se ter separado das ordens que tiver recebido, e de ter por esta rasao causado o man logro da
mesma commissao, ou nao a teiido inteiramente executado como devia, será suspenso do seu
exercicio, e preterido ñas futuras promogoes pelo tempo que for julgado no conselho de justiga,
tendo-se Aerificado a sua culpa na devassa, a que o tribunal deve mandar proceder.
XVI. Todo o offieial de patente, que em logar de mostrar-se interessado, gostoso e exacto
em cumprir com zelo as suas obrigagoes, e procurar escusar-se d'ellas com subterfugios e mal
fundadas desculpas, tendo dado mais de urna vez provas da sua negligencia, será escuso do real
.servigo.
XVII. Todos officiaes embarcados ou em' qualquer aegao de servigo em térra, deA'em ter um
inteiro respeito ás ordens que Ibes forem dadas por aquelle ciija patente ou antiguidade lhes
seja superior, como se fosse o commandante do proprio navio, ou do corpo em'que tiver praga.
XVIII. Ainda que Sua Alteza lleal nao espera que os officiaes superiores da sua real ar-
mada se esquegam de tal forma dos seus deveres, que nao só se opponham á auetoridade dos
seus commandantes, mas que machinem entre si conspiragoes ojipostas á justa e devida subordi-
nagao; comtudo, se algum d'elles delinquir n'este artigo, fraudando a sua real confianga; em tal
caso qualquer outro offieial superior poderá prender o delinquente, dando logo parte ao que lhe
for immediatameute superior, para ser castigado como amotinador.
XIX. É prohibido, e muito do desagrado de Sua Alteza Real, que qualquer offieial superior
use de termos fogosos alheios da sua auetoridade para com outro offieial, que estiver ás suas
ordens; porém, se esta violencia proceder de um excessivo zélo de servigo, e for commettida pu-
blicamente, o offieial subordinado, moderando o seu primeiro impulso, nao a deve reputar como
offensa, nem responder a ella (comíante que nao seja offensiva á sua honra), mas poderá depois
queixar-se ao commandante do navio, ao da esquadra, ou ao conselho do almirantado.
XX. Quando qualquer offieial, que tendo sido preso quizor depois de soltó tomar satisfa-
gáo, será ¡inmediatamente preso por seis mezes com perdónente de tempo e soldó; porém, se for
eom palavras ou acgíío que demonstre vinganga, será punido de anorte.
XXI. E da obrigagao de todo o offieial, que tem a honra de servir a Sua Alteza Real,
saber conheeer a obediencia que lhe devem prestar aquelles que lhe sao subordinados, fazendo-sc
respeitár com toda a gravidade, que é inherente á sua graduagao. E todo aquelle superior que,
esquecido da sua auetoridade, commetter n'este artigo alguma negligencia, será suspenso do ser-
vigo, sem veneimento do soldó por um anno, e reincidindo, será expulso do mesmo servigo, ou
por outra maneira punido, conforme o caso pelos suas circumstancias exigir.
XXII. Toda a nimia familiaridade entre officiaes de patente, e pessoas, que nao estejam
condecoradas com esta honra no servigo, sendo opposta e destructiva de urna verdadeira subor-
dinagSo, é inteiramente reprehensivel; portante, qualquer offieial que tenha de si tao pouca es-
timagao, será advertido pela primeira vez; pela segunda suspenso de todo o servigo como offieial
pelo tempo que julgar o commandante do navio, e se ainda depois d'isto reincidir, será nova-
mente suspenso do servigo, e prohibido de apparecer na tolda entre os officiaes. Os que estive-
rem em térra, pela primeira vez serao presos sem veneimento do soldó, e pela segunda serao
expulsos do servigo. O commandante do navio dará urna conta d'este proeedimento ao da esqua-
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dra, havendo-o, ou ao conselho do almirantado. Nao é, porém, do agrado nem da intengao de


Sua Alteza Real, que qualquer offieial superior haja de faltar ao decoro, a que téem direito todos
os officiaes de honra, e seus subordinados; nem ás outras pessoas que estao debaixo do seu com-
mando ; ou aos deveres de urna proporcionada contemplagao e eivilidade.
XXIII. É rigorosamente prohibido que os soldados ou marinheiros se ajuntem sediciosa-
mente, nem vao fazer queixas em assoada; e havendo alguns tao temerarios que se atrevam a
fazel-o, deve logo ser castigado o cabega de motim com dez annos de gales, ou com pena de
morte, segundo as circumstancias que occorrerem; como, v. gr., rompendo o corpo da guarda ou
sentinella, pegando em armas; ferindo aquelle que justamente se lhe oppbzer.
XXIV. Quando acontega qualquer pessoa embarcada ñas esquadras ou navios- de Sua
Alteza Real, se persuada estar lesada ou opprimida por falta ou má qualidade de ragao, ou por
outro justo motivo, o representará pessoalniente ao seu proprio commandante com a mode-
ragao devida, para que este lhe dé as providencias • convenientes, e o dito offieial commandante
ou chefe fará todo o possivel para remediar ou precaver esta falta, a fim de que nenhuma pes-
soa da esquadra, debaixo d'este pretexto, faga desordem alguma, a qual fieará responsavel, em
tal caso, á pena que lhe impozer o eonseího do almirantado em proporgao da sua culpa.
XXV. Todo o offieial ou qualquer outra pessoa embarcada ñas esquadras ou navios de
Sua Alteza Real, que conhecidamente falsificar os livros de soccorros, ou quaesquer outrps per-
tencentes á arrecadagao da real fazenda, diarios da navegagao, biíhetes de despezas, ou que
promova ou aconselhe similhantes falsidades, será expulso do servigo de Sua Alteza Real, e
fieará inhibido de servir emprego algum na sua armada, e obrigado a todo o resarcimento da
real fazenda.
XXVI. Qualquer offieial que der ao seu commandante ou superior urna parte falsa, tanto
por escripto, como de palavra, estando por alguem instruido, ou avisado do contrario, será ex-
pulso com infamia, por ter d'aquella maneira compromettido á auetoridade superior, e será de-
clarado incapaz para sempre de servir qualquer emprego na real armada.
XXVII. Na mesma pena incorre todo o offieial que fizer um trafico sórdido, tanto nos
portos nacionaes, como nos estrangeiros, por ser todo o commercio prohibido aos officiaes em-
p regados no servigo.
XXVIII. Da mesma forma, e debaixo das mesmas penas, fica incurSo qualquer comman-
dante dos navios de Sua Alteza Real, ou outro offieial embarcado n'elles, que receber, ou per-
mittir que se recebam asen bordo quaesquer fazendas, ou mercadorias, que nao sejam do uso
do mesmo navio: serao, porém, exceptuadas as fazendas e mercancías pertencentes a qualquer
negociante, cujo navio tenha naufragado, ou que se encontré em perigo evidente no alto mar,
porto, ou ancoramento, a fim de os preservar para seus proprios donos : e por fim toda a mer-
cadoria, e effeitos, para cujo embarque, ou reeepgao a bordo dos navios de Sua Alteza Real, for
precedida por urna ordem do conselho do almirantado, ou da secretaria d'estado da repartigao da
marinha.
XXIX. Todo o commaudante de qualquer embarcagao de guerra, que fóra do porto nao
a pozer logo em estado de promptamente poder entrar em combate, será expulso do real ser-
vigo ; porém, se for em tempo de guerra, e se seguir um mau logro de qualquer aegao, que
possa ter, por effeito d'aquelle desarranjo, será punido conforme as circumstancias o exigirem, e
até com a pena de morte.
XXX. Todo o commandante de qualquer embarcagao de guerra, que se deixar surpreben-
der pelo amigo, ou inimigo: este para o apresar, e aquelle para lhe fazer qualquer insulto, com-
.
prometiendo d'este modo a honra da nagao, será castigado arbitrariamente, até pena de morte
inclusivamente, conforme as circumstancias e o resultado o exigirem.
XXXI. Todo o commandante, que avistando qualquer navio, ou navios, que deva comba-
ter, por ser tempo de guerra, ou por qualquer outro incidente; ou que depois de se lhe ter feito
signal para o combate, nao pozer o seu navio em proprio estado de entrar em aegao com as pre-
vengoes necessarias para tirar a maior vantagem contra o inimigo; ou que deixar de animar os
seus officiaes e guarnigao para eombaterem Valorosamente, terá a pena de morte, ou outro se-
vero castigo, que pela natureza do faeto e circumstancias lhe for imposto em um conselho de
guerra.
XXXII. Fica sujeita ás mesmas penas do artigo antecedente toda a pessoa, que nao ob-
servar exactamente as ordens do commandante da esquadra, ou de qualquer divisao, de qual-
quer navio, ou de outro qualquer offieial, seu superior, tanto para atacar, entrar em combate,
unir-se aos navios que combatem, e defender qualquer esquadra e navios; ou que nao cumprir
as ordens do seu superior no combate com todo o seu esforgo ou que finalmente nao pozer em
pratica todas as diligencias para executar as mesmas ordens.
XXXIII. Todo o offieial, que por cobardia ou.negligencia abandonar, ou deixar de en-
trar no combate; que nao praticar tudo o possivel para apresar ou destruir os navios, que por
obrigagao deve combater; que deixar de seguir oii dar caga a um inimigo, -pirata ou rebelde,
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fugitivo ou vencido; ou que nao auxiliar qualquer navio de Sua Alteza Real, ou dos seus allia-
dos, a que igualmente deva prestar auxilio, passará por um conselho de guerra, para ser punido
de morte, convencido d'estes crimes.
XXXIV. Qualquer pessoa, que depois do signal, ou ordem para o combate, ou para ou-
tro diverso servigo, presumir ou intentar de o demorar, ou oppor-se-lhe com pretextos pessoaes,
ou com qualquer outro que seja, incorrerá na pena de morte, ou na de ser castigado com a se-
veridade, que, segundo as circumstancias e naturéza do facto, parecer ao conselho de guerra,
em que deve responder.
XXXV. Todo aquelle, que na occasiao de combate, ou na presenga do inimigo desampa-
rar o seu posto, pedir quartel, ou se render, ou commetter alguma fraqueza, será condemnado á
ínorte.
XXXVI. Fica sujeita á mesma pena toda a pessoa, que na occasiao do combate der vo-
zes, que possam intimidar a equipagem; que falle em se render; ou que se atreva a arriar a
bandeira de seu proprio arbitrio: n'estes casos, logo no mesmo instante o poderá impunemente
matar que estiver mais próximo, e presenciar estes gravissimos delictos; e quando as-
o offieial,
sim nao suceeda, será logo preso, e julgado em conselho de guerra para ser arcabuzado.
XXXVII. Toda a pessoa pertencente á esquadra ou navios de Sua Alteza Real,. que de-
sertar para o inimigo, pirata ou rebelde; que fugir com algum navio, ou embarcagao de guerra
com munigoes, sobresalerites óu mantimentos, que pertengam á real fazenda, ou que entregar
o seu navio por cobardía, ou traigáo, terá a pena de morte.
XXXVIII. Aquelle. offieial qualquer que elle seja, que incumbido de escoltar alguns navio
mercantes ou frota os desemparár, incorre em pena de morte, se as circumstancias occorrentes
o nao desculpárem: Os commandantes e officiaes encarregados de comboiar navios, mercantes,
ou quaesquer outros, que ineorrerem na negligencia de os nao protegerem diligentemente e com
o iuaior cuidado; que nao executarem fielmente a obrigagao, que téem de defender os navios e
fazendas, de que vao carregádos; que recusarem combate em sua defeza ; ou fugirem cobarde-
mente expondo os navios do seu comboio ao risco de serení tomados; que requererem, ou pe-
direm dinbeiros, ou outras recompensas aos mestres e commerciantes, donos dos navios, que
comboiarem; ou que maltratarem os mestres e marinheiros, que a elles pertengam, ficam res-
ponsaveis á fazer urna eompensagao dos prejuizos aos negociantes proprietarios, e a outros, a quem
se julgar Ser devida; e serao mesmo punidos criminalmente, conforme a qualidade da culpa, já
em pena de morte, ou já com outra qualquer, que parecer ao conselho do almirantado, e de jus-
tiga.
XXXIX. Incorre na pena de morte toda a pessoa, a quem se prove urna correspondencias
criminosa com os espías do inimigo, ou com os rebeldes á corda; que diligenciar corromper quaes-
quer officiaes, ou outras quaesquer pessoas; ou que auxiliar aos inimigos com munigoes de guerra
e boca.
XL. Todos aquelles, que excitarem motim, insurreigoes, levautamentos e desobedien-
cias, ou sabéndo que estes attentados se foméntameos nao delatar, serao igualmente punidos de
morte.
XLI. Todo que em tempo de guerra largar o seu navio fóra do porto aonde ar-
o offieial,
mou, será castigado com pena de morte como desertor; e se for em tempo de paz será expulso
do real servigo.
XLII. O commandante de qualquer burlóte, que o abandonar, será condemnado á morte;
e quando acontega pór-lhe fogo antes de atracar com o navio inimigo, passará por um conselho .
guerra, para n'elle ser julgado conforme as circumstancias do caso, no qual, provando-se cobar-
día, terá a mesma sobredita pena de morte.
XLIII. Os patroes das embarcagoes miudas, incumbidos de rebocar algüm burlóte, ou de
qualquer outro servigo durante o combate, que desampararern as suas embarcagoes, serao puni-
dos de morte.,
XLIV, É prohibido a todo e qualquer commandante dos navios e embarcagoes de guerra:
arriar a sua bandeira, ou render-se aos inimigos: ordena Sua Alteza Real, que se defenda sob
pena de morte, até que chegue a ponto de nao ter já nenhuma probabiHdade de defensa; e n'este
caso passará sempre por um conselho de guerra, para ser julgado conforme as circumstancias da>
aegao.
XLV. Todos os papéis, escripturas, passaportes, conhecimentos, livros de carga, que se
acharem nos navios, que forem tomados como presas, devem ser cuidadosamente guardados e
inventariados para serení remettidos sem fraude ao conselho do almirantado, pelo commandante
que fizer a presa; e toda a pessoa, que concorrer para fraudar esta justa precaugüío, perderá a
parte que houvera de levar na repartigáo da mesma presa, alem do castigo que lhe for arbitrado
pelo conselho do almirantado, e' de justiga.
XLVL Incorrerá ñas penas do artigo antecedente todo aquelle, que desviar qualquer parte
da carga da presa, como dínheiro, joias ou fazendas, exeept osendo necessario para melhor a se-
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gurar, ou para servigo e uso das embarcagoes de Sua Alteza Real, antes que a referida presa
seja legítimamente julgada: o commandante que fizer a mesma presa é responsavel da sita se-
guranga, devendo prevenir toda a desordem a este respeito, fazendo fechar as escotilhas, e guar-
dando as chaves d'ellas.
XLVII. É severamente prohibido expoliar de seus proprios vestidos aos prisioneiros, tó;
mados em qualquer navio apresado, ou maltratal-os corporalmente, ou de outra diversa maneira;
o toda a pessoa que contravier a esta ordem fieará sujeita ás penas, que o conselho do almiran-
tado parecer a proposito impor-lhe, ainda depois d'aquellas, que o commandante apresador lhe
tiver infligido, antes de se dar parte ao mesmo tribunal.
XLVIII. Quando a bordo de qualquer navio se commetta crime, que merega pena gravei se
dará logo parte ao commandante d'elle, ou ao da esquadra, a fim de se fazer immediatamente o
processo ao delinquente, e ser sentenciado em um conselho de guerra; e se nao estiver eñeorpo-
rado a alguma esquadra, ou divisSo, se lhe fará logo um conselho de guerra a bordo do respe-
ctivo navio.
XLIX. Todo o mestre, ou capitao de navio mercante, ou de qualquer transporte, que sé
separar do combio sem rasao legitima, ou licenga do commandante d'elle, de quem tenha rece-
bido ordens, será condemnado ás gales pelo tempo de cinco annos, sendo em tempo de guerra;
e em tempo de paz terá um anno de prisSo; e poderao ser condemnadós em multas até ao valor
de 4:000 cruzados em favor do hospital real da marinba; e a urna igual pena fieará sujéito o
dono do navio, que der similhantes ordens ao capitao do mesmo navio.
L. Todo o offieial marinheiro, artífice, etc., que desertar do real servigo, será condemnado
a gales pelo tempo de dois annos; e pelo tempo de paz servirá um anno sem veneimento de soldó
a bordo dos navios de guerra.
LI. Os marinheiros, grumetes incursos no crime de desergao Serao, punidos com cinco an-
nos de gales em tempo de guerra; e em tempo de paz servirao a bordo dos navios de Sua Al-
teza Real pelo tempo de um anno, vencendo sómente a ragao a bordo, e o fato que se eostumá
dar ñas gales para se vestirem; e sendo os desertores soldados, incorrerao na pena imposta
pelo regulamento militar.
LII. Se qualquer marinheiro, grumete, ou soldado, exceder á licenga vinte e quatro ho-
ras, perderá a ragao de vinho por tres dias, e levará vinte e cinco pancadas de chibata, se for
da marinliagem; e sendo soldado a mesma perda da ragao de vinho, e vinte cinco pancadas de
espada; sendo o excesso da licenga por quarenta e oito horas, terá a mesma pena, ficando pri-
vado de tornar a térra por um mez; e se o excesso fór maior, será reputado como desertor-;
mas se elle mesmo se apreseiitar, lhe será minorada a pena, em attengao a buscar voluntaria-
mente o real servigo.
Lili. Todo o soldado, grumete, e marinheiro, que saír do navio sem licenga, e for encon-
trado sem ella duas leguas de distancia do porto aonde estiver o seu proprio navio, será repu-
tado como desertor, e por isso incurso ñas penas de desergao.
LIV. Qualquer marinheiro, ou grumete, que tendo sentado praga na guarnigao dos navios
de guerra se nao achar a bordo no día, em que se largar a bandeira de mostra, sei'á preso^ e
servirá sem veneimento de soldó pelo tempo de um mez¿ e nao se apresentando a bordo, quando
o navio se fizer á vela, ser¿í castigado com dois mezes de gales.
LV. Todo o marinheiro, ou grumete, que sentar praga em dois differentes navios, incor-
rerá por isso na pena de desertor; e se tiver recebido algúin soldó pela praga do primeiro navio,
será tido por ladrao.
LVI. Todos sao obligados a respeitar as sentinellas, e corpos de guarda; aquelle que o
nao fizer será castigado com seis mezes de trabalho ñas reaes fabricas, ou mais rigorosamente
conforme as circumstancias do caso; e o que atacar violentamente qualquer sentinella, será en-
forcado, se a sentinella o nao matar como deve.
LVII. Os soldados, estando de sentinella, que deixarem desertar qualquer pessoa, incor-
rerao na mesma pena dos desertores; e se algum offieial concorrer para urna similhante relaxa-
gao corrompendo, ou deixando-se corromper, será privado do seu posto, e expulso com infamia
depois de um anno de prisao.
LVIII. Da mesma forma, toda a pessoa, paisano, bu militar (nao sendo offieial de patente),
que induzir outros para desertarem, ou que lhes facilitem a fuga por dinheiro, terá a pena de
trabalhar com calceta ñas reaes fabricas por tempo de seis annos; mas sendo offieial será ex-
pulso do servigo.
LIX. Todos aquelles marinheiros, ou grumetes, que assentarem praga, e se reconhecer
térém dado um nome supposto, e diversa naturalidade da verdadeira, serao presos, e condemna-
dós a perder dois mezes de soldó, servindo sem veneimento d'elle; e desertando, sem ter satis-
feito á pena, terSo seis annos de gales.
LX-. Todos os officiaes de patente, e inferiores, que tivereni excessivas on temerarias dis-
putas, serao presos rigorosamente, entrando comtudo na escala do servigo.
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LXI. Todo offieial de patente, ou inferior que matar, oú ferir, grave, ou levemente ao
o.
seu camarada, ou qualquer outra pessoa, será punido segundo as Ieis militares e do reino e se-
gundo as circumstancias: sendo, porém o aggressor qualquer soldado, ou pessoa de marinhagem,
que mate, ou fira o seu camarada, ou qualquer outra pessoa, será condemnado a gales, arbitra-
riamente, e até pena dé morte inclusivamente, conforme o caso o pedir.
LXÍI. Todo o offieial inferior, ou offieial marinheiro, soldado, marinheiro, ou grumete, que
se rébéllarem contra os seüs officiaes maiOrés, ou levantárem a mao para os óffenderem em aegao
de servigo, serlo condemnádos á morte.
• •
LXIII. Na mesma pena incorrem todos aquelles, que recusarem com violencia receber
qualquer castigo que lhe mandarem dar, ou que por meio das suas vozes excitem os seus cama-
radas, e gente da equipagem á insubordinagao, ou levantamento, em cujo caso o offieial qué se
achar presente o poderá matar logo, como cabega de simüliante atténtádo, nSo sendo possivel o
prendéh-íh
LXIV. Ha-vendo entre os marinheiros, soldados, e grumetes alguma coíitenda, de que se
nao siga ferimento, ou morte, mas em que hajá contusao de pancada de pau, ou de qualquer ou-
tro instrumento, que nSó seja faca, ou navalha, terao oito dias de ferros, e perderlo quinze de
soldó.
LXV¿ Todo o marinheiro, grumete, oü soldado^ que em térra tiver bulhas, ou pendencias
:
contra a propria gente da guarnigao das embarcagoes miudas dos navios, serao presos em ferros,
nunca entrárao em escala de licengas, e perderao quinze dias de soldó* conforme as circumstan-
cias;J, e os que brigarem só a só, serao castigados segundo o rigor das leis do reino.
IJXVI. Se depois de reconciliados dois homeñs da equipagem, que tiverem tido disputas,
qualquer d'ellés der no outro seu camarada^ perderá um mez de soldó; e em caso de ferida será
condemnado conforme as circumstancias do delicto.
LXVH. Aquelles que forem mandados a térra, nao farao molestia alguma aos moradores
dos; portos, ou logares, aonde forem mandados, sob pena de serení castigados conforme o crime
merecer segundo as leis do reino.
LXVIIÍ. OS marinheiros, grumetes, ou soldados, que faltarem ao quarto, ou que o deixa-
rem sem licenga, serao castigados em tres horas de golilha em pé, pela primeira vez, e na se-
gunda perderao tres días de ragao de vinho, levando vinte e cinco pancadas de chibata ou
espada.
LXIX. As sentinellas, que se acharem dormindo nos seus postes, e os deixarem antes de
serem rendidas, -serSo castigadas com vinte e cinco pranehadas de espada pela primeira vez, e
pela segunda com cincoenta, em dois dias; poréni, se for em tempo de guerra, serao arcabu-
zadas.
LXX. Todo o offieial marinheiro, ou artífice, que tendo obrigagSo de quarto faltar a elle,
ou se retirar sem licenga, será castigado a ferros por oito dias, e no caso de reincidencia perderá
quinze dias de seu soldó.
LXXL Todo o marinheiro, ou grumete, a quem se tenha assignalado logar, ou emprego
para o qual deva estar prompto no quarto, e que faltar á sua obrigaeao, perderá dois dias de
ragao dé vinho, e levará vinte e cinco chibatadas; e no caso de reincidir levará cincoenta chi-
batadas em dois dias successivos.
LXXII. Os soldados, marinheiros, e grumetes, que estiverem de quarto, sempre se con-
servarao nos logares da tolda, tombadilho, e castello, na conformidade do que for detalhado nos
mesmos quartos, sob pena de serem castigados com chibata ásperamente, se nao chegarem a
merecer as penas já impostas ñas faltas de similhante naturéza.
LXXIII. Todos os roubos devem ser castigados com a maior severidade, e sem a menor
indulgencia: toda a pessoa empregada no servigo da armada real, que incorrer n'esta grave culpa
será punida com pena de morte,, se o furto for acompanhado de violencia, Ou for de effeitos, ar-
mas,: munigoes, ou mantimentos pertencentes á real fazenda. As circumstancias do furto, e pes-
soas, poderlo modificar aquella pena, na de baixa com infamia e suspensao de emprego.
LXXIV. Todo aquelle que roubar a qualquer pessoa, sendo marinheiro, oú grumete o la-
drao, será castigado com cincoenta agoites pela primeira vez, perdendo a ragSo de vinho por quinze
dias: e reincidindo, ou chegando o valor do furto a marco de prata, será castigado conforme
as leis.
LXXV. Todos os que concorrerem para os sobreditos furtos, ou facilitarem de qual-
quer modo, principalmente podendo evital-os, incorrerSo ñas referidas penas dos artigos antece-
dentes.
LXXVI. Aquelles que forem mandados a térra, e roubarem os habitantes dos logares-
aonde desembarcarem, serao castigados com gales, ou condemnádos á morte-segundo as circum-
stancias do caso.
LXXVII. As sentinellas de p6pa, e pórtalos, que deixarem largar alguma embarcagSo sem
licenga, que lhe seja intimada legítimamente, serao castigadas com quatro horas de golilha, -ou¡
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mais severamente, se n'esta negligencia se envolver algum sinistro motivo, para illudir quaesquer
ordens de servigo.
LXXVIII. Toda a pessoa que faltar ao segredo das operagoes da campanha, ou ao dos
projectos d'ella, será posto em um conselho de guerra, para ser julgado como traidor, e punido
conforme a occasiao, o logar, e as circumstancias d'esta infidelidade.
LXXIX. Todo o offieial que tiver que requerer a Sua Alteza Real immediatamente, ou
pelo conselho do almirantado, sobre quaesquer objectos do servigo, em que se achar empregado,
cuja resohigao dependa immediatamente do mesmo senhor, ou seu referido conselho, o nSo po-
derá fazer, sem que primeiro pega licenga ao commandante do seu proprio navio, ou ao offieial
seu commandante, que o-participará ao da esquadra se assim o achar conveniente; e isto ainda
sendo em assumptos, sobre os quaes sé persuada lezado, Ou nao deferido pelo seu superior. Todo
aquelle que assim o nao praticar, lhe será reputada esta culpa como urna falta de subordinagao.
LXXX. Todos os mais delictos, como embriaguez, jogos excessivos, e outros similhantes,
de que os precedentes artigos nlo fagam particular menguo, ficarao ao prudente arbitrio do su-
perior para impor aos delinquentes o castigo, que íhes for proporcionado, o uso da golilha, prisao
no porao,- e perdimento da ragao de vinho; é o que se deve applicar a officiaes marinheiros, in-
feriores, e artífices; assim como á marinhagem, e soldados, que podem tambem ser corrigidos por
meío de pancadas de espada, e chibata, nao excedendo ao numero de vinte e cinco por diá; isto
é, em culpas que nao exijaní conselho de guerra.

ISOl
Abará de 26 de noreiiibro de 1801

Eu, o Principe Regente, fago saber aos que este- alvará com forgá de lei viran, que tendo
subido á minha real presenga representágoes dos gravissimos e niui frequentes delictos de rou-
bos, ferimentos e mortes, que se téem commettido n'estes últimos tempos, assim na capital como
em muitas das cidades, villas e logares dos meus reinos, crescendo a ousadia e atrocidade dos
malfeitores á proporgSo da impunidade e da extremosa moderagao com que sé tem jirocedido na
apprehensao e castigo de similhantes delinquentesj em notavel detrimento da seguranga e tran-
quillidade publica dos nieus fiéis vassallos, e com escandalosa infraegao das sabias e providentes
disposigoes das leis d'estes reinos, com que se tem procurado cohibir tSo graves e escandalosos
delictos; Querendo que os meus fiéis vassallos hajam de gosar sem interrupgao dos beneficios
resultantes da minha real protecgSo e da minha indefectivel justiga: sou servido ordenar que se
observem inipreterivelmente aS disposigoes do alvará de 20 de outubro de 1763 e do de 21 do
mesmo mez e anno, em que se declarara os limites da jurisdiegao civil e militar ñas causas cri-
mes e civeis dos officiaes de guerra e soldados das minhas tropas, querendo que as disposigoes
dos citados alvaras se cumpram tao inteiramente como n'elles se contéem, nao obstante quaes-
quer outras leis, ordenagoes extravagantes, alvarás, decretos em contrario, que todos hei por
derogados como se d'elles fizesse especial mengao, sem embargo da ordenagao, livro ir, § 34.°
E outroshn excitando, declarando e ampliando as disposigoes do alvará de 21 de outubro
do anno de 1763, mando e. ordeno que todos e cada um dos soldados e officiaes inferiores, que
resistirem ás justigas ou seus officiaes, ou com as armas militares ou ainda com paus ou-com
pedradas, ou por qualquer outro meio que caracterise resistencia; que todos os que commette-
rem qualquer acto de violencia dirigido ou a tirarem presos das inSos das justigas ou a impedir-,
rem quaesquer prisoes que os officiaes dos magistrados civis pretenderen! fazer; e finalmente
que todos e cada úm dos cumplicesj que cooperarem para qualquer dos referidos delictos, sejam
presos e tratados como rebeldes ás minhas leis, cómo inimigos e perturbadores do socego publico,
e profanadores do decoro e honra militar; e que como taes sejam irremissivelmentecondemnádos
na pena de morte natural e .pela comprehensivadisposigao do 1,° e 15.? dos artigos de guerra
insertos no regulamento militar.
Similhantemente mando e ordeno que todos e cada um dos soldados da corte e provincia-
da. Extremadura, que forem adiados ñas rúas de Lisboa e seus suburbios ou ñas de Belem <;
seus suburbios' com espingardas ou bayonetas, ou chifarotes ou tergados ou facas de ponía, ou.
pistolas ou quaesquer outras armas, óu brancas ou de fogo, nSo vindo em acgSo do real servigoy
sejam presos, degradados das honras militares, tirando-se4hes todos os fardamentos e insignias
dos regimentos a que pertencerem como indignos d'ellas, e successivamente remettidos ao arse-
nal real, para n'elle ficarem trabalhando com braga por tempo de seis annos; e attendendb a
que da prompta administragao da justiga e da immediata execugao das sentengas resulta um dos
mais efneazes meios de cohibir a frequencia dos delictos, mando e ordeno que o processo dos
94

referidos erimes tao contrarios ao socego e tranquillidade publica, como destructivos da reputagao
e decoro que convein aos que tem a honra de me servirem no meu real exercito, sejam findos
no espago do mesmo dia natural em que forem principiados, sem prorogagao de tempo.

No decreto de 10 de dezembro de 1801 fui creada a guarda real da policía de Lisboa,


de pé c a caYallo, conforme o plano junto ao mesmo decreto,
e com referencia a castigos estabeleceii o mesmo plano o seguiste

1.° Todo o commandante de patrulha que, podendo, nao prender uní ladrao ou assassiño
ou o deixar escapar^ será demittido, e posto ém conselho de guerra.
'2i° Todo o soldado que faltar ao seu dever e ao respeito ao seu offieial; que nao vigiar ao
redor do seu posto ou nao avisar a tempo, e que faltar a revista, será castigado pela primeira
vez com oito dias de servigo effectivo no qüartel, pela segunda vez com quinze dias de prisao,
e reincidindo será expulso vergonhosamente, para ser posto em conselho de guerra e julgado
segundo rigor das leis militares.
o
3.° Todo o offieial infeiior ou soldado que for convencido de haver recebido dinheiro para
deixar escapar uní culpado será preso e julgado em conselho de guerra.
4.° Todo o soldado que se embriagar, estando de guarda, será castigado com um mez de
prisao: o mesmo castigo terá qualquer que falte ao respeito a todo o ministro da policía»

1803
Decreto de 21 de marco de 1802

Tendo determinado cstabelecér um systema de organisagao militar para o meu exercito, que
haja de fixar impreterivelnienteum plano de disciplina e de policía uniforme para- todas as mi-
nhas tropas, que deva encerrar todos os regulamentos particulares e distinctos, que forem rela-
tivos a cada urna das armas, e que deva tambem comprehender e regular todos os detalhes, que
possam occorrer, a fim de prevenir quanto possivel as gravissimas consequencias que resultan! de
disposigoes arbitrarias.
E attendendo a que, para mais fácil e prompta conclusao de urna tao importante obra, con-
viria dividir as materias que devem necessariamente entrar na sua formagao, sendo entre estas
urna das mais essenciaes, e das mais attendiveis a da organisagao de um código penal militar,
que clara e precisamente caracterise os delictos e as penas, proporcionando quanto possivel for
estas aquelles: sou servido confiar este importante trabalho á deliberagSLo dos officiaes generaes,
officiaes e jurisconsultos mencionados na relagao, que com este baixa assignada pelo meu conse-
Iheiro ministro e secretario d'estado dos negocios estrangeiros e da guerra1, os quaes houve por
bem nomear por me ser muito conhecido o effícaz zélo, os distinctos conhecimentos e grandes
luzes que os fazem recommendaveis, e mui dignos da minha real attengSo. Para meüior e mais
regular observancia da boa ordem e methodo, que convem se siga ñas deliberagoes dos membros
que tenho nomeado para a referida commissSo, e para que mais fácil e commodamente se possa
estabelecer urna perfeita uniformidade e accordo com os trabamos, que fui servido confiar ao con-
selho militar: hei por bem que a junta dos officiaes militares e jurisconsultos destinados para for-
malisareni o código penal militar, seja presidida por um dos membros do conselho militar, devendo
ter logar as sessoes da mesma junta na sala da real sociedade maritima, nos dias de quarta feira
e sabbado de cada semana, comegando as deliberagoes ás dez horas da manhS. Para que as ses-
soes da mésína junta se nao interrompam, e se nüio prolonguem por isso os seus importantes tra-
bamos, determino que succedendo nao se achar presente o presidente haja de fazer as suas vezes
o offieial de maior graduagao e antiguidade que se achar na junta, e tanto o presidente, como o
offieial general que as suas vezes fizer, deverá fazer subir á minlia real presenga pelo conselho
militar o estado é progresso dos trabamos que sou servido confiar á junta; sendo pelo presidente
d'elle que farei baixar as minhas reaes determinagoes. Devendo o código militar determinar com
eoncisao e clareza as differentes classes de erimes, e na mais justa proporgao os castigos com que
serao punidos os que os commetterem; deverá igualmente designar com precisao as materias que
deverSo pertencer ao foro militar, e, para remover os gravissimos inconvenientes resultantes do

1 Nao se eneontra esta relagao juuta ao decreto em manuscripto de que este foi copiado.
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conflicto de jurisdicgoes, deverá similhantemente fixar os limites das que devem pertencer ao
foro militar e ao civil, assim no tempo da paz, como no da guarra; e no mesmo código será comt
prehendido, como parte integrante d'elle, o regulamento que estabelega a forma dos processos e
summarios dos conselhos de guerra, assim dos que se celebrarem eni tempo de paz, eomo durante
a guerra. Hei por bem incumbir á mesma junta o exame do estado actual das caudelarias do
reino, e a indagagao das causas de que tem procedido a extraordinaria falta, que se experimenta
de cavallos, assim para a remonta da cavallaria e servigo de artilheria, transportes e bagagens,
como para os trabalhos da lavourae outros servigos nao menos interessantes ao estado; e quando
a mesma junta reconhega peló progressó dos seus exames, meditagoes e deliberagoes que o es-
tado decadente das caudelarias proceda de um systema defeituoso, ou da inobservancia das pro-
videncias, com qué em differentés tempos se tem occorrido á sua restauragao, deverá em tal caso
propór-me a mesma junta os meios e expedientes que julgar mais convenientes e praticaveis para
sobre elles se formalisar um judicioso e acertado systema e regimentó.
O meu conselheiro, ministro e secretario d'estado dos negocios estrangeiros e da guerra o
tenha assim entendido e faga exeeutar..

Decreto de 26 de niaio de 1802

Amplia o decreto de 10 de dezembro de 1801, mandando fazer um augmento provisorio


na guarda real da policía de Lisboa, e dispoe o séguinte:
Últimamente mando que um dos corregedores ou juizes do crime dos bairrOs; quál eu for
servido nomear, sirva de auditor da referida guarda real, com o soldó de 15$000 réis por mez,
débáixo do regulamento particular que hei de mandar dar; para que os individuos que compoe
este corpo sejam mais severa e propiamente castigados, como convem á importancia do servigo
de que sao encarregados, e á disciplina que no mésmo deve inviolavelmente óbservar-se.

Alvará de 17 de dezembro de 1802

Declara que os castigos que podem ser applicados aos militares milicianos, que nao téeni
meios de subsistencia, se reduzem a nao serem promovidos.

1803
Decreto de 19 de Janeiro de 1803

Tendo feito subir á minha real presenga as representagoes que se me téém feito sobre ai
validade e invalidade de differentés presas, que entraram em diversos portos d'estes reinos, as-
sim durante a neutralidade, como no tempo da guerra felizmente terminada; e querendo remo-
ver as delongas e outros inconvenientes, nao menos consequentes que resultam de similhantes re
cursos extraordinarios: sou servido ordenar que no tribunal do meu conselho do almirantado se
decidam summariamente todas as controversias e discussoes relativas á materia de presas, fi-
cando salvo o direito dos litigantes para urna discussao ordinaria instaurada perante o mesmo
tribunal, caso se n§Lo conformem em que as suas reclamagoes se ventilem summariamente.

No akará de 26 de marco de 1803, dando noto regimentó ao logar de ouvidor da cidade do Macau,
se encontra o seguinte:

5.° Ñas causas erimes cohheeerá cumulativamente com^ os juizes, recebendo as querelas e
procedendo em todo 0: preparatorio do feito como está determinado na lei da reformagao da jus-
tiga, e segundo outros posteriores alvarás, fazendo abreviar os processos segundo a jjratica últi-
mamente ordenada no alvará de 5 de margo de 1790; e em falta de parte que aecuse, observará
a ordem contéúda no- dito assento de 16 de outubro de 1781, proferindo-se as sentengas em junta,
que sou servido mandar estabelecer na dita cidade, para todos os casos erimes de paisanos e,
militares; mas nos ferímentos graves,, furtos, com forgamento de casa, ou estupro violento, será
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o preparatorio privativamente do ouvidor, sem intervengab dos juizes, que nao conhecerao d'elles
para os sentenciarem em junta e se executarem as sentengas, que n'ella se proferirem ; com de-
claragao, porém, que sendo os réus incursos em pena capital, serao remettidos com Os autos e
sentenga á relagab do estado, para se reverem n'ella e executar-se.

Airará de 26 de marco de 1803

Eu, o Principé Regente, fago saber aos que este alvará vireni, que em consulta do conselho
ultramarino íne foi presente a necessidade que havia de crear-se na cidade do Nome de Dejis de
Macau, na China, urna junta de justiga, em que fossem sentenciados em ultima instancia todos
os feitos erimes, tanto civis, como militares; e conformando-nie com o parecer da sobredita con-
sulta : hei por bem crear na dita cidade urna junta de justiga, para a decisao de todas as causas
erimes, em que possam ser comprehendidos quaesquer réus militares oü. paisanos, a qual será
composta do governador da cidade, como presidente d'ella; do ouvidor, como primeiro vogal e
relator, sendo adjuntos n'ella o commandante da tropa, o juiz ordinario do mez, os dois Vérea-
dores mais velhos e o procurador do senado, juntando-se para esse fim na sala do mesmo senado
ñas oceasioes oecorrentes, e dicidindb e julgahdo sem necessidade de recurso a Goa todos e quaes-
quer casos em que as minhas justigas houvereni procedido, menos no caso especifico de se dever
impor pena capital, quando se nao trata de morte feita a algum china, na conformidade dos §§ 5.°
é 6.° do alvará de regimentó qué últimamente mandei formar para o ouvidor e mais officiaes de
justiga da dita colonia, o qiial mando que em tudo se cuuipra e valha como parte d'este mesmo
alvará, e como se n'elle fossem individualmente transcriptas as suas disposigoes;
Pelo que mando ao meu conselho ultramarino, etc., ete.

1804
Decreto de 23 de fevereiro de 1804

Quando com saudaveis fins me. propuz seguir no estabelecimento da junta do código penal-
militar e melhoramento das caudelarias do reino, que fui servido crear por decreto ds 21 de margo
de 1802, sejam igualmente relativos ao corpo da minha armada real: hei por bem, ampliando a
disposigao do mesmo decreto, encarregar a referida junta da organisagao de um código criminal
militar da rnárinha, em que se fixem as precisas e impreteriveis normas que devem servir de
base aos processos que se houverem de fazer a bordo das minhas embarcagoes de guerra arma-
das á vela, ou em portos estrangeiros, ou nos das minhas colonias. E para que um trabalho de
tanta importancia e de consequencias tSo attendiveis se haja de effectuar com a maduróza de
maior numero de conselhos, tendo larga experiencia do zélo, distinctos conhecimentos e grandes
luzes do vioe-almirante Pedro de Mendonga Moura, do capitao de mar e guerra Ignacio da Costa
Quintella e do desembargadorJosé Antonio de Oliveira Leite de Barros, sou outrosim servido
nomeal-os vogaes da mesma junta.
O meu conselheiro, ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e dominios ul-
tramarinos, visconde de Anadia, encarregado interinamenteda repartigao dos negocios da guerra,
o tenha assim entendido, e faga executar.

1805
Decreto de í) de abril de 1805

Querendo occorrer sem perda de tempo ás irregularidades que resultara de nao se acharem
classificados no artigo 14.° de guerra as differentés especies de desergao em tempo de paz, e a
pena que deve corresponder-lhe conforme a sua diversa gravidade; reconhecendo alem d'isso a
necessidade de estabelecer urna regra invariavel, pela qual se determine o dia em que devem
ser qualificados desertores aquelles que desampararen! as minhas reaes bandeiras; e tendo sobre
isto ouvidoi a junta, a quem fui servido encarregar da composigUo do código penal militar: hei
por bem ordenar, emquanto nao se conelue. aquello importante trabalho¿ que se observe a orde-r
nanga, que baixa com este assignada por Antonio de Araujo de Azevedo, meu ministro e secre-
97

taño d'estado dos negocios estrangeiros e da guerra; determinando se executé nao sómente a
respeito dos que para o futuro desertarem, mas ainda d'aquelles que actualmente se acharem
desertados ou estiverem presos por este crime e suas sentengas nao houverem sido ainda decidi-
das pelo conselho de justiga. E por um effeito da minha real piedade, sou outrosim servido
determinar que os réus de primeira e segunda desergao, que se acharem cumprindo as sentengas
ou as tiverem já decididas, voltem aos seus regimentos logo que, em execuglo das mesmas sen-
tengas, completarem o tempo que competiría aos seus erimes pelo disposto n'esta ordenanga, se
acaso for menor do que aquelle em que se acham sentenciados.

Ofdenanca para os desertores em tempo de paz

TITULO I

O que é simples falta e o que é desergao qüalificada


Artigo único. 0 offieial inferior ou soldado
que, sem legitima licenga, faltar na sua companhia
pelo espago de oito dias consecutivos, será no fim d'elles qualificado desertor; porém, se a falta
for excesso de licenga, a desergao se julgará qualificada no fim de trinta dias, contados precisa-
mente d'aquelle em que principiou o excesso.

TITULO II
Das faltas
Artigo 1.° O offieial inferior ou soldado que faltar mais de tres diás e for preso antes dos
prasos- determinados para que a sua falta se qualifique desergao, sendo offieial inferior levará
baixa de seu posto, e depois assim elle como o soldado haverá um mez de prisao no regimentó,
indo duas vezes por dia á esquadra do ensino estabelecida pelo § 29.° do capitulo vi do regula-
mento de infantería.
Art. 2.° Aquelle, porém, que se apresentar no seu corpo antes dos ditos prasos ou que
dentro d'elles declarar, perante um offieial de guerra, milicias ou ordenanga, magistrado civil ou
parodio, que quer logo voltar para o seu regimentó e effectiváinente o fizer ápresentando um
certificado authentico da sua declaragao, e provándo que nao se demorou depois d'isso mais
tempo do que o necessario para chegar ao seu respectivo quartel, fazendo a marcha de quátro le-
guas por dia, haverá sómente prisao pelo dobro dos dias que tiver faltado, fazendo d'ella o servigo
que lhe competir e indo á esquadra do ensino nos dias de folga urna vez por dia.
Se a falta for por excesso de licenga, haverá a mesma pena, mas reduzida um numero de
dias igual aos da ausencia.
TITULO III
A quem pertenoe impor as penas nos casos de falta e modo que n'isso se deve ter
Artigo 1.° As faltas que nao exeederem tres dias serao castigadas ao arbitrio dos coronéis.
Art. 2.° As, outras faltas que, excedendo tres dias, nao chegarem a constituir desergao, serao
julgadas por um conselho. de disciplina, composto dos tres officiaes superiores e de dois capitSes
mais antigos (nao sendo algum d'elles da companhia do réu) porque, n'ésse caso ou quando algum
dos officiaes superiores estiver impedido, nomear-se-ha mais um capitao a fim de que sejam sem-
pre cinco os Vogaes.
Art. 3.° O conselho, ouvindo verbalmente a defeza do réu, lhe imporá a pena que houver
merecido, lavrando o vogal mais moderno um assento, que assignarao todos e que fieará servindo
de documento á nota, que em consequencia d'elle o coronel mandará langar no livro de registe.

TITULO IV
Das desereoes
Primeira desertjSo simples
Artigo 1.° O réu da primeira e simples desergao, que vier preso ao seu regimentó, haverá
em castigo ó perdimento de todo o tempo que anteriormente tiver servido; seis mezes de prisao
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no calabougo, de onde irá á esquadra do: ensino tres dias de manha e de tarde em cada semana,
e nos outros fará a limpeza dos quarteis da praga ou regimentó.
Art. 2.° O que se apresentar voluntariamente passados tres mezes e nao trouxer os seus
uniformes, haverá, alem dó; perdimento do tempo que houver servido, quatro mezes de prisao;
fará d'ella o servigo que lhe perteneer, e irá nos dias de folga urna vez por dia á esquadra do
ensino. -.-•:
Art. 3*° O que se apresentar voluntariamente dentro dos tres mezes, trazendo os seus uni-
formes, perderá o tempo que antes tiver servido, e fieará preso dois mezes fazendo o servigo
que lhe perteneer.
Art. 4.° O que faltar tres vezes dentro do mesmo anno contado do dia da primeira falta, e
em cada urna estiver ausente por mais de tres dias e menos de. oito, se julgará qualificado réu
dé primeira e simples desérgló, e conio tal lhe serao impostas as penas comminadas no artigo 1.°
d'este titulo, ou elle se aprésente de todas voluntariamente óu seja conduzido.
Art. 5.° O que fugir estando cumprindo a Sentenga da primeira desergao, se vier condu-
cido, será degradado para os estados da India por seis annos, e emquanto se demorar no reino
se oceupará nos trabalhós públicos, preso a outro cómpanheiro com cadeia grossá; mas, se se
apresentar voluntariamente dentro do praso dé tres mezes, haverá em castigo mais um anno da
' mesiná pírisáb a que éstavá condemnado. '

Segunda desercíío simples


Artigo 1.° O réu de segunda e simples desergao, que vier preso ao seu regimentó, haverá
em castigo o perdimento de todo o tempo que anteriormente tiver servido e dois annos de tra-
balhós públicos com calceta e cadeia delgada presa da perna á cintura, sem que seja permittido
prendel-o a outros.
Art. 2.° O que se apresentar voluntariamente passados tees mezes, e nao trouxer os seus
uniformes, haverá, alem do perdimento do tempo que tiver servido, um anno dé trabalhós públi-
cos da nlaneira ácima determinada.
Art. 3."* O que se ápréséñtar voluntariamente dentro de tres mezes, trazendo os seus uni-
formes, perderá o1 témpo que-antes tiver servido, e haverá por seis mezes o castigo indicado no
artigo antecedente.
:
/Art. 4.° O que.fugir estando cumprindo a sentenga de segunda desergSo, se vier conduzido,
será degradado por dez annós para a costa dé África; e, emquanto se demorar no reino, se oceu-
pará da inaneira determinada no artigo 5." da desergao simples; mas, se se apresentar volunta-
riamente dentro do praso dé tres mezes, haverá em castigo mais um anno dos mesmos trabalhós
a que estaya condemnado.
Tereeira deeerpaoi sinsples
Artigo único. O réu de terceira e simples desergSo será degradado para os estados da India
por seis annos, e emquanto se demorar no reino se oceupará da maneira determinada no ar-
tigo 5.° da desergSo simples. ' - .

Desergoes aggravadas por circumstancias


Artigo único. Quando o réu tiver desertado: 1.°, estando de guarda; 2.°, em destacamento
¡j
menor, dé cinco dias; 3.°, achando-se o. corpo em marcha ou vinte e quatro horas antes; 4.°,
escalando muralha ou estacada de urna praga fortificada; 5.°, levando armas ou armamento;
6-°,. roubando. os. seus camaradas; 7.°,. tendo desertado para fóra do reino; n'esse caso haverá
em castigo o. dobro do que lhe pertencia, segundo a natureza da desergSo na conformidade dos
artigos antecedentes.

TITULO Y

O que se ha de praticar antes de se averbar a desergao no livro do registe


Artigo único. Logo que a falta de qualquer individuo de um corpo exceder os prasos deter-
minados no artigo único do titulo i, será convocado o conselho de disciplina e sobre a accusagSo
por escripto do commandante da companhia de que for o réu, sendo perguntadas testemunhas,
se ordenará um summario aonde será julgado desertor com as circumstancias que acompanharem
á ctesergSo, o qual1 summario servirá dé tituló á nota do livro de registe e do corpo de delieto
para ser processádo o réu quando voltar ao regimentó.
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TITULO VI
A quem pertencé impor as penas nos casos de desergao
Artigo único. Os erimes de desergao serSo julgados por um conselho de guerra e confir-
mada a sentenga pelo supremo conselho de justiga, do mesmo modo que actualmente se pratíca.

TITULO VII
Vigilancia e responsabilidade dos chefes dos corpos sobré os dois titules antecedentes
Artigo 1.° Por pretexto algum se demorará a convocagSo do conselho de guerra para
julgar os desertores, devendo o chefe do corpo, na falta do auditor, fazer substituir O logar por
um dos capitaes do seu regimentó, na forma qué se acha determinado pelo alvará dé 18 de fe*
véreiro de 1764.
Art. 2.° Os inspectores geraes vigiarSo por si ou pelos seus delegados na execücao dos ar-
tigos precedentes; e, para este effeito, os coronéis dos respectivos régimentós acréscéntarao ná
observagao do máppa mensal que actualmente Ihes dirigem, unía relagaó dos individuos que
tiverem faltado n'aquelle mez, e o prócédimeñto que se houver com élles.

.
r ' ' TITULO VIII
Publicágaó das sentengas
Artigo 1.° Logo que as sentengas voltarem ao regimentó, decididas pelo conselho de justiga,
serSo publicadas á ordem, para que por este meio conste o crime do réu e a pena que lhé foi
imposta.
Art. 2.° Esta providencia nao comprelienderá sómente as sentengas proferidas nos casos de
desergao; mas entender-se-ha a todas as outras, assim,dadas pelo conselho de disciplina sobré
faltas, como decididas pelo de justiga nos erimes de qualquer natureza.

TITULO IX
Procediinónto que se ha de ter eom os desertores sentenciados,
e modo por que se hao de abonar
Artigo 1.° O réu que soffrer a pena de primeira desergSo será contado como praga effectiva
rio tempo em que durar o cumprimento da sentenga, e como tal abonado pelo regimentó e su-
jeito á disciplina d'elle.
Art. 2.° O que soffrer a pena de segunda desergSo será excluido das pragas effectivas desde
o dia em que for cumprir a sua sentenga; porém, vencerá fardamento e fardetas pelo regimentó
e será curado nos hospitaes militares, e em todo o tempo da sua prisSo se sustentará do produ-
cto dos seus trabalhós, para o que lhe serlo destinadas obras, aonde o salario se proporcionará
ao merecimento; e, deduzida a parte necessaria para o seu sustento e despeza de guarda, se
lhe entregará o resto quando acabar a sua sentenga e voltar a servir no regimentó a que per-
tencia, aonde se lhe defirírá entSo um novo juramento.
Art. 3.° O réu que, em virtude da Sua sentenga, houver de soffrer a pena de degredo, será
excluido do numero das pragas do regimentó desde o dia em que a sua sentenga for publicada,
e nSo poderá voltar a servir n'elle como indigno da honra de trazer uniforme.

TITULO X
Como se ha de contar aos desertores o tempo de castigo
Artigo único. Todo o tempo de castigo, determinado pela presente ordenanga para as diffe-
rentés desercoes, será sempre contado desde o dia da decisSo das sentengas pelo supremo tri-
bunal do conselho de justiga, e cumprido effectivamente, nSo se levando ao réu em conta os dias
que estiver no hospital, se entretanto for a elle. -...-
Esta ordenanga será lida urna vez cada mez ás companhias em occasiao de pagamento, e
em seguimento dos artigos de guerra, devendo d'aqui em diante supprimir-se do artigo 16.° as
palavras «E sendo em tempo de paz será condemnado por seis annos a trabalhar ñas fortifica-
goes».
100

Airará de 4 de maio de 1805

Eu, o Principe Regente, fago saber aos que este alvará com forga de lei virein, que sen-
do*me presentes em consulta do meu tribunal do conselho de justiga do almirantado as differen-
tés interpretagoes que se tem dado aos §§ 25.° e 9.° dos alvarás de 7 de dezembro de 1796 e
9 de maio de 1797; entendendo-se a sua disposigSo em sentido opposto, já restricta, já amplia-
tiva, limitando-se ou estendendo-se por üma maneira incerta a jurisdicgSo ordinaria, que eu hoíive
por bem conceder ao auditor da marinha de guerra e aos juizes de fóra dos portos ¡Testes meus
reinos e dominios; e querendo eu firmar urna constante jurisprudencia n'esta importantemateria,
e nao menos remover toda a duvida, tanto de pretérito, como de futuro: sou servido confor-
mar-me com o parecer da referida consulta, e ordenar a este respeito o seguinte:
1.° Que o auditor da marinha e juizes de fora dos portos d'estes meus reinos e dominios
ultramarinos em todo o caso conhegam em primeira instancia, ordinaria ou summariamente, to-
das as questoes e dependencia das presas que entrarem nos portos das suas respectivas jurisdic-
goes, feitas por embarcagoes minhas ou por corsarios de vassallos meus, armados com a verda-
deirá legitimidade que pelas leis está ordenada. Porém, sendo navegados para alguns dos portos
de differentés nacoes, com as quaes eu esteja em boa harmonía, as partes interessadas poderao
instituir sua ácgao perante aquelle juiz de fofa que lhe ficár mais próximo e immediato, appel-
lando este as sentengas, qlie proferir de officio, para o conselho de justiga do almirantado, por
nao convir que objectos de tanta consideragao, em que tao sómente se nao contempla o interesse
das partes, mas também outras circumstancias dignas da maiof attengao, fiquem ultimadas com
as decisoes dos juizes de primeiras instancias.
2.° Que áchahdo-se estes meus reinos e dominios no estado neutro entre nagoes belligeran-
tes, se haverSo por illegitimas todas as presas ápprehendidas com offensa dos mares terretoriaes
e adjacentes, em tanta distancia quanta abrangero tir o de canhao, ainda que nao haja batería
em frente da sitnágao em que se fizer a presa, porque a sua existencia se presume para este
único caso da reciproca immunidade. Porém, se esta qualidade de presas se navegar para qual-
quer dos portos dos meus dominios, o auditor da. marinha no porto d'esta cidade e os juizes de
fóra nos da sua privativa jurisdicgSo conheeerao em primeira instancia de todas e quaesquer
presas e seus relativos incidentes que d'esta maneira sé conduzirem áos sobreditos portos, do
mesmo modo que sempre se tem praticado; permittindo-se sem alteragSo o competente recurso
de appellágao, como no paragrapho antecedente se acha disposto.
3.° Que sobrevindo caso em que as presas d'esta qualidade sejam levadas aos portos de
alguma potencia amiga e alliáda da minha cor6a, assim mesmo se poderá conhecer se a presa
foi ou nao feita com violagSo da immunidade devida aos mares adjacentes e costas de meus do-
minios, ilhas adjacentes e conquistas; e com as legitimas sentengas que os apresados obtiverem,
poderSo instituir suas justas reclamagoes para haver da nagao apresadora a integridade da
presa que illegitimamente se lhe fez.
4.°.Sou outrosim servido ordenar em geral a todas as minhas justigas que cumpram e exe-
cuteni effectivamente todas as diligencias, que pelo meu tribunal do conselho de justiga do almi-
rantado lhe forem recommendadas, para que se nSo retardem os precisos conhecimentos sobre
materias que de sua natureza sao alheias de toda a demora, e d'aquellas formalidades forenses,
com que muitas vezes sao interceptadas as decisoes finaes.
Pelo que mando, etc.

Portaría do conselho do almirantado de 12 de jullio de 1805

N'ella se participa ter o dito eonselho resolvido que o crime de desergao dos soldados da
brigada real da marinha, emquanto nao houver urna ordenanga privativa, se regule pelo decreto
de 9 de abril do mesmo anno.

1807
Aviso de 2 de setembro de 1807

N'elle foi enviada ao conselho de guerra copia de urna ordem circular dirigida aos generaes,
das provincias e do reino do Algarve, como ampliagSo ou esclarecimento a outra ordem, tambem
em circular, sobre os casos em que os individuos dos corpos de milicias deviam ser julgados no.
foro militar.
(Nenhuma d'estas circulares se encontra publicada.)
101

Ñas providencias mandadas observar por decreto de 15 de outubro de 1807, para as guarnieres
da brigada real da marinha nos vasos da armada real, se enrostra o seguinte:

5.° Os castigos de carregar de armas, de por a ferros, de metter de golilha algum soldado,
tambor ou pífano deverao executar-se no alojamento, ou o castigo seja mandado fazer-pelo com-
mandante do destacamento, ou pelo do navio, mas até n'este caso será aquelle encarregado da
execugSo, fazendo'-se d'esta maneira para que ao castigado nao resulte de alguma circumstancia
o ficar tido em menos conta, sem que comtudo por esta consideragao deixem os delinquentes de
ser punidos com a severidade que competir ao seu delicto. Alem d'estes castigos poderá dar-se
o de dobrar sentinellas, comtanto que nao sejam successivas, sendo de noite, e em nenhum caso
sem o intervallo ao menos de duas horas, em cada seis. Poderao tambem ser castigados os sol-
dados, tambores e pífanos com a diminuigao da ragSo do vinho ou da comida; este castigo, po-
rém, nunca se poderá executar sem o expresso consentimento do commandante do navio, quando
nSo seja dado por sua ordem.

Decreto de 16 de outubro de 1807

Achando-se determinado pelo § 7.° do titulo iv do alvará de regimentó do conselho do af-


mirántado dé 26 de outubro de 1796, que seja o presidente do mesmo conselho quem de a ordem
e o santo para os navios armados no porto; e dando-se na effectiva e permanente disposigSo
d'este paragrapho urna collisao manifesta com a do § 1.° do titulo ni dó mencionado alvará, e
com a do § 3.° do titulo i da carta de lei do mesmo dia, mez e ánno, pela qual se dá urna nova
forma ao conselho do almirantado; provindo necessáriamehte de similhantes incompatibilidades,
impedimentos e mesmo interrupgoes tao prejudiciaes áo meu real servigo, quknto alias é indispen-
savel que as providencias, muí particularmente as do expediente diario, sejam n'elle promptas e
constantes, o que nSo se poderá plenamente verificar emquanto a auetoridade, que as devería em
alguraas circumstancias dar, for dependente da reuniao de um tribunal: hei por bem confirmar
o sobredito § 7.° do titulo iv do mesmo alvará, e declarando o § 1.° do titulo ni d'este mesmo.
alvará e o § 3.° do titulo i da referida carta de lei, ordenar que a auetoridade e jurisdiegao por
elles cumulativamente concedida ao conselho do almirantado e ao seu presidente fiquem d'aqui
em diante sem interrupgao ou limitagao de tempo competindoúnicamente ao.mesmo presidente. E
porquanto o presidente do conselho do almirantado, conforme a disposigSo do § 2.° do titulo i do
sobremencionado alvará, ha de ser sempre o meu ministro e secretario d'estado da repartigao
da marinha, e este seja obrigado, por bem do meu real servigo, a achar-se algumas vezes em
distancia que lhe difficulta e até impossibilita dar pessoalmente a ordem, o santo e quaesquer
outras providencias, com que seja preciso occorrer promptamente; sendo o meio mais coherente
e regular de prevenir e. providenciar, como é indispénsavel, similhantes inconvenientes havef um
offieial em quem o presidente do conselho do almirantado delegue a sua auetoridade e a quem
dé as precisas instruegoes: hei outrosim por bem, conformando-rae com a legislagSo de outras
nagSes, de crear para este fim o posto de major general da armada real, o qual será quem dis-
trihua o santo, tanto para o corpo da armada real, como para a brigada real da marinha, e para
os navios armados, recebendo do presidente do conselho o santo da repartigSo da marinha, e par-
ticipando juntamente o que se communicar do quartel general da corte, nSo dando ordens senao
em nome do mesmo presidente, que datará sempre do quartel general da marinha, ou declarando
que sSo por determinagao minha, quando tenha precedido aviso; e finalmente regulando-se em
tudo segundo as instruegoes que do dito presidente tiver recebido.
Attendendo tambem á importancia do referido posto de major general da armada real,
determino que o offieial que houver de ser a elle promovido, nao tenha menor patente que a de
chefe de esquadra. E porque pode convir ao meu real servigo que algumas disposigoes se devaní
communicar prompta e fácilmente ao conselho do almirantado, e d'este á real junta da fazenda da
marinha, pelos meios que para este segundo caso se acham estabelecidos, ordeno que o major
general da armada real seja sempre conselheiro do almirantado.
O conselho do almirantado o tenha assim entendido e faga executar.

Aviso circular expedido aos encarregados do governo das armas das provincias e reino do Algarve
em 21 de outubro de 1807

O Principe Regente nosso senhor, querendo desde já obstar ao prejuizo que resulta ao bem
do seu real servigo, das continuas disputas, a que tem dado logar a variedade, com que se tem in-
terpretado as differentés resolugoes relativas aos privilegios dos milicianos; e querendo outrosim
fazer cessar imniediatamente o escándalo, com que por diversas auctoridades, e na maior parte
102

do reino se tem quebrantado uns privilegios, que sao a bem entendida recompensa dos uteis ser-
vigos qué asi milicias fizeram, e podem fazer ao estado: ordena que, emquanto se nao ^publicar o
regulamento d'estes corpós, sé fique desde logo iia iñtelligéncia que lhes competem os seguintes
privilegios, que inviolavelmente lhes manda guai'dar.
1.° Que aos officiaes e officiaes inferiores até cabo exclusivamente competirá em todo o tempo
o foro militar, na eonformidade do que se acha determinado pelo § 49.° de regimentó dos gover-
nadores das armas do 1* de junho de 1678, e, como taés, lhes será em tudo applicavel o que
dispoe o alvará de 21 de Outubro de 1763, que determina os limites da jurisdiegao civil e mili-
tar, devendo ser julgados ños casos críniinaes por conselhos de guerra, de que servirá de auditor
o jüiz de fóra da villa mais próxima, e de vogaes os officiaes e officiaes inferiores de tropa de
linha ou milicias, que os generaes que governarem as armas das provincias nomearem, devendo
entender-se o mesmo a respeito dos tambores, emquanto receberem pío e soldó diario, pois que
nao podem deixar dé ser considerados como pragas effectivas do exercito.
2.° Que aos cabos e soldados de milicias, posto que lhes nao pertenga o privilegio do foro
para serem julgados em conselhos de guerra pelos erimes civis que cqmmetterem, senao nás oc-
casioes em que se acharem reunidos e empregados effeetivamente em servigo, comtudo, como
fazem parte de um corpo militar, é sSó éiri^fodó o tenipó Süjeitos aos seus conimandantes, nao
poderSo os magistrados, a quem competir o conhecimento das suas causas criminaes, proceder
immediatamenté a prendelros, senao em caso de flagrante delicto, e nos exceptuados, oun'aquel-
les da maior gravidade, ém que perigué pela demora a seguranca do criminoso; devendo em
todos os outros deprecar de officio as suas prisoes, depois da culpa formada, ao offieial de mili-
cias mais graduado, que se achar no districto da companhia do mésmo criminoso, e dar em todos
os casos parte ao commandante do regimentó das prisoes, a que houvereni procedido ou deprecado.
3;° Qué a estes mesmos individuos serao applicaveis em todo o tempo as disposigoes dos
§§ 9.°, 13.° e 14.° do já citado alvará de 21 de outubro de 1763.
1Ó.P Que os milicianos que forem presos, pelos eommandantes das suas companhias, por cul-
pas militares, serSo recebidos ñas prisoes militares, nos logares em que as houver; e em todos os
outros serao recebidos sem duvida ou embarago algum ñas prisoes civis, logo que se aprésente
ao careereiro a ordem por escripto do mesmo commandante; e igualmente serao soltos em vir-
tude de outra ordem por escripto do offieial que tiver ordenado a prisSo, da qual nao pagarao os
milicianos carceragem.
11.° Que nenhum miliciano será preso em enxovia, e dar-se-lhe-ha sempre a prisSo mais
decente.
Decreto de 2ÍI de outubro de 1807

Foi por elle creado em Lisboa um coi'po de voluntarios reaes de milicias a cavallo, determi-
nando que os individuos d!esse corpo gosassem das mesmas honras e privilegios concedidos aos
corpos de milicias.

1SOS
Airará dado no Rio de Janeiro em o l.° de abril de 1808

Eu, Principe Regente, fago saber aos que o presente alvará com forga de lei virem, que
o
sendo muito conveniente ao bem do meu real servigo que tudo quanto respeita á boa ordem e
regularidade da disciplina militar, economía e regulamento das minhas forgas, tanto de térra
como de mar, se mantenha no melhor estado, porque d'elle depende a energía e conservagao das
mesmas forgas^ que seguram a tranquillidade e defeza dos meus estados; e sendo muitos os ne-
gocios d'esta natureza que por minhas leis e ordens sSo da competencia dos conselhos de guerra,
do almirantado e do ultramar na parte militar sómente, onde se nSo podein decidir por me achar
residindo n'esta capital, os quaes nao podem estar demorados sem manifestó detrimento do in-
teresse publico e prejuizo dos meus fiéis vassallos, qué téem a honra de servir-me nos meus
exercitos e armadas; e devendo outrosim dar-se providencias mais adaptadas ás aetuaes cir-
cumstancias para a boa administragao da justiga criminal no conselho de justiga, que se forma
nos conselhos dé guerra e do almirantado, a fim dé que se termihem os processos quanto antes, e
e com a regularidade e exactidao que convem; para obviar e remover estes e outros inconve-
nientes, sou servido determinar o seguinte:
1.° Haverá n'esta cidade um conselho supremo militar, que entenderá ern todas as materias
que pertenciam ao conselho de guerra, ao do almirantado e ao do ultramar, na parte militar só-
mente, que se coinporá dos officiaes generaes do meu exercito e armada real, que já sao conse-
llieiros de guerra e do almirantado, e que se acham n'esta capital, e dos outros officiaes de urna
103

.
e outra arma que eu houver por bem nomear, devendo estes últimos ser vogaes do mesmo con-
selho em todas as materias que n'elle se .trataran,: sem que comtudo gosem individualmente das
regalías e honras que eompetem aos conselheiros de guerra, que já o sSo ou que eu for servido
despachar para o futuro com aquelle titulo por urna graga especial; e isto mesmo se deverá en-
tender a respeito do titulo do meu conselho de que gosam os conselheiros do almirantado pelo
alvará de 6 de agosto de 1795 e o de 30 do mesmo mez e anno.
2.° Serao da competencia do conselho supremo militar todos os negocios, em que em Lisboa
entendiam os conselhos de guerra, do almirantado e do ultramar, - na parte militar sómente^ e to-
dos os mais que eu houver por bem encarregar-lhe, e poderá o mesmo conselho consultar-me
tudo quanto julgar conveniente para melhor economía e disciplina do meu exercito e marinha.
Pelo expediente e secretaria do mesmo conselho se expedirao todas as patentes, assim das tro-
pas de linha, armada e brigada, como dos corpos milicianos e ordenangas, pela mesma forma e
maneira por que se expediam até agora pelas secretarias de guerra, do almirantado e do conselho
ultramarino.
3.° 'Regular-se-ha o conselho pelo regimentó de 22 de dezembro de 1643 e por todas as mais
resolücoes e ordens regias por que se rege o conselho de guerra de Lisboa, e pelo alvará de'ré^
gánente de 26 de outubro de 1796, e determinacoes minhas posteriores em¡ tüdo que for appb>
cavel ás actuaes circumstancias ; e quando acontega occorrer algum caso, que ou nao esteja pro-
videnciado pela legislagSo existente ou ella nao possa quadrar-lhejó conselho me próporá pelas
secretarias d'estado competentes, apuntando- as providencias que lhe parécerem mais propfias,
para eu deliberar o que mais me áprouver.
4.° Para o- expediente-do conselho superior militar haverá um secretario, qué sou servido
crear^ ó qual vencerá animalmente 3:000 cruzados de ordenado, alem do- soldó, sé o! tiver; épafa
ajudar esta e mais despezas do conselho, ordeno que ña minha real fazenda se entregué o meio
soldó de cada urna patente, que pelo conselho se houver de passar) e o direito do1 sello compe-
tente, devendo constar na secretaria do mesmo conselho haver-Se pagó: estas despezas primeifo
que se passem as patentes.
5.° O conselho supremo militar terá as suas sessoes tedas as segundas feiras e s&bbados de
tarde de cada semana, nSo sendo feriados ou de guarda.
6.° Para o conhecimento é decisao dos processos- criminaos que se formara aos réus, que go-
sam do foro militar e que em virtude das ordens regias sé devem remetter ao conselho de guerra,
aínda sem appellagao- da parte ou por meio d'ellay haverá o conselbo de justiga determinado e
regulado pelos decretos de 20 de agosto de 1777, de 5 de outubro de 1778, cíe 13 de agosto e
13 de novembro de 1790 ; fazendo-se para elle urna sessao todas as quintas feiras de tarde, que nao
forem- días feriados- ou de guarda, para este eonhecimento sómente.
7.0,0 conselho de justiga se comporá dos: conselheiros' de guerra, conselheiros do: almiran-
tado e mais vogaes, e de tres ministros togados, que eu houver de nomear, dos quaes será um
o relator e os outros'dois adjuntos para o despacho de todos os processos que sé remettem ao
conselho para serem julgados em ultima instancia na forma ácima exposta, e guardsr-se-ha para
a sua decisao e forma de conhecimento ó- que se aeha determinado nó decreto dé 13 de novem-
bro de 1790, que interpretou os anteriores'. E hei por bem révogar o disposto na carta regia de 29
de novembro de 1806, que creou os conselbo de1justiga n'óste estado em outras Gircumstancias.
8.° Remetter-se-hSo para serem decididos no conselho de justiga todos os conselhos de guerra
que se formarem nos' corpos militares d'esta capitanía e de todas as mais do Brazit, á excepgSo
do Para e Maranhao, é dos dominios ultramarinos, pela grande distancia diffieuldáde da
e nave-
gagSo para esta capital, onde se continuarSo a praticar as providencias que houver a este res-
peito.
9-.° No julgar de todos estes processos guardarSo
o que se acha disposto no' regulamento
militar, em todas as leis, ordenangas militares, alvará de 26 de abril de 1800, que dá forga de
leí aos artigos de guerra estabelecidos para o servigo e disciplina da armada real, regimentó pro-^
visional por mim approvádo por decreto de 20 de junho de 1796, e mais resolugoes regias e na
ordenanga novissima de 9 de abril de 1805; observando-se o disposto na carta regia de 19 dé
fevereiro dé 1807j, que revogou a referida ordenanga, quanto á pena imposta peló crime de ter-
ceira e simples desergSo, pondo-se em execuegao todas as determinagoes regias que nSo forem
revogadas n'este alvará.
10.° O conselho de justiga supremo militar se ajuntará extraordinariamenteñas quintas fei-
ras, quando para este fim for avisado e requerido ,pelo juiz relator do mesmo conselho, para jul-
gar em ultima instancia da validade das presas feitas por embarcagoes de guerra da armada real
ou por armadores portuguezes, na forma dos alvarás de 7 de dezembro de 1796, 9 de maio de
1797 e 4 de maio de 1805.
E este se cumprirá tao inteiramente como n'elle se contém, etc., etc.
1 NSb encontrei'publicada esta carta regia'. '
-
104

Aviso de 30 de abril de 1808

N'elle se determinou que se desse ao que prender um desertor de marinha um mez do seu
soldó.

No regulamento de milicias approvado pelo alvará de 20 de dezembro de 1808, encontra-se o seguirte:

TITULO IV
Servigo e disciplina
CAPITULO V
Do modo por que serao castigados os milicianos,que faltarem a cumprir os seus deveres
1.° Prohibe-se expressamente aos officiaes milicianos injuriarem de paiavras aos seus subdi-
tos, e menos servirem-sé de castigos que os envilegam na opiniSo publica, antes pelo contrario
Sé lhes fecommenda que os tratem de modo que todos conhegam a estimagao que se tem por
elles.
2.° Os officiaes, que faltarem a cumprir os seus deveres ou eommetterem erimes contrarios
á Subordinágao e ás regras da disciplina militar, serao punidos pelos seus superiores com prisSo
e outros Castigos determinados pelas leis militares, do modo por que o sao os officiaes de infante-
ría.de linha; o mesmo se entenderá a respeito dos officiaes inferiores e soldados em tempo de
guerra ou n'aquelle em que os respectivos corpos estiverem reunidos e empregados effectivamente
no servigo.
3.° No tempo em que se conservaren! dispersos se guardarSo as seguintes regras para cas-
tigo dos officiaes inferiores e soldados-
4.° Aquelle que, sem urna justificada impossibilidade, faltar a um exercicio de companhia,
sendo offieial inferior, será preso por espago de cinco dias na prisao publica do logar mais pró-
ximo da sua residencia, e sendo cabo ou soldado, será preso do mesmo modo por tres dias; o
que faltar segunda vez dentro do mesmo ánno, será preso na mesma prisSo publica por um tempo
dobrado do que se determina para a primeira falta; e, se dentro do mesmo anno faltar mais ve-
zes ao exercicio da companhia, se lhe augmentará o numero de dias de prisao á proporgao do
das reincidencias.
5.° O que faltar a urna revista de inspeegao, ao ensino ou ás reunioes dos batalhoes e regi-
mentos, será preso na cadeia publica da capital do batalhSo ou villa mais próxima, sendo offieial
inferior por tempo de vinte dias, e sendo cabo ou soldado por quinze.
6.° O que se ausentar do districto sem licenga por esprgo de um mez, soffrerá a pena de
prisao na cadeia mais vizinha por tempo de doze dias, sendo offieial inferior, e por oito sendo
cabo eu soldado; se a ausencia for por mais de dois mezes, se dobrará o tempo d'estas prisoes,
excedendo de quatro mezes será preso o offieial inferior por tempo de dois mezes e o cabo ou
soldado por tempo de mez e meio; chegando a ausencia a seis mezes se reputará o individuo
desertor, e como tal se lhe dará baixa no livro do registe da companhia e regimentó, e será preso
logo que apparecer lío districto ou fóra d'elle.
7.° Quando se verificar esta prisSo, o preso será julgado perante um conselho de guerra, a
que mandará proceder o general que governar as armas da provincia; e condemnado em seis
mezes de prisSo na cadeia publica da capital do regimentó ou da cidade mais vizinha á dita ca-
pital.
8.° As faltas de asseio no armamento ou uniformes, ou a de applicagaó aos exercicios, serao
castigadas pelos capitaes com prisao, que nSo excederá de tres mezes.
9.° A falta de subordinágao será castigada com prisao por tempo proporcionado á gravidade
da culpa, mas, para que esta exceda de seis dias ató um mez, deverá a prisSo ser ordenada pelo
coronel; excedendo este praso até dois mezes, só a poderá ordenar o general que governar as
armas da provincia; e quando o crime for de mais gravidade, deverá o réu ser julgado em con-
selho de guerra na conformidadedas leis militares.

TITULO V
Honras e privilegios
CAFITUXO nr
Dos privilegios que oompetem aos milicianos, e modo por que deveraoser-lhes conservados
ou por que se poderao modificar, quando a necessidade o exigir
1.° Na conformidade do que determina o § 49.° do regimentó dos governadores das armas
do 1.° de julho de 1678, gosarSo do fóro militar os officiaes e officiaes inferiores de milicias effe-
105

ctivos ouaggregados ató cabo de esquadra exclusivamente; e lhes será por isso applicavel em
tudo o que dispoe o alvará de 21 de outubro de 1763, que determinou os limites da jurisdicgSo
civil e militar, devendo ser julgados, nos casos criminaes, do mesmo modo que se pratíca com
Os officiaes de tropa de linha em conselhos de guerra, nos quaes servirá de auditor o juiz de fóra
da capital do regimentó ou da villa ou cidade mais próxima nos districtos pequeños; e os juizes
de fóra das capitaes dos batalhoes ou das villas mais próximas nos medianos e grandes ; ser-
vindo de vogaes os officiaes e officiaes inferiores de milicias ou tropa dé linha, que nomear o
general governador das armas da provincia.
2.° Aos cabos de esquadra, soldados e tambores de milicias nao pertencerá o privilegio do
foro, para serem julgados em conselhos de guerra pelos erimes civis, que commetterem, senSo
ñas occasioes em qué se acharem reunidos e empregados effeetivamente no servigo; porém, os ma-'-
gistrados, a quem competir o conhecimento d'estas causas, só os poderSo prender immediata-,
mente nos casos de flagrante delicio, nos exceptuados e n'aquelles de maior gravidade, em que
a demora occasione a fuga ao criminoso; devendo em todos os outros deprecar de officio a pri-
sao, depois da culpa formada, ao, offieial de milicias mais graduado do mesmo regimentó, qué se;
achar no districto da companhia do criminoso, e dar em todos estes casos parte ao commandante
do regimentó das prisoes a que tiverem procedido óü que tiyerem deprecado.
3¡° Será igualmente applicavel aos ditos cabos, soldados e tambores o que sé acha dispostó
nos. §§ 9." 13.° e 14.° do já citado alvará de 21 dé outubro de 1763.
11.° Os milicianos que forém presos pelos commandantes das suas companhias e por culpas
militares, serao recebidos ñas prisoes militares em pragas ou aonde ás houver; é em qualquer
outro logar serSo recebidos, sem duvida ou embarago algum; nás prisoes civis, logo que se apfé-
sénté'ao carcereiro a ordem j>or escripto do mésmo commandante; e igualmente serSo solios em
virtude de ordem por escripto do offieial que tiver ordenado a prisSo ou d'aquelle que o Substi-
tuir; os milicianos nao paga-rao carceragem da prisao.
12." Nenhum miliciano será preso na enxovia & dar-sé-lhe-ha senipré a prisao mais decente¿

No decreto dos tjovcrnáilores do reino, de 28 de dezembro de 1808, que approvou o piano e condicoes
para organisacáo de MUÍ regimentó de infantería e outro de caválláriá
denominados «voluntarios reaes do commercio da cidade de Lisboa», cncontra-sc o seguinle:

Condigoes:
3.a Os individuos que .estiverem alistados no regimentó de infantería ou no de caválláriá de
...
voluntarios reaes do comniercio, serao ísentos do recrutamento para a tropa de linha, emquanto
n'elle se conservarem, e ós officiaes gosarao das mesmas honras, privilegios e isengoes que go-
sam os de tropa de linha e milicias do exercito. •
8.a Sendo os sobreditos corpos de voluntarios reaes do commercio compostos de homéns pro^
prietarios, e devendo estes, para que possam satisfazer ao fim que se propoe, instruir-sé nos
exercicios e na disciplina militar de um modo compativel com os seus interesses e com o bem
do real servigo, serSo considerados como regimentos de milicias, exercitando-se e disciplinan-
do-se como taes, e conformando-sé em tudo coni ás leis, decretos, alvarás, ordens e determina-
goes relativas aos corpos de milicias do exei^ito, com as modificagoes declaradae n'este plano.

1809
Decreto dos governadores do reino de 20 de marco de 1809

Havendo-se verificado na minha real presenga que alguns dos meus vassallos se tem arro-
jado ao bárbaro e execrando delicto de attentarem contra a seguranga d'estes reinos, pegando
em armas a favor dos inimigos d'elles, entretendo intelligencias e correspondencias insidiosas
com os exercitos e governo de Franga, e dando ajuda e favor a urna nagao, que, em despreso
dos mais sagrados direitos, procura de novo espalhar nos meus estados as atrocidades e estragos,
que farSo em todos os seculos p horror da humanidade. E convindo atalhar tao inauditos e hor-
rendos atténtados, desaggravar a soberanía offendida, conter os malvados com o exemplo do
castigo e fazer cessar o escándalo que tao abominaveis maquinagoes causam aos fiéis vassallos,
que lealmente se empenham na defeza da religiao, do throno e da patria: sou servido excitar a
exacta observancia da ordenagSo, livro v, titulo vi, e na forma d'ella ordeno que todos os meus
vassallos, que se acharem unidos ou unirem aos exercitos francezes ou por qualquer modo en-
u
106

tr-etiverem correspondencias e intelligencias com os inimigos do estado, ou lhes derem auxilio,


favor ou Conselho em prejuizo d'elle, sejam immediatamente punidos com a pena de morte na-
tural e cruel, confisco de seus beiis e prívágao de todas as honras, foros e privilegios, fieando
infames élles, seus filho's é netos, e para sempre damnada a sua memoria. E porque cumpre á
segufanga publica que nSo haja a menor demora no castigo de tSo abominavel crime e nenhum
favor aos réus d'elle:! mando que, os que houverém militado débáixo das suas bandeiras contra
estes reinos, sendo áppréhendidos em aegao de.guerra, nao lhes seja dado quartel; fóra do com-
bate poderaó ser mortos por quem os encontrar, e em nenhum caso poderSo gosar do beneficio
dé capitúlágao militar, ainda que n'ella fossem expressamente compreheñdidos: mando outrosim
que? o,que for achado com afinas contra o estado, e todo o militar que commetter tfaigSo, séjá
verbal e: summarissimamente processado em conselho de guerra; a que immediataménte mandará
proceder ó general do. respectivo districto, fazendo executar logo as sentengas; e que todas as
mais pessoas, que por qualquer dos sobreditos modos forem achadas em tráigao, sejam igüal-
nlente .prócessadas e sentenciadas na commissao estabelecida, por decreto de 7 de dezembro
próximo passádoj na casa <dá supplicagaó,:onde os juizes sé ajuntarSo, quando a urgencia o pe-
dir^ todos os días que nSo forem domingos e días santos. E por quanto a dita ordeuagSo no § 12*°
escusa das sóbreditas penas os que, tendo dado conselho ou feito cónfederagao contra o reí; se
dénunciam logo, e antes que por outros sejam descobertos; determino que sejam perdóados, e
até premiados os que prócederein na conformidade do dito paragrapho. Outrosim declaro incur-
s.pS: ñas penas da mesma ordenagao ácima declaradas todo e qualquer vassallo d'este reino que,
fecebendo proclaniagSo, decreto; carta ou outro qualquer papel qué lhe seja reinettido pelo ini-
migo, ó nao apresentar no termo de vinte e quatro horas no juizo da inconfidencia, intendencia
geral da policía ou magistrado territorial, ou perteneéndo ,a corpo armado em actual exercicio ás
auctoridades militares respectivas* ...--.
O marechal dos meus exercitos, chancéller da casa da supplicagaó, que serve de regédor,
intendente geral da policía, e máis auctoridades, á quem tocar, execütarSo e farao executar este
decreto, que será impfesso e affixado n'esta capital e mais cidades, villas e logares d'este reino,
para que chegue á noticia de todos.

Decláracáo inserta na ordem do dia 13 de abril de 1809

O ill.m0 e ex.mo sr. marechal faz saber.ao exercito que Sua Alteza Real houve por bem fazer-
lhe a honra, para mais breve éxpedigao da noticia, de lhe permittir poder confirmar ou desáppro-
var toda a sentenga proferida pelos conselhos de guerra: assim todos os srs. generaes mandarao
d'aqui. em diante os processos dos conselhos de guerra ao seu quartel general, a entregar ao
sr. desembargador do jmgo, auditor gefal do exercito *, José Antonio de Olivéira Leite de Bar-
ros,; para s¿ ex.a os confirmar ou desapprovár.

iDecrcto dos govcrnadores do reino, de 12 de junbo de 1809

Tendo feito constar na minha real presenga o marechal dos meus exercitos que alguns sol-
dados, esquecidos dos seus mais importantes deveres, tem abandonado os seus regímentos com
fatal escándalo e prejuizo da causa publica; pois que sendo a desergao, ainda em tempo de paz,
uní tremendo sacrilegio e um crime horroroso, que reduz o eidadao que o commette aos termos
de perjuro e indigno da patria, e punida por sua enormidade com gravissimas penas pelas leis
de todas as nagoes civilisadas; este delicio se reveste de urna execravel malicia em tempo de
guerra, e ñas actuaos circumstancias d'esta monarchia; e por isso mesmo é tanto mais punivel,
indecoroso e improprio de urna nagSo valorosa e fiel: para evitar a repetigSo de tao funesto de-
licto', usando ainda por ésta vez de commiseragao com os que tiverem perpetrado, na inteiligen-
cia de que em muitos procedería máis de falta de refiexao, que de outro algum principio; em
áttengao.a todos estes motivos, sou servido perdóar a todos os desertores que no prefixo terino
de um íúez, a contar da data d'este, se apresentarem nos seus regimentos; para o que se deve-
fSo .dirigir aó magistrado ou auetoridade militar, a quem competir, que lhes dará um passaporte
com' indicagao do mais curto itinerario e dias determinados de marcha para se irem encontrar
comr os seus respectivos regimentos.

i. Que era tambera superintendentegeral sobre todas as reparticoes civis do exercito, como se vé na ordem
do dia-17 de fevérciro de 181G\
107

Outrosim sou servido ordenar que se algum desertor de tropa de linha se nao recolher no
referido praso de tempo, e. todo o que.durante a guerra, e para-o futoo desertar e for preso
por similhante delicto, sóffra irremissivelmente a pena de morte. Quanto, porém, aos soldados
milicianos, que houverem desertado, é se nao apresentarem dentro de um mez, e os que para
o futuro commetterem o criniede desergao, por este simples facto, e desde; logo, ficarSo soldados
de tropa de linha, e seus bens sequestradós emquanto nao eomparecerem; para o que os séus
respectivos commandánteSj, sem> a menor perda de teinpo, remetterSó as precisas listas e parti-
cipágoes ao inspector geral das milicias e aos corregedores das coma-reas, que pfocéderaó inimé-
diatamente á imposigao das, sobreditas ponas. E porque nao é justo que os corpos de voluntarios
ede ordenangas, quando separadamente ou em concorrencia com tropa regular sSó chamados» e
empregados de qualquer. modo em defeza d'estes reinos, possam subtrahir-se impunemente á
obediencia de séus commandantes, abandonar as posigoes que lhes sao confiadas e commetter ou-
tras similhantes infracgoes idas leis. que i*egulam a disciplina geral da, fórga armada; alem do que
a este respeito se acha estabelecido, e cuja observancia hei por multo recommeíidada: determino
que todos oS chefes de voluntarios e os capitaes mores ou os qué as suas vezes:fizefem,iainda
que sejam de térras de donatarios é privilegiados,- no. prefixo. termo de unrínez; Sób pena de se-
rení depostos dé seus. commandós e capitanías, remettamdirectamente á secretaria dojgoverñó da
repartigao da guerra listas claras e exactas, por compánhias, dos officiaes e soldados da Sua ju-
risdicgSo, que depois da publicagSo do presente decreto se portafera como desertorés, insubordi-
nados _ou chéfes: de mo.thn, por. conselho oü por facto; indicando commiudézá os resultados dos
seus delictos de insubordiuagSo, taes como prisoes irregulares, mortes,: rouboSj auxilio competen-
temente pedido e recusado e similhantes; cujas listas, emquanto durar a guerra e se repetirem
aquelles delictos, serao remettidas todos os mezes á dita secretaria, para Se proceder contra os
culpados como conviers.ao bem do estado. E para; que chegue, ao conhecimento de todos, e se nSo
póssa allegar ignorancia, será publicado o presente decreto por editaes affixados nos logares mais
públicos de todas as povoagoes d'estes reinos, Sendo lido á frente de todos os corpos dos meus-
exercitos*
.
O conselho
-.:•.,.-".;
de guerra, o marechal dos meus exercitos é: mais auctoridades militares1 e civis>
a quem tocar, executarao e farao executar este decreto.

Carta regia de 6 de outubro de 1809

Yide o que adianto se acha transcripto-daordeni do dia 14, de! novembro de í 811.

No alvará da regencia do reino, de 1S de dezembro de 1809, sobre recrutamento para o exercito,...-


encontra-se o seguinlc:

15.° No caso que a indigencia dos que indévidamente se subtrahem ao recrutamento torne
de. nenhum effeito as penas ácima estabeleeidas; determino que a todo o tempo, que se conseguir
a. sua prisSo, sejam immediatamente reinettidós aos generaes das respectivas provincias, para
que verificada summaria e verbalmente a fuga por causa do recrutamento, e a identidáde da
pessoa, lhe seja imposta em um conselho de guerra a pena de servigo publico com grilhéta lías
fortificagoes, por espago de seis annos.

ÍSIO
Portaría dos governadores do reino, de 21 de maio de 1810

O Principe Regente nosso senhor, tomando na sua real consideragSo quanto se oppoe á proñi-
pta e rápida marcha dos exercitos, e á sua conservagao ñas posigoes; que deve tomar, a desobe-
diencia que algumas pessoas commettem na promptificagSo dos seus carros e eavalgaduras para
os. transportes, e a que praticam outras, nSo se conservando- coni os mesmos transportes nos lo-
gares que lhes sSo indicados, assim como as repetidas deser-goes que muitos fazem do servigo;
ora deixando os carros, ora fugindo. com elles, e até desencaminhando-ospetrechos e mantimentos
que lhes haviam sido entregues; e considerando igualmente que para estas desordens concorrém,
ein. grande parto, a negligencia ou malicia de alguns dos donos dos ditos carros e eavalgaduras;
a desobediencia:e falta de energía de alguns magistrados e officiaes de justiga na devidá execu-
108

^ao das ordens que lhes sao dirigidas, chegando por contemplagoes particulares a conceder isen-
coes-; erros e erimes qué é necessario evitar com toda a severidade das leis e de um modo tSo
prompto, quanto o dévem ser as medidas concérnentes ás operag5es dos exercitos, que se achan*
empenhados na defeza da religiSo, do thronó e da patria: manda que se estabelega urna com-
missSo especial eomposta de um; presidente e vogaes necessafiosj na forma das leis do réiño,
para a iriiposigSo das peñas correspondentes aos delictos, sendo Um d'elles designado para servir
tambem de eScfivSo; que esta cómniissSo acompahhe seinpfe o quartel general do marechal
commandante em chéfé do nossó exercito; qué todas as pessoas cómprehendidas nos ditos deli-
ctos, sendo áutoadas ém processos simplesménte verbaes, pelos quaes se mostré que sSo cora
éfféitó féiís dé algúm dos mesmos delictos^ sejam sentenciados na referida commissao; e que as
sentengas n'ella proferidas sejam executadás iffemissivélniente, sem embargo de qualquer privi-
legió, porque todos eéssam e ha por. derogados a vista da urgente necessidade da defeza d'estes
remos. Ordeña ótttfosim qué o d*. José Antonio de Olivéifá Léite dé Barros, dó séu cpnselhój
désémbafgadóf dó paco e auditof geral dó exercito^ Seja pfesidente e jüiz relator d'esfa commis-
sao^ por confiar O: desémpenho d'ejla do seü cohhecido patriotismo, zeloe integridade; é ó áü>
ctórisa para nomear para adjuntos, promotor e ésefivap da ínesina os ministros territóriaes é
auditores qué se acharem mais promptos; e todos os que por eílé forem íiomeados se prestarSo
imraediatámenté ao séú chámamentó; debaixo da pena de süspensSo e culpa, nao obstante qnaésv
^uéf pretextos cora que se pfeténdam escüsáf* Ordeñaj finalmente que o dito desémbargadof:do
pago^ auditor:gefal do exercito^ assinip executé^ e que ésta seja impfessa e reraettida ás comai-4
cás^ para chegaf a noticia de tódos« -
i

Poftá^

Téndo-sé éstabelecido pela portaría de 21 de maio próximo passado urna commissao com-
posta do désélnbaígadofdpipago; José .-.Antonio deOliveira Leite dé, Barros, como presidente e
relator, e dos ministros territofiaes e auditores que éllé convocasse para seguir o quartel general
do nosso exercito, e n'ella se autoarem em processos sirapiesmente vefbaes e sentenciaren! ás
pessoas que forem desobedientes ou commétterem fraude em apromptár os carros e eavalgaduras
para os transportes do mesmo exercito é do exercito de SuaJMagestadé britannica, ou nao forem
fiéis e exactos naS conduegoes de qué forém eñeafregados,' para élles, e os ministros e officiaes
de justiga que nao executárem prómptaménte, com a devida energía, as ordens que lhes forem
dirigidas á estes respeitos:-ha-por bém b Principe Regente nosso senhor nomear para vogaes da
dita commissao os deSembafgadofes dá relácaó do Porto, Francisco Sabino Alvares da Costa
Pinto, A&tenio José de Carvalhó Pires e Ignacio José de Moraes, e Brito, podendo o dito presi
dente nomear qualquer d'elles para o substituir nos seus impedimentos, e ministros territoriaes
e auditores nos impedimentos dos ditos dé.sembargftdpres, quando todos tres forem necessarios,
e nos casos que requererem maiqr numero de juizes, na conformidade das leis.
Manda outrosim Sua Alteza Real ampliar a jurisdiegao da dita commissao, para processar
e :senteneiar. os réus paisanos, que ñas provincias fronteiras e próximidade dos exercitos forem
achados em traigab por algum dos modos declarados no decreto de 20 de margo de 1809, revo-
ganclp o mésrao decreto quanto- áremessá dos ditos réus n'elle determinada. O sobredito desem-
bargádór do pago José Antonio de Oliveira Leite de Barros o tenha ássim entendido e o faga
executar-.;- ••- ..-. :, -- -.'•;
. -. -

Portaría dos governadores do reino, de 30 de jiinho de 1810

Pazendo^se indispensavel aó fim de se oppor urna vigorosa e efficaz resistencia ao inimigOj.


que os corpos destinados a este sagrado dever observem a mais exacta e severa disciplina, obe-
decendo prómptaménte ás ordens quelhés forem dirigidas pelas competentes auctoridades, sem
o que nSo pode haver energia e successo ñas operagoes militares; e sendo outrosim os corpos das
ordenangas os que nao menos devem cooperar para a defeza do estado, a que os obriga a honra
e. a rasSo. de vassallos, e principalmenteñas criticas aetuáes circumstancias, fim que jamáis poder
rSo preenehei-,.faltando a necessaria subordinagSoerecusando prestar-se com disveio servigo de
que' farem incumbidos: determina o Principe Regente'nosso senhor, que durante a guerra.actual
todos os officiaes. e soldados das. ordenangas fiquem, como os da tropa dé linha, sujeitos ás mes-
mas Jéis e regulamento, para serem julgados em conselhos de guerra pelas faltas e erimes mili-
tares que commétterem, servindo.de auditor o juiz de fóra das capitaes das mesmas ordenangas
pii o. inais vi^inho. dos logares, era que se acharem reunidas;, e sendo vogaes os officiaes- e pffi^
cjaes. inferiores dos respectivos corpos ou da tropa de linha, que ao governador das armas da pro-
109

vincia parecer nomear, e sendo, finalmente, obrigados os capitSes mores, ñas oecasioes das revis-
tas, a fazer 1er na frente das companhias do seu commando os artigos do guerra, para que
ninguem possa allegar ignorancia a similhante respeito.

Na portaría dos governadores do reino, de 10 de jullio de 1810, que mandou organisar dois batalbóes de cacado-
res naciohaes de Lisboa oriental e occidental das companbias de atíradores que existiam, c dois batalbóes de
artilheiros nacionaes de Lisboa oriental e occidental das companhias de aflilhciros nacionacs das legiócs de
Lisboa, se encentra o seguinte:

4.° Que estes batalbóes serao considerados como corpos milicianos, e se regularSo pelas
mesmas leis, decretos, alvaras, ordens e determinagoes relativas ás milicias do exercito.

Portaría dos governadores do reino, de 21 de julbo de 1810

Constando ao Principe Regente nosso senhor, a errada intelligencia qué se tem dado ao de-
creto de 12 de junho de 1809, suppondo-se que é só por elle que devem regular-se as penas dos
milicianos desertores, ao. mesmo passo que por aquella disposigSo se nao derogou de forma al-
guma a do regulamento de milias no titulo iv, capitulo v, § 2.°, em cuja conformidade devem
os soldados d'este corpo ser punidos como os da tropa de linha, pelas culpas militares que com-
métterem em tempo de guerra ou n'aquelle em que se acharem reunidos por causa do servigo:
manda Sua Alteza Real declarar que as penas estabelecidas no referido decreto de 12 de junho
de 1809, contra os milicianos incursos no crime de desergSo, sómente tem logar quando estes as
¡waticarem estando dispersos nos seus respectivos districtos, mas de nenhuma sorte quando se
acharem reunidos em actual servigo, porque entSo lhes deverao ser impostas as penas que o re-
gulamento e leis militares determinara em similhante caso; attendendo, porém, a que muitos dos
mesmos milicianos poderao ter desamparado os seus corpos, mais por falta de reflexSo, do que
por outro algum motivo: ha o mesmo senhor por bem que esta sua real determinagao só prin-
cipie a ter observancia depois de quinze dias da sua publicagSo ñas provincias, que se deverá
fazer por editaes nos logares costumados.
O marechal commandante em chefe do exercito, e as mais auctoridades a quem o conheci-
mento d'esta perteneer, assim o executem e farSo executar.

Portaría dos governadores dó reino, de 20 de selembro de 1810

Representando o marechal commandante em chefe do exercito ser conveniente a providen-


cia de premiar os que prenderem desertores, com a prompta execugao das penas impostas pelas
leis: manda o Principe Regente nosso senhor que se dé o premio de 4$800 reís a todo aquelle
que prender um desertor e o apresentar, pago pela pessoa que ñas suas casas, quintas ou fazen-
das lhe tiver dado asylo ou receber no seu servigo, sendo cobrado executivamente e entregue
pelo juiz de fóra do districto ou corregedor da comarca, á conta da maior quantia decretada para
a caixa militar pelo § 4.° do alvará de 6 de setembro de 1765; e na falta do dito meio, será
pago pela mesma caixa militar, para ser embolsada pelos vencimentosfuturos do desertor, se este
continuar a servir.

Dctcrmmacíío inserta na ordem do dia 23 de outubro de 1810

Determina s. ex.a o sr. marechal que todo o offieial, que chegar a estar ausente do sen
corpo sem licenga pelo espago de vinte e quatro horas, se lhe ponha a nota de desertor e seja
considerado como tal.

Alvará dado no Rio de Janeiro aos 6 de novembro de 1810

Eu, Principe Regente, fago saber aos que o presente alvará com forga de lei virem, que
o
tendo determinado pelo alvará com forga de lei do 1.° de abril de 1808 crear um conselho su-
premo militar e de justiga, e que havendo pelo § 10.° do mesmo alvará estabelecido um conse-
.
lio
lho de justiga supremo militar, -a que coinnietti julgar em ultima instancia da validade das presas,
feitas,-por embarcagoes de guerra da-armada real ou por armadores portuguezes, na forma dos
alvarás de 7 de dezembro de 1796, de 9 dé maio de 1797 e de 4 de.maio de 1805; e que tendo
occorrido, pelo trato do tempo, diversas questoes sobre materias concernentes a objetos mariti-
mos, que, por se duvidár á quéiñ pertencia o conhecimento d'ellas, manifestavaní a necessidade
de as classifiear,-determinando os tribunaes a que deveriamdirigir os competentes recursos; que-
rendo eu. occorrer e cohibir os inconvenientes-de tal incerteza pela consideragao, do muito que
convem abreviar a decisSo: das causas marítimas,, pois que pelo retardo d'ellas pode soffrer o
commércio e navegagSo, assim nacional, como estrangeiro, prejuizoB incalculaveis: determinei,
quej sem perda de tempo e com peffeito conhecimento de causa, se procedesse á organisagao de
um regimentó, que designasSe precisamente os tribunaes que por.inim se achavam auctorisados
e habilitados por urna delégagSo do meu real e supremo poder, para conhecer e decidir questoes
dé tao importante naturéza ; mas acontecendo existirem actualmente feclamagoes feitas por parte
de ministros, cónsules e outros agentes de nagoes estrangeiras sobre a propriedade de navios
existentes n'este porto, que por motivos das mesmas feclamagoés se achara detidos, emquanto
se nSo decidera as questoes suscitadas, pódéndo acontecer sobrevirem outras de igual naturéza,
emquanto se nao conclue e se publica o regimentó a que mandei proceder: sou servido auctórisar
o conselho dé justiga supremo militar para que haja de julgar, e definitivamente, na conformi-
dade dos alvárás dé 7 de dezembro de 1796, aquellas causas marítimas que se suscitaran! entre
vassallos dé diñerentes estados, que forem da naturéza d'aquellas que. devem ser decididas pelo
direito publico das gentes e pela pratica de julgar seguida e adoptada pelas nagoes marítimas.
Pelo qué mando ao conselho supremo militar, etc., etc.
..

Dcclaracáo inserta na ordem do dia 2 de dezembro de 1810

Declara s. ex.a o sr. marechal que nao se deixe de por a nota de desertor, conforme a or-
dem do dia 23 de outubro ultimo, ao offieial que chegar a estar ausente do corpo respectivo
vinte e quatro horas sem licenga sua, ainda quando haja motivo para se presumir que ó por
causa justa, porque, depois de recolher, tendo que allegar, s. ex.a decidirá se a nota deve ter ou
nSo effeito.

Alvará i|ado no Rio de Janeiro em 17 de feverciro de 1811

Eu, ,o Principe Regente, fago saber aos que o presente alvará com forga de lei virein, que
tendo sido frequentes e muí repetidos os recursos e representagoes que téein subido á minha real
presénga, por parte dos empregados no corpo da minha real marinha, que tendo sido julgados
em conselho de guerra e n'elles sentenciados, pretenden! que taes sentengas nSo tenham sido
proferidas com aquella imparcialidade, exame e legalidade, que tao positivamentetenho ordenado
que baja de observar-se impreterivelmente, allegando os réus que em taes julgados nao fóra a
evidencia dos factos, nem o sincero depoimento das testemunhas, mas sim a intriga, a rivalidade
e antigás discordias as que influirán! e predominaram na declaragao dos voto se decisSo dos jul-
gadores; nao convindo, nem ao bem do meu real servigo, nem á auetoridade e decoro do juizo
militar que subsistam pretextos, aínda que mal fundados, que hajam de dar motivos a similhan-
tes representagoes, offensivas da dignidade e respeito clevido a taes julgados e destructivas do
saudavel effeito que resulta em beneficio do meu real servigo, da imperiosa necessidade de cas-
tigar os delinquentes e prevenir com taes exemplos a repetigao de erimes tSo serios e conse-
quentes, como os que respeitam ao servigo militar, principalmente na direcgSo e emprego das
minhas forgas navaes, pois que, da regularidade da conducta, intrepidez e exacto cumplimento
das obrigagoes, disciplina e subordinagSo dos empregados no corpo da minha real marinha,
depende aquella seguranga e protecgSo que as mesmas forgas navaes estSo no caso de prestar
para a preservagSo dos meus estados e dominios, do commércio e navegagao dos meus fiéis vas-
sallos; e considerando por outra parte que tao irregulares e indecorosas representagoes, como
os maus effeitos d'ellas resultantes, deverao totalmente cessar e desvanecer-se se, consultando
eu os constantes sentimentos da minha indefectiveljustiga, houver por bem facilitar, assim aos
réus, conio aos julgadores, todos os ineios praticaveis e conducentes a desenvolver a verdade, e
manifestar a legalidade das provas e a prevenir toda e qualquer suspeita de parcialidade, colli-
sSoou injustiga: sou servido determinar que seja permittido a toda e qualquer pessoa empre-
'111

gada no corpo da minha real marinha, que se achar em conselho de guerra, para n'elle ser
julgada das culpas de que for aecusada, cóntradictar as testemunhas perante o conselho ou ver-
balmente á face das testemunhas ou por escripto, e requerer a acareagSo ou que se reperguntem
se assim o julgar a bem da sua defeza; mas se succeder que suscite ou proponha alguma questSo
ou interrogatorio que nSo parega ter ligagao com o caso de qué se trata, deverá o conselho
decidir pela pluralidade de votos se se deve óu nSo admittif tal qúestao ou.interrogatorio; e
poderá o conselho mandar chamar, todas as vezes que quizer e julgar conveniente, quaesquer
testemunhas que lhe parecer em estado de facilitar suficiente informagSo, indépendentémente dé
qualquer reqiiisigSo, seja da parte do acensado ou do que fizer as vezes de aecusador,.sendo 3.
principal obrigagao que o conselho deve ter em vista a de colligir toda a massa de informagSo
que seja possivel obter-se para melhor indagagao da verdade, sobre que devem ser fundados os.
séüs julgados. .'..-•--
E esté se cumprirá; tao inteiramente como n'elle se contera, etc. ; l'.

Declaráfáo inserta na ordem do dia 13 de agosto de 1811

S¿ eXia o sr. marechal faz saber ao exercito que, por decreto expedido do Rio dé Janeiro
em 29 de margo do cofrente auno, houve Sua Alteza Real o Principe Regente nosso senhor
por bem confirmar a noraeágao qué fizefanl s¿ ex;as os srs. governadores do reino do Sf. desem-
bargador da relagSo e casa do Porto; Ignacio José de Moráese Bfito, para ajudante do; sr. des-
embargadór do pago, auditor geral do exercito, José Antonio de Oliveira Leite de Barros;
devendo, no impedimento d'este, servir nao só na auditoria geral, mas em todas as mais incum-
bencias de que elle Se acha encarfégado.

Detcrininafáo inserta ná ordem do día 27 de agosto de 1811

S. ex.a o marechal vendo que, apesár das: ordens effequentes providencias, que tem dado
e do trabalho que tem tido, para que seja prompta a administragaO da justiga, aínda os conse-
lhos de guerra soffrem delongas consideraveis, de que resulta notavel prejuizo ao servigo dé
Sua Alteza Real o Principe Regente nosso senhor e que tornam mais penosa a condigao dos
réus, pois, quando chegam a soffrer o castigo da lei, já tem paseado por aquelle de umá dilatada
prisSo, e até mesmo fazein com que nSo possam ser todos os réus julgados na conformidade das
leis; e tendo consultado a este respeito o sr. desembargado!" do:pago, auditor geral do exercito,
José Antonio de Oliveira Leite de "Barros, exigindo d'elle que fizesse urna explicagSo do que é
verdadeiramente conforme ás leis, para se encürtar a formagao dos processos nos conselhos de
guerra, a qual, nSo sendo abreviada, é pouco menos injusta para com os individuos do que para
o servigo de Sua Alteza Real; o dito desembargador do pago formou as direegoes que abaixo se
transcrevem, e determina s. ex.a,~ a fim de quede urna vez cessem os males referidos, que se
observem imperterivelmente as mencionadas direegoes para a formagao dos processos nos con-
selhos de guerra.
Deseja s. ex¿a que as auctoridades que ordenarem a congregagSo dos conselhos dé guerra,
calculem justamente o tempo, em que todas as testemunhas podém estar no logar designado para
a reuniSo do conselho, de forma que, era terminando este tempo, o conselho nao tenha qué
esperar pelas testemunhas. -
•':'

' Formalidades de que se deve usar nos processos vefbaes feitos em; campanha, ... ..
sem faltar ás partes sunstaneiaes, defeza dos réus e exame dos delictos
É certo e sem duvida que a boa disciplina das tropas e a sua aptidao para a guerra nasce
da fiel, exacta e continua observancia das leis e regulamentos militares, tendentes a unir a vir-
tud© com o valor, qualidades essenciaes que formara o perfeito espirito militar.
Sé, porém, qualquer pessoa pertencente ao corpo militar se separa das regras da virtude,
da cañdura e da próbidade, que distinguem o seu principal carácter e a"nobreza da sua profissao,
entra sem demora a justiga militar no conhecimento dos factos criminosos, sejam militares oü
civis, seguindo-se immediatamente o; castigo áo delicio e a absolvigSo ao innocente, que sem
causa, coni incommodo seu é pi'éjuizo do -r«al servigonSo deve ser mantido em prisao.
E para que em campanha se consigam estes tao justos como louvaveis fms, conhecendo-se
dos delictos'por um meio sumniarissimo, tanto quanto- seja bastante para o perfeito. conhecimento
112

<La verdade dos faetos criminosos e das «ircumstancias de. que se acompanharaní, se procederá
nos conselhos de guerra da maneira seguíate., conforme as leis de Sua Alteza Real.
A parte do delieto deverá ser acompanliada da nomeacao das testemunhas que o presencea-
raui ou d'elle tem sufficiente conhécimento. A auctoridade militar a quem competir fará a no-
íneacao do presidente, interrogantes, vogaes e auditor, designando o dia, liora e logar em que o
conselho lia de principiar, mandando immediatamente intimar o réu para estar pronipto eoni a
defeza que lhe conviei'j quando comparecer em conselho de guerra para ser interrogado. Se o
-cl'ime for militar, o conselho se concluirá em viñte e qüatro horas continuas e prefixas, e se for
civil, quando dependa de circuinstancias, nunca excederá o termo de oito dias improrogaveis e
continuos.
Os senhores conimandantes, depois de darem as suas partes individuaes dos delictos com-
mettidos por qualquer militar do seu commando, nao se ihtrometterao, nem niais serao ouvidos
por escripto ou verbalruente contra o accusado. Nos crimes civis, poréiii, a parte offendida de-
verá ser notificada, para em conselho promover o seu direito.
Congregado o conselho, o auditor formará o corpo de delieto sem omittir as circumstancias
que concorrerain no facto criminoso, e sobre este e aquellas se perguntarao as testemunhas
especificadamente para que a innocencia ou a culpa do accusado apparecam em toda a luz, e
seja entendida completamente pelos vogaes.
Concluida a prova, mandará o presidente comparecer o accusado perante o conselho, e posto
era liberdade de ferros,' o auditor lera o auto do corpo de delieto e o depoimento das testemu-
nhas de modo que o accusado coinprehenda bem a sua culpa e o grau de provas que ha contra elle.
Depois será especificadamente perguntado sobre o delieto de que é accusado e sobre as
individuaes circumstancias do mesmo; suas respostas serao escriptas tao exactamente como o
accusado as produzir, porque n'ellas consiste sua natural defeza, a que pelas leis e direito se
nao pode nem deve faltar por titulo alguna, e logo que esse acto for concluido o mandará resti-
tuir á prisao.
Se, porérn, o accusado quizer ajuntar alguns documentos ou produzir algumas testemunhas
em sua defeza, será attendido, comtanto que deverá estar prevenido coni estes documentos para
obstar á imjratacao que se llie fizer, para o qué é intimado com antecedencia e se lhe deve
declarar o dia, hora e logar em que ha de ser congregado o conselho. E logo que for intimado
para n'elle resj)onder, poderá nomeai1 as testemunhas com que ha de comprovar a sua defeza, e
estas se acharao promptas no dia e hora marcada para, seni alguma interrupcao, se proceder no
conselho.
Preparado assim o processo summarissimo e verbal, o presidente ordenará ao auditor que
proponha e leia (sendo necessario) com toda a clareza e evidencia a culpa, suas circumstancias,
provas e defeza do accusado, de maneira que todos os vogaes fiquein bem certos de tudo quanto
se contém no processo,' sem que xveste a mais leve duvida a cada uní; quando, porém, algum
d'elles a tenha, poderá propol-a modesta e civilmente, a que o auditor satisfará de bom animo,
servindo-se de expressoes claras e simplices, por meio das quaes se manifesté a verdade em
toda a luz.
O arbitrio, que concede aos vogaes o alvará de 15 de julho de 1763, sobre o exame das
provas dos delictos, é regular e acconimodado ás leis, e, segundo estas, bem combinado o exame
das provas, resultará um arbitrio jurídico,, que faz segura a base da deliberacao de qualquer dos
vogaes.
Entendido o processo summarissimo e verbal, nao somonte quanto á culpa, mas tambera
quanto ás provas e sua qualidade, o auditor, como professor de letras, mostrará a lei em qué a
culpa se acha eomprehendida (quando se prove) e explicará a mesma, nSo só litteralmente, mas
de um modo o mais fácil, que seja patente á comprehensao de todos sem resto de duvida; e certos
os vogaes dos delictos, provas e leis, ficam completamentehabilitados para produzir suas dclibe-
racoes, que em materias táo graves e dignas da mais seria e maior consideracao é essencial-
mente necessario que sejam fundadas no conhécimento, imparcialidade e firme constancia.
Por esta, e nao de outra maneira, cumprirao com o servigo de Deus, de Sua Alteza Real o
Principe Regente nosso senhor, cooperarao quanto convem a promover e aperfeicoar a disciplina
das tropas, e salvarao suas consciencias dos repetidos remoraos, que atácain aquelles qué indis-
creta e absurdamente se apartara d'estes tao justos como verdadeiros principios.
Separadas as classes, o presidenterecolherá os votos, principiando pela classe inferior, ver-
balniente, nao sendo o crime capital, porque, sendo-o, todos os vogaes darao seus votos por es-
cripto, sellando-o como signal do seu uso, e nao usando d'elle, o auditor fará um termo que as-
sim o declare.
Dos votos extrahirá o auditor a sentenca em que se contenha o vencido n'elles por unifor-
midade ou pluridade dos votos, e segundo a forma proscripta no alvará de 4 de setembro de
1765.
Quando, poróm, concorram ponderosas i'asoes para minorar o rigor das leis, os vogaes as fa-
113

x'áopresentes a Sua Alteza Real o Principe Regente nosso senhor, para em consideracao a ellas
usar da sua real piedade com aquelles réus que se achareni em circumstancias de a merecer.

Portaría dos ¡joventadores do reino, de 30 de agosto de 1811

Fazendo-se indispensavel para mais breve expedicao dos conselhos de guerra e prompta
adininistracíío da justica durante a campanha, que se estabelega um certo numero de auditores
letrados, que a esse fim hajam de acompanhar ñas suas marchas os differentes corpos do exercito;
providencia esta conforme ao espirito do alvará de 26 de fevereiro de 1789, que só interina-
mente aboliu as auditorias dos regimentos, creadas pelo regulamento militar e decreto de 20 de
outubro de 1763.; attendendo a que a oceorrencia dos tempos e circumstancias particulares de-
viam decidir da neeessidade ou utilidade de similhante estabelécimento; e querendo o Principe
Regente nosso senhor dar a este respeito as providencias que taes circumstancias exigem, com-
binando-as com a necessaria economía da sua real faze.nda: é servido ordenar quí/, emquanto
durar a presente guerra, haja um auditor letrado em cadaJbrigada de infantería de linha, ligeira,
cavallaria e milicias^ quando estejam reunidos os corpos e ernpregados em actual servigo, devendo
pelo auditor geral do exercito ser propostos para estes empregos hachareis habéis, que ao menos
estejaui a caber a um logar de segunda instancia, e a cujo bom servigo se haverá respeito para
o seu adiantamento na magistratura, gosando entretanto das mesmas honras e privilegios, que
pelo alvará de 18 de fevereiro de 1764 erarn concedidos aos auditores extinctos, e excepto na
parte em que se lhes mandava conferir patentes de capitaes aggregados aos corpos em que ser--
vissem, e estas propostas deverao subir á real presenca pela secretaria d'estado dos negocios da
guerra; tendo, porém, Sua Alteza Real consideracao ao maior trabalho a que os ditos auditores
serao obrigados e á differenga que actualmente existe nos sóidos da tropa; é outrosim servido
que elles vengam 40$000 réis de soldó mensal com duas ragoes de palha, cevada e etape, ficando
entretanto com esta providencia dispensados os ministros territoriáes do exercicio das auditorias,
que lhes eram incumbidos pelo dito alvará de 26 de fevereiro de 1789. Ordena igualmente Sua
Alteza Real que, alem dos auditores de brigadas, devem haver mais quatro, incluindo o do corpo
da guarda real da policia, que serao estabelecidos n'esta capital para os processos da tropa do
exercito que n'ella residir, os quaes vencerao sómente 20$000 réis de soldó por mez, sem as ra-
goes de etape e forragem. O secretario do governo do reino, encarregado das secretarias d'estado
dos negocios estrangeiros, guerra e mariñha o tenha assim entendido e faga executar, expedindo
as ordens neeessarias.

Determinado incerla na ordem do dia 14 de iiovemliro de ISM

0 Principe Regente nosso senlior, pela carta regia de 6 de outubro de 1809l e instruegoes,
do que se acompanhou, assignadas pelo sr. conde de Linhares, do seu conselho d'estado e minis-
tro e secretario d'estado dos negocios estrangeiros e da guerra, que foram dirigidas a s. ex.a o
sr. marechal commandante em chefe do exercito, foi servido ordenar que se processassem os réus
militares de crimes níío capitaes pela maneira e forma ordenada ñas mesmas instruegoes, que
baixaram impressas para serem executadas como cunipre, tanto pelas auctoridades militares,
como civis, para que os innocentes nao soffram os rigores das morosas prisoes, nem se dilate aos
culpados o castigo que pelas leis lhes corresponde, segundo o grau de suas culpas.
Porém, Sua Alteza Real, eonhecendo esseneialmente o quanto convem aperfeigoar a disciplina
do exercito, amito principalmente nos tempos actuaes, houve por bem conceder a s. ex.a o sr.
marechal, jjela carta regia do 1.° de julho d'este corrente anno, ampia faculdade para mandar
processar os réus de crimes capitaes verbalmente, derogando para este effeito tao sómente o novo
regulamento de infantería e o alvará de 4 de setembro de 1765. S. ex.a usará d'este ampio
poder quando a neeessidade e as circumstancias assim o exigirem. Emtanto determina que os
réus de crimes capitaes se processem e julguem na maneira e forma prescrípta ñas direegoes
sómente publicadas na ordem do dia de 27 de agosto d'este anno; bem certo que da sua exacta
e fiel execugao se seguirlo os bons effeitos que já em dia se conhecem. E para que as regias
resolugoes de Sua Alteza Real tenham prompta e eflectiva execugao, s. ex.? o sr. marechal as
manda langar n'esta ordem para conhécimento dos srs. chefes e auctoridades militares a quein.
toca a devida execugao, e participa ao sr. desembargador do pago, auditor geral do exercito, passe
' as ordens neeessarias aos auditores e ministros territoriáes, para as executarem muito fiel e po-
sitivamente na parte que lhes pertence.

1 Nao se enconlra publicada na collee^ao da legislábalo d'este anuo.


15
114

Copia das instruegoes


Forma dos processos verbaes dos conselhos de guerra, que se manda adoptar
e seguir provisoriamente no exercito de Portugal durante a eampanha, na conformidad©
da carta regia da data de hoje
Comrnettendo qualquer soldado um delieto pelo qual deve
comparecer perante um conselho
de guerra verbal e summario, deve proceder-se na forma següinte:
Ó aecusador devé dar por escripto o crime, de
que faz a accusagSo, ao ajudante ou ajudante
general d'aquélle que ha de convocar o conselho, e entao se ordenará que o conselho se ajunte
em üm determinado logar.
0 presidente do conselho escréverá óu fará éscrever por qualquer dos vogaes simplesménte
o següinte: «Processo de um conselho de guerra verbal e summario reunido por ordem de F.
* .
e de que sao membros». '
F..., presidente.
A... V ÍD...
B... > vogaes <E...
C... ), (F...
Depois se escreverá o crime de que o réu foi accusado, e das testemunhas, sendo elle pre-
sente, serlo interrogadas, seguindo-se aquellas evidencias, que o réu requerer que sejam ouvidas
ein sita defeza, mas tudo isto Verbalménte. Logo que o conselho tiver ouvido tüdo quanto houver
a dizef-se pro e contra o réu, pronunciará o seu voto sobre a innocencia ou existencia do crime,
é n'este ultimo caso indicará o castigo que merece. EntSo se deve éscrever a sentenga e a pena
que se iffipoé, sendo tudo assignádú pelo presidente do conselho na pfesenga dos vogaes, aos
qüaes se lera tudo depois de escripto, para que reconhegam que está conforme ao que se julgou.
Nos conselhos de guerra ordinarios cumpre, porém, éscrever a aecusácao, o crime, a sentenga
e toda a evidencia que se produzir.
D'ésta maneira, o crime de que o réu ó accusado, vem a ser o que ora se chama «corpo de
delieto», nao se fazendo indagagáo alguma a respeito do réu antes que elle comparega perante
o conselho que o ha de julgár.
Nos casos de maior gr&vidade e que se julguem capitaes, se seguirá a forma-do processo
Ordenado no alvará de 1765, recommandando-se n'este modo de processo toda aquella brevidade
que elle pode facilitar pela sua simplicidade, e que sempre se requer, para que a sentenga siga
o delieto com o menor intervállo possivel, como convem á disciplina militar, particularmente em
tempo de guerra.

Dclerminacao inserta na ordem do dia 8 de dezemhro de 1811

S. ex.a o sr. conde de Trancoso, marechal commandante em chefe do exercito, querendo


.
manter as disposigoes das leis de Sua Alteza Real, e combinar a utilidade o brevidade do expe-
diente do servigo militarj ordena que, logo que os conselhos de guerra sejam findos e as senten-
gas assignadas pelos vogaes, seja o processo ahi mesmo fechado e lacrado com direegao ao
sr. deserubargador do pago, auditor geral do exercito, entregando-se ao presidente para o fazer
remetter, tirando-se primeiro na presenga dos vogaes urna nota da sentenga, na conformidade
que designa o alvará de 14 de abril de 1780^ assignada pelo presidente, que o auditor guardará
em todo o segredo, até que o conselho baixe julgado por s. ex.a; o que o mesmo auditor terá
cuidado de saber, para entao consumir a nota como desnecessaria, depois de ter baixado o con-
selho, para por esta maneira se evitaren! os circuitos até agora praticados na remessa dos pro-
cessos, e guardar-se o segredo,. que convem, até á publicagSo da sentenga.

ISIS
Portaría dos pvemadores do reino, de 28 de marfo de 1812

Tendo representado o marechal commandante em chefe do exercito, conde de Trancoso, a


neeessidade de ser promptamente satisfeito o premio de' 4$800 réis, estabelecido pela portaría de
26 de setembro de 1810 a favor de. quem prender e apresentar um desertor, prevenindo-se as
115

diíficuldades que até agora té~em obstado ao immediato pagamento d'aquella quautia, de que tanto
depende o fim proposto: ha o Principe Regente nosso senhor por bém conformar-se com o pa-
recer do mesmo mai'echal, com declaragao e ampliagao da referida portaría, determinar o- se-
güinte :
1.° Que a pessoa. que prender qualquer desertor, seja de tropa de linha ou de milicias, de-
verá entregal-o immediatamente ao capitao mor ou commandante das ordenangas do districto, em
que a prisSo se verificar, declarando quem é o dono da casa ou fazenda que lhe dava asylo oti
o admittia no seu servigo.
2.° Que o capitao mor ou commandante das ordenangas, logo que um desertor lhe seja en-
tregue, passe a fazer-lhe os precisos interrogatorios, para indagagio do seu corpo e companhia a
que pertence, dando ao apprehendedor urna cautela com estas declaragoes, assim como a do dia
de entrega e da pessoa, em cuja casa ou fazenda e servigo elle for app'rehendido.
3.° Que apresentando-se o apprehendedor com esta cautela ao magistrado territorial ou ao
corregedor da comarca, se presente estiver, procedam estes, depois de ouvirem as partes, sum-
máriamente a sequestro nos bens dos cuniplicesj na forma da lei, para' satisfagao, nao só dos
4¡S800 réis de premio, que se entregarao ao mesmo apprehendedor, passando ejle í'ecibo na refe-
rida cautela, mas tambem da multa que se acha determinada pelo § 4.° do alvará de 6 de se-
tembro de 1765.
4.° Que nao podendo realisar-se o pagamento do mencionado premio por falta de bens dos
comprehendidos em similhante caso, ou porque os desertores sejam presos, sem que algum lhes
tenha dado asylo, assim o declararao os magistrados ñas cautelas dos capitaes mores ou com-
mandantes das ordenangas, com as quaes poderao os apprehendedores requerer em qualquer the-
souraria ou pagadoria a satisfagao d'aquella quantia, sendo-lhe esta logo entregue com recibo
seu ñas mesmas cautelas, que ali deverao ficar.
5.° Finalmente, ás thesourarias ou pagadorias que fizerem este pagamento, enviem ao res-
pectivo inspector, listas por corpos dos desertores por quem pagarem, para que elle as remetía
aos commandantes dos mesmos desertores, e se faga a estes os competentes descontos nos seus
vencimentos, indemnisando-se assim a real fazenda.
Esta portaría se cumprírá tao intérramente como n'ella se contera sem duvida ou embargo
algum pelas auctoridades, a quem o seu conhécimento pertenCer.

Portaría dos goYciñadores do reino, de 11 de julho de 1812

Tendo mostrado a experiencia que as penas impostas pelo § 4.° do alvará de 6 de setembro
de 1765, aos que dao asylo aos desertores, nao bastam para fazer cessar um inconveniente tao
prejudicial ao real servigo e á necessaria defeza do estado, visto que muitas pessoas das compre-
hendidas n'aquelle caso sao destituidas de bens, em que haja de verificar-se o sequestro para o
pagamento das condemnagoes pecuniarias, a que só ficam sujeitas; nao receando por isso perpe-
trar um similhante delicio, que deve precaver-se por meio de prompta e éfficáz providencia:
manda o Principe Regente nosso senhor que a pessoa contra quem se provar que por qualquer
modo deu asylo a desertores e a respeito da qual, em rasao da sua indigencia, nüo possam rea-
lisar-se as multas estabelecidas }3eIo sobredito § 4.° do alvará de 6 de setembro, incorra na pena
de trabalho por tempo de tres annos ñas fortificagoes do reino, sendo pelo, e se for de qualidade
em que isto nSo caiba, na de dois annos de degredo para um dos logares de África, devendo os
réus ser julgados summaria e verbalmente, com appellagao e aggravo para a relagao a que com-
petir, pelas auctoridades a quem o referido § 4.° eommette o procedimente de sequestro. As
mesmas auctoridades e todas as mais a quem o conhécimento d'esta portaría pertencer, assim o
tenham entendido e exeeutem sem duvida ou embargo algum, etc.

regulamento para o recrtitaniciilo da tropa de finita c milicias,


.Pío
mandado por em exccufáo pela portaría dos governadores do reino, de 22 de agosto de 1812,
enconlra-se o següinte:

CAPITULO V

Das penas a que ficam sujeitos os que faltarem a oumprir o presente regulamento

Artigo 5.° Todo aquelle individuo que, sendo sorteado para a tropa de linha, e avisado para
comparecer pela afiixagao das respectivas listas e pela citagao, deixar de o fazer no día e hora
indicada para a reuniSo das reerutas, será multado em 25^000 réis para a caixa militar e con-
116

duzido preso ao deposito competente, e se for pobre descontar-se-lhe-ha do seu soldó, depois de
.assentar praga, a quinta parte até preencher a referida multa a beneficio da mesma caixa mili-
tar. Se se ausentar do districto ou do caminho quando for para o deposito ou regimentó a que
pertencer, e como tal mostrar a sua rebeldía em se prestar ao servigo que lhe toca para a defeza
do estado^ ser-lhe-hao sequestrados seus bens, e o rendimento d'elles applicado para as despezas
da guerra emquanto nao comparecer; e, sendo preso, será condemnado por tempo de dois annos
aos trabalhos de fortificagao por sentenga do conselho de guerra; quando, porém, a ausencia
exceder de um anno e um diaj deverá continuar o sequestro e applicagao do rendimento dos seus
bens para a caixa militar durante a sua vida.
Art. 6.° Aqueíle que por doenga ou ausencia do seü districto nao poder comparecer no
dia aprasado para a reuñiao das fecrutas, na forma do artigo antecedente, será obrigado no prí-
meiro caso a apresentar os documentos mencionados no artigo 3.° d'este capituloj devendo-sé
.declarar na certidfío do facultativo o tempo que precisará para cónvaléscer, no fim do qual, oü
se deverá reunir oü ficar sujeito ás penas estabelecidas para os que deixarem de comparecerpor
diíferentes motivos, na forma que prescreve o' artigo antecedente, e o facultativo deverá incorrer
ñas penas do artigo 4»°, se com fraude oü malicia passar essas certidoes; quanto ao segundo
caso, se o individuo ausente tiver dado parte da sua ausencia e dos motivos d'ella ao seü capitao
respectivo antes do sortéamento, ser-lhe-hao concedidos quinze dias, álem do dia api-asado para
se reunir; mas, se o nao fizer dentro d'este tempo, será obrigado a comparecer da mesma forma
qué sé determina no artigo 5.°, a respeito dos que se áusentam do districto pai-a nao comparecer
á sobredita revista.
Art. 7.° Os individuos que forera alistados para os corpos de milicias na conformidade do
que determina o capitulo iv d'este regulamento, e deixarem de comparecer para assentar praga
no dia e hora que lhes for determinado pelo coronel do regimentó a que pertencerem, na forma
que presci'eve o titulo i, capitulo v, § 4.° do regulamento d'estes corpos, oito dias depois que
forem sorteados, ficarao ineursos ñas penas estabelecidas no artigo 5.° d'este capitulo, a respeito
dos individuos sorteados para a tropa de linha, isto é, SerSo multados em 25$000 réis para a
caixa militar, e conduzidos presos ató ao sitio aonde devem assentar praga, devendo-se praticar
para com os ausentes as mesmas regras prescriptas para com os de tropas de linha.
Art. 8.° O capitao de ordenangas ou de legioes nacionaes que nao tiver o seu livro de
registo escripturado com a devida clareza e exactidao necessaria, pela priméira'vez será mul-
tado em 25$00Q réis para a caixa militar, e pela segunda vez demittido do posto e multado em
50$000 réis para a mesma caixa; sendo julgado em um e outro caso por sentenga do conselho
de guerra.
Art. 9.° O capitao mor ou commandante de batalhao, que faltar ao disposto no capitulo II,
artigo 7.°, que por descuido ou outra qualquer causa tolerar abusos da parte dos seus subditos,
que deixar de os vigiar e castigar como deve, e de proceder com a maior exacgao ao que n'este
regulamento se lhes prescreve, será demittido do seu posto por sentenga do conselho de guerra,
e multado em 200$000 réis para a caixa militar, aggravando-se a pena com prisáo proporcionada
á gravidade do seu delieto, sé se conhecer que elle se comportou com malicia ou dolo no exer-
cicio das suas funegoes.

Portaría dos governadores do reino, de 22 de dezembro de 1812

Tendo representado o marechal commandante em chefe do exercito, conde de Trancoso, que


apesar das muitas e convenientes providencias dadas para prevenir as desergoes, ainda estas
eontinuam pela facilidade com que os desertores, por nao serem conhecidos, acham quem os
admitta em sua casa ou servigo, escapando assim ao justo castigo que merecem por tao enorme
delieto; e exigindo o interesse publico, por urna parte, que se evite por todos os modos um mal
de tanta consequencia para a defeza do estado, e por outra parte, que se facilitem os meios de
cada um, sem responsabilidade, se poder servir das pessoas de que se precisar para os seus res-
pectivos ministerios: manda o Príncipe Regente nosso senhor que d'aqui em diante ninguem possa
recolher em sua casa ou admittir ao seu servigo individuo algum sem que prímeiro lhe aprésente
passaporte em forma, que logo deverá mostrar ao magistrado territorial ou ao official de patente
das ordenangas do districto que mais próximo estiver; e quando o mesmo individuo nao venha
munido de documento authentico com que se legitime, d'isso deverá dar parte, com a declaragao
do nome e naturalidade que elle fizer aos ditos magistrados ou official, a fim de que procedam
ás precisas averiguagoes sobre a sua condigao e destino, sendo aquellas auctoridades obrigadas a
darem aos que isto cumprirem competentes attestados com que assim o possain provar e com
que ficarSo livres de qualquer procedimento, ainda que depois se mostrarem desertados do exer-
cito os sujeitos que tiverem recebido.
117

No caso, porém, que, sem precederem as diligencias expressadas, alguem tomar a si, seja a
titulo de hospitalidade ou de servigo, qualquer pessoa incorrerá, quando esta se verifique deser-
tor, ñas penas impostas aos que dao asylo a similhantes dílinquentes ou ñas que as leis estabé-
lecem contra os que acoutam malfeitores, se por tal for reconhecida.
E para que ehegue á noticia de todos o que n'esta portaría se determina, etc.

1813
Decreto dado uo Río de Janeiro a 2G dé iiovenihio de 1813

Tendo consideragao a que os servigos feitos pelos magistrados empregados ñas repartigoes
civis do exercito, e pelos auditores, sao ñas aetuaes circumstancias para elles muito pesados e iñ-
commodos, e de grande importancia para a causa publica pelo fornecimeüto de víveres e trans-'
portes necessarios á subsistencia e marcha das^minhas tropas^ e pela manutengaó da disciplina e
boa ordem que se consegue pela prompta averiguágao e castigo dé delictos commettidos, n§0 me-
recendo menos contemplagao que os praticados nos logares ordinarios da magistratura: hei por
bem ordenar que Os magistrados empregados nos logares de inspectores dos transportes e nos de
commissafios, e os auditores do méu exercito de Portugal, tenham no fim de cada tríennio os
accessos que lhes competirem nos logares a que estiverem a caber até á relagao e casa do Porto,
quando n'elles concorreremas circumstancias de aptidSo e bom désemperiho dos seus deveres no
servigo do mesmo exercito, sem vexáme dos povos.
A mesa do desembargo do pago o tenha assim entendido e o faca executar com os despa-
chos necessarios.

1814
Detenninacao inserta na ordem do dia 18 de Janeiro de 1814

Ordena s. ex.a (marechal Beresford) que, subsistindo em tudo a referida ordem do dia 27
de agosto de 1811, fique entendido que só a defeza dos réus se deve éscrever e acceitar, sendo
esta relativa á accusagao, e por modo nenhum accusagoes e recriminágoes contra terceiros, aos
quaes os mesmos réus nSo sao chamados a áecusar, pois tudo isto é alheio dos proeessos d'esta
natureza, pois nao escusam delictos de terceiros, quando existám os dos mesmos réus, consti-
tüindo-se portanto similhante deducg.lío puramente impertinente, o que é igualmente repugnante em
todos os proeessos.

Portaría dos governadores do reino, de 18 de julho de 1814

Tendo felizmente cessado os motivos que fizeram útil o estabelecimento da commissao es-
pecial, creada pela portaría de 21 de maio de 1810, com o fim de n'ella serem processadas e
sentenciadas summariamente as pessoas que commettessem fraudes ou desobediencias ás auctori-
dades competentes na promptificagao de transportes para o servigo dos exercitos portuguez e
britannico, assim como os magistrados e officiaes de justiga omissos no cumprimento das ordens
que lhes fossem expedidas ao dito respeito; ampliando-se depois a jurisdiegao da mesma com-
missao para outros casos e delictos de diversa natureza, por diñerentes portarías e disposigoes
postei-iores: ha o Principe Regente nosso senhor por bem abolir e extinguir a dita commissSo
especial, devendo desde logo cessar as suas funegoes, e sendo remettidos os proeessos já prin-
cipiados ás relagoes dos districtos dos réus, para serem sentenciados ñas correigoes do crime, á
excepgSo dos crimes de fazenda, os quaes devem ser remettidos ao juizo dos feitos da fazenda
da casa da supplicagao.
As auctoridades e pessoas a quem tocar o tenham assim entendido e executarao cada um
pela parte que lhe pertencer.

1816 t

Airará dado no palacio do Rio de Janeiro a 21 de fevereiro de 1816

Eu, o Principe Regente, fago saber aos que este alvará virem, que tendo havido considera-
vel alteragao na organisagao e disciplina de todos os exercitos da Europa, depois dos regulamen-
118

tos de 18 de fevereiro de 1763 e de 25 de agosto de 1794; e mostrando a experiencia que nao


tem sido bastantes as ulteriores providencias dadas sobre este objecto e outros pontos concernen-
tes ao gevérno do meu exercito de Portugal, em ordem a conservado no pó de forga e disciplina
á que foi elevado pelos assiduos e desvelados trabalhos do marechal general marquez de Campo
Maior, a quem hei confiado o seu commando; e reeonhecendo eu quanto convenha sustentar o
referido exercito no mesmo pé de fórga, organisagao e disciplina, tao essencialmente necessario
para a defeza do reino é para perpetuar a gloriosa reputagao que mui distinctamenteganhou en-
tre os exercitos da Europa durante a ultima guerra: sou' portanto servido ordenar que tudo que
se acha disposto nos trinta e cinco artigos do regulamento, que baixa com este assignado pelo
marquez de Aguiai^ ministro e secretario d'estado dos negocios do reino unido e encarregado in-
terinamente da repartigSo dos negocios estrangeiros e da guerra, tenha forga de lei, e seja litteral
é inviolavelmente observado^ sem diniiüuigao ou interpretagao alguma, qualquer que ella seja,
nao só pelo que respeita ás disposigoes relativas á organisagao, mas a todas as outras que no so-
bre dito regulamento se comprehendém; esperando do dito marechal general marquez de Campo
Maior que, pela parte que lhe toca, fará exactamente observar, tanto o que vae agora determi-
nado^ como asmais leis militares existentes, que, nao forem oppostas a esta minha real detérmi^-
nacao, as quaes devem conseguintementecontinuar em pleno rigor e obsei'vancia.

Artigo 29." — Dos anáitofes e dos eonseÜios de guerra

§ 1.° Háverá um auditor geral, que será juiz relator no conselho de.guerra e justiga; e por
quanto fica sendo conservado o actual juiz relator, esta regraterá sómente logar na falta d'este.
§ 2." Em cada urna das brigadas de infantería e cavallaria haverá um auditor que nao terá
patente alguma militar.
§ 3.° Os auditores serlo sempre escomidos de entre os bachareis que tivereni servido um
logar de letras, pelo menos, e dado boa residencia; serao propostos jaelo auditor geral ao general
em chefe, que, com a sua informagao, levará a proposta ao governo para ser presente a Sua Al-
teza Real, que nomeará aquelle que mais lhe aprouver.
§ 4." Os logares de auditores sei*ao tríennaes; no fim de cada tres annos apresentarao ao
auditor geral attestagoes dos commandantes de brigadas e divisoes, e dos generaes de provincia
sobre ó seu comportaiaento; estás attestagoes, com as do auditor geral, serao dadas ao general em
chefe, que remetterá ao conselho de guerra, onde serao julgadas conforme o nierecimento de cada
uíu.; e se lhe pora na carta apostilla para servir por mais tres annos. Cada tres annos serao con-
tados, por um logar de letras da graduagao que successivamente lhe for pertencendo.,
§ 5.° Quando tiverem feito'o logar correspondente ao primeiro lianco, o conselho de guerra
fará présente a Sua Alteza Real o seu servigo, para serem jDromovidos como for conveniente.
§ 6.a Quando algum auditor, no fim do triennio, quizer pelo desembargo do pago os logares
de magistratura, a que.estiver a caber, apresentara n'este tribunal o titulo por que serviu, com
as certidoes correspondentesjulgadas pelo conselho de guerra, e será em consequencia attendido
no concurso de todos os outros bachareis de igual graduagSo.

Artigo 30.° — Do foro


§ l.°0 fóro militar pertencerá a todos os individuos que presentemente o gosam pelas leis
estabelecidas, e sómente serao exceptuados os crimes de lesa-magestade de primeira cabega, fi-
cando assim entendido o alvará de 21 de outubro de 1763, e sem vigor as exce2igoes iJosterior-
mente feitas.
§ 2.° Os alvarás de 20 de.dezernbro de 1784 e 10 de agosto de 1790 ficarao. sem efieito na
parte em que os paisanos que resistirem ou embaragai-em aos officiaes das ordenangas oü da tropa
de linha ñas suas diligencias, sejam julgados em conselho de guerra. Similhantes crimes ficarao
pertencendo ao fóro civil criminal, quando os cubados pertencerem a este fóro.

Artigo 31.° — Da organisagao dos consellios

§ 1." Os conselhos de guerra de officiaes inferiores e soldados serao compostos de um offi-


cial superior, como presidente, que nao será o chefe do corpo, do auditor da brigada, como rela-
tor com voto, e de cinco officiaes.
§ 2.° Os conselhos de guerra em que se houver de julgar officiaes serlo compostos dp mesmo
numero de vogaes determinado para os officiaes inferiores e soldados, com declaragSo que! os
119

officiaes que os compozerem serao de graduagao immediatamente superior á do réu, ou pelo me-
nos de igual, e o presidente será superior em patente aos vogaes.
§ 3.° Quando algum official inferior oú soldado commetter crime por que deva ser julgado,
o chefe do regimentó o fará saber ao chefe da brigada, que
nomeará o conselho de officiaes do
regimentó a que o réu pertencer, nao entrando em a nomeagao officiaes que sejam da companhia
do official inferior ou soldado qué se deve julgar. O conselho será seinpre feito no quartel do re-
gimentó. O brigadeiro ordenará ao auditor que seja ahi presente no dia e hora aprasada; se o
auditor da brigada estiver legítimamente impedido, o brigadeiro participará ao quartel general
da divisao, que mandará um auditor de outra brigada. '''
§ 4.° Quando algum official commetter crime por que deva serjulgado em conselho dé guerra,
o chefe ou general, debaixo das ordens de quem servir o
. tal official, ó fará saber ao general em
chefe, que resolverá se deve Ou nao procedér-se ao conselho; e no caso positivo ordenará ao ge-
neral da provincia ou divisao que proceda a nomear o presidente, o auditor e os vogaes conforme
a classe de que for o réu.
§ 5.° Os officiaes milicianos e sargentos que gosam do foro em témpo dé paz, serao julga-
dos em conselhos de guerra compostos na forma ácima determinada de officiaes dos regímentos
ou corpos da prinieira linha, que tiverem quartel nos districtos dos regimentos de milicias ou ñas
suas immediagoes.
§ 6.° Sendo necessario para o bem da disciplina é da justiga que os conselhos de guerra
findem dentro de vinte e quatro horas ou quando muito em oito dias, sendo capitaes, e dar aos
réus os meios de se defenderem e evitar toda a nullidade no processo; o general qué fizer con-
vocar o conselho, remetterá a culpa ao auditor que houver de ser relator, e esté fará prevenir
o réu por escripto do delieto de que é accusado, ordenando4he que prepare a sua
defeza e lio-
meie as testemunhas que quizer dar para o provar. O réu fará a nomeaglo por escripto dentro
de vinte e quatro horasy e no fim d'este praso, a pessoa que: fez o aviso receberá do réu a re-
lagao das testemunhas e a entregará ao auditor, este fará os deprecados que forem: necessarios
e participará ao official que ordenar a convocagao do conselho, o dia em que se podem áchar
presentes, para se dar a ordem aos vogaes e determinar a hora era que-o conselho deve co-
megar.
§ 7.° O auditor ajuntái-á ao processo a copia do aviso que se tiver feito ao réu, ássignada
pela pessoa que intimar e duas rnais que estarao presentes, quando o mesmo aviso se fizer, e
assim a relagao das testemunhas ássignada pelo réu. Nos casos em que houver áceusador, o au-
ditor o mandará avisar do dia do conselho e ajuntará a certidao de se haver feito o aviso.
§ 8.° Entre o aviso dado ao réu e a convocagao do conselho mediará o tempo: necessario
para que'possam estar presentes no dia determinado as testemunhas e aecusador, ha'vendo-o ;
succedendo qué este praso nao possa ser menor de quinze dias, o auditor o participará, por es--'
cripto ao chefe que fez convocar o conselho, expondo as rasoes por que se fez necessario prolón-
gal-o; o chefe dará conta ao general em chefe, e o conselho se fará no dia em que for possivel
convocar-se, ajuntando-se ao processo a copia da participaglío com os motivos da demora, para
se eonhecer a causa por que se nao fez no tempo competente.
§ 9.° Logo que o conselho de guerra concluir, será fechado e lacrado pelo auditor na pre-
senga do conselho, e entregue ao presidente, que o fará subir ao general em chefe pela mío do
general ou chefe que fez a convocagao do conselho.
§ 10.° O general em chefe examinará com o auditor geral os conselhos que lhe forem re-
mettidos, confirmará ou modificará os castigos conforme as circumstancias em todos os crimes dos
officiaes, cuja pena nao for de degredo, baixa ou outro maior, nos dos officiaes inferiores ou sol-
dados, quando nao exceder de seis annos de degredo, e fará subir ao conselho de justiga os
proeessos que no conselho inferior tiverem sido sentenciados em pena maior do que as men-
cionadas. ;.-.:•>•
§ 11.° Quando, porém, algum processo chegar á presenga do general em chefe com irregu-
laridade tal que possa entrar em duvida, sé a sentenga assenta em bases solidas, o auditor geral
apresentará os defeitos, e o general em chefe remetiera o apontarnento com o processo ao con-
selho, ordenando que se convoque novamente para os supprir e julgar o réu á vista do augmento
do processo, devendo, porém, dar-se nova audiencia ao réu, quando se julgue que se lhe deve
aggravar a pena.
§ 12.° As sentengas proferidas pelo conselho de justiga e aquellas que forem confirmadas
peló genei'al em. chefe, como vae determinado, serSo executadas por ordem d'elle general em
chefe, a quem se remetterSo os conselhos depois de decididos.
§ 13.° Quando, porém, as penas forera de baixa de posto, degredo, morte civil ou natural,

teza Real. ,.,;'..


ou de infamia e recaírem em officiaes, nao se executarüo sein primeiro se fazer saber a Süa Al-
§ 14.° Em tempo de guerra se ampliará a auctoridade do general em. chefe segundo Sua
Alteza Real julgar conveniente ao seu real servigo:
120

Artigo 36.° — Do general ém chefe


§ 8;° O general em chefe poderá mandar suspender os empregados civis do exercito que
aitareni aos seus deveres, seja demorando os pagamentos ou as datas de etape, ragoes ou outros
objéctos, ou alterando as quantidades e qualidades ou fazendo quaesquer outras infracgoes, e
mandará proceder pelo auditor ou outro ás indagagoes particulares que forem neeessarias, e de-
pois ás judiciaes, a fim de que os culpados sejam julgados em conselho de guerra, que lhes no-
meai'á conforme a graduagao honoraria dos empregados, e que sérSo em ultima instancia revistos
nó conselho de justiga. Quando o general em chefe proceder á suspenslo de qualquer empregado
civil, o participará logo ao governo e o motivo, a fim de que este possa prover na nomeagáo de
outro para o substituir,.quando for da sua competencia.
§ 9.° O general em chefe é auctorisado para mandar passar de effectivos a aggregados, pri-
nieira e segunda vez e pelo tempo de seis mezes, aquellos officiaes que pela sua conducta e frou-
xidaO merecerem este castigo; aquelle, porém, que tiver soffrido duas vezes esta pena, reincidir
ñas mesmas reláxagSes, será julgádo em conselho de guerra e expulso.

Akará de 21 de fevereiro de 1816


Foi n'elle ordenado que os corpos das ordenangas, antigamente Criados, ficassem extinctos,
sendo
.
substituidos pelo que ía determinado no regulamento da ordenangas junto ao dito alvará, e
no qual se eneontra o següinte:
Capitulo V.— Das penas a que ficam sujeitos os que faltarem a cwnvprir o que se adía determinado
.
no presente regulamento*
1.° O. capitulo V do regulamento de 22 de agosto de 1812 continuará a ser observado com
as seguintes declaragoes.
2.° Os coronéis de ordenangas incorrerSo ñas penas determinadas no artigo 9.° do dito ca-
pitulo para os capitaes mores, quando commetterem faltas indenticas aquellas, para que sSo ap-
plicadas as ditas penas; as multas que na forma do artigo 10.° devem ser entregues ñas caixas
dos donativos, o serao d'aqui por diante na thésouraria geral, com as mesmas condigoes deter-
minadas no referido artigo 10."
3.° Os capitaes mores communicarao aos coronéis de ordenangas as faltas que commetteram
os seus subordinados, e a estes perteneerá fazer as participagoes coi'respondentes aos magistra-
dos, a fim de se cobrarem as multas, fazendo outra ao general da provincia e urna idéntica ao
inspector de ordenangas para subirem ás máos do general em chefe. O general da provincia re-
metiera igualmente ao general em chefe a relagao, modelo 1, ordenado no artigo 11.°
4.° O artigo 12.° continuará a ser executado com declaragao de que os generaes das pro-
vincias darlo parte ao general em chefe de todos os objéctos relativos ás oi'denangas, que mere-
cerem providencias, que nSo estejam na sua auctoridade.

Decreto de 27 de maio de 1816

Por este decreto foi criada urna nova junta para a revisao do código penal militar, composta
de um presidente e quatro vogaes 1.

1817
Portaría dos gobernadores do reino, de ií de junho de 1817

Foi commettido o detalhe dos presos sentenciados aos trabalhos públicos e de fortificagao
ao brigadeiro Duarte José Fava, encarregado de apromptar os bragos e géneros necessarios
para as obras militares e publicas; mandando-se observar a regulacao, junto á mesma portaría,
para o emprego, abono e direegao dos presos militares sentenciados aos trabalhos públicos e de
fortificagao. N'outra portaria de 5 de Janeiro de 1818 foi approvado o següinte:

Nao foi possivel encontrar a publica§ao d'este decreto em parte alguma.


121

Addioionamento á regulacáo de 14 de junho de 1817,


na qual se estabeleeem penas eorreceionaes contra os presos militares
sentenciados a trabalhos públicos e de fórtifioaoao

1.° O preso que for negligente em satisfazer ao trabalho que lhe tiver sido determinado,
será advertido da sua omissao, é continuando n'ella soffrerá duas até seis chibatadas. Se pre-
tender subtrahir-se ao trabalho sob pretexto de doenga, e, sendo examinado por cirurgiSo se
aehar que se houve n'isso com affectagao e malicia, soffrerá oito até doze chibatadas. Se posi-
tiva e obstinadamente recusar trabalhar soffrerá doze chibatadas,; e será recluso por outros tanL
tos diás, nos quaes terá seis de jejum a pao e agua em dias alternados.
2.° Aquelle que por palavras ou gestos- faltar á attengao devida aos seus superiores^ levará
quatro até oito chibatadas.
3.? Aquelle que jogar ou se embi'iagar, ou maltratar seus companheiros por obra ou pala-
vra, ou fizer outras desordens, soffrerá óito a doze; chibatadas, e oito dias de reclusao, nos quaes
alternadamente jejuará a pao e agua. '...<
4.° Aquelle a quem se achar lima ou outro instrumento de qualquer materia que seja,
nao permittidos pelas leis da praga, e proprios para serrar ou romper seus grilhoes, para abrir
ou arrombar portas, ou para maltratar seus companheiros, terá doze a quinze chibatadas, e re-
clusao por outros tantos dias, nos quaes jejuará de tres em tres um a pao e agua.
5." Aquelle que vender o seu fardámento ou parte d'ellej ou da mobilia e utensilios que lhe
tiverem sido fornecidos, soffrerá vinte chibatadas, e reclusao por dez dias, em cinco dos quaes
jéjuárá alternadamente a pao e agua, e indemnisará a real fazenda pelo descontó de até metáde
do seu soldó.
6.° Aquelle que introduzir no logar da prisao bebidas espirituosas ou outras cousas prohi-
bidas o u for comprehendido no acto de as procurar introduzir, soffrerá dezeseis chibatadas, e
oito dias de reclusao, nos quaes jejuará alternadamente a pao e agua.
7¿° Se alguma das faltas previstas nos artigos antecedentes tomar em algum caso, pelo seu
objecto ou circumstancias, um carácter tao grave que degenere em verdadeiro crime, cessarüo.
as referidas penas, e se formará ao réu a sua culpa nos termos legaés, para ser novamente jul-
gado em conselho de guerra. . ,.¡-
8.° A pena de reclusao terá logar em casa fechada e separada, na qual o preso será pri-
vado de toda a communicagao para fóra, e soffrerá os jejüns ácima determinados. As.chibatadas
serao dadas diante dos outros presos, estando; formados¡ excepto o caso de negligencia descripto
no principio do artigo 1.?, no qual se infligirlo no mesmo logar eoccasiao, em. que: ella se ma-
nifestar. A pessoa que as dá,' sempre diversa d'aquella que as determinar, é tomará, a chibata
pela extreiuidade inferior que fica da parte daraiz.í A chibata será de junco da India, e terá
quatro e meio palmos de comprido e outras tantas¡ linhas de diámetro na extremidade superior.
9.° Os castigos ordenados nó presente áddicionamento serao determinados pelo comman-
dante dos presos, o qual, depois: de, haverem sido exécutados, dará parte d'elles: e das culpas
por que forani impostos ao governador da respectiva praga e ao: inspector dos quarteis do reino,
os quaes, achándó ,ter havido n'isso injustigae: que ó caso o .merece, poderao leval-o áo conhé-
cimento do marechal general commandante eni chefe do <exercito. Exceptua-se a pena de chiba-
tadas contra os negligentes que trata o principió do ¡artigo 1.°, a qual será determinada pelo
militar encarregado: de. dirigir-o trabalho emque. o preso estiver empregado, e participada imme-
diatamente depois da execugao ao commandante dos presos pela pessoa incumbida da súaeon-
ducgao; ou guárda-
lo. 0 Os presentes artigos serao lidos nos domingos, depois da niissa, aos'presos, estando-,
formados. -,-.....;,...
":'.:-:' ' Portaría de 5 de agosto de 1817

Sendo, presente a: El-Rei nosso senhor a consulta do conselho de guerra datadade 25 de


julho próximo passádo,. sobre o castigo que deverao ter os desertores dos corpos que forem,
mandados a alguma expedigao para fóra dos reinos ,de Portugal' e Algarves:; Sua Magestade,
o parecer do mesmo conselho. dé guerra,.:ha por bem determinar que,-
.
tomando ern. considejragao
desde que esta se publicar, todas as desergoes que commetterém d'ahi ém diante sejam conside-
radas e punidas como em tempo de guerra, na forma do artigo. 14.° dos. artigos de guerra .do
regulamento de infanteria.

1G
122

Alvará dado no Rio de Janeiro.¡eiii 28 de fevereiro de 1818

.SSu; El-Rei fago: saber aos ¡que, o presente alvará corn forga de; leí virem, que! 'constando na;
..
minha, real; presénga érai consulta* do conselho 'supremo; militar; a.que mandei proceder sobre as
representagoes! do, governo iñteribo e¡do actual, góvernadore ¡capitao general da-capitania do1
Maranhao, os inconvenientesMqué-resnltavam-ao,bem do, meu real servigo; e aos: réus militares,
da!.pratica::áté agora observada de serem julgados; em: ultima instancia pela junta dajüstíga da
capitaniai do Para, para onde sao remettidos em observancia das cartas regias: ¡de 29 denovem.7
bro, de 1806) dirigidas' aos¡;governadores;é;¡capitaes;generaes dé ambas ás capitanías referidas,
poisi.qüe; alem;da deínorá que; soffriámoá réus:ñas prisoes, einquanto^os proeessos eram remet-
tidos e se faziam as sessoes da junta de justiga, o que era pernicioso nao sóbaos- mesmos réus¿
mas .tambem á, publica; iutilidade de se ¡ exeeutárém as penas com presteza e ibrevidáde, ünirido-se
as ddéas/.dos ^delictosu e castigos,;>comoé utilissimo ¡empontos de justiga e legislagao criminal,
havia .o .'outro; inconveniente de; nao serem ;julgados:militannénte conforme o privilegio do seu
foro, nao se compondo, aquella junta de vogal algum¡military. que, sobre este justo motivo, dé-ser
daclasse-idósiréüs, tivesse conhécimento dos delictos;¡militares e das leis;que os castigara; sendo
de mais ¡d'isto indecoroso, que remétténdo-se. da capitaniai do Parapara a;do-Maranbaa os pro-:
céssos;dós¡paisanos,-qué devem ser sentenciados¡na relagao, se; houvessem de enviar• os dos mi-
litares para a junta da justiga da outra capitanía; propondo-se na mencionada consulta a insti-
tui'gao e •ereagao :de uní-conselho-de justiga nácidade de:S. Luiz>doMaranMo; similhante aos
que- com; múitoíproveitOLdá'caüsaNpíibliGase:erigiram e installaram ri'esta cidade-e ña da Balíiá
pelas cartas regias de 29 de novembro. de 1806,, dirigidas, ao yice-rei: eao goverhador e capitSo
general;; com; a qual; providencia se removiam todos ¡os inconvenientes referidos jjulgando-se os
réus; por vogaes militares e; ministros'de,justiga. mais graduados^ sem terem de i virem para o
conselho -supremo d'está; corte;'-de< que jáforám'exeeptuados pelo' alvará do l. 9 de abril de 1808
em rasfío da distancia e menos frequencía de communicagoes com esta corte. '

"! : E¡ tendo¡ em áttengao atodo* o referido;; é ao mais> que -me foi presente na referida consulta
ejém-outra -do-niesnioisupremo conselho acercados conselhos de guerra formados na capitanía-
do iPiauhyj-que. pela igual distancia'entao nbsterínos'de merecerem igual cbnsiderágao: sou ser-
vido a;.--esté-' respeito, conformando-mé com o¡parecer do*consélhqy determinar o següinte:
' ; ífaverá na:,6idade derSi;Iiiiiz doMáranhaó unr conselho de justiga, que hei por bemerear,
composto do -i góvernadpr¡ e capitao general como -presidente cora! voto decisivo nbs! casos de emi;
pate, de tres officiaes da ¡maior patente e antiguidade'da ¡ tropa de: linhay sendo' ¡substituidos, nos
casos'de- falta ou¡ impedimentos,- por outros dé igual ou-immediata, e nao os havendb; de'simi-
lhante graduagaoj-por officiaes de milicias; ¡da maior patente, e de tres ¡desembargadores'da
relagSop sendo O; relator o ouvidor geral do crime; ou qúenr seu logar servir, e-adjuntos os; dois
mais antigosi ¡da ' niésma relagao, • suppriñdo-se nos impedimentos ou faltas: pelos inimediatos em
antíguidádéj-eservindo de presidente no¡ caso-de falta ou¡ impedimentos do governador e capitao
genéral'oí;vOgal¡militar;mais¡antigoe:graduado. ;: ¡|;,¡ -. ,!-..• =• >;
N'este; conselho, que seajuntará umavez cada semana na casa da relagao: em dia desem-
baragádó das* conferencias d'ellaj e que será regulado.pelo governadore capítaVgeneral, hSo de
ser julgados em ultima instancia todos os conselhos de guerra feitos aos militares da capitania
do MáranbSo e'Fiauhy; em virtude das ¡minhas leis¡e reaes ordens¡:e ¡a 1 todos os que 'em cónfor-
midade d'ellas, pertencerem ao fóro militar e forem julgados em conselho de guerra; e as penas,
que no sobredito conselho de justiga, forem impostas aos réus, serao executadas ainda que sejam
capitaes, salvo nos que tiverem a patente de,:,c.apitfíes ou d'ahi para cima, em quem se n&o exe-
cutarSo sem minha real confirmagao, para o 'que se remetterao pela secretaria d'estado dos ne-
gocios estrangeiros e da guerra os proeessos respectivos.
;' A esté-'fim'se remettérao^aogoverhadór ecapitSo general do MáranhSo todos os conselhos
de guerra' das'' referidas' capitanías; o qual os ^enviará ao^desembargador juiz relator, para os:
própor no1'conselho; de justiga^-onde¡se observarlo ás regras'dqs regtilamentosj ordenangas mili-
taites,' leis,1! alvarás- e mais reaes ¡disposigoes: a este respeito promulgadas;' e julgados que sejamy

gao Wá5 forma ácima prescripta.


Pelo que mando ao
-''
conselho supremo
:';,;'
militar e aos mais
•:
tribunaes, ''
os;remetiera:'o goveimador>¡e eapirloi general aos seus coiripetentés destinos1,1"para; terem¡execu-
etc.
• '
!
--;
123

1810
Declaraeáo inserta na ordem do dia 18 de noVéínbró de 1819 /,
O ill.mt> e ex.m0 sr. marechal general marquez de Campo-¡Maior, tendo observado ha muito
tempo que os cons.elhos.de guerra,, quando julgam officiaes e-soldados por desbrdetíSj os senten-
ceiam do mesmo modo que se fossem julgados por um tribunal civil,-recebéndO:cOmo plena
satisfagao o perdao do offendido e absolvendo os réus em! .eonsequencia d%ste- -perdao, nao
obstante haver prova clara da culpa: manda declarar que ¡ isto ;é> contra o espiritó e regras da
disciplina, e que a culpa militar, que resulta aos réus'da; infraegao das leis1 militares, nao pode
ser extincta pelo perdao de qualquer individuo- que ;nao pode perdoar.a offensa'féita-ás mesmas
leis militares, ás quaes todo o militar está sujeito> •-.-.: - -.* ; 'í¡:, ;•: ; • - ¡ i i

18SO
Alvará dado no üio de Janeiro a 7 de Agosto: de 1820:

Eu El-Rei fago saber aos que este alvará virem que, sendo reeonhecida,a neeessidade de
reformar-se o código das leis criminaos militares até agora existentes,, .fazendo-se n/elle\aquellas
alteragoes, e dando-se novas providencias que & experiencia tem, mostpado serem precisas pelas
mudangas dos tempos e pelas diversas circumstancias que téem occorrido,; convindo essencial-
mente á manutencao da disciplina das-, tropas que.,se? proyeja. sobre todos'ps, casos que-podem oc-
correr ñas materias da justiga criminal, de modo que nSo haja arbitrariedade de julgar,>e>se nao
recorra a interpretagoes e intelligencias que-muitas yezes podeÁ.gravar, com castigos.maiores
culpas leves, e minorar propriamente a pena de ci'ímes que exijám mais severa correegao; e
tendo eu em mui seria consideragao o que sobre táo importante objecto me foi presente pela
junta, que pai-a a revisáo do sobredito código fui servido crear por decreto de 27 de maio de
1816; e quanto é útil estabelecer um systenia,.ggral de legislacao criminal militar para todas as
mais tropas, de maneira que ellas possam encontrar reunidas para terem sempre presentes, assim
a exposigao dos delictos de que no exercicio da honrosa profissao militar se devem desviar e
prevenir, comoj das.:penas e.(castigo,a(que síio pp^itiyA.e.irremess^ que tiverem
a desgraga dé os cbminetterem: liei por bem approvar e confirmar o novo código penal militar,
que baixa com este ahrará e que vae assignado por Thomás Antonio de Villa Nova Portugal,
do. meu: conselho,; miriistroe s;e6retario! d'estado dos negocios do reino, encarregadoímterinaniente
da repartigSo dos-negocios estrangeiros ¡ e da guerra:; e determino qUéí&e'ponhaem exacta obser-
vancia tanto nos ¡meus reinos d& Portugal e dos-Algarves, conionodo Brazil,: para por elle serem
julgados eípunidos ios:réus militares; • e os que sSo¡ considerados n'éste-caso- segundo ás cirGüm-
stanciásindicadásíe'preyeriidas^rio mesmo código; ;¡i''¡ -;";;>;J^ ¡ ..} - L,-::,!;- ¡;
i ESte se Climprirá^ etc.: -< -• ,¡ -.-,:• , ;;..•; ;-¡-¡
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O índice do referido código contém: ¡ :¡¡:¡;y -, •> ¡::.¡;/!¡:>i' : -:¡ hi j :.,:,,,

:-;;i- '] ¡\Y-- rPAETEilrTrrGulpas.e penas oorreccibnaes. : : ,,, j¡¡


.Titulo I. ¡Dos conselhos de disciplinas - ;¡: • -.//;,; --;-.-¡ , ¡ ,¡
II. Dos conselhos de iiivestigagao. ¡;:y,¡ ,
¡IIL Da^penaSjque serao impostas pélosjconselhos de disciplina.;
j
; ;
--•:.:,Wv!:Das.;faltas;'Contra'as:ordens^doservigo; :,. •,[
;.::i :-
.

<; ¡ '
.
¡Y; Das culpas commettidas fóra- dós¡ actos do servigo.
VI. De varias culpas nao comprehendidas nos títulos antecedentes.
! •
.

VII. Dos castigos que poderSo ser impostes sem conselho de disciplina.
VIII,.Das correegoes,,a que ficam sujeitos os,, officiaes. e, cadetes. ...
,., IX. Disposigoes::geraes
sobre a materia dos,¡títulos antecedentes.
.
124

PARTE n — Dos deliotos e penas correspondentes

Títulos I. Do fóro militar e das suas relagóes com o fóro civil.


II. Dos conselhos de guerra.
III. Da forma do processo.
IV. Regras sobré a materia do titulo antecedente.
V. Das penas que séráo impostas pelos conselhos de guerra.
iVÍ., Disposigoes geraes.
Vn.'Dos crimesé irreverencias ¡commettidas nos logares sagradósi^
VlII.,Dá insubordinágaói
IX, Da ausencia illegál.
. -

'-'-•- <• '-


':;,-; X. Da desergSo ém geral. .:--:
XI. Da désergáo em tempo,'de;¡paz. •,-..
XII.,'iDa, desergao em tempo dé guerra^
XIII. Dos que inaüzem para a désergao,
XJV. Da cobardía.

b:

> ;
' ..j¡;
'"¡,.-

XV. Da violencia.
XVI. Dos abusos de auctoridade.
XVII. Do desafio. : v-,
XVIII. Do feriménto.
XIX. Do homicidio.
XX- Dos prejuizos causados;:. i/
XXI. Do furto e roubo em geral, ..•-.:, :

XXII. Dos furtos e roubos de objéctos militares.


XXIU. Dáfalsidade;
XXIV. Dos 'delictos contra á órdem e segufáñga das familias.
XXV. Do tumultoj revolta ou sédigao.
XXVI:'Da traigáb. '[ ;' ':
XXVII. Das óffeírsas e resistencia contra as auctoridades civis e seus officiaes.
XXVIII. Da fúgida dos presos.
XXIX. De varios delictos nao comprehéndidos nos títulos antecedentes l.

Decreto das cortes geraes e extraordinarias conslitüintes, de 9 de fevereiro de 1821

i
A regencia, do reino, em nome de ElrRei o senhor D. JoSo VI, faz saber que as corte geraes
.;
extraordinarias e constituintes, da nagao portugueza tóem decretado o. següinte:
As cortes geraes extraordinarias e, constituintes da nagao portugueza, tendo feito ás mais
profundas consideragoes sobre os imprevistos e extraordinarios;acontecimentos, que desde o anno
de 1807 impelliram alguns cidadSos portuguez.es a destinos forgádos, a opinioes dictadas, pela
combinagSo das circumstancias correntes, e a darem passos ordenados pela coacgSo: téndo as
mesmas cortes considerado como um dever dictado pela religiao christa, pela justiga e pela hu-
manidade, restituir estes cidadSos á sua patria, e franquear-lhes os meios de se restabelecerem na
opiniáo publica: decretam o següinte:
1." Todos os cidadSos
' :.
portuguezes que, por seu comportamento ou opinioes políticas foram
perseguidos ou o temeram ser, e por isso estSo ausentes da sua patria, sem terem sido proces-
sados e sentenciados, podem voltar a este reino para gosarem blivre exercicio dos seus direitos.
2.° O artigo antecedente comprehende todas as pessoas sem distinegao de sexo e de classe
que, desde o anno de 1807 pelos motivos e ñas circumstancias declaradas no mesmo artigo, se
tiverem ausentado de sua patria.

,,'.:/
.
3.° Os que tiverem sido processádos e condemnados a degredo,¡que estejam cumprindo em
alguma parte do reino unido, pelos motivos declarados no. primeir.o artigo, ficam habilitados para
poderem voltar á sua patria, e aolivre exercicio de seus direitos, como setivessem concluido seus
degredos. • :

Este alvará e respectivo: código nSo tinhaih sido publicados; mas fóram.iríais tarde impressos no Rio de
1
Janeiro, e de um exemplar que existe, na bibliotheca da escola do exercito foi extrahido o qué se tráñscreve aquí.
125

4o Os que tiverem sido condemnados, mas nao executadas as sentengas¿ ficam perdoados
para o mesmo fim de voltarem á sua patria e ao exercicio de seus direitos. A estes e. aos com-
prehéndidos no artigo 3.°, fica livre o direito de embargarem pelos meibs judiciaes-as sentengas
que os condémnam, para poderem mostrar, sem embargo do lapso do tempo, que o perdSd nao
recaíu sobre crime. í- : ,.--•
5.° As viuvas, ascendentes, descendentes ou transversaes dentro do quarto grau d'aquelles
que pelas mesmas causas soffreram a pena ultima, poderao, sem embargo do lapso do tempo,
requerér revistas das mesmas sentengas, para, reclamarem a honra,,boa fama e memoria de seus
maridos ou parentes dentro do dito grau.
6.° O presente decreto assegura os direitos de terceiro adquiridos por titulo oneroso sobre
os bens que tivessem sido de algum dos comprehéndidos no mesmo decreto;; de qualquer natu-
reza que sejam os inesmos bens. ¡nr:-;. , ...¡;;-;¡¡¡---: ;,¡,-.
A regencia do reino assim 0 tenha:entendidoe faga executar. -!
Portanto, manda a todas as auctoridades, a quem competir o conhécimento e execugao do
presente decreto^ que assim o tenham entendido; e; o cümpram,. e o fágam cümprir e executar
como n'elle se cóntém, etc. ::•! •>-.,!; ,, ,;

Ordem da.regencia do reino, dé '4 de"marco de 1821

Tendo as cortes geraes e extraordinarias da. nagao portugueza declarado.; incluidos .no decreto
de 9 de fevereiro próximo pretérito os Sentenciados.g executados em outubro de 1817: a regencia
do reino, em nome de El-Rei o senhor D. Joao VI, assim q manda participar ás auctoridades, a
quem competh-, para sua intelligencia e devida execugao.'

Nás bases para a formacáo da constituicáo política dá náeáp porlugueza


decretadas pelas cortes geraes, extraordinariase constituintes, em 9-.de marco do 1821,
.,
enconlra-se o següinte: ;.
.

SEC§AO I — Dos direitos individuaes do eidadao

11.?-'A-leí é igual para todos. Nao se deven!, portante, tolerar nem os privilegios do fóro
ñas causas civeis ou crimes, nem commissoes especiaos* Esta disposigaO nao comprehendé ás cau-
sas que pela sua natureza pertencerem a juizos particulares, ñá conformidade das leis que mar-
carem essa natureza.
12:° Nenhuma lei, e muito menos a penal, será estabelecida sem> absoluta neeessidade. Toda
a pena deve ser proporcionada ao delieto e nenhuma deve passar dá pessoa do delinquente. A
confiscagao de bens, a infamia, os agoutes, o barago e pregáo, a marca de ferro quente, a tor-
tura e todas as mais penas crueis e infamantes ficam em consequencia, abolidas.
O presente decreto se publique, registe, guarde no archivo nacional da Torre do Tombo, e
por duplicado no das cortes, e se remetta por exemplares impressos a todas as estagoes, a quem
competir,;para ter desde logo prompto cumprimentó, ficando as bases que n'élle se contém, ser-
vindo provisoriamente de constituigSo, com-a declaragSo, porém, que os casos exceptuados de
que trata o artigo 5.°, serao interinamente-os mesmos da iégislagao actual) e que aexecugSo dos
artigos 8,°, 9.°, 10.° e 11.° ficará suspensa por depender de novas leis, que serao feitas imme-
diataniénte. A regencia do reino juré as referidas bases e faga expedir as ordens neeessarias
para que em determinado día sejam tambem juradas por todas as auctoridades ecclesiasticas, civis
e militares. ;;;';';-:.
Decreto de, 12 de marco de 1821

A regencia do reino, em nome de El-Rei o senhor D. JoSo VI, faz saber que as; cortes ge-
raes extraordinarias e constituintes da nagao portugueza téem decretado o següinte:
As cortes geraes extraordinarias e constituintes da nagao portuguezay querendo manifestar
o espirito de beneficencia que ás dirige em tudo o que é cornpativel com a justiga e com á se-
guranga publica estabelecida, decretara:;
1.° Pica ampliado e declarado o decreto de 9 de fevereiro do corrente anno para compre-
hender na sua disposigao todas as pessoasi que, por seu' comportamento e opinioes políticas, até
ao dia da instaJlagao das mesmas cortes;; ¡se acham presas ou adstrictas a residirem determinada-
mente em algum logar.
.126

2.° As pessoas comprehendidas no artigo antecedente ficam por este decreto, e por aquelle
a que este se refere; instituidas á sua liberdade; e ao livre; exercicio de seus direitos, e á facul-
dade¡de poderem justificar-sé emjuizo, nías nao ab exercicio dos postós ou cargos qué occupa-
vamJantesdosiifactos, que derará causa a serem presos ou retirados.;
A regencia do reino assim o tenha entendido e faga executar. ¡:-¡. ,

,!; ; "•'.''"' Ofdém dá fegéneia do!réínopdé^de ábní de 1821

¡ J
Tendo ¡as¡cortes; geraes: e extraoi^dinariásj da nagao portugueza tomado eui consideragao a
,.¡
ordem do dia, que foi remettida aquelle soberano congresso em data de 30 de margo ultimo;:e
havendo as mesmas cortes approvado e sanccibnado a intérpretagiío que a regencia do¡ reino deu
•áo ¡artigo: 11¡.° ¡ das bases; dacoñstituigao. acerca.do fóro. militar: a -mesma'á'egenciardo reino, em
¡nome; de¡ El-Reí ¡o ¡senhbr D. Joao VI, assim ó; manda participar¡ás auctoridades, a quem com-
petir, para sua intelligencia e devida execugao. .
••*,.- .-;..

A ordem do dia a queyse.tefereaprdem.s^pxai achft-se ir<xnscripta na ordem n.° 66, publi-


cada ao exercito em 8 de abril do dito anno, e é assim concebida:
Constando, na regencia do reino que alguns dos poneos inimigos da ordem publica téem pre-
tendido,"se ::ñlo; extinguir, áb menos''áárxmx-ái''no éxercítbáquellé eñthusiásmo é patriotismo, que
.

tarreo ,o. "caractériskm',''érh ¿póib da 'boa' cáu§aytáb gíbriósamente empréhendidá, é! felizmente tSo
' adiañifcádá, procurando persuadir ábs menos provenidos contra; os! séiís. ardis^ qüe'ás bórtés geraes,
exti-aordinarias e constituintes da nagab téériV decretado á: total éxtincgao dbfór'b militar no ar-
tigo 11.° abaixo transcripto das bases da nossa constituigao política, e que urna tal medida é
resultado da nova ordem de cousas: a mesma regencia, nao obstante estar persuadida de que os
bous sentimentosi:é^lü'zé^ que reCorilié'céno'^xercitb;'sérSb bastantes:á¡inUtilisar tao detestavel
ardil, manda'cómtüdb;1 ém ñómé dé El-R'éi'bséñliorDVtToS'bVI, 'declarar que!o¡ fóro militar ficou
illeso, e subsistindo em todos os ciinieS'militai'eS; 'e:s'ó' 'éxtincto n'aquelles dos crimes civis que o
níílitar commetter como cidadáo, e que a leí, que regular este objecto, designar como taes, assim
em tempo de guerra, como, de pazy conforme niostra o, referido: ár,tigo 11.°; e que a
medida da
éxtincgao do fóro, já adoptada em todas as nagoes cultas da Europa, foi agora empregada em
•todas: as-classes= da-.ñagao portugueza, •aínda.ñas que.gosayain mais* subidos privilegios^e sem ás
excepgoes-,indicadas,íparaúos?militares'jíque,:apesár..dá.distincta.classe a que pertencem,, nao de-
y§m prezari menos.aiqualidade de.GidádEq,-que ñapee ¡com. o, hpmem e o faz considerar membro
.

da grande familia do estado. ,...,.,


í-¡ (Sógtie-se o, artigo,:11<?,das-:bases,,da.,constituig|oque.já.fipou transcripto antecedentemente.)

Carla dé i'ci'dé¡12'dé; deiemliro'dé! 182'i; mandando cumplir c executar o segniulc decreto ¡

As ;córtes geíaesj.extraordinarias^^e:¡constituintes.d considerando,que. o


-.,-.
.actual- systeina^,da.:audito,ria..gerale,auditores do;exercito,¡:tendo..sidp instituido principalmente
.para;:o> servigo,da. campanha,:alem de .desp.endiqso,,nao,facilita, no tempo de;paz p,.prompto e.,re-
gular expediente dos cqnseihps: dé, guerra,, por, se acharein mui;distantes entre si qs^corpos de
,qjie; se ppmpo'em algumas abrigadas, &. cada, urnaidas,quaes:pertence: um sp: auditor, decretam: o
'Següinte:.-!-.:'.- !•.-,') .•,.--¡::-i;¡h¡¡'¡'-!.¡.: •;:;!.••,-;!,!!.;;!..!,¡.
¡; ¡. - ,; '::'
:: .;•.,;. i-;;,
':'.
1.° Fica éxtincto o logar de auditor geral do exercito e suas dependencias,
, .
deyplyeridp-se
as suas attribuigoes ao supremo conselho de justiga, que as exrcerá como antes da creagao do
auditor geral. Os proeessos e mais papéis existentes na sua secretaria passarao para a do dito
conselho, e a este subirlo sem alguma ai'süh'écao todas" as séntengas dos conselhos de guerra.
2.° Ficam igualmente extinctos os logares de auditores de brigada e quaesquer outros, e o
de secretario, iofficiáes e mais empregados da auditóriálgeral do exercito. ¡ ; •
•".
3.° ServirSoi de auditores; e como taesj serao considerados, ¡bsjuizes do crime; e.¡onde os
nao houver,' os juizesidei-fóradas cidades ou, villas-em; que-estiverem aquartelados osregimentos
ou ¡batalhoes-viNa¡sua?faltaou¡ impedimento servirao ¡os mais¡ vizinhps. :
.:! A, .•;.:•. ;.¡...
Se em algum logar estiverem tantos corpos que nao¡ possa umsó ministro expedir os. pro-
eessos dos conselhos,de ¡guerra, o govérnó nomeará de éntrelos magistradosterritoriáes, residen-.
tés. no mesmo Togar, de;qualquer; graduagao que sejanij ou de entre os mais.:VÍzinhos, aqüelles
que julgar:precisos,¡comtahto ¡ que a nenhuin per'tengam-menos de dois corpos. ¡ ;;;:, -.i» :, •
4.° Os ministros que servirem de auditores vencerSo mensalmente.de gratifioagao 10#000
127

réis, pagos com os sóidos pela relagao de qualquer dos corpos da. sua aüditoriaiüNao usarao de:
uniforme militar, nem terSo graduagao alguma differente do que aquella que na carreira civil
lhes pertencer, devendo, porém, ser-lnes attendido o servigo que fizerem n'esta repartigSo.
5.° Aos auditores que actualmente estao servindo se dará por acabado o seu tríennio, se
tiverem completado mais de metade ¡d'elle.;;, e.ñaoiitendoy.se llies,leyará-ém;coñta;,sómenteo tempo
que houverem servido. O secretario e officiaes de secretaria do auditor geral, que tiverem ser-
vido mais de dez annos, conseryarao metadq dqSjSeus ordenados, sem alguma gratificagao ou
foíragem, emquanto nao fqrém despachados p^ '
6.° O presente regulamento principiará'a ter'effeito no 1.° de Janeiro 3e .1822.'...-.
Fica portante revqgadp o artigo 29.° do¡-regulamento de: 21 de fevereü'q de 1816, ,b ájvará ,, •

de.26 de feveiro.de 1796, na parte em qúeéoppostoáb presente decreto, e tocias ás mais leis
em contrario. :' ' ' "" :';.:: '.'.''...,, .,,..',.. ./...'";.
Pa<gq das cortes, em 10 de dezembro de 1821... ,.-..':. ''-.::, .'.V'',/.!'.'.'.-'.,
. Pbrtanfo mando ..;, r:-
a todas as auctpridádes, á quem ocpiihecimento é exeéug'a^ ,dó, reieridp,
decreto pertencer, que o cumpram e éxécutem taomteiramenie como 'n'elló^'se'contení.

Carta dé lei de 19 de desscmbro de 1821y mandando cumplir c executar o següinte 'decreto '

As .Cortes geraes extraordinarias < e constitum.te.s;. da nagao .iportugueza; para que nielhor
possa verificar-se a! respoñsabilidáde. dos juizes quando julgám Collectivamerite, decrétam, o se-
.

güinte: ,i¡;;i}j¡i¡;,:'->
1.° Nos ¡aceordaos das, relágoes e; sentengas .¡dei.qúaesquer juizes;.¡qujsvotarern;
.
conectiva-
mente poderao os mesmos juizes, que assignarem por vencidos,, declarar essa circumstancia, é
nao o fazendo ficam responsaveis pelo julgado, como :Se¡ fossem de voto contrarió••> -•• J¡ ¡
2.p¡ Ficá revogada qualquer:legisiagáo contrariá éi disposigao do presente ¡ decreto;;,.¡ ?,"- i
Pago das-cortes, em: 18 de ¡dezembro-de¡1821j.;¡.-;>!;ñ- " ¡ -ÜJÜM-- ..-, ,;,,
Portante mando a todas as auctoridades, a quem o conhécimento e execugao do referido
decreto pertencer, que o cumpram e executem tao inteiramente como n'elle se contém.

•Carta de leide 13 de Janeiro de 1822, mandando cumprir e executar o següinte decreto -

As cortes geraes extraordinarias' e constituintes da nagao portugueza, attendendo a terem


cessado :as causas pelas quaesjise eBtabqleceram¡ no¡ ¡Rio;.de.Janeiro diversosi,tribimaes;¡e;conside-
rando a, neeessidade de regular a administragaO publica, tanto n'aquella.como¡ñas, outras píovin-i
cías do Brazil, por urna .maneira. accommpdada,ás¡circumstancias actuaes,;idecrétam;¡provisoria-
mente o següinte: ¡¡¡h-.': .-;,, ,,,:;,-; .. ;',:i ••,-; .¡VUI-ÍJJI---
1.°-Ficam .extinctos todos os trihúnaes. creados,no ¡Rio..de Janeiro,.desdé que El-Rei.:para
alitrasladpu a sua¡ corte em, 1808. , . -..-. ,¡ ¡; ¡i, ,¡-•• ,,•.';':
2.° Todos os negocios, que se expediam por cada um dos referidos tribunaes,. serao d'ora em*
diante expedidos,como eraraantes da -sua creagao,, com áS!decIaragoes¡seguirites!:.,¡¡ •: [>'-
10.° No Rio de Janeiro e em cada urna das provincias, do Brazil-f em que houver relágoes,
se creárao conselhos de,justiga,.,segundo ¡q¡rnethodo estabelecido parado-MaranhSo pelo: alvará de
28 de fevereiro de 1818, em tudo que lhes for applicavel, entrando igualmente, na formagáo
d'estes conselhos officiaes de marinha, onde os-houver, ,,-;,'¡,,-.,.; ¡, Vi , .,-,;-.
11;,°, Aos conselhos de justiga, d© que trata o artigo.¡preeedente,-:SubirSoito.do.SíOS.conselhos
de guerra do¡ exercito e armada, nao só^dá pr.ovicia,:mas tambem de todo, o districto da respe-
ctiva relagao, cuja pena exceder a seis mezes de prisao, e todas as sentengas dos referidos con-
selhos de guerra que nSo exeederem está pena serao executadas sem dependencia de alguma
confirmagSp,,
^s prbvidehciás ... ,..,:,,¡„.. -..,,... .,
...nó prese^
.-i
,.,,.. „,,
.:... .,.,.. ;.,
15.° , estabelecidas
, .. . :i ,. a,todas,'ás¡provincias
do Brazilno' que lhes"forem ápplícávéis. ' ' ' '"
16.° Ficám revogados os decretos, alvarás e qualquer outra legisiagáo, na parte em que se
oppozer ás disposigoes d'este decreto. ;• ¡;: '
•'- ---'' - '* ••, :-:¡ ;-
Pago das cortes, em 11 de Janeiro, de 1822.•"' ¡.¡ :t,¡í .
¡;¡ ¡¡
Portante mando a todas as auctoridades d'este reino unido, de Portugal, Brazil e Algarves,
.;;',,
128

a' quém o coühecimento, e execugao do referido decretó pertencer, que o cumpram é execütem
tilo: intéiraménte como.n'elle se contém.: .
.?.:¡\. ;r: '

Carta de lei de 11 de julho de 1822, mandando cumprir e eiecutar o següinte decreto

As córtes: geí'áés éxtíraordinárias é eqn|titmntes da nagap pórtügüeza¡. querendó fazer effe-


ctiva a extiñcgSp, dos privilegios pessóaés ¡de fóro,l'sanócíonada no artigo 11.° das bases dá cPn-
stitüigaO, decrétárám ó següinte:.': ' V ,VV
í.° Ficám/ éxtiiitítbs¡ tedps'privilegios pessoáés de fórPé e bem
ássim todos os juizos1 privativos concedidos á péssbás, eorpórágoés, clásSés oü terráSj.com juris-
diegáo contenciosa, civil ou criminaL
,., antecedente
2.° exceptuados da disposigao do artigó
Sajo os privilegios de fóro e juizbs pri-
vativos éxpréssámenté, éstipülados'ém tratados^ áindá subsistentes, ou em contratos dá fazenda
nacional, mássóméütéemqúanío duraremosi actuáés contratos é tratados.
7.° Os militares do exercito e da armada nacional, nao reformados, e bem assim os refor-
mados qué estiverem, militarmente empregados, nao poderao ser presos, afora o caso de flagrante
delieto, senao-spor cartas de oficio dirigidas áósrespeGtíyoS superiores ou commandantes, os quaes
sob sua responsábilidade os fárao prender e entregar á Ordem do magistrado, Esta disposigao é
applicavel aos milicianos, quando bs corpos estiverem reunidos. E sempre aos majores e ajudan-
tes, por pertenoerem á¡ primeira linha; ¡quáñdo: for preso algum miliciano oü outro militar, nos
casos; em que b podem: ser; por orden! immediata domagistrado, dará este logo parte ao respe-
ctivo commandante.
10i 0 Ficám; revógadás qu&esqüer ¡ dísposigo'és na parte em que se bppozerem ás do presente
decreto-
Portante
¡¡
máñdo
¡; i\.-¿--*_-'-.sv:^!.- ¡:¡
Pago das cortes; ¡ém 9 de julho de: 1822¡ i-- '"'.-.'
* todás¡ as áúctoridádesr a quem O
.:;;•:•!. ¡ ¡¡¡

conhécimento'
.:;-¡,-,,.::¡--,;
'"-•"
e execugao do referido de-
"'''.. -.
cretó pertencerj que o cumpram e execütem tao- intéiraménte cómo n'elle se contéim

Gaftat de lei de 19 de setembro de 1822, mandando cumprir c executar o següinte decreto

As cortes geraes extraordinarias e constituintes da nag^o portugueza, fixando a intelligen-


eiá do decreto de 9 de julho do presente anno acerca dos réus militares, decrétam o se-
güinte :
1.° Os íróus,:militares,,que-ao temp0¡,da publicagaO.docitado decreto estavam presos por cri-
mes civis em seus respectivos corpos e que ainda se nao acham julgados a final em conselho de
guerra, seráo remettidos com suas culpas aos juizos, onde lhes foram formadas, para n'elles se-
rem-jülgados¡:::!' -•< '¡'li' ''' i ¡ .,;-••-: ¡¡¡l'¡::i¡'-¡>::;:' ' •¡'¡¡¡¡i'':"-' ."';: ..>.-
: 2.° Qüando¡ o'militar
foi* simultáneamente: rétt ¡de ^rimecivile militar, a prisco previne a
- aüctoridáde db juiz, cuja ordem ella
jurisdiegao ¡para o effeito de ficar o réu
debaíxó por da se
verifiebu ; más- as: culpas SérSó jülgadas em cada timi dos juizos competentes, nao se executando
urna sentenga sem que a outra esteja proferida.
- ¡
i3.u'Sé''o réu for condemnádo ao mesmo tempo em:jtíizos diversos, serao executadas ambas
as sentengas, excepto quando a execugSo da pena menor for iñcómpativel por se comprehender
na maior. . :» .-¡¡¡¡¡¡mw -I -.<'.'. ¡ -.¡.-. ,., :
'¡'>-¡ ::=';••;• i
4.° Por meio¡de¡deprecadas e¡ offieios! obterá quálqüér juizo os interrogatorios; que julgar
necessarios;"do-réu preso sbb outra auetoridade. ; ' ' '"'
.-..:
¿5.° Ficám revogadás quaesqüer disposigSés na parte'em que se éncontrarem com as do pre-
sente. decreto.;1:: - - - - i».; J í ':,¡¡. .; •..,-.¡!¡i[.¡; v
Pago das cortes, em 17 de setembro de 1822¿ -¡ !
-.-¡!¡ r¡ '.-;,:'S n, : -: .-. ¡',...i
:: . , ¡
Portante-miando a todas- as¡ auctoridades a que ¡ o conhécimento: e'execugao do referido de-
creto pertencer, que o cumpram e execütem tao intéiraménte como n'elle se contení.- ¡

Na constituidlo política da monarciiia portugueza, decretada pelas cortes constituintes em 23 de setembro de 1822,
é ace'eité ¿jurada1 por El-Rei D. Joáó VI no 1? dé outubroi do mésmp, anno, se éncontra o ségüiñte:

9.° A lei é igual para todos. Nao se devem portante tolerar;privilegios -dp,fóro.ñas causas
civeis ou crimes, nem commissoes especiaes. Está: :disposigSo:,nSoi comprehende, as causas, que
pela.sua natureza,;pertenc,erem a juizos particulares na cbnformidade das leis.! ..-... !•
129

11.° Toda a pena deve ser/proporcionada ao delieto, e nenhuma passará da pessoa do de-
linquente. Fica abolida a tortura, a confiscagao de bens, a infamia, os agoites, o barago e pre-
gaOj a- marca de ferro quente, e todas ás mais penas crueis e infamantes.
175.° Os officiaes do exercito e armada sómente poderao ser privados das suas patentes por
sentenga proferida em juizo competente.

Carta de lei de 30 de outubro de 1822, mandando cumprir é guardar o decreto següinte

As cortes geraes extraordinarias e constituintes da nagao portugueza, attendendo á neeessi-


dade de concentrar a administragao da armada nacional) decrétam o següinte:
1.° Ficam éxtinctos os tríbünaes do conselho do almirantado e da junta da fazenda da ma-
rinha.
2.° D'entre os officiaes que nao forem de patente inferior á de capitao de mar e guerra^ será,
nomeado üm major general dá armada, ao qual competirá nao só.a atictorídade militar que exer-
cia o conselho do almirantado, mas támbem a inspeceáo geral de tüdo quanto diz respeito ao
pessoal e material da marinha, debaixo das ordens immediatas do secretario d'estado d'esta re-
partigao.
3.° Os militares da armada nacional continuarao a ser julgados em conselhos de guerra nos
termos do regulamento, sendo o juizo publico até á sentenga.
4.° Os conselhos de guerra que até agora Subiam ao supremo conselho de justiga, composto
dos cóiiseiheiros do almirantado e de juizes togados, subirlo de ora em diante a um conselho de
marinha formado da maneira següinte:
Nó principio de cada anno o major general convocará todos os officiaes generaes e supério-
res da marinha existentes em Lisboa^ e ná presenga d'elles serao langados seus nomes em quatro
urnas, a saber: na primeh'a, os nomes dos almirantes e vicealmirantes; na segunda, os dos che-
fes de esquadra e de divisao; na terceira, os dos capitaes de mar e guerra e de fragata ; e ná
quárta, os dos capitaes tenentés. De cada urna das urnas serlo extrahidos tres nomes á sorte, e
,
os primeiros sorteados de cada patente serao yogáes do conselho por tempo de, um anno. Se o
réu recusar algunSj serao substituidos pelos segundos, e se támbem alguns d'estes forem recusa-
dos serao juizes os terceiros sorteados. Esta mesma substituigao terá logar no caso de legitimo
impedimento do vogal competente. O official de maior graduagao será o presidente.
Tres desembargadores da relagao, designados por turno em o principio do anno pelo presi-
dente da mesma relagao, se reunirao aos quatro militares, e formarlo o conselho de marinha. O
mais antigo dos desembargadores servirá de relator. Se algum d'elles for recusado pelo réu, será
substituido por aquelle que se lhe seguir no turno eStabelecido pelo presidente, sendo livre ao réu
recusar até ao numero de tres desembargadores.
O official sorteado para ter exercicio n'este conselho nao se entenderá por isso inhibido de
ser empregado em qualquer servigo, e n'este caso lhe succederá o segundo sorteado, ou se pro-
cederá a novo sorteamento, nao restando mais algum. Fica competindo ao sobredito conselho de
marinha a parte contenciosa respectiva apresas e suas dependencias, servindorlhe sobre este ob-
jecto de regimentó o do éxtincto conselho do almirantado.
13.° Fica reVogada qualquer legisiagáo na parte em que for opposta ás disposigoes do pre-
sente decreto.
Pago das cortes, em 23 de outubro de 1822.
Portanto, mando a todas as auctoridades d'este reino unido de Portugal, Brazil e Algarves,
e mais pessoas, a quem o conhécimento do presente decreto pertencer, que o cumpram e guar-
den! tao inteiranienté como n'elle se contém.

1823
Carta de'lei de 21 de marco de 1823

D. Joao, por graga de Deus, e pela constituigao da monarciiia, üei do reino unido de Por-
tugal, Brazil e Algarves, d'aquem e d'alem mar em África, etc. Fago saber a todos os meus sub-
ditos que as cortes decretaram e eu sanecionei a lei següinte:
As cortes, attendendo á neeessidade de suffocar em seu principio a rebelliSo declarada em
Tras-os-Montes, e considerando que em tal occorrencia convem sómente consultar a seguranga
publica¡ e preservar a nagáo dos horrores de urna guerra civil, decrétam provisoriamente o se-
güinte :
17
130

1." As povoagoes que, sem serem coactas por forga militar, se Ievantarem contra o systema-
constitucional, ficam fóra da protecgao da lei, e seráb tratadas militarmente.
2.° Poderá o governo auctorisar os commándantes das tropas constitucionaes para que,
diante sentenga proferida em conselho de guerra, cuja execugao dependa sómente da approva- me-
gao d'elles, castiguen! até á pena de rnorte inclusivamente os individuos de qualquer classe ou
condigno, que pegarem ñas armas contra o systema constitucional.
3.° Poderá támbem o governo auctorisar os referidos commándantes para concederem qual-
quer amnistía, excluindo sempre d'ella os cabegas de rebelliao.
4.° A despeza do exercito de operagoes contra os rebeldes será paga por seus propios bens.
A liquidagao d'esta despeza, e a designagao dos individuos que a devám pagar, será commettidá
a urna cómmissao militar.
5.° Ficam revogadas qüaesquer disposigoes na parte em que se oppozerem ás da presente
lei.
Portante, mando, a todas as auctoridades,a quem o conhécimento e execugao da referida lei
pertencer, que a cumpram e execütem tSo intéiraménte como n'ella se cofltém. O secretario d'es-
tado dos negocios da guerra a faga imprimir, publicar e correr.

Decreto de 8 de abril de 1823

As cortes, tomando em considerágáo o officio do governo expedido pela secretaria d'estado


dos negocios da guerra, em data de 18 de Janeiro próximo passado, sobre a duvida que oecorria
de deverem ou nao os réus militares comprehendidos em culpas eivis ser obrigadús ao pagamento
das custas respectivas e aos portes do correio: resolverán! em data de 14 de margo ultimo que
os réus militares, como qüaesquer outros, devem pagar os portes.do correio e as custas dos pro-
eessos de culpas crvis em que forem comprehendidos, segundo lhes tocar, contadas em conformi-
dade das leis e regulamentos em vigor.
Portante, mando ás auctoridades, a quem competir o conhécimento e execugSo d'este decreto,
que o cumpram e execütem como n'elle se contém.

Decreto de 11 de abril de 1823

Tendo as cortes mandado communicar ao governo, em data de 26 de margo do corrente


anno, que a lei de 21 do dito mez sobre a rebelliao. declarada na provincia de Traz-os-Montes
é extensiva a todas as provincias do reino unido, onde se derem as mesmas circumstancias :
mando, portante, a todas as auctoridades a quem competir o conhécimento e execugao da referida?
declaragao, que assim o fiquem entendendo e fagam executar.

Decreto de 17 de abril de 1823

Tendo as cortes auctorisado o governo, por decreto de 29 do mez de margo próximo pas-
sado, para por em execugSo as resolugoes tomadas na discussüo do orgamento da despeza pu-
blica, de que se tivesse feito communicágáo ao mesmo governo: hei por bem ordenar, segundo
o que na referida forma foi resolvido em 4 de fevereiro ultimo e em 26 de margo següinte, que
as obrigagoes do secretario do supremo canselho de justiga, cujo emprego fica supprimido, pas-
sem a ser desempenhadas pelo secretario do conselho de guerra, sem que por isso tenha maior
vencimento do que actualmente percebe, e que a despeza do expediente do conselho de guerra
seja satisfeita pelos respectivos emolumentos.
O conselho de guerra o tenha assim entendido e faga executar com os despachos necessarios.

Decreto de 23 de abril de 1823

Tendo as cortes auctorisado o governo, por decreto ee 29 de margo próximo passado, para
por em execugao as resolugoes tomadas na discussao do orgamento da despeza publica, de que
se tivesse feito communicágáo ao mesmo governo : hei por bem ordenar, segundo o que na forma
ácima foi resolvido em 8 de fevereiro d'este anno, que fique supprimido o premio de 4$800 réis
131

que por portaría de 26 de setembro de 1810 foi concedido a todo-aquelle que prendesse um de-
sertor e apresentasse..
o
As auctoridades a quem o conhécimento d'este pertencer, assim o tenham entendido e cum-
pram pela parte que lhes toca.

Decreto de 13 de junlio de 1823

Constándo-me acharem-se demorados muitos proeessos de réus militares, comprehendidos


em culpas civis, por nao poderem pagar as custas respectivas e os portes de correio, e bem as-
sim que alguns dos referidos réus, n§o obstante acharém-se absolvidos das culpas por que eram
argüidos, existem retidos ñas cadeias por igual motivo, em observancia do decreto do 9 de abril
ultimo a similhante respeito: sou servido revogar o sobredito decreto, para que fique sem
effeito.
As auctoridades a quem competir o conhécimento e execugao do presente decreto, o cum-
pram e execütem como n'elle se contém.

Carta de lei de 14 de setembro de 1823

D. Joao, por grága de Deüs, Rei do reino unido de Portugal, etc. Fago saber aos que esta
minha carta de lei virem, que constando-me as' difficuldades que se encontrara para serem jul-
gados os militares do meu exercito e armada, quando réus de crimes civis é militares, pela com-
plicagáo dos juizos em que simultáneamente sao obrigádos a responder por deprecadas e officios,
o que occasiona consideravel demora na decisáo das suas sentengas, contra o que as leis expres-
samente recommendam nos proeessos criniinaes. E sendo o principal objecto das minhas pater-
naes solicitudes beneficiar quanto ser possa todos os meus subditos, com especialidade aquelles
que arrostam os mais imminentes perigos na defeza da religiáo, do throno e da patria: hei por
bem derogar as cartas de lei de 11 de julho de 1822, na parte que diz respeito ao fóro militar,
e a de 19 de setembro do mesmo anno, que fixa as intelligencias d'aquella acerca dos julgados
réus militares, ficando subsistindo todas as leis que na epocha da éxtincgao do dito fóro estavam
ern vigor a este respeito.
Portante, mando a todas as auctoridades, a quem o cumprimento e execugao d'esta carta de
lei pertencer, que a cumpram e guardem e fagam cumprir e guardar tao intéiraménte como
n'ella se contém.

Decreto de 3 de outubro de 1823

Sendo-me presentes os gravissimos inconvenientes que se seguem ao meu real servigo, dis-
ciplina e boa ordem, que tanto convem manter no corpo da minha real armada, da forma que
estabelece para os conselhos de justiga do mesmo corpo o artigo 4.° da carta de lei de 30 de ou-
tubro do armo passado, que encerrando principios desorganisadores e de mui funestas consequen-
cias, foi urna tentativa com que se procurou por em pratica vas theorias, que a experiencia de
outros paizes já tinha reprovado como inexequiveis; e porque um similhante objecto, pedindo
immediata providencia, nao deve ser differido para o plano que tenho mandado tragar para o
restabelecimento da importante repartigáo da marinha real: hei por bem incumbir aquelles con-
selhos de justiga ou de superior instancia a um conselho de marinha, que para esse fim somonte
e para a decisáo da parte contenciosa, que for relativa a presas, sou servido interinamente crear.
Constará este conselho de cinco conselheiros, todos officiaes generaes da minha armada; ahí ha-
vera um juiz relator e dois para adjuntos, os quaes serao todos ministros togados da casa da sup-
plicagSo por mim nomeados, regulando-se o conselho, no que n'esta parte se lhe incumbe, pelo
que foi disposto no artigo 7.°, titulo ni do regimentó do conselho do almirantado de 26 de ou-
tubro de 1796; bem como, no que respeita apresas, pelo que ordenara os dois alvarás em datas
de 7 de dezembro do mesmo anno, 9 de maio de 1797 e 4 de maio de 1805, só no que diz res-
peito ao contecioso e suas mais dependencias até final sentenga das mesmas presas. Nenhum
d'aquelles officiaes generaes haverá por similhante exercicio veheimento ou gratifieagao alguma;
mas, emquanto assim estiverem empregados, gosarao das preeminencias e eonsideragSo que ti-
nham os antigos conselheiros do almirantado.
O conde de Süb-Serra, do conselho d'estado, ministro assistente ao despacho, encarregado
do expediente da secretaria d'estado dos.negocios da guerra e interinamente dos da marinha, as-
sim o tenha entendido e faga executar.
132

Alvará de 7 de outubro dé'1823

Eu El-Rei -fago sabervaos que esté alvará virem que, attendendo a que a passada facgáo
de que a Divina Proyidencia nos livrou, tendo introduzido com seus principios anarchicos a pér-
turbagáo e a desordem entre os fiéis habitantes das ilhas dos Agores, pois ñas differentes alter-
nativas que áhi suscitou, ora constituiu os réus em auctores, ora estes em réus; e porque um
similhante estado, introduzindo a inimisade ñas familias é um cruel effeito das revolugoes, que
tudo esterilisam e devoram, porque o susto e inquietagáo em que poe a todos, interrompe o trato
civil é contraria aquella marcha regular, em que devé proseguir a sociedade^ com que entregue
cada um ao livre e so cegado emprego de suas occupagoes tanto coopera para o bem comaram,
afiangándo-se : d'ahi a melhór guarda ao publico socego 6 maior somma de bens ao geral da na-
gao ; e attendendo támbem a quanto se fazem dignos da minha paternal consideragáo os morado-
res das' ilhas dos Agores, pela constante fidelidade com que desde o principio da sua povoagao
n'aqüellas ilhas nobremente se téem distinguido nó servigo dos sénhores reis meus augustos pre-
decéssores; por todas estas rasoes, e segundo o que expressei na minha regia proclaniagao dé 4
de jünlib do-corrente anno: hei por bem que se ponham em perpetuo silencio todas as causas
criminaes procéssadas em-coñsequencia dé opinioes políticas, ainda que manifestadas por factos,
e que por-élles mais se nao proceda, sendo anteriores aquella feliz epocha da restauragao da leal-
dade. portugueza;
E porque, os moradores d'aquellas ilhas Se fazem dignos pela sua fidelidade de que lhes faga
mercó: hei por bem que o indulto que lhes foi concedido pelo meu augusto avó o senhor Reí
D. José, que santa gloria haja, em alvará de 2 de agosto de 1766, tenha agora pleno vigor, sal-
vas as excepgoes n'elle declaradas.
Pelo que mando á mesa do desembargo do pago, etc.

18S4
Ñas inslruccóes para a organisacáo da guarda real da policía da cidáde do Porto,
annexas ao dccrelo'de 17 de fevereiro de 1824, encontra-sc o següinte:

8.° Todo o individuo d'este corpo que para o futuro se esquecer de corresponder ao con-
ceito que mereceu, quando n'elle se alistou, será mandado regressar para o corpo de que tiver
vindo, havendp-se primeiramente provado em um conselho de investigagao a verdade do motivo
que determinou a Üaver-se com elle tal procedimento.
9.° Assim mesmo seráo mandados regressar aos corpos de que tiverem vindo, depois de
acabarem de cumprir suas sentengas, aquelles individuos que no tempo de seu servigo na guarda
real da policía houverem sido condemnados a trabalhos públicos e de fortificagao, ou a penas
maiores que nao os inhabilitarem de voltar novamente ao servigo.
14.° A guarda real da policía do Porto terá em tudo a mesma consideragáo, de que gosa a
guarda real da policía de Lisboa, e regular-se-ha, bem como esta, pelo decreto de 10 de dezem-
bro de 1801 e regulagao a elle annexa, em tudo quanto lhe for applicavel, e que por ordens
posteriores de Sua Magestade, ou pelas presentes instruegoes, nao se achar alterado.

Aviso de 24 de abril de 1824

Senhor.—Em resposta ao officio n.° 145, que de ordem de Vossa Alteza me dirigiu o chefe
do estado maior general, pedindo decisáo de Sua Magestade sobre os dois seguintes objéctos:
1." Se deve ou nSo.contar por tempo de servigo aquelle em que os presos estiveram cumprindo
sentenga; 2.° Sobre a medida geral que Vossa Alteza exige assim a respeito do primeiro obje-
cto como do perdimento do tempo do servigo anterior:
Manda o mesmo augusto senhor declarar a Vossa Alteza, para assim o fazer publicar ao
exercito pela forma que julgar mais conveniente: 1.° Que nao só se nao deve contar a qualquer
em tempo de servigo o em que estiver preso em cumprimento de sentenga, mas támbem o em
que o estiver em rasao de delieto, de que fóra argüido ou accusado, nao sendo do mesmo ao
depois absolvido: 2.° Que nunca se deverá comprehender a pena de perdimento dé tempo ante-
133 '•'.-
rior na commutagáo que por qualquer'forma se bbtiver das penas impostas pela ordenanga de,
9 de abril de 1805 no crime de desefgao, sem que aquella expressamente se declare.
O que de ordem de Sua Magestade tehho a honra de levar ao conhécimentode Vossa Alteza.,'

Decreto de 5 de junbo de 1824


.

Sendo o maior de todos os bens de que podem gosar os meus fiéis vassalíos^ o socego e á
tranquillidade interna, que desejo promover por todos os meios; e considerando eu quáo funestas-
sejam e oppostas á sua conservagáo as dissengoes e intrigas, a que entre elles tóem dado logara
perversidade das opinioes políticas que fizeraní a desgraga d'estes reinos, emquañtb uns se ,co-
briam da gloria de nao terem manchado a sua honra e a sua felicidade, como bons e leaés por-
tuguezes; os outros, de ignominia pela sua decidida adhesáo ao fatal systema revolucionario,
resultando d'aqui a contradicgao que os inquieta e provoca á desordem; é querendo eu reconci-
liar e reunir os ánimos de todos os portuguezes peló total eSquecimento de opinoes passadás^:
como prometti na minha proclamagáo de 3 de junho do anno passado¿ persuadihdo^me de que o
maior numero dos adhereütes áo referido systema desorganisador foram victimas de ;seducgape
de vSs esperangas, arrastados pelo turbilhao das facgoes, e que em taes e tao violentas; crises
nem tudo se deve attribuir á perversidade dos coragoeSj mas urna grande parte ao tempo e ás
circumstancias; querendo finalmente, dar á virtude de uns o seu devido lauvpr, fázéndo-lhes certo
o grande prego em que tenho o seu comportamento honrado e fiel, e estender aos outros a mi-
nha paternal clemencia, sem offender a justiga que nao permute urna total impunidáde dé atrozes
crimes, e que estes se confundám com as opinioes, sou servido decretar o seguíate:
1.° Hei por bem e me praz conceder um perdao geral a todos aquelles que tiverem Sido
argüidos, aecusados e ainda processados ou o poderem ser, como sectarios de perversas opinioes
políticas até ao dia 5 de junho do anno passado; e mando a todos os tribuüáes, justigas, a quem
o seu conhécimento pertencer, n§o procedam contra elles pelo sobredito motivo, e os hajam por
ábsolvidos.
2.° Ficam excluidos d'esta graga e indulto todos aquelles que depois do dito dia em.diánte
tiverem dado provas decisivas de conservarem a mesma adhesáo e aferró a taes opinioes, sus-
tentando-as e propagando-as, ou por escripto ou por palavrá, contra oS quaes se deverá proceder
na forma das leis, como perturbadores do socego publico e conspiradores contra o estado.
3.° SSo igualmente excluidos d'este indulto e graga os auctores, e collabqradores do infame
plano da insurreigáo,. que rebentou na cidade do Porto no infausto dia 24 de agosto de 1820j
forjado na mesma cidade, e aquelles que no dito dia deram o primeiro impulso á suá execugao,
conduzindo e excitando a tropa á rebelliao, e acarretando uns e outros sobre toda a nagao o
enorme peso de incalculaveis e quasi irremediaveis males. Querendo, porém, usar támbem para
com elles da minha clemencia, sou servido perdoar-lhes, as gravissimas penas que segundo as
leis deveriam soffrer por crimes tao horrorosos. E por serem indignos do nome portuguez e de
viverem entre portuguezes, mando que sejam expulsos d'estes reinos e seus dominios, e obriga-
dos a saír d'elles dentro do tempo que lhes mandarei aprasar, debaixo das referidas penas, em
que incorrerao, no caso de regressarem a elles.
4.° Támbem se exceptúan! os commándantes dos' corpos e outros officiaes militares, a quem
se provar terem sido os motores ou alliciadores da revolugáo do Brazil, obrigando-me a acceitar
e jurar a constituigáo, tal qual a fizesseni as denominadas cortes de Portugal.
5.° Sao outrosim exceptuados do mesmo indulto aquelles que na provincia de Ti'az-os-Mon-
tes, depois que o conde de Amarante, hoje marquez de Chaves, proclamou os sagrados direitos
da minha soberanía, perseguiram bárbaramente os affectos á realeza e á minha real pessoa, in-
cendiando casas e povoagoes, e bem assim aquelles que, arrebatados do fanatismo político e furor
constitucional, pela mesma occasiáo e pelo mesmo motivo, entulharam as cadeias do Porto de bons
e fiéis portuguezes. TJns e outros deverao permanecer nos logares para onde os mandei retirar,
privados dos empregos do meu real servigo.
6.° Nao se estende támbem esta graga aquelles deputados das chamadas cortes, que ñas
mesmas, excedendo os limites do que se podia dizer opiniáo, se constituirán! réus de improperios
contra a minha real pessoa e da Rainlia minha muito amada e prezada mulher, e a outros que
em seus discursos ou ñas suas propostas deram evidentes provas da mais escandalosa e subver-
siva immoralidade; devendo, porém, considerar-se sómente comprehendidos n'este artigo aquelles
que por táo justos motivos mandei retirar, como os do precedente artigo, para differentes distri-
ctos, e aquelles que, estimulados pelos remorsos da sua propria consciencia, saíram espontanea-
mente para fóra do reino, aonde deverao canservar-se sem emprego no meu real servigo.
7.° Aquelles a quem toca gosar do presente indulto e se acharem suspensos ou privados de
algum emprego civil ou militar, nao poderüo ser reintegrados nos mesmos sem nova graga minha;
134

os, ecclesiasticos nao poderao entrar no exercicio do ministerio parochial sem que¡ os seus respe-
ctivos prelados diocesanos os julguem admissiveis a tao importante emprego, segundo q grau de
escándalo que tiverem dado aos povos e falta de confianga que n'elles possam ter. O arcebispo
da sé metropolitana de Evora, do meu conselho d'estado, ministro e secretario d'estado dos ne-
gocios ecclesiasticos e de justiga, o tenha assim entendido e o faga executar, expedindo para o
dito effeito todas as ordens que neeessarias forem.

Decreto de 5 de juñlio de 1824

Tomando na minha real consideragáo os extraordinarios acontecimentos, que depois do annó


de 1807 jjozeráó alguns dos íneus vassallós na imperiosa neeessidade de seguirem destinos ou
opinioes contrarias áos seüs naturáes sentimentos, devendo entender-Se que só a coácgap inflüiú
para praticarem factos ou seguirem opinioes que os expozeram aos procedimentos da auctoridade
ou desapprovagSo publica; e querendo éstender aquelles de meüs vassallós cóniproniéttidos em
taes- cir-cümstancias, os éffeitos da minha real moderagáó e paternal soíieitude: hei por bem, in-
staurando as disposigoes do meu real decreto de 23 de fevereiro de 1821, dado na corte dó Rio
de Janeiro, confirmar a amnistía, entao por mim concedida, nos termos següintes:
Podem voltar .á éste reino e gosarern dos direitos: que lhes cOmpetem como vassallós d'elle,
Sem distiñegao de classe Oü de sexo., todos aquelles que por seu comportamento desde o ánno de
1807 até ao fim de julho de 1821, nao sendo processados e sentenciados, se eonservarám ausen-*
tés pelo receio de b serem, e bem assim os condemnados a degredo, como se o tivessem con-
cluido.
É: expressamente confirmada a amnistía concedida aos condemnados
,.'.-.-- em qualquer pena e por
taes causas, e cujas sentengas nao foram executadas, concédendo-lhes, nao obstante o lapso de
témpo, o direito de embargaren!j pelos ineios judiciaes, as sentengas que os condemnaraiu, e
havendp por confirmadas as sentengas d'aquelles que já se justificaran!, em virtude da graga es-
pecial, que píelo presente decreto sou servido conceder.
Sou, putrosim, servido estender a mesma graga ás viuvas, ascendentes, descendentes ou
transyersaés dentro do quarto grau, d'aquelles que pelos mesmos motivos soffreram a pena ul-
tima,, a fim de poderem, sem embargo do lapso de tempo, requerer revista das mesmas sentengas
para recuperarem a fama e memoria de seüs maridos ou parentes dentro do referido grau, assim
como assegurar os direitos de terceiro, adquiridos por titulo oneroso, sobre os bens de alguns
dos. comprehendidos n'este decreto^ qualquer que seja a natureza dos mesmos bens.
As auctoridades a quem a execugao do presente decreto competir, o tenham assim entendido
e o fagám executar. -

Decreto de 5 de junho de 1824

Tendo eu prohibido as associagoes secretas n'estes nieus reinos, com as mais severas penas,
pelo meu alvará de 30 de margo de 1818, como perniciosas officinas das mais execrandas ma-
chinagoes, que deram motivo a muitos e muí illustrados governos da Europa a que as suppri-
missem, para porem a salvo a seguranga dos seus estados; e sobrevindo depois a fatal revolugáo
de 24 de agosto de 1820, em que os seus auctores, pela mais infame rebelliao, usurparam o meii
podex* real, e sem se atreverem a cassar expressamente o dito alvará, o cassaram de facto,
pro-
tegendo e prpmovendo a instauragSo dos sobreditas associagoes secretas, arrastando innumera-
veis. individuos, de todas as classes a alistarem-se ñas mesmas associagoes, muitos dos quaes, ou
por fraqueza ou por comprazerem com esse governo revolucionario, entao dominante, e de que
se julgavaüi dependentes, suecumbiram ás suggestoes dos seus chefes; o que tudo, depois de me
ver restituidos aos plenos direitos de soberanía, que herdei de nieus augustos avós, e de que me
acho revestido por mercé divina, me obrigou a supprimir e prohibir de novo as referidas socie-
dades tenebrosas, pela minha carta de lei de 20 de junho de 1823; ordenando n'ella, que todas
as auctoridades ecclesiastieas, civis e militares, e todos os seus subordinados, fariam tima decla-
ragao especial por escripto, pela qual se obrigassem a n§o pertencer desde a data d'aquella pro-
messa em diante a- alguma das referidas sociedades, debaixo das penas na mesma lei comminadas,
no caso de infraegáo. E attendendo ao calamitoso tempo e circumstancias em que tanto se mul-
tiplicaran! as sobreditas associagoes, debaixo da proteegao do governo revolucionario,dominante,
e que será mais conveniente ao socego publico e ¡^articular das familias, o esquecimento do que
entáo se permittiu e protegeu, do que proceder contra tantos individuos implicados ñas mencio-
nadas associagoes; querendo outrosim dar á minha real clemencia toda a extensáo compativel
com a justiga: hei por bem declarar que ficam perdoados todos aquelles que possam ser aecusa-
135

dos de Ihe terem pertencido até á data e publieagao da sobredita lei de 20 de junho do anno
passado, devendo todos os ministros enearregados de vigiareni sobre a seguranga publica inquirir
com a maior efficacia, debaixo da mais severa responsabilidade, se existem ou tem existido taes
associagoes, depois da publieagao da dita lei, para serem irremissivelmente punidos com todo o
rigor das penas, que na mesma se declarara. E para que a esta graga se nSo dé intelligencia
mais ampia do que deve ter, sou servido declarar que ella nao é extensiva áquelles crimes átro-
zes, que se mostrar terem sido perpetrados antes da referida lei, Ou seja por membros de asso-
ciagoes secretas ou por outros quaesquer individuos. O arcebispo da sé metropolitana de Evofa,
ministro e secretario d'estado dos negocios da justiga, o tenha assim entendido e faga execütarj
expedindo para o dito effeito todas as ordens que necessarias fofem. '

Altará de 6 de jünho de 1824

Eu El-Rei fago.saber aos. que este alvará vif em¡ que propondo-me fazer algumas aíteragoes¿
que a experiencia tem mostrado necessarias em varios objéctos pertenceñtes ao meu real exercitq
e suas diversas repártigoes, e convindo dar desde ja a esse respeito algumas providencias: héi
por bem determinar provisoriamente o seguinte:
1.° etc. ' s
2.° Fiea abolida a auditoria geral do exercito com todas as suas dependencias e empregos,
conservando os eínpregados respectivos a mesma consideragao e vencimento que ao presente go-
sam, e continuando a marcha dos negocios e expediente d'esta repartigao pelo raésmo modo qué
até agora se tem prat.icádo.
E este se cumprirá tao inteirámente como n'elle se contém, etc.

Decreto de 24 de junho de 1824 -.

Achando-se ultimado o processo instituido por oecasiao dos inauditos e enoi'mes attentados,
perpetrados em o infausto dia 30 de abril e seguintes do anno próximo passado; e tendo de pro-
nunciar-se a decisao correspondente a tao extraordinarios acontecimentos, soffre 0 meu regio e
paternal coragao o mais doloroso combate entre os sentimentos, que inspira o borror de tao ne-
gros crimes, e a compaixao que excita a severidade da justiga proporcionada aos excessos da
maldade, que abortón aquelle calamitoso dia. NSo podendo, poróm, sepárai' em mim, dos deveres
de rei, o affecto e sensibilidade de pae de todos meus vassallos, e contemplando na máis pro-
funda meditagao as tristes e gravissimas circumstanciás, que intervieram n'aquelles extraordina-
rios successos; e attendendo igualmente ás regras da justiga distribuitiva nos seus proeedimentos
sem distinegao de pessoas, e a outros muitos importantes e ponderosos motivos, que concorrem
e induzenx o meu real animo a abragar n'este conflicto os conselhos da minha supi'emá e innata
clemencia, querendo deixar á posteridade um monumento indelevel dos sentimentos paternaes
que presidem a minhas augustas deliberacoes, prévalecendo em minha alma o amor de pae á
inflexibilidade de rei, sem comtudo perder de vista o que devo á seguranga e tranquülídade dos
meus povos, sou servido decretar o seguinte:
Concedo geral indulto e perdao a todos os que tiverem sido argüidos e se achareni pronun-
ciados em quaesquer proeessos, que se tenham formado por causa dos sobreditos detestaveis de-
lictos, e os hei por livres e salvos das penas em que incorreram, e em que deveriam ser con-
demnados na conformidade das leis, soltando-se os que estiverem presos, e levantado-se a todos
os sequestros que pelos.mesmos delictos se lhes haja feito.
Da generalidade d'este indulto e perdao exceptuó sómente os individuos que mais se com-
pliearam e manifestaram, constituindo-se como chefes e fautores da federagao para tao abomina-
veis crimes, os quaes deverao saír em direitura para fóra dos meus reinos, e nao poderao voltar
a elles sem expressa licenga minha, expedindo-se-lhes para esse effeito os passaportes necessa-
rios. Com esta limitagao, de que nao pode prescindir a minha indefectivel justiga, gosarao estes
mesmos réus das outras gragas concedidas aos mais. Os exceptuados vao inscriptos na relagSo
junta, assignada por Fernando Luiz Pereira de Sousa, do meu conselho d'estado, e meu ministro
e secretario d'estado dos negocios ecclesiasticos e de justiga, a qual faz parte do presente de-
creto.
Hei por bem ampliar o mesmo indulto e perdao aos culpados no tenebroso crime comrnet-
tido na noite de 28 para 29 de fevereiro em Salvaterra, e aos que foram envolvidos nos factos
praticados n'esta corte na noite de 25 para 26 de outnbro do anno próximo passado, pondo-se
todos igualmente em liberdade.
136

E para dar toda a amplitude conipativel com a publica seguranga a esta preeminente graga
da minha alta benevolencia, sou outi-osim servido coinprehender no referido indulto e perdao os
réus implicados nos revoltosos crimes praticados em a cidade de Coimbra em o anno pretérito e
no presente. Com declaragao, porém, que todos os que ficam agraciados, deverao recolher-sé ás
térras da sua naturalidade ou antexw residencia, nao sendo nunca menos de dez leguas em. dis-
tancia d'esta capital; e que, tendo emprego civil ou posto militar, nSo poderao reassumir o éxer-
cicio dos mesmos, sem que preceda nova graga minha.
Finalmente, querendo remover da vista dos meus vassallos os perniciosos momunentos do
críme e da infamia, que tanto os deshonram, e "que rasoes mais poderosas me movem a cobrir
com impenetrayel véu, mando que todos os processos formados pelos referidos crimes eos que
com elles tiverem connexao, séjam immediatamente recolhidos á secretaria d'estado dos negocios
«eclesiásticos e de justiga, e n'ella trancados e sellados de modo que mais nao possam appárecer,
iiém d'elles extrahirem-se ceftidoes.
Fica, portanto., dissolvida a commissao criminal, creada por decreto de 14 de agosto do anno
próximo passado 1. E porque á fidelidade dos portuguezes foi sempíe o seu carácter distinctivo,
que só por illusoes podia vaeülar momentáneamente, seduzidos alguns pelos delirios de poucos
perversos, que chégaram a fascinal-os, e ainda entao mesmo debaixo do falso pretexto de manter
aquella mesma fidelidade, nlo hesito urn instante de que o grande exemplo, que n'este dia lhes
dou, para restituir a paz e a tranquillidade publica, será por todos cordlalmente imitado, para
tambem entre si se esquecérem reciprocamente do passado e viverem d'aqui em diante em per-
feita üniao e concordia; prevenindo-os para esse fim de que os maiores initnigos do altar e do
throno sao os que, abusando de tao sagrados títulos, cobrindo-se com elles, procuram illudir os
incautos e introduzir partidos, odios, vingangas e a perturbagao geral, que a mesma religiao e
os soberanos tanto detestam e i-eprovám, cómo contraríos a todos principios de moral e a todas
as leis divinas e humanas. O sobredito conselheiro d'estado, ministro e secretario d'estado dos
negocios ecclesiasticos e de justiga, o tenha assim entendido e faga executar.

Relagao dos réus que devem saír em direitura para fóra do reino, em conformidade
do deoreto de indulto e perdao da data d'esta
O marquez de Abrantes, D. José, preso.
Ignacio Antonio de Paiva Eaposo, teiiente de cagadores 6, ausente.
Antonio de Parva Eaposo, advogádó, ausente.
Carlos Antonio Gramboa, tenente coronel de milicias de Trancoso, ausente.
Manuel Pinto Cotta Coelho de Araujo, intitulado physico mor do exercito, preso.
SebastiSo Duarte da Ponte de Andrade Negrao, capitao mor de Albufeira, preso.
José Verissimo, sargento da policía, preso.
Leonardo Joaquim Cordeiro, sota-cocheiro da casa real, preso.

Na ordera n¿° 130 de 18 de selembro de 1824 encontrase o seguinte:

2.° Sua Magestade houve por bem, por seu real decreto de 17 do corrente mez, nomear o
bacharel José María da Silva Pinto, juiz do criine do bairro de Santa Catharina, para ajudante
do jüiz relator do conselho de justiga, para o ajudar sem excepgao alguma em tudo quanto fóra
do mesmo conselho for relativo ao expediente do mesmo cargo.

, .
' .1825
Aftará de i de fevereiro de 1828

Eu El-Kei. fago saber aos que este alvará com forga de lei .virenij que tendo sido a.mari-
jiha omeio, sem cuja intervengan se nao dilataría tao grandemente o territorio portuguez pela
África, Asia e America, sendo tambem o orgSo da communicagao e uniao entre as vastas e dis^
tantes jiossessííes da minha monarchia, ás quaes cum^n-e auxiliar é defender, protegendo'e atnpa-

1 Este decreto nao se encontra publicado na collcccao da legislacao.


137

rando o commercio dos meus fiéis vassallos em todos OB mares, motivos estes mui ponderosos á
minha real contemplagSo; e querendo occorrer com as necessarias providencias a quanto lhe é
relativo, a fim de que se proceda com a maior actividade possivel na organisagao e estabeleci-
mento do seu régimen, segundo mais convier ao meu real servigo e á utilidade dos meus reinos:
hei por bem elevar o conselho de marinha, creado pelo meu real decreto de 3 de outúbro de
1823, á categoría de tribunal regio, deelarando-o igual em honras e privilegios ao conselho de
guerra; pois ñas funcgoes que lhe cumpre exercer, no que respéita á minha real armada, nao
eede na ordem ás que o outro desempenha no que é relativo ao exercito: pelo que sou servido
que o real conselho de marinha se entenderá tambem presidido por mim, e o vogal que tiver
maior patente será o que presida ñas sessoes e actos do conselho, continuando.nomais sem alte-
ragao o regulamento das precedencias de todos os outros vogaes,
Como empregados, servirao junto a este conselho, sem comtudo deixarem de servir na re-
partigao do. major general da armada, os existentes officiaes de secretaria, porteiro, continuo e
correio do extincto conselho do almirantado, o cartorio do qual e todos os mais papéis que lhe
pértenciam devem estar á disposígao d'este novo conselho, que será obedecido na respectiva
repartigao naval, bem como attendido por todas as outras, emquanto ás portarías^ provisoes e
officios que expedir no que pertencer ás suas attribuigSes.
A este respeito, e emquanto nao resolver o importante objecto das ordenangas da minha
real marinha: hei por bem determinar que lhe compita, nao só o que está ordenado pelo men-
cionado decreto de 3 de outubro, no qué é relativo a instancia ultima de todos os factos de ma-
rinha, e no que pertence a presas e encontros com corsarios e mais objectos idénticos, cuja
decisao dependa de conhecimentos nayaes, como sao mencionadosno alvará de 6 de novembro de
1810j mas tambem terá a seu cargo o expediente de todas as patentes da repartigao naval; e
sendo ouvido em todos os negocios concernentes ao regulamento ouá legislagao da marinha real,
me reservo consultal-o em outros quaesquer d'esta repartigao.
Pelo que mando ao ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, do
meu conselho d'estado, etc.

Decreto de 3 de fevereiro de 182o

Tendo elevado o conselho de marinha á categoría de tribunal regio, e sendo urna das suas
attribuigSes o trabalho da ordenanga naval e do código penal marítimo: mando que muito cuida-
dosamente se empregue na exeeugao do § 2.° do titulo in do alvará de regimentó de 26 de ou-
tubro de 1796, e dos decretos de 23 de fevereiro de 1804 e de 27 de agosto de 1817, relativos
á composigao de urna adequada ordenanga e do código penal marítimo: para este fim o conse-
llieiro d'estado, ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, remetiera ao
conselho os trabalhos feitos, segundo o plano por mim approvadb, incluindo tambem o mesmo
plano, conforme o qual continuarao os ditos trabalhos, sem a menor interrupgao até sua final
conclusao, para que de urna vez e pelo modo mais efficaz se estabelega a melhor ordem na re-
partigao naval, e do estabelecimento d'esta causa resultem precisamente os seus relévantissimos
effeitos; e a fim de que isto melhor se consiga^ ordeno ao conselho divida pelos vogaes a redac•
gao de cada urna das partes da ordenanga como julgar conducente á sua devída e mais prompta
exeeugao, na intelligencia de convir ao meu real servigo que esta redacgao nao obste a que pro-
sigam nos seus empregos os actuaes major general da armada e inspector do arsenal real da
marinha, assim como que poderá convocar quaesquer pessoas, cuja cooperagao possá concorrer
a bem da dita exeeugao. Entendendo-se outrosim que, se preciso for, hei por bem dispensados
os actuaes redactores de outras quaesquer obrigagoes, que nao sejam as d'este conselho, sem
que d'esta dispensa lhes resulte algum prejuizo; e o mesmo conselho, procedendo á discussaode
todos os trabalhos, assim anteriores como actuaes, ao menos urna vez por semana, me dará parte
mensal do seu adiantamento pela secretaria d'estado respectiva, ficando os redactores certos em
que lhes haverei este importantissimo servigo por muito distineto e muito merecedor da minha
real munificencia. O referido conselheiro d'estado, ministro e secretario d'estado dos negocios da
marinha e ultramar, o tenha assim entendido e faga executar.

Decreto de 23 de junlio de 182»

Tendo mostrado a experiencia que os ministros criniinaes das cidades de Lisboa,, Porto e
Elvas nao podem acudir com a actividade precisa aos muitos conselhos de guerra, que ordina-
riamente se fazem n'aquelles tres pontos, por terem os mesmos ministros, alem dos deyeres que
por seus cargos lhes toca desempenhar^ outras diligencias do meu real servigo; e cumprindo
18
138

dar sobre isto providencia, para qué a justiga nao deixe por siníilliante motivo de ser adminis-
trada prornptamenté como convenr: sou servido dispensar os ditos ministros de servirem dé au-
ditores iros coñselhos dé guerra qué sé fizerem nos referidos tres pontos, como até aquí turnam
dé obrigagao; é Ordenar que, para servirem de auditores nos coñselhos de guerra, que for pre-
ciso fázer aros indicados pontos a pragas avülsas ou pertencentes a corpos arregimentados, lrajá
em Lisboa dois auditores letrados,. e bem assim um na cidade do Porto e outro ña p'raca de
Elvas, osquaés sérlto escolhidos de entre os hachareis habéis, que ao menos estejaur a caber a
um logar de segunda instancia.' Sou oütrosinr servido ordenar que os hachareis, que eu houver
por bem ñoméar para os sobr-editos empregos, gosem, emquanto os servirem, das mesuras hon-
ras e privilegios que pelo alvarádé 18 dé fevereiro de 1764 erám concedidos aos auditores ex-
tinctos, excepto na parte em qué lhes inandavá conferir patente de capitaes aggregados ao corpos
em que sérvissern; que vengaiñ 40$000 réis de soldó por mez, pago pela thesourariá geral das
tropas, e finalñiénté, lhes seja intéiraniente applicavel o disposto ño meu real decretó de 26 de
novembro dé 1813VÓ conde de Bafbacenaj Franciscóy conselheiro d'estado, ministro e secretario
d'estado dos nég0crós; da guerra, o tenha assim entendido: e faca-executar com os despachos e
cominünicagoés''que sé torñaíém neeessarios; - —'

Decreto de 21 de juiho de 182a

Sendo müíto conforme aos principios de equidade que, assim Como aos officiaes dos meus
exercitós se eoñféréj pelo aivará de 23 de abril dé:1790, rneio soldó de suas patentes quando
.

estao ern procéssO, Sejánr tambénr os' ;emprégados civis militares de alguriia forma contemplados
para em tal situacao se manterem:hei por bérirdeterminar que a todo o émpregado civil militar,
cujo vencimeñtó tenha a naturéza de Soldó, é'd'o'ra ém diante fór preso por accusacao ou culpa
de alcance, extorsSo ou delapidacáo de fundos ott ártigos pertencentes á real fazéñdá, e deva
por isso ser proeessádo, se assista com um terco do mesmo soldó, ficando retidas as outras duas
partes, para se lhe restituirem quando^ por sentenca, e nao por induito oü perdao, segundo 0
genuino sentido do § 2.a do referido aivará, se mostré livre de, crime. O conselbo de guerra o
tenlia assim entendido e faca executar com os despachos do estylo.

Resolilcao de 23 de deiseniliro de I82o

Téndo o conselho de guerra consultado a Sua Magestade o Imperador e Hei nosso senhor
enr data ele 12 de novembro de 1825, a respeito dos tambores e pífanos dos corpos de milicias
deverem ou nao gosar do foro militar nos crimes civis, aínda nao se achando reunidos os referi-
dos corpos,; visto serem pragas que constantemente vencem pela imperial e real fazenda pao,
pret e fardamento: foi o mesmo augusto senhor servido por sua imperial e real resolugao de 23
de dezembro do mesmo anno tomada sobre a mencionada consulta, com a. qual se conformou.
determinar que os tambores e pífanos dos corpos, visto serem pragas que constantemente ven-
cenr pela imperial e real fazenda pao, pret e fardamento. gosem do privilegio do foro militar,
nos ditos crirnes civis, aínda nao se achando reunidos os corpos a que pertencerem.

1826
Decreto dado no Rio de Janeiro a 27 de abril de 1826

Querendo marcar na historia portugueza o meu reinado, mostrando quaes silo meus princi-
pios de humanidade, e pondo em pratica um dos maiores attributos magestaticos: hei por bem
conceder amnistía a todos os portugueses, que. se acharenr presos, processados, desterrados ou
perseguidos por opinioes políticas até á data d'este meu real decreto; perdoando outrosim todos
os crimes de deserglo simples e aggravadas, bem como a todos os réus sentenciados por tres
annos a gales, degredo ou prisao dentro do reino ou fóra d'elle; assim como áquelles, que esti-
vérem n'estas circumstancias, e que para cumprirem suas sentengas lhes faltarem tres annos,
quaesquer qué fossem seus crimes. A regencia do reino o tenha assim entendido e faca executar,
expédiñdo as convenientes ordens ás differentes auctoridades.
139

¡Va carta constitucional da monarchia portuguesa,,decretadano Rio de Janeiro a 20 de abril de 1826,


encontrarse o seguinte:

Artigo 115.° A forca militar é essenciálmente obediente; jamáis se podel'á reunir, sem que
lhe seja ordenado pela auctofidade legitima.
Árt, 117."¡Urna,ordenanga especial regulará a orgánisagaó. do Í eücei'cito, ¡suas, promógoes,
sóidos e disciplina, assim como da forgíi naval, ^
. - -'
\:'-} ;
Art. 126.° Has causas crimes, a inquirigfio de testemunhas e todos :Os mais actos.do pro^
cesso, depois da pronunciaj serao publicosHdesdejá. ¡fasU^:^- ÜÍÍI; .¡ -. ,
/v:¿
Art, 145,° A inviolabilidade dos direitosr civis, e politicos» dos cidadaos porfcuguezes, que
.

tem por base a liberdade,. a seguranga individual, e á^pi'opriedadeyé garantida pela constitüigSo
do reino, pela, maneira seguinte: .-..i >, ¡:
5
§ 7.° Hiñguem pederá ser preso sem culjía formadaj. excepto nos.casosidéctaradosriaiéi, e
n'estes dentro de vinte é quatró horas,, contadas da entrada da prisaoy; sendo, eni cidadéSf,villas
ou outras povoagoes próximas aos logares da residencia do juiz, e, nos logares remotos, dentro
de um praso rasoavel, que a lei marcará, attenta a extensao do territorio: o juiz, por urna nota
por elle assignáda, fará constar ao fén o motivo,da.prislip, os nomes dos accusadores e os das
testemunhas, liavendo-as.
§ 9.° A excepgao do flagrante delicio, á prisao nao pode ser executada senao por ordem
escripia-.da .auctoridade legitima. Sé esta for arbitraria) o juiz que a deu e quem a tiver-reque-
rido, serao: punidos com as-penas qué a lei,determinar.:-;., ..... i
.0 .
'
que fica disposto acerca da prisao antes da culpai formada, nao comprehendé as ordeñáñ-
eas militares! estabelecidaSj como necessarias á. disciplinare réeimtampnto ólo exercito,; nem os
casos, que nao sao puramente: crimináes e em que a lei determina todavía prisao: de algtuná
pessoa, por desobedecer aos mandados da justiga, Ou nao cúmprir alguma obrigagao dentro de
determinado praso. <:>.-
§ 10." Ninguenr será sentenciado senao pela auctoridade competente, por virtude de léi
anterior, e na forma por ellaprescripta, :
§11,° Será mantída a independencia do poder judicial., Nenhuma auctoridade poderá avo-
car as causas pendentes, sustal-as oü fazer reviver processos lindos. :
§16.° A excepgao das causas, que por sua natiireza pertencem a juizos pai'ticulares, na
eonformidade das leis, nao háverá foro privilegiado, nem commissoes espeeiaes ñas causas civeis
ou crimes.
§ 18." Desdé já ficam .
abolidos os agoutes, a tortura, a marca de ferro quente o todas as
mais penas crueis. '
. , • ,
§ 19." Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente. Portante, nao haverá em caso al-
guna confisCagao de bens, nem a infamia do réu se transrnittirá aos.parentes em: quálquér gran
que seja.

Carta de lei de 1!) de dezemhro de 1826

D. Izabel Maria, Infanta Regente, em nome de El-Rei o senhor D. Pedro IV, por graga de
Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a todos os nossos subditos, que as
cortes geraes decretaram e nos queremos: a lei seguinte:
1.° Nos coñselhos de guerra se tomará conhecimento, durante as actuaes circumstancias,
dos criines de lesa-nragestade da primeira cabega commettidos por militares, nao obstante as leis
em contrario.
:. 2.° Os militares incursos aros referidos crimes serao infallivelmente arcabusados ,com toda a
solemnidade e apparato.
3.° Aquelles réus, porém, que estiverem ausentes, serlo.julgados como até agora ños jui-
zos civeis. : .
Mandamos portante a todas. as auctoridades, a .quem o conhecimento e exeeugao da referida
leí pertencer, que a cumpram e faganr eumprir e guardar tao inteiramente como n'ella se con-
tení. O marquez de Valenga, par do reino, actual conselheiro d'estado, ministro e secretario
d'estado provisorio dos negocios da guerra, a faga imprimir, publicar e correr.
140
te

';-'1827
Carta de lei de 24 de márfo de 1827

Izabel Mária, Infanta Regente dos reinos de Portugal e Algarves, e seus dominios, em
D*
iiome dé El-Hei* fazemos saber á todos os subditos de Sua Magestade, qué as cortes geraes de-
cretaram é; ños queremos a lei seguinte:
Artigo 1," A jurisdicgao criminal do real conselho dé marinha é restricta ao conhecimento
em ultima instancia dos factos por que délinquirem individuos pertencentes á armada real.
Art* 2¿ Ficapor ésta forma déciai'ádo o alvárá do 1.a de fevereiro dé 1825*
Mandamos pOrtanto a todas as auetoridades, a quem o conhecimento e exeeugao da referida
lei pertencér; que: a cumpram é fagam cumplir táo inteiramente como n'ella se contém. O secre-
tario d'estado dos negocios da marinha e ultramar a faga imprimir, publicar e correr.

Decretó de 13 de abril de 182?

Sendo o meu maior desvelo é constante deséjo restábelecer o socego e tranquiliidade in-
terna d'estéB reinos perturbada por alguns bandos de rebeldes que, reunidos e armados em paiz
estrangeiro, os invadirán!, e quéy por mercé de Deüs e valor do brioso é fiel exercito, se achám
desbaratados é expuísos para iorá dos limites portuguezés; é considerando por urna parte que, pul-
sera rebelliao o maior de todos os crimes, seria nao só injusto mas escandaloso, que os primeiros
e principáes áuctores d'ellá deixassem de soffrér a pena correspondente a tao horroroso delicio; e
nSo permittindo por oiltra parte o bem do estado, os principios da humanidade e real clemencia
que a mesmá jpená se estenda á grande inultidao de homens incautos, a quem a máldade dos
primeiros seduziu, eorrompeu e arrástou ao crime; usando do alto poder que pelo artigo 74.°
§ 8.° da carta Constitucional me compete: hei por bem, em nome de El-Rei, ouvido o conselho
d'estado, conceder amnistía e perdao geral a todos os subditos portuguezés culpados por opinioes
políticas: oií factos sediciosos cominettidos desde o dia 21 de julho do anno próximo passado até
á publieagao d'este. decreto.
SaOy poréñj, exceptuados d'esta graga e indulto, para serem julgados conforme a lei:
1¿° Todos os officiaes generaes de mar e ierra que promoveram ou de qualquer modo to-
maram parte na rebelliao contra a sua patria e legitimo governo.
2.° Todos os officiaes militares ou civis do exercito e armada, de qualquer arma ou gradúa-
.
gao* de primeira ou segunda linha e de ordenángas, que tendo ou assumido a quahdade de coni-
niandantes de quaesquer corpos militares desertáram com elles para os rebeldes.
3.° Todos os que foram ohefes ou commandantes das partidas de paisanos rebeldes, designa-
das pelo nome de guerrilhas, ou as leyántassem no interior ou com ellas entrassem hostilmente
n'estes reinos.
4.° Todos os que foram membros da junta rebelde, denominada do supremo governo do
reino;
5.° Os magistrados e todos os ecclesiasticos seculares ou regulares que espontáneamente
.
passaram para os rebeldes e os aconrpanharam na pérfida invasao d'estes reinos.
E, conformando-me com a disposigüo e espirito do § 3.° dos decretos de 5 de agosto e 25
de; setembro de 1826l, sou servida ordenar que os officiaes e officiaes inferiores de primeira, se-
gunda e terceira linha, a quem a presente amnistía haja de aproveitar, fiquem demittidos de seus
postos e reduzidos ao estado de paisanos. Porém, os cabos, anspegadas e soldados serao encorpo-
rados no exercito, como eónvier.
Hei, outrosim, por bem determinar que todos os individuos a quem tocar o presente indulto,
que se acharem privados ou suspensos de emprego, oficio ou beneficio, e bem assim os que pos-

1 Por: estes decretos foram extinetos e abolidos para sempre os regimentos de cavallaria n.° 2 e de infan-
tería n.os 17, 24 e 11, pelo crime de insurreicao, revolta e desercao para fóra do reino que haviam praticado, e
' mandados proee9sar e jülgar conformé as leis do reino e artigos de guerra todos os officiaes, officiaes inferí
orea
e soldados que se levantaram com estes regimentos ou os acompanharam na rebelliao, marcha ou desercao.
No segundo dos citados decretos, eneontra-se mais o seguinte:
3.» Todos os officiaes de qualquer arma ou graduaeño effectivos ou reformados de primeira, segunda e ter-
ceira linha, que desde o dia 21 de julho próximo passado (1826) tem desertado para fóra do reino, ficam demit-
tidos com infamia; e o mesmo se praticará com aquellos que para o futuro perpetraren! crimes tao atrozes.
141

suiam bens da corda e das ordens, ou estén Be achem jáou nao sequestrados em consequencia do
mencionado crime, nao sejam reintegrados, nem tenham posse d'elles sem nova graga.
E sou, finalmente, servida declarar que, pelas disposigoes do presente decreto, se nao en*
tende que ficam prejüdicados os direitos individuaos que possam competir para a indemnisagao
de prejuizos receñidos.
Luiz Manuel de Moura Cabrál, do conselho de Sua Magestade, ministro e secretario d'es-
tado dos negocios eeclesiasticos e de justiga, o tenha assim entendido e faga executar,. éxpedindo
para o dito effeito todas as ordens que necessarias forem*

Decreto dé 25 de agosto de Í827 V

Hei por bem, em nome de El-Rei*. ordenar que de ora eni diante se observé nos coñselhos
de guerra o determinado no artigo 126.° da carta constitucional, O conselho de guerra é mais
áuctóridadés a quem o conhecimentod'este pertencér, o tenharn assim entendido é fagam executar*
Copia do artigo a que se refere esté, decreto* «Ñas causas criines, á iñquirigao de tésteñtu-
nhas é todos Os mais actos do processo, depoisda pronuncia, serao publicados desdé já.»

Decreto de 1Í de novembro dé 1828

A junta provisoria encárregada dé máñter a legitima auctoridade de EkRei o Senhor I)* Pe-
dro IV, tendo consideragao a ñeeessidáde de ultimar os coñselhos de guerra á que se tem proce-
dido e se houver de proceder, a fim de que ném os innocentes padégám na demora dos séüs livrá-
inentos, nem aos culpados se retarde o devido castigo, para satisfáglo da jiiStigá, exemplo dos
povos e seguranga da patria; e aitendendo a que ñas actuaes circumstancias nao sé podem
convocar os ministros que na forma do aivará de 15 de novembro de 1810 COmpunham a junta
de justiga criminal, nem por coñseguinte organisar-se o consellro supremo designado no § 10."
do mesmo aivará: ha por bem, ém nome do mesmo augusto senhor, estabelecer um conselho mili-
tar composto de Um presidente, um juiz relator, cinco vogaes ordinarios e dois extraordinariospara
os casos de empate, o qual conselho usará; durante o actual estado de cousás* e eín coñformidade
do mesmo aivará e do decreto de 13 de agosto de 1790, de toda a jurisdicgao, arbitrio e facul-
dade para confirmar, revogar, alterar e modificar as sentengas dos coñselhos, quer condemném,
quer absolvam nos casos em qué o diréito o pefmitte* dándo-se á exeeugao as sentengas assim
confirmadas pelo dito supremo conselho ná forma regulada pelo decreto de 20 de agosto de 1777,
e como se acha declarado no decreto de 13 de novembro de 1790; ficando este em intéirá obser-
vancia ; devendo o mesmo conselho militar ter em vista, para os seus julgadores, todos os alvarás,
decretos e ordens estabelecidas para o tempo de guerra, e principalmente o que se acha dis,
posto no § 16.° do sobredito aivará de 16 de novembro de 1810, para os crimes de espia, deser-
gao para os inimigos, sublevagSo, traigao e motim, em cujos casos, praticando o dito supremo
conselho militar exactamente o que as leis ordenam, remetiera as finaes sentengas, antes de pu-
blicadas, e com todo o segredo de justiga, á presenga da junta provisoria, com aquellas recom-
mendagoes que as circumstancias declarem, a fim de que a mesma junta, em nome de El-Rei-
haja de resolver sobre a sua final exeeugao.

1889
Portaria do goTernarior e canillo general dos Afores, de 1o de julho dé¡ 1829

Sendo indispensavel organisar o conselho de justiga; e nao sendo possivel ñas actuaes cir-
custancias seguir exactamente a este respeito a letra do aivará de 15 de novembro de 1810,
pela nao existencia da junta criminal da provincia, nem o disposto na portaría 1 da junta que gp-
vernou esta provincia, de 14 de novembro de 1828, no caso da nao existencia de um governador
e capitán general: hei por bem, cingindo-me ao espirito do citado alvara-.de 15'de novembro de
1 Nao 6 portaría e sim o decreto anteriormente transcrito.
142

guinte:
!
'.
1810j ,;é-conformando-nie com as instrucgoés que recebi de Sua Magestade,.determinar o se-
'OcoñselhO'dé
.',•'.-...:
justiga será corhposto
....;.
deunr presidente* de
. , ;
tres vogaes
,
militares o de¡ tres
vogaes letrados, 'é d'estés, últimos o mais graduado, ou em gráduagao igual o mais antigo, será o
juiz relator. O presidente será o governador e capitao general da provincia* os tres vogaes mili-
tares sél'aó Os tres ofiiciáes de superior patente e-antigüidade, existentes n'esta ilhá, :e os tres
vogaes léti'ados' serao .os dois: désembaiígadores'darelagao dos Agores e o corregedqr da cidade
de Angra.

No aivará de 11 de dezembro de 1829, que nao faz parte da legislaeáo por ler sido publicado
pelo govei*hoíll^i1(inÍ'óV:eucoBÍr^Vá-^.'ó'JSeguihle:

.; .;Em Gonsequencia¡ de consulta do eonseflio de marinha, mostrando a deshar-rnonia em que,


depois da pujbiieagao.do> yegularaeirto de 2} de.fevereiro.de 1816, ficou a oiganisagaodos consé-
Ihqs,de guerra.nav'áes, a re.speito dos coñselhos, de guerra do exercito, cuja bondade se encon-
travá confirmada pela.experiencia de, mais de, treze annos15consecutivos, e que a organisacao
aínda existente na repartigao da marinha era defeituosa a ponto de nao se poder applicar aos
diversos casos óeeorridos na mesma repartigao, que alias exigía regulacSes espeeiaes e de ur-
gente necessidade, a beta da recta administragao da justiga, na qual interessavam tanto a pu-
blica tranquillidade como o servigo; por estes"Snótívos, e para que na mencionada repartigao da
marinha se podesse cmrrprir o que estává determinado no muito bem entendido e assás im-
portante artigo 3*° do aivará de 4 de setembro de 1765, ordenava-se n'aquelle aivará, entre ou-
tras disposigoes as seguintes: '- :" ::•-:
1.° Que os coñselhos de guerra na marinha fossern formados por sete vogaes, sendo um
d'éstés o ¡áuclitort géráli damarinha,, que. tambem séryiria como relator.
-' !Í2.°: Que os seis restantes fossern officiaes.
de patente,, e quando o réu tarnbem o fosse, a grá-
duagao dos vbgaes,.seria immediatámente superior, ou pelo menos igual á d'elle, entendendo-se
que a do presidente sempre seria superior á dos outros vogaes e nunca inferior a de major ou
capitao tenente.,
'
'M3¿° Qué pertencéndó o réu á brigada real da marinha, os vogaes.do conselho fossern tam-
bem officiaes d'esta1 brigada, sendo-o em todos os outros casos do corpo; da armada real.
:4.° Que: fosse qual fosse o eorpo a que .os. vogaes devessem pei'tencer, os effeetivos preferi-
riam aos aggregados ou addidos;; estes aos graduados e estes aos reformados.,
;•<&:? Que nao hávendo. numero sufficiente dos ditos vogaes, a falta, dos do eorpo da armada
real fosse supprida pelos da brigada, e reciprocamente a d'estes por aqueljes, e se mesmo assim
faltassem, seria o resto requerido, ao exercito em ofncio dirigido ao general governador das aro-
mas da corte pelo general que exercesse a principal auctoridade militar naval*.
6.° Que sendo o réu offieial honoraiio, eñtrassem no dito numero de vogaes dois officiaes ho-
norarios, é sendo-o de provimento, eñtrassem dois: officiaes de provimento, preferindo-se, em um
e outro caso, os que lhe fossern superiores em gráduagao e mais análogos em profissao, tudo, po-
rém,. na intelligencia de que na falta d'estes dois vogaes seriam nomeados outros tantos officiaes
da armada real, cuja graduagSonao fosse inferior á do réu.
7.° Que nos casos de crime ou delicio, pelo qual devesse o réu ser julgado em conselho de
guerra, o coñimandarite do eorpo ou do navio onde o criminoso estivesse, o faria constar áquelle
superior, debaixo de cujas ordens seryisse, o qual deveria participal-o com a maior brevidade
possivel ao general que: exercesse a principal auctoridade militar na repartigao da marinha, e este
nomearia os vogaes do conselho, segundo ficava regulado ; entendendo-se de mais a mais que ne-
nhnm d'estes vogaes fosse da guarnigáo ou da companhia do réu.
8.° Que no processo observar-se-ia nao sómente o que estava ordenado pelos alvarás ou leis
de 15 de julho de 1763, de 18 de fevereiro de 1764 e de 4 de setembro de 1765, mas tambem
o decreto de 5 de outubro de 1788, o aivará' dé'26 de abril de 1800, o decreto de 9 de abril de
1805, a portaría de 3 de fevereiro de 1814, e os §§ 6.°, 7.°, 8.° e 9.° do artigo 31.° do regula-
mento de 21 de fevereiro de 1816; devendo alias entender-se que os artigos de guerra da ar-
mada real, como legislágao propria da marinha, é mandados executar pelo referido aivará de
1800, deviam ser antepostos aos do exercito, que sómente seriam considerados como legislágao
mais análoga- ños casos nao mencionados na da armada real.
13.° Que procedendo-se a conselho de guerra por causa de aprisionamiento, de naufragio, de
man logró de eommissao ou por qualquer outro motivo* cujo conceito devesse ou podesse depen-
der dos assentos mencionados nos §§ 9.° a 12.° fosse um dever impreterivel exigir a apresentacao
d'ellesj'é O'vogal interrogante, logo depois. das perguntas ordenadas pelas leis anteriores, inter-
rogaría o réu e as testemunhas, de sorte que se liquidasse o mais completo conhecimento das
referidas circumstancias.
143

14;°'Que tambem deviam ser presentes nos ditos coñselhos, e nos casos respectivos, os de-
talhes das guarnigoes a postos para o combate.
15.° Que nao existindo os referidos assentos enao se podendo deduzir dos interrogatorios o
conhecimento mencionado no§ 13.°, como em tal caso a falta ou confusao' devia nao provir da
ignorancia do réu, pois de mais a mais a promulgagíío d'esta lei lhe dava toda a publicidade:se
o réu nao satisfizesse plenissimamente acerca da referida falta, deveria ser a causa d'élla áttri-
buida á sua consciencia,• e portante enteñder-se qué o conhecimento das mencionadas circumstan-
cias nao lhe era favoravel.
17.° Que de mais a mais nos coñselhos da' guerra deveria o vogal interrogante pérguntar
tudo o que podesse concorrer para se formar exacto conceito nSo só do objecto do conselho, mas
tambem do grau da culpa do réu.
18.° Que seria tambem devér impreterivel do conselho investigar ou fazer investigar por
meio do vogal interrogante, se os assentos apresentados foram feitos coma presteza, publicidade
e mais formalidades indispensaveis para serem julgados légaos e por, isso perfeitarnenté acredi-
tavéis em juizo:
19.° Que o mesmo interrogante deveria interrogarás testemmrhasacerca do$ assentos apre-
sentados. assim como lhe curnpria interrogar-as; •""/'
20.° Que no caso de álgunr vogal pretender algum esclarecimiento, o interragante deveria
progredir no interrogatorio, até que o vogál se désse por satisfeito.

1830
Decrcí o da regencia dos Afores, de 27 dé inar$o de 183©

Tendo cessado com a installagaó da regencia as funcgoes que no conselho de justiga exer-
cia o capitao general da provincia; e sendo indispensaveldar-se a este tribunal a organisagaa que
exigen, as actuaes circumstancias: ordena a regencia, .em nome da Ranura, que o conselho de jus-
tiga seja composto do brigadeiro Sebastiáo Drago Vaiente de Brito Cabreira, o qual servirá de
presidente; dos vogaes militares o brigadeiro conde de Alva, o coronel Antonio Pedro de Brito
e o coronel José Rodrigo de Almeida, e dos vogaes letrados o dr. Luiz. Ribeiro de Sousa Saraiva
que servirá de relator, o bacharel actual corregedor de Angra Manuel José de Meirelles Gruerra,
e o bacharel Pedro da Fonseca Sei'rao: Velloso. Este conselho conbecerá tanto dos casos, cujo
conhecimento pertencia ao supremo conselho militar ou conselho de justiga, como d'aqúelles que
pelo aviso de 16 de abril de 1806'e § 10.° do aivará de 15 de novembro de 1810 deviam ser
decididos pelo capitao general com o corregedor da comarca.
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e faga executar..

Decreto da regencia dos Acores, de 6 dé abril de 1830

Foi mandado observar, emquanto durassem as circumstancias de entao, o regulamento pro-


visorio junto ao mesmo decreto, determinando quaes os objectos que ficavain conrmettídos ao
imnrediato cuidado e resolucao do general nomeado para eonrmandar as forgas existentes na ilha
Terceira, e quaes os que a regencia reservava á sua imñiediata decisao.
Ficaranr pelo dito regulamento, commettidos ao immediato cuidado e resolugao do referido
commandante, entre outros objectos, o seguinte:
7.° ManutengSo da disciplina ein todos os seus ramos, fazendo julgar em Conselho de guerra,
quando o bem do servigo o exigir, nao só as pragas de pret, mas quaesquer officiaes da guarní-
gSo, participando á regencia o havel-o feito quando os réus forenr officiaes.
Reservava a regencia para sua immediata resolugao entre outros objectos, o seguinte:
5.° Mandar cumprir as sentengas do conselho de justiga, perdoár ou minorar as penas im-
postas aos réus militares.

Decreto da regencia dos Acores, de 30 de abril de 1830

Nao tendo sido publicadas ñas ilhas dos Agores as repetidas providencias dadas no reino
iros anuos de 1810 e de 1812 contra os que recebem ou dito asylo a desertores; e achando-se es-
queeidas as disposigoes do aivará de 6 de setembro dé 1765, as quaes precisaní;ser em parte al-
144

teradas para sua melhor applicagSo ás circumstanciasd'esta ilha: manda a regencia, em nome da
Rainha, que a este respeito se observe o seguinte:
1.° Toda a pessoa de qualquer qualidade e condigao que seja, que ñas suas casas, quintas
ou fazendas der asylo a qualquer desertor ou o receber em seu servigo* pague pela primeira vez
100$000 réis de condemnagap por cada um dos ditos desertores, pela segunda vez 200$000 reís
e 400$000 réis pela terceira, sendo tudo cobrado executivamente com séquestros feitos pelo cor-
regedor da comarca, que nao seráo levantados até o inteiro pagamento das condemnagoes, as
quaes serao applicadas para a fazenda publica.
2.° Se a pessoa ou pessoas, convencida da dar asylo a álgum desertor ou de o receber em
seü servigo fór tao pobre que nao tenha por onde pagar a condemnagao ordenada ño paragrapho
antecedente* a mesma condeinnagao lhe será commutáda pelo corregedor da comarca em um anno
de trabalhos ñas fortíncágoés da iJha pela primeira vez* dois annos pela segunda e quatro pela
terceirá* E se for mülher ou pessoa que nao seja propria para os trabalhos públicos, esta pena
lhe será commutáda em igual tempo de prisao effectiva na cadeia publica.
3.° Os réus serao julgados summariáménte e verbalmente, com appeliagao e aggravo para a
junta de justiga, servindo dé eorpo dé delicio a declaragao jurada da pessoa ou pessoas qué appre-
henderamo desertor e as respostas d'este aos interrogatorios que lhe serlo feitos em conformi-
dade do que se ordena no § 7*Q
4*° Acoñteeendo dai-se o sobredito asylo em álgum convento, o prelado local da casa regu-
lar, qtié taés desertores récolhéí ou lhe der asylo ou consentir ñ'elle, será expulso d'esta ilha e
guardado entretanto em estricta custodia.
5.° Nao havendo rasao attendivel qué no'pequeño recinto d'esta ilha possa justificar dar-se
asylo ou recébense no servigo aiguma pessoa qué nao seja bem canhecida ou devidamente veri-
ficada, nao se admittirá n'este caso állegágao,de ignorancia de facto, ainda que.provada esteja.
6.° A pessoa qué appréhender utn desertor, seja de tropa de linha ou de milicias, recebérá
o premio dé 10$Q00 réis, pagos pela p'agádória militar á vista do recibo oxr cautela que apre-
séütár da auctoridade militar Ou civil a quem o desertor tiver sido entregue, sem necessidade de
outrá averiguágao da formalida.de. O mesmo premio se dará as escoltas militares ou aos officiaes
de justiga quando fizerem a apprehensao..
7.p A auctoridade civil ou militar a¡ quem algum desertor for ápresentado, lhe fará ñ'esse
mesmo acto os necessarios interrogatorios para saber o seu nome, eorpo e companhia a que per-
tence, o logar em que foi apprehendido e a pessoa ou pessoas que durante a desergao lhe deranr
asylo ou admittiram em seu servigo, e debáixo de juramenté interrogará o apprehendedor sobre
as mesmos ártigos, e com as respostas de um e outro, postas por escripto, fará immédiatamente
partieipagáo ao corregedor da comarca, para os fins dispostos no § 3.°, e dará ao apprehendedor
um recibo ou cautela em que se declaro ó nome do desertor, o eorpo a que pertence, o dia em
que foi preso e a pessoa que o apprehendeu.
A auctoridade a quem algum desertor for ápresentado e que faltar a aiguma das diligencias
que n'este paragrapho se ordenám, será suspensa ou desligada do seu posto ou emprego por es-
pago de seis mezes.
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e o faga constar a todas as aucto-
ridades civis e militares, e expega as ordens necessarias para que todos os reverendos paroehos
leiam o presente decreto a seus freguezes em tres domingos succéssivos á estagao da missa con-
ventual, e para que o mesmo seja affixado por editaes nos logares públicos, a finí de que ninguem
possa ignorar as suas disposigoes*

Decreto da regencia dos Acores, de 23 de agosto de 1830

A regencia dos reinos de Portugal e Algarves e seus dominios, considerando que sSo mani-
festanrente Írritos, nullos e de nenhum effeito todos os actos emanados do governo de Sua Alteza
Real o Infante D. Miguel, depois do dia 25 de abril de 1828, ou sejam passados debaixo do nome
do Regente ou Rei, por ter sido n'aquelle dia que mais descobertamente se manifestou o proje-
cto, que seguidamente se desenvolyéu e consummou, dé usurpar para Sua Alteza a corSa que
por inconcusso direito de hereditaria successSo, pelas leis fundamentaes do reino é pelo direito
publico de todas as monarehias hereditarias, indubitavelmente pertencia ao senhor D. Pedro IV,
e depois d'elle e por sua formal abdieagiío a Sua Magestade Fidelissima a senhora D. Maria II,
sua augusta filha; e attendendo que d'aquella manifesta nullidade sómente podem ser com rasjto
exceptuados os actos ordinarios de justiga ou administragao, que por sua natureza nao téem um
carácter politico, nem podem ser retardados: a mesma regencia querendoprevenir desde já qual-
quer duvida que dé futuro possa oeeorrer em negocios da fazenda publica, e tirar toda a occasiao
de fraude ou engaño, declara em nome da Rainha, que nunca seráo reconhecidos como obligatorios
145

para a coróa portugueza, antes a todo o tempo e em todo o caso serao havidos por mullos, irri.
tos e de nenhum effeito quaesquer emprestimos, pagamentos anticipados ou outros contratos, one-
rosos á fazenda publica de Portugal e Algarves e seus dominios, ou feitos sobre bens movéis ou
de raiz pertencentes á mesma fazenda, que o governo de Sua Alteza Real o Infante D. Mi-
guel tenha celebrado depois do dia 25 de abril de 1828, ou celebre d'aqui em diante com aiguma
pessoa, sociedade, companhia ou corporagao portugueza ou estrangeira,
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e faga executar, dando ao presenté
decreto a maior publicidade que seja possivel, tanto dentro como fóra dos dominios portuguezés.

Decreto dá regencia dos Acores, de 31 de agosto de 1830

Estando estabelecidas no decreto de 30 de abril do presente anno as penas em que incor-


rem os que dao asylo a desertores ou os recébenr em seu sefvico; e sendo necessario regular,
por disposigoes claras e conforme aos principios da justiga, todos os mais casos que podem
occorrer n'este assumpto, que tanto interessa a honra do exercito é o bem do real servigo:
manda a regencia, em nome da Rainha, o seguinte:
1.° Quem em tempo de guerra induzir ou aluciar soldados, ou os procurar induzir ou alu-
ciar, para desertar para o inimigo, incorrerá em pena de ñrorte.
Quem em tempo de guerra induzir ou aluciar soldados ou os procurar induzir para deser-
tar, nao sendo para o inimigo, incorrerá na pena de dez annos de degredo para África.
Quem induzir ou aluciar soldados, ou os procurar induzir ou aluciar para desertar em tempo
de paz, incorrerá na pena de dois ánnos de trabalhos públicos, e sendo pessoa, em que por sua
idade, sexo ou condigáo nao tenha logar trabalhos públicos, a pena lhe será cunrmutada em tres
annos de degredo para África.
Ficanr assim modificadas e declaradas as disposigoes do aivará de 15 de julho de 1763 e do
artigo 14.° do capitulo xxvx do novo regulamento a que elle se refere.
2.a Sendo militares ou empregados civis do exercito os réus dos crimes mencionados no
artigo antecedente, serao julgados em conselho de guerra como é disposto no citado aivará de
15 de julho de 1763. Todos os mais serao julgados pela junta de justiga ou pelo juiz de fóra
do crime do foro do delicio ou do domicilio, conforme as distinegoes marcadas no artigo 1.° do
decreto de 30 de junho do presente anno 1.
N'estes casos nao haverá privilegio algum de foro para o que é marcado no § 1.° do ar-
tigo 41.° da carta constitucional, e os que estiverem estipulados em tratados.
3.° Os que induzirem ou alliciarem algum soldado para desertar podem ser accusados por
qualquer do povo; e este crime será caso de querella e devassa.
Quando por confissao de algum desertor, por depoimento de testemunhas ou por outro meio
legal constar no conselho de guerra que aiguma pessoa, que nao está sejeita á jurisdicgao do
conselho, iirduziu ou alliciou algum soldado para desertar, o presidente do conselho remetiera
immediatamente traslado de tudo ao juiz territorial competente, para este proceder contra os
alliciadores.
4.° Todos e cada um dos officiaes de milicias ou de ordenangas, corregedores,juizes de
fóra, juizes ordinarios e juizes de vintena ou de districto sao encarregados da prisao de todo o
desertor que estiver ou chegar ao seu districto, e bem assim de todo o soldado que por mais de
tres dias estiver ausente do eorpo a que pertence e nlo mostrar guia ou licenga assignada pelo
respectivo commandante.
Se algum dos sobreditos officiaes de milicias ou de ordenangas, corregedores,juizes de fóra,
juizes ordinarios e juizes de vintena, ou algum dos officiaes que com elles servem, for conven-
cido de ter consentido algum desertor no seu districto ou de ter deixado de o prender por onris-
sao culpavel, sendo official de milicias, corregedor ou juiz de fóra, será riscado do real servigo
e ficará inhábil para mais entrar n'elle; e sendo official de ordenangas, juiz ordinario, juiz de
vintena ou districto, ou official de justiga, alem da perda do posto ou officio, e da inhabilidade

1O artigo 1.° d'este decreto é do seguinte teor:


Os réus pronunciados ou acensados por crimes que, provados, mereceriam pena de morte natural ou civil,
ou degredo para a África ou Asia por mais de cinco, ou trabalhos públicos por mais de tres anuos, ou outra pena
inaior do que aiguma d'estas, ser/ío proeessados e sentenciados pela junta de justiea, para onde serao remettidas
as devassas e querellas, e todos mais autos, provas. ou instrumentos do crime, juntamente com os réus quando
forem presos.
Todos os mais réus serao proeessados e sentenciados pelo juiz letrado territorial do foro competente; e se
ahí nao houver juiz letrado, pelo juiz letrado da térra mais vizinha onde o houver, para o qual se fará a remessa
das devassas ou querellas, e mais autos, provas e instrumentos do crime com o réu, se for preso, e sendo afilan--
cado ou soltó, corn citajao d'elle para comparecer em dia certo.
19
146

para ter outro, incorrerá na peña declarada nos artigos 1.° e 2.° do decreto de 30 de abril do
presente anno, contra os que dao asylo a desertores.
5.° Todos os portuguezés, militares ou nao militares, sao auotorisados para prender deser-
tores, rocebendo por cada um que prender a gratifícagao pecuniaria estabeleeida no artigo 6."
.
do citado decreto de 30 de abril.
Quando o apprehensor for official inferior ou soldado de milicias ou de artilheria da costa,
alem da gratificagao pecuniaria, receberá, se quizer, a sua escusa do real servigo, a qual lhe
será dada logo que a réquerer, apresentando o recibo da auctoridade a quem entregou o de-
sertor.
6.° Logo que se ponha a nota de desertor a algum soldado da guarniglo d'esta ilha, o
marechal de campo commandante em clrefe enviará urna nota com o nome, signaes, idade e
naturalidade do desertor, e com a declarágao do eorpo de que deserten, ao corregedor da co-
marca, ao juiz de fóra ou ordinario e aos commandantes de milicias e de ordenangas do districto
da naturalidade do desertor, e do districto onde estiver o eorpo de que desertóu, para todos e
cada um d'elles ordenaren! e proinoverem a sua prisao.
7*° Quando o desertor for natural d'esta ilha, nao sendo preso ou ápresentado dentro dos
jirimeiros quinze dias contados do dia em que se lhe poz a nota de desertor, proceder-se-ha á
escolha de duas recrutas para assentarem pragá no logar d'elle, os quaes serao tirados de entre
as pessoas sujeitas ao recrutamento na fréguézia onde o desertor tinha o seü domicilio quando
asseñtou praga; isto sem prejuizo das penas a que está sujeito o desertor e aquelles que lhe
derenr asylo ou o coñsentireni.
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e faga executar, expedindo as or-
dens necessarias*

Decreto da regencia dos Acores, de 22 de setembro de 1830

Considerando que o regulamento de 21 de fevereiro de 1816 ó omisso na parte em que


regula a orgánisagao dos coñselhos de guerra, porquanto, podendo acontecer que em urna guar-
nigio, divisao ou outra qualquer fracclo de tropa isolada, seja necessario julgar em conselho de
guerra um official, sem que lraja outro de patente superior hábil para presidir o conselho, nem
outros de patente igual para vogaes d'elle: ha por bem a regencia, em nome da Rainha, para
supprir a referida omissáo do dito regulamento, determinar que, todas as vezes que se der o
caso predito, tome a presidencia do conselho de guerra e sejam vogaes n'elle os officiaes mais
graduados e que se acharem disponiveis na guarnigao, divisao ou fraegao de tropa em que o
processo dever ter logar.
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e o faca executar-

Decreto da regencia dos Acores, de 13 de outubro de 1830

Nao se adiando classificados no artigo 14.° do capitulo xxvi do regulamento as differentes


especies de desergao em tempo de guerra, nem as varias circumstancias que podem exigir di-
versidade de pena, para haver igualdade de justiga, seguiírdo o exemplo do que para as deser-
goes em tempo de paz foi disposto na ordenanga de 9 de abril de 1805: manda a regencia, em
nome da Rainha, emquanto se nao publicar o código penal militar, se observeni as seguintes dis-
posigoes para os casos de desergao em tempo de guerra, as quaes serlo Helas ás companhias
quando o forem os artigos de guerra, devendo d'aqui em diante supprimir-se n'estes o artigo 14."
1.° Todo o soldado que em tempo de guerra estiver ausente do seu eorpo, sem ordem ou
licenga,.por niais de vinte e quatro horas, será considerado desertor e lhe~ será posta a respe-
.

ctiva nota no livro mestre, precedendo conselho de investigagao.


2.° Todo aquelle que desertar com intencao de se passar para o inimigo ou que com effeito
se passar para elle, seja arcabuzado.
Na mesma pena incorra todo aquelle que desertar armado, qualquer que seja a intengao
com que desertóu.
3.° Todo aquelle que desertar, nao sendo incurso nos casos previstos no artigo antecedente,
vá para os trabalhos públicos por toda a vida.
4.° Em todo o caso em que a desergao for aggravada por abandono de posto, roubo de
camaradas ou outra qualquer circumstancia, a qual por si só, conforme os artigos de guerra e
leis do reino, constitue crime ou falta punivel, se a pena merecida por essa circumstancia so
poder executar simultáneamente ou successivamente com a pena de desergao, ambas as penas
147

sejam impostas ao réu. Se, porém, a exeeugao de urna das penas tornar impraticavel a execuca
da outra, n'esse caso seja imposta a pena mais grave sómente.
5.° O desertor que, arrependido do seu enorme crime, se récolher voluntariamente ao seu
eorpo antes de passar um mez depois da desergao, ou só apresentar dentro do mesmo praso a
aiguma auctoridade militar ou civil para lhe dar guia e itinerario, seja condemnado ñas penas
d'este decreto immediatas ás que lhe correspondiam pelo séü crinré.
6.° Todo aquelle que entrar em conspiragao de desergao para o inimigo, incorre ñas penas
declaradas no artigo 2.°
Se a conspiragao de desergao nao for para o inimigo, vá para Os trabalhos públicos por seil'
annos.
7.° Todo aquelle que for informado de aiguma conspiragao dé desergao para o inimigo e a
nao déscobrir a seus superiores, vá para os trabalhos públicos por espago de dois até seis
annos.
Em todos os outros casos de conspiragao de desergao, quem d'ella for informado e a nao
déscobrir, vá para trabalhos públicos por um até quatro annos.
8.° Todo aquelle que induzir ou aluciar, oü procurar induzir ou alliciar, para desergao, in-
correrá ñas penas declaradas no decreto de 31 de agosto de 1830, artigo 1.°
9.° Considerando que emquanto nao houver um regulamento de policía militar, que promo-
vendo a melhor- educágao dos soldados torne desñecessarios os castigos corporaes actualmente
añetorisados, a applicagao d'estes castigos deve ter principalmentelogar em todos aquelles casos,
em que é necessario apresentar um exelnplo que. prodaza ulna impressao forte e salutar no espi-
rito das tropas que os presenceianr: a regencia ha por bem mandar, em nome da Rainha, que os
juizes dos coñselhos de guerra e do conselho de justiga, ños Casos dos artigos 3.°, 4.p, 5.° e
6.°, alem da pena n'elles ordenada, impónlram tambem o castigo de pancadas, já auctorisado
pelo regulamento do exercito, com a modificacao designada na circular dirigida aos corpos, de
16 de junho de 1810, eom.ta.nto que o numero de pancadas nunca exceda o de qüatrocentás.
Fica do mesmo modo a arbitrio dos jitizes, segundo as circumstancias nao previstas ñas
leis e que acompanharem o delicto, mandar que o condemnado ande nos trabalhos públicos com
cadeia grossa ou delgada e preso a um companheiro ou solitario, e no caso da condemnagao ser
a trabalhos públicos por toda a vida, a cadeia será sempre posta ao réu ña frente da tropa, de-
pois de lhe ser despida a farda com as formalidades do costume.
10.° As disposigoes do presente decreto sao applicaveis, tanto aos individuos que d'aqui em
diante desertaren!, como aos que já se acham desertados, comíante que nao estejam já senten-
ciados pelo conselho de justiga.
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e o faga executar.

Decreto da regencia dos Acores, de i de norenibro de 1830

Sendo necessario para a boa administraglo da justiga, que nos coñselhos de guerra se guarde
urna ordem de juizo análoga, emquanto for compativel com a rapidez dos proeessos militares, á
ordem estabelecida para os juizos criminaes nos tribunaes civis, e que as sessoes do conselho de
justiga sejam feitas em confbrmidade com as disposigoes da carta constitucional, a qual nao per-
niitte juizos criminaes: manda a regencia, em nome da Rainha, que, emquanto se nao regular de-
finitivamente a ordem que se deve guardar nos juizos criminaes militares, n'elles se guardem as
disposigoes seguintes:
1.° Em todos os coñselhos de guerra haverá um official que tenha a patente de capitao ou
d'ahi para baixo, encarregado de seguir os termos da aecusagao por parte da justiga e da dis-
ciplina.
Este official será nomeado para cada conselho de guerra ao mesmo tempo e pela mesma
auctoridade que nomear os vogaes do conselho. A elle compete addicionar ou ampliar a acta da
aecusagao, dar testemunhas e produzir documentos para prova da aecusagao e eorpo dé delicto,
e fazer verbalmente todos os requerimentos e allegagoes que forem a bem da justiga ou disci-
plina.
2.° O official encarregado de seguir os termos da aecusagao deverá conformar-se com as
ordens e instruegoes que receber da auctoridade que tiver mandado formar o conselho e das que
forem superiores a esta. No que respeita, porém, á ordem e policía do juizo, estará subordinado
ao conselho de guerra. Assistirá á deliberaglo sobre o p6r da sentenga, porém nao terá voto
n'ella.
3.° Em tudo o mais se guardará a ordem que para os coñselhos de guerra está estabelecida.
ñas leis existentes.
4.° Haverá no conselho de justiga um relator militar que tenha a patente de capitao ou
148

d'ahi para cima, encarregado de seguir na segunda instancia, por parte da justiga e da disciplina,
os termos dos processos que subirenr ao conselho.
Éste relator será nomeado pelo poder executivo e servirá emquanto a este aprouver; o seu
servigo será considerado como commisslo, e durante elle vencerá a gratificagao que lhe compe-
tirla estando em commando.
5.° Compete ao relator militar requerer quanto convier á justiga eá disciplina, allegar todas
as rasoes que houver por parte d'estas e concluir pela coñdemnagao do réu ou réus.
Os coñselhos de guerra serSo remettidos ao relator militar, o qual, depois de os examinar
cuidadosamente, os entregará ao relator letrado do conselho, para següirem os termos acostu-
nrados.
6*° O relator militar no exercicio das suas funcgoes deverá coñformar-se com as ordens e
instrucgoes que receber da secretaria d'estado e do cominandante das forgas militares, havendo-o,
e aproveitará como entender quaesquer infórmagoes que lhe sejam enviadas pela auctoridade que
mandou proceder ao conselho de guerra.
7.° As sessoes do conselho de justiga serao feitas com a porta aberta, em audiencia pu-
blica.
Cómegará a audiencia pela leitura do eorpo de delicto, certídSo de praga do réu, depoimen-
tos de testemunhas* interrogatorios, documentes e sentenga do conselho de guerra; seguir-seliao
quaesquer réquériméntos e allegacoes do relator militar, depois d'estas virio as allegagoes do
procurador do réu, havendo-o, e na falta d'elle, do curador que lhe tiver sido nomeado; e em ul-
timo logar a sóntengá.
8.° Quando a sentenga
.
do conselho de guerra for remettidá ao conselho de justiga, irá sem-
pre acompanhada com a declaragao de ter sido a remessa notificada ao réu e de ter sido este
requerido para mandar procurador que o défeñda na segunda instancia. Faltando esta notificagao,
será millo quanto se processár no conselho de justiga.
Se o réu nao mandar procurador, o presidente do conselho de justiga requererá ao comman-
dante das forgas ou ao governador das armas qué nomeie um official que seja seu curador, para
o defender.
9.° A sentenga do conselho de justiga será dada em acto continuo, e para eonferirem sobre
ella poderab os juizes retirar-se para outra sala ou mandar despejar a sala da audiencia em-
quanto a conferencia durar. Se, porém, julgarem necessaria mais larga conferencia, podem deixar
a publieagao da sentenga para o primeiro ou segundo dia seguinte, e mais nao; declarando ali
publicamente o dia e hora em que ha de ser publicada.
Em todo ó caso a sentenga ha de ser publicada em publica audiencia.
O que é disposto n'este artigo para as sentengas do conselho de justiga se guardará tambem
nos coñselhos de guerra.
10.° O relator militar assistirá á deliberaglo e poderá dar ir'ella a sua opiniao; porém, esta
nSo será contada como voto.
11.° Em tudo quanto nao for contra as disposigoes d'este decreto se guardará o que está
disposto ñas leis existentes.
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e o faga executar.

Decreto da regencia dos Afores, de 2!) de novembro de 1830

Tendo sido presente á regencia a interpretacao que o conselho de justiga tem dado ao
artigo 10.° do decreto de 13 de outubro passado, entendendo que j>ela disposigáo d'elle sao mil-
los os processos comegados contra os soldados que desertaram antes da sua promulgagao, quando
nos mesmos processos falta o conselho de investigagao ordenado no artigo 1.°: manda a mesma
regencia declarar, em nome da Rainha, que, devendo o conselho de investigagao ordenado no ar-
tigo 1.° do decreto de 13 de outubro passado, preceder a nota que se poe no livro mestre, fica
por isso manifestó que nao pode ter logar nos casos em que se verifica ter sido a nota posta
antes da promulgagao do decreto, o qual nao mandou desfazer o que estava validamente, feito,
mas sim applicar penas mais brandas aos réus que nao estavanr ainda irrevogavelmente julgados;
e sendo certo que o commandante do eorpo a que pertence o desertor nao tem auctoridade para
fazer alteragao aiguma no livro mestre, ficaria em tal caso o posterior conselho de investigagao
sem utilidade e sem fim legal. Manda tambem a regencia declarar, em nome da Rainha, que tanto
nos coñselhos de guerra o official encarregado de seguir os termos da aecusagao, como no conselho
de justiga o relator militar, podem pedir, e o respectivo conselho deve n'esse caso mandar, que
se escrevam no auto que precede a sentenga quaesquer requerimentos que fagam em rasSo do
seus officios; e que se guarde a mesma disposigáo com o réu, seu procurador e curador.
O ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e faga executar.
149

Decreto da regencia dos Acores, de 18 de dezembro de 1830

Considerando a impossibilidade que ñas actuaes circumstancias existe de tornar effectiya a


pena de degredo para a África ou Asia, pelo estado de submissao ao governo usurpador em que
se acham as referidas possessoes, e a neeessidade de substituir temporariamente esta pena por
outra que nSo tenha os inconvenientes da prisao a que os sentenciados se aehariani obrigados
emquanto nao podesse ter effeito o degredo: ha por bem a regencia, em nomé da Rainha,,deter-
minar que todos os individuos que ao presente se ácharem, ou de futuro forem condemnados a
degredo para as possessoes de África oü Asia, cumpram a referida pena nos trabalhos públicos
emquanto durarem as circumstancias que impossibilitam a effeetiva.exeeugao dos referidos de-
gredos, sendo cada tres annos de trabalhos públicos contados por cinco de degredo* e assim-
na mesma proporgao para mais ou para menos.
Os ministros e secretarios d'estado o tenham assim entendido e fagam executar.

1S31
Decreto da regencia dos Acores, de 21 de julho de 1831

A regencia, depois de ouvir a junta consultiva: manda, éiñ nome da Rainha, que os
decretos de exeeugao permanente que desde a sua installagao téem sido publicados n'está ilha,
sejam publicados e cumpridos ñas mais ilhas dos Agores, que éstao na obediencia da Rainha, e
ñas mais térras que succéssivámente forém entrando na obediencia da mesma senhora; e qñe a
junta de justiga e o conselho dé justiga creados n'esta ilha estendam a sua jurisdiegao a todas
as mais d'este archipelago.
Os ministros e secretarios d'estado o tenham assim entendido e fagam executar.

Decreto da regencia dos Acores, de 7 de setembro de 1831

Sendo conveniente alliviar os fiéis habitantes das ilhas dos Agores, que estando debaixo
da obediencia da Rainha, do servigo de milicias e ordenangas, párá que, applicando-ée livremente
aos trabalhos da agricultura e da industria, possam mais fácilmente reparar os damnos que tres
annos de perturbagoés políticas lhes téem feitó soffrer; e sendo necessario prover áconservágao
da tranquillidade e seguranga das mesmas ilhas: a regencia, depois de ouvir a junta consultiva*
manda, em nome da Rainha, o seguinte:
Artigo 1.° Fica suspenso, até nova ordem, ñas ilhas dos Agores, o servigo das milicias e or-
denangas, as quaes nao poderlo ser convocadas para revistasj alardos, exercicios, nem para
algum outro servigo, fieando suspensa, tambem pelo mesmo tempo, a auctoridade dos seus offi-
ciaes e commandantes, salvas, porém, as suas graduagoes, honras e prerrogativas.
A disposigáo d'este artigo nao comprehende os artilheiros da costa, os quaes continuarlo
a. servir como até agora.
Art. 3.° Formar-se-hao em cada urna das ilhas dos Agores corpos de voluntarios nacio-
ñaes, compostos dos cidadlos que voluntariamente se quizerem alistar, cujo principal fim é sus-
tentar os direitos da Rainha a senhora D. Maria Ií e a carta constitucional, manter a tranquilli-
dade e defender o territorio contra os inimigos externos.
Art. 21.° Quando algum voluntario nacional, em acto de servigo, commetter algum crime
que esteja previsto pelas leis civis, será remettido ao juiz de fóra territorial, para proceder em
conformidade das leis.
O mesmo se praticará com o que commetter algum crime puramente militar d'aquelles por
que os voluntarios nacionaes podem ser punidos, como será declarado no artigo 22.°
As faltas de servigo e disciplica serlo punidas por um conselho de investigagao formado
pelo modo que irá ordenado no artigo 23.°
Art. 22." Os crimes puramente militares, por que os voluntarios nacionaes devem ser pu-
nidos, slo: desamparar o posto em tempo de guerra; fugir ou esconder-se para nao combater;
fugir ou dar vozes de medo durante o combate.
O voluntario nacional inenrso em algum d'estes crimes será riscado do eorpo a que perten-
cér, declarado inhábil para emprego algum publico ou municipal, com perdimento do queja tiyer,
150

e condemnado em seis mezes até tres annos de prisao, e na multa pecuniaria de 50$000 até
300)51000 réis, conforme a maior ou menor gravidade do caso.
Art. 23.° O conselho de investigagao para punir as faltas de servigo e disciplina será pre-
sidido pelo official que for nomeado pelo chefe.do batalhao, e, aonde nlo houver batalhlo, pelo
capituló mais velliOj quando o culpado for official ou sargento, e sendo cabo ou soldado* pelo ca-
pitlo da companhia. E será composto de seis membros tirados da classe do culpado ou da imnre-
diata oü immediatas* se a mais próxima nlo bastar. O presidente do conselho terá voto, e será
sempré oüvido ó culpado.
As peñas que o conselho pode impor, sao: reprehensao publica; reprehenslo publica com
nota ño livro mestfé; multa pecuniaria de 100 réis até 2?$000réis e prisao de um até cinco dias.
As multas pecuniarias serlo cobradas pela cámara para a arca do concelho.
Os ministros e secretarios d'estado o téñham assim entendido e fagam executar, cada um pela
parte que lhe toca.

Decreto da regencia dos Acores, de 10 de noTéiübro de 1831

Por elle foram mandadas por em pratica :ecumprir exactamente, emquanto se nao désse um
regulamento geral de disciplina para os corpos de todas as armas do exercito, nos regimentos de
infantería existentes ñas ilhas dos Agores, as instrucgoes regulamentares provisorias para os
officiaes superiores, ajudantés e cápitles nos mesmos regimentos.
N'estas instrucgoes encontram-se as seguintes disposigoes:
Artigo .13.p Todas as vezes que qualquer inferior commetter culpa que o torne indigno do
seu posto, o coronel mandará convocar o conselho de que trata o artigo 11.°, e este, examinando
cuidadosamente as circumstancias do delicto e ouvindo a defeza do acensado, submetterá seu
juizo ao coronel, que poderá privar o culpado do seu posto, porém; jamáis o official inferior po-
derá d'elle ser privado sem exame e parecer do conselho. Se o delicto, porém, for de natureza
a exigir sentenga de conselho de guerra, só por esta será o official inferior privado do seu posto.
Se o official inferior for sargento ajudante ou sargento quartel mestre e tiver delicto que nao exija
conselho de guerra, o coronel lhe nlo dará baixa do posto sem submetter seu juizo ao general
commandante. Se algum dos officiaes, que devem conrpor o conselho de exame, tiver dado a
parte por escripto contra o official inferior, nlo será meurbro do conselho, e o coronel o substi-
tuirá como se estivesse impedido para tal funcglo.
O conselho de exame a que se refere este artigo, era comporto do tenente coronel, dos tres che-
fes dé batalhao ou na falta de algum, do capitao mais antigo, e do ajudante do regimentó.
Art. 14.° Pertence ao coronel augmentar ou diminuir as penas correccionaes impostas pelos
differentés individuos do regimentó aos seus inferiores, e bem assim infligir as penas que excede-
rem a quinze dias de prislo. Sempre, porém, que julgar indispensavel a imposigao de pena cor-
poral ou outra, mandará, congregar o conselho de que trata o artigo 11.° para examinar o delicto,
ouvindo o aecusado, e dar a sua opinilo sobre o ter ou nao logar o castigo corporal. Verifican-
do-se á circumstancia expressa no fim do artigo precedente, o coronel dará a providencia ali
prescripta.
Art. 30.° O tenente coronel pode impor aos seus subordinados penas correccionaes que
nlo excedam a quinze dias de prislo.
Art. 36.° Os chefes de batalhlo podem augmentar ou diminuir as penas impostas pelos
commañdantes das companhias e ajudantes dos seus batalhoes, nao exeedendo o máximo de quinze
dias de prislo; podem igualmente impor aos seus subordinados penas que nao excedam o dito
limite. Se, porém, o batalhlo estiver destacado, poderlo, em caso de urgencia, impor os mesmos
castigos que os coronéis, formando o conselho prescripto no artigo 11.° dos quatro capitles mais
antigos e do ajudante do batalhao, e dando immediatamente parte ao coronel.
Art. 50.° O ajudante do regimentó pode impor aos seus subordinados penas que nlo
excedam a oito dias de prislo.
Art. 55.° Os ajudantes de batalhao podem impor aos officiaes inferiores e soldados do
seu batalhlo os mesmos castigos que os capitles.
Art. 63.° Os capitles ou commañdantes de companhias podem impor aos seus subditos
penas correccionaes que nlo excedam a oito dias de prisao.
Art. 69.° A prislo correccional ñas pragas de pret se poderá substituir por guardas dobra-
das, escola de ensino simples ou em ordem de marcha; porém, o descontó da terga parte do venci-
mento a beneficio do rancho terá sempre logar nos cabos, anspegadas, soldados e tambores, se-
gundo o numero de dias de prislo que lhes tiverem sido designados em forma devida.
151

Decreto da regencia dos Aeores, de 14 de novembro de 1831 /

Tomando em consideragao o que representou o presidente do conselho de justiga, acerca


da necessidade de se nolüearem dois membros supplementarios, um militar, outro letrado, que
possam ser chamados para supprir qualquer falta, que por molestia oü outro motivo legal de
alguns dos membros, possa impedir a reuñiao do mesmo conselho* como já por vezés tem acon-
tecido, com grave detrimento da proiñptidao com que a justiga deve ser administrada: ha por
bem a regencia, em nome da Rainha, ñomear membros supplementarios do conselho de justiga,
para serem convocados quando as circumstancias ácima referidas assim o exigirem* o coronel do
regimentó de cavallaria n.° 12 Francisco da (lama Lobo Botelho e o bacharel José das Nevés
Mascarenhás e Mello.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra assim o téñha entendido e o faga
executar.

Decreto da regencia dos Azores, de 21 de novembro de 1831

A regencia, desojando estabelecer nos corpos das differentes armas existentes n'esta ilha a
maior uniformidáde de disciplinas que for possivel i ha por bem mandar^ em ñome da Rainha,
que as instrucgoes dadas, para os: corpos de infanteria de linha, pelo decreto de 10 do corrénte
inez, sejam appiicadas aos batalhoés dé eagádores e de artilhéria ém tudo quáfito for compativel
com a sua orgañisagao, perteneendo aos commañdantes d'estes bátálhoes todas as obrigagoés que,
iras instrucgoes slo attribuidas aos coronéis dé infantería.
O ministro é secretario d'estado dos negocios da guerra assim o ténha entendido é faga
executar.

Decreto da regencia dos Acores, de 28 de novembro dé 1831

Tendo chegado ao mais horroroso excesso a injustiga e atroz perseguigao feita pelo governo
do usurpador da coróa portugueza, guerra contra os leaes e honestos cidadaos, que téem per-
manecido fiéis ao juramento, que* com a nagao inteira, prestárám no anno de 1826 á carta con-
stitucional e á Rainha legitima; e nao tendo faltado entre os ferozes servidores d'áquellé governo
juizes, tanto militares, como civis, de tal sorte esquecidos do primeiro déver do julgador, e com
tanto excesso dominados pela desordenada ambigao, ou devorados pela sede de sangue é de vin-
gangas, que nao receiaram prostituir o seu nobre officio, para cobrir com o vio titulo e forma
de sentenga os actos da mais iniqua e da mais odiosa crueldade, criminando rimas vezes como
criminosos os auctores de factos honrados e virtuosos, suppondó outras vezes graciosamente fa-
ctos de que nos processos nlo ha prova aiguma attendivel, e procurando quasi sempre por meio
de negras calumnias e de palavras affrontosas infamar a memoria e destruir a boa reputaglo
das infelizes victimas, que assassinam; acontece tambem que o mesmo espirito e as mesmas
causas téem corrompido a justiga civil, tirando-se os bens a uns e dando-se a outros, nao pelo
bom direito que cada um pode ter, mas únicamente pelas opinioes políticas que professa. Pelo
que a regencia, depois de ouvir a junta consultiva, considerando-se estreitamente obligada a
empregar todos os meios possiveis para proteger os subditos da Rainha contra aquelles actos de
desenfreada ferocidade, e assegurar aos que d'elles forem ou tiverem sido victimas o futuro des-
aggravo da justiga e a reparagao do damno, em quanto for compativel com os principios da
j ustiga civil e política: manda, em nome da Rainha, o seguinte:
Artigo 1.° Todas as sentengas proferidas pelos tribunaes,juizes, coñselhos de guerra, algadas,
coinmissóes ou quaesquer justigas dos reinos de Portugal, Algarves e seus dominios, em nome
ou por auctoridade do governo usurpador, depois do dia 25 de abril de 1828, e as que el'ora em
diante se proferirem no mesmo nome ou pela mesma auctoridade, contra quaesquer portuguezés
ou estrangeiros residentes em Portugal, de um ou de outro sexo, por motivos ou opimSes políti-
cas, ou por factos dependentes de motivos ou de opinioes políticas, sao declaradas irritas e mil-
las, para por ellas se nlo fazer mais exeeugao aiguma, antes se desfazer a que já estiver feita,
repondo-se, emquanto for possivel, as cousas no estado em que estavanr antes de comegados os
processos, em que as sentengas foram proferidas, e íicando por este facto rehabilitado o nome e
boa fama das pessoas sentenciadas, bem como a memoria d'aquellas que foram executadas e a
de seus descendentes.
Art. 2.° Todos os bens de raíz sequestrados ou confiscados serlo restituidos a seus donos ou
a seus legítimos herdeiros ou procuradores, com todos os rendimentos existentes, ou os bens
152

estejam aitída em deposito ou administraglo, ou tenham sido já encorporados nos proprios da


corda, ou por esta alienados por titulo oneroso ou por tituló gratuito, com declaraglo, porém,
que 0 terceiro possuidor deve, com os fructos existentes; restituir os fructos perceptos ou perci-
piendos. '
.
Art.- 3v° Igualmente serlo restituidos-todos os bens movéis ou semoventes sequestrados ou
confiscados, on o: prego d'elles, se tiverem sido vendidos, e existir em míos dé qualquer deposi-
tario ou administrador.
Art* 4.° Üma lei determinará os casos e o modo como hlo de ser restituidos os fructos e ren-
- aumentos entrados ño thesouro publico, o prego dos bens movéis ou semoventes que
tiver ti do o
.mesmO; destiño* e o prego que, pelos beüs alienados pola coróa, deram os acqüiescentes, e os
ffüetos é rendimentos que restitüiram*
Art. 5*° Os juizes territoriaes slo competentes para ordenar é fazer estas restituicoes summa-
riameñté* pelaverdade sabida, sem ordem, nem figura de juizo, e sem dependencia de mandado
¡das repartigoes fiscaes do juizo dos feitos da fazenda ou de outro algum.
Os mesmos juizes, e pelo mesmo modo, farlo proceder á restituiglo de quaesquer bens sub-
tfáhidos, furtados ou por qualquer modo desbaratados ao tempo do sequestro ou depois d'este
feito; e bem assim a indemnisaglo de todos os damñificarnentos, ou ruina culposa oü fraudulenta
acontecida ños bens sequestrados ou desbaratados, e da lesao que tenha havido nos arrenda-
meütoa dos mesmos bens.
Art. 6.° Todos os que, pelos motivos declarados no artigo 1*°, foram privados de officios vi-
talicios, postes, gradüagoes e honras serlo a éllés restituidos, contando suas antigüidades e annos
de servigo como se tal privaglo nlo tivésse existido; mas quanto aos ordenados correspondentes
ao tempo da privagao urna lei determinará o que sé deve. guardar.
Art. 7.°l Os juizes, que tiverém proferido as sentengas: e os que tiverem preparado os proces-
sos, serlo responsaveis ás partes ou a seus: herdeiros por todas as pérdas e clamnos que, com os
mesmos processos; é sentengas, tiverem causado, e por qualquer désCanrinho de bens que tenham
féito oü consentido por fraude ou omisslo.
Alem d'esta responsabilidade, os juizes responderlo criminalnrente por toda a quebra das
solemnidades substanciaes do processo, e por toda a decisao contra as regras mais obvias da
justiga, contra o direito expresso ou contra a prova dos autos, e bem assim por quaesquer inju-
rias feitas aos réus em suas pessoas ou boa fama, sem lei que as justifique ou sem rasao que as
deseulpé*
Art* 8.° Ñas causas civeis, em que tiverem sido partes algumas pessoas presas, emigradas ou
perseguidas por motivos ou opinioes políticas, ou por factos dependentes de motivos ou opinioes
politicás* se estas se acharem lezadas com qualquer acto de processo ou sentenga. proferida de-
pois do dia 25 de abril de 1828, gosárlo da reStituicao que se dá aos menores de vinte e cinco
annoSj a qual poderlo pedir aos juizes a que o conhecimento pertencér; as que estiverem no
reino, dentro de tres mezes contados do dia em que em Portugal se restabelecer o governo da
Rainha; as que estiverem ñas ilhas adjacentes ou em algum paiz da Europa, dentro de um anno ;
e as que estiverem na África, America ou Asia, dentro de dois annos.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da justiga assim o tenha entendido e faga
.exeoutar*

1832
Decreto da regencia dos Acores, de 27 de fcTerciro de 1832

Ampliando-se o decreto de 30 de abril de 1830, manda a regencia, em nome da Rainha, de-


pois de ouvir a junta consultiva, que quanto n'elle se acha disposto acerca dos desertores de tropa
de linha ou de milicias, seja inteiramente observado a respeito dos desertores de marinha.
O ministro e secretario d'estado dos negocios de marinha assim o tenha entendido e faga
executar.

Decreto de 24 de marco de 1832

Por elle foram mandadas observar as instrucgoes juntas para o commandante enr chéfe das
tropas, ficando reyogado o regulamento provisorio de 6 de abril de 1830, em tudo que fosse con-
trario ás disposigoes contidas n'aquelle decreto
Entre as attribuigoes do mesmo commandante encontra-se a seguinte:
153

--..
9.° Mandar julgar em conselho de guerra os officiaes inferiores e soldados, e proceder a con-
selho de investigaglo sobre as culpasi dos officiaes.
Ficaram sendo pelo mesmo decreto, da immediata attribuigao do governo, entre Outras:
7.° A confirmaglo das sentengas dos cónsélhos de -guerra; e igualmente designaros officiaes
que n'elles dévém ser julgados á vista dos dévidos "coñselhos de investigaglo.

Decretó de 2o de abril de 1832

Tomando em considerágao o éxpOSto ñó rélatoriq do ministro e secretario d.'éstado dos: ne-


gocios do reino: hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:
Artigo 1.° Ficam éxtínctos ñas ilhas dos Agores todos os batalhoes de milicias e ordenan-
gas, cessando completamente da data do presenté decreto em diante todo e qualquer .servigo da
segunda e tereeira linha do exercito, e cesáañdd db mesmo modo a auctoridade dos seus officiaes
e commañdantes* N'esta éxtincgao sé eompréhendé o eorpo de artilheiros da costa*
O officiaes de milicias e ordenangas, actualmente existentes, cóñservam as honras é'griadua^
.

COeS.:.. .-. Em tempo de guerra,


Art* 18»°
.'- - :'':! '. ' -V;r;"
oü emquanto se nao aehar.restaüradoem todos os dominios
'"

portuguezés a auctoridade legitima, coñsidérar-se-hlo os corpos¡dévoluntarios;como iñteiramente


sujéitos ao regulamento militar, e, os seüs commañdantes serlo aüciorisados a exig^ir dos: officiaes
que estiverem debaixo do seu cOmmando, assim comoidos officiaes inferiores e soldados dos seus
respectivos Corpos, a observancia estricta do mencionado regulamento^ficáñdo tío sómente abro-
gados os artigos 2l*°, 2.6."-e 27.° dos de guerra;
Art. 15.° Fica subsistindo o decreto de 7 de setembro de 1831 em tüdo o que nao for
revogado oü: alterado pelo presente.
O ministro e secretario d'estado dos negocios do reino assim o tenha entendido e faga exe-
cutar.

Na reforma judicial decretada em 16 de ínáio de 1832, enconlrá-sé o seguinte:

Disposigoes preliminares
Titulo \.—Da competencia.
Artigo 38.° Da publieagao d'esta lei em dianté nao haverá mais foro álgum privilegiado,
alem dos exceptuados na mesma, na conformidade do § 16*° do artigo 145.q da carta constitu-
cional.
Os tjuizes, etc.
Seogao II.—- Da ordem do processo nos feitos crimes

Capitulo II.— Da competencia.


Art. 176.° Gosam do privilegio do foro ñas causas crimes:
4.° Os militares nos casos em que pela lei nao perdem o seu foro;

Decreto de 21 de junho de 1832

Tomando em consideraglo o relatorio do ministro e secretario d'estado dos negocios do reino:


hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:
Artigo 1.° As penas estabelecidas nos artigos de guerra para os delictos commettidos pelos
cidadlos da tropa de linha, nao slo applicáveis aos voluntarios nacionaes.
Art. 2.° Emquanto se nao organisa o systema completo do regulamento especial, que deve ter
a guarda, nacional, os delictos e faltas que os voluntarios commetterem no servigo serlo punidos
em conselho dos seus officiaes, e nenhuma pena excederá a de demisslo do servigo, com privaglo
temporaria dos direitos políticos, e no caso de prisao, nlo poderá estender-se a mais de quinze
dias.
Art. 3*° Nos casos em que o delicto for ao mesmo tempo civil e militar, será julgado pela
justiga ordinaria, e segundo as leis criminaes.
O ministro e secretario d'estado dos negocios do reino assim o tenha entendido e faga exe-
cutar.
20
154

Decreto de 10 de jalbo de 1832

Hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:


Artigo 1.° Serlo organisados corpos com o titulo de batalhoes nacionaes, e com a mesma
forga e composigao que téem os actuaes batalhoes de cagadores.
Art. 5.° Nenhum castigo que nlo seja o de multas pecuniarias ou prislo temporaria, poderá
ser imposto ás pragas d'estes corpos* tudo¡da maneira que ineessantemente será regulada.
Art. 7*° O servigo dos referidos batalhoes é obligatorio sómente até que esteja restabele-.
cido o governo de Sua Magestade Fidelissima nos reinos de Portugal e Algarve.
O ministro é secretario d'estado dos negocios da guerra o tenhá assim entendido e faga exe-
cutar.

Decreto de 10 de julho de 1832

Hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:


Artigo 1.° Ficam éxtiñctos os corpos illegalmente organisados com o titulo de voluntarios
realistas, qualquer que seja a sua forga.
Art. 2.° Sao licenciados desde está data todos os regimentos de milicias dos reinos de Por-
tugal e Algarves* ficañdo os commañdantes inhibidos de os reunirem, nem mesmo por compa-
nhias, sem para isso preceder ordem do governo.
1
Art; 3*° Todas as pragas dé que se compoem ós; ditos corpos, apenas tiverem noticia do
'presente decreto, regressarlo ás suas casas, sob pena de serem processádas é. punidas como, re-
beldes.
Art. 4.° Os commañdantes dos ditos corpos extinctos e licenciados, seja qual for a sua
forga, qué teñdo conhecimento d'este decretó, a tiverem reunida por mais de vinte e quátro ho-
ras, serlo julgados em conselho de guerra e coñdemnados corno chefes de rebellilo.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra o tenha assim entendido e faga
executar.
,

Decreto de 14 de julho de 1832

Tomando em consideraglo o relatorio do ministro e secretario d'estado dos negocios da guer-


ra: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° Ficanr extinctos os corpos .de milicias nos reinos de Portugal e Algarve.
Art. 2.° Os officiaes.de milicias conservarlo as honras e uniformes corresjiondentes aos pos-
tos legalmente adquiridos e serlo recompensados pelo governo conforme os seus servigbs e me-
recimento.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra o tenlia assim entendido e faca
executar.
- Decreto de 17 de julho de 1832

Tomando em consideraglo o relatorio dos ministros e secretarios d'estado de todas as re-


partigoes: hei por bem decretar, em nome da Rainha, o seguinte:
Concedo amnistía geral de todos os delictos políticos, que tenham sido commettidos nos rei-
nos do Portugal e Algarves desde o dia 31 de julho de 1826, e ninguem poderá ser aecusaelo,
processado on punido por taes delictos em algum juizo criminal.
Sao exceptuados da amnistía geral, e serao proeessados e punidos pelos delictos políticos
que tenham eommettido, sem corutudo lhes poder ser imposta a pena de perdimento de vida, nem
fazenda de sua particular propriedade, os seguintes : •
O duque de Cadaval, ex-presidente da. cámara dos pares, prinreiro ministro do governo
usurpador.
José Antonio de Oliveira Leite, Luiz de Paula Furtado de Mendonga, o conde de Louza,
D. Diogo, visconde de Santarem, ministros e secretarios d'estado no acto da usurpagao.
O duque de Lafóes, em cuja casa foi feita e assignada a petiglo de urna parte da nobreza
a favor da usurpagao.
O marquez de Olhlo, que em nome do senado da cámara de Lisboa solicitou formalmente
a usurpaglo.
O hispo de Vizen, o desembargados José Accursio das Neves, primeiros procuradores na
assembléa dos chamados tres estados do reino.
155

Os juizes das alead-as, tanto civis como militares, que sentenciaram á morté; debaixo do
pretexto de crimes políticos, os cidadlos portuguezés fiéis ao seu juramento e á carta constitu-
cional.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes o tenham ássim entendido e 0
fagam executar.
Decreto de 29 de julho de 1832
.

Por elle foi criado o tribunal de guerra e justiga, composto de cinco magistrados e cinco
officiaes militares, presidido pelo auditor geral do exercito, determinando-se que este tribunal
durasse sóméñte emquanto durasse a usurpagao, e julgasse os delinquentes que perturbassem
por qualquer modo a ordem publica, proeédendo segundo os termos estabelecidós pelas leis para
os coñselhos de guerra, sendo as suas sessoes publicas, etc.; no mesmo decreto se éstábelece a
peña de serem arcabuzados os militares e paisanos que matassem os seüs similhantes fóra do
campo de batalha, ou nao sendo em defeza propría, e aos que inceñdias.sém algum edificio* pro-
priedade rural ou deposito de municoes; e a de trabalhos forgadós éde degredo aos que comrüet-
tesseñi roübos, furtos, violencias e outros delictos, e se determina que este decreto em nada al-
terava as leis anteriores, quanto aos crimes puramente militares, os quaes'continuariam a ser
julgados eñr conselho de guerra.
Decreto de o de agosto de 1832

Bésejando firmar a certeza da justiga militar, e a brevidade com qué em todos, os tempos, e
mormente iras presentes circumstancias, a applieag&o da peña, que. deve.seguir-sé á perpetrágao
do delicto: hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:;
Artigo 1.° As sentengas proferidas em processos militares serlo: immediatamente reméttidas
ao auditor geral, e por este apresentadas ao general commandante em chéfé do exercito liberta-
dor, para, ouvida a opinüo do mesmo auditor geral, as confirmar e fazer logo executar, excepto
nos casos de pena capital, cuja execuglo continúa.a.fiear dependente de coiifirmaglo regia.
Art. 2.° O general commandante em chefe do exercito, achando aiguma illegalidade essen-,
cial ou injustiga notoria no processo, ouvido o. auditor.geral, fará sem a menor demora; congregar
o competente conselho de guerra, para em sesslo permanente reformar os autos e proferir a sen-
tenga.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra assim o tenha entendido e faga exe-
cutar. .

Decreto de 2!) de agosto de 1832


.

Artigo 1.° Todo o soldado que, sem ordem ou licenga, for achado alem dos postos ávanga--
dos, será havido por desertor.
Art. 2.a Fica revogado o artigo 1'.° do decreto de 13 de outubro de 1830, ña parte que deter-
mina que para ser considerado desertor é preciso que o soldado esteja ausente do eorpo por mais
de vinte e quatro horas.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra ássim o tenha entendido e faga exe-
cutar.
Decreto de 3 de dezembro de 1832

Por elle foi determinado que o tribunal de guerra e justiga conhecesse de crimes políticos
em primeira e ultima instancia, estabelecendo-se o processo, e tambem dos crimes puramente
militares, regulando-se pela legislágao existente; competindo o conhecimento de outros crimes ao
tribunal de segunda instancia do circulo judicial do Porto ; e ficando em vigor o decreto de 29
de julho d'aquelle anno na parte em que nao era alterado por este.

1833
Decreto de 5 de Janeiro de 1833

Attendendo ao que me propoz o conselho de justiga em consulta, que fez subir com data de
18 de dezembro ultimo pela secretaria d'estado dos negocios ecclesiasticos e de justiga: hei pcx
156

bem, em nome da Rainha, alterar a disposigáo do § 8.° do decreto n.° 23 de 4 de novembro de


1830, e ordenar que o membro que serve de presidente do referido conselho possa nomear para
curador dos réus ausentes qualquer advogado dos auditorios d'esta cidade, caso que os nréBmos
réus nlo tenham precedentemente nomeado quem os defenda.
O, ministro e secretario d'estado dos negocios ecclesiasticos e de justiga o tenha assim en-
tendido e o faga executar com os despachos necessarios.

Decreto de 8 de Janeiro de 1833

:
Tendo por decreto de 3 de dezembro do anno próximo,passado sido devolvido ao tribunal
dé segunda instancia, estabelecido interinamente n'esta cidade* o conhecimento dos crimes que
nlo sao politicos ou dependentes d'estes: hei por bem* emnome da Rainha, declarar que nlo sao
sujeitós ádisposiglo do referido decreto os réus militares indicados nos sobreditos crimes* pelos
quáes continuarlo a responder perante o tribunal de guerra e de justiga,,na conformidadedo de-
creto de 29 de julho de 1832.
O ministro ,e secretario d'estado dos negocios ecclesiasticos e de justiga o tenha assim en-
tendido e faga executar.

Decreto de 2o dé Janeiro de 1833

Hei por bem, em ñome da Rainha, decretar o seguinte:


Artigo 1*° Fica dissolvidó O tribunal de guerra éjustica, creado pelo decreto 29 de julho de
1832, nlo só n'esta quálidade e primitiva denommaglo, mas tambem na de conselho de justiga
que lhe foi dada pelo outro decreto de 3 de dezembro do mesmo áñno.
Art. 2." O conhecimento dé todos e quaesquer; crimes eommettidos por individuos militares
fica devolvido aos coriSelhós de guerra na conformidadeda legisíaglo anterior ao sobredito decreto
de 29 de julho de 1832.
Art. 3.° O conhecimento dos crimes politicos, ou dependentes, eommettidos por individuos
que nao sao militares, fica pertencendo ao tribunal de segunda instancia estabelecido interina-
mente n'esta cidade, observando-se a respéito de taes crimes a forma do processo ordenada no
mencionado decreto de 3 de dezembro de 1832.
Art. 4.° Fica revogada a legisíaglo em contrario das disposigoes do presente decreto.
O ministro e Secretario d'estado' dos negocios ecclesiasticos e de justiga o tenha assim. en-
tendido e faga executar com os despachos necessarios.

Decreto de 2o de Janeiro de 1833

Tendo sido, por decreto da data de hoje, dissolvidó o tribunal de guerra e de justiga, creado
pelo decreto de 29 de julho de 1832, tanto n'esta quálidade, como na de conselho de justiga que'
lhe foi attribuida pelo outro decreto de 3 de dezembro do mesmo anno: hei por bem, em nome da
Rainha, ordenar que o conselheiro Francisco de Serpa Saraiva, relator do conselho de justiga,
cujas funegoes exerciá junto ao referido tribunal, passe a servir interinamente de auditor geral.do
exercito, regulando-se pela legisíaglo do reino anterior ao sobredito decreto de 29 de julho
de 1832.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra e tenha assim entendido e faga exe-
cutar com os despachos necessarios.

Decreto de S de fevereiro de 1833


-

Desejando firmar a certeza da justiga militar e a brevidade com que em todos os tempos,
e maiormente ñas presentes circumstancias, a applicagao da pena deve seguir-se á perpetraglo
.

do delicto: hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:


Artigo 1.° As sentengas proferidas em processos militares serao immediatamente reniettidas
ao auditor geral, e por este apresentadas ao marechal major general do exercito libertador, para,
ouvida a opinilo do mesmo auditor geral, confirmar em meu nome e fazer logo executar, excepto
nos casos de pena capital, cuja exeeugao continúa a ficar dependente de decislo regia.
Art. 2.° O marechal major general do exercito libertador, achando aiguma illegalidade essen-
cial ou injustiganotoria no processo, ouvido o auditor geral, fará sem a menor demora congregar o
157

competente conselho de guerra, para em sesslo permanente reformar os autos e proferir a sen-
tenga.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra o tenha assini entendido e faga exe-
cutar.

Determinacio inserta na ordem do dia 6 de fevereiro de 1833

Na conformidade das deterininagoes de Sua Magestade Imperial o duque dé Braganga, com-


mandante em chefe do exercito libertador, s. ex.a o marechal major general do mesmo exercito
manda declarar que fica d'ora em diante absolutamente prohibido nos corpos nacionaes o castigo
de varadas, castigo inhumano* aviltante e indecoroso ao brio e honra que destinguem os soldados
que téem a gloria de compor o exercito libertador, e que se prezam de expor suas vidas pela legi-
timidade e direitos de sua augusta Rainha e pela liberdade da patria; devendo, nos casos em que
lhes eram applicadas varadas, serem-lhes applicadas pancadas com espada de prancha, conforme
o determinado no regulamento militar de 1763; ficando coñitudo dependente a execüglo do so-
bredito castigo de pancadas com espada de prancha, da raslo motivada do commandante da bri-
gada, a opiniao do commandante da divisao, e a ápprovaglo de s. ex.a o maréchál generíd.
Oütrosim Sua MagestadeImperial manda recommendar aos commandánies dos corpos, e dé-
baixo de sua responsabilidade, a maior e mais exacta observancia do capitulo xr, artigo 3.° do
referido regulamento em tudo áquillo que nao for opposto á esta Ordem.

Decreto de 14 de marco de 1833

Tomando em consideraglo. o relatorio do ministro e secretario d'estado dos negocios eccle-


siasticos e de justiga: hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:
Artigo 1.° Em todos os documentos passados em nome do governo usurpador desde o dia
28 de abril de 1828 por diante, que nao tiverem sido declarados nullos por serem actos ordina-
rios de justiga ou adnrinistraglo, os quaes por sua naturezá nlo teem um carácter político, nem
podem ser retardados sem grave prejuizo dos povos, riscar-se-ha no prineipio, ou em qualquer
parte do documento onde se encontrar o nome do referido, governo usurpador, por tal forma
que nlo se possa mais 1er.
Art. 2.° Nlo terao effeito algum legal quaesquer documentos, que se produzam perante as
auctoridades, se elles forem em contrario á disposigáo do artigo antecedente.
O escrivao ou funccionario publico que assim passar qualquer documento ou o conservar em
seus cartorios, será suspenso, e a parte que o juntar punida com urna multa, que deverá impor-
Ihe, segundo a gravidade do delicto, a auctoridade perante quem o documento for prodüzido.
O ministro e secretario d'estado dos negocios ecclesiasticos e dé justiga o tenha assim en-
tendido e o faga executar.

Decreto de 6 de maio de 1833

Attendendo a que da exacta e prompta execuglo das leis depende essencialmente a disci-
plina militar e a boa ordem publica, que tanto mais firme e illesa convem manter, quanto mais
extraordinarias forem as circumstancias do estado: hei por bem decretar, em nome da Rainha,
o seguinte :
Artigo 1." E creado um conselho de guerra permanente, composto de um presidente, que será
official general, de um auditor, de cinco vogaes que nao terao patente menor que a de major.
Art. 2.° É da privativa competencia do conselho de guerra permanente julgar os auctores,
agentes e cumplices dos crimes de desergao. Assim, todos os réus d'este pernecioso delicto, bem
como todos os individuos de qualquer condiglo ou sexo, que alliciarem, induzirem ou por qual-
quer modo derem auxilio e favor para a deserglo, serlo proeessados e julgados no conselho de
guerra permanente.
Art. 3.° O conselho de guerra permanente é annexo ao estado maior general, e em occasioes
de marcha tambem lhe compete conhecer e julgar sobre quaesquer crimes capitaes contra a dis-
ciplina militar e contra a seguaranga dos habitantes e boa ordem publica.
Art. 4.° As pessoas indicadas nos crimes que, em os termos dos artigos antecedentes, slo
da competencia ao conselho- de guerra permanente, serlo logo presas e remettidas ao marechal
major general do exercito com parte por escripto, contendo a declaraglo da culpa com todas as
circumstancias e rol de testemunhas que a possam provar.
158

Art. 5.° O marechal major general, conheceñdo que a áceusaglo procede, enviará sem. de-
mora o réu e documentos ao presidente do conselho permanente de guerra, o qual, mandando
iminediataménte formar os autos, eñi que servirá' de eorpo de delicto a attestagao do comman-
dante do eorpo, se o réu for militar, ou sómente a parte de prisao, se for paisano, fará no mesmo
interrogar o réu e inquirir as testemunhas, e seguidamente o mandará intimar, para no termo
peremptorio de vinte e ¿qüatro, horas produzii- a sua defeza; findo 0 qual será proferida a sentenga

'
final em sessao permanente, que só por ordem superior poderá ser interrompida.
Ficaní reyogadas todas as leis.e disposigoes contrarias ás do presente decreto.
Os ministros,e secretarios d'estado dos ñegoéios da. güói:ra e da fázéñda, encarregado in~
térináñiéüté''da pasta dos negocios ecclesiasticos e de justiga, ó tenham assim entendido e o fa-
gam'ékécütár.' ':. >-
Decreto de 17 de junho de 1833

Atténdéñdo ánecessidáde dé por em harmonía com a actual orgániságlo do estado maior


imperial ás attribüigoes qué pertenciám ao marechal major general, relativamente a coñselhos
de guerra; hei por bem, ém nome da Rainha, decretar o seguinte:
Artigo 1." A auctoridade que, peló artigó 5." do decreto dé 6 de maio do présente annó, com-
petía áo marechal major general, será d'ora éin, diánte exercitada peló chefe do estado maior
imperial. '•'"'
Art. 2.° Os processos militares, depois de examinados pelo auditor geral, serlo remettidos
com á sua opiniao, pela secretaria d'estado dos negocios da guerra, a fim de serem submettidas
as sentengas á minha final deliberagaó. :=-.•"' ; ' - !
Art. 3.° Fica revogada toda a legislágao anterior sómente na parte em que é alterada pelo
presente decreto.
O ministro é .secretario d'estado dos negocios da guerra o teñhá assim entendido e faga exe-
cutar.

Decreto de 26 de julho de 1833

Hei por bem, em nome da Rainha, ampliando o decreto de 17 de junho d'este anno, decre-
tar o seguinte: ;
1.° A auctoridade que pelo decreto
. , de 5, de Janeiro d'este anno competía ao marechal ma-
jor general? fica tambem exercitada pelo chefe do estado maior imperial, com a declaragao de
que as condemnagoes em degredo, trabalhos públicos...e baixa de posto, assim como as penas ca-
pitaes,; serlo submettidas a ininha final,deliberaglo.
2.° Fica revogada a legisíaglo anterior sómente na parte em que é alterada pelo presente
.
decreto.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra, o tenha assim entendido e faga exe-
cutar.

Decreto de 14 de agosto de 1833

Hei por bem, em nome da Rainha, que se cancellem todos os livros de registe publico que
serviram durante o tempo da usurpaglo, e sejam mandados recolher ao archivo da Torre do
Tombo, e outrosim que se registem em novos livros os diplomas passados pelo governo legitimo
de Sua Magestade Fidelissima a senhora.D. María II.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da fazenda, encarregado interinamente da
pasta dos negocios ecclesiasticos e de justiga, o tenha assinr entendido e faga executar.

Determinado inserta na. ordem do dia 9 de outubro de 1833

1.° Sua Magestade Imperial foi servido por deci*eto de 14 de agosto ultimo, ampliando as
disposigoes do decreto de 26 de julho d'este anno, determinar que a auctoridade que em virtude
do mesmo decreto é exercida pelo marechal do exercito chefe do estado maior imperial, seja ex-
tensiva a poder confirmar e fazer logó executar a pena de mor te; quando circumstancias extraor-
dinarias assim o exigirem a bem da disciplina.
159

Decreto de .22 dé agosto de 1833

Tomando em consideraglo que ñas presentes circumstancias convem essenciahnente consul-


tar a seguranga publica, e livrar quanto antes a nagao portugueza dos,horrores da guerra civil,
com que urna facglo iniqua, no maior excesso da sua desesperagao, pretende aniquilal-a: hei
por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:
Artigo 1.° Os ecclesiasticos e paisanos, que forem apprehendidos com as armas na mao*. e bem
assim os officiaes militares que cómmaüdáré'm éórpós irregulares de qualquer denomiñagao que
sejam, ou que se aeharem a elles reunidos, serlo inimediatamente arcabuzados; para esse fim,
o commandante da tropa que os aprisionar, convocará um conselho militar compostó de tres mem-
bros* os quaes, tendo ouvido verbal e summariamente os réus, proferirlo sentenga final*, cuja
exeeugao dependerá sómente da approvaglo do mesmo commandante, se este assim o julgar con-
veniente.
Art. 2.° Fica suspensa provisoriamente toda a legislágao que for Opposta a disposiglo do
presente decreto.
O ministro é secretario d'estado dos negocios da guerra o tenha assiín entendido é faga
executar.

Decreto de 2 de setembro de 1833

Convindo dar urna nova forma áo conselho de marinha* que fóra creado por decreto de 3
de outubro de 1823 e, elevado á categoría de tribunal regio,por.outro decreto do 1.° de fevereiro
de 1825: hei por bem, em nome da Rainha, decretar o seguinte:
Artigo 1.° Fica extincto o real conselho de marinha,, cujas attribüigoes pertencérlo ao, novo
tribunal que me proponho crear, intitulado supremo tribunal de marinha, pássándo para o archivo
d'este todos os papéis lindos d'aquelle, devendo os correntes continuar a seguir o seu áñólamentó
perante o novo tribunal*
Art. 2.° Ficam revogadas todas as leis e ordens em contrario.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra, encarregado interinamente dos . de
marinha e ultramar, o tenha assim entendido e faga executar.

Decreto de 2 de setembro de 1833

Havendo eu extinguido, por decreto da data de hoje, o real conselho de marinha; e convindo
estabelecer desde já urna auctoridade que, com nova organisaglo, exerga as attribüigoesd'aquelle
extincto tribunal no modo e forma por que vio designadas no presente decreto: hei por bem,
em nome da Rainha, decretar o seguinte:
Artigo 1.° E creado um tribunal intitulado supremo tribunal de marinha,. ao qual fica. per-
tencendo a mesma jurisdiccao que exercitava o extincto real conselho de marinha; e, portantp,
conhecerá elle em ultima instancia de todos os processos crimes, intentados contra individuos
militares da marinha, que como taes sejam aecusados. E conhecerá em primeira é ultimainstan-
cia da validade ou nullida.de das presas feitas ou que de futuro se fizerem; assim como de todas
as causas que do mesmo facto se derivaran ou com elles forem connexas.
Art. 2.° Este tribunal será conrposto de um presidente, que será official general; de quatro
vogaes, dois dos quaes serlo officiaes dé marinha e os outros dois serlo magistrados, seryindo um
d'estes de relator; e fará igualmente parte d'elle um procurador regio; os quaes todos me serlo
propostos pelo ministerio da marinha. Haverá tambem um escrivlo, um porteiro e um continuo,
os quaes serlo propostos pelo tribunal; advertindo, porém, que o escrivao (o qual será escolhido
dos que escrevem n'esta cidade) nao vencerá por isto ordenado, mas sómente os emolumentos
que por lei lhe competirem.
Art. 3.° O tribunal guardará como regimentó os alvarás de regimentóde 18 de junho de 1704,
de 7 de dezembro de 1796 e de 9 de maiode 1797, e os decretos de 3 de setembro de 1831 e
dé 3 e de 4 de outubro de 1832, assim como qualquer outra legisíaglo respectiva, que nlo es-
teja em opposiglo com as novas instituigoes outorgadas á monarchia portugueza.
Art. 4.° O tribunal celebrará suas sessoes em publico no logar que para isso lhe será desti-
nado; e terá tres sessoes em cada semana, sendo as da segunda feira e da sexta destinadas para
julgar das presas, e as da quarta feira para julgar os processos crimes dos militares da marinha.
Quando algum dia de sesslo for. dia santo, ficará para o primeiro dia que o nlo for.
166

Art. 5.° Fiea dissolvida a cominissSo de julganiento de presas creada na cidade do Porto por
decreto de 3 de outubro de 1832,. e bem asskn :ai que foi installada em Lisboa em 5 de agosto
de 1833.
Art. 6/ Mcam revogadas todas as leis e disposigoes contrarias ao presente decreto.
O ministró e secretario d'estado dos negocios da guerra, éñcárregado interinamente do mi-
nisterio damafihháj ássim 0 téñha entendido é faga exeeutar.

Decreto de 6 de setembrO de 1833

Quérendo combinar a dispósigaó que déi peló meu decreto dé 14 de agosto próximo pás-
sádo, dé sé inútilisarém os livrós que éontivéssém áfestos, dé quálqüér especie que fossem, de
ordem dó góvérnó usurpador, eom a facilidade do expedienté das differentés répartigoes: hei
por bem, em nome da Rainha, ordenar que em quaesquer livros, onde estes arestos se acharem,
séjám trancados é aspados, para qué d'eUes máis nao póssá havér memoria; más que os inesmos
livros fiquem servindo ñas répartigoes a bem dos arestos legítimos que n'elles estiveféin é bou-
Vérém dé continuar a laricar^-se.
O ministro e secretario d'estado dos negocios do reino o ténha assim entendido e faga exe-
eutar.

Ordem do dia 30 dé sétembro de 1833

NWa; se décláfóiv qué-por decreto de 27 do corrente fol Suá Magestade Imperial servido
suspender o tribunal do conselho dé guerra do éxeréicio das süás funegoes, emquanto para elle
se nao publica iim regimentó, que éstéja em harmonía coma organisagao dajustigá civil, e com
as disposigoes dk cartai constitucional, ficand.0 nó emtanto as attribuigoes judieiaes d'este tribunal
exércidas por Süa Magestade Imperial cómo conimandante em chefe do exercito, com a assis-
tencia do auditor geral, e a cargo do ministerio da guerra as que por suá natureza lhe perten-
cem.. "";'

1834
Decreto de 2 de Janeiro de 1831

Tendo cessádo os principaes motivos que me inoveram a crear, por decreto de 6 de maio
do anno próximo passadó, o conselho de guerra permanente para julgar os auctores, agentes e
cumplices dos crimes de alliciagao e desergao; e tomando em consideragao as rasoes expendidas
na proposta, que sobre este objecto fez subir á minha imperial presenga o marechal do exercito
chefe do meu estado maior imperial: hei por bem, emnome da Rainha, dissolver o mencionado
conselho de guerra permanente, e determinar que os réus comprehendidosnos sobreditos crimes
sejani julgados d'ora ém diante pelos respectivos tribunaes, na conformidade das leis existentes.
O ministró e secretario d'estado dos negocios da guerra o tenha assim entendido e faga exe-
eutar.

Portaría de 6 de Janeiro de 1834

Manda o duque de Braganga, regente em nome da Rainha, communicar ao conselheiro au-


ditor geral do exercito, para sua intelligencia e effeitos necessarios, e em decisSo da represen-
tagao que fez subir por este ministerio com data de 23 de dezembro do anno próximo passado,
o seguinte:
1.° Que as disposigoes do decreto de 24 de junho de 1832 sao privativamente applicaveis
ás pragas dos co.rpos de voluntarios nacionaes das ilhas dos Agores, como explícitamente declai-a
o relatorio do ministro da repartigSo dos negocios do reino, por onde foi expedido o mesmo de-
creto.
2.° Que os batálhoes nacionaes mandados crear na cidade do Porto por decreto de 10 de
juiho de 1832, e depois em Lisboa, seguindo o mesmo systema de organisagao e disciplina, nao
podem nem devem ser considerados batálhoes de voluntarios, por isso que o seu alistamento é
obrigatorio, como se vé da letra do citado decreto, e por isso estao sujeitos em tempo de guerra
161

a todas as leis da disciplina e gosam do foro militar como os mais, eorpos do exercito, em canipa-
nha, ficando ainda para ser regulada a maneira por que deverao ser julgados em tempo de paz.
3.° Que os castigos de que ti'ata o artigo 5.° do decreto de 10 de julho de 1832 sao¡ única-
mente os correccionaes por faltas de sex'vigo-e culpas leves, cuja imposigao está dentro das attri-
buigoes dos commandantes dos corpos, e nao as penas impostas por sentenga do conselho de
guerra, em que as pragas d'estes corpos devem ser julgadas; pelas culpas graves militares mar-
cadas na lei.

Decreto de 28 de Janeiro de 1834

Tomando em consideragao o relatorio do ministro e secretario d'estado dos negocios da fa-


zénda, encarregado interinamente da pasta dos negocios ecclesiastieos e de justiga: hei por bem,
em nome da Rainha, decretar o següinte: ,.
Artigo I; 0 O processo das presas é a ordem dó juizo a seguir em¡ taes pleitos* e causas que
sobre este mesmo objectp se possam excitar^ será-de hojé em diante ó mesmo que se acha mar-
cado'e.regulado no código eoininereial pqrtüguez acerca das causas ffiercantis ém geral.
de presas. -;:-
Art; 2.° Está portanto abolida a jurisdiegao do auditor da marinha na parte relativa ás,..-..
Art. 3.° Os juizes dedireito;
.
causas
nos. portos^ aonde nao houver julzo commérciftl de primeira in^
stancia, serao juizes das causas de presas, conservada a ordem do processo do: código commercial.
Art. 4.° A sentenga proferida em causas de presas produz o effeito da cóusa julgada da mesma
sorte que em geral produz este effeito urna sentenga qualquer.
Art. 5¿° ®icam Tévogadas todas-as leis e disposigoes em.contrario áo presente decreto.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da fázenda, encarregado interinamente da
pasta dos negocios ecclesiastieos e de justiga, p tenha assim entendido e o faca exécutár>

Decreto de 17 de feícreiro de 1834


r

Sendo de rigorosa justiga esíáüelecef os vencimentos á que téem direito os mémbros1 do su-
premo tribunal de marinha, que eu fui servido'crear por decreto de 2 de sétembro de 1833,
para com nova organisagao substituir o extinctó real conselho de marinha, e os quáes. se acham
desde essa epocha no eífeetivó exercicio de suas attribuigoes':.hei por bem, em nome da Rainha,
qué os membros do mesmo supremo tribunal, que forem officiáes de marinha, veñgam o sóido ó
comedorias de officiáes embarcados sern commáhdó; que ó jüiz relator e procurador da corea do
referido tribunal vengara o ordenado dé mémbros dos tribunáes de segunda instancia; é o outró
vogal magistrado o mesmo vencimerito que téem os juizes dé diréitb.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar o tenha assiñi enten-
dido e faga executar.

A^iso de 3 de marco de 1834, dirigido ao conde de Saldanba

Tendo o conselheiro auditor gór&l do exercito feito subir á presenga de Sua Magestade Im-
perial o duque de Braganea, regente em nome da Rainha, por este ministerio em data de 13 de
fevereiro ultimo a consulta constante da inclusa copia, assignada pelo ofñcial maior d'esta secre-
taria d'estado Miguel José Martins Dantas, sobre a necessidade de estabelecer-se, em regra
certa e invariavel, que todas as vezes que um processo militar de conselho dé guerra for decla-
rado nullo e deva por consequencia instaurar-se a primeira instancia para o legalisar, se convo-
qiie um novo conselho composto de juizes todos différentes d'aquellos que o foram rio processo
annullado: houve por bem o mesmó augusto senhor, por suarésolugao de 25 do mesmo mez, ap-
provár a mencionada consulta, como v. ex.a verá da sobredita copia que Sua Magestade Imperial
manda remetter a v. óx.íl para sua intelligenciá e effeitos necess'arios..
Copia da consulta.:—Senhor. As leis portuguézas téém estabeléeido que a justiga criminal
militar seja administrada em duas instancias; e pelo decreto de 4 de novembro de 1730 fordada
esta forma ao processo na segunda instancia, cujo conheeimentpjá antes pertencia ao supremo
conselho de justiga. Se é' cérto ó principio de qué' os juizes dáségüridá'instancia devem exami-
nar o fundo da causa e decidil-a como for de justiga, porque para se corrigir a primeira sentenga
é que é instituida: a segunda instancia,- nao é menos; incontestavel qué as partes téem direito a
ambos os graus de jurisdiegao, e nlo podem ser privadas d'esta garantía. Mas nos casos emique
ha nullidade radical do processo, a qual, por essa rasao, nao tern, existencia legal e nao podía
21
162

receber sentenga definitiva, nao é licito ao juiz da segunda instancia decidir sobre o fundo da
questao, nem lhe é licito violar o principio dos dois graus dejurisdiegao, o(que sempre resultaría
do conhecimento e decisap de urna causa semterhavido primeira instancia. E necessario formar-se
um processo regular, e para este finí está determinado no reguiáinento de 21 de fevereiro de
1816, artigo 31.° § 11.°, e depois no decreto de 5 de fevereiro de 1833 que os processos mili-
tai-es sejam remetfcidos, em casos taes^ aú mesmo conselho^ de novo deve convocar-se*
No foro civil está pela ultima legislagao estabelecido que, quando se declara a nullidade de
um processo e que se requer o instaurar-se a instancia que por essa rasao nao existiu, se deve
remetter a causa a um juiz diftérente; e,estaregra,é.muitojusta, porque faz evitar os inconve-
nientes que necessáriamente se següem de submetter a causa segunda vez aos mesmos juizes
que nao observáram a lei. Conformemente ao que declarou o decreto de 27 de sétembro do anno
passado, eoñvem que as funegoés judiciaes militares !estejam em harmonía quanto póssa ser com
a organisagao da justiga civil', © náó havendo inconvenientealgum em se applicar ao foro militar
aquella inváriavel regra de que os juizes, que foram do processo annullado, nao devem concorrer
no conhecimento da, mesma causa, antes pelo contrario sendo evidentementejusta, e como tal
praticáda constantemente ñas inais cultas nagoes, julgo do meu dever per na augusta presenga
de Vossa Magestade Imperial a necessidade da sua adopgao nos processos militares, dignando-se
Vossá Magestada Imperial determinar que todas as vezes que, declarado na segunda instancia
millo o processo, se houver de proceder na conforinidade da lei á convocagáo do conselho de
guerra para o legalisar, se convoque pela aúctoridade competente um novo conselho composto
de mémbros todos differentesdos que foram juizes no processo annullado.

No decreto de 29 de marro de 1834, que crcou á guarda nacional, encontra-se o segitinte:

Artigó 25.° Em circumstanciás extraordinarias de guerra civil ou externa pode a necessi-


dade obrigar a mobilisar umá parte da guarda nacional, para secundar o exercito de linha; a
parte mobilisada fica sujeita á aúctoridade, disciplina e leis militares, e tem direito a todos os
vencimentos, que em iguaes circumstanciás ás leis concediam ás extinctas milicias. Um acto do
poder legislativo deverá determinar esta mobilisagao, e, nao estando as cértes reunidas, será ella
provisoriamente decretada pelo governo e ministerio do reino, e este decreto será levado ás cor-
tes logo, que se reunam; urna lei especial determinará p inbdo por que ha de verificar-se aquella
mobilisagao nos casos em que ella haja de ter logar.
Art. 33." Os cidadaos da guarda nacional, quanto aos crimes civis aínda commettidos em
acto de servicp, e quanto aos militares por que sao puniveis, estao sujeitos ás auctoridades civis
ordinarias, e por ellas serao julgados na conformidade das leis, excejito no caso em que perten-
gam á guarda nacional mobilisada nos termos do artigo 25." do presente decreto. Sao crimes mi-
litares por que as guardas nacionaes (cómprehendidos os officiáes) devem ser processados e pu-
nidos : desamparar o posto em tempo de guerra civil ou externa; fugir ou esconder-se para nSo
combater; dar vozes atterradoras na presenga do inimigo. Estes crimes serao punidos com a
perda de qualquer emprego publico e inhabilitado para outro, com prisao de um até dois annos,
e com a condemnagáo pecuniaria de 30$000 até 300^000 reís, segundo a gravidade do ciúme e
circumstanciás do criminoso.
Art. 34.° A infracgSo das regras do servigo, a desobediencia ás ordens, a insubordinagSo,
os ultrajes e insultos commettidos para os superiores ou inferiores, os abusos de aúctoridade em
acto ou por oceasiao d'aquelle serao julgados em um conselho de disciplina, composto de seis
mémbros tirados por sorte da classe do culpado, ou da immediata ou immediatas, se a mais
próxima nao bastar, e presidido pelo official que o commandante do corpo nornear. O presidente
terá voto; o culpado será ouvido summariamente, e a sentenga se pora segundo a maioria, obser-
vando-se, no caso de divergencia sobre a quantidade da pena, as regras estabelecidaspelas leis.
O processo será publico e escripto, o presidente nomeará para elle secretario, e será o relator.
As penas que o conselho pode impor sao, reprehensSo publica sem nota no livro mestre ou com
ella, multa pecuniaria de 300 réis ató 3^000 réis, prisao de um até cinco días, e até tres guar-
das de castigo; estas penas applicar-se-hao segundo as circumstanciás do caso. As condemnágoes
pecuniarias serao applicadas para as despezas do concelho, pelo qual tem de satisfazer-se as da
guarda nacional.

Dcterminacáo inserta na ordem do dia 24 de abril de 1834

Sua Magestade Imperial o duque de Braganga, commandante em chefe do exercito, manda


publicar o següinte1:
1.° Tendo alguns commandantes dos batálhoes nacionaes entrado em duvida sobre qual seja o
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preciso tempo de ausencia necessaria para poderem averbar as notas de desertores aquellas pragas
que se ausentaren! sem licenga: manda Sua Magestade Imperial lembrar aos commandantesdos ba-
tálhoes nacionaes movéis e íixos o que sobre este objecto se acha disposto na portaría do minis-
terio da guerra, dirigida ao auditor geral do exercito, de 6 de Janeiro ultimo, publicada na ordem
do dia n.° 166 de 26 do mesmo mez, e para que os mesmos commandantes tenham perfeito co-
nhecimento da legislagao que alterou a órdenanga militar sobre o mesmo objecto, e a que estao
sujeitos os citados corpos na,conformidade da dita portaría, determinou o mesmo augusto senhor
que se transcrevesse n'está ordem o seguinte decreto, que foi publicado em Angra, na ordem do
dia m.» 99 de 16 de outubro de 1830.
(Segue-se o decreto de 13 de outubro de 1830 que foi transcripto a pag. 146, d'este livro.)

Decreto de 27 de ihaio de 1834

Qüerendo dar um testemunho irrefragavel de clemencia e dos sentimentos de amor e indul-


gencia, de que se occupa constantemente o meu coragao a bem dos portuguezes que, illudidos
ou amistados por eíros, por intéressadas paixoes oii por' circumstanciás extraordinarias, ségui-
rama usürpagao até ao ponto em que ella se acha aniquilada; e sendo eU determinado a este
grande acto nóproprió momento das mais assignaladas victorias, levado sómeñte do intensó de-
'' sejo de reunir junto do throno legitimo de Sua Magestade Fidelissimá, minha augusta filhá; todas
as vontades, todos os votos e todos os eoragoés, com inteiro esqueeimento de passados crimes e
opinioes; e tendo ouvido o conselho djéstado: hei por bem, em nome da mesma augusta senhórá,
decretar o seguinte:
Artigo 1.° Gosarao de amnistía geral por todos os delictos politicos commettidosdesde o dia
31 de jullio de 1826, todas as pessoas que se submetteram ou que yierem submetter-se ao governo
da Rainha Fidelissimá dentro de quarenta é oito horas depois da publicagao d'este decreto ñas ca-
begas dos coneelhos, apresentando-se ás auctoridades loeaes, de quem réceberao guias, nao tendo
essas pessoas sido antes d'isso obligadas pela forga das armas, ficando as que se nao aproveita-
rem d'esta amnistía sujeitas ao rigor das leis existentes. ¡ -.-•'
§ 1.° Para os amnistiados ficará Suspensa a execugao do decreto de 31 de agosto de 1833 l
até que as cortes deliberem acerca do seu objecto.
§ 2.° Os amnistiados entrarlo na posse dos seus bens, mas nao podéráo alienáí-os até á de-
cisáo das cértes.
§ 3.° A amnistía nao éñvolve restituigaó a emprégós ecclesiastieos, políticos e civis, nem a
bens da coroa é Oi'dens, comméridas ou pensoes, nem compréhende delictos contra particulares,
assim como nao exime de responsabilidadé pelo prejuizo de tercéiro.
Art. 2.° Quaesquer amnistiados nacionaes ou estrangeiros poderlo Incremente saír de Por-
tugal, e dispor dé seus bens, comtahto que fiquem salvas ás réstfiegoes do artigo antecedente,
e que déem a sua palavra de nao toniarem de qualquer modo parte nos objeetos politicos d'es-
tes reinos.
Art. 3." Os officiáes militares amnistiados que, •no práso prescripto no artigo 1.°, juíarem
fidelidade ao governo da Rainha, conservarlo seus postos legitimamente conferidos, e o governo
proverá á sua subsistencia na proporgáo de süas graduágoes.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as répartigoes o tenham assim entendido e fa-
gam executar. -

Portaría de 16 de jiiulio de 1834

Manda, o duque de Braganga, regente em nome da Rainha, que o conselheiro presidente da


relagao de Lisboa, estabelecendo um turno entre os juizes de direito de primeira instancia d'esta

K'este decreto eneontra-se o seguinte :


1
Artigo 1.° Os auctores da usurpaeño nomeados no decreto de amnistía de 17 de jünlio de 1832, e todos
aquellos que depois da sua publieacao continuaran) a ser agentes, instrumentos activos e cómplices do usurpa-,
dor, ou com as armas na mao ou com a sua eooperacao, de qualquer modo que fosse, nao havendo jamáis accei-
tado a dita amnistía nem acudido aos repetidos convites com que foram chamados aos seus deveres, estao res-
ponsaveis todos e cada uní, in solidum, a pagar por sua pessoa e bens as pérdas e dañinos causados pela usurpa^ao
e subsecuentes discordias civis, e provindás on dé ac^oés' directas e indirectas dos rebeldes¿ou de obras e actos
de defensa.
§ único; Sao cumplices da usurpaeao todos os que se uniram ¡5s bandeiras dos rebeldes na occasiao da en-
trada das forjas de Sua Magestade Fidelissimá on de gente desarmada, que acclamasseosdireitps da mesma au-
gusta senhora em quaesquer povoacoes do reinó, e aquelles que depois d'esta aeclítmacao e da entrada das mes-
mas foreas abandonaran», as térras e foram engrossar as forjas1 do inimigo com as suas pessoas, bens ou dinuciro.
(Seguemse os mais artigos estabelecendo os meios de dar execucao ao determinado n'aquelle artigo.)
164

cidade, segundo a ordem dos districtos d'ella, designe assim, quando lhe forem competentemente
requisitados, os juizes que devem servir de auditor ños processos crimes dos conselhos de guerra,
que pelo supremo tribunal de marinha forem julgados nullos e houverem de reformar-se nos ter-
mos, da resolugao de 25 de fevereiro ultimo, publicada na Ckronica coiistitucionál de Lisboa n.° 76.
E outrosim manda Sua Magestade Imperial que o referido conselheiro designe logó n'esta con-
formidade um juiz, que faga as vezes dé auditor nos dois conselhos de guerra que váo de novo
convócar-se na forma d'aquella resolugao, por terem sido julgados nullos os primeiros a que as-
sistiu o;auditor da marinha; ficando o sobredito conselheiro na intelligencia de que na data de
hoje se participa, esta determinagáo ao ministerio dos negocios da marinha, para seü conheci-
mento.

No regulamenlo provisorio para a dircccáo e administraráo do arsenal do exercito,


decretado em 1 de jullio de 1834, enconlra-sc o seguinte:

Artigo 55.°—Das graduacoes, veucimentoSjuniforme, consideraeoes e mais vanfcagens


que oompetem aos empregados civis do arsenal do exercito

§: 3.° Grosaráo das honras, privilegios e isengoes que competem á officialidade da primeir a
-
linha do exercito.

Artigo 66.°—Das penas

§ único. Os crimes commettidos pelos empregados civis do arsenal do exercito serlo julga-
dos em conselho dé guerra e punidos Com as penas estabelecidas pelas leis militares existentes.

Decreto de 1 de jullio de 1834

Sendo necessario que a aúctoridade judicial militar, a qual durante a guerra estava devol'
vida ao chefe do meu estado maior imperial, seja desde já exercitada por um tribunal regular»
em harmonía com a carta constitucional da monarchia, a fim de que sem demora comecem os
mihtares a gosar de todas as garantías, que tao heroicamente souberam restaurar para si e para
a sua patria; tendo ouvido o conselho d'estado: hei por bem, em nome da Rainha, decretar o
seguinte:
Artigo 1.° Haverá na cidade de Lisboa um supremo conselho de justiga militar para co-
nhecer e julgar em segunda e ultima instancia os crimes militares.
Art. 2.° O supremo conselho de justiga militar é composto de um presidente, um juiz relator,
que será ministro togado, oito vogaes, um ajudante do juiz relator e um secretario. Haverá tam-
beni um promotor militar em exercicio j>ermanente, que tenha a patente de tenente coronel ou de
ahi para cima, encarregado de seguii" por parte da justiga e da disciplina os termos do processo.
O presidente e os vogaes serao officiáes generaes e a presidencia compete á maior patente, e na
igualdade d'ellas á mais antiga. O servigo será feito por turno, de modo que estejam sempre
presentes cinco mémbros, excepto em casos de pena capital, nos quaes assistirao, pelo menos,
seis vogaes, alem do presidente.
Art. 3.° Os processos militares, apenas findarem os conselhos de guerra, seráo remettidospela
competente aúctoridade ao secretario do supremo conselho de justiga militar, notificando o réu
e para estabelecer procurador. Esta notificagao é acto essencial, cuja falta en-
para a reiñessa nulíidade.
volvé insanavel
Art. 4.° O secretario do supremo conselho de justiga militar, logo que receber os autos, lavrará
em seguimento d'elles termo de entrega e os mandará ao juiz relator, o qual no praso de cinco
dias os apresentará na mesa, informando se elles contéem ou nao alguma nulíidade insanavel ou
se faltam algumas declaragoes necessarias para o descobrimento da verdade.
Esta questSo preliminar será antes de tudo decidida, podendo para esse fim cada um dos
vogaes examinar os autos por espago de vinte e quatro horas.
Art. 5." Decidindo-se que o processo labora em nulíidade insanavel ou que lhe falta alguma
informagao necessaria, remettem-se os autos á aúctoridade que convocou o conselho de guerra,
ordenando-se no primeiro caso que convoque um conselho formado de mémbros diversos dos que
foram no primeiro conselho, para com a possivel brevidade reformar os autos como for de direito,
e no segundo caso, que o conselho de guerra que proferiu a sentenga faga ajuntar os esclare-
cí inehtos que lhe forem.designados. -
165

Art. 6.° Quando os autos subirem reformados ou com as deelaragoes que se julgaram necessa-
rias, bem como quando se tiver resolvido na questao preliminar que o processo está nos termos
legaes para ser julgado, o juiz relator mandara logo os autos ao promotor, que d'ali serao con-
tinuados ao procurador do réu ou ao curador, que, na falta de procuragao, lhe deve ser nomeado.
Art. 7.° As sessSes do supremo conselho de justiga militar sao em audiencia pubKca, e terao
logar todas as tergas feiras e sabbados óu nos dias immediatos, se aquelles forem feriados:.
Art. 8.° O presidente dirige o servigo, mantem a ordem, tem voto no caso de empate, e. gosa
de todos os poderes necessarios para desempenhar as suas importantes funcgoes. ,
Art. 9.° O promotor é encarregado de requerer, allegar e promover quanto for conveniente,
á justiga e á disciplina, concluindo pela condemnagao.
Art. 10.° Findas as allegagoes do promotor de justiga e do defensor do réu, o juiz relator
expoe o íéito, dá todas as informagoes que os vogaes requererem e constaren^ dos autos, re-
sume o estado da causa, analysa as provas, e conclue referindo as leis applicáveis á especie dos
autos.
Art. 11.° Satisfeitos. os termos proscriptos nos artigos antecedentes, retirám-se os vogaes á
conferencia particular, e concluida ella, voltam á seus logares para a votágao ern publico^ prim-
cipiando pelo juiz relator e continuando segundo a ordem das precedencias.
Art. 12.° NáO se admittem novas provas de testemunhás;todas as allegagoes e votos sao oraes,
e cada um deve declarar o fundamento do seu voto. Todas as materias se decidem pela máioria
absoluta dos mémbros presentes. A sentenga na mesma sessaoé proferida, escripta e publicada;
Se occorrerém circumstanciás que meregam, serao os autos enviados pela secretaria d'estado dos
negocios da guerra com reeommendagáo á clemencia do poder moderador; más em todo o caso
terá logar esta remessa quando a pena exceder dez annos de degredo ou gales.
Art. 13.° O secretario assiste a todas as sesáoés; nao tem voto; lavrános processos os autos
e termos necessarios; dirige os trabamos da secretaria, pelos quaes é o primeiro responsável; e
escreve em Iivro para isso destinado as deliberagoes do tribunal que nao forem langadás nos
autos.
Art. 14.° A secretaria. consta do secretario, de um official, que nos seus impedimentos o
substitue, e um amanuense. Haverá támbem um porteiro, um continuo e um correio.
Art. 15.° Ficam extinctos o tribunal do conselho de guerra, o eonselho; militar de justiga e
a auditoria geral do exercito, e revogadas todas e quaesquer disposigoes sómente na parte em
que forem contrarias ás do presente decreto.
O ministro e secretario d'estado dos negocios daguerra p tenha assim entendido e faga
executar.

Portaría de 1 de julbo de 1834

Tendo felizmente terminado a guerra entre a legitimidade e á usurpaeao: manda o duque


de Braganga, regente em nome da Rainha, que os crimes de desergáo sejam de ora em diante
julgados o punidos na conformidade das leis em vigor para a tempo de paz.

No decreto de 3 de jullio de 1834, creando a parda municipal de Lisboa, encontra-se o seguinte :

Capitulo VII. — Faltas e penas

Artigo 68.° A guarda municipal será reeonhecida por sua extrema subordinagao, e pela ur-
banidade dos individuos que a compoem.
Art. 69." Todo o guarda que cleixar de acudir ao chamamento do sargento ou cabo, em
servigo, será punido com prisao desde dois dias até doze; pela reincidencia será expulso.
Art 70.° Todo o guarda ou cabo, que faltar á obediencia aos seus superiores, em artigos
de servigo, terá pena de prisao desde vinte e quatro horas até um mez.
Art. 71.° Toda a patrulha que parar ñas rúas fallando com quaesquer pessoas a nao ser
brevissimamente sobre objecto do servigo, será castigada com a pena discrecionaria do artigo
antecedente; reincidencia motiva expulsáo do corpo.
Art. 72.° Toda a patrulha ou individuo d'ella, que entrar em taberna ou casa de quaesquer
.bebidas, ou que parar á porta das ditas casas para beber, e assim o fizer, será desde logo ex-
pulso do corpo, ficando nota no livro para nunca mais poder ser admittido.
Art. 73.° Todo o guarda, patrulha, cabo ou sargento, que tratar descomedidamente qual-
quer cidadao ou o prender injustamente quando nao haja motivo de suspeita, por ser este co-
166

nhecidoe de notoria probidáde; óu que der paneádas nos presos; que lhe nao fazem resistencia,
será' castigado com prisco de dez dias ató trinta. A reincidencia motivará expulsao, ficando o
direito salvó aparte offendida.
Art¿ 74:° Todo ó guarda, patrulha; cabo ou sargento, que por peitas deixar de prender,
soltar ou diáífuga a individuos que devéra apprehender, será condemnado a dois mezes de prisao,
e no fim1 d!elles expulso, ficando sujeito ás penas estabelecidas ñas leis.
Art.'75i° Os que indevidameñte obrigarem cidadaos pacifieos e probos a abrir as suas poi'-
tas, ou entrarem illegalmente ñas suas casas, e ñ'ellas lhes fizerem insultos, serao eondemnados
na1 pena do artigo antecedente.
Art. 76.° Os mais delietos e offensas, c.ujo castigo está declarado ñas leisj serSo punidos
segundo as, mestnas, depois de expulso ó réu da guarda municipal.
Art»: 77.° ©guarda, que:uma vez for expulso por qualquer causa que seja, só poderá ser
readmittido paseados tres ánnos eóm informagoes especiaes, menos no caso do artigo 71;°
Art. 78.° O commandante geral, segundo commandante e commandantes de divisoes l po-
derlo arbitrariamente impórá pena de oito dias de prisco, dando os segundos parte ao primeiro;
as faltas iniais graves serao julgadas em conselho de tres officiáes; nomeados pelo mesmo sub-
inspector 2 por ordem do commandante:geral.
Arti 79¡°'A éxpulsáo de qualquer guarda, cabo ou sargento será precedida de um conselho
de invéstigagáo^ qué se apreséntará ao. commandante geral; e este decidirá segundo for dé jus-
tiga¿- dando de tudo parte áó prefeito;

1S35
Na carta dé lei de 15 de abril de 1835, encontrá-se o seguinte:

Artigo 1.° Nerihum official do exercito será privado da sua patente, em caso algiim, senao
por sentenga'proferida em-conselho de guerra. Sao exceptuados da disposigáo d'este artigo os
ófficiaés éstrahgéirós que sérveni no exercito em virtude dé ajustes ou contratos.
Art. ¡2,° Nenhum official poderá ser preterido no accesso respectivo marcado por lei, sem
que se lhe déclarem os motivos da sua preterigSo; sao exceptuadas as promogoés por distincgáo
no campo da batalha.

Na carta de lei de 18 de abril de 1835, euconlra-sc o seguinte:

Artigo 1." As disposigoes do decreto das cortes geraes datado de 23 de margo de 1835 3,
sobre nao ser official álgum do exercito privado da sua patente, senSo por sentenga proferida
em conselho de guerra, sao extensivas aos officiáes da armada e aos do corpo de brigada da
marinha, que nao estiverem no caso de serem desligados do servigo em virtude dos artigos 3.°
e 4.° do referido decreto. .,

No regulamenlo decretado em 24 de agosto de 1835, para a creacáo da guarda municipal do Porto,


cncontra-sc o seguinte:


Capitulo VIL—Paltas e penas

54.° A guarda municipal será reconhecida pela sua extrema subordinagáo, e pela urbanidade
dos individuos que a eompoem.
55." Todo o i guarda que deixar de acudir ao chamamento do sargento ou cabo, em servigo,
será-punidocóm prisao desde dois dias até doze; pela reincidencia será expulso.
56.° Todo o guarda ou cabo que faltar á obediencia de seus superiores em artigos de ser-
vigo; terá pena de prisáó desde vinte e quatro horas até um mez.

1 Erara os. commandantes das companhias de cavallaria.


2 Deve'ser segundo commandante.
3 Sanccionado pela lei de 16 de abril de 1835.
167

57.° Toda a patrulha que parar ñas mas fallando com quaesquer pessoas anlto ser brevis-
simamente sobre objecto do servigo,' será castigada com a pena discrecionaria do artigo antece-
dente ; a reincidencia motiva expulsao do corpo.
58.° Toda a patrulha ou individuo d'ella que entrar em taberna ou casa de quaesquer bebi-
das ou que parar á porta das ditas casas para beber e assim o fizer, será desde logo expulso do
corpo, ficando nota no livro para nunca mais npdeivser admittido.
59.° Todo o guarda, patrulha, cabo ou 'sargento que tratar descomedidamentequalquer ci-
dadao ou o prender injustamente quando nao haja motivo de suspeita, por ser este connecido e de
notoria probidade; o,que, der pancadas; nos presos que lhe nalp fizergni resistencia, será castigado
com prisao de dez dias até írintá! A reincidencia motivará a expulsao, ficando o direito salvo á
parte offendida.
60.° Todo o guarda, patrulha, cabo ou sargento que por peitas deixar de prender, soltar
ou der fuga a individuos que devéra apprehender,, será condemnado a, dóis mezes de prisao, e
no fim d'elles expulsó, ficando sujeito ás penas estabalecidás ñas leis¿ ;
.'.-
61.° Os que indevidámente obrigárem eidadaos pacificóse probos a abrirem as suas portas
ou entrarem iilegálmeiite ñas suas casas e n'ellas lnes fizerem insultos, serao condemnados na
pena do artigo antecedente.
62.° Os demais delictos e offensas, cujo castigo está declarado ñas leis, seráo punidos segundo
as mesmas, depois de expulso o réu da guarda municipal.
63.° 0 guarda que urna vez for expulso por qualquer causa que seja, só poderá ser re-
admittido passados tres anuos com informagoes especiaes, menos no caso do artigo 58.°
64.° 0 commandante 1 da companhia poderá impor a pena de oito dias dé prisao^ e os com-
mandantes de districto 2 a de quatro días aos soldados e cabos da guardarás faltas mais graves
serao julgadas em conselho, composto de um subalterno que servirá de presidente, nomeado pelo
capitao, dois sargentos, um cabo e um soldado, tirados á sorte, sendo secretario um dos sar-
gentos.
65.° N'este mesmo conselho se julgará a expulsao do soldado nos: casos em que por este
regulamento ella deve ter logar; só aos delictos estiver imposta maior pena pelas leis; o conselho
remetiera o delinquente para o juiz de direito respectivo; e n'este casó será o réu logo expulso
do corpo. '.••'-.,
66.° Os officiáes subalternos e sargentos que commetterem quaiquer falta de obediencia ou
de servigo, poderao ser suspensos e presos pelo commandante da oonipanhia, mas serao remet-
tidos em continente com as culpas á aúctoridade judicial, para serem julgados e punidos ¡com as
penas da lei, e no processo lhes poderá ser parte o mesmo commandante.
67.° Se algum official. ou sargento da guarda for preso por culpa grave, deixará de entre-
gar-se-lhe os seus respectivos vencimentos desde esse acto em diante. Se a final for. julgado in-
nocente, tudo se lhe restituirá, e sendo condemnado em pena maior que a de um inez de prisao
perderá o seu j>osto e nao terá direito aos sobreditos vencimentos, o que todavía se nSo enten-
derá a respeito das quantias que se estiverem devendo anteriormente á data da prisao.

Aviso de 28 de sétembro de 1835, dirigido ao duque da Terceira

Foram presentes a Sua Magestade a Rainha os officios que v. ex.a dirigiu por este minis-
terio em 27 de abril, 6 de maio e 9 de junho do corrente anno, expondo a duvida suscitada en-
tre algumas auctoridades sobre competir ou nao, em tempo de paz, o foro militar aos soldados
dos batálhoes nacionaes; e é a mesma augusta senhora servida, conformando-se com a opiniáo
do conselheiro juiz relator do supremo conselho de justiga militar a este respeito, mandar decla-
rar a v. ex.a, para que faga constar ao exercito o seguinte: 1.° Que aos soldados dos batálhoes
nacionaes nao compete o féro militar nos crimes civis commettidos em tempó de paz, ainda que
se aehem reunidos por qualquer motivo de servigo. 2.° Que a portaría de 6 de Janeiro de 1834,
declarando que elles sómente gosarao do foro em tempo de guerra e deixando dependente de
.
futura regulagáo a maneira como deviam ser julgados em tempo de paz, só podia esta futura
regulagao referir-se aos crimes que, tendo sido commettidos em tempo de guerra, houvessemde
ser julgados em tempo de paz; por isso que os mencionados batálhoes, pelo proprio decreto da
sua creagSo, deixavam de existir logo que em todo o reino fosse reconhecido o governo legitimo,
e só extraordinarias circumstanciás motivaram o seu licenciamento. 3.° Finalmente que, sendo

1 Era capitao.
2 Eram subalternos.
168

o;foro militar urna :excepgao do direito commum, e nao podendo haver-se por derogada a regra
geralrda¡ordinaria administragao da justiga sern lei clara e terminante, que éstabeléga o foro ex-
cepcional, deve por isso ser applicavel a lei por que se governam todos os cidadaos.

Dcclarafáo inserta na ordem do exercito n.° 25 de 4 dé agosto de 1836

Igualinente manda Sua Alteza' (o¡ senhor D* Fernando) declarar que, em virtude das ordéns
de Süa Magestade: a Rainha, communicádás pelo ministerio dá guerra, fica em pleno vigor adis-
posigao da portaría do referido ministerio datada de 26 de sétembro de 1810, que concede o¡
premio dé 4J800réis';a quemveapturar qualqiiér desertor:*. - ;

Decreto de 18 dé novembro de 1836

Tendo consideragaof.a que a-tranquillidade pública, apenas alterada em poucas térras do


Minho. e Trázaos-Montes, por oceásiaoi dos successos politicos occorrentes n'esta- capital em os
dias 4:e 5 do presentémez¡,de novembro, sé acha completamente restabelecida ém todo o reino
e redüzidos todos os: cidadaos á legitima obediencia das léis; e desejando eu estreitar os vínculos
de:Uniao,íde paz e ¡harmonía entre áfamiliárportugüeza,'de modo qué venha a identificar-se no
pensámento único de dar efficaz e uniforme impulso á causa da liberdade, como base e mais se-
guro fundamento dác existencia-.• e¡ prosperidade social, sem que a estes fins possam obstar passadas
désintelligencias^A-nascidas ísómente da diversidáde de opinioes sobré a melhor Organisagao do
systema representativo: hei por bem, ouvido-o conselho dé ministros; decretar o seguinte:
Artigo 1." Éénhuin cidadlo será perseguido, preso ou processado pelos acontecimentos; poli-
ticos que;: -nos dias*4,é 5 :do;corrente. mezide novembro, tiverám logar em Lisboa; ou foram ex-
citados posteriormente: em quaesquer outros pontos do í'eino em consequencia dos niesmos acon-
tecimentosl > - -n--:.:-, :-.-. . :.>;':
Art. 2.°. As pessoas: que,;ponoecasiao dos successos mencionados no artigo antecedente, se
achárem;capturadas, nao, estándo-por outro motivo: presas, serao immediatamente, solías,
Ar.ti S.^'A^auctoridadeüpública,procurando restabelecer a confianga; entre os concidadaos,
mantera as\garantias legaes, semideixar de velar incessantemente pela seguranga e tranquillidade
publica^,entregando á severidadé das leis todos os que para o futuro ousarem attentar contra a
ordem estabelecida.
Art. 4.° Ficam .sem effeito todas as disposigoes em contrario.
O secretario d'estado dos negocios do reino assim e tenha entendido e faga exeeutar.

No decreto de 25 de novembro de 1836, sobre rccrulamento, cncoiitra-se o seguinte:

Artigo 10.° Os individuos recrutados que depois da intimacáp nao compareceremno logar e
día qué lhes for indicado, serao havidos por desertores, e como taes punidos com as penas esta-
belecidas nos regulamentos militares, ficando alem d'isso obrigados a servir por mais tres annos,
afora os que vao marcados para a duragao do servigo dos sorteados.

Nodecrclo do l. 9 de dczcinhro de 1836, relativo á guarda nacional, cncontra-se o seguinte:

Artigo 3,° Os crimes civis e militares por que os cidadaos da guarda nacional devem ser
punidos, sao "a'infrac.gíló das,regras do servigo, a desobediencia ás ordens, a insubordinagáp, os
ultrajes é insultos commettidos para com os superiores ou inferiores, o abuso de.aúctoridade em

1No aviso do ministerio da guerra de 5 de outubro de 1857, publicado na ordem do exercito n.° 23 de '2á
de novembro do mesmo auno, e na íiortaria do ministerio da marinha de 19 de sétembro de 1865, publicada na
ordem da armada n.° 39 de 15 de sétembro do dito anno, acha-se regulado o modo conveniente e prompto de pa-
gar o mencionadopremio, k
169

acto de servigo, e por occasiáo d'elle. O cidadáo que se achar incurso n'estes artigos poderá ser
preso pelo commandante do corpo, de um até tres dias, na cadeia civil ou á sua ordem por qual-
quer superior ao posto do delinquente; e ser-lhe imposta á pena de urna até tres guardas de
castigo pessoaes, podendo o commandante mandar formar-lhe conselho de disciplina no praso de
quarenta e oito horas, quando o julgue conveniente ou quando o culpado assim o requeira*
Art. 4.° O conselho de disciplina será composto de cinco membos dos postos de capitao
até soldado inclusive. Na reúniáb mensal serao sorteados cinco cidadaos de cada posto, cüjo sor-
teio durará pelo espago de,tres mézes; e no acto de cada conselho serao iiovamente sorteados,
a fim de que o mesmo conselho fique constituido com um vogal de cada um dos referidos postos.
O accusado poderá recusar eincó vogaes peremptoriámente. O presidente será o posto mais gra-
duado do conselho, e terá votó; noméará de entre os vogaes secretario,: e será o relator*. O
culpado será óüvido summariamente, é a sentenga será proferida; segundó a maloria, obsérvan-
do-sé, no Caso dé divergencia sobre; á qüantidade da pena, as regras estabelécidas pelas leis.
O processo será publico até ao momento da sentenga, a qual; depois de proferida, será publica
e intimada ao réu» Das sentengas do conselho n^o ha recurso,;quando a pena nao exceder á
dez dias de prisao ou a 10$Ó00 réis de multa. Os commandantes as mandaraó éxecutar imme-
diatamente. E permittido o recurso para o conselho de districto, quando a pena for maior da que
fica indicada. Sendo condemnado definitivamente qüalqüér cidadaO' da guarda: hacionál ém multa
pecuniaria, e que ou se recuse a pagaba ou sé oeeulte para ó mesmo fim, será remettida copia
da sentenga ao delegado do procurador regio do respectivo districto, para a sua immediatá exé-
cugabv ,."-::. •":•
Art. 5i° As penas qué o conselho pode impor, sao multa pecuniaria de 3$000 até 20^000
réis, applioada pkra, as despezas particulares do bátalhao; cinco até viñte diás, de prisao-na ca^
deia civil. Nao se poderao impor ás duás penas simultáneamente; :.
Art. 6.° Todas as disposigoes do presente decreto sao ápplicaveis ás: guardas nacionaes dé
todo o reinos com as modificagoesconvenientes, devéndó os administradores géráes dos différentes
districtos remettér para esse effeito, sem perda de tempo, um plano que será tomado ná devidá
consideragáo. :
;
: :
.

No decretó de 7 de dézémbró de 1836, énconti'á-se o seguinte:

Artigo 1.° Haverá em Groa urna relagao, cujo districtoi comprehenderá as possessoes pórtu-
guezas na Asia e na costa oriental da África. Comtudo, as causas crimes em Mácau e'na costa
oriental da África, continuarao a ser definitivamente juigadas pelas juntas de justiga, sendo todo
o processo publico desde a publicagao do presente decreto;
Art. 15¿° Gada um dos juizes de direito servirá de auditor nos conselhos de guerra, con-
vocados dentro dos limites da sua comarca, e supprirá em qualquer outro conselho de guerra a
falta ou impedimento do juiz respectivo.
Art. 16.° O conselho supremo de justiga militar compor-se-ha do official de máior gradua-
gao, que será presidente, cinco officiáes mais graduados, ou de térra ou de marinha, e um dos
juizes da relagao que servirá de relator. Os processos serao distribuidos pelos juizes da relagao
por sua ordem. O governador geral nomeai'á para secretario d'este conselho um official, que pelo
menos tenha a patente de capitao.
Art. 21.° Continuará a junta da justiga em Macau, a qual procederá em publico á reper-
gunta das testemunhas, e a todos os mais actos do processo.
Art. 22.° Em Solor e Timor continuará provisoriamente a praticar-se o mesmo que até
agora, pelo que pertence aos negocios judiciaes.
Art. 29.° Em Mogambique haverá um juiz de direito, que exercitará as attiibuigoes do
antigo ouvidor. Tanto o juiz de direito como a junta de justiga, que fica subsistindo, observarlo
o que é decretado nos artigos 21.° e 22.° d'este decreto, e o juiz terá as mesmas vantagens con-
cedidas no artigo 28.° aos juizes de direito de Goa e Macau, e o ordenado marcado na mencio-
nada tabella.

Decreto de 9 de dezembro de 1836

Considerando que ñas actuaes circumstanciás é necessario diminuir, quanto ser possa, as
despezas publicas, sem comtudo faltar á administragao da justiga, que ó devida aos meus subdi-
tos^ e que é indispensavel que a aúctoridade judicial militar, seja exercitada por um tribunal
regular militar, em harmonía com o disposto na constituigao política da monarchia, o qual julgue
em segunda instancia todos os processos do exercito e marinha, conservando por esta maneira
a todos os militares de mar e térra o privilegio de foro e garantías, que tab heroicamente sou-
22
170

beram restaurar para a sua patria e para si: hei por bem ordenar que provisoriamente se observe
a este respeito o seguinte régulamento:
Artigo 1.° Haverá na cidade de Lisboa um supremo conselho de justiga militar para me con-
sultar os negocios militares em que eu for servida mandar ouvil-o, e para conhecer e julgar em se-
gunda e ultima instancia todos os crimes militares do exercito e marinha, e todas as causas,,de
que 0 conhecimento em primeira instancia pertence pelas leis existentes ás respectivas auditorias.
Art, 2.° O supremo conselho de justiga militar será dividido ein duas secgoes, urna do exercito,
outra da marinha, e cada urna d'ellas terá seis vogaes; haverá um juiz relator, e dois ajudantes
do juiz relator para ambas as secgoes, e um promotor militar em cada urna das secgoes, encár-
regado de seguir por parte da justiga e da disciplina os termos do processo. Os A'ogaes seráo
officiáes genóraes, ou pelo menos, quanto á secgao da marinha, capitáes de mar e guerra; a
presidencia compete á maior: patente, e na.igualdade d'ellás á mais antiga. O relator e seus aju-
dantes seráo ministros togados* O promotor militar terá a patente, pelo menos de ténente coro-
nel, ou de capitao de fragata. Haverá alem d'estes um secretario para ambas as secgoes, um
porteiro; um comtinuo é^um correio; e a secretaria se comporá do secretario, de dois officiáes,
que nos seus impedimentos o substituem em cada «ma das secgoes, e de dois amanuenses se-
menté.
Art. 3." Os processos militares, apenas findarem os conselhosde guerra, séráo remettidos pelo
presidente d'elles ao secretario, do supremo conselho de justiga militar com certidao da intimagao
do r.éü. ou réus, pai-a á. reinessa,: e para constituirem procurador queos defienda na segunda
instancia. Faltando esta certidSo, o conselho mandará fazer a intimagao por qualquer official ou
official inferior do corpo a que pertencer o accUsado, impondo ao auditor urna multa de 10$000
a 30$000 réis, que será applicada para o hospital do corpo a que o accusádo pertencer.
Art. 4.° O secretario do supremo conselho de justiga militar, logo que receber os processos,
lavrará em seguimento d'elles termo de entrega, e os mandará ao juiz relator, o qual no praso
dé cinco días os apresentara na mesa, informando se elles contém ou nao alguma nulíidade in-
sanavel, ou se faltám álgunias decláragoes necessarias para, o descobrimento da verdade. Esta
questáo preliminar será antes de tudo decidida, podendo cada uní dos vogaes que o julgar neces-
sario, examinar os autos por espago de vinte e quátro horas.
Art. 5;° Decidindo=se que p processo, labora em nulíidade insanavel, ou que falta alguma infor-
magao necessaria, remettem-se os autos com o aecordáo respectivo á aitctoridade que convocou
o conselho de guerra, ordenando-se no primeiro caso que convoque um novo conselho,
formado
de mémbros diversos dos que o foram no primeiro conselho, para com á possivel brevidade re-
formar os autos como for de direito; e no segundo casó, que o conselho de guerra que proferiu
a sentenga, faga ajuntar os esclárecimentós que lhe forera designados.
§ único. Se algum processo for julgado millo por falta de formalidades substanciaes de algum
summario do juizo civil que lhe tenha servido de base, serao os autos remettidos ao mesmo juiz
que procedeu ao summario; a fim de que o reforme na forma determinada. Depois de reformado
o summario seráo de novo remettidos os autos pelo mesmo juiz á Competente aúctoridade mili-
tar, para que maridé proceder a novo conselho de guerra.
Art. 6.° Q.uando os autos subirém reformados, oucomas decláragoes que se julgaretn neces-
sarias, bem como quando se tiver resolvido na questáo preliminar que o processo está nos termos
legaes para ser julgado, o juiz relator, depois.de haver nomeado curador ao accusádo, se elle
for menor, fará dar vista dos autos ao promotor militar, que os examinará em quarenta e oito
horas, e lhe pora o seu visto; findas ellas, serao os autos entregues ao secretario, que os conti-
nuará logo com cinco dias ao procurador do accusádo, se elle o tiver constituido, ou ao curador,
se elle for menor.
Art. 7.° As sessoes do supremo conselho de justiga militar sao em audiencia publica, e teríio
logar, as da. secgao do exercito, ñas tergas feiras e sabbados, e as da secgao da marinha, ñas
segundas feiras e sextas de cada semana; e sendo algum d'estes dias feriado, nos dias antece-
dentes ou immediatos que forem livres.
Art. 8.° O presidente dirige o servigo, mantem a ordem, tem voto no caso de empate, e gosa
de todos os poderes necessarios para desempenhar as suas importantes funcgoes.
Art. 9.° O promotor militar é encarregado de requerer, allegar e promover quanto for conve-
niente á justiga e á disciplina, concluindo pela condemnagao do accusádo, quando em sua con-
sciéncia entender que é de justiga.
Art. 30.° O accusádo, estando preso, será sempre conduzido á sessáo em que for julgado,
para assistir aos termos do processo e poder allegar o que julgar conveniente á sua defeza; es-
tando soltó, poderá igualmente assistir, se o julgar conveniente.
Art. 11.° Findas. as allegagoes do promotor da justiga, e do defensor do réu, o juiz relator
expoe o feito, dá todas as informagoes que os vogaes requererem e constaran dos autos,
resume o estado da causa, analysa as provas, e conclue referindo as leis applicaveis á especie
dos autos.
171

Art. 12.° Satisfeitos os termos proscriptos nos artigos antecedentes, retiram-se os vogaes a
conferencia particular, se algum d'elles a pede, e concluida ella, voltam a seus. logares para a
votagáo em publico, principiando-se pelo juiz relator, e continuando segundo a ordem das pre-
cedencias.
—-
Art. 13-.9- Nao se admittem novas provas de testemunhas; todas as allegagoes e votos sao
oraes, e cada um deve declarar o fundamento do seu voto.
Art. 14.° Todas as materias se vencem pela maioria absoluta dos mémbros presentes. Nos
crimes a que, provados, as leis impoem pena capital, seráo seinpre presentes seis juizes, alem do
presidente; nos outros, cinco. A sentenga será sempre proferida na mesma sessao. Quando na
mesa houver maior numero de juizes do que o referido para validade das sentengas, os juizes
seráo designados.pela sortéamenos o relator, que é sempre juiz; quando em. algumacías sesspess
nao se adiar presente numero sufficiente de juizes, em rasao de algum impedimento, seráo; cha-
mados os juizes da oütra secgao pela órdem da precedencia. ......
Ai't. 15.° As sentengas proferidas pelo supremo conselho dé justiga militar seraó inmedia-
tamente remettidas á. competente aúctoridade militar, para serém promptaínenté executadas,
menos quando a pena for de morte, ou exceder a dez annos de degredo, ou gales. N'estesdois
casos, o presidente enviará immediatamente o processo á secretaria d'estado dos negocios da
guerra ou marinha, a que o negocio pertencer; e n'esse casó a sentenga será mandada dépóis,
executar, conforme a resolugao do poder executivó. Quando se verificar circumstanciás atte-
nuahtes, que ao supremo..conselho paregam relevantes para se modificar.o rigor da leí, poderá
o mesmo conselho recommendar o réu á clemencia do poder competente^ e¿ n'esse caso, suspen-
der a sxec.ugáo da sentenga até á de.cisáp d'elle.
Art. 16.° Ñas quintas feiras de cada semana as duas secgoes do supremo, conselho de jus-
tiga militar se reünirao, para me consultar os negocios que eu lhe tiver ordenado que o sejam
em conselho'pleno; para tratar da .reyisáo das prdenángás militares, sendo-lhe ericarregada; e
para decidirem qualquer outro negocio que interesse todo o conselho, ou que for commum ao
exercito e .marinha.
Art. í 7:° O secretario assiste a todas as sessoes, nao tem voto, lavra nos processos os au-
tos e termos necessarios, dirige os trabamos da secretaria, pelo quaes é o primeiro responsavel,
e escreve em livro para isso destinado as deliberagoes do conselho, que nao forem Jangadas nos
autos. !';
Art. 18.° Os officiáes generaes ou capitáes de mar e guerra, que forem ñomeados para vo-
gaes do supremo conselho de justiga militar, os ministros togados, o secretario e mais emprega-
dos do supremo conselho de justiga militar vencerlo os sóidos, ordenados e gratificagoes que
lhes váo designados na tabella junta, que faz parte do presente decreto.
Art. 19.° Ficam extinctos o supremo tribunal de justiga da marinha, creado por decreto de
2 de sétembro de 1833, e o supremo conselho dé justiga militar do exercito, creado por decreto
do 1.° de jullio de 1834; e ambos elles ficam reformados e regularísados coniforme o disposto
no presente decreto.. :¿ :
Art. 20.° Os empregados do supremo conselho; •.de justiga militar,' novamente creado, seráo
escollados segundo o seu merecimento entre os que já o eram no supremo conselho de justiga
militar do exercito, e no supremo tribunal de marinha, agora extinctos; e os outros que o mere-
cerem por seus servigos e aptidáo, teráo. exercicio como supranumerarios no dito supremo con-
selho de justiga militar, emquanto nao forem convenientementeempregados em outros logares.
Art. 21.° Os ministros togados do supremo conselho de justiga militar do exercito e mari-
nha seráo considerados como pertencentes ao quadro da magistratura; e o juiz relator, na forma
dos decretos de 16 de maip de 1793 e 31 de Janeiro de 1797, terá a mesma graduagáo e pre-
rogativas concedidas aos conselheiros do supremo tribunal de justiga do reino.
Art. 22.° Ficam revogadas todas e quaesquer disposigoes na parte ern que forem contrarias
ás do presente decreto.
Os secretarios d'estado dos negocios da guerra, e da marinha e ultramar, o tenham assim
entendido e fagam executar.
172

Tabella dos sóidos e gratifioacoes pertenoentes ao presidente, vogaes e mais empregados


no supremo conselho de jüstioa militar do exeroito e marinha

Vencimentos annuaos
Empregos : '^» —.^ .
Soldó Gratifioacoes

Presidente. O da patente 960#000


Vogaes militares, officiáes generaes
Vogaes, officiáes superiores .... 4 .....;. * ; O da patente
O da patente
600¿>000
360$000
Promotor O da patente 360$Ó00
Juiz relator 1:600$00Ü -$-
Ajudántes...
Secretario.; ..
;
;.;..... ;... l:O00JO00
800^000
-#*
-£-
Officiáes de secretaria 400¿¡000 -g>-
Amanuenses 240$000 -£-
Porteiro •'. 350$000 -$-
Continuo;...............'..............:..';...'.....; 300¡g000 -£-
Correioapé........ 300^000 -$-
Servente 144^000 -£-

Deci-elo de 27 de dezeinbro de 1836

Hei por bem determinar que os decretos de pensoes concedidas ás viuvas e familias de mi-
litares, e de condecoragoes a militares e empregados civis do exercito, de perdáo ou commuta-
cao.de pena, e as sentengas de conselhos de guerra, antes de sortirem o seu Sevido effeito, sejam
publicados na ordem geral do exercito.
O secretario d'estado dos negocios estrangeiros, encarregado interinamente da pasta dos ne-
gocios da guerra, assim o tenha entendido e faga executar.

1837
No decreto de 14 de Janeiro de 1837, creando a escola polytecbnica, encontra-se o seguinte:

Artigoo Í7.° O magisterio é vitalicio.—Nenhum lente poderá ser suspenso sem audiencia
previa sobre queixa de individuo ou informagáo de aúctoridade, nem demittido sem proceder
sentenga proferida em tribunal competente.

No decreto de 12 de Janeiro de 1837, creando a escola do exercito, encontra-se o seguinte:

Artigo 9.° Sao litteral e inteiramente applicaveis aos lentes e professores da escola do exer-
cito as determinagoes dos artigos 14.°, 15.° 16.° e 17.° do decreto de 11 do corrente, relativo á
escola polytechnica.

No decreto de 16 de Janeiro de 1837, sobre a organisacáo judicial no ultramar, encontra-se o seguinte:

Artigo 14.° Em Mogambique, Angola, ilhas de S. Thomé e Principe e ilhas de Cabo Verde
ficam subsistindo as juntas de justiga, onde seráo definitivamentejulgadas e sentenciadas as cau-
sas crimes assim dos paisanos, como dos militares.
Art. 15.° Fica inteiramente suspenso o estabelecimento dos jurados das provincias ultrama-
rinas tanto da África como da Asia, e os juizes de direito ficam ao mesmo tempo juizes de facto,
guardando a mesma forma do processo que até agora se praticava, com as seguintes alteragoes.
173

Art. 16;° Todas as causas civeis devem ser precedidas de conciliagáo e pelo modo estabele-
cido ñas leis vigentes; as testemunhasseráo inquiridas em publico e escriptos seus depoimentos ;
ficam excluidos os embargos e aggravos de petigao e admittidos sómente os de instrumentos, e
no auto do processo. ¡,: ;;
Art. 17.° Os processos das causas crimes seráo igualmente públicos depois da pronuncia, a
qual só se entenderá completa depois da ratificagáo, que terá logar observando-se o disposto no
decreto de 16 de maio de 1832, artigo 197." e seguintes, no que forem applicaveis.
Art. 18.° Os processos crimes de pena capital seráo sentenciados a final ñas juntas de jus-
tiga, e na relagao de Groa, as quaes procederán em publico a reperguntar as testemunhas e a
todos os mais actos do processo.

Decreto de 16 dé Janeiro dé 1837

Tendo mostrado a experiencia ser necessario alterar algumas das disposigoes do capitulo vil
do decreto de 3 de julho de 1834, e providenciar sobre oútras, a fim de melhorar a disciplina da
guarda municipal de Lisboa: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo I. 0 Desde a data da publieacáo do presente decreto em diante as pragas dá mesma
guarda, a quem em conselho de investigagáo se provar mau comportamiento, recusagáo ao servigo
que lhes pertencer ou houVerem incorrido ñas penas comminadás nos artigos 69.° e 71.° a 75;°
do sobredito decreto, serao ¡inmediatamente e sem dependencia de outrá ordem remettidas pelo
respectivo commandante ao general commandante da l.s divisáo militar, para as fázer reunir aos
corpos do exercito, em que anteriormente tiverem servido, ou para destinar corpos do mesmo
exercito em que váo servir aquellas que haviam passado á guarda da clásse de paisanos ou dos.
differentes corpos dos volutarios. "
Art. 2.° Seráo para o mesmo effeito remettidas ao mencionado commandante da 1.a divisáo
militar quaesquer pragas das sobreditas classes, que, depois de háverern desertado da guarda, fo-
rem capturadas; Com a única differengá de que ás ineursas n'este crime se lhes lángaráo nos res-
pectivos assentamentos as competentes notas de desergáo, e que ficáráo consideradas como reclui-
tadas e inhibidas de voltar ao servigo da guarda municipal.
Os secretarios d'estado dos negocios do reino e da guerra assim o tenham entendido e fagam
executar.

No regulamento para o batalháo naval *, approvádo por decreto de 25 de Janeiro de 1837, encontra-se o seguinte:

Do servigo a bordo :
Artigo 22.° Na applicagao dos castigos a bordo, nunca haverá differengá entre tropa e ma-
rinhagem, e por isso fica abolida a pratica da tropa só poder ser castigada no seu alojamento,
como destruidora da subordinagáo.
Art. 23.° O commandante do destacamento embarcado só pode dar como castigo de corree-
gao e sem previamente participar ao immediato ou official de detalhe da guarnigáo:
§ 1.° O servigo dobrado ou extraordinario a bordo.
§ 2.° Suspensáo de licenga a térra ou para fóra do navio.
§ 3.° O servigo de fachina.
Art. 24.° Todos os outros castigos em pratica na armada, só podem ser mandados dar, ou
pelo immediato ou pelo commandante da embarcagáo, em consequencia de parte do commandante
do destacamento ou sem ella.
Art. 25.° Quando a falta nao for d'aquellas que podem ter pena de correegáo, mas sim mais
grave (nao sendo comtudo dos crimes, que pelos regulamentos em vigor devem ser processados
por um conselho de guerra), o commandante da embarcagáo mandará applicar a pena que tiver
sido arbitrada por um conselho de disciplina composto de tres mémbros officiáes de patente da
armada e do batalháo naval, havendo-os a bordo.
Art. 26.° Quando a bordo da embarcagáo em que se der este caso, nao houver sufficiente
numero de officiáes de patente para formar o conselho de disciplina, o commandante da embar-
cagáo participará ao commandante mais graduado, que se achar em conserva ou no mesmo an-
coradouro, para este nomear os officiáes que faltarem para completó dos tres que devem formar
o dito conselho. ;

O batalháo naval foi organisado por decreto de 7 de Janeiro de 1837, em substituidodo corpo da brigada
1
da marinha, disaolvido por decreto de 7 de novembro de 1836.
174

'-=' Art; 27.° O commandante da embarcagáo; aondé tiver logar o delicio, nao poderá ser niein-
bró de tal eónsélho. '
Art. 28;° Se as circumstanciás ñáo permittirem o pódér-se formar o conselho para este fim, .
o commandante da embarcagáo usará do seu juizo prudencial.

Portaría de 28 de fevereiro de 1837

Manda a Rainha, pela secretaria d'estado dos negocios da guerra, communicar ao supremo
conselho de justiga militar, para súa intelligencia e mais effeitos convenientes, que o decreto de
27 de dezembro ultimo, que determinpUjque as sentengas .dos, conselhos de guerra antes de sur-
tirém o seu devido effeito fóssem publicadas na órdem geral do exercito, nao pode entender-se se-
náo a respeito d'áquellas que impoe pena de mprte ou dez ánnos de degredo ou gales, as quaes
o decreto;;de- 9 do'mesmo jnéz manda que siíbam á presenga da mesma; augusta senhora, para, se
assim lhe aprouver, usar da faculdade que lhe compete pelo §11.", artigó 123.°, capitulo i; e
titulo iv da constituigao política da monarehiav '

Carta de lei dé h dé marco de 1837

D. Máriá, por grágá de Deus e pela constituigao da moñarchia, Rainha de Portugal e Al-
graves, d'aquem e d'alem mar, em África; ete;Fago saber a todos os meus subditos, que as cor-
tes decretaram e eu sanccionei a leí seguinte :
guinte:- ';.,-'. ,...:.:
As cSrtes geraes extraordinarias e constituintes da nagáo portugueza decretaram o se-
Artigó 1.° Pelo espago de tres mezes, depois da pnblicagáo da presente lei, fica o governo
auctorisado para mandar pi*endér sem Culpa formada, e para exercer o poder discricionario, que
as circumstanciás exigireni na serra do Algarve e ñas suaB vizinhangas.
Art. 2:? O governo poderá exercer o mesmo poder ñas térras dos districtos administrativos
de Faro, Bejá e Evora, que julgar necessario declarar ou mandar declarar sujeitas ás disposi-
goes d'esta lei.
Art. 3.° No territorio declarado nos artigos precedentes, o governo poderá delegar os pode-
res que esta lei lhe confere ñas auctpridades, que para esse fim especialmente designar.
"" ''Mti. 4!"d 'governo é seus agentes fieani respónsaveis pelos abusos' que commetterem na
exécugáo d'esta lei.
Art. 5.° Emquanto a presente lei estiver em vigor, será o governo obrigado a dar conta
mensalmente ao congresso: do uso que tiver feito das faculdades que esta lei lhe confere.
,
Art. 6.° Fica derogada toda a legislagao em contrario.
e execugáp da referida lei
,
Portanto, mando a todas as auctoridades a quem o conhecimento
pertencer; que a cumpram e executem táo inteiramente como n'ella se contení.
Os secretarios de todas as répartigoes,a fagam imprimir, publicar e correr 1.

Carla de lei de 14 de jullio de 1837

D. María, por graga de Deus e pela constituigao da moñarchia, Rainha de Portugal e dos
Algarves, d'aquem e d'alem mar, em África, etc. Fago saber a todos os meus subditos, que as
cortes geraes extraordinarias e constituintes da nagáo portugueza decretaram e eu sanccionei a
lei seguinte:
As cortes geraes extraordinarias e constituintes da nagáo portugueza decretara provisoria-
mente o seguinte:
Artigo í.° Fica o governo auctorisado para usar pelo espago de um mez em todo o reino,
de poderes extraordinarios e discricionarios, segundo as circumstanciás p exigirem, a fim de ata-
lhar a rebelliáo que rebentou na provincia do Minho.
Art. 2".° Durante o mesmo praso ficam suspensas em todo o reino todas as garantías indi-
viduaes, e poderá o governo mandar prender sem culpa formada.

.--
As disposieoes d'esta lei foram prorogadas por mais tres mezes pela lei de 12 de junho, por mais dois
mezes1pelo artigo 2.°'da lei de 7 de outubro, por mais dois mezes pela lei de"20 de dezembro, tudo de 1837, e
por mais dois mezes pela lei de 2 de marco de 1838.
1,75

Art. 3.° Durante o mesmo praso, jornal, periódico oü escripto impresso poderá ser publicado
sem previa licenga do governo.
Art. 4.° Findo o referido praso, o governo será obligado a dar conta ás cortes do uso que
tiver feito das faculdades que esta lei lhe confere.
Art. 5.° Fica igualmente o governo auctorisado para realisar por qualquer meio que julgar
conveniente os fundos necessarios até á quantia de 2.000:000^000 réis.
Art. 6.° Esta lei principiará a ter effeito e execugáo desde o momento da sua sancgáo..
Art. 7.° Fica revogadá toda a legislagao em contrario.
Portante, mando a todas as auctoridades a quem o conhecimento e execugáo d'esta lei póssa
pertencer, que a cunipram é executem táo inteiramente como n'ella se contení;
Os secretarios d'estado de todas as répartigoes a fagam imprimir, publicar e correr *.

Carta de iéi de S de outubro de 1837

D. María, por graga de Deus:e peía constituigao da monárehia, Rainha de Portugal é dos
Algarves, d'aquem e d'alem mar, em África, etc. Fago saber a todos os meus subditos, que as c6r-
tes geraes extraordinarias e constituintes da nagáo portugueza decretaram e eu sanccionei a lei
seguinte:
As cortes geraes ext. aordinárias e constitaintes da nagáo portugueza decretam o seguinte:
Artigo 1.° O foro militar é o competente para julgar os officiáes dó exercito e da marinha,
em todos os crimes, cuja pena directa ou indirectamente venha a importar a perda da patenta.
Art. 2.° Ficam d'esta forma declaradas as cartas de lei de 15 e 18 de abril de 1835;1,
Portante, mando a todasas auctoridades a quem o conhecimento e execugáo da referida lei
pertencer, que a cumpram e executem táo inteiramente comon'ella.se contém. •
;; ,
O secretario d'estado dos negocios da guerra, encarregado interinamente dos da marinha e
ultramar, a faga imprimir, publicar e correr.

Decreto de 11 de outubro de 1837

Convindo determinar a maneira por que deve ser levada a effeito a disposigáo do artigo 10.°
do decreto de 25 de novembro de 1836, que julgou desertores os individuos recluitados, que, de-
pois de haverem recebido intimagao, deixarem de comparecer no lpgár e dia que lhes fór indicado,
e remover d'esta forma os embaragos que se téem encontrado ná. execugáo do citado artigo: hei
por bem ordenar que d'ora em diante se observem a este respeito ás instrucgoes regulamentares
que com este decreto baixam e d'elle fazem parte, ássignadas pelos secretarios d'estado dos ne-
gocios do reino e da guerra.
Os mesmos secretarios d'estado o tenham assim entendido e fagam executar.

Instrucgoes regulamentares a que se refere o decreto d'esta data

Artigo 1.° Nao se reunindo na capital do districto os individuos recrutados depois de terem
sido pelas cámaras municipaes, que os sortearam, intimados para o fa'zer, a commissáo da capi-
tal do districto passará um attestado assignado por todos os tres vpgaes, de que tal individuo nao
compareceu effectivamente perante a commissáo no dia que lhe foi indicado.
§ 1.° Este attestado, com a certidáo da intimagao, que terá sido remettida pela cámara mu-
nicipal que o sorteou, deverá pela mesma commissáo ser entregue á aúctoridademilitar superior
do districto (que d'ella: foi membro) para esta no dia immediato nomear um conselho de disciplina,
composto do numero competente de officiáes de tropa de linha, que estiverem na capital do mesmo
.
districto, e, nao os havendo, dos da guarda nacional, o qual, depois de perguntar duas ou tres
testemunhas, que tenham presenciado a falta, julgará desertor o individuo recrutado que, deixou
de comparecer.
§ 2.° Este conselho de disciplina será remettido á aúctoridade militar que o tiver feito con-
vocar, para que o envié immediatamente ao commandante do corpó a que o recruta era destinado,
a fim de abrir o assentamento de praga e por a nota de desertor.

1 As disposieoes d'esta lei foram prorogadas por mais um mez, pela lei de 13 de agosto e por mais outro
mez, pela lei de 13 de sétembro e derogadas pela lei de 7 de outubro, tudo de 1837.
176

Art. 2.° Nao comparecendó os individuos recrutados (e approvados pela commissáo da capi-
tal do districto) no dia destinado para a partida da conducta, a aúctoridade militar a que tiverem
sido entregues passará um attestado de que tal individuo apurado pela commissáo nao compare-
ceu no dia e hora que lhe foi indicado para a partida da conducta.
''''' § único; Proceder-se-ha¡depois em tudo o mais como fica disposto no artigo antecedente.
Art. 3.° Quando os recrütas se aúséntárém do caminho depois de haverem marchado para
os cor-pos; o conductor, logo que chegüe ao logar a que sao destinados, entregará ao comman-
dante do corpo urna nota singular de cada üm dos que tiverem fúgido na marcha, declarando
ñ-' ella 'todas¡as
cir;cümstaneias que aCómpanharam a fuga e os nomes das testemunhas que a pre-
senciáram, preeedéndo para éssé fim a coñfirmagáo dos outros individuosrecrutados, que perten-
ciarn á conducta eíqué ehegaramao seu destino. ''-
§ 1.° O commandante, pássando o attestado conforme a relagáoj que lhe deve ter entregue
o conductor, mandará logo proceder a conselho de disciplina pela forma exposta no artigo 1.°
§ 2.° Deveráo ser ábonados-ap, Conductor 120 réis por. cada um dos dias que o individuo re-
Cfutádo e depois fúgido, acompanhou a conducta, o que se regulará pela parte que der o mesmo

''
conductor.
Art; 4.° Os individuos recrutados-seráó Considerados desertores desde o momento ém que
commetteram a falta. -.<•

Sá carta de lei de 22 de feterciro dé!1838,'UÍandándóorgáiilsár em cada districto administrativo do continente de


Portugal uiri corpo militar destinadoa cooperar para á mánutencáo da ordem, seguránca e policía do seu res-
pectivo districto, encontra-seo seguinte:

Artigó l3;° Sao applicavéis a estes corpos as regras penUes e de disciplina que Se acham
éstabelecidas para a guarda municipal de Lisboa em tudo que lhes forem applicavéis.

Na carta de lei de 28 de fevereiro de 1838, encontra-se o seguinte:

,;.,, Artigo 1.° As familias dos,officiáes de mar e térra que, emquánto vivos, contribuiram para o
monte pip na forma estab.elecida,no,regulamento de 1816, téem direito a receber o monte pió
correspondente aos..postos legitimamente adquiridos •,pelos mesmos officiáes, logo depois da sua
mprte,.. aínda que eíles, durante a sua vida, commettessem quaesquer crimes.

Ka carta de lei de o de marco de 1838, encontra-se o seguinte:

Artigo 1.° As disposigoes dos artigos 1.° e 2.° da lei de 15 de abril de 1835, que garante
as patentes dos officiáes do exercito, sao applicavéis. aos officiáes da guarda municipal de Lis-
boa.
Art. .3;° Os officiáes da guarda municipal de Lisboa seráo julgados pelos crimes ou faltas
,
que comnietterem, é que iniportarem a privagáo de suas patentes, em conselhos de guerra, para
lhes serem applicadas; as leis militares, da mesma forma que se pi'atíca com os officiáes do exer-
cito.'' ' ¡
Art. 4.° As disposigoes d'esta lei sao applicavéis aos actuaes officiáes da guarda municipal
do Portó, e aos qué para o futuro o forem, se tiverem saído da clássé dé: officiáes do exercito.

¡Va constituicáo política da moñarchia portugueza de í de abril de 1838, encontra-se o seguinte:


Titulo III. — Dos direitos e garantías dos porfcuguezes

Capitulo único
Artigo 17.° Ninguem pode,ser preso, sem culpa formada, excepto nos casos declarados na
leí; e n'estes, dentro de vintee quatro horas contadas da entrada da prisao sendo em logar pro-
177

ximo da residencia da respectiva aúctoridade, e nos logares remotos dentro de um praso rasoavel
que a lei marcará, a respectiva aúctoridade, por urna nota por ella assignada, fará constar ao réu
motivo da prisao, os nomes dos accusadores e os das testemunhas, havendo-as.
§ 1.° Ainda com culpa formada ninguem será conduzido á prisao ou n'ella conservado, se
prestar fianga idónea nos casos em que a lei a admitte, e em geral, nos crimes que nao tiverem
maior pena^que a de seis mezes de prisao ou desterro, poderá o réu livrar-se soltó.
§ 2.° A excepgáo de flagrante delicto, a prisao nao pode ser executada senáo por ordem es-
cripta da aúctoridade competente. Se a ordem for arbitraria, a aúctoridade que a deu será pu-
nida na conformidade das leis.
§ 3.° O que fica disposto acerca da prisao sem culpa formada, nao é applicavel. ás ordenan-
cas militares para a disciplina e recrutamento do exercito e armada; nem colnprehénde os casos
em que a lei determina a prisao de algueni por desobedecer á aúctoridade legitima, ou por nao
•curñprir alguma obrigagáo dentro do praso determinado.
Art. 18.° Ninguem será julgado senáo pela aúctoridade competente, nem punido senáo por
lei anterior.
Art. 19.° Nenhuma aúctoridade pode avocar as causas pendentes, sustal-as ou fazer reviver
os processos findos.
Art. 20.° Ficam abolidos todos os privilegios que nao forem essencialmente. fundados em
utilidade publica.
§ único. Á excepgáo das causas que por sua nátureza pertencerém a juizos particulares na
conformidade das leis, nao haverá foro privilegiado nem commissoes especiaes.
Art. 21.° Ficam prohibidos os agoutes, a tortura, á marca de ferro e todas as mais penas e
tratos crueis.
Art. 22.° Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente, nao haverá, em caso algum, con-
fiscagáo de bens, nem a infamia dos réti.s se transmittirá aos parentes.

Capitulo VI.— Da torga armada


Art. 120." O exercito e a armada constituem a forga permanente do estado.
§ único. Os officiáes do exercito e armada sementé podem ser privados das suas patentes
por sentenga proferida em juizo competente.
Art. 121.° A guarda nacional constitue parte da forga publica.
§ 1.° A guarda nacional concorre pelo modo que a lei determinar para a eleigáo dos seus
officiáes, e fica sujeita ás auctoridades civis, excepto nos casos designados pela lei.
§ 2.° Orna lei especial regulará a composigáo, disciplina, e servigo da guarda nacional.
Art. 122.° Toda a forga militar é essencialmente obediente; os corpos armados nao podem .

deliberar.

Decreto de A de abril de 1838

Querendo solemnisar dignamente a epocha em que prestéi o juramento á constituigao poli-


tica da moñarchia que as cortes geraes e constituintes decretaram, reunindo em redor do meu
throno todos os portuguezes, que fataes dissensoes políticas téem dividido, a fim de que da sua
uniáo provenha a forga, o crédito, a prosperidade da nagáo e consolidagáo das actuaes institui-
•goes : hei por bem, usando da attribuigáo que me confere a lei fundamentalda moñarchia, ouvido
o conselho de ministros, decretar o seguinte:
Artigo único. Ficaráo em perpetuo esquecimento e absoluto silencio todos os acontecimentos
que tiveram logar n'estes reinos desde o dia 10 de sétembro de 1836 até ao de hoje, tendentes
a destruir as instituigoes proclamadas pela nagáo n'aquella epocha, ou a pertubar a ordem pu-
blica e a desacatar a niinha aúctoridade real.
§ 1.° Os processos a que deram occasiáo os sobreditos factos seráo considerados como nao
existentes, nao podendo jamáis produzir effeito algum; e as pessoas n'estes implicados, soltas e
livres.
§ 2.° As pessoas que por causa d'aqueíles factos estiverem ausentes, fóra do reino, poderáo
livremente regressar a elle.
§ 3.° Os militares que tomaram parte nos ditos successos, logo que prestem o devido jura-
mento á nova constituigao política da moñarchia, voltaráo ao quadro efíéctivo do exercito, se a
ella perteneesseni, sem comtudo se entenderem restituidos ás commissoes em que se achavam,
e sem que se possam considerar com direito ás promocoes que desde aquella epocha téem sido
feitas no exercito ou ás que por indemnisagáo a individuos, que a ellas tinhaní direito, ainda. se
possam fazer.
n
178

:§ 4.° Este decreto nao comprehende a restituigáo de empregos civis.


Os ministros e secretarios d'estado de todas as répartigoes o tenham assim entendido fagam
executar.
Portaría de lo de novembro de 1838

Competindo ao supremo conselho de justiga militar, como é expresso no artigo 16." do de-
cretó da sua creacáo, tratar da revisáo das ordenañcas militares; e achando-se ás de marinha,
alem de deficientes, pouco accommodadas lio estado actual da civilisacáo europea: manda a Rai-
ñila, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, que a secgao de marinha do
referido tribunal, eolligindo quanto no paiz existe legislado a similhaiite respeito ou consignado
ñas otdóns do dia da armada, e aproveitando o que mais convier dos regúlamentos estrangeiros,
proponha por esta secretaria d'estado um projecto completo de ordenañcas de marinha, fórmali-
sadó com o méthodo, ordem e precisáo que tal objecto reclama; o que a mesma augusta senhora
lh'o ha por. niuito reconmiendado, esperando das luzes e zélo de seus mémbros o melhor e mais
prómpto désempenho de táo importante commissáo.

1839
Detciininacáo inserta na ordem do exercito n.° 30, de lo de jullio. de 183!)

Convindo fixar a epocha em qué as sentengas de trabalhos públicos e de fortificacáo devem


principiar a ser contadas, a fim de evitar duvidas que a este respeito se téem suscitado: houve
Sua Magestade a Rainha por bem resolver, que aos réus assim condemnados em trabalhos pú-
blicos e de fortificacáo que tiverem minoracáo de sentenga, deve o tempo da condemnacáo prin-
cipiar a ser contado desde o dia ém que sáem dos respectivos corpos; e quanto áquelles a quem
forem confirmadas as sentengas, deve o tempo da referida condemnagáo principiar a ser contado
desdé a data do competente accordáo, como está determinado pelo titulo x artigo único da orde-
nauga de 9 de abril de 1805.

Decreto de 30 de jullio de 1839

Tendo-me representado o supremo conselho dó justiga militar que nao julgava conforme,
nem ás inhibas reaes intengoes, nem aos principios de justiga que aos réus a quem eu já havia
perdoado, por decreto especial ou indulto geral, urna parte das penas em que foram condemna-
dos. fossein depois appjicados, para -diminuir a mesma pena, os perdoes geraes posteriores, por
serení elles tantos que deixariam impunidos os crimes mais graves, como já se havia verificado
a respeito de alguns que, tendo sido condemnados pelo supremo conselho de justiga a trabalhos
públicos ;por toda a vida, e tendo-lhe sido depois commutada a pena em dez anuos dos mesmos
trabalhos, foram-mandadossoltar, por se jujgarem compi'ehendidos nos decretos de 22 de outu-
bro de 1834, de 21 de maio de 1836, de 2 de outubro de 1837 e de 4 de abril de 1838, os
quaes todos o supremo conselho havia julgado conformes á culpa dos réus, nao só pela generali-
dade dos mesmos indultos, mas pelo respeito que o conselho consagrava ao exercicio da prerogativa
real, que me clava a constituigao política da moñarchia, de perdoar e minorar as penas aos de-
linquentes; mas que, reconhecendo o conselho os males que d'esta obediencia forgada resultavam
á disciplina do exercito e á sociedadeem geral, me pedia, por ser das minhas immediatas attri-
buigoes, quizesse eu fixar ¡a. intelligencia de taes indultos ; e tomando eu emconsideracáo, nao só
as raspes expostas pelo supremo conselho de justiga militar, mas que a minha intengáo, quando
fago uso da faeuldade que me dá o § 10.°, artigo 82.° da constituigao da moñarchia, é só mode-
rar a severidade das penas, pondo-as em harmonía com os delictos, remediando por este meio a
imperfeigáo da legislagao actual, mas nunca animar com a impunidade a perpetragáo dos crimes:
hei por bem, tendo ouvido o conselho de ministros, declarar que aos réus, <a quem eu por decreto
especial e em indulto geral já tiver perdoado urna parte das jienas em que foram condemnados,
nao podem ser applicados, para diminuir a mesma pena, os perdoes geraes posteriores; e esta-
belecer em regra que, aos réus a quem eu urna A'éz perdoar toda ou parte da pena em que foram
condemnados por um crime, nao podem ser applicados quaesquer perdoes geraes ou especiaes
concedidos á reincidencia no mesmo crime.
O baráo da Ribeira de Sabrosa, presidente do conselho de ministros, ministro e secretario
d'estado dos negocios da guerra, o tenha assim entendido e faga executar.
179

1-5340

Decreto de 4 dé abril de 1810

Tomando em oonsideragáo o que me representoü o administrador geral do districto de Cas-


teílo B rauco, em seu officio de 24 de margo ultimo, acerca de varios individuos que, tendo feito
parte de urna guerrilha da Beira Baixa, já de todo aniquilidada, se ápresentaram agora ás
auctoridades na persuasáo de que lhes aproveitava o decreto de 24 de fevereiro próximo passadó,
pelo qual foram pérdoados os individuos militares e paisanos que, perténcendo ás guei-rilhas-dos^
districtos de Faro, Beja, Evora e da Beira Alta, Se ápresentaram no praso ali marcado; e dese-
jando eu nao ser menos elemente com aquelles individuos, nem com aíguns outros, que por ten-
tarem de qualquer modo auxiliar e terem effectivamente auxiliado as ditas gúerrilhas, Ou pol'
crimes puramente políticos, se acharem envolvidos, indiciados, presos, em processo^ sentenciados
ou cumprindo as penas impostas; porquanto é das mirillas reaes inténgoes empregar a clemencia
sempre que assim o pedir a humanidade e o bem do estado: quérendo solemnisar d'esta manelra
o fausto dia do méu anniversario natalicio, e o juramento prestado á constituigao política da mo-
ñarchia : hei por bem, ouvidó o conselho de ministros, e usando da faculdade que me confere a
constituigao política da moñarchia, ampliar á disposicáo do referido decreto, concedendo amnis-
tía geral a todos ós individuos de que se trata, comprehendidos os que se apresentarem ainda
no termo de mais sessenta dias a contar dá publicagáo do presente decreto; ordenando que os
processos a que tiverem dado causa similhantes factos, sejam considerados Cómo náp existentes;
para nenhimi effeito produzirem, e soltas e livres as pessoas n'elles implicadas; -
Os ministros e secretarios d'estado de todas as. répartigoes o tenham assim entendido e o
facam executar.
p

Decreto de 8 de agosto de 1810

Attendendo a que meus augustos predecessores, creando o conselhp de guerra, o conselho


do almirántado e o conselho ultramarino, náp só os decláraram tribunaes regios e superiores do
reino, mas foram servidos, pelo alvará de 29 de Janeiro de 1643,, decretos de 13, de agosto de
1655 e 29 de abril de 1793, e alvarás de G e 30 de agosto de 1795, conceder aos vogaes d'estes.
o titulo do seu conselho; e porque o supremo conselho de justiga militar se acha hpje subsiituindo
aquelles extinctos tribunaes, e em attencáp a outras consideragoes que me foram presentes: hei
]jor bem determinar .que os vogaes effectívos do sobredito conselho de justiga militar, assim os
actuaes como os que o forem para o futuro, gosem do titulo do meu conselho, ficando, porém,
cada um d'elles, para lhe poder ser applicavel a disposicáo d'este decreto, obligado a tirar a
respectiva carta pela competente secretaria d'estado, dentro do praso legal.
O ministro e secretario d'estado dos negocios do reino assim o tenha entendido e faga exe-
cutar.

Carta de lei de ií de agosto de 1840


D. María, por graga de Deus e pela constituigao da moñarchia, Rainha de Portugal e dos
Algarves, etc. Fazemos saber a todos os nossos subditos, que as cortes geraes decretaram c nos
sanccionámos a lei seguinte:
Artigo 1.° Ficam suspensas no continente do reino, durante um mez, a contar da publicagáo
da presente leí, as garantías da liberdade de imprensa, da inviolabilidade da casa do cidadáo,
da prohibicao da captura sem culpa formada, e do julgameilto pelos tribunaes ordinarios, e lei
anterior; expressos nos artigos 13.°, 16.°, 17.° e 18.° da constituigao da moñarchia.
Art. 2.° Os implicados na rebelliáo da noite de 11 para 12 do corrente mez na cidade de
Lisboa, e os que para o futuro commetterem crimes da mesma natureza em qualquer ponto do
reino, seráo julgados por um tribunal especial.
§ 1.° Este tribunal será composto de 6 vogaes, dos quaes 3 seráo: 1 capitao, 1 major e 1
tenente coronel ou coronel do exercito; e os outros 3, juizes da. relagao do districto, onde o de-
licio for commettido.
Será presidente com voto 1 official general do mesmo exercito.
180

Alem d'estes mémbros effectivos haverá o numero de supplentes que se julgar necessario,
em cada urna das classes.
§ 2.° Todos os mémbros, assim effectivos como supplentes do tribunal, seráo desde já no-
meados pelo governo.
§ 3.° O processo será o dos conselhos de guerra.
§ 4.a Das sentengas proferidas n'este tribunal haverá recurso para o supremo conselho de
justiga militar.F
Art. 3.° É prohibida, durante o mesmo praso de um mez. a pubiicagáo de folhas perió-
dicas.
§ único. Sao exceptuados: os periódicos litterarios, o Diario das cortes e o Diario do go-'
verno.
Art. 4>°O governo dará conta ás cortes, em um relatorio documentado, do uso que tiver
feito das facilidades por esta lei concedidas, logo que finde o praso estabeleeido no artigo 1.° da
présente lei;
Art. 5.° Fica suspensa toda a legislagao em contrario.
Mandamos, portanto, a todas as auctoridades a quem o eouheciniento da referida lei perten-
cer, . que a cumpram é guardem e fagam cumprir e guardar táo inteiramente como n'ella se
contení;
Os ministros e secretarios d'estado de todas as répartigoes a fagam imprimir, publicar e
correr.

Carta de leí de 2a de agosto de IS40

D: María, por graca de Deus e pela.constituigao da moñarchia, Rainha. de Portugal e dos


Algarves, etc. Fázemos saber á todos os nossos subditos que as cortes geraes decretaram e nos
sánccionámos a leí seguinte:
Artigo 1.° Nos crimes de que trata a lei de 14 do corrente mez, e durante o praso n'ella
estabeleeido, fica suspensa no continente do reino a garantía expressa no § único do artigo 20.°
da constituigao da moñarchia, o qual prohibe que os cidadaos possam ser julgados por commis •
soes especiaes.
Art- 2.° Fica revogado o artigo 2.° da lei de 14 de agosto d'este anno.
§ 1." Os crimes de rebelliáo perpetrados em á noite de 11 para 12 de agosto d'este anuo,
e os crimes da mesma natureza que se perpetrarem em qualquer parte do reino, seráo da com-
petencia dos conselhos de guerra; guardar-se-ha n'elles a ordem do processo estabelecida para
taes juizos; observar-se-ha o alvará de 14 de sétembro de 1765, e haverá recurso d'estes juizos
para o supremo conselho de justiga militar.
§ 2.° Os processos pendentes n'estes juizos ao tempo de lindar o praso em que cessa a
suspensáo das garantías, seráo definitivamente julgados n'elles; porém, nao se poderáo instaurar
processos noAros.
§ 3.° O governo fica especialmente auctorisado para levar a effeito as disposigoes d'esta le!.
Art. 3.° Fica suspensa toda a legislagao em contrario.
Mandamos, portanto, a todas as auctoridades a quem o conhecimento da referida lei per-
tencer, que a cumpram e guardem e fagam cumprir e guardar táo inteiramente como n'ella se
contém.
Os ministros e secretarios de todas as répartigoes a facam imprimir, publicar e correr.

Porlaria de 7 de sétembro de 1840'

Convindo que os castigos, a que sao condemnadas pelos respectivos conselhos, as pragas
dos destacamentos do batalháo naval a bordo dos navios do estado, sejam, quando esses navios
se achem no Tejo, executados perante o referido batalháo para exemplo de todas as pragas do
mesmo corpo: manda a Rainha, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar,
que omajor general da armada passe para esse fim as ordens nécessarias; e attendendo outro-
sim a que fóra d'este porto se torna militas vezes impossivel a formagáo d'aquelles conselhos
por falta de officiáes a bordo de navios de pequeña ordem, ha a mesma augusta senhora por

1 O que determina a primeira parte d'esta portaría íieou sem effeito por outra portaría de 80 de sétembro
de 1841.
181

bem determinar que, para esses conselhos, possam ser Horneados os guardas marinhas da guar-
nidlo dos mesmos navios, o que manda assim participar ao referido major general, para sua
intelligencia e execugáo.

Na carta de lei de 14 de sétembro de 1840, encontra-se o seguinte:

Artigo 1.° Sao prorogadas até ao dia 15 do mez de novembro seguinte, as disposigoes daa:
cartas de lei de 14 e 25 de agosto do corrente anno.

Na carta de leí de 20 de outubro de 1840, encontra-se o seguinte:

Artigo 3.° O alistamento das pragas de infantería e cavallaria da guarda municipal do Porto,
a nomeacáo dos seus officiáes e officiáes inferiores, e disciplina do corpo, será regulada segundo
as leis e decretos relativos á guarda municipal de Lisboa.

Carta de lei de 24 de outubro de 1840


*
D. María, por graga de Deus e pela constituigao da moñarchia, Rainha de Portugal e dos
Algarves, etc. Fazemos saber a todos os nossos subditos, que as cortes geraes decretaram e
nos sanccionámos a lei seguinte:
Artigo único. Fica revogado o artigo 3.° da lei de 14 de agosto de 1840, e a parte do ar-
tigo 1.° da mesma lei, que suspendeu no continente do reino as garantías da liberdade de im-
prensa.
Mandamos, portanto, a todas as auctoridades a quem o conhecimento e execugáo dá refe-
rida lei pertencer, que a cumpram e guardem e fagam guardar e cumprir táo inteiramente como-
n'ella se contóm.
O ministro e secretario d'estado dos negocios do reino a faga imprimir, publicar e correr;

Na caifa de leí de o de dezembro de 1840, sobre o rccrulamenlo para o exercito, encontrá-se o seguinte:

Artigo 2.° Observar-se-háo as disposigoes dos decretos de 15 de sétembro de 1825, 25 e


30 de novembro de 1836, e da carta de lei de 12 de junho de 1837, sómente no que dizem
respeito á classificagáo dos individuos snjeitos ao recrutamento ou isentos d'elle; assim como
relativamente ás substituigoes ou troca dos sorteados.
Art. 10.° Fica revogada, para os effeitos d'esta lei sómente, toda a legislagao e disposigoes
ora contrario.

No decreto de 12 de dezembro de 1840, encontra-se o seguinte:

3.° Sao chamados ao servigo do exercito por tempo de uní anno todos os individuos de
primeira linha que honverem sido escusos desde o 1.° de junho de 1834; os que nao compare-
cerem dentro do praso de quinze dias, contados da publicagáo do presente decreto, seráo repu-
tados desertores; e os que se apresentarem no referido praso receberáo logo 4$800 réis de gra-
tificagáo, e no finí de um auno seráo despedidos pelos commandantesdos respectivos corpos, sem
dependencia de auctorisagáo do governo.
Ficam exceptuados do disposto n'este artigo os que tiveram baixa por incapacidadephysica
julgada em junta militar de saude, e os que se acharem servindó empregos públicos.
5.° Será reorganisado na cidade do Porto o extincto regimentó, denominado de voluntarios
da Rainluí; todos os officiáes inferiores, cabos, anspegaclas, soldados e corneteiros, que perten-
ceram ao sobredito corpo, á excepgáo dos que se acharem servindó empregos públicos, se lhe
reuniráo immediatameiite; aquelles, porém, que se nao apresentarem dentro do praso de quinze-
dias, seráo considerados desertores.
182

Decreto de 12 de dezembro de 1810

Usando da facuídade concedida pelo § 1.° do artigo 32.° da constituigao política da moñar-
chia: hei por bem ordenar o seguinte: •
Artigo Único. Ficam provisoriamente suspensas por espago de quarenta dias, a contar da
publicagáo do presente decreto, as garantías da inviolabilidade da casa do cidadáo, e da prohi-
bigáo de captura sem culpa formada, estabelecidas nos artigos 16.° é 17*-° da referida consti-
tuigao.
O governo dará corita ás cortes, qué devem reunir-se no dia 2 de Janeiro de 1842, dos mo-
tivos que exigiram esta medida, e do uso que d'ella tiver feito.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes répartigoes o tenham assim entendido e
fágam executar*

Ño decreto dé 13 de dezembro dé 1840, encontrá-se o seguinte:

Artigo 1.° Seráo orgánisados sem peída- de tempo batálhoes nacionaes nos pontos aonde
convier, com a forga e composigáo que téem os corpos de linha; igualmente será organisado na
cidade de Lisboa um regimentó nacional de cavallaria 1.
Art. 9.p Os corpos orgánisados pelo, disposto n'este decreto: ficam sujeitos ao regulamento
de 20 de dezembro de 18082; e os officiáes gósaráo das honras e prerrogativas em conformi-
dade dó mesmo regulamento.

Decreto de 16 de dezembro de 1840

Queiiendo dar publico testemunho da minha real clemencia para com os meus subditos, que
illudidos e arrastados ao crime foram instrumento- das tentativas e dos movimentos revoluciona-
rios que tiveram logar na capital em a noite de 11 para 12 de agosto ultimo, em 27 do dito
mez na cidade dé GasteHo Branco, e no 1.° de sétembro em Portalegre: hei por bem, ouvido o
conselho de ministros, e usando da attribuigáo que me confere a constituigao política da moñar-
chia no> artigo §11.°, decretar o seguinte:
82.°,.
Artigo único. Ficam amnistiados, para niáis nao serení perseguidos e se impor perpetuo
silencio nos respectivos processos, aquelles portuguezes que, illudidos e arrastados ao crime,
foram instrumento das tentativas e movimentos revolucionarios na noite de 11 para 12 de agosto
ultimo na capital, dé 27 do dito mez em Cástello Branco, e do 1.° de sétembro em Portalegre.
§ único. Sao exceptuados, para nao gosarem do referido beneficio e contra olles terem lo-
gar os .procedimentos legaes pelos crimes de insubordinagáo, sedigáo militar e desercáo, os offi-
ciáes militares, que em menoscabo de seus milito sagrados deveres, da honra e fidelidade do
exercito e da armada, se collocaram á frente das sobreditas tentativas e movimentos revolucio-
narios ou n'elles tomaram parte.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as répartigoes o tenham assim entendido e fa-
gam executar.

1841
Na novissima reforma judicial de 21 de niaio de 1841, encontra-se » seguinte:

Artigo 851.° Sao feriados todos os dias santificados pela Igreja e os de grande gala.
Art. 852.° Sao igualmente feriados os dias que decorrerem desde a vespera de Natal até
ao dia de Reis, os tres dias do carnaval e os que decorrem desde o domingo de Ramos até do-
mingo, da Paschoela. O mez de sétembro é todo feriado.
Art. 1:026.° Téem foro especial ñas causas crimes:
5v° Os militares, nos casos em que pela lei nao perdem o foro.

1Estes corpos nacionaes, bem como os que liaviam sido mandados orgauisai' pelos decretos de 3 de setem-
bro*e de; 12 e 13 de dezembro de 1840, foram' mandados dissolver pelo decreto de 12 de junho de 1841.
2 Regulamento das milicias.
183

Decreto de 27 de agosto de 184-1

Tomando em consideradlo o que por parte dos administradores geraes de Beja e Faro lüe
íoi representado acerca dos individuos, que, teñdo perteneido ás guerrilhas do Áíemtejo e ¡M-
garve, se haviam apresentado ás auetoridades administrativas ou militares d'aqüelles districtos
para viverem snjeitos e obedientes ás leis. E desejando eu enipregar a minlia real clemencia
senrpre que o exige a humanidade e o beni do estado: hei por bem, ouvido o conselbo de minis
tros, e usando da faculdade que me confere a cOnstituiglo política da nlonarchia, ampliar a dis-
posicao do decreto de 4 de abril de 1840, concedendo amnistía aos bandidos que até á data de
hoje se tiverem apresentado ás mencionadas auetoridades, e ordenando que, na confoímidkde do
iñesmo decreto, elles nao sejaní perseguidos, nem processados óu julgados pelos seus criines po-
liticos.
Os ministi-os e secretarios d'estado dé todas as repartiéoes o tenhaúi assimentendido e fa-
cam execittai\
Decreto de 30 de seleitibro de 1841

líavendo-se suscitado, entre o commandante do batalhao naval e os conimandañtes de al-


gnus navios de guerra surtos no Tejo, duvidas sobre, a intelligencia de diversos artigos do regu-
lamento, que para o inesmo batalhao foi approvadó por decreto de 25 de Janeiro de 1837, os
quaes parecem estar em desharrnonia e contradiccao com outros do regimentó provisional de
marinlia; e sendo necessario remover quaiito antes os embaracos e inconvenientes, qué; de taes
duvidas resultara em geralao servico, e eni pai'ticularpara a disciplina d'aquellé corpo : hei por
bem/ emquanto no dito regitlamento e regimentó provisional se nao fázém ás áltéi-aceés que o
bem do servico exige, e que alias dependem de ulteriores inforniacoes, determinar que, obser-
vando-se o regimentó provisional de marmita em tu do o que tocar -ao servico e 'castigos das
guarnicoes e tripnlacoes propriamente de niarinba, se eonsiderém tao sómente alterados proviso-
riamente aquélles de seus artigos, que contiverem disposicoés em- contrario ás do citado regula-
mento do batallio naval, o qual por agora fica eni seu inteiro vigor.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinba e ultramar o teiiha assim enten-
dido e faca execntar. .

Decreto de 10 de fevcreiri) de IS42

Em vista do relatorio do nieu conselho de ministros, e convencida que édiegado- o momento


de prover á salvaelo publica: son servida declarar que se acha em vigor a carta constitucional
de 1826, como lei fundamental do estado; e na conformidad^ da mesma carta, ordeno que se
reunam as cortes extraordinarias no dia 10 de junbo do eorrente anno, devendo os deputados,
eleitos para ellas, vir munidos dos mais ampios poderes.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartiéoes o teimam assim entendido e fa-
cam executar.

Portaría de 17 de íevereiro de 1842

Sendo presente a Sua Magestade Fidelissima a Rainha a representagao que á sua real pre-
senca dirigiu em 26 de setembro de 1840 o supremo conselho de justica militar, pedindo ser
equiparado ao supremo tribunal de justica do reino, para terem os seus membros o mssmo tra-
tamento e prerogativas que competerá áquelle tribunal; e considerando a mesma augusta senhora
nao só que as leis em que se estriba o referido conselho nao auctorisam tao ampia e subida
mercé, mas tambem que os principios de regularidade e conveniencia publica se nao conformam
com a materia da mencionada representadlo; porquanto, sendo os tribunaes militares urna see-
cao do poder judicial restricta a una foro excepcional, e formando urna ramificacao d'aquellé po-
der, seria incongruencia que n'elle apparecesseiu em igual posicao e categoría, clois tribunaes,
um no foro civil e outro no militar, e que um tribunal de excepeao fosse equiparado ao nmior
184

tribunal do paiz no foro commum, e ao qual, alem da alta missao de eonduzir todas as outras
jm'isdiegoes do mesmo foro á unidade da jurisprudencia, competen! as importantissimasattribui-
goes enumeradas no artigo 20.° da novissima reforma judiciaria: ha Sua Magestade a Bainha
por bem, conformando-se com o parecer do conselheiro procurador geral da coróa, mandar de-
clarar ao supremo conselho de justica militar que, pelas rasoes que ficam referidas, nao pode a
sua mencionada supplica ser favoravelmente deferida.

Decreto dé 4 de marco de 1842

Querendo praticar um acto de clemencia e modificar por elle o rigor da justica em favox'
dos ofneiaes do^ batalhao n.° 6, que se envoiveram na revolta d'este corpo, que teve logar na
cidade de Gastelló Braneo, em agosto de 1840, alguns dos qitaes téem viudo apresentar-searre-
pendidos do; crime que commetteram: hei por betti, usando da facuídade que me eonfere a carta
constitucional da mónarehia, tendo ouvidó o conselho d'estado, perdoar-lhes a pena em que in-
cofrerám pelo referido crime, quer se achem presos, em processo ou cumprindo sentenca.
O duque da Terceira, presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado
dos negocios da guerra, o tenha assim entendido e faga executar.

So decreto de 11 demarco de 1842, rcorgánisando á guarda nacional, encoiitrá-sc o seguiute:

Artigo 31.° Emquánto se nao formaren! os regulamentos disciplinares, ficain em vigor as


disposigoes penaes dos decretos de 29 de margó de 1834 e 1.° de dezembro de 1836,
ArtU 32.° Os commandántes dos bátalhoes da guarda nacional
ou divisoes de bátalhoes po-
derao impor até tres dias de prisao a qúálquei* guarda nacional, que seni motivo justificado faltar
,

pela primeirá vez ao servico.


Art. 33.° Nos casos de reincidencia ou de maior gravidade, nos termos dos decretos de 29
de marco de 1834, artigo, 34.°, e 1.° de dezembro de 1836, serao as faltas ou criines dos guar-
das nacionaes julgados por um conselho de disciplina.
Art. 34.° Os conselhos de disciplina serao nomeádos pelo commandaiite da classe do cul-
pado ou .das imlnediatas, se a niáis próxima nao bastar, devendo sempre ser presididos por um
official de graduácao pelo menos iminediatamente superior;
§ único* Estes conselhos terao cinco membros alem do presidente, que terá voto de desem-
pate.
Art. 35.p As penas que os conselhos podem impor, segundo a natureza e gravidade dos
tactos, que Ihes slo sujeitos, sao:
"lia Reprehénsao á frente da companhia ou batalhao, com nota ou sem ella no livro mestre;
2.a Pena pecuniaria de lj#000 até 12$000 reís, em cuj.o caso, nao pagando logo, o culpado
ficará preso, e se conservará na cadeia por tantos dias quantos os necessarios para perfazer a
condemnacao a rasao de 1$OQ0 réis por dia;
3.a A prisao de tres até doze dias;
4.a Guardas de castigo de urna até tres.
§ único. Estas penas nunca poderlo impor-se cumulativamente, e da decisao dos conselhos
de disciplina-nao ha recurso algum.
Art. 36.° Quando a seguranca e ordem publica assim o exigirem, qualquer official poderá
ser suspenso por ordem do administrador geral; se esta suspensao for confirmada pelo governo,
este, depois de o demittir, procederá a nova nomeagao nos termos d'este decreto.

Decreto de 24 de selcmbro de 1842

Acabando de ser gravemente compromettida a tranquilliclade e seguranga publica no districto


de Portalegre, pelo arrojo temerario e altamente criminoso do destacamento do batalhao n.° 26
de cagadores, estacionado em Marvao, o qual insurreccionando-se pegara em armas e proclamara
a constituigao de 1820, ]3or instigagoes do commandante do mesmo destacamento, o alferes Ma-
nuel Gomes Franga, um dos comrpiradores ñas reunioes sediciosas d'aquella villa; e posto que
similhante tentativa revolucionaria fóra felizmente mallograda pela nobre e exemplar firmeza do
destacamento do regimentó de artilheria n.°,2, que, postado no castello d'aquella praga mostran-
do-se inteiramente decidido a sustentar a obediencia ás leis, de tal modo intimidara os criminosos,
185

que estes, abandonando prestes o logar da sua perfidia, foram procurar refugio no reino vizinho;
sendo todavía índispensavel proceder com energía e madux-eza, a finí de que a justa vindicta das
leis cáia sobre os delinquentes e possa convenientemente prevenir-se a repetigao de taes atten-
tados; por todos estes ponderosos motivos: hei por bem, ein virtude do artigo 145.° da carta
constitucional, e ouvido O conselho d'estado, determinar o seguinte:
Ficam suspensas no districto de Portalegre, por espago de trinta dias a contar da data d'este
decreto, as formalidades que garanten! a liberdade individual, e de que tratam os §§ 6.° até 9.°
inclusive do citado artigo 145.° da carta cónstitucionaL
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes o tenham assim entendido e fa-
eam executar.

Decreto de 13 de oiiiuliro de 1842

Tendo cessado os motivos que deram logar ao decreto de 24 de setembro do presente auno,
pelo qual foram suspensas, no districto administrativo de Portalegre, algunias das garantías in-
dividuaes proscriptas no artigo 145.° da carta constitucional da monarchia portugueza: hei por
bem revogar o citado decreto, ordenando que d'ora em diante fiquem sem effeito as suas dispo-
sigoes.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartiéoes o tenham assim entendido e fa-
gam executar.

1848
Decreto de II de fererc-iro de 1843

Attendendo ao que em seus requerimentos ine representou Ricardo José Rodrigues Franga,
pedindo ihe fossem applicaveis as disposigoes do decreto de 4 de margo de 1842, pelo qual fui
servida amnistiar os officiaes do batalhao n.° 6, que se envolverán! na revolta do mesmo batalhao
em agosto de 1840: hei por bem, tendo ouvido o conselho d'estado, anrpliar as disposigoes do
mencionado decreto, tanto ao supplicante, como a quaesquer outros individuos do corpo da ar-
mada, que se hajam envolvido nos acontecimentos políticos occorridos n'esta capital no día 11 de
agosto de 1840, levantando-se-lhes notas que tiverem por tal motivo em seus assentamentos.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar o tenha assim enten-
dido e faga executar.

Na carta de lei de Í9 de dezembro de 1843, que trata das állribuicocs do supremo tribunal de justica,
encontrase o seuuiute:

Artigo 7.° De todas as sentengas proferidas em segunda instancia, ou seja no foro ordinario
ou no especial, excepto no militar, terá logar o recurso de revista por incompetencia, sem atteh-
cao ao valor da causa, nem ao lapso do decendio, e n'este caso sómente quando a sentenga nao
estiver inteiramente executada.

1844
Carla de lei de 6 de fcvereiro de 1844

D. María, por graga de Deus, Rainha de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a to-
dos os nossos subditos, que as cortes geraes decretaran! e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° Fica o governo auctorisado, para usar jior espago de vinte días em todo o reino,
de poderes extraordinarios e discricionarios, segando as circumstaiicias o exigirem, a fim de ata-
lhar a rebolliao que rebentou em Torres Novas.
Art. 2.a Durante o mesmo praso ficam suspensas em todo o reino todas as garantías indi-
viduaes, e poderá o governo mandar prender sem culpa formada.
Art. 3.° Durante o mesmo praso nenlium jornal, periódico ou escripto, impresso ou lithogra-
pliado, poderá ser publicado.
34
16:6

§ único. Sao exceptuados d'esta disposicao os jornaes litterarios e seieiitifieos, o Diario das
cámaras legislativas e o Diario do governo.
Art. 4.° Fica igualmente o governo auetorisado para realisar por qualqiier meio que julgar
conveniente os fundos necessarios até á quantia de 2.000:000$000 reís.
Art. 5.° Findo o referido praso, o governo dará conta ás cortes do uso que tiver feito das
facilidades que esta lei Ihé confere.
Art. 6," É o governo relevado pelos procedimentos illegaes e extraordinarios que tiver or-
denado para a manutengao da ordem e séguranga publica até ao momento actual.
Arti\7.° Esta lei principiará a ter effeito e execugSo desde o día da sua publicagao no Dia-
rio do governo.
Art. 8-° Fica revogada toda a legislagao em contrario.
Mandamos, portante, a todas as auetoridades a quem o conhecimento e execilgao da referida
lei pertencer, que a cunipráni e guardem e fagam cumprir e guardar tao inteiramente como n'ella
se contém.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes a fagam imprimir, publicar e
correr:1;

Decreto de 9 de mareó de 1844

Usando das facüldades concedidas pela Carta de lei de 6 de fevereiro do corrente anuo: hei
por bem determinar o seguinte :
Todos os individuos qué pegareni em armas a favor dos revoltosos e os portadores de slias
correspondencias, os que Ibes fórnecereni muñigoes de boca ou de guerra, ou dinheiroj os que
interceptarem as correspondencias do governo e das auetoridades^ e os que destruirem os tele-
graphos, serao mimédiataniente transportados ás possessoes do ultramar, e ali postos em custo-
dia em alguns dos seus presidios, devéndo alem d'isto fázér-se-lhe aresto em todos os seus bens,
segundo o disposto no decreto de 14 de fevereiro ultimo,
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes assim o tenham entendido e fa-
gam executar.

Decreto de 17 de abril de 1844

Tendo chegado ao meu conhecimento, que algumas pessoas malintencionadas e fautores dos
revoltosos no criminoso intento de seduzir e alliciar soldados e de armar em guerrilhas alguns
paizanos para assim prolongarem a guerra civil; sendo da primeira e mais urgente necessidade
acabar com urna revolta, que tendo por seu único fim a mais criminosa ambigao, tem merecido o
desprezo e a reprovagao geral, nao deixando por outra parte de causar grandes males á tran-
quillidade e fazenda publica; e convindo igualmente empregar todos meios de prevengSo e castigo-
contra taes delictos; hei por bem, ouvindo o conselho d'estado, decretar o seguinte :
Artigo 1.° Nao só os militares que se revoltarem, mas tambem os paisanos, que se armarem
formando guerrilhas, e os alliciadores de uns e outros a favor da revolta, serao immediatamente-
julgados em conselho de guerra, formado no sitio do delicto ou no mais próximo, se assim Con-
vier.
Art. 2.° O conselho de guerra deverá ser convocado pela auctoridade superior militar do
sitio do delicto dentro de vinte e quatro horas, e será concluido até oito dias o mais tardar, guar-
dadas as formalidades legaes actualmente em vigor.
§ 1.° Servirá de auditor, estando impedido o da respectiva divisfío militar, o juiz de direito
da comarca^ em que se commetteu o delicto, ou outro qualquer das comarcas mais jn'oximas que
para esse fim for convocado.
§ -2.° Proferida a sentenga e intimado o réu, será o processo immediatamente remettido ao
supremo conselho de justiga militar.
§ 3.° O supremo conselho de justiga militar se reunirá extraordinariamente para o juíga-
mento d'estes processos, devendo proferir a sua decisao o mais tardar até oito dias contados da
entrada dos respectivos processos.
§ .4° Proferida a sentenga, será o processo remettido á secretaria d'estado dos negocios da
guerra, para os effeitos necessarios.

1 Todas as disposigoes d'esta lei foram.prorogadasaté 31 de marco pela lei de 22 de fevereiro; e as dispo-
sicoes contidas nos artigos 2.° e 3." da lei de 6 de fevereiro foram prorogadas até 23 de abril, pelo decretó de 28
de margo, e até 23 de maio,pelo decreto de 20 de abril, tudo de 18tó.
187

Art. 3.° Todas as auetoridades administrativas, do ministerio publico, judiciaes e militares


prestarao quanto do seu servigo e jurisdiegao depender para o prompto e cabal desempenho do
que é determinado n'este decreto.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes o tenhaní assim entendido e fa-
gam executar..
No decreto de 1 de agosto de'1844, enconlra-se o seguinte 1

Artigo 9.° Ficam garantidas na forma das leis de 15 e 18 de abril de 1835, 14 de margo
de 1836 2 e 5 de margo de 1838, as patentes dos officiaes do exercito, armada e guarda munici-
pal de Lisboa e Porto; mas todos, precedendo informagao dos respectivos commandantes, pode-
rao ser aggregados conforme o servigo publico o exigir, e em tal caso perceberao sómente meio
soldó e nao vencerlo antiguidadei

No regulameutode adniinistracaoda fazenda militar, decretado em 18 de setenibro do 1844, enconlra-se o seguinte:

Tituló III. — Administragao


Capitulo I. — Das págadorias militares
Artigo 14.° Aos empregados d'estas págadorias, na parte que,liles é relativa, sao applica-
caveis as disposigoes que vSo marcadas para os empregados da inspeegao fiscal a respeifo de
admissao, accesso, deveres, reformas, prerogativas, recompensas e penas., devendo ser estes obje-
ctos regulados é determinados pelo chefe da repartigSo de contabilidade, do mesmo modo esta-
belecido nos cajjitulos v a vin do titulo ív; porém, os mocos ous erventes das págadorias, serao
nomeados pelos encarregados das mesmas, e devem ser por elles responsaveis.

Titulo IV. — Da ñscalisaeSo


Capitulo VII. — Das prerogativas e recompensas dos empregadosda inspeegao fiscal
Artigo 227.° Os empregados da inspeegao fiscal ficam sujeitos ás leis militares, e os seus cri-
ines serXo julgados em conselho de guerra^
Art. 228.° Os empregados que responderem a conselho de guerra véneerSo meio¡ soldó, fi-
cando retida na fazenda a outra metade, a qual será restituida logo que seja publicada a final
sentenga do supremo conselho de justiga militar, se n'ella nao hóuverein coniminagao de pena,
ou perdimento de emprego, porque, n'este caso, nao téem direito á restituigao.

Capitulo VIII. — Disposigoes penaes

Art. 230.° Os empregados que nao forera exactos no cumprimento de seus deveres, ou que
faltarem ao respeito devido aos seus superiores, depois de admoestados por estes, serao severa-
mente reprehendidos pelo inspector fiscal.
Art. 231.° No caso de reincidencia, serao suspensos do exercicio do seu emprego e respon-
derlo a conselho de investigagíio, ao qual mandará proceder o inspector fiscal, participando ao
ministro da guerra os motivos que deram logar para assim praticar.
Art. 232.° O resultado do conselho será submettido ao ministro da guerra, o qual mandará
o empregado responder a conselho de guerra se julgar provada a causa ou corpo de delicto.
Art. 233.° Ñas localidades em que nSo houver empregados que possam compor o conselho
de investigagao ou de guerra, ou se torneni suspeitos os que hajam, serao para isso nomeados
officiaes militares, que nao deverSo ser de menor graduagao, para o que o inspector fiscal re-
quisitará ao ministro da guerra,'que mande ao commandante da respectiva divisao nomear os
officiaes precisos.
No decreto de 18 de selembro de 1814, ciicontra-se o seguinte:

Artigo 4.° O quadro da repartigao de contabilidade do ministerio da guerra constará dé um


chefe de repartigao, que o será tainbem de urna das secgoes ; doís chefes de secgao ; tres priuiei-

1 Este decreto foi confirmado pela carta de lei de 29 de novembro.


2 Deve ser o decreto de 11 de outubro de 1837.
188

ros officiaes; quatro segundos officiaes; quatro terceiros officiaes ; tres aspirantes e tres ama-
nuenses.
O chefe da rejjarticao e os chefes de secgao devem ser escolhidos de entre os empregados
de quaesquer repartigoes do ministerio da guerra, que por seus conhecimentos e qualidades nie-
llior possam desempenhar o servigo que Ibes é incumbido, e os outros empregados serao tirados
de entre os das repartigoes extinctas em virtude da carta de lei ácima mencionada (28 de junlio
de 1843), e tanto uns como os outros terao vencimentOs e graduagoes análogas ás que pelo res-
pectivo regulamento se estabelecem para os da referida inspeegao fiscal, concorrendo com estes
e com os das págadorias para o competente accesso.

No decreto de 20 de setembro de 1844, cncontra-se o seguinte:

Artigo 1.° A cidade de Macau e os estabelécimentos de Solor e Timor, com todas as suas
dependencias e territorios a que tem direito a coróa portugueza, formarlo urna provincia qué sé
denominará: ¡Drovineia de Macau, Timor e Solor, independente quanto ao seu governo do geral
do estado da India.
Art. 9.° Continuará a pertencer ao districto da relagao de Goa a provincia de Macau,
Timor e Solor, bem como continuará a existir ém Macau a junta de justiga, tudo na forma
do decreto de 7 de dezembro de 1836, que regulou a administra-gao de justiga para as pro-
vincias ultramarinas do cabo da Boa Esperanga.

1S45
Officio de 28 de fevereiro de ISiü, dirigido ¡icla majoria gerni da armada
ao commándante da corveta < Iris»

Em consequencia do que me é ordenado em officio da secretaria d'estado dos negocios da


marinha e ultramar de 29 do mez passádo, os srs. commandántes dos navios do estado ficarao
na iiitelligencia que, emquanto se nao toma Opportunamente urna medida positiva, farao sempre
por dispensar a bordo dos navios do seu cóinmando o castigo de golilha, applícando ein seu logar
aos delinquentes de culpas leves algum dos outros castigos de correegao de que trata o regula-
mento provisional.

18 46
Garla de lei de 20 de abril de 1846

D. María, por graga de Deus, Rainha de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a.
todos os nossos subditos, que as cortes geraes decretaram, e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° É o governo auctorisado para usar por espago de sessenta dias, em todo o reino,,
de poderes extraordinarios e discricionarios, segundo as circumstancias o exigirem, para debel-
lar a rebelliao comegada na provincia do Minho.
Art. 2.° Sao restabelecidas, e postas em vigor, nos termos do artigo antecedente, as dispo-
sigoes dos artigos 2.°, 3.° e § único, e artigo 7." da carta de lei de 6 de fevereiro de 1844.
Art. 3.° O governo, debellada a revolta, dará conta ás cortes do uso que tiver feito das
facilidades concedidas por esta lei.
Art. 4.° Fica revogada toda a legislagao em contrario.
Mandamos, portanto, a todas as auetoridades a quem o conhecimento e execugao da refe-
rida lei pertencer, que a cumpram e guardem e fagam cumprir e guardar tak) inteiramente como
n'ella se contém.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes a fagam imprimir, publicar e
correr.
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Carta de lei de 2-1 de abril de 1846

D. María, por graga de Deus, Rainha de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a
todos os nossos subditos que as cortes geraes decretaram, e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° Nos districtos administrativos em que foreni íegalmente suspensas as garantías,
os crimes de sedigao e rebelliSo serao julgados em conselho de guerra, e passados pelas armas
os seus auctores.
Art. 2.° A auctoridade militar superior, residente no districto administrativo em que foreni
suspensas as garantías, mandará immediatamente formar o conselho de guerra, servindo de au-
ditor o da divisao militar respectiva, e na sua falta qualqüerjtiiz ou bacharel candidato aos lo-
gares da magistratura.
§ único. Todo o auditor, juiz ou candidato aos logares da magistratura, que se recusar: a
exercer estas funcgoes, perderá o logar que exercer, e ficárá perpetuamente inhabilitado- para o
servico publico.
Art. 3.° O processo será verbal e summarissimo, praticando-se sómente os actos substan-
ciaes e inipreteriveis; a saber: o .corpo dedelicto para verificar a existencia d'elle, e as suass
circumstancias, interrogatorios do r.éu e depoimentos das testemúnhas de accusagao e defezai
§ único. O processo será publico, e tanto os interrogatorios féitos ao réu como o depoi-
mentó das testemünhas serao escriptos.
Art. 4.° Satisfeitos estes actos substanciaos, se proferirá immediata e successivamente a sen-
tenca, que. sendo condemnatoria, nao será exécutada sem resoiugao do poder moderador^'
§ único. Para este effeito, o presidente do conselho cíe guerra remetiera immediatamente o
processo original ao ministerio da guerra.
Art. 5.° Os processos comegados em virtude d'esta lei serao concluidos e julgados na con-
formidade d'ella, aínda depois de ter cessado a suspensao das garantías.
Art. 6.° As povoagoes, que promoverem ou tomaren! parte na revolta ou sedigao, ficam
responsaveis pelos prejuizos que resultaran contra a fazenda publica ou contra os particulares.
Art, 7.° Fica revogada toda a legislagao em contrario.
Mandamos, portanto, a todas as auetoridades a quem o conhecimento e execugao da referida
lei pertencer, que a cumpram e guardem e fagam cuniprir e guardar tao inteiramente como
n'ella se contení.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes a fagam imprimir, publicar e
correr.

Decreto de 29 de maio de -1846

Hei por bem declarar abolido o decreto de 1 de agosto de 1844, confirmado pela carta de
lei de 29 de novembro do mesmo anno, pelo qual se regulou a transferencia dos juizes de pri-
meira e segunda instancia, e se estabeleceram diversas providencias acercados officiaes do exer-
cito, da armada e da guarda municipal de Lisboa e Porto; bem como dos professores de instruc-
gao primaria, secundaria e superior.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes o tenham assim entendido e
fagam executar.

Decreto de 29 de maio de 1846

Hei por bem, usando da faculdade que me confere a earta constitucional da monarchia, con-
ceder amnistía geral a todos os individuos que dirigirán! ou tomaram parte no movimento revo-
lucionario, que principiou no día 4 de fevereiro de 1844 na villa de Torres Novas e acabou na
praga de Almeida; e hei outrosim por bem restituil-os á posse de seus bens, postos e cargos
inamoviveis, de que nao tenham sido privados por sentenga.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes o tenham assim entendido e
fagam executar.

Decrelo de 12 de junbo de 1846

Tomando em consideragao as circumstancias em que se achou este reino durante a epocha


das ultimas eleigSes para a cámara dos deputados: hei por bem, ouvido o conselho d'estado,
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determinar que se ponha perpetuo silencio em todos os processos criines instaurados por quaes-
quer factos relativos áquelle acto, e que aos réus n'elles comprehendidos se dé baixa na culpa,
sendo postos em liberdade os que se achareni presos por esta causa.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes assim o tenham entendido e
fagam executai\

Portaría de 15 de junlio de 1846

Tomando Sua Magestade em sua real consideraeab as contas dadas pelo coronel comman
dante do batalhao naval, sobre o castigo das cbibatadas dadas abordo em soldados do seu corpo j
sem previa coiivocagao do conselho de disciplina, como o exige o artigo 25.° do decreto da or"
ganisagao do mesmo corpo, e defendendo-se os conimandantes dos navios de guerra nacionaes
com o artigo 80.° dos de guerra, qué permitte aquelle castigo até ao numero de vinte e cinco por
dia, sém previa convocagao do conselho: ha por bem ordenar, emquanto se nao procede a niña
revisao dos artigos de guerra, que a bordo dos navios sejam sementé considerados castigos de
correcgao aquelles que sao declarados taés pelo artigo 23.° do citado decreto da organisagSo do
batalhao naval, até porqué seria contrario á disciplina, que as pragás de pret a bordo fossem
mandadas castigar de um modo differente do que o eran! em térra, onde tem produzido o me-
lhor efféito na moralidade do soldado a convocagao previa dos conselhos para lile ser arbitrada a
pena, que se julgar correspondente á culpa: o que a mesma augusta senhora manda, pela secre-
taria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, participar ao major general da armada, para
que elle assim o faga constar aos comniandantes dos navios de guerra nacionaes.

Decreto de 17 de junho de 1846


Hei por bem que fiquem sem effeito as disposigoes da carta de lei de 21 de abril do cor-
rente anno, que estabeleceu o processo, o julgamento e as penas dos criines de rebelliao e se-
digao.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes o tenham assim entendido e
fagam executar.

No rcgiilamcnfoiirovisorio para a guarda nacional,


mandado executar per decreto de 21 de juubo de 1846, euconíra-sc o seguinte:

Delictos e penas
Servigo ordinario
Artigo 67.° O official que faltar ás reunióos da guarda nacional, nos dias determinados,no
logar e á hora que ihe for indicada, será pela primeira vez reprehendido pelo commandante do
batalhao.
§ 1.° A reincidencia consecutiva da falta mencionada será punida com reprehensao em cir-
culo de officiaes, e a segunda com severa reprehensao do commandante do batalhao á frente do
mesmo, e publicada na ordem do batalhao.
§ 2.° Se a mesma falta for commettida quatro vezes successivas, o official perderá o seu
posto. Desde entao as reincidencias serao castigadas como as dos simples guardas nacionaes,
contadas, porém, desde a primeira falta.
Art. 68.° O official inferior, cabo ou anspegada, que faltar ás reunioes nos termos do artigo
antecedente, será reprehendido pelo commandante da companhia. A primeira reincidencia será
punida cóm reprehensao á frente da companhia; e tres faltas seguidas terao o castigo de perda
do grau; e d'ahi em diante a pena das reincidencias será a dos simples guardas nacionaes, con-
tada da primeira falta.
Art. 69.° O guarda nacional que commetter a mesma falta, será pela primeira vez repre-
hendido pelo commandante da companhia, o pela segunda vez reprehendido severamente na
frente da companhia; e faltando terceira vez consecutivamente terá a pena de prisao por vinte
e quatro horas, e esta j>ena duplicará por cada reincidencia, acrescendo depois da quarta vez a
multa de 400 reís.
Art. 70.° Estas faltas, quando aggravadas com a declaragao de níío querer obedecer ás or-
dens de reuniSo, serao punidas com a pena do grau seguinte.
Art. 71.° As faltas, de que tratam os artigos antecedentes, sao commettidas, ou quando
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absolutamente deixam de comparecer ás revistas os individuos que n'ellas devem comparecer^


ou quando se apresentam mais de meia hora depois da que Ibes foi designada.
§ único. Fica ao prudente arbitrio do commandante do corpo julgar ou nao, attendiveis os
motivos allegados por aquelles que se apresentarem depois do praso determinado.
Art. 72.° As faltas de uniformidade no fardamento, e o desalinho, serao advertidas pelo
commandante da companhia pela primeira vez. A reincidencia ñas niesmas faltas será estranhada
severamente perante a companhia formada. A continuagao ñas reincidencias será punida, nos
guardas nacionaes, com a multa pecuniaria de 120 até 240 reís; e nos officiaes inferiores, cabos
e anspegadas, será pela terceira vez punida com a perda dos seüs grausj e d'ahi em diante como
os simples guardas nacionaes, Contando-se-lhes as primeiras faltas.
Art, 73.° O official inferior, cabo, anspegada ou guarda nacional, que ñas revistas apresen-
tar o seu armamento e equipamento sem asseio e Iñnpeza, será pela primeira vez advertido pelo
commandante da companhia; se reincidir, o mesmo commandante o reprehenderá perante a com-
panhia formada. Terceira falta será punida com reprehensao mais severa, aereseentada com a
multa de 240 reís, A pena pecuniaria em cada nova reincidencia será 480 reís.
Art. 74.° O official, official inferior, cabo ou anspegada, que em assumptos de servigo usar
para com seus inferiores de expressoes insuítuosas e offensivas, será punido:
1.° Com severa reprehensao dada á frente da companhia pelo commandante d'ella;
2.° Pelo commandante do corpo, se o offensor tiver o posto de official.
§ único. Se as offensas contiverem injuria grave e o offendido quizer recorrer aos tribunaes
eivis, o commandante do corpo, verificado o facto por uní conselho de disciplina, remetiera o
seu resultado ao ministerio publico por intermedio do governador civil.
Art. 75.° O abuso de auctoridade do superior para com o inferior, ou seja commettido por
transgressao de ordens que aquelle nSo receben, ou por exigir mais que o cumprimento restricto
das niesmas ordens, quando legitimas, ou por imposicao de penas que nao sao as declaradas nos
artigos penaes, ou pela imposigao das mesmas penas por auctoridade incompetente, ouemíim¡
de qualquer outro modo em que se demonstre o mencionado abuso, será punido, sendo official o
transgressor: 1.° Com reprehensao dada pelo commandante do corjio em circulo de officiaes;
2.° Com reprehensao á frente do corpo, e publicaglo na ordem do bataUíSo; 3.° Com perda do
posto.
Sendo official inferior, cabo ou anspegada: 1.° Com reprehensao dada pelo commandante da
companhia á frente dos officiaes inferiores, cabos e anspegadas; 2.° Com reprehensao á frente
da companhia; 3.° Com perda de grau, e prisao de um até cinco dias.
Art. 76." O official, official inferior, cabo, anspegada ou simples guarda nacional, que em
assumptos de servigo faltar ao respeito a seu superior, usando para com elle de expressoes inju-
riosas, será castigado segundo a gravidade da offénsa: 1,° Se o offensor for official, com severa
reprebeusao dada pelo commandante do batalhao; 2.° Com prisao de tres até seis dias, e deehv
ragao na ordem do batalhao; 3.° Com a perda do posto, e inhíibilidade para eleigSo durante
tres annos.
Os officiaes inferiores, cabos e anspegadas: 1.° Com reprehensao dada pelo commandante
da companhia; 2.° Com a perda dos graus, e ficarao de ahí em diante considerados simples
guardas nacionaes.
Os guardas nacionaes: 1,° Com reprehensao; 2.° Com pena de prisao de um a tres dias;
3.° Com dobrada pena de prisao.
§ único. Se ás offensas comniettidas contiverem injuria grave, e o queixoso quizer recorrer
aos tribunaes civis. proceder-se-ha na conformidade do § único do artigo 74.°
Art. 77.° O official, official inferior, cabo, anspegada ou guarda nacional, que ñas reunioes
da guarda nacional usar de palavras tendentes a excitar a insubordinagao ou tumulto, ou a per-
turbar a ordem publica, será preso pelo primeiro official ou official inferior que presencear o acto,
tomando logo testemünhas que nomeará na parte que der ao respectivo commandante.
O facto será qualificado pelo conselho de disciplina que, sem perda de tempo, se occupará
do processo, e o réu poderá ser punido, sendo official ou official inferior: 1.° Com prisao de tres
a seis dias; 2.° Com a perda de posto ou grau, e alem d'isto um e outro ficará inhabilitado por
tres annos para a eloigao de official ou nomeagao de official inferior.
Se o réu for cabo, anspegada ou simples guarda nacional, será punido: 1.° Com prisao de
vinte e quatro até quarenta e oito horas; 2.° Com a mesma pena desde cinco até dez dias, e
inhabilidade para ser eleito official ou nomeado official inferior.

Servigo extraordinario
Art. 78.° Quando qualquer commandante de companhia, ou secgao de companhia ou esqna-
dra nao satisfizer á ordem do governador civil ou á requisigao do administrador do concelho nos
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casos dos artigos 38.° e 39.°, ficará sujeito: 1.° A pena de prisao de tres até dez dias; 2.° A perda
do seu posto com inhabilidade para ser eleito official ou official inferior durante tres annos.
§ único. Se o commandante do batalhao ou da divisáo do batalhao se tornar réu d'este
criine, será punido com a perda do seu posto, nao podendo mais ser nomeado eleito para qual-
quer posto ou grau da guarda nacional.
Art. 79.° O official que desobedecer á nouieacao d'elle feita para qualquer diligencia de ser-
vigo extraordinario, será punido com a pena de prisao de oito dias.
Sendo official inferior, cabo ou anspegada, com prisao de dois até seis dias, e sendo simples
guarda nacional, com prisao de vinte e quatro a quarenta e oito horas,
§ 1." A reincidencia, na.falta de que trata o artigo antecedente, será punida com a mesma
pena, e alem d'isso com urna multa que duplicará com a repetigao, sendo este para os officiaes,
de 480 réis, para os officiaes inferiores de 240 réis, e para os cabos, anspegadas e guardas na-
cionaes de 120 réis.
§ 2.° Uns e outros ficarao óbrigadós ao prinieiro servigo que houver,
Art. 80.° O official, official inferior, caboj anspegada ou guarda nacional que, depois de ein*
pregado em qualquer servigo extraordinario, faltar á chamada em occasiao do detalhe d'esse ser-
vigo, será obrigado a fazer o que foi detálhado, aínda que-llie nao compita, e no caso de Ihe ter
pertencido fal-o-ha dobrado.
Art. 81.° A sentinella que antes de ser rendida abandonar o seu posto ou a sua arma, ou
faltar iao cumplimento da i ordem qué receben no acto de ser colJocada, será punida com a pena
de sentinella dobrada, nao téndo da sua falta resultado inconveniente ao servigo; mas se em con-
sequencia d'ella se tiver seguido prejuizo, será castigado. com a pena de prisao desde^vinte e
quatro horas até dez dias,
Art. 82.° O official, official inferior, cabo ou anspegada encarregado do commando de qual-
quer forga, que estando de servigo abandonar essa forga, ou com ella praticar quaesquer actos
que contrariem as ordens recebidas, será punido com pena de prisao desde quarenta e oito horas
até quinze dias.
§ único * E se a falta commettida for a-váliada de muito grave pelo objecto da diligencia que
por tal procedimento se tenha mallogrado, o official ou official inferior que a conimetter, ficará
sujeito á jierda do seu posto ou grau, alem da pena de prisao mencionada n'este artigo.
Art. 8,3..° O official, official inferior, cabo ou anspegada, commandante de qualquer forga da
guarda nacional em servigo extraordinario, que faltar ao respeito ás auetoridades constituidas,
entrar violentamente ñas casas dos habitantes, exigir d'elles por sua propria ordem víveres, alo-
jamentos ou quaesquer objectos de propriedade alheia, contra a vontade de seus donos, e em
desprezo do mandato da auctoridade publica, será punido com a perda do seu posto ou grau,
ficando inhábil para mais ser eleito official ou official inferior; e alem d'isto, segundo a gravidade
do facto, poderá ter de prisao quatro ató vinte dias, sem prejuizo de resarcimento dos dañinos
que tiver causado.
N'este ultimo caso, o conhecimento do facto jiertence aos tribunaes civis.
§ único. Estes commandantes ficarao sujeitos ás mesmas penas se taes crimes tiverem sido
comméttidos pelos seus subordinados, por sua ordem ou omissffio.
Art. 84.° Os officiaes, officiaes inferiores, cabos e anspegadas, nao commandantes, e guardas
nacionaes que comniettérem" os delictos de que trata o artigo antecedente ficarao sujeitos ás pe-
nas n'elle mencionadas, se os factos praticados o tiverem sido seiu ordem ou contra as ordens
do commandante da forga a que pertenciain.
Art. 85." Os guardas nacionaes, cabos e officiaes inferiores que, sem ordem, em qualquer
diligencia de servigo ou fóra d'elle, carregarem as armas e as dispararem, serao pela primeira
vez punidos com o pagamento do dobro do valor das munigoes, e pela segunda vez, alem do
dobro do pagamento das munigoes, com prisao de quarenta e oito horas.
Art. 86.° Os officiaes inferiores, cabos, anspegadas e guardas nacionaes, que ñas guardas
ou em diligencias de servigo se embriagaren! e perturbarem a ordeni ou offenderem quaesquer
pessoas, serao punidos com guarda dobrada e pena de prisao de vinte e quatro horas até cinco
dias, seni .prejuizo do castigo que pelas offensas pessoaes Ihes possa resultar.
Art. 87.° Os individuos, da guarda nacional que recusarem acceitar os postos e graus para
que forem eleitos, serao condemnados em Lisboa e Porto, sendo officiaes subalternos ou eapitaes,
na multa de 12j{!000 réis, e na de 3^000 réis sendo officiaes inferiores.
Ñas outras térras do reino estas multas serao de metade das referidas quantías.

Conselho de disciplina
Art. 88.° Em cada batalhao da guarda nacional haverá um conselho de disciplina formado da
man eirá seguinte:
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§ 1.° O major do batalhao, presidente, e vogaes 1 capitao, 1 subalterno, 1 sargento, 1 cabo,


1 anspegada e 1 guarda nacional.,;.; :¡,;¡.., .-, ,; ... b-
§ 2.° Este conselho, menos o presidente,, será renovado de tres em tres mezes, sendo Os
prietaríOS. ; -,- : ;..'
vogaes tirados á sorte. No mesmo escrutinio serao eleitos substitutos em igual numero dos pro-
i; -:.!:::: >'. -A
,§¡3.p Na-falta domajor;presidirá oycapitáo mais idoso do batalhao.
-
-;:, § 4.° <Sevoíirniajo-r,--tÍT-éT!deiírespoñdei''íp;eránte''0''!coñáélEó''dé;disciplina, sera éste presidido
pelo commandante. :r-
-::;.Wh{ -A-':\ ---' - J>>'<, .'< -:: .:..'
§ 5í?;No caso: emí-'qüe-q commandante séja¡ ó aCCüsadoj ó conselho de disciplina será presi-
:.:-.----
A*Y.IJ\-A.-

dido pelo governador,civil -é ó- niajor será vogab do • conselhoi.¿N'este ultimo cáso: nao será vogál
o- guarda ¡nacional; -- ' >,\ ^V.-.-A.--
.
.AÍAÍAÜ] ,<: =;;;•>,.:.; :;,-;,:--.-
Art.'! 89.°; Pertence ao conselho de ¡diáciplina"' o' conhecimento dbs casos'- em'qüé1 pó'ssa tér

logar: reprehensao a officiaes e i a officiaes inferiores ein circulo dé¡ officiaes ou- á frente dó bata-
lhao, multái óu iprisao por mató i de. vinte; e quatro hórasy assim coinó de todos os mais em que
pdssá cabte pena ¡superior, '.>h .'
<:AA ^ AA.-.>' -AXAAAA ^ .:.-';; ;,]* .: • ;: -:'-:::.
- §;
único, ¡Os1'commandantes i de batalhao écompanhia-poderSoydé" áüa¡ propria áúctoridkdé,
inipóri as penas inferiores que vSo marcadas ños;-artigos;;dre^t©;^'gulá.misntby'-e'-08;'GéinÍ3utódaiitiBg
das guardas aquellas que deverem ter'éxecügAOidürapté> o servigo das^-iiiesmas-guardas1.
,; ;
Artv'90." Os ¡processos do Conselho dé disciplina sera^formados:peía-inesma forma dos con-
selhos de guerra,»
Art, 91.° Haverá um official, relator do conselho dé disciplina, nomeado pelo commandante .

do batalhao sob proposta do mesmp>:cqnselhpv As.suas^funcgoes durarlo Um ánno.


Art. 92,° Todas as multas de que trata o presente regulamento sérao ápplicadas para as
despezas do batalhao; O conselho administrátiv.o fiscalisará a despeza e applicagao das ditas
multas íi :- • ;.'-: "' ;H ';: vn Í;..-> ^;;r¡:;r'-;.-ií^.'":.. -A-'-AAA-A-A-\— -- ..<, .•..-',''-"-:/.

..".-,.'-^ ^.¡i-Á,¡<',!- der31t!e ág(>s(ü:.de 184<Í r.,,,:.


.
,u ,/Mcreio ,.¡} i,:¡...,;.. .: -
::;-/.:--.

- Sendo ñécéssarió' cohibir qiiálqüéi', abuso ¡ qué/pbssá fázérLse^ da fáciüdáde do castigo de pa-
radas, que substituiu o de espada de pranclíaj éstabelétíidoiió éápitulb XI, § 8.", do régulaínénto
de in'fánteria,' coiné, imperiosamente''reclama1 a: jüstigá'í;íá humanidades o: vérdadeiro interésse da
disciplina militar; e attendendo ao que sobre este assumpto"me'répi^
e secretarios d'éstádó dos negocios-'da guerra é da. íiíárihha é ;idtraiiiár¥ hei por beni decretar o
seguinte: ".-....,
]'. "''""'*! "'"'
l. 0' Nériliúin cOnimándaiité dé cbrpb poderá mandar castigar qualquer soldado, com ináis de
cincoenta varadas, segundo á gravidade da culpa qué éóinmétter. •;"'"' ;:
'niento, eEste
'2'. 0
nunca por erimes que dévám! ser jnlgádóscni'consélho'dé guerra.
;
éastigo sóménté 'poderá-ser 'app(icádp''':no's:':'cas'pé^;déÍermjnádb8-'--ñocitado régula-
"'
.

\
3." Quando alguin soldado terilia !deser' castigadocom vai^flás; o respectivo cpinmandante'
fará convocar ümooñsélhó' 1de disciplina;jcbnipostode 1 official Superior do corpo, dé 2 capitaes
e 2 subalternos, que nenhum será da companhia do réu, para julgar se deve ter logá'r 'ó castigo,:
e o numero de varadas que ao mesmo réu deve ser applicado.
4.° O commandante poderá amda diminuíi?, a;penas,imposta pelo conselho, se assim o julgar
conveniente.
5.° No fim de cada semestre os commandantes das divisoes militares remetterao á,secretaria
d'estado dos negocios da guerra ümíhappa,'dos soldados qué tiverem soffrido o castigo de vara-
das, conformé o^ñíódelo jún'tovi -; ': ''''"' ' i' ::,,j'-' ' ' ,IJr
6.° Aos soldados recrutas nao poderá ser;ápplicadó ó castigo de varadas, antes de térem
cohiplétado seis mCzes.!deprága. : J l' ' ' •;!.•!--. i-.•
7.° Serlo isehtos'do 'referido castigo os soldados que voliintáriameñtb Sé tiverem alistado,
.

os 'que tiverem; cbiñpletadb;tres áilnos de servigo sem hótaj eaqúellésque depois de terem aca-
bado o tempíq' legal de servigo/hoiiv'eremcontmuadora servir ñas filéirasdo exercito.
;i8.:*:As:tíisposigofes d'este1 decreto 'sao ^pplicávéis 'ao batalhlíd ñávál é ás;trópas das provin-
cias ultramarinas. .--::.::!:-:--;-.-i; ,:' :;'!-.;
"Os ministros e! secretariósí 'dosnegocios da guerra, edainarinháe: ultramar o tenham assim
entendido-e;fagam'éxéeiytar. : !': ;-v- - ^.AA-AA: -i:' ' .-^:-:- ¡-'•
. ..

1 Este regulamento foi mandado fiear suspenso em todas as suas partes por decreto de 7 de outubro de
1§£6,» que deterininou tambpm que fossom dissolvidos quaesquer eprpos da guarda nacional que na conformidade
•do^ mesmo i-egu|amunto se, ¡icíjassem 'tótal'.pirparclá.iinente'.prganÍBados..'.''
-

45
19.4

Decreto de 18 de setembro de 1846

Sendo de reconhecida necessidade proceder-se quanto antes á formagao de um código penal


militar, no qual, em harmonía; ¡coin o. estadode civílisagao do¡seculo actual, sei éstabelegain re-
grasfix^s,,tanto para regular a prdgme forma do processo, conió; para; a¡clássificagao das penas
e castigos correspondentes aos delictos commettidos pelos individuos a quem compete-o: privilegio;
do fóro.müitar;:, helipor bém crear paraíéste fim urna CQmmissSo presidida pelo, ministro e se-
cretario id'estado.dos negocios.da:g.uerra;;,e composta do maréchal do exercito márquez de Sab-
danha, do tenente general conde do Bomfini, do maréchal de campo bariío de. Monte Pedral>
dos cpnsellieiros .Manuel, Duarte, LeitSOj • Antonio Bárreto Fjerraz- de Vasconcellosé Francisco
Perpira Guinia'raes:,, e dp auditor! Antonio,, Augusto.' de Mello Archer, qué servirá deí-secretario;i
a qualj tomando em.consideragao^as: disposigoes do codigOi organisádo pela cominissaoicreada pori
decreto de 21 de margo de 1802, e mandado executar no Rio de Janeiro;.por.¡aLvaráde 7 de¡
agosto; de-1820,-: que, poderá) rever/j.alter'aí ¡e;modificar, ássini como, quaesqueroutras-disposigoes
cpmpilehcftdidás¿na;actual;législagSo.>pénalrmilitardo exercito, me proponha eóm apossivel bré^:
vidade umír^alno completo; sobreesté importante pbjecto: : • .••-•=• > w
;:! ;1¡ u:;;
^:,0.ministro; e secretario d'estado idos rnégppios da guerra o tenha assim.entendido é faga
^
executar. un A- - -
,.

1 Decrétodc 7de ohtubro de 1846 !-' ! \ V


,

Attendendo ás circumstancias extraordinarias em que se ácha o páiz, e á urgente necessi-


dade de restábelecer o vigor das leis, impedindo que a anarchia continué a ameagar de destruir
as instituigoes sociaes; e tendo em vista o que se aclia providenciado no § 34.° do artigo 145.°
da carta constitucional da monarchiá, é óuvidb ó meu consellío de ministros, hei por bem decre-
tar o seguinte:
Artigo,.1.° ,Ficám; suspensas,,em todo,-.o .reino, pelo espagp; de trinta dias,, ¿oda^, as, garantías
... -.
indiyiduaés,..e,,podeivse-liá prender sem culpa:for;mada.,
; \-A'-.IU-- •-,, .-.¿
: .
.,;', .;
Art. SÍ.:0: l^urantp o, mesmo,;praso é,.prohibida, a. pujblicagap de.. todos, ,os jprnaes,: periódicos
ou,.espriptQS;.impressps,pU:,lithpgraphadps.
. ..
;',.. .-,'.'., ,\...
exceptuado^.;id'¡esta ... ..;... ;,. ,, ;•!,.,;,;-.,
.,,§vunico. Sao,, disposig^o os jornaes 'Iliterarios e scientificps, eo Diario
do governo.
,¡, Art.,3,?, Asi:;djsposiepes,do;,presente,decretoprineipiarao a ter,.eífeito-e.,execugaodesde o
dia da sua publicagao no Diario do governo.,.... ...;:|., , -\..,.';<];.
; -.;;,
¡
Art.,;4.?;JLogo que as cortes geraes.,da.nagap portngueza.se reunirem, na conforniidade do
que dispSe a carta constitucional1da,mpnarcliia,'p meu gov.erno,dará, contaásmesmas cortes do
uso.', que tiyér, feito, das, faouídades;.concedidas por, este, decreto,
;Os. ministros, e. secretarios, ¿'estado de todasas repartigoes o tenham assim entendido e. fa¿-
.
cam
-
executar f.j
. ..
,¡, .;. :,'',.,.,; ,,, ,.:, .,::-• ,..'-,.... .
:
- =
Decretode 12 de outubroide 1846

Convindo elevar a,forga actual do. .exerpito de modo que este satisfaga ás urgencias.do serr
.
vigo, emquanto se nao verifica o recrutamento a que se mandou proceder ppr¡ decreto de. 15 de
npvembrp ultimo: hei por bem decretarrp segvunte: .! ,.;,:
Artigo 1.° Sao chamadas ao servigo do exercito todas , ,.
as pragaS; pret,que. tenham obtidp
de
as suas,escusas; por terem,;acabado o seu tempo.de,servigo, desde o i,°;de:Janeiro de 1842, de-
vendo ,apr.esentar-se dentro do praso de quinze dias, contados da publicagao dp, presente decreto,
nas cabegas dos districtps, ás¡ auetoridades, militares, loeaes, que Jhes. darSo guias de, marcha para
os comniandantes das divisoes militares,:,ou,;para:ps,porpes em que, desejareni servir,, quando se
acharem estacionados dentro dos respectivos districtos.
.;.;•.,, .rL :
Art, S.^.As.ipragas.que,, segundo: o artigp. antecedente, se ;aprpsentarem, seryir§;p sementé -

emquanto durarem as actuaes circumstancias, e receberao de premio.;4$800. réis, logo; que :se
apresentem nos corpos, como equivalente do fardamento de policía e barretina, e 20 réis por
dia pagos com o pret.

As disposicoes d'este decreto foram prorogadas, por mais um méz pelos decretos dé 5 de novembro e dé
1
6 de dezembro de 18i7, de 6 de Janeiro, de 6'de fevereiro, de 6 dé marco, de 6 de'Abril,"de 6 dé maio e de 6 dé
junho de 18á7, e até ao fim do mez de julho do mesmo anuo por decreto de (5 de jullio dito.
195

Art- 3¿° As pragas chamadas ao servigo. pelo "presente decreto, ^qué se nao ápreséntareín.
dentro do praso marcado no artigo 1.°, serSo consideradas desertoras em tempo de guerra, e
como taes punidas na eonformidade das leis; - ; i- -•¡VAA:y-.;/:'> ; ;* .'•:.'. <v
O marquez de Saldanha, presidente do conselhoyrúliiistrd'é¡ s'éeró'tárib'dos negocios' da 'gWrra,.
p tenha assimt entendido e-faga executar. i j¡ ;. >u-'i -
' :'i

A
Boy decreto de 14 do mestnúmeZ'e anñ'oforaní tánibem''chamadas'absei'vigó dó'bátalhao
navaij nos termos; écOndigo'esJexaradas no decreto antecedente^ as pragas qu'e'tinharil ób'tido'ás
suas escusas, por íerem acabado o seu tempodeservicOi :¡¡i »: ¡ , ; ..•;,;' :"f
Decréíó dé 27 dé outobro de 4846 ', '-^':..'.':','^
-,

Tomando- emb eo'ñsidpragSo>ó relaíorio dos íüinfetrose secretarios testado-das''diversas'iré-


;;
partigoesjiíe; tendo oüvidó/b)conselho d'estadpr^ei-por beiñ decretaraí:"; 1' 3 i-
"' í;-;T"i/iJi.;:í ",:
¡Artigo 1 $ íEiñquáñto:durar em as: aüótúaés' circumstancias^ dé! rebelliltO' arniáda; nb^páíz éon;<-
.•
tira-.Ó meu¡;thronb'¡e¡>-á- carta constitúeionakdaniOM*cllia!:;toi'por !bénl''aStíumir"a plena/áúétori-
dadeié poderes; para, no exércicio; d'élles, oceOrréi' C0hi;'á:s;provídeiiciassque fofem necéss'árlas
para o:prompto¡resfabeleeimenfovda oídém: legal eJéstabilidádé doíSystémáp'olitieb'dambñaíchiá,
i
Art. 2;:° Jk)gb que céssém ás aptuaés circumstancias- eni qué^se aénáí;b paizy'déix^rWde'tér
logar Oíéxéreicio* da ¡áufetbridadé e poderes 'dé> que trata; o-artigo^ antecedente/ "í^*1 l " ' ,;:;!í'
Art. 3.° Os ministros e secretarios d'estado das diversas reparÍíígolB.Sj:íí'éSpojbS'ttvis-:p.óiJ;!-tó;d;aB:
as medidas queiise adoptaren} nó¡exercicio da5 auetorídíüdéqué h^f'por -bénr"ássüruír, dárSo'coiita
ás cortes, na sua primeira reuniao, do Uso que séhouver'féito da mesma auétbridHdéV ,"'' -'¡J-"".
^ Os ministros-te secretarios d'esítado de todas as "repartigoes ássini oteñliáhí entendido;-cüm-
pram¡©fagam, executar. ' •> v-U-.- ^^ :::' ->i.< <-XAAMV,A ; -TM; :---¡V¡ -;.^AA •> -A. A-AA<

No regulamento promisorio páí'a os cbrjióyde,vplu^


"'"'""-' "; """" éncoiíirá-se osequirité: -'"-."-"-'"- •'>• >• ",,..„".'"''

.'.i-.uri?--'---- ;;- --,:-;;. ni- :';.-;


•. : AfQSP ;tíU?— DellCtOS.0.peinas.;
>
.;;>] .•!./;:,,;¡;i-!: ;;v\ítO<j »..?. ¡I-:¡A A

'55. 9 Prohibe-se- expressaniente^1 aos officiaes 1 injuriáífeín dé- palavras os keús subditos, e
§i
menos sérvircni-se' dé castigosiqiie;'OSíénvlliegaínina' opin'iSo'! publica; ánte^
recommenda que os tratém de modo que todos conhegám a estimágSo que se teni por ellés.
§ 56.° Em tempo de guerra, e n'aqúelle em que os respectivos Corpos estiverem reunidos,
e empregados activa ou effectivamente no servigo militar, os officiaes que faltaren! a cumprir os
seus deveres, ou commetterem crimes 'ebn'ía'á'ríos1' a"subbi'díná!gao e ás regras da disciplina militar,
serao punidos pelos seus superiores com prisao e outros castigos determinados pelas leis militares,
do mpdp por que ;p sao na ¿primeira Iinha os_ officiaes das respeptiyas armas;, o mesmo se 'enten-
dera.a re^peito dbs officiaes inférip'res, e^soldációp.,'.'''^.. i,',^',,',..' '., ,,;-; .<!.-; .-M'--, AÁ->
' & 'SI': 0 Para ser applicavél á-lógislágao militar, declarada no ¡náragraplio ¡-precedente,.,é -. <vn-<;
., mis-
tér que o governo declare, formalmente., ter cliegadb- a becasiao pr.opriá, Emquanto o.nao houver
feitp,' guardar-se-liab ás spguintes regras;, |; ...".',,.,'.. i..,s,;i;"!:.,1i-1.!;;,;1. ,.,¡:<.-.: „,
§ 58.T. Os dólictps que possani ser commettidps, clássificám-se em tres .ordensj segundo .
á
sua gravidade ascendente: priméirb, segundo e teíceiro grau. ,-,j';-i:-.f,i:--:..'.:
,,,,.:..,
§ 59,° Sao considerados;defictps.no primeirp; grau: FaltaSi ás reunipes PrdÍ!iariasl,;Falta de ,-.

asseio e arranjo na pessoa, fardamento e armamento. Offensá leve de superior para inFeri.or.;;,
§ 60.° Sao considerados delictos no segundo grau: Faltas ás reunioes extraordinarias ou ao
servigo detalhado. Abuso de auctoridade. Simples desobediencia de inferior para com superior.
Falta aos deveres de sentinellas (©xcluíiido; .os abandonoido posto); e bem assim das mais pragas
que estiverem actualmente de servigo. Embriaguez ou desordem, nao estando, de servigo.
§ 61.° Sao considerados delictos no terceiro grau: Falta de respeito manifesta de inferior
para;coifi superior; bu'• desobedienGia aggravada ;ás!- Pi*déns^; militares.' ExcitagSo ábítunitilto/á des-
ordem ou á insubbrdihagSo;rAbandono"dé" posto,"'tanto coihiñettidb;:pbr!a]güma;sentinella, coínb
pelo commandante de qualquer foi'ga 1; bu actos cbin ella'píáticádosj;iém contravéiigSo5das bí'dens
expressamente recebidas. Carregar ou disparar a espingarda sem ordem. Embriaguez bu desor-
dem, estando de servigo. Illicitos interesses tirados da posigSo superior.
§ 62.° Quaesquer outros delictos nSo especificados nos artigos precedentes, sendo classifica-
196

dos pelo commandante do. corpo, serao por elle julgados ou pelo conselho permanente, segundo
a gravidade do caso. ;.„;. , ,-,- -.;::
§ 63.° Quando as circumstancias que no caso cpnéorrerein ággravareni o delicto, será este
classificado. no grau inimediatamente superior.; ,; ;;
,;.. . :-. AA-AAI^
§ 64;° Em caso de reincidencia da mesma náturez&.dp deh^tp¡'iseráeste igualmente classifi-
cado no grau immediatamente superior. Progressiva reincidencia será punida com progressiva
pena.
;,;'.. § 65,° Qs.delictosdo priiñeirograu^ ppmmettidos poruoffieiaes, serao punidos,-do mínimum
ao, maxiviúm) cpni a admpestagao;particular do majoremhome do Poinmandante;¡ prisao de um
até tres dias no seu qüartéj; reprehensaoj dp Gommandante em círculos de officiaes. Sendo coni-
mettidos por quaesquer outros individuos, serao punidos com reprehensao particular pelo com-
mandante da companhia, e sendo fóra d'esta pelo ajudante se for official inferior; ulna até tres
guardas de castigo; prisao de dois. a quatro diás.np quartel da companhia; reprehensao na pre-
sengá da companhia ou dos officiaes inferiores,' se a repréhénsap for do ajudante.
§ 66^° Os delictos do segundo grau, commettidos por officiaes, serao punidos com reprehen-
sSo;,do, commandantei .empirculp de camaradas dé igual graduadlo; prisao de: tréá; átñové dias
no quartel do corpo* Sendp, .cpiíimettidos por ¡qiiaésquer oui/ros¡ individuos, sérao; punidos: com
tres atéjCinep gnardastde. c a 'dozérdias.
-.,-.
,§,67,° ipsdpIictpSiide^r.terceirp.graUjíMm serao punidos-com¡prisao de
noyé^dias. jt um mez,,;fipandp..registada a. c.ausa;,e,lidá.á sentenga emiunia-a tres paradasp?bu
deniissap^dp :ppstp,.,Sendo,;coniníettidps:pp.rquaésqüél^otitros individuos,;sérao punidos» com cinco
até, pjüp guardas; de ,cástigp,v multa de. 1¡§20Q a2$400 réis; prisao ¡de-dozea trint'a días,¡bu me-
nos tempo, fazendb servigo;; ibaixa de., posto, sendoofficialinféribrj continuando; o¡servigo como
.spldadp. em-putra. companhia»;,;;,, i. ;:•,- : -!.<Á-¡-A -:.>.•- ,.- *><,'<'•;;<. .;'; ¡J,
-,.,.. ,u; --
§.:®? ,Asfaltas,' ás ;reunio;es,;qualificam-se.como táesj tanto em casojde absoluta ausencia,
.; :;=
como de conipargncja,¡meiájlioradepois da ordenada. ; :,:•;,; VA'AAÁAA -A- ;-.; -,;;-(;
§, 69*° As penas dp primeiro; grau-serao confiadas ao.juizo prudencial do commandante, o
qual, se o julgar conveniente, poderá auxiliar-se de um conselho de investigagSo,. por. elle mesmo
nomeado.
§ 70.° O julgamento dos delictos em segundo e terceiro grau pertenCerá a um conselho dis-
ciplinar permanente,, de que .será presidente q official immediato ap commandante,,e vogaes os
quatro ofñciáés,'de máíbrgraduág^o'.' Esté consellio será renovado em! dois dos' seus "vogaes todos
os mezés. " ' ':
§ 71.° As sentengas em segundo grau dépenderao sementé da confirmagao do commandante,
o qual as poderá minorar. Em tercéirb -gráii- defiéndela a --'é'x-ecugao da sentenga da confirniágao
do commandante geral, e em caso de deniissao, do ministerio da guerra,
,.§:,7^;.° A forma dp;;processp p.erañt.é os, dois conselhos será, a que se segué ños.ebrpos do
exercito,,O producto, das, multase entregue á commissao/administriativapara as despezás.do corpo.
.

' '':'''," ''':,'':''. '':,'.' --' AÜMyQty fá '-..-


X-.A

Exigindo ás presentes circumstancias qué: sejam,adoptkdasftQd'á's ás.prbvidenciasnetóssárías


para anniquillar a rpbelliao, e restituir ao páiz: a paz e .tráriquillidadéfdé'que tanjp-depende á
prosperidade pública': Upi por bem ordenar que fique em"pleno;vigor é observancia o decreto de
22 dé ágbstb de 18'33, pelo qúal se estábeleceu b procediinénto'qué dévéria ter logar contra os
paizanos que fossem apprehendidos.com as armas na niab em'auxilio idos revoltosos, ¿bem,assim
contra' os officiaes militares qüéj: a ellés reunidos, comihandasséni corpo's irregulares dé qualquer
denomin.agSo. que, sejam,. "'.",';' ",:._ " '[.' ''"' ''.."'•', ''• V ."'
Os "ministros é secretarios''d'estadodé todas as repartigoes b tenham ássim entendido e fa-
gam-executar. ;' '"''' .'-"." A'.;'" '! '../,,.
Decreto de 24 de novembro de 1846

Hei por. bem,determinar que; sejam -postasem,,plena exeeugXo as.leis e ordens vigentes,,
pelas quaes deyem sér,;qualificadps,e.julgados os desertores em tempo de guerra. .,' •,•;..;
, , ,.,.
Os ministres e secretarios,j d'estado das differentes repartigoes p tenham asaim .entendido e
,

facam executar.
197

No decreto de 30 de novembro de 1846, organisándo o corpo moTelj; denominado corpo de guardas (iscaes,
enconlra-se o seguinte:

¡
Artigo, 8.° Emquanto ; o corpa de, guardas fiscaes estivér activamente: empregado ña;lucta
.actual^ jser-lheJia ápplÍGavel o regulamento:militar, db exercitp. .

Decreto de i dé dezembro de 1846 \

Sendo de rigorosa justiga qué todos os.officiaes de qualquer.classée gradüagao p.restem;:o.


servigo, que lhpssfbr competente,iecóncorramnpjjiustoempenhode restituir ao paiz a ordem e
tranquillidade que os rebeldes téem perturbado.com a-sua.crimmosa-tentativa, é,;qiie;.;sejamcáSr
tigados áqüellés dosi-mésmps ,pfficiáes militares ¡que se tenham: recitsado¡ ou. re.Gusjarem-a este
dever de honra e de sua profissao: hei por bem. decretar¡orseguinte.;':
;.;,¡f,Artigo, 1;." Sapijdemittidos;de ;seus postosítodos: os:i..officiaes,nfifitáres. de qualquer ciarse ou
.graduacSo,. que.desde b dia9 deoutúbrb do Gorr,ente!,annb, tivefcem tomado; parte activa^ ou de
futuro, a,,tomaremi_na jiébeljiao; armada queiinfestavOípaizí -.[v -I'-.-:-.;; i, i
Art. 2,° Sao igualmente demittidos de seus postos todos os officiaes militares de qualquer
.classésp gradúagap que, tendb-se conservado indifferentes eni,qualquer parte, dp. reino, sem con-
corréreni com; seu^irmaos dp armas ¡na lupta actual contra bs rebeldes, ;nSp seaprésentareniás
respectivas auetoridades-militares do governo; legitimorjio praso, de vinte é quatroMhoras.depbis
da publicagao d'este decreto,,sendo.na capital, e de, dez,•.dias..-n-asi mais divisoes.; militares, -i.;
§,,.único. As disposigoes d'este :artigo, nao relevainnos officiaes militaresiin'el'lemencioiíadbs
de .qualquer; í desobediencia ou falta que íhesípossá <ser, imputada e.práticada ¡anteriormente;,á
data d'este decreto.
Os ministros ;Gnseca\ótarios d'estado das differentes repartigoes o jtenham assim:.entendido e
fagam executar. ,,.],:_.. ..... .¡.:\-:u\,:-;~: -< :¡;¡, ,.;;:-•

'.' Pórlafiá déi!4( de féveteiW) dé 1847 ' -•-,í"-1-1 .-i,;^--.-;•;•' *i¡\v- ¡


^

Hay.endp-seaiiresentadbsalgu.masduvidas sobre o ter-se féito á decláragao .exigida pelo § &(ÍM°


do, regulamento provisorio para os corpos-. napionaesy a; fim de se conhecér,: qüal alei por! onde
.dpvem1;ser julgados; alguns delictos : Sua Magestade a Rainha ha poíbem declarar,, pela; secre-
taria.d'estadoidos,negocios,da,!guérra, que depois da publicagao do¡ .decreto de 24 de noviembre
ultimo,,sobre,.o julgaiíientp ,dos¡ desertores, feita nar.ordeni do exercito 1ii.° 15 do dito mez, transí
cripta iio Diario ido governo <ÍQ,BO do mesinbj nenhnmasduvida deve existir dei que !o paiz; se acha
em estado de guerra. .;.-',• .,;.:.-• -..,:-,,; •,'.',, :-,-¡¡-..¡ : :..:-..,••>,., ...-f-.-üi •- -:.;..-; ;., ,- •...;!;•-•
,-.

Decreto de -i de fevereiro de 1847

Devendo ñas actuaes circumstancias ser empregado no exercito um maior numero possivel de
pragas já instruidas e disciplinadas: hei por bem ampliar as disposigoes do decreto de 12 de outubro
dp,Í846, chamando ap, servigo do exercito todas as pragas de pret que.tenham bbtide as suas escu-
sas por haver.em concluido o tpmp.o de servigo desde o l.l de Janeiro dé: 1837, devendo ápresen-
tai>se no, praso de quinze, dias, contados da publicagao, do presente) decreto, nascabegas'dos dis^-
trictos.:ás,;auetoridades:lpcaes-militares bu eivis, quei'lhesüdarao,¡guias para os corposy:pragas ou
depósitos mais,proximos^a fim de serem logo empregadas,pelo modo mais conveniente até pode-
rem oppprtunameute-entrar nos: corpos aondé desejarem servir. As referidas pragas iseryirao só-
mente,;emquanto durarem as actüaesicircunistaiiciasé receberSo.de premio 4|800, réis, logo que
se apres.enteni nos; corpos como equivalente do fardámeiito de policia e, barretináj e de 20 réis por
dia pagos com ..o, pret, e aquellas que n'8o se apresentaróm dentro do praso ácima; marcado^ :seráo
consideradas,desertores em tempb de guerra, e coino taes,punidas na conformidadé das leis.;
;0 ministróle;secretario: d'estado dos iiegocios da fazenda,encarregado interinamente dos da
guerra, o tenha assim; entendido e faga executar.
198

?;: = Decreto de 28 de abril de 1847'; ^ ¡nv:

Sendo da mais urgente necessidade por termo ás calamidades que desolara o reino, e obstar
aos males que resultarianí ainda da eontinuagao da guerra civil; e desejandoi éu cumprir com o
priineiro e mais imperioso dever qué me incumbey;de* procurartodos os rneios para acabar tao
fataes dissensoes é conciliar Os ánimos dos portugüezes, que desde o principio da monarchia se
distinguiram sempre pelos seus séntimentos de fidelidade aos reis, meus augustos progenitores:
hei por benn óuyidp o conselho d'estadp, dpprptar, p seguinte;:
Artigo l.'E concedida geral e completa amnistía para todos os crimes políticos que tenham
sido cpmmettidos desde o dia 6 de outubro do anno passado de 1846, ficaiido em perpetuo es-
quepinientO e absolutP: silencio, ,5- •;> OÜ h.);;^.;,k;.--. --.,-u ->;¡;; ÍA-A - ,;-;.•
§l.p Todo o processo qüe^ por; taes!cri!nes, tenha sido formado; é declarado millo é-Sém
':-. -
-
effeitOjisejá'¡qualquerque ;for Gestado em que1 séiache, ; i!¡ A-A>: ¡ÜÍ •?; • -¡ -; -: :[> -A
•--'':'%. 2»?) Todas: as¡pessoas que; sé¡ achárem¡presas~<por ordem de -quáiquer auctoridade ou:'coin
processo ou sem elle, serao dmmpdiataniPnte -soltasi ; ;, " 21 AÁA:^¡A-\A m<- -.¡A r.-in-.ni -'* "' '>
;§i;3;0;Tpdas; aspessoas^quey emiicoñsequéñcia^dbs; aeonteciméntos politicbs bu- pbrimedidas
:
extraordinarias-do goveimo, tenháifí sidpí»brigadasja¡isaíp! do/continente do líeinP,-'serao'iiumíediá/r-
táménté restituidas á sua liberdáde, expoderaoía-elle regressar!, ;para^o que"©'governoi prestará b's
^meiós'necessarios, :; '-'-'-:•:--.;-.• ::. ;;;,;,: ,-,;.;-;,;; .,;„,-.-,, ,< ;..;Í¡¡Í;:¡!¡ A;A^AA-AAA- ¡'¿-A*. ".V. ..;'.
v ; Ávt.:2i:°- Todos aquellesiqué,
desdé-b¡dito;;dia 6 áe outubro^foram privados>dé patentes mi-
litares; qué ¡légalm^ de quaesquer logares ou émpregps;1qüé;segundo' a-caita' con-
stitucional- bu segundo a éxpressa- disposigao'das leis-; exts.téntes'-na^'.^'o'dianvpérd'ér-'sem-'géutérL^á',
serao inunediátanieñté restituidos;a;.essas'paténtes;-.logares.oUémprégos¿ :
;í!it.
;i§-;li° ©o-mesmo-niodo; serap/restituidos-ás honras;; títulos ou condeeorágoes, todos1'aquellos
distihWgSés ho-
que, desde'o; dito día 6 "deioutubrp; foram privados d'esses titules ou dé quaesquer
noríficáS. .;.;.' -' ....--i' :<:
Os ministros e> ¡secretarios -de»todas as repartigoes b tenham assim entendido efagaiii exe-
cutar com os despachos necessarios. ; : .; ;:r .:

Decreto de ^Q|de-junbo de 1847

Tendo concedido á todos os que se .áphaSSem, implicados¡na revolta, que téve Jogar depois
cío día 6 de outubro do auno passado, amnistía, plena e geral pelo real decreto de 28 de abril ul-
timo; e sendo publicada conjunctamente a prpclaniagao de 9 do Corrente, a qual os chama á devida
sübniissSo; assegurandodhes;' depois d'esta, ¡a>execugao-''das disposigoes do niésnio decreto*;' e to-
mando' 'pni consideragao^¡que da falsa; ¡interpretagao;que¡ ¡se lhes deu,"téim resultado excessbs,;,e
perturbágqes-datranquiilídadppública:'hei p'or bem ^decretar qüé-ás mencionadas disposigoes'db
referido'decreto- dé: 28 de 'abril passadoi¡tentó' somonte' execügab depois da< completa-iáubmissao''dá
junta; revolucionaria.db-Poiíto e^dosicouposarmadosique:sustentan'arevolta ;< cumpriñdo áb gb¿
vólmof-antes d''esSa:»submissSo, riSo isó'ítbmari'ás-medidas qué á''8eguranga\püblic'á réelama';'más
empregar todos os inéios necessarios para por termo á mesma revolta. A-A AAV\- ,', -,\-.\AX< ' <
Os ministros e secretarios d'estado das diversas repartigoes o tenham assim entendido e fa-
gam executar. — ,,- .-,!, ,,, ,, ; ,:, ; ..;, , .

Decreto de 29 de junho de 1847


; ,

Tendo eu¡declarado na real proelamagSo;de 9 de junho corrente, publicada'conjúnctáníentb


com Oí decreto de ariinistiá'de; 28 de-abril ultimo; queificariam;sujeitos1 á;acgao dás'leis, sém: qué
lhes pbdesse aproveital-» o- beneficio- da amnistía;' todos aquellos que; implicados'na révblta, recü-
sassenif siibmetter-se depois de haverem^ pndevido conhecimento d'estas"minhas]reaés disposigoes,
o qual é, segundo' a leiv, presumido np Géntinenté: - do- reino passados ¡ quinze dias depois
dá'com^
pétente: publicagao. dcimesmo decreto, sem que d'elle• se; possa allegar ignoi'añeiái1E téndo decbr-
rido este práso legal e nSo' se-íhavendo ainda-effeetúado a' devida submissSo dé todos étérminádb
a rpvoltáfe desejando eu quantb for coínpativelfeom a¡segurangapublica-ampliar1aquéllas minlias
benéficas' disposigoes; e; nao pmittir¡meio: algum para conciliar os ánimos de todos os portugüezes; é
evitar a continuagSo das calamidades;que J afnigem o reino : hei'por bem decretar' o seguinte : '
Artigo 1;0; Todos aquelles que; implicados na revolta,! se submetterem voluntariamente 'á mi-
nha auctoridade real no praso de quinze dias, contados desde a publicagao:do; presenté decreto
199

no periódico official do governo, gpsarao; do beneficio das disposigoes do • decreto:de 28 de' abril-ul>
timOj/sem excepgao algumá. > ---; '; ;
i ^ >*A^••••
¡
Art.' 2.q Sao excluidos da amnistía todos: aquellesía quemse tiver; feito ou-fizer adevida.
.

,
intimagao das disposigoes^.db. ¡referido ¡decreto^ para o fim de se submettérem, é¡ que^ recusando.
submetterrse,fbrem.conipeilidos pela ¡forga^. aínda antes de lindar o praso i declarado no artigo. an-¡
tecédentey •:-. ; ¡J i-,:-.•;.-;.. •-; .--.;-.- ;.; -. .?.:-.- '-<:>) ;: . J. - - ' ;.; .,--.-,-. A¡- -',"'>;;

: ;..
gam' executar..-.,:, -.-; - .;', -
Os¡ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes'-o tenham assim entendido e fa-
,;-, A -¡.¡Á-.--!*;-, •;.

^í;;
•-. -. ,<1-AA¡ '' AAA- ¡.o ¡-\.--;.-:', - ,,-j;v,,-,- -.

- ,¡f Décréto'del» de jülbo dclS47 :r.; ; ¡ r¡ ;:

Tomando em cbiisideragao que é chegada a ejiocba em que o mpu, real, decreto, de.aninistiá
de 28 de, abril próximo pretérito deve ter inteira observancia,. héi gbr bem determinar, que cía
publicágab dp pfeséntedécrptp, em^^ diánte se 3e .Immediata e, jlenar exe.cuglo,.np continente, do-,
reinb.j acuelle decreto, fazeñdo as áiiptoridadeá competentes^ ilPstefmoá
dédiréitp» Outrbsim sbu servicia determinar qué na.ífl:ispoéi^e^;dp;;.ítf^gQ,"J'.'!.e seus páragfaphps
do citada decrete séjámfcptóprélíendidps quaesquer criines políticos comniettidps i anteriormente
ao dia 6 de outubro ultimo, em favor da causa dá usufpágao. "„'....,;.^ 4,;„. t.,,.,,...,-,
Os ministros é secretarios d'estadp de.todas asréparticpps .assim,.^q.itenhani,pnt.eñdidp, e fa1-
i
cañj, execiitár. "'.'. ;..,-7.''.'_" " [[,',.'"'. '.<,' ..'.' '".. ,';,,,,.;,,... •-...-.;'" ,,...;.-,. ,!....,,.,' ,:.
.

Decreto ¡déjiD dcsetembfo dé, 4^47 \...\-.>\-^. ;;,-."; *>'..-. 'A^AÁ^AA..


,-.¡-¡i-,¡ .;¡ , ,, <>

Havendo eu ordenado por decreto de 15 de julho db:'ébrrénté-'ánño; qué de'sdWá: publiCaga©


d'éllé'eín diante¿ Se' déáseíimníedi&tá é plena"éxecWgab; no continente do reinó5 aobneu' real' decreto
de amnistía!dé'¡28'' dp5 abril-d'este meshio annb: -hei' por bem ordenar qué' !á's; disposigoes; d'ésté
decretóse dé igualmente inteira observancia'náspr qué sé-
jám ápp]ieaveis¡ e segundo' os térmos'dé' daréitov ';<; '. ;>l --''-:-'-- - -A^-A-AÍ w..:;,¡¡, ¡¡ ¡- ¡

ij¡¡ ©; ministro •e¡'secrétarioí'd%stadb dos negocios'da^niárinlia^ultramar b téñliar kWim ^ntén*-


dido e faga executar. .,,-,;'.';-,, , ,r -,;¡., ;. ,;'¡ A ;;,..;..; . .:;;;;,;,_,;.;. .-.•-' .-.,-..;- • :

' Decreto delS dé noreníuro dé/I847 '['' "'','.'


Ampliando as disposigoes do decreto de 14 de julho ultimo, pelo qual fui servida perdoar
os crimes de primeira e segimda.deser.gap simples, e aggrayada:, hei por bem declarar n'elle com-
prehendidas as primeiras e segundas desergoes cbinmettidás em tempo de guerra, ficando d'esta
forma derogado o decreto de 24 de novembro de 1846, que mandara por em execugao as leis
por que sSo julgadas as menci'onadass desergoéS; ; ¡ : -:'!i:;t
Os ministros•&secretarios d'estado das differentes ''repartigoes' ó ténhámássim 'entendido e
fagaméxécutarv ' --i-i ;;-' •-. ;;..>'¡¡-¡: ,-., A--,-.A -•::.-
;¡ :-'.-.-•,..: • •:.-.:

:18á8,;,'::o-^;-:- i.':,:'^:.;.:-:':-:-'''':'^ \
. ..

Portaría de lí de marco de ÍS481


Manda Sua Magestade a Rainha,. pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultra-
mar, renietter ao supremo conselho de justiga militar o incluso prpjectp dp artigos;de1 guerra para:
uso do servigo e disciplina dos navios da armada,, acoinpanhaclo, do relatorio da pommissSo en-
carregada.da cpnfecgSp d'estp,importante trabalho; e quer. a mesma:augusta senhora;,que.,o dito
sup.reinp tribunal,, reyendp e examinando o indicadp.projeGtp, consulte sobre se, ¡elle, padpptavér
qual está, ou que alteragoes convirá fazer-lhe, ou finalmente se será preciso substituil-o,.propondo
n'este,pasp o iiovo.plano,, com os,.melhor,a]nen,tos e reformas .de qué.for susceptivel,¡isto; ¡tudo
com a maior brevidade possivel, qiie é demandadapela urgente necessidade de apresentar quanto
antes ao corpo legislativo o resultado dos trabalhos elaborados sobro este respeito.

Relatorio a que se refere esta portaría, e que a acompanhou


'

¡;
Senhofá.-^-Acommissa'b; clos officiaes do coi^io da armada encarrégada ele propor a Vossa
Magestade as ¡ ¡reformas e- melhoramentos, que. se tornara necessarios para levar a marinha de
.
200.

guerra ao estado de; grandeza, prbsperidadée pérfeigao com que se achara hojeiás de algumas
potencias marítimas da Eurppa, depois de ter já apresentado á consideragao e exaine de Vossa
Magestade a:¡primeira?parte; de urnas ordenangas návaes; ¡designando os ¡déveres dos differentes
officiaes; da aímadaídpsdé*o almirante ató ao guarda marinha,'nos varibs^exércicios dos séus em;-
pregoSjaibprdosdpgínaviosdamesma armada^ tanto emcommándos ebrapem.as differentes com-
íniSsoes do' seryiep¿ occupou^se do interessante e indispensável trabalho, ordenado por VossaíMa-
géstadé^; dp; rever>¡reformar e colloeár era perfeita ordem os artigos de guerra estabelécidos^ará
o-séryigo é discipiina da armada nacionali e sera despiezar uina grande parte dos que até aquí
se achara em observancia pelo alvará ele 26 de abril de 1800, nao fez mais que modelal-os ás
inslituigoes, que presentemente nosregem; fazendo algumas modificagoes ñas suas penas, que
por nimiamento severas estavara em desuso, e augmentando alguna artigos com íheses geraes para
poder comprehender um niaior numero de casos e applicar a pena aos delictos sempre em vir-
tud© da lei e nunca do arbitrio.
A eommissáo, ainda que nao possa lisonjear-se de ter locado n'esta parte o ponto da perfei-
cao, comtudo ousa assegurar a Vossa Magestade, pela sua longa pratica e experiencia do servigo
a bordo, que postas em observancia as ditas ordenangas e os presentes artigos de guerra, se ha
de obter um sysíema de melhoraiiiento geral no servigo da armada, unía vez que as differentes
auetoridades cía marinha e os commandantes dos navios tornera, como é de esperar, interesse e
zélo pela sua exacta observancia.
" ' As ordenangas e artigos de guerra, por que se govornam algumas nagoes marítimas da Eu-
ropa, que hoje se acham cm bastante esplendor, nao sao mclhores ncm redigidas com mais sim-
plicidade, mas nem por isso a commissao ousa asseverar que se nao precise dé mais leis e mais
regularaeníos para o servigo da armada; estes só podem vir com o tempo, e com o progresso e
augmento que tiver a nossa marinha de guerra, com a proteccao do governo e Com os recursos
que o thesouro para isto poder ministrar. ; ¡,; ¡
-':.'.
Por agora, para que os cpmegados trabalhos possam estabelecer pei'feitamente eiñ todas! as
suas parles a disciplina a bordo dos navios do estado, é de indispensavel néCéssidáde.fprniar á
segunda parte das ordenangas,,isto é, designar os deveres das outras differentes;classese as,regras
para a policía interna dos navios. Estes trabalhos j'ulga a commissao,deyerem ser preferidos aps¡
que Vossa Magestade ordenou fizesse a mesma commissao, na portaría de 43; de janéirip do cor-
rente auno; sobre o que Vossa Magestade ordenará o que for servida, .<::>::-, .-.'.
. ¡¡;,
=
Sala das sessoes, 15 de abril de 1836, (Assignados) José Xavier Bressane Leite — Izidoro
=
=
Francisco Gúimaraes Joao Pedro• Nolas.co,. da Gimha == Manuel Pereira de Macedo Lourenco
Germack Possollo— Francisco de Borja Pereira de Sá.

! ;' Cáftá de lei de 1» de agosto dé 1848


, ,;

D. María, por gragá de Deus, Rainha de Portugal edosAlgárves, etp, Fázemps saber a to-
dos ¡os, nossps, subditos que as¡ cortes geraes,decretarain e nos queremos a lei .seguinte:
Artigo- 1." Continuam a ter observancia todos os diplomas contendo materia;législatiya,de
execugao permanente, publicados pelo governo desde 21 de maio de 1846 até que sejam revoga-
dos ou alterados pelo poder legislativo.
§ 1.° Exceptua-se o decreto de 29 de Éaib -do mesmo anno, que suspendeu a carta de lei
de 3 de maio e regulamento de 16 de julho de 1845, sobre a organisagao do conselho d'estado,
como tribunal administrativo, e o decreto de 10 de margo de 1846, elevando a quinze o numero
dos conselheiros do supremo tribunal de justiga, cujas disposigoes ficam revogadas.
§ 2.° Os conselheiros despachados até ao presente, em virtude do decrotq de 10 de margo,
süo cPnservádos¡ cbino membros do supremo tribunal de jtistiea, com ordeñado qué compete por
lei aos eonselheiros db; niesmo ¡tribunal. ! '"' » '"'
Art.;2i9 Ficá;revogádá tbdaá legislagao em contrarió. •
;!
'
,
." .

da referida
! Mandamos1,! portante;' á: todas ás auetoridades á qiiem b cbnlléciniéntp é execugao
lei pertencer, que a cumpramó guarden! efagáin cumprir é guardar taomtéiráméritécbmtiñ'élla
Sé^COntém. : ' : '--.-/>''•';'.• '-••.. ><.,.- ' : '-¡-----A--',- - .-.;.•-•'...-
h';-Os'ministres-e secretarios d'estado das diversas repartigoes a fagam •imprimir, publicar e
correr. 1 ' ^A-:¡i-- -ó ;;>'.'.:-.--- . :...M-.- ¡ -';.---,-:-'-,-, -\ -• -'' - ;>..:.•
Decreto de 18 de oiilnhro de 1848

Conformando-me com a consulta que em 3 do corrente fez subir á rainha real presenga o
supremo conselho de; justiga militar, expondo a necessidade de se adoptar urna providencia que,
concillando a equidáde cora a justiga, ponha termo á diversidad© coin que-nos- conselhos de guerra
204

¡Sem sido julgadas as pragas de pret, que háveildo desertado para o servigo da junta do Porto,
abril, 15 de
ou nao se apresentaram para gosar da. amnistía concedida pelos, decretos de 28 deprocessadas
julho e 27 * de setembro de 1847, ou tem sido consideradas desertores e como; taes e
julgadas, por se conservarem ausentes dos corpos sera auctorisagaP que legitime suas ausencias :'
hei por bem, tendo ouvido p conselho d'estado, decretar o seguinte:
Artigo 1.° Serlo processadas como desertores em tempb de paz todas as sobi^ditas,'pragas,
t[«ie nao tendo baixa ou escusas concedidas por auctoridade legitima, se nao
aprésentaíéhiás ai>
etoridades competentes dentro de trinta.-dias, contados da publicagao do présente ;decrptOi
Art. 2.° Ficam indultadas aquéllas das referidas pragas,.que tendo sido presas por fáltasrde
:/'
.apresentacao antes de concorrerera.tr.iñta días depois de finda a lucta, se acharem ainda eln prisao,,
em processo ou a cüiiiprir por isso senténga¿
O barao de Francos, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra, o ténha assmi en-
¡tendido c faga executar. ¡

No regulamento para os corpos nacionaes, decretado em 22 de novembro de 1848j


encoatra-sc o seguinte:

Artigo 1-5."'?—Honras é privilegios

§ l.° Os officiaes dos corpos nacionaes gosarao das mesmas honras que competem aos bffi-
eíáes de tropa ele linlia, e as guardas e sentinellas de qualquer corpo lhes farab ás qué como
taes lhes pertencerenl.
§ 2.° A todos os officiaes e mais pragas dos corpos nacionaes é permittido o uso dos seus
¡uniformes, tanto fóra do servico, quando os corpos se achárem reunidos, como dufante o licén-
clamento dos mesinos.
§ 3'.° Se algum dos individuos de que trata ó paragrapho precedente for preso, quando se
aehar regularmente vestido com bs seus uniformes,: a anetbridadé que o prender, oti a quem for
apresentado, o commiuiicárá ao coniinándante do corpo ou á auctoridade militar superior da térra
ou districto, para que, em virtude d'este coiihecimento, possam fazer as reclamagoes que casual-
mente tenham por convenientes.
§ 4.° Todas as pragas dos corpos nacionaes gosarao do foro militar, emquanto o respectivo
•corpo, na sua totalidade, estiver prestando servigo activo: e bem assiin quando, parcial ou indi-
vidualmente, se acharem empregados como tropa, émbora o corpo exista licenciado.

Artigóle.0 — Delictos e penas


§ 1.° Prohibe-se expressamente aos officiaes; injuriaren! de palavras os seus subordinados,
e menos servirem-se de castigos que os envilegam na opiniao publica ; pelo contrario se lhes
reconunenda que os tratem de modo que todos conhecara a estimagao que se tem por elles.
§ 2.° Os officiaes e todas as ciernáis pragas dos corpos nacionaes, que faltaran a cumprir os
¡seus deveres, ou conimettaní crimes contrarios á subordinagáo e ás regras de disciplina militar,
.fieaní sujeitos a ser punidos pelas leis militares, emquanto gosarem do foro militar, como o sao
os da tropa de linha.
§ 3.° A legislacSo militar lhes será applicavel desde o dia em que os corpos comegarem a
¡ter direito aos vencimentos de que tratara os §§ 1.° e 2." do artigo 14.° 2
Emquanto nao for publicado este dia, guardar-se-hao as seguintes regras:
§ 4.° Os delictos, que podem ser conimettidos por todos os individuos subordinados ao com-
mandante do corpo, classificam-se, segundo a sua gravidade ascendente, em tres graus: 1.°,
2.° e 3.°
§ 5.° Sao considerados delictos no primeiro grau: falta ás reunioes ordinarias, no tempo em
que os corpos ou destacamentos d'estes se achaní reunidos para servico; falta ás reunioes por
compaiihias para exercicio, quando elles se achaní licenciados; falta de asseio na pessoa, farda-
anento ou armamento; e offensa leve de superior para inferior.

' Nao encontramospublicado este decreto em parte alguma, talvez devesse ser de 18 de novembro de 1847.
_~ Os bátalhoes movéis, quando empregados em operacoes de campanha, ou em servico activo fóra dos seus
•districtos, no tempo de guerra.
Os corpos nacionaes, quando reunidos por mais de oito dias para servico de guarnicao.
Os tambores ou comoteiros mores, os cabos de tambores ou de cornetas o os tambores,'cornetas e clarins,
&«ito no caso dos bátalhoes se acharem reunidos s<5 para servico de guarnieao, como durante o licenciamento.
20
202

§ 6.° Os delictos de que trata o paragrapho antecedente, commettidos por officiaes. serlo
punidos do mínimo ao máximo com a admoestacao particular do major em nonie do coninian-
dante; prisao de um até tres dias no seu quartel, e reprehensao do commandante em circulo de
officiaes. Sendo; commettidos por quaesquer outros individuos, serao punidos com reprehensao na;
jiresenga da companhia, com urna até tres guardas de castigo, e com prisao de dois a quatro
días no quartel da companhia, ou logar adecpiado, na falta d'este,
:-.
§ 7;.°- Sao considerados delictos no segundo grau: falta ás reunioes extraordinarias, no tempo
em que os corpos se acliam reunidos para servigo; falta ao servigo defamado, e falta ás¡ re-
unioesí dé tocio o corpo para exerpicioy no teinpo de licenciamento; abuso de auctoridade: sim-
ples; desobediencia de inferior para com superior; falta aos deveres de sentinellas (excluindo o
abandono de posto); e bem assim aos das mais pragas que estiverem actualmente no servico;
embriaguez oü desorden!, nao estando de servigo,
§ 8° Os delictos de. qué trata o paragrapho antecedente, commettidos por officiaes, serlo
punidos com reprehensao do commandante em circulo de officiaes de igual ou tambera superior
graduagaO; ou con! prisSo de tres a nove dias no quartel do corpo. Sendo commettidos por quaes-
quer outros individtips, serao punidos eoiii tres a cinco guardas de castigo, multa de 600 a 4¡§800
réis, e prisao dé quatro a doze dias.
§ 9." Sao Considerados delictos de terceiro grau: falta á reuniao de todo o corpo para exer-
cicio, no tempo de licenciamento: falta manifesta de respeito cío inferior para com superior, ou
desobediencia aggravada ás ordens militares; excitagao ao tumulto, á desordeni ou á insubordi-
nágao; abandono de posto, tanto coniniettido por alguiná. sentinella, como pelo commandante de
qualquer fbrga, ou actos pratieadps, poní esta, ein contravencao cías ordens expressnmelite recébi-
das,;¡ carregar ou disparar a .espingarda, sem ojídem; embriaguez ou desorden! estando de ser-
vico; é illicitos interesses tirados da posigao superior.
§ 10.° Os delictos, de que; trata o paragrapho antecedente, commettidos por officiaes serao
punidos;coni,prisao de nove dias aiiin mez^ficando registada a causa, elida a. sen-tenca.em-unía
á tres paradas, ou demissao dp jiosto. Sendo commettidos por quaesquer outros individuos, serio
punidps com. cinco até pito guardas;,de castigo, multa de 1?3¡600 a 7^200 réis, prisao de doze a
trinta.,dias ou menos teiirpo,, fazendpo servico; baixa clp posto sendo official inferior, continuando
a s.eryii' conm, soldado emoutra companhia,
§; 11,° Quaesquer outros delictos nfío especificados nos paragraphos antecedentes, sendo
classificados pelo commandante do corpo, serlo por elle julgados ou 2>eio conselho permanente,
segundo, a gravidade, do, caso.
§ Í2.° As faltas a reiimpes ciassifieani-se como taes, tíinto no caso da absoluta ausencia,
como de comparencia: ineia hora depois da ordenada.
§ 13.° As reincidencias do mesmo delicto, especialmente nos limites de certos prasos de
tempo, serao punidas com mais severiclade: assim — a falta ás reunioes ordinarias (§ 5.°), ou ao
primeiro ensino (§ 6.° do artigo 8>°), coiiiuiettida pela; segunda vez na mesma semana, quando
essas reunioes ou ensino tiverem logar diariamente, e a falta de comparencia ao mesmo ensino,
comin.ettida pela segunda vez no mesmo raez, que elle tiver logar só nos días santificadosj serao
consideradas do segundo grau; ao passo que a falta ás referidas reunioes ou ao primeiro ensino,
coinmettida pela terceira. vez na mesma quinzena,, quando as reunioes e ensino tiverem logar
todos os dias; ou pela terceira vez no mesmo bimestre, quando tiverem logar só nos dias santi-
ficados., serao consideradas como de terceiro gram Similhantemente a falta de comparencia du-
rante o licencianiento dos corpos, e duas reunioes para exercicio de companhia, será considerada
como delicto do segundo grau; ao passo que a falta de comparencia a tres das referidas reunioes,
ou a duas de todo o corpo, será considerada como do terceiro grau. Quando o numero de faltas
á reuniao de todo o corpo para exercicio exceder ao numero das que vécm de ser consideradas,
augmentar-se-ha proporcionalmente o grau das penas estabelecidas.
§, 14,° As penas do primeiro grau: serao confiadas ao juizo prudencial do commandante.
§ 15...? O julgamento dos delictqs em segundo e terceiro grau fica; perteneenclo a um conse-
lho disciplinar permanente, de que será presidente o official immediato ao commandante do cor-
po, e vogaes os quatro officiaes immediatos ao presidente e de niaior antiguidacle na graduagao,
excluindo o individuo que houver de ser julgado ou que o tiver acensado.
§ 16.° A confirmagSo das sentengas em segundo grau dependerá sómente do commandante,
o qual as poderá minorar. A confirmagao das do terceiro grau dependerá dos generaes comman-
dantes das respectivas divisoes militares; devendo as que se referirem a individuos dos corpos
da capital subir pelo intermedio do commandante geral dos mesmos. No caso do conselho disci-
plinar ou dos mesmos generaesjulgarem as penas do § 10.° muí inferiores á gravidade do deli-
cio, particular-rúente em'materia de excitagao ou tuinultOj deverao submetter o processo ao com-
mandante em chefe, a fim de se tomaran as convenientes medidas para novo julgamento em
juizo. mais competente.
§ 17,° A forma do processo será a que se segué nos corpos de linha em os conselhos de
203

investiga-gao; mas concluiíido com a sentenga, e nao com a simples opiniao de ser ou nao o réu

suspeito de delicto.
g 18.° O producto das multas será entregue á commissao administrativa, para despezas do
corpo.
§ 19.° Comquanto nao seja de esperar que os commandantes dos corpos nacionaes, pela
importante representacao do seu posto, e circumspecgao com que se deve proceder á escolha
das pessoas para tal exercicio, deixem de cumprir puntualmente com os seus deveres, se casual-
mente acontecer o contrario, o commandante geral dos corpos de Lisboa, pelos que lhe dizem
respeito, e os respectivos commandantes das divisoes militares, quanto aos outros, pesando bem
a gravidade da falta cominettida, empregarao a simples admoestacao verbal ou por escripto, ou
daráo parte ao comniandante em chefe, para sé proceder conformé ó caso r'equeréi'i
§ 20.° Os delictos commettidos pelos officiaes e pragas de pret da tropa de lihha, qtie ser-
virem nos corpos nacionaes, 6 que estando no exercito houvessein de ser julgados em cbriselho
de guerra, o serao igualmente n'aqüelle exercicio.

Artigo 17.° — Das deserpoes durante o licenciaménto dos corpos


§ 1.° Quando qualquer praga dos corpos nacionaes déixar de comparecer sem justificado
motivo, aonde competentemente lhe for ordenado, no tempo em que o deverá- ter feito. o com-
mandante da respectiva companhia, ou a atictoridade que houver passado a ordem, no caso da
praga nao ter companbia, a mandará procurar na sua residencia., para se proceder como for de
justica; nías se nao for encontrada, oü nao se aprésentar no praso de trinta diás; se officiará ao
respectivo administrador do concelho para que, procedendo ás convenientes indagaeoes, informe
o que se lhe offereca relativamente a officiaes ou officiaes inferiores, ou a faga capturar sendo
cabo, soldado, tambor, corneta ou clarim, e recolher á cadeia mais próxima, participando-o a
qnem lhe officiára; e quando no,finí/le outros trinta dias,,,empregados n'estas diligencias, o in-
dividuo ausente nao se haja apresentado, íieni tenha sido capturado, se lhe formará o competente
conselho de disciplina, para se lhe laucar a nota, de desergao no livro de registe, na conformi-
dade do que prescreve a ordeíianeá de 9 de abril de 1805.
% 2.° Quando a ausencia de qualquer individuo for por excesso de licenga, so se julgará
desertor no fim de quatro inezes, depois do dia em que lhe cumpria apresentar-se; devendó
comtudo ter-se procedido á diligencia de que se faz niengao no paragrapho antecedente.

Decreto de 28 de dezembro de 1848

Coiiformando-me com a proposta do major general da armada e com o parecer do conse-


lheiro procurador geral da coroa; e tendo ouvido o conselho de estado: hei por bem ordenar que
as disposigoes do decreto de 18 de outubro ultimo, relativo ás pragas de pret do exercito, sejam
ampliadas ás pragas do batalhao naval e de niarmhageni, que estiverem em circumstancias idén-
ticas aquellas, que pelo mesmo decreto sao mandadas processar, e ás que ficam indultadas.
O visconde dé Castro, par do reino, ministro e secretario d'estado dos negocios éstrangei-
ros, encarregado interinamente dos da marinha e ultramar, assim o tenha entendido e faga exe-
cutar.

1849
Carta de lei de 4 de maio de 18í9

D. Maria, por graca de Deus, Rainha ele Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a to-
dos os nossos subditos que as cortes geraes deeretaram e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° Depois da publicagao d'esta lei, as sen tengas condemnatoriás de pena capital pro-
feridas pela junta de justiga da provincia de Macan, Solor e Timor, añida mesmo nos casos de
morte de cliini, nao poderíío ser executadas sem que tenha precedido o recurso para a relagSo
do estado e resolucáo do poder moderador coinmunicada ao governador da provincia pelo res-
pectivo ministerio.
Art. 2.° Fica revogado o g 6.° do alvará de 26 ele margo de 1803 e toda a legislagao em
contrario.
Mandamos, portante, a todas as auetoridades a quera o conhecimento e execugao cía referida
204

lei pertencer que a cumprain e fagam cumprir e guardar tao inteiramente como n'ella se?
contení.
O barao de Villa Nova de Ourem, ministro e- secretario d'estado dos negocios da guerra, en-
carregado interinamente dos da marinha e ultramar, a faga imprimir, publicar e correr.

Decreto de 20 dé junho de 484Í1

Tomando eiii consideragao o relatorio dos meus ministros e. secretarios d'estado, e ouvido G>
conselho d'estado: hei por bem decretar o seguinte:'
Artigo L° É concedida amnistía geral e completa para todos os crimes políticos commetti-
dos depois da execugao do meu real decreto de 28 de abril de 1847.
§ 1.° Todo o processo, que por taes crimes tenha sido formado, fica sem effeito algum, qual-
quer que seja o estado em que se ache.
§ 2>° As pessoas que estiverem. presas á ordem de qualquer auctoridade, com processo ou
sem elle, serüo inimédiatainente solfas.
§ 3.° As pessoas que, por effeito de providencias tomadas por quaesquer auetoridades ou
era virtiide de processos, tenham sido obrigadas a saír do reino ou a homisiar-se n'elle, deverSo
consiclerar-se desde logo restituidas á suá intéirá liberclade.
Art. 2°Os militares que, em consequencia dos procediméntos Contra elles intentados Coi»
fundamentos nos referidos crimes politices, tiverem incorrido em a- nota de desertores, sao com-
prehendidos nás disposigoes do artigo antecedente, para todos os effeitós.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes o tenham assim entendido e fa-
gam executar;

Na caria dé léi de 9 de jnlho de 1841), encontrase o seguinte:

Artigo i.° Os magistrados judiejaes e os do ministerio publico, de qualquer graduagao, po-


dem ser aposentados segundo os termos preseriptos n'esta lei, por diutiiruidade de servigo, e ses-
senta annos de idade, ou quando se tenham inhabilitado para continuar a servir por molestia
grave e incuravel.
§ único. No primeiro caso, a aposentacao só poderá ser requerida pelo aposentando; no se-
gundo, poderá ser requerida pelo aposentando ou decretada pela neeessidade do servico-
pubficoi
Art. 2.° Os conselheiros do supremo tribunal de justiga que tiverem sessenta annos de idade
e houverem servido na magistraturajudicial por mais de trinta annos, oito dos quaes no supremo
tribunal de justiga, serao aposentados como seu ordenado por inteiro e com as honras de con-
sélheiro de estado.
§ 1.° Os que tendo os ditos annos de idade e ele servigo contaran de exercicio no supremo
tribunal de justiga cinco annos, serao aposentados no mesmo tribunal com o ordenado por inteiro.
§ 2.° Assim mesmo serlo aposentados, mas só com meio ordenado, os que com os mesmos
annos de idade e de. servigo nao tiverem cinco annos de exercicio no supremo tribunal de jus-
tiga, se nao preferirem ser aposentados na relagao como lhes competía.
§,3." As disposigoes d'este artigo e paragraphos antecedentes síio appllicaveis ao conselheiro-
juiz relator do supremo conselho ele justiga militar.
Art. o.° Os juizes de direito de segunda instancia que tiverem sessenta annos de idade e
trinta annos de servigo na magistratura judicial, oito annos dos quaes em as relagoes, serao apo-
sentados com o. seu ordenado por inteiro e honras de conselheiro do supremo, tribunal de jus-
tiga.
§ 1.° Serao aposentados ñas relagoes e tambera com o ordenado por inteiro os que cora os-
ditos aniíos de idade e de servigo tiverem n'ellas servido o espago de cinco annos.
§ 2.a Serlo tambem aposentados, mas só com meio ordenado, os que com os mesmos annos
de idade e de servigo, nao liajam preenchido cinco annos de servigo ñas sobreditas relagoes, se
nao preferirem ser aposentados como juizes de direito de primeira instancia.
§ 3.° As disposigoes d'este artigo e paragraphos antecedentes sao applicaveis aos ajudantes
df1 conséllieiro j.uiz relator do supremo conselho de justiga militar.
Art. 4.° Os juizes de direito de primeira instancia e os auditores que tiverem sessenta an-
nos de idade e trinta annos de servigo na magistratura judicial, seríio aposentados cora o orde-
nado j^or inteiro e as honras da relagüo.
§ 1.° Os que com a mesma idacíe tiverem vinte- .
e cinco annos ele servigo, o serlo com o or-
denado por intei''o.
205

g 2.° Os que com a mesma idade só contarem vinte annos de servigo, serao aposentados
com duas tergas partes do seu ordenado.
g 3.° O ordenado de juiz de direito é fixado na quantia de 600$000 réis, para o effeito da
aposentagab, nos casos previstos n'este artigo e paragraphos anteriores.
Art, 5.° As disposigoes dos artigos antecedentes sao extensivas á aposentagao por inhabÜi-
dade para o servigo, proveniente esta de molestia grave e incuravel, quando os magistrados que
por tal motivo houverem de ser aposentados, tiverem servido por mais de vinte annos na magis-
tratura judicial. Nao havendo, porém, completado vinte annos de servigo na dita magistratüraj e
tendo comtudo mais de quinze, serlo aposentados com dois tercos do seu ordenado j se, nao ha-
vendo completado quinze anuos, tiverem cómtudo mais de dez annos de servigo na dita magis-
tratura, serao aposentados cora meio ordenado,
Art. 11,° Toda a aposentacao por inhabilidade para o servigo seráprecedida de consultad»
supremo tribunal de justiga, ordenada e resolvida pelo governo e o ministerio da justiga.
Art. 17,° Quanelo p aposentado por molestia, reputada grave e incuravel, próvar que se
achá restabélecido e era estado de continuar no sérvigó, entrará na primeira vacatura,
g único. O processo para a readmissao, por esta causa, será feitó pelo mesnlo modo qué s
da aposentacao.
Art. 18.° Aos magistrados judieiáés e do ministerio publico será contado para a aposenta-
gao, Como servigo na magistratura judicial ou do ministerio publico, o que hoüvérem¡prestadono
exercicio das funcgoes legislativas, de ministro e secretario d'éStádo; é de lente propriétarib; súíjfr
stituto ou oppositor da uníversidade de Ooimbrá. \
Art; 19." Os aposentados para o effeito dé pagamento dé seus ordenados, ficarao énl tuda
igualados aos effectivos e serao pagos na mesma folha e óccasiííb dos émpregadps dos respectivos
tribunaes ou repartigoes.
Esta disposigao só poderá eñtender-se revogada quando d'ella se faca expressá é especial
mencáo.

No decreto de 24 de agosto do mesmo annó, foi regulada á execugao da lei antecedente sobre
a aposentagao dos magistradosjudiciaes e do ministerio publico.

1850
Consulta do supremo conselho de justica militar de 17 de maio de 18a0

Senhora...—Mandou Vossa Magestade por portaría de ministerio da niarinha e ultramar, era


data de 14 de margo de 1848, remetter ao supremo conselho de justica militar, na secgao de
marinha, o projecto de uns artigos de guerra para uso do servigo e disciplina dos navios da arm-
iñada, acompanhado do relatorio da commissao encarregada da confeccao d'este importante tra-
balho, a fim de que o mesmo tribunal, revendo e examinando o indicado projecto, consultasse
sobre se elle era adoptavel, tal qual estava, ou que alterágoes eonviriá fazer-lhe, ou finalmente
se seria preciso substituil-o, propondo n'este caso outro novo plano com os mefhoramentos e re-
formas de que fosse susceptivel, e isto com a brevidade demandada pela urgente necessidade de
apresentar ao corpo legislativo o resultado dos trabalhos elaborados sobre este respeito.
Senhora, o supremo conselho, nao obstante estar versado por longo periodo no exercicio de
julgar, hesitaría sem duvida tomar sobre si unía tao ardua empreza, se por urna parte nao fosse
obligado a obedecer religiosamente ás ordens de Vossa Magestade, e por outra a satisfazer a seus
proprios desejos, cooperando, quanto ser lhe possa, para ennobrecer urna corporagao a que'tem
a honra de. pertencer; tao ponderosos motivos, senhora, nSo podiam deixar de animar o supremo
conselho a entrar de todo p coragao eni um trabalho superior ás suas forgas, e em que teñí sem?-
pre encontrado embaragos e difficuldades os inais distinctos criminalistas; mas tuélo isto nao pode
deixar ele ser considerado por Vossa Magestade para se clignar relevar quaesquer faltas ou erros3
que o supremo conselho commetta na confecgao da sua obra.
O supremo conselho, senhora, julgou, primeiro que tudo, dever principiar os seus trabalhos,
revendo e examinando todas as leis penaes militares dispersas por essas collecgoes da nossa le-
gislagao ; leis feitas em diversas epochas, sobre clifferentes objectos e sempre a occorrencias dé'
circumstancias, creadas debaixo de certas influencias, e alteradas segundo as conveniencias do
tempo, para que apresentando o maior numero de hypotheses possiveis, podóssem os juizes mili-
tares achar ñas mesmas leis todos os meios de julgar segundo ellas, e nunca segundo arbitrio.
O supremo conselho fez este trabalho como permittiram suas forgas, e feito elle, passou a ex»-
206

minar detidáinente o projecto da ccmmissao, e cada uui dos seus artigos em particular, que
achou dignos, na maior parte, de toda a attencao: 1.° Porque sao um ensaio para se fazer urna
obra ha tanto tempo reclamada pela iieeessidade do servico e disciplina da armada; 2." Porque
apresentaní urna certa classificaeao methodiea da inaior- parte dos crinies que de ordinario se
eommettem a bordo dos navios da armada; 3.° Porque d'elles se ve .roseada a penalidade bar-
bara ,e tyrannica, de que estapclieios esses .antigás .códigos militares, que infelizmente tiveram
vigor ñas nacoes que lioje se dizeni as mais eivilisadas, até1789j e mesmo até 1793, em que
;¿e todo desappareceu, sendo substituida p.elas .cortes jaaarciaés, com uní jury^ que tinham verda-
deiramente a forma e attribuicpes de tribunaes militares; 4Í 9 Porque estao eñi harmonía com os
principios da ,civ}Iisa,cao modei'paí e coin os da. carta constitucional da monarehia.
ííao obstante conhecer por ísto o supremo cqnsellioi;que ixm pensamento philosophico e ci-
v.ilisadpr presidiu á feitura do projecto da cpmniissSO) as.sim mesmo nao deixou de notar que a
mesma tiyesse sido uní ppuco prodiga na imp.osigao de penas capitaes em crimes que pelas leis
iioyissinias nao estavain já cpmprehendido.s n'aquella. escala, bem. como iambem nao deixou de
notar algumas despropprcoes entre cértos .delictos e „as penas que Ihes eram impostas, E p.orisso
pare.eeuJhe que, piijiavia de fazer uina analyse minuciosa dos artigos do projecto, com p jnizo
critico de Cada uní d'elles^ oü organisar um outro todo seu, e proprianiente seu, em que-fizesse
ver clara ,e distiñcjaméiite que a base principal do, systenia que adoptaba na feitura d'elle, era
¡conceber ,e mencionar o niMor, numero de hypotheses possiveis, e modificar as penas mormente as
y
capitaeg, que por nimiamente severas, se aóhavamjá quasi em desuso eu que, mesmo quando
eraní impostas, se nlo levaram á execucá'o, ¿eixándp assim impunes os graves delictos; sendo
«pmtu.do está modificacap feita com tal arte que ,nao enfraqne.cesse ó vigor da disciplina a bordo
¿os, .navios da, armada, antes pelo;.contrario-a robüsteeesse. pela, imposicao e execucao prompta das
penasj que sera ¿lívida reprimiriam e tornariam assim menores os delictos. O supremo conseibo
ádoptou éste segundo arbitrio^ visto que parajaso se achava auctorisado pela portaría.de-14 de
marco de 1848, e porque assim niais luzes e mais esclarecimentos clava ao eorpo legislativo na
íombinacae dos dois projectos,
O supremo conselho, composto de generaes encanecidos no servieo da armada, por mais de
meio sécalo, e amestradps pela experiencia de repetidos embarques em vasos de guerra, e cem-
posto igualmente de distinctos magistrados, está firmemente convencido que as penas e castigos
demasiadamente severos, longe de fazer diminuir os crimes, pelo contrario, nao fazem mais que
incutir nos povos horror e indignacap.
Esta verdáde tem sido sentida e está-e sendo pelas nacoes que tinham por base fúndame-n-
ial da sua disciplina marítima o demasiado rigor das penas e dos castigos.
A Inglaterra, que se vangloriava de dever a sua preponderancia marítima ao rigor e sere-
nidade da disciplina a bordo das suas esquadras, cedendo ao influjo da.orolisacao, viu-se na ne-
cessidade de modificar algúns artigos ¿a sua legislagao penal marítima, nSo obstante ter sido esta
ordenada por acto do parlamente aes vinte e dpis annos do reinado de Jorge II, em 1749; le-
.gislagap pela qual a mariuha ingleza se gpverna aínda hoje em muitas das suas partes. E
níio fpi s.ópelo código de 1779 que ella receben algumas modificácoes, tem-as tambem recebido
pelas qrdens dos almirantes, conmiandaiites das esquadras, para isso legalmente auctorisados. A
belleza da legíslacap penal.marítima em Inglaterra, abordo das esquadras, é seguir-se immedia-
iamente ao crime o |)ro6essp, e a este P castigo; porque o tempo faz esquecer os crimes, e
quandp depois se Ihe impoem os castigos, estes- nao fazem mais que excitar cpinpaixao a favor
dos. delinquentes, e odio contra os juizes.
A líranga, que aínda depois de 1793, ísto é, depois de ter desapparecido essa informe, ty-
rannica e desproporcionada penalidade dos conselhos de guerra do tempo de Luiz XIV, qr.e
cpncleninayam á niorte muitas vezes por urna simples desercao, sem audiencia do aceusado, sem
se Ihe adfflittir defeza, nem ¿ebates, nem publicidade, e que igualmente per meras desobedien-
cias impunham as penas de ferro quente ñas faces, a das varadas e das surras; depois d'esse
temgq, mesmo a Franca pedia e propunlia que, tendo de. se fazer leis penaes militares, fossem
se.mp^e baspadas sobre os. .códigos penaes de Inglaterra de 1743 e 1779, e tanto que em algumas
¿as. suas leis penaes marítimas se encontram niuitos artigos extrahidos litteralmente dos ditos
4pis cpdigos, mas esta legislacao, nao estando em harmonía com as ideas do seculo e com o
prpgressp da civilisac«o,, soffreu em poucos annos; alteracSes e modificácoes cousideraveis, por
ordenancas do tempo do consulado e do imperio.
0 que acontece na Inglaterra e na Franca pode dizer-se que accnteceu, cpm mui pouca
diffe^enca, em todas as outras nacoes da Europa, porque a philosophia e a civilisacao téem mar-
,cha,clp a par de todas as instituigoes e de tpdps PS systemas.
Pertugal, Senliora, tem passa¿o por estas mesmas vicissitudes; deseuvolvel-as seria dizer o
que tpdos sabemos, e. o que todos vemos e observ¡aiuos.
Se o. lpgar fóra proprio e competente, o supremo conselhe faria urna breve resenha- histórica
,<la npssa Jurisprudencia criminal militar ñas tres differentes epochas: 1.a, desde
a creacrio do
207

conselho de guerra (1643) até á doconselho do almirantado (1795 ou antes 1796 e 1799): 2.a',-'
desde esta epocha até 1832: e a 3.a, desde entao até boje, porque só assim se ppderiam conlie-
cer as differentes mudancas e os diversos effeitós no servico da armada.
Essa tareí'a deixa-a o supremo cóiisélho aú corpo legislativo, que em sua alta sabeclor'iá pe-
sará o que é mais útil e mais conveniente ao servico da niesma armada.
O supremo conselho, cumprindo apenas 0 que por Vossa Magestade Ihe foi ordenado, tem
a honra de apresentar o presente projecto de um código de jurisprudencia criminal militar, para
o servico da armada. Feliz se considerará o niesmó supremo conselho se tiver satisfeito aos de-
sejos de Vossa Magestade. e ás conveniencias do servico publico, e em particular aos da ar-
mada.
(Seguía o projecto que eontinha qiiátró tirulos eoril noventa- e ^cinco artigos'.)

Seíihora, o supremo conselho de justica militar, na seccao de marinha, teüdo concluido ós:
trabamos qiié Ihe foram ordenados pela portaría de Í4; de margo de 1848, tem a honra,-dé os?
levar ap conhecirnento de Vossa-: Magestade, a-finí de serení depois presentes ao eprp o. legisla-
tivo, como indica a citada portaría, ;
A demora, que talvez paregá ter hayido na conféGgSp d'éstes trabalhos,tem procedido, íiao-
da falta de zélp e efficacia dos vogaes do mesmo eonselho,, mas-simda neeessidade de dar cum*
primento a ontros miiitos trabalhos^ de.que téém, sido enearregados., e per ser a materia ¿ó pro-
jecto de uní código penal tao espinhosa que demandava niui serías méditagoes1. ;
O conselheiro Antonio Manuel de aSloronha, spb cüjá presidencia e direecab se fizéram estes1
trabalhos, foi de_ accordo com os mais vpgaés do Conselhoiiás basesi e no systeffia' do i projecto r-
na discussaOj porém, da especiaíidade dos seus artigos,, apresentoii annotaGpes sobre; a: dótitrinav
de alguns d'elles, que Ihe foram mfeiraméiite rejeitadas. .'
, ;
Concluidos de tocio os trabalhos, pedin o dito eonselheiro qué as annetaéoes qaió Ihe tinham
sido rejeitadas durante a discussao fosseni encprporadas no projecto:,, e ássignádas por -todos-os-'-
vogaes.
Esta exigencia, que está fóra inteiramente da pratica observada nos coi-pos collectivos¿ nao-
foi, nem podia ser admittida: 1,° Porque o conselho nao jjodia tránspor os limites da sua Com-
missao, qne eram sómente <co's- de apréseñtár uih projecto: dé código penal, para o servico da ar-
mada, a Jim: de ser levado ao cordiecimeñtó'dé corpo legisldtiéúiy 2\° Foíqüe, assi'gháhdb as ditas
ánnotagoes, vinha a approvar aqiúllo mésmP: que já tinlia rejeitado. Por esta forma o dito com
selheiro recusou-se a assignar o projecto, nao obstante terem sido feitos estes trabalhos débáixo-
da sua presidencia e direcgao, durante o longo periodo de dqis annps- O supremo conselliO: vae
tratar de rever e examinar as ordeñáncas ñáv'áés, como Ihe foi ordenado, e espera em bíeve con-
cluir estes trabalhos; certificando' a Vossa Magésíade o'mtérésse que os vogaes do supremo con-
selho de justica militar fem no désempenbo dos séiis cleveres, e'ñó'fe podérem ser nteis ao ser1
vicp do estado, quanto caiba em suas fórgas.
Deus guarde a Vossa Magestade, sala das sessoés, 17 de maip dé 1850. == Barao de Lazá-
=
rim J.zidoro Francisco Guimaraes-=Joaquim José de Almeida=: José Joaquim Alves Gau- =
=
dencio José da Guerree Silvino Luiz Teixeira de Aguiar e Yasconcellos.

Aviso de 11 de dezeinbro de -1S50, dirigido a Sua Mayesladc EI-Rei D. Fernando


como conimanriaittc em cliefe do ejercito

Senhor.—Sua Magestade a Rainlia, a quem foi presente o oíficio mandado dirigir por Vossa
Magestade a este ministerio, pela 1.a seccao da reparticao central do estado maior general do-
exercito, com data do 4 da novembro ultimo, incluñido copia de urna representacao do comman-
dante da 4.a divisíio militar sobre a necessidacle de se declarar a maiieira como devem ser con-
tados os oito días que a leí marca para se qualificarem as desergoes: ordena emeoriformidade
com a consulta, que á sua real presenga fez subir o supremo conselho de jus.tica militar, que
de ora em diante se adopte, como regra invariavel, sobre este objecto, que sem excluir nem
incluir o clia da prímeira falta, ou o da apresentacao e captura, os oito días marcados na leí se
devem contar dé vinte quatro em vinte qua't'ró1 lior'ás, desdé aquelle emque constar have'r-se
verificado a falta no corpo: assim, se: a dita falta tivesse logar por exemplo no día 4 do mez'
pelas cinco horas da tarde, o primeiro dia se completa env igual hora do-din 5, e o oitavó póí
consequeneia, no clia 12 á niesma- hora.
E para que esta regra tenha a devida execucSo, quer Súa Magestade que tanto' na parti-
cipacSp das faltas que devem ser qualificadas nos colisélhos dé disciplina, comP ña opiniao d'és-
208

íes, nos assentos do livro mestre, e nos attestados respectivos se marque expressamente n?io só
o día, más a hora em que se conheceu a falta no corpo ou servigp.
O que tudp a mesnia augusta senhora me determina communique a Vossa Magestade, come
commandante em cliefe do exercitc, para os efteitos convenientes.

Decreto de 2 de julho de 1881

Atténdendo a que a commissao creada por decreto de 18 de setembro de 1846, para a


formágao dp código penal militar, nao ehegou a funccionar em consequencia das extraordinarias
circirmstaneias do paiz ii'aquella epocba: hei por bem nomear urna commissao composta do
conselheire d'estade, ministro e secretario d'estado honorario Manuel Duarte Leitao; do juiz
selator do supremo conselho de justiga militar visconde da Granja; do tenente general vis-
conde de Vallongo; do marechal de campo Florencie José da Silva; do juiz relator graduado
do supremo conselho de justiga militar Silvino Luiz Teixeira de Aguiar; do coronel graduado
do regimentó de infantería n,° 16 José Maria de MagalhSes; e do cura¿or geral dos orphaos
Joáquini José Pereira de Mello; para ine propor, com a urgencia que reclama tao importante
ássumpto, um projecto de código penal militar, no qual, em harmonía com as luzes do seculo e
aom os principios de sciencia criminal, se estabelecam regrás fixas e invariaveis, pelo que per-
ténce nSo só a classificagao e graduagao dos delictos e penas, como tambera, á ordem, direcgao
e brevidade do processo.
O presidente do conselhe de ministrps, ministrp e secretarip d'estade interinp dos negocios
da guerra, o tenha assim entendido e faga exeeutar.

No decreto com forfa de fei de 6 de oulubro de 1851,


mandando por cm vigor as disposicóes sobre a reforma do corpo e servico de saude do exercilo,
eiicoutra-sc o seguiute:

Artigo 30.° Os castigos que as pragas da companhia de saude houverem de soffrer pelas
jSItas commettidas no servigo hospitalar ou das ambulancias, serao designados no i'egulamento
geral do servigo de saude. Quando se tornarem incorrigiveis, irlo completar o seu tempo de ser-
vigo nos eorpos do exercito, e no caso de o terem já completado, terao baixa. Se commetterem
«rime para conselho de guerra, terao de passar pelo respectivo processe.

No decreto com forca de lei de 10 de dezemhro de -1851, reformando o arsenal do exercilo,


enconíra-se o segninle:

Artigp 7.°, § 5.° Os empregades civis dp arsenal, que tiverem graduagees militares, serap
promovidos por decreto. As disposigoes dos artigos 217.° a 222.° e 224.° a 229.° do regula-
mento para a administragao da fazenda militar, cíe 18 de setembro de 1844, serao applicaveis
aos ditos empregados civis.

No decrclo com forca de lei de -J--1 de dezembro de 1851, rcorganisando o real collcgio militar,
enconlra-sc o seguinte:

Artigo 32.° Os lentes do collegio militar gosaráo das mesmas vantagens, direitos e conside-
nagap, que. por W competirem aes das escolas pclytechnica e do exercitc, e sae sujeites ás
mesmas disposigoes geraes que governarem estes.
Art. 33.° Os professores e substitutos cío collegio militar gosanip dos direitos e ficarao su-
jeitos ás mesmas disposigoes e penas de que trata o titulo x do decreto de 20 de setembro
de 1844, a respeito dos de igual elasse; com a differenga de ser para elles dispensada a idade
209

de que trata e artigp 174.° dp mesnip decrete, e ser substituida a audiencia do conselho supe-
rior de instruccao publica, a que se refere o artigo 179.° d'aquelle diploma, pela do supremo
conselhe de justiga militar.

1852
Decreto de 14 de Janeiro de 1852

Querendo dar um publico testemunho da minha real benevolencia para com os militares
que se acham compromettidos em crimes políticos, depois dp movimento regenerador, que teve
logar em abril dp annp proximp passado: hei por bem, usando da faculdade que me confere
a carta constitucional da monarchia, e tendp PÜVÍ¿P o ccnselhp d'estadc, determinar que fiqüem
em perpetué esquecimento todos os actos inconsiderados de carácter político, que se hajam últi-
mamente praticade em offensa da disciplina militar, devendc os processcs a qué taes actes desseni
logar ser considerados como nSo existentes, e soltas e livres as pessoas n'elles implicados.
Os ministros e secretarios c!estado das differentes repartigoes o tenhaní assim entendido e
facam executar.

Aviso de 2 de junho de 1852, dirigido áo eommándáníe em eííefé do'exercito

Representando supremo conselho de justiga militar em consulta de .15 cío mez próximo
o
passado, que a declaragao ordenada no aviso de ll de dezembro de 1850, publicado na ordein
do exercito n.° 58 do dito anno, sobre o día e hora em eme se verificasse a desergao, nao pode
satisfazer ao finí que se propoe, como pela experiencia se tem conhecido: ordeña Sua Mages-
tade a Rainha, em conformiclade com a referida consulta, que se.publique em addicionainento
ao citado aviso, que as auctorídades militares respectivas declarem éxpressámente nos assen-
tamentos, ou em quaesquer actos necessaríos á organisagao do processo, o dia e hora da ftpre-
sentagao dos desertores, para o que, sendo neceSBario, solicitarlo das auctorídades civis os pre-
cisos esclarecimentos; o que a mesma augusta senhora ine determina communique a v. ex.a para
os effeitos convenientes. -

No acto addicional á carta constitucional da monarchia, approvádo pela carta de lei de o déjuluo de I8H2,
eneontrá-se o segiiinle:

Artigo 16.° É. abolida a pena de morte nos crimes politicos, os quaes serao declarados por
nma lei.
§ único. Pica cl'este modo ampliado o § 18.° do artigo 145.° da carta constitucional.

Decreto de 18 de agosto de 1852

Tendo o decreto de 11 de Janeiro de 1837, que creou a escola polytechniea, estatuido no ar-
tigo 17.° que o magisterio era vitalicio, nao po¿endo lente algmn ser suspenso sem audiencia
previa sobre queixa de individuo ou infonnac&o de auctorídade, nem demittido sem preceder
sentenga preferida em tribunal cempetente, disppsigap que foi applicavel tanto aos lentes da escola
do exercito pelo artigo 9.° do decreto de 12 do mesmo mez e anno, como aos lentes do collegio
militar pelo artigo 32.° do decreto de 11 de dezembro ultimo; e havendo o director d'este colle-
gio ponderado os embaracos em que se achava de definir e desenvolver no respectivo regulamento
de cuja confeegao fóra encarregaclo por portaría de 4 do fevereiro ultimo, os direitos, obrigagoes^
deveres e penalidades dos lentes, e de harmonisal-os com os dos estabeleeimentos a que estao com-
parados ; embaragos resultantes de nao se ha-ver ainda designado definitivamente qual o tribunal
competente, de que trata o referido artigo 17.°, e bem assim a parte penal e disciplinar a que
os lentes devem estar sujeitos: hei por bem nomear urna commissao de que será presidente o
tenente general barao de Monte Pedral: membros, p marechal de campe visconde de Sá da Ban-
doira; o marechal de campo graduado José Feliciano da Silva Costa; o marechal de campo refor-
mado Evaristo José Ferreira; o brigadeiro graduado Augusto Xavier Palmeirim; o cpnselheiro
Thomás d'Aqumo de Carvalho, lente de prima da faculdade de mathematica da universidade de
27
210

Coimbra; e o coronel graduado de engenheria JoSo Ferreira Campos, a qual tomando em consi-
deragao a mencionada disposicao do decreto de 11 de Janeiro de 1837, me proponha com toda a
urgencia um trabalho completo sobre este importante assumpto, desenvolvendo e discriminando
com a clareza necessaria a parte penal e disciplinar a que o magisterio deve estar subordinado.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado interino dos negocios
da guerra, o tenha assim entendido e faga execiitár.

No rcgularocnlo geral do servico de sande do exercito, approvado por decreto de 2 de dezembro de 1852,
encontra-sc o seguinte:

Artigo 36.° Quando as pragas da companhia de saude commetterem faltas no cumplimento


dos seüs deveres, serao multadas a favor docofre do estabelecimento, naperda de maior ou me-
nor ¡numero de días de gratificagao, ou detidas temporariamenteno hospital, segundo a importan-
cia- das mesmas faltas; -porém, se ¡a falta for >grav;e, .serao reméttidas debaixo de prisao ao com-
mandante da companhia ou da seccao, para ¿proceder na conforniidade das leis militares.
§ único.-Se as pragas que tiverem ?soffrido os -castigos mencionados se tornarem mcorrigi-
veis, o que será verificado por meio de um conselho de investigacao, o commandante da compa-
nhia o participará á auctoridade competente, para se proceder na conformiclade do artigo 30.° do
decreto de 6 de-outubro de 1851.

No código penal approvado por decreto de-10 de 'dezembro de 1852, cncontra-se o seguinte:

;Artigo 15.° Nao -sFio crimes os- actos que nio: sao qualificados como taes por este código.
§ i único. Exceptüarii-se da di-spOBÍgao d'este 'artigo:
1.° Os actos qualificados crimes por legislaclo especial, ñas materias que nao sao reguladas
por este cedigp, pu n'aquellas em que se fizer referencia á legislagao especial.
-2.° Os crimes militares.
Art. 46.°SSo crimes militares os factes que offendeni directamente a disciplina do exercito
ou da marinha e que a lei militar qualifica e manda punir como violacao do dever militar, sendo
commettidos por militares ou outras pessoas perteneentes ao exercito ou marinha.
§ único. Os crimes communs commettidos j>or militares ou outras pessoas perteneentes ao
exercito on marinha, serSo sempre punidos com as penas determinadas na lei geral, ainda quande
julgados nos. fribunaes militares.

Na orgünisacáo c regimentó da administracáo de justica ñas provincias


de Angola, S. Tbomée Principe c snas dependencias,
approvado pelo decreto com-forca de lei de 30 de dezembro de 1852, cncon(va-sc o seguinte:

.Capitulo VII.— Do foro militar

Artigo 51.° Os crimes dos militares sao julgados em conselho de guerra, na conforniidade
das oídens do exercito.
;§ l.°'Os crimes das pragas da marinhagem perteneentes ás provincias que compoe o dis-
tricto judicial de Loancla 1, sao tanibem julgadas em conselho de guerra.
§'2.° Os officiaes ou pragas de segunda linha só gosarao do I'óro militar por crimes pura-
mente miliares. Por outros crimes só -serao julgados n'elle em oecasiao de guerra, estando em
effectivo servigo.
Art. 52.° Os juizes de direito servirao de auditores nos conséllios de guerra, convocados ñas
cabegas das suas comarcas.
Art. 53.° E creado na cidade de Loanda umiribimal quese flenominará «conselho superior
de justiga militar» composto cíe quairo officiaes militares mais graduados de .prhneira linha, no-
meados pelo governador geral, e de um des juizes da rélacae, por ¿istribuicSo, que será o rela-
tor, servindo de presidente ó ofñcial de maior graduaeao.

1 Este distí-icto é formado do reino de Angola;;'J3engue]lac suas dependencias, e das ilhas de S.'Thomó e
Principe esuaB'depeiidencias.
211

§ único. Na falta de officiaes superiores ou capitaes de primeira linha, podem ser nomeados
para- vogaes do conselho officiaes superiores reformados, e na falta d'estes, officiaes da segunda
linha.
Art. 54.° O conselho superior de justiga militar terá um secretario e um promotor, nomea-
dos pelo governador geral.
§ único, Este servigo nao é inccmpativel como de commando dé companhia ou corpo em
Loanda.
Art. 55.° O conselho superior de justiga militar julga, em segunda e ultima instancia, os-cri-
mes dos militares e das pragas; de marinhagem perteneentes ás duas provincias que compoem o
districto judicial de Loanda.
Art. 56.° No conselho superior de justiga militar observar-sedla a ordem e forma-do pro»
eesso que se acha determinada para o supremo conselho de justiga militar do reino*

Capituló IX,--Dá junta de justiga

Art. 62.° A junta de justica creada pelas cartas regias de 14 de novembro de 1761 e 29
de novembro de 1806, julgará d'ora em diante sómente os crimes públicos designados no livro n,
titulo II, capitülos i, ir, III, e no titulo ni, capitulo i; secgoes I, Ii^ ni>, e capitulo 11, secgoes 1, 11
e ni do código penal de 10 de dezembro de 1852. e os de insubordinagao militar com vio-
lencia.
Art. 63.° A junta será comppsta do governador geral de Angola, presidente, dos tres juizes
da relagao e dos tres vogaes militares mais graduados do conselho superior de justiga militar,
servindo de promotor o procurador da coroa e fazendá e de secretario o cía, relagao.
Art. 64.a Na junta observar-se-ha provisoriamente a ordem e forma do processo estabele.cidó
ñas citadas cartas regias.
Art. 65.° Pica provisoriamente em vigor o disposto ñas sobreditas cartas regias acerca dá
execncao das sentencas da junta de justica, quando nao impozerem pena capital.

Capitulo X. — Disposigoes geraes

Art. 73.° Os accordaos do conselho superior de justiga militar e os da junta de justiga, que
impozerem pena-capital, serao remettidos por certidao no primeiro navio que saír, depois do ac-
cordao proferido, ao ministerio da marinha é ultramar, e nao se executarao sein a decisao do
poder moderador.

Dclerminacáo inserta na ordem da armada n.° 2'íU dé 31 de marco de 185-í

Ordem geral n.° 11 de 22 de mareo. Havendo-se suscitado a bordo dos navios da armada
algumas duvidás acerca damaneira de se contar os oito dias, que a lei marca para se qualifica-
reni as desercoes, os1 srs. commandantes dos navios do estaclo ficarao na intelligencia que d'ora
em diante se eleve a este respeito seguir na armada, em falta de legislagao propria e adequada,
o que se determina 110 aviso de 11 de dezembro de 1850, publicado na ordem do exercito 58 de
21 ele dezembro do dito anno, que abaixo se transcreve*.

Portaría de 15 de inaio de 185-i

Níío haA'endo lei que regule o abono ás pragas de pret dos navios de guerra, quando presas
para responderem a conselho de guerra; e nao sendo justo que similhantes pragas continuem du-
rante a prisSo a ter os mesmos vencimentos que tinham quando estavam em effectivo servigo:
manda Sua Magestade El-Rei, regente em nome do Bei, pela secretaria d'éstadb dos negocios dá
marinha e ultramar, eme o conselheiro contador fiscal cía marinha, emquanto similhante venci-
nieuto nao estiver regulado por lei, faga abonar ás pragas dos navios de guerra, presas para
responderem a conselho de guerra, nietade do seu respectivo soldó e a competente ragao.

E o aviso que se acha transcripto a pag. 207, d'este livro.


212

Portaría de 11 de julbo de 1851

Tendo sido presente a Sua Magestade El-Rei, regente em nonie do Reí, a consulta do su-
premo conselho de justica militar, em que expoe e pondera os graves inconvenientesque resultam
á prOmpta administragao da justiga e disciplina do exercito, da abusiva pratica de se comprehen-
dérem no. mesmo processo de conselho de guerra muitos, réusj ás vezes de clifferentes corpos,
diversas culpas e em variadas circitmstancias: ha por bem ordenar,-pela secretaria d'estado dos
negocios da guerra, que as auctorídades militares respectivas, auditores e presidentes ¿Os eolise-
Jíios de guerra^ nao mais consintam, sob sua mais estricta responsabilidades que differéütes réus
se proeessem nos mesmos conselhos, salva a hypothese de se acharem comprehenclidosna inesma
pronuncia por alguns crimes commuus a tocios os pronunciados, como aitctores ou cumplices
n'élles.
O que-o mesmo augusto senhor manda comniunicar aosnpi-emo conselho de justiga militar,
para os fins convenientes e devidos effeitos.

Aviso de 14)dé jdliio de 1854, iaserlo na ordem do exei-cilo n.° 10 de 3ide maifo de 1855

$'. ex,a o marechal manda declarar, para ter a devida execugao, c seguinte:
Qué O ministerio da guerra, por aviso cíe 14"cíe julho de 1854, communica que, sendo pre-
sente a Sua Magestade El-Rei, regente em home do Eei, a represéntacao d'este commando em
cheíé de 2 dé maió do dito aunó, polideraiido o prejuizo que á disciplina do exercito pode pro-
vir da execiigaó do §; 38.° cío"'capitulo xxi do régulamento ele infantería 4, porquanto a baixa
temporaria desconsidera é faz perder a forga aos individuos que sonreía tal castigo: ó niésnio
augusto sénliOf foi servido resolver que se nao ápplique p castigo ele baixa de ppstp temporaria-
mente aos officiaes inferiores) é manda substituil-o por prisao, fazendo as guardas que lhes per-
tenceni, prisao rigorosa com pret de soldado, segundo as circumstanciasda culpa, sendo tanibem
estas penas applicadas áos mesnios officiaes inferiores ]jelp tempp que es respectivos commandan-
tes julguem, em logar do castigo de irem á récruta em ordem de marcha.

No regnlámeiitp para organisacSo do corpo de macbinistas háváes, approvado por decreto


de (J de setembro de 1854, encontra-se o seguinle:

Artigo 2.° O machinista inspector das machinas terá a gracliiacao de primeiro teñente da
armada, os machinistas de 1.a classe a graduagao de segundos tenentes, os de 2.a classe guardas
marinhas, e os de 3.a classe mestres de uáu. Os ajudantes de 1.a classe a graduagao de mestres
de fragata, os de 2.a classe a de contra mestres, os de 3.a classe guardioes, os fogueiros mari-
nheiros graduados, e os chegadores a graduagao de grumetes.
Art. 4.° As pragas de que se comppé o corpo de machinistas navaes serao permanentes e
v
teraedireito a aecesso; exceptuam-sej peróm, Ps chegadpres, que serao admittidos e despedidos
segundo as necessidades do servigo; todos gpsarao dp fórp militar e domáis preregativas inhe-
rentes ás: suas graduagoes.
Art. 16.°, § único. As pragas 2 assim embarcadas ficarao debaixp das ordens do comman-
dante cío navio, e sujeitas aos regulamentos militares, e de servigo de bordo, pelo mesmo modo
que todos os mais individuos de que se compoe a guaruicao.

Oílicio circular do commando em ebefe do exercito, de l.G de novembro de 1854

Os criminosos militares que forem condemnados a degrede para fóra do reino, devem em
seguida á públicagao da sentenga ser immediatamente remettidos ao presidente da relagSo de

1 De 18 de fevereiro de 1763, dizendo o paragrapho citado o seguinte :


33.° Todo o ofiicial inferior que nao for instruido e exacto ñas suas obriga<¿oes, e for negligente ñas revis-
tas, e por eonsequencia que nao possa dar urna exacta parte d'ellas, servirá e será pago por tempo de tres me-
zes como simples soldado.
~
Machinistas, ajudantes, fogueiros e chegadores.
213

Lisboa, cessando depois sobre elles toda gerencia militar; se, porém, forem condemnados a de-
gredo, devendo ser empregados em trabalhos públicos no reino até ao embarque, entao conti-
nuarao á disposigao das auctpridades militares até serení enviades ao seu destino.

Decreto de 9 de dezembro de 1851

Havendo-se suscitado duvidas acerca da colisideracáo que devem ter es pfficiaes inferiores,
cabes e anspegadas des coiqlos do exercito, que tendo desertado, se apresentam depois para
gosarem de indulto, ou sao capturados, é os que, coinniettendp outros crimes, sao julgados em
conselho de guerra;, querendo obviar os inconvenientes qué, para o bom andamento do servigo
do exercito e sua disciplina, provóm da existencia das mesmas duvidas, que occasioiiam diversos
proeedimentos da parte des respectives commandantes dps corpos; conformando-me cpm o pare-
cer do supremo conselho de justiga militar, que a tal respeito foi consultado: hei por bem deter-
minar, em nome de El-Rei, que os officiaes inferiores, cabos é anspegadas, críüiinosos por deser-
gao, tenham baixa de posto logo que a niesma désergao seja qualifieáda em conselho ele disciplina;
e que aqúelles que hajam commettido ou vierem a ccmmétter outros quaesquer crimes tenham
igualmente baixa de posto, quando ccndemnadps ein censelhe de guerra, logp que passe em
jnlgado a séntenga condemnátoria, aínda que este castigo na mesma sentenga nío tenha sido
expresso; ficando derogada a parte respectiva que, em contrario d'estas disposigoes, se contení
ñas instruegoes regulamentares, publicadas com o decreto da regencia da ilha Terceira, de 10
de novembro de 1831.
O presidente do conselhe de ministros, ministro e secretario d'estado interino dos negocios
da guerra, o tenha assim entendido e faca execütar.

Decreto de 18 de dezembro de 1854, confirmado pela lei de 12 de maio de 1856

Fci n'elle declarado em vigor-ñas provincias ultramarinas o código penal, com, algumas alte-
ragoes mencionadas np mesmo decreto.

1§55
Portaría de 6 de fevereiro de 1855

Acontecendo frequentes vezes ñas provincias ultramarinas o caso previsto no decreto de


22 de setembro de 1830, de nao serení julgados em conselhos de guerra ou juntas de justiga
os officiaes militares, que o devem ser, por nao se encontraran officiaes de patente superior
que presidam, ou de igual que sirvam de vogaes; para, occorrer a tao grande inconveniente:
manda El-Rei, regente em nome cío Rei, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e
ultramar, remetter inclusa ao governador geral do estado da India a copia authentica do dito
decreto de 22 de setembro de 1830, para que o execute e faga execütar na provincia a seu
cargo, quer os crimes militares devam ser julgados em conselhos de guerra propriamente ditos
quer na junta de justica.
Idénticos aos governadores de Mogambique, Angola, Cabo Verde, S. Thomé e Principe,
Timor e Solor.
Aviso de 1 de maio de 1855, dirigido ao commandante em ebcl'c do exercito

Sua Magestade El-Rei, regente em nome de Rei, a quem.foi presente o officio d'esse com-
mando em ebefe do exercito, expedido pela primeira seegSo da primeira repartigao em 27
de abril ultimo: ha por bem mandar declarar que, na conformidade da disposigao do aviso de
24 de abril de 1824, inserto na ordem do día 28 do mesmo mez e anno, nao se conta para
cousa alguma, inclusive aecesso, o tempo em que os officiaes estao presos cumprindo sentenga,
ou por crimes dos quaes nao sao absolvidos; devendo proceder-se ao descontó do mencionado
tempo, cenforme se determineu em avisp de 14 de abril próximo findo 1.
O que de ordem do mesmo augusto senhor communico a v. ex.a, para os devidos effeitos.
.

1 Este aviso estabelece como se deve contar para o aecesso o tempo do servido aos ofticiaes que tiverem
estado em inaetividade temporaria sem vencimento pelo requererem e aos reintegrados.
214

Caria de lei de 18 de julíio de 1855

Encontram-se n'ella diversas disposigoes relativas á ordem do processo criminal e a outros


assumptos de justiga, para o continente do reino e ilhas adjacentes.

Decreto de 23 de.julho de 1855

Sendo de reeonhecida e urgente necessidáde proceder á redaegao dé um código penal mili-


tar onde, segundo as lüzes do seculo, e em, harmonía com os principios da monarchia constitu-
cional,, se especifiquen! com precisao e clareza as aegoe. puniveis dos militares, offónsivas de
disciplina do exercito, com suas circumstancias aggravantes ou attenuantes, e graduem as penas
na devida proporcao ¿os delictos, ele modo que, quanto antes, seja substituida a antiga legislagao
militar dispersa, confusa e antiquada, por outra que, baseada nos solidos principios de justica
universal', em harmonía com as doutrinas mais seguidas nos differentés códigos penaes militares
que, regem os exercitos da Europa, e aceommodádos á índole, hábitos e tendencia da nagao
portugueza, acabe por urna vez, na imposigao das penas, com o limitado arbitrio que necessa-
riamente resulta da nimia severíd'ade das leis, e lhes faz perder o effeito moral da condemnaeao,
garantindo ao mesmo tempo efficaz e sólidamente a disciplina do exercito, e provendo á justiga
e pronipta administragao ele justiga militar: hei por bem, em nome de El-Rei, encarregar ao
auditor da 1.a divisao militar, Antonio José de Barros e Sá, deputado da nagao portugueza, de
confeccionar e redigir o projecto de um novo código penal militar; e outrosim ordenar que urna
commissao presidida pelo ministro e secretario d'estacío dos negocios da guerra, e composta dos
ministros e secretarios d'estado' honorarios ó conselheiro d'estado Manuel Duarte_ LeitPio, o
marechal de campo José Jorge Loureiro e o brigadeiro visconde de Oureni; dos deputados da
nagao portugueza, o brigadeiro graduado Augusto Xavier Palmeirim, o dr. Joad Baptista de
Carvalho Mártens da Silva Ferrao Gastello Braiieo e o mencionado auditor Antonio José de
Barros e Sá, que servirá de secretario, fique incumbida de rever e examinar os trabalhos res-
pectivos ao novo código penal, que successivamente Ihe forem apresentados pelo encarregado
da sua redaegao, e es fará subir com o seu parecer á nimba presenga; devendo a commissao
regular as suas sessoes em relagao á urgencia, importancia e gravidade da materia, como é de
esperar do seu zélo e reeonhecida intelligencia.
O mesmo ministro e secretario interino dos negocios da guerra, presidente do conselho de
ministros, P tenha assim entendide e faga execütar*.

Decreto de 18 de agosto de 1855

ITaAíendc-se suscitado ¿lívidas acerca da consideragSo que devem ter os tambores, corne-
teir.os e clarins dos coi-pos do exercito, que tendo desertado se apresentam depois para gosarem
de indulto, ou sao capturados, e os que commettendo outros crimes, síío depois julgados em
conselho de guerra; querendo obviar aos inconvenientes que, ao regular andamento do servigo
e á disciplina do exercito, podem jn-ovir da existencia das mesmas duvidas, que occasionam cía
parte dos diversos commandantes dos corpos procedimentos variados a tal respeito; conforman-
do-me com o parecer do supremo ccnselhe de justiga militar, que sobre o objecto foi consultado:
hei por bem determinar, em nome de El-Rei, que os tambores, corneteiros e clarins, criminosos
por deserg,ao, sejam ccnsideradps spldados, Ipgp que a mesma desergao for qualifieáda em con-
selho de disciplina, e que aquellos que commétterem outros quaesquer crimes sejam igualmente
considerados soldados, logo que passe em julgado a sentenga condemnatoria, aínda que este
castigo na mesma sentenga nao tenha sido expresso.
0 presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado interino dos negocios
da guerra, o tenha assim entendido e faga execütar.

1 Foram depois mandados fazer parte d'esta commissao o brigadeiro José de Pina Freiré da Fonseea,
por
])Ortaria de 14 de julho de 1857; o auditor da 5.» divisao militar Sebastiao Antonio Peixoto Coelho, por decreto
de 3 de julho de 1859; o ministro d'estado honorario José MareeUino de Sá Vargas, por decreto de 23 de dezem-
bro de 1860; e: o eapitao do batalhao de caejadores n.° 5 Joíio Pinto Carneiro, por decreto de 26 d'este ultimo
mez e auno.
215

Decreto de 20 de oiilnbro de 1855

Querendo solemnisar a epocha da minha acelamagao com um acto de clemencia tao ampio
quanto seja compativel com a seguranca commum e com a disciplina do exercito: liéi por bem,
exereendo nina das attribuigSes do ppder moderadpr, que me é mais agradavel, e -tendoouvido
o ccnselhe d'estadp, decretar e seguinte:
Artigo .1.° É cpncedida amnistía para es crimes:
1.° De abuse de liberdade de imprensa, em que sementé seja parte o ministerio publico;
2.° De contrabando, ficando perdidos a favor do estado e das pessoas a queni pertencer,
segundo as leis, os objectos respectivos ao mesmo contrabandp; - -..
3.° De primeira e segunda desercao simples do exercito ou armada^ ou de desergao aggra-
vada, se esta o tiver sido sómente pela subtraceao ou descaminho de objectos da fazenda.
§ 1.° Os processos instaurados pelos ditos crimes ficam de nenhum eífeito, -e ii'elles se
pora perpetuo silencio. Os réus que estiverem presos serao sóltos, se por outro motivo nao de-
verem ser conservados na prisao. ,,
§ 2.° Aos desertores só::aproveitará esta amnistía, apresentando-se-elles dentro ele dois¡me-
zes no reino, ele quatro ñas ilhas adjaeéntes é de seis no ultramar, contados, quanto ao reino e
ilhas, desde a data em que este decreto for publicado na ordem do exercito ou alunada, e quanto
ao. ultramar, desde o clia em que .for publicado na capital da provincia.
Art. 2.° Aos estudantes da imive-rsiclade e de outros estabeleeimentosde instimegao superior
e secundaria, ficam jierdoadas quaesquer penas que Ihes tenliam sido impostas: por faétos prati-
cades -em contravengao da legislagao especial reguladora dos sobreditos estabeleeimentos scienti-
ficos; e serlo admittidos a continuar n'elles os seus estudos da mesma forma eme continuarían!,
se nao tivessem commettido a contravengao.
Art. 3.° Aos réus condenmados por sentenga passada em julgado, em penas maiores tem-
jíorarias de qualquer natureza, fica percíoado o tempo que lhes faltar para cumprirem suas con-
demnagoes, nao excedendo a tres annos, e quando exceda, ficam-lhes perdoados tres annos das
ditas penas.
Art. 4.° As penas correccionaes de prisao ou desterro, impostas por sentengas passadas em
julgado, que nao excederem a um anno, ficam perdoadas aos réus, e quando excedam, fica-lhes
perdoado um anno das sobreditas penas.
Art. 5.° Ñas elisposicoes dos dois antecedentes artigos nao sao comprehen¿idos os réus que-
ja tiverem obtido commutagao ou diminuigao das penas a elles impostas por sentenga, nem aquel-
Íes que, tendo sido aecusados pela jiarte offendida, nEo tiverem obtido perdSo d'esta.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes reparti.gSes o tenham assim entendido'e o
fagam execütar.

1856
Aviso de 31 de Janeiro de 1856, dirigido ao commandíinte ém chele do exercito

Sendo presente a Sua Magestade El-Rei os officios de 9 de fevereiro e 6 de dezembro do


anno próximo passado, expedidos pela segunda secgao da repai-tigao central d'esse commando
em chefe do exercito, em que se solicitain esclarecimientos pelas diffiuldades que se ajjresen-
tam na applicagao do artigo 1.° e seus paragraphos, da amnistía concedida no decreto de 20
de outubro ultimo, e bem assim sobre o serení mais explícitos os accordaos do supremo con-
selho do justiga. militar: determina o mesme augusto senhor, em referencia aos citados officios,
que eu communique a y. ex.a que o decretó de 20 de outubro ultimo, no artigo 1.° e seus para-
graphos, nao offereee duvida na sua applicagao, combinado com o artigo 120.° e seus jjara-
graphos do código penal. A amnistia faz com que fiquem em esquecimento os factos que se
cnuiiciarn, prohibe acerca d'elles a applicagao das leis penaes, faz cessar toda a pena já imposta,
e os seus eífeitos.
Esta é a verdadeira cloutrina consignada no artigo 120.° do código penal, e portante se-
gue-se que, se o réu ainda nSo tem sido processado, nao o pode ser; eme se está em processo ou já
está condemnado, é soltó; e nem a pena, nem effeito algum d'ella subsiste; que o crime de cleser-
glo como outrp cmalquer crime nmnistiadp fica em perpetué silencie e esquecimento, ¡pelo que se
nSÍP ppderá conservar a nota de desergao; e o desertor ha de ser julgado pelo' crime ele primeira
desercao se tornar a desertar; a desergao amnistiada nao pode ser tomada em consideracao para
216

effeito algum —esqueceu, nao se pode fallar mais n'isto; bem como se nenhuma pena pode ser
imposta ao réu pelo crime amnistiado, e se a perda de tempo de servigo é sem questao urna das
penas de desergae estabelecida no titulo iv da ordenanga de 9 de abril de 1805, nao pode duvi-
dar-se de que esta pena fói perdoada; e, pela mesma rasao, é igualmente fóra de duvida que o
soldado entrado no servigo como voluntario, conserva, em virtude da amnistia, aquella designa-
gSp e qualidade, peis eme a perda d'ella é urna pena ¿e graduagáe, e ó tambem eutra pena que
nSe pode- ser imposta ao amnistiado; e considerandp a lei cenip ccnsidera dp mesniP mpdp tpdps
PS amnistiados já, ou aínda nao con¿emnados, e igualando-os em tudo o decreto da amnistia, nao
é possivel, sem effensa d'aquellas disppsigSes legaes, que na applicagao d'aquelle indulto e seus
effeitos futuros, e ñas notas que devem langar-se nos livros de registe do respectivo corpo, se
faga differenga entre os eme estavam já condemnados por sentenga e os que estavam aínda em
processo. A uns c outros deve averbar-se no respectivo assento de praga a amnistía concedida
pela desergao já ali notada, para o fim de se considerar a todos os respeitos como se nao tivera sido
commettida, declarándole a data em eme de novp entrarem a servir, para que e tempo posterior
a esta data, se conté sobre o que já tinham de servigo na datada desergao amnistiada. E
pelo que diz respeito aos accordaos juntos por copia aó pfneic de 6 de dezembro já mencionado,
estao bem redigidos, e que nada mais devem conter, porque ao supremo conselho de justiga mi-
litar nao compete regular os assentos e verbas que devem ser: laiigados nos livros dos corpos a
que os réus pertencerenij podendo isto ser regularísádo por ordem d'esse commando em chefe,
na qual se declare que todos os desertores que gosareni da amnistía concedida pelo mencionado
decreto, fica censervada a graduagáe que tinham ae tempe da desergae amnistiada, centinuando
a ser considerados como voluntarios, se como taes tiverem entrado ne servigo, e Contando-se
para todos os effeites o tempo de servigo anterior á desergao; e que com estas declaragoes Ihes
será avérbada a amnistía junto da nota da desercao líos respectivos livros, podendo igualmente
v. ex.a dar áos commandantes dos corpos quaesquer instruegoes convenientes, quando achar que
alguns nao ¿So a devida execugao aos accordaos d'aquelle tribunal.

Aviso de 4 de fevereiro de 185G, dirigido ao commandantc em chefe do exercito

Nao convindo que as pragas dé pret presas para conselho sofiram pena mais do que
aquella que lhes for arbitrada pelos respectivos juizes: determina por isso Sua Magestade El-
Rei que o descpntp da terca parte do resto do pret, depois de tirados os 20 réis de faldamento
e os 30 réis para o rancho^ de que trata o § 3.° do artigo 1.° dos meios proprios e auxiliares
que formam o fundo destina¿o á sustentagao ¿o rancho ¿as pragas dos ccrpps de exercito, a que
se refere a ordem do clia n.° J53 de 1825, seja feito semiente aos presos de correegao. O que
de real erdem cemmunico a v. ex.a como commandante em chefe do exercito, para seu conheci-
mento e mais eífeitos.

Carta de lei de -14 de julho de 1856

D. Pedro, por graga de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, etc. Pazemos saber a todos
os nossos subditos, que as cortes geraes decretarem e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° Sao abolidos no exercito do continente do reino e ilhas adjacentes os castigos de
varadas e os de pancadas com espada dé prancha.
Art. 2.° E o governo auctorisaclo a por em execugao o regulamento provisorio disciplinar
para o exercito em tempo de paz, apresentado pelo mesmo governo á cámara dos deputados, enl
proposta de lei de 28 de abril de 1855, podendo fazer n'elle as alteragoes que entender conve-
nientes, nao só em relagao ao exercito do continente de reinp e ilhas adjacentes, mas incluinde
todas as prescripgoes necessarias quanto ás provincias ultramarinas.
Art. 3.° O governo dará conta ás cortes, na sessao ordinaria de 1857, do USP que fizer da
auctorisagao concedida por esta lei.
Art. 4.° Pica revogada a legislagao em contrario.
' Mandamos, portante, a todas as auctoridades, a quem o conhecimento e execugao da referida
lei pértencer, que a cumpram e fagam cumprir e guardar tío inteiramente como n'ella se con-
tení.
Os ministros e secretarios d'estado dos negocios da guerra e dos da marinha e ultramar
a fagam imprimir, publicar e correr.
217

Carta de iei de 21 de julho de 1856

Dom Pedro, por graga de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, etc. Fázemos saber a to-
dos os nossos subditos, que as cortes geraes decretaram e nos queremos a lei seguinte :
Artigo 1.° O militar ou empregado civil do exercito, como tal considerado, que sem licenga
legitima, ou causa justificada,'faltar ao corpo, guariiigao, acampamento ou quartel, pelo tempo
marcado n'esta lei para constituir desergao, será havido e punido como desertor.
Art. 2.° O tempo de ausencia illegitima, preciso para constituir desergao, será, ém tempo
de paz, o de quinze días consecutivos, porém sendo praticada por soldados recrutas, que tenhaní
até seis mezes de praga, será o de trinta dias consecutivos.
§ 1.° Tambera será havido por desertor o militar que dentro de doze mezes consecutivos
commetter tres ausencias illegitimas, perfazendo n'ellas o total de trinta dias ou mais.
§ 2.° Quando a ausencia illegitima resultar ele excesso de licenca, será contada do dia em
que está acabar.
Art. 3.° O ofñcial de qualquer graduagao, que commetter desergao, perderá a sua patente
com inhabüidade para ser readmittido, quando tenha servido por mais de cinco anuos;, más se
os nao houver feito soffferá, aleni d'aquella pena, a de tres mezes a um anno de prisio.
§ único. A mesma pena de demissao e inhabüidade haverao os enípregados civis do exerJ
cito, com graduagao de ofñcial, que desertarem, faltando por quinze dias consecutivos ao servigo
do seu cargo.
Art. 4.° Qualquer praga de ¡n-et do exercito que desertar irá, Como soldado, completar o
tempo de servigo effectivo, que añida Ihe faltar, segundo o seu alistamiento, em um dos corpos
das provincias ultramarinas.
§ único. O tempo de servigo no ultramar nao será inferior a quatro annos, aínda mesmo
que seja menor o tempo que faltar ao desertor para obter escusa do servigo.
Art. 5.° O tempo de servigo no ultramar poderá ser augmentado até tres annos, quando a
desergao for aggravada por alguma das eircumstancias seguintes:
1.a Estando de servigo.
2.a Estando em marcha, ou com ordem ou prevengao de marcha.
3.a Lev¿mclo espingarda, bayoneta, pistola, espada, langa, cavallo ou besta muar.
4.a Sendo cormnettida em corpo de tres ou mais individuos.
5.a Concorrendo fuga de cadeia, de calabougo militar, ou de violagSo de preceito de
prisao.
6.a Sendo commettida do deposito de desertores.
Art. 6.° Sao eircumstancias attenuantes do crime de desergao :
1.a O ter sido commettido depois de passado o tempo de servigo militar prescripto na lei.
2.a A apresentagao voluntaria.-
§ único. Aquelle, a favor de queni militar alguma circumstancia das mencionadas, ou qual-
quer outra que for considerada como attenuante do crime de que se trata, só poderá ser obli-
gado a servir ñas possessoes occidentaes da África ou no estado da India.
Art. 7.° A ausencia illegitima considera-se terminada desde o dia em que o ausente decla-
rar perante algum official militar, empregado civil administrativo, ou parodio, que quer yoltar ao
corpo, e o fizer etfectivamente, apresentando documento authentico da sua declaragao, nao se de-
mprandp depois d'isto mais tempo que o necessario para chegar ao seu destino, fazendo marchas
de quatro leguas por dia.
Art. 8.° Quando a ausencia illegitima chegar a constituir desergao, será aquelle que a com-
metter processado pelo modo seguinte.
Art. 9.° Quando o desertor pertencer a corpo ai-regimentado, o commandante do corpo, em
virtude da parte dada pelo commandante da batería ou da companhia a que pertencer o ausen-
te, mandará congregar um conselho de investigagao, que depois ele inquirir tres ou mais teste-
miinhas, indiciará, ou nao, o ausente, e qualificará a ¿esergao de simples ou aggravada.
§ 1.° O conselho de investigagao que for feito a algum official, ou a empregado civil do
exercito com graduagao de official, será composto do tres officiaes de graduagao pelo menos igual
á do ausente, sempre que os haja no corpo, guarnigao, ou fraegao de tropa isolada; nSo os ha-
vendo, dos mais graduados que houver.
§ 2.° O conselho de investigagao feito á praga de pret será comppsto de um capitao e dois
subalternos; o primeire servirá de presidente, e o mais moderno dos subalternos de secretario,
nao podendo em caso algum serem da companhia do ausente.
§ 3." O conselho investigatorío servirá de titulo á nota do livro de registe.
Art. 10.° Q.uando o ausente pertencer a corpo nao arregimentado, o conselho de investiga-
gao será ordenado pelo commandante da divisao militar, ou, ñas ilhas adjacentes, pelos comman-
28
218

dantes dos districtos militares, e será composto de individuos ñas mesmas eircumstancias que as
determinadas no artigo anterior.
§ único. Quando o official cu empregado civil nao se adiar debaixo das ordens immediatas
dos commandantes das divisoes ou districtos militares, os conselhos de investigagao serao deter-
minados em virtude de requisigao dos seus respectivos commandantes ou ehefes, dirigida aos
commandantes das divisoes ou dos districtos militares em que a ausencia acontecer.
Art. 11.° Quando a ausencia for commettida por officiaes militares ou empregados civis do
exercito com graduagao de pfficial, as penas estabelecidas na presente lei ser-lhes-hae imppstas
ppr sentenga de ccnselhp de guerra, na forma das leis.
Art. 12.° Quando a desergao for commettida por soldados ou outras pragas de pret, e o de-
sertor for preso Ou se a-presentar, o commandante do corpo pu da divisao ou districto militar,
segundo os casos, mandará congregar o conselho de disciplina para julgar o aecusado.
§ 1.° O conselho de disciplina ó permanente, e composto dos cinco officiaes mais gradua-
dos, e na igualdade de graduagao d'estesj dos mais antigos que houver no corpo.
§ 2° Os officiaes da companhia do aecusado, e os que tomaram parte no conselho de inves-
tigagao, nao poderao, em caso algum, servir de vogaes do conselho de disciplina. N'este caso se-
rao substituidos pelos que se Ibes seguirem em graduagao PU antiguidade.
§ 3.° llavera np consellic de discijjlina um promotor de justiga, nomeado pela auctoridade
que mandar congregar o conselho, e o aecusado será assistido de um defensor que elle escolher,
e nSo p escelhendo sér-lhe-ha nomeado ao mesmo tempo que o promotor, e de igual graduagáe
pelo menos a este.
Art. 13.° A deeisab do conselho de disciplina será fundamentada e intimada ao decusado e
ao promotor, e qualquer d'elles poderá recorrer para o supremo conselho de justiga militar den-
tro do praso de tres dias, a contar do da intimagao.
Art. 14.° Depois da sentenga definitiva passada em julgado, será o processo enviado ao
commandante de corpo, o qual, com a sua informagao, p remetiera ae da divisao, e este, cem a
sua, e pelas vias competentes, ao ministerio da guerra.
Art. 15.° As despezas de transporte e regresso serao por conta do ministerio da marinha.
Art. 16.° Os governadores das provincias ultramarinas darao as baixas do servigo a todas
as pragas que n'ellas forem servir, em virtude da presente lei, logo que completem o seu tempo
de servigo, independenteuiente da auctorisagao dp gpverno, e proverao outrosim para que ellas
regressem ao reino com a maior opportunidade.
Art. 17.° As pragas de pret destinadas a servir no ultramar serao postas desde logo á dis-
posigao do ministro da marinha e ultramar, que destinará os corpos em que te-rao de servir.
§ 1.° O tempo de servigo no ultramar será contado do dia do embarque.
§ 2." Emquanto se demoraran no reino, estarao em um depesito disciplinar, e cccupadcs em
trabalhos PU exercicios na forma dos regulamentos.
Art. 18.° As pragas de pret que, por virtude da presente lei, forem servir no ultramar, se-
rao equiparadas, para o effeito das promogoes, aecesso, honras e regalías, aos soldados das tro-
pas coloniaes, e receberao os seus vencimentos como se servisseni no reino, em moeda provin-
cial.
Art. 19.° A presente lei será lida ás pragas-de pret na occasiao do alistamento e dos paga-
mentos.
Art. 20.° O governo fará com a maior brevidade os regulamentos precisos para a prompta
execugao da lei.
Art. 21.a O crime de desergae prescreve passados dez annos, contados do dia em que ter-
minar o tempo de servigo militar a que o desertor estivesse obligado.
Art. 22.° A pena a que se refere o § único do artigo 309.° do código penal ó substituida
pela prisap correcional de um até tres annos.
Art. 23.° Pica revogada toda a legislagao em contrario.
Mandamos, portanto, a todas as auctorídades a quem o conliecimento e execugao da refe-
rida lei pertencer, que a cumpram e fagam cumprir e guardar tSo inteiramente como n'ella se
contém.
Os ministros e secretarios d'estado dos negocios da guerra e dos da marinha e ultramar a
fagam imprimir, publicar e correr.
219

Regulamento para execugao da lei de 14 de julho de 1886, relativa á abolicao no exercito do conti-
nente e ilhas adjacentes, dos castigos de varadas e de pancadas com espada de prancha, ap-
provado por decreto de 30 de setembro de 1860

Disposigoesgeraos
CAPITULOI

1.° A disciplina militar é a primeira eondiglo de um exercito, e constitue a base principal


da sua forca.
2.° A disciplina consiste na boa ordem, na proinpta execugao das determinagoes superiores,
na inevitavel repressao das menores faltas, e na punigao certa d'aquelles que as commettem.
3.° A subordinagao constitue a essencia do servigo militar. A obediencia dos inferiores para
com os superiores forma a base da subordinagao.
4.° Todo o militar é obrigado a obedecer promptamente ás ordens dos seus superiores, con-
cernentes ao servigo, executando-as litteralmente sem a minima hesitagao PU réplica.
5.° Nac é permittida reclamacao ou queixa do inferior para com o superior, senao depois
de hayer cumplido as ordens recebidas. Se, porém, independentementede reclamagao ou queixa,
o inferior entender que por conveniencia do servigo conveni fazer alguma observagao, ser-lhe-ha
esta permittida, obtendo para isso previa licenga ¿o superior, se estiver presente.
6.° Os superiores sao responsaveis pelas faltas de disciplina que commetterem os seus su-
bordinados, se taes faltas procederem de negligencia dos mesmos superiores.
7.° Um dos fins da pena é o melhoramento do culpado. Os superiores devem por isso
abster-se de empregar rigores excessivos e punigoes injustas ou nao auctorisadas ñas leis. As
punigoes arbitrarias ou excessivas convertem-se em offensas, e louge de excitarem no coragao do
soldado o sentimento do devér, que forma a base da subordinagao e disciplina, exasperam e re-
voltam, destruindo o effeito moral da condemnacao.
8.° As punigoes devem ser proporcionadas nao só ás faltas, mas ao comjíortaniento habitual
do culpado, e ao seu tempo de servigo.
9.° Os superiores devem ter serio cuidado em prevenir as faltas dos seus subordinados e,
quando houverem de punir, indagarao escrupulosamente todas as eircumstancias attenuantes e
aggravantes para graduaren! a pena, animados tao sómente do bem do servigo e do sentimento
de dever, e nunca de outro qualquer.
10.° As palavras, os gestos, as aegoes offensivas e ultrajantes, sao absolutamente prohi-
bidas.
11." Os superiores devem tratar os inferiores com bondade, e conduzir-se para com elles
como honiens que aspiram á gloria pelo seu valor e dedicagao á virtude.
12.° A ordem militar é hierarchica de grau em grau. Em igualdade de grau prefere o mais
antigo na graduagao, em igualdade de antiguiclade e de graduagao prefere o mais antigo no ser-
vigo.
13.° A subordinagao militar, absoluta em todos os graus da hierarehia, exclue a idea de
arbitrariedade, mantem a todos no uso dos seus direitos, e contem-os na justa esphera dos seus
deveres.
14." Alem da subordinagao, no que toca ao servigo militar, os superiores téem direito á
consideragao e respeito dos inferiores em toda a situagao.
15.° No servigo militar deve reinar a mais perfeita harmonia. O espirito de partido e par-
cialidade deve evitar-se.
16.° A justiga deve ser a única norma para todas as aegoes.
17.° Todo o militar, no cumplimento dos seus deveres, deve procurar eorrigir as suas pro-
pinas faltas; prevenir qualquer desvio ñas regras do bom comportamento; sofirer com resignagao
os incommodos; contribuir para o bem estar de cada individuo, e boa reputagao ¿a corporagao,
e finalmente amar e reverenciar a Deus.
18.° Todos os generaes e officiaes militares em geral sao restrictamente responsaveis pelo
cumplimento das precedentes regras.
CAriTULO 11
Das transgressoes

Artigo 1.° Commette transgressao de disciplina e como tal será punido:


1.° Todo o militar que, constituido em grau superior, oífender ou injuriar o inferior por
palavras ou aegoes, salvo se de taes palavras ou aegoes resultar crime a que por lei corresponda
pena mais grave.
220

2.° Todo o superior que applicar, ou mandar applicar, penas injustas ou nao decretadas na
lei, salvo se do acto resultar crime mais grave.
3.° Todo o inferior que por negligencia ou inadvertencia nao execütar prompta e litte-
ralmente as ordens dos superiores, ou o que nao Ibes prestar obediencia completa sem mur-
murio, hesitagao ou replica, nos casos que nao forem qualificados crimes na legislagao penal
militar.
4.° Aquelle que se nao submetter promptamente á imposigao da pena, ou o que a violar.
5.° Aquelle que nao concorrer aos actos de servigo para que for chamado pelas ordens ge-
raes ou especiaes,
6.° A praga de pret que sem licenga legitima, ou sem estar de servigo, for encontrada fóra
do quartel depois do toque de récelher.
7,° Aquelle que per palavras, gestos ou aegoes faltar ao respeito devido aos seus superio-
res, ou que d'ellés murmurar, disser mal, ou soltar palavras inconvenientes, salvo havendo inju-
ria qualifieáda crime pela lei penal.
8.° Aquelle que vender cu empenhar qualquer objecto do uniforme que deve apreséntar, ou
do seu eqüipamento, ou o que por negligencia os destruir, arruinar, deixando de fazer o que
Ihe for ordenade para a sua boa conservagáo,
Igualmente aquelle que nao tiver em bom estado o seu armamento,
9.° Aquelle que por qualquer modo causar perturbagao á boa ordem, dentro ou fóra dos
quarteis, salvo se resultar Crime a que por leí corresponda pena mais grave.
10.° Aquelle que subministrar alimentos, bebidas espirituosas ou outro objecto que estiver
prohibido, a qualquer preso¿ nao tendo para isso a devida permissaó,
11.° Aquelle que commetter ausencia illegitima que nao constitua desergao.
' 12.° O que se deixar dormir estando de sentinella.
13,° Aquelle que commetter mfracgaó das leis e regulamentos administrativos e de policia
ou contravengao, sujeita ao julgamento correccional.
14,° Aquelle que praticar furto simples, ou outra qualquer illicita apropriagao em prejuizo
de militares pu da fazenda militar, fóra ou dentro dos quarteis militares, nSo excedendo o valor
de 1¡$200 réis, nem sendo acompanhado de eircumstancias que constituam o facto crime ou delicto
mais grave segundo a lei penal.
15.° Aquelle que tiver mau comportamento nao observando os preceitos da religiao, da
virtude e da probidade, com escándalo da moral publica, e menospreso dos deveres de familia;
bem assim o que se embriagar, o qué usar jogos prohibidos, contrahir dividas superiores aos
seus meios de fortuna ou com os seus subordinados, e o que praticar aegoes contrarias ao brío
e decoro militar, salvo se do acto resultar crime mais grave qualificado na lei.
Art. 2.° Em geral sao consideradas infraegoes de disciplina todas as transgressoes de regu-
lamento ou de ordem de policia militar e civil, todas as aegoes incompativeis com a manutengao
da boa ordem, todas as faltas contra o dever militar, prevenientes de inadvertencia, negligencia
en má voutade, aínda mesmo nao especialmente enumeradas n'este regulamento.
Art, 3.° As transgressoes de disciplina sao consideradas mais graves:
1.° Sendo commettidas durante o servigo.
2.° Sendo reiteradas.
3,p Sendo habituaes,
4.° Sendo acompanhadas de alguma circumstancia de que possa resultar comprometimiento
da honra, do brio e decoro militar, ou transtorno da ordem.

CAPITULO ni
Das penas

Art. 4.° As penas que por transgressSo de disciplina podem ser impostas aos officiaes sao:
1.° Adnioestagao.
2.° ReprehensSo.
3.° Prisao com homenagem até trinta dias.
4.° Prisao rigorosa ou sem homenagem até trinta dias.
Art. 5.° A pena de prisao com homenagem consiste na detengan do official na praga, villa
ou póvoagao que Ihe for designada.
§ único. O soffrimento d'esta pena nao isenta o punido do servigo que Ihe pertencer.
Art. 6.° A pena de prisao com homenagem só pode ser imposta pelos commandantes dos
corpos, porém, todos os superiores em geral a podem intimar aos que Ihes forem inferiores,
dando eonta immediata das causas e eircumstancias que a motivaram. N'este caso a durágao e
natureza da punigao será marcada pelos commandantes dos corpos, segundo as regras estabele-
eidas n'este regulamento.
221

Art. 7.° A pena ele admoestagao terá logar, ou na presenga do major do regimentó, ou tao
sómente na dp adnipestade e superipr.
Art. 8.° A reprehensao terá legar, PU na presenga des pfficiaes superiores em graduagáe ap
punidp, PU aínda tambem ñas dos de igual graduagáe, ou, finalmentej na presenga de todos os
officiaes do corpp. N'este case poderá ser publicada na ordem regimental.
Art. 9.° A pena de prisao sem homenagem terá logar em casa para isso destinada dentro
do quartel do corpo, e pode ser aggravada com a prohibigao de receber visitas, e acompanhada
de sentinella á vista. ' - c
§ único. Esta pena só pode ser imposta pelos commandantes dos corpos, e produz a sus-
pensao de todas as funecoes militares.
Art. 10.° Quando algum official soífrer a pena de prisao rigorosa, a sua espada será depo-
sitada na secretaria do regimentó pelo official que Ihe intimar a prisao.
Art. 11,° A pena de prisao será intimada por escripto ou verbalmente pelo superior que a
impozer, Pu de ordem d'este per outro official que nao seja de patente inferior ao punido.
Art. 12.° O official que- terminar o cumplimento da pena apreselitar-se ha ao superior j>or
ordem de quem foi punido, em signal de respeito devido á sua auctoridade. Esta apresentágao
terá logar na secretaria do regimentó. :
Art. 13.° Os capellaes e eirurgioes militares dos corpos só podem ser punidos disciplinar-
mente pelos commandantes dos mésmos.
Art. 14. 9 Todas as punigoes impostas aos officiaes militares devem constar de uní livro est
pecialmente destinado para isso.
§ único. Exceptua-se d'esta disposigao a pena de admoestagao.
Art. 15.° As penas que por transgressao de disciplina podem ser impostas ás pragas dos
estados menores dos corpos que tiverem graduagao^ e bem assim aos officiaes inferiores das coim-
paiihias, sao:
1.a Prohibigao de saír do aquartelamento.
2.a Prisao no quartel da companhia até trinta dias.
3.a Montar guardas sem lhes competir até oito dias.
4.a Prisao no calabougo até quinze dias.
Art. 16.° A pena de prisao no quartel poderá ser imposta pelos commandantes das conipa?-
nhias até oito dias; pelos officiaes superiores do corpo até quinze; e pelos conimaiidantes dos
corpos até trinta.
§ 1.° Todos os superiores podorao intimar a pena de prisao aos que lhes forem inferiores,
dando coiita immediata" da transgressao é eircumstancias que a acompanliaram. N'este caso a
duragao e natureza da punigao será determinada pelos commandantes ¿as companhias ou ¿os
corpos.
§ 2.° O disposto n'este artigo é em tudo applicavel á prohibigao de saír do aquartela-
mento.
Art. 17.° As guardas de castigo nunca serao applicadas em dias seguidos, e podem ser im-
postas
1. Pelos commandantes das companhias até duas.
2.° Pelos officiaes superiores dos corpos até quatro.
3.° Pelos commandantes dos corpos até oito.
Art. 18.° A pena de prisao no calabougo terá logar em urna casa para esse finí destinada,
separadamente dos soldados; só pode ser imposta pelos commandantes dos corpos, e poder-se-ha
aggravar com o isolamentO'.
§ único. A aggravagao d'esta pena terá logar nos casos mencionados no artigp 3.°
Art. 19.° O soffrimento das penas mencionadas no artigo 15.° nao isenta e punido do servigo
que Ihe pertencer, e com elle for compativel.
Art. 20." Alem das penas mencionadas no artigo 15.°, poderá ser imposta a de baixa de
posto, quando o mesmo individuo tiver dentro de um anno cpnrmettido mais de tres transgres-
soes de disciplina que liajatn sido punidas disciplinarmente.
§ 1.° A applicacSo d'esta pena nunca terá logar senao ppr decisao dp ccnselho de discipli-
na. Se esta pena recair em algum sargento ajudante, sargento quartel mestre, porta-bancleira,
porta-estandarte ou aspirante a official, dependerá de approvagao superior.
§ 2.° Imposta a pena de baixa de posto a qualquer das pragas ácima referidas, ou a algum
official inferior das companhias, o individuo a quem se der a baixa de posto terá passagem para
outro corpo, na conforniidade ¿as ordens em vigor.
Art. 21.° As penas que por transgressao de disciplina podem ser impostas aos cabos, ans-
pegadas e soldados sao:
1." Prisao no quartel até trinta dias.
2.a Montar guardas sem lhes competir até oito.
3." Escola ele instruegad até quinze dias.
- ,
222

4.° Fachinas até trinta dias.


5.° Prisao no calabougo até trinta dias.
Art. 22.° As penas mencionadas nos n.os 2.°, 3.° e 4.° do precedente artigo podem ser im-
postas como prineipaes, ou como aceessorias, com aggravagao da pena de prisao no quartel ou
no calabougo. A privagao do tabaco e bebidas espirituosas poderá tambem servir para a aggra-
vagao das ¿itas penas.
Art. 23,° As guardas de castigo nao poderao ser applicadas em dias seguidos.
Art. 24.° A escola de instruccao consistirá em exercicios com arma ou sem ella, em ordem
de marcha ou nao, e pode ser imposta pelos.commandantes dos corpos até quinze dias, e pelos
das companhias por um dia.
Art. 25.° A prisao no calabougo poderá aggravar-se com ¡solamente, e com a privagao do
alimento ordinario, passando o punido a jejum de pao e agua.
§ I, 0 A aggravagao com o jejum a pao e agua nao poderá applicar-se em cuas seguidos.
§ 2.° A pena de prisao no calabougo só pode ser imposta pelos commandantes dos corpos.
Art, 26.a Nos casos da imposie&o ¿a pena de prisao no calabougo com aggravagaodejejum
á pao e agua, uní facultativo militar visitará' diariamente o punido, e informará o commandante
do regimenté se pode ou nao continuar a soffrer a mesma pena sem detrimento de saude; em
caso negativo o.commandante modificará apunigSo,
Art. 27.° A pena de fachinas consistirá na limpeza dos aquartelamentos, cavallarigas, ar-
mas e mais petrechos existentes na arrecadagao.-regimentar,no servigo de limpeza da cozinha
do rancho, condugao de agua e outros smiilhantes trabalhos para o mesmo fim, e ñas obras ou
reparos dos quarteis.
§ único. Esta pena poderá ser imposta, pelos commandantes dos corpos ou das companhias,
com a differenga, porém, de que sendo imposta por estes terá logar sómente nos soldados das
mesmas ató dez dias para limpeza das respectivas casernas.
Art. 28.° A pena de prisao no quartel poderá ser imposta pelos commandantesdas compa-
nliias aos soldados d'estas até dez dins; pelos officiaes superiores, dos corpos ató quinze; e pelos
commandantes d'estes até trinta.
Art. 29.p A pena de prisao poderá tambem ser intimada por qualquer superior aos que Ihe
forem inferiores, dando conta immediata da causa e eircumstancias que motivaram a punicao;
n'este caso a sua natureza e duragao será designada peles cemmandantes das companhias e dos
corpos, cada um dentro dos limites da sua auctoridade marcados n'este regulamento.
Art. 30.° Alera das penas mencionadas no artigo 21.°, poderá ser imposta a baixa de posto
temporaria ou permanente aos cabos e anspegadas pelos commandantes dos corpos, e terá logar
principalmente nos casos mencionados no artigo 3.°
§ único. A baixa de posto temporaria ou permanente pode ser imposta única ou cumulati-
vamente com outra pena; sendo permanente, o punido passará para putra cempanhia.
Art. 31.° O splirimentp das penas correccicnaes nap isenta o punido do servigo que Ihe per-
tencer, e com elle for compativel.

CAPITULO rv

Disposigoes diversas

Art. 32.° Todo o official que prender outro do mesmo corpo participal-o-ha ao seu com-
mandante. Se o preso for de dÍArerso corpo participal-o-ha ao commandante do corpo a que per-
tencer o preso, estando na localidade, nao o estando, á auctoridade militar superior da localida-
de. Se, porém, o preso pertencer a algum estabelecimento dependente directamente do ministe-
rio da guerra, será a participagao dirigida ao director do estabelecimento.
Art. 33.° Os commandantes interinos dos corpos poderao impor as mesmas penas discipli-
nares que os eífectivos. Similhantemente os subalternos no commando das companhias terao as
mesmas attribuigoes que os resjsectivos capitaes.
Art. 34.° Os officiaes superiores que commandarem destacamentos terSo a respeito d'estes,
e disciplinarmente, as attribuigoes dos commandantes dos corpos; os capitaes as dos officiaes su-
jierieres; e os subalternos as dos capitaes. N'estas facuidades nao se comprehendea de dar baixa
de posto, a respeito do que só poderao fazer propostas ao commandante do corpo respectivo.
Art. 35.° Os commandantes dps corpos podem augmentar, diminuir ou mudar a natureza
das punigoes impostas pelos seus subordinados, ou fazel-as cessar. So entenderem, porém, que o
punido merece pena superior aquella para que sómente estiverem auetorisados, participal-o-hao
ao commandante da -respectiva divisao militar, o qual pronunciará n'esse caso pena maior dentro
dos limites prescriptos no artigo seguinte.
Art. 36.° Os commandantes das divisoes militares, em casos de infraegao de disciplina com-
mettida pelos que lhes sao subordinados, poderao impor qualquer das penas estabelecidas nos
223

differentes artigos ácima mencionados; e bem assim augmentar, diminuir ou fazer cessar as pe-
nas já impostas.
' § único. Na applicagao da disposigao do presente artigo podein os commandantes das divi-
soes augmentar as penas de prisao simples ou aggravada alé trinta dias, e determinar tambem
que estas ultimas tenham logar em urna praga de guerra, dando immediatamente conta ao minis-
terio da guerra.
Art, 37.° Os commandantes geraes das armas especiaes téem a respeito dos individuos per-
teneentes a estas as mesmas attribuigoes dos commandantes de divisoes.
Art. 38.° Os governadores de pragas de guerra poderao impor as penas mencionadas no
presente regulamento a todos os militares que n'ellas estivereni, sendo de graduagao igual ou in-
ferior á sua.
§ único. As disposigoes d'este artige nao sao extensivas á superintendencia e disciplina in-
terna dos corpos existentes ñas pragas.
Art. 39.° As disposigoes do artigo antecedente sao em tudo applicaveis aos chefes, inspe-
ctores e directores de estabeleeimentos dependentes do ministerio da guerra a respeito dos seus
subordinados.
Art, 40,° Todo o militar que, durante o cumplimento de alguma pena disciplinar, commet-
ter nova transgressao, ou violar o preceito da punigao, será punido com o augmento da pena, otr
com outra mais grave, dentro dos limites prescriptos por este regulamento,
Art, 41.° Alem das penas mencionadas n'este regulamento, que por transgressao de disci-
plina podem ser impostas aos officiaes, igualmente poderá ser comminada a ele passagem á in-
actividade temporaria, nos termos do artigo 1.°, § 2,° e artigo 7.° do capitulo xrv do decreto de
20 de dezembro de 1849.
CAPITULO V
Dos ineorrigíveis

Art. 42.° Toda a praga de pret, que sem commetter crime ou delicio sujeito ao juigamento
perante um conselho de guerra, perseverar no commettimento de faltas, ou transgressoes de dis-
ciplina, será julgado incprrigivel.
Art. 43.° Para que qualquer praga de pret seja julgada incorrigivel, é preciso que nos úl-
timos doze mezes anteriores tenha coinmettido mais de tres transgressoes de disciplina, que lia-
jam sido punidas com alguma das penas mencionadas n'este regulamento.
Art. 44.° Nenhuma praga de pret será considerada incorrigivel, sem que um conselho de
disciplina a julgue e qualiíique como tal.
Art. 45.° O conselho de disciplina será o permanente que julga os desertores na confornii-
dade do § 1.° e 2.° do artigo 12.° da carta de lei de 21 de junho de 1856.
Art. 46.° A opiniao do conselho de disciplina será fundamentada, intimada ao aecusado, e
só produzirá effeito depois de confirmada pelo ministerio da guerra.
§ único. A declaragao de incorrigivel priva a praga de pret de qualquer graduagao que
tenha.
Art. 47.° Terminado que seja e prpeesse dp conselho de disciplina, será entregue ao com-
mandante do corpo, o qual com a sua opiniSo o remetterá ao da divisao; e este, segundo a or-
dem hierarchica, ao ministerio da guerra, ao qual compete confirmar ou nao a decisao do con-
selho.
-
Art. 48.° Ninguem será julgacío em conselho de disciplina na qualidade de incorrigivel se-
nao sobre proposta do commandante da companhia, que fará um relatorio circunistaneiado das
causas por que o considera como incorrigivel pelos meios ordinarios de punigao. Este relatorio
será sempre acompanhado da respectiva nota do livro mestre e da dos castigos.
Art. 49.° A praga de pret que for julgada incorrigivel irá completar o seu tempo de ser-
vigo em um dos corpos das provincias ultramarinas.
Art. 50.° Logo que a decisao do conselho de disciplina for confirmada pelo ministerio da
guerra, o soldado terá baixa do eífectivo do corpo, e será posto á disposigao do ministerio da
marinha.
CAPITULO vi
Das reclamagoee

Art. 51.° As reclamagoes collectivas sEo absolutamente prohibidas.


Art. 52.° Permittem-se reclamagoes individuaes:
1.° Quando for imposta pena nSo decretada na lei.
2.° Quando for imposta pena injusta.
Art. 53.° Se em algum dos casos mencionados no artigo anterior qualquer official requerer
224

que o negocio seja julgado em conselho de guerra, a decislo d'este requerimento competirá ao
commandante em chefe, e nao o havendo ao ministerio da guerra, o qual, depois das informa-
coés que julgar convenientes, auctorisará ou nao o julgamento em conselho de guerra.
Art. 54.° As reclamagoes dos officiaes serao feitas aos commandantes dos corpos pelas vías
competentes. As das pragas de pret aos commandantes das companhias.
Art. 55.° NSo será admittida reclamagao que for feita estando o reclamante em estado de
embriaguez. -
.
Art. 56.° O official pérante quem for feita qualquer.- reclamagao deve
-
escutal-a com affabi-
lidade e paciencia, verificar cuidadosamente o seu fundamento, e déferir-lhe quando for justa, se
estiver dentro dos limites da sua auctoridade, alias dar4he-ha seguimento para a auctoridade su-
perior.
Art. 57.° Será responsavel nos termos da lei todo aquelle que uao der seguimento ás recla-
magoes que Ihe forem competentemente apresentadas por algum subordinado,

i\To decreto de 1 de outubro de 1886, sobre adminislracao da justica na provincia de Calió Verde,
enconlia-se o seguinte:
Artigo 1.° E extincta a junta de justica estabelecida na provincia de Cabo Verde pelo ar
tigo 14.° do decreto de 16 ¿é Janeiro de 1837, e os juizes de direito julgarao em primeira ins-
tancia, com recurso para a relagao do districto, todas as causas criminaes da competencia da
mesma junta.
§ 1.° Exceptuam-se os crimes dos réüs militares, nos casos em que pela lei nao perdem o
foro, os quaes continuara a ser julgados pelos conselhos de guerra em primeira instancia, e em
segunda e ultima o serao pelo supremo conselho de justiga militar cío reino.
§ 2,° O privilegio do foro dos officiaes e mais pragas dos corpos de segunda linha terá logar
nos crimes meramente militares; e nos communs só quando estivereni em effectivo servigo.
§ 3.° Nos conselhos de guerra convocados na sede das comarcas, servirlo de auditores os
respectivosjuizes de direito, e, na falta d'estes ou estando impedidos, os delegados do procurador
regio sendo letrados e na falta ou impedimento de um e outro, o governador geral nomeará um
official de primeira linha, que nao tenha menor patente que a de capitSo.
Art. 2.° Pica supprimida na mencionada provincia a ratificacao de prenuncia a que se refere
o artigo 17.c do citado decreto de 16 de Janeiro de 1837, e em seu logar serao admittidos os re-
cursos declarados no capitulo VIH, do titulo XXI, da novissiiiía reformajudicial, com declaragSo que
mterpondo-se aggravo ele instrumento para a relagao, ésta nao terá effeito suspensivo, derogado
n'esta parte o § 1.° do artigo 996.° da mesma novissima reforma.

Decreto de 10 de dezembro de 1856

Devendo quanto antes pór-se em execugao ñas provincias ultramarinas o regulamento pro-
visorio disciplinar do exercito,,a que se refere a carta, de lei de 14 de julho d'este anno; e sendo
para isse iiecessarie que previamente e em cenformidade da aucíorisagao conferida ao governo
pelo artigo 2.a da mesma lei, se fagam n'aquelle regulamento as alteragoes que parecerem con-
venientes para o tornaren! applicavel ás guarnigoes das ditas provincias: hei por bem crear unía
commissao para proceder a este trabalho, a qual será composta do ministro d'estado honorario
visconde de Francos, do conselheiro brigadeiro graduado Joao da Costa Xavier, do conselheiro
vogal extraordinario do conselho ultramarino José María Marques, do tenente coronel de arti-
lheria Joao Tavares de Almeida, e do capitao-tenente Joaquim José Cecilia Kol, de que será
presidente o primeiro nomeado e secretario o ultimo; esperando eu do zélo de todos e da expe-
riencia que cada um tem do servigo militar ñas provincias em que exercerain commissoes, que
com a possivel brevidade me proporao as alteragoes e modificagoes que entenderem clever fazer-se
no citado regulamento, para que se possa por em vigor ñas mesmas provincias.
O visconde de Sá da Bandeira, par do reino, ministro e secretario d'estado dos negocios da
marinha e ultramar, o tenha assim entendido e faga execütar.

DecJaraeáo inserta na ordem do exercito n.° 3, de íí de fevereiro de 1857

Por aviso do ministerio da guerra de 17 de Janeiro findo, se manda declarar que a dispo-
sigao cío artigo 36.° do regulamento pena!, publicado na ordem do exercito n.° 53 do anno findo,
225

se deve entender em toda a amplitude dos seus preceitos, mesmo em relagao ás armas especiaes
quando os delictos ou faltas forem públicos ou commettidos em destacamentos ou guardas, e as
do artigo 37.° se deve entender restrictamente aos regulamentos e obrigagoes dos militares per-
teneentes ás referidas armas, e quando as faltas ou delictos forem commettidos nos quarteis dos
respectivos corpos.

Decreto de 2 de marco de 1857

Convindo que o batalhao provisorio de segunda linha da cidade de Macan tenha um major
c ajudante, officiaes de priineira linha e um regulamento adequado á disciplina e servigo do mesmo
corpo, para que melhor possa satisfazer aes fins da sua prganisagap: hei per bem, usande da au-
ctorisagap conferida pelo artigo 3.° do decreto com forga de lei de 1 de setembro de 1854, tendo
ouvido o conselho ultramarino, determinar que o major e ajudante d'este batalhao sejam officiaes
de primeira linha, ficando o mesmo batalhao sujeito ao regulamento dos corpos nacionaes, appro-
vadp por decreto de 22 de novembro de 1848.
O visconde de Sá da Bandeira, par do reino, ministro e secretario d'estado dos negocios da
marinha e ultramar, o tenha assim entendido e faga execütar.

Decreto de 1 de ahril de 1857

Havendo eu por decreto de 10 de dezembro do annó findo, creado urna commissao composta
do ministro d'estado honorario visconde de Francos, do conselheiro brigadeiro graduado Joao da
Costa Xavier, do conselheiro vogal extraordinario do conselho ultramarino José Maria Marques, do
coronel de artilheria Joao Tavares de Alnieida e do capitao tenente Joaquim José Cecilia Kol, para
o fim de me proporeiii as alteragoes e modificagoes que entendessem conveniente fazer-se no re-
gulamento disciplinar do exercito, a que se refere a carta de lei de 14 de julho do mesmo anno,
para o tornar applicavel ás guarnigoes das provincias altraniarhias ; e tendo a referida, commissao
feito subir á minha real presenga, em 26 de margo ultimo, o resultado do seu trabalho: hei por
bem dissolver a mesma comniissao e louvar todos os seus vogaes pelo zélo e diligencia com que
se houveram no deseinpenho do servigo, que lhes fóra incumbido.
O visconde de Sá da Bandeira, par do reino, ministro e secretario d'estado dos negocios da
marinha e ultramar, assim o tenha entendido e faga execütar.

Ñas instruecóes para o deposito disciplinar e das pracas iucorregiveis,


approvadas por cilicio do ministerio da guerra, de 23 de abril de 1857, cnconlra-sc o seguinte:

17.° Quanto a castigos seguir-se-ha o determinado nos regulamentos e ordens geraes do exer-
cito.
18.° Quando qualquer praga commetter falta que merega maior correegao que as designadas
no regulamento provisorio disciplinar, será immediatamente mandada para o presidio do castello
de S. Jorge, de onde seguirá para o seu destino, no caso de que a falta commettida nao seja de
natureza de conselho de guerra.

Aviso de !) de maio de 1857, dirigido ao coniniaiidantc em chefe do exercito

Com referencia ao officio que por ordem de v. ex.a foi expedido á repartigao de liquidagao
d'este ministerio, em data de 30 de margo ultimo, sobre duvidas offerecidas em infantería n.° 15,
ele serení ou nSo abonadas de seus vencimentos as pragas que commetterem ausencias illegiti-
mas: determina Sua Magestade El-Rei que, em casos taes, se deverao formar conselhos de
disciplina, e averbando-se estes nos livros mestres, perderem as pragas todos os vencimentos
durante a ausencia; porquanto a 1.1.a disposigao do capitulo II do Regulamento disciplinar de
30 de setembro do anno passado nao clestroe a doutrina do § 1.° do artigo 2.° da lei de 21
de julho de 1856, que para a sua devida execugao, forgoso é-serení as pragas que commetterem
ausencias illegitimas, julgadas por um conselho de disciplina, como se dispoe no artigo 2.° da
ordenanga de 9 do abril de 1805, sendo o referido conselho o documento proprio para se aver-
bar no livro mestro, conforme tambem se determina no § 3.a do artigo 9.° da citada lei de 21
de julho de 1856.
O que, de real ordem, tenho a honra de participar a v. ex.a para os efi'eitos convenientes.
29
226

Portaría de 27 de juuho de 1857

Havendo pedido o governador geral da provincia de Cabo Verde, em officio de 31 de Ja-


neiro ultimo, n.° 74, que se declarasse qual o foro em que devem ser julgados os officiaes milita-
res de segunda linha, por crimes anteriores á publicagao do decreto de 1 de outubro de 1856,
peló qual no § 2.° do artigo 1.° se restringiu o foro militar dos mencionados officiaes aos crimes
propiciamente militares, e aos communs cpmmettidos no tempo em que os réus se acharem em
effectivo servigo, acompanhando o mesmo officio urna représentagao que Ihe dirigiu o capitao de
segunda linha Marcelíino Freiré de Andrade, pedñido que Ihe seja garantido o foro militar nos
processos em que estava para responder: Sua Magestade El-Rei, conformando-se com o parecer
do conselho ultramarino em consulta de 16 do correílté mez, manda, pela secretaria d'estado clos
negocios da marinha e ultramar, declarar aó mencionado governador geral:
1.° Qué o citado decreto de 1 de outubro de 1856 pela disposigao mencionada ,cassou e an-
nullou desde que comegou a ter vigor na provincia, toda a jurisdicgaoe auctoridade dos tribuñaes
militares para conhecerem e julgarem desde entao os crimes nao comprehendidos na mencionada
liypothese;
2.° Que no processo dos crimes communs anteriores ao citado decreto, e cujo conhecimento
ao tempo da publicagao e execugao d'elle estava affecto aos tribuñaes militares, mas sem sen-
tenga, pertence aos mesmos tribuñaes decidir da sua competencia e jurísclicgao;
3.° Que os crimes d'aquella natureza anteriores ao mesmo decreto, cujo conhecimento nao foi
añida devolvido ao foro militar e pen.de a sua instrucgao no foro criminal civil, devem proseguir
n'este mesmo foro até á sua final decisao,, sendo para todos os effeitos os.réus como se nao fps-
sem militares;
4." Que n'estes termes e capitSc de segunda linha Marcelíino Freiré de Andrade deve res-
ponder perante o foro civil pelos crimes de que é aecusado.
,

Decreto de 15 de juüio de 1857

Hei,por bem determinar que a commissao nomeada por decreto de 23 de julho de. 1855,
para rever e examinar os trabalhos respectivos ao código penal militar, de que fóra encarregadq
o auditor Antonio José de Barros e Sá, fique igualmente incumbida da organisagao dos tribu-
ñaes militares e do código do processo dos crimes commettidos por individuos perteneentes ao
exercito, esperando do zélo e reeonhecida intelligencia dos seus membros que empregarao todos os
meios que a urgencia e gravidade do assumpto reclama.
O ministro e secretario d'estado interino dos negocies da guerra c tenha assim entendide e
faga execütar.

No plano da organisaeiío da forca militar de primeira linha na provincia de Angola, approvado pelo decreto
com forca de lei de 15 dejunlio de 1857, cnconlra-sc o seguiute:

Artigo 13." — Justiga militar

Os crimes des militares serao julgados em conselho superio de justiga militar, conforme o
disposto no capitulo vil do decreto de 3r> de dezembro de 1852.

Portaría de 28 do julho de 1857

Sua Magestade El-Rei, a quem foi presente o officio da majoria general da armada de 17
do eorrente, acompanhando o que por aquella repartiólo dirigiu o commandante do corpo de raa-
rinheiros da mesma armada, apresentanclo os inconvenientes que resultara ao servigo, pelas de-
tengas no julgamento das pragas do sobredito corpo, presas por desertores, e indicando algumas
medidas tendentes a abreviar os respectivos processos : manda, pela secretaria d'estado dos nego-
cios da marinha e ultramar, participar á sobred'ta majoria general, para os devidos effeitos, que
conformando-se com a proposta, que para o prompto andamento dos ditos processos faz o sobre-
dito commandante, ha por bem determinar que os vogaes para os conselhos de guerra, que ti-
227

verem de julgar as referidas pragas, sejam officiaes do mesmo corpo de marinheiros, nomeados
pelo dito commandante, á excepgáo do presidente e promotor, que continuarao ser nomeados
pela majoria general, na intelligencia de que todos os membros do conselho servirao por espago:
de tres mezes e vencerao durante este tempo o soldó da eftectividade, devendo as sessoes dos
ditos conselhos de guerra ter logar em urna das salas do quartel do dito corpo de marinheiros,
que para tal fim sedeverá arranjar convenientemente.

Portaría de 10 de agosto de 1857

Sua Magestade El-Rei¿ a quem fói presente o requerimentodos officiaes qué eompoem o con-
selho ¿e justiga militar ¿a provincia de Angola, pedindo o abono de urna gratificagao por aquelle
servigo : manda, pela secretaria d'estado des negecips da marinha e ultramar, cemmunicar ac go-
vernador geral da dita provincia, para os fins convenientes e em resposta ao seu officic n.° 648
de 17 de fevereiro do corrente anno que, conformando-se com o parecer do conselho ultrama-
rino dado em consulta de 28 de julho ultimo, houve por bem indeferir a pretensSo dos suppli-
cantes.

Aviso de 2 dé setembro de 1857^ dirigido ao commandante em chefe do exercito

Tendo o brigadeiro barao da Batalha, ppr faltas de que era aecusado durante o seu-: go-
verno na praga ele S. Juliao da Barra, respondidp a eciiselhe de guerra, este reputando civis es
crimes de- que era acensado^ e as justigas civis os únicos tribuñaes Competentes para conhecer
d'elles, annullou o processo por incompetencia de meio e mandou que fosse remettido ás auctorí-
dades criminaes competentes para o organisarem em forma devida. O supremo Conselho de jus-
tiga militar conformou-se com esta decisao, e instaurando-se o processo perante o juiz do terceiro
districto criminal,' foi por este pronunciado o referido brigadeiro que, aggravando d'esta pronun-
cia, ohteve da relagao o aceordao que o mandou despronuneiar com o fundamento de que o crime
de que era aecusado, era mera e exclusivamente militar, e que por isso nao podía haver procedí
mentó algum civil, niandando-se dar baixa na culpa, e remetter ambos os processos á auctoridade
militar competente. Recorrendo, porém, d'este aceordao o respectivo delegado para o supremo
tribunal de justiga, por se tratar de questEo de competencia, foi ali denegada a revista, por nao
haver fundamento legal para a sua concessao.
Em vista de similliante conflicto negativo da jurisdiegao entre es tribuñaes civis e militares,
Sua Magestade El-Rei:
Censiderande que o supremo tribunal de justiga tendo em vñ-tude do recurso de revista
conhecido do processo criminal, que foi instaurado contra o mencionado brigadeiro, e proferido
sohre elle unía decisao, nao poderia por qualquer outro meio conhecer e resolver de novo, como é
de direito;
Considerando que os conflictos de jurisdiegao nao podem levantar-se depois que qualquer
sentenga passou em jidgado e se tomou definitiva, como é expresso no artigo 111.° do regulamento
do conselho d'estacío ¿e 9 de Janeiro de 1850, e que tambem se deduz dos artigos 383.° e 743.°
da novissima reforma judicial) e que nos processos pendentes se verifica a circumstancia de liave-
rem percorrido cada um de per si a escala da jurisdiegae civil e militar, ordinaria e excepcional
em todos os graus, decidindo-se nesta, que o crime argüido era civil, e fnndamentando-se a de-
cisao n'aquella que o crime era militar e que deveria ser julgado militarmente;
Considerando que estas decisoes foram preferidas pelas jurisdiegoes ultimas e superiores
militar e civil, e que nao havenclo no reino tribunal algum superior áquelles que possa eniendar-
lhes ou corrigir-lhes as decisoes, é evidente que as proferidas nos processos de que se trata o
foram assim em idtima instancia, e portante em termos de nao poderem ser modificadas pelo le-
vantamento do conflicto, que aínda quando interposto o viría a ser extemporáneamente;
Considerando mais que a letra da novissima reforma judicial, artigo 20,°, favorece a dou-
trina expendida, e ó conforme com a letra do artigo 131.° § 3.° da carta constitucional, que
apenas dá ao supremo tribunal de justiga competencia para conhecer e decidir dos conflictos de
jurisdiegao que se levaiitarem entre as relagoes;
Finalmente, attendendo a que havendo os tribuñaes civis e militares decidido diversamente
a questao de competencia, ou tendo-se recusado a conhecer do processo, nao pode admitt¡r-se
que o militar processado fique perpetuamente em urna especie de interdiccao, jiorque os tribu-
ñaes se recusam a julgal-o: ha j>or bem o mesmo augusto senhor, conformando-se com o parecer
da secgao administrativa do conselho d'estado, exarada em consulta de 26 do mez próximo pas-
sado, determinar que se hajam por lindos os processos relativos ao brigadeiro barao da Batalha,
228

o qual ficará apto desempenho do servigo para que for designado: o que de ordem de
para o
Sua Magestade El-Rei eommunico a v, ex.a para os fins convenientes, e em resposta ao officio
expedido em 18 de abril ultimoj pela segunda secgao da repartigao central d'esse commando
em chefe.

Aviso de 29 de setembro de 1857, dirigido ao coinmandánie em chefe interino do exercito

Sendo presente a Sua Magestade El-Rei o.officio d'esse.estado maior general de 20 de ju-
nho ultimo, e cerrespondencia que d acompanhava: houve por bem determinar que o documento
comprovativo das ausencias ¿legitimas, que deve ser averbado nps respectivcs livrps mestres,
seja e conselho de investigagao e nao o conselho de disciplina, que determinava o aviso de 9 de
maio d'este anno, que n'esta parte fica alterado.
O que de real ordem eommunico a v. ex.a para os devidos effeitos.

Portaría de 7 de novembro de 1857

Tomando-se necessario desde já, e emquanto nao se eoiifeceionaní os regulamentcs prescri-


ptos IIP artigp 20.° da carta de lei de 21 de julhe dp anno próximo passado, que se removamas
¿lívidas e enibarages suscitades, tanto spbre a intelligencia cemp spbre e cumprimentc de al-
guiis! dos preceites da mesma cartade lei; do que tem resultado achar-se paralysado um grande
numero de j>rocessos, com gravissimo prejuizo do servigo e disciplina cío exercito, e grande ve-
xame para os interessados: manda Sua Magestade El-Rei, pela secretaria d'estado dos negocios
da guerra, coñformando-se com o parecer do procurador geral da coróa e consulta do supremo
conselho de justiga militar, que interinamente se observem as seguintes instruegoes provisorias:
1.a As disposigoes do artigo 4.° da mencionada carta de lei sao ajiplicaveis a todas as pragas
de pret, hajaní ou nao concluido o tempo de servigo determinado por lei; ' J
2.a Aos militares que houverem desertado antes da publicagao da referida carta de lei, aínda
que apresentados ou capturados posteriormente, nao lhes sao applicaveis as BuasdisposigoeSj ele-
vendo ser julgados segundo a legislagao anterior; todavíaser-lhes-haapplicavel a nova legislagao,
quando esta melhore e nao deteriore a eoiidigao dos réus; e por este principio só se qualificárá
por crime de desergao a ausencia illegitima de servigo por quinze dias consecutivos; e por trinta
dias consecutivos para os soldados recrutas no primeiro semestre de praga;
3.a As desergoes posteriores á promulgagao da carta de lei de 21 de julho de 1856, serao
punidas com a pena n'ella imposta sem nenhuma contemplaglo das antecedentes, por isso eme a
lei nao faz distinegao, e genéricamente reprime qualquer d'ellas com a sanegao. penal n'ella de-
clarada;
4,a Os desertores que houverem tambem commettido outros crimes serao prímeiramente jul-
gados nos conselhos de guerra pelos crimes civis ou militares diversos das desergoes; e depois
por éstas nos conselhos de disciplina, quando a pena d'ellas nao estiver impedida ou absorvida
pela sentenga condemnatoria já proferida nos conselhos de guerra;
5.a Finalmente, nos conselhos de disciplina se adoptará o formulario que acompanha e faz
parte d'esta portaría, e vae assignado pelo chefe interino da repartigao militar d'este ministerio.

Formulario para os conselhos de disciplina


que devem julgar os desertores segundo a lei de 21 de julho de 1856,
a que se refere a portaría oom a data de hoje
Mez e anno.
Tal divisao militar.
Logar.
Processo verbal e summario, feito em conselho de disciplina ao réu Fulano de tal, soldado
n.° tantos, de tal companhia, de tal regimentó.
Crime de desergao simples
(ou aggravada.)
Auto do corpo de delicio

Aos tantos ele tal mez do anno do nascimento de Nosso Senhor Jesús Christo de mil... n'esta
cidade (villa ou praga) foi presente ao ill."10 e ex."10 si*, (conforme o tratamento que deva ter a. au-
ctoridade que assignou a nomeagao do conselho) Fulano, commandante de tal regimentó, que Fu-
229

laño, soldado n.° tantos de tal companhia (ou hatería) do regimentó tal, commettéra o crime de
desergao simples (ou aggravada, devendo mencionarse todas as eircumstancias aggravantes ou at-
tenuantes que constem do conselho de investigagao) em tantos de tal mez e de tal anno, da qual
se apresentou (ou foi preso e como o foi) ém tantos de tal mez e de tal- anno, crime punido pela
carta de lei de 21 de julho de 1856, pelo que se fez este auto, para por elle sé proceder ao in-
querito das testemimhas, interrogatorios e final sentenga.
E eu, Fulano, na qualidade de secretario do conselho, o escrevi e assignei.
(Assignatura por extenso do secretario, e. declarando posto e corpo a que pertence, e a quali-
dade de secretario.)
N. B. A este auto seguerse a nomeagao do conselho.

Nomeagao do presidente,
vogaes e promotor para o conselho;de disciplina, que deve julgar o réu fulano,
soldado numero tantos de tal companhia, de tal regimentó
Presidente, teñente coronel.
.. F. . .
!0 inajoí-... F...
Ocapitao... F...
O capitao.. F.. .
O capitSo. . F. .. -

:.
Promotor, o
. .
alferes (ou tenente)..... F. ¡ .

Quartel em,.. tantos de tal méz e de tal anno.


(Assignado o commandante do corpo ou a auctoridade que manda reunir o conselho.)

N. B. Este conselho é cpmposto dos cinco officiaes mais graduados que houver no corpo¿ e na
igualdade de graduagao dos mais antigás,, sendo secretario o mais moderno dos nomeados. Os offi-
ciaes da companhia do aecusado, e os que serviram no conselho de investigagao nao poderao fazer
parte em caso algum do conselho de disciplina, e n'esta caso serao substituidospelos que se lhes se-
guirem em graduagao ou antiguidade. O promotor de justiga perante o conselho será um official
subalterno, nomeado pela auctoridade que mandar congregar o conselho, porém, nunca da compa-
nhia do réu, nem que tenha feito parte do conselho de investigagao. No^cáso do réu nao escolher
defensor para Ihe assistir ao julgamento, ser-lhe ha nomeado pelo presidente do conselho disciplinar.¿
e terá _graduagao igual á do official promotor.
A nomeagao do conselho segue-se o attesiado do livro de registo, que contenha o asstntamento
de praga do réu, com todas as eircumstancias que constarem do mesmo livro, tejido bem especificadas
as que forem concernientes á adpa de que se trata.
Ao attestado do livro de registo segue-se o conselho de investigagao de que trata o artigo 9."
da lei de 21 de julho de 1856, e a este o aviso ao réu como adiante se ve.

Aviso ao réu — Regimentó tal

Fulano. Soldado n. 0 tantos de tal companhia do referido corpo, tem de responder a con-
. .
selhe de disciplina nc dia tantos de tal mez de tal aune, pelas tantas horas, por haver commet-
tido o crime cíe desergae simples (ou aggravada) em tantos de tal mez de tal anno.
Pelo que prepare sua ¿efeza, e nomeará, querendo, defensor e testemimhas no praso de
vinte e quatro horas, e nao tendo, assim o deve ¿eclarar. Intime-se este aviso ao réu, ¿é-se-lhe
unía copia, e passe-se certidao de intimagíío com duas testemimhas que a eleve assignar. Logar
e data.
(a Ftdano)
Posto, secretario.
Entregue este aviso ao commandante do corpo ou á auctoridade que ordenou a reuniao do con-
selho, na conforniidade da lei de 21 dejidho de 1856, elle fará intimar o aecusado por uní official
inferior que no mesmo papel passará a certidao de intimagao do teor seguinte :
Certifico que na presenga das testemimhas abaixo assignadas intimei ao réu Fulano o con-
theúdo n'este aviso, do qual Ihe dei urna copia, e passadas as vinte e quatro horas recebi d'elle
a declaragao de que nomeava para seu defensor o sr. tenente (alferes ou capitao) Fulano. .. (ou
230

que nao tinha a quem nomeasse para o defender) e que nao tinha testemunhas a dar em sua de-
feza (no caso do réu dar testemunhas, declarase na intimacao que as deu, e que constam da rela-
gao. que se segué).
(Assignado< por extenso o encarregado da intimagao com declaragao do posto.)
(Assignatura das testemunhas.)
Ao aviso ao réu segue-se a sessao pública do conselho.

Sessao publica
Aos tantos dias do mez de tal, do anno do naácimento de Nosso Senhor Jesús Christo de
mil... n'esta cidade de.. . (villa) praga, etc.) e sala das sessoes dos conselhos de disciplina,estando
presentes o presidente, vogaes, official promotor (e defensor, se o réu o tiver nomeado), e bem
assim o réu em sua liberdade, se deu principio a ésta sessao publica, e lido o corpo de delicio, e
todas as pegas do processo, se procedeu nos mais termos do mesmo.
E para constar lavrei o presente termo.
(Assignado por extenso)
Fulano
Posto, secretario.
Se réu nao tiver nomeado defensor, o ¡¡residente fará a nomeagao, e o secretario lavrará o
o
seguinte termo em. seguida á abertura da sessao.
Para defensor ¿P réu fpi nomeado pelo presidente o offieial Fulano, que intimado, compare-
cer! e assistiu ao julgamento assignando este termo.
(Assignatura do official defensor.)
Se réu for menor de vinte e cinco annos, aínda que mesmo elle tenha nomeado official para
o
o defender, o presidenta o nomeará curador do réu; se ainda nao tiver escolhido defensor, o pre-
sidente nomeará um official para curador do menor; e em um e oittro caso o secretario lavrará, o
seguinte termo], depois do presidente prestar juramento ao curador nomeado.
E em seguida foi pelo presidente prestado o juramento ao official Fulano, Curador do réu,
e éste, pondo a sua mío- direita nos Santos Evangelhos, juíou bem defender o réu menor, e as-
signou este termo.
(Assignado o official curador.)
.

N. B. Segue-se o inquerito das testemunhas de accusagao, deferindo-se-lhesjuramento.

Assentada
E legp se procedeu á inqiúrigac das testemunhas, pela forma seguinte:
Testemunha 1.a — Fulano (declarándose todos os cargos e officio que tiver) mprador em.
testemunha jurada aos Santos Evangelhos, em que poz suas maos, prometiendo debaixo d'elles ..
dizer a verdade, e só a verdade de tudo que souber e Ihe for jierguntado, que de suaidade disse
ser de. .. annos, estado. . . e-do costume nada. Perguntado pelo conteúdo no auto do corpo de
delicto a fl.... que todo Ihe foi lido, disse. (as testemunhas devem dar rostió de sciencia, isto
..
é, declarar o modo como sabem que o réu commetteu o crime, ou pelo presenciaren!, ou pelo ouvi-
rem dezer, sendo perguntadas por todas as eircumstancias que aggravem ou attenuem a desercao.)
E mais nSo disse; e sendo-lhe lido o seu depoimento P aclicu conforme, e assignou com o
official interrogante. E en, Fulano, secretario do conselho, o escrevi.
(Assignatura da testemunha.)
(Asssignatura do official interrogante.)
Testemunha 2.a — Segue-se o mesmo que na 1.a, etc.
Se. nao forem inquiridas n'esta primeira sessao todas as testemunhas, ficará o resto para a
outra, de cuja abertura se fará o competente termo, logo em seguida ao depoimento da ultima tes-
temunha da maneira seguinte, advertindo que os depoimentos sao sempre assignadospela testemunha
e pelo official interrogante.
Segunda sessao publica
Aos tantos dias do mez de tal do anno do naseimento de Nosso Senhor Jesús Christo
de mil... n'esta cidade de. (villa, praga, etc.) e sala das sessoes dos conselhos de disciplina,
. .
231

estando presentes o presidente, vogaes, officiaes, promotor e defensor (e curador se o réu for
menor) e bem assim o réü em sua liberdade, se deu principio a esta segunda sessaío publica,
sendo perguntadas as testemimhas seguintes, é proseguindo-se nos demais termos do processo.

(Assignado •por extenso)
. . Fulano
Posto, secretario.
Assentada
E logo se procedeu á inquiricao das testemunhas peía forma seguinte:

Testemunlia tal— O inquerito é feito do mesmo modo que ñas-já inquiridas.


E logo n'ésta niesma sessao (ou sendo na seguinte, em sessdo do dia tantos de tal mez, de tal
anno, que se¡ continuou n'este conselho) se passou aos interrogatorios do accusado. Perguntado 0
réu como se chamava.; de queni era filho; de onde era natural; que idade tinha; qual era o seu
estado e occupacao, e se estava pago dos seus vencimentos a par dos seus camáradas do mesmo
corpo? Responden... (Deveni mencionarse^ donwsmo modo que no depoiménto das testemunhas,
cóm toda a clareza, as respostas sobre cada urna das perguntas.) Perguntado eniquanto á culpa?
Respondeu.. . (Meneionám-se igualmente as suas respostas, efazemse-lheperguntas sobre todas as
circumstancias que aggravem ou atténuem a desergao.) Pergürítado se tinha algunia eousa que di-
zer ou allegar em Sua defeza? Respondeu».. (Declarante tambem as respostas minuciosa-
mente.)' ::_:'(. - '- ,:. .-! •..:: v; \¡---; :: --->'- '•
N. B. No caso do réu ter apresentado testemunhas de defezáy pratica^sé a réspeito d'estás si*
milhanteménte ao que se fez com as da accusagao, continuando-depois ó processodo seguinte modo,
adveHindo que estas testemunhas devem inquerirse aos pontos de defeza apreseñtadospelovéu, é
para prova dos qucces elle as offereceu.
Em seguida, onvido o promotor e defensor, e feito o relatorio do processo, se px-ocedeu á
votacao, e recolhidos os votos se proferiu a seguinte: '

Sentenca •
i-

Vendo-se n'esta cidade de.. (villa, fraga, etc.) o processo verbal e summario feito ao réu
Fulano, soldado n.° tantos de tal .companhia (ou batería), de tal regimentó, auto de corpo de de-
licio, depoiménto das testemunhas sobre elle inqueridas, e interrogatorios feitos ao réuy decidiu
o conselho de disciplina, por unanitnidade de votos (ou por pluralidade de votos) que se acha
provado o crime de deserclo pelo réu, commettido em tantos de tal mez, de tal anno, no regi-
mentó tal, como se mostra pelos depoimentos das testemunhas a fl. . . (no caso do conselho nao
achar provado, assim o deve declarar, citando os motivos em que se funda, declarando tambem se
se provam as circumstancias aggravantes ou attentiantes, quandb hajam). Julgam o réu incurso no
artigo ... da lei de 21 de julho de 1856 que diz.. (Transcreve-se o artigo da lei, é quando se
.
provar alguma circumstancia aggravante ou attenuante, se transcreverá tambem o artigo cía lei que
a menciona). Condemnam, portante, o réu em tantos annos de servigo na África occidental (na
África oriental ou nos estados da India, conforme o delicio e suas circumstancias).
Sala das sessoes do conselho de disciplina, em tal logar aos tantos de tal mez e aiino.
(Assignado o presidente e vogaes do conselho com o seu nome por extenso, declarando o posto
e corpo a que pertencem. As assignaturas devem comecar pela do presidente, e seguirem-se as dos
=
vogaes, segundo a graduacao e antiguidade). Fui presente (Assignatura do promotor).
N. B. Se a desergao se nao provar, a conclusao da sentenqa será: «portanio,jxdgando nao pro-
vada a desergao, absolvem o réu», e «mandam que seja solto-n.
Adverte-se que na hypothese de se nao provar a desergao, o réu Jica logo soltó, aínda mesmo
que o promotor de justica recorra para o supremo conselho dejustiga militar.

Intimagao.
Foi esta sentenca publicada e intimada ao réu e ao promotor, e os fiz scientes de que po-
dem recorrer para o supremo conselho de justica militar, dentro do praso de tres días, a contar
de hoje, tantos de tal mez e tal anno.
(Assignatura do promotor e do réu, e quando este nao saiba escrever, do defensor ou curador.)
(Assignado por extenso)
Fulano
Posto, e secretario.
232

No caso do réu, ou por elle o seu defensor, ou ó'-promotor recorrerem da sentenga, se lavrará
uvi temió em que se mencione o recurso interposto, que será assignadopelo recórvente, e escripto
pelo official secretario, como todos os mais termos do processo, e depiis o presidente fechará o pro-
cesso, e o remetiera ao secretario do supremo conselho de justiga militar. Se passado o praso de tres
dias, néní o réu, ou por elle o seu defensor, nem o promotor de justiga tiverem recorrido, o secre-
tario lavrará oiitro termo, em que declare ter passado o praso de tres dias, e que finólo elle se nao
recorren da sentenga, e o presidente entao enviará o processo á auctoridade que mandou convocar o
conselho, visto ter passado a sentenga em julgádo.
N. B* Que no caso de nao haver recurso, ou mesmo quando O 7iaja, em seguida a elle, o se-
cretario lavrará o seguinte termo com o qüal conclue o processo.
E contém este processo tantas meias folhas de papel, que todas por üaim vao numeradas e
rubricadas com a minha rubrica — tal—.
(Assignado por extenso)
Fulano
Posto, e secretario.
1858
Porlana de 27 de abril de 1858

Pedindo 0 governador geral da provincia de Cabo Verde, Antonio María Barreiros Arrobas,
ém officio de 9 de dezembro ultimo, n.° 445, se declare se em vista do disposto no decreto do
1.° de outubro de 1856, os juizes de direito so devem servir de auditores nos conselhos de
guerrai que se fizerem ñas cabegas das respectivas comarcas, ou tambem nos julgados em que
residirem, e se mesmo em alguin Conselho de guerra de maior importancia, que se faga nos
outros julgados, poderao ser mandados para irem ali servir de auditores: Sua Magestade El-Rei-,
tendo eín consid'eraglo a consulta do conselho ultramarino de 21 do corrente mez de abril,
manda, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, declarar ao novo governa-
dor geral da dita provincia que em regra os conselhos de guerra déverSo ser feitos nos logares
onde residirem os juizes de direito, excepto quando circumstancias especiaes exigirem o contra-
rio; na intelligencia de que em todos os conselhos que se fizerem em logar onde esteja o juiz.
de direito, dentro da respectiva comarca, deve o mesmo juiz ser auditor, sem que poróm o go-
vernador geral da provincia possa ordenar aos juizes que se transfiram de um logar para outro
para o servigo de auditores.
Decreto de 6 de maio de 1858

Sendo conveniente estabelecer a regra pela qual os vogaes supplentes do supremo conselho
de justiga militar, na secgao de marinha, devem ser chamados a substituir os vogaes effectivos:
hei por bem determinar que na falta de qualquer vogal effectivo exerga as suas fnnegoes aquelle
dos vogaes supplentes que, nao se adiando empregado em commissSo activa, tiver maior gra-
duagao., ou em igualdade de graduag.So aquelle que for mais antigo.
O visconde de Sá da Bandeira, par do reino, ministro secretario d'estado dos negocios
e
da marinha e ultramar, assim o tenha entendido e faga executar.

Décreío de 15 de maio de 1858

Querendo solemnisar a epocha do meu real consorcio com uní acto de clemencia tao ampio
quauto- seja compativel com a disciplina do exercito: hei por bem, exercendo urna das attribui-
goes do poder moderador, e tendo ouvido o conselho d'estado, decretar o seguinte:
Artigo 1.° É concedida amnistía para os crimes:
1.° De desergSo simples ou aggravada, por alguma das circumstancias mencionadas no ar-
tigo 5.° da carta de lei de 21 de julho de 1856, commettidas por pragas de pret do exercito,
depois :de haverem concluido o seu tempo de servigo.
2.° De priineira e segunda desergao simples ou aggravada pela subtraegao ou descaminho
de objectos da fazenda, commettidas por pragas de pret do exercito, anteriormente á mencio-
nada carta de lei de 21 da julho de 1856.
3." De desergao simples ou aggravada por subtraegao ou descaminho de objectos da fazenda,
commettidas por pragas de pret do corpo de niarinheiros da armada real e do deposito de ex-
tincto batalhao naval.
233

4.° De crimes de primeira e segunda desergao simples, ou aggravada por subtraegao ou


descaminho de objectos da fazenda, commettidos por pragas de pret das guarnigoes das provin-
cias ultramarinas.
§ único. Os processos instaurados pelos ditos crimes ficam de nenhum effeito, e n'elles se
pora perpetuo silencio. Os réus qué estiverem presos serao soltos, se por outra causa nao deve-
rem ser conservados em custodia.
Art. 2.° Só poderá aproveitar esta amnistía aos desertores que se apresentarem dentro de
dois mezes no reino, de quatro ñas ilhas adjacentes, de seis no ultramar, contados, quanto ao
reino e ilhas adjacentes, desde a data em que este decreto for publicado na ordem do exercito
ou annada, e quanto ao ultramar, desde o dia em que for publicado na capital da provincia.
Os ministros e secretarios d'estado dos negocios da guerra e da marinha e ultramar o te-
nham assim entendido e fagam executar.

Decreto de 2 de junlio de 1858

Em harmonía coina auctorisagao concedida ao governo pelo artigo 22.° da carta de lei de
18 de julho de 1855, foram mandadas appliear por este decreto ás provincias idtramarinas,
convenientemente modificadas, as disposigoes da dita lei, que diziam respeito á ordem do pro-
cesso criminal e a outros objectos, alt estabelecidas para o continente do reino e ilhas adjacentes.

Aviso de 10 de jullio de 1858j dirigido ao commándánteem ebefe interioo do exercito

Sua Magestade El-Rei, a quemfoi presente o offieio expedido pela 2-? seegSo da repartigao
central na data de 23 de junho ultimo, relativo aos processos de conselhos de disciplina feitos
ás pragas incorrigiveis: ha por bem approvar o modelo que incluso se envía a v. ex¿a, a fim de
que, segundo elle, sejam formulados os referidos conselhos; o que de ordem do mesmo augusto
senbor communico a v. ex.a para os devidos effeitos.

Formulario para os oonaelhos de disciplina que devem julgar os incorrigiveis,


segundo o regulamento para a execucao da lei de 14 de julho de 1856
Mez e anno.
Tal divisao militar. .
Logar.

Processo verbal e summario, feito em conselho de disciplina ao réu Fulano, soldado n.° ...
da companhia de ... regimentó ou batalháo.
...Crime
— incorrigibilidade.
Auto

Aos tantos de tal mez do auno do nascimento de Nosso Senhor Jesús Christo de mil . . .
n'esta cidade de (villa ou praga de) foi presente ao ill.m0 e ex.mo sr. (conforme o tratamento do
commandante do regimentó ou balalkao) Fulano, commandante do regimentó ou batalháo, o
...
relatorio feito pelo sr. Fulano, capitao (ou o posto que tiver) commandante da companhia ou
...
batería do mesmo corpo, aecusando o soldado Fulano, n.° da referida companhia ou bate-
...
ría, de ter perseverado no commettimento de faltas ou transgressoes de disciplina, sendo mais
de tres nos últimos doze mezes; a saber (mencionam-se as transgressoes praticadas pelo aecu-
sado); as quaes foram punidas com as penas mencionadas no regulamento de 30 de setembro
de 1856, para execugSo da carta de lei de 14 de julho do dito anno, propondo-o por isso para
ser julgado incorrigivel, em conformidade do disposto no capitulo y do citado regulamento. Pelo
que se fez este auto, para por elle se proceder ao inquerito das testemunhas, interrogatorios e
final opiniSo do conselho disciplinar.
E eu Fulano, na qualidade de secretario, o escrevi e assignei.
(Assignatura por extenso declarando o posto e corpo a que pertence.)
N. B. A este auto segue-se a nomeagao do conselho.
30
234

Nomeagao do presidente,
Vogaes e promotor para o conselho de disciplina que deve julgar o réu fulano, soldado n.°
de tal companhia ou bateria de ... regimentó ou batalháo ...
Presidente, o tenente coronel.. F...
[O major.
.. F... .

Yogaés... Pcapitao,.> F...


& O capitao... F. .-.
[O capitáo... F...
;

... F. ..
.
Promotor, o alferes (ou tenente)
Qüartel em tantos de tal mez e tal anno»
, ¡ .
(Assignado o commandante do corpo.)
Ñ. B. Este conselho é composto dos cinco ojjiciaes mais graduados, e naigualdade de graduad-
gao dos mais antigás, sendo secretario o mais moderno dos ñomeados.. . Qs ofjkiáes da Companhia
do aeetcsado nSp poderao fazer parte em caso algiím do conselho de disciplina, sendo substituidos
pelos que se Ihe seguirem em graduagao ou antigiddade. O promotor de justiga perante o conselho
será um official subalterno, nOmeado pela aúctoridade que mandar congregar o conselho•ipovémy
nunca da companhia do réu. No caso do réu nao escolher defensor para Ihe assistir ao jülgamento,
ser*lhe-ha nomeado pelo presidente do conselho um official de graduagao igual á do official pro*
motor.
A ñomeagao do conselho ségüése o relatorio do commandante dá companhia; este relatorio
deve ser cirCumstanciadb, especificando as causas por que considera o réu como incorrigivel pelos
meios ordinarios de punido, e ser-lhes-Jia pinta urna relagao deiestemunhqspara prona das faltas
ou transgressoesi disciplinares de que é aecusado o réu.
Ao relatorio do commandante da companhia segue-se o attestado do livro de registo, que con*
tenha o assentamento de pvaga do réu, .com todas as circumstancias que constarem do mesmo livro,
e urna nota ailthenticá do livro de prisoes e castigos, assignados ambos estes documentos pelo com-
mandante do corpo
A esta nota do livro de castigos segue*se o aviso ao réu.

Aviso ao réu

Regimentó ou batalhSo Fulano, soldado n.° da ... companhia do referido corpo


...
. . .
tem de responder a conselho de disciplina no dia . .. do mez de ... do anno . . . ¡jelas .
horas, em consequencia de haver sido aecusado como incorrigivel pelo seu commandante. de.
companhia no relatorio apresentado em data de (descrevem-se em seguida todas as
. •. porque
transgressoes e mais circiimstancias mencionadas no relatorio).
Pelo que prepare sua defeza, e norneará, querendo, defensor e testemunhas no praso de
yinte e quatro horas, e nao tendo assim o deve declarar.
Intime-se este aviso ao réu, dé-se-lhe urna copia, e passe-se certidao da intimaglo com duas
testemunhas que a devem assignar.
Logar e data.
(Assignado)
Fulano
Secretario.

N. B. Entregue este aviso ao commandante do corpo, elle faró, intimar o aecusado por um
official inferior, que no mesmo passará a certidao de intimaqao pela forma seguinte:
Certifico que na presenga das testemunhas abaixo assignadas intimei o réu Fulano do con-
teiido n'este aviso, do qual Ihe dei urna copia, e passadas as vinte e quatro horas, recebi d'elle
a declaragíío de que nomeava para seu defensor o sr. alferes ou tenente Fulano (ou nao tinha
a quem nomear defensor), e que dava como testemunhas da sua defeza os individuos constantes,
da relagao junta (no caso do réu nao dar testemunhas, assim se deve declarar).
Logar e data.
(Assignatura das testemunhas.)
(Assignado por extenso o encarregado da intimagao, com declaragao do posto.)

N. B. Ao aviso do réu segue-se a sessao publica do cohselho.


235

Sessao publica
Aos tantos dias do mez de
... do anno de mil
. .. n'esta cidade de (villa ou praga de) e
sala das sessoes do conselho de disciplina, estando presentes o presidente, vogaes, ofiícial pro-
motor e defensor (este só se mencionará quando o réu o tiver nomeado) e bem assim o réu em
sua liberdade, se deu principio a esta sessao publica, e lido o auto, relatorio, e todas as pegas
do processo, se proceden ao inquerito das testemunhas de accusagao, e aos mais termos do
processo.
E para constar lavrei o presente termo.
(Assignado por extenso)
Fulano,
Posto, secretario.
Ñ. B. Se réu nao tiver nomeado defensor, o presidente fiará a nomeagao, e o official secre-
o
tario lavrará o seguinte termo, em seguida ao dá abertura da Sessao.
Para defensor do réu foi nomeado pelo presidente o official Fulano, que intimado compa-
reeeu e assistiu ao julgamento, assignándo este termo.
(Assignado por extenso)
Fxilano,
Posto, defensor
Ñ. B. Se o réu for menor de vinte e cinco annos, üinda mesmo que elle tenha nomeado official
para o defender, o presidente nomeará ó mesmo official curador do menor; e se ná"o tiver escolhido
defensor, o presidente nomeará um official para curador do réú; em um e outro caso o official
secretario lavravrá o seguinte termo, depois do presidente prestar juramento ao curador nomeado.
Em seguida foi pelo presidente prestado juramento aos Santos Evangelhos ao official Fu-
lano, nomeado curador do réu, e aeceito pelo curador o juramento, prometteu bem defender o
réu menor, e assignou o termo de curadoría.
(Assignado por extenso)
Fulano,
Posto, curador.
Segue-se o inquerito das testemunhas de accusagao, deferindo-lhes o presidente o juramento.

Assentada
E logo se proceden á inquiricao das testemunhas da culpa pela forma seguinte:
Testemunha 1.a — Fulano (declarando-se-lhe todos os cargos e oficio que tiver) morador
em ... testemunha jurada aos Santos Evangelhos em que poz a sua mao direita, prometiendo
debaixo d'elle dizer a verdade, e só a verdade de tudo que souber e Ihe for perguntado; que
do sua idade disse ter
... annos, estado ..., natural de .. ., e do costume nada.
Perguntado pelo conteúdo no auto e relatorio a folhas .. que todo Ihe foi lido, disse . . .
.
(as testemunhas devem dar rasao de sciencia, isto é, declarar como sdbem que o réu commetteu as
faltas de que é aecusado, ou pelo presencearem, ou pelo ouvirem dizer, devendo ser perguntadas
por todas as circumstancias que aggravem ou atteñuem similhantes fiedlas).
E mais nao disse, e sendo-lhe lido o seu depoiménto, o achou conforme e assignou (ncio
sabendo escrever assignará de cruz) com o official interrogante; e eu Fulano, secretario do con-
selho, o escrevi.
(Assignatura do official interrogante.)
(Assignatura da testemunha.)
Testemunha 2.a — N. B. Segue-se o mesmo que naprimeira e em todas as mais. Se nao fiorem
inquiridas n'esta primeira sessao todas as testemunhas, continuará a inquirigao na sessao seguinte,
na qual se lavrará termo de abertura, como abaixo se declara.

Segunda sessao publica .

Aos dias do mez de


... do anno de mil n'esta cidade de ... (villa ou praga) e
...
. ..
sala das sessoes do conselho de disciplina, estando presentes o presidente, vogaes, officiaes,
236

promotor, defensor e curador (quando o haja), e bem assim o réu em sua liberdade, se deu
principio a esta segunda sessao publica, progredindo-se no inquerito das testemunhas da culpa,
e nos demais termos do processo.
(Assignado por extenso)
Fulano,
'- Posto, secretario.

Ñ. B. Similhantemente se pratica, quando em qualquer occasicto tem por gualquer motivo de


se interromper o processo.

Assentada
Elogo se procedeu á inquirigao das testemunhas pela forma seguinte:
Testemunha. . 3.a ou etc.:—Ñ. B. O inquerito continúa do mesmo modo para todas as íes-
temunhas, como já se. acha indicado.
Conclúindo o inquerito das testemunhas da accusagao passa-se aos interrogatorios pela forma
seguinte:
Perguntado réu pelo seu nome, filiagao, naturalidade, idade, estado e occupagao?
o
Respondeu
... (Devem mencionarse com clareza as respostas que o réu der a cada urna
d'estas perguntas.)
Perguntado quanto á culpa?
Respondeu (Mencionamse igualmente as respostas, e fazem-sé*lhe perguntas sobre todas
. . .
as circumstancias das faltas commettidas pelo réu, que estwerem declaradas no relatorio do com-
mandante da companhia e sobre a maneira por que as differentes transgressoes foram castigadas,
tempo em que tiveram logar, etc.)
Perguntado se tinha alguma cousá que dizer ou que allegar em sua defeza?
Respondeu ... (Declaram-se tambem as respostas minuciosamente.)
E lido o interrogatorio ao réu, o achou conforme e assignou com o official interrogante.
(Assignatura do official interrogante.)
(Assignatu/ra do réu, que será de cruz, se nao souber escrever.)

N. B. Se o réu for menor, o interrogatorio será sempre assignado pelo official curador.
No caso do réu ter apresentado testemunhas de defeza, pratica-se a respeiio d'estas similhan-
temente ao que se fez com as de accusagao, advertindo-se, porém, que estas testemunhas devem inqui-
rirse aos pontos da defeza apresentados pelo réu, e para prova dos quaes elle as offereceu.
Em seguida foi ouvido o promotor e o defensor ou curador, procedeu-se á votagSo, e reco-
lhidos os votos se lavrou a seguinte

Deeisao do conselho
Vendo-se n'esta cidade de (villa ou praga) o relatorio feito em do mez de do
... ...
anno de mil ... por Fulano .. ., capitao (ou o posto que tiver) commandanteda ... companhia
...
(ou batería) do regimentó (ou batalháo), accusando de perseveranga no commettimento de
.. .
transgressoes de disciplina ao soldado Fulano, n.° .. . da mesma companhia e corpo, testemunhas
sobre elle inquiridas, interrogatorios feitos ao réu, e mais pegas do processo, foi o conselho de
disciplina de opiniao por unanimidade de votos (ou por pluralidad^ de votos, segundo se vencer)
que o réu se acha incurso nos artiges 42.° e 43.° do capitulo v do regulamento de 30 de setem-
bro de 1856, para a execugSo da carta de lei de 14 de julho do mesmo anno, porquanto
.. .
(deve declararse quaes os fundamentos que ha para o réu ser classificadoincorrigivel, mencionando
a prova produzida a cada urna das transgressoes que se indicam no relatorio) . . . e por isso jul-
gam o mesmo réu incorrigivel.
Sala das sessoes do conselho de disciplina, em tal logar, aos tantos de tal mez, de tal anno.

(Assignados segundo as suas graduagoes os


membros do conselho, sendo primeiro o
presidente, declarando todos os postos.)
Fui jiresente. Fulano, promotor.
N. B. No caso do conselho ser de opiniao que o réu nao deve ser julgado incorrigivel, assim
o deve declarar na sua deeisao, especificando circumstanciadamente os motivos em que se funda.
Quando houver maioria e minoría, os vogaes d'esta ultima opiniao poderao assignar<—vencido..
237

Se a praca julgada incorrigivel já tiver completado o tempo a que segundo a lei era obrtgada
a servir, o conselho em seguida á sua deeisao, e antes da data, fiará esta declaragao: aUltimou o
tempo de servigo em tantos de tal mez, de tal anno» (vide circular do commando em chefe do exer-
cito de, 28 de agosto de 1857).
A deeisao do conselho segue-se a intimagao.

Intimagao
Foi esta deeisao publicada e intimada ao aecusado, e o rlz sciente de que o seu processo
vae ser remettido ao ministerio da guerra pelas vias competentes.
(Assignado por. extenso)
Fulano,
Posto, secretario.
E contera este processo tantas meias folhas de papel, que todas por mim vao numeradas e
rubricadas com a minha rubrica — tal.
(Assignado por extenso)
Fulano, ,

Postó, secretario.
Ñ. B. O processo assim concluido será pelo presidente do conselho entregue ao commandante
do corpo, o qual com a sua opiniao exarada no mesmo processo o remetiera ao da divisao,, e eiste
segundo a ordem hierarchica ao ministerio da guerra, a quem compete confirmar ou nao a deeisao
do conselho, que só depois de tal conjirmagao produzirá ejfeito.

Portaría de 27 de julho de 1858

Representando o auditor geral da marinha, pelo seu officio de 26 do corrente, que devendo
ter logar no dia 29 tambem do corrente o julgamento do réu Antonio José Joaquim, aecusado
dos crimes de homicidio e de ferimentos graves, e nSo tendo este réu defensor por nao possuir
meios para o constituir, nem assistindo ao tribunal do conselho de guerra a faculdade de Ih'o no-
mear ex officio, como se pratica nos tríbunaes civis, muito conviria obviar com prompto remedio
á situagao desvalida, nao só do réu em questSo como todos os mais da marinha militar, ém idén-
ticas circumstancias, lembrando, como medida provisoria, que fosse nomeado um official da ar-
mada para defensor dos réus, á imitagao do que análogamente se observa no exercito : manda
Sua Magestade El-Rei, pela secretaria d'estado dos negocios da maiinha e do ultramar, partici-
par á majoria general da mesma armada, para os devidos effeitos, que ha por bem determinar
que, sempre que se dé o julgamento dos réus de marinha, e que estes nao possam constituir os
seus defensores em juizo, a majoria general encarregará da dita defeza um official da armada,,
que para tal fim julgar com as necessarias habilitagoes, nomeando desde já o que deve servir,
no processo do réu Antonio José Joaquim, a que allude o auditor geral da marinha.

Aviso de 21 ¡le a¡|ostü de 1858, dirigido ao eomuiiuidante em clicfe interino do exercito

Sua Magestade El-Rei, tomando em consideragao o expendido no officio d'esse commando


em chefe do exercito, expedido pela 2.a secgao da primeira repartigao, na data de 8 de' se-
tembro do anno próximo passado, e relativo ao modo pelo qual devem ser consideradas as pra-
gas aos soldados que, tendo-se alistado voluntariamente, desertarem depois urna ou mais vezes,
e se acham novamente nos rospectivos corpos, por ter sido castigadas segundo a ordenanga de
9 de abril de 1805: ha por bem determinar, em harmonía com as disposigoes do titulo ix da ci-
tada ordenanga, que as pragas desertadas urna só vez nSo percam a qualidade ou consideragao
de voluntarias em que se alistaran!, visto que apesar de desertoras sao consideradas como pragas
effectivas emquanto dura o cumplimento da sentenga, sendo como taes abonadas pelos corpos a
que pertencem, e sujeitas á sua disciplina; perdendo, porém, a qualidade de voluntarios os sol-
dados que mais de urna vez desertaram, porquanto foram excluidos das pragas effectivas desde
o dia em que passaram a cumprir sentenga, tendo assentado novamente praga e prestado novo
juramento, perdendo por conseguinte a qualidade de voluntarios, que era inherente ao seu pri-
meiro alistamento, e que com elle caducou.
O que de ordem do mesmo augusto senhor communico a v. ex." para os devidos effeitos.
238

Portaría de 30 de agobio de 1858

Tendo ogovernador geral da provincia de Cabo Verde, em officio de 19 de Janeiro ulti-


mo, n.° 36, pedido que se Ihe declarasse se os militares que passam da Guiñé para o archipelago
homens livres, para os reduzirem á escravidao, gosam de privilegio do fóro, ,e igualmente que se
estabelegam penas aos fímccionaríos judiciaes e do ministerio publico que demúrarem os respe-
ctivos processos crimes: Sua Magestade El-Rei, attendendo a que o crime mencionado nao pode
deixar de ser considerado crime do trafico, segundo o declarado no artigo 1.° do tratado de 3 de
julho dé 1842, confórmando-se com o parecer do conselho ultramarino, em consulta de 17 de
agosto corrente, manda, pela secretaría d'estado dos negocios da marinha e ultramar, declarar
áo dito governador que oS officiaes gosam do privilegio de foro militar senrpre que ao tempo em
que commetterem o crime, estejam fóra da classe das auctorídades e mais empregados de que
tratain os decretos de 10 de dezembro de 1836, 14 de setembro de 1844 e 13 de dezembro de
1854 i.

Oflkio do commandante em chefe do excrcüo de 16 de setembro de 1858

As pragas que foremjulgadas incorrigiveis, devem ser conservadas em custodia até que baixe
a cóñfirmaglo do respectivo conselho de disciplina e que se Ihes confira guia para o deposito dis-
ciplinar.

Carta de lei de -II de Janeiro de 185!)

D. Pedro, por graga de Deus, Reí de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a todos
os nossos subditos, que as cortes geraes decretaram e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° O artigo 1189.02 da novissmia reforma judiciaria será applicavel aos réus militi-
res julgados militarmente em segunda instancia.
Art. 2." Fica revogado o artigo 10.° do decreto de 9 de dezembro de 1836 e a demais
legislagao em contrario.
Mandamos, portante, a todas ás auctorídades a quem o oonhecimento e execugao da referida
lei pertencer, que a cumpram e fagam cumplir e guardar tao inteiramente como n'ella se con-
tení.
0 ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, encarregado interina-
mente dos negocios da guerra, a faga imprimir, publicar e correr.

1 No artigo 7.° do decreto de 14 de setembro de 1844 estabelcce-se o seguinte :


Os donosda embareacao, julgada boa presa, seus correspondentes e mais individuos envolvidos no trafico
da escravatura, nao eomprehendidos na embareacao, e bem assim as auctorídades e mais empregados especifica-
dos no decreto de 10 de dezembro de 1836, serao igualmente processadospelas justieas ordinarias competentes e
sentenciados em primeira instancia pelo juiz de direito da respectiva comarca, com appellacao para a relacao de
Lisboa.
No artigo 1." do decreto de 13 de dezembro de 1851 le-se o seguinte:
O artigo 7." do decreto com forca de lei de 14 de setembro de 1844, que declara competentes as justieas
ordinarias para a formacao da culpa e julgamento final das auctorídades e mais empregadosimplicados no crime
de trafico de escravatura, especificados no decreto de 10 de dezembro de 1836, é applicavel a todas essas aucto-
rídades e empregados, sem dístincQáo alguma ou elles sejam da classe civil ou da militar, em todo o caso o pro-
cesso preparatorio deve ser formado pelos juizes do logar, julgado em primeira instancia pelo juiz de direito, e
em segunda pela relaclo do distrieto.
As auctorídades e empregados especificados no decreto de 10 de dezembro de 1836, eram : governadores ou
auctorídades jjrineipaes que as vezes d'elles fizessem em qualquer territorio dos dominios portuguezes, auetori-
dade superior das alfandegas e empregados d'ellas, cónsules e viee-consules, omissos ou negligentes no cumpli-
mento das obrigacoes impostas no mesmo decreto.
2 Que diz : Os réus presos nunca serao eompellidos a acompanhar o processo á segunda instancia, salvo se
o requeretn, sujeitando-se a ir com a neeessaria seguranca e a pagarem a sua custa as despezas que se fizerem
no transito.
239

Officio de 1 de marco de 1859, dirigido a José Alcmáo de Mendonca Cisneiros c Faria

Apresentei a s. ex.a o ministro e secretario d'estado d'esta repartigao o officio que em data
de 25 do mez ultimo me dirígiii, indicando as providencias que jülga acertadas para a formagao
dos conselhos de investigagao para servirem de titulo ás notas de desergao das pragas do depó<-
sito de contigentes para o ultramar que se ausentarem sem licenga, e o mesmo ex.mo sr., coñfor-
mando-se com a opiniao de v. s.a a simühante respeito, determina que, pela majoria general da
armada, se ordene a formagao dos referidos conselhos de investigagao para o indicado fim, e bem
assim o conselho de disciplina, quando qualquer desertor se aprésente ou seja preso e o contin-
gente a que pertencer nSó tenha partido para o seu destino; tendo, porém, o contingente par-
tido já, deverá o desertor ser remettido na primeira occasiSo para a provincia do ultramar a que
perteneia o contingente em que tinha praga, a fim de ali ser julgado na conformidades da lei.

i\a carta de lei de 16 dealtril de 185D, encontrase o seguinte:

Artigo 16.° O governo é auctorisado a abonar os véncimentos dé primeiro sargento de in-


fanteria até ao numero de seis individuos, pragas de pret do exercito ou paisanos, para frequen-
taran as escolas medico-cirurgicas com destino a facultativos militares.

Aviso de 18 de abril de 1859, dirigido ao commandante em chele interino do exercito

Sua Magestade El-Rei, a queni foi presente o officio expedido pela 2.a secgSo da repar-
ticao central, em 9 do corrente mez: ha por bem determinar que as notas por faltas que nao
sejam consideradas graves, na conformídade do que dispoe o artigo 3.° do regulamento discipli-
nar de 30 de setembro de 1856, nao inhabilitam o uso do distinctivo de que trata o § 13,° do
artigo 21.° do plano publicado na ordem do exercito n.° 50 de 2 de oütubro de 1848.
O que de ordem do mesmo augusto senhor communico a v. ex.a para os devidos effeitos.

Carta de lei de k de julho de 1859

Foi por ella abolido o commando em chefe do exercito, e estabelecido que em casos de
guerra ou rebelliíio o poder executivo podosse restabelecel-o *.

1 O commando em chefe do exercito datava do meiado do seculo passado, com algumas interrupcoes; exer-
ceram-n'o os seguintes individuos :
1.° Sua Alteza o conde reinante de Schaumbourg Lippe, nomeado marechal general dos reaes exercitos por-
decreto de 3 de julho de 1762, e encarregado do governo das armas de todas as tropas de infantería, eavallaria,
dragues, artilheria e director geral de todas ellas, para ejercitar estes importantes empregos em toda e qualquer
parte d'estes reinos, com toda plenajurisdiecáo que competía aos ditos empregos.
2.° General duque de Lafócs, nomeado mareclial general dos reaes exercitos por decreto de 13 de maio de
1791.
Por decreto de de 1800 foi nomeado o tenente general ao servico de El-Rei de Dinamarca, conde
1 de julho
de G-oltz, mareehal dos reaes exercitos e encarregado do governo das armas de todas as tropas em toda e qual-
quer parte dos reinos, para o exeveitar dehaixo das ordens do duque de Lafoes. Este foi dispensado interinamente
do commando do exercito por decreto de 23 de julho de 1801.
3." Marechal conde de Goltz, nomeado para o dito commando no dito decreto de 23 de julho de 1801.
Por decreto de 2 de novembro de 1801 foi nomeado marechal dos reaes exercitos o general de eavallaria ao-
servico
. do imperador da Kussia conde de Yiomenil, Joseph Jacinto, e encarregado do governo das armas de to-
das as tropas em toda e qualquer parte d'estes reinos.
4.° Tenente general ao servico de Sua Magestade Britannica GuilhermeCarr Beresford, nomeado marechal
dos reaes exercitos por decreto de 7 de marco de 1809 e encarregado do commando em chefe das tropas d'este
reino, para o exereitar com toda a jurisdiegao que como tal Ihe competía, na eonformidade das leis e regulamentos
militares.
Na ausencia para fóra do reino do mesmo Beresford, já entao mareclialgeneral e marquez de Campo Maior,
foi encarregado pela ordem do dia 20 de junho de 1818, do commando interino do exercito o tenente general
Francisco de Paula Leite, que o dcixou em o de mar§o de 1819, por ter regressado a Portugal o mesmo mareehal
general; e tornando este a ausentar-se do reino voltou a tomar o commando interino do exercito o referido te-
nente general Leite, cm 4 de abril de 1820.
240

N'outra carta de lei da mesma data se estabelecem as penas em que incorrem aquelles que
commetterem os crimes ali especificados com respeito á fabricagSo ou falsificagao de moeda na-
cional ou estrangeira, metallica ou de papel, de papéis de crédito publico ou de notas de qual-
quer banco ou estabelecimento legalmente auctorisado para a einissae d'ellas; se designam os
termos e recursos do processo que tem de seguir-se no julgamento de taes crimes pelos juizes
de direito com intervengao dos jurados, e se definem os requisitos qué estes devem ter e como
h!o. de ser apurados.
Para regular a execugao d'esta lei foi decretado o competente regulamento em data de 4 de
agosto de 1859.

Portaría de 9 de junho de 1859

Havendo representado o juiz relator do supremo conselho de justiga militar, em officio de 7


do corrente, sobre a necessidade de ser quanto antes nomeado um curador dos réus menores,
para servir na sécgaó da marinha d'aquelletribunal, a fim de poderem ter següimento os niuitos
processos que se acham demorados pela falta de defensor dos mesmos réus: manda Sua Mages-
tade El-Rei, pela secretaría d'estado dos negocios da'marinha e ultramar, que a majoria general
da armada nomeie um official da mesma armada para ir provisoriamente exercer as fimcgoes de
curador no sobredito tribunal, até ulterior determmaeao.

Portaría de 16 de jnnhü de 1859

Sua Magestade El-Rei, a qüem foi presente o officio da majoria general da armada de 27
dé maio findo, dando conhecimento da representagao que aquella repartigao dirigiu o comman-
dante do corpo de marinbeiros da mesma armada, em que expoe a conveniencia de ser abonada
alguma quantía mensalmente para vestuario ás pragas do dito corpo, sentenciadas a servir por
um determinado tempo a bordo dos navios de guerra, e que téem direito á ser-lhes fornecido
algum vestuario: manda, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, participar
á inesma majoria general que, reconbecendo a necessidade de providenciar a simühante respeito,
ha por bem determinar:
1.° Que a cada urna das pragas de marinhageni, sentenciadas a servir nos navios de guer-
ra, sem veueimento de soldó, se abone o fardamento preciso até á importancia de 14¡$400 réis
por anno;
2.° Que esta importancia Ibes irá sendo entregue á medida que a forem vencendo, na m-
telligencia de que a quantia distribuida em cada mez nao excoda a 1$200 réis, nao devendo
assim ter logar adiantainento algum para fardara entes;
3.° Que tanto no corpo de marinheiros, como a bordo dos navios para que as ditas pragas

5." General Jorge de Avillez Zuzarte de Sousa Tavares, nomeado commandanteem chefe do exercito pelas
cortes extraordinarias da nacao em sessSo de 28 de maio de 1823.
6.° Sua Alteza o Infante D. Miguel, nomeado commandanteem chefe do exercito por decreto de 1 de junlio
de 1823, de que foi exonerado por decreto de 9 de maio de 1824; o mesmo Infante, entao Regente do reino, assu-
miu o dito commando em 27 de maio de 1828.
7.° Tenente general conde de Villa Flor, encarregado debaixo das immediatas ordens de Sua Magestade Im-
perial o Duque de Braganca, do commando em chefe das tropas que entao guarnecían! a ilha Terceira e mais ilhas
dos Acores, pela carta regia de 7 de marco de 1832, commando que cessou em 5 de novembro do mesmo anno.
8.° Sua Magestade Imperial o Duquede Braganca assumiu o commando em chefe do exercito em 5 de novem-
bro de 1832, que excrceu até ao seu ftillecimento em 24 de setembro de 1834, deixando de existir este commando.
9.° Sua Alteza Real o Principe D. Augusto, mareehal general, nomeado commandante em chefe do exercito
por decreto de 20 de mareo de 1885, falleeendo poucos dias depois.
10.° Mareehal do exercito duque da Terceira, nomeado interinamente commandante em chefe do exercito
por decreto de 28 de marco de 1835, e exonerado por decreto de 25 de novembro do mesmo anno.
11.° Sua Alteza Real o Principe D. Fernando Augusto^ marechal general, nomeadocommandante em chefe
do exercito por decreto de 30 da abril do 1836, commando que cessou em 10 do setembro do mesmo anno por se
oppor a constituicao política entao em vigor.
12:° Sua Magestade El-Rei D. Fernando II, nomeado commandante em chefe do exercito pela carta regia
de 17 de outubro de 1846 e exonerado por outra carta regia de 7 de maio de 1851.
13.? Mareehal do exercito duque de Saldanha, nomeado commandante em chefe do exercito por carta regia
de 7 de maio de 1851.
Na sua ausencia parafóra do reino, foi nomeado para exercer interinamente este logar, por portaría de 19
de junho de 1856j o tenente general conde da Ponte de Santa María, que o deixou em 15 de novembro do dito
anno, por haver regressado o referido marechal, o qual foi exonerado por decreto de 18 de julho de 1857.
14." Tenente general conde da Ponte de Santa María, encarregado interinamente do commando em chefe do
exercito por decreto de 18 de julho de 1857, e exonerado por decreto de 30 dé setembro do 1859.
241

forem mandadas, se forme assentamento, aonde se declare o tempo que tem de servir sem ven-
cimento, o vestuario que vao recebendo e a sua importancia;
4.° Que na guia, que no corpo de marinheiros se passar a qualquer praga para embarcar
ou para de um navio passar a outro, se declare o tempo por que foi sentenciado, quanto tempo
de sentenga tem já cumplido, e quanto tem recebido de fardamento desde o dia em que come-
cou a cumprir sentenga, com declaragao do que recebeu no corpo ou em cada um dos ditos navios.

No regulamento para a organisácáo da classe de aspirantes a facultativos militares, approvado por decreto
de 18 de jiiiiho de 1859, enconlra-se o seguinte:

Artigó 4.° Os aspirantes a facultativos militares, declarados como taes em ordem do exer^-
eito, contarlo desde esse dia o seu tempo de servico, (se antes nao pertenciam já ao exercito, e
ficarao sujeitos em todo o casó ás leis e regulamentos militares.

Decreto de 6 de sclemurp de 1859

Foi por elle extincto o cargo de major general da armada, em tempo de paz, sendo substi-
tuido pelo chefe d'estado maior de marinha, auctoridade entremedia entre o ministro e o corpo
da armada, e pela qual serao transinittidas todas as ordens superiores, dimanadas da secretaria
da marinha.

No plano de reorganisacáo da secretaria d'estado dos negocios da guerra, approvado por decreto
de 22 de setemuro de 1S59, encontrase o seguinte:

Artigo 8." Jurisconsulto.—Este magistrado, que será um dos ajudantes do juiz relator do
supremo conselho de justiga militar, é destinado a tomar parte nos trabalhos que disserém res-
peito á sua profissao, e a tudo mais que vae indicado ñas instrucgoes annexas a este decretol.
Art. 21.° Os empregados civis poderao ser admoestados e reprehendidos pelos seus che-
fes, e suspensos até cinco dias, pelo respectivo director, quando nao cumpram com os seus
deveres; porém, pena maior só poderá ser imposta pelo ministro, nao podendo a suspensao exce-
der a tres mezes cada anno. Este castigo importa suspensivo de exercicio, de ordenado, emolu-
mentos e gratificagao.
§ único. Os empregados militares, ou com graduagao militar, ficam sujeitos aos castigos im-
postes pela legislagao respectiva, em analogía com o que se prescrevó n'este artigo para os ci-
vis ; ácima de cinco dias de prisco compete ao ministro infligir a punigao.

No decreto com torca de lei de 20 de ouluhro de 1859, reorganisando a reparticáo de saude naval,
cncontra-sc o seguinte:

Artigo 24.° O quadro dos enfermeiros navaes será organisado pelo seguinte modo:
1 Enfermeiro mor ;
3 Enfermeiros de 1.a classe;.
10 Enfermeiros de 2.a classe;
10 Ajudantes de enfermeiro.
Artigo 27.° Os empregados d'este quatro obrigar-se-híio, no acto da sua admissao, a servil-
durante seis annos, e estarao sujeitos ás leis e regulamentos relativos á disciplina militar.

1860
Portaría de 10 de agosto de 1SG0

Manda Sua Magestade El-Eei, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar,
remetter ao presidente da secgSo de marinha do supremo conselho de justiga militar os adjuntos
1 Ñas instruccoes nada se eneontra especificado como attribuigao do jurisconsulto.
31
242

doze exemplares de cada um dos projectos do código^do processo criminal e do código penal da
armada, a fim de que, sendo na mesma secgao competentemente estudados os ditos projectos, se
fagam acerca dos seus differentes artigos as observagSes que aos Miembros da referida secgao pa-'
recerem convenientes, e devolvendo com urgencia á dita secretaria d'estado o resultado do seu
trabalho sobre este importante assumpto *.

Projectos a que se referia a portaría antecedente

Senhor. — A conimissao encarregada da confeegao do código do processo criminal da armada


veni hoje respetosamente depor ñas maos de Vossa Magestade o fructo de seus trabalhos.
A reforma da íegislagao penal militar era vivamente reclamada pela situacSo moral da so-
ciedade. Promulgadas no imperio de um principio caduco as leis militares que ainda hoje nos
regem, quaes os artigos dé guerra-de 18 de setembro de 1799, a ordenanga de 9 de abril de
1805, os regulamentos de infantería e cavallaria e outras igualmente vigentes, resentem-se todas
da constituigao essencialmente hierarchica e absoluta da sóciedade de que nasceram, dos vicios
congeniaes a essa civilisagao pretérita e do atrazo das sciencias moraes em que foram inspiradas
mérmente da philosophia criminal, que a palavra de Beccaria comegava entao apenas a illuminar
com a luz da verdade, que dejiois os Rossis, os Tracys e os Chaiweaux fizeram irradiar por todo
o campo da sciencia.
Sendo pois a actual íegislagao militar a derivagao natural de urna Constituigao erigada de
gradacoes hierarchicas, cortada de privilegios e de immunidades, essa Íegislagao constitue hoje
um frisante archaismo no meio de urna sociedade remogada em todas as suas relagoes pela aegao
de um principio vivificante e civilisador.
Movido por estas consideragoes já o governo da Senhora Dona María II, de saudosa memo-
ria, havia commettido a confeegao do código penal da armada á eommissao que em Janeiro de
1856 teve a honra de apresentar a Vossa Magestade o respectivo projecto; e para consummar
a reforma com a feitura do código do processo da armada, houve por bem Vossa Magestade
nomear esta eommissao, auctorisando-aposteriormentepara examinar o jirojecto do código penal,
a fim de concordar com as suas disposigoes o trabalho que Ihe era especialmente confiado.
Fazer a historia do processo criminal militar e a resenha das modificacoes por que tem
successivamentepassado a respectiva Íegislagao desde a lei de 21 de outubro de 1763, que creou
os conselhos de guerra regimentaes até aos nossos dias, fóra alargar desmesuradamente as di-
ínensoes d'este relatorio e desviar sobremaneira a eommissao do seu modesto proposito, que é a.
breve exposigáo dos fundamentos do seu trabalho.
Instaílada a commissSo, e jtrocurando proceder com methodo no cumplimento do seu man-
dato, a prinieira questüo que se ventilou foi se o foro militar comprehendia o conhecimento de
todos os crimes communs ou militares commettidos por militares, ou se devia limitar-se ao julga-
mento dos crimes de natureza puramente militar, abandonando o conhecimento dos crimes com-
muns ás justigas ordinarias. Para resolver esta questao era mister aferil-a simultáneamente pelo
direito constituto e> pelo direito constituendo. Pelo direito constituto a eommissao, examinando
escrupulosamente o espirito e a expressao da lei fundamental do estado, nao encontrou disposi-
gSo que podesse condemnar a sanegao do principio de que o foro militar comprehende o conhe-
cimento de todos os crimes communs ou militares commettidos por militares. As disposigoes com
que se tem argumentado contra a procedencia constitucional d'este principio sao as que se acham
consignadas nos §§ 15.° e 16.° do artigo 145.° da carta constitucional, dos quaes o primeiro diz
assim: «Ficam abolidos todos os privilegios que.nao forem essencialre inteiramente ligados aos
cargos por utilidade publica»; e o segundo dispoe d'esta maneira: «A excepgao das causas que
por sua natureza pertenceni a juizes particulares, na conformidade das leis, nao haverá foro pri-
vilegiado ñera commissoes esj)eciaes ñas causas civeis ou crimes». Vendo litterahnente compre-
hendida na excepgao d'estas disposigoes a hypothese em questao e no espirito da mesma lei, que
no artigo 41.° § 1." confere aos pares do reino e deputados, durante a legislatura, o fóro privi-
legiado da cámara dos pares, e no artigo 131.° § 2." attribue ao.s membros do supremo tribunal
de justiga e das relagoes do reino e empregados do corpo diplomático o fóro privilegiado do su-
premo tribunal de justiga, a eommissao nao hesiten um momento em declarar que o principio
em questao nSo só nao importa nenhuma infraccao constitucional, senSo que se acha virtualmente
defendido pelo espirito e letra da lei fundamental e expressamente consignado em toda a legisla-

1 Em satisfacaó ao ordenado n'esta portaría, foi enviada ao ministerio da marinha e ultramar, com o offi-
cio de 31 de Janeiro de 1861, do presidente da seceáo de marinha, copia da acta da sessao de 28, em que se tra-
ton dos projectos dos dois códigos a que se referia a dita portaría, bem como copia das observagoes apresc-nta-
das por algims dos membros da mesma seceíio sobre este assumpto.
243

cao militar, como sao os decretos de 12 de outubro de 1643 de 20 de outubro de 1763, alvará
de 21 de fevereiro de 1816, cartas de lei de 15 de abril de 1835 e de 5 de outubro de 1837 e
mais leis parallelas que todas estabelecem o mesmo principio.
Quanto ao direito constituendo, o principio que atravessou incólume os seculos e as geracoes
nao traz comsigo a isengSo da critica, porém, Tem com elle a presumpgáo da verdade que só a
evidencia contraria pode debellar. A voz do tempo nao impoe a obediencia irreflectida, mas tem
direito a urna audiencia solemne!
Homem, cidadao e militar, o soldado vive em tres espheras jurídicas, o arco da actividade
tragada pelo dedo da natureza, direito natural, é apertado pela mío da sociedade, direito civil,
e contrahido ainda mais pelo brago da guerra, direito militar.
O soldado homicida infringiu a leí natural, a lei civil e a lei militar, porém, a pena mais
grave é a pena militar, porque ao crime do homem que délinquiu contra a lei natural acresce ó
crime de cidadao que délinquiu contra a lei civil, e o crime de soldado que délinquiu contra a
lei militar, que alem da obrigacao de respeitar a AHda de seus similhantes, Ihe impoe com a
mesma severidade a de os defender contra qualquer aggressab. -. •
A lei, a relagao necessaria que deriva da natureza das cousas, é na esjmera militar á relagao
necessaria que deriva da natureza do servico militar, e contendo-seimplícitamente na órbita d'esta
relagao a lei natural e a lei civil, já se vé que só a-lei penal militar é a expressao exacta da
responsabilidade do soldado, e que só na lei penal militar está precisamente delimitada a área legal
da actividade militar.
Se, pois, a lei penal militar é a expressao cumulativa das relagoes natural, civil e militar, já
se vé que o soldado julgado no seu foro responde pelo seu crime como homem, como cidadao e
como soldado, incorrendo na pena militar, que nao é senao a pena civil aggravada pela circum.'-
staneia do carácter militar do delinquente, o que importa a iraposigao penal pela violaeao simul-
tanea dos vinculos que rompen com a perpetragSo do delicio.
Acresce á consideragao da parte penal commum a consideragao da parte penal puramente
militar.
Se a lei militar é, como dissemos, a relagao necessaria que deriva da natureza do servigo
militar, é claro que o fim do direito militar é a prestacao effectiva d'esse servico, e que todos os
meios conducentes a esse fim, quando nao sao contrarios ás prescripgoes da lei natural e civil, sEo
leis que obligara o soldado, embora importem a delimitagao temporaria da liberdade do homem
ou do cidadao, a que o soldado se sujeitou ou píelo jiacto individual do alistamento, como em
Inglaterra, ou pelo pacto social do tributo de sangue cobrado pelo estado por meio do recruta^ •
mentó. Se, pois, a Íegislagao penal militar constitue urna entidade moral que domina em urna re-
giao independente da acgao de direito commum, é evidente que a execugao das suas prescripgoes
demanda urna forma de processo especial e urna magistratura particular.
Considerando, finalmente, os graves inconvenientes que resultariam para o servigo militar
de se confiar aos juizes civis a instrucgao e julgamento dos processos por crimes communs, com-
mettidos por militares, as detengas inevitaveis do processo ordinario tao contrarias ás indicagoes
do systema militar, que demanda a maior expedigáo na administragao da justiga, a difficuldade
de introducir o magistrado civil no interior dos quarteis, no intimo, no coragao da vida militar
sem comprometter gravemente a disciplina e auctoridade dos chefes, a necessidade de suspender
a accSo militar sobre o aecusado, e as testemunhas para as entregar provisoriamente á jurisdie-
cao ordinaria; e vendo, finalmente, o mesmo principio consignado na Íegislagao das nagoes mais
notaveis da Europa, como é a Franga, onde desde as leis de 16 de maio de 1792, e de 3 plu-
vieuso anno 2.°, até hoje tem constantemente vigorado aquelle principio; a Hespanba, onde o
foro militar nao sómente eomprehende o conhecimento de todos os crimes commettidos por mili-
tares, senao tambem o julgamento exclusivo das acgoes civis dos militares com as excepgoes que
se aeham proscriptas na lei 21.a, capitulo 4.°, livro 6.° da novissimarecopilación; da Allemanha,
onde impera o mesmo principio desde a ordenanga de Carlos V, de 12 de outubro de 1457; e
na Bélgica e na Hollanda, desde o edicto flamengo de 18 de dezembro de 1702; a commissíío,
determinada pelos dictantes da rasao e pelo conselho da auctoridade, consignou tambem no seu
código o principio de que o fóro militar eomprehende o conhecimento de todos os crimes com-
mettidos por militares.
O rigor d'este principio offerecia naturalmente a solugSo da segunda questao que se ventilou
na eommissao, e que consiste na instrucgao pelas justigas ordinarias dos processos por crimes
communs commettidos por militares, se o imperio das circumstancias nao determinasse a eommis-
sao a modificar o,rigor do principio. E claro que dominando absolutamente a theoria que profes-
samos, tanto a instrucgao como o julgamento dos processos £>or crimes communs ou militares
compete exclusivamente ao fóro militar; esta é a verdade da sciencia, este é o dogma da juris-
prudencia; porém, é forga confessar que a maior parte dos principios absolutos de todas as
sciencias nao podem ter plena execugao em urna situagao dada cía sociedade, e que o bom aviso
do legislador consiste ein conciliar na h'ypothese a prescripgao da these com as indicagoes da
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situagao, alargando suceessivamente o terreno á sciencia até que essa possa proclamar uní dia
um imperio absoluto do seu principio. Professando esta doutrina, e prevendo os graves inconve-
nientes que resultarían! de negar absolutamente ás justigas ordinarias a competencia na instruc-
gao dos processos por crimes communs commettidos por militares, disposigao que-importaría a
.
impossibilidade de conhecer dos crimes perpetrados a distancia da capital, porquanto sendo a
capital a sede da magistratura militar nao podería a auctoridade transportar-se opportunainente
ao logar onde o crime fóra coinmettido para colher as provas quefrequentemente se encontram
nos vestigios immediatos da acgao, e procurando ao mesmo tempo ceder á verdade do principio
quanto fosse compativel com a boa e prompta administragao da justiga; a eommissao adoptou o
alvitre de conservar ás justieas ordinarias a competencia na instrücgSo dos processos por crimes
communs commettidos por militares, excepto quando estes crimes foreni commettidos em quarteis
ou a bordo dos navios armados, onde, tanto para o julgamento como para a instrucgao do pfo>
cesso, é exclusivamente competente o fóro militar.
A terceira questao que se ventilou na eommissao versa sobre a competencia do fóro em
crínies commettidos promiscuamente por militares e paisanos. Esta questao, que tem assiimido
grandes proporgoes nos paizes estrangeiros, nlo offerece a mesma difficuldade de solugao entre
nos pelos motivos que vamos expor.
Em Inglaterra, palz excepcional em-cousas de guerra pela sua índole, pelo seu commercio
e pela sua posigao geographica, professa-se como dogma político o principio de que um exercito
permanente é üm instituto contrarió ao espirito da constituigao britannica, e-para legitimar essa
transgressao constitucional é solicitado animalmente o consentimento do. parlamento para votar
meeting bilí com as modificágo.es que a experiencia reclama, e atiento o carácter transitorio d'esta
instituicíio polica attencao se tem prestado á organisaeáo da justiga militar, devolvendo»se por
direito consuetudinario o conhecimento dos erimes communs commettidos por militares aos tribu"
naes ordinarios; e por esta rasao, n'este paiz, nao tem a questao que ventilamos a diffi'culdade que
offerece na Franca, na Bélgica, na líespanba e na Allemanha, onde a instrucgao e juigamento
de todos os processos por crimes commettidos por militares compete exclusivamente ao foro mi-
litar. Tres alvitres se téem offerecido jiara resolver esta questao; ou entregar o julgamento dos
crimes commettidos por militares e paisanos aos tribunaes militares, ou separar os paisanos dos
militares e entregal-os ao seu respectivo foro, ou dar o conhecimento do crime a um tribunal
mixto composto de militares e magistrados civis. Porém, nenhüm d'estes alvitres ainda foi sanc-
eionado em lei, e em cada paiz se segué differente pratica, continuando ainda a discussáo da
theoria ñas abstraecoes da sciencia. Esta questao que se apresenta em grande vulto n'estes paizes
em que a justiga civil nao prepara como entre nos os processos crimes communs commettidos
por militares, tem por esta cirenmstancia a fácil solugao que a eommissao entendeu dever consi-
gnar no código, e que consiste em attiibüir a instrucgao dos processos por crimes communs á
justiga civil, separándo-se posteriormente por traslado os paisanos dos militares, a fim de serení
julgados a final cada um no seu respectivo fóro.
A quarta e ultima questao que se debateu na eommissao tem por objecto o capitulo «Das
jirovas». Confinar a faculdade do tribunal nos acanhados limites das provas por testemunhas ou
por instrumento publico ou particular, segundo os antigos preceitos do direito patrio, fóra desco-
nheoer o desenvolvimento da sociedade e as indicagoes hodiernas da sciencia, fóra desvirtuar a
excellencia das provas atomísticas, que sao de maior alcance na investigagao da verdade, quando
comidas por juizes illustrados, do que as solemnidades juridieas, cuja fallibilidade fez nascer a
instituigao do jury, e fóra finalmente estreifcar a faculdade judicial que os alvarás de 18 de feve-
reiro e 15 de julho de 1763 e 4 de setembro de 1765 conferem aos vogaes do conselho de guerra;
por outro lado, introduzir a instituigao do jury nos tribunaes militares, separando o julgamento
do facto da ajaplicagao do direito, attribuindo esta ao auditor c aquelle aos vogaes militares, fóra
forgar a natureza do conselho de guerra que é solidariamente responsavel pelas suas delibera-
goes, e reduzindo os officiaes militares a simples jurados, negar-lhes a competencia na applicagao
da pena que urna corporacRo illustrada, como é a da marinha portugueza, está sufficientemente
habilitada para poder apreciar. Solicitada por todas estas consideragoes, a commissaío entendeu
que, nao devendo abolir inteiramente a acgSo das provas juridieas, nem por outro lado negar
aos vogaes militares a faculdade da apreciagao conscienciosa d'essas provas, o melhor alvitre1que
se Ihe offerecia era inserir no código um capitulo puramente doutrinal em que fizesse a descripgao
das jDi'Ovas jurídicas para uso dos juizes estranhos á profissao das leis, e reeommendando a con-
sideragao por estes meios de provar; conceder simultáneamente a faculdade de apreciar conscien-
ciosamente a procedencia d'essas provas. Desbravada a materia d'estas questoes, contemplando a
eommissao attentamente a forma actual do processo militar, observou os seguintes inconvenientes:
1.° A dependenciada magistratura militar, porquanto sendo os vogaes do conselho de guerra
nomeados pela auctoridade militar, e estando os membros do supremo conselho de justiga militar
sujeitos á accao demissoria do governo, nlio tem a independencia inherente á natureza das altas
funegoes que exercem estes tribunaes.
245

2.° A necessidade de confirmagao superior para todas as sentengas do conselho de guerra


tolhe a celeridade da acgao da justiga, que deve ser prompta e expedita, mérmente na esphera
militar.
3.° A falta de conselhos de guerra a bordo dos navios em viagem ou ancorados em portes
coloniaes ou éstrangeiros paralysa igualmente a acgao da justiga, havendo alias elementos para
formar conselhos de guerra e proceder ao julgamento dos crimes commettidos fóra do porto de
Lisboa.
4.° As contravengoes oü sao julgadas em conselho de guerra, e portante sujeitas ás detengas
de processo ordinario, ou sao arbitrariamente punidas pelos commandantes dos navios, o que é
igualmente nocivo á recta administragao da justiga.
5.° Dos despachos ou eonclusoes do conselho de investigagSo que pronunciam ou despro-
nunciam os accusados nao ha recurso para nenhiim tribunal, deixando d'est'arte ao arbitrio do
conselho o julgamento das instancias superiores. Para obviar a estés inconvenientes a eommis-
sao, em harmonía com as disposigoes do código penal da armada, procédeu da seguinte ma-
neira:
Para obviar ao primeiro inconveniente, a eommissao estabeleceu a independencia do conselho
de guerra, preflxando o modo por que os vogaes do conselho serao chamados ao julgamento em
virtude da leí, e dando aos membros do supremo conselho de justica militar as garantías que as
leis concedem aos conselheiros do supremo tribunal de justica, estabeleceu igualmente a inde-
pendencia d'este tribunal.
Para obviar ao segundo, a eommissao estabeleceu a algada do conselho de guerra no conhe-
cimento de todos os crimes a que nao corresponder pena maior de um anno de prísao, dando
recurso facultativo em todos os crimes a que corresponder pena maior de um anno de prísao,
porém, que nao exceda cinco annos de degredo ou tres annos de trabalhos públicos, e obligando
o auditor a remetter, ex officio, ao supremo conselho de justica militar, todos os processos por cri-
mes a que a lei impozer pena superior a cinco annos de degredo ou tres de trabalhos públicos,
ou a pena de perda de patente applicacla isoladamente ou implicitaniente eomprehendida em jiena
maior.
Para obviar ao terceiro, a eommissao estabeleceu os conselhos de guerra fóra cío porto de
Lisboa com as mesmas attribuigoes dos conselhos de guerra ordinarios.
Para obviar ao quarto, a eommissao, coinmettendo ao commandante do navio a punigSo das
contravengoes a que nao corresponder pena maior das que estío marcadas com os n.os 13." e
14.u do código penal, confiou ao conselho de disciplina o julgamento das contravengoes a que
nao corresponder pena maior de tres mezes de prisao.
Finalmente, para obviar ao quinto, estabeleceu a commissEo o aggravo do conselho de inves-
tigagao que o promotor é obligado a interpor do despacho de nao pronuncia em todos os crimes
contra a disciplina militar ou que excederem a pena ele tres annos de degredo.
A eommissao nao julga ter feito urna reforma completa na forma do processo militar senao
Jiaver sobremaneira obviado aos defeitos mais salientes .da Íegislagao actual, clepeiidendo a re-
forma geral de facilidades mais ampias do que as que a natureza da eommissao comportava. No
entretanto, observando os códigos militares das nagoes estrangeiras, a eommissao entende que a
forma do processo militar da armada portugueza nao faz sentir os inconvenientes nem apresenta
as lacunas de que todos os dias se apercebem n'aquelles paizes.
A eommissao nao se jacta da perfeigao da sua obra; feitura de homens, tem a feicao indelevel
da descendencia, que ainda mais se aviva n'esta hypothese pela magnitude do assumpto e pela
insuíficienciá dos obreiros.
=
Sala da eommissao, 31 de agosto de 1857. Visconde da Granja, presidente Joao da =
= = =
Costa Oarvalho Francisco Soares Franco Domingos Fortunato do Valle Joaquim José Gon-
=
galves de Matos Correia Augusto Carlos Cardoso Bacellar Sousa Azevedo, secretario.

Código do processo criminal da armada

TITULO I
Da competencia

CAPITC'V) i
I) a justiga militar

Artigo 1.° O fóro militar da armada é exclusivamente competente para o julgamento de


todos os crimes ou delictos commettidos por individuos pertencentes á marinha militar.
§ único. Exceptuam-se os processos instaurados contra individuos pertencentes á marinha
246

militar por crimes ou delictos commettidos antes do assentamento de praga, os quaes serao pre-
parados e julgados no fóro commum.
Art. 2.° Pertencem permanentemente á marinha militar os officiaes do corpo da armada, as
pi'agas da companhia dos guardas marinhas, os officiaes de saude e de fazenda da armada, os
engenheiros constructores da armada, os individuos de que se compoe o corpo de machinistas
navaes, os officiaes márinheiros, as pragas do corpo de rnarinheiros da armada e as do corpo de
veteranos.
Art. 3.° Pertencem á marinha militar, emquanto fazem parte das guamigSes dos navios do
estado ou n'elles servem temporariamente, os destacamentos dos corpos do exercito, as pragas
de marinhagem nao pertencentes ao corpo de rnarinheiros da armada, os artífices, os pilotos e
praticos dos portes e costas, e todos os mais individuos que por qualquer mister pertengam ás
mesmas guarnicoes.
Art. 4.° Sao igualmente considerados pertencentes á marinha militar os capitfies e mais pra-
gas dos navios de commercio durante o tempo que estés navios forem comboiados ou pertence-
rem ao comboio; e bem assim os individuos militares ou paisanos que seguirem viagem em na-
vios do estado emquanto n'elles estiverem embarcados.
§ 1.° Os capitaes e mais pragas dos navios do commercio comboiados por navios do es-
tado, bem como os passageiros que seguirem viagem nos mesmos navios, sao considerados per-
tencentes á marinha militar, tao sómente por crimes ou delictos militares, mantendo-se quanto
aos crimes ou delictos communs commettidos por estes individuos a competencia da justica or-
dinaria.
§ 2.° Aos paisanos passageiros em navios do estado sómente serao applicaveis as penas que
pelo código penal da armada se podem applicar aos officiaes, excepto se forem degradados, os
quaes sEo considerados pragas de pret para todo o procedímentojudicial militar.

CAPÍTULO n

Da justiga civil
Art. 5.° Todos os crimes *ou delictos commettidos pelos individuos mencionados nos artigos
2.°, 3.° e 4.° e seus paragraphos serao exclusivamente processados e julgados pelos tribunaes
militares, salva a intervencao de justiga ordinaria, á qual compete a instauragao do processo por
crimes ou delictos communs até ao despacho de pronuncia.
§ único. Nao tem logar a íntervengao da justiga ordinaria nos processos por crimes com-
muns aos militares commettidos a bordo dos navios armados, os quaes serao preparados e jul-
gados no fóro militar, sendo o processo preparatorio instaurado em conselho de investigagao nos
termos em que adiante se dispoe.
Art, 6.° Findo o summario, o juiz remetiera immediatamente o processo á respectiva aucto-
ridade militar, remetiendo o processo original todas as Arezes que n'elle se nao achem pronuncia-
dos individuos que devam ser julgados no foro commum, ou um traslado authentico no caso de
serení promiscuamente pronunciados paisanos e militares.
Art. 7.° O juiz mandará cumplir qualquer diligencia e obviar a qualquer irregularidade que
Ihe for indicada pelos magistrados militares a bem da instrucgao do processo.

TITULO II
Do fóro militar da armada

CAPITULO i
Supremo conselho de justigamilitar
Art. 8.° O fóro militar da armada cornpoe-se dos seguintes tribunaes: supremo conselho de
justiga militar ou conselho de revisao, conselho de guerra, conselho de investigagSo e consalho
de disciplina.
Art. 9.° O supremo tconselho de justiga militar julga em segunda e ultima instancia todos
os processos que excederem a algada do conselho de guerra.
Art. 10.° O supremo conselho de justiga militar conserva, nos termos do decreto de 9 de
dezembro de 1836, a seguinte organisagáo e forma do processo*.

1 As disposicoes eontidas nos artigos 11.° a 25.° d'este projecto sao exactamente as dos artigos 2.° a 15.° e
17." do decreto de 9 de dezembro de 1836.
247

Art. 26.° Os membros do supremo conselho de justica militar sao nomeados pelo Rei; po-
rém, só poderSo ser demittidos por sentenga proferida pelo mesmo tribunal, nos termos em que
se acha legislado para os eonselheiros do supremo tribunal de justiga.

CAPITULO II

ConBelho de revisao

Art. 27.° Em caso de guerra, e em corpo de esquadra, fóra do porto de Lisboa, para jul-
gar em segunda e ultima instancia os recursos do conselho de guerra, haverá um conselho de
revisao, composto segundo a organisagao e com a forma do processo do supremo conselho de
justiga militar, dos officiaes superiores da esquadra, exercendo n'este tribunal as funcgSes de re-
lator o official que o commandante nomear para esse mister.
Art. 28.° Ao commandante de esquadra, o qual nao faz parte do conselho de revisao, in-
cumbe a nomeagao dos membros do conselho, segundo a indicagao da tabella dos officiaes per-
tencentes á forga do seu commando.
Art. 29.° O commandante de esquadra exerce, nos termos do artigo 24.°, as funcgoes de
confirmagao ou attenuagao nos casos e circumstancias previstas no mesmo artigo.

CAPITULO ni

Conselho de guerra na cidade de Lisboa


Art. 30.° Para julgar em primeira instancia os crimes ou delictos commettidos pelos indi-
viduos pertencentes á marinha militar, haverá na cidade de Lisboa um conselho de guerra com-
posto e nomeado da maneira seguinte: o conselho de guerra conxpoe-se de um presidente, que
terá pelo menos a patente de capitao tenente da armada; de cinco vogaes ele patentes immedia-
tamente inferiores em graduagao á do presidente, e na igualdade d'estas em antiguidade, dos
quaes o mais graduado ou o mais antigo será o official interrogante; de um promotor nomeado
livremente pela auctoridade superior de marinha; e de um auditor permanente nomeado pelo
Kei.
Art. 31.° Para a constituigao do conselho de guerra se formará no quartel general de ma-
rinha urna tabella de todos os officiaes da armada desempregados, embarcados em navios em
servigo no Tejo ou pertencentes ao corpo de rnarinheiros da armada, classificados pela sua hie-
rarchia ou antiguidade.
Art. 32.° Os conselhos de guerra ordinarios funecionam pelo tempo de tres mezes, e sSo
nomeados no principio de cada trimestre pela auctoridade competente, segundo a precedencia
das patentes, porém dentro dos.limites da secgao da tabella para os conselhos de guerra ordina-
rios, que sao desde capitSo de mar e guerra até segundo tenente da armada.
Art. 33.° Quando a graduagao do réu for superior á do monos graduado do conselho de
guerra ordinario, a autoridade nomeará um conselho de guerra extraordinario, composto, nos
termos do artigo 30.°, dos officiaes immediatamente superiores em graduagao e antiguidade á pa-
tente do réu; e observando-se na constituigao d'este conselho a ordem inversa da que se acha
consignada para a constituigao do conselho de guerra ordinario, se comegará na sua formagao
pelo vogal menos graduado, que será de patente igual á do réu, porém mais antigo, deA^endo o
segundo vogal ser immediatamente superior ao primeiro em graduagao, e assim, principiando
pela antiguidade, e regendo alternadamente os dois principios, até á completa constituigao do
conselho.
§ único. Os dois principios de antiguidade e graduagao sao reciprocamente subsidiarios um
do outro, para os casos em que pelo estado da tabella seja necessario suspender a alternagao
estabeleoicía n'este artigo, a qual deverá restituir-se promptamente, logo que as forgas da tabella
o permittirem.
Art. 34.° E considerada superior a graduagSo do réu á do conselho de guerra todas as ve-
zes que a patente de um membro do conselho seja inferior á do réu, podendo comtudo fazer
parte do conselho patentes iguaes em graduagao, porém superiores em antiguidade á patente
do réu.
Art. 35.° O conselho de guerra julga dentro da sua aleada, sem recurso para o supremo
conselho de justiga militar, todos os crimes ou delictos a que, tanto pelo código penal commum,
como pelo código militar, nao corresponder pena maior de um anno de prísao.
Art. 36.° Da sentenga do conselho de guerra em processo por crime ou delicto a que cor-
responda pena maior de um anno de prisao, porém que nao exceda a cinco annos de degredo ou
tres annos de trabalhos públicos, cabe recurso para o supremo conselho de justiga militar, o
qual poderá ser interposto tanto pelo réu ou seu defensor, como pelo promotor da justiga.
248

Art. 37.° Sendo a pena correspondente ao crime ou delicto maior de cinco annos de de-
gredo ou tres annos de trabalhos públicos, ou sendo a pena a perda de patente, ou pena maior
que a envolva implicitamente, o auditor remetiera ex officio o processo ao supremo conselho de
justiga militar para ahí ser julgado em segunda e ultima instancia.
Art. 38.° Recebido pela auctoridade superior de marinha o processo preparatorio, esta o re-
metterá ao presidente do conselho de guerra, que o enviará dentro de quarenta e oito horas ao
auditor, o qüal depois de ter examinado os documentos que o instruem, e haver d'elíes extrahido
o auto do corpo de delicto, mandará o processo com vista por cinco dias ao advogado, se o réu
O tiver constituido nos autos, ou nomeando-lhe officia luiente um defensor j>ela tabella dos advo-
gado s no caso do crime exceder a algada do conselho de guerra, Ihe continuará igualmente o
processo com vista por cinco dias, findos os quaes comegará o conselho de guerra, precedendo
a intiinagEo do réu e das testemunhas com o intervallo cíe quarenta e oito horas, para dar prin-
cipio ao julgamento do processo.
Art. 39.° O auto do corpo de delicto é a descripgao precisa do crime da imputagoo e dos
termos do processo preparatorio.
Art. 40'.° Se o auditor, pelo exame do processo preparatorio, observar alguma irregulari-
dade ou necessidade de alguma diligencia para instrucgao do juizo, antes de proceder aos termos
prescriptos no artigo 38.°, enviará o processo ao magistrado respectivo, a fim de obviar á irre-
gularidade alludida, ou solicitará da auctoridade competente a diligencia de que houver mister.
Se, porém, conhecer que o processo labora em nullidade insanavel, procedendo previamente aos
termos do artigo 38.°, proporá a annullagao do processo como questao prejudicial na primeira
sessao do conselho de guerra, o qual decidindo animllar o processo, assim o determinará por sen-
tenga, da qual cabe sempre recurso para o supremo conselho de justiga militar.
Art. 41.° Nao havendo nullidade tío processo, aberta a primeira. sessao do conselho de
guerra, o auditor, fazendo a exposigao clara dos termos esseneiaes do processo e a leitura do
auto do corpo de delicto, lavrará immediatamente o termo de abertura da sessao. e logo o pre-
sidente mandará pelo official interrogante proceder á inquirigao das testemunhas de accusagao,
seguindo-se os interrogatorios ao réu, e terminando pelo depoiménto das testemunhas de defeza,
as quaes serao inquiridas j>elo advogado do réu, se o tiver, e nao o tendo, pelo auditor.
Art. 42.° A inquirigao das testemunhas principiará pela declaragao do seu nome, naturali-
dade, filiagao, estado, occupagao, idade e costume, seguindo-se o teor do depoiménto, o que tudo
será fielmente escripto e lido á testemunha pelo auditor, o qual assignará o depoiménto com o
official interrogante, se a testemunha for de accusagao, ou com o advogado do réu se a testemu-
nha for de defeza, e com a testemunha se esta souber escrever, e nao o sabendo assim o deve
declarar, assignando sómente com o official interrogante ou com o advogado do réu, e nao ha-
vendo advogado com o presidente do conselho de guerra.
§ único. O depoiménto que nao for estribado na rasEo da sciencia nSo tem o carácter de
prova judicial.
Art. 43.° Antes de se proceder aos interrogatorios, se o' réu for menor, o presidente Ihe
nomeará curador, o qual prestará juramento aos Santos Evangelhos de produzir em defeza
do réu quanto for de direito e Ihe dictar a sua consciencia. Se o réu tiver advogado, poderá
este ser nomeado curador, deferindo-lhe o presidente o juramento na forma prescripta n'este
artigo.
Art. 44.° Os interrogatorios comegarao pelas mesmas declaragoes da inquirigao das teste-
munhas, excepto o do costume, seguindo-se as iuterrogacoes sobre os differentes artigos da ac-
cusaglo e circumstancias do crime, escrevendo o auditor singularmente a resposta a cada artigo,
o que tudo será lido ao réu e assignado pelo auditor, pelo official interrogante, pelo réu, se
este souber escrever, ou declarando-se que nao sabe, e pelo curador que assignará em ultimo
logar.
Art. 45.° Qualquer membro do conselho de guerra poderá dirigir ao réu e ás testemunhas,
com venia do presidente, as interrogagoes que julgar convenientes á sua propria instruegEo.
Art. 46.° Ao auditor incumbe velar pela legalidade e moraliclade da inquirigao das testemu-
nhas e dos interrogatorios ao réu, evitando sempre que se fagam perguntas capciosas ou se pre-
tenda extorquir depoiménto ou resposta por meios violentos ou inferiores á dignidade do tri-
bunal.
Art. 47.° Sendo o processo instaurado por crime commum, e tendo sido lido pelo auditor o
depoiménto das testemunhas do summarío, comegará o julgamento pelos interrogatorios ao réu,
sendo a primeira interrogagao, depois de escripias as declaragSes do costume, sóbrese o réu faz
ou nao judiciaes as testemunhas cujo depoiménto escutou, e, no caso affirmativo, mencionándo-
se a resposta do réu, proseguirá o official interrogante nos termos dos interrogatorios.
§ 1.° Declarando o réu que nao faz judiciaes as testemunhas do summario se encerrará a
sessSo, lavrando o auditor o respectivo termo e mandando intimar as testemunhas para serení
reperguntadas na segunda sessEo do conselho de guerra.
249

§ 2.° Achando-se as testemunhas requisitadas fóra da camarca de Lisboa, o auditor man-


dará por deprecada proceder á nova inquirigEo pelo magistrado respectivo.
§ 3.° As testemunhas dos summarios podém ser igualmente reperguntadas a requeri-
mento do promotor, observando-se n'esta hypothese as prescripgoes dos paragraphos antece
den tes.
Art. 48.° Declarando o réu que faz judiciaes as testemunhas do summarío, e nao reque-
rendo o promotor o seu novo depoiménto, concluidos os interrogatorios, se procederá á inquiri-
do das testemunhas de defeza.
Art. 49.° Findos estes termos, o presidente dará a palavra ao promotor para allegar o que
entender por parte da accusagEo, e em seguida ao réu ou seu defensor para pronunciar a ora-
gao de defeza, podendo tanto urna como outra parte fallar segunda vez, com venia do presiden-
te, no empenho da sua causa.
Art. 50.° Ao presidente incumbe a manutengao da ordem na audiencia e da urbanidade na
discussEo.
Art. 51.° Concluidas as oragSes, o presidente, fazendo saíí da sala o réu e todas as pes-
soas estranhas¡ ao conselho de guerra, constituirá o conselho em conferencia particular.
Art. 52.° Constituido o conselho em conferencia particular, o auditor, fazendo escrupulosa-
mente a exposigao clara de todas as provas e argumentos produzidos na sessao e a sua respe-
ctiva apreciagao pelos principios estrictos de direito, descrevendo a natureza do crime e da pena
correspondente na Íegislagao applicavel, mencionando as circumstancias aggravantes eattenlian-
tes do delicto e a sua respectiva módificagao na gravidade da pena, annimciará o seu voto, ou
verbalmente se a pena nEo exceder a dez añnos de degredo, ou formulado em tengao sea pena
exceder aquella comminacao.
Art. 53.° Ao voto do auditor seguir-se-ba o do vogal menos graduado, subindo a votagao
pela ordem das patentes até ao presidente, o qual, havendo colindo os votos de todos os vogaes
e votando em ultimo logar, enunciará a deeisao do conselho, que o auditor immediatamente for-
mulará em sentenga.
Art. 54.° A sentenga será assignada em primeiro logar pelo auditor, seguindo-se a assigna-
tura do presidente e depois a de todos os vogaes pela ordem descendente das patentes até ao
promotor que assignará em -ultimo logar sem voto.
Art. 55.° Concluidos estes termos, o presidente restabelecerá a audiencia publica, e o au-
ditor lera a sentenca. em voz alta na presenca do réu, e n'ésse acto interrogará o réu e o pro-
motor sobre a interposigao do recurso, e se o réu ou promotor responder que pretende recorrer
da sentenca, o auditor, lavrando immediatamente o respectivo termo, remetterá o processo den-
tro de quarenta e oito horas ao supremo conselho de justiga militar.

CAPITULO íy

, Conselho de guerra fóra do porto de Lisboa

Art.. 56." Para julgar em primeira instancia os crimes ou delictos commettidos em viagem
ou a bordo dos navios ancorados em portes coloniaes ou estrangeiros se formará um conselho de
guerra, nos termos dos- artigos 30.° e 34.° d'este código, nomeado pelo commandante do navio
ou estagEo naval, segundo a tabella dos officiaes da forga do seu commando, exercendo as func-
góes de auditor o official crue o commandante nomear para este fim.
Art. 57.° Nao havendo a bordo do navio em viagem ou no porto onde estiver ancorado offi-
ciaes sufficientes em numero e graduagao para formar o conselho de guerra, instaurado o pro-
cesso preparatorio, se suspenderá o julgamento até se realisar a formacao do conselho.
Art. 58.° Salvo o caso de guerra em que pelo artigo 27.° d'este código é creado um
conselho de revisEo da sentenga do conselho de guerra formado fóra do porto de Lisboa,
cabe recurso para o supremo conselho de justica militar, nos termos em que se acha legis-
lado ñas disposigoes anteriores d'este código.

CAPITULO V

Do julgamento dos aggravos em conselho de guerra

Art. 59.° Alem das attribuigoes mencionadas nos artigos antecedentes, o conselho de guerra
julga em via de recurso os aggravos do conselho de investigagEo pela conclusao da pronuncia ou
nao pronuncia, nos termos em que adiante se expoe.
Art. 60.° Reunido o conselho de guerra, o auditor proporá a julgamento o aggravo do con-
82
250

seibo de investigagao, que será julgado em conferencia particular sem precedencia de formalida-
des, únicamente pela apreciagao das provas e documentos que instruirem o aggravo.
Art. 61.° Qualquer que seja a deliberagao do conselho de guerra, o processo será devolvido
ao quartel general para ahí se dar cumplimento á sentenga do conselho.

CAPITULO vi

Auditoria geral da marinha

Art. 62.° A auditoria geral da marinha compoe-se do auditor geral da marinha, de um es-
crivSo e de um porteiro.
Art. 63.° O auditor geral da marinha pertence ao quadro da magistratura judicial como
juiz de primeira instancia.
Art. 64.° Ao auditor geral da marinha incumbe:
1.° Examinar escrupulosamente os processos preparatorios instaurados no juizo civil ou mi-
litar, a fim de solicitar do magistrado respectivo a reparagao das irregularidades que observar
no processo antes de convocar o conselho, ou de propor a sua annullagEo no caso de laborar em
nullidade insanavel;
2.° Formar o auto do corpo de delicto nos termos do artigo 39.° d'este código, logo que
receba o processo preparatorio do presidente do conselho de guerra;
3.° Despachar os requerímentos das partes para constituigao do advogado, e junegEo de
documentos para instrucgao do processo;
4.° Nomear defensor ao réu, nos termos do artigo 38.° d'este código;
5.° Julgar, em conselho de guerra, todos os processos instaurados contra individuos perten-
centes á marinha militar;.
6.° Fiscalisar a execugao da lei ñas sessoes do conselho de guerra;
7.° Lavrar na audiencia todos os termos, autos e sentengas do processo militar;
8." Tirar na jiresenea dos vogaes, antes de fechar e lacrar o jirocesso, urna copia da sen-
tenga do conselho de guerra, que será assignada pelo presidente e guardada.no cartorio da au-
ditoría ;
9.° Remetter ao supremo conselho de justiga militar, no praso marcado no artigo 55.°, todos
os processos julgados em conselho de guerra de que haj.a recurso para aquelle tribunal;
10.° Formar dois mappas, um de correspondencia official e outro da entrada, estado, julga-
mento e remessa de todos os processos respectivos á sua jurisdicgao;
11." Processar e julgar as habilitacoes do monte pió da marinha, nos termos da Íegislagao
vigente.
Art. 65.° Ao eserivao da auditoria geral da marinha incumbe, sob responsabilidade do au-
ditor, o expediente ordinario da repartigao, bem como escrever e lavrar todos os termos do pro-
cesso sobre as habilitagoes do monte pió da marinha.
Art. 66.° O porteiro é encarregado da guarda e limpeza da sala e dependencias da audi-
toría geral da marinha.

CAPITULO vn

Conselho de inveetigacao

Art. 67.° Para preparar os processos por crimes militares ou por crimes communs com-
mettidos a bordo dos navios armados se formará um conselho de investigagao, nomeado pelo
commandante do navio a que o réu pertencer, composto de um presidente e tres vogaes,
dos quaes o mais graduado será o official interrogante e secretario, e o menos graduado o pro-
motor.
Art. 68.° O commandante, apenas Ihe conste a perpetragEo de qualquer crime ou delicto a
bordo do navio do seu commando, nomeará logo um conselho de investigagao nos termos do ar-
tigo antecedente, o qual passará innnediatamento a tomar conhecimento da materia da accusagao
na forma seguinte:
Constituido o conselho de investigagao, o secretario lavrará logo o termo de abertura da.
sessEo, e o presidente mandará proceder a exame e auto de corpo de delicto se permanecerem
vestigios do crime, devendo mencionar-se escrupulosamente no respectivo auto todas as circum-
stancias e consectarios immediatos do crime. No caso de haver logar o exame de peritos, o pre-
sidente requisitará do quartel general, estando em Lisboa ou fóra da auctoridade superior, um
facultativo militar, o qual com o facultativo do navio e debaixo de juramento deferido pelo pre-
sidente, de bem investigar e fielmente declarar o estado do paciente e as armas com que denotar
251

haver sido ofíendido, passará a examinar os vestigios do crime e dará sobre elles o seu parecer,
que será litteralmeñte inserido pelo secretario no auto de exame e corpo de delicto. Nao perma-
neeendo, porém, vestigios de crime, comegará logo o conselho pelas declaragoes do queixoso, e se
o nao houver pela inquirigEo de oito testemunhas pelo menos, as quaes serao inquiridas nos ter-
mos do artigo 42.° d'este código, sobre os artigos da parte aecusatoria, que servirá de base ao
processo, seguindo-se á inquirigEo as perguntas do réu, se este estiver preso, e nao o estando a
conclusEo do conselho pela pronuncia ou nao pronuncia do aecusado, segundo as provas ou in-
dicios que constarem dos termos do processo.
§ 1.° Nos conselhos de investigacEo, formados a bordo de navios em viagem ou ancorados
em portes coloniaes ou estrangeiros, poderá o exame technico ser feito sómente pelo facultativo
do navio e igualmente inserido pelo secretario no auto de exame e corpo de delicto.
§ 2.° Nos processos por crime de desergEo é suficiente a inquirigao de tres testemunhas
para servir de base á conclusao do .conselho de investigagao.
Art. 69.° Da conclusao do conselho de investigagSo compete aggravo para o conselho de
guerra; e o promotor é obligado a aggravar de todas as conclusoes de nEo pronuncia por crimes
contra a disciplina militar ou por crimes communs a que corresponder pena maior de tres annos
de prisEo, devendo o secretario lavrar immediatamente o respectivo termo em que declare o
fundamento do aggravo, e remetter o processo dentro de quarenta e oito horas ao quartel gene-
ral da marinha.
CAPITULO VIII

Conselho de disciplina
Art. 70.° Para julgar os crimes ou contravengoes a que nEo corresponder pena maior de
tres mezes de prísao ou das penas eorreccionaes consignadas no código penal militar, se formará
um conselho de disciplina nomeado pelo commandante do navio a que o réu pertencer, composto
de um presidente e tres vogaes, dos quaes o mais graduado será o official interrogante e secre-
tario, e o menos graduado o promotor.
Art. 71.° Reunido o conselho de disciplina, lavrando o secretario o termo de abertura da
sessSo, se procederá logo á inquirigao das testemunhas de accusagao, seguindo-se os interroga-
torios ao réu e terminando pelo depoiménto das testemunhas de defeza e deeisao do conselho.
Art. 72.° O commandante do navio fóra do Tejo, e nao fazendo parte de esquadra, é au-
ctoridade executiva das decisoes do conselho de disciplina; estando, porém, o navio ancorado no
Tejo ou fazendo parte da esquadra, compete a execugao e modificagao das decisoes do conselho:
ou ao major general ou ao commandante de esquadra.
Art. 73.° A auctoridade executiva das decisoes dos conselhos de disciplina poderá, sob sua
responsabilidade, attenuar a pena imposta pelo conselho, comtanto que a attenuagEo nEo exceda
os limites da pena immediata.
Art. 74.° As contravengoes ou infraegoes disciplinares a que nEo corresponde pena maior de
tres dias de prisao, ou das-que estEo classificadas com os n.os 11.°, 12.°, 13.° e 14.° do código
penal militar, serao punidas directamente pelo commandante do navio ou auctoridade superior
de marinha sem dependencia do conselho de disciplina.

CAPITULO IX

Da suspeigao
Art. 75.° Tanto no supremo conselho de justiga militar como no conselho de guerra pode
o réu dar por suspeito qualquer menibro do conselho, e reciprocamente qualquer vogal dar-se
por suspeito relativamente ao réu. Sendo o juiz que se dá por suspeito, tem logar o juramento
na forma legal, sendo, porém, o réu que dá por suspeito algum juiz ,observar-se-ha a disposigao
do artigo seguinte.
Art. 76.° O réu que apresentar a suspeigao deduzirá immediatamente perante o conselho
os respectivos artigos, os quaes, sendo confessados pela parte, serao logo reduzidos a termo nos
autos e se encerrará a sessao a fim de se obviar á substituicEo do vogal recusado.
Art. 77.° Nao confessando a parte os artigos da suspeigSo, retirando-se o vogal dado por
suspeito e o réu depois de apresentar a contestagEo, passará o conselho a deliberar em confe-
rencia particular sobre a procedencia dos artigos offerecidos, tendo o presidente voto de quali-
dade na deliberagao, á qual será immediatamente dada execugEo para o fim de se dar principio
ao julgamento do processo no caso da rejeigEo dos artigos ou de se encerrar a sessEo nos termos.
do artigo antecedente, no caso do conselho julgar procedente a suspeigEo apresentada.
252

TITULO III
Das provas, pronuncia e presCTipeao

-..'
CAPITULO

4i -7
Da prÓVaa - •
:--.
Art. 78.° Prova é o acto judicial em qué se fluida a iniputágao do crime.
Art. 19." A apreeiagEO da procedencia das provas compete aos membros do tribunal, tendo
sempre em vista os seguintes principios dé direito.
Art. 80.p A prova é, segundo os differentes meios da sua producgEo, por testemunhas, por
instrumentos ou confissEo do réu.

CAPITULO II

Dá prova testemunlial
Art. 81.° A prova testemiinhal para ser plena e clarissima deve ser produzida por duas
testemunhas, pelo menos, juradas, juditíiaes, contestes, fidedignas, individuaos e concltidentes.
Art. 82,q Podem ser testemunhas todas as- pessoas que nao tiverem impedimento natural
ou legal.
§! 1.° Téein impedimento-natural os furiosos, os mentecaptos, os impúberes, os pródigos, e
os nindos e-surdos de naseimeiito.
§ 2.° Téeni impedimento legal os escravos,: os miinigos capitaes, os presos, os filhos ñas
causas dos paes, e reciprocamente, os maridos ñas causas das mulheres, e reciprocamente, e os
irmEos ñas causasdos1 irmaos, quando estEo debaixo da sua tutela e administragao.
Art. 83.° NEo: merecem fó as -testemunhas que depoem de mera credulidade ou de ouvida
alheia,; as contradictorias, as invérosimeis, as duvidosas, as que só depoem de circumstancias do
crime e as que nao dEo rasEo concludente dé sciencia.
Art. 84.° Para aperfeigoar a prova testemunhal pode o presidente do tribunal ex officio, ou
a réquerimento das partes, mandar proceder á acareagEo.
§ 1.° A acareacao é o acto judicial em que se confrontam as testemunhas entre si ou com
o réu, ou este com os co-róus a fim de'melhor se investigar a verdade.
A acareacao deve requerer-se quando ha fortes indicios a respeito do acareado, ou quando
as testemunhas depoem com variedade ñas circumstancias do crime.

CAPITULO m
Do instrumento

Art. 85.° Instrumento é a escriptura feita para coni2H'OA'ragEo do facto. Sobre a procedencia
judicial d'esta prova devem observar-se as seguintes regras:
1.a Só o instrumento publico j>assado por officiaes competentemente auctorisados faz prova
plena em juizo;
2.a O instrumento particular só prova contra o réu, sendo este reconhecido;
3.a Nao tem fé o instrumento suspeito de falsidade;
4.a 0 instrumento, que se refere a outro, nEo. prova sem se apresentar o referido.

CAPITULO IV

Art. 86.° A confissao do réu só prova quando consta do auto do corpo de delició, cOncor-
.
rendo legítimos indicios, e o réu oonfessando especificas circumstancias cío crime que se veri-'
ficam..

Art. 87.° A confissEo para ser legitima é preciso que seja clara, espontanea, verosímil e
judicial.
Art. 88.° A confissEo do réu pode acceitar-se em parte, e rejeitar-se em outra parte.
253

CAPITULO V

Da pronuncia
Art. 89.° Nao se requer prova plena para fundamento da pronuncia, bastando um certo
concurso de indicios para determinar o animo do.-tribunal'ou magistrado á indiciagao ou nao^ in-
diciagao do* aecusado.
Art. 90:° N.enhum individuo será preso antes da formagao-. da culpa,: para o que o processo
será secreto até á indiciagEo do aecusado.
Art.. 91.° A fianga concedida no foro civil subsiste no foro militar para o fim do réu se hV
vrar soltó até á sentenga do supremo conselho de justiga militar ou do conselho de guerra, n©
caso do crime nEo exceder a algacla d'este tribunal.
Art. 92.° O réu que nEo estiver afiangado no foro,: civil poderá requerer homenagem no
fóro militar, em todo o estado da causa, a qual sómente será concedida quando ao crime nao
corresponder no código penal militar pena maior da perda da patente, e-no código penal commum
pena maior de dois annos de prisao, sendo competente para a concessEe: ou denegacao- da home-
nagem a respectiva auctoridade superior militar; o juiz relator, pendeñdo' o processo no supremo
conselho de justiga militar, ou o auditor geral da marinha, estando ó processo affeeto ao conse-
lho de guerra, informará sobre a legalidade da concessEo,

CAPITULO VI

Da preseripcSo
Art. 93.° Todo o proCedimento judicial criminal contra determinada pessoa se prescreve,
passados dez annos depois do dia em que foi commettido o crime, ou se algum acto judicial teve
logar a respeito d'esse crime, depois do dia d'este acto.
Art. 94.° Todo o processo criminal a que se nEo d'eú seguimento fica extincto, passados
,
clez
annos depois do dia em que teve logar o ultimo acto.
§ único, Exceptuam-se os processos por crime ele desercEo, para os quaes nEo corre a. pre-
seripcSo.
DispOsiijao «eral
Art. 95.° Todos os termos, autos, sentencas e mais pegas do processo militar serao feitos
segundo o formulario junto, que faz parte d'este código.

Formalari o
O fóro militar da armada compoe-se, segundo as disposigoes do código, do conselho de dis-
ciplina, conselho de investigagao, conselho ele guerra e supremo conselho de justiga militar. Os
conselhos de disciplina e de investigagEo sEo nomeados pelo commandante do navio ou auctori-
dade competente militar, e os membros do supremo conselho de justiga militar sao nomeados
pelo Rei. O conselho de guerra compoe-se de um presidente e cinco Acogaos, indicados na tabella,
segundo o preceito da lei, de um promotor nomeado pela auctoridade militar, e de ran auditor
permanente nomeado pelo Rei. Ha conselhos de guerra ordinarios e conselhos de guerra extra-
ordinarios. O presidente e vogaes dos conselhos de guerra ordinarios serEo colhidos da tabella;
formada nos termos do artigo. entre as patentes de capitEo de mar e guerra e segundo tenente
.. fim
da armada, fazendo-se para este urna seegEo na tabella com os limites indicados ñas duas
patentes. O presidente e vogaes do conselho de guerra extraordinario sao extrahidos de toda a
tabella, nomeados simplesmente para cada processo. O conselho de guerra extraordinario tem
logar quando a ¡latente do réu for superior á de qualquer vogal do conselho ordinario, e n'estes
termos; para que se conserve a relagSo legal entre a patente cío réu e a dos membros do con-
selhoy se observará o seguinte preceito consignado no código> Na extracgEo da tabella do presi-
dente e vogaes do conselho extraordinario se comegará pelo A7ogal menos graduado, que será de
patente igual á do réu, porém mais antiga, o segundo será de patente immediatamente superior,
o terceiro de patente igual á do segundo, porém mais antiga, o quarto de patente ¡inmediata-
mente superior á do terceiro, o quinto cíe patente igual á do quarto, porém mais antiga, e o
presidente de patente inmiediatañiente superior á do quinto vogal, guardando-se d'esta arte a
alternagao dos dois principios de antiguidade e ele superioridade da patente, comegando pelo da
antiguidade, e subindo alternadamente até á indicagao do presidente. Quando, porém, o estado
254

da tabella nao permittir a rigorosa observancia d'este preceito, se modificará segundo as circum-
stancias, substituindo-se mutuamente os dois principios um pelo outro, e restabelecendo-se a al-
ternagao logo que as forgas da tabella o comportarem. Exemplo : o réu é um segundo tenente
da armada, o primeiro A'ogal é o segundo tenente immediatamente mais antigo, o segundo é o
primeiro tenente mais moderno da tabella, o terceiro é o prim?iro tenente immediato ao segundo,
o quarto é o capitao tenente mais moderno da tabella, o quinto é o capitao tenente immediato
ao quarto, e o presidente é o capitao de fragata mais moderno da tabella.
Suppondo que o réu é o segundo tenente mais antigo da armada, altera-se a ordem conie-
cando pela patente immediatamente superior, seguindo-se o immediato na antiguidade, e assim
successivamente até á plena constituigEo do conselho, cumprindo sempre substituir o principio
subsidiariamente da antiguidade pelo de superioridade, segundo as circumstancias da tabella dos
officiaes.
lrniTiii>Í9áo das testem/u.xilias
F,.., idade tantos annos, natural de ..., estado, solteiro, casado ou viuvo, oecupagao .. .,
testemunha jurada aos Santos Evangelhos em que poz a sua niEo, e jurou dizer a verdade, e
do i costume (parentesco, odio ou afFeigao ao réu) disse nada.
Perguntado pelo eonteúdo no auto de corpo de delicto ou parte accusatoria que Ihe foi lida,
" disse (transcreAre-se litteralmente o teor do depoiménto). E mais nao disse, e sendo-lhe lido o seu
.

depoiménto o ratificou. E váe assignado, ou (se nao sabe escreArer), e por riSo saber escrever
assigna, só o official interrogante commigo F..., auditor que o escrevi e assignei (se é em con-
selho de guerra), e sendo em conselho de disciplina Ou de investigagao, assigna o interrogante,
e o presidente no caso da testemunha nEo saber escreA^er, e sabendo, sómente o interrogante.e
a testemunha. ,
1111ei-rogátoi'ios

Interrogado pelo seu nome, naturalidade, filiagEo, estado, oecupagao e idade? Respondeu
chamar-se F..., natural de ..., filho de F..., casado, solteiro ou viuvo, empregado em . . .,
idade, tantos annos. Se é menor cabe aqui o termo da curadoría, lavrado por esta forma:
E por ser menor, o presidente nomeáar para seu curador a F. .., o qual sendo presente,
e recebido pelo réu, prestou juramento aos Santos Evangelhos de defender o réu menor, produ-
ziudo em sua defeza tudo que fosse a bem da sua causa.
E vae assignar commigo F..., auditor ou secretario, segundo for em conselho de guerra,
ou em conselho de disciplina e nrvestigagEo.
Continuando os interrogatorios foi interrogado. Seguem-se as niterrogagoes necessarias para
a investigagao da verdade e defeza do réu, elevando ser sempre a ultima interrogagEo sobre se
o réu tem mais alguma cousa a allegar em sua defeza, e concluindo assim:
E por esta forma terminaram os presentes interrogatorios, que sendo lidos ao réu os ratifi-
cou por os achar conformes. E Arae assignar ou (se nao sabe escreArer), e por nEo saber escrever
assigna só o official interrogante e curador commigo F.. ., auditor eme os escreA'i e assignei (se
é em conselho de guerra), e sendo ém conselho de disciplina, e por nao saber escre/ver assigna
o presidente e curador commigo F. . ., secretario que o escreAÚ e assignei.

ÍSenteinja.
Vendo-se n'esta cidade de Lisboa ou a bordo do navio tal ... ou porto em cpie estiver an-
corado, e sala da auditoria geral da marinha, em sessao publica do conselho de guerra, o pro-
cesso Arerbal é summario feito ao réu F. .., documentos juntos, attestados de praga, conselho de
investigagao ou se ha processo civil, summario a que procedeu o juiz de direito de tal districto
criminal ou comarca, em virtude da querella da parte ou do ministerio publico, auto de corpo
de delicto, testemunhas sobre elle perguntadas, interrogatorios feitos ao réu e suas respostas, de-
cidiu o conselho unánimemente ou por materia, que se acha provado o crime de de que o
...
réu é aecusado, e portante o declara incurso no artigo .. . que diz assim (aqui se transciwe o
texto dá lei). E se ha circumstancias aggravantes ou attenuantes continua assim: Attendendo
porém á circumstancia aggravante de ... que nos termos do artigo ... modifica a pena imposta
pelo artigo
. ..,
o conselho de guerra, eondemna o dito réu F. .. em tal pena. E se o conselho
decide que o crime nEo está provado, em seguida ás palaAi-as «interrogatorios feitos ao réu e
suas respostas» dirá : decidiu o conselho unánimemente ou por materia, que se nEo acha pro-
vado o crime de que o réu é aecusado, e portante o absolve da culpa. Lisboa, em sessEo de con-
selho de guerra de tantos de tal mez e auno.
O auditor, F...
255

Seguem-se as assignaturas do presidente e vngaes pela ordem das patentes; e assigna. em


ultimo logar o promotor por esta forma:
Fui presente, F. .., promotor.
üeliberacao do conselho de gxxerrn sobre aggravo do conselho de investigacao
É aggravado o aggravante, ou nEo é aggravado o aggravante, porquanto (aqui se dá o fun-
damento da deliberagEo); e portante manda o conselho de guerra qué o conselho de investigagEo
reforme ou confirma o despacho recorrido.

Despacho do conselho de investigacáo


As testemunhas inquiridas e mais provas ou indicios, se os houver, indiciam o réu F. pelo
crime de tal .., punido pelo artigo ... (aqui se transcreve a lei); e portanto deeidiu ..o con-
.
selho eme o réu deve responder a conselho de guerra.
Lido o despacho se o promotor aggravar, o secretario lavrará o seguinte

ICemcio de ággrávo
E logo promotor F... declarou que aggravava d'este despacho para o conselho de guerra,
o
e eme o fundamento do seu aggravo era o seguinte (aqui se transcrevem as rasoes do aggravo).
E para constar fiz este termo que o promotor assigna commigo F.. ., secretario que o escrevi
e assignei.
JDecisáo do conselho de disciplina.

Provado o crime ou contravengao de ... de que o réu F... é aecusado, o conselho de dis-
ciplina declara o réu incurso no artigo portante o condemna na pena de . . . ; 011 nEo se
. . ., e
proA^ando o crime de de que o réu F... é aecusado, o conselho de disciplina absoh'e da
culpa o dito réu F. .. ...,
Sala da commissEo, 31 de agosto de 1857.= Visconde da Granja, presidente =Joao da
=
Costa Carvalho Francisco Soares Franco
.
= Domingos Fortunato do Valle = Joaquim José Gon-
galves de Matos Correiu= Augusto Carlos Cardoso Bacellar Sonsa Azevedo, secretario. = Tem.
voto do sr. Antonio Ricardo Graga. = Sousa Azevedo, secretario.

Senhor.— Submettendo á alta consideragao de Vossa Magestade o projecto da lei penal)


destinada a manter a organisagao e disciplina da armada e a segurar o preenchimento completo
dos fins a que se destina, a commissEo, creada com este objecto pela portaría de 7 de outubro
do anno passado, julga tambom deA^er mencionar os embaragos em que se achou e os principios
cpie seguiu no exame e estado d'este assumpto delicado.
A lei penal é talvez a parte mais imperfeita da Íegislagao de todos os poAros. Alera de outras
militas difficuldades que se oppoem á sua perfeigEo, o legislador tem por iim lado de seguir os
principios immutaveis da justiga, sentirlos na ordem moral, e por outro de attender ás conve-
niencias e necessidacles transitorias da sociedade, e mesmo de respeitar os preconceitos elomi-
nantes.
O código penal, fructo por este modo do embate dos principios absolutos da ordem moral e
dos que derivam de systemas utilitarios, de sua natureza variaAreis e susceptiveis de ser entendidos
por muitos e diversos modos, nEo pode ser perfeito; corre o risco de ser insuficiente ou de ul-
trapassar o seu objecto: no primeiro caso perturba-se a ordem social; no segundo retarda-se o
progresso moral da humanidáde, e nao poucas vezes retrocede; os exemplos sao frequentes na
historia de todos os povos.
Urna lei penal perfeita suppoe urna sociedade moral e politicamente perfeita; suppoe que a
especie humana ou parte d'ella tenha tocado a meta da civilisagEo a que aspiramos, mas que se
acha distante.
As difficuldades que apenas esbogamos aggravam-se sobremaneira quando se trata da sane-
gao penal de quaesquer disposigoes destinadas a preencher um fim especial.
256

O objecto da lei penal militar é a manuteucao da organisagao e disciplina da forga militar


e a seguranga do preenchimento completo dos seus fins; mas a organisagao, a disciplina e os
iins podem ser contrariados pela aecao de actos injustos, e tambem de actos innocentes; uns e
outros conduzem muitas vézes por si mesmo ou pelo concurso de causas e circumstancias inde-
pendentes a resultados desastrosos que é indispensavel evitar; como classificar pois estes actos?
e como graduar as penas? liespeitará o legislador os principios absolutos e invariaveis do justo
e do injusto? ou attendera tao sómente ao principio utilitario? Ségüiiido o principio do interesse
graduará os crhnes pelas consequencias que resultarem das faltas commcttidas ou pela impor-
tancia das mesmas faltas? A todas estas difficuldades permanentes que nascem da natureza do
objecto juntam-se ainda outras muitas variaveis;r taes sao os elementos diversos de que pode ser
composta a forga. militar, o estado da civilisagáo dos povos,. as ideas recebidas sobre as bases da
disciplina, os usos e abusos inveterados, e até o numero e natureza dos desastres, embora acei-
deñtaes, quando occorridos em epochas recentes.
Todas estas diniculdadea a, commissao sentiu e estudou devidamente.
A disciplina, esta parte, tao importante e delicada da organisagao militar, porque d'ella
depende inten*amente o preenchimento de seus fins, foi largamente meditada; a gravidade das
penas repressivas dos actos qué a perturbam, é anida ínuito mais a natureza das mesmas penas
téin urna importancia' especial e transcendente'; ó que sobre este assmnpto se consideren excel-
lente ainda liontem, pode boje ser indifférénté e áinaiiha prejudicial, porque vivemos em urna
eposha de transicgao accelérada. Ainda nos nossos días era doutrina corrente e incontroversa que
a órdem e a disciplina só se mantinbam pela intimidacao. e d'ahi vem as disposigoes draconianas
que ainda boje figuram nos códigos da maior parte das nacoes; suppunha-se talvez que a orga-
nisagao militar e o preenchimento dos seus fins repugnava á especie humana, e acreditava-se que
o respeito aos superiores, a obediencia inteira aos seus preeeitos, a resignagao no soffriinento
dos trabalhos e privagoes, e o valor nos combates.nasciam tao sómente do medo dos castigos e
do terror das penas amictivas.
O valor nascer do medo é uní paradoxo bem singular, mas que ainda boje eonta sectarios em
numero muitó crescido. G homem é naturalmentevalente; o amor da patria e da familia, a religüio,
a gloria e talvez mais do que tudo o amor proprio e a vaidade Ievam-no a abracar todos os meios
que o podem eonduzir á victoria e a praticar as acgoes mais corajosas e arrojadas. Organisagao,
disciplina e fins, tudo existe nos instinctos nobres e generosos que germinam no coracao humano,
Pellissier nao tinha de certo mais a peito a queda de Sebastopol e a gloria da Franca, que os
soldados que por entre as balas, as bombas e as bayonetas inimigas foram hastear as suas ban-
deirás gloriosas ñas mitrallias de líalakoff.
A commissao achou-se pois perplexa, e nSo tanto pela difficuldade da classificagao das
faltas e graduagao das penas correspondentes, como pela propria natureza das penas a em-
pregar.
Considerando a commissao a pena das varadas, teve em vista os vicios do recrutamento, e
cedeu a consideracoes utilitarias, ainda hoje geralmente recebidas; mas pesando todas as conse-
quencias nocivas d'esta pena degradante, restringiu a sua applicagao a individuosjá desjjreziveis,
ou pela natureza dos deíictos commettidos ou pela relaxagao comprovada.
Actos que provem de esquecimentos, de perturbagao, de erros do entendimento, de igno-
rancia e de falta de valor, sao por sua natureza innocentes; mas como conduzem muitas vezes
a. resultados fataes, a lei n&o pode deixar de os considerar puniveis, quando d'elles resultara
faltas^ que ¡perturbara a ordem militar; ajustiga, poréni, e a mesma utilidade aconselham a que
as penas applicadas á sua repressab, pequera antes por diminutas do que por exeessivas. A com-
missao seguiu quanto pode este principio; e dizemos quanto pode, porque acerca d'este assum-
pto existem preconceitos que nao 4 possivel desprezar..
JSFa graduagao das penas correspondentes as faltas commettidas por, acto voluntario a com-
missao caminhou desaffrontada; pois a utilidade como ajustiga impoem o dever de os reprimir
e castigar.
No que respeita á gravidade das penas em geral, a commissao teve sempre em vista a mo-
ralidade do acto, a sua importancia na ordem militar, as consequencias provaveis e as condigoes
espeeiaes do agente; para satisfazer a ultima especie, que só pode ser avaliada pelo juiz, a com-
missao nao fixou regras de punigao invariaveis, excepto em casos ínuito espeeiaes; em todos os
mais a.pena pode ser aggravada ou attenuada pela sua duragSo, e em alguns tocar mesmo o li-
mite das penas immediatas.
Os actos poniveis foram classificados systematicamente e expressos com bastante generali-
dade, a fim de que as faltas e crimes militares em todas as liypotheses puniveis possam encontrar
na lei as regras da punigao.
Para que a justiga penal satisfaga completamente os seus fins nao basta a lei penal; embora
se considere perfeita, é mister que um código do processo regule a sua applicagao, que ambos
os códigos sejam fundados em principios similhantes, e que a organisagao dos tribunaes, o nu-
257

mero das instancias e as attribuigoes e escolha dos juizes garantam em todos os casos a morali-
dade do julgamento.
Na justiga militar dá-se ainda urna circumstaneia essencial, e é que o castigo seja presen-
ciado por quem preseuciou o delicio; a falta d'este quesito annulla quasi inteiramente a aegao
da pena, particularmente quando ó applicada a repressao de actos contrarios á manutengao da
disciplina.
A commissao julga toda esta parte da legislagao penal da armada incompleta, e talvez
mesmo imperfeita.
Depois de ha ver exposto as difíiculdades que se oppoem á perfeigao da lei penal militar, a
commissao seria contradictoria se entendesse haver formado um projecto de código perfeito ;
acredita todavía que este primeiro ensaio poderá satisfazer ao seu fim emquanto nao variarem
as condigoes actuaes da sociedade; e em todo o caso jülga haver desbravado o eaminho que ou-
tros seguirlo depois mais seguros e com mais felizes resultados.

Projecto de código penal da armada

CAPITUXO i
DiBposigoes geraes
Artigo 1.° O presente código penal da armada é applicavel a todos os individuos perten-
centes á marinha militar.
§ 1.° Pertencem permanentemente á marinha militar os officiaes do corpo da armada e pra-
gas da companhia dos guardas marinhas, os officiaes de saude e de fazenda da armada, os en-
genheiros constructores da armada; os individuos de que. se compoe o corpo de machinistas
navaes; os officiaes marinheiros, as pragas do corpo de marinheiros da armada e as do corpo
de veteranos.
§ 2.a Pertencem á marinha militar, emquanto formam parte das guarnigoes dos navios do
estado ou n'elles servem temporariamente, os destacamentos de corpos do exercito, as pragas de
marinhagem nao pertencentes ao corpo de marinheiros da armada, os artistas, os pilotos e pra-
ticos dos portos e das costas, e todos os mais individuos que por qualquer titulo pertengam ás
mesmas guarnigoes.
Art. 2.° Ficaní sujeitos ás disposigoes penaes d'este código os capitaes e mais pragas dos
navios do commercio, durante o tempo que estes navios forem comboiados ou pertencerem a
comboios, e os individuos militares ou paisanos que seguirem viágem em navios do estado, em-
quanto n'elles estiverem embarcados.
Art. 3.° As disposigoes do código penal geral sito applicaveis aos individuos pertencentes á
marinha militar, todas as vezes que estes individuos commettam crimes, delictos ou contraven-
goes expressas n'aquelle código, e de que n'este se nao faga mengao.
Art. 4.° Nenhum acto praticado por individuos pertencentes á marinha militar será conside-
rado crime ou delicio sem que tal acto seja expresso e declarado criminoso n'este código ou no
código geral.
Art. 5.° Os actos que perturbarem a ordem, a disciplina e a regularidade do servigo a bordo,
nos arsenaes, quarteis, corpos de guarda ou outras quaesquer reunioes militares ou de servigo,
c de que n'este código se nao faga mengao expressa, sao declarados infracgoes ou contravengoes
puniveis, e serao applicadas á sua repressao as penas correccionaes que segundo os regulamentos
disciplinares e policiaes corresponderem á gravidade dos mesrnos actos.
§ único. Sao igualmente declarados puniveis com penas de correegao os actos contrarios
á religiao, honestidade e bons costumes praticados nos mesmos logares, e cuja gravidade nao
chegue a constituir crime ou delicio a que n'este código ou no código geral corresponda j^ena
maior.
Art. 6.° Aos individuos pertencentes á marinha militar nao serao applicadas em caso algum
penas que nao sejam decretadas n'este código ou no código geral.
Art. 7.° Nunca será applicada mais de urna pena, e quando haja algum criminoso conven-
cido de haver perpetrado mais de um crime ou delicto, ser-lhe-ha eomminada a pena correspon-
dente ao maior, aggravando-se segundo as regras geraes de direito, em attengao á circumstaneia
da accumulagao dos crimes.
Art. 8." Sao penas decretadas n'este código as seguintes:

1.a Pena de morte;


Penas maiores
2.a Trabalhos públicos ou degredo ;
3.a Demissao do posto, sendo militar, e perda do emprogo, sendo empregado civil;
ss
.258

4.a Servigo temporario em posto ou posigao inferior, sendo militar, ou suspensao tempora-
ria do emprego, sendo empregado civil;
5.a Prisao rigorosa;
-
6.a Prisao simples, com exercicio ou sem elle;

JPenas correcciorxáes
7.a Varadas;
8.a Prisao até cito dias a ferros;
9.a Car regar de armas;
10.° Prisao até quinze dias, fazendo Ou nao servigo;
11.a Servigo de castigo;
12.a Privagao de licengas;
13.a Privagao da ragao de vinho;
14.a Reprehensao publica ou jiarticular.
Art. 9.° A pena de morte terá logar por execügao militar nos casos em que a lei o ordenar
e for declarado na sentenga*
Art. 10.° As penas de morte, degredo e trabamos públicos sao penas infamantes, e impor-
tam consequentemente a perda e desautoragao previa de todas as honras, distincgoes, eondeco-
ragoes, postos, empregos e pragas de qualquer denominagao. Sao effeitos d'estas penas todos os
efíeitos d'ellas decretados no código geral.
Art. 11.° O degredo pode ser temporario ou por toda a vida; por toda a vida só pode ser
applicado como attenuagaó da pena de morte; o degredo temporario tem por limites, menor, tres
ánnos, e maior, doze annos.
Art; 12.° A pena de trabalhos públicos nao poderá igualmente durar menos de tres annos
nem mais de doze, salvos os casos em que esta lei o declarar ou como attenuagaó da pena
de morte.
§ único, Esta pena será executada nos arsenaes de marinha, trabalhando os sentenciados
com cadeia delgada^ e sem andarem ligados dois a dois.
Art. 13.° A prisao rigorosa yerifica-se a bordo ou em urna praga de g*uerra.
Se o preso for oflicial ou individuo que tenha esta categoria, conservar-se-ha recluso no alo-
jameñto, se a prisao for a bordo, e em prisao ou logar destinado para esse uso, se for em praga
de guerra.
Se o preso nao tiver a graduagao ou consideragao de oflicial, a reclusao terá sempre logar
em prisao, quer seja no mar ou na térra.
Art. 14.° A prisao simples consiste na detengao a bordo ou em urna praga de guerra, e será
sempre com exercicio quando for applicada a individuos que nao tenham a graduagao de offi-
ciaes.
Art. 15.° Quando a duragao da pena de prisao simples ou rigorosa nao for determinada na
lei, os seus limites serao tres mezes e um auno.
Art. 16.° A pena das varadas só será applicada por delicio de furto, a que n&o corresponda
pena maior, ou quaudo baja relaxagao comprovada, pela repetig&o successiva de outras culpas.
Art. 17.° A pena de carregar de armas nunca poderá durar mais de duas horas suceessi-
vas, e o peso das armas nao excederá a duas arrobas; poderá comtudo repetir-se segunda vez
por urna mesma falta, mas nao em o mesmo dia.
Art. 18.° A pena de prisao correccional, quando for ajiplicada a officiaes que estejam em-
barcados ou a quaesqner outras pragas que, sem serení officiaes, tenham todavía camarote a
bordo ou lhes pertenga, será sempre ou no proprio camarote ou no alojamento ou em todo o na-
vio ; no ultimo caso poderá a prisao ser com exercicio ou sem elle.
§ 1.° Quando for applicada a officiaes que estejam desembarcados, verificar-se-ha no sen
quartel ou a bordo de qualquer navio que esteja armado no porto.
§ 2.° Quando a bordo a mesma pena for applicada a individuos que nao tenham camarote
privativo Ou Ibes nao pertenga, será verificada sempre em logar ou posigao destinada com ante-
cipagao para esse uso; o mesmo terá logar nos quarteis e ñas pragas de guerra, isto quer a
jirisSo seja a ferros ou sem elles.
§ 3." A prisao de correegao verificada sem que se cumpram todas as disposigoes d'este ar-
tigo, é considerada nao decretada n'este código.
Art. 19.° Quando a lei nao designar precisamente a duragao de qualquer pena temporaria,
entender-se-ha que ao erime ou delicto nao aconipanhado de circumstancias aggravantes ou atte-
nuantes corresponde sempre a duragao media entre os limites marcados na lei.
Art. 20.° Todas as penas impostas por abuso de auetoridade e por acto de iusubordinagao
seráo attenuadas quando o abuso de auetoridade tiver sido provocado por iusubordinagao, e a
insubordmagao for abuso de auetoridade.
259

Art. 21.° As penas classificadas com os n.os 7.°, 8.°, 9.°, 11.° e 13.° nunca serao applica-
das a offciaes ou individuos que tenham esta categoría. As dos n.os 7.°, 8.° e 9.° nüo serao tam-
bem applicadas a officiaes marinheiros, officiaes inferiores, artistas ou a quaesquer outros indivi-
duos que gosem a bordo de graduagoes correspondentes. Os ferros poderao ser todavía applica-
dos a estes últimos individuos, como medida da seguranga ou prevengao.
Art. 22.° As penas de prisao correccional e .de desterro do código geral serlo substituidas
pela prisao simples, quando forem applicadas a individuos pertencentes á marinha militar.
§ único. Os dias de multa serSo substituidos por días de prisao correccional.
Art. 23.a Os individuos condemnados por sentenga de conselhos de guerra ou accord&os do
conselho supremo de jnstiga militar perderao em antiguidade o tenipo que durar a prisao que Ihe
foi comminada, e venceráo durante todo o tempo da prisao anterior e posterior ao julgamento
tao sómente metade dos seus sóidos ou ordenados.
Se a prisao for a bordo, receberao tambera a ragao do porao.
Art. 24.° A prisao preventiva nunca será considerada pena ou castigo, nem a de seguranga
o será igualmente emquanto nao houver sentenga condemnatoria; em ambos os casos, a prisao
será calculada de modo que se obste á perpetragao do delicto ou á fúgida do aceusado, evitan-
do-se todo p rigor que nao seja indispensavei ao preenchimento d'estes fiñs.
Art. 25.° A duragao e o rigor da prisao anterior á sentenga serao sempre circumstancias
attenuantes da pena correspondente ao crime ou delicto commettido.
Art. 26.° Todas as penas decretadas n'este código serao attenuadas segundo as regras ge-
raes de direito, em attengáo á idade e estado pbysico e moral dos delinquentes.

CAPITULO II
Actos contrarios á seguranca do estadOj honra e dignidade da bandereanacional
Art. 27.° O cominandante de qualquer navio de guerra que nao enipregar conveniente-
mente todos os meios de que dispozer para o ter sempre em estado de entrar em combate, in-
correrá na pena de prisao simples ou rigorosa, ou de demissao, segundo a gravidade das faltas
que por este modo commetter.
Art. 28.° O commandante de esquadra ou navio soltó que deixar de atacar o inimigo, de o
perseguir, se foge, ou que evitar o combate, dando-se as condigoes e circumstancias em que,
segundo as ordenangas, as ordens'geraes ou as suas instrucgoes particulares, lhe cumpra com-
bater, será demittido.
§ único. Se, porém, d'esta falta resultar no todo ou em parte o mallogro da commissao de
que estiver encarregado ou desar ás armas portuguezas, incorrerá na pena de degredo.
Art. 29.° O commandante que se deixar surprehender ou que, no acto de preparar o seu
navio para o combate e depois de empeuhada a accgao nao empregar todos os meios que tiver á
sua disposigíio para combater vigorosamente e com vantagem, incorrerá na pena de prisao sim-
ples ou rigorosa.
§ 1,° Se a falta concorrer para um resultado indeciso ou der causa a que o inimigo possa
retirar-se ou evitar o ser batido, incorrerá na pena de demissao.
§ 2.° Se da falta resultar a perda da acgao, será degradado.
Art. 30.° O commandante do navio ou divisao que, depois de envolvida em acgao geral a
esquadra a que pertencer, se conservar fóra do combate, se afastar do inimigo ou nao procurar
a posigao em que memore mais rápidamente possa concorrer para o resultado feliz do combate,
nao sendo estes actos devidos a circumstancias que os justifiquem completamente, incorrerá na
pena de demissao.
§ único. Se esta falta for causa de se perder a acgao, incorrerá na pena de degredo.
Art. 31.° O commandante de navio ou divisao que, antes de terminada a acgao geral da es-
quadra a que pertencer, fugir.ou arrear a bandeira, tendo ainda á sua disposigao qualquer ineio
de aggredir o inimigo ou prolongar a resistencia, será arcabuzado.
Art. 32.° O commandante de esquadra ou navio soltó que, depois de empenhado o combate,
fugir ou tentar fugir, sem que tenha cessado completamente a possibilidade de vencer ou de
obrigar o inimigo a retirar-se, será degradado.
Art. 33.° O commandante de esquadra ou navio soltó que mandar cessar o combate e se
entregar seta que tenha cessado completamente a possibilidade de vencer ou de obrigar o ini-
migo a retirar-se, será arcabuzado.
Art. 34." O commandante ' de esquadra ou navio soltó, encarregado de um comboio ou de
outra commissao, para o desempenho da qual, em virtude das disposig5es das ordenangas, ordens
geraes ou das suas instrucgoes, lhe cumpra bater-se, nao obstante qualquer desigualdade defor-
ga, que. evitar o combate ou fugir antes de preenchidos os fins que motivaram a necessidade do
combate desigual, incorrerá na pena de demissao.
260

§ 1.° Se d'esta falta resultar a perda do comboio ou desar ás nossas armas, incorrerá na
pena de degredo.
§ 2.° Na mesma pena de degredo incorrerá o que fugir por effeito de desigualdade de for-
gas, tendo ordem expressa de se bater até á extreinidade, nao obstante essa desigualdade.
Art. 35." O commandante de qualquer forga que, tendo batido o inimigo, o deixar fugir,
sem que tenha empregado todos os meios de o capturar que forem compativeis cora as suas in-
strucgoes e execugao da commissao que lhe tiver sido confiada, será privado de commandar por
espago de dois a seis annos.
Art. 36.° Os officiaes quéj durante o combate ou na presenga do inimigo, sendo consultados
pelo commandante, o aconselharem a praticar qualquer acto, pelo qual este hája de responder
a conselho de guerra^ sendo o conselho causa determinante do acto^incorrerao ñas mesmas penas
em que incorrerá o commandante quando o acto praticado for julgado punivel.
Art. 37.° Quando o conseibo nao for dado em acgao de combate ou em presenga do inimi-
go, incorrerao na peña immediatamente menor; isto quer a falta aconselhada seja arribada, se-
paragao do comboio, desviaménto da execugao das instrucgoes ou qualquer outra.
Art. 38.° O commandante de um brulote ou qualquer outro official ou praga da armada que,
sendo encarregado durante a acgao de um servigo importante oU arriscado, nao empregar con-
venientemente para o desempenhar todos os meios de que dispozer, incorrerá na pena de prisao
simples ou rigorosa, segundo as circumstancias.
§ único. Se se provar que a falta foi eomínettida por effeito de cobardía, será degradado
sendo oíficial, e condeninado a trabalhos públicos nao tendo esta categoría.
Art. 39.° O individuo de qualquer graduagao que, durante o combate, abandonar o seu posto,
ou que mesmo, sem o abandonar, der provas de fráqueza taés que possam influir na firmeza dos
camaradas que ás observárem, incorrerá na pena de degredo se for official, e na de trabalhos
públicos se nao tiver esta categoría.
Art. 4G.° O que no acto do combate, seja qual for a sua graduagao, soltar vozes aterrado-
ras o u arrear a bandeira sem que seja por ordem do commandante, será arcabuzado.
Art. 41.° O official Ou qualquer outra praga encarregada durante a campanha de fazer son-
das, reconhecimentos ou exploragoes de que dependa a seguranga da esquadra, a facilidade das
suas operagoes ou em geral o boin éxito da campanha em que se achar empenhado, que der urna
relagáo mentirosa do que houver observado, ou de proposito, com o mesmo finí criminoso, nao
executar com a necessaria exactidao aquelle servigo importante, incorrerá na pena de degredo..
Art. 42." O individuo pertencente á marinha militar que, em tempo de guerra, mesmo sem
fim criminoso, espalhar a bordo noticias desagradaveis, falsas ou verdadeiras, que possam des-
morahsar ou desanimar as guarnigoes, será castigado correccionalmentepela primeira vez; porém,
se reincidir incorrerá na pena de prisao simples.
§ 1.° Se as noticias forem inventadas pelo individuo que as espalhar, ou mesmo nSo sendo
inventadas forem por elle divulgadas com um fim criminoso, será condemnado na pena de prisao
rigorosa.
§ 2.° Se no caso do paragrapho antecedente as noticias forera dadas no acto do combate
ou tao próximo a este que possam influir no seu resultado, incorrerá na pena de degredo.
Art. 43.° O individuo pertencente á marinha militar, qualquer que seja a sua graduagao,
que por leviandade revelar segredos da campanha que lhe sejam officialniente confiados, ou de
que tenha conhecimento em virtude da sua posigao, incorrerá na pena de prisao simples.
§ único. Se a revelagao do segredo for acompanhada de circumstancias que manifestem in-
tengao criminosa, incorrerá na pena de degredo.
Art. 44.° O commandante de urna forga, e em geral qualquer individuo pertencente á mari-
nha militar, que sendo encarregado de urna commissao se afastar no cumprimentod'ella, sem mo-
tivo justificado, das instrucgoes que houver recebído, será severamente reprehendido, aínda mesmo
quando da falta se nao siga o mallogro da commissao.
§ único. Se a falta for commettida com intengao criminosa, incorrerá na pena de prisao sim-
ples ou rigorosa.
Art. 45." O commandante ou qualquer outro individuo encarregado de urna commissao que
a nao cumprir, e nao provar que a falta da execugao das ordens recebidas proveiu de difficulda-
des insuperaveis ou motivos completamentejustificados, incorrerá na pena de prisao simples ou
rigorosa, e mesmo perdimento do posto, conforme a importancia da commissao e o valor dos mo-
tivos que allegar em sua defeza.
§ único. Se a falta de cumprimento da commissSo for acompanhada de circumstancias que
provem intengáo criminosa, incorrerá na pena de degredo.
Art. 46.° O capitao, piloto ou qualquer outra praga de navio do commercio comboiado que
abandonar o comboio, sem ordem ou signa! do commandante do mesmo comboio, ou nao cumprir
o que por elle lhe for ordenado no que respeita ao servigo e seguranga do comboio, sem que urna
ou outra cousa seja consequencia necessaria de circumstancias e difficuldades insuperaveis, incor-
261

rerá na pena de prisao simples ou rigorosa, ficando sujeito á acgao civil pelas perdas e dañinos
que occasionar a sua falta, na conformidade das leis do reino.
Art. 47.° O capitao de navio comboiado que sendo apresado nao inutilisar, podendo, o regi-
mentó dos signaes e todos os papéis e documentos que possam ser uteis ao inimigo, incorrerá na
pena de prisao rigorosa.
Art. 48.° Quando qualquer dos actos expressos nos artigos antecedentes d'este capitulo e
nos seus paragraphos for praticado com fim manifestó e provado de favorecer o inimigo, será o
individuo que praticar o crime arcabuzado, qualquer que seja a sua graduagao, classe ou cate-
goría.
Art. 49.° Os individuos pertencentes á marinha militar que passarem para o inimigo, com.
o fim único de desertaren!, incorrerSo na pena de degredo, se forem officiaes^ e na de trabalhos
públicos, se nlo tiverem esta categoría.
A duragao da pena, em ambos os casos, será de doze annos.
§ 1.° Os que deelararem, porém, ao inimigo o que souberem sobre o estado e circumstan-
cias da forga a que pertenciam, serao arcabnzados,
§ 2.° Serao igualmente árcabuzados os que levarem o regimentó de signaes, registos de or-
dens ou quaesquer outros documentos de que o inimigo se possa ntilisar; os que tomarem armas
ñas fileiras inimigas ou servirem ali qualquer emprego civil; os que levarem o navio ou forga
que commandarem, ou quaesquer camaradas que para esse fim angariarem.
Art. 50.° Seráo árcabuzados por traidores os individuos pertencentes á marinha militar que
tiverem correspondencia criminosa com o inimigo, ou que em tempo de guerra instigarem os seus
camaradas a desertar ou lhes facilitaren! a desergao, seja ou nao para o inimigo, e finalmente os
que, com o fim manifestó de favorecer o inimigo, derem partes ou informagoes falsas sobre a sua
forga, posigoes e circumstancias.
Art. 51.° Todos os actos de desobediencia, insubordinagao ou revolta praticados em tempo
de guerra por um ou mais individuos, isolada ou conectivamente, com o fim manifestó e provado
de favorecer o inimigo, sao considerados traigao. Os chefes e instigadores ou alliciadores para es-,
tes crimes serao árcabuzados; todos os mais incorrerao na pena de degredo por doze annos ou
por toda a vida sendo officiaes, e na de trabalhos públicos igualmente por doze annos ou por toda
a vida nao tendo esta categoria.
CAPÍTULO m . -
Falta de cumprimento de deveres geraes
Art. 52.° O militar ou empregado civil que acceitar servigo ou condecoragao de páiz estran-
geiro sem permissao do governo incorrerá na pena de demissao.
Art. 53.° O commandante que, tendo perdido o navio do seu commando, nao provar ein con-
selho de guerra que o naufragio procedeu de forga. maior ou de qualquer causa insuperavel, in-
correrá, segundo as circumstancias, ñas penas expressas nos paragraphos seguintes.
§ 1." Se o naufragio, tendo sido occasionado por erro de derrota, que por circumstancias
nao possa ter sido previamente corrigido, se podesse evitar émpregando-se as prevengoes e re-
gras de prudencia que a. sciencia e pratica da navegagEo aconselhain, e taes prevengoes e regras
nao tenham sido praticadas, será o acensado condemnado em prisao simples ou rigorosa, segundo
as circumstancias, e ficará privado de commandar por espago de dois a quatro annos.
§ 2." Quando, por quaesquer meios, a posigao do navio esteja próximamente verificada, e o
naufragio tenha logar por ignorancia, desleixo ou neglicencia na adopgao das precaugoes e meios
de o prevenir ou evitar, o aecusado será condemnado em dois ou tres annos de prisao simples
ou rigorosa, ou a ser demittido segundo a gravidade das circumstancias.
Art. 54.° O commandante que, por acto voluntario, perder o navio do seu commando, incor-
rerá na pena de degredo temporario ou por toda a vida, segundo a menor ou maior gravidade
das circumstancias que se derem n'este acto.
§ único. Se se provar que houve intengáo de favorecer o inimigo, será arcabuzado.
Art. 55.° Quando para a perda de um navio concorrer falta, delicto ou crime commettido,
seja pelo commandante do quarto ou por qualquer outro official ou praga da guarnigíío, incorrerá
sempre o delinquente ñas mesmas penas em que incorrem os commandantes, quando culpados,
conforme fica disposto nos artigos antecedentes.
Art. 56.° O commandante que, tendo perdido o navio do seu commando, nao empregar os
meios que restarem á sua disposigao para salvar a guarnigao, os objeetos da fazenda e os de par-
ticulares que por ordem estiverem a bordo, incorrerá na pena de prisao simples ou rigorosa, se-
gundo as circumstancias; se, porém, chegado o momento da guarnigao dever abandonar o navio,
nSo for o ultimo a deixal-o, incorrerá na pena de demissao.
Art. 57.° O official encarregado de um servigo temporario, seja commando de quarto ou
qualquer outro servigo, que o abandonar, que dormir quando lhe cumpra vigiar, ou nao cum-
262

prir, sem causa justificada, as ordens que tiver recebido, será castigado correceionalmente; se,
porém, reincidir ou se da falta resultar algum desastre, incorrerá na pena de prisao simples ou
rigorosa.
§ 1." Incorrem ñas mesmas penas os individuos que, estando de sentinella o u vigía, comniet-
terem faltas iguaes.
§ 2.° As faltas expressas n'este artigo serao julgadas aggravadas quando forem commetti-
das na presenga do inimigo.
Art. 58.° O commandante de esquadra ou navio soltó que deixar de prestar a quaesquer
navios amigos ou inimigos os soccorros requeridos pela humanidade, que forem compativeis com
as suas circumstancias e instrucgoes, incorrerá na pena de reprehensáo, destituigao do commando
ou mesmo prisao simples, segundo a gravidade da falta.
§ único. Se, porém, da falta voluntaria do soccorro possivel resultar a morte da guarnigao
dos navios amigos ou inimigos, ou de qualquer jiarte d'ella, incorrerá na pena de prisao rigorosa
ou de degredo, segundo as circumstancias forem mais ou menos graves.
Art. 59.° O commandante que nao prestar aos navios portuguezes em qualquer logar em
que os encontrar, e ao conimercio portuguez nos portos nacionaes ou estrangeiros em que se
achar, todos os servigos e auxilios possiveis, segundo os meios de que disjiozer e as instrucgoes
que tiver a cumprir, incorrerá na pena de privagao do commando ou de prisao simples, segundo
a gravidade da falta.
Art. 60.° O commandante que, sem ordem ou perinissao da auetoridade competente, consen-
tir que a bordo do navio do seu commando se depositem ou transporten! quaesquer objectos de
commercio, seus ou de outros^ nEo sendo no caso accidental de salvar os mesmos objectos, ou
quando, segundo as ordens geraes ou as suas instrucgoes, estiver auctorisado para poder per-
mittir o deposito ou transporte, incorre na pena de privagao do commando ou na de prisao sim-
ples, segundo a gravidade das circumstancias que aeompanharem a falta.
Art. 61.° Incorrem em penas correccionaes e na de prisao simples, reincidindo, quaesquer
pragas dos navios do estado que, sem ordem ou permissao da auetoridade competente, enibar-
carera ou consentirem que se embarquem ou transpórtela nos mesmos navios quaesquer objectos
para fins commerciaes, ou os objectos sejam seus ou de outros.
Art. 62.° O commandante ou qualquer outra praga dos navios do estado que fizer, auxiliar
ou consentir que se faga qualquer contrabando no navio em que se achar embarcado, ou ñas lan-
chas ou escaleres do mesmo, incorrerá na pena de prisao rigorosa; se, porém, reincidir, será
demittido se for oflicial militar, e perderá o emprego se for empregado civil.
Art. 63.° Os individuos pertencentes á marinha militar que, nos portos nacionaes ou estran-
geiros aonde se acharem os navios a cujas guarnigoes pertencerem, se oceuparem de objectos de
commercio por sua conta ou de outros, nS,o sendo nos casos em que, pela natureza do armamento
e destino dos navios, o commercio seja permittido, serSo castigados correceionalmente.
§ único. Os que abordo, seja qual for a natureza do armamento, ñas pragas de guerra ou
nos quarteis, se oceuparem de objectos de commercio com os seus camaradas, serao castigados
correceionalmente pela primeira vez, e incorrerao na pena de prisao simples, reincidindo.
Art. 64.° O individuo que engañar um superior em objecto de servigo, seja dando urna parte
falsa ou de outro qualquer modo, incorrerá na pena de prisao rigorosa, e reincidindo, na de baixa
dé posto ou perda do emprego; e nao sendo official, na de trabamos públicos.
Art. 65.° Todos os crimes communs commettidos por individuos pertencentes á marinha
militar, serao considerados aggravados quando forem praticados a bordo, nos quarteis, corpos de
guarda, arsenaes ou quaesquer outras reunioes militares ou de servigo.
Art. 66.° Os individuos que deixarem de cumprir qualquer das disposigoes das ordenangas,
ordens geraes ou instrucgoes que tiverem recebido, serao castigados correceionalmente,quando á
falta que commetterem nSo corresponda pena maior n'este código.
Art. 67.° O individuo de qualquer categoría ou classe que se escusar de cumprir qualquer
servigo ou commissao de marinha para que for nomeado, sem que sejam justos os motivos em
que fundar a escusa, incorrerá na pena de prisao simples ou rigorosa, e no caso de reincidencia
será demittido.
CAPITULO IV
Abusos de auetoridade
Art. 68.° O superior, seja qual for a sua patente ou commissao de que se achar encarre-
gado, que ordenar a applicagao de alguma pena nao decretada n'este código, ou superior ás que
segundo o código do proeesso estiver auctorisado a infligir, será reprehendido; e se reincidir
será destituido do commando ou commissao que o constituía auetoridade.
§ 1.° Se do castigo arbitrado resultar ao paciente lesao ou incapacidade de exercer as func-
coes do seu cargo, incorrerá na pena de prisao simples ou rigorosa, segundo a gravidade das cir-
cumstancias.
263

§ 2.° Se resultar a morte será degradado.


Art. 69.° O commandante que offender um ou mais dos seus subordinados, injuriando-os por
meio de palavras que firam a honra, será pela primeira vez reprehendido particularmente, pela
segunda reprehendido publicamente, e se continuar a praticar este abuso, será privado do com-
mando,
§ 1.° Se a injuria consistir em vías de facto, levantando a mao, e batendo ou ferindo um
subordinado qualquer, incorrerá na pena de prisao correccional; no caso, porém, de reincidir, ou
mesmo sem reincidencia, se o offendido for official ou individuo que tenha esta categoría, será
condemnado em prisao simples ou rigorosa, conforme as circumstancias.
§ 2.° Se do acto violento resultar ao offendido lesao ou incapacidade de exercer as funcgoes
do seu emprego, incorrerá na pena de degredo.
§ 3.° Se resultar a morte, incorrerá na pena de morte.
Art. 70.° O superior nao commandante que, em acto de servigo, praticar abusos de auetori-
dade expressos no artigo antecedente, incorrerá ñas mesmas penas que incorreria se fóra com-
mandante ; com a differenga, porém, de que no caso menos grave, a injuria por palavras, a pena
será reprehensao pela primeira vez, prisao correccional pela segunda, destituigSo da commissao
pela terceira.
Art. 71.° O superior, quer seja ou nao commandante, que empregar os subordinados emser-
vigo particular, seu ou de outros, fóra dos casos expressos na lei ou regulamentos, será repre-
dido.
§ único. O que reincidir e o que AÚolentar os subordinados a empregar-se n'estes servigos,
incorrerá na pena de prisao simples ou rigorosa, segundo as circumstancias que occorrerem.
Art. 72.° O individuo pertencente á marinha militar, seja qual for a sua graduagao, cate-
goría ou classe, que por qualquer meio extorquir dinheiro ou presentes dos seus subordinados,
dos donos, consignatarios ou capitaes dos navios do commercio comboiados, e finalmente de quaes-
quer individuos que d'elle dependám, em virtude de commando, governo ou commissSo de que
se ache encarregado, incorrerá na pena de prisao simples ou rigorosa, demissao ou mesmo de-
gredo temporario, segundo a natureza dos meios que houver empregado, e o valor dos objectos
extorquidos e circumstancias que aggravem estes actos.
Art. 73.° O superior de qualquer classe ou graduagao que supprimir ou auctorisar a sup-
pressao de alguma parte das ragoes ou vencimentos dos seus subordinados, fóra dos casos esta-
belecidos por lei, regulamentos que d'ella dimanem ou circuinstanciasimperiosas, ou que por ou-
tro qualquer modo prejudique ou consinta que prejudiquem os interesses legítimos dos seus
subordinados, nSo tendo havido n'estes abusos intengáo criminosa, será castigado com penas cor-
reccionaes.
§ único. O que reincidir, e que, praticados os abusos expressos n'este artigo, se utilisar,
o
no todo ou em parte, do dinheiro, ragoes ou effeitos descontados ás pragas a quera pertencerem,
incorrerá na pena da perda do posto ou do emprego, podendo, segundo as circumstancias, aggra-
var-se a pena com a prisao.
Art. 74.° Qualquer individuo pertencente á marinhamilitar que assumir o commando de urna
forga qualquer, sem que para esse fim esteja devidamenteauctorisado, salvo o caso de forga maior,
incorrerá na pena de prisao simples ou rigorosa.
§ 1.° Se com a forga cujo commando indevidamente assumiu praticar actos criminosos, será
demittido.
§ 2.° Se aos actos criminosos que assim praticar corresponderem penas superiores, ser-lhe-
hao applicadas essas penas, julgando-se os crimes aggravados pela circumstaneia do commando
de facto.
Art. 75." O commandante ou chefe temporario de urna forga qualquer que a empregar em
fins alheios ao servigo publico, sem ordem expressa da auetoridade competente, incorrerá na pena
de prisao simples.
§ 1.° Se b emprego que fizer da forga for criminoso, será demittido.
§ 2.° Se aos crimes que assim commetter corresponderem. penas maiores, serao applicadas
essas penas, considerando-se os crimes aggravados pelo abuso da forga.
Art. 76.° Os abusos de auetoridade praticados contra prisioneiros serao punidos com as mes-
mas penas que o seriara se fossem praticados contra individuos das proprias guarnigoes.
§ 1.° NEo serao considerados abusos de auetoridade as medidas de seguranga pratieadas com
os prisioneiros.
§ 2.° O descaminho ou falta de arrecadacao das presas, ou qualquer parte d'ellas, será con-
siderado como descaminho ou falta de arrecadagSo de objectos da fazenda publica; e aos indi-
viduos incursos n'estes crimes serao applicadas as penas correspondentes, expressas no código
geral.
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CAPITULO V
Insuboi'dinaeao
Art. 77.° Os individuos pertencentes á marinha militar que, em acto de servigo, faltarem ao
respeito a qualquer dos seus superiores, e os que, seja ou nao em acto de servigo, faltarem ao
respeito ao seu commandante ou ao commandante da divisao ou esquadra a que peetencerem, ou
ao major general da armada, serao castigados, segundo a gravidade das circumstancias da offensa,
com as penas expressas nos paragraphos seguintes.
§ 1.° Se a offensa consistir em gestos ou palavras, será applicada a pena de prisao simples.
Tendo havido premeditagáo, a prisao será rigorosa.
§ 2.° Consistindo a offensa em acto violento com arma ou sem ella, quer resulte ou nao fe-
riuaento, e sendo o aggressor official ou individuo que tenha esta categoría, a pena será o degredo
temporario ou por toda a vida, segundo a gravidade das circumstancias; nao sendo o aggressor
official neni tendo esta categoría, será a pena trabalhos públicos igualmente temporarios ou por
toda a vida, conforme as circumstancias.
§ 3.° No caso de homicidio, seja ou nao premeditado, incorrerá o delinquente na pena de
morte.
§ 4.° Quando os crimes e delietos expressos n'este artigo forem praticados em acgao de com-
bate, todas as penas serao substituidas pela pena immediatamente superior.
Art. 78.° Os individuos que, precedendo ou nao eombiuagao, se amotinarem, incorrerao na
pena de prisao simples de um ate tres annos.
§ 1.° Os que tendo-se amotinado impedirem a execugao das ordens do commandante ou de
outro qualquer superior a quem Ihes cumpra obedecer, incorrerá na pena de prisao simples de
tres até cinco annos.
§ 2.° Se os amotinados obrigarem o commandante ou outro qualquer superior a praticar
actos contrarios ás suas instrucgoes ou ordens recebidas, ou os destituirem da auetoridade apo-
derando-se do navio, incorrerao na pena de degredo, sendo officiaes, e na de trabalhos públicos
nao tendo esta categoría.
§ 3.° Os chefes e os instigadores do motim incorrem, no primeiro caso, na pena de de-
gredo, sendo officiaes, e na de trabalhos públicos nao tendo esta categoría; no segundo, o degredo
e trabalhos públicos será por toda a vida, e no terceiro caso incorrerao na pena de morte.
§ 4.° Se o tumulto, sedigao ou inotim for causa de se pertarbarem ou alterarem as disposi-
goes da campanha, ainda quando o motim tenha este objecto, e tambem quando for praticado
na presenga do inimigo, incorrerao os amotinados na pena de degredo, sendo officiaes, e na de
trabalhos públicos nao tendo esta categoría. Os chefes e os instigadores seráo árcabuzados.
§ 5." Os que durante o motim commetterem crimes a que corresponda pena maior, incor-
rerao na pena correspondente ao crime que commetterem, juigando-se este aggravado pela cir-
cumstaneia de se acharem amotinados.
Art. 79.° Os actos de desobediencia ás sentinellas e os ataques de qualquer natureza feitos
ás mesmas serao castigados com as mesmas penas que o seriara se fossem praticados contra o
proprio commandante.
Art. 80." Os individuos que recusarem executar as ordens dos seus commandantes ou de
quaesquer outros superiores, a quem lhes cumpra obedecer, serlo castigados, segundo a gravi-
dade das circumstancias que se derem no acto da desobediencia, com prisao simples, prisao ri-
gorosa ou mesmo com a demissao do posto sendo officiaes militares, ou a perda do emprego
sendo empregados civis.
§ 1.° Se o acto de desobediencia for praticado na presenga do inimigo, incorrerao na pena
de degredo os officiaes, e na de trabalhos públicos os individuos que nao tiverem esta graduagao.
§ 2.° Se a desobediencia nao for formal e consistir tao sómente em representagoes, objec-
goes ou difliculdades frivolas, executando-se a final a ordem do superior, serao applicadas penas
correcciouaes.
Art. 81.° Incorrem na pena de degredo, sendo officiaes, e na de trabalhos públicos, nao
tendo esta categoría, os individuos que violentamente recusarem sujeitar-se á correegao que lhes
for mandada dar pela auetoridade competente.
§ único. Ñas mesmas penas incorrem os que durante a execugao de qualquer castigo sol-
tarein vozes que, directa ou indirectamente, provoquen! a guarnigao a insubordinar-se ou amo-
tinar-se.
Art. 82.° Os officiaes e individuos de igual categoría que, depois de terminada qualquer
das penas correccionaes que tenham recebido, se nao apresentarem ao commandante, serao pre-
sos segunda vez; e se ainda depois insistirem em nao cumprir este dever, serao demittidos.
§ único. Os que em logar de cumprirem respetosamente o disposto n'este artigo forem
exprobrar ou pedir satisfagao ao commandante pela injustiga que suppozerem ou entenderem
265

Jhe tenha sido feiía, incorrerao na pena de prisao rigorosa, se n'este acto nao commetterem
crime ou delicto a que corresponda pena maior.
Art. 83.° Todos os individuos que fizerem representagoes collectivas aos seus superiores,
quer seja yerbalmente ou por escripto, serao castigados com peñas correecionaes.
Art. 84.° Incorrem igualmente era penas eorreceionaes todos os individuos, qualquer que
seja a sua graduagao, que deixarém de respeitar os superiores ou faltarem aó cumprimento das
attengoes de civilidade que lhes sao dévidas, embora estas faltas nao sejam comniettidas em acto
de servigo,
Art. 85.° Ñas mesmas penas correecionaes incorrem todos os individuos pertencentes á ar-
mada, seja qual for a sua classe ou categoría, que a bordo, ños quarteisi pragas de guerra,
corpos de guarda ou quaesquer outras reunióles de servigo, disserem mal dos superiores ou cri-
ticarem os actos por elles praticados no que respeita ao servigo.

CAPITULO VI

Ausencias e désercoés
Art. 86.° A desergao verifica-se todas as vezes que um individuo pertencente á marinha
militar se ausenta sem pérmissao, e assim se conserva por espágó de mais de oito diascómple--
.

tos, contados da hora em que tiver logar a ausencia.


§ 1.° Verifica-se igualmente quando estando ausente com licencá, ou por outro qualquer
motivo legitimo, se ñlo apresenta antes do día e hora em que se completam oito días contados
do momento em que termina-a licengá ou cessa o motivo que áuctorisava á ausencia.
§ 2.° A desergao verificarse em ambos os casos de ausencia ou falta de apreséntagao,.apenas
tenha logar qualquer d'estas faltas, se o delinquente já por duas vezes tiver sofErido pena áccor-
dadá em conselho de disciplina por ausencias ou faltas de apresentácao em tempo compétente.
§ 3.° Tambera se verifica a desergao quando o individuo ficá em térra e sáe do porto o
navio a que pertence, emborá se aprésente á auetoridade antes de findo o periodo dé oito días.
§ 4.° Em qualquer dos casos expostos n'este artigo, a desergao nao se verifica, se o acto
nao for voluntario, mas obrigádo por forgá maior ou circumstanciasimprevistas ou insuperaveis.
Art. 87.° Os officiaes ou individuos de igual categoría que desertarem em Lisboa, incorre-
rao na pena de prisao rigorosa, pela primeira vez; pela segunda, serao dernittidos os que forem
militares, e perderáo o emprego os que forem enipregados civis.
§ 1.° Se a desergao tiver logar fóra do porto de Lisboa, ou mesmo em Lisboa, fieando em
térra quando saír o navio á que pertencerem, incorrerao na pena de demissao ou perda do em-
prego, se forem ou nao militares.
§ 2.a Se a desergao verificada em Lisboa tiver logar em tempo de guerra,; serlo dernittidos
os que forem militares, e perderáo o emprego os empregadps civis.
§ 3.° Se a desergao em tempo de guerra se verificar fóra de Lisboa, ou mesmo em Lisboa,
fieando em térra quando o navio saír, incorrerá na pena de degredo.
Art. 88.° Os individuos que nao forem officiaes nem tiverem esta categoría, que desertarem
em Lisboa, incorrerao na pena de prisao simples por espago de seis mezes a um anno, se a
desergao for a primeira; de dois a tres annos, se for a segunda; e na de trabalhos públicos por
espago de tres a cinco annos, se for a terceira.
§ 1.° Se a desergao tiver logar fóra do porto de Lisboa, ou quando o navio a que o deser-
tor pertencer saír d'este porto, a pena applicada pela primeira desergao será de um a dois annos
de prisao simples, e pela segunda de tres a cinco annos de trabalhos públicos.
§ 2.a Se a desergao for em tempo de guerra e tiver logar em Lisboa, incorrerá o desertor
na pena, de prisao simples por espago de dois a tres annos, sendo a desergao a primeira; e na
de trabalhos públicos de tres a cinco annos, sendo a segunda.
§ 3.° Se a desergao for em tempo de guerra, se verificar fóra do porto de Lisboa, ou
quando saír d'este porto o navio a que pertencer o desertor, este incorrerá na pena de trabalhos
públicos por espago de cinco a doze annos.
Art. 89.° Todas as penas expressas no artigo antecedente serao applicadas no minimo quando
a desergao for simples, isto é, nao acompanhada de faltas ou deíictos nao mencionados no mesmo
artigo.
§ 1.° Quando a desergao for acompanhada de faltas ou deíictos a que correspondam penas
maiores, será a desergao aggravada.
§ 2." Quando aos crimes ou deíictos commettidos com a desergao correspondam penas
maiores, será a desergao considerada circumstaneia aggravante do crime ou delicto commettido.
§ 3.° A duragao da pena de prisao applicada por primeira e segunda desergao será redu-
zida a metade do tempo, quando o desertor se apresentar por acto voluntario antes de findo o
periodo de seis mezes, contados do dia'em que se tiver verificado a desergao; e será reduzida
34.
266

ra um tergo quando a apreséntagao, igualmente voluntaria, tiver logar antes de findo o periodo
de tres mezes.
Quando a pena for.o degredo, será este cominutado no primeiro caso em tres a:cinco annos
de prisao simples, emo segundo em dois a quatro annos igualmente de prisao simples.
:Art, -90.°.Seraocastigados correceionalmente os individuos de qualquer graduagao que eom-
,méttereni i ausencias, ou íaltas -.de, apreséntagao, nao expressas no, artigo antecedente, que. n&o
.cheguem-a.cQnstituir^idésergáo.
. ,
Art. 91.° O commandante de esquadra, divisao ou navio que deixar a forga doseu com-
mando ,enivünia circumstaneia critica qualquer, ouque estando era térra nao empregar todos os
meios.. praticaveis de recolher a bordo., dadas as mesmas circumstancias, incorrerá na pena de
prisao simples¡ou:rigorosa, e-mesmo demissao, segundo as circumstaiicias.
§ 1.° Se os actos expressos-njeste .artigo, forem, praticados em tempo de guerra, com o fim
de nao tomar parte em combate em que tenha de empenhar-se a esquadra, divisao ou navio a
que pertencer, incorrerá na pena de degredo temporario ou por toda a vida, conforme a gravi-
dade da falta que por este modo commetter.
§ 2.° Se n'esta falta se der intenglo nianifesta de favorecer o inimigo, será arcabuzado.
§ 3.° Os individuos que, sem serem commandantes, commetterem as faltas expressas n'este
.»al'tigp>.íincorrerfo, no primeiro caso. na.pena de prisao simples, ou rigorosa; no, segundo, degredo
temporario,, sendo officiaes,. e trabalhos,públicos, nao tendo esta categoría; e no terceiro serao
árcabuzados.
i Art. fugir estando a cumprir sentenga- será condemnado na mesma pena
9.2.° O, individuo que
.queiestay:a,Gumprindo eqjortantoitempo,quanto,foivo,dobro:do:queIhefaltavapara.expiar a culpa.
Quandój-por.ém^este^dobro,do;temj)oiqjie.lhefaltava para cumprir a sentenga for,menor do
.que :0 total era que tinb.a-.Tsid© .condemnado,iserá a.duragaoda,primeirapena,applicada igual-
emente á-seguiid&i , . ;;> .; •..:. '
•SaladáSírsessoeSy 31 de?agosto de 1857.==F¿SGOJioíe da Granja, presidente ==Joao.,
.
da Cosía
Camallio=='¡~E!ra'>icisco <§oares: F^mi,eo,==T}oming<)s, Fortunato do Valle= Joaquim José Gongalues
,de Matos Govveia-=Augusto Carlos.<Cárdoso •Bacellar Sousa Azevedo, secretario-^-Tem voto do
.sr...Antonio ¡Ricardo Graga. ;.
.

Declara^ao «le voló


Votei cohtrá: a CoiTecéao'das varadas, porque julgo este castigo desnécessario, imraorai e
nocivo. ;
Tmmoral e nocivo, porque eni logar de pena é urna provocagao e urna afirpiita; porque
mata no paciente todos os séntiméntos' generosos, .estimularido ao mesmo tempo as'páixoesruiíis
e violentas; porque extrema os militares em duas classes, aviltándo a mais numerosa, sera que
ab menos a distinegáó tenha correspondente na sociedade actual, ou seja determinada pela capa-
cidade moral; porque, finalmente, degrada a forga a cujo brío e valor confiara a sua seguranga
o throho e a nagao.
É desnécessario, porque éxistem outras penas; e nao é certo que dependa d'ella a ordem e
a disciplina.
0 Alma, Bomassünd, Sebastopol e Kiñbourn, provam que a disciplina e toda a organisagao
militar''de mar e térra assenta sobre bases mais nobres, mais racionaos e seguras. Joaqtám
José Go?igalves de Matos Correia.
=
Na carta de Ici¡ de 41 dc: agosto de J 860, cstaucleccndo urna classe de alumnos aspirantes
a facultativos,da: armada edo¡ ultramar, encontrarse o.scguiíitc:

Artigo 4." Os alumnos d'esta classe, logo que se matricularem ñas escolas medico-cirurgicas
do continente dó reino terao assentamento de • praga eiulivro especial no corpo de marinheiros da
armada, cujo commandante os enviará immediatamentecora guia ao conselho de saude naval, de
quem receberao as ordens comrementes.

No regnlamento para a organisacáo da classe de aspirantes a facnl tativos da armada c do 'ultramar


approvado por decreto de 42 de setcmltro.de 4S60, enconíra-se o segninte

Artigo 14.° Os aspirantes d'esta classe que, pelo artigo 7.° 4. d'este regulamento, estao sujei-
tos ásleis e regulamentos ¡militares, continuarao a ser assim considerados depois de nomeados
cirurgioes dos quadros.de .saude da anna^fa e.do ultramar.

1 Que manda aos candidatospreferidosassentar praga no corpo de maviiilieiros da .armada em livro especial.
267

Portaría de 19 de setembro de 4860

Sendo necessario rever attentamente as leis de 14 e 21 de julho de 1856, e o regulanieuto


de 30 de setembro do mesmo anno, ponderando os inconvenientes-que a; experiencia houver apun-
tado, a fim de se providenciar quanto antes o que melhor convier : manda Sua MagestadeEl-Rei,
pela secretaria d'estado dos negocios da guerra, que urna commissao composta do coronel do es-
tado maior dé artilheria Francisco Evaristo Leoni, que servirá dé presidente, do capitáo do
2.° regimentó da mesma ¿irina, com exercicio de lente hb real collegio militar, Güilherine Quiü'-
tino Lopes de Macedo, e do capitlo do batalháo dé cagadbrés-n'.° 5 Jbüo Pinto Cámeirb,.'procedía'
á: indicada revisao, e proponha as 1 alteraeoes^ que julgar necessárias ñas ditas leiS'e- regülámento
em'-vigor, accórdés com a civilisagao da sociedade portugueza e conducentes ao objéctb principal-
— a boa disciplina do exercito. Oniesmo augusto sénhor, contando com o zelb esclarecido dos
supraditos officiaes, espera que correspoderao á confianga que inspirara.

Portaría de 23 de novembiio de1860'

Manda Sua Magestade El-Rei, pela secretaria d'estado dos negocios•.dá¡ marinha e ultramar,
participar ao governador geral da provincia de Moganibique, em resposta ao. seu offieio n.° 1,7 de
17 de fevereiro ultimo, remetiendo copia da portaría: pela qual ordenou que se adoptasse na. so-:
bredita provincia o formulario dos conselhos de disciplina emais preceitos contidos na portaria-
do ministerio da guerra de 7 de novembro de 1857, que hoñye por bem approvar a medida, man^
dada por em vigor pela citada portariaj visto que das rasoés ponderadas na mesma. se reconliece
ser de utilidade. '.,...-.
Portaría de 31 de dézembro de 1860

Manda El-Rei, pela secretaria d'estado dos negocios da guerra, que seja dissolvida a com-
missao creada por portaria de 19' de setembro ultíino, para a revisao das' léis.dé 14 e 21 de julho
de 1856 e do regulaménto de 30 de setembro do mesmo almo, mereceñdb louvor os niembrbs da
dita commissao pelo modo por que se empregaram nos trabalhos de que foram enearregados.

' 18 01
Decreto de I i de niaio1de 4861

Attendendo ao que me representaram José Antonio Pinto Soares e Carlos Antonio de Araujo,
officiaes da secretaria do supremo consplho de justiga militar, e conformando-me com, a opiniáo

bunal do conselho de guerra.


cuíar.
..,-.
do mesmo conselho : hei por bem determinar que os officiaes da secretaria do dito.supremo con-
selho teníiam as gradüagoes militares * de que gosavam os officiaes da secretaria do extincto tri-

0 ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra assim o tenha entendido e faca exe-

l)etermiuac«ío inserta na ordem do exercito n.° 13 de 17 dejiiiiho de 4861

Tendo sido últimamente annullados por aceordáos do supremo conselho de justiga militar
alguns processos de réus militares, julgados em conselho de guerra, por tereni sido n'elles viola-
dos os principios de direito consignados expressamente nos artigos 1:033.° da reformajudicia-
riá e implícitamente no artigo 1:078.°, § unicoy 1:099.° e 875.°, como se declara nos mesmos
aceordüos; e sendo certo que a repetigSo de taes factos influe poderosamente sobre a auetori-
dade moral d'estes tribunaes, com manifestó prejuizo das instituigoes militares: manda Sua Ma-
gestade El-Rei que os generaes commandantes das divisoes militares e cominandantes geraes de

1 Era a graduagao de tenente coronel.


268

engenheria e artilheria chamem a attengaó dos individuos que exercerem as funcgoes de juizes
nos conselhos de guerra, sobre a necessidade de empregarem o maior zélo e circumspecgao no
desempenho de tao importante servigo.

ftetermiuacáo inserta na ordem do exercito n.° 24 de 22 de outubro de 4861

Tendo-se encontrado nos processos disciplinares, feitos para julgar os desertores e incorre-
giyeis, algumás irregularidades, que muitas vezes podiam influir na apreciagao da verdade; e
eonvindo manter a uniformidade e garantir sempre a boa adininistragao da justiga: manda Sua
Magestade El-Rei recommendar aos commandantes das divisoes militares que empreguem os meios
convenientes para que.se evitem todas as irregularidades de processo, é qiie se cumpra exacta-
mente o formulario mandado adoptar pelas ordens do exercito n.° 29 de 24 de dézembro de 1857
e n.° 35 de 14 de agosto de 1858.

Portaria de 34 de dezeoibro de 4861

Sua Magestade El-Rei, a quem foi presente a represéntagao do consélheiro director da ter-
ceira direccab d'esta secretaria d'estado^ pedindo esclarecimentos acerca dos abonos que se devem
fazer ás pragas, da armada condemnadas pelo crime de desergao a prisao a bordo, quando a sen-
tenga nao declaré ésta circumstaneia, porquanto por esta falta de declarágao tem o commandante
do corpo de marinheiros da armada real mandado fazer ás pragas assim sentenciadas o abono dos
seus respectivos sóidos; considerando que pelos artigos 50.° e 51.° dos de guerra para o servigo
e disciplina da armada real sao as pragas n'elles mencionadas, incursas no crime de desergao,
condemnadas a servir a bordo por um determinado tempo, sem vencimento de soldó; conside-
rando que esta privagao de soldó, ou se considere como execugao da pena de prisao a bordo, ou
como effeito da mesma pena, nao carece de ser declarada expressamentena sentenga condemna-
toria; no primeiro caso, porque a sentenga. se limita a impor a pena, cuja execugao, estando de-
terminada.na lei, nao carece de ser descripta na mesma sentenga; e no segundo caso, porque os
effeitos das penas téem logar em virtude da lei sem necessidade de declaragíio alguma na sentenga.
condemnatoria; considerando que o silencio das sen tengas em questao sobre a privagao do soldó
nao podé ter senáo esta explicagao, e nao se pode suppor que os tribunaes quizessem modificar
a lei, nao só porque nao se pode applicar pena que nao seja decretada na lei, nem substituir por
outra a que está mandadaapplicar, como é expresso nos artigos 68.° e 69.° do código penal, mas
tambera porque o alvará^de 26 de abril de 1800, confirmando os artigos de guerra, da armada,
mandón que fossem observados litteralmente sem interpretagáo ou modificagao alguma; conside-
rando, finalmente, que até seria absurdo que as pragas de marinhagem condemnados a prisao ven-
cessem soldó, quando aos officiaes condemnadbs na mesma jiena se desconta meio soldó, em vista
do disposto no alvará de 23 de abril de 1790; e tendo sido ouviclo a este respeito o ajudante
do procurador geral da coróa junto a este ministerio, com cujo parecer se conforma: ha por
bem determinar que ás firagas de pret da armada, condemnadas a prisao a bordo, se nao abone
soldó, porém, únicamente a racao e, para sé vestirem, o. que se acha determinado pela portaría
d'este ministerio de 16 de junho de 1859i.
O que tudo assim manda, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, par-
ticipar ao sobredito consélheiro director da tereeira direegao da mesma secretaria d'estado, para
seu conhecimento e mais devidos effeitos.

1863
Portaria de 46 de Janeiro de 1862

Tendo chegado ao conhecimentode SuaMagestadeEl-Rei que, por occasiao da salda dos navios
do estado, algumas pragas de marinhagem das suas respectivas guarnigoes téem ficado em térra,

• Determina que se abone ás pravas ñas referidas circumstancias, para tardamente, até á importancia de
J
•14£400 ruis, sendo-llies entregue á medida que o forem vencendo,em ju-estacoes nao excedentes a 1$200 réis em
cada mez.
269

apresentando-se depois no quartel do corpo de marinheiros da armada real, aonde téem sido re-
cebidas sem haver procedimento algum posterior, isto pelo facto de se nao verificar a ausencia
de oito días, praso este que no exercito está marcado para se declarar desertor a praga que se
ausenta sem licengá; legislagáo esta tambera adoptada na armada, pela ordem geral de 22 de
margo de 1854, publicada na ordem da armada n.° 249 de 31 do mesmo mez e anno; e tornan-
do-se necessario para a exacta e regular disciplina dos navios do estado, que os respectivos ar-
tigos de guerra sejam devidamente observados era tudo em que leis ulteriores os nao tenha al-
terado : ha o mesmo augusto senhor por bem, confórmando-se com o parecer do ajudante do
procurador geral da eoroa junto a este ministerio, em data de 26 de dézembro ultimo, determi-
nar, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, que o Consélheiro chefe do es-
tado maior da marinha, em ordem geral, faga suscitar a exacta observancia do artigo 54.° dos
sobreditos artigos de guerra; declarándo-se ao mesmo tempo ao commandante do corpo de ma-
rinheiros que, comquanto nao deva considerar as pragas de que se trata como desertores, visto
que a eulpabilidade em taes circumstanciasderiva do facto da sua nao comparencia a bordo do
navio no momento de largar do porto, sendo-lhes por isso inapplicaveis por esta falta as dispo-
sigoes que marcara o tempo de ausencia precisa para constituir desergao, o que é crime diffe-
rente, e como tal punido pelo artigo 51.° dos de guerra; faga, comtudo (logo que se lhe apré-
sentar qualquer praga de marinhagem pertencente á guarnigao de um navio de guerra saído do
porto d'esta capital, que nao tenha desembarcado legalmente) proceder a conselho de investiga-
gao, ao qual servirá de base a guia e participagao que o commandante do respectivo navio lhe.
deve ter remettido, em execugao das instrucgoes .approyadas por portaria d'este ministerio de
26 de agosto de 1861, enviando este processo ao referido chefe do estado maior, o qual fará im-
mediatamente responder em conselho de guerra a praga accusada de similhante falta; outrosim,
manda Sua Magestade El-Rei que aos individuos cümprehendidos n'estaá disposigoes se fagam os
abonos pela forma determinada has portarías d'este ministerio de 15 de maio de 1854 e 31 de
dézemb.io do anno próximo pássado.

Decreto de 42 de ferereiro de 1862

Querendo solemnisar a epocha da minha acclamagáo com um acto de clemencia tao ampio,
quanto seja compativel com a seguranga comnium e com a disciplina do exercito: hei por bem,
exercendo urna das attribuigoes do poder moderador, que me é mais agradavel, e tendo ouvido
o conselho d'estado, decretar o segumte:
Artigo 1.° E concedida amnistía:
-..-,,...'.
1.° Para os crimes de abuso de liberdade de imprensa,, em que sómente seja parte o minis-
terio publico;
2.° Para os crimes de contrabando, fieando perdidos a favor da fazenda e das pessoas a
quem pertencer, segundo as leis, os objectos respectivos ao mesmo contrabando;
3.° Para os crimes de sedicSb ou assuada, commettidos com o fim de impedir o estabeleci-
mento dos novos systemas legaes de pesos e medidas e de eontribuigoes publicas;
4..? Para as contravengoes da legislagáo especial, reguladora dos respectivos estabelecimen-
tos scientificos, aos estudantes da univorsidade e' de outros estabeleciinentos de instruegao supe-
rior' e secundaria;
5.° Para os crimes de desergao simples ou aggravada por alguma das circumstancias men-
cionadas no artigo 5.° da carta de lei de 21 de julho de 1856, commettidos por pragas de pret
do exercito, depois de haverem concluido o seu tempo de servigo;
6.° Para os crimes de primeira e segunda desergao simples ou aggravada por subtraegao oís
descaminho de objectos da fazenda, commettidos por pragas de pret do exercito, anteriormente
á carta de lei de 21 de julho de 1856, por pragas de pret do corpo de marinheiros da armada,
real e do deposito do extracto batalhao naval, e por pragas de pret das guarnigoes das provin-
cias ultramarinas.
§ único. Esta amnistía só aproveitará aos desertores que se apresentarem dentro de tres
mezes no reino, de cinco ñas illias adjacentes, e de oito no ultramar, contados, quanto ao
reino e ilhas adjacentes, desde a data em que este decreto for publicado na ordem do exer-
cito ou armada; e quanto ao ultramar, desde o dia em que for publicado na capital da pro-
vincia.
Art. 2.° As pragas de pret nao comprehendidas no n.° 5.° do artigo antecedente e conde-
mnadas por crime de desergao simples ou aggraArada por alguma das circumstancias mencio-
nadas no artigo 5.° da carta de lei de 21 de julho de 1856, e bem assim ás sentenciadas por
incorregibilidade, fiea-lhes perdoada a quarta parte do tempo da pena em que foram conde-
mnadas.
, .
270

Art. 3." As píá§a& de pi'et qué tiverem commettidó transgressoesde disciplina, fieani pciv
dbádas-as penas em que incorréráni, impostas pelas competentes auctoridades.
Art. 4^p Aos réúscondémnados'ápena dé mbrtéj por sentenga pássadá em1julgadb, fiea a
mesmá péna^cbinmutáda'na iínmédiatá.
.
Art. 5.° Abs'réiiS condemnádo's-, por séntengáJpasSádá;em jülgádb, era penas- maiores tem-
porarias1'dé-qualquer natureza,: é perdoadá á; qüartá parte do tempo em que fórain conde-
nmadbsi J
§~ünicbv Sao exceptuados"da dispbsicab1 d'este-artigó' os réiís'de criníé dó'fálsidádeyqitebra
fraudulentas móéd^fMsa;
Art; 6^° As" penas 'correecionaes"dé prisab'bW'destérrby-impbStás?pbri sénténgá paseada em:
julgadbj qué nao excéderfenx á'üin;añhb, ficá-in pérdbádas'ábsréus, e quáudb excederem, fica-lhés-
pórfloáaó um¡anno das^ób'réditáspeñ'ás;
,'• Art: 7.° Ñas disposigoes dos dois- antecedentes ¡artigb's; ííaó Sao cómpféli'éndidós"os;réuS;qúé',
dépoiB'dé condéiiiñádbs- por1 Sentenga pássádá' e'mjülgádby tiveíéín;obtidó córainütagáo Ou-'jlim'i-'
íiúfgfíó das peníás''ai'éíleSíimpbstásij í ném aqüelléS; qüe^ téndb'sidb aécúsadbs pela partéofféndidá;
nao4 tiverem* ofótidb 'perdab;d -está.
;'•' Os 1ministros^ e secretarios d*estádb das' diffeiféhtés' repárfigoés oténham- assim entendido o
fá'g'am' executar!

Póftáriii; def9déjúnlfórd^4862

Suá¡ Magestade El-Rei, á quera foi presente o.itrabalho elaboradói pela cbnimjssao encarre-
gádá da cofifécgáo é redaegaoj do código penal militar, cujb trabalho já; foi apresentado ás''cor'"
,

tés: manda, peía secretaria d'estado dos negocios da guerra, louyar os menibros da referida com-
missao pelo zélo e sabedoria com que se liouveram lio desenipenbo db importante trabalho qué
lhes foi'commettidó'1'.

Portaría de 2i> de juhho de 4862


'SuaíMágestade•El-Réi, confiando!'no< zélo e iñtelligenciaí de que os niembrbs da commissao
eritíarregáda da corífé'cgáodb1código penal'militar,- qué últimamente foi 1 apresentado ás: cOrtesy
téem dado provas da realiságao d'aquelle importante trabalho• manda; pela secretaria d'estadodos
negocios da guerra, que a referida commissao passe a oceupar-se da confecgSo dé um prójecto
de réorganiSa:gaó dos tribúnaesjudiciaes-militares, bem1como da siia competencia e respectivo
processo 2.

Decreto de 23»de agosto de 1862

Nab estando fixado; o numero dé auditores qué de've haver nb éxércitóy e sendo conveniente
fixál'-b, paira o quéjá foi aprésentadá ás' curtes a riécéssariá' propbstá, cora data de 13 de agbstb

l'"0 projéeto do código penaliñ'ilitár"elaborado' por está cbmniiss'iíb, era assigriado pélossrs. tenentc gciié-'
ral visconde de Sá da Bandeira, préBidéhté; eónseíheirba Jbab Baptistü da SilvaFeri-ao de Cal-valho Márténs o
JoséMarcellino de Sá Vargas;;.marechal de;; campo-José de Pina- Freiré da Eonseca;ln<igadeiro Augusto Xa-
vier Pálmeirim; ajudánte do juiz relator no supremo conselho de justiga militar Antonio José de Barros e. Sá;
é cápitaó Jóab Piíitb Carneiro."
Ó'dito projéeto foi apreséiitádo a cámara' dosseuh'orés'deputadbs .Sin 6'de jüiiho dé 1862, tendo obtidb pa-
recer'favoravel dácomniissSo-especiyíiiomeadáiiará'O'exanrm e anuo;
.Renovada a iniciativa do referido projéeto em 29 de margo de 1865, nao ehegou a ter padecer; obtendo-o
em 17 de agosto de 1868,, cuja iniciativa, sendo renovada em 1871 e 1874, obteve novo parecer favoravel era 17
de margo d'este ultimo anno.
Finalmente, na'séssíi'o de 15 de fevereiró' dé 1875 foi apresentadó: o projéeto do codigo dé justiga militar'
qué fbi approváílo pela carta de lei dé' 9 de; abril d'esse anno.
Ná Éevista militar da-1865, ii;os 18 e 20, encontrarse a- historia-da elaboracae do:código penal militar pela
commissao ácima designada, feitá pelo entao major Joao Pinto Carneiro, que d'ella tinlia sido membro.
^N'um folheto publicado em 1868 encontram-se, alem do.referido projéeto e competente relatorio, os parece-
ros! das commifesoés éspéciaés de 17 de junho dé 1862 é dé 17 db agosto dé 1868, e também urna longa exposicao
aprésentada peló1 si-, cbnséihéirb Barros' é Sá á commissao dé que fazia parte^ bem-cómo' um ofiiéio dirigido pói>
elle, ein^l® dé'fcvereirb de'1862,a s; ex." o ministro da'guerra, referentes a-assnmptos; do projectodo código.
Foram depois nomeados para fazerem parte d'esta commissao os srs. consélheiro Joaquim Filippe de
, r% ~
Sóúré e májór Placido Antonio da Cunha e Ábreu, por decreto de 5 de agosto de 1868, e general visconde dé
Tavira, por decreto de 10 de novembro de 1868.
271

de -186.1: hei por bem determinar que, emquanto nao.for resolvido este assumpto pelo poder le-
gislativo, seja de sete o quadro d'esta classe no exercito,. na conformidade da referida proposta
de-lei. ;
..
e secretario d'estado dos negocios da guerra assim o tenha .entendido e -faga
.
O ministro
exeeutar.
Decreto de 16 de setembro de 1862

Attendendo ás circumstancias em que se acha o distrieto de Braga, e á urgente necessidade


de restabelecer o imperio-das leis e-a ordem publica,.alterada peló mais criminoso attentado; e
tendo em vistan, que se acha providenciado no §: 34.° do artigo 145.° da.cartaconstitüeionabda
.
inonarehia: hei por benij.tendo ouvido o conselho.d'estado) decretar o segúinte: ,
Artigo 1.° Ficáni suspensas no distrieto de Braga, pelo espago de trinta dias, todas as ga-
rantías individuaes, e poder-se-ha prender sera culpa formada.
Art; 2.° Durante o-mesmo praso é ali prohibida;ia publicagao de todos os jornaes, periódi-
cos ou oscriptos ifflpréssos ou lithographados.
Art. 3.° SSo exceptuados d'esta disposigao os jornaes Iliterarios e, scientifíeos.
Art. 4.° As disposjeoes do presente decreto principiarlo a ter effeito desde que ao dito dis-
trieto chegar a participagEo devida.
. ,. ,.
Art. 5.° O meu governo, na primeira'réüii'iao1-das cortes geraes da nagao portugueza, lhes
dará conta do uso que tiver feito das facilidades concedidas por este decreto.
Os,.ministros,e.iSegretarips de todas, as reparticoes, assim p. tenham, .entendido e fagam exe-
,
eutar 1. ..-:,.-.-. .
" ,-,-.,, %

.Portaría de 4S de,setembro de 1862

Havendo -o conselho de saüde naval e do . ultramar¿ em'officio de;25 do ¡mez próximo p3s-
sado, pergüntado-se os enfermeiros navaes que¿ commetterem faltas ou deíictos devem responder
eni conselho de guerray para serem punidos-militarmente;'Sua Magestade'.EbRei, eonsideraiido
que em presenga do decreto de 20 de outubro de 1859, os enfermeiros navaes coñstituemum
quadro de empregados- militares-, sujeitos ás leis e regulamentos;relativosá disciplina militar,
como ó exprésSo no artigo-27-.°. do mesmo decreto y considerando 'que. segundo.'OÍ artigo lS.°,-do
código penal, sao crimes militares os factos que-¡oíffendem direétamfente: á disciplina,*do exercito
ou da armada, e sao punidos pela lei militar como violagao dbJ dever militaiy ou sejam. commetti-
dos por militares ou por outras pessoas pertencentes-ao exercito ouarmaday caso -eraque estao
os enfermeiros navaes; considerando- que os crimes militares téem-foro especial Amanda, pela
secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, participar ao consélheirochefé do estado
maior da marinha, para seu conhecimento e devidos effeitos,-que, conformando-se com o parecer
do consélheiro ajudante do procurador geral-da, coroa junto, a este ministerio,'lia;por ,bem> deter-
minar que os enfermeiros navaes, no caso de iiisubordiiiagáoou de falta íuwservigo para que
forera devidainente nomeados, sejam julgados no foro.-militar:

Decreto, de 10 de outubro de 1862

Querendo solemnisar a epocha menioravel do meu feliz consorcio cora um. acto de: minba
real clemencia: .hei,por,bem,. exercendo urna, das attribuigoes do poder moderador que; mais me
praz, e tendo puvido ,o. conselho. d'estado, decretar o segúinte:
Artigo 1.° A concedida amnistía geral e completa para todos os crimes politieps commettidos
até á data do presente decreto.
.
§ 1.° Todo o processo que, .por taes crimes, tenha sido formado, fica sem effeito, seja qual
for o. estado em que se ache. ••..;,.,..
§ 2.° As pessoas que estiverem presas á ordem de qualquer auetoridade,, com, .processo. ou
sem elle, serao immediatamente soltas.
§ 3.° As pessoas. que, em cousequencia das providencias tomadas por quaesquer auctoricla-
des ou em -virtudé de processós, tenham-sido obligadas a sair do reino; ou a homisiar-se n'elle,
deverao considerar-se desde logo
"6"-
restituidas á sua inteira liberdade.

1 O.praso marcado n'este decreto, para a suspensao das garantías individuaes no distrieto de Braga, foi
dado.por,terminado por decreto de.3 de outubro de 1862.
272

Art. 2.° Os militares que, em consequencia dos referidos crimes políticos tiverem incorrido
ma nota de desertores, serao eomprehendidos ñas disposigoes do artigo antecedente.
Art. 3.° Para os efteitos d'esta amnistía nao poderao ser considerados crimes políticos os
de homicidio e de roubo.
Os ministros e secretarios d'estado das diversas repartigoes assim o tenham entendido e
fagam executar.

No decreto com forea de lei de 29 de dézembro de 1862, cncontra-se o segúinte:

Artigo 3.° Um dos ajudantes do jüiz relator do supremo conselho de justiga militar ou um
dos auditores do exercito será nomeado para exercer as funcgoes de jurisconsulto junto ao mi-
nisterio da guerra, fieando por isso dispensado de qualquer outro servigo.

N'outro decreto da referida data, dando nova organisagao á arma de artilheria, se creou a
elaSse de almoxarifes de artilheria, eom a graduagao de primeiro ou de segundo tenente *.

1863
No reyulámento orgánico do asylo dos lilhos «los soldados, decretado em 24 de fevcrciro de 1863,
eüconlra-se o segúinte:

Artigo 31.° O alumno que commetter crime, ou pelo seu mau comportamento for julgado
incorrigivel ou indigno de continuar no Asylo, será expulso.
§ 1.° O alumno que for expulso, e o que desertar do asylo, nao poderá nunca alistar-se no
exercito como voluntario, sem previa auctorisagao do ministerio da guerra, dada ou negada em
presenga dos motivos que determmaram a expuísao ou das circumstancias que acompanharam a
desergao.
§ 2.° A expuísao do alumno importará a annullagao da obrigagáo de que trata o artigo 18.° á,
subsistindo, porém, a que tiver contrabido o pae, se estiver no caso do n.° 6.° do artigo 16.°:i
Art. 37.° Os castigos applicaveis aos alumnos serao:
1.° Admoestagao em particular;
2.° Admoestagao na presenga de um determinado numero de alumnos;
3.° Admoestagao na frente da corapanhia ou companhias;
4.° Prisao na caserna;
5.° Prisao no intervallo de sua cama á cama contigua durante as horas livres;
6.° Privagao temporaria de recreio ou de passeios;
7." Exercicios de recruta;
8.° Fachinas que lhe nao pertengam por escala;
9.° Prisao na sala de policía;
10." Prisao no calabougo;
11.° Prisao isolada com cama ou sem ella, com jejum ou sem elle;
12.° Baixa de posto aos alumnos que forem graduados;
13.° Privagao do goso das ferias geraes fóra do asylo;
14." Expuísao.
§ 1.° Os castigos seráb sempre proporcionados aos deíictos e á idade, índole e comporta-
mentó do delinquente; nao se entendendo por isso da enumeragao que dos castigos se faz n'este
artigo, que elles se devem seguir na ordem que vao indicados.
§ 2.° O commandante poderá applicar todos os castigos de que trata este artigo, excepto
o 14.°
§ 3.c Os officiaes poderao applicar os castigos .1.°, 2.° e 3.° (sendo aadmoestagáo na frente)
da companhia) 4.°, 5.°, 6.°, 8.°, 9.» e 10.°

1 Esta classe foi conservada da mesma forma na. organisagao de 21 de dézembro de 1868, que ñcou sein
effeito; na de 25 de junho de 1864 nao apparece c sim ñas de 23 de dézembro de 1868 e de 13 de dézembro de
1869, tendo as graduagoes de capitao, primeiro tenente ou segundo tenente, segundo forem de 1.a, 2." ou 3." elas-
ses. Ña lei de 10 de abril de 1874 passaram os almoxarifes a ter postos cffectivos cni vez de graduagoes
2 De servir no exercito doze annos, depois da saída do asylo.
3 A de se obrigarem por escripto a servir activamente o dobro do tempo marcado pela lei, segundo a qual
se alistaran!, as pragas de pret que tiverem casado com licenca e cujos fillios forem admittidos no asylo.
273

§ 4.° Os officiaes inferiores dentro da esphera das attribuigoes que a cada um forera com-
mettidas na edueacao, disciplina e exereicios, e ensino, poderao applicar os castigos 1.°, 2.", 4.°
e 5.°; e dos deíictos que julgarem merecer maior castigo darSo parte circumstañciada.
§ 5.° Todos os alumnos graduados terao para com os seus inferiores iiidistinctamente o di-
reito de os admoestar no acto de commetterem alguma falta, e de os prenderém no quartel da
companhia, se a falta for grave, dando logo parte ao official que estiver de dia.
§ 6." Os alumnos com graduagao de primeiro sargento poderjaó applicar aos alumnos das
suas respectivas companhias os castigos 1.° e 2.°, o 4.° e 5.° até tres dias; o 8." e o 9.°, dando
logo parte ao official commandante da companhia, que decidirá sobre o tempo dé prisao o qué
melhor convier á disciplina.
§ 7.° Os alumnos com a graduagfio de segundo sargento ou furriel poderao applicar aos
alumnos da sua companhia menos graduados os castigos 1." e 2.°, e o 4.° e 5." até dois días.
§ 8.° Os alumnos com as graduagoes de cabos ou anspegadas poderao applicar aós alumnos
da sua esquadra os castigos 1.° e 2.°, e o 4.° e 5¿° até viiite e quatro horas.
§ 9.° Os alumnos graduados participarao superiormente os castigos que houverm appdiéadb,
e os officiaes formaráo d'elíes partes, que chegaráo competentemente ao conhecimento dó com-
mandante.
§ 10>° A privagao de goso das ferias geraes fóra do asylo Será imposta pelo commandante
aos alumnos que tiverem habitualmente mau comportamiento, falta voluntaria de applicagao áos
estudos, ou que em algumas das ferias geraes se hajam conduzido irregularmente fóra do aBylo.
§ 11.° Das faltas graves que nao possam ser classificadas como transgressoes de disciplina,
mas antes como crimes, e da repeticáo de faltas que devam classificar algum alumno como in-
corrigivel, dirigirá o commandante um relatorio ao ministerio1 da guerra, que decidirá convenien-
temente.
§ 12.°A expuísao dos alumnos só poderá ser determinada pelo ministerio da guerra, sobre
proposta motivada do commandante do asylo.
§ 13.° Todas as punigoes applicadas serSo registadas em um livro de culpas e castigos.

No decreto de 30 de jiiliio de 1863, designando as attribuigoes do inajor general da armada


(logar que liaviá sido restáuélccido ¡tela lei de 13 do dito inez), enconfíá-se.o segúinte:

Artigo 6.° Nos casos de insubordinagáo, desobediencia ou quaesquer outros crimes pratica-
dos por individuos pertencentes á armada, cumpre ao major general nomear os consélhos de
guerra que téem de julgar d'esses crimes.

Dctcrminacao inserta na ordem do exercito n.° 28 de 31 de jiillio de 1863

Exigindo os principios de jurisprudencia criminal que a organisagao dos tribunaes nao sofíra
delongas que podem contribuir para a morosidade dos julgamentos, e por consequencia para o
enfraquecimento do effeito moral que o castigo immediato ao crime produz sobre os culpados; e
devendo harmonisar-se este principio de incontroversa notoriedade com as disposigoes da carta
de lei de. 21 de julho de 1856 e decreto com forga de lei de 30 de setembro do mesmo anno:
determina Sua Magestade El-Rei que, sempre que nos corpos ou fraegoes de corpos do exercito
nao houver o numero sufficiente de officiaes para constituirem os consélhos de disciplina, os ge-
neraes commandantes das divisoes militares e commandante militar da ilha da Madeira fiquem
auctorisados a nomeal-os de entre os que estiverem sob as suas ordens, que nao sejam compre-
hendidos no § 2." do artigo 12.° da alludida carta de lei de 21 de julho de 1856.

Portaria de I ¡i de setemliro de 1863

Considerando como os marinheiros da armada, reclusos na prisao civil d'esta cidade, d'ali
sao conduzidos entre escolta a perguntas ñas justigas ordinarias por crimes communs, ou ao
quartel do corpo para responderem a conselho;
Considerando que este systema de condúegao de presos offerece um espectáculo tao repu-
gnante á illustragSo d'este seculo como aos verdadeiros principios de administragao da justiga;
Considerando que a sociedade, tendo o direito de punir, nem por isso tem o de abater a
dignidade moral do hornera, tornando-o publico alvo da irrisao ou desprezo;
ao
274

Considerando como no correr do processo de iustrucgao ainda nao está certificado sé o preso
é com effeito criminoso;
Considerando que, se em geral nao deve a sociedade attentar ao, salutar principio da digni-
dade humana, .especialmente, e no simultaneo interesse de seu decoro e servigo, menos o ha de
esquecer em relagSo ao militar, para quem ,sSo tudo os bríos da classej ahumados do sentimento
da honra e das inspirago.es ¡do deyer:;
:
Considerando que o systema seguido entre nos e na propria capital, pelo que fica exposto,
se acha ha muito abolido por iniquo e immoral nos paizes. mais policiadoSj nos quaes a-conduc-
gao do,s,¡pi"esos, cora, tanto recato ,e resguardo como economía de pessoal, é efféctuada¡envehí-
culos cellulares:
Ha Sua Magestade El-Rei por bem determinar o segúinte:
.Artigo 1.° Os officiaes marinheiros, officiaes mferloEes do ,corpo de marinheiros ,e os tuiari-
nheir.os da armada^ presos por crime eommumou militar, iquando tiyerem de ser conduzidos pe-
rante as justigas ordinarias para o processo preparatorio, ou perante a justiga militáis--para res-
ponder.,a, epnselho, se.l-o-hlo sempre em, .carruagem.;cellular.
§,:unico. A cariuagem¡cellular será,immediamente mandada construir pelo, modelo adoptado
nos outros paizes, de modo que, sem prejuizo das necessarias condigoes hygienicas,. os- presos
nao p.ossam, durante o transito,, ser vistos-ñera conhecidos dopublicOj nem ter entre si eommu-
nicagaov -
...Axt. 2.a Os presos serSo sempre aconipanhados por um official inferior ido corpo de mari-
nlieirpSv O qual ;será-r^ponsavelpor elles.
(1p. qué o mesmo augusto •senhpr manda communicar ao major general da armada,
para os
devidos effeitos., a° •Consélheiro. ajudante do procurador geral da Goróa,junto a este ministerio,
para assim o fazer constar ao p>roeurador regio junto á relagáo de Lisboa.

Decreto de 28 de setembro de 1863

Querendo solemnisar a epoclia do íiascimento do Principe herdeiro. da coróa, com que á


Providencia1 'Diyiiíá aprbuyé felicitar a üm acto cíe clemencia
tao ampio quáütb seja, compativel cbnl a seguranga comnium e com a disciplina militar: hei por
bem, exercendo urna das attribuigoes do poder moderador que me é mais agradaveí, e tendo
ouyido:O-conselho dfestado, decretar o segúinte:
Artigo.,1,.° E concedida amnisíia para ,os crimes:.
1.° De abuso de liberdade de imprensa, em que sómente seja partero ministerio publico;
2.° De contrabando, fieando perdidos a favor da fazenda e das pessoas a quem pertencer,
segundo as leis, os objectos respectivos ao mesmo contrabando;
3.° De sedigao ou assuada, jigo tendo hayido offensa de pessoa.pu propriedades, embora se
tenham soltado vozes sediciosas;
4.° De desergao simples do exercito ou armada, ou de desergao aggravada, se esta o tiver
sido sómente pela subtraegao ou descaminho de objectos da fazenda.
§ 1.° Os processos instaurados pelos ditos crimes ficam de nenhum effeito, e n'elles se poní
perpetuo silencio.
Os réus que estiverem presos, serao soltos, se por outro motivo nao deverein ser retidos na
prisao.
§ 2.° Aos desertores sómente aproyeitará esta amnistía, apresentando-seelles dentro de dois
mezes no reino, de quatro ñas ilhas adjacentes, e de seis no ultramar, contados quanto ao reino
e ilhas desde a data em que íeste decreto for publicado na ordem do exercito ou da armada, e
quanto ao ultramar desde o día em que for publicado na capital da provincia.
Art. 2.° As pragas de pret nfío comprehendidasno n.° 4¿° do artigo antecedente, e condem-
nadas pelo crime de desergao simples ou aggravada por alguma das circumstancias mencionadas
no artigo 5.° da lei de 21 de julho de 1856, e bem assim ás sentenciadas por incorrigibilidade,
fica perdoada a. quarta parte da pena em que foram condemnadas.
Art. 3.° As pragas de pret que tiverem commettidó transgressoes de disciplina, ficam per-
doadas as penas em que incorreram e lhes foram impostas.
Art. 4.° Aos réus condemnados á pena de morte, por sentenga passada em julgado, fica a
mesma pena commutada na de-degredo perpetuo ñas possessoes de África oriental..
Art. 5.° Aos réus condemnados, por sentenga jiassada em julgado, em alguma das peuas
perpetuas de trabalhos públicos, prisSío maior ou degredo, ficam estas penas commutadas na de
degredo temporario por quinze anuos para a África occidental, a contar desde a promulgagao
d'este decreto.
Art. 6." Aos réus condemnados por sentenga passada em julgado, em penas maiores tem-
275

porarias de qualquer natureza que sejam, fica perdoada a quarta parte do tenipo da conde-
mnagao.
Art. 7.° As penas correecionaes de prisao ou desterro, impostas por sentenga passada em
julgado, que nao excedérem a um anno, ficam perdoadas aos réus, e, quando-excedam, fíca-lhe'S
perdoado um anno das sobreditas penas.
Art. 8.° Ñas disposigoes dos artigos antecedentes nao sao comprehendidos os réu'S- que^ dé1
pois de condemnados por sentenga passada em julgado, tiverem obtido commütagáo ou diniinui-
gao das penas que .lhes foram impostas, neni aqüelles que, tendo sido acensados pela parte offen-
dida, nao tiverem obtido perdao d'ella.
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes o tenham assim entendido e fagam
executar.

Decreto de 28 de setembro de 1863

Querendo que a epocha do nascimento do Principé herdeiro da cor6a,.com que á Providen-


cia Divina aprouve felicitar a monarchia portUguezá, abra urna nova era de paz para Portugal^
de esquecimento para as passadás discordias civis, e de perdao para todos os actos criminosos
que d'ellas resultaram, ainda mesmo para os nao comprehendidos no decreto de 10 de outubro
de 1862: hei por bem, usando da faculdade que me confere o poder moderador, que pela carta
me pertence exercer, e tendo ouvido o conselho d'estado, revogar o artigo 3.° do citado decreto
de 10 de Outubíb'idé '1862, a finí de qüe; á ámiíis'tiáJ por aqúellé decreto cbá'cedída'possa ser
igualmente applicada aos crimes exceptuados no referido artigo 3.°, tendo elles sido praticados
por occasiao da commissao de algum crime politico^ e destinados a fácilitar-lhe ou assegürar-lhe
a execugao ou os effeitos. '•
Os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes o tenham assim entendido e fa-
gam executar. :' '..

Decreto de 2 dé outubro de Í86á

Foi por elle instituida a medalha militar destinada a condecorar quaesquer individuos qué
fagam parte das forgas regulares combatentes, quer sirvam na marinha^ qüér no exercito, e bein
assim os facultativos e capelláes das meSmás forgás, compréhendendo'tres élásses: valor militar,
bons servigos, e comportamento exemplar, devendo o regulamento estabélécer o rtiodb da sua
concessao e casos em que se perde o direito ao uso da medalha.

Portaria de 12 de outubro de1863

Sua Magestade El-Rei, a quem foi presente do major general da armada em data
o officio
•de 16 de setemibro ultimo, no qual, réferindo-se á iínia represéntagao, do commandante do corpo
de marinheiros da armada real, pbiidera a imposéibilidade em que sé ácha o mesmó comman-
dante, atientas as disposigoes da portaría de 16 dé juiího dé 1859, dé proveí* ao vestuario das
pragas do dito corpo, sentenciadas a sérvirem por uin témpo determinado a bordo dos navios de
guerra: manda, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, participar ab mesmo
major general, para Sua intelligencia e execugao, que ha por bem aüetorisar b referido coniman-
dánte a abonar por ádiantamento, com o fim de ser applicada ao vestuario das pragas meiíéio-
nadas, a quantia ánnual de 7$200 réis, fieando po'f esta forma alterado o artigo' 2'.° da sobredita
portaria.

No regulamento dos capelláes militares, approvado pelo decreto de 22 de otituliro de 1S63,


eneontra-se o segúinte:

Artigo 31.° Respeitados os factos que forera do dominio ecclesiastico, os capelláes militares
responden! no foro militar em todos os casos em que ao mesmo estao sujeitas as pragas do exer-
cito; o código disciplinar é-lhes igualmente applicavel.
As correegoes disciplinares só lhes podem ser applicadas pelos eommandantes ou pelos di-
rectores dos estabelecimentos em que sérvirem.
Art. 32.° O Rei pode, sob proposta do ministro da guerra, demittir o capelláo militar, sem
dependencia de sentenga:
/ 276

1.° Quando este tiver mau eomportamento religioso ou civil, com offensa grave do carácter
sacerdotal e da moral;
2.a Por abandono dos seus deveres ecclesiasticos ou escolares, ou relaxagáo manifésta no
modo de os desempenhar.
§ único. A demissao de que se trata só terá logar depois de ouvida a opiniao de um conse-
lho de investigagao constituido segundo a lei, perante o qual o capellao opporá o que for de sua
justiga, ao facto argüido.
Art. 33;° O capellao militar pode ser collocado correceionalmente ein inaetividade tempo-
raria.

Plano da organisácao do exercito decretado em 21 de dézembro de 1863

N'este plano revogado pela carta de lei de 1 de abril de 1864, sob o titulo Justiga militar,
faziani-se no artigo 88.°, diversas alteragoes á organisagao do supremo conselho de justiga mi-
litar de 9 de dézembro dé 1836; e no artigo 89," inarcava-se o quadro dos auditores e precei-
tuavá-sé ó modo da sua admissao no exercito, coiiio seriam substituidos durante os seus impe-
dimentos, etc.

Na rcorganisacáo da escoja do, exercito decretada em 24 de dézembro de 1863, encontrarse o segúinte:

OÁPÍTTJLÓ V— í)os différéñtés consélhos da escola

Artigo 5l.° O conselho de disciplina será organisado annualmente da segúrate maneira:


Presidente, o segundo commandante da escola.
VogaeSj dois lentes e dois instructores, nomeados pelo ministro da guerra.
Secretario p da escola.
Art. 52.° E da competencia d'este conselho tomar conhecimento das faltas graves dos alum-
nos, procedendo á necessaria investigagao dos fáetos, eapplicando a penalidade correspondente,
segundo os casos oecorrentes.
Art. 53° As penas escolares impostas aos alumnos serlío graduadas segundo a gravidade
das faltas, e consistirap:'
1.° Reprehensao particular;
2.° Reprehensao regustada;
3.° Reprehensao motivada em ordem do dia da escola;
4." Detengao no proprio intérnate;
5.° Prisao de um día a quinzé em"qúál'quer prisao militar;
6.° Exclusao temporaria da escola;
7.° ExcluSáo perpetua.
Art. 54^° As penas de reprehensao poderao ser impostas pelo commandante da escola ou
em seu nome pelo segundo commandante,, bem como a de detensáo até quinze dias, ou a pena de
prisao até pito. As outras penas só poderao ser impostas aos alumnos em conformidade com a
deeisao do cpnselho de disciplina, approvada pelo commandante da escola, fieando dependente
de confirmagSo dp ministro da guerra as de exclusao temporaria ou perpetua.
Art. 55.° Quando o conselho de disciplina conhecer que o delicto de que se trata mío é
simples falta de disciplina escolar, seráo remettidas ao ministro da. guerra as pecas da aecusagao
como processo que tiver corrido perante o dito conselho, para os effeitos legaes.

CAPITULO VI — Disposigoes diversas

Art. 62.° Todos os lentes e mais empregados da, escola do exercito ficam sujeitos ás leis,
disciplina e regulamentos militares.
277

1864
No regulamento para a coucessáo da medalha militar, approvado por decreto de 26 de Janeiro de 180 í,
eiieonlfa-se o segúinte:

Artigo 2.° A concessáo da medalha militar será sempre precedida de consulta do supremo
conselho de justiga militar, ao qüal fica competmdo única e exclusivamente consultar o govérno
sobre o valor das provas e designagao da especie de cada urna das tres classes da medalha mi-
litar que houver de ser concedida.
Art. 12.° Perderá o direito a ser condecorado com a medalha militar de qualquer das
classes ou especies estabélecidas, todo o individuo que commetter os crimes de desergao, insu-
bofdinagao^ rebelliáb, traigao, roubo ou furto é homicidio voluntario, sendo julgado, convencido
e punido por qualquer d'estes crimes em cónsequencia de sentenga de conselho de guerra ou
disciplina, ou de qualquer outro juizo legalmente estabelécidby quando o criminoso ja nao esteja
sujeito ao féro militar, isto ainda mesmo que ñas sentencas se nSo especifique esta particula-
ridade.
Art.. 13.° Perderá igualmente o, direito de ser condecorado cora a medalha miUtar, todo o
individuo que pelo seu irregular comportamento, comproyado por mais de urna das informacoes
annuaes, merega ou tenhá merecido Ser preterido na escala de accesso.
Art. 14.° Perderá o difeito a usar a cbndecoragao correspondente á medalha militar que
lhe houver sido concedida, todo o individuo em quem se derem as circumstancias designadas no
artigo 12.°
Decreto de 21 de mareo de 186 i

Foi por elle estabelecido um uniforme para os officiaes da secretaria do supremo conselho de
justiga militar.

)\o plano de reforma na organisácao da secretaria da guerra e na do exercito,


approñido pela eártá de lei de 23 de junbo de 1864, encontra-se o segúinte:

CAPITULO I—Secretaria d'estado dos negocios da guerra

Artigo 7.° Junto á secretaria da guerra hayerá um ajudante do procurador geral da coroa
com o ordenado correspondente ¿i esta categoría.
Art. 8.°, § 4.° Os chefes das direegoes teráo a respeito dos seus subordinados os direitos
conferidos aos commandantes das divisoeS militares pelo decreto com forga de lei de 30 dé se-
tembro de 1856, participando ao ministro o procedimento que tiverem com os delinquentes; e
os chefes das repartigoes, paraos respectivos empregados, os de commandante de corpo confe-
ridos pelo alludido decreto com forga de lei, participando ao chefe da direegao as occorrencias
que se derem, bu directamente ao ministro, se os castigos correecionaes forem applicados pelos
das repartigoes do gabinete ou de saude do exercito.

CAPITULO II — Organisagao do axercito

Art. 50.°, § 1.° No quadro das commissoes fixado n'este paragrapho destinavam-se para o
supremo conselho de justiga militar tres officiaes superiores, um de qualquer das armas e dois
de cavallaria ou infantería.
CAPITULO III—Disposigoesgeraes

Art. 69.° Os vogaes do supremo conselho de justiga militar perceberSb as gratificagoes


designadas na tabella n.° 2 (presidente 70$000 réis e vogaes 50$000 reís mensaes).

No código penal disciplinar da marinha mercante portiigueza, approtado pela earta de lei
de 4 de julho de 1864, cnconlra-se o segúinte:

Artigo 90.° Das sentengas dos tribunaes marítimos, em que a pena nao exceda a um mez¡¡
de prisao ou a 10?5>000 réis de multa, nao haverá recurso algum.
278

§ único. Quando as penas forem superiores ás que ficam expressas n'este artigo, poderá
o réu recorrer para o supremo tribunal de justiga militar, o qual decidirá em segunda e ultima
instancia.

PórtariajiiilC U juíhodfi-lÉM

Sendo presenté a Suá Magestade El-Reij que, era cbiisequenciadas differentes cbmmissoes
de servigo em que sSo empregados os officiaes da guarmgáb de Angola nos diversos diatrictos
dá mencionada provincia, fórá de Loanda, suceede freqüéntemente nao os haver disponiv.eis
para fazer parte dos conselliós de guerra, de que resulta lpnga demora nos julgamentos dos
respectiyos ¡protíéssos: e grave prejuizo á disciplina^ ao que importa obviar com prómptas pro-
videncias: manda o mesmo augusto senhor^ pela Secretarla d'estado dos negocios da marinha e
ultramar^ participar ao govérnador geral da Sobredita provincia que, na falta ou impedimento
de ofiÍGÍáes d'aqiiiella guárni^Soí para Gonstituireni os consélhos de guerray deverao ser substitui-
dos por officiaes dé marinha daestágáoy que possam désemp.enhar esse servigo.

So decretó dé 519 de julho de i86íj cré'áíidó ó deposito permanente dé cóntSñgéntés partí ó ultramar,
é'ncóltra-se o sé^u'intc':

Ariigo 11,° As ¡pragas pertencentes ab, deposito,permanente, emquanto nao seguirem via-
geni para as provincias ém que forem servir, e do mesmo modo as regressadás do ultramar que
.

tiverem collocagáo no dito deposito^ ficaráo sujeitas á legislagáo em vigor no exercito do conti-
nente, em tudo o que respeita a crimes, deíictos lOuepntravengoes de disciplina, bem como ás
respectivas consequencias.

Portaría de 30 de julho de 1864

Foi por ella1regulado-o modo*por que- deve-ser íeitay para o supremo tribunal de justiga mili-
tar, a remessa db'S pfOcesso's por délictbs Máritimosy quando os réus dos tribúnaes marítimos fóra
•de Lisboa interpozerem os recursos permittidos pelo artigo 90.°, § único, do código penal marítimo.

N'outra portaria da mesma data se estabelece que o praso para a interposicao do dito re-
curso é o de déz dias continuos é improrogáveis, contados da data da pub'licágao ou intimagao
•da sentenga; e que o recurso, quando haja logar, tém sémpfé ó effeito' suspensivo.

N'uma terceira portaría da mesmá data se determina que, no impedimento legitimo do inten-
dente da marinha de Lisboay seja substituido pelo respectivo capitao do porto, sem necessidade
da dispensa para cada caso especial,;no exercicio da jurisdicgao disciplinar á que se refere o
artigo .47.° do citado código ou na presidencia do tribunal maritimo comniercial, que lhe com-
pete pelo artigo 56.°

No regulamento para as bandas de música dos rcgimcntos de infantería c hatalhócs de cacadorcs do exercito,
approvado por decreto de 17 de agosto de 1864, se encentra o segúinte:

Artigo 2.a As bandas de música terao o segúinte pessoal:

Mestre de música com a consideragáo de sargento ajudante i


Qofitraméstre com,a, consideragáo de sargento quartel mestre...............:...
Músicos de 1.a classe com a consideragáo de priméiros Sargentos..........;¿ .
1
.. ¿
3
Músicos de 2.a classe com a consideragáo de segundos sargentos 4
Músicos de 3.a classe com a consideragáo de fuméis 8
Músicos de pancada com a consideragáo de tambores ou corneteiros
.->.-; ..... ..;... 4

Estas equiparagoes nao lhes dáo direito a commando de quaesquer forgas ou conti-
§ 1.°
nencias, masónicamente aos vencimentos correspondentes ás mesmas, quandb passarem a vete-
ranos.
279

§ 2.a Quando devam ser castigados, applicar-se-lhes-háo as penas impostas aos officiaes
inferiores, excepto, porém, aos músicos de pancada, que serao punidos como as demais pragas
de pret.
Artigo 15.° Ao mestre da música compete, etc., e finalmente dar parte aos seus superiores-
das faltas que commetterem os músicos no desempenho das suas funccoes.

No regulamento para a coueessáoda medalha militar, approYadq por decreto dé 22 de agosto de 18.64,
emsubslituicjodo anterior, enconfra-se o segúinte:

Artigo 1.°, § único. Para que estas regras (as estabelecidas no decreto da creagao da me-
dalha) tenham o mais rígido cumprimento, em harmonía com o § 5.° do artigo 4.° do referido
decreto, só poderá ser concedida a medalha militar do comportamento exemplar, aos individuos a
quem, por attestados ou certidoes dos- respectivos:liv,ros de registe e de culpas e castigos, se
prove nao haverem commettidó quaesquer faltas, nem terem ñas suas informagoes amiuaes nota
de comportamento irregular ou indecoroso.
Art. 13.° Perderá o direito a usar da medalha dé comportamento exemplar todo o'agran-
dado que commetter crimes ou deíictos, como taes qualifieados pelo código penal ou pelas orde.-
naneas militares, havendb sido julgado em consélhb de guerra ou disciplina-.
Art. 14.° Perderá igualmente a hiédalha das- tres classes, a que se refere o artigo 4.° do-
pelos quaes naja de ser exautorado das honras; militares. .-_-
decreto de 2 dé outubro dé'1863, todo o agraciado que houver commettidó crimes ou deíictos,
Art. 15.° A penalidadé comininada em resultado dos casos a que sé referen! os artigos'l?3.0'
e 14.° será publicada na ordéin do exercito, bu lia geral da armada^' déGlarandOise os motivos^
por qué ella teve de ser imposta.

No rajnlaiiienlo para o sónico das coinpanhias de artilheria de guarnigao das ilhas adjaientes,
approvado por portaria de 8 de feverciro de 1865, encónlra-se o segúinte:

Artigo 3.° Os commaiidantes das compáh.hias sao responsaveis pela disciplina, instruecáb e
administracáo da forca sob seu commando.
§ 1.° Para manter a disciplina cumpre-lhes:
1.° Executar é fazer executar o que se acha proscripto ñas leis militares e civis-, e ñas or-
dens geraes do exercito, ñas cletermiñagSes do cpniniando geral da 'arniá, db inspector dé mate-
rial, como seu delegado, e do cominando da divisao militar, a qué a ebüipáñhia pertencer; "'
2." Inipor penas correecionaes iguaes ás que o regulamento para á execugao da carta dé
14 de julho de 1856 permitte aos officiaes superiores;' "" ' "
3.° Propor como incorrigivel qualquer praga da companhia que se aehe comprehendida ñas
disposigoes do artigo 4.'° do capitulo v do citado regulamento, enviando urna parte áo- inspector-
do'material, que réquisitará á divisao militar os officiaes para formaren! o conselho de disciplina,
procedendo-se era conformidade com o que se acha estabelecido;
4.° Proceder e seguir o disposto na carta de lei de 21 dé julho de 1856 relativamente a
desertores;
5." Dirigir-se, na ausencia do inspector do material, á auetoridade militar da localidade,
sobre todos os assumptos que lhes competisse decidir.

Olücio do ministerio da marinha e ultramar de 10 de fevereiro do 1865

Eoi n'elle determinado que as pragas dos depósitos permanentes de contingentes e discipli-
nar sejam julgadas. quando desertem, pela ordenanga de 9 de abril de 1805, e nao pela carta
de leí de 21 de julho de 1856.

Na carta de lei de 18 de maio.de ISG.o, alterando as tarifas dos sóidos dos officiaes e empregados civis
com graduado militar do exercito c armada, encontra-se o segúinte:

Artigo 5.° Os officiaes das classes activas do exercito receberáo os sóidos pela tarifa de 13
de setembro de 1814, quando estiverem:
3.° Presos para conselho de guerra.
280

Art. 6.° Os officiaes das classes inactivas do exercito, quando estiverem presos para conse-
lho de guerra, continuarán a vencer os sóidos que lhes pertencerem, na conformidade do artigo 2."
(tarifa de 1814), até final julgamento.
Art. 7.° Os officiaes do exercito, tanto das classes activas como das nao activas, perceberao
metade dos respectivos sóidos designados na mencionada tabella (a junta a esta lei) e na tarifa
de 1814, conforme as classes a que pertencerem, quando estiverem:
1.° Presos em cumprimento de sentenga do conselho de guerra.
Nos artigos 11.° e 12.° sao applicaveis as disposigoes d'esta lei a todos os officiaes de que
se compoe a forga militar de primeira linha das provincias ultramarinas de África, Timor e Ma-
cau, e aos officiaes combatentes e nao combatentes da armada.

Portaría de 14 de junho de 186»

Sua Magestade El-Rei, attendendo ao que lhe representaram algumas pragas de marinha-
gem, que se acham cumprindo sentenga a bordo dos navios do estado ; considerando que é o vi-
nho uta alimento julgado nécessario para o marlnheiro adquirir e conservar a robustez indispen-
savel a fim de bem supportar as fadigas inherentes á laboriosa vida do mar; considerando que nao
ha rasao alguma para excluir das vantagens de tal alimentagao individuos que participam de to-
dos trabalhos e fadigas com os seus camaradas, pelo facto único de estarem cumprindo sentenga,
como se a rágao de vinho podesse reputarse um prazer, e n'essa conformidade devesse deixar
de gosal-o aquellos que já estáo recebendo outro castigo; conformando-se com a informagáo dada
pelo major general da armada em seu officio de 6 do corrente mez: ha por bem o mesmo au-
gusto senhor mandar que a todas as pragas de marinhagem, que em cumprimento de sentenga
sérvirem a bordo dos navios do estado, se abone ragáo de vinho ou de aguárdente igual em tudo
ás que se fornecerem ás outras pragas de bordo;
O que pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar se communica ao ma-
jor general da armada, para seu conhecimento e devidos effeitos.

Decreto de 2» de julho de -186S

Achando-se aínda era execugao ñas provincias ultramarinas a ordenanga de 9 de abril de


1805, pela qual se procede ao julgamento dos crimes de desergao; e convindo substituir aquella
ordenángá por modo análogo ao que está actualmente adoptado no exercito do reino ; conforman-
do-me com o parecer do conselho ultramarino, e usando dafaculdade concedida pelo § 1.° do ar-
tigo 15.° do acto addicional á carta constitucional da monarchia, depois de ouvir o conselho de
ministros: hei por bem determinar o segúinte:
Artigo 1.° É extensiva ás provincias ultramarinas a carta de lei de 21 de julho de 1856,
que no exercito do reino regula os castigos que devem ser applicados aos diversos crimes de de-
sergao militar, com as alteragoes abaixo designadas.
Art. 2.° Qualquer praga de pret que se achar servindo em alguma das provincias ultrama-
marinas e que desertar, irá como soldado completar o tempo de servigo effectivo que ainda lhe
faltar; ou seja determinado pelo seu alistamento ou por sentenga, em outra provinciaultramarina,
como vae indicado na tabella que d'este decreto faz parte.
Art. 3.° O recurso a que se refere o artigo 13.° da mencionada carta de lei fica estabele-
cido do modo segúinte:
1.° Na provincia de Cabo Verde, para o supremo conselhode justiga militar do reino;
2.° Na de S. Thomé e Principe e na de Angola, para o conselho superior de justiga militar
d'esta provincia;
3.° Na de Moganibique, para a respectiva junta de justiga;
4.° No estado da India, Macau e Timor, para o supremo conselho de justiga militar do dito
estado.
Art. 4.° Depois da sentenga definitiva passada em julgado, será o precesso remettido ao com-
mandante do corpo, o qual, com a sua informagáo, o enviará ao governador da respectiva pro-
vincia.
Art. 5.° As pragas de pret, depois do julgamento final, serao postas desde logo á disposi-
gáo do governador da provincia, o qual lhes dará o conveniente destino.
Art. 6.° As despezas de transporte de ida seráo por conta dos cofres da provincia em que
o desertor for servir sentenciado, e as do regresso pelos cofres da provincia para onde voltar.
281

Art. 7.° O disposto n'este decreto nao altera a disciplina em vigor coin relagao aos conde-
mnados a degredo pelos tribunaes civis e que tiverem praga ñas guarnigSes do ultramar.
Art. 8.° Os desertores das guarnigoes do ultramar, que na provincia para onde passarem a
servir forem novamente julgados, nao poderao por senten'ga voltar á provincia de onde tiverem
sido enviados e serao sentenciados para qualquer outra.
Art. 9.° Pica revogada a legislágao em contrario.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'éstado dos negocios da guerra
e interinamente encarregado dos da marinka e ultramar, assim o tenha entendido e faga executar.

Tabella a que se refere o artigo 2.° do decreto d'estadata,


designando as provincias em que as pracas de pret das guarnigoes do ultramar
devem ir servir quando sentenciadas pelo crime de desereao

Desertores (las provincias ue Dev'em ir servir lias provincias

Cabo Verde
S. Thomé
....... S. Thoiné ou Angoia.
Angola.
Angola.. ... S. Thomói
¿. i...... i .:. ;:. .-¡;... i i .. -....... i ¡. India
Mozambique
India.. .........................,-.
/ .............
¡'. Timor
ou Tiinor.
.,.!. Timor. ou Mozambique.
Maeáü.. ......;:. i......... :.......'!;..
Timor ,..;...............- -¡'.-. ;';'..'..... Mozambique.

Decreto dé 25 de jülíió de

Tendo sido pela carta, de lei de 14 de julho de 1856 abolido no, exei*cito do reino os casti-
gos de varadas e os de pancadas com espada de prancha, e sendo justo extinguir tambern ñas
provincias ultramarinas; aquelles castigos; e convindo outrosim ¡jior em harmonía os regulamen-
tos disciplinares das tropas d'estas provincias cornos do exercito do reino, em conformidade com
o disposto imparte final do artigo 2,° da referida carta; de lehjiei por bem determinar o se-
guinte.:
....... ultramarinas, cai-ta de.,leí de 14 de julho de 1856,
Artigo 1.° E, extensiva ás provincias a
que no exercito do reino aboliu os castigos de varadas e os de pancadas de espada de prancha.
Art. 2.° E applicado o regulamento disciplinar do exercito do reino de 30 de setembro de
1856 ás tropas das provincias ultramarinas, com as modificagoes abaixo indicadas.
Art. 3.° Para qualquer praga de pfet, que se achar sérvindo em alguma das provincias ul-
tramarinas ser considerada incorrigivel, é preciso que nos últimos doze mezes anteriores tenha
commettido mais de cinco transgressoes de disciplina,,, que hajam sido punidas com alguma das
penas mencionadas no referido regulamento.
Art. 4.° A punigao do conselho de disciplina será fundamentada e intimada ao accusado.
Art. 5.° Terminado que seja o processo do conselho de disciplina, será entregue ao com-
mandante do corpo, o qual, com a sua opiniSo, o remetiera ao governador da provincia, a quem
compete confu'inar ou nao a deeisao do conselho.
Art. 6.a A praga de pret que for julgada incorrigivel irá completar o seu tempo de servigo
üffectivo n'outra provincia ultramarina, como se acha determinado na tabella que faz parte d'este
decreto e vae assignada pelo ministro e secretario d'éstado dos negocios da guerra e interina-
mente encarregado dos da marinha e ultramar.
Art. 7.° As despezas de transporte de ida serao por conta dos cofres da provincia em que
o incorrigivel for servir sentenciado e as do seu regresso pelos cofres da provincia para onde
voltar.
Art. 8.° O disposto n'este decreto nao altera as regras da disciplina em vigor em cada urna
das provincias ultramarinas, com relagao aos condemnados a degredo pelos tribunaes civis e que
tiverem praga ñas guarnigoes do ultramar.
Art. 9.° Os incorrigiveis das guarnigoes do ultramar, que na provincia para onde passarem
a servir forem novamente julgados, nao poderao por sentenga voltar á provincia de onde tiverem
sido enviados, e serao sentenciados para qualquer outra.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'éstado dos negocios da guerra
e interinamente encarregado dos da marinha e ultramar, assim o tenha entendido e faga executar.
3fi
282

Tabella a que se refere o artigo 6." do decreto d'esta data,


designando as provincias em que as pragas de pret das guárnicoes do ultramar
dévem ir servir quando sentenciadas eotíio inoórrigiveis

.
Desertores das:províiic.iasile. ' -_ JDeveni ir servir lias provincias
.

Cabo Verde ¿ .. S. Thomé ou Angola.


S. Thomé ." * Angola.
Angola
Moeambique
India
Macau...... .
Timor
i
...... ........... .................
'..
... .-v.'i.."•
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¡-.<v--.¡¡ ¡í ¡ -.-... iv:-\-*.-.''¡--:\'i: i".


...........
'.:.'..
S; Tnomó.
Iridia ou Timor.
Timor ou Mozambique.
Timor.
Mozambique.

Pórfkriá de 15 de setemliro de 188»

Considerando qiié é ñianifésta a todos os respeitos a neeessidade de colligir e rever a íegis*


lagao penal militar em vigor, já por ser antiga é inútil, ja por complicada e dispersa, dé modo
que séjá substituida por códigos em que com a iriáibr clareza e coñeisao se íirmem, conforme as
luzés cío seculoj os inais solidos,principios de direito e disciplina, provendo-se á boa e pixttnpta
administragáo..dé.justicaj,.segundólo-sistema constitucional, da monárchia: manda ^uaMágestade
El-Kei, pela secretaria d'éstado dos negocios da guerra, encarregar da revisao e compilagao de
legislacao penal militar a urna commissao, que deverá considerar-se permanente até concluir tao
importantes trábálhos, a qüal será presidida pelo, general, de divisao conde de Mello, e composta
do conselheiro ajudanté do procurador gerál da coróa junto do ministerio da guerra, Diogo An -
tonio Correia de Sequeira Pinto; Silverio Henriques Bessa, tenente coronel do corpo do estado
rnaior; chefe da quinta répai'tigáo'dapriméira direccao do mesmo ministerio; Jóao Leandro Val-
ládáSj téiiéhte Coronel do bátalhr¿ó; de cágadores ii.° 7; Luiz Travassos;:Valdéz, téhenté coronel
do ébfpb do estado máiorf'JbEbPinto'Gái'neh'ó/major do regimentó1de infántéria li.° 10, qiié ser-
virá'dé'secretario; : ^.<
-•i-^ -.< ' .
Oütrbsim^oi'dena o mesiiib augusto senhor que esta commissao, réuniüdo-sé li'uma das salas
do ministerio da guerra, se oceupe desde logo de dar cqmego aos seus trabalhos, regulando as
súas sessoes com relaeSb áürgenciáj importancia* é grávidáde do assiimpto1.

Dewcto de 16 de setcnibro de íSCli

Declarando que a médalhá de comportamento exempar podía ser concedida aos militaros,
quando mesmo tivessem commettido faltas leves, anteiiores1 aos afinos de exeriiplár comporta-
mérito exigidos no decreto dé 2; dé outübro dé 1863, urna vez que nao llies houvesse correspon-
dido castigos de mais de quinze días continuos ou vinte días intéri'ompidos de prisao.

1866
Decreto de 28 de fevcrt'iro de 1866

Declarando que o decreto de 2 de outubro de 1863, que instiíuiu a medalha militar, era
appiicável, nao só áos órnelas das guardas municipaes, mas tambem a todas as pragas de pret,
einborá riSo hoüvessem servido no exercito antes do seu alistamehto ñas ditas guardas.

1 Esta commissao nao cliegou a congregar-se e foi dissolvida por portaría ríe 13 de f'evéveiro de 1868, por
sa acliav enearregada das suas fiinceoes a commissao que redigiu o código penal militar.
283

Portaría do 30 áe ahril de

Havendo representado o ministerio dos negocios da guerra sobre a conveniencia de se ñxar


o tempo de servigo a que devem considerar-se obrigadas as pragas voluntarias das-guardas tau-
nicipaes,, bem.como acerca da appiicagao legal da dbutrina do artigol¿p£lodecreto de 16 de Ja-
neiro de 183,7; >e attendendo Sua Magestade El-Kei a que os individuos alistados voluntariamente
n' estes corpos depois da promulgagSo da leí de 27 de julho de 1855j sao pragas que já comple-
taram o tempo de servigo no exercito e que ali sao¡reeebidas ¡nos termos do artigo 53.° dámesma
lei.; attendendo..a-Nque a disposigao do artigo 1^° do decretó de 16 de Janeiro de 1837 só: pode
te.r applicagSo ás pragas das •guardas municipaes que ás mesinas passam em virtude do artigo 1.°
da lei de 13 de julho de 1863; considerando que é indispensavél para a ;boá disciplina !d'éstes
eofjpos ¡fixar o tempo de servigo a que ficam obrigadas as pragaB voluntarias, tendo em vista o
parecer; do ajudanté dóiprocuradorgeral da coi'oa junto a:este ministerio, houve por bem Maní-
dar declarar ao eommandante geral da, guarda municipal do Porto queiios individuos que volun-
tariamente assentai'eni praga ñas guardas municipaes fiquém ¡obligados a servir spor tempo d.e
cinco anuos, assignando para esse íun nm termo no actodo assentainento de praga; que sejarn
expulsas as, pragas. voluntarias que, commettérem¡faltas oii deuetós, ^quando o conheciménto (Tes-
tes nao pertenga. por sua nature.za ;ás: ;auetpi;id.adésjudieiaes^ .ás qúaes-n'este caso deveni ser en-
tregues; que as .disposicoes do artigo 1,° do decreto: dé .IS^dejánéiro de 1837 só téem, applieagaó
legal ás pracás admittidas:aras guardas, municipaes nos termos.do;artigó 1.° da lei de 13¡dejulho
de 186.3,. ,
'.:- .-.i-.:.' '-.
O que assim manda participar ao comniándanté i geral
,
da- ¡guarda^ municipal ido Portoy para
sují intelligeneia e execugatp. >'¡-.-.--. ;-,i-- .<-.. '•. .;•

Ka ordénanos geral para o servifo da armada, apjirovadapelo décretodé3démalode 1806,queficoíisulisiitiiindp


o regimentó provisional da armadade 20 dé jíiñlío1 dé 1706, eneontrá-se o seguinte:

Artigo 61.° O inferior contra quem tiver sido prirtieado qualqueraetoillegal, arbitrario ou
offensivo, tem direito a queixar-se respetosamente ao^seu.eommandante por paíavrás ou por es-
cripto.
§ único. Se o eomniandaiiíte nSo attender á¡ queixa ;o,u reclamaclío;, poderá oqueixóso.recor-
rer á auctoridade immediatamente ;supenorj.: com previa permissao 4o eommandante, que jamáis
lh'a podérá negar. Em objecto de is.ervico, porém,. o individuo que se julgár lesado ou offendido,
nao poderá representar antes de haver cumprido as ordens que tiver recebido.
Art. 62.° Oumpre a todo superior fazer terminar promptamente as contendas que se derem
a bordo entre os seus subordinados.
§ único. Em caso de insultos, ameagas ou vías de faotbj prenderá os delinquentes, é dará
parte á auctoridade competente.
Art. 63.° Todos os individuos pertencentes á marinha militar podem prender os que tiver
rem menor graduagao, quando for indispensavél á ordem >e desempenho; do servigo, íicando: em
tudo responsaveis por este acto e sua opportunidade..
§ 1.° Podem igualmente prenderos seus iguaesíou superioi'es em acto: de flagrante jfe-
licto.
§ 2.° Quando o preso e o individuo que o prender pertencerem á guarnigao do mesmo na-
vio, a voz de prisco será dada á ordem do com:mandante¿
§ 3.° Quando nao pertencerem ámesma guarnigSo, será a prisao feita áordem da aiictorir
dade que commandar igualmente a ambos. ..
§ 4.° Quando o preso pertencer á armada, será a prisao á ordem ¡da auctoridade qué com-
mandar o preso. N'este caso o individuo que prender dará immediatamente parte nfto só ao seu
proprio eommandante, mas tambera á auctoridade a cuja voz tiver dado a ordem de prisao.
§ 5.° Os commandantes podem prender os seus subordinados á sua ordem ou á da auctori-
dade immediatamentesuperior, segundo a gravidade ou natureza do delicio.
Art. 64.° Terao todos o maior cuidado em impedir os actos escandalosos que possam prati-
car os embriagados, os quaes serao immediatamentecustodiados, a fím de evitar que n'esse es-
tado comparegam na presenga dos superiores, ou eommettam maior falta ou delicto.
Art. 77.° O eommandante em chefe poderá suspender e até enviar para,a capital quaes?
quer ,dos seus subordinados, séja qual for a categ.oi*ia ou funegSes que exer.citai'éiii, quando en-
tender que os actos irregulares-praticados por taes individuos podem, pela sua frequeneia, ou
por outra qualquer cirauuLStancja, ser prejudiciaes ao servigo e á disciplina. -
284

§ único. Quando, porém, o acto ou actos praticados envolverem criminalidade a que corres-
ponda pena maior, o eommandante em chefe mandará primeiro responder o delinquente em con-
selho de investigagao.
Art. 78.° Quando qualquer individuo desertar para navio ou territorio estraugeiro. o eom-
mandante em chefe o reclamará ao eommandante do navio, ou á auctoridade do logar em que
se tiver refugiado.
§ 1.° Se esta reclamagaanao for satisfeita, o eommandante em chefe o commünicará desde
logo ao representante de Portugal n'esse paiz, e ao major general da armada, aos quaes enviará
copia dé toda a correspondencia que tiver havido a tal respeito.
§2.° Em caso alguna empi'egará a forga para rehaver o desertor.
§ 3.° Quando a fuga ou desergao se der em territorio portuguéz¿ o eommandante era chefe
exigirá das auctoridades competentes a prisao e a entrega do desertor, ou o mandai'á prender
conformé as circumstaneias;
Art. 303.° Qualquer official que commandé durante a ausencia do seu eommandante mao
poderá ordenar maior castigo que o de prender oumetter em ferros o delinquente, e dará parte
ao eommandante dos motivos qué teve para assim proceder.
. Art. 304.° Nenhum official poderá soltar qualquer preso sem orden! do seu eommandante,
a quem privativa e particularmente pertence esta; attribüigao.
Art. 397.° Quando de bordo dé algimí navio do estado em commissao fóra do porto de Lis-
boa desertar qualquer praga.do corpode marinheiros, o eommandante dó destacamento requisi-
tará do eommandante do navio que iminédiatamenté se faga a bordo o competente conselho de
disciplina, e remetterá esse conselho para o corpo na primeira opportunidade.
Art. 399.° No porto de Lisboa, na vespera da saída de qualquer navio do estado, o com-
mandánte do destacamento solicitará as guias em forma de todas as pragas do destacamento que
fiearem no hospital, ou que até ás seis horas da tarde d'esse dianáo tiverem recomido da licenca
com que estiveram em térra.
Estas guias seriío i*emcttidas para o corpo, aconipaiihadas das respectivas contas corren-
tes, i'pupas, s.accos e macas, tudo relacionado, mencionando-se. ñas guias das pragas que naore-
colhéram a bordo.o ¿lia e hora,em,que faltaram,.segundo o praso da licenga, a fiiu de se poder
langar pontualinéhte a competente nota de desergao.
Art. 678.° Quando nos navios do estado for necessario formar um conselho de investiga-
gao a qualquer praga, observar-se-ha o seguinte formulario:
1.° A ordem para se proceder ao conselho.
2.° Relagao do presidente e dois vogaes.
3.° Oertidao de praga do réu (quando o conselho for para investigar de desergao, ou outro
qiialquer crime ou falta eommettida por praga no exercicio da armada).
4.° Parte aecusatoria ou documentos que tenham relagao com o que se pretende inves-
tiga^
5.° InquirigSo de testemunhas (devem ser juradas e deporem comprida, circumstanciada e
concludentemente, declarando a rasao da sciencia).
6¿° Conclusao de inquiricao como se segué:
E por níío haver mais testemunhas, o conselho procedeu a mandar chamar o aecusado para
dar sua defeza, e comparecendo disse etc., e que nada mais tinha que allegar e que provar,
...,
e assignou; e en F. (o nome e o jiosto) o escrevi.
Se o aecusado tiver a dar testemunhas para provar sua defeza, devem-se-lhe admittir e in-
quirir, como fica dito, assim como se llie deve nomear curador no caso de ser menor.
7.° ConclusSo do conselho, como se segué:
Vendo-se n'este conselho de investigagao a parte aecusatoria e depoimento das testemunhas,
declaragao do réu (ou réus) F. defeza, julga o conselho uniformemente (ou pela maior
. . e sua
parte), que o réu (ou réus) é suspeito (ou nao suspeito) do delicio de tal prohibido pela
lei (ou artigo .), porque é aecusado perante este conselho. ...
. . .. ..
Dada , . . (Assignados) Presidente, F.. .=Vogaes, F... (por extenso).
8.° Escreve-se na capa do processo :
Anno
....
Processo verbal summario, formado em conselho de investigagao dó réu (ou réus), etc.
Art. 679.° Em todos os conselhos de investigagao e disciplina que forem formados a qual-
quer praga, a bordo dos navios do estado, se mencionará a idade do réu, o dia da sua apreserita-
gíío ou captura quando desertor.
Art. 680.° Quando algum official marinheiro, official inferior do corpo de marinheiros, ou
marinheíro da armada preso por crime commum ou militar, tiver de ser conduzido perante as
justicas para o processo preparatorio, sel-o-ha sempre em carruagem cellular.
285

§ único. O preso assim conduzido irá acompanhado por um official inferior do corpo de
marinheiros, que será responsavel por elle.

Portaría de 15 de maio de 1866

Tendo-se communicado ao governador geral da provincia de Cabo Verde, em portaría de 29


de Janeiro ultimo, em resposta ao officio do mesmo governador geral de 17 dé agosto de 1865,
que, conforme as disposigoes em vigor e pratica no reino, os processos dos réus militares pi'in-
cipiados no foro commum, por delicio commum, só sao remettidos ao foro militar depois que a
pronuncia passou em julgado, e havendo o dito governador geral, em officio de 22 de fevereiro
próximo passado, representado o embarago que n'aquella provincia se apresenta por estar dis-
posto no artigo 2.° do decreto de 1 de outubro de 1856 que, interpondo^se aggravo de instru-
mento para a relagao, éste nao "teíá' effeito suspensivo, derogando ri'esta parte o § 1.° do ar-
tigo 996.° da novissiina reforma, mas que, havendo recurso, nao poderá ó processo ser rémettido
aó foro militar, pois que a pronuncia nao passou em julgado: Súa Magestade EI-Rei, cónforman-
do-se cóm o parecer do conselheiro ájüdante do pi'ocurador gérál da córóa junto do ministerio
dá; marinha e ultramar, manda, pela respectiva secretaria d'estadoj declarar ao sobrédito gover-
nador geral, em additaménto e explieagáo á mencionada pórtaria:
1.° Que ño caso de crimes commüns commettidos por militares, nao deve ó pi'ocessoprepa-
ratorio ser rémettido peló juizo commum ao fOro militar sem estar completamente consummado
o mesmo processo;
2.° Que este nao pode para esse effeito considerar-sé terminado seiri ter passádb ém julgado
a pronuncia, óu por nao liaver recurso por fieareSte impróvido quando ó baja;
3.° Que para o despacho dé pronuncia passar em julgado é indispensavél a iiitimagao dos
réus, a qual, segundo direito, nao se Ihe pode fazer sem terem sido presos, quando a.pronuncia
obligue a prisao;
4.° Que deve por isso esta ser considerada como um áctó áinda do processo preparatorio e
nécessaria para o comj>lemento d'este, podendo, portañtó, é devendo ser ordenada pelos juizes
de culpa, expedindo para isso os competentes mandados, e communicando-os á auctoridade mi-
litar competente;
5.° Que deve ella immediatamente dar cumplimento á requisigao do poder judicial, pondo
á sua disposicao os réus por elle requisitados, a fim de que, preencbidas todas as formalidades
legaes do processo preparatorio, possa este ser rémettido á auctoridade militar para proceder ao
julgamento no foro especial.
Quanto, porém, A disposicao do artigo 2.° do citado decreto do Í.° de.outubro de 1856,
que declarou que o recurso de aggravo nao tenha effeito suspensivo: manda Éúa, Magestade El-
Rei declarar ao mencionado governador geral, que esta disposigao, referindo-se ao andamento do
processo no foro commum, posteriormente á pr-onuncia, se deve entender que nao álterou a ju-
risprudencia especial do processo militar, que nao pode ser instaurado sem a pronuncia passar
em julgado, porque se o processo militar náe ficasse suspenso se poderia dar o absurdo de ser
o pronunciado condemnado no conselho de guerra e apparecer depois despronunciado no foro
commum no recurso do aggravo interposto, absurdo que se nao dá no foro commum, em que a
mesma jurisdicgao superior conheee do incidente do processo principal, ao mesmo passo que no
processo militar nunca poderia a decisao dójúizo commum proferida no recurso da pronuncia
invalidar ou prejudicar a sentenga condemnatoria no foro militar.

Portaría de 22 de maio de 1866

Sendo presente a Sua Magestade El-Rei os officios do major general da armada, de 16 e


28 de fevereiro ultimo, acompanhando e informando as representagoes de alguna officiaes, rela-
tivamente ao modo como deve fazer-se o descontó de antiguidade aquellos dos mesmos officiaes
que forem sentenciados a cumprir alguma pena; e
Considerando que o aviso do ministerio da guerra de 24 de abril de 1824 estatué que se
nao conté a qualquer, como tempo de servigo, nem o praso de tempo em que estiver preso cum-
prindo sentenga, nem tao pouco o tempo que estiver preso por delicio de que for ai'guido ou ae-
cusado, quando nao obtiver absolvigSo d'esse delicto;
Considerando qiie, pela resolugao de consulta de 15 de maio de 1837, sao communs aos
officiaes da armada todas as providencias tomadas pelas leis para os officiaes do exercito de tér-
ra, relativamente a antiguidades;
2:86

Ouvido o parecer do conselheiro ajudaate do procurador ¡gsraj 4a corúa;


Conformando-se com a consulta do supremo conselho 4e JM,s;fci«a militar de 18 do eorrente
i.mex :
Ha por bem augusto senhor declarar que aos officiaes da armada, em caso de con-
o rneumo
demnagao, se deve descontar na antiguidade do posto em que estiverem, quando forem presos,
todo o tempo que decorrer desde a data da prisao até ao día em que terminar o cumplimento
•-da pena.
que, pela secretaria d'éstado dos negocios da marinha e ultramar, se communica
?Q -ao re-
.íerido major general da armada, para seu conhecimento e deyidos effeitos.

Poi'táfia ¡de M de junlio de 1866

A Sua Slágestade El-Rei foi presente a representagáo do eommandante geral da guarda


municipal de Lisboa, de 9 de maio ultimo, sobre á execugap da.portaria de 30 de abril,4o coiv
rente annó; e o mesmo augusto senhpr, tomando em consideraclío o indicado documento e as
.
mfórinagoes prestadas pelo referido eommandante geral, hpuve por bem mandar declarar:
1.°'.Que.os individuos que .voíimtariameiite se ajistarem ñas guardas mumeipaes^ o íagam
;por úm termo lavrado ñas secretarias (Testes cprpos e em livros para esse fim destinados .ao
-acto do assentamento de praga; '
2.° Que n'este termo se obrigarao ao cumplimento de todas as disposigoes inherentes eni
vigor, nos termos das leis e regülamentos relativos á organisagao e servigo das guardas,;,
3,.° Que se obligarlo igualmente a bem servir por espago de cinco anuos, sujeitando-se aos
terriiOs e condigoes da lei de 16 de Janeiro .de 1837, que Ihes serlo lidos.e explicados e ás penas
ali impostas, para ncarem comprehendendo bem aquelles e estas, e para cpnhecerem o servigo
•e as obrigagoes a que se sujeitam;
4;° Finalmente, que o mesmo termo e contrato será ratificado em relagao aos soldados actual-
anéate .com prága assente ñas guardas.
O qué assim se participa ao eommandante da guarda municipal de Lisboa, para seu eo.nh.e-
cimento, e execugao.

Decreto,de 204e junlio de ¡1S66

Convindo redúzir a despeza publica até onde for possivel sem prejuizo do servigo: hei por
'bem ordenar que o lpgar de ajudante do juiz relator do supremo conselho de justiga militar,
vago pela prpmogab a juiz relator do mesmo tribunal de Antonio José de Barros e Sá, nao seja
próvido emqnanto se nao proceder á nova fixagSo dos quadros das repartigoes dependentes do
ministerio da guerra.
O ministro e secretario d'éstado dos negocios da fazenda, encarregado interinamente da
pasta dos negocios da guerra, e o ministro e secretario d'éstado dos negocios da marinha o ul-
tramar, assim o tenham entendido e fagam executar.

Portaría de 27 de junliQ de 1866

Em officio datado de hontem ordenou-se ao governador civil do districto de Lisboa, que


iízesse dar o mais prompto cumplimento ao decreto expedido pelo ministerio da guerra em 23
do eorrente, pelo qual sao chamadas ao servigo effeetivo ¡as pragas que passaram á reserva nos
anuos de 1864 e 1865 e primeiro semestre do presente íinno: Sua Magestade El-Rei, mandando
novamente recommendar ao dito magistrado a maior actividade na execucáo do mencionado de-
creto, ordena igualmente que previna os administradores de cpncelho e de bairro do districto a
seu cargo, para fazerem constar por editaes ás sobreditas pragas, que as que nao compareeerem
ao cliamamento e se nao apresentarem ao eommandante da respectiva divisaó militar parames
dar destino, serao consideradas como desertoras, e se procederá contra ellas na conformidade
das leis e regulamenios militares.

Portaría de 7 de novcmln'0 de 1866

Tendo o conselheiro director da terceira direegáo (da secretaria da marinha) manifestado


duvida sobre qual deva ser o vencimento dos officiaes marinheiros e.de. mitras pragas da arma-
287

da, quando presos para responder a conselho de guerra, e tambera, cumprindo sentenga cñi que
tenhaní sido condemnados; e
Considerando qué os officiaes inferiores e mais pragas do corpo de mariñheiros, quando
presos para conselho de guerra, v'encem' apenas1 metad'e do respectivo pret e ragao de bordo, e
quando se acham cumprindo sentenga recebem apenas 40 réis diariamente e a competente rágab::
Ha por bem Sua Magestade El-Rei, conformando-se com o parecer do conselheiro ajudante
do procurador geral da eoróa, mandar que átodas as pragas, que sob qualquer titulo ou deno-
minacao fazem parte, das guarnigoes dos navios do estado, com a excepgao das que téem gra- -
dúagáb dé official, sejam applicadas^as disposigoes contidas ñas portarías- de 15 de maio dé 1854.
de 16 de junho de 1859 e 12 de outubro de 1863, que mandam abonar metadé do veñcimente
respectivo é a fágao de bordó ás que se acharen"!'presas'- para responder em cóiisélho dé guerra,.
e sóménté 40 réis quotidiahaménte, aleiñ da ragao debordb; a todas aquéllas das ditas pragas
que se acham cumprindo sentenga, e emquanto esta durar.
O qué, pela secretaria d'éstado dos negocios da marinha e ultramar, se coinmuñica áb refe-
rido cónsélhéiro director da téfCéira diréccSp, para séti cohhéciménto e dévidos effeitos;

Portaría de 21 de iiovemlíro de 1866

Sendo de reconhecida conveniencia que, ao mesmo tempo qXlé fór renovada a iniciativa do
código penal Mlitaí; apreséñtádo peló góvérnb á' cámara des seíihores depütados, eíii julho 1 de
1862, seja igualmente submettidb-ádeliberagab dó corpo legislativo um projecto dé código do
processo réspectivb,' comprehéildeMlo a organiságao' dos tribunaesmilitares; a sua competencia
e forma de proceder, a fimde ficar completaareformadalegislácSó relativa á admmistragao
da justiga militar: Sua Magestade El-Rei, confiando na dedicagao,'-zéío é intelligéñcia dos mérit-
bros da commissfto a que foi enéarrégadb esté importante trabalho pela portaria de 25 dé junho
de 1862, de que dérani sóbejas próvas na redaccao do supradito códlgo^penal-'.militar^'etfí^éfa'
qüe''áme'sma'cbnlmíss8ó'ác^ív& e dirija os seus trabalhos de modo qué o projéet'ó dó código'dé
prbeéssó; esteja ultimado é prómptb para ser presenté ás cortes no comeco da próxima 1 séssao -
legislativa.
0que o mesmo augusto senhor manda, pela secretaria d'éstado dos negocios da guerra',
commuriioar aos membros da referida cbmmissae, para sua intelligéñcia e dévidos effeitos.

Noiei|imento para a admiiiistracao da justica ñas provincias de Mo?amhique,


estado da India, e Maeau e Timor, approvado pelo decreto com foica de lei de 1 de dezemliro de 1866,
eiicontra-se o segnhiíc:

CAPITUUO IÜi — DO supremo conselho de-justiga militar

Artigo 26.° Ha em Nova Goa um supremo conselho de justiga militar para conhecer é jul-
gar era segunda e ultima instancia os crimés commettidos por militares no estado da India.
Art. 27.° O supremo coriselho dé justica militar é composto de quatro vogaes, um promotor
e um secretario, officiaes superiores effectivos de primeira linha, Horneados por decreto real
sobre projjosta do governador' do estado, servindo de presidente o vogal mais graduado e de
maior antiguidade. Alem dos vogaes militares tanibem faz parte do tribunal, na qualidade de
relator, um dos juizes da relagao, em confórmidadé do artigo 15.° -.
§ único. Continuam em exercicio quatro dos membros actuaes do tribunal, dé maior gra-
duagSo é antiguidade, e o promotor e o secretario, até que se faca a nomeagao ordenada n'este
artigo.
Art. 28.° Os officiaes militares, vogaes do conselho, serao substituidos no seu impedimento
ou falta por outros da mésma classe, pela ordem de maior graduacao e antiguidade.
Art. 29.° O servigo do conselho pode ser accumulado com o commando de corpo ou outra
commissao que deva ser desempenhada na cidade de Nova Goa.
Art. 30.° O conselho observará a ordem e forma do processo que sa acha estabelecida para
o supremo conselho de justiga militar do reino.

1 E junho e mío julho.


2 Que diz: Os juizes da relagao, exceptuando o presidente, sao relatores nos procesaos da competencia do
supremo conselho de Justina militar de Nova Goa. guardando-se na distribuido entre elles a mesma ordem que
tiverem n'aquellc tribunal. A distribuido será feita pelo presidente do supremo conselho de Justina militar.
288

Art. 31.° Os eriales dos officiaes e pragas de primeira linha de térra ou mar serao julgados.
...
em conselho de guerra, nos termos da legislagao respectiva. >.-¡--:
§ único. Os officiaes e pragas de pret de segunda linha serao,julgados.,no foro militar por
crimes meramente militares, e pelos cominuns, niío exceptuados por lei, só quando estiverem em
efleptiyo servigo,
CAPITÜJiQ IV.—Das juntas de justi§a

-Art. 32.° As juntas de justiga, de Mogambique e Macau sao eompostas de um presidente e


sete vogaes, a saber:
Presidente, o governador da,¡ provincia,
, , . „.;
, que terá a seu cargo dirigir os trabalhos e manter
a ordem ñas sessoes e conferencias, da junta, sem qualquer intervengao¡ ñas suas decisoes nem
voto n'ellas, senao para desempate.
... officiaes superiores de primeiralinha, demaior
VpgaeSi o juiz de direito como relatóf> tres
graduagap e antiguidade^ os dois membros bíennaes do ePnseího do governo é o primeiro sub^
stituto do juiz de direito, os quaés todos précederao entre si pela ordem emquevao designados,
§ único. Em logar do membro biennal mais novó do conselho do governo de Macau, teni
assento na respectiva junta de justica o procurador da eidade,
Art. 33i° Os vogaes civis da junta sérao stibstítuidbs no seu impedimento óu falta por qttem
ocCupar o logar a que compete a prerogativa de fazer parte da mesma junta, mas sempré os
vogaes-effectivosprécederao os substitutos. : - ;í Ü.
Ai't. 34-° Na falta de SufBclente numero de officiaes:
,. . :
superiores de,primeira linha, ou es-
tando impedidos, serao convocados os capiíaes .de primeira Jinha, por antiguidade.
Ar,t, 35.° No impedimento dp presidente^ ou quando conselnp.dp governo estiver
o encarre-
gado da ádministragao da provincia,, servirá de presidente dá;junta de justiga o juiz.de dirpito,
accumulando as funcgSes de relator.
,y, Art, 36.° As juntas de justiga téem competencia para julgar em primeira e única instancia
todps os procéssos ordinarios crimes instaurados na respectiva .provincia, e conhecer das sen-
tengas ahí proferidas nos proeessós de conselho de guerra, com a mesmajurisdicgao do supremo
conselho de justiga militar de. Nova Goa, bem como dos aggravos ou appellagoes crimes Ínter'
postos dos juizes de primeira instancia, nos casos em que sao permittidas para a re}agáe do;
districto.
................
§ único- Sempre que o recurso vier, interppsto do juiz de direito vogal da junta, será, rela-
tor o respectivo substituto, convocando-se o seu immediato para o substituir.
Art. 37.° As sessoes da junta serao publicas e terao logar nos dias de cada semana que
forem designados pelo governador em conselho.
Art, 38." Perante; as juntas dé justiga sérgo os termos dé acpúsagao^nos procéssos crimes
dos militares seguidos por um promotor militar,' com a patente dé capitáe, nonieado' pelo gover-
nador da provincia, e nos procéssos crimes'nao militares pelo delegado do procurador da coróa
e fazenda da comarca sede do tribunal, servindo de eserivao aquelle do respectivo juizo de di-
reito que o for do processo, ou tiver sido designado por distribuigao feita pelo vogal relator, e
de officiaes de diligencias os do mesmo juizo.
Art. 39.° Os procéssos militares serao remettidos com intimagao do réu pelo presidente do
conselhp de guerra ao governador da provincia e por este ao juiz relator, que distribuindo-os e
ordenando a sua conclusao, examinará se n'elles ha alguma nullidade insanavel ou falta alguma
declaragSp iiecessaria para o descobrimento da verdade, apresentando-os na primeira sessao que
se seguir, depois de passados oito dias para, em junta, se resolver sobre esses pontos e proseguir
como for julgado.
Art. 40.° Reformado ou declarado o processo, ou estando em termos legaes para ser deci-
dido, o juiz relator, depois de haver nomeado curador ao réu, sendo menor, mandará continuar
vista do mesmo processo ao promotor por cinco días, e ao curador ou advogado do réu, se este
o tiver constituido por ouíro igual praso, ficando assim preparado o processo para julgamento.
Art. 41." Na sessao de julgamento, presente o réu se estiver no logar da sede da junta,
depois de ouvidas as allegagoes do promotor por parte da justiga e da disciplina e do curador
ou advogado do réu, o juiz relator exporá o facto com todas as suas. circumstaneias, a aecusa-
giío, a defeza e as provas, assim a favor, como contra o réu.
Art. 42.° Findo o relatorio, passar&o os membros da junta a conferenciar entre si em sala
separada, e voltando aos seus logares, o relator publicará a decisao e os fundamentos d'ella, e se
houver vogal ou vogaes vencidos, declarará qual ou quaes foram; do que tudo se fará acta pelo
eserivao, assignada por este e pelo relator, a qual será junta ao processo. Os vogaes vencidos
poderao fazer declarar na acta os fundamentos do seu voto.
Art. 43.° Se ao relator parecer necessario levar os autos para n'elles escrever a sentenga,
poderá fazel-o com a. obrigagao de a trazer á primeira sessao para ahi ser assignada e publicada.
289

Art. 47.° Os procéssos nao serao propostos em junta sem que estejam reunidos cinco
vogaes, e o vencimento das decisoes é determinado por maioria absoluta de votos; porém, nos
crimes de pena de morte, é necessaria a presenga de todos os vogaes, e nunca se entenderá
vencida aquella pena nao havendo cinco conformes.
Art. 48.° A suspeigáo opposta a algum dos vogaes da junta será por esta decidida sendo
substituidos em eonformidade dos artigos 33." e 34.° o vogal ou vogaes recusados por suspeitos.
Art. 51.° As sentengas da junta que condemnarem em pena de morte nao serao exécuta-
das sem preceder resolugao do poder moderador.
§ 1.° Nos crimes militares o promotor, depois que a sentenga da junta tiver passado em
julgado, remetterá ao governador da provincia certidao das sentengas de primeira e segunda
instancia e do corpo de delicio, interrogatorios e depoimentos das testemunhas que fizerem culpa
ao réu, tudo acompanhado de sua informagao, nos termos do artigo 1:021.° da nóvissima reforma
judicial, para que o mesmo governador, juntando a sua propria informagao, faca a devida re-
messa ao ministerio da marinha e ultramar.

CAPITULO X. •—Da ordem de servido e forma do processo

Art, 128.° Sao sómente insanaveis no processo criminal as nullidades seguintes:


1.° Por incompetencia;
2.° Por falta de corpo de delicio ou por falta n'aquelle a que se houver procedido de alguma
formalidade substancial, e aínda n'esse caso, se a falta de formalidade consistir em omissáo de
actos, que nao possam já praticar-se ou que, praticados fóra da occasiáOj já nao podem esclare-
cer o facto nem coutribuir para satisfagao da justiga, deverao os tribunaes superiores revalidar
o processo, se d'elle constar a verdade de modo irrecusavel;
3.° Por falta de assignatura do querellante no auto da querella, quando o querellante nao
for agente do ministerio publico, que tenha assignado o requerimento para a querella, ou poste- -
nórmente promovido os termos judiciaes do processo;
4.° Por falta de intimacao do despacho de pronuncia ao réu, quando nao tenha aggravado
do dito despacho;
5.° Por falta de nomeacao de defensor ao réu ou de curador ao menor;
6.° Por falta de entrega da copia do libello ao réu quando por parte d'este tenha deixado
de apresentar-se coníestagao ao auctor, se este se prevalecer da dita nullidade antes da audien-
cia de sentenga;
7.° Por falta de entrega da copia do rol das testemunhas ao auctor ou ao réu;
8.° Por falta de juramentos aos peritos e testemunhas, ou de suas assiguaturas;
9.° Por falta de interprete ajuramentado, nos casos em que a lei o exige, ou por ter sido
nomeado interprete pessoa prohibida pela lei;
10.° Por falta de intimacao da sentenga, se d'ella se nao tiver recorrido:
11.° Finalmente, por toda, ,% preterigao de actos substanciaos para defeza ou para o desco-
briniento da verdade, por modo que essa preterigao oii illegalidade influa ou possa influir no
exame ou decisSo da causa.
Art. 129.° Nos crimes de que tiver resultado ferimento, contusao ou fractura deverá
proceder-se a examé de sanidade na pessoa do offendido, sendo possivel, antes de ser pa'éu
sentenciado a final.
§ único. Tendo-se faltado á dita solemnidade, sem ser por impossibilidade provada no pro-
cesso, deverao os juizes superiores mandal-a supprir sem voltar o processo ao juizo de primeira
instancia, e o juiz que tiver sentenciado a final será condemnado era. a multa de 5¡$¡000 a 50$000
réis.

186*7
Na reforma penal c de prisó'cs, approvada pela carta de lei de I de julho de 1867, entre oulras disposicóes
alterando as do código penal de 10 de dezembro de 18S2, eneonlra-se o seguíale:

TITULO I. — Da aboligao da pena de morte e de trabalhos públicos, e da substituipao


de urna e outra d'estas penas nos crimes civis
Artigo 1.° Fica abolida a pena de morte.
Art. 2.° Fica tambem abolida a pena de trabalhos públicos.
Art. 3.° Aos crimes a que pelo código penal era applicavel a pena de morte, será applicada
a pena de prisao cellular perpetua.
37
290

Art. 4.° Aos crimes a que pelo mesmo código era applicavel a pena de trabalhos públicos
,
perpetuos, será igualmente applicada a pena de. oito anuos de prisao maior cellular, seguida de
degredo em África por. tempo de doze annos.
§ único. O governo distribuirá por classes, em regulamento especial, as¡ differentes posses-
soes em que ha de ser cumprida a ultima das referidas penas, devendo nasentenga cpndemnato-
ria deelarar-se tao sómente a classe.para o indicado fim.
Art. 5.° Aos crimes a que pela legislagá© anterior era
.
applicavel a pena de trabalhos pú-
blicos temporarios, será applicada a pena de prisao maior cellular por tres annos, seguida de
degredo em África ¡por tempoi de tres ató dez. annos, nos termos do § único do artigo antece-
dente. -,-

;.
TITULO II. — Das penas de prisao maior e de degredo,
i e da appljeápao das mesinas penas
Art. 6." A pena de prisao maior perpetua fica abolida.
Art. 7.° Aos crimes a que pelo código penal era applicavel a pena de prisao maior perpe-
tua, será applicada a pena 4e-prisa© maior cellular por seis annos, seguida de dez de degredo,
nos termos do § único do artigo 4.°
Art. 8.° Aos crimes a que pelo código penal era applicavel a pena de prisao maior tempo-
raria, será applicada a pena de dois a oito annos de prisao maior cellular.
§ imico. A mesma -pena será applicada aos crimes a que pelo dito código.
era applicavel a
pena de degredo temporario.•'...
Art. 9.° Aos crimes a que pelo código penal era applicavel a pena de degredo perpetuo,
será applicada a de degredo por oito annos, precedida da pena de prisao maior cellular por
quatro.
Art. 10.° A pena:de degredo, imposta nos termos do artigo anterior, é applicavel o que se
"aeha determinado no: § único do aa'tigo 4.°

TITULO XVI. — Disposigoes transitorias

.'•.Art. 64,° Depois da publicagao da presenté lei, e emquanto nao for competentemente de-
clarado em inteira exeeugao o systema de prisao cellular n'ella estabelecido, serao applicadas aos
réus ñas respectivas sentengas condemnatorias as penas estabelecidas na mesma lei: mas ñas
ditas sentengas sera© tambem condemnados era alternativa os mesmos réus ñas penas que pelo
código penal forem applicaveis a esses crimes.
" § único. Quando ao crime corresponder a pena de morte pelo código penal, nunca esta será
.imposta,
mas a do artigo 3.° d'esta lei, e na alternativa a de trabalhos públicos perpetuos.

Na reforma do rccru'taincnio marítimo, approvada pela carta de leí de 2 de julho de 186|?


cncoiilra-sc o seguinlc:

CAPITULO XVI. — Disposigoes geraes

Artigo 67.° Cada contingente servirá pelo esjiago de seis annos.


§ 3." O tempo de deserga© ou de prisao nao é contado no tempo de servigo prescripto n'este
artigo.

Portaría dc-8 dejáoslo de 1867

Tendo o major general da armada; em officio de 29 de julho ultimo, solicitado a resolugao


de duvidas postas pelo eommandante do.¡corpo de marinheiros: da armada real sobre: 1.° Se em
vista do § 3.° do artigo 67.° da reforma do recrutamento marítimo, approvada por carta de lei
de 2 de julhoultimo, os desertores perdem sómente o tempo que estiverem ausentes do servigo,
contando-se-lhes 'para o completo do tempo legal o que houverem servido anteriormente á
desergao e o que servirem depois de cumprida apena, iilío se lhes fazendo novo assentamento de
praga; 2." Se em virtude do artigo 69." da dita reforma deve applicar-se igual doutrina aos in-
dividuos que tiverem desertado.:antes da publicagao da dita lei de 2 de julho ultimo;, e conside-
rando que a jnimeira. duvida é de todo o. ponto infundada, visto que a letra da lei é extrema-
mente clara, e nao se prestando a interpretagao alguma, deve ser cumprida no sentido-naturale
291

obvio: manda Sua Magestade El-Rei, Regente em nome do Rei, pela secretaria d'éstado dos ne-
o-ocios da marinha e ultramar, declarar ao majpr, sg.eneral da armada, pelo que se refere á se-
gunda duvida, que o dito artigo 69.°, applicando ás actuaes pragas do corpo de marinheiros da
armada real as designagoes da nova lei que lhes forem mais favoraveis, nao pode comtudo refe-
rir-se a factos já consummados, como sao as desergoes effectuadas antes da publicagao da mesma
lei, e que portante, devem reger para esses desertores as determinagoes anteriores.

ílecrctó de 2 de selcmbro de'1867

Attendendo a que no § único-do artigo 4.° e artigos 5.°, 7.:°, 9.° e. 10.° da reforma penal e
de. prisoes, que faz, parte da lei de 1 de julho de 1867, se determina que o governo distribua
por classes, em regulamento especial, as differentes possessoes em que ha-de ser cumprida-a
pena de degredo: hei por bem decretar o .sesguinte:
Artigo 1.° As possessoes ultramarinas onde tem de ser cumprida-a pena dé degredo sao,
para os, effeitos declarados nos artigos 4,°,•§. único, 5,?> 7.°,. 9-.?-.e-il0¡:°da- reforma penal e de
priso.es,-..que; faz parte da carta, de lei de 1 de julho-de: Í867, distribuidas enivpossesso.és .de l.;t
e 2.a classe. ......
,.;-;. .,.
, t . <.-:¡-¡ '..,.
' .-.-.'-
§ 1.°,Pertencem á 1.a classe, por se considei-areni. em condigoes mais favoraveis:: o archipe-
lago de Cabo Yerde, as ilhas de S-, Tliomé e Principe, e em Angola os- districtos da, capital :.e
de Mossamedes, -, ,,,,:,
-,',,,: ¡:-- .\-, • -:., ..i, - - :-:n,.
.,,.
§-2.° í'ertencem, á, 2.a classe: Bissau e Cacheu-,em Angola o,-districto¡ de .Benguella, e
.

Mogambique. .-- ... l


Art. 2.° Ficam revogadas as disposigoes em contrario.; , ,- ., r
,
O ministro e secretaria d'éstado dos negocios .ecelésiasticos! e de: justiga o tenha assim en-
tendido e faca executar. ,.,,.,..,
1868'
de'lSGS
= Decrete ilc2íi de junho

Usando da faciildade que íiié confere a' carta- constitucionalda nionarchia, e tendo ouvido o
conselho d'éstadb: héi por bem decretar o següinie: ;
Artigo 1." Er concedida amnistía geral'e completa para todos ps crimes contra p .,exercicip
dos direitos políticos, e para todos os comprehendidos no capitulo in do titulo ii, é nos capítu-
los i e ir do titulo ni do livro n do código penal que tiverem sido commettidos desde o 1.° de
Janeiro do eorrente anno até á publicagao do presente decreto.
§ 1.° Todo o processo que por taes crimes tenha sido formado, seja qual for o estado em
que se ache.
§ 2.° As pessoas que
. „
estiverem
,
.-•.[, .-;; ...
presas á •
ordem ,-
de
—- -i
qualquer auctoridade, com processo ou
sem elle, será© immediatamente solías.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'éstado das diversas re-
partigoes assim otenham entendido e fagam executar. .

Decreto de 8 de seteniltro de 1868

Nao existindo lei alguma que mande descontar no tempo de: servigo dos officiaes aquelle
que: estiverem. na inactividade temporaria por effeito do disposto no artigo 41.° do regulamento
de 30 de setembro de 1856, nos termos do artigo 1.°, § 2.°, e artigo 3.° do capitulo xiv do de-
creto de 20 de dezembro de 1849 e do artigo 55.°, § 2. 01, do plano1 dé reforma'ha organisagao
do exercito, approvado pela carta de lei de 23 de junho de 1864: hei por 1beni! determinar qué
se considere eliminado, para todos os effeitos, o exemplo éxarado a este respeito no modelo
junto ás instruegoes a que se refere o artigo 230.° do regulamento geral para o servigo dos
corpos do exercito.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'éstado dos negocios da guer-
ra, assim o tenha entendido e faga executar.
1 Este paragraplio parece ter sido aqui citado por engaño.
292

Decreto de 21 de outubro de 1868

Estando determinado nos decretos de 25 de julho de 1865 que as pragas de pret da guar-
nigao da provincia de S. Thomé e Principe, que desertarem ou forem julgadas incorrigiveis, pas-
sem a servir na provincia de Angola; e acontecendo que a máxima parte dos soldados que servem
na dita provincia de S. Thomé e Principe sao naturaes de Angola, do que se seguiría que man-
dal-os servir n'esta provincia seria premio em.vez de castigo; e sendo-me presente que o limi-
tado numero dos officiaes da guarnigao da provincia de S. Thomé e Principe torna como impossivel
a applicagEo da pena, tanto ás pragas incorrigiveis como aos desertores, e que sem providencia
apropriada na© será possivel estabelecer e conservar a devida disciplina nadita guarnigao;
Usando da auctorisacao concedida no § 1.° do artigo 15.° do acto addicional á carta consti-
tucional da monarchia;
Tendo oiividb o conselho ultramarino e o de ministros:
Hei por bem decretar o segninte:
Artigo 1.° Todas as pragas de pret, tanto desertoras como incorrigiveis, pertencentes á
guarnigao da provincia de S; Thomé e Principe, serao mandadas concluir o tempo de servigo na
provincia de Cabo Verde, quando sejam naturaes da provincia de Angola.
,' Art. 2.° Tanto para a fprmagao dos conselhos de disciplina, como para os consellios de
guerra, que se deverem instaurar na dita provincia de S. Thoiné e Principe, sera© chamados nao
só os officiaes dos corpos de primeira linha, mas tambera os officiaes que na provincia estive-
rem servindo em commissao, e nao bastando uns e outros, serao chamados os officiaes reforma-
dos e em seguida os officiaes de segunda linha.
Art. 3.° Fica réA'ogada toda a leglslaeao em contrario.
O ministro e secretario d'éstado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faga executar.

No decreto com torca de leí de 22 de outubro de 1868, cxlinguindo os batallifles de veteranos


• e creando as companhias de reformados, encontra-se o segninte:

Artigo 15.° — § 4.° O reformado que nao estando em servigo, preso ou enfermo em hospi-
tal, ñSo comparecer á mostra nem enviar o certificado de impedimento, será reputado desertor,
entendendo-se haver desistido perpetuamente das vantagens e regalías militares, se dentro do
praso de seis mezes, a contar da data da revista a que houver faltado, nao se apresentar justi-
ficando com documento aúctorisado a causa da nao comparencia.

Decreto com torca de lei de 28 de oulubro de 1868

Tendo sido por carta de lei de 1 de julho de 1867 modificadas, segundo os principios de
direito moderno, as disposigSes do artigo 27.° do código penal de 10 de dezembro de 1852, so-
bre a applicagao da lei penal, na© só com respeito a crimes commettidos em territorio ou dominios
portuguezes, mas tambem com relagao aos commettidos em paiz estrangeiro;
Considerando que, tendo sido o dito código penal posto em vigor ñas provincias ultramarinas
por decreto de 18 de dezembro de 1854, deve igualmente ser ali executada a lei que modificou
um dos seus artigos;
Considerando, porém, que o § 4.° do artigo 1.° da referida carta de lei é inapplicavel ao
ultramar pela grande demora que da sua execugáo resultaría á administragáo da justiga, quando
alias se pode supprimir sem inconveniente;
Usando da faculdade que me confere o § 1.° do artigo 15.° do acto addicional á carta consti-
tucional da monarchia;
Tendo ouvido o conselho ultramarino e o de ministros:
Hei.por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E declarada em vigor, ñas provincias ultramarinas, a carta de lei de 1 de julho
de 1867, relativa á applicagao da lei penal, excepto o § 4.a do artigo 1.° da mesma carta de lei.
Art. 2.° Fica revogada a legislagáo em contrario:
O ministro e secretario d'éstado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faga executar.
293

Decreto de 30 de outubro de 1868

Exigindo os principios de recta administragao da justiga, e o desempenho do servigo pu-


blico, que o provimento dos logares de auditores do exercito, ou da armada, recáia em indivi-
duos candidatos legaes á magistratura judicial, os quaes á sua antiguidade de servigo reunam
reconhecido mérito; e devendo considerar-se que o ministerio da justiga está legalmente habili-
tado a conhecer da capacidade, merecimento e servigo dos já referidos candidatos: hei por bem
determinar o seguinte :
Artigo. 1.° O numero de auditores destinados ao servigo do exercito e ao da armada será
restricto ao de sete, sendo d'estes seis para o servigo do exercito e um para o da armada.
Art. 2.° Quando vagar ulgum logar de auditor do exercito ou da armada, os respectivos
ministerios pedirlo á secretaria, d'éstado dos negocios da justiga urna lista tríplice dos candidatos
legaes á magistratura judicial, que pela sua antiguidade de servigo e mérito forem considerados
aptos para terem ingresso na mesma magistratura.
§ único. De entre os individuos designados na,lista tríplice, de que trata o presente artigo,
será escomido o candidato que for considerado mais idóneo para o preenchimento da vacatura
de auditor, occorrida no exercito ou na armada.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'éstado das diversas
réparticoes assim o tenham entendido e fágam executar.

Decreto de 26 de noverobro de 1868

Tomando em consideragao o relatorio dos ministros e secretarios d'éstado das diversas ré-
particoes, e usando da auctorisagao concedida ao meu governo pela, carta de lei de 9 4e setem-
bro ultimo: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° O quadro do supremo conselho de justiga militar, creado por decreto com forga
de lei de 9 de dezembro de 1836, fica reduzido a sete vogaes militares e dois juizes togados.
§ único. Ficam extinctas as duas secgoes, em que actualmente se acha dividido o referido
supremo conselho de justiga militar.
Art. 2° Os vogaes militares serao officiaes generaes, quatro do exercito e tres da armada.
Os juizes togados serao: um juiz relator, e o outro ajudante; iras e outros seriío nomeados por
decreto do Reí, referendado pelos ministros da guerra e marinha.
Art. 3.° Junto do supremo conselho de justiga militar haverá um promotor de justiga, um
defensor officioso e um secretario.
Art. 4.° Os logares de vogaes militares do.supremo conselho de justica militar sao iiicoin-
pativeis com quaesquer outros logares ou commissoes de commando, direcgao ou inspecgao. O
que for nomeado para algum d'estes logares, ou para qualquer outro que impossibilite da com-
parencia no tribunal por mais de um mez, deixa vago o logar no tribunal, que será logo preen-
chido.
§ único. Nao terá logar a disposigao d'este artigo quando a nomeagüo for motivada por ne-
cessidade urgente do servigo publico. N'este caso o decreto de nomeagao expressará a clausula
da necessidade e urgencia do servigo.
Art. 5.° Quando o aecusado for official general, o presidente e vogaes do conselho que fo-
rem de patente ou graduagao inferior será© substituidos, em conformidade das seguintes regras:
1.a Se o aecusador for marechal do exercito, almirante, general de divisao ou vice-almi-
raute, presidirá um marechal do exercito ou almirante, havendo-o; alias o general de divisao
ou vi ce-almirante que for mais antigo; e serao vogaes cinco generaes de divisao ou vice-almi-
rantes que forem mais antigos.
2.a Se o aecusado for general de brigada ou contra-almirante,presidirá um marechal do
exercito ou almirante, havendo-o; alias um general de divisao ou vice-almiranté; e serao vogaes
os tres generaes dé divisao ou vice-almirantes, e dois generaes de brigada ou contra-almirantes
que forem mais antigos.
§ único. Nos casos mencionados e previstos n'este artigo, nao havendo na effectividade do ser-
vigo generaes em numero sufficiente para completar o conselho, segundo as prescripgoes d'este
decreto, serao chamados para isso os generaes reformados, de patente correspondente, que tive-
rem residencia no districto da 1.a divisao militar, e forem mais antigos.
Art. 6.° Os vogaes militares e juizes togados do supremo conselho de justiga militar conti-
nuarao a servir com as mesmas attribuigoes, honras, prerogativas e veneimentos que lhes com-
petem em conformidade do decreto de 9 de dezembro de 1836, artigo 122.° da carta constitu-
cional e lei de 18 de maio de 1865.
294

Art, 7.° O promotor de justiga será nomeado de entre os officiaes militares do exercito ou
marinha que nao tenham patente superior a cpronel ou capitao de mar e guerra. As,suas obri-
gagoes sao:
1.a Velar pela fiel observancia das leis, e porque as regras de competencia e ordem das
jnrisdicgoes sejam guardadas;
2.a Requerer rudo quanto for a bem da justiga e disciplina nos jn-ocessos que sübirem ao
tribunal;
3.a Empregar a ñeceSsariá vigilancia para que se na© falte á administraos© da justiga;
4.a Levar ao conhecimétito do governo qualquer occorrencia que careea de providencias
superiores;
5.a Concorrer para a formagáo da estatistica criminal militar, na conformidade dos regula-
mentos, :
§; único. No 4esempenlio das obrigagoes, que lhe inciunbem, o promotor de justica regular-
se-liá, no que poder ser applicavel, peló regulamento do ministerio-publico de. 15 de dezembro
de 1835, artigo 51.° da hovissima reforma judiciaria, e mais législagao' correlativa."''
Art. 8'.° Quando ó promotor de justica. for dó patente inferior ao aecusado. será substituido,
para, éssecasoy por óutró de patenté igual ©u superior.
Art. 9-° O defénsár' ófficióso será horneado! fié entre os officiaes militares do exercito ou
marinha-, de qualquer patente ou situagao, que retina as qúálidadés. precisas para o bom deseni-
-pénhb'das obrigagoes qué lhe mcumbém, e além db soldó' da. .sua patente receberá a gratificagao
dé 20á000 réis mensaes.
Art. 10.° O secretario do supremo conselho de justica militar será nomeado de entre os
officiaes do exercito ou marinha, de qualquer situagao e de patente nunca superior a coronel.
Vencerá o soldó da sua patente e a gratifi'c'ácló' que "lhe corresponder.
Art. 11.° Ao secretario do supremo conselho de justiga militar incumbe:
I.0Assistir, sem voto,;a todas:as sessoes'do tribunal;
-2.°: Lavrar nos procéssos os autos e termos nécessarios;
3.° Escrever em livro, para isso determinado, as resolugoes do tribunal que nao tiverem de
ser lángadas nps autos; :v:- ''< <.•-;.-
4.° Dirigir.,- soba inspeogaoi do presidente,ed© juiz relator,; os trabalhos da secretaria, pelos
quaes é responsavel;:-'.
.5.° Concorrer para a formagáo da estatistica, na conformidade dos regula-mentes;'
' :
i6¿° Substituir o¡ promotor de1justiga nos seus: impedimentosy emquant© pelo governo nao for
por outra forma providenciado, : : ; - :;>: <.>
Art. 12.° Os procéssos militares; depois de julgados nosupremo conselho de justiga militar,
serao .archivados na secretaria do tribunal, remettéiido-se copias autheiiticas das sentengas de
prinieira e segunda instancia aos corpos ou estabelecimentos a que pertencerem os acensados, e
por estas se dará execugao ao julgado. Os accordaos do tribunal serao sempre publicados na
integiífl ou por extracto na-ordem¡ do exercito. .
.' O presidente ;do conselhode ministros ^eos: ministros: e secretarios d'éstado de todas as re-
partigSes-assim-o tenhamj entendido.efagam1executar.

No decreto sobre promociles de 10 de dezembro de 1868, eneonlra-se o scfluínle:

CAPITULO ir do TITULO IH.— Principios é cóndigoes geraes de promogao

Artigo 16.°. A antiguidade, relativa dps> officiaes do mesmo, posto regula-se pelo tempo de
servigo militar effectivo, referido á data da promogao.
.,.§..único. Conio servigo effectivo. eonsidera-se, tSó: sómente o. proprio da arma ou corpo a que
os officiaes pertencem^:é. desconta-sea contar da data¡ do presente: decreto:
,2..° O tempo decorrido: no cumplimento de sentenga, mchmido: oque durou o respectivo
processo;
3.° O tempo decorrido na situagao de inactividade temporaria^ por castigo oú por conve-
.
niencia propriá, incluindp, o que estiverem depois, esperando vacatura na: situagá© de disponibilir
dade.
295

No deerclíHeom'torca de lei de 17 de dezembro de 1868,


sobre a organisacáo do corpo Be•marinbeiros da armada, encontra-se o seguinte:

^" CAPITULO III. — Dos veneiment03

Artigo 16." Os vencimentos das pragas de piét do coi'pó dé marinheirós, etc.


§ 5.° As práeás de márinhagem presas para conselho dé guerra sab consideradas como
segundos grumetes, qualquer que seja a sua gradimcáo, e récebem sómente'metade do pret cor-
respondente aquella classe. Quando, porém, sejam absolvidas, é-lhes paga toda a difteíengá en-
tre a quaiitia que hajam recebidb é¡á que llíes péí'tencia segundo a sua grádüagao.
§ 6.° As pragas desertadas qué séjaiil presas por crimes ePmmuns, sao abonadas segundo
o disposto no paragrapho antecedente, e só a partir do dia ení que com o processo respectivo
sejam entregues ao foro militar."'' "
§7.° Os presos cumprindo sentenga vencem sómente 24$000 réis ámiiiaés, que Ibes sao
abonados em artigos de vestuario, na rasao de 2$000 réis mensaes.

CAPITULO V.'—Do servigo, disciplina e inspéCgaó do éorpó

Art. 27.° Os desertores do corpo de marinheirós da armada sao processados e punidos


em conformidade com o estabelecido na carta 4e lei de -21 dé julho de 1856 para os desertores
do exercito. •-.:>. <,-. ;..;: :.
Art, 28.° Sao considerados como desertores os individuos com praga no corpo, que faltem á
mostra de salda dos navios em que estejam destacados.
Art. 29'.° Sao feitos a bordo dos navios os conselhos de investigagao a que tenham de res-
ponder as pragas n'elle destacadas. Sao feitos no quartel'os conselhos dé investigagao ás pragas
nao destacadas, e bem assim os conselhos de disciplina por crime dé desérclb, requisitando-se
para esse fim á auctoridade naval superior do portó dé Lisboa os officiaes que sejám nécessaríbs.

N'onlro decreto de 17 de dezembro de 1868, creando junto ao corpo de marinheirós da armada urna divisao
de Ycleranos de marinha, em subslituicáo do corpo de veteranos de marinha, cncontra-sc o seguinte:

Artigo 10.° A divisa© de vetaranos está sujeita, em tudo que, diz respeito ao servigo do quar-
el e á administragao e disciplina, ao eommandante do corpo de marinheirós da armada, e aos
regulamentos em vigor para o mesmo corpo.

No decreto com torca de leí de 17 de dezembro de 1868, creando nni deposito de'pracas aguisas do ultramar,
em snlistiluicáo do deposito de contingentes para o ultramar, cncontra-sc o scpinle:

Artigo 7.° As pragas alistadas emquanto nao seguem viagem para os seus destinos, e as
que regressam do ultramar emquanto permanecem no deposito, fieam sujeitas á législagao penal
e disciplinar em vigor no exercito do. reino.

Decreto com torea de leí de 23 de dezembro de 1868

Reorganisa a arma de artilheria, passando a ser de tres classes os almoxarifes de artilhe-


ria, ^a 1.a com a- graduagSo de capitao, 2.a primeiro teneníe, e 3.a de segundo tenente.

No decreto com torga de lei de 2i de dezembro-de 1868,


l'a/.endo algumas modiíiCacoes-jia¡organisagáodas guardas miinicipaes de Lisboa e Porto,
cncontra-sc o seguinte:

Artigo 1.° As guardas municipaes de Lisboa e Porto fazem parte do exercito em tudo que
respeita a disciplina e promocoes.
296

No decreto eorn torea de lei de 26 de dezembro de 1868, reorganisando o servigo de saude naval,
encoutra-se o seguinte:

Artigo 20.° Para o servigo dé saude a bordo dos navios e no hospital da marinha é insti-
tuida,urna.companhia de saude naval. Esta companhia é annexa ao hospital da marinha e fica
sob as ordens do director d'este estabelecimento.
§ único. Para os fiiis da administragao e disciplina da companhia de saude, t'eni esta por
eommandante um official reformado da armada, que vence por este servigo urna gratificagáo men-
sa! de 6$000 réis.
Art. 27.° O quadro da companhia de saude naval, comprehende:
1 enfermeiro mor, com a graduagáo de sargento ajudante;
5; enfermeirosde l,a classe, com a graduagáo de primeiros sargentos;
20 enfermeiros de 2.a classe, com a graduagáo de segundos sargentos;
12 serventes, dos quaes dois com a graduagáo de cabos de esquadra e dez com praga de
soldados.
Art. 31.° As pragas da companhia de saude naval obrigam-se, no acto da sua admissáo,
a servir durante seis annos, estáo sujeitas ás leis e regulanientos militares, e sao para todos os
effeitos equiparadas ás pragas do corpo de marinheirós da armada.

No decreto com torga de leí de 2íMe dezembro de 1868,


reorganisando a respectiva secretaria d'éstado, enconlra-se o seguinte:

Artigo 1.° A administragaocentral da marinha e ultramar incumbe á secretaria d'éstado dos


negocios da marinha e ultramar.
Art. 3.° A direegao geral da marinha centralisa todos os negocios relativos á administra^
gao da forga naval e a todos os servigos seus dependentes e annexos. Divide-se em dnas repar-
tigoes.
Art. 4.° A primeira repartiga© pertence:
2.° A disciplina e instruegáo, e servigo das corporagoes da armada.
14.° A justiga militar marítima, as recompensas, reformas, mercés honoríficas e medalhns
militares. ' " •

No decreto com torca de lei de 30 de dezembro de 1868,


sobre a lixacao dos quadros do pessoal destinado aos servifos da marinha,
enconlra-se o seguinte:

CAPITULO III.— Da antiguidade dos officiaes e modo de a contar

Artigo 22.° Níi contagem de tempo de servigo effectivo desconta-se:


2.° O tempo durante o qual o official baja estado cumprindo sentenga e o que tenha durado
o seu processo.

No decreto com torca de leí de 30 de dezembro de 1868,


sobre a organisagao dos servigos da intendencia de marinha de Lisboa e suas dependencias,
cncontra-sc o seguinte:

Artigo 1.° A intendencia da marinha de Lisboa tem por chefe um official general da ar-
mada.
Art. 2.° Ao intendente da marinha- de Lisboa compete, nó seu departamento, o commando
das forgas navaes, a inspeegao superior do arsenal da marinha e dos outros servigos e estabele-
mentos de marinha do sen departamento.
Art. 52.° O intendente da marinha de Lisboa tem categoría igual a que competía ao major
general da armada. '
Art. 53.° E extincta a majoria geral da armada.
297

No decreto com torga de leí de 30 de dezembro de 1868, sobre o vencimento dos individuos da armada,
-
encontrarse o seguinte:
. .

Artigo 2.° Os sóidos dos officiaes, etc.


§ 5.° Os officiaes combatentes e nüo combatentes da armada, vencem os seus sóidos pela ta-
rifa de 1814, quando se acheni:
2.° Presos para responder a oonselho de guerra.
§ 6.° Os officiaes combatentes e nao combatentes da armada, das classes activas e na© acti-
vas, recebem metade do soldó designado na tabella de 1865 e na tarifa de 1814, conforme as
classes a que pertengam, quado estejam:
1.° Presos em cumplimento de sentenga do conselho de guerra,
Art. 8.° Todas as pragas de pret do corpo de marinheirós, etc.
§ 3.° As pragas do corpo de marinheirós da armada, quando estejam presas para responder
a conselho de guerra, vencem, qualquer que seja. a sua classe, metade do soldó de segundos gru-
metes, desde o dia em que, com o processo respectivo, sejam entregues ao foro militar.
§ 4.° As pragas do corpo de marinheirós da armada condemnadas.a servir a bordo dos na-
vios do estado recebem fardamento no valor de 2$000 réis mensaes.

18G9
Declaragáo inserta na ordem do-exercito. n.° 3 de 15 deJaneiro de 186!)

Nao tendo aínda sido publicados os regulaméntos e progranimas a que se refere o decreto
com forga de lei, que rege o aecesso aos differentós postos do exercito, datado de 10 de dezem-
bro de 1868 e publicado na ordem do exercito n.° 74 de 24 do mesmo mez e anno: manda Sua
Magestade El-Rei declarar que, até á publicagao dos mencionados regulaméntos e prográmalas,
o referido aecesso continúa a ser regido pelas leis e mais disposigoes em vigor anteriormente á
data do supracitado decreto.

Noregulamento para o servigo da companhia de saude naval,


mandado observar provisoriamente por portaría de 1 de fevereii-o de 1869,
enconlra-se o seguinte:

Artigo 15.° Todas as pragas da companhia esta© sujeitas ás leis e regulaméntos militares,
e sao para todos os effeitos equiparadas ás do corpo de marinheirós da armada (artigo 31.° do de-
creto de 2G de dezembro de 1868). Ás que, estando desembarcadas, delinquirem, poderao ser
punidas com castigos correccionaés arbitrados pelo eommandante da companhia de aceordo con!
o director do hospital. Em outros casos, proceder-se-ha a respeito d'ellas como se pratíca com as
do corpo de marinheirós da armada.

Portaría de 23 de margo de 1869

Tendo-se suscitado duvidas sobre se lia incompatibilidade em que um official general ins-
peccione corpos, navios ou estabelecimentos que estejam sob as ordens de outro general menos
graduado ou mais moderno, e tambem se as commissoes dadas a vogaes do supremo conselho de
justiga militar in.hi.bem. legaímente esses vogaes de continuaren! no desempenbo dé suas funegoes-
tendo de ser exonerados do mesmo tribunal: manda Sua. Magestade El-Rei, pela secretaria d'és-
tado dos negocios da marinha e ultramar, declarar que nao ha incompatibilidade nem quebra de
hierarchia ém se conimetter aquelle encargo de inspeogáo a officiaes mais graduados ou antigos,
como tambem nao ha em ser incumbido da inspecgSo um official menos graduado ou menos an-
tigo do que o chefe ou eommandante superior da circumscripgao a que pertengam os corpos, na-
vios ou estabelecimentos, porque taes inspeegoes se podem encommendarindistinctamente a qual-
quer official, comtanto que seja superior áquelle, cujos actos for examinar.
E outrosim que é completamente errónea a interpretagáo que se pretende dar ao artigo 4.°
do decreto "de 26 de novembro de 1868, de que os generaes pertencentes ao supremo conselho
33
298
.

de justiga militar nao podem ser empregados em commissoes de servigo que natural e especial-
mente Ihes devam incumbir, ficando inhibidos de todos os actos que nao sejam exclusivamente da
competencia de juizes, o que é absurdo e contrario á doutrina expressa no citado artigo, o qual
só declara incompativeis as funcgoes de vogal do supremo conselho de justiga militar com as
de algum encargo ou logar que impossibilite da comparencia n'aquelle tribunal por mais de um
mez.
No rcplamcuto geral das promogoes da corporagáo da armada, approvado por decreto
de 2í de abril de 1869, eiicpntrá-se o seguinte:

CAPITULO III.— Da antiguidade e do modo de a contar

Artigo 16.° Na contagem do tempo de servigo effectivo descolita-se:


2.° O tempo decorrido no cumplimento de sentenga, e ó que tenha durado o processo desde
o día da pronuncia para conselho de guerra;
3.° O tempo durante o qual o official ténha estado na mactividade temporaria por castigo
ou pelo haver pedido.

No regulamento para a concessáo da medalba militar, approvado por decreto de 17 de maio de 1869,
em substituigao do anterior, encontra-se o seguinte:

Artigo 24.° (Idéntico ao artigo 13.° do regulainento de 22 de agosto de 1864).


Art. 25.° (Idéntico ao artigo 14.° do dito regulamento).
Art. 26.° A penalidade comminada em resultado dos casos a que se referem os artigos 24.°
e 25.° é ordenada pelo respectivo ministro, e publicada na ordem dp exercito, na da armada, ou
nos boletins dos governos das provincias ultramarinas, conforme o individuo de que se tratar
pertenecí' ao exercito da metropole, á armada real, ou ás tropas do ultramar, declarandorse os
motivos por que ella é imposta.

Declaragáo inserta na orde-m do exercito n.°, 32 de o de julho de IS69

Sua Magestade El-Rei manda recommendar a- exacta observancia da seguinte disposigao


que se le na ordem do exercito n.° 24 de 17 de maio de 1837:
Que achando-se os auditores debaixo das immediatas ordens dos commandantes das divisoes
militares, em que téem exercicio, devem residir ñas povoacoes em que se acharan os quarteis
generaes das mesmas divisoes.
.

No regulamento dos fogueiros e chegadores a bordo dos navios ifí estado, approvado por decreto
de 15 de julho de 1869, encontra-se o seguinte:

Artigo 16.°, § 2.° Quando algum fogeiro ou chegador embarcado em navio do estado deixa
o servigo sem alcanear o seu desembarque, é julgado em conformidade ás leis e regulaméntos
militares, sendo-lhe ápplicaveis as disposigoes pen'aes estabelecidas a tal respeito para as pragas
do corpo de marinheirós da armada, cuja graduagáo tem 1.

Portaría de 9 de agosto de 1869

Sendo presente a Sua Magestade El-Rei o officio de 13 de maio ultimo, n.° 69, em que o
governador geral da provincia de Mogambique dá conta de haver nomeado eommandante da ex-
pedigá© da Zambezia ao major Antonio Tavares de Almeida, assim por ser o official mais gra-
duado, como por concorrerem n'elle as qualidades convenientes e o conhecimento do paiz; e jun-
tamente participa quaes instruegoes havia dado ao mesmo eommandante, e as medidas que havia

1 Os fogueiros sao equiparados, cuanto á graduagáo, aos cabos de marinheirós e os ehegadores aos gru-
metes.
299

tomado para a pacificac&o d'aquelle territorio; e vendo-se que urna d'ellas é a sua portaría de
10 de maio, pela qual, entre outras determinagoes, manda vigorar o decreto de 22 de agosto de
1833 quanto á pena de morte, fazendo-a applicavel em varios casos, julgados por um conselho
militar: o mesmo augusto senhor, considerando que a pena de morte foi abolida para os crimes
políticos pelo artigo 16.° do acto addicional á carta constitucional da monarchia, e para as ou-
tras especies de crimes pelo artigo 1.° da carta de lei de 1 de julho de 1867, e- que, portante,
quer o crime ou crimes da guerra da Zambezia se considere político, quer se lhe attribua outra
natureza-, em caso nenhum pode ser punido com a pena de morte, manda, pela secretaria d'és-
tado dos negocios da marinha e ultramar, declarar ao sobredito governador que a mencionada
disposigao nao pode ser approvada, e que elle, governador geral, a deve considerar sem effeito,
fazendo promptamente todas as communieagoes que possam convir, na intelligéñcia de que os
criminosos nao deixará© de ser devidamente punidos se forem apresentados no tribunal que a
lei creou para as punigoes dos crimes.
Deve igualmente o mesmo governador geral considerar sem effeito a disposigao mencionada
quanto ao julgamento por commissao militar, por ser a creacáo de similhante tribunal offensiva
do principio que só permitte punir crimes pelos tribunaes regularmente creados.
Determina, porém, Sua Magestade, que o governador geral da provincia de Mogambique fi-
que entendendo que a desapprovagao das citadas providencias, que nao estava ñas suas faculda-
des decretar, nao lhe tolhe a accao legal que, como chefe superior da provincia e eommandante
de todas as forcas militares n'ella existentes, lhe deve ficar livre para reprimir por meio das ar-
mas todas as rebellioes, limitando-se á justa severidade que é inse.paravel do estado de guerra,
quando é feita mesmo por nagoes civilisadas e christás, segundo já lhe foi expressamente reconi-
mendado em portaría de 16 de junho do eorrente anno, sem que lhe seja necessario nem licito
por em vigor disposigoes promulgadas para um estado excepcional pelo governo que a bem da
causa publica havia assumido todos os poderes, o que nao pode fazer sem violaeáo da soberanía
o governador geral de urna provincia ultramarina, qualquer que seja a gravidade das eircums-
tancias e á urgencia da occasiao.

Decreto de 1 de outubro de 1869

Querendo dar um publico testemunho da minha real clemencia para com os militares que
na noite de 6 para 7 de maio ultimo praticaram actos inconsiderados de carácter político, com
offensa da disciplina militar: hei por bem, usando da faculdade que me confere a carta constitu-
cional da monarchia, e tendo ouvido o conselho d'éstado e o de ministros, decretar o seguinte:
Artigo 1." Ficam amnistiados os crimes de tentativa de motim e sublevagá© militar, perpe-
trados na referida noite de 6 para 7 de maio ultimo.
Art. 2.° Os procéssos instaurados pelos ditos crimes ficam de nenhum effeito, e n'elles se
pora perpetuo silencio, sendo solios os réus que estiverem presos, se por outro motívo nao de-
verem-'ser conservados na prisao.
O ministró e secretario d'éstado dos negocios da guerra o tenha assim entendido e faga exe-
cutar.

Decreto com torga de leí de 7 de outubro de 1869

Attendendo á representagáo que á minha real presenga fez subir o governador' geral da pro-
vincia de Cabo Verde, em officio n.° 12 ele 12 de Janeiro do eorrente anno, mostrando as diffi-
culdades que se apresentam para a exeeugáo dos decretos de 25 de julho de 1865 e de 21 de
outubro de 1868, relativos ás pragas desertaras e incorrigiveis, que sendo naturaes de Angola e
estando em servigo na provincia de S. Thomé e Principe sao mandadas cumprir sentenga em
Cabo Verde;
Usando da faculdade concedida ao meu governo pelo § 1.° do artigo 15." do acto addicio-
nal á carta constitucional da monarchia;
Tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o conselho de ministros:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° As pragas de pret da guarnigao de S. Thomé e Principe, naturaes da provincia
de Angola, as quaes nos termos dos referidos decretos forem oondemnadas a concluir o tempo
de servigo em Cabo Verde, quando n'esta provincia houverem de ser novamente julgadas, de-
verao ser mandadas continuar o servigo na Gkiiné portugueza.
Art. 2.° Fica revogada toda a législagao em contrario.
O ministro e secretario d'éstado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faga executar.
300

Decreto de 13 de outubro de 1869

Usando da faculdade que me confere o artigo 74.°, § 8.°. da carta constitucional da monar-
chia;
Tendo ouvido o conselho d'éstado;
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° É concedida amnistía geral e completa para todos os crimes de origem ou cará-
cter político, commettidos até á data do presente decreto, com infracgá© da lei penal commum
ou das leis penaes e regulaméntos disciplinares do exercito e da armada.
Art. 2.° É igualmente concedido indulto a todos os crimes comprehendidos nos artigos 179.°
a 190.° inclusivamente do código penal.
Art. 3.° Todo o processo que por taes crimes tenha sido formado, fica sem effeito, seja qual
for o estado em que se ache, e todas as pessóas que estiverem presas á ordem de qualquer au-
ctoridade, com processo ou sem elle, serao iinmediatamente solías.
Art. 4,° Os militares que, em conseqüelicia dos referidos crinies políticos, tiverem incorrido
na nota de desertores, sao comprehendidos ñas disposigoes do artigo antecedente.
Os ministros e secretarios d'éstado das diversas repartigoes assim o tenhain entendido e fa-
gam executar.

No decreto com torga de lei de 28 de ouínbro de IS69, creando de novo o commamlo geral da armada,
encontra-se o seguinte:

Artigo 6.° Ao eommandante geral incumbe:


7.° Nomear os officiaes que háo de compor os conselhos de investigagao, de disciplina e de
guerra para o julgamento dos crimes oú delicies commettidos por individuos pertencentes á ar-
mada, e fazer executar as sentengas logo que forem confirmadas pelo supremo conselho de jus-
tica militar i
Decreto de 10 de novembro de 1869

-
Sendo de reconhecida e urgente necessidade proceder á reforma das leis criminaes que re-
gulan! a administragao da justiga na marinha militar e armada;
Considerando que as disposigoes dos artigos de guerra da armada de 1799, e dos innúme-
ros decretos, leis¿ regulaméntos, avisos e ordens posteriormente publicados, constituem urna 1c-
gislagSo confusa, incompleta e incoherente, em parte antiquada e repugnante aos principios con-
signados na constituigáo política da monarchia;
Considerando que siinilhante législagao, inflexivel urnas vezes, e outras arbitraria em de-
masía, deve ser substituida por outra fundada nos solidos principios da. justica universal e da
equidade natural;
Considerando que a legislacíí-o criminal da marinha militar deve estar, quanto possivel, em
harmonía, com a do exercito, e assentar ñas mesmas bases, porque sendo commnns as regras de
disciplina, de obediencia e de fidelidade e dever, devem repousar sob a protecgíío das mesmas
leis criminaes:
Hei por bem determinar que urna commissao, de que será presidente o ministro e secreta-
rio d'éstado dos negocios da marinha e ultramar, composta dos ministros d'éstado honorarios José
Marcellino de Sá Vargas, Joáo Baptista da Silva Ferríío' de Ca.rvalho Mar ten s e José Dias Fer-
reira, do vice-almirante Antonio Ricardo Graga, do ministro d'éstado honorario e contra-almi-
rante graduado visconde da Praia Grande de Macau, do consellieiro relator do supremo conse-
lho de justiga militar Antonio José de Barros e Sá, do conselheiro ajudaute do procurador geral
da coroa junto do ministerio da marinha. e ultramar Aisconde de Paiva Manso, do capitáo de mar
e guerra da armada Joaquim José Gongalves de Matos Corroía e do capitáo tenente da mesma
armada Carlos Testa, fique encarregada de organisar e redigir um projecto de código de justiga
da marinha militar, contendo tudo o que respeita aos delicies e penas, assim como á organisacáo,
competencia e forma de processo dos tribunaes especiaes. A mesma commissao, tomando por base
o projecto do código militar, apreseutado ás cortes em 6 de junho de 1862 e 17 de agosto de
1868, organisado pela commissao creada pelo decreto de 23 de julho de 1855, e a organisagáo
que últimamente foi decretada em 26 de novembro de 1868 para o supremo conselho de justiga
militar, ordenará os seus trabalhos em relagao á urgencia, importancia e gravidade da materia,
como é de esperar do seu zéío pelo servigo publico e da sua reconhecida capacidade.
O ministro e secretario d'éstado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faga executar.
301

No decreto de 18 de novembro de 1869, reorganisando a secretaria d'éstado dos negocios da guerra,


encontra-se o seguinte:

CAPITULO III. — Das nomeagoes, habilitagoes, aposentagoes, correegoes, exoneragoes


e suspensoes dos émpregados da secretaria
Artigo 28.° Os officiaes militares e émpregados com graduagáo militar, que servirem na se-
cretaria da guerra, ficam sujeitos a todas as correegoes pelas faltas previstas nos regulaméntos
militares, assim como ao julgamento em conselho de guerra pelos delictos que possam com-
metter.
Art. 29.° Os émpregados sem graduagáo militar incorrem na pena de demissao pelos cri-
mes de peita, suborno, peculato, concussáo, falsidadé, estellionato, moeda falsa, furto, roubo e
homicidio; a revelagáo de negocios reservados ou confidenciaes da secretaria, e o abuso decon-
fianga em materia de servigo publico, devidamente comprovados.
Art. 30.° A condemnagao definitiva por qualquer crime nao enumerado no artigo antece-
dente, é causa de demissao ou suspensa'©, segundo a sua gravidade.
§ nnico. A pronuncia definitiva em qualquer d'aquelles crimes é sempre causa de sus-
pensáo.
Art. -31.° E causa de suspensáo:
1.° A negligencia ou qualquer outro motivo culposo, pelo qual o empregado faltar ao cum-
plimento dos seus deveres depois de admoesíado;
2.° A desobedienciavoluntaria ás ordens superiores em objecto de servigo das suas attri-
buigoes.
§ único. As reincidencias, segundo a sua gravidade, poderao ser causa de demissao.
Art. 32.° Ñas hypotheses do artigo 31.° e seu paragrapho, a suspensa© nunca será por mer
nos tempo do que aquelle que deeorrer desde a pronuncia até ao julgamento definitivo, e ao da
duragáo da pena em que o réu for condemnado!
§ único. Fóra dos casos declarados n'este artigo, a suspensáo nao poderá exceder a tres
mezes.
Art. 33.° A suspensáo nos casos do artigo 31.° e seus números-pode ser imposta até cinco
dias pelo respectivo director geral, que dará logo conta ao ministro,: o qual: a poderá levantar, .
se assim o julgar conveniente.
Art. 34." A suspensáo por mais de cinco dias, nos casos especificados no mesmo artigo, e
por qualquer tempo, nos casos do artigo 30.°, só pelo ministro pode ser imposta.
Art. 35.° O effeito da suspensáo é privar o empregado suspenso do exercicio do emprego,
ordenado e graiificagáo.
Art. 36.° Fóra do caso dos crimes de que fazem niengáo os artigos 29.° e 30.° e seu para-
grapho, a demissao ou suspensáo só terá logar depois do interessado ser ouvido.
Art. 37.° Nos casos menos graves pode o ministro admoestar, particular ou publicamente,
o empregado que faltar aos seus deAreres.
§ único. Igual faculdade tem o director geral e o chefe da contabilidade nos casos especifi-
cados no presente decreto.
Art. 38.° Para os officiaes e émpregados com graduagáo militar, sao causa de exoneragáo
os n.os 1.° e 2.° do artigo 31.°, sem prejuizo de qualquer outro procedimento fundado em regu-
laméntos militares.

— Disposigoes diversas
'CAPITULO VII.

Art. 44.° É supprimido o logar de ajudante do procurador geral da coroa junto, a esta
secretaria.
§ único. As funegoes que lhe eram attribuidas serao desempenhadas, quando necessarias,
pela procuraduría geral da corda, e pelo modo que fóra. previsto nos decretos de 9 de dezembro
de 1836 e 26 de novembro de 1868.

No plano de organisagáo das torgas militares das provincias ultramarinas, approvado por decreto
com torga de lei de 2 de dezembro de 186,9, enconlra-se o seguinte:

Artigo 24.° A classe dos officiaes em inactividade temporaria comprehenderá os officiaes


de qualquer arma ou graduagáo que a ella passem pelos seguintes motivos:
3.° Por castigo em consequencia de irregular conducta e relaxacáo de costones, prece-
dendo conselho de investigagao.
302

§ 3.° Os officiaes deque tratam os n.os3.° e4.° d'este artigo nao ganharáo tempo para aecesso
nem para reforma, os do n.° 3.° venceráo o soldó da patente pela tarifa de 16 de dezembro de
1790 e os do n.° 4.°, etc.
Art. 44.° Crimes dos militares:
Os crimes dos militares serao julgados em ultima instancia nos conselhos superiores de jus-
tiga militar ou ñas juntas de justiga, conforme a législagao em vigor.
Art. 45.° Auditores:
Os juizes de direito servirlo 4e auditores, e na sua falta serao substituidos por delegados
4o ministerio publico e estes por capitáes de primeira linha.

Na organisagáo do servigode saude das provincias ultramarinas decretada em 2 de dezembro de 1869,


enconlra-se o seguinte:

Artigo 80.° Os émpregados dos quadros de saudel das provincias ultramarinas gosarao do
foro militar, estaráo sujeitos ás leis e regulaméntos militares, e tercio direito ás distinegoes hono-
jificas ñas mesmas circumstaneias em que sSo concedidas aos facultativos navaes.

No decreto com torga-de lei de 9 de dezembro de 1869,


creando junto ao deposito de pragas avulsas do ultramar, como: complemento d-cllc,
urna divisao de reformados do ultramar, cncontra-sc o seguinte:

Artigo 7.° A divisa© de reformados do ultramar terá o seu quartel em Alcántara com o de-
posito de pragas avulsas de que faz parte, e ficará sujeita em tudo o que disse-r respeito ao ser-
vigo do quartel, administragáo e disciplina ao eommandante d'aquellé deposito.

No outro decreto com torga de lei da mesma data,


modificando álgumas disposigoes da législagao que rcgulava o servigo de saude naval,
cncontra-sc o seguinte:

Artigo 33.° As pragas da companhia de saude naval obrigam-se, no acto da sua admissao,
a servir durante seis annos; esifio sujeitas ás leis e regulaméntos militares que regem para as
pragas de pret da armada; sao equiparadas ás pragas do corpo de marinheirós, para o fim de se-
rení admittidas na divisa© de veteranos de marinha, e podem ser despedidas cío servigo quando,
pelo seu comportamento, nao devaní continuar a pertencer á companhia.

No plano de organisagáo da arma de engenheria,


approvado pelo decreto com torga de loi de 13 de dezembrode 1869, c no qual torain creados os guardas de engenheria,
enconlra-se o seguinte:

Artigo 20.° Os guardas de engenheria dividem-se em principeces e ordinarios.


§ 1.° Os guardas principaes sao em numero de 9; sendo 3 de 1.a classe, 3 de 2.n e 3 de 3.a
Sao promovidos a estes cargos os sargentos ajudante e quartel mestre, e os primeiros sargentos
do batalháo de engenheria que o pretenderem e forem considerados dignos de tal nomeagáo.
§ 2.° Os guardas ordinarios nao téem numero iixo, sendo as necessidades do servigo que o
determinam. Sao escomidos ñas companhias de reformados, ás quaes contmuaní a pertencer, en-
tre os officiaes inferiores, cabos e soldados, etc.
§ 3.° Os guardas principaes nao téem, no seu cargo, assimilhagáo aos postos militares; con-
servan!, a ordem hierarchica entre si, e oceupam posicáo superior a todos os officiaes inferiores e
abaixo dé todos- os officiaes'. Sao' eomtudo sujeitos ás leis e disciplina militares, e quando em tra-
tamento nos hospitaes, considerados como officiaes subalternos.

1 Facultativos e phaímaceutieos.
303

No decreto com torga de lei de 23 de dezembro de 1869,


reunindo n'um só diploma todas as disposigoes (pie sao concernentcs á classe de aspirantes a facultativos navaes
e aspirantes a facultativos do ultramar, encontra-se o seguinte:

Artigo 9.° Os aspirantes a facultativos navaes e a facultativos do ultramar estarlo sujeitos


ás leis e regulaméntos militares e continuarlo a ser assim considerados depois de nomeados fa^-
cultativos do quadro de saude naval e dos do ultramar.

No decreto com torga de lei de 30 de dezembro de 1869, dando nova organisagáo


ao corpo de engenheiros machinistas navaes, encontrase o seguinte:

Artigo 1.°, § único. Este corpo e os auxiliares tem por chefe o superintendente do arsenal
da marinha, está sujeito para todos os effeitos ás leis e regulaméntos militares que regem na
armada.
Art. 2.° O corpo de engenheiros machinistas navaes compoe-se de engenheiros macbinistas
de 1.a, 2.a e 3.a classe com as graduagoes respectivamente de primeirós e segundos tenéntes e
de guardas marinhas.
Art. 3.° Sao auxiliares do corpo de engenheiros machinistas:
1.° Os ajudantes de machinistas de 1.a, 2.a e 3.a classe com as graduagoes, os primeirós ele,
mesires e os segundos e terceiros de contraniestres'da armada;
2.° Os fogueiros com a graduagáo de cabos marinheirós;
3.° Os chegadores com a graduagáo de grumetes.

No regulamento para as bandas de música, approvado por decreto de 11 de margo de 1870,


para substituir o de 17 de agosto de 1864, foi alterado o disposto nos dois paragraphos do artigo 2.°,
que toram transcriptos n'outra parte d'este trabalbo, pelo modo seguinte:

§ 1." Estas equiparagoes nao Ihes dao direito a comniando de quaesquer forgas, mas servem
para regular os vencimientos correspondentes ás mesmas quando forem reformados.
§ 2.° Quando devam ser castigados, applicar-se-llies-háo as penas correspondentes á con-
sideragáo de graduagáo que tiverem.

Portaría de 29 de margo de 1870

Suscitando-se duvidas sobre o que clispoe o decreto com forga de lei de 17 de dezembro de
1868, e mais législagao correlativa, no que diz respeito a o farclamento que compete ás pragas do
corpo de marinheirós da armada cumprindo sentenga, e ao modo de lh'o abonar: Sua Magestade
El-Rei ha ¡jor bem ordenar que, em conformidade com o que dispoe o citado decreto, se faga
sempre aquellas pragas o abono integral de fardamento a que téem incontestavel direito, nao se
permití-indo por qualquer motivo descontos que a lei nao auctorisá; e que o abono do referido
fardamemto soja feito de modo que as pragas ao termiuarem o tempo da sentenga, estejam com-
pletamente inteiradas do fardamento que tiverem vencido, sem que lhes seja preciso reclanial-o.
O que pela secretaria d'éstado dos negocios da marinha e ultramar se communica ao eom-
mandante geral da armada, para seu conheeimento e dévidos effeitos.

Decreto de 6 de junho de 1870

Usando da faculdade que me confere a carta constitucional da monarchia, e tendo ouvido


o conselho d'éstado: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E concedida amnistía geral e completa para todos os crimes contra o exercieio
do direito eleitoral, e em geral para todos os crimes de origem ou carácter político, commettidos
304

desde de margo do eorrente anno até á data do presente decreto, quer o fossem com infrac-
1
gáo da lei penal commum, quer das leis penaes e regulaméntos disciplinares do exercito e da
armada.
Art. 2.° É igualmente concedida amnistía ¡jara todos os crimes comprehendidos no capitulo ni
do titulo n e nos capítulos I e II do titulo m do livro II do código penal, commettidos na mesma
epoeha a que se refere o artigo anterior.
Art. 3.° Todo o processo que, por taes crimes, tenha sido formado, fica sem effeito, seja
qual for o estado em que se ache, e todas as pessoas que estiverem presas á ordem de qualquer
auctoridade, com processo ou sem elle, serao iinmediatamente solfas.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'éstado das diversas re-
partigo'és assim o íenham entendido e fagam executar.

Decreto com torga de lei de 9 do junho de 1870

Attendendo ao que me representaram os ministros e secretarios d'éstado de todas as repar-


tigoes, hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1." É abolida a pena de morte nos crimes civis em todas as provincias ultramarinas.
Art. 2.° Aos crimes a que jiela législagao penal correspondía a pena de morte, deverá ser
applicada a immediata.
Art. 3.° Fica revogada toda a législagao em contrario.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'éstado de tocias as re-
partieses assim o íenham entendido e fagam- executar.

No plano de rcorganisagáo do real collegio militar, decretado em tí de junho de 1870J,


cncontra-sc o seguinte:

CAPITULO IV.— Dos alumnos da escola de officiaes, sua adniissao,


deveres, direitos e expulsáo
Artigo 37.° Os alumnos da escola de officiaes serao de duas classes: internos e semi-inter-
nos.
§ único. Na ordem dos alumnos internos haverá pensionistas do estado e porcionistas,
Art. 38.° Tanto os alumnos pensionistas do estado como os porcionistas fica rao pelo fació
da sua adniissao obligados a servir no exercito pelo espago de doze annos, contados do día em
que do collegio saírem para as suas fileiras, na conformidade dos artigos 49.° e 50.°
§ 1.° Os alumnos poderao remir-se cía obrigagáo imposta por este artigo pagando ao colle-
gio 300 réis por cada clia que tiver decorrido desde a sua entrada na escola até ao dia da saída,
ficando todavía sujeitos á lei geral do recrutamento.
§ 2.° Os alumnos passaráo ás fileiras entre a idade de dezoito o vinte annos, com as vanta-
gens que Ihes resultaran das suas habilitacoes, nos termos que dispoem os artigos 49.° a 52.° do
presente capitulo.
.§ 3.° Os alumnos internos que nao satislízereni ás disposigoes impostas por esto artigo, dei-
xando de regressar ao collegio quando estiverem em goso de licenga, ausentando-so d'clle, ou
deixando de apresentar-se, nos corpos em que forem mandados servir, sera© considerados deser-
tores para todos os effeitos legaes.
.Art. 48.° Todos os alumnos internos que antes do 1.° de outubro completaron! dezoito an-
nos de idade, e os que completaran dezesete, tendo concluido o sexto anno, passaráo á classe
de alumnos semi-iniernos, tendo desde aquelle dia praga nos corpos que escolherem na arma a
que forem destinados, como primeirós sargentos aspirantes a officiaes, com o vencimento único
de 300 réis diarios os cpie houverem completado o sexto anuo, como segundos sargentos alum-
nos com o vencimento único de 250 réis diarios os que houverem completado o quinto anno,
como furrieis alumnos os que houverem completado o qnarto anno, com o vencimento único de
230 réis diarios.
Art. 53.° As aulas do curso da escola de officiaes poderao ser frequentadas por alumnos
externos militares ou civis, conciliando-se o bom régimen do estabelecimento com a adniissao de
taes alumnos.

1 liste decreto, cuja exceucíto ficou suspensa pela portaría de 27 de setembro de 1870, foi um dos quú dei-
xaram de ser incluidos na sanc^ito dada pela carta, de ]ei de 27 de dezembro do mesmo anno ás medidas de na-
ureza legislativa promulgadas pelo governo desde o niez de maio do dito anno.
305

§ 4.° Os alumnos externos que forem militares estará© sujeitos á disciplina e ás disposigoes
que os regulaméntos prescreveráo com o fim de ná© deixar ao abandono a sua morigeragáo e ap-
plicagao aos estudos.
Art. 56.° O alumno interno que for julgado incompativel na escola de officiaes por actos
de insubordinagáo, irregularidade de procedimento, reiterada e absoluta falta de applicagao, ou
pratica reprehensivel de algum acto criminoso, será expulso do collegio mediante proposta fun-
damentada do eommandante e approvagáo do ministro da guerra.
§. único. As faltas graves pratieadas pelos alumnos semi-internos estarlo sujeitas aos julga-
mentos e penas estatuidas pela législagao militar.

CAPITULO V. — Dos alumnos da escola de officiaes inferiores,


sua adniissao, deveres e direitós

Art. 58.° Os alumnos da escola de officiaes inferiores será© de duás classes: internos e
semi-internos.
§ único. Ñas classes dos alumnos internos e semi-internos haverá pensionistas e porcio-
nistas.
Art. 59.° Os alumnos pensionistas serlo cento e cincoenta mancebos alistados nos corpos de
cavallaria e infanteria, com a denonainagáo de soldados alumnos^ e que pelo facto do seu alista-
mento como taes, fiearao obligados a servir no exercito doze annos, contados da data da sua
salda da escola, para os referidos corpos.
§ 1.° Os alumnos passaráo ás fileiras entre a idade de dezoito a vinte annos, com as vanta-
gens que lhes resultarem das suas habilitagoes, nos termos que dispoem os artigos 66.° e 67.° do
presente decreto. ,
§ 2." Os alumnos poderlo remir-se da obrigagáo que lhes é imposta por este artigo e ter
baixa do servigo, pagando ao collegio 200 réis por cada dia que tiver decorrido desde o da sua
entrada na escola até ao da saída.
§ 3.° Os alumnos que nao satisfizereni ás obrigagoes impostas por este artigo, serlo consi-
dados desertores para todos os effeitos legaes.
Art. 65.° Os alumnos internos que completarem dezesete annos antes de 1 de outubro, e
tiverem obtido approvagáo na 4.a elasse de instruegao geral, e os que tiverem completado dezoito,
seja quel for o seu grau de adiantamento na mesma instrucglo, passaráo á classe de alumnos
semi-internos.
Art. 68.° As faltas graves pratieadas pelos alumnos internos e semi-internos estarlo su-
jeitas ao julgamento e penas estatuidos pela législagao militar para os menores do exercito.

CAPITULO VIII. — Organisagáo, disciplina e edueagao

Art. 73.° As bases da disciplina militar serao inteiramente applicaveis a todo o régimen do
estabelecimento e a todos os actos da vida dos alumnos dentro e fóra d'elle.

Portaría de 22 de junho de 1870

Sua Magestade El-Rei, a quem foi presente o officio do eommandante geral da armada, da-
tado de 3 de maio ultimo, acompanhando copia de outro, em que o eommandante do corpo de
marinheirós pergunta se deve continuar a abonar-se a quantia de 4$800 réis a quem apprehender
um desertor, como determina a portaría de 19 de setembro de 1865;
Considerando que o decreto com forga de lei de 17 de dezembro de 1868, que organisou o
dito corpo, nao trata d'aquolle abono, o qual nao é actualmente justificado por qualquer rasáo
de conveniencia;
Considerando que, se nenhumas rasoes de servigo aconselham o abono de que se trata, to-
das as de ordem moral sao evidentemente contrarias a esta pratica:
Ha por bem, conformando-se com a opiniao do consultor do ministerio, revogar a citada
portaría, de 19 de setembro de 1865, fazendo por este modo cessar os abonos de 4$800 réis aos
apprehensores de pragas desertadas da armada.
O que, pela secretaria d'éstado dos negocios da marinha e ultramar, se communica ao refe-
rido eommandante geral da armada,
para seu conheeimento e dévidos effeitos.
39
306

No decido de 21 de juliio de 1870l. creando a legiao do Ultramar, eitcontra-se o scguinle:

Artigo 2.8. Toda a legislacao em vigor no exercito da metropole que nao se oppozer ás
disposicoes do presente decreto, será applicada á legiao. "
E
Art. 32.° extineto o deposito de pracas avuisas do ultramar, fieaudo o respectivo ser-
vio^ éncorporado na legiao.
§ único. A divislo de reformados do ultramar tica addida á legiSo.
Art. 33.° Continúa a existir o deposito disciplinar, conforme as disposicoes do decreto com
forca de lei de 8 de abril de 1869.

No decreto com forca de M de 11 de ayosío de 1870, respeilantc ás guardas niunicipaes,


encon.íra-se o seguinte:

Artigo 1.° Os factos criminosos pratieadüs pelas pracas de pret das guardas niunicipaes sao
julgados nos tribunaes militares, nos mesmos termos e pela mesma forma por que sao julgados
igiiaes factos praticados pelas pracas de' pret do exercito, segundo as leis e regulamentos appli-
caveis.
Art. 2.° As pracas de pret das guardas niunicipaes indiciadas em qtialquer crime, depois de
ter a pronuncia passado em julgado, serlo inmediatamente presas, se ja o nSo estiverem por
ordem superior, e oeeinettidas paranm dos corpos do exercito de primeira linlia, para alii serem
julgadas eni eonselbo de guerra.
§ único. Esta transferencia será requisitada pelo commandante geral, por intervencao do
ministerio do reino.
Art. 3.° As pracas julgadas em consellio de guerra podeni regressar ás guardas niunicipaes,
urna vez que a sua conducta fique illibada pelo julganiento, alias continuarlo a servir no exer-
cito pelo tempo a que estiverem o'brigadas, conforme o sen alistamento ñas guardas.
Ai't. 4." As pracas que commetterem quatro transgressoes de disciplina simples ou düas
aggravadas, segundo o regulamento disGÍj>lin&Tj serio mandadas apresentar pelo commandante
geral ao commandante da, ¡respectiva divisao militar, para irem servir em um dos córpos do exer-
cito pelo tempo que Ibes faltar, conforme o seu alistamento ñas guardas.
Art. 5.° As pracas alistadas ñas guardas niunicipaes serüo alii conservadas somente eni-
quanto derem 'próvas de exemplar comportamento civil e militar.
Art. >6.p Fica "desde já em execu^áo nás guardas niunicipaes e regulamento disciplinar do
exercito de 30,de setembro de 1856, na parte relativa ás transgressoes de disciplina, ás ponas e
á applicagao d'estas pelo commandante geral, commandantes dos corpos, oñiciaes superiores e
commandantes de companliia.
§ 1." As attribüicoes que o dito regulamento confere aos commandantes das divisoes mili-
tares territoriaes serao exercidas ñas guardas niunicipaes pelo commandante geral.
§ 2.° A pena de prisSó no ca'labougo nunca será imposta sem precedencia de julgamento em
conselho de investigacao.
§ 3.° Só poderá ser imposta a pena de baixa de posto nos termos do artigo 20.° do referido
regulamento disciplinar. A praca que houver de a soffrer será immédiatamentetransferida para
um dos corpos do exercito. .•••.
Art. 7.° Todas as pracas das guardas municipaes sao obligadas a servir ñas mesmas guar-
das por cinco anuos, contados da data da sua passagem ou alistamento, salvo se pela natureza
do seu alistamento no exercito estiverem obrigadas a ¡servir ¡por mais tempo.
§ ¡único. É peraiittida a readmissao ,por outros cinco aunos somonte.


'Portaría de 20 de setembro de¡1870

-Oonstaiido a Búa Magestade El-Rei que, dando-se errada interpretado ás disposicoes le-
gaes, se tem abonado o quinto do soldó ás pracas que, completando o tempo do seu alistamento,
se achem presas para responder a consellio de guerra; considerando que o decreto de 17 de

1Estü decreto foi um dos que deixaram de ser incluidos na sanccao dada pela carta do lei de 27 de dc-
zciribi'b de 1870, ás medidas de Biatureza legislativa promulgadas pelo governo desde o mez ele malo do mesmo
auno.
307

de/.embro de 1868, no artigo 16.", § o.°, e o decreto de 30 do mesmo mez no artigo 8.°, § 3.°,
determinam expressamente que as pracas presas para responder a consellio de guerra, recebam
nietade do pret de segundo grumete, quaesquer que sejam as suas graduacoes; nao fazendo as
mesmas distinccao alguma, aínda que o individuo venga mais um quinto por estar servindo de-
pois de completar o tempo legal, se elle commetter crime pelo qual tenba de responder a eonse-
ího: lia por bem o mesmo augusto senliór, coiiformaiido-se com o parecer do consultor do minis-
terio, determinar que cesse immediatamente, o referido abono do quinto do soldó, ficando-se na
iiitelligencia de que as pracas do corpo de marinheiros presas para responder a consellio de
guerra, qualquer que seja a sua graduacáo, vencem sóniente metade do soldó de segundos gru-
metes, como clara e expressamente determinan! os citados decretos.
O que, pela secretaria, d'estado dos negocios da marinha e ultramar, se communicá ao com-
mandante geral da armada, para seu conhecímento e devidos effeitos.

Dclermiuafáo insería na ordem do exercito n.° 55 de 20 de oufulno de 1870

Estando expressamente prohibidas no'exercito' ás maiiifestacoés conectivas, seja qüal fbr a


intencao com que sejam feitas: manda "Sua Magestade El-Rei reeommendar a stricta observancia
do disposto no artigo 51.° do regulamento disciplinar de 30 de setembro de 1856, e declarar que
da mesma maneira é defezo, como subversivo á disciplina militar, todo o signal de approvac.ao
ou censura sobre objectos de servico por parte dos inferiores para com os superiores, por serení
assumptos da competencia do governo ou das auctoridades incumbidas do commando e disciplina
das tropas.

Igualmente ordena o^ mesuró augusto senhor que os ..generaes commandantes das' divisoes
militares, directores das armas de engeiiheria. e artilheria. e os cliefes dos corpos, recommendem
aos seus subordinados que se abstenliam. de comparecer em reunioes publicas ou particulares de
carácter político.
Outrosim manda Sua Magestade declarar que se procederá com todo o rigor das leis contra
os empregados subordinados ao ministerio da guerra, e contra os officiaes e mais pracas que,
estando servindo no mesmo ministerio, em reparticoes d'elle dependentes, nos quarteis generaes
e secretaria dos corpos, delataren! os negocios que correrem pelas estacoes em que seryirem, e
fornecerem a estranhos informacoes sobre assumptos ainda nao publicados oficialmente.

Pelo ministerio da marinha e ultramar foi expedida aos goVcniadorcs das provincias ultramarinas,
em dala de 27 do referido móx e aniio, unía parlaría no mesmo sentido da determinac/io ácima transcripta,
c na qu.il se eneoulía a mais o séguinle:

Últimamente manda Sua Magestade El-Kei declarar que, nem a elles, íiem aos govéi-ñado-
res dos districtos ou outra qualquer auctoridade, é permittido acceitar subscripcoes ou oútros
presentes ou medallias, ou oatros quaesquer objectos que, por corporacoes ou individuos das res-
pectivas provincias, Ibes sejam ofterecidos, ainda que se diga serem testemuulios de agráde-
smiento pelos beneficios do seu bom governo.

.187-1
No regulamento para o servigo de saade naval, approvado por decreto de- 26 de Janeiro de 1S7-I,
encpiílra-se o seguinte:
.

TITULO IV.¡—Do servico do hospital da marinha

CAPITULO X. — Das licengas, gratifieacoes e castigos

Artigo 192.° O director do hospital punirá os empregados menores que tiverem faltado ao
desenipenho das suas obrigagoes, tirando-lhes a licenca mensal, multando-os ou prenclendo-os
n'aquelle estabelecimento. Em outros casos procederá segundo o disposto no artigo 293.°
308

TITULO V. — Da companhia de saude naval

CAPITULO V. — Disposicoes geraes


Art. 292.° Todas as pracas da companhia de saude estao sujeitas ás Ieis e regülaiiientos
militares que regem para as pracas da armada; sao equiparadas ás pracas do corpo de marinhei-
ros para o fim de serení admittidas na divisao de veteranos de marinha.
Art. 293.° Poderlo ser despedidas do servico as pracas que, pelo seu mau procedimento, nao
devereni continuar a pertencer á companhia. As pracas que, estando desembarcadas, hajaní eom-
inettido faltas no servico, poderao ser punidas com castigos eorrecionaes arbitrados pelo director
do hospital da marinha; em casos mais graves proceder^se-ha a respeitó d'ellas como com as do
corpo de marinheiros da armada.

No regulamentoapprorádo por decreto de 28 de junlio de 1871,


da seegáo de veteranos da cidade de Macan, creada pelo artigo 1.°, capitulo 15.°, do decreto com forca de lei
de 2 de dezcmúro de 180, encontra-se o seguinte:

Artigo 10.° A revista do pessoal será trimestral, etc.


§ único. Aquella revista compárecerao todas as pracas que nao estiverem eiiipregadas em
algum servico exterior, presas ou enfermas e era tratamento no hospital. O veterano, fóra dos
casos süpramencionados, que nao comparecer á mostra nem envié certificado de doenca, será
reputado desertor, entendendo-se que desiste perpetuamente das vántagens e regalías militares,
se dentro de dois meizes se nao apresentar, justificando, com documento authentieo, a causa da
nao comparencia.

No regulamento do batalhao nacional da cidade de Macan, approvado por decreto de 28 de jiinho de 1871,
cncontra-se o seguinte:

CAPITULO XV.—Das honras e privilegios

Artigo 70.° Quando fbr presa alguma praca do batalhao, seja qual for a sua graduacáo,
estando uniformisada, a auctoridade que a prender, ou aquella a quem for apresentada o commu-
nicará áo commandante do batalhfio, a finí de que este possa fazer as reclamagoes que tenlia por
convenientes a respeitó do preso.
Art. 71.° Todas as pracas que compoem o batalhao nacional gosaráo do foro militar,
quando o referido batalhao se ache em servico extraordinario; o mesmo acontecerá aquellas que,
aínda no caso do batalhao sé achar em servico ordinario, estejam individualmente empregadas
como em servico activo.
CAPITULO XVI. — Dos delictos e penas
Art. 74.° É expressamente prohibido aos officiaes o injuriarem de palavras os seus subordi-
nados, e corrigil-os ou castigal-os de modo que os vexe e degrade perante a opiniao publica;
aos mesmos officiaes é mui recommendado o tratarein os seus subordinados com estima e af-
feicao.
Art. 75.° Os ofíiciaes e mais pracas do batalhao que faltaran ao cumplimento dos seus de-
veres ou commetterem crimes contrarios á snbordinacao e ás regras da disciplina, se estiverem
no goso do foro militar, seráo punidos pelas leis do exercito.
§ único. A legislacao militar de que trata o artigo antecedente estará em vigor para o ba-
talhao desde o dia em que este for chamado a servico extraordinario, na conformidade do § 1.°
do artigo 1.°
Art. 76.° Em circumstancias ordinarias observar-se-hao as regras seguintes:
1.a SSo classificados, segundo a gravidade ascendente, em 1.°, 2.° e 3.° graus, os delictos
militares que todas as pracas do batalhao podem commetter.
2.a Sño delictos do primeiro gran: as faltas ás reunioes ordinarias, quando o batalhao ou
parte d'elle estoja reunido para servico; as faltas ás reunioes, por companhias, para exercicio,
em tempos ordinarios; as faltas de asseio pessoal, e no fardamento e armamento: e offeusas le-
ves de superior para inferior.
309

3.a As faltas enumeradas ácima, sendo commettídas por officiaes, serSo jiunidas do mínimo
ao máximo: pela admoestacao particular do major, em norae do commandante; pela prisao, de
um a tres dias, no quartel da sua residencia, e pela reprehensao do commandante, em presenca
de todos os officiaes. Sendo as mesmas faltas commettídas por outros individuos do batalhao, se-
rlo punidas pela reprehensao, em frente da companhia a que pertencer o delinquente; por urna
a tres guardas de castigo, e pela prisao até sete dias n'üma fortaleza.
4.a Sao delictos de segundo grau: as faltas ás reunioes extraordinarias, quando o corpo
faca servico; as faltas ao servico detalhado; as faltas ás reunioes do batalhSOj em tempos ordi-
narios ; os abusos de auctoridade; as simples desobediencias para com os superiores; as faltas
dos deveres de sentinellas (excluindo o abandono do posto); o nao cumprimento das ordens;
a embriaguez e a desordem, mesmo fóra do servico.
5.a Os delictos enumerados no n.° 4.°j.commettidos por officiaes, serao punidos: com a re-
prehensSo do commandante, perante officiaes de igual ou superior graduacáo, e com prisao de
quatro a doze dias, no quartel da sua residencia. Sendo taes faltas commettidas por outros indi-
viduos do batalhao, serao punidas com tres a cinco guardas ele castigo e prisao de óito a quinze
días.
§ 1." A prisao poderá ser.remida a dinheiro, na rasao de 1 $000 reís por dia, para os offi-
ciaes, e 500 reís diarios para os outros individuos.
§ 2.° A remissao a dinheiro será únicamente auctorisada pelo commandante, quando as cir-
cumstancias attenuantes da culpa o permittám.
6.a SSo delictos de terceiro grau: faltas á reüniSo géral do batalhao para exercicio¿ em cir-
cumstancias ordinarias; faltas mánifestas de respeitó para com os superiores> e desobediencias
aggravadas ás ordens militares; excitaclo ou tumulto; assoadas e mánifesta insuboi'dinaeSo:
abandono do posto, nao só com respeitó á sentinella, mas ao commándo dé forca; actos pra-
ticados contra sentinellas e contra a forca; contrávéncao de ordens expressamente recebidas;
carregar as pecas ou armas sem ordem; faltas ao toque de rebate; embriaguez ou desordem,
estando de servico, e interesses illícitos por abuso de posicao superior.
7.a Os delictos especificados no n.° 6.° serao punidos: para os officiaes, com a prisao de
doze a trinta días, ficando registada a causa d'ella e lendo-se a sentenga em parada, ou com a
demissao do posto. Sendo os delinquentes outros individuos, serSq punidos com cinco a oito guar-
das de castigo, e prisao de quinze a quárenta dias. Os ofjjciaes inferiores e cabos poclerSo aínda
ter baixa de posto, devendcenviál caso ser mudados de companhia.
§ único. Na applicacáo das penas ácima designadas téem tambem logar as disposicoes dos
paragraphos do n.° 5.°, e nao será prejudicada a maior responsabilidáde criminal em que incor-
rerem os delinquentes, segundo a lei commum.
8.a Q.uaesquer outros delictos nao especificados nos números antecedentes, serao clasifica-
dos pelo commandante do batalhao, e por elle punidos ou pelo eonselho permanente, conforme a
sua gravidade.
9.a As faltas ás reunioes, de que tratam os números anteriores, classificar-se-hao como
taes quando qualquer individuo compareca á formatura meia hora depois da que tiver sido or-
denada.
10." As reincidencias dos mesinos delictos em certo praso de tempo serao punidas com maior
severidade, e considerar-se-hao para este efteito de grau superior.
11.a A applicacao das penas para punir os delictos do primeiro grau fica attribuida ao juizo
sensato e prudente do commandante do batalhao.
12.a O julgamento dos delictos do segundo e terceiro graus pertence a uní eonselho discipli-
nar permanente, do qual será presidente o major ou official imniediato ao commandante, e vogaes
os quatro officiaes immediatos ao presidente, de maior antiguidade na mesma graduacáo, nao
havendo com respeitó a algnns d'elles impedimento legal.
13.a As sentengas do eonselho de disciplina nao podem ser executadas sem a confirmacao
do commandante do batalhao nos delictos do segundo grau e do governador da provincia nos de-
lictos do terceiro grau. Cada urna d'estas auctoridades pode diminuir as penas das sentengas sub-
mettidas á sua confirinagao quando tiver fundamentos de justica ou de equidade para moderar a
severidade dos julgados.
§ único. Quando o eonselho disciplinar ou o commandante do batalhSo julguem as penas do
n.° 7." inferiores á gravidade do delicto commettido, particularmente em casos de exeitacüo ou
tumulto, submetterao o processo ao governador da provincia,, o qual poderá tomar as medidas
convenientes para que novo julgamento tenha logar em juizo mais competente.
14.a A forma do processo será aquella que se segué nos corpos do exercito, nos conselhos
de investigacao, sendo a sua conclusao a sentenga e nao a simples opiniao.
15.a Comquanto nlío se deva esperar que o commandante do batalhao nacional,
. pela impor-
tante representacao do seu posto, falte ao pontual cumprimento dos seus deveres, fica estatuido
que, faltando casualmente a elles, compete ao governador, pesando bem a gravidade da falta
310

commettida,- empregar como punicao a admoestacáo simples, verbal ou por escripto, ou proceder
como seja conveniente, quando tal pena nao baste.
16ia Os officiaes do exercito e pragas de pret dos corpos de linha servindo no batalhao na-
cional, e bem assim os tambores e eorneteiros,.quando commettam delictos, serao por elles puni-
dos como se estivessém nos corpos do mesmo'exercito.
Art. 77.° O producto em dinheiro das remissoes das penas será entregue á commissáo admi-
nistrativado batalhao para as despézas do corpo.

CAPITULO XVII. — Modo de appliéar as penas

:
Art. Todos os castígos: se publicarao em ordem de batalhao antes ou depois de execu-
7.8.°.
tádosj, conforme o commandante o julgar mais conveniente, servindo estas publicacoes, quanto ás
remissoes das penas de prisao, para legalisar as contas de receita da commissSo administrativa.
Art. 79.° O commandante mandará intimar por escripto áquelle individúo do batalhSo, a
quem for applicada a pena de prisao, para comparecer do quartel no día e hora que a mtimagSo
declarar. ífo quartel esperará pelo delinquente umá praca do mesmo batalhao, que nao lhe seja
inferior em graduacáo, a fim de o conduzir ao seu destino.
Ai'ti-80i" As intiinacoes de que trata o artigo antecedente poderao ser assignadas pelo ma-
jor,- pelos commandantes de companhia ou pelo ajudante, como mais conveniente for ao servico.
Art. 81.° O individuó encarregado de tal intiniagSo exigirá d'ella recibo. Nao encontrando
em casa aquelle que for- intimar, procurará duás testemunhas para¡ provar, sendo preciso, que
entregott na residencia do intimado a intimagao que lhe foi confiada.

CAPITULO XVIII. — Das. desere5es> em circumstaneias ordinarias

Art. 82." Quando qualquer individuo deixe de comparecer,, sem motivo justificado, no logar
que lhe for ordenado e á hora indicada, o commandante da companhia. a que esse individuo per-
c
tenecí-, ou major do corpo sendo individuo que nao ten-ha companhia, o mandará procurar á
sua residencia, em nome e- por ordenando commandante do batalhao, para se proceder como for
de justiga. Se, porém, nao for encontrado e nao se apresentftr até trinta dias da intimagao, o
cominandante ofnciará á • auctoridade competente para procurar e apprehender esse individuo
como prescreve¡a¡.oiTdenangáidé 9 de abrilde 1805.
Art. 83.° Quando a ausencia de qualquer individuo- for por excesso de licenga, só será jul-
gadb desertor decorridos que sejam quatro mezési, contados desde o dia em que devia apresen-
tar-se,. devendo previamente ter-se procedido ás diligencias indicadas no artigo antecedente.

No decreto com forca de leí de Í5 de jiillio de Í871, sobre a constiluicáo da junta de justifa de Macan,
encontra-se o seguinte:

Artigo- 1.° A junta de justiga de Macaui compoe-se de duas seccoes, conliecendo a primeira
dos crimes militares e a segunda,dos crimes communs.
§: único, Cada urna das seccoes é composta de cinco vogaesy nao- podendo funccionar com
menos d;este numero, e sao presididas ambas pelo governador da provincia.
Aíti 2-.° A primeira secgao é composta, alern do presidente, dos seguintes vogaes:
Do juiz de direito, relator;
Do' official mais graduado, e em igualdade de graduagáo, do mais antigo de primeira linha
em servigo;
Do official iñais graduado da armada, tambem em servico;:
Do Gomniandante do batalhao'de linha;
Do eliefe de estagao naval.
§ 1.° Quando- estés dois últimos vogaes- forem os mais graduados ou antigos dos respecti-
vo» quadros, fazem parte da junta, n'esta qualidade, os imniédiatos em graduacáo ou em anti-
guidade em cada urna> d'aquellas classes.
§ 2.° No impedimento do juiz serve o respectivo substituto,, e no do commandante do ba-
talhaoi de linha e^ do chefe da estagao naval servem os officiaes que estiverem fazendo as suas
vezes. "
a todos os vogaes o juiz relator; a precedencia entre os outros é pela ordem
.
§ 3.° Precede
das suas gráduagoeS); ou das suas: antiguidades ñas mesmas graduacoes.
Art. i4.° No impedimento- do governador, ou quando o eonselho do governo estiver encar-
311

recado da adininistragao da provincia, -serve de presidente, em ambas as seccoes da junta, o juiz


de direito, accumulando as funcgoes de relator.
Art. 5.° A primeira seecao da junta de justiga conhece em segundo e ultima instancia, com
a mesma jurisdicgao do supremo eonselho de justiga militar da India, das sentencas proferidas
nos processos de eonselho de guerra da provincia.

No regulamento da escola pratica de artillicria naval, appi'OTado por decreto de 31 de agosto de 187!,
encoiitra-sc o seguinte:

CAPITULO IX.—Disciplinamilitar

Artigo 56.° A bordo do navio escola, ohserva-se a disciplina militar estabelecidañas leis e dis-
posicoes em vigor, e segitndo as praxes seguidas nos navios da armada.•""'"'
Art. 57.° A junta escolar delibera sobre a expulsSo das pracas da escola; os mais castigos
disciplinares sSo inipostos jjelo commandante depois de apreciar as circumstaneias dadas em cada
falta 1. ,

Pecrelo de 22 de marco de 1872

Querendo usar da faculdade que me córiféi-e5oí.§ 8.° do artigo 74.° da carta constitucional,
e tendo ouvido o eonselho d'estado: hei por bem conceder amuistia por todos os factos de sn-
blevacSo militar praticados por urna parte do exercito do estado da India, no mez de setembro
ultimo, exceptuando d'esté indulto linicaníente os officiaes que estavam cómmandando os corpos
quando estes se revoltaram; devendo cessar qualquer applicagSo das leis penaes contra os que
assim ficam. amnistiados.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar ássini o tenhá enten-
dido e faga executar.
.... .........
Noregulamento para a classilicapáo, accessov dircitos e devéres dos músicos militares do exercito*
e para a organisaefio das'bandas de música dos corpos de capadores e infantería, approvádo por decretó de 23
de ¡naio de 1872, em siiiistituicfto do anterior de 11 de marco de 1870, encontra-se o seguinte:

Artigo hierarchia dos músicos militares do exercito será a seguinte:


.1.° A
Mestre de música. .... ,

Contramestre de música. ,
Músico de 1.a classe. .

Músico de 2.a classe. .


Músico de 3.a classe.
. ... Aprendiz de música. . ....
Músico de pancada. .

§ único. Para os castigos, alojamentos, ragoes, eomedo.rias, gratificagoes,, recompensas e


reformas serSo equiparados:
Os mestres de música aos sargentos ajudantes.
Os contramestres aos sargentos quarteis mestres.
Os músicos de 1.a classe aos primeiros sargentos.
Os músicos de 2.a classe aos segundos sargentos.
Os músicos de 3.a classe ,aos fuméis..
Os aprendices de música aos cabos.
.

Os músicos de pancada aos soldados. .

Art. 20.° Serao obrigaeSes es.pecia.es do mestre de .música: escolhe.r as composigo.es niu-
sicaes, ete..; manter ,a disciplina dos .músicos da banda todas as vezes que ella estiver reunida,;
vigiar o comportamento .moral,, civil e militar de ¡todos os individuos que fjzereui-pacte.da banda;

1 As disposicoes contidas n'estes dois artigos acham-se transcriptas artigos GL° e 65.° de outro regu-
lamento da referida escola, approvádo, para substituir aquello, por decreto nos
de 26 de agosto de 1875.
312

informar sobre o seu comportamento quando lhe for exigido; admoestal-os pelas faltas menos
importantes, e. dar parte das que tiverem alguma gravidade, e da reincidencia mesmo das que
forem leves.

.\o plano de oryaiiisaciio da companhia de seguí-inca publica da cidade de Luanda,


approvádo por decreto de 1C de novemliro de 1872, cneoütra-se o seguinte:

Artigo 3.° Os officiaes e pragas da companhia de seguranga publica ficam sujeitos ás leis e
regulanientosmilitares, e ao regulamento especial do servigo de policía, o qual o governador ge-
ral fará subir á approvagao do governo da metropole.

Delenninacáo inserta na ordem do exercito n.u 45 de 20 de de/.ciiiltio de 1872

Sendo principio de direito penal que os criminosos legalmente condemnados sao obligados
a cumprir as penas que Jhes sao impostas: determina Sua Magestade El-E,ei que, quando as
pracas de pret deverem ser licenciadas para a reserva ou ter baixa do servico, e se acharem
em processo ou soffrendó algum castigo que legalmente Ibes tenha sido imposto, nao tenham
aquélles destinos antes de ultimado o processo e cumplida a pena que. d'elles Ibes possa advir
ou o castigo que lhes tenha sido applicado.

1873
Dctcrniinacao inserta na ordem do exercito n.° 10 de 31 de marco de 1873

Manda Sua Magestade JSI-Rei publicar, para conhecimento do exercito e devida execugao,
a consulta do supremo eonselho de justiga militar, de 11 do presente mez, fixando que o réu
condemnado por crime conimum em pena maior, determinada na lei geral, cujo cumplimento
for no reino, deve ser immediatamente entregue á justiga civil; mas que o réu condemnado por
crime militar, em pena maior ou menor, determinada ñas leis militares, deve cumplir a pena em
presidio militar e como for determinado na sentenga que o condemnou.
«Senhor. -—Ordenou Vossa Magestade que o supremo eonselho de justiga militar, tendo em
vista o officio de 28 de novembro de 1872, do commandante da 1.a divisao militar, a circular
do ministerio da guerra de 6 de setembro de 1870, e os accordaos d'este supremo eonselho
condemnando réus a trabalhos públicos no reino em fortificagoes ou pragas de guerra, consulte
com o seu parecer se o réu condemnado a pena maior, cujo cumplimento for no reino, deve ser
immediatameute entregue á justiga civil, ou cumplir a sentenga em presidio militar.
«Em cumplimento do que por Vossa Magestade é ordenado, o supremo eonselho passa a
expor o que entende sobre- o objecto da consulta.
«Os crimes cominettidos por militares, em vista do artigo 16.° do código penal, podem ser
ou communs ou militares, devendo os crimes communs ser punidos com as penas determinadas
na lei geral, e os crimes militares com as penas estabelecidas ñas leis militares.
«Entre as penas determinadas ñas leis militares em vigor, para a punigao dos crimes mili-
tares, encontram-se a de trabalhos ñas fortificagoes e a. de prisao em praga de guerra, e estas
penas podem ser .por mezes ou por anuos, ficando ao arbitrio dos juizes marcar a sua duragao,
segundo a gravidade do crime e as circumstaneias de que for acompanhado.
«Emquanto as leis penaes militares em vigor nao forem alteradas, o que, seja dito de pas-
sagem, é urna necessidade urgentemente reclamada, nao podem os tribunaes militares deixar de
applicar as penas estabelecidas n'essas leis para os crimes militares, porque é principio geral de
direito e expressamente consignado no artigo 69.° do código penal, que nenhuma pena pode ser
substituida por outra, salvo nos casos em que a lei o auctórisar.
«A classificagao das penas maiores, feita pelo código penal no artigo 29.°, só pode ter
applicagSo para as penas dos crimes communs commettidos por militares, mas nunca para as
penas dos crimes militares, nao só porque sao diversas quanto á sua duragao, applicagüo e exe-
cugao, mas porque nao ha lei que faga a classificagao das penas maiores, impostas ñas leis mili-
tares para os crimes militares.
«Postos estes principios, e sem entrar em maior desenvolvimento, por se julgar desnecessa-
rio para esclareeimento do objecto em questüo, parece fóra de duvida que o réu condemnado
por crime commum em pena maior, determinada na lei geral, cujo cumplimento fbr no reino,
¿eve ser i inmediatamente entregue á justiga civil, mas que o réu condemnado por crime militar
em pena maior ou menor, determinada ñas leis militares, deve cumplir a pena em presidio mi-
litar, e como for determinado na sentenga que o condemnou; e n'esta conformidade o supremo
eonselho. de justiga militar tem a honra de consultar a Vossa Magestade, que em sua alta sabe-
doria ordenará o mais justo.»

Consulta do supremo eonselho de justiga militar de 18 de jnliio de 1873,


ainda sobre o assumpto tratado na antecedentementetranscripta

Senhor. — Em portaría de 16 de inaio ultimo, mandou Vossa Magestade remetter ao su-


premo eonselho de justiga. militar copia dos ofíicios dos commandantes da 1.a divisao militar e
do regimentó de infantería n.° 7, e assim tambem do relatorio do chefe da primeira repartigao
da secretaria da guerra para que, em vista das duvidás e reflexoes suscitadas na interpretacao
do parecer emittido na consulta d'este tribunal de 11 dé margo pretérito, de novo consulte qual
o destino que devem ter, depois de cumplida a sentenga, os róus condemnados a trabalhos pú-
blicos ou militares ñas fortificagoes em praea de guerra, quando a sentenga nao declare que o
crime prepetrado foi commum.
Pelo commandante da 1.a divisao foi ponderado muito acertadamente que as difficuldades,
para que pedia solugio, resultavam da complicaglo da legislacáo relativa ao assumpto; más, nao
cabendo ñas attribuigoes e faculdades do poder executivo alterar as leis existentes nem inter-
pretal-as, nao pode o governo de Vossa Magestade estabelecer providencias capazes de remediar
os males que por similhante causa soflre a disciplina do exercito.
Entrando no exame do assumpto commettido a este tribunal, cumpre-lhe expor que em 11
de margo pretérito consultou a Vossa Magestade indicando, nos termos das leis vigentes, que
todos os militares condemnados a penas maiores em rasao de crimes communs deviam ser en-
tregues ás justicas ordinarias para o cumplimento da pena, e que os condemnados por crimes
militares deviam cumplir as condemnacoes nos presidios militares.
Esta regra, que é derivada da disposicáo do artigo 16.° do código penal, poderá parecer
genérica e ampia de mais, e talvez nao offereca aos commandantes militares todos os subsidios
necessarios e as indicagoes sufficientes para com segurangá regularem o seu procedimento em
cada caso, mas sendo a única que está legislada, nao podia deixar de ser tambem a única indi-
cada pelo supremo eonselho, visto que lhe assistia o dever de consultar a Vossa Magestade nos
termos das leis vigentes, e nao sobre o que convirá que seja legislado para o futuro..
E regra e principio de direito que nos crimes communs os militares sejam sempre punidos
em conformidade das leis ordinarias, e que nos crimes militares sejam applicadas as leis espe-
ciaes da milicia; mas estando determinado no código penal, artigo 16.°, que por crimes militares
se devem entender aquelles que offendem a disciplina e estao mencionados na lei militar, e nao
havendo por emquanto lei ou corpo de legislacáo que enumere quaes sao as accoes que offendem
a disciplina, que qualifique os crimes militares e estabelega as penas especiaes e privativas de
taes crimes, torna-se evidente que aquelle artigo do código penal, estabelecendo urna regra theo-
rica, um principio philosophico e abstracto, nao pode ter applicagao pratica emquanto nao fbr
elaborado o código militar.
A necessidade, pois, de organisar o código militar com os principios do nosso direito pu-
blico, e conformidade das disposigoes do código penal, torna-se cada dia mais instante, a fim de
fázer cessar as duvidas e as incertezas, e de por cobro ao arbitrio que pela forca da necessidade
se tem introduzido na pratica, assim no que respeita á ordem do processo como á applicagao das
penas.
Pelo commandante da 1.a divisao tambem foi indicado em officio de 28 de novembro de
1872, como regra certa e invariavel, que os réus condemnados a penas maiores nos crimes civis
e nos militares tenham baixa do servico. Esta regra, ainda que derivada da determinagao inserta
na ordem do exercito n." 26 de 1868, é verdadeira quanto aos crimes civis, mas nao quanto aos
militares, a respeitó dos quaes nao tem fundamento legal.
A legislagáo militar vigente nao reconhece a distincgíio entre penas maiores e eorreccionaes
admittida no código penal ordinario, e, portante, nao pode, no que respeita a.crimes e penas
militares, admittir-se aquella regra porque contraria a letra e o espirito da lei militar. Igual-
mente nao pode estabeleeer-se como principio e regra invariavel que nos crimes militares devem
regular-se os effeitos das condemnagoes pela natureza das penas, independentemente da sua
duragao maior ou menor, porque nenhuma lei militar faz a classificagao das penalidades aucto-
risadas para castigo dos crimes militares, nem marca quaes sejam os effeitos civis ou militares.
Esta materia é completamente omissa na legislacáo militar, e foi por esta rasao que o SU-
JO
314

preino eonselho, na sua consulta de 11 de margo, se limitou a elevar á real consideragao de


Vossa Magestade a regra derivada do artigo 16.° do código penal, pois que nenhuma outra en-
controu legislada.
Na pratica tenl-se muitas vezes pretendido fazer equiparagáo entre as penas sanccionadas
no código penal e as determinadas na legislagao militar, mas esta pretensáo está fóra da dispo-
sigáo da lei, é arbitraria, e pode conduzir a desastrosas contradiccoes e a desigualdades revol-
tantes. Entre as penalidades militares e as civis, actualmente, nao ha analogía nem equiparacao
jiossivel.
A legislacáo militar admitte penas infamantes, a civil nao. Ñas civis, a embriaguez é causa
attenuante e ás vezes 23erime a ciiminalidade; ñas militares, é sempre circumstancia aggravante.
A pena de trabalhos públicos, pelo código penal, era peña maior, e nem podia ser imposta por
menos de tres annos; na legislagao militar, estabelece-se a pena de trabalhos ñas fortificagoes,
mas nao se declara em parte alguma, quaes sao os seus effeitos civis ou militares, e aleta d'esta
pena está estabelecida tambem a de carrinlio, nao podendo saber-se hoje em qué se distingue
d'aquella, em que consiste, como deve ser executada nem quaes sejam os seus effeitos legaes.
Na legislagao commum, os juizes nao podem hem devem applicar senlo o texto expresso de
lei sem .nada poderem supplir ou substituir; na militar; porém-, pelo contrario, os juizes podem
e deveni supprir as¡ omissoes da legislacáo, minorar ou substituir as penalidades segundo as cir-
cumstaneias de cada, caso, e conforme nao só os dictantes da sua consciencia, mas tambem em <pro-
porcao das provas de cada delicio,!
Do que fica exposto resulta elaramentey senhor, que -a legislacáo militar carece de -prompta
reforma a finí de que, céssando o arbitrio, só-impere o texto expresso de lei, e é esta a rasáo
por que este supremo eonselho muito respeitosaménte supplica á Vossa Magestade se digne tomar
em sua alta consideragao esta materia para prover do remedio que couber ñas facilidades do
poder executivo.

Decreto com forcade lei de 9 de dezémbro de 1873

Tendo o regimentó para a administracao da justiga n-as provincias de Moganibique, estado


da India e Macau e Timor, approvádo por decretó de 1 de dezémbro de 1866, exceptuado, no
artigo 15.°, oguiz presidente da relacáo de Nova Goa de ser relator nos processos da compe-
tencia ¡do supremo eonselho de justiga ¡militar d'aquella. cidade;
Considerando-que o presidente da relagao de Loanda exerce funecoes iguaes, e tem a mesma
categoría,-preeminencia e vantagens que. competen! ao :da relacáb de Nova Groa;
Cumprindo, por isso, applicar-lhe idéntica disposiefío ;
Usando da auetorisagáo concedida pelo artigo 15.°, § 1.°,'do acto addieional á carta consti-
tucional da monarchia;
Tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o eonselho¡de ininistros:
Ilei por bem decretar o seguinte:
Ai'tig-o 1.° E exceptuado o. juiz presidente da relagao de Loanda de ser vogal e relator do eon-
selho supremo de justiga militar, creado pelo artigo 53.° do decreto de- 30 de dezémbro de 18561.
Eiea revogada a legislagao ¡em contrario.
O ministro e secretario ¡d'estado dos negocios estraugeiros e interino dos da-marinha e ul-
tramar assim o tenha entendido e faga executar.
H
.

Carta de lei de 10 de abril de 187/<

Dom Luiz, por graga de Deus, Reí de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a todos
os nossos subditos, que as cortes geraes decretaran! e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° O governo é auctorisado a rever e modificar o regulamento disciplinar decretado
em 30 de setembro de 1856, podendo fazer as alteracoes que.entender convenientes, nao só em
relagao ao exercito do continente do reino -e ilhas adjacentes, mas incluindo todas as prescripgoes
necessaiias quanto ás provincias ultramarinas, •'¡
Arfc¿ 2.p Igualmente o governo é auctorisado a organisar os tiibunaes de honra para¡o jul-
gamento dos officiaes por transgressoes e faltas de que possa resultar comprometimiento tío brío-
i Deve ser 1852.
315

e decoro militar, ou da dignidade da profissao das armas, e bem assim a estabelecer as penas
que Ibes podem ser applicadas pelos mesmos tribunaes.
Art. 3.° O governo dará conta ás cortes, na sessáo ordinaria de 1875, do uso que tiver
feito da auetorisagáo concedida por esta lei 1.
Art. 4.° Fica revogada toda a legislacáo em contrario.
Mandamos, portante, a todas as auetoiidades, a quem o conhecimento e execugáo da referida
lei pertencér, que a eumpram e guardem e fagam eumprir e guardar tao inteiramente como n'ella
se contení.
O presidente do eonselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guer-
ra, e o ministro e secretario d'estado dos negocios estrangeiros, encarregado interinamente dos
negocios da marinha e ultramar, a fagam imprimir, publicar e correr.

Pela carta de lei de 10 de abril de 1874 for•am, creados almoxarifes de engenheria, em logar
dos guardas principaes, estabelecidos pelo artigo 19.° do decreto de 13 de dezémbro de 1869,
e tanto estes como os almoxarifes de artiíheria pássaram a gósar dos directos e vantagens que
por lei pertencem geralmente aos officiaes das differentes armas do exercito.

csiabclcmido as regras que devem seguir-se


No decreto com foi-ea de leí de 27 de agosto de 1874,
na admissáo, promoejio e régimen disciplinar das pragas das companhias de saude das provincias ultramarinas,
e dos empregados dos hospitáes, enfermarías e ambulancias niijilares, eiieontra-sc o scgiiinlc:

Artigo 9." As pragas das companhias de saude éstáo sujéitas ás leis e reguláméntos milita-
res e sob as ordens dos directores dos hospitáes militares, ou de outros facultativos encarregar
dos do servigo de saude nos pontos em que haja hospitáes.
Art. 45.° Sao supprimidas as companhias de enferineirós das provincias ultramarinas, e
substituidas pelas companhias de saude organisadas por este decreto.

Dcterminafáo inserta na ordem do exercito II.° 30 de 1-2 de outubro de 1874

Oonvindo que seja uniformemente cumplido o disposto no § 1.° do artigo 240." do regula-
mento geral para o servico dos corpos do exercito, cessando duvidas e arbitrios: determina Sua
Magestade El-Rei que o castigo de mais de duas guardas seja averbado no livro de registe disci-
.
plinar, lembrando que as escalas de penalidade para as pragas de pret, indicadas no dito para-
grapho sao as mencionadas nos artigos 15." e 21." do regulamento de 30 de setembro de 1856,
as quaes nao é permittido alterar, pelo que no citado artigo 240.", § 1.°, será, trancada a pala-
vra «caserna» e substituida pela «quartel». Outrosini determina o mesmo augusto senhor que
nos livros de registe disciplinar e guias de transferencias existentes nos corpos do exercito se-
jam trancados castigos de urna ou duas guardas e quaesquer outros.inferiores aos que o citado
§ 1.° menciona e ali se acheni averbados, e que ñas certidoes, attestados ou quaesquer outros
documentos officiaes, extrahidos dos mencionados livros, já existentes nos archivos geraes, nao
se mencionen! taes castigos.

1875
Na organisacjio do corpo de marinheiros, approvada pela carta de lei de 18 de marfo de J87o,
cncontra-se o seguinte:

Artigo 27.° As pragas de pret do corpo de marinheiros que desertarem sao processadas é
punidas segundo os preceitos da lei de 21 de julho de 1856, devendo para similhante effeito ser
o tempo de servigo contado a essas pragas como se fossem pragas de pret do exercito.
§ único. Sao considerados como desertores os individuos com praga no corpo que faltem á

1 Pela carta de lei de í) de abril de 1875 foi ampliado, ate á sessao ordinaria de 1876, o praso estabelc-
cido n'oste artigo, para a revisao e modiíicacíío do reaulamento disciplinar decretado em 30 de setembro de
1856. '
.
316 y

mostra de salda dos navios em que estejam destacados, quando nao justifiquen! perante um eon-
selho de disciplina a referida falta.
Art. 28.° Sao processadas como as pragas desertoras aquellas que pelo seu irregular com-
portamento sejam julgadas incorrigiveis perante um eonselho de investigagáo.
Art. 29.° Sao feitos a bordo dos navios os conselhos de investigagáo a que tenham de res-
ponder as pragas n'elles destacadas; feitos no quartel os conselhos de investigagáo ás pragas nao
destacadas e ás que faltaren! á mostra de salda no porto de Lisboa, e bem assim os conselhos
de disciplina pelo crime de desergáo, requisitando-se para este finí ao commandante geral da
armada os officiaes que sejam necessarios quando os nao haja no quartel.

Carla dé lei de 9 de abril de 187»

Doni Duiz, por graga de Deus, Reí de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a todos
os nossos subditos, qué as cortes geraes decretaran! e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° E approvádo, para reger n'estes reinos e seus dominios, o código de justiga mi-
litar, que faz parte da presente lei.
Art. 2.° As disposicoes do código de justiga militar coniegaráo a ter vigor em todo o conti-
nente do reino, ilbas adjacentes e Cabo Verde, desde o dia 1.° de setembro do corrente anno.
Art. 3.° Desde que comégar á ter vigor o código dé justiga militar-ficará revogada toda a
legislacáo anterior, qué recaír ñas. materias que o mesmo código abrángé, quer essa legislagao
seja geral, qüer seja especiálj salva comttido a disposigao do artigo seguinte.
Art. 4.° Os proeessos militares que á data do 1.° de setembro d'este anno se acharem pen-
dentes, tanto nos conselhos de guerra, cómo no supremo eonselho de justiga militar, serao todos
julgados pelos tribunaes instituidos pelo código de justiga militar, regulando-se, porém, em tudo
pela legislacáo em vigor ao tempo da promulgágao da presente lei, como se taes proeessos fossem
ordenados e julgados por aquelles cpnselhos de guerra e supremo eonselho.
Art. 5.° O govemo fará os reguláméntos e tomará as providencias indispensaveis para a
completa execugSo do código de justiga militar.
Art. 6.° Fica revogada a legislagao em contrario.
Mandamos, portante, a todas as auctoridades, a quem o conhecimento e execugáo da refe-
rida lei pertencer, que a cumpram e guarden! e fagam cumplir e'guardar táb inteiramente como
n'ella se contém.
O presidente do eonselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guer-
ra, o ministro e. secretario d'estado dos negocios ecclesiasticos e de justiga, e o ministro e secre-
tario d'estado dos negocios estrangeiros, encarregado interinamente dos negocios da marinha e
ultramar, a fagam imprimir, publicar. e correr.

Código de justica militar para o exercito de térra a que se refere a lei d'esta dala

LIVRO I
Dos delictos e penas

TITULO I
Disposicoes geraes
CAPITULO i
Dos: crimes e das penas em ¡feral
Artigo 1.° A infraegáo da lei penal militar constitue o crime ou delicto militar.
Art. 2.° O presente código regula:
l.° As infraegoés que eonstituem crimes meramente militares, por offenderem directamente
a disciplina do exercito e violarem algum dever exclusivamente militar ;
2.° As infraccoes que em rasáo da qualidade militar dos delinquentes, do logar e circum-
staneias em que sao commetticlas toniam a natureza de crimes militares.
Art. 3.° As infraegoés de disciplina militar e as transgressoes de policia commettidas por
militares ou outras pessoas pertencentes ao exercito, que o presente código nao qualifica de cri-
mes, serSo punidas em conformidade dos regulamentes dipciplinares.
317

Art. 4.° As disposigoes da lei penal militar sao iiidistinctameñte applicaveis aos crimes mi-
litares, quer sejam commettidos em territorio portuguez, quer em paiz estrangeiro.
Art. 5.° Aos crimes communs por violagáo da lei geral, commettidos por militares ou outras
pessoas pertencentes ao exercito, sao applicaveis as disposigoes do código penal ordinario em
tudo quanto a respeitó de similhantes crimes nao for derogado no presente código.
Art. 6.° Aos crimes por violagáo de leis especiaes, commettidos por militares ou outras pes-
soas pertencentes ao exercito, quando similhante violagáo iiáo for expressamente incriminada ña
lei militar, sao applicaveis as disposicoes d'essas leis especiaes.
Art. 7.° Os diversos casos e circumstaneias em que pertence aos tribunaes militares ó co-
nhecimento das differentes especies de crimes de que tratam os artigos antecedentes, sérao es-
pecificados no livro m do presente código.
Art. 8.° Serio observadas pelos tribunaes militares, em tudo quanto forem applicaveis aos
crimes militares, salvas as modifieagoes determinadas no présente código:
1.° As diversas disposicoes geraes que se contÉém no titulo I, livro i, do código penal or-
dinario, relativas á criminalidade e áos criminosos em geral;
2.° As disposicoes relativas á penalidade ém geral que se acham especificadas nos arti-
gos 68.°, 69.° e 70.° do mesmo código penal ordinario.

CAPITULO n

Da natureza e effeitos das penas militares


Art. 9.° As penas applicaveis por crimes militares, sao:
1,° A morte;
2.° Trabalhos públicos;
3.° Prisao maior;
4.° Degredo;
5.° Exautoragáo militar;
6.° Demissáo;
7.Q Presidio de guerra;
8.° Deportagáo militar;
9.° Prisao militar.
Art. 10.° Quando nao for por lei determinada a pena que deva ser imposta pelas infraegoés
de disciplina militar e pelas contravengoes de policía a que se refere o artigo 3.° do presente
código, nao poderáo ser estabelecidas em reguláméntos militares maiores penas que as de repre-
hensao ou prisao até tres mezes.
§ 1.° Q.uando, poréni, o exercito se achar em territorio inimigo, poderá o general em chefe
fazer os reguláméntos de disciplina que julgar necessarios, e estábelecer para as suas contraven-
goes a pena de prisao militar que nao exceda a um anno.
§ 2." A mesma faculdade competirá ao governador de alguma praga sitiada, e que^ por
isso, nao esteja em coramunicagáo com o general em chefe.
Art. 11." Das penas designadas no artigo 9." sao especiaes, para os officiaes a demissáo, e
para as pragas de pret o presidio de guerra e a deportagáo militar.
Art. 12.° Os funecionarios e empregados civis do exercito, nao combatentes, seráo conside-
rados, no que diz respeitó á imposigáo das penas, como officiaes ou como pragas de pret, con-
forme a graduacáo militar que legítimamente Ibes competir.
Art. 13.° A pena de morte imposta a réus militares produz a exautoragáo, quando por dis-
posigáo especial d'este código assim for determinado.
Art. 14.° Emquanto nao for declarado em completa execucáo o systema de prisao cellular
estabelecido pela lei do 1.° de julho de 1867, seráo applicadas pelos tribunaes militares as penas
de trabalhos públicos, prisao maior o degredo; mas, ñas respectivas sentengas condémnatorias,
serao tambem applicadas em alternativa as penas determinadas na mesma lei.
§ único. As penas de trabalhos públicos, prisao maior e degredo, emquanto subsistirem,
seráo reguladas, quanto á sua natureza, duragao e limites, pelas disposicoes dos artigos 33.°, 34;°
e 35.° do código penal ordinario; e alem dos effeitos respectivamente especificados nos arti-
gos 53.°, 54." e 57.° do mesmo código, produzirSo tambem exautoragáo sempre que forem im-
postas a réus militares por virtude de disposigao de qualquer dos dois códigos penaes, militar ou
ordinario.
Art. 15.° A pena de exautoragáo militar, sendo imposta como pena principal, será sempre:
acompanhada de prisao militar de um a tres annos.
§ único. Tanto n'esse caso, como quando for accessoria de outra pena, produzirá os seguin-
tes effeitos :
1.° Perda dos direitos enumerados no artigo 57.° do código penal ordinario;
318

2.° Perda do posto e do direito de usar de uniformes e distinctivos ou insignias militares,


de haver recompensas ou pensoes por servigos anteriores;
3.° Inhabilidade para o servigo militar.
Art. 16.° A pena de demissáo consiste na perda do posto e do direito de usar de uniformes
e distinctivos ou insignias militares, e de haver recompensas-por servigos anteriores.
§ único. A pena de demissáo pode ser aggravada com prisao militar de um a tres anuos, e
n'esse caso produz tambem a inhabilidade para o servigo militar.
Art. 17.° As disposicoes dos dois artigos antecedentes, relativas aos effeitos das penas de
exautoragáo e demissáo^ em nada alteram o quej a respeitó do monte pio.5 se acha disposto na
lei.de;-2.8. de fevereiro de 1838.
Art. 18.° A pena de presidio de guerra consiste na reclus&o em.um estabeleeimeiito proprio
e especial^ para esse fim destinado^ no continente do reino, ilhas adjacentes ou de Cabo Verde,
por tempo nao inferior a dois nem excedente a déz anuos, e com obrigagáo de trabalho.
§ único. Da imposigáo d'esta pena resulta sempre baixa do posto, mas nao incapacidade
alguma militar ou civil, voltando, os que a tiverem cumplido, áo: servigo. do exercito no contór-
nente do reino e ilhas adjacentes, até completarein o tempo de servigo..
Art. 19.a A pena de deportagáo militar consiste na transferencia do servigo militar do exer-
cito do reino para o de alguma das provincias ultramarinas por tempo nao inferior a tres nem
excedente a dez annos.
§ único. Da imposigáo d'esta pena resulta baixa do posto, mas nenhuma incapacidade mili-
tar ou civil, nem perda de tempo de servico.
Art. 20.° A pena de prisao militar consiste no encerramento em estabelecimento militar,
para esse fim designado, no continente do remo ou ñas ilhas adjacentes^ por tempo que nao seja
inferior a tres mezes nem exceda a cinco annos, e com obrigagáo de trabalho para as pragas
de pret.
Art. 21.° A condemnagáo de algum official, proferida em tribunal competente segundo a lei,
por qualquer dos crimes communs mencionados no artigo 465.° do código penal ordinario, nos
casos em que a pena, decretada no mesmo código para qualquer dos referidos crimes, seja a
prisao correccional, produzirá sempre a perda do posto.
Art. 22." Os effeitos das penas declaradas no presente código resultain immediatamenteda
disposigáo da lei, independente de qualquer deelaragáo na sentenga- eondemnatoria, e; sao urna
consequencia necessaria da condemnagáo logo que a respectiva sentenga passe em julgado.

CApm;i,o m
'" -, Da applicagao, execugaoe extinceSo das penas militares
Art. 23.° O condemnado a morte, por sentenga dos tribunaes militares será fuzilado.
§ único. A peua de morte nao poderá em caso algum ser applicada aos menores de deze-
sete annos, mas será substituida pela prisao perpetua com trabalhos;
Art, 24.° As penas de, trabalhos públicos, piisáo maior e degredo, emquanto subsistirem,
seráo executadas nos termos declarados:nos artigos 33.°, 34.°, 35.° e 99.° do código penal or-
dinario,
§ i.° A pena de trabalhos. públicos nao poderá ser ajjplicada a menores de dezesete annos,
nem a, maiores de sessenta, nem aos que tiverem enfermidade, devidamente comprovada, e tal
que os impossibilite de se empregarem nos trabalhos públicos.
§ 2.° Nos casos especificados no paragrapho antecedente, ou quando os réus, depois de con-
demnados na pena de trabalhos públicos, chegarein á idade de sessenta annos ou ao estado de en-
fermidade incompativel com a mesma pena, será esta substituida pela de prisao maior sem trabalho.
Art. 25.° A exautoragáo militar, imposta como pena principal, ou sendo accossoria de outra
pena que nao seja a de morte, será executada publicamente com as formalidades determinadas
nos reguláméntos militares.
Art. 26.° A pena de presidio de guerra será executada em conformidade dos reguláméntos
militares, lendo-se publicamente na frente da tropa a sentenga eondemnatoria, e empregando-se
os i condemnados a similhante pena em trabalhos de utilidade publica, principalmente ñas fortifi^
cagoes e arsénaes.
Art- 27.° A pena de deportagáo militar nao poderá em caso algum ser imposta aos menores
de dezesete annos, mas será substituida pela de prisao militar de seis mezes a dois annos.
Art. 28.° A pena de prisao militar, quando imposta a officiaes, será cumplida separada-
mente das pragas de pret, no respectivo estabelecimento militar, que será situado dentro da for-
taleza ou praga de guerra.
§ único. As pragas de pret. condemnadas a prisao.militar estaráo sujeitas a regras especiaes
e uniformes de disciplina e trabalho, separadamente dos condemnados a trabalhos públicos, pri-
sao maior e presidio de guerra.
319

Art. 29.° Quando o crime for precedido, acompanhado ou seguido de circumstaneias que
attenuem a responsabilidade do criminoso, a pena será modificada nos termos seguintes:
1.° A pena de morte será substituida pela de prisao maior perpetua:
2.° As penas perpetuas pelo máximo da mesma pena temporaria;
3.° As penas temporarias seráo applicadas dentro dos limites do máximo e do mínimo.
§ 1.° Concorrendo simultáneamente circumstaneias aggravantes e circumstaneias attenuañ-
tesj conforme urnas ou outras predominarem, será aggravada ou attenuada a pena.
§ 2.° A cii'cumstancia aggravánte de premeditagáo prevalece sobre quaesquer circumstan-
eias attenuantes.
Art. 30.° Fóra dos casos expressamente determinados, nao tem logar a aecumulagáo das
penas militares, e será applicada a pena mais grave decretada na lei, aggravando-se nos termos
do artigo antecedente, em attencáo á aecumulagáo dos crimes.
Art. 31.° A mesma disposicáo se observará quando na aecumulagáo concorrerem dimes
militares e communs, aggravando-se a pena segundo o artigo 87.° do código penal ordinario
todas as vezes que, por ser mais grave, tiver de ser imposta a pena estabelecida n'este código.
Art. 32.° A reincidencia militar, para a applicagao da pena respectiva, será considerada
como circumstancia aggravánte do crime, quando otttra eousa nao estiver especialmente disposta
no presente código.
§ único. Considera-se em reincidencia militar aqueíle que, havendo sido condemnado por
sentenga passada em julgado, a alguma das penas estabelecidas n'este código, commetter outro
crime previsto na lei militar.
Art. 33.° Nos casos de crime frustrado, cumplicidade e tentativa, quando no presente có-
digo nao estiver estabelecida pena propria, será applicada a pena correspondente ao crime, mas
graduada como em caso de circumstaneias attenuantes.
Art. 34.° Quando, por yirtude de disposicáo do código penal ordinario, os tribunaes milita-
res houverem de applicar as penas correccionaes enumeradas no artigo 30. ° do mesmo código,
seráo essas penas substituidas pela maneira seguinte:
1." A pena de ¡nisáo correccional por igual tempo de prisao militar;
2.° A pena de desterro pela de prisao militar de seis mezes a dois annps;
3.° A pena de multa pela mesma pena de j>risáo de uní a seis mezes.
Art. 35.° Em caso de cumplicidade em crimes militares entre réus sujeitos á jurisdiegáó dos
tribunaes militares, do exercito de térra ou da marinha, e ordinarios, seráo pelo tribunal compe-
tente applicadas as penas estabelecidas na lei militar aos militares e mais pessoas pertencentes
ao exercito; as penas estabelecidas ñas leis marítimas aos individuos pertencentes á.marinha; e
a todos os outros individuos as penas estabelecidas no código penal ordinario, urna vez que. outra
cousa se nao ache determinada no presente código.
§ único. As penas applicadas aos militares seráo executadas conforme as disposigoes do
presente código, e a instancia da auctoridade militar.
Art. 36.° Ño caso a que se refere o artigo antecedente, se algum individuo nao militar nem
equiparado a militar for aecusado de algum crime; nao previsto no código penal ordinario., será
condemnado pelo tribunal competente ñas penas estabelecidas para esse crime na lei militar, cpni
as seguintes modificacoes: —
1." A pena de exautoragáo militar será substituida pela ..perda dos direitos políticos';
2.° As penas de demissáo e deportagáo militar .pela prisao correccional e multa correspon-
dente;
3." A pena de prisao militar pela prisao correccional.
Art. 37.° Quando tiver de se applicar alguma pena ao menor de quatorze annos, observar-
se-háo a similhante respeitó as diversas disposigoes do artigo 73.° do código :penal ordinario.
Art. 38.° A duragao das penas temporarias de trabalhos públicos, prisao maior e degredo
comega a correr desde a exautoragáo; a das outras penas desde que passar em julgado a sen-
tenga eondemnatoria.
Art. 39." Se o condemnado a qualquer das penas temporarias com trabalho se recusar a
trabalhar, nao lhe será contado esse tempo no cumplimento da pena, e alem d'isso ficárá sujeito
ás penas disciplinares correspondentes.
Art. 40." Nem o tempo do cumprimento da pena, nem o da prisao antes da sentenga eon-
demnatoria, sei-á contado como tempo de servigo militar.
§ único. Exceptua-se da disposicáo d'este artigo o tempo do cumplimento da pena de de-
portagáo militar, pela natureza especiel da mesma pena.
Art. 41.° Observar-se-háo perante os tribunaes militares, quanto á extinegáo das penas e
crimes militares, as diversas disposigoes que se contéem nos artigos 119.°, 120;°, 121.°, 123.°,
124.°, 125.° e 126." do código penal ordinario, com a seguinte modificagáo:
§ único. O crime de: desergáo prescreve passados dez annos contados do dia em que termi-
nar o tempo do servico militar a que o desertor estive.sse obrigado.
320

Art. 42.° O governo fará os reguláméntos precisos para a melhor exeeugáo do que fica
disposto nos artigos 18.°, 19.°, 20.°, 26.a e § único do artigo 28.° do presente código; designando
os diversos estabelecimentos em que háo de ser cumplidas as penas de presidio de guerra e
prisao militar; provendo a que esses estabelecimentos reunam sempre as necessarias condigoes
de salubridade; fixando as regras que devam observar-se quanto á separagáo dos presos, sua
alimentagáo, hygiene e instrucgáo tanto intellectual e profissional, como religiosa e moral, e beni
assim quanto ao methodo e exeeugáo dos trabalhos; e finalmente estabelecendo as penas disci-
plinares correspondentes ás diversas infraegoés dos reguláméntos policiaes dos presos.
§ único. Emquanto nao houver estabelecimentos proprios para os trabalhos dos condemna-
dos a prisao militar e presidio de guerra, a prisao militar, aínda quanto a pragas de pret, será
cumplida sem trabalho, ou substituida pela encorporagáo, por tempo correspondente, n'uma das
companhias de correcgáo e disciplina que forem creadas por decreto do governo; e a pena de
presidio será substituida pela deportagáo militar, impondo-se n'este caso por cada um anno de
presidio dois annos de deportagáo, comtanto que a condemnagáo nao exceda ao todo o máximo
da pena de deportagáo.
TITULO II
Dos crimes contra a seguranza do estado
CAPITULO i
Da traicao
Art. 43.° O militar portuguez, que debaixo das bandeiras de urna nagáo inimiga tomar
armas contra a sua patria, será condemnado á morte com exautoragáo.
§ único. Se antes da declaragáo de guerra o delinquente estivesse com auetorisagáo do
governo ao servigo da nagáo inimiga, a pena será a de prisao perpetua,
Art. 44.° O militar que se concertar com qualquer potencia estrangeira, ou a induzir para
declarar guerra a Portugal, seguindo-se as hostilidades, será condemnado a prisao perpetua.
§ único. Se, porém, se nao seguirem as hostilidades, ou a guerra nao chegou a ser decla-
rada, será condemnado a degredo perpetuo.
Art. 45.° O prisioneiro de guerra que, faltando á sua palavra, tornar a ser apprehendido
com as armas na máo, será condemnado a prisao maior temporaria, sendo official, e sendo praga
de pret a presidio de guerra.
Art. 46.° Será condemnado á morte com exautoragáo o militar:
1.° Que entregar ao inimigo ou, com intengáo de lhe prestar auxilio, abandonar as forgas
do seu commando, praga de guerra ou posto que lhe estava confiado, mantimentos, armas, mu-
nigoes ou petrechos de guerra;
2.° Que com a mesma intengáo communicar ao inimigo memorias sobre reconhecimentos
militares; noticias acerca da constituicáo, forca, disciplina e armamento do exercito; cartas par-
ticulares da topographia do paiz, plantas de pragas ou de arsenaes marítimos, portes, barras,
bahías ou ancoradouros; ou lhe descobrir o plano da campanha, ou o segredo de alguma opera-
gao, expedigao ou iiegociagáo;
3.° Que com a mesma intengáo e por qualquer modo mantiver intelligeiicias secretas com
o inimigo; ou achando-sc de servigo em praga, campo ou logar fortificado ou aberto á vista ou
na proximidade do inimigo, lhe revelar a ordem diaria, santo, senha ou contra-senha do ser-
vi5°5
4.° Que tomar parte em conjuragáo
. para obligar
. o commandante de urna praga sitiada
. . , a
render-se ou a capitular, ou na frente do inimigo incitar a tropa a debandar ou impedir a sua
reuniáo;
5.° Que na frente do inimigo espalhar noticias aterradoras, ou der gritos assustadores du-
rante o combate ou na proximidade d'elle;
6.° Que com intengáo de auxiliar o inimigo, pozer em risco, por qualquer aecáo ou omis-
sáo, a seguranga do exercito ou de parte d'elle; de alguma praga, arsenal ou estabelecimento
militar; ou facilitar ao inimigo meios ou occasiáo de aggressáo ou de defeza.

<;AP.rri;i.o n

Da espionagem e alliciagao
Art. 47.° Será condemnado á morte com exautoragáo o militar:
1.° Que se introduzir em alguma praga de guerra, posto, estabelecimentomilitar, campo
ou acantonamento de tropas, com o fim de obter noticias, documentos, planos ou quaesquer
informagocs para as communicar ao inimigo;
_321

2.° Que por qualquer modo e com o mesmo fim procurar informacoes que possam por em
risco a seguranga do exercito, de pragas de guerra, postes ou estabelecimentos militares, ou o
bom éxito de alguma operagáo do exercito;
3.° Que acolher ou fizer acolher algum espiáo, agente ou soldado do inimigo mandado á
deseoberta, sabendo que o sao.
Art. 48.° Na mesma pena do artigo antecedente incorrerá o militar:
1.° Que aluciar ou tentar induzir militares a passárem-se para o inimigo ou para rebeldes
armados; ou que, sabendo que é para aquelle fim, lhes subministrar ou facilitar meios de
evasáo;
2.° Que recrutar ou assalariar gente para o servigo militar de potencia estrangeira em
guerra com Portugal.
Art. 49.° Qualquer individúo sujeito á jurisdicgáo dos tribunaes militares, que commetter
algum dos crimes especificados n'este capitulo, será punido com as penas ñ'elle estabelecidas.

CAPITULO 111

Do abuso de auctoridade

Art, 50.° O commandante militar que, sem ordem, auetorisagáo ou provocacáo:


1.° Atacar ou mandar atacar com forga armada tropas'Ou subditos de nagáo neutra ou
alHada;
2.° Commetter qualquer acto de hostilidade ém territorio de nagáo neutra ou alliada;
Será condemnado á morte no primeiro caso, e no segundo a demissáo aggravada oü sim-
ples, segundo as circumstaneias.
Art. 51.° O commandante que prolongar as hostilidades depois de receber noticia official
de paz, armisticio ou tregua, será condemnado á morte.
Art. 52.° O militar que sem ordém ou causa legitima assumir, ou contra as ordens dé seus
chefes retiver algum commaudo militar, será condemnado a prisao militar de tres a cinco annos.
Art. 53.° O commandante que sem legitima auetorisagáo, ou sem necessidade, ordenar
qualquer movimento de tropas, será condemnado a prisao militar de um a tres annos.
Art. 54.° As disposigoes até aquí estabelecidas n'este capitulo nao prejudicaui as penas mais
graves, havendo traigáo ou revolta militar.
Art. 55.° O militar que maltratar com pancadas algum seu inferior ou prisioneirode guerra,
a nao ser em legitima defeza propria ou de outrem, ou com o fim de conseguir a reuniáo de
fugitivos ou debandados, ou de obstar á revolta, ao saque ou á devastagáo, será punido com a
prisao militar de tres mezes a dois annos. -
§ único. Resultando crime a que corresponda pena mais grave, será imposta essa pena.

TITULO III
,

Dos crimes contra a honra e valor militar

CAPÍTULO i
Da cobardía

Art. 56.° Será condemnado á morte com exautoragáo o general, governador ou comman-
dante que, sendo mandado julgar em eonselho de guerra, em conformidade do parecer de um
eonselho de investigagáo para esse fim especial e extraordinariamente nomeado, se mostrar cul-
pado :
1.° De haver entregado por meio de capitulagáo, ou abandonado a praga que lhe estava
confiada, sem haver empregado todos os meios de defeza de que podia dispor, e sem ter feito
quanto em tal caso exigem a honra e dever militar;
2.° De haver capitulado em campo aberto, se, antes de tratar verbalmente ou por escripto
com o inimigo, nao fez tudo quanto em taes circumstaneias exigem a honra e o dever militar;
ou se em resultado da capitulagáo a tropa que eommandava foi obligada a depor as armas.
§ único. Ainda quando, pelas circumstaneias da capitulagáo, o militar que a fizer se nao ache
incurso na sanegáo d'este artigo, soffrerá sempre a pena de prisao militar de tres a cinco annos,
se na capitulagáo nao seguir em tudo a sorte da guarnigáo ou da tropa do seu commando, mas
estipular para si ou para os officiaes condigoes mais vantajosas.
Art. 57.° O militar que, estando de vedeta ou sentinella, abandonar o seu posto antes de
ser rendido, ou nao cumplir as instruegoes especiaes que lhe foram dadas, será condemnado á
morte, se estava na frente do inimigo ou de rebeldes armados.
322

§ 1." Em tempo de guerra, mas fóra do caso ácima especificado, a pena será a de presidio
de guerra de dois, a cinco annos.
§ 2." Em todos os mais casos será condemnado a prisao militar de tres;niézes a uní anno.
Art. 58.° O militar que, estando.de vedeta ou sentinélla> for encontrado a dormir ou em-
briagado, será condemnado a presidio de guerra de dois a cmeo.annos, sendo¡;na frente do ini-
migo ou de rebeldes armados. -.
!-.§! .1.1 Em tempo; dé guerra, anas fóra do -caso mencionado n'este artigo, a peña será a
prisao;militar de.seis mezes a dois.annos. ,-.-,
§ 2.° Em todos os mais casos será imposta a pena de prisao militar de tres a seis .mezes.
Art? 59¡° Ñas mesmas penas do artigo antecedente, guardadas.as distíncgoes ali feitas, in-
eorrerá o militar que se embriagar, estando de guarda ou de piquete, ou depois qpe tiver sido
avisador para esse oUi para qualquer.. outro servigo militar, substituiíido-se a pena de presidio
pela- de demissáo quando o delinquente, forofficial.
...... .'..,..,
§ único. Se o delinquente for commandante ou chefe do posto, ser-lhe-ha sempre imposto o
máximo da pena estabelecida para cada um dos casos do mesmo artigo, ou aggravada a demis-
sáo, quando similhante pena dever ter logar.
Art. 60.° O militar que na frente do inimigo ou de rebeldes armados, ou na proximidade
de algum combate, voluntariamente e com animo deliberado de subtrahir-se ao servigo, se mu-
tilar ou contrábir,molestia que, ó, inhabilite, ainda que só ¡temporaaiamente, para o mesmo ser-
vigo^. será condemnado á exautoraGáo^ , ¡--.;-
Art. 61.° O militar que sem auetorisagáo, ordem ou ¡ forga.
maior, abandonar o posto eni.que
estiver de ¡guarda om de servigo íaa. frente do ininiigo ou.de rebeldes armados:, .será condemnado
á: morte. / ,¡;¡. ...-.-. -
§ 1.° Em tempo de guerra, mas ..nao estando na frente do inimig.o oü de rebeldes armados,
será-íimposta, a,pena de demissáo.sendoiofficialj e de presidio de¡ ¡guerra¡de tres a seis anños se
for soldado ou outra praga de pret. ,.-,.,¡;,.....
Y-.
§- 2,°¡Em todos os mais ,casos¡ ¡será imposta, a pena ¡de ,prisao militar dé tres a- seis mezes.
3¿0'Quandoy por virtuded-esteaiitigo,.tiver de ser .-applicada. pena, temporaria, se o delin-
-i ¡;.
'§'-.
quente for Goinmandante do.,posto,,¡será applieado o máximo .da pena, ;ou¡aggravada:a demissáo,
quando esta ten-ha logai\ <,; • Oii;¡ - ;¡¡ ..
.Art, 62,° O militar,quéí:em-;tém2J0¡,de guerra., estando do!:_
,.--,.. .-..j,.-...
gnarnigáó^em praga ouIbrtificacáo
. ...;
•.,,;,.-.
investida, sitiada ou bloqueada, ou fazendo parte de qualqueri ¡corpo¡ ¡de, exercito! em o.peraeoes,
.

e nao. tendo legitimo, impedimento,,déixar .dé-,CQmparecei';prompta.mente;.no seu posto logo que


sé tenha; dado {>•. signa! de alarme.,-ouidep.ois de tocar,a rebate ou-,réunir,..s.ei\á.castigado com a
pena¡de.ídeniissao. oii.iOom^pvisáo.militaivde seis mezes a dois ann0s,¡ ¡segundo for ¡official ou..pi!a§á
de pret. ' ,>: .;.-' •
xmico. Quando o-.delinquente..¡for coniniandaM¡te,
... foi\official;,
.L..:.. ., - . .-¡ .
.ser-lhe-há demissáo
¡§> ¡se a aggra-
vada; e sendo praga de pret, soffrerá a pena de presidio de guerra, de dois a cinco annos.
Art. 63.° O militar que violar a salvaguarda concedida a alguma pessoa, logar ou depois
de lhe ter sido mostrada, será condemnado a prisao militar de tres mezes a um anno, quando
por qualquer acto de violencia nao incorrer em pena mais grave.
Art. 64.° O militar nomeádo para fazer-parté dé algum-eonselho de guerra, que sem escusa
legitima deixar de comparecer para n'elle funecionar, será condemnado a prisao militar de tres
a seis mezes. Se, porém, se recusar formalmente a desempenhar este servigo, soffrerá a pena de
demissáo.
Art. 65.° As disposigSes do código penal ordinario nos artigos 192.°, 193.°, 194.° e 197."
sao ¡i applicaveis; aos militares que, déixarem evadir prisioiieiros,,dé, guerra ou.outros individuos
didos.; ;
presos e confiados á-súa.¡guarda,,.que.favorecerem-¡a sua evasáo.-ipujos:acontaren! depois de eva-
:...•. ;.::... , <:
CAPITULO II
,: i;-.M .
'[.,
' ;-. r..,-..-.-. ¡Da desergaó - < '.., -¡¡¡i -

¡¡Art. 66.° Commette,orime;de desergáo o


. militar: - ¡;
Quev ausentando-se.sem licengaj,¡faltar¡no corpo a que.pertence,.guarda,
;14° .deposito,,acam-
...
pamento ou quartel por iespagb de¡ quinze- dias consecutivos;, ou. por ¡espago de trinta dias sendo
recruta que náó; tivesse-, ainda seisinezes ¡de praga;....... -
Que- exeedendo, sem causa-justificada,.¡a lieengalegitunamente concedida, commetter
2-.?
igual falta por espagó de vinte dias. consecutivos.depois,d!aquelle<éni-,que a licengá tiver..fina-
lisado; -..
i,-.
-:,-- ;-.-: .-.
Que> transitando isoladaméntéj; deixar de; se apres.e.iatar- no,¡ponto do sen destino; dentro
3*?:
.

detrintaldias depois d'aquelle que;¡para essé fim tiver, sido,marcado ¡na respectiva .guia ou iti-
nerario, urna vez que para isso nao-¡tenha tido causa, justificada; -.¡ .:;;•;-
323

4.° Que dentro de doze mezes consecutivos commetter tres faltas, que entre todas perfagam
pelo menos vinte dias de ausencia illegitima;
5." Que se evadir de cadeia, calabougo, deposito disciplinar ou qualquer ouíro logar su-
jeito á disciplina e reguláméntos militares, em que estivesse ¡detido em custodia, ou cumprindo
pena, urna vez que se nao aprésente ou nao seja capturado, dentro do praso dos quinze dias,
que se seguirem ao da evasáo.
Art. 67.° Sao reduzidos a metade nos casos dos n.os 2.°, 3.°, 4.° e 5.° do artigo antece-
dente, e a quarenta e oito horas no caso do n.° 1.°, os prasos ahi estabeleeidos para serení qua-
lifieadas como desergáo as faltas no. mesmo. artigo especificadas, .todas .as vezes que a.desergáo
for em tempo de guerra ou para paiz•estrangeiro.
Art. 68.° Considera-se desertor para paiz estrangeiroo militar:.
1.° Que, sem auetorisagáo, transponer os limites que separain o' territorio.pprtuguez.do de
outra nacáo neutra ou alliada; r
2.° Que estando fóra de Portugal com o corpo a que pertence o ¡abandonar, passando para
paiz neutro ou alliado, ,'
Art. ,., ...
69.° Os soldados, e mais ..pragas de pret que cómmetterem.ip.criine dedes<3rg|io.,- seráo
;
condemnados á deportagáo,:militar; .".;.
^1.° De tres a seis annos, se o crime for commettido em tempo. ...de paz;. ,,,.
( ,.,.,
.2.°De. seis^ a, nove annps,,sendo commettido em tempo. de.guerra,. ,
,^.
Arta,- 70.° A peña da. desergáo.:será,¡de cinco a sete anuos dé,,deportagáo no.caso do,.ii>° 1,"
do artigo antecedente,, e de .sete a dez .annos no caso .do:n.0,2.0, ^quando o crime..fbr perpetrado,:
1.° Estando o que o perpetrar de servigo, em marcha,bu, com prgvengáp de¡marcha, salvas
em todo.o caso as disposicoes dos artigos. 57.° e 61.°; ¡,... :,
?,...
:,2..° Levando.arma, armamento,,c.a,v.állo:ou muar;
...
3." Tendo sido perdoado por outra desergáo anterior; ....,,! [-..
,.¡

4.° Coiicorrendo subtraegáp de qbjecto pertencente ao estado,. ou.,a mihtar,.,iima;vez ... ...,..,...„.,..
que
nao resulte crime a que. corresponda alguma das penas maiores de .trabalhos públicos, prisao
maior ou degredo;
5.° Desertando para paiz estrangeiro;
6.° Desertando dois ou mais militares, entre os quaes precedesse concertó ou conjuragáo
para a desergáo.
Art. 71.a Será sempre imposto o máximo da pena:
1.° Quando o crime for perpetrado na frente do iliimigó; salvas as dieposigoes dos arti-
gos 57:° é:61.0-;: •'-" - -:i:- - '
2.° Quando for perpetrado pelo commandante ou chéfé de algum posto,- üiña'vez que pelo
''il
"'•' "• •'

artigo 61.° riáo tenha iñcorrido üájpéna ultima; i '


3.° Quando a desergáo for para paiz 1 estrangeiro' no casó; db ii.° 21° do artigo -68;°; : '"'
'':4.° Sendo chefe de conjuragáo para a désergáu éiri tempo dé ¿áz,:ou para'paiz estrangeiro
n'o'éáso don. 9 1:° do artigo 68'.° ,: " ' ': ' " ;•- -
Art. 72.° O official que commetter o crime dé désérgáó sóffré'rá á peiia: r;
- :1.°
De exautoragáo;'desertando náfrente do inimigo, salvas ás disposicSes do 1artigo 61.°;
2.° De demissáo aggravada, desertando em' tenipo de guerra,' bu para paiz estrangeiro• lio
casó do n.° 2'.° do -artigo 68i° ; " '
3:° Dé'demissao simples e. prisao dé 'seis mezes a um-auno'ém todos os mais casos.
- " Art.
7'3.° Será imposta-a pena de-morte áo militar: ;' -
1.° Que se; pássar ou tentar passar-se para o inimigo; ' !
2.° Que na frente do inimigo desertar, precedendo conjuragáo para a desergáo, nos; termos
especificados no 'n. 0 6.° do artigo170.°';; - '; '.'-'
" :3.'° Que em'tempo de 1guerra !óil'estando com o corpo a qué'pérténcé éln paiz estrangeiro,
for chefe de eonjuracáo para desergáo. '' . -
Art. 74.° '' O militar qué' :pi'ovóear ou favorecer a desergáo, será condemnado'1ñas-mesmas
penas de desergáo, segundo as circumstaneias e distinegoes estabelecidas nos artigos anteceden-
tesj salva a disposigáo' do artigo 48:°,' e applicandb-se as penas' correspondentes dó- artigo 72."
todas as vezes que, sendo official o delinquente. as penas da desergáo forem especiaes para as
pragas!dé'pret.' ' •-.;,;,¡ , .-; ¡ •;.
§ :uiiico. 'Sé o delinquente náó for militar nem equiparado a militai*, as penas dé desergáo
para ósfiñs especificados no "§'unieó do artigo'309." do¡ código penal5 ordinario seráo, em'-vez de
deportagáo militar, do exautoragáo e demissáo, o degredo temporario e a' prisao córréctíionáQ,
applicadas segundo as diversas regras á-que se refere ó citado §'áulico dó'ártigo 309.° do'código
penal ordinario. ----•,;: - , ¡-. •! -< -..
Art. :75.0 Qüañdó algum militar' foi* na mesma-sentenga condémna'do; por crime de desergáo
''"''"
e por outro qualquer a que por lei corresponda pena mais grave, nao poderá esta pena ser^-me
. • -¡ ;
•réduzida ou modificada por cónc'orrérem circumstaneias atteñxiantés.
324

TITULO IV
Dos crimes contra a ordem publica e ségurancá do exercito

CAPITULOi
Da revolta militar
.-•
Art. 76.° Oóniniet'teill crimé de revolta militar os militares:
obedecer, logo á primeira voz, ás ordens de seus chefés; - •-;.-•
1.° Que em corpo de quatro ou mais, estando ña forma,"de cómmmn concertó recusarém

'2.° Qué em corpo de quátró ou íüáis, pegárém em armas seiii auetorisagáo e forem contra
as ordens de seus chefes; '"
3.° Que eiii corpo de pito óu mais, fazéndo uso das armas, commettereni violencias e nao
.

dispersarem logo á primeira voz de algum superior, mas persistirem na desordem.


Este crime será punido, quanto aós principaesinstigadores ou cabegás, com a pena de morte,
e quanto a todos os mais com presidio de guerra de cinco a dez annos, óu com demissáo aggra-
vada se forem officiaes.
§ 1.° Será considerado é punido ;C0mo se fóra uín dos priñcipáes instigadores ou cabégas da
revolta, o militar niáis graduado" dé entre os que n'ella tomarem parte. Em igualdad? de gra-
duágáOj óú sendo todos soldados, "applicar-se-ha esta dispósigáo ao mais autigo em servigo, e de
entre os dé igual añtigúidade ao mais véllíó em idade.
§ 2." No caso especificado uo n.° 3.° d'este artigo, só'ás violencias foreñicommettidás sem
se fazer uso das armas, a pena será de cinco a dez aniíos de presidio de guerra, ou demissáo
aggravada, sendo officiaes. ; .,-•--
§ 31°. Qüáhdó. ás,'violencias a que sé refere éste artigo foréiií qualifi cadas crimes, a que cor-
responda pena niáis grave, será imposta essa pena.

CAPITULO II
Da insuboi'dinagao

.,
Art.. 77,° Será condemnado amorte coinexautoragáo:,o militar:
1.° Que recusar obedecer, sendo mandado marchar contra o inimigo, ou para qualquer o,u-
tro servigo determinado pelo seu chefe na frente; do inimigo ou de rebeldes armados; , •
2." O que em tal caso, posto nao recuse obedecer, deixar comtudo de exeeutar as ordens
recebidas,-nao. tendo para isso impedimento de forga maior.
§1.° Em tempo de.guerra, mas nao sendo na frente dp inimigo ou de rebeldes armados,
a pena de desobediencia será a demissáo aggravada, ou presidio de guerra de cinco a dez annos,
segundo o delinquente for pfficial ou.praga de pret.
§ 2.° Em todos os mais casos, será imposta a,pena de,prisao militar de uní a dois annos,
ou, quando.o delinquente for official, a demissáo.
Art. 78.° O militar que na frente do inimigo ou de rebeldes armados, quebrantar preceitos
de servigo que alguma. sentinella, em virtude de instruegoes especiaes, tenha de fazer observar
em praga de guerra, campo, intrincheiramento ou qualquer outro posto militar, será condemnado
a demissáo aggravada, sendo official, ou a.presidio de guerra de cinco a dez anuos, se for praga
de¡pret.
§ 1.° Em tempo de guerra, mas nao sendo na frente do inimigo ou de rebeldes armados,
será imposta a pena de demissáo, sendo officiaes, e de presidio de guerra de dois a cinco annos,
sendo pragas de pret.
.§ 2.° Em todos os mais casos, será imposta a pena de prisao militar de tres mezes a um
anno.
Art. 79.° O militar que com armas commetter qualquer violencia contra alguma sentinella
ou vedeta, será condemnado á morte. ,
.
§ 1.° Se a violencia for commettida sem armas por dois militares ou mais, será imposta.a
pena de presidio de guerra de cinco a dez anuos, ou a demissáo aggravada, sendo official.
,-..§ 2.° Se a violencia for commettida sem armas por urna só ¡pessoa, será imposta:a.pena,de
¡prisao militar de um a cinco annos.
...;:.. Art. 80.° O militar q,ue, por meio de. palavras ou de gestos offender ou ameagar alguma sen-
tinella ou vedeta, será punido com prisao militar de tres mezes a um anno.
Art., 81.° A offensa corporal commettida, por qualquer -militar; contra algum superior
.
será
punida:,
1.° Com a pena de morte com exautoragáo, se a offensa for commettida com premeditagáo;
325

2.° Com a pena de morte, se a offensa for commettida debaixo de armas, ou em acto de
servigo ou em rasáo do servigo; *j
3.° Em todos mais de presidio de ,
os casos, com a pena guerra de cinco a dez annos, ou
com a demissáo aggravada, sendo official.
§ 1." Para os effeitos especificados n'este artigo, considera-se offensa corporal, nao só qual-
quer pancada, contusáo ou.soffrimento pliysico^ mas tambem o tiro de arma .de fogp,.e o eim-
prego de qualquer arma de arremesso, ou outra,,posto que nao haja ferimento neni contusáo.
§ 2.° Se a offensa corporal, no caso do n.° 2.°, tiver sido precedida de provocagáo por. pan-
cadas, a pena de morte poderá ser substituida por qualquer das penas perpetuas immediatas, ou
pelo máximo da pena designada non." 3,° d'este artigo.
§ 3." Nao se enténde provocagáo por pancadas ocaso previsto no artigo 55»°..d'este. código.
Art. 82.° A offensa por meio de .palavras, escriptos, ameacas ou por gestos, commettida
por algum militar contra qualquer superior, será punida; -.
1.° Com a pena de presidio ,de guerra de cinco a dezannos, ou cpm , a demissáo
.
aggravada
sendo official, quando for eonmiettida em acto de servico pu em rasáo do servigo;
2.° Com a prisao.-militar de um a cinco annos enitodos os mais casos.
.-

CAPITULO ÍII

•'. Da sedigao militar.; , - ,.....-.. -.. .


_

Art. 83.° O militar que incorrer em crime de sedigáo, aggredindp ou insultando a forga
armada, a auctoridade publica ou -qualquer dos seus, agentes, para a eonstranger,. impedir ou
perturbar no exercicio de suas funegoes, será punido:
1.° Com as penas do artigo 76.° e § 2.°, se o crime for perpetrado em corpo de oito ou
mais militares, guardando-se em tal caso as distincgoes ali feitas, nao só quanto a instigadores
ou cabegas e demais co-réus, mas tambem quanto a.ser o crime perpetrado com armas ou sem
ellas;
2.° Se for commettido em corpo de tres ou mais, estando armados, com presidio¡de guerra
de cinco a dez annos, ou com a demissáo aggravada sendo,officiaes. Nao estando armados, será
imposta a pena de.prisao,militar de dois a cinco annos;
3." Em todos os mais casos, será imposta a pena de prisao militar de seis mezes a dois
annos, se for commettido com armas, e de tres a seis mezes, sendo commettido sem armas.
§ único. Nos differentes casos especificados nos dois últimos números antecedentes, impor-
se-ha sempre o máximo da pena correspondente aos principaes instigadores, ou como taes consi-
derados pelo § 1.° do artigo 76.° do presente código.
Art. 84.° A eolligagáo,,por qualquer modp effectuada, entre.,dois.,p.u mais militares para
fins reprovados pelas leis ¡e reguláméntos militares, será castigada, inipondo^se aos ¡que.n'ella
tomarem,parte a pena de prisao,militar de tres mezes a dois.annos,, .¡'.
§ 1." Se a eolligagáo tiver por objecto impedir a exeeugáo de. alguma lei, regulamento;¡ou or-
dem do jioder executivo, a pena ¡será, a demissáo aggravada, sendo officiaes, e presidió de guerra
de tres a cinco annos, sendo pragas de pret.
§ 2." Aos auctores e provocadores da eolligagáo, :iio, caso do paragrapho, antecedente,. será
imposta a pena de exautoragáo,; sendo officiaes, e presidio de guerra de cinco a dez annos, sendo
pragas.de pret.

TITULO V
Dos crimes na administragao e exercicio das funecoes militares

CAPITULO I
Dafalsldade
Art. 85.° Será condemnado a trabalhos públicos temporarios o militar:
1.° Que por qualquer modo, falsificar dolosamente mappa, relagao, diario ououtro docu-
mento militar, augmentando,.alem, do effectivo, o numero dos honiens, cavallos ou dias de ven-
cimento; exagerando o consumo de mantimentos, forragens ou munigoes; fazendo relatprios ou
dando informagoes falsas ou inexactas; ou, finalmente, commettendo qualqupr outra falsidade. em
materia de administragao militar, a qual cause, ou por sua natureza possa. causar prejuizo ao
estado; ,¡, ,
2." Que dolosamente falsificar de qualquer modo actos do processo criminal militar,. livros
de registo, assentos do regimentó ou companhia, licengas, baixas, guias ou itinerarios, ou der a
seus superiores informagáo falsa sobre qualquer objecto do servigo militar;
326

3." Que nao sendo responsavél pela fálsificagáo, a qué se refere qualquer dos números an-
tecedentes, fizer comtudo uso de documento falsificado, sabendo que''o é;
4." Que se apropriar é fizér uso de baixá-, lieenga, guia, itinerario ou attestado que lhe nao
pertenga, posto que nao contenha fálsificagáo. .,.....
§ í.° :Coácorréndo circumstaneias attenuantes^ a pena ;dé:'trabamos públicos poderá ser sub-
stituida pela prisao'maior temporaria, é ainda pela prisao''militar nao inferior a dois annos, con-
.

formé a 'ínaiór ou menor influencia''das ¡referidas circumstaneias nacülpabilidade do delinquente.


§ 2.° Qüañdóio delinquente fói>" official, é a pena applieavel a'prisáo militar, soffrerá tam-
bem ;a' 'dé -demissáo'. • -- ¡ -\ "-; •''
Art. 86.° O facultativo militar que no! exercicio dé suas- funegSés certificar ou eneobrir fal-
samente á existencia dé qualquer molestia ou lesáo, oüqüe'Sonlésmomodo exagerar ou attenuar
a gr&vidádé dé molestia ou enfermidadé realmente existente', será cpndeínnado a prisao militar
de um a tres annos, salvas as penas mais graves- em que incoi-rer;;'hávend'o corrupgáo.
'Art.' '87;q 'Sera éondéninado :a-prisao militar dé üiñ'&' cinco annos ¡o militar qué; em prejuizo
da fazenda militar, dé corpos óu de individuos militares; fizér uso -de pesos e medidas falsos.
Art. 88." Será condemnado a trabalhos públicos temporarios o militar:
1.° Que falsificar sellos, mareas ou cunhos de alguma auctoridade ou repartigáo militar,
destinados a authenticar actos ou documentos relativos ao servigo militar, ou a servir de signa!
distinetivo de objectos pertencentes ao exercito;
2.° Que fizer uso dos referidos sellos, marcas- ou.cunhos falsificados, sabendo que o sao.
Art. 89.° O militar que, em prejuizo do estado ou de militares, fizer uso fraudulento de
sellos, marcas óü eúñhos verdáileiros,' da náturézá'd'a'quelles1que especificado artigo antecedente,
é destinados -a- ¡tór alguma das applicágoes ali décl'aradasj ¡será' Condemnado a exautoragáo mi-litá-ri

... .! ¡¡.- í
.- .¡nr:l:¡
-'-:;'-
í>a usurpágao de uniformes
1 ; CAPITULO. 11
,. ,...>.,
edistinctivosbuinsignias' militares ed'e condecorágoes

!" Art.'90: °--O'militar que usar púMicamente de uniforme ¡é distinctivos ¡ou insignias militares,
óu !de' -c'ónuécoragoés e Ordens nacionáés ou estraugéirasy que'lhe -nao ¡pertengam, ou nao tenha
direito de trazer, será condemnado a- prisao 'militar de tres'm'éz'éS'ái dois-aililos'.

.•-;• .•;:',:.)-.,! :,-. .,-. ..::.;:. ... , .;:;, - ,: CAPITULOIII ...... . .., . .:,;.
Dá prévaticagSóyeó'rrúpgao é irífl&eíictade¡rio servigo militar
Arti-^l:9 Ó 'militar que - sé deixár/ Corromper, reeebeñdo, por sivoii' por interposta pessoa,
';
dadivas' bu presentes',•ou;simplesment'e'acceitandó'']jromessasidérécouipeiisapara fazer ou deixar
de fazer qualquer acto, que''áliás; estava obligado a fazéri¡oudéÍ'xar de fazer no exercicio ¡dé

'
suas'funb^oés,''será•condemnado': ' -• :-¡
'l..9-• A 'exautoragáo'm'ilitar,'se o 'acto -for injusto-e exeCutado;-;.
2.° A qualquer pena mais grave, que por lei Corresponda¡ao acto executado, quando de
;:

per' si'é'':mdépénJ<Íenté da éorrupgáo •constitüa-¡Crime; ' ' ,; "



3¿° A tiábalhos públicos témporaiibs lio ultramar, quando "a corrupgáo tiver por bbjecto
algum cicto das funegoes judiciaes, que competem aos militares em materia criminal; salvas com-
tudo as penas mais graves na forma estabelecida no código penal ordinario, para o caso do ar-
tigo 320.° do mesmo código;
4.° A demissáo aggravada ou simples, segundo as circumstaneias, ou a prisao militar de
dois a cinco áimós, sendo praga de pret, se á'corrupgSo pró'd'uziú'o séii effeitó, e o objecto d'ella
era simplesmente a abstengáo de algum acto justo.
§ único. Haveudo circumstaneias attenuantes, as penas estabelecidas n'este artigo poderáo
ser substituidas pelas inimediatamente inferiores,¡segundo a ordem da sua eollocacáo no artigo 9.°,
ou ainda pela prisao militar nao inferior a dois anuos, quando assim o exigir o numero e impor-
tancia das referidas circumstaneias; -., -. -. -
'Art.:'92¡0 O militar que por nieio de violencia ou -ainéagas1 constrángéri ou que por dadivas
e presentes', ou por simples proiiiessas'dé ;reconipeiisas'corromperou procurar corromper qual-
quer .-' militar, '•piará'; obter d'elle, lio ¡exercicio de^suas-funegoes, álgüm-acto injusto, ou assegürar
ó''-i,es:tíIÍ^6ide':áígümá-pfeteris,á,o^'set'átpunido': •• : •.;•- '"''
<1.;<? 'Obin as mésmás peñas que'pelo artigo antecedente cori'espondeni'ao empregado qué;«e
; i .¡¡¡

deixa corromper, se a coaecáo ou a corrupgáo produziram o seu effeito, substituindo-se a doniis-


UWo, qúáiictb'pélb; §'único do artigo antecedente deyesse ter logar, pela prisáb- militar nao inferior
a'flóis'aliños,'se o'delinquente náó for official; '••- .••:: n .•-. ;•
2.° Com a prisáb militar dé tres mezes a ;üm ¡anno, haveudo simpl'esíiientótontativade
327

coaegáo ou corrupgáo, excepto se o delinquente for official e de graduagáo superior á do militar


a quem procurava constranger ou corromper, porque n'esse caso soffrerá a pena de demissáo.
Art. 93." O militar que, tendo em seu poder, em rasáo de suas funccoes, dinheiro, títulos
de crédito ou quaesquer effeitos movéis pertencentes ao estado ou a militares, os distrahir de
suas legaes applicacoes em proveito jiroprio ou alheio, será condemnado a trabalhos públicos
temporarios.
§ único. A pena será a de prisao militar de mil a tres annos, todas as vezes que a distrac
cao de qué trata este .artigo consistir sómenté ém se dar a qualquer dos objectos n'elle esp.ecifi
cados, e sem preceder auetorisagáo compétente, applicagao diversa d'aquella qué legalmente de"
vería ter. ' "
Art. 94." militar qué perpetrar qualquer dos crimes especificados nos artigos 3Í6.° e
O.
317.° do código penal ordinario, será condemnado a demissáo aggravada, bu a prisao militar de
um a tres annos, segundo for official ou praga de pret.
Art. 95." A mesma pena será imposta ao militar:
1.° Que, com o fim de tirar proveito^ substituir o dinheiro ou valores, que para o servigo
do exercito tiver recebido em certa e determinada especie, por differente especie de dinheiro ou
valores, urna vez que para isso nao esteja auctorisado:
2." Que por qualquer outro modo, aleni dos, já especificados, traficar com os fundos públi-
cos destinados ao, servico militar.
Art. 96.° Será condemnado a prisao maioi' temporaria o militar:
1." Que tendo ¡a, seu, cargo ou .confiadas á. sua,guarda ,quaesquer substancias, .,,,.,
géneros, man-
timentos ou fprragens. ,destinadas ao se^vigp; do,exercito.,. por qualquer.modo as adulterar ou. as
substituir por outras. adulteradas; .,-,,, ,,,.:.::
., . .,.,. .. .;,,Vj;, . , .,-,,. :; ,
2.° Que, nao.ignorando, que .smiilbantes substancias, .géneros, manítimentoSiOu fprragens
estáo.;adulteradas,,.assim.mesniq.as distribuir ou fizer, distribuir,|¡
.,,
3.° Que com igual conhecimento distribuir ou fizer distribuir carnes de,animaesinficionados

rupgáo. .-
.,..., ,'.,,
de molestias contagiosas, pu substancias,.géneros, ¡.mantinientos.ou.foraageuS:em estado,de cor-

§ único. Havendo circumstaneias attenuantes, a pena


•,''
:*••• de • -:.:!'-,::-:.
prisao maior temporaria ppderá.
ser, substituida pela ,prisao militar, nao inferior a dois annos.,; iacompanh<ada de ¡demissáo, sempre
que o delinquente fpr official. -,.. , .._..,; .,;,-.. .•,¡-¡¡: .... .-.-..-¡ui ¡,. ->¡;¡ -•. ¡:
Art. 97." Qualquer individuo .sujejto á ¡..jiirisdicgáo .dos.tiirmnaes militares, queseado encar-
regado em tempo de guerra do dé
fornecimentp por, conta dp estado, géneros,,mantiment.os, fpr-
ragens, munigoes de guerra, ou quaesquer substancias para, o .'servigo do. exercito, faltar,¡dolosá-
mente e sem causa justificada com o mesmo fornecimento, será condemnado a prisao maior
temporaria, salvas as penas mais graves em caso de traigáo.
§ 1." Havendo simplesmente negligencia,, pu sendo em tempo de paz, a pena será a de pri-
sao militar de dois a cinco annos, acomparihada de demissáo, se o delinquente for official.
§ 2." Quando nao., phegara haver, falta,. mas só .retardamento np fornecimento, ou por mera '
negligencia, a pena será a prisao militar de seis mezes á dois annos.
§ 3.° As penas estabelecidas n'este artigo seráo applicadas aos agentes ou fimccionarios
públicos, conniventes ou cumplices nos crimes especificados, ainda mesmo quando o fornecimento
do exercito estiver contratado, por conta de .particulares.
; ,,,,,

- ' • TITULO VI -'


,-¡¡';;-i .''"•"'
Dos crimes contra a seguranca das pe^so&B ...
CAPITULO i ,. ,,;,,,..,.. .':'-.-
': Das violencias militares por occasiaó da-execugád-de algiima ordem
Art. 98.° O militar , que por.occasiáo de,-executar-alguma-,ordem¡tsuperior,¡ cuino, exercicio
de suas funegoés, empregar ou fizer empregar.sem,motivo ilegitimo.,, contra qualquer p.esspa vio-
lencias que nao sejam necessarias para a exeeugáo do acto que deve cuniprir, será condemnado
a prisao militar de tres mezes a dois annos,,,unía vez.quecos actos! de violencia ¡nao ;e&tejam pela
lei qualificados crimes a que .eorr,esponda pena,mais,grave,
:
,-.,,; :.
;¡ .',-.
Aü't. 99:°; O-militar >.que,, sendo; encarregadó,de algum servigo tendente a manter ou resta-
belecer a ordem publica, empregar ou fizer com que os seus subordíiiadosempreguemas,armas
sem causa justificada ¡deiforg»: maior, sem;para esse .effeitoteiv ordem expressa/ ou'.fóra. das casos
especificados ñas leis. .enantes..de¡ se haverem ¡pr.eenchidó, todas as.¡ formalidades, ñas niesnias-leis
determinadas, ¡será, condemnado ,a. prisao militar de tresla cinepannos, quandonáo resultar; crime
a que corresponda pena mais grave. . <. - .-
'•':- ;*
328

CAPITULO II

Das violencias.entre militares


Art. lOÓ. 0 As offensas corporaes entre militares da mesma graduágáo ou entre soldados,
de que resultar algum soffrimento physico, mas qué nao prpduzirem doenga nem incapacidade
de servico por inais; de vinte dias, umá vez que nao concorra alguma das circumstaneias especi-
ficadas no artigo 36l.° do código penal ordinarioj seráó punidas com prisao militar dé tres me-
zes a dois almos, segundo as circumstaneias.
§ ünieoi Seráo punidas disciplinarmenté pelos respectivos superiores^ na conformidade das
leis e reguláméntos militares> as offensas corporaes de que. se trata n'ésfó artigo, quando nao
prbduzirem doenga nem incapacidade de servigo por mais de oito dias.

CAPÍTULO ni ;

Das Violencias militares nos álójámentos


ArtJ 10l.° O militar qíie éomiñéttér o criíne dé homicidio"voluntario na péssoa do seu res-
pectivo patráo ou dono da cásá ein que estiver alojado, ou ná. mülher d'este ou dé algum de
seus fillios, será condemnado á1 ihorlé com exautoragáo. ; ''.'
Art. 102.° O militar qué póf meió de óffeñsás corporaes-'maltratar ó patráo ou dono da casa
ém que estiver. alojado, oü álgüma péssóá de süá familia, será condemnado a prisáb militar de
dois a cinco annos, nao resultando crime á que Corresponda peña niáis grave.
Art. 103.° O militar qúé!póí méió dé pálawás,. ameágas ou por gestos offeñder o patráo ou
dono da. casa em que estiver alojado^ oü alguma pessoa dé sua familia^ será condemnado á piisáo
'militar dW tres mezés a dois aímos;
Art. 104.° O inilitar que pretender obligar o patfáó oú dono da casa ém que estiver alo-
jado a dar-lhe mais do que lhe for concedido pelas leis, será condemnado a prisao militar de tres
mezes a u'm ánüó. -' ' ',. ;:
,
Art. M5.° O militar qué, indóvidáménte, e sem recorrer á''auctoridade competente, tomar
alojamento ou Jangar máo de carros, bestas, hois ou.de qualquer ontro objectó, quáñdo o corpo
a que pérténeér éstivór em marcha, acántóñámento ou'' guárriigáó, quando singularmente for
empíégadó em 'alguma diligencia- ou gérálmenfe em qualquer outra. oceásiáo, será condemnado
a prisáó militar, de tres mezes a dois annos. '

:.,.;
TITULO VII
_
Dos criinés Contra a própriedade publica e particular

CAPITULO J .

Do saque, devastagao edéstrulgao de edificios e objectosmilitares

Art. 106.° Aos militares que em corpo de quatro ou mais, para esse fim conjurados, sa-
quearem ou destruirem mercadórias, géneros ou outros objectos movéis em qualquer dos seguin-
tes casos:
1.° Fazendo uso das amias; !
2.° Havendo escalamento ou arrombamento exterior;
3.° Empregando violencias para com as pessoas;
Será imposta a pena de morte com exautoragáo aos que forem instigadores e ao militar
mais graduado, nos termos do § 1.° do artigo 76.°, e a de trabalhos públicos a todos os mais.
§ 1.° Ein todos os mais casos, a pena será a de prisao maior temporaria.
'§ 2.° Havendo circumstaneias attenuantes, as penas estabelecidas n'este artigo poderáo ser
substituidas pelo seguinte modo:
1.° A pena de morte pela de trabalhos públicos temporarios;
2.° A de trabalhos públicos pela de prisao maior temporaria;
3i° A de prisao maior pela de prisáó militar, e, n'este caso, quando o delinquente fór offi-
cial, acrescerá a de demissáo.
Art. 107." O militar que voluntariamente incendiar por qualquer modoyou;por meio de. ex-
plosáo de alguma mina destruir em todo ou em parte, ou devastar casa ou edificio, arsenal, -ar-
mazem, ponte, fabrica, construegáo militar, embarcagáo ou navio, destinados para o servigo do
exercito, será condemnado á morte com exautoragáo.
329

§ único. Havendo circumstaneias attenuantes, a pena será substituida pela de trabalhos pú-
blicos temporarios.
Art. 108*° No caso do, artigo antecedente, quando para a destruigáo ou devastagao de al-
gum dos objectos n'elle mencionados, se tiver empregado qualquer outro íneio que nao seja al-
gum dos que ali se especifieam, a pena será a de trabalhos públicos temporarios.
§ único. Havendo circumstaneias attenuantes, a pena de trabalhos públicos poderá ser sub-
stituida peía de prisao maior temporaria, ou ainda pela de prisao militar nao inferior a dois annos,
e, n'este caso, se o delinquente for official, soffrerá alem d'isso a de demissáo;
Art. 109.° O militar que voluntariamente destruir ou fizer destruir material ou petrechos
de guerra, armamento, munigoes de qualquer especie, artigos dé equipamento ou fardaméntOj e
em geral quaesquer meios de defeza do exercito, será punido:
1.° Com a pena de morte com exautoragáo, sendo o crimé commettido na frente do ini-
migo; - - ^
2." Com a pena de prisao maior temporaria em todos os mais casos.
Art. 110:° O militar que voluntariamente quebrar ou inutilisar armas, oü quaesquer uten-
silios oü movéis do quartel^ ou artigos dé equipamento ou fardainento, pertencentes ao estado, e
que a elle- ou¡ a algum de seus camaradas tiverem sido entregues para o sérvígo militar, será
condemnado a presidio de guerra de dois a cinco annos, e sendo official, a prisao militar náó in-
ferior a, dois annos, ou á demissáo.
§ l; 9 Na mesma pena ineorrerá o militar que estropear ou matar cavalló, muar, ou em ge-
ral qualquer cavaígadura empregada no servigo do exercito.
§ 2." Havendo circumstaneias attenuanteSj a pena será a prisao militar de dois a cinco
annos.
Art. 111.° O militar que voluntariamente qúéimar, dilacerar, extraviar ou por qualquer
modo inutilisar livro de registe ou quaesquer documentos origináes, copias Pu minutas dos archivos
de qualquer corpo ou reparticáo militar, será condemnado a prisao maior temporaria.
§ único. Havendo circumstaneias attenuantes, a pena estabelecida n'este artigo poderá ser
substituida pela prisao militar de dois a cinco annos, ou pela demissáo aggravada se o delin-
quente for official.
Art. 112.° Nos Casos especificados no artigo 107.° e seguintes, impor-se-háo aos cumplices
nos crimes n'esses artigos mencionados, ainda ¡que nao sejam militares nem pessoas perteneen-
tes ao exercito, as mesmas penas que corresponden! aos auctores dos niesmos crimes, salva a
disposigáo artigo 36." do presente código, quando tenha logar.

CAPITULO n

Da distraegao e extravio de objectos militares


Art. 113.° O militar a queni tiverem sido confiados, para o servigo militar, cavalloou muar,
munigoes de guerra, artigos de armamento, fardameñto, equipamento ou quaesquer outros obje-
ctos militares, será condemnado a prisáó militar:
1." De um a cinco annos, se vender ou por' qualquer modo alienar algum dos referidos
objectos;
2.° De seis mezes a dois annos, se nao o alienando, comtudo o extraviar por qualquer modo,
ou se, sendo absolvido do crime de desergáo, nao der conta do objecto que Gomsigo levasse;
3.° De seis mezes a um anno, se simplesmente tiver dado era penhor algum dos niesmos
objectos.
§ único. No caso do n.° 1.° d'este artigo a pena será de seis mezes a um anno de prisáó, e
no 3.° de tres a seis mezes, quando o objecto vendido ou empenhado for apenas artigo de equi-
pamento de pequeña importancia.
Art. 114.° Qualquer individuo que comprar, receptar ou receber em penhor algum dos ob-
jectos especificados no artigo antecedente, sabendo que pertence ao estado, e que nao está no
caso de poder ser alienado, será pelo tribunal competente condemnado á pena correspondente ao
auctor do delicto, segundo as disposigoes do artigo antecedente.

CAPITULO III

Da subtraegao de objectos militares


Art. 115.° O militar que fraudulentamente subtrahir dinheiro ou algum artigo de arma-
mento, equipamento, munigoes ou qualquer outra cousa pertencenté ao estado, ou aos camaradas,
será condemnado:
1.° A prisao maior temporaria se o valor do objecto subtrahido exceder a 20$000 réis;
12
330

2.° A degredo temporario, quando o valor d'aquelle objecto, nao excedendo a 20$000 réis,
for comtudo superior a 2$400 réis.
§ 1.° Havendo circumstaneias attenuantes, a pena será no primeiro caso o degredo tempo-
rario; e no segundo a prisao militar de dois a cinco annos; mas, n'este caso, se o delinquente
for official, acrescerá a pena de demissáo.
§ 2.° Seráo punidas disciplinarmente pelos superiores, na conformidade dos reguláméntos
disciplinares, as subtraegoes de valor inferior a 2$400 róisy salvo se pelas circumstaneias consti-
tuirem crime a que corresponda pena mais grave»
Art. 116.° Será imposta a pena de prisáó maior temporaria, ainda que o valor da cousa
subtr-ahida seja inferior a 20¡#000 réis:
1.° Quando o delinquente for de algum modo responsavel pelo objecto subtrahido, em rasáo
.do seu posto, emprego ou servigo;
2.° Quando o delicto for perpetrado em prejuizo de patráo ou dono da casa em que estiver
alojado, ou de alguma pessoa de sua familia.
§ único. Havendo circumstaneias attenuantes, a pena será o degredo temporario.
Árt. 117.p As penas até áqni estabelecidas n'este capitulo seráo únicamente applicadas,
quando pelo código penal ordinario nao corresponderem penas mais graves, que em tal caso
seráo imppstas.
Art. 118." Será condemnado á morte o militar, ou qualquer pessoa que, acompanhando o
exercito, empregar violencias contra algum ferido com o fim de assegurar-se do seu espolio.
§ único. Se o delicto consistir sjmplesmente em despojar o ferido sem comtudo se emprega-
rem para esse fim violencias, a- pena será de trabalhos públicos temporarios.

LIVRO II
Da orgánisacao das justicás e tribunaes militares

TITULO I
Disposigoes preliminares
Art. 119.° As funegoes da justiga criminal militar sáó exercidas conforme as disposigoes do
presente código, alem de outros empregados e auctoridades n'elle para similhante fim especifi-
cadamente designados:
1." Por militares encarregados de formar os corpos de delicto;
2." Por auditores;
3.° Por conselhos de guerra;
4.° Por um tribunal superior de guerra e marinha;
5.° Por commissarios de policía do exercito.
§ único. Assim junto do tribunal superior como de cada eonselho de guerra haverá um pro-
motor de justiga, um defensor e um secretario,
Art. 120.° Os militares em actividade de servigo, que exercerem funegoes de justiga mili-
tar, des'empenharáo as obrigagoes que pelo presente código Ihes incumbem, debaixo do jura-
mento por elles anteriormente prestado.
§ único. Os que nao estiverem em actividade de servigo préstamo, antes de entrar no exer-
cicio de suas funegoes, o juramento de bem e fielmente desenipenhar as obrigagoes que por lei
lhes incumbem.
Art. 121.° Nenhum militar poderá ser norneado juiz de qualquer tribunal militar, urna vez
que nao seja cidadáo portuguez por nascimento ou naturalisagáo, e nao tenha completado vinte
e um annos de idade.
Art. 122.° Nao podeni ser ao mesmo tempo juizes no mesmo tribunal militar os consanguí-
neos ou affins até ao terceiro grau,
Art. 123." Nos proeessos de justiga militar nao podem ser juizes, nem intervir como pro-
motores ou secretarios:
1.° Os ascendentes ou descendentes, quer do aecusado quer da parte queixosa, nem os col-
lateraes até ao quarto grau;
2.° Os que deram participagáo official ou noticia do crime, ou serviram de testeniunhas;
3.° Os que em rasáo das funegoes de seus cargos conheceram do objecto da aecusagáo, ou
individualmente, ou fazendo parte de alguma commissáo, eonselho de investigagáo ou tribunal;
4.° Os que dentro dos últimos cinco annos anteriores á data da ordem para responder a
eonselho de guerra, houverem intervindo como parte queixosa ou como réus em algum processo
crime por causas relativas ao aecusado;
331

5.° Os que serviraní debaixó das ordens óu commándo do féu, quando esté for accusado
por factos relativos ao exercicio d'esse comrnando.
Art. 124.° A jüstigá militar é gratuita.
§ único. Os respectivos processos serao escriptos em papel nao sellado, e por elles nunca
os réus serao obrigados a pagar cüstás, nem salarios oü emolumentos, sellos ou portes do correio.
Art. 125.° Os vencimentos dos juizés e iríais emprégados na ádmiñistragao da Justina mili-
tar sao os que constam da tabella ánnexa, ao presente código, e que d'elle faz parte.

TITULO II
Das Justinas e tribunaes militares em témpo dé paz
CAPITULO í
Dos militaresencarregadosde formar os corpos de delicto
Art. 126.° Aos militares encarregados de formar os corpos de delicto incumbe;
1.° Verificar a existencia dos delictos sujeitos á jurisdicgao militar e süas diversas circuni-
stancias;
2.° Apprehendéf quaesqUer déliúquentes aehados em flagrante delicto, entregando-os seíá
demora á aüctoridade competente.
Art. 127.° As attribuicoes de que trata o artigo antecedente sao exercidas sob a aüctoridade
dos respectivos generaes conimandantes das divisoés:
1." Pelos officiaes do estado maior dos mesmos commandantes;
2.° Pelos governadores e commandantes das pragas de guerra e logares fortificados, e pelos
respectivos tenentes governadores, inajores e ajüdantes da praga;
3.° Pelos commandantes, officiaes superiores e ajüdantes dos corpos arregimentados, e pelos
officiaes de inspecgao de diá ou de piquete;
4.° Pelos commandantes, segundos commandantes, ajüdantes e officiaes de servigo diario,
nos depósitos de recrutas oü de outras pragas;
5.° Pelos commandantes de destacamento e seus immediatos;
6.° Pelos commandantes das guardas, estagoes e diligencias;
7.° Pelos inspectores, directores, guardas, fiéis oü almoxarifes dos hospitaes, arsenaes, trens
e depósitos de géneros, ou de material do exercito;
8.° Pelos directores, commandantes e seüs immediatos, nos estabelecimentos militares de
qualquer natureza, e pelos officiaes de servigo diario nos meamos estabelecimentos;
9.° Pelos directores e chefes de repartigao da secretaria da guerra e da administragSo mi-
litar, e pelos chefes de delegagSo em exercicio ñas divisoés militares;
10.° Pelos emprégados ou officiaes de policia civil ou judicial ordinaria, cada qual no cir-
culo das suas attribuigoes, e nos limites abaixo especificados;
11.° Pelos juizes togados, em caso de flagrante delicto, dentro dos respectivos tribunaes
militares.
Art. 128.° Para o exercicio das funcgoes de que trata o artigo 126.° é cumulativa a juris-
diceao dos officiaes de policia designados no artigo antecedente; quando, porém, concorrerem di-
versos d'entre elles, cabera a preferencia:
1." Aos officiaes do estado maior das divisoés, quanto aos erimes commettidos no quartel
general da divisao, ou que ali forem descobertos;
2.° Aos governadores, commandantes e officiaes do estado maior das pragas de guerra e
logares fortificados, quanto aos erimes relativos á sua guarda, conservagao, policia e governo ;
3.° Aos inspectores, directores, guardas, fiéis ou almoxarifes, quanto aos erimes commetti-
dos nos hospitaes, arsenaes, trens, depósitos de géneros, ou de material de guerra;
4.° Ao director da secretaria da guerra, e chefes de repartigao, quanto aos crinies perpe-
trados na mesma secretaria, ou que ahi forem descobertos;
5.° Ao director, chefes de repartigao e delegagSo da administragSo e saude militar, quanto
aos erimes perpetrados dentro das suas repartigoes, secgoes e delegagoes, e aos que forem des-
cobertos por emprégados d'estas no exercicio de suas funcgoes.
Art. 129.° Poderao proceder directamente ou ordenar a qualquer militar seu subordinado,
que proceda ás diligencias que por este código incunibem para a formacao dos corpos de de-
licto :
1.° Os governadores ou commandantes das pragas de guerra e logares fortificados;
2.° Os commandantes dos corpos, destacamentos e depósitos de recrutas ou de outras pragas;
3.° Os inspectores e directores dos arsenaes, trens e depósitos de material ou de géneros;
4.° Os directores e commandantes de estabelecimentos militares;
5.° Os directores da secretaria da guerra e da administragSo militar.
332

Art. 130.° Quando concorrerem differentes militares, que segundo as disposigoes d'este có-
digo téem jurisdicgao cumulativa para a formacao dos corpos de delicto, preferirá d'entre elles
o mais graduado, e em igualdade de graduacao o mais antigo, salvas, porém, as disposigoes dos
dois artigos antecedentes.
Art. 131.° Nos erimes communs, a que se refere o artigo 5.° do presente código, quando
pex-petrados por militares fóra dos aquartelamentos, corpos de guarda, estagoes, postos, estabele-
cimentos ou repartigoes militares, ou por militares nSo fazendo pai-te de forga militar em marcha,
ou em corpo, é cumulativa, para o fim de que se trata, a jurisdicgao militar e a das justigas
ordinarias respectivas.
§ 1.° De entre ambas preferirá aquella que pi'imeiro tomar conhecimento do negocio.
§ 2.° ConcoiTendo simultáneamente,preferirSo as justigas ordinarias, as quaes, n'este caso,
nao poderlo por modo alguní deixar de fazer os corpos de delicto.
Art. 132.° As justigas ordinarias sao subsidiariamente competentes, dentro dos seus respe-
ctivos districtos, para a formagao dos corpos de delicto nos erimes perpetrados por militares, em
logares ou povoagoes aoñde nSo houver algum militar para isso apto segundo as disposigoes
d'este código.
Art. 133.° O militar que honver de fazer algum corpo de delicto, será coadjüvado por um
seu subordinado, para isso apto e por elle directamente nomeado, ou abas requisitado á aüctori-
dade militar competente, o qual servirá deesci'ivao e terá fe publica nos antos e termos que no
exercicio de suas funcgoes escrever na presenca do militar que fizer o corpo de delicto.

CAPITULO n
Dos auditores
Art. 134.° Junto de cada conselho de guerra permanente haverá um auditor, juiz togado
sem graduagao militar.
§ único. Haverá igualmente junto do ministro da guerra üm auditor especial.
Art. 135.° Ao auditor incumbe:
1.° Proceder á formagSo do corpo de delicto em caso de flagrante delicto dentro do respe-
ctivo tribunal;
2.° Instruir o processo summário para a formagao da culpa aos réus;
3.° Preparar o processo de aecusagao;
4.° Fazer parte do conselho de guerra, e servir ahí de juiz relator.
§ único. Ao auditor especial junto do ministro da guerra incumbe exercer as funcgoes que
pelo j>resente código lhe sSo attribuidas, e responder verbalmente ou por escripto sobre os ne-
gocios emqne pelo ministro for consultado.
Art. 136.° Os logares de auditor, de que trata o artigo 134.° e § imico, sSo de nomeagao
regia, e serao próvidos em juizes de direito da 1.a instancia, que. estiverem servindo em comar-
cas judiciaes de 1.a classe.
§ único. O servigo dos auditores, instituidos segundo as disposigoes d'este artigo, será para
todos os effeitos considerado como servigo feito em comarcas judiciaes de 1.a classe.
Art. 137.° Os auditores servirao por espago de tres anuos na auditoria para que forem no-
meados.
§ 1.° Antes de findo o triennio, sómente poderao ser, contra sua vontade, transferidos de
urna para outra auditoria, ou mandados regressar á magistratura judicial, nos termos e prece*
dendo as formalidades estabelecidas para os juizes de direito na leí de 18 de agosto de 1848,
artigo 1.°
§ 2.° Em qualquer dos casos do paragrapho antecedente, logo que por ordeni do general
commandante da divisao forem intimados, cessam de ter jurisdicgao na auditoria em que serviam,
a qual desde eiitao se considerará vaga para ser próvida nos termos do presente código, e re-
cusando aceitar a nova auditoria, ou o logar da magistratura em que forem collocados, deixam
de vencer ordenado pelo ministerio da guerra.
§ 3.° Findo o triennio poderSo voltar ao logar que Ihes competir na ordem da magistratura
judicial, ou continuar na mesma ou em differente auditoria militar, quando assim o prefiram e
urna vez que o governo o nao tenha por inconveniente ao servigo.
§ 4.° As disposigoes d'este artigo e seus paragraphos nSo sSo applicaveis ao auditor especial
junto ao ministro da guerra, que será considerado logar de commissSo.
Art. 138." Os auditores serao substituidos em seus impedimentos, em Lisboa e Porto, por
um dos juizes criminaes, pela ordem graduada dos respectivos districtos, comegando pelo pri-
meiro ; e ñas outras térras, pelo juiz de direito da comarca em que estiver o conselho de guerra.
Art. 139.° Os auditores effectivos que actualmente servem serao collocados em comarcas
judiciaes da classe a que tiverem direito, segundo a sua classificagao pessoal,na ordem da ma-
gistratura.
333

§ 1.° Emquáñto nSo hoüver logares vagos em que sejám collocados nos termos d'este ar-
tigo, serao considerados no quadro da magistratura judicial, vencendo o ordenado que actual-
mente percebem como auditores, e ser-lhes-hao applicaveis as disposigoes da lei de 18 de agosto
do 1848, artigo 5.° § 3.°
§ 2." Quando, sendo collocados em alguma comarca judicial, conforme a disposigao d'este
artigo, se recusarem a ir servir n'essa comarca, deixarao de ter vencimento pelo ministerio da
guerra.
CAPITULO m
Dos consellios de guerra

SEC?AO i
Dos conselbos de guerra ñas divisoés térritoriaes do continente
Art. 140.° Em cada divisSo territorial do continente do reino haverá um. conselho de guerra
permanente, tendo por sede a capital da divisao.
§ 1.° Ñas divisoés em que a necessidade de servigo o exigir, e emquanto durar essa neces-
sidade, poderá haver um segundo conselho, tambem permanente, que em tal caso será mandado
estabelecer por decreto.
§ 2.° No caso do paragrapho antecedente, os dois conselhos de guerra terao jurisdicgao
cumulativa em toda a divisao territorial em que forem estabelecidos.
Art. 141.° Os eonsélhós de guerra permanentes serao compostos de um presidente com a
patente de tenente coronel ou coronel, e de um auditor, um major, dois capitaes, um tenente e
um alferes.
§ único. Haverá mais dois supplentes, dos quaes Um será official superior, para supprir os
impedimentos eventuaes que se derem entre os officiaes superiores que cpmpozerem o conselho,
e um capitao para os impedimentos dos mais officiaes.
Art. 142.° A nomeagao do presidente e vogaes militares será feita pelo commandante da
divisao, por escala, sobre urna lista formada pela ordem de patentes e antiguidades, de todos os
officiaes residentes na divisao, qualquer que seja a commissao que esses officiaes exergam, on o
corpo ou arma a que pertengam, com exclusSo:
1.° Dos conselheiros d'estado e ministros d'estado efíectivos, e bem assim dos pares do reino
e deputados, durante o exercicio das funcgoes legislativas;
2.° Dos. directores e chefes de repartigao da secretaria da guerra e officiaes do estado maior
das divisoés militares térritoriaes;
3.° Dos que estiverem em servigo effectivo nos estabelecimentos de instruccao militar;
4.° Dos que estiverem em commissao estranha ao ministerio da guerra;
5.° Dos reformados, urna vez que nSo sejam generaes, os quaes, em falta de effectivos, po-
dem ser nomeados por sua antiguidade;
6.° Dos que estiverem cumprindo alguma pena por virtude de sentenga de conselho de
guerra, ou por decreto expedido em conformidade das leis e regulamentos militares;
7.° Dos que estiverem cumprindo a pena de prisao disciplinar.
§ 1." Na lista de que trata este artigo far-se-hSo todas as rectificagoes, que tornar necessa-
rias qualquer alteragao ñas tropas da divisSo.
§ 2.° Urna copia authentica da lista mencionada estará sempre patente na.sala do tribunal.
Art. 143.° O presidente e vogaes militares do conselho de guerra, e bem assim os supplen-
tes, serSo periódica e regularmente substituidos, de quatro em quatro mezes, por officiaes das
respectivas graduágoes, a quem esse servigo toque por escala, nos termos do artigo antecedente.
Art. 144.° Antes mesmo de findo o periodo dos quatro mezes poderá, guardadas as regras
até aqui estabelecidas, ser extraordinariamentesubstituido o presidente ou qualquer dos vogaes
militares do conselho de guerra, quando antes de terminar aquelle periodo deixar de perteneer
ás tropas da divisao, ou incorrer em alguma inhabilidade legal.
Art. 145.° Quando houver de ser julgado algum réu de patente superior á de alferes, o
conselho de guerra permanente será, sómente para esse effeito, modificado segundo a tabella
junta; regulando-se em todo o caso as novas nomeagoes pela ordem da inscripgao na lista a que
allude o artigo 142.°
334

Accúsado Presidente Vogaes militares

1 Major.
Tenente Coronel ou tenente eorouel 2 Capitaes.
2 Tenentes.
1 Tenente coronel.
Cápitao Coronel <2 Majores.
(2 Capitaes.
íl Coronel.
Major General de brigada ]2 Tenentes coronéis.
¡2 Majores.

Tenente coronel. General de brigada


j¡ g*°e^s'
coronéis.
j§ g^™* de briSadíl-
Coronel.. General de divisao..
\3
General de brigada Marechal do exercito ou almirante, ha- G*™™8 ÍB dÍVÍsS° °U vice-almi"
vend°-°s " "
¡2 Gen^faés de brigada.
i
i 2 Marechaes do exercito ou álmiran-
Geóéraí de divisao Marechal do exercito Ou almirante, ha- 1 tés, havendO-os.
vendo-os j3 Generáes de divisao ou viee-almi-
{ rantes.
[5 Marechaes do exercito ou almirán-
Márechal do exercito Mareehal do exercito ou almirante, ha- i tes, havendo-os, alias generáes
véndo-os j de divisao ou vice-álmirantes,
pela Ordem de antiguidade.
....
(
.-.:..; .
1

§ único. A maior ou menor graduagSo do accúsado, proveniente de condecoragao na ordem


militar da Torre e Espada, Ou em qualquer outra, em nada influe para a composigSo do conselho.
Art. 146.° Se dois'ou mais aecusados pelo mesmo delicto houverem de ser julgados perante
o mesmo tribunal militar, será esté composto segundo a patente que corresponder ao mais gra-
duado.
Art. 147.° Quando por disposigao legal os tribunaes militares tiverem de julgar algum in-
dividuo nSo militar, será este julgado pelo conselho de guerra permanente da divisao, excepto
se tiver por có-réu algum militar de patente superior á de alferes, observando-se em tal caso o
que dispoem os dois artigos antecedentes.
Art. 148.° Os conselhos de guerra que tiverem de julgar emprégados civis do exercito,
com graduagSo militar, serao compostos pelo modo especificado nos artigos 141." oü 145.°, se-
gundo a graduagSo do delinquente.
§ único. A mesnia disposigao se observará quando tiverem de ser julgados prisioneiros de
guerra ou emigrados políticos, sujeitos á competencia dos tribunaes militares.
Art. 149.° Quando em virtude da patente do accúsado forem substituidos alguns dos vogaes
militares do conselho de guerra permanente, continuarao os outros no exercieio das suas funcgoes.
Art. 150.° Occorrendo impedimento temporario ou accidental do presidente ou de algum
dos vogaes militares do conselho de guerra, para preencher o qual nSo fossem bastantes os sup-
plentes nomeados, o commandanteda divisao fará substituir o impedido por outro official de igual
graduagao, a quem toque pela ordem da inscripgao na lista.
§ 1.° A substituigSo cessará quando cesse o impedimento, sem prejuizo, porém, do julga-
mento e decisSo da causa que estiver em discussSo.
§ 2.° A mesma substituigSo terá logar em relagao a todos os mais vogaes do conselho todas
as vezes que, tendo sido annullado o processo ou sentenga, se houver de julgar de novo a causa.
A substituigSo n'este caso cessará com o julgamento.
Art. 151.° NSo havendo na divisSo officiaes militares em numero bastante, e de graduagao
competente para completar o conselho, o ministro da guerra providenciará fazendo nomear os
que faltarem, de entre os da drvisSo cuja sede for mais próxima, no que se terá em vista a lista
respectiva.
SECCAO II
Dos conseliios de guerra na divisao militar dos Azores
Art. 152.° Na divisSo militar dos Agores poderá estabelecer-se por decreto um conselho de
guerra permanente, quando as circumstancias o pemiittam ; e na sua organisagSo e composicao
335

se obsei"varSo, em tudo o que forem applicaveis, as regras na precedente secgao estabelecidas


para o continente, competindo em tal caso ao respectivo commandante da divisao as mesmas attri-
buigoes que pelo presente código sao conferidas aos commandantes das divisoés térritoriaes do
continente.
SECGAO III
Dos Gonselhos de guerra nos acampamentos e reunioes de tropa
Art. 153." Nos acampamentos e reunioes de tropa para exercicios de instrucgao e manobra,
ou para qualquer outro fim, poderá ser estabelecido um conselho de guerra, observando-se as
disposigoes que se contéem na secgao I d'este capitulo, com as seguintes alteragoes:
§ 1.° Ao general commandante das tropas acampadas ou reunidas, compete toda aüctori-
dade, que em relagao aos negocios da justiga militar é, pelo presente código, attribuida aos com-
mandantes das divisoés térritoriaes.
§ 2.° A lista de que trata o artigo 142.° será formada de todos os officiaes que por qualquer
modo fizerem parte das tropas acampadas ou reunidas.
§ 3.° N'este conselho de guerra servirá de auditor o da respectiva divisSo territorial, oii
quando isso nao seja possivel o juiz de direito da comarca em que estiver o acampamento ou
reuniSo; o qual, emquanto servir, perceberá o mesmo vencimento que pelo presente código com-
pete aos auditores, das divisoés térritoriaes. .

CAPITULO rv

Dos promotores de justiga miltar, defensores officiosos, e secretarios dos conseüios de guerra
Art. 154.° Os promotores de justiga militar exercem as funcgoes do ministerio publico pe-
rante as justigas e tribunaes militares, e alem das mais attribuigoes especificadas na lei, incumbe-
Ihes:
1.° Intervir nos processos erimes de justiga militar, requerendo ñ'elles e promovendo quanto
for a bem da justiga e da disciplina, em harmonia com as instruegoes que receber do general
commandante da divisSo;
2.° Velar pela fiel observancia das leis e prompta administragao da justiga militar, dando
parte ao commandante dá divisao de qualquer occorrencia que possa carecer de providencia su-
perior; •
3.° Exercer a necessaria inspecgSo sobre o archivo, registos e expediente da secretaria,
salva em todo o caso a aüctoridade que a similhante respeito compete ao presidente dó conselho
e ao auditor.
Art: 155.° Os promotores da justiga militar serao nomeados, pelo ministro da guerra^ de
entre os officiaes militares de patente nunca inferior á de capitSo; nao poderSo accumular outro
servigo, e sómente poderao ser exonerados pelo ministro da guerra.
Art. 156.° Quando o promotor de justiga for de patente inferior á do accúsado, ou estiver
temporariamente impedido, o commandante da divisao nomeará quem o substitua.
§ único. No primeiro caso, a nomeagSo recáirá em official de patente pelo menos igual á
do accúsado, e o substituto será sempre coadjuvado e acompanhado no desempenho de suas func-
goes pelo promotor effectivo.
Art. 157.° Os defensores officiosos serao nomeados, pelo ministro da guerra, de entre os
officiaes de qualquer situagSo.
Art. 158.° Aos defensores officiosos compete: intervir como taes nos processos em que os
aecusados nSo tiverem constituido advogado ,ou defensor; e, n'este caso, servir de curadores
quando os réus forem menores.
Art. 159.° Aos secretarios dos conselhos de guerra incumbe:
1,° Servir de escrivaes nos processos de justiga militar perante os auditores e conselhos de
guerra;
2.a Ter em devida ordem e regularidade a secretaria e o archivo, pelo que sSo os primeiros
responsaveis, na conformidade dos. regulamentos;
3.° Escrever a correspondenciaofficial do presidente do conselho, auditor e promotor, acerca
dos negocios da justiga militar;
4i° Coordenar os necessarios elementos para a estatistica criminal militar, na conformidade
dos regulamentos;
5.° Satisfazer ás mais obrigagoes mareadas mis leis e regulamentos militares.
Art. 160.° Os logares de secretario dos conselhos de guerra serSo próvidos por concurso
em officiaes inferiores que, tendo pelo menos cinco annos de servigo, reunam as demais condi-
goes para poderem ser nomeados para os logares de archivistas das divisoés militares térritoriaes,
336

das direcgoes geraes de engenheria e artilheria e de aspirantes da direcgao da administragSo mi-


litar, e terao a graduagSo de alferes.
§ único. Os secretarios dos conselhos de guerra, depois de cinco anuos de servigo, preferi-
rSo, em igualdade de eircumstancias, a quaesquer outros candidatos, no proviuiento dos logares
de archivistas das divisoés militares térritoriaes, e nos de aspirantes na direcgao da administra-
gSo militar.
Art. 161.° Quando se dé algum impedimento temporario na pessoa do secretario do conselho
de guerra, o commandante da divisao nomeará quem provisoriamente o substitua.
Art. 162.° Na secretaria haverá um porteiro e ós mais emprégados que a necessidade do
servigo exigir, na conformidade dos regulamentos.

CAPITULO v
--'.'''' Do tribunal superior de guerra e marinha
Art. .163.° O tribunal superior de guerra e marinha terá a sua sede na capital do reino,
exercerá jurisdiccSo em todo o continente, ilhas adjacentes e provincia de Cabo Verde, e gosará
das honras e preeminencias que competen! ao supremo tribunal de justiga..
Art. 164.° O tribunal superior será composto de sete vogaes militares e de dois juizes to-
gados.
Art. 165.° Os vogaes militares serao officiaes generáes, quatro do exercito
.
e, tres da armada.
De entre elles o mais graduado, e em igualdade de eircumstancias o mais antigo, será o presi-
dente. Os juizes togados serSo: um juiz relator e o outro sen adjunto.
§ 1.° Üns e outros serao nomeados por decreto referendado pelos ministros da guerra e
e da marinha.
§ 2.° As disposigoes d'este artigo nao prejudicam os actuaes vogaes militares do supremo
conselho de justiga militar, osquaes servirSo no tribunal superior de guerra independente de
nova noinéagao.
Art. 166.° O logar de vogal militar do tribunal superior de guerra e marinha é ineompati-
vet com qualquer outro logar ou commissao de commándo, inspeegao ou direcgao.
§..1.° O que for noineado para algum logar ou commisslo de que trata este artigo, ou para
qualquer outro que impossibilite do servigo do tribunal por mais de um mez, deixa vago. o logar
no tribunal, e será desde logo substituido por outro que tenha as qualidades exigidas pela lei.
§ 2.° Nao terá logar a disposigao d'este artigo, e do paragrapho antecedente, quando a no-
meagao for motivada por necessidade m-gente do servigo publico. N'este caso o decreto da no-
meagao expressará a clausula da necessidade e urgencia que a occasiona.
§ 3.° Quando em algum vogal militar do tribunal superior de guerra e marinha se der im-
pedimento temporario, será, por decreto referendado pelos ministros da guerra e da marinha,
nomeado, para supprir esse impedimento, um general que nao esteja em exercicio de outra com-
missao:
Art. 167.° Quando o accúsado for official general, o presidente e vogaes militares do tri-
bunal que forem de patente inferior, serSo substituidos, observando-se as seguintes disposigoes:
1 .K Se o accúsado for marechal do exercito, almirante, general de divisao ou vice-almirante,
presidirá um marechal do exercito ou almirante, havendo-o; e quando nao, o general de divisao
ou vice-almirante que for mais antigo; e serao vogaes cinco generáes de divisao ou viee-alini-
rantes, que da mesTna forma forem os mais antigos;
2.a Se o accúsado for general de brigada ou contra-almirante, presidirá um marechal do
exercito ou vice-almirante, havendo-o; e na sua falta um general de divisSo ou vice-almirante,
e serao vogaes os tres generáes de divisSo ou vice-alinirantes, e os dois generáes de brigada ou
contra-almirantes que forem mais antigos.
§ único. Nos casos especificados n'este artigo, nSo havendo na effectividade do servigo ge-
neráes em numero sufficiente, e ñas eircumstancias que no mesmo artigo se exigem, para com-
pletar o tribunal, serSo chamados para esse finí os generáes reformados, de patente correspon-
dente, que residirem no districto da 1.a divisao militar, e forem os mais antigos.
Art. 168.° O juiz relator será tirado da classe de juizes de direito da segunda instancia,
d'entre os que estiverem servindo em alguma das relagoes judiciaes do continente do reino, e
terá o titulo do conselho.
§ 1.° O adjunto do juiz relator será nomeado d'entre os mesmos juizes de segunda instan-
cia, ou pelo menos d'entre os de primeira, que tiverem mais de seis annos de servigo em comarca
ou comarcas da 1.a classe.
§ 2.° Tanto o juiz relator, como o adjunto do juiz relator, conservarao o seu logar no qua-
dro da magistratura judicial, e ser-lhes-ha para todos os effeitos contado o servigo do tribunal
militar como sendo feito n'aquella magistratura, na qual terSo o aceesso que por sua antiguidade
venha a competir-lhes.
337

§ 3.° As disposigoes d'este artigo em riada prejudicam os direitos adquiridos pelos actuaes
juizes relator e ajudante do juiz relator do supremo conselho de justiga militar, os quaes inde-
pendente de nova nomeagao entrarlo em exercicio no tribunal superior de guerra.

CAPITULO VI

Do promotor de justiga, defensor offioioso e secretario do tribunal superior de guerra e marinia


Art. 169.° O promotor de justiga militar é, perante o tribunal superior de guerra e mari-
nha, o agente do ministerio publico, e como tal incumbe-lhe:
1.° Velar pela fiel observancia das leis, e por que as regras de competencia e ordem das
jurisdicgoes sejam guardadas;
2.° Requerer e promover quanto for a bem da justiga e da disciplina em todos os processos
que subirem ao tribunal;
3.° Enipregar a necessaria vigilancia para que se nao falte á prompta e recta administragSo
cía justiga;
4.° Levar ao conhecimento do governo qualquer occorrencia que carega de providencia
superior;
5.° Concorrer para a formagao da estatistica criminal militar, na conformidade dos regu-
lamentos.
§ único. Emquanto o governo nSo publicar o respectivo regulamento, os promotores de jus-
tiga ante o tribunal superior de guerra e marinha, e ante os conselhos de guerra, regular-se-
hao, no que poder ser applicavel, pelo regulamento do ministerio publico de 15 de dezembro de
1835, artigo 91.° da novissima reforma judicial e maislegislagao respectiva.
Art. 170.° O promotor da justiga será nomeado por decreto, d'entre os . officiaes do exer-
cito ou da armada, que tiverem a patente nao inferior a tenente coronel ou capitSo de fragata.
§ único. No impedimento eventual do promotor será este substituido pelo secretario do
tribunal.
Art. 171.° Quando o promotor for de patente inferior á do accúsado, será para este caso
substituido por outro de patente, pelo menos, igual á do mesmo accúsado, observando-se, porém,
o que para caso similhante dispoe o § único do artigo 156.°
Art. 172.° O defensor oficioso poderá ser nomeado d'entre os officiaes do exercito ou da
marinha, de qualquer patente e situagao, que reúna as qualidades necessarias para bem desem-
penhar as funcgoes de similhante cargo.
Art. 173.° Ao secretario do tribunal incumbe:
1.° Assistir, sem voto, a todas as sessoes do tribunal;
2.° Lavrar nos processos todos os autos e termos necessarios;
3.° Escrever em livro para esse fim destinado as deliberagoes do tribunal, que nao tiverem
de ser langadas nos autos;
4." Regular os trabalhos da secretaria, pelos quaes é o primeiro responsavel;
5.° Concorrer para organisagao da estatistica criminal militar, na conformidade dos regu-
lamentos.
Art. 174.° O secretario do tribunal superior de guerra será sempre um militar de qualquer
situagao, e de patente nao inferior a tenente coronel.
Art. 175.° A secretaria do tribunal superior de guerra continuará a ter a raesma organisa-
gao e -emprégados que actualmente tem a secretaria do supremo conselho de justiga militar.
§ 1." Os emprégados da secretaria do tribunal superior de guerra e marinha serao nomea-
dos, precedendo concurso:
1.° Os officiaes da secretaria, que terao a graduagao de capitao, e com ella as vantagens
concedidas por lei aos secretarios cías divisoés militares térritoriaes, d'entre as seguintes classes:
a) De secretarios dos conselhos de guerra, que tenham mais de cinco anuos de exercicio;
b) De archivistas e amanuenses das divisóos militares térritoriaes e das direcgoes geraes de
engenheria e artilheria, e dos aspirantes da administragao militar, que tenham, qualquer d'elles,
a graduagSo de tenente;
c) De amanuenses d'este mesmo tribunal e dos da secretaria da guerra, que tenham com-
pletado dez annos de exercicio e renunciassem ás gratificagoes ou augmento de vencimento por
diuturnidade de servigo;
2.° Os amanuenses, d'entre os que por lei estao no caso .de ser nomeados amanuenses da
secretaria da guerra, e serao admittidos com as mesmas condigoes e vantagens que para estes
estabeiece o decreto com forga de lei de 18 de novembro de 1869.
§ 2.° Os emprégados menores serSo próvidos, por simples proposta do presidente do tri-
bunal, em officiaes inferiores do exercito, que tenham completado o tempo de servigo, ou das
companhias de reformados.
13
338

§ 3.° Os actuaes emprégados da secretaria do supremo conselho de justiga militar conti-


nuarSo a exercer seus empregos na secretaria do tribunal superior de guerra e marinha, e po-
derao, quando isso lhes convenha, ser próvidos, sem dependencia de concurso, e por nomeagao
do governo, nos novos logares indicados n'este artigo, comtanto que reunam as condigoes de
idoneidade requeridas para o perfeito desempenho dos mesmos logares.
§ 4.° Aos emprégados a que se refere o paragrapho antecedente, que nao forem definitiva-
mente próvidos nos logares correspondentes do tribunal superior de guerra e marinha, mas con-
tinuareni a servir na sua secretaria, ser-Ihes-hSo conservados os vencimentos arbitrados pelo
decreto de 9 de dezembro de 1836 emquanto nao melhorarem de situagao.

TITULO III
Das Justinas e tribunaes militares em tempo de guerra
CAPITULO i
Disposigoes preliminares
Art. 176.° O que nos títulos I e n d'este livro se acha disposto quanto á organisagSo
das justigas e tribunaes militares em tempo de paz, terá inteira observanciaem tempo de guerra
^
em tudo quanto for applicavel, e nSo for alterado no capitulo seguinte.

CAPITULO n
Do^ eonselnos de guerra

SECCAO I

Dos conselhos de guerra nos exercitos de operacóes


Art. 177.° Quando duas ou mais divisoés do exercito forem mandadas entrar em operagoes,
poderá crear-se um conselho de guerra em cada divisSo, e outro no quartel general do exercito.
Art. 178.° O presidente e vogaes militares dos conselhos de guerra, promotores de justiga
e defensores dos accusados, serSo tirados d'entre os officiaes militares em servigo effectivo no
exercito, ou divisSo do exercito, junto da qual for estabelecido o conselho.
Art. 179.° O presidente e vogaes militares, e bem assim os promotores e defensores, serao
nomeados:
1.° No quartel general do exercito, pelo general em chefe;
2.° Em cada divisao do exercito, pelo general que a commandar.
Art. 180.° Quando nao houver numero sufficiente de officiaes com a patente exigida na lei
para compor o conselho, poderá este ser preenchido com officiaes da patente immediatamente
inferior á do accúsado, comtanto que estes no conselho nSo excedam ao numero de tres.
§ único. Em caso de impossibilidade absoluta de mesmo assim compor o conselho, o gene-
ral em chefe, e, nao o havendo, o ministro da guerra, proverá nomeando officiaes das divisoés
mais próximas, ou mandando que o accúsado seja julgado pelo conselho de guerra permanente
de alguma das divisoés térritoriaes mais próximas.
Art. 181.° Os auditores serSo nomeados de entre os juizes de direito de qualquer classe da
primeira instancia, e próvidos do mesmo modo que os auditores dos conselhos de guerra perma-
nentes, \ percebendo as mesmas vantagens que para estes ficam estabelecidas, alem d'aquellas
que lhes eompetirem pelo servigo em tempo de guerra.
§ único. Findo o servigo a que sSo destinados, voltarSo a oecupar o logar que lhes perten-
cer na magistratura judicial.
Art. 182.° Emquanto nSo forem estabelecidos os conselhos de guerra de que se trata n'esta
secgSo, farSo as suas vezes os conselhos de guerra permanentes da divisao ou divisoés térrito-
riaes em que se achar o exercito.
Art. 183.° Quando no exercito de operagoes forem creados e estabelecidos os conselhos de
guerra de que trata o artigo 177.°, haverá junto do general em chefe um auditor geral.
§ único. Poderá haver um ou mais ajüdantes do auditor geral, se as necessidades do ser-
vigo assim o exigirem.
SEC<?AO II

Dos conselhos de guerra ñas divisoés ou columnas de tropa operando isoladamente,


e ñas pracas sitiadas
Art. 184.° Quando urna divisSo ou columna de tropa operar isoladamente, ou por algum
accidente de guerra se achar separada do exercito de operagoes, poderá ser creado pelo respe-
339

ctivo commandante um conselho de guerra para essa divisao ou columna, se assim o exigir a
necessidade do servigo.
Art. 185.° Em cada praca ou fortificacSo que se achar investida, sitiada ou bloqueada,
poderá ser creado um conselho de guerra pelo respectivo governador ou commandante superior,
o que em tal caso se fará publico pela ordem da praca, e por meio de bandos e editaes affixa-
dos nos logares competentes.
§ 1.° Esta disposigSo nao terá logar quando na praga ou fortificagao houver conselho de
guerra permanente.
§ 2.° Para os effeitos d'este artigo considerar-se-hasitiada, e como tal poderá ser declarada
pelo respectivo commandante ou governador, sob sua responsabilidade, a praga ou fortificagao
logo que as tropas inimigas se approximem d'ella.
Art. 186.° No caso dos dois artigos, antecedentes, a nomeagao do presidente e vogaes mili-
tares será da attribuicao da mesma aüctoridade, a quem pelos mesnios artigos compete prover á
creagSo do conselho de guerra.
Art. 187.° No caso dos mesmos artigos o presidente e vogaes militares dos conselhos de
guerra serao tirados de entre todos os officiaes de qualquer situagao, que fizerem parte da divi-
sao ou columna, ou residirem na praga ou fortificagao, sem excepgao dos reformados.
§ único. Nlo havendo officiaes em numero sufficiente para compor o conselho com a pa-
tente exigida na lei, será composto com officiaes de patente inferior.
Art. 188.° Nos conselhos de guerra, de que se trata n'esta sécgaoj servirá de auditor o juiz
de direito da comarca judicial respectiva; e, nao o havendo, um bacharel formado em direito, ou
um official para isso apto, nomeados pelo respectivo general, commandante ou governador.
CAPITULO 111
Dos commissarios de policia do exercito
Art. 189.° Quando o exercito se achar em territorio estrangeiro, poderao ser por decreto
mandados estabelecer um ou mais commissarios de policia.
§ 1.° No primeiro caso, o commissario exercerá a sua jurisdicgao sobre toda a área do ter-
ritorio occupado pelo exercito, e sobre os seus flancos e retaguarda.
§ 2." No segundo caso, a cada um dos commissarios se designará a divisao junto da qual
deve servir; e cada um terá sómente por districto a área do territorio que occupar a sua respe-
ctiva divisSo, e bem assim os seus flancos e retaguarda.
Art. 190.° Aos commissarios de policia incumbe exercer:
1.° As attribuicoes de simples policia em conformidede dos regulamentos militares;
2.° A jurisdicgao correccional da sua competencia nos termos restrictos do presente código.
Art. 191.° Os commissarios de policia serSo nomeados pelos respectivos generáes comman-
dantes do exercito ou das divisoés de entre os officiaes superiores do mesmo exercito ou divisoés.
Art. 192.° Cada commissario será cpadjuvado no exercicio de suas funcgoes por officiaes
.
subalternos por elle nomeados, e um dos quaes servirá de secretario.

LIVRO III
Da competencia do foro militar

TITULO I .

Disposigoes preliminares
Art. 193.° Os erimes ou delictos sujeitos á jurisdicgao dos tribunaes militares sao jierse-
guidos pelo ministerio publico, pela forma estabelecida no presente código, para o único finí da
imposicao das penas estabelecidas na lei.
§ 1.° Nos processos por similhantes erimes ou delictos nSo se admitte intervengSo da parte
offendida senSo para apresentar a sua queixa, ou como auxiliadora da justiga, e isso dentro dos
limites e nos termos expressados no presente código.
§ 2." Sem preceder queixa do offendido, ou quando se baja desistido d'ella, nao poderá
instaurar-se nem continuar procedimento criminal perante as justigas e tribunaes militares, em
todos os casos em que pelo código penal ordinario o ministerio publico nao pode acensar sem
haver querella, accusagSo ou consentimento da parte, ou em que nSo pode proseguir na aecusa-'
gao desde que ha desistencia da querella ou accusagSo particular.
Art. 194.° A aegao de perdas e damnos é da exclusiva competencia dos tribunaes civis;
mas nao poderá ser julgada emquanto o nao for a aegao criminal, ou seja intentada antes, ou
durante a pendencia da accSo civil.
340

Art. 195.° Os tribunaes militares sSo competentes para mandar restituir a quem pertence-
rem os objectos apprehendidos aos delinquentes, e os que houverem sido apresentados em juizo
para prova do crime, urna vez que por disposigao da lei nao sejam perdidos para o estado.
Art. 196.° Nao estao sujeitos ao conhecimento dos tribunaes militares os erimes ou delictos
de contrabando ou descaminho, nem os perpetrados como violagao das leis que regulam o exer-
cicio da caga e da pesca, ou a policia das matas nacionaes, e da viagao publica.

TITULO II
Da competencia dos tribunaes militares em tempo de paz

CAPITULO i

Dos conselhos de guerra

SECglo i
Da competencia dos ceínselhos de guerra permanentes
Art. 197.° Os tribunaes militares sao competentes para conhecer dos erimes ou delictos de
qualquer natureza, perpetrados por militares, ou outras pessoas pertencentes ao exercito, salva
a disposigao do artigo antecedente, o com as limitagoes e distinegoes especificadas nos artigos
seguintes.
Art. 198.° Estao sujeitos á jurisdicgao dos conselhos de guerra ñas divisoés térritoriaes,
em tempo de paz, e emquanto estiverem na effectividade do servigo, ou em commissao especial
do servigo militar:
1.° Os officiaes de qualquer patente, officiaes inferiores, soldados, músicos e quaesquer
outros individuos que tiverem praga, ou se acharem por qualquer modo alistados no exercito,
sein excepgao das guardas ínunicipaes;
2.° Os capellSes militares;.
3.° Os médicos, cirurgioes, pharmaceuticos, veterinarios, e quaesquer outros individuos
emprégados no corpo de saude militar;
4.° Os emprégados das repartigoes de fazenda e administragSo militar, com graduagao
militar;
5.° Os individuos, por qualquer titulo, emprégados civis do exercito com graduagSo militar
em virtude das leis e regulamentos militares.
Art. 199.° As disposigoes do artigo antecedente sao extensivas e applicaveis a todos os
militares e mais pessoas pertencentes ao exercito, e ás guardas nmnicipaes, que como taes:
1.° Entrarem nos hospitaes civis ou militares;
2.° Forem conduzidos sob custodia da forga publica, ou estiverem detidos ñas cadeias pu-
blicas, presidios, estabelecimentos penitenciarios ou correccionaes ;
3.° Estiverem admittidos no real asylo de Runa;
E bem assim
4.° Aos prisioneiros de guerra;
5.° Aos emigrados, militares ou paizanos, que receberem subsidio do estado, e estiverem
em deposito, sujeitos ao régimen e aüctoridade militar;
6.° Aos militares licenciados na reserva, durante o tempo que estiverem em servigo, ou
ñas revistas ou reunioes de instruegao.
Art. 200.° EstSo sujeitos á jurisdicgSo dos conselhos de guerra permanentes, mas única-
mente pelos erimes militares que perpetrarem, salva a disposigao do artigo seguinte :
1.° Os militares que nSo estiverem collocados na effectividade do servigo, mas receberem
soldó, e estiverem á disposigao do ministerio da guerra;
2.° Os militares que, pelo pedirem, se acharem collocados na inactividade temporaria sem
veneimento;
3.° Os licenciados, os emprégados em commissoes nao militares, ou nao dependentes do
ministerio da guerra;
4." Os militares licenciados na reserva, quando nSo estiverem em servigo, ou ñas revistas
ou reunioes de instruegao.
Art. 201.° Quando algum individuo sujeito á jurisdicgao dos tribunaes militares for accú-
sado ao mesmo tempo por algum crime da competencia d'estes tribunaes, e por outro da compe-
tencia tribunaes ordinarios, será por ambos os erimes julgado perante as justigas militares.
§ único. Exceptuam-se os desertores quanto aos erimes communs que eommetterem durante
a desergao, pelos quaes responderán perante os tribunaes ordinarios. Depois de ahi serení julga-
341

dos por similhantes erimes, serao os réus postes á disposigao dos tribunaes militares, para perante
elles serení aecusados polo crime de desergSo.
Art. 202.° Nos casos em que os tribunaes militares sSo competentes para conhecer de qual-
quer crime, o accúsado será julgado perante o conselho de guerra permanente da divisSo em
que o crime foi comniettido, ou onde o accúsado foi preso, ou onde se achar de guarnigao o
corpo ou destacamento a que pertencer.
§ único. Entre os diversos tribunaes competentes, segundo este artigo, prefere o que pre-
venir a jurisdicgSo.
Art. 203.° Quando, apesar das disposigoes do artigo 151.°, o accúsado em rasao da sua pa-
tente superior nSo poder ser julgado em algum dos tribunaes competentes segundo as disposigoes
do artigo antecedente, será julgado no conselho de guerra da 1.a divisSo militar.
Art. 204.° A mesma disposigao terá logar em relagao aos erimes perpetrados ñas ilhas adja-
centes, emquanto ali nao forem estabelecidos os conselhos de guerra a que se refere o artigo 152.°,
ou quando depois de o terem sido, os réus nao poderem por elles ser julgados em rasao da sua
patente superior.
SECCA.0 II
Da competencia dos conselhos de guerra nos acampamentos
Art. 205.° As regras de competencia até aqui especificadas serao em tudo applicaveis pe-
rante os tribunaes que se estabelecerem nos acampamentos de que se trata no artigo 153.° do
presente código.
CAPITULO II
Da competencia do tribunal superior de guerra e marinha

Art. 206.° Ao tribunal superior de guerra e marinha compete:


1.° Consultar sobre negocios militares em que pelo governo for mandado ouvir;
2.° Julgar definitivamente sobre nullidades do £>rocesso;
3.° Julgar a nullidade da sentenga e mandar julgar de novo a causa;
4.° Julgar definitivamente a causa quando n'ella houver segunda annullagSo da sentenga;
5.° Conhecer dos conflictos de jurisdicgao e competencia entre as diversas auctoridades ou
tribunaes militares do exercito de térra, ou da marinha, ou entre mis e outros.
Art. 207.° O tribunal superior de guerra e marinha nao pode annullar os processos e sen-
tengas, a que se referem os n.os 2.° e 3.° do artigo antecedente, senao por algum dos seguintes
fundamentos :
1.° Por incompetencia da jurisdicgao militar, quer em relagao ao delicto, quer em relagSo
á pessoa do delinquente;
2.° Por incompetencia, ou por organisagSo ¡Ilegal-do- conselho de guerra, que profería a
sentenga; e bem assim pela incompatibilidade ou inhabiiidade legal de algum dos seus membros
em qualquer dos casos dos artigos 121.°, 122.° e 123;
3." Por deficiencia, obscuridade ou contradiegao nos qnesitos, ou quando estes envolvam
questoes complexas ou alternativas;
4.° Por preterigao ou illcgalidade de actos ou formalidades que a lei tiver determinado sob
pena de nidlidrtde insanavd;
5.° Por falta de provirnento de justiga, quando do processo constar que o conselho de guerra
deixou por decidir requerimento do accúsado, ou promogSo do ministerio publico, que tivesse por
finí ser qualquer d'elles admittido a exercer algum direito, ou usar de alguma faculdade conce-
dida na lei;
6." Por errada qualificagao do delicto em relagao ao facto julgado provado por decisSo do
conselho de guerra;
7.° Por falta de applicagao ou por errada graduagSo da pena estabelecida na lei, e corres-
pondente ao facto criminoso, julgado provado por decisao do conselho de guerra; ou por appli-
cagao de qualquer pena fóra dos casos na mesma lei especificados.
Art. 208.° Compete mais ao tribunal superior de guerra e marinha:
1.° Mandar suspender a execugSo de sentengas contradictorias dos tribunaes militares do
exercito de térra, ou da marinha, nos casos dos artigos 410.° e 411.°;
2.° Mandar do mesmo modo suspender a execugSo da sentenga proferida por algum dos
referidos tribunaes, quando o réu condemnado na sentenga querellar por perjurio contra alguma
das testemunhas da accusagSo, ou por suborno ou peita contra algum dos juizes, que intervie-
ram no julgamento.
342

TITULO III
Da competencia dos tribunaes militares em tempo de guerra

CAPITULO i
Da competencia dos conselhos de guerra
i

SECpAO I
Dos conselhos de guerra nos exercitos de operagoes em territorio portuguez
Art. 209.° Estao sujeitos á jurisdicgao dos tribunaes militares em tempo de guerra por todo
e qualquer crime commettido nos exercitos de operagoes em territorio portuguez:
1.° Os individuos sujeitos a esta jurisdiccSo em tempo de paz, conforme os artigos 198.°,
199.° e 200.°;
2.° Os que por qualquer titulo forem emprégados, ou exercerem funcgoes nos estados maio-
res, administragoes, fornecimentos, e quaesquer outros servigos do exercito;
3.° Os bagageiros, postilhoés, recoveiros, vivandeiros ou vivandeiras, lavadeiras, tabernei-
ros, creados dos officiaes, e quaesquer outros individuos que acompanharem o exercito, e fizerem
parte da sua comitiva.
Art. 210.° EstSo igualmente sujeitos á jürisdicgSo dos tribunaes militares, mas tao sómente
quando o exercito estiver em frente do inimigo, e pelos erimes commettidos na área do territo-
rio oceupado pelo exercito, e necessario á sua seguranga:
1.° Os estrangeiros aecusados por algum dos erimes especificados no titulo n e seguintes
do Hvro i do presente código;
2." Quaesquer individuos aecusados por algum dos erimes especificados nos artigos 43.° a
49.°, 106.° a 111.° inclusive e artigo 118.° e § único do mesmo código.

SECCAO II

Dos conselhos de guerra nos exercitos de operagoes em territorio eslrangeiro


Art. 211.° Quando o exercito de operagoes se achar em territorio inimigo, estSo sujeitos á
jurisdicgao dos tribunaes militares quaesquer individuos que forem aecusados por algum dos
erimes especificados no titulo II e seguintes do livro I do presente código.
Art. 212.° Se o exercito estiver em territorio estrangeiro, amigo ou neutro, observar-se-hSo
quanto á competencia e jurisdicgao dos tribunaes militares, as regras que forem estipuladas
nos tratados ou convengoes com a potencia a que pertencer o territorio. Na falta de convengao,
a jürisdicgSo e competencia dos tribunaes regular-se-ha pelos principios de direito das gentes.
SECCAO III
DisposigSes communs ás duas secgoes antecedentes
Art. 213.° Serao julgados perante o conselho de guerra do quartel general do exercito:
1.° Os militares e mais pessoas que fizerem parte do referido quartel general, ou a elle es-
tiverem addidas;
2.° Os officiaes generáes, officiaes superiores ao posto de capitao, e os emprégados civis do
exercito com graduagSo correspondente, das diversas divisoés do exercito de operagoes;
3.°. Os militares e emprégados civis com graduagao militar, que nSo fizerem parte de al-
guma divisSo do exercito de operagoes*.
§ único. Quando houver de ser julgado algum official general, poderá o general em chefe
ordenar, se o julgar conveniente, que o accúsado seja posto á disposigSo do ministro da guerra,
para ser julgado pelo conselho de guerra de alguma das divisoés térritoriaes.
Art. 214.° Serao julgados pelo conselho de guerra da respectiva divisSo militar em campa-
nha os militares até ao posto de capitSo e os emprégados civis de graduagSo correspondente, que
fizerem parte da divisSo.
Art. 215.° Os individuos sujeitos á jurisdicgao militar, mas que nao forem militares, nem
emprégados civis com graduagao militar, serSo julgados no conselho de guerra da divisSo do
exercito mais jDroxima do logar do delicto ou da prisao do delinquente, ou no do quartel gene-
ral, como parecer mais conveniente ao general em chefe.
Art. 216.° As regras de competencia establecidas até aqui n'este capitulo para os conse-
lhos de guerra em campanha, serSo observadas e terSo applicagao perante os conselhos de guerra
permanentes das divisoés térritoriaes, que por decreto forem declaradas em estado de guerra.
343

SECCAO IV

Dos conselhos de guerra ñas divisoés ou columnas operando soladarnente e ñas pragas sitiadas
Art. 217.° EstSo sujeitos á jürisdicgSo dos conselhos de guerra ñas divisoés ou columnas
operando isoladamente, e bem assim ñas pragas de guerra e logares fortificados, que estiverem
investidos, sitiados ou bloqueados, as diveras pessoas especificadas nos artigos 209.°, 210.° e
211.°, com relacSo aos differentes erimes que ali se mencionam, e guardadas a respeito d'elles
as distinegoes que nos mesmos artigos se contéeni.

CAPITULO II
Da competencia do general em chefe do exercito em operagoes, auditor geral do exercito, e dos governadores
,óu commandante de pragas de guerra e logares fortificados
Art. 218.° Ao general em chefe do exercito compete exercer, quanto aos processos julgados
pelos conselhos de guerra de que trata o artigo 177.°, toda a jurisdicgao que pelo presente có-
digo é conferida ao tribunal superior de guerra em tempo de paz, salvas sempre quaesquer res-
triegues estabelecidas por decreto.
Art. 219.° Ao auditor geral do exercito compete intervir em todos os processos de que
trata o artigo antecedente, antes de serení decididos pelo general em chefe.
Art. 220.° Aos governadores ou commandantes das pragas de guerra e logares fortificados,
e aos commandantes das divisoés e columnas que operareni isoladamente, pertence exercer a ju-
risdicgao que, segundo o artigo 218.°, compete ao general em chefe do exercito de operagoes.

CAPITULO ni
Da competencia dos commissariosde policia do exercito

Art. 221.° Os commissarios de policia do exercito téem jurisdicgao:


1.° Sobre os bagageiros, recoveiros, postilhoés, vivandeiros ou vivandeiras, lavadeiras, ta-
berneiros, creados dos officiaes, e quaesquer outros individuos que aeompanharem o exercito, ou
fizerem parte da sua comitiva;
2.° Sobre prisioneiros de guerra, que nSo forem officiaes.
Art. 222.° Os commissarios de policia conhecem, cada um dentro do districto da sua juris-
dicgao, e em relagao ás pessoas mencionadas no artigo antecedente:
1.° Das infraegoes de disciplina e contravengoes de policia, a que se refere o artigo 3.° do
presente código;
2.° Das infraegoes das leis e regulamentos de policia e das contravengoes de qualquer na-
tureza, que no foro cominum estiverem sujeitas a julgamento em policia correccional;
3.° Das reclamagoes por perdas e danmos, resultantes das infraegoes sujeitas á sua juris-
dicgao e competencia, quando nSo forem de valor excedente a 30$000 réis.

TITULO IV
Disposigoes applioaveis tanto em tempo de paz como em tempo de gue rra

CAPITULO i
Da competencia em caso de cumplicidade
Art. 223.° Quando pelo mesmo crime forem aecusados individuos sujeitos á jurisdicgao dos
tribunaes militares, e outros sujeitos á jurisdicgao dos tribunaes ordinarios, serao todos proces-
sados e julgados perante os tribunaes ordinarios, se o crime for da natureza d'aquelles de que
trata o artigo 5.° do presente código.
§ único. Nos erimes especificados no titulo n e seguintes do livro i d'este código, os aecu-
sados sujeitos á jürisdicgSo militar responderSo perante os tribunaes militares, e os que forem
sujeitos á jurisdicgao ordinaria perante os tribunaes e justigas ordinarias.
Art. 224.° NSo obstante o disposto no artigo antecedente, serSo julgados perante os tribu-
naes militares todos os aecusados:
1.° Quando todos forem militares ou pessoas pertencentes ao exercito, posto que algum
d'elles nSo estivesse sujeito á jürisdicgSo militar ao tempo do crime;
2.° Quando forem pessoas sujeitas á jürisdicgSo militar e estrangeiros os que commetterem
o crime;
344

3.° Quando o crime for perpetrado no exercito, estando este em paiz estrangeiro;
4.° Quando o crime for comniettido em territorio portuguez, mas em frente do inimigo.
Art. 225.° Quando no mesmo crime forem cumplices individuos sujeitos aos tribunaes mi-
litares do exercito de térra, e outros sujeitos aos tribunaes de marinha, serao todos processados
e julgados pelos tribunaes de marinha, se o crime for commettido em navios ¿¿ guerra ou do
estado, ou dentro do recinto dos portos militares, arsenaes, ou outros estabelecimentos marí-
timos.
§ único. Se o crime for commettido fóra dos logares especificados n'este artigo, os tribu-
naes militares do exercito de térra sao os únicos competentes.

CAPITULO 31
Da competencia do supremo tribunal de justiga
Art. 226.° Compete ao supremo tribunal de justiga conhecer dos recursos de revista inter-
postos das sentengas dos tribunaes militares por incompetencia do joro militar, nos casos em que
pelas disposigoes do presenté código similhantes recursos sao j,erniittidos.
Art. 227.° Compete igualmente ao supremo tribunal de justiga:
1.° Conhecer dos conflictos de jürisdicgSo e competencia, que se levantaren! entre os tribu-
naes militares do exercito de térra ou de marinha e as justigas ordinarias;
2.a Prover, nos termos do artigo 1:263.° da reforma judicial, no caso de sentengas contra-
dictorias proferidas pelos tribunaes militares do exercito de térra ou de marinha e pelos tribu-
naes ordinarios, em qué um ou mais réus forem condemnados como auctores do mesmo crime,
de sorte que, longe de poderem eonciliar-se as referidas sentengas, constituam prova da innocen-
cia de um dos condemnados.
§ único. Quando no caso do n.° 2.° d'este artigo as sentengas forem annulladas por contra-
dictorias, o supremo tribunal de justiga remetiera todos os condemnados para mu tribunal cri-
minal ordinario de. primeira instancia, diverso do primeiro, no qual serSo todos conjunctamente
aecusados e julgados.

LIVRO IV
Da ordem do processo nos feitos erimes de justiga militar

TITULO I
Da ordem do processo em tempo de paz

CAPITULO I
Da participagao dos erimes e da queixa do offendido
Art. 228.° O militar, ou empregado civil com graduagSo militar, que no exercicio de suas
funcgoes descobrir a existencia de algum crime ou delicto da competencia dos tribunaes milita-
res, ou por qualquer modo d'elle vier a ter noticia, é obrigado a participal-o sem demora ao su-
perior militar a que estiver subordinado. E quando assim o nao faga será castigado disciplinar-
mente se por essa falta nao incorrer em crime por que deva ser acensado.
Art. 229.° Qualquer pessoa, nao pertencente ao exercito, que presencear algum dos erimes
ou delictos a que se refere o artigo antecedente, ou d'elle tiver noticia, poderá participal-o ao
promotor de justiga militar, a algum dos officiaes militares competente para o corpo de delicto,
ou a qualquer aüctoridade militar.
Art. 230.° A parte particularmente ofl'endida pode limitar-se á participagao do crime, con-
forme o artigo antecedente, ou alias constituir-se parte queixosa, declarando-o assim em tal caso
perante o promotor de justiga, ou qualquer aüctoridade competente, e escolhendo domicilio den-
tro da comarca, em que funecionor o conselho de guerra, se ahí nao for moradora, para assim
poder estar em juizo.
§ único. Podem constituir-se parte queixosa no foro militar todas as pessoas que pelos ar-
tigos 866.°, 867. e 868.° da reforma judicial sao admittidas a querellar perante as justigas or-
dinarias.
Art. 231.° A queixa da parte, formalisada nos termos do artigo antecedente, é indispen-
savel:
1." Nos casos a que se refere o § 2.° do artigo 193.° d'este código, para poder instaurar-se
e continuar procedimento criminal perante as justigas e tribunaes militares;
2.° N'esses e em todos os mais casos, para a parte queixosa poder como tal ser ouvida no
processo crime de justiga militar, nos termos do presente código.
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Art. 232.° Tanto a participagao dos erimes, como a queixa do offendido devem conter de
um modo claro:
1.° A narragSo do facto reputado criminoso, occasiSo, logar, tempo e modo por que foi
perpetrado, e com que instrumento;
2." Declaragao do nome do aggressor, e de quaesquer implicados no crime, bem como das
pessoas que o presencearam ou d'elle podem ter conheciinento;
3.° Todas as mais eircumstancias que de qualquer modo possam concorrer para verificar a
existencia do delicto, qualificar a sua natureza e gravidade, e descobrir os seus auctores e cum-
plices.
Art. 233.° A participagao dos erimes, no caso do artigo 228.°, deve ser feita em officio, e
assignada pela pessoa que a fizer.
§ único. A participagao, quando feita pelo superior do delinquente, sendo possivel, será
desde logo acompanhada de quaesquer documentos concernentes ao delicto, e das notas ou assen-
tos relativos á pessoa do delinquente, que constarem dos livrós do corpo ou repartigao militar
a que perteneer. .
Art. 234.° Fóra do caso do artigo 228.° a participagao, e bem assim a queixa do..offendido,
podem ser dadas verbaimeñte, ou por escriptó competentemente assignado, sendo no. priuieiro
caso reduzidas a auto perante o funecionario que as receber, e por elle assignado, bem como
pelo participante ou offendido.
§ 1.° Quando o participante nSo souber ou nao quizer assignar, d'isso se fara mengao no
auto, intervindo duas testemunhas que attestem a sua identidade,. se nao. for reconhecida pelo
official que receber a partieipagSo.
§ 2.° Se o offendido nao souber escrever, d'isso se fárá mengSo, e por elle assignarao duas
testemunhas que o reeonhegam.

CAPÍTULO 11
Do corpo de delicto
Art. 235.° Qualquer militar, para isso competente segundo as disposigoes do presente có-
digo, que pres.encear a perpetrágao de algum delicto sujeito á jürisdicgSo militar, ou d'elle tiver
conheciinento jtor ordem que receba da aüctoridade militar, participagao, ou queixa, ó, sob a sua
responsabilidade, obrigado a proceder sem demora á formagSo do corpo de delicto, e ás mais
diligencias necessarias para o descobrimento da verdade.
Art. 236.° Nos delictos que deixarem vestigios permanentes, o corpo de delicto será féito
por meio de inspeegao ocular com intervengSo de peritos competentes; excepto quando já por
esse meio se nao possa absolutamente fazer, pois que entSo, e nos delictos de facto transeúnte,
se fará por meio de testemunhas.
§ único. O perito que for intimado para qualquer exaine, é obrigado a comparecer no dia,
hora e logar que lhe for designado, sob pena de 20$000 réis até 200$000 réis, segundo a gra-
vidade do caso e qualidade da malicia. Se o perito for militar, será punido segundo á lei militar.
Art. 237.° Nos erimes de morte ou ferimentos deverao intervir no corpo de delicto, como
peritos, dois facultativos, preferindo quanto possivel os facultativos militares.
Art. 23S.° E do dever do militar que proceder á formagao do corpo de delicto:
1.° Requisitar á aüctoridade militar competente quaesquer documentos, notas ou assentos,
a que so refere o § único do artigo 233.°, quando aínda nao estiverem juntos ao processo;
2." Prover que antes das diligencias, exames e averiguagoes a que tem de proceder-se,
nada se altere quanto ao objecto do crime e estado do logar em que foi commettido, nem se
apaguem os vestigios que d'elle ficassem;
3." Proceder a todos os exames, indagagoes e pesquizas que julgar convenientes; recébel-
as declaragoes dos oft'endidos; e colher dos oircumst¿mtes, creados ou domésticos, e de quaesquer
pessoas que se presuma terem conheciinento do crime, todas as informagoes, esclarecimentos e
noticias que possam guiar a justiga na indagagao e descobrimento da verdade;
4.° Appreheuder os instrumentos do crime, e quaesquer objectos que possam auxiliar as
diligencias da justiga no conheciinento dos culpados;
5.° Conservar, ou requerer que se conserve iucommunicavel, o delinquente emquanto elle
nao responder aos interrogatorios quando assim o repute necessario;
6.° Prohibir, se o julgar conveniente, que alguem sáia da casa, ou se afaste do logar do
delicto, antes de ultimada a diligencia; sendo quaesquer contraventores autuados desde logo, e
reniettidos debaixo de prisao á aüctoridade competente, militar ou civil, a finí de lhes serení
impostas as penas em que pela desobediencia houverem incorrido, quando nao provem defeza,
que d'isso os releve.
Art. 239.° Se os militares encarregados dos corpos de delicto carecerem, no exercicio de
suas funcgoes, de entrar em qualquer estabelecimento publico, para ahi se proceder á busca,
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exame ou qualquer diligencia, solicitarlo previamente da aüctoridade respectiva a necessaria

-
permissSo, a qual nao poderá ser-Ihes denegada.
!§ único. As auctoridades militares sSo ©brigadas a satisfazer a iguaes requisigSes, que para
fins idénticos lhes forem dirigidas pelas auctoridad.es civis, administrativas ou judiciaes.
Art. 240.° Quando para igual fim Ib.es> for preciso entrar em casa particular, serSo acónipa-
nhados pela competente aüctoridade judicial da localidade, láyrando-se auto especial da diligen-
ciaj em que circtimstariciadanieñtese declare tudo quanto n'ella occorrer, e observando-se no que
fór applieavel o que em igualdade de eircumstancias dispoe a reforma judicial nos ai'tigos 914.°,
915.°, 916.° e seus §§, e no artigo 1:012.°
Afrt. 241.° As disposigoes dos dois artigos antecedentes seracem tudo observadas, quando
em qualquer estado do processo as auctoridades judiciaes militares carecerem de proceder a
¡qualquer diligencia dentro 'de algum dos •estabelecimentos mi logares nos mesmos artigos espe-
cificados.
Art. 242.° Os militares encarregados de fazer os corpos de delicto requisitarSo o auxilio da
forga publica sempre que lhes seja necessario para o cabal desempenho das funcgoes que por
esté código lhes ^So inoümbidas.
-Aíf-t. 243.° # coi-po de delicto será redüzido a auto, e d'elle deverá constar:
1.° O logar, dia mez e auno em que foi feito;
2.° O nonie, profissSo e morada de cada üma das pessoas que n'elle intervieraüi;
3.° O juramento deferido aos peritos informantes e testemunhas;
4.° A declaragSo textual dos peritos e do ¡offendido^ depoimentos, informagSes e o resultado
de quaesquer diligencias e indágagoes tendentes a obter-se, nao só o Gonhecimento cabal do facto
reputado criminoso e de todas as eircumstancias d'elle, que devam contribuir para a qualificagao
exaeta do delicto, mas a noticia de quaesquer presumpgoes, indicios ou suspeitas ¡por onde possa
vir a descobrir-se quaes foram os seus auctores e cumplices;
5.° No caso de morte ou ferimentos, á declaragSo textual dos peritos do numero e quali-
dade das feridas, e se sao mortaes ou sómente perigosás; do instrumento com que denotaran
háver sido feitás; e bem assim se a morte resultou necessariamente das feridas, ou proveiu de
eircumstanciasaceessorias.
§ 1.° O auto do corpo de delicto será no fim assignado pelo militar que a elle proceder, seu
escrivao, ¡peritos, testemunhas, informantes e parte queixosa, e pelos dois primeiros 'rubricado
em cada folha, devendo fazer^se mengao dos que nao ássignam por nao saberem ou nao pode-
rem escrever.
§2.° Todas as vezes que se ¡proceder ao corpo de delicto a 'requerimento do offendido,
dar-se-lhe-ha copia ;authentica d'elle, se a exigir.
Art. 244.° Quando nos erimes cujo conheciinento tiver comegado perante as justigas ordi-
narias for remettido aos tribunaes militares auto de corpo de delicto, regularmente constituido,
nSo se fará necessario proceder a novo corpo de delicto, o que comtudo nao obsta a que as jus-
tigas militares possam fazer ou repetir qualquer diligencia, que reputem necessaria -para o com-
pletar.
Art;. 245.° A falta ou nüllidade insanaveí do corpo de delicto induz a nullidade de todo o
processo crime da justiga militar.
§ 1.° Nem a confissSo do delinquente, nem as provas do summario ou da accusagSo, por
exuberantes que sejam, supprem a falta do corpo de delicto.
§ 2.° Nos casos em que a lei admitte o corpo de delicto feito por meio de testemunhas, os
depoimentos das testemunhas do summario corroboran! o corpo de delicto, e supprem qualquer
falta que ii'elle houver oceorrido.
Art. 246.° Findas as diligencias relativas ao corpo de delicto, e constituido este, será sem
delonga remettido o respectivo auto com todos os documentos e papéis que Ihe disseremrespeito,
ao commandante da divisao, a fim de se prover, quanto aos termos ulteriores, conforme vae dis-
postonos artigos seguintes.
§ único. O mesmo destino darao as justigas ordinarias, dentro de vinte e quatro horas, aos
corpos de delicto que fizerem e em que o infractor ou infractores estiverem por este código su-
jeitos á justiga militar.
Art. 247.° Ao general cominandante da divisao, depois de examinar attentamente o processo
do corpo de delicto, incumbe, quando a patente do delinquente for inferior a tenente coronel:
1.° Prover conforme a lei e regulamentos disciplinares, se os factos constantes do corpo de
delicto nSo constituirem-senSo infraegoes de disciplina ou contravengoes de ¡policía-;
2.° Deliberar se ha de ou nSo formar-se culpa, quando se tratar de erimes militares, dando
conta do que deliberar ao ministro da guerra;
3.° Mandar proceder á formacSo da culpa todas as vezes que factos constantes do corpo
de delicto constituirem algum dos erimes ou delictos a que se refere o artigo 5.° do presente
código;
4.° Mandar extrahir por traslado e remetter ás justigas ordinarias, o processo do corpo de
delicto quando n'elle se achar implicado algum delinquente nao sujeito á jürisdicgSo militar.
Art. 248.° Quando a patente ou a graduagao do delinquente nao for inferior á de tenente
coronel, pertenee ao ministro da guerra, ouvido o auditor especial, exercer as attribuieoes que
pelos n.os 1.°, 2.° e 3.° do artigo antecedente incumben! ao general commandante da divisSo.
Art. 249.° A ordem para se jiroceder ou deixar de proceder á formagao da culpa, segundo
as disposigoes dos artigos antecedentes, será junta ao processo do corpo de delicto, e este re-
mettido ao promotor de justiga, a fim de ser archivado quando nao deva continuar, ou alias para
progredir nos termos ulteriores.
CAPÍTULOm

Do summario da culpa

Art. 250.° Ao summario procederá sempre, sob peña de nullidade, ordem expedida pela
aüctoridade competente para se proceder á formacao da culpa.
Art. 251.° Nao podem fazer objecto do summario factos criminosos que se nao achem coni-
prehendidos no auto do corpo de delicto e- na ordem para a formagao da ciüpa.
§ único. O que se fizer em contravengao d'este artigo será nullo, mas nao prejudicará o
summario na parte em que estiver regular.
Art. 252.° O promotor, apenas tiver reeebido o processo do corpo de delicto com a ordem
para a formagao da culpa, escreverá nos autos um pequeño relatorio em que com a precisa exa-
ctidao e clareza:
1.° Narre o facto ou factos sobre que se manda abrir summario. com todas as eircumstan-
cias que os acompanharam, segundo constaren! do corpo de delicto;
2.° Aponte a lei offendida ao caso applicavel;
3.° E em conclusSo, promova que pelos factos especificados se proceda a summario parase
formar culpa ao delinquente, e quaesquer outras pessoas que pelo mesmo delicto venham a mos-
trar-se responsaveis.
§ 1.° O promotor juntará desde logo o rol das testemunhas de que tiver noticia, com a
designagSo de seus nomes, profissoes ou misteres, e moradas, semprejuizo de apontar quaesquer
outras que depois venham ao seu conheciinento; requererá qualquer diligencia que repute con-
veniente, e promoverá quanto lhe parecer conducente á melhor iiidagagSo-da verdade.
§ 2.° Quando estiver em juizo¡ parte queixosa, poderá esta auxiliar a justiga, indicando e
proporcionando ao respectivo promotor todos os meios de prova de que dispozer, assim em rela-
gao ao delicto, como á pessoa do delinquente.
Art. 253.° O auditor, dentro das primeiras vinte e quatro horas depois que receber o pro-
cesso com a promocao do ministerio publico para a formagSo da- culpa, fará os interrogatorios ao
delinquente ou delinquentes, os quaes para esse finí serao "conducidos á sala do tribunal on á
secretaria do conselho.
§ 1." Os interrogatorios serao feitos

.:
em um dos dois logares especificados n'este- artigo, em
presenga do secretario do conselho, e com assistencia do defensor officioso na qualidade de-cura-
dor, quando o delinquente for menor.
§ 2." Se houver mais de um implicado no crime, a cada uní d'elles se farao separadamente
<.is interrogatorios, findos os quaes se procederá, se for necessario, ás acareagoes
nitros.
de mis com os

§ 3.° Os delinquentes, sem que para isso •se Mies deíira juramento,- serao perguntados pelos
seus nomes, naturalidade, filiacao, estado e alistamento no exercito, pelo que téem que dizer
acerca do delicto e suas eircumstancias, se já estiveram alguma vez presos e por que motivo, e
se reconhecem o instrumento com que o crime foi commettido ou quaesquer objectos que com
i.'lle tenham relagao e estiverem em juizo, os quaes pava aquelle fim lhes serao mostrados.
§ 4.° Aos delinquentes nao se farao nunca perguntas suggestivas nem cavilosas, nem acom-
panhadas de dolosas persuasoes, falsas promessas ou ameagas.
§ o.° O interrogado nao será obrigado a responder precipitadamente; as perguntas ser-lhe-
hao repetidas quando parega que da primeira vez as nao comprehendeu, e muito principalmente
piando a resposta nao concordar com a pergunta. N'este caso nao se escreverá senao a resposta
dada á pergunta repetida.
§ 6.a Se o réu confessar o crime, será especialmente interrogado pelo motivo d'elle, tempo,
logar, modo e meios emprégados para o seu comniettimento, se é reincidencia e se tem cumpli-
ces, quando a natureza do crime os admitía.
§ 7.° Se negar o delicto, allegando algum facto que demonstre nao ser por elle responsa-
vel, e offerecendo-so logo a pvoval-o por documentos, o auditor os receberá e mandará juntar ao
processo.
§ S.° O interrogado dictará ao secretario as suas respostas. Se o nao fizer, serao dictadas
348

pelo auditor, conservando quanto for possivel as proprias expressoes do interrogado, e de ma-
neira que cada palavra possa ser bem eomprehendida por elle.
§ 9.° Tanto os interrogatorios como as respostas a elles dadas, serao pelo secretario redu-
cidas a auto, o qual antes de ser assignado, será, sob pena de nullidade, lido ao interrogado
.

perante as mais pessoas presentes. Da leiturá se fará expressa mengSo.


§ 10¿° Se o interrogado depois que ouvir 1er o auto, nSo ratificar as respostas, mas as al-
terar, augmentar ou diminuir, nao se riscarao as primeiras; porém, ser-lhes-hao acrescentadas
todas as alteragoes que lhes forem feitas.
§ 11." O auto dos interrogatorios será, sob pena de nullidade, assignado pelo auditor, secre-
tario do conselho, interrogado e seu curador quando for menor, e por todos elles rubricado em
cada folha. Se o interrogado nSo poder ou nSo quizer assignar, d'isso se fará mengao no auto,
que entao valerá sem a assignatura d'elle.
§ 12.° Assim nos interrogatorios como ñas respostas a elles dadas nao haverá entreliñhas.
As razuras e emendas serSo resalvadas á margem, e a sua resalva assignada pelo auditor, secre-
tario e interrogado, e de outro modo nSo valerSo.
§ 13.° Se o interrogado nSo fallar a lingüa portugueza, ou for surdo e mudo, observar-se-ha
o que em taes eircumstancias dispoe a reformajudicial nos artigos 949.° e 950.°
Art. 254.° Quando os delinquentes militares se acharem recolhidos em prisSo fechada, po-
derá o auditor:
1.° Prohibir que haja communicacSo entre elles e quaesquer pessoas estranhas ou depen-
dentes d'aquelles estabelecimentos, emquanto assim convier para indagágSo da verdade:
2.° Auctorisar a communicagao dos mesnios presos com os seus defensores.
Art. 255.° Findos os interrogatorios seguir-se-ha sem demora, a inquirigao das testemunhas
em numero sufficiente para se esclarecer a verdade, e perguntándo-se alem d'isso todas as refe-
ridas.
§ único. Salva a disposigao do artigo 271.°, a inquiricSo tirar-se-ha sempre na sala do tri-
bunal, ou na secretaria do conselho.
Art. 256.° As testemunhas moradoras dentro da comarca judicial em que o conselho de
guerra tiver a sua sede, serao inquiridas pelo auditor, sendo previamente intimadas com decla-
ragSo do dia, hora e logar em que devem comparecer.
§ 1.° A intimagao das testemunhas será requisitada ás auctoridadesjudiciaes ou adminis-
trativas, que sem demora a niandarao fazer pelos seus respectivos officiaes.
§ 2.° NSo será adinittida a depor testemunha que para isso venha offerecer-se voluntaria-
mente e sem precedencia de intimagao.
Art. 257.° As testemunhas serao, sob pena de nullidadej inquiridas separadamente urnas
das outras na presenga do secretario do conselho, que escreverá os depoimentos.
Art. 258." As testemunhas, sob a mesma pena, j>restarSo juramento aos Santos Evangelhos
de dizer a verdade, e d'isso se fará mengao nos depoimentos.
§ único. Os de religiao diversa, prestarSo juramento segundo a religiao que seguirem.
Art. 259.° As testemunhas serao primeiro perguntadas pelos seus nomes, sobrenomes, alcu-
nhas, estado, inorada e mistere3; se sao creados, domésticos ou parentes dos delinquentes, e se
lhes téem amisade ou odio. As suas respostas serao escriptas.
Art. 260.° As testemunhas, depois de lhes ser lido o auto de corpo de delicto, a ordem para
se formar culpa ao réu e a respectiva promogSo do ministerio publico, serao inquiridas :
1.° Por todas as eircumstancias do crime, tempo, logar e modo como foi commettido;
2." Pela rasao concludente de sciencia quanto ao que depozerem, nao podendo nunca accei-
tar-se-lhes nem escrever-se a resposta de que o sabem de sciencia certa;
3.° Quando depozerem de vista, pelo tempo e logar em que o viram, se estavam ahi ou-
tras pessoas que tainbem o vissem, e quae3 eram ;
4.° Quando depozerem de ouvido, pela pessoa a quem ouviram, em que tempo e logar, e
se estavam ahi outras pessoas que o ouvissein e quaes sejam.
Art. 261.° Se a testemunha na occasiSo do depoimento apresentar algum objecto que
possa servir para fazer culpa ao réu ou para bem da defeza, no depoimento se fará mengao
da apresentagSo e se juntará ao processo, sendo possivel, ou se guardará na secretaria do con-
selho.
§ único. Se e objecto apresentado for algum escripto, será rubricado pelo auditor e pela
testemunha que o offerecer, ou, nSo sabendo esta escrever, pelo secretario.
Art. 262.° As testemunhas poderao dictar os seus depoimentos; se, porém, nao usarem d'esta
faculdade, serSo dictados pelo auditor, observando-se a tal respeito o que acerca dos interrogato-
rios fiea disposto no artigo 253.°, § 8.°
Art. 263.° Os depoimentos, antes de assignados, serao lidos ás testemunhas, sob pena de
nullidade, e o secretario fará mengSo d'esta leitura.
As testemunhas podem confirmar os seus depoimentos, augmental-os diminuil-os, ou fazer-
349

lhes qualquer outra alteragao, e de tudo se fará mengao no seguimento do depoimento, sem to-
davía se emendar o que já estiver escripto.
§ único. Depois de lidos os depoimentos, serSo assignados pelas testemunhas, pelo auditor e
pelo secratario do conselho.
Se as testemunhas nao souberem, ou nao podérem assignar, o secretario fará mengao d'isso
no fim dos depoimentos, e estes valerSo com a assignatura do auditor e do secretario.
Art. 264.° As folhas que contiverem os depoimentos das testemunhas serSo rubricadas pelo
auditor, pelo secretario e pela testemunha, se souber e poder assignar.
Art. 265.° Nos depoimentos nSo se admittirao entrelinhas, e quanto a razuras e emendas
observar-se-ha o que em relacao aos interrogatorios se acha disposto sobre igual objecto no
§ 12.° do artigo 253.°
Art. 266.° Os depoimentos das testemunhas serSo escriptos de modo que possam ser fecha-
dos e cosidos, sem prejuizo das outras pegas do processo.
Art. 267.° Se a testemunha nao souber a lingua portugueza, ou se for surda e muda, pro-
ceder-se-ha nos termos dos artigos 949.° e 950.° da reforma judicial.
Art. 268.° As testemunhas de fóra da comarca serao inquiridas por meio de deprecadas,
dirigidas aos auditores das outras divisoés militares, ou quando forem moradoras em comarca em
que nao tenha sede algum conselho de guerra, aos respectivos juizes de direito.
§ nnico. As auctoridades a quem forem dirigidas estas deprecadas dar-lhes4iao cumplimento
dentro de cinco dias da recepgao.
Art. 269.° Contra as testemunhas que, sendo intimadas, nao compárecerem a depor, proce-
derá o respectivo auditor, ou juiz de direito, nos termos e pela forma determinada nos arti-
gos 534.°, 959.° e 960.° da reforma judicial.
Art. 270.° Se a testemunha, comparecendo, nSo quizer responder ás perguntas que se lhe
fizerem, será pelo auditor autuada e processada como desobediente aos mandados de justiga.
Art. 271.° Se alguma testemunha, de cujo depoimento se nao poder prescindir, mostrar por
documento competente que se acha iinpossibilitáda de comparecer no logar designado, Será in-
quirida no seu proprio domicilio, transportándo-se ahi para esse effeito o auditor com o seu se-
cretario, ou o juiz de direito com o seu escrivSo.
§ único. Quando o auditor e juiz de direito, transportando-se ao domicilio da testemunha,
acharem que ella nSo estava impossibilitada de comparecer, procederSo nos termos do artigo 962.°
da reforma judicial.
Art. 272.° Nos tribunaes militares observar-se-hao no que forem applicaveis as disposigoes
dos artigos 1:122.° e 1:126.° da reformajudicial, que regulam os casos e a forma como podem
ser obrigadas a depor as pessoas nos mesmos artigos mencionadas.
Art. 273.° Se no auto do corpo de delicto se achar já inquirida em devida forma alguma
das testemunhas nomeadas pelo promotor de justiga, poderá o auditor deixar de proceder a nova
inquirigao da mesma testemunha, e o seu primeiro depoimento valerá como se fizesse parte do
summario.
Art. 274.° O auditor, sempre que o julgar necessario, ou quando lhe seja requerido pelo
promotor de justiga, procederá á repergunta de quaesquer testemunhas, acareagoes, novos inter-
rogatorios ou outras diligencias e exames, a que muito embora se tenha já procedido, mas se
reputem convenientes para esclarecimento da verdade.
§ único. Quando qualquer das diligencias ou exames a que se refere este artigo tiver de
ser feito fóra da comarca em que o conselho de guerra tiver a sua sede, expedir-se-ha para esse
fim deprecada ás auctoridades competentes, segundo o artigo 268.°
Art. 275.° Perante os tribunaes militares terao plena observancia as disposigoes do ar-
tigo 964.° e seguintes até 969.° da reforma judicial, que regulam as pessoas que nSo podem ser
inquiridas por testemunhas, ou que só o podem ser com certas limitagoes e em determinadas
eircumstancias.
Art. 276.° O promotor de justiga poderá assistir a todas as diligencias e actos de instrucgSo
do summario, sem exclusSo dos interrogatorios e inquirigSo de testemunhas, e requerer quanto
convenha para melhor investigagao da verdade, mas nSo haverá vista do processo nem o regular
andamento d'este se suspenderá por motivo algum.
Art. 277.° Quando nos respectivos autos e termos do processo militar se nao fizer especi-
fica mengSo de alguma fovmalidade que a lei mande observar em qualquer acto judicial, enten-
der-se-ha que similhante formalida.de se nao observou, e nSo se admitte prova em contrario.
Art. 278.° Quando pelo summario venham a descobrir-se novos implicados no crime, sujei-
tos á jurisdicgao militar, para todos elles, qualquer que seja a sua patente ou graduagSo, valerá
o mesmo summario.
Art. 279." Ultimado o summario, o auditor escreverá nos autos urna exposigao abreviada,
acerca do que dos mesmos autos constar, tanto era relagao aos factos argüidos c todas as suas
eircumstancias, ou os mesmos factos constituam delictos, ou simplesmente infraegoes de disci-
350

plina ou contravengoes de policia, como em relacao ás provas e indicios contra quaesquer delin-
quentes.
Art. 280.° Depois de satisfeito o que dispoe o artigo antecedente, o processo será logo en-
tregue ao promotor de justiga, e por elle remettido de officio ao general commandante da divisao,
com infórmagao em separado de quanto julgar conveniente em relagao ao mesmo processo.
Art. 281.° Da mesma forma serSo remettidos ao general da divisSo para terem o destino
legal:
1.° Os processos que contiverem infraegoes de disciplina ou contravengoes de policía;
2.° Os processos que vierem das justigas ordinarias em que esteja indiciado algum individuo
sujeito á jurisdicgao militar por delictos communs.
§ único. No caso do n.° 2.° d'este artigo, nSo se carece de summario para a formacao da
culpa, e servirá de base para a accusagSo o summario civil.
Art. 282.° Áo general commandante da divisSo, tendo examinado com escrupulosa attengao
o summario da culpa, a exposigSo do auditor e a informagSo do promotor, incumbe, todas as ve-
jses que a patente ou graduagao do delinquente for inferior a tenente coronel:
1;° Prover conforme a lei e regulamentos disciplinares, se os factos constantes do summario
nSo constituirem senao infraegoes de disciplina oü. contravengoes de policia;
2." Resolver se ha ou nao logar1 a proceder-se a accüsagao peí-ante o conselho de guerra,
quando se tratar de .erimes militares, dando conta ao ministro da guerra do que a similhante res-
peito resolver;
3.° Mandar que o delinquente responda a conselho de guerra, todas as vezes que os factos
constantes do processo constituirem crimej oü delicto, a que, nos termos do presente código se-
jam applicaveis as disposigoes do código penal ordinario, e urna vez que do mesmo processo
resulten! provas ou indicios süfficientes de culpa contra o mesmo delinquente.
Art; 283;° Ao ministro da guerra, onvindo o auditor especial, pertence:
1.° Exercer as nieslnas attribuicoes que pelo artigo antecedente competen! ao general da
divisao, quando a patente ou graduagao do delinquente nSo for inferior a tenente coronel;
2.° Resolver se ha de ou nao proceder-se a conselho de guerra, nos casos de que trata o
artigo 424.° do presente código, qualquer que seja a patente ou graduagSo do delinquente.

CAPITULO,.!V

Da prisao
Art. 284.° Os réus nao poderao responder a conselho de guerra sem que se acheni presos.
Art. 285.° Em flagrante delicto qaalquer official de policia judicial ou aüctoridade publica
pode prender os delinquentes sujeitos á'jurisdicgao militar, lavrando d'isso o competente auto,
em que se especifique o motivo da prisSo, o lióme, graduagao e signaes do preso, o qual será
¡inmediatamente conduzido á presenga da respectiva aüctoridade militar da localidade e posto á
sua disposigao.
Art. 286.° Fóra dos casos de flagrante delicto, nenhum militar que esteja em activiclade de
•servigo poderá ser preso, se porventura o nao estiver já, senSo em virtude de ordem de seu res-
pectivo superior, ao qual será requisitada a prisao.
§ unicó. O superior militar a quem, por officio ou por mandado assignado pelo auditor, for
requisitada a prisao de algum seu subordinado, nao poderá em caso algum eximir-se de a man-
dar effectuar.
Art. 287.° Quando no caso do artigo antecedente a prisao requisitada for de official ou of-
ficial inferior, será sempre feita por outro de posto pelo menos igual ao do preso. Se for de ou-
tras pragas de pret, será feita por qualquer official inferior.
Art. 288.° Os officiaes militares implicados em delicio de qualquer natureza, e a que por
lei nao corresponda pena superior á de demissao simples, serao presos na casa da sua residen-
cia, em todo o quartel do corpo a que pertencereni, no mesmo quartel em cámara separada com
sentinella á vista ou sem ella, ou aínda em toda a praga, acantonainento ou logar em que se
acharem, o que dependerá do prudente arbitrio do general da divisao, regulado pela graduagSo
dos réus e pela gravidade dos delictos.
§ único. Nos erimes, porém, a que por ¡lei correspondaa demissao aggravada ou eutrapelia
superior, serao reclusos em prisao fechada.
Art. 289.° No caso do artigo antecedente, nSo poderá o réu afastar-se do logar que lhe hou-
ver sido designado como prisSo, emquanto esta durar, nem deixar de comparecer a qualquer
acto do processo no día, hora e logar que lhe for determinado por mandado do auditor ou por
ordem do presidente do conselho do guerra. O que o contrario fizer, será logo recolhido a prisSo
fechada, qualquer que seja a sua graduagSo ou a qualidade do delicto.
Art. 290.° As pragas de pret qiie houverem de responder a conselho de guerra, serSo re-
351

clusas nos presidios militares, ou nos quarteis em prisSo fechada, separando as pragas graduadas-
das que o nSo forem.
Art. 291.° Os réus militares que se acharem presos para responder a conselho de guerra,,
serao pelas auctoridades militares competentes postos á disposigSo do auditor logo que come-
gar o summario da culpa. Desde a reu.niao do conselho fiearSo tambem á disposicSo do pre-
sidente.
§ único. Os commandantes dos presidios e dos corpos emcujos quarteis se acharem presos^
os réus militares, darao inteiro cumplimento ás ordens e instruccoes que em relagao aos mesmos
presos receberem do auditor ou do presidente do conselho de guerra.
Art. 292.° As differentes disposigoes d'este capitulo serSo em tudo applicaveis aos empre>-
gados civis com graduagao' militar, segundo as suas respectivas graduaeoes.

CAPITULO v

Da accüságao
Art. 293.° A accusagSo de qualquer delinquente süjeito á jürisdicgSo militar nSo poderá
ser instaurada sem que baja ordem para o mesmo delinquente-responder a conselho de guerra,
a qual deverá especificar os nomes dos delinquentes, e os delictos por que téem de ser acen-
sados.
Art. 294.° A ordem para responder a conselho de guerra será expedida pelo ministerio da.
guerra ou pelo general commandante da divisSo, segundo a diversidáde dos casos expressados
nos artigos 282.° e 283.°
Art. 295.° A ordem de que trátam os dois artigos antecedentes será junta ao processo .res-
pectivo, e este remettido ao promotor de justiga, para o mesmo processo ser archivado, nao ha-
vendo logar a aeeusagño, ou alias para progredir nos termos ulteriores.
Art. 296.° Logo que o promotor receba o processo com a ordem para se instaurar a aecu-
saeao e responder a conselho de guerra, nao se achándo aindá preso o delinquente, requisitará
de officio a sua prisao, ou promoverá que pelo auditor se expeca mandado de prisao.
Art. 297.° Effectuada a prisao, seguir-se-ha sem demora o acto de accusagSo, que o pro-
motor escreverá nos autos, conformando-se restrictamente com a ordem superior que para esse-v
fim tiver recebido.
§ único. Nos erimes.eommuns de que pelos tribunaes ordinarios tiverem sido remettidos os-
summarios com pronuncia, deverá o acto de aecusacao conformar-se como respectivo despacho
de indiciagao.
Art. 298.° d) acto de accusagSo será deduzido por artigos e deverá conter:
l.;0 A narragao circumstanciada do facto ou factos criminosos, com a possivel in'dicagao do-
tempo e logar em que foram commettidos, e de todas as eircumstancias que possam contribuir-
para a mais exacta qualificagSo do delicto e graduagSo da culpa;
2.° O nome e appellido do accúsado, com especificagSo do seu posto, classe ou situagao mi-
litar, bem como de todos os signaes que possam servir para verificar a sua identidade;
3.° Designagao da lei que prohibe o facto e o qualifica crime;
4.° E em conclusao, o requerimento para que ao acensado se imponhain as penas da 1er
violada.
Art. 299.° O acto de accusagSo deve abranger todos os erimes da competencia dos tribu-
naes militares, pelos quaes o mesmo réu seja responsavel, e cuja aceusagao estiver a esse4empo>
competentemente auctorisada.
§ único. O mesmo se observará quando, dadas as mais eircumstancias d'este artigo, forem
differentes os réus sujeitos á jürisdicgSo militar e responsaveis todos pelo mesmo ou por diversos
erimes.
Art. 300.° Quando algum dos co-réus, alem dos erimes por que todos forem responsaveis,.
se achar implicado em crime diverso, aínda que igualmente sujeito á jurisdicgao militar, poderá,.
a respeito d'esse crime, haver separagSo de culpas, por simples despacho do auditor ou sobre
promogSo do ministerio publico, se assim formáis conveniente para maior esclarecimento da
verdade, e urna vez que entre um e os outros erimes nSo haja connexSo.
•'§' único. Para o efteito de que se trata, entende-se haver connexSo entre diversos erimes:
1.° Quando sSo commettidos ao mesmo tempo e no mesmo logar, por duas ou mais pessoas-
para isso reunidas;
2.° Quando sSo commettidos por differentes pessoas, aínda mesmo em tempo e logar diver-
sos, mas em resultado de concertó entre ellas anteriormente formado;
3.° Quando o crime for commettido, tendo por fim preparar, ou facilitar ou executar qual-
quer outro crime, ou assegurar a sua impunidade.
Art. 301.° Logo que o processo, contendo o acto de accusagSo, for entregue ao auditor,.
352

será por despacho d'elle, e sob pena de nullidade, intimada ao réu a accusagSo e entregue a
nota da culpa.
§ único. A nota da culpa deverá conter, sob pena de nullidade:
1.° Copia do acto de accusagSo e do respectivo rol de testemunhas;
2.° DeclaragSo de que ao accúsado é pernúttido apresentar dentro de tres dias na secreta-
ria do conselho a sua defeza por escripto, ou deduzil-a ao depois verbalmente perante o conselho
de guerra na audiencia do julgamento ;
3.° Que deve entregar o rol das testemunhas da defeza ou logo no acto da intimagSo, ou
dentro de tres dias na secretaria do conselho;
4.° Que pode escolher para defensor qualquer pessoa militar ou ádvogado, e que, nao o
fazendo, será defendido pelo defensor officioso, declaraiido-se-lhe logo quem elle é.
Art. 302.° A intimagao da accusagSo e entrega da nota da culpa será feita pelo secretario
do conselho, ou por pessoa militar a quem esta diligencia seja incumbida.
§ único. No segundo caso d'este artigo, se o accúsado for official ou official inferior, a dili-
gencia será feita por outro official ou official inferior de graduagSo pelo menos igual. Se for de
outra praga de pret, poderá ser feita por qualquer official inferior do corpo a que pertencer o
accúsado, ou por qualquer pessoa militar.
Art. 303.° Urna certidao da intimagSo será junta ao processo, assignada por quem a fizer e
pelo intimado, e quando este nSo souber ou nSo quizer assignar, por duas testemunhas.
§ único. Quando do processo nSo constar a intimagSo eütender-se-ha que se nao fez, e ao
accúsado se nSo entregou a iiota da culpái
Art. 304.° Ao accúsado, depois da intimagSo da accusagSo e da entrega da nota da culpa,
é licito conferenciar livreinente com o seu defensor, o qual poderá examinar o processo na se-
cretaria do conselho, e tirar d'elle copia, sem que por isso o julgamento da causa seja retar-
dado.
Art. 305.° Se o accúsado apresentar a sua defeza por escripto, será esta assignada pelo res-
pectivo defensor.
§ único. Añida que nSo aprésente defeza por escripto, se tiver de produzir testemunhas
que hajam de ser inquiridas por deprecada, deverá desde logo indicar os nomes, profissoes ou
misteres, e o logar da residencia d'essas testemunhss, bem como os pontos de facto a que téem
de ser inquiridasi
Art. 306.° Ao accúsado nSo é permittido deduzir em sua defeza materia alguma que se di-
rija a accusár directa ou indirectamente os seus superiores, nao tendo ella relagao immediata
com o caso de que se tratar. Se fizer o contrario, ficará por esse facto sujeito ás penas estabe-
leeidas no artigo 82.°, n.° 2.°, do presente código.
Art. 307.° Tres dias depois da intimagao, o secretario do conselho fará os autos conclusos
ao auditor, o qual deferirá como for de justiga a qualquer requerimiento do ministerio publico,
ou do accúsado; mandará expedir as deprecadas que forem necessarias para a inquirigSo das
testemunhas, assim da accusagSo como da defeza, moradoras fóra da comarca, e proverá alem
d'isso ao mais que for preciso, e como juiz instructor lhe competir.
§ 1.° As deprecadas serSo dirigidas ás justigas competentes, conforme as disposigoes do
artigo 268.°, e a sua expedigSo será sempre intimada ao accúsado e ao ministerio publico.
§ 2.° A inquerigSo das testemunhas no juizo deprecado assistirSo o agente do ministerio
publico junto d'esse juizo, e o réu por via do seu procurador. Quando, porém, o nao tenha consti-
tuido, o juiz deprecado nomeará para aquelle fim pessoa idónea, que assistirá á inquirigSo como
curador do ausente.
§ 3.° O juiz deprecado, sob sua responsabilidade, dará cumprimento á deprecada dentro de
cinco días da sua recepgao, preferindo a qualquer outro este servigo, para o qual nao haverá
ferias humanas.
Art. 308.° Nao se concederSo cartas de inquirigSo para fóra do continente do reino e ilhas
adjacentes, salvo nos dois casos seguintes:
1..° Quando o crime ahí tiver sido commettido;
2.° Se ao conselho de guerra, em vista da requisigao do promotor ou defensor, que lhe será
presente quando este negocio vier a ser submettido á sua deliberagao, parecer necessario para
prova de algum artigo essencial da accusagSo ou da defeza.
§ único. Em todos os casos em que vier a expedir-se carta de inquirigSo para, fóra do con-
tinente do reino, a dilagSo será regulada pelo prudente arbitrio do auditor.
Art. 309.° Áchando-se cumplidas as deprecadas, ou lindos os prasos fataes dentro dos quaes
o devem ter sido, e concluidos os actos de ¡nstrucgSo que devem preceder a reuniSo do conse-
lho de guerra, o auditor participará ao presidente do mesmo conselho que o processo se acha
devidamente jü'eparado, a fim de que elle designe o día para a discussSo e julgamento da
causa.
O julgamento terá logar dentro de oito dias.
353

§ único. Para o julgamento dos processos que se acharem preparados, designar-se-ha día
segundo a ordem da sua antiguidade.
Art. 310.° O dia do julgamento será intimado com antecipagSo de quarenta e oito horas,
pelo menos, ao ministerio publico, ao accúsado e á parte queixosa, se a houver e estiver em juizo,
e se passarao as ordens necessaria» para a intimagSo e comparencia das testemunhas que forem
moradoras dentro da comarca.

CAPITULO VI

Do conselho de guerra

SEC<?AO i
Da reuniao do conselho e policia da audiencia

\- Art. 311.° Estando-aprosado o dia e hora para o julgamento, o presidente fará avisar os
vogaes do conselho e dará as providencias necessarias, a fim de que a sua reuniSo se realise, e
o julgamento do feito nao deixe de ter logar.
Art. 312.° Assim os membros do conselho, como o promotor de justiga, defensor officioso e
secretario, deverSo comparecer revestidos de seus uniformes, insignias militares e condecoragoes
nacionaes que tiverem. O auditor usará da sua beca.
Art. 313.° A distribuigSo dos logares no conselho de guerra se regulará pela forma seguinte:
o presidente tomará assento na cabeceira da mesa em logar mais elevado, tendo á sua esquerda
o auditor; no primeiro logar ao lado direito da mesa, o vogal mais graduado; no primeiro logar
do lado esquerdo, o vogal immediato em graduagao, seguindo-se depois alternadamente á direita
e esquerda os outros vogaes, segundo a ordem de suas respectivas graduagoes e antiguidádes.
§ único. O secretario assentar-se-ha na extre.midade da mesa em frente do presidente; e em
mesas separadas tomarlo logar o promotor á direita e o defensor á esquerda.
Art. 314.° Sobre a mesa do conselho estará sempre, alem do livro dos Santos Evangelhos,
uní exemplar do presente código, outro do codigo: penal ordinario, e outro finalmente da novis-
sima reforma judicial.
Art. 315.° As sessoes do conselho serSo, sob pena de nullidade, em audiencia publica.
§ único. Quando, porém, o conselho entender que a publicidade da discussao, atienta a na-
tureza do crime, pode tornar-se perigosa para a ordem publica e disciplina, militar, ou offensiva
da decencia e moral publica, poderá deliberar que a sessSo seja secreta, e n'esse caso o presi-
dente, annunciando em publico a deliberagSo do conselho, fará sair da sala os espectadores.
Na acta da audiencia far-se-ha mengSo da resolugSo do conselho e das rasoes que a moti-
varam.
Art. 316.° Ao presidente incumbe manter o socego, dignidade e ordem na audiencia, usando
para isso dos meios de civilidade e moderacSo, e empregando, quando estes nao bastem, todos
os de que poder dispor dentro dos limites da sua aüctoridade e jürisdicgSo, sem excluir, quando
seja preciso, o auxilio da forga publica.
Art. 317.° Os espectadores estarSo sempre descobertos e sem armas, e se conservarao em
silencio e respetosamente.
§ 1." Se alguns d'elles derem signaes públicos de approvagSo ou reprovagao, ou causarem
alguma perturbagSo na audiencia, o presidente os admoestará, e. quando nSo acquiesgam logo á
sua voz, serao expulsos da sala.
§ 2.° Se, desobedecendo ás ordens do presidente, recusarem saír ou tornarem a entrar,
serSo autuados e presos á sua ordem por espago de tres a- quinze dias, em prisSo militar ou civil,
segundo a qualidade do infractor.
§ 3.° Se proferirem injurias, fizerem arruido ou commetterem outro qualquer crime, serSo
desde logo presos e autuados os delinquentes, servindo de corpo de delicto esse auto, para serení
processados e punidos no foro competente e em conformidade das leis.
Art. 318.° O acensado comparecerá no tribunal livre e sem ferros, mas com as precaucoes
necessarias contra a sua evasSo, e assentar-se-ha defronte do presidente.
§ único. Se recusar comparecer, poderá ser a isso compellido, sendo conduzido á forga por
"ordein do presidente, ou, se assim o deliberar o conselho, seguir-se-ha a discussSo da causa como
se o accúsado estivesse presente. D'isto se fará mengSo iia acta da audiencia.
Art. 319.° Quando durante a discussao o. accúsado, por meio de voeiferagoes ou qualquer
outro modo, tendente a causar tumulto, procurar impedir o livre curso da justiga, será mandado
retirar da audiencia, e a discussao da causa proseguirá da mesma maneira que se elle se achasse
presente. Por aquelle facto poderá ser-lhe imposta, por decisSo do conselho, a prisSo que nSo
exceda um auno.
Art. 320.° Se houver parte queixosa, e se apresentar na audiencia, será admittida dentro
45
354

do recinto do tribunal, e ouvida no que for tocante á accusagSo, podendo para esse fim ser acom-
panhada de advogado de sua escolha.
6EC<?A0 II
Da discussao da causa
Art. 321.° Reunido o conselho, e occupando cada qual o seu respectivo logar, o presidente
declarará aberta a sessao.
Art. 322.° O secretario fará a chamada das testemunhas da accusagSo e defeza, para veri-
ficar se alguma d'ellas falta e por que motivo.
§ único. A falta de qualquer testemunha nao obsta ao proseguimento da audiencia.
Art. 323.° O presidente, depois de perguntar ao réu pelo seu nome, idade, filiacSo, naturá-
lidade ou domicilio, e pelo corpo ou repartigSo a que pertence, e havendo-lhe dado conheciinento
do crime ou delicto por que é accúsado,. mandará 1er pelo secretario a ordem para responder a
conselho de guerra, o acto de accusagSo do ministerio publico e a defeza do réu, quando a baja
por escripto nos autos, e todas as mais pegas, do processo que ao mesmo presidente ou a algum
dos vogaes parecer conveniente ou for requerido pelo ministerio publico ou defensor do réu.
Art. 324.° O presidente advertirá o accúsado de que a lei lhe perinitte allegar em süa de-
feza tudo o que julgar útil, e ao defensor lembrará, que sendodhe licito no desempenho dos seus
deveres exprim¡r-se com toda a liberdade, o deve fazer com decencia é modera-gao, e sem faltar
ao respeito devido ás leis, nem ao que a sua consciencia lhe dictar.
Art. 325.° O réu, ou por elle o seu defensor, produzirá entSo a defeza verbal, quando nos
autos se nao ache já deduzida por escripto. A defeza verbal será pelo secretario reduzida a es-
cripto e inserida na acta da audiencia.
§ único. E em tudo applicavel á defeza verbal o que o artigo 306.° do presente código dis-
poe acerca da defeza escripia.
Art. 326.° Se houver que allegar alguma excepgao de incompetencia da jurisdicgao militar,
fundada na qualidade do delinquente ou na natureza do delicto que lhe é imputado, poderá ser
deduzida verbalniente em audiencia antes de comecar a inquirigSo das testemunhas. A excepgao
será transcripta na acta, e logo decidida pelo conselho em conferencia. Se for rejeitada, seguir-
se-hSo os termos regulares do julgamento.
§ 1.° Proceder-se-ha do mesmo modo a respeito de qualquer outra excepgao, questao previa
ou incidente contencioso, que occorra durante a discussao da causa.
§ 2.° Todas as vezes que no caso d'este artigo a excepgao for rejeitada, ou nao for dedu-
zida perante o conselho, poderá o acensado prevalecer-se da sua materia no tribunal superior,
quando a final a causa ahi subir por meio de recurso.
Art. 327.° Perante o conselho nao poderá ser allegada excepg.So alguma que se funde na
incompetencia privativa, ou composigSo ¡Ilegal do mesmo conselho, nem tSo pouco na incompati-
bilidade ou inhabilidade legal de algum de seus membros, o que todavía nao obsta a que no tri-
bunal superior se conhega d'essa materia, quando a causa, por meio de recurso, for submettida
ao seu conhecimento.
§ único. Todavía os vogaes do conselho, em que se der alguma das rasoes de incompatibili
dade ou inhabilidade especificada nos artigos 121.°, 122.° e 123.°, deverao declaral-a, tanto que
d'ella tiverem conhecimento, a fim de serení devidamente substituidos.
Art. 328.° Nos tribunaes militares nao podem os juizes langar-se de suspeitos, nem como
taes ser averbados pelas partes.
Art. 329.° Durante a discussSo da causa, o pres¡dente do conselho de guerra tem poderes
discricionarios para o que for conducente ao descobrimento da verdade. A lei encarrega-o de
empregar todos os esforgos que em sua honra e conscienciajulgar adequados para conseguir
aquelle fim.
Art. 330.° O presidente do conselho de guerra tem a faculdade:
1.° De mandar comparecer na presenga do tribunal, para algum exame ou informagSo, as
pessoas que em rasSo do seu officio, arte ou profissSo, for conveniente serem ouvidas, e bem
assim as que segundo a lei nao podem ser testemunhas;
2.° Requisitar e mandar 1er qualquer documento, que porventura se nao ache nos autos e
possa servir de esclarecimento;
3.° Proceder a exames ou investigagoes, que dependerem de conhecimentos especiaes de
qualquer sciencia ou arte.
§ único. As pessoas chamadas nos termos do n.° 1.° d'este artigo, e que sendo preciso po-
dem ser constrangidas debaixo de prisSo, nSo se deferirá juramento, e o que disserem haver-
se-ha simplesmente como informagSo.
Art. 331.° Na inquirigSo de testemunhas observar-se-hao, no que forem applicaveis, as dis-
posigoes do artigo 256.° e seguintes com as deelaragoes abaixo especificadas:
355

testemunhas da accusagSo serSo inquiridas primeiro que as da defeza, e urnas e ou-


1.a- As
tras pela ordem por que estiverem no respectivo rol ;
2.a As perguntas até ao costume serao feitas pelo auditor, e as respostas langadas na acta
da audiencm, da qual deverá igualmente constar, sob pena de nullidade, que ás testemunhas se
deferiu o juramento;
3.a A inquirigSo e exanie das testemunhas da accusagSo será feita pelo promotor de justiga;
a das testemunhas da defeza pelo defensor, podendo um e outro, e bem assim qualquer dos jui-
zes dirigir-Ibes quaesquer perguntas que julgarem necessarias para o descobrimento da verdade.
Os* depoimentos nSo se escreverSo.
§ único. Nenhunia das testemunhas, ainda depois de inquiridas, poderá retirar-se da sala da
audiencia, sem para isso obter permissSo do presidente.
Art. 332.° Se durante a discussao da causa sobrevier ao accúsado conhecimento de alguma
nova testemunha moradora dentro da comarca, que lhe convenha produzir, cujo nome, morada
e mister nSo tenha sido notificado ao ministerio publico^ assim o proporá verbalmente na audien-
cia, expondo a rasao do tardío conhecimento da testemunha, e o facto sobre que ha de depor; e
o conselho, depois de ouvido o ministerio publico, decidirá em conferencia se deve ou nSo ser
adinittida.
Em caso affirmativo, e áchando-se presente, será inquirida, alias, esperar-sedia que sendo
intimada venha depor.
Art. 333.° Nos casos extraordinarios em que para bem da accusagSo ou da defeza parecer
necessario o depoimento oral de alguma testemunha moradora fóra da comarca, mas dentro do
continente do reino, se o conselho reunido em conferencia decidir que similhante diligencia é
indispensavel para ajusta deeisSo da causa, será espagado o julgamento, e o presidente officiará
ao general da divisSo, a fim de que elle, por ordem sua directa ou por meio de requisigSo diri-
gida á aüctoridade competente, provideneeie acerca da comparencia da testemunha perante o
conselho no dia e hora para que tiver sido espagado.
§ único. A testemunha será logo indemnisada pelos prejuizos, que soffrer e despezas da jor-
nada, sendo tudo abonado pelo ministerio da guerra.
Art. 334.° Findo o depoimento-oral das testemunhas presentes, proGeder-se-ha á leitura da
inquirigSo por deprecada, e bem assim dos depoimentos, escriptos nos autos, d'aquellas testemu-
nhas que tendo sido intimadas para depor oralmente nao comparecerán! na audiencia do julga-
mento.
Art. 335.° Se alguma. testemunha for achada em perjurio, o que será decidido pelo conselho
em conferencia, o presidente, ex officio ou a requerimento do promotor ou defensor, mandará
p6r em custodia a testemunha, e formar o competente auto, nos termos do artigo 535.° da re-
forma judicial. O auto será remettido á aüctoridade a quem, segundo a qualidade pessoal da
testemunha, competir a organisagao do processo, para ser accusada como perjura.
§ único. No caso d'este artigo é applicavel a disposigSo do artigo 1:064." da reforma judi-
cial.
Art. 336.° A audiencia do julgamento será continua até á publicagao da sentenga, e poderá,
sendo preciso, prolongar-se de noite. Sómente poderá ser interrompida pelo tempo necessario
para satisfazer ás necessidades indispensaveis, ou quando: se verifique alguma das hypotheses
dos artigos 332.° e 333.°
§ único. Para a interrupgSo da audiencia precederá em todo o caso deliberagSo do conselho,
e esta será pelo presidente annunciada em voz alta, declarando o dia e hora em que a audiencia
ha de continuar.
Art. 337.° Quando for renovado o conselho por ser chegado o praso marcado no artigo 143.°
d'este código, se se achar pendente a discussSo e julgamento de algum processo perante o con-
selho de guerra, nSo se interromperá por isso a discussSo e julgamento, antes proseguirá até á
sentenga perante o mesmo conselho.
§ único. Quando, porém, a audiencia tiver sido espagada para se proceder a alguma dili-
gencia, e esta se apresentar effectuada, estando já a funecionar uní outro conselho, perante este
se repetirao em audiencia todos os actos de discussSo e julgamento como na primeira,' sem difte-
renga alguma, mas a discussSo nao se espagará mais, ainda que falte alguma testemunha.
Art. 338.° Finda a inquirigSo far-se-hSo, sob pena de nullidade, novos interrogatorios ao
accúsado, tendo em vista o que se estabelece no artigo 253.° do presente código, e observando-se
alem d'isso as seguintes disposigoes:
1.a Ao accúsado nSo se lerSo nunca os interrogatorios feitos no summario da culpa, senao
para o fim de se lhe mostrar alguma contradicgao em que tenha caído, ou alteragSó que tenha
feito;
2.a Se algum dos co-réus houver fallecido, fúgido da prisao, ou por outro qualquer motivo
estiver impossürilitado de comparecer na audiencia do julgamento, serSo lidas n'ella em voz alta
as respostas dadas no summario, quando d'ellas resultar culpa a algum dos réus presentes;
356

3.a As perguntas e respostas do costinue serao langadas na acta da audiencia, e nenhumas


outras serao escripias;
4.a Na occasiao dos interrogatorios serao mostrados aos réus os documentos juntos ao pro-
cessp, e todos os papéis, instrumentos ou outros quaesquer objeetos apprehendidos, para elles
os reconhecerem, negarem ou interpretaren!, e d'esta exhibieao se fará mengao na acta da au-
diencia;
5.a Os defensores, ou curadores dos menores, estarSo presentes ás perguntas, porém nao
poderlo responder pelos réuSj nem suggerir-lhes as respostas que nao de dar;
6.a Se houver co-réus, as perguntas a estes podem ser feitas, ou na presenga dos outros,
ou separadamente, segundo ao auditor parecer mais útil para o conhecimento da verdade.
§ único. O auditor, a requerimento do promotor ou defensor, de algum dos vogaes do eon^
selho, e ainda ex officio quando o julgar necessario, procederá á confrontacSo das testemunhas
entre si, ou com os réus, ou dos co-réüs entre si, ou com as testemunhas.
Art. 339>° Seguir-se-hao as allegagoes oraes, concedendo o presidente a palavra em piinieiro
logar ao promotor da justica, e advogado da parte queixosa, havendo-a, e depois ao defensor, do
aecusadOi
Todos elles, com permissao do presidente, podem replicar. O defensor do acensado serásem-
pre o ultimo a fallar.
§ único. Em todos os incidentes da discussao, em que fallar o ministerio publico, será ó ü-
vido o defensor do aecusado.
Art. 340.° Findás as allegagoes, o presidente perguntará ao áceusádo se tem mais alguma
cousa que dizer em suá defezá, e será ouvido em tudo o que disser a bem d'ella.
Feito isto, o presidente declarará terminada a discussao, e nem ao ministerio publico ou
advogado da parte qiieixosa, nem ao defensor do aecusado será permittido usar da jjalavrá.
Art. 341.° O auditor dictará entao em voz alta, e o secretario escreverá em papel separado
os quesitos sobre a materia de facto, que serlo propostos na ordem seguinte:
1.° O crime tal..-., de que é réu Fuao... é aecusado por haver... (aqui se especificará o
facto e todas as suas circumstancias) está provado?
2.° Este ci'ime foi commettido com tí. .. ou tal... circumstaneia aggravante?
3.° Este crime foi commettido com tal... ou tah , causa justificativa?
Art. 342.° Na forma-gao dos quesitos observar-se-nao,
.
sob pena de nullidade, as seguintes
disposieoes:
1.a Se o mesmo individuo for aecusado por differentes factos criminosos, acerca de cada um
d'elles se fará quesito separado;
2.a Se forem muitos os aecusados pelo mesmo crime, a respeito de cada um dos delinquen-
tes se farSo quesitos distinctos;
3.a Nos quesitos a respeito de cada facto criminoso especificar-se-hao todos os elementos
que segundo a leí forem essencialmenteconstitutivos do crime;
4.a Nao poderá f'azer-se quesito acerca de facto criminoso que nao esteja expressamente
coniprehendido na aecusagáo;
5.a Quando o facto criminoso, constante do acto de aecusacao, poder ser considerado sob
differente asj^ecto legal, ou quando pela discussSo se mostrar que lhe correspondediversa quali-
ficagao da que até ali lhe'foi dada, far-se-hao n'esse sentido os quesitos.subsidiarios que forem
precisos, urna vez que ao crime, sob nova qualiñcagao, nao corresponda pena superior á que foi
pedida no acto de accusaglo. Estes quesitos serao propostos como nascidos da discussao;
6.a Se pelo aecusado tiver sido allegada alguma causa justificativa, das mencionadas no aiv
tigo 14.° do código penal ordinario, a respeito de cada urna se fará quesito separado;
7.a Nos erimes militares, em que por expressa disposigao do código penal militar é admis-
sivel a allegagao de circumstancias attenuautes, e bem assim nos erimes communs, a que o ar-
tigo 5." do presente código manda applicar as disposigoes do código penal ordinario, far-se-ha
quesito separado por cada urna das ditas erreumstancias, que forem allegadas pelo aecusado.;
8.a Se o aecusado for menor de quatorze anuos, far-se-ha quesito especial, perguntando se
praticou o facto com o necessario discernimento.
§ único. Em geral os quesitos devem, sob pena de nullidade, ser redigidos com a precisa
clareza, e de modo que nem sejam deficientes ou contradictorios e repugnantes entre si, nem
envolvam questoes complexas ou alternativas.
Art. 343.° O auditor nao será nunca interrompido emquanto dictar os quesitos, mas depois
de lidos em audiencia pelo secretario, tanto o promotor e o advogado do queixoso, como o de-
fensor do aecusado, poderao arguil-os de insuffieientes ou de nSo conformes ao estado da questáo.
§ 1.° Se taes reclamagoes nSo forem attendidas, poderao elles propor os quesitos addicio-
naes, que lhes parecerem necessarios, escriptos em papel separado e devidamenteassignados.
§ 2." O papel, com estes quesitos, será junto aos autos, para o consellio resolver se devem
ou nSo ser tomados em consideragáo.
357

§ 3.° De tudo o que a similhante respeito se passar na audiencia far-se-ha na acta especifi-
cada mengao.
Art. 344.° Os vogaes do conselho, depois de encerrada a discussao, nSo poderSo mais sepa-
rar-se nem communicar com pessoa alguma antes de decidirem a causa e de ser publicada a.
sentenga em audiencia publica.
Art. 345." Depois de propostos os quesitos, o presidente fará saír da sala da audiencia o
aecusado, e o conselho se retirará para a sala das conferencias, óu, quando de outro modo nao
poder ser, conferenciará na propria sala do tribunal, mandando o presidente que o auditorio se
retire.
SECQAO III
Da conferencia do conselho e da sentenga
Art. 346.° A conferencia principiará por um relatorio verbal, simples e claro, feito pelo
auditor, em que, expondo o facto ou factos sobre que versa a aecusacao, com todas as circum-
stancias que podem influir na apreeiagao do crime, aponte com rigorosa imparcialidade ás pro-
vas, tanto a favor como contra o réu, e conckui por emittir a sua opiniao sobre a procedencia
ou improcedencia da aecusacao.
Art. 347.° Finda a exposigao do auditor, será pelo presidente concedida a palavrá aos vo-
gaes do conselho, pela ordem por que a pedirem.
§ único. O auditor e qualquer dos vogaes do conselho poderlo usar da palavra até duas
vezes.
Art. 348.° Depois d'isso, o presidente pora á votagáo cada um dos quesitos pela ordem por
que se acharem escriptos, e seguidamente os quesitos addiciónaes, quando o conselho tenha de-
cidido que se tomeni em considerágao.
§ único. O auditor será sempre ó primeiro a votar, seguindo-se depois os outros vogaes do
conselho pela ordem inversa de seus postos e antiguidades.
O presidente vota sómente em caso de empate.
Art. 349.° As respostas aos quesitos vencem-se pela maioria absoluta de votos, devendo
mencionarse se foi por unanimidade ou maioria, sem que todavia se exprima o numero de
votos.
§ único. As respostas serao escripias, pelo mais graduado dos vogaes, e por todos assigna-
das, sem declaragao alguma, aínda que sejam de voto contrario.
Art. 350.° Se o conselho entender que o facto criminoso nao existiu, ou que existiu, mas
d'elle nao é culpado o réu, formulará por baixo do respectivo quesito a sua decisao, da máneirá
seguinte: «Por unanimidade (ou maioria) o crime tal. de que o réu Fuao... é aecusado, nao
. .
está provado».
Art. 351.° Quando se adiar provado o facto de que o réu é argüido, e todas as suas cir-
cumstancias, mas nao constituir crime, ou por lei lhe nao corresponder pena alguma, respon-
derá: «Por unanimidade (ou maioria) o facto de que o réu é argüido, está provado, mas nUo é
por lei sujeito a pena alguma».
Art. 352.° Quando, poróin, o conselho entender que o crime está provado e o réu é por
elle culpado, responderá do modo seguinte: «Por unanimidade (ou maioria) o crime tal.. de
.
que o réu Fuao. .. é aecusado, está provado».
Art. 353.° A decisao legal do conselho de guerra sobre a materia de facto, constante dos
quesitos, é irrevogavel. Quando, porém, essa decisSo nao for proferida por unanimidade, eao
presidente parecer que ella é evidentemente injusta e iniquaí, o mesmo presidente, por despacho
seu langado nos autos e immediatamente publicado em audiencia, annullará a discussao da causa
e decisao de facto, e o communicará de officio ao general da divisáo, para este prover, como
lhe cumpre, á formagao de outro conselho de guerra. D'este despacho dd presidente, que annul-
lar a discussao da causa e decisao de facto, nao haverá recurso algum.
§ 1.° A causa será entSo submettida a novo julgamento, perante o mesmo tribunal, mas na
sua totalidade composto de novos juizes, nomeados segundo as disposigoes do presente código.
§ 2.° Perante este novo conselho de guerra repetir-se-ha a discussao da causa, proceden-
do-se em tudo como na primeira audiencia de julgamento, e a decisSo do conselho sobre os que-
sitos que forem propostos, ainda quando seja conforme com a primeira, nao poderá mais ser
annullada.
Art. 354.° No caso do artigo 350.°, assignada a decisao. pelo conselho, voltará este á sala
do tribunal, e publicada ahi a mesma decisao, será logo, por simples despacho do presidente,
mandado por em liberdade o aecusado e restituido ao exercicio de todos os seus direitos.
§ único. A soltura do aecusado nüo poderá n'este caso ser suspensa, excepto:
1.° Quando, havendo sido por decisao do conselho desattendida a allegagao dé qualquer
nullidade, expressamente decretada na lei, o ministerio publico, antes de propostos os quesitos,
358

tiver protestado contra essa decisao, e urna vez que acto continuo á publicagao do despacho que
mandar soltar o aecusado, interponha recurso para o tribunal superior de guerra emarihha.
2.* Se o réu por outro motivo ou se aehar preso, ou dever ser retido na prisao.
Art. 355.° No caso do artigo 351.°, quando o facto imputado nao for prohibido por lei al-
guma, nem sujeito a pena de qualquer especie, o conselho proferirá sentenga, absolvendo por
esse fundamento o aecusado.
§ único. N'este caso o réu continuará preso emquanto a sentenga absolutorianao passar em
julgado.
Art. 356.° Quando (artigo 352.°) o conselho responder que o crime está provado e n£o hou-
ver causa legitima de escusa, o presidente, prolongando a conferencia, abrirá de novo discussao
sobre a questao de direito ou pena applicavel. O auditor fará leitura da lei violada, e será o pri-
meiro a emittir a sua opiniao. Em seguida fallarao os outros vogaes do conselho, e a final o
presidente recolherá os votos, observando-se em tudo a ordem estabelecida no artigo 348.°, §
único, e Acotando o presidente em ultimo logar.
Art. 357.° Em geral na applicagSo das penas, em caso de cond'emnagao, regular-se-ha o
conselho de guerra:
lv° Quanto aos ciini.es militares, pelas disposigoes do artigo 29.° e seguintes do presente
código;
2.° Quanto aos erimes communs, pelas disposigoes dos capítulos i, ir e ni do.
titulo ni do
livro I do código penal ordinario.
§ 1.° Quando, observadas as disposigoes d'este artigo, na votagao acerca da pena que deve
applicar-se ao crime, houver discrepancia, e nao chegar a reúnir-se maioria legal, far-se-ha a
redíuegSo de votos nos^ termos de direito.
§- 2.° Se ao facto imputado e julgado provado nao corresponder por lei senao pena discipli-
nar, o conselho mandará que o proeesso seja remettido ao general da divisSo, para elle prover
como lhe cumpre nos termos dá lei e regulamentos disciplinares.
Art. 358.° O conselho de guerra ngo poderá validamente deliberar n&o estando presentes
todos os juizes que o compoem.
§ 1.° As deeisoes do conselho de guerra vencem-se pela maioria absoluta de votos.
"§' 2.° Nenhum juiz pode eximir-se de votar sobre a pena applicavel, muito embora tenha
ficado vencido na questao de facto.
Art. 359i° A sentenga definitiva será sempre fundamentada, escripia pelo auditor, e por
elle em primeiro logar assignada, e depois pelos mais juizes pela ordem de suas patentes e anti-
guidades.
; Se for condemnatoria, deverá inseiir-se n'ella o texto da lei penal de que se fez applica-
gS'o.
§ único. Na sentenga, quando proferida só por maioria, poderao os juizes que nao forem
vencedores declarar seus votos assignando — vencidos.
Art. 360.° A sentenga será pelo auditor publicada em audiencia, em presenga do aecusado,
obsei'vando-se n'esse acto aS formalidades indicadas no regulamento.
§ único. Publicada a sentenga, o secretario fará em seguida a intimagao ao aecusado, de-
clarando-lhe n'esse acto o praso que a leí lhe concede para interpor recurso, e o modo como
pode ser interposto.
Art. 351.° Se durante a discussao da causa, por depoimento de testemunhas ou por docu-
mentos, o aecusado se mostrar incurso em outro crime por que deva responder, o conselho, a
requerhnento do ministerio publico, mandando lavrar d'isso um auto, determinará que se forme
O' respectivo corpo de delicio, o qual será remettido ao general da divisao para os effeitos coinre-
nientes.
§ único. No caso d'este artigo, sendo a sentenga condemnatoria,suspender-se-haa sua exe-
cugSo até que o réu seja julgado pelos novos erimes.
Se a sentenga for absolutoria, será entao retido preso o réu.
Art. 362.° Ó réu absolvido por sentenga dos tribunaes militares nSo poderá ser outra vez
aecusado pelo mesmo crime.
Art. 363.° As sentengas dos tribunaes militares declararlo perdidos a favor do estado os
instrumentos do crime e objectos apprehendidos aos criminosos, ou que tiverem sido trazidos a
juizo para prova do delicto, quando assim se ache disposto na lei, alias mandarao que sejam res-
tituidos a seus donos.
SECpAO IV
Da acta da audiencia
Art. 364.° O secretario lavrará urna acta da audiencia, assignada por elle, pelo presidente
e pelo auditor, da qual, alem da mengao especifica de se haverem observado todas e cada unía
das' formalidades do julgamento n'este capitulo indicadas, deverá constar:
359

1.° O dia, mez e anno em que se reuniu o tribunal, e o finí pava que;
2.° O nome e appellido do aecusado, sua profissao e domicilio;
3.° O crime por que é aecusado;
4.° O nome, graduagao, classe a que pertence e respectiva collocagao militar de cada um
dos juizes, e bem assini do promotor de justica;
5.° Os nomes das testemunhas da aecusagao e da defeza, declaragao de como foram aju-
ramentadas, e seus depoimentos até ao eostume;
6.° Igualmente as respostas do réu aos interrogatorios até ao eostume;
7.° As excepgoes que foram allegadas, e requerimentos que durante a audiencia se fizeram
por parte da aecusagao e da defeza, bem como a decisao do conselho, sobre esses, ou quaesquer
outros incidentes;
8.° Se a audiencia foi publica, ou alias a resolugao do conselho para ser secreta, e as cau-
sas que a motivaram;
9.° A publicagao da sentenga em audiencia publica;
10.° E em geral todas as mais declaracoes de que n'este capitulo se manda fazer menguo.
§ único. Eeputam-se omittidas as formalidades que nEo forem expressamente mencionadas
na acta.
CAPITULO VJI

Dos recursos
Art. 365.° De todas as deeisoes ou sentengas definitivas ou com forga de definitivas, profe-
ridas pelos conselhos de guerra, e bem assim do despacho do presidente, que no caso do arti-
354.° mandar soltar o aecusado, cabe o recurso para o tribunal superior de guerra e marinha,
que poderá ser interposto, assim pelo ministerio publico, como pelo aecusado ou seu defensor.
§ uuico. Exceptuam-se as deeisoes sobre a materia de facto, constante dos quesitos, as
quaes nos termos do artigo 353.° sao irrevogaveis.
Art. 366.° Dos despachos e sentengas ou deeisoes que nao tiverem forga de definitivas, cabe
tao sómente aggravo no auto do processo, para ser tomado em consideragao pelo tribunal supe-
rior, quando o processo subir a final com recurso.
Art. 367.° O ministerio publico deverá sempre recorrer para o tribunal superior:
1.° Quando entender que o processo ou sentenga labora em alguma das nullidades especifi-
cadas nos artigos 207.° e 394.° do presente código;
2.° No caso do § único do artigo 395.°;
.
o.° Quando absolverem o aecusado pelo fundamento de nao ser prohibido por lei, nem su-
jeito a pena alguma, o facto imputado.
Art. 368.° O praso para a interposig§,o do recurso assim para o ministerio publico como
para o aecusado, é o de tres dias continuos e improrogaveis, contados desde a publicagao da
sentenga em audiencia.
§ único. Expirados os prasos estabelecidos n'este artigo, sem que nem o ministerio publico
nem o acensado tenham interposto recurso, quando este nao for obligatorio, a sentenga passa
desde logo em julgado.
Art. 369.° A interposigao do recurso pelo promotor de justiga e pelo aecusado ou seu de-
fensor, consiste na declaragao de que recorrein de tal sentenga ou despacho para o tribunal su-
perior de guerra e marinha, devendo tanto um como o outro especificar desde logo as causas
de nullidade que servem de fundamento ao recurso.
§ 1.° Esta declaragao por parte do aceusado pode ser feita perante o secretario do conse-
lho ou ehefe do estabelecimento militar onde o mesmo aecusado estiver preso. No primeiro caso
será escripta nos autos, e no segundo será pelo ehefe do estabelecimento escripia por termo em
separado, e logo remettida officiosamente ao secretario do conselho para ser junta ao processo.
§ 2.° O recurso do ministerio publico será interposto em audiencia ou na secretaria do con-
selho, e pelo secretario escripto nos autos.
Art. 370.° As disposigoes do artigo antecedente sao applicaveis ao aggravo, com a difiV
renga de que o aggravante deve declarar que aggrava no auto do processo, o despacho ou deci-
sao de que aggrava, e os fundamentos e rasoes principaes do aggravo.
Art. 371.° Os tribunaes militares nao poderao de forma alguma impedir que se escrevam
os recursos que o presente código admitte, salva a disposigao do artigo 375.°, § único.
Art. 372.° O recurso interposto pelo ministerio publico aproveita sempre aos aecusados
aínda, que este nao tenha recorrido.
§ 1.° O recurso interposto por um dos co-réus, nao aproveita aos que nao recorreram.
§ 2.° Quando o recurso por nullidade de sentenga for sómente interposto pelo aecusado, nao
poderá vir a ser augmentada ou aggravada a pena que pelo conselho de guerra tíver sido im-
posta ao mesmo aecusado.
360
-

Art. 373.° Logo que o recurso se ache interposto, será o processo remettido de officio, pelo
presidente do conselho de guerra, ao secretario do tribunal superior de guerra e marinha, com
certidao da intimacao do promotor e do aecusado, para a remessa.do processo, e para o aecu-
sado, queréndo, constituir procurador que o defienda no tribunal superior.
§ único. Ao secretario do conselho incumbe fazer a intimacao, e ajuntar aos autos a respe-
ctiva certidao, podendo em caso de omissSo ser multado pelo tribunal superior, conforme o ar-
tigo 377.°
Art. 374.° Das sentengas dos tribunaes militares cabe o recurso de revista para o supremo
tribunal de justiga, nos casos em que a jurisdiegao militar for incompetente.
§ 1." O recurso de revista de que trata este artigo, sómente poderá ser interposto depois
que a sentenga dos tribunaes militares tiver passado em julgado.
§ 2.° O praso para a interposigao d'este recurso é o mesmo que se acha estabelecido para
os outros recursos, o qual deverá contar-se desde o principio do dia immediato áquelle em que
a sentenga passar em julgado.
Art.. 375.° Sao absolutamente inhibidos de interpor o recurso de revista para o supremo
tribunal de justiga:
1.° Os militares, empregados civis e mais pessoas pertencentes ao exercito, que se especi-
ficam nos artigos 198.°, 199.° e 200.° do presente código;
2.° Os individuos suieitos á jurisdiegao dos conselhos de guerra, especificados nos arti-
gos 209.°, 210.° e 211.° d"o mesmo código;
3.° As pessoas encerradas em praga de guerra ou logar fortificado, que estiver investido,
sitiado ou bloqueado.
§ único. É da exclusiva attribuigao dos tribunaes militares conheeer e decidir, sem recurso,
da competencia ou incompetencia da revista para o supremo tribunal de justiga.

OAl'lTUXO VIII

Da ordem do processo perante o tribunal superior de guerra e marinlia


Art. 376.° Tanto que o processo do conselho de guerra subir com recurso, o secretario do
tribunal escreverá nos autos o termo de apresentagao, e juntar-lhes-ha a procuragao do aecusa-
do, quando hája constituido defensor.
§ único. Nenhuma pessoa poderá ser constituida defensor perante o tribunal superior, a nao
ser bacharel formado em direito, legalmente habilitado para advogar nos auditorios de Lisboa,
ou official militar do exercito ou marinha, ahí residentes.
Art. 377.° Quando acontega faltar no processo certidao da intimagáo, mandada fazer ao réu
pelo artigo 373.°, o secretario do tribunal fará logo os autos conclusos com informagao ao juiz
relator, para, por accordao em conferencia, se mandar proceder a essa diligencia; podendo por
essa oceasiSo impor-se ao secretario do conselho de guerra a multa de 10¡#000 a 30$000 réis
pela sua omissao.
Art. 378i° Satisfeita a diligencia, ou quando nao seja precisa, o secretario intimará o j>ro-
motor de justiga, o defensor constituido ou officioso, de que cada um tem o praso improrogavel
de tres dias uteis, a contar da intimagáo, para examinar o processo.
§ único. Quando o réu for menor e nao tiver constituido defensor, o processo será exami-
nado pelo defensor officioso, na qualidade de curador.
Art. 379.° O processo estará patente na secretaria do tribunal, ou na sala para isso desti-
nada, aonde, sem mais continuagao de vista, deA'erá ser examinado.
Tanto o promotor como o defensor, e o curador quando o réu for menor, minutarao ex-
pondo quanto convenha á aecusagao e á defeza, em relagao a nullidades do processo, ou sentenga,
especificando distinctamente os fundamentos da nullidade, tirarao os apontamentos que lhes forem
precisos para a discussao e porao o visto.
§ único. Estas minutas serao escriptas nos autos; e no fim datadas e assignadas com os ap-
pellidos.
Art. 380." Expirados os prasos estabelecidos no artigo 378.°, o secretario fará os autos con-
clusos ao juiz relator, o qual poderá retel-os por espago de cinco dias para examinar o feito e
tirar as notas precisas, depois do que, pondo-lhe o visto, mandará que o processo se inscreva.
§ unico. Para a inscripgao dos precessos que se acharem promptos para julgamento, haverá
um livro numerado e rubricado pelo presidente, e que estará a cargo do secretario. A inscripgSo
dos procesaos sei'á feita pelo secretario em vista dos despachos que os mandaran inscrever.
Art. 381.° Aó presidente, ouvindo o juiz relator e tendo em vista o livro da inscripgao, in-
cumbe designar dia para o julgamento das causas, dando preferencia, quando ser possa, ás mais
antigás.
§ unico. Das causas que houverem de ser julgadas em cada sessao, formar-se-ha urna ta-
361

bella em que se declare o dia em que hao de ser julgadas. Urna copia authentica d'esta tabella,
fechada em caixilho de vidro, debaíxo de chave e responsabilidade do secretario, será afnxada e
estará patente na sala exterior-do tribunal, com antecipagao de quarenta e oito horas pelo menos
ao día de julgamento.
Art. 382.° Logo que estiver designado o dia para o julgamento, o secretario avisará os vo-
gaes do tribunal, e o promotor, defensor e curador, quando o réu for menor, sendo-lhes dirigidos
os avisos ás suas respectivas moradas, e valendo estes como notifieagoes judiciaes. Seguidamente
fará os autos conclusos ao juiz relator.
Art. 383.° As sessoes do tribunal superior de guerra e marinha serao publicas, excepto em
algum dos casos especificados no § unico do artigo 315.° d'este código, cujas disposigoes terao
aqui inteira applicagao.
§ único. Quando os accusados estiverem em Lisboa poderao assistir, querendo, á audiencia
do julgamento, e para esse finí serao devidamente intimados.
Art. 384.° Ao presidente compete manter o socego, dignidade e ordem na audiencia, dirigir
os trabalhos dentro do tribunal e ñas conferencias, e usar das mais attribuigoes que pelos arti-
gos 316." e 317.° d'este código sao concedidas aos presidentes dos conselhos de guerra.
Art. 385.° No dia do julgamento, aberta a sessao e annunciada a discussao da causa, o juiz
relator fará o relatorio, expondo com exactidao e clareza:
1.° Os factos sobre que versa a aecusacao e suas circumstancias;
2.° Qual a lei que se diz offendida;
3.° O que se allegou em defeza do réu:
4." As questoes incidentes que durante a discussao se agitaram perante o conselho de guer-
ra, e decisüo que cada urna d'ellas obteve;
5.° Os quesitos submettidos á decisao do conselho de guerra e suas respostas ;
6." A sentenga de que se recorreu e seus fundamentos;
7.° E, finalmente, as causas de nullidade que servem de fundamento ao recurso.
Art. 386.° Quando em relagao a alguns dos membros do tribunal superior occorrer alguma
das incompatibilidades especificadas nos artigos 121.°, 122.° e 123.° d'este código, será proposta,
antes de comegar a discussao e decidida logo pelo tribunal.
Art. 387.° Seguir-se-hao as allegagoes oraes, fallando em primeiro logar o promotor e de-
pois d'elle o defensor, e podendo cada um d'elles usar da palavra segunda vez.
§ unico. Emquanto durarem as allegagoes nao poderao ser interrompidos tanto o promotor
como o defensor, excepto se algum d'elles divagar ou usar de expressoes que offendam a lei e a
moral publica ou a disciplina militar, podendo no primeiro caso chamal-os o presidente á ques-
tao, e no segundo advertil-os, e quando nao acquiesgam retirar-lhes a palavra.
Art. 388.° Em seguida, o presidente declarará fechada a discussao, e sem que a mais nin-
guern seja permittido usar da palavra, passarao os juizes a conferenciar entre si. Esta conferen-
cia poderá fazer-se na mesma sala do tribunal, mandando o presidente retirar os espectadores e
mais pessoas que nao podem intervir no julgamento, ou em outra para esse finí destinada.
Art. 389.° Ahi o juiz relator fará nova e desenvolvida exposigím do feito, dará acerca d'elle
quaesquer esclarecimentos de que o tribunal possa carecer, e indicará as questoes incidentes
que, como prejudiciaes, deverem ser resolvidas em primeiro logar.
Art. 390.° O presidente concederá a palavra aos vogaes do conselho pela ordem por que a
pedirem, podendo cada um d'elles fallar segunda vez. Segnir-se-ha depois a votagSo comegando
pelo juiz relator, e seguindo-se os vogaes militares pela ordem inversa de suas patentes e anti-
guidades.
Art. 391.° No julgamento da causa, o tribunal comegará pelos aggravos que houver nos
autos, questoes previas, incidentes contenciosos ou excepgoes, quer fossem allegadas perante o
conselho de guerra, quer occorressem durante a discussao da causa no tribunal superior, profe-
rindo em seguida sua decisao sobre nullidades do processo ou sentenga, que fizerem objecto do
recurso.
Art. 392.° O tribunal superior de guerra e marinha julga definitivamente sobre termos e
formalidades do processo, e o que urna vez decidir a similhante respeito nFio poderá mais ser
posto em duvida na mesma causa.
Art. 393." Se o processo laborar em nullidade insanavel, anterior á sentenga do conselho
de guerra, o tribunal proferirá accordao annullaildo o processo, e ordenará o que convier, se-
gundo as diversas hypotheses que occorrerem. Os actos e termos anteriores á nullidade níío
serao inutilisados, nem careceráo de reforma, e do mesmo modo os documentos, revestidos das
solemnidades legaes, que em qualquer tempo se juntassem ao processo.
§ 1." Se a nullidade do processo provier de incompetencia da jurisdiegao militar, declarar-
se-ha no accordao que o processo seja remettido ao tribunal ordinario ou de marinha que for
competente, para ahi se proceder em conformidade das leis respectivas. N'este caso, achando-se
o réu preso, será logo posto á disposigfío do tribunal a que o processo for remettido.
4G
362

§ 2.° Se a nullidade proceder simplesmente de incompetencia do conselho de guerra que


proferiu a sentenga, o processo será mandado reformar pelo conselho de guerra que, segundo as
disposigoes do presente código, for o competente para tomar conhecimento do negocio, remetten-
do-se para esse fim o processo ao respectivo general da divisáo.
§ 3.° Fóra d'estes casos, ou a nullidade provenha da composigao illegal do conselho que
proferiu a sentenga, ou da incompatibilidade ou inhabilidade legal de algum dos membros, ou da
inobservancia de formalidades ou preterigao de actos substanciaes, ou finalmente de qualquer
outro principio, poderá o tribunal mandar que o processo seja reformado ou pelo mesmo conse-
lho que proferiu a sentenga, o qual n'este caso será na sua totalidade composto de novos juizes,
oü alias por outro que se julgtie mais conveniente.
§ 4.° Se a nullidade existir em algum summario dos tribunaes ordinarios que tenha servido
de base ao processo militar, serao os autos remettidos ao mesmo juizo que procedeu ao summa-
rio, para ahi ser devidamente reformado e depois dirigido ao general da divisáo, o qual mandará
continuar a reforma perante o conselho de guerra competente.
Art. 394.° Alem das nullidades especificadas nos n.os 1.°, 2.°, 3.°, 5.°, 6.° e 7.° do ar-
tigo 207.° d'este código, sao insanaveis sómente as seguintes:
1.° Por falta de corpo de delicio, ou por faltar n'aquelle a que se tiver procedido alguma
formalidade substancial; e ainda n'este caso se a falta de formalidade consistir em omissao de
actos que nao possam já praticar-se, ou que pratiéados fóra de occasiao jánao podem esclarecer
o facto, nem contribuir para a satisfagao da justiga, deveráo os tribunaes militares revalidar o
processo se d'elle constar a verdade por modo irrecusavel;
2.° Por se tef procedido a summario sem preceder ordem da attctoridade competente, ou
sobre factos criminosos, que se nao achem comprehendidos nos autos de corpo de delicio e na
ordem para a formaglo da culpa;
3.° Por falta de intimagáo do acto de aecusagao e entrega da nota da culpa e rol de teste •
munhas ao réu;
4.° Por falta de juramento aos peritos e testemunhas, e de suas assignaturas;
5.° Por falta de interprete ajuramentado, nos casos em que a lei o exige, ou por ter sido
nomeado interprete pessoa prohibida pela lei;
6.° Por falta de intimagáo da sentenga ao réu, se d'ella nSo tiver recorrido;
7.° Por nao tereni intervindo no julgamento da cíiusa todos os juizes que, segundo a lei, de-
vem compor o conselho de guerra;
8.°.Por nao terem sido resalvadas em forma legal as emendas, borroes ou entrelinhas que
se encontraren! ñas respostas aos quesitos;
9.° Por preterigao de alguma formalidade ou acto que seja substancial para a defeza ou para
o descobrimento da verdade, de modo que influa ou possa influir no exame e decisao da causa.
Art. 395.° Quando a nullidade existir sómente na sentenga do conselho de guerra, por al-
gum dos fundamentos que a induzem, expressados nos n.os 6.° e 7.° do artigo 207.°, o tribunal
superior julga a nullidade, e mantendo a decisao do facto julgado provado pelo conselho, manda
proferir nova sentenga pelo mesmo conselho, porém composto na sua totalidade por diversos
juizes.
§ unico. Da segunda, sentenga, cuja decisao for igual á primeira, e nao se conformar com a
decisao de direito exarada no accordao do tribunal superior, deverá sempre o ministerio publico,
e poderá o aecusado recorrer para esse tribunal.
Art. 396.° No caso do § unico do artigo antecedente, o tribunal superior julgará definitiva-
mente a causa em sessao plena, podendo, segundo o achar justo, ou negar provimento ao recurso,
ou fazer a devida ápplicagao de direito ao facto julgado provado pelo primeiro conselho de guerra.
Art. 397.° Da mesma maneira se procederá quando nos casos do artigo 351.° a sentenga
do conselho de guerra for absolutoria e o tribunal entender que o facto dado por provado, por
decisao do mesmo conselho, constitue crime ou ó pela lei sujeito a alguma pena.
Art. 398.° O presidente verificará o vencimentoj do qual tomará nota o juiz relator com os
principaes fundamentos dos juizes vencedores e tambem dos vencidos, havendo-os; e este a com-
municará logo aos mesmos juizes, os quaes poderao fazer-lhe as modificagoes que entenderem
necessarias.
Art. 399." Ao juiz relator incumbe lavrar o accordao conforme o que se vencer, devendo
este conter:
1.° O nome e appellido do réu, sua profissao, classe a que pertence no exercito, e respectiva
colloeacáo militar;
2.° A natureza do crime por que é aecusado;
3.° Os fundamentos da decisSo annullando o processo ou a sentenga do conselho de guerra,
e transcrevendo o texto da lei violada ou erradamente applicada.
§ unico. O accordao será assignado em primeiro logar pelo juiz relator, e depois por todos
os juizes que intervieram no julgamento, segundo a ordem das suas patentes e antiguidades,
363

podendo os que foram de voto contrario assignar vencidos, sem o que serao responsaveis pelo
julgado.
Art. 400.° Acabada a conferencia e declarada de novo aberta a sessao publica, o juiz relator
publicará logo o accordao e declarará se houve juizes vencidos e quaes.
Art. 401.° Quando o tribunal der provimento no recurso, o juiz relator poderá levar os autos
para casa, a finí de lavrar o accordSo, o qual em tal caso será infallivelniente publicado na ses-
sao immediata.
§ 1.° No caso d'este artigo, o juiz relator escreverá logo por lembranca a decisao do tribunal
em livro para isso destinado e rubricado pelo presidente.
Este apontamento será assignado por todos os juizes, e subsequentemente publicado na ses-
sSo publica.
§ 2.° Se quando se publicar o accordao acontecer nao estar presente algum dos juizes que
votaram, o relator declarará no fim do accordao que tem voto do juiz ausente.
Art. 402,° Depois de publicado o accordao, se o aecusado ou o ministerio publico entende-
rem que ha n'elle alguma obscuridade ou ambiguidade, poderao dentro de vinte e quatro horas
da publicagao requerer ao presidente que o mesmo accordao se declare.
Este requerimento será decidido em conferencia até á primeira sessao, sem que o accordao
possa ser ofiendido na sua essencia.
Art. 403.° Quando o tribunal negar provimento ao recurso, o promotor remetiera o processo
com o respectivo accordao ao promotor junto do conselho de guerra que proferiu a sentenga, o
qual dará d'isso conhecimento ao general cónimandante da divislo.
Art. 404.° Em cada julgamento interviráo sempre cinco juizes, incluindo o presidente e o
juiz relator.
§ unico. No caso do artigo 396.°, interviráo no julgamento todos os juizes que compoem o
tribunal, incluindo o adjunto do juiz relator.
Art. 405.° Todas as questoes vencem-se por maioria de votos. O presidente tem sómente
voto em caso de empate.
Art. 406.° O secretario redigirá ém cada jjrocesso urna acta da sessao em que se refiram as
circunistancias que occorreram durante o julgamento até á publicagao do accordao.
Art. 407.° Dos accordaoB do tribunal superior de guerra e marinha nao ha outro recurso
senao o de revista, no caso restricto dos artigos 374.° e 375.°
Art. 408.° Logo que tenham passado em julgado as sentengas dos conselhos de guerra e
os accordaos do tribunal superior de guerra e marinha, serao remettidas á secretaria da guerra
copias authenticas, tanto de urnas como de outros, para poderem ser publicados ñas ordens do
exercito.
Art. 409.° Dando-se conflicto de jurisdiegao e competencia, cujo conhecimento seja da attri-
buigüo do tribunal superior de guerra e marinha, nos termos do artigo 206.°, n.° 2.°, do presente
código, o agente do ministerio publico junto do tribunal ou auctoridade com quem se der o con-
flicto, dirigirá ao tribunal um requerimento em que exponha os actos de que nasce o conflicto,
juntando logo os documentos que lhe servirem de prova, e o tribunal procederá a este respeito,
observando no que for applicavel o que em iguaes circumstancias dispoe para os tribunaes ordir
narios o artigo 743.° da reforma judicial.
Art. 410.° Quando dois ou mais réus se acharem condemnados como auc'tores do mesmo
crime, por sentengas proferidas por tribunaes militares do exercito de térra ou da marinha, que
tenham passado em julgado, e as sentengas, longe de se poderem conciliar, constituirem prova
irrecusavel da innocencia de um dos condemnados, o tribunal superior de guerra e marinha, logo
que a existencia de similhantes sentengas lhe for noticiada pelo promotor de justiga ex officio,
ou a requerimento de algum dos condemnados, mandará suspender a execugao d'ellas, e que se
remettam ao tribunal os autos respectivos.
§ unico. O tribunal, sendo-lhe presentes os autos de que se trata, e verificando em sessSo
plena que as sentengas se nao podem conciliar, as annullará, e remetterá os condemnados para
um conselho de guerra diverso dos primeiros, no qual serlo todos os réus conjunctamente aecu-
sados e julgados.
Art. 411." Quando das sentengas a que se refere o artigo antecedente se achar ainda alguma
pendente de recurso, o promotor de justiga, ex officio ou a requerimento de algum dos conde-
mnados, promoverá que os processos se reunam, e o tribunal procederá acerca d'elles pela mesma
forma que fica estabelecida no artigo e paragraphos antecedentes.
Art. 412.° O mesmo procedimento haverá logar, observando-se as disposigoes dos artigos
1:265.° a 1:268.° da reformajudicial quando algum réu, tendo sido condemnado por sentenga dos
tribunaes militares do exercito de térra ou da marinha, querellar por perjurio contra alguma das
testemunhas da aecusagao, ou por peita ou suhorno contra algum dos juizes que intervieram no
j ulgamento.
364

CAPITULO IX
Da execugao da sentenga
Art. 413." As sentengas dos tribunaes militares serao dadas á execugao logo que passem
em julgado.
§ unico. Exceptuam-se:
1.° As sentengas, em que esteja imposta a pena ultima, que nao poderao executar-se sem
qué preceda résolügao do poder moderador ;
2.° As sentengas de que, nos termos dos artigos 374.° e 375." do presente código, se pode
iñterpor o recurso de revista para o supremo tribunal de justiga, eniquanto este recurso se achar
pendente, ou nao tiver expirado o praso para a sua interposigao;
3.° As sentengas a que se referem os artigos 410.°, 411.° e 412.° d'este código, emquanto
a respeito d'ellas durar a suspensao ordenada pelo tribunal superior.
Art. 414.° A execugao deve corresponder exactamente a determinagao da sentenga, e, no
caso do n.° 1.° do paragrapho antecedente, á resoluglo do poder moderador,
Art. 415.° A sentenga será exeeutada em inteira conformidade com a sua disposiglo e em
harmonía com os regitlamentos militares, por ordem do general commandante da respectiva di-
visao militar e a requei-imento do promotor de justiga.
Art. 416.° O general da divisao poderá, antes de ordenar a execugao da sentenga, repre-
sentar ao ministro da guerra o que acerca da mesma execuglo júlgar conveniente.

CAPÍTULO x
Dá applicagao da amnistía e perdaó real, da prescripoao e reconhecimento da identidade
Art. 417.° A applicagao do acto real dé amnistía será feita pelo tribunal ante o qual pender
a causa, ou que houver proferido a ultima sentenga, observando as disposigoes do artigo 120.°
do código penal ordinario e seus paragraphos.
Art. 418.° A applicagao do perdió real será feita pelo tribunal que houver proferido a td-
tima sentenga, que passou em julgado, observahdo-se as disposigoes dos artigos 121.° e 122.° do
código penal ordinario.
Art. 419." As prescripgoes estabelecidas no artigo 41.° do presente código, com referencia
aos artigos 123.°, 124.°, 125.p e 126.° do código penal ordinario, podem ser allegadas perante
os tribunaes militares em todo o estado da causa, e serao ofnciosamente julgadas pelos juizes
ainda que nao sejain allegadas pelo promotor de justiga ou pelo aecusado.
Árt. 420.° O reconhecimento da identidade de qualquer individuo, condemnado por sentenga
dos tribunaes militares, que Se houver evadido daprisao, será feito, logo que o mesmo individuo
tornar a ser preso, pelo conselho de guerra da divisao em que se achar o corpo de que o con-
demnado fez parte.
§ único. Se o condemnado nao pertencer a corpo algum, o reconhecimento será feito pelo
mesmo conselho de guerra que proferiu a sentenga condemnatoria; e, se este já nao funecionar,
pelo conselho de guerra da divisao em cujo territorio o condemnado foi de novo preso.
Art. 421.° O conselho delibera acerca do reconhecimento em sessao publica, estando pre-
sente o réu, e depois de inquiridas as testemunhas produzidas por este e pelo ministerio publico,
tudo sob pena de nullidade.
§ unico. Da sentenga do conselho de guerra cabe recurso para o tribunal superior de guerra
e marinha, que pode ser interposto pelo promotor e pelo condemnado.

TITULO II
Do processo crime perante os tribunaes militares em tempo de guerra
CAPÍTULO i •

Do processo perante o conselho de guerra


Art. 422.° As disposigoes que no titulo antecedente se contéem, relativas á forma do pro-
cesso crime em tempo de paz, serao em tempo de guerra observadas pelos tribunaes militares
em tudo o que por disposigao especial nlo for em outra forma declarado n'este. e nos seguintes
capítulos.
Art. 423.° Nos casos a que se referem artigos 239.°, 240.° e 24.1.u do presente código,
os;
se as auctoridades judiciaes e civis se acharem ausentes dos seus logares, poderao os militares
encarregados de fazer os corpos do delicio, para qualquer diligencia precisa, entrar assim em
365

estabelecúnentospúblicos, sujeitos á auctoridade civil, como em casas particulares, independente-


mente de licenga ou assisteneia d'essa auctoridade.
Art. 424.° Nos erimes especiaes de que trata o artigo 56.° do presente código, o corpo de
delicio será feito por meio de um conselho de investigagao, nomeado pelo ministro da guerra,
e composto de cinco officiaes de patente ou graduagao pelo menos igual á do official que houver
capitulado, mais antigos do que elle, e que reunam os conhecimentos scientificos necessarios para,
em materia de tanta gravidade, poderem emittir voto com perfeito conhecimento de causa.
§ 1." Quando o official que houver capitulado for general, serao nomeados para fazer parte
do conselho officiaes generaes que nao estejam em exercicio de commissao, e na falta d'estes os
reformados.
§ 2.° Quando esse conselho, depois de proceder ás averiguagoes, exames e mais diligencias
precisas, e tendo ouvido por eseripto o militar que fez a capitulagao, for de parecer que! houve
n'ella algum dos delictos especificados no citado artigo 56.° d'este código, o corpo de délieto
está constituido, e com todos os jipéis a elle concernentes será remettido ao ministro da guerra
para prover como convier.
§ 3.° N'estes erimes on delictos nlo tem logar o summario para a formagao de culpa, e
o corpo de delicio, constituido na forma ácima expressada, servirá de base á aecusagao cri-
minal.
§ 4.° Sómente ao ministro da guerra compete deliberar, em presenga do corpo de delicio,
se ha de ou nao proceder-se á aecusagao criminal.
§ 5.° Quando pelo conselho de investigagao dé que trata este artigo, se nao verificar ter
havido delicio na capitulagao, nlo poderá por causa da mesma capitulagao instaurar-se mais
procedimento criminal. •.'..¡.'.:
Art. 425.° A ordem para se proceder a summario para formagao da culpa, nos casos em
que, segundo o presente código, elle dever ter logar, será dada:
1." Pelo general em ehefe do exercito, quanto aos delinquentes sujeitos ao conselho de
guerra do quartel general do mesmo exercito;
2.° Pelo general comniandante de cada urna das divisoesd o exercito, quanto áos delinquen-
tes sujeitos ao conselho de guerra da sua respectiva divisao;
3.° Pelo commandante da divisao on columna de tropas, operando isoladamente, pelo que
toca aos delinquentes sujeitos ao conselho de guerra d'essa divisao ou columna;
4.° Pelo governador ou commandante superior ñas pragas de--guerra ou fortificagoes inves-
tidas, sitiadas ou bloqueadas.
Art. 426.° A ordem para se instaurar a aecusagao e responder a conselho de guerra, será
dada:
1.° Nos casos e erimes a que se refere o artigo 424.°, pelo ministro da guerra;
2." Em todos os mais casos, pela mesma auctoridade a quem, nos termos do presente có-
digo, competir mandar proceder a summario para a formagao da culpa.
Art. 427.° Ao general em ehefe do exercito de operagSes, e ñas pragas de guerra ou for-
tificagoes investidas, sitiadas on bloqueadas, aos respectivos governadores, ou commandantes su-
periores, competem todas as attribuigoes que, pelos artigos 248.° e 283.° do presente código,
slo conferidas ao ministro da guerra ñas divisoes territoriaes.
Art. 428.° Quando nos casos graves, taes como a traigao, revolta militar, sedigáo, saque e
devastagao, se tornar necessario, para manuténgalo da disciplina e seguranca do exercito, um
prompto e exemplar castigo, poderá o general a quem competir, nos termos do artigo 425.°, or-
denar que os delinquentes sejam directa e immediatamente submettidos a julgamento verbal e
summario ante o respectivo conselho de guerra, independentemente do processo preparatorio
estabelecido nos capítulos n e ni do titulo i d'este livro.
§ 1.° Para poder ter logar a disposigao d'este artigo é indispensavel que o delinquente tenha
sido preso em flagrante delicto ou logo em seguimento d'elle.
§ 2.° N'estes casos a ordem para se reunir o conselho servirá de base ao processo, e deverá
conter tudo o que no artigo 298.° fica determinado para o acto do aecusagao do ministerio pu-
blico.
§ 3.° A nota da culpa deverá ser intimada ao aecusado, pelo menos vinte e quatro horas
antes da que for designada para a reunilo do conselho.
§ 4.° N'estes processos nlo se admittirá inquiriólo por deprecada, nem testemunhas que
nao residam no logar do crime.
§ 5.° Em tudo o mais observar-se-haoas disposigoes que, para o processo em tempo de paz,
se contéem nos capítulos V e vi do titulo I d'este livro.
Art. 429.° A sentenga, logo depois de proferida, será lida pelo auditor na presenga dó ae-
cusado, ao qual será declarado pelo secretario a que auctoridade vae ser remettido o processo,
e que perante ella poderá allegar o que entender conveniente á sua defeza e justiga. i
Art. 430." Os processos, feita a intimagáo ordenada no artigo antecedente, serlo immedia-
366

tamente remettidos ao general em ehefe do exercito; e ñas pragas ou fortificagoes investidas, si-
tiadas ou bloqueadas, ao respectivo governador ou commandante superior.

CAPITULO II

Do processo perante o general em ehefe, auditor geral e governadores ou commandantes de pragas


sitiadas, investidas ou bloqueadas
Arti 431.° Apenas os processos dos conselhos de guerra forem recebidos no quartel gene-
ral, serao logo vistos e examinados pelo auditor geral, o qual dará o seu parecer por escripto
nos autos, nao só apontando quaesquer irregularidades ou nullidades, que os mesmos processos
contenham e caregam de remedio, mas expondo tudo quanto achar conveniente em relagao á
justiga ou injustiga da decislo de direito.
Art. 432i° Ó general em ehefe, em vista do processo e do parecer do auditor geral, resol-
verá como achar justo dentro dos limites das attribuigoes que lhe confere o artigo 218.° do pre-
sente código.
§ unico. Quando ao general em ehefe jiareeer conveniente, poderá deferir o conhecimento
do negocio ao ministro da guerra, para este entregar a decisao ao tribunal superior de guerra e
marinha.
Art. 433.° As disposigoes d'este capitulo, que regulam o processo perante o general em
ehefe do exercito, serao observadas eni tudo quanto forem applicaveis, pelos governadores ou
commandantes superiores quanto aos processos ñas pragas de guerra ou fortificagoes investidas,
sitiadas ou bloqueadas.
CAPITULO m

Do processo perante os commissarios de policía do exercito


Art. 434.° Os commissarios de policía do exercito procederán ñas materias da sua compe-
tencia, a requerimento das partes interessadas, por ordem da auctoridade superior, on mesmo
oficiosamente.
Art. 435.° Cada um dos commissarios será assistido de um secretario, que servirá de es-
crivao nos processos, e será pessoa militar idónea pelo commissario escolhida e nomeada.
§ 1.° As audiencias feitas pelos conimissai'ios serlo publicas.
§ 2.° As partes queixosas estarlo presentes, e poderao fazer a sua exposicao ou petigao,
tanto verbalmente como por escripto.
§ 3." O aecusado será sempre presente e ouvido em tudo o que disser a bem da causa e
defeza.
§ 4.° Tanto a parte queixosa como o aecusado poderlo juntar documentos e produzir teste-
munhas, que¡ serlo inquiridas verbal e summariamente, prestandojuramento preA-io.
§ 5.° A sentenga será dada e publicada immediatamente pelo commissario, escripia nos au-
tos e fundamentada, e d'ella nlo ha recurso algum.

Tabella a que se refere o artigo 125." do presente código

Para
Soldó expedienta
:
ou ordenado Gratif1ea9.no c
entreteiiimento
de mobiliii
Tribunal superior de guerra e marinha
1 Presidente da patente 840^000 -$-
6 Vogaes militares, a G00$000 réis (a) idem 3:600$000 -#-
1 Juiz relator 1:600¿000 -¡S- -$-
1 Ajudante do relator 1:200^000 -$- -$-
1 Promotor de justica da pateute da patente -$'-
1 Defensor officioso, sendo das elasses activas (a) idem idem -,$-
O mesmo, sendo reformado idem 240^000 -#-
1 Secretario idem da patente -$¡-
2 Officiaes de secretaria, a 480$000 réis (b) 960£000. .-£- -$-
2 Amanuenses, a 240$000 réis (b) 480#000 -$- -$-
1 Porteiro (c) 180JO00 -$- -$-
1 Continuo (e) 120$000 -$- -#-
1 Corroio (o) 180£000 -$- -$-
Despezas do tribunal | -$- \
-$- 240£000
367

Para
Soldó expediente
ou ordenado Gratifieacao e
entretoninienU)
de mobilia
Conselho de guerra das divisoes terriloriaes
5 Presidentes (d) -¡jí- -$¡- -$—
25 Vogaes (d) -$- -|¡- -$-
4 Auditores, a 1:200^000 réis 4:800£000 -$- -J¡-
2 Ditos, a 1:000$000 réis 2:000¡|000 -#- -£-
5 Promotores da patente da patente -$—
5 Defensores offieiosos, sendo da actividade idem idem .—$—
Os mesmos, sendo reformados— cada um idem 120^000 -$—
5 Secretarios, a 300^000 réis 1:500^000 -$- -í-
'-$-
5 Porteiros, a 72£000 réis (c) -$- 360J000
5 Continuos, a 60^000 réis (c) -$- 300£000 -Jí-
5 Serventes, a 36^000 réis (c) .
-$- 180^000 -&-"
Despezas das secretarias -§- -$- 600^000

(a) 3 dos vogaes sao pagos pelo ministerio da marinha, e o promotor e defensortambem o sao quando pcrteneam ao corpo da armada.
{í) 1 official de secretariae 1 amanuensesao pagos pelo ministerio da marinha.
(c) Teem direito tambcm ao pret e pao, sendo praeas reformadas.
id) Os sóidos dos juizesmilitares sao abonadospelos eorpos ou reparticoes a que perteneamj as grafificacoes, aos que tivereindireito a
ellas, na forma do que dispoe á ordem do exercito n.° 39 de 18 de marco de 1S25. .;

Decreto de 21 de junlio de 1875

Hei por bem nomear urna eommisslo, presidida pelo ministro e secretario d'estado dos ne-
gocios da marinha e ultramar, e composta dos conselheiros d'estado Joao Baptista da Silva Fer-
rao de Carvalho Mártens e José Marcellino de Sá Vargas, do conselheiro Antonio José de Bar-
ros e Sá, dos contra-almirantes viseonde da Praia Grande e Joaquim José de Matos Correia, e
do capitao tenente da armada Antonio María de Sande Vasconcellos e Carvalho, a qual redigírá
um projecto de código de justiga militar para a armada, adaptando-o quanto possivel aos prin-
cipios e regras geraes que presidiram á redaccao do código de justiga militar, últimamente pro-
mulgado para o exercito.
O mesmo ministro e secretario d'estado o tenha assim entendido e faca executar.

Decreto de 21 de jullio de 1873

Usando da auctorisaglo concedida ao meu governo pelo artigo 5.° da carta de lei de 9 de
abril do corrente anno: hei por bem approvar o regulamento para a execuglo do código de jus-
tiga militar, que faz parte d'este decreto e baixa assignado pelo presidente do conselho de mi-
nistros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra, e pelos ministros e secretarios
d'estado dos negocios ecclesiasticos e de justiga, e do dos negocios estrangeiros, enearregado
interinamente dos da marinha e ultramar.
Os mesmos presidente do conselho de ministros e ministros e secret¿irios d'estado assim o
tenham entendido e faeain executar.

Regulamento para a execugao do código de justiga militar, a que se refere o decreto d'esta data

CAPITULO i
Disposigoesrelativas aos edificiosoceupadospelos tribunaesmilitares, á sua secretariaj archivo e mobilia

Artigo 1.° Os conselhos de guerra permanentes occuparlo, quanto possivel, edificios depen-
dentes do ministerio da guerra. O local que lhes será destinado n'esses edificios comprehenderá
urna sala de audiencia, urna sala para conferencias, um gabinete para recolher as testemunhas,
outro para recolher o réu, e as casas necessarias para a secretaria, a auditoria, a promotoria e
a presidencia.
§ único. Quando o edificio nlo corresponder ás condicoés requeridas por este artigo, na
mesma secretaria do tribunal se reunirlo o promotor, o defensor e o secretario. O presidente e
o auditor poderao ter as suas bancas na sala das conferencias.
Art. 2.? A mobilia e mais artigos necessarios para o servigo dos tribunaes militares serlo
368

fornecidos pelo ministerio da guerra, para a sua installaglo; porém. as reparagSes e renovagoes
serlo feitas pelos mesmos tribunaes, e pelo modo que ao diante vae determinado.
Art. 3.° Em cada conselho de guerra permanente, e a cargo do secretario, haverá os se-
guintes livros, devendo o promotor verificar que sempre se achem escripturados em dia:
1.° O da massa do expediente (modelo n.° 1), contendo cincoenta folhas de papel, pautado,
o qual servirá para o langaniento da receita e despeza.
N'este livro se lángara, de um lado, por annos e por mezes, as sommas recebidas da respe-
ctiva pagado ría, e na pagina conjuncta as verbas applicadas. Os documentos de compras, ou de
importancias de concertos, serlo numerados e archivados na mesma ordem em que estiverem
descriptas as despezas que representara.
2.° O do inventario do archivo (modelo n.° 2), onde se adiarlo registados os processos fin-
dos, e que contera duzentas folhas.
3.° O do movimento dos processos do tribunal (modelo n.° 3), em que se notará a entrada
de todos os processos, o seu andamento e resultado final; comprehendendo tambem duzentas
folhasw E por este que se fará todos os mezes o mappa dos processos pendentes.
4¿° O do registo das sentengas de que se interpozer recurso para o tribunal superior de
guerra e marinha, com o mesmo numero de folhas que o antecedente.
5.° O da correspondenciaexpedida, que constará igualmente de duzentas folhas.

A margem da esquerda será diyidida em duas casas, escrevendo-se na primeira o nome da
pessoa oü estagao a quem o ofiicio for dirigido; e na segunda a data em que foi escripto e local
d'onde foi enviado. Na margem da direita o numero de ordem posto no officio.
Os officios de menor importancia serlo registados por extracto; em todos, logo depois de
transcripto o assumpto, se escreverá o nome e graduaeao de quem o assignou, omittindo-se tudo
o mais.
A numeraglo renovar-se-ha no 1.° de Janeiro de cada anno.
§ único. Todos estes livros serlo de papel almasso, encadernados, e medirlo as folhas O"1,32
de altura por 0m,215 de largura; devendo conter na lombada a designaglo do destino do livro e
o seu numero de ordem. Cada urna das folhas será rubricada pelo secretario; e cada um d'elles
terá termo de abertura, assignado pelo general commandante da divislo, e o de encerramento.
quando se achar concluido.
Na primeira pagina o general mandará escrever:
" • ' «Livro 1.°, contendo.. folhas devidamente rubricadas por F.. secretario do conselho de
.,
guerra da... divisao militar, com principio no 1.° de setembro de 1875, e serve para n'elle se
.

langarem.. ¿, etc.
«Quartel general da . divisao militar, de de 1875.
. . ... ...
(Assignatura.)»

E quando esteja fiudo, fará escrever na ultima pagina o seguinte termo:


«Encerrado em ... de . n.° 2.° d'esta
serie. .. de 187. .. para ser continuado no que tem o

«Quartel general da divislo militar, era nt sujjra.


...
(Assignatura.)»

Art. 4." No tribunal superior de guerra e marinha, e tambem a cargo do secretario, haverá
os livros correspondentes aos que ficam designados para os consellios de guerra nos n.os 1.°, 3."
e 5.° do artigo 3.° d'este regulamento, e alem d'elles:
1.° O do registo das consultas;
2.° O memorándum das deeisoes do tribunal (artigo 401.");
3.° O do registo dos accordlos.
Todos estes livros, com excluslo do memorándum, serlo rubricados ñas folhas pelo secreta-
rio, e aquelle de que aqui se faz excepgao, pelo presidente. Em todos o mesmo presidente fará
langar e assignará os termos de abertura, e encerral-os-ha quando lindos, pelo mesmo modo que
vae designado no artigo antecedente.
§ unico. Ao presidente do tribunal incumbe o verificar que a eseripturagao de todos se faga
conforme os modelos, e que sempre se achem em dia.
.Art. 5,° As verbas arbitradas para o tribunal superior de guerra, e para cada um dos con-
selhos de guerra permanentes, slo applicaveis ás despezas do expediente, compra de livros e
papéis impressos ou lithographados para o servigo da secretaria, e ao entretenimento da mobilia
destinada a cada tribunal.
Art. 6.° Tanto o tribunal superior como os conselhos de guerra, de que trata o artigo ante-
cedente,, tirarle mensalmeiite por meio de recibo, que será processado, da pagadoria geral do
369

ministerio da guerra, a verba que a cada um d'elles está consignada na tabella annexa ao có-
digo de justiga militar.
§ unico. No tribunal superior, o presidente, o juiz relator e o secretario, e nos conselhos
de guerra, o auditor, o promotor e o secretario, assignarlo o recibo de que trata este artigo^ e
administrarlo esta massa, applicando-a aos fins a que é destinada.
Art. 7.° Ñas divisoes em que haja mais de um conselho de guerra, e que funcciónem no
mesmo edificio, podem estas despezas fazer-se em commum.
§ único. Se na escolha da sua applicaglo mais útil occorrer duvida, por haver empate na
resolugao, decidil-a-ha o presidente mais graduado ou mais antigo dos dois conselhos de guerra.
Art. 8.° Os livros comprados para uso dos tribunaes, estarlo a cargo do secretario, que
d'elles fará catalogo.
§ unico. É permittido a qualquer dos membros do tribunal o consultal-os, e poderlo mesino
pedil-os e retel-os, emquanto necessarios Ihes forem, urna vez que entreguem ao secretario um
recibo, que ficará substituindo o volume ou volumes que estiverem fóra da secretaria.
Art. 9.° Os processos militares serao escriptos em papel almasso, sem sello, tendo cada pá-
gina 011,32 de altura por 0,n,215 de largura, e em cada, urna se escreverao até trinta e seis li-
nhas entre as duas margens lateraes, tendo estas, a da esquerda 0"',032 e a da direita 0m,021
de largura.
§ 1.° Em igual papel e com as mesmas condigoes se escreverao os autos de corpo de deli-
cio, certidoes de peritos, intimagoes, deprecadas, termos e mais autos.
§ 2.° Exceptuam-se d'estas diinensoes a largura das margens das folhas em que se escre-
verem os depoimentos das testemunhas, porque será accommodada ao que dispoe o artigo 266.°
Art. 10.° Os documentos apreSentados pelas partes, os attestados que nao sejain extrahidos
dos registos militares, e todos aquelles papéis que pela lei nlo sao isentoS do sello, nao serao
admittidos, nem se juntarlo ao processo quando nlo forem conformes ás prescripgoes do regu-
lamento approvado pelo decreto de 18 de setembro de 1873.
Art. 11.° Nos processos militares, e em documentos que a elles se juntaren!, se enipregará,
como exige a carta de lei de 16 de maio de 1867 e legislagao anterior, a nomenclatura do sys-
tema metrico-decimal, e a correspondencia dos novos pesos e medidas com os ántigos, quando
isso tenha logar.
Art. 12.° Segnir-se-ha tambem sem alteragao a nomenclatura criminal estábelecida no có-
digo de justiga militar, sem substituir por outra a designagao dos erimes.

CAPITULO II

Dos concursos para empreñados das secretarias dos tribunaesmilitares

Art. 13.° Os logares de secretarios dos conselhos de guerra sao próvidos, na forma do ar-
tigo 160.°, em officiaes inferiores de qualquer das armas do exercito, comtanto que reunam as
seguintes condigoes:
1.a Terem servido cinco annos com hom comportamento;
2.a Nao excederem os trinta annos de idade;
3.a Terem boa saude;
4.a Terem bom carácter de letra e escrever rápida e correctamente.
Art. 14.° Para o provimento dos logares de secretarios abrir-se-ha concurso, por espago de
trinta dias, entre os officiaes inferiores de qualquer das armas, que possuam as condigoes ácima
enumeradas e se julguem ñas circumstancias de provar a sua aptidao.
Art. 15.° Os requerimentos, dirigidos á secretaria da guerra pelos meios competentes, serlo
devidamente informados pelos commandantes dos corpos a que pertencerem os candidatos, e
serlo aeompanhados com:
1.° O attestado de praga, inscrevendo-se n'este as notas do registo disciplinar, ou decla-
rándole que nenhuma ali se contém, quando o requerente nao tenha soffrido alguma punigao;
2.° Certidao de idade, que, na impossibilidade de obterem em tempo, pode supprir-se pelo
mesmo attestado do livro de matricula;
3.° Certidlo, passada por um dos facultativos do corpo, de que possuem boa saude e boa
vista.
Alem d'estes documentos poderao juntar, quando os tenham alcangado, diplomas de appro-
vagáo de todas ou de algumas disciplinas ensinadas nos lyceus, no collegio militar, na aula do
commercio, ou dos primeiros annos ñas escola e academia polytechnicasde Lisboa e Porto, e na
universidade de Coimbra.
Art. 16 ° O concurso é documental e pratico.
N'este ultimo os candidatos serlo examinados em leitura, calligraphia e arithmetica elemen-
tar, sendo essencial que leiam perfeitamente, que escrevam rápida e correctamente, que possuam
.
,47
370

boa letra, e que llies sejam familiares as operagoes em números inteíros, fraccionarios e decimaes,
e as proporgoes, e que conhegam perfeitamente o systema métrico.
§ unico. Os concurrentes, que apresentarem documentos passados pelos estabelecimentos
ácima citados, nao serlo obrigados a todas as provas, mas nao poderao eximirse das de calli-
graphia e orthographia.
Art. 17.° O concurso far-se-ha na secretaria do tribunal em que se der a vacatura, e pe-
rante um jury composto do presidente, auditor e promotor, o qual graduará os candidatos pela
ordem do mérito relativo.
-
§ único. Para as primeiras nomeagoes que devem agora verifiear-se, para todos os conse-
lhos de. guerra, o concurso será feito na 1.a divislo militar, em Lisboa, perante um jury de tres
officiaes, nomeados pelo governo, que avahará as provas e graduará o mérito relativo dos con-
currentes.
Art. 18.° As vacaturas de officiaes da secretaria do tribunal superior de guerra e marinha
serlo preenchidas, precedendo concurso, entre os individuos indicados no artigo 175.° e que
reunam as condigoes ali requeridas.
Art. 19.° Quando se déem vacaturas, abrir-se-ha concurso por tempo de trinta dias, e os
pretendentes dirigirlo as suas petigoes e documentos á secretaria da guerra.
Entre os• documentos devem comprehender-se:
1.° Attestado do tempo de servigo e modo por que tem servido;
2.° Attestado de facultativo militar em que certifique ter o candidato boa saude e boa
vista; . -.. -
3." E quaesquer diplomas de approvagao, dos que falla o artigo 15.° d'este regulamento.
§ 1.° Os requerimentos serlo sempre feitos e assignados pelos proprios pretendentes.
§ 2.° A prova pratica será feita na secretaria do mesmo tribunal, perante o presidente ou
tim dos vogaes por elle delegado, o juiz relator ou o seu adjunto e o secretario, e versará:
1.° Sobre o modo de processar;
2.° Sobre a escripturagao especial da secretaria do tribunal.
Art. 20.° Oé amanuenses sao igualmente nomeados por concurso e conforme determina o
n.° 2.u do mesmo artigo 175.°, e o concurso terá logar na secretaria do tribunal perante as mes-
mas j!essoas de que faz mengao o artigo antecedente, e versará sobre os pontos de que trata o
artigo 16.° e seu paragrapho d'este regulamento, ¡jara os secretarios dos conselhos de guerra.

CAPITULO III

Da formagaodas listas

Art. 21.° No dia 31 de julho do corrente anno terlo os quarteis generaos das divisoes mi-
litares organisado as listas, por patentes e antiguidades, de todos os oflíciaes residentes na res-
pectiva divislo militar, com as exclusoes especificadas nos artigos 122.° e 142.°
§ 1.° No 1.° de agosto seguinte enviarlo os promotores de justiga as relagoes dos presiden-
tes, vogaes e supplentes que devem compor os conselhos de guerra nos quatro mezes qué come-
gam no dia 1.° de setembro e acabam em 31 de dezembro.
§ 2.° Os promotores remetterlo a cada um dos nomeados urna copia d'essa relaglo, e em
vista d'ella estes prevenirlo immediatamente o general, quando n'elles se dé a incompatibilidade
prevista no artigo 122.°
§ 3.° As disposigoes dos pai^agraphos antecedentes observar-se-hao periódica e regularmente
trinta dias antes de dever comegar a funccionar cada novo turno de juizes.
Art. 22." Urna copia authentica das relagSes de que trata o artigo antecedente será desde
logo affixada ém tabella na porta da sala da audiencia, substituindo-se, quando soffram alteragao,
na forma do que dispoe o artigo 144.°, e archivando-se as relagoes originaes.
Art. 23.° A nomeagao dos que slo chamados a presidir aos conselhos de guerra, nos casos
ordinarios em que se nao altera a composiglo indicada no artigo 145.°, far-se-ha de modo que,
qiiando um coronel seja nomeado presidente, terá por supplente um outro mais moderno ou um
tenente coronel, mas que este nlo seja do mesmo regimentó.
§ unico. A mesma restricgao se guardará quando a lista designar ao mesmo tempo, para
fazer parte de um conselho, o commandante e o major do mesmo batalhao de cagadores, porque
só um d'elles será nomeado, reservando-se o outro para o turno seguinte.
•Art. 24.° Quando, dadas as especies dos artigos 145.° e 150.°, houver de fazer-se altera-
gao, de parte ou do todo, de um conselho de guerra, os generaes enviarlo ao mesmo promotor
a relaglo da nova composiglo, feita sempi*e segundo as regras do artigo 142.°, e na acta da ses-
s!o se fará mengao da causa que deu origem a essa alteragao.
§ único. No impedimento accidental ou temporario dos auditores das divisoes que tenham
mais de um conselho de guerra, ou quando tenha sido annullado o processo ou sentenga e se
371

houver de julgar de novo a causa, serlo estes magistrados substituidos um pelo outro antes de
se recorrer ao meio indicado no artigo 138.°
Art. 2ó.° As disposigoes até aqui expressas nos diversos artigos d'este capitulo, com reía-
cao á nomeagao para um conselho de guerra, terlo a necessaria arapliaglo ñas divisoes em que
funccionar mais que um.
Art. 26." As regras aqui estabelecidas, assim como as que se comprehendem nos artigos 140.°
a 151.°, serlo observadas quando se déem as circumstancias previstas pelos artigos 152.° e 153.°
Art. 27.° A incompatibilidade prevista no artigo 122.° será attendida nos quarteis generaes
das divisoes, quando se organisar a relaglo dos juizes para os quatro mezes seguintes; e quando
se ignore tal circumstancia, os nomeados a farao sem demora conhecer, a fim de ser substituido
o mais moderno d'elles, que ficará reservado para o turno seguinte.
§ 1.° Nos casos indicados no artigo 123.°, aquelle em quem se der a incompatibilidade, que
pode tambem ser allegada pelo aecusado ou seu defensor, fal-a-ha conhecer ¿o presidente, para
ser substituido pelo supplente; mas se for no mesmo presidente que se dé o impedimento, este
comnmnicaí-o-ha ao general commandante da divisao, prevenindo ao mesmo passo o supplente,
para desempenhar as suas funegoes.
§ 2." A acta de audiencia fará mengao d'esta alteragao*

CAPÍTULO IV

Da participagao dos erimes e da queixa do o¡Ten elido


Art. 28.° Os processos militares comegam, conforme prescrevem os artigos 228.", 229.° e
230.°, pela participáglo official, pela denuncia ou declaragao, ou por queixa particular do ofien-
dido, o qual pode limitar-se á participagao, ou constituir-se parte qucixosa.
Em todos os casos, salvos os de flagrante delicio, a participagao, declaragao ou queixa de-
vem ser apresentadas ao general commandante da divisao, ehefe do estabelecimento, governador
de praga, commandante de corpo, promotor de justiga, ou em geral aquelle que eommanda ou
dirige o servigo a que o aecusado está sujeito.
Art. 29.° Por qualquer dos modos que se revele o conhecimento do.crime, tem sempre logar
a formagao do corpo de delicio, que acompanhará a participáglo escripia, ou a declaragao rece-
bida, ou a queixa apresentada, tomándo-se por termo estas duas ultimas (modeló n.° 5), salvo se
os casos forem taes que reclamem ¡inmediatamente o exame directo, como vae indicado no
§ unico do artigo 32." d'este regulamento.
Art. 30.° As queixas de militares contra militares, ou sejam de igual grad.uaglo ou de in-
ferior contra superiores, quando tenham logar, far-se-hlo únicamente por meio de representaglo
e com as formalidades prescriptas como normas e práxes disciplinares. Aquelle que as receber
deve transmittil-as verbalmente ou por escripto ao commandante ou ehefe de servigo de que de-
pende, segundo a sua natureza e importancia.
Art. 31.° As aecusagoes do superior contra o inferior por faltas de servigo, por tránsgres-
soes ou por erimes, sao sempre objecto de participagao official e formulada segundo as regras do
artigo 232.°
CAPITULO V

Do cerpo de delioto
Art. 32.° O militar que pela disposigoes do artigo 127.° e seguintes for competente para
formar o corpo delicio, e presencear a perpetraglo de algum crime sujeito á jurisdiegaomilitar,
ou d'elle tiver conhecimento por algum dos nieios expressados no artigo 235.°, procederá sem
demora, e sob sua responsabilidade, ás diligencias que lhe incumbem pelo artigo 126.°, obser-
vando, segundo a variedade dos casos, as disposigoes que forem applicaveis e se acham especi-
ficadas nos artigos 236.° e seguintes.
§ unico. Em caso de flagrante delicto, o encarregado de formar o corpo de dolicto tran-
sportar-se-ha ao local em que foi commettido, fazendo-se acompanhar dos que vierem fazer-lhe a
declaragao.
Art. 33.° Os corpos de delicto serlo organisados de maneira, que satisfagam plenamente ás
condigoes enumeradas no artigo 243.° e seus paragraphos; e os generaes commandantes das di-
visoes prestarlo a maior attengao ao modo por que slo lavrados, a fim de que n'elles se conte-
nham os elementos que constituem o crime, isto é, todos os factos materiaes que slo ao mesmo
tempo os vestigios e as provas do crime, todos os actos que com este se prendem, e os signaes
que revelara a sua existencia (modelo n.° 6).
§ 1.° Os que sao pela lei encarregadbs de os elaborar, cuidarlo em verificar o facto mate-
rial, para reconhecerem a sua existencia real e o seu carácter penal; devem fixar o- momento
da perpetraglo, observar os meios com o auxilio dos quaes foi perpetrado e os effeitos materiaes
372

que d'elle se deiñvaram; verificar, finalmente, todas as circumstanciasconstitutivas e neeessarias


da acglo principal.
§ 2.° As diligencias dos encarregados de formar os corpos de delicto devem consistir antes
de tudo em verificar por meio da observagao ocular a existencia do facto, independente da
confissao do culpado e de qualquer depoimento. Na maior parte dos casos estes signaos sao ma-
niféstos, mas, quando se occultam, trazem-se á luz pelos depoimentos de testemunhas, pelo exame
de peritos, por exame pessoal, pela attenta investigagao dos factos e das suas causas. Deve fa-
zer-se a descripgló do estado do logar, quando seja útil essa apreciaglo, e mesmo das proximi-
dades d'elle, descrevendo a posigao dos movéis, o estado d'estes, se inteiros ou quebrados, e se
eonservam signaes ou impressoes com referencia ao crime.
Depois d'este exame, devem reunir-se as armas, os instrumentos, e tudo o que parecer ha-
ver servido para commetter o crime, e fazer-se d'elles a descripgae summaria.
Art. 34.° Variando muito as hypotheses e podendo o mesmo crime ser praticado por diffe-
rente modo, o official encárregado de formar o corpo de delicto deve dirigir as suas investigagoes,
em cada urna d'essas hypotheseSj segundo o carácter particular que apresentem e os incidentes
que as acompanhem.
1.° Se o crime for, por exemplo, a subtrácgao de alguma cousa:
Examinar ou descrever o objecto subtrahido, quando esteja presente; nao o estando, recor-
rer á declaragao do queixoso, ao depoimento de testemunhas, que attestem por mu modo claro a
natureza do objecto, o seu estado e o seu valor.
Determinado bem qual fosse o objecto^ inqüerir do logar em que elle se achava collocado;
se em estrada publica ou na rúa; se dentro de casa habitada ou de suas dependencias; se den-
tro de edificio ou deposito publico; se dentro de um movel; se debaixo de chave ou aberto; se
exposto em qualquer parte e sujeito á ápprehensao.
Em que logar se encontrava a pessoa lesada no momento em que a subtrácgao foi pratieada;
ou se o foi sobre a propria pessoa do queixoso.
Q.uaes fossem os meios conhecidos ou provaveis com que o crime foi praticado. Se concor-
reu escalamento ou arrombamento no exterior ou no interior; se houve emprego de chaves falsas;
se houve rompimento de sellos; se foi praticado de noite (antes do nascer e depois de se por o
sol); se foi de dia; se foi em logar ermo.
Se o crime podia ser commettido por urna só pessoa ou se esta carecia do auxilio de mais;
se ha um só ou mais culpados.
Se os criminosos levavam armas apparentes ou occultas; se fizeram uso d'ellas ou ameaga-
ram de as empregar; se exerceram violencias contra as pessoas, ou fosse para realisar o crime,
ou para assegurar a retirada; se essas violencias deixaram vestigios de ferimentos ou contusoes;
se, para commetter o crime, empregaram actos de barbaridade contra as pessoas; se tinham
mascaras ou tinham vestido fato com que se disfargassem; se fizeram uso de fardamentos ou
distinctivos para se fazerem acreditar como auetoridades; se invocaram o nome de alguma, in-
culcando-se como mandatarios seus.
Indicar nominalmente os culpados e as suas relagoes com o queixoso; se téem cumplices;
se occultaram em alguma parte os objectos roubados e quaes sejam os receptadores.
Se os objectos slo encontrados, apprehender-se-hlo para servirem de meios de prova, nao
esquecendo o cintal-os com tiras de papel, sellando-as, e assignando n'uma d'ellas o encárregado
de proceder ao auto, as testemunhas e o culpado, se estiver presente.
2.° Se se trata de ferimentos ou contusoes:
Examinar se mis ou outras téem urna certa gravidade; se d'elles pode resultar alguma
doenga ou urna incapacidade de trabalho pessoal e o tempo que parega dever durar, declarando-o
com todas as circumstancias concomitantes e consecutivas.
Fazer intervir n'essa declaragao dois facultativos, para avaliarem o estado do contuso ou
do ferido, o tempo em que a contusao ou ferimentos deviam ter sido feitos, o instrumento, o
modo, a sede das feridas ou contusoes, a sua especie, a extensao e gravidade. Fazer com que
os peritos declarem quaes as consequencias jirovaveis que as violencias exercidas devem produzir,
e qual a duragao presumivel da doenga ou da incapacidade de trabalho pessoal.
Descrever o estado das armas e outros instrumentos do crime; e mesmo do vestuario e rou-
pas, e apprehender estas, se forem neeessarias para as provas.
Eeceber e notar desde logo aB primeiras allegagoes do aecusado; se este explica o crime
por impericia ou descuido, ou por imprudencia e sem má intengao, e verificar desde logo os fun-
damentos de suas deseulpas; e ao mesmo tempo certificar-se pelos peritos de que o queixoso nao
exagera a doenga cuja causa imputa ao aecusado.
No caso em que os ferimentos fosse-m praticados por um certo numero de homens em sedi-
gao, em rebellilo ou para saque e devastaglo, mencionar desde logo estas circumstancias, e,
alem d'isso, verificar, quanto possivel, esse numero, quaes sejam os chefes, auctores, provocado-
res ou instigadores d'essa sedigá'o, rebellilo ou pilhagem.
373

3.° Quando o crime for de homicidio:


Importa o descrever a posiglo do cadáver, o estado do vestuario, a natureza e numero das
feridas, a situagao das armas ou instrumentos encontrados junto da, victima ou ahi próximo e os
signaes apparentes que indiquem qual fosse o genero de morte. É essencial acompanhar-se de
peritos, para designar desde logo a causa da morte. Depois de comprovar a existencia e estado
do cadáver, deve descrever minuciosamente e logar onde foi encontrado, os objectos que o cer-
cavam, aquelles que paregam dever pertencer á victima, a extensao e a direegao do rasto de
sangue, as circumstancias que podem fazer presumir que se désse lucta, ou que fosse urna espera
traigoeira; indicar todas as particularidades, por mínimas que paregam, que possam ligar-se com
a acgao, como é o amarrotado e rasgado do vestuario, a impressao dos pés no solo, os indicios
que revelem a subtrácgao de objectos que a victima tivesse comsigo ou no local em que se en-
contrava.
Se a causa da morte nao é desde logo conhecida, deve proceder-se á autopsia. Convem
que o delinquente se áche presente (se já é conhecido), quer seja no interesse da aecusagao, que
pode tirar indicagoes uteis d'esta confrontagao, quer no interesse da defeza, a fim de que esta
possa conheeer os factos de que ulteriormente ha de ser argüido o mesmo delinquente.
Se a morte ainda nlo tiver sobrevindo, o official deve fazer examinar a victima pelos peri-
tos e que estes verifiquem a existencia e qualidade dos ferimentos; receber as declaragoes do
paciente, apresentar-lhe, se for possivel, o presumido aggressor e verificar desde logo a verdade
dos factos allegados n'essas declaragoes (modelos n.os 7 e b).
Art. 35.° Quando o corpo de delicto revelar a existencia de algum Crime, será sem demora
remettido ao general commandante da divislo, assim como os demais papéis de que falla o ar-
tigo 246.°, o qual procederá nos termos do artigo 247.°, sem o que nlo se dará seguimento ao
processo (modelos n.OÍ 9 e 10).
Art. 36." As ausencias ¡Ilegitimas continuarlo a ser notadas nos máppas diarios e mais
papéis em que ellas se registam, porém, logo que eonstituam deserglo, o commandante da com-
panhia ou batería fará a participáglo official do facto.
§ unico. Do mesmo modo se procederá ñas repartigoes e estabelecimentos dependentes do
ministerio da guerra, cumprindo fazer a participagao ao ehefe de repartiglo, da secgao ou do
servigo em que o ausente se achava empregado.
Art. 37.° Os commandantes de corpos mandarlo sempre annunciar na ordem regimeiital os
números, nomes e compánhias das pragas ausentes sem licenga, e tambem quando estas se eon-
stituam desertoras, a fim de que qualquer as possa capturar; e quanto aos que excederem as
licengas concedidas, reclamarlo dos administradores dos coneélhos, para onde a licenga foi pas-
sada, a captura immediata da praga illegalmente ausente.
Art. 38.° Verificada a deserglo, o commandante do corpo, tendo recebiclo a participagao do
commandante da companhia ou batería'(modelo n.° 11), escreverá na mesma: O sr.... proceda
a corpo de delicto (n.° 3.° do artigo 127.° e n.° 2.° do artigo 129.°).
Art. 39.° O official encárregado de proceder ao corpo de delicto, inquerirá verbalmente as
testemunhas sobre os factos indicados na participáglo, a hora ou revista a que faltou e se levou
os artigos de fardamento, armamento, equipamento, munigoes ou quaesquer outros pertenecntes a
militares; verificará 2>elos mappas e pela data da praga no livro da matricula, se o numero de
dias de ausencia constitue deserglo; pelas livrangas o numero de ragoes de pao e dias de rancho
de que foi abonado n'esse niez; e, finalmente, se a liquidaglo feita sobre o debito que deixou
coincide com a conta corrente da praga com o conselho administrativo. Com estes elementos for-
mará o corpo de delicto (modelo n.° 12) e o entregará ao commandante.
§ único. Os dias de ausencia que constituem deserglo nlo se contam desde aquelle em que
a praga faltón, mas sim do dia ¡inmediato.
Art. 40.° Completa assim a investigagao, o commandante osereverá: Junte-se a certidao do
UVJV de matricula, tránscrevendo-se nella as notas que possa ter no registo disciplinar (§ unico do
artigo 238.°).
Art. 41.° As partieipagoes e corpos de delicto ficarao archivados na pasta E, e servirlo de
títulos para- legitimar, perante o fiscal da administragao militar, os abonos feitos em mostra, e
perante o inspector, as verbas Jangadas nos registos do corpo; e tambem para abater na carga
do regimentó os artigos levados pelos desertores, assim como para justificar as quantias abona-
das pelas dividas ao cofre de fardamento, quando os desertores ficassem devedores.
§ unico. Estes títulos substituem completamente os conselhos de investigaglo que estavam
em uso.
Art. 42.° Quando o desertor se aprésente on seja capturado, o commandante da companhia
ou bateria fará logo communicagao (modelo n.° 13), sem que isto dispense a do official ele ins-
pecglo, e a do commandante da guarda do quartel, se o desertor deu entrada no calabougo.
Art. 43.° Se o desertor houver apresentado os artigos, ou parte d'elles, que levara quando
se ausentou, a communicagao do commandante da companhia assim o declarará, e esta servirá
374

de titulo para augmentar na carga do corpo os artigos que d'ella se haviam abatido. O comman-
dante do corpo, na sua participagao ao general, declarará se esta circumstancia que se contení na
participáglo inicial (a de ter levado artigos pertencentes ao estado) subsiste, se deve caducar,
ou se deve reduzir-se e de quanto (modelo n.° 14).
Art. 44.° No caso em que o desertor aprésente os artigos de armamento, equipamento e
munigoes, a nova participagao do commandante de companhia, depois de visada pelo major, pas-
sará ao quartel niestre, a fim de fazer a alteragao no livro, modelo G, da carga e movimento
do material de guerra.
Art. 45.° A participagao do commandante da companhia ou bateria, o auto do corpo de de-
licto, a fé de officio (certidao do livro de matrícula) e participagao do commandante do corpo,
serlo remettidos ao general commandante da divisao, que procederá nos termos do artigo 250.°
§ únicos Se o delinquente tiver patente superior á de majorj estes papéis serao dirigidos á
quinta repártiglo da secretaria da guerrai
Art. 46.° Se ao tempo da apresentagao ou captura ja nao pertencerem ao corpo alguma ou
todas as testemunhas constantes da participagao, o commandante do corpo enviará tambem novo
rol de testemunhas.
Art. 47.° Ó commandante do corpo, se o regimentó nao tiver tido inspecgao no praso que
décorrer desde a ausencia até á apresentagao ou captura, passará certidlo authentica de quanto
se contiver na participáglo do commandante da companhia ou batería, depois de verificada pelo
corpo de delicto, e esta certidao ficará substituindo no archivo aquelle original.
Art. 48.° Nos casos dos artigos 71.° e 73,°, ás participagoes dos commandantes de compa-
nhia é regimentó, juntar-se-ha a parte que houverem dado os commandantes de piquete^ de
grande guarda, officiaes de ronda, commandantes da linha de defeza, chefes de patrulhas, ou
qualquer outro Superior que houver relatado os factos e as circumstancias que os revestirem, e
assim tambem o rol das testemunhas.
§ único. Estas commünicagoes serlo entao enviadas áo general commandante de divislo em
campanha, ou aq governador ou commandante do logar sitiado, ou ao general em ehefe, nos ca-
sos em que estes últimos substituem ó ministro da guerra (artigos 248." e 283.°).
Art. 49." Continúa em vigor o que a respeito da apj>rehensao de desertores foi determinado
ñas ordens do exercito de 24 de outubro de 1811, de 4 de agosto de 1836, de 24 de novembro
de 1857, de 30 de novembro de 1858 e no aviso de 5 de outubro de 1857.

1 CAPITULO vi
Do summario e da prisao
Árt. 50.° As deprecadas para serem inqueridas testemunhas que residam fóra da comarca
em que funeciona um conselho de guerra, devem conter os nomos, profissoes, residencias e mais
indicagoes sobre as testemunhas mandadas ouvir, e os artigos que contiverem os pontos de facto
sobre que devem ser inqueridas (modelos n.os 15 el 6).
Art. 51.° Findo o summario e examinadas a exposigao do auditor e a informagao do pro-
motor, o general, sob sua responsabilidade, segundo o que dispoe o artigo 282.°, lángara o seu
despacho (modelos n.os 17 e 18), e conforme elle se procederá ou nlo á aecusagao em conselho
de guerra (293.°).
Art. 52.° Dada a ordem para se proceder a julgamento, os réus serlo presos, quando já o
nao estejam, guardando-se as disposigoes dos artigos 288.°, 289.° e 290.°; porém, ainda quando
o réu se nlo ache recluso, será sempre conduzido debaixo de prislo perante o tribunal a que
tiver de responder^ e reeolhido a prislo fechada urna vez publicada sentenga condemnatoria.
Art. 53.° Os governadores de pragas ou commandantes de fortalezas, de presidios e de cor-
pos onde haja prisoes militares e que recebam presos antes de sentenciados, cumprirlo fielmente
as requisigoes dos officiaes encarregados da formagao dos corpos de delicto, e dos auditores dos
conselhos de guerra, quanto á incommunicabilidade dos presos, durante o tempo que for essen-
cial ás primeiras perguntas e indagagoes (modelos n.os 19 e 20).
Art.. 54.° Fóra ¿'estes casos, a situagao dos delinquentes nao pode ser aggravada por dis-
posigoes arbitrarias e singulares contra qualquer d'elles, mas todos' serao sujeitos ao regulamento
e régimen interior da prisao.
Art. 55.° Os mesmos governadores e commandantes porlo á disposigao dos officiaes e au-
ditores, de que trata o artigo antecedente, os presos que hajaui de ser perguntados durante
a
formagao da culpa e preparaglo do processo, ou seja no edificio da prislo ou n'aquelle em que
se achar o tribunal; e da mesma forma os farlo apresentar quando reclamados pelos presidentes
dos conselhos de guerra, para o julgamento, ou sempre que este o exigir.
Art. 56.° -Álem. do auditor e do militar encárregado de formar o auto do corpo de delicto,
os mesmos governadores e commandantes permittirao a entrada e communicagao com o preso ao
secretario do conselho de guerra, sempre que oste tenha de fazer alguma intimaglo.
37o

Art. 57.° Os mesnlos commandantes, logo que liles seja reclamado por qualquer preso que
fosse sentenciado e dentro do praso marcado no artigo 368.°, receberao os recursos dos réus
contra as sentengas que os houverém condemnado, escrevendo-os por termo e remettendo-os im-
mediatamente ao secretario do conselho de guerra.
§ 1.° Estes termos devem sempre indicar o dia em que for interposto o recurso (modelos
n.os 21, 22 e 23), e serlo lavrados um para cada réu que recorrer, quando o julgamento abranja
mais réus.
§ 2.° Nos prasos e termos estabelecídos para qualquer recurso, ou para o eumpriinento de
qualquer acto do processo, entender-se-ha sempre que os dias designados pela lei representam o
lapso de vinte e quatro horas completas.
§ 3." Nlo se conta no praso ou termo o dia em que comegar, mas conta-se aquelle em que
findar.
4.° O praso que devesse finalisar n'um dia santificado ou feriado, sómente se completará}
nos termos judiciaes, no primeiro dia desimpedido que se lhe seguir.

CAPITULO VII

Do epnserño de guerra
Art. 58.° Designado o düi para a discussao de urna causa, o presidente do conselho de
guerra mandará fazer os avisos necessarios a fim de que o julgamento nao deixe de ter logar.
O presidente provindenciará nos casos em que a audiencia tenha de continuar de noite, á fim
de que a sala das sessoes e mais dependencias sejam ¡Iluminadas convenientemente; e a déspeza
assim feita pelo presidente ou pela massa do expediente, será satisfeita por meio de recibo assi-
gnado pelas mesiuas pessoas de que falla o artigo '6.°, § único d'este regulamento.
Art. 59." Para cada tribunal será nomeada urna guarda de honra de um sargento, um cabo
e doze soldados, urna ordenanga e as escoltas neeessarias, ou os officiaes ou officiaes inferiores
que deve.rem acompánhar os réus.
Art. 60.° Os juizes militares comparecerlo com o grande uniforme e mais condigoes de que
trata o artigo 312.°
Art. 61.° Assistem á sesslo todos os juizes effectivos e igualmente os, seus supplentes, e
em seguida á collocaglo indicada no artigo 313.°, assentar-se-lilo os dois supplentes, ficando o
official superior do lado direüo e o capitlo do lado esquerdo.
§ unico. Os supplentes nao tomam parte na conferencia, mas demorar-se-hlona sala da at"
diencia até á publicagao da sentenga.
Art. 62." Depois de reunido o conselho de guerra, e no caso excepcional em que o código
auctorisa o chamamento de testemunhas de fóra da comarca, para deporem oralmente perante o
tribunal, será a reclamaglo, na forma do artigo 333.", feita pelo general commandante da divi-
slo, o qual mandará logo passar as guias de transporte, que remetiera á auctoridade adminis-
trativa ou judicial, a quem recorrer, para intimar as testemunhas requisitadas.
Art. 63.° Os conselhos de guerra, apenas as testemunhas concluam os seus depohnentos,
entregar-lhes-hao um titulo (modelo n.° 25) designando a quantia a que téem direito pelos dias
em que estiverem fóra das suas residencias e distrahidos de suas oecupagoes ordinarias, e pelos
kilómetros que percorreram e tiverem añida a percorrer por estrada ordinaria até voltarem ao
seu domicilio, e alem d'isto prevenil-as-hao de que esse titulo tem de ser visado pelo general
commandante da divislo.
Art. 64." Emquanto os membros do conselho de guerra estiverem na conferencia para jul-
gamento, a guarda do tribunal entrará na sala de audiencia, e n'ella esperará até que os juizes
tenham resolvido e a sentenga esteja lavrada.
Art. 65.° Logo que os juizes entrem na sala e toniem os seus logares, a escolta conduzirá
o preso até junto da teia, e a guarda formará no fundo da sala, tendo todos os homens armados
as barretinas na cabega e as armas perfiladas.
=
Art. 66." O presidente annunciará que váe publicarse a decisño do conselho==e entao os
juizes se cobrirlo e porao de pé; e quando o presidente pronunciar a formula== Em nome da
Lei e de El-Rei=^& guarda e escolta apresentarao as armas e os officiaes desembainharao as
suas espadas.
§ unico. No caso do artigo 353." o presidente, em logor de pronunciar a formula ácima in-
dicada, publicará o seu despacho e mandará recolher o réu á prisao.
Art. 67.° Na hypothese do artigo 354.°, o auditor publicará os quesitos e as respostas a
elles dadas pelo conselho, c logo o presidente proferirá o seu despacho, mandando por o réu em
liberdade. Os officiaes embainharlo entlo as espadas e a escolta e guarda porao as armas no
braco e abrirlo passagem ao aecusado, que irá lívre e soltó apresentar-se á auctoridade de qüeni
depender.
376

§ 1.° Ñas hypotheses dos artigos 355.° e 356.°, o auditor publica a sentenga; e findo o que a
guarda e escolta restituirlo as armas á posiglo anterior e os officiaes embainharlo as suas espadas.
§ 2.° Se o réu nlo for acompanhado de escolta, nem por ¡sso a guarda deixará de formar
ao fundo da sala, e o réu conservará junto de s¡ a pessoa que o eonduziu.
§ 3.° O presidente dará ao commandante da escolta, ou áqüelle que eonduziu o réu (no
caso de ser mandado por em liberdade), urna copia do seu despacho, devidaniente assignada, a
fim de solver a responsabilidade que tenhaní pelo nlo apresentarem,"e para ser abatido o preso
no registo da prisao.
Art. 68.° O secretario fará publicamente a intimaglo e com ella a advertencia de que o réu
pode recorrer d'ella, se tiver fundamento, dentro do praso legal (Indicando qual seja), e a ma-
neira por que pode fazel-o.
Art. 69.° Se a sentenga for condemnatoria, ou quando nlo passe logo em julgado, o réu
volverá acompanhado pelo mesmo modo por que veiu á audiencia do julgamento, observando-se
o que dispoe o artigo 52.° d'este regulamento.
Art. 70.° Terminada a publicagao e intimaglo da sentenga, o secretario lavrará a acta da
audiencia (modelos n.os 27, 28, 29 e 30) e seguir-se-hao os mais termos até final. Todo o pes-
soal do conselho e a guarda do tribunal se conservarlo presentes até que o presidente levante
a sessao e dé por terminado o servigo.
Art. 71.° O presidente, sempre que o julgue necessario, poderá reclamar maior forga para
a guarda do tribunal, e dispor d'ella e collocál-a como convier, ou tomar qualquer outra provi-
dencia tendente a manter a policía, assegurar a ordem e o livre exercicio das funegoes que a
lei commette ao tribunal.
CAPITULO VIII
Do tribunal superior de guerra e marinliá
Art. 72.° Ñas sessoes do tribuual superior de guerra e marinha a distribuigao dos logares
far-se-ha por modo análogo ao que está prescripto para os conselhos de guerra (artigo 313.°),
tomando o presidente assento á cabeceira da mesa e em logar mais elevado; á sua esquerda to-
mará logar o juiz relator; no primeiro logar á sua direitá, o vogal mais graduado; no segundo
logar á esquerda, o segundo vogal em graduagao; no segundo logar á direita, o terceiro vogal
eni graduagao, e assim alternadamente quando funecione maior numero de juizes.
O secretario assentar-se-ha em frente do presidente, mas em mesa separada; e igualmente
em mesas separadas tomarlo logar o promotor á direita e o defensor á esquerda.
Art. 73." Ñas sessoes em que funecionam todos os juizes do tribunal, o adjunto do juiz
relator tomará logar á esquerda do juiz relator, e os demais juizes segundo o que fiel disposto
no artigo antecedente.
Art. 74.° Sobre a mesa estarlo sempre os quatro exeiriplares de que trata o artigo 314.°
Art. 75.° O réu quando, ñas condigoes do § único do artigo 383.°, assistir ao julgamento
da causa, comparecerá sempre preso, ainda quando nao estivesse em prisao fechada até eñtao.
Nomear-se-hao, como dispoe o artigo 59.° d'este regulamento, as escoltas ou militares que o de-
vem acompánhar.
Art. 76.° Quando em algum dos membros do tribunal superior de guerra e marinha se dé
alguma das incompatibilidades previstas no artigo 123.°, fal-a-ha constar ao presidente logo que
a causa esteja escripta em tabella.
Art. 77.° O secretario lavrará a acta da sessao, fazendo n'ella mengao de se haver obser-
.
vado cada unía das formalidades prescriptas no capitulo vni do livro iv, e d'ella deve constar:
1." O dia, mez e anuo em que se reuniu o tribunal c para que fim;
2.° O nome e appellido do aecusado e corporagao a que pertence;
3.° O crime de que se tratar;
4.° Os nomes e graduagoes dos juizes, e bem assim do promotor;
5.° Que a audiencia foi publica, ou a rasao por que foi secreta;
6.° O que fez objecto do recurso, e como foi decidido (modelos n.os 31, 32 e 33).
Art. 78.° Das sentengas é accordlos definitivos, que forem enviados aos commandantes das
divisoes, para os fazerem cumprir, tirar-se-ha copia no quartel general, a fim de ser remettida
ao corpo do réu, ou repartiglo a que elle pertenga, declarando-se quaes os effeitos legaes e pe-
nas accessorias resultantes da condemnaglo — quando todas nao estejam enumeradas — a fim de
se langareni as precisas notas nos assentamentos dos réus.
CAPITULO IX
Disposigao commnm aos dois capítulos antecedentes
Art. 79." Os militares fóra da activídade do servigo, que forem chamados a exercer quaes-
quer funegoes de justiga militar, prestarlo juramento aos Santos Evangelhos — de bem e fiel-
377

mente desempenharem as obrigagoes que por lei lhes incumbem — como o exige o § unico do
artigo 120.°
§ unico. Este juramento será deferido:
Pelo ministro da guerra, ao presidente do tribunal superior de guerra e marinha;
Pelos generaes commandantes das divisoes, aos presidentes dos conselhos de guerra;
Pelo presidente do tribunal superior de guerra e marinha, aos vogaes do respectivo tribunal,
ao defensor e secretario;
Pelos presidentes dos conselhos de guerra, aos vogaes dos seus respectivos tribunaes e aos
defensores.
CAPÍTULO x .
.

Da exéeueSo das sentengas


Art. 80;° Nenhuma sentenga ou accordao se dará á execugao sem a reqüisiglo do promotor
de justiga e o miinpra~se do general eommandante da divislo.
§ único. O cumpfa-sé do general nlo será posto nos casos exceptuados pelos artigos 413.°
e 416¿°, eniquánto os processos penderem da resoluclo superior.
Art..81.° A execuglo da sentenga terá logar como n'ella se contiver, e incumbe áo general
eommandante da divislo dar as providencias neeessarias para se levar a effeito.
Art. 82.° Os effeitos das penas applicadas conforme a lei pelos tribunaes militares sao urna
consequencia necessaria da condemnácao, embora as sentengas condemnatorias os nlo especifi-
quem, como dispoe o artigo 22.°] poréin os promotores, quando requerex*em a süá execuglo,
promoverlo a applicaglo das penas accessorias com a principal, indicando os fundamentos do
pedido, se as sentengas nao as tiverem declarado (modelo u,° 34).
§ único. Das sentengas e áccordloS qué eondemnarem qualquer militar acensado de üm
crime commum, e ao qual se fizesse applicagao do código penal ordinario, os promotores de
justiga remetterlo o extracto da sentenga ou accordao ao juizo da comarca da naturalidade do
réu, para o inscrever no registo criminal, nos termos do decreto de 7 de novembro de 1872.
Art. 83.° No caso em que o tribunal superior de guerra e marinha decide definitivamente
nos termos dos artigos 396.° e 397.°, incumbe ao seu jiromotor requisitar do general comman-
dante da divisao o cumprimento da sentenga condemnatoria; e quando obtenha o cumpra-se, en-
viará os autos ao promotor do conselho de guerra eni que o processo correu, a fim de o fazer
dar á execuglo.
§ 1.° Se, no caso do artigo 396.°, o mesmo tribunal negar provimento ao recurso^ báixarlo
logo os autos ao conselho que proferiu a sentenga, e o promotor d'elle requererá a execuglo.
§ 2.° Quando os promotores de qualquer dos tribunaes requererem a execuglo da pena
ultima, o general remetiera o processo á 5.a reparticao da secretaria da guerra, e só lhe pora o
cumpra-se quando lhe for communicado que o soberano julgou nlo dever fazer uSo da preroga-
tiva consignada no § 7." do artigo 74.° da carta constitucional.
§ 3.° Em todos os casos o processo, quando findo, baixará Sempre ao conselho de guerra
que o julgou, o ahi ficará archivado.
Art. 84.° As penas de presidio de guerra, de deportadlo militar e de prisao militar, eujos
effeitos se descrevem nos artigos 18.°, 19.a e 20.°, serlo cumplidas pelo modo que for determi-
nado em regulamento especial.
Art. 85.° As penas de trabalhos públicos, prislo maior e degredo, serlo cumplidas segundo
as indicagoes do artigo 24.°
Art. 86.° A pena de demissao, quando nao seja aggravada, surte o seu effeito logo que a
sentenga passar em julgado e que seja satisfeita a promóglo do ministerio publico. Ao réu se
conferirá a escusa do servigo, publicando-se a sentenga e o decreto que n'ella se funda.
§ 1.° Quando, poréin, a demissao seja aggravada com algum tempo de prisao, o réu, apesar
de abatido do effectivo do exercito, e de se ter publicado a sentenga e decreto, será conservado
em prislo militar e separado das pragas de pret todo o tempo que a sentenga designar, entre-
gando-se-lhe a escusa do servigo no dia em que for posto em liberdade.
§ 2.° No caso do paragrapho antecedente, o réu tem direito a receber, como pensao alimen-
ticia, metade do soldó pela tarifa de .1814, do ultimo posto que exerceu, emquanto se conservar
preso.
Art. 87.° A execuglo da pena de exautoraglo terá sempre.logar na frente da tropa reunida.
O general dará as ordens para que se ache em hora local designado
e um contingente de cada
corpo de qualquer arma estacionado na sua divislo, ou dos mais próximos ao seu quartel gene-
ral, e composto de dois officiaes, dois sargentos, dois tambores, corneteiros ou clarins, e trinta
e seis cabos e soldados, indo todas as pragas a pé e desarmadas, excepto o contingente do corpo
do réu, do qual irlo sempre armados
um sargento, dois cabos e dez soldados.
§ 1.° Ño mesmo local e á mesma hora se acharlo presentes o official superior de dia á
378

guarnigao, o major e ajudante da praga, ou um official do quartel general, o promotor e o se-


cretario do tribunal que proferiu a sentenga.
§ 2." O general pode, se o julgar conveniente, noniear algum official de maior graduagao,
dos que estiverem á sua dispos¡glo, para d¡rig¡r o acto da exauctoraglo e commandar a forga;
e quando o nao faga, assumirá o comniando o official superior de dia á .guarnigao.
:¡§ 3.° O: mesmo general proverá, quando o entender conveniente, a que sejam guardados e
polie¡ados os arredores do local da exautoragao, ou requisitará que tal servigo seja deseiñpe-
nhado pelos corpos de policía, havendo-os na localidade, ou cpnjunctamente com elles.
Art. 88.° O condemnado á exautoraclo será conduzido ao centro da tropa formada em
quadrado e vira com o seu uniforme. Dentro do quadrado se adiarlo os officiaes e secretario
de que falla o artigo antecedente; e formados n'üma só fileira, os corneteiros, tambores e cla-
rins; e ahi, perante todos, será lida pelo secx'etario a sentenga condemnatoria, depois da qual se
procederá á exautoragao.
.;., Dois dos tambores, corneteiros ou clarins serlo encarregados.de.privar o condemnado dos
distihctivos militares; porém, o official que presidir á exautoraclo nlo.consentirá que se exceda
o formulario^indicado no presente.,regulamento: ao condemnado apenas se tirarlo o lago nacio-
nal, o numero do regimentó que, trquxer na barretina ounobarrete.de policía e ñas platinas
dos hombros; a banda, os galoes e dragonas ou eharlateiras de qualquer posto ou graduagao
que baja exercidó;¡ as eondecoragoes; os botoes dp casaco, jaleco ou capote. A espada ser-llie-ha
quebrada, sefbr official. E nada mais se consentirá,; qualquer que seja a- graduagao ou o crime
do: sentóneiadoi
O official que Commandar a forga empregará oS meios precisos, a fim de se cumprirem
exíietamente as: formalidades, qbrigandoo réu pela forga) se elle reágir, ou procurar impedir a
execucao da sentenca.
s>
Apenas.terminada
J ...
a exautoraclo,. o commandante da forga mandará volver á retaguarda,
r;,
e;todosi os, tambores rufarao até quo o condemnado tenha desapparecido. .......
Se O: condemnado houver de ser entregue ás j.ustigas ordinarias,, os agentes d'ellas; espera-
rao p -réu fóra;do quadrado e ahi. o receberao depois de expulso, e tambem a baixa.de servigo
militar e a copia da sentenga, á qual o secretario acrescentará a certidao (modelo n.° 35).
,0 commandante da forga fará depois desfilar a tropa, exlai'á paorte ao general de como se
cumpriu-, o seu despacho. No processo se; lángara por encerramento. a. mesma certidao (¡modelo
n.°;35)> na qual o promotor, declarará quefoi presente, e pora a sua;rubrica.
Art. 89." A execuglo da pena de morte far-se-ha similhantemente á da exautoraclo, eon-
eorr.endo; as mesinas pessoas indicadas np artigo 87.° d'este regulamento, e alem d'ellas dois
facultativos militares;, porém, enipregar-se-hao as seguintes ¡modificagoes:
:
1.a Quando a exautoragao for accumulada á pena de morte, o culpado nlo será* exposto
ao duplo effeito material das duas penalidades; o ehefe do estabelecimento em que o réu se achar
preso, providenciará por modo, que elle nao traga nos uniformes nenhum dos objectos que, se-
gundo o ácima exposto, tinham de lhe, ser tirados; '
2.a A tropa formará em linha ou em pequeñas columnas contiguas, segundo a capacidade
do local;
3.a Só assistirá com armas- a secglo de que falla o artigo seguinte;
4.a A sentenga será lida á tropa reunida antes da approximaglo do condemnado.
Art. 90.° A execuglo é confiada á determinagao do general da divislo ou do official com-
mandante da forga nomeada por elle; mas destinar-se-ha sempre urna secglo de seis filas.-,, com-
posta de quatro sargentos, quatro cabos e quatro soldados, tirados dos mais antigos eni cada
umai d'estas classes que houver no corpo do réu, e quando para isto baja impedimento, dos con-
tingentes que deverem assistir.
O paciente, depois de lhe serení ministrados todos os soccorros espirituaes, para o que se
lhe concederlo tres dias, será conduzido á frente-da tropa, acompanhado de ministros da sua
religiio, e ser-lhe-hlo vendados os olhos; a secglo avangará até á distancia de doze passos, sem
que seja necessario fazel-o á voz, e, d'ahi atirará sobre o condemnado.
E ao major da praga, e na sua falta ao ajudante ou official mandado pelo quartel general,
a quem compete dirig¡r a sécelo da tropa e quem a manda avangar: as vozes seguintes de
pr&parar, apontar e fogo serlo suppridas por signaes feitos com a espada, e nos diversos movi-.
mentos evita.r-se-hao os choques das armas, as pancadas sobre a bandoleira, e que o cao salte
CQrii; violencia no entalhe de annar.
.: , Terminada a execuglo, a tropa
foimiará em columna com a frente para a direita tendo as
fraegoes a frente de um contingente ou de metade d'elle, segundo a capacidade do local, e pas-
sará-como na marcha em revista pela; face parallela aquella em que.; teve logar, a formatura ini-
cial, dando cada commandante de fracgao a voz de oÚiar direita, cinco passos antes de chegar
ao ponto da execuglo, e mandando olivar frente, quando o tiver transposto outros cinco passos;
e; percorrida essa face os contingentes regressarao a quarteis.
379

Art. 91.° Emquanto a forga se preparar para formar a columna, a escolta ou sécelo que
houver sido empregada na execugao, logo depois de fazer fogo, pora as armas no braco á -'voz
do official que a dirigir,-e em acto continuo este procederá á revistado armas, para notar algum
que se abstivesse de atirar.
Art. 92.° Verificado que alguma praga deixou de desfechar, desobedeeendo á. ordem que
lhe foi dada, o official que commandar a secglo, tomando ahi mesmo as testemunhas, lavrará
auto de corpo de delicto, que entregará ao promotor de justiga, e a fará conduzir á prisao mais
próxima, depois de desarmada.
Art. 93..° Cumprir-se-hlo as mesmas formalidades referidas no artigo 88.° d'este regula-
mento quanto ás coinmunicagoes a fazer áo general commandante da divisao e ao tribunal que
proferirá a sentenga; o secretario encerrará o processo com a certidlo (modelo n.° 36), na qual
o promotor declarará que foi presente.
Art. 94.° A administraglo militar, e na sua falta ao servigo de saude do exercito, incumbe
fazer remover immediatamente os restos do condemnado e proceder ao seu enterramento. O corpo
do. condemnado pode ser entregue á sua familia, se; esta o reclamar e q.uizér proceder á< sua
inhumagap. •
Art. 95.° Quando a pena de morte nao for aconipaiihada Gom.. ar.de exautoragao, proceder^
se-ha a,o funeral com as mesmas formalidades e honras que se empregam para com qualquer
militar fallecido, e em correspondencia com a sua graduagao.

CAPÍTULO XI

Disposigoes aivérsás
Art, 96,° Quando os generaes commandantes das divisoes militares, ;a requerimento dos
conselhos de guerra, reclamarem a presenga de alguma testemunha domiciliada fóra da comarca
(artigo 333.° do código e- artigo 62.° d'este regulamento), aleffi dos tfanspPrte's"dé ida é'régrésso,
as testemunhas, que assim forem intimadas e depozerem perante os conselhos de guerra, téem
direito a receber o subsidio diario de 5j00 réis desde que saírein do seu domicilio até que voltem
a, elle, e contados pelo itinerario.
§ 1.° Se o logar em que essas testemunhas se acharem domiciliadas estiver ligado por ca-
minho de ferro com aquelle que é sede de-urn conselho de guerra permanente, perante ó qual
foram chamadas, a guia militar de transporte; ésufñciente para que este Ibes, seja fornecido;
quando, poréin, só ó esteja em parte, ou quando entre os: dois pontos nlo houver nenhuniá sec-
glo de viagao aecelerada., ser-lhes-ha abonado, alem do subsidio, o transporte de 35 réis por ki-
lómetro que houveram de pereorrer por estrada ordinaria. ' ' í: '. '
§ 2." Nos caminhos de ferro, as testemunhas assim requisitadas, terlo' passagem em car-
ruagem de 2.a classe; porém, sendo militares ou equiparados a militares, serlo.transportados
iias carruageiis correspondentes ás suas gráduagoes e segundo o regulamento especial a tal res-
peito.
Art. 97.° Em qualquer pagadoria em que baja fundo á disposigao do ministerio da guerra
e onde se apresentem estes títulos, serlo logo pagos aos interessados, e os generaes comman-
dantes de divislo enviarlo todos os mezes á repartiólo, de contabilidade da secretaria da guerra
urna relaglo contendo o numero de títulos d'esta natureza, que durante o mez se apresentaram
no seu quartel general, os nemes das pessoas em favor de quem foram passados, á causa em que
depozeram e a importancia de cada um d'elles. Nos casos em que os mesmos generaes tenham
passado guias de transporte por caminho de-ferro,-assim o observarlo, para a físcalisagaó com-
pleta da despeza feita.
§ único. Os conselhos de guerra enviarlo do mesmo modo e á mesma repartigao, e tambem
todos os mezes, urna relaglo dos títulos que passarain, e a sua importancia, ás testemunhas cha-
madas a depor perante elles.
Art. 98." Os juizes militares dos conselhos de guerra, e bem assim os defensores ofñciosos,
quando pertongam ás classes activas, continúan! a receber os mesmos sóidos e gratificacoes cor-
respondentes ás eoinmissoes que exerciJun antes de suas nomeacoes, se outra cousa nlo estiver
regulada pela tabella annexa ao código de justiga militar.
Art. 99.° Os auditores que fazem parte dos mesmos conselhos, e tambem o auditor espe-
cial junto do ministro da guerra, serió abonados e pagos de seus vencimentos em relaglo á
divisao em que exercerem as suas funegoes, havendo direito ao ordenado de 1:200|000 réis os
que servirem em Lisboa e no Porto, e de 1:000$QQO réis os que servirem ñas demais diyisoes
militares.
§ unico. As licengas conferidas pelo ministerio da guerra aos magistrados de que trata este
artigo, serlo reguladas nos termos da lei de 19 de maio de 1864. ;
Art. 100." Aos generaes reformados que accidentalmente fizerem parte de tribunaes mili-
tares (§ único do artigo 167.° e § 1.° do artigo 424.°), abonar-se-lhes-haa gratincaglo corres-
880

pondente aos vogaes do tribunal superior de guerra e marinha, durante os dias que estiverem
em servigo nos tribunaes.
§ unico. A estes mesmos officiaes, quando residam fóra da sede do tribunal a que forem
chamados,.se abonarao os transportes correspondentes á sua graduagao.

IJisposi^oes transitoria.»
1.a No dia 28 de agosto entregarlo os actuaos auditores, no quartel general das divisoes
os processos que Ihés tenham sido distribuidos até entlo e que nlo poderem ser jul-
. .
respectivas,
gados pelos actuaes conselhos de guerra até ao día 31; e no dia immediato recebel-os hao, me-
diante recibpj os secretarios dos novos conselhos de guerra, que logo os inscréverao no livro
modelo n.°'3¿
.'2.a A disposigao do numero antecedente é applicavel aos processos por deserglo, que nlo
poderem ser julgados pelos conselhos de disciplina até ao mesmo dia 3r de agosto, os quáes
serlo remettidos pelos commandantes dos corpos ao quartel general da sua divisao, para sérem
julgados pelos novos conselhos de guerra;

MODELO N.» 1

2.' jpüvisfao militar


O eonselho de guerra permanente em conta corrente com amassa para expediente e mobilia

Datas1 Datas
; —
líeceiía Iíéi!? — D.espéza liéis
1875 : 1975.

Agosto... 7 Recebido pon adiantámento da Agosto...... Pela compra de cinco livros,


mássá de setembro, para as conformes á disposicíio do ar-
despezas dé instállácaó..... ÍOJSOOO tigo 3.° do regulamento para
Setembro: 1 Recebido por ádiántáménto da a execucSó da carta de lei de
massa de setembro.......... 10¡j¡000 9 de abril de 1875 (Docu-
Noveinbro 1 Eecebido pela importancia da mentón.» 1).... ....... -$-
mássa do corrente mez Í0£000 » Pela compra de ... (Documento
n." 2). ...
-£-

MODELO N.o 2
SS1.* IDlvisao militar
Inventario dos processos'ñndos e archivados na secretaria do conselho de guerra permanente

g
,§ Data (lo eneciTíimnnlo Coltoca$iio
g ilo nroeesso <lo processo

vo ,__ i _ Xomes dos réus Giaduari¡o e excrcklo Crinics


ot. „

¡ A,,,,° McK ,>i11 tanto lcirn.


¡*¡- .' -

1 1875 Setembro.. 11 Manuel José Soldado 1:245 do regimentó


do infantería n.° 12. Desercao 1.a 4.'
2 1875 Setembro.. 13 Antonio Domingues Cabo 497 do regimentó de in-
t fanteria n.° 9 Abandono do posto 1." 4.a

3 1875 Setembro.. 13 F... Furriel Violencias 1.» 4.»

60 1876 Fevereiro.. 14 Antonio Groncalves.. Soldado 1:470 do regimentó


de cavallaria n.° 8 Fogo postó 1.» 3."
381

MODELO N.° 3
Divisa o militar 3-.a

Movimento dos procesaos submettidos ao julgamento do conselho de guerra permanente

Jíata da enfraila
Xouie o jjfradua(;ao (lo rea Crime Estado do processó -Observacoés
Auno Mez Día

1875 Setembró.. 1 Antonio Joaquina,,sóida- Roubo., Espera a satisfacao. da Processó transferido da an-
do 1:032 do bataíhao deprecada espedida tiga auditoria.-^-
de caeadores n.° 9. para a comarca de
Avéiro.—

1875 ¡Setembró.. 19 Manuel Pedro, soldado Desereao Julgado era 27.^-ínter-


1:397 dí> regimentó de
—^
poz recurso.—
infantería ni" 18.

1875 Setembró.. 22 Joáquim de Faria, sol- Furto... Em preparafao.^Jülgá- Fóra pronunciado em 4 de


dado 943 dp.regimento do eñl3(X—- agosto na. comarca de
de infantería n.° 8. Braga.'—Coiidemñado á

.. .--Areh.
:".-." l.*-4.»
. _

MODELO N.° 4
(Rosto dos autos é áutuácao)
1876
íJ.4 Di-visSo militar
N."
... Coñselao de guerra permanente .
VIZEU
Réu:
F.. ., soldado n.° ... da ... companhia e n.° ... de matricula do regimentó de infante-
ria n.° 14.
Crime
Desereao
Aos dias do mez de .. . de mil oitocentos setenta e seis, n'esta eidade e secretaria do
...
conselho de guerra, autuei a participacao, auto de corpo de delicio e ordem do general comman-
dante do divisao, que se seguein. E en, F..., secretario do mesmo conselho, eserevi o presente
auto que assigno.

MODELO N.» 5
Declaraeao reeebida por algum dos militares encarregados de formar os corpos de delicio
......
(Assignáturai)

Aos
... dias do mez de ... de mil e oitocentos pela urna hora da tai'de e n'este qüar-
tel de onde está alojado o regimentó de ...
perante niim F... (maj&r, ajudante, etc.) do
... ...
mesmo regimentó, comparecen F... (nome, profissao, e domicilio) pedindo-me lhe recebesse urna
declaraeao, que fez pelo modo seguinte:
Que, achando-sé em sua casa, que é junto aquella em que habita F..., músico d'este regi-
mentó, ouvíra o som de vozes de duas pessoas, que lhe pareceu altercarem, e pouco depois ru-
mor pronunciado, como se das palavras houvessem passado a vias de facto, cessando mais tarde
o rumor, mas ouvindo-se gemidos; que descendo entao á rúa vira saír precipitadamente da es-
cada da casa em questao a F..., tambem praca d'este regimentó, a quem se ía dirigir para lhe
perguntar se havia occorrido alguma cousa, poróm este o afaston violentamente e seguiu na
direocíio do aquartelamento.
382

Que subirá entao a escada e encontrando a porta do quarto em que habita F... apenas
cerrada, abriu-a e viu no chao, banhado em sangue, o dito seu vizinho, parecendo-lhe que, do
que ouvíra e vira se devia concluir da existencia de uva crime, viera immediatamente fazér esta
declaraeao, eniquanto outras pessoas, que o seguiram áquelle local, tentavam ministrar algum
soccorro.¡urgente,r, > - .-.',,:: -.v: -.-—--;: .-
E fazendodhe a leitura do presente termo, persistiu em quanto dissera eassignou cpmmigo.
(SeñSopoder bu nao> soiibérescrever, faca-se a declaraeao.)
O official,
O declarante,
As testeimmhas.

o'declarante trouxer Coínsigo testemuiíhas,serijo reeebidas: as deelaraeoes d'es-


jSota.-—-Sé
tas, e assigiiarab igualmente, Cómtudojnos casos como este, deve seguir-se o que dispoe p
§ único- do ai-tigp 32.° d'este regulaniento.

MODELO N.° 6

-
3Pr>ini.éi:ra, «üi-visaó militar

,.; .,,-
,.,5;,.... Auto de éaame de;corpo de delictó directo
.

Aos > i;. dias do níez de de mil oitocentos . .., n'esta cidade de Lisboa
e por declara*
.... pela voz pu-
caer qué-me-foiféita'por'F..r: (nome,'estad:o¡~prój^sa^óé morada) (ou) informado
blica de um crime de homicidio que ácabavá de se prepetrar na pessoa de F. . ., músico de
segunda classe do regimentó de infantería n.° ..., é praticado na sua mesma residencia, rúa
de ... numero ... andar, freguezia de ;. .;"'; pb'r ser em flagrante delicto e nao térem ainda con-
corrido as justicás ordinarias, vim iinmediátamente a es.te local acompánhado: 1.°, por F..., pri-
meiro sargento n.° .. . da .. . companhia do mesmo regimentó, que este escreve perante mim:
2.°, de varios cidadaos ao dianté nomeados, moradores n'esta mesma rúa; 3.°, por F.. . e F...,
cirurgiSes mor e ajudante do regimentó, (ou) por F.... cirurgiáo civil (quando seja em térra que
nao luya mais) por nao haver outro n&'loóalidade, riem dentro de um raio de 15 kilómetros, (ou)
por F.. . e F..., nomeados como peritos, por nao haver aquí, nem a 15 kilómetros em redor,
outros habilitados, e" llies deferí juramento aos Santos Evañgelhos, sob o cargo do qual pro-
metteram dizer a verdade em sua alma e eonsciencia e conforme os conhecimentos especiaes
que possuem de quanto observarem no exame a que vSo proceder.
Todos os presentes verificamos que a porta que dá entrada para o quarto em que nos adia-
mos se encontrou aberta; que as cadeiras estao afastadas do logar em que habitualmente.se col-
locam; que o sobrado esta- coberto de sangue, em grande parte coagulado, e em cima d'elle e
sobre o lado esquerdo, prostrado o corpo, que se reconheceu ser de F. . ., músico de segunda
classe do regimentó n.° ... e aqui morador, téiid'o junto de si urna navalha de ponta e mola, da
qual me apoderei, assim como de um botao amarello, dos do pequeño padrao, que encontrei no
chao, parecendo, pela inspeegao do logar, que ao crime precedeu lucta entre o agente e paciente
do delicio, E como; a voz publica affirmava que pouco antes entrara n'esta habitacao F..., apren-
diz de mjisjca.do mesmo-.regimentó, ordenei que fosse eondxizidoá minha presenca, se acaso' se
ancoutl?agse^ .,•,...,
os peritos a fazer o exame cadavérico, e procedendo ás observa-
.
Depois do que, passando
coes/tendentes, ao apuramento da verdade, declararan! o seguinte:
(Transcrever a narracao dos peritos, indicar o genero de marte, e se esta proceden necessaria-
mente dos ferimentos feitos, ou se proveiu de circumstahcias accessorias, especificando quanto encon-
traren],digno de nigngao.)
E por conseguinte, attendendo a.,,.... que a causa da morte é conhecida e nao depende de ne-
nhuma,putra anajyse,. deelarei que se podía proceder á inliumacgo segundo os preceitos dos re-
guianientos administrativos, (ou) attendendo a que a verifieacao da causa provavel da morte
reqúer óuti'Qs meios.e agentes,,e que nao pode revelar-se pela simples inspeegao ocular e meios
ordinarios, mandei suspender o enterramento o transportar o cadáver para o hospital militar
de (Se, q, s.usp,eito auctordo, eviene foi preso, será conduzido ao local em. que se faz o corpo de
delicf.p e¡ qki, e na ptresetica do cadáver, lhe fara as pñmeiras perguntas.) Intimei a F..., que
.......

aquí vpiúconduzido, para,que. pie dissesse.,'.. ao que responden perante as testemunhas pre-
sentas.,..,',...
Pergeniado. se reeonhecia;..por. sua a navalha que lhe mostrei e que se encontrara... res-
p.pndgu, .'. E nptando-lhe que líie faltaba o terceiro boíSo no jaleco de policía e perguntando-lhe
se sabia onde é quando o perderá, respondeu.. .; mas confrontado aquelle que lora achadp com
os uniros do mesmo jaleco, se íiotou ser em tudo iranio. Perguntado etc. . .. E havendo-lhe in-
dicado que deveria assignar as suas respostas, recusou-se a fazel-o.
E em seguida passei a informadme das demais circumstancias do delicio, seus anteceden-
tes, modo por que foi commettido, e de quaes seriam os seus auctores ou cumplices, ouvindo as
pessoas que este assignam, F...,F.. . é F...
aos quaes deferí juramento aos Santos Evange-
lios, sob o cargo do qual prometieran! dizer a verdade e nada mais que a verdade do que sou-
bessem ; disse F. .: (Tomam^se declaracdésierbaés e 'siímiñárias dos que podem ter conkecimento
directo ou indirecto. do delicio, dos viáinhos, dos creados e mesmo dos parentes; assignando todos as
sitas dvclarácoes efázendo-sé méncao nos casos déimpossibilidade ou dé recusa. Se se éncoñirarem
as armas ou óbjectós qué pafeqamier sertiido para.o Có'mvietiimenío do critiie^ ó official'> apbdéi-ár*
éf
se-had'ell'és, déscreve o séíi estado ara de iiidó nhé'ñ'cTio.) . , ,
: E porque em: resultado dé tdd5s estes éxámes é déclaraéoés sé verifica a; existencia de ho-
micidio commettido com ás circumstancias'referid!ás,e a suspeitá dé que F...
séjao delinquen*
te¿ ordeiiei qué ficasse recluso, sendo immedíátamenté reméttido áó quartél general da divisab
(vu do góverno da pr'dcú,bu dócómMañdanié do seü regimentó, Ou" dó'destactiiheñio, ou.. .) éúi
exécübao do artigo 126:° do código dé jüstica militar. :' ;>''))''"
E de túdo qüantb náfi'ado tica, íiz lavrar o présente auto, éseí'ipib 'ppi¿ F. i,,, pí'inieirb sar*
gentó'do regimentó n,° que séfviu de escfivSo, e'vae'por iiíini.ássí'|-nadb cbmós facultati-
....
vos^ declarantes é testémíuihas¿ depois dé á todos' séi'lidb.E'éü Fvv. ó'esCfévi é'á'ssignó.
dando minha fé de que tudb se pá'ssou ña verdade conformé n'ésté auto fiea referido,

''\:',':::.:"i:
''
©-oméiál,X: : .''"'
Os íacúltotivós^
'©s declarantes/ ^;'- -.-.
As^ésíéniürihás/ ' .''' '';';'
• -! -
'0,7escrivabr :'"'• ':¡-;-'!';-'
.

N, B. Fáganse mencao d'aqueüe que nao soubér ou nao pódéi•:ti-ssignái\ Cadü^ñeiu'féWiti'¿fa-


bricada'pelo encarregado de formar o auto. (Nobissima reforina judicial', artigó '9-Tl:.?j ' 'rt 'v'

MODELO N.° 7

X;a JDivisS,o militar ^

Auto de exame de corpo de delicio directo


(Dada a mesma liypothese de flagrante delicto é lidvendb támbém pafticipáqab, nías nSo Seiiab
o crime de homicidio, e sim de ferimentos, observar-se-ha o mesmo modelo antecedente até á occasiao
do juramento aos peritos, e depois);
Em seguida e sempre acompanhado das mesmas pessoas, passámos á alcova de F. que
encontramos deitado na cama com as roupas d'esta e as do corpo ensanguentadas, e¡ lhe....,orde-
nei que me narrasse as circumstancias do crime de que fóra victima; respondeu elle que
Apresentei-lhe a arma encontrada, á vista da qüál disse Mandei entao entrar F... (o ..de-.
linquente, no caso de já estar preso) e perguntei ao referido.. .
se o reconhecia como auctor dos
ferimentos que recebera, ao que responden E perguntandb ao delinquente sé reconhecia o
referido, respondeu* ...
Perguntando-lhe se reconhecia por sua a arma que-áli fora encontrada,
respondeu .. .
Perguntando-íhe mais as causas por que praticárá
.. -,. ., ete.
E tendo deferido o juramento aos Santos Evangelhos a F... e F.. eirurgioes, ete., sob
.
.,
o cargo- do qual prometteram dizer a verdade em sua alma e eonsciencia é- -conforme :os eonhé-
cimentosi especiaes, de sua proñssab, de quanto observassem no exame a qué íain'proceder (se os
j'actdtativos já tivessem feito o exame e soccorrido o ferido, dir-se-lia depois dlo jiirameñ'to); que
liaviam já prestado os soccorros da sua arte, e a quem requerí íizessém osen relaibrio com to-
das as circumstancias concomitantes e consecutivas, declarando a sede das feridas', -a -especie, á
extensao, profundidade, gravidade, instrumento com que deviam ter sido, feitas e conséquéncias
presumiveis da duracao da doenca e da incapacidede de trabalho pessoal e jior. elles foi dito.
(Segue-se o relatorio dos peritos.) —
E em seguida passei a informar-me etc.
. . .,
(Condae como o antecedente.)
384

MODELO Ñ.° 8

1.a Divi sao militar


Auto dé coi-po de delieto indirecto
Aos .''.» días do mez dé
... de mil e oitocentos
.... n'esta cidade de Lema e quartel do
batalhao de caladores n,° 6, constando ao commándante d'este batalhao a participaeao dada por
F. *., eapitao commándante da 2.a cpmpanhia^ contra o soldado da mesma n>° 57, José Fernan-
des, e 1:303 de matricula, por este ter subtrahido ao seu camarada Antonio Kaphael, n.° 114 da
companhiá e 1:383 de matricula, e igualmente soldado d'este batalháo, de dentro da caixa em
que os tihha deixadp, cinep mil reís em dinheiro, alem dé outros objectos de seu uso; e orde*
nando*me o iileSmo commándante do dito corpo que proeedesse a auto de corpo de dejicto, fiz
Comparecer perante mim F.. ., eapitao do mesmo batalhao, hoje de inspeccione do primeiro
sargento F. • -, por mim nomeado para servir de escrivao, o x-eferido soldado José Fernandes, o
qual. se quérxpu de que hontem, émqúanto estivera dé guarda na cadeia d'esta cidade, lhe: ha-
viam tirado da sua caixa dez méias coroas de prata, moeda nacional, um par de caigas do uni-
forme é duás camisas de algodao cru.y e por isso requería se proeedessecontra o auctor do furto:
o que sendo por mím ouvido na présenga das testemunhas abaixo nomeádas, lhe deferí o jura-
mento aos Santos Evangelhós, para declarar b valor dos objectos subtrahidós, ao que o mesmo
queixoso satisféz declarando sob o eargo do seu juramento, que os referidos objectos valiam a
quantia de séte mil sétéeéntos e quárenta réis (7$740 réis).
E lógpj sendo presentes F... e F. ... (os que ?nais rasSo temí para saber, e que devem con-
star do rol dá pa,riicipagao do cominandante da companhiá) que mais conhecimentos tinham do
ocCOrrido, aos quaes deferí o juramento aos Santos Evangelhós, sob o cargo do qual os intimei
a declarar-me tudo quanto sabiam a respeito do modo, tempo e logar em que a subtraccao fora
commettida, seu auctor ou aüetorés, bem como me-indicássem os nomes de quaesquer outros
que verosimilmenté conhecessem a yéídadé. E sendo perguntado F... disse ... (Escrevam-se
todas as perguntas que fóremfeitás\eas véspo'stas¡a ellas dadas ,* einquiram-se urna após outra,
escrevendo as declaragoes.)
E dé tudo quando narrado fica.
(Encerrar como nos antecedentes.)
''"'•'. O official,
O queixoso,
As testemunhas,
O escrivao.

1H. declaraeao no auto quando qualquer d'dhs nao souber escrever; e rubricar cada
B» JPázer
urna das meias folhas em que o auto for escripto.

MODELO M.o 9

Ordem para a formaeao da culpa

(Qnando. o crime for previsto no código de justiga militar.)


O general commándante da divisao: •
Vistos os artigos 247.°, 249.° e 250.° do código de justiga militar;
Attendendo a que pelo presente auto de corpo de delicio e mais documentos se verifica a
existencia de um furto praticado na caserna da 3.a companhiá do regimentó n.°... e a fundada
conjeetura de que F...., soldado n.° da mesma companhiá, fosse o seu auctor, crime pre-
. . .
visto pelo artigo 115.° do mesmo código:
Determino se proceda á formagao da culpa, encarregando o promotor junto do conselho de
guerra permanente de seguir os termos do processó.
Quartel general, de de
... ... ... (Assignatura.)

Nota. — Se o réu nao for conhecido, o general lángara o despacho sein designagao de pes-
Koa certa.
385

MODELO N.° 10 .,•

Ordem para a formacao da culpa á


(Quando o crime for punivel pelo código penal ordinario.)
O general commándante da divisao: •
Vistos os artigos 247.°, 249.° e 250.° do codiga de justiga militar:
Attendendo a que do presente corpo de.delicto e documentos que o acompanham resulta
que F...,soldado n,°
... de tal companhiá en. 0 ... de matricula do regimentó n.° é
...,
accusado como auctor do crime de previsto no artigo do código penal ordinario;
: - Visto o n.° 3.° do artigo 247.° . ..,
r
...
Determino que se proceda a summario e encarrego o promotor junto do conselho de guerra
permanente de proseguir os termos do processó.
Quartel general, de
.... de ., .
... (Assignatura.)

MODELO N.° 11

liéginiéritó ele árfciliieria, ii.° X

4.a Batería

•io°auíó eoíTde ® SGmado Antonio Ferreira, n.° 62 d'esta batería e 1:276 de matricula, que
adicto.- de se alistbu em ..... de ... de . . .,; faltou á chamada do recollíer pelas oito horas
Quartelj etc.
p._.
Coronel coinm.
que se completaran!
, .',.-,*.
da noite do dia 3 do corrente, nao se apresentando até hontem á mesma hora em
os qumze días de ausencia, segundo , o seu alistamento,
,.
ser qualiíicado desertor, na forma do que dispoe o n.° 1.° do artigo 66.° do có-
para
digo de justiga militar.

Levou quando se ausentou:


Urna jaqueta de policia no valor de ' $
Um barrete de policia no valor de
Dez cartuchos embalados no valor de
; ........ . .....
$
$
Coni'eri [ ,
*••• |É devedor, por artigos que havia recebido do conselho administrativo, da quantia
Sucretai-io do coiise-l de 4j§i235 1'éÍS.
llio adiiimistrativo. V
(0U):
O soldado "
etc., (depois
- da data da praca), que teve licenga registada
. ..,
para ir á térra da sua naturalidade, Olhalvo, concelho de Alemqtier, districto
administrativo de Lisboa, por tempo de quinze dias, que terminaraní em 23 do
corrente, e nao se tendo apresentado até hontem, completou os vinte dias exigi-
dos pelo n.° 2.a do artigo 66.° do código de justiga militar, para ser qualiíicado
desertor, na forma do que dispoe o n.° 1.° do artigo 66.° do código de justiga
militar.
Levou
... E devedor ...
(Ou):
O soldado
... etc., tendo tido passagem para este regimentó, e sendo dis-
tribuido a esta bateria pela ordem régimental de ... receben guia em Elvas no
dia itinerario para esta cidade, onde devera ter-se apresentado em ..;
...
e como
com
decorressem trinta dias depois d'aquelle em que devera ser
.
presente no
corpo, e nao tendo feito constar qualquer impedimento justificativo, incorreu na
disposigao do n.° 3.° do artigo 66.° do código de justiga militar.
É devedor ao cofre do conselho administrativo, por transferencia do regi-
mentó de artilheria n.° . .., da quantia de .. ., (ou) consta da guia do regimentó
de artilheria n.° 2 ser devedor ao cofre de fardamento da quantia de .. .

(Ou):
O soldado
... etc., faltou á chamada do recolher pelas oito horas da noite
49
386

de 28 de outubro próximo lindo, apresentando-se(ou sendo capturado) pelas cinco


horas da tarde de hontem 3 do corrente.
E havendo o mesmo soldado excedido cinco dias, sem causa justificada, a
licenga que lhe foi concedida a 20 de maio e terminava a 19 de junho, e prati-
cado ausencia illegitima de 17 até 27 de dezembro do anno próximo passado,
factos por que foi punido disciplinarmente; e porque estas ausencias perfazem o
computo de vinte dias dentro de doze mezes consecutivos, incorreu na disposic&o
do n.° 4.° do artigo 66.° do código civil militar.
Levou . etc.
..
(Ou):
O soldado
... etc., que se achava no calabougo cumprindo sentenga de qua-
tro mezes de prisao militar, evadiu-se na oceasiao da limpeza da manhá do'dia 3
do correntej nao sé apresentando, nem sendo capturado até hoje, que se conrple-
tam os qüinze dias mareados pelo n.° 5;° do artigo 66.° do código de justiga mi-
litar para ser qualifieado desertor,
Lévou ... E devedor ...
(Ou):
O soldado
. etc.,
faltou a comparecer á fomiatura do destacamento que
partiu pare ..
Peniehe dia 3 do corrente, para qual fora nomeado na
no e o ves-
pera, decorrendo desde entlo ... días, para ser qualifieado desertor, em vista
da data do seu alistamentó, na forma e pela letra do n.° 1.° do artigo 66.° e
n.° .1 ° do artigo 70;° do código de justiga militar.
Levou (ou) nao levóu ,.. É (ou) nao devedor ao cofre
... de pret (ou de
(Em qualquer d'estes ejemplos acrescentar-séJia) Foi pago
soldó) até e abonado de pao e de rancho a . . . reís diarios, até ao dia da
...
ausencia.
Sao testemunhas:
F..., i¿° sargento n.° 33 d'esta batería.
F..., furriel-n." 12 da mesma.
F. . ., cabo de esquadra n.° 52 da mesma

Quartel em Belem,
Jimtc-se a certidao
... de ... de
...
ctQuartei.,. (Assignatura.j

Coronel conrm.
MODELO N.o 12

4~a Divisfiomilitar
Auto de corpo de deliéto (no crime de desereao)

Aos .'. dias do mez de


.. de mil oitocentos
.. ., n'esta cidade de Evora e quartel do re-
. .
gimentó de eavallaria n.° 5, sendo presente ao coronel commándante a participagao feita pelo, ea-
pitao da 4.a companhiá, F.. ., contra o soldado da mesma n.° 62, Antonio Ferreira, e n.° 1:276
de matricula do corpo, por este se haver ausentado sem licenga desde a noite de 3 do corrente,
nao se apresentando até hontem em que se completou o praso fixado pelo artigo 66.° do código
de justiga militar, para ser qualifieado desertor; e igualmente de haver levado quando se au-
sentou . .., que recebeu do conselho administrativo, ao qual ficou devendo a quantia de ...,
depois da liquidagSo; E, estando eu acompanhado dé F..., segundo sargento n.° ... da 1.a
companhiá, que este escreve, inquirí as testemunhas F. .., F... e F. .". (nenies, fdiagao, profis-
scio e residencia), depois de Ihes deferir juramento aos Santos Evangelhós, sob o cargo do qual
sé obrigaram a dizer a verdade e nada mais que a verdade, depondo urna após butra, disse F. ..
E passando a conferir os registos do regimentó, verifiquei que a ausencia illegitima fóra
notada nos máppas diarios da companhiá desde o dia 4 do corrente, e n'esse mesmo annunciada
em ordem regimental; que no registo de matricula tem o seu alistamentó em . . . de ... de .. .,
tendo servido, como recrutado, um auno, dois mezes e tres dias, e portante mais de seis mezes
para ser qualifieado desertor em tempo de paz, pela ausencia de quinze dias consecutivos, con-
forme exige o n.° 1." do artigo 66.° do código de justiga militar; que as livrangas da companhiá
concordara com o depoimento das testemunhas, indicando haver sido socebrrido com ragoes de
387

pao e rancho a reís diarios até ao dia em que se ausentou; que na conta corrente do con-
...
selhp administrativo com esta praga ficou ella debitada em réis, por artigos de fardamento
...
i-ecébidos e nao pagos; e finalmente que se achava pago de pret até ao fim da quinzena ante-
cedente. E de tudo quanto narrado fica ...., etc.
(Seguir o formulario antecedente com eicclusao do queixoso.)

MODELO Ni". 13

Uegirnento de cávalla.i'ia. ii.0 5


6.a Companhiá

O soldado José María, n.° 38 d;esta companhiá e n.p 983 dé matriculaj que se achava de-
sertado desde de de , ¡ apresentou-se hontem no quartel, (ou) foi capturado por F,
... d'este regimentó, em tal logar, pelas tantas horas da manha (ou)
cabo n.° ... companhiá
da 2.a
7
. . .,.,
da tarde.
Nao apresentou (ou) apresentou os artigos que'levara quando desertou.
Quartel em Evora, . . ,.:de de ... ... (Assignatura.)

MODELO N.° 14

Regimentó ele ixifa.rite2.ia, n.° 2


Ul.mo e ex.m 0 sr. —O soldado Nicolau Pereira, n.° 44 da 2.a,companhiá e n.° 2:122 de ma-
tricula d'este regimentó, que desertou em ... de ... de ..... foi hontem capturado por F. ..
(seguém-se as circumstancias de tenipo, logar e modo) (ou) apresentou-se voluntariamente n'este
quartel, onde ficou preso para responder em conselho de guerra.
Dos artigos levados, que lhe faziam carga, apresentou apenas a bayoneta
,
e cinturao, ficando
reduzida a sua divida á fazenda a ,. .
E para que se sigam os termos do processó, no caso de v. ex.a o mandar instaurar, passo
as maos de v. ex.a a participagao, a fe de offieib com os. assentamentbs que o réu tem nos re-
gistes d'este regimentó, e o rol de testemunhas.
Deiis guarde a v. ex.a Quartel ém
. . .
111.ra 0 e ex."10 sr. general commándante da 1.a divisao militar.
(Assignatura.)

MODELO N.° 15

Deprecada
Conselho de guerra da 3." divisao militar no Porto
(Quando passada durante a preparacao do processó.)
Em nome de Sua Magestade El-Rei:
O doutor
. ..
ete.j (empregue-se o preámbulo do modelo seguinte).
Fago saber que no processó suminario para a formagao da culpa do delinquente F...,
cabo n."
... etc., argüido de .. ., e a que perante mim se está procedendo, se faz necessario
para conheeimento da verdade^ que sejam inquiridos como: testemunhas F. .. (indicacao de pro~
fissao, estado, residencia) &'i?... F.. ., todos residentes n'essa jurisdicgao ; e por bem do ser*
vigo publico mandará intimar as referidas testemunhas, para as inquirir sobre o seguinte facto
(ou fados) constantes do corpo de delicio e da ordem para a formagao da culpa . .. (Aqui se
especificando, tendo em vista o auto do corpo de delito, a ordem para a formagao da culpa e o re-
latorio escripto nos autos palo promotor, afticidando-os como no modelo seguinte.)

(Encerrar-se-ha como a immediata.)


(Assignatura.)
388

MODELO N.» 16
Deprecada,
Conselho de guerra da 4." divisao militar em Evora

(Quando passada a requerimento da aceusacao ou da defeza.)


Em nome de Sua Magestade El-Rei:
O doutor auditor junto do conselho de guerra permanente d'esta divisao, ao meritissimo
. ..,
auditor da .. . divisao militar, (ou) ao meritissimo juiz de direito da comarca de ... :
Fago saber que no processó crime pendente perante este conselho de guerra, contra o réu
F. .. foram dados como testemunhas de accusagao (ou da defeza) F...,F... eF... (indicar
profissao ou residencia, etc.) d'essa jurisdicgao; e por bem do servigo publico mandará intimar
as referidas testemunhas para comparecerem no seu tribunal, sendo ahi inquiridas com as for-
malidades legaes sobre os pontos de facto que foram allegados e constam dos séguintes artigos:
1,° V
2.° > (Transcrever litteralmente os artigos a que foram apontadas essas testemw7Íhas.)
Etc.)
E quando a diligencia estiver concluida, será a presente deprecada devolvida a esta audi-
toria, conforme a disposigao do § 3.° do artigo 307." do código de justiga militar.
Auditoria do conselho de guerra permanente da 4.a divisao em Evora, ... de ... de ...
(Assignatura.)
MODELO R° 17

Despacho mandando proceder á aceusacao


Ó general commándante da'1.a divisao militar:
Visto e attentamente examinado este processó, do qual consta o auto de corpo de delictp e
summario da culpa formada ao soldado F. .., etc.;
Vista a exposigao do juiz auditor junto do 1.° conselho de guerra permanente d'esta divÍBao
militar, e a inforniagao do respectivo promotor;
E attendendo a que de todo o processó Se mostra existirem indicios sufficientes contra o
soldado F. como auctor do furto, etc., no valor de 7$440 reís, a que ó applicavel o n.° 2.°
..,
do artigo 115.° do código de justiga militar:
Attendendo ao que dispoe o artigo 282.° do mesmo código, e usando da faculdade que elle
me confere, determino que o mencionado F... resjionda em conselho de guerra pelo referido
crime.
Quartel general em Lisboa, de
... de
... ... (Assignatura.)

MODELO ií.° 18

Despacho que prohibe a aceusacao


O general commándante da 1.a divisao militar:
Visto e attentamente examinado este processó, do qual consta o auto do corpo de delicio e
summario da culpa formada a F..., teñente reformado;
Vista a exposigao etc. (como no antecedente.)
...
Attendendo a que, comquanto se mostré do processó a culpa do delinquente, ter por meio
de escriptos e de palavras faltado ao respeito e offendido a F. seu superior, e portante
achar-se incurso no artigo 82.° do código de justiga militar; ..,
Todavía, como pelo exame medico a que se procedeu no hospital militar permanente de
Lisboa, na pessoa do mesmo delinquente, se mostrou por modo incontestavel que elle é por ve-
zes sujeito a ataques de loucura transitoria; e evidenciando-se do processó que elle se achava
sob a influencia de um d'esses accessos, quando foi por elle pratieado o facto argüido, o que em
vista da lei lhe tirava toda a imputagao;
Attendendo ao que dispoe o n.° 2.° do artigo 282.° do código de justiga militar:
Declaro que nao ha logar para se proceder a julgamento; e determino que o accusado seja
soltó, se por outro motivo se nao adiar preso.
Quartel general em Lisboa, de de
... ... ... (Assignatura.)
389

MODELO N.° 19
bandado para a incoinmunicabilidadedo réu, passado pelo auditor ou por um ófflcial
que lavre um auto em flagrante delicio
Í3.a DIVÍSELO milita-r
O doutor F.. .,auditor junto do conselho de guerra d'esta divisao, (ou) F.
.., eapitao de
tal corpo, legalmente nomeado para proceder a um auto de corpo de delicio, de que resulten a
prisao de F.. (nome, graduagao e cropo):
a que seria prejudicial ao descobrimento da verdade o permittir ao mesmo F...,
.
Attendendo
actualmente preso em
..., que commumeasse com F.. . e F.. ., igualmente presos, (ou) com
seus parentes, (ou) qualquer pessoa alem dos empregados na prisao:
Julga dever prevenir, como effectivamente previne, ao sr. commándante do presidio de
...
de qué é conveniente ao servigo publico evitar tal cominunicacao, e espera que tomará as provi-
dencias ñecessarias para este effeito.
Auditoria do conselho de guerra da divisao militar, de de (ou) Quartel
ém .. . de , .. de ...
... ... ... ...
(Assignatura.)
MODELO N.°20

Mandado para suspender a ineommunieabilidade


y." Divisao militar
O doutor F. .., auditor junto do conselho de guerra d'esta divisao:
Attendendo a que cessaram as circumstancias que exigiram a incoinmunicabilidade de F...,
actualmente preso em...; declara que cessa desde já a requerida ineommunieabilidade, podendo
perniittir-se-lhe a communicagao com qualquer pessoa e principalmente com aquella a quem en-
carregar a sua defeza.
Auditoria, etc., de
... de ... . (Assignatura.)
MODELO N.° 21

Fresiclio ció ca-stello-cle ¡5. Jorge , .

Recurso interposto pelo réu


(Quando nao seja em audiencia.)
Anno de
. . .
etc., hoje, oito de julho, perante mim F. ., major commándante d'este pre-
sidio, compareceu F. soldado, etc., aqui preso, (ou) F. defensor de F..., soldado de...,
.., ..,
aqui preso e condemnado por sentenga do 1.° conselho de guerra permanente da divisao; e por
elle me foi declarado que recorría, para o tribunal superior de guerra e marinha, da sentenga
que o condemnou a ..., pelos fundamentos seguintes,...., e que me pedia que seu recurso fosse
dirigido ao secretario do conselho de guerra, para se juntar ao processó, e lhe désse copia, d'este
termo, o que fiz.
Presidio do castello de S. Jorge, em Lisboa, era ut supra.
(Assignatura.)
Notas
1.a O réu pode igualmente interpor o recurso na audiencia, e o secretario o lavrará por
forma simühante á que vae indicada no modelo seguinte, para o ministerio publico.
2.a Os dias que a leí estabelece para a interposigao do recurso, sao contados pelo modo in-
dicado nos paragraphos do artigo 57." d'este regulamento.

MODELO N.° 22

Recurso interposto pelo ministerio publico


Anno de
.. etc., em audiencia publica d'este conselho de guerra (ou na secretaria d'este
conselho de guerra), ahi presente F... (graduagao), promotor de justigajunto d'elle, declarou
.
perante mim que recorría para o tribunal superior de guerra e marinha, da sentenga hojé: pro-
390

ferida (ou sentenga proferida em. . .) contra o furriel n.° da 3.a companhiá e n.° de ma-
... ...
tricula do batalhao de cagadores n.° 7, que o condemnou na pena de ... pelo crime de ...;
sendo os fundamentos d'este recurso (indicar aqui se é por alguns dos principios de nullidade do
processó ou da sentenga, Conforme os artigos 207.°, 393.°, 394." e 395.°), e requereu lhe tomasse
Q competente termo, que eu escrevi, e elle commigo assigna.

F... F...
Promotor. Secretario.
MODELO N.° 23

l?*resídio militar ¿la pra<ía de ...

Termo de desistencia de recurso


Anuo- de,,..,. etc., hoje cinco de outubro, perante mim, F...,
eapitao commándante do pre-
sidio d'esta praga, comparecen F. cabo n.° 27 da 5.a companhiá dp batalhgo de cagadores
..,
n,° 8, réu condemnado por sentenga: do conselho de guerra na pena de e por elle me foi
..., em para o
declarado, perante as duás testemunhas abaixo assignadas, que tendo recorrido
tribunal superior de guerra,e marinha, da sentenga que o condemnou, agora de sua.....livre von-
tade desistia do recurso interposto, e se conformava inteiramente com aquella sentenga.
Em consequencia do que lavrei o presente termo, que vae por mim assignado, pelo desis-
tente, e por F... (nome, projissao, estado e residencia), e por F... (o mesmo), como teste-
munhas.
Presidio da praga de era ut supra.
... O official,
O desistente,
Testemunha,
Testemunha.
Notas

1.a O réu deve assignar, ou por elle o seu defensor; poréni, se este nlo estiver presente,
e aquelle nao'sbuber fazel-o, assim de declarará.
2.a Este termo deve ser iminediatamente remetttido ao secretario do conselho de guerra,
para elle o juntar ao processó, ou remettel-o ao secretario do tribunal superior de guerra e ma-
rinha, se os autos já tiverem subido com o recurso.

... : . .
.! -MODELO N.°24
.

Auto: de exame de sanídade

Aos dias do mez de de mil oitocentos n'esta cidade de ... e casa do conse-
... ... ...,
lho de guerra da .''.. divisao militar (ou hospital de) onde eu secretario do mesmo conselho dé
guerra vim, e achando-se presentes o respectivo auditor, assim como os peritos F. . . el.-..,
que para este finí foram intimadas, e F. .., que fóra ferido no dia ... do mez de ¿.. como
consta do auto do corpo de delicto. E entao o mesmo auditor deferiu aos peritos o juramento
aos Santos Evangelhós sob o cargo do qual lhes encarregou que vissem e examinassem o feri-
mento que soffréra o mesmo F.. . (contusoes ou fractura), e declarassem com verdade o estado
ém que ao presente se achava e o tempo que esteve impedido de trabalhar; e passando os peri-
tos-a fazer o exame que lhes era reclamado, declararan!: (Segué o parecer dos peritos.) E por
esta forma deu o mesmo auditor por concluido o auto de exame de sanidade, que assignou com
os peritos, e commigo secretario, que o escrevi e assignei.
O auditor, O secretario,
F... F...
Notas

1.a Se o ferido nao estiver na localidade onde funeciona o conselho, far-se-ha o exame por
deprecada.
2.a E obrigatorio nos processos por ferimentos, eontusSes ou fracturas, e a elle deve sem-
pré.proceder-se antes do'julgamento. (Artigo 14.° da lei de 18 de julho de 1855.)
391

MODELO N.° 25

Logar do séiio
2-° Conselho de guerra da 1.* divisao militar
da divisao Lisboa

TITULO

Quartel general, 7
passado por este tribunal em virtude do artigo 333.° do código de justiga militar,
de outubro de 1876. na quantia de ÍVCS ttlll. etc. .
General eomm. da
divisao.
(ou)
a favor
n de
-i W......
v^i
Visto,emandeícon-
férir guias de trans-
porte comasquaes po-
domiciliado na villa de concelho de districto administrativo de . . ., como
día percorrer...kilo-
metros pelo carainho
dé ferro do norte e
... ... «i-i
testemunha que depoz, a requerimento dn este tribunal, no processó em que e feu >,
generante. F. .., soldado (cabo ou sargento) do regimentó n.°
Cuartel
...
O presente titulo, depois de visado pelo general commándante d'esta divisao,
é pagavel por qualquer pagadbria onde seja apresentado e que tenha fundos á
disposigao do ministerio da guerra.
Sao réis
$ por .. . dias de ausencia do seu domicilio.
$ por . . . kilómetros, a 35 réis, que percorrer.
* Lisboa e secretaria do 2.° conselho de guerra d'esta divisao, 7 de outubro
de 1876.
F. ..
Coronel, presidente.

F...
Major, promotor.
F. ..
Secretario.
MODELO N.° 26

Termo de aggravo no auto de processó


Aos dias do mez de de mil oitocentos..., em audiencia pública do conselho de
... ...
guerra permanente da 3.a divisao militar, foi dito pelo defensor do réu (ou peló promotor de jus-
tiga) que aggravava no auto do processó, para o tribunal superior de guerra e marinha, da de-
cisao tomada pelo mesmo conselho sobre o requerimento que fizera para por lhe parecer
..,,
que com ella se acha violado o artigo do código de justiga militar, (ou) da novissima re-
forma judicial, (ou) da leí de ...
E pelo assim dizer toniei este termo em audiencia publica,
...
que o aggravante, depois de 1er, assignou commigo.
O recorrente, O secretario,
F... F...
.MODELO N.° 27

Acta da audiencia de julgaméuto


Aos dias do mez de de mil oitocentos setenta e
... n'esta cidade de Lisboa e sala
... .. .,
das sessoes do 2.° conselho de guerra permanente da 1.a divisao militar, reunido este e com-
posto nos termos dos artigos 141.° e 142.° do código de justiga militar, de F. . ., coronel do
estado maior de engenheria, presidente; F. major do regimentó de artilheria n.° .. .; F.. .,
. .,
eapitao do regimentó de cavallaria n.° F..., eapitao do corpo de estado maior; F.. ., te-
...;
nente do regimentó de infantería n.° ...; F. ., alferes do batalhao de cagadores n.° . • •; e do
doutor F. auditor junto d'este conselho de guerra, todos estes como vogaes, servindo eu
..,
F..., secretario do mesmo conselho, de escrivao do processó; e achando-se presentes F...,
major e promotor de justiga, F. tenente coronel de infantería, F...,
eapitao do b¿italhao de
.., em neuhum dos quaes se dava algum dos impedimentos pre-
engenheria, estes como supplentes,
392

vistos nos artigos 121.", 122.° e 123.° do mesmo código, e para o fim de julgar aF¿ soldado
n.° 54 da 3.a companhiá e 1:347 de matricula do regimentó de eavallaria n.° . .., accusado de..,
tentativa de roubo com escalamento e arrombamento no interior e em casa habitada.
Aberta a sessáo, o presidente verificou que se achavam sobre a mesa o livro dos Santos
Evangelhós, um exeniplar do código de justiga militar, outro do código penal ordinario, e igual-
mente o código do processó criminal; e ordenou ao commándante da escolta que apresentasse o
accusado, o qual foi iiitrodilzido na sala, livre e sem ferros, e acompanhado de F. defensor
por elle nomeado.
..,
O presidente ordenou que se íizesse a chamada das testemunhas da accusagao e defeza, que
se achavam presentes, e foram recolhidas a um gabinete próximo.
Perguntado o réu pelo presidente sobre quaes fossem o seu nome, filiacao, naturalidade, ul-
timo domicilio e corpo a que pertencia, resj>ondeu chamar-se ., etc.
.
O presidente mandou fazer a leitura do attestado do livro de matricula, para reconheci-
mento da identidade da pessoa; e havendo-lhe dado conhecimento do crime por que era accusa-
do, fez 1er pelo secretario a ordem para se proceder ao julgamento, o auto da accusagao pelo
ministerio publico, a defeza do réu (se estiver escripia), e todas as mais pegas do processó que o
código auctorisa, e cuja leitura foi reclamada pelo promotor ou pelo defensor e juizes; adver-
tindo em seguida o réu, e recordando ao seu defensor que, podendo allegar para a defeza o que
lhe fosse proveitoso, se deviam nianter nos limites marcados no artigo 324.°
Em seguida foram introduzidas as tesmunhas de accusagao, urna depois da outra e na or-
dem da inscripgao \do rol, e depois d'estas as de defeza, a cada urna das quaes o presidente
deferiu o juramento aos Santos Evangelhós, sob o cargo do qual prometteram dizer a verdade,
e nada mais que a verdade, do que soubessem e lhes fosse perguntado. A cada urna d'ellas o
auditor perguntou até ao costume, sendo a 1.a F.
.., que disse ser filho de . . . etc., a 2.aF... etc.,
e foram depois inquiridas sobre os pontos da aceusacao e defeza, as primeiras pelo promotor de
justiga e as ultimas pelo defensor, fazendo os juizes as instancias que julgaram necessarias para
o esclarecimento da verdade.
Terminados os depoimentos procedeu-se aos interrogatorios, lindos os quaes seguiram-se as
allegagoes oraes, sendo ouvido primeiro o representante do ministerio publico, que reclamou a
confirmacao do seu pedido na accusagao contra F.. soldado, etc., culpado em tentativa de
roubo, por ser a subtraegao acompanhada de escalamento, ., de arrombamento interior de
no e ser
praticada em casa habitada, e que portante requería a applicagao dos artigos 432.° e 438.° do
código penal ordinario.
Orou depois o defensor, a que replicou o promotor, tendo em ultimo logar a palavra o de-
fensor do réu.
Findas as allegagoes, o presidente perguntou ao réu e ao seu defensor se tinham alguma
cousa mais a acrescentar em sua defeza, ao que responderán! . . .
O presidente deu por lindos os debates, dando a palavra ao auditor, o qual dictou em voz
alta, e eu escrevi, os quesitos que vao a fl.
...
Q presidente declarou interrumpida a audiencia, mandou recolher o réu e annunciou que
os juizes passavam á conferencia.
Aberta novamente a audiencia, e introduzido o réu acompanhado da escolta, e formada a
guarda no fundo da sala, o presidente annunciou que se ía publicar a decisao (ou sentenga) do
conselho, e tendo pronunciado a formula que a precede, se cumpriram as formalidades do regu-
gulamento para a execeugao do código de justiga militar, e o auditor leu em voz alta e publicou
a sentenga (ou resolugao) que junta vae, e pela qual o conselho de guerra resolveu que ... (ou)
pela qual o conselho de guerra condemnou por unanimidade (ou por maioria de votos) a F. ..
etc., na pena de ...
E logo em seguida fiz a intimagao, na forma do que dispoe o § único do artigo 360.°, ao
accusado, ao seu defensor e ao promotor, prevenindo-os de que podiam dentro do praso de tres
dias, que comegam a contar-se desde ámanhñ', recorrer para o tribunal superior de guerra e ma-
rinha, no caso de teran a allegar algum dos fundamentos indicados no artigo 207.°, e que ali
podía o réu constituir procurador, como se vé do termo em seguida ao da publicagao da sen-
tenga.
Feita e encerrada em sessao continua e publica na sala das sessoes do 2.° conselho de
guerra da. 1.a divisao militar, em Lisboa, no dia, mez e anno ácima citados, assignando com-
migo o presidente e auditor. E eu F.
.., secretario, que a escrevi e assigno.
(Assignaturas do presidente e auditor.)
Secretario,
F. ..
393

MODELO N.° 28

Acta de audiencia de julgamento, terminando pela absolvicao


(A acta nao difiere da antecedente até á publicagao da decisao.)
Entao o presidente, visto nao se verificar nenhum dos casos do § único do artigo 354.° do
código de justiga militar, ordenou que o accusado ficasse em liberdade e restituido ao exercicio
de todos os seus direitos; em consequencia do que, a guarda e escolta lhe franquearan! livre
passagem.
O presidente langou o seu despacho e deu ao commándante da escolta urna copia d'elle.

(E termina como a antecedente.)

MODELO N.° 29

Acta de audiencia de um julgamento por incompetencia


(Empregue-se o mesmo formulario até. que se proponha a excepgao.)
N'este momento o defensor do accusado apresentou urna allegagao, que foi lida, requerendo
que o conselho de guerra se declarasse incompetente para julgar o facto ... com o fundamento
de que o crime de furto, que se diz feito a F... residente na villa de e de que o réu é
.. .,
accusado, foi praticado emquanio o mesmo accusado se achava legalmente com licenga registada
n'aquella localidade, e portante ñas condigoes do n.° 3.° do artigo 200.° do código de justiga
militar.
Ouvido o ministerio publico, que nada oppoz ao requerimento e allegagao do réu, o conse-
lho reeolheu á sala das conferencias para julgar este incidente.
Aberta novamente a audiencia, o presidente annunciou, etc., e o auditor leu em alta voz e
publicou a resolugao sobre o quesito que fora proposto, com a qual o conselho de guerra se jul-
gou incompetente para conhecer do crime de que era accusado F... etc., e mandou que o pro--
cesso, assim como o réu, fossem remettidos para a comarca judicial de .. ., onde tem de ser
julgados.
(E termina como as antecedentes.)
MODELO "N.° 30

Acta da audiencia de julgamento em sessao secreta


(Empregue-se o mesmo formulario até ás respostas do réu sobre sua identidcide, e depois:)
N'este momento o promotor de justiga requereu que deliberasse o conselho, antes de pro-
seguir no julgamento, se devia fazel-o em sessao publica, porquanto a publicidade dos debates,
n'esta causa, lhe parecía perigosa para a ordem publica (ou para a disciplina, ou offensiva da
moral e da decencia), e portante promovia que os debates tñresseni logar em sessao secreta, na
forma que dispoe o artigo 315."
O conselho recolheu-se á sala das conferencias; e tendo resolvido no sentido do pedido do
ministerio publico por ... (indicar as causas), voltou novamente á sala da audiencia, onde o
presidente annunciou que o julgamento continuava em sessao secreta e deu as ordeus para qua
o publico evaeuasse a sala.

(E continuar-se-ha como ñas antecedentes.)

MODELO N.° 31

Acta da sessao do tribunal superior de guerra e marinha, negando provimento ao recurso


Aos
... dias do mez de de mil oitocentos
... ... na sala das sessoes do tribunal superior
de guerra o marinha, reunido este e eomposto na forma do artigo 165.° do código de justiga
militar, de F.. general de divisao e presidente; F... (graduagao), F..., etc., e do conse-
.,
so
394

llieiro juiz relator junto do mesmo tribunal F..., iodos estes como vogaes, e servindo eu F...
(graduagao), secretario, de escrivao no processó; e achaudo-se presente F... (graduagao), pro-
motor de justiga, em nenhum dos quaes se dá algum dos impedimentos previstos nos artigos
121.°, 122.° e 123.° do mesmo código, para proveí* sobre o recurso interposto por contra a
...
sentenga proferida em ... pelo conselho de guerra permanente da ... divisao militar, que o
condemnou na pena de
... por .. verificou
Aberta a sessao,. o presidente ¿
que sobre a mesa se achavam os exemplares do có-
digo de justiga militar, do código penal ordinario, do código do processó criminal, e os Santos
Evangelhós, é deu conhecimento da causa qué ía julgar*se,
Entao b relator expoz o facto e as circumstancias, o fundamento do recurso, a leí que se
reputa violada e as demais indicagpes do artigo 385.°
O presidente deu a palavra ao representante do ministerio publico e depois ao defensor,
fallando ambos por duas vezes, e o defensor em ultimo logar.
Terminadas as allegagoes, o presidente annunciou que o tribunal se ía constituir em confe*
rencia; e havendo resolvido sobre a materia do recurso e lavrado o accordao, afl..., reabriu*se
a sessao e o juiz relator leu em alta voz o mesmo accordao, no qual, por unanimidade (ou por
maioria) de votos, foi negado provimento ao recurso interposto da sentenga do conselho de
guerra.
Féita e encerrada em sessao continua e publica em Lisboa, no dia, mez e anno ácima cita-
dos, assignando commigo o presidente e juiz relator,
E eu F..., secretario, que a escrevi e- ássignei.
(Miibncas do presidente e relator.) F..."
Tenente coronel e secretario.
MODELO N.o 32

Acta da sessao do tribunal superior de guerra e marinha, que annulla o julgamento


í(Emprega-se o mesmo formulario até á resolugao em conferencia, e depois:)
Réábriu-se a sessao e o juiz relator leu em alta voz o mesmo accordao, que annulla por
unanimidade (ou por maioria) de votos a sentenga recorrida, e manda que o réu seja julgado
por outros juizes, procedendo-se a novos debates, conforme determinara os artigos ... do código
de justiga militar.
(E termina como ce antecedente.)
MODELO N." 33

Acta da sessao do tribunal superior de guerra e marinha, que acceita a desistencia


de um recurso feito pelo réu
(Emprega-se o mesmo formulario até á abertura da audiencia, e depois:)
Reabriu-se a sessao, e p juiz relator leu em alta voz o accordao, pelo qual defere ao pedido,
e declara por. unanimidade (ou por maioria) de votos que acceita a disistencia pedida no termo
de n... por F... soldado, etc..., dando por millo o primeiro termo de fl...
(E termina como as antecedentes.)

MODELO N.« 3á

1.a Divisao militar

S.° Conselho de guerra


Ill.m0 e ex.mo sr.—Tendo passado em julgado a sentenga que condemnou na pena de.. a
F..., empregado na adniinistragao militar com a graduagao de
. ..
.
pelo crimo de abuso de con-
fianga, requeiro que a sentenga seja cumplida na forma do artigo 413.° do código de justiga
militar.
Nos effeitos d'esta pena comprehende-se a perda de posto como accessoria; e 2Jortanto,
vistas as disposigoes dos artigos 21.° e 22.° do código de justiga militar com referencia ao ar-
tigo 465." do código penal ordinario, assim se deve executar.
Proniotoria do 2.° conselho de guerra da 1.a divisao militar, de
... de 18...
...
(Assignatu-mi)
395

MODELO N." 35

Certidao a passar quando se executa a exautoracao

F..,, secretario do conselho de guerra da 3.a divisao militar, certifico que a presente sen*
tenga comegou a receber a sua execugao pela expulsao do réu das fileiras do exercitó, em con-
formidade dos artigos 25.° e 415.° do código de justiga militar, hoje \ de ... de 18. •-., pe-
..
rante o promotor de justiga e a tropa reunida no ... (indicar o local), pratieando-sé todas as
formalidades regulamentares, sendo o réu entregue ás justigas ordinarias, para o cumplimento
da restante pena que lhe foi applicada.
Feita e assignada no Porto, aos ... de , . . de 18... F...
Secretarioi
Fui presente,
F...
Major, promotor.
-..--'•
MODELO N> 36

Quando se executa a pena de morte

F.. ., secretario do conselho de guerra da 3.a divisao militar, certifico que a presente sen-
tenca se executou em conformidade do artigo 415.° do código de justiga militar, hoje .-.? ¿de,..
de 18..., pelas ... horas da
..., perante o promotor do mesmo conselho de guerra e da tropa
reunida no (indicar o local)'¿ praticándo-sé todas as formalidades regulamentares em observancia
das ordens do general commándante da divisao.
Feita e assignada em ...,aos ¿.. de ... de 18... F...
Secretario.
Fui presente,
F...
Major, promotor.
Decreto de 26 de agosto de -1878

Tendo concluido os seus trabalhos a commisslío encarregada da organisagao e redácg&o do


projecto do código de justiga militar, bem como da reorganisagao dos tribunáes judiciaes milita-
res, sua competencia e respectivo processó: hei por bem dar por dissolvida a referida commissáo
e mandar louvar os membros, que d'ella faziam parto, pelo zélo, intelligenoia e sabedoria com
que desempenharam táo importante encargo.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra,,
assim o tenha entendido e faga executar.

Plano de uniformes para os ofliciacs de secrelariac empreñados menores do tribunal superior de guerra c marinha,
e dos conselhos de guerra, approvado por decreto de 7 de setembró de I87Ü

Tribunal superior de guerra e marinha


Artigo 1.°—OíUciaes de secretaria
Uniformes iguaes aos ostabelecidos para os enipregados da direcgSío da administragao militar
que técm graduagoes militares.
Divisas — As corresjiondentes ás graduagoes militares que tivercm.
Emblemas — Na parte anterior da gola e do cada lado da mesma terao bordado, a fio de
oiro, o emblema designado com o n.° 9 nos padroes juntos ao plano de uniformes decretado em
31 de margo de 1856, publicado na ordem do exercitó n.° 17 do mesmo anno.

Artigo 2.° —Bmpregades menores


Casaco de panno azul ferrete sem talhe de cintura e folgado, gola, canhoes e vivos de panno
escaríate e forro preto de orlea lisa; abotoado na frente, com duas abotoaduras parallelas, de
oito botoes grandes de metal amarello com as armas reaes; para segurar o cinturao terá duas
presabas de panno igual ao do casaco, cosidas na parte inferior e com casa para prender supe-
riormente um botao como o das abotoaduras.
396

Caiga de panno de mésela com vivos de panno escaríate ñas costuras exteriores, e algibei-
ras abertas ñas mesmas costuras.
Gravata preta de crina.
Kepy de panno azul ferrete avivado de panno escaríate.
Emblemas— Nos kepys, lago nacional redondo e convexo, sendo o do porteiro e continuos
em seda e os dos serventes em la. Nos casacos, presilhas nos hombros, sendo as do porteiro de
galao de oiro, presas a um botao igual ao das abotoaduras ; as dos continuos, de galao de seda
escaríate debruadas de galao de seda preta; e as dos serventes, de panno escaríate debruadas
de galao de II preta.
Capote, de panno de mésela, e feitio igual aos das pracas de pret dos corpos de infantería ;
botoes como os do casaco.
Cinturao de couro pi'eto.
Tergado como o dos corneteiros, com bainha de couro preto.
Insignia de servigo -— CordSo de metal amarello formado de aunéis successivos de 2 milli-
metrós de raio, tendo 66 Centimetros de comprimento, mas unido ñas extremidades; d'este cor-
dao estará pendente urna cor6a real do mesmo metal e db feitio da que se vé no padrao n.° 24,
ordem do exercitó n.° 22 de 1856, tendo suspensa da parte inferiorduas espadas cruzadas era aspa,
lista insignia de servico andará pendente ao pescogo.

Artigo 5.° —Correio


Usará o uniforme commum aos da sua classe.

Artigo 4."
Todos os empregados menores usarao sempre os uniformes que lhes ficam designados, e em
todos os actos de servigo a insignia de servigo.

Conselhos de guerra
Artigo i." - Secretarios
Uniformes iguaes aos estabelecidos para os empregados da direegao da administragao mili-
tar que téem graduagoes militares.
Divisas — As correspondentes ás graduagoes militares que tiverem.
Emblemas—Na parte anterior da gola e de cada lado da mesma, terao bordado, a fio de
oiro, o emblema designado com o n.° 9 nos padroes juntos ao plano de uniformes decretado em
31 de margo de 1856, publicado na ordem do exercitó n.° 17 do mesmo anno.

Artigo 2.° — Empregados menores


Casaco de panno azul ferrete sem talhe de cintura e folgado, gola, canhoes e vivos de panno
escaríate, e forro preto de orlea lisa; abotoado na frente, com duas abotoaduras parallelas de
oito botoes grandes de metal branco com as armas reaes; para segurar o cinturao terá duas pre-
silhas de panno igual ao do casaco, cosidas na parte inferior e com casa para prender superior-
mente em botao como os das abotoaduras.
Caiga de panno de mésela com vivos de panno escaríate ñas costuras exteriores, e algibei-
ras abertas ñas mesmas costuras.
Gravata preta de crina.
Kepy de panno azul ferrete avivado de panno escaríate.
Emblemas—Nos kepys, lago nacional redondo e convexo, sendo os dos porteiros e continuos
em seda e os dos serventes em la. Nos casacos, presilhas nos hombros, sendo as dos porteiros
de galao de prata presa a um botao igual aos das abotoaduras; as dos continuos, de galao de
seda escaríate debruadas de galao de seda preta; e as dos serventes, de panno escaríate debrua-
das de galao de la preta.
Capote de panno de mésela, e feitio igual aos das pragas de pret dos corpos de infantería;
botoes como os do casaco.
Cinturao de couro preto.
Tergado como o dos corneteiros, com bainha de couro preto.
Insignia de servigo — Cordao de metal branco, formado de anneis successivos de 2 milli-
metros de raio, tendo 66 centimetros de comprimento, mas unido ñas extremidades; d'este cor-
dao estará pendente urna corda real do mesmo metal e do feitio da que se vé no padrao n.° 24,
397

ordem do exercitó n.°22 de 1856, tendo suspensa da parte inferior duas espadas cruzadas em aspa.
Esta insignia de servigo andará pendente ao pescogo.

Artigo 3.°
Todos os empregados menores usarao sempre os uniformes que lhes ficam designados, e em
todos os actos de servigo a insignia de servico.

Officio-circular de 9 de dezembro de 1875, dirigido pelo ministerio da guerra, aos commándantes


das divisóos militares e outras estacóes superiores do exercitó

Tendo-se reconhecido que algumas das auctoridades militares, a quem o código de justiga
militar, publicado na ordem do exercitó n.° 19, e respectivo regulamento inserto na n.° 19, am-
bos d'este anno, incumbe funegoés de justiga, reeorreni frequentemente a ésta secretaria consul-
tando e esperando ordens para executarem as suas disposigoes: encarrega*me s. ex.a o ministro
da guerra de ponderar a v. ex.a, para sua intelligencia e devidos, effeitos o seguinte:
1." Que a interpretagao authentiea das leis só cumpre ao poder legislativo, competindo a
doutrinal aos funecionarios encarregados de as executar, servindo-se para isso das regras e ele-
mentos fornecidos pela grammatica e pela lógica;
2.° Que as leis sao feitas para serem litteralmente cumplidas por aquelles a quem pertence
a sua execugáo, sem dependencia de ordens ou instruegoes;
3.° Que só quando pela pratica de algum tempo se vier a conhecer, em face das ihforma-
eoes e relatorios das auctoridades e dos julgados dos tribunaes militares, que alguma das dispo-
sigoes do código de justiga militar se prestam a interpretagSes encontradas e sao entendidas de
diverso modo, é que ao poder executivo corre o dever, nao de as alterar, mas de propor ao parla-
mento as alteragoes de doutrina ou de simples redaecáo que convenha introduzir n'elle,' para a
sua perfeita e uniforme execugáo;
4.° Que, n'estes termos, cumpre a todos e a cada uní dos militares chamados a exercer
funegoes de justiga pelo referido código e regulamento, certificando-se da competencia que a leí
lhe confere e tomando a responsabilidade dos seus actos, cumprir e executar as suas disposigoes
sem necessidade de consultar esta secretaria, nem esperar ordens e instruegoes d'ella.

Decreto de la de dezembro de 1875

Usando da auctorisagao concedida ao meu governo pela carta de lei de 9 de abril do cor*
rente anno : hei por bem approvar o regulamento disciplinar do exercitó, que faz parte d'este
decreto e baixa assignado pelo presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'es-
tado dos negocios da.guerra.
O mesmo presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado, assim o tenha
entendido e faga executar.

Regulamento disciplinar do exereito


CAPITULO i

Deveres militares
Artigo 1." Todo o militar deve regular em geral o seu procedimiento pelos dietames da re-
ligiao, da virtude e da honra, amar a patria, ser fiel ao Pei, guardar e fazer guardar a consti-
tuigao politica da monarchia, respeitar e cumprir as leis do reino e os seguintes deveres espe-
ciaes:
1.° Obedecer promptamente ás ordens dos superiores, no que disser respeito ao servigo;
2.° Respeital-os sempre, tanto no servigo como fóra delle;
3.° Submetter-se ás suas ordens relativas ao servigo e cumpril-as immediatamente, quando
lhe nSo sejam admittidas observagoes respeitosas;
4.° Respeitar as sentinellas, guardas e outros postes de servigo, sujeitando-se ás suas pre-
scripgoes, que serao sempre baseadas ñas instruegoes recebidas;
5.° Executar os servigos determinados pelos superiores, e cumprir as ordens e os regula-
mentos militares em todos os seus preceitos;
6.° Apresentar-se com pontualidade a qualquer hora nos logares a que for chamado pelas
obrigagSes do servigo,-
398

7.J Submetter-se promptamente ao castigo imposto pelo superior e cumpri-lo como lhe for
determinado;
8.° Ser asseiado e cuidar da limpeza e conservagao dos artigos do seu vestuario, arma-
mento, equipamento e arreios que lhe forem distribuidos ou postes a seu cargo;
9.° Cuidar com zélo do cavallo ou da muar que se lhe distribuir para servigo ou tratamiento,
ou que seja sua montada, ou sua praga;
10.° Nao vender, empenhar, arruinar ou por qualquer maneira distrahir do seu legal destino,
os artigos de armamento, fardauíento, equipamento, ou quaesquer outros objectos e munigoes
que lhe sejam entregues;
•11,° Nao se apoderar illegitimamente dos objectos pertencentes a outreni ou á fazenda pu-
blica;
12.° Nao contrahir dividas, que nSo possa pagar regularmente e sem jirejuizo da propria
dignidade;
13,° Nao praticar no servigo ou fóra d'eíle acgoes contrarias á moral publica, ao brío e ao
decoro militar;
14»° Cbntentar-se com a paga e quartel que se lhe der, e com o que para uniformo lhe for
distribuido;
15.° Nao emprestar dinheiro ao superior nem pedil-o ao inferior;
16.ó Nao se valer da sua áuctoridade ou do seu posto de servigo para, por meios menos di-
gnos ou illegaes, tirar qualquer lucro;
17.° NSo frequentar casas de jogo, nem tomar parte em jogos de parar ou quaesquer ou-
tros prohibidos;
18.? Resj>eitar as auctoridades civis e os regulamentos e ordens dé policia e administragao
publica, tratando por modo conveniente os respectivos agentes; '¡
19.° Conservar-se prompto para o servigo, evitando a embriaguez e toda a negligencia ou
acto imprudente que possa prejudicar-lhe o vigor e aptidao physica ou intellectual;
20.° Convivor bem com os camaradas em quaesquer relagoes, evitando rixas e contendas
perturbadoras da ordem e contrarias á harmonía que deve haver na corporagSo;
21.° Ser moderado na linguagem, nao murmurar das ordens do servigo, nao as discutir,
nem referir-se ao superior, de viva voz ou por escripto, ou por qualquer meio de publicagao,
com expressoes faltas de respeito;
22.° .Tratar os inferiores com benevolencia c moderagáo, emquanto, por suas acgoes, nao
for para com elles necessario empregar o rigor; abstendo-se, em todo o caso, de os injuriar e
e de lhes infligir por castigo oífensas corporaes nao auctorisadas por leí;
23.° Ser prudente na exigencia do cumplimento das ordens dadas aos inferiores, e enérgico
e firme na repressao prompta de toda a hesitagao ou recusa da parte d'elles;
24.° Castigar mimediatamente as infraegoes disciplinares, nos limites das suas attribuicoes,
ou dar parte do subordinado qundo tiver commettido infraegao ou delicio maior;
25.° Tratar com moderagáo e attengoes devidas todas as pessoas, especialmente aquellas em
casa de quem for aboletado, nao lhes fazendo exigencias contrarias á leí e ao decoro militar;
26.° Declarar fielmente o seu nome, o numero, a companhiá, batería, corpo ou estabeleci-
mento em que servir, quando taes declaragoes lhe sejam exigidas por superior ou por áuctori-
dade civil competente;
27.° Nao usar de distinctivos que nao pertengam ao seu uniforme, ou á sua graduagao; nem
insignias de condecoragoes que nao tiver, bem como trajes que legalmente lhe sejam vedados;
28.° Nao abusar da áuctoridade que competir á sua graduagao ou posto de servigo, nem usar
de attribuigoes que lhe nao pertengam;
29.° Informar com verdade o superior a respeito de todas as occorrencias de servigo e de
disciplina;
30.° Conservar-se no local do servigo, nao se ausentando d'elle sem licenga legal;
31.° Nao encobrir criminosos militares ou civis, nem, por qualquer modo, ministrar-lhes
auxilio, que possa contribuir para attenuar-lhes a penalidade ou facultar-lhes a liberdade;
32.° Comportar-se com dignidade dentro e fóra do aquartelamento, procurando tornar-se
merecedor da estima e consideragao publica;
33.° Diligenciar com boa vontade instruir-se assiduamente para bem desempenhar as obri-
gagoes dos servigos correspondentes aos seus deveres, e para obter o máximo conhecimento na
instruccao militar em geral;
34.° Nao dar maus exemplos, o evitar da sua parte todas as faltas contrarias aos deveres
do cidadao ou do militar, provenientes de negligencia ou de intengao;
35.° Nao manifestar de viva voz, por escripto, ou por qualquer outro meio de publicagao,
ideas offensivas da constituicao política e das instituigoes militares do estado, dos superiores, dos
iguaes e mesmo dos inferiores, ou que, por qualquer modo, possam causar damno á boa execu-
gSo dos servigos e á disciplina, ou ás providencias de interesse geral;
399

36.° Níío emitiir em reunioes parciaes ou totaes de corporagao, coneeitos que impprtem
apreciagao lisonjeira ou desfavoravel, pessoal ou collectiva, dos méritos, virtudes ou actos dos
seus superiores.
Art. 2.° Os deveres de disciplina e de servico serao impreterivelmentecumplidos, qualquer
que seja a graduagao do militar. Os chefes responsaveis téem o rigoroso dever de empregar to-
dos os meios para que as ordens do servigo sejam executadas, ainda que para tanto hajam de
empregar expedientes extraordinarios, nao expressamente designados n'este regulamento^ nem
considerados castigos, mas que sejam indispensaveis para fazer cumprir as ordens e respeitar o
dever de passiva obediencia, que constitue a forga da disciplina militar.
§ 1.° Esta disposigao ó extensiva ao dever que os superiores téem de fazer respeitar; a sua
graduagao e o seu posto de servigo, no caso extraordinario de urna aggressEo violenta contra si
ou contra a sua áuctoridade.
§ 2.° Os superiores darao innnediatamente parte aos seus chefes e sercio obrigados a res-
ponder no mais curto praso, por qualquer recurso extraordinario, que., por circumstancias de
maior gravidade, tenhain sido obligados a empregar.
3.° Os chefes principalmente,e em geral todos os superiores, sao responsaveis pelas infracgoes
de disciplina praticadas pelos subordinados ou inferiores, quando essés actos tenham origeni na
falta de punigao por parte dos chefes ou superiores, ou ñas suas proprias faltas, e nao possam
provar que empregaram todos os meios para os prevenir ou evitar.
§ 4.° Nenhuma consideracao relevará do rigoroso cumprimento dos preceitos coñudos n'este
artigo.
CAPITULO II
Das infiacgoes de disciplina
Art. 3.° Considera-se infráegao de disciplina toda a accao ou omissao contraria aos deverés
militares, que níío estiver especialmente incriminada no código de justiga militar, ou a que,
pelas suas circumstancias, deva corresponder pena inferior á minima decretada no mesmo código,
e que nao for qualificada crime ou delicto pelo código penal ordinario.
Art. 4.° Aggravam a infracgáo de disciplina as seguintes circumstancias-:
1.a Ser commettida em acto de servigo;
2.a Ser commettida em marcha ou em tempo de guerra;
3.a Ser commettida durante destacamento, diligencia ou em servigo de frácgao separada
do corpo;
4.a Ser commettida cm combinagao com outras pragas;
5.a A reincidencia;
6.a O proposito deliberado;
7.a O man exemplo que produzir;
8.a O transtorno que occasionar á ordem e á subordinagao.

CAHTULO m
Das penas disciplinares e sua exeeugao
Art. 5.° As penas por infraccao de disciplina sao as seguintes:
Para officiaes:
1.° Reprehensao: ,
2." Inactividade;
3.n Prisao correccional;

Para officiaes inferiores:


1.° Reprehensao;
2.° Detengao no quartel da companhiá;
3.° Baixa de posto;
4.° Prisao correccional;
Para cabos:
1.° Reprehensao;
2.° Guardas;
3.° Marcha a. pé para as pragas montadas;
4.° Detengao no quartel da companhiá:
5.° Baixa de posto;
G.° Prisfio correccional;
400

Para simples soldados:


1.° Reprehensao;
2.° Quartos de sentinella;
3.° Fachinas;
4.p Exercicios;
5.° Guardas;
6.° Marcha a pé para as pragas montadas;
7." Administragao de pret;
8.° Detengao no quartel da companhiá;
9-.° Prisao correccional;

Para os empregados no servico do exercitó, de que trata o artigo 32."


Multa,
§ único. A grávidade d'estas penas é regulada pela ordem em que ficám mencionadas.
Art, 6.° A reprehensao ao oííicial pode ser dada:
Em particular;
Na presenga dos officiaes superiores da corporagao;
Na presenga dos ofliciaes de igual graduagao;
Diante da corporagao reunida;
Na ordem regimental;
Na ordem de divisao; '
Na ordem do exercitó.
§ l.° A reprehensao em ordem regimentaí deve ser dada só em caso de infraccáo grave
de mau exemplo para a corporagao, ou quando ao oííicial infractor tiverem já sido impostes os
precedentes graus de reprehensao.
§ 2." A reprehensao em ordem de divisao deve ser dada só quando o competente general
o entender por conveniente á disciplina.
§ 3.° Em qualquer dos casos dos §§ antecedentes, sem dependencia de outra ordem, o of-
ficial reprehendido deve considerar-se suspenso das funcgoes de servigo, dando o chefe parte ao
cliefe immediatamente superior, e assim successivamento até ao ministro da guerra,
§ 4.° Quando o oííicial reprehendido em alguina das ordens indicadas for por tal rasíío
transferido de corpo, de verá deelarar-se na ordem do exercitó, que assim é determinado por
motivo de disciplina,
Art. 7.° A suspensao de servigo consiste em privar promptamente o official do exercicio da
áuctoridade em que estiver investido.
§ 1.° A suspensao das funcgoes de servigo nao excederá tres dias, salvo quando for neces-
sario esperar ordens superiores.
§ 2.° O superior, que determinar a suspensao das funcgoes de servigo a um ofiicial, dará
logo conhecimento circumstanciado da occorrencia ao seu chefe ou á áuctoridade militar superior
da localidade, quando n'esta se nao ache o chefe do dito official.
§ 3.° O chefe que intimar suspensao das funcgoes de servigo, ou tiver conhecimento de ter
sido intimada a suspensao a um oííicial, nos termos do § antecedente, imporá a pena que ha de
ter o oííicial; mas se entender que esta deve exceder a sua competencia disciplinar, dará parte
ao chefe sujierior, para este impor a pena que julgar correspondente á infracgáo commettida, e
se o facto inculpado pertencer á jurisdicgao dos tribunaes militares, procederá nos termos do
código de justiga militar.
§ 4.° A ordem de suspensao das funcgoes de servigo pode ser dada de viva voz ou por es*
cripto, e transmittida ao official infractor por outro de igual ou superior graduagao.
§ 5.° O official que for suspenso das funcgoes de servigo, emquanto durar a suspensao, nao
poderá apresentar-se ante qualquer torga do corpo a que pertenga, nem no local em que exercia
a sua áuctoridade.
§ 6.a O official que for suspenso das funcgoes de servigo deverá participal-o logo ao chefe
immediato, quando a suspensao nao tiver por este sido imposta.
§ 7.° Em marcha, o official suspenso das funcgoes de servigo acompanhará a guarda da re-
taguarda.
Art. 8.° Quando o official a quem for determinada suspensao das funcgoos de servigo nao
obedecer promptamente á intimagao, se assim o exigirein as circumstancias de grávidade, occa-
siao e local em que a infrácgao for praticada, poderá ser posto em seguranga, empregando-se
ainda os meios de violencia e energía que se tornera indispensaveis para reprimir os actos con-
demnaveis por elle praticados ou que intente praticar.
§ 1.° No caso de que trata o presente artigo, o ofiicial infractor deverá ser recluso em logar
adequado, podendo, segundo as circumstancias de maior ou menor grávidade, ser privado de
toda a eommunicagao com o exterior e guardado com sentinella á vista, ou por escolta em mar-
401

cha, sem prejuizo todavía das prcscripgoes sobre a ineommunieabilidade exaradas no capitulo vi
do regulamento de 21 de julho de 1875.
§ 2.° Dadas as circumstancias previstas no § antecedente, o ofiicial entregará a sua espada:
e em marcha acompanhará o corpo a que pertenga, entre a cauda da Columna e a guarda da
retaguarda, sob a vigilancia de um official do igual patente; ou, se assim for julgado conveniente,
marchará junto com as bagagens e a escolta que o guardar.
Art. 9.° O official que for restituido ás funcgoes de servigo deverá apresentar-se aos seus
chefes pessoalmente, ou por escripto nao estando na mesma localidade.
Art, 10.° O ofiicial que, por determinaeao do ministro da guerra, for reprehendido em or-
dem do exercitó, ficará desde logo suspenso das funcgoes de Servico e mudará de sitúagao por
tempo nunca inferior a um mez, sendo empregado conforme as circumstancias fóra dos corpos
arregimentados.
Art. 11.° Quando o official reincidir na pratica de infraceoes disciplinares, ou quando ex-
traordinariamente commetter falta de maior grávidade, que exija mais severa pimigao, o minis-
tro da guerra, considerando a parte dada contra o official e a informagao do chefe superior; poderá
impor-lhe a pena de inactividade temporaria, que nao deverá durar por menos de um mez íiem
exceder a um anno.
§ único, Deéorrido o tempo durante o qiial o official permanecer na situagao de inactivi*
dade temporaria, se a informacao do general da divisao, ou do governador da praga onde o
mesmo official tiver residido, mostrar que lhe nao tem aproveitado a punigao, a mesma pena
poderá continuar por igual tempo ao decorrido, ou ser elevada até ao máximo determinado n'este
artigo.
Art. 12.° A pena de inactividade temporaria consistirá, alem da mudanca de situagao, na
residencia obligatoria que ao oííicial for designada em praga de guerra de 1.a classe, ou em lo-

é Porto. •.'•::.-:.:-
calidade onde esteja estabelecido o quartel general dé urna divisao militar, exceptuando Lisboa

§ único. No caso de continuacao do castigo, nos termos do artigo antecedente, será trans-
ferida a residencia do official, na conformidade do presente artigo, ;
Art. 13.° A pena de prisao correccional para officiaes consistirá na'detengao em ünia praga'
de guerra.
Art. 14.° A reprehensao aos officiaes inferiores pode ser dadaí
.•-..-'..
Em particular;
Na presenga dos officiaes da companhiá oudestacamento ;
Na presenga dos officiaes inferiores de igual graduagao;
Na ordem reginiental. ".' ' !
Art. 15.° A detengao dos ofliciaes inferiores no quartel da companhiá consiste na obrigagáo
de permanencia nos proprios quartos dos ofliciaes inferiores, executando ali os servigos eompati-
veis com tal situagao.
Art. 16.° Quando qualquer superior intimar ordem de detengao a um official inferior, de-
verá logo dar parte por escripto ao chefe do official inferior detido, declarando os motivos que a
determinaran!.
§ 1.° As ordens de detengao intimadas aos ofliciaes inferiores deveraoser declaradas na
ordem regimental immediata á apresentacao da parte.
§ 2.° Se a ordem de detenciío for intimada por mitro official inferior, a parte será dada no
commándante da companhiá do oííicial inferior detido, ou ao commándante do destacamento a
que pertenga; qualquer d'estes commandantes, escrevendo á margem «conforme» ou «nao-con-
forme» e rubricando, dará ordem para que siga o competente destino.
§ 3." O ofiicial inferior que receber'ordem de detengao, apresentar-se*ha seguidamente no
quartel ao seu chefe immediato ou a quem o represente, participando-lhe o aconteeiniento.
.
§ 4.° A intimagao de ordem de detengao de um ofiicial inferior a outro é permittida se-
menté emeaso de usurpagao de attribuigoes, de abuso de áuctoridade ou provocagao á indisci-
plina da parte do infractor.
Art. 17.° O official inferior intimando ordem de detengao-a outro official inferior, nao
poderá marcar o tempo durante o qual deva ser cumplida tal punigao.
Art. 18.° Em marcha, a pena de detengao na companhiá consistirá no descontó de venci-
niento nos termos do artigo 67.°, e na permanencia no quartel, ñas povoagoos ou acampamento
em que o corpo se demorar, salvo os eftéitos marcados no artigo 66.°
Art. 19.° Quando um official inferior concluir o tempo pelo qual lhe liouver sido imposta a
pena de detengao no quartel da companhiá, apresentar-se-ha no quartel do corpo, ao seu chefe
inmiediato, e em seguida ao superior que lhe tiver imposto a pena,
§ único. Se, por nao estar presente no quartel o superior que houver inrposto a pena, nao
poder realisar-se a apresentagao perante elle, cessará este dever de submissao, expirando o prnso
de quarenta e oito horas depois de cumplida a mesma pena.
51
402

Art. 20.° Quando um official inferior abuse da sua áuctoridade, provoque os cantaradas ou
os inferiores á insubordinagao, ou esteja dando exemplos damnosos para a disciplina, ou recuse
obedecer á intimagao de detengao, n'estes casos extraordinarios, ou em outros análogos, qualquer
superior do delinquente poderá determinar que seja recluso sob guarda, e dará logo parte eir-
cumstanciada ao chefe competente, na conformidade do disposto no artigo 16.° e seus para-
graphos.
§ 1.° A reclusao consiste em por em seguranga, em logar adequado, o official inferior, que
poderá, segundo as circumstancias de maior ou menor grávidade, ser privado de toda a commu-
nieágao com o exterior, e ser guardado com sentinella á vista, sem prejuizo todavía das pres-
cripgees sobre a ineommunieabilidade exaradas no capitulo vi do regulamento de 21 de julho
de 1875.
Sj 2.° A reclusao nao excederá cinco dias, excepto
se for indispensavel recebér ordens do
chefe superior competente.
§ 3.° O official inferior recluso em marcha, até que lhe seja dado o competente destino,
acompanhará desarmado o corpo a que pertenga, junto ás bagagens com a escolta que o
guardar.
Art. 21.° A pena de baixa de posto, fóra dos casos previstos nos artigos 34.° e 66.°, será
imposta a um official inferior, mediante julgamento em conselho disciplinar, nos termos do ar-
tigo 39,"
§ 1." Se o commándante nao se conformar com a opiniao do conselho, dará parte ao chefe
superior, se assim o julgar conveniente á disciplina,
§ 2.° O ofiicial inferior que extraordinariamente for mandado julgar em conselho discipli-
nar, se nao estiver recluso, deverá ser detido no quartel da companhiá até á conclusao do con-
selho.
§ 3.° Quando no conselho de que trata o presente artigo nao for julgada procedente a ac-
cusagao e o comportamento do accusado ficár illibádo, nao será tomada nota da detengao no
quartel a que se refere o § antecedente.
Art. 22° A pena de prisao correccional para officiaes inferiores consistirá na detengao em
casa apropriada em unía praga de guerra.
Art. 23.° A pena de fachinas consiste:
Na limpeza do áqüartelamento, das cavallarigas, das cozinhás, e das armas e mais petrechos
existentes ñas arrecádagoes do corpo.
Ná conducg&o de agua para as differentes officinas do quartel e para as casernas;
Em trabalhos ñas obras de reparagáo dos quarteis e na remogao de quaesquer materiaes.
§ 1.° Quando a pena de fachinas for imposta pelo commándante da companhiá, limitar-se-ha
á limpeza das casernas, cavallarigas, arrecádagoes, armamento e mais petrechos da mesma
companhiá,
§ 2.° O cumplimento da pena de fachinas poderá ser vigiado por pragas graduadas.
Art. 24.° As guardas de castigo seráo interpoladas com as que por escala lhes pertencerem,
de modo que as pragas nao montera guarda em días successivos; salvo se circumstancias extraor-
dinarias de servigo nao permittirem esta folga.
Art. 25.° A pena de exercicios consiste em trabalhos de instruegao nos dias de folga, indo
as pragas simplesmente armadas ou com o equipamento, duas horas de manha e duas de tarde.
Art. 26,° A administragao do pret consiste em privar do pret liquido, de urna só quinzena,
o soldado habitualmente descuidado dos seus deveres de arranjo e asseio.
§ 1.° Esta pena poderá continuar na quinzena seguinte, se a praga nao mudar de compor-
tamento.
§ 2.° O vencimento liquido da praga cora o pret administrado será entregue a um cabo,
que receberá instruegoes do commándante da companhiá, para ser applicado em harmonía quanto
possivel com as necessidades da praga assim corrigida.
Art. 27.° A detengao no quartel da companhiá para cabos e soldados consiste na prohibigao
de saír do quartel, ou acampamento da mesma companhiá durante o tempo livre do servigo. Os
menores de dezesete annos cumprirao esta pena em casa apropriada.
Art. 2S.° Quando um cabo ou soldado praticar qualquer acto de insubordinagao, que pela
sua influencia ou exemplo se torne perigoso para a disciplina, todo o superiorpoderá determinar
que o delinquente seja recluso sob guarda, dando ¡inmediatamente parte circuuistanciada ao
commándante do corpo, e procedendo, se for competente, nos termos do código de justiga
militar.
§ 1.° Sendo official subalterno ou eapitao mais moderno do que o commándante da compa-
nhiá, o que ordenar a reclusao deverá informar de viva voz ou por escripto o commándante da
companhiá da praga reclusa.
§ 2.a Sendo official inferior o que ordenar a reclusao, procederá nos termos do § 2.a do
artigó 16.°, e sendo cabo dará parte verbal ao sen primeiro sargento, o qual participará logo a
403

occorrencia ao competente commándante da companhiá, seguindo-se depois o processó a que o


presente peragrapho se refere.
§ 3.° A reclusao consiste em por em seguranga em logar adequado o delinquente, qué po-
derá, segundo as circumstancias de maior ou menor grávidade, ser privado de toda a commu-
nicagáo com o exterior e guardado com sentinella á vista, sem prejuizo todavia das preseripgoes
sobre a ineommunieabilidade exaradas no capitulo vi do regulamento de 21 de julho de 1875.
§ 4.° A reclusao nao excederá cinco dias, excepto se for indispensavel receber ordens do
chefe superior.
§ 5.° Em marcha, a praca reclusa acompanhará desarmada o corpo a que pertenga junto
ás bagagens, com a escolta que a guardar,
Art. 29,° Em marcha, os cabos e soldados serao corrigidos com as mesmas penas discipli-
nares determinadas para as infraegoes commettidas nos quarteis; e ainda que nao haja oceásiáo
de lhes fazer cumprir as penas impostas, será o mesmo o effeito moral, sendo para este finí
averbadas nos regustos disciplinares, pelo modo prescripto no presente regulamento,
Art. 30.° A pena de baixa de posto aos cabos será imposta depois de ouvidos, pelo cora-
mandante do corpo, o official superior encarregado da escripturagao do registe disciplinar e o
commándante da companhiá acerca do comportamento do infractor.
Art. 31.° A pena de prisao correccional para cabos e soldados será cumprida ñas compa-
nliias de correcgáo, nao podendo exceder a tres mezes.
Art. 32.° Todos os individuos nao militares, mas que em circumstancias extraordinarias
forera contratados ou constrangidos para formar parte integrante do exercitó ou de um corpo
ou destacamento de tropa, táes como fornecedores, arrieiros e carroceirOS, barqueiros, trabálha-
dores e outros servigaes, fiearao sujeitos a ser punidos durante todo o tempo do contrato ou
constrangimento, por suas faltas de cumplimento de obrigagoes de qué tenhá resultado oü po-
desse resultar prejuizo ao servigo das tropas a que estiverem unidos.
§ 1.° A punigao disciplinar, applicavel aos individuos a que se refere.o presente artigo,
consistirá na pena de multa, isto é, na perda de um ou mais dias do vencimento a que tiverem
direitb, nao excedendo a metade da somma ganha em servigo. Estas multas, que reverterao em
favor da fazenda, poderáo ser impostas sómente pelo commándante militar, sob cujas ordens os
interessados estiverem collocados, ficando a estes salvo o direito de reclaniagao ao sujierior com-
petente.
§ 2.° Em caso de reclaniagao, o chefe que tiver imposto a pena de multa deverá informar
o superior competente acerca dos motivos em que tiver fundado o seu procedimento.

CAPITULO iv

Da competenciadisciplinar
Art. 33.° Ao ministro da guerra, como primeira áuctoridade do exercitó, cumpre o alto
llover de conservar a ordem, a disciplina e a regularidade do servigo do mesmo exercitó, usando
a seu prudente arbitrio e segundo as circumstancias, das facilidades que as leis lhe concedem
correspondentes á superior áuctoridade em que está investido.
Art. 34.° Ao ministro da guerra compete:
Impor a pena de reprehensao na ordem do exercitó;
Impor penas iguaes ás da competencia dos generaes commandantes de divisao, e augmen-
tar, diminuir, substituir por outras ou fazer cessar quaesquer penas disciplinares impostas;
Impor a pena de inactividade temporaria;
Impor a pena de baixa de posto aos officiaes inferiores;
Impor a pena de prisao correccional até tres mezes.
,
Art. 35.° Compete aos generaes commandantes das divisoes:
Reprehender em ordem de divisao;
Impor penas iguaes ás da competencia dos commandantes dos corpos, e augmentar até ao
dobro, diminuir, substituir por outras, ou fazer cessar todas as penas por aquelles commandan-
tes impostas;
Determinar quaes as pragas que, nos termos do artigo 56.°, devem ser transferidas para as
companhias de correcgáo;
Ordenar a transferencia para as companhias de correcgáo, das pragas a quem for imposta a
pena de prisao correccional;
Impor a pena de prisao correccional até trinta dias.
§ 1.° Os generaes informarlo sem perda de tempo o ministro da guerra de quanto ordena-
rem, segundo a competencia que lhes é marcada no presente artigo; exceptuando, poréni, o que
de refira ás punigoes disciplinares que impozerem dentro dos limites da competencia disciplinar
sos commandantes dos corpos.
404

§ 2.° A competencia disciplinar dos generaes commandantes das divisoes comprehende os


individuos de engenheria, de artilheria e do corpo do estado maior, quando as infraccoes de dis-
ciplina sejam por estes praticadas no servigo dependente da divisao.
§ 3.° Os directores geraes da secretaria da guerra, das armas de engenheria e de artilhe-
ria, e o da adi)iinistracai):-militar, téem competencia disciplinar igual á dos generaes comman-
dantes de divisao, a respeito dos individuos sob o sen eommando, quando as infraccoes de dis-
ciplina fo rem praticadas no servico dependente das correspondentes direccoes.
§ 4.° Os generaes commandantes de divisao, quando no uso da competencia que íhes é
conferida por este artigo procederem contra individuos dependentes das direccoes de engenhe-
ria, de artilheria ou da administragao militar, darao conhecimento aos respectivos generaes
directores das resokicoes que tomarem. De igual modo praticarSo os mesmos directores, para
com os generaes commandantes de divisao, quando procederem contra individuos dependentes
das suas direccoes, .em servigo na divisao militar.
Art. 36.° Compete aos commandantes de brigadas e de sub-divisoes militares:
Reprehender em ordem de bi-igada ou de sub-divisSo;
Impor penas iguaes ás. da competencia dos commandantes dos corpos;
Punir com prisfío correccional até quinze dias.
Art. 37;° Os governadores das pragas de guerra téem, dentro d'ellas e em relacao aos indi-
viduos collocados sob as suas ordens, competencia disciplinar nos tei'inos seguintes:
§: 1." O governador da praca de Elvas tem competencia disciplinar igual á dos generaes
commandantes das divisoes militares.
§ 2.a Os governadores das mais pracas de guerra de 1.a classe, ou outrás, que em circum-
staneias extraordinarias forem como taes consideradas por determinagao do governo, teem com-
petencia disciplinar igual á dos commandantes dos corpos do exercito.
Art. 38.° Os generaes commandantes das divisoes, sub-divisoes e brigadas, e os cominan-
dantes dos corpos, destacamentos ou outras quaesquer forgas, téem competencia para impor
penas disciplinares, segundo as disposigoes d'este regulamento, aos funccionarios da administra-
cao militar e aos mais individuos n'esta especialidade einpregados sob as suas ordens, quando
pratiquem faltas que prejudiquem o servigo das respectivas forgas, devendo comtudo dar conhe-
cimento da occorrencia ao chefe do individuo corrigido.
§ único. Os oíñciaes que nSo exercerem os referidos commandos deve-rao limitar a sua acgao
a dar parte aos seus cbefcs, das faltas commcttidas em damno do servigo pelos individuos a
quem o presente artigo se refere, salvos os casos previstos n'este regulamento.
Art. 39.° Compete aos commandantes dos corpos:
Reprehender os officiaes:
Ein particular;
Na presenga dos officiaes superiores;
Na presenga dos officiaes de igual graduagao;
Diante da corporagfio reunida;
Na ordem régimen-tal;
Impor penas iguaes ás que,, por este regulamento, podem impor os que Ibes sito subordi-
nados, e augmentar até ao dobro, diminuir, substituir por outras, ou í'azer cessar todas as penas
impostas por estes, nao excedendo os limites da propria competencia;
Reprehender os officiaes inferiores:
Na presenga dos de igual graduagao:
Na ordem regimental;
Determinar a pena de detencao a um official inferior, quando esta tenha sido intimada por
outro official inferior;
Punir como julgar conveniente o official inferior recluso, em vista da parte que for dada,
se o motivo da reclusao tiver sido simples infraccae de disciplina; mandar reunir o conselho dis-
ciplinar para a imposigao da pena de baixa de posto, sempre que entenda dcver impor-se esta
pena; ou proceder, segundo o exijam as circumstancias, nos termos do código de justiea militar:
Punir com a pena de fachinas até o numero de vinte em cada trinta dias;
Punir com a pena de exercicios até o numero de doze em cada trinta dias;
Punir com a pena de guardas ató ao numero de quinze em cada trinta dias:
Punir com a pena de detencSo os officiaes inferiores até doze dias em cada trinta;
Punir com a pena de detencao os cabos e soldados até quinze dias em cada trinta;
Punir com a pena de baixa de posto os cabos, nos termos do artigo 30."
§ 1.° Os chefes dos estabelecimentos e das repartigoes militares téem competencia discipli-
nar igual á dos commandantes dos corpos do exercito, a respeito dos militares e empregados
«ivis com graduagao militar que servirem nos ditos estabelecimentos ou repartigoes.
§ 2.° Os commandantes interinos dos corpos téem competencia disciplinar igual á dos efe-
ctivos.
405

Art. 40.° Compete aos officiaes superiores dos corpos:


Reprehender os officiaes:
Em particular;
Na presenga dos officiaes de igual graduagíio;
Reprehender os officiaes inferiores na jjresenga dos de igual graduagao;
Punir com a pena de fachinas até o numero de dez em cada trinta- dias;
Punir com a pena de exercicios até o numero de oito em cada trinta días;
Punir com a pena de detencao os officiaes inferiores até oito dias em cada trinta;
Punir com a pena de detencao os cabos e soldados até oito dias em cada trinta:
Punir com a pena de exercicios até o numero de seis em cada trinta dias ;
Punir com a pena de guardas até o numero de seis em cada trinta dias.
§ 1.° Quando os officiaes superiores dos corpos usaren! da propria. competencia disciplinar,
segundo o que fica prescripto nó presente artigo, darao conhecimento immediato ao e-ominan-
dante do corpo. a.
§ 2." Quando os officiaes superiores co&ánandarem destacamentos, terao a respeito d'estes
competencia disciplinar igual á dos commandantes dos corpos, exceptuando, porém, a imposigao
da pena de baixa de posto a officiaes inferiores e a cabos.
§ Si 0 Igual competencia disciplinar á designada no paragrapho antecedente, para os officiaes
superiores no commando de destacamentos, téem os commandantes das companhias de artilheria
de-guarnigao nos Agóres.
Art. 41.° Compete aos ajudantes:
Punir os officiaes inferiores com as penas disciplinares da competencia dos commandantes
de companhias;
Punir os cabos e soldados com as penas disciplinares da competencia dos dentáis subalternos.
§ único. Quando os ajudantes usarem da propria competencia, segundo o que fica prescri-
pto no presente artigo, darao conhecimento immediato ao cornmandante do corpo.
Art. 42.° Compete aos commandantes de companhia:
Reprehender os officiaes inferiores da sua companhia:
Em particular;
Na presenga dos officiaes da propria companhia;
Reprehender as demais pracas da companhia, publica ou particularmante, como as circum-
stancias o exigirem;
Punir com a peim de fachinas até o numero de oito em cada trinta dias;
Punir com a- pena de exercicios até o numero de cinco em cada trinta dias;
'Punir com a pena de guardas até o numero de seis em cada trinta dias;
Punir com a pena de detencao os officiaes inferiores da sua companhia até cinco dias em
cada trinta;
Punir com a pena de detencao os cabos e soldados da sua companhia até oito dias em cada
trinta;
Punir com a pena de administragao de pret, nos termos do artigo 26.°;
Diminuir ou fazer cessar qualquer pena disciplinar, por elles ou por seus subordinados im-
posta, sempre que a respeito de tal imposicSo houver reclamacao justa.
§ único. Igual competencia disciplinar á que fica designada no presente artigo para os com-
mandantes de companhia téem os capitaes quando commandarem destacamentos ou diligencias,
em servigo de inspecgao no quartel, ou em concorrencia, de servigo com pracas de outras com-
panhias.
Art. 43.° Compete aos subalternos de companhia:
Reprehender em particular os officiaes inferiores da propria companhia;
Reprehender as demais pracas da companhia, publica ou particularmente, como as eireimi-
stancias o exigirem;
Punir com a pena de detengao os officiaes inferiores da sua companhia até dois dias em cada
trinta, dando logo ¡jarte circumsta7iciada ao cornmandante da companhia.
Punir com a pena de exercicios os soldados da sua companhia até o numero de tres em
cada trinta dias, dando logo parte circumstanciada ao cornmandante da companhia;
Punir com a pena de detengüo os cabos e soldados da sua companhia até quatro dias em
cada trinta, dando logo parte circumstanciada ao cornmandante da companhia.
§ único. Igual competencia terSo os mesmos subalternos para punir, nos termos d'este ar-
tigo, os officiaes inferiores, cabos e soldados de outras companhias, quando com elles coneorram
em acto de servigo.
Art. 44.° Os officiaes subalternos, quando commandarem destacamentos ou diligencias, terao
a competencia dos commandantes de companhia.
Art. 45.° Todo o militar tem competencia disciplinar para impor a pena de reprehensao em
particular a qualquer individuo de categoría militar inferior á sua.
406

Art. 46.° O official ou qualquer outra praga que, por infraccSo coinmettida, merecer pena
superior á que couber ñas attribuigoes disciplinares do cornmandante de forga destacada, rece
berá desde logo guia de marcha para regressar ao corpo, a finí de lhe ser imposta a pena que
corresponder aquella infracgSo.
Art. 47.° Quando qualquer forga destacada tiver a correspondencia interceptada com o seu
corpo, o cornmandante terá a competencia disciplinar correspondente ao grau iminediatamente
superior, emquanto durar a interrupgao, nao excedendo em caso algum as determinagoes do
§ 2.° do artigo 40.°
Art. 48.° Os commandantes de guardas téem competencia disciplinar para impor quartos
de sentinelía, até o numero de dois, nao consecutivos.
Art. 49.° O official que, em virtude de quáesquer circumstaneias, assumir o commando
pertencente a mitro official de grau superior, terá emquanto exercer taes funcgoes de commando,
a competencia disciplinar correspondente á graduagao d'aquelle a quem tiver substituido.
Art. 50¿° Todo o superior tem competencia disciplinar para impor a pena de detengao,
sempre que assim a julgue conveniente á disciplina ou ao servigo; e quando nos casos extraor-
dinarios previstos no presente regulamento, assim o exijam as circumstaneias, poderá ordenar a
suspeüsao das funcgoes de servigo e a reelusao.
Art. 51.° Todo o superior tem competencia disciplinar para, fazendo uso da propria aucto-
ridade, nao consentir que qualquer inferior commetta na sua presenga infraccoes disciplinares,
aínda que o infractor nao esteja sob as suas ordens immediatás ou nao pertenga ao mesmo
coi-po.
§ único* Quando para este effeito nao baste a reprehensSo em particular, poderá ordenar
a reelusao do infractor, dando em qualquer caso parte circumstanciada ao chefe do inferior con-
tra quem houve-r procedido.
Art. 52.° Nenhum militar, qualquer que seja a sua graduagao, imporá um castigo na pre-
senga próxima de um superior, sem ter para com elle a necessaria deferencia.
Art. 53.° Haverá em cada corpo üni conselho disciplinar, que será presidido pelo official
superior encarregado do registo disciplinar, e composto de mais quatro vogaes de entre os offi-
ciaes mais graduados e, em igualdade de graus, dos mais antigos.
Similhantemente se formará um conselho disciplinar nos estabelecimentos dependentes do
ministerio da guerra.
§ 1.° As deliberagoes d'este conselho serao tomadas por maioria de votos, em votagao no-
minal.
§ 2.° Este conselho reunirá ordinariamente no finí de cada ti'imestre do anno civil, e ex-
traordinariamentetodas as vezes que for mandado convocar pelo commandante do corpo ou pelo
couimaiidante da divisao.
Art. 54.° Compete ao conselho disciplinar:
1.° Rever no finí de cada trimestre do anno civil o registo disciplinar, e depois de ouvidos
os respectivos commandantes das companhias, apurar as pragas que, nos termos do artigo 73.°,
devam ser temporariamente separadas dos corpos;
2.° Rever no fim de cada anno o registo disciplinar, pelo que respeita aos officiaes inferio-
res, para os effeitos do artigo 66.°;
3.° Julgar os officiaes inferiores quando Ihes deva ser imposta a pena de baixa de posto no
caso do artigo 39.°;
4.° Julgar os officiaes inferiores, cabos e mais pragas, quando haja de ser-lhes imposta a
pena de prisao correccional, se a auctoridade a quem pertence a imposigao d'esta pena assim o
determinar.
Art. 55.° As relagoes das pragas apuradas pelo conselho disciplinar, nos termos do artigo
antecedente, serao enviadas ao chefe superior, informadas pelo commandante do corpo.
§ único. O chefe superior, em vista da deliberagao do conselho e informagao do comman-
dante do corpo, mandará marchar, para qualquer das companhias de correcgSo as pragas que-
devam ter aquelle destino.
Art. 56.° Os cabos incluidos no apuramento definitivo terao baixa de posto, e seguirao de-
pois, com as mais pragas tambem apuradas, o destino que Ihes for ordenado.
Art. 57.° As pragas destinadas ao servigo ñas companhias de correcgáo, ou a serem ali cor-
rigidas com a pena de prisao correccional, serao para ellas transferidas.

CAPITULO v

Das reelamagoea
Art. 58.° O militar a quera houver sido imposta pena disciplinar, que tiver por injusta,
poderá reclamar.
407

§ 1.° Toda a reclamagao deve ser singular, formulada em termos moderados e respeitosos
e dirigida verbalmente ao immediato superior, ou por escripto aos chefes, pelas vias competen-
tes, durante o praso de dez dias, contados da imposigao da pena.
§ 2.° O superior tem por dever attender como for de justiga ás reclamagoes que lhe forem
dirigidas nos termos do paragrapho antecedente ou dar seguimento aos recursos que forem diri-
gidos aos chefes.
Art. 59.° O chefe, depois de ouvir o reclamante, ouvirá separadamente a parte reclamada,
quando nao seja acto d'elle proprio o assumpto da reclamagao, e resolverá como for de jus-
tiga.
§ 1.° Se a reclamagao for justa, o reclamado será considerado incurso em infracgSo discipli-
nar; e quando seja manifestamenteinfundada, o reclamante será castigado por falta de cumpri-
mento dos seus deveres disciplinares.
§ 2.° Quando a reclamagao for dirigida ao commandante do corpo, é este nSo se julgar em
conscieneia sufficientemente esclarecido com as informagoes obtidas das duas partes, procederá
ás averiguagoes necessarias para o descobrimento da verdade.
§ 3.° Quando a reclamagao disser respeito a actos do commandante da divisao ou outros
chefes superiores, será dirigida aó ministro da guerra.
Art. 60.° Os officiaes e empregados civis com graduagao militar poderao tomar conheci-
mento das informagoes annuaes a elles referidas (modelo n.° 1), para o que Ihes serao facultadas
por determináoslo dos chefes competentes, com exclusao, porém, da parte relativa ao juizo pri-
vativo dos mesmos chefes.
§ 1.° O official ou empregado civil com graduagao militar, quando julgue dever reclamar
com referencia a algum quesito da informagao que lhe for relativa, podel-o-ha fázer pelos modos
e nos termos prescriptos no presente regulamento.
§ 2.° As reclamagoes de que trata o paragrapho antecedente deveráó ser apresentadas dentro
do praso de dez dias seguintes áquelle em que, na ordem regimentál, de estabelecimento ou de re-
partigáo, se declarar poderem os interessádos tomar conhecimento das suas informagoes, segundo
o disposto no presente artigo.
Art. 61.° Das decisoes das reclamagoes de que tratam os ártigos antecedentes podem recor-
rer, pelas vias competentes, tanto o reclamante como o reclamado.
§ 1.° Quando a reclamagao disser respeito a actos dos officiaes subalternos, o recurso será
dirigido ao commandante da companhia do reclamante.
§ 2.° Se a reclamagao se referir a actos do commandante da companhia, dos officiaes supe-
riores ou do ajudante, o recurso será dirigido ao commandante do corpo.
§ 3.° Quando a reclamagao disser respeito a actos do commandante do corpo, brigada ou
sub-divisao, o recurso será diridido ao chefe superior.
§ 4.° Se a reclamagao se referir a actos do commandante da divisao, o recurso será diri-
gido ao ministro da guerra.
§ 5.° As averiguagoes a que se refere o artigo 59.° serao incumbidas á tres officiaes no-
meados por escala de entre os de superior ou igual graduagao á do reclamado.
§ 6.° Similhantemente se procederá á nomeagSo dos officiaes da divisao, quando o recurso
for dirigido ao chefe superior.
§ 7.° Os officiaes designados no §§ 5.° e 6.° procederao ás averiguagoes do modo que jnl-
gareni mais conveniente, sem forma alguma de processo, e concluirlo apresentando relatorio
circumstanciado e opiniao sobre a materia do recurso.
§ 8.° Da deeisSo que for tomada pela auctoridade competente em resultado das averigua-
goes feitas pelo modo estabelecido no presente artigo, nao pode interpor-se recurso algum.

CAriTUI.O vi

Dos effeitos das ponas


Art. 62.° O official que for punido com a pena de reprehensíio na ordem de divisao, de
brigada ou na regimentál será transferido para outra divisao, brigada ou corpo differente d'aquelle
em que estiver servindo.
Art. 63.° Quando um official for punido com a pena de reprehensíio, por qualquer dos mo-
dos abaixo indicados, nao poderá ser promovido, ainda que lhe pertenga, emquanto depois nao
servir durante doze mezes, sem punigoes iguaes no modo e numero:
1.° Por urna vez, na ordem do exercito ou de divisao;
2.° Por duas vezes, na ordem regimentál, de sub-divisáo, praga ou brigada;
3.° Por quatro vezes, diante da corporagao reunida.
§ único. Para o caso de serení as reprehensoes em graus diversos e em numero inferior ao
marcado, considera-se a reprehensíio de qualquer grau metade do antecedente.
408

Art. 64.° O official que for punido com a pena de inactividade temporaria, descera na escala
de áccesso tantos logares quantos os mezes que durar ou tiver durado a punigEo
Art. 65.° O official que for punido com qualquer pena de prisao, descera na escala de ác-
cesso dois logares, por cada periodo de quinze días consecutivos que durar ou tiver durado a
punígao.
Art. 66.° O official inferior que tiver sido punido com qualquer das penas e pelos modos
abaixo indicados, voltará á classe de soldado:
1.° Coni prisao por noventa dias seguidos ou interpolados;
2.° Com detencao no qnartel da companhia por cento e oitenta dias.
§ 1.° Para o caso de ser punido um official inferior; com qualquer das penas de que trata
o presente artigo, mas em numero menor do que o indicado, um dia de prisao considera-se equi-
valente a dois dias de detengSo
§ 2.° O official inferior que estiver ñas condicSes de que trata o presente artigo, poderá
comtudo passar ao exercito do ultramar, com a graduagíío que tiver, se assim o requere^ com
obrigagS-o de mais tres annos de servigo' alem do efieetivo, nao se fazendo mencSo das notas que
lhe forem relativas no registo disciplinar.
Art. 67." O official inferior que for jmnido com a- pena de detencao no quartel da compa-
nhia, ou com a de prisao, perderá por cada dia que estiver detido ou preso a terga parte de
-todos os vencimentos, exceptuando os de subsidio de marcha ou de residencia eventual.
§ único. Estes descontos reverterao em beneficio do respectivo rancho.
Art. 68.° O official inferior que for punido com a pena de reprehensao na ordem régimen-
tal será transferido de corpo.
Art. 69.° O official inferior que attingir a terga parte do numero de castigos de que trata
o artigo 66.° e nos termos do mesmo artigo, nao poderá ser readmittido.
Art. 70.° Nao: poderá igualmente ser readmittido o official inferior que dentro de doze me-
zes for punido com a pena de reprehensao por qualquer dos modos abaixo declarados:
1.° Quatro reprehensoes na presenga dos officiaes inferiores de igual graduacSo;
2.° Oito reprehensoes na presenga dos officiaes da companhia ou destacamento.
§ único. Para o caso de serem as reprehensoes em graus diversos e era numero inferior ao
marcado, considera-se a reprehensao do grau inferior melado do antecedente.
Art. 71.° O cabo que for punido-com a pena de detengáo no quartel da companhia, ou com
a de prisao, perderá por cada dia que estiver detido ou preso a terca -parte de todos os venci-
mentos. exceptuando os de gratificacao de marcha.
Estes descontos serao applicados aos fundos do respectivo rancho.
§ único.
Art. 72.° O soldado que- for punido com a pena de detengáo no quartel da companhia, ou
com a de prisao, por cada dia que estiver detido ou preso perderá a terca parte de todos os
vencimentos, exceptuando os de gratificagao de marcha.
§ único. Estes' descontos serao applicados aos fundos do respectivo rancho.
Art. 73.° Os cabos e os soldados a quem durante noventa dias forem impostas algumas das
penas de fachinas, exercicios, guardas dé castigo ou detengáo no quartel da companhia poderao,
conforme a importancia das faltas e o numero dos castigos, ser mandados servir ñas companhias
de correcgao, para que assim se evitem os efl'eitos do mau exemplo.
§ 1.° As penas impostas aos cabos considerar-se-ha'o, para os fins designados n'este artigo,
com efreito moral duplo das que forem impostas aos soldados.
§ 2.° As penas impostas aos menores de dezesete annos considerar-se-háo com melado do
effeito moral das que forem impostas aos maiores.
Art. 74.° As pragas que cuniprirem a pena de prisao, ou que concluirem o tempo pelo qual
forem destinadas ao servigo ñas companhias de correccáo, serao transferidas para corpos de di-
visoes militares diversas d'aquellas a que pertencam os corpos em que serviram.

CAI'ITUI.OVil'

Dos registos disciplinares


Art. 75.° Em cada divisao militar haverá um Jivro de registo disciplinar, no qual serao
averbadas todas as penas disciplinares impostas pelos competentes generaes commandantes aos
officiaes, empregados e mais pracas, em servigo especial dos respectivos quarteis generaes ou
em commissoes immediatamente sujeitas aos mesmos generaes.
§ 1.° Estes livros serSo abertos, encerrados e rubricados pelos commandantes das divisóos
e escripturados pelos chefes do estado maior.
§ 2.° Iguaes livros haverá ñas direcgoes geraes das armas de engenheria e artilheria, bem
como nos estabelecimentos dependentes do ministerio da guerra, sendo escripturados pelo official
immediato ao chefe.
409

Art. 76.° Em cada corpo do exercito haverá dois livros de registo disciplinar (modelo n.° 2)
em que, segundo as disposigoes do presente regulamento, serao averbadas:
1.° Todas as penas disciplinares impostas aos officiaes, exceptuando a reprehensíio em par-
ticular ;
2.° Todas as penas disciplinares impostas aos officiaes inferiores, exceptuando a reprehen-
sao em particular;
3.° Todas as penas disciplinares impostas ás demais pragas de pret, exceptuando a repre-
hensíio e os quartos de sentinella.
§ 1.° Estes livros seríio abertos, encerrados e rubricados pelos commandantes dos corpos,
e escripturados pelos seus immediatos.
§ 2.° Todas as penas impostas ás pracas de pret, e que devam ser registadas, nos termos
d'este regulamento, serao mencionadas nos mappas diarios pelos commandantes de companhias,
ou em participagoes especiaes pelos officiaes superiores e ajudantes, ou em partes semanaes pelos
commandantes de forgas destacadas, a fim de que o official superior encárregado da eseriptura-
gSo do registo disciplinar possa registal-as, e dar parte ao commandante de qualquer irregula-
ridade que observar.
Art. 77.° Ñas companhias de artilheria de guarnigao nos Acures, e ñas da administragao
militar, haverá livros de registo disciplinar, em que serlo averbadas as penas disciplinares im-
postas ás pragas das mesmas companhias.
§ único. Estes livros serao abertos, encerrados e rubricados pelos commandantes de com-
panhia e escripturados pelos officiaes seus immediatos.
Art. 78.° Em cada companhia, e ñas folhas avulsas de registo de pragas de pret, (modelo
n.° 3), serao averbadas todas as culpas e penas disciplinares a ellas impostas, e que o forem no
livro do corpo.
§ 1.° O official superior encárregado do registo disciplinar verificará semanalmente o aver-
bamento das culpas e penas ñas folhas das companhias.
§ 2.° A fo.lha. avulsa de cada praca será a inesma emquanto ella permanecer no servigo,
acompanhal-a-ha quando for transferida da companhia, e substituirá a guia de transferencia
quando tenha passagem para outro corpo ou para companhia de correcgao.
Art. 79.° Ainda que urna praga seja alliviada de parte de qualquer pena que estiver cum-
prindo, a nota será averbada no registo disciplinar como se a pena fosse inteirámente cumprida;
quando, porém, tenha havido erro de que resulte manifesta injustiga, o commandante do corpo
determinará que se averbe no registo urna contra-nota annullando a primeira.

CAPITULO VIII

Das companhias de correcgao


Art. 80.° Haverá tres companhias de correcgao, duas no continente do reino, e urna ñas
ilhas adjacentes.
§ único. Estas companhias serlo aquarteladas ñas pragas do forte da Graga, torre de S. Ju-
liao da Barra e castello de Angra, e sao immediatamente subordinadas ao governador da praga
e ao commandante da divisao.
Art. 81.° Cada companhia de correcgao será dividida em duas classes, tendo por fim:
A 1.a receber as pragas de qualquer corpo ou arma que nos termos do artigo 73.° devam
ser separadas dos corpos;
A 2.a receber as pracas de qualquer corpo ou arma, a quem for imposta a pena de prisao
correccional.
§ único. Emquanto nao for determinado qual o edificio que deverá ser prisao militar, ha-
verá mais urna 3.a.classe para, nos termos do § único do artigo 42.° do código de justiga militar,
receber as pragas a quem tiver sido imposta esta pena.
Art. 82.° Cada companhia de correcgao terá para o servigo de commando, administracíio e
vigilancia o seguinte pessoal:
1 eapitao, 1 tenente, 2 alferes, 1 primeiro sargento, 3 segundos sai'gentos, 2 furrieis, 8 ca-
bos, 12 soldados e 2 corneteiros ou tambores.
§ 1.° Quando o effectivo das tres classes de urna companhia de correcgao exceder o numero
de 120 pragas, o pessoal determinado no presente artigo poderá ser augmentado proporcional-
mente.
§ 2.° O eapitao perceherá a gratificacao mensal de 20$00Ó réis e os subalternos a de réis
10,51000.
§ 3." O primeiro sargento perceberá a gratificagao diaria de 160 réis, os segundos a de
120 réis, os furrieis a de 100 réis, os cabos a de 80 réis e os soldados e corneteiros ou tambores
a de 40 réis, quando fizerem o servigo exclusivo da companhia.
410

Art. S'ó." Jim regrá geral us officiaes nao serviríio ñas companhias de correcgao mais de
doze mezes consecutivos, podendo comtudo ser reconduzidos, por tempo determinado, quando
n'elles concorram circumstaneias espeeiaes que os recommendem para a execugfío d'este servigo.
Art. 84.° Aos commandantes das companhias de correcgSo compete:
1.° Fazer regressar aos corpos as pragas graduadas, que ñas companhias nao corresponde-
reni por modo conveniente aos seus deveres de servigo;
2.° Mudar as pragas em correcgao, que pelo sen mau comportamento devam passar da
1.a para- a 2.a classe, e bem assim fazer voltar á 1.a classe as que d'ella tenhám passado á 2.a,
quando melhorarem de comportamento;
3.° Augmentar o rigor da situagao das pracas que estiverem na 2.a classe, quando nao se
comportaren! bem, podendo prival-as do uso de fumo e da convivencia em commum;
4.° Modificar o rigor disciplinar, determinado para as pragas na situagSo de 1.a classe, na
rasSo do bom comportamento pelo qual as mesmas pragas se recommendem.
Art. 85.° Os officiaes inferiores, cabos, soldados e corneteiros oü tambores que tenham de
servir nos quadros das companhias de correcgao, serao escomidos de entre os mais intelligentes,
activos e de melhor comportamento.
§ 1.° Os officiaes inferiores e cabos empregados n'este servigo seráo considerados supranu-
'ínerarios nos corpos a que pertencerem, e tanto estes como os soldados, corneteiros ou tambores,
servirlo ñas companhias de correccao pelo tempo de doze mezes em cada triennio legal de ser-
vigo, salvo ó caso de reconduegao, podendo comtudo regressar aos corpos antes do praso mar-
cado, quando por qualquer modo nao corresponderem ao clinrprimento dos seus deveres n'este
servigo especial.
§ 2.° As pragas de que trata o presente artigo só poderao ser recondüzidás no servigo das
companhias de correccao, quando n'ellas concorram circumstaneias especiaos que as recommen-
dem para a boa execuglío do mesmo servigo.
§ 3.° O tempo de bom servigo que as referidas pragas tiverem ñas companhias de correo-
gao, será contado em dobro para a coneessao da medalha militar de comportamento exemplar,
para o augmento de vencimento nos termos da lei de 10 de abril de 1874, e para a reforma.
Art. 86.a As pragas que passarem á 1.a classe das companhias de correcgao, conservar-se-
híío ali por tres: mezes.
§ 1.° Estás pragas viveráo em commum, sendo-lhes administrado o pret, e serlo nomeadas
para servigo de guariiicSOj do qual nSo poderao ter maior folga que a de dia e meio, sendo de-
talhadas de forma que urna guarda nao possa conter na sua forga mais de um tergo d'estas pragas.
§ 2.° Nos dias de folga serao as mesmas pragas empregadas em exercicios, ou em servigo
de fachinas, dentro ou fóra do quartel.
§ 3.° O commandante da companhia, quando alguma das pragas mostrar por bom compor-
tamento estar em segura disposigao de emenda das suas faltas, poderá alliviar a mesma praga
da administragao do pret, e ainda, segundo as circumstaneias de mais reeommendagíio, conceder-
Ihe licenga urna vez em cada oito dias até ao toque de recolher.
§ 4.° As pragas que continuarem a ter mau comportamento na companhia de correcgao,
poderao ser passadas á 2.a classe, para n'esta situagao completarern o praso durante o qual de-
vam permanecer na mesma companhia.
.
§ 5.° As pragas que, nos termos do paragrapho antecedente, passarem á 2.a classe e rein-
cidirem em faltas ou perseveraren! em mau comportamento, seríio transferidas para outra com-
.panhia, onde permanecerao na mesma classe, ou na 1.a, nos termos da. segunda parte do n.° 2.°
do artigo 84.°, o tempo marcado n'este artigo.
§ 6.° No caso de reincidencia na companhia para onde a praga for transferida, nos termos
do paragrapho antecedente, haverá com ella o mesmo procedhnento para o fim de ser nova-mente
transferida, por igual praso, para outra companhia.
Art. 87.° As pragas que forem recebidas directamente na 2.a classe das companhias de
•correcgao, nos termos do artigo 81.°, conservar-se-hao n'olla. durante o tempo da punigáo.
§ 1'.° As pragas da 2.a classe estarao alojadas separadamente das de 1.a classe, sendo-lhes,
como aquellas, administrado o pret.
§ 2." Alem do estabelecido no paragrapho antecedente teráo por servigo, o de fachinas ge-
raes das pragas onde tiverem o aquartelamento, ou dentro' d'este, sendo no primeiro caso sempre
vigiadas e sob guarda, podendo sómente saír do quartel para este servigo.
§ 3.° Sempre que o servigo indicado no paragrapho antecedente o permittir, receberíio a
nistruccao de exercicios eih;corpos durante duas horas de manha e duas de tarde.
§ 4.° Durante o tempo:de permanencia no quartel poderao communicar com o exterior nos
'dias e horas que o commandante da comp¿ihhia determinar.
Art. 88.° As pragas que forem eneorporadas ñas comjmnhias de correcgao, nos termos do
§ único do artigo 81.°, conservar-se-híio n'ellas pelo tempo determinado na sentenga.
§ único. Estas pragas estarao separadas das -da 1." e 2.a claases, devendo cada alojamento
411

em que habitaren! coilrér o menor numero possivel; ser-íhes-ha administrado o pret, e coinmu-
nicarSo com o exterior nos dias e horas que o commandante da companhia determinar.
Art. 89." Será descontado para o complemento legal do servigo todo o tempo que qualquer
praga permanecer na 2.a classe das companhias de correcgao, e metade d'aquelle que estiver na
1.a classe das.mesmas companhias.
Art. 90.° As pragas que permaneeerem por nove mezes seguidos ou interpolados ñas com-
panhias de correcgao, e nao tiverem durante este praso melhorado de procedimento, continuarlo
permanecendo ñas referidas companhias até completaran o tempo legal de servigo effectivo e
da reserva, com os descontos determinados no artigo antecedente pelo que respeita ao periodo
de nove mezes; ou poderao ter passageni para o exercito do ultramar, se solicitaren! tal destino,
com obrigagao de mais tres annos de servigo, alem do effectivo, feitos os referidos descontos.
Art. 91.° As pragas que tiverem estado ñas companhias de correccao, nos termos do ar-
tigo 73.°, nSo poderSo ser readmittidas ao servigo do exercito.
Art. 92. As pragas a quem tiver sido imposta a pena de baixa de posto ou de prisao cor-
reccional nao poderao ser admittidas k concurso para o posto immediato.

CAPITULO IX

Disposieoesdiversas
Art. 93.° Os commandantes dos corpos, primeiros responsaveis pela manutengáo da disci-
plina, alem da competencia disciplinar para punir, poderao, como estimulo para o bom compor-
tamento e zeloso cuidado no cumprimento dos deveres militares, remunerar as pragas de pret
sob o seu commando nos termos seguintes:
1.° Dispensar das formaturas de revista, urna ou outra vez, as pragas que notavelmente se
apresentem demonstrando exemplar cuidado na conservagao e íimpeza dos ártigos dos seus uni-
formes, armamento, corréame e equipamento, arreios e tratamento de cavallo ou muar ;
2.° Dispensar das formaturas de exercicio, urna ou outra vez, as pragas que notavelmente
se manifestaran com o perfeito conhecimento dos seus deveres, em relagao á sua instrucgao
militar;
3.° Dispensar do servigo de fachinas ou qualquer outro servigo interior até ao numero de
seis, ou de guardas até ao numero de tres, em cada trinta dias, as j>ragas que pelo seu bom
comportamento com referencia á exeeucao dos deveres militares, em geral, considerar mere-
cedoras de tal concessíio;
4.° Graduar no posto de cabo, até o numero igual ao dos effeotivos do quadro, os soldados
que, comquanto•nao possuam instrucgao litteraria em qualquer grau, reunam ao melhor compor-
tamento as circumstaneias de provado bom senso, dignidade e notavel capacidade para a manu-
tengan da disciplina ou ensiuo de recruta3; isto pela propria apreciagao, ou ouvindo, quando o
julguem necessario, o commandante da companhia.
§ 1.° Os cabos graduados, segundo o modo auctorisado pelo n.° 4." do presente artigo, se-
rao preferidos no preenchimenío das vacaturas que occorrerem no quadro, quando satisfagam as
disposigoes reguladoras do accesso; e poderao voltar a soldados, por determinagao do comman-
dante do corpo, quando no desempenbo pratico dos seus deveres nao correspondam ao conceito
que d'elles havia sido formado.
§ 2.° Sempre que os commandantes dos corpos usaran da faculdade que Ihes ó conferida
por este artigo, _o farao publicar motivadamente na ordem regimentál.
Art. 94.° É prohibida a applicagSo simultanea de duas ou mais penas, pela mesma in-
fraegao.
Art. 95.° A parte dada por um official contra os subordinados, relativa a infraccoes de dis-
ciplina, será attendida pelos chefes, sem dependencia de corpo de delicto, de averiguaga'o, ou
de qualquer testemunho exterior.
§ único. A parte, em taes circumstaneias, dada pelos officiaes inferiores, será tambem atten-
dida directamente, sem necessidade de ulterior averiguagao, excepto nos casos cm que o com-
mandante do corpo o julgue necessario.
Art. 96.° Quando o chefe, no uso das attribuigoes que lhe confere o presente regulamento,
julgar necessario proceder a alguma averiguagao, ¡)oderá incumbil-a a um official mais antigo ou
de graduagao superior á d'aquelle a respeito dos actos do qual a averiguagao é determinada, e,
em tal caso, o official incumbido d'este servigo deverá concluil-o com a apresentagao de um re-
latorio circumstanciado, acerca dos factos sobre que tiver sido mandado iuvestigar.
Art. 97.° Os officiaes transferidos por motivo de disciplina nao téem direito ao subsidio de
marcha c de residencia.
Art. 98.° Os capelláes. cirurgioes militaros, ahnoxarifes, picadores, veterinarios o quarteis
mestres sao ¡sujeilos aos castigos disciplinares applicaveis aos officiaes combatentes.
412

Art. 99.° Sao considerados na classe dos officiaes inferiores, dos cabos ou simples soldados
segundo as respectivas graduagoes ou classificagoes:
1." Os sargentos ajudantes, mestres e contramestres de música;
2.a Ás demais pragas dos estados menores dos corpos, clarins, corneteiros, tambores e fer-
radores.
Art. 100.° Os aspirantes a officiaes quando incorrerem em infracgoes de disciplina, serao
punidos correccionalmente como os officiaes inferiores, ainda que nao tenham a competente gradua-
gSo, podendo alem d'isto ser própostos ao ministro da guerra, segundo as circumstaneias, para
perdimento da consideragáo de aspirantes.
Art. 101.° As pragas da companhia da administragao militar, ou de quaesquer outras orga-
nisagoes especiaes, sao sujeitas ao régimen disciplinar das pragas dos corpos, salvo as alteragoes
adequadás á natureza especial do servigo e as penas estabelecidas pelos seus regulamentos.
§ único. As pragas dos corpos que nao tiverem rancho a que possa ser applicado o disposto
nos artigos 67.°, 71.° e 72.° perderao sómente metade do descontó em beneficio da fazenda.
Art. 102.° As disposigoes d'este regulamento relativas á companhia sao extensivas á batería
de artilheria.
Art. 103.° As pragas da reserva sao consideradas sujeitas aos preceitos da disciplina mili-
tar, e incursas nás penas Correspondentesás transgressoes disciplinares, desde o dia em que, por
effeito de disposigá-o legal, tenham o dever de se apresentar para a effectividade do servigo.
Art. 104.° A praga que, por infraegao do 30.° dever dos mencionados no artigo 1.° d'este
regulamento, se constituir em culpa de ausencia illegitima por um ou mais dias, Contados por
vinte e quatro horas desde a primeirá formáturá a que faltar, mas nao completar o periodo ne-
cessario para que a falta seja considerada desergáo, alem da pena disciplinar que lhe for imposta,
ser-lhe-ha descontado no tempo de servigo aquello em que estiver ausente.
Art. 105.° As notas das penas averbadas nos registos disciplinares só poderao ser annul-
ladas:
1.° No caso de amnistía;
2.° No caso de reclamagao attendida e feita em tempo competente.
§ único. O perdió real nao annullará as notas das penas, mas sómente as invalidará para
á imputágao moral.
Art. .106.° No principió de cada mez, por occasiao da distribuigao, do pret serao lidos e ex-
plicados ás pragas os deveres disciplinares e as obrigagoes do servigo^ que Ihes dizem respeito,
assim como as penas em que podem incorrer.
§ 1.° Um official inferior executará este servigo, estando a companhia ou destacamento for-
mado em corpos com os officiaes presentes.
§ 2.° A parte d'este regulamento de que trata o presente artigo, será impressa separada^
mente e estará sempre patente, por modo adequado, no quartel da companhia.
Art. 107.° As disposigoes do presente regulamento comegarao a ter execugao no dia 1 de
Janeiro de 1876.
Art. 108.° Fica por este regulamento alterado e substituido o de 30 de setembro de 1856
e todas as mais disposigoes em contrario.

Disposigoes transitorias

1.a As notas de culpas e castigos, averbadas nos competentes registos até á execugao d'este
regulamento, nao seráo por modo algum apreciadas disciplinarmente, segundo as suas prescri-
pgoes, mas únicamente tomadas em conta para juizo sobre o comportamento das pragas a quem
as mesmas notas se referirem.
2.a Os castigos e penas disciplinares infligidas, segundo as disposigoes da legislagáo ante-
rior á execugSo do presente regulamento, Berao cumpridas como tiverem sido determinadas.
413

MODELO N.° 1
Informagao animal referida a

Anuos Almos Dita


Posto Xome Naturalidade de do Estado dos d|ffcreiitcs postes
idade servido

Notas do registo disciplinar


Quando
InfraccíSode disciplina Pena imposta Por epiem —
QDia
. }
Mez
-^— n
Anno
— ObserVacocs

Premios, eondéeoracoes
Servieos
_ .. ¿
extraordinarios Campannas
r, , .,
Louvores que tem tido e ordens militares Tempo
m dé licencá Tempo
m de doen^a

(Verso do modelo n.° 1)

Quesitos Infórmácao-dóchefe
,

Se é robusto e tem boa saude,


Ss é capaz de servigo violento ou moderado.
Se tem boa appareueiamilitar.
Se vive bem com os seus cantaradas e com os habitantes.
Se o predomina algum vicio.
Se sao decentes as companhias que frequenta.
Se é subordinado.
Se é exacto no cumprimento dos seus deveres.
_,
Se conserva a dignidade do seu posto ou emprego.
Se está instruido nos diversos regulamentos de táctica e de
administragao, e ñas ordens do exercito.
Se tem perfeito conhecimento dos deveres do seu posto ou em-
prego e ainda do immediato.
Be procura augmentar a sua instrucgao militar.

Juizo privativo do chefe

Advertencia
Cumprc aos commandantes dos corpos, em vista da doutrina do n.° 1.° do artigo 85." do código de justica
militar, terem a maior attencao em satisfazer pelo modo mais claro e consciencioso a todos os quesitos indica-
dos e, ao competente juizo, ficando responsaveis por qualquer irregularidade ou infidelidade que se der n'este
caso.
MODELO N.» 2
Registo disciplinar n.° ..., relativo ao ..., n.° ... de matricula e ... da ... companhia
Quando
lnfraecfio de disciplina Pena imposta Por quem " ^T" —• Observacoes
Dia Mez Anuo
414

MODELO N.° 3 P...


Major do regimentó de infantería n."...
Folha de registo do soldado José Manuel

,2 I Nasccu & de
... domicilio
... do 18..., concellio de..., d istricto do
..., íilho de ... e de ..., occupay-ao..., Signaes característicos:
I estado ultimo concclho de districto de ™,lula
~g I ....' .... .... ... Olhos —
Nariz. —
o
"?= /l Boca —
is *3 \1 Cabellos --
tí* N * Barba—
g> IlOBtO —
'£ I Cor —
X \ Signaes particulares- -

/ Numero Numero Assentamento Assignatura


Corpo Graduagao de Companhia da ¿^ prana Transferencia de corpo do

\, matricula companhia eommandanto


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Passou ao bataluáo de ca- P , eonnuau-^
e-adores n.° S em 1 de danle.
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de 20 do julho .
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Observacoes durante o tempo de servípo

Applicacao Iliteraria Tempo


Condeco- Condemuacoesimpoatas por scutenca —^————« Tcinpo do tratamenío
Campauhas Feriineutos
. rayóos dos (ribimaos de licemín nos
elouvores A,,tos
junes Di.v-.nln
iJuiauío 1
do servico o servico j„,lilliin„„
uvr,\mu.\..i

Balango annual da conta dos artigos de vestuario

vDesignacucs 1S75 1871» lite.

Em divida do anno anterior


Importancia dos artigos recebidos durante o anuo
Importancia dos descontos para vestuario durante o anno
(A favor da praca
Saldo
„ , —:
(Contra a praga |

Registo disciplinar n.° ...


Quando
Infraccíiode disciplina Pena imposta Por quem ~~ ' " -""~"" O»sci'vaco<í3

...
Dia Mez Anno

Mudanca de siluacüo por ier eoinpletado o lempo de servico «Afectivo Baixa do eflectivo do exercito
415

Na organisacáo do regimentó de infanleria tlu ultramar, approvada pela carta de lei de 3 de fevereiro de 1876,
enconüa-sc o scguinle:

Artigo 30.° Ao regimentó do ultramar será applicado o regulamento disciplinar, a administra-


gao e contabilidade da fazenda militar, e o systema de inspecgíío, segundo se pratíca no exercito
do reino.
"Art. 54.° Sao extinctos os corpos europeus de primeira linha no estado da India e na ci-
dade de Macau, fcon servando-se, porém, os corpos de policía.
Art. 55.° E extincto o deposito de pracas para o ultramar, ficando o respectivo servigo en-
corporado no regimentó do ultramar.
Art. 56." A divisao de reformados do ultramar fica addida ao regimentó do ultramar.
Art. 57." O deposito disciplinar passa a cargo do ministerio da guerra, o qual subsidiará no
competente presidio as pragas sentenciadas por desertaras ou incorrigiveis até ao dia em que
forem entregues ao ministerio da marinha para seguirem viagem para o destino a que forem con-
deninadas.

Oflicio circular de 8 de fevereiro de 1870 dirigido pelo ministerio da guerra


aos commandantes das divisoes militares

S. ex. 11 o ministro da guerra encarrega-me dé dizer a v. ex.ase sirva enviar a esta secre-
taria d'estado sómente as copias das sentengás que nao tiverem recurso para o tribunal superior
de guerra e marinha, porquanto as que tiverem recurso sao remettidás por aqueíle tribunal a
este ministerio conjunctamente com os respectivos accordaos, a fim de serem publicados em or-
dem do exercito todos os fundamentos que motivarám as resolngoes tomadas.

Na carta de lei de 21 de fevereiro de 1876, creando a escola de alumnos marinheiros,


encontra-se o seguinte:

Artigo 12.° As faltas de disciplina dos alumnos sao castigadas correccionalmente a bordo,
conforme o estabelecido no regulamento da escola. Quando essas faltas sejam crimes ou delictos,
o alumno será - expulso da escola e entregue ao poder judicial, nao podendo ser readmittido,
salvo no caso de absolvigao, e satisfazendo aínda ás préscripgoes da admissao da escola.
Art. 13.° Os individuos que estiverem quinze dias aiisentes da escola sem licenga, ou fugi-
rom de bordo e andarem ausentes por aquelle espago de tempo, serao cansiderados desertores
da escola e, sendo capturados, serlo remettidos ao corpo de mai'inlieiros, onde receberlo a praga
de segundos grumetes, sendo obligados a servir o tempo de oito annos prescriptos n'esta lei,
ficando para todos os mais efteitos considerados como recrutas.

Nos cselarecimenlos para execucao de algumas disposicóes do regulamento disciplinar


de li» de dczemliro de 1875, insertos sob o n.° 7 da ordem do exercito n.° 7 de 24 de marcó de 1870,
ciicoiilra~.se o scguinle:

2." Venci.mento das praqas ñas companhias de correccao, nos termos dos artigos 55.°, 56°,
57'." e 73.a do regulamento disciplinar.
'Sendo o emprego e situagao das ditas pragas os mesmos, segundo os artigos 86.°e 87..°,
qualquer que seja a arma a que pertengam, os seus vencimentos serao iguaes aos dos soldados
de infantería, sem gratificagao de guarnicao ou maioria de readmissao.

•3." Descontó para rancho ás praqas a quem se referen os artigos 67.a, 71." e 72." do regula-
mento disciplinar.
O descontó para rancho da terga parte do vencimento das pragas detidas, deve ser da tota-
lidade do mesmo vencimento, como estatúen! os artigos 67.°, 71.° e 72.° do regulamento disci-
plinar, ainda que em casos rarissitnos nao possa fazer-se o descontó completo para vestuario nos
416

dias da applicagao do castigo, os quaes alias estao delimitados a prasos curtissimos segundo a
•ompetencia disciplinar das differentes auctoridades.
4." Descontos no tempo de servigo por effeito do disposto no artigo 89." do regulamento disci-
plinar.
Embora nao estejam ainda organisadas as companhias de correcgao, de que trata o arti-
go 80.°, deve applicar-se ó determinado no artigo 89.° a todas as pragas comprehendidas na 1.a
e 2.a classes estabelecidas pelo artigo 81.°

Detcrminacáoinserta na mesma ordem do eiercito n.° 7

Tendo-se. suscitado duvida se o defensor officioso tem oü nao de assistir a todas as sessoes
do conselho de guerra permanente a que pertencej ou sómente aquellas em que os accusados
nao nomeiam defensor: determina Sua Magestade El-Eei que estes officiaes comparegam sempre
a todas as sessoés dos referidos coñsellios, para evitar delongás no andamento dos processos em
que os defensores nomeados pelos réus nao comparegam ou abandonen! a defeza dos acensados.

Dcterminacio inserta na ordem do ejercito n.° 8 de S de aliril de 1876

Suscitando-sé düvidas de como :deyeraó ser consideradas para abonos ás pragas de pret que
no goso de licenga, ou desertadas, cómmettem crimes pelos qúaes téem de responder nos tri-
bunaes civis: determina Suá Magestade El-Eei que tanto ás pragas de pret licenciadas que forem
presas por commetterem crimes communs durante a licenga, pelos quaes téem de responder no
foro comínum^-nos termos.do n¿° 3.° do artigo 200;° do.código de justiga militar^ como aos de-
sertores! .que -forem presos é tenham de responder n'ésse foro por crimes comínettidos durante a
desergjío, nos: termos do § único do artigo 201.° do citado código, só devem fazer-se4hes abonos
de vencimento desde o día em que forem entregues pelas auctoridades civis ás militares.

D.elerminácaO inserta na mesma ordem do exercito n.° 8

Determina Sua Magestade El-Eei que as copias authenticas das senlengas dos consellios de
guerra permanentes que, nos termos do artigo 408.° do código de justiga militar, devem ser re-
mettidás á secretaria, da guerra, o sejam por intermedio dos commandantes das divisoes milita-
res, sendo4h.es, para esse effeito, enviadas pelos promotores dos ditos conselhos, quando Ihes
remetieren! os respectivos processos com o requerimento para se mandar cumprir a sentenga,
nos termos do artigo 80.° e § 2.° dó artigo 83.°, e modelo 34.° do regulamento de 21 dé jullio
de 1875. Esta copia authentica níío pode nem deve confundir-se com a que, nos termos do ar-
tigo 78.° do citado regulamento, deve ser remettida pelos respectivos commandantes das divisoes
militares ao corpo do réu, porque esta é feita no quartel general em face do processo, ou pela
copia authentica, como é expresso no indicado artigo 78.°

Na carta de lei de 20 de abril de 1870


cnconlra-sc, entre ontras disposicóes relativas ás pracas de pret das guardas niunicipacs,
a seguinte:

Artigo 10.° Será applicavel ás guardas municipaes, em tudo quanto nao for contrario a esta
lei, o regulamento disciplinar do exercito de 15 de dezembro de 1875, nos mesmos termos em
que o era o anterior regulamento, segundo o disposto no artigo 6.° do decreto de 11 de agosto
de 1870.

Oflicio circular de 30 de maio de 1870 dirigido ocio ministerio da guerra


aos commandantesdas divisoes militares

Depois que entrou em execugao o código de justiga militar, a prisao ou é um meio sim-
plesmente preventivo para que o indiciado nao possa evadir-se á aegao da justiga, ou é urna
pena.'. '
417
.

Como pena a prisao divide-se: em prisao maior —presidio de guerra-— e jirisa-o militar, ar-
tigo 9.° n.os 3.°, 7.° e 9.° do código de justiga militar, para cumplimento das quaes tem de haver
os estabelecimentos proprios, de que tratam os artigos 14.°, 18.° e 20.° do mesmo código.
Emquanto, ¡-"orém, nao existirem esses estabelecimentos com as condigoes da lei de 1 de
julho de 1867 e artigo 42.° do código ele justiga militar, a prisao maior cumpre-se em fortaleza
Ou cadeia nos termos do artigo 33.° do código penal, o o presidio de guerra cunrpre-se com a
deportagáo militar, e a prisao militar com a encorporagao em urna das companhias de correcgao,
nos termos do § nnico do artigo 42.° do código de justiga militar, e artigo 80.° e § único do ar-
tigo 81.° do regulamento disciplinar.
Conseguintemeute os antigos presidios e prisoes militares deixaram de existir para a exe-
cugao do citado artigo 42.° do código.
Essa execugao, porém, deve ainda demorar-se muito pela clespeza que deve fazer a creagEo
de estabelecimentos com as condigoes que a lei exige, os quaes terao talvez de edificar-se desde
os fundamentos, visto que pelas informagoes que existem nenhum dos antigos presidios se presta
ás exigencias do artigo 42.° do código.
Em vista, pois, do que fica ponderado, encarrega-me s. ex.il o ministro da guerra de dizer
a v. ex.a se sirva dar as suas ordens, para que no castello de S. Jorge e demais prisoes milita-
res sómente se conserven! os presos em processo, e que aos réus definitivamente condemnados
se dé o competente destino, mandando os condemnados em prisao militar para as companhias
de correcgao, e os condemnados em presidio de guerra ou deportagáo para o actual deposito dis-
ciplinar existente, na praga de S. JuliSo da Barra, que servirá provisoriamente de deposito de
deportados, a fim de seguirem d'ali para o exercito do ultramar, visto que nos termos do ar-
tigo 19.° do código de justiga militar a pena de deportagáo militar consiste na transferencia do
servigo militar do exercito do reino para o de alguma das possessoes ultramarinas.

üllicio circular de 12 de selemliro de 1870 dirigido pelo ministerio da guerra


aos commandantesdas divisoes militares

S. ex.a o ministro da guerra incunibe-me de chamar a attencao de v. ex.a sobre os seguin-


tes principios que convem ter em vista quanto á execugao das sentengas do s'tribunaes mili-
tares :
1.° Que pelo disposto no n.° 1." do artigo 413.° do código de justiga militar sómente a exe-
cucá'o da pena ultima nSo pode ter logar sem que preceda resolucao do poder moderador.
2." Que, comquanto seja licito a todo o réu condemnado implorar do poder moderador o
perdao ou commutagao da pena, nao sendo este um recurso ordinario e judicial, mas extraordi-
nario e de simples graga, nSo pode impedir a execugao da sentenga.
3.° Que aos defensores ofíiciosos nao é licito recorrer a este meio,. em nome dos réus, por-
que as suas funcgoes se limitam a clefendel-os nos tribunaes, onde devem por meio da defeza
oral ou escripta e pelo meio dos recursos competentes fazer valer todas as circumstaneias atte-
imantes em favor dos réus, lindando a sua intervengáo desde que a sentenga passou em julgado.
-
4." Que a faculdade concedida aos srs. generaes, pelo artigo 416.° cío referido código, de
poderem suspender a execugao das sentengas e representar ao ex. 1"0 ministro o que acerca da
mesma execugao julguem conveniente, por isso que é das mais importantes, reclama da parte
dos srs. generaes a mais seria attengá'o; devendo applicar-se sómente em casos muito excepcionaes
no interesse da ordem ou da justiga publica, para corrigir, ou um erro judicial, ou urna sentenga
atroz, ou attender a servigos relevantes e outras circumstaneias a que os tribunaes nao podessem
ou nao clevessem legalmente attender.
5.° Que quando, pelo expendido, os srs. generaes entenderem que devem usar d'aquella
faculdade, e suspender a execugao das sentengas para os processos serení levados ao poder mo-
derador, deverao, n'este caso, fazer um relatorio circumstanciado dos motivos que os determina-
rain á suspensSo, coneluindo por interpor a sua opiniao claramente.

No regulamento para a escola de alumnos mannlieiros, approvado por decreto de 13 de dezembro de 1870,
encontrase o seguinte:

Artigo 124.° Ás faltas ou transgressoes commettidas pelos alumnos sEo classificadas em tres
grana segundo a tabella n.° 9, e punidas gradualmente com penas estabelecidas no artigo 127.°,
pela forma expressa no presente regulamento.
§ 1.° Quando algum alumno commetta falta que nao esteja classificada na respectiva ta-
53
418

bella, e nao eonstitua crime ou delicio previsto no código respectivo, procurar-se-ha a similhanga
ou approximacao com alguma das transgressoes ali expressas, applicando-se as penas análoga-
mente.
§ 2.° O alumno suspeito de haver commettido crime ou delicio será entregue ao poder ju-
dicial, para ser julgado segundo as leis do reino, devendo no caso de ser absolvido regressar á
escola, e iiear fazendo parte do effectivo d'ella se aínda estiver comprehendido nos casos pres-
criptos para a admissao e permanencia na mesma escola, porque se o nao estiver, terá guia para
o corpo de marinheiros, onde passará a servir ñas mesmas condigoes estabelecidas para as pra-
gas voluntarias d'aquelle corpo, perdendo o direito ás garantías de que gosam as pracas appro-
vadas na escola.
§ 3.° O alumno que no caso do § 2.° do presente artigo for condemnado judicialmente, nao
poderá em caso algum regressar á escola, para fazer parte do effectivo d'ella, mas se a pena a
que for condemnado nao for d'aquellas que envolve a de exautoracao para os militares, irá, sa-
tisfeita a pena, servir no corpo de marinheiros ñas mesmas condigoes das outras pracas d'aquelle
corpo^ á excepcao da do tempo de servigo que será de oito annos, perdendo o direito ás garan-
tías de que gosam as pragas approvadas na escola.
Art. 125.° O alumno que, por excesso de licenga ou fuga de bordo, estiver ausente da es-
.
cola por quinze días consecutivos, será considerado desertor, e logo que se aprésente, ou seja ca-
pturado, será remettido ao corpo de marinheiros, onde deve servir oito annos, sendo para todos
os mais effeitos considerado como recruta, perdendo o direito ás garantías de que gosam as pra-
gas approvadas na escola.
§"1.° O alumno que, por excesso de licenga, completar o tempo que constitue desergao, pode
deixar de ser considerado desertor se provar perante o conselho da escola 1 que esteve ausente
alem do praso marcado para a licenga em virtude de forga maior; porém, o alumno que comple-
tar desergao, tendo fúgido de bordo, será em todas as circumstaneias considerado desertor.
§ 2.° Para os effeitos do presente artigo cousiclerar-se-ha fuga de bordo o acto do alumno
se ausentar sem licenga, seja do navio ou das embarcagoes, ou o deixar ele recolher a bordo
quando tenha desembarcado por motivo de servigo oti para passeio em corporagao.
Art. 126.° Podem ser considerados iiicorrigiveis, pelo conselho da escola, e como taes ex-
pulsos d'ella e remettidos ao corpo de marinheiros, os alumnos que dentro do praso de um anno
forem punidos seis vezes por faltas classificadas do terceiro grau, especialmente se com essa
prova de mau comportamento concorrer a de pouco aproveitamento.
§ único. Os alumnos remettidos ao corpo de marinheiros, em virtude do disposto no pre-
sente artigo, ficarao obligados a servir no referido corpo pelo tempo de oito annos, sendo para
todos os mais effeitos considerados como recrutas e perdendo o direito ás garantías de que go-
sam as pracas approvadas na escola.

Olíicio circular de 28 de dmmbro de 1870 dirigido pelo ministerio da guerra


aos commandantesdas divisoes militares

Tendo-se dado o caso de ter estado em um hospital militar urna praga por doenga que se
attribuiu a offensas corporaes, pelas quaes se levantou auto de corpo de delicio, e, depois do
sen fallecimento, se ter procedido á autopsia sem formalidades algumas jndiciaes, mas sómente
como imi.caso ordinario, nos termos dos artigos 116.° e 117.° do regulamento de saude de 2 de
dezeinbro de 1852 (ordem n.° 11 de 1853); para que se nao repitam factos similhantes com pre-
juiso da justiga e da regularidade dos processos que forem instaurados: encarrega-me s. ex.a o
ministro.-da guerra de dizer a v. ex.'1 que, todas as A7ezes que urna praga der entrada nos hospi-
taes militares, por effeito de offensas corporaes de qualquer ordem, ou. de doenga que se sus-
peite filha de um crime, se o offendido nao vier a coiwalescer e fallecer, se deverá proceder
sempre á autopsia pelas pessoas competentes para a formacáo dos autos de corpo de delicio, e
pela mesma forma e com as mesmas solemnidades marcadas nos modelos n.os 6 e 7 do regula-
lamento de 21 de julho de 1875 (ordem n.° 19) para os autos de exames e corpos de delictos
directos, devendo os facultativos, alem da minuciosa descripeao do estado externo e interno do
cadáver, declarar precisamente as causas próximas e remotas da morte, tendo em vista as offen-
sas corporaes soffridas, de forma a poder-se concluir se aquella deve ou nao filiar-se n'estas,
visto que em caso aflírmativo varía, a incriminagao do facto e a penalidade nos termos do ar-
tigo 55.° do código de justiga militar e artigo 359.° e seguintes do código penal commum; sendo
por isso a- autopsia ou examc cadavérico o complemento do anterior auto do corpo de delicto,

1 O conselho escolar ó constituido polo comniand ¡inte, pelos tres oilioiaes instructores e pelo capellao,
sendo o commandante o presidente e o instructor mais moderno o secretario.
419

feito em epocha em que aínda nao é fácil prognostiear qual a duragao ó terminagao da
doenga.
Aos peritos incumbe n'este caso o maior escrúpulo e exactidSo, nao só no processo da auto-
psia e deseripgao das lesoes encontradas, mas tambera no juizo que formaran em vista d'ellas
em relagSo ao facto criminoso anterior, pois que n'este caso o auto da autopsia tem importantis-
simos effeitos jurídicos, que podem dar em resultado, ou tornar qualquer responsavel por conse-
quencias mais graves do crime, ás quaes nao den causa com o facto illieito eme pratícoú, ou
desviar da cabeca do criminoso a justa punicao do crime e süas consequencias, com grave of-
fénsa da justiga e da moral publica.
S. ex.a, havendo por muito recommendado quanto deixa ordenado, espera que os srs. ge-
neraes commandantes das divisoes, no acto dos processos Ihes serení presentes para os effeitos
dos artigos 247.° e 282.° do código de justiga militar, fiscalisarao o exacto cumplimento d'esta
circular, fazendo supprir as faltas que encontrarem, e dando parte d'ellas para esta secretaria e
de quem as comnietter.

I©1?"?'

Decreto de 28 de junlio de 1877

Attendendo ao que me representou o conselho de ministros, e tendo ouvido o conselho d'es-


tado: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E concedida amnistía aos individuos aínda nao julgados, contra os quaes pende
pronuncia pelos crimes punidos pelos artigos 144.°, 170.°, 171.° e 172.° do código penal, no
processo instaurado, a requerimento do ministerio publico, no juizo do primeiro distrieto crimi-
nal da comarca de Lisboa, em agosto de 1872.
Art. 2.° P6r-se-ha termo ao referido processo, ficando sem effeito a pronuncia de todos os
individuos^ por virtude el'elle indiciados, sem distinegao de classe dos réus nem dos tribunaes
que tivessem competencia para, os julgar.
Art. 3.° A amnistía concedida pelo presente decreto é extensiva aos crimes de desergao e
fúgida da prisao, motivados pela pronuncia ou aecusaeao.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios cí'estado de todas as re^
partigoes assim o tenham entendido e facam exeeutar.

1878
Carta de lei de 3 de maio de 1878

Dom Luiz, por graga de Deus, Eei de Portugal é dos Algarves, etc. Fazenios saber a to-
dos os nossos subditos, eme as cortes geraes decreíaram é riós cmeremós a leí ségüiníé:
Artigo 1.° Fica substituido e additado pela seguinte forma o ñ." 3." do artigo 29.° é seus pá-
ragraphos do código de justiga militar.
A duragao das penas temporarias poderá ser abreviada, réduzindo-se até níetádc do
«...correspondente
mínimo a cada crime, comtanto que as penas resultantes nao sejam inferiores áós
mínimos designados no capitulo II do titulo I do presente livro.
os tribunaes militares, considerando o iumí'ero e importancia das cir-
«... Poderao' tamberasubstituir
cumstaneias attemiantes, pela ¡inmediata as penas a que se réferera os n.os 2.°, 3.° e
7.° do artigo 9.° do presente código.
<c§ 3.° Nos crimes militares a embriaguez nao attenua a culpabilidadé do criminoso.»
Art. 2.° Fioam eliminadas as seguintes palavras do § nnico do artigo 42.° do mencionado

:;
código.
«... impondo-se n'este caso por cada lím avino de presidio dois annos de deportagáo, coni-
t'an'to que a conclemñagao nao exceda ao todo o máximo da pena dé deporiagao.»
Art. 3.° Fica substituido do seguinte modo o n.° 2.° do artigo 142.° do referido código.
«Dos directores e chefes de reparticao da secretaria da guerra, officiaes dos estados maiores
das divisoes territoriaes e de todos os ajudantes de campo e officiaes ás ordens que nao excedam
o quadro legal.»
Art. 4.° Fica additado pela seguinte forma o artigo 154.° do supracitado código.
«4.° Dirigir no quartel general o servigo relativo a assmnpos de disciplina e justiga cri-
minal.
420

«§ único. Ñas divisoes em que houver mais de um conselho de respectivo gene-


guerra, o
ral nomeará o promotor que houver de exercer as funcgoes a que a anterior disposigao se
refere.»
Art. 5.° Fica substituido pela seguinte forma o § único do artigo 160.° do referido código.
«Os secretarios dos conselhos de guerra preferirlo, em igualdade de circumstaneias,a craaes-
quer outros candidatos no provimento dos logares de archivistas das divisoes militares territo-
riaes, e nos de aspirantes na direcgáo da administragao militar.»
Art. 6." É considerada conimissao activa, nos termos do artigo 7.° do titulo i do regula-
mento de 12 de fevereiro de 1812, a do logar de promotor de justiga nos tribunaes militares,
qualquer que seja a arma a que pertenca o officñal que o exercer.
Art. 7.° O governo, ñas futuras edigoes do código de justiga militar, fará inserir estas sub-
stituigoes e additamentos nos logares competentes.
Art. 8.° Fica revogada a legislagáo em contrario.
Mandamos portante a todas as auctoridaeles, a quem o conhecimento e execugao da referida
leí pertencer, que a cumpram e guardem e fagam cumprir c guardar ta'o inteiramente como
n'ella se contení.
O presidente do conselho ele ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guer-
ra,-o ministro e secretario d'estado dos negocios ecclesiasticos e de justiga, e o ministro e secre-
tario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, a fagam imprimir, publicar e correr.

Carta de lei de 16 de maio de 1878

Dom Luiz, por graga ele Deus, Eei de Portugal e dos Alga.rves, etc. Fazemos saber a to-
dos os nossos subditos, que as cortes geraes decretaran! e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° O código de justiga militar de 9 de abril de 1875, com as modificagoes aponta-
das nos artigos seguintes, é applieavel a todos os individuos do regimentó de infantería do ul-
tramar, que se aeharem no continente do reino, ñas ilhas adjacentes e no archipelago de Cabo
Verde.
Art. 2.° Quando as pragas a que se refere o artigo antecedente forem conde-ranadas a de-
portagáo militar, cumprirao a pena ñas possessoes de África, e quando forem condemnadas a
presidio de guerra ou prisSo militar, terao passagem ao exercito do reino, onde, depois de cum-
plida a penalidade imposta, completarlo, se forem pracas de pret, o tempo legal de servigo que
ainda Ihes faltar segundo o seu primeiro alistamento.
Art. 3.° Todas as pragas do regimentó de infantería do ultramar que se acliareni em pon-
tos da monarchia onde nao esteja em execugao o código de justiga militar de 9 de abril de 1875,
ficam sujeitas ás disposigoes da lei penal militar e commum que vigorar n'esses pontos.
Art. 4.° Os crimes commettidos em viagem por pragas do regimentó de infantería do ultra-
mar seríío punidos segundo a. legislagáo penal militar que estiver em A'igor na parte da monar-
chia para onde essas pragas se destinaren).
Art. 5." Todas as pragas em effectívidade de servigo, pertencentes aos quadros das provin-
cias ultramarinas, ou n'ellas servindo em commissao, que estiverem adeudas ao regimentó de in-
fantería do ultramar, ficam sujeitas ao disposto no artigo 1.°
§ único. Quando estas pragas forem condemnadas a deportagáo militar, jn'esidio de guerra
ou prisao militar, cumprirao essas penas, segundo a sua natureza, nos corpos do exercito de
África oú ñas pragas ele guerra d'essas possessoes.
Art. 6.° Todas as pragas reformadas do ultramar, assim como as classificadas incapazes do
servigo, que, estando aeldidas ao regimentó de infantería do ultramar, se aeharem no continente
do reino, ñas ilhas adjacentes ou no archipelago de Cabo Verde, ficam sujeitas ás disposigoes do
artigo 1.°, mas únicamente pelo que respeita aos crimes militares, tudo em harmonía cóm a dou-
trina do livro m do código de justiga militar de 9 de abril ele 1875.
§ único. Se as pragas de que trata este artigo forem officiaes, cumprirao a pena de prisao
militar em unía praga de guerra designada pelo governo, e se forem pragas de pret cumprirao a
mesma pena e a de presidio de guerra ñas prisoes do quartel do regimentó.
Art. 7.° As pragas reformadas do ultramar nao seráo aecusadas perante os tribunaes pelo
crime. de desergao, e quando completaran tres mezes de ausencia illegitima serao abatidas ao
effectivo da divisao.
Art. 8.'1 Quando aos crimes commettidos pelas pragas a que se refere o artigo antecedente
corresponder a pena de deportagáo militar, seráo transferidas na mesma situagao para alguma
das possessoes ele África.
Art. 9.° Em todos os casos em que para as pragas do regimentó de infantería do ultramar,
ou a elle addidas, vigorar o código de justiga militar de 9 de abril de 1875, seráo adoptadas as
421

disposigoes applicaveis do regulamento para a execugao do referido código de 21 de julho do


mesmo anno.
§ único. Ao ministro da marinha e ultramar pertence a competencia disciplinar que, pelo
respectivo regulamento, compete aos commandantes das divisoes militares e ministro da guerra.
Art. 10.° Os autos de corpo de delicio seráo enviados ao ministerio da marinha e ultramar,
a fim de, por intermedio do ministerio da guerra, serem remettidos ao commandante da respe-
ctiva divisao militar, se nao disserem respeito a individuos com graduagao superior á de major.
§ 1.° O commandante da divisao militar a quem forem remettidos os referidos autos proce-
derá da forma expressa no código de justiga militar; porém, se antes ou depois de formado o
summario da culpa nao encontrar fundamento para os suppostos criminosos serem julgados em
conselho de guerra, devolverá esses autos, acompanhados da sua informagao e opiniao, ao mi-
nisterio da guerra, a fim de, sendo depois remettidos ao ministerio da marinha-e ultramar, ahí
se resolver o castigo disciplinar que aos accusados deva ser applicado.
§ 2.° Os autos de corpo de delicto, devolvidos ao ministerio da marinha e ultramar para
os fins indicados no paragrapho antecedente, voltaráo ¡Délas mesmas vias ao respectivo comman-
dante da divisao militar, para serem archivados em conformiclacle com o artigo 249.° do código
de justiga militar.
Art. 11.° Todas as pragas pertencentes ao regimentó de infantería do ultramar, ou a elle
adeudas, a que, pelas disposigoes d'esta lei, é applicavel o código de justiga militar de 9 de abril
de 1875, ficam sujeitas ao regulamento disciplinar decretado para o exercito em 15 de dezem-
bro de 1875, com as modificagoes exaradas no regulamento que se publicar para a execugao da
presente lei.
§ 1.° Quando a pena de inactividade, de que trata o artigo 5.° do citado regulamento, tiver
de ser applicada a officiaes pertencentes ao effectivo do regimentó de infantería do ultramar, será
substituida pela passagem immediata ao exercito da metropole, annullanelo-se o decreto, ou parte
do decreto, que tenha promovido os officiaes incursos na dita pena.
§ 2." Os officiaes do regimentó de infantería do ultramar, ou a elle addidos, nao ficam su-
jeitos aos effeitos das penas ele reprehensao na ordem regimentál, de brigada ou de divisao, e os
officiaes inferiores nao ficam do mesmo modo sujeitos aos effeitos da primeira das mencionadas
penas.
Art. 12.° Os officiaes inferiores do regimentó de infantería do ultramar a quem for appli-
cada a pena de baixa ele posto, terao passagem ao exercito do reino, onde completaráo o tempo
de servigo que Ihes faltar segundo o seu primeiro alistamento, com excepgáo dos que estiverem
no caso do § 2.° do artigo 66." do regulamento disciplinar de 15 de dezembro de 1875.
Art. 13.° Os cabos, soldados e corneteiros pertencentes ao effectivo do regimentó de infan-
tería do ultramar que, pelo conselho disciplinar a que se refer.e o artigo 53." do regulamento
de 15 de dezembro de 1875, forem apurados para, nos termos do artigo 73.° do mesmo regula-
mento, serem eneorporados ñas companhias de correcgao, terao passagem definitiva ao exercito,
para cumprirem a referida pena.
§ 1.° As relagoes de que trata o artigo 55.° do regulamento disciplinar serao enviadas ao
ministerio da marinha e ultramar, e ahi se resolverá quaes das pragas inscriptas ñas mesmas
relagoes deveráo ser encorporadas ñas companhias de correcgao.
§ 2.° O commandante do regimentó de infantería do ultramar conferirá guia de marcha ás
pragas a que se refere o paragrapho antecedente, a fim de se apresentarem no quartel general
da 1.a divisao militar, onde Ihes seráo destinadas as companhias a que deverem ter passagem.
Art. 14.° Os processos militares de pracas do regimentó do ultramar, que na data da pre-
sente lei se aeharem pendentes, seráo julgados pelos tribunaes instituidos pelo código de justiga
militar, e em harmonía com a legislagáo penal em vigor para o exercito do reino.
Art. 15.° Fica revogada a legislagáo em contrario.
Mandamos portanto a todas as auctoridaeles, a quem o conhecimento e execugao da referida
lei pertencer, eme a cumpram e fagam cuniprir e guardar tao inteiramente como n'ella se contera.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra,
c o ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, a fagam imprimir, publi-
car e correr.

Carta de lei de 10 de maio de 1878

Dom Luiz, por graca de Deus, Eei de Portugal e dos Algarves, etc. Fazemos saber a to-
dos os nossos subditos, que as cortes geraes clecretaram e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° As disposigoes do código de justiga militar para o exercito de térra, approvado
pela carta de lei de 9 de abril de 1875, seráo observadas na provincia de Cabo Verde com as
seguintes alteracoos,
422

Art. 2.c Para


o effeito do disposto no capitulo n do titulo i do livro iv do mesmo código,
os governadores e commandantes militares de cáela ilha e os das pragas e pontos fortificados sao
equiparados aos governadores das pragas de guerra e aos commandantes dos corpos arregimen-
tados no reino.
Arti 3.° Fiñdas as diligencias relativas ao corpo de delicio, o respectivo processo será logo
remettido ao governador geral da provincia, nos termos e pelo modo determinado no artigo 246.°
do referido código.
Art. 4.° Ao governador geral da provincia compete exércef, qualquer que seja a patente e
posigáo do presumido culpado, as funcgoes judiciaes que pelos artigos 247.° e 248.° do citado
código pertencem aos commandantes das divisoes militares e ao ministro dos negocios da
guerra.
Art. 5.° Para a fornlagáo da culpa competem aos juizes de direito da provincia de Cabo
Verde as attribuigoes que pelo código sao conferidas aos auditores das divisoes, e aos delegados
do procurador da- coróa e fazenda competem as qué pelo niesnio código sao conferidas aos pro-
motores de justiga militar.
§ único. As funcgoes de secretario seráo exercidas por um dos esCriváes do juizo que for
designado pelo juiz de direito.
Art. 6.° Ultimado o suminario, o processo será logo remettido ao governador geral da pro-
vincia com o rélatoi-io e informagao de que tratara, os artigos 279.° e 280.° do indicado código,
para- resolver se ha de ou nlo ser instaurada a accusagao conforme o artigo 282.°
Art. 7.° Se o governador geral da provincia resolver que se instaure a áccusacáo, ordenará
que o processo seja remettido ao commandante da 1.a divisao militar, para ser distribuido' á lira
dos conselhos de guerra permanentes da mesma divisao.
§ único. N'este caso, o presumido delinquente será preso e remettido com o processo paira
Lisboa.
Art. 8.° Sé a patente de algnni presumido delinquente for .de teneiite coronel, Ou d'alii para
cima, compete ao ministró elos negocios cía marinha e ultramar, ouvielo o auditor geral da mari-
nha, exercer as funcgoes que pelo artigo 283.° do mencionado código sao conferidas ao ministro
da guerra para o exercito do reino.
Art. 9.° Fica revogada a legislagáo em contrario.
Mandamos portanto a todas as auctoridades, a quera o conhecimento e execugao da referida
lei pertencer, que a cumpram e fagam cumprir & guardar táo mteiranieñte como n'é'llá se con-
tení.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra,
e o ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, a fagam imprimir, publi-
car e correr.

Dclcrminácao inserta lia órdení do exercito n.° 27 de 25 de oulubro de 1878

Sua Magestade El-Éei determina:


1.° Que os commandantes das divisoes militares territoriaes satisfagan! as requisigoes que
Ihes' forem feitas pelos procuradores regios e seus delegados, para a exantoragáo de qualquer
réu militar sentenciado pelos tribunaes ordinarios das comarcas do districto das suas divisoes, a
quem pelos mesmos tribunaes tenha sido' imposta alguma das penas que importara exáutoraeáó
nos termos do § único do artigo 14.° do código de justiga militar de 9 de abril de 1875, logo
que para esse fim recebara d'aquelles magistrados duas certidoes da sentenga condemnatoria
com declaragáo de ter passado em julgado, cumprindo que o commandante da divisao indiqué ao
magistrado competente o dia e hora em que deve ser apresentado o réu, beiii como o local aonde
ha de verificar-se a exautoraeáo;
2.° Que urna das niencionaclas certidoes sirva para o commandante da divisao mandar pro-
ceder á exautoraeáo nos termos dos artigos 87.° e 88.° do regulamento' de 21 de julho do refe-
rido anno, e na qual o secretario do respectivo sonselho de guerra passará a eertidáo' (modelo
ii.° 35), e a outra para ser remettida ao' corpo para por ella se fazerem os neoessarios averbá-
mentos no livro de matricula;
3.° Que se o exautorado pertencer ao eorjto de outra divisao, seja a eertidáo remettida ao
commandante respectivo, que a enviará ao corpo de que o réu fizer parte;
4.° Que no caso do exautorado se nao achar arregimentado ou, estando na efrectividade,
desempenhar commissáo especial do servigo militar, os commandantes das divisoes procedam do
modo ácima indicado (n.os 2." e 3.°), sendo a eertidáo dirigida ao chefe a quem o exautorado
estiver subordinado;
5.° Que os militares condemnados pelos tribunaes ordinarios das ilhas adjacenfes, que de-
vam ser exautorados, sejam, depois de apresentados ao commandante cía 5.a divisao militar, man-
423

dados para Lisboa, a fim de serem presentes no quartel general da 1.a divisao, por ordem de
cujo commandante se levará a effeito a exautoraeáo;
6.° Que a respeito dos funceionarios e empregados equiparados a militares no artigo 12.°
do citado código, se observe o que fica ordenado.

No decreto com forca de lei de 44 de novemliro de 1878, sobre a reforma nas iuslituicSes judiciarias
das provincias ultramarinas, encontra-se o seguinte:

Artigo 32.° É extracta a junta de justiga de que trata o capitulo ix do regimentó da admi-
nistragao da justiga nas provincias de Angola e S. Thomé e Principe, approvado por decreto
com forga de leí de 30 de dezembro de 1.852..
§ único. Os crimes, cujo julgamento competía á mencionada junta, passam a. ser processa-
elos e julgados—os civis pelas justigas ordinarias, segundo a lei commum e os militares em

conselho de guerra com recurso para o conselho superior ele justiga militar, creado pelo ar-
tigo 53.° do mesmo regimentó.

No decreto com forca de !ci de 20 de dezembro de 187S, creando mais dois balalkocs de capadores
na provincia de Mocambipe, encon(ra-sc o seguinte:

Artigo 5.° A todos os individuos que compozerem estes batalhoes seráo applicaveis as dis-
posicóes dos decretos de 2 e 9 de dézembro de 1869 e mais legislagáo em vigor.

1879
Na carta de lei de 18 de marco de 1879, pela pal o territorio da (¡uiné portugueza foi constituido
em provincia íiidependcntc de outra qualpcr provincia do ultramar,
cncontra-se o seguinte:
Artigo 3." É transferido para a provincia da Ghiiúó o batalhao de cagadores n.n 1, cuja sede
é actualmente na ilha de S. Thiago, na provincia de Cabo Vercle.
§ 2.° Os crimes commettidos na provincia da Guiñé portugueza por militares ou pessoas a
elles equiparadas, nos termos do código de justiga militar, seráo processaelos e julgados pela
forma por que o sao na provincia de Cabo Verde.

Decreto de 1 de abril de 187$)

Foi por elle organisada urna batería de artilheria. de guamicáo na provincia da Griiiné portu-
gueza, conforme a auctorisagáo que havia sido concedida ao governo pela leí de 18 de margo do
mesmo anno.
Dcclaracao inserta no bolelim militar do ultramar u.° 5 de 3 de maio de 187Í)

Para obviar ás duvidas, que da parte dos governadores das provincias ultramarinas possam
suscitar-se, sobre o modo como deve ser contado o tempo de deportagáo militar ás pragas do
exercito condemnadas a esta pena para o ultramar: manda Sua Magastade El-Eei declarar aos
mesmos governadores, para seu conhecimento e devidos effeitos, que, clispondo o artigo 38.° do
código de justiga militar, que a duragao das penas, com excepgáo das de trabalhos públicos, prisao
maior e degredo, comecem a correr desde cpie a sentenga condemnatoiiapassou em julgado, deAre
por tal motivo a pena de deportagáo militar contar-se ás referidas pragas desde a data da res-
pectiva sentenga ou accordáo.
Portaría de í de selenibro de 187!)

Sendp expresso no artigo 228.° do código de justiga militar, eme o militar ou empregado
civil com graduagao militar, que, no exercicio das suas funcgoes, descobrir a existencia de algum
crime ou delicio ela competencia dos tribunaes militares, ou, por qualquer modo, d'elle vier a ter
noticia, é obligado a participal-o, sem demora, ap superior militar a quem estiver subordinado:
manda Sua Magestade El-Eei, pela secretaria d'estado dos negocios, da guerra, recomniendar
aos generaes encarregados do qualquer inspecgáo a exacta observancia do referido artigo, sem-
pre que no exercicio das suas funcgoes tiverem conhecimentode algum crime ou delicto cía com-
424

petencia dos tribunaes militares, ou infraegoes de disciplina, que devam ser punidas nos termos
do código de justiga militar ou do regulamento disciplinar, participando ao commandante da res-
pectiva divisao o facto com todas as circumstaneias, de tempo, logar, forma e pessoa ou pessoas
por quem praticados, a fim de que o mesmo general proceda immediatamente, como lhe compete,
nos termos do mesmo código e regulamento, sem dependencia, do resultado final da inspecgáo,
no relatorio da qual devem. os generaes fazer niengáo expressa das participacoes que tiverem
dado em cumplimento d'esta ordem.

DetermiiiacOo inserta na ordem do exercito n.° 47 de 22 de scle-innro de 1879

Tendo representado a clirecgáo da administragao militar acerca dos vencimentos que se de-
vem abonar aos alferes graduados, quando se aeharem em diversas situagoes, taes como em tra-
tamento nos hospitaos, com licenga registada, em disponibilidade ou inactiviclade temporaria e
outras, visto serem considerados officiaes pela graduagao e pragas de pret pela natnreza do ven-
cimento ; e convindo que desapparegam as duvidas a tal respeito: determina Sua Magestade El-
Eei que nos abonos dos alferes graduados, em qualquer d'aquellas situagoes, se faga descontó
proporcional ao que a lei tem estabeleeido com respeito aos alferes effectivos similhantemente
collocados.
Portaría de 23 de outubro de 1878

-Em cumplimento do que dispoe o artigo 5.° da carta de lei de 9 de abril de 1875: manda
Sua Magestade El-Eei, pela secretaria d'estado dos negocios ela guerra, approvar o regulamento
de policía e de servigo interno nos tribunaes militares, que faz parte d'esta portaría e baixa as-
signado pelo general de divisao, D. Antonio José de Mello, director geral da mesma secretaria
d'estado.
Regnlamcnío de policía e de servico interno nos tribunaes militares

CAPITULO I
Dos oonselliosde guerra
Artigo 1.° A direccSo da polícia e do servigo interno nos tribunaes dos conselhos de guerra-
estará a cargo dos promotores de justiga, salvas, em todo o caso, as attribuigoes que por lei com-
petem aos presidentes e auditores.
§ 1.° Nos edificios em que funecionarem dois conselhos de guerra, cada um dos promotores
ordenará o servigo interno do respectivo tribunal, e dirigirá a policía na parte do edificio exclu-
sivamente oceupada pelo conselho a que pertencer.
§ 2.° Nos mesmos edificios estará em mezes alternados, sob a direcgáo de cada um dos
promotores, a policia interna cías salas destinadas ao uso dos dois conselhos e das commumea-
coes de servigo commum; mas, na ausencia do promotor de servigo, fará as suas vezes o pro-
motor que estiver presente.
Art. 2.° Q.uando occorrer alguma vacatura no quadro dos empregados menores de qualquer
conselho de guerra permanente, compete ao promotor de justiga enviar ao ministerio da guerra,
por intermedio fio commandante da respectiva divisao, urna proposta em que indique o nomo e
graduagao do individuo que possa bem desempenhar o logar vago e que esteja nas condigoes
exigidas por lei para poder ser nomeado.
Art. 3.° Os amanuenses nao podem substituir os secretarios quando estes estiverem impe-
didos, ñera podem tambera escrever nos processos; terao, porém, a seu cargo a escripturacáo
de todos os livros mencionados no artigo 3.° do regulamento para a execugao do código de jus-
tiga militar; deveráo coadjuvar os secretarios na escripturagáo da correspondencia official dos
presidentes, auditores e promotores; e enmpre-lhes, finalmente, entregar aos aecusados as notas
de culpa e fazer-lhes as outras intimagoes indicadas em lei, quando os aecusados nao forem seus
superiores na hierarchia militar, e quando para isso receberem ordem dos respectivos secretarios.
Art. 4.° Os porteiros téem por-priiicipaes obrigagoes receber e expedir a correspondencia
official, e, onde nao haja guardas especiaes, velar pelo asseio e conservacáo, tanto da mobilia
como eíos edificios em que funecionam os tribunaes, cujas chaves conservaráo em seu poder desde
que se fechem as secretarias até que estas iiovameiite se abram.
§ único. Nos edificios em que houver um guarda especial serao as chaves das communica-
goes entregues a este pelos porteiros, depois de terem verificado com aquelle empregado que fi-
cam fechaeías todas as portas e janellas, e que no edificio nao existe lume nem eousa que possa
promover um sinistro.
Art. 5.° Alem do servico interno da secretaria que lhe for superiormente ordenado, compete
425

ao continuo avisar os officiaes do conselho de qualquer reuniáo extraordinaria do tribunal ou de


qualquer resolugáo que Ihes diga respeito e que o presidente o incumba de Ihes participar.
Art. 6.° O servente é destinado a fazer a limpeza diaria dos tribunaes, a qual deverá sem-
pre estar concluida antes das oito horas da manhá.
§ 1.° Nos edificios em que func.-ioiiarem dois conselhos de guerra, a limpeza das salas,
communicagoes e compartimentos communs, e bem assim a dos objeetos que n'ellas existem, será
feita simultáneamente pelos serventes dos dois conselhos.
§ 2.° Quando haja de se fazer algum servigo de limpeza que nao possa ser desempenhado
sómente pelos serventes, requisitará o promotor, do quartel general da divisao, as fachinas in-
dispensaveis para o seu desempenho.
Art. 7.° As secretarias dos conselhos de guerra comegaráo e encerraráo diariamente os seus
trabalhos ás mesmas horas em que funccionarem as repartigoes do quartel general da divisao,
salvo quando a afluencia extraordinaria de expediente ou o prolongaraento das audiencias de
julganiento nao permittirem que se cumpra esta disposigáo.
Art. 8.° Nos edificios em que funccionar algum tribunal militar, haverá ¡permanentemente
urna guarda, cuja composicao e deveres especiaes se indicarao no capitulo ni d'este regulamento.
Art. 9." A cada tribunal será tambera fornecida diariamente urna ordenanga, cabo de infan-
tería ou eagadores, destinada principalmente ao servigo do correio e á entrega na localidade de
qualquer officio que nao possa ou nao eleva ser remettido por aquella vía.
Art. 10.° Um dos empregados menores estará sempre, desde as nove horas da manhá nos
mezes de outubro a margo, e desde as oito horas nos restantes em casa apropriada no edificio
em que funccionar algum conselho de guerra, a fim de tomar conhecimento de todas as pessoas
estranhas que pretenderen! entrar na repartigáo, e tambem para Ihes dar qualquer esclarecimento
que por ellas lhe seja solicitado.
§ 1.° O referido empregado nao pode saír do seu posto sem se fazer substituir, emquanto
estiver aberta a secretaria.
§ 2." Nos edificios em que funccionarem dois conselhos de guerra o empregado destinado a
este servigo será nomeacto em dias alternados por cada um dos promotores.
Art. 11.° Os empregados menores dos conselhos de guerra trajaráo, no interior dos tribu-
naes, os uniformes prescriptos na ordem do exercito n.° 24 de 20 de setembro de 1875, nao
podendo por forma alguma addital-os ou modifical-os, usando divisas ou quaesquer outros elistin-
ctivos nao auctorisados n'aquella disposigáo.
Art. 12." Nenhum dos empregados, qualquer que seja a sua graduagao ou categoría, po-
derá alterar os usos e applicagoes a que forem destinados os differentes compartimentos dos edi-
ficios em que funccionarem os conselhos de guerra.

CAPITULO II
Do tribunal superior de guerra e marinha
Art. 13.° A direcgáo da policía e servigo interno na parte do palacio de justiga militar, oc-
cupada pelo tribunal superior de guerra e marinha, pertencerá ao seu presidente.
Art. 14.° No caso de incendio ou de qualquer occorrencia grave que reclame providencias
enérgicas e concentragáo de poderes, incumbe ao mesmo presidente assumir todas as funcgoes e
tomar por isso as providencias adequadas para a guarda e seguranga dos objeetos e documentos
existentes no palacio, reclamando para tal fim, se assim o julgar necessario, o auxilio de todos
os empregados que pertengara ás repartigoes alojadas no edificio.
§ 1.° Na ausencia do presidente do tribunal superior assuniirá as attribuigoes conferidas no
presente artigo o official mais graduado que se achar presente no palacio, e que pertenga a al-
guma das repartigoes n'elle estabelecidas.
§ 2.° Do uso que se fizer das presentes attribuigoes será dada conta ao ministerio da guerra.
Art. 15.° O jardim central do palacio estará a cargo do tribunal superior de guerra e ma-
rinha, mas servirá de logradouro a todos os empregados das differentes repartigoes.
Art. 16.° Quando o guarda do palacio fallega ou se impossibilite do servigo, o presidente
do tribunal superior providenciará para que elle seja devidamente substituido.

CAPITULO ni
Da guarda
Art. 17.° As guardas encarregadas da vigilancia dos edificio em que estiverem estabeleci-
dos tribunaes militares, afora os deveres especiaes que Ihes sao incumbidos pelos artigos 64.° e
66.° do regulamento para a execugao do código de justiga militar, cumprirao todas as prescri-
pgoes vigentes nas outras guardas de guarnigáo que nao forem contradictorias com as presentes
instruegoes.
Si
426

Art. 18.° Competem ao commandante da guarda os seguintes deveres especiaes:


a) Inspeccionar o exterior do edificio e a casa da guarda por oecasiáo do render d'esta, e
bem assim durante o tempo que se demorar no posto, a fim de reconhecer qualquer damnifica-
gáo, e se as paredes estáo sujas ou riscadas, do que dará parte ao porteiro do tribunal, e, em
Lisboa, ao guarda do palacio ele justiga militar, ficando entendido que a omissáo d'esta formali-
dade importa a responsabilidade de qualquer occorrencia que apparega, a qual será logo parti-
cipada ao chefe do estado maior da divisao, para os effeitos disciplinares;
h) Impedir que nas paredes da casa da guarda ou no exterior do edificio sejam affixados
papéis de qualquer natureza, pregos ou quaesquer outros objeetos. Quando do quartel general
sejam enviadas ordens permanentes, seráo entregues ao porteiro do tribunal ou ao guarda espe-
cial do edificio, havendo-o, para serem affixadas em logar para esse fim especialmente desti-
nado;
c) Apresentar-se, quando receber aviso vocal de que o conselho vae funccionar, na sala da
audiencia, aonde tomará logar e se demorará emquanto a sessáo nao terminar, a fim de receber
as ordens que o presidente tenha por conveniente transmittir-lhe;
d) Formar a guarda, sem comtudo levantar as sentinellas, e conduzil-a para a sala das
audiencias, quando o conselho retirar para a conferencia final, cumprindo em oecasiáo opportuna
as formalidades prescriptas no artigo 64." e seguintes do regulamento para a execugao do código
de justiga militar;
e) Entregar aos commandantes das escoltas que. conduzirem presos a chave da prisao aonde
estes devem ser reclusos, com sentinella da mesma escolta, permittindo ás pragas restantes que
encostem as armas ao armeiro da guarda, emquanto o respectivo commandante aguarda as or-
dens que hajam de lhe ser transmittidas pelo empregado a que se ápresentar;
/) Verificar o estado da prisao sempre que os presos retirarem para seus destinos, partici-
pando logo qualquer novidade que encontré;
g) Prestar todo o auxilio que lhe for devidamente reclamado pelos empregados dos tribu-
naes e pelos de qualquer outra repartigáo militar que funecione no mesmo edificio.
Art. 19.° A guarda dos tribunaes será composta pelo modo estabelecido nos n.os 4.° e 5.°o
do artigo 212.° do regulamento de 21 de novembro de 1866; e, a requisigáo dos respectivos
presidentes, será reforgada nos dias em que houver sessáo e emquanto esta durar, com o numero
de pragas precisas, para que fique composta pelo modo ordenado no artigo 59." do regulamento
para a execugao do código de justiga militar.
§ 1.° O numero de sentinellas que as guardas devem fornecer dependerá das condigoes
especiaes dos differentes edificios; em caso algum deve, porém, estabelecér menos de duas: urna,
a principal, que, alem dos deveres geraes de todas as sentinellas das armas, deve vigiar todo o
edificio, impedindo a qualquer pessoa a entrada no tribunal, depois de fechadas as repartigoes,
cmando nao seja acompanhada do respectivo porteiro ou do guarda especial do edificio, haven-
elo-o; outra, postada no pavimento em que funccionar o conselho, e que é destinada a coadjuvar
na manutengáo da ordem os empregados dos tribunaes, em conformidade com as instruegoes
verbaes que por elles lhe forem transmittidas. Esta sentinella retira quando se fecha a secreta-
ria, e é novamente jiostada quando ella se abra no dia immediato.
§ 2.° No palacio de justiga militar haverá ainda duas outras sentinellas: urna na travessa
das Freirás e outra na travessa do conde de Avintes, destinadas a vigiarem as fachadas lateraes
do edificio, impedindo a daumificagáo, obstando a que alguem suje ou risque as paredes, e nao
cousentindo qualquer communieagáo do exterior para o interior do palacio ou inversamente.

CAPITULO iv
Da policía interna
Art. 20.° Aos empregados menores dos tribunaes, bem como ás pragas da guarda, alem
dos deveres especiaes que Ihes forem incumbidos pelos chefes responsaveis pela direcgáo do ser-
vigo interno, cumpre-lhes: evitar que dentro ou nas immediagoes do edificio se falte á decencia,
proferindo palavras obscenas ou praticando aegoes indecentes e contrarias aos regulamentos de
ordem publica; que no interior do tribunal se falte á ordem, cantando, gritando, altercando,
fazendo motim ou alarido, agrupando-se sem necessidade nos vestíbulos.e escadas, sentando-se
n'estas, deitando-se nas mesmas ou sobre os bancos; que se faga qualquer estrago ou damno
nos edificios, suas per tengas e mobilia; que se escreva nas paredes e n'ellas se fagam desenhos;
que se arranquera ou colloquem e-ditaes, avisos ou annuncios por pessoa que nao esteja para isso
auctorisada; que se venda agua ou outras bebidas e eomestiveis; que se fagam ou promovam
quaesquer jogos, rifas ou leiloes particulares; que se tire agua das torneiras que nao seja para
d'ella fazer uso dentro dos edificios; que pessoa alguma se faga acompanhar de caes ou traga
comsigo varapaus; que a nao serem militares fardados ou agentes de policía fardados, ninguem
427

entre armado nos edificios; que se nao fume nos logares para isso defezos, especialmente na sala
das audiencias, neni se deitem ponías de cigarros, charutos ou pb.ospb.oros para os sobrados; e,
em geral, tudo o que possa offender o decoro, perturbar a ordem, causar damno ou tornar diffi-
cil a circulagáo.
Art. 21.° Em qualquer ¿Testes casos será o contraventor admoestado urbanamente, e,
quando desobedecer á admoestagáo, será preso e em acto continuo apresentado ao promotor de
justiga, o qual, se o réu for militar, procederá nos termos do regulamento de 15 de dezembro
de 1875. Estando no edificio mais de um promotor, é competente para proceder aquelle a quem
n'esse mez competir a fiscalisagáo do servigo de policía interna.
§ 1.°. No caso do contraventor ser individuo da classe civil, o promotor o apresentará ao
auditor, o qual, em conformidade com o n.° 11.° do artigo 127.° do código de justiga militar,
levantará auto de corpo de delicio, que remetterá com o preso ás justigas ordinarias. Se no edi-
ficio funccionarem dois conselhos, é competente para proceder o auditor que estiver presente, e,
se estiverem ambos, o do conselho a que pertencer o promotor a quem competir a fiscalisagáo
do servigo de policía interna.
§ 2.° Nos casos de flagrante delicto de algum crime punivel pelos códigos de justiga militar
ou penal ordinario, e muito especialmente dos crimes de suborno de testemunhas ou extorsáo
de dinheiro por quaesquer meios fraudulentos, seráo presos os criminosos, procedendo-se em con-
formidade com o paragrapho anterior.
§ 3.° Se o crime ou eontravengáo tiver sido commettido na parte do palacio de justiga
militar exclusivamente destinada ao tribunal superior, competiráo aos respectivos presidente,
juiz relator e-seu adjunto as attribuigoes precedentemente reguladas para os promotores e audi-
tores. -
Art. 22.° Urna copia dos capítulos in e iv d'este regulamento
.
estará patente na casa da
guarda em logar accessivel a todas as pragas, a fim de que ellas conhegam os séus deveres es-
peciaes e d'elles nao possam allegar ignorancia.

CAPITULO v
Das penas disciplinares aos empregados menores
Art. 23.° Aos empregados menores dos tribunaes, e amanuenses, poderao ser impostas pe-
los respectivos presidentes, juizes togados e promotores as seguintes penas, quando se mostrem
negligentes no exercicio das funcgoes especiaes de que se achem incumbidos:
1.a Eeprehensao particular;
2.a Eeprehensao na presenga dos empregados menores reunidos;
3.a Perda de gratificacáo ou de ordenado.
§ único. A perda de gratificagáo oú de ordenado consiste no descontó d'este vencimento
durante um numero de días nao superior a dez em cada mez, durante os quaes o empregado é
obligado a desempenhar todas as funcgoes do seu cargo. Nas relagoes de effectividade será
sempre mencionado o numero de días por que esta pena foi imposta, para os effeitos legaes.
CAPITULO vi
Da administragao dos fundos de expediente
Art. 24.° As despezas com a renovagáo ou concertó de qualquer objecío destinado ao uso
de dois conselhos de guerra, que funccionem no mesmo edificio, seráo abonadas por aquelle a
que pertencer o empregado que tiver causado a deterioragáo, e no caso que se ignore o seu au-
ctor, pelos fundos do conselho a que pertencer o promotor encarregado n'esse mez da policía
interna.
§ único. No caso previsto por este artigo deverá o porteiro participar ao respectivo promo-
tor qualquer deterioragáo que note nas casas e objeetos sob sua vigilancia, e bem assim o motivo
d'ella e auctor, a fim de que as despezas com a renovagáo ou concertó corram por conta de
quem lhe der causa, quando se mostré ter havido negligencia ou má vontade.
Art. 25.° Nos edificios que forem illuniinados a gaz será paga pelo ministerio da guerra a
despeza que se fizer com a illuminagáo, cumpiindo ao promotor enviar, no ultimo dia de cada
mez, ao official que desempenhar as funcgoes de quartel mestre no mesmo ministerio, urna nota
do gaz consumido durante o mez, para o que fará verificar opportunamente os respectivos
contadores.
§ único. Se no mesmo edificio funccionarem dois conselhos de guerra, o promotor que exer-
cer a direegao mensal da policía interna dará cumplimento ao que n'este artigo se estabelece.
Art. 26.° A agua consumida em cada mez pelos tribunaes militares será igualmente paga
pelo ministerio da guerra, segundo o processo de fiscalisagáo estabelecido no artigo anterior.
428

Art. 27.° O concertó e limpeza extraordinaria dos estuques, renovagáo dos tapetes, arranjo
dos movéis, a pintura e encerainento dos sobrados, bem como outra qualquer despeza mais
avultada de renovagáo e conservagáo das salas e objeetos de uso dos tribunaes, seráo requisita-
dos á direcgáo geral de engenheria.
CAPITULO VII

Differentes disposigoes relativas ao palacio de justiga militar em Lisboa


Art. 28.° No palacio de justiga militar haverá um guarda especial do edificio, que residirá
em. urna das casas contiguas ao mesmo, que sao propriedade do estado, e vencerá a gratifieagáo
de 200 réis diarios.
§ único. Este empregado, que poderá accumular o seu servigo com o de porteiro de qual-
quer dos tribunaes, será um official inferior reformado nomeado pelo ministerio da guerra.
Art. 29.° O guarda tem a seu cargo a vigilancia sobre a conservagáo e asseio do edificio,
suas pertengas e mobilia, dando parte aos cheles responsaveis de cada urna das repartigoes alo-
jadas no palacio quando n'ellas encontré qualquer novidade.
Art. 30.° As chaves das portas externas do palacio estarao permanentemente em poder do
guarda, que abrirá ordinariamente a porta principal ás horas designadas no artigo 10.° do pre-
sente regulamento, e extraordinariamente todas as vezes que. lhe for determinado por algum
dos chefes das repartigoes.
Art. 31.° Antes de se fecharan as repartigoes que funecionam no palacio, o guarda, acoin-
panhado pelo porteiro de cada urna d'ellas, passará em revista todas as casas, a fim ele reco-
nhecer se as janellas e portas ficam fechadas; se se conserva alguma pessoa dentro do edificio,
ou se ha fogo ou ficam sem o devido resguardo quaesquer objeetos que o possam originar, re-
cebendo n'este acto as chaves das communicagoes, que guardará até lhe serem novamente requi-
sitadas no dia immediato pelo mesmo empregado, com o qual entáo passará nova revista a
todas as casas.
Art. 32.° Assistirá diariamente (uniformisado) ao render da guarda do edificio, a fim de
acompanhar o commandante que sáe e o que entra na entrega respectiva, verificando o estado
da casa da guarda, objeetos n'ella existentes e exterior do edificio, dando seguidamente parte
ao promotor, que lhe dará o seguimento que julgar conveniente para os effeitos disciplinares.
Art. 33.° Terá em seu poder as chaves das bScas de incendio, as dos contadores de agua
e gaz e dos relogios; vigiará que aquelles e estes estejam sempre em estado de funccionar, e
que nem o gaz nem a agua se extravazem, e dirigirá o servigo interno da illuniinagáo do pa-
lacio.
Art. 34.° Fará varrer e limpar frequentemente o chao, paredes e tectos das escadas, corre-
dores e vestíbulos de communicagáo geral, requisitando para tal fim, alternadamente, quando
seja preciso, um servente de cada urna das repartigoes que funccionarem no palacio.
§ 1.° A lavagem das referidas communicagoes será mensalmente feita sob a vigilancia do
guarda do palacio, que apresentará na direcgáo geral de engenheria conta da quantia despen-
dida, devidamente verificada pelo promotor do servigo, a fim de ser convenientemente abonada.
§ 2.° Tanto a limpeza como a lavagem, a que se refere o presente artigo, seráo, quanto
possivel, feitas a horas ou em días em que as repartigoes nao funccionarem.
Art. 35." Terá em seu poder copia authentica dos inventarios existentes em cada urna das
repartigoes, a fim de lhe poder ser exigida directa responsabilidade por quaesquer objeetos que
faltem durante o tempo em que a guarda d'elles seja da sua exclusiva competencia.
§ único. Os objeetos existentes em salas communs constaráo de inventarios especiaes au-
thenticados pelas auctoridades militares superiores que forem permanentes em cada urna das
repartigoes. D'estes inventarios, e bem assim dos relativos aos objeetos existentes era salas da
dependencia de urna única repartigáo, seráo enviados nos prasos legaes, duplicados á direcgáo
geral de engenheria.
Art. 36.° Quando se der extravio de objeetos pertencentes a qualquer das repartigoes,
arrombamento ou tentativa d'elle, ou qualquer damiío no edificio ou suas pertengas por acto
criminoso, o guarda dará immediataniente parte ao chefe responsavel, para elle proceder com-
petentemente.
Art. 37.° Quando temporariamente estiver impedido por doenga, far-se-ha substituir por
pessoa da sua confianga, escolhida de entre os empregados menores das repartigoes que funecio-
nam no palacio, pelo qual fieará responsavel, dando parte da substituigáo ao promotor de ser-
vigo, que a transmittirá ao chefe do estado maior da divisao.
Art. 38.° Poderá requisitar da guarda do edificio todo o auxilio de que precisar para o
desempenho dos seus deveres.
Art. 39.° Satisfará a todas as ordens que lhe forem dadas, no sentido das presentes instruc-
goes, pelos chefes das diversas repartigoes.
429
.

Art. 40.° Receberá toda a correspondencia official que for dirigida ás repartigoes que func-
cionam no palacio depois d'ellas se fecharem, indicando á pessoa que Ih'a apresentar a residen-
cia do destinatario, quando trouxer declaracao de «urgente», entregando a restante no dia se-
guinte aos respectivos porteiros.
§ único. Para o exacto cumprimento d'este artigo, cada urna das repartigoes Ihe entregará
urna relagao nominal dos seus empregados superiores com designagao das respectivas resi-
dencias.
Art. 41.° Será inseparavel do palacio quer de dia quer de noite, mas poderá fazer-se sub-
stituir, nos termos do artigo 37.°~quando qualquer circumstancia extraordinaria exija o seu
afastamento.
Art. 42.° Qualquer omissao dos deveres que Ihe sao prescriptos no presente regulamento
será participada pelo enipregado superior de qualquer das repartigoes, que d'ella tenha conhe-
cimento, ao general commandante da divisSo, para os effeitos disciplinares.
§ 1.° O commandante da divisSo pode impor ao guarda do palacio, por quaesquer faltas de
cumprimento das disposigoes anteriores, penas iguaes ás que no artigo 23.° se estabelecem para
os empregados menores dos tribunaes.
§ 2° Quando o guarda persevere no commettimento de faltas, o mesmo general dará co^
nliecimento ao ministerio da guerra, para elle ser devidamente substituido.
Art. 43.° Haverá dois guardas de cavallarica eiicarregados do servigo de limpeza das mes-
illas, e da vigilancia dos cavallos pertencentes aos officiaes empregados ñas diversas repartigoes
que funccionam no palacio durante o tempo era que ellas se conservarem abertas.
§ 1.° Os guardas de cavallariga serao pragas das companhias de reformados, que tenliam
servido em cavallaría, ou como conductores em artilheria ou engenberia; vencerao de gratifica-
gao 100 réis diarios, e estarao sujeitos ás disposigoes disciplinares prescriptas no artigo 23." do
presente regulamento.
§ 2.° Estarlo sob a dependencia do guarda do palacio e poderlo ser empregados por este
em qualquer outro servigo compativel com o desempenho dos deveres prescriptos no presente
artigo.
Art. 44." O promotor de servigo enviará mensalmente ao quartel general da divisao, para
serení visados nos termos legaes, os recibos de gratificagéío do guarda do palacio e empregados
seus subordinados, acompanhados da correspondente nota de eífectividade.

No regulamento para as escolas rajimentaes, approiado por decreto de 22 de dczemnro de 4879,


enconlra-se o -seguróle:.

Artigo 49.° O alumno, que durante o anno lectivo houver commettido nm numero de faltas
nao justificadas equivalente á quarta parte do numero total das ligoes, nao pode ser admittido a
exame final.
§ 2.° As faltas nao justificadas, quando repetidas, poderao ser punidas pelo director da
escola, nos termos do regulamento de 15 de dezembro de 1875.

1880
Declaracao insería no Iiolctim militar do ultramar n.° 2 de 3 de íeverciro de 1880

Sua Magestade El-Rei manda declarar aos governadores das provincias ultramarinas, para
seu conliecimento e devidos effeitos, que as pragas deportadas, quando devidamentejulgadas
incapazes do servigo, devem regressar ao reino, a fim de serem submettidas á junta de saude
naval e do ultramar para, quando esta declare que se acliam absolutamente incapazes de servir
em qualquer provincia ultramarina, lhes ser dada baixa do servigo, por isso que o artigo 19.° do
código de justiga militar considera a pena de deportagao sómente como transferencia do servigo
militar do exercito do reino para o ultramar.

flelcrminacíio insería na oidem do exercito n.° 6 de 23 d« marco de 1880

Nao estando devidamente compendiados os vencimentos das pragas das diversas graduagoes,
que slío encorporadas ñas companhias de correegao para o fim de ali cumprirem as penas de
prisSo correccional ou militar: determina Sua Magestade El-Rei que os mesmos vencimentos se-
jam regulados pela seguinte tabella:
430

1.a Olasse
100 róis diarios, pret correspondente a soldado de infantería.

2.a Olasse
Sargentos ajudantes, primeiros sargentos, segundos sargentos, furrieis, cabos, clarins mores,
corneteiros mores ou tambores mores, cabos de clarins, corneteiros ou tambores e artífices, os
vencimentos respectivos ás suás graduagoes e armas, sem gratificagao de guarnigao, neni maioria
de readmissao, nem gratificagao de conti-atadas para os artífices; mestre de música 410 réis dia-
rios; contramestre de música 360 réis diarios; músico de 1.a classe 260 réis diarios; músico de
2.a classe 200 réis diarios; todas as mais pragas nao mencionadas 100 réis diarios.

.
3.a Classe
Os mesmos vencimentos designados para a 2.a classe.

Decreto de 22 de abril de 1880

Usando da faculdade que me confere a carta constitucional da monarchia, e tendo oiivido o


conselho d'estado,: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E concedida amnistía geral e completa para todos os crimes contra o exercicio
do direito éleitoral, e em geral para todos os crimes de origem ou carácter político commettidos
até á data do presente decreto, exceptuando aquelles de que resultou homicidio ou alguma das
lesoes mencionadas no código penal, artigo 361.°, n.os 1.°, 2.° e 3.°
Art. 2/° Todo o processo que por taes crimes tenha sido formado fica sem effeito, seja qual
for o estado em que se ache, e todas as jiessoas que estiverem presas á ordeni de qualquer au-
ctoridade, com processo ou sem elle, serao immediatamente soltas.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'estado das diversas
repartigoes assim o tenham entendido e fagam executar.

Na carta de Iei de 19 de maio de 1880, fixando os quadros de saude da provincia de Cabo Verde
e da Guiñé portuyueza, enconlra-sc o seguinte:

Artigo 2.° A admissSo de facultativos e pharmaceuticos no quadro de saude da provincia


da Grumo portugueza, as graduagoes militares, os vencimentos, promogoes e condecoragoes a que
téem direito estes funecionarios, bem como a sua collocagao e o servigo que Ihes incumbe des-
empenhar, serao reguladas segundo as disposigoes contidas nos decretos de 2 de dezembro de
1869, 24 de novembro e 3 de dezembro de 1874, que tratam do servigo de saude das provincias
ultramarinas.
Art. 4.° A admissao de individuos na companhia de saude da provincia da Guiñé portu-
gueza, as graduagoes militares, promogoes, tempo de servigo obrigatorio, reformas, uniformes e
o servigo das pragas da referida companhia serao reguladas em eonformidade com o que se acha
prescripto no decreto de 27 de agosto de 1874, que se refere ás companhias de saude das pro-
vincias ultramarinas.
Decreto de 3 de junlio de 18S0

Sendo conveniente regular a organisagao dos presidios das differentes provincias ultramari-
nas, paía onde ainda sao mandados degredados a cumprir sentenga, disciplina que ahi deva ser
estabelecida, penas disciplinares que possam ser applicadas, e a forma por que o devam ser: hei
por bem nomear urna commissao composta de Joao Baptista da Silva Ferrao de Carvalho Már-
tens, José Baptista de Audrade, visconde de S. Januario, Diogo Antonio Correia de Sequeira
Pinto, José Joaquim da Silva Guardado, Antonio Henriques Ribeiro de Carvalho e José da Cu-
nha Ega de Azevedo, servindo o primeiro de presidente e o ultimo de secretario, a qual, colliendo
todas as informagoes que julgar necessarias, e em vista dos documentos que pela, secretaria d'es-
tado dos negocios da marinha e ultramar serao postos á sua disposigao,. organise um regulamento
para os referidos presidios, em que se comprehenda todo o seu régimen, disciplina que ali deva
ser estabelecida, penas disciplinares que possam ser applicadas aos presidiados, formalidades e
modo por que o devam ser; e bem assim tudo o mais que Ihe parecer conveniente para que tao
importante assumpto possa ser definitivamente regulado por maneira adequada ás circumstancias
431

das provincias, e em harmonía com os principios de boa adniinistragao que devem reger esta
materia.
Logo que a commissao se tenha desempenhado d'esta importante incumbencia, fará subir á
minha presenca o resultado dos seus trabalhos, acompanhando-o de quaesquer outras indicagoes
que para o mesmo fim Ihe parecerem convenientes.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha entendido
e faga executar.
Na carta de Iei de Vi de junlio de 1880 cneontra-se o seguinte:

Artigo 3.°, § 2.° O official inferior readmittido deixará de perceber a gratificagao corres-
pondente, quando estiver detido no quartel, preso correccionalmente, preso para conselho de
guerra ou cumprindo sentenga.

No regulamento das pracas avulsas a bordo dos navios da marinha de guerra,


e do servico que incumbe aos grumetes destinados ao servico dos officiaes, approyado por decreto
de 25 de junbo de 1880, enconlra-se o seguinte:

Artigo 7.° As pragas avulsas ficaní sujeitas a todas as leis, regulamentos e ordens em vigor
na marinha de guerra, excepto no que respeita a desergoes.
§ único. A praga avulsa, porém, que no porto de Lisboa, ou fóra d'elle, faltar a bordo sem
motivo justificado oito días consecutivos, ou deixar em qualquer porto de seguir viagem no navio
em que estiver embarcada, fica considerada como despedida do servigo, averbando-se no livro
de registo urna nota análoga á que indica o artigo antecedente *.

Na carta de Iei de 30 de jnnlio de 4SS0, encontra-sc o seguinte:


Artigo 2.°, § 2.° Deixarao de perceber as mesmas gratifícagoes 2 os que estiverem detidos
no quartel ou a bordo, presos correccionalmente, presos para conselho de guerra ou cumprindo
sentenga.
Portaría de I-í de setembro de 4880

Sua Magestade El-Rei, conformando-se com a proposta do commandante geral da armada


e com o parecer do consultor junto á direegao geral da marinha: ha por bem determinar que se
dé execugao á portaría de 28 de julho de 1857, a fim de se tornarem permanentes os conselhos
de guerra, sendo os respectrvos vogaes nomeados por escala dos officiaes subalternos desembar-
cados ; isto todos os trimestres, na mesma occasiao e pelo mesmo modo por que sao nomeados o
presidente e o promotor; na intelligencia, porém, de que essas nomeagoes devem ser feitas pelo
referido commandante geral, e de que aos alludidos conselhos incumbe o julgamento de todos os
réus, a que pertencer o foro militar da marinha, salvo o caso de se tornar necessario nomear
conselhos de officiaes para julgarem réus de graduagao superior aos membros dos conselhos per-
manentes.
0 que, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, se communica ao com-
mandante geral da ai-mada, para seu conhecimento e devidos effeitos.

No decreto com forca de Iei de 7 de outnbro de 1880, creando duas companhias para o servico
de policía militar e civil da provincia de Cabo Verde, encontra-sc o seguinte:

Artigo 11.° Os officiaes e pragas de pret sao sujeitos aos regulamentos militares que foreni
ou tiverem sido mandados executar no archipelago.

N'oulro decreto da mesma data, creando duas companhias de policía na provincia de S. Thomc e Principe,
enconlra-se o seguinte:

Artigo 11.° Os officiaes e pragas de pret sao sujeitos aos regulamentos militares que vigo-
arrem no exercito da África occidental.
Art. 12.° Os cabos e soldados das companhias, alem das penas marcadas nos regulamentos

1 Essa nota é de que nao pode tornar a embarcar em navio da marinha de guerra, c o motivo por que.
2 As de readmissao.
432

militares a que se refere o artigo antecedente, podem ser punidos pelas faltas que commetterem
no exercicio de suas funcgoes, com a reducgao de vencimentospor determinado espago de tempo,
que nao exceda a trinta días, ou a expulsíio da respectiva companhia.
§ único. As pragas a quem for imposta a pena de expulsao serao mandadas completar em
algum dos corpos do exercito da África occidental o tempo de servigo que lhes faltar.

Decreto de íKi de novembro de 1880

Usando da auetorisagao concedida ao meu governo pelo artigo 5.° da carta de Iei de 9 de
abril de 1875: hei por bem approvar o regulamento do ministerio publico perante os tribunaes
militares, que faz parte d'este decreto e baixa assignado pelos ministros e secretarios d'estado
dos negocios da guerra, dos negocios ecclesiasticos e de justiga, e dos negocios da mai'inha e
ultramar.
Os mesmos ministros e secretarios d'estado assim o tenham entendido e fagam executar.

Regulamento do ministerio publico nos tribunaes militares

TITULO I
Das ftmecoes do ministerio publico em tempo de paz

CAPITULO I
Dos promotores de justiga ein primeira instancia

SECCAO I

Deveres geraes
Artigo 1.° O promotor de justiga é no conselho de guerra o representante do ministerio pu-
blico, P na secretaria do quartel general da divisao o accessor obrigado do respectivo general
em todos os assumptos de disciplina e de justiga criminal.
Art. 2.° Como agente do ministerio publico cumpre-lhe requerer por escripto nos processos
e verbalmente ñas audiencias tudo o que entender conveniente para o exacto cumprimento das
leis penaes e justa punigao dos criminosos, tendo só em vista a causa da verdade e da justiga.
§ único. IsTo impedimento accidental ou temporario de qualquer dos promotores ñas divisoes
em que baja mais de um conselho de guerra, será o impedido substituido pelo outro.
SECIJAO II

Deveres e attribuicoes espeeiaes como accessores dos generaes das divisoes


Art. 3.° Como accessor do commandante da divisao, cumpre-lhe estudar detida e conscien-
ciosamente todas as questoes submettidas á sua apreciagao e emittir sobre ellas o seu parecer
fundamentado.
Art. 4.° Logo que no quartel general da divisao se receber qualquer auto de corpo de de-
licio, participagao, officio ou processo relativo a assumpto de justiga, será entregue pelo chefe
do estado maior ao promotor que dirigir a repartigfio de justiga.
§ 1.° O promotor, em inforniagao da repartigao, dirá o que se Ihe offerecer sobre o facto de
que se tratar, citando a leí que regular o assumpto, e concluindo por indicar os termos a seguir.
§ 2.° As informagoes, numeradas e assignadas pelo promotor, serao jiintas aos processos
respectivos e entregues ao chefe do estado maior para este as submetter a despacho do general.
Art. 5.° O despacho do general será exarado na informagao de que trata o artigo antece-
dente e por elle assignado, excepto nos casos em que tem de o ser nos proprios autos, nos ter-
mos do código de justiga militar e respectivo regulamento.
§ único. Todas as informagoes da repartigao de justiga serao archivadas por quadrimestres,
pela ordem de numeragao, juntando-se a cada mago um índice das informagoes n'elle contidas,
assignado pelo promotor.
Art. 6.° Os processos, depois de despachados, serao novamente entregues pelo chefe do es-
tada maior ao promotor de justiga, para este preparar o expediente necessário, o qual, depois
de feito e assignado, será diariamente entregue ao secretario da divisao para Ihe dar o destino
competente.
Art. 7.° As attribuigoes de que se trata nos artigos antecedentes sao exercidas pelo pro-
motor que dirigir a repartigao de justiga, qualquer que seja a hierarehia do individuo a que o
processo se referir.
433

§ único. Quando o promotor tiver motivo legal que o inhiba de dar o seu parecer sobre al-
guma questao, nos termos do artigo 123.° do código de justiga militar ou quando for o proprio
oífendido particularmente, será esta estudada e informada por um dos officiaes do estado maior
da divisao, nomeado ad hoo pelo respectivo general.
Art. 8.° Quando o promotor tiver noticia de que na área da divisao a que pertence se com-
metteu algum crime da competencia dos tribunaes militares, de que se nao tenha levantado auto
de corpo de delícto, cumpre-lhe participal-o ao general commandante da divisao para os efteitos
competentes.
Art. 9.° No caso do artigo antecedente ou em crimes de maior gravidade occorridos no
continente, pode o general mandar o promotor de justiga assistir á formagao do corpo de delicto
para requerer, por parte do ministerio publico, todas as diligencias e exames que íbrem neces-
sarios para cabal esclareciniento da verclade.
§ único. Para a execucao d'este artigo devem os cheles responsaveis, indcpendontomente
das diligencias a que lhes cumpre proceder, participar aos geiicraes das divisoes todos os crimes
a que pelo código de justiga militar e penal ordinario corresponderem penas maiores e que íb-
rem da competencia dos tribunaes militares.

Bucglo m

Deveres e attribuicoes especiaos como agentes do ministerio publico


Art. 10." O promotor, apenas rcceber o processo de corpo de delicto com a ordem para a
formagao da culpa, requererá logo os exames e diligencias que julgar necessarias para esclare-
cirnento da verdade, e solicitará directamente das auctoridades competentes as certidSes e docu-
mentos que foreni indispensaveis para a instrucgao do processo e designadamente o certificado
do registo criminal instituido ¡lelo decreto da 7 de novembro de 1872, sempre que no processo
se fizer applicagao do código penal ordinario.
§ único. Para o desempenho d'aquelles deveres poderá o promotor transportar-se ao local
do delicto para colher os esclarecimentos necessarios ou assistir ás diligencias que tiver promo-
vido.
Art. 11.° Ao promotor que, nos termos dos artigos 9." e antecedente, for assistir a alguuia
diligencia tora da sede do conselho de guerra, se passará guia de marcha pelo quartel general,
aboiiando-se-lhe os transportes e subsidios correspondentes, em harmonía com o disposto nos ar-
tigos 8.° do decreto de 26 de dezembro de 1868 e 6.° da carta de leí de 3 de maio de 1878, e
as despezas documentadas que por essa occasiao forera necessarias para cabal desempenho da
commissao.
Art. 12.° Quando o promotor julgue necessario que se proceda a algum exame por peritos
que nao possa ser feito na localidade, ou por falta de peritos competentes, ou por nao haver
n'ella os meios necessarios para a diligencia requerida, ou quando o promotor tiver motivo plausi-
vol para se nao conformar com as declaragoes feitas pelos peritos da localidade, deverá logo pro-
mover que os objectos que devam ser sujeitos ao exame, sejam imniediatamente remettidos para
Lisboa ou para o Porto, a fim de se proceder a elle n'um dos conselhos de guerra permanentes
na 1.a ou 3.a divisao.
§ 1.° Incumbe n'este caso ao promotor do conselho de guerra deprecante promover:
1." Que na remessa dos objectos se empreguem os cuidados necessarios para evitar qual-
quer fraude ou extravio;
2.° Que se lavre auto, assignado por todos os que n'elle intervierem, no qual minuciosa-
mente se descreva o objecto remettido e as condigoes de seguranga em que se envia;
3.° Que o referido auto se junte ao processo, fazendo extrahir copia que enviará ao pro-
motor do conselho de guerra deprecado.
§ 2.° Ao promotor do conselho de guerra deprecado incumbe promover:
1.° Que se verifique se o objecto que teni de ser sujeito ao exame é idénticamente o mesmo
que foi remettido, e se está exactamente ñas condigoes descriptas no auto respectivo;
2.° Que os mesmos objectos fiquem guardados por modo que nao possam ser substituidos,
alterados ou subrahidos, se o exame levar mais de urna sesslo ;
3.° Que de tudo se lavre um auto assignado por todos os que n'elle intervierem, o qual será
registado no livro de que trata o n.u 3.° do artigo 42." do presente regulamento; sendo enviado
o original ao conselho de guerra deprecante, para ser junto ao respectivo processo.
§ 3.° Quando os exames ou diligencias demandaren! qualquer despeza, deverá o promotor
do conselho em que ellas tiverem logar, requisitar do general ordem para que, pelo conselho ad-
ministrativo de qualquer dos corpos da divisao, se Ihe fornegam os fundos necessarios, legali-
sando-sc depois a despeza á face de eonta assignada pelo auditor, promotor e secretario do con-
selho.
434

Art. 13.° As deprecadas, depois de assignadas pelo auditor, seríío pelo secretario entregues
ao promotor de justiga, a fim d'este as enviar ao promotor ou delegado do procurador regio do
conselho ou juizo em que tenham de ser cumpridas.
§ único. Se as deprecadas nao forera devolvidas ao conselho deprecante no praso legal, deve
o promotor instar pelo prompto cumprimento d'ellas, e, se a demora nao for justificada, dar conta
ao general da divisSo, a fim d'este o participar ao ministerio da guerra.
Art. 14.° As deprecadas, alem da direccíio especial ao conselho ou juizo deprecado, devem
ter a clausula de poderem ser cumpridas por quaesquerjusticas, a fim de que o promotor ou de-
legado do conselho ou juizo deprecado as possam remetter directamente jiara o conselho ou juizo
em que devam ter integral cumprimento.
Art. 15.° Quando for nomeado promotor especial, nos termos do artigo 171.° do código de
justiga militar, deve o promotor effectivo seguir attentainente o processo e prestar a quem o sub-
stituir as informagoes necessarias para o exacto cumprimento dos seus deveres.
§ único. O promotor nomeado ad Jioc nao é obligado a seguir as informagoes do promotor
effectivo, devendo, porém, ouvil-o em todos os pontos importantes, e participar á auctoridade
que o tiver nomeado, qualquer resolugao que tome em contrario das informagoes que elle Ihe.
prestar.
Art. lfi.° O promotor, na informagao que tem de prestar ao general, nos termos do artigo
280.° do código de justiga militar, deverá sempre distinguir os factos que constituam crimes dos
que constituam simples infracgSes disciplinares, apreciándoos em relagáo aos outros cumplices
ou contraventores, qualquer que seja a hierarchia militar de uns e outros.
§ único. O general quando a informagao se referir a actos de má adminístragao ou fiscali-
sagao de fundos, depois da süa resolugao, remettel-a-ha ao ministerio da guerra para os effeitos
competentes, acompanhada da copia do seu despacho.
Art. 17." Quando o general ordenar a accusagao de um militar ausente iilegalmerite, o pro-
motor, juntando eertidSo passada pelo commandante do corpo ou pelo chefe do estabelecimento
a que o accusado pertencer, que prove a ausencia illegitima, promoverá que se sobreesteja no
processo até que se effectue a captura ou apresentag?io do ausente, e solicitará logo das auctori-
dades administrativas competentes a captura d'elle.
Art. 18.° Se o general mandar na mesma ordem proceder á accusagao de réus, dos quaes
um ou mais estiverem ausentes ou envolvidos em processo por que devam responder no foro
commum, promoverá o promotor a separagao das culpas dos réus presentes, para estes serení
julgadoSj e procederá a respeito dos ausentes ou dependentes dos tribunaes ordinarios nos ter-
mos do artigo seguinte.
Art. 19.° No caso em que um réu tenha de responder por crimes da competencia dos tri-
bunaes militares, e que ii'elles penda processo, e por crimes communs por que estiver correndo
processo nos tribunaes ordinarios, promoverá o adiamento do julgamento até ser presente o pro-
cesso instaurado peraute as justicas civis.
Art. 20.° Quando constar o f'allecimento de algum individuo em processo nos tribunaes mi-
litares, o promotor requisitará de quem competir o documento comprovativo do óbito para pro-
mover que se julgue extincta a aecusagíio contra o réu fallecido.
§ 1.° Se o processo pender de recurso nos tribunaes superiores, será o documento remet-
tido de ofllcio ao agente do ministerio publico, perante o tribunal em que pender o recurso, a
fim d'este requerer que o processo baixe ao tribunal de 1.a instancia, para que a accusagao se
julgue extincta.
§ 2.° Se o processo ein recurso disser respeito a outros réus, alem do fallecido, somonte
baixará ao tribunal inferior depois de- decidido o recurso com relagao aos outros réus.
Art. 21.° Quando o accusado na sua defeza escripia allegar materia que se dirija a aecusar
directa ou indirectamente os seus superiores, e que nao tenha relagao immediata com os factos
da accusagao, deverá o promotor, logo que d'isso tenha conhecimento, protestar por escripto con-
tra, a defeza apresentada, a fim de se nao mencionaran ñas deprecadas que se expedirem o ar-
tigo ou artigos offensivos da disciplina, e nao serení inquiridas sobre elles, no acto do julgamento,
as testemunhas que depozerem oralmente.
§ 1.° No acto do julgamento, e antes d'elle eomeear, requererá o promotor que o conselho,
nos termos do. artigo 306.° do código de justiga militar, tome conhecimento d'este facto paraim-
posigao da pena correspondente.
§ 2.° N'este caso recairá a discussíío sobre este crime, tanto por parte da accusagao corno
da defeza, formulando-se quesito especial que será considerado na decisao e sentenga.
§ 3.° Prooeder-se-ha similhantemente quando a accusagao do superior for feita na defeza
verbal, deduzida em audiencia.
Art. 22.° O promotor, tanto para a formagao da culpa como no acto de accusagao, deverá
conformar-se com a ordem do general pelo que respeita ao crime ou crimes e á incriminagSo por
elle feita.
435

§ único. Tanto o relatorio para á formagao da culpa como o acto accusatorio, deverao ser
redigidos por forma que os crimes se exponham separadamente com todos os factos elementares
que essencialmente os constituem, mencionando logo as circumstancias aggravantes e attenuan-
tes que constarem do processo.
Art. 23.° O promotor, depois de findos os interrogatorios, poderá, obtida venia do presi-
dente, dirigir ao accusado as perguntas que entender convenientes ao descobrimento da Verdade,
sobre pontos a que elle nao tiver aínda respondido.
Art. 24.° O promotor, ñas allegagoes oraes, deverá sempre dirigir-se ao conselho, expondo
methodica, imparcial e precisamente os factos da accusagao com todas as circumstanciasfavora-
veis ou desfavoraveis ao accusado, as provas, e concluindo por indicar a Iei oífendida.
§ único. Na replica, quando deva ter logar, reduzir-se-ha a combater os argumentos da
defeza, sem faltar por qualquer modo á consideragSo pessoal do defensor.
Art. 25.° O promotor, logo depois do julgamento de qualquer processo, participará official-
mente ao general da divisao o resultado d'elle, declarando se houVe ounao recurso interposto na
audiencia.
Art. 26.° No caso em que o réu condemnado tenha de ser privado da medalha militar, nos
termos do capitulo ni do regulamento de 17 de maio de 1869, no requerimento para execucao
s da sentenga, que deve ser exarado nos autos, requererá o promotor a execucao do § único do
artigo 26.° d'aquelle regulamento.
Art. 27.° Em todos os processos findos, antes de archivados, fará o promotor laVrar tim
termo de encerramento, em que se especifique o numeiú de folhas que contiver, que será assi-
gnado pelo mesmo promotor.
§ único. N'aquelles em que tiver havido exautoragao, exigirá que o secretario, antes do
termo de encerramento, certifique no processo o dia, mez e anno em que ella teve logar, e de
como se cumprirám as formalidades da Iei e do regulamento.
Art. 28.° Em todos os casos em que se verificar que os objectos apprehendidos ao criminoso
Ihe nao pertencem, nías sim a terceiro, o pronioter procederá á entrega d'esses objectos a quem
de direito for, por um termo nos autos.
§ único. No caso de terem sido apprehendidas ao réu algumas armas, fará que as mesmas
sejam entregues no arsenal ou deposito de armamentos, mediante guia em duplicado, urna das
quaes voltará com o recibo para ser junta ao processo.
Art. 29.° Nos casos em que o poder moderador usar da faculdade que Ihe confere o § 7.°
do artigo 74.° da carta constitucional da monarchia, o promotor, logo que Ihe for presente a or-
dem do exercito com a resolugao d'elle, fará extrahir pelo secretario copia authentica com rela-
gao a cada réu, e com ella requererá no respectivo processo que o tribunal reúna extraordina-
riamente e se julgue o indulto por conforme á culpa nos precisos termos d'elle.
§ único. Similhantementeprocederá o promotor nos casos de amnistía concedida por aquelle
poder.
Art. 30.° O promotor nao está subordinado aos juizes, quaesquer que sejam as respectivas
graduagoes, nao podendo estes por isso dirigir-lhe censuras, reprehensoes ou advertencias, ver-
baes ou por cscripto, ncm impor-lhe penas disciplinares.
§ único. Quando o promotor infringir os deveres militares ou proceder de forma que me-
noscabe a honra e dignidade do cargo que exerce, o presidente do tribunal dará parte circums-
tanciada ao respectivo general da divisao, a fim d'elle proceder como for de justiga.

SEC<?AO IV

Deveres e attribuicoes especiaes como auxiliares do registo criminal


Art. 31.° Ao promotor de justiga compete verificar que sejam regularmente enviados ao
juizo da comarca da naturalidacle de cada réu os boletins destinados a servir de elemento ao re-
gisto criminal civil, os quaes serao extrahidos dos processos em que se fizer applicagao do có-
digo penal ordinario ou de disposigoes do código de justiga militar igualmente previstas n'a-
quelle código.
§ 1.° Os individuos que tiverem sido admittidos nos hospicios ou rodas reputam-se nascidos
na comarca onde existirem os estabelecimentos em que foram recolhidos.
§ 2.° Os boletins relativos a portuguezes nascidos no estrangeiro ou ñas colonias, a estran-
geiros, ou a estrangeiros naturalisados, a individuos de naturalidade desconhecida ou duvidosa,
que forem condemnados na 2.a e 3.a divisoes militares, serao remettidos á secretaria da relagao
do Porto; os que forem condemnados na 1.a e 4.a divisoes á secretaria da relagao de Lisboa,
com excopgao dos que pertencerem a corpos da 5.a divisao militar, que serlo enviados á secre-
taria da relagao de Ponía Delgada.
Arl. 32.° Nos boletins senio indicadas, por extracto, as seguintes decisoes:
430

1.° Despacho do general da divisSo, mandando responder a conselho de guerra;


2.° Sentenga de condemnacao em conselho do guerra passada em julgado;
3.° Accordao do tribunal superior de guerra e marinha, confirmatorio de sentenga de 1.a in-
stancia ;
4.° Sentenga que applique amnistía, perdao, commufacao ou díminuigao de pena.
Art. 33.° Os boletins, de papel almago, contento as indicacoes impressas, com a forma e
dimensoes designadas rio modelo A, e deverao conter os seguintes esclarecimentos:
1.° O Home da pessoa a que o boletim diga respeito, e alcunhas, tendo-as;
2.° Os nonies dos paes, indicando-se se sao vivos ou mortos;
3.° O diaj mez e anuo do nascimento;
4." O logar do nascimento, com designacao de freguezia, concelho e districto, e o ultimo
domicilio;
ó." Estado;
6.° Profissao anterior ao alistaniento militar, posto, números, companhia e corpo, na data
do crime;
7.° Signaes característicos;
i
8.° Extracto das decisoes a que se refere o artigo anterior.
Art. 34.° Verificada qualquer das decisoes mencionadas no artigo 32.°, o promotor de jus-
i
tica fará com que o secretario organise e remetta ao seu destino o respectivo boletim, rubricado v
pelo auditor, e datado e assignado por elle secretario.
§. único. Os boletins serao simplesmente acompaiihados de urna nota de remessa (modelo B),
a qual será devolvida, com nota.de recepcao competentemente assignada, para ser junta ao pro-
cesso a que respeitar.
Art. 35.° Quando qualquer decisíío ou julgamento comprehender mais de mn individuo, de-
verao ser organisados boletins separados, mencionando-se em cada um d'elles ós nomes dos ou-
tros- co-réus e os logares do seu nascimento.
Art. 36.° Verificando-se, durante o processo ou depois do julgamento, nao ser exacta a de-
claracao do accusado, em relagao ao logar do seu nascimento, o secretario lángara no boletim,
ao lado da naturalidade, a nota de duvidosa, e o enviará ao registo estabelecido na respectiva
relagao.
§ único. Se posteriormente se conhecer o verdadeiro logar da naturalidade, será o boletim
remettido a quem competir, com a necessaria declaragao.
Art. 37.° Enviado qualquer boletim ao registo competente, e conhecendo-se posteriormente
que o individuo a que respeita deu o nome supposto, organisar-se-ha outro boletim com o verda-
deiro noinej para ser archivado, langando-se n'elle a necessaria nota de referencia.

SEC(,:AO V

Deveres e attribuicoes especiaes como inspectores do archivo


Art. 38." Ao promotor, como inspector do archivo do tribunal, dos registos e expediente,
nos termos do n.° 3.° do artigo 154.° do código de justiga militar, cumpre-lhe vigiar que o se-
cretario desempenhe os deveres jwescriptos pelos artigos 159." e 173.° do mesmo código, e exi-
gir d'elle:
1.° Que tenha, sob a sua guarda, os processos pendentes, durante o tempo que estiverem
na secretaria esperando os termos a seguir, e Ihe dé o respectivo andamento logo que findem os
prasos legaes e as diligencias de que dependerem;
2.° Que lavre no processo os termos de data, conelusao, entrega e juntada, com o dia, mez
e auno, por extenso, em que esses actos tiverem logar;
3.° Que certifique nos processos ter ou nao effectuado as intimagoes ordenadas na leí e as
diligencias mandadas superiormente, declarando o motivo por que o nao fez, dada esta hypo-
thes'e;
4.° Que na casa, estado do processo^ do livro modelo n.° 3, de que trata o regulamento
de 21 de julho de 1875 (ordem do exercito n.° 19), so especifiquen! todos os termos que seguir
o processo, com as respectivas datas d'esses termos e da expedigao de deprecadas, com declara-
gfto da auctoridade a quem forem dirigidas e prasos marcados;
5.° Que todos os livros da secretaria e promotoria estejam escripturados em boa ordem e
em dia;
6.° Que extrahia e entregue com promptidao as certidoes e copias que Ihe forem ordenadas
pelo promotor, quer por acto propino d'este, quer a requisigao do defensor, quer a requerimento
da parte;
7.° Que Ihe participe qualquer falta ou omissao dos empregados da secretaria, a fim de se
providenciar;
437

8.° Que Ihe entregue os mappas e elementos que forem necessarios para a formagao da es-
tadística criminal e judicial militar.
Art. 39.° O promotor de justiga é obrigado a satisfacer a todas as requisigoes do servigo
publico que Ihe forem feitas por qualquer auctoridade publica, civil ou militar, e pode reclamar
d'ellas a satisfagao das que Ihe dirigir no interesse do mesmo servigo.

8ECÍJAO VI

Deveres e attribuicoes especiaes como officiaes da estalistica


Art. 40.° O promotor de justiga, em vista dos elementos forneeidos pelo secretario do res-
pectivo conselho, formará o mappa da estatistica criminal, conforme o modelo C, e o do movi-
mento dos processos conforme o modelo D, referidos ao anuo civil anterior.
Art. 41.° Estes mappas, acompanhados de um relatorio do servico do tribunal, feito pelo
promotor, serao enviados ao respectivo general commandante da divisao até ao ultimo dia de
Janeiro de cada auno.
§ 1.° No respectivo relatorio indicará o promotor as duvidas que no tribunal se tiverem
suscitado sobre a intelligencia das leis criminaes e de processo, e as alteragoes que entender
convenientes para se melhorar a legislacao.
§ 2.° Tanto os mappas como os relatorios serao pelos generaes enviados á 5.a repartigao da
secretaria d'estado dos negocios da guerra, acompanhados das reflexoes que os generaes enten-
derem opportuno fazer sobre o relatorio do promotor e mappas da estatistica criminal e do mo-
vimento dos processos.
CAPITULO n
Dos livros e rog-istps

SECCAO ÚNICA

Art. 42.° Alem dos livros e registos determinados no artigo 3.° do regulamento de 21 de
julho de 1875, haverá, em cada promotoria, mais os seguintes:
.
1.° Registo das informagoes dadas nos termos do artigo 16." do presente regulamento;
2.° Registo disciplinar dos empregados da secretaria do conselho de guerra;
3.° Registo das diligencias effectuadas por via de deprecadas recebidas de outros con-
selhos.
§ único. A estes livros é applicavel o disposto no § único-do artigo 3.° do regulamento su-
pracitado.
CAPITULO ni
no promotor Se justiga no tribunal superior <Se guerra e marmlia

SECCAO ÚNICA

Deveres e attribuicoes geraes e especiaes


Art. 43." O promotor de justiga militar, perante o tribunal superior de guerra e marinha,
alem do que está disposto no artigo 169." do código de justiga militar, regular-se-ha pelas dispo-
sigoes dos artigos antecedentes em tudo quanto possa ser-lhe applicavel, attenta a Índole do tri-
bunal junto do qual funcciona.
Art. 44.° Na hypothese prevista nos artigos 410.° e 411.° do código de justiga militar, a no-
ticia dada no tribunal pelo promotor de justiga, será feita em forma de promogao ou requeri-
mento, desenvolvendo os factos com todas as circumstancias, cdncluindo por pedir a suspensao
das sentengas inconciliaveis, e que se passem as. ordens competentes para os processos subirem
ao tribunal.
§ único. Alem d'esta promogao, o promotor, na sessao plena do tribunal, allegará oralmente
o que for de direito em face dos processos.
Art. 45.° Similhantemente procederá o promotor do tribunal superior de guerra e marinha
na hypothese do artigo 112.° do código de justiga militar.
Art. 46.° Quando por effeito de recurso for annullado qualquer processo e mandado julgar
em tribunal diverso d'aquelle que subiu, dará conhecimento d'isso ao promotor do conselho de
guerra de que se recorreu para se fazerem os averbamentos no livro competente.
438

TITULO II
Das funcgoes do ministerio publico em tempo de guerra

CAPITULO i

Dos promotores de justica em primeira instancia


Art. 47.° O promotor de justiga nos conselhos de guerra das divisoes que operarem inde-
pendentes, compozerem exereitos de operagoes ou forem creados ñas pragas ou fortificagoes in-
vestidas, sitiadas oU bloqueadas, é o representante do ministerio publico, e no quartel general
da mesma divisao ou lio governo oü comniando das pragas e fortificagoes o accessor obrigado do
respectivo general, governador ou commandante ern todos os assumptos de disciplina e de justiga
criminal.
§ único. No conselho de guerra que funeeionar no quartel general do exercito, o promotor
de justiga, nomeado dd lioc, é únicamente o representante do ministerio publico.
Art. 18.° O promotor de justiga no conselho de guerra divisionario nao aceumula éste ser-
vigo com qualquer oútro de commando dé tropas; ficando addido ao respectivo quartel general.
Art. 49." Nos conselhos de guerra creados em pragas ou forticagoes investidas, sitiadas ou
bíóqüadas, o promotor de justiga, nomeado pelo respectivo governador óu Commandante snpezior,
será tinado de entre todos os officiaes de qualquer situagao que fizerem parte da divisao ou co-
lumna, oú résidirém. na praca ou fortificacao, mas nSo poderá accumnlar esse servigo com o de
commando de tropas*
.

CAPITULO II
Déveres e attribuigoos especiaes como aeeessores dos generaes e agentes do ministerio publico
Art. 50.° As disposigoes que no titulo i do presente regulamento se contéem, com respeito
aos deveres e attribuigoes especiaes que competem aos promotores de justiga, quer como aeees-
sores dos generaes, quer corno agentes do ministerio publico, serlo, quanto possivel, observadas
em tempo de guerra.
439

MODELO A
Uoletini cío registo criminnl
Letra
i i

Nomé.
Filiacao ....,
Naturalidade. ..
Ultimo domicilio
Data do nascimento
Estado. ... ¿....... •:

Profissao
,

Signa.es característicos Extracto da decisao


Altura
Kosto
Coi-

Cabello
Ollios - • x
(Data.)
Nariz
(Rubrica do auditor.)
Boca
(Assignatura do secretario.)
Barba j
i
e Signaesparticulares

I
• .

Observagao.— Este boletim tera 0"',24 de altura e 0"',17 de largura.

MODELO B

0 abaixo assignado remette ao registo cstabelecldo ...


para ser devidamente archivado e elassificado o boletim relativo ao réu ...
natural de ...
Em
... de ... de 18.... O secretario,
F...

*é Eecebi o boletim supra mencionado, em ... de ... de 18...


y O escrivao,
1 F...
Olscrvaqao.— Este boletim tera 0m,2d de altura e 0,m37 de largura.
441
440

LO C

I„
MODE
nenie na . . . divisao militar
Conselho ele guerra perma
Estatistica dos réus julgados no anno judicial de 18... a 18...

Occupáeao
. ,.. ^
3satuialidade Idadc Penas emque foraiu
Tempode servico I .„
Applicacaohttei-ana
_ ,. . (por distrietos) antea
d„
XT. c- - Estado
Naturezada
i ñliacao T..- > n0 dia do crime Local
T do crime
. condemnados
«
Gíáduáfioes „
Coi'pós Crimes
~. „ ... . de
Quahdade . praca n0 d^¿¿0 crjme I alistamento
— .—- , — — *•— - -- - II o <= S \
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Absolvidos.... I
Condemnados.. r
i ^- ; 1 .'.'
Fromotoria do conselhode guerra permanente/ 1 de outubro de 18. I
.. ¡m O promotor,
442

MODELO D
Oonseltio d.e guerra permanente na . . . divisSo militar
Mappa do movimento dos processos submettidos a julgamento desde o 1.° de Janeiro
até 31 de dezembro de 18 . . .

Entrados Jnlgados

Em que nfio Em ijue


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Existiam em 31 de dezembro
Janeiro. •
Fevereiro.
Mareo
Abril

Somma

Promotoria do conselho de guerra permanente, 31 de dezembro de 18..


.
O promotor,
F...
1881
Portaría de 22 de fevereiro de 1881

Sua MagestadeEl-Rei ha por bem nomear urna eommiss?io, composta do capitao de fragata
Manuel Joaquim Ferreira Marques, do auditor geral da marinha José da Cimba Eca Azevedo e
do primeiro tenente Pedro Gfuilherme dos Santos Diniz, devendo o primeiro servir de presidente
e o ultimo de secretario, a fim de formular um projecto de regulamento disciplinar para a ar-
mada.
O que, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, se communica ao dire-
ctor geral da marinha, para seu conhecimente e devidos efl'eitos i.

No rcjjulamciiüi provisorio da escola c servico de torpedos, approvado por portaría de -lí> de abril de ISS1,
encontra-sc o scpiuie:

Artigo 30.° Todas as leis e regulamentos de disciplina do exercito serSo applicavéis ás pra-
cas da companhia (de torpedeiros).
§ 1.° As pracas nao graduadas á poderao ser applicadas as correccoes de baixa da classe e

1 Esta commissao foi dissolvida por portaría de 24 de novembro de 1883, c por outra portaría da mesma
data foi nomeada, para o indicado fim, a commissao eomposta do capitíio de mar e guerra Thomás José de Sousa
Soares de Andrea, que serviría de presidente, do capitao de fragata Kodrigo Augusto Teixeira Pinba e do au-
ditor geral da marinlia José da Cunha Eca Azevedo.
Esta ultima commissao foi reorganisada pela portaría de 18 de maio de 1888, ficando assim constituida:
presidente, capitao de mar c guerra Rodrigo Augusto Teixeira Pinlia, vogaes, capitao de mar e guerra Alvaro
Antonio Marciano da Silva, capitao de fragata Fernando Augusto da Costa Cabra! e auditor da marinha Carlos
Augusto Yellen Caldeira Castello Branco, e secretario o primeiro tenente Demetrio Cinatti.
~ As piacas nao graduadas sito torpedeiros de 1.a c 2.° classes.
443

de perda de vencimento, a primeira temporaria, ou indefinidamente e a segunda até quinze días


em cada mez; as penas de baixa de classe por quinze dias e de perda de vencimento até seis
dias poderlo ser impostas pelo official da companhia; as penas excedendo a estas só poderao ser
impostas pelo director.
§ 3.° As perdas de vencimento a que se refere o § 1.° revertem a favor do rancho das
pragas.
Decreto com forca de Iei de 2a de oulubro de 1881

Nao podendo actualmente, em consequenciada ultima organisacao da forca publica da pro-


vincia de S. Thomé e Principe, decretada em 7 de outubro de 1880, dar-se execucao ás dispo-
sigoes dos decretos de 25 de julho de 1865, que designam a referida provincia para ahi comple-
taren! o seu tempo de servico as pracas da guarnieao de Angola sentenciadas como dese.rtoras
ou incorrigiveis;
Attendendo ao que me representou o governador geral da mesma provincia de Angola,
sobre a urgencia de se providenciar a tal respeito;
Tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o conselho de ministros ;
Usando da auctorisacao conferida ao governo pelo § 1.° do artigo 15.° do acto addicional á
carta constitucional da monarchia:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° As pracas da guarnieao da provincia de Angola, condemnadas pelo conselho de
disciplina como desertoras ou incorrigiveis a servir eni outra provincia ultramarina^ irao com-
pletar na da Guiñé portugueza o tempo de servico a que forem obrigadas.
Art. 2.a Fica revogada a legisla.gao em contrario.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faca executar
Decreto de 27 de dezembro de '1881

Tomando em consideraeao. o relatorio do ministro e secretario d'estado dos negocios da


marinha e ultramar;
Tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o conselho de ministros;
Usando da auctorisacao, conferida pelo § 1.° do artigo 15.° do acto addicional á carta con-
stitucional da monarchia:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E approvado o regulamento para os presidios no ultramar, que baixa assigado
pelo ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar e que faz parte do pre-
sente decreto.
Art. 2.° Fica revogada a legislacao em contrario.
O ministro e secretario d'estado assim o tenha entendido e faga executar.

ncplanienlo para os presidios do ultramar

TITULO ÚNICO
Dos depósitos penaes
CAPITÜIJO I
Da naturaza e fins dos depósitos ponaes
Artigo 1.° Sao estabelecidos dois depósitos geraes de condemnados, um ñas possessoes da
África oriental, outro ñas da África occidental.
§ único. Alem d'estes depósitos poderao ser estabelecidos outros, ou geraes ou subalternos,
quando as conveniencias publicas ou das mesmas possessoes os tornem necessarios.
Art. 2." O fim dos depósitos penaes é recolher os condemnados a trabamos públicos e a
degredo, que da metropole e de outras possessoes forem mandados para a respectiva provincia,
e sujeital-os a um régimen que os policie, moralise e torne uteis a si e á sociedade.
Art. 3.° Os depósitos geraes ou subalternos serao estabelecidos ñas fortalezas ou terrenos
do estado que forem mais salubres, e que pelas suas condigoes se prestem ao exercicio das in-
dustrias agrícola e fabril, a que os condemnados se devem dedicar conforme as suas aptidoes.
Art. 4.° Nos depósitos geraes, e nos subalternos se for possivel, llavera urna escola de
mstruegao primaria para os condemnados e seus filhos.
§ único. As horas de instruegao sao diversas para os condemnados e para os lilhos d'elles.
444

Art. 5.° Haverá tambein nos depósitos urna capella, ou logar que a possa supprir, ou pelo
menos um altar volante, para nos domingos e dias santificados se celebrar o sacrificio da missa.
§ único. Ñas localidades em que houver igrejas próximo poderao os condemnados, que nao
estiverem presos, ir assistir á respectiva missa debaixo de forma, quando nao haja inconveniente
para a sua guarda e seguranga.
Art. 6.° Os depósitos dos condemnados serao para todos os effeitos consideradosestabeleci-
mentos militares, e regidos, em tudo o que nao for aqui especialmente decretado, pelas leis e
regulamentos militares em vigor no ultramar.

CAPITULO II
Da organisagao e divisao dos depósitos
Art. 7." Os depósitos geraes serao divididos em duas classes ou seccoes, urna para os con-
demnados a trabamos públicos, outra para os condemnados a simples degredo.
§ único. Proceder-se-ha do mesmo modo nos depósitos subalternos sempre que for possivel.
Art. 8.° Cada classe será dividida em companhias, composta cada urna de quarenta e oito
condemnados.
§ único. Cada companhia será dividida em esquadras, composta cada urna de doze conde-
mnados.
Art. 9.° As duas classes ou secgoes em que os depósitos sao divididos serSo, quanto possi-
vel, separadas urna da outra, a fim de que haja completa distinccao entre os condemnados a
.
trabalhos públicos e os condemnados a simples degredo.

CAPITULO III
Do governo e pessoal dos depósitos
Art. 10.° Os depósitos geraes estío immediatamente subordinados ao governador da pro-
vincia, que n'elles exercerá a suprema auctoridade e inspecgao, e por elles é respoiisavel para
com o governo da metropole.
§ único. Os depósitos subalternos estao ¡inmediatamente sujeitos ao commandante do depo-
sito geral, de que forem dependencia, e por elles é o mesmo commandante responsavel para com
o governador da provincia.
Art. 11.° O pessoal dos depósitos geraes será composto:
1.° De um commandante, com a patente de capitao pelo menos;
2.°De um sub-conimandante, com a patente de tenente;
3.°De um secretario, com a patente de alferes;
4.°De um capellao, que será tambem o professor;
5.°Dos comniandantes de companhia, que serao primeiros sargentos, ou segundos na falta
d'aquelles;
6.° Dos commandantes das esquadras;
7.° Dos mestres de officios o directores de trabalhos agrícolas;
8.° De dois corneteiros.
§ 1.° Os officiaes e sargentos de que tratam os n.os 1.°, 2.°, 3." c 5.° seríío tirados do exer-
cito do reino ou do ultramar, em actividade ou reformados, que mais aptos forem para o desem-
penho do servigo que ihes é commettido.
§ 2.° Os commandantes das esquadras, mestres de officios, directores de trabalhos agrícolas
e os corneteiros serao tirados d'entre os degredados simples que forem mais morigerados e aptos
para tal .servigo.
§ 3.° Quando entre os degredados nfio haja individuos aptos para mestres do officios, dire-
ctores de trabalhos agrícolas e corneteiros, serao contratados individuos competentes, com quem'
se ajuste o servigo e retribuicSo.
Art. 12.° A nomeacao e destituigao do commandante, sub-commandante, secretario e capel-
lao é da exclusiva competencia do governador da. provincia; o resto do pessoal é livreinente
escolhido e destituido pelo commandante do deposito, como for mais conveniente ao servico.
Art. 13.° O commandante, sub-commandante, secretario e commandantes de companhia,
alem do soldó e gratificagao que forem correspondentesás suas patentes, terao urna gratificagao,
paga pelo cofre do deposito, que for arbitrada pelo governador da provincia, nunca excedente a
25 por ceuto do respectivo soldó.
§ único. O vencimento do capellao será regulado pelo dos capcllaes militares de primeira
classe.
Art. 14.° Os condemnados que desempenharem as funegoes mencionadas no § 2.° do ar-
tigo 11.° receberSo, alem do jornal, urna gratificagao arbitrada pelo commandante do deposito,
nunca excedente a 25 por cento do respectivo jornal.
445

Art. 15.° Os condemnados que, por seu niau procedimento ou falta de boa direccao dos
trabalhos de que forem encarregados, se tornarem indignos de continuar á testa dos servigos,
voltarao á antiga posicao de simples operarios ou trabalhadores.
Art. 16.° A gerencia administrativa e policial do deposito é da exclusiva competencia do
commandante, pela qual é responsável para com o governador da provincia, ficando-lhe para isso
subordinado o resto do pessoal.
CAPITULO IV

Dos condemnados em geral


Art. 17.° Todo o condemnado a trabalhos públicos ou a simples degredo, qualquer que for
a sua condigao, logo que seja presente ao governo da provincia, dar-se-lhe4ia guia de marcha
¡jara o deposito que Ihe for designado pelo governador, para com ella se apresentar no deposito.
§ único. A guia contera todos os dizeres que constaren! da guia de condémnagao, e os si-
gnaes característicos para se reconliecer a sua identidade; e, sendo possivel^ será aconipanhada
da photographia do condemnado.
Art. 18.° Apresentado o condemnado no deposito com a respectiva guia, assentar-se-lhe-ha
praga no livro de registo do deposito, tomará um numero de matricula que Ihe competir, e desde
esse momento fica sujeito a todas as leis e regulamentos por que se reger o deposito, nos termos
d'este regulamento.
Art. 19.° Todos os condemnados, qualquer que for a sua condigao, que residireni nos de-
pósitos, e forem por elles vestidos e alimentados, prestarlo dentro e fóra dos depósitos o servigo
militar, e o trabalho industrial ou servigal para que forem aptos e estiver em relagao com a sua
idade e forgas physicas.
§ único. Os condemnados que residirem nos depósitos, ainda que nao sejám por elles vestí-'
dos e alimentados, prestarlo o servigo militar compativel com as suas forgas e idade.
Art. 20.° Os condemnados que nao residirem nos depósitos, por estarem estabelecidos ou.
assoldadados, serao, em caso de extrema necessidade para seguranga da provincia, obrigados a
prestar o servigo militar conjunctamente com as forgas que marcharen! dos depósitos.
Art. 21.° Todos os condemnados, qualquer que seja a Sua coudigSo, emquanto durar o cum-
primento da pena, usarao de um uniforme que os distinga dos cidadáos livres, quer estéjain re-
colhidos no deposito, quer estabelecidos ou assoldadados, sendo o mesmo- uniforme fornecido na
primeira hypothese pelo deposito, na segunda pelo proprio condemnado, na terceira pelo patrao.
§ 1.° 0 uniforme dos condemnados a trabalhos públicos será diverso do dos condemnados
a simples degredo; e o d'estes tambem diverso conforme a situagao em que se acharem, se re-
colhidos nos depósitos, estabelecidos sobre si ou assoldadados.
§ 2.° Aos condemnados que residirem fóra do deposito poderá o governador conceder dis-
pensa de usar uniforme, quando pelo seu comportamento, attestado pelo commandante do depo-
sito, se tornera, dignos d'esta concessao.
Art. 22.° O servigo militar será prestado ou no deposito, ou fóra d'elle em companhias,
commandadas pelos officiaes que para isso forem escollados pelo governador. Estas companhias
sementé em caso de extrema necessidade poderao eneorporar-se nos eorpos de tropa regular.
Art. 23.° O servigo agrícola pode ser prestado ou nos terrenos do estado, ou nos dos par-
ticulares, que o reclamaren!, mediante a remuneracao ajustada entre o proprietarío e o comman-
dante do deposito em harmonía com o salario dos trabalhadores livres.
§ único. As levas ou ranchos dos trabalhadores serao sempre acompanhadas pelos comman-
dantes das esquadras e companhias que forem necessarios ¡Dará os eonterem e guardarem.
Art. 24.° O servico industrial será prestado ñas offieinas e edificios do estado, ou dos parti-
culares, pela forma do artigo antecedente.
Art. 25.° Aos condemnados que prestarem servico militar será dado pret igual ao das pra-
gas do exercito; e aos que prestarem servigo nos terrenos, fabricas, ofiicinas e edificios do es-
tado será dado jornal igual ao que commummente receberem os trabalhadores communs de igual
classe e categoría.
CAPITULO v

Dos condemnados a trabalhos públicos


Art. 26.° Os condemnados a trabalhos públicos serao empregados nos trabalhos mais pesa-
dos, nos termos dos artigos 33." e 72.° do código penal.
§ único. Poderao ser dispensados de trazer corrente de forro os condemnados que se em-
pregarem nos trabalhos agrícolas, e aquelles que, pelo seu exemplar comportamento e dedicagao
ao trabalho, se mostrarem dignos de Ibes ser feita esta concessao pelo governador da provincia,
sob proposta do respectivo commandante.
446

Art. 27.° Os condemnados a trabalhos públicos só deverSo prestar servigo militar em cir-
cumstancias muito extraordinarias, e sómente saírao dos depósitos para se empregarem nos tra-
balhos que Ibes forem indicados, recolhendo aos depósitos no fim dos trabalhos.
Art. 28.° Os condemnados a trabalhos públicos nao terao direito a remuneragao algunia
pelo trabalho que fizerem durante as horas em que o teeni de prestar por efíeito da pena em
que foram condemnados.
Art. 29.° Podom, porém, ser-lhes dados no fim do anno premios ¡pecuniarios pelo exemplar
comportamento durante elle, e pela actividade que desenvolverem no servigo que fizerem de
obrigagao.
CAPITULO VI

Dos condemnados a simples degredo


Art. 30." Os condemnados na pena de degredo, emquanto residirem nos depósitos, e em
compensacao do vestuario e alimentagao, serao obrigados a prestar o servigo que Ibes for orde-
nado, conforme o disposto no artigo 19.°
Art. 31.° Quando o servico for retribuido por terceiros, pertencerá um tergo da retribuigao
ao condemnado e dois tergos ao cofre do deposito, excepto se o condemnado nao for alimentado
pelo deposito, porque, em tal caso, pertencer-lhe-hao dois tergos da retribuigao e um ao cofre do
deposito.
§ único. Proceder-se-ha do mesmo modo quando o servigo nao for retribuido por terceiros,
mas prestado nos terrenos e ofiicinas do estado ou do deposito, concedendo-se a retribuigao nos
termos do artigo 25.°
Art. 32.° Os degredados simples poderfio deixar de residir no deposito para se empregarem
pessoalmente em qualquer industria ou servigo particular, quando dois cidadaos estabelecidos na
provincia se responsabilisem pelo seu comportamento, assignando um termo de responsabilidade
perante o commandante do deposito geral a que o condemnado pertenga.
§ 1.° Ser-lhe-ha dada n'este caso urna guia para Ihe servir de titulo de residencia livre.
§ 2.° Esta guia ou salvo conducto será apresentada pelo condemnado pessoalmenteá aucto-
ridade administrativa da residencia que escolher, ou para onde transferir a anterior, e todas as
vezes que ella exigir a apresentagab.
§ 3.° A responsabilidade dos abonadores tem por fim garantir a presenga do degredado na
provincia, e o pagamento de quaesquer penas pecuniarias que Ihe forem impostas.
§ 4.° No caso do degredado se evadir da colonia, alem da pena em que pessoalmente in-
correr, ficam os abonadores obrigados in solidum a pagar para o cofre do deposito a multa de
1$000 réis por cada dia que o condemnado estiver ausente, nunca, porém, excedente á quantia
total de 500¡$000 réis. A multa ficará reduzida a metade logo qué o condemnado for apresentado
no deposito, recebendo os abomidores o que a mais tiverem pago.
§ 5." A responsabilidade dos abonadores cessa dé futuro logo que estes apresentem b degre-
dado no deposito, ou este volte ao deposito voluntariamente.
§ 6.° Fallecendo ambos os abonadores, voltará o degredado ao deposito até que aprésente
npvos abonadores; fallecendo um só, poderá o que restar apresentar o degredado no depósito
para ser recolhido até prestar outro abonador.
Art. 33.° Qualquer degredado poderá assoldadar-se a terceiro, e n'este caso a pessoa que
o tomar ao seu servigo assignará um contrato de loeacao de servicos perante o commandante do
deposito, no qual tomará a responsabilidade de abonador, nos termos do artigo antecedente, e °e
estabelecerao as condigoes da locagao segundo o direito civil.
§ único. Será dado ao degredado um salvo conducto para Ihe servir de titulo de residencia
fóra do deposito, o qual apresentará pessoalmente á auctoridade do logar para onde for-servir,
e nos periodos que a mesma auctoridade Ihe indicar.
Art. 34.° Os degredados pelo facto de residirem fóra do deposito, quer como estabelecidos
sobre si, quer como colonos ou assoldadados, nao deixam de pertencer ao deposito, devendo con-
siderar-se como licenciados, e sujeitos ás leis e regulamentos por que se rege o deposito, e á vi-
gilancia da auctoridade policial
§ único. Exceptua-se a deducgao de vencimentos, de que trata o artigo 31.°, pertencendo
os ganhos e remuneragao toda inteira ao condemnado.

CAPITULO Vil

Punicao dos crimes o contraveneoes commettidaEpelos condemnados portencentos aos depósitos


Art. 35.° Tanto os condemnados a trabalhos públicos, como os simples degredados assen-
tados nos depósitos, qualquer que seja a sua posigao fóra d'elles, ficam sujeitos, pelos crimes e
•Í47

contravengoes que commetterem, ás leis penaes, regulamentos disciplinares e tribunaes a que


estiverem sujeitos os militares da provincia.
§ único. A forma do processo será a mesma do foro militar.
Art. 36.° Aos condemnados a trabalhos públicos que commetterem novos crimes no depo-
sito nao poderá ser outorgada a dispensa de trazer oorrente, e cessará a concessao anterior se a
tiver havido.
§ único. Exceptuam-se os casos em que o condemnado é isento de trazer corrente pelo dis-
posto no artigo 72.° do código penal.
Art. 37." As contravengoes dos regulamentos políciaes e de servico dos depósitos serao
punidas com' algumas das penas seguintes:
1.° Prísao de um a trinta dias, com isolamento ou sem elle;
2.° Privagao do uso de tabaco e de bebidas aleoolicas de um a trinta dias;
3.° Privaclo de saír do deposito de um a trinta dias:
4.° Multa até á quantia de 10$000 réis para o cofre do deposito.
Art. 38.° Estas penas nao poderao accumular-se pela mesma contravencSo; serao graduadas
conforme a importancia e natureza das faltas, e impostas por um conselho disciplinar, composto
do commandante, sub-commandante e secretario, em processo verbal e summario, que apenas
consistirá na parte dada pelo superior, e n'uina acta assignada pelo conselho, em que se resuma
a prova e se formule a condemnagao ou absolvicáo.
CAPITULO VIII
Da familia dos condemnados
Art. 39.° Os condemnados que forem casados ou com filhos, terao nos depósitos aposentos
separados dos que forem solteiros, nos quaes residirab com suas nmlheres e filhos.
Art. 40.° As mulheres e filhos dos condemnados serao alimentados e vestidos pelo deposito,
quando o chefe de familia nao tiver meios para isso.
Art. 41.° As mulheres e filhos dos condemnados que forem vestidos e alimentados pelos de-
pósitos, em compensacao d'isso, prestarao n'elles ou fóra d'elles o servigo que for compativel com
o seu sexo e idade.
Art. 42.° Os filhos dos condemnados, sejam ou nao alimentados pelo deposito, sao sempre
obrigados a frequentar a escola do deposito, a empregar-se em qualquer mister, e aprender o
exercicio militar, conforme tudo for compativel com o seu sexo e idade.
Art. 43.° As mulheres e filhos dos condemnados, que nao forem alimentados e vestidos
pelo deposito, tornam seu todo o producto de seu trabalho.

CAPITULO IX
Da colonisagao por meio dos condemnados
Art. 44.° Aos condemnados a degredo, que se dedicarem a agricultura c se mostrem rege-
nerados, será concedida gratuitamente urna porgao de terreno do estado, á sua. escolha, ¡jara
n'elle se estabelecerem como colonos, dependentes do respectivo deposito.
Art. 45.° A porgao de terreno será marcada conforme os meios de que o condemnado po-
der dispor para a agricultura, por si ou por trabalhadores que contrate.
Art. 46.° A concessao será feita pelo governador da provincia, obtidas previamente as in-
formagoes necessarias do commandante do deposito e auctoridades locaes, sobre as posses do
colono, a sua idoneidade para o trabalho é o seu comportamento no deposito, ou fóra d'elle.
Art. 47.° A concessao terá a natureza de usofructo pelo tempo da pena que o condemnado
estiver cumprindo, o qual sómente fará sua a propriedade quando terminar a pena.
Art. 48.a A concessao ficará sem cífeito, voltando o terreno á posse do estado:
l." Quando o colono nao comece a agricultar dentro de um anuo da concessao;
2.° Quando, tendo comegado a agricultar, abandonar o terreno, deixando de o cultivar;
3.° Se o alienar antes de completar dez anuos como proprietário.
Art. 49.° Por fallecimento do colono passará o terreno em propriedade para sua niulher e
filhos, e se nao tiver mulher nem filhos voltará ao estado.
Art. 50.° Aos colonos que nao tiverem meios de comegar a agricultar, serao fornecidos pelo
deposito os instrumentos, sementes e mais objectos precisos, continuando a ser alimentados e
vestidos pelo deposito durante o primeiro anuo.
§ único. Os adiantamentos feitos pelo deposito serao pagos por urna parte do producto do
colono, dividido para esse fim conforme o disposto no artigo 31."
Art. 51.° Aos condemnados que terminarem o tempo da sua condemnagíio, poderá ser feita
igual concessao, se preferirem ficar na provincia a voltar ao reino.
448

v .Art. 52.° Durante os primeiros cinco anuos, contados da concessao, será o colono isento de
todos os tributos inherentes á propriedade concedida, e só depois d'elles será collectado como os
demais proprietarios.
CAPITULO x

Dos fundos e gerencia económica dos depósitos


Art. 53.° Os fundos dos depósitos compoem-se:
1.° Das quantias que forem mandadas entregar pelo cofre da provincia para as despezas
do deposito;
2.° Da deducgaio feita nos jornaes dos condemnados, conforme o que fica disposto;
3.° Do producto da venda dos effeitos produzidos pelas officinas e terrenos do deposito;
4.° Das multas impostas aos condemnados e aos abonadores, quer seja pelos tribunaes com-
petentes, quer seja pelo conselho disciplinar;
5." De quaesquer donativos que forem feitos aos depósitos;
6.° Do espolio dos condemnados que nao tenhaní familia na provincia a quem pertenga de
direito.
Art. 54." Estes fundos serao recebidos em um cofre de tres chaves, de que serao clavicu-
larios o commandante, sub-commandante e secretario.
§ único. O sub-commandante será o thesoureiro e pagador, emquanto as quantias nao en-
trarem ou saírem do cofre para o movimento respectivo.
Art. 55." Para a gerencia dos fundos haverá um conselho administrativo,composto dos tres
clavicularlos do cofre, e as despezas serao feitas pelo mesmo conselho conforme as necessidades
do deposito.
Art. 56..° Os membros do conselho administrativo sao solidariamente responsaveis por quaes-
quer perdas.ou desvio de fundos, que nao seja por effeito de forga maior, e por quaesquer des-
pezas illegaes que forem mandadas fazer.
Art. 57.° No principio de cada mez será .remettido ao governador da provincia um balan-
céte do movimento do cofre no mez anterior, podendo o governador fazer recolher ao cofre da
provincia qualquer valor que entenda avultado, e que haja inconveniente em conservar no de-
posito.
§ único. Os saldos que entrarem no cofre da provincia provenientes dos depósitos, serao
considerados como deposito do cofre de onde emánarem, nao podendo distrahir-se por effeito al-
gum que nao seja a restituigao ao cofre do deposito, quando for ordenada pelo governador.

CAPITULO XI

Da eseripturagao dos depósitos


Art. 58." Para a eseripturagao dos depósitos geraes haverá os seguintes livros:
1." Livro de assentamento ou matricula dos condemnados, o suas occorrencias;
2.° Livro de assentamento ou matricula de todo o pessoal que nao forem condemuados, com
as occorrencias que se derem;
3.° Livro de registo das familias dos condemnados que existirem nos depósitos;
4.° Livro das actas do conselho administrativo do deposito;
5.° Livro das actas do conselho disciplinar do deposito;
6.° Livro dos termos de abonagao aos condemnados para se estabelecerem sobre si;
7.° Livro dos termos dos contratos de loeagao de servigos dos condemnados que forem as
soldadados;
8.° Livro de registo das ordens provenientes quer do governador, quer do commandante do
deposito, e respectiva correspondencia;
9.° Livro da receita e despeza do cofre do deposito, em forma de conta corrente;
10.° Livro de conta corrente de cada condemnado para se conhecer quanto deve ao cofre
ou d'elle teni a baver.
Art. 59.° Todos estes livros terao termo de abertura e encerramento, e serao numerados c
rubricados pelo governador da provincia ou pelo empregado do governo a quem se der commis-
sao para isso no termo de abertura.
Art. 60.° Estes livros serao escripturados pelo secretario, sem borrao, rasuras ou entreli-
nhas, sendo por elles responsavel, e pelas faltas que n'elles se derem.
Art. 61.° Para a eseripturagao avulsa por fóra dos livros, como correspondencia, ordens,
guias, mappas e similhantes, poderá o secretario fazer-se coadjuvar por quaesquer condemnados
que para isso tiverem aptidao, e forem designados pelo commandante do deposito.
449

CAPITULO XII
Dos regulamentos de servigo e policía dos depósitos e suas dependencias
Art. 62.° Os governadores das provincias, em que estiverem situados os depósitos de con-
demnados, organisarao, em conselho do governo, as instrucgoos e regulamentos de administrágao,
servigo e policía dos mesmos depósitos, em harmonía com os preceitos d'este-regulamento.
Art. 63.° Fixar-sejiab n'esses regulamentos:
1.° As horas do trabalho dos condemnados em harmonía com o clima, com a idade dos con-
demnados e com o servigo igual dos trabalhadores communs;
2.° O vestuario de que bao de usar os condemnados e suas familias, quando vestidos pelo
deposito, em harmonía com as estagoes e mais condigoes climatéricas da provincia, e com a na-
tureza do trabalho a que se applicarem;
3.° A qualidade, quantidade e horas das refeigoes, tendo attengao ás necessidades do clima
e qualidade do servico prestado pelos condemnados;
4.° As horas de instruegao na escola primaria e compendios de ensino, regulado tudo em
háimionia com as escolas de instruegao primaria;
5.° As horas de instruegao militar, comprehendendo
.
o manejo de armas e escola de pelót&ó,
que será dada aos domingos e dias santificados ;
6.° O uniforme dos empregados e o. distinctivo dos cabos de esquadra;
7.° A forma de modelos da eseripturagao auxiliar e nos livros indicados no artigo 58.°;
8.° As faltas puniveis e penas disciplinares correspondentes, dentro da natureza e máximos
estabelecidos no artigo 37.°
Art. 64.° Os regulamentos de administrágao, servigo e policía poderao ser alterados quando
se mostré conveniente, sob proposta do commandante do deposito, nao podendo, porém, alte-
rar-se as disposigoes do presente regulamento, nem variar a natureza das penas disciplinares,
ou exceder-se os máximos decretados.
CAPITULO XUI
Disposigoes geraes
Art. 65.° Até cada anno será ápresentado pelo commandante do depo-
o fim de Janeiro de
sito um relatorio com referencia ao servigo, que abranja todos os pontos da administrágao, eco-
nomía, polieia, organisagab dos condemnados e servigo dos empregados.
Art. 66.° Com este relatorio será reniettida urna conta corrente da receita e despeza do
deposito no anno anterior, com os documentos da despeza.
Art. 67.° O governador, á vista do relatorio, e sempre que o entenda conveniente, poderá
inspeccionar por si, ou mandar inspeccionar os depósitos, para reconhecer se sao bem ou mal
dirigidos, e usar da suprema auctoridade que Ihe compete no deposito.
Art. 68.° Até o fim do mez de margo remetiera o governador da provincia ao governo da
metropole um relatorio similhante ao que Ihe remetter o commandante, propondo, por essa occa-
siao o que tiver por conveniente respectivamente ao mesmo deposito.

l_)isv>osigoes transitorias
1 .a O presente regulamento executar-se-ha desde logo quanto ás disposigoes que nao depen-
derem de quaesquer edificagoes novas.
21a Os degredados que tiverem praga nos corpos do ultramar continuarlo n'essa posigao até
que seja organisada a forga das provincias ultramarinas.

18^:3
Portaría de 1-í de abril de 1882

Sua Magestade El-Rei, a quem fói presente o ofiicio do governador geral da provincia de
Angola, n.° 31 de 35 de Janeiro do corrente anno, em que.pede ser esclarecido se o § único
do artigo 4.° da carta de Iei de 21 de julho de 1856 ficou derogado pelo artigo 2.° do decreto
de 25 de julho de 1865, fazendo por essa occasiab ver os inconvenientes que resultam para a
disciplina militar da duvida que se tem levantado a tal respeito, e do modo como tem sido inter-
pretada pelo conselho superior de justiga militar d'aquella provincia a disposigao do alludido de-
creto: ha por bem, conformando-se com a consulta do tribunal superior de guerra e marinha,
«7
450

de 30 de margo ultimo, mandar declarar, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e
ultramar, ao referido governador geral, para seu conhecimento e devidos efteitos, que o citado
§ único do artigo 4.° da carta de Iei de 21 de julho de 1856 nao ficou revogado pelo artigo 2.°
do decreto de 25 de julho de 1865, devendo por isso entender-se que é a sentenga
que regula
a pena da desergao, conforme a referida carta de leí, sem impedimento da applicacao do decreto
de 25 de julho de 1865.
f,

Na reforma da escola de alumnos uiariiiheiros, promulgada na carta de Iei de 27 de julho de 1882,


euconlra-se o seguinte:

Artigo 1." A escola de alumnos márinheiros, creada pela carta de Iei de 21 de fevereiro
de 1876, poderá estabelecer-se a bordo de tres ou mais navios preparados para esse fim em
Lisboa, Porto e S. Miguel, podendo o numero dos alumnos ser augmentado até quatrocentos,
distribuidos proporcionalmenteem relagao ás lotagoes dos respectivos navios.
Art; 12.° (Como o artigo 12.° da Iei de 21 de fevereiro de 1876).
Art. 13.° Os alumnos que estiverem quinze dias ausentes da escola sem licenca, ou fugírem
de bordo e andarem ausentes por aquelle espago de tempo, serao castigados correccíonalmente a
bordo, mas havendo reincidencia, serao considerados desertores da escola, e, sendo capturados,
serao remettídos ao corpo de márinheiros, onde receberao a praga de segundos grumetes, sendo
obrigados a servir o tempo de oito anuos jirescriptos n'esta Iei, ficando para todos os mais effei-
tós considerados como récrutas.

No decreto com forca de Iei de 28 de dezembro de 1882, dando nova oryanisácáo ás companhias de policía
da provincia de S. Thomé c Principe, cucontra-sc o seguinte:

Artigo 3.° As pragas d'estas companhias provenientes do exercito do reino, a quem foi
imposta a pena de expuísao, serao mandadas completar em algum dos corpos do exercito da
África occidental o tempo de servigo que Ihes faltar, e as indígenas servirlo por mais um anno,
como castigo, em compauliia diversa d'aquella a que pertengam.

1883
Portaría de 10 de abril de 1883

Sendo o districto de Lourengo Marques, pelo successivo alargamiento de suas relagoes com
os estados e colonias visinhas e pela grande frequencia do seu porto, um dos mais prósperos e
importantes da provincia de Mogambique; e
Devendo o seu movimento commercial ampliar-se consideravelmente, quando favorecido
pelos melhoramentos ora projeetados;
Sendo consequencia natural d'este acrescimo de transaegoes affluirem em muito maior nu-
mero do que boje os estrangeiros a esta possessao portugueza;
Convindo, portante, afastar, tanto quanto possivel, do mencionado districto todos os ele-
mentos nocivos ao seu progresso:
Ordena Sua Magestade El-Rei, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultra-
mar, que o governador geral da provincia de Mogambique, emquanto nao tiver cabal execugao
o regulamento de 27 de dezembro de 1881, que se refere á organisagab dos presidios do ultra-
mar, nao destine o districto de Lourengo Marques para residencia de degredados, continuando,
assim, a manter a pratica que a tal respeito tem sido adoptada nos últimos tenipos, e que de
nenhüni modo convem alterar.

Ka carta de Iei de 29 de maio de 1883, que reorgauisa o servifo de saude naval,


encontra-sc o seguinte:
4

Artigo 34.a As pragas da companhia de saude naval obrigam-se, no acto da sua admissáo,
a servir durante seis annos; estío sujeitas ás leis e regulamentos militares que regem para as
pragas de pret da armada, e sao equiparadas ás pragas do Gorpo de márinheiros para o fim de
serení admittidas na divisao de veteranos de marinha.
451

Portaría de 12 de juiíbo de 1883

Tendo-se suscitado duvidas sobre a applicagao do disposto no artigo 3.° do decreto de 9 de


dezembro de 1869 ás pragas do exercito do reino, que, na qualidade de deportadas, vao conti-
nuar o servigo militar ñas provincias ultramarinas, quando as mesnias pragas se achem ñas con-
digoes prescriptas no n.° 2.° d'aquelie artigo; e considerando que a pena de deportacao militar
consiste, segundo o artigo 19.° do código de justiga militar de 9 de abril de 1875, lia transfe-
rencia do servigo militar do exercito do reino para o do ultramar* e que por isso deve aprovei-
tar ás pragas do exercito n'aquellas condigoes a legislagao respectiva ás das provincias ultrama-
rinas : Sua Magestade El-Rei, conformando-se com o parecer da junta consultiva do ultramar,
manda, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, que ás pragas do exercito
do reino, ñas circumstancias referidas, sejam applicaveis as disposigoes do citado decreto de 9
de dezembro de 1869 a.

Dclcrmiuacáo inserta na ordem do exercito n.° 21 de 22 de setemhro de 1883

Sua Magestade El-Rei, conformando-se com a opiniao do auditor especial junto do minis-
tro da'guerra, manda declarar que a doutrína do artigo 23.° do regulamento de 21 de julho
de 1875, publicado na ordem do exercito n.° 19 de 27 do mesmo mez e anno, teve por fim evi-
tar que os corpos ficassem privados por quatro mezes de todos os seus officiaes superiores, com
grave prejuizo do servigo regimental, e por isso determina que sempre que a lista de nomeagao
para presidente e vogaes dos conselhos de guerra permanentes designar ao mesmo tempo os
officiaes superiores de um corpo, ou o que n'elle estiver presente, nao havendo outro, se appli-
que a disposigao do § único do artigo 23.° do supracitado regulamento, que estatué que, dado
este caso, seja nomeado só um dos officiaes superiores, reservando-se o outro para o turno se-
guinte.

1©84
Portaría de 28 de maio de 1884

Manda Sua Magestade El-Rei, pela secretaría d'estado dos negocios da marinha e ultramar,
declarar aos governadores das provincias ultramarinas, para seu conhecimento e devidos eífeitos,
que ás pragas das guarnigoes das mesmas provincias,; consideradas desertoras ou incorrigiveis,
quando devidamente julgadas incapazes de todo o servigo pelas juntas de saude, se Ihes de baixa
e sejam mandadas regressar ás térras das suas naturalidades.

No plano de organisacáo do corpo de márinheiros, approrado pela carta de Iei de 29 de maio de -ÍS84,
enconlra-se o seguinte:
Artigo 42.°..
.
§ 5.° As pragas da marínhagem, os fogueiros e chegadores presos para conselho de guerra
ou de disciplina, ou cumprindo sentenga, serao consideradas como grumetes de 2.a classe, qual-
quer que seja a sua graduagao, o reeeberao sómento metade do pret correspondente a esta classe,
sem augmento da quinta parte do soldó. Quando, porém, sejam absolvidas, ser-lhes-ha paga a
differenga entre a quantia que hajam recebido e a que Ihes pertenceria segundo a sua graduagao.
§ 6.° As pracas desertadas, presas por crimes coinniuns, sao abonadas segundo o disposto
no paragrapho antecedente e só a contar do dia em que com o processo forem remettidas ao foro
militar.
§ 7.° Depois de cumprida a sentenga, sao as pragas reintegradas na classe a que perten-
eiani.
Art. 84.° A todas as pragas do corpo de márinheiros será descontado no seu tempo de ser-
vigo o que tiverem de prisoes, de cumprimento de sentenga de ausencia illegitima ou de licenga
registada.

1 Kste decreto creou junto do deposito de prayas avulsas do ultramar, corno complemento d:e.lle, urna di-
visao de reformados do ultramar.
452

Art. 106.° Emquanto nao for publicado o código penal para a armada, continuarlo os deser-
tores a ser julgados segundo os preceitos da Iei de 21 de julho de 1856, e julgadas como deser-
tores todas as pragas que faltarem á inostra de saída de qualquer navio.

Na caria de Iei de 14 de junho de 1884, que approva a nova reforma penal junta a esta Iei,
enconlra-se o seguinte:

Artigo 4.° Na imposigao da peiía de prísao correccional, O juiz, na sentenga, levará sempre
em. conta ao réu o tempo de prisao preventiva que houver soffrido.
§ único. A prisao preventiva será considerada como simples circumstancia attenuante para
o effeito de imposigao da pena maior.

Decreto de M de junho de 1884

Usando da faculdade que me confere a carta constitucional da monarchia, e tendo ouvido o


conselho d'estado: hei por bem decretar o.seguinte:
Artigo 1.° E concedida amnistía geral e completa para todos os crimes por abuso de liber-
dade de imprensa commettidos até á data do presente decreto.
Art. 2.° Todo o processo que por taes crimes tenha sido formado fica sem effeito, seja qual
for o estado em que se ache, e todas as pessoas que por este motivo estiverem presas á ordem de
qualquer auctoridade, com processo ou sem elle, serlo immediatamente soltas.
O presidente do conselho de ministros, e os ministros e secretarios d'estado das diversas
repartigoes, o tenhaní assim entendido e fagam executar.

Portaría de 5 de julho de 1884

Sua Magestade, attendendo ao que representaraní diversos fogueiros da armada que téem
servido bem e com boas informagoes dos seus chefes; e
Considerando que a carta de Iei de 29 de maio ultimo, que deu urna nova organisagao a esta
classe de nidividuos, nao pode ainda nem poderá durante algum tempo apromptar os fogueiros
necessarios para o servigo da armada;
Considerando mais, que cumpre providenciar de modo que da falta d'esta classe de indivi-
duos nao provenha transtorno para o servigo, que tem necessidades imperiosas e urgentes:
Ha por bem ordenar que todos os fogueiros que se nao quizerem alistar no corpo de mári-
nheiros, mas que desejem ficar ao servigo da armada, continuem a reger-se pelas disposigoes
vigentes ao tempo em que foram admittidos no mesmo servigo, inscrevendo-se em livro especial
.
e ficando sob as ordens ¿lo superintendente do arsenal da marinha, tudo emquanto nao estiver
completamente preenchido o quadro dos fogueiros estabelecido pelo artigo 9.° da carta de Iei
de 29 de maio do corrente anno.
O que, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, se communica ao su-
perintendente do arsenal da marinha, para seu conhecimento e devidos eííeitos.

No decreto com forca de Iei de 30 de outubro de 1884, que rcorganisou o exercito, encontra-sc o seguinte:

TITULO I. — Do exercito
CAPITULO X. — Das justieas e tribunaes militares
Artigo 119.° Na sede de cada divisao militar haverá urna casa de reclusao para custodiar
os officiaes a quem nao tenha sido concedida homenagem, e as pragas de pret que tenhám de
responder perante os tribunaes militares por quaesquer crimes ou delictos, nos termos do có-
digo de justiga militar.
§ 1.° Para os servigos de commando, administrágao e vigilancia de cada casa de reclusao
poderá haver:
Na 1.a divisao militar, um capitao commandante, dois officiaes subalternos, dois segundos
sargentos e quatro cabos.
Na 2.a, 3.a e 4.a divisoes militares, um offieial subalterno, um segundo sargento e dois
cabos.
§ 2.° Este pessoal, que será do'effectivo da arma de infantería, terá os vencimentos e van-
453

íagens de que gosam os officiaes e pragas de pret do quadro das companhias de correcgao em
idéntica situagao.
§ 3.° Quando a casa de reclusao seja annexa a algum corpo de tropa, o commandante
d'este exercerá a superintendencia sobre os servigos respectivos, sem prejuizo dos direitos que
o código de justiga militar confira aos membros dos tribunaes.
Art. 120.° ...
§ 2.° Os crimes commettidos ñas ilhas adjacentes por militares ou outras pessoas a elles
equiparadas, serao julgados em um dos conselhos de guerra da 1.a divisao militar, na conformi-
.dade das disposigoes do código de justiga militar.
§ 3.° Os officiaes residentes ñas ilhas adjacentes nao entrarlo na composigao dos conselhos
de guerra permanentes da divisao de que dependerem os respectivos commandos.

CAPITULO XÍI. —Do secretariado militar


Art. 128.° Os officiaes de secretaria do tribunal superior de guerra e marinha e das divi-
soes militares, os aspirantes do mesmo tribunal e os das secretarias das divisoes, os archivistas
d'estas e os dos commandos e inspecgoes geraes, bem como os secretarios dos conselhos de
guerra formam um só quadro para os effeitos da promogao, o qual se comporá de:
Officiaes de secretaría '.- 6
Archivistas, aspirantes e secretarios dos conselhos de guerra 18
Todos 24
Art. 129.° A distríbuigao dos empregados que constituem o precedente quadro pelas diver-
sas repartigoes, Será a seguinte:
N'essa distribuigao sao destinados ao tribunal superior de guerra e marinha: dois officiaes
de secretaria e dois aspirantes.
§ único. Um official de secretaria e um aspirante do tribunal superior de guerra e marinha
continuarao a ser pagos dos seus vencimentos pelo ministerio da marinha, na conformidade do
disposto no código de justiga militar.
Art. 130.° A entrada no quadro do secretariado militar tem logar nos empregos de archi-
vista, aspirante ou secretario dos conselhos de guerra, com á graduagao de alferes, sendo as
vacaturas concedidas, por concurso, a primeiros sargentos do exercito activo, que nao contení
menos de cinco annos de bom e effectivo servigo n'esse posto, estejám habilitados com o curso
das escolas regimentaes, e hajam satisfeito ás provas de aptidao exigidas nos regulamentos.
§ 1.° Os archivistas, aspirantes e secretarios dos conselhos de guerra sao graduados em
tenentes, quando complétela dez annos de bom e effectivo servigo.
§ 2.° Os officiaes de secretaria téem a graduagao de capitao, ascendendo a esses empregos
os archivistas, aspirantes e secretarios dos conselhos de guerra pela ordem da sua antiguidade.

CAPITULO XXI.—Dos officiaes na inaotividadetemporaria


Art. 166.° Deve ser collocado na inactividade temporaria:
2.° O que for punido com a pena designada no artigo 12.° do regulamento disciplinar do
exercito.
TITULO II. —Da reserva do exercito activo
CAPITULO I.—Da matricula dos reservistas
Art. 190.° As reservas do exercito, creadas pela carta de leí de 9 de setembro de 1868 e
pelo decreto de 19 de maio do corrente anno, sao compostas1:

1 Segundo a lci do recrutamento de 27 de julho de 1855, cada contingente devia servir pelo espago de oito
anuos, cinco effeetivamente nos eorpos e tres na reserva, contados para cada mancebo desde o dia do seu alis-
tamento em algum corpo ou deposito militar. Os que se destinassem a ser tambores, corneteiros, trombeteiros,
aprendizes de música ou de ferrador, serviriam por dez aunos effeetivamenteno exercito, sendo por isso dispen-
sados da reserva. Os refractarios serviriam, alem d'aquelle tempo, mais tres annos effeetivamente no exercito.
Pela Iei do 9 de setembro de 1868 foi reduzido de cinco a tres annos o tempo de servico a que pela Iei de
27 de julho de 1855, eram obrigados os mancebos que constituem os contingentes annuaes de recrutamento, e foi
elevada de tres a cinco aunos a duraefto do seu servico na reserva. Aquella Iei estabeleceu tambem que todos os
mancebos, que em virtude das disposigoes da citada leí de 1855 fossem sorteados para o exercito de térra e nao
recrutados, seriam inscriptos nos quadros da reserva.
No decreto de 19 de maio de 1884, que auctorisou o governo a reorganisar o exercito, nos termos e dentro
dos limites íixados ñas bases indicadas no dito decreto, estabeleeeu-se que o tempo de servico militar fosse de
done anuos para os que assentassem praca da data d'ease decreto em diante.
454

Aprimara reserva:
Pelos militares que serviram ñas fileiras do exercito o tempo fixado na carta de Iei de 9 de
setembro de 1868.
A segunda:
a) Pelas pragas que, havendo sido encorporadas na primeira reserva, n'ella completaran! cinco
annos;
b) Pelos refractarios que, havendo servido
os oito annos na effectividade, bao de completar
os doze aunos de servigo n'esta reserva;
c) Pelos aprendizes de música, de clarim, de corneteiro, de tambor e de ferrador que, ha-
vendo servido dez annos na effectividade, devem completar igualmente doze annos de servigo
n'esta segunda reserva;
d) Pelos alumnos das escolas superiores que, havendo servido na effectividade o tempo a
que eram obrigados pelo facto de nao terem concluido os cursos a que se destinavam, hao de
completar na mesma reserva os doze annos de servigo;
e) Pelos mancebos que, teildo sido destinados a formar parte do contingente annual fome-
cido ao exercito activo, remirám esse encargo na forma da carta de Iei de 4 de julho de 1859
e do § 1.° do artigo 1.° .do decreto supracitado;
/) Finalmente^, pelo contingente da reserva auctorisado pela carta.de Iei de 9 de setembro-
de 1868, e animalmente votado para completar o effectivo do pé de guerra de 120:000 ho-
mens.
Art. 191.° Os commandantes dos corpos continuarlo a licencear para a reserva, na forma
do § 4.° do artigo 4.° da carta de Iei de 27 de julho de 1855, todas as pragas que tiverem
completado o tempo de servico effectivo com tanto que:
•1.a Nao se acliem em processo militar ou cumprindo sentenga por qualquer crime;
2.° Nao estejam cumprindo alguma correcgao disciplinar.

CAPITULO IV. —Dos officiaes da reserva


Art. 213.° Os officiaes da reserva gosam das mesmas honras que os officiaes da mesma gra-
duagao dos quadros activos.
§ único. Em concurrencia e igualdadé de postos, os officiaes dos quadros activos téem sem-
pre precedencia sobre os da reserva.
Art. 214.° O posto concedido aos officiaes da reserva ó conferido por meio de decreto pu-
blicado em ordem do exercito, do qual sómente podem ser demittidos por algum dos seguintes
motivos.:
1.° Por haver terminado o tempo de servigo a que o reservista era obrigadó pela natureza
do seu alistaménto, ficando com as honras respectivas;
2." Por demissao pedida pelo interessado e concedida pelo governo;
3.° Por condemnagao nos tribunaes ordinarios a qualquer pena que importe a demissao para
os funecionarios públicos;
4.° Por demissao pronunciada em sentenga do conselho de guerra;
5.° Por demissao pronunciada em sentenga do conselho de disciplina, de que trata o ar-
tigo 216.° do presente decreto.
Art. 216.° A demissao pode ser pronunciada por sentenga de um conselho de disciplina
contra qualquer official da reserva por algum dos seguintes fundamentos:
1.° Quando o official, sendo empregado publico, haja sido demittido por motivos menos
dignos;
2.° Quando o official, seguindo a vida commercial, haja sido declarado em estado de quebra
fraudulenta pelo tribunal competente;
3.° Por faltas graves de servigo ou de disciplina;
4.° Por máu comportamento habitual.
§ 1.° O conselho de disciplina, a qne se refere o presente artigo, será composlo por um
coronel, presidente; dois officiaes superiores e dois capitaes, todos dos quadros effectivos do
exercito. Um official subalterno servirá de secretario, sem voto.
§ 2.° Disposigoes especiaes, moldadas quanto possivel ñas regras estabelecidas no código
de justiga militar, definirao as attribuigoes dos diversos membros do conselho, e regularao a
forma do respectivo processo.
Art. 217.° O ministro da guerra pode impor a pena de suspensao aos officiaes da reserva
durante o praso nao excedente a um anno.
§ único. Os officiaes, durante o cumprimento da pena proscripta no presente artigo, nao tcem
direito a usar os seus uniformes, neni a tomar parte em quaesquer reunióos de tropa, nao Ih.es
sendo contado osse tempo para effeito algum.
455

CAPITULO VI. — Disposigoes que eonstituem a sanegao penal


Art. 220.° As infraccoes, que resultaren* da falta de cumprimento da presente lei, serao
punidas com as correccoes designadas nos seguintes artigos.
Art. 221.° Os reservistas que saírem do conselho da sua residencia por mais de trinta dias,
sem a licenca necessaria, serao punidos com tres dias de prisao correccional.
§ único. Nos casos urgentes, quando nao haja tempo de solicitar a licenca a que o presente
artigo se refere, e o reservista nao habitar na sede do concelho, podé o regedor concedel-a,
conimun¡cando-o ao administrador.
Art. 222.° Os reservistas que excederem a licenca a que se refere o artigo anterior, que
mudarem de domicilio sem auctorisacao por titulo legal, ou que deixarem de se apresentar á
nova auctoridade da residencia que tiverem escolliido, serao punidos com prisao correccional de
oito a trinta dias.
Art. 223.° O administrador do concelho participará ao delegado do procurador regio as in-
fraccoes previstas nos artigós anteriores, para a applicacao das penas respectivas ein processo
correccional, perante o respectivo juizo.
Art. 224.° A ausencia illegitima por mais de dez dias, contada da data em que cada reser-
vista se deverá apresentar no seu. corpo, nos termos do decreto qiie chamar a primeira reserva
para as reunioes annuaes, será punida nos tribunaes militares com a pena de prisao militar de
tres a seis mezes.
§ único. A ausencia illegitima inferior a dez dias será punida disciplinariaente, nos termos do
respectivo regulamento.

Decreto cora forja de lei de 19 de noTembro de -1SS-5

Tomando em consideracao o relatorio do ministro e secretario d'estado dos negocios da ma-


rinha e ultramar; tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o conselho de ministros, e
usando da auctorisacao conferida ao governo pelo § 1.° do artigo 15.° do acto addicional á carta
constitucional da monarehia: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° Aos músicos dos corpos das guarnicoes das provincias ultramarinas é applicavel
o artigo 46.° da carta de lei de 23 de junho de 1864, e bem assim, na parte exequivel, o regu-
lamento a que se refere o decreto de 23 de maio de 1872.
Art. 2.° Fica revogada a legislacao em contrario.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faca executar.

Nodecreto de 20 de novcmliro de 1884,


mandando ter cxeeucüo parcial o systeraa de prisao celliilar, a datar de lo de Janeiro de 188o,
cncoiilra-se o seguinte:

Artigo 2.° Cumprirao na cadeia geral penitenciaria do districto da relacao de Lisboa, as


penas do systema penitenciario, e nao as que em alternativa com aquellas lhe tenham sido im-
postas por sentenca, os seguintes réus do sexo masculino:
1.° Aquelles que forem condemnados por sentencas pasadas em julgado posteriormente a 14
de Janeiro de 1885, n'algnmas das penas fixas, estabelecidas no artigo 49.° da lei de 14 de ju-
nho de 1884, e nos artigos 4.°, 7.° e 9.° da lei de 1 de julho de 1867, ou em alternativa, ñas
designadas nos n.os 1.°, 2.°, 3.° e 4.° do artigo 50." da lei de 14 de junho de 1884;
2.° Aquelles que, sendo condemnados por sentencas passadas em julgado posteriormente a
14 de Janeiro de 1885 na pena de prisao maior cellülar por dois a oito anuos, ou em alternativa,
em alguma das penas temporarias de prisao maior de degredo, forem expressamente designados
em harmonía com as disposigoes do presente decreto.
Art. 3.° Poderao tambem cumprir pena na cadeia penitenciaria os réus condemnados
pelos tribunaes militares na pena de prisao cellülar.

Decreto de H de dezembro de 18Si

Tendo a nova reforma penal, que faz parte da lei de 14 de junho de 1884, feito importan-
tes alteracoes e modificacoes no código penal de 10 de dezembro de 1852, que se acha em vi-
gor ñas provincias ultramarinas, por virtude do decreto com forea de lei de 18 de dezembro de
1854, e convindo providenciar para que esta nova lei penal tenha execueao no ultramar 5
456

Conformando-me com o parecer da junta consultiva do ultoamar, e tendo ouvido o conselho


de ministros;
Usando da faeuldade concedida pelo § 1.° do artigo 15.° do acto addicional á carta consti-
tucional da monarchia:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E declarada em vigor ñas provincias ultramarinas a carta de lei de 14 de junho
de 1884 e a nova reforma penal que d'ella faz parte, excepto no que respeita ás alteragoes feitas
á lei de 1 de julho de 1867, por nao estar esta lei em execugao no ultramar.
Art. 2.° Fica revogada a legislacao em contrario.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faca exeeutar.

1885
Carta de lei de 16 de jolho de 188b

D. Luiz, por graca de Deüs, Rei de Portugal e dos AlgarveSj etc. Fazemos fazer a todos
os nossos subditos, que as cortes geráes decretaram e nos queremos a lei seguinte:
Artigo 1.° Os officiáes generaes do exercito e da armada, que desempenhem as funcgoes
de presidente e de vogaes no tribunal superior de guerra e marinha, vencerao n'esta qualidade
as gratificagoes coiTespondentes ás suas respectivas patentes no desempenho de commissoes de
servigo activo.
Art. 2.° Fica assim alterada a parte da tabella a que se refere o artigo 125.° do código de
justiga militar, approvádo pela carta de lei de 9 de abril de 1875, que respeita ás gratificacoes
dos vogaes, e revogada á legislacao contraria a esta.
Mandamos, portanto, a todas as auctoridades, a qüem o conhecimento e execugao da refe-
rida lei pertencer, que a cumpram e guardem e fagam cumprii' e guardar tao inteirainente como
n'ella se contení.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guer-
ra, e o ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, a fagam imprimir,
publicar e correr.

Decreto de 30 de julho de 1885

Usando da faeuldade que me confere o artigo 74.°, § 8.°, da carta constitucional da monar-
chia, e tendo ouvido o conselho d'estado; hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E concedida amnistía geral e completa para todos os crimes contra o exereicio
do direito eleitoral, e em geral para todos os crimes de orígem ou carácter politieo commettidos
até á data do presente decreto.
Art. 2.° Todo o processo que por taes crimes tenha sido formado lica sem effeito, seja qual
for o estado em que se ache, e todas as pessoas que estiverem presas á ordem de qualquer au-
ctoridade, com processo ou ,sem elle, serao immediatamente soltas.
O jn-esidente do conselho de ministros, e os ministros e secretarios das diversas repartigoes,
assim o tenham entendido e fagam exeeutar.

No rcgulanienlo orgánico do corpo da guarda fiscal, approvádo por decreto ii.° h de 17 de seleinbro de 188o,
encontrase o seguinte:

CAPITULO I — Constituigao e composigao do corpo

Art. 6.° O quadro hierarcliico do pessoal do corpo da guarda fiscal é


que em seguida vae
o
indicado, com a correspondencia das graduagoes, que ao mesmo pessoal competirá no quadro
dos officiáes e pragas da armada real e da reserva do exercito activo organisada pelo titulo II
do decreto de 30 de outubro de 1884.
457

Servigo marítimo e fluvial

Hieraichia fiscal * Hieraichia militar

Chefe de districto Segundo teuente.


Sub-eommandante de vapor Guarda marinha.
Mestre Mestre de equipagem.
Contramestre Gontramestre.
Pátrao ¿
Cabo de marinheiros.
Máchinista. Machinista.
Fogueico Fógueiro.
Tipiad ^ " ' Marinheiros de 1." e 2.a classe;
'
Chegador Chegador.
Grumete
.
-..
'
... .
^
Servigo terrestre
Grumete.
"
-
"
__

Hicraicliia fiscal HiérarcMa militar

Cápitáo de 1.a élasse da reserva do


Inspector
T . .
••• •• exercito activo.
Sub-inspector Capitao dé 2.a clásse, idem.
Ohefe de districto de 1.a e 2.a classe Tenente, idem.
Chefe de secóao de 1.a e 2.a classe Alferes, idem.
Chefe de posto de 1.a, 2.a e 3.a classe. ^'^ÉZ^®"^ ^^^^ * pri"
Segundo cabo | Segundo cabo.
Guarda a cavallo Soldado.
Guarda a pe 1

§ único. Os chefes de posto e os guardas a pé e a cavallo sao considerados pracas de pret


para todos os effeitos das leis de administragao politica, civil e militar.
Artigo 14.° O corpo da guarda fiscal faz parte das forgas militares do reino, e pode ser
mobilisado em tempo de guerra, no todo ou em parte, por decreto real, sob proposta conectiva
dos ministros da guerra e da fazenda.
Art. 15.° Decretada a mobilisagao, ficará o corpo da guarda fiscal subordinado exclusiva-
mente ao ministerio da guerra, passando o seu pessoal a fazer parte integrante do exercito, com
deveres e direitos idénticos aos que competem aos officiáes e demais pragas da reservado exer-
cito activo.
§ único. Em tempo de paz, o corpo da guarda fiscal está subordinado ao ministerio da
guerra únicamente para os fins consignados no código de justiga militar e para a inspecgao mi-
litar nos termos d'este regulamento.

CAPITULO V.— Deveres e penas disciplinares

Art. 63.° As faltas dos officiáes do corpo da guarda fiscal serao punidas:
1.° Com reprehensao particular;
2.° Com reprehensao regustada;
3.° Com suspensao de metade dos seus vencimentos até trinta dias;
4.° Com suspensSo do exercicio das suas funcgoes e de metade dos seus vencimentos de
uní mez a um anno;
5.° Com a demissao.
§ unico. O offieial do corpo fiscal, a que for applicada a pena de suspensSo do exercicio
das suas funcgoes, cumpril-a-ha, durante o tempo determinado, em umapraga de guerra designada
pelo governo.
58
458

Art. 64.° As penas disciplinares designadas nos n. 05 1.° e 2.° do artigo antecedente serao
impostas pelos officiáes da graduacao imniediatamente superior, por leves faltas de disciplina ou
de servigo.
Art. 65.° As penas disciplinares mencionadas nos n.os 3.°5 4.d e 5.° do referido artigo serao
applicadas pelo ministro da fazenda, nos casos de faltas graves de disciplina e de servigo, e por
actos indecorosos ou offensivos do crédito e reputacE'o do corpo da guarda fiscal.
§ 1.° ISíos casos urgentes poderá o inspector do circulo suspender uní official, depois de o
ouvir por eseripto, dando parte immediatamente, em exposigao motivada, ao administrador geral
das alfandegas.
§ 2.° Nenhuma das penas a que se refere este artigo será applicada sem que o acensado
tenha sido ouvido com sua defeza em processo de investigacao; e nos casos em que deva ser
applicada a pena de idemissaó, e sempre que o ministro da fazenda o julgar conveniente, será
o referido processo sübmettido ao éxame de um conselho disciplinar, para com o seu parecer se
resolver sobre a pena que dev.e ser applicada ao acensado.
§ .3..° A constituigao do conselho disciplinar e a forana do ¡orocesso, que deve regular o exer-
.

cicio das suas funcgoes, serao determinadas no regulamento disciplinar do corpo da guarda fiscal
que será, quanto possivél, liármonisado com o regnlamento disciplinar do exercito.
Art. 66.° As faltas disciplinares.pratic.ad.aspelas pracas de pret da guarda fiscal serao pu-
nidas:
1.° Com reprehensíio particular;
2.° Com reprehensao registada;
3.° Com quartos de servigo dobrados;
4.° Com servigo a pé para as pracas montadas, de um a tres niezes;
o.° Com a détencáo no quartel até vinte dias;
6.° Com a transferencia para outro districto dentro ou fóra do circulo;
7.° Com baixa do posto;
8.° Com a expulsao do corpo.
§ 1.° A detencaO no quartel nSo exime o delinquente da obrigagao do servigo que Ihe com-
petir por escala.
§ 2.° A praga expulsa do corpo deve ir terminar o tempo de servico, a que estava obri-
gada pelo seu alistaniento no corpo da guarda fiscal, em um dos corpos do exercito.
§ 3.° Os prñneh'os e segundos cabos, punidos com baixa de posto, serao transferidos para
outro districto fóra do circulo a que pertencerem.
Art. 67.° As penas disciplinares designadas nos n.os 6.°, 7.° e 8.° do artigo antecedente
serao applicadas pelo administrador geral das alfandegas nos seguintes casos:
1.° Incorrigibilidade ñas faltas leves ás regras da disciplina, e na negligencia e incuria no
servigo fiscal;
2.° Ausencia illegitima por mais de tres dias;
3.° Faltas graves á disciplina, ao servico e ao decoro, ficando sempre salva a applicacao
das penas comminadas ñas leis penaes. -
§ 1.° Nenhuma das penas mencionadas nos n.os 3.°, 5.°, 6.°, 7.° e 8.° do artigo antecedente
poderá ser applicada sem que o delinquente tenha sido ouvido com sua defeza em processo in-
staurado por um conselho de invéstigagao, que será nomeado para cada caso pelo inspector do
circulo.
§ 2.° Para a applicagao das outras penas disciplinares, ele que trata o mesmo artigo, será
sempre ouvido, por eseripto, o acensado, por meio de urna ordem de servigo; e se elle na sua
resposta negar as faltas de que é argüido, instaurar-se-ha o competente processo de investiga-
gao, em conformidade com o disposto no paragrapho antecedente, para se apurar a verda.de.
§ 3.°. As penas disciplinares a que se refere o paragrapho antecedente, serao applicadas pe-
los chefes immediatos dos delinquentes, dando logo parte ao seu superior.
Art. .68.° O código de justiga militar de 9 de abril de 1875, com as alteracoes auctorisadas
pela carta de lei de 3 de maio de 1878, e bem assim o regulamento para execugao do mesmo
código de 21 de julho de 1875, síío applicaveis a todos os individuos que compoem o corpo da
guarda fiscal, com as modifieagoes seguidamente apontadas.
§ 1.° Sao reduzidos a metade, nos casos dos n.os 2.°, 3.°, 4.° e 5.° do artigo 66.° do código
de justiga militar, e a sete dias, no caso do n.° 1.°, os prasos ali estabelecidos para serení qua-
lificadas como desergao as faltas no mesmo artigo especificadas para o tempo de paz.
§ 2.° As ¡n-agas reformadas da guarda fiscal nao serao acensadas perante os tribunaes
pelo crime de desergao, e quando deixem de se apresentar durante tres mezes á auctoridade
respectiva serao abatidas do effectivo a que pertencerem, perdendo o direito á sua aposen-
táoslo.
§ 3.° Todos os autos de corpo de delietos, e bem assim os summarios instaurados nos tri-
bunaes civis contra pragas da guarda fiscal, serao remettidos ao ministerio da fazenda, a finí de
459

por intermedio do ministerio da guerra, serení remettidos ao commandante da-respectiva divisado


militar.
§ 4." O ministro da fazenda tem,, coni respeito ao pessoal do corpo da guarda1 fiscal, as attri-
buigoes especiaes consignadas em os n.os 1.° e 2.° do artigo 247.° do código^ dé justiga militar.
§ 5.° O commandante da divisáOj a quem forem remettidos os autos de corpo dé delicio a
que se refere o § 3.° do presente artigo, procederá na forma expressa no código de justiga mi-
militar ; poréni, se depois A» formado o summario da culpa, nao encontrar fundamento para os
suppostos criminosos' serem julgados em conselho de guerra, e apenas; motivo para repressao dis-
ciplinar, devolverá esses autos, aeompanhados da. sua infbrmagíio', ao ministerio; da guerra^ a finí
de, sendo depois remettidos ao ministerio da fazenda, ahí se resolver o castigo disciplinar que
aos acensados deva ser applieado.
§ 6." Os autos de corpo de delicio^ devolvidos ao ministerio da fazenda para os fins indica-
dos no paragrapho antecedente, voltario pelas mesmas vias ao respectivo commandante da divisao
militarj para serem archivados, em conformidade com o artigo 249.° do código de justiga militar.
§ 7.° Os individuos do corpo da guarda fiscal submettidos á accao dos tribunaes militares
serao mandados apresentar, para os fins convenientes, ao general commandante da divisáo em
que o respectivo processo houver sido instaurado, ficaudo, desde entao, sómente dependentes do
ministerio da fazenda para o abono dos respectivos vencimentos.
§ 8.° Os officiáes do corpo da guarda fiscal, a quem for applicada a pena de prisao militar,
cumpril-a-hao em urna praca de guerra designada pelo govemo.
§9.° Os officiáes inferiores do corpo da guarda fiscal, a quem for applicada a, pena de
baixa de posto, terao passagem ao exercito activo, onde completarao o tempo de servigo que
lhes faltar segundo o seu alistamiento. •
§ 10.° Quando as pragas de.pret do corpo da guarda fiscal forem condemnadás- a deporta-
.

cao militar, cumpriráo a pena nos exercitos das possessoes de África, para onde serao trans-
portadas; e quando-forem condemnadás a presidio de guerra, ou prisao militar, terao passagem
ao exercito do reino, onde, depois de cumprida a penalidade imposta, completarao o tempo legal
de servico que ainda lhes faltar segundo o seu alistamiento.

No decreto n.° o de 17 de setembro de-1883, sobre contrabando., descaminho e trangrossáo dos regutonieutos,
enconlra-se o seguinte:

CAPITULO IV.—Disposigoes communs aos casos de eontra,bando, descaxninho


e transgressao dos preceitos fiscaes
Artigo 16.° A responsabilidade civil ou criminal proveniente dos delictos de contrabando
ou descaminho de direitos, e da transgressao dos preceitos fiscaes,, regularse pelos preceitos da
legislagao commum, em tudo que nlio for especialmente preceituado n'este decreto e no decreto
n.° 3 d'esta data.
CAPITULO V. —Forma do processo
Art. 29.° Compete ás auctoridades fiscaes o julgamento, em processo administrativo, dos
contrabandos, descaminhos e transgressoes, até á applicagao das multas; ao poder judicial in-
cumbe decidir se ha ou nao logar á imposicao da pena de prisao, tomando para base do; processo
a participacao que lhe tiver sido enviada nos termos do artigo 38.°, § único.
Art. 38.p, § único. Sempre que tenha havido condemnagáo em pena pecuniaria, e que ao
delicio corresponda pena de prisao, enviará a administragáo geral das alfandegas ao poder judi-
cial urna participacao eircumstanciada dos factos occorridos e da decisáo tomada, a finí de que,
ños termos da legislacao criminal em vigor, se proceda á imposigao das penas a que houver logar.

No rcjjulameiilo geral da guarda policial de Macan e'suas dependencias, approvado por decreto
de 24 de dc/cmliro de -ISSo, encontrase o seguinte:

CAPITULO VI. — Disciplina

Artigo 75.° A guarda policial de Macau é para todos os effeitos, considerada corpo milita-
de 1.a linha, e todos os officiáes e pragas a elle pertencentes, ficam sujeitos ás leis e regulanien-
tos militares de disciplina e penaes em vigor na provincia.
Art. 76.° Os officiáes da guarda presos á ordem ou por ordem do commandante, cumprir
rao a prisao n'uui quarto ou sala do quartel do commando geral. Todas as mais pragas, quando
460

presas pelos commandantes das companhias ou por ordem do commandante geral, cuniprirao a
prisao nos calabóugos dos respectivos quarteis.
§ único. Quando presos para conselho de guerra, ou por ordem do governador da provincia,
a prisao será nos inesmos quarteis, ou onde for determinado pelo governador.
Art. 77.° As pragas da guarda policial, sempre que estejam presas, pagarlo, para melhora-
mento do respectivo rancho, a terca parte do pret liquido a que tiverem direito, deduzido o des-
contó para tardamente. -'
Art. 78,° Serao punidas como faltas militares e segundo a sua gravidade:
1.° A occultagao de qualquer crime de que a praga tenha noticia, ou a falsa deelaragao ou
informagSo em objecto de servigo policial com intengao culposa;
2.° Receber dos particulares dinheiro ou qualquer outra i'emuneragao para deixar de des-
empenhar algurn servigo policial, ou desempenhal-o de modo contrario aos regulanientos e ordens
superiores.

Decreto de H de fevereiro de 1886

Foi por elle determinado que os antigos empregados dos corpos da fiscalisagao externa das
alfandegas, constantes do mesmo decreto, que nSo poderám ser collooados na categoría corres-
pondente do quadro do corpo da guarda fiscal e ficarám por isso addidos ao mesmo corpo, tives-
sem a hierarphia fiscal e militar marcadas no referido decreto.

No regulamcnlo para as escolas de alumnos marinliciros, ¿tpprovado por decreto de 19 de fevereiro <lc 188(5,
encontra-se o seguinte:

TITULO TI.—Das attribiiicóes e deveres ger-aes do pessoal

Artigo 73.°, § 8.° O primeiro commandante, logo que receba a participacao do respectivo
commandante de que um alumno completou a desergao, segundo o artigo 13." da carta de lei de
27 de julho de 1882, ordenará a formagao de um conselho de iuvestigacao composto de tres offi-
ciáes, excluindo o commandante de companhia que deu a parte, e ao qual serao presentes, aleni
d'essa parte, um extracto, passado pelo secretario do navio-escola, do livro de matricula no que
diz respeito ao alumno, e a 'copia authentica da auctorisagao a que refere o n.° 4.° do artigo 4.°
da mesma carta de lei; e remetiera á direegao geral da marinha o processo resultante d'esse
conselho, solicitando auctorisagao da mesma direegao para abater ao effectivo do navio-escola o
alumno desertado.
TITULO XI. — Das recompensas e castigos

Art. 163.° As faltas ou transgressoes commettidas pelos alumnos, quej nao constituam cri-
mes ou delictos, sao classificadas em tres graus numerados 1.°, 2.° e 3.°, conforme a relagao da
tabella n.° 8, no alto de cada pagina.
§ uniep. Quando algum alumno commetta falta que nao esteja classificada na tabella, e que
nSo constitua crime ou delicio previsto no código penal, procurar-se-ha a similhanga ou aproxi-
niagao com algumas das transgressoes ali expressas, applicando-se as penas análogamente, mas
sem exceder o máximo que na tabella fica estabelecido.
Art. 170.° O alumno que estiver ausente do navio-escola, ou por fuga ou por deixar de re-
colher de licenga, durante quinze dias ou mais, será castigado (artigo 13.° da carta de lei de 27
de julho de 1882) com a maior pena das indicadas na tabella n.° 8, augmentada proporcional-
mente ao numero de dias de ausencia. Mas se o alumno reincidir n'esta falta, será, segundo o
disposto na mesma carta de lei, considerado desertor, e seguir-se-hao os tramites indicados no
§ .8.° do artigo 73.° d'este regulamento.
: § 1.° Para os effeitos do presente artigo, considerar-se-hafuga de bordo o acto do alumno
se ausentar sem licenga, seja do navio-escola ou das suas embarcagoes muidas, ou deixar de re-
colher a bordo quando tenha desembarcado por motivo de servigo ou para passeio em eorporagao.
§ 2.° Se o alumno, que por excesso de licenca completar o tempo para ser considerado de-
sertor, se apresentar voluntariamente no navio-escola ou a qualquer auctoridade legalmente con-
stituida, e requerer acto continuo a Sua Magestade para ser submettido a um conselho onde prove
que a ausencia foi motivada por forga maior, será o alumno desertor julgado pelo conselho do
navio-escola a que pertencia, quando o seu requerimiento tenha obtido ¿eferimento.
461

§ 3.° Quando o conselho julgue procedentes as provas apresentadas pelo individuo a que sé"
refere o paragrapho antecedente, poderá elle ser mandado admittir novamente no mesmo navio-
escola, se ainda satisfizer ás condigoes de admissáo.
Art. 171.° Quando as faltas eommettidas por um alumno forem delictos ou crimes puniveis-
pelo código penal, será o alumno expulso do navio-escola e entregue ao poder judicial, conforme
o disposto no artigo 12." da carta de lei de 27 de julho de 1882 e o expresso no artigo 62.°'
d'este regulamento. -
§ único. O alumno a que se refere este artigo poderá ser readmittidq no navio-escola, se*
assim o requerer a Sua Magestade, no caso de ter sido absolvido pelo poder, judicial e de aináis
satisfazer ás condigoes de admissáo.
Art. 182.° Todas as pracas em servico nos navios-escolas éstao siijeitas ao régimen e disci-
plina em vigor na armada, e guardarao entre si a mesma dependencia hierarchica estabelecida
no servigo militar.
§ único. Exceptuam-se das disposigoes do presente artigo os alumnos cujo régimen disci-
plinar é especial e vae expresso n'este regulamento.

No regulamento para o servico do corpo de marinheiros da armada, approvadó por decreto


de 19 de fevereiro de -1880, encontrase o seguinte:

CAPITULO XI.—Dos vencimentos e abonos

Artigo 330.° As pragas de márinhagem, fogueiros, etc., presos para conselho de guerra ou
de disciplina, ou cumprindo sentenga, serlo considerados como grumetes de 2.a classe, e rece-
berao sómente metade do vencimento correspondente a esta classe, sem o augmento do quinto
do soldó.
§ 1." Os officiáes marinheiros, os officiáes inferiores, os fiéis e os artífices quando estiverem
presos para conselho de guerra, ou cumprindo sentenga, recebem sómente metade dos respectivos
sóidos sem o augmento que tivereni por effeito de readmissao.
§ 2.° Quando as pragas do corpo forem absolvidas ou indultadas, ser-lhes-ha paga a diffe-
renga entre a quantia que tenham recebido e a que lhes pertenceria segundo a sua graduagao.
§ 3.° Depois de eumprirem a sentenga, serao as pracas reintegradas na classe a que perten-
cerem.
Art. 332.° As pragas desertadas presas por crimes eommuns sao abonadas pelo quartel só-
mente a contar do di a em que com o processo forem entregues ao foro militar.
Art. 336.° As pragas que se declararem desertores do exercito nao se abonará soldó ou pret
desde o día da declaragao, continuando a ser abonadas de ragao eniquanto permanecerem a bordo
ou no quartel do corpo.
Art. 350.° Os presos ém geral nao féem vencimento de vinho, salvo o caso em que fagam
servigo, porque entao vencerlo ragao igual á das outras pragas.

Olíicio de 'H de marco de Í88G, dirigido pelo ministerio da guerra aos commandanÍRs
das divisoes militares c outras estacóos superiores do exercito

Tendo-se suscitado duvidas sobre o modo de contar o tempo que as pragas síio obrigadas
a permanecer na 1.a e 2.a classes das companhias de correegao, isto é, se desde a data dos
despachos que lhes determinou aquella situacao, ou desde o dia em que tiveram ingresso ñas re-
feridas companhias; e sendo necessario adoptar urna medida geral e uniforme que regule este
assumpto, tomando por base um principio justo e equitativo: determina s. ex.a o ministro da-
guerra que tanto ás pragas que, pelo seu irregular comportamento, forem separadas dos corpos
para irem servir na 1.a classe das companhias de correegao na conformidade do disposto nos
artigos 73.°, 81.° e 86.° do regulamento disciplinar, bem como aquellas que sao recebidas na.
2.a classe das mesmas companhias para eumprirem a pena de prisíío correccional, conforme o
determinado nos artigos 31.° e 81.° do citado regulamento, seja de ora avante contado o tempo,
para o cumprimento de taes punigoes, desde a data da sua transferencia para as mencionadas
companhias, por ser este o principio mais racional e equitativo, e estar em analogía com a ultima
parte do artigo 38.° do código de justiga militar, que estatué que a duracao das penas comega a
correr desde que passar em julgado a sentenga condemnatoria, e acabando-se por esta forma com
certos abusos que até hoje se tem praticado com manifestó prejuizo dos condemnados n'aqueüas
penas disciplinares.
462

Plano de organisacíio do corpo da guarda fiscal, approvadó por decreto de -17 de marco de 1886

Por elle fieou este corpo constituido por quatro batalhoes e urna companhia indépendente;
no. mesmoi plano- se estabeleeeram os: preceitos a observar, no caso de mobilisacao, pelo que res^
peita a todas as forgas a pé, a cavallo e marítimas da guarda fiscal.

líeg.iilauíeiiío disciplina]' do corpo da guarda fiscal, approvadó por decreto de iS uc marco de -1886

CAPITULO i
Deveres militares
Artigo 1.° Todo o official ou praea de pret do corpo da guarda fiscal deve regular, em ge-
ral, o seu proeedimento pelos dictames da religiao, da virtude e da honra, amar a patria, ser
fiel aó rei, guardar e fazer guardar a constituicao politíca da monarchía, respeitar e cumprir as
leis do reino, e os seguintes déveres especiaes:
1.° Obedecer promptamente ás ordens dos superiores no que disser respeito ao servigo,
quando pelos regulamentos Ihe nao sejam admittidas observacoes respeitosas;
2." Respeital-os sempre, tanto no servigo como fóra d'elle;
3.° Respeitar quaesquer sentinelías, guardas e outros postos de servico, sujeitando-se ás
suas prescripgoes, que serao sempre bascadas ñas instrucgoes recebidas;
4.° Cumprir as ordens e regulamentos que vigoraren! no corpo da guarda fiscal em todos
os seus preceitos, dedicando ao servico toda a intelligencia e aptidao de que dispozer;
5." Apresentar-se com pontualidade a qualquer hora no logar a que for chamado pelas obri-
gagoes de servico, nao se ausentando d'elle sem licenga legal;
6.° Subnietter-se promptamente ao castigo inqjosto pelo sujjerior, e cumpril-o como lhe for
determinado;
7.° Ser asseiado e cuidar da limpeza e conservacao dos artigos do vestuario, armamento,
equipamento e arreios;
8.° Cuidar com zelo do cavallo que lhe seja confiado para servico ou tratamento, ou que
seja sua montada ou sua praga;
9.° Nao vender^ empenhar, arruinar ou por qualquer maneira distrahir do seu legal destino
os artigos de armamento,: faldamento, equipamento, ou quaesquer outros objectos e munigoes
que lhe sejam indispensaveis para o desempenho dos deveres, fiscaes e militares, quer lhe hajam
sido confiados para o servigo, quer os tenha adquirido á propria eusta;
10.° Nao se apoderar illegitimamente dos objectos pertencentes a outrem ou á fazenda pu-
blica;
11.° Nao contrahir dividas, que nSo possa pagar regularmente e sem jn-ejuizo dá propria
dignidade;
12.° Nao praticar no servigo, ou fóra. d'elle, accoes contrarias á moral publica, ao brio e ao
decoro militar, procurando assim tornar-se merecedor da estima e consideracao publica;
13." Coutentar-se coui a paga legal e quartel que se lhe der;
14.° Nao emprestar dinheiro ao superior nem pedil-o ao inferior;
15.° Nao se valer da sua auctoridade ou do seu posto de servico para, por meios menos
dignos ou illegaes, tirar qualquer lucro;
16.° Nao frequentar casas de jogo, nem tomar parte em jogos de parar ou quaesquer ou-
tros prohibidos; '
17.° Respeitar as auctoridades1 civis e os regulamentos e ordens de administraeao publica e
,

de policía, tratando por modo conveniente os respectivos agentes;


18.° Conservar-se prompto para o servico, evitando a embriaguez e toda a negligencia ou
acto imprudente que possa prejudicar-lhe o vigor e aptidao plrjsica ou intellectual;
19.° Conviver bem com os camaradas, qtier do exercito activo^ quer da propria guarda,
em quaesquer relaeoes, evitando rixas e contendas: perturbadoras da ordem e contrarias á har-
monía que deve haver entre todos os agentes da foi'ea publica;
20.° Ser moderado na linguagem, nSo murmurar das ordens de servigo, nao as discutir,
nem referir-se ao superior, de viva A'OZ OU por eseripto, ou por qualquer meio de publicagao,
com expressoes taitas de res]jeito;
2.1.° Naoauctorisai'j promover ou assignar quaesquer manifestagoes ou peticoes collectivas,
añida mesmo com o fim de honrar os superiores;
22.° Apresentar sempre ás suas solicitacoes ou reclaniacoes pela via hierarchica, salvo
463

quando o superior se recuse a fazel-as seguir ao seu destino, devendo n'este caso participar essa
circumstancia á auctoridade superior a quem posteriormente se dirigir;
23.° Tratar os inferiores com benevolencia e moderacao; prevenir as suas faltas; nSo usar
de qualquer especie de provocacao, de expressoes injuriosas ou que denotem resentimento, e
abster-se de inflingir por castigo offensas corporaes nao auetorisadas por lei, impondo-se assim
pela rectidao e serenidade do procedimento ao respeitore estima dos subordinados;
24." Ser prudente na exigencia do cumplimento das -ordens dadas aos inferiores, e enérgico
e firme na repressao prompta de toda a hesitacáo ou recusa da parte d'elles, castigando imnie-
diatamente as inf'raccoes disciplinares, nos limites das ¡suas; attribuigoes, ou dando parte do su-
bordinado quando tiver commettido infrac.cSo ou .delicto maior;
25." Tratar com moderagao e attencoes devidas todas as pessoas, nao lhes fazendo exigen-
cias contrarias á lei e ao .decoro militar;
26.° Declarar fielmente o sen nome, o numero, batalhao ou estabelechnentq eni que servir,
quando taes deelaragoes lhe sejam exigidas por superior ou;a.uctoridade .civil competente;
27.a Nao usar distinctivos que nSo pertengamao seu uniforme, ou á sua. graduagao> nem
insignias ou condecoragoes para que nao tiver auctorisagao, bem como trajes que legalmen.te lhe
sejam vedados;
28.° Nao abusar da auctoridade que competir á sua graduagao ou posto de servigo, ném
usar de attribuigoes que lhe nao pertencam;
29.° Informar com verdade o superior a respeito de todas as occoríeneias de servico e de
disciplina;
30." Nao encobrir criminosos militares ou civis, nem, por qualquer modo, ministrar-lhes
auxilio que possa contribuir para attenuaivlb.es a pcnalídade ou faeultar-lhes a lib.erdade;
31.° Nao revelar quaesquer ordens de servigo, de sua natureza secretas, e o santo, a senha.
ou contra-senlia nos postos e rondas de servico;
32.° Diligenciar com boa vontade instruir-se assiduamente para bem desenipenhar as: obri-
gagoes dos servieos correspondentes aos seus deveres, e paiia.obter o máximo coñhee.imento na
instrucgao fiscal e militar;
33." Nao manifestar de viva voz, por eseripto, ou por qualquer outro meio de publicagao,
ideas efl'ensivas da constituigao política e das institnicoes fiscaes e militares do estado, dos¡ supe-
riores, dos iguaes e mesmo dos inferiores, ou que, por qualquer modo, possani causar damno á
boa execugao dos servigos e á disciplina, ou ás providencias de interesse geral;
34.° Nao emittir em reunioes parciaes ou totaes de corporagao conceitos que importen!
apreciagao lisonjeira ou desfavoravel, pessoal ou collectiva, aos méritos, virtudes ou actos dos
seus superiores.
Art. 2.° Os deveres de disciplina e de servigo serao impreterivelmentecumprido.s, qualquer
que seja a graduagao do militar. Os chefes responsaveis téem o rigoroso dever.de empregar todos
os meios para que as ordens do servigo sejam executadaSj aínda que para tanto hajam de em-
pregar exj>edientes extraordinarios, nao expressamente designados n'este reguiamenío, nem con-
siderados castigos, mas que sejam indispensaveis para fazer cumprir as ordens e respeitar o
dever de passiva obediencia, que constitue a forca da disciplina, militar.
§ 1.° Esta disposigao é extensiva ao dever que os superiores téem de fazer respeitar a sua
graduagao e o seu posto de servigo, no caso extraordinario de unía aggressao violenta contra si
ou contra a sua auctoridade.
§ 2." Os superiores daráo immediatamente parte.aos seus chefes, e serao obligados a res-
ponder no mais curto praso por qualquer recurso extraordinario, que, por ,cii;cumstancias de
maior gravidade, tenham sido obligados a empregar.
§ 3.° Os chefes, principalmente, e em geral todos os superiores, sSo responsaveis pelas
infraegoes de disciplina praticadas pelos subordinados ou inferiores, quando esses actos tenham
origem na falta de punicao por parte dos chefes ou superiores, ou ñas suas proprias faltas, e nSo
possam provar que empregaram todos os meios para os prevenir ou evitar.
§ 4.° Nenhuma consideragáo relevará do rigoroso cumplimento dos preceitos contidos n'este
artigo.
CArrruLO.u
Das infraegoes de disciplina

Art. 3.° Considera-se infraecáo de disciplina toda a acgilo ou omissíio contraria aos deveres
fiscaes e.;militares, que nao estiver .especialmente incriminada no código .de justiga militar, ou a
que, pelas suas circumstancias, avaliadas pela auctoridade competente, deva corresponder pena
inferior á niinima decretada no mesmo código; .e que nao for incriuiinada crime ou delicto pelo
código penal ordinario.
Art. 4." Aggravam a infraccao de disciplina as seguintes circumstancias:
464

1.a' Ser commettida com premeditagao;


2.a Ser commettida em acto de servigo ou em marcha;
3.a Ser commettida em combinagao com outras pracas;
4.a A reincidencia ou successSo de infracgoes disciplinares;
5.a A accumulacao de duas ou mais transgressoes;
6.a O ser offensiva da honra, do brio e decoro militar;
7.a O transtorno que occasionar á ordem e á subordinagáo.
.
§ I* 0 Coiisidera-se em reincidencia disciplinar aquelle que, havendo sido punido com alguma
das penas estabelecidas n'este regulamento, commetter outra infracgao da mesma natureza antes
de decorrerem seis mezes contados desde a dita punigáo.
§ 2.° Dá-se a áccumulagao de transgressoes quando o infractor commette mais de urna
transgressao na mesma occasiao, ou quando, tendo perpetrado alguma, commette outra antes de.
haver sido punido pela anterior.
Art. 5.° Sao circumstancias attenuantes da infracgao disciplinar:
1.° O exemplar comportamento anterior;
2.° A prestagao de servigos relevantes reconheeidos em.documento official;
-
3.° A confissao espontanea da infracgao, quando acompanhada de manifestó arrependimento.

CAPITULOvi

Das penas disciplinarese sua execugao


Ai't. 6.° As penas por infracgao de disciplina sao as seguintes:
Para officiáes:
1.° Reprehensao;
2.° Suspensao de vencimentos;
3.° Suspensao aggraváda ou de vencimentos e exercicio das funcgoes;
4." Demissao.
Para officiáes inferiores:
1.° Reprehensao;
2.° Detengao no quartel;
3.° Transferencia de batalhao;
4.° Baixa de posto ;
5.° Expulsao do corpo.
Para cabos:
1.° Reprehensao;
2." Detengao no quai'tel;
3.° Transferencia para outro districto fiscal dentro ou fóra do batalhSo;
4.° Baixa de posto;
5.° Expulsao do corpo.
Para as outras pragas de pret:
1.° Reprehensao;
2.° Quartos de servigo;
3.° Detengao no quartel;
4.° Servigo a pé para as pragas montadas;
5.° Transferencia para outro districto fiscal dentro ou fóra do batalhao;
6." Expulsao do corpo.
§ único. A gravidade d'estas penas é regulada pela ordem em que ficam mencionadas.
Art. 7.° A reprehensao ao official pode ser dada:
Em particular;
Na presenca dos officiáes mais graduados e dos de igual graduagao residentes na localidade;
Na ordem do batalhSo;
No boletim da guarda fiscal.
§ 1.° A reprehensao em ordem de batalhao deve ser dada só em caso de infracgao grave de
üiau exemplo para a corporagao, ou quando ao official infractor tiver já sido imposto o prece-
dente gran de reprehensao.
§ 2.° A reprehensao do boletim da guarda fiscal deve ser dada quando o ministro da fa-
zenda o entender por conveniente á disciplina.
Art. 8.G O official reprehendido em ordem de batalhao deve considerar-se suspenso das
funcgoes de servigo até que a sua transferencia seja publicada no boletim official.
§ único. Quando o official reprehendido em ordem de batalhSo for, por esse motivo, trans-
ferido de batalhSo, deverá declarar-se no boletim da guarda fiscal, que assim é determinado por
motivo de disciplina.
465

Art. 9." A suspensao pode ser simples, consistindo em privar promptamente o official do
exercicio da auctoridade em que estiver investido.
§ 1.° A suspensao simples nao excederá oito dias, salvo quando for neeessario esperar or-
dens superiores.
§ 2.° O superior que determinar a suspensao simples a um official, dará logo conhecimento
circumstanciado da occorrencia a seu chefe.
§ 3.° O chefe que intimar suspensao simples das funcgoes de servigo, ou tiver conhecimento
de ter sido intimada a suspensao a um official, nos termos do paragrapho antecedente, iniporá a
respectiva pena; mas, se entender que ella deve exceder a sua competencia disciplinar, dará parte
á auctoridade superior para esta impor a pena que julgar correspondente á infracgao commet-
tida, e se o facto imputado pertencer á jurisdiccao dos tribunaes militares, procederá nos termos
do código de justiga militar.
§ 4.° A ordem de suspensSo simples de funcgoes de servico pode ser dada de viva voz ou
por eseripto, e transmittida ao official infractor por outro de igual ou superior graduagao.
§ 5.° O official que for suspenso simplesmente das funcgoes de servigo, emquanto durar a
suspensao, nao poderá apresentar-se ante qualquer forga do corpo, nem na secretaria, repartigao
ou posto em que exercia a sua auctoridade.
§ 6.° O official que for suspenso simplesmente das funcgoes de servico deverá participal-o
sem demora ao chefe iinmediato, quando a suspensSo nao tiver sido imposta por elle.
§ 7.° Em marcha, o official suspenso simplesmente das funcgoes de serv,igo, acompanharáa
guarda da retaguarda.
Art. 10.° Quando o official a quem for determinada suspensao simples das funcgoes de ser-
vigo nao obedecer promptamente á intimagao, se assim o exigirem as circumstancias de gravi-
dade, occasiao e local em que a infracgao for praticada, poderá ser posto em seguranca, empre-
gando-se aínda os meios de violencia e energía que se tornem indispensaveis para reprimir os
actos condemnaveis por elle praticados ou que intente praticar.
§ 1.° No caso de que trata o presente artigo, o official infractor deverá ser recluso em lo-
gar adequado, podendo, segundo as circumstancias de maior. ou menor gravidade, ser privado
de toda a communicacao com o exterior e guardado com sentinella á. vista, ou por escolta ein
marcha, sem prejuizo, todavía, das prescripgoes sobre a incommunicabilidade exaradas no capi-
tulo vi do regulamento para execugao do código de justiga militar de 21 de julho de 1875.
§ 2.° Dadas as circumstancias previstas no paragrapho antecedente, o official entregará a
sua espada; e em marcha acompanhará a forca a que pertenca, entre a cauda da columna e a
guarda da retaguarda, sob a vigilancia de um official de igual patente; ou, se assim for julgado
conveniente, marchará junto com as bagagens e a escolta que o guardar.
Art. 11." O official que for restituido ás funcgoes de servigo deverá apresentar-se aos seus
chefes pessoalmente, ou por eseripto, nSo estando na mesma localidade.
Art. 12.° A suspensao de vencimentos consiste em privar o official de metade dos venci-
mentos durante um tempo nao superior a trinta dias.
§ único. O official punido com a suspensao de vencimentos fica durante o cumplimento da
pena obligado ao servico sem que este lhe seja contado jsará effeito algum.
Art. 13.° A pena de suspensao aggraváda para officiáes consiste na detengao em urna praga
de guerra indicada pelo governo, com perda de metade dos vencimentos, de ummez a um auno,
nao se lhes contando, tambem, no seu tempo de servigo, o da duragao da pena.
Art. 14.° A pena de demissSo consiste na perda do logar e da graduagSo, e do direito de
usar de uniformes e distinctivos ou insignias militares, e de haver recompensas por servigos
anteriores.
§ único. A disposigao d'este artigo relativa aos effeitos da pena de demissao em nada altera
a legislacao.especial sobre o monte pío official.
Art. 15.° A demissao só pode ser imposta prececlendo decisSo de um conselho de disciplina
por algum dos seguintes fundamentos:
1." Por faltas graves de servigo ou disciplina;
2.° Por mau comportamento habitual.
Art. 16.° A reprehensao aos officiáes inferiores pode ser dada:
Em particular;
Na presenga dos officiáes do districto ou secgao residentes na localidade;
Na presenga dos officiáes inferiores de superior ou igual graduagao residentes na localidade;
Na ordem do batalhao.
Art. 17.° A detengao dos officiáes inferiores consiste na obrigagSo de permanenciano quar-
tel destinado ao alojaniento das pragas, durante todo o tempo livre do servico exterior.
§ único. Os officiáes inferiores do quadro marítimo, quando o quartel de térra nao tiver as
condigoes indispensaveis para n'elle permanecerem detidos, cumprirSo a pena de detengao a
bordo das embarcacoes.
466

Art. 18.° A intimagao de ordem de detengao de um official inferior a outro é permittida


sómente em caso de usurpacao de attribuigoes, de abuso de auctoridade, ou provocagao á indis-
ciplina da parte do infractor.
§ único. O official inferior intimando ordem de detengao a outro official inferior, nao poderá
marcar o tempo durante o qual deva ser cumprida tal punieao.
Art. 19.° Em marcha, a pena de detengao consistirá no descontó de vencimento e perda
do tempo de servigo, nos. termos do artigo 79.°, e na permanencia no quartel, ñas povoagoes
ou acampamento em que a íbrga se demorar, salvo os effeitos marcados no artigo 81.°
Art. 20.° Quando um official inferior concluir o tempo pelo qual lhe havia sido imposta a
pena de detengao, apresentar-se^ha no quartel, ao seu chefe immediato, e em seguida ao supe-
rior que lhe tiver imposto a pena.
Art. 21.° Se, por nSo estar presente no quartel o superior que houver imposto a pena, nao
poder realisar a apresentágao perante elle, cessará esse dever de submissao, expirando o praso
de qüarenta e oito horas depois de cumprida a mesma pena.
Art. 22.° Quando um official inferior abuse da sua auctoridade, provoque os camaradas óu
os inferiores á insubordinágao, ou esteja dando exemplos damnosos para a disciplina, ou recuse
obedecer á intimagao de detengao, n'estes casos extraordinarios, ou em outros análogos, qual-
quer superior do delinquente poderá determinar que seja recluso sob guarda, e dará parte cir-
cumstanciada ao chefe competente.
§ 1.° A reclusao consiste em por era seguranga, em logar adequado, o official inferior, que
poderáj segundo as circumstancias de maior ou menor gravidade, ser privado de toda a commu-
nicagao com o exterior, e ser guardado com sentinella á vista, sem prejuizo todavía das pre-
scripgoés sobre a incommunicabilidade exaradas no capitulo vi do regulamento de 21 de ñilbo
de 1875.
§ 2.° A reclusao nSo excederá oito diaSj excepto se for indispensavel receber ordens do
chefe superior competente.
§ 3.° O official inferió]* recluso em marcha, até que lhe seja dado o competente destino, acom-
panhará desarmado a forga a que pertenga, junto ás bagagens com a escolta para o guardar.
Art. 23.° A transferencia consiste em mudar a praga de pret para circumscripgSo diffe-
rente d'aqiiella em que fizér servigo, declarando-se na ordem respectiva e no livro de matricula,
quando a transferencia for de batalhSo, que assim é determinado por motivo de disciplina. '
Art. 24.° O official inferior ou priineiro cabo cujo procedimento tenha dado causa á reuniao
do conselho de disciplina, ou mesmo a urna simples investigagao, se nao estiver recluso, deverá
ser detido no quartel até que a auctoridade superior liaja resolvido definitivamente sobre a ma-
teria da accusagSo.
§ único. Quando nSo for julgada procedente a accusacao e o comportamento do aecusado
ficar illibado, nao será tomada nota da detengao no quartel a que se refere o paragrapho ante-
cedente.
Art. 25.° A pena de baixa de posto contra os officiáes inferiores, primeiros cabos ou indi-
viduos a elles equiparados, só pode ser imposta precedendo decisao de um conselho de disci-
plina, em rasSo de algum dos seguintes fundamentos:
1.° Por faltas graves de servigo ou disciplina;
2.° Por mau comportamento habitual.
Art. 26.° A pena de expulsao do corpo da guarda fiscal só pode ser imposta, ñas niesmas
circumstancias, contra qualquer praga de pret.
§ único. A praga de pret expulsa, irá servir eftectivamente no exercito activo o tenujo que
lhe faltar segundo a natureza do seu alistamento na guarda, no posto com que d'elle houver
saído, e no de soldado se aínda nSo tiver pertencido ao mesmo exercito.
Art: 27.° A detengSo para cabos, guardas ou pracas a elles equiparadas do quadro marí-
timo, consiste na prohibigSo de saír do quartel durante o tempo livre de servigo. As pragas do
quadro marítimo poderao cumprir esta pena a bordo das embarcagoes.
Art. 28.° Os quartos de servigo serao intercalados com os que por escala pertencerem aos
guardas e pragas a elles equiparadas do quadro marítimo, de modo, porém, que lhes fique livre
o tempo indispensavel para satisfazer as necessidades da vida.
Art. 29.° Quando algum cabo, guarda ou praga a elles equiparadas praticar qualquer acto
de insubordinagSo, que pela sua influencia ou exemplo se torne perigoso para a disciplina, todo
o superior poderá determinar que o delinquente seja recluso sob guarda, dando immediatamente
parte circumstanciada ao commandante do batalhao, e procedendo, se for competente, nos ter-
mos do código de justiga militar.
§ 1.° A reclusSo consiste em por em seguranga, em logar adequado, o delinquente, que
poderá, segundo as circumstancias de maior ou menor gravidade, ser privado de toda a comniu-
nicacáb com o exterior e guardado com sentinella á vista, sem prejuizo todavía das prescripgoes
sobre, a incommunicabilidade exaradas no capitulo vi do regulamento de 21 de julho de 1875.
467

§ 2.° A reclusao nao excederá oito dias, excepto se for indispensavel receber 0rden3 do
chefe superior.
§ 3.° Em marcha, a praga reclusa acompanhará desarmada a forga a que pertenga, junto
ás bagagens, com a escolta que a guardar.
Art. 30.° Em marcha, os cabos, guardas e mais pragas de pret do quadro marítimo a elles
equiparadas serSo corrigidas com as mesnias penas disciplinares determinadas para as infraegoes
eomniettidas nos quarteis; e ainda que nao baja occasiao de lhes fazer cumprir as penas impos-
tas, será o mesmo o effeito moral} sendo para este fim averbadas nos registos disciplinares, pelo
modo proscripto no respectivo regulamento.
Art. 31.° Todos os individuos nao militares, masque em circumstancias extraordinarias
forem contratados para formar parte integrante do corpo da guarda fiscal, ficarSo sujeitos a ser
punidos durante todo o tempo do contrato, pelas faltas no cumplimento de obrigagoes de que
tenha resultado ou poder resultar prejuizo ao servigo das tropas a que estiverem unidos. •
Art. 32.° A punigao disciplinar applicavel aos individuos a que se refere o artigo prece-
dente, consistirá na pena de multa, isto é, na perda de um ou mais dias de vencimento a que
tiverem direito, nSo excedendo, em cada mez,. a metade da somma ganha em servigo. Estas
multas, que reverterao em favor do cofre de pensoes do corpo da guarda fiscal, poderlo ser
impostas sómente pelo commandante militar sob cujas ordens os interessados estiverem colloca-
dos, ficando a estes salvo o direito de reclamacSo ao superior competente.
§ único. Em caso de reclamagao, o chefe que tiver imposto a pena de multa deverá infor-
mar o superior competente acerca dos motivos em que tiver fundado o seu procedimento.

CAPITULO IV

Da competencia disciplinar
Art. 33.° Ao ministro da fazenda, como primeira auctoridade da guarda fiscal} em tempo
de paz, cunipre o alto dever de conservar a ordem, a disciplina e a regularidade do servigo da
mesma guarda, usando a seu prudente arbitrio, e segundo as circumstancias, das faculdades
que as leis lhe conceden! corresjioiidentes á superior auctoridade em que está investido.
Art. 34.° Ao ministro da fazenda compete:
Impor a pena de reprehensao no boletim da guarda fiscal;
Impor a pena de suspensio de vencimentos;
Impor a pena de suspensao aggraváda;
Confirmar ou nao a pena de demissSo;
Impor penas iguaes ás da competencia do administrador geral das alfandegas, e augmentar,
diminuir, substituir por outras ou fazer cessár quaesquer penas disciplinares impostas.
Art. 35.° Compete ao administrador geral das alfandegas:
Impor penas iguaes ás da competencia dos commandantes de batalhao, e augmentar até ao
dobro, diminuir, substituir por outras, ou fazer cessar todas as penas por aquelles commandan-
tes impostas;
Impor a pena de transferencia para outro districto fiscal dentro ou fóra da circumscripgao
do batalhSo;
Confirmar a pena de baixa de posto;
Confirmar a pena de expulsSo do corpo.
Art. 36.° Compete aos commandantes dos batalhoes:
Reprehender os officiáes:
Em particular;
Na presenga dos officiáes mais graduados e dos de igual graduagao residentes na locali-
dade ;
Na ordem do batalhSo;
Impor penas iguaes ás que por este regulamento podeni impor os que lhe sao subordinados,
c augmentar até ao dobro, diminuir, substituir por outras, ou fazer*cessar todas as penas im-
postas por estes, nSo excedendo os limites da propria competencia.
Reprehender os officiáes inferiores:
Na presenga dos de superior ou igual graduagSo, residentes na "localidade;
Na ordem do batalhao;
Punir, como julgar conveniente nos limites da sua competencia, o official inferior recluso,
em vista da parte que lhe for dada se o motivo da reclusao tiver sido simples infracgao de dis-
ciplina;
Mandar proceder a investigacSo para a imposiglo das penas que se nao podem applicar
sem preceder essa formalidade, sempre que entenda dever ser imposta alguma d'ellas, ou man-
dar proceder a auto de corpo de delicto nos termos do código de justiga militar;
468

Punir com a pena de detengao os officiáes inferiores até doze días em cada trinta;
Punir com a pena de detengao as outras pragas de pret até quinze dias em cada trinta;
Transferir para outra secgao dentro do mesmo districto fiscal os segundos cabos, guardas e
demais pracas a elles equiparadas;
Punir com a pena de quartos de servico até ao numero de vinte em cada trinta dias;
Punir os guardas a cavallo com a pena de servico a pé durante trinta dias.
§ único. O commandante da companhia das ilhas adjacentes e os commandantes interinos
dos córpos téem competencia igual á dos commandantes dos batalhoes.
Art. 37.° Compete aos inspectores dos circuios:
Reprehender os officiáes:
Em particular;
Na presenga dos officiáes de superior ou igual graduagao residentes na localidade.
Reprehender os officiáes inferiores:
Em particular;
Diante dos da mesma ou superior graduagao residentes na localidade;
Punir os officiáes inferiores com a pena de detengao até dez dias em cada trinta;
Punir com a pena de detengao as outras pragas de pret até dez dias em cada trinta;
Punir c.oni a pena de quartos de servigo até ao numero de dez em cada mez.
§ único. Quando os inspectores dos circuios usarem da propria competencia disciplinar, se-
gundo o que fica prescripto no presente artigo, darlo conhecimento inimediato e pior eseripto
ao commandante do batalhao.
Art. 38.° Compete aos sub-inspectores e chefes de districto:
Reprehender os chefes de secgao em particular.
Reprehender os officiáes inferiores:
Em particular;
Diante dos da mesma ou superior graduagSo;
Punir os officiáes inferiores com a j)ena de detengao até oito dias em cada trinta;
Punir com a pena de detengao as outras pragas de pret até oito dias em cada trinta;
Punir com a pena de quartos de servigo até oito em cada trinta dias.
Art. 39.° Compete aos chefes de secgao:
Reprehender em particular os officiáes inferiores;
Reprehender as demais pragas em particular ou na presenga das de igual graduagao resi-
dentes na localidade;
Punir com a pena de detengSo os officiáes inferiores até seis dias em cada trinta;
Punir com a pena de detengao as outras pragas de pret até seis dias em cada trinta;
Punir com a pena de quartos de servigo até ao numero de seis em cada trinta dias.
Art. 40.° Os sub-inspectores, chefes de districto e de secgao que usarem da competen-
cia disciplinar que lhes é conferida nos termos dos artigos anteriores, darao immediatamente
parte oircumstanciada ao respectivo commandante do batalhSo na casa competente do niappa
diario.
Art. 41.° A competencia disciplinar a que se referem os artigos 36.° a 39.° é ajíplicavel
sómente aos individuos que estiverem sob as ordens dos superiores que fizerem uso da mesma
conrpetencia.
Art. 42.° Todo o superior tem competencia disciplinar para impor a pena de reprehensao
em particular a qualquer individuo de categoría militar inferior á sua.
Art. 43.° Quando qualquer forca tiver a correspondencia interceptada com a sede do bata-
lhao, o commandante terá a competencia disciplinar correspondente ao gran immediatamente
superior, emquanto durar a interrupgao.
Art. 44.° Os chefes de posto téem competencia disciplinar para impor quartos de servigo
até ao numero de seis em cada trinta dias.
Art. 45.° O official que, em virtude de quaesquer circumstancias, assuuiir o commando
pertencente a outro official de grau superior, terá, emquanto exercer taes funcgoes de commando,
a competencia disciplinar correspondente ao grau d'aquelle a quem substituir.
Art. 46.° Todo o superior tem competencia disciplinar para impor detengao preventiva sem-
pre que o julgar convenieute á disciplina ou ao servigo, e quando nos casos extraordinarios pre-
vistos no presente regulamento, assim o exijam as circumstancias, poderá ordenar a suspensao
das funcgoes de servigo e a reclusSo.
Art. 47.° Todo o superior tem competencia disciplinar para, fazendo uso da propria aucto-
ridade, nSo consentir que qualquer inferior commetta na sua presenga infraegoes disciplinares,
ainda que o infractor nSo esteja sob as suas ordens ou nao pertenga ao mesmo batalhao.
§ único. Quando para este effeito nSo baste a reprehensSo em particular, poderá ordenar a
reclusSo do infractor, dando em qualquer caso parte circumstanciada ao chefo do inferior contra
quem houver procedido.
469

Art. 48.° Nenhtini militar, qualquer que seja a sua graduagao, imporá um castigo na pre-
senga próxima de um superior, sem ter para com elle a necessaria deferencia.

CAPITULO v
Dos processos de investigagao e disciplinar
Art. 49.° As penas de suspensSo de vencimentos e suspensSo aggraváda para officiáes, e
as de servigo a pé e transferencia para as pragas de pret, nao poderao ser applicadas sem que
o accusado tenha sido ouvido com sua defeza em processo de investigagao.
Art. 50.° .Quando o commandante do batalhao tiver conhecimento de alguma transgressao
disciplinar a que, pelas suas circumstancias, julgue corresponder alguma das penas indicadas no
artigo precedente, mandará instaurar processo de investigagao por um official sob as suas ordens.
de graduagSo superior á do acensado.
§ único. Ñas filias adjacentes, o processo de investigagao poderá ser instaurado por um
chefe de posto, sempre que na ilha em que se der a infracgao nao houver official prompto para
exeeutar esse servigo. O processo referido poderá ser mandado instaurar em cada ilha pelo
official mais graduado que n'ella exercer commando.
Art. 51." NSo podem ser encarregados de instaurar os processos de investigagao:
1.° Os ascendentes ou descendentes, quer do accusado, quer da parte queixosa, nem os
collateraes até ao quarto grau;
2.° Os que derain participagao official ou noticia do facto, ou serviram de testemunhas ;
3." Os que em rasao das funcgoes do seu cargo conheceram do objecto da accusacSo;
4.° Os que dentro dos últimos cinco anuos anteriores á data da ordem para instaurar o pro-
cesso intervieram como réus em algum processo criminal ou disciplinar;
5." Os que serviram debaixo das ordens ou commando do argüido, quando este for accusado
por factos relativos ao exercicio d'esse commando.
§ único. O militar encarregado de instaurar o processo de investigagao, que se achar em al-
guma das condigoes do presente artigo, deve participal-o, sem demora, ao superior que houver
feito a nomeagao, para ser convenientemente substituido.
Art. 52.a Ao official encarregado de formar o processo de investigagSo compete proceder a
todas as indagagoes que julgar convenientes; receber as declaragoes dos offendidos e colher de
quaesquer pessoas que presuma terem conhecimento das infraegoes denunciadas todas as infor-
magoes, esclarecimentos e noticias que possam servir ao descobrimento da yerdade.
§ único. O official a que se refere o presente artigo será coadjuvado por um seu subordi-
nado, para isso apto e por elle directamente nomeado, ou alias requisitado á auctoridade compe-
tente, o qual servirá de esorivSo.
Art. 53.° A investigagSo, realisada nos termos do artigo anterior será reduzida a auto, e
d'elle deverá constar:
1.° O logar, dia, mez e auno em que foi feito;
2.° O nome, profissSo e morada de cada nina das pessoas que n'elle intervieram;
3.° O juramento deferido ás testemunhas;
4.° A declaragSo textual do offendido, depoimentos, informagoes, exanies e o resultado de
quaesquer diligencias e indagagoes tendentes a obter-se nao só o conhecimento cabal do facto re-
putado infracgao disciplinar e de todas as circumstancias d'elle, que devam contribuir para a
sua exacta qualifieagao, mas a noticia de quaesquer presumpgoes, indicios ou suspeitas por onde
possa vir a descobrir-se quaes foram os seus auetores e cumplices ;
5.° A resposta textual do accusado á materia de accusagSo que lhe houver sido feita, po-
dendq elle, para esse finí, dictar as suas declaragoes e recorrer ao auxilio de' quaesquer notas, ou
apontamentos de que se achar munido.
§ 1.° Depois de dictado e lido o seu depoimeuto, assignal-o-ha cada urna das testemunhas e
bem assim o official que presidir á investigagao e o seu escrivao. Se as testemunhas nSo soube-
reni ou nSo poderem assignar, o escrivao fará mengao d'isso no finí dos depoimentos. O auto,
depois de encerrado, será novamente assignado pelo official e seu escrivao, e por ambos tambem
rubricado em cada folha.
§ 2.° O formulario seguido nos processos de investigagao será o mesmo mandado adoptar
para os corpos de delicto no código de justiga militar de 9 de abril de 1875 e regulamento de
21 de julho do mesmo anuo, com as alteragoes determinadas no presente regulamento.
Art. 54.° Pindas as diligencias relativas, á investigagao será sem delonga remettido o res-
pectivo auto, com todos os documentos e papéis que lhe disserem respeito, ao commandante do
batalhSo.
§ único. Se o auto de investigagao contiver quaesquer lacunas ou irregularidades, o com-
mandante do batalhao, por despacho langado no proprio processo, mandará preenehel-as ou emen-
dal-as, o que se fará em seguimento do primitivo auto.
470

Art. 55.° Ao commandante do batalhao, depois de examinar o processo, ao qual juntará a


nota dos assentamentos que o argüido tiver no livro de matricula, incumbe:
1.° Mandar archivar o processo, se d'elle se mostrar que os factos denunciados se nao achaiu
sufficientemente esclarecidos;
2.° Proceder conforme o presente regulamento, se os mesnios factos constituirem apenas
infracgoes a que corresponda pena comprehendida na propria competencia disciplinar;
3;u Remetter o processo á auctoridade superior, informando n'elle os deveres infringidos e
a pena applicavel, quando esta exceda a sua competencia.
Art. t>6.° Ao administrador geral das alfandegas, depois de examinar o processo de inves-
tigagao, incumbe:
1.° Mandar archivar o processo, se entender que os factos denunciados se nao achara pro-
vados;
2.° Devolvel-o ao commandante do batalhSo para que applique a respectiva pena discipli-
nar, quando entender que aos factos provados cabe urna repressSo contida dentro da competen-
cia disciplinar d'áquelle official;
3.° Prover, conforme o presente regulamento, se os mesmos factos constituirem apenas in-
fracgoes a que corresponda pena comprehendida na propria competencia disciplinar;
4.° Apresentar o processo ao ministro da fazenda, com iiifofmagao detalhada, nos proprios
autos, -em que declare quáes os deveres infringidos e pena que considera applicavel, quando
esta, exceda a sua competencia e o accusado seja official.
§ único. Se o accusado for praga de pret, e aos factos denunciados e julgados provados,
pela sua gravidade, corresponder alguma das penas de baixa de posto ou expulsao do corpo, por
despacho langado nos proprios autos, o administrador geral determinará a coiwOcagao do conse-
lho de disciplina para julgamento do accusado.
Art. 57.° Ño caso previsto no n.° 4.° do artigo anterior, ao ministro da fazenda, depois de-
examinar o processo, compete:
1.° Devolvel-o ao administrador geral das alfandegas e contribuicoes indirectas para appli-
car a respectiva pena disciplinar, quando entender que aos factos provados só cabe unía repres-
sao contida dentro da competencia disciplinar d'este funecionario;
2.° Prover, na conformidade do presente regulamento, se os mesmos factos constituirem
apenas infracgSes a que corresponda pena comprehendida na propria competencia disciplinar.
Art. 58.° Se aos factos denunciados e reputados provados, pela sua gravidade, corresponder
a pena, de demissao, ou se ao ministro parecer conveniente que elles sejam apreciados em-pro-
cesso contradictorio, por despacho langado nos proprios autos determinará a convocagao de um
conselho de disciplina, para julgamento do accusado.
Art. 59.° O conselho de disciplina para julgamento de officiáes será composto de um coro-
nel, presidente; um tenente coronel, um niajor e dois capitSes, todos do exercito activo, no-
meados, a requisig-So do ministerio da fazenda, pelo commandante da divisSo militar em cuja
eircuinscripgao tiver sido instaurado o processo de investigagSo.
§ 1.° Os officiáes que tiverem de compor o conselho a que se refere o presente artigo serao
nomeados de entre os que compozerem a lista de officiáes de que trata o artigo 142.° do código
de justiga militar e forera os jnimeiros a nornear para a composigSo do resjiectivo conselho de
guerra permanente.
§ 2.° Junto do conselho de disciplina desempenhará as funcgoes de promotor de justiga o
official subalterno ou capitán, que para esse effeito for roquisitado pelo ministerio da fazenda, e-
um subalterno para servir de secretario.
§ 3.° O accusado será assistido do defensor que oscolher, e nao o escolhendo, ser-lhe-ha
nomeado pelo general commandante da divisSo, a requisigao d'áquelle ministerio.
Art. 60.° O conselho de disciplina para julgamento de.pragas de pret será composto de um
official com graduagSo de capitao, presidente: dois ditos com a graduagSo de tenente e dois com
a de alferes, todos do corpo da guarda fiscal ou .do exercito activo fazendo servigo n'ella e no-
meados por escala pelo commandante do batalhao.
§ único. Juntó do conselho de disciplina haverá igualmente um promotor nomeado pelo mi-
nisterio da fazenda. O defensor, quando nSo for indicado pelo accusado, e o secretario, serSo
nomeados pelo commandante do batalhSo.
-
Art. 61.° Aos officiáes do exercito activo nomeados para servirem no conselho disciplinar
a que se refere o artigo 59.° e seus paragraphos serao abonados pelo ministerio da fazenda os
transportes e vencimentos extraordinarios a que tiverem direito os officiáes em idéntica situagSo
que fizerem parte dos conselhos de guerra permanentes.
§ único. O conselho administrativo do batalhSo fiscal, em cuja circumscripgSo se reunir o
conselho de disciplina, procesará e pagará ¡inmediatamente os abonos a que o presente artigo
.se refere.
Art. 62.° Os conselhos de disciplina n que se referem os artigos anteriores reunir-se-hao na
471

sede do districto fiscal em que tiverem occorrido os factos de que houverem de tomar conheci-
mento.
§ 1.° Os officiáes e pragas de pret da compauhia das ilhas adjacentes que commetterem
quaesquer infracgoes, pelas quaes tenham de responder em conselho de disciplina, serao julgados
perante o que se constituir na cidade de Lisboa.
§ 2.° A forma de processo a seguir nos conselhos de disciplina será a determinada para
julgar os officiáes da reserva, nos termos do § 2.° do artigo 216.° do plano da organisagSo do
exercito de 30 de outubro de 1884.
Art. 63.° O processo relativo a officiáes será enviado pelo presidente do conselho de disci-
plina ao ministro da fazenda, pela administragao geral das alfandegas e contribuigoes indirectas;
o processo instaurado pelo conselho a que se refere o artigo 60.°, será remettido ao eoinnian-
dante do batalhao, que o enviará á mesma administragao geral, acompanhado de informagaó.
§ único. Ao ministro da fazenda, com respeito aos processos de officiáes, e ao administra-
dor geral das alfandegas, com respeito aos das pracas de pret, compete o confir.marem ou nSo
as decisoes dos conselhes de disciplina, só depois do que ellas produzirao effeito.

CAPITULO vi
Da applicagao das penas disciplinares
Art. 64.° A ordem militar é hierarchica de grau em grau. Em igualdade de grau prefere o
mais antigo na graduagao, ém igualdade de antiguidade e de graduagSo prefere e mais antigo
no servigo, attendendo sempre á circüinstancia da preferencia do grau no exercito activo sobre
o da reserva do mesmo exercito, e aínda ao d'este sobre o do grau no corpo da guarda fiscal.
§ 1.° O quadro hierarchico do pessoal da mesma guarda fiscal é. o seguinte:

Servigo marítimo e fluvial

Hieríircliia fiscal Hicfíircljiiimilitar

Officiáes :
Chefe de districto maritimo ...' Segundo tenente.
Sub-commandante de vapor Guarda marinha.
Pracas de pret : <¡,

¡Mestre Mestre da armada. •


Contramestre Contramestre.
Machinista. Ajudántemachiiiista de 3.a classe
.Patráo de 1.a ou 2.a classe Cabo de marinlieiros.
Marinheiro. Marinheiro de 1.a classe.
Kemador de 1.a classe ¡
Marinheiro de 1.a classe.
Remador de 2.a classe Marinheiro de 2.a classe.
Grumete Grumete de 2." classe.
Fogueiro Fogueiro de 2.a classe (marinheirx
de 2." classe).
Chegador Chegador (grumete de 1.a classe)
Despenseiro Despenseiro.
Cozinhe.iro Cozinheiro.

Servico terrestre

Hierarcliiíifiscal Hicrarclmi militar

Officiáes:
— Commandante de batalhao — official superior
¡ do exercito activo.

Commandante da companhia das ilhas adja-
centes—capitao do exercito activo.
Inspector Capitao do exercito activo.
Sub-inspector. Capitao do exercito activo, capitao dá reser-
va, ou tenente do mesmo exercito.
Chefe de districto de 1." ou 2.a classe Tenente do exercito activo ou tenente da re-
serva do mesmo exercito.
Chefe de seecao de*l.a ou 2.a classe Alferes da reserva do mesmo exercito.
472

llicrarcliia fiscal llierarcliia militar


.

Pracas de pret:
(\a. • t
\ Chefe de posto de 1.a classe Primeiro sargento, idem.
umciaes interiores ; chefe de pogto de %* clagge Segundo sargento, idem.
_
Chefe de posto de 3.a classe Primeiro cabo.
Segundo cabo Segundo cabo.
Guarda a cavallo Soldado.
Guarda a pé ídem.

§ 2.° A correspondencia da hierarchia entre o pessoal marítimo e terrestre do corpo da


guarda fiscal ó a constante do quadro seguinte:
.

Hierarchia no quadro maritimo llierarcliia no quadro terrestre

Chefe de districto maritimo Chefe de districto de 1.a classe


Sub-eommandante de vapor Chefe de seccao de 1.a classe.
Mestre
Contramestre Chefe de posto—de 1.a classe.
Machinista Chefe de posto de 2." classe.
Patrao de- 1.a ou 2.a classe ,
: Chefe de posto de 8.a classe.
Marinheiro, remador, grumete, fogueiro, chegador, despenseiro e cozinheiro... Guarda a pé.

Art. 65.° Sendo um dos fins da pena o melhoramento do culpado, os superiores devem por
isso abster-se de empregar rigores excessivos e punigoes injustas ou nao auctorisadas ñas leis,
porque as punigoes arbitrarias ou excessivas convertem-se em ofiensas.
Art. 66.° Na applicagao das penas disciplinares, os superiores deverSo apreciar escrupulosa-
mente tudas as circumstancias aggravantes e attenuantes e o tempo de servigo do culpado, para
graduaran a pena, animados tao sómente do bem do servigo e do sentimento do dever.
§ único. A infracgao é tanto mais grave quanto mais elevada é a hierarchia do militar que
a commette, por isso, sempre que a mesma falta seja pratic'ada por diversos militares, deverá
ser mais severamente punido o mais graduado ou mais antigo de entre elles.
Art. 67.° Quando qualquer superior tenha conhecimento de um militar se achar em estado
de embriaguez, particando aegoes contrarias á ordem publica, á disciplina ou á dignidade mili-
tar, promoverá a sua detengSo em logar apropriado, recorrendo para esse finí, exclusivamente,
sempre que seja possivel, aos conselhos suasorios ou á acgSo dos camaradas de igual graduagao.
Em regra, nenhuma punigSo será imposta a um militar em estado de embriaguez, aguardando-se,
para esse finí, que elle tenha voltado ao seu estado normal.
Art. 68.° E prohibida a applicagao simultanea de duas ou mais penas pela mesma in-
fracgao.
§ único. O tempo de duragSo das penas contar-se-ha desde a hora em que a pena comegar
a ser cumplida até que tenham decorrido tantas vezes vinte e quatro horas quantos forem os dias
determinados.
Art. 69.° Todo o militar que durante o cumplimento de alguma pena disciplinar commetter
nova transgressao será punido com o augmento da pena, ou com outra mais grave, dentro dos
limites prescriptos por este regulamento.

CAPITUnO Vil
Das reclarnagoes
Art. 70.° O militar a quem houver sido imposta pena disciplinar, que tiver por injusta,
poderá reclamar.
§ 1.° Toda a reclamagao deve ser singular, formulada em termos moderados e respeitosos,
e dirigida por eseripto aos chefes, pelas vias competentes, durante o praso de dez dias, contados
do imposigSo da pena.
§ 2.° O chefe tem por dever attender, como for de justiga, as reclarnagoes que lhe forem di-
rigidas nos termos do paragrapho antecedente, ou dar seguimento aos recursos que deverem ser
resolvidos pela auctoridade superior.
473

Art. 71.° O chefe ouvirá a parte reclamada, quando nao seja acto d'elle proprio o assumpto
da reclamagSo, apreciará o seu fundamento e resolverá como for de justiga^
§ 1.° Se a reclamagSo for justa> o reclamado será considerado incurso em infracgao disci-
plinar; e, quando seja manifestamente infundada, o reclamante será.castigado por falta, de cum-
plimento dos seus deveres disciplinares.
§ 2.° Quando o chefe a quem for dirigida a reclamagao nSo se julgar sufficientemente escla-
recido com as inforniagoes obtidas das duas partes, procederá ás averiguagoes necessarias >para
o descobrimento da verdade.
Art. 72.° Das decisoes das reclataagoes de que trata o artigo antecedente podern recorrer
pelas vías competentes, tanto o reclamante como o reclamado.
§ 1.° Quando a reclamagSo disser respeito a actos dos inspectores, sub-inspectores, chefes
de distiietó, de secgao e de posto, o recurso séfá dirigido ao commandante do batalhao.
§ 2.° Quando a reclamagao disser respeito aos actos do commandante do batalhao, o re-
curso será dirigido ao administrador geral das alfandegas e eontribuigoes indirectas.
§ 3.° Se a reclamagao so referir a actos do administrador gérál das alfandegas é eontribui-
goes indirectas,.o recurso será dirigido ao ministro da fazenda;
Art. 73.° Todo o superior que nSo der seguimento ás reeiamaco.es que forem aprosentadas
em termos convenientes por algum subordinado commette infracgao disciplinar.

CAPITULO VIII

Dos effeitos das penas

Art. 74.° O official que for punido com a pena de reprehensSo na ordem de batalhao ou no
boletim da guarda fiscal será transferido para outro batalhSo.
Art. 75.° Quando um official for punido com á pena de reprehensao, por qualquer dos mo-
dos abaixo indicados, nao poderá ser promovido, ainda que lhe per-tenga, emquanto depois nSo
servir durante um anuo, sem punigoes iguaes no modo e numero:
1.° Por urna voz, no boletim da guarda fiscal; "
2.° Por duas vezes, na ordem do batalhSo;
3.° Por quatro vezes, por qualquer forma de reprehensSo registáda.
§ único. Para o caso de serem as repr-chensoes em gratis diversos e em numero inferior ao
marcado, considerase a reprehensSo de qiuilquer grau metade do antecedente.
Art. 76.° O official que for punido com suspensao de metade dos seus vencimentos até trinta
dias, nao se lhe contará esse tempo para effeito algum, nem poderá ser promovido, aínda que lhe
pertenga, senao depois de servir durante seis mezes sem qualquer outra punigao.
Art. 77.° O official qué for punido com a pena de suspensao aggraváda, nSo se lhe contará
para effeito algum o tempo da suspensao, nem poderá ser promovido, ainda que lhe pertenga,
senao depois de servir durante dois annos sem qualquer outra punigao,
§ único. As decluegoes feitas nos vencimentos dos officiáes castigados com as penas de sus-
pensSo indicadas no presente artigo e no anterior reverterao em favor do cofre de pensóos da
guarda fiscal.
Art. 78.° As pragas de pret graduadas punidas com a baixa de posto serao transferidas
para outro batalhSo.
Art. 79.° O official inferior que for punido com a pena de detengao no quartel perderá por
cada dia que estiver detido ou preso a metade dos vencimentos ordimuios e todo o tempo de
servigo.
§ único. Os referidos descontos reverterao em beneficio do cofre das pensSes.
Art. 80.° O official inferior que for punido com a pena de reprehensSo em ordem de bata-
lhSo será transferido de batalhao.
Art. 81.° O official inferior que for reprehendido tres vezes em ordem de batalhSo ou com
detengao no quartel por sessenta dias, nao poderá ser readmittido.
§ 1.° Para os effeitos do presente artigo, a reprehensao em ordem de batalhao considera-se
equivalente a vinte dias de detengSo.
§ 2.° NSo poderá igualmente ser readmittido o official inferior que dentro de doze mezes
for punido por tres vezes com qualquer das penas de reprehensSo registáda.
Art. 82." A praga de pret nao comprehendida nos artigos antecedentes que for punida com
a péha de detengao no quartel, perderá por cada dia que estiver dotida ou presa a metade dos
vencimentos ordinarios e todo o tempo de servigo.
§ único. Os referidos descontos entrarlo no cofre das pensoes da guarda fiscal.
Art. 83.° NSo poderSo ser readmittidos o primeiro, segundo cabo, guarda ou praga de pret
aos mesmos equiparadas que tiverem sido punidas com qualquer das penas e pelos modos abaixo
indicados:
474

1.° Com reprehensao registáda por seis vezes;


2.° Com a detengao no quartel por cento e vinte dias.
§ único. Para os effeitos do presente artigó, urna reprehensSo registáda equivalerá a dez
dias de detengao.
Art. 84.° Ainda que um official ou praga de pret seja alliviada de parte de qualquer pena
que estiver Cumprindo, a nota será averbada no registo disciplinar como se a pena fosse inteira-
iüe'ííté cumprida; quando, porém, tenha havido erro de que resulte manifiesta injustiga, o com-
mandante do batalhSo determinará que no registo se faga urna declaragSo annullando aquella
nota, depois da competente auctorisagao do ministro da fazenda.

CAPITTLO IX

Dispósigoes diversas
Aft. 85¡° Os commandantes dos bataíhoes, primeiros responsaveis pela manutengSo da disci-
plina, alem da competencia disciplinar para punir, poderao, como estimulo para o exempíár com-
portamento e zeloso cuidado no cumplimento dos deveres fiscaes e militares, remunerar as pra-
gas de pret sob o seu commando nos termos seguintes:
1.° Louvando-as particularmente ou na presenga dos camaradas, pelo zélo desenvolvido no
fiel e exacto cumplimento dos seus deveres, quer fiscaes, quer militares;
2.° Douvándo-as em ordem do batalhSo por qualquer acgao extraordinaria de valor, dedica-
gaOj desinteresse ou sagacidade que pratiquem no desempenho dos deveres, quer fiscaes, quer
militares;
3.° Dispensando-as das formaturas de revista quando se apresentem demonstrando exemplar
cuidado na conservagSo e limpeza dos artigos dos seus uniformes, armamento, corréame e equi-
pamento, arreios e tíatamentb do cavallo;
4.° Dispensando das formaturas de exercicio as pragas que notavelmente se mostrarem
com o peífeito conhecimento dos seus deveres, em relagSo á sita instrucgao militar;
5.° Promover ao posto de segundo cabo, ató ao numero indicado no quadro da distribuigao
da forga do batalhao, os guardas que reunam ao melhor comportamento as circumstancias de
provado bom senso, dignidade e notavel capacidade para o exercicio dos deveres fiscaes e ma-
nutengSo da disciplina; isto pela propria apreciácSo.j ou ouvindo, quando o julguem necessario,
os respectivos inspeetoreSj chefes de districto e chefes dé secgSo.
§ 1.° Os segundos cabos serao preferidos no préenchimento das vacaturas de primeiros ca-
bos que occorreremHo quadro, quando satisfagam ás dispósigoes reguladoras do accesso; e po-
derSo voltar a guardas, por determinagSo do commandante de batalhao, quando no desempenho
pratico dos seus deveres nao correspondam ao conceito que d'elles havia sido formado.
§ 2.° Sempre que os commandantes dos bataíhoes usarem da faeuldade que lhes é conferida
por este artigo, o farao publicar: motivadamente na ordem respectiva.
Art. 86.° A parte dada por um official contra os subordinados, relativa a infraegoes de dis-
ciplina, será attendida pelos chefes, independentemente de qualquer formalidade, sempre que nSo
for exigida investigagSo nos termos do presente regulamento.
§ 1.° A parte dada pelos officiáes inferiores será tambem attendida directamente, ñas mes-
mas circumstancias, excepto no caso em que o commandante do batalhao julgue conveniente
mandar proceder a qualquer investigagSo.
§ 2.° No caso de haver prova do superior haver faltado á verdade, proceder-se-ha' contra
elle nos termos do código de justiga militar.
Art. 87.° Os officiáes do exercito activo, e bem assim os reformados do mesmo exercito,
em servigo na administragSo geral das alfandegas e no corpo da guarda fiscal só podem ser pu-
nidos pelo ministerio da fazenda com a pena de reprehensSo em particular.
§ 1.° Quando, porém, commetterem infracgSo de disciplina a que deva corresponder pena
mais grave, nos termos do regulamento disciplinar do exercito activo, será esta imposta pelo
ministerio da guerra.
§ 2.° Para os effeitos do paragrapho antecedente, será o official mandado apresentar ao mi-
nisterio da guerra com o respectivo processo, podendo ser ou nao exonerado da commissSo que
desempenhar, conforme parecer ao ministro da fazenda.
Art. 88.° Aos addidos ao corpo da guarda fiscal, aos actuaes reformados que se acharem
'executando os servigos a que se refere o artigo 143.° do decreto n.° 4 de í7 de setembro de
1885, e bem assim aos officiáes e pragas de pret que de futuro se reformarem, sao applicaveis
as dispssigoes do presente regulamento.
Art. 89.° A praga que, por infracgao do dever 5.° dos mencionados no artigo 1.° d'este
regulamento, se constituir em culpa de ausencia illegitima por um ou mais dias, contados por
vinte e quaíro horas desde que faltar ao servigo, mas nSo completar o periodo necessario para
475

<jne a falta seja considerada desergao, alem da pena disciplinar que lhe for imposta, ser-llie-ha
descontado no tempo de servigo aquelle em que estiver ausente.
Art. 90,° Nos registos disciplinares serao averbadas: .

1.° Todas as penas disciplinares impostas aos officiáes, exceptuando a reprehensao em par-
ticular;
2.° Todas as penas disciplinares impostas aos officiáes inferiores, exceptuando a reprehen-
sao em particular;
3.° Todas as penas disciplinares impostas ás demais pragas de pret, exceptuando a repre-
hensao em particular e os quartos de servigo.
§ único. Todas as penas impostas aos officiáes e ás pragas de pret, que devam ser regista-
das nos termos. d'este regulamento^ serao mencionadas nos mappas diarios, ou em párticipagoes
especiaes, a finí de que o commandante do batalhSo possa registal-as e aítender a qualquer irre-
gularidade que observar.
Art. 91.° As notas das penas averbadas nos registos disciplinares só poderSo ser annul»
ladas:
1.° No caso de amnistía;
2.° No caso de reclamagSo attendida c feita em tempo competente.
§ único. O perdSo real nao annullará as notas das penas^ mas sómente as invalidará para
a imputagao moral.
Art. 92.° Um exemplar do código do justiga militar e do presente regulamento estarao
sempre patentes em todos os postos fiscaes.
Art. 93.° As notas de culpas e castigos que as pragas da reserva que forem transferidas
para a guarda fiscal tiverem nos seus assentamentos nao serao por modo algum apreciadas disci-
plinarmente, segundo as prescripgoes do presente regulamento, más únicamente tomadas em
conta para juizo sobre o comportamento das pragas a quem as mesmas notas se referirem.
§ único. Esta disposigao é igualmente applicavel aos empregados do antigos.corpos da fisca-
lisagao externa das alfandegas.
Art. 94.° Ficam por este regulamentoalteradas e substituidas todas as dispósigoes disciplina-
res contidas nos regulamentosanteriores;
CAPITULO x
Dispósigoes transitorias
1.a Emquanto nao forem decretadas as dispósigoes especiaes a que se refere o § 2.° do ar-
tigo 62.°, seguir-se-ha nos conselhos de disciplina o formulario á que se refere o regulamento
para a execugao da lei de 14 de julho de 1856, publicado na ordem do exercito n.° 35 de 14
de agosto de 1858, com as alteragoes previstas no presente regulamento.
2.a Os actuaes inspectores, sub-inspectores de circulo, chefes de districto, sub-commandantes
dé vapor e chefes de secgSo téem as graduagoes constantes dos quadros designados no § 1.'° do
artigo 64.° do presente regulamento, mas únicamente nos termos do § 1.° do artigo 6.° do de-
creto n.° 4 do 17 de setembro de 1885.

Oífleio de 22 de marco de 18S6, diriyido pelo ministerio daguerra aos commandantes


das diiisóes militares c oulras estacóos superiores do exercilo

A finí de obviar a certos inconvenientes, que podem resultar da execugSo da circular d'este'
ministerio de 11 do corrente, ñaparte que diz respeito á's pragas que tiverem de cumprir a pena
de prisao correccional, em vista da grande distancia a que se achain das companhias de correc-
gSo alguns corpos do exercito, principalmente os das ilhas daMadeira e Agores: deterniina s. ex."
o ministro da guerra, em additamento á mesma circular, que a referida pena, quando applicada
por tempo inferior a vinte dias, seja cumprida pelos delinquentes nos quarteis dos corpos a que
pertencerem ou estiverem addidos, sendo contado o tempo d'esta punigSo da data do despacho
que a determinou, e considerada para todos os effeitos, a que se referem os §§ 1.°, 2.° e 3.° do
artigo 87.°, e artigos 74.° e 89.° do regulamento disciplinar, como se fóra cumplida na 2.a classe
das companhias de correcgSo,1

Na delerminacáo incerla no liolclim da guarda fiscal n.° 10 de 20 de marro de 4880,


cncon(ra-sc o seguinte:

Convindo determinar quacs os abonos e descontos que, em casos especiaos, se deverao fazer
aos officiáes c pragas de pret do corpo da guarda fiscal: manda Sua Magostado El-líci publicar
as seguintes dispósigoes:
476

Os officiáes e pragas de pret, presas para conselho de guerra ou para julgamento no


•1.a
foro civil, vencerao sómente metade do ordenado, emquanto permanocerem n'aquellas situagoes,
revertendo a outra metade para o cofre de pensoes da guarda fiscal. Se, porém, forem absolvi-
das dos crimes imputados, serSo logo indemnisadas dos prejuizos soffridos.

Decreto de í de junho de 1880


.
Querendo solemnisar a epocha memoravel do feliz consorcio do meu muito amado e prezado
filho, o Principe Real Dom Carlos, praticando um acto de clemencia tao ampio quanto seja com-
pativel com a seguranga commum e com a disciplina militar: hei por bem, exercendo unía das
attribuigoes do poder moderador, que mais ágradavel me é, e tendo ouvido o conselho d'estado,
decretar o seguinte:
Artigo 1.° É concedida amnistía geral e completa para todos os crimes contra o exercicio
do direito eleitoral, e em geral para todos os crimes de origem ou carácter político commettidos
até á data do consorcio do Principe Real, exceptuando-se aquelles de que resultou homicidio ou
alguma das lesoes mencionadas na nova reforma penal, artigos 360.°, n.° 5.°, e 361.°
Art. 2.° E tambera concedida amnistía para os crimes seguintes, commettidos ató á mesma
data:
1.° De abuso de liberdade de imprensa, em que sómente seja parte o ministerio publico;
2.° De contrabando, ficando perdidos a favor da fazenda e das pessoas a quem pertencer,
segundo as leis^ os objectos. respectivos ao mesmo contrabando;
3.° De sedigSo ou assuada, nao tendo havido offensa de pessoas ou propriedades, embora
se tenham soltado vozes sediciosas;
'4.° De desergSo simples do exercito ou armada, ou de desergSo aggraváda, se esta o tiver
sido sómente pela subtraegao ou descaminho de objectos da fazenda.
§ 1.° Aos desertores sómente aproveitará esta amnistía, apresentando-seelles dentro de dois
mezes no reino, de quatro ñas ilhas adjacentes e de seis no ultramar, contados quanto ao reino
e ilhas desde a data em que este decreto for publicado na ordem do exercito ou da armada, e
quanto ao ultramar desde o dia em que for publicado na capital da provincia.
§ 2.° O tempo decorrido, desde que á praga se tiver constituido em desergao até o dia da
sua apresentágSo,. nao lhe será contado como tempo de servigo para effeito algum.
Art. 3.° Os processos instaurados pelos crimes comprehendidos nos artigos antecedentes fi-
cam de nenhum effeito; n'elles se pora perpetuo silencio; e os réus que estiverem presos, com
processo ou Sem elle, serSo solios, se por outro motivo nao deverem ser retidos na prisao.
Art. 4.° As pragas de pret nao comprehendidas no n.° 4.° do artigo 2.°, e condemnadás á
data mencionada no artigo 1.° pelo crime de desergSo simples ou aggraváda por alguma das cir-
cunistancias referidas no artigo 70.° do código de justiga militar na pena de deportagSo militar,
fica perdoada a quarta parte da j>ena em que foram condemnadás.
Art. 5.° Aos réus condemnados por sentenga passada em julgado á data mencionada no ar-
tigo 1.° ñas penas de presidio de guerra e prisSo militar, fica igualmenteperdoada a quarta parte
da pena em que foram condemnados.
Art. 6.° As pragas i de, pret que tiverem commettido transgressoes de disciplina ató á data
mencionada no artigo 1.°, ficam perdoadas as penas em que incorreram e lhes foram impostas.
Art. 7.° Aos réus condemnados em algumas das penas perpetuas de trabalhos públicos,
prisao maior ou degredo, ficam estas penas comnmtadas na pena fixa de degredo por vinte e
cinco annos, levando-se-lhes em conta a cada um o tempo deconido desde que a respectiva sen-
tenga condemnatqria passou em julgado.
§ 1.° Os condemnados á jiena perpetua de trabalhos públicos serao levados para as posses-
so.es de 2.a classe para ahí eumprirem o degredo pelo tempo que lhes faltar, nos termos d'este
artigo; os condemnados á pena perpetua de prisSo maior serSo levados para as possessoes de
1.a classe, nos mesmos termos; e os condemnados a pena perpetua de degredo cumprirSo a.pena
ñas possessoes declaradas ñas respectivas sentengas.
§ 2.° Os co-réus comprehendidos n'este artigo nao poderSo cumprir o degredo na mesma
localidade, excepto sendo conjuges.
Art. 8.° Aos réus oondemnados por sentenga passada em julgado á data mencionada no ar-
tigo 1.° em penas maiores temporarias de qualquer natureza que sejam, fica perdoada a quarta
parte do tempo da condemnagao.
Art. 9.° As penas correcciónaes de prisao ou desterro, impostas por sentenga passada em
julgado á data mencionada no artigo 1.° que nSo excederem a um anno, ficam perdoadas aos réus;
e, quando excedam, fica-lhes perdoado um anno das sobreditas penas.
Art. 10.° Ñas dispósigoes dos artigos antecedentes nao sao comprehendidos os réus, que
477

depois de condemnados por sentenga passada em julgado, tiverem obtido cominutagSo ou dimi-
nuigao das penas a elles impostas, nem aquelles que tendo sido accusados pela parte offendida,
nSo tiverem obtido o perdao d'esta.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes assim o tenham entendido e
fagam exeeutar.

Decreto de 4 de junho de 1886

Convindo que a commissao nomeada em decreto de 21 de junho de 1875, para rediga* um


projecto do código de justiga militar destinado á arinadaj prosiga os respectivos trabalhos, cuja
interrupgSo foi motivada peló fallecimento de alguns dos vogaes, pela exoneragSo que outro soli-
citou e pela nonieagao de outro para um importante cargo em paiz estrangeiro: hei por bem no-
mear para a mencionada commissao o ministro e secretario d'estado honorario, conselheiro An-
tonio Cardoso Avelino; o vice-almirante conselheiro Joaquim José de Andrada Pinto; o auditor
da marinha Carlos Augusto Caldeira Cástello Branco e p capitao tenente da armada Pedro Grui-
lherme dos Santos Diniz.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faga exeeutar.

Portaría de 30 de junio de 1886

Havendo-se reconhécido, por urna experiencia de mais de dez annos, a necessidade de ser
reformado o código de justiga militar e o regulamento disciplinar actualmente em vigor no exeiv
cito; e tornando-se ao mesmo tempo preciso hannonisar, era presenga da nova reforma penal
de 14 de junho de 1884, os códigos penaes civil e militar ñas relagoes que entre elles existem:
manda Sua Magestade El-Rei, pela secretaria d'estado dos negocios da guerra, que urna com-
missao composta do juiz relator do tribunal superior de guerra e marinha Antonio José de Bar-
ros e Sá, que será o presidente; do auditor especial junto do ministro da guerra José María
Borges; do coronel ¿o regimentó de infantería n.° 5 Joaquim da Cunha Pinto; do tenente coro-
nel do regimentó de artilheria n.° 1 Francisco Hygino Craveiro Lopes; e do major do estado
maior de infantería, promotor de justiga junto ao 1.° conselho de guerra permanente da/1.a di-
visSo militar, José EstevSo de Moraes Sarmentó, que servirá de secretario, tendo em conside-
ragSo a importancia do encargo que lhe é commettido, proceda á revisSo do referido código de
justiga militar de 9 de abril de 1875 e do regulamento disciplinar de 15 de dezembro do mesmo
anno, devendo apresentar os projectos que julgar convenientes'..

OíTicio de 1 de julho de 1886, dirigido aos commandantes das dhisücs militares

Tendo-se suscitado duvidas acerca da verdadeira interpretagao do artigo 6.° do decreto de


4 de junho ultimo, publicado na ordem do exercito n.° 13, isto é, se o beneficio d'essa disposi-
gao pode sómente aproveitar ás pragas que estavam cumprindo penas disciplinares á data do
consorcio de Sua Alteza o Principe Real (22 de maio) ou tambera a todas aquellas que cumpri-
ram penas similhantes antes da referida data, embora em epocha muito anterior: encarrega-me
s. ex.a o ministro da guerra de dizer a v. ex.a, para os fins convenientes, o seguinte:
Dividindo-se o decreto ácima citado em duas partes distinctas, urna de amnistía para di-
versos crimes comprehendidos nos artigos 1.°, 2.a e 3.°, e outra comprehendida no resto dos
artigos, de perdao genérico de toda ou parte das penas em que em 22 de maio estiverem defi-
nitivamente condemnados os réus de diversos crimes, e tendo em vista a definigao de amnistía e
perdao expressa nos artigos 120.° e 121.° do código penal, ve-sc que existe a differenga em que
amnistía dirige-se aos factos criminosos que abrange, como se nunca tivessem existido, e o per-

1 Fizeram tambem parte d'esta commissao: o conselheiro José da Cunha Navarro de Paiva, adjunto do
juiz relator do tribunal superior de guerra e marinha; os capitíies de eavallaria, José da Gama Lobo Lamare
e Domingos José Correia, promotores de Justina juntos, este, no conselho de guerra da 3.a di visito militar e
aquelle do 1.° conselho de guerra da 1.a divisSo militar, e o capitao de fragata Jeronyino Emiliano Lopes Uauhos.
A commissao dirigiu a s. ex.a o ministro da guerra, em fevereiro de 1887, urna exposicao relativa aos seus
trabalhos preliminares, que foi impressa n'aquelle anno; e foi dissolvida, pela portaría de f) de julho de 1894,
por haver concluido a revistió do código de justica militar, e apresentado o projecto do novo regulamento disci-
plinar do exercito; sendo elogiados os membroa que ttntao constituían! a referida commissao.
478

dao remitte, ou faz cessar, toda ou parte da pena já imposta e que os réus estiverem cumprindo
no tempo do perdSo, mas nunca as penas já cumplidas.
Em harmonia com estes principios foi redigido o artigo 105." do regulamento disciplinar de
15 dé dezembro de 1875, em que declara que as notas das penas averbadas nos registos disci-
plinares só poderSo ser annulladas no caso de amnistía e reclamagao, e que o perdao nao annulla
as notas referidas, mas sómente as invalida para a imputagao moral.
Acresce mais que sendo o artigo 6.° do decreto de 4 de junho do corrente anno quasi copia-
do artigo 3.° do decreto de 12 de fevereiro de 1862, ordem do exercito n.° 4, nao podía ter
applicagao diversa d'aquella que em tempo foi dada ao artigo 3.° do decreto últimamente citado;
concluindo-se do que ficá expósto que o artigo 6.° perdoou as penas disciplinares aos réus que
as estivessem cumprindo no dia 22 de maio próximo findo e nao tratou das penasjá cumplidas,
pois que seria üm contrasenso perdóár o cumplimento do que já foi cumplido.!

Na nova orgárilsacáodo contencioso fiscal, approvadá por decreto de 29 de julho de 1886,


Cncóntra-sc o séguíhle:

TITULO I. — Dos contrabandos, descaminaos e transgressoes dos regulamentos fiscaes


CAPITULO IV.—Dispósigoes communs aos casos de contrabando,
descaminho é transgressao dos regulamentos fiscaes
Artigo 16.° A responsabilidade civil ou criminal proveniente dos delictos de contrabando
ou descaminho de direitos e de transgressSo dos regulamentos fiscaes, será regulada nos termos
da legislagSo communu em tudo que nSo for especialmente determinado ñas leis fiscaes e respe-
ctivos regulamentos.

TITULO III.—Da forinado processo

CAPITULO I.— Da instruecáó do processo


Art. 71.° Quando ao delicto corresponder tambem pena de prisao, cumplido que seja o
disposto nos artigos antecedentes, Será o argüido enviado ao juiz de direito da comarca res-
pectiva, onde poderá prestar ñanga ou assignar termo de residencia para o julgamento cri-
minal.
Art. 72.a Nos delictos de contrabando e descaminho, se o argüido nao depositar ou caucio-
nar nos termos do artigo 70.° o máximo da multa e respectivos direitos, sendo tima e outros
superiores a 20#000 réis, ou na hypothese do § único do artigo 27.°, ainda que seja inferior,
será enviado dentro de vinte e quatro horas ao juiz de direito da comarca respectiva, a fim de
que este ordene seja guardado em custodia, até que effectue o deposito da multa e dos direitos,
ou preste fianga judicial ao seu pagamento.
§ único. O argüido nunca poderá ser detido por maior praso de tempo que o marcado no
artigo 988.° da novissima reformajudiciaria.
Art. 149¡° As séntengas ou despachos definitivos dos tribunaes e auctoridades fiscaes, com
transito em julgado, poderSo ser executados nos tribunaes judiciaes, ficando comprehendidos
entre os títulos: que, segundo o disposto no artigo 798.°, n.° 2.°, do código do processo civil, po-
dem servir dé base á execugao.
Art. 150.° As séntengas ou despachos definitivos executam-se no juizo de direito da co-
marca, em cuja circumscripgao for domiciliado o argüido.
Art, 151.° Para o fim determinado nos anteriores artigos, o tribunal ou auctoridade fiscal
«nviará ao respectivo agente do ministerio, publico urna certidao da sentenga condemnatoria,
com a declaragSo de transito em julgado, e outra das custas e sellos em divida, prestando-lhe
todas as informagoes e documentos que pelo agente do ministerio publico forem requisitados.
Art. 152.° Se ao argüido nSo forem encontrados bens alguns, em que possa recaír a exe-
cugSo, o respectivo agente do ministerio publico requercrá que elle seja posto preso pelo tempo
correspondente ao valor da multa em que foi condemnado, calculado era lJíOOO réis por dia, nao
podendo, porém, em caso algum, a prisao exceder seis mezes.
Art. 153.° Ultimado o processo e julgamento nos termos d'este decreto, se ao delicto cor-
responder tambem pena de prisao, será o processo remettido ao competente juizo criminal, para
ali ser julgado o róu nos termos de direito.
§ 1,° O mesmo se observará quando do processo se revelar a existencia de qualquer crime
commum, cuja perscguigSo incumba ás justigas ordinarias.
479

§ 2.° No primeiro caso, o processo fiscal servirá de corpo de delicto, e. no segundo de par-
ticipacao do crime.
§ 3.° Do processo ficará sempre traslado.

No decreto de 9 de setcmliro de 1886, modificando a organisacíio da guarda fiscal, encontrase o seguinte:

TITULÓ I.—Da guarda fiscal


CAPITULO IV.—Da composieao da guarda fiscal
Artigo 13.° A guarda fiscal será compostai de 4 bataíhoes de infantería, 1 secgao de caval-
lafia junto a cada batalhSo e 3 companhias ñas ilhas adjacentes.
Art. 17.° A guarda fiscal, como parte integrante das forgas militares do rehiOj tem deveres
e direitos idénticos aos que competem aos officiáes-e demais pragas do exercito activo, po-
dendo por isso ser mobilisada em tempo de guerra no todo ou em parte^ por decreto real, sob
prOposta conectiva dos ministros da guerra e da fazenda.

CAPITULO IX-—Disposicoes transitorias


Art. 52.° Os actuaos inspectores, sub-inspectores, chefes de districto e de seCgSo do cOí-po
da guarda fiscal, que nao forera nomeados para desempenhai* qualquer commissao de servigo
fiscal, ficam considerados addidos. ao commando geral da guarda fiscal.
§ único. Aos individuos a que se refere este artigo, bem como aos que foram considerados
n'aquella situagao por effeito do artigo 152.° do decreto n.° 4 de 17 de setembro de 1885, ou
de dispósigoes posteriores, serao applicaveis as dispósigoes do decreto de 26 de julho ultimo.
Art. 53.° Os chefes de districto e de secgao, que forem nomeados para servigo fiscal nos
bataíhoes da guarda fiscal, e ñas companhias das ilhas adjacentes, serao considerados addidos
nos bataíhoes ou companhias em que forem collocados, e contínuarao desempenhándo o servigo
de que actualmente estfio incumbidos, até que tenham outro destino.

TITULO II. — Da fisealisaoSo marítima'/'''


Art. 79.° O servigo fiscal na costa é dirigido pelo commando geral da guarda fiscal, -e o seu
desempenho será incumbido a pessoal da armada real.
§ 2.° O pessoal para desempenho do servigo, a que se refere este artigo, será requisitado
pelo ministerio da fazenda ao da marinha, e ficará subordinado a este ministerio lia parte disci-
plinar e administrativa.

Decreto de 16 de setembro de 1886

Usando da auctorisagao concedida ao governo pelo artigo 5.° da carta de lei de 14 de junho
de 1884: hei por bem, cm nome de El-Reí, approvar para todos os effeitos a nova publicagSo
official do código penal, que com este baixa assignado pelo ministro e secretario d'estado dos
negocios ecclesiasticos c de justiga.
0 presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios do reino,
e os ministros o secretarios d'estado de todas as outras repartigoes, assim o tenham entendido e
fagam exeeutar 1.

Decreto de 21 de oiidiuro de 1886

Tendo sido constituida militarmente a guarda fiscal, por decreto de 9 de setembro ultimo,
e sendo indispensavel determinar qual a competencia disciplinar dos commandantes das compa-
nhias a que se referem os artigos 13.° e 16.° do citado decreto, e bem assim definir as dos
chefes de districto, chefes de secgSo e officiáes inferiores ñas diversas condigoes de servigo a
que sao obrigados: hei por bem, em additamento ao regulamento disciplinar do corpo da guarda
fiscal, approvadó por decreto de 18 de margo ultimo, determinar o seguinte:

1 N'esta nova ptiblieacao do codigo/penal encontram-se sob os mesmos números e redigidos pela mesma
forma os -artigos lí».° e 1C.° do anterior código, o que se acham transcriptos a pag. 210 d'este livro.
480

Artigo 1.° Compete aos officiaes:


Reprehender os capitaes:
Ern particular;
Na presenga dos officiaes de superior ou igual graduagSo.
Reprehender os officiaes inferiores:
Em; particular;='.-.
lía presenga dos da raesma ou superior graduágao.
Punir os officiaes inferiores coin a pena de detengáo até dez días em cada trinta;
Punir com a pena de deténgao as outras pracas de pret até dez dias em cada trinta;
Punir com a pena de quartos; de servjgo até ao numero de dez em cada mez.
§ único. Qüando os capitaes usarein da competencia disciplinar, segundo fica prescripto no
presenté artigo, darao corihecimento áo cómmándante do batalhao.
Art. 2.° Competem aos chefes de districto, quando a sede do districto nao coincidir com a
da companhia, as áttribuigoes indicadas no artigo 38.° do regulameñto disciplinar do corpo da
guarda fiscalj approvado por decreto de 18 de margo findo.
Art. 3.° Gompetem; áps chefes dé secgao, quando á sede da seegaó nao seja a- mesma que
a da sua companhia ou districto, as áttribuigoes indicadas no artigo 39.° do referido regulameñto
disciplinar.
Art. 4,° Os chefes de districto e de secgao que usarem da competencia disciplinar que lhes
é conferida nos termos dos artigos anteriores, darao immediatamente parte circumstanciáda áo
respectivo cómmándante do batalhao na casa competente do máppá diario.
' Art. 5.° Compete aos chefes de districto e de secgao, quando em sérvigo sob as ¡inmedia-
tas órdens dé átictoridáde superior: ''"''.
Reprehender em particular os officiaes inferiores da propria companhia;
Reprehender as deiriais pragás da companhia, publica oü particularmente, como as circum-
stancias oexigirein;
Punir com a pena dé detengSo os officiaes inferiores da sua companhia até dois dias em
i
cada, trinta,' dando logo parte circumstanciáda ao cómmándante da companhia;
Punir: com á pena de détengao os cabos e soldados da süa companhia até quatro dias em
cada trinta, dando logo parte circumstanciáda ao cómmándante da companhia.
§ único. Igual competencia teráo os chefes de districto e de secgao para punir, nos termos
d'este artigo, os officiaes inferiores, cabos e soldados de outras companhias quando com ellos
concorram em acto de servigo,. • ,:. .,.,. -
Art. 6.° Os officiaes inferiores,. quando commandando forga, téem a competencia disciplinar
indicada no: artigo 44.p do suprameftcionado regulameñto disciplinar.
Art. 7.° Fica d'este modo revógádoo artigo 37.<> do, indicado regulameñto disciplinar, e
restricta ás; condigoes dos artigos 2.°i:e 3.° d'este decreto a applicagao do disposto nos arti-
gos. 38.° e; 39.° do mesmo regulameñto. .;
Os ministros e secretarios d'estado dos negocios da fazenda e da guerra assim o tenhaní
entendido e fagam executar;
Decreto de 23 de oululro de 18Sf>

lleudo, sido constituida militarmente a guarda fiscal por decreto de 9 de setembro ultimo, e
,sendo indispensavel
estipular qual a competencia disciplinar do cómmándante geral da mesma
guarda: hei por bem determinar o seguinte:
Artigp único. A coinpetencia disciplinar que pelo artigo 35.° do regulameñto disciplinar do
cqrpo da guarda fiscal, approvado por decreto de 18 de margov ultimo, pertencia ao administra-
dor geral das alfandegas e contribuigoes indirectas, fica pertencendo exclusivamente ao cóm-
mándante geral da guarda fiscal.
Os ministros e secretarios d'estado dos negocios da fazenda e da guerra assim o tenham
entendido e fagam executar.

No rcgulamenlo para a escola c servijio de torpedos, approvado pela portarla do ministerio da guerra
do 30 de oiilnliro de -1886, cncontra-sc o soplillo:

CAPITULO I. — Do servioo de torpedos


SECQÁO II. —Da oompanhla de torpedeiros

Artigo 24.° As pragas punidas com a pena de detengáo. no quartel da companhie, ou com
a prisao, perdem em beneficio da fazenda a sexta parte dos seus vencimentos correspondentes
481

ao numero de dias de punigao, nos termos do § único do artigo 101.° do regulameñto disciplinar
do exercito.
§ único. N'estes descontos nao se comprehende nem gratiflcagao de readmissáo dos officiaes
inferiores, porque a perdem por inteiro, segundo o determinado no § 2.° do artigo 3.° da carta
de lei de 23 de junho de 1880, nem o abono da racao.

No regulameñto para a eoncessáo da medalha miiilar, approvado por decreto de 21 de dezcniíro de 1886,
subsliluindo o anterior, cncoutra-se o seguinte:

Artigo 1.° A medalha militar, creada por decreto de 2 de outubro de 1863, é destinada a
galardoar os servigos prestados ao estado, na carreira das armas, por todos os individuos de
qualqüer classe ou graduágao, que fazem parte das forgas regulares de térra e mar, tanto na
metropole como ñas provincias ultramarinas.
Art. 23.° Perde o direito de usar as medalhas militares das classes de valor militar e de hons
servidos, todo aquelle a quem for imposta pena que importe exautorágao ou deinissao do servico.
Art. 24.° Perdem o direito de usar a medalha militar da classe de comportamentó exemplar:
1.° Todos os agraciados que forem condemnados por sen tenga dos tribunaes militares ou
ordinarios.
2.° Os officiaes Ou individuos com graduágao de official a quem foréin impostas as seguintes
penas disciplinares: .
Prisao correccional;
Inactividade;
Urna reprehensao em ordem do exercito ou da armada, ou no boletim militar dó ultramar;
Duas reprehensoes em ordem de divisao ou de brigada, em ordem geral da divisñó ou es-
tagao naval, bu nos boletins officiaes das provincias ultramarinas;
Urna reprehensEo em ordem de divisSo ou do brigada, e duas em ordem de regimentó, ou
urna reprehensao em ordem geral á divisao ou á estagao naval, e duas em ordem ao corpo de
marinheiros ou em ordem áo navio;
Tres reprehensoes em ordem de regimentó, em ordem ao corpo de marinheiros ou em ordem
ao navio.
3.° Os officiaes inferiores, individuos com graduágao de official inferior, e cabos, a quem
forem impostas as penas de prisao correccional ou de baixá de posto.
4.° Os soldados, pragas do corpo de marinheiros, pragas avulsas da armada e os fogueiros
alistados segundo o regulameñto de 15 de julho de 1869, a quem for imposta a pena de prisao
correccional, ou que n'um periodo de doze mezes consecutivos forem punidos com tres penas de
detengáo, cada urna d'ellas igual ou superior a quinze dias.
§ único. Para os effeitos do n.° 2.° d'este artigo, sao consideradas ordens de divisao, de
brigada, de regimentó, as ordens de servigo emanadas de auctoridades militares que tenham
conrpetencia disciplinar igual á dos commandantes d'aquellas unidades.
Art. 25.° Logo que a algum individuo condecorado com a medalha militar seja applicavel
o disposto nos artigos 23." e 24.°, a auctoridade superior, sob cujas ordens elle servir, transmu-
tara ao ministerio respectivo, pelas vias hierarchicas, a participagao do facto, a finí de ser orde-
nado o cancellamento da condecoragao no registo competente.

No regulameñto do servico de sande nava!, approvado por decreto de 23 de dczemliro de 1886,


cnco»tra-se o seguinte:

TITULO IV. — Do servido do hospital da marinha


CAPITULO IX. — Das licencas e castigos
Artigo 233.° O director do hospital punirá os empregados menores que tiverom faltado ao
desempenho das suas obrigagoes, tirando-lhes a licenga mensa!, multando-os ou prendendo-os
n'aquelle estabelecimento. Nos casos mais graves, os que forem pragas avulsas serao despedidos,
e a respeito dos que forem pragas da companhia de saude naval proceder-se-ha como com as
pragas do corpo de marinheiros da armada.
CAPITULO XXII. — Das pracas avulsas do servi?o do hospital
Art. 311.° 0 porteiro, o eozinheiro e os serventes do hospital sao pragas avulsas admit-
tidas pelo director e por elle despedidas, quando nao convenham ao servigo.
Art. 313.° As pragas avulsas, emquanto servem, estSo sujeitas á disciplina e ás leis e re-
gulamentos militares.
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TITULO Y. — Da eompaiihia de saude naval


CAPITULO IV.—Disposigoes geraes
Art. 333.° Todas as pragas da companhia de saude estao sujeitas ás leis e regulamentos
militares que regem para as pragas da armada, e sao equiparadas ás pragas do corpo de mari-
nheiros para o fim de serem admittidas na divisao de veteranos de marinha.
Art. 334° Poderlo ser despedidas do servigo as pragas que, pelo sen mau procedimento,
nlo deverem continuar a pertencer á companhia. As pragas que, estando desembarcadas, hajam
commettido faltas no servigo, poderlo ser punidas com castigos correccionaes arbitrados pelo di-
rector do hospital da marinha; em casos mais graves proceder-se-ha a respeito d'ellas como com
as do corpo de max*inheiros da armada.

No regulameñto do professorado do real collegio militar, approvado por decreto de 31 de Janeiro de 1887,
enconlra-se o seguinte:

CAPITULO II.-—Da admissáo, direitos e vencimentos dos professores


Artigo 21.° Os officiaes, professores do collegio, estao sujeitos á sancgao penal militar por
transgressoes de disciplina ou delictos que commettam.
§ 1.° O professor condeninado em cpnsellio de guerra perderá a cadeira e regressará im-
inediátamente ao servico do exercito.
§ 2.° A applicagao'aos professores militares das penas dos n.os 2.° e 3." do artigo 5.° do regu-
lameñto disciplinar de 15 de dezenibro de 1875 importa a suspensao das funceoes do magisterio.
§ 3.° O professor nao poderá ser demittido do professorado senao depois de Ihe ser exigida
urna exposicáo por escripto e de consulta, affirmativa do tribunal superior de guerra e marinha.
§ 4.° O professor nao poderá ser desviado do servigo do magisterio senao por effeíto de cas-
tigo ou de commissao por elle acceita.
Art. 27.° Os professores civis do collegio sao sujeitos á seguinte sancgáo penal por trans-
gressoes ou delictos que commettam como funcciouarios:
4.° Suspensao das funcgoes officiaes ordenada pelo ministro da guerra, com declaragao na
ordem do exercito;
.
5.° Demissao.
§ 3.° A pena de suspensSo só poderá ser applicada depois da competente exposigao por
escripto exigida ao professor por ordem do ministro da guerra, e de formal consulta do auditor
especial junto ao mesmo ministro.
§ 4.° Para a pena de demissEo é applicado aos professores civis o disposto no § 3.° do ar-
tigo 21.° do presente regulameñto.
§ 5.° O professor a quem for imposta condemnagao das previstas no artigo 11..° do decreto
de 17 de julho de 1886, será demittido, seni dii'eito a recurso algum.

No decreto de Vi de feverciro de -1887, expedido pelo ministerio da mantilla, solire a ílsealisacito marítima,
cncontra-sc o seguinte:

CAPITULO IV. — Disposigoes diversas


Artigo 26.° Nos navios da esquadrilha serao puntualmente cumplidos todos os regulamentos
e disposigoes militares que vigoram ou venham a vigorar na marinha de guerra.
Art. 30.° As infraegoes de disciplina e os delictos militares commettidos pelos officiaes e
pragas da armada em servigo do ministerio da fazenda. serao julgadas pelas auctoridades mili-
tares e tribunaes da marinha de guerra, segundo a legislacao em vigor, sendo os delictos fiscaes
punidos em conformidade com as leis fiscaes.

No regulameñto para a organisacáo das reservas do exercito activo, approvado por decreto de í) de marco de 1887,
cncontra-sc o seguinte:

CAPITULO III.—Das obrigaeoes dos reservistas


Artigo 68.° As pragas da reserva, quando uniformisadas, estao sujeitas ao regulameñto dis-
ciplinar do exercito pelas transgressoes commettidas contra a disciplina.
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CAPITULO V.—Dos officiaes da reserva

Art. 102.° Os officiaes da reserva, quando fardados, estao sujeitos ao regulameñto disci-
plinar pelas transgressoes commettidas contra a disciplina.
Art. 112.° O posto concedido aos officiaes da reserva é conferido por meio de decreto pu-
blicado em ordem do exercito, do qual sómente podem ser demittidos por algum dos seguintes
motivos:
3.° Por condemnagao nos tríbunaes ordinarios á qualquer pena que importe a deinissEo para
os funccionarios públicos;
4.° Por demissao pronunciada em sentenga de conselho de guerra;
5.° Por demissEo pronunciada em sentenga do conselho de disciplina, de que trata o ar-
tigo 117.° do presente regulameñto.
ArL 114.° O ministro da guerra pode impor a pena de suspensao aos officiaes da reserva
durante um praso nEo excedente a um anno. -
§ único. Os officiaes, durante o cumplimento da pena preseripta ño presente artigo, nao
tem direito a usar os seus uniformes nem a tomar parte em quáesquer reunioes de tropa, nao
Ihes sendo contado esse tempo para efteito algum.
Art. 115.° Ñas pragas de guerra e ñas localidades onde houver corpos de guarnigao ou
commandos militares, os officiaes da reserva nEo poderSo ser presos senao em edificios militares,
ñas mesraas condigoes que os officiaes do exercito activo.
Art. 116.° Os officiaes da reserva, condemnados no foro civil a qualquer pena correc-
cional, requerendo-o, cumprirao a pena ñas mesmas condigoes que os officiaes do exercito
activo.
Art. 117.° A demissao pode ser pronunciada por sentenga de um conselho de disciplina
contra qualquer official da reserva por algum dos seguintes fundamentos:
1.° Quando o official, sendo empregado publico, haja sido demittido por motivos menos
dignos; •
2.° Quando o official, seguindo a vida conlmercial, haja sido declarado em estado de quebra
fraudulenta pelo ti'ibunal competente;
3.° Por faltas graves de servico ou de disciplina;
4.° Por man comportaniento habitual.
Art. 118.° O conselho de disciplina a que se refere o artigo anterior será composto de um
coronel, jjresidente; um tenente coronel, um major e dois capitEes, todos do exercito activo, no-
meados pelo cómmándante da divisao militar em cuja circumscripgao houver de se realisar o
julgamento, segundo as regras de competencia íixadas para os conselhos de guerra permanentes
no código de justica militar.
§ 1.° Os officiaes indicados serao nomeados de entre os que compozerem a lista de officiaes
de que trata o artigo 142.° do código citado e sejam os prñneirós a nomear para a composigao
do respectivo conselho de guerra permanente.
§ 2.° Junto do conselho de disciplina desempenharEo as funccoes de promotor de justica e
secretario os do conselho de guerra permanente da divisEo.
§ 3.° O accusado será assistido do defensor que escolher, que será um advogado ou official
do exercito activo ou da reserva, e nao o eseolhendo, será nomeado o do conselho de guerra
permanente.
§ 4." Nos casos dos §§ 2.° e 3.° do presente artigo, havendo na divisao mais de um conse-
lho de guerra, o general cómmándante escolherá, de entre os promotores de justiga, defensores
ofiiciosos e secretarios, os que devem funccionar junto do conselho de disciplina.
Art. 119.° O conselho de disciplina reunir-se-ha na sede do conselho em que tiverem occor-
rido os factos de que houver a tomar conhecimento.
§ único. Aos officiaes do exercito activo nomeados para servireni no conselho de disciplina
serEo abonados os transportes e vencimentos extraordinarios a que tiverem direito como se exer-
cesseni quáesquer das funcgoes de justiga previstas no. código de justiga militar e seus regula-
mentos.
Art. 120.° O processo disciplinar, depois de concluido, será enviado pelo presidente do con-
selho ao general cómmándante da divisao, que o remetterá ao ministerio da guerra devidamente
informado.
Art. 121.° Um regulameñto especial, moldado quanto possivel ñas regras estabeleeidas no
código de justiga militar, definirá as áttribuigoes dos diversos membros do conselho e regulará a
forma do respectivo processo..
§ único. Emquanto nao for publicado o regulameñto a que o presente artigo se refere, se-
guir-se-ha nos conselhos de disciplina o formulario indicado no regulameñto para a execugao da
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lei de 14 de julho de 1856, publicado na ordem do exercito n.° 35 de 14 de agosto de 1858,


com as alteragoes previstas no presente regulameñto.

CAPITULO VI. — Disposiijoes que constituem a sanecao penal

Art. 122.° O reservista que nao se apresentar ás revistas de inspecgao, sem motivo justifi-
cado, será punido pela primeira vez com a multa de 500 a 2$000 réis; reincindo, poderá á
multa ser aggravada com tres a oito dias de prisao correccional.
Art. 123.° O reservista que nao apresentar a caderneta ñas revistas de inspecgEo, será pu-
nido com a multa de 100 a 500 réis.
Art. 124.° O reservista que extraviar a caderneta, será punido com a multa de 200 a
1&O00 réis.
Art. 125.° A praga da primeira reserva que nao se apresentar com os seus uniformes ñas
revistas de inspecgao, será punida com a multa de 200 a 1$000 réis, pela primeira vez; na se-
gunda, poderá soffrer até oito dias de prisao correccional.
Art. 126.° A praga da primeira reserva que inutilisar ou extraviar os artigos do uniforme,
que deve. conservar para o servigo militar, será punida com prisao correccional de quinze a
trinta dias.
Art. 127.° Os reservistas que saírem do conselho da sua residencia por mais de trinta dias,
sem a lieenga necessária, serSo punidos com tres dias de prisao correccional.
§ único. Nos casos urgentes, quando nao haja tempo de solicitar a lieenga a que o presente
artigo se refere, e o reservista nao habitar na sede do concelho, pode o regedor concedel-á, com-
munícándorO ao administrador. '
Art. 128.° Os reservistas que excederem á lieenga a que se refere o artigo anterior, que
mudaíem de domicilio sem auctorisagEo por titulo legal, ou que deixarem de se apresentar á
nova auctoridade da residencia que tiverem escolhido, serao punidos com prisEo correccional de
oito a trinta dias.
Art. 129.° Os commandantes dos districtos e os administradores dos concelhos partieiparSo
aos delegados do procurador regio as infraegoes previstas nos artigos anteriores, para a applica-
gao das penas respectivas em processo correccional, pefante o respectivo juizo.
Art. 130.° A ausencia ¡Ilegitima inferior a dez dias, contados da data em que o reservista
se deverá apresentar no local que lhe tenha sido determinado, segundo o prescripto n'este re-
gulameñto, será punido diseiplinarmente, nos termos do respectivo regulameñto disciplinar.
Art. 131." A ausencia illegitima, superior a dez dias, contados na conformidade do artigo
antei'ior, será punida nos tribunaes militares com a pena de prisao militar de tres a seis mezes.
Art. 132.° Para os officiaes da reserva, as penas de multa serSo substituidas pelas de ad-
moestagEo, reprehensao em particular e na frente dos officiaes de igual graduagEo.
Art. 133;° As penas applicadas aos reservistas em processo correccional pelas infraegoes de
que tratam os artigos 122.°, 123.°, 124.°, 125.°, 126.°, 127.° e 128.° do presente regulameñto,
serao averbadas nos registos disciplinares e consideradas como transgressoes de disciplina.

Na carta de lei de 22 de agosto de 1887, que cslalielcccu urna nova tarifa de sóidos,
encontra-se o seguinte:

Artigo 1.°, § 1.° Os sóidos d'esta tarifa serao reduzidos:


a) A 50 por cento, quando os que os perceberem estiverem presos em cumplimento de sen-
tenga ou com lieenga registada;
6) A 60 por cento, quando os que os perceberem estiverem soffrendo as penas disciplinares
de inactividade e prisEo correccional.

No rcgulamcnío para a escola pratica de infantería e cavailaria, approvado por decreto de 0 de novembro de 1887,
encontra-se o seguinte:

CAPITULO II. — Do pessoal permanente e suas attribuieoes

Artigo 7.° O cómmándante da escola exercerá, com relagao ao pessoal sobre as suas ordens,
a auctoridade disciplinar de um cómmándante de brigada. Dirigirá a instruegao, etc.
Art. 8.°.Os outros officiaes exercerSo as suas funcgíies em conformidade com os regula-
.
raentos em vigor.
485'

Na plano de reforma da escola naval


e dos cstabelecimenlos de ensino uueibe sao annexos, approvado por decreto de 29 de novcnibro de 1887,
encontra-se o seguinte:

TITULO III. — CAPITULO I.—Disposicoes geraes, diversas e transitorias


Artigo 77.° O régimen da escola naval é o régimen militar naval, e a legislagao respectiva a
applicavel a todo o seu pessoal militar ou graduado, bem como aos seus alumnos das mesmas
classes. O director da escola é, para todos os effeitos da applicagao d'este régimen, considerado
como chefe superior do pessoal e alumnos d'ella, e será substituido em todos os seus impedimen-
tos e no caso de vacatura pelo lente mais graduado.
§ único. Os lentes da classe civil terao para todos os effeitos do presente artigo a gradúa-
gao de capitao tenente da armada.
Art. 78.° A praga de aspirante de marinha corresponde á de primeiro sargento aspirante
do exercito.

No reglamento da escola regimcntal de engcnberia, approvado por decreto de 8 de fevereiro de 1888,


encontra-se o seguinte:

TITULO III.—Do régimen da escola

CAPITULO V.— Dos premios e penas


Artigo 71.°, § 2.° As faltas nao justificadas que excedam a tres por mez, serao punidas
diseiplinarmente pelo cómmándante do regimentó, em virtude da parte dada pelo director da
escola.
TITULO IV. — Material

CAPITULO II. — Dos fundos da escola


Art. 85.° Constituem os fundos da escola regimental:
2.° A importancia de pao e pret das pragas ausentes, relativa aos dias de ausencia, dedú-
zido o descontó para fardamento se forem devedoras.

Decreto de 26 de marco de 1888

Usando da faculdade que me confere o artigo 74.°, § 8.°, da carta constitucional da mo -


narchia, e tendo ouvido o conselho d'estado: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° É concedida amnistía geral e completa para todos os crinies contra o exercicio
do direito eleitoral, e em geral para todos os crimes de origem ou carácter politico commettidos
até á data do presente decreto, exceptuando-se aquelles de que resultou homicidio ou alguma
das lesoes mencionadas no código penal, artigo 360.°, n.° 5.°, e 361.°
Art. 2.° Todo o processo que por taes crimes tenha sido formado fica sem effeito, seja qual
for o estado em que se ache, e todas as pessoas que estiverem presas á ordem de qualquer au-
ctoridade, com processo ou sem elle, serEo immediatamente soltas.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'estado das diversas re-
partigoes assim o tenham entendido fagam executar.

dirigido pelo ministerio da guerra aos conimandantes


Officio de b' de junlio de 1888,
das divisóos militares c outras estacóos snperiores do exercito

Tendo-se suscitado duvidas acerca da occasiao em que hao de ser detidas ou reclusas no
quartel do respectivo regimentó as pragas que vendem, inutilisam ou extraviam alguns dos obje-
etos a que se referem os artigos 110.° e 113.° do código de justiga militar, ou que commettem
outros quáesquer crimes, duvidas que dao logar a que em alguns corpos fiquem detidas na car
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serna da companhia, logo que se procede a auto de corpo de delicio, em outros déem entrada
na casa de reclusao, e ainda em outros coutinuem em completa liberclade e fazendo servigo até
que sao chamadas a perguntas, sendo entao presas na casa de reclusao da respectiva divisao
militar, resultando d'este diverso modo de proceder grande difficuldade para os conselhos de
guerra fazerem applicagao da lei de 14 dé junhó de 1884: encarrega-me s. ex.a o ministro da
guerra de dízer a v. ex.a o seguinte: O código de justiga militar é pouco explícito a respeito
do caso de que se trata, podendo até inferir-se das suas disposigoes que elle adopta o principio
de direito commum de que — tora dos casos de flagrante delicio ninguem pode ser preso sem
culpa formada, salvo nos crimes de alta traigao, furto violento ou domestico, homicidio, levanta-
mento de fazenda alheia e nioeda falsa. Este principio é absolutamente inapplicavel ao exercito,
por ser inteiramente incompativel com a disciplina militar. Todo o crinie, qualquer qué seja a
sua natureza ou gravidade, commettido por individuomilitar, offende mais óu menos directamente
a disciplina do exercito, e süjeita desde logo o delinquente, se nao á prisao como pena, á detensao
ou reclusao cómo medida preventiva, reclamada pela imperiosa necessidade da manuténgao da
ordem e da disciplina.
O individuo militar que commette qualquer Crinie nao respeita nem cumpre as leis do reino,
e afasta-se do dever que lhe é imposto pelo artigo 1." do regulameñto disciplinar do exercito.
Assim, sempre que o delicio é commettido por um militar, ha violagao de disciplina, ou esse
delicto seja punivel pelo código de justiga militar, ou seja simplesmente urna infracgao de disci-
plina, e como tal punivel pelo regulameñto disciplinar do exercito.
Em harmonía com estes principios, sirva-se v. ex.a recommendar a todas as auctoridades
suas subordinadas, a quem incumbe a execugEo das disposigoes a qué esta circular se refere, que
o militar que, commettendo qualquer crime, nao foi preso em flagrante delicto, deve, por bem
da disciplina, ser detido ou recluso logo que se aprésente ou que seja encontrado, nao se lhe le-
vando em eonta no cumprimento da pena o tempo de detengáo ou reclusSo senao desde que der
entrada na casa de reclusao da respectiva divisao militar, onde deve ser recolhido logo que seja
chamado a perguntas para á formaoao da culpa.

Oflicio de 21 de junlio de 1888, dirigido pelo ministerio da guerra


aos eoiniiiaiidaiitcs das divisóos militares

Tendo chegado ao conhecimento de s. ex.a o ministro da guerra que em alguns conselhos


de guerra permanentes só se dá conhecimento ao resjiectivq defensor officioso da existencia de
qualquer processo depois do auditor ter participado ao ¡presidente do conselho que o mesmo pro-
cesso se acha nos termos de julganiento ; procedimento este que, baseando-se na doutrina do ar-
tigo 301.° do código de justiga militar, traz inconvenientes para a defeza, por isso que, passadoa
os tres días que aquelle artigo concede ao aecusado para a escolha do defensor, sEo os autos
feitos conclusos ao auditor, em conformidade com o disposto no artigo 307.° do mesmo código,
praso que se o aecusado tiver aproveitado por completo, sem ter escoihido defensor, já nao pode
utilisar ao defensor oflicio.so a disposigEo estabelecida no artigo 304.° do referido código, nem
tornar proficua a disposigEo 9." inserta na ordem do exercito n.° 7 de 1876, que obriga os mea-
mos defensores a comparecer ñas sessoes dos conselhos de guerra, embora os réus tenham no-
meado outros, que serao substituidos por aquelles, caso deixem de comparecer: encarrega-me de
dizer a v. ex.a que, em harmonía com o que determina o artigo 378." do código de justiga mili-
tar, ¡Jara o tribunal superior de guerra e marinha, sejam os defensores ofílciosos dos conselhos
de guerra permanentes avisados da existencia dos processos para jnlgamento na mesma occasiao
em que áós réus for entregue a nota da culpa, visto que a esta determinacEo se nao oppoe qual-
quer disposigEo do código de justiga. militar, ou do respectivo regulameñto, sendo alias certo que
ella auxüia a defeza sem prejuizo da aecusacao.

No regulameñto da escola de sargentos de cavaliaria, approvado por decreto de M de jtiiíio de 1SS8,


enconira-se o seguidle:

TITULO III. —Do régimen da escola


CAPITULO V. —Dos premios e penas
Artigo 53.° As faltas nao justificadas ás aulas ou aos exercicios serao punidas disciplinar-
mente como faltas de servigo.
§ único. A pu'aga que commetter no mesmo anno lectivo seis faltas das que trata o presente
artigo, será reprehendida na ordem da escola pratica de infantería e cavaliaria.
487

Art. 54.° Os alumnos reprehendidos na ordem da escola pratica de infantería e cavaliaria


serao mandados immediatamente recolher ao corpo a que pertencam, ficando inhabilitados de se
matricularen! novamente na escola de sargentos de cavaliaria.

No regulameñtoda escola de sargentos de arliiberia, approvado por decreto de 10 de agosto de 1888,


encontra-se o seguinte:

TITULO ni* — Do régimen da escola


CAPITULO V.— Dos premios e penas
Artigo 53.° As faltas nEo justificadas ás aulas ou aos exercicios serao punidas diseiplinarmente
como faltas de servigo.
§ único. A praga que commetter no mesmo anno lectivo seis faltas das que trata o presente
artigo, será reprehendida na ordem da escola pratica.
Art. 54.° Os alumnos reprehendidos na ordem da escola pratica serao mandados immediata- .

mente recolher ao corpo a que p>erteneani, ficando inhibidos de se matricular novamente na es-
cola de sargentos.

xsse ,
Portáriá de 18 de feverciro de i 889
Reconhecendo-se, pela experiencia, que a composigao determinada em portaría de 14 de se-
tembro de 1880, para os conselhos de guerra permanentes de marinha, nao satisfaz plenamente,
porque nem sempre permute o conciliarem-se as exigencias do servigo com a necessidade de ha-
ver, em numero sufficiente, vogaes nomeados para comporem os mencionados conselhos: ha por
bem Sua Magestade El-Rei, tendo em vista o que se acha estabelecido para o exercito, e con-
formando-se com a proposta do conselheiro cómmándante geral da armada, ordenar o seguinte:
1.° Os conselhos de guerra permanentes da marinha serEo compostos de um presidente, com
a patente de capitEo de fragata ou capitao de mar e guerra; um capitao tenente, quatro officiaes
subalternos e um auditor;
2.° Haverá mais dois sujjplentes, um dos quáes será official superior e o outro official su-
balterno ;
3.° Para o logar de promotor de justiga será nomeado um official de patente nao inferior á
de primeiro tenente;
4.° Os defensores oficiosos serao nomeados de entre os officiaes combatenies de qualquer
patente.
Continúa em vigor o que a supradita portaría estabeleceu quanto aos periodos de exercicios
e á forma de nomeacao.
O que, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, se communica ao re-
ferido conselheiro cómmándante geral da armada, para seu conhecimento e devidos efíeitos.

Olíicio de 30 de marco de J8S9, dirigido pelo ministerio da guerra aos comiuanáaiiíes


das divisóos militares e outras eslacoes superiores do exercito

Tendo-se suscitado duvidas acerca da contagem do tempo de prisEo preventiva aos réus
condemnados em prisao militar por sentenga dos tribunaes militares: encarrega-me s. ex.a o mi-
nistro da guerra de dizer a v. ex.a que a prisao preventiva deve ser contada desde, o día da en-
trada dos réus ñas casas de reclusEo. ou outras prisoes militares, até ao da sua apresentagao ñas
companhias de correegao a cumprir a parte restante da pena imposta, salvo.quando nos respe-
ctivos accordEos ou sentengas passadas em julgado se nao preceitue disposigEo contraria, que, em
tal caso, se cumprirá.

Em ojjlcio do ministerio da guerra de 30 de marco de 1889, foram approvadas instruceoes


para o servigo das carruagens cellulares para transporte dos presos do exercito, cujo servigo co-
megou a executar-se em abril seguinte.
488

Portaría de 27 de abril de 1889

Tornando-se necessario regular as eircumstancias em que deve ser applicada a prisao pre-
ventiva contra os individuos sobre quem pesa a culpabilidade de cortos delictos; e reconhecen-
do-se pelas estatisticas criminaes que é grande a percentageni dos meramente suspeitos para os
verdadeiros criminosos, o que em um grande numero de casos importará a privagao da liberdade
por bastante tempo para os innocentes, attenta a inevitavel morosidade do processo criminal
preparatorio; e considerando quanto convirá á disciplina, moralidade e economía reduzir o mais
possivel a pppulagao das casas de reelusEo, cujas acanhadas proporgoes e más condigoes hygie-
nicas nEo conrportam a existencia de um grande numero de presos: manda Sua Magestade El-
Rei, pela secretaria d'estado dos negocios da guerra, que se observe o seguinte:
1.° As pragas de pret, que commetterem crimes ou delictos a que por leí nao corresponda
pena superior a prisEo militar, só serao reelusas, nos termos do artigo 290.° do código de justiga
militar, quando, depois de formada a culpa, for expedida ordem para responderem em conselho
de guerra.
2.° As pragas de que trata o numero antecedente serEo, porém, reelusas, se commetterem
qualquer tránsgressao de disciplina a que corresponda a pena de detengáo.
3.° As pragas ñas condigoes do n.° 1.° continuarEó nos corpos a que pertencerem, ou serao
addidás a outros corpos ou destacamentos estacionados ñas sedes dos quarteis generaes das divi-
soes militares territoriaes, como pelos commándantes d'estas for julgado conveniente, e ali des-
empenharao, como detidas, sem que Ihes sejam applicaveis as disposigoes dos artigos 66.°, 67.°,
71.°, 72.° e 73.° do regulameñto disciplinar do exercito, todo o servigo interior e de instruegao.
4.° A prisEo preventiva continuará a ser contada desde o dia da entrada dos réus ñas casas
de reclusao ou outras prisoes militares.

Na carta de lei de -1! de junuo de 18S9, sobre a organisacáo c servico do corpo de macliinislas navaes,
encontra-se o seguinte:

Formacao e composigao
Artigo 1.° O pessoal technico especialmente destinado ao servigo das machinas de vapor
nos navios da armada e nos estabeleeimentos de marinha forma um corpo denominado «corpo
de machinistas navaes».
Art. 2.° O corpo de machinistas navaes está debaixo das ordens immediatas do commando
geral da armada e sujeito, para todos os effeitos, ás leis e regulamentos que regem a armada.
Art. 3.° O corpo de machinistas comprehende os machinistas navaes, os ajudantes de ma-
chinistas e os conductores de machinas.
Art. 4.° O quadro de machinistas naAraes é composto de:
Um machinista chefe, com a graduágao de capitao de fragata;
Dois machinistas sub-chefes, com a graduagEo de capitaes tenentes ;
Doze machinistas de 1.a classe, com a graduagEo de primeiros tenentes;
Doze machinistas de 2.a classe, com a graduagEo de segundos tenentes;
Dezoito machinistas de 3.a classe, com a graduagEo de guardas marinhás:
Art. 5.° O quadro dos ajudantes machinistas é de:
Trinta ajudantes machinistas de 1.a classe;
Trinta ajudantes machinistas de 2.a classe;
Vinte ajudantes machinistas de 3.a classe.
§ único. Os ajudantes machinistas té~em a graduágao de aspirantes de marinha.
Art. 6.° O quadro dos conductores de machinas é de:
Vinte machinistas conductores;
Trinta conductores de machinas de 1.a classe;
Trinta conductores de machinas de 2.a classe;
Vinte conductores de machinas de 3.a classe.
§ único. Os machinistas conductores téem a graduágao de guardas marinhás; os conducto-
res de machinas de 1.a e 2.a classe, a de primeiros sargentos, os de 3.a classe a de segundos
sargentos.
489

180O
Decreto de 22 de fevcrciro de 1890

Querendo solemnisar a epocha da minha acclamagEo com um acto de clemencia tao ampio,
quanto seja compativel com a seguranga cominum e com a disciplina militar: hei por bem, exer-
cendo urna das áttribuigoes do poder moderador, que mais agradavé l me é, e tendo ouvido o
conselho d'estado, decretar o seguinte:
Artigo 1.° É concedida amnistía, geral e completa para todos os crimes contra o exercicio
do direito eleitoral, e em geral para todos os crimes de origem ou carácter político commettidos
até á data do presente decreto, exceptuando aquelles de que resultou homicidio ou alguma das
lesoes mencionadas nos artigos 360.°, n.° 5.°, e 361.° do código penal.
Art. 2.° É tambem concedida amnistía para os seguintes crimes commettidos até á mesma data:
1.° De abuso de manifestagao de pensamento, em que sómente seja parte o ministerio publico;
2.° De contrabando, ficando perdidos a favor da fazenda e das pcssoas, a quem pertencer,
segundo as leis, os objectos respectivos áo inesmo contrabando;
3.* De sedicEo ou assuada, nao tendo havido offensá de pessoas ou propriédades, embora
se tenham soltado vozes sediciosas;
4.° De desobediencia aos mandados legaes das auctoridades;
5.° De desergao simples do exercito ou armada, ou desergao aggravada, se esta tiver sido
sómente pela subtrácgao ou descaminho de objectos da fazenda.
§ 1.° Aos desertores sómente aproveitará esta amnistía apresentando-seelles dentro de dois
mezes no reino, de quatro ñas ilhás adjaeentes e de seis no ultramar, contados quanto áo reino
e ilhas desde a data em que este decreto for publicado na ordem do exercito ou da armada, e
quanto ao ultramar desde o dia em que for publicado na capital da provincia.
§ 2.° O tempo decorrido desde que a praga se tiver constituido em desergao até áo dia da
sua apresentagao, nao lhe será contado como tempo de servigo para effeito algum.
Art. 3.° Os processos instaurados pelos crimes comprehendidos nos artigos antecedentes
ficam de nenhum effeito, n'elles se pora perpetuo silencio, e os réus que estiverem presos, em
processo ou sem elle, serao soltos, se por outro motivo nao deverém ser retidos na prisEo.
Art. 4.° As pragas de prct nEo comprehendidas no n.° 5.° do artigo 2.°, e condemnadas á
data mencionada no artigo 1.° pelo crinie de desergEo simples ou aggravada por alguma das cir-
cumstancias referidas no artigo 70.° do código de justiga militar, na pena de deportagao militar,
fica perdoada a quarta parte da pena em que foram condemnadas.
Art. 5.° Aos réus eondemnados por sentenga passada em julgado á data do mencionado
artigo 1.°, ñas penas de presidio de guerra e prisao militar, fica igualmente perdoada a quarta
parte da pena em que foram eondemnados.
Art. 6." Ás pragas de pret que tiverem commettido transgressoes de disciplina até á data
mencionada no artigo 1.°, ficam perdoadas as penas em que incorreram e lhes foram impostas.
Art. 7.° Aos réus eondemnados por sentenga passada em julgado á data do mencionado ar-
tigo 1.°, em penas maiores temporarias de qualquer natureza que sejam, fica perdoada a quarta
parte do tempo da condenmagEo.
Art. 8." As penas correccionaes de prisao ou desterro impostas por sentenga passada em
julgado á data mencionada no artigo 1.°, que nEo excederem a um anno, ficam perdoadas aos
réus, e, quando excedam, fica-lhes perdoado um anno das sobreditas penas.
Art. 9.° Ñas disposigoes dos artigos antecedentes nao sao comprehendidos os réus que, de-
pois de eondemnados por sentenga passada em julgado, tiverem obtido commutagao ou diminui-
gao das penas a elles impostas, nem aquelles que, tendo sido aceusados pela parte oftendida, nao
tiverem obtido o perdEo d'esta.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes assim o tenham entendido e fa-
gam executar.
No jilauo de organisacáo do corpo de marinheiros da armada, approvado por decreto
de 27 de marco de 1890, cncontra-se o seguinte:

CAPITULO VIII. — Divisao, dos reformados


Artigo 126.°, § 2.° Podem tambem ser licenciados como incorrigiveis por proposta do cóm-
mándante do corpo os reformados d'esta categoría 1, que por seu mau comportamento forem pre-
judiciaes á disciplina no quartel.

1 Incaniizcs de todo o servido.


490

CAPITULOIX. — Readmissoes e empregos civis


Art. 131.°, § 2.° Deixarao de perceber as mencionadas gratificagoesl os que estiverem de-
tidos no quartel ou a bordo, presos correccionálménte, presos para conselho de guerra ou cum-
prindo sentenga.-

No plano de organisacáo dos quadros da corporacáo da armada, approvado por decreto


de 31 de marco de 4890, encontra-se o seguinte:

CAPITULOII. — Dá situagao dos officiaes


Artigo 21.° Consideram-se em inactividade temporaria, nEo se lhes contando n'esta situagao
o tempo para effeito algum:
2,° Os officiaes a quem ésta situagEo pertenga por comminágao de pena, ou effeito d'ella,
nos termos da respectiva legislágao criminal ou disciplinar.
4.° Os officiaes que durante una anno se acharein no goso de lieenga, quer da junta, quer
registáda, ou em cumplimento de pena por espago de tempo cuja sommá exceda a seis mezes.

CAPITULO III. — Da antigüidáde dos officiaes e modo de a contar

Art. 27.° Na contagem do tempo de servigo effectivo desconta-se:


1.° O tempo deeorrido no cumpriiiiénto de sentenga;
2.° O tempo durante o qual O official tenha estado na inactidade temporaria por castigo ou
pelo haver pedido;
3.° O tempo dé ausencia ¡ilegitima do servigo.

CAPITULO XIV.—Das preterigoes e recursos

Art. 140.° Sao preteridos na occasiap em que lhes pertencer promogao:


1.° Os officiaes que estejam cumprindo sentenga ou se acharan presos para conselho de
guerra;
§ 2.° O official que, tendo deixado de ser promovido por
ter estado jireso e em processo,
for absolvido, é indemnisado em promogSo e antiguidade quando occorra a primeira vacatura e
tenha satisfeito á todas as condigoes da promogao.

Portaría de 2 de abril de 1890

Tendo-se suscitado duvidas sobre o modo como se deve proceder com relagao ás pragas de
pret do exercito que, estando cumprindo a pena de deportagao militar em alguma provincia ul-
tramarina, forem ali julgadas ineapazes do servigo no ultramar; e
Considerando que a alludida pena, ou outra qualquer em que as mesmas jiragas forem con-
demnadas, deve ser cumplida conformemente ao direito consignado,, tanto no artigo 1:200.° da
novissima reformajudicial, como no artigo 414." do código de justiga militar, nos quaes se acha
claramente expresso que a éxecugao da sentenga deve corresponder exactamente á determinagao
da pena, nEo podendo, portante, os executores das decisoes dos tribunacs criminaes afastar-se do
conteúdo na parte dispositiva da sentenga condemnatoria;
Considerando que, aleni do ponderado, nao é licito ao poder executivo ou a qualquer dos
seus delegados, supprimir, alterar ou minorar os eíí'eitos das sentengas passadas em julgado:
Sua Magestade El-Rei, conformando-se com a consulta que sobre o assumpto sujeito fez
subir á sua presenga o tribunal superior de guerra e marinha em 15 de fevereiro ultimo, lia por
bem determinar, pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar, que as pragas de
pret que se acharem cumprindo ñas provincias ultramarinas a pena de deportagao militar, quando
pela respectiva junta de .saude sejam julgadas ineapazes de todo o servigo, devem ali continuar,
como addidas aos corpos a que pertencerem ou ás respectivas secgoes de reformados, até que
tenham concluindo o tempo a que forem obligadas pela sentenga que as condemnou n'aquella
pena, devendo portante considerar-se de nenhum efléito a disposigEo 4.a do boletim militar do
ultramar n.° 2 de 3 de fevereiro de 1880.

1 As de readmiíjsiío.
491

Decreto de A de abril de 1890

Attendendo a que nEo téem sido uniformemente applicados os indultos decretados pela epo-
clia memoravel do meu feliz consorcio, e pela epocha solemne da minha acclamagEo, na parte
que diz respeito aos réus eondemnados em penas maiorés fixás, resultando da diversidade de in-
terpretagoes dos diplomas regios, qué os decretáram, desigualdades que nao se h&rmonisam com
o espirito de clemencia e équidade que presidiu á concessao dos referidos indultos; no éxercicio
de urna das áttribuigoes do poder moderador, que mais agrádavel me é, e usando da faculdade
que me confere o artigo 74.°, § 7.°, da carta Constitucional da monarchia; tendo ouvido o conse-
lho d'estado: hei por bem decretar 0 seguinte:
Artigo 1.° E perdoada a quarta paité do tempo da fcondemnagao aos réus eondemnados em
penas maiores fixas, cujas sentengas tenham passado em .julgado ás datas designadas nos arti-
gos l.os dos decretos de 4 de junho de 1886 é de 22 de fevereiro do corréñte anno.
§ único. NEo aproveitam do beneficio d'este artigo:
1.° Os réus eondemnados em penas maiores fixas, aos quaes, em virtüdé do artigo 8.° do
decreto de 4 de; junho de 1886, ou do artigo 7.° do decreto dé 22 de fevereiro do corrente árino,
tenha já sido ou venha a ser applicado pelos tribunáes o indulto consignado nos mesmos deci'e-
tos, diminuindo-lhes a quarta parte do tempo da condemnágao;
2.° Os réus que, depois de cóiidémnádos eih penas maiores fixas por sentenga passada em
julgado, tenham obtido em data anterior á do presente decreto commutacao ou djminuigao das pe-
nas a elles impostas, em virtudé dé quáesquer outros decretos hEO mencionados con.0 1.° d'este
paragrapho;
d'esta. ...<<....
3.° Os réus que, tendo sido acensados pela parte offendida, nao téiihám obtido o perdEo
.
Os ministros e secretarios d'estado das differenfes repártigoes assim o tenháni entendido
e fagam executar.

Decreto de 10 de abril de'1890

Considerando que pelo decreto de 9 de setembro de 1886 a guarda fiscal, como parte inte-
grante das torgas militares do reino, tem deveres e direitos idénticos aos que competem aos offi-
ciaes e demais pragas do exercito activo, e que n'esta conformidade convem quanto possivel
submetter urnas e outras ás mesmas regras disciplinares;
Considerando que o artigo 82.° do regulameñto disciplinar da guarda fiscal, approvado por
decreto de 18 de margo de 1886, determina que a praga de pret punida com a pena de deten-
gEo no quartel perca o tempo de servigo pelos dias que soffrer ésta pena e urna parte dos ven-
cimentos ordinarios, emquanto que o regulameñto disciplinar do exercito impoe apenas o des-
contó dos seus vencimentos ás pragas do mesmo exercito; e nEo havendo rasao que justifique
esta desigualdade de pena pela mesma infraccao dé disciplina:
Hei por bem determinar qué ás pragas de pret da guarda fiscal, que forem punidas com
pena de detengáo, sé lhes nao desconté o tempo de servigo, pelo tempo que durar a referida
pena.
O jiresidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado interino dos negocios
da guerra, e o ministro e secretario d'estado dos negocios da fazenda, assim o tenham entendido
e fagam executar.

No regulameñto das guardas municijiacs de Lisboa c Porlo(i approvado por decreto de 18 de abril de 1890,
encontra-se o seguinte:

Artigo 1.° As guardas municipaes de Lisboa e Porto serao commandadas superiormente por
um official general, denominado cómmándante geral das guardas municipaes. O seu foro é o
militar, sendo-lhes por isso applicaveis as prescripgoes do código de justiga militar e regulameñto
disciplinar do exercito.
§ 2.° O cómmándante geral tem, para com todos os officiaes e pragas das guardas munici-
paes, as áttribuigoes conferidas pelas leis e regulamentos aos commandantes das divisoes mi-
litares.
492

No regulameñto provisorio da escola pratica de infantería, approvado por decreto de 24 de abril de 1890,
encontra-se o seguinte:

CAPITULO II. — Pessoal permanente e suas áttribuigoes


Artigo 8.° Compete ao cómmándante:
§ único. O cómmándante tem para com todos os individuos que residirem habitual ou eveii-
.

tualmente na escola competencia disciplinar igual á dos commandantes dos corpos do exercito.

No regulameñto provisorio da escola pratica de cavaliaria, approvado por decreto de 2 de maio de 4890,
encontra-se o seguinte:

CAPITULO II. — Pessoal permanente e suas áttribuigoes

Artigo 7.", § 3.° O cómmándante da escola tem para com todos os individuos que a ella
pertencerem, habitual ou éventualmente, competencia disciplinar igual á dos commandantes dos
corpos do exercito.
CAPITULO X. —- Disposigoes diversas
Art. 86.° Todos os officiaes e mais pragas que constituem o effectivo da escola estSo su-
jeitos ás disposigoes do regulameñto disciplinar e código de justiga militar do exercito, como se
fizessem parte de qualquer regimentó dá arma.
Art. 87.° A competencia disciplinar dos individuos das differentes graduagoes que fazeni
parte do pessoal permanente é eventual da escola é igual aquella que o respectivo regulameñto
dá aos individuos arregimentados das mesmás classes.
Art. 88.° As pragas de pret do quadro permanente, reincidentes no commettimento de fal-
tas, poderEo ser mandadas recolher áos regimentos, declarando-se ñas respectivas guias que a
transferencia ó dada por motivo disciplinar.
Art. 91.° A escola pratica de cavaliaria deve ser considerada para todos os effeitos esta-
belecimento de instrucgEo. e para os disciplinares e de justiga militar está subordinada ao com-
mando dá divisEo érii cuja área estiver instállada.
Art. 92.° O pessoal graduado da escola, álem das áttribuigoes que especialmente lhe sEo
dadas por este regulameñto, tem competencia para premiar e punir como so fizessem parte de
qualquer regimentó da arma.

Ofticio de 2G de junbo de -1890, dirigido pelo ministerio da guerra


aos commandantesdas divisdes militares

Sendo de toda a conveniencia que as sentengas ou decisoes dos conselhos de guerra, que
se julguem incompetentes para conhecer dos crimes ou delictos submettidos ao seu julgamento,
nao passem em julgado sem que o tribunal superior de guerra e marinha haja conhecido da ra-
sao dos seus fundamentos: s. ex.a o ministro da guerra determina que os promotores de justiga
recorram para aquelle tribunal, sempre que os referidos conselhos de guerra houveremjulgado
o foro militar incompetente para conhecer da causa submettida á sua apreciagao; o que o mesmo
ex."10 sr. me encarrega de participar a v. ex.a, para os devidos effeitos.

No plano de reorganisacáo da escola do exercito, approvado por decreto de 12 de selembro de 1890,


encontra-se o seguinte:

CAPITULO II. — Do pessoal da escola, suas áttribuigoes, nomeagao e vencimentos

Artigo 9.° Todo o pessoal empregado na escola do exercito fica sujeito ás leis e disciplina
militares.
CAPITULO V.—Dos differentes conselhos da escola
Art. 33.° Haverá na escola do exercito os seguintes conselhos:
3.° Conselho de disciplina.
493

Art. 38.° O conselho de disciplina é formado pelo cómmándante do corpo de alumnos, dois
lentes militares e dois instructores nomeados animalmente, por escala, servindo o official mais
graduado de presidente, e o mais moderno de secretario.
§ único. Incumbe a este conselho julgar as faltas dos alumnos, pelas quaes lhes devam ser
impostas as penas de exclusao ou prisao superior a oito dias.
Art. 39.° O director da escola tem a competencia disciplinar que lhe é conferida pelo res-
pectivo regulameñto, com relagao ao pessoal e alumnos da escola.
Art. 40.° As penas que podem ser impostas aos alumnos sao:
1.° Para os officiaes, as estabelecidas pelo regulameñto disciplinar do exercito;
2.° Para as pragas de pret, as prescriptas no mesmo regulameñto para os officiaes inferio-
res, com excepgEo da baixa de posto;
3.° Para os alumnos civis, aquellas a que se refere o numero antecedente, sendo a. prisao
correccional substituida por prisEo na escola;
4.° Para todos os alumnos, a exclusao temporaria ou definitiva da escola.
Art¡ 41.° Quando o director reconhecer que o facto incriminado constitue crime ou delicto,
procederá em harmonia com as disposigoes do código de justiga militar, remettendo o respectivo
auto do corpo de delicto áo cómmándante da 1.a divisao militar.

Decreto de 30 de setembro de 4890

Considerando que, pelo disposto no artigo 17.° do decreto de 9 de setembro de 1886, a


guarda fiscal, como parte integrante das forgas militares do reino, tem deveres e direitos idén-
ticos aos que competem aos officiaes e demais pragas do exercito activo;
Considerando que, pelo disposto, no artigo 26'.° do mesmo decreto, o reerutamento de sol-
dados para a guarda fiscal é feito com soldados do exercito, próvindos do effectivo ou licencia-
dos na reserva;
Considerando que, em taes condigoes, eonvem tornar commum áo exercito e á guarda tu do
quanto nao prejudique o servigo especial que compete á cada urna d'aquellas corporagoes:
Hei por bem determinar o seguinte:
Artigo 1.° Os commandantes dos batalhoes da guarda fiscal terao, com relagSo a cabos, a
competencia disciplinar que, segundo o expresso no artigo 39.° do regulameñto disciplinar do
exercito, approvado por decreto de 15 de dezembro de 1875, compete aos commandantes dos
corpos do exercito.
Art. 2.° Fica revogada a legislagSo em contrario.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios do reino
e interinamente dos da guerra, e o ministro e secretario d'estado dos negocios da fazenda, as-
sim o tenham entendido e fagam executar.

Ñas disposicóes respectivas ao abono de auxilio para rancbo, mandadas adoptar pela portaría
de 45 de dezembro de 1890, encontra-se a seguinte:

5.a Que ás pragas cumprindo sentenga, e outras, cujo vencimento nEo permitía fazer-se-
lhes descontó superior a 30 réis diarios, se abone o auxilio de 75 réis.

Decreto de 29 de dezembro de 1890

Convindo que aos militares e mais pessoas pertencentes ao corpo expedicionario a Mogam-
bique continuem a ser applicadas as disposigoes do código de justiga militar de 9 de abril de
1875: hei por bem determinar que os militares e empregados civis com graduágao militar que
íizerem parte d'aquelle corpo expedicionario sejam processados e julgados pela forma précei-
tuada na carta de lei de 16 de maio de 1878, que manda observar na provincia de Cabo Verde
as disposigoes do código de justiga militar, com as modificagoes designadas na mesma lei.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra,
e o ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar, assim o tenham enten-
dido e facam executar.
494

1891
Decreto de 31 de Janeiro de 4891

Tomando em consideragao os tactos anormaes que estao occorrendo no districto do Porto,


e a urgente necessidade de restabelecer o imperio das leis e a ordem publica alterada por atten-
tados de excepcional gravidade, a que impiorta p6r cobro, precavendo tambem a sua criminosa
repetigao; e
Attendendo ao disposto no § 34." do artigo 145.° da carta constitucional da monarchia:
Hei por bem, ouvido o conselho de ministros, decretar o seguinte:
Artigo 1.° Ficám suspensas no districto do Porto, por espago de trinta dias, todas as garan-
tías individuaes, e poder-serha prender sem culpa formada.
Art. 2.° E auctorisado o governador civil do mesmo districto a ordenar e tornar effectrva
a suspensao dos jornaes, periódicos ou escriptos impressos ou lithographados, que áttentem con-
tra a seguranga do estado ou contra a manutengEo da ordem e tranquillidade publica.
§ único. E extensiva aos outros districtos a providencia d'este artigo.
Art. 3.° As disposigoes d'este decreto sEo executorias desde a sua data.
Art. 4.° O governo, logo que se reunirem as éortes geraes da nagao, dará conta ás mesmas
cortes do uso que tiver feito das facilidades que j>or este decreto lhe sEo concedidas.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra,
e os ministros e secretarios d'estado das outras repartigoes, assim o tenham entendido e fagam
executar 1.

Decreto de 2 de fevereiro de 1891

Attendendo ao que me representaram os ministros e secretarios d'estado de todas as repar-


tigoes: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E da exclusiva competencia dos tribunaes instituidos pelo código de justiga mi-
litar vigente o conhecimento e julgámento do crime de rebelliao provisto e punido pelo artigo 170.°
da secgao II, capitulo ni, titulo n, livro II do código penal portuguez.
Art. 2.° As disposigoes d'este decreto sEo applicaveis nao só a todos os processos que de-
pois da publicag-Eo d'elle forem instaurados pelo referido crime, aínda que provenhaiñ de acto
anteriormente pratieado, mas tambem a todos os processos que pelo mesmo crime já estiverem
pendentes.
§ único. Os processos pelo referido crime que estiverem já pendentes serEo remettidos aos
tribunaes militares pela auctoridade competente no estado em que se acharen!.
Art. 3.° As disposigoes d'este decreto comegarEo a vigorar desde a data da sua publicagao,
..
Art. 4.° Fica revogada toda a legislagao em contrario.
Art. 5.° O governo dará conta ás cortes das disposigoes d'este decreto.
O presidente do conselhoi¡de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra,
o os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes, assim o tenham entendido e
fagam executar.

Decreto de 0 de fevereiro de 1891

Attendendo ao que me representaram os ministros e secretarios d'estado de todas as repar-


tigoes : hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° Ñas divisoes militares em que a necessidade do servigo prevista pelo artigo 1.°
do decreto de 2 do corrente mez o exigir, e emquanto durar essa necessidade, jioderao ser
mandados organisar outros conselhos de guerra alem dos auctorisados pelo artigo 14.0." do có-
digo de justiga militar.
§ 1.° No decreto que auctorisar a organjsagao dos novos conselhos será designada a sede
era que elles devem funecionar.
§ 2.° Servirlo de auditores junto dos conselhos de guerra assim instituidos os juizes desi-
gnados no artigo 138.° do código citado.
§ 3.° Os conselhos de guerra estabelecidos em cada divisao territorial terao n'ella jurisdic-
cao cumulativa.

1 As diaposieucs d'csí.e decreto foram prorogadas pelo de 28 de fevereiro até SI de marco.


495

Art. 2.° A ordem do processo nos feitos crimes de justiga militar em tempo de paz, regu-
lada pelo titulo i do livro iv do código de justiga militar, será adoptada igualmente para o jul-
gámento do crime de rebelliSo, com as alteragoes designadas nos paragraphos subsequentes.
§ 1.° Constituido o corpo de delicto, o general cómmándante da divisao mandará entregar
os autos ao auditor do conselho de guerra que funccionar habitualmente na sede da divisEo,
que os entregará seguidamente ao promotor de justiga respectivo, para os íins designados nos
artigos 279.° e 280.° do código citado, e bem assim para informaren! se convirá fazer separagEo
do processo e em que termos. Nem o auditor iiem o promotor de justiga poderao reter o pro-
cesso por mais de vinte e quatro horas.
§ 2.° Ao general cómmándante da divisao, alem das áttribuigoes conferidas pelo artigo 282.°
do mesmo código, competirá o mandar proceder á separagao do processo, quando assim o julgar
conveniente, distribuindo-o pelos conselhos de guerra da divisEo.
§ 3.° As áttribuigoes conferidas pelos paragraphos anteriores ao general cómmándante da
divisao serao exercidas pelo ministro da guerra no caso previsto pelo § 1.° do artigo 283.° do
código citado.
§ 4." Remettido o processo com a ordem para se instaurar a accuságao ao promotor de
justiga, formulará este o acto de aecusagao nos termos do artigo 298.;° do dito código, e no praso
improrogavel de vinte e quatro horas.
§ 5.° Dentro do mesmo praso se dará cumplimento ao disposto no artigo 301.°,. e em qua-
renta e oito horas ao disposto no artigo 307.° do código citado, nEo sendo permittidá em qual-
quer estado do processo a expedigEo de deprecadas, ou seja para iiiquirigEo do testemunlias ou
para qualquer diligencia. Nos casos em que a accusagEo ou a defeza hajam requerido o clepoi-
mento de alguma testemunhá moradora fóra da comarca, mas dentro do continente do reino, o
auditor providenciará desde logo acerca da comparencia da testemunhá no dia e hora á que o
conselho se reunir. A testemunhá terá direito aos abonos áuctorisados pelo capitulo xi do regu-
lameñto de 21 de julho de 1875.
§ 6.° Findo o praso de quarenta é oito horas a que se refere o paragrapho anterior, o audi-
tor mandará entregar o processo ao presidente do conselho de guerra, a finí de que elle designe
o dia para a discussao. e julgámento da causa. O julgámento deverá comegár dentro de tres dias.
§ 7;° A admissEo de novas testemunhas no acto da audiencia de julgámento, a que se refe-
rem os artigos 332.° e 333.° do código referido, só poderá ser concedida no caso de se acharem
presentes, nao podendo aquelle acto ser addiado por motivo algum.
§ 8.° Os quesitos a que se refere o artigo 341." do mesmo código poderao ser pelo auditor
apresentados na audiencia, cscriptos, lithographados ou impressos, sem prejuizo do disposto no
artigo 343.°, depois de lidos em audiencia. Os quesitos addicionaes poderEo igualmente ser apre-
sentados pelo ministerio publico e defensor do aecusado ñas mesmas condigoes designadas.
§ 9.° Se da sentenga do conselho de guerra for mterposto recurso, o processo será, pelo
presidente do conselho remettido ao secretario do tribunal superior de guerra e marinha no dia
¡inmediato áquelle em que lindar o praso marcado para interposigao do alludido recurso.
§ 10." Ó tribunal superior de guerra e marinha deverá julgar a causa, o mais tardar, até
oito dias contados da data da sua apresentagao. Das decisoes do tribunal superior de guerra e
marinha nEo haverá recurso para outro tribunal, qualquer que seja o fundamento allegado.
§ 11." Para a formagao e julgámento dos processos instaurados pelo crime de rebelliEo nEo
haverá ferias, nem ainda as divinas, sendo válidos os actos platicados de noite ou em dias san-
tificados.
Art. 3.° SEo dispensadas as formalidades prescriptas no artigo 25.° do código de justiga
militar.
Art. 4.° As disposigoes d'este decreto sao applicaveis nao só a todos os processos que de-
pois da publicagao d'elle forem instaurados pelo crinie de rebelliEo, ¿linda que provenham de acto
anteriormente pratieado, mas tambem a todos os processos que pelo mesmo crime já estiverem
pendentes.
Art. 5.° As disposigoes d'este decreto comegarao a vigorar desde a data da sua publicagEo.
Art. 6." Fica revogada toda a legislagEo em contrario.
Art. 7.° O governo dará conta ás cortes das disposigoes d'este decreto.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra,
e os ministros e secretarios d'estado de todas as repartigoes, assim o tenham entendido c fagam
executar.
Decreto de G de fevereiro de 1891

Em conformidade com a auctorisagSo concedida pelo artigo 1.° do decreto d'esta data: hei
por bem estabelecer junto da 3.a divisao militar mais dois conselhos de guerra eom a sede na
cidade do Porto.
496

O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guer-


ra, assim o tenha entendido e faca executar.

Dccrclo de 25 de fevereiro de 1891

Attendendo ao que mé repfesentou o conselho de ministros acerca-da immediata necessi-


dade de se providenciar sobre a forma do processo, que deva seguirse para o julgámento dos
crimes previstos no código de justiga militar, quando se junteni ao de rebelliEo, a que sé refo-
rem os decretos dé 2 é 6 do corrénte mez; e
Considerando que n'este caso nao sómente subsiste, mas. sobe de ponto a importancia dos
imperiosos motivos de ordem e- conveniencia publica, que determinaram os preceitos dos.mesmos
decretos:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° As disposigoes do decreto de 6 do corrénte mez sao applicaveis ao processo e
- Julgámento dos crimes previstos no código de justiga militar, quando coiicorrcm com o de rebel-
liEo, a que se refere o artigo 170.° do código penal.
Art. 2.° O governo dará conta ás cortes da execügEó d'este decreto.
Art. 3.° Fica révOgada á leglslagao em contrario.
O presidente do conselho dé ministros e Os ministros é secretarios d'estado de todas as
repartigoes-assim o tenliám entendido e fagám executar.

Óflicio de 8 deabril de 1891, dirigido pelo ministerio da guerra


aos commandantes das divisócs militares

Constando n'esta direegao geral que ás auctoridadesjudiciaes entendem que nao podem pro-
ceder jurídica e rigorosamente contra os reservistas que deixám de comparecer ás revistas de
inspecgao, quando nao sejam pessoalmente avisados do dia, hora e local em que devem effe-
ctuar^se estas formáturas; e tendo sido determinado pelo ministerio do reino que os administra-
dores de concelho cumpram rigorosamente os preceitos do artigo 49.° do regulameñto publicado
na ordem do exercito. n.° 8 de 1887, visto que, sem á formalidáde do aviso especial, as faltas
ás ditas revistas deixám de ser punidas: s. ex.a o ministro dá guerra incumbe-me de dizer a
v. ex.a que se sirva determinar aoá commandantes dos districtos de recrutámento e reserva sob
ás suas ordens, que a cada um dos autos que tenham de enviar aos delegados do procurador
regio, jüntem certidao do indicado aviso, que será pedida ao administrador do concelho ou baírro
da residencia doa reservistas aecusados nos mesmos autos, sempre que se trate das mencionadas
faltas.
Decreto de 10 de abril de 1891

Tendo eessado as necessidades do servigo que obrígaram á organísagao de mais dois conse-
lhos dé guerra com a sede na eidade do Porto : hei por bem, em harmonía coin o artigo 1." do
decreto de 6 de fevereiro do corrénte anno, mandar dissolver o 2." e 3.° conselhos dé guerra
estabeleéidos junto da 3.a divisEo militar.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da guer-
ra, assim o tenha entendido e faga executar.

Portaría de í de maio de 1891

Constando que alguns militares, ein vez de cooperaran para o maior lustre e prestigio das
instituigoes militares, antes, olvidando os deveres a que os obriga a nobre profissEo das armas,
o esquecendo quanto devem ao brío proprio e ao decoro do exercito, sao os primeiros a poster-
gar os mais salutares preceitos da disciplina, servindo-se da penna para, na imprensa, discutirem
c apreciaran os actos e as qualidades dos seus chefes e legítimos superiores; e porque nEo pode
tolerar-so tao culposo procediinento, contrario a todas as normas do dever e da honra militares,
nem tao pouco permittir-se que o prestigio da auctoridade e a consideragEo dos officiaes estejam
á mercó" de ruins paixoes individuaes:
Determina Sua Magestade EI-Eei, pela secretaria d'estado dos negocios da guerra, que todas
as auctoridades militares, e muito especialmente os generaos commandantes das divisóos, exer-
497

cam a mais escrupulosa vigilancia sobre os citados tactos, e reniettam immediatamente ás respe-
ctivas procuradorías regias os exemplares dos jornaes, ou outros eseriptos, que contenham ma-
teria offensiva da disciplina militar, para que, na conformidadeda lei de imprensa, seja applicada
a seus auctores a correspondente penalidade.
Outrosim ordena o mesmo augusto senhor ás referidas auctoridades que, nos casos em que
os eseriptos denunciem, ou a voz publica aponte como anctor o nome de algum escriptor militar,
procedam immediatamente, e sob sua responsabilidade, a rigorosa syndicancia, a fim de apurá-
is eni a paternidade do escripto, para que possa recaír sobre o auctor á devida punicao, em des-
aggravo da disciplina, que simiihantes abusos tendera a enfraquecer, com manifestó perigp da
ordem publica e das instituigoes de que o exercito deve ser a mais segura garantía.

No regulameñto da escola de auxiliares indígenas para servico da armada ñas eoloniás,


estabelecida a bordo de iim navio tundeado éni Manda,
approvado por decreto de 14 de maio de 1891, enconlra-se o seguinte:

Artigo 13." Este regulameñto * estabelecerá tambem os castigos corréeeionaes para as faltas
de disciplina, e quando essás faltas constituam delictos ou crimes, serao os culpados exjralsós da
escola e entregues ao poder judicial. '
Art. 14.° Os alumnos considerados ñicorrigiveis e os que completaren! eminze ou mais• dias
de ausencia, sem lieenga, serao entregues áo governo geral, que os enviará para outra provincia
que nao seja a da naturalidade Ou residencia dos delinquéntes, a fim dé servirem como soldados
oito ánnos.

Decreto com fórca de lei de 14 de maio de 1891

NEo estando previsto no artigo 1.° do decreto de 25 de outubrO de 1881 o caso de serení
na Guiñé portugueza julgadas ineorrigiveis as pragas da guarnigao de Angola, já condemnadas
como ineorrigiveis ou desertoras, a completar ali o tempo de servigo a que forein obligadas;
tornando por isso necessario determinar a localidáde em que as pragas n'aquellas circumstancias,
assim como as naturáes de qualquer outra provincia, devem completar o alludiclo tempo de ser-
vico; '
Tendo ouvido_ a junta
_ consultiva do ultramar e o conselho de ministros; e usando da aucto-
risagao concedida fíelo § 1.° do artigo 15.° do primeiro acto addicional á carta constitucional da
monarcliia:
líei £>or bem decretar o seguinte: :
Artigo 1.° As pragas da guarnigao da provincia de Angola mandadas servir na da Guiñé
portugueza, por terem sido condemnadas como desertores ou ineorrigiveis, e bein assim as de
outra qualquer localidáde que servirem na mesma provincia da Guiñé, julgadas ineorrigiveis
pelo respectivo conselho de disciplina, completarEo o tempo de servigo que lhes faltar em Geba,
onde para esse fim será estabelecido um deposito de ineorrigiveis.
Art. 2.° As pragas naturáes da provincia da Guiñé portugueza, eme forem julgadas ineorri-
giveis, cumprirEo a respectiva sentenga na guarnicEo do districto do Congo.
Fica revogada a legislagao em contrario.
0 ministro e secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faga executar.

Decreto de 1 í de maio de 4891

Sendo necessario e urgente alterar a organisagao do conselho superior de justiga militar


estabelecido na cidade de Loanda, pelo artigo 53.° do decreto de 30 de dezembro de 1852;
Tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o conselho de ministros; e usando da aucto-
risagao conferida pelo § 1.° do artigo 15.° do primeiro acto addicional á carta constitucional da
monarchia:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° O conselho superior de justiga militar de Loanda compor-se-ha de dois officiaes
militares do exercito mais graduados em commissEo na sede da capital da provincia; do cómmán-
dante da divisao naval da África occidental e America do sul, ou de quem o substituir na mesma
capital; do capitEo do porto de Loanda, se for official superior da armada; e de um dos juizes

1 Especial da escola que deveria formular-se.


498

da relagSo de Loanda, por distribuigao, que será o relator; servindo de presidente o official de
maior graduágao.
§ 1.° Se o capitao do porto nEo for official superior, será nomeado em seu logar o chefe de
estado maior da divisao naval, é, estando este ausente ou a substituir no conselho o respectivo
cómmándante, o official da armada que se seguir em graduágao e estiver ao servigo da mesma
divisao naval.
§ 2.° Os officiaes superiores do exercito com quem se dér alguma incompatibilidade nos
processos submettidos ao julgámento do tribunal, serEo substituidos por Outros officiaes do exer-
cito, tambem superiores, immediatos em graduagEo ou antiguidade, que estejam em commissSo
ná sede da capital, e, sübsistindo tambem para estes a incompatibilidade, realisar-se-ha á substi-
tuigao com officiaes superiores do exercito, reformados, de maior graduágao, que tenham resi-
dencia efféctiva óu eventual ná capital da provincia.
Os officiaes da armada, em caso idéntico, serao substituidos por outros, tambem da armada,
que se lhes seguirem em graduágao e estiverem na sede da capital por occasiao do julgámento.
Se nao houver na capital da provincia officiaes do exercito, reformados ñas condigoes do
párágrápho antecedente, o conselho constituir-se-ha com os quatro officiaes da armada mais gra-
duados, pertencentes á divisao naval ou em commissEo na provincia, que possam concorrer em
servigo e que o governádor geral consiga reunir na capital para esse fim.
Art. 2.° Os vogáes do conselho superior de justiga militar de Loanda, de que trata o ar-
tigo 1.°, serao nomeados em portaría provincial, que se considera de execugao permanente até
que¿ pela mesma forma, tenha logar a nomeágao de outros.
Os officiaes do exercito ou da armada que hóuverem de substituir os mesmos vogáes no caso
previsto em o § 2.° do referido artigo, deverao ser nomeados ad hoc em cada processo, e tam-
bem por portaría- provincial que declare o motivo legal dá substituigao.
Art. 3.° Fica por esta fórmá revogado o artigo 53.° do decreto de 30 de dezembro de 1852,
nao só no que se refere áos processos futuros, mas aínda com respeito aos que estiverem em
andamento á data da publicágSo d'este decreto no boletim official da provincia de Angola, e bem
assim toda a leglslagao em contrario.
O ministro é secretario d'estado dos negocios da marinha e ultramar assim o tenha enten-
dido e faga executar.

No regulameñto para cohccssüo dá medalha de servicos no ultramar, approvado por decreto


de 46 de maio de 4894, encontrase o seguinte:

Artigo 15." Perde o direito de usar a medalha de servigos no ultramar todo áquelle a quem
for imposta pena que importe exantoragSo ou demissEo do servigo.
Art. 16.° Logo que a algum individuo condecorado com a medalha de servigos no ultramar
seja applicavel o disposto no artigo antecedente, a auctoridade superior sob cujas ordens servir
transmittirá ao ministerio da marinha e ultramar, pelas vias competentes, a partieipagao do facto,
a fim de se ordenar o cancellamento da condeeoragao no registe respectivo.

Oflicio do ministerio da guerra, de 13 de jtillio de 4891, dirigido aos commandantes das divides militares

Tendo-se suscitado duvidas sobre o procedimento a haver com os emigrados que, recebendo
subsidio do estado e achando-se em depósitos sujeitos ao régimen e auctoridade militar, se au-
Bentám sem permissEo do governo dos depósitos em que se achara: encarrega-me s. ex.a o mi-
nistro da guerra de levar ao conhecimento de v. ex.a que, em tal caso, comquanto nao possam
legalmente ser processados e aecusados pelo crime de desergao, por nao haver vinculo algum que
os ligue ao servigo militar portuguez, podem comtudo e devem ser processados e aecusados em
conselho de guerra como réus do crime de desobediencia, previsto e punivel pelo artigo 188.°,
do código penal ordinario, por isso que, por aquello facto, faltam á obediencia devida ás ordens
e mandados legítimos da auctoridade publica, em virtude das quaes sEo obligados a permanecer
nos locaes e depósitos que lhes forem determinados.

No plano de reorgauisacño da escola do exercito, approvado por decreto de 28 de oulubro de 4891,


encontra-se o seguinte:

CAPITULO III.—Pessoal da escola


Artigo 32.° Todos os lentes e mais empregados da escola do exercito ficam sujeitos ás leis,
disciplina e regulamentos militares.
499

CAPITULO V. — Differentes conselhos e régimen disciplinar da escola

Art. 49.° O conselho disciplinar é formado pelo cómmándante do corpo de alumnos, dois
lentes militares de antiguidade ou graduágao inferior á d'esse cómmándante, e dois instructores,
sérvindo 0 primeiro de presidente e o instructor mais moderno de secretario. Incumbe a este
conselho julgar as faltas dos alumnos, pelas quaes lhes devem ser impostas as penas de prisEo
correccional ou de éxclúsEo da escola.
Art. 50.° O director da escola tém competencia disciplinar igual á dos generaes comman-
dantes de divisEo, a respeito dos individuos sob o seu commando, quando as infraegoes de dis-
ciplina forem praticadás nos servigos dependentes da escola.
§ único. O cómmándante do corpo de alumnos tem competencia disciplinar igual á dos com-
mandantes dos corpos do exercito, em relagao ao pessoal do dito corpo.
Art. 51.° As penas disciplinares que podém ser impostas áos alumnos sao:
1.° Párá os militares, ás estabelecidás pelo regulameñto disciplinar do exercito, com exce-
pgEo da báixa do posto para as pragas de pret, a exelusEó temporaria da escola, e á exclusao
definitiva, ficando éstas duas ultimas penas dependentes de confirmágaó do ministro da guerra.
2.° Para os civis, ás preseriptas no numero precedente para as pragas de pret, sendo a, repre-
hensao do 2.° e 3.° graus substituida pela reprehensao na presenga dos alumnos do mesmo curso,
e a prisEo correccional pela prisao ná escola.
Art. 52.° Quando o director réconhecer que o facto incriminado constitüé crime oü delicto,
procederá em harmonía com as disposigoes do código de justiga militar, remetiendo o respectivo
auto de córpo dé delicto ao cómmándante da 1.a divisEo militar»

Decreto de 31 de dezembro de 4894, ápprovando o regulameñto para á organisacáo da reserva


do exercito activo

N'este regulameñto que ficou substituindo o que havia sido approvado por decreto de 9 de
margo de 1887, encontrám-se as seguintes alteragoes, com referencia á parte que d'elle extra-
ctamos n'este trabalho e que se acha a paginas 483.
O artigo 102.° do regulameñto de 9 de margo passou al ser q § 3.° do artigo 99.° do
actual.
Os artigos 114.°, 115.°, 116.°, 117.°, 118.°, 119.°, 120.°, 121.°, 126.°, 129.°, 130.°, 131.°
e 132.° passaram a ser respectivamente os artigos 108.°, 109.°, 110.°, 111.°, 112.°, 113,°, 114.°,
115.°, 120.°, 124.°, 125.°, 126." e 128.° do novo regulameñto.
Os artigos 122.", 123.°, 124.° e 125.° ficaram substituidos assim:
Art. 116.° O reservista que nao comparecer ás revistas de inspecgao, ou ás apresentágoes
a que é obligado em substituigEo d'estas, salvo caso de torga maior, será punido pela primeira
vez com a multa de 500 réis a 6#000 réis; reincidindo, a multa será aggravada com tres a oito
dias de prisao correccional.
Art. 117.° O reservista que nao apresentar a caderneta ñas revistas de inspecgEo ou quando
tiver de tratar de assumptos militares, será punido com a multa de 100 réis a 500 réis.
Art. 118.° O reservista que extraviar ou por qualquer forma inutilisar a caderneta, será
punido com a multa de 200 réis a L?000 réis.
Art. 119.° A praga licenciada na primeira reserva que nEo se apresentar com os seus uni-
formes ñas revistas de inspecgEo, será punida com a,multa de 200 réis a 1$000 réis; reincidindo,
a multa será aggravada com tres até oito dias de prisao correccional.
Os artigos 127.° e 128.° ficaram substituidos pelos seguintes:
Artigo 121.° Os reservistas que saírem do concelho ou bairro do seu domicilio por mais de
trinta dias, sem lieenga necessaria, serao punidos com tres dias de prisEo correccional.
§ único. Nos casos urgentes, quando nao haja tempo de solicitar a lieenga a que o presente
artigo se refere, e o reservista nao habitar na sede do concelho ou bairro, pode o regedor eon-
cedel-a, communicando-o immediatamente ao administrador.
Art. 122.° Os reservistas que excederem a lieenga a que se refere o artigo anterior, que
mudarem de domicilio ou residencia sem auctorísagao por titulo legal, ou que deixarém de se
apresentar á auctoridade do domicilio ou residencia que tiverem escolhido, serSo punidos com
prisao correccional de oito a trinta dias.
Art. 123.° (novo). O reservista que transgredir qualquer dos preceitos d'este regulameñto
nEo especificados nos artigos anteriores, quando nao constituir crime ou infracgEo disciplinar pre-
vista ñas leis penaes militares, será punido com a multa de 500 réis a 2??O0Ó réis, que poderá
ser aggravada com prisao correccional de tres a oito dias.
500

Ao artigo 129.° (124.° do novo .regulameñto) acrescentaram-se os seguintes paragraphos.


§ 1.° A participagEo dos commandantes dos districtos será formulada n'um auto, em dupli-
cado .(modelo n.° 17), para cada um dos reservistas aos quaes tenha de ser imposta qualquer das
penalidades d'este regulamanto, a fim de constituir o corpo de delicto indirecto acerca da infrac-
gEo commettida pelos reservistas.
§ 2.° No caso das transgressoes de que tratara, os artigos 116.°, 117.°, 118.° e 119.° do
presente regulameñto, o auto formulado pelo cómmándante do districto de recrutamento e re-
serva constituirá prova bastante em juizo, nao sendo precisa a prova testemunhá]. Aos reservistas
fica salvo o direito de provarem em juizo que nao commetteram as transgressSes de que sao
aecusados. A única prova da comparencia ñas revistas annuaes de inspecgao será a competente
verba langada na respectiva pagina da caderneta.
§ 3.° No caso de,- em juizo, sé provar que nEo sao verdadeiros os factos participados jielos
commandantes dos districtos, os delegados de procuradores regios farao as competentes partici-
pagoes aos generaos eOmmáiidantes das divisoes oú commandantes militares das ilhas adjacentes,
para estás auctoridades procéderem na conformidade da lei.
§ 4.° Os commandantes dos districtos de recrutamento e reserva, logo que qualquer praga
dá reserva seja áutuáda, mencional-o-hao na casa «observagoes» do caderno de classes (modelo
n.° i). ;',.;.,_" ; '/
Se as pragas forem .transferidas de districto antes de se conhecerem as penas applicadas,
far-se-ha a conveniente coniniimlcagEo aos commandantes dos districtos para onde tiverám pas-
sagem, para estés langáreni a competente verba na casa das «observagoes» do caderno das
classes.
Art. 127.° (nEo existia no anterior• regulameñto). Quando urna praga licenciada na reserva
for presa para conselho de guerra ou tiver de se apresentar para cuinprir qualquer pena disci-
plinar, a auctoridade militar passar-lhe-ha guia de marcha, a fim de ser presente no respectivo
quartel general ou local onde deve cumprir a pena disciplinar, sendo mandada addir a urna forga
militar, por Onde será abonada dé todos os vencimentos a que tiver direito como se fosse praga
do effectivo.
§ 1.° Quando a praga for absolvida ou terminar a pena que lhe tenha sido imposta, voltará
á sua anterior situagao, deixando de lhe ser abonados os respectivos vencimentos, e marchará
para- o seu domicilio, onde fará as devidas apresentágoes.
§ 2.° A estas pragas será concedido o transporte para regressarem ás térras do seu do-
micilio.
§ 3.° Aos commandantes dos districtos a que pertencem as pragas, será communicada a sua
prisao, bem como todos os factos subsequenteS,. e quando cessar a punigEo, ser-lhe-ha enviada
á guia, com as convenientes declaragoés, para que esta auctoridade faga os devidos averbamen-
tos e envié as alteracoes ás unidades em que as pragas téem aberta a matrícula.
Ao artigo 133.° (129.° do novo regulameñto) acrescentaram-se os seguintes paragraphos:
.

§ 1.° Os delegados de procuradores regios das comarcas, depois do julgámento, devolverao


directamente aos'commandantes dos districtos de recrutamento e reserva o duplicado^ do auto de-
que trata-o § 1.° do artigo 124.° do presente regulameñto, em que serao mencionadas as penas
impostas aos reservistas pelas transgressoes commettidas e as datas do julgamente, bem como
communicarEo as penas a que foram eondemnados os reservistas em virtude dos autos levantados
pelos administradores dos cóncelhos ou bairros.
§ 2.° Quando algum reservista^ autuado por ter transgredido quáesquer disposigoes d'este
regulameñto, deva ter baixa definitiva antes da auctoridade militar conhecer a penalidade que
lhe deve ser imposta, averbar-se-ha nos registos disciplinares e caderneta a nota de que fbi au-
tuado, e.mais tarde o resultado da autuagao, nEo sendo até entao encerrados os registos disci-
plinares da referida praga.
Art. 130.° (nao existia no anterior regulameñto) Aos reservistas cujo domicilio nao seja co-
nhecido na oceásiao em que devam ter baixa definitiva, por ter completado o tempo de servigo
nos termos da legislagEo em vigor, e se apresentem ou solicitan de qualquer auctoridade militar
lhes seja langada a verba de baixa ñas cadernetas, ser-lhes-hEo.entreguescom a referida verba,
continuando, porém, a ficar sujeitos a responder pelas transgressoes que tenham, commettido em
quanto. pertenceram á reserva, para o que os commandantes dos districtos farao as participagoes.
convenientes, ea's auctoridades a que se apresentarem mandal-os-hao entregar em juizo, nao po-
denclo livrar-se soltos sem prestar fianca.
501

l@OS
Delcrminaciio insería na ordem do exercito n.° 9 de 18 de marco de 1892

Sua Magestade El-Eei, confórmando-se com o parecer do tribunal superior de guerra e


marinha, datado de 12 do corrénte mez, determina que nEo seja contado a qualquer praga como
tempo de servigo militar, o de ausencia nao justificada, quando pelo conselho de guerra seja
absolvida do crinie de desércao.

No decreto de 21 de abril de 1892, reformando a direccSo superior das alfandegas e contribiiicóeslndirecías,


cuconlra-se o seguinte:

TITULO IT.— Guarda fiscal

CAPITULO I. — Organisagao, servigo e reeíütámeittó dos óffiéiaes e pragas de pret

Artigo 132.° A guarda fiscal continuará a ter a Organisagao militar que lhe foi dada pelos
decretos de 9 de setembro de 1886, 24 de fevereiro e 29 de dézemhro de 1887, salvo as modi-
ficágoes introduzidas pelo presente decreto.
Art. 133.° A guarda fiscal estará immediatamente subordinada áo ministro dos négocioo da
fazenda.
Art. 134.° O eOmmaiido militar da guarda fiscal pertencerá áo director geral das alfande-
gas e contribuigoes indirectas, quando esté logar for exercido por üm coronel' oú official general
do exercito, o qual terá a mesma competencia disciplinar que o cómmándante geral das guardas
municipaes; e quando o nao for, recairá o commanclo no chefe da segunda repartí gao da mesma
direegao geral.
Carta de leí de 21 de abril de 1892

Estabelece-se n'ella que possam ser entregues á'disposigEo do governo, e transportados para
as possessoes ultramarinas, onde se providenciará de modo a fornécer-lhes' trabalho livre, aquel-
les que, sendo maiores de dezoito annos, e nao tendo áindá completado sessenta, incorrérém por
crimes, ñas condemnagoes indicadas em algum dos números seguintes:
1.° Tros condemnagoes em penas maiores;
2." Duas condemnagoes em pena maior-e duas em prisEo correccional;
3.° Urna condemnagao em pena maior e quatro em prisEo correccional;
4.° Seis condemnagoes em prisEo correccional.
Computam-se para este, effeito as condemnagoes proferidas por tribunaes militares sobre
crimes communs, e aquellas sobre que tiver recaído commutagao ou. houver prescripgao.
Trata tambem do modo de se dar execugao ao que fica cíisposto na dita lei.

No decreto de 21 de maio de 4892, organisando o districto da fiuiué, encontra-se o seguinte:

Artigo 1.° A Guiñó portugueza eonstitue um districto militar autónomo, sob o régimen es-
pecial administrativo e judicial definido pelas disposigoes d'este decreto; compoe-se do. conselho
de Bolama, que será a sede do districto, e dos commandos militares creados pelo: artigo 3.°
Art. 2.° O chefe do districto será um official da armada ou do exercito, que desempenhará
as funegoes de governador militar e civil. -
Art. 5.° Haverá na sede do districto:
c) Um auditor dos conselhos de guerra, que desempenhará cumulativamente as funegoes de
consultor do governo e as de juiz em primeira instancia no tribunal civil e criminal.
d) Um promotor, que será o agente do ministerio publico da auditoria no processo criminal
e civil e o conservador do registe predial do districto.
Art. 11.° O logar de auditor será exercido por um juiz de direito do quadro do ultramar,
contando-se-lhe o tempo de: servigo na auditoria como em servigo judicial.
Art. 12.° O tempo de servigo do auditor será de tres annos, lindos os quaes poderá ser
reconduzido.
§ único. Quando, por haver completado o triennio ou a seu pedido, for exonerado, será col-
502

locado em qualquer comarca do ultramar em que se dé vecatura ou passará ao quadro com o


vencimento de 900$000 réis até lhe caber collocagSo.
Art. 13.° Na sua falta, ausencia ou impedimento será o auditor substituido por um dos offi-
ciaes da guarnigao, ou por um dos homens bons do concelho, nomeado pelo governador, para
servir annualmente sobre proposta do mesmo auditor feita em lista tríplice.
Art. 14.° O cargo de promotor será exercido por um bachárel formado em direito, habili-
tado em concurso para delegado do ultramar, ou por um agente do ministerio publico que esteja
já em exercicio no ultramar.
Art. 15.° O promotor será promovido a juiz de direito do ultramar, independentemente de
concurso, depois de concluir quatro annos de bom e effeetivo servigo.
Art. 16.° Na sua falta, ausencia ou impedimento será o promotor substituido por um official
nomeado pelo governador.
Art. 19.° Os processos por crimes a que nao corresponda o processo de policía correccio-
nal, quando os réus forem civis, serao julgados, sob a presidencia do auditor, por um jury
composto de tres dos dez maiores contribuintes escolhidos á sorte para cada processo em acto
publico perante o auditor.
§ 1.° Das sentengas d'este tribunal cabera a appellágao intérpostá dentro do praso de dez
dias para a relágao de Lisboa sem mais recursos.
§ 2.° No julgámento dos réus civis com co-réus militares, o jury será mixto e composto de
dois dos dez maiores contribuintes tirados á sorte e de dois militares nomeados pelo gover-
nador.
Art. 20.° Os réus militares serEo julgados em conselho de guerra formado por dois vogáes
militares e pelo auditor, com assistencia do promotor, presidindo ao conselho o vogal mais gra-
duado ou mais antigo.
Art. 21.° Dos julgámentos dos conselhos de guerra haverá recurso, a ultima instancia, den-
tro do praso de quinze diás, a contar da intimagEo das sentengas, para o tribunal superior de
guerra e marinha.
No decreto de 8 de junbo de 1892,
extinguindó o regimentó de infantería do ultramar c creando em seu logar o deposito de pracas do ultramar,
encontra-se o seguinte:

Artigo 9.° Ao deposito será ápplicadd o código de justiga militar e o regulameñto discipli-
nar, decretados para o exercito.
Art. 21.° A divisao de reformados do ultramar fica addida ao deposito do ultramar.

Decreto de 47 de junbo de 1892

Sendo necessario estatuir preceitos que completem o pensamento do decreto de 21 de maio


ultimo, que organisou o districto da Guiñé, no que se refere ao julgámento dos réus militares;
Tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o conselho de ministros; e
Usando da auctorisagao conferida ao governo pela carta de lei de 26 de fevereiro de 1892
e da faculdade contida no § 1.° do artigo 15.° do primeiro acto addicional á carta constitu-
cional da monarchia:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° O código de justiga militar de 9 de abril de 1875, modificado pela carta de lei
de 3 de maio de 1878, continúa a ser applicavel no districto da Guiñé portugueza em tudo
quanto seja compativel com o decreto de 21 de maio ultimo e artigos seguintes.
Art. 2.° Emquanto nao houver estabelecimentos proprios para os trabalhos dos eondemna-
dos a prisEo militar e presidio de guerra, a prisEo militar será cumplida na sede do districto,
sendo applicado ás pragas de pret o régimen das pragas da 2.a classe das companhias de corree-
gao do exercito do reino, a que se refere o regulameñto approvado por decreto de 15 de dezem-
bro de 1875; e a pena de presidio de guerra será cumprida, sob o mesmo régimen, nos com-
mandos militares de Bissau, Cacheu ou Geba, empregando-se tambem os eondemnados em
trabalhos de utilidade publica, principalmente ñas fortificagoes.
Art. 3.° Ao chefe do districto da Guiñé competirSo as áttribuigoes especiaes conferidas aos
commandantes das divisoes militares pelo código de justiga militar.
Art. 4.° Para os effeitos penaes a que so refere o código de justiga militar sómente será
considerado o districto da Gruinó portugueza em estado de guerra, quando o governo o haja reco-
nhecido em decreto, no qual sejam mandadas cumprir as disposigoes d'aquclle código que se re-
feren! ao alludido estado.
Art. 5." Os processos militares instaurados na Guiñé portugueza até 21 de maio ultimo
serao processados e julgados em conformidade com o disposto na carta de lei de 18 de margo de
1879 e legislagao referida.
Art. 6.° Fica revogada a legislagEo em contrario.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra, e o ministro e secretario d'estado
dos negocios da marinha e ultramar, assim o tenham entendido e fagam executar.

Dcclaracáo inserta na ordem do exercito n.° 17 de 2 de julho de 1892

Tendo-se suscitado duvidas em alguns corpos do exercito sobre o abono da gratificagao de


guarnigao ás pragas detidas, por effeito da portaría de 27 de abril de 1889, publicada na ordem
do exercito n.° 7 do mesmo anno: declara-se que as referidas pragas nao téein direito á mencio-
nada gratificagao, a qual portante lhes nao deve ser abonada.

Decreto de A de julho de 4892

Qucrendo solemnisar a data memoravel da recepcSo e entrega da Rosa de Oiro, que Sua
Santidade o papa Leao XIII mandou offertar a Sua Magestáde á Rainha, minha muito amada e
prezada esposa; exerCendo urna das áttribuigoes do poder moderador, que máis ágradavel me
ó; e - <
Tendo ouvido o conselho d'estado:
Hei por bem, nos termos do artigo 74.° § 8.° dá cáftá constitucional da ínonárchia, decretar
o seguinte:
Artigo l.'É concedida amnistía geral e completa para todos os crimes contra o exercicio
do direito eleitoral, ou de origem e carácter eleitorál, exceptuando-se aquelles de que tenha re-
sultado homicidio ou alguma das lesoes mencionadas nos artigos 360.°, n.° 5.°, e 361.° do código
penal, e bem assim para todos os crimes de abuso de liberdáde de imprensa, em que sómente o
ministerio publico seja parte, commettidos até á data d'este decreto.
Art. 2.° Todo o processo que tiver sido formado pelos crimes a que por este decreto é con-
cedida a amnistía, ficará sem effeito, e todas as pessoas que, pelos mesmos crimes, estiverem
presas á ordem de qualquer auctoridade, com processo ou sem elle, serao immediatamente postas
em liberdáde, se por outro motivo nao deverem ser retidas na prisao.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'estado dé todas as re-
partigoes assim o tenham entendido e fagam executar.

Decreto de 30 de julho de 4892

Sendo conveniente que se fixeni as normas que os agentes policiaes devem observar quando
em desemponho das suas funegoes hajam de proceder á captura de officiaes, sargentos ou pragas
militares; e
Considerando que é conforme á natureza das instituigoes militares e á especialidade do seu
foro, que os individuos pertencentes ao exercito nao sejaní demorados sob a jurisdicgEo das au-
ctoridades e agentes civis, quando presos por estes, mas importa que promptamente revertam á
dependencia dos seus superiores legítimos, sem prejuizo de se lhes tornar effectiva toda a reB-
ponsabilidade em que tenham incorrido;
Considerando que as relagoes entre os diversos agentes da auctoridade e os da forga pu-
blica se devem reger por modo, que nao haja tumulto nem invasao de áttribuigoes, e se evitem
conflictos, que sempre redundara em commum desprestigio, mantendo-se a consideragEo que a
uns e outros seja devida:
Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° O official do exercito preso pelos agentes da auctoridade civil, qualquer que seja
o motivo da prisEo, salvos os casos em que é permittido prender sem culpa formada, será entre-
gue ao official de categoría igual ou superior, que primeiro apparecer, fardado, no acto da prisEo
ou depois d'ella, e que sob sua responsabilidade qneira encarregar-se de o apresentar á compe-
tente auctoridade militar.
Art. 2.° Tambem as pragas de pret, presas ñas condigoes do artigo antecedente, liao de ser
entregues aos officiaes fardados, e, na falta d'elles, aos sargentos,, que se prestem a; conduzil-os
á competente repartigao militar.
504

Art. 3.° O official ou sargento, que tomar entrega do preso,, passará ao agente civil docu-
mento declaratorio do nome do detido, do motivo da prisEo e da data da entrega.
Art. 4.° Nao comparecendo militares fardados, nos termos dos artigos antecedentes, que
queiram encarregar-se do preso, será este conduzido á repartigao civil, que immediatamentepre-
v'enirá a competente auctoridade militar para o mandar receber.
Art. 5.° Nos casos de contravengao dos regulamentos administrativos e policiaes, os milita
res armados sEo tEo sómente obligados a prestar as declaracoes que lhes forem exigidas em re-
lagao á identidade de pessoa, e necessarias para a formacao de culpa ou auto de noticia que lhes
disser respeito.
§ único. Os militares que se recusaren! a fazer as declaragoes, e os que, sendo pragas de
pret, as tenham feito de modo inverosímil, poderao ser presos, observando-se a respeito d'elles o
preceituado nos artigos antecedentes.
Art. 6.° O preso gosa da garantía estabelecida no artigo 1.°, aínda que nao esteja fardado,
desde que o agente civil seja devidaménte informado de que elle é official do exercito.
Art. 7.° Tambem o official preso nos termos do artigo 1.° tem direito a entregar-se, des-
acompanhado, á auctoridade militar competente, desde que fornega ao agente civil a prova da
sua identidade e declare que vae apresentar-se.
Art. 8.° Para prova da identidade do official basta a apresentagEo do bilhete, de que trata
o decreto de 6 de marco de 1889; e, nao trazendo coinsigo o official fardado o bilhete, entre-
gará ao agente civil declaragEo escripta e assignada de lhe ter sido intimada a ordem de prisEo,
ou de lhe ter sido entregue o preso.
Art. 9.° A falta de apresentagEo immediata do official preso n'estas condigoes, á competente
auctoridade militar, constituirá infracgao de disciplina aggravada.
Art. 10.° O militar isolado, que em servigo praticar áJguní facto, pelo qual deva ser preso,
será acompanhado ao posto de policía mais próximo, e, depois das indagagoes necessarias para
se reconhecer a sua identidade, será despedido para poder desempenhar o servigo de que estiver
encarregado, participando-se immediatamente o occorrido á auctoridade militar competente.
Art. 11.° O militar armado, a quem foi intimada ordem de prisao, nao será obligado a en-
tregar a sua arma senEo ao militar que o receber.
§ único. Se o militar, depois de recebida a intimagEo da prisao, quizer fazer uso da arma
contra o captor ou contra outra pessoa, será entEo privado da mesma arma, e contra elle se pro-
cederá tambem como auctor do crime de resistencia, previsto no artigo 186.°, n.° 1.°, do código
penal com-mum.
Art. 12.° O militar, preso por agentes civis, tambem nEo pode ser revistado por elles senEo
vérificando-se as circumstancias previstas no §. único do artigo antecedente.
Art.- 13.° Os militares a quem for intimada a ordem de prisEo, serEo tratados pelos agentes
civis com a deferencia e attengoes que lhes forem devidas pela sua posigao hierarchica.
Art. 14.° E expressamente prohibido a todos os officiaes, sargentos e mais pragas militares,
sob pena de desobediencia, intervir ñas capturas ou em qualquer servigo desempenhado por
agentes civis, excepto para lhes prestar auxilio, se por estes lhes for requisitada a sua coadju-
vacao.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado interino dos negocios
do reino, ministro e secretario d'estado dos negocios da fazenda, e os ministros e secretarios
d'estado dos negocios da guerra e dos negocios da marinha e ultramar, assim o tenham entendido
e fagam executar.

No decreto de 44 de agosto do 4S92, (¡uc trata da reorganísaciio dos servicos da armada,


cncontra-se o seguinte:

CAPITULOII.—Situagao dos officiaes


Artigo 17.° Consideram-se em inactividade temporaria:
2.° Os officiaes a quem esta situagao perteuga, por comminacSo de pena, ou effeito d'ella, nos
termos da respectiva legislagEo criminal ou disciplinar.

CAPITULO IV.—Antiguidade dos officiaes e modo de a contar

Art. 42.° Na eontageni do tempo de servigo eíiectivo desconta-se:


1.° O tempo decorrido no cumplimento da sentenga;
2.-° O tempo durante o qual o official tenha estado na inactividade temporaria por castigo
ou pelo haver pedido.
505

CAPITULO IX.—Preterieoes e recursos


Art. 132.° Serao preteridos na occasiao em que lhes pertencer promocao:
1.° Os officiaes que estejatn cumprindo sentenga ou se acharem presos para conselho de
guerra;
§ 2.° O official que, tendo déixado de ser promovido por ter estado preso e em processo, for
absolvido, é indemnisado em promocao e antiguidade quando occorra a primeira vacatura e te-
rina satisfeito a todas as condicoes de promocao.

CAPITULO X.—Vencimentosdos officiaes da armada


Art. 142.° Os sóidos d'esta tarifal serao reduzidos:
1." A 50 por cento, quando os que os perceberem estiverem presos em cumprimento de
sentenca ou corn licenca registada.
2.° A 60 por cento, quando os que os perceberem estiverem spffrendo as penas disciplina-
res de inaetividade e prisao correccional.

CAPITULOXII.—Commamid e ádministracao da armada


Art. 163.° Dirige superiormente todos os servicos da armada um conselho do almiran-
tado, a que preside o ministro da marmha, e que é composto de dois officiaes geñeraes da ar-
mada, servincío de vice-presidente o mais ¡antigo, ede umcapitao de mar e guerra secretario.
Art. 166;° Ao vice-presidente do conselho do. almirantado pertence mais particularmente
a superintendencia immediata sobre negocios que diganí respeito ao pessoal da armada; ao
official general, vogal do conselho, pertence pela mesma forma a superintendenciaimmediata sobre
negocios de administra cjío e material. •;•
Art. 167.° Ao secretario do almirantado compete:
4.° Propor ao conselho recompensas e castigos para officiaes de todas as classes da ar-
mada; '

rantado. '.'.....
5.° Assignar as ordens e toda a correspondencia expedida em nome do conselho do almi-
Art. 172." Junto do conselho do almirantado ha um magistrado judicial, ao mesmo tempo
tempo auditor dos conselhos de guerra, cujas funcgoes desempenha cumulativamente coni as do
consultor do referido conselho; é especialmente destinado a indicar a melhor interpretacao a dar
á legislacao vigente sob o ponto de vista do direito geral e sempre que se tratar de pontos du-
vidosos de direitos de terceiro.

CAPITULO XVIII. — Escola e servigo de torpedos


Art. 237.° A escola e servico de torpedos, creados pelo decreto de 30 de outubro de
1884, sao transferidos para o ministerio da marmha e ultramar, sendo considerados para todos
os effeitos como urna dependencia do conselho do almirantado.

CAPITULO XXI. — Corpo de alumnos da armada


Art. 256.° O grau hierarchico dos alumnos guardas marinhas é, na armada, immediata-
mente, inferior aos segundos tenentes, e a sua equivalencia no exercito é a do posto de alferes.
Art. 257.° O grau hierarchico dos alumnos aspirantes de 1.a e 2.a classes é, na armada,
immediatamente inferior aos guardas marinhas e immediatamente superior aos sargentos anudan-
tes, e a sua equivalencia no exercito é a de primeiro sargento aspirante a official.
Art. 258.° Os alumnos aspirantes de 1.a e 2.a classe téem direito ás continencias devidas
aos officiaes inferiores.
Art. 161.° Os aspirantes podem ser despedidos do corpo pelo conselho do almirantado, por
mau comportamento ou por incapacidade physica, comprováda pela junta de saude naval.
§ único. Os alumnos despedidos por mau comportamento sao obligados a servir no exercito
por seis annos como pracas de pret.
Art. 263.° Sao applicaveis aos aspirantes do corpo de alumnos da armada as disposicoes
dos n.os 1.° e 3.° do artigo 42.° e n.os 1.° e 2.° do artigo 142.°

1 A da actividade do servido.
506

CAPITULO XXIV. — Conselhos de guerra, auditoria e desergoes


Art. 309.° O código de justiga militar, na parte penal, será leí subsidiaria da armada nos
casos em que a lei privativa é omissá ou inexequivel.
Art. 310.° As regras de competencia do livro ni e os termos do processo do livro iv do có-
digo de justica militar serlo applicaveis, em tudo que possa ser, ao processo e julgamento de
todos os crimes. praticádos por officiaes e pracas da armada.
Art. 311.° Os conselhos de guerra continuam a ser formados por officiaes nomeados pelo
conselho do almirantado, permanente ou accidentalmente, e pelo auditor da marmha.
Art. 312.° O cargo de auditor de marinha será exercido por um juiz de direito de 1.a in-
stancia de qualquer classe, nomeado pelo ministro da marinha, sobre lista tríplice proposta pelo
ministerio da justica e formada de juizes de direito de 1.a instancia ou de candidatos legaes á
magistratura judicial, e o nomeado servir-a este cargo em commissáo, valendo este servico para
todos os efféitos cómo se fóra feito n'uma comarca judicial.
§ 1.° O auditor será ámovivel,. á contar d'este decreto, no mesmo praso em qué o sao os
juizes
.
de 1.a instancia, más poderá ser reebndiizido quando convenha ao servico;.
§ 2.° O auditor accumüla o seü cargo com o de consultor de marinha, sendo substituido nos
seus impedimentos alternadainente por um dos auditores que servem na 1.a divisáo militar.
Art. 313.° O amanuense auxiliar da admini'strágao naval que; servir de escrivao da auditor
ria de marinha exércerá támbem o cargo de secretario da auditoria e dos conselhos do guerra.
Art. 314.° Quando o crime for commettido no ultramar, o processo será jülgado na locali-
dad© em que for práticado, ou, quando nao possa serano logar mais próximo em que possa for-
mar-se o conselho, que poderá ser constituido por officiaes de mar e térra. Quando, porém, este
nao poder órganisar-se por falta de officiaes,; poderá o julgamento realisar-se em Lisboa.
Art. 315.° Quando o crime for commettido no alto mar, o julgamento terá logar no primeiro
porto de territorio portuguez em que o navio fundear e onde seja possivel reunir o conselho, ou
na localidade mais próxima, ou em !Lisboa¿ segundo se acha preceituado no artigo antecedente.
§ único. Ñas divisoes náváes podem os conselhos de guerra ser nomeados pelos respectivos
commándantes, devendo requisitar á auctoridade superior da provincia, na falta de officiaes de
marinha, os officiaes do exercito que forem necessários para os constituirem.
Art. 316.° O crime de desercáo continúa a regulár-se pela lei de 21 de julho de 1856,
sendo esta applicavel a todos os officiaes e pracas da armada com as alteracoes constantes dos
artigos 317.p, 318.° e 319.°
Art. 317.° O corpo de delicto no crime de desergáo será formado nos termos do capitulo n
do livro IV do código de justica militar.
Art. 318.° Qualquer praga de pret da armada que desertar, irá, julgada a desercáo, com-
pletar, como segundo grumete, o tempo de servico que ainda lhe faltar, nos navios de guerra em
servico ñas colonias africanas ou ñas capitanías dos portos de África, nao podendo esse tempo,
em caso algum, ser inferior a quatro annos.
Art. 319.° Os alumnos do corpo de alumnos da armada, quando desertaren!, sao expulsos
do mesmo corpo pelo conselho do almirantado, sobre proposta do conselho escolar naval e man-
dados apresentar ao ministerio da guerra a finí de servirem seis annos no exercito como pracas
de pret.
Art. 320.° Quando o réu tenha de responder por dois ou mais processos, da competencia
conjunctamente do conselho de guerra e do conselho de disciplina, serao appensados os feitos e
será julgado por todos os crimes em conselho de guerra.

CAPITULO XXVIII. — Disposieoes diversas e transitorias


Art. 361.° Os officiaes das diíferentes classes da corporagao da armada téem direito a
todas as honras, privilegios e recompensas honoríficas concedidas por lei aos officiaes da marinha
militar de igual graduagSo.
Art. 389.° Ficam extinetos o commando geral da armada, a direccao geral da marinha,
a junta consultiva de marinha, a junta consultiva de saude naval, o conselho de instrucgao na-
val, a comtnissáo de aperfeicoainento de artilheria naval, o conselho fiscal, a inspecgao da admi-
nistragao naval e a 6.a repartigao da direcgao geral da contabilidade publica.

Porlaria de 18 de agosío de 1892

Tendo-se suscitado duvidas sobre se as disposigoes do decreto de 30 de julho ultimo abran-


gem os officiaes e pragas de pret da armada, das guardas municipaes e da guarda fiscal: manda
507

Sua Magestade El-Iiei que, para os devidos efteitos, se declare que sempre que no niesmo de-
creto se empreguem as expressoes «exercito» e «militares» estas se referem a todas as forgas
militares de térra e mar, e portante comprehendeni os sobreditos officiaes e pragas da armada,
das guardas municipaes e da guarda fiscal.

No plano de organisacáo da escola do exercito, appro vado por decreto de 30 de outubfo de 1892,
eaconlra-se o seguíate:

CAPITULO III. — Do pessoal da escola


Artigo 32.° Os lentes e lentes adjuntos seráo exonerados das respectivas eomnilssoes,
quande assim o requeiram apresentando motivos attendiveis, quando sejam condemnados em con*
selho de guerra ou softram punigáo disciplinar que, em virtude do preceituádo no respectivo re-
gulamento, importe transferencia de corpo ou inüdanga de situagáo do official.
§ único. Os lentes temporarios, os instructores e mais pessóal em servigó na escola poderlo
ser exonerados das respectivas eommissoes pelos motivos indicados no presente artigo e quando
as conveniencias do servico assim o exijáni.
Art. 35.° Todos os lentes e mais pessoal da escola do exercito ficam sujeitos ás leis, disci-
plina e regulamentos militares.

CAPITULO IV. — Admissáo e habilitagoes dos alumnos e sua collocagao no exercito

Art. 52.° O posto de aspirante a official é immediatamente superior ao de sargento ajn-


dante, e só será concedido ás pragas habilitadas com os cursos de engenheria militar ou dé arti-
lheria, ou ás habilitadas com os cursos de infantería ou cavallaria, ñas condigoes indicadas no
artigo 51.°
CAPITULO V. — Differentes conselhos e régimen disciplinar da escola
Art. 60.° O conselho disciplinar é formado pelo commandante do corpo de alumnos, dois
lentes ou lentes adjuntos militares de antiguidade ou graduagao inferior á d'esse commandante,
e dois instructores, nomeados annualmente por escala, servindo o prinieiro de presidente e o
official menos graduado e antigo de secretario. Incumbe a este conselho julgar as faltas dos
alumnos, pelas quaes Ihes devam ser impostas as penas de prisáo correccional ou de exclusao
da escola.
Art. 61.° O director da escola tem competencia disciplinar igual á dos genoraes comman-
dantes de divisao, a respeito dos individuos sob as suas ordens, quando as infraegoes de disci-
plina forem pratícadas nos servicos dependentes da escola.
§ único. O commandante do corpo de alumnos tem competencia disciplinar igual á dos com-
mandantes dos corpos do exercito, em relagao ao pessoal do dito corpo.
Art. 62.° As penas disciplinares que podem ser.impostas aos alumnos, sao:
1.° Para os militares, as estabelecidas pelo regulamento disciplinar do exercito, com exce-
pgáo da baixa de posto para as pragas de pret, a excltisáo temporaria da escola, e a exclusao
definitiva, ficando estas duas ultimas penas dependentes de confirmagao do ministro da guerra;
2.° Para os civis, as prescriptas no numero precedente para as pragas de pret, sendo a re-
prehensáo do 2.° e 3.° graus substituida pela reprehensao na presenca dos alumnos do mesmo
curso, e a prisáo correccional pela prisáo na escola.
Art. 63.° Quando o director reconhecer que o facto incriminado constitue crime ou delicto,
procederá em harmonía com as disposigoes do código de justiga militar, remetiendo o respectivo
auto de corpo de delicto ao commandante da 1.a divisSo militar.

No plano de rcorganisacao dos servicos adiíanciros c dos impostos indirectos, approvado por decreto
de 30 de dezembro de 1892, encontra-se o seguintc:

TITULO I. — DircccSo superior dos servicos aduaneiros e coiitribuicOes indirectas


Artigo 2.° E extincta a direcgao geral das alfandegas e contribuigoes indirectas, passando
o respectivo sérvigo a ser desempenhado pela direcgao superior dos servigos aduaneiros e con-
tribuigoes indirectas, por intermedio do tribunal do contencioso technico de segunda instancia e
de tres repartigoes especiaes, dirigidas cada urna por um director.
508

Art. 6.° Os quadros das tres repartigoes e do tribunal do contencioso technico de seb„,.
instancia e. respectiva secretaria sao os que constara das tabellas n.os le
2, que acompanham
este decreto*. •
Art. 9.° Á 2.a repartigáo, que terá tres seccoes, pertenceráo os servigos que estíveram a
cargo das repartigoes do antigo commando geral da guarda fiscal, extincto pelo decreto de 21
de abril do presente anno, e que hoje se achavam distribuidos á 2.a repartigáo da extincta di-
recgao geral. idas alfandegas e contribuígoes. indirectas, bem como os relativos á fiscalisagao de
portos e rios, respectivo pessoal e embarcagoes, e ao processo e fiscalisagao de todas as despezas
inherentes a esses servigos.
§ único. Os assumptos relativos á disciplina da guarda fiscal continuam a ser da exclusiva
competencia do respectivo commandante e de coiifofnridade com o que a tal respeito se acha es-
tabelecidp em referencia ao commandante geral das guardas münicipaes.
Art. 21." O cargo de director da 2.a repartigáo é de commissáo e da Iivre escoíha do go-
verno, podende ser accumuladp cpm o commando da guarda fiscal.
§ 1." Ficam provisoriamente em vigor, na parte que possám ter applicagáo, as disposicoes
que regiam relativamente ao antigo commando geral da guarda, fiscal, quando náp contrariem os
préceitós cOntidos no presente decreto.

TITULO V¿ —Guarda fiscal


Art. 123.° Continuam, provispriamente, em vigor as prescripgoes relativas á guarda
fiscal, até ulteriores providencias.

Ño decreto de 30 de dezembro de 1892, sobre dcliclos e transyressoes fiscacs, enconfra-se o seguinte:

TITULO IV. — DisposiíOes geraes

Artigo 131.° Ultimado o precesse e julgamento fiscal nos termos d'este decreto, se ao de-
licto corresponder tambera pena de prisáo, será o processo remettido ao competente juizo cri-
minal, para ahi ser julgádo o réu nos termos de direito.

1893
No reyulainciito para á concessáo da medallia de servicos no ultramar,
approvadb por decreto de 18 de Janeiro de 1S93. cm subslíluicáo do 16 de maio de 1891,
encontra-se o seguinte:

Disposicoes geraes
Artigo Í8.° Nao téem direito á medalha de servicos no ultramar, ainda que tenham satisfeito
ás condigoes exaradas nos artigos 8.°, 9.° e 10.°:
1.° Todos os individuos que tenham sido condemnados por sentengas dos tribunaes militares
oú ordinarios;
2.° Os officiaes ou individuos com graduagáo de official, a quem tenham sido impostas as
seguintes penas disciplinares:
Prisáo correccional: ,

Prisáo sem homenagem;


Prisáo cpm homenagem, quando exceda a trinta dias seguidos ou interpolados;
Inactividade;
Urna reprehensáo em ordeni do.exercito cu da armada, ou no boletim militar do ultramar;
Duas reprehensoes em ordem de divisáo ou de brigada, em ordem geral da divisáo ou es-
tagáo naval, ou nos boletins officiaes das provincias ultramarinas;
Urna reprehensáo em ordem de divisáo ou de brigada e duas em ordem de regimentó; ou urna
reprehensáo em ordem geral á divisáo ou á estagáo naval, e duas era ordem ao corpp de mari-
nheirps PU em ordein ao navie;

1 No quadro da 2.* repartifao entram só officiaes e empregados com graduacao militar do ejercito ou da
armada.
509

Tres reprehensoes em ordem de regimentó, ou em ordem ao corpo de marinheiros ou em


ordem ao navio;
3." Os officiaes inferiores, individuos com graduagáo de official inferior, e cabos, a quera
fprara imppstas as penas de prisáo correccional, ou no calabougo por mais de trinta dias seguidos
ou interpolados, ou de baixa de posto;
4.° Os soldados, pragas do corpo de marinheiros, pragas avulsas da armada e os fogueiros
alistados, segundo o regulamento de 15 de julho de 1869, a quem tiver sido imposta a peña de
prisáo correccional, ou no calabougo por mais de trinta dias seguidos ou interpolados;
5.° Os empregados civis que tenham sido reprehendidos por tres vezes ou a quem tenha
sido imposto o castigo de um mez de suspensáo.
§ único. Para os effeitos do n.° l.°; d'este artigo, sao consideradas, prdens de divisáo, de
brigada e de regimentó as ordens de servigo emanadas de auctoridades militares que tenham
competencia disciplinar igual á dos commandantes d'aquellas unidades.
Art. 19.° Perde o direito de usar a médalha de servigos no ultramar todo aquello a quem
for imposta pena que importe éxautoragáo ou démissáo do sérvigo.
Art. 20.° Logo que á algum individuo condecorado com a medalha dé servigos no ultramar
seja applicavel o dispostp np artigo antecedente, a auctoridade superipr sob cujas ordéns servir
transmittirá ao ministerio da marinha e ultramar, pelas vias competentes, a participagáo do fa-
ctp, a finí de se ordenar o cancellámento da condecoragáo no registo respectivo.

No decreto de 31 de Janeiro de 1893, que ereou a medalha da cruz vermelbá, encontra-se o seguinte:

Artigo 6.° Perde o direito a usar da medalha da cruz vérmelha P agraciado que vier á ser
condemnado por sentenga dos tríbunaes militares ou civis.

Decreto de 25 de feverciro dé 1893

Querendo exercer urna das attribuigoés do poder moderador, que mais me ápráz, praticando
um acto de clemencia, e tendo ouvido p conselho d'estado: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° É concedida amnistía para os crimes políticos perpetrados por individuos da
classe civil cu militar, exceptuados os officiaes, que dirigiram ou tomáram parte na revolta de
31 de Janeiro de 1891, na cidade do Pcrto, e que, em censequencia d'ésse aoentecimente,hajam
incorrido em ju'oeesso criminal ou tenham sidp por taes crimes julgados e condemnados^ pelos
tribunaes competentes.
§ único. Os processos instaurados ficam de nenhum effeito, e sobre elles se fará perpetuo
silencio, e serao postos em líberdade os réus que estejam presos ou em cumplimento de pena.
Os ministros e secretarios d'estado das differentes repartigoes assim p tenham entendide e
fagam executar.

No decreto de 1C de marco de 1893, encontra-se o seguinte:

Artige 1.° Para os efleites do regulamento de 15 de dezembro de 1875, o commandante do


deposito de pragas do ultramar terá competencia idéntica á dos commandantes das cpmpanhias
de artilheria de guarnigSo des Agores.

No regimentó do conselho do almirantado, approvado por decreto de 23 de marco de 1S93,


encontra-se o seguinte:

Artigo 7.° O official da armada, promotor do conselho de guerra de marinha, desempenha


junto do conselho do almirantado as funegoes de promotor de justiga, e como tal compete-lhe
informar e dar parecer sobre todos os assumptos de justiga militar marítima.

Uecomniendacáo inserta na ordem do excralo n.° 9 de 29 de mar$o de 1893

Sua Magestade El-Rei manda recommendar a exacta observancia da disposigáo 4.a da or-
dem dp exercitc n.° 55 de 1870, que prehibe todas^as manifestagoes collectivas de militares, qual-
quer que seja a sua intengác, da disppsígap 7.a da ordem do exercito n.° 33 de 1886, que muito
510

expressamente determina que os militares se nao reunam ¡jara fins estranhos ao servigo, sem
auctorisagáo superior, e aínda da disposigao 4.a da ordem do exercito n.p 25 de 1878, que impoe
ás auctoridades militares a obrigagáo de participar immediatamentequalquer falta da rigorosa
observancia d'aquellas disposigoes¡ Outrosim manda o mesmo .augusto senhor declarar que, no
caso de se verificar qualquer d'aquelles actos, embora provenientes dé irreílexáo, mas que pelas
süas circumstaneias possain ser considerados como prejüdiciaes á disciplina, será sempre consi-
derado e punido como se fóra um dos principaes instigadores o militar, mais graduado ou em
igüaldade de gíaduágáo o mais antigo d'aquelles que ño mésmo acto tómarem parte.

Determioafáo inserta na ordem da armada n.° 6 de 31 de marfo de 1893

O conselho do almirantado determina que os autos de corpo de delicto contenham as decla-


ragoes dos argüidos, quando isso seja possivél, sem retardar o rasoável andamento do processo,
visto que, nao sendp as declaragoes do argüido ulna formalidade pbrigatoria por lei, nao deve-
ser retardado p andamente do processo, a nao ser que o militar encarregado de levantar p auto
o julgueindispénsavel para obter elementes que proverá a eicistencía do delicto.

Determinarlo inserta ná ordem da armada n.° 7 de lo de abril de 1893

Determina que os officiaes de servico a bordo e nos estabelecimentos dependentes do con-


selhp do almirantado deem inmediatamente parte aos seus chefes, para por estes ser remettida
ao promotor de justiga, da data da apresentágáo de pragas que tenham epjnmettidp o crime de
abandono de posto, mencionando na referida parte se a apresentagáo foi voluntaria ou sob pri-
sáo, e no caso de terem levado comsigo ártigos de equipaniénto ou outros que lhes nao peften-
gam, sé entregam ou nao os mesmos artigps.

No déiircto com forca de lei de 27 de abril de 1893; crearlo urna companhia de ártilhcria de giiarnifao
em Macau, encontra-se o seguinte:

Artigo 9.° Os officiaes e pragas de pret ficam sujeitas ás disposigpes da lei penal militar e
cemmum aos regulamentos militares em vigor na provincia.

Decreto de 8 de junbo de 1893

Attendendo a que por decreto de 24 de dezembro de 1887, artigo 10.°, foram extinctas as
cireumscripgoes fiscaes de districto, e que é por isso indispensavel, para os effeitos de gradacáo
das penas disciplinares,, a que se refere o artigo 6.° do regulamento do corpo da guarda fiscal,
approvado por decreto de 18 de marco de 1886, estabelecer a equivalencia entre as cireumscri-
pgoes extinctas e as que actualmente lhes correspondem: hei per bem decretar c seguinte :
Artigo l.q Ñas gradagoes das penas impostas por infraegáo de disciplina, pelo artigo 8." do
decreto de 18 de margo de 1886, aos officiaes e pragas de pret da guarda fiscal, tanto em effe-
ctivo servico como reformadpsj as actuaes áreas ou cireumscripgoes fiscaes de companhia sao
equivalentes ás circumscripcoes fiscaes de districto, extinctas pele decrete de 24 de dezembre de
1887.
Art. 2,° As pragas reformadas, qualquer que seja a localidade onde residam, serao conside-
radas addidas á companhia, cuja sede for mais próxima d'essa localidade.
O ministro e secretarle d'estado des negeeios da fazenda assim p tenha entendide e faga
executar.

Decreto de l'á de junlio de 1893

Attendendo a que nao foi aínda fixada a competencia disciplinar dos segundos commandan-
tes e ajudantes dos batalhoes da guarda fiscal, e a que é indispensavel harmonisar esta compe-
tencia com a dos cemmandantes de cempanhia, de secgác e des pfficiaes inferiores; e
Attendendo a que a pratica de alguns annos tem provade a necessidade de modificar c ca-
pitulo vil dp regulamente disciplinar da guarda fiscal de 18 de margp de 1S86:
511

Hei por bem determinar que os artigos 37.° e seu § único, 38.°, 39.° e 40.°, e c capitulo vn
do regulamento disciplinar do corpo da guarda fiscal de 18 de margo de 1886 sejam substituidos
respectivamente pelos que a este decreto váo juntPs e baixam assignados pelo ministro e secre-
tario d'estado dos negocios da fazenda; ficando tambem revogadp o decrete de 21 de putubro
de 1886.
Os ministros e secretarios d'estado dps negecios da fazenda e da guerra assim o tenham
entendido e fagam executar.

CAPITULO IV

Artigo 37.° Compete aos segundos commandantes:


Reprehender os officiaes:
Em particular;
Na presenga dos pfficiaés dé igual gráduagáo residentes na localidade;;
Reprehender os officiaes inferiores, na presenga dos de igual graduagáo residentes ña loca-
lidade;
Punir com a pena de deteneáo os officiaes inferiores, até dez días em cada trinta;
Punir com apena de détengáo as outras pragas de pret, até doze dias em cada tfinta;
Punir com a pena de quartos de servigo, até o numero de quinze em cada trinta.
§ único. Quando os segundos commandantes usárem da propria competencia disciplinar,
segundo o que ficá prescripto ño presente artigo, dáráo conhecimentoimmediato ao commandante
do batalháo; -
Art. 38.° Cempete aos ajudantts: •'•'-•,'"
Punir os officiaes inferiores com as penas disciplinares
,
da competencia dos démáis subal-
ternos; •..-,,
Punir os cabos e soldados com as peñas disciplinares da competencia dps commandantes de
companhia.
§ unicp. Quando os ajudantes usareni da prepria ccmpetencia disciplinar, segunde o
que fica proscripto no presenté artigo, daráo conhecimento immediato ao commandante do ba-
talháo.
Art. 39.° Compete aos commandantes de companhia:
Reprehender os officiaes da sua companhia:
Em particular;
Na presenga dos officiaes de igual graduagáo;
Reprehender os officiaes inferiores da sua companhia:
Em particular;
Na presenga dPs officiaes da propria companhia residentes na localidade;
Reprehender as demais pragas.da companhia, publica ou particularmente, como as circum-
stancias exigirem;
Punir com a pena de détengáo os officiaes inferiores) até oito dias em cada trinta;
Punir com a pena de détengáo as outras pragas de pret, até dez dias em cada trinta;
Punir com a pena de quartos de servige, até o numero de dez em cada trinta;
Punir com a pena de administragáo de pret os soldados, nos termos do artigp 26.° do regu-
lamento disciplinar de exereite de 15 de dezembro de 1875.
§ único. Quando os capitáes usarem da propria competencia disciplinar, segundo o
que fica prescripto no presente artigo, daráo conhecimentc immediatp ao commandante do ba-
talháo.
Art. 40.° Cpmpete aes cpmmandañtés de secgáo:
Reprehender em particular os officiaes inferiores da secgáo;
Reprehender as demais pragas da secgáo, publica eu particularmente, como as circumstan-
cias exigirem;
Punir com a pena de détengáo os officiaes inferiores, até quatro dias em cada trinta, dando
logp parte circumstanciada ac commandante da cempanhia;
Punir com a pena de détengáo os cabos e scldadps da sua secgáe, até seis dias em cada
trinta, dandc lpgp parte circumstanciada ac commandante da companhia;.
Punir com a pena de quartos de servigo, até seis em cada trinta.
§ unicc. Igual, ccmpetencia teráe os commandantes de secgáo para punir, nos termos d'este
artigo, os officiaes inferiores, cabos e scldadps de outras secgoes, quando com elles concprram em
actps de servigo.
Art. 40.°-A. Os officiaes inferiores, quando commandarem secgáo, téem ccmpetencia disci-
plinar para impor quartos de servigo, até o numero de quatro em cíida trinta dias.
512

CAPITULO VIL — Das reclamagoes

Art. 70.° O militar cu empregado addido á guarda fiscal contra quem tiver sido dada urna
parte que considere menos verdadeira, ou imppsta urna pena disciplinar, que tiver por injusta,
poderá reclamar.
§ 1.° As reclamagoes serao resolvidas:
a) Pelos commandantes das companhias, as que forera apresentadas contra penas impostas
pelos subalternos;
h) Pelos commandantes dos batalhoes, as apresentadas contra penas applicadas pelos segun-
dos commandantes dos niesnios batalhoes, commandantes de companhias e ajudantes;
c) Pelo cPmmandante geral da guarda -fiscal, as apresentadas centra penas impestas pelos
cpmmandañtés dps batalhoes;
d) Pelo ministro da fazenda, as apresentadas contra penas applicadas pelo commandante
geral.
§ 2.° Toda a reclamagáo deve ser singular, escripia e assignada pelo reclamante, formulada,
em termes: nipderades é respéitpsps^ e apresentada pelas vias cPmpeteñtes dentro do práso de
dez dias, a contar d'aquelle em que a imposigáo da pena comegou a ter execugáo.
§ 3.° A auctoridade que tiver1!de decidir das reclamagoes dará a sua resolugáp fundamen-
tada nppraso improrogavel de bito1 dias, a contar da data da apresentagáo.
Art. 70;°—Ai Os officiaes, empregados com gz>aduagáo militar, e empregados addidos á
ñ,° 1). :• •.:¡U .. ;:....: ....-....
guarda fiscal, poderáo tomar'cpriheciiñentc das informagoés ánnuaes a elles referidas (modelo
§ único. Os individuos a que se refere o presente artigo, quando julguem dever reclamar

.

com referencia a algum quesite de informagáo que lhes for relativa, poderáo fazel-o pelos modos
é ños termos préscriptPS'n'esté regulamento.-
Art. 71.° É dever imperioso do chefe, quando tenha de resolver alguma reclamagáo, exa-
ruinal-a . .:att'enta e eserujiulosamente,1 ponderando as allegagoes do reclamante e ouvindo alenrdo
reclamado as pessoas que possam elucidal-o, e, finalmente, soccorrer-se de todos os meios de
prova que julgue conveniente.
§ 1.° Considerase reclamado o que tiver dado parte da falta, ou aquelle que houver pu-
nido por iniciativa propria.
§ 2.° O official que houver punido urna falta, informará dentro do praso de vinte e quatro
horas a reclamagáo que contra ella houver reeebido, para a fazer subir á presenga da auctori-
dade competente.
Art. 72.° Se a reclamagáo for inteira ou parcialmente justa, o castigo applicado será respe-
ctivamente annullado ou reduzido, sendo punido diseiplinarmente o reclamado quando se reco-
nhecer que houve aggravo intencional no seu proeedimento; e quando a reclamagáofor manifes-
tamente infundada, será aggravada a pena ao reclamante.
Art. 73.° Da decisáo da reclamagác poderáo recorrer em ultima instancia para os chefes
inimediatamente superiores, tanto o reclamante como o reclamado.
§ l. 0, Exceptuam-se das disposigoes d'este artigo as decispes tomadas pelo ministro da fa-
zenda.
.

Decreto de 22 de junho de 1893

Constituindp a guarda fiscal parte integrante das forgas militares do reinp, e attendende a
que o reerutamento de soldados para a mesma guarda ó feito com soldados do exercito provin-
dos do effectivo eu licenciados ñas reservas, ou com voluntarios ñas mesma.s condigoes em que
sao recrutados para p exercitp; e, attendende aincla a quanto é conveniente tornar extensivas á
guarda fiscal todas as disposigoes que no exercitp tendera a assegurar e seu bpm servigo: hei
por bem determinar que ás pragas reádmittidas na mesma guarda seja applicavel a doutrina do
artigo 82.° da carta de lei de 12 de setembro de 1887, que estatué que as pragas reádmittidas,
se nao perseverarem no modo anterior de proceder, serlo passadas á reserva ou despedidas do
servigo militar,, conforme as cireumstancias em que estiverem.
O ministro e secretario d'estado dos negocios da. fazenda. assim o tenha entendidé e faga
executar.
Dcíerminafáo inserta na ordem da armada n.° 12 de 30 de junho de 1893

Os autes de corpo de delicto levantados por crime de desercáo devein ser enviados ao cpm-
niando dp cprpp de marinheirps.
513

A caria de lei de O de julho de J893 * estabelece:

Que possa ser concedida a liberdade em determinadas condigoes aos condemnados em penas
maiores que tiverem cumplido, sob o régimen penitenciario, duas tergas partes da pena.
Que os tribunaes communs, que proferirem sentengas condemnatorias de prisáo correccional,
possam declarar suspensa a execugáo da pena, quando se r.econhega que o réunáo soffréra ainda
alguma condemnagáo por qualquer crime, tendo em ponderacáo as circumstancias do delicto e o
comportamento moral do delinquente.

No decreto com forca de lei de 10 de agosto de 1893, creando unía companhia de infantería montada em Mossamedes,
encontra-se o seguinte:

Artigo 10.° Os officiaes e pragas de pret ficam sujeitos ás leis e regulamentos militares em
vigor na provincia.

No regulamento da escola prática de cavallaría, approvado por decreto de 28 de outubro de 1893,


encontrarse o seguinte:

CAPITULO II. — Pessoal permanente e suas attribuigoes

Artigo 7.°, § único. O commandante tem para com todos os individuos que se achem em
instrucgáo ou em servigo na escola, competencia disciplinar igual á dos commandantes dos corpos
do exercito.
Art. 16.° As pragas de pret do pessoal permanente, reincidentes em transgressoes discipli-
nares, deveráo recolher aos corpos, por ordem da inspecgáo geral, solicitada pelo commandante.

CAPITULO IX. — Disposigoes diversas

Art. 89.° Todos os officiaes e mais pragas que eonstituem o effective da escola estáo sujeitos
ás disposigáes do regulamento disciplinar e código de justiga militar do exercito, como se fizessem
parte de qualquer regimentó.
Art. 90." Todo o pessoal que, por qualquer modo, se achar servindo na escola, fica imme-
diatamente subordinado ao commandante da mesma-, para effeitos disciplinares.
Art. 91.° A competencia disciplinar dos individuos das differentes graduagoes, que fazem
parte do pessoal permanente ou eventual da escola, é igual aquella que. o respectivo regulamento
dá aos individuos arregimentados das mesmas classes.
Art. 92.° Os cadetes e sargentos, que estiverem detidos, náp sáp dispensados dos servigos
da instrucgáo.
Art. 93.° Os cadetes e sargentos, que forem reprehendidos em ordem da escola, serao man-
dados recolher aos corpos para os effeitos do artigo 68.° do regulamento disciplinar.
Art. 98.°, § 2.° As pragas detidas ou convaleseentesperdem as gratificagoes a que se refere
o paragrapho antecedente.
Art. 102.° A escola pratiea de cavallaria é considerada, para tcdos os effeitos, estabeleci-
mento de instrucgáo e, para os de justiga militar, está subordinada ao commando da respectiva
divisáo militar.

Regulamento da escola pratiea de infantería, approvado por decreto de 2b' de outubro de 1893

As disposigoes contidas no artigo 7.°, § unicp, artigos 73.°, 74.°, 75.°, 76.°, 77.°, 83.°,
§ 2.°, e 91.° d'este regulamento sao idénticas ás que ficam transcriptas do regulamento antece-
dente nos correspondentes artigos.

1 Por decreto de 16 de novembro de 1893 foi regulada a execu^.ao d'esta lei", na parte que se refere A con-
cessao da liberdade provisoria e condicional aos condemnados.
514

No regulamento das escolas para as pracas de pret e da promocao aos postos inferiores do exercito,
approvado por decreto de 25 de outubro de 1893, encontra-se o seguinte:

TITULO III. — Do régimen escolar


CAPITULO I. — Attribuigoes do pessoal
Artigo 34.°, § 2.° Os directores das escolas centraes de sargentos de artilheria, cavallá-
ria e infantería téem para ccm os alumnos attribuigoes de commandantes de companhia ou
batería.
Art. 35.°, § único. Os professores das escolas centraes de sargentos de artilheria, cavallaria
e infantería teem jsara com os alumnos attribuigoes dé subalternos de companhia ou batería.

CAPITULO V. — Recompensas e punigoes

Art. 81.° As faltas nao justificadas, em qualquer dos cursos, devem ser punidas pelo
commandante do corpo ou escola pratiea da arma, nos termos do regulamento disciplinar do
exercito.
Art. 82.° O alumno do 3;° curso que perder algum anno, por faltas nao justificadas ou pouco
aproveitamento manifestámente reconhécido, perderá no tempo de servigo effectivo a que for obli-
gado, segundo a natureza do seu alistamento, aquelle em que frequentou o curso sem resultado.

No regulamento da companhia de servicaes do corpo de marinheiros da armada, approvado por decreto


de 28 de outubro de 1893, cncoutra-sc o seguinte:

CAPITULO I. — Constituigáo da companhia


Artigo 1.° Os despenseiros, cozinheiros, padeiros e criados dos navios da marinha de guerra
constituem urna companhia do corpo de marinheiros da armada, com a denominagao especial de
companhia de servicaes, a qual faz parte da 2.a divisáo do mesmo corpo, e é commandadapelo
primeiro tenente ajudante da referida divisáo.

Determinagáo inserta na ordem da armadan.° 23 de 18 de dezembro de 1893

As pragas, a quem se mandar formar culpa, nao poderáo saír de Lisboa até ulterior segui-
mento do processo.

No regulamento da escola pratiea de engenheria, approvado por decreto de 20 de dezembro de 1893,


encontra-se o seguinte:

CAPITULO H. — Pessoal permanente e suas attribuigoes

Artigo 7.°, § único. O commandante tem competencia disciplinar igual á dos commandantes
dos corpos do exercito, e exerce sempre o logar de commandante militar da localidade, qualquer
que seja a graduagác PU patente dos officiaes que ali estejam.
Art. 17.°, § único. As pragas de pret do pessoal permanente, reíncidentes em transgressoes
disciplinares, deveráo recolher ao corpo por ordem do commandante geral, solicitada pelo com-
mandante da escola.
CAPITULO VIII.—Disposigoesdiversas

Art. 101.° A competencia disciplinar dos individuos das differentes graduagoes que fazem
parte do pessoal permanente eu eventual da escola, é igual aquella que o respectivo regulamento
disciplinar dá aos individuos arregimentades das mesmas classes, sende para este effeito e capi-
táp adjunto considerado como commandante de companhia em relagáo ás pragas em servige na
escola.
515

Art. 102.° Os sargentos que estiverem detides náp sáp dispensades dos serviges de in-
strucgáo.
Art. 115.° A escola pratiea de engenheria é considerada, para todos os effeitos, estabeleci-
jnento de instrucgáo e, para os de justiga militar, está subordinada ao commando da respectiva
divisáo militar.

No regulamento da escola pratiea de artilheria, approvado por decreto de 20 de dezembro de -1893,


encontra-se o seguinte:

CAPITULO II. —Pessoal permanente e suas attribuigoes

Artigo 11.° O commandante da escola tem para com.todos os individuos que se achem em
instrucgáo ou em servigo na escola competencia disciplinar igual á dos commandantes dos cor-
pos do exercito.
Art. 21.° As pragas de pret, artífices e outros individuos do estado menor, quando reinci-
jdirem em transgressoes disciplinares, deveráo recolher aos corpos por ordem do commandp geral,
solicitada pelo commandante da escola.

CAPITULOVIII. — Disposigoes diversas

Art. 77.° Todos os officiaes e pragas que censtituem e effectivo da escela estáe sujeitos ás
disposigoes do regulamento disciplinar e código de justiga militar, como se estivessem arregimen-
tados.
Art. 78.° Todo o pessoal que, por qualquer modo, se adiar em servigo na escola, fica im-
mediatamente subordinado ao commandante para os effeitos de disciplina e de instrucgáo.
Art. 79.° A competencia disciplinar dos individuos das differentes graduagoes, que constituem
o pessoal permanente e eventual, é a que o regulamento disciplinar estabelece para os individuos
arregimentados de igual graduagáo.
Art. 80.° As pragas graduadas, que se acharem detidas, nao sao dispensadas dos servigos de
instrucgáo.
Art. 81.° Os sargentos, que forem reprehendidos em ordem da escola, reeolheráo immediata-
mente aos corpos para os effeitos de artigp 68.° dp regulamento disciplinar.
Art. 94.° A escola pratiea de artilheria é considerada, para todos os effeitos, estabelecimento
de instrucgáo e, para os de justiga militar, está subordinada ao commando da respectiva divisáo
militar.

1894
Oflicio da direceáo dosservicos aduaneiros e conlribuicócs indirectas de 13 de fevereiro de 1894,
dirigido aos commanllanles dos batalhoes da guarda fiscal

Tendo entrado n'este commando geral muitos autos de corpo de delicto instaurados sobre
factos de somenos importancia que, sendo as mais das vezes consequencia do servigo, se apre-
sentam quasi sempre despidos de respensabilidade para o pessoal da guarda, ou, se a envolverá,
cabe a sua punígáo nos limites da competencia disciplinar dos srs. commandantes de batalháp:
determina s. ex.a e cemmandante geral que, em taes cendigoes, e para alliviar este commando
de desnecéBsaria interferencia, se proceda preferentemente a autos de investigagác, salvo a ne-
cessidade de ulteriormente se instaurar corpo de delicto, quando o descobrimento de determina-
das circumstancias venha a exigil-o; ficando assim ao bom criterio des pfficiaes proceder ou
mandar proceder a uns ou a outros autos, consoante a natureza des factos e o iustificado con-
ceitc que á priori se formar d'elles.

No decreto de 20 de fevereiro de 1894, que approva o regimentó da administracáo da justica


ñas provincias ultramarinas, encontra-se o seguinte:

Artigo 4.° Sao extinctas as actuaos juntas de justiga do ultramar, passando as suas attri-
buigoes, quanto aos crimes sujeitos ao foro commum, para as justigas ordinarias, e quanto aos
516

crimes da competencia do foro militar, para os ccnselhos de guerra, com recurso, no estado da
India e na provincia de Macau e Timor, para o supremo conselho de justiga militar de Gpa;
ñas provincias de Angola e tí. Thomé e Principe, para o conselho superior de justiga militar de
Loanda; e na provincia de Mogambique, para um conselho superior de justiga militar, que é
creado com igual organisagáo e as mesinas attribuigoes do conselho superior de justiga militar
de Loanda.
§ Único. A ordem do processo nos feitos crimes de justiga militar, ñas provincias ultrama-
rinas, até ao acto de accusagáo, será applicado o que se acha disposto no código de justiga mi-
litar approvado por lei de 9 de abril de 1875.

No regimentó a que se refere o decreto antecedente, encontra-se o seguinte:

CAPITULO VIII. — Disposigoes especiaos

Artigo 176.° No districto da.Guiñé, todas as attribuigoes dadas por este regimentó aos juizes
de direito e aos delegados do procurador da coróa e fazenda, continuaráo a ser respectivamente
exercidas pelo auditor e promotor dos conselhos de guerra.
§i." O logar de auditor, na conformidade do artigo 11.° do decreto de 21 de maio de 1892,
será exercido em commissáo por um juiz de direito do quadro do ultramar, que o requeira, ou
pelo candidato legal á magistraturajudicial ultramarina que for promovido a juiz de direito d'esse
quadro por concurso, na forma do regulamento.
§ 2.° O tempo de servigo na auditoria conta-se, para todos os effeitos, como de servigo ju-
dicial, e será de tres annos, lindo os quaes poderá ser o auditor reconduzido.
§ 3.° Quando o auditor, ppr haver cempletado o triennio, ou a seu pedido, for exonerado;
será collocado na primeira comarca vaga, ou ficará no quadro com o vencimento de 900¡§¡000 reís
até Ihe caber collocacáo.
§ 4.° Na sua falta, ausencia ou impedimento, será o auditor substituido successivamente
por um dos officiaes da gúarnigáo e por um dos homens bons do concelho, nomeados pelo go-
vernador para servirem annualmente, sobre proposta do auditor em lista tríplice, competindp a
estes substitutos, e nos mesmos termos, as attribuigoes que cabem por este regimentó e pelas
leis do processo aos substitutos dos juizes de direito na parte applicavel.
§ 5.° O cargo de promotor será exercido por um delegado do procurador da coroa e fazenda,
ou por um dos habilitados em concurso para este logar.
§ 6.° O promotor, depois de concluir quatro annps de bem e effectivo servigo na Guiñé,
será, na conformidade do decreto de 21 de maio de 1892, promovido a juiz de direito do qua-
dro do ultramar, independentemente de concurso.
§ 7.° Na sua falta, ausencia ou impedimento, será o promotor substituido por um official
nomeado pelo governador.

Ñas bases para a crcacáo da colonia penal militar cm Angola, annexas ao decreto de 27 de fevereiro de 1894,
cncontra-sc o seguinte:

Artigo 1.° A colonia penal militar será organisada como urna fprte cempanhia de guerra,
conforme o quadro junto.
Art. 3.° O commandante militar da colonia terá a competencia disciplinar attribuida aos
governadores das pragas de guerra.
Art. 11.° Um regulamento especial indicará as circumstaneias em que o commandante da
colonia é obrigadp a prppor, por intermedio do governo da provincia, o indulto ou commutagao
da pena, já em attengáo aos servigos prestados peles cendenmades, já em vista de seu compor-
tamento.
Art. 12.° Aos condemnados que terminarem o tempe de degrede, PU fprem indultados, po-
der-se-liáo conceder terrenos por aforamento ñas proximidades da colonia, quando pelo seu com-
portamento se tornarem dignos d'esta concessáo.

Decreto de !> de julho de 1894

Tendo a experiencia de quasi vinte annos demonstrado a necessidade de modificar, ampliar


e substituir algumas das disposigoes dp regulamento disciplinar do exercito de 15 de dezembro
de 1875; e usando da auctorisagáo cpncedida ac meu geverne pela carta de lei de 9 de abril de
517

mesmo anno: hei por bem approvar e mandar por em execugáo o novo regulamento disciplinar
dp exercito, que faz parte d'este decreto, e baixa assignado pelo presidente do conselho de mi-
nistros, ministro e secretario d'estado dos negocios da fazenda, e pelos ministros e secretarios
d'estado dos negocios do reino e da guerra.
O mesmo presidente do conselho de ministros e ministros e secretarios d'estado assim o
tenham entendide e fagam execlitar.

Regulamento a que se refere o decreto d'esta data

CAPITULO i

Deveres militares
Artigo 1.° Todo o militar deve regular o seu procedimento pelos dictames da religiáo, da
virtude e da honra, amar a j>atria, ser fiel ao rei, guardar e fazer guardar a constituigáo politica
da monarchia, respeitar e cumprir as leis do reino, e tem por deveres especiaes os seguintes:
1.° Obedecer ás ordens dos superiores relativas ao servigo, cumprindo-as exactamente,
quando Ihe nao sejam admittidas observagoes respeitosas, que só poderáo ser feitas verbalmente
e nunca ein acto de formatura;
2.° Respeitar sempre os superiores, tanto no servigo como fóra d'elle;
3.° Respeitar as sentinellas, guardas e outros postes de servigo, sujeitando-se ás suas pre-
scripgoes;
4.° Cumprir as ordens e os regulamentos militares em todos os seus preceitos, dedicando ao
servigo toda a sua intelligencia e aptidáo;
5.° Apresentar-se com pontualidade a qualquer hora no logar a que for chamado pelas obri
gagoes do servigo, nao se ausentando d'elle sem a devida auctorisagáo;
6.° Submetter-se promptamente ao castigo imposto pelo superior e cumpril-o como Ihe for
determinado;
7." Ser asseiado e cuidar da limpeza e eonservagáo dos artigos de fardaniento, armamento,
equipamento, arreios e quaesquer outros que Ihe forera distribuidos ou postos a seu cargo;
8.° Cuidar com zélo do cavallo ou muar que se Ihe distribuir para servigo ou tratamento,
ou que seja sua montada ou sua praga;
9.° Nao vender, empenhar, arruinar, inutilisar ou, por qualquer maneira, distrahir do seu
legal destino os artigos de armamento, fardamento, equipamento ou quaesquer outros que Ihe
sejam necessarios para o desempenho dos seus deveres militares, ainda que os tenha adquirido
á propria custa;
10." Nao se apoderar illegitimamente de objectcs pertencentes a cutrem ou á fazenda pu-
blica ;
11.° Nao contrahir dividas que nao possa pagar regularmente e sem prejuizo da propria
dignidade;
12.° Nao praticar no servige ou fóra d'elle acgoes contrarias á moral publica, ao brío e ao
decoro militar;
13.° Acceitar sem hesitagáo a paga, quartel e rancho que se Ihe der, e o que para unifor-
mes Ihe for distribuido, limitando-se a reclamar pelas vias competentes, quando se julgue preju-
dicado;
14.° Nao emprestar dinheiro a superior nem pedil-o a inferior;
15.° Nao se valer da sua auctoridade ou do seu posto de servigo para adquirir lucros illi-
citos;
16.° Náp frequentar casas de jcgo nem tomar parte em jogos de parar ou quaesquer outros
prohibidos;
17.° Respeitar as auctoridades civis e os regulamentos e ordens de policía e administragáo
publica, tratando por modo conveniente os respectivos agentes;
18.° Nao se embriagar e conservar-se prompto para o servigo, evitando toda a negligencia
ou acto imprudente que possa prejudicar-lhe o vigor e a aptidáo physica ou intellectual;
19.° Conviver bem com os cantaradas, evitando rixas e contendas perturbadoras da ordem
e contrarias á harmonía que deve haver na corporagáo militar;
20.° Ser moderade na linguagem, náe murmurar das prdens de servige, náe as discutir,
nem referir-se a supericres, de viva vez, ppr escripto ou por qualquer eutro meio com expres-
s5es ou maneiras que denotem falta de respeito;
21.° Nao tomar parte em quaesquer manifestagoes collectivas, nem auctorisar, promover ou
assignar petigoes da mesma natureza, ainda que estas ou aquellas tenham per finí honrar os su-
perieres;
518

22.° Tratar es inferieres cem benevolencia e moderagáo emquanto, por suas acgoes, nao
for para com elles necessario empregar o rigor;
23.° Ser prudente na exigencia do cumplimento das ordens dadas aos inferiores, e enérgico
e firme na repressáo pronipta de qualquer desobediencia;
24.° Participar logo á auetoridade competente a existencia de algum crime que descubra
no exercicio de suas funcgoes;
25.° Castigar immediatamente as infraegSes disciplinares, nos limites das suas attribuigoes,
ou dar parte do subordinado, quando este tiver commettide infracgáo ou delicto a que deva cor-
responder pena superior á da sua competencia;
26.° Impedir, ainda com risco de vida, qualquer flagrante delicto e prender o seu auctor;
27.° Nao intervir no servigo policial, prestando comtudo o seu auxilio aos agentes da au-
etoridade, quando estes o reclamaran;
28.° Nao fazer uso das armas sem ordem ou auctorisagáo superior, ou sem ser a isso obli-
gado pela necessidade de repellir urna aggressao violenta contra si ou centra c seu posto de
servigo;
29.° Entregar as suas armas quando Ihe sejam pedidas por superior que Ihe intime ordem.
de prisáo, ou por qualquer auetoridade, se depeis de preso pretender fazer uso d'ellás;
30.° Nao consentir que alguem se apodere illegitimamente das suas armas;
31.° Tratar com moderagáo e attengoes devidas todas as pessoas, especialmente aquellas
em casa de quem for aboletado, nao lhes fazendo exigencias contrarias á lei e ao decoro mi-
litar;
32.° Declarar fielmente o seu nome, numero, companhia, corpo ou estabelecimento em que
servir, quando taes declarágoes Ihe sem exigidas por superior ou por auetoridade civil compe-
tente ;
33.° Nao usar distinctivos que nao pertengam ae seu unifprme ou á sua graduagáo, insignias
pu e.ondecoragoes que nao tenha o direito de trazer, nem trajes que legalmente Ihe sejam ve-
dados;
34.° Nao abusar da auetoridade que competir á sua graduagáo ou posto de servigo;
35.° Informar com verdade o superior a respeito de todas as occorrencias do servigo e da
disciplina;
36.° Nao encobrir criminosos militares ou civis, nem ministrar-lb.es qualquer auxilio illegi-
timp que pessa centribuir para attenuar-lhes a penalidade ou facultar-lhes a liberdade;
37.° Nao revelar quaesquer ordens de servico, de sua natureza secretas, nem o santo, se-
nha ou contra-senha;
38.° Diligenciar assiduamente instruir-se, a finí de bem desempenhar as obrigagoes dos ser-
vigos correspondentes aos seus deveres, e para obter o máximo conhecimentona instrucgáo militar
em geral;
39.° Nao promover nem tomar parte em quaesquer manifestagoes políticas, salve np exer-
cicic de funcgoes parlamentares;
40.° Nao pertencer a qualquer associagáo que nao esteja legalmente constituida;
41." Nao manifestar de viva voz, por escripto ou por qualquer outro nieio, ideas contrarias
á constituigáo política ou ás instituigoes militares do estado, offensivas dos superiores, dos iguaes
e mesmo dos inferiores ou, por qualquer modo, prejudiciaes á boa execugáo do servigo, á disci-
plina ou ás providencias de interesse geral;
42.° Nao emittir, em reunioes parciaes ou totaes de corporagáo, conceitos que importem
apreeiagáo lisonjeira ou desfavoravel, pessoal ou collectiva, dos méritos, virtudes ou actos dos
seus superiores.
Art. 2.° Os deveres de disciplina e de servigo seráo inipreterivelmente cumplidos, qualquer
que seja a graduagáo do militar. Os chefes responsaveis téem o ligorpso dever cíe adoptar todas
as providencias para que as ordens do servigo sejam exeeutadas, ainda que para tanto hajam de
empregar quaesquer meios extraordinarios nao expressamente designados n'este regulamento,
nem considerados castigos, mas que sejam indispensaveis para compellir os seus subordinadps á
pbediencia devida.
§ 1.° Esta disposigáo ó extensiva ao dever que os superiores téem de fazer respeitar a sua
graduagáo e P seu pesto de servigo, no caso extraordinarip de urna aggressáe viplenta centra si
cu contra a sua auetoridade.
§ 2.° Os superiores participaráo immediatamente aos seus chefes os meios extraordinarios
que, por cireumstancías de maior gravidade, tenham sido obligados a einpregar.
§ 3.° Os chefes principalmente, e em geral todos os superiores, sao resppnsaveis pelas in-
fraegoes de disciplina praticadas pelos subordinadps ou inferiores, quando esses actos tenham ori-
gen! na falta de punigSe por parte dos chefes ou superiores, ou ñas suas proprias faltas, e nao
yossam provar que empregaram todos os meios para os prevenir ou evitar.
519

CAPITULOII
Das infracgoes de disciplina
Art. 3.° Infracgáo de disciplina é toda a acgáo ou omissáo contraria ao dever militar que,
por lei, nao é qualificada crime.
§ 1.° Os factos criminosos puniveis pela lei geral ou por qualquer lei eu regulainentp espe-
cial com pena de multa sao considerados, para todos os effeitos disciplinares, como simples in-
fracgoes de dsciplina. N'esta disposigáo nao sao comprehendidos os crimes de contrabando e des-
caminho.
§ 2.° Tambem podem ser considerados como infracgoes de disciplina os factos criminosos a
que no código de justiga militar corresponde a pena de prisáo militar, quando forera acompanha-
dos de circumstancias que diminuam consideravélmente a sua gravidade ou que enfraquegam
muito a culpabilidade do agente.
Art. 4.° Sao circumstancias aggravantes da infracgáo de disciplina as seguintes:
1.a Ser commettida com premeditacáo;
2.a Ser commettida em tempo de guerra, em marcha ou em acto de servigo;
3.a Ser commettida em combinacáo com outras pragas;
4.a A reincidencia, a accumulagáo ou a successáo de infracgoes disciplinares;
5.a O prejuizo causado á subordinacáo, á ordem ou ao servigo.
§ 1." Considera-se em reincidencia aquelle que, tendo sido punido com alguma das penas
estabelecidas n'este regulamento, commette outra infracgáo antes de decorrerem seis mezes, con-
tados do dia em que acabou de cumprir a punigáo.
§ 2.° Dá-se a accumulacáo de infracgoes, quando o militar ccmmette simultáneamente mais
de urna infracgáo ou quando commette nova infracgáo antes de Ihe ser applieado o castigo cor-
respondente á anterior.
§ 3.° Ha successáo de infracgoes, quando se commette segunda infracgáo antes de concluido
o castigo imposto pela primeira.
Art. 5.° Sao circumstancias attenuantes da infracgáo de disciplina:
1.a A menoriclade de dezoito annos;
2.a A prestagáo de servigos relevantes, reconhécidos em documento official;
3.a A confissáo espontanea da infracgáe, quando acompanhadade manifestó arrependimento.

CAPITULOIII
Das penas disciplinares e sua exeeugao

SECOAO I
Das penas em geral
Art. 6.° As penas, por infracgáo de disciplina, sao as seguintes:
Para oñiciaes:
1.° Admoestagáp;
2.° Reprehensáe;
3.° Prisáo disciplinar;
4.° Prisáo correccional;
5.° Inactividade; •
6.° Separagáo do servigo.
Para sargentos:
1.° Admoestagáo;
2.° Reprehensáo;
3.° Guardas;
4.° Détengáo;
5." Prisáo disciplinar;
6.° Prisáo correccional;
7.° Baixa de posto.
Para cabos:
1.° Admoestagáo;
2.° Reprehensáo;
3.° Guardas;
520

4.° Détengáo;
5.° Prisáo disciplinar;
6.° Baixa de pesto;
7.° Prisáo correccional.
Para soldados:
1.° Admoestagáo;
2.° Reprehensáo;
3.° Quartos de sentinella;
4.° Fachinas;
5.° Guardas;
6.° Détengáo;
7.° Prisáo disciplinar;
8.° Prisáo correccional.

Para empregados no servigo do exercito, de que trata o artigo 34.°:


os
Multa.
§ único. A gravidade d'estas penas é regulada pela ordem em que ficam mencionadas.

SEoglo II
Das penas applicaveis a officiaes
Art. 7.° A admoestagáo é sempre dada em particular.
Art. 8.° A reprehensáo ao official é dada na presenga dos officiaes de superior ou igual
graduagáo, e consiste únicamente em se Ihe declarar que é reprehendido por haver infringido
um determinado dever militar.
Art. 9." A prisáo disciplinar consiste na reclusáo do official em quarto ou casa conveniente
no quartei do regimentó.
§ único.. Em casos de maior gravidade, o official punido será guardado com sentinella á
vista e privado de toda a communicagáo com o exterior.
Art. 10.° O official a quem for imposta a j>ena de prisáo disciplinar acompanhará, em mar-
cha, o corpo a que pertenga entre a cauda da columna e a guarda da retaguarda, sob a vigilan-
cia de um official de igual graduagáo, sendo recluso em logar apropriado ñas horas de descanso.
§ único. Em caso de maior gravidade, o official punido marchará com as bagagens, con-
fiado a urna escolta commandada por um official de igual graduagáo.
Art. 11.° O official a quem for intimada ordem de prisáo entregará logo a sua espada ao
superior que lh'a intimar e seguidamente apresentar-se-ha ao seu chefe immediato ou a quem o
represente, participando-lhe o acontecimento.
§ único. O official fieará desde logo suspenso das suas funcgoes do servigo até que a aueto-
ridade superior delibere o que julgar conveniente; e, fóra do caso previsto no artigo anterior,
nao poderá, depois de cumplida a jiena, apresentar-se ante qualquer forga do corpo a que per-
tenga, nem no local em que exercia a sua auetoridade, sob pena de ser punido como desobe-
diente.
Art. 12.° A pena de prisáo correccional j>ara officiaes consiste na detengao em quarto ou
casa apropriada em urna praga de guerra.
Art. 13.° A pena de inactividade consiste na mudanga de situagáo, com residencia obliga-
toria do official em urna praga de guerra de 1.a classe.
Art. 14.° A pena de separagáo do servigo consiste na eliminagáo perpetua do official dos
quadros activos do exercito, vencendo soldó igual aquello a que teria direito se Ihe fosse conce-
dida a reforma por incapácidade physica.
§ único. Esta pena pode ser aggravada com a privagáo do direito de usar uniformes, distin-
ctivos ou insignias militares.
SECGÁO III
Das penas applicaveis a sargentos
Art. 15.° A admoestagáo ó sempre dada em particular.
Art. 16.° A reprehensáo aos sargentos pode ser dada na presenga dos officiaes da mesma
companhia ou destacamento, ou na de todos os sargentos de igual graduagáo.
Art. 17.° As guardas de castigo impostas aos sargentos seráo interpoladas com as que lhes
pertencerem por escala, por modo que, sem montarem guarda em dias successivos, folguem d'esse
servigo o menor numero de dias possivel.
Art. 18.° A pena de détengáo é cumplida pelos sargentos em todo o quartei do regimentó
e nao dispensa de servigo algum.
521

§ único. O sargento que reeeber ordem de détengáo apresentar-se-ha seguidamente no quar-


tei ao seu commandante de companhia ou a quem o represente, participando-lheo acontecimento.
Art. 19.° Em marcha, a pena de détengáo consistirá na permanencia no quartei, acampa-
mento ou acantonamento em que o corpo se demorar.
Art. 20.° A prisáo disciplinar consiste na reclusáo do sargento em casa para esse finí desti-
nada no quartei do regimentó.
§ 1.° Esta pena ó cumplida isoladamente, e o sargento punido pode ser guardado com sen-
tinella á vista e privado de toda a conimunicagáo com o exterior, se assim convier á disciplina.
§ 2.° Durante o cumplimento da pena de prisáo disciplinar, o sargento punido é obligado
a conservar-se rigorosamente uniformisado desde o toque para a parada da guarda até ao reco-
lher.
Art. 21.° O sargento a quem for imposta a pena de prisáo disciplinar acompanhará, em
marcha, equipado mas desarmado, o corpo a que pertenga, junto ás bagagens e guardado por
urna escolta, sendo ñas horas de descanso recluso em logar apropriado.
Art. 22.° A pena de prisáo correccional para sargentos consistirá na reclusáo em casa apro-
priada em urna praga de guerra.
Art. 23.° A pena de baixa de posto consiste na passagem a soldado do sargento punido.

SECQAO IV

Das penas applicaveis a cabos e soldados


Art. 24.° A admoestagáo aos cabos e soldados pode ser dada em particular ou na presenga
de quaesquer militares de igual ou superior graduagáo.
Art. 25.° A reprehensáo pode ser dada aos cabos na presenga dos cabos da mesma compa-
nhia ou destacamento, ou na de todos os cabos do regimentó, e aos soldados na presenga de
quaesquer pragas do corpo.
Art. 26.° A pena de fachinas consiste:
Na Hmpeza do aquartelamento, cavallarigas, cozinhas, armas e mais artigos existentes ñas
arrecadagoes do corpo;
Na conclucgáo de agua ou de quaesquer objectos para as differentes offieinas do quartei e
para as casernas;
Em trabalhos, nao remunerados, ñas obras de reparagáo dos quarteis e na remogáo de quaes-
quer materiaes.
§ 1.° Quando a pena de fachinas for imposta pelo commandante da companhia, limitar-se-ha
á limpeza das casernas, cavallarigas, arrecadagoes, armamento e mais artigos da mesma compa-
nhia.
§ 2.° O cumplimento da pena de fachinas deverá ser vigiado por pragas graduadas.
Art. 27.° As guardas de castigo impostas a cabos e soldados seráo interpoladas com as que
por escala lhes pertencerem, de modo que nao folguem da guarda mais de vinte e quatro horas,
podendo montar guarda em dias successivos, se circumstancias muito extraordinarias do servigo
nao permittirem outra folga.
Art. 28.° A détengáo para cabos e soldados consiste na prohibigáo de saír do quartei, acam-
pamento ou acantonamento da companhia durante o tempo livre do servico.
§ único. A pena de détengáo imposta a soldados pode ser aggravada com a obrigagao de
oomparecerem, quando nao estiverem de servigo, á escola de instrucgáo que lhes for designada,
armados e equipados em ordem de marcha.
Art. 29.° O cabo ou soldado que reeeber ordem de détengáo apresentar-se-ha seguidamente
no quartei ao seu commandante de companhia ou a quem o represente, participando-lhe o acon-
tecimento.
Art. 30.° A prisáo disciplinar consiste na reclusáo da praga punida em logar para esse finí -
adequado no quartei do regimentó, nao Ihe sendo permittida communicacáo alguma com o ex-
terior.
§ único. Esta pena é cumplida isoladamente, e durante o seu cumplimento a praga punida
é obligada a conservar-se rigorosamente uniformisada desde o toque para a parada da guarda
até ao recolher.
Art. 31.° Em marcha, as pragas punidas com prisáo disciplinar acompanharáo, equipadas
e desarmadas, junto ás bagagens, os corpos a que pertengam, guardadas por urna escolta, e ñas
horas de descanso seráo reclusas em logar apropriado.
Art. 32.° A pena de baixa de posto consiste na passagem a soldado do cabo punido.
Art. 33.° A pena de prisáo correccional para cabos e soldados consiste no en cerraraento
em prisáo fechada, no quartei do corpo ou onde superiormente for determinado, jejuando em
días alternados a pao e agua, mas nunca por mais de dez dias em cada trinta.
G6
522

SECgAO V

Das penas applicaveis aos individuos nao militares nem equiparados a militares
Art. 34." Todos os individuos nao militares nem equiparados a militares que estiverem em-
pregados em repartigoes ou estabelecimentos dependentes do ministerio da guerra ou que, era
circumstancias extraordinarias, forera contratados ou constrangidos para formar parte integrante
do exercito ou de um. corjio ou destacamento de tropa, taes como fiéis, amanuenses, arrieiros e
carroceiros, barqueiros, trabalhadores e outros servigaes, ficaráo sujeitos a ser punidos por faltas
commettidas no cumplimento de suas obrigagoes de que tenha resultado ou podesse resultar
prejuizo ao servigo militar.
§ único. A punigáo disciplinar, applicavel aos individuos a que se refere o presente artigo,
consistirá na pena de multa, isto é, na perda de um ou mais dias do vencimento a que tiverem
direito, nao excedendo a metade da somma ganha em trinta dias de servigo. Estas multas, qué
reverteráo em favor da fazenda, poderáo ser impostas sómente pela auetoridade militar, sob
cujas ordens os interessados estiverem collocados, ficando a estes salvo o direito de reclamagáo
para o superior competente.
CAPITULO IV

Dos effeitos das penas


Art. 35.° O official que for punido com qualquer das penas de prisáo disciplinar ou prisáo
correccional será transferido de corpo, e, sendo-lhe imposta esta ultima pena, a transferencia
será sempre para corpo de outra divisáo, ficando inhibido de ser collocado n'aqUella em que foi
punido emquanto nao tiverem decorrido dois annos depois de cumplido o castigo.
§ 1.° Em ambos os casos, o official nao poderá ser novamente collocado no corpo onde Ihe
foi applicada a punigáo emquanto nao tiverem decorrido tres annos depois de cumplida a pena.
§ 2.° O tempo de cumplimento da pena de prisáo correccional nao se conta para os efiieitos
de reforma nem de quaesquer outras recompensas.
Art. 36.° A pena de. inactividade importa a transferencia do official para outra divisáo e
inhibe-o de ser collocado durante tres annos na divisáo, e, durante seis, no corpo e na localidade
onde Ihe tiver sido applicada. a pena.
§ 1.° O tempo do cumplimento da pena de inactividade desconta-se, para todos os efíeitos,
no tempo de servigo do official.
§ 2.° O official que for punido com a pena de inactividade descera na escala do accesso
tantos logares quantos forem designados no valor x, desprezadas as fraegoes, da formula

m
x = n-—
12
I
em qué n representará a media da promogáo relativa ao posto e arma em que servir o officiai
punido, durante os últimos dez annos civis, e m o numero de mezes de castigo.
Art. 37.° O sargento que for punido com prisáo correccional, findo o cumplimento da pena,
será transferido de divisáo e ficará inhibido de ser promovido ou readmittido no servigo.
Art. 38.° O sargento que for punido com a pena de baixa de posto será transferirlo de cor-
po, nao podendo ser outra vez collocado n'aquelle em que foi punido, e ficará inhibido de ser
promovido ou readmittido no sei'vigo.
Art. 39." Nao poderá igualmente ser readmittido no servigo o sargento que, dentro de tres
annos, for punido, por urna ou mais infracgoes de disciplina, com prisáo disciplinar, por quinze
dias ou com détengáo por trinta dias.
Art. 40.° O cabo que for punido com a pena de baixa de posto será transferido para outra
companhia, e ficará inhibido do sor promovido ou readmittido no servigo.
Art. 4l.° Os cabos e os soldados a quem for imposta a pena de prisáo correccional ficaráo
inhibidos de ser promovidos ou readmittidos no servigo.
§ único. Quando imposta a cabos, a pena de prisáo correccional produz tambera, a baixa
de posto.
Art. 42.°.Os cabos que forem transferidos para o deposito disciplinar, por effeito do dis-
.posto no artigo 76.°, teráo baixa de posto antes de seguirem ao seu destino.
Art. 43.° Os militares, em marcha, seráo punidos com as mesmaspenas disciplinares deter-
minadas para as infracgoes commettidas nos quarteis; e ainda que nao baja occasiáo de lhes
fazer cumprir as penas impostas, será o mesmo o effeito moral, sendo para este finí averbadas
nos respectivos registos.
523

CAPITULO V

Da competenciadisoiplinar

SECgAO i
Da competencia em geral
Art. 44.° Os militares que exercem commando sao, em regra, os competentes para impor
penas disciplinares, e a sua competencia comprehende apenas os individuos que estiverem sob
as suas ordens immediatas.
§ único. Ñas disposigoes d'este artigo nao se inclue a pena de admoestagáo, a qual todo o
militar pode applicar, verbalmente ou por escripto, a qualquer individuo de categoría militar
inferior.
Art. 45.° Os militares que nao exercem commando, devera limitar a sua acgá/o a participar
aos seus chefes, verbalmente ou por escripto, as faltas que presenciaren! ou de que tiverem no-
ticia, commettidas por militares seus inferiores, salvas, todavía, as disposigoes do páragraplio
antecedente e dos dois artigos seguintes.
§ único. Quando o infractor pertencer a outra corporagao, a participagáo será feita por es-
cripto, a finí de ser enviada ao chefe do corpo ou estabelecimento a que elle pertencer.
Art. 46.° Todo o superior tem competencia disciplinar para intimar ordem de prisáo ou
détengáo aos inferiores, sempre que assim o juigar conveniente á disciplina ou ao servigo; mas
a duragáo da pena só pode ser determinada por superior que seja competente, nos termos d'este
regulamento, para impora referida pena.
§ 1.° Quando o superior que intimar ordem de prisáo ou détengáo nao for competente para
impor estas penas, deverá logo dar parte por escripto ao seu superior immediato e ao chefe do
inferior preso ou detido, declarando os motivos da sua resolucao.
§ 2.° A intimagáo da ordem de détengáo de um sargento a outro é permittida sómente, em
caso de usurpagáo de attribuigoes, de abuso de auetoridade, ou provoeagáo á indisciplina da
parte do infractor.
§ 3.° Se a. ordem de détengáo for intimada por um sargento, a parte será dada, para os
devidos effeitos, ao seu commandante de companhia e ao commandante da companhia da praga
detida ou ao commandante do destacamento a que ella pertenga.
Art. 47.° Todo o superior tem competencia disciplinar, para impedir que qualquer inferior
commetta na sua presenga infracgoes disciplinares, ainda que o infractor nao esteja sob as suas
ordens immediatas ou nao pertenga ao mesmo corpo: e, em caso de flagrante delicto ou de grave
infracgáo de disciplina, o superior é obligado a intimar ordem de prisáo ao delinquente, podendo,
se assim o exigirem as condicoes de gravidade, occasiáo ou local, mandal-o deter em qualquer
logar apropriado, entregal-o a urna sentinella e ató recorrer a quaesquer meios de violencia que
sejam absolutamente necessarios para a manutengáo da disciplina.
§ único. O militar que recorrer aos meios extraordinarios auctorisados por este artigo, par-
ticipará logo, por escripto, ao seu superior immediato e ao chefe do corpo ou estabelecimento a
que pertencer o delinquente, os factos por este praticados e os meios empregados para a sua
repressáo.
Art. 48.° O superior que, no uso da competencia que Ihe é conferida por este regulamento,
proceder contra qualquer militar seu subordinado que, no servigo a seu cargo, dependa tambem
de alguma outra auetoridade militar, dará logo conhecimento a essa auetoridade das resolugoes
que tomar.
Art. 49.° O official que, em virtude de quaesquer circumstancias, assumir o commando
pertencente a outro official de grau superior, terá, emquanto exercer taes funcgoes de comman-
do, a competencia disciplinar correspondente á graduagáo d'aquelle a quem tiver substituido.
Art. 50.° Quando qualquer forga destacada tiver a correspondenciainterceptada com o seu
corpo, o commandante terá a competencia disciplinar correspondente ao grau immediatamente
superior, emquanto durar a interrupgáo, nao excedendo em caso algum as determinagoes do ar-
tigo 62.°
Art. 51.° O official ou qualquer praga que, por infracgáo commettida, merecer pena supe-
rior á que couber ñas attribuigoes disciplinares do commandante da forga destacada, reeeberá
desde logo guia de marcha para regressar ao corpo, a fim de Ihe ser imposta a pena que corres-
ponder aquella infracgáo.
Art. 52.° Nenhum militar, qualquer que seja a sua graduagáo, imporá castigo algum na
presenga próxima de um superior, sem ter para com elle a necessaria deferencia.
524

SECQAO II

Da competencia em especial
Art. 53.° O ministro da guerra exerce, em nome do Rei, a auetoridade superior no exer-
cito e, n'essa qualidade, compete-lhe:
Mandar reunir os conselhos de disciplina do exercito e divisionarios, instituidos por este re-
gulamento;
Impor a pena de separagáo do servigo, de accordo com o parecer d'aquelles conselhos.
Impor a pena de inactividade temporaria de um mez até um anno.
Impor a pena de prisáo correccional:
Aos officiaes, até trinta dias;
Aos sargentos, até sessenta dias;
Aos cabos e soldados, até noventa dias.
Impor penas iguaes ás da competencia dos generaes commandantes de divisáo, e augmen-
tar, diminuir, substituir ou fazer eessar as penas disciplinares impostas por qualquer auetoridade.
militar:
Art. 54.° O commandante em chefe do exercito em operagoes tem competencia disciplinar
igual á do ministro da guerra.
Art. 55.° Compete aos generaes commandantes de divisáo:
Mandar reunir os conselhos de disciplina dos corpos ou estabelecimentos que estiverem sob
as Suas ordens.
Impor a pena de baixa de posto, de accordo com o parecer d'aquelles conselhos, ás pragas
que tenham graduagáo superior a segundo sargento.
Impor a pena de prisáo correccional:
Aos officiaes, até vinte dias;
Aos sargentos, até quarenta dias;
Aos cabos e soldados, até sessenta dias.
Determinar quaes as pragas que, nos termos do artigo 76.°, devem ser transferidas para os
depósitos disciplinares.
Impor penas iguaes ás da competencia dos commandantes de brigada, e augmentar, dimi-
nuir, substituir ou fazer eessar as penas impostas pelos seus subordinados.
Art. 56.° O director geral da secretaria da guerra, o da administragáo militar, o da escola-
do exercito, os commandantes ou inspectores geraes das differentes armas e o do corpo do es-
tado maior téem competencia disciplinar igual á dos generaes commandantes de divisáo, a res-
peito dos individuos sob as suas ordens, quando as infracgoes de disciplina forem praticadas no
servigo dependente d'aquellas direegoes, commandos ou inspeegoes.
Art. 57.° Compete aos commandantes de brigada:
Impor a pena de prisáo correccional:
Aos officiaes, até dez dias;
Aos sargentos, até vinte dias;
Aos cabos e soldados, até trinta dias.
Impor penas iguaes ás da competencia dos commandantes dos corpos, e augmentar, dimi-
nuir, substituir ou fazer eessar as penas impostas pelos seus subordinados.
Art. 58.° Os governaclores das pragas de guerra de 1.a classe e os chefes dos commandos
militares da Madeira e dos Agores' téem, em relagáo aos individuos collocados sob as suas or-
dens, competencia disciplinar igual á dos commandantes de brigada.
Art. 59.° Compete aos commandantes dos corpos:
Mandar reunir o conselho de disciplina regimental para os fins indicados no artigo 80.°
Impor a pena de baixa de posto, de accordo com o parecer d'aquelle conselho, aos segun-
dos sargentos.
Impor a pena de baixa de posto aos cabos.
Impor a pena de prisáo disciplinar:
Aos officiaes, até cinco dias;
Aos sargentos, até dez dias;
Aos cabos e soldados, até vinte dias.
Impor a pena de détengáo:
Aos sargentos, até quinze dias;
Aos cabos e soldados, até trinta dias.
Impor penas iguaes ás que, por este regulamento, podeni impor os commandantes de bata-
lháo, e augmentar, diminuir, substituir ou fazer eessar as penas impostas pelos seus subordi-
nados.
525

Art. 60.° Os officiaes superiores, chefes de estabelecimentos ou repartigoes militares, téem


competencia disciplinar igual á dos commandantes dos corpos.
Art. 61.° Compete aos commandantes de batalháo:
Reprehender aos officiaes.
Impor a pena de prisáo disciplinar: .
Aos sargentos, até cinco dias;
Aos cabos e soldados, até dez dias.
Impor a pena de détengáo:
Aos sargentos, até dez dias;
Aos cabos e soldados, até vinte dias.
Impor a pena de guardas:
Aos sargentos, até quatro.
Aos cabos e soldados, até oito.
Reprehender os sargentos na presenga dos de igual graduagáo.
Impor penas iguaes ás que, por este regulamento, podem impor os commandantes dé com-
panhia.
§ único. Quando os commandantos de batalháo usarem da propria competencia disdrplinar,
segundo o que fica prescripto no presente artigo, participaráo immediatamente, por escripto, aó
commandante do corpo as penas que applicarem.
Art. 62.° Os officiaes superiores, quando commandarem forgas separadas dos corpos, teráo
a respeito d'estas competencia disciplinar igual á dos commandantes dos corpos, exceptuando
porém a imposigáo da pena de baixa de posto a sargentos e a cabos, e a de prisáo disciplinar a
officiaes.
§ único. A mesma competencia disciplinar teráo os capitáes ou officiaes subalternos chefes
de estabelecimentos ou rejiartigoes militares e os commandantes de quaesquer forgas que te-r
tenham organisagáo militar independente; podendo, todavía, estes últimos impor a pena de baixa
de posto aos cabos.
Art. 63.° Compete ao commandante de companhia:
Impor a pena de détengáo:
Aos sargentos, até cinco dias.
Aos cabos e soldados, até dez dias.
Impor a pena de guardas:
Aos sargentos, até duas.
Aos cabos e soldados, ató quatro.
Impor aos soldados a pena de fachinas até ao numero de oito.
Reprehender os sargentos na presenga dos officiaes da propria companhia.
Reprehender os cabos na presenga dos cabos da companhia.
Reprehender os soldados.
Art. 64.° Os capitáes, quando commandarem destacamentos ou diligencias, ou.quando coiir
correrem em servigo com pracas de outras companhias, teráo igual competencia disciplinar á que
fica designada no artigo antecedente para os commandantes de companhia.
Art. 65.° Os officiaes subalternos, quando commandarem destacamentos ou diligencias, te-
ráo a competencia dos commandantes de companhia,
Art. 66.° Os sargentos que commandarem destacamento ou diligencia teráo competencia
para punir os cabos e soldados, até duas guardas; e os soldados, até quatro fachinas.
Art. 67.° Os commandantes de guardas téem competencia disciplinar para impor quartos
de sentinella, até o numero do dois, nao consecutivos.

CAPITULO vi

Regras que devem ser observadas na applicagao das penas disciplinares


Art. 68.° Os superiores devem ser zelosos em prevenir as faltas dos seus subordinados,
evitando qualquer acto que as possa provocar, e, quando houverem de recorrer aos meios de
repressáo auctorisados n'este regulamento, devem usar d'elles com prudencia, apreciando com
inteira justiga e a máxima imparcialidade as faltas commettidas e os motivos d'estas faltas, se
forem conhecidos, abstendo-se sempre de rigores excessivos que, longe de excitaren!, enfraque-
eem o sentimento do dever, base da subordinagáo e da disciplina.
Art. 69.° A parte dada por um official contra os subordinados, relativa a infracgoes de dis-
ciplina, será attendida pelos chefes sem dependencia de corpo de delicto, de averiguagáo on de
qualquer testemunho exterior.
Art. 70.° E prohibida a applicagao simultanea de duas ou mais penas pela mesma in-
fracgáo.
526

Art. 71.° Para a graduagáo da pena attender-se-ha nao só á maior ou menor gravidade da
infracgáo, e ao valor das circumstancias consideradas n'este regulamento como attenuantes ou
aggravantes, mas tambera ao procedimento habitual, ao carácter e ao grau de intelligencia do
infractor, ao conhecimento mais ou menos perfeito que elle deva ter do seu dever e das regras
da disciplina e, finalmente, ás causas e effeitos da infracgáo commettida.

§ único. A falta é sempre tanto mais grave quanto mais elevada é a graduagáo d'aquelle
que a pratiea.
Art. 72.° Em geral só se applicaráo os castigos mais severos depois de impostos os menos
severos. Esta regra pode, porém, ser modificada no caso de infracgáo de disciplinainüito grave,
ou pela sua natureza, ou pelas circumstancias de que for revestida.
§ único. Nos casos de reincidencia, a pena applicavel será sempre a immediatamentesuperior
aquella que tiver sido imposta para punir a ultima infracgáo, quando esta pena tenha sido appli-
cada no seu máximo. A prisáo disciplinar e a prisáo correccional podem repetir-se, ainda queja
applicadas no seu máximo, ao militar infractor.
Art. 73.° Nenhum militar será punido em estado de embriaguez. Quando um superior tiver
conhecimento de que Um militar n'aquelle estado está praticando aecoes contrarias á ordem pu-
blica, á disciplina ou á dignidade militar, ordenará que elle seja reeolhido em logar apropriado,
recorrendo exclusivamente, sempre que for possivel, á acgáo dos camaradas dé igual graduagáo
para conseguir a sequestragáo do ebrio.
Art. 74.° O sargento que reincidir no commettimeñto de faltas será, por ordem da auetori-
dade competente, julgado em conselho de disciplina, o qual proporá que Ihe seja imposta a pena
de baixa de posto ou a de prisáo correccional, segundo a gravidade e natureza da falta com-
mettida.
§ único. O superior competente para impor.a pena de baixa de posto só poderá applicar
esta pena de accordo com o parecer do conselho de disciplina regimental; poderá, porém, contra
a opiniáo d'este conselho, substituir a baixa de posto, ou propor superiormente que ella seja sub-
stituida pela pena de prisáo correccional, se assim o julgar conveniente.
Art. 75.° O cabo que reincidir no commettimeñto de faltas terá baixa de posto.
Art. 76.° Os soldados que reincidirem no commettimeñto de faltas seráo julgados pelo con-
selho de disciplina regimental, o qual, segundo o numero, natureza e importancia das infracgoes
commettidas, proporá a applicagao da pena de prisáo correccional ou a encorpóracáo do delin-
quente em deposito disciplinar.
§ único. Nos casos de manifestagoes collectivas de indisciplina, todos os cabos e soldados
envolvidos n'esses actos de insubordinagáo podem tanibem ser mandados entrar immediatamente
no deposito disciplinar, se a auetoridade competente assim o julgar necessario.
Art. 77.° As regras estabelecidas nos artigos 74.°, 75.° e 76.°, seráo tambera observadas
no caso de grave infracgáo de disciplina, que deva ser punida com pena superior á prisáo disci-
plinar.
CAPITULO VII

Dos conselhos de disciplina


Art. 78.° llavera em cada corpo um conselho de disciplina, composto dos tres officiaes mais
graduados, com exclusao do commandante, ou, em igualdade de graus, mais antigos, que estive-
rem presentes no corpo no día em que o conselho for nomeado.
§ único. Este conselho reunirá quando for mandado convocar pelo commandante do corpo
ou pelo commandante da divisáo, devendo este providenciar quando, excepcionalmente, nao hou-
ver no corpo os officiaes precisos para constituir o conselho.
Art. 79.° Nos estabelecimentos dependentes do ministerio da guerra poderá constituir-se um
conselho de disciplina, organisado segundo as disposigoes do artigo antecedente.
Art. 80.° Compete ao conselho de disciplina:
1.° Julgar os officiaes inferiores, quando lhes deva ser imposta a p^na de baixa de
posto;
2.° Julgar os cabos e soldados que, nos termos do artigo 76.°, devam ser punidos com pri-
sáo correccional ou encorporados em deposito disciplinar.
Art. 81.° A opiniáo do conselho de disciplina, devidamentefundamentada, será enviada ao
chefe superior, informada pelo commandante do corpo ou chefe do estabelecimento, quando estes
nao tenham competencia para resolver.
§ único. As deliberagoes do conselho seráo tomadas por maioria de votos, em votagáo no-
minal.
Art. 82.° Alem dos conselhos de disciplina a que se referem os artigos 78.° e 79.°, haverá
era cada divisáo militar um conselho do disciplina composto de um coronel, dois tenentes coro-
neis e dois majores.
527

Art. 83.° Os officiaes que compozerem os conselhos de disciplina divisionarios deverao sa-
tisfazer ás seguintes condigoes:
1.a Serem na divisáo os mais antigos das suas respecivas classes;
2.a Terem entrado no servigo effectivo da divisáo tres mezes antes, pelo menos, da data em
que for convocado o conselho;
3.a Nao terem nota alguuia averbada nos seus registos disciplinares.
Art. 84.° Em Lisboa funceionará tambera um conselho de disciplina do exercito, composto
do general de divisáo mais antigo e dos quatro generaes de brigada ñas mesnias condigoes, qual-
quer que seja a connnissáo que exergam no ministerio da guerra e o local em que residam no
continente do reino, exceptuando únicamente os juizes do tribunal superior de guerra e ma-
rinha.
Art. 85.° Os conselhos de disciplina divisionarios e o do exercito só reunem por ordem do
ministro da guerra.
§ 1.° As deliberagoes d'estes conselhos seráo tomadas por maioria de votos, em votagáo
nominal, e a sua opiniáo, devidamente fundamentada, será directa e immediatamente enviada ao
ministro da guerra.
§ 2.° Salvo o caso de doenga devidamente comprovada, nenhum official a que pertenga fa-
zer parte do conselho de disciplina divisionario ou do exercito poderá ser dispensado de entrar
na cómposigáo dos mesmos conselhos. .
Art. 86.° Os conselhos de disciplina divisionarios sao competentes para julgar os officiaes
que nao tenham posto ou graduagáo superior a capitáo e residam ou exergam as suas funcgoes
na área da divisáo.
Art. 87.° Os generaes e officiaes superiores responden! todos no conselho de disciplina do
exercito.
Art. 88.° Nenhum official poderá fazer parte dos conselhos de disciplina a que este capitulo
se refere, quando n'elle se de algum dos impedimentos previstos nos artigos 121.°, 122.° e 123.°
do código ele justica militar.
Art. 89.° O official só pode ser submettido a julgamento em conselho de disciplina por al-
gum dos motivos seguintes:
1." Notoria inaptidáo para desempenhar os deveres do seu posto;
2.° Habitual negligencia no desempenho dos seus deveres;
3.° Embriaguez publica e repetida;
4.° Proeedimento escandaloso, nao observando os preceitos da moral e da honra;ou despre-
zañclo os deveres de familia;
5." Algum acto nao previsto em lei como crime, mas contrario ao brio e decoro militar e á
dignidade da profissáo das armas.
§ único. Tambem poderá ser submettido a julgamento em conselho de disciplina o official
que assim o requerer ao ministro da guerra, no intuito de illibar a sua conducta, n'unia questao
em que a sua honra tenha sido posta em duvida.
Art. 90.° O official que houver de ser julgado em conselho de disciplina poderá constituir
defensor um outro official de igual ou superior graduagáo, e será intimado do dia do julgamento
com antecipagáo de dez dias, pelo menos.
Art. 91.° Provada a aecusagáo, o conselho de disciplina proporá superiormente que seja
imposta ao official a pena de separagáo do servigo, aggravada ou nao, nos termos do § único do
artigo 14.°, segundo a natureza dos factos por elle praticados.
Art. 92.° Os conselhos de disciplina podem recorrer a quaesquer meios de informagáo que
cm seu prudente arbitrio julgarem necessarios para o descobrimento da ve.rdade.
Art. 93.° Os processos dos conselhos ele disciplina seráo organisados pelo seguinte modo:
í." Communicacáo da auetoridade que convocar o conselho, participando ao presidente quaes
os officiaes que háo de constituir o mesmo conselho e o dia e local em que este se deverá reunir,
ou copia do artigo da ordem que mandar reunir o conselho de disciplina regimental;
2.° Exposicao enviada pela auetoridade que mandar reunir o conselho, em que se relate
com toda a precisáo e clareza o facto ou factos da aecusagáo;
3.° Nota de assentamentos do militar submettido a julgamento;
4.° Quaesquer documentos proprios para esclarecer o conselho acerca dos antecedentes do
argüido ou tendentes a demonstrar a aecusagáo;
5.° Allegagoes escriptas do defensor;
6.° Auto de interrogatorios, no qual se escreveráo fielmente as respostas dadas pelo argüido
ás perguntas feitas pelos membros do conselho;
7." Quaesquer documentos que o argüido produzir em sua defeza;
8.° Extracto dos depoimentos, quando o conselho julgar necessario ouvir quaesquer pessoas
para esclareciniento da verdade;
9.° Opiniáo do conselho, devidamente motivada, concluindo por julgar a aecusagáo provada
528

ou nao provada e indicando, no prinieiro caso, se a pena applicavel deve ou nao ser aggravada
com a privacáo do direito de usar uniformes, distinctivos ou insignias militares.
§ 1.° No caso em que o conselho de disciplina tenha de julgar um official a requerimento
particular, nos termos do § único do artigo 89.° d'este regulamento, o processo assentará sobre
as declaragoes escripias do ofiicial, acompanhadas de documentos, quando os haja; devendo, de
resto, o mesmo conselho ouvir todas as pessoas que julgar necessarias para o esclarecimento da
verdade; extractando os seus depoimentos e rematando com a opiniáo desenvolvida sobre o as-
sumpto.
§ 2.° Se, no mesmo caso, o conselho entender que a honra do official está illésa, entregará
a este urna copia da sua decisáo, a qual, a requerimento do interessado, poderá ser publicada
na ordem do exercito, se o ministro da guerra o julgar conveniente. Se, porém, o conselho en-
tender que o official praticou algum acto menos digno, mas que esse facto foi isolado e sem pre-
cedentes, o ministro da guerra apjilicará um castigo a essé official, em harmonía com a natureza
do facto commettido e com o comportamento anterior do official.
Art. 94.° De todas as decisoes dos conselhos de disciplina divisionarios e do exercito cabe
recurso para o tribunal superior de guerra e marinha.
§ 1.° Estes recursos só podem ser interpostos pelo interessado, e nunca depois de decorri-
dos tres dias, contados d'aqüeile em que Ihe for notificada a opiniáo do respectivo conselho.
§ 2.° O tribunal superior de guerra e marinha pode ouvir os depoimentos de quaesquer
pessoas já inquiridas ou que ainda o nao tenham sido, e proceder ou mandar proceder a todas
as diligencias que julgar necessarias para o esclarecimento da verdade.
§ 3.° No julgamento d'estas causas só intervéem os juizes militares.
§ 4.° A opiniáo do tribunal superior de guerra e marinha, devidamentemotivada, será pro-
ferida no praso improrogavel de vinte dias, escripta nos autos pelo secretario do tribunal o logo
enviada ao ministerio da guerra.
CAPITULO VIII
Dos depósitosdisciplinares

SEC^XOi
Do £>essoal dos quadros
Art. 95.° Haverá dois depósitos disciplinares, commandados por capitáes, e compostos cada
um de tres seegoes.
§ único. Estes depósitos seráo estabelecidos no forte da Graea e na praga de S. Juliáo da
Barra, e ficaráo immediatamente subordinados aos respectivos governadores e aos commandantes
das divisoes.
Art. 96.° No deposito estabelecido na praga de S. Juliáo da Barra seráo encorporadas todas
aa pragas de qualquer corpo ou arma que, por sentenga dos tiibunaes, forem condemnadas na
pena de prisáo militar; e, no estabelecido no forte da Graga, as pragas de qualquer corpo ou
arma que devam ser separadas dos corpos, nos termos do artigo 76.° d'este regulamento.
§ único. O deposito estabelecido na. praga de S. Juliáo da Barra será extincto, quando seja
oreado pelo governo um estabelecimento proprio para o cumplimento da pena de prisáo militar.
Art. 97." Cada deposito terá para o servigo de commando, administracáo e vigilancia o se-
guinte pessoal:
1 capitáo; 3 officiaes subalternos, commandantes das seegoes; 1 primeiro sargento; 4 se-
gundos sargentos; 8 cabos; 6 soldados e 2 corneteiros ou tambores.
§ 1.° Quando em algum dos depósitos o effectivo das pragas em punigáo exceder o numero
oitenta, o pessoal determinado no presente artigo será augmentado por modo que haja sempre
1 segundo sargento por cada grupo de vinte pragas punidas e 1 cabo por cada grupo de dez
pragas.
§ 2.° Os soldados que fazem parte do quadro das seegoes sao destinados a quarteleiros e a
impedidos dos officiaes.
Art. 98." Os capitáes commandantes dos depósitos disciplinares perceberáo a gratificagáo
niensal de 20$000 réis e os subalternos a de 10$000 réis.
§ único. Os primeiros sargentos venceráo a gratificagáo diaria de 160 réis, os segundos a
de 120 réis, os cabos a de 80 réis e os soldados e corneteiros ou tambores a de 40 réis, quando
fizerem o servigo exclusivo do deposito.
Art. 99.° Os quadros dos depósitos disciplinares seráo constituidos por officiaes tirados do
quadro da arma de infantería, e por sargentos, cabos, soldados e corneteiros ou tambores da
mesma arma, escolhidos de entre os mais mtelligentes, activos e de melhor comportamento.
§ 1.° O tempo de bom servigo e exemplar comportamento que os officiaes e pragas dos
quadros tiverem nos depósitos disciplinares, será contado em dobro para a concessáo da medalha
529

militar de comportamento exemplar, para o augmento de venciniento nos termos da legislagáo


vigente e para a reforma.
§ :2.° Os militares que servirem nos depósitos disciplinares com exemplar comportameiito e
zélo reconhecido por espago de seis annos teráo direito á medalha de bons servigos.

SECC'ÁO II

Do deposito disciplinar destinado aos condemnados a prisáo militar


,
Art. 100.° As pragas que, por sentenca dos tiibunaes, forem condemnadas ha pena de pri-
sáo militar, conservar-se-háo no estabelecimento pelo tempo determinado na sentenga.
Art. 101.° Logo que o eoiidemnado dé entrada no deposito, será inscripto h'um registe de
entrada de onde deve constar:
1.° Data da entrada;
2.° Nome, posto, numero, companhia e regimentó de onde véiu para o deposito;
3.° Crime por que respondeu e pena applicada;
4.° Data de salda ou destino que teve. , ..
Art. 102.° No mesmo registo, em casas especiaes, escrever-se-ha: os antecedentes dapraga,
segundo as informagoés officiaes recebidas no deposito; effeito moral que n'elia jiroduziu a en-
trada no estabelecimento; sua manéira de proceder; servigos prestados; actos meritorios ere-
compensas obtidas.
§ único. A nota das infracgoes e castigos soffridos no deposito constará de um registo es-
pecial.
Art. 103.° Os condemnados dividir-se-háo em tres classes: a terceira, designada classe de
punigáo, comprehenderá as pragas entradas no deposito e aquellas cujo cornjmrtamento for mau;
a segunda, designada classe de prova, comprehenderá os encorporados que tenham soffrido um
tergo da sua pena na classe de punigáo, mostrando sempre boa conducta e submissáo; a primeira,
designada classe de recompensa, será composta dos encorporados que tenham cumplido dois tergos
da sua pena, na 3.a e 2." classes, e que por suá submissáo, bom •procedimento e applicagao me-
regam ser distinguidos. . . ,
§ 1." A passagem prpgressiva.de;urna para outra classe é ordenada pelo.commandante do
deposito, teiido em vista a iñformágáo do commandante da secgáo e as notas do registo de in-
fracgoes e castigos.
§ 2." Estas tres classes estáo sujeitas ao mesmo régimen do deposito e aos mesmos exér-
cicios e trabalhos; todavía, á classe de recompensa poderáo fazer-se eoncessoes iiartieulares.
Art. 104.° O encorporado que, tendoalcangado a 2.a classe, commetter qualquer falta que
merega punigáo, ou der mostras de abandono e desleixo, passará á 3.a classe, e só decorrídos
trinta dias de bom comportamento poderá. regressar. á 2.a classe. .: •
Art. 105.° O encerpprado que, pertencendo á 1.a classe, commetter faltas
.
que'meregain
punigáo ou der provas de abandono e desleixo, passará á -2.a; cjasse ou mesmo á 3.a, conforme
a gravidade das faltas, e sómente depois de trinta dias de exemplar comportamento em qualquer
das classes pode passar á immediata.
§ único. A passagem de urna para outra classe é ordenada pelo commandante do deposito,
em presenga da inforniagáo do commandante da seegác e das notas do registo de infracgoes e
castigos.
Art. 106.° O encorporado que, pertencendo á 3.a classe, pratique um acto meritorio digno
de recompensa, poderá logo passar á 1.a classe.
Art. 107.° As classes distinguem-se: a 2.a por um botáo do uniforme pregado na manga
direita da jaqueta; a 1.a por dois botoes iguaes pregados, tambera, na manga direita. A ausencia
d'estes distinctives indica a 3.a classe.
Art. 108.° O encerpprado, ao terminar o tempo de cumplimento da pena a que foi con-
demnadp, terá os seguintes destinos:
...
1." Se pertencer á 1.a classe, regressará a um corpo do exercito pertencente á mesma divi-
sáo de onde veiu para o deposito;
2.° Se únicamente tiver attingido a 2.a classe, regressará tainbem. a um corpo do exercitp,
mas pertencente a divisáo estranha aquella de onde veiu para o deposito ;..- -'. - ;--.;. . . :
3.° Se, devido a seu mau comportamento, nao tiver passado da 3.a, irá continuar no ultra-
.
mar o tempo de servigo que aínda Ihe faltar, segundo o sen alistamento,' mas nunca por menos
de deis annos. ' '
;- '.
Art. 109.°-O encerpóradp que, pelo seu bom comportamento, entrar na 1.a classe, e, alem
d'isso, pratique qualquer acto de valor pu servigo digno de aprégo, pode ser-lhe concedida pro-
visoriamente a liberdade e voltar ao mesmo regimentó a que pertencia antes de entrar no de-
posito.
ci
530

§ 1.° O encorporado a quem seja concedido este beneficio, e que voltar ao corpo, se alii,
antes do praso de tres mezes, for punido disciplinarmente coni pena superior a qualquer das
comprehendidas na competencia do conmiandante de companhia, regressará ao deposito discipli-
nar, onde cumprirá em 3.a classe a pena a que estava obrigado no acto de ser-Ihe concedida
provisoriamente a liberdade, e, finda a pena, nao poderá voltar para o niesmo regimentó nem
para a mesma divisao.
§ 2.° A faculdade de conceder provisoriamente a liberdade, nos termos d'este artigo, per-
tence ao ministro da guerra, sobre proposta do commandante do deposito.
Art. 110.° Os militares encorporados no deposito serEo occupados nos trabalhos mais pe-
nosos e difficeis, nao, podendo por isso. ser empregados como amanuenses, ordenancas e outros
cai'gos similhantes.
Aj?t. 111.° Alem dos trabalhos a que se refere o artigo anterior haverá,. diariamente, ex-
cejito aos domingos e dias santificados, para as pracas condemnadas, quatro horas de exercicios
militares, comprehendendo esgrima e gymnastica, urna hora de theoria militar e dnas horas de
frequencia de escola, de forma que a duracao do trabalh.o, exercicios, theoria e escola, seja pelo
menos, de nove horas em cada dia.
§ 1.° Os dias feriados serEo empregados em conferencias moraes, inspeccao de uniformes,
leitura,! e visitas;
§, 2.°; Os exercicios de instruccao pratica e as licoes theoricas serao sempre vigiados por
um official. e os trabalhos serao sempre desempenhados sob a vigilancia de unía praca gra-
duada.
§ 3.° A instruccao na escola será ministrada ás pracas por um sargento para isso. apto.
Esta instruccao será, porém, vigiada pelo official que estiver de servico ao deposito.
Art. 112.° Ao deposito serao distribuidos armamentos, mas só ás pracas do quadro serao
distribuidas ímmieoes.
§ 1.° As pracas encorporadas no deposito sómente podem trazer as suas armas nos actos
de servico.
.§. 2.° As armas distribuidas áos encorporados de que se traía no paragrapho-antecedente,

serao previamente inutilisadas, tirando-se o percutor ás amias de fogo e embotándose as armas


brancas.
Art. 113..° As pracas encorporadas sao detalhadas para servico, e, fóra das horas de exer-
cicio e trabalho, nao podem ausentar-se do quartel nem fallar com pessoas estranhas ao .deposito,
a nSo ser com permissao do commandante, devendo eonsiderar-se em estado permanente de pu-
niólo.
Art. 1.14.° Os encorporados nao podem ter dinheiro em sen poder, devendo, á sua entrada
no deposito, serJhes cassado e guardado o que possuirem, e beni assim quaesquer outros obje-
.

ctos que nao devam ter eni seu poder.


§ único. Os vencimentos d'estas pracas serao administrados pelos commandantes da respe-
ctiva seecáo.
Art. 11'5¡° As penas que, por infraccao de disciplina, podem ser applicadas ás pracas en-
corporadas no deposito, sao as seguintes:
.

Griiardas:
Até cinco, pelos commandantes das seccoes;
Até dez, pelo commandante do deposito.
Prisao disciplinar:
Até quinze dias, pelo commandante do dejiosito.
Prisco correccional:
Até dez dias, pelo commandante do deposito;
Até trinta dias, pelo governador da praca;
Até sessenta dias, pelo commandante da divisao;
Até noventa dias, pelo ministro da guerra.
§ único. O castigo de guardas applicado ás 'pracas encorporadas no deposito sómente pode
ser cuniprido ñas dependencias do estabelecimento penal, e jamáis em quaesquer outros logares
da praca*
Art. 1.1,6.° Aos menores de dezesete annos ser-lhes-ha destinada unía caserna separada
d'aquellas que forem destinadas ás outras pragas, nao pondendo pernoitar nem conviver com as
pracas maior.es d'aquella idade, a nao ser nos actos de servico, exercicios e trabalhos, sempre
sob a vigilancia de um superior.
Art. 117.° A alimentacao das pracas encorporadas no deposito será a mesma dos corpos do
exercito, mas é-lhes vedada a racao de vinho ou oufra qualquer bebida espirituosa.
531

SEC^AO iir
Deposito disciplinar destinado a receber os militares separados dos corpos por mau comportamento
Art. 118.° Os militares que foreni separados dos corpos, nos termos do artigo 76.° d'este
regulaniento, serao transferidos para o deposito disciplinar, onde se conservarlo até que déem
provas de regeneragao.
§ único. Igualmente podem ser enviadas ao mesmo deposito as pragas que tomem parte
em actos collectivos de indisciplina, como é expresso no § único do mesmo artigo 76.°
Art. 119.° As disposicoes expressas nos artigos 101." e 102.° d'este regulamento téem in-
teira execugao no deposito disciplinar destinado a receber as pracas separadas dos corpos pelo
seu mau procedimento, devendo o n.° 3.° do artigo 101.° ser preenchido com a designagao das
faltas commettidas pela praga e que motivaram a sua entrada no deposito.
Art. 120.° As pragas que entraren! no deposito disciplinar de que se trata n'esta seegao,
serao divididas em tres classes, a saber: 3.a classe, de punicaOj comprehenderá as pragas en-
tradas de novo no deposito e aquellas cujo comportamento for mau; 2.a classe, de provq, com-
prehenderá as pracas que passarem trinta dias na 3.a classe sem soffferem castigo algum;
1.a classe, de recompensa, comprehenderá as pragas que tiverem passado trinta dias na 2.a clas-
se, continuando a dar provas de applicagSo e bom procedimento.
§ 1.° A passageni progressiva de urna para outra classe é ordenada pelo commandante do
dejjosito, teudo em vista a informagao do commandante da seegao e as notas do registe de in-
fraccoes de castigos.
§ 2.° A praga que aleancar a 1.a classe, e n'ella se conservar por espago de trinta dias,
sempre com bom procedimento, voltará aos corpos do exercito para a mesma ou divisao diversa
de onde veiu, conforme convier.
§ 3.° As tres classes estao sujeitas ao mesmo régimen do deposito e aos mesmos exercicios
e trabalhos; todavía, as pragas pertencentes á 1.a classe podem sáír do deposito fóra das horas
do servigo, e ser, alem d'isso, objecto de concessoes particulares; e as pracas pertencentes á
2.a classe podem tambem, fóra das horas de servigo, saír do deposito.
Art. 121.° As pragas que, pelo seu irregular comportamentono deposito, soffrerem castigos
repetidos sem mostras- de regeneragao, e que por esse facto nSo alcancem durante tres mezes
passar da 3.a classe, irao continuar no ultramar o tempo de servigo que añida lhes faltar, se-
gundo o seu alistamento, mas nunca por menos de dois anuos.
Art. 122.° As pracas que, por mau comportamento, baixarem de classe, em conformidade
dos artigos 104.° e 105.°, tambem applicaveis no deposito de que se trata n'esta secgíio, lerao o
destino marcado no artigo antecedente, se, dentro de seis mezes, nao alcangarem novamente a
classe da recompensa.
Art. 123.° As pracas encorporadas n'este deposito serao empregadas em servigos militares,
sempre os mais pesados.
Art. 124.° Haverá no deposito, diariamente, excepto aos domingos e dias santificados, tres
lloras de exercicios militares, em que se comprehenda a esgrima e a gymnastica, urna hora de
theoria militar e duas horas de frequencia de escola, de forma que a duragEo do trabalho, exer-
cicios, theoria e escola seja de oito horas, pelo menos, em cada dia.
§ 1.° Os dias feriados serao empregados em conferencias moraes, inspeegao de uniformes,
leitura e visitas.
§ 2.° Os exercicios de instruccao pratica e as ligoes theoricas serao sempre vigiados por um
official, e os trabalhos seríio sempre desempenhados sob a vigilancia de urna praga graduada.
§ 3.° A instruccao na escola será ministrada ás pragas por um sargento para isso apto. Esta
instrucgíío será, porém, vigiada pelo official que estiver de servigo ao deposito.
Art. 125.° Tem inteira execugao no deposito destinado a receber os militares separados dos
corpos por mau procedimento, o que se prescreve para o deposito destinado a receber os milita-
res condemnados a prisao militar, nos artigos 106.°, 107.°, 112.°, 115.°, 116.° e 117.°

CAPITULO JX • '

Das reclamagoes
Art. 126.° O militar a quem houver sido imposta pena disciplinar, que tiver por injusta,
poderá reclamar.
§ 1.° A injustiga da pena só pode allegar-se quando o chefe tenha ultrapassado a sua com-
petencia disciplinar, ou quando o reclamante entenda nao ter commettido a falta.
§ 2.° E prohibido fazer-se reclamagao verbal debaixo de armas ou durante a execugao de
qualquer servico.
532

Art. 127.° Toda a reclaniagao deve ser singular, formulada em termos moderados e respei-
tosos, e dirigida verbalmente ao superior que impoz a pena, ou por escripto, e pelas vias com-
petentes, ao mesmo superior durante o praso de cinco dias, contados d'aquelle em que a pena
foi imposta.
§ único. O superior tem por dever attender, como for de justiga, ás reclamagoes que lhe
forem dirigidas, nos termos do artigo antecedente, no praso máximo de dez dias. - •
Art. 128.° Quando a reclamagao feita por escripto nao for julgada procedente, o superior
nao pode, sob pretexto algum, eximir-se de a enviar ao seu chefe immediato, se o reclamante o
solicitar. ' •
Art. 129.° Se a reclamagao for verbal, assiste ao reclamante o direito de a reduzir a es-
cripto e de a enviar, pelas vias competentes, ao mesmo cliefe, dentro do praso de tres dias, con-
tados d'aquelle em que verbalmente á apreseiitoü. •;=-
§ único. O superior que nao julgar procedente a reclamagao e tiver de a enviar-pelas vias
competentes ao seu chefe immediato, como prescreve o artigo 130.°, exporá os motivos que o
levaraní a nao considerar injusta a punigao, juntando ao processó de reclamagao as averiguagoes
a qué porventura maiidasse proceder, caso o castigo imposto tivesse origem n'uma páíticipagao
féita ao mesmo superior. '"' • •..;.
Art. Í30¡° Nos casos mencionados nos dois artigos antecedentes, a reclamagao será enviada:
1.° Ao ministro da guerra, se o reclamado for commandante ém chefe, commandante de
divisao ou qualquer outra auctoridade militar que esteja sob as ordens immediátás do ministro;
2." Ao commandante da divisao, se o reclamado for commandantede brigada, commandante
de corpo ou qualquer auctoridade militar que esteja sob as ordens immediatas d'aquelle com-'
mandante;
3.° Ao director geral da secretaría da guerra, ao director da administracáo militar, ao da
escola do exercito, áos commandantes ou inspectores geraes das diflerentes armas e do corpo do
estado maioi\ se o reclamado estiver sob as suas ordens imniediatas, e a punigao tiver sido im-
posta por falta cóinmettida no servico d'aquellas direegoes, commandos ou ínspecgoes;
4.° Aos commandantes dos corpos ou aos chefes de estabelecinientos'ou repartigoes milita-
res, quando o reclamado estiver sob as ordens imniediatas d'estas auctoridádes.
Art. 131.° O chefe a quem for dirigida a reclamagao escripia e os documentos especifica-
dos no § único do artigo 129.° d'este regulamento, nomeará um official de superior graduagao á
do reclamado, a finí de proceder ás averiguagoes necéssárias para o descobrimento da verdade.
§ único. O official incumbido das averiguagoes, depois de examinar os documentos que lhe
forem apresentados, ouvirá o reclamante e o reclamado, e seguidamente procederá ás averigua-
goes que julgar convenientes, sem forma de processó, mas concluindo sempre por apresentar
n'um relatorio circumstanciado urna opiniao clara, expressa e positiva, sobre a materia da re-
clamáglo.
Art. 132.° O chefe, em face do relatorio de que se trata no artigo antecedente, resolverá
da seguinte forma: se a reclamagao for justa e nlo tiver sido attendida por negligencia ou ma-
licia do reclamado, será esté considerado incurso em infracgáo de disciplina; e, quando seja
maliciosa, será o reclamante punido por falta de cumplimento dos seus deveres disciplinares.
Art. 133.° Se da averiguaeao constar que a injustica do castigo applicado pelo superior foi
motivada por informagoes menos exactas e pouco escrupulosas, por parte do official encarregado
das investigagoes a que se refere o artigo 157.°, a responsabilidáde, para os effeitos de repres-
sao disciplinar, pertenee, nao ao reclamado, mas sim áquelle official.
§ único. A responsabilidáde do official incumbido das averiguagoes sómente tem logar
quando o reclamante julgue injusto o castigo, por nao ter commettido a falta.
Art. 134.° A. deeisao que for tomada por auctoridade competente, nos termos dos arti-
gos 132.° e 133.°, é definitiva e d'ella nao poderá recorrer-se¿
Art. 135.° O official ou empregado com graduagao de official, quando julgue dever reclamar
com referencia a algum quesito da inforinagao animal qué lhe for relativa, podel-o-hafazer pelos
modos e nos termos preseriptos no presente capitulo.
§ único. As reclamagoes de que se trata n'este artigo deverao ser apresentadas dentro do
praso de dez dias seguintes aquelle em que, na ordem regimental, de estabelecimento ou de re-
partigao se declarar poderem os interessaclos tomar conheeimento das suas informagoes, segundo
os regulamentos em vigor.
CAPITULO x
Das recompensas

Art. 136.°. Ao direito de punir é inherente o de recompensar, e só é competente para re-


compensar quem tem competencia para punir.
.

§ único. Ñas disposicoes d'este artigo nao se comprehende o simples louvor, que todo o su
533

perior pode enderegar aos seus inferiores, verbalmente ou por escripto, quando concorra com
elles em servigo.
Art. 137.° Os superiores que nao téem competencia para recompensar, devem participar
superiormente qualquer acto que tenham presenciado, ou de que officialmente tenham conheci-
mento, praticado pelos seus inferiores e que Ihes parega digno de recompensa.
§ Único. Pelo mesmo níodo procederá qualquer militar competente para recompensar, quando
entenda que a recompensa merecida é superior á que pode conferir, nos limites da sua compe-
tencia.
Art. 138.° Alem das recompensas já estabelecidas e que continuarao a ser conferidas se-
gundo as prescripgoes das leis e regulamentos em vigor, podem ser concedidas áos militares as
séguintes:
.1.a LouVores;
2.a Licengas, sem perda de vencimentos;
3.a Dispensas de servigo.
Art. 139." Os louvores podem ser collectivos ou individuaes, e sao destinados a commemo-
... e a recompensar qualquer acto de servigo praticado por Um ou mais militares com acriso-,
.rár
lado valor, superior illustragao, intelligeneia distincta ou zélo notavel.
§ único. O louvor é tanto mais importante quanto niaior é a publicidade do documento offi-
cial onde for publicado.
Art. 140.° A licenga, sem perda de vencimentos, só p.óderá ser Concedida ao militar
que cumpra com zélo e aptidao os seus deveres profissionaes e tenha bom comportamento
militar.
§ 1.° As licencás de que se trata no presente artigo nao poderSo, em caso algum, ser con-
cedidas:
1.° Aos officiaes a quem já tenha sido imposta a pena de prisao disciplinar, ou que nos úl-
timos tres anuos tenham soffrido alguma punigao;
2.° As pracas de pret a quem tenha sido já imposta a pena de prisao correccional, ou que
nos últimos dois mezes tenham soffrido castigo que devá ser averbado nos respectivos registos.
§ 2.° Na coneessao de licengas, sem perda de vencimentos, deverao sempre as diversas au-
ctoridádes attender a que nao sejam contemplados na mesma occasiao, mais do que aquelles indi-
viduos de urna classe, que regularmente o possam ser, sem prejuizo para o servigo.
§ 3." A licenga de que se trata n'e-ste artigo nao é descontada para effeito algum no témpo
de servigo militar.
Art. 141.° As dispensas de alguma formatura ou de algum servigo determinado, continua-
rao a ser concedidas, em eonformidade dos regulamentos em vigor, pelos superiores indicados
nos mesmos regulamentos.
Art. 142.° Compete ao ministro da guerra:
Louvar em ordem do exercito, ou mandar louvar em ordem de divisao, de praga, de corpo
ou de qualquer commando ou estabelecimento militar, os militares que o meregám, nos termos
do artigo 139.°;
Conceder licenga por trinta dias em cada auno, sem perda de vencimentos e com prejuizo
de todo o'servico que n'esse tempo lhes possa pertencer, aos militares que a solicitem e estejam
ñas condigoes mencionadas no artigo 140.°
§ único. A licenga a que este artigo se refere pode ser gosada pelo interessado em qual-
quer localidade dentro ou fóra do paiz.
Art. 143.° O commandante em chefe do exercito em ojjeragoes tem competencia igual á do
ministro da guerra.
Art. 144.° Compete aos commandantes de divisao:
Louvar em ordem de divisao, ou mandar louvar em ordem de brigada, praga, corpo ou es-
tabelecimento militar que esteja sob as suas ordens, os militares que o merecam, nos termos do
artigo 139.°;
Conceder licenga por quinze dias em cada anuo, sem perda de vencimentos e com prejuizo
de todo o servico que nao seja ordenado pelo ministro da guerra, aos militares que a solicitem
e estejam ñas condigoes estabelecidas no artigo 140.°
§ único. A licenga a que este artigo se refere pode ser gosada pelo interessado era qualquer
localidade, dentro do paiz.
Art. 145.° Ao director geral da secretaria da guerra, ao director da adininistragao militar,
ao da escola do exercito e aos commandantes ou inspectores geraés das differentes armas e do
corpo do estado maior compete:
Louvar em ordem d'essas direegoes, commandos ou inspecgSes os militares que o meregam,
nos termos do artigo 139.°, por servigos prestados ñas mesmas direegoes, commandos ou m-
speegoes;
Conceder licenga jior quinze dias em cada anno, sem perda de vencimentos e com prejuizo
534

do servigo dependente das mesmas direegoes, commandos Ou inspeegoes, aos militares seus su-
bordinados que a solicitem e meregam, nos termos do artigo 140.°
§ nnico. Esta licíeiiga pode ser gosada pelo interessado, nos termos do § único do arti-
go 144.° d'este regulamento.
Art. 146.° Compete aos commandantes de brigada:
Louvar em ordem de brigada, ou mandar louvar em ordem do corpo, os militares que o
meregam, nos termos dos artigos anteriores.
Conceder licenga por dez dias em cada anuo, sem perda de vencimentos e com prejuizo de
todo o servigo interior e de qualquer servigo exterior que nlo déva durar por mais de tres dias,
as militares seus subordinados que a solicitem e meregam, nos termos do artigo 140.°
§ único. A licenga a que este artigo se refere pode ser gosado pelo interessado em qual-
quer localidade dentro da divisao, que nao diste do quartel do corpo mais de SO kilómetros.
Art. 147.° Os governadores de pragas de guerra de 1.a classe e os chefes dos commandos
militares da Madeira e dos Acores téem, em relagao aos individuos sob as suas ordens, compe-
tencia igual á dos commandantes dé brigada, poclendo lotival-os em ordem de praca ou na dos
respectivos commandos, ou mandal-os louvar em ordem do corpo.
Art. 148.° Compete aos eommandaiites dos corpos:
Louvar os seus subordinados na ordem do corpo, nos termos dos artigos anteriores;
Conceder licenga por dez dias em cada armo, sem perda de vencimentos e com prejuizo de
todo o servico interior e de qualquer servico exterior que nao deva durar por mais de vinte e
quatro horas, aos militares seüs subordinados que a solicitem e meregam, nos termos do ar-
tigo 140.°
§ único. A licenga a que este artigo Se refere pode ser gosada pelo interessado em qual-
quer localidade dentro da divisao, que nao- diste do quartel do corpo mais de 50 kilómetros.
Art. 149.° Os offieiaes superiores, chefes de estabelecimentos ou repartigoes militares, ou
commandantes de quaesquer forgas que tenham organisagao militar independen-te, téem compe-
tencia igual ás dos commandantes dos corpos.
Art. 150.° Compete aos eom-mandantes de batalhSJo:
Louvar em ordem de batalhao, quando este esteja separado do corpo, os militares que o
meregam, nos termos do artigo 139.°;
Conceder licenga por oito- dias em cada anuo, sem perda de vencimentos e com prejuizo do
servico do batalhao, ás pragas de pret, suas subordinadas, que a solicitem e meregam, nos ter-
mos do artigo 140.° Esta licenga pode ser gosada pelo interessado até á distancia de 25 kiló-
metros;
§ único. A mesma competencia terao os capitaes ou subalternos, chefes de estabelecimentos
ou repartigoes militares, ou commandantes de quaesquer forgas que tenham organisagao militar
independente.
Art. 151.° Compete aos commandantes de cómpanhia:
Conceder licenga por seis dias, em cada anuo, sem perda de Arencimentos e com prejuizo de
todo o servigo interior da cómpanhia, ás pracas de pret, suas subordinadas, que a solicitem e
meregam.
§ único. A licenga de que trata o presente artigo deve ser gosada pelo interessado na pro-
pina localidade ou até á distancia máxima de 15 kilómetros.
Art. 152.° O official que, em virtude de quaesquer circumstancias. assumir o commando
pertencente a outro official- de gran superior terá, emquanto exercel* as funcoes d'este comman-
do, a competencia correspondente á graduagao d'aquelle a quem tiver substituido.

CAPITULO XI

Do averbaraento dos loiivorcs e penas

Art. 153.° Serao averbados nos respectivos registos todos os louvores, individuaes ou col-
lectivos, em que os interessados sejam nominalmente designados e que tenham sido publicados
em ordem do exercito, em ordem de divisao, brigada e regimentó, ou em ordens dos commandos
geraes ou inspeegoes das differentes armas e do corpo do estado m-áior'; e bem assim:
1.° Todas as penas impostas por sentengas transitadas em julgado;
2.° Todas as penas disciplinares impostas ao offieiaes, exceptuando a de admoestagáo;
3.° Todas as penas disciplinares, nao inferiores á détencao, impostas aos sargentos e demais
pragas de pret.
Art. 154.° Os castigos nao averbados serao registados em livros especiaes, únicamente para
o effeito de serem devidamente considerados, quando haja de se impor novos castigos aos delin-
quentes, nao se podendo, porém, fazer mengao d'elles em quaesquer outros documentos.
Art. 155.° Ainda que urna praga seja alliviada de parte de qualquer pena que estiver cuín-
535

prindo, a nota será averbada como se a pena fosse inteiramente cumprida; quando, porém, tenha
reclamado contra a pena imposta e a reclamagao tenha sido attendida, o commandante do corpo
determinará que se averbe no registo urna contra-nota annullando a primeira e declarando o
motivo da annullagao.

CAPÍTULO xu '-.---..-
Disposigoes diversas
Art. 156.° O militar que concluir ó tempo pelo qual lhe hóuver sido imposta urna punicao,
apresentar-se-ha nao só aos superiores a quem é obligado a apresentar-se, segundo as pres-
cripeoes do regulamento de servigo interno, mas tambem ao superior que lhe tiver imposto a
pena. ^
§ único. Se, por caso de forga maior, nao poder realisar a sua apresentagíío a este ultimo
superior no praso de quarenta e oito horas depois de cumprida a pena, cessará aquelle dever
de submissEo.
Art. 157.° Quando o chefe, no uso das attribuigoes que lhe confere o presente regulamento,
julgar necessario proceder a alguma averiguagao, poderá incumbil-a a um official, o; qual deverá
apresentar um relatorio circimistanciado acerca dos factos sobre que tiver sido mandado inves-
tigar.
§ único. Se a averiguagao se referir a actos de algum official, será sempre incumbida a
official mais graduado ou mais antigo do que elle.
Art. 158.° As disposigoes d'este regulamento relativas á cómpanhia, süo extensivas á bate-
ría de ai'tilheria e ao esquadrao de cavallariá, quando o haja; e as relativas ao batalhao, sao
extensivas aos grupos de baterías ou esquadroes.
Art. 159.° Os offieiaes, combatentes ou nao combatentes, e os empregados com graduagao
de official estao sujeitos ás prescripgoes d'este regulamento, qualquer que seja a commissao que
exergam ou o servico que desempenhem no ministerio da guerra ou em qualquer outro.
Art. 160.° Os aspirantes a official, quando iucorrerem em infraegoes de disciplina, soffrerso-
as penas correecionaes applicaveis aos offieiaes, com excepgao da pena de inactividade.
Art. 161.° Os cadetes, quaudo incorrerem em infraegoes de disciplina, serao punidos cor-
reccionalmente como os primeiros sargentos, aínda que nao tenham a" competente graduagao.
§ único. Quando Ihes seja imposta a pena de prisao correccional ou a de baixa de posto,,
perderao os direitos e a consideragao de cadetes, ficando inhibidos de usar os respectivos dis-
tinctivos.
Art. 162.° Os mestres e contramestres de música, os músicos classificados, os mestres de
elarins e os artífices dos corpos siio sujeitos ás penas disciplinares applicaveis aos sargentos.
§ único. A estas pragas nao é appKcavel a pena de baixa de posto, a qual será sempre
substituida pela de prisao correccional coin os effeitos mencionados no artigo 37.° d'este regula-
mento.
Art. 163." Os aprendizes de música, os mestres e contramestres de corneteiros ou tambo-
res e os contramestres de elarins sao sujeitos aos castigos disciplinares applicaveis aos cabos.
§ único. Quando lhes seja imposta a pena de baixa de posto, os aprendizes de música pas-
sarao a soldados ou a aprendizes de corneteiro ou tambor, segundo as circumstancias, e os mes-
tres e contramestres de corneteiros ou tambores e os contramestres de elarins, passarao a sim-
ples corneteiros, tambores ou elarins.
Art. 164." Os ferradores, elarins, corneteiros e tambores, os aprendizes d'estas classes e
quaesquer outras pragas de pret nao mencionadas nos artigos antecedentes e que facam parte
do estado menor dos corpos, sao sujeitos aos castigos disciplinares applicaveis aos soldados.
Art. 165.° A praga que, £>or infraegao do 5.° dever militar expresso no artigo 1.° d'este
regulamento, se constituir em culpa de ausencia illegitima por um ou mais dias, contados por
vinte e quatro horas desde a primeira formatura a que faltar, mas nao completar o j>eriodo ne-
cessario para que a falta seja considerada deserg.So, alem da pena disciplinar que lhe for im-
posta, ser-lhe-ha descontado no tempo de servico aquelle em que tiver estado ausente.
Art. 166.° Nenhuma praca terá baixa do servigo ou seré licenciada para a reserva sem ter
cumprido qualquer pena disciplinar que anteriormente lhe tenha sido imposta.
Art. 167." Se algum militar der baixa ao hospital depois de lhe ser applicada urna pena
disciplinar, nao lhe será contado para o cumplimento da pena o tempo em que por aquelle mo-
tivo a nao poder cumplir.
§ único. Exceptuam-se da disposigüo d'este artigo as penas de prisao correccional e inacti-
vidade temporaria.
Art. 168.° As pracas da reserva sao consideradas sujeitas aos preceitos da disciplina mili-
tar, e incursas ñas penas correspondentes ás transgressoes disciplinares desde o dia em que,
por effeito de disposicao legal, tenham o dever de se apresentar para a effectividade do servigo,
536

ou sempre que vistam uniformes militares, e aínda dentro dos quarteis ou estabelecimentos mi-
litares e em todos os actos offieiaes a que tenham de assistir como pragas da reserva.
Art. 169.° Todas as penas disciplinares inferiores á prisao correccional, averbadas nos res-
pectivos regustos, fícarao annulladas para todos os effeitos, quando o militar,que as tiver sofñido
for agraciado com a medalha de valor militar ou a de oiro de bons servigos, por actos pratica-
dos posteriormente á imposigao das mencionadas penas.
§ único. Igualmente serao annulladas as penas inferiores a prisao disciplinar, dez annos
depois de terém sido applicadas, quando o militar que as soffreu, durante esse lapso de tempo
nao tiver praticado infraegao punivel por este regulamento, nem tenha sido condemnado por tri-
bunal competente.
Art. 170.° Salvos os casos previstos no artigo anterior, as notas das penas averbadas nos
registós disciplinares so poderlo ser annulladas:
1.° No caso de amnistía;
2.° No caso de reclamagao attendida e feita em tempo competente.
§ único. O perdao real nao annullará as notas das penas, mas sómente as invalidará para a
imputagao moral.
Art. 171.° O presente regulamento é applicavel ás guardas municipaes, á guarda fiscal e a
quaesquer oütras Unidades, com organisagao militar independente, salvas ás alteragoes adequadas
á natureza especial do servigo e as penas estabelecidas nos seus regulamentos especiaes.
. .
§ 1.° O ministro do reino, em relagao aos offieiaes e pragas das guardas municipaes, e o
ministro
. da fazénda, em relagao aos offieiaes e pragas da guarda fiscal, téem competencia disci-
plinar igual á do ministro da guerra.
§ 2.° Os commandantes geraes das referidas guardas téem competenciadisciplinar iguala
dos . commandantes de divisao.
Art. 172.° Nos dias em que houver distribuigao do pret ...
serao litios' e explicados ás pragas
.

o capitulo i, a sécelo iy do capitulo ni, e os artigos 40.°, 41.° e 42.° do capitulo iv d'este re-
gulamento.
§ único. A parte d'este regulamento de que trata o presente artigo será impressa separa-
damente, e estará sempre patente por modo adequado, no quartel da cómpanhia.
,
Art. 173.° Fica por este regulamento substituido o de 15 de dezembro de 1875, e todas as
mais disposigoes em contrario.

CAPITULO xm
Disposigoes transitorias

.-
Art. 174.° As notas de culpas o castigos averbados nos competentes registós até á execu-
gao d'este regulamento, nao serEo por modo algum apreciadas disciplmarmente, segundo as
suas prescripgoes, mas únicamente tomadas em conta para juizo sobre o comportamento das
pragas a quem as mesmas notas se referirem.
Art. 175.° Os castigos e penas disciplinares infligidos, segundo as disposigoes da legisla-
gao anterior á execugao do presente regulamento, serao cumplidas como tiverem sido determi-
nadas.
Art. 176.° As notas que tenham sido averbadas nos registós disciplinares até á execugao
d'este regulamento, excepto as que se refiram á imposigao das penas de prisao correccional,
inactividade ou reprehensao publicada na ordem regimental, de divisao ou do exercito, nao serao
passadas para novos registós, nem consideradas para quaesquer effeitos legaes, quando o official
ou a praga de pret a que digam respeito tenha ou venha a ter quinze anuos de comportamento
exemplar, desde a ultima punigao disciplinar soffiida.

Dccrcío de 5 de jullio de 1SÍMI

Sendo de reconhecida conveniencia determinar a organisagao da justiga militar nos territo-


rios da cómpanhia de Mogambique, onde ha necessidade de manter urna legislagao especial;
Tendo ouvido a junta consultiva do ultramar e o conselho de ministros: e
Usando da auctorisagao conferida ao governo pelo § 1.° do artigo 15.° do primeiro acto
nddicional á carta constitucional da monarchia:
Hei por bem decretar o seguinte:
. Artigo 1.° E approvado
o regulamento para os conselhos de guerra nos territorios da com-
.panhia de Mogambique, que faz parte do présente decreto e baixa assignado pelo ministro e
secretario d'estado dos negocios da marinha ultramar.
Art. 2.° Fica revogada a legislagao em contrario.
537

Regulamento para os conselhos de guerra nos territorios da eonipanliia de Mogambique,


a que se refere o decreto d'esta data
Artigo 1." É estabelecido um conselho de guerra permanente na sede dos territorios da cóm-
panhia de Mogambique, a finí de conhecer dos crimes commettidos pelos militares ou individuos
com graduagao militar que constituirem as forgas policiaes ao servigo da referida cómpanhia-.
Art. 2.° O couselho será constituido por dois offieiaes e por um auditor, que será o juiz de
direito que tiver jurisdiccao na área dos territorios da cómpanhia, presidindo ao conselho o. mi-
litar mais graduado ou, em igualdade de graduagao, o mais antigo.
§ único. Junto d'este conselho de guerra exercerá as fnnecoes de promotor de justiga uní
official para esse fim nomeado pelo governador dos territorios da cómpanhia em Mogambique,
servindo de secretario um dos escrivaes do juiz de direito nomeado pelo respectivo juiz. O de-
fensor será escollado pelo réu e, quando esté o nao faga, nomeado peló presidente do colíselho,
de preferencia entre os offieiaes do exercito ou advogadós residentes na sede do conselho dé
guerra.
Art. 3.° Do julgamento do conselho haverá recurso para o tribunal de 2.a instancia que
tiver jurisdiegao militar nos territorios da provincia sujeitos á administragSo directa do estado.
Art. 4.° As regras de competencia, forma de processó e legisíacao penal applicaveis conti-
nuarao a ser igualmente as que estiverem. vigentes nos territorios a que allude o artigo anterior.
Art. 5.° Logo qué a senteüga -coñdemnatoria haja passado em jíilgado, será o processó re-
méttido ao gwernador geral da provincia de Mogambique, com requeriineiito do promotor de
justiga, para ser dada á execugao.
Art. 6.° O governador geral da provincia poderá, antes de ordenar a execugao da senténca,
representar ao ministro da marinha e ultramar o que acerca da mesma execugao julgar conve-
niente.
Art. 7.a Quando a cómpanhia de Mogambique carecer de estabeleciméntó prOprio para
cumplimento das penas impostas; poderá requisitar do governador geral da provincia que a sen-
tenga relativa a qualquer réu seja cumprida na juisáo ou fortaleza do estado que o mesmo go-
vernador geral indicar, com tanto que os encargos da sustentagao do preso e mais despezas cor-
ram por conta da cómpanhia.
Art. .8.° A execugao das penas temporarias eóirta-sé desde a data em que houver passado
em julgado a sentenga coñdemnatoria.

Ñas liases para a organisagao (las reservas c das íronas de 2.a liulia ñas provincias ultramarinas,
approradas por decreto de 1!) de jnlho de ISüí, encontra-se o sepulte:

Da constituicao, direccao e commando superior

Artigo 1.° As forgas militares de 1.a e 2.a linha, regulares ou irregulares, destinadas a
guarnecer, defender e policiar os territorios das provincias de Mogambique e Angola constituem
respectivamente os exercitos da África oriental e occidental.
Ai-t. 2.° As forgas que guarnecerem as provincias de Cabo Verde, S. Thomé e Principe, o
o districto autónomo da Guiñé, devem considerar-se.como parte integrante do exercito da África
occidental, accidentalmente independentes do respectivo commando em chefe.
Art. 3.° O commando em chefe dos exercitos1 de África oriental e occidental continúa a ser
exercido nos termos do decreto de 2 de dezembro de 1869, respectivamente pelos governadores
geraes de Mogambique e Angola com as honras dos antigos capitáe3 generaes e as attrihuigoes
e deA'eres expréseos nos artigos 33.° e 34.° do regulamento de 15 de dezembro de 1875.
Art. 4.° Os exercitos da África oriental e occidental e do estado da India sao divididos em
tantas divisoes militares quantos os districtos administrativos das respectivas provincias.
Art. 5.° O commando superior nos districtos administrativos continúa a ser exercido pelos
governadores dos respectivos districtos, com as honras de generaes de brigada e attrihuigoes de
generaos de divisao.
§ único. Os districtos sao divididos em tantas cirumscripgoes militares quantos forem_ os
respectivos concelhos ou commandos militares.
Art. 6.° Os governadores de provincia que nao forem governadores geraes exercem o com-
mando das forgas das suas respectivas provincias, com attrihuigoes e honras de generaes de di-
visao commandando, em tempo de paz, e com as attrihuigoes de governador geral, em tempo
de guerra ou de rebelliao.
§ 2.° As disposigoes d'este artigo sao extensivas ao governo do districto autónomo da Guiñé.
os
538

Do foro e disciplina
Art. 62.° Ás tropas de 2.a linha e irregulares, quando mobilisadas e desde que seja publi-
cada a respectiva ordem, serao applicaveis todas as disposigoes, com referencia a materia de foro
e disciplina, em vigor para a 1.a linha.
Art. 63.° Ñas circumstancias normaos, silo tambem applicaveistodas as disposigoes referen-
tes ao foro e disciplina nos crimes e infraegoes commettidas pelas pessoas alistadas na 2.a linha
e irregulares desde a sua apresentagao para qualquer servigo até ao momento em que elle ter-
minar ou d'elle forem dispensados.
§ único. Nos termos d'este artigo, poderao serjulgadas incorrigiveis todas as pragas de 2.a
linha que tenham conmlettido mais de cinco transgressoes de disciplina dentro dos últimos doze
mezés.
Art. 64.° Tanto as pragas de 1.a como de 2.a linha que forem julgadas incorrigiveis, poderlo
deixar de ser transferidas de provincia^ mas mudarao sempre de corpo, e as de 2.a linha pas-
sarao a um corpo de 1.a
§ único. Estas pragas constituirao um grupo> esquadra, seegao, pelotao ou mesmo cómpa-
nhia conforme o numero que houver no corpo, ficando lias mesmas condigoes disciplinares appli-
caveis ás pragas a que se refere o artigo 8.° do decreto do 25 de julho de 1865.
Art. 65.° As pragas que proviérem do exercito do reino ou de outra provincia, como incor-
rigiveis, nao serao consideradas como taes nos corpos onde servirem, nao liles sendo portante
applicavel o disposto no § único do artigo antecedente, salvo o Caso de serení de novo julgadas
1ncórrigivéis, para o que bastará terem commettido tres transgressoes de disciplina, que sejam
devidaménte averbadas dentro de uní periodo tte doze mezes, circumstancia que os colloea ñas
condigoes do dito § nnico.
Art. 66.° Todos os offieiaes e pragas de 2.a linha e irregulares que usarem fóra de servigo
dos seus uniformes estao sujeitos, para com os superiores hierarchicos de qualquer arma ou corpo
militar, a cunrprireni todos os preceitos estabelecidos pelos regulamentos militares como se esti-
vessem em servigo.
Art. 67.° Aos offieiaes de 2.a linha, para questoes de precedencia concorrendo com offieiaes
militares de qualquer corpo ou arma, nao aproveita a antiguidade do respectivo posto, formando
em igualdade de patente á esquerda dos offieiaes da 1.a linha, ficando todavía entendido que a
precedencia dos offieiaes movéis é irregulares entre si se determina em igualdade de patente
pela antiguidade do posto actual.
§ único. As precedencias mandadas guardar na concurrencia de servigo entre offieiaes de
1.a é 2.a linha sao idénticamente guardadas entre os offieiaes movéis regulares e os dos corpos
irregulares (sipaes e guerra preta).
Art. 68.° A disposigao do artigo antecedente nao estabelece direito para os offieiaes de
2.a linha, ombora de maior patente, se recusarem a servir sob as ordens de qualquer official de
1.a linha menos graduado com commissao para dirigir algum servigo que as forgas de 2.* linha
hajam de auxiliar.
Art. 69.° Os individuos pertencentes á 2.a linha que em tempo de paz faltarem sem motivo
justificado a qualquer servigo para que tenham sido legalmente avisados incorrerao na multa de
3$000 réis sendo cabos ou soldados, 10$000 réis sendo offieiaes inferiores, 30¡$000 réis sendo
offieiaes desde alferes a capitao, e 50$000 réis aos offieiaes superiores.
§ 1.° A cobranga d'estas multas far-se-ha por execugao administrativa, quando o delin-
quente se nao preste a entrar em cofre com a respectiva importancia, enviantlo-se ao respectivo
administrador do concelho o auto de corpo de delicio mandado levantar em vista da falta, con-
forme as disposigoes do código de justiga militar de 1875, procedendo depois o administrador do
concelho simultáneamente em conformidade ao disposto nos decretos de 15 de agosto de 1844,
30 de dezembro de 1845, 6 de novembro de 1860 e 15 de setembro de 1852.
§ 2.° Para os sipaes e guerra preta as multas serao de 50 por cento das marcadas n'este
artigo.
§ 3.° As faltas de comparencia commettidas em tempo de guerra por individuo encorporado
n'uma forga já mobilisada, serao applieadas as leis e regulamentos militares em vigor na 1.a
linha.
* § 4.° A justifieagao admittida é a de caso de forga maior devidaménte comprovado.
§ 5.° Aquelles cujos bens nao cheguem a satisfazer o valor da multa poderao resgatal-a
com trabalho em obras de utilidade publica e na alternativa com prisao proporcional á multa
que nao exceda a quinze dias.
§ 6.° Quando um mesmo individuo commetter a falta de comparencia de que trata este ar-
tigo por tres vezes, dentro do periodo de doze mezes, será considerado como desertor em tempo
de paz.
539

§ 7.° Os facultativos ou auctoridades locaes convencidos de terem falsamente attestado a


doenga de qualquer praca serao punidos com o triplo da multa a applicar á praga, cobrada pela
mesma forma, sem prejuizo de procedimento criminal.
Art. 70.° A desergao commettida tanto por pragas de 1.a como de 2.a linha, sipaes ou
guerra preta, estando encorporados n'uma forga fóra do seu quartel permanente ou ponto central
ordinario de reuniao ou assenibléa, é considerada como desergao em tempo de guerra.
Art. 71.° Os que capturarem pragas na hypothese de serení desertores, que aínda nao te-
nham completado o tempo da desergao, terao direito a nietade (2j>400 réis) da verba arbitrada
aos que entreguem os desertores (4$800 réis), comtanto que o capturado tenha completado, pelo
menos, quarenta e oito horas de ausencia illegitima, contadas na forma da lei.
Art. 72.° Como forma ordinaria do processó militar ficam abolidos os conselhos do investí-
gag&o, e substituem-se pelos corpos de delicto, seguindo-se toda a forma de processó até á pro-
nuncia e final julgamento, conforme as disjiosicoes do código de justiga militar de 9 de abril de
1875 em vigor no exercito do reino, isto tanto para a 1.a como para a 2.a linha é irregulares.
Art. 73.° Os crimes de desergao passam tambem a serjulgados em conselho de guerra, dei-
xando de futuro de se formar conselhos de disciplina.
§ 1.° Para julgar, porém, as pragas, no caso do artigo 8.° do decreto de 25 de julho de
1865, quando nao haja motivo para conselho de guerra, forniar-se-ha um conselho disciplinar
constituido por tres offieiaes de patente, é, quando nao haja numero suficiente de offieiaes, por
um official e dois offieiaes inferiores.
§ 2.° O conselho de que trata o paragrapho antecedente tem competencia para julgar as
pragas como incorrigiveis, sendo mandado reunir pelo commandante do corpo.
§ 3.° Para o julgamento de pragas no caso do § 1.° d'este artigo e do § único do artigo 63.°,
tem competencia para reunir o conselho e fazer executar as suás decisoes qualquer commandante
de forga que seja official de patente.
§ 4.° O processó d'estes conselhos será o mais summario possivel, consistindo apenas n'uma
acta com a opiniao do conselho devidaménte fundamentada, tendo appensa copia authentica das
notas de assentamento é a parte contra o réu ou a ordem motivada para a reuniao do conselho.
Art. 77.° A competencia disciplinar dos commandantes de cómpanhia, quer de 1.a quer de
2.a linha quando esta esteja destacada do respectivo corpo á distancia superior a 75 kilómetros
ou a mais de tres dias de marcha, é equiparada á de major; igual competencia disciplinar terao
os commandantes de companhias autónomas ou inde.pendentes de qualquer arma.
§ único. O disposto n'este artigo é inteiramente applicavel ás baterías e esquadroes.

Decreto de 19 de juüio de 4S94

Sendo de instante necessidade remodelar o regulamento discijilinar do corpo da guarda


fiscal, approvado por decreto de 18 de margo de 1886, afeigoando-o á actual organisagao militar
da mesma guarda; e convindo reunir em um só corpo toda a doutrina por que, em tempo de-
paz e em assumptos disciplinares, deve reger-se a referida guarda: hei por bem approvar o re-
gulamento disciplinar da guarda fiscal, que faz parte integrante d'este decreto e baixa assignado
pelo presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da fazenda,
e pelo ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra, o qual comegará a vigorar no. 1.°
do próximo niez de setembro, com pretericao de todos os diplomas e disposigoes anteriores refe-
rentes a materia disciplinar.
Os mesmos ministros e secretarios d'estado assim o tenham entendido e fagam executar.

Regulamentodisciplinar da guarda fiscal


CAPITULO i
Deveres geraes
Artigo 1.° Todo o militar em servico na guarda fiscal deve regular o seu procedimento
pelos dictames da religiao, da virtude e da honra, amar a patria, ser fiel ao liei, guardar e fazer
guardar a constituigao política da monarchía, respeitar e cumprir as leis do reino, e ser zeloso
no servigo.
Art. 2.° A disciplina será rigorosamente mantida e os deveres de servigo serao impreteri-
velmente cumplidos.
§ 1.° Cumpre a todo o superior fazer respeitar a sua graduagao e auctoridade, assim como
o seu posto de servigo, recorrendo, se tanto for mister, a quaesquer meios extraordinarios, no
caso de aggressao violenta contra si ou contra a sua nuctoridade.
540

§ 2.a O superior deve ser prudente na exigencia do cumplimento das ordens dadas aos su-
bordinados, mas enérgico e firme na repressáo prompta de toda a hesitagao ou recusa da parte
d'elles, castigando immediatamente as transgressoes disciplinares, nos limites das suas attribui-
goes, ou dando parte do subordinado ou inferior quando tiver commettido infraccao mais grave.
§ 3.° Aos chefes responsaveis cumpre igualmente fazerem executar as ordens do servigo,
aínda que para isso hajam de valer-se de expedientes extraordinarios nao designados n'este re-
gulamento, nem considerados castigos, mas indispensaveis para o cumplimento das ordens e ma-
nuten gao da disciplina.
§ 4." Sempre que o superior for obrigado a recorrer a meios extraordinarios, dará imme-
diatamenté ao seu chefe parte do oceorrido.
§ 5.° Os chefes, principalmente, e em geral todos os superiores, sao responsaveis pelas in-
fraegoes commettidas pelos seus subordinados, quando se prove que taes actos téem origem na
falta de repressáo por parte dos chefes ou superiores, ñas suas proprias faltas, ou na sua incuria
em os prevenir oü evitar.
CAPITULO II
Das infracgSés disciplinares
Art. 3.° Considera-se infraegao disciplinar, em geral, toda a regulamentos mi-r
violagFto dos
litares e fiscaes, das ordens dos superiores relativas ao servigo, e das regras da disciplina mili-
tar, independentemente de intengao maléfica, quando o facto da viólagao nao seja classificado
crime eni lei penal, ou, sendo-o, lhe deva corresponder, pelas, suas circumstancias, pena inferior
á mínima decretada -na. mesma lei, ou lhe cajba a simples pena de multa.
Reputam-se, especialmente, infraegoes disciplinares, as faltas seguintes commettidas pelo
militar:
1.a Nao obedecer promptamente ás ordens do superior relativas ao servico;
2.a Nao cumplir, ou nao fazer cumprir as leis, regulamentos e ordens em vigor na guarda
fiscal;
3.a Nao executar fielmente os deveres do servigo que tenha sido nomeado;
4.a Faltar ao servigo, ou aprésen-tar-se para elle depois das horas determinadas;
5.a Trocar sem auctorisagao o servigo para que tiver sido nomeado;
6.a Nao estar vigilante no posto de sentinella;
7.a- Desattender ás prescripgoes das sentinellas, patraillas, rondas, guardas ou quaesquer
pastos de servigo;
8.a Apreciar desfavoravelmenteas .ordens geraes e de servigo;
9.a Eevelar quaesquer segredos de servigo;
10.a Ingerir-se em servigo especialmente incumbido a outrem, nao sendo reclamado o seu
auxilio;
11.a Encobrir, ou auxiliar indevidamente, quaesquer delinquentes;
12.a Manter quaesquer relagoes com contrabandistas, defraudadores da fazenda e seus
agentes;
13.a Dirigir-se aos superiores em termos inconvenientes, ou faltar-llies ao respeito por qual-
quer modo;
14.a Dizer mal dos seus superiores, de viva voz ou por escripto;
15.a Informar falsamente qualquer auctoridade competente;
16.a Nao participar ao superior qualquer occorrencia de servigo ou de disciplina;
17.a Negar-se a ciar a qualquer superior ou auctoridade competente a inclieagao do seu r.o-
me, numero, posto e batalhao, ou da commissao em que serve;
18.a Solicitar, informar ou reclamar por vía extra-hierarchica, urna vez que o superior se
nao negué a dar seguimento á sua pretensao;
19.a Queixar-se infundadamente do superior;
20.a Dar participagao falsa, no todo ou em parte, contra os iguaes ou inferiores;
21.a Nao dar seguimento a qualquer pretensao permittida e que lhe seja apresentada em
termos convenientes;
22.a Applicar castigos nao auctorisados;
23.a Nao se submetter promptamente ao castigo que lhe for imposto;
24.a Nao cumprir o castigo que e como lhe for determinado;
25.a Violar o preceito de detengao ou prisao;
26.a Ausentar-se do aquartelamento para fóra da localidade ou transpor os limites da área
do posto, a nao ser em servigo, sem a devida auctorisagao;
27.a Exceder a licenga ou o itinerario que lhe houver sido concedida ou marcado;
28.a Alterar por qualquer forma o itinerario marcado ou a licenga concedida;
29.a Nao punir convenientemente as faltas dos subordinados, ou nao as participar ao supe-
rior competente;
541
.

30.a Tratar mal os inferiores ou dirigír-lhes expressoes injuriosas;


31.a Abusar da auctoridade, forga ou attrihuigoes que tiver;
32.a Reclamar ou insurgir-se contra a paga legal e o quartel que se lhe der;
33.a Valer-se da sua auctoridade ou do seu posto de servigo para tirar quaesquer lucros;
34.a Apoderar-se illegitimamente do que pertencer a outrem ou á fazenda;
35.a Vender, empenhar, extraviar ou arruinar os artigos que lhe forem distribuidos ou es-
tiverem a seu cargo, embora sejain propriedade sua;
36.a Desviar do quartel, sem permissaio., os artigos pertencentes á fazenda;
37.a Distrahir do legal destino as munigoes que lhe estiverem confiadas para o desempenho
do servigo;
38.a Empregar em seu servigo pragas que lhe estejam subordinadas, salvo nos casos aucto-
risados por leis ou regulamentos;
39.a Alojar-se em casa de inferior que nao seja pessoa de sua familia;
40.a Exercer qualquer especie de commercio, por si ou por interposta pessoa;
41.a Acceitar dadivas ou offertas de subordinados ou estranhos, quando com estes haja re-
lagoes de servico, salvo nos casos auctorisados por leis ou regulamentos;
42.a Pedir dinheiro emprestado ao inferior;
43.a Contrahir dividas que nao possa pagar regularmente ou sem quebra da ¡iropria di-,
gnidade;
44.a Déscurar o asseio, a iimpeza e eonservagao dos artigos de fardámento, armamento,
corréame, equipamento e arreios que lhe houvereni sido distribuidos ou estiverem a seu cargo;
45.a Nao cuidar convenientemente do eavallo que lhe esteja confiado para servigo ou tra-
tameuto;
46.a Descurar a sua instruccao profissional;
Alterar os typos dos uniformes;
47.a
Usar distinctivos ou insignias que nao lhe pertengam;
48.a
Embriagar-se;
49.a
Permanecer ñas tabernas;
50.a
Tomar parte em jogos de parar ou outros prohibidos, e aínda frequentar casas dejogo;
51.a
Travar-se de rasoes com outros militares;
52.a
53.a Alterar a ordem e a tranquülidade dentro ou fóra dos quarteis;
54.a Provocar desordens ou contenclas com quaesquer pessoas;
55.a Nao prestar auxilio, podendo fazel-o, a qualquer militar que saiba estar em risco ou
sendo maltratado;
56.a Nao intervir, para o fazer cessar, em qualquer conflicto em que veja envolvidos mi-
litares ;
57.a Deixar-se desarmar ou revistar, a nao ser pelos seus legítimos superiores, nao tendo
commettido crime nem pretendendo fazer uso das armas fóra da legitima defeza;
58.a Praticar actos contrarios á dignidade militar;
59.a Offender a moral publica;
60.a Prejudicar a disciplina com quaesquer actos, palavras. ou escriptos;
61.a Associar-se a quaesquer manifestacoes collectivas, ou auctorisar, promover ou assignar
petigoes da mesma natureza, aínda que tenham por fim honrar os superiores;
62.a Transgredir os regulamentos de administra gao publica e civil;
63.a Nao respeitar as auctoridades civis e os seus agentes;
64.a Intervir, nao sendo solicitado o seu auxilio, ñas capturas e outros servicos desempe-
nhados pelos agentes civis;
65.a Faltar ás attengoes devidas a quaesquer pessoas com quem baja de tratar em ser-
vigo ;
66.a Offender por actos ou palavras quaesquer individuos que estejam sob prisao;
67.a Fazer aos cidadaos exigencias contrarias á lei e á dignidade militar;
68.a Influir ou ingerir-se por qualquer forma em questoes políticas ou de localidade.
Art. 4.° Sao circumstancias aggravantes da infracgao disciplinar:
1." A premeditagao;
2.° O ser commettida em servigo, em marcha, ou durante o cumprimento de urna pena;
3.° O ser commettida de combinagao com outros individuos;
4.° A reincidencia;
5.° A aecumulagao de infraegoes;
6.° A successao de infraegoes;
7.° O ser offensiva da honra, do brío e decoro militar;
8.° O transtorno que occasionar á ordem, á subordinagao ou ao servigo.
§ 1.° Dá-se a reincidencia quando o militar commetter nova infracgao antes de decorrerem
seis mezes contados do dia em que terminar a punigao da anterior.
542

§ 2.° Dá-se a accumulagao de infraegoes quando o militar commette mais de urna infracgao
disciplinar na mesma occasiao, ou commette segunda antes de ser punido pela anterior.
§ 3.° Ha successSo de infraegoes quando se commette segunda infracgao antes de cumplido
o castigo imposto pela primeira. N'este caso a pena da segunda falta será executada successiva-
mente ao cumplimento da primeira.
Art. 5.° Sao circumstancias attenuantes da infracgao disciplinar:
1.° O exemplar comportamento ¿interior;
2.° A prestagao de servigos relevantes, reconhecidos em documento official;
3.° A confissao espontanea da infracgao, acompanhada de manifestó arrependimento.

CAPITULO III

Das penas disciplinares


Art. 6.° As penas disciplinares sao as seguintes:
o) Para offieiaes:
1.° A admoestacao;
2." Reprehensao;
3.° Prisao correccional.
l>) Para sargentos:
1.° Admoestagao;
2.° Reprehensao;
3.° Detengao;
4.° Prisao correccional:
5.° Despedida;
6.° Baixa de posto.
c) Para primeiros cabos:
i.° Admoestagao;
2." Reprehensao;
3.a Detengao;
4.° Baixa de posto ;
5.° Prisao correccional;
6.° Despedida.
d) Para as domáis praxis:
1.° Admoestagao;
2.° Reprehensao;
3.° Quartos do servico ;
4.° Detengao;
5.° Baixa de posto (para cabos):
6.° Despedida;
7.° Prisao correccional.
§ 1.° A gravidade d'estas penas é regulada pela ordem em que ficam mencionadas.
§ 2.° Sao consideradas penas accessorias, nos termos do capitulo iv:
1.° A trnsferencia de batalhao ou cómpanhia;
2.° A baixa de posto;
3.° A despedida.
Art. 7.° A admoestagao aos offieiaes e sargentos é sempre feita em particular; aos cabos
e soldados pode ser feita particular ou publicamente.
Art. 8.° A reprehensao ao official consiste em se lhe declarar únicamente que é reprehen-
dido por haver commettido a transgressao disciplinar n.° ...; e pode ser dada:
1.° Na presenga de offieiaes de superior ou igual graduagao;
2.° Na ordem do batalhao;
3.° No boletim official.
Art. 9." A repi-ehensao aos sargentos pode ser dada:
1.° Na presenga de offieiaes;
2.° Na presenga de outros sargentos de superior ou igual graduagao.
Art. 10.° A reprehensao aos cabos e soldados pode ser dada: aos cabos, na presenga de
iguaes ou superiores; aos soldados, perante quaesquer militares.
Art. li.° A pena de prisao correccional consiste:
543

a) Para offieiaes, na detengao do infractor em quarto ou casa apropriada em urna praga de


guerra indicada pelo governo, por praso nao inferior a dez días, nem superior a trinta.
6) Para sargentos, na detengao do infractor em casa apropriada em urna praga de guerra,
indicada pelo governo, por praso nao inferior a quinze dias, nem superior a sessenta.
c) Para cabos e soldados, no encerramento do infractor em prisao fechada, em um quartel
ou estabelecimentoindicado pelo ministerio da guerra, por praso nao inferior a quinze dias, nem
superior a noventa.
Art. 12.° A pena de prisao correccional só pode ser imposta mediante um processó de in-
vestigagao com audiencia do aecusado em sua defeza.
Art. 13." Os quartos de servico serao intercalados nos que por escala pertencereni ao in-
fractor, de modo, porém, que lhe fique livre o tempo indispensavel para satisfazer as necessida-
des da vida.
Art. 14.° A detengao consiste na obrigagao resultante para o infractor de permanecer no
quartel nos intervallos de tempo livre de servigo exterior ou durante o estacionamento da forga,
por occasiao de marcha, ñas povoagoes e acampamentos.
Art. 15.° A pena de despedida consiste:
a) Na transferencia da praga para o exercito activo, se d'ello tiver vindo, e nao houver
aínda completado o tempo legal de servigo a que pelo seu alistamento for obligada;
b) Na sua passágem á reserva do exercito, se a ella estiver sujeita;
c) Na baixa do servigo, se a praga já nao estiver sujeita ao servico militar, ou nao tiver
yertencido ao exercito.
§ 1.° Nos casos das alineas a) e b~) do presente artigo, a praga despedida irá com o posto
que tinha no exercito activo ou na reserva, ao alistar-Be na guarda fiscal, salvo se no acto da
despedida tiver um posto inferior aquelle, porque, em tal caso, Será com esse que voltará a ter
ingresso no exercito activo ou na reserva.
§ 2.° Esta pena só pode ser applicada aos sargentos por decisao de um conselho de disci-
plina, salvo o caso do artigo 26.°, confirmada pelo commandante geral e motivada:
1.° Por faltas graves de servigo ou disciplina;
2.° Por mau comportamento habitual.
§ 3.° A referida pena só pode ser applicada ás demais pragas mediante um processó de in-
vestigagao em que o aecusado seja ouvido em sua defeza, salvo o disposto nos artigos 28.° e 30.°
Art. 16.° A pena de baixa de posto consiste em ser o infractor passado a soldado.
§ único. Esta pena só pode ser imposta precedendo as formalidades com que o é a pena de
despedida, salvo o caso de ser consequencia de outra pena.

CAPITULO iv

Effeitos das penas


Art. 17.° A pena de reprehensao aos offieiaes privativos da guarda, na ordem do batalhao
ou no boletim official, produz os effeitos seguintes:
1.° A transferencia de batalhao, publicada no boletim official;
2.° A suspensao das funegoes de servigo até que a transferencia seja publicada no boletim
official;
3.° A incapacidade para ser promovido, aínda que lhe pertenga, emquanto depois da puni-
gao nao servir durante doze mezes consecutivos sem ter soffrido qualquer pena disciplinar que
deva ser regístada.
Art. 18.° Os effeitos da pena de pristió correccional para os offieiaes sao os seguintes:
1.° Reducgao do ordenado a 60 por cento;
2.° NIío se contar ao infractor para eífeito algum o tempo da punigao;
3.° A transferencia para o ministerio da guerra dos offieiaes e offieiaes reformados do
exercito;
4.° Com relagao a qualquer official privativo da guarda, nao poder ser promovido, ainda
que lhe pertenga, emquanto depois da punigao nao servir durante vinte e qúatro mezes conse-
cutivos sem punigao alguma registada.
Art. 19.° A pena de detengao tem como consequencia a perda do tergo do ordenado em-
quanto durar a punigao.
Art. 20.° A pena de prisao correccional para pragas de pret produz os effeitos seguintes:
a) Para todos as pracas, perda de metade do ordenado durante o tempo da punigao.
b) Para os sargentos:
1.° Transferencia de batalhao ou cómpanhia;
2.° Inhabilidade para ser promovido emquanto depois nao servir um auno sem punigao
alguma registada.
544

c) Para os primeiros cabos:


1.° Baixa de posto;
2.° Transferencia de batalhao ou cómpanhia;
3.° Incapacidade para ser promovido emquanto depois nao servir um auno sem punigao al-
guma registada.
d) Para as demais pragas:
Despedida, nos termos do artigo 15.°
Art. 21.° A pena de despedida tem como consequencia a inhabilidade, para o punido, de
voltar ao servigo da guarda.
Art. 22.° Os effeitos da pena de baixa de posto sao os seguintes:
a) Para os sargentos, a despedida.
b) Para os cabos:
1." Transferencia dé batalhao ou cómpanhia;
2.° Incapacidade para ser promovido emquanto depois nao servir um anuo sem punigao
alguin.a registada.
Art. 23.° A transferencia de batalhao ou cómpanhia, como consequencia de outra pena, será
sempre publicada e registada com a indicagao de se effectuar por motivo disciplinar*
Art. 24.° Nao. poderá ser readmittidó o sargento:
1.° Que nos últimos tres annOs. de servico houver soffrido a pena de detengao, seguida ou
interpoladaniente, por trinta días, ou penas equivalentes;
2.° Que nos últimos doze mezes tiver sido punido com vinte e quatro dias de detengao,
seguidos ou interpolados, ou penas equivalentes.
§ único. Para os effeitos d'este artigo consideram-seequivalentes:
a) Cada día de prisao correccional a dois de detengao;
.
b) Qualquer reprehensao a oito dias de detengao.
Art. 25.° Será logo despedido, nos termos do artigo 15.° e seu § l.°¿ o sargento readmit-
tidó que commetter urna infracgao disciplinar pela qual seja punido com trinta dias de detengao
ou quinze de prisao correccional.
Art. 26.° Nao poderá ser readmittidó o primeiro cabo:
1.° Que durante os tres últimos annos de servigo houver sido punido, seguida ou interpo-
ladamente^ com cincoeuta días de detengao, ou penas equivalentes;
2.° Que nos últimos doze mezes houver soffrido a pena de baixa de posto ou detengao por
trinta dias-, seguidos ou interpolados, orí outras penas equivalentes.
§ único. Para os effeitos d'este artigo consideram-seequivalentes:
a) A baixa de posto, a trinta dias de detengao;
b) Cada reprehensao, a seis dias de detengao;
c) Cada día de prisao correccional, a dois de detengao.
Art. 27.° Será logo despedido nos termos do artigo 15.° e seu § 1.°, o primeiro cabo re-
admittidó que commetter alguma infracgao disciplinar pela qual seja punido com baixa de posto,
ou com trinta dias de detengao, ou quinze de prisao correccional.
^.-
Art. 28.° Nao poderá ser readmittidó o segundo cabo ou soldado, que durante os tres últi-
mos annos de servigo houver sido punido, seguida ou interpoladamente, com sessenta dias de
detengao, ou penas equivalentes.
§ único. Para os effeitos do presente artigo consideram-se equivalentes:
a) A baixa de posto, a vinte dias de detengao;
h) Cada reprehensao, a cinco dias de detengao.
Art. 29.° Será logo despedido, nos termos do artigo .15.° e seu § 1.°, o segundo cabo ou
soldado readmittidó que commetter alguma infracgao disciplinar, pela qual seja punido com baixa
de posto ou trinta dias de detengao o cabo, e com trinta dias de detengao o soldado.
Art. 30." A praga de pret que for punida disciplinármente por motivo de ausencia illegi-
tima, descontar-se-háo no seu tempo de servigo os dias de ausencia.
Art. 31.° O official ou praga do pret que soffrer alguma pena disciplinar, apresentar-se-ha,
depois d'esta cumprida, ao chefe a quem estiver directamente subordinado.

CAPITULO v
Da competencia disciplinar
Art. 32.° Ao ministro da fazenda, como primeira auctoridade a quem, em tempo de paz,
está subordinada a guarda fiscal, cumpre o alto dever de conservar a ordem, a disciplina e a
regularidade do servigo da mesma guarda, usando, a seu prudente arbitrio, e segundo as cir-
cumstancias, das facilidades que as leis lhe conceden! correspondentes á superior auctoridade
em que está investido.
545

Art. 33." Ao ministro da fazenda compete:


a) Impor a pena de reprehensao no boletim official;
b) Impor penas iguaes ás da competencia do commandante geral da guarda, e augmentar,
diminuir, substituir por outras ou fazer cessar quaesquer penas impostas, nos termos do pre-
sente regulamento.
Art. 34.° Compete ao commandante geral da guarda fiscal:
a) Ordenar as transferencias de batalhao ou cómpanhia, como consequencias de penas im-
postas ;
b) Impor a pena de prisao correccional: aos offieiaes, até vinte dias; aos sargentos, até
quarenta dias; ás demais pragas, ató sessenta dias;
c) Applicar a pena de baixa de posto aos primeiros cabos;
d) Impor a pena de despedida aos cabos e soldados;
e) Confirmar ou nao as decisoes dos conselhos de disciplina;
f) Impor penas iguaes ás da competencia dos commandantes de batalhao, e augmentar até
o dobro, diminuir, substituir por outras ou fazer cessar quaesquer penas impostas pelos seus
subordinados.
Art. 35.° Compete aos commandantes de• batalhao:
d) Reprehender os offieiaes do seu batalhao, na presenga de outros offieiaes ou na.oi'dem
do mesmo batalhao;
b) Impor a pena de detengao até trinta dias;
c) Punir com quartos de servigo até o numero de quinze em cada periodo de trinta
dias;
d) Impor aos segundos cabos a pena de baixa de posto;
e) Impor. penas iguaes ás da competencia de seus subordinados, e augmentar até o dobro-,
diminuir, substituir por outras ou fazer cessar quaesquer penas por elles impostas, nao exce-
dendo os limites da propria competencia;
/) Mandar proceder a auto de investígacao nos termos d'este regulamento, ou quando lhe
parecer neeessario para averiguagao e esclarecimento dos factos.
§ único. Os commandantes das conipanhias das ilhas adjacentes téem competencia igual á
dos commandantes de batalhao.
Art. 36." Compete aos segundos commandantes de batalhao:
a) Reprehender:
1.° Os offieiaes privativos da guarda, do seu batalhEo, na presenga de outros offieiaes de
superior ou igual graduagao;
2.° As pragas do seu batalhao.
b) Impor a pena de detengao ató quinze dias;
c) Punir com quartos de servigo até o numero de dez em cada periodo de trinta dias.
§ único. Quando os segundos commandantes usárem da propria competencia disciplina?,
darao conhecimento immediato ao commandante do batalhao.
Art. 37.° Compete aos commandantes de cómpanhia:
a) Reprehender:
1.° Os offieiaes privativos da guarda, da sua cómpanhia, na presenga de outros offieiaes de
igual ou superior graduagao;
2.° Os sargentos na presenga de offieiaes dá cómpanhia;
3.° As demais pragas.
b) Impor a pena de detengao até dez dias;
c) Punir com quartos de servigo até o numero de oito em cada periodo de trinta dias.
§ 1.° Igual competencia terlo a respeito de offieiaes e pracas de pret de outras compa-
nlüas, emquanto servirem sob as suas ordens.
§ 2.° Quando os commandantes de cómpanhia usarem da propria competencia disciplinar,
darao conhecimento immediato ao commandante do batalhao.
Art. 38.° Compete aos commandantes de seegao:
a) Reprehender os cabos e soldados;
b) Impor a pena de detengao até seis dias;
c) Punir com quartos de servigo até o numero de cinco em cada periodo de trinta dias.
§ 1." Igual competencia terao os subalternos em servigo nos batalhoes, embora nao com-
niandeni seegao, assim como os commandantes de seegao a respeito de pragas de outras secgoes
que servirem sob suas ordens.
§ 2.° Os commandantes de seegao e outros offieiaes subalternos, quando usarem da propria
competencia disciplinar, darao conhecimento immediato ao commandante dá cómpanhia.
Art. 39.° Compete aos ajudantes:
a) Reprehender os cabos e soldados;
b) Impor a pena de detengao até seis dias.
60
546

§ único. Quando os ajudantes usarem da propria competencia disciplinar, darao conheci-


mento immediato ao commandante do batalhao e ao da cómpanhia da praga punida.
Art. 40.° Os sargentos, quando eventuahnente commandarem seegao, terao competencia
disciplinar para punir com quartos de servigo até o numero de quatro em cada periodo de
trinta dias.
Art. 41.° Os períodos de trinta dias de que se faz mengao no presente capitulo sao consti-
tuidos pelos últimos trinta dias anteriores á data da falta punivel.
Art. 42.° O official que interinamente assumir o commando de batalhao ou cómpanhia, terá
competencia disciplinar correspondente a esse commando, emquanto durar o seu exercicio.
Art. 43.° Todo osuperior tem competencia disciplinar para impor a pena de admoestagao
a qualquer militar de graduagao inferior á sua.
Art. 44.° Todo o superior tem tambem competencia disciplinar para impor a qualquer seu
inferior, com carácter preventivo, a detengao, a suspensáo de exercicio e até a reckisáo, con-
forme a gravidade das circumstancias, até que a falta Seja devidaménte punida, ou a auctoridade
competente, que será immediatamente informada, tome as providencias que julgar convenientes.
§. 1." O militar que, nos termos d'este artigo, for suspenso de exercicio, nSo poderá apresen-
tar-se ante qualquer forga da guarda, nem no posto ou repartigáo onde servia, e, em marcha,
irá na retaguarda da forga.
§ 2.° A reclusao consiste em per o delinquente em seguranga, em local adequado, usando-se
dos meios necessarios, segundo a gravidade das circumstancias. Em marcha, poderá o recluso ir
escoltado.
§ 3.° O official que, nos termos do presente artigo, for recluso, entregará a sua espada. As
pragas de prét serao desarmadas.
CAPITULO VI

Da applieagao das penas


Art. 45.° Sendo um dos filis da pena o mellioramento do culpado, é defezo aos superiores
empregarem rigores excessivos e punigoes injustas, que sempre se convertem em offensas.
Similhántemente, quando o superior houver de recorrer aos meios de repressáo auctorisados
n'este regulamento, deve -usar d'elles com a máxima prudencia, abstendo-se de rigores desne-
cessarios que, longe de elevaren!, rebaixam o sentimento do dever e da honra.
Art.: 46.° Para a graduagao das penas, os superiores devem apreciar escrupulosamente o
facto imputado e todas as circumstancias attenuantes e aggravantes; e attender ao procedimento
habitual, ao carácter e gran de intelligeneia do infractor, ao conhecimentomais ou menos per-
feito que elle eleva ter do seu dever, á sua graduagao e, finalmente, ás causas e effeitos da in-
fracgao commettida; inspirando-se sómente no bein do servigo e no sentimento do dever.
.§ único. A infracgao ó tanto mais grave quanto mais elevada é a hierarchia do culpado.
Art. 47.° Durante a embriaguez nenhuma pena será applicada. O individuo encontrado
n'este estado será detido em logar apropriado, empregando-so especialmente para isso a bran-
dura e os conselhos suasorios, ou recorrendo-se á aegao dos camara.das de igual graduagao.
Art. 48.° E prohibida a applieagao simultanea de duas ou mais penas pela mesma infracgao,
salvo o disposto no capitulo iv.
Art. 49.° O tempo de duragáo das penas contar-se-ha desde a hora em que comegarem a
ser cumplidas, até que tenham decorrido tantas vezes vinte e quatro horas quantos forem os
dias determinados.
Art. 50.° A parte dada por um official contra qualquer seu subordinado, relativa a infrae-
goes disciplinares, será attendida pelos chefes, independentemente de qualquer formalidade,
sempre que nao for exigido auto de investigacao, nos termos do presente regulamento.
§ 1.° A parte dada pelos sargentos será tambem attendida directamente, ñas mesmas cir-
cumstancias, salvo quando o chefe julgue conveniente mandar proceder a qualquer averiguagao.
§ 2.° No caso de se provar a falsidade, no todo ou em parte, da participagao do superior,
proeeder-se-ha nos termos d'este regulamento ou nos do código de justiga militar, conforme as
circumstancias.
CAPITULOvn

Das reclamagoes
Art. 51.° O official ou a praga de pret, a quem tiver sido imposta urna pena disciplinar
que tenha por injusta, poderá reclamar.
§ único. E prohibido fozer-se reclamagao verbal, debaixo de armas ou durante a execugao
de qualquer servico.
Art. 52.° Toda a reclamagao deve ser singular, escripia e assignada pelo reclamante, for-
547

mulada em termos moderados e respeitosos, e apresentada pelas vias competentes dentro do


praso de dez dias, a contar d'aquelle em que a imposigao da pena comegou a ter execugao.
Art. 53.° Os offieiaes poderao tomar conhecimento das informagoes annuaes a elles refe-
ridas.
§ único. Os referidos offieiaes, quando julguem dever reclamar com referencia a algum
quesito de informagao que lhes for relativa, poderao fazel-o pelos modos e nos termos proscri-
ptos no artigo antecedente.
Art. 54.° As reclamagoes serao resolvidas:
a) Pelos commandantes das companhias, as que forem apresentadas contra penas impostas
pelos offieiaes subalternos, e sargentos que commandarem seegao;
V) Pelos commandantes dos bátalhoes, as apresentadas contra penas applicadas pelos se-
gundos commandantes, commandantes de companhias e ajudantes;
c) Pelo commandante geral dá guarda fiscal, as apresentadas contra penas impostas ou al-
teradas pelos commandantes dos bátalhoes;
d) Pelo ministro da fazenda, as apresentadas contra peñas appheadás pelo commandante
geral.
Art. 55.° E dever imperioso do chefe, quando tenha de resolver alguma reclamagao, exa-
minal^a atienta e escrupulosamente, ponderando as allegágoes do reclamante; e oüvindo, ou
mandando ouvir, alem do reclamado, as pessoas que possam elucidal-Oj e, finalmentej soccor-
rer-se de todos ós meios de prova que julgue convenientes.
Art. 56.° A auctoridade que tiver de decidir das reclamagoes dará a sitaresolügao; funda-
mentada no praso de oita dias, salvo maior delonga, devidaménte justificada.
Art. 57.° O official que houver applieado ou modificado urna pena, da qual se reclama,
informará a reclamagao respectiva no máis curto praso de tempo para a fazer subir á presenga
da auctoridade competente.
Art. 58.° Se a reclamagao for inteira ou parcialmente justa, o castigo applieado sera res-
pectivamente annullado ou reduzido, sendo devidaménte punido o reclamado quando se reco-
nhega que houve aggravo intencional ou mauifesta leviandade no seü procedimento.
E quando a reclamagao for absolutamente infundada, será aggravada sa pena ao recla-
mante.
Art. 59.° Considera-se reclamado:
a) O participante da falta;
b) O que houver punido por iniciativa propria;
c) O que houver applieado ou alterado pena que o reclamante considere injusta por exces-
siva ou illegal.
Art. 60.° Da decisao da reclamagao poderao recorrer, em ultima instancia, para os chefes
iminediatamente superiores, tanto o reclamante, como o reclamado.
§ único. Exceptuam-se das disposigoes do presente artigo as decisoes tomadas pelo ministro
da fazenda.
CAPITULO vm

Do registo das penas

Art. 61.° Nos registós disciplinares serao averbadas:


1.° Todas as penas disciplinares impostas aos offieiaes e sargentos, com excepgáo da-admoes-
tagao ;
2.° Todas as penas disciplinares impostas ás demais pragas de pret, com excepgáo da ad-
moestagao, da reprehensao e dos quartos de servigo.
Art. 62.° A pena de admoestagao imposta aos offieiaes e sargentos, e as de admoestagao,
reprehensao e quartos de servigo applicadas aos cabos e soldados, serao registadas em livros
especiaes, únicamente para o effeito de serení tomadas em conta nos casos de novas infraegoes.
Art. 63.° As notas das penas averbadas nos registós disciplinares só poderao ser annul- .
ladas :
l.° No caso de amnistía;
2.° No caso de reclamagao attendida e feita em tempo competente;
3,° No caso de ter havido erro, posteriormente reconhecido, de que resulte manifesta in-
j ustiga.
§ 1.° As notas das penas de reprehensao, quartos de. servigo e detenglo serlo tambem
annulladas para todos os effeitos logo que decorram dez annos sem que o militar em servico a
que ellas respeitarem torne a soffror qualquer punigao registada ou seja condemnado por qual-
quer tribunal competente.
§ 2.° O perdao real nüío annullará as notas das penas, mas sómente- invalidará estas para
os effeitos materiaes.
548

§ 3.° Aiuda que o official ou praga de pret seja alliviado de parte da pena que esteja cum-
iando, a nota será averbada no registo disciplinar corno se a pena fosse inteiramente cum-
prida.
§ 4.° Ñas hypotheses previstas nos n.os 2.° e 3.° do presente artigo, as notas só poderao
ser annulladas com auctorisagao do commandante geral.

CAPITULO IX

Dos processos de investigagao


Art. 64.° Quando o commandante do batalhao tiver conhecimento de factos que por sua
natureza devam exigir a formagao do processó de investigagao, mandal-o-ha instaurar por um
official seu subordinado, de graduagao superior á do presumido culpado.
Art. 65.° NSo podem ser incumbidos de instaurar os processos de investigagao:
1.° Os ascendentes, descendentes e collateraes até o terceiro grau, quer do aecusado, quer
do participante ou queixoso;
2.° Os participantes, os queixosos e os que servirem de testemunhas.
§ único. Se algum dos individuos mencionados no presente artigo for nomeado para proce-
der a investigagao, participal-o-ha sem demora ao seu chefe para ser substituido.
Art. QQ.° O official encarregado do processó de investigagao recorrerá a todas as indaga-
goes que julgar convenientes para o cabal esclarecimento dos factos, ouvindo, aleni dos partici-
pantes, queixosos ou offendidos, todas as pessoas que se presuma terem d'elles conhecimento.
§ único. O referido official nomeará para escriváo do processó um seu subordinado, ou re-
quisital-o-ha á auctoridade competente.
Art. 67.°. A investigagao será reduzida a auto e d'ella constará:
1.° O logar, día, niez e anno em que for feito;
2.° O nome, profissao e inorada de todas as pessoas que n'elle intervierem;
3.° O juramento deferido ás testemunhas;
4.° A declaragáo textual do offendido, os depoimentos, as informagoes e quaesquer exames
a que se procedesse;
5.° A resposta textual do aecusado, que poderá dictar as suas declaragoes e até soccorrer-se
de notas ou apontamentos.
Art. 68.° Cada depoimento, depois de lido á testemunha e por ella ratificado, será por esta
assignado, assim como pelo official investigante e seu escriváo, fazendo-se mengao da testemunha
que nao souber ou nao poder assignar.
Art. 69.° O auto, depois de completo, será no finí assignado pelo official e seu escriváo, e
por ambos rubricado enicada folha.
Art. 70.° Na formagao do processó seguir-se-ha o formulario adoptado para os corpos de
delicto no código de justiga militar e seu regulamento,. com as alteragoes proscriptas no presente
capitulo.
Art. Findo o auto, será logo remettido com todos os documentos que lhe disserem
7.1.°.
respeito ao commandante do batalhao, que poderá, por despacho langado no proprio processó,
mandar preencher ou emendar quaesquer lacunas ou irregularidades que n'elle haja, o que se
fará em seguimento do primitivo auto.
Art. 72." Ao commandante do batalhao, depois de examinar o processó, ao qual juntará a
nota de assentamentos do argüido^ incumbe:
1.° Mandar archivar o processó, se d'elle se mostrar a innocencia dos argüidos;
2.° Proceder nos termos do presente regulamento, se os factos constituirem infracgao disci-
plinar a que deva corresponder pena comprehendida na sua propria competencia;
3.° Remetter o processó ao commandante geral, langando no fim d'elle a sua informagao,
quando os factos denunciados nao estiverem sufíicientemente esclarecidos, ou a pena applicavel
exceda a sua competencia.
Art. 73.° Incumbe ao commandante geral, depois de examinar o processó:
1.° Mandar archival-o, se os factos denunciados se nao acharem provados;
2.° Devolvel-o ao commandante do batalhao, para que applique a respectiva pena discipli-
nar, quando entender que aos factos provados cabe urna repressáo contida dentro da competen-
cia disciplinar d'aquelle official;
3.° Punir convenientemente a falta, se a pena applicavel estiver comprehendida na sua
competencia;
4.° Ordenar a convocagao do conselho de disciplina, por despacho langado no proprio pro-
cessó, se aos factos denunciados dever corresponder a pena de baixa de posto ou a de despe-
dida, e o aecusado for sargento;
5.° Apresentar o processó ao ministro da fazenda, com informagao detalhada em que de-
.
549

clare quaes as transgressoes commettidas e a pena que reputa applicavel, quando esta exceda a
sua competencia e o aecusado seja official.
Art. 74.° Ao ministro da fazenda compete:

1.° Devolver o processó ao commandante geral, para que este castigue a infracgao, se en-
tender que a pena cabe na competencia do mesmo commandante;
2.° Punir devidaménte a falta denunciada e provada, se lhe corresponder pena comprehen-
dida na propria competencia.
CAPITULO x
Dos conselhos de disciplina
Art. 75.° O conselho de disciplina a que se referem os artigos 15.° e 16.° será composto
de um capitao, presidente, e dois offieiaes subalternos, nomeados todos por escala pelo comman-
dante do batalhao.
§ 1." Junto do conselho desempeiihará as funegoes de promotor de justiga uní subalterno
nomeado pelo commandante do batalhao, que tambem nomeará o defensor, no caso do aecusado
o nao escolher.
§ 2.° O mais moderno dos dois subalternos que fizerem parte do conselho servirá de se-
cretario.
Art. 76.° Os conselhos de disciplina a que se refere o artigo antecedente reunir-sé-hao na
sede des bátalhoes em cuja área tiverem occorridó os factos de que hüuverem de tomar conlie*
cimento.
§ único. Os conselhos de disciplina para julgamento de sargentos em servigo ñas ilhas adja-
eentes réunir-sé-hao na sede do batalhao n.° 1, em Lisboa.
Art. 77.° A forma do processó a seguir nos conselhos de disciplina será a constante do
formulario appenso ao presente regulamento.
Art. 78.° O processó será remettido ao commandante geral, com informagao em separado
do commandante do batalhao.
Art. 79.° Ao commandante geral compete:
1.° Confirmar as decisoés dos conselhos, quando proferidas por unanimidade;
2.° Confirmar ou nao as mesmas decisoés, quando proferidas por maioria;
3.° Mandar proceder a novo julgamento, sendo o conselho composto de novos juizes, quando
entender que o processó nao foi instruido conforme a lei, ou se preteriram as formalidades essen-
ciaes para o descobrimento da verdade.
CAPITULO XI

Disposigoesdiversas
Art. 80.° Os commandantes dos bátalhoes e companhias, prinieiros responsaveis pela ma-
nutengáo da disciplina, alem da competencia disciplinar para punir, poderlo, como estimulo para
o exemplar comportamento e zeloso cuidado no cumplimento dos deveres fiscaes e militares,
remunerar as pragas de pret sob o seu commando, nos termos seguintes:
1." Louvando-as particular ou publicamente pelo zélo desenvolvido no fiel e exacto cumpli-
mentó dos seus deveres fiscaes ou militares;
2.° Dispensando-as das formaturas de revista ou exercicio, quando mostrem particular cui-
dado na conservagáo e limpeza dos artigos a seu cargo e no tratamento do cavallo, ou perfeito
conhecimento dos seus deveres, em relagao á sua instruegáo militar;
Os commandantes dos bátalhoes poderao ainda remunerabas;
3.° Louvando-as em ordem do batalhao por qualquer acgáo de valor que pratiquem no
deserapenho dos seus deveres;
4.° Promovendo ao posto de segundo cabo, ató o numero indicado no quadro da distribuicao
da forga do batalhao, os soldados que reunam ao nielhor comportamento as circumstancias de
provado bom senso, dignidade e capacidade para o exercicio dos deveres fiscaes, e manutengáo
da disciplina, quer precedendo por iniciativa propria, quer sobre proposta dos connnandantes de
cómpanhia.
§ único. Os segundos cabos serao preferidos no preenchimento das vacaturas de primeiros
cabos que occorrerem no quadro, quando satisfacam ás disposigoes reguladoras do accesso.
Art. 81.° Para a applieagao das diversas disposigoes disciplinares do presente regulamento,
os postos graduados das pragas de pret téem a mesma consideragab que se fossem effectivos.
Art. 82.° As deduegoes feitas aos offieiaes por effeito da pena de prisao correccional rever-
teráo a favor da fazenda.
Art. 83.a Os descontos feitos ás pragas de pret por effeito das penas de detengao e prisao
correccional, assim como¡ os vencimentos das pragas durante os dias de ausencia, reveríeráo em
beneficio dos fundos especiaes.
550

Art. 84.° As disposigoes do presente regulamento sao, na parte applicavel, extensivas aos
offieiaes da guarda reformados e pragas de pret reformadas.
§ 1.° Aos individuos constantes do presente artigo e inteiramente desligados do servigo,
será tambem applicavel, por infraegoes disciplinares, a pena de transferencia de cómpanhia ou
batalhao, que será considerada de gravidade immediata á reprehensao.
§ 2.° Para os effeitos d'este artigo e paragrapho antecedente, todos os reformados serao
considerados addidos á cómpanhia cuja sede for mais próxima da localidade onde residam.
Art. 85.° Fica por este regulamento substituido o de 18 de margo de 1886, e tambem re-
vogadas todas as demais disposigoes disciplinares contidas em diplomas anteriores á data do pre-
sente regulamento.
CAPITULO XII

Disposigoestransitorias
Art. 86.° As disposigoes do presente regulamento sao em tudo applicaveis aos empregados
addidos á guarda fiscal, provenientes do extincto corpo da guarda fiscal.
§ único. Para os effeitos d'este artigo ficam os referidos empregadosequiparados aos alferes
da guarda fiscal, que todavía terao precedencia sobre elles.
Art. 87.° Aos empregados a quem se refere o artigo antecedente será tambem applicavel a
pena de demissao, que será imposta por decisao de um' conselho de disciplina, confirmada pelo
^ministro da fazenda.
Art. 88.° O conselho de disciplina de que trata o artigo antecedente será composto de um
official superior, presidente, dois capitáes, vogaes, e um subalterno, secretario sem voto.
§ 1." Servirá de promotor um cápitáb.
§ 2.° Se o aecusado nao constituir defensor, ser-Ihe-ha este nomeado.
§ 3.° Todos os offieiaes que houverem de tomar parte no conselho serao nomeados pelo
commandante geral.
Art. 89.° O processó, cujo formulario é o adoptado para os conselhos da mesma natureza,
será enviado pelo presidente ao commandantegeral que, juntando-lhe informagao sua, o apresen-
tará ao ministro da fazenda, que procederá idénticamente- ao que fica prescripto no artigo 79."
Art. 90.° Aos policias fiscaes addidos continúa a ser applicavel a doutrina do capitulo x do
regulamento approvado por decreto de 17 de novembro de 1887, convenientementemodificada
pelos artigos 170.° e 171.° do decreto de 21 de abril de 1892.

N Formulario para os conselhos de disciplina a que se refere o presente regulamento


(Rosto do processó)

Grinarcla, fiscal
(Mes e annoj (Localidade)
Conselho disciplinar

A.ccusado
F.. . (graduagao, numero, cómpanhia e batalhao).

Iniraccáo disciplinar (ou criivie)


Aos dias do mez de de 189.. n'esta cidade de'... e quartel do batalhao u.°
autuei a . .. ... ., (se houver)
participagao, auto de investigagao ordem E.. .
o e a que se seguem. — eu
F. .., secretario do mesmo conselho, escrevi o presente auto que assigno.
(Assignatura e posto)
F...
Nomeagao do presidente, vogaes e promotor para o conselho de disciplina
que deve julgar F
Presidente
551

Vogaes

Promotor

Secretario (nos conselhos para empregadosaddidos)

Secretaria do commando geral da guarda fiscal (ou quartel em de ...),...


... de 189.
(Assignatura do commandante geral
ou do coinmandante do batalhao)
F. ..

(Segue-se n'este logar a participagao contra o aecusado e o auto de investigagao (se o hou-
ver), ou o relatorio do commandante da cómpanhia.)

(Segue-se a nota de assentamentos do acensado.)

Aviso ao aecusado
F. . . (posto, etc.) tem de responder a conselho de disciplina no dia ...de 189...
pelas horas, em consequencia de baver. sido aecusado de (descreve-se a culpa).
... . . .
que prepare sua defeza, e nomeará, querendo, defensor e testemunhas no praso de
Pelo
vinte e quatro horas, e nao o querendo fazer, assim o declarará.
Intime-se * este aviso ao aecusado, dé-se-lhe urna copia, o passe-se certidao da intimagáo.
(Logar e data.)
(Assignado)
F...
Secretario.
Sessao publica
Aos dias do mez de do anno de 189..., n'esta cidade de e quartel do bata-
lhao n." . .. ... ...
da guarda fiscal, estando presentes o presidente, vogaes, promotor é defensor 2, e
. . .
bem assim o aecusado, se den principio a esta sessao publica; e lidas todas as pegas do pro-
cessó se procedeu ao inquerito das testemmihas de aecusagao e de defeza e aos demais termos
do processó.
E para constar lavrei o presente termo.
(Assignado)
F. . .
Secretario.
Nota.— O presidente deferirá successivaniente o juramento ás testemunhas.

1 Este aviso deve sor entregue ao commandante do batalhao, que fará intimar o aecusado por um oilieial
ou sargento de graduacao nao inferior á d'aquelle, o qual passará no aviso a certidao seguhitc:
Certifico que intimen o aecusado F... do eonteúdo n'este aviso, de que lhe dei urna copia, e passadas as
vinte e quatro horas recebi d'elle a deelaracao de que nomeava para seu defensor o sr. .... (posto) F... (ou nao
tinha a quem nomear defensor), e que dava como testemunhas da sua defeza os individuos constantes da relacíío
junta (ou nao tinha testemunhas a produzir).
(Logar e data.)
(Assignatura do encarregado da intimacao)
F...
(Assignatura do aecusado)
F...
2No caso do defensor ter sido nomeado. acrescentar-se-lia: nomeado pelo commandante geral (ou com-
mandante do batalhao).
552

.Asseatada
E logo se procedeu á inquirigao das testemunhas 1 pela forma seguinte:
Testemunha 1.a — F... (deve declarar-se o cargo ou officio que tiver), testemunha jurada
aos Santos Evangelhos, prometiendo dizer a verdade, e só a verdade, do que souber e lhe for
perguntado: disse ter de idade ..... annos, estado ...., ser natural de . .., e do costunie nada.
Perguntado sobre a materia da accusagao, que lhe foi lida, disse: (segue-se o depoimento, de-
vendo o interrogatorio recáír sobre todas as circumstancias da culpa, quer sirvaní para a ag-
gravar, quer para a attenuar). E mais nao dissé, e sendo-lhe lido o seu depoimento, o achou
conforme (oü o rectificou no seguinte ponto ...) e assignou (ou—e nao assigna por nao saber
escrever). —-E eu F..., secretario, o escrévi. N

O interrogante, (Assignatura da testemunha)


F. .. F...
Testemunha 2.a^- (Segue-se o mesmo que com a primeira e assim a respeito das outras.
Se o processó houver de ser interrompido para depois se proseguir no inquerito das restantes
testemunhas ou nos outros termos do mesmo processó, lavrar-se4ia termo de abertura da se-
gunda sessao pela forma abaixo indicada.)

Segunda sessao publica


Aos dias do mez de ... de 189.. n'esta cidade de .. e quartel do batalhao n.°...
. . . ., .
da guarda fiscal, estando presentes o presidente, vogaes, promotor e defensor, e bem assim o
aecusado se deu principio a esta segunda sessao publica, progredindo-se no inquerito das teste-
munhas (ou no .-..) e nos demais termos do processó.
F...,
Secretario.
Assentada
E logo se procedeu á inquirigao das testemunhas (ou aos interrogatorios, etc.)
Testemunha.. . — (Segue-se o processó já indicado.)

Interrogatorio ao aecusado'
Perguntado o aecusado pelo seu nome, filiagab, naturalidade, estado e oceupagáo ?
Respondeu
Perguntado...
quanto a culpa ? (Deve ser perguntado sobre todas as circumstanciasdas faltas
aecusadas.)
Bespondeu ."..
Perguntado se tinha alguma cousa que dizer ou que allegar em sua defeza?
Respondeu
.. .
E lido o interrogatorio ao aecusado, o achou conforme e assignou com o official interro-
gante.
O interrogante, (Assignatura do aecusado)
F... F...
Em seguida deu presidente a palavra ao promotor e seguidamente ao defensor.
o
E recolhendo-se ó conselho, e apurados os votos pelo presidente sobre a decisao a tomar,
lavrou-se a seguinte:
Decisao do conselho
Vendo-se n'esta cidade de
... a participagao (ou relatorio) feita por F..., aecusando F...
de
...,foios depoimentos das testemunhas, o interrogatorio feito ao aecusado, e mais pegas do pro-
cessó, o conselho de disciplina de opiniSo por unanimidade (ou pluralidade) de votos que o
aecusado persiste no seu mau comportamento (enumeram-se as faltas), ou commetteu as infrae-
goes n.os . . ., com as circumstancias aggravantes (ou attenuantes) indicadas no n.° ... do ar-

J As testemunhas de aeeusacaó serao inquiridas pelo promotor e as dé defeza pelo defensor.


2 O aecusado é interrogado pelo presidente.
553

do regulamento disciplinar da guarda fiscal: e por isso julgam que ao aecusado deve
tigo ...
ser applicada a pena de exarada no artigo do referido regulamento.
. . ., ...
Sala das sessoes do conselho de disciplina, no quartel do batalhao n.° da guarda fiscal,
aos ... de ... de 189.. .
...
(Assignatura dos membros do conselho, por graduagoes)
Fui presente. ]?
F- F.'.\
Promotor. F. ..
Intimabao
Foi esta decisao publicada e intimada ao aecusado, e o fiz sciente de que o seu processó
vae ser remettido á auctoridade competente.
F.. .,
Secretario.
E contení este processó ... meias folhas de papel, que todas por mim váo numeradas e
rubricadas.
F...,
Secretario. /

No decreto de H de agosto de 1894, rcorgántsándo a forja militar no estado dá Iridia,


cncontrii-sc o Séguiíite:

dominando geral

Artigo 2.°. § único. O governador geral tem as honras, competencia e deveres determinados
no artigo 3." das bases approvadas pelo decreto de 19 de jtilho do corrente anho.

Servico medico-militar doS corpos de tropas e cómpanhia de saúde

Art. 14.°, § 2.° A cómpanhia de saude fica subordinada ao respectivo chefe de servigo
de saude e aos facultativos dos hospitaes em tudo que respeita á parte technica do servigo; e no
que respeita, porém, á administragíío e disciplina fica subordinada ao respectivo commandante da
cómpanhia que, por sen turno, recebe ordens do commando geral.

Justiga militar
Art. 34.° A organisagao da. justiga militar no estado da India continuará a regular-se pela
legislagao actual, com as seguintes alteragoes.
Art. 35.° O supremo conselho de justiga militar compor-se-ha de quatro offieiaes superiores
e de um dos juizes da relagao de Góa (exceptuando o presidente), por distribuigSo, que será o
relator, um capitao promotor e um subalterno secretario, servindo de presidente o official supe-
rior mais graduado ou mais antigo.
§ único. Os offieiaes com quem se der alguma incompatibilidade serao substituidos por ou-
tros offieiaes, que serao offieiaes superiores quando os impedidos sejam o presidente ou vogaes.
e capitSo ou subalterno quando o impedido for promotor ou secretario.
Art. 36." Fica por esta forma regulado o artigo 26.° do regimentó de justiga de 1 de de-
zembro de 18(36, níio só no que respeita aos processos futuros, mas aínda'com respeito aos que
estiverem pendentes á data da publicagao d'este decreto no boletim official da India.

No piano de reorganisaego da escola do excrcilfl, approrado por dícrclo de 23 de agosto de 189Í,


cnconlra-sc o seguinte:

CAPITULO III.--D0 pessoal da escola

Artigo 29.° Aos lentes sao applicaveis as disposigoes dos artigos 21.° e 2?.° do regulamento
do professorado do real collegio militar, ápprovado
por decreto de 31 de Janeiro de 18S7 '.

1 Vide pag. 482 d'este livro.


70
554

CAPITULO IV.-—Da adiníssao dos alumnos, seu aquartelainento na escola


e sua collocaeao no exercito
Art. 30.° Os alumnos da escola do exercito estao sujeitos ao régimen e disciplina militar, e
os que forem pragas de pret coustituem urna cómpanhia denominada cómpanhia de alumnos da
escola do exercito, que terá um fardamento especial e será aquartelada na escola.
Art. 44.° O posto de aspirante a official é immediatamente superior ao de sargento aju-
dante.
CAPITULÓ V. — Differentes consellios e régimen disciplinar da escola

Art. 58.° O conselho de disciplina será constituido em conformidade com as disposigoes


do regulamento disciplinar, incumhindo-lhe as attrihuigoes fixadas no mesmo regulamento.
Art. 59.° O commandante da escola tem competencia disciplinar igual á dos generaes com-
mandantes de divisao a respeito dos individuos sob as suas ordens.
Art. 60.° As penas disciplinares que podem ser impostas aos alumnos sao as estabelecidas
pelo regulamento disciplinar do exercito (com excepgáo de guardas), ficando as penas de baixa
de posto e de prisao correccional dependentes da confirmagáo do ministro da guerra.
§ único. Álem d'essas penas poderao aínda ser impostas aos alumnos as de exclusáo tempo-
raria ou definitiva da escola, mas a sua applieagao só poderá ser ordenada pelo ministro da
guerra.
DecJaüafáo inserta na ordem do exercito n.° 18 de 31 de agosto de 1894

Constando que alguns offieiaes, movidos certaniente por um espirito de mera condescenden-
cia, téem acceitado varias offertas dos seus subordinados, os quaes por essa forma e conectiva-
mente pretenclerammanifestar-lhes a sua sympathia e «prego: manda Sua Magestade EIRei de-
clarar que taes factos, nao obstante os sentimentos que os determinaram, coustituem infracgao
do 21.° dever militar expresso no artigo 1.° do regulamento disciplinar de 5 de julho ultimo, e
que de futuro será pimido quem porventura os pratique, sendo-o com mais rigor os superiores
que os auctorisein ou consintaiu e acceitem essas offertas, em virtude do que preceitua o § 3.°
do artigo 2.° do mesmo regulamento.

No decreto de 22 de seíemliro de 489-i,


ampliando ás disposicóos annoxas ao decreto de 1!) de junlio do mesmo anuo,
ciiconíi"a-se o seguinte:

Artigo 1.° Aos governadores das ju'ovincias ultramarinas e do districto autónomo da Quiné
portugueza cabe exercer, qualquer que seja a patente ou graduagao do presumido delinquente,
as attrihuigoes que pelos artigos 246.°, 248.°, 282." e 283." do código de justiga militar de 9
de abril de 1875 sao conferidas aos commandantesdas diviso'es militares e ao ministro da guerra.

No decreto de 27 de seíembro de ISO-í, que «rganisou de novo a guarda fiscal


cnconlra-sc o seguinte:

CAPITULO L — Organisagao e recrutamento dos'officiaes e pragas de pret, e servieos

Artigo 4.° A guarda fiscal está, em tempó de paz, immediata e directamente subordinada
ao ministro da fazenda para todos os assumptos de administragáo, fiscalisagáo e penas disciplina-
res; e ao ministro da guerra para os fins designados no artigo 248.° do código de justiga
militar.
Art. 5.° A guarda fiscal, como parte integrante das forgas militares do reino, tem deveres
e direitos idénticos aos que competem aos offieiaes e pragas de pret do exercito activo, podendo
por isso ser mobilisada em tempo de guerra no todo ou em parte, por decreto, sob proposta col-
lectiva dos ministros tía fazenda e da guerra.
,
§ único. Decretada a mobilisagáo do exercito, ficará a parte que for mobilisada da guarda
fiscal sujeita exclusivamente ao ministerio da guerra para todos os effeitos disciplinares e admi-
nistrativos.
000

Art. 6.° O'commando militar da guarda fiscal pertencerá ao administrador geral das al-
fandegas e contribuigoes indirectas, quando este logar for exereido por um coronel ou official
general do exereito, o qual terá a mesma competencia disciplinar que o comrnandante geral das
guardas municipaes; e quando o nao for, recaírá o commando no chefe da segunda reparticao da
mesma administraciio geral.
Art. 22.°, § único. As pracas readmittidas que nSo perseverarem no modo anterior de pro-
ceder seráo passadas á reserva ou despedidas do servigo militar, conforme as circumstancias em
que estiverem.
Art. 46.° Os officiaes e pracas da guarda fiscal nao sao responsaveis pelas consequencias
que resultarem do uso que íizerem, no exercicio das suas funcgoes, das armas que lhes sao eon-
fiadas para proteccao dos interesses da fazenda publica e para defeza propria.

CAPITULO IV. — Disposieoes disciplinares


Art. 55.° Continúa em vigor o regulamento disciplinar da guarda fiscal, approvadó por de*
creto de 19 de jullio de 1894.
Art. 56.° O código de jastiga militar de 9 de abril de 3875, com as alteragoes auctorisadas
pela carta de leí de 3 de niaio de 1878, e bem assim o regulamento para execugao do mesmo
código de 21 de julho de 1875, síío applicaveis a todos os individuos que compoem a guarda
fiscal, com as modificacoes seguidamente apontadas.
§ 1." Sfio reduzidos á sete dias, no caso do n.° 1.° do artigo 66.° do código de justica mi-
litar, e a metade, nos casos dos n.os 2.°, 3.°, 4.° e 5.° do mesmo artigo, os prasos ali estable-
cidos para serení qualificadas como desergao as faltas no referido artigo especificadas para o
tempo de paz.
§ 2.° As pracas reformadas da guarda fiscal serao accusadas perante os tribunaes militares
pelo críme de desergíio; e quando deixem de se apresentar para receber os seus vencimentos,
durante tres mezes successivos, serao abatidas do effeetivo a que pertencerem, perdendo o,<dí-
reito á sua aposentacao.
§ 3.° Todos os autos de corpo de delicio, e bem assim os summarios instaurados nos tribu-
naes civis contra pracas da guarda- fiscal, serao remettidos ao ministerio da fazenda, a finí de,..
por intermedio do ministerio da guerra, serení remettidos ao comrnandante da respectiva divis&o
militar.
§ 4.° O ministro da fazenda tem, com respeito ao pessoal da guarda fiscal, as attribuigoes
especiaes consignadas em os n.os 1.° e 2.° do artigo 247." do código de justica militar.
§ 5." Pelo ministerio da fazenda será imposto o castigo disciplinar que deva ser applicado
ás pracas, eujos autos de corpo de delicio Ihe sejam devolvidos pelo ministerio da guerra por
falta de fundamento para julgamento em consellio de guerra, devendo os respectivos aut03 se]'
em seguida reenviados ao mesmo ministerio para os effeitos do artigo 249.° do código de jus-
tica militar.
§ 6." Os individuos da guarda fiscal submettidos á accíío dos tribunaes militares serao man-
dados apresentar, para os fins convenientes, ao general comrnandante da divisao em que o res-
pectivo processo houver sido instaurado, ficando desde eutao dependentes do ministerio da fa-'
zenda apenas para o abono dos respectivos vencimientos.
§ 1" Os empregados da antiga fiscalisagio externa addidos á guarda fiscal, a quem for ap-
plieada a pena de prisao militar, cumpril-a-liao em urna praca de guerra designada pelo go-
verno.
§ 8.° Quando as pracas da guarda fiscal que foreni condenmadas a deportagíío militar, eum-
prir&o a pena nos cxercitos das possessoes de África; e quando foreni condemnadas a presidio de
guerra, ou prisao militar, terao passagem ao exereito do reino, onde, depois de cumprida a pe^-
nalidade imposta, completarlo o tempo legal de servigo que ainda lhes faltar, segundo o sen
alistamento.
CAPITULO XIII.—Dos vencimentos
SKCQAO I."— Yoncimcntosdos officiaos

Art. 107." Os ordenados dos officiaes constam da tabella X, annexa a este decreto, e serao
abonados por inteiro:
4.° Quando presos para averiguagoes, para julgamento em consellio dé guerra, ou nos tri-
bunaes ordinarios e suspensos das funcgoes de servigo;
§ 3." Os ordenados serlo reduzidos:
a) A 50 por cento, quando os que os percebera, estiverem presos em cumplimento de sen-
tenga ou com licenca registada, nao excedendo cento e oitenta dias dentro de um periodo de
doze mezes consecutivos;
556

b) A 60 por cento, quando os que os perceberem estiverem sofirendo as penas disciplinares


de inactividade ou de prisao correccional.
§ 4.° Perde-se o direito á totalidade do ordenado:
c) Durante o tempo de ausencia illegitima.

SECQÁO II. Vencimentosdas pragas


Art. 121.° Os ordenados das pragas sao os constantes da tabella X, e seríio abonados por
inteiro:
5.° Quando presos para averiguagoes, para julgamento em conselho de guerra, ou nos tri-
bunaes ordinarios;
§ 6.° As pragas ausentes illegitimamente, ou sofirendo as penas disciplinares de prisao cor-
reccional e deteng&o, tambera será abonado o ordenado por inteiro, revertendo para o fundo es-
pecial na sua totalidade no primeiro caso, a metade no segundo e a terca parte no ultimo.
§ 7.° As pragas presas em cumplimento de senteuga perceberao metade dos respectivos
ordenados.

No reyuiameiifo provisorio para a orgaiiisácáo da reserva da armada, approvadó por decreto


de 27 de setembro dé 1804, ciicout-ra-sc o scpin(e:

Da direeeao superior e commando do servigo da reserva, seus auxiliares


e respectivos deveres
Artigo 53.° As pracas da reserva responderlo no foro militar durante o tempo de sen alis-
tamento, só quando commetterem crimes militares.

Dos castigos e penalidades

Art. 59.° O reservista que nao comparecer ás revistas de inspeegao, salvo caso de ib rea
maior devidamente comprovado, será punido, a primeira vez, com a, multa de 2$500 réis; e
réincidindo, a multa será dobrada na primeira reincidencia e aggravada ñas outras com prisao
correccional de oito a trinta dias.
Art. 60.° O reservista que nao apresentar a caderneta, senipre que a isso seja obligado,
será punido com a multa de 500 réis.
Art. 61.° O reservista que extraviar ou inuíilísar a caderneta, será punido com a multa de
lsSOOO réis.
Art. 62.° O reservista que se apresentar ñas revistas de inspeegao sem os uniformes que
tiver, será punido com multa de 1<$Ó00 réis; o réincidindo, será a multa aggravada com oito
dias de prisao.
Art. 63.° O reservista que inutilisar ou extraviar propositadamente os seus uniformes, será
punido com prisao correccional até trinta dias.
Art. 64." O reservista que se ausentar, sem licenga, do concelbo onde estiver domiciliado,
por mais de trinta dias, será punido com oito dias de prisíio.
§ único. Nos casos urgentes, quando nao baja tempo do solicitar a licenga, e o reservista
nao habitar na sede do concelbo, pode o regedor concedel-a, fazendo communicag.io immediata
á auctoridade marítima,''ou na sua falta ao administrador do concelho.
Art. 65.° O reservista que exceder a licenga que lhe tenba sido concedida, ou deixar de se
apresentar á auctoridade do local onde se domiciliar, será punido com prisao correccional de
quinze dias.
Art. 66.° O reservista que transgredir quaesquer dos preceitos d'este regulamento para que
nao baja pena especificada, nao incorrendo em transgressiío ou crime disciplinar, será punido
com multa de 500 a 2;>000 réis, que poderá ser aggravada com oito dias de prisao.
Art. 67.° As auctoridades marítimas e os administradores de concelho tesem competencia
para a applicacSo das penas designadas n'este regulamento.
§ único. Quando tiverem de applicar a pena de prisíio correccional, deveráo, mediante man-
dado por escripto ao carcereiro, fazer recolher o delinquente á eadeia civil comarca, se na loca-
lidade nao houver prisíio militar, para ahí ílcar preso á sua disposigíio até se completar a sen-
tenga, devendo a soltura enectuar-se por idéntico mandato.
Art. 68." As multas impostas revertem todas para a fazenda nacional, e darao entrada nos
respectivos cofres mediante guia expedida pela respectiva auctoridade.
§ 1." Quando nao se effectuar o pagamento da multa no i^raso de tres dias, enviar-se-ha ao
00 i

agente do ministerio publico nina copia do auto pelo qual tenha sido imposta a multa, para que
este magistrado siga os termos do competente processo de execugáo.
§ 2." De igual forma se procederá para o pagamento da divida de fardamento de que trata
o artigo 56.°, quando este pagamento nao seja feito voluntariamente até á data da- baixa defi-
nitiva.
Art. 69.° Logo que qualquer praga da reserva seja autuada ou castigada, o capitSo do porto
ou o administrador do concelho dará a competente parte ao comrnandante do servigo da reserva,
e fará averbamento do facto na casa «observagoes» da caderneta.
§ único. Se o reservista tiver mudado de residencia antes de laucado o averbamento, aquella
auctoridade dará conhecimento do facto á do concelho para onde o reservista se transferir, a fim
de por esta ultima ser feita a devida mengao na caderneta.
Art. 70.° A ausencia illegitima inferior a quinze dias, contados da data em que o reservista
se deveria apresentar no local que Ihe tinha sido determinado, será punida diseiplinarmente, nos
termos do respectivo regulamento.
Art. 71.° A ausencia illegitima superior a quinze dias, contados na conformidade do artigo
anterior, será punida em conselho de guerra com a pena de prisao militar de tres a seis mezes.
Art. 72.° Quando urna praga licenciada na reserva for presa para conselho de guerra ou
tiver de se apresentar para cumplir qualquer pena disciplinar, a auctoridade marítima ou admi-
nistrativa do local onde a praga residir, passar-liie-ha guia de marcha para o commando do ser-
vico da reserva, a fim de ser presente no corpo de marinheiros, onde ficará addida, sendo ahí
abonada de todos os vencimentos a que tenha direito como se fosse praga. do eíiéctivo,
§ 1.° Quando o reservista for absolvido ou terminar a pena que Ihe tenha sido imposta,
voltará á sua anterior situagao, deixando de Ihe ser abonados os respectivos vencimentos, e mar-
chará para o seu domicilio, fazendo as devidas apresentagoes.
§ 2.° Ao reservista n'estas condigoes será coucedido transporte por conta do estado..
§ 3.° A auctoridade do concelho a que pertencer a praga será communicada a sua prisao,
bem como todos os factos subsequentes, e quando cessar a punigao, ser-lhe-ha enviada a guia
com as convenientes declaracoes, para que esta auctoridade faga os devidos averhamentos.
Art. 73.° As penas applicadas aos reservistas em processo correccional serao averbadas nos
registos disciplinares e consideradas como transgressoes de disciplina.
Art. 74.° Quando algum reservista autuado por transgressáo de quaesquer disposicoes d'este
regulamento, deva ter a baixa definitiva, antes da auctoridade conhecer a penalidade que Ihe
dev-e ser imposta, averbar-se-ha nos registos disciplinar e caderneta, a nota de que foi autuado,
e mais tarde o resultado da autuacáo, nao sendo até entao encerrados os registos disciplinares
da praga.
Disposicoes gemas
Art. 75.° Os reservistas condemnados a pena maior sao abatidos da reserva.

No regulamento da escola do exereito, apnrovado por portaría de 5 de outnbro de 18!)í,


eiiconíra-sc o scpiíiíe:

TÍTULO II. — Do pessonl da escola


CAPITULO III.—Atiribuieoes,deveres e direitos

Artigo 80.° O commandante tem a seu cargo a superintendencia de todos os servigos da


escola.
Compete-lhe:
8.° Exercer as attribnigoes disciplinares nos termos da legislagao respectiva e do presente
regulamento,
CAPITULO IV.— Disposicoes disciplinares
Art. 96.° Os officiaes e mais pessoal militar em servigo na escola estao sujeitos á sanegáo
penal militar pelos delictos ou transgressoes de disciplina que commettam, nos termos do código
de justiga militar e do regulamento disciplinar do exereito.
Art. 97.° Aos lentes militares sao applicaveis, nos termos do artigo 29.° do decreto de 2o
de agosto de 1894, as seguintes disposigoes:
1.a O lente condemnado em conselho de guerra será demitfcido do exercicio do magisterio;
2.a A applicagao das penas de inactividade temporaria ou prisao correccional importa a
suspensao das funcgoes do magisterio;
.
558

3.a O lente nao poderá ser demittido do exercicio do magisterio, exceptuando o disposto no
n." 1." d'este artigo, senao depois de Ihe ser exigida urna exposigao por escripto sobre os pontos
de que for inculpado, e mediante consulta afiirmativa do tribunal superior de guerra e marinha;
4.a O lente nao poderá ser desviado do exercicio do magisterio senáo por effeilo de castigo
ou de commissao por elle acceita.
Art.)98.° Os lentes civis estao sujeitos, tambera nos termos do citado artigo 29.°, á seguinte
sancgao penal pelas transgressoes ou delictos que commettam como funccionarios:
1.° AdnioestagSo dada em particular pelo comrnandante da escola;
2.° Reprehensao dada pelo comrnandante em sessao do conselho de instruccao;
3.° Reprehensao dada em ordem do exereito pelo ministro da guerra;
4.° Suspensao das funcgoes do magisterio, ordenada pelo ministro da guerra, com declaraeáo
em ordeni do exereito;
5.° Demissao.
§ 1.° As penas serao graduadas e applicadas conforme a gravidade das transgressoes..ou
deíictos.
§ 2.* A pena de suspensao poderá ser de um mez a uní anuo, e durante esse tempo o lente
veñeerá dois tercos do ordenado.'
§ 3.° A pena de suspensao só poderá ser appücada depois da competente exposigao, por
escripto, sobre os pontos de que for inculpado, exigida ao lente por ordem do ministro da guer-
ra, e da consulta do auditor especial junto do mesmo ministro.
§ 4.° Para a pena de demissao é applicavel a doutrina do n.° 3.° do artigo antecedente.
§ 5." O lente civil a que for imposta alguma das condemnacoes previstas no artigo 11." do
.

decreto de 17 de julho de 1886, será demittido, sem direito a recurso algum *.

TITULO III.—Dos alumnos


CAPITULO IV. — Disposicoes disciplinares

Art. 130." O commandante da escola tem competenciadisciplinar igual á dos generaos coni-
mandantes de divisao a respeito dos individuos sob as suas ordens, e o commandanteda conipa-
rihia de alumnos tem, para com as pragas sob o seu commando, a competencia mareada no re-
gulamento disciplinar do exereito para os commandantes de companhia.
Art. 131.° As penas disciplinares que podem ser impostas aos officiaes alumnos do curso
do estado maior, sao as enunciadas na primeira parte do artigo 6.° do regulamento disciplinar
do exereito, e mais a de exclusao definitiva da escola.
§ único. A applicag&b de qualquer pena de grau superior.á de reprehensao, imj)ortando a
exclusao da escola íicará dependente, da confirmaga'o do ministro da guerra.
Art. 132.° As penas que, por transgressoes dé disciplina, podem ser impostas aos alumnos
pragas de pret, sao:
1."Adraoestagao;
2.°Reprehensao;
3.°Detengao;
.4.°Prisao disciplinar;
5.°Prisao correccional;
6.°Baixa de posto;
7.° Exclusao temporaria ou definitiva da escola.
§ 1.° A applicagSo das penas enunciadas nos tres últimos números exige julgamento ém
conselho de disciplina e confirmacao do ministro da guerra.
§ 2.° A reprehensao pede ser dada na presenga dos officiaes da companhia de alumnos ou
na presenga de toda a- companhia, especialmente formada para tal fim.
§ 3.° A pena- de detengao é cumpridá em toda a escola e compativel com a exeeugao de
todos os servigos escolares.
§ 4.° A prisao disciplinar consiste na reclusao do alumno, isolado, em casa especialmente
destinada para este fim.
Durante o cumplimento d'esta pena, o alumno punido é obligado a conservar-se rigorosa-
mente uniformisado desde o toque para a revista de asseio até ao de recolher.

1 O artigo 11.» aquí citado diz o seguinte:


O empregado aposentadoperde a respectiva posifíio quando seja eondemnado era alguma das penas inaio-
rea estabeleeidas na lei penal, ou aínda em pena correccional por crime fle furto, abuso de confiauea, burla re-
ceptaeüo de cousa furtada ou roubada, falsidadc, atontado contra o pudor ou qualquer outro que importe perda
íle direitos políticos.
559

Ü alumno será tirado da prisao para tomar parte nos servigos escolares, sendo de novo re-
cluso logo que os ultime.
Xas aulas íicará em logar separado dos restantes alumnos.
As refeieoes ser-lhe-háo distribuidas na prisao.

TITULO IV. — l>os diversos conselhos

CAPITULO II. — Conselho de disciplina

Art. 256.° O conselho de disciplina será constituido pelos tres officiaes mais graduados,
com excepgSo do commandante, ou, em igualdade de graduagSo, mais antigos, que estiverem
presentes na escola no dia em que for nomeado¿
§ 1.° O conselho só reunirá quando for mandado convocar pelo commandante da escola,
a fim de julgar os alumnos a quem deva ser imposta a pena de exclusao temporaria ou defini-
tiva da escola, ou qualquer outra que envolva exclusao.
§ 2.° As deliberagoes do conselho serao tomadas por maioria dé votos, em votagáo nominal.
§ 3.° O parecer do conselho, devidamente fundamentado, será remettido, acompanhado da
informagao do commandante da escola, ao ministro da guerra, de quem depende a applicagao
das referidas penas.

Detcriniíiacao inserta lia onlein da armada n.° 21 de 13 do noYcnibro de 189-1

Todos os autos de corpo de delicio, referentes ás pracas das differentes classes do corpo de
marinheiros da armada, devem sempre ser remettidos ao commando do corpo, e nao á secretaria
do almirantado.

Decreto de 13 de ik?.emiiro de \SM

Trata das reincidencias nos crimes a que é applicada a pena- de prisao correccional, que
poderá ser elevada até tres annos.

1895
Decreto de 10 de Janeiro de 18515

Atfcendcndo ao que me representaram os ministros e secretarios d'estado das differentes re-


parlicoes: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° E approvado para reger como lei, no continente do reino e ilhas adjacentes, o
código de justiga militar que, assignado pelos ministros e secretarios d'estado dos negocios ec-
clesiasticos e de justica, dos. negocios da guerra e dos negocios da marinha e ultramar, fica fa-
zendo parte do presente decreto.
Árfc. 2.a Emquanto nao for publicado um código de justiga militar para a armada, aos cri-
' mes eommettidos por militares ou outras pessoas pertencentes á armada, que tiverem legislagao
no presente código, serao applicadas as suas disposicoes.
§ único. A todos os crimes contra o dever militar maritinio que nao estiverem comprehen-
didos ñas disposigoes do código de justica militar, serao applicadas as leis que estao actualmente
em vigor.
Art. 3.° As disposicoes dos dois artigos anteriores serlío observadas com as distinegoes e
limitagoes seguintes:
1.a As disposigoes do código de justica militar contidas no livro i, relativas aos crimes e ás
penas, só comegarao a ser applicadas no dia que for designado por decreto do governo, logo que
haja os estabelecimentos proprios para ser cumplida a pena de presidio militar auctorisada no
artigo 14.°;
2.a As disposigoes contidas nos livros ir, ni e iv, relativas á organisagao dos tribunaes mi-
litares, sua competencia e forma do processo, comegarSo a vigorar no principio do primeiro qua-
drimestre seguinte áquelle em que o código de justiga militar for integralmente publicado ñas
ordens do exereito e da armada.
Art. 4.° As disposigoes contidas no livro i do código de justiga militar sao desde já appli-
.
caveis aos crimes praticados ñas provincias ultramarinas por quaesquer militares ou outras pes
560

soas alí sujeitas á jurisdiegáo militar, segundo a legislacao vigente, sem prejuizo do disposto no
artigo 73.° e seus paragraphos das bases approvadas pelo decreto com forga de leí de 19 de
julho de 1S94.
§ 1.° A pena de prisao militar, imposta ñas provincias ultramarinas, será cumplida ñas co-
lonias agrícolas onde ellas estejam estabeleeidas e, onde as nao baja, será cumplida com isola-
mento ñas fortalezas para esse fim designadas pelo governo.
§ 2.° A pena de deportacao militar será cumplida em provincia ultramarina differcnte d'a-
q'uella onde o crime for perpetrado.
§ 3.° A pena de prisao militar será cumplida, no ultramar, em prisao ñas fortalezas ou nos
quarteis dos corpos. segundo as circumstancias da localidade e as providencias especiaes do go-
vernador da provincia onde o crime for commettido.
Art. 5.° O governo fará os regnlamentos precisos para a execugao do código de justiga mi-
litar, fixando as regras que, nos estabelecimentos penaes militares, devam observar-se quanto á
separagao dos presos, sua alimentacao, hygiene e iiistrucgao, tanto inteüectüal e profissional como
religiosa e moral, e bem assim quanto ao methodo e execugao dos trabamos, e estabelecenclo as
penas disciplinares correspondentes ás diversas infraegoes,
§ único. Se, excepcionalmente, a pena de presidio militar for cumplida ñas penitenciarias
geraes, o governo fará tambera os regnlamentos especiaes de disciplina e trabalho para os presos
militares, de forma que estes nunca estejam em contacto com os presos civis.
Art. 6." Fica revOgada a legislag.So em contrario.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da fa-
zenda, e os ministros e secretarios d'estado das outras repartigoes, assim o tenham entendido e
fagam executar.
Código ile jiisti-pa íniliir-áEii*
LIVRO I
líos crimes o penas

TITULO I
Disposigoes geraes
CAPITULO I
Da oriminalidade e da responsabilidade criminal
Artigo 1." O presente código regula:
1.° As infraegoes que constituem crimes essencialmentemilitares, por violaran algum dever
exclusivamente militar ou por offenderem directamento a- seguranga ou a disciplina do exereito;
2.° As infraegoes que, em rasiio da qualidade militar dos delinquentes, ou do logar ou cir-
cumstancias em que sao commettidas, tomam o carácter de crimes militares.
§ único. Sao considerados crimes essencialmente militares, para todos os effeitos legaes, os
previstos no capitulo I do titulo n d'este livro.
Art. 2.° As aegoes ou omissoes incriminadas na lei militar reputam-se voluntarias, salvo
havéudo prova em contrario: mas, quando constituem infraegao de algum dever exclusivamente
militar, sao puniréis anida que por sua natureza especial nao possa presumir-se que foram pla-
ticadas por vontade do agente.
Árt. 3.° As disposicoes da lei penal militar síío applicaveis quer os crimes sejam commetti-
dos em territorio portuguez, quer em paiz estrangeiro.
Art. 4.° Aos crimes por violagao da lei geral, commettidos por militares ou outras pessoas
pertencentes ao exereito, sao applicaveis as disposigoes do código penal em tudo quanto a res-
peito de similhantes crimes nao for alterado no presente código.
Art. 5.° A violagao de leis especiaes commettida por militares ou outras pessoas pertencen-
tes ao exereito, é punida em conformidade d'essas leis, em tudo aquillo que nao for alterado por
este código.
Art. 6.° As infraegoes de dever militar que o presente código nao comprehende, e as trans-
gressoes de policia, sao punidas em conformidade dos regulamentos disciplinares.
§ 1.° Sao igualmente punidas, em conformidade dos mesmos regulamentos, as violagoes da
lei geral e de qualquer lei especial, excej^to as de contrabando e descaminho, quando o facto
prohibido nao esteja especialmente previsto n'este código e únicamente Ihe corresponda a pena
de multa.
§ 2." A pena soffrida por transgressáo dos regulamentos disciplinares nao prejudica o exer-
cicio da accao penal quando, posteriormente, se reconheca que o facto que motivou a pena, ou
561

por si ou pelas suas circumstancias, tem o carácter de crime; mas, em tal caso, a pena discipli-
nar soffrida deve ser tomada em consideracao para a applicagSo da pena definitiva.contéem ti-
Art. 7." Os tribunaes militares devem observar as. disposigoes goraes que se no
tulo i do livro i do código penal, relativas aos crimes em geral e aos criminosos, salvas as modi-
ficagoes determinadas no presente código e designadamente nos artigos seguintes.
Art. 8.° A tentativa de crime essencialmente militar é sempre punivel qualquer que seja a
pena que corresponda por lei ao crime consummado.
Art. 9.° A conjuragáo para o commettimento de qualquer dos crimes previstos ñas sec-
goes i, II, iv e v do capitulo i do titulo ii d'este livro é punida como Crime frustrado e a propo-
sigáo como tentativa d'esse crime.
§ único. Existe a conjuragáo, quando duas ou mais pessoas se concertam para a execugao
do crime e resolveni conimettel-o. Existe a proposicao, quando o militar que resolve eómmeíter
erime propuse a sua execugao a outrem. .
Art. 10.° Nos crimes previstos n'este código nunca é causa justificativa do facto o medo,
aínda que seja insüperavel, de um mal igual oü maior, immineñte ou em eomego de execugao.
Art. 11.° A legitima deféza, propfia ou aíhéia, nos crimes essencialmente militares, só em
casos milito quaíificados pode ser considerada como circumstancia dirimente da responsabilidáde
criminal.
Art, 12,° Alera das circumstancias aggravantes mencionadas na lei geral, sá'o tambera con-
sideradas como taes, em todos os crimes previstos n'este código, quando nao houverémjá sido
especialmente attendidas na lei para a aggravagao da pena, as seguintes:. -..-
1.a O mau comportamento militar;
2.a Ser o crime conimettido em tempo de guerra;
3.a Ser o crime eommettido em marcha, eru servigo ou em rasao de: servigo;
4.a Ser o crime eommettido ná presenga de algum superior;
5.a Ser o crime eommettido por meió da imprensa ou por outro qualquer. rneio de pu-
blicagao.
Art. 13.° Nos crimes previstos n'este código sao consideradas, como attenuantes, única-
mente as circumstancias seguintes:
1.a A prestagao de servigos relevantes á sociedade;
2.a O exemplar comportamento militar;
3.a A menoridacle de dezoito annos;
4.a A provocaga.o, quando consista em pancadas ou em offensa grave á honra do agente do
.

crime, conjugo, ascendentes ou dependentes, e tenha sido praticado o crime em acto seguido á
mesma provoeagao;
5.a A reparaeao do daimio, espontanea e anterior a qualquer procedimento criminal;
6.a O cumplimento da ordem do superior hierarchico do agente, quando nao baste, para jns-
tificacao d'este;
7.a A legitima defeza ou o seu excesso;
8.a A apresentacao voluntaria ás auctoridades, nos crimes a que corresponda a pena de
deportagao militar ou outra mais grave;
9.a A embriaguez, únicamente quando o agente do crime tiver sido provocado por pancadas
estando já ebrio.
CAPITULO; ir
Das ijaiias, seu? effeitos, oxeeugao e extinegao
Art. 14.° As penas que, pelos crimes comprehendidos n'este código, podem ser íipph'cadas,
como principaes, sao :
1.a Morte; .

2.a Prisíio maior cellular;


3.a Reclusao;
4.a Presidio militar;
5.a Deportagao militar;
6.a Prisao militar;
7.a Encorporagao em deposito disciplinar.
§ único. Das penas estabeleeidas n'este artigo sao especiaes para os officiaes, a prisao mi-
litar, e para as pragas de pret, a deportagao militar e a encorporagao em deposito disciplinar.
Art. 15." As penas que pelos tribunaes militares podem ser applicadas, como accesso-
lias, sao :
1.a Degredo;
2.a ExautoragEo militar;
3.a Demissao;
4.a Deportagao militar.
~A
562

§ tínico. D'e-stas penas é especial para os ofiíciaes, a demissao, e para as pracas de pret, a
deportagao militar.
Art. 16.° Nos casos em que a lei estabelece ou auctorisa a applicagao da pena innnediata-
mente inferior a urna outra, será observada a ordem de precedencia estabelecida ñas seguintes
escalas graduadas:
Escala 1.a:
1.a Morte com exautoragao;
2.a Prisao maior cellular por oito annos, seguida de degredo por vinte annos, com prisao no
iogar do degredo até dois annos oü sem ella;
3.a PrisEo maior cellular por oito annos, seguida de degredo por doze annos;
4.a Prisao" maior cellular por seis annos, seguida de degredo por dez annos;
5.a Prisao maior cellular por qiiatro annos, seguida de degredo por oito annos;
.
6.a Prisao maior cellular de dois a oito annos;
7.a Presidio militar de seis mezes a tres annos;
8.a PrisEo militar ou encorporagEo em deposito disciplinar.
Escala 2.a:
1.a Morte;
2.a ReClusao;
3.a Presidio militar de seis annos e tim dia a nove annos;
4.a Presidio militar de tres annos e um dia a seis annos;
5.a Deportagao militar;
6.a Presidio militar de seis mezes a tres añnos;
7.a Prisao militar ou encorporagEo em deposito disciplinar.
§ único. Na 2.a escala, a pena de presidio militar de seis mezes a tres annos considera-se
immecliatamenteinferiorj nEo só á pena de deportagao militar, imposta como pena principal, mas
tambera á de presidio militar de tres annos e um dia a seis annos, a qual nao pode ser substi-
tuida pela deportagao militar.
Art. 17.° O coiidemnado á pena de morte por senténga dos tribunaes militares .será fu-
zilado.
§ 1.° A pena de morte importa a exautoragao, únicamente quando por disposicño especial
d'este código assim for determinado.
§ 2.° Aos menores que, na data da perpetragao do crime, nao tivereni completado dezoito
annos, nEo será imposta a pena de morte, a qual será substituida pela immediatamelite in-
ferior.
Art. 18.° Emquanto nEo estiver em inteira execugao o systelüa penitenciario, aos réus con-
denmados pelos tribunaes militares a quem couber a pena de prisao maior cellular, será esta im-
posta, mas has senteugas condemnatorias serlo respectivamente impostas, em alternativa, as
seguintes:
1.a Pena fixa de degredo por vinte e oito annos com prisíio no logar do degredo por oito a
dez annos;
2.a Pena fixa de degredo por vinte e cinco annos;
3.a Pena fixa de degredo por vinte annos:
4.a Pena fixa de degredo por quinze annos;
5.a Degredo temporario.
§ único. A condemnagao em alternativa inipoe aos réus condenmados a obrigacáo de cum-
plir na- sua totalidade qualquer das penas alternativamente comminadas na senténga.
Art. 19.° As penas de prisEo maior cellular e degredo serao reguladas, quanto á sua nalu-
reza, duragad, effeitos e equivalencias, pelas disposigoes do código penal.
§ único. Estas penas, e a de prisEo maior temporaria estabelecida na lei geral, serao cum-
plidas nos estábelecimentospenaes civis, em conformidade com as disposicoes do código penal e
.

res]3ectivos regulamentos, e produzirEo sempre a exautoragao militar.


Art. 20.° A pena de reclusao consiste no encerramento por vinte e cinco annos em casa ou
quarto para esse finí destinado pelo governo, em urna fortaleza das possessoes de África, com
separagEo dos condenmados.
§ único. Do cumplimento d'esta pena resultara os seguintes effeitos: eliminagSo dos quadros
do exereito e perda do direito de haver recompensas por servigos anteriores.
Art. 21.° A pena de presidio militar consiste no encerramento em um estabelecimento cel-
lular para esse finí designado no continente do reino, por tempo nEo inferior a seis mezes nem
superior a nove anuos, com obrigagSo de trabalho para as pragas de pret e absoluta separagao
dos condemnados fóra das horas de trabalho ou de instruccao.
§ 1.° A pena de presidio militar de seis annos e um dia a nove anuos tem como accessoria,
563

para os officiaes, a demissao, e, para as pragas de pret, a deportagao militar por tempo igual ao
de presidio em que forera condemnados.
§ 2." A pena de presidio militar de tres annos e. um dia a seis annos inhabilita o official de
ser prmovido, salvo por distinccEo em campo de batalha, e, quando imposta a pracas de pret,
produz a baixa de posto e tem como accessoria a pena de tres annos de deportacEo militar.
§ 3.° Do cumplimento da pena de presidio militar nao resulta incapacidade afguma civil nem
inhabilidade para o servigo militar; e, quando esta pena for applicada por menos de tres annos,
só produz a baixa de posto, se assim for expressamente determinado na senténga condeinna-
toria.
Art. 22.° A pena de deportagao militar consiste na transferencia do servigo militar do exer-
eito do reino para o de algumas das provincias ultramarinas, por tempo nEo inferior a tres nem
excedente a dez annos.
§ 1.° Da imposigao d'esta pena resulta baixa de posto, mas nenhuma incapacidade militar
ou civil nem perda de tempo de servigo.
§ 2." O militar que estiver no ultramar a cumprir pena de deportagao e for julgado inca-
paz do servigo militar pela junta de saude, continuará na mesma provincia addido a qualquer
estabelecimento ou'1-epartigao militar, onde desempenhará o servigo compativel com o seu estado
physieo, até ultimar a pena em que estiver condemnado.
§ 3.° A pena de deportagEo militar nEo poderá ser imposta aos militares que, no acto do
julgamento, forem menores de dezoito ou maiores de cineoenta annos, devendo, n'esses casos,
ser substituida pela iramediataménteinferior.
Art. 23.° A pena de prisao militar consiste no encerramento, por tempo nao inferior a tres
mezes nem superior a seis, em casa para esse fim destinada em urna praga de guerra.
Art. 24.° A pena de encorporagao em deposito disciplinar consiste na transferencia, por
tempo nEo inferior a tres mezes nem superior a seis, para um corpo militar sujeito a régimen
especial de instruegao e disciplina.
Art. 25.° A pena de exautoragao militar consiste na expulsao do condemnado das fileiras
do exereito.
§ 1.° D'esta pena resultara os seguintes effeitos:
1.° SuspensEo do exercicio dos direitos políticos por tempo de vinte annos;
2.° EliminagEo dos quadros do exereito e perda do direito de usar uniformes, distinctivos,
insignias militares ou condecoragoes, e de haver recompensas ou pensoes. por servigos ante-
riores ;
o.° Inhabilidade para o servigo militar.
§ 2.° A exautoragEo, quando for accessoria da pena de morte ou das penas de prisao maior
cellular, degredo ou prisao maior, impostas por crimes nao essencialmentemilitares, resultará da
senténga condemnatoria, logo que esta transite em julgado, independentemente das formalidades
prescriptas nos regulamentos.
Art. 26.° A pena de demissao consiste na perda do posto e da qualidade militar, e do direito
de usar uniformes, distinctivos, insignias militares ou condecoragoes, e de haver recompensas
ou pensoes por servigos anteriores.
Art. 27.° A condemnagao de algum official, proferida por tribunal competente, por algum
dos crimes de furto, roubo, prevarieagEo, corrupgao, falsidade, burla e abuso de confianga, pro-
duz a demissEo, qualquer que seja a pena decretada na lei, em todos os casos em que o minis-
terio publico aecusa independentemente da accusagEo da parte. '
§ único. A condemnagao de alguma praga de pret, pelos mesmos crimes, produz a baixa
de posto em idénticas circumstancias.
Art. 28.° Os effeitos das penas estabeleeidas no presente código resultara imuiediatamente
da disposigao da lei, e sEo consequencia necessaria da condemnagao, independentemente de qual-
quer declaragao na senténga.
Art. 29.° Os officiaes e pragas nao combatentes serao equiparados, para os effeitos penaes,
(

aos officiaes ou pragas de pret combatentes, conforme a graduacao que lhes competir.
§ único. A mesma disposigao se observará com relagEo aos prisioneiros de guerra e aos
emigrados políticos que estiverem snjeitos á auctoridade militar, conforme a categoría que lhes
for reconhecida pelo governo.
Art. 30.° A condemnagao e a imposigEo de qualquer pena nao ¡Drejudica as familias dos
condemnados no direito ás. pensoes de monte pió adquirido anteriormente á senténga.
Art. 31.° Em todos os crimes previstos n'este código, es tribunaes graduarEo a pena dentro
do máximo e mínimo determinado na lei.
§ único. Havendo gómente circumstancias attenuantes, ou quando estas predominem sobre
as aggravantes, nao se applicará a pena de morte, a qual será substituida pela immediata da
respectiva escala, segundo for, ou nEo, acompanhada de exautoragEo.
Art. 32.° Concorrendo simultáneamente circumstancias aggravantes e attenuantes, conforme
564

urnas ou outras predominaren!, será aggravada ou attenuada a pena dentro do limite máximo e
mínimo correspondente ao crime.
§ único. A premeditaga-o, a reincidencia e a successao em crimes militares serao conside-
radas como circumstancias aggravantes de natureza especial e predominaráo sobre quaesquer
attenuantes.
Art. 33.° Considera-se reincidente militar aquelle que, tendo sido condemnado por algum
dos crimes previstos ñas leis militares, commetter, dentro de tres annos depois de cumplida a
senténga, outro crime previsto ñas mesmas leis.
§ único. O militar condemnado por segunda reincidencia, findo o cumplimento da pena, irá
completar no ultramar o tempo de servigo effectivo a que estiver obligado pelo seu alistamento,
mas nunca por tempo inferior a dois annos; e, se for official, a pena de presidio militar e a de
prisao militar terEo sempre como accessoria a demissao.
Art. 34.° A successEo de crimes verifiea-se quando o militar condemnado em alguma das
penas estabeleeidas no presente código commette, durante o cumplimento da condemnagao, outro
crime previsto na mesma lei.
§ único. A pena do prime eommettido no caso previsto n'este artigo será executada succes-
sivamente, sendo possivel; e, quando o nao seja, augmentar-se-ha a pena do primeiro crime,
se for superior á que por lei corresponda ao crime pralicado posteriormente, e, no caso contra-
rio, applicar-se-ha aggravada a pena do segundo crime. A pena imposta nao poderá exceder,
em caso algum, o máximo da mesma pena estabelecido na lei.
Art. 35.° Fóra dos casos especiaes previstos n'este código, nao tem logar a accumulagao
de penas militares e applica-se únicamente a pena mais grave, mas aggravada em attengSo á
accmnnlagEo de crimes.
Art. 36.° As regras estabeleeidas nos dois artigos precedentes serao tambera observadas
pelos tribunaes, quando na successao ou na accumulagao concorrerem crimes militares e crimes
communs.
-
Art. 37.° Nos casos de crime frustrado e de cumplicidade, applica-se a pena correspon-
dente ao auctor do crime consummado, mas graduada como se houvesse circumstancias atte-
nuantes.
Art. 38.° A tentativa de crime "será punida com a pena ¡inmediatamente inferior á que cor-
responde por lei ao crime consummado, quando ouíra cousa se nao ache determinada no pre-
sente código. A mesma regra se observará- na punigao dos encobridores.
§ único. Nos casos previstos n'este artigo, quando ao crime consummado corresponda a
pena de prisEo militar ou a de eneorporagSo em deposito disciplinar, serao estas impostas sempre
no seu mínimo.
Art. 39.° As disposicoes dos artigos anteriores serao únicamente applicaveis quando as cir-
cumstancias attenuantes ou aggravantes nao tenham sido especialmente consideradas para qua-
lificar a menor ou maior gravidade do crime.
Art; 40.° Quando, por virtude de disposigEo do código penal, os tribunaes militares houve-
rera de applicar penas correccionaes, serao estas substituidas pela maneira seguinte:
1.° A pena de prisao correccional por igual tempo de presidio, prisao militar ou incorpora-
gao em deposito disciplinar, segundo a duragao da pena e a graduagao do delinquente;
2.° A pena de desterro pela de presidio militar de seis mezes a tres annos.
§ único. Esta disposigao é igualmente extensiva aos tribunaes ordinarios, quando houverem
de applicar aos militares penas correccionaes.
Art. 41'.° No caso de cumplicidade em crimes militares entre réus sujeitos ¡í jurisdiccao dos
tribunaes militares, do exereito de térra ou da armada, e ordinarios, serao pelo tribunal compe-
tente applicadas as penas estabeleeidas na lei militar aos militares e mais pessoas pertencentcs
ao exereito; as penas das leis da armada aos individuos pertencentes á marinha; e a todos os
.

outros individuos as penas do código penal, unía vez que outra cousa se nao ache determinada
no presente dodigo.
Art. 42.° Quando algum individuo nao militar, nem equiparado a militar, for acensado ele
algum crime previsto n'este código e que o nao seja no código penal, será condemnado pelo tri-
bunal competente ñas penas estabeleeidas para esse crime na lei militar, com as seguintes modi-
ficagoes:
1.a A pena de reciusEo será substituida pela de prisEo maior cellular por oito annos, se-
.
guida de degredo por doze annos;
2.a A pena de presidio militar de seis annos e um dia a nove anuos, pela de prisao maior
cellular por quatro annos, seguida de degredo por oito annos;
3.a A pena de presidio militar de tres annos e um dia a seis annos, pela de prisao maior
cellular de dois a oito annos;
4.a A pena de deportagao militar, pola de prisao correccional e multa correspondente;
5.a A pena de presidio militar por menos de tres annos, pela de prisao correccional;
565

6.a As penas de prisao militar e de eneorporagSo em deposito disciplinar, pela pena de multa.
Art. 43.° A duracao das penas temporarias, impostas em tempo de paz, conta-se do dia
inmediato áquelle em que passa em julgado a senténga condemnatoria, mas, quando impostas
em tempo de guerra, só comega a correr no dia em que a senténga é mandada executar. Em
qualquer dos casos, a pena imposta e comminada na lei nEo poderá ser reduzida.
§ 1.° Nao obstante o disposto n'este artigo, aos condemnados na pena de presidio militar
ser-lhe-ha concedida a liberdade ¡provisoria ñas circumstancias em que ella é concedida aos con-
demnados pelos tribunaes ordinarios a penas niaiores, nos termos dos artigos 1.°, 2.a, 3.° e 4."
da lei de 6 de julbo de 1893, e no que for applicavel. A competencia concedida pelo artigo 6.°
da mesma lei jiertence ao ministro da guerra.
§ 2.° A mesma disposigEo do paragrapho antecedente será concedida pelo ministro da guer-
ra, sobre proposta, do commandante do deposito disciplinar, aos condemnados em encorporagao
no mesmo deposito quando, depois de terem cumplido dois tergos da pena imposta, praticarem
qualquer acto de valor ou servigo digno de apreeo.
Art. 44.° Se o condemnado a. qual quer das penas temporarias com trabalho se recusar a
trabalhar, nao Ihe será contado esse tempo no cumplimento da pena, e alem d'isso ficará sujeito
ás penas desciplinares corresjjoildentes.
Art. 45.° O tempo do cumplimento de pena nao será contado como tempo de servigo militar.
§ único. Exeeptua-se da disposigao d'este artigo o tempo do cumplimento das penas de
deportagao militar e de encorporagao em deposito disciplinar pela sua natureza especial.
Art. 46.° A responsabilidade criminal extingue-se pelos modos e conforme as regras deter-
minadas no código penal, mas o crime de desergao só prescreve passados dez anuos contados do
ultimo dia em que o desertor devia estar na effectividade do servigo,
§ único. Em tempó de guerra, os servigos. militares relevantes e os actos de assignalado
valor, como taes qualiíieados nos boletins ou ordens do exereito e praticados depois do crime,
podem ser considerados pelos tribunaes como dirimentes da responsabilidade criminal ou da pena
imposta.
CAPITULOIII
Disposipoes diversas
Art, 47.° Nos crimes essencialmente militares, será sempre considerado e punido como se
fóra um dos instigadores o militar mais graduado de entre os que íomarem parte no crime. Em
igualdade de graduagao, ou quando nenhum a tenha, applicar-se-ha esta disposigao ao mais an-
tigo em servigo, e tendo todos igual antiguidade ao mais velho era idade.
§ único. Quando na lei nEo estiver estabelecida pena especial para os instigadores, ser-
Ihes-ha applicado o máximo da pena correspondente ao crime perpetrado.
Art! 48.° Os co-réus de conjuragáo para o commettimento de algum dos crimes de traigao,
rebelliao, insubordinagao, colligagEo, revolta ou sedigao militar, que d'elia derem parte á aucto-
ridade superior antes do crime ter comego de execugao, serao isentos de pena.
Art. 49.° Para todos os effeitos d'este código, os rebeldes armados sao considerados ini-
raigos.
Art. 50.° Considera-se que um facto criminoso é praticado em frente do immigo, quando
eommettido em territorio oceupado pelas forgas militares belligerantes, e que é praticado em pre-
senga de tropa reunida, quando eommettido em formatura ou estando presentes dez ou mais mi-
litares, comprehendidos n'este numero os agentes do crime.
Art. 51.° Os crimes de insubordinacao, revolta e sedicao militar consideram-se commettidos
era servigo, quando praticados em presenga de tropa reunida ou' contra superior desompenhando
algum dever militar.
§ único. Os mesmos crimes consideram-se praticados em rasao de servigo, quando resultara
de algum acto praticado pelo superior no cumplimento do seu dever ou no exercicio de um di-
reito que as leis ou regulamentos ihe confiram.

TITULO II
.
Dos crimes em especial
CAPITULO I
Dos crimes essencialmente militaros

SEC<,:AO I '

Da Iraicjuo
Art. 52.° O militar portuguez que, debaixo das bandeiras de nagEo inimiga, tomar armas
contra a patria, será condemnado á morte com exautoragao.
566

Art. 53.° O militar que directa ou indirectamente se concertar com urna potencia estran-
geira, ou a induzir para declarar guerra a Portugal, será condemnado á morte com exautoragao;
mas se a guerra nao chegar a ser declarada ou as hostilidades se nEo seguirem, será condemnado
a prisao maior cellular por oito anuos, seguida de degredo por doze annos, ou, era alternativa,
a degredo por vinte e cinco annos.
Art. 54.° Será condemnado á morte com exautoragao o militar:
1.° Que passar ou tentar passar para o inimigo;
2.° Que, para prestar auxilio ao inimigo, Ihe entregar ou abandonar as forgas do seu com-
mando, pragas de guerra ou posto que Ihe estava confiado, material de guerra, dinheiro, manti-
mentos, cavallos ou muarés;
3.° Que fornecer ao inimigo memorias sobre reconheeimentosmilitares; noticias acerca da
constituicao, mobilisagao, forga, disciplina ou armamento militares; cartas, algados ou plantas
uteis para a guerra; ou Ihe descubrir o plano de campanha ou o segredo de alguma operagEo,
expedigao ou negociagEo;
4." Que revelar ao inimigo a ordem diaria, o santo, senha ou contra-senha do servigo ou
qualquer ordem referente ás operagoes de guerra;
5.° Que der dolosamente a seus chefes noticias ou informagoes erradas acerca das operagoes
dé guerra;
6.° Que, por qualquer modo, mantiver communicagoes secretas com o inimigo.
Art. 55.° Será condemnado á morte ou, se for militar, á morte com exautoragao:
1.° Aquelle que, para auxiliar o inimigo, interceptar combólo ou correspondencia, ou inutili-
sar no todo ou era parte vías de coniniunicagao terrestres ou marítimas, material fixo ou circulante
dos caminhos de ferro, aeróstatos, linhas ou objectos destinados á transmissEo de despachos,
fontes,' obras de ataque ou defeza, material de guerra ou víveres destinados ao abastecimento
do exereito;
2.° Aquelle que tomar parte em conjuragEo para obrigar o commandante de urna praga in-
vestida, sitiada ou bloqueada a render-se ou a capitular, ou que, na frente do inimigo, incitar a
tropa a render-se, capitular, retirar ou abandonar ou impedir a sua reuniap;
3.° Aquelle que, no theatro das operagoes, propalar noticias aterradoras, ou der gritos as-
sustadores ou subversivos durante o combate ou na proximidade d'elle;
4.° Aquelle que, em tempo de guerra, desviar dolosamente qualquer forga do exereito a
que servir de guia, da direegao, do verdadeiro caminho ou do ponto a que dever conduzil-a;
5.° Aquelle que, para favorecer o inimigo, pozer em risco por qualquer aegao ou omissEo
a seguranga do exereito ou de parte d'elle, de alguma praga, ponto fortificado, arsenal ou esta-
belecimento militar; ou propositadamente facilitar ao inimigo ou a estrangeiros meios ou occa-
siao de aggressEo ou defeza, em prejuizo da nagao.

BEC(,'.AO II
Da eepionagem, reveJaijüo de segredos d'estado e alliciagao
Art. 56.° Será considerado espiao de guerra e condemnado á morte, ou á morte com exau-
toragEo, se for militar:
1.° Aquelle que se introduzir em alguma praga de guerra, ponto fortificado, posto, estabe-
leciraento militar, campo, bivaque ou acantonamento de 'tropas com o finí de obter noticias, do-
cumentos, planos ou quaesquer informagoes para as communicar ao inimigo;
2.° Aquelle que, por qualquer modo o com o mesmo fim, procurar informagoes que possam
por em risco a seguranga do exereito ou de p>arte d'elle, de alguma praga de guerra, ponto for-
tificado, posto ou estabeleeimento militar ou o bom éxito de alguma operagEo de guerra;
3.° Aquelle que acolher ou fizer acolher algum espiao, agente ou militar do inimigo man-
dado á descoberta, conhecendo a sua qualidade.
Art. 57.° Será tambera considerado espiEo de guerra e condemnado á morte todo o inimigo
que se introduzir disfargado ñas pragas de guerra ou em algum dos logares mencionados no
n.° 1.° do artigo 56.°
Art. 58.° Será condemnado a presidio militar de seis mezes a tres annos:
1.° Aquelle que, sem motivo justificado, se introduzir era alguma praga de guerra, ponto
fortificado, posto, estabeleeimento militar, campo, bivaque ou acantonamento de tropas, disfar-
cando o vestuario, usando de falso nome ou dissimulando a sua qualidade, profissao ou naciona-
lidade;
2.° Aquelle que, usando de idénticos disfarces, levantar cartas ou planos, tirar vistas pho-
tographicas, fizer reconheeimentos ou procurar informagoes relativas á defeza do territorio ou á
seguranga exterior do estado;
3.° Aquelle que, sem auctorisagao competente, fizer levantamentos ou quaesquer trabalhos
567

topographicos, no raio de um myriametro, a contar das obras avangadas de praga de guerra ou


ponto fortificado, ou em torno de estabelecimentos militares ou marítimos;
4." Aquelle que, para reconhecer qualquer obra de fortificagao, ultrapassar indevidamente
as barreiras, paligadas ou outras vedagoes estabeleeidas no terreno militar, ou escalar as niura-
lhas ou parapeitos das fortificagoes;
5.° Aquelle que, por quaesquer meios, obtiver ou diligenciar alcancar planos, escupios ou
documentos secretos que interesseni a defeza do territorio ou a seguranga exterior do estado,
nao estando auctorisado a tomar conheciniento d'elles.
Art. 59.° Será condemnado a presidio militar de tres annos e üm dia a seis annos:
1.° xlquelle que, sem intengao de trahir, divulgar-no todo ou em parte, entregar ou com-
ínuniear a pessoa nEo auctorisada para d'elles tomar conhecimento, planos, escriptos ou docu-
mentos secretos que interessem a defeza do territorio ou a seguranga do estado e que Ihe tenham
sido confiados ou de que tenha conhecimento em rasao de funcgoes que exerga ou tenha exer-
cido;
2.° Aquelle que, sem intengEo de trahir, communicar ou divulgar esclarecimentos relativos
aos inesmos planos, escriptos e documentos, sé estes Ihe tiverem sido confiados ou se d'elles ti-
ver conhecimento em rasao de funcgoes que exerga ou que tenha exereido,
Art. 60.° Aquelle que, tendo em seu poder os planos, escriptos ou documentos a que se
refere o artigo antecedente, mas nao sendo por elles officialmente responsavel, sera intengao de
trahir os entregar ou eommunicar no todo ou em. parte, será condemnado a presidio militar de
seis mezes a tres annos.
Art. 61.° Aquelle que, por negligencia ou inobservancia de algum preceito regularaentar,
deixar subtrahir, roubar ou destruir planos, escriptos ou documentos secretos que Ihe estiverem
confiados em rasEo de suas funcgoes, será -condemnado a prisao militar ou a encorporagao em
deposito disciplinar.
Art. 62.° Aquelle que procurar conhecer ou adquirir quaesquer documentos, desenhos ou
informagoes secretas que interessem á defeza do paiz para d'elles fazer um uso nocivo ao estado,
será condemnado a presidio militar de seis annos e um dia a nove annos.
§ único. A pena será a de prisíio militar ou a de encorporagao em deposito disciplinar,
quando o facto seja eommettido sem intengao prejudicial para o estado.
Art. 63.° Será condemnado á morte, ou se for militar, á morte com exautoragao:
1." Aquelle que aluciar ou tentar aluciar militares a passarein-se para o inimigo, ou que,
sabendo que é para este fim, lhes subministrar ou facilitar meios de evasao;
2.° Aquelle que recrutar ou assalariar gente para o servigo militar de potencia estrangeira
em guerra com Portugal.

SECCAO III

Dos crimes contra o direito das gentes


Art. 64.° O commandante militar que, sem motivo justificado, prolongar as hostilidades de-
pois de reeeber noticia official de paz, armisticio, tregua, capitnlagEo ou suspensao de armas
ajustada com o inimigo, será condemnado na pena de reclusao.
Art. 65.° O commandante militar que, sem ordem, auctorisagao ou provocagSo, atacar ou'
mandar atacar com forga armada tropas ou subditos de nagao amiga, neutra ou alliada, ou com-
metter em territorio de alguma d'estas nagoes qualquer outro acto de hostilidade, será conde-
mnado :
1.° A pena de morte, se do acto de hostilidade praticado resultar declaragao de guerra a
Portugal;
2.° A presidio militar dé seis annos e um dia a nove annos se, nEo resultando d'aquelle
acto declaragao de guerra, elle for, comtudo, causa de incendio, devastagEo ou da morte de al-
guma pessoa;
3.° A presidio militar de tres anuos e um dia a seis annos em todos os mais casos.
Art. 66.° O militar que, sem necessidade, praticar quaesquer actos reprovados por conven-
goes internacionaes a que o governo portuguez tenha adherido, ou que, em territorio amigo ou
inimigo, destruir templos, museus, bibliothecas ou obras de arte notaveis, quando a sua destrui-
gao nEo for indispensavel para o bom éxito das operagoes de guerra, será condemnado a presi-
dio militar de tres annos e um dia a seis annos.
Art. 67.° Incorrerá na pena de presidio militar de seis mezes a tres annos o militar:
1.° Que maltratar com pancadas ou injuriar algum parlamentario;
2.° Que obligar algum prisioneiro do guerra a combater contra as suas bandeiras; que, sem
motivo justificado, o maltratar com pancadas ou o injuriar gravemente ou que o privar do ne-
cessario alimento ou curativo.
568

Art. 'óS.° Aspenas estabeleeidas n'esta seecao serSo únicamente applicadas quando, por
disposigao d'esta lei ou do código penal nao correspondercm entras mais graves, que em tal caso
serao impostas.
SECfAO IV

Da rebeiliao
Art. 69.° Os militares que, pegando conectivamente em armas, attenía-rem contra a inte-
gridade do reino, ou que pelo mesmo modo se levantaren! contra o Reí ou contra a constituicao
política do estado, serao punidos:
1.° Coin a pena de morte os chefes e todos os officiaes que, exercendo algum commando,
iniciarem a rebellín o ou a ella adherireni depois de iniciada, e bem assim os que forera conside-
rados como instigadores do crime;
2.° Com a pena de presidio militar de tres annos e um dia a seis annos todos os que, nao
sendo cabeeas de rebelliao, tomareni, comtudo, j>arte na execugao do crime.
Art. 70.° Os militares que nao estiverem comprehendidos no n.° 1." do artigo antecedente
e que, nao tendo eommettido acto algum de violencia, se submetterem á auctoridade legitima no
praso e pela forma que se ordenar nos decretos, bandos ou editaes que para esse fim forera pu-
blicados, serao isentos de pena, sendo pragas de pret; e, se forem officiaes, serao punidos com
presidio militar de seis mezes a tres annos.
Art. 71.° A conjuragáo para o crime de rebelliao será punida, quanto aos instigadores, com
a pena de presidio militar de seis annos e um dia a nove annos e, quanto aos mais, com presidio
militar de seis mezes a tres annos,
SECCAO V

Da insubordmaijüo, colligacjao revolta e sedigüo militar


Art. 72.° O militar que recusar cumplir ou deixar de executar qualquer ordem que, no
uso de attribuieoes legitimas, Ihe for intimada por algum superior, será punido:
1." Com a pena de morte, se estiver na frente do inimigo;
2.° Coin presidio militar de tres annos e um dia a seis annos, se o crime for eommettido
em tempo de guerra ou em presenga de tropa, reunida, mas fóra do caso do numero anterior;
o.° Em todos os mais casos, com presidio militar de seis mezes a tres «míos ou, quando a.
desobediencia for acompanhada de circumstancias que diminuam consideravelmente a gravidade
do crime, com prisEo militar ou encorporagao ein deposito disciplinar.
§ único. A pena estabelecida no n.° 1.° d'este artigo será substituida pela.de reclusao, se a
desobediencia nao consistir na recusa ou na falta de execugao da ordem de marchar contra o
inimigo ou para algum servigo na frente do inimigo.
Art. 73.° A offensa por meio de palavras, escriptos ou desenhos publicados ou nao publica-
dos, ameaeas ou gestos commettida por qualquer militar contra superior, será punida-:
1.° Com presidio militar de tres annos e um dia a seis annos, se a offensa for commettida
em servigo ou em rasao de servigo;
2.° Com presidio militar de seis mezes a tres annos em todos os mais casos.
§ único. As penas estabeleeidas n'este artigo poderao ser substituidas pelas immediatamente
inferiores, quando a offensa for verbal e irrogada a superior que nao esteja presente.
Art. 74.° O militar que, em tempo de guerra on em presenga de tropa reunida, responder
irreverentementea algum superior, será punido com prisao militar ou encorporagao em deposito
disciplinar.
Art. 75.° O militar que, por qualquer dos meios indicados no artigo 73.°, excitar os seus
camaradas á deseonsideragao para com os superiores, ou promover entre elles o descontenta-
ra ento em relagao ao servigo, será punido:
1.° Com presidio militar de seis mezes a tres annos, se o crime for eommettido ein tempo
de guerra:
2.° Com prisEo militar ou encorporagao em deposito disciplinar em todos os mais casos.
Art. 76.° O militar que, em tempo de guerra, offender corporalmente algum superior, nao
resultando a morte ou a incapacidade para o servigo militar, será punido:
1.° Com a pena de morte, se a offensa for commettida. em servigo ou em rasao de servigo;
2.° Com a pena de reclusao em todos os mais casos.
Art. 77.° O militar que, em tempo de paz, offender corporalmente algum superior, nlio
resultando a morte ou a incapacidade para o servigo militar, será punido:
1.° Com a pena de reclusEo, se a offensa for commettida em servigo ou em rasao de
servigo;
2.° Com presidio militar de tres annos e um dia a seis annos era todos os mais casos.
569

Art. 78.° Para os effeitos declarados nos dois artigos antecedentes, considerar-se-ha offensa
corporal nao só o ferimento, contusEo ou pancada, mas tambera o tiro de arma de fogo, o uso
de materias explosivas, o emprego de quaesquer niachinisnios, instrumentos ou objectos com os
quaes possa causarse algum soffrimento ou prejuizo, e finalmente todo o acto de violencia phy-
sica contra superior, posto que nao haja ferimento, contusao nem pancada.
Art. 79.° A offensa corporal commettida por algum militar contra superior, da qual resulte
a inórte ou a incapacidade para o servigo militar, será punida:
1.° Com a pena de morte com exautoragEo, se a offensa for praticada em servigo ou em
rasao de servigo;
' 2.° Cora pena de prisEo maior cellular por oito annos, seguida de degredo por vinte annos,
com. prisao no logar do degredo até dois annos ou sera ella, ou, em altternativa, com a pena
fixa de degredo por vinte e oito annos com prisao no logar do degredo por oito a dez annos em
todos os mais casos,
Art. 80.° Se a offensa corporal praticada contra superior tiver sido precedida de provoca-
gao por pancadas, será punida:
1.° Com presidio militar de seis annos e um día a nove annosj se d'ella resultar a morte do
offendido ou se este, por effeito da offensa, ficar incapaz do servigo militar;
2,° Cora presidio militar de seis mezes a tres annos era todos os mais casos.
§ único. Os actos de violencia praticados pelo superior em qualquer dos casos especificados
no § único do artigo 94.° nao sérSo considerados provocacEo por pancadas.
Art. 81." A colligagEo, por qualquer modo efíectuada entre dois ou mais militares para fins
reprovados pelas leis ou regulamentos militares, será punida:
1.° Com presidio militar de tres annos e um dia a seis annos, se a- colligagEo tiver jior ob-
jecto commetter algum crime militar oü impedir a execugao de qualquer lei, regulamento Ou
ordem do poder executivo;
2.° Com presidio militar de seis mezes a tres annos em todos os mais casos.
§ único, A pena será de prisao militar ou de encorporagao em deposito disciplinar, nos ca-
sos do n.° 1.° d'este artigo, e será disciplinar, nos casos do n.° 2.°, quando os agentes da colligá-
gao, espontáneamente, deixarem de executar os factos reprovados pelas leis e regulamentos mi-
litares para que previamente se haviam concertado.
Art. 82.° Commettem crimes de revolta:
1.° Os militares que, em corpo de cinco ou mais, e em acto de servigo, simultáneamente
recusarera. obedecer á ordem de um superior;
2.° Os militares que, em corpo de cinco ou mais, se arraarem sem auctorisagEo, procedendo
contrariamente aos preceitos vigentes ou ás ordens de seus superiores;
3.° Os militares que, em corpo de einco ou mais, praticando violencias ou tumultos, recusa-
ran dispersar ou entrar na ordem á primeira intimagEo de um superior;
4.° Os militares que, em corpo de cinco ou mais, e armados, fizerem reclamagoes ou peti-
goes, aínda quando nao acompanhadas de violencias ou tumultos.
§ 1.° Os militares que forera considerados como instigadores ou cabegas de revolta, serSo
condemnados á morte.
§ 2.° Os militares que, nEo sendo instigadores ou cabegas da revolta, tomarem, todavía,
parte no crime, serEo condemnados:
1.° A presidio militar de seis anuos e um dia a nove annos, se o crime for precedido de
colligagEo ou eommettido era tempo de guerra, em servigo, em marcha ou em prevengao de
marcha, em viagem ou com preveng-Eo para embarcar;
2.° A presidio militar de tres annos e um dia a seis annos era todos os mais casos.
Art. 83.° Commetteni crime de sedigao militar os militares que, sem attentarem contra a
seguranga interior do estado e sem praticarem qualquer dos actos especificados no artigo 82.°,
se «juntaran era motim ou tumulto, ou com arruido, empregando violencias, ameagas ou injurias,
ou tentando invadir algum edificio publico ou a casa de residencia de algum ñmecionario publico
ou a de algum militar:
1.° Para impedir a execugao de alguma lei, decreto, regulamento ou ordem legitima da au-
ctoridade ;
2.° Para constranger, impedir ou perturbar no exercicio das suas funcgoes alguma corpo-
ragEo que exerga auctoridade publica, magistrado, agente da auctoridade ou funecionario pu-
blico ;
3.° Para se eximirem ao cumplimento de alguma obrigagao;
4.° Para exercer algum acto de odio, vingaiiga ou despiezo contra qualquer funecionario ou
membro do poder legislativo.
Este crime será punido :
1.° Com presidio militar de tres anuos e um dia a seis airaos, se for perpetrado por dez ou
mais militares armados;
72
570

2.° Coní presidio militar de seis mezes a tres annos, se for perpetrado por mais de dez mi-
litares desarmados ou por mais de tres e menos de dez armados;
3.° Com prisao militar ou encorporagao em deposito disciplinar em todos os mais casos.
Art. 84.° Nos crimes de revolta e sedigao militar, será sempre considerado e punido como
se fóra um dos instigadores o militar que persistir na desobediencia ou na desordem, depois de
pessoalmente intimado por algum seu legitimo superior para Ihe obedecer ou para entrar na
ordem.
Art. 85.° Os crimes mencionados n'esta secgao, commettidos contra sentinellas armadas, ve-
detas, patrulhas ou chefes de postos militares, sEo punidos como se fossem praticados contra su-
periores.
Art. 86,° Nos crimes de insubordinagao e de revolta poderEo os juizes substituir a pena de-
cretada na lei pela inmediatamente.inferior, sera prejuizo do que íica disposto no § único do
artigo 31,°, quando o offendido for cabo ou tiver na hierarchia militar graduagao inferior ou igual
á do delinquente.
Art. 87.° As penas mencionadas n'esta secgao serao únicamente applicadas, quando por lei
nao estiverem estabeleeidas outras mais graves, que em tal caso serEo impostas,

6EC<;:2o VI

Do abuso da auctoridade
Art. 88.° O militar que, sem ordem ou causa legitima, assümir ou, contra as ordens de
-seus chefes, retiver algum commando, será condemnado a presidio militar de tros anuos e um
día a seis anuos.
Art. 89,° O commandante que, sem legitima auctorisacao nem motivo justificado, ordenar
qualquer movimeiito de tropas, será condemnado a presidio militar de seis mezes a tres annos.
Art. 90.°" O militar que, por occasiao de exeeutar alguma ordem superior ou no exercicio
de funcgoes militares, empregar ou fizer empregar, sem motivo legitimo, contra, qualquer pessoa,
violencias que nao sejam. necessarias para a execugao ño acto que deva'praticar, será conde-
mnado a presidio militar de seis mezes a tres annos.
Art. 91.° O militar que, sendo encárregado do algum servigo tendente a manter ou a res-
tabelecer a ordem publica, fizer ou mandar fazer uso das armas, sem causa justificada ou antes
de- preenchidas as formalidades determinadas ñas ordens militares, será condemnado presidio
militar de seis mezes a tres annos. a
Art. 92.° O militar que,- indebidamente, tomar alojamento para si ou para forgas do seu
commando, será punido com prisao militar ou encorporagao em deposito disciplinar.
Art. 93.° Será condemnado a presidio militar de seis mezes a tres anuos o militar:
1.° Que, para o servigo militar e sem recorrer á auctoridade competente, langar mao de
cavallos, muarés ou quaesquer .outros animaes de carga ou traegao, vehículos terrestres ou trans-
portes marítimos, forragens, géneros, ma.ntimentos ou quaesquer outros objectos;
2.° Que, apoderando-se legítimamente d'aquelles animaes ou objectos, nao pagar logo o seu
valor ou o prego do aluguer, ou deixar de cumplir as formalidades proscriptas nos respectivos
regulamentos.
Art. 94." O militar que offender corporalmente algum seu inferior, será condemnado a pre-
sidio militar de seis mezes a tres anuos.
§ único. Serao consideradas como circumstancias dirimentes especiaes d'este crime as se-
guintes:
1.a Ser eommettido para conseguir a reuníEo de militares em fuga ou debandada;
2.a Ser eommettido para obstar á rebelliao, revolta, sedigao, saque ou devastagao;
3.a Ser eommettido em acto seguido a urna aggressao violenta praticada pelo offendido con-
tra o superior ou contra a sua auctoridade;
4.a Ser eommettido para obligar o offendido a cumplir- urna ordem de servigo,
nao havendo
outro meio de o constranger á- obediencia^ devida.
Art. 95." Incorrerá na pena de prisao militar ou na de encorporagao em deposito discipli-
nar o militar:
1.° Que, reprehendendo-um official, empregar palavras indecorosas ou ofi'ensivas;
2.° Que prender ou fizer prender por sua ordem algum inferior, sem que para isso tenha
auctoridade ou, tendo-a, a exercer fóra dos casos determinados na lei;
3.° Que, por meio de ameagas ou violencias, impedir algum seu inferior de apresentar quei-
xas ou roclamagSes permittidas pelas leis e regulamentos militares;
4.° Que, por aquelles meios, constranger algum seu inferior a praticar quaesquer actos a
que nao for obligado pelos deveres do servigo ou da disciplina;
5.° Que, sem auctorisagao superior, acceitar dadivas ou presentes de algum
seu inferior;
571

6.° Que pedir dinheiro emprestado aos seus subordinados, ou que ¡lies fizer exigencias ou
contrahir com elles obrigagoes que possam íer influencia prejudicial á disciplina ou ao servico.
Art. 96.° O militar que praticar actos deshonestos com os seus inferiores, será condemnado
a presidio militar de seis mezes a tres anuos.
Art. 97.° As penas estabeleeidas n'esta secgao serao únicamente applicadas quando, por
disposigao d'esta lei ou do código penal, nEo corresponderem penas mais graves ao acto pratica-
do, as quaes n'este caso serao impostas, mas aggravadas segundo as regras geraes.

SRCCAO VII

Da cobafdia
Art. 98.° Será condemnado á morte com exautoragEo o governador ou commandante mili-
tar que capitular, entregando ao inimigo a praga Ou ponto fortificado que Ihe éstava confiado,
sem haver empregado todos os meios de defeza de que podía dispor e sem ter feito quanto em
tal caso exigem a honra e o dever militar.
Art. 99.° Será condemnado á morte com exautoragEo o governador ou commandante mi-
litar:
1.° Que capitular em campo aberto se, antes de tratar verbalmente ou por escripto cora o
inimigo, nEo fizer tudo quanto era taes circumstancias exigem a honra e.o dever militar pn se,
em resultado da capitulagao, a tropa que commandar for obligada a depor as armas;
2.° Que, em capitulagEo por elle ajustada com o inimigo, comprehender tropas, pragas de
guerra ou pontos fortificados que nSó estejam sob as suas ordens ou que, embora o estejam,
nao tenham ficado compromettidos pelo feito de armas que occasionar a capitulagao;
3.° Que, em qualquer dos casos do numero anterior, adherir a capitulagao ajustada por ou-
trem, dispondo ainda de meios de defeza.
Art. 100.° Incorrerá na pena de morte o militar:
1.° Que, por qualquer meio, obligar ou tentar obligar um governador ou commandante mi-
litar a capitular ou a render-se;
2.° Que na frente do inimigo abandonar sem auctorisagao, ordem ou forga maior as forgas
do seu commando, praga de guerra, ponto fortificado ou posto que Ihe estiver confiado;
3.° Que na marcha j>ara o inimigo, durante o combate ou n'unia retirada fugir ou excitar
os outros á fuga.
Art. 101.° Será condemnado a presidio militar de seis annos e um dia a nove annos o
militar:
1.° Que, na marcha para o inimigo ou em urna retirada, se desviar ou atrazar sem aucto-
risagao, nao acompanhando o corpo a que pertencer;
2.° Que, em tempo de guerra, destruir sem necessidade ou abandonar armas, municoes ou
víveres que Ihe estejam distribuidos ou confiados;
3.° Que, era tempo de guerra, voluntarianiente ferir, estropiar ou matar cavallo ou muar
destinado ao servigo militar;
4.° Que se embriagar, pretextar doenga ou empregar qualquer outro meio para se eximir
a combater ou para se subtrahir a algum servigo reputado perigoso para que tiver sido no-
meado.
Art. 102.° O official prisioneiro de guerra que acceitar a sua liberdade sob promessa de
nao tomar armas contra o inimigo, será condemnado a presidio militar de seis annos e um dia
a nove annos.
Art. 103.° Na mesma pena do artigo antecedente incorrerá o militar que, em tempo ele
guerra, voluntariamente e para se subtrahir ao servigo, so mutilar ou contrahir molestia que o
inhabilite, ainda que só temporariamente, para o mesmo servigo.
§ único. Em tempo de paz, a mutilagao voluntaria será punida com presidio militar de seis
mezes a tres anuos.
Art. 104.° O militar que, estando de guarnigEo. em praga ou fortificagEo investida, sitiada
ou bloqueada, ou fazendo parte de qualquer forga em operagoes, e nao tendo legitimo impedi-
mento, deixar de comparecer, prompíamente no seu posto logo que se der o signa! de alarme
ou rebate, ou depois de tocar a «unir» ou a «assembléa», será condemnado a presidio militar
de seis mezes a tres annos, ou, sendo official, a presidio militar de tres annos e um dia a seis
annos.
Art. 105.° O militar que, presenceando urna revolta ou unía sedigao, nEo empregar todos
os meios de que poder dispor para obstar á rcalisagEo do crime, será punido com presidio mili-
tar de seis mezes a tres annos, se for official; e, sendo praga graduada, com encorporagao em
deposito disciplinar.
Art. 106." O militar que, fóra dos casos ostabelecidos nos artigos antecedentes, violar qual-
572

quer dever militar por temor de algum perigo pessoal, será condemnado a presidio militar de
seis mezes a tres annos.
Art, 107.° Em todos os crimes previstos n'esta secgao será sempre imposto o máximo da
pena, quando o crime for concertado entre dois ou mais militares.

SECGAO VIII

Dos crimes contra o dever militar


Art. 108.° O governador ou commandante militar que, declarada a guerra, nEo tomar as
nécessarias medidas preventivas ou nao requisitar opportunaraente os recursos indispensaveis
para a défezaj se da sua negligencia resultar a perda da praga, ponto fortificado Ou posto que
lite estiver confiado, será condemnado na pena de reclusEo,
Art, 109,° O goveriiador ou commandante militar que, era capitulagEo por elle ajustada,
nao seguir a sorte da guarnigao ou da tropa do seu commando, mas estipular para si oü para
os officiaes coñdigoes mais vantajosas, será condemnado a ju'esidio railitar de seis annos e um
dia a nove annos.
Art, 110,° O militar que, estando de vedeta, patíulha ou sentineíla, abandonar temporaria
ou definitivamente o seu posto óu nao cumplir as instrucgoes especiaes que Ihe forera dadas,
será condemnado á morte, se estiver na frente do inimigo.
§ 1,° Sendo o crirae eommettido em tempo de guerra, mas fóra do caso ácima especificado,
a pena será a de presidio militar de tres annos é um, día a seis annos,
§ 2.° Ein todos os mais casos será imposta a pena de presidio militar de seis mezes a tres
á-ilnos.
Art, 111.° O militar que for encontrado a dormir, estando de vedeta, patíulha ou sen-ti-
liélla, será condemnado a presidio militar de tres annos e um dia a seis annos, sendo na frente
do miniigOí
§ 1." Quando o crime for eommettido em tempo de guerra, mas fóra do caso ácima espe-
cificado, a pena será a de presidio militar de seis mezes a tres anuos,
§ 2.° Em todos os mais casos será imposta a pena de encorporagao em deposito disciplinar.
Art. 112.° O militar que se embriagar, estando de servigo^ depois de nomeado ou avisado
para servigo, ou depois de prevenido para comparecer a unía formatura, será condemnado a
presidio militar de seis annos e um dia a nove anuos, sendo na frente do inimigo.
§ 1.° Quando o crime for eommettido era tempo de guerra, mas fóra do caso ácima especi-
ficado, a pena será a de presidio militar de tres annos é um dia a seis annos.
§ 2." Em todos os mais casos será imposta a pena de prisao militar ou a de incorporagao
ein deposito disciplinar.
§ 3.° Se o delinquente for commandante ou chefe de posto¿ ser-lhe-ha sempre imposto o
máximo da pena estabelecida para cada um dos casos d'este artigo.
Art. 113.° O militar que, tendo sido duas vezes punido disciplinarmente por embriaguez,
de novo incorrer na mesma falta, fóra dos casos previstos no artigo antecedente, será condem-
nado a prisao militar ou a encorporagao em deposito disciplinar.
Art. 114.° O militar que, sem auctorisagEo, ordem ou forga maior, temporaria ou definiti-
vamente abandonar o posto da guarda ou o de qualquer servigo necessario á seguranga das tro-
pas, será condemnado á morte, se estiver na frente do inimigo.
§ 1." Sendo o crime eommettido em tempo de guerra, mas fóra do caso ácima especificado,
a pena será a de presidio militar de tres annos e um dia a seis annos.
§ 2.a Em todos os mais casos será imposta a pena de prisao militar ou a de encorporagEo
era deposito disciplinar.
§ 3.° Quando, por virtude d'este artigo, tiver de ser applicada pena temporaria, se o de-
linquente for coinmandante de posto, será applieado o máximo da pena.
Art. 115.° O militar que, sem motivo justificado, deixar de comparecer no local e á hora
que Ihe tiver sido determinada para embarcar ou para marchar para fóra da localidade onde
estiver, será condemnado:
1." A presidio militar de seis mezes a tres annos, se pela sua falta deixar de seguir viagem
para o ultramar;
2.° A prisEo militar ou a encorporagEo em deposito disciplinar em todos os mais casos.
Art. 116.° O militar que violar a salvaguarda concedida a alguma pessoa ou logar depois
de Ihe ter sido apresentada, será condemnado a presidio militar de seis mezes a tres anuos, se
por qualquer outro acto de violencia nao incorrer em pena mais grave.
Art. 117.° Será condemnado a presidio militar de tres annos e um dia a seis annos o mili-
tar que, sem intengEo de trahir, mas por negligencia ou outra causa indesculpavel, pozer em
risco, por qualquer acgSo ou omissao, a seguranga do exereito ou de parte d'elle, de alguma
573

praga, arsenal ou estabeleeimento militar, ou facilitar ao inimigo meios ou occasiao de aggressEo


ou defeza,
Art. 118.° O militar que, sem intencEo de trahir, revelar a qualquer pessoa o santo, senha
ou contra-senha ou alguma ordem de servigo reservada, será condemnado:
1.° A presidio militar de seis mezes a tres annos, sendo o crime eommettido em tempo de
guerra;
2.° A prisao militar ou a encorporagEo em deposito disciplinar em todos os mais casos,
Art. 119,° O militar nomeadó para fazer parte de algara cónseihú de guerra que, sem es-
cusa legitima, deixar de comparecer para n'elíé funceionar, será condemnado a prisEo militar.
Se, porém, se recusar a desempenhar esse servigo, soffrerá a pena de presidio militar de seis
mezes a tres annos.
Art. 120.° O militar que fizer uso illegitirao das suas armas ou que incitar os inferiores a
usar i Ilegítimamente das suas, será condemnado a prisao militar ou a encorporagao em deposito
disciplinar, sem prejuizo das penas mais graves era que possa incorrer,
Art. Í2l.° O militar que, por paíavras proferidas publicamente e em Voz alta, por escripto
de qualquer modo publicado ou por qualqüei* outro meio de publicagao, provocar a um crime
determinado, sera condemnado a presidio militar de seis mezes a tres anños, salvas as penas
mais graves em que possa incorrer por disposigao especial d'este código oüdo código penal,
§ único. Se a provocagEo tiver por fim a pratica de algum crime essencialmente militar, a
pena será a de presidio militar de tres annos e um día a-seis annos, salvas ém todo o casó as
penas mais gravea que devam ser applicadas.
Art, 122.° 0 militar que dolosamente procurar ou facilitar a fuga de um prisióneiro ,de
guerra ou de algum outro preso confiado á sua guarda, será punido coni presidio militar de seis
annos e um día a nove ánnoS.
§ Único. Se a fuga se realisar sem que o militar encárregado da guarda do preso dolosa^
mente a procure oü facilite, será o mesmo militar, arada n'eSSe caso, condemnado a presidio
militar de seis mezes a tres airaos, se nao provar cáSo fortuito ou forga -íaaiór que exclua toda
a imputagao de negligencia.
Art. 123.° O militar que fornecer a algum preso.
armas, instrumentos ou quaesquer outros
objectos para elle poder realisar a sua evasEo, Será condemnado á presidio militar de tres annos
e um dia a seis annos.
§ único. Se a fuga do preso nEo chegar a realisar-se, a pena será a de presidio militar de
seis mezes a tres annos.

SECOAO IX

Da desereao
Art. 124.° Commette crime de desergao o militar:
1.° Que, ausentándose sem licenga, faltar por espago de quinze dias consecutivos, ou por
espaco de trinta dias, sendo recruta que nao tenha ainda seis mezes de praga;
2.° Que, excedendo, sem causa justificada, a licenga legítimamente concedida, commetter
igual falta por espago de vinte días consecutivos depois d'aquelle em que a licenga tiver finali-
sado;
3.° Que, transitando isoladamente, deixar de se ajiresentar no ponto do seu destino dentro
de vinte dias depois d'aquelle que para esse fim tiver sido marcado na respectiva guia ou itine-
rario, urna vez que para isso nEo tenha tido causa justificada;
4." Que, dentro de doze mezes consecutivos, commetter tres ou mais faltas que entre todas
perfagam, pelo menos, vinte dias de ausencia illegitima;
5.° Que fngir de alguma cadeia ou se evadir de qualquer logar sujeito á disciplina e regu-
lamentos militares, onde esteja detido em custodia ou cumprindo pena, urna vez que se nao apré-
sente ou nEo seja capturado dentro do praso de dez dias.
Art. 125.° Em tempo de guerra sEo reduzidos a quarenta e oito horas no caso do n.° 1.°,
e a cinco dias nos casos dos n.os 2.°, 3.° e 5.° do artigo antecedente os prasos ali estabeleeidos
para serení qualificadas como desergao as faltas no mesmo artigo especificadas.
Art. 126.° Commette tambera crime desergEo:
1.° A praga da primeira reserva que, sendo chamada ás armas por motivo extraordinario,
se nao apresentar no seu regimentó ou a alguma auctoridade militar dentro de cinco dias em
tempo de guerra e dentro de vinte dias em tempo de paz, depois d'aquelle em que terminar o
praso que, pessoalmente ou por meio de editaes, Ihe for notificado para a sua apresentagEo;
2.° A praga da segunda reserva que se nEo apresentar no ponto do seu destino dentro de
dez dias depois d'aquelle em que terminar o praso que Ihe for notificado para a sua apresenta-
gEo, nos termos do numero anterior.
§ único. Commette igualmente prime de desergEo o official de reserva que se nEo apresen-
574

íar no seu regimentó ou a alguma auctoridade militar dentro dos'prasos estabelecidos no n.° 1.°
d'este artigo.
Art. 127.° Os dias.de ausencia que constituem desergEo contam-se por periodos de vinte o
quatro horas desde aquélla em que se verificar a falta.
Art. 128.° Os soldados e mais pracas de pret que commetterem o- crime de desergao, serao
condemnados a deportagao militar:
1.° De tres a cinco annos, se o crime for eommettido em tempo de paz;
2.° De seis a oito annos, sendo eommettido em tempo de guerra.
§ único. No caso do n.° 1.° d'este artigo, se o desertor for reeruta que se nEo tenha ainda
apresentado no corpo que Ihe tiver sido destinado Ou que, embora o tenha feito, se aprésente
voluntariamente da desergao, a pena será a de presidio militar de seis mezes a tres annos.
"Art. 129.° A pena de desergEo será de quatro a seis anuos no caso do n.° 1.° do artigo
antecedente e-de oito a dez no caso do n.° 2.°, quando o crime for perpetrado:
1.° Estando o que o conmietter de servigo, ein marcha ou com prevengao de marcha, sal-
vas em todos os casos as disposigoes dos artigos 54.°, 100.°, 110.° e 114.°;
2.° Levando cavallo ou muar;
3.° Sendo reincidente no crime de desergEo;
4.° Concorreiido extravio de armamento ou sübtracgEo de objecto pertencente ao estado
ou a militar, tuna vez que nEo resulte crime a que corresponda pena mais grave;
5.° Desertando para paiz estrangeiro;
6.° Desertando dois ou mais militares, entre os quaes precedesse concertó ou conjuragáo
para a desergEo.
Árt. 130.° Considera-se desertor para paiz estrangeiro o militar:
1.° Que, sem auctorisagao, transpozer os limites que separara o territorio portuguez de
alguma outra nagao;
2.° Que, estando fóra de Portugal, com o corpo a que pertencer, o abandonar passando
para outro qualquer paiz.
Art. 131.° Será sempre imposto o máximo da jiena:
1.° Quando o crime for perpetrado na frente do inimigo, salvas as disposigoes dos artigos
54.°, 100.°, 110.° e 114.°;
2.° Quando for perpetrado pelo commandante ou chefe de algum posto urna vez que nao
tenha incorrido em pena mais grave;
3.° Sendo chefe de conjuragEo para desergEo em tempo de paz ou para paiz estrangeiro.
Art. 132.° O official que commetter o crime de desergao soffrerá a pena de presidio militar:
1.° De seis anuos e um dia a nove annos, desertando na frente do inimigo, salvas as dispo-
sigoes dos artigos 54.°, 100.° e 114.°;
2.° De tres annos e um dia a seis annos, desertando para paiz estrangeiro ou em tempo de
guerra, mas fóra do caso do numero anterior; >
3.° De seis mezes a tres annos em todos os mais casos.
§ único. Qualquer que seja a pena imposta ao official por crime de desergao, terá sempre
como accessoria a demissao.
Art. 133.° Será imposta a pena de morte ao militar:
1." Que na frente do inimigo desertar, precedeudo conjuragEo para a desergao;
2.° Que, em tempo de guerra ou estando com o corpo a que pertencer em paiz estrangeiro,
for chefe. de conjuragEo para desergao.
Art. 134.° O militar que provocar ou favorecer a desergao será condemnado ñas mesmns
penas de desergEo, segundo as circumstancias e distinegoes estabeleeidas nos artigos anteceden-
tes, salva a disposieEo do artigo 63.°, e applieando-se as penas correspondentes do artigo 132." e
e seu § único todas as vezes que, sendo official o delinquente, as penas da desergEo forem espe-
ciaes para as pragas de pret.
Art. 135.° A praga da primeira reserva que se nao apresentar no seu regimentó, para as
reunioes annuaes, no praso de dez dias contados da data em que deva realisar a sua apresenta-
gEo, nos termos do decreto que para aquelle fim chamar a reserva, será punida com encorpora-
gEo em deposito disciplinar.
Art. 136.° As pracas de pret reformadas nao ficam sujeitas ás disposigoes penaes estabele-
eidas n'esta secgao e, quando desertarem, serao abatidas aos eífectivos dos corpos ou companhias
a que pertencerem, perdendo os direitos á reforma que tiverem obtido.

SECCAO X
Das violenciasmilitares
Art. 137.° O militar que, na casa em que estiver aboletado, commetter o crime de homici-
dio voluntario na pessoa do dono da casa ou em alguma pessoa de sua familia, será condemnado
07 o

a. prisao maior cellular por oito anrios, seguida de degredo por vinte annos com prisao no logar
do degredo até dois annos, ou sem ella, conforme parecer aos juizes, ou, em alternativa, na pena
fixa de degredo por vinte e oito annos com prisao no logar do degredo por oito a dez annos.
Art. 138.° O militar que, na casa em que estiver aboletado, maltratar por meio de offensas
corporaes o dono da mesma casa ou alguma pessoa de sua familia, será condemnado a presidio
militar de seis mezes a tres annos, nao resultando crime a que corresponda pena mais grave.
Art. 139.° O militar que, por meio de palavras. ou anieagas, offender o dono da casa era
que estiver aboletado ou alguma pessoa de sua familia, será condemnado a prisEo militar ou a
encorporagao em deposito disciplinar.
Art. 140.° O militar que pretender obrigar o dono da casa em que estiver aboletado a for-
necer-lhe o que, pelas leis, nao tiver obrigagEo de Ihe dar, será condemnado a prisEo militar ou
a encorporagEo em deposito disciplinar.
Art. 141.° As offensas corporaes entre militares da mesma graduagao ou entre soldados,
que produzirem doenga ou incapacidade de servigo por mais de dez dias, serEo punidas com
presidio militar de seis mezes a tres annos, se d'ellas nEo resultar algum dos effeitos: mencionados
no artigo 360.°, n.° 5.°, ou no artigo 361.° do código penal.
§ único. Serao punidas disciplinarmente pelos respectivos superiores, na conformidade das
leis e regulamentos militares, as offensas corporaes de que se trata n'este artigo, quando nao
produzirem doenga ou incapacidade de servigo por niáis de dez dias.

SECQAO XI

Do extravio de objectos militares


Art. 142.° O militar que alienar, empenhar ou, sem motivo justificado, deixar de apresen-
tar quaesquer artigos do seu faldamento, será condemnado:
1.° A presidio militar de tres annos e um dia a seis annos, se o crime for eommettido em
tempo de guerra;
2.° A prisao militar ou a encorporagEo ein deposito disciplinar em todos os mais casos.
§ único. Para os effeitos d'este artigo, o calgado é considerado artigo de fardamento.
Art. 143.° O militar que, tendo sido condemnado por algum dos crimes de que se trata no
artigo antecedente, commetter outra vez algum dos mesmos crimes, ou aquelle que alienar, em-
penhar ou, sem motivo justificado, deixar de apresentar munigoes de guerra, ¿trtigos de arma-
mento, equipamento ou quaesquer outros pertencentes ao estado e que Ihe tenham sido confiados
ou distribuidos para o servigo militar, será condemnado:
1.° A presidio militar de seis anuos e um dia a nove annos, se o crinle for eommettido em
tempo de guerra;
2.° A presidio militar de seis mezes a tres annos em todos os mais casos.
§ único. O militar que, sem motivo justificado, deixar de apresentar cavallo ou niuar que
Ihe esteja confiado ou distribuido para servigo, será condemnado, segundo os casos, no máximo
das penas estabeleeidas n'este artigo.
Art. 144.° O militar que pela primeira vez alienar, empenhar ou nEo apresentar quaesquer
dos objectos especificados nos artigos 142.° e 143.a, será punido disciplinarmente, se a- substituí-
gao dos objectos alienados, empenhados ou extraviados importar em quantia inferior a 2$500 réis.
Art. 145.° Qualquer individuo que comprar, receptar oü receber em penhor cavallo, muar
ou algum dos objectos especificados n'esta secgao, e que nEo deva ser alienado ou empenhado,
será punido com prisEo militar ou encorporagEo em deposito disciplinar.

SECGAO XII

Da usurpacíío de uniformes e distinctivos ou insignias militares e de condecoragoes


Art. 146.° O militar que usar publicamente de uniforme, distinctivos ou insignias militares
que Ihe 11E0 pertengam e nao tenha direito de trazer, será condemnado a presidio militar de seis
mezes a tres annos.
Art. 147.° O militar que, ñas mesmas condicoes, usar medalhas ou condecoragoes de al-
guma ordem nacional ou estrangeira que nao tenha o direito de trazer, será condemnado a prisao
militar ou a encorporagao em deposito disciplinar.

SECQAO XIII

Do incendio e destrulcao de edificios e objectos militares


Art. 148.° O militar que voluntariamenteincendiar ou que, por meio de materias explosi-
vas destruir, no todo ou era parte, casa, arsenal, armazem, ponte, fabrica, construegao militar,
576

eomboio, embarcagEo ou navio, ou qualquer outro edificio ou obra de arte destinados ao servigo
do exereito, será condemnado:
1.° Na pena de morte com exautoragEo, se o crime for eommettido em tempo de guerra;
2.° Na pena de prisao maior cellular por oito annos, seguida de degredo por vinte annos
com prisao no logar do degredo até dois annos, ou sem ella, conforme parecer aos juizes, ou,
em alternativa, na pena fixa de vinte e oito annos de degredo cora prisao no logar de degredo
de oito a dez annos em todos os mais casos.
Art. 149.° No caso do artigo antecedente, quando para a destruigEo de algum dos objectos
n'elle mencionados se tiver empregado qualquer outro meio que nEo seja algum dos que ali se
espeeificaní, a pena será a de prisEo maior cellular por oito annos, seguida de degredo por dozé
annos ou, em alternativa, a pena fixa de degredo por vinte e cinco annos.
Art. 150.° O militar que voluntariamente, mas sem intengao de trahir, destruir ou por
qualquer modo inutilisar obras de defeza, material de guerra, munigoes de quaesquer especie,
artigos de fardamento, equipamento ou quaesquer outros destinados ao abasteeiinento do exer-
eito, será condemnado:
1.° A prisEo máior cellular por oito airaos, seguida de degredo por doze annos, ou, em-al-
ternativa, á pena fixa de degredo por vinte e cinco annos, se o crime for eommettido em tempo
de guerra;
2.° A prisEo maior celíular de dois a oito annos ou, em alternativa, a degredo temporario
em todos os mais casos,
Art, 151.° As ¡lenas estabeleeidas nos dois artigos antecedentes poderEo ser substituidas
pelas iraniediatáinente inferiores, quando o prejuizo realisado ou o valor dos objectos destruidos
ou inutilisados for inferior a 250.^000 réis.
Art. 152.° O militar que voluntariamente inutilisar artigos de fardamento seus ou de algum
seu cantarada, ou artigos de arniáinento, equipamiento ou quaesquer outros pertencentes ao esr
tado e que estejam á sua responsabilidade ou á responsabilidadede outro militar, será conde-
mnado:
1.° A presidio militar de seis annos e um dia a nove annos, se o crime for eommettido em
tempo de guerra;
2.° A presidio militar de seis mezes a tres annos em todos os mais casos.
Art, 153.° O militar que, ein tempo de paz, voluntariamente ferir, estropiar ou matar ca-
vallo ou muar- destinado ao servigo militar, será condemnado a presidio militar de tres annos e
uní dia a seis annos.
Art. 154.° O militar que, dolosamente, queiraar, dilacerar, extraviar ou por qualquer modo
inutilisar livros, documentos originaes, copias ou minutas dos archivos de qualquer corpo, esta-
beleeimento ou repartigao militar, será condemnado a ¡prisao maior cellular de dois a oito annos
ou, era alternativa, a degredo temporario.
§ único. A pena poderá ser substituida pela de presidio militar de seis mezes a tres annos,
se da perda do livro ou do documento inutiiisado ou extraviado nEo resultar prejuizo para o es-
tado ou para tereeiro.
Art. 155.° Nos crimes especificados nos artigos 148.°, 149.° e 150.°, impor-se-hEo aos
eumplices, ainda que nEo sejam militares nem pessoas pertencentes ao exereito, as penas que
corresponden! aos auctores dos mesmos crimes.

S!!0f,:AO X[V

De alguns crimes contra as pessoas e contra apropriedade em tempo de guerra


Art. 156.° Aquelle que. no theatro da guerra, sem motivo e por manifestó impulso de mal-
vadez, para facilitar a exeeugEo de algum crime ou para se assegurar a impunidade por crime
já eommettido, matar alguem ou praticar ferinientos de que resulte a morte de alguma pessoa,
será condemnado á morte, ou á morte com exautoragEo, se for militar.
Art. 157.° Aquelle que, no theatro da guerra, tiver copula illicita com qualquer mulher
contra sua vontade, empregando para o conseguir violencias physicas ou vehemente intimidagSo,
ou que violar menor de doze annos, posto que se nao prove o emprego de algum d'aquellos
meios, será condemnado a prisao maior cellular por seis annos, seguida de degredo por dez an-
nos ou, em alternativa, á pena fixa de degredo por vinte annos.
§ único. Se do crime resultar a morte da offendida, applicar-se-ha a pena do artigo antece-
dente.
Art. 158.° Aquelle que, no theatro da guerra, empregar violencias contra algum ferido para
se apropriar do seu espolio ou para outro qualquer fim, será condemnado á morte, ou á morte
com exautoragao, se for militar.
§ único. Se o crime consistir únicamente era despojar o ferido sem, comtudo. se emprega-
J>77

rem violencias, a pena será a de prisao maior cellular por quatro annos, seguida de degredo por
oito annos ou, em alternativa, a pena fixa de degredo por quinze annos.
Art. 159.° O militar que, sem necessidade ou ordem superior, incendiar casa ou edificio si-
tuado no theatro da guerra, posto que seja em territorio inimigo, será punido:
1.° Com presidio militar de seis annos e um dia a nove annos, se incendiar casa ou edificio
habitado e o prejuizo for superior a 100^000 réis;
2.° Com presidio militar de tres annos e um dia a seis annos em todos os mais casos.
§ único. Quando do incendio resultar a morte de alguma pessoa, applicar-se-ha ao delin-
quente a pena de morte com exautoragao, qualquer que seja o valor do prejuizo,
Art. 160." O militar que, no theatro daguerra, saquear, destruir ou deteriorar mercadorias,
géneros ou outros objectos, fazendo uso das armas, empregando violencias contra as pessoas ou
praticando algum escalamento ou arrombamento, será punido:
1." Com presidio militar de seis airaos e um-dia a nove anuos, se o prejuizo causado for
superior a 100$000 réis;
2.° Cora presidio militar de tres annos e um dia a seis annos,em todos os mais casos,
§ único. Quando ás violencias pratícadas correspouderem por leí penas mais graves que as
estabeleeidas n'este artigo, serSo impostas essas penas.
Art. 161.° Os militares que, em corpo de quatro ouraais para esse fim conjurados, commet-
terem algum dos crimes previstos nos dois artigos antecedentes, serEp punidos:
Í.° Com a pena de inorte com exautoragao os que forera considerados como instigadores do
crime ;
2.° Cora prisEo maior cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, com degredo tem-
porario, todos os que, nEo sendo instigadores e nEo commettendo violencias a. que corresponda
pena mais grave, tomarem, todavía, parte no crime.
Art. 162.° Incorrerá na pena de presidio militar, de tres annos e-urn dia a seis annos o
militar que, aproveitando-se do temor suscitado pela guerra ou abusando da sua qualidade de
militar:
1.° Impozer contribuigoes de guerra em dinheiro ou em géneros, nao estando auctorisado
a fázel-o ou excedendo em proveito proprio a auctorisagao que tiver para inipor as mesinas
contribuigoes;
2.° Obligar qualquer pessoa a entregar-lhe ou, na sua presenga, se apropriár de dinheiro
ou de quaesquer effeitos movéis pertencentes aos habitantes do paiz.
Art. 163." O militar que, desviando-se do corpo a que pertencer, commetter, no theatro da
guerra, quaesquer maleficios contra os habitantes do paiz, será condemnado a presidio militar
de tres annos e um dia a seis annos.
§ 1.° Se o crime for coiumettido por quatro ou mais militares que se tenbam concertado
para o perpetrar, applicar-se-ha aos delinquentes a pena de presidio militar de seis annos e um
dia a nove annos.
§ 2." Se os maleficios realisados contra os habitantes constituirem crime a que corresponda
pena mais grave, será imposta essa pena.
Art. 164." O militar que, no theatro da guerra, furtar alguma cousa a um prisioneiro de
guerra, confiado á sua guarda ou proteegao, ou que o obligar a entregar-lhe dinheiro ou quaes-
quer objectos que possua, será condemnado, a prisao maior cellular de dois a oito annos ou, em
alternativa, a. degredo temporario.
§ único. Ilavendo circumstancias attenuantes ou sendo inferior a 2#500 réis o valor do
furto ou da extorsEo, a pena será a de presidio militar de seis mezes a tres annos.

SKO^AO XV

Dos crimes praticados por prisioneiros de guerra e emigrados políticos


Art. 165° O official prisioneiro de guerra que, faltando á sua palavra, tornar a ser preso
com as armas na mao, será condemnado á morte.
Art. 166." Os prisioneiros de guerra ou emigrados políticos que, contra officiaes portuguezes
ou de nagao alliada, ou contra auctoridade portugueza no caso do artigo 83.°, commetterem
algum dos crimes especificados na seccEo v d'este capitulo, serao punidos com o máximo da
pena correspondente ao crime que pratiearem, salva a disposigEo do paragrapho seguinte.
§ único. Os prisioneiros de guerra ou emigrados políticos que forem considerados como
principaes instigadores de um crime de sedigao militar, serEo coudeiimados á morte..
Art. 167.° Para os effeitos da mencionada secgEo v, os prisioneiros de guerra e os emigra-
dos políticos serao considerados como inferiores, nao só de qualquer official portuguez que tenha
posto equivalente ou superior aquelle que o governo portuguez lhes reconhecer, mas tambera
dos officiaes de qualquer graduagSo que exercerem commando ou estiverem de servigo no quar-
tel, deposito ou estabeleeimento onde forem alojados osinesmos prisioneiros ou emigrados.
578

Art. 168.° Quando algum militar estrangeiro, prisioneiro de guerra ou emigrado político
eommetter crime a que corresponda a pena de morte com exautoragao, nao será imposta essa
pena e applicar-se-ha, em seu logar, a pena de morte.
Art. 169.° A pena de presidio militar, quando imposta a militar estrangeiro, prisioneiros
de guerra ou a emigrados políticos, nao produz effeito algum dos mencionados no artigo 21.°
do presente código.
CAPITULO 11
Dos crimos militares
SEC?ÁO 1

Da falsidade
Art. 170.° Será condemnado na pena de dois a oito aliños de prisao niaior cellular ou, em
alternativa, na de degredo temporario, o militar:
1.° Que, em materia de administragao militar, falsificar dolosamente álgüni livro, inappa,
relacao, diario Olí qualquer outro documento, se da falsificagao resultar, Ou poder resultar, pre-
juizo para o estado ou para militares;
2.a Que falsificar dolosamente actos ou termos do processo criminal militar, dos livros regi-
mentó, batálhao, cOmpanhia ou batería, cadernetás militares, titulos de licenga ou de baixa,
guias 011
attestados;
3.° Que, nao sendo o auctor da falsificagao a que se refere qualquer dos números antece-
dentes, fizer comtudo uso do documento falsificado, sabendo que o é;
4.° Que der maliciosamente a seus superiores informacoes falsas ou inexactas sobre qual-
quer objecto de servico ou de administrágao militar;
5:° Que, abusando da confianca que n'elle depositar algum superior, conseguir que este
auctOrise com a sua ássignatura ou com a'sua rubrica qualquer documento falso;
6.° Que se apropriar e fizer uso de caderneta militar, titulo de baixa ou de licenga, guia
ou attestado que lhe nao pertenca, posto que nao contenhá falsificagao.
§ 1.° A pena de prisao maior cellular será substituida pela de presidio militar de seis me-
zes a tres annos, se a falsidade for commettidavoluntariamente, mas sem intencao de causar
prejuizo ao estado 011 a militares, nem com a de encobrir uin prejuizo ja realisado.
§ 2.° O disposto no n.° 5.° d'este artigo nao exime o superior das responsabilidades ora
que incorrer pela inobservancia dos regulamentos militares.
Art. 171.° Será condemnado na j>ena de dois a oito annos de prisao maior cellular ou, em
alternativa, na de degredo temporario, o militar que, em prejuizo da íazendá militar ou de in-
dividuos militares, fizer uso de pesos ou medidas falsas, sabendo que o sao.
Art. 172.° Será condemnado a prisao maior cellular de dois a oito annos ou, em alterna-
tiva, a degredo temporai-io, o militar:
-1.° Que falsificar sellos, marcas, chancellas ou cunhos de alguma auctoridade ou repartigíio
militar, destinados a áuthentiear actos ou documentos relativos ao servico militar, ou a servir
de signál distinctivo de objectos pertencentes ao exercito;
2.° Que, em prejuizo do estado ou de militares, fizer uso fraudulento de sellos, marcas,
chancellas ou cunhos verdadeiros da natureza d'aquelles que especifica o numero antecedente e
destinados a ter alguma das applieagoes ali declaradas.
Art. 173.° O militar que fizer uso dos sellos, marcas, chancellas e cuuhos de que se trata
110 n.° 1.° do artigo antecedente, sabendo que sao falsificados, será condemnado a prisao maior
cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, a degredo temporario.
§ único. Se o crime for commettido sem intengao de causar prejuizo ao estado ou a terceiro,
a pena será substituida pela de presidio militar de seis mezes a tres annos. \
Art. 174." O facultativo militar que, no excrcicio das sitas funegoes, certificar ou encobrir
falsamente a existencia, de qualquer molestia ou lesáo, ou que, do mesmo modo, exagerar ou
attenuar a gravidade de molestia existente, será condemnado a presidio militar de seis mezes a
tres annos, salvas as penas mais graves em que incorrer, havendo corrupeáo.

SECpAO II

Da inficlelidade no servido militar


Art. 175.° O militar que, no exercicio de suas funegoes, se deixar corromper, recebendo,
por si ou por interposta pessoa, dadivas ou presentes, ou simplesmente aceeitando promessas de
•recompensa para praticar uní acto injusto ou para se abster de praticar um acto justo das suas
attribuigoes, será condemnado a prisao maior cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, a
degredo temporario.
579

§ 1.° Se a corrupgáo nao produzir efteito, ou se o objecto d'ella for a pratica de um acto.
justo ou a abstengao de um acto injusto, a pena será a de presidio militar de seis mezes a tres
annos.
§ 2.° Se o acto injusto e executado for crime a que corresponda pena mais grave, será
imposta essa pena.
§ 3.° Se a corrupo|io tiver por objecto algum acto das funegoes judiciaes que competem aos
militares em materia criminal, ajiplicár-se-ha ao delinquente a pena de quatro annos de prisao
maior cellular seguida de degredo por oito annos ou, em alternativa, a pena fixa de degredo
por quinze annos. Q.uando, porém, por efteito da corrupgáo, houver condemnagao a urna pena
mais grave que a estabelecida n'este paragrapho, será imposta essa pena mais grave ao militar
que se deixar corromper.
§ 4.° As disposigoes d'este artigo e seils paragraphos terao logar tambem nos casos em que
o militar, arrogando-se dolosamente attribuigoes para praticar um qualquer acto ou inculcando
crédito para o conseguir, aeceitar offerecinieuto ou promessa,. oil receber dadiva ou presente
para fazer ou deixar de fazer esse acto, ou para conseguir de o.utrem que o prátique ou déixe
de praticar.
Art. 176.° O militar que, por meio de violencia ou ameagaj constránger ou que, por dadiva,
presente ou simples promessa de recompensa, corromper ou procurar corromper qualquer mili-
tar para obter d'elle, no exercicio de suas funegoes, algum acto injusto ou assegürar o resultado
de alguma pretensao, será punido:
1." Com as mesnias penas que pelo artigo antecedente correspondemao militar que se deixa
corromper, se a coaegao ou a corrupgáo produzirem effeito;
2." Com prisao militar ou encorpórágao em deposito disciplinar, havendo simplesmente ten-
tativa de coaegao ou de corrupgáo, excepto se o delinquente for official e de graduágaó superior
á do militar a quem procurar constránger ou corromper, porque, n'esse caso, softrerá a pena de
presidio militar de seis mezes a tres annos.
Art. 177.° O militar que¿ tendo em seu poder, em rasao de suas funegoes, dinheiro, valores
ou quaesquer objectos que lhe nao pertengam, os distrahir de suas legáes applieagoes em pro-
veito proprio ou álheio, será condemnado:
1.° A prisao maior cellular por quatro annos seguida de degredo por oito annos ou, em
alternativa, á pena fixa de degredo por quinze annos, se o prejuizo for superior a 100$000 reís;
2." A prisao maior cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, a degredo temporario,
se o prejuizo for inferior aquella importancia.
§ 1.° Havendo circumstaucias attenuantes, a pena poderá ser substituida pela de i^i'esidio
militar de tres annos e um dia a seis annos.
§ 2.° Se o delinquente for praga de pret, será punido disciplinarmente sempre que o pre-
juizo nao exceder a 2$500 réis.
Art. 178.° Se a distraegáo de que se trata no artigo antecedente consistir sómente em se
dar a qualquer dos objectos n'elle especificados, sem preceder auetorisagao competente e sem-
causa de forca maior, applicagao ao servigo publico diversa d'aquella que legalmente deveria
ter, a pena será a de presidio militar de seis mezes a tres annos.
ArL 179.° O militar que, investido ou encarregado de um commando ou de quaesquer fune-
goes de administragao militar, tomar ou aeceitar, por si ou por interposta pessoa, algum inte-
resse pessoal em adjudicagáo, compra, venda, recopgáo, distribuigao, pagamento ou em qualquer
outro acto de administragSo militar cuja direegao, fiscalisagao, verificagao, exame ou informacao
lhe pertenca no todo ou em parte, será condemnado a presidio militar de tres annos e um dia a
seis annos.
§ único. Se do crime resultar prejuizo para o estado ou para militares, a pena será a de
prisfio maior cellular de dois a oito anuos ou, em alternativa, a de degredo temporario.
Art. 180.° O militar nao auetorisado por lei para levar ás partes emolumentos ou salarios,
e bem assim aquelle que a lei auctorisa a levar sómente os emolumentos ou salarios por ella
fixados, que por algum acto de suas funegoes receber o que lhe nao é ordenado ou mais do que
lhe é ordenado, posto que as partes Ih'o queirain dar, será punido com presidio militar de seis
mezes a tres annos, salvas as penas de corrupgáo, se houver logar a que sejam applicadas.
Art. 181.° Será condemnado a presidio militar de seis mezes a tres annos o militar:
1.° Que, com o finí de tirar proveito, substituir dinheiro ou valores, que para o servigo do
exercito tiver recebido em certa e determinada especie, por differente especie de dinheiro ou
valores, urna vez que para isso nao esteja auetorisado;
2.° Que, com o mesmo fim, substituir cavallo, muar ou quaesquer outros objectos perten-
centos ao estado, por cavallo, muar ou outros objectos de idéntica natureza aos substituidos,
nina vez que para isso nao tenha auetorisagao devida;
3.° Que por qualquer outro modo, alem dos já especificados, traficar com os fundos publi-
<:os destinados ao servigo militar.
580

Art. 182.° Será condemnado a presidio militar de tres annos e um dia a seis annos o
militar:
1.° Que, tendo a seu cargo ou confiadas á sua guarda quaesquer substancias, géneros,
mantimentos ou.forragens destinadas ao servigo do exercito, por qualquer modo as adulterar óu
as substituir por outras adulteradas;
2.° Que, nao ignorando que similhantes substancias, géneros, niantimentos ou forragens
estao adulteradas, assim mesmo as distribuir ou fizer distribuir.
§ único. Se a adulteragáo for, porém, de natureza que possa prejudicar a saude, ou se o
crime consistir na distribuigáo de carnes de animaes inficionados de molestias contagiosas ou de
substancias, géneros, mantimentos ou forragens em estado de corrupgáo, a pena será a de prisao
maior cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, a de degredo temporario.
.Art. 183.° Qualquer individuo sujeito á jurisdiccao dos tribunaes militares qué, sendo en-
oarregado, em tempo de guerra, do fornecimento de géneros, mantimentos, forragens, niunigoes
de guerra ou quaesquer substancias para o servigo do exercito, faltar dolosamente e sem causa
justificada com o mesmo fornecimento, será condemnado a prisao maior cellular de dois a oito
annos ou, na alternativa, a degredo temporario, salvas as penas mais graves em caso de traicáo.
§ 1.° Havendo simplesinente negligencia em tenrpo de guerra, ou sendo o crime comme-
ttido em tempo de paz, a pena será a de presidio militar de tres annos e um dia a seis annos.
§ 2..° Em tempo de guerra, quando nao chegar' a haver falta mas só demora no forneci-
mento, a pena será a de presidio militar de seis mezes a tres annos.

;''
SECfAO III
Do furto, abuso de confianca e burla
Art. 184.° O militar que fraudulentamente subtrahir dinheiro, documentos ou quaesquer
objectos pertencentes ao estado ou a outros militares, sex*á condemnado:
1.° A prisao maior cellular por quatro annos, seguida de degredo por oito annos ou, na
alternativa, á pena fixa de degredo por quinze annos se o valor do furto exceder a 100^000
reís
2.° A prisao maior cellular de dois a. oito annos ou, em alternativa, a degredo temporario,
se aquelle valor, nao excédendo a 100$000 réis, for, comtudo, superior a 50^000 réis.
3.° A presidio militar de seis mezes a tres annos sej nao* excédendo a oOóOOO réis, for,
comtudo, superior a 2¡$500 réis.
Art. 185.° O militar que, na casa em que estiver aboletado, fraudulentamente subtrahir di-
nheiro, documentos ou quaesquer objectos, será condemnado:
1.° A prisao maior cellular por quatro annos, seguida de degredo por oito anuos ou, em
alternativa, á pena fixa de degredo por quinze anuos, se o valor do furto exceder a 50<)000
réis;
2.° A prisao maior cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, a degredo temporario,
se aquelle valor, nao excédendo a 50$000 réis, for, comtudo, superior a 500 réis.
Art. 186.° O militar que descaminhar ou dissipar em prejuizo do estado oii de outros mili-
tares dinheiro, documentos ou quaesquer objectos que lhe hajam sido entregues por deposito,
mandato, commissSo, administragao. commodato ou que tenha recebido para um finí ou eniprego
determinado com obrigagao de restituir ou apresentar a mesma consa ou valor equivalente, será
condemnado:
1.° A prisao maior cellular por quatro annos, seguida de degredo por oito anuos ou, em
alternativa, á pena fixa de degredo por quinze annos, se o prejuizo causado for superior a
100«$000 réis;
2." A prisao maior cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, a degredo temporario,
se o prejuizo, nao excédendo a 100$000 réis, for, comtudo, superior a 50<>000 réis;
3.° A presidio militar de seis mezes a tres annos se, nSo excédendo a 50,*>000 réis, for,
comtudo, superior a 2$500 réis.
Art. 187.° O militar que, empregando alguma falsificagao de escripto, falsa qualidade ou
qualquer outro artificio, defraudar o estado ou outros militares, fazendo que se lhe entregue di-
nheiro, documentos ou quaesquer objectos que nao tenha direito a receber, será condemnado:
1.° A pris&o maior cellular por quatro annos, seguida de degredo por oito annos ou, em
alternativa, á j>ena fixa de degredo por quinze annos, se o prejuizo causado for superior á
100#000 réis;
2.° A prisao maior cellular de dois a oito annos ou, em alternativa, a degredo temporario,
se o prejuizo, nao excédendo a 100$000 réis, for, comtudo, superior a oO^OOO réis;
3.° A presidio militar de seis mezes a tres annos se, níio excédendo a 50??i000 réis, for,
comtudo, superior a 2?$¡500 réis.
581

Art. 188.° Em todos os crimes mencionados n'este capitulo, com exclusSo do previsto no
artigo 185.°, quando o valor do furto ou do prejuizo realisado for inferior a 2??500 réis, será o
delinquente punido disciplinarmente.
§ único. No caso do artigo 185.°, observar-se-ha esta mesma disposigáo, quando o valor do
furto for inferior a 500 réis.
Art. 189.° As penas estabelecidas n'esta secgao seráo únicamente applicadas quando ao fa-
cto praticádo nao corresponderem por lei outras mais graves, que em tal caso serüo impostas,
salva, todavía, a disposigáo do artigo antecedente.

SECfAO IV

De alguns outros crimes em tempo de guerra


Art. 190.° Aquelle que, possuindo solipedes ou vehiculos, os nao apresentar para o servigo
militar quando requisitados na forma legal, será condemnado a prisao militar ou a encorporacáo
em deposito disciplinar.
§ 1.° Quando as penas d'este artigo devam ser substituidas, nos termos do artigo 42.°, a,
multa nao será inferior a 100¿¡000 réis nem superior a 500J000 réis,
§ 2.° Os vehiculos ou solipedes a que este artigo se refere, quando sejam encontrados, serao
logo entregues ao servigo militar, sem que o proprietario tenha direito a indemnisacao alguma.
Art. 191.° Aquelle que, possuindo solipedes ou vehiculos ñas circumstancias de serem re-
quisitados para o servigo militar, os nao apresentar á eommissao de inspeegao e requisigao, será
condemnado a prisao militar ou a encorporagao em deposito, disciplinar.
§ único. Quando as penas d'este artigo devam ser substituidas, nos termos do artigo 42.D,
a multa nao será inferior a 50$000 réis nem superior a 200^000 réis.

LIYROH
.

Dos tribunáes e aitctoridadesjiidiciáes militares

TITULO I
Dos tribunáes e auetoridadesjudiciaes militares em tempo de paz
CAPITULO i
Disposiqoes geraes
Art. 192.° A justiga militar, em tempo de paz, é administrada, em nome do Reí, pelas au-
ctoridades e tribunáes seguintes:
1.° Agentes da policía judiciaria militar;
2.° Commandantes das divisoes militares territoriaes;
3.° Ministro da guerra;
4." Conselhos de guerra;
5.° Supremo conselho de justiga militar.
Art. 193.° A justiga militar é gratuita. Os processos sao escriptos em papel nao sellado, e
os réus nao sao obrigados a pagar sellos, eustas ou portes do correio.
§ único. O servico da justiga militar, em tempo de paz, prefere a qualquer outro.
Art. 194." Nenhuma pessoa pode fazer parte de algum tribunal militar, urna vez que nao
seja cidadáo portuguez por nascimento ou naturalisagao, e nSo tenha completado vinte e um an-
nos de idade.
Art. 195.° Os militares em actividade de servico que exercerem funegoes de justiga militar,
desempenharao as obrigagoes que pelo presente código Ihes sao incumbidas, debaixo do jura-
mento por ellos anteriormente prestado.
§ único. Os que nao estiverem em actividade de servigo prestarao, antes de entrar no exer-
cicio das suas funegoes, o juramento de bem e fielmente desempenhar as obrigagoes que por lei
lhes forem incumbidas.
Art. 196.° Nao podem simultáneamente ser juizes, promotor ou defensor, no mesmo tribu-
nal militar, os consanguíneos ou aftms em linha recta ou no segundo grau da linha transversal.
Art. 197.J Nos processos de justiga militar nao podem ser juizes nem intervir como promo-
tores ou secretarios:
1.° Os parentes até ao quarto grau por direito civil, por eonsagumidade ou affinidade, do
acensado ou do ofendido;
2.° Os que deram participagáo ofiicial do crime ou forem testenuuihas no processo;
582

3.° Os que, em rasao das funegoes dos seus cargos, conhecerain do objecto da accüsagao
individualmente ou fazendo parte de alguma commissáo, conselho de investigagáo ou tribunal;
4.° Os que, dentro dos últimos cinco annos anteriores á data da ordem para responder a
conselho de guerra, tiverem intervido como parte queixosa ou como réus em algum prócesso
crime por causas relativas ao aecusado;
5.° Os que serviram debaixo das ordens ou commando do réu, quando este for acensado
por facto relativo ao exércicio d'esse commando.

CAPITULO II
DOB agentes da policia judiciaria militar
Art. 198.° As attribuigoes da policia judiciaria militar sao exercidas sob a inspeegao dos
geiieraes commañdantésdas dhasoese dos tribunáes militares:
l.ü Pelos directores e éhéfes dé repartigao da secretaria da guerra e da administragáo
militar;
2° Pelos comináhdantes geraes, oü inspectores, das différéntes armas e do corpo do estado
maior e chefes do estado inaiór dos mesmos commandos oü inspecgoés;
3.° Pelos officiaes do estado maior das divisoes militares térritoriaes;
4.° Pelos officiaes inspectores de tropas ou de estabelecimentós militares dé qualquer na-
tureza;
5.° Pelos governadores, ou cominandantes, seus immediatos e officiaes de servigo diario,
nás pragas de giierrá ou pontos fortificados;
6'.° Pelos commándantes dos corpos, óu de outras unidades que tenhám organisagáo espe-
cial independente, seus immediátos e officiaesi de servigo diario nos mesmos corpos ou íraegoes;
7.° Pelos commándantes de destacamentos, diligencias, guardas ou de quaesquer forga se-
paradas dos corpos, quando sejám officiaes ou sargentos;
S.° Pelos commándantes militares das localidades, commándantes dos districtos de recruta-
mento e reserva, chefes das circumscripcoes de recenseamento e, em geral, pelos officiaes que
exergám algum commando independente oü sejám chefes de algum servigo militar;
9.° Pelos officiaes, combatentes ou nao combatentes, commándantes ou directores de esco-
las, fabricas, hospitáes ou qualquer outro estabelecimento militar, e bem assim pelos seus imme-
diatos c officiaes, combatentes ou nao combatentes, de servigo diario nos mesmos estabelecimentós;
10.° Pelos auditores militares dentro dos respectivos tribunáes;
11.° Pelos empregados de policia judiciaria ordinaria, no circulo das suas attribuigoes, e nos
limites abaixo especificados.
Art. 199.° Para o exércicio das funegoes de policia judiciaria militar é cumulativa a juris-
diegao dos officiaes de policia judiciaria e auetoridades designadas no artigo antecedente. Quando,
porém, occorrerem diversos de entre elles, cabera a preferencia:
1.° Ao director geral da secretaria da guerra e da administragáo militar e respectivos che-
fes de repartigao^ quanto aos crimes commettidos ñas respectivas secretarias ou que ahi forem
descobertos;
2.° Aos commándantes geraes, ou inspectores, das differentes armas, officiaes do estado
maior das divisoes e chefes do estado maior d'aquelles commandos ou inspecgoés, quanto aos
crimes commettidos ñas respectivas secretarias ou de que ahi primeiro houver conhecimento;
3.° Aos officiaes inspectores de tropas ou estabelecimentós militares e aos chefes de algum
servigo militar, quanto aos crimes que descobriremno exércicio das suas funegoes;
4:° Aos governadores, commándantes, seus immediátos e officiaes de servigo diario, ñas
pragas de guerra e pontos fortificados, quanto aos crimes relativos á guarda, conservagáo, po-
licia e governo das fortificagoes;
5." Aos commándantes, directores, seus immediátos e officiaes de servico, nos estabeleci-
mentós militares de qualquer natureza, quanto aos crimes praticados nos mesmos estabeleci-
mentós.
Art. 200.° Poderlo proceder directamente ou ordenar a qualquer offieial seu subordinado
que proceda ás diligencias que incumbem aos agentes da policia judiciaria:
i.° Os directores da secretaria da guerra e da administragáo militar;
2.° Os commándantes geraes ou inspectores das armas e do corpo do estado maior;
3.° Os officiaes inspectores de tropas ou de estabelecimentósmilitares;
4.° Os governadores ou commándantes das pragas de guerra e pontos fortificados;
5.° Os commándantes de corpos, destacamentos, diligencias e guardas ou de outras forgas
separadas dos corpos;
6.° Os commándantes e directores de estabelecimentós militares de qualquer natureza e os
chefes de algum servigo militar.
583

Art. 201.° Quando concorrerem differentes militares que, segundo as disposigoes d'este có-
digo, téem jurisdieeáo cumulativa para exercer as funcgSes da policia judiciaria, preferirá de
entre elles o inais graduado, e em igualdade de graduagao o mais antigo, salvas, porém, as dis-
posigoes dos dois artigos antecedentes.
Art. 202.° Os officiaes e sargentos das guardas municipaes e da guarda fiscal, quando esti-
verem em situagees idénticas ás mencioiuulas nos artigos 198.? e 200 °, téem, para os efieitos da
policia judiciaria,' attribuigoes igúaes ás dos individuos do exercito ñas niesmas situágoes.
Art. 203.° Ás auetoridades ordinarias, quando no local do crime nao houver oflícial de po-
licía judiciaria militar, sao subsidiariamente competentes para exereerem as funegoes da inesina
policia judiciaria; se, porém, concorrerem officiaes da policia judiciaria militar e auctoridade ju-
diciaria ordinaria, preferirá aquelle que primeii'o tomar conhecimento do caso.

CAPITULO III
Dos commándantes das divisoes miUtarese térritoriaes :

Art. 204.° O commandante da divisáo é o chefe e. o regulador da administragáo da justiga


militar dentro da sua divisáo e, n'essá qualidade¿ compete-íhe exercer as attribuigoes que lhe sao
mareadas n'este código.
Art- 205.° No quartel general de cada divisáo militar hayera unía repartigao de justiga,
dirigida pelo süb-ehéfe do estado ináiór, o qual emittirá sempre o sen parecer fundamentado em
todas as qiiestoes de justiga submettidas á ápréciágSp dó commandante da divisáo*

CAP1TÜLOIV
Do ministro da guerra
Art. 206.° O ministro da guerra exerce, em tempo de paz e em nonie do Reí,, á auctori-
dade superior no exercito e, n'essa qualidade, competem-lhe as attribuigoes judiciaes que n'este
código lhe sao conferidas.
CAPITULO v
Doa conselhós de guerra térritoriaes

SEC<,:AO I
Dos presidentes e vogaes militares dos consellios de guerra
Art. 207.° Em cada divisáo militar do continente do reino haverá, em regra, um conselho
de guerra territorial, estabelecido na sede da divisáo.
§ único. Na divisáo que tiver a sua sede em Lisboa poderá haver dois conselhós de guerra
com jurisdiegáo cuniulativá em toda a dívisao 6 ilhas adjacenteB.
Art. 2081° Os conselhós de guerra térritoriaes serao compostos de um presidente com a pa-
tente de coronel, um auditor, um tenente coronel ou major, um capitáo, um teneñte ou alferes.
§ 1.° No caso de impedimento eventual do presidente, será este substituido pelo outro offi-
cial superior que fizer parte do conselho.
§ 2." Para supprir os impedimentos eventuaes dos vogaes, haverá um supplente, que terá
o posto de capitáo.
Art. 209.° A nomeagáo do presidente e vogaes militares será feita pelo commandante da
divisáo, por escala, sobre urna lista formada pela ordem de patentes e antiguidades de todos os
officiaes combatentes residentes na divisáo, qualquer que seja a conimissao que esses officiaes
exergam ou o corpo ou arma a que pertengam, com exclusáo:
1.° Dos conselheiros d'estado e ministros ¿'estado effectivos, e bem assim dos pares do reino
e deputados, durante o exércicio das funegoes legislativas;
2.a Dos directores da secretaria da guerra, da administragáo militar, officiaes do estado
maior das divisoes militares térritoriaes e ajudántes de campo e officiaes ás ordens que nao ex-
cedam o quadro legal;
3.° Dos que estiverem em servigo effectivo nos estabelecimentós de instruegáo militar;
4.° Dos que estiverem em commissáo estranha ao ministerio da guerra;
5.° Dos reformados, urna vez que nao sejam generaes, os quaes, na falta de eftectivos, po-
dem ser nomeados por sua antiguidade;
6.° Dos que estiverem cumprindo alguma pena por virtude de sentenga;
7.° Dos que estiverem em inactividade temporaria;
8.° Dos que estiverem cumprindo pena disciplinar;
9.° Dos que estiverem em pristió preventiva.
584

§ 1." Nenhuma outra exclusáo será admittida alem das precedentemente mencionadas.
§ 2.° Na divisáo que tiver a sua sede em Lisboa, a lista a que se refere este artigo será
formada únicamente com os officiaes que tiverem a sua residencia na capital.
§ 3.° Na lista de que trata este artigo far-se-háo todas as rectifieagoes que forem necessa-
rias por qualquer alteragáo ñas tropas da divisáo.
§ 4.° Na secretaria do tribunal estará sempre patente um livro em que estejam inscriptos,
por ordem de patentes e antiguidades, todos os officiaes incluidos na lista da divisáo.
Art. 210.° O presidente e vogaes militares do conselho de guerra, e bem assim os supplen-
tes, serao periódica e regularmente substituidos, de quatro em quatro mezes, por officiaes das
respectivas graduagoeS). a quem esse servigo pertenga por escala, nos termos do artigo antece-
dente.
Art. 211.° O presidente e os vogaes do conselho de guerra sómente poderáo ser substitui-
dos antes de findar o quadrimestre, quando n'esse periodo sejam promovidos ao posto immediato
ou incorram em alguma inhabilidade legal.
Art. 212.° Na composigáo dos conselhós de guerra térritoriaes nao poderáo entrar no mesmo
quadrimestre mais de um officiai superior e um capitáo ou subalterno de cada regimentó, e seráo
Horneados de preferencia os ínáis graduados ou, em ignaldade de gradüagáo, os mais antigos; de-
Arendo séínpre atténder-sé no acto da nomeagáo a que, em cada regimentó, nunca fiquem. menos
de dois officiaes superiores. - '
§ único. A mesnia rógra se observará 'ñas' companhias que tenham orgaliisagao especial in-
dependente, nao podando ser noméádo para fazeí parte dos'coiisélhos de guerra no mesmo qua-
drimestre mais de um officiai por conipanhia. '
Art. 213.° Quando houver de ser julgado algum officiai, o conselho de guerra territorial
será, sómente para esse effeito, modificado segundo a tabellajunta, regulando-se em todo o caso
as novas nomeagoes pela ordem da inscripeáo na lista a que se refere o artigo 209.°

Acensado ,
!
Presidente
"•' Vog-aes militares
t

( 1 niíijor.
Alfüres -•-. Coronel <
1 capitáo.
(1 tenente.
I
I 1 tenente coronel.
Tenente Coronel •
1 insijor.
,
( 1 capitáo.

.,,.
Capitáo
,-, n
Coronel
i
1 tenente coronel.
1
.. 2„ mejores.
. ,„

* ™r°f¿t:
Maior General de brigada
•' ° ¿ tenentcs coronéis.
,„,.„, „•
Tenente coronel General de brigada 3 coronéis.
Coronel s General de. divisáo 3 generaos de brigada.

§ único. A maior ou menor gradüagáo do aecusado, proveniente de condecoragáo na ordem


militar da Torre e Espada, ou em qualquer outra, em nada influe para a composigáo do con-
selho.
Art. 214.° Se dois ou mais aecusados pelo mesmo delieto houverem de ser julgados perante
o mesmo tribunal militar, será este composto segundo a patente que corresponder ao mais gra-
duado.
Art. 215.° Quando por disposigáo legal os tribunáes militares tiverem de julgar algum in-
dividuo nao militar, será este julgado pelo respectivo conselho de guerra territorial, excepto se
tiver por co-réu algum officiai, observando-se n'este caso o que dispoem os dois artigos antece-
dentes.
§ único. Se algum dos co-réus for officiai general, ou prisioneiro, de guerra ou emigrado
político de equivalente categoría, proeeder-se-ha á separagáo das culpas a fim de serem julgados
pelos tribunáes competentes.
Art. 216." Os conselhós do guerra que tiverem de julgar officiaes nao combatentes serao
compostos pelo modo especificado no artigo 213.°, segundo a gradüagáo do aecusado.
§ único. A mesma disposigáo se observará, quando tiverem de ser julgados prisioneiros de
585

guerra, refens ou emigrados políticos sujeitos á competencia dos tribunáes militares e aos quaes
o governo nao tenha reconhecido categoría superior á de coronel.
Art. 217.° Quando, em vírtude da patente do aecusado, forem substituidos alguns dos vo-
gaes militares do conselho de guerra territorial, continuarlo os outros a fazer parte do mesmo
conselho.
Art. 218.° Se'oceorrer impedimento temporario ou accidental que impossibilite o presidente
ou algum dos vogaes militares de fazer parte do conselho de guerra, e nao forem sufficientes os
supplentes nomeados, o commandante da divisáo fará substituir o officiai impedido por outro de
igual gradüagáo a quem pertenca pela ordem da inscripgáo na lista.
§ 1.° A substituigáo cessará quando termine o impedimento, sem prejuizo, poi'ém, do juíga-
mento e decisáo da causa que já tiver cóniegado.
§ 2.° A mesma substituigáo terá logar em relagáo a todos os mais vogaes do eonselho todas
as vezes que, tendo sido annullado o processo ou sentenga, se houver de julgar de novo a causa.
A substituigáo n'este caso cessará com o julgamento.
Art. 219.° Nao havendo na divisáo officiaes militares em número bastante^ e de graduacáo
•competente para completar o conselho, o ministro da guerra providenciará, fazéndo nomear os
<jue faltarem de entre os da divisáo cuja sede for mais próxima, observando-se a ordem da in-
scripgáo na lista respectiva.
§ único. Na divisáo que tiver a sede em Lisboa, para o caso previsto n'este artigo, antes
de recorrer a officiaes de divisáo differente, a noméagáo recaírá sobre os officiaes da mesma di-
visáo que tiverem a residencia fóra da capital.
Art. 220.° Tanto o presidente como os vogaes e supplentes dos conselhós dé guerra conser-
varábj emquánto desempeüharem esse servigo, os sóidos'egl-átificagoes dos póstos e commissoes
que exercerem, ainda que n'estas tenham de ser temporariamente substituidos*

SECCAO II
Dos auditores
Art. 221.° Junto de cada conselho de guerra territorial haverá uní auditor, juiz togado sem
gradüagáo militar.
Art. 222.° Os auditores sao nomeados, por decreto expedido pelo ministerio da guerra, de
entre os juizes de direito de primeira instancia que estejam servindo em comarcas de 1.* ou 2.a
classe.
Art. 223." Os auditores sao considerados, para todos os efteitos legaes, como servindo no
quadro da magistratura judicial, e em comarcas da classe que no mesmo quadro lhes pertengá.
Art. 224." Os auditores dos conselhós de guerra serviráo por espaco de tres annos na res-
pectiva auditoriaj podendo ser reconduzidos. Antes d'aquelle praso, nao podem ser transferidos
nem mandados regressar á magistratura, judicial senáo a requerimento seu ou nos casos e termos
determinados na lei geral.
§ único. Nos dois casos mencionados n'este artigo, logo que a transferencia for publicada
na ordem do exercito, cessa a jurisdiegáo dos auditores e deixam de ter vencimento pelo minis-
terio da guerra.
Art. 225.° Os auditores dos conselhós de guerra seráo substituidos ñas suas faltas ou impe-
dimentos, em Lisboa e Porto, pelos juizes dos districtos criminaes, por escala detalhada pelo
presidente da relagáo; e ñas outras térras, pelos juizes de direito das comarcas onde funceiona-
rern os conselhós.
§ único. Nás divisoes em que houver mais de um conselho de guerra, os auditores substi-
tuir-se-háo reciprocamente, e só na falta ou impedimento de ambos será chamado o juiz de di-
reito para os substituir.
Art. 226.° Aos auditores das divisoes militares compete exercer a sua jurisdiegáo nos ter-
mos e forma que n'este código váo designados.
Art. 227.° O ordenado dos auditores que servirem ñas divisoes que tiverem as suas sedes
em Lisboa e no Porto será de 1:200$$00 réis; ñas outras divisoes será de 1:000$000 réis.

SECQAO III '


.

Dos promotoresde jnstica e defensores oflleiosos


Art. 228.° Junto de cada conselho de guerra territorial funecionará um promotor de justiga
e um defensor officioso.
Art. 229.° O logar de promotor de justiga será exercido por officiaes, nomeados por de-
creto, de patente nunca inferior á de capitáo nem superior á de tenente coronel.
a
586

Art. 230.°. Os promotores de justiga exercera as funegoes do ministerio publico perante os


tribunáes militares, e além das mais attribuigoes especificadas na lei, ineumbe-lhes:
1.° Intervir-nos [processos crimiiiaes militares, requerendo n'elles e prornovendo quanto for
a. bem da justiga e da disciplina, em harmonía com as instruecoes que receberem da auctoridade
competente;
Velar pela fiel observancia das leis e prompta administragáo da justiga, dando parte ao
2>.°
commandante da divisáo de qualquer oceórrencia que possa. carecer de providencia superior;
3i.° Exercer a.necéssaria inspecgáo sobre o archivo^ registe e expediente da secretaría.
§ único. Os promotores de; justiga observaráo as prescripgoes do regülamentó do ministerio
publico nos: tribunáes militares.
Art. 231.° Na falta do promotor de justigaj quando este for de gradüagáo oír antiguidade
inferior: á do aecusado,, oü: estiver ; temporariamente impedido> o commandante da divisáo-onde
fuñccionar.o conselho nomeará quena o sübstitua.
§ 1.° O promotor de justiga noméado para substituir o. efteetivo será, sempre que seja pos-
sivel, coadjüvado e acompanhado, por este no desempenho de suas funegoes.
§. %? Na falta, impedimento accidental ou temporario de um dos promotores ñas, divisoes
em que: baja mais de um. conselho. de- guerra, será o impedido- substituido pelo outro¡
Art. 232.° O logar de defensor officioso será exercido por officiaes de qualquer situagáo,
nomeados- pelo ministró-da guerra,, de patente nao inferior á de capitáo nem superior á de te-
nente^ coronel. .<:•
Art. 233.° Aos defensores ófíiciósos compete intervir como taes nos-processos;eme que os
aecusadoanáó.tivei'eln constituido,adyogado ou defensor.
.,.-.
Art .< 234.? Na falta dé. defensor officiósoy ou quando- este estiver temporariamentedmpedido,
o commandante da. divisáo onder fünécionar o conselho nomeará quem o substitua.
§ único* Na falta, impedimento accidental ou temporario de um dos defensores, ñas divisoes
em qué haja mais de um conselho de guerra, será o impedido substituido pelo outro.
Art. 235.° Os sóidos, gratificagoes e demais vencimentos dos promotores de justiga e defen-
sores offieiosos seráo os áuctorisados ao tenypo da promulgagáo d'este código.

SEC(JA0 IV

Dos. secretarios, amanuenses e mais erapregados


Art. 236.° Junto de cada conselho de guerra haverá um empregado do quadro do secreta-
riado militar,, coni a gradüacáo de alferes ou tenente, que servirá de secretario.
A-Et., 237i,° Aos secretarios dos. conselhós de guerra incumbe:
l.P Servir de eseriváes nos processos de justiga militar;
2l° Ter em devida, ordem e regulai'idade a secretaria e o archivoj pelos quaes sao os pri-
meiros- responsaveis;......
3.° Escrever a correspondencia officiai do presidente, auditor e promotor;
4.9 Goordénar os necessarios elementos para a estatistica criminal militar;
'5»° Remettei\ ás estagpes competentes com a devida regularidade os' boletins. do registo cri-
minal ;
6.° Satisfazeivásmais:obrigagoes, marcadas ñas leis e regulamentos militares.
Ar,ti 238¿° Quando se dé algum impedimento temporario do secretario, o commandante da*
divisáo onde funecionar o conselho nomeará quem provisoriamente o substitua.
§ único. Ñas divisoes em que hom'er mais de um conselho de guerra, os secretarios substi-
tiúi^se-hao nos seus impedimentos eventuaes emquanto o commandante da divisáo nao provi-
denciar.
Art. 239.° O secretario vencerá o soldó da sua patente e a gratificacao mensa! de 5^000
réis»
Art. 240.° Em cada conselho de guerra haverá^ jtar.a o servigo da secretaria e do tribunal,
dois ^ amanuenses, umporteiroj.um continuo-meirinho eum servente.
§. único.,, Ni'um dos conselhós, que tiverem a sua sede em Lisboa haverá dois serventes, um
dos quaes servirá de guarda-portáo do edificio onde funeciona o tribunal.
'Arí. 241." Os amanuenses seráo nomeados por concurso por prov.as publicas, de entre os
officiaes inferiores do exercito ñas condigoes da carta de lei de 26 de junlio de 1883, e gosaráo
das vantagens e direitos que por leí pertencerem aos amanuenses da secretaria da guerra.
§ único. Emquanto o numero dos amanuenses do commando geral de artilheria nao for re-
duzido ao. strictamente. indispeiisavel, continuaráo a servir, de amanuenses nos conselhós de
guerra os amanuenses d'aquelle commando com as vantagens e direitos de que gosam actual-
mente,
Art. 242.° Os erapregados menores a que se refere o artigo 240." seráo tirados-da classe
587

de reformados, devendo os porteiros ser sargentos, os continuos primeiros cabos, e os serventes


cabos ou soldados.
Art. 243.° Os porteiros venceráo a gratifieagáo diaria de 250 réis, os continuos a de 200
réis e os serventes a de 150 réis.
§ único. Os actuaes empregados menores de que trata o presente artigó continuará© no
exércicio das funegoes que éxereem, quando náó haja inconveniente para o servigo.
Art. 244.° Será abonada, no principio de cadá-mez, em cada um dos conselhós dé guerra,
a quantia de 10$000 réis, coni destino ás despezas de expediente, compra de livros, papéis im-
pressos ou lithographadose pequeños cóneertos de mobilia.
§ único. O auditor, promotor e secretario administraráo esta verba, enviando no fim. de
cada auno económico conta documentada á direcgáo da administragáo--militar;

CAPITULOVI '" "'


.
Do supremo conselho de jnstigamilitar

SECCAO 1
Do presidente e vogaes militares
Art. 245.° Na ca2>ital do reino haverá um tribunal superior, com a denominaeáo de Supremo
conselho de justiga militar, com jurisdiegáo ñas materias de sua competencia no continente do
reino e ilhas adjacentes.
§ único. O supremo conselho de justiga militar gosa de todas as honras, preeminencia e
distinegoes que competem ao supremo tribunal de jüstieá, e nás solemnidades officiaes toma logar
a par do mesmo tribunal. , ,
Art. 246.° O supremo conselho de justiga militar-será compoáto de um presidente, seis vo-
gaes militares e dois vogaes togados, sendo um juiz relator e o outro adjunto do juiz relator.
§ 1.° O presidente será sempre um general de divisáo oü vice-almirante, perténcentes á
effectividade do servigo ou á situacáo de reformado.
§ 2.° Os vogaes militares do supremo conselho de justiga-militar seráo officiaes generaes,
tres do exercito e tres da armada, j^ertencentes igualmente á effectividade do servico ou á situa-
cáo de reformados.
Art. 247.° O presidente e vogaes militares do supremo conselho de justiga militar seráo
nomeados por decreto referendado pelos ministros da guerra e mariñhá, e exerceráo aquellas
commissoes de servigo durante dois annos, pelo menos, nos quaes nao poderáo ser nomeados
para quaesquer outras commissoes de commando, inspecgáo ou direcgáo.
§ único. Quando urna necessidacle urgente do sesvigo publico exigir que algum dos juizes
militares seja nomeado para qualquer das commissoes a que este artigó sé refere, o decreto da
nomeacáo expressará a clausula da necessidade e a urgencia do servico.
Art. 2481" O presidente e vogaes do conselho qué fórém dé patente ou gradüagáo inferior
á do acensado que haja de ser julgado, seráo substituidos em coufprmidade dásseguirites.regras:
1.a Se o aecusado for marechal do exercito, almirante, general de divisáo ou vice-álmiranté,
presidirá um marechal do exercito, havéndo-o, alias o general de divisáo ou vice-álinirante que
for mais antigo, e serao vógáes os tres generaes de divisáo ou vice-almirantes que, na escala
geral de antiguidades, se seguirem iriimediatamenté aquelle é nos quaes nao concorra inhabili-
dade legal;
2.a Se o aecusado for general dé brigada ou contra-almirante, presidirá um marechal do
exercito ou almii'ante, havendo-o, alias um general de divisáo ou vice-álmirante, e seráo vogaes
tres generaes de divisáo ou vice-almirantes.
§ único. Nos casos mencionados e previstos n'este artigo, nao havendo na effectividade do
servigo generaes em numero sufficiente para completar o conselho, seráo nomeados, pela ordem
da sua antiguidade, para constituir o tribunal, generaes reformados de patente correspondente,
que sejam mais antigos do que o aecusado e residaní na área da divisáo militar que tiver a sua
sede em Lisboa.
Art. 249." O presidente e os vogaes militares venceráo pelos ministerios a que pertencerem
os sóidos e gratificagoes correspondentes ás suas respectivas patentes.
.§ único. O presidente e os vogaes militares^ quando forem reformados, venceráo/ aleni do
soldó, urna gratifieagáo mensal, que será de 70$000 réis para o primeiro e de 50$00.0 réis para
os outros.
SBCQAO II
Do juiz relator e adjunto
Art. 250.a O juiz relator será tirado da classe dos juizes do supremo tribunal de justiga
ou dos juizes de direito de segunda instancia de entre os que estiverem servindo em alguma-das
588

relagoes judiciaes do continente do reino com um anno de exércicio. O adjunto do juiz relator
será tirado de entre os juizes de segunda instancia que tenham igualmente um anno de exér-
cicio. Um e outro seráo considerados no quadro da magistraturajudicial, onde terao o accesso
que por direito Ihes competir, contando o servigo do tribunal militar como feito nos logares
d'aquella magistratura.
§ único. As disposigoes d'este artigo em nada prejudicam os direitos adquiridos pelos actuaes
juizes togados do tribunal superior de guerra e marinha, os quaes, sem dependencia de nova
nomeagáo, entraráo em exércicio no supremo conselho de justiga militar e poderáo n'elle con-
servar-se independentenlente do logar que occupem na magistratura judicial.
Art. 251.° O juiz relator do supremo conselho de justiga militar perceberá como ordenado,
e com a natureza de soldó, vencimentos iguaes aos que competirem aos conselheiros do supremo
tribunal de justiga. O adjunto do juiz relator vencerá, tambera com a natureza do soldó, o or-
denado que competir aos juizes da relagáo de Lisboa.
§ único. As disposigoes d'este artigo em nada prejudicam os actuaes juizes togados do tribu-
nal stiperior de guerra e marinha em relagáo aos venchnentos que actualmente Ihes sao abonados.

SECOAO III

Do promotor de. justiga e defensor oñieioso


.
Art. 252." Junto do supremo conselho de justiga militar funccionaráo um promotor de jus-
tiga é uní defensor officioso.
Art. 253;° O promotor de justiga será nm officiai Superior, nomeado por decreto, que reúna
as qualidades necessarias para desempenhar ás funegoes do cargo.
Art. 254.° O promotor de justiga é perante o Supremo conselho de jtistiga militar o agente
do ministerio publico, e como tal incumbe-lhe:
1.° Velar pela fiel observancia das Jéis, e por que as regras da competencia e a ordenadas
jurisdiegoes sejam guardadas;
2." Requerer e promover quanto fór a bein da justiga e da disciplina em todos os processos
que subirem ao tribunal;
3.° Empregar a necessaria vigilancia para que se nao falte á prompta e recta administra-
gáo da justiga;
4.° Levar ao conhecimento do goverao qualquer occorrencia que carega de providencia su-
perior;
5.° Concorrer para a foi'mágáo da estatistica criminal militar, na conformidade dos regula-
nientós. -
,
§ único. Ó promotor de justiga observará as prescripgoes do regulamento do ministerio pu-
blico nos tribunáes militares.
Art. 255.° Na falta do promotor de justiga, quando este for de gradüagáo ou antiguidade
inferior á do aecusado ou estiver temporariamenteimpedido, o ministro da guerra nomeará quem.
o substitua.
Art. 256.° O defensor officioso será um officiai superior do exercito ou da armada, nomeado
por decreto, que reúna as qualidades necessarias para desempenhar as funegoes de tal cargo.
§ único. Na falta do defensor officioso, ou quando este estiver temporariamente impedido,
o ministro da guerra nomeará quem o substitua.
Art. 257.° Os sóidos, gratificagoes e demais vencimentos do promotor de justiga e defensor
officioso no supremo conselho de justiga militar seráo os auctorisados pelas leis vigentes ao-
tempo da promulgagáo d'este código.
SECCAO IV

Do secretario o demais empregadosda secretaria


Art. 258.° No supremo conselho de justiga militar exercerá as funegoes de secretario o-
empregado mais graduado ou, em igualdade de gradüagáo, o mais antigo do quadro do secreta-
riado militar.
Art. 259.° Ao secretario incumbe:
1.°. Servir de escriváó nos processos que tenham de ser julgados no supremo conselho de^
justiga militar em primeira e ultima instancia;
2.° Assistir. sem voto, a todas as sessoes do tribunal;
3.° Lavrar nos processos todos os autos e termos necessarios;
4.° Escrever em livro, para esse fim destinado, as deliberagoes do tribunal, que nao tive-
rem de ser langadas em autos;
5i° Dirigir os trabalhos da secretaria, pelos quaes ó o primeiro responsavel, sob a inspecgáo>
do presidente e do juiz relator;
589

6." Concorrer para a organisagáo da estatistica criminal militar, na conformidade dos re-
gulamentos.
Art. 260.° Na secretaria do supremo conselho de justiga militar haverá mais os seguintes
erapregados do quadro do secretariado militar:
2 officiaes de secretaria;
2 aspirantes.
§ único. Um officiai de secretaria e um aspirante sao pagos pelo ministerio da marinha.
Art. 261.° Na falta oü impedimento do secretario, fará as suas vezés o officiai de secretaria
mais antigo d'aquelles a que se refere o artigo anterior.
Art. 262.° O secretario vencerá o sóido da sua patente e a gratifieagáo niensal de 15$000
réis.
Art, 263*° Para os fins designados no artigo 244.°, será abonada mensalmente ao supremo
conselho de justiga militar a quántia de 20#000 réis, metade pelo ministerio da guerra e a outra
metade pelo da maririha.
§ único. O presidente, juiz relator e secretario administraráo- esta verba, enviando aünual-
mente á direcgáo da administragáomilitar conta documentada da despezá,
Art. 264.° As disposigoes d'esta secgáo nao prejudicam a situagáo e vantagens que actual-
mente competem ao secretario do tribunal superior de guerra e marinha.

SECCAO V

Dos empregaios menores


Art. 265." Para servigo da secretaria e do tribunal haverá um porteiro, uní continuo^ um
correio.e um servente, tirados dos empregados menores dos tribunáes de priméirainstánciajque
tenham boas informágoes e estejam na.s condigoes de bem desempenhar aquellos logares.
Art. 266.° O porteiro e correio teráo, alem dos vencimentos a que tiverem direito como
pracas reformadas, o ordenado mensal de 15$000 réis, o continuo o de 10$00Q réis e o, servente
dé 9$000 réis.
o
Art. 267.° As disposigoes do artigo antecedente em nada prejudicam os actuaes emprega-
dos do tribunal superior de guerra e marinha.

TITULO II
Dos tribunáes e auetoridades judieiaes militares em tempo de guerra
e 6m eircumstancias extraordinarias
CAPÍTULO i
Disposigoes geraes
Art. 268.° A justiga militar, em tempo de guerra, é administrada, em.nome do Rei, pelos
tribunáes e auetoridades mencionadas no artigo 192.° e tambera pelos seguintes:
1.° Commandante em chefe do exercito em operagoes; .. »
2.° Commándantes das divisoes militares mobilisadas;
3.° Governadores de pragas de guerra investidas, sitiadas ou bloqueadas;
4.° Commándantes militares de forgas operando isoladamente;
5.° Prebostes militares.
Art. 269.° As disposigoes do titulo i d'este livro seráo observadas, em tempo de guerra,,
em tudo quanto for applicavel e nao estiver alterado no capitulo segúrate.

CAPITULO II
Dos conselhós de guerra

SECCAO i

Dos conselhós de guerra nos exercitos de operaeoes


Art. 270.° Quando o exercito entrar em operagoes, poderá crear-se um conselho de guerra
em cada divisáo mobilisada e outro no quartel general do commandante em chefe do exercito.
Art. 271.° Os conselhós de guerra das divisoes mobilisadas seráo compostos de um presi-
dente com a gradüagáo de tenente coronel,, e de um major, dois capitaes e um auditor.
§ 1.° Quando houver de ser julgado um capitáo, o conselho será presidido por um coronel
e, na sua composigáo, alem do auditor, entraráo um tenente coronel e dois majores.
590

§ 2.° Quando nao houver numero sufficiente de officiaes eom a patente exigida na lei para
eompor o conselho, o commandante em chefe providenciará, nomeando officiaes de alguma das
outras divisoes sob as suas ordens ou mandando julgar o aecusado no conselho de guerra esta-
fa elecido no seü quartel general.
Art. 272.° Os conselhós de guerra estabelecidos no quartel general do commando em chefe
do exercito seráo compostos por modo idéntico aos das divisoes.
§, .1.° Quando houver de ser julgado uní capitáo, o conselho será modificado em confomú-
dade com o: -disposto no § 1.° do artigo:antecedente.
§ 2.° Quando o aecusado for officiaL superior^ o conselho será presidido por um general e
entrarao ma sua composicáo, alem do auditor, tres officiaes superiores mais graduados ou mais
antigós do que o aecusado.
§ 3." Quando o acensado for officiai general, o conselho: será formado por quatro officiaes
mais graduados ou mais antigús do que ¡o aecusado, e pelo auditor.
Art. 273.° O presidente, e vogaes militares dos conselhós de guerra, promotores'dejustiga
•e¡
defensores dos acensados seráo momeados; aio quarteLgeneral¡do exercito, pelo commandante
em chele, e em cada divisáo; pelo generalque a commandar,.de ¡entre,os. officiaes militares em
sSsrvicó éffectivo no exeréito, ou divisáo ¡do".exercito, junto da quál ¡for estabélecido o conselho.
§ 1.° As funegoes.de secretario seráo 'exercidas por empregados ¡do •secretariadoanilitar ou,
por officiaes subalternos, nomeados pelo commandante em chefe ou pelos commán-
na sua falta,divisoes.
dantes das
§ 2.° As funegoes judiciaes em tempo de guerra nao dispensara os officiaes do .cumplimento
dos deveres que lhe forem impostes ;pela natureza das commissoes que exercereni.
Art. 274.° No caso de impossibilidade absoluta de se constituir o conselho por falta dé offi-
eiaes eom a .patente exigida ha lei, o commandante em. chefe mandará que o aecusado seja jul-
gado ipél©: 'conselho de guerra territorial -de alguma; divisáo mais próxima, ou determinará que
entrem -na Gomposigáo do conselho officiaes com patente igual ou inferior á do aecusado, com-
tanto que estes nSo excedám o numero de dois^
§''único. Podérá -ainda o commandante em-chéfe, no caso previsto por esté artigo, e se o
.aecusado fór general, reqüisitar do ministerio da guerra as providencias adequadas para que o
jülgamento se •effectue aperante o supremo conselho de justiga militar.
Art. 275.° Os auditores seráo nomeados de preferencia de entre os auditores das divisoes
militares térritoriaes e, na sua falta, seráo nomeados de entre os juizes de direito da primeara
instancia de qualquer classe.
§ único. Na falta ou impedimento de auditores togados, seráo nomeados, para exercer as
funegoes de auditor, bachareis formados em direito e, riáo os havendo, officiaes para isso aptos,
de gradüagáo nao inferior a capitáo.
Art. 276.° Quando nao forem estabelecidos os conselhós de guerra de que se trata n'esta
secgáo, seráo substituidos pelos conselhós de guerra da divisáo ou divisoes térritoriaes em que
se achar o exercito, podendo as sedes dos .mesmos. conselhós ser transferidas, por determinagáo
do ministro da guerra, para qualquer localidade da mesma divisáo territorial.
Art. 277.° Quando no exercito de operagoes forem creados e estabelecidos os conselhós de
guerra de que trata # artigo 270.°, haverá junto do commandante em chele um auditor geral
tirado do quadro dos juizes de segunda instanciai
§ único. Poderá haver um ou mais adjuntos do auditor geral se as necessidades do servigo
assim o exigirem. -

SEC(,:AO ir

Dos conselhós de guerra ñas divisoes ou i'orgas militares .operandoisoladamente,


e ñas pragas investidas,sitiadas ou bloqueadas
Art. 278.° Quando urna divisáo ou qualquer forga militar, cujo commando pertenga a offi-
ciai superior, operar isoladamente, ou por algum accidente de guerra se achar separada do
exercito de operagoes, poderá ser creado pelo respectivo commandante um conselho de guerra
para essa divisáo ou forga, se a necessidade do servico assim o exigir. .
Art. 279.° Em cada praga ou fortificagáo que se achar investida, sitiada ou bloqueada, po-
derá ser creado um conselho de guerra pelo respectivo govemador ou commandante militar,
o que, em tal caso, se fará publico pela ordem da praga, e por nieio de bandos e editaes affixa-
dos nos logares competentes;
;§ único. Esta disposigáo nao -terá logar quando na praga ou fortificagáo houver conselho de
gumía iterritor-ial.
Art. 280;° No caso dos dois artigos ^antecedentes, a nomeagáo do presidente e vogaes mili-
tares .-será da atfcribuigáo da auctoridade a quem compete prover á creagáo do conselho de
guerra.
591

Art. 281.° No caso dos mesmos artigos, o presidente e vogaes militares dos conselhós de
guerra seráo nomeados de entre todos os officiaes de qualquer situacáo que fizerem parte da
divisáo ou forga, ou residirein na praga ou fortificagáo, sera excepgáo dos reformados.
§ único. O conselho será composto, quando seja possiyel, pelo modo indicado no artigo 27.1.°;
mas, nao havendo officiaes com a patente exigida na lei em numero sufficiente para constituir o
conselho, será este composto com officiaes de qualquer patente.
Art. 282." Nos conselhós de guerra de que se trata n'esta secgáo, servirá de auditor o juiz
de direito da comarca judicial respectiva, e, nao o havendo, um bacharel formado em direito ou
um officiai para isso apto, nomeados peló respectivo general, governador ou commandante.

'--.' SEGCAO IH
Dos consellios de guerra em circumslanGias extraordinarias
Art. 283.° Quando se deréni as: circumstancíás extraordinarias píévisías no § 34.° do ar-
tigo 145.° da carta constitucional' da 1móriarchia^ e enVqüánto ellfe's düráremy poderáo ser estabe-
lecidos em cada divisáo militar outros conselhós de guerra térritoriaes, alem dos aüctorisadós no
artigo 207.° do presente código'. ''
§ único. No arehipelágo dos Acores e na Mádéira poderáo tambera ser estabelecidos^ ñas
mesmas circumstancias, consellios de guerra térritoriaes.
Art. 284.° No decreto que aüctorisár a órganisagáó dé novóS cóiisélhos de guerra sé desi-
gnará a sedé ero que déveráo fiínéeionar, que pódérá ser différente da sedé da divisáo.
§ 1.a Serviráo de auditores nos consellios de guerra ássini instituidos os juizes designados
nos artigos 225.° d'este código. '
§ 2.° Os diversos consellios de guerra estabelecidos em urna divisáo militar téráó h'ella ju-
risdiegáo cumulativa, de vendo ser oi'gánisados'segundo as régras estábélécidás no capitulo v do
titulo I do livro II do presente código.' ,•>.•: .-.- - <>- -.•

CAPITULO III
, . : .
'
....
Dos prebostes militares
Art. 285." O chefe das tropas que forem encarregadas do servico.da policía do exercito
em operagoes exercerá as funegoes de preboste superior, e os commándantes das fraegoes. das.
mesmas tropas que desempenharem idéntico servigo, junte das. divisoes. ou forcas operando isola-
damente as de preboste. ..':
Art. 286." Aos prebostes militares incumbe exercer:.
1.° As: attribuigoes de simples .policia em conformidade dos regulainentos militareis;
2." A jurisdiegáo correccional dá sua competencia nos termos restrictos,,do presente código.
§ único. Um regulamento especial indicará a organisagáo dos prebostados, os preceitos e
regras policiaes que devem reger nos acampamentos oureimioes de tropas, tanto.em tempo de
paz como no de guerra, e as penalidades que poderáo ser impostas aos infractores.

LIVRO III
Da jurisdiegíto c fftro militar

TITULO I
Da competencia em tempo de paz
CAPITULO 1. .
.

' " Da eomjmtencia dos tribunáes militares !' • '

Artigo 287.° Os tribunáes militares eoiilieeenx únicamente da acgáó> publica para a imposi-
gáo da pena pela infraegáo das leis criminaes.

' • "•
Art. 288." Quando, em AÜrtude da lei geral, a aceusacáo do ministerio publico estiver de-
pendente da aecusacáo ou queixa da parte offendida, ou dé quem legítimamente a represente.,
.''''
§ único. Ante os tribunáes militares a parte offendida náoi'é admittida a aecusar, mas' pode
apresentar' a sua queixa e auxiliar a justiga, ministrando-lhe exposigoes,' memorias ou -informa--
coes. ':

as suas disposigoes seráo observadas pelos tribunáes militares.


Art. 289.° Os tribunáes militares nao sao competentes para conhecer da regularidade ou
irregularidade das operagoes do recrutamento militan
Art. 290." O julgamento da aecáo por perdas e cláranos pertence exclusivamente aos tri-
592

bunaes civis, mas nao pode ser decidida emquanto o nao for a acgáo criminal, quer esta seja
intentada antes da civil, quer durante a sua pendencia.
§ único. Devem, todavía, os tribunáes militares fazer restituir a seus donos os objectos ap-
prehendidos aos criminosos e os que tenham vindo ajuizó para próva do crime, nao havendo
impughagáo fundada de tereeiras pessoas, e se por lei nao forem perdidos para o estado.

CAPITULO II
Da competencia dos conselhós de guerra térritoriaes
Art. 291.° Os conselhós de guerra sao competentes para coilhecer dos crimes de qualquer
natureza, excepto dos de contrabando e descaminho, commettidos por militares ou outras pes-
soas pertencentes ao exercito, com as limitacoes e distiiicgoes expressamente estabelecidas n'este
código.
Art. 292.° Estáo sujeitos á jurisdiegáo dos mesmos tribunáes em tempo de paz, emquanto
permanecerem na effectividade dó servigo oü estiverem em alguma coinmissáo especial do servigo
que as leis e regulamentos Ihes incumbem:
1.° Os officiaes é pragas de pret, combatentes ou nao combatentes:
2.° Os officiaes é pragas de pret, combatentes ou náó combatentes, em servico ñas guardas
niunicipáes e na guarda fiscal.
Art. 293.° As disposigoes do artigo antecedente sao extensivas e applicaveis a todos os mi-
litares e pessoas pertencentes ao exercito, ás guardas municipáes oü guarda fiscal que estiverem
como táes em algum dos casos seguintes:
1.° Nos hospitaes civis ou militares;
2." Em algum ásylo militar;
3.° Ém disponibilidade ou licenciados temporariamente;
4." Detidós em cádeias, presidios, estabelecimentós penitenciarios ou correcciónaes, ou con-
ducidos sob custodia, da forcá publica;
5." Em inactividáde temporaria, por castigo;
E bem ássim:
6¿° Aos prisioneiros de guerra;
7.° Aos reservistas, durante o tempo que estiverem em servigo, ou nás revistas e reunioes
de inStrucgáo;
8.° Aos emigrados que estiverem sujeitos á áuctoridáde militar.
Art. 294.° Estáo sujeitos á jurisdiegáo dos tribunáesmilitares, mas únicamente pelos crimes
previstos n'este código e salva a disposigáo do artigo soguinte:
1.° Os militares reformados que nao estiverem desempenhando algum servigo militar;
2.° Os militares erapregados em commissoes nao dependentes do ministerio da guerra,
quando Ihes nao seja ápplieavel o dispostó no n.° 2.° do artigo 292.°;
3.° Os militares licenciados nás reservas, quando nao estiverem em servigo ou ñas revistas
e reunioes de instruegao ;
4.° Os militares que estiverem em inactividáde temporaria por causa differente da mencio-
nada no artigo anterior;
5." Os erapregados, operarios e trabalhadores dos arsenaes, fabricas, depósitos e secreta-
rias militares.
§ único. Os erapregados, operarios, trabalhadores que nao sao militares, só estáo sujeitos
ás leis da disciplina militar dentro dos estabelecimentós e repartigoes onde fazem servigo e, as-
sim, só respondem nos tribunáes militares e só Ihes sao applicaveis as disposigoes d'este código
pelos crimes commettidos em servigo ou era rasáo do servigo.
Art. 295.° Quando algum individuo sujeito á jurisdiegáo dos tribunáes militares for aecu-
sado, ao mesmo tempo, por algum crime da competencia d'estes tribunáes e por outro da com-
petencia dos tribunáes ordinarios, será julgado perante os tribunáes militares por ambos os
crimes.
§ único. Exceptuam-se os desertores, que responderáo nos tribunáes ordinarios pelos crimes
communs que commetterem durante a desergáo, e bem assim os militares a quem se refere o
disposto no artigo 323.° do presente código, os quaes, só depois de julgados n'aquelles tribunáes,
seráo postos á disjiosigoes dos tribunáes militares para, perante elles, serem aecusados pelo crime
de desergáo ou por qualquer outro previsto n'este código.
Art. 296.° Nos casos em que os tribunáes militares sao competentes para conhecer de qual-
quer crime, o aecusado será julgado perante o conselho de guerra territorial da divisáo ou do
commando militar em que commetter o crime ou onde tiver o seu quartel.
§ 1.° Entre os tribunáes competentes prefere o que prevenir a jurisdiegáo.
§ 2.° Seráo tambera julgados nos consellios de guerra da mesma divisáo os crimes commet-
tidos por militares em navios do estado ou mercantes em viagem para a metropole.
593

Art. 297.*? Se um militar for aecusado por mais de um crime da competencia dé diversos
tribunáes militares, será julgado por todos n'aquelle em que pender o processo pelo crime mais
grave. Sendo os crimes de igual gravidade, prefere o tribunal que houver prevenido a juris-
diegáo.
Art.
.
298.° Se no interesse da ordem publica, da disciplina ou da boa administragáo da jus-
tiga parecer conveniente que, em algum caso extraordinario, sejam alteradas as regras proscri-
ptas nos artigos antecedentes, o ministro da guerra poderá ordenar ao promotor de justiga no
supremo conselho de justiga militar que, expondo os motivos da conveniencia da altéracáo, re-
queira ao mesmo tribunal que designe um outro conselho de guerra territorial para tomar eó-
nhecimento do caso e julgar os aecüsados.
Art. 299.° Quando, apesar das disposigoes do artigo 219.°, o acéusadój em rasáo da sua
patente superior^ nao poder ser julgado eni algum dos conselhós de guerra térritoriaes compe-
tentes, segundo a disposigáo do artigo 296.°, será julgado em um dos conselhós da divisáo mili-
tar que tiver a sua sede em Lisboa.
CAPITULO III

Da competencia do supremo conselho <le justiga militar


Art. 300.* O Supremo cónSelhó de justiga militar exerce funccíjes consultivas e judiciáes.
§ 1." Como corpo consultivo, compete-íhe emittir parecer sobre quaesquer assümptós rela-
tivos ao exercito ou á armada ém que por pórtaria for mandado oüvir pelo governo. .
§ 2.° Como tribunal de justiga, compete-lhe:
1.° Julgar em primeira e ultima instancia os processos em que algum dos presumidos de-
linqüentes seja officiai general, ou prisioneiro de guerra, ou emigrado político de igual cate-
goría ;
2.° Conhecer e julgar definitivamente sobre termos e formalidades do processo e sobre a
nullidade da sentenga proferida pelos tribunáes do exercito ou da armada, e mandar proceder á
sua reforma, nos termos determinados n'este código;
3.° Julgar definitivamente a causa quando se profira segunda sentenga que se nao conforme
com a decisáo de direito exáráda no primeiro aceordáo;
4.° Exercer a jurisdiegáo que lhe compete pelo código penal e disciplinar da marinha mer-
cante ;
5.° Mandar suspender a execugáo de sentencás contradictorias passádas em julgado, profe-
ridas por tribunáes do exercito ou da armada, em que dois ou mais réus tiverem sido eonde-
mnádos como auctores do mesmo Crime, logo que a existencia de taes sentengás lhe sejá com-
municada pelo promotor da justiga, ex officio, ou á requerimento de algum dos condemnados;
6." Proceder do mesmo modo a respeito das sentencás que estiverem ñas circuinstánciás
mencionadas no numero anterior, se alguma.d'ellas aínda estiver pendente em recurso;
7.° Mandar suspender a execugáo de qualquer sentenga proferida por algum dos referidos
tribunáes, em que algüem tenha sido condemnado, quando se tenha instaurado processo por
falso depoimento contra alguma das testeniunhás;
8.° Proceder, na conformidade do numero antecedente, quando se tiver promovido procedi-
mento criminal, por suborno ou peita, contra algum dos j-aizes que intervieram na sentenga;
9.° Proceder do mesmo modo, quando houver indicios suffieientes da existencia de urna
pessoa, supposta morta, que haja dado occasiáo á condemnagáo por homicidio.
Art. 301.° Compete mais ao supremo conselho de justiga militar:
1.° Conhecer dos conflictos de jurisdiegáo e competencia que se levantarem entre as diveí*-
sas auetoridades ou tribunáes militares do exercito ou da armada;
2.° Advertir, por aceordáo, nos processos submettidos á sua decisáo, os tribunáes inferiores
quando para isso haja motivo justificado;
3.° Mandar instaurar processo por qualquer facto criminoso de que tiver conhecimento por
occasiáo do exame de algum processo.
TITULO II
Da competencia em tempo de guerra

CAPÍTULO I

De competenciados conselhós de guerra no exercito em operagoes em territorio portuguez

Art. 302.° Estáo sujeitos á jurisdiegáo militar em tempo de guerra, por todo e qualquer
crime:
1.° As pessoas que estáo sujeitas a esta jurisdiegáo em tempo de paz •.
75
594

2." As pessoas que, por qualquer titulo, sao erapregados ou exercem funegoes nos estados
maiores,."adininistragoes, fornecimentos e quaesquer outros servigos do exercito;.
3.." Os, bagageiros^,postilhoés, recoveiros, vivandeiros, lavandeiros,.taberneiros, creados de
officiaes e quaesquer outros individuos que acompanham e fazem parte da comitiva do exercito.
Arfe..'303.° Sao-tambera: sujeitos á'jurisdiegáo militar em tempo de guerra:
1." Os; estrangeiros- aecusados por,: algum dos crimes previstos e-punidos ñas leis militares;
-
2." Todos os;individuos aecusados por algum crime esseneialmente militar;
3v° As> pessoas que- forem acensadas por adulteragáó das provisoés de b6ca ou de guerra
destinadas á'forga-aainada; •
4.° Os individuos que, devidamente requisitados para prestar qualquer servigo ao exercito,
recusaren!- fazer este servigo ou¡ o abandonaren!, e bem assim os que recusárein sátisfazer as
requisigoes de vehículos, transportes ou- animaes que possuam e que Ihes sejanr legalmente re-
quisitados.
CAPI'J'ULO II
Da competencia dos conseihos de guerra no'exercito em operagoes em territorio estrangeiro
Art. 304.° Estando o exercito ou parte d'elle em territorio inimigo, sao sujeitas á jurisdie-
gáo. dos tribunáes-militares todas as pessoas que icommetterent algum dos crimes previstos ñas
leis, militares.
Art. 305.", Quando o exercito estiver em territorio- estrangeiro, mas amigo ou neutro^ ob-
servar-se-háo, a respeito da jurisdiegáo e competencia dos tribunáes militares,. ¿is, regras que fo-
rera, estipuladas nos respectivos,tratados-ou convengoes: com a potencia: aque pertencer o terri-
torio. Nao haArendo convengáo; a. jurisdiegáo- e competencia dos: tribunáes é regulada pelos
principios .do direito das gentes.
CAPITULO III
Disposigoes coininuns aos dois capitolios anteriores
Art. 306.° Seráo julgados no conselho de guerra do quartel general do exercito em ope-
ragoes:.
1.° Todos os militares e mais pessoas que fizerem parte ou estiverem adelidas ao quartel
general;
2.° Os officiaes generaes e os officiaes superiores combcitentes ou nao combatentes;
3.° Os militares que nao fizerem parte de alguma divisáo do exercito.
Art.. 307.° Seráo julgados nos conseihos de guerra das divisoes militares mobilisadas todos
os militares que fizerem parte de alguma divisáo até aq posto de capitáo.
Art. 308.° Quando houver de ser julgado algum officiai general, poderá o commandante em
chefe, se lhe parecer, conveniente, remetter o processo ao ministerio da gu.ierr.a): a, fi.ro do acen-
sado ser julgado no supremo conselho de justiga militar.
Art. 309.° Os individuos que nao forem militares serao julgados no conselho-de guerra da
divisáo mais próxima do logar do crime ou no do quartel general do exercito em operagoes,
como parecer mais conveniente ao commandante em chefe, quando sujeitos á jurisdiegáo militar.
Art. 310.° As regras de competencia estabelecidas n'este capitulo pai'a o exercito era cam-
panha seráo observadas ñas divisoes militares térritoriaes que, por decreto, forem declaradas em
estado de guerra.
Art. 311.° Em tempo de guerra, estando creados os consellios ele guerra mencionados no
artigo 270.°, complete ao commandante em. chefe do exercito exercer a jurisdiegáo que por este
código pertence ao supremo conselho de justiga militar, ouvindo previamente, o auditor geral,
que dará o seu parecer por escripto nos autos.
Art. 312.° O general em chefe do exercito poderá fazer os regulamentos e estabelecer as
penas necessarias á seguranga das tropas serapre que nao esteja era, communicagáo com o go-
ATerno.
§ único. A mesma faculdadc pertence ao: governador de jiraea investida, sitiada ou blo-
queada, e ao commandante militar superior de forgas em operagoes que nao estejam em comnm-
nicacáo com o general em chefe nem com o governo;

«API TULO IV

Da competencia dos consellios do guerra ñas pragas sitiadas, investidas ou bloqueadas, e ñas divisoes
ou forgas operando isoladamente
Art. 313.° Os conseihos de guerra estabelecidos ñas pragas de guerra e fortiíicagoes sitiadas
investidas ou bloqueadas, e ñas divisoes ou forgas militares operando isoladamente, sao compe,
595

lentes para conhecer de todos os crimes commettidos pelas pessoas mencionadas nos artigos 302.°,
303.° e 304.°, segundo as dístincgoes n'elle estabelecidas.
§ único. Os consellios de guerra estabelecidos ñas pragas de guerra ou fortificagoes a que
este artigo se refere, sao tambera competentes para conhecer dos crimes contra a ordem publica
praticados por quaesquer pessoas encerradas ñas mesmas pragas ou fortificagoes.
Art. 314.° Aos governadores ou commándantes das pragas de guerra e fortificagoes, e aos
commándantes das divisoes mobilisadas ou forgas militares que operara isoladamente, pertence
exercer toda a jurisdiegáo que compete ao commandante em chefe do exercito ein operagoes.

CAPITULO v. .

Da competencia dos tribunáes.militaresem eircuinstanciasextraordinarias


Art. 315.° Estáo sujeitos á jurisdiegáo dos conseihos de guerra, organisados nos. termos dos
artigos 283.° e 284.*'do presente código;
1.° As pessoas que estáo sujeitas a esta jurisdiegáo em tempo de paz;
2.° Os agentes dos crimes contra a seguranga do estado;
3.° Os agentes de crimes que, pela sua connexáo com os especificados no presente artigo,
igualmente apresentarem o carácter de offensivos da seguranga do estado ou da ordem e tran-
quillidade publica;
4.° Os agentes dos crimes de roubo, fogo posto, dañino e emprego de materias explosivas
com o finí de destruir pessoas, edificios, Añas de conimunieágao ou linhas teiegraphicas. ou tele-
phonicas.
Art. 316.° A competencia dos conseihos de guerra- estende-se aos individuos cujo domicilio
esteja fóra do territorio submettido á suspénsáo de garantías, mas que sejám aecusados como
agentes de algum dos crimes anteriormente enunciados e ali praticados. -
Art. 317.° A suspénsáo de garantías consídera-se um facto preexistente ao acto que a mo-
tivou, estendendo-se assim a competencia dos tribunáes militares aos factos anteriores á mesma
suspénsáo que a ella se liguem e a determinaran!.
Art. 318.° A jurisdiegáo dos tribunáes militares continúa, aínda mesmo depois de levantada
a suspénsáo de garantías, com respeito aos factos commettidos anteriormente ao estado de sus-
pénsáo e durante elle.
Art. 319.° Das decisoes dos conseihos de guerra cabe recurso para o supremo conselho de
justiga militar, em todas as circumstancias previstas no artigo 457.° e seguintes do presente
código.
CAPITULOvi

Da competencia e jurisdiegáo dos prebostes militares


Art. 320.° A jurisdiegáo do preboste superior e dos outros prebostes ábrange toda a área
do territorio oceupado pelas tropas junto das quaes funecionam e sobre os seus flancos e re-
taguarda.
Art. 321.° No territorio nacional e em territorio estrangeiro, amigo ou neutro, os prebostes
militares teem jurisdiegáo correccional:
1.° Sobre os bagageiros, recoveiros, postilhoes, vÍArandeiros, Ltvandeiros, taberneiros, crea-
dos dos officiaes e quaesquer outros individuos que acompanharem o exercito ou fizerem parte
da sua comitiva;
2.° Sobre Añadios e vagabundos ;
3.° Sobre prisioneiros de guerra que nao sejam officiaes.
§ único. Quando o exercito passe o territorio inimigo, os prebostes téem jurisdiegáo correc-
cional nao só sobre as pessoas mencionadas n'este artigo, mas tambera sobre os habitantes, via-
jantes e quaesquer outros indÍAiduos estranhos ao exercito que forem encontrados na área oceu-
pada pelas tropas, emquanto essa jurisdiegáo nao for conferida a outras auetoridades.
Art. 322.° Os prebostes militares conhecem únicamente:
1.° Das infraegoes de disciplina e contravengoes de policia a que se refere o artigo 6.°
d'este código;
2.° Das infraegoes das leis e regulamentos de policia e contraArencoes de qualquer natureza
que no foro ordinario ou commum estejam sujeitas a julgamento correccional;
3.° Das accoes e reclamagoes por perdas e dañinos, resultantes das infraegoes sujeitas á sua
competencia, de valor nao excedente a 100^000 réis.
596

TITULO III
Disposigoes applicaveis em tempo de paz e em tempo de guerra
CAPITULO I
Da competencia no caso de eo-participagao em crimes
Art. 323.° Quando pelo mesino crime forem aecusados individuos sujeitos á.jurisdiegáo dos
tribunáes militares, e outros sujeitos á jurisdiegáo dos tribunáes ordinarios,, seráo todos proees-
sados e julgados perante estes tribunáes, se o crime for da natureza d'aquelles de que trata o
artigo 4.° - -
§ único. Nos crimes especificados no presente código, os aecusados sujeitos á jurisdiegáo
militar responderáo perante os tribunáes militares, e os que forem sujeitos á jurisdiegáo ordinaria
perante os tribunáes e justigás ordinarias.
Art 324.° Nao obstante o disposto no artigo antecedente, seráo julgados pelos tribunáes
militares todos os aecusados:
1.° Quando todos forera militares ou pessoas pertencentes ao exercito, posto que algum
d'elles nao estivesse sujeito á jurisdiegáo militar ao tempo do crime;
2.° Quando forem pessoas sujeitas á jurisdiegáo militar e estrangeiras as que commetterem
o crime; ;
"
.
3.° Quando o crime for perpetrado estando o exercito em paiz estrangeiro;
4.° Quando o crime for commettido em territorio portuguez, mas em frente do inimigo.
Art. 325.° Quando nó mesmo crime forem' co-réus individuos sujeitos aos tribunáes milita-
res do exercito e outros sujeitos aos tribunáes da armada, seráo todos processados e julgados
por estes tribunáes, se o crime for commettido a bordo de algum naAÍo, ou dentro do recinto de
porto, arsenal ou.outro estabelecimento marítimo.
§ único. Se o crime for commettido fóra dos logares especificados n'este artigo, os tribunáes
militares do exercito sao os únicos" competentes para o seu julgamento.

CAPÍTULOII
Da competencia do supremo tribunal de justiga
Art. 326.° Ao supremo tribunal de justiga compete conhecer e julgar dos recursos de re-
vista interpostos, por incompetencia da jurisdiegáo militar, pelos condemnados nos tribunáes do
exercito e da armada.
§ 1.° O recurso mencionado n'este artigo só poderá ser interposto depois que a sentenga
condemnatoria dos tribunáes militares tenha passado em julgado.
§ 2." O praso para a interposigáo do recurso é de tres días.
Art. 327.° Nao é permittido interpor recurso de revista em caso algum:
1.° Aos militares ou outras pessoas pertencentes ao exercito, mencionadas nos artigos 292.°,
293.° e 294.° d'este código;
2.° As pessoas sujeitas á jurisdiecáo dos conseihos de guerra nos casos dos artigos 302.°,
303.°, 304.° e 305.° d'este código;
3.° As pessoas encerradas em praca de guerra ou fortificagáo inATestida, sitiada ou bloqueada.
Art. 328.° Compete igualmente ao supremo tribunal de justiga:
1.° Conhecer e julgar dos conflictos de jurisdiegáo que se levantaren! entre os tribunáes
militares do exercito ou da armada e os tribunáes ordinarios;
2.° Prover, nos termos da lei geral, nos casos de sentengas contradictorias proferidas pelos
tribunáes militares, do exercito ou da armada, é pelos tribunáes ordinarios, em que uní ou mais
réus forem condemnados como auctores do mesmo crime, de sorte que as sentengas, longe de
poderem conciliar-se, constituam proAra da innocencia de algum dos condemnados.

LIVRO IV
Do processo penal militar
TITULO I
Do processo em tempo de paz
CAPITULO I
Disposigoes geraes
Art. 329.° O processo penal militar compoe-se, ordinariamente,- de tres series de actos di-
versos e comprehende tres periodos differentes:
597

1.° A policia judiciaria ou instrucgáo preliminar, que indaga os vestigios e indicios do crime
e seus agentes, prepara e reúne os primeiros elementos da instrucgáo;
2.° A instrucgáo ordinaria ou summaria da culpa, que collige os indicios e provas que háo
de serAÚr para a discussáo judicial, declara se ha mótÍAro para a accusagáo, caracterisa ou quali-
fica provisoriamente os factos, e fixa a jurisdiegáo que os ha de julgar;
3.° A accusagáo, que, estabelecendo a forma do processo para garantía da justiga, assegura
por meio de solemnidades essenciaes os interesses de repressáo e a liberdade da defeza, e pro-
nuncia a final a sentenga. '
§ único. Para a fórinacáo e julgamento dos processos penaes militares nao ha ferias, sendo
válidos mesmo os actos praticados em dias santificados, quando as conA'eniencias do serAigo o
exigirem.
CAPITULO II
Da formagao da culpa *

SHCCAO i '

Da policia judiciaria ou inslíuccao preliminar


Art. 330.° O militar que presenciar ou tiver noticia de crime. commettido por militar seu
inferior ou que, no exércicio das suas funegoes, presenciar ou descobrir qualquer crime, dará
iinmediatamente parte á auctoridade a que estiver subordinado,' ou procederá logo ás diligencias
de que se trata n'esta seccáo, se para issó for competente. " -. .
Art. 331.° A policia judiciaria militar incumbe: aAreriguar se algum crime da competencia
dos tribunáes militares foi commettido e os vestigios que deixou; investigar as circumstancias
cora que foi pratieado; reunir os indicios que houver contra qualquer delinquente; colligir as
provas que possam servir de base para a formagao da culpa; apprehender e guardar os instru-
mentos do crime ou quaesquer proAras materiaes que d'elle ficarcm e cujo desapparecimento^
possa prejudicar a nwestigagáo da verdade; descobrir os delinqüentes e capturar os que forem
adiados em flagrante delicto, entregando-os logo á auctoridade competente.
Art. 332.° Aos agentes da policia judiciaria militar compete n'essa qualidade:
1.° Receber a queixa, particijiaeáo ou denuncia do crime;
2.° Interrogar desde logo os presumidos delinqüentes;
3.° Verificar, por meio de exame directo o inspecgáo ocular, todos os ATestigios do crime e
as proA'as materiaes que d'elle ficaram, os seus effeitos e resultados, e o estado dos logares em
que foi commettido;
4.° Interrogar os offendidos, circumstantes, Aisinhos, creados, domésticos, bem como quaes-
quer pessoas que verosímilmente possam dar informagáo e dirigir a justiga na indagagáo da
verdade;
5.° Apprehender os instrumentos do crime e quaesquer objectos encontrados no logar do
delicto, ñas suas iinmediagoes ou em poder dos presumidos delinqüentes, e que com elle tenham
alguma relagáo ou possam auxiliar a nrvestigagáo da verdade, guardando-os cuidadosamente,
quanto possivel;
6." Tomar as providencias necessarias para que nada seja alterado no logar do crime antes
de se proceder a todas as diligencias preliminares da instrucgáo;
7.° Requisitar o auxilio da forga publica precisa para o desempenho das obrigagoes que
Ihes estáo incumbidas ;
8.° Redigir e mandar escrever os autos de noticia, queixa, participagáo ou denuncia, os de
exame e inspecgáo ocular directa ou de investigagáo indirecta, e quaesquer outros autos e ter-
mos judiciaes precisos para verificar a existencia do delicto e circumstancias de que este foi re-
vestido ;
9." Determinar o comparecimento de qualquer pessoa que possa esclarecer a verdade;
10.° Ordenar o exame physico do offendido e do presumido agente do crime, sempre que
seja conveniente;.
11.° Entrar na casa de qualquer cidadáo para proceder a alguma diligencia judiciaria mili-
tar necessaria para o descobrimento do crime e sua comprovagáo.
§ único. No desempenho das suas funegoes, os agentes de policia judiciaria militar deveráo
regular-se pelas regras e indicagoes estabeleeidas n'esta secgáo, e, nos casos omissos, pelas dis-
posigoes da lei geral, cumprindo-lhes empregar todos os méios de indagagáo que a sua rasáo
Ihes suggerir para o descobrimento da verdade e verificagáo do corpo de delicto.
Art. 333.° O corpo de delicto consiste no conjuncto de todos os elementos materiaes consti-
tutivos da infraegáo ou que d'ella sao vestigio ou signal exterior.
§ 1.° Sao elementos do corpo de delicto todos os actos que precederain, aeompanharam. ou
aeguiram a infraegáo, taes como a presenga sobre certos logares, o estado das pessoas e dos
598

objectos sobre que a accáo foi praticada, os instrumentos que serviram para a sua perpetragáo,
os ferimentos, a doenga mais ou menos longa, a morte e outros similhantes.
|.2.° Sao tambera elementos do corpo de delicto todos os factos accessorios que aconipanha-
ram a infraegáo e que podem-constituir circumstancias attenuantes ou aggravantes do crime.
Art. 334.° Em caso de flagrante delicto, todo o agente de policia judiciaria militar pode
prender qualquer individuo suspeito de crime, hwrando immediatamente auto judicial em que se
mencione a causa da prisao e as circumstancias que a acompanharain, o nonie do preso e a sua
gradüagáo, sendo militar.
v§ í.° O militar que assim for ¡preso, será logo posto á disposigáo da auctoridade a que na
localidade estiver subordinado.
§ 2.° Fóra do ..caso de flagrante delicto, nenhuro militar, em actividade de servigo, poderá
ser preso senáo por ordem dos seus superiores, aos quaes deve ser requisitada a- prisao.
§ 3." O individuo nao militar que for preso pela auctoridade militar será entregue á aucto-
ridade competente da localidade.
§ 4.° Qualquer que seja a categoría ou posto do preso em flagrante delicto, nunca se po-
derá escusar nem recusar-se a responder ás p.erguntas oü interrogatorios que lhe forem feitas
pelo agente da policia judiciaria militar.
Art. 335.° Quando, fóra dos casos de flagrante delicto, os agentes da policia judiciaria mi-
litar, no exércicio das suas funegoes, precisarem entrar em algum estabelecimento dependente
de auctoridade civil, ou effectuar ahi a prisao de algum individuo sujeito á jurisdiegáo dos tri-
bunáes militares, ou alguma diligencia da ,policia judiciaria, splicitaráo previamente da auctori-
dade civil competente a necessaria permissáo,, que nunca poderá ser recusada.
.§.:!.? Esta disposigáo terá tambem logar quando o estabelecimento--for dependente da au-
ctoiidade,marítima, á.qiual, n'este caso.>, seráo dirigidas as requisicoes.
.§:2.° As auetoridades militares sao igualmente obligadas a satisfacer ás requisicoes que,
para o mesmo fim^ Ihes forem dirigidas pelas auetoridades administratÍA7as, judiciaes ou mariti-
\ mas. .
Art. 336.° Os officiaes da .policia judiciaria militar nao podem entrar em casa particular
senáo acompanhados .pela auctoridade judicial da localidade, devendo laArrar auto especial da
entrada, no qual declarem circumstanciadaniente todas as diligencias platicadas e ocoorrencías
que hoiwer, conformando-se em tudo cora as disposigoes das leis ordinarias.
Art. 337.° Se a pessoa offendida ou o objecto do crime forera encontrados, o agente da
policia judiciaria descreverá no ,auto o sen estado e todas -as mais circumstancias que tiverem
relagáo com o -fació criminoso.
Art. 338.° As armas, instrumentos e mais objectos que forem apprehendidos, seráo minu-
ciosamente descriptos no auto que se lavrar, de modo que d'elles possa fazer-se idea cabal,
assim como de todas as circumstancias em que foram adiados.
§ único. Os objectos a que este artigo se refere seráo sellados, appensos ao processo, sendo
possivel, e conservados sempre por modo que nao possam ser substituidos, alterados ou subtra-
hidos.
Art. 339.a O agente da policía judiciaria militar recolherá cuidadosamente e fará eonser-
Arar, quanto possivel, no mesmo estado em que se acharara, todos os A'estigios externos do crime,
assim como todas as provas materiaes da sua perpetragáo, consignando no auto que laAirar a
descripgáo do logar do delicto, o sitio e o estado era que se achavam os objectos apprehendidos,
com todos os pormenores que possam ser uteis á accusagáo e á defeza, e mandando, quando
seja conveniente, levantar a planta do logar, retratar as pessoas, e desenliar ou copiar os obje-
ctos, armas e instrumentos do crime.
Art. .340.° Se para verificar o corpo de delicto for necessario fazer algum exame que exija
conhecimentos technicos especiaes, deverá ser fei.to com interAreiicáo de peritos, requisitados da
auctoridade competente.
§ 1.° .Sos crimes de homicidio proceder-sedia á autopsia, sempre que seja possivel, a finí
de se conhecer cora toda a exactidáo a causa da morte; e o agente da policia judiciaria diligen-
ciará que no auto se verifique a identidade do morto, descreA^endo minuciosamente o cadáver,
inquirindo iesteiiiuuhas, que o reponhegam, mandando-o retratar, quando nao seja reconhecido,
ou empregando qualquer outro meio que seja mais conveniente para aquelle finí.
,§ ,-2.° Nos crimes,de offensasjcorporaes, os peritos devera declarar a natureza e importancia
dos ferimentos ou eo.ntusoés, instrumentos cora que foram feitas, prognostieo da doenga e seus
effeitos provaveis, indicar desde logo o dia em que se deve proceder a novo exame e informar
o agente da policia judiciaria,de qualquer occorrencia pathologica que possa interessar á .admi-
nistragáo da justiga. .-;-.'
,
§ 3.° Nos crimes.
de roubo ,ou outros quaesquer .praticados cora fractura, arrombamento
ou violencia, o agente de policia judieiaria fará examinar ¡os vestigios que ficaram, proceden-
do-^e.a exame por ¡peritos nos instrumentos, vestigios ou resultados do crime, e recolhendo,
599

alem d'isso, todas: as informagoés possiveis1 acerca do modo e tempo em que o crime foi: com-
mettido.
§: 4.° Quando, para a qualifieagáo do crime e das suas,circumstancias, for necessario apre-
ciar o A7aIor do objecto do crime ou do damno causado, procedér-se-ha ao exame pericial,, e aos
peritos seráo presentes todos os elementos directos de apreciagáo que podérem ser encontrados,
mas,, nao os havendoj proenrar-se-ha demonstrar por depoimentos de testemunhas a preexisten-
cia da cousa furtada ou roubada ou a verdade do damno causado, e os peritos procederáo- a
urna equitatÍAra- aAraliacá.Oj em presenga das informagoesrdo. qüeixoso e de quaesquer outras.
Art. 341.° Nao podem ser peritos ñas diligencias da policia judiciaria militar aquellas pes-
soas que, segundo as leis, nao podém ser testemunhas enujuizo nos processos ciiminaes-.
§ único., Para a Arerificagáo do- corpo de delicto seráo-preferidos, quanto possivel,:os peri-
tos militares.
Art. 342.° O agente da policia judiciaria poderá requisitar. das repartígoes publicas! qual-
quer documento indispensavel para algum, exame de peritos,, deArolvendoTO logo que a, diligencia
esteja, concluida, e poderá tamben!, solicitar que nos, estabelecimentóspúblicos Competentes'Se
proceda a quaesquer analyses soientificas: que, sejam, neGessarias para o descobrimento da ver-
dade.
Art. 343.° Se o crime for d'aquelles que nao deixam Aíestigios exteriores, ou quando estes.

tenham desapparecido, o agente cía policia. judiciaria procurará fazer constar por informagoés,
depoimentos de testemunhas e quaesquer outros meios de proA^a admissÍAreis em direito, a exis-
tencia do crime e suas circumstancias, e quaes sejam. os. seus agentes. Para este finí pederá
transportar-se a qualquer localidade, dentro da área da divisáo, onde se deva réalisar alguma
diligencia judicial, e expedir cartas precatorias, dirigidas- aos-auditores ou a quaesquer auetori-
dades militares,, se houver necessidáde de proceder a alguma diligencia, em localidade depen-
dente de outra divisáo.
Art. 344.° Quando, durante as diligencias que.: incumben!- a policía judiciaria, estiver detida
alguma pessoa suspeita de haver commettido o crime, poderá esta, se nao houver inconA7eniente,
assistir a essas diligencias e fazer as óbservacoes que julgar ópportunas, as quaes seráo: consi-
gnadas no auto que se lavrar.
§ único. Nao sao comprehendidas n'esta disposigáo os depoimentos das testemunhas, a-cuja
inquirígao o presumido delinquente nao poderá assistir, salvo no caso extraordinario de ser ne-
cessaria a sua acareagáo com algnmas das mesmas testemunhas.
Art. 345.° Os agentes da; policía judiciaria militar seráo auxiliados no exércicio das: suas
funegoes por um- inferior sen,, por élles-nomeado, se estÍA'ér sob, as suas ordens, ou, requisitado
da auctoridade militar a que estiver sujeito, o qual escréA'erá os autos e termos-judiciaes-das
diligencias que se effectuarem.
§ único. O militar que servir de escriváo no processo terá. fé publica nos, actos: que prati-
car na presenga e com assistencia do agente da policia judiciaria.
Art. 346.° Os autos das diligencias:praticadás-.pelos-agentes, da policia judiciariÉV seráo re-
mettidos ao commandante da dÍAisáo militar, pelas A'ias competentes, com todos os;documentos)
papéis e quaesquer objectos que digain respeito ao facto ou factos sobre que versou a instrucgáo
preliminar, a fim de que o mesmo commandante possa proAidenciar como julgar coiweniente.
§ único. Do mesmo modo procederáo as auetoridades-judiciaes ordinarias, relativamente
aos processos que ante ellas forero instaurados por crimes- da competencia dos tribunáes mili-
tares.
Art. 347." O commandante da dÍA'isáo, depois de examinar o processo, se entender que a
instrucgáo preliminar nao está completa e que convem proceder a outras diligencias para averi-
guar a existencia do crime e suas circumstancias, ou a finí de descobrir os delinqüentes, orde-
nará que o mesmo ou outro agente da policía judiciaria militar proceda a taes diligencias, em
auto addiciohal; e se complete quanto possivel a instrucgáo.
Art. 348.° Terminada, a instrucgáo preliminar, e resultando do processo indicios, de culpa-
bilidade contra algum. militar que tenha posto inferior ao de coronel, sáó attribuigoes do- cora-
mandante da divisáo: ¡ ,
1." Se o facto constituir crime previsto ñas leis militares-, determinar,, por despacho funda-
mentado,nos autos, se deve ou nao procedeinse á formagao da culpa;
2.° Quando o facto ou factos constantes do processo constituirem crime previsto ñas leis

- • 3.° Se os factos constantes do


.:
ordinarias-, ordenar sempre o proseguimento do processo, salvo no caso preAisto no § 1-.° do
artigo-6.° d'este código;
processo- constituirem
.
crime que, pela sua natureza ou pela
qualidade do delinquente, nao pertenca á jurisdiegáo militar, determinar, por despacho funda-
mentado nos autos, que o processo seja remettido á auctoridade competente;
4.° Prover na forma dos regulamentos disciplinares, se entender que os factos constantes
do¡ processo constituem crime a que corresponda simples pena: de multa, infraegáo de disciplina
600

oü contraA-engáo de policia sujeita á jurisdiegáo disciplinar, declarando-o assim por despacho


fundamentado nos autos;
5.° Quando no processo se achar implicado algum delinquente nao sujeito á jurisdiegáo mi-
litar, mandar extrahir traslado do processo e remettel-o ás justigas ordinarias.
§ 1.° Se o facto constituir crinle preAisto ñas leis militares e a que únicamentecorresponda
a pena de prisao militar ou a de encorpóragáo en! deposito disciplinar, o general ordenará sem-
pre, por despacho fundamentado nos autos, que se prescinda do summario da culpa e se pro-
ceda immediatamente á accusagáo do presumido delinquente, nos termos do artigo 387.° e se-
guintes d'este código.
§ 2.° No caso do ñ.° 1." d'este artigo, quando o general nao mandar formar culpa, enviará
immediatamente copia do seu despacho ao ministro da guerra, o qual, dentro de vinte dias, po-
.
derá ordenar ao commandante da divisáo que reforme o seü despacho.
Art. 349.° Quando resultém do processo indicios de culpabilidade contra algum coronel ou
general, o commandante da divisáo ordenará, por despacho nos autos, que estes subam ao mi-
nistro da guerra, para que proAidenceie segundo as regras prescriptas no artigó antecedente.
Art. 350.° Os processos que nao devam proseguir, seráo todos enviados ao promotor de
justiga, a fim de serení archivados no conselho de guerra da divisáo.

SEC(,:AO II
Da instrucgáo ordinaria óu summario da culpa
Art. 351 i° A instrucgáo ordinaria consiste na in\restigágáo judiciaria, que tem por fim col-
ligir e reunir todas as provas e indicios do crime e sitas circumstanciaSj empregar todas as me-
didas conservatorias indispensáveis ou uteis para a apreciagáo e qualifieagáo dos factos crimino-
sos, preparar o debate e assegurar a aegáo da justiga.
Art. 352.° O summario da culpa comprehende e abrange quaesquer pessoas determinadas
ou indeterminadas contra quem houver provas ou indicios de culpabilidade, ou contra as quaes
apparegam indicios n'esta parte do processo.
§ 1.° No despacho do comniandante da divisáo, ordenando a instauragáo do summario da
culpa, consideram-se sempre comprehendidos todos os factos criminosos que sejam connexos
aquelle que deu origem ao processo, aínda que o despacho os nao mencione expressamente.
§ 2.° A qualifieagáo do facto criminoso feita pelo commandante da divisáo sobre o processo
da instrucgáo preliminar é provisoria e pode ser modificada posteriormente em resultado das
provas colligidas no summario da culpa.
Art. 353." Consideram-se crimes connexos para todos os effeitos judiciaes:
1.° Os commettidos ao mesmo tempo e no mesmo logar pela mesma ou por differentes
pessoas;
2.° Os commettidos em differenses tempos ou logares, mas em resultado de concertó entre
os delinqüentes;
3.° Os que téem por fim preparar ou facilitar a execugáo de outro crime ou assegurar a
sua impunidade.
Art. 354.° A ordem ou auetorisagao para se proceder a summario será enviada ao promotor
de justiga ante o conselho de guerra respectivo com todos os documentos, autos e objectos de
qualquer natureza que forem convenientes para a instrucgáo do processo.
§ 1.° Os objectos enviados para juizo para prova da accusagáo, que tenham sido apprehen-
didos aos criminosos, ou que fagam parte de um furto, seráo restituidos aos seus donos, quando
estes o requererem, seis mezes depois da ordem j>ara se proceder a summario se, durante este
praso, nao tÍA^er sido julgada definitivamente a causa.
§ 2.° Os objectos a que o paragrapho anterior se refere seráo mandados entregar por des-
pacho do auditor, lavrando-se no processo termo de entrada e de responsabilidade.
Art. 355.° Recebida a ordem para a formagao da culpa, o promotor de justiga articulará
logo, nos autos, urna summaria e clara exposigáo dos actos que constara do processo, com todas
as circumstancias relativas ao modo, tempo e logar em que foram praticados e que possam ser-
vir para a qualifieagáo do crime, indicando ao mesmo tempo a lei que os prohibe e coneluindo
pelo requerimento para que se proceda á formagao da culpa.
§ único. O promotor, na sua exposigáo, deverá conformar-se om tudo com as instruegoes
qué superiormente tÍArer recebido, e no final d'ella indicará desde logo as testemunhas de que
tiver -noticia, sem prej uizo de apontar depois quaesquer outras cuja inquirigáo lhe parega neces-
saria para o descobrimento da verdade.
Art. 356.° O processo do summario da culpa é secreto, escripto e nao tem formas essenciaes
e absolutas.
§ 1.° O juiz instructor, no desempenho dos seus deveres, pode recorrer a todos os meios
601

legaes de indagagáo que a sua rasáo lhe suggerir para o descobrimento da verdade, competindo-
lhe poderes descricionarios acerca do emprego d'esses meios e da sua opportunidade para veri-
ficar a existencia do crime, sua qualifieagáo, modo e teliipo eiii que foi commettido, e quáes os
seus agentes. Para este fim poderá o mesmo juiz transportar-se ao logar do crime, inquirir tes-
temunhas, proceder a visitas domiciliarias, exames e inspecgoés occuíares ou vistorias, appre-
hendendo quaesquer objectos que tenham relagáo com o crime, expedir precatorias, mandados
de comparecimento e de prisao, proceder á interrogatorios dos presumidos delinqüentes e a quaes-
quer outros actos conducentes á indagagáo da verdade.
§ 2.° Ñas diligencias a que se refere o paragrapho antecedente, quando desenipenhadas pelo
auditor, fóra da sede do tribunal, servirá de escriváo um officiai subalterno para esse fim nomeado
pelo commandante da divisáo.
§ 3.° Todas as decisoes e qualificagoes pronunciadas peló juiz instructor sao provisorias e
podem ser ampliadas ou modificadas peló general commandante da divisáo, oü pelo tribunal no
julgamento definitivo.
Art. 357.° Nao pode fazer objecto de indagagáo judicial, no processo da instrucgáo ordinaria
ou summario da culpa, üenhüm facto criminoso que nao estéjá compréhéndido na ordém óur au-
ctorisaeáo do commandante da divisáo. Exceptnám-se d'esta regra os crimes que forem cohnexos.
§ único. Se durante o processo da instrucgáo ordinaria ou sümmário da culpa se descobrir
algum crimé nao compréhéndido na ordem ou auetorisagao do commandante da divisáo, o auditor
dará d'isto conhecimento ao promotor de justiga, que solicitará do commandante da divisáo as
necessarias instrücgoes e requererá depois o que for conveniente paira a boa administragáo da
justiga.
Art. 358.° Dentro daS primeiras quarentá e óito horas depois de recébidás as pegas dó pro-
cesso cora a exposigáo e requerimento do promotor, o auditor procederá ao interrogatorio dos
presumidos delinqüentes que estiverem presos ou sob custodia, e no menor praso de tempo pos-
sivel ao d'aquellés que nao estiverem presos.
§ 1.° Os interrogatorios seráo féitos na presenga do secretario do conselho, que os escre-
verá com as respectivas respostas, e poderáo ser repetidos sempre que for íequisitadó peló pro-
motor ou parecer conveniente ao auditor.
§ 2." Do mesmo modo Se procederá á confróntacáo dos presumidos delinqüentes uns com
os oütfos, ou com as testemunhas, e a quaesquer reconhecimentos, inspecgoés ou exámes, obser-
vando-se em tudo as disposigoes da lei geral na parte náó alterada n'eSte código.
§ 3.° O defensor officioso ássistirá sempre aos interrogatorios, quando o presumido delin-
quente for menor de dezoito annos.
Art. 359.° Alem das mais attribuigoes que por lei pertencem aos auditores, como juizes in-
structores compete-lhes:
1." Dirigir a instrucgáo do processo do summario da culpa, empregando officiosámente todos
os meios que forem convenientes para a indagagáo da verdade;
2.° Mandar comparecer no tribunal os presos ou detidos rías prisoes militares;
3.° Prohibir, quando o julgue conveniente para a indagagáo da verdade, a livre communi-
cagáo dos presos com quaesquer pessoas.
§ único. Os chefes das prisoes sao obligados a cumprir as ordens dos auditores, passadas
em devida forma.
Art. 360.° No desempenho das suas funegoes, tanto os auditores como os promotores de
justiga, podem corresponder-se officiai e directamente com quaesquer auetoridades.
Art. 361.° No processo para a formagao da culpa sao admíssiveis todos os meios de prova
que as leis ordinarias reconhecem, taes como a confissáo da parte, os exames, vistorias e inspec-
goés oculares, documentos, testemunhas, juramento da parte offendida, indicios, presumpgoes e
conjeeturas; e a respeito de cada um d'estes meios de prova devem os magistrados e agentes da
justiga militar regular-se pelas disposigoes da lei geral.
Art. 362.° Quando durante o summario o presumido delinquente aprésente indicios de alie-
nagáo mental, o auditor mandará proceder ás convenientes observagoes medico-legaes, sem pre-
juizo das diligencias precisas para a verificagáo do crime.
§ único. As observagoes a que se refere este artigo, quando outra cousa se nao disponha
na lei commum, seráo feitas nos hospitaes militares permanentes de Lisboa e Porto, e os médicos
peritos apresentaráo o seu relatorio dentro do praso máximo de tres mezes, devendo concluir
pela responsabilidade ou irrespousabilidade do observando.
Art. 363.° No processo para a formagao da culpa seráo inquiridas testemunhas sera numero
determinado, mas quantas forem sufficientes para que a verdade seja esclarecida, preferindo-se
sempre as que forera nomeadas pelo promotor de justiga.
§ único. As testemunhas referidas ou por outras testemunhas ou pelo presumido delinquente,
seráo, ou nao, inquiridas, segundo o prudente arbitrio do auditor.
Art. 364." As testemunhas moradoras na comarca judicial em que tem sede o conselho de
602

guerra, seráo inquiridas pelo auditor, na presenga do secretario do conselho, que escréArerá os
seas depoimentos, observando-se em ludo as disposigoes da lei ordinaria.
§ .1.° As testemunhas seráo.preAiamente intimadas com declaragáo do dia, hora e logar onde
dev«m;comparecer.
.§ 2.° A intimagáo das testemunhas civis. será feita pelos meirinhos da justiga militar, e as
.,
testemunhas. militares seráo requisitadas aos respectivos superiores.,
§ 3.° Juntar-sedia sempre &Q processo urna eertidáo da intimagáo, passada no verso doman-
.
dado, ou o officio da auctoridade a quem tiver sido requisitada. a testemunha.
§ 4.°,Atestemunha.que, sendo, intimada, nao comparecer, ouaquella querecusar responder
ás perguntas que lhe forem:¡feitas, será autuada pelo respectivo auditor, e punida nos termos e
pela forma determinada na lei ordinaria.
-Arts 365.° As.testeniunhas moradoras, fóra da comarca, em que tem sede o conselho de
gueiíra,i(serábí inquiridas,;por meió; de, ¡cartas precatorias dirigidas aos auditores das outras divi-
soes militares, cora, respeito aquellas que forem moradoras na comarca judicial era que tém sede
algum.eonselho de .guerra,, e aos .respectivos juizes de direito, juizes muiñcipaes, ou commándan-
tes. militares das localidades, eom respeito ás, que forera.moradoras nasoutras comarcas judiciaes.
:§;4.0 As auetoridades aqueni fórem dirigidas as caitas preeatorias dar-lhes-háo cumpli-
mentó, dentro de um.praso náó: excedente a dez,dias, contados, da data da recepgáo..
-
: V§ 2.° As
auetoridades a. que se,refere o artigo 200.°, d'este código podem inquirir: as .teste-
munhasou nomear qualquer. officiai sexi subordinadQ para pi-oceder á inquirigáo.
.Art. 366.° Se alguma testemunha estiver impedida de, comparecer, o auditor ou as auetori-
dades a quem forem dirigidas as preeatorias, transportar-se-háo ao logar do domicilio da teste-
munliaj e procederáo.ahi,á,sua;inquiíigáo, nos termosdegaes,
Art..367.pO auditor que instruir o processo pode, quando, o julgar conveniente, proceder
pessoalniente a qualquer diligencia,judicial das mencionadas no, artigo 356.° que deva realisai^se
dentro da área da divisáo, ou deprecar ás auetoridades jiidiciaes, ou.militares que.forem compe-
tentes, nos termos do artigo 365.?,,.para que procedan! aessas: diligencias.
Art. 368-0 Se no processo:da-insírucgáopreliminar.já estiA'-erem escriptos os dej>oimentos,
tomados em devida forma, de algumas testemunhas nomeadas-pelo promotor de justiga, o, auditor
podei!á,deixar de .proceder a,nova inquirigáo,) declarando-o assim por .despacho.
.,'§ único. Observai^serha tambera esf|a .disposigáo a respeito. de qualquer outra düigencia ju-
i
dicial a que os agentes da.¡policia,judiciariajá tenliain. regularmente .procedido.
:
Art. 369.° Se n.O:.mesmo,processo,hpuver dois ou mais eo.-réus, todos sujeitos á jurisdiegáo
dos tribunáes militares, para todos haverá um só processo de formagao da culpa, aínda que te-
nham^differentesigr^düagoes.i , .:
. ,
Art. 370.° O auditor poderá, , quando o julgar coirveniente, e deArerá,,,quando lhe for re-
.

querido pelo promotor de jiustica, reperguntar qualquer testemunha que já tenha deposto, pro-
.
ceder á acareagáo de urnas com outras, ou á sua Gonfrontagáo com- os presumidos delinqüentes, e
fazer de novo ou¡repetir qualquer.exame,: inspe.cgáo,ou outradiligencia, que possa.ser útil para o-
descobrimento da verdade.
Art. 371.° O promotor de justiga poderá assistir aos interrogatorios dos presumidos delin-
qüentes, ,e a todas.as diligencias e actos da instrucgáo do processo, e deA^erá requerer tudo o que
for conveniente á investigacáo da verdade. !
Art.,372.° Se, durante ainstruecáo, parecer, ao-auditorqne o facto nao constitue ,
crime ,¡-da
competencia dos .tribunáes militares, ou que a,,acgáo publica, para a iniposigáo das penas, está
suspensa ou extracta,pela ¡presciipgáo^-ainnistia, caso julgado, ou outra causa legal, assim o de-
clamará nos autos, mandando entrega-r o. processo ao promotor de justiga,. que o .remetiera.ao
commandante da diyisao, para resolyer o que for ele justiga.. ,
Art. 373.° Concluidas as diligencia,s;judiciaes.para a. formagao
,
da culpa, o auditor lángara
no processo urna desenvolvida e fundamentada,exposigáo, mencionando os factos que oniotiva-
raiii, ou. que d'elle: resultara, cora todas, as circumstancias, que os .acómpanharam ou se,lhe se-
guirán!,, e que possam seryirpara oaracterisar o. crime e j!ar,a.a sua exacta qualifieagáo legal;
indicando ao mesmo tempo as leis, militares OÜ ordinarias, que os incriminan!, emittindo o seu
parecer acerca do andamento que deA^e ter o processo, do merecimento. e procedencia dos indicios
ou.pi'ovas que houver contra qualquer, pessoa.
:: .§ 1.°: Se os factos, constantes do processo nao constituirem, crime,. nem infraegáo de. disci-
plina, ou contravengáo de policia, se nao existirem pmvas? nem. indicios de culpabilidade contra
pessoa alguma, ouse estiver. demonstrada alguma circunisíancia dirimente da respoiisabilidade
eiiminál, assim será declarado pe]o auditor na sua exposigáo.
§ 2.° Se os factos constantes do processo:constituirem, crime a, que .corresponda simples.pena
deianulta,: contravengáo.de¡policia ou infraegáo de disciplina sujeita. a. punieáo disciplinar, :assim
tambera será declarado pelo auditor.
; §: 3-° Se resultar do processo que os factos criminosos nao pertenceni á, competencia dos
603

tribunaes militares, ou que as pessoas por elles criminalmente responsaveis, ou algumas dJéllas,
nfio estao sujeitas á sua jürisdicgao, assiin será igualmente declarado pelo auditor. -
§ 4.° Se, finalmente, os factos resultantes do processo constituirem crime da competencia
dos tribunaes militares, e as pessoas por elles responsaveis estiverem sujeitas á sua jürisdicgao,
o auditor assim o exporá, conelüihdó por emittir parecer ácei'ca db merecimento da prová para
indieiagao e para se dever instaurar a accusagao.
Art. 374.° Depois de láncadá nos autos a exposicao do auditor, o pi-océsso será immediata-
mente entregue ao promotor de justiga,, que logo ó remetiera ao cbürmandañté da divisao.
§ único. O promotor dé justiga informará ócommandanté da diyisSó de tudo o que julgar
conveniente ácei'ca do processo, más esta informagáo nao será escripia ños autos.
Art; 375.° Sé aó commandánte dá divisao parecer que no sümmaíió da culpa existém irre-
gularidades ou ómissoes, óu que se nSo empregaram todos os meiós ütéis'dé investigagab da ver-
dad©, assim o declarará por despacito nos autos, ordeñando que; estes séjam reméttidos ao pro-
motor dé justiga^ para réquerér as diligencias que lile indicar.
Art: 376,° Ultimado o sümmarió, o commandánte da divisao^ depois de examinar attentá e
cuidadosamenteo processo^ resolverá o destiño e o següimeñto que dévé tér, observando as re-
gras seguintes: .; •
"
1.a Se os factos constantes do jirocesso cóñstitüirem crime préviéto e punido pelas leis mi-
_

litares, e houver prova ou indicios de culpabilidade contra alguma pesso.a sujeitá á: jurisdiegab
dos tribunaes militares^' o commandánte da divisSo niaüdaráinstaurar a accusacao, sé nló houver
inconveniente para adisciplina;
2.a Se osi factos constantes dé processo coñstituiréñl criiñe; á "que sejám applicavéis as dis-
posigoes do código penal ordinario, e resultaren! provas o'ñ indicios de culpabilidade contra qual-
quer individuo sujeito á jürisdicgao dos tribunaes militareSj o commandánte da divisao ordenará
que a accusacao seja instaurada.
3.a Se o commandánte da divisao entender, de accordo com o parecer do auditor, que dos
autos nao resultara provas neni indicios racioñaeis da existencia do facto que motivou o processo,
que o mesmo facto nao é punivel segundo a lei, que os presumidos delinquentes estao iseníos de
criminalidade ou que a acgSo penal está extincta, assim o declarará por despaclio nos autos, e
ordenará que o processo seja archivado.
§ 1.° As regras estabelecidas n'este artigo serao observadas, ainda que os presumidos de-
linquentes nao tenham sido, interrogados por liáverem desertado, por se natrtér podido efféctuár
a sua prisao, ou por quálqúéi" oütro; motivo.
§ 2.° Quando o commandánte;idá-.ídivisao entender que a accusagao nao deve ser instaurada,
contra a opmiao do aíiditbr^-escripia no processo, enviará copias autlientieas do seu despacho,
da exposicao do auditor e da informagao do promotor de justiga ao ministro da guerra, ó qüaT,
dentro do praso maxinib'de viiite días, podérá mandar reformar o despacho.
' § 3.° Quando o commandánte da divisao entender que a accusagao nao deve ser instaurada,
fundamentará o seu despacho, mandando archivar o processo, o quaí para essé fi'm será enviado
áo promotor dé justiga.
Art. 377.° Se algara5 dos presumidos delinquentes tiver b posto dé coronel ou general^ as
attribuigoes a que se reférera os dois artigos antecedentes serlo exércidas'pelo ministro da-
guerra. •-..:. ,;
Art. 378." A ordeüi para se instaurar a acccusagao dévo especificar, com clareza os factos
criminosos sobre que ella ha dé versar, qualificando provisoriamente os crimés e providenciando
acerca de todos que resultem do processo dá culpa, ou constem de algum outro processo ainda
nao julgado. ,
Art. 379.° Quando do processo resultarem indicios de criminalidade contra algum par do
reino, deputado da nacao ou qualquer pessoa que tenha, alem do militar, outro foro especial, o
commandánte dá divisao observará o que a tal respeito está determinado nás léis geraes.
Art. 380.° Nao é permittido tirar copias authénticas ou certidoes dos processos militares sé-
nao a reqúerimento do ministerio publico ou em virtude de ordém emanada da auctoridadé su-
perior.
§ único. Nás disposigoés d'ésté artigo nao se comprehendem as sentengas e accordaos tran-
sitados! em julgado.
CAPITULO ni

Da prisao e homenagem

: Art. 381.° Nos crimés á- qué sé;refere o artigo 4.° d'este código e a que corresponder al-
guma das penas mencionadas no artigo 55.° do código penal, os réus militares seríío sempre re-
clusos em prisao fechada.
Art. 382.° A disposigaó do artigo antecedente será observada em relagao a todos os crirñés
604

a que se refere o artigo 1.° d" presente código, quando a pena correspondente for superior á de
seis niezes a tres annos de presidio militar.
Art. 383.° Fóra dos casos previstos nos dois artigos antecedentes, pode ser concedida ho-
menageni a todos os réus militares quando nao sejam reincidentes.
§ único. As pragas de pret a quem se nao conceder homenagem serao recolhidas ñas casas
de reclusao, observando-se as disposigoés dos respectivos regulainentos.
Art. 384.° A homenagem será concedida pelo ministro da guerra, se o acensado for coronel
ou general, e pelo commandánte da divisao em todos os mais casos.
§ unico. Nos crimés a que se refere o artigo 4.° d'este código, para a concessao da home-
nagem, será sempre ouvido,, segundo as circünistaneias, o auditor da divisao ou uin dos juizes
,

togados do supremo conselho de justiga militar,, que emittirao o seu parecer por escripto.
Art. 385.° A homenagem concedida a ofíicial pode ser na propria casa da sua residencia,
em sala no quartel do eorpo ou estabelecimento a que pertencer ou lhe for designado^ em todo
o edificio do quartel ou estabelecimento, na praga, acantonara ent% cidade, villa ou logar em que
se achar ou lhe for designado, conforme o.prudente arbitrio do commandánte da divisao ou do
ministro, segundo os casos, toniando-se em éonsideracao a gravídade do crime, a graduacao do
aecusado e o seu coniportamento anterior.
§ único. As pragas de pret qué tiyerem homenagem ficai'ao detidas nos quarteis dos corpos
a que perteñcerem ou a que estiverem addidas.
Art, 386.° Q militar a quem tiver sido concedida homenagem e deixar de comparecer a al-
gum acto judicial para que tenha sido intimado, ou o que nao for encontrado para se lhe fazer
alguma intimagato judicial, será recolhido a prisao, applicando-se-lhe as penas mais graves em
que possa incorrer, sé for considerado desertor.

CAPITULO IV
Da accusagao, qéfeza ejulgamento

SECCAO I

Dos actos anteriores á discussao


Art. 387.° Logo que promotor de justiga receber o processo com a ordeni para instaurar
o
a accusagao, nao estando ainda preso o presumido delinquente, requisitará de ofíicio a sua prislío
.

ou promoverá que pelo auditor se expega mandado de captura.


Art. 388.° Efectuada'a prisao, o promotor deduzirá a accusagao, nos autos, por artigos,.
especificando:
1.° O nome e appellido do aecusado ou aecusados, com declaragao dos postos e situagoes.
militares que tiverem, e de todos os signaes qué possám servir para verificar a sua identidade;
2.° A exposigáo summaria do facto ou factos imputados, com designacao de todos os ele-
mentos que os tomam criminosos é a possivel indicagSo de todas as circumstancias que possam
servir para bém os caracterisar ou concorrer para ser apreciada a culpabilidade do delinquente;
3.° CitagSo das leis, militares ou ordinarias, que incriminam os factos praticados;
4.° Eequerimento, para que ao aecusado sejam applicadas as penas da lei infringida;
5.° Rol das testemunhas que pretende produzir para prova da accusagao, com declaragao-
dos seus nomes, appellidos, moradas, profissoes e comarca judicial onde resideni.
§ unico. No caso do artigo 362.°, quando esteja verificada a doenga do presumido delin-
quente, o acto aecusatorio só será escripto nos autos depois d'elle ter recuperado a rasao.
Art. 389.° O acto da accusacao será deduzido em conformidade com a ordem do comman-
dánte da divisao ou com o despacho de pronuncia, e comprehenderá todos os crimés da compe-
tencia dos tribunaes militares, pelos quaes o mesmo réu seja responsavel e cuja accusagao es-
teja a esse tempo competentemente auctorisada.
§ unico. Nunca poderao ser indicadas mais de cinco testemunhas para prova de cada lím-
elos factos articulados no acto da accusagao.
Art. 390.° Se ao promotor de justiga parecer que deve ser supprida alguma omissáo ou
que convem praticar-se alguma diligencia necessai'ia para o descobrimento da verdade, requererá.
logo que se suppra a omissao ou se proceda á necessaria diligencia.
Art. 391.° Quando o facto criminoso poder ser encarado sob diversos aspectos legaes, a
accusagao pelo crime mais grave envolve imjdicitamente a accusagao pelo menos grave.
Art. 392." Quando, em rasao elo mesmo crime, ou de crimés connexos, houver co-réus que
possam ser aecusados ao mesmo tempo, serSo todos simultáneamentejulgados perante o mesmo
conselho de guerra.
§ unico. Se algum dos réus for aecusado por differentes crimés nao connexos, o auditor, a
requerimento do ministerio publico, dos interessados, ou mesmo officiosamente, poderá ordenar
605

a separagao das culpas ou a juncgao dos processos, segundo mais convier para a investigagao da
verdade.
Art. 393." O auditor, logo que receber o processo com o acto da accusagSOj determinará, por
despacho, que a cada um dos aecusados se entregue, sob pena de nullidade, urna nota da sua
culpa, a qual, alem da copia do acto da accusagao e do rol das testemunhas, deverá conter as
de'elaragoes seguintes:
1.° Que lhe é permittido apresentar na secretaria do conselho a sua defeza por escripto,
dentro de tres dias, ou deduzil-a vérbalmente na audiencia do julgamento;
' 2.° Que nao lhe é permittido deduzir em sua defeza materia; alguma que se dirija a acensar
directa ou indirectamente bs seus superiores, quando a accusagao nao tiver relagao immediata
com o crime que lhe for imputado;
3.° Que deve entregar o rol das testemunhas para prova da defeza, ou logo, no acto da in-
timagao, ou dentro de tres dias; na secretaria do conselho; - -
4.° Que nao lhe é permittido indicar mais de cinco testemunhas para prova de cada facto
que allegar;
5.° Que, até tres dias antes do julgamento, lhe é permittido additar ou substituir os nomes
das testemunhas, comtanto que as nóvamente indicadas residam na loealidade onde fuñecionar o
conselho;
6Í-° Que pode constituir defensor qualquer ofíicial ou ádvogado, e que, nao o eseolhendo,
será defendido pelo defensor officioso^ cujo^ nome e graduagao lhe serao indicados ;
7.° Que é permittido requerer, dentro do praso de tres dias, o que julgar conveniente para
a sua defeza.
Art. 394.° A intimacao da accusagao será feita pelo secretario do conselho, ou por qnal-
qiier pessoa militar a quém esta diligencia for incumbida.
§ 1.° Se o aecusado for ofíicial, a intimagao será feita pelo secretario do conselho ou por
algum official de posto pelo menos igual ao do aecusado; e se for praga de pret, poderá ser
feita por um sargento.
§2.° Urna certidao da intimacao será junta ab processo, assignada pelo intimado,7 ou por
duas testemunhas, se elle nUo assignar.
Art. 395.° Entregue ao aecusado a nota da culpa, o defensor officioso será intimado para
tomar conhecimento do processo, para o que este estará patente na secretaria durante tres dias,
nao podendo d'ali saír por motivo algum.
§ unico. Findo este praso, nao será admittido ao defensor officioso ou ao aecusado reque-
rimento algum para diligencia que haja de effectuár-se fóra da localidade onde fuñecionar o
conselho.
Art. 396.° Quando o aecusado escolher para defensor algum ádvogado ou official que nao
seja o defensor officioso, o processo estará patente na secretaria durante cinco dias, findos os
quaes é applicavel ao defensor escolhido pelo aecusado o preceito estabelecido no § unico do
artigo antecedente.
Art. 397.° Terminaclos os prasos estabelecidos nos artigos antecedentes, o .secretario do
conselho fará os autos conclusos ao auditor, que deferirá, como'for de justiga, aos requerimentos
do ministerio publico, do aecusado ou do defensor; e mandará expedir as cartas precatorias ne^
cessarias, tomando, alem d*isto, quaesquer outras providencias que, como j.uiz instructor do pro-
cesso, lhe competirem.
§ 1.° As precatorias serlo dirigidas aos auditores das outras divisoes militares ou, quando
as testemunhas forem moradoras em comarca em que nSo tenha sede algum conselho de guerra,
aos respectivos juizes.
§ 2.° A sua expedigao será sempre intimada ao aecusado e ao ministerio publico.
§ 3.° A inquiricSo das testemunhas no juizo deprecado assistirá sempre o agente do minis-
terio publico, militar ou civil, conforme os casos, podendo assistir tambera o aecusado por seu
procurador.
§ 4.° O juiz deprecado dará cumprimento á precatoria dentro de dez dias da recepgao, pre-
ferindo este servigo, para o qual nao haverá ferias humanas, a qualquer outro servigo judicial.
§ 5.° No caso cíe impossibilidade em lhe dar cumprimento dentro de dez dias, o agente do
ministerio publico informará immediatamente o juizo deprecante da rasáo da demora.
§ 6.° Se o aecusado nao se fizer representar na inquirigao por procurador, o juiz deprecado
nomeará pessoa idónea que assista a ella como defensor do aecusado.
Art. 398.° NSo serao concedidas cartas rogatorias para paiz estrangeiro nem precatorias
para as ju'ovincias ultramarinas ou ilhas adjacentes, salvo nos casos seguintes:
1.° Quando o crime ali tiver sido commettido;
2.° Quando ao conselho de guerra, em conferencia, na discussSo da causa, parecer indis-
pensavel para prova de algum facto essencial á accusagao ou á defeza.
§ unico. A dilacao será arbitrada pelo auditor.
606

Art. 399.° Devolvidas as deprecadas ou findos os prasos fataes dentro dos quaes o devem
ter sido, e concluidos todos os actos preparatorios do processo, o auditor mandará fazer os autos
conclusos ao presidente do conselho, a finí d'elle designar dia para a diseussao e julgamento da
causa,
§-. 1.° O jmgamento terá logar, senipre que seja possiveL, dentro de vinte dias, contados da
data da recepgáo da ordem para instaurar a accusagao, ou dentro de qumze dias, depois de
fiñdb o praso para o cimipriniento das precatorias;
§ 2.° O dia do julgamento será marcado, segunido-se^ quanto possivel, a ordem por que os
pivooessos ficaram proniptos: para julgamento.
Art> 400.° O dia do julgamento será intimado, com antecipagao de quarenta e oito horas,
ao ministerio publico, ao acensado e á parte queixosa, havendo^a, e se tiver escolhido residencia
dentro da comarca judicial.
Art. 401.° Ao aecusado, desde que lhe for intimada a accusagSo, é permittido comniuñicar
livi-émente com o defensor^ o qualpoderá tirar copia de quaesquer pegas do processo, sem que o
julgamento possa ser retardado por essa causa.
SEO(?AO II:
Da diseussao da causa eín audiencia
Art. 402;° O processo: de jiUlgameñto tem por fimi submetter á decisáo do conselho de guer-
ra^ por meio de diseussao controvertida, a materia da accusacao e defeza, a fim de que o mesmo
conselho possa resolver o que for de justiga.
Ar,t> 403.° Designado o i dia para o julgamento, o presidente tomará todas as providencias
:
neeessarias para a reuniao do conselho. V
:Art; 404." Q presidente e A^ogaes do conselho^ o promotor, o defensor e o secretario devem
comparecer de grande uniforme, o auditor de beca, e todos com as 1 insignias das condecorago'es
nacionaes que tiverem.
;.§ único. Os advogados comparecerao de toga.
Art. 405." Reunido o conselho, o presidente tornará¡ o logar central, á sua direita ficará o
vogal mais graduado, áesquerda o auditor, e os ciernáis vogaes do conselho tornarlo logar alter-
nadamente á: direita e á esquerda^ segundo as suas respectivas graduagoés e aiitiguidades. Em
mesas separadas toniarao logar o promotor e o defensor: este á esquerda e aquelle á direita. O
secretario;,ficará tambera em .mesa separada, dando a direita ao presidente.
Art. 406.p Se a parte: queixosa se apresentar na audiencia, será admittida no i*ecinto do
"tribunal e ouvida no que disser respeito á causa, podendo para esse fim ser acompaiihada ele
ádvogado da-sua escolha, que ¡tomará logar em seguida ao promotor.
Art. 407.° Sobre a, mesa do conselho estará sempre, alem cío livro dos santos evangelhos,
um exemplar do código de justiga militar^ outro do código penal e outro do código do processo
lienal.
Art. 408." Logo que o conselho esteja constituido} o presidente declarará aberta a audiencia.
§:;1.° Ao presidente compete a policía da audiencia, incumbiiido-Ihe manter a ordem, a di-
gnidade e socego, usando para esse fim de todos os meios de prudencia e moderacao; mas, se
estes nao bastaren!, recorrerá, aos meios de auctoriclade e jürisdicgao que para tal fim lhe com-
petem, empregando, se necessario for, a forga publica.

§ 2.° Na diseussao da causa e para o descobrimento da verdade, tem o presidente poderes
discrieioñarios. Pode mandar comparecer no tribunal, quando o julgar conveniente, as pessoas
que, em rasao do officio, arte, profissao ou outra causa, possam dar informacoés; requisitar das
reparticoes publicas e mandar 1er em audiencia qualquer dacumento que, por sua natureza, nao
seja confidencial; proceder e-mándar-proceder a quaesquer exames e inspeegocs que dependam
de conhecmientos especiaes de' alguma scieneia ou arte.
§ 3.° A audiencia de julgamento será publica. Se, porém, o conselho entender que, no in-
teresse da- ordem, da disciplina militar, da decencia ou da moral, a diseussao deve ser em
audiencia secreta, assim o resolverá. Esta resolugSo -será pelo presidente annunciada em audien-
cia e constará da acta.
§ 4.° A audiencia do julgamento será continua até á publicagfío da sentenga, ainda que
íeinha: de progredir em dia santificado, podendo únicamente ser interrompida, por espago ele
oito horas em cada vinte e quatro; para as necessidades essenciaes da vida, ou adiada nos;casos
nieiicionadbss nos artigos 421:° e 422.° Quando o julgamento for adiado, a deliberagao db con-
selho será annunciada em voz alta pelo presidente, declarando o dia e hora em que elle deve
continuar, e equivalendo esta declaragao á intimagao individual de todas as pessoas que, devendo
estar presentes, hajam de comparecer na futura audiencia.
Art. 409.° Os espectadores estarlo sempre descobertos, os nao militares, desarmados1, e
todos guardarao respeito e silencio.
607

§ 1.° Se algum ou algims.dos espectadores dereni signaes de.approvag&o ou desapprovacao,


fizerem arruido, pu por qualquer outro modo faltarem ao respeito devido ao tribunal, serao
mandados sair cía sala.
§ 2.° No caso de desobediencia, serao logo autuados e pelo presidente condeñmados á pena
de prisao, nao excedendo a quinze dias, salvo havendo crime mais grave. Esta pena será cum-
prida ñas prisoes militares ou eivis, conforme o infractor for ou nao militar.
§ 3.° Se durante a audiencia se commetter ou descobrir qualquer crime, lavrar-se-ha ini-
mediatanienté o respectivo auto judicial.
Art. 410.° Os autos qué se lavrareni em audiencia,serlo renietticlos ao commandánte .; ; .
da
divisloj se o delinquente for militar,,,e, nSoo sendo, á auétoridade civil, competente.,
Art. 411.° Depois de constituido o tribunal, será introduzidp ña sala o aecusado,,que .--;,
,de-
verá tér sido previamente revistado, e se assentará em frente do presidente, adpptando-se as
preeaiicoes neeessarias.para; a; sua guarda e seg.uranca. -;--
§ 1.° Se o aecusado recusar comparecer, á audiencia do julgamento, , ,
o presidente: ordenará
que seja conduzido á forga, ou, pordeliberagap do, conselho, se procederá ádisfiussap,da causa
cpmo se elle estivesse,presente. ; -.
§ 2.° Se durante a,diseussao da causa o acensado ¡tentar,,,por.qualquer modo, impedir o
livre. curso da-justiga, ou se,;depJpiss ele advertido pelo presidente-,, insistir em accUsár qualquer
superior seu por factos que nao teüBaní relaeSo immediataepin,os-da accusagao, será,mandado
retirar da audiencia,, a cliscussSp proseguirá como se elle,estivesse,,préseñte-e, por esse facto,
ser-lhe-ha imposta, por déeisap.cío ..cpñselhp; e obserVañcio-se.jasr.egras estabeleeidas ::nos'aEti-:
gps 35.° e 36.° d'este., código, a pena ele. presidio, militar...ele seismezes a tres annos. ,: ;
Art. 4Í2.° O secretario fárá em seguida a chamada,das tes.teiimnhas da acciísaeap'e^defezaj ,

verificando se falta alguma, e o motivo,; ;.. : -.-,•


§ único. SahTos os. casos previstos no, artigo 421.°,. a falta

de qualquer téstemunha nSo
obstará á continüagap do, julgamento.
Art. 413.° Concluida a chamada ... das testemunhas,. p presidente,...^mandará ,1er pelo...secretario
¡.:.. ,

a ordem para se instaurar a accusagao, o acto de accusacEo do ministerio publico, a defeza


escripia, hávendo-a, a nota clos. assentamentos e tocias as mais, pegas do processo quejhe pareca
conveniente ou cuja leitura lhe, for. requerida pelo ministerio,,publicó., pelo,defensor do aecusado
ou por algum dos vogaes.do conselho.,. . ,,.-..
j;f.,:;. .:!,,
Art. 414.° O presidente, em seguida, verificará a identídacle ,do.aecusado^iperguntanclo-lhe
o séu norne, posto, filiagao, naturalidade, idade e estado; .advertii-p-ha.ele qué lhe ,é permittido
dizer o que julgar útil á.aua defeza, p lembrará ap,defenspi'.qUe póde,.requerer quanto for a bem
da causa, e expriniir-se com liberdadej mas com decencia .e.mpdérag.ao,.sem faltar: aps dictames
da sua consciencia, ás regras e preceitps da disciplina e ap: respeito. devido ás leis.,.
§ único. O presidente, terá p máximo cuidado em que os defensores,nao infrinjam o ,pre-
ceito cl'este artigo, advertindo-os peía primeira vez e retirañdo-lhes.apalavra,,havendo reinci-
dencia. N'este caso será-a defeza confiada a qualquer: pessoa, idónea, poclendp o secretario do
tribunal accumular estas funegoes com.os deveres do seu cargo, <../;.,: -.:>":.
Art. 415.° Depois das aclvert,encias a que, p artigo ,anteced,eñte(se,réfere,
.
,o aecusado,pu o
seu defensor poderlo deduzir as excépeoes que tiverem contra a competencia do conselhp. de
guerra ou tenclentes a.illidir a aceusagáp, as quaes serao Iangadas na acta,e .logo decididas pelo
conselho em conferencia. Se forem rejeitadas, proseguirao os,;.termos do jiilgamento, salvo:o. re-
curro final para a instancia superior, .-.,, ¡. , , . .,., ,;;,-,
§ único. Do mesmo modo se procederá a respeito de, qualquer outraexcepgao, questao
previa ou incidente contencioso que occorra durante a diseussao da causa.
Art. 416.° Em todos os incidentes cía diseussao da causa,,em que fallar o ministerio pu-
blico, será ouvido.o defensor do aecusado,. e vrce-versa,,riao poclendo qualquer d'elles fallar mais
de duas vezes. '
Art. 417.° Se a defeza do aecusado nao estiver escripia nos autos, será deduzida verbal-
.

mente pelo defensor, e reduzida a escripto. pelo secretario, a fim de ser incitada na acta.
Art. 418-° Em segúrela o presidente.concederá a palavra. ao auditor), a,fim d'este proceder
aos interrogatorios do aecusado.
Art. 419.° Seguir-se-ha a inquirigEo das testemunhas, que terá logar pelo ...-. modo .,-.,.
prescripto
na leí geral.
§ único. Nenliunra téstemunha,
diencia sem perniissao do presidente.
ainda depois
>r
de ,,;.
inquirida,, poderá ..,;..
retirar-se da sala da
;-
au-
Art. 420.° Se alguma téstemunha for adiada eni falso depoinieiito, o presidente, ex offició,
ou a requerimento do ministerio publico, do aecusado ou do seu,defensor, proporá aos. vogaes
do conselho, em quesito, se a téstemunha deve ou nao ser acensada como perjura. Se, ém con-
ferencia, o conselho. se pronunciar, pela accusagao, lavrar7se-ha o competente auto, que será re-
mettido á auctoriclade.a quem competir a organisacao do processo.
,
608

§ unico. Quando a contradicgao da testernunha for sómente entre o dciioimento oral e o


seu anterior escripto no processo preparatorio, nao se procederápela forma estabelecida n'este
artigo.
Art. 421.° Findo o depoimento oral das testemunhas presentes, proceder-se-ha á leitura dos
depoimentos das que forain inquiridas por cartas precatorias, e das que, devendo estar presen-
tes, nao tiverem comparecido.
§ 1.° Se ao ministerio publico ou ao defensor do aecusado parecer que o depoimento oral
de alguma téstemunha que faltou, é absolutamente neeessario para ajusta decisao da causa,
assim ó allegará, requerendo que o julgamento seja adiado. N'este caso, o conselho, em confe-
rencia, decidirá se o depoimento oral da téstemunha é indispensavel para ajusta decisao da
causa. Se a decisao for negativa, proseguirá a diseussao, e sé for afirmativa, será espagado o
julgamento para outro dia, tomando-se ás providencias para que a téstemunha compareca.
§ 2.° Proceder-se-ha do mesmo modo quando o ministerio publico ou o defensor insístirem
no depoimento oral de testemunhas que tenham sido inquiridas por precatoria, ou requererem a
inqüirigao de quaesquer pessoas a que as testemunhas presentes se refiram.
§ 3.° Na segunda audiencia repetir-se-hao todos os actos do julgamento como na primeira,
mas esté nao se espagará de novo por causa da ausencia de qualquer téstemunha,
Art. 422.° Se o aecusado quizér produzir testemunhas cujos nomes, moradas e misteres
nao tenham sido antécipadamente intimados ao ministerio publicó, assim o exporá na audiencia,
declarando as rasoes por que as nao deu ao rol em tempo devido, e os factos sobre que devem
ser inquiridas. Sobre este réquerimento será ouvido o ministerio publico, é o conselho decidirá,
em conferencia, se as testemunhas devem ser admittid&s a depor. No caso affirmativo, se as
testemunhas estiverem presentes e a sua ideñtidade for réeonhecida, tomar-se-háo os seus depoi-
mentos; nao estando presentes, proceder-se-ha pelo modo ordenado uo artigo anterior.
Art: 433° Deduzidas as provas da accusagao e da defeza, o presidente concederá a pala-
vra ao promotor de justiga e seguidamente ao defensor do aecusado, a fim de declararen! se
confirmara ou rectificam as suas cónclusoes escripias no processo ou formuladas antes em au-
diencia,
§ único. As suas declaragoes devem constar sempre da acta.
Art. 424.° Seguidamente, o auditor formulará os quesitos relativos á culpabilidade do réu,
os quaes serao por elle dictados em voz alta é eseriptos pelo secretario.
Art. 425.° Os quesitos devem ser redigidos com precisao e clareza, de modo que nao sejam
deficientes, nem comprehendam perguntas genéricas, cumulativas, complexas ou alternativas.
§ único. O quesito nao se considera complexo, ainda que comprehenda diflerentes factos ou
circumstancias, se forera simplésmente narrativas dos elementos constitutivos do crime.
Art. 426.° Salvos os casos previstos no § 2.° do artigo 411.°, nao poderá propor-se quesito
acerca de facto criminoso que nao tenha sido comprehendido no acto aecusatorio ou que nao
resulte da diseussao da causa.
Art. 427.° Quando as cónclusoes da accusagao forem por tal modo repugnantes com as da
defeza, que da resolugao das primeiras em sentido affirmativo resulte a resolugao das outras em
sentido negativo, ou vice-versa, sómente se fará um quesito baseado ñas cónclusoes da accu-
sagao.
Art. 428.° Os factos relativos aos elementos essencialmente constitutivos de cada crime
devem, em regra, ser compreheñdidos n'um mesmo quesito; poderlo, porém, constar de quesitos
distinctos, se assim for conveniente para que ñas respostas haja unidade de pensamento, ou
para que no mesmo quesito se nao accumulem perguntas a que possam corresponder respostas
diversas.
§ unico. Tanto o promotor de justiga como o defensor do aecusado, ou qualquer dos juizes,
podém requerer a separagao dos elementos constitutivos do crime em quesitos differentes.
Art. 429.° Os quesitos comprehenderao sempre todos os elementos materiaes e moraes
essencialmente constitutivos da imputagao, mas nao envolverlo qualificagao alguma jurídica, e
serlío formulados por modo que a resposta deva ser simplésmente— sim, ou nao.
Art. 430.° Quando a accusagao versar sobre crime frustrado, tentativa ou actos preparato-
rios, os quesitos devem sempre especificar os factos elementares de cada urna d'estas impu-
tagoés.
§ único. Proceder-se-ha do mesmo modo ños casos de cumplicidade ou encobrimento.
. Art. 431.° Propor-se-hao sempre quesitos separados e distinctos a respeito de cada facto
que for allegado como circumstancia dirimente, attenuante ou aggravante do crime.
Art. 432.° Sempre que for requerido pela accusagao ou pela defeza, tambem se fará que-
sito especial acerca de qualquer circumstancia que, por si só, determine a maior ou menor gra-
vidade da imputagao.
Art. 433.° Deveráo tambem ser propostos quesitos separados e distinctos:
1.° Se o mesmo réu for aecusado simultáneamente de dois ou mais factos criminosos;
609

2.° Se dois ou mais co-réus forera aecusados ao mesmo tempo do mesmo ou de diflerentes
crimés.
Art. 434.° Se, em resultado da diseussao, o facto imputado poder ser encarado sob difte-
rente aspecto legal, ou se pelas circunistancias que occorrerem durante ella houver mudado de
carácter e lhe competir outra qualificagao, deverlo fazer-se a este respeito os quesitos subsidia-
rios que forem precisos, mas ao aecusado nao se imporá pena superior á que foi requerida no
acto aecusatorio. Estes c|uesitos serao propostos como nascidos da diseussao da causa.
Art. 435.° Se b aecusado for maior de dez annos e menor de quatorze, propor-se-ha que-
sito especial, perguntando se procedeu, ou nao, com discerniniento.
Art. 436.° Quando no acto aecusatorio for comprehendida alguma infraceao disciplinar
iñrputada ao réu, ou esta resultar da diseussao, propor-se-ha quesito especial a respeito do facto
que a constitue.
Art. 437.° Na proposiglo dos quesitos serlo, quanto possivel, observadas as formulas se-
guintes:
1.a O réu F... (nome, posto, numero de matricula, hatálhao e regimentó), é culpayel de
haver... ? (Descrever-se-Jiao com precisólo e clareza, nos quesitos que se julguem necessarios, os
factos allegados ñas cónclusoes definitivas da accusacao e da defeza, e ¡pelos quáes o decusado seja
considerado como auctor, cümplice ou eneoíridor de crime consilmmado, frustrado ou tentativa,
compreJiendendo-se nos quesitos todos os elementos: moraes e materiáes da imputacao e as indispen-
saveis referencias ás circumstancias de tempo, logar, etc., mas sem que n'elles se envolva qualifica^
cJLo alguma jurídica.J
2.a Verificou-se o facto com a erreúnistancia de ... ? (Descrever-se-hao com pirecisao e cla-
reza, em quesitos differentes, os factos allegados pela accusagao ou pela, defeza, ñas suas cónclusoes
definitivas, circumstancias dirimentes, attenuantes ou aggravantes do crime.)
Como
Art. 438.° O auditor nunca será inlerrompido emquanto dictar os quesitos,,mas, depois de
helos pelo secretario, tanto o promotor corno o defensor do aecusado poderlo arguil-os de insuífi-
cientcs, ou de nao estarem conformes ao estado da questlo, e se taes reclamagoes nao forem
attendielas, poderlo propor separadamente outros quesitos, aos quaes o conselho responderá em
conformidade com o disposto nos artigos antecedentes, quando elles nao fiquem prejudicados
pelas respostas dadas aos outros quesitos.
Art. 439.° Seguir-se-hao as allegagoes oraes, concedendo o presidente a palavra primeira-
mente ab promotor, que propugnará pelo triumpho da verdade e dajustiga, e depois ao defensor
do aecusado. Um e outro podem replicar com permisslo do presidente.
Art. 440.° Terminadas as allegagoes oraes, o presidente interrogará o aecusado se tem mais
que allegar em sua defeza, e será ouvido em tudo o que disser, comíante que nao seja imperti-
nente para a causa;
Art. 441.° Seguidamente, o presidente declarará terminada a diseussao, e o conselho reco-
Iher-se-ha á sala das conferencias, ou ordenará que o auditorio se retire, segundo as commodi-
dades da casa em que tiver logar a audiencia.
Art. 442.° Os vogaes do conselho, depois de encerrados os debates, nlo poderlo mais se-
parar-se, nem cornmunicar com pessoa alguma, antes de decidirem a causa e de ser proferida e
publicada a sentenga.
§ unico. A infraegao do ju'eceito estabeleeido n'este artigo será consignada na acta, sempre
que o ministerio publico ou o defensor do aecusado o requeiram, indicando desde logo o nome
cío infractor.
EBOglo III

Da coiil'erencia do conselho e do julgamento da causa


Art. 443.° A conferencia para o julgamento principiará por um relatorio verbal, simples e
claro, feito pelo auditor, expondo o facto, ou factos, sobre que verse a accusaglo, com todas as.
circumstancias que podem influir na sua apreciaglo, apontando com rigorosa imparcialidade as
provas da accusacao e da defeza, e concluindo por emittir a sua opiniao a respeito da culpabili-
dade do aecusado.
Art. 444.° Finda a exposiglo do auditor, será pelo presidente concedida a palavra a qual-
quer dos outros vogaes pela ordem por que lhe for pedida, podendo cada um usar da palavra
por duas vezes.
Art. 445." Terminada a discusslo, o presidente pora á votaglo os quesitos sobre a culpa-
bilidade, pela ordem por que forarn dictados. O auditor será sempre o primeiro a votar, seguin-
elo-se o vogal militar menos graduado e depois os outros, por ordem de postos e antiguidades.
O presidente votará sómente no caso de empate.
Art. 446.° Todas as deeisoes serlo tomadas pela maioria absoluta de votos, nlo devendo,
porém, mencionar-se se houve unanimidade ou maioria na votaglo.
610

§ único. As respostas sao escripias pelo auditor, em seguida ao quesito a que dissei'ém
respeito, e assignadas, no fim, por todos os vogaes do conselho, sem eme os que ficarem em
minoría possam declarar-se vencidos ou fazer qualquer outra declaraglo.
Art. 447.° Se iras respostas aos quesitos houver emendas, entrelinhas ou borroes, far-se-ha
d'isto expressa declaraglo, antes das assignaturas.
Art. 448.° Se o quesito ou quesitos sobre a culpabilidade forem julgados nao provados, o
conselho, logo em seguida, lavrará a sentenga, mandando que o réu seja posto em liberdade, e
restituido ao góso dé todos os seus direitos.
§ unico. O aecusado só deixárá de ser posto em liberdade em algum dos casos seguintes:
1.° Quando a decisao do conselho for annullada por despacho do presidente, proferido na
ebnfórrnidade do artigo 450.°;
2.° Quando o ministerio publico, logo em seguida á publicaglo da sentenga, interpozer re-
curso para o supremo conselho de justiga militar, fundado em aggravo já interposto nos-autos
antes das allegagoes oráés;
3.° Sé o aecusado estiver preso por outro crime ou se em audiencia se tiver instaurado
contra elle algum outro processo.
Art. 449.° Se os quesitos sobre a culpabilidade foremjulgados provados, o presidente abrirá
nova discüsslo sobre o direito e pena applicavel. O auditor apontará a lei militar ou ordinaria
que incrimina o facto, e será o primeiro a erñittir parecer.
Em seguida poderlo fallar os outros vogaes do conselho.
Terminada, esta diseussao, o presidente recolherá os votos pela maneira anteriormente ex-
posta. '
§1.° Neñhum juiz pode eximir-se de votar sobre a pena applicavel, aínda que tenha ficado
vencido na questlo dé culpabilidade.
§ 2.° Quando, acerca da fixáglo da pena, nao houver maioria absoluta, e forem difierentes
as peñas votadas, graduar-se-hlo os votos segundo a gravidade das perras, e aos votos por penas
mais graves ajuntar-se-hao os necessarios para constituirmaioria; reduzindo-se todas éstas penas
á menos grave de entre ellas, que prevalecerá, assim, ás penas superiores.
Art. 450." As decisoes do conselho de guerra, quanto ás questoes da culpabilidade, sao
irrevogaveis. Se, porém, ao presidente parecer que a decisao foi evidentemente iniqua, pronun-
ciará logo a sua annullagao.
§ 1.° Annullada a decislo, o julgamento da causa será espagado para outro dia que for
designado ¡Délo commandánte da divisao, e n'esse dia se procederá em tudo como na primeira
audiencia. A segunda decisao nlo pode ser annullada por iniqua.
§ 2,° No novo conselho de guerra nlo poderá entrar nenhum dos juizes do primeiro con-
selho.
Art. 451.° Quando as questoes sobre a culpabilidade forem julgadas provadas, o conselho
fixará'a pena, ainda que o facto incriminado pertenga, por sua natureza, á jürisdicgao discipli-
nar. N'este caso a pena será imposta dentro da competencia disciplinar do ministro da guerra e
produzrrá sómente os effeitos que competem ás punigoes disciplinares.
§ único. Quando o aecusado for praga graduada e a pena applicavel for a de presidio mili-
tar de seis mezes a tres anuos, o conselho decidirá, tambem por maioria dé votos, se nos effeitos
da pena se deve ou nao eomprehender a baixa de posto.
Art. 452.° Se o facto imputado ñlo for prohibido e punido por algunia lei, o conselho pro-
nunciará a absolvigao.
§ único. Todo o individuo que for absojvido por sentenga dos tribunaesmilitares, transitada
em julgado, nlo pode mais ser aecusado pelo mesmo facto.
Art. 453.° A sentenga definitiva será sempre fundamentada, escripia nos autos pelo
auditor, e assignada por todos os juizes; e, se for condemnatoria, será n'ella inserido o texto
da lei.
§ unico. Em casos extraordinarios e circumstancias especiaes,
,
poderá o conselho, na sen-
tenga, recommendar o réu á real clemencia do poder moderador.
Art. 454.° A sentenga será lida pelo secretario em audiencia publica. O aecusado estará
presente á leitura, e em seguida pelo mesmo secretario lhe será declarado que pode recorrer
-para a instancia superior, ou que o processo vae ser remettido para o supremo conselho de jus-
tiga militar, se o caso for de recurso obligatorio.
§ único. Se o aecusado, por qualquer motivo, nao estiver presente na audiencia para ouvir
a sentenga, ser-lhe-ha intimada na prisao, com a declaraglo anteriormente mencionada, lavran-
do-se n'este caso certidSo'da intimagao.
Art. 455.° As sentengas dos tribunaes militares declararlo perdidos para o estado, nos
casos previstos na lei, 03 instrumentos do crime, ou determinarlo que sejam restituidos a seus
dorios, assim como os objectos apprehendidos aos criminosos, e os que tiverem vindo a juizo
para prova da accusagao.
611

SECCAO IV

Da acta da audiencia
Art. 456." De tudo o que se passar na audiencia do julgamento far-se-ha urna acta, que
será escripta pelo secretario, e em acto seguido á audiencia assignada pelo presidente, auditor
e promotor, da qual devem constar, sob pena de nullidade:
1." O dia, mez e anno em que reuniu o tribunal e o fim para que;
2.° O nome, sobrenome e appeilido do aecusado, e demais indicagoes neeessarias para se
reconhecer a sua identidade;
3.° O crime de que é aecusado;
4.° Declaraglo de terein assistido ao julgamento todos os juizes que coinpoem o conselho
ou, no caso contrario, os nomes dos que faltaram e raslo por que nao compareceram;
5.° Os nomes das testemunhas de accusagao e defeza, e a declaraglo de que forám ajura-
mehtadas; .'
6.° As excepgoes que foram allegadas e os requerimentos feitos durante a audiencia pelo
_

promotor ou defensor do aecusado, e a decisao do conselho sobré estes, oü sobre quaesquer'


outros incidentes;
7.° A publicidade da audiencia ou a declaraglo da resoluglo do conselho para que fosse
secreta;
8.p As cónclusoes definitivas do promotor de justiga e do defensor do.aecusado;
9.° A leitura da sentenga em audiencia publica, com a declaraglo ao réu, se estiver pre-
sente, de que pode recorrer para a instancia superior dentro de tres dias.

CAPITULOv
Dos recursos
Art. 457.° De todas as decisoes, despachos e sentengas definitivaSj ou que importém effei-
tos definitivos, proferidas pelos conselhos de guerra, cabe recurso para o supremo conselho de
justiga militar, que poderá ser interposto assim pelo ministerio publico, como pelo aecusado ou
seu defensor.
§ unico. Exceptuam-se cl'esta regra as decisoes sobre questoes de culpabilidade, as quaes
sao irrevogaveis.
Art. 458.° Antes de proferida sentenga definitiva, ou que importe effeitos de definitiva,
nenhum recurso interposto de despacho interlocutorio poderá subir ao supremo conseiho de jus-
tiga militar.
§ unico. A parte que se julgar aggravada poderá protestar nos autos einterpor aggravo no
auto do processo para ser considerado a final pelo tribunal superior.
Art. 459.° Sem resoluglo do supremo conselho de justiga militar, nao passam em julgado,
nem sao executorias as sentengas, ñas quaes se decidir que os factos imputados nlo sao incrimi-
nados na lei.
§ 1.° N'este caso o ministerio publico deverá sempre recorrer.
§ 2.° Era todos os mais casos o recurso é facultativo, tanto para-o ministerio publico como
para o aecusado.
Art. 460.° O recurso interposto das sentengas dos conselhos de guerra é suspensivo.
Art. 461.° O ministerio publico nlo pode desistir do recurso interposto.
§ unico. Do recurso do ministerio publico resultara effeitos devolutivos, assim para a accu-
sagao como para o condemnado.
Art. 462.°, Do recurso interposto súmente pelo condemnado, por nullidade de sentenga,
nunca pode resultar-lhe augmento ou aggravaglo da pena.
Art. 463.° O recurso que for interposto por algum dos co-réus condemnados nlo aproveita
aos mais co-réus.
Art. 464.° O recurso será interposto dentro do praso de tres dias, o qual comega a coa-,
tar-se desde o principio do dia seguinte áquelle em que a sentenga for intimada.
§ unico. O praso que deva finalisar n'um dia santificado ou feriado, sómeute se completará,
nos termos judiciaes, no primeiro dia útil que se lhe seguir.
Art. 465.° A'interposigao do recurso pelo aecusado consiste na simples declaraglo, por elle
feita, de que quer recorrer para o tribunal superior, allegando, se assim lhe convier, os funda-
mentos do seu recurso.
§ unico. Esta declaraglo pode ser feita ao secretario do conselho ou ao chefe do estabele-
cimento militar onde o condemnado estiver preso. No primeiro caso será escripta nos autos, e
no segundo será tomada pelo chefe do estabelecimento, por termo em separado, e rcmettida-
ofticiosamente ao secretario do conselho, para ser junta ao processo.
612

Art. 466.° O recurso interposto pelo ministerio publico ou pelo defensor do aecusado será
tomado por termo nos autos, e deverá declarar quaes os seus fundamentos.

CAPITULO vi
Do processo ante o supremo cDnselho de justiga militar

SECCAO i
Dos actos anteriores á diseussao
.
Art. 467.° Os processos militares em que se interponha recurso, serlo remettidos dé officio,
2>elb presidente do conselho de guerra, ao secretario do supremo conselho de justiga militar,
logó que findé o praso marcado no artigo 464.°
§ único. O processo deve conter a certidlo de que a rémessa foi intimada ao promotor e
ao aecusado, deelarandó-Se a este que n'aquelle .tribunal pode constituir defensor, e que, ñlo o
cónstituindoj lhé será dado üm defensor officiosamenté.
Art. 468.° Sérao únicamente admittidos para defensores os ádvogados legalmente habilita-
dos,,ae os ofticiaés militares do exercito é da armada, qualquer que seja o seu posto e situáclo
militar,
.
Art. 469.° O secretario do supremo conselho de justiga militar, logo que receber o processo,
éscreverá ñ'elle o termo da entrada, e ém seguida dará vista ao promotor de justiga pbr qrta-
renta e oito horas,
Art, 470.° O promotor, examinando o processo, éscreverá n'elle os requerimentos que jul-
gar convenientes e que deverem ser apreciados antes do julgamento da causa por influirem na
sua justa decisao. Se nlo tiver diligencias que requerer, poderá allegar tudo o quejulgar conve-
niente a bem da imparcial administraglo da justiga, e em seguida pora o — visto —, datado e
rubricado.
Art, 471.° Em seguimento, o secretario dará vista do processo por outras quarenta e oito
.;
horas ao defensor do aecusado, o qual poderá escreyer ños autos os requerimentos que tiver por
conveniente, allegar quaesqu.er excepgoes, aecusar as nullidades, sustentar e ampliar os funda-
mentos do recurso, e tirar osapontamentos que lhe forem precisos para a discnsslo, pondo tam-
bem' o — visto—_, datado e assignado.
Art. 472.° O promotor de justiga e os defensores examinarlo os processos no tribunal, sem
que lhes seja permittido retel-os em seu poder por mais de quarenta e oito horas.
Art. 473.° Terminados os prasos concedidos ao promotor e ao defensor, os autos serlo con-
clusos ao juiz relator, o qual, por si ou seu adjunto, tirará os apontamentos que julgar precisos,
e dentro de cinco dias declarará o processo prompto para entrar em julgamento.
Art. 474.° A tabella das causas que hlo ele ser julgadas será feita pelo secretario, segundo
a determinagao do presidente, seguindo-se quanto possivel a ordem da antiguidade da entrada
dos jirocessos. Urna copia authentica da tabella estará sempre patente na sala da entrada do
tribunal.
Art. 475.° Marcadodia do julgamento, o secretario fará logo aviso aos vogaes do conse-
o
lho, ao promotor e ao defensor, remetiendo novamente os autos ao relator.

SEÜCAO It
Da diseussao da causa em sessao
Art. 476.° As sessoes do supremo conselho de justiga militar serlo publicas, salvo nos casos
previstos no § 3.° do artigo 408.° d'este código.
Art. 477.° Ao presidente compete manter a ordem e a policía da audiencia, dirigir as dis-
cussoes, pertencendo-lhe n'esta qualidade todas as attribuigoes que nos artigos 408." e 409.° sao
concedidas aos presidentes dos conselhos de guerra.
Art. 478.° Lida e approvada a acta da sesslo antecedente, o presidente procederá ao sór-
teio dos juizes que devem intervir no julgamento de todos os processos, devendo sempre tomar
parte n'eíle, alem do presidente e do juiz togado, tres juizes militares, sendo sorteados de modo
- que: nos processos
dos réus pertencentes ao exercito intervenha um vogal da armada, e nos dos
réus que fazem parte d'esta funecionem, sempre que seja possivel, dois generaes da armada.
§ unico. No caso do § 1.° do artigo 493.°, iniervirlo no julgamento todos os juizes que nao
estiverem impedidos, incluindo o adjunto do juiz relator.
Art. 479.° A discusslo da causa precederá um relatorio, verbal ou escripto, feito pelo rela-
tor, no qual exporá com exactidlo e clareza os factos sobre que versou a accusaglo e as cir-
cumstancias principaes que os acompanharam, indicando a lei violada, os quesitos que foram.
submettidos á decisao do conselho de guerra, a sentenga de que se recorreu e os seus fundamen-
tos, e bem assim indicará a natureza e os fundamentos do recurso, e todas as questSes inciden-
tes que se levantaram durante a discusslo na primeira instancia e a decisao que houve a respeito
de cada urna.
Art. 480.° Findo o relatorio, o presidente' advertirá o defesor do aecusado de que pode
v fallar livremente, mas com respeito e moderagao, sem faltar, aos dictames da sua couscienci^, ás

regras e preceitos da disciplina e ao respeito devido ás leis.


Art. 481.° Em seguida o presidente concederá a palavra ao promotor de justiga e depois ao
defensor. - ;
§ 1." Se o promotor ou o defensor, ñas suas allegagoes, divagaren!, poderá chamal-os pru-
.

dentemente á questao.
§ 2,° Tanto ao promotor como ao defensor será permittido replicar.
Art. 482." O presidente e cáela um dos juizes pode, emquanto se nao encerrara diseussao,
dirigir ao aecusado, estando presente, ás perguntas que julgar cpnvenientesi
Art, 483." Os aecusados que estiverem eñi Lisboa podem assistir á audiencia dá diseussao
e julgamento da causa, e para esse fim serlo devidaméñté intimados,
Art. 484.° Terminadas as allegagoes, o presidente perguntará ap aecusado, se estiver pre-
sente, se tem mais alguma cousa que allegar, e será ouvido em tudo o que disser é nao for im-
pertinente,
Art. 485.° Em segiúmento o presidente declara encerrada a eliscussao, e ninguem mais pode
ser admittido a fallar, -
SECCAO III

Da conferencia do conselho e do julgamento dá causa


Art. 486,° Terminada a discusslo da causa, o conselho retirar-se-ha para a sala das confe-
rencias.
Art. 487.° A conferencia principiará por urna nova exposiglo clara e desenvolvida do féito,
na qual o relator indicará as questoes principaes ou incidentes que, devem ser decididas pelo
tribunal, quer tenham sido levantadas pelas partes quer o_nao tenham sido, mas devam ser tra-
tadas e resolvidas primeiro, por serení previas ou prejudiciaes ao julgamento do feito.
Art. 488.° Findo o relatorio, o presidente concederá a palavra aos outros vogaes pela ordem
por que lh'a pedirem. Cada um poderá fallar duas vezes. Terminada a discusslo, o jrresidente
tomará os votos, votando o relator em primeiro logar, dejrois o vogal militar menos graduado ou
mais moderno e assim successivamente, por ordem de patentes e antiguidades.
Art. 489.° O tribunal rilo poderá tomar conhecimento de falta, omissao ou causa de nulli-
dade cuj.o supprimento nao tenha sido requerido em occasilo opportuna e contra a qual se nao
haja protestado ou interposto aggravo.
§ unico, Se, porém, o processo laborar em alguma nullidade essencial occorrida na audien-
cia de julgamento, assim o declarará por accorello, mandando que seja reformado no mesmo ou
n'outro conselho de guerra, conforme for mais conveniente. ;
Art. 490.° Os actos e termos cío processo anteriores á nullidade nao ficaní annullados, nem.
tambem os documentos, e os autos baixarlo logo ao commandánte da divislo respectiva para de-
novo se repetir a instancia.
Art. 491.° Sao nullidades . essenciaes no processo criminal militar únicamente as seguintes:
1.° Nlo ser o cbnsellro de guerra composto conforme as disposigoés d'este código;
2.° Nlo se observaran as regras de competencia;
3.° Serení os quesitos propostos sobre a culpabilidade complexos, deficientes, obscuros, con-
fusos oú alternativos;
4.° Serem as respostas aos quesitos contradictorias ou inconciliaveis;
5.° A preteriglo de algunia formalidade determinada na lei com pena de nullidade;
6.° A preteriglo de algum acto que seja substancial para a boa administraglo da justiga,
de modo que influa ou possa influir no exame ou decisao da causa;
7.° A errada qualificagao do crime em relagao ao facto julgado provado;
8.° A falta de applicaglo ou errada graduaglo da pena decretada na lei;
9.° A accusagao sobre factos nlo auctorisados pelo despacho do commandánte da divisao,
salvo o caso de serem crimés connexos.
Art. 492.° O supremo conselho de justiga militar julga definitivamente sobre termos e for-
malidades do processo, e o que decidir a similhante respeito nlo poderá novamente ser posto em
duvida no mesmo processo.
Art. 493.° Quando a nullidade existir na sentenga por algum dos fundamentos indicados
nos n.os 7.° e 8.a do artigo 491.°, o tribunal julgará únicamente a nullidade da sentenga, e man-
614

tendo a decislo do facto julgado provado pelo conselho de guerra, mandará que seja proferida
nova sentenga por outro conselho.
§ 1.°. Se a segunda sentenga for igual á primeira, o recurso é obrigatorio e, sem confirma-
gao no supremo conselho de justiga militar, nao passará em julgado.
§ 2.° No caso do paragrapho anterior, o supremo conselho julgará definitivamente a causa
em sesslo plena, fazendo a devida applicaglo de direito ao facto julgado.
Art. 494.° Todas as questoes e incidentes contenciosos que se levantarem durante a dis-
cusslo, ou cuja resolugao na primeira instancia seja fundamento do recurso interposto, e bem
assim todas as excépgoes que forem previas ou prejüdiciaes ao julgamento da causa, serlo tra-
tadas e decididas pelos juizes antes da questlo principal.
Art. 495.° Todas as questoes se decidem pela maioria de votos dos vogaes presentes. O
presidente tem voto únicamente no caso de empate,
Art. 496,° O presidente tomará os votos e verificará o vencimentó. O relator tomará nota
dos principaes fundamentos dos juizes vencedores, que podem fazer-lhes as modifieagoes que
entenderem neeessarias.
Art. 497.° Voltando os juizes ao tribunal, e aberta a sesslo publica, o relator publicará
a decisao e os seus fundamentos, declarando sé hoüve juizes vencidos, quaes e por que mo-
.

tivos.
Art. 498.° Ao relator incumbe lavrar o accordlo, que será sempre fundamentado, escripto
nos autos e assignádo por elle e seguidamente pelos outros juizes que intervierem no julga-
mento.
Art. 499.° O relator poderá deixar de lavrar logo o accordlo, deveñdo, porém, apresen-
tal-o na primeira sesslo seguinte, para ser assignádo e publicado. N'este caso, a decislo será to-
mada por lenibranga pelo relator, n'uiñ livrb para esse fim destinado, rubricado em cada folha
polo presidente,
§ 1.° A nota da lembranga será assignada por todos os juizes.
§ 2.° Se na sesslo em que se publicar o accordlo nlo estiverem presentes algnns dos jui-
zes que votaran!, assignarlo os outros, e o relator, no fim do accordao, fará a declaraglo se-
güinte: «Tem voto do general F.. .».
Art. 500.° O accordlo deverá corrter a declaraglo do nome e appellido do aecusado, da sua
proíissao, posto e posiglo militar, do crime de que foi convencido, da sentenga da primeira in-
stancia e tambem dos fundamentos da decisao.
Art. 501.° O secretario redigirá acta da sesslo, na qual se referirlo todas as circumstan-
cias que occorrerem durante o julgamento até a publicaglo do accordlo.
Art. 502.° A parte que entender que o accordlo contení alguma obseuridade ou ambigua
dade, poderá requerer ao relator, dentro de quarenta e oito horas da publicaglo, para que, le-
vando o accordao á conferencia, e aclare.
§ unico. O requerimento será decidido em conferencia sem mais replica, e sem que, na es-
sencia, possa ser alterado o accordao.
Art. 503.° Os accordaos do supremo conselho de justiga militar serlo publicados, por ex-
tracto ou na integra, segundo as indicagoes do tribunal.
§ único. Ao secretario do supremo conselho de justiga militar incumbe fazer o extracto, ou
tirar copia do accordao, que remetiera logo á secretaria da guerra, para o fim indicado no pre-
sente artigo.
Art. 504.° Nos casos de sentengas contradictorias, falso depoimento, suhorno e peita, ou de
existir a pessoa que se suppoz morta, previstos nos n.os 5.°, 6.°, 7.°, 8.° e 9.° do artigo 300.°,
observar-se-hlo, no que poder ser applicavel, as disposigoés respectivas da lei geral.
Art. 505.° Ñas causas que sao julgadas pelo supremo conselho de justiga militar em pri-
meira e ultima instancia, serao observadas as regras estabelecidas nos capítulos II, ni e IV d'este
titulo, desempenhando o juiz relator as funegoes de auditor.
Art. 506.° Dos aceordlos do supremo conselho de justiga militar únicamentecabe recurso:
1.° De declaraglo, por obseuridade ou ambiguidade;
2.° De revista, nos casos mencionados no artigo 326.°

CAPITULO VII

Do julgamento das causas extinetivas da accusagao


Art. 507.° A amnistía e o perdió real devem ser applicados segundo os termos expressos
no resp'eetivo decreto, e compreheñdem os crimés connexos.
Art. 508.° Suscitando-se algum incidente contencioso acerca da applicaglo da amnistía ou
do perdió real, será julgado pelo tribunal qué for competente para os applicar.
Art. 509.° A applicaglo da amnistía ou dp perdió real será requerida pelo promotor de
615

justiga, ou pelo réu, devendo sempre citar o decreto que o concedeu, e julgada officiosamente
pelo tribunal.
Art. 510.° A amnistía ou o perdió real será julgado por conforme á culpa pelo tribunal em
que pender o processo.
§ 1." Se, tendo-se interposto recurso para ó supremo conselho de justiga militar, a sentenga
tiver sido confirmada, o julgamento compete ao conselho de guerra que proferiu a sentenga con-
demnatoria.
§ 2.° Se ao tempo da publicaglo do decreto de amnistia já tiver sido instaurada a acensa-
dlo, o processo será presente ao conselho de guerra competente para o seu julgamento, no es-
tado em que se adiar, para os effeitos do artigo antecedente.
§ 3.° Se a aCcusaglo nlo tiver aínda sido instaurada, proceder-se-ha pelo modo já indicado
nos artigos 372.° e 376.° d'este código.
Art, 511.° A prescripgao da acglo criminal e da pena, ou qualquer outra causa extinCtiva
da accusaglo, podem ser allegadas em qualquer estado do processo e serlo ófficiosarnentejulga-
das pelos tribunaes militares, ainda que nao sejam allegadas.
§ único. Nao é Causa e-xtmctiva da accusaglo o facto ter sido o aecusado punido discipli-
narmenté peló crime que se lile attribüe.
CAPITULO VIII

Do julgamento da identidade do condemnado

Art. 512.° Quando qualquer réu condemnado se haja evadido da prisao óu do degredo, e
seja contestada ou duvidósa a sua identidade, proceder-se-ha, por ordem da áúctoridade supe-
rior competente, ao seu reconhecimento no tribunal que proferiu a sentenga condémnatoria.
Art. 513.° Verificada a prisao do réu ou a sua apresentagaó, o promotor de justiga formará
logo artigos de identidade com deélaragoes igrtaes ás do acto aecusatorio, juntando-lhes os docu-
mentos que tiver e o rol de testemunhas, dos quaes se dará copia ao réu que, dentro do praso
de tres dias, poderá ófferecer a contestaglo com a prova documental e testernunhal que tiver,
Art. 514." Reunido o conselho de guerra em sesslo publica, üdos os documentos, inquiridas
as testemimhas e terminados os debates, o auditor proporá o quesito seguinte: «O réu que está
presente é o mesmo que foi aecusado n'este tribunal por crime de ... (Deve declararse a natu-
reza do facto incriminado) e condemnado como ... (auctor, cümplice óu encobridor) d'esse crime
na pena de ... por sentenga de . .. ?» ' "

CAPITULO IX

Da execugao da sentenca

Art. 515.° As sentengas- dos tribunaes militares serlo executadas logo que passem em jul-
gado.
§ único. Exceptuam-se as sentengas que impozerem pena de niorte, as ques nlo serlo exe-
cutadas sem resolugao do poder moderador.
Art. 516.° As sentengas passam em julgado logo que finde o praso de tres dias sem que
d'ellas se tenha recorrido.
Art. 517.° As sentengas serlo executadas, em conformidade com as suas disposigoés e em
harmonia com os regulamentos militares, por ordem da auctoridade que tiver mandado responder
o aecusado em conselho de guerra e a requerimento do promotor de justiga.

TITULO II
Do processo em tempo de guerra
CAPÍTULO i
Do processo ante os conselhos de guerra nos exercitos em operagoes,
ñas divisóos territoriaes em estado de guerra, rías divisoes ou forjas operando isoladamente
Art. 518.° As disposigoés estabelecidas nos capitules anteriores para o processo em tempo
de paz serlo observadas pelos tribunaes militares em tempo. do guerra, salvas as modificagoes
determinadas nos artigos seguintes.
Art. 519.° Nos casos previstos nos artigos 335.° o 336.°, se as auctoridadesjudiciarias ci-
vis nao estiverem presentes ñas localidades, os agentes de policia judiciaria militar podem entrar
era casa dos particulares e em qualquer estabelecimentopublico, indejíendentementeda assistencia
d'aquellas auctoridades.
616

Art. 520.° A ordem para a formaglo da culpa e para a accusagao será dada pelo comman-
dánte em chefe do exercito, pelo commandánte da divisao ou pelo da forga em operagoes, se-
gundo o eonselliQ de guerra que for competente para o julgamento do aecusado.
Art. 521.° Nos crimés graves, especialmente nos de traigao, espionagem, cobardía, insüborT
diuagao, revolta, sediga.o, rebellilo, saque e devastaglo, em que seja necessario para a manuten-
gló da disciplina é. seguranga do exercito um prompto e exemplar castigo, a auctoriclade militar,
qué for competente, poderá ordenar que os delinquentes sejam ¡inmediatamentesubmettidos a
um julgamento verbal-summario ante o respectivo conselho de guerra, independeñtemente do
processo preparatorio éstabelecido• ños capítulos i e II d'este titulo.
§ 1.° N'este caso, a ordem para se constituir o conselho servirá de base ao processo, e de-
verá conter tudo qüanto fica éstabelecidp no artigo 388.° para o acto da accusagao.
§ 2." A nota da culpa será entregué a cada aecusado vinte e qüatro horas, pelo menos, an-
tes da designada para a reunilo do conselho.
§ 3,° N'estes processos nlo se admittirá iñquiriglopor caitas precatorias ou rogatorias,
§ 4,° Em tudo o mais serlo observadas as regras estabelecidas n'este capitulo,
Art, 522,° Nos crimés previstos nos artigos 98,?, 99.°, 108.° e 109.° d'este código, servirá
de base ao processo aecusatorio .0 parecer de um conselho de investigagao, extraordinariamente
momeado, em conformidade dos regulamentós.
§ unico. Estés conselhos serlo compostos, sempre que seja possivel, de tres officiáes mais
graduados pu mais aütigos do que o presumido delinquente.
Art, 523.° As sentengas, depois dé proferidas, serlo lidas aos aecusados, indicando-se-lhes
a auctoridáde Superior a quem vae ser remettido o processo com declaraglo de que, ante ella, -
poderlo allegar o que entenderem conveniente á sua defeza e justiga.
.Art, 524.° Os processos^ depois de concluidos nos conselhos de guerra, serlo remettidos ap
commandánte em chefé do exercito, que resolverá definitivamente como entender de justiga,
ouyindo previamente o auditor géral, o qual emittirá o seu parecer por escripto nos autos.
§ único. Ñas divisoes ou forgas Operando isoladamente, os processos serlo remettidos á
auctoridáde que mánclou congregar o conselho, a qual resolverá definitivamente como entender
de justiga.
Art. 525.° Ao eommandante em chefe do exercito e aos epmmandantes das divisoes ou das
forgas pperanclo isoladahiénte pértenee exercer a jürisdicgao que por este código compete ao
supremo conselho de justiga militar em tempo de paz, salvas as restriegoes que forem preseri-
ptas por decreto do governo.
Art. 526." Quando o Reí for o commandánte em chefe do exercito, as suas ordens serlo
referendadas pelo chefe do estado inaior general, o qual será o único responsavel pela sua exe-
©uglo.
Art. 527.° As auctoridades a quem forem enviados os processos, nos termos do artigo 524."
e § único do mesmo artigo, poderlo mandar executar logo as sentengas proferidas, qualquer
que seja a pena imposta, ou adiar a sua execuglo até que finde a campanha, conforme Ibes pa-
recer mais conveniente para os interesses militares que lhes. estiverem confiados.

CAPITULO II
Do processo nos conselhos de guerra e ñas pragas de guerra ou pontos fortificados,
sitiados, investidos ou Moqueados
Art. 528.° As regras estabelecidas no capitulo anterior serlo observadas pelos conselhos
de guerra ñas pragas de guerra e pontos fortificados, sitiados, investidos ou bloqueados, com as
seguintes modificagoes.
Art. 529.° A ordem para se formar o processo e instaurar a accusaglo será dada pelo go-
vernador ou commandánte militar da praga ou ponto fortificado.
Art. 530.° Ao governador ou commandánte militar pertencem todas as attribuigoes que no
capitulo anterior slo conferidas ao commandánte em chefe do exercito.

CAPITULO III
Do processo ante os conselhos de guerra organisados em circumstancias extraordinarias
Art. 531.° A ordem do processo em tempo de paz será adoptada igualmente pelos conselhos
ele guerra organisados em circumstancias extraordinarias, com as seguintes alteragoes. ;
§ 1.° Constituidos os corpos de delicio, o general commandánte da divislo mandará entre-
gar os autos ao auditor do conselho de guerra que fuñecionar habitualmente na sede da divislo,
que os remetiera seguidamente ao respectivo promotor de justiga, para os fins designados nos
artigos 373.° e 374.° do presente código, e bem assim para informarem se deverá ser feita se-
617

-parágao de processo o em que termos. Nem o auditor nem o promotor poderlo reíer cada pro-
cesso por mais de vinte e quatro horas.
§ 2.° Ao general commandánte da divisao, alem das attribuigoes conferidas pelos arti-
gos 375.° o 376.° d'este código, competirá o mandar proceder á separagao-de cmalqüer processo,
cpiando assim o julgar conveniente, distribuindo-o pelos conselhos ele guerra da divisao.
§ 3.° As attribuigoes conferidas pelos paragraphos anteriores ao general commandánte da
divislo serao exercidas pelo ministro da guerra, no. caso previsto pelo artigo 377.°'
§ 4.° Remettido o processo com a ordem para se instaurar a accusagao ao promotor ele
justiga, formulará este o acto de accusagao, nos termos cío artigo 388.°, e no praso improroga-
vel cíe vinte e quatro horas.
§ 5.° Dentro do mesmo praso se dará cumprimento ao disposto no artigo 393.°, e em qua-
renta e oito horas ao disposto no artigo 397.°, nlo sendo permittidá em qualquer estado do pro-
cesso a expedigao de deprecadas, ou seja para inquiriólo ele testemunhas ou para qualquer di-
ligencia. Nos casos em que a accusaglo ou a defeza hajam requerido o depoimento de alguma
téstemunha moradora fóra da comarca, mas. dentro do continente do reino, o auditor providen-
ciará desde logo acerca da comparencia da téstemunha no dia e hora a que ó conselho se reunir.
A téstemunha terá direito aos abonos auctorisados pela legislagao vigente.
§ 6.° Se os réus nomearem varios defensores, nao poderlo ser admittidos no tribunal mais
de dois, que serlo os primeiros que juntarem proeuraglo; porérn, se todos elles se apresentarem
ao mesmo tempo, e os defensores nao accorclarem entré si Os dois a cargo dos coiaes, devem
ficar as defezas, serlo preferidos de entre elles os advogados que forem o mais antigo e o mais
moderno no foro. Os defensores assim admittidos poderlo, conjunctamente com o defensor offi-
cioso do tribunal, defender todos os co-réus, émbora as suas procuracoes digam respeito a de-
terminados delinquentes; pórérn, quando a isso se nlo prestem, ficará a defeza dos réus que
nfto tenham constituido ádvogado a cargo do defensor officioso do tribunal, nos termos do ar-
tigo 393.°, n.° 6.°, d'este código.
§ 7.° Findo o praso de quarenta e oito horas á qUe se refere o § 5.°, o auditor mandará
entregar o processo ao presidente do conselho dé guerra, a fim de que elle designe ó día e1 hora
a que deve cornegar a discusslo e julgamento da causa, que será dentro de tres dias.
§ 8.° A admissao de novas testemunhas no acto da audiencia de julgamento, a que se refe-
ren! os artigos 421.° e 422.°, só poderá ser concedida no caso d'ellas se aeharem presentes, nao
podendo aquelle acto ser adiado por motivo algum.
§ 9.° Os quesitos a que se refere o artigo 424.° poderlo ser pelo auditor apresentádos em
audiencia, cscriptos, lithographados ou impressos, sem prejuizo do disposto no artigo 438.°,
depois de líelos em audiencia. Os quesitos addicionaes poderlo igualmente ser apresentádos pelo
ministerio publico e defensor do aecusado ñas mesmas condigoes.
§ 10.° Se da sentenga do conselho ele guerra for interposto recurso, o processo será pelo
presidente do conselho remettido ao secretario do supremo conselho ele justiga militar no día
immediato áquelle em que findar o praso marcado para interposicao do mesmo recurso. O praso
para esse recurso será o de quarenta e oito horas, a contar da-|intimaglo da sentenga.
§ 11.° O supremo conselho de justiga militar deverá julgar a causa, o mais tardar, ató oito
dias contados da data da sua apresentaglo. Das decisoes d'este tribunal nlo haverá recurso para
nenhum outro, qualquer que seja o fundamento allegado.
§ 12.° Para a formagao e julgamento dos processos a que se refere o presente artigo, serlo
válidos os actos pratieados ele noite ou em días santificados.
Art. 532.° A sentenga passa em julgado logo que finde o praso de quarenta e oito horas
sem que d'ella se tenha recorrido.

CAPITULO IV

Do processo ante os prebostes militares

Art. 533.° Os prebostes militares proceclerlo, ñas materias da sua competencia, a requeri-
mento das partes interessadas, por ordem da auctoridáde superior, ou mesmo officiosamente.
Art. 534.° As audiencias feitas pelos prebostes serlo publicas.
§ 1.° As partes queixosas estarlo presentes, e poderlo fazer a sua exposigao ou petiglo,
tanto verbalmente como por escripto.
§ 2.° O aecusado será sempre presente e ouvido em tudo o que disser a bem da causa e
defeza.
§ 3.° Tanto a parte queixosa como o aecusado poderlo juntar documentos e produzir tes-
temunhas, que serlo inquiridas verbal e summariamente, prestando juramento previo.
Art. 535.° A sentenga será dada e publicada immediatamente pelo preboste, escripta nos
autos e fundamentada, e d'ella nao ha recurso algum.
618

Oííicio de 10 de Janeiro de 1895, dirigido pela


admiiiistrafáo geral das aifandegas aos conimandanlcs
dos balalhócs c comjiaukias das ilhas adjaecntes da guarda fiscal

Tendo-se suscitado duvidas sobre a interpretaglo que se deve dar ao § 1.° do artigo 63."
do regulamento disciplinar da guarda fiscal: encarrega-me s.-ex.ao coronel administrador geral
de dizer a v. ex.a que tanto a disposiglo do mencionado paragrapho como a do artigo 169,°,
§ unico, do regulamento disciplinar do exercito, só sao applicaveis ás penas impostas desde a
vigencia d'estes regulaméntos, por nlo serem disposigoés transitorias; nlo se tenclo reputado
conveniente introduzir no regulamento da guarda üma disposiglo parallela do artigo 176.° do
regulamento do exercito. Outrosim me encarrega o mesmo ex.mo sr. de dizer a v. ex.a que a
cloutrina expendida nao ó prejudicada pela inclusao, no referido § 1.° do artigo' 63.°, da expres-
slo «quartos de servigo», que por lapso deixou de ser eliminada ñas rectifieagoes que se publi-
caram, mas que como tal deve ser considerada.

Determinacáo inserta na ordem da armada n.° 1 de lo de Janeiro de 1895

O conselho do almirantado, por despacho de 19 de dezembro de 1894, conformando-se com


a proposta do coniniando do corpo de marinheiros, determinou os casos em que pode ser quali-
ficado de bom o comportamento das pragas cío corpo de marinheiros, condiglo exigida para a
promoglo a cabos e a ofiiciaes inferiores do mesmo corpo, e para a promoelo dentro d'esta ul-
tima elasse:
Para a promoglo a ofiiciaes inferiores é considerado como bom comportamentoo das pragas
que nos últimos cinco annos nlo tenham mais de tres notas por faltas de pouca importancia,
conitanto que anteriormente nlo hajam sido condemnadas por sentenga de tribunaes militares, ou
soffrido penas por insubordinaglo ou falta de respeito a superiores, furtos, embriaguez, actos
contra a moral, ou sejam reincidentes em faltas enibora leves.
Para a promoglo a cabos é considerado bom comportamento o das pragas que nos últimos
tres annos nlo tenham mais de cinco notas por faltas leves, corñtanto que nao hajam anterior-
mente soffrido condemnagoes de tribunaes ou penas por insubordmaglo ou falta de respeito a su-
periores, furto, embriaguez ou pratica de actos imnioraes ou duas reincidencias da niesma falta,
embora leves.
Para a promoglo dentro das classes de ofiiciaes inferiores é considerado bom comporta-
mento o das pragas que nlo tiverem mais de duas faltas leves.

tí?
Oííicio de 10 de feverciro de -ISO»,
dirigido pela administrapáo geral das airaiuicgas aos coinmaiidantcs dos liataliwcs
e comjianliiasdas illias adjaecntes da guarda fiscal

Tendo-se suscitado duvidas sobre a verdadeira interpretaglo do artigo 69.° do decreto n.° 4,
ele 27 de setembro de 1894: manda o ex."10 coronel, administrador geral, declarar a v. ex.a que
a expressao «comportamento exemplar», nao exclue antigás punigoes por faltas leves, porquanto,
conforme é expresso no artigo 5.", § unico do regulamento de 21 de clezembro ele 1886, taes
faltas e punigoes nao inhibem em absoluto as pragas de obterem a medalha militar correspon-
dente á elasse de comportamento exemplar; e que, em conforrnidade, fica ao bom criterio dos
srs. commaudaiites de batalhao e conipanhia apreciaran as circumstancias em que se encontrem
as pragas para effeito da applicagao da cloutrina consignada no referido artigo 69.°

Portaría de 18 de feverciro de 'lSílií

Manda Sua Magestacle El-Rei que urna commisslo, presidida pelo contra-almirante Rodrigo
Augusto Teixeira Pinha, e composta do auditor de marinha bacharel Antonio Osorio Sarmentó
de Figueiredo, dos capitles de fragata Jólo Augusto Botto e Jeronvmo Emiliano Lopes Banhos,
promotor de justiga, e do primeiro tenente Francisco Diogo de Sá, examine os projectos do có-
digo de justiga militar e do regulamento disciplinar da armada, que lhe serlo apresentádos, e
proponha as modificagoes que julgue convenientes, no sentido de os por, quanto possivel, em
harmonía com a legislagao similar em vigor no exercito, estabelega os preceitos por que devem
619

resolver-se as questoes de honra entre militares, tendo em vista, emquanto ao regulamento, a


aboligao completa dos castigos corporaes de chibata, sarilhos de armas e outros ainda em uso a
bordo dos navios de guerra da niarinha portugueza.

Decreto de 27 de feverciro de 1895

Attendendo ao que me representaran! os ministros e secretarios d'estado de todas as repar-


tigoes: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° A rehabilitaglo dos réus realisar-se-ha por meio da revislo». extraordinaria das
respectivas sentengas condemnatorias, passadas em julgado, nos termos e pela forma estabeleeida
no presente decreto.
Art. 2.° Alem dos casos especificados nos artigos 1:263.°, 1:264.°, 1:2.65.° e 1:268.° da no-
vissima reforma judiciaria, será admittida a revislo, quando tiverem occorrido circumstancias
que justifiquen! a innocencia dos condetímados.
Art. 3.° A revislo será concedida pelo supremo tribunal de justiga, podendo requerel-a o
réu, ou promovel-a officiosamente o ministerio publico, perante o mesmo tribunal, embora ésteja
éxeeutada a sentenga.
Art. 4.° No caso de revislo, por motivo differente d'aquelle a que se refere a novissima re-
forma judiciaria, proceder-se-ha ños termos dos artigos seguintes.
Art. 5.° O réu que pretenda rehabilitar-se apresentará o requerimento em que pega a revi-
slo, instruido com os documentosjustificativos, sem o que nao poderá tomar-se conheeimeñto
do pedido.
.
Art. 6.° O supremo tribunal de justiga, ouvido o ministerio publico, decidirá em sec-
goes reunidas se, em vista do allegado e dos documentos, ha fundamento para se rever o
processo.
§ 1.° Nao será attendicla a jietigao que tenha por intuito manifestó qualquer modificaglo da
pena applicada na sentenga.
§ 2.° O accordao, que couceda ou negué a revisao, será sempre motivado.
Art. 7.° Attendido o requerimento cío réu, ou a promogao oíficiosa do ministerio publico, o
supremo tribunal designará no accordao um juizo de 1.a instancia, diverso d'aquelle em que o
réu fora julgado, se assim lhe for requerido, ou se o tiver por conveniente, a fim de se proceder
ahi á revisao do respectivo processo, sem que seja todavía suspensa a execuglo da sentenga
condemnatoria.
Art. 8.° A parte a quem se tenha concedido a revisao de processo ordinario ou correccio-
nal, devora dirigir um requerimento ao juiz competente nos termos do artigo anterior, pedindo a
citaglo do ministerio publico e da parte accusadora, se a houver, para, na segunda audiencia
posterior á citaglo, verem offerecer o articulado e os respectivos documentos.
§ 1.° Se a reArisao for promovida pelo ministerio publico, será o articulado offereeiclo contra
a parte accusadora, se a houver, e contra tini agente especial do ministerio publico, que, para
este finí, será nomeado pelo juiz de entre os advogados ou procuradores, se no juizo nao houver
advogados, excepto ñas comarcas onde haja mais de um delegado, porque, n'este caso, a noniea-
gao será feita pelo respectivo procurador regio.
§ 2.° Seguir-se-hao todos os ciernáis termos do respectivo processo até á sentenga final.
Art. 9.° A parte a quem for concedida a revisao, tratando-se de processo de policía correc-
cional, deverá dirigir o requerimento ao juiz competente, pedindo que se proceda a novo julga-
mento com citaglo do ministerio jmblieo e da parte accusadora, se a houver, e que se proceda
previamente a qualquer exame necessario para o descobrimento da verdade, sendo tambem ap-
plicaArel n'este caso o disposto no artigo 20.° do decreto de 15 de setembro de 1892.
§ 1.° Se a revislo for promovida pelo ministerio publico, proceder-se-ha á citaglo chiparte
accusadora, havendo-a, e ele um agente especial do ministerio publico, nomeado na forma do
§ 1.° do artigo antecedente.
§ 2." Seguir-se-hlo os ciernáis termos do processo de policía correccional até á sentenga
respectiva.
Art. 10.° Nos processos em que houver intervenclo do jury, decidirá este as questoes de
facto que lhe forem propostas, devendo ser formulados quesitos, nlo só acerca dos factos que
tiverem sido articulados, mas tambem sobre qualquer circumstancia adveniente da diseussao da
causa.
Art. 11.° Se for julgada improcedente a accusagao, deverá a respectiva sentenga declarar
ñufla a sentenga condemnatoria, sem fazer referencia ás disposigoés da lei penal, e rehabilitado o
réu perante a sociedade, readquirindo o sen estado de direito anterior á condenuiagao, logo que
a sentenga passe em julgado.
620

§ 1.° Esta sentenga será publicada no Diario do governo, em tres dias consecutivos, e af-
fixada por certidlo á porta do tribunal da comarca do domicilio ou residencia do rehabili-
tado, e á porta do tribunal da comarca em que fóra proferida a condenrnaclo, devendo ser tran-
cado o respectivo registo criminal.
§ 2.° Da sentenga deverá o ministerio publico interpor sempre os recursos legues.
Art. 12.° Na sentenga será arbitrada ao réu, quando este assim o tenha requerido, a justa
indemnisaglo do prejuizo que houver soffrido com o cumprimento da perra, se no processo exis-
tirem elementos necessarios para fazer aquelle arbitramento, e, no caso contrario, será a indern-
nisacao fixada em processo ordinario nos termos da legislagao vigente.
§ único. Se a pena tiver sido a de multa, e estiver já eumprida, ordenará a sentenga a sua
restituiclo.
Art. 13.° Se a rehabilitagaó for julgada improcedente, será pela nova sentenga mantida a
condemnagao anterior,
Art. 14.° No caso do artigo antecedente só poderá ser perniittida segunda revislo, se a
promover o procurador ge-ral da coróa e fazenda,.
Art. 15.° E permittida a revisao do processo e sentenga relativa ao réu fallecido, segiún-
do-se as disposigoés anteriores no que for applicavel.
Art. 16.° Slo únicamente competentes para promoverem esta revisao os ascendentes, des-
cendentes, conjuges e irmaos do mesmo réu.
Art. 17.° Os réus que forem condemnados pelos tribunaes militares tambem poderlo reha-
bilitar-se por meio da revisao das respectivas sentengas condemnatorias, tanto nos casos especi-
ficados nos n.os 5.°, 7.°, 8.° e 9.° do artigo 300.° do código de justiga militar, como se tiverem
occorrido circumstanciasjustificativas da innocencia dos condemnados.
Art, 18.° A revisao será concedida pelo supremo conselho ele justiga militar, em vista de
requerimento documentado do réu ou de exposicao fundamentada do promotor de justiga militar, .
e poderá ser designado, para se proceder á revislo, o mesmo tribunal que proferirá a sentenga
Gondenmatoria, ou diverso, conforme seja mais conveniente e accommodado ás circumstanciasdo
processo.
.
§ 1.° Fóra dos casos especiaos, a que se refere o artigo 16.°, nao se mandará suspender a
execucao da sentenga, excepto se a pena imposta for a de morte.
§ 2.° A revislo das sentengas condemnatorias só poderá ter cabimento em tempo de paz..
Art. 19.° A sentenga de rehabilitagFio será publicada tambem na ordem do exercito ou da
armada.
Art. 20.° Serlo observadas as outras disposigoés que nlo estejam em desharmonia com a.
natureza e termos especiaes dos processos instaurados nos tribunaes militares.
Art. 21.° As disposigoés d'este decreto serlo tambem applicaveis a todos os réus que se
acheni condemnados por sentengas passadas em julgado na data da sua promulgáoslo, aos que já
tenham cumplido a respectiva pena, e beni assim aos que já sejam fallecidos.
Art. 22.° Fica revogada a legislagao em contrario.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da, fazenda,
e os ministros e secretarios d'estado das outras repartigoes, assim o tenham entendido e facam
executar.

Dccrolo de 21 de marco de I89o

Attendendo ao que me representaram os ministros e secretarios d'estado de todas as repar-


tigoes: hei por bem decretar o seguinte:
Artigo único. Slo abolidas, desde esta data, na armada, e para todos os servigos depen-
dentes do ministerio da marinha e ultramar, os castigos de varadas, de pancadas de chicote de
cabo, de espada de prancha e de sarilhos cíe armas, de carregar macas, de palmatoadas ou si-
milhantes, ató agora ordenados ou tolerados.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da fa-
zenda, e os ministros e secretarios d'estado das diversas repartióos, eassim o tenham entendido
e facam executar.

Decreto de 28 de marco de ISíHi

Attendendo ao que me representaram os ministros e secretarios cVestado das difierentes re-


partigoes : hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.° No conselho de guerra de marinha, com sede em Lisboa, liaverá um auditor pri-
vativo, juiz togado sem graduagao militar.
621
.

Art. 2.° O auditor será nomeado por decreto expedido pelo ministerio da marinha, d'entre
os juizes de 1.a instancia de 1.a e 2.a classes, e servirá este cargo por espago de tres annos, po-
dendo ser reconduzido.
§ 1.° Antes de findo aquelle praso o auditor rilo poderá ser transferido, nem mandado re-
gressar á magistratura judicial, serrao a requerimento seu, e nos casos e termos determinados na
lei geral.
§ 2.° O auditor será considerado para todos os effeitos Iegaes como servindo no quadro da
magistratura judicial, ao qual continúa pertencendo.
§ 3.° O auditor accumula com o exercieio do seu cargo as funcgoes de consultor ele mari-
nha, e por ambos os servicos compete-lhe o ordenado estabelecido no artigo 227.° do código de
justiga. militar, approvado por decreto de 10 de Janeiro do corrente auno, para os auditores de
Lisboa e Porto.
Art. 3.° O auditor será substituido nos termos do artigo 225.° do novo código de justiga
militar, ou por um bacharel formado em direito, nomeado ad Jwc pelo governo, que por este ser-
vigo vencerá a gratificaclo correspondente a 30$000 réis por mez.
Art. 4.° Junto do conselho de guerra de marinha haverá urna secretaria privativa, tendo
como empregados um secretario, um amanuense e um continuo-meirinho,
§ 1.° O secretario e o amanuense slo tirados, por destacamento, do quadro dos officiaes
auxiliares da administraglo naval, e o continuo-meirinho da elasse dos sargentos ou cabos
marinheiros.
§ 2.° O actual secretario do conselho de guerra continuará ahí a desempenhar as suas func-
goes, tendo, para os effeitos de vencimento, a categoría de official de 3.a elasse. do quadro de
auxiliares da administraglo naval.
§ 3.° O amanuense será ajudante do secretario e seu substituto em todas as faltas ou im-
pedimentos.
§ 4.° O continuo-meirinho tem competencia para fazer todas as intimagoes, mediante man-
dado, a pessoas nao militares e aos militares de graduagao nao superior á sua, e coadjuvará o
servigo da secretaria.
§ 5.° Os empregados da niesma secretaria serlo nomeados pelo conselho do almirantado,
mediante proposta do auditor, em lista tríplice.
Art. 5.° O conselho do almirantado representa na marinha, para todos os effeitos, especial-
mente para os do artigo 204.° do referido código, o commandánte da divisao militar.
Art. 6.° Os comnrandantes das estacoes navaes téem as funcgoes que competen! ao conse-
lho do almirantado, para os effeitos do processo crime.
§ unico. Quando o argüido for official, feito o corpo do delicio, será o processo enviado ao
conselho do almirantado, e o julgamento terá logar em Lisboa.
Art. 7." Os servicos, que pelo artigo 205.° do dito código eompeteni á repartí gao de justiga,
serlo desempenliados pela 1.a repartiglo do almirantado.
Art. 8.° Quando o crime for commetticlo no ultramar, o processo será julgado na localidade
em que for praticado, ou, curando nlo possa ser, no local mais próximo em que possa formar-se
o conselho de guerra.
§ 1.° Quando o julgamento rilo poder ter logar por falta de pessoal, poderá realisar-se em
Lisboa.
§ 2.° O cargo de auditor e promotor serao ahi desempenhados, respectivamente, pelo juiz
de direito e agente do ministerio publico da comarca, e, na falta d'estes, pelos seus substitutos
Iegaes, e quando estes nao possam servir pela pessoa que o governador designar.
§ 3.° O commandánte da estaglo naval nomeará os ofiiciaes da armada que hlo de compor
o conselho de guerra, e requisitará ao governador os officiaes do exercito que faltenr para pre-
encher o numero legal; outrosim nomeará o secretario d'entre guardas mariiihas oír segundos
tenentes, e o continuo-servente d'entre sargentos ou cabos de marinheiros.
Art. 9.° Quando o crime for commetticlo no alto mar, o julgamento terá logar no primeiro
porto cío territorio portuguez em que o navio fundear, e onde seja possivel reunir o conselho de
guerra, ou na localidade mais próxima, ou em Lisboa, segundo se acha preceituado no artigo .
antecedente.
Art. 10.° Quando um réu esteja implicado n'um processo, a que corresponda conselho de
guerra, e n'outro, a que corresponda simples pena disciplinar, serlo appeirsados os feitos e
julgado por todos em conselho de guerra.
Art. 11.° Das sentengas dos conselhos de guerra cabe o recurso estabelecido lio artigo 4.°
do decreto de 20 de feverciro de 1894, que approvou o regimentó de justiga iras provincias ul-
tramarinas.
§ unico. O commandánte da estaglo naval respectiva níio poderá fuñecionar ñas instancias
de recurso, a que se refere este artigo, devendo ser substituido por um official superior de ma-
rinha. a requisicfto do governador e escolha e nomeagao do chefe da estaglo naval.
622

Art. 12.° (transitorio). O actual auditor de marinha continúa a servir este cargo, nos ter-
mos do referido código de justiga militar e do presente decreto.
Art. 13.° Fica revogada toda a legislagao em contrario.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'estado de todas as re-
partigoes assim o tenham entendido e fagam executar.

Oflicio de 28 de margo de 189o, dirigido pelo ministerio da guerra aos commandantes das divisóos militares
c outras estacóos superiores do exercito

Nao importando a pena de prisao correccional descontó no tempo de servigo, encarrega-me


s. ex.a o ministro da guerra de dizer a v. ex.a que se torna desnecessario o seu averbamento
na casa «Notas biographicas» do livro de matricula e na correspondente da folha de registo e
caderñeta militar, Quando imposta aos cabos, deverá avérbar-se na mesura casa: Passou a sol-
dado em ..,de
.. .
de 18 nos termos do § único do artigo 41." do regulamento disciplinar
...,
de 5 de julfto de 1894.

Oflicio de 3 de abril de 1895, dirigido pelo ministerio da guerra


aos commandantes das divisoes militares

Tendo-se suscitado duvidas sobre a maneira de proceder para com as pragas.da primeira
reserva, qué tendo sido chamadas extraordinariamente ao servigo activo antes da vigencia do
novo codjgo de justiga militar, nao se apresentaram até á epocha em que os reservistas da sua
elasse foram novamente licenciados para a reserva: determina s. ex.a o ministro da guerra eme
ás pragas n'estas condigoes se desconté, na primeira reserva, o tempo decorrido desde o dia em
que devianí fazer a sua apresentaclo iras Unidades activas até áquelle em que os reservistas da
sua elasse regressaram á sua anterior sitúa cío, restituindo os commandantes d'estas unidades
aos commandantes dos districtos do recrutamento e reserva as respectivas folhas de registo.
Estas pragas, logo que sejam capturadas, serao remettidas ao quartel general da divisao,
para os effeitos do artigo 127.° do regulamento de 31 de dezembro de 1892, visto que pelo ar-
tigo 126.° terao de responder nos tribunaes militares pela ausencia illegitimasuperior a dez dias.
Na casa das «Notas biogra.phicas» deverá lancar-se a seguinte verba, quando estas pragas
passarem á segunda reserva: Passou á segunda reserva em . .., continuando ausente sem licenca.

Decreto de 2o de aliril de 189o

Para execugao do disposto no artigo 5.° do decreto n.° 6 de 10 ele Janeiro do corrente auno:
hei por bem approvar o regulamento para a execugao do código de justiga militar, que faz parte
d'este decreto e baixa assignádo pelos ministros e secretarios (Testado dos negocios ecclesiasticos
e de justiga, dos da guerra e dos da marinha e ultramar.
Os niesmos ministros e secretarios d'estado assim o tenham entendido e fagam executar

Regulamento para a execugao do eodig'o de justiga militar


a que se refere o decreto d'esta data
CAPITULO i
Dos tribunaes militares
Artigo 1.° Os tribunaes militares estabelecidos, sempre que isso seja possivel, em edificios
dependentes do ministerio da guerra, eoinpreherrderlo:
a) Sala de audiencias;
b) Sala de conferencias;
c) Gabinete para recolher as testemunhas;
d) Casa para recolher os réus;
e) Secretaria;
/) Gabinete do presidente;
g) Gabinete do auditor;
h) Gabinete do promotor;
i) Gabinete do defensor;
,/) Sala para o archivo.
623

§ unico. Quando o edificio nao corresponder ás condigoes requeridas por este artigo, na
niesma secretaria do tribunal se reunirlo o promotor, o defensor e o secretario. O presidente,
e o auditor poderlo ter as suas bancas na sala das conferencias.
Art. 2.° As secretarias dos tribunaes militares estarlo a cargo dos respectivos secretarios,
sob a superintendencia dos promotores de justiga.
Art. 3.° Em cada secretaria haverá os seguintes livros:
1.° O da massa do expediente (modelo n.° 1), contendo 50 folhas de papel pautado, o qual
servirá para o langamento de reeeita e clespeza. N'este livro se laucará, de um laclo, por annos
e por mezes, as sommas recebidas da respectiva pagadoria, e na pagina conjunta as verbas ap-
plicadas. Os documentos de compras ou de importancia de concertos serlo numerados e archi-
vados na mesma ordem em que estiverem descriptas as despezas que representaren!, e aeoni-
panharlo a conta corrente nos termos do § Único cío artigo 5.° d'este regulamento;
2.° O do inventario do archivo (modelo n.° 2), onde serlo registados os processos finclos, e
que contera 200 folhas;
3.° O do movimento dos processos do tribunal (modelo n,° 3), em que se notará a entrada
de todos os processos, o seu andamento e resultado final, conipréhendendo tambera 200 folhas.
É por este que sé fará o mappa dos processos pendentes;
4.° O do registo das sentengas de que se recorrer para o supremo conselho de justiga mi-
litar, com o mesmo numero de folhas que o antecedente;
5.° Registo das mforinacoes dadas nos termos do § 1.° do artigo 374,°;
6.° Registo disciplinar dos empregados da secretaria do conselho de guerra;
7,° Registo das diligencias effectuadas por meio de deprecadas recebidas de outros tribu-
naes;
8.° O da correspondencia expedida, que constará igualmente de 200 folhas.
A margem da esquerda será dividida em duas casas, escrevendo-se na primeira o nome
da pessoa ou estaglo a quem o officio for dirigido, e na segunda a data em que foi escripto e
local onde foi enviado; na margem da direita o numero de ordem posto no officio.
Os officios de menor importancia serlo registados por extracto, em todos; logo depois de
transcripto o assumpto se éscreverá o nome é graduaglo de quem o assignou, omittindo-se
tudo o mais. "
A numeracao renovar-se-ha no 1.° de Janeiro de cada anno. s

§ unico. Todos estes livros serao de papel almasso, encadernados, e medirlo as folhas 01",32
de altura por 0m,215 de largura, devendo conter na lorñbada a designa gao do destino do livro
e o seu numero dé ordem. Cada urna das folhas será rubricada pelo secretario; e cada um d'elles
terá termo de abertura, assignádo pelo general commandánte da divislo e o de encerramento,
quando se achar concluido.
Na primeira pagina o general mandará escrever:.
«Livro 1.°, contendo folhas devidamente rubricadas por F. secretario do con-
selho de guerra da ...
divislo militar, com principio ...,
n'elle se langarem
... . .. e serve para . . .,
etc.
«Quartel general da
... divislo militar, em ... do de 18...»
... (Assignatura.)
E., quando esteja findo, fará escrever na ultima pagina o seguinte termo:
«Encerrado em
serie. ...
»
de
... de 18. . . para ser continuado no que tem o n.° 2.° d'esta
«Quartel general da ... divislo militar, era ut sapra.»
(Assignatura.)
Art. 4.° No supremo conselho de justiga militar, e tambem a cargo do secretario, haverá os
livros correspondentes aos que ficam designados para os conselhos de guerra nos n.°s 1.°, 3.° e
8.° do artigo 3.° d'este regulamento, e alem d'elles:
1.° O do registo das consultas;
2.° O memorándum das decisoes do tribunal (artigo 499.°);
3.° O do registo dos accordlos.
Todos estes livros, coin excluslo do memorándum, serlo rubricados ñas folhas pelo secre-
tario, e aquelle de que acrai se faz excepglo, pelo presidente. Em todos o mesmo presidente fará
lancar e assignará os termos de abertura, e encerral-os-ha, quando findos, pelo mesmo modo
como Arae designado no artigo antecedente.
§ unico. Ao presidente do tribunal incumbe o verificar que a escripturagao de todos os li-
vros se faga conforme os modelos, e que sempre se achem em dia.
Art. 5.° As verbas arbitradas pelos artigos 244.° e 263.°, e para os fins ali indicados, serlo
tiradas mensalmente, por meio de recibo que será processado, pela pagadoria do ministerio
da guerra.
624

§ unico. No supremo conselho de justiga militar, o presidente, o juiz relator e o secreta-


rio, e nos conselhos de guerra, o auditor, o promotor e o secretario, assignarlo o recibo de que
trata este artigo e administrarlo esta massa, applicando-a aos fins a que é destinada, enviando
no fim de cada auno económico conta documentada á direcgao da administraglo militar.
Art. 6.° Na secretaria do supremo conselho de justiga militar far-se-ha toda a correspon-
dencia que cfisser respeito aos servigos a cargo do promotor de justigajunto do mesmo conselho,
em eonformidade com as instrucgoes d'aquelle promotor e para o regular exercicio dos deveres
que lhe sao impostos no artigo 254.° e no artigo 43.° e seguintes do regulamento do ministerio
publico de 19 de novembro de 1880.
Art. 7.° Os livros comprados para uso dos tribunaes estarlo a cargo do secretario,-que
d'elles fará catalogo.
§ unico. É permittido a qualquer dos ñiembros do tribunal o consultal-os, e poderlo mesmo
pedil-os e retel-os, eniquanto necessarios lhes forem, urna vez que entreguen! ao secretario um
recibo, que ficará substituindo o volunte ou volumes que estiverem fóra da secretaria.
Art. 8.° Os processos militares serlo escriptos a tinta preta, quanto possivel indestructivel,
em papel almasso, sem sello, tendo cada pagina 0m,30 de altura por 0'",20 de largura, e em
cada pagina se escreverlo ató vinte e cinco linhas, entre as duas margens lateraes, tendo estas,
a da esquerda, 0"',030 e a da direita 0m,020 de largura.
§ único. Em igual papel e ñas mesuras condigoes se escreverlo os autos de corpo de de-
licio, certidoes de peritos, intimagoes, deprecadas, termos e mais autos.
Art. 9.° Os documentos apresentádos pelas partes, os attestados que nlo sejam extrahidos
dos registos militares, e todos aquelles papéis que, pela lei, nlo sao isentos do sello, nlo serlo
admittidos nem se juntarlo ao processo quando nlo forem conforme as prescripgoes da lei de
21 de julho de 1893.
Art. lü.° Nos processos militares, e em documentos que a elles se juntaran, se empregará,
como exige a carta de lei de 16 de rnáio de 1867 e legislaglo anterior, a nomenclatura do sys-
tema metrico-decimal, e a correspondencia dos novos pesos e medidas cóm os antigos, quando
isso tenha logar.
Art. 11.° Seguir-se-ha tambem sem alteragáo a nomenclatura estabelecida no código de jus-
tiga militar;, sem substituir por otitra a designaglo dos crimés.

CAPITULO II
Da parfcicipacSodos crimés e fia queixa do offeiidido
Art. 12.° A noticia dos crimés militares pode ehegar ao conhecimentoda auctoriclade compe-
tente para verificar a sua existencia, por alguma das seguintes formas:
«) Participagao;
b) Queixa;
c) Auto de noticia formado pelos agentes ele policía judiciaria. civil;
el) Rumor publico.
Art. 13.° Participaglo é a simples declaragao de um crime feita á auctoriclade militar
competente.
A participaglo pode ser official ou particular. No primeiro caso é a declaraglo que todo o
militar tem jmr obrigaclo fazer, quando no exercicio das suas funcgoes "presenciar ou descobrir
qualquer crime; no segundo é a declaraglo de um crime que o militar presenciar ou de que tiver
noticia, praticado por militar sen inferior. Esta participagao pode igualmente ser feita por qual-
quer pessoa nlo militar.
Art. 14.° Queixa é a declaraglo de um crime feita pela pessoa a quem- esse crime oíTendeu.
§ unico. A queixa, quando dirigida por um inferior contra o superior, far-se-ha por meio
de representaglo, com as fornialiclades prescriptas corno normas e praxos disciplinares.
Art. 15.° A participaglo ou caieixa pode ser apresentada a qualquer auctoridáde militar
que commanda ou dirige o servigo a que o presumido culpado está sujeito, e deve precisar:
1.° Natureza do crime e circumstancias em que foi perpetrado;
2.° Dia, hora e local em que foi commetticlo;
3.° Indicaglo, sendo possivel, do auctor do crime e dos eumplices ou encubridores, haven-
do-os;
4.° Designaglo da pessoa ou jressoas losadas;
5.° Indicaglo de pessoas que possam ter conlrecinieirto do facto;
6.° Designaglo das pegas de convicglo que tenham sido apprehendidas;
7.° Todos os demais esclarecimentos de que haja conhecimento, que se relacionem com
o crime e o esclaregam.
Art. 16.° A participagao particular e a queixa podem ser feitas por escripto ou verbal-
625

mente, e, n'este caso, serlo reduzidas a auto (modelo n.° 4) pela auctoridáde militar que as
receber.
Art. 17.° A participaglo official e a queixa, quando feita pelo superior contra o inferior,
deve ser sempre apresentada em forma de officio (modelo n.° 5) e assignada pela pessoa que
a fizer.
Art. 18.° Nos crimés em que nao pode o ministerio publico accusar, nos termos dos artigos
359.°, 399.°, 402.°, 404.° § 3.°, 416.°, 417.°, 430.°, 431.° § 2.°, 472.° § 1.° e 481.° § unico do
código penal, sem previa participaglo ou queixa da parte offendida, deve esta ter capacidade
legal, sem o que nlo pode ser recebida a sua queixa ou participaglo.
Art. 19.° A parte offendida nlo é admittida a accusar ante os tribunaes militares, devendo
simplésmente limitar a sua acgao a apresentar a sua queixa e a auxiliar a justica, já mmistran-
do-lhe indicagoes, já apresentando-lhe memorias ou informagoes.
Art. 20.° Os'autos de noticia formados pelos agentes de policía civil ou auctoridades admi-
nistrativas slo equivalentes á participagao ou queixa, para a verifieaglo de um crime.
Art. 21.° O rumor publico consiste na indicaglo vaga e sem provas do delició ou dos seus
auetores, que se manifesta algum tempo depois da pratica do Crime. Sempre que isso se dé, a
verifieaglo do facto em corpo de delicio deve. ter logar.

CAPITULO ni
Da policía judiciaria óu instruccEo preliminar
Art. 22.° A policía judiciaria ou instrucgao preliminar tem por fim verificar os vestigios
do crime e a investigagao dos criminosos^ e, alem d'isso, preparar e reunir os primeiros elementos
da instrucgao.
Art. 23.° Por qualquer modo que se revele o conhecimento de uní crime, tem sempre logar
a forniagao do corpo de delicio. Os agentes de policía judiciaria militar observarlo rigorosamente
as disposigoés especificadas nos artigos 331.° e332.°
§ unico. O corpo de delicto pode ser feito pelas auctoridades a quem o artigo 198.° confere
directamente a competencia para o exercicio da instrucgao preliminar, ou por delega cío d'essas
auctoridades nos termos do artigo 200.°; n'este caso, deve sempre a auctoridáde que delega n'ou-
tro os seus poderes escrever na participaglo ou queixa: «Fi ... procedaaauto.de corpo de
delicto».
Art. 24.° O corpo de delicto consiste no conjuncto de todos os elementos materiaes consti-
tutivos da infraccao, ou que d'ella sao vestigio ou signa! exterior.
Art. 25.° Em caso de flagrante delicto, o agente da policía judiciaria militar transportar-se-
ha ao logar do crime e procederá immediatamente á formaglo do corpo de delicto.
§ unico. Se o crime for eommettido fóra dos logares sujeitos á disciplina militar, e ao che-
garem ahi os agentes da policia judiciaria militar já tiverem tomado conhecimento do caso as
justigas ordinarias competentes, aquelles agentes irlo teein que levantar auto de corpo de de-
licto porque, em tal caso, preferirán! na competencia as justigas ordinarias.
Art. 26.° Em caso de flagrante delicto, os meios empregados pela policia judiciaria militar,
para a verifieaglo dos tragos materiaes da rnfraegao, slo os seguintes:
a) Exame do logar do crime;
o) Prisao em flagrante delicto;
c) Interrogatorios ao presumido culpado;
d) Exame do facto por peritos;
e) Buscas domiciliarias;
/) Apprehenslo dos objectos cío crime;
g) Audiglo de testemunhas;
h) Rcdacglo do processo verbal.
Art. 27.° Logo que o agente da policia judiciaria militar tenha conhecimento da infracglo
por qualquer dos meios indicados no capitulo ir, transportar-se-ha ao logar do crime, e, como dis-
poe o artigo 339.°, procederá ao respectivo exame, o qualrecaírá: já sobre o estado do logar, já
sobre a sua propria situaglo, disposiglo, arredores, maior ou menor proxrmidade de urna habi-
tagao; já sobre o seu estado material, fracturas interiores ou exteriores, situaglo das fechadnras
ou muros que tornem a introducglo mais ou menos fácil, posiglo dos movéis, se estío desorde-
nados ou quebrados, se elles conservara tragos ou signaos que se relacionen! com o crime. E,
quando a descripclo nao baste a bem fazer comprehender o estado do logar, um croquis elucida-
tivo completará essa descripglo.
Art. 28.a N'este acto serao recolhidos e reunidos, como é expresso no artigo 338.°, todos os
instrumentos e mais objectos que se relacionem com o crime, fazendo-se d'elles minuciosa des-
cripglo, assim como de todas as circumstancias em que forera adrados.
Vil
626

§ unico. Estes objectos serlo sellados e appensos ao processo, e conservados de modo que
nlo possam ser substituidos, alterados ou subtrahidos.
Art. 29.° A prisao do presumido delinquente, no caso de flagrante delicto, é logo feita peló
agente da policia judiciaria militar, lavrando-se d'isso auto judicial, em que se mencione a causa
da prisao e as circumstancias que a acompanharam, o nome do preso e a sua graduagao, sen-
do militar.
§ unico. Se o preso for militar, será logo posto á disposiglo da auctoridáde a que estiver
subordinado; se for civil, será entregue á auctoridáde competente da localidade.
Art. 30.° Os interrogatorios ao presumido culpado devem ser feitos secretamente pelo agente
da policia judiciaria militar, na presenga do escrivlo; e, no acto de serem reduzidos a escripto,
empregar-se-ha todo o cuidado e máximo escrúpulo para que as explicagoes ou respostas dadas
pelo interrogado constituam a expressao fiel do seu pensamentó, conservando-se mesmo na re-
dacglo as proprias expressoes do presumido delinquente,
§ 1.° Se as respostas forem equivocas, duvidosas, evasivas, serlo instados para as esclare-
cer e precisar, de forma que, quer affirmem quer neguem, haja a certeza do que affirnrarem ou
negarem.
§ 2.° Se houver co-réus, a cada um d'elles se farao, separadamente, os interrogatorios, evi-
tandó-se sempre que elles possam Concertar as suas respostas; e, no caso de se contradizerem,
serlo acareados, ?
Art. 31.° O agente da policia judiciaria militar deixará primeiro que o presumido culpado
exponha livremente tudo quanto julgar útil e neceísario sobre o assumpto da inquirigao, sem o
interronrper, e só depois de terminar as suas explicagoes lhe poderá dirigir perguntas, que serlo
escripias no auto, assim como as precisas respostas.
§ unico. Aos presumidos delinquentes nlo serlo feitas perguntas suggestivas nem cavilosas,
nem acompanhadas de dolosas persuasoes, falsas promessas ou ameagas, assim como irlo deverlo
ser obrigados a responder precipitadamente; e, quando parega que nao comprehendem bem a
pergunta feita, ou que a resposta é repugnante com a pergunta, ser-lhes-ha esta repetida, e,
n'este caso, nao se éscreverá senlo a resposta dada á pergunta repetida.
Art. 32.° Aos presumidos culpados, quando interrogados, nao se presta juramento.
Art. 33.° Em caso de homicidio, o presumido culpado será interrogado em face do cadáver
da victima.
Art. 34.° Quando o presumido culpado confesse o crime, deve ser interrogado acerca de
todas as circumstancias do facto confessado, tempo, occasiao, logar, meios de execugao, resulta-
dos do crime, se ha cumplices e emfim quaesquer outros detalhes que possam servir para a in-
strucgao do processo.
§ único. A confissao de um crime nlo dispensa as demais investigagoes do corpo de delicto.
Art. 35.° No caso do presumido culpado negar o crime, allegando factos que deirionstrem
nao ser por elle rosponsavel e offerecendo-se logo a proval-o ou a apresentar documentos, estes
serlo recebidos pelo agente da policia judiciaria militar e juntos ao processo.
§ 1.° Se, porém, negar o crime e contra elle recaírem suspeitas, far-se-lhe-ha sentir, de urna
nianeira geral, a naturéza d'essas suspeitas, sem comtudo se indicar, por qualquer forma, o nome
das testemunhas que contra elle deponham.
§ 2.° Aos presumidos culpados serlo sempre apresentádos, quando existam, os objectos do
crime, acerca dos quaes serao intimados a dar explicagoes.
§ 3.° Em caso de alibi allegado pelo presumido culpado, será este interrogado hábilmente
sobre o local em que se achava no momento do crime e o que ahi fazia, pessoas que o vissem
n'esse local ou a quem fallasse, hora precisa em que isso teve logar, e bem assim tudo o mais que
possa servir de verifieaglo segura á acglo judicial.
Art. 36.° Quando convenha ao regular exercicio da jiolicia judiciaria militar, para mellror in-
vestigaglo da verdade, os presirmidos culpados serlo conservados ineommunicaveiscmquanto nlo
forem interrogados (modelos n.os 6 e 7).
Art. 37.° Os interrogatorios aos presumidos culpados poderlo repetir-se até á concluslo
do corpo de delicto.
Art. 38.° Quando o presumido culpado ñas suas respostas se mostrar abatido, ou hesitante,
os agentes da policia judiciaria militar mencionarlo estas circumstancias no auto, instando ao
mesmo tempo com o interrogado para explicar os motivos d'esse abatimento ou hesitagao.
Art. 39.° Qualquer que seja a qualidade e posiglo do presumido delinquente, os agentes da
policia judiciaria militar jamáis usarlo de familiaridade para com elle; tío j>ouco usarlo ele meios
rucies ou humilhantes.
Art. 40.° Os agentes da policia judiciaria militar perguntarao aos presumidos culpados
pelos seus nomes, sobrenomes, filiaglo, idade, estado, naturalidade, profisslo e morada. Igual-
mente lhes perguntarlo se já alguma vez foram condemnados e por que crime.
Art, 41.° O presumido culpado pode dictar ao escrivlo as suas respostas, mas, nlo o fa-
627

zendo, serlo dictadas pelo agente da policia judiciaria militar. As respostas ser-lhe-hlo lidas
antes de as assignarem, e no auto se fará inenglo da leitura.
Se o culpado nao ratificar as respostas, mas as alterar, augmentar ou diminuir, nlo se ris-
carlo as primeiras, mas ser-lhe-hlo acrescentadas todas as alteragoes que lhe forem feitas.
Art. 42.° Ñas perguntas e respostas nlo haverá entrelinhas nem rasuras.
Todas as emendas serlo resalvadas á margem e a sua resalva assignada pelo agente da po-
licía judiciaria, escrivlo e culpado. O contrario d'isto constitue nullidade.
Art. 43.° Aos presumidos culpados nunca serlo feitas perguntas estranhas ao crime e de
que ñlo possam ter conhecimento.
Art. 44.° Antes de encerrado o interrogatorio, perguntar-se-ha sempre ao presumido culpa-
do se tem mais alguma cousa que allegar em sua defeza.
Art. 45,° Em casos omissos, seguir-se-ha o que for determinado acerca de perguntas feitas
aos culpados na lei commum.
Art. 46.° Quando na verifieaglo do corpo de delicto for úecessario proceder a algum exame
que exija conheeimentos teclmicos especiaes, far-se-ha este com intervéngao de peritos, os quaes
eleverlo ser, quanto possivel, militares que possuam conheeimentos projirios sobre a natureza do
exame que lhes ó proposto, nos termos do artigo 903.° da novissima reformajudiciaria.
§ 1.° O exame a que este artigo se refere terá sempre logar nos delictos de facto perma-
nente, isto é. n'aquelles que déixam vestigios: taes sao o homicidiOj as offeñsas corporaes, o
incendio, o arrombamento, a destruiglo e inirtilisaglo de objectos militares, a falsificagao, a viola-
cao, veneficio e outros similhantes.
§ 2.° Tambem nos crimés em que seja necessario para a qualificaglo do facto apreciar o
valor do objecto do crime, ou dañino causado, como no furto, roubo, damno, abuso de con-
iianga e outros similhantes, é necessaria a intervenglo de peritos, já para, em face dos elementos
directos de apreciagao que forem encontrados, declararen! o valor da cousa furtada ou roubada
ou a verdade do damno causado, já para procederem a urna equitativa avaliaglo, em presenga
das informagoes do queixoso e de quaesquer outros.
Art. 47.° No crime de homicidio (modelo n.° 8) deve descrever-se a posiglo do cadáver,
o estado do vestuario, a natureza e numero das feridas, a situaglo das armas ou instrumentos
encontrados junto da victima, ou ahí próximos, e os signaes apparentes que indiquem qual fosse
o genero de morte. É essencial acompanhar-se de peritos, para designar desde logo a causa
da morte. Depois de comprovar a existencia e estado do cadáver, deve descrever minuciosa-
mente o logar onde foi encontrado, os objectos que o cercavam, aquelles que paregam dever
pertencer á victima, a extenslo e direcglo do rasto de sangue, as circumstancias que podem
fazer presumir que se désse lucta, ou eme fosse urna espera traigoeira; indicar todas as parti-
cularidades, por mínimas que paregam, que possam ligar-se com a aegao, como é o amarrotado e
rasgado do vestuario, a impressao dos pés no solo, os indicios que reveleni a subtracglo do ob-
jectos que a victima tivesse comsigo ou no local em que se encontrava.
Se a causa da morte nao é desde logo conhecida, deve proceder-se á autopsia.
No caso da morte nao ter ainda sobrevindo, e que a victima possa fazer declaragoes, serlo
estas recebidas pelo agente da policia judiciaria; e se o presumido culpado forja conhecido e
estiver preso, será confrontado com o offendido, verificando-se desde logo a verdade dos factos
allegados n'essas declaragoes.
No caso do facto nlo ter sido praticado voluntariamente, mas sim involuntariamente, por im-
pericia, inconsideraglo, negligencia, falta de destreza ou falta de observancia de algum regu-
lamento, deve o corpo de delicto verificar essa circumstancia para o effeito da incriminagSo.
Art. 48.° No crime de offeñsas corporaes (modelo n.° 9) devem os peritos examinar e des-
crever o numero, extenslo e gravidade das offeñsas para bem se determinarem as hypotheses
dos artigos 359.°, 360.° e 361.° do código penal, e bem assim as dos artigos 76.°, 77.°, 79.° e
141.°
Assim deve o corpo de delicto verificar se das offeñsas corporaes resultou doenea ou im-
possibilidade de trabalho profissional, e sendo as offeñsas platicadas entre militares da mesma
graduagao, se houve incapacidade de servigo e por quanto tempo, se das offeñsas resultou corta-
mento, privaglo, aleijlo ou inhabilitaglo de algum ruembro ou orgao do corpo, ou se o offendido
ficou privado da raslo, ou impossibilitado por toda a vida de trábalhar; e no caso das offeñsas
torem sido praticadas pelo inferior na pessoa do superior, se este, em resultado d'essas offeñsas,
ficou incapaz para o servigo militar.
Se as offeñsas corporaes tiverem sido praticadas involuntariamente, por impericia, inconsi-
deraglo, negligencia, falta de destreza, ou falta de observancia de algum regulamento, deve o
corpo de delicto verificar e esclarecer esse facto.
O exame directo deve tambem recaír sobre o estado das armas e outros instrumentos do
crime, e bem assim sobro roupas ou quaesquer outros objectos que devam ser apprehendidos como
pegas de eonviccao.
628

§ único. Este exame nao dispensa o de sanidade, nos termos da lei de 18 de julho de 1855.
Art. 49.° No caso de incendio, deve o exame verificar se a destruicao do edificio foi total
ou parcial, qüalidade do edificio ou objecto incendiado, nos termos dos artigos 463.° e 464.° do
código penal, e bejn assim valor do edificio ou objecto incendiado.
Art. 50.° Quando para a execucao do crime tenha havido arrombamento, os £>eritos des-
creverao o- estado do objecto arrombado, se este o foi no. todo ou em parte, quaes teriam sido
os meios empregados para eífectuar o arrombamento e bem assim o prejuizo causado. O arrom-
bamento dá-se em qualquer eonstruccao que sirva a fechar, ou a impedir a entrada, exterior ou
interiormente, da casa ou logar fechado d'ella dependente, ou de movéis destinados aguardar
quaesquer objectos, como dispoe o artigo 442.° do código penal. >
Art. 51.° No caso de destruicao ou inutilisacao de objectos militares, deve no corpo de
delicto descrever-se o objecto destruido ou inutilisado, e o prejuizo realisado ou o valor dos obje-
ctos destruidos ou inutilisados.
Art. 52.° Nos crimes de falsifícacao deve descrever-se o objecto falsificado, conforme as
cireumstancias da falsidade, se houve dolo na falsificacao, e bem assim o prejuizo real ou possivel.
Art. 53¿° Nos crimes de estupro ou violagaOj devem os peritos, que n'este caso serao mé-
dicos ou parteiras:
1.° Marcar o dia e hora precisa a que o exame é feito;
2.° Descrever os signaes de violencia nos orgaos sexuaes da mulher;
3.° Descrever os signaes de violencia é proceder ao necessario confronto sobre a pessoá da
victima e do presumido culpado;
4.° Descrever a presenca das manchas de sperme ou de sangue sobre as roupas da rau-
lher e do homem;
5.° Se ha blennorrhagia ou syphüis no homem ou na imilher, ou em ambos. Verificar, em
caso do exame recaír sobre creancas, se existe vaginite ou leucorrea infantil.
Nada doverá escapar aos peritos sobre estes exames, tendo muito em attenoao ñas suas
conclusoes a idade da mulher e quaesquer outras cireumstancias que jwssam influir sobre o
crime.
Art. 54.° Nos crimes de veneficio, quando depois da autopsia resultaren! suspeitas de en-
A'énenamento, os peritos extraliirao do cadáver as partes que teem de ser sujeitas á analyse
chimica, as quaes serao encerradas em um ou mais fraseos de vidro, herméticamente tapados^
lacrados, cintados coni fitas ou tiras de papel e rubricados pelo agente da policiajudiciaria mili-
tar, peritos, testemunhas e escrivao.
Da mesma forma se procederá com respeito a quaesquer liquidos ou substancias que se
encontraren! no domicilio do finado e se suspeite serení venenosas.
De tudo se fará especial niencfío no auto, a fim de que, no acto da abertura dos frascos, se
verifique a identidade d'elles e dos objectos que contém.
Art. 55.° Nos eriraes em que um certo valor entra como elemento constitutivo, é necessario
inquirir e verificar esse valor, procedendo-se como ó expresso no § 4.° do artigo 340.°
Assim, por exemplo, no crime de furto, quando nao esteja, presente o objecto furtado, esse
valor é justificado pela declaraeao jurada do queixoso e pelas declaracoes dos peritos que pro-
eederao a urna equitativa avaliacao, já em face das informagoes do queixoso, já dos de quaes-
quer outras pessoas que do objecto tenham pleno conhecimento.
No caso de estar presente o objecto subtrahido, os peritos farao d'elle a descripeao, con-
cluindo por determinar o seu valor.
Como a gravidade do crime de furto varía dadas certas cireumstancias, deve o corpo de
delicto verificar:
a) Se a subtraccao consistiu em objectos pertencentes ao estado ou a camaradas;
í) Se foi eommettida em casa onde o presumido culpado estivesse aboletado;
c) Se o criminoso, no momento do crime, trazia armas apparentes ou oecultas;
d) Se foi eommettida de noite ou em logar ermo;
e) Se por duas ou mais pessoas;
/) Se em casa habitada ou destinada a habitacao, em edificio publico ou destinado ao culto
religioso, ou em cemiterio;
(¡) Se na estrada ou caminho publico, sendo de objectos que n'elle forem transportados;
/¿) Se com usurpagao de titulo, ou uniforme, ou insignia de algum empregado publico, civil
ou militar, ou allegando ordem falsa de qualquer auctoridade publica;
i) Se com arrombamento, escalamento ou chaves falsas em casa nS'o habitada.
Art. 56.° Em caso de flagrante delicto, os agentes da policiajudiciaria militar podem entrar
em qualquer estabelecimento dependente da auctoridade civil ou marítima,: para ali eftectuarem
a prisao de algum individuo sujoito á jurisdiecao dos tribunaes militares ou para proeederem a
qualquer diligencia da policia judiciaria.
§ único. Pora dos casos de flagrante delicto, a entrada nos estabelecimentos a que este ar-
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tigo se refere só pode effectuar-se depois de previa permissao das auctoridades civil ou marítima
competentes, que nao poderao nunca recusal-a (modelo n.° 10).
Art. 57.° Os agentes da policia judiciaria militar, quando pre.cisem entrar em casa do sup-
posto delinquente, ou de outra qualquer pessoa, para os effeitos do artigo antecedente, sómente
o poderao fazer, quer seja em flagrante delicto, quer nao, aeompanhadbs pela áuc.toridade judi-
cial da localidade, devendo lavrar-se um auto preliminar e especial (modelos n¿°s lie12), con-
tendo a declaragao dos motivos e as rasoes de suspeita que constarem aos mesmos agentes da
policia judiciaria militar. •
§ único. Na casa suspeita nao poderá entrar-se antes do nascimento do sol nem depois do
seu occaso, mas os agentes da policia judiciaria militar tomarlo n'este caso as cautelas neces-
sarias pela parte exterior do edificio, para d'elle nao saír nenhuma pessoa, nem objecto, até
se realisar a entrada.
Art. 58.° Feito o auto preliminar, o agente da policia judiciaria militar, áconrpanhado da
auctoridade judicial da localidade, escrivao e.duas testemunhas, transportar-se-ha á casa sus-
peita, e alú, na presenca do presumido culpado, se estiver preso, lavrar-se-ha auto de todas
as diligencias praticadas (modelo n.° 13) que se relacionem com o ci'ime, e bem assim da busca
e apprehensSo das armas, instrumentos e mais objectos, de modo que d'elles póssa fazer-se idea
cabal, assim como de todas as cireumstancias em que foram achados.
§ 1.° Os objectos apprehendidos serlo descriptos, sellados e appensos ao processo, sendo
possivel, e conservados por forma que nao possam ser substituidos, alterados ou subtrabidos.
§ 2.° Nao podem ser apprehendidos papéis ou objectos qué nao tenham relacao com o crime.
Art. 59.° Os papéis ou outros objectos apprehendidos que se relacionem com o crime serao
apresentádos ao presumido culpado^ se estiver presente, o qual n'esse caso será instado para
explicar a origem dos papéis ou objectos apprehendidos, a data da sua possessao, se os reconhece
como seus, motivos do seu estado e sua relacao com os factos.
§ único. Os papéis deveni ser rubricados em cada folha pelo agente da policia judiciaria mi-
litar e pelo presumido culpado e escrivao.
Art. 60.° Serao inquiridas como testemunhas no corpo de delicto todas as pessoas que
verosímilmente possam dar informagoes e dirigir a justiga na indagagio da verdade.
Art. 61.° Nao poderao ser inquiridos como testemunhas no processo crime militar:
1.° Os alienados;
2.° Os menores de quatorze aunos;
3.° Os ascendentes, descendentes, irmaos, affins no mesmo grau, e marido e mulher de al-
guma das partes;
4.° Os que deram participagao do crime, quando esta nao seja determinada pelo cumpri-
mento de um clever militar, e os maridos ou muflieres d'estes;
5.° Os queixosos;
6.° Aquelle que vier a juizo para depor voluntariamente sem precedencia de intimagao ju-
dicial;
7.° O escrivao do processo e o interprete;
8.° O condemnado a suspensao do exercicio de todos os direitos políticos ;
9.° O réu a respeito de um co-réu.
§ 1.° Igualmente nao podem ser testemunhas aquelles que, achando-se presos, tiverem de
depor a favor ou contra eompanheiros de prisSo, salvo havendo sido nomeados anteriormente ao
acto de serení presos, ou sobre crimes coinmettidos na prisSo.
§ 2.a Nao obstante as disposigoes d'este artigo, poderao prestar simples declaragoes as pes-
soas indicadas nos n.os 3.°, 4.° e 5.°, e bem assim os indicados no n.° 2." quando fprem maiores
de sete annos.
Art. 62.° A intimagao das testemunhas civis com designagao de día, hora e local em que
devem comparecer, será requisitada ás auctoridades administrativas ou policiaes pelos agentes
da policia judiciaria militar; e os militares, á auctoridade militar sob cujas ordens ellas servirem.
Art. 63.° As testemunhas serSo sempre inquiridas separadamente urnas das outras, e pres-
tarao, antes de comegarem a depor, juramento aos Santos Evangelhos de dizer a verdade, e
d'isso se fará mengáo no auto. Os agentes da policia judiciaria militar toma-rao todas as medidas
que julgarem indispensaveis, no sentido de evitaran que as testemunhas que já tenham deposto
possam conferenciar com as que nao foram interrogadas.
A fórmula de juramento deve ser a seguinte, pronunciada pelo agente de policia judiciaria
militar: «Jura aos Santos Evangelhos de dizer a verdade do que souber, acerca do que foi*
perguntado?» E a testemunha, pondo a mao no livro dos Santos Evangelhos, deverá responder:
«Juro».
§ único. As testemunhas que professarem religiao diversa, prestarao juramento segundo a
religiao que seguirem.
Art. 64.° As testemunhas serao perguntadas pelos sens nomes, sobrenomes, alcurnias, filia-
630

gao, estado, idade, moradas e mesteres; se sao creados, domésticos ou parentes dos delinquentes,
e se Ihes téem amisade ou odio. As suas respostas serSo escripias.
Art. 65.° As testemunhas, depois de lhes ter sido lida a participagao ou queixa, ou docu-
mento que revele o crime, serao perguntadas sobre o que souberem.
As testemunhas poderao dictar os seus depoimentos; se, porém, nao usaran d'essa faculdade,
serao dictados pelo agente da policia judiciaria militar, o qual, em tal caso, empregará, quanto
possivel, as proprias expressoes da testemunha, um estylo claro, exposigao methodica, simplici-
dade, clareza e fidelidade na interpretagao, concisao ñas expressoes, e urna justa medida no
desenvolvimento, qué nao admitía cousa alguma de superfluo ou de inútil, que nada despreze
de necessario ou de interessante.
Art. 66.° Sempre qué a testemunha disser que viu e présenciou os factos, será perguntadá
pelo tempo e logar em que os viu e presenceou, se foi de dia ou de noite, distancia a que se
encontrava do local do crime; se estavam ahí outras pessoas que tambem vissem e presenceas-
sem é qiiaés eram éssas pessoas; causas do delicto; maneira por que foi tentado, comegado ou éxé-
cütado; instrumento com auxilio do qual foi commettido; resultados próduzidos pelo delicto ou
que següiram; signaes dos auctores, dos cumplices ou dos encubridores; especie, c6r e forma
dos seus vestuarios; nenies, aleuühás, profissoes, idadés, sexos, assim como as suas i-esidéncias
habituaes; parte que cada um dos delinquentes tomoil no facto criminoso; conducta, e reputagao
d'elles; ameagas que porvéntura tivessem praticado; relagoes de amisade ou de odio com aparte
offendida; motivos de animosidades ou, emfim, o que o delinquenté disse ou fez antes e depois de
perpetrar o crime, e por onde possa conhecer-se as suas intengoes relativamente á prática do
mesmó crime.
§ único. Se a testemunha disser que sabe de ouvir, será perguntada pela pessoa ou pessoas
a quém oüviu, em que tempo e logar, ese estavam ahi outras pessoas que tambem ouvissem,
e quaes sejam. As testemunhas referidas sao interrogadas, quando assim parega útil, para a
descoberta da verdade, aos agentes da policia judiciaria militar.
Art. 67.° E absolutamente prohibido ás testemunhas declararem que sabem de sciencia
certa o que depoem, e taes depoimentos nunca se escreverao.
Art. 68.p Quando a testemunha, na occasiSo do depoimento, apresentar algum objecto que
jjossá servir jiara fazer culpa ao argüido, ou para bem da sua defezá, no depoimento se fará
inengao da apresentagSo e se juntará ao processo, sendo possivel, ou se guardará em logar ade-
quado segundo o criterio do agente da policia judiciaria militar.
§ único. Se o objecto. apresentádo for algum escripto, será rubricado pelo agente da po-
licía judiciaria militar e pela testemunha, sabendo escrever e, nao sabendo, pelo secretario.
Art. 69.° Se a testemunha nao souber fallar a lingua portngueza, o agente da policia ju-
diciaria militar requisitará um interprete á auctoridade competente. Ao interprete deferir-se-ha
juramento de fielmente traduzir as perguntas feitas pelo agente da policia judiciaria militar e as
respostas dadas pela testemunha, e o juramento deferido ao interprete deve constar do auto.
§ único. O depoimento feito por este modo será assignaclo polo interprete juntamente com
a testemunha.
Art. 70¿° Se a testemunha for surda e souber 1er, as perguntas lhe seráo feitas por es-
cripto e responderá de viva voz ;• se for surdo e mudo e souber 1er e escrever, as perguntas e
respostas serao feitas por escripto; se, porém, nao souber 1er nem escrever, o agente da policia
judiciaria militar nomeará por interprete a pessoa que mais hábilmente se entender com ella.
§ único. No ultimo caso d'este artigo, ao interprete se prestará juramento e assignará o
auto, nos termos do artigo anterior.
Art. 71.° Os dej>oimentos, antes de assignados, serSo lidos ás testemunhas, e o escrivao
fará mengao da leitura. As testemunhas podem confirmar os seus depoimentos, augmental-os, di-
minuil-os ou fazer qualquer outra alteragSo, e de tudo se fará mengao no seguimento do depoi-
mento, sem todavía se emendar o que já estiver escripto.
Art. 72.° Nos depoimentos das testemunhasnao haverá entrelinhas nem razuras, e as emen-
das serao resalvadas a margem, e a resalva assignada pelo agente da policia judiciaria militar,
escrivao e testemunha.
Art. 73.° Os depoimentos, depois de lidos, ser?io logo assignados pelo agente da policia judi-
ciaria militar, pela testemunha e pelo escrivao.
Se a testemunha n&o souber ou nao poder assignar, o escrivao fará mengao d'isso no finí
do depoimento, e este valerá com as assignaturas do agente da policía judiciaria militar e do es-
crivao.
Art. 74.° As testemunhas serao inquiridas na sala do quartel ou local onde for designado
para se levantar auto de corpo de delicto; todavía, quando alguma testemunha mostrar por at-
testado competente que se aclia impossibilitada de ahi comparecer, será inquirida no logar da sua
residencia, onde se transportará para esse effeito o agento da policia judiciaria militar com o es-
crivao.
631

§ único. Quando o agente da policia judiciaria militar, transportando-se á residencia da tes-


temunha, reconhecer que ella nao estava impossibilitada de comparecer, levará o facto ao co-
nhecimento da auctoridade militar, se a testemunha for militar, ou da auctoridade judicial, para
os effeitos do artigo 962.° da novissima reformajudiciaria, se a testemunha pertencer á classe
civil.
Art. 75.° Quando as testemunhas discordarem entre si sobre cireumstancias importantes do
crime, o agente da policia judiciaria militar procederá á confrontagáo de urnas com outras, e do
resultado se fará mengao em auto especial de aca.reagao.
Art. 76.° Se a testemunha nao quizer responder ás perguntas que Ihe forem feitas pelo
agenté da policia judiciaria militar, será por este levado o facto ao conhecimento da auctoridade
militar ou judicial competente, segundo a qualidade da testemunha, para estas auctoridades proce-
derem nos termos da leí.
Art. 77.° As testemunhas inquiridas no corpo de delicto téem por fimnao sómente demons-
trar a existencia do crime, mas tambem a verdade dos factos quanto ao presumido auctor; e,
n'esta conformidade, tanto serao ouvidas aquellas pessoas qué possam demonstrar a culpabilidade
d'elle, como a sua innocencia, o que tudo fica ao prudente criterio do agente da policia judiciaria
militar.
Art. 78.° Quando a testemunha que devá ser inquirida estiver presa, o agenté da policia
judiciaria militar requisitará da auctoridade competente que á testemunha lhe seja ápresentada,
ou transportar-se-ha ao logar da prisio para ahi a interrogar^
Art. 79.° A testemunha será inquirida com serénidade e sem precipitag^o. O agente da
policia judiciaria militar deve attender á educagao, intelligencia e carácter da testemunha, por
forma que, sendo pouco intelligente e menos instruida, se nao enleie com argumentos ou per-
guntas sophisticas que a possam levar a falsear involuntariamente a verdade.
Devem abster-se tambem os agentes da. policia judiciaria militar de empregar meios rudes
ou facéis familiaridades para com ás testemunhas. - '
Art. 80." Quando seja necessario apresentar á testemunha á pessoa do culpado, para ser por
ella reconhecido, nunca o culpado será apresentado só, mas sémpre ácompanhado de outros mi-
litares.
Se for necessario fazer o reconhecimento por mais de urna testemunha^ cada um d'elles
se fará separadamente.
Art. 81.° Quando o presumido culpado conteste a süa identidade peránté a testemunha que
o haja reconhecido, estabelecer-se-ha um dialogo entre elles, que será fácilmente referido no
auto, mencionando-se com exactidao as observagoes e as explicagoes dadas de parte a parte.
Art. 82.° Na redaegao do processo verbal deve comprehender-se o auto de noticia, a
participagao ou a queixa, quando isso tenha logar, e bem assim o exame e inspeegao ocular
directa ou de investigagao indirecta, e todos os demais termos precisos e que ficam indicados
para se verificar a existencia do delicto e cireumstancias de que este foi revestido, de forma a
assegurar ao acto um carácter de authenticidade que lhe de fé perante a justiga.
Sobre este facto deve observar-se:
1.° A enunciágiio da qualidade do agente da policia judiciaria militar, e logar em que exerce
as suas funegoes, para ficar evidenciada a sua competencia;
2.° Que o processo verbal verifique todos os factos materiaes constitutivos do crime;
3.° Que o agente da policia judiciaria militar sé abstenha absolutamente de emittir a sua
opiniao, ou de fazer apreciagoes pessoaes acerca dos factos verificados no corpo de delicto;
4.° Que o processo verbal constitua urna descripgao clara e precisa dos factos, os quaes
devem ser expostos na sua ordem natural e como elles se apresentaram ao seu exame;
5.° Que os termos empregados sejam simples, precisos e naturalmente enoaminhados.abem
exprimirem os acontecimentos, por forma que faga reviver em todos os seus detallies e com a
mais minuciosa exactidao, aos olhos dos juizes, os factos materiaes que viu ou ouviu;
6.a Que o auto seja únicamente escripto pelo escrivao;
7.° Relatar exactamente a natureza e qualidade dos objectos apprehendidos;
8.° Resalvar todas as emendas;
9.° Assignar e fazer assignar o auto por todas as pessoas que n'elle intervieram, com de-
claragfío expressa dos que nao assignam por nao saberem escrever.
Art. 83:° Nos crimes que nao deixani vestigios exteriores, ou que, deixando-os, tenham já
desapparecido, o corpo de delicto, chamado de facto transeúnte ou indirecto, faz-se por declara-
goes juradas a todas as pessoas que verosímilmente possam saber da verdade, e por quaesquer
outros moios de prova admissiveis em direito, como dispoe o artigo 343.° (modelo n.° 15).
Estes moios de prova consistem, aleni da citada prova testemunhal, em prova vocal (con-
fissao) e em prova instrumental (escriptos).
Art. 84." O agente da policia judiciaria militar, na verificagao do corpo de delicto de tacto
transeúnte, pode, deprecar ou transportar-se a qualquer localidade, dentro da área da divisáo
632

onde se deva realisar alguma diligencia judicial, e bem assim expedir cartas piscatorias (modelo
n.° 16), que podem ser dirigidas aos auditores militares, ñas sedes dos conselhos de guerra, ou a
quaesquer auctoridades militares para isso competentes, quando houver necessidade de proceder a
alguma diligencia em localidade dependente de outra divisao.
Art. 8o.° Na verificagao do corpo de delicto de facto transeúnte, os agentes da policia ju-
diciaria militar terSo em vista o que n'este regulamento fica indicado para os casos de corpo
de delicto directo em flagrante delicto.
Art. 86.° O crime de desergao dase em tempo de paz quando o militar, em effeetivo ser-
vigo, comnietter qualquer das iiifraegoes mencionadas nos n.os 1.° a 5.° do artigo 124.° Os

do artigo 126.° (modelo n.° 20). '/••-


reservistas tambem commettem o crime de desergao ñas hypotheses referidas nos n.os 1.° e 2.°
§ único. A verificagao do. crime de desergao faz-se em auto de corpo de delicto indirecto
(modelo n.° 21)'¿ nos termos do artigo 83.° d'este regulamento, com o desenvolvimentoestatuido
nos artigos immediatos.
Art. 87.° As ausencias illegitimas continuarlo a ser notadas nos documentos ein que é cos-
tume registarem-se; e, quando constituam desergao, o commandante da companhia ou batería
fará a participagao do facto.
§ 1.° Do mesmo modo se procederá ñas repartigoes e estabelecimentos dependentes do mi-
nisterio da guerra, cumprindo fazer a participagao ao chefe de repartigSo, da secgao ou do servigo
em que o ausente se achava empregado.
§ 2.° Os dias dé ausencia eontam-se por periodos de vínte e quatro horas, desde aquella
em que se verificar a falta.
Art. 88.° Os: commandantes dos corpos mandarao sempre annunciar na ordem regñnental
os números, nomes e coiupanhias das pragas ausentes sem licenga, e tambem quando estas se
constituam desertoras, a finí de que qualquer pessoa as possa capturar; e, quanto aos que exce-
derem as licengas concedidas, reclamarlo dos administradores dos concellios para onde a licenga
foi passada, a captura immediata da pi*aga illegalmente ausente.
Art. 89.° Apresentada a participagao -pelo crime de desergao, o agente da policia judiciaria
militar, directamente ou por delegagao, nos termos dos artigos 198.° e 200.°, procederá á forma-
gao do corpo de delicto indirecto, inquirindo as testemunhas referidas na participagao.
Art. 90;° Se a desergao. for eommettida, faltando o militar no logar onde tinha por obrigagao
achar-sé no cumpriiiiento do seu dever, deve verificar-se pelo depoimento de testemunhas, pelos
mappas e pelo livro de matricula, ó dia e hora da ausencia e a data do alistamento da praga,
para se reconhecer se o numero de días de ausencia, quinze ou trinta dias consecutivos, conforme
a praga tiver menos de seis mezes ou mais de seis mezes de praga, constituem desergao.
-
Art. 91.° Se a desergao foi eommettida por excesso de licenga, verificar precisamente, nfio
só pelo depoinientq de testemunhas como pelo exame dos documentos onde a licenga foi aver-
bada, o dia em que a mesma licenga tivesse finalisado o so depois d'esse dia, e sem causa justi-
ficada, a praga se conservou ausente por espago de vinte dias consecutivos.
Art. 92.° Se a desergao foi eommettida transitando a praga isoladamente, verificar pelos
depoimentos das testemunhas, pela copia da guia e itinerario, que deverá ser junta ao auto,
e por todos os documentos onde a ausencia fosse averbada, se a praga se conservou ausente por
espago de vinte dias consecutivos, contados d'aquelle em que devia ter feito a sua apreseiita-
g&o, e bem assim se ha ou nao causa que justificasse a falta.
Art. 93.° Se a desergao foi eommettida pela eircumstancia do numero de faltas de ausencia
illegitima durante doze mezes consecutivos, verificar pelo depoimento das testemunhas e pela ana-
lyse do livro de matricula, o numero de faltas de ausencia illegitima, que nao podem ser me-
nos de tres; se essas faltas estao comprehendidas no periodo de dozc mezes consecutivos e se
perfazem, no minimo, vinte dias de ausencia.
Art. 94.° Se a desergao foi eommettida por fuga de prisao, verificar o logar de onde o
militar se evadiu; que pode ser de cadeia ou de logar sujeito á disciplina militar, onde o
evasor estivesse detido em custodia (prisao preventiva) ou cumprindo pena. Verificar igualmente
e pelo registo da cadeia ou logar onde se achava a praga detida, ou cumprindo pena, o dia e
hora precisos da fuga e se desde esse dia se nao apresentou nem foi capturada, dentro do praso
de dez dias.
Art. 95.° Nos casos dos n.os 1.° e 2.° do artigo 126.°, a desergao verificar-se-ha por forma
.
que o corpo de delicto contenha todos os elementos de criminalidade ahi indicados, isto é, dia
da intimagao pessoal ou por editaes, praso decorrido sem que o militar tenha feito a sua apre-
sentagao, tempo de paz ou tempo de guerra.
Art. 96.° O corpo de delicto, nos crimes de desergao, segundo as cireumstancias, deve
sempre verificar:
1.° Se o militar estava de servigo, em marcha ou com prevengao de marcha;
2.° Se levou eavallo ou muar;
633

3.° Se levou artigos de armamento;


4.° Se subtrahiu quaesquer objectos pertencentes ao estado ou a militares e, n'este caso,
como dispoe o artigo 55.° d'este regulamento, determinar o valor d'esses objectos;
ñ.° Se desertou para paiz estrangeiro;
6.° Se houve concertó ou conjuragáo para desergao.
Art. 97.° Nos autos de corpo de delicto por crinie de desergao deve sempre verificar-se,
pelas livrangas, o numero de ragoes de p&o e dias de rancho de que a praga foi abonada no
niez em que o crime foi commettido, é bem assim se a liquidagao feita sobre o debito que a
praga deixou coincide com a conta corrente da praga com o conselho administrativo.
Art. 98.° O commandante do corpo, sé o regimentó nao tiver tido inspecgao no praso que
decorrer desde a ausencia até á apresentagáo ou captura, passará certidao ;authentica de quanto
se cóntiver na participagSo do commandante da conipanhia ou batería, depois de verificada pelo
corpo de delicto, e esta certidao ficará substituindo no archivo aquelle original.
Art. 99.° Continúa em vigor o que a respeito da apprehensao de desertores foi determinado
ñas ordehs do exercito de 24 de outubro de 1811, de 4 de agosto de 1836, de 24 de npvembro
de 1857, de 30 de novembro de 1858 e no aviso de 5 de outubro de.1857.
Art. 100.° Quando o desertor se aprésente ou seja capturado, o commandante dacompanhia
ou batería participará o facto, indicando a hora da apresentagáo ou captura, documento que. será

'.','....
junto ao auto, e no qual se mencionará o facto do desertor ter ou nao ápresentado o cavallo
ou muar que porventura levasse, e bem assim os artigos de armamento oU quaesquer outros
(modelo n.° 22).
§ único. Se a praga der entrada na casa de reclusao do quartel, o official de inspecgao dará
participagao do facto, participagao que será igualmente junta ao auto.
Art. 101.° No caso em que o desertor aprésente, por os ter levado quando se ausentou, ar-
tigos de fardamento ou quaesquer outros pertencentes ao estado, a participagao do commandante
da companhia ou baten a será entregue ao major, a finí de serení feitas as devidas alteragoes
nos registosicompetentes.
Art. 102.° Os autos de corpo de delicto, depois de concluidos, serio enviados, sem demora,
pelas vias competentes, ao commandante da divisao com todos os documentos, papéis e quaes-
quer outros objectos que digam respeito ao facto ou factos sobre que versou a instruegao preli-
minar.
§ único. Igualmente serao juntos aos autos os seguintes..documentos:
1." Cilicio de remessa do commandante do regimentó, limitando-se a resumir o facto ave-
riguado (modelo n.° 23);
2." Certidao do livro de matricula, transcrevendo-se n'ella as notas que o argüido possa
ter no registo disciplinar;
3.° Rol de testemunhas. Este rol, nos crimes de desergao, quando já nao estejam no regi-
mentó as testemunhas inquiridas no auto de corpo de delicto, será organisado com. outras tes-
temunhas presentes e que possam depor sobre o facto, ainda que nao seja senáo por ouvir.
Art. 103.° Exceptuam-se da disposigao do artigo antecedente os autos de corpo de delicto
por crimes de desergao, os quaes ficarao archivados na pasta E, e servirao de títulos para le-
gitimar, perante o fiscal da adniinistragao militar, os abonos feitos em niostra, e perante o inspector,
as verbas langadas nos registos dos corpos; e tambem para abater na carga do regimentó os ar-
tigos levados pelos desertores, assim como para justificar as quantias abonadas pelas dividas ao
cofre de fardamento, quando os desertores ficassem devedores.
Art. 104." Se a patente do delinquente for superior á de teñen te coronel, os autos e mais
documentos e objectos que com elles se relacionem serao enviados ao ministerio da guerra, 5.a
repartigSo.
CAPITULOIV

Da instruegao ordinaria ou summario da culpa


Art. 105.° O summario da culpa é sempre ordenado pelo general commandante da divisEo,
se o delinquente tiver patente inferior a coronel (modelos n.as 24 e 25). A respeito dos argüidos
com as patentes de coronel ou general, essa faculdade pertence ao ministro da guerra.
§ 1:.° Se, pelo corpo de delicto, se verificar que ao crime corresponde a pena de prisao
militar ou encorporagao, o summario da culpa é dispensado; devendo logo mandar-se proceder
á accusagíio do presumido delinquente, nos termos do artigo.387.a e seguintes (modelo n.° 26).
§ .2.° No caso do § 1.° d'este artigo, o corpo de delicto antes do despacho do commandante
da divisáo, será sempre enviado ao promotor de justiga, para este informar o que se lhe offerecer
sobre quaesquer omissoes do auto e para os effeitos da respectiva incriminagao.
Art. 106.a O processo, com ordem para fbrmacao da culpa, será enviado ao promotor de
justiga para os effeitos do artigo 355.a
so
634

Art. 107.° A instrucgSo do processo pertence aos auditores, que téem a faculdade de pro-
ceder a todas as diligencias que em seu criterio julgarem uteis e indispensaveis para chegarem
á indagagáo da verdade dos factos.
Art. 108.a Os auditores, nos interrogatorios aos culpados, terao em vista o que fica dito no
capitulo ni d'este regulamento, e bem assim o qué a tal respeito determina, e no que for appli-
cavel, o capitulo vil Das perguntas da novissima reforma judiciaria, e artigos 1:068.a, 1:069.° e
1:070.° da mesma reforma.
§ 1.° Os interrogatorios serao feitos na presenca do secretario do conselho, que os escreverá
com as respectivas respostas.
§ 2." Aos interrogatorios poderá sempre assistir o promotor de justiga, e é obrigaturia a pre-
sengá do defensor quando o presumido delinquente for menor de dezoito anuos.
Art. 109.a As testemunhas moradoras na enmarca judicial em que tem sede o conselho de
guerra, serao inquiridas pelo auditor, na presenga do becrétario do conselho, que escreverá os
séüs depoimentos.
§ 1.° Na inqúirigao das testemunhas seguir-se-ha, no que for applicavel, as disposigoes
expressas no capitulo Vi do titulo xxi da novissima reforma judiciaria.
§ 2.a As testemunhas militares serao requisitadas aos respectivos superiores, e as civis
serao intimadas (modelo n.° 27) pelos meirinhos da justiga militar.
Art. 110.a As testemunhas moradoras fóra.da comarca em que tem sede o conselho de
guerra serEo inquiridas por deprecada, a qual deverá conter o noine, pi*ofissSo, residencia e
mais indicagoes sobre as testemunhas mandadas ouvir, e os artigos que contiverem os pontos de
facto sobre que dévein ser inquiridas (modelo n.° 28)*
§ 1.° Estas deprecadas devem ser dirigidas aos auditores das outras divisoes militares,
quando as testemunhas residirem na comarca judicial em que tem sede algum conselho de
guerra; e, fóra d;estes casos, aos juizes de direito ou commandantes militares das localidades.
§ 2.° Quando forem dirigidas aos commandantes militares, estes, tendo a faculdade de dele-
gar a ácgao judicial n'um seu subordinado, nos termos do artigo 200.a, podem nomear um ofBciaí
seu subordinado para proceder á inqúirigao.
Art. 111.a Concluidas as diligencias judiciaes para o summario da culpa e langada nos
autos a exposigao do auditor, com as conclusoes indicadas ño artigo 373.a, será o processo entre-
gue ao promotor de justiga, o qual, com a sua informagáo em separado, o remetterá ao general
da divisao, para os effeitos dos artigos 375.° e 376.a
Art. 112.° Se do processo resultaren! indicios de criminalidáde contra algum militar que
seja áo mesmo tempo par do reino ou deputado da nagao, o commandante da divisao, se o crime
tiver sido conimettido durante o periodo da legislatura, depois do seu despacho ordenando que a
accusagao seja instaurada, más sem prisao do culpado, remetiera o processo ao ministro da guerra
para esta auctoridade, assim como nos processos relativos a generaes e coronéis, que igualmente
forem pares ou deputados, o remetter por seu turno ao tribunal competente, nos termos da leí.
Art. 113.a O summario da culpa nao pode formar-se sem ordem do commandanteda divisao,
e os promotores de justiga, nás suas exposicoes, devem conformar-se com a ineriminagao feita
n'essa ordem.
§ único. Nao obstante o disposto n'este artigo, a qualificagao do facto criminoso feita pelo
general commandante da divisao pode ser modificada posteriormente, em resultado das provas
colligidas no summario da culpa.
CAPITULO V

Da áccusagao e prisao dos culpados


Art. 114.a Logo que, por despacho do general da divisao ou do ministro da guerra, confor-
me as hypotheses referidas nos artigos 376.° e 377.°, se mandar instaurar a accusagEo, os réus
serEo presos, quando já o nao estejam, a requisigao dos promotores de justiga (modelo n.° 31).
§ único. A prisao sómente será requisitada quando, por virtude do que dispoe o capitulo III
do titulo i do livro IV nao for concedida homenageni aos réus militares.
Art. 115.a Os chefes dos estabelecimentosdestinados a receberem militares preventivamente
presos, cumprirao fielmente as requisigoes sobre incommunicabilidade, quando lhes forem diri-
gidas, quer pelo agente da policia judiciaria militar, quer pelos auditores dos conselhos de guerra.
§ único. Fóra d'este caso, a prisao preventiva nunca poderá ser aggravada por disposi-
goes arbitrarias, e os presos estarao todos igualmente sujeitos ao regulamento e régimen interior
da prisEo; devendo, comtudo, sempre que qualquer dos presos for accusado por um crime repu-
gnante e que denote urna moralidade inferior, ser separado dos seus companheiros de carcere
acensados de crimes pouco graves.
Art. 116.° Os mesmos chefes referidos no artigo antecedente mandarao por á disposigEo
dos auditores e promotores, quando por estes reclamados durante a instrucgEo do processo, os
635

presos em prisao preventiva; e bem assim os farao apresentar ao presidente do conselho de guerra
quando por este reclamados para serení julgados.
Art. 117.a As mesmas autoridades permittirao sempre a entrada na prisao aos auditores e
promotores. Igualmente a permittirSó ao secretario do conselho ou qualquer outro empregado do
tribunal, quando tenham de fazer alguma intimagao.

CAPITULO vi
Da nomeagao dos oonselhós de guerra
Art. 118.a A nomeagao dos conselhos de.guerra será feita conforme as disposigoes expressas
nos artigos 208.°, 209.° e 210.a, quinze dias antes de comegar a funecionar cada turno de juizes.
§ único. O conselho de guerra, com a constituigEo estatuida no artigo 208.a, comegará o
seu exercicio no dia 1.° de maio, e a nomeagao recaírá, nos termos do artigo 209.a, sobre os
officiaes a queni esse servigo pertenga por escala, sobre as antigás listas, que para esse effeito
soffrerao as correegoes necessarias para manter-se a nova constituigEo dos jürys.
Art. 119.a Pela repartigSo de justiga das divisoes militares serao remettidas relagoes do
presidente, vogaes e sUpplentes que devem compor o conselho de guerra a cada um dos officiaes
nomeados; e, quando n'elles se dé a incompatibilidade prevista no artigo 196.a, prevenirEo d'isso
immediatamente aquella repartigao de justiga, para Os effeitos do artigo 122.° d'este regulamento.
§ 1.° Igual relagao será remettida aos promotores de justiga, os quaes d'ella mandarao
tirar Urna copia authentiea para ser affixada em tabella na porta da sala da audiencia, mandando
archivar o original.
§ 2." Sempre que o conselho de guerra seja alterado, na forma do que dispoem os artigos
217.a e 218:°, essa relagao será substituida por outrá formulada de harmonía com a ultima
nomeagao.
§ 3." Os officiaes accidentalmente nomeados para a composigao do conselho, desempenharao
tal servigo sem prejuizo do que lhe possa pertencer no quadrimestre seguinte.
§ 4.a Nao poderEo ser nomeados, ainda que Ihes pertenga por escala, para fazeretn parte
de um conselho de guerra, emquanto se acharem em tirocinio para o posto immediato, os
officiaes a que se referem os artigos 118.° e 119.a d'este regulamento.
Art. 120.° Quanto aos officiaes do mesmo corpo que nao podem fazer parte do conselho de
guerra no mesmo quadrimestre, seguir-se-ha strietamente o que se acha disposto no artigo 212.a
e seu § único.
§ único. Nao poderao ser nomeados para fazer parte de um conselho de guerra no mesmo
quadrimestre mais de dois officiaes de cada repartigao do ministerio da guerra, e serao nomea-
dos de preferencia os mais graduados, e, em igualdade de graduagao, os mais ántigos; devendo
attender-se a que, em cada repártigEo, fique sempre o chefe ou o sub-ehefe.
Art. 121.° Quando, dadas as cireumstancias referidas nos artigos 213.a e 218.a, houver de
ser alterado no todo ou em parte uní conselho de guerra, os generaes farao enviar ao promotor
de justiga a reKgao da nova composigSo, feita sempre segundo as regras do artigo 209.a, e na
acta da sessao referir-se-ha a causa que deu origem a essa alteragao.
§ único. No impedimento dos auditores seguir-se-ha o que fica indicado no artigo 255."
Art. 122.a A incapacidade prevista no artigo 196.° será attendida nos quarteis generaes
das divisoes quando os officiaes nomeados para um quadrimestre, depois de terem conhecimento
das suas nomeagoes nos termos do artigo anterior, assim o communicarem á repartigao de justiga.
§ único. As incompatibilidades previstas no artigo 197.a serao allegadas em audiencia e
ahi attendidas pelo presidente. Se, porém, a incompatibilidade se der no mesmo presidente,
este prevenirá o official superior vogal para o substituir, devendo a acta fazer mengao das alte-
ragoes.
CAPITULO VII

Da discussao da casa em audiencia

Art. 123.a No exame e julgamento da causa, por meio de urna discussao definitiva, oral e
publica, contraditoria com o réu, procurar-se-hao as provas que conduzam á certeza que se
procura demonstrar.
Art. 124.a Designado o dia para a discussao de urna causa, o presidente do conselho de
guerra mandará fazer os avisos necessarios a fim de que o julgamento nao deixe de ter logar.
O presidente providenciará nos casos em que a audiencia tenha de continuar de noite, a fim de
que a sala das sessoes e mais dependencias sejam illuminadas convenientemente; e a despeza
assim feita será paga por meio de recibo assignado pelas mesmas pessoas de que falla o artigo 5.a
d'este regulamento.
636

Art. 125.a Para cada tribunal será nomeada urna guarda de honra de um sargento, um cabo
e doze soldados; urna ordenanca e as escoltas necessarias, ou os officiaes ou sargentos que deverem
acompanhar os réus.
Art. 126.a Os juizes militares, promotor, defensor e secretario comparecerao com o grande
uniforme e mais condigoes de que trata o artigo 404.a
Art. 127.a Assistem á sessao todos os juizes effectivos e igualmente o supplente, que tomarao
logar como fica indicado no artigo 405.a O supplente assentar-se-ha do lado direito do presidente
a seguir ao ultimo juiz efiectivo, O secretario ficará em mesa separada, dando a direita ao pre-
sidente, quando a sala do tribunal a isso se preste; do contrario, assentar-se-ha em frente do
presidente, mas em mesa separada.
§ único. O supplente nao toma parte na conferencia, mas demorar-se-ha na sala da audien-
cia até á publicagEo "da* sentenga.
Art. 128.° Constituido o tribunal e aberta a audiencia, o presidente declarará aberta a ses-
sao, mandando pelo empregado do tribunal annunciar, fóra do recinto da sala da audiencia, que
a sessao foi aberta.
§ único. Logo que esteja constituido o tribunal, o réu será introduzido na sala, depois de
previamente revistado.
Art. 129.a As attribuigoes do presidente sao de duas ordens: urnas referein-se á policía
da audiencia, nos termos do artigo 40*,° § 1.°; outras aos seus poderes discricionarios para
a direcgao dos debates, nos termos do § 2.a do mesmo artigo.
—Art. 130.° As attribuigoes do presidente relativas á policia terao por objecto manter a or-
dem, a segurañga, o socego e a dignidade das operagoes da justiga, e para esse fim, quando
esgotados todos os nieios de prudencia aconselhados em táes casos, poderá:
a) Reclamar a forgá publica;
b) Mandar saír da sala os espectadores que derem signaes de approvagao ou reprovagSo,
fizerem árruido, ou por qualquer modo faltaren*, ao respeito devido ao tribunal;
c) Autuar e condemnar immediatamente a pena de prisao, nEo excedente a quinze dias,
as desobediencias ás suas ordens, salvo hávendo crime mais grave — quer o infractor seja mili-
tar, quer seja civil;
d) Mandar levantar auto por crime que se commetta ou descubra durante a audiencia;
e) Ordenar que o réu seja conduzido á forga, quando se recuse a comparecer em au-
diencia, salvo se o conselho resolver que se proceda á discussEo da causa sem a presenga do
culpado;
/) Mandar retirar da audiencia o réu ñas cireumstancias referidas no § 2.° do artigo 411.a
Art. 131.a O presidente; na discussao dos debates, usando dos seus poderes discricionarios,
ños termos expressos no § 2.° do artigo 408.°, terá em vista, únicamente, o descobrimento da
verdade, evitando sempre o prolongar ou mandar proceder a diligencias que de anfemao se re-
conhegá nEo poderem dar resultado, mas que sejam ás vezes reclamadas para protelar o julga-
mento.
§ único. NEo poderá ser imposto ao presidente nenhum acto das suas attribuigoes, mas po-
dem ser reclamadospelo promotor de justiga ou pelo defensor do réu.
Art. 132.a Nao deverao nunca confimdir-se as attribuigoes pessoaes do presidente com as
attribuigoes do conselho de guerra. O conselho de guerra intervem:
1.a Quando procede em virtude de urna delegagao da lei;
2.° Quando-executa actos que nao téem sido directamente attribuidos ao presidente;
3.a Quando resolve sobre incidentes contenciosos.
Art. 133.° O conselho procede em virtude de unía delegagao da lei:
-
a) Quando, nos termos do § 3.a do artigo 408.a, tem que resolver se a audiencia do julga-
mento deve ser publica ou secreta;
b) Quando, nos termos do § 1.a do artigo 411.°, delibera se deve proceder-se á discussEo da
causa, sem que o réu esteja presente;
c) Quando a testemunha, na forma expressa no artigo 420.a, deve ser aecusada por
perjura;
d) Quando decide, como é indicado nos artigos 421.a, §§ 1.a e 2.a, e 422.°, sobre a neces-
sidade da testeniunha ser ouvida em audiencia.
Art. 134.a Sempre que a resolugEo de urna materia nEo tenha, sido exclusivamente attribuida
ao presidente, é ao conselho que cumpre resolvel-a.
Art. 135.a Em todas as excepgoes, quer sejam declinatorias quer sejam peremptorias e inci-
dentes contenciosos deduzidos pela aecusagao ou pela defeza, cumpre ao conselho resolver, como
é expresso no artigo 415.a, § único.
Art. 136.a As excepgoes de incompetencia ou declinatorias sao aquellas em que se pede
para a causa ser enviada a outro tribunal, por falta de competencia d'aquelle onde o processo
está affecto, já porque o facto incriminado nEo entra ñas attribuigoes da jurisdiegao do tribunal,
637

já porque o réu em rasEo da sua qualidade nao pode ahi ser julgado, já porque o crime foi com
mettido fóra da jurisdicgEo d'esse mesmo tribunal.
As outras excppgoes, chamadas peremptorias, sao aquellas que visara a extinguir a acgao,
negando o direito de proseguir a toda a jurisdicgao, taes como a prescripcEo, causa julgada e
amnistía.
Art. 137.° Incidentes contenciosos sao todas as questoes que os requerimentos do ministerio
publico ou da defeza levantam e que interrompem o curso regular dos debates.
Art. 138.a O promotor de justiga, como representante do ministerio publico, tanto nos
incidentes como na discussao, conservar-se-ha sempre assentado,
§ único. O defensor, como representante dos interesses do réu, no uso da palavra, conservar-
se-ha sempre em pé; e, no acto das allegagdes oraes, quando fizer a defeza do seu éónstituinte,
este, estará igualmente em pé.
Art, 139.a Quando o conselho de guerra resolver, nos termos do artigo 421.a, § 2.a, que
sejaní ouvidas em audiencia alguma ou algumas testemunhas que já tivessem sido inquiridas por
deprecada, o presidente dará conhecimento da resolügao do conselho ao general da divisao, indi-
caiido-lhe os nomes, profissoes e moradas das testemunlias que téem de depor oralmente perante
o conselho de guerra, e o dia ein que o novo julgamento deve ter logar.
§ único. Se as testemunhas forem militares, o general da divisao ordenará que os chefes a
quein ellas estiverem subordinadas as mandem apresentar no tribunal;, se pertencerem á. clas.se
civil, mandará passar guias de transporte, que rémmetterá á auctoridade administrativa ou judi-
cial a quera recorrer para intimar as testemunhas requisitadas.
Art. 140.a Os conselhos de guerra, apenas ás testemunhas concluam os seus depoimentos,
entregar-Ihes-liEo um titulo (modelo n.° 34) designando á quantia a que téem direito pelos dias
em que estiverem fóra das suas residencias e distrahidos das suas oecupagoes ordinarias, e pelos
kilómetros qué percorreram e tiverem aindá para pereorrer pela estrada ordinaria até voltarem
commandante da divisao. -..-
ao seu domicilio; e^ álem d'istó, prevenil-as-hEó de que esse titulo teñí de ser visado pelo general
Art. 141.a Terminada a conferencia para julgamento dá causa, os: juizes voltarao á sala da
audiencia, retomando os seus logares.
§ único. A guarda de honra já a este tempo deve achár-se formada no fundo dá sala da
audiencia, com as barretinas na cabega e as armas perfiladas.
Art. 142.a Logo, que os juizes tenham retomado os seus logares e a guarda de honra esteja
formada, como fica determinado ño artigo antecedente, o preso será conduzido até junto da teia,
pela escolta ou pessoa que o acompanhar, que se conservarao próximo d'elle. ;
Art. 143.° O presidente indicará que vae publicarse a decisao do conselho, e ehtao os; juizes
se cobrirEo e porEo de pé; e, quando o presidente pronunciar a formula 'em nomei da lei e de
El-Hei, a guarda e escolta apresentarao as armas e os mesmos juizes desembainharao as suas
espadas.
§ único. No caso do artigo 450.a, o presidente, em logar de pronunciar a fórmula indicada
no artigo anterior, publicará o seu despacho e mandará recolher o réu á prisao.
Art. 144.a Qualquer que seja a resolugEo do conselho de guerra, na forma ex2)ressa nos
artigos 448.° e 449.a, o auditor publicará sempre a sentenga, quer seja absolutoria por ausencia
de provas ou negagao de lei prohibitiva, quer seja condemnatoria por comprovagao de culpa-
bilidade.
§ 1.a Finda que seja a leitura da sentenga pelo secretario, a guarda e escolta restituirEo
as armas á posigEo de «perfilar» e os officiaes embainharáo as suas espadas.
§ 2.° No caso de absolvigao por ausencia de provas, o presidente mandai-á por em liber-
dade o réu, o qual irá livre e soltó apresentar-se ao quartel general, com guia assignada pelo
mesmo presidente, sendo entregue á escolta ou militar que o acompanhar urna copia da sentenga
absolutoria, que servirá ¡Jara justificar a nao apresentagáo do preso que lhes fóra entregue e bem
assim para o fazer abater no registe da prisao.
Art. 145.° O secretario fará publicamente a intimagEo e com ella a advertencia de que
o réu pode recorrer d'ella, se tiver fundamento, dentro do praso legal (indicando qual seja), e a
nianeira por que pode fazel-o; e, no caso do conselho decidir que os factos imputados nEo sao
incriminados em lei, ou quando se dé a circumstancia mencionada no § 1.a do artigo 493.a que
o processo, com recurso obrigatorio, vae ser remettido para o supremo conselho de justiga
militar.
§ único. A sentenga absolutoria por ausencia de provas, nos termos do artigo 448.a, passa
logo em julgado; as outras sentengas só passam em julgado quando decorridos os prasos da lei.
Art. 146.a O réu que nEo for absolvido por ausencia de provas, voltará sempre acompa-
nhado pelo mesmo modo por que veiu para a audiencia de julgamento, e ficará recluso:
1.° Se a sentenga.for condemnatoria, aínda mesmo com pena disciplinar;
2.a Se for absolutoria por negagao de lei prohibitiva, nos termos do artigo 452.a;
638

3.° Se a decísao do coitselho for añnullada por despacho do presidente, proferida na COD-
formidade do artigo 450.a;
4.a Se em seguida á publicagEo da sentenga o ministerio publico interpozer recurso para
o supremo conselho de justiga militar, fundado em aggravo interposto nos autos antes das alle-
gagoes oraes;
5.a Se em audiencia tiver sido instaurado contra o réu novo processo, ou por qualquer outro
crime deva ser conservado em prisao.
Art. 147.a Terminada a publicagEo e intimagao da sentenga, o secretario lavrará a acta da
audiencia (modelos n.as 36 a,39), e seguirse-hao os mais termos até final. Todo o pessoal do con-
selho e a guarda do tribunal se conservará presente até que o presidente levante a sessEo e dé
por terminado o servigo.
Art. 148." A audiencia de julgamento será continúa até á publicagEo da sentenga, como é
expresso no § 4.° do artigo 408.a
Art. 149." Na sala da audiencia estarao os empregadós menores do tribunal que forem
ñecessarios, os quaes se conservarao de pé.
Art. 150.° O presidente, sempre que o julgue necessario, poderá reclamar maior forgá para-
a. guarda do tribunal, e dispoi* d'ella e cüllocal-a como convier, ou tomar qualquer outra provi-
dencia tendente a manter a policia, a asegurar a ordem e o livre exercicio das funcgoes que a
lei commette ao tribunal, como fica indicado no artigo 130.a d'este regulamento.

CAPITULO VIII
Do supremo cbnsellio dé justiga multar

Art. 151.° Ñas sessoes do supremo conselho de justiga militar a distribuigao dos logares
farseaba por modo análogo ao que está preScripto para os cons.elhos de guerra (artigo 405.a),
tomando o presidente assento á cábeceira da mesa e em logar mais elevado; á sua esquerda to-
mará logar o juiz relator; no primeiro logar á sua direita, o vogal mais graduado; no segundo
logar á esquerda, o segundo vogal em graduagEo; no segundo logar á direita, o terceiro vogal em
gráduagao, e assim alternadamente quando funceione maior numero de juizes. O secretario as-
sentar-se-ha em frente do presidente^ mas em mesa separada; e igualmente em mesas separadas
tomarSo logar o promotor á direita e o defensor á esquerda.
Art. 152.a Ñas sessoes em que funccionám todos os juizes do tribunal, o adjunto do juiz
relator tomará logar á esquerda do juiz relator, e os demais juizes segundo o que fica disposto
ño artigo antecedente.
Art. 153.° Sobre a mesa estarao sempre os quatro exemplares de que trata o artigo 407.°
Art. 154.a O réu, quando ñas condigoes do artigo 483.a assistir ao julgamentoda causa, com-
parecerá semprepreso, aínda quando nEo estivesse em prisEo fechada até entao. Nomear-se-hao,
como dispoe o artigo 125.a d'este regulamento, as escoltas ou militares que o devem acompanhar.
Art. 155.a Quando em algum dos membros do supremo conselho de justiga militar se dé
qualquer das incompatibilidades previstas no artigo 197.a, fal-a-ha constar ao presidente logo que
a causa esteja inscripta ná tabella.
Art. 156.a O secretario lavrará a acta da sessEo, fazendo n'ella mengEo de se haver ob-
servado cada urna das formalidades prescriptas no capitulo vi, secgáo II do titulo 1 do livro IV,
e d'ella deve constar:
1.a O dia, mez e auno em que se reuniu o tribunal, e para que fim;
2.a O nome e appellido do accusado e corporagao a que pertence;
3.a O crime de que se tratar;
4.° Os nomes e graduagoes dos juizes, e bem assim do promotor;
5.a Que a audiencia foi publica, ou a rasao por que fojfisecreta;
6.° O que faz objecto do recurso, e como foi decidido}(modelos n.as 43 a 45).
Art. 157.° Das sentengas e accordSos definitivos que forem enviados aos commandante
das divisoes para os fazerem cumprir, tirar-se-ha copia no quartel general, a fim de ser remettida
ao corpo do réu ou repartigEo a que elle pertenga, declarando-se quaes os effeitos legaes e penas
accessorias resultantes da condemnagao, quando todas nao estejam enumeradas, a fim de se lan-
garem as precisas notas nos assentamentos dos réus.

CAPITULOIX
Disposigoes communs aos dois capítulos antecedentes
Art. 158.° O juramento obrigatorio, nos termos do § único do artigo 195.a, para os militares
que, estando fóra da actividade do servigo, exercerem funcgoes de justiga militar, será deferido:
Pelo ministro da guerra, ao presidente do supremo conselho de justiga militar ;
639

Pelos generaes commandantes das divisoes, aos presidentes dos conselhos de guerra;
Pelo presidente do supremo conselho de justiga militar, aos vogaes do respectivo tribunal;
Pelos presidentes dos conselhos de guerra, aos vogaes dos seus respectivos tribunaes e
seus defensores.
CAPITULO x

Da execugao das senténgas


Art. 159.a Quando as senténgas dos tribunaes militares tenham feito transito em julgado,
seriío mandadas execütar, a requerimento dos promotores de justiga, pelas auctoridades que
tiverem mandado responder o accusado em conselho de guerra.
§ uñico. O cmrvpra se d'essas auctoridades nEo será posto quando a sentenga impozer a pena
de morte, sem resolugao do poder moderador, como é expresso no artigo 515.a, § ünico.
Art. 160.a Quando os promotores de qualquer dos tribunaes requererem a execugao da
pena ultima, o general remetiera o processo á 5.a repartigao da secretaria, da guerra, e só lhe
pora o campra'-se quando lhe for cominunieado que o soberano julgou nao déver fazer uso da
prerogativa consignada no § 7.a do artigo 74.a da carta constitucional.
Art. 161.a Os effeitos das penas appiicadas conforme a lei pelos tribunaes militares, sao
consequencia necessaria da condemnagao, enibora as senténgas condeinnatorias as nao espeeifi-
queni, como dispoe o artigo 28.a; porém os promotores, quando requererem a sua execugao,
promoverao a applicagao das penas accessorias com a principal, indicando os fundamentos do
pedido, se as senténgas nao as tiverem declarado (modelo n.° 46).
§ único. Pelo que reSpeita á inscripgEo no registo criminal das senténgas dos tribunaes
militares, seguir-se-ha o que se acha expresso no artigo 31.a do regulamento do ministerio
publico de 19 de novembro de 1880.
Art, 162.a No caso em que o supremo conselho de justiga militar decida, definitivamente
nos termos do artigo 493.a, incumbe ao promotor de justiga do tribunal de 2.a instancia requi-
sitar da auctoridade competente, em conformidade com o artigo 517.°, o cumpriinento da sen-
tenga condemnatoria.
§ único. Em todos os casos o processo, quando findo^ baixará sempre ao tribunal que o
julgou, e ahi ficará archivado.
Art. 163.a As penas de prisEo maior cellular e degredo, e bem assim as penas de prisEo
maior temporaria estabelecidas na lei geral, serao cumpridas em conformidade com ás disposigoes
do código penal e respectivos regulamentos.
Art. 164.° As penas de reclusEo, presidio militar, deportágEo, prisEo militar e encorporácao
em deposito disciplinar, serao cumpridas segundo o que está determinado nos artigos 20.°, 21.°,
22.°, 23.a e 24.°
Art. 165.a A pena de presidio militar, quando imposta até tres ánnos, será eumprida como
dispoe o artigo 21.a e nEo se faz acompanhar de outros effeitos.
§ 1.a A mesma pena, quando imposta por mais de tres e por menos de seis annos, se o
réu é official, inhabilita-o de ser promovido, salvo por distincgEo no campo da batalha; se ó
praga de pret, produz-lhe a baixa de posto e tem como accessoria a pena de tres anuos de depor-
tágEo militar.
§ 2.a A mesma pena, quando imposta por mais de seis annos, tem como accessoria para
os officiaes a demissEo e para as pragas de pret a baixa de posto e a deportágEo por tempo
igual ao de presidio.
Art. 166.° O official condemnado n'alguma das penas referidas no artigo 19.a e seu § único,
é exauctorado, e depois de se executarem as formalidades do artigo 165.a d'este regulamento,
quando devam ter logar, ou quando a sentenga passe em julgado, ó que se lhe confere a escusa
do servigo, publicando-se a sentenga e o decreto que n'ella se funda.
§ 1.a Quando, porém, o official for condemnado na pena de presidio militar por mais de
seis annos, ou por algum dos crimes mencionados no artigo 27.a, quando a pena correspondente
a esse crime nao seja pena maior que importe exauctoragEo, o réu, apesar de ser abatido do
effeetivo do exercito e de se ter publicado a sentenga e o decreto, será conservado em prisEo
militar e separado das pragas de pret todo o tempo que a sentenga designar, entregando-se-Jhe
a escusa do servigo no dia em que for posto.em íiberdade.
§ 2.a No caso do paragrapho antecedente, o réu tem direito a reeeber, como pensSo alimen-
ticia, metade do soldó pela tarifa de 1814, do ultimo posto que exerceu, emquanto se conservar
preso.
Art. 167.° A execugSo da pena de exauctoragEo, fóra dos casos indicados no § 2.a do
artigo 25.a, terá sempre logar na frente da tropa reunida e em logar vedado ao publico. Assis-
tirao ao acto contingentes dos corpos estacionados no local onde se efFectuar a exauctoragEo e
bem assim do corpo do réu, compostos de dois officiaes, dois sargentos, dois tambores, cornetei-
640

• ros ou clarins e trinta e seis cabos e soldados. Todas as pragas comparecerEo a pé e desar-
madas; excepto o contingente do corpo do réu, do qual irao sempre armados um sargento, dois
cabos e dez soldados.
§ 1.a No logar marcado para a exauctoragEo, e á hora indicada, achar-se-hSo presentes o
official superior de dia á guarnigEo, um official do quartel general, o promotor e o secretario
do tribunal que proferiu a sentenga.
§ 2.a O official superior de dia á guarnigEo assumirá o commando das tropas e dirigirá o
acto da exauctoracao ; porém, se nao houver official superior de dia á guarnigEo, o general da di-
visao noníeará üin official superior para esse fim.
Art. 168.° O condemnado á exauctoragEo será conduzido ao centro da tropa formada em
quadrado e vira com o seu uniforme.
Dentro: do quadrado sé acharEo os officiaes e secretario de que falla o artigo antecedente;
e formados n'unia só fileira, os corneteiros, tambores e clarins; e ahi, perante todos, será lida
pelo secretario á sentenga condemnatoria, depois da qual se procederá á exauctoragEo.
Dois dos tanilioréSj corneteiros ou clarins serao encarregados de privar o condemnado dos
distinctivos militares; porém, o official que presidir á exauctoragEo nEo consentirá que se ex-
ceda o formulario indicado no presente, regulamento. Ao condemnado apenas se tirarao o lago
nacional, o numeró do regimentó que trouxer na barretina ou no barrete de policia ou na gola";
a banda, os galoes e dragonas ou charlateiras de qualquer posto ou graduagao que baja exer-
cido; as cóndecoracoes; .os botoes do casaco, jaleco ou capote. A espada ser-lhe-ha quebrada
se for official. E nada mais se consentirá, quaiqüer que seja a graduagao ou o crime do sen-
tenciado.
O official que commandar a forga empregará os meios precisos, a fim de se cumprirem
exactamente as formalidades, obrigando o réu pela torga, se elle reagir ou procurar impedir a
execugEo da sentenga.
Apenas terminada a exauctoragEo, o commandante da forga mandará volver á retaguarda,
é todos oS tambores rufarao até que o condemnado haja desapparecido.
O condemnado será n'este acto entregue aos agentes das justigas ordinarias, que o espe-
rarao fóra do quadrado e ahi o receberao depois de expulso^ e tambem a baixa do servigo mili-
tar e a copia da sentenga, á qual o secretario acreseentará a certidSo (modelo n.° 47).
O commandante fará depois desfilar a tropa, e dará parte ao general de como se cumpriu
o seu despacho. No processo se lángara jior encerramento a mesma certidao (modelo n,° 47),
na qual o promotor declarará que foi presente e pora a sua rubrica.
Art. 169.a Nos casus em que a exauctoragEo resulte da sentenga condemnatoria, logo que
esta faz transito em julgado, sem dependencia das formalidades a que se referem os artigos 167.a
e 168.a d'este regulamento, o condemnado será posto á disposigao das justigas ordinarias, a
quem tambem se entregará a baixa do servigo militar e a copia da sentenga.
§ unicó. O condemnado nao poderá levar ríos seus uniformes distinctivos militares, os quaes
lhe serEo previamente tirados antes de se éffectuar o acto da entrega.
Art. 170.° A execugEo da pena de morte far-se-ha siniilhantemente á da exauctoragEo, con-
correndo as mesmas pessoas indicadas no artigo 167.a d'este regulamento, e alem d'ellas dois
facultativos militares; porém empregar se-hao as seguintes modificagoes:
1.a A tropa formará em linha ou em jiequenas columnas contiguas, segundo acapacidade
do local;
2.a Só assistirá com armas a secgao de que falla o artigo seguinte;
3.a A sentenga será lida á tropa reunida antes da approximagao do condemnado.
Art. 171.a A execugao ó confiada á determinagEo do general da divisEo ou do official com-
mandante da forga nomeada por elle; mas destinar-se-ha sempre unía secgEo de seis filas, com-
posta de quatro sargentos, quat.ro cabos e quatro soldados, tirados dos mais antigos em cada
urna d'estas classes que. houver no corpo do réu, e quando para isto haja impedimento, dos con-
tingentes que deverem assistir.
O paciente, depois de lhe serení ministrados todos os soccorros espirituaes, para o que se
lhe concederEo tres días, será conduzido á frente da tropa, aeompanhado do ministro da sua
réligiSo,. e ser-lhe-hao vendados os olhos; a secgSo avangará até á distancia de doze passos,
seni que seja necessario fazel-o á voz, e d'ahi atirará sobre o condemnado,
E ao major da praca, e na sua falta ao ajudante ou official mandado pelo quartel general,
a quem compete dirigir a secgEo da tropa e quem a manda avángar: as vozes seguintes de pre-
parar, apontar e j'ogo serao suppridas por signaos feitos com a espada,- e nos diversos movimén-
tos evitar-se-hao os choques das armas e as pancadas sobre a bandoleira.
Terminada a execugao, a tropa formará em columna com a frente para a direita, tendo as
fracgoes a frente de um contingente ou de metade d'elle, segundo a capacidade do local, e pas-
eará como na marcha em revista pela face paral!ela aquella em que teve logar a formatura ini-
cial, dando cada commandante de fracgEo a voz de olhar direita, cinco passos antes de chegar
641

ao ponto da execugEo, e mandando olhar frente, quando o tiver transposto outros cinco passos;
e percorrida essa face os contingentes regressarEo a quarteis.
Art. 172.a Emquanto a forga se preparar para formar a columna, a escolta ou secgao que
houver sido empregada na execugao, logo depois de fazer fogo, pora as armas no brago á voz
do official que a dirigir, e em acto continuo este procederá á revista de armas, para notar algum
que se abstivesse de a tirar.
Art. 173.a Verificado que alguma praga deixou de desfechar, desobedecendo á ordem que
lhe foi dada, o official que commandar a secgEo, tomando ahi mesmo as testemunhas, lavrará
auto de corpo de delicto, que entregará ao promotor de justiga, e a fará conduzir á prisao mais
próxima, depois de desarmada.
Art. 174.a Cumprir-se-hSo as mesmas formalidades referidas no artigo 168.a d'este regula-
mento quanto ás communicagoes a fazer ao general commandante da divisEo e ao tribunal que
proferir a sentenga; o secretario encerrará o processo com a certidEo (modelo n.° 48), na qual
o promotor declarará que foi presente.
Art. 175.a A administracEo militar, e na sua falta ao servico de saude do exercito, incumbe
fazer remover immediatamente, os restos do condemnado e proceder ao seu enterramento. O
corpo do condemnado pode ser entregue á sua familia, se esta o reclamar e quizer proceder á
sua inhumagao,
Art. 176.a Quando a pena de niorte nEo for acompánhada com a de exauctoragEo, proce*
der-se-ha ao funeral com as mesmas formalidades e honras que se empregam para qualquer
militar fallecido, e em correspondenciacom a sua graduagEo.

CAPITULO IX

Disposigoes diversas
Art. 177.a Quando os generaes commandantes das divisoes militares, a requerimento dos
conselhos de guerra, reclamarem a presenga de alguma testemunha domiciliada fóra da comarca
(artigo 421.a, § 2.a, do código e artigo 139.a d'este regulamento), alem dos transportes de ida e
regresso, as testemunhas, que assim forem intimadas e depozerem perante os conselhos de guerra,
téem direito a receber o subsidio diario de 500 reís desde que saírem do seu domicilio até que
voltem a elle, e contados pelo itinerario.
§ 1.a Se o logar em que essas testemunhas se acharem domiciliadas estiver ligado por
caminho de ferro com aquelle que é sede de um conselho de guerra territorial, perante o qual
forem chamadas, a guia militar de transporte é sufficiente para que este llies seja fornecido;
quando, porém, só o esteja em parte, ou quando entre os dois pontos nEo houver nenhuma secgao
de viagSo acoderada, ser-lhes-ha abonado, alem do subsidio, o transporte de 35 réis por kilo-
metro que houverem de percorrer por estrada ordinaria.
§ 2.a Nos caminhos de ferro, as testemunhas assim requisitadas, terao passagem em carrua-
gem de 2.a classe; porém, sendo militares ou equiparados a militares, serEo transportados ñas
carruagens correspondentes ás suas graduagoes e segundo o regulamento especial a tal respeito.
Art. 178.a Em qualquer pagadoria em que haja fundos á disposigEo do ministerio da guerra,
e onde se apresentem estes títulos, serEo logo pagos aos interessados, e os generaes comman-
dantes de divisEo enviarlo todos os mezes á repartigao de contabilidade da secretaria da guerra
urna relagEo contendo o numero de títulos d'esta natureza que durante o mez se apresentaram
no seu quartel general, os nómes das pessoas em favor de quem foram passados, a causa em
que depozeram e a importancia de cada um d'elles. Nos casos em que os mesmos generaes tenham
passado guias de transporte por caminho de ferro, assim o observarao, para a fiscalisagEo com-
pleta da despeza feita.
§ único. Os conselhos de guerra enviarEo do mesmo modo e á mesma repartigEo, e tambem
todos os mezes, urna relagEo dos titulos que passaram, e a sua importancia, ás testemunhas
chamadas a depor perante elles.
Art. 179.° As licengas conferidas pelo ministro da guerra aos auditores dos conselhos de
guerra serao reguladas nos termos em que o sao aos magistrados judiciaes.
Art. 180.° Aos generaes reformados que accidentalmente fizerem parte de tribunaes militares
em conformidade com o disposto no artigo 248.a, § único, abonar-se-ha a gratificagao correspon-
dente aos vogaes do supremo conselho de justiga militar, durante os dias em que estiverem em
servigo nos tribunaes.
§ único. A estes mesmos officiaes, quando residirem fóra da sede do tribunal, mas na área
da divisao militar que tiver a sua sede em Lisboa, ser-lhes-hao abonados os transportes corres-
pondentes & sua graduagao.
Art. 181.° Os empregados menores dos tribunaes da 1.a instancia, alem das gratificagoes
auctorisadas pelo artigo 243.a, terSo direito tambem ao pret e pSo, sendo pragas reformadas.
si
642

Art. 1.82.a Logo que estejaní findos os processos pendentes nos tribunaes, ou ñas divisoes
militares, e os instaurados nos corpos ou no foro ordinario por crimes commettidos até ao dia
30 de abril inclusive, encerrar-se-hao os livros indicados nos n.os 2.a, 3.a, 4.°, 5.a e 7.a do
artigo 3.a d'este regulamento, que ficarEo constituindó a 1.a serie. O encerramento será feito pela
seguinte forma:
«Encerrado em *., para ser continuado no que tiver o numero 1 da 2.a serie.
«Quartel general. da
. ..
divisEo militar, em
... de .. . de 18...» (Assignatura.)
§ único. A partir do dia 1.a de maio, serEo escripturados nos novos livros da 2.a serie todos
os processos instaurados por crimes praticados desde esse dia.

MODELOS
Vao só transcriptos os modelos novós Ou formulados por modo diverso do qne coñtinham
os do regulamento de 21 dé julho de 1875; os restantes sao exactamente o mesmo, com as dif-
feréncas dos artigos do código de justiga militar citados n'uüs e outros^ e da designagao 'do-tri-
bunal superior de guerra e marinha ser hoje de supremo conselho de justiga militar.

Os modelos n.as 1, 2 e 3 sao os mesmos de 1875 com estes números.


O modelo n.° 4 é o n.° 5 de 1875.

MODELO N.° 5
Regimentó dé cavallaria n.° ...
4.a Companhia
Ill.,no e ex.mo sr.
Participo a V. ex.a que o soldado F..., n.° d'esta companhia, e n.° ... de matricula,
...,
sé ausentou do quartel, sein licenga, hontem, pelas cinco horas da tarde, apresentando-se hoje
•voluntariamente pelas oito horas da íríanha.
Pássando-lhe revista aos artigos do seu fardamento, deixou de apresentar os seguintes:
Uin capote^ distribuido em na importancia de
Uñí calgao, distribuido ém ...,
na importancia de.
¡$
$
...,
Um par de caigas de linhagem, distribuidas em na importancia de $
...,
Cumpre-me mais participar a.v. ex.a que o soldado F... já respondeu em conselho de guerra,
e foi condemnado por ter alienado artigos do seu fardamento.
O facto cOmméttido pelo referido soldado constitue um crime previsto pelo artigo 142.a do
bodigo de justiga militar.
Ás testemunhas do crime sSo:
1.a F...
2.a F.. .
3.a F...
IlLm°e ex.1110 sr. commandante do regimentó de cavallaria n.° ...
Quartel, em de
... ... de .. .
O commandante da companhia,
F...
MODELO N.° 6
2.a Divisao militar
Mandado para a incommunicabilidade do réu passado pelo auditor ou por um official
que lavre um auto em flagrante delicto
O juiz auditor F. .., junto do
conselho de guerra d'esta divisao (bu) F. .., capitSo de tal
corpo, legalmente nomeado para proceder a um auto de corpo de delicto, de que resultou a pri-
sEo de F... (nome, graduagao e corpo);
Attendendo a que seria prejudicial "ao descobrimento da verdade o permittir ao mesmo
F..., actualmente preso em
.. ., que communicasse com P... e igualmente presos (ou)
...,
com seus parentes (ou) qualquer pessoa alem dos empregados na prisao:
Julga dever prevenir, como effeetivamente previne, ao sr. commandante da casa de reclu-
sao da ... (ou) que é conveniente ao servigo publico evitar tal communicagEo, e espera que
...
tomará as providencias necessarias para este effeito.
Auditoria do conselho de guerra da divisEo militar, de de (ou) Quartel, em
de de ... ... ... ...
... ... (Assignatura.)
..

MODELO N.° 7

3.a Divisao militar


Mandado para suspender a incommunicabilidade
O juiz auditor F..., junto do conselho de guerra d'esta divisao:
Attendéndo a que cessaram as cireumstancias que exigiram a incommunicabilidade de F...,
actualmente, preso em
. .
.; declara que cessa desde já a requerida incommunicabilidade, podendo
permittir-se4he a communicagEo com qualquer pessoa, e principalmente com aquella a quem en-
cárregar a sua defeza.
Auditoria, etc., de de
... ... (Assignatura.)

Modelos n.° 8, é o n.° 6, e n.° 9, o n.° 7 de 1875..


...
MODELO N.°10

Norma em que o agente de policia judiciaria militar solicita permissao


para entrar n\im estabelecimento publico
F... (posto e regimentó), agente de policía judiciaria militar :, vista a doutrina do artigo 335;°
do código de justiga militar, e considerando que resulta, das deelaragoes que nos foram feitas por
F.. . (projissao, morada) que um individuo de noine A. • -, actualmente em tratamento no hos-
pital civil de é tido como culpado do crime de homicidio na pessoa de B.
,.., .., residente
em ...
Solicita do (administrador do coneelho, ou chefe de policía, ou administrador do hos-
...
pital, etc.) lhe seja concedida permissao para entrar no referido estabelecimento, hoje ás
... .
horas do día, para ahi se proceder á prisEo do aecusado A..., (ou, para ahi se proceder a urna
busca e apprekensao, etc.) facilitando por todos os meios ao seu alcance a execugao d'esta dili-
gencia.
Feita n'esta cidado de
. .., aos ... dias do mez de ... de mil oitocentos
...
O official,
F...
MODELO N.o 11

Aviso á auctoridadejudicial para urna diligencia


de busca ou apprehensao

F... (posto e regimentó), agente de policia judiciaria militar, instaurando corpo de delicto pelo
crime de .., sendo informado de que em casa de F..., morador na rúa de..., d'esta villa
.
de... existem alguns papéis e objectos que servem para prova do crime de que se trata, previne
o meritissimo (indicagao da auctoridade judicial da localidade) para os effeitos do artigo
...
336.a do código de justiga militar, e artigo 914.a da novissima reforma judiciaria, de que hoje,
por duas horas da tarde, se ha de proceder a urna busca na casa particular do referido F. .., para
se examinarem e apprehenderem todos os papéis e objectos que forem adiados na. dita casa e
tiverem relagEo com o crime de em que se acha indiciado F.. .
...
Feito n'esta villa de dias do mez de de mil oitocentos
. .., aos . .. ... . . .
O official,
F. . .
644

MODELO N.° 12
Auto preliminar á busca e apprehensao
Aos dias do mez de de mil oitocentos n'esta cidade de . .. e quartel do regi-
... ... ...,
mentó de ..., constou ao official nomeado para formar corpo de delicto pelo crime de ...., que
em casa de F... (a), que se diz ser o que perpetrara o referido crime, pelo qual se princiT
piou a instaurar corpo de delicto aos dias do mez de (ou pelo qual crime seformou corpo
... ...
de delicto aos .».), existiam alguns papéis e objectos que servem para prova do crime de que
se trata, havendo para isso algumas rasoes de suspeita a saber (aqui se declaram os motivos e
rasoes da suspeita). De tudo isto mandei formar éste auto de deelaragao, assignando commigo o
segundo sargento F¿.., escrivEo do corpo de delicto.
O official,
F...
O escrivEo,
F...
(a) Quando a busca é em casa de oütrá pessoa, de vé fazer-se essa declára$áo.

MODELO N.° 13
Auto de busca e apprehensao
Aos
... dias do mez de de mil oitocentos n'esta cidade de. morada de F.
... .. . e
(aqui se declara a denominagao do local ou rúa em que se faz a diligencia) onde eu, F..., ca-
,
pitao do regimentó
..., na qualidade de agente da policia judiciaria militar, vim, bem como
o meritissimo juiz dé direito da comarca (ou auctoridadejudicial da localidade), as testemunhas
F.. . e F... e escrivEo F..., primeiro sargento ..., a fim de se proceder á busca e appre-
hensao de todos os papéis e objectos que forem achádos na dita casa, e tiverem relagEo com o
crime de ..., em que se acha indiciado F... Ahi, na presenga de todas as pessoas menciona-
das, e do mesmo accusado (ou do procurador F..., nomeádopelo R. para este acto, ou á revelia),
mandei se proeurasseni e exáminassem os papéis ahi existentes, para Serem apprehendidos os
que dissessem respeito ao crime; e, em resultado d'essa diligencia, foram apprehendidos os se-
guintes papéis e objectos : (aqu>. se declara todos os papéis e objectos apprehendidos, seu numero
e qualidade). E logo eu, F..., ordenei que os papéis apprehendidos fossem rubricados pelo R.
.

(ou procurador do R., ou por urna das testemunhas, quando os réus nao podem ou nao querem as
signar, ou a diligencia se faz á revelia, mas deve declararse no auto o motivo por que os papéis
sao rubricados pela testemunha), o que effectivamente se cumpriu (e quando o R. reconhega al-
guns papéis como seus, se dirá em seguida): e n'este acto foram pelo R. reconhecidos como seus
os papéis e objectos seguintes: (declarase quaes sejam, seu numero e qualidade). O que depois
de tudo feito como narrado fica, dei por concluida esta diligencia, lavrando-se o presente auto de
busca e apprehensao, que A*ue ser junto ao processo respectivo, escripto por F.. que serviu
.,
de escrivao, e vae por mim assignado, com o meritissimo juiz de direito (ou auctoridade que
assistir á diligencia), R. (ou procurador do TI.), testemunhas F... e F... e escrivao. (Se al-
guma das testemunhas, o R. ou seu procurador nao quizer, ou nao poder assignar, se fará d'isso
mengao no auto.)
O official,
F...
O juiz,
F...
Réu (ou procurador),
F...
Primeira testemunha,
F...
Segunda testemunha,
F...
O escrivEo,
F...
645

MODELO N.° 14
Deprecada para diligencia de busca
Em nome de Sua Magestade EI-Rei :
F... (posto e regimentó), agente dé policia judiciaria na ... divisEo militar, ao meritissi-
mo auditor da divisEo militar (ou) commandante militar de
... ...
Fago saber que, para melhor indagagao da verdade, no corpo de delicto a que estou pro-
cedendo, n'esta villa e quartel de
... (ou local) se torna de urgente neeessidade proceder a um
auto de busca, na casa de F... (indicar o nome eprojissao) d'essa comarca. Esta diligencia se
observará em relagao aos papéis e outros objectos que possam ter relagao com o crime de .....
praticado n'esta villa (ou local) e de que se presume ser auctor F.¿. (irmao, primo, amigo, etc.)
do indicado F..., d'essa comarca.
Os pontos de factos allegados pelas testemunhas que devem servir de fundamento á dili-
gencia e que constam do corpo de delicto que se está instaurando, sEo os seguintes:
ó'o (Transcrever lateralmente os pontos a que as testemunhas se referem, sobre a existencia de
2 1 papéis ou outros objectos que possam derramar luz sobre o facto criminoso.

E cumprida que seja a diligencia, será devolvida á este quartel (ou local de onde se enviar)
dentro do praso e dilagSo de dez dias da recepgao, em harmonía com as disposigoes do § 1.a do
artigo 3,65.a do código de justiga militar.
O official,
F...
O escrivEo,
F...
Modelo n.° 15, o n.° 8 de 1875.

MODELO N.o 16
Deprecada para inqúirigao de testemunhas
durante o corpo dé delicto
Em nome de Sua Magestade El-Rei:
F... (posto), agente de policia judiciaria na ... divisao militar, áo meritissimo auditor da
divisao militar (ou) ao commandante militar de
.... Fago saber ...
que, no auto de corpo de delicto a que perante mim se e3tá procedendo, se
faz necessario, para eonhecimento da verdade, que sejam inquiridos como testemunhas F... e
F... (indicar a projist-ao, estado, residencia) todos residentes n'essa jurisdiecSo; e para bem
do servigo publico mandará intimar as referidas testemunhas, para as inquirir, nao só Bobre os
seguintes factos constantes da queixa (ou participagao) que serve de fundamento ao corpo de
delicto que se está instaurando, mas tambem sobre as declaragoes feitas por algumas testemu-
nhas que já depozeram. (Em seguida se especificarao os factos constantes da queixa ou parti-
cipagao, e bem assim quaesquer declaragoes feitas pelas testemunhas e sobre as quaes conoenha
exarar novos dipoimentos.)
E cumprida que seja a diligencia ... (Encerrase como no modelo n.° 14.)

MODELO N.° 17
Auto de inqúirigao de testemunhas
Aos dias do mez de de mil oitocentos n'esta cidade de e quartel (ou
local) de
... ... ...,
sendo presente ao commandante do regimentó de ...
a carta de inqúirigao, vinda
.. . ...
da ... divisEo militar, acerca de um corpo de delicto que ahi corre e pende seus termos, pelo
crime de sEo produzidas como testemunhas P... e F..., actualmente pertencen-
. .., e em que
tes a este regimentó; e ordenando-me o mesmo commandante do dito corpo que procedesse á re-
ferida inqúirigao com as formalidades legaes, observando-se as prescripgoes da lei, fiz compa-
recer perante mim F..., capitSo do mesmo regimentó, e do segundo sargento F. ¿., por mim
nomeado para servir de escrivao, as testemunhas referidas (a) que foram chamadas pela ordem

(a) Quando as testemunhas nao forem militares, dii* se-ha: «as testemunhas referidas, residentes n'esta ci-
dade, depois de previamente intimadas pela auctoridade civil competente a quem se requereu essa diligencia».
646

respectiva. Sendo perguntada a primeira disse chamar-se F... (nome, sobrenome, posto, numero,
etc., ou profissao, idade, estado, residencia), devidamente ajuramentada em forma legal, e aos
costumes disse nada. E perguntada acerca de ... (objecto sobre que tem de ser inquirida, e que
consta da carta respectiva) disse (segué o seu depoimento). E mais nao disse, e, lido o seu depoi-
mento, o achou conforme, ratificou e vae assignar (ou, e nao assigna por dizer nao saber es-
crever).
O official,
F...
A testemunha,
F. ;.;.;
O. escrivao,
F... ,

Sendo perguntada a segunda testemunha, etc., etc. (e assim súccessivamenteaté sérem todas
inquiridas).
Por .esta forma dei por concluido esté auto de inqúirigao, que vae por mim assignadó, com
as testemunhas, depois de a todas ser lido. E eu F., . o escrevi e assigno, dando minhá fé de
que tudo se passou ha verdade conforme ñ'este auto fica referido.
O official,

O escrivao,
F...
MODELO N.° 18
Auto de exame de sanidadé feito antes de principiar o summario
Aos días do mez de
... de mil oitocentos
...,n'esta cidade de e quartel (hospi-
...
. ..
tal ou local onde se proceder a exame) do regimentó de onde eu F. (graduagao) virn,
aeompánhado de F-.., primei.ro sargento ... . .
por mim nomeado para servir de escrivEo, e
dos peritos F... e F..., ...,
devidamente intimados, aos quaes deferí o juramento aos Santos
Evangelhos, sob o cargo do qual os enearreguei a que, com boa e sa consciencia, procedessem
ao exame na pessoa do queixoso, F. . , que tambem se achava presente, e declarassem com
verdade o estado em que ao presente se achava em relagao ás offensas corporaes que lhe foram
feitas e constám do exame e corpo de delicto directo a fl, que n'esse acto lhes foi lido,
...
e se das mesmas lhe resultou aleijao, deformidade ou vestigio |jei*manente, e impossibilidade
de trabalhar, e. por quanto tempo;. e elles, recebendo o juramento, assim o prometteram cum-
plir, e entrando logo no exame, na rninha presenga, do escrivao e das testemunhas abaixo no-
meadas e assigiiadas, findo elle, fizerarn a decjaragao sgguinte: (segue-se o parecer dos peritos).
E por esta forma dei por concluido o auto dé exame de-sanidade, que vae por mim assignadó,
com o examinado (sabendo escrever), com os peritos e com as testemunhas presenciaes e idó-
neas P.. . e F..., e eu, escrivao, o escrevi e assignei.
O official,
F...
Examinado,
F...
Peritos,
F...
F...
Testemunhas,
F...
F...
Escrivao,
F...
MODELO N.« 19
Auto 4e reconhecimento na pessoa do culpado
Aos días do mez de de mil oitocentos ..., n'esta villa de ... e quartel do regimentó
de .. ...
perante mim F... (posto), nomeado pelo commandante do dito regimentó para pro-
.
...,
ceder a este auto, e do primeiro sargento F. .., nomeado para escrivEo, ahi foi presente F.. .,
•647

que se diz soldado d'este corpo, desertado em acompanhado de tres soldados do mesmo
...,
regimentó, a fim de ser reconhecido pelas testemunhas para esse fim intimadas, e que foram
chamadas separadamente para o reconhecimento ordeñado. E sendo presente n'este acto a pri-
meira testemunha F... (nome, posto ou profissao, morada), devidamente ajuramentada, depois
de observar attentamente os quatro soldados, e interrogada por mim, declarou (escrevem-se as
declaragoes). E sendo em seguida chamada a segunda testemunha F. que prestou juramento
..,
em forma legal, e depois de interrogada e ter examinado os quatro soldados, declarou E...
dizendo as testemunhas que, debaixo do juramento que prestaram, nada mais tinham a declarar,
dei por concluido este auto de reconhecimento, que vae por mim assignádoj com as testemu-;
nhas reconhecentes; sendo testemunhas presenciaes e idóneas F... e F..., que igualmente vao
assignar. E eu F.. primeiro sargento, escrivao, o escrevi e assigno. /
.,
O official,
F...
Testemunhas reconhecentes,

Testemunhas,
F...
O escrivao,
F...
Nota. — O auto de reconhecimento tem logar quando lia duvida sobre á pessoa do culpado^
No foro militar dá-se muito esse caso com os réus desertores.
O culpado nunca ó apresentado á testemunha só, más conjunctamente- com outros indivi-
duos, entre os quaes a mesmá testemunha o reconheeerá. (N. R. J., artigó 971.°)

Modelos n.° 20, é o n.° 11, n.° 21, é o n.° 12, n.° 22, ó o n.° 13, n.° 23 ó n.° 14 de 1875.

MODELO N.° 24
Ordem para a formagao da culpa
(Quando o crime for previato no código de justica militar)
O general commandante da divisEo :
Attendendo a que pelo presente auto de corpo de delicto e mais documentos se verifica a
existencia de um furto praticado na caserna da 3.a companhia do regimentó n.°— e a fundada
conjectura de que F..., soldado n.° ... da mesma companhia, fosse o seu auctor, crime pre-
visto pelo artigo 184.° do código de justiga militar; e
Visto o n.° 1.a do artigo 348.a do mesmo código:
Determino se proceda á formagao da culpa, encarregando o promotor junto do conselho de
guerra territorial de seguir os termos do processo.
Quartel general, ... de ... de .
.. (Assignatura.)

Nota. — Se o réu nao for conhecido, o general lángara o despacho sem designagEo de pes-
soa certa.

MODELO N.»25
Ordem para a formagao da culpa
(Quando o crime for previsto pelo código penal ordinario)
0 general commandante da divisao:
Attendendo a que do presente corpo de delicto e . documentos que o acompanham resulta
que F..., soldado n.° ... de tal companhia e, n.° ... de matricula do ... do regimentó
648

n.° é accusado como auctor do crime de artigo código penal ordi^-


...,
nario; ... previsto no ... do
Visto o n.° 2.° do artigo 348.° do código de justiga militar:
Determino que se proceda a summario e encarrego o promotor junto do conselho de guerra
territorial de proseguir os termos do processo.
Quartel general,
... de ... de ... (Assignatura.)

MODELO K.°26
Ordem que manda responder o accusado em conselho de guerra, dispensando o summario
O general
Attendendo..a . que do presente auto de corpo de delicto e documentos que o acompañham
:

resulta que F... comniettéra o crime de extravio de objectos militares, previsto pelo artigo
142.°, n.° 2.a) do código de justiga mñitar, a qué corresponde a pena de encorporagaó ém de-
posito disciplinar;
Visto o § 1.a do artigó 348.a do mesmo código, e usando da faculdade que elle me confére:
Determino que, nos termos do artigo 376.°, n.° 1.°, e 387,° do citado código, se proceda
á accusagEo do delinquente em conselho de guerra pelo referido crime¿
Quartel general, ... de de ...
... (Assignatura.)

MODELO N.» 27
Mandado para intimagao tíe testemunhas
O juiz auditor, F...., junto do conselho de guerra territorial da
... divisao militar, por Sua
Magestade Fidelissimá que Déüs guardé, etc. '
Mando áo meirinho da justiga militar que intime os individuos adiante declarados para, na
qualidade de testemunhas, comparecerem em por ... horas da manhE do dia ... do mez
de .»., á fim de ...
com as penas da lei faltando sem motivo justificado.
...
Da, intimagao passará certidao ein forma legal.
Dado é passado n'esta de ..., aos de 18.
... ... de
E eu F..., secretario, o escrevi (ou subscrevi). ... ..
(Rubrica do auditor.)

MODELO N.» 28
Deprecada
Conselho dé guerra na 3.* divisao militar no Porto
(Quando passáda durante a preparacao do processo)
Em nome de Sua Magestade El-Rei:
O juiz auditor, F..., junto do conselho de guerra territorial d'esta divisao militar, ao me-
ritissimo auditor da
... divisao militar (ou) ao meritissimo juiz de direito da comarca de
(ou) ao-dignissimo commandante militar de .. .
Fago saber que no processo summario para .. . formagEo da culpa do delinquente F..., cabo
a
n.° .. ., etc., argüido de ..., e a que perante miin se está procedendo, se faz necessario, para
conhecimento da verdade^ que sejam inqueridos como testemunhas F... (indicagao de profissao,
estado, residencia)' e F..., F. todos residentes n'essa jurisdicgEo; e por bem do servigo pu-
..,
blico mandará intimar as referidas testemunhas, para as inquirir sobre o seguinte facto (ou fa-
dos) constantes do corpo de delicto e da ordem para a formagEo da culpa (Aqui se especifi-
. ..
carao, tendo em vista o auto do corpo de delicto, a ordem para a formagao da culpa e o relato-
rio escripto nos autos pelo promotor, articulando-os como no modelo seguinte.)
(Encerrar-se-ha como a do modelo n.° 33, substituindo o § 4.° do artigo 397.a pelo § í.°
do artigo 365.°)
(Assignatura.)
,Nota.— Quando a deprecada disser respeito a actos do summario da culpa, poder-se-ha en-
viar, para ser cumprida, aos commandantes militares das localidades onde residirem as testemu-
nhas (artigo 365.°).
649

Os modelos n.as 29, 30 e 31 sao respectivamente os n.os 4, 24 e 17 de 1875.

MODELO N.° 32
Despacho que prohibe a accusagáo
O general commandante da 1.a divisao militar:
Visto e attentamente examinado este processo, do qual consta o auto do corpo de delicto
e summario da culpa formada a F... ;
Vista a exposigEo etc. (como no antecedente);
.,.
Attendendo a que do processo, comquañtó se mostré a existencia do crime de comtüdo
.. .,
nenhuns indicios nem presumpgoes recaein sobre F... como auctor d'esse crime (ou) attendendo
a que .o facto que motivoü a instrucgao d'este processo nEo constitue crime previsto na lei (ou)
attendendo a que pelo exame medico legal a que se proeedeu, nos termos do artigo 362,° do
código de justiga militar, foram de opiniao os peritos de que o accusado F... sofíxe de aíie-
nágao mental (designar a especie segundo o rotatorio dos peritos) e que por isso a sua irrespón-
sábilidade é manifesta
., .
(ou) attendendo a que a responsabilidade criminal de F. . , está extin-
eta (pela mor'te, prescripgao, amnistía ou pevdao da parte, quando teñha logar);
Attendendo ao que dispoe o n,a 3.a do artigo 376.a do código de justiga militar:
Declaro que nao ha logar para se proceder á julgamento, e determino que o accusado seja
soltó, se por outró motivo se nEo achar preso.
Quartel general em Lisboa, de de
... ... ... (Assignatura.)

MODELO N.°33
Deprecada
(Quando passada. á reqiierimento dá ácéusacao ou dá defeza)
Conselho de guerra da 4.a divisao militar ém Évora
Em nome de Sua Magestade El-Rei:
O juiz auditor F..., junto do conselho de guerra territorial d'esta divisao, ao meritissimo
auditor da divisEo militar (ou) ao meritissimo juiz de direito da comarca de
...
Fago saber que no processo crime pendente perante este conselho de guerra ... contra o réu
F ..., foram dados como testemunhas de accusagEo (ou da desfeza) F ..., F . . . e F... (indicar
projissao e residencia, etc.) d'esta jurisdicgao ; e por bem do servigo publico mandará intimar as
referidas testemunhas para comparecerem no seu tribunal, sendo ahi inquiridas com as forma-
lidades legaes sobre os pontos de facto que foráni allegados e constam dos seguintes artigos :
1.a 1
2.a >(Transcrever lateralmente os artigos a que foram apontadas essas testemunhas.)
Etc.)
E quando a diligencia estiver concluida, será a presente deprecada devolvida a esta au-
ditoria, conforme a disposigEo do § 4.a do artigo 397.a do código dejustiga militar.
Auditoria do conselho de guerra territorial da 4.a divisEo em Evora, ... de ... de ...
(Assignatura.)

Os modelos n.as 34 e 35 sEo os n.os 25 e 26 de 1875.

MODELO N.° 36
Acta da audiencia de julgamento
Aos
... dias do mez de ... de mil oitocentos n'esta cidade de Lisboa e sala das ses-
. ..,
soes do 2.° conselho de guerra territorial da 1.a divisEo militar, reunido este e composto nos
termos dos artigos 208.a e 209.° do código dejustiga militar, de F..., coronel do estado maior
de engenheria, presidente; F..., tenente coronel (ou major) do regimentó de artilheria n.° . ..;
F..., capitEo do corpo do estado maior; F..., tenente (ou alferes) do regimentó de infante-
sa
650

ría n.° do.do.utor auditor junto d'este conselho de guerra, todos estes como vogaes,
.. . ; e ...,
servindo eu, F.. secretario do mesmo conselho, de escrivao do processo; e achando-se pre-
.,
sentes F. .., majór e promotor de justiga, F..., capitEo do regimentó de engenheria, este como
supplente, em nenhum dos quaes se dava algum dos impedimentos previstos nos artigos 194.°,
196.a e 197.a do mesmo código, e para o fim de julgar a F..., soldado n.as 54 da 3.a compa- .
nhia e 1:34.7 de matricula do regimentó de cavallaria n.° accusado de tentativa de roubo
com escalámento e arrombamento no interior e em casa habitada.
....,
Aberta a sessao o presidente verificou que se achavam sobre a mesa o livro' dos; Santos
Evangelhos, um exemplar do código de justiga militar, outro do código penal ordinario, e
igualmente o'código do processo criminal; e ordeñou ao commandante dá escolta: que. apresen>
tasse o accusado, o qual foi introducido na sala, Üvre é sem ferros, e aeompanhádo de F...,
defensor por elle nomeado;-
O presidente ordenou que se-fi'zessé a chamada das testemunhas de acciisagEó e defeza¿ que
se1áchaváñi presentes, e fóram recomidas a um gabinete próximo; e^ logo a seguir, fez. lér pelo
secretario á ordem para se instaurar a accusagaOj o acto da accusagáo do ministerio publico,
a défezá do réu (se estiver-escripto), a nota de assentamentos e todas as mais pegas do processo
que ó código auctorisay e cuja léitura foi reclamada pelo promotor ou peló defensor e juizes-.
Perguntado o réu pelo presidente sobre quaes fóssem o seu nome) filiagao; naturalidade,
ultimo domicilio e coitpo a que pertencia, responden chamai"se ...; advertiñdo em seguida o
réu de que lhe era permittido dizer o que julgasse útil á sua defeza, lémbrándo ao defensor que
se deviá máñter nos limites marcados no artigo 414,°
Em seguida procedeu-se aos interrogatorios feitos pelo auditor, fiñdós os quaes foram intro^
duzidas as testemunhas de accusagáo, urna depois da outra e na ordem da inscripgaó do rol, e
depois d'estas as- &k défe'za^ a cada urna das quaes o presidente deferiu juramento aos Santos
Evangelhos, sob o cargo do qual prometteram dizer a verdade, e nada mais que a verdade,
do que soubessem e lhes fosse perguntado. A cada urna d'ellas o auditor perguntou até aos cos-
tumes, sendo a 1.a, F..., que disse ser filho de ..., etc., a 2.a, F..., etc., e foram depois in-
quiridas sobre os pontos da accusagáo e dá defeza, aS primeiras pelo promotor dejustiga e as
ultimas pelo defensor, fazeudo os juizes as instancias que julgarain necessarias para o escla-
recimento da verdade.
Depois de feita a inqúirigao das: testemunhas presentes, procedeu-se á leitura das testemu-
nhas inquiridas por deprecada, que vao a fl.
...
Terminados os depoimentos, foi dada a palavra ao promotor de justiga e ao defensor jiara
deélararem¡ se coufirmavams ou. ratifieayamas suas conclusoes escripias no processo ^u formu-
ladasantes em audiencia,, e pon elles foi-.dito.;...
O presidente, deu-n'este, acto a palávi-a ao auditor, o qual dictou em voz. alta,, e eu escrevi,
os: quesitos que vao a fl. ....
Oro» depois o promotoiy a que replicou o¡ defensor^ havendo replica e tendo eni ultimo logar
ajpalavra o defensor:do..réu,
Findas as allegagoes oraes>. o presidente- perguntou ao¡ réu se tinha mais alguma. cousa que
allegar em sua defeza.
O presidente declarou interrompida a audiencia, niandou recolher o réu, e annunciou que.
os juizes-passavam á conferencia.
Aberta novamente a audiencia, e introduzido o réu aeompanhádo da escolta, e formada
a guarda no fundo da sala, o presidente annunciou que se ía publicar a decisEo (ou sentenga) do
conselho, e tendo pronunciado a formula que a precede^ se cumpriram as formalidades do re-
gulamento para a execugao do código de justiga militar, e o secretario leu em alta voz a sen-
tenga (ou resolugao) que junta vae, e pela qual o conselho de guerra resolveu que ... (ou) pela
qual o conselho de guerra condemnou a F. etc., na pena de
.., ...
E logo em seguida fíz a intimagEo, na forma do que dispoe o artigo 454.°, ao accusado, ao
seu defensor e ao promotor, prevénindo-os de que podiam dentro do praso de tres dias, que co-
megam a contar-se desde ámanhS, recorrer para o supremo conselho de justiga militar, no caso de
terem a allegar algum dos fundamentos indicados no artigo 491.a, e que ali podiá o réu con-
stituir ¡jrocurador, como se vé do termo em seguida ao da publicagEo da sentenga.
Feita e encerrada em sessao continua e publica na sala das sessoes de 2.a conselho de guerra
da 1.a divisEo militar, em Lisboa, no dia, mez e anno ácima citados, assignando eommigo o
presidente, auditor e promotor. E.eu,,.F....», secretario, que a escrevi e assigno.
(Assignaturas do¡presidente, auditor e promotor.)
E...
Secretario.
651

MODELO Ñ." 37
Acta de audiencia de julgamento, terminando pela absolvigao
(A acta nao difiere da antecedente até á íeitüra ém alta voz da sentenga.)
E pela qual o conselho de guerra resolveu que, visto "nao sé verificar 11enmí ni dos casos do
§ ünicó do artigo 448.° do código dé justiga militar, o accusado ficasse eiñ libei'dadé e restituido
ao exercicio de todos os seüs difeitos; ein coñsequencia do que, aguarda e: escolta, lhe frañqueá-
ram livré passagem.
O presidente mandóu que ao comínandáilté da escolta fosse entregóte urna copia da sen-
tenga absolutoria proferida pelo conselho.
(E termina como a antecedente.)

Os modelos n.os 38 e 39 sao os n. 05 29 e 30 de 1875.

MODELO N.« 40
Gasa ele reoTusao na divisao militar
1.a
Recurso iñterposto pelo réu
(Qttaiido nao seja em audiencia) ;'

Anno de
... etc., hoje, 8 de julho, perante mim F..., capitao commandante da casa de re^
clusao, compareceu F.. ., soldado, etc., aqui preso, e condemnado por sentenga do 1.a conselho
de guerra territorial da divisao; e por elle me foi declarado que recorría para o supremo con-
selho de justiga militar da sentenga que o oondemnótt a ¿,, pelos fundamentos seguintes :(so
allega os fundamentos, se assim lhe convier, artigo 465.a), e .que me pedia que o seu recurso fosse
dirigido ao secretario do conselho de guerra, para se juntar ao processo, e lhe désse copia d'este
termo, o que fiz.
Casa de reclusao na 1.a divisao militar, em Lisboa, era ut supra.
(Assignatura.)
. .

Nota. — O réu pode igualmente interpor o recurso ná audiencia, e o secretario o lavrará


por forma similhante á que vae indicada no modelo seguinte, para o ministerio publico.

MODELO N.° 41
Recurso iñterposto pelo ministerio publicó
Anno de
... etc., em audiencia publica d'este conselho de guerra (ou na secretaria d'este
conselho de guerra), ahi presente F. (graduagao), promotor de justiga junto d'elle, declarou
..
perante mim, que recorría para o supremo conselho de justiga militar da sentenga hoje profe-
rida (ou sentenga proferida em . . .) contra F. ., que o condemnou na pena de ... pelo crime
.
de •; sendo os fundamentos d'este recurso (indicar aqui se é por cdgum dos .principios de nul-
. •
lidade do processo ou da sentenga, conforme o artigo 491.°), e requeren lhe íomasse o compe-
tente termo, que eu escrevi, e elle commigo assigna.

Promotor. Secretario.

Os modelos n. 03 42, 43, 44 e 45 sEo respectivamente os n.os 23, 31, 32 e 33 de 1875.


652

MODELO N.° 46
1.a Divisao militar
2.a Conselho de guerra

sr. — Tendo passado em julgado a sentenga que condemnou na pena de ...


IH.ma e ex.n,°
a F..., empregado na administragao militar com a graduagEo de ... pelo crime de abuso de
confianga, requeiro que a sentenga seja cumprida na forma dos artigos 515.a e 517.° do código
de justiga militar.
Nos effeitos d'esta pena comprehende^se a perda de posto, como accessoria; e portante,
vistas as disposigoes dos artigos 27.a e 28.a do código de justiga militar com referencia ao ar-
tigo 71.a do código penal ordinario, assim se deve executar.
Promotoria do 2° conselho de guerra da 1.a divisao militar, de de
... ... .
(Assignatura.)

Os modelos n.os 47 e 48 sao os n.os 35 e 36 de 1875.

Decreto de 2b de abril de 1895

Hei por bem approvar o regulamento provisorio do servigo interno do presidio militar em
Santarem, que baixa assignadó pelo ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra.
O presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios da fa-
zenda, e os ministros e secretarios d'estado das outras reparticoes, assim o tenham entendido
e fagam executar.

Regulamentoprovisorio do presidio militar em Santarem, a que se refere o decreto d'esta data-

CAPITULOI
Do presidio militar
Artigo 1.a A pena de presidio militar estabelecida no artigo 21.a do código de justiga mili-
tar será cumprida no estabelecimento penitenciario de Santarem, o qual deverá denominar-se
Presidio militar.
Art. 2.a Ao ministerio da guerra incumbe a inspecgEo e fiscalisagEo de todos os servigos do
presidio.
CAPITULO 11

Do pessoal do presidio
Art. 3.a O pessoal do presidio, destinado ao servigo de conimando, administragEo e vigilan-
cia, será o seguinte:
1 Director.
1 Sub-director.
1 Medico.
1 CapellEo.
1 Secretario.
1 Ajudante do secretario.
1 Monitor para o servigo da instrucgEo.
Os niestres necessarios para o ensino das diversas industrias.
1 Chefe de guardas.
6 Gruardas de 1.a classe.
12 Gruardas de 2.a classe.
1 Porteiro.
2 Enfermeiros.
6 Serventes.
1 Fiel de armazem.
§ único. Este pessoal será successivamente nomeado;.segundo as exigencias do servigo»
653 ' " / -
Art. 4.° O director do presidio será um officiál superior do exereito activo ou um general
de brigada reformado.
O sub-director será um eapitao do exereito activo ou um official. reformado de patente nao
superior a major nem inferior a eapitao.
O medico e capellao serlo ambos dos quadros do exereito. •
O secretario será um aspirante da administragao militar ou um ofSoial reformado^
O ajudante do secretario será um primeiro ou segundo sargento.
O monitor será escolhido entre os segundos sargentos, habéis para ministrar o ensino pri-
mario.
Os mestres para o ensino das diversas industrias serao escolhidos de entre aquelles que ser
virem no exereito ou que desempenhem servicos no arsenal ou da classe civil.
O chefe de guardas será uní primeiro sargento.
Os guardas de 1.a classe serlo escolhidos de entre os segundos sargentos.
Os guardas de 2.a classe serlo escolhidos de entre os primeiros cabos.
O porteiro será um segundo sargento.
Os enfermeiros serao tirados da 1.a companhia da administraglo militar.
Os serventes serlo soldados.
O fiel de armazem será üm primeiro cabo.
As pragas de pret encarregadas dos deferentes servicos enumerados n'este artigo poderlo
ser dos quadros do exereito activo ou reformados.
§ único. O servigo medico do presidio será desempenhado pelos facultativos militares do
regimentó aquartelado ém Santarem, emquanto as necessidades do servigo interno, reclamadas
pelo numero de presidiados, nao exigirem a nomeacao de um medico para 0 servigo privativo
do estabelecimento.
Art. 5.° Os vencimentos do pessoál do presidio militar sao os que congtam da tabella annex*
ao presente regulamento e que d'elle faz parte.
Art. 6.° O tempo de bom servigo e exemplar comportamento que os officiaes e pragas dv&-
rem no quadro do presidio, será contado em dobro para a concesslo da medalha militar de coma
portamento exemplar, para o augmento de vencimentos, nos termos da legislagao vigente, e par-
a reforma. -
§ único. Os militares que servirem no presidio com exemplar comportamento e zélo réco-
nhecido, por espaco de tres annos, terlo direito á medalha de bous servigos.

CAPÍTULO ni
Attribuieoes do director,sub-directore secretarios
Art. 7.° O director do presidio é o chefe do estabelecimento; a sua aegao, actividade e ia
telligencia devem estender-se a todos os ramos do servigo, quer se relacionem com a instruegao
moral ou religiosa, quer com a instruegao escolar ou profissional, quer com a diseijilina e admir
nistragao do presidio. As suas attribuigoes sao as indicadas n'este regulamento, devendo empre-
gar os meios necessarios para manter a rigorosa disciplina dos presidiados, dando immediata-
mente conta ao ministerio da guerra dos meios extraordinarios que, por circumstaneias de niaior
gravidade, for obrigado a empregar; e, quando as prescripeoes regulamentares sejam omissas
oix impraticaveis, deverá propor ao ministro da guerra as medidas que julgue indispensavéis para
o regular funecionamento da prisao a sen cargo.
Art. 8.° O director nlo deverá nunca esquecer que o systema mais proprio para dirigir e
moralisar condemnados, reside na aegao paternal, no conselho e na benevolencia, e que os meios
repressivos e os actos violentos só devem empregar-se em casos extremos e que reelamem dura
severidado e prompto exemplo.
Art. 9.° Até 81 de Janeiro de cada anno, o director do presidio enviará ao ministerio da
guerra um velatorio referido ao anno findo, em que exponha desenvolvidamente as vantagens ou
inconvenientes do régimen do presidio, sobretudo no que diz respeito ao systema adoptado, do
trabalho em coramiim e em silencio, com separagao absoluta fóra das horas de trabalho e exer-
cicios; medidas que convirá estabeleeer para melhorar esse régimen, ou se eonvirá substituil-o
por outro; influencia que a pena produz sobre os condemnados; influencia do encarceramenta
sobre a saude dos presos; progressos escolares; progressos moraes; influencia sobre a crimina^
lidade e a reincidencia, etc.
§ 1.° O periodo que decorrer desde a abertura do estabelecimento até ao fim do anno cor-
rente nao se contará para os effeitos d'este artigo, devendo assim o primeiro relatorio ser apre-
sentado durante todo o mez de Janeiro de 1897.
§ 2.° O director visitará os presos com frequencia, e d'ellcs receberá quaesquer reclama-
goes.
654

Art. 10.° Ao sub-director, como immediato do director, cumpre auxilial-o em tudo que se
relacione com os variados ramos de administragao e disciplina do estabelecimento, substituindo-o
nos seus impedimentos legaes, e tem como deveres especiaes:
1.° Vigiar o servigo dos guardas e respectivo detalhe;
2.° Vigiar a execuclo dos diversos trabamos e exercicios;
3.° Visitar diariamente os diversos compartimentos do presidio e suas dependencias, parti-
cipando quaesquer faltas que encontré;
4.° Assistir á recepgao de todos os objectos que devam entrar nos armazens;
5.° Verificar toda a contabilidade, pondo o visto e rubrica nos documentos;
6," üeceber os relatónos diarios do chefe de guardas e mestres das oficinas, para dar conta
ao director da forma por que os servigos correram;
7.° Finalmente, executar e fazer executar todos Os servigos que pelo director Ihe forem
ordenados.
Art. 11.° O secretario tem a seu cargo toda a escripturaclo do presidio, e sendo o pri-
nieiro responsavel pela secretaria, procurará que esta, asshn como ó archivo, estejam em devida
ordem.
Art. 12.° Ao ajudante do secretario cumpre auxiliar o secretario na escripturagao do pre-
sidio, nos termos d'este regulamento.
CAPITULO IV

Da entrada dos condemnadosno presidio


Art. 13.° A condúcelo dos condemnados das sedes das divisoes para o presidio, será feita,
sendo possivel, em carruagem cellular, quando em transito pela via ordinaria e no interior das
populagoes, e em wagón cellular quando pelas vías férreas.
Art. 14.° Logo que o condemnado dé entrada no estabelecimento será conduzido á secre-
taria para ser inscripto no registe da casa, confrontando-se os signaes particulares com os que
<jonstai*em da nota de assentamentos.
§ unieOi Deverá estabeleéer-se o servigo antroj)ometrico, procedendo-se por esse processo
á ñxacao dos signaes necessarios para a verificaclo da identidade do condemnado.
Art. 15.° No registo dé entrada deve inscrever-se, com relacao ao condemnado:
a) A condenmagao, o crime commettido e tribunal que o sentenciou;
b) Disposigao pliysica e moral;
c) Grau de intelligencia;
d) Grau de instruegao ;
e) Peso;
/) Aptidao profissional;
(¡) Conducta anterior.
;íí'este livro, durante o tempo de encarceramento, notar-se-ha o comportamento e morali-
dade do preso.
Art. 16.° lío acto da entrada no presidio, o condemnado entregará o dinheiro que trouxer
e quaesquer objectos de seu uso. Neiihum objecto que comsigo trouxer de fóra lhe serí'i consen-
tido na prislo.
§ único. Todos estes objectos, e bem assim os artigos do seu vestuario, serlo guardados lia
arrecadagao das roupas, ou inutilisados se o seu estado o reclamar, sem prejuizo do que dispoe
o § 2.° do artigo 74.° d'este regulamento.
Art. 17.° Antes do condemnado entrar na celia que lhe for destinada, será sujeito a um
exame rigoroso feito pelo director, acompanhado do medico, do capellao e dos mestres das offi-
cinas; este exame versará sobre a disposigao moral do preso, estado de saude, peso, grau de
instruegao, aptidao profissional e grau de intelligencia.
O resultado d'esta observagao, com o que constar dos documentos que aeompanhareni os
condemnados, servirá de base á escripturagao do registo especial de entrada a que alludem os
artigos 14.° e 15.° d'este regulamento.
Art. 18.° Concluido o exame preceituado no artigo anterior, o director do presidio exhor-
tará o preso á resignaclo, explicando-lhe as regras do estabelecimento e fazendo-lhe conhecer
que, durante o trabalho e nos exercicios ao ar livre e na escola, conjunctamente com os outros
presos, nao pode fallar com os seus companheirosde prislo, e que a infraegao a este préceito
cons'titue urna das faltas inais graves que se podem commeíter no presidio.
Art. 19.° Seguidamente o preso será acompanhado á sua celia pelo chefe de guardas, o
qual lhe mostrará que todos os artigos da celia estío em bom estado, explicando-lhe ao mesmo
tempo o sen uso e modo de os empregar.
§ 1.° Se o preso souber 1er, ser-lhe-ha entregue um quadro com as disposigoes relativas á
disciplina e aos seus deveres.
655

§ 2.° llavera em cada celia um crucifixo, que será collocado na parede, superiormente á
cabeceira da cama.
Art. 20.° Os condemnados serao fechados na celia durante os tres primeiros dias depois de
darem ingresso no estabelecimento; mas, durante este tempo, serlo visitados diariamente- pelo
director, sub-director, capellao e chefe de guardas.

CAPITULO v
Do servigo de seguranga e vigilancia

SKCQAO i
Medidas de seguranea
Art. 21.° A organisaglo do servigo especial da1 policía', tanto de día como dé noite, será'
regulada pelo director, o qual mandará nomear. por escala, os guardas encarregados das rondas
de noite, e bem assim aquelles que téem de assistír, nás omcinas, ao servigo industrial e a quaes-
quer outros servigos onde tenham de exercer urna vigilancia especial.
Art. 22.° íío estabelecimento1 haverá sempre urna forga militar, que estará sob as ordens-
do director, o qual a poderá empregar segundo as necessidades do servigo. Esta forga será' niaior
ou menor conforme o numero de condemnados que estiverem eimrprindo pena no presidio.
Art. 23.° É absolutamente prohibida a eommunicagao das pragas em servigo de seguranga
no presidio com os condemnados. A infracgao a este preceito será rigorosamente punida pelo-
director do presidio.
SEcgio II
Deveres do porteiro
Art. 24." O porteiro guarda a porta exterior do presidio e-nao jióde, poiv pretexto algumf:
deixar o seu posto sem ter sido convenientemente substituido.
Art. 25.° O porteiro déve bem compenetrar-se da. importancia dos seus devéres para a or-
dem e segnranca do estabelecimento, a finí de os desempenhar com exactidao e intelligencia.
Art. 26.° O porteiro deverá estar sempre vigilante^ dé forma a evitar tódk a tentativa dé-
evaslo, empregando, se necessario for, a forga para o conseguir, e tem por deverés especiaes:
1.° Prohibir a entrada no estabelecimento a todas as pessoas quenao vierem munidas dé
auctorisagao do director;
2.° Passar reA'ista, á entrada e á saída, a todo o vehículo, caixa, cesto, etc., e verificar
com attengao o que elle contení;
3.° ISIao permittir a entrada ou saída de qualquer objecto no presidio que nlo seja aconipa-
nhada de unía ordem do director;
4." Prohibir a saída dos guardas e outros empregados menores que nao mostrem a respe-
ctiva auctorisagao do director ou de queui legalmente o substitua;
5.° Conformar-se escrupulosamente com as ordens que lhe sejam transmittidas para o. abrir
e.fechar das portas;
6.° Participar ao director todas as circumstancias: que tenhaní especialmente chamado a siia
attenglo, dando-lhe conta exacta do seu servigo durante o dia-j. para o que de verá ter um registo
no qual será mencionada a hora de entrada e saída dos empregados.

SECVAO III
Deveres do chefe de guardas
Art. 27.° O chefe de guardas tem a seu cargo vigiar pela ordem e disciplina dos condenina-
dos, por forma que os servigos sejam cumpridos integralmente, com o máximo respeito e em
completo silencio, como for determinado n'este regulamento e conforme as ordens especiaes-que
receber-do director do presidio.
Art. 28.° O chefe de guardas dará conta circumstanciada ao sub-director de todas&&> occor-
rencias que notar durante o dia, ou lhe sejam communicadas pelos guardas de 1.a classey e tem
por deveres especiaes:
1.° Visitar diariamente os presos, e examinar a mobilia é estado das; celias';.
2.° Assistir á distribuiglo do rancho;
3i-° Visitar as omcinas e mais dependencias do estabelecimento;
4;° Verificar cuidadosamente como foi cumprido todo O: servigo da illuniinaclOj a finí'de
evitar qualquer desastre;
656

5.° Dirigir a instruegao dos guardas;


6.° Assistir e vigiar os exercicios dos presos;
7.° Formular as escalas de servigo dos guardas, e communicar-lhesas instruecoes que tiver
recebido;
8.° Fazer as rondas necessarias para verificar o modo como o servigo é cumprido;
9.° Fazer a escripturagao relativa ao pessoal do presidio, no que será auxiliado pelos guar-
das de 1.a classe.
SEC^AO IV

Deveres dos guardas de 1.a e 2.a classe


Art. 29.° Os guardas sao os encarregados de vigiar os presos ñas celias e acompanhal-os
aos diversos servigos, e bem assim de dirigir os exercicios militares e de gymnastica ao ar livre,
cumprindo fielmente todas as ordens que superiormente receberem.
Art. 30.° No servigo de rondas, de noite, devem empregar a máxima vigilancia; e, quando
encarregados da policía, forem assistir aos trabamos dos presos, ou a outros quaesquer servigos,
manterao a mais rigorosa disciplina e o maior respeito pelos mestres. Em caso dé infraeglo, o
preso será logo recolhido á celia e o facto levado ao conhecimento do director para este provi-
denciar.
sEcgXo v
Disposicoes Gommuns a todos os gualdas
Art. 31.° Os guardas devem sempre andar armados e uniforniisados.
§ único. O armamento constará de sabré e revolver, dos modelos adoptados no exereito.
Art. 32.° Tanto o chefe de guardas como os guardas evitarlo o tratar os presos com rigo-
res excessivos, procurando tornar-se respeitados mais por meios suasorios e bons conselhos do
que pelo emprego de meios violentos, os quaes só deverao ser empregados em actos de mani-
festa insubordinacao.
Art. 33.° Os guardas nlo podem usar de familiaridade com os presos, neni acceitar d'estes
bu de outras pessoas que por elles se interessem quaesquer donativos, dar-lhes noticias do exte-
rior, pronietter-lhes liberdade condicional ou outra recompensa, sendo-lhes igualmente vedado o
ter com elles contratos de qualquer natureza, ou satisfazer-lhes qualquer pedido sem auctorisa-
gao superior.
CAPÍTULO VI
Do régimen do presidio

i
SECIJAO

Do trabalho
Art. 34." O régimen da jn'islo para os militares condemnados a presidio militar consiste na
obrigagao do trabalho diurno em communí e em silencio, e na absoluta separaglo dos condemna-
dos fóra das horas do trabalho e de instruegao.
§ único. A-obrigagao do trabalho é só inrposta ás pragas de pret; comtudo, nao poderá ser
negado aos ofiiciaes condemnados, quando elles o reclamarem. N'este caso, o trabalho executado
pelo ofiicial será sempre desempenhado fóra dos logares onde trabalharem as pragas de pret.
Art. 35.° A igualdade na execuglo da pena é urna condiglo essencial no régimen prisional,
sendo absolutamente prohibido minoral-a ou modifical-a.
§ único. A pena de presidio só difiere na duragao; quanto ao régimen, os presos deverlo
ser tratados sobre o mesmo pé de unía perfeita igualdade.
Art. 36.° O trabalho executado pelos condemnados deve satisfazer aos seguintes preceitos:
1.° Que a aprendizagem seja relativamente curta;
2.° Que seja isento de qualquer causa de insalubridade;
3.° Que possam os productos ter fácil acceitagao no exereito, onde devem ser recebidos.
§ único. N'esta conformidadedeverá estabelecer-se a aprendizagem das seguintes industrias:
Alfaiate, cuja aprendizagem é de 4 mezes;
Sapateiro, ídem de 12 mezes;
Selleiro, ídem de 12 mezes.
Escoveiro, ídem de 3 mezes.
E bem assim quaesquer outras que o director do estabelecimentoentenda por mais conforme
com as condigoes do presidio, com as aptidoes e gosto dos condemnados, ou com as profissoes
já anteriormente exercidas por estes.
657

Art. 37.° O trabalho industrial será dirigido por mestres competentes a grupos de conde-
mnados segundo as suas profissoes. •
§ 1.° Os mestres téem por dever ensinar aos condemnados a aprendizagem das diversas in-
dustrias estabelecidas no presidio, com methodo, clareza e brandura, repetindo sempre as ex-
plicagoes e exemplificando o modo de executar, quando lhes parega que o principiante nao com-
prehendeu bem 0 que se lhe ensinou; se, porém, entenderem que o preso, por negligencia ou
propositadamente, nao dá attengao ao ensino, nem procura aprender, participarlo o facto imme-
diatanienfe ao sub-director do estabelecimento, para este providenciar.
§ 2.° Os mestres, auxiliados pelos guardas de servigo, evitarlo que os presos conversem
uns com os outros e estejam desatientos,, levando immediatamente ao conhecimento do sub-dire-
ctor todas as faltas commettidas n'este sentido pelos detidos.
§ 3.° Os mestres receberao dos armazens as materias primas para a fabricáglo dos artigos
relativos á sua industria, pelas quaes serlo responsaveis.
§ 4.° Os mestres terao um livro onde devem escripturar diariamente:
1.° Os detalhes.de execuglo dos trabalhos que lhes forem confiados, indicando a natureza
e quailtidade de materia prima entregue aos presos, data da conclusao da obra e da sua entrada
no. deposito geral;
2.° Nota das ferrarnentas e utensilios entregues aos presos, e valor das répáragoes éffectua-
:das por sua conta.
Art. 38.° Do producto do trabalho pertencerá: 25 por cento, ao ,preso; 25 por cento, para
soccorro de sua nmlher e filíios, se o precisarem; e o resto, assim como a parte destinada a este
soccorro, quando elle nao seja necessario, ficará constituindo um fundo eventual do presidio..
§ 1,° O modo de retribuigao será determinado por pega e nunca por jornal.
§ 2." A parte pertencente ao preso constituirá um fundo de reserva que lhé será entregue
quando for posto em liberdade.
Art. 39.° Os detidos, sempre convenientemente vigiados, desempenharlo tambem o servigo
domestico do estabelecimento, por turnos, taes como a cozinha, padaria, lavandería, a limpeza,
etc. Este servigo, porém, só pode ser desempenhadopelos presos que estejam no estabelecimento
ha mais de tres mezes e tenham bom comportamento.
§ único. Os trabalhos no exterior do presidio e suas dependencias sao absolutamente pro-
hibidos.
Art. 40.° A divisao do dia para o emprego do trabalho, exercicios, instruegao e conferen-
cias moraes consta da tabella junta á este regulamento e que d'elle faz parte.
§ único. O director poderá, comtudo, alterar essa tabella, segundo as necessidades praticas
do régimen interno, snjeitando as alteragoes á approvagao do ministro da guerra,

SECQAO II

Exercicios
Art. 41.° Os condemnados terao diariamente um exercicio por turnos ao ar livre, de urna
hora de duragao, em terreno para isso adequado junto ao estabelecimento e completamente ve-
dado. Este exercicio será executado seni armas, sendo adojitado mais para satisfazer urna neces-
sidade do régimen prisional, qual é a de por em aegao as forgas musculares dos presos, do que
para ministrar-lhes urna rigorosa instruegao militar, e constará principalmente de gymnastica, de
marcha e outros que satisfagan! ao fim desejado.
§ único. Os detidos, n'estes exercicios, deverlo estar sempre separados mis dos outros cerca
de tres passos.
SEC^AO III
Instruccao escolar
Art. 4-2.° O ensino comprehencle: a leitura, escripia, arithmetica, systema metí-ico e nogoes
elementares de granimatica, historia e chorographia.
Art. 43.° A frequencia da escolaé obligatoria para todos os condemnados, excepto para aquel-
Íes que possuam a instruegao superior á designada no artigo anterior, os quaes serlo recolhidos
na celia, durante as horas destinadas ao ensino, onde poderlo entregar-se á leitura de livros es-
colhidos pelo capellao.
Art. 44.° O ensino escolar ministrado aos presos será dividido em duas classes: a 1.a com-
prehende os analphabetos e os que simplesmente saibam 1er; i* 2.a os que saibam 1er, escrever
e contar.
Art. 45.° Pertence ao sub-director a superintendencia e fiscalisaclo do ensino escolar.
Art. 46.° A instruegao será ministrada aos presos pelo capelllo e pelo monitor, a grupos
nlo superiores a trinta e quatro detidos.
8á-
658

§ único. Ao capelllo pertence o ensino da 2.a classe; quando, porém, os alumnos d'esta
classe forem superiores ao designado n'este artigo, o monitor procederá ao ensino de outro ou
outros grupos.
Art. 47.° Para se apurar o grau de instrucclo dos presos, para o efieito do ensino escolar,
ser-lhes-ha feito á entrada um ligeiro exame, que ficará averbado n'um livro proprio (modelo
n.° 3). No mesnio livro se registará o exame de saída.
Art. 48.° No dictado, os professores eseolherlo sempre máximas, preceitos de nioral, con-
selhos de disciplina militar e reflexoes salutares que, repetidas vezes escripias pelos presos, lhes
fiquem bem gravadas no espirito.
8ÉCQA.0 IV

Deveres dos presos


.

Art. 49.° Os presos téeni por dever: ' '


" 1¿° Respeitar todos os empregados do presidio e obedecer-Ilies cegamente;
2¡° Assistir com attenclo e recolliimento aos exercicios do culto e ás ligoes da escola;
3.° Desempenliar com cuidado e zéio os trabalhos que lhes forem determinados;
4.° Guardar completo silencio durante o trabalho, nos exercicios, na escola, ou quando. te-.
nham de seguir, fóra da celia, de um para outro lado;
5.° Empregar o' tempo.que lhes for destinado para descango na forma mais útil e mais apro-
veitavel á siiá instruegao moral e religiosa'.
Art. 50.° A chamada para o trabalho, escola, exercicios, etc., será feita por meio de sineta
ou apito, e logo que o toque termine, o preso é obrigado a dirigir-se immédiatanieníe para a
porta da celia, a fim-de cumplir o .servigo indicado, na maior ordem e no mais completo si-
lencio.
Art. 51.° Os condemnados que propositadamente, ou niesnio por negligencia, quebrar em'ou
iliutilisarem algum movel oú ferramenta do trabalho, ou outro qualquer objecto pertencente ao
presidio, serlo obligados a pagal-os, sem prejuizO da pena disciplinar correspondente.
§ unieo. A inrportancia para o pagamento dos objectos a que este artigo se refere será
tirada do fundo de reserva proveniente do trabalho do preso.
Art. 52.° O preso, quando julgue ter recebido aggravos dos guardas, ou dos mestres, ou
de qualquer empregado do presidio, pode levar a sua queixa verbal, por intermedio do sub-di-
rector, ao director do estabelecimento, que a attenderá como for de justiga.
§ 1." Se a queixa for considerada injusta, será punido disciplin amiente por esse fació.
§ 2¿° As queixás ou represeutagoes collectivas sao absolutamenteprohibidas.
i

SECQAO V

Visitas e correspondencia
Art. 53.° As visitas e a correspondencia sómente serlo perniittidas aos presos depois de
tres mezes de encarceramento no presidio.
Art. 54.° Nenhum preso poderá receber mais de duas visitas por mez, nem escrever mais
de duas cartas em igual tempo, a nlo ser por motivo de recompensa.
§ 1.° Aos reincidentes de crinies sómente se permittirá, ñas condigpes do artigo anterior,
receber urna visita e escrever urna cíirta em cada mez.
§ 2.° Os presos que estiverem cumprindo pena disciplinar nlo poderlo receber visitas nem
correspondencia.
Art. 55.° Nenhunia pessoa estranha- ao estabelecimento pode communicar com qualquer
condemnado sem previa licenga do director do presidio.
Art. 56.° As visitas só podem ser recebidas aos domingos e dias santificados, e a correspon-
dencia igualmente só pode ser feita n'estes- dias.
Art. 57.° Nlo sao permittidas a fazer visitas aos presos senao pessoas de reconhecida mo-
ralidade.
Art. 58.° O preso só poderá receber visitas no parlatorio, e será sempre vigiado por um
guarda.
Art. 59.° As cartas escripias pelos presos, e aquellas que lhes forem dirigidas de fóra, se-
rlo submettidas á inspeegao do director.
§ único. Todas as cartas que contenhaiii esperanga de perdió, ou que tratera de assumptos
que pelos presos nao devam ser conhecidos, serlo inutilisadas pelo director.
659

8ECCA0 VI

Penas disciplinares
Art. 60.° As punigoes destinadas á desobediencia e aos actos dé indisciplina, que nao consti-
tuam crimes, e bem assim ás infracgoes ao regulamento da prislo, slo as seguintes :
Reprehenslo; £
Privaclo da leitura, das visitas óu da correspondencia, até trinta dias ;
Pío e agua, até quinze dias;
Recluslo n'uma celia escura, até quinze dias; podendo esta pena aggravar-se com a impo-
sigao de jejum a pao e agua, e substituigao da cama por tariniba.
§ 1.° Em cada tres dias seguidos de jejum a pío e agua será concedido um dia de régimen
alimentar ordinario.
§ 2.° Estas punigoes só podem ser impostas pelo director, com excepclo da repréhensao,
que pode ser imposta por qualquer funccionario do presidio.
Art. 61.° Todas as punigoes serlo averbadas n'um registo proprio, com a designacao da
inffaegao commettida, e sómente será transcripta na folha dé registo da pracá a pena de reclu-
slo em celia escura.
Art. 62.° Todos os mezes sei-ao lidos aos detidos reunidos os castigos applicados, numero
do infractor e falta commettida. ,
Art. 63.° O condemnado que se recusar a trabalhar, alem da pena disciplinar sofírida, ser-
Ihe-ha descontado no cumprimento da pena o tempo que deixar de trabalhar.
Art. 6.4.° Deve procurar manter-se na prislo a ordem material, a obediencia, a réguláridade
dos hábitos de trabalho, por meios ascendentes de nioderaclo, já empregados pelo pelo director,
já pelos seus immediatos; mas, quando isso nao basté é seja necessario empregár a repressao,
n'esse caso ella deve ser dura e exemplar.
Art. 65.° O emprego de meios extraordinarios só pode realisar-sé ^
em caso grave de vio-
lencia e rebelliao, para conter na ordem e no respeito os infractores.
Art. 66.° O castigo urna vez imposto só poderá ser suspenso por doenca compíovada.v

SEcglo vn
Recompensas
Art. 67.° As recompensas consistem:
1.° Na extensao do favor de visitas e de correspondencia;
2.° Auctorisagao para fumar ñas horas de descango do exercicio, o qual nao poderá ser su-
perior a quinze minutos;
3.° Proposta para ser concedida ao condemnado a liberdade provisoria, nos termos do ar-
tigo 43.° § 1.° do código de justiga militar.
Art. 68.° As recompensas só podem ser concedidas quando o preso tenha bpm comporta-
¡iiento, desvelada attengao pela instruegao moral e religiosa, zélo reconhecido pela instrucglo
escolar e pela aprendizagem industrial.
Art. 69.° As recompensas só podem ser concedidas pelo director do presidio, o qual deverá
empregár toda a sua attengao e criterio para evitar a proteccao á hypocrisia.

CAPITULO VII
Servico. e régimen interior

SECQAO i
Alimentacao
Art. 70.° A alimentaglo dos presos será a mesma dos corpos do exereito; mas é-lhes ve-
dada a ragao de vinho ou outra qualquer bebida espirituosa.
Art. 71.° A preparaglo do rancho e compra de géneros efiectuar-se-ha pelos mesmos pro-
cessos em uso nos corpos do exereito. O modo de escripturagao e abonos vae indicado no ca-
pitulo IX.
Art. 72.° Todas as distribuicoes de alimentos serlo feitas individualmente.
Art. 73.° A distribuiglo dos alimentos terá logar ás horas fixadás na tabella annexa a este
regulamento.
Os presos receberlo o alimento ñas respectivas celias.
660

SEC<?AO II

-
Vestuario
Art. 74.° Aos presos serlo distribuidos para seu uso, durante o cumplimento da pena, os^
seguintes artigos:
Üm jaquetao de briche cor de pinhlo, forrado de castorina, sem guarliicoes, e do mesmo
féitio do jaquetlo de linho usado pelas pragas do exereito e com um comprimento tal que a orla
inferior fique 0ra,2 ácima do joelho. No lado direito da gola serlo cosidas as iniciaes P. M., de
panno branco e de 0m,025 de altura, e no lado esquerdo o numero da celia, do mesmo panno e
dimensoes.
Dois jaqüetoes de ganga azul, do mesmo feitio e dimensoes dos referidosjaqüetoes de liñiiO ;
lia frente, do lado direito a 0m,l abaixo da gola, serlo pintados a oleo branco as mesmas ini*'
ciaes com 0m,03 de altura, e do.lado esquerdo, com a mesma tinta e dimensoes, o numero da
celia. '
Dois pares de caigas de ganga azul.
Üm barrete do mesmo tecido, forrado interiormente de carneira, tendo na frente as mesmas
iniciaes, de 0m,025 de altura, feitas com a mesma tinta.
Urna gravata do padrlo determinado para as pragas do exereito.
Diiás camisolas grossas de la, que serlo vestidas sobre a camisa.
Tres camisas de algodlo. •
Tres pares de ceroulas.
Seis pares de meias.
Seis lengos.
Tres toalhas de míos.
Dois pares de sapatos de atanado branco.
§ 1.° Ao director do presidio será remettida j>elos conini andantes dos corpos urna rela-
gao dos artigos de vestuario, calgado e pequeño equipamento que as pragas levam para o pre-
sidio.
§ 2.° D'estes últimos artigos apenas serlo distribuidos os que o director julgue conve-
niente.
§ 3.° Nao é permittido o uso, ñas officinas, do jaquetao de briche.

SECCAO III
Hygiene e salubridade
Art. 75.° O servigo de limpeza é determinado pelo director.
Os corredores, as escadas, as salas de trabalho, as celias, e geralmente todos os locaes ocL
cupados devem ser varridos todos os dias e lavados ao menos urna vez por semana.
Art,-76.° As janellas das celias, das salas de trabalho e mesmo dos logares nlo oceupados,
devem ser todos os dias .abertas por algum tempo, quando o estado da atmosphera o permuta e
as exigencias da disdqilina nao sejam prejudicadas.
Art. 77.° As enxergas e as roupas da cama devem ser expostas ao ar tantas vezes quantas
for possivel.
Art. 78.° Ao chefe de guardas e aos guardas cumpre vigiar pela questao de limpeza e ven-
tilagao dos logares oceupados pelos presos.
Art. 79.° As paredes das celias devem ser caiadas ao menos urna vez por anno, na prima-
vera; e os corredores e outras dopendeñcias sempre que se reconhega necessidade d'isso.
Art. 80.° A limpeza das celias deve ser feita logo de manh! e, durante o dia, sempre que
isso seja. necessario.
Art. 81.° A renovagao dos lengoes da cama deve ser semanal e a da roupa branca do
corpo bi-semanal; e a palha das enxergas, quando o director entender que isso ó reclamado pela
salubridade.
Art. 82.° ó medico deve inspeccionar diariamente o estabelecimento em todas as suas par-
tes, a finí de averiguar se se observam todas as medidas e precaugoes prescriptas no interesse
da hygiene e da salubridade. As faltas que encontrar, participal-as-ha ao director para este to-
mar as precaugoes que julgar convenientes.
Art. 83.° Os presos tomarlo banho geral duas vezes por mez, e mais aquellas que o me-
dico indicar como convenientes.
661

CAPITULO VIH
Régimen moral e religioso

SEC<JAO i
Deveres do capellao, conferencias moraes
Art. 84.° O capellao tem por dever ministrar aos presos o ensino da 2.a classe iios termos
do artigo 44.° d'este regulamento; celebrar missa, na capellá dó presidio, aos domingos e días
santificados; ensillar aos presos as verdades essenciaes da religué; fazer-lhes conferencias mo-
raes, réunindo-os na capellá e pratiéas espirituaes na celia; escolher os livros que elles possam
ler, e dirigir e encaminhar essa leitura; visitar os detidos doentes e cúmprindo penas disciplina-
res ; confessal-os; prestar os soccorros espirituaes aos moribundos; examinar os condemnados ao
entrareni e ao saírem da prislo, acerca do seu grau de instruegao; fixar as observagoes que lhe
ténham stiggerido as visitas na celia, sobre o carácter é disposiglo dos presos, observagoes qué
servirlo de elemento ao director para a classificagao annüal dos mesmos.
Art. 85.° As conferencias moraes serao preparadas pelo capellao com escrupuloso cuidado,
dé maneira que ellas tendaní a desenvolver os sentimentos do justo, o amor da patria e da fa-
milia, o respeito e a obediencia á leí e aos chefes, vantagens da disciplina, etc.

SECQAO II
Bibliolheca
Art. 86.° Háverá no presidio urna bibliotheca de obras escomidas pelo capelllo e approva-
das pelo direetor, que serao compradas por conta dos fundos do presidio, e postas á disposiglo
dos condemnados segundo o seu grau de intelligencia e disposigoes moraes.
§ 1.° É encarregado da guarda e conservagao d'esta bibliotheca o ajudante do secretario.,
o qual inscreverá n'um cadenio para esse fim destinado, o nome do preso a qiiem o livro for
entregue, o titulo da obra e as datas da entrega e da reeepglo na bibliotheca.
§ 2.° O mesmo ajudante é o encarregado de fazer o catalogo da bibliotheca.

CAPITULO IX
Servigo de saude

SECQAO r
Attribuicdes do medico
Art. 87.° O medico do presidio, ou o que for nomeado para ahi exercer o seu inister, ó
obligado a passar revista todos os dias aos condemnados, devendo conformar-se, no exercicio
das suas funecoes, com as disjmsigoes reglamentares e ordens de servigo relativas á policía do
estabelecimento.
Art. 88.° O medico deve fornecer ao director do presidio:
1.° Um boletim diario sobre as condigoes hygienicas;
2.° Urna relagao trimestral, onde sejam mencionados os doentes admittidos na -enfermaria-
prislo ou ñas celias durante os tres mezes findos, eom indicaglo das difíerentes especies de
doengas de que foram tratados, e numero de dias de tratamento para cada homem;
3.° Um relatorio annual, tendo por objecto assignalar as causas evidentes ou presumiveis
das doengas tratadas, meios hygienieos empregados para as conibater, precaugoes a tomar para
as fazer cessar ou prevenir a repetigao.
SECpAO II
Enfermaria-prisüo
Art. 89.° Os condemnados que adoecerem.no presidio serao tratados, por indicaglo do
medico, na enfermaria-prisao, situada no interior do estabelecimento, em sala especial, ou na
respectiva celia.
§ 1.° Os enfermeiros serlo encarregados, sob as ordens e direeglo do medico do presidio,
de ministrar os cuidados aos doentes em tratamento.
§ 2.° Quando nlo houver doentes em tratamento na enfermaría, os enfermeiros desempe-
nharao o servigo de guardas.
662

Art. 90.° Os medicamentos serao aviados na pharniacia onde o forem os destinados aos
doentes militares residentes na sede do presidio.
Art. 91.° Em caso de molestia epidémica ou contagiosa, os doentes serlo removidos, com
todas as medidas de seguranga, para um logar apropriado e que, segundo as circumstancias,
for designado pelo ministro da guerra.
Art. 92.° O medico prescreverá os meios que a scieneia aconselhar para tornar a enferma-
ria-prislo hygienica e saudavel.
Art. 93.° Na enfermaría haverá urna ambulancia indicada pelo medico, e tres colletes de
forgas.
Art. 94.° Um dos enfermeiros, pelo menos, permanecerá no estabelecimento durante a
noite.
Art. 95.° As dietas prescriptas pelo medico serlo preparadas no estabelecimento.
§ único. Como dieta, poderá o vinho ser ministrado aos presos.

CAPITULO X
Secretaria e archivo
Art. 96.° Na secretaria, que estará a cargo do secretario, nos termos do artigo 11.° d'este
regulamento, haverá os seguintes livros:
1.° De matricula, como o adoptado nos corpos do exereito;
2.° De entrada no presidio (modelo n.° 1);
3.° Do registo moral (modelo n.° 2);
4.° Do registo da instruegao dos presos (modelo n.° 3);
5.° Da correspondencia do presidio;
6.° liegisto disciplinái'j similhante ao adoptado nos corpos do exereito.
§ 1.° Os livros sob os n.os 2 e 3 serao sempre escripturados na presenca e sob as indica-
goes do director.
§ 2.° O livro sob o n.° 4.° estará a cargo do capelllo e só poderá ser preenchido debaixo
da sua direccao.
§ 3.° Os demais livros serlo escripturados pelos secretarios.
§ 4.° No livro de matricula, e na casa correspondente aos signaes característicos, niencio-
nar-se-blo todas as indicagoes a que se refere o § único do artigo 14.°
§ 5.° Alem d'estes livros haverá o de registo disciplinar para as pragas do respectivo qua-
dro, e os mais que. se julgarem necessarios para a regularidade do servigo.
Art. 97.° Todos es livros do presidio terao termo de abertura e de encerrarnento, assignado
pelo director, e as paginas numeradas e rubricadas pelo secretario.
Art. 98.° Todos os documentos qué acompanharem os presos, assim como as cadernetas,
os livros e correspondencia diversa, do presidio, serlo archivados, e o archivo, como íica indi-
cado no artigo 11.° d'este regulamento, estará a cargo do secretario.

CAPITULO XI
Administragao,escripturagao e contabilidade
Art. 99.° O presidio militar terá um conselho administrativo composto pelo director, sub-
director e secretario; competindo ao primeiro a presidencia, ao segundo o cargo de thesoureiro
e ao ultimo o de secretario.
Art. 100.° Os presidiados nao vencem pret; por cada um d'elles, porém, será abonada ao
presidio a quantia diaria de 180 réis, que constituirá um fundo computado destinado ás seguin-
tes despezas:
Alimentagao, vestuario e calgado dos presidiados;
Illuminagao do presidio;
Fornecimento de agua;
Lavagem de roupas brancas, de vestir e de camas.
§ único. Ñas despezas de alimentagao nlo se comprehende o valor das ragoes de pao, que,
serlo fornecidas aos presidiados pela padaria militar ñas mesmas condigoes em que o forneci-
mento é feito ás pragas dos corpos do exereito.
Art. 101.° O lucro obtido pela manufactura, dos artigos ñas differentes oflieinas industriaes
do presidio constituirá um fundo eventual.
§ 1.° O lucro será o equivalente a 75 por cento da importancia da mao de obra de cada
artigo manufacturado, quando nao Laja soccorros a conceder a niulher e filhos dos condemna-
dos, nos termos do artigo 38.° d'este regulamento, destinando-se os restantes 25 por cento aos
salarios dos presidiados.
§. 2.° A importancia de mío de obra será a diflerenga entre o valor de todas as materias
primas empregadas na manufactura e o valor arbitrado aos artigos manufacturados.
Art. 102." O fundo eventual é destinado ao pagamento:
Dos vencimentos dos mestres e contraniestres das differentes ofíicinas, com excepglo dos
que lhes competirem normalmente se forem pragas de pret;
Das gratificacoes ás pragas empregadas nos difierentes servigos do presidio;
Dos utensilios precisos para as exploracoes industriaes;
Dos prejuizos resultantes da aprendizagem dos presidiados;
Dos pequeños concertos de mobilia e utensilios;
Das despezas miudas do presidio;
Das despezas com o expediente e de quaesquer outras superiormente auctorisadas.
§ Único. Emquanto este fundo nao estiver habilitado a satisfazer os encargos a que se des-
tina, serlo as respectivas despezas abonadas pela forma que superiormente for determinada.
Art. 103.° Terá mais o presidio um fundo de exploracao constituido:
1.° Por um fundo permanente;
2.° Pelo Valor das vendas dos artigos manufacturados.
Art. 104.° O fundo de exploraglo é destinado:
1.° Ao pagamento das materias primas e mais despezas inherentes, á sua acquisigao;
2.° Ao pagamento dos salarios dos presidiados; "
3.° A constituiglo do fundo eventual.
Art. 105.° O fundo permanente será provisoriamente fornecido ao presidio pelo ministerio
da guerra, ao qual, por este facto, se abrirá conta corrente no registo respectivo; logo, porém,
que a receita cío fundo eventual o permitía, sairá d'este fundo a quantia precisa para a consti-
tuiglo do permanente, saldando-se a conta do ministerio da guerra.
Art. 106.° Para tratamento e conveniente alimentagao dos presidiados doentes na enferma-
ría do presidio ou em qualquer hospital militar ou civil será abonada pelo fundo computado a
quantia diaria de 100 reís por cada um. O abono do excesso da despeza com o tratamento far-.
se-ha pela maneira estabelecida em relaglo ás outras pragas do exereito n'aquella situagao.
Art. 107.° Os débitos ou créditos das pragas que tenham passagem ao presidio serlo abo-
nados o.u abatidos ñas relagoes de vencimentos dos corpos de onde viérem e ficarlo averbados
ñas cadernetas e folhas de registo. Os créditos serlo abonados ao presidio, que os conservará
em deposito até que os presidiados a quem digam respeito passeni aos corpos onde sejam collo-
oados, sendo entao abatidos na competente relaglo mensal.
Os corpos abonar-se-hlo da importancia dos créditos ou áverbarlo, para os devidos efieitos,
os débitos das pragas provenientes do presidio.
Art. 108." Nos termos do artigo 31.° das disposigoes approvadas por decreto de 1 dé se-
tembro de 1892, publicadas na ordem do exereito n.° 23 do mesmo anno, a escrípturaglo e
contabilidade do presidio serlo feitas, qnanto possivel, em harmonía com o que se acha estabe-
lecido para os corpos do exereito, tendo em attengao o que especialmente se estatué no pre-
sente regulamento.
Art. 109.° No conselho administrativo haverá os seguintes registos:
1.° Actas das sessoes do conselho;
2.° Eegisto geral de fundos (modelo n.° 4);
3.° Conta da receita e despeza do rancho (modelo n.° 4 da ordem do exereito n,° 23 de
1892, convenientemente modificado);
4.° Eegisto de exploragoes industriaes (modelo do actual registo n.° 5 dos corpos do exer-
eito, convenientemente apropriado);
o.° Contas correntes com devedores e eredores (modelo n.° 5);
6.° Balangos geraes dos fundos á responsabilidade do conselho administrativo (modelo
n.° 6);
7.° Eegisto de mobilia e utensilios (modelo n.° 12 da ordem do exereito. n.° 23 de 1892).
§ 1.° A cargo do secretario do conselho haverá mais um registo auxiliar, denominado:
Diario do movimento do cofre (modelo n.° 7), e o conselho administrativo poderá adoptar outros
quaesquer, auxiliares, que julgue indispensaveis para a elueidagao de quanto se refira ás explo-
ragoes industriaes do presidio.
§ 2.° O registo n.° 4 subdividir-se-ha em tantos registos especiaes quantas forem as indus-
trias, sendo entre si difiereneiados pela anteposigao ao numero de urna letra alphabetica. O des-
tinado á industria de alfaiate será registo A n.° 4; o destinado á industria de sapateiro, registo
B n.° 4, etc.
Cada registo especial terá duas partes, sendo a primeria destinada ao inventarío da mate-
ria prima, e a segunda ao langamento dos artigos manufacturados e á sua descarga por effeito
de vendas ou de consumo.
§ 3.° As materias primas serlo registadas pelas importancias do seu custo, augmentadas
-
664

com as despezas de transporte ou outras quaesquer que tenham de influir no valor material
consumido em cada manufactura.
§ 4.° O documento da manufactura será organisádo por forma similhante á que se acha
estabelecida nos corpos; designando-se separadamente:
O valor da materia prima;
O valor da mao de obra subdividido em salarios e lucros pela applicagao das perééntagens
indicadas no § 1.° do artigó 101.°;
O valor total da manufactura;
O prego por qué sáíu cada artigó.
Quando séjá preciso e possivel, augfnentar-sé-há á importancia dos lucros a menor quantia
ñecéssaria para qué, da divisaó do valor total da manufactura pelo.numero de artigos manufa-
cturados^ resulté üm ñuto inteiro. Na inipossibilidade de assim se proceder, quaesquer difie-
rengas no fundo de éxploragao, que possam éncontrar-sé no fim de cada trimestre, provenientes
dodésprezOde minihios dé real, serlo annuíladás antes de encerrado o balango, transferindo-se
a sua importancia do fundo eventual para o dé expío
constituir a totalidadé do fundo permanente. '
Art> 110.° No passivo dos balángós triméiisaes será sempre déscriminada a importancia que
: '.-'-.
Dos referidos, balandos poderásempre éxírahir-sé a cónta correnté relativa as expiorágoés:
industriaes pelaséguinte forma:
Activo:
A partedo saldó ém éofre Constituida pelo fundó de éxploragao.
Os valores émarí-écadagao constantes das duas partes do re^^
As importancias;& haver dos devédores inscriptos¡ no registo n.° 5,
Pássivo:
átimportancia do fundo permanente da éxploraglo;
As qüantiáS a pagar aos credores inscriptos no registo n,° 5.
..:*,-:
Art, 111,° A reeeitá ordinaria do presidio constituinte do seu fundo computado, o pao á
dinhéiro, vencimentos de marcha 6 créditos dos presidiados serlo abonados mensálinente áo
eonselhó administrativo por ineio de titules processados na direcglo da administragao militar,
empresengá dé relagoés dos presidiados formuladas conforme o modelo n.° 8.

•.-'.'"., CAPITULO XII

.
DisposiQoés diversas
Art. 112.° As licengas aos empregados só podem ser concedidas pelo director, ein harmo-
nía com ás exigencias do servigo.
Art. 113.° É expressamente prohibido a todos os empregados o fumarem dentro do presi-
dio, e a infracglo a tal preceito será rigorosamente punida.
Art. lié." As pragas pertencenfes ao quadro do presidio serlo consideradas em diligencia,
sendo as graduadas supfanumerarias nos respectivos corpos.
§ único. Os conselhos administrativos dos respectivos corpos continuarlo a fornecer os ar-
tigos de fardaniento a estas pragas.
Art. 115.° A porta de cada celia, e na sua parte exterior, será collocado um quadro em
que sé mencione:
1,° Nome do preso;
2.° Q crime commettido;
3.° A natüreza'da pena;
4.° Classe da escola;
.
5.° Comportamento anterior á prislo;
6.° Profissao que exerce, '
Art. 116.° Os serventes empregados na antiga cadeia districtal de Santareni podem conti-
nuar a prestar o seu servigo no presidio militar se para isso forem considerados aptos,
Art, Í17.° Em casos. extraordinarios, ou quando os serventes do quadro nlo sejam süfii-
cientes para o desempenho dos servigos a seu cargo, o director do presidio poderá requisitar
as fachinas, que julgue necessarias, ao commandante da forga militar da localidade.
Art, 118.° Emquantó nlo poder ser preparado o rancho no estabelecimento, será este for-
necido, tanto aos presos como ao pessoal, pelo regimentó aquartelado na localidade.
Art, 119.° O pessoal do jiresidio conservará os uniformes dos respectivos corpos, substir
tuindo os números pelas iniciaes P. M., de metal amarello, de 0'n,025 de altura.
Tabellaa que se refere o artigo o." do presente regulamento

Soldó, pret
- oü. .Gratificacíio
Pessoal do presidio militar . ordenado
-
.

..,.....
Da patente 50^000
20¡&000

1 Medico,..
1 Director.'
1 Sub-director.•

i Capellao . ..¡.
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..-..,.,,
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»
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15$Q0O
15&000

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Secretario .......,.,, ,.. ,., ........ „ 6|Ó00
1
Ajudante do secretario . ........ ... . „
6#000
1 ..,...,,.
................ ,....., .... ................... »
-£-
1 Monitor
ensino profissional (os que. forem necessarios) (a). ,-...... ...,.,,,.... ' „ 7 $500
Mestres para o
1 Chefe de guardas ;
...... »„
» 6#000
6 Guardas de 1.a classe .. ........ .. .........;
....,,..,,,....'
. .
........................
; ....... 4£500
12 Guardas de 2.» classe
1 Porteiro. ...¿. ..¿, ,.... .......
................. .........
» >,
6$000
4^500
2 Enfermeiros = ... .,..,.... ..,.........,, ..,..........'.:.... »
3£0Q0
4|500
6 Serventes (5) .-.... «
1 Fiel de armazem ,.. —, .

ciyis; nos-termos dos respectivos contratos.


assim urna gratificacáo mensa! de'7,5500 réis, e, se foreropereeíiéH),
(a) Os mestres,se forem raiUtáres, pereeberáo o pret.a que tiveremdireito c bem odrlservádós vencimentos qué actaalmente -; '
áistiictal de Santarem, serao com os .
(i; Os seiveiitescivis, ainda empregados na autig-a e&deiá,

Tabella a p».
¿auBirct a, reiere o artigo
que se refere arwgo 40.°
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11 j { '31f,
1 4V¡ 5 v/¡ 8 8
1 de novembro a 31 de dezembro
;....',....... 7. 10 12

e á tránscEÍpeao dé iristrucc'oes
iristrucc"i5esmoraes e religiosas.
exercicios réligiososrá.eó
Os domingos e dias santificados serao. destinadosáós
MODELO ÍJ.°1 -
. •
'
Livro para inscripeao dos condeíonadosao darem. entrada no presidio

1 M '.'
. •.CondemnacSio "- .:
£ § ultimo
-"Ornes
a-Z
| córpci
ZaS a qne
_
Entrada
n?,,
pertence» presidio
qng
lie foi imposta
Crime
commettído
DisppsicSo
pKysiea
Disposi?So
moral
Grau
de intelligencia
i
Grau
do. instrucjiio
T?e_?ó
ao entrar Aptidao .',
- Conducta
Inforniacoes mensaes
f_ 1- pelo tribunal
'
. no
presidio
profissional ' anterior

i : ; ,. ..' , . •
F...
" " •
• constfc Earece nao estar .' . - ,
... Infantería]Eiri 35 de Dox mezes de Abandono de Tem boa
n.° 6. jnlho de presidio mili- posto de sen- tnícüo physica Mediocre. . -
Analphabeto. SO kilogram- Tem aptidao Era sofirlvel 15 de agosto. Applica-se
completamente ao
1895. tar. tinella. o denota vser pervertido, mas. para alíaia- no régimen- trabalhode alfáiate a que
| saudavel. dando esperan- ' te.. to antes de se dedicou e assiste com
. ?er comiera- zSIo á
cas de régene- escola e as confe-
nado. rendas. É. bem compor-
rar-se. tado.
-• — 15 de setembro. Continúa a
-- - - -fazer progressos nooíiicio
-- -•- -
e porta-se bem.
: 35 de outubro. Tem frito •'
progressos na escola, etc.

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-
(Urna pagina para cada condemnado. Formato 0,m,34 X O1",45.) :
'^
667

MODELO N." 2
Livro de registo moral
Nome: F... Numero de matricula:

Iiiformacocs relativas ao
Áunos ' ^^~~~—™"^ ' ~~~ Informacoesannuacs
Primeiro trimestre Segundotrimestre Tejvciro trimestre Quatro trimestre

tSü.í....... Conducta,boa. Conducta, má (foi piulido.. Foi punido (iisciplmarmen-


: Applicacao ao trabalho
.
pro- discipliñannente). te duas vezes. A sua ap-
fissional, regular. '
Applicafüo ao ensino escó-
Applicacao a'ó trabalho ,.. plicacao ao trabalüo e p
seu zelo .pelos diversos

','''
lar, regular. servicos deixaram muito
Attencaoprestada.ás confe- .
a desojar.,
renciasmoraese aosexer-
cicios religiosos,inulta. r^
GauhOs durante o trimes- *
tro. . # . .

¡sm

1807......

1888:,....
.....
(Urna página por cada condemnado. Formato ()m,34 X 0m,45¿)

MODELO ls.? 3
Livro para averbamento do grau de instruegao do condemnado

Numero .
Nome de . Prova ao entrar no presidio Pi-ova ao sair do presidio
, 1
matricula

(Sabendo escrever, cscreverá algumas (Escrever um texto. Executar urna opc-


linhas e, se souber conjfcar, fará nina .
racao aritbmetica. Informacao do cá-
operacao arithmetica. Acerca dama- peílao acerca do modo de Ier c do.
neira de 1er, o capellao informará inais <jue. se lhe otFéreccr sobre o
sobre o grau de.adiantamento.) aprpveitamento do presidiado.)

ta>
(Testo eacripto.)

(Operacao arithrnctica.)

(Informacao do eapellao.)

(Urna pagina para cada detido. Formato do livro 0m,25 X üm,35.]


; MODELO N> i
Registo géral de fundos

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Datas- Movimemo.
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\ Lucros da manufacturan." 20 do registoA
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Reeebido para resgate de cédulas:
» » '
1 \
Vencimentos de marcha de ofBciaes:
Abonado por meio de cédulas:
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§ 75000
> > Salarioao presidiarion.°... que passon a infan-
*
terian.0 - -§- - -$- -$- -I- -§- "-#- -#- -I-• -S- -#- -
-#- -S- -$- \ 1^600 -#-

' * \ Saldos positivos...)


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Negatiyo__ _
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^ ^ ^ -|- -§- -|-.
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2:650^000
32^000
I
' I
2:638^° 8^°° *«««»

(Formato da pagina 0m.S4 X O1",45.)


669
MODELO N.» 5
Oontás com devedores e oradores
'Q conselho administrativodo presidio em conta cúrrente com F...

Datas - Deve Haver

:" ÍÉQb
Setémbro
" '
15 Por ...
..-.;:.....
Mlpgrammas de vitellá...,
'. r:f\
...; '
;,;;'r'it;'"'
Í50$000i
i /"' I

Por ..-. kilogrammas dé sola'.... ¿..........,.'.......,..'...,.. 18jg0Ú0


Pago por conta do seu crédito ............, ......:,,;,, ^.-V \ 70i¡000
.-;;>-i:'--' Sommas .............. ¡:.;v: v: ;' /168ÜÓÓ0 70Ü00Q
Divida qué'passa ao trimestre seguinte.v.'.. .vi:.-.:.... /v;;¡V V¿¡:, ' '"''—§—''
.
98^000
- ."' - :: : r 168gOOQ: "I 168^000

Qutubro,
.
1 Véin do antecedente ¡. .......................'.,.,;.,, .,.4iy.f...:^..,-,/].::/^900O: -áí-

(Formato da pagina 0m,2(S x 0">,35¡).-


MODELO N.° 6
Balanco geral dos fundos ó, responsabilida&e do conseibo administrativo
em 30 de setémbro de 1895 -*'

Activo Passivo ¡

Q11 em colre (Em dinhoiro


t jEm ...... 2:629£400 Fundo computado; 50¡S00O
baldo cedulas 8|g600 Pundo eventual 175£0Q0
Valores em arrecadacao constantes do I'Eroprio,......... 4QÜ$000,-: ..;;.,. „..
registo n.° 4 1:500^000 iíunao Pei" Emdividaaominis- - '"
TP.,™,?,» „<>,. ' "•',', ',-"..
A haver: manente teño da guerra. 60Ó#0Q0 ^nn^^n
Í

De F..., afolhas... do registo n.° 5 , ^«WWU


De(?...,afolhas... do dito registo '
400^000 .
„_.
2O.JS000 A Pafal •
'

A commissáo de lanificios,folhas...
Da pagadoria. para despezas da en-
fermaria...:.. ÍS^OOO do registo n.° 5. / 2:5()0¡SOOO
A H..., a folhas do dito registo 700¡g¡000
...
A J,.., a folhas ... do dito registo 145£000
.././- 4:570#000 •
:
4:570¡£000

'Presidio militar em Santarem, em 30 dé setémbro de 1895.


O conselho administrativo/
"£::•;< - v
F...
F...
(Formato da pagina 0ra,26 X 0U1,35.)
67G

MODELO N.o 7
Diario do movimento do cofre
i
Conta I Mofimentode
de caixa |
Datas - Descrincao- —.
Keceita i
|
*»— — ~" -

0 despeza j Cédulas Numerario


i

1895
Setémbro 30 Saldos do antecedente 2:634¿000 10¿000 2:624£000
Recebido:
Gratifieacoes de officiáes , 60^000
Vencimentos dé marcha, idéin 3$000
Para a enfermaria. 1GJ50Ó0
Vendas. Eegisto B n.« 4 ,-,..- 25£000
Lucros da manufactura n.° 20 do registo A n." 4........ 75£000 179^000
Somma. 2:813ÜOOO 2:803£000
-- ...».-.- ...- i -
Pago :
GratificafSés a officiáes.
Vencimentos de marcha, ídem ,.,..... 60&SOOO
3¡>>000 '
Máo de obra da manufactura n.° 20 do registo A n.° 4... 100^000
Despezas da enfermaria 12J.000
.... j 17f>-500(J

Fiea. 2:638#000 2:G28$0Ü0


" » Eecébido para resgate de cédulas :
Vencimentos de marcha dé ófliciiies 3¿000 SjSOOO

» i Abonado por meio de cédulas: 7 £000 2:631$000


Salario ao presidiado n.°.,. que passóu a infantería ii.°.,. ljS600 1¡56O0

» » Saldos 2:638£000 8£600 2:629¡¿>400

(Formato da pagina 0m,26 X 0m,35.)


MODELO N.» 8 •
X^ésiclio militar
Relaoao dos presidiados existentes durante o mez de setémbro de 1895

IIj «-ci0íi0a0
di §*§ S*l
O O Ó
*
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tí '^ "i g Créditos
r-,
¡I

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e« Romes oug SSg, B Sa .5 5 .
Observaeoes

ü P© -, o ^ Abonados Abatidos

1 F... , 30 27 3 Baixa á enfermaría em 27.


2 F 30 30 4^800 P. a ..em 16. Credor de4¡&800 réis.
..
3 F... ;...; 15 15
4 F 30 30
ñ F 30 30
6 F ... 30 30
7 F 30 30
8 F 30 30
F..,
9
Sommas.
.. 229
4 4
226 3
í

¡i .'
3$600
3J600
^^^
4.Ü800
V. de
dor ...
em 27, pago até 26. Deve-
3¿>600 réis.

A abonar:
Para fundo computado: 229 dias a 180 réis ¿..... v. 41£220
Pao a dinheirp: 3 dias a 40 réis , ¿120
Vencimentos de marcha -$-
Créditos 3£600
N
;
-$-
Somma.... 44,0940
A abatsr:
Créditos , 40800
K ....- -&-
Liquido 40^140
Confei'ida na importancia de quarenta mil cento e Importancia liquida: quarenta mil cento e quarenta
quarenta réis. réis.
Direccao da administracao militar, de Presidio militar em Santarem, 30 de setémbro de
1895. ... de ... 1895.
F... O cousclho administrativo,
F...
(Formato da pagina 0m,34 x 0m,45.)
671

Decrete de 2o de abril de 18!)íi,

Estando concluidas as obras indispénsaveis para se poder estabelecer o presidio militar no


edificio da cadeia geral penitenciaria de Santarem, que, para tal fim, foi posto á disposicab do
ministerio da guerra;
Havendo sido approvádo, por decreto da data de hoje, o regulamento d'essé novo éstabelc
cimento militar; é
Sendo necessário fixar o .diá em que hao de comegaf a vigorar ás prescripgoés dp livfO I
do código de justi§a militar relativas a crimes e a penas: !
Héi por bem'decretar o seguinte:
Artigo 1.° As dispósigoés do código de justiga militar contidás no livro í, relativas aos cri-
rnes e ás penas, comegarab a ser applieadas no dia 1 de maib'próximo futuro.
Art. 2.° A cadeia geral penitenciaria de Santarem, que foi posta á dispósicap do> ministerio
-
da guerra por decreto de 7 cié feveréiro ultimo, pássará a denonimáí^sé Presidió militar
Art. 3'.° N'essé' estabeiéciniéñto será cumprida a pena de presidio militar de qué trata ó ar-
tigo 21.° do código de- justiga militar,
Ó presidente do conselho de ministros',ministro é' secretariod'estado dosnegocios da fa-
lencia, e os ministros e secretarios d'estado das outras repartigoes, assim o tenháln entendido é
fagam executar.

No decreto de 2 de maio de 189», regulaiisando e diminuindü os tirocinios de embarque para a promocao


das jiracás do corpo de mariuheirosj encontrá-se o segúinte:

Artigo 7.° A apreciacao do comportaménto das pragas para os effeitos da prornogao nao
deverá aferir-se pelo numero de culpas do registo disciplinar, mas sómente por aquellas que
mostrem perversao moral de carácter pela reincidencia no mesmo delicto, espirito rebelde á disci-
plina e repetigao de faltas reveladoras de menos brio militar.
§ único. No registo disciplinar das baixas, a classificágao do comportaménto será feita nos
termos d'este artigo.

Decreto de 22 de maio de 189»

Attendendo ao que me representaran! os ministros e secretarios d'estado de todas as repar-


tigoes : hei por bem decretar o segúinte:
Artigo 1.° E applicado provisoriamente á armada, na parte exequivel, o regulamento disci-
plinar do exereito, de 5 de julho de 1894.
Art. 2.° O conselho do almirantado determinará a equivalencia da competencia especial
prevista nos artigos 57.° a 67.° do referido regulamento.
Art. 3.° Fiea revogada a iegislagao em contrario.
O presidente do conselho de ministros e os ministros e secretarios d'estado de todas as
repartigoes assim o tenham entendido e fagam executar.

Decreto de ti de junlio de 1898

Tendo sido substituido no exereito o código de justiga militar de 9 de abril de 1875, assim
como o regulamento para a execugao do mesmo código, de 21 de julho de 1875; e tornando-se
indispensavel harmonisar as prescripgoés do artigo 56.° do decreto n.° 4 de 27 de setémbro de
1894 com a nova lei penal militar: hei por bem decretar o seguíate:
Artigo 1.° Sao reduzidos a sete dias, nos casos dos n.os 1.° e 5.° do artigo 124.° do código
de justiga militar de 10 de Janeiro de 1895, e a dez dias, nos casos dos n.os 2.°, 3.° e 4.° do
mesmo artigo, os prasoa ahi estabelecidos para serení qualificadas como deserg&o em tempo de
paz as faltas no referido artigo especificadas.
Art. 2." Todos os autos de corpo de delicto, e bem assim os summarios instaurados nos
tribunaes civis contra o pessoal da guarda fiscal, serao remettidos á administragao geral das al-
fandegas e contribuigoes indirectas para os effeitos consignados no artigo 348.° do código de
justiga militar. •
^
Art. 3.° O ministro da fazenda tem, com respeito ao pessoal da guarda fiscal, as attribui-
672

c'oes especiaes consignadas em os n.os 1.°, 2.°, 3.° e 4.° do artigo 348." do código de justiga
militar..
Art. 4.° Pelo ministerio da fazénda será imposto ó castigo disciplinar que deva ser appli-
cado aú pessoal da guarda fiscal, quando os autos de córpo de delicto a elle respeitailtes lhe
sejam devolvidos pelo ministerio da guerra por falta de fundamento para julgamento em conse-
jil o de guerra ou applicagao de leí penal militar.
§ único. Os referidos autos serao depois reenviados ao referido ministerio a finí de serení
archivados. na estacao competente.
Art. 5.° Os individuos da guarda fiscal submettidos á aegao dos tribunaes militares seríio
postos á disposigao do general commandante da divisab por onde correr o processo, ficando só-
mente dependentes do ministerio da fazenda para o abono dos respectivos vencimentos.
Art. 6.° As pragas de pret da guarda fiscal, condemnadas em qualquer pena das estabele-
eidas no código de justiga militar, serao transferidas para o exereito, onde, depois de cumprida
a penalidade, completarlo o tempo de servigo que ainda lhes faltar, segundo o seu alistainento
no mesmo exereito ou na guarda fiscal.
Art. 7:° Os empregados da antiga liscalisagao externa addidos á guarda fiscal, a quem for
applicada a pena de prisáo militar, cumpril-a-hao em urna praga de guerra designada pelo go-
verno.
Art. 8.° Fica pelo presente decreto substituido o artigo 5(5.° do decreto n.° 4 de 27 do so;
tembro do 1894.
O presidente do conselho de ministros, ministro o secretario d'estado dos negocios da fa-
z en da, e o ministro e secretario d'estado dos negocios da guerra, assim o tenham entendido e
fagam executar.

:¡ ¡i!y-:...-. HPoHaria de 49 de juñjiü de J898

: Por ella fói exonerado ele vogál da comniissao eilcarrégada de propor niodificacoes ños pro-
jéétps cío [código de j'üstigar militar e do: regulamento disciplinar da armada, o primeiro tenente-
Fráücísco ©iógo dé Sáj é noméadb! para o substituir o 'primeirotenente Henriqúé de 'Castro;
Carvalhosa e Atliayde.
SYNOPSE

ACCORDAOS DO TRIBUNAL SUPERIOR DE GUERRA E MARIHA

PROFERIDOS DEPOIS DA POBLICApAO DO

CÓDIGO DE JUSTIGA MILITAR DE 9 DE ABRIL DE .1875, E QUE BSTABBLECEM JüftISi'RUDEKCIAJ

Exereito

1876J dezembro 6. — Sao nullos os actos aceüsatorios e contenciosos do processo e os do


julgamento no foro militar, praticados em dias feriados.
1878, maio 15. — Gommette crime de desobediencia, previsto no artigo 77.° do código; de-
justiga militar, o militar que se recusar a ir em ordem de marcha á instruegao, como castigo.
1878, jidho 5.—Nao pode haver acoumulacao de penas por crimes anteriores á primeira
condeninacab. Penas nao homogéneas nao podem fundir-se.
A pena imposta na primeira sentenga nao pode ser alterada se passpu em julgado,
1879, maio 7. — A praga que extraviar ou distrahir algum dos artigos, a que se refere o
artigo 113.° do código de justiga militar, nao deixa de comnietter crime, pelo facto de nao os
dever ao conselho administrativo do seu regimentó ou á fazenda, quando nao seja por negligen-
cia ou descuido.
1879, junlio 25. — Se a embriaguez nos crimes militares nao attenue a culpa, como deter-
minou o § 3.° do artigo 1.° da lei de 3 de maio de 1878, muito menos a pode extinguir.
1879, dezembro 18. — Os conselhos de guerra permanentes sao competentes para julgar os
licenciados na reserva, por crimes militares, mesmo que nao estejam em servigo ounas reunioes
de instruegao.
A graduagao das penas, dentro do máximo e mínimo, é faeuldade dos julgadores.
É ao aecusado que cumpre requerer no processo os exames .uteis á defeza.
1880, abril 15.—Nao deixa de commetter crime de desereao o substituto que se ausentar
illegitimamente, pelo tempo necessario para a constituir, pela circumstancia de nao ter provado,
no acto do alistamento, o haver já satisféito directamente as obrigaeoes da lei do recrutamento.
1881, fevereiro 17.—Nos crimes deve haver accmnulagao de penas pelos conmiettidos du-
rante o cumprimento da primeira eondemnagao.
1881, junlio SO.—Nao commettem o crime de deserglo os menores de dezesete anuos, que
forem admittidos a alistar-se illegalmente, em respeito ao disposto no artigo 9,° da lei do recruta-
mento de 1855, e se auséntela depois.
1882, Janeiro 19.—Contení doutrina idéntica ao de 17 de fevereiro de 1881.

1 Os extractos dos aecordáos respectivos ao exereito coutidos u'esta syiiopse até 10 de agosto de 1889 já
foram publicados n'outra synopse inserta na Revista militar de 30 de setémbro d'aquelle anno.
85
674

1882, Janeiro 25. —- O elemento constitutivo do crime de abandono de posto é únicamente


a ausencia illegitima, sem dependencia de qualquer iutencao maléfica ou de circumstancias de
tempo e distancia do logar.
1882, maio 25.—Nos crimes mixtos, isto é, nos previstos pelos código penal ordinario e
de justiga militar, nao pode o conselho de guerra fazer applieagao do artigo 3." do regulamento
disciplinar.
1882, junho 28. — Nos crimes militares nao tem logar accumulagfio de penas pelos que
forem commettidos durante o cumplimento da primeira conderanagao.
1882, julho 6. — Só os tribunaes militares, e nao qualquer dos seus membros, sao compe-
tentes para mandar restituir a quem pertencerem os objectos apprehendidos aos delinquentes
ou apresentados em juizo, para prova do crime.
1882, agosto 10.-— Os tribunaes militares nao podem reduzir a pena de deportacao á de
prisao militar, por nao o permittir a lei de 3 de maio de 1878.
1882, agosto 10.—Quando o máximo da,pena correspondente a um crime é taxativo^ nao
pode o conselho de guerra reduzil-o.
1882, dezembro 14. Sendo pelo mesmo crime coninium accusados individuos sujeitos á
júrisdiccaodos tribunaes—militares, e outras pragas da reserva, devem ser todos processados e
julgados perante os tribunaes militares.
1883, Janeiro 18.—As rCspostas aos quesitos devem ser assignadas por todos os juizes e
pelo presidente; e por serení as ássignaturas féitás pela ordem de graduagoes, nao é isso prova
de que a votacao nao fosse pela ordem inmersa.
1883, Janeiro 18.—Nao podem os réhs ser absolvidos pelos tribunaes, sob fundamento de
nao poderem cumprir a pena por incapácidade pliysica, por.quanto a outro poder do estado
pertence a apreciagao d'essa cñ'cuinstancia.
1883, j'etiereiro 15.-^0 juiz. de direito que cumprir urna carta rogatoria é inhábil para
c

fazer parte, como auditor, do conselho de guerra que tem de julgar o processo a que a dita
carta se refere.
1883, abril 26. — Os conselhos de guerra nao podem mandar remetter os processos aos
conimandantes das divisóos, para serení appíicadas aos réus penas disciplinares, por factos que
deram como provadbs e sSo julgados crimes pela lei penal.
1883, jilnlío 14. —As penas estabelecidas no código penal ordinario só podem ser appíica-
das aos réus" militares nos casos nao expressos no código ele justiga militar.
1883, junko 14.-^— As offensas corporaes praticadas por um militar contra uní superior nao
podem ser punidas pela lei commum, por lhes serem directamente applicaveis as disposicoes do
artigo 81.° do código de justiga militar.
1883, julho 26. -^— IDé todo o facto criminoso resultara duas aegoes judiciaes, urna cri-
minal para a imposigao da pena, e outra civil para a indemnisagao ou reparagao do dañino
causado.
Os tribunaes de justiga, quer civis, quer militares, nao téem competencia para intervir na
verificaclo da responsabílidadé dos exactores da fazenda publica e dos responsaveispela guarda
dos dinheiros do estado.
Os consellios de guerra constituemjurisdiegao puramente criminal e pessoal, eme nao tem
competencia sobre os bens e fazenda dos individuos, añida que militares sejam.
1883, agosto 2.— O commandante do corpo que toma conhecimento, n'essa qualidade, de
qualquer facto criminoso, nao pode formar, parte do conselho de guerra que julgar o respe-
ctivo réu.
'O chefe do estado maior nao tem competencia para assignar pelo general da divisao os des-
pachos de aecusagao.
Os quesitos nlo podem ser poueo claros ou complexos, nem envolver materia contradi-
ctoria.
1883, agosto 9.— Üm dos elementos constitutivos do crime de extravio de artigos militares
é a circunistancia d'estes terem sido entregues ou confiados ao soldado para o servigo militar,
sendo nuílo todo o corpo de delicto, em que se nao demonstre tal facto, se essa deficiencia nao
vier a ser supprida pelo summario.
1883, outubro 25.-—Em materia penal nao sao' admissiveis as consideragoes derivadas de
analogía ou induegao por identidade ou maioria de rasáo, devendo applicar-se restrictamente a
pena respectiva a cada crime dentro dos limites legaes.
1883, dezembro 6.-—• Os militares que sao dejratados só sao dispensados de exercer as func^
goes de justiga militar durante o exercicio de funegoes legislativas,
1883, dezembro 20.-—A inutilisagao de artigos de faldamento, quando voluntaria, nao pode
deixar de ser classificada crime previsto pelo artigo 110.° do código de justiga militar; mas, pra-
ticada involuntariamente ou por negligencia, constitue simples infraegao de disciplina, nos termos
do n.° 10.° do artigo 1.° do regulamento de 15 de dezembro de 1875.
675

1884, marco Í3.—A desercao é um crime especial que só se pode verificar quando o as-
sentamento de praga haja sido feito em condigoes legaes.
1884, marco 20.—Os defeitos occorridos no corpo de delicto, que forem sanados no decor-
rer do processo, nao constituem nullidade.
A inquerigEo de testemunha, que o nao possa ser, nao é motivo de nullidade, quando nao
tenha sido impugnada no decorrer do processo.
O simples indeferimento ao requerimento de adnüssao de novas testemunhas, no acto do
julgamento, nao constitue igualmente motivo de nullidade.
É da competencia exclusiva do conselho de guerra a applieagao da pena correspondente ao
crime dado como provado, quando es teja comprehendida dentro dos limites legaes.
O chefe cío estado maior nao tem competencia para ñitervir nos processos militares, sendo,
da exclusiva e pessoal attribuicao dos Commandantes das dívisoes as funccoes que a lei lhes dis-
tribue nos assumptos jurídico-militares.
1884, marco 27.— Só pode ser punido, segundo o artigo 58.° do código de justiga militar, o
militar que for encontrado a dormir, estando de vecleta ou sentinella, nao podendo, como taes,
ser classificados os servicos de saucle ou patrulha.
1884, junho 19.— Para a contagem dos dias de ausencia que constituem o crime de deser-
cao nao se inclue o dia da ausencia.
1884, agosto 14.— Nos crimes militares, para a applieagao da resjiectiva sentenca, déve to-
mar-se em conta o tempo da prisao preventiva já soífrida, na eonformidade do artigo 4.q da lei
de 14 de junho de 1884..
1884, agosto 28.-—A pena de deportacao militar nao pode ser inferior a tres annos, por ser
éste o seu minimo.
1884, novembro 27. — Aos crimes militares, para a-.applieagao da respectiva senteuga, nao
deve tomar-se em conta o tempo de .prisao preventiva já soífrida.
1885, Janeiro 15.— Contení a mesma cloutrina do accordao antecedente.
1885, Janeiro lo.— A desobediencia á ordem de um superior é urna ofiensa que so aífecta
este pela sua qualidade militar ou pela auctoridade de que legalmente se acha üivestidOj nRo jio-
dendo assim. considerar-se como parte particularmente offendida, para os effeitos do artigo 968,°
da novissima reforma judiciaria.
1885, Janeiro 23. — Nao é parte particularmente offendida a sentinella que foi ameíigadano
exercicio das suas funegoes.
1885, fevereiro 5. — A irregulariclade ou supposta illegalidade do assentaniénto ele praga é
materia de todo alheia á competencia e jurisdiegao dos tribunaes militares, com excepcao dos
casos em que se trata de apreciar o crime de desergab.
1885, marco 12¿— Contení a mesma cloutrina do accordao antecedente.
1885, marco 26.— O man comportaménto militar nSo é circumstancia aggravante.
1885, marco 26.— Nos crimes de destruigao de objectos militares, a falta de exame por pe-
ritos que constate a inutilisagao d'esses objectos constitue nullidade insanavel.
1885, maio 13.— NSo é defeituoso o depoimento da testemunha do plenario que se acha
presa, comíante que, ao tempo do seu nome ser dado em rol na participacao do crime, esteja em
liberdade.
1885, junlio 18.—-O militar que, estando na instruegao de recruta, nao obedecen, quando é
mandado marchar ein acceleraclo, como castigo, nao commette o crime de desobediencia militar,
porquanto tal ordem nao diz respeito a um servigo, mas pratica urna mfraegao prevista no
n.° 7.° do artigo 1.° do regulamento disciplinar.
1885, agosto 6.— Os conselhos de guerra, na apjilicagao das penas, nao podem reduzir os
minimos auctorisados pela lei de 3 de maio de 1878.
1885, agosto 26.— Nos quesitos devem especiíicar-se todos os elementos constitutivos do
facto criminoso, segundo a lei applicavel. Sendo os elementos constitutivos do determinado crime
clifferentes, segundo as leis vigentes ao tempo em cjue foi praticado, e em que o réu é julgado,
devem formar-se quesitos distinctos e separados para poderem,, depois de respondidos, ser re-
solvidas as questoes de direito, e principalmente a de saber qual a lei applicavel, se a aiitiga se
a moderna.
1885, outubro 8.— A parte ofrendida, muño embora haja declarado antecedentemente nao -
querer ser parte em juizo,'pode comtudo constituir-se parte queixosa, nos termos do artigo 193.°,
§ 1.°, do código de justiga militar, em qualquer altura do processo.
Nos quesitos devem espeeificar-se nao só o facto, como todos os elementos constitutivos da
criminalidade, sendo a separacao dos quesitos só essencial a cada crime, a cada criminoso e a
cada urna das circumstancias attenuantes ou aggravantes, e nao a cada elemento constitutivo da ,
criminalidade.
1885, outubro 8.—^0 offici-al de um corpo de determinada divisao, exercendo commissao
n'outra, deve ser nomeado para o conselho d'aquella em que eftectivamente residir.
676

1885, novembro 19.— Em materia criminal é sempre admissivel a interpretagao restricta e


nao a extensiva. As mantas entregues aos militares sao para uso proprio d'elles e nao para o
.

servigo militar, nao constituindo por isso a sua inutilisagao o crime previsto no artigo 110.° do
código de justiga militar e sim o de dañino, incliniinado no artigo 424.° da nova reforma penal.
1886, margo 15.— O militar que recusa cumprir o castigo de exercicios armado e equipado,
que lhe foi imposto, nao commette o crime de desobediencia.
1886, marco 24.—- O artigo fornecido pelo estado para o servico militar, quando o for depois^
de pago pela praga, nao pode considerar-se objecto do estado.
O que rasgar ou ñiutilisar algum artigo n'aquellas condigoes, nao commette o crime previsto
no artigo 110.° do código de justiga militar e sim urna transgressao do ii,° 10.° do. artigo 1."
do regulamento disciplinar.
1886, agostó 12.— No crime de burla é sempre elemento constitutivo a fraude ou simulagao
de influencia e de valimento para com alguma auctoridade ou empregado publico, o que importa
a necessidade de ser designada essa auctoridade ou esse empregado publico, a pretexto de cuja
influencia se obteve dinheiro.
1886, agosto 12.— Contení a mesma doutrina do accordao de 14 de agosto de 18.84.
1886, novembro 6.— E nulla a sentenga que applica a pena de degredo, sem designagao da
classe Ou possesslo em qué a pena deve ser cumprida e sem estabelecer a alternativa correspon-
dente no systema penitenciario.
1886, novembro 6.— E nullidade insanavel a falta de declaragao ñas respostas dos quesitos,
se as decisoes sao tomadas ^por unanimidade ou maioria de votos.
1886, novembro 25.—^É nullo ó processo em que se condemna um militar por factos nS.o
mencionados no acto accusatorio.
1886, novembro 25.— Contém a mesma cloutrina do accordao de 24 de margo de 1886.
1886, dezembro 9.— A circuinstancia do réu estar de servico, por occasiáo de commetter o
crime de que é accusado. deve ser objecto de quesito especial, bem como quaesquer outras cir-
cumstaiicias aggravantes ou attenuantes.
1886, dezembro 16.— A qualiclade dos factos criminosos nlo pode ser materia de quesitos,
póis é questao de direito e nao de facto.
1886, dezembro 16.— Contém a mesma doutrina do accordao de 14 de agosto ele 1884.
1887, Janeiro 13.— O deposito de deportados é um estabelecimento dependente do minis-
terio da guerra, e as pragas ahi detidas estao em tudo sujeitas ás leis de disciplina do exereito
de térra:
1887, margo 10.-—As circumstancias attenuantes da confissao espontanea do facto crimi-
noso e da ápresentagab voluntaria nao predominam sobre a aggravante ela reincidencia.
1887 abril, 28.— Os officiáes de policia judiciaria, embora sejam partes particularmente
offendidas, sao competentes para proceder á formagao dos autos de corpo de delicto.
1887, maio 12.-—Nao é nullidade a falta de intimaglo do acto accusatorio ao curador do réu.
A administragao do sacramento da communhlo induz a certeza moral da previa consagragao
da partícula.
Nao é precisa a decisao do juizo ecclesiastico para se instaurar processo pelo crime de in-
juria á religiao do reino.
É nullidade insanavel a falta de quesito sobre bom comportaménto, quando adduzido
pelo réu,
1887, maio 26. — A circumstancia aggravante da reincidencia prepondera sobre a atte-
nuante'da menoridade.
1887, junho 2. — As mantas fornecidas aos militares sao destinadas ao servigo militar.
As mantas distribuidas aos presos que estejam cumprindo sentenga nSo sao destinadas ao
servico militar,
Nlo commette o crime de evasao o condemnado qué foge do logar do cuniprimento da pena,
mas é logo seguidamente capturado.
A pena do crime commettido durante o cumprimento da primeira condemnagao pode ser
executada successivamente, se ambas as penas nao forem compativeis.
1887, agosto 4.— A intimacab feita a um militar para comparecer perante o oflicial de ins-
pecgSo é um acto de servico.
Confessados espontáneamentepelo réu os diversos crimes de qué porventura seja accusado,
cada urna d'essas confissoes constitue urna circumstancia attenuante.
1887, agosto 25.—Estando a inutilisagao de artigos prevista entre os deveres militares emi-
merados no artigo 1.° do regulamento disciplinar, nao lhe podem ser applicaveis as disposigoes
x
do código de justiga militar.
1887, outubro 13.— A menoridade de dezesete annos é sómente circumstancia attenuante
nos crimes militares, quando se dá na occasiáo do julgamento e da execugao da pena.
1887} dezembro 2.—Contém a mesma doutrina do accordao antecedente.
677

1887, dezembro 2.— Nlo deve considerar-se parte particularmente offendida o individuo a
quéin,, pela sua posigíío official, corre o dever de noticiar os factos criminosos.
E indispensavel a admissao de circumstancias attenuantes para admittir-se a reducgao de
pena auetorisada pelo artigo 1.° da lei de 3 de maio de 1878.
1888, marco 1. — Nao sao nullidades: nao se provar por documento o impedimento acci-
dental do auditor; nao se repetir o quesito sobre a menoridade do réu, accusado de differentes
crimes, por ser urna circumstancia meramente pessoal do mesmo réu, a qual estando provada,
quanto ao ultimo dos crimes, virtualniente o está em relagao aos outros.
1888, maio 3. — O tribunal superior julga definitivamente sobre termos e formalida-
des do processo, e o que urna vez decidir nlo poderá ser posto em duvida na mesma causa,
sendo portante intempestivo o recurso interposto contra as suas decisoes no segundo juíga-
mento. '
Sendo imputados aos réus crimes connexos, o julgamento simultaneo dos mesinos réus niuito
pode contribuir para o descobrimento da verdade.
1888, junho 14. — Ús conselhos de guerra permanentes da metropole sao competentes para
conhecer dos crimes commettidos no continente, pelas' pragas das tropas ultramarinas, que no
mesmo se encontraren!, lias ilhas adjaeentes ou no archipelago de Cabo Verde.
1888, junho 30,—-Os quesitos só podem versar sobre factos que nao estejam provados por
documento,
Ha contradicgao ñas respostas aos quesitos quando o conselho de guerra resolve n'um que-
sito que o réu commetteu o crime sem clíscernimento, e affirme n'outro que tem a respónsabili-
dade de determinada infracgáo disciplinar.
1888, julho 26¿—h. maioridade para os crimes militares é a do código civil, isto é, os vinte
e um annos completos.
1888, julho 26. — Nao commette o crime previsto no artigo 110.° do código de justiga mi-
litar o que inutilisa a sua bendoleira, pois este artigo nao faz parte do eqüipamento.
1888, julho 26. — O commandañte de urna guarda de cadeia, que n'ésta qualidade intervem
no apaziguamento de desordem occorrida entre os presos, desempenha um acto dé servigo e a
insubordinagao contra elle praticada, por qualquer preso militar, deve considerar-se em acto ele
servigo para a imposigao da pena.
1888, agosto 7.—Commette o crime de desergao o militar que se ausenta do hospital onde
esteja em tratamento, visto que o hospital equivale ao quartel.
1888, agosto 23.-—As mantas conrprehendem-se na classificagáo genérica de utensilios e
movéis do quartel. As mantas entregues a um militar, durante o seu tratamento no hospital,
devem considerar-se como sendo-lhe confiadas para o servigo militar, porquanto o hospital deve
ser considerado como urna clejiendencia do quartel.
1888, agosto 25.—Ao tribunal sentenciador, mesmo no segundo julgamento, quando ó pri-
meiro haja sido amiullado, é sempre licito empregár quaesquer meios conducentes ao descobri-
mento da verdade.
Nao é nullidade o nao ser intimado o defensor privativo do réu para assistir a quaesquer
diligencias, emando o haja sido o proprio réu.
Só aos tribunaes militares compete julgar do estado mental dos acensados, sendo os peritos
médicos apenas testemunlias qualificadas, cujos informes nao constituem mais que elementos va-
liosos de prova, mas nunca decisoes e sentengas judiciaes. Só aos tribunaes de 1.a instancia com-
pete resolver as questoes de responsabilidade criminal.
1888, agosto 29. — Nao é licito aos militares recorrer dos aecordaos do tribunal superior de
guerra e marinha para o supremo tribunal de justiga.
1888, dezembro 13. — Sao inteiramente distinctos os crimes de distraccao e extravio de ob-
jectos militares, realisando-se o primeiro por modos conhecidos e o ultimo por causas desconhe-
cidas, devendo por isso fazer objecto de quesitos especiaes.
1889, Janeiro 26. — O commandañte de destacamento que prende illegalmeiite e reteñí em
prisao quaesquer cidadaos, nlo commette o crime de carcere privado e sim o de abuso de au-
ctoridade.
1889, abril 13. — Para que se verifique o crime de colligacEo nao ó essencial que se de-
monstre e prove o conluio ou concertó previo, mas basta que a eolligagao seja por qualquer modo
effectuada.
1889, abril 13.-—Contém a mesma doutrina do accordao de 6 de julho de 1882.
1889, julho 27. — É milla a promogao para formagao de culpa que nao é escripia pelo proprio
punho( do promotor de justica.
É millo o acto accusatorio ñas mesmas circumstancias.
E nulla a sentenga que nao ó escripta pelo punho do auditor.
E millo o auto de interrogatorios que nao é escripto pelo secretario, e bem assim ó nulla a
acta de audiencia que nao for na integra, escripta pelo mesmo.
678

1889, julho 27. — Contení doutrina idéntica á do antecedente aeeordao.


1889,julho 27. —ídem, idem.
1889, julho 27. — No erime de offensas a superiores pela imprensa é elemento essencial-
ménte constitutivo o ser o réu auctor da publicacfio. No mesmo crime é essencial que judicial-
mente se verifique a existencia do manuscripto que serviu de texto para publicagao.
1889, agosto 10. — O militar que deserta, levando comsigo arma, mas a apresentá no re^
gresso no corpo, coinniette o crime previsto no artigo 69.° do código de justica militar e nao o
do artigo 70.°, n.° 2.°
1889, outubro 12. — Commette crime, nlo infraccio de disciplina, o militar que arruina ou
inütilisa urna corneta pertencente ao estado, ou qualquer artigo militar.
1889, novembro 4¡.--—Nao'commette o crime previsto no artigo 110.° do código de justica
militar o militar que inütilisa o boldrié, pois que este artigo nao faz parte do equipaniento.
£y
Quando se julgue provado o facto, mas nao sujeito por lei a pena alguina, nao pode o pre-
sidente do conseilio de guerra mandar soltar o réu, seni que preceda sentencá que o absolva.
Só podem servir de normas nos tribunáes as disposicoes contidas ilos regularuentos publi-
cados pelo governo, e nao outras- estranhas a estes, por isso que os tribunáes nSo jnlgam das
leis, mas sim segundo as leis.
1889, novembro 9. — Para o effeito da applicacao da pena no crime de deserglo de urna
práca compellida ao serví go, nao compete ao ministerio publico provar se o réu liavia, antes do
alistamento, sido ou nao julgado vadio no tribunal criminal commum, mas sim ao réu é que cuin-
pre demOnstral-o de modo irrecusavel e inconcusso.
Nao é nullidade a substituicao do auditor por impedimento, visto nSo ser este obrigado por
lei.'a apresentar documento justificativo.
1889, novembro 30. — O parecer dos peritos nao obriga os juizes, aos quaes assiste a facul-
dade de examinar, discutir e apreciar as conclusoes que aquelles deduzirem dos factos observa-
dos er examinados.
E nullidade inglobar no mesmo quesito os factos da offensa corporal e da duracao da inca-
pacidade de traballio.
1889, novembro 30. — Nao sendo permittida a accumulacao das penas, deve designar-se na
sentenga qual das penas comminadas fica subsistindo e qual a absorvida.
1889, dezembro 19. — Nao sendo a corneta artigo do equipamento, a sua inutilisacSo consti-
tue infraccio do n.° 10.° do artigo 1.° do regulaniento de 15 de dezembro de 1875.
A niissao dos tribunáes e juizes é fazer exacta e rigorosa applicacao des leis penaes vigen-
tes nos casos conrpreliendidos na sua litteral disposiclo, e nunca guiarem-se pelas opinioes de
escriptores ou indicagoes de códigos estrangeiros,
1890, fevereiro 8. — Nos quesitos sobre culpabilidade devem as perguntas referir-se única-
mente á existencia dos factos criminosos, participacíío n'elles pelo acensado e a intencao crimi-
nosa com que procecleu, mas nunca envolverem questoes jurídicas que, por sua natureza com-
plexa, nao podem ser respondidas.
1890, fevereiro 15.—No crime de embriaguez nao é essencial o exame directo no réu,
quando a verdade consta por modo irrecusavel.
Nao lia contradicgao nos quesitos quando n'uin se allega a tentativa de aggresslo e n'outro
a insubordinaclo por gestos ameacadores.
1890, fevereiro 15.—Nao se considera complexo o quesito que trata do crime de offensas
corporaes, conjunctamente com a circuíastancia da duracao da impossibilidade de traballio, por
isso nao influir na applicacao da pena, sendo comtudo mais regular fazerem-se dois quesitos.
E nullidade nao se mencionar, os nomes e graduacoes de todos os juizes, na acta da audien-
cia do julganiento.
18.90, margo 20.—Os cbefes de districto e de seccao da guarda fiscal sao competentes para
procederem a corpo de delicio, por terem attribuieoes disciplinares, deveres e direitos idénticos,
aos dos officiaes e mais jpracas do exercito.
1890, margo 20.-—E indio o julgamento em que for erradamente qualificado o facto criminoso.
1890, margo 20. Os artífices, desde que téem as graduacoes de sargentos, gosam da con-
sidcra;gao, vantagens e—regalías que competem aos officiaes inferiores.
É nullidade inglobar-se no mesmo quesito o facto criminoso com. as circumstancias aggra-
vantes e attenuantes, pois estas devem ser objecto de quesitos separados.
1890, abril 18. — O tribunal superior de guerra e marinha sómente faz applicacao de amnis-
tía ou indulto nos processo em que julgou definitivamente a causa, e nao nos em que confirma
as decisoes dos conselbos de guerra.
1890, juoiho 2.—O commandante' da divisao é o director da accüo criminal contra as pes-
soas sujeitas á sua auctoridade e dependentes' da sua jurisdicglo, sendo a sua ordern para se
instaurar a aecusacao equivalente ao despaclio de pronuncia.
No mesmo crime nao ha dois indultos ou perdoes.
679

1890, junho 12. — Sao elementos esseneialmente constitutivos do crime de prevarieagao, a


annuencia do réu a deixar-se corromper com dadivas ou presentes por si recebidos ou por inter-
posta pessoa, constituindo nullidade o nao constaran taes elementos do acto accusatorio e dos
quesitos.
Nao é indifferente, no crime de infidelidade, a designacao da quantia convertida em proveito
do réu,
.
para se apreciar da sua responsabilidade.
Nao é crime o abandono de destacamento, mas sim. infraecao disciplinar.
Sao nüllidades insanaveis a falta de intimagao ao réu já da expediglo de deprecadas-para
ínquiricao de testemunha, já do día do seu julgamento.
1890, junho 12.—E nullidade insanavel a redaegao dé quesitos complexos e alternativos,
bem como a falta das rubricas do ¡^residente, auditor e secretario ñas follias da acta da au-
diencia.
1890, junho 19. '—No crime de homicidio frustrado o erro ou engaño do réu contra a pes-
soa a quem quiz dirigir a arma homicida,, nlo pode eximil-o da responsabilidade do attentado,
mas ñlo pode ser tambera fundamento para se lhe impútarem dois crirnes diversos, e impor-se-
Ihe duás penas.
A simples intencao de matar, desacompanhada de um. facto material capaz de pro'dúzir a
morte, nlo pode ser qtialificada como crime de homicidio consümmado, frustrado oti tentado.
1890, junho 19. —Estío sujeitos a juiisdiceao dos tribunáes militares todos os individuos
que compoem o corpo da guarda fiscal.
1890, junho: 19. — Commette o crime previsto no artigo 115»° do código de justica mi-
litar o militar que fraudulentamente subtrahe objectos oti dinhéiro pertencentes ao sen ca-
ntarada.
Sao considerados caniaradas na vida militar todos os que segúena a profissao militar, quaes-
quer que sejant as suas situagoes na Merarcliia militar.
1890, junho 19.—As sentengas dos conséllios de guerra devem ser fundamentadas, decla-
rando é especificando positivamente os factos criminosos que forain declarados provados, nao
bastando a referencia aos quesitos sobre a culpabilidade.
1890, junho 19. —~ Os tribunáes eríniinaes téem por dever impreterivel applicar as leis aos;
factos criminosos julgados provados, mas nao podém intervir na execuglo da sentenga condemna-
toiia, a qual, como acto de mera e simples administragao, compete as auctoridades e agentes do*
poder executivo.
1890, junho 28. — Os tribunáes militares cárecein de competencia e jurisdicgao para conhe-
cerem e apreciaren! a legalidade oti illegalidade e a regularidade ou irregülariclade do alistamento,
por ser um acto mera e símplesmente administrativo, militando a pro da validade d'este acto o
facto de fazer o réu parte do exercito activo.
A offensa contra El-Eei, que occupa o primeiro grau na hierarchia militar,- é considerada
um crime esseneialmente militar.
A incapacidade physica do réu pode constituir um impedimento para a execugao da sen-
tenga e cumplimento da pena, mas nunca um óbice á applicagao da pena correspondente ao facto
criminoso.
1890, junho 19. — Os quesitos devem ser a synthese do acto accusatorio, e como tal devem
especificar todos os elementos constitutivos de cada facto criminoso, sem nunca fazerem alíusoés;
vagas; declarando as palavras ou gestos injuriosos dirigidos aos superiores e o modo como se
effectuou a aggressao.
As entrelinhas na sentenga, nao resalvadas, podem influir na decislo da causa.
1890, junho 28. — E nullidade insanavel a falta de intimagao c de comparencia de urna
testemunha em audiencia de julgamento, sem que conste que haja impedimento legal.
1890, julho 17. —A recusa do militar ao cumplimento das ordens do seu superior legitimo,
para se submetter a um castigo disciplinar, importa urna verdadeira desobediencia.
1890, julho 17. — A amnistía concedida aos desertores aproveita mesmo áquelles que, es-
tando presos, nao podem por isso fazer a sua apresentacao, verificado que foi esse o motivo da
falta.
1890, agosto 11. — Contém doutrina idéntica ao aecordo antecedente.
1890, outubro 15. — E nullidade insanavel a falta de intimagao a urna testemunha por effeito
de opposiglo de um terceiro, sob pretexto de se achar doente, declarando que nlo recebia inti-
magao alguma.
A omissao da leitura das respostas dos interrogatorios ao réu, quando requerida pelo defen-
sor ofiicioso, constitue nullidade insanavel.
1890, outubro 15. — É nullidade insanavel deixar o réu de ser intimado da expediglo de
deprecada para qualquer juizo, para que possa ali constituir procurador.
E tambem nullidade incluir no mesmo quesito dois factos diversos e distinctos.
1890, outubro 15. No crime de desergao nlo é nullidade a falta de corpo de delicto pela

680

deficiencia da prova dá ausencia illegitima do réu, podendo essa falta supprir-se pela prova mo-
ral da existencia do facto referido.
A simples copia de urna ordeni regimental nao é documento authentico para se proceder a
corpo de delicio, sendo mister que preceda ordem especial authenticada com a assignatura do
,

coninlandailte que exerce as funcgoes da policía judiciaria.


Constitue nullidade a omissao da assignatura do réu no certificado da entrega da nota da
culpa.
1890, outubro 22. — No crime de homicidio, embora se nlo proceda a exame directo no
cadáver, deve- eonsiderar-se supprida esta omisslo pelas deelaragoes féitas por peritos facultativos
e óütros elementos de prova por modo irrecusavel.
O auditor que instaura o processó deve fazér-se aeompanhar da auctoridade judicial, ñas
buscas a que tenha de proceder ñas residencias particulares.
A preposigao de quesitos acerca da circumstancia de haver.sido conmiettido o crime debaixo
de armas> nao influe na decisao da causa, desde que foi provádo que o crime foi perpetrado em
acto de servigo.
Sao consideradas aggravantes diversas e distinctas ser o crime commettido em estrada ou
em logar ernio*
Os tribunáes sao os competentes para applicar as penas dentro dos limites designados na
leij visto que na lei penal nao ha regras píefixas e immutaveis para servirem de padrao para
aferir a proporcao das penas com os delictos.
1890} novembro 3.-^~A resohicao do réu se querer apreséntar da desergao, sendo n'ella
amnistía. '"'"'',.••.
impedido pela captura quando a ía fazer, equivale ao acto da apresentagao para o effeito da

1890, novembro 3.—E nullidade insanavel a falta de quesito sobre o boni comportamento
militar e civilj que o réu tenha allegado em sua defeza como circumstancia attenüante.
1890, novembro 10. — O militar que recusa obedecer ás ordens de dois superiores commette
um só crime de desobediencia, e nlo pode ser condemnado por dois actos de desobediencia,
porque iría puniko duas vez_es pelo mesmo facto.
1890, novembro 27.-—E nullidade insanavel a redaegao de quesitos amplexos e obscuros,,
envolvendo duas perguntas acerca, do mesmo facto, e deixar de mencionar nos mesmos as pala-
vrás desrespeitosas dirigidas ao superior.
1890, novembro 27.—-Contém doutrina idéntica á do accordao antecedente.
1890) novembro 27. — Segundo o que dispoe o regulamento para a execuclo do código de
justiga militar,, os dias de ausencia illegitima, que constituem o crime de desergao, eontam-se desde
o dia immediato aquello em que a praga faltou ,• esse praso deve pois contar-se dia á dia e nao de
hora a hora, nem de momento a momento, isto é, o periodo ou praso de vinte e quatro horas,
comegando-se a contar da primeira hora depois da meia noite.
1890, dezembro 11. — Contém doutrina idéntica á ultiina parte do terceiro accordao de 15
de outubro de 1890.
1890, dezembro 11.—NSo-tem logar a acclaragao dos aceordaos quando no requerimento
da parte se nlo declara a ambiguidade ou obscuridade do mesmo accorclSo.
1890, dezembro 16.—^E causa de nullidade nlo se mencionar nos quesitos as expressoes
injuriosas dirigidas aos superiores.
1890, dezembro 26. — Contém a niesnia doutrina do primeiro accordao de 27 de novembro
de 1890.
1891, fevereiro 3.—É, nullidade insanavel nao se formularem quesitos separados sobre a
materia da aecusagao e as allegagoes da defeza relativas a materia de facto constante dos
autos.
1891, fevereiro 3.—O summario, que deve ser precedido da ordem para a formagao da
culpa, nlo pode comprehender factos criminosos que nao estejain mejicionados na mesma
ordem.
E nullidade insanavel a errada qualificacao de factos criminosos, porque nlo podem
ser considerados simples infraegoes de disciplina actos que constituem crhnes, nem inversa-
mente.
E tambem nulla a sentenga que menciona o nome de um réu, do qual nlo conste no pro •
cesso a sua identidade.
1891, fevereiro 19. —Contém doutrina idéntica á do primeiro accordao de 27 de novembro
de 1890.
1891, fevereiro 26. — O perdao real nlo aproveita aos réus que nao hajam obtido perdió
da parte offendida, quando esta nao tenha retirado a sua queixa á justica.
1891, fevereiro 26.—-Contém a mesma doutrina do accordao antecedente.
1891, abril 6.-—As decisoes dos conselhos de guerra, quanto ás questoes de facto-ou rela-
tivas á culpabilidade, slo definitivas e irreformaveis.
681

Ñas questoes de direito, relativas á qualificagao dos delictos ou á applicagao da lei, ó tribu-
nal superior ó simplesmente tribunal de revisao, quando os procesaos e sentengas Ihe slo sub-
mettidas por effeito dos recursos interpostos pelo ministerio publico ou pelos accusados.
1891, abril 6.—A disposicao restrictiva do artigo 1:035.° da novissima reforma judicial
tem sido ampliada na praxe dos tribunáes, admittindo-se mais de dois advogados.
A circumstancia de ser pactuado o crime de rebelliao entre mais de duas pessoas nao pode
ser considerada elemento constitutivo d'este crime, porque similhante facto pode ter existido en-~
tre alguns co-réus e nao se verificar a respeito de outros.
1891, abril 6. — Os co-réus nao podem ser admittidos como tessemunhaSj porque sendo
accusados nlo podem depor imparcialniente dizendo a veídade dos factos, com risco de se de-
nunciaren! a si proprios. •
1891, maio 14. -— No crime de attentádo ao pudor ó essencial o exame de sanidade na
pessoa offendida, para a justa graduagaó da pena.
1891, junho 18. —- A falta de apresentáglo no regimentó para que urna praca ó mandada
addida nao é üm crime de desobediencia, e sim urna ausencia illegitima.
-
1891, junho 30. — Os tribunáes militares slo competentes para conhecer é apreciar da
validade do ássentamento de praga no crime de deserglOj como elemento constitutivo d'este
crime.
1891, julho 9. —-Tres aecordaos d'esta data contendo a doutrina do antecedente^
1891, julho 9.—Para a fórmaelo do corpo de delicio deve constar dos autoSj por modo
authentieo e legal, que o official que o organisou tinha sido para isso auctoiisado por despacho.-,
ordem ou mandado expresso do commandante respectivo; sendo nüllos os actos judieiaes prati-
cados por pessoas incompetentes.
1891, julho 9.-—As disposico.es do código penal ordinario só slo applicaveis aos militares^
quando no código de justica militar nao ha legislagao especial.
As subtracgoes fraudulentas commettidas por um militar em prejuizo de outro militar slo
puniveis pelo artigo 115.° do código militar.
A regra do artigo 117.° tem applicacao únicamente aos casos nao previstos na lei militar.
Na sentenga relativa a diversos crinies deve-se especificar qual a pena mais grave corres-
pondente aos crimes, aggravando-se segundo a lei.
1891, jxdho 23. — A duraglo das penas temporarias nlo pode ser reduzida ou abreviada
alem do mínimo fixado na lei, ainda mesmo quando as circumstancias attenuantes predominen!
sobre as aggravantes.
1891, julho 23.—No crime de attentádo ao pudor nao pode proceder-se ao exame de sani-
dade sem ser intimado o réu para assistir a esta diligencia.
1891, julho 23. — Só pode ser considerado reincidente aquelle que, tendo sido condemnádo
a alguma das penas estabelecidas no código militar, commette outro crime previsto no mesmo
código.
A reincidencia militar nlo é ponto relativo a culpabilidade, que tenha de ser resolyido
pelos juizes de facto, envolve sim a questao de direito, que entra no dominio da competencia do
tribunal superior.
1891, julho 23. — A circumstancia. do réu ser ou nao cidadlo portuguez nao pode constituir
urna questlo prejudicial, mas antes é um elemento essencial para se verificar a existencia ou
nao existencia do crime imputado; nlo podendo, n'este caso, o conselho de guerra julgar-se in-
competente para apreciar a procedencia da allegagao.
1891, julho 30.-—E nulla a aggravagao da pena imposta ao accusado, quando é elle que re-
corre únicamente da sentenga, pois Ihe aproveita o principio estabelecido no § 2.° do artigo 372.°
do código de justiga militar.
1891, julho 30. — E nullidade insanavel e insupprivel o nlo se eserever a resposta dada a
um quesito, pelos vogaes do conselho de guerra, julgaudo provado ou nao provado crime im-
o
putado.
1891, agosto 19.—Dois accordlos d'esta data contendo doutrina idéntica á do accordao de
30 de junho de 1891.
1891, outubro 17.—Aos commandantes das divisoes nlo compete arbitrio algum na desi-
gnaglo dos vogaes dos conselhos de guerra, que devem ser sempre os que estivereni inscriptos
na lista pela ordem de patentes e antiguidades, nao podendo ter quaesquer duvidas, nem mesmo
em presenga de resolugoes do ministerio da guerra, que nlo podem ser oppostas á lei.
1891, outubro 17. — Dois accordlos d'esta data contendo a mesma doutrina do ante-
cedente.
1892, fevereiro 18.—A jurisdicglo e competencia dos tribunáes multares para apreciar a
legalidade ou illegalidade do alistamento dos réus é só restricta ao crime de desergao, e nlo
extensiva a outro crime militar, em que essa apreciaglo nlo constitue urna condiglo essencial ou
e emento componente.
8G
682

1892, fevereiro 25.— A menoiidade de dezesete annos do réu que commette o crime de de-
sergao, e qué auctorisa a substituicao da pena de deportagao pela de prisao militar, deve refe-
rir-se á epocha em que elle perpetrou o crime, e nao á occasiaó em que foi julgado, e muito
menos á da execugao da sentenga. • -
1892, margo 12.— O crime de desergao deve eonsiderar-se
.
prescripto passados dez ánnos,
contados do día em que o desertor termina o tempo de servigo effectivo a que era obligado se-
gundo a natüreza do seu alistamento.
1892, abril 4.— Ao réu deve ser intimada a expedigao das deprecadas para comarcas diffe-
rentés d'aquellás para que antésrhájani sido enviadas e ahí nao podérem ser cumplidas.
Devé tambeni fazer-se intimagao sempre que seja rectificado o primitivo rol de testemún'has
apresentadas pelo ministerio publico.
1892, maio 2.— O acto de um réu se dirigir violentamente ao seu superior, para oaggre-
dir, e que se nlo consummou por intervengao dos: circumstantes, constitue urna verdadeirá ten-
tativa cié offensa corporal em superior.
1892, marco 24.— No crime dé estupro a séducgao pode constituir a promessa de casamen-^
to) quandoi Os qüésitos contení esclarecimentbs esseneialmente constitutivos d'este crime;
1892) maio 16.— O facto do réu aceeitar qualqtiér quantia, para deixar introduzir ñas bar^
reiras da cidade artigos sem o previo pagamento de direitos, constitue a intengao de consummar
o crime de descaminho dé dii'éitos, aínda mesmo que o crime sé mallograsse por circumstancias
-
álheías á vontade do réu. v
1892, maio 28.— No crime de offensa por escripto a superior legitimo, constitue nullidade
insanavel a omissao do exame directo no manuscripto que representa o corpo de delicto.
É indispensavel o concurso de mais de urna attenuante para a applicacao da redúcelo da-
pena correspondente ao crime julgado provado, permittida no artigo 1.° da lei de 3 de nudo
de 1878.
1892, junho 23.— Ao crime de desobediencia nunca pode corresponder pena de deportagao,
nem pode líaver accumulaeao de penas, devendo a que corresponder ao novo crime julgai>se
absorvida pela inaior já imposta.
1892, junho 23.— No crime de furto por meio de arrombamento, para que seja considerado
mais grave, nao é jireciso que a pessoa roubada esteja dentro de casa, basta que ella seja des-
tinada á liabitagao da dita pessoa.
1892, junho 30.:— O facto de abandono de posto nao constitue infraccio disciplinar, mas sim
crime punido pelo artigo 61.°, §§ 2.° e 3.°, do código de justiga militar, mas em todo o caso de-
verá o conselho de guerra pronunciar a sua decislo affirmativa sobre a prova de facto, nos ter-
mos do § 2.° do artigo 357.°
1892, junho 30.— Os dias das tres ausencias illegitimas eommettidas dentro de um auno,
que constituem o crime de desergao, devem comegar a contar-se do dia immediato áquelle em
que a praga faltar de cada urna das vezes.
1892, julho 14.—-O arrombamento feito por um preso na porta da prisao, para se evadir,
deve ser considerado como crime de dañino.
1892, julho 23.— Commette o crime de desergao o militar, aínda que illegalmente alistado,
como presumido refractario, ou como simples recrut¿ido, que se ausenta os dias precisos para a
constituir, quando mesmo essa ausencia occorra depois de haver concluido o tempo legal de servigo.
1S92, jidho 23.— É millo o assentamento de praga feito aos condemnados em prisao inaior.
1892, agosto 8.— Contém a mesma doutrina do accordao de 4 de abril de 1892.
1892, agosto 24.—-ídem, ídem.
1892, outubro 13.— A pena correspondente ao crime militar, commettido durante o cumpri-
mento da pena imposta em anterior condenmagao, será executada se o cumplimento de ambas
for compativel ou simultáneamente, ou successivamente: no caso contrario, será aggravada a
pena mais gravej como tudo dispSe o artigo 115.° do código penal ordinario.
1892, clezembro 2.-— As excepgoes de incompetencia julgadas pelos conselhos de guerra im-
porta um verdadeiro julgamento definitivo, que deve ser proferido por meio de sentenga, e nao
por simples declaragao na acta da audiencia.
1892, dezembro 2.— Nos quesitos sobre a culpabilidade do facto criminoso de destruicao ou
mutilisagao de'artigos militares deve mencionar-se se o objecto destruido ou inutilisado pertencia
ou nao ao estado.
1892, dezembro 9.—Contém a doutrina do antecedente accordao.
1892, dezembro lo.—-Contém a mesma doutrina do accordao de 13 de outubro de 1892.
1893, Janeiro 24.— Importa nullidade insanavel preceder a exposiclo do auditor no summa-
rió aos interrogatorios ao réu, pois que este poderá adduzir algum facto ou factos, sobre os
quaes seja mister ouvir algumas testemunhas.
E tambem nullidade a admissao no plenario tic urna testemunha de aecusagao cuja identi-
dade nao tenlia sido notificada ao réu.
683

O acto accusatorio que se referir vagamente a varias ordeus de servigo, sem as especificar,
importa igualmente nullidade.
1893, Janeiro 24.— A falta de interrogatorios ao accusado no summario, pelo auditor, nao
pode ser supprido pelos que houverem sido feitos no procésso preparatorio nos tribunáes civis.
A circumstancia do crime de furto em casa habitada ser feito de dia ou de nbite é um ele-
mento essencial para a applicacao da correspondente pena; a falta de quesito a este respeito im-
porta nullidade.
1893, Janeiro 31.— Para o cumplimento da pena de prisao militar nao deve ser levado em
conta o tempo de detengao, mas sim o da prisao oreveiitiva sofñida depois :da formagao da
culpa. v : :..;•.-
1893, fevereiro 9. — Tres accordaos d'esta data contendo a mesma doutrina do antecedente.
1893, fevereiro 9.— Contém a mesma doutrina do accordao de 12 de margo1 de 1892...
1893, fevereiro 9.—-A destruigao de um barrete dé policía é transgressao de disciplina e
nao um crime militar. f
1893, margo 9.— A tentativa de homicidio frustrado por meio de bombas de dynaniite ar-
,

remessadas por um militar á casa de habitaclo de um seu superior., de cuja explosao nao resul-
ten offensa corporal, mas só dañino na propriedade, sendo praticada antes da lei de 21 de abril
de 1892, eleve ser considerada como'um crime de insubordinagaó, punido pelo,artigo 81.p, § 1.°,
do código de justiga militar, visto estar a bomba explosiva comprehendida na generalidade de
armas prohibidas de que trata o código penal ordinario. • - •
1893, marco 13. — Contém a mesma doutrina do terceiro accordao de 9 de fevereiro de
1893.
1893, margo 18.— Ao réu condemnado em pena maior pelos tribunáes civis.e entregue aos
tribunáes militares depois, para responder por crime militar a que corresponda a pena de prisao
militar, nao pode ser aggravada aquella pena, nem applieada esta para ser cumplida eiii seguida
á primeira, por serení incompativéis as duas penas; .devendo por isso apena pelo crime militar,
ser absorvida na pena maior. '<..
1893, abril 27.— As pracas reformadas, quando .em diligencia em urna commissao de ser-
vigo civil, nao estío sob a jurisdiccao dos tribunáes militares por crimes. communs.
1893, abril 27.— O. militar qué recebe guia dé marcha e nlo segué a o seu destino com*
mette o crime de desobediencia.
1893, maio 13.:—O militar que inütilisa voluntariamente as córrelas de enialar o capote
commette o crime de inutilisaglo de objectos militares.
1893, maio 13.— O commandante de guarda que abandona o seu posto ineorre no máximo
da pena do artigo Gl.^prescripto no seu § 3.°
1893,junho 2.— É nullidade a circumstancia dos vogaes do conselho de guerra se separa-
rem, depois de se encerrarem para deliberar ató ser proferida e publicada a sentenga.
1893, junho 10.— O militar que inütilisa o boldrió commette o crime j)revisto no artigo 110.°
do código de justiga militar. A classificagao do regulamento de fazenda militar de 1864 só pode
ser attendida para os efteitos administrativos.

1893, agosto 5.— O réu que commette o crime de deserglo acompanhado do de extravio de
objectos militares, só ineorre na pena de deportagao, que nlo pode ser aggravada com a que
correspondería ao segundo d'aquelles crimes.
1893, agosto 12.—Nos exames médicos sobre o estado das facilidades iutellectnaes dos ac-
cusados, devem os peritos declarar se estes estavam accidentalmente ou nlo privados das mes-
m¿is facilidades no momento do commettimento do crime, para se poder avahar da responsabili-
dade criminal dos réus.
1893, oidubro 14.— Contém a mesma doutrina do accorrdlo de 5 de agosto de 1893.
1893, outubro 26.— Constitue nullidade nlo se indicareni os factos ou circumstancias, que
se relacionam com o servigo, nos quesitos relativos á aggravante da rasao do servigo.
1893, novembro 16.— Contém a mesma doutrina do accordlo de 5 de agosto do 1893.
1893, novembro 16.— Nao é considerada parte particularmente offendida o guarda civil que,
no exercicio das suas funegoes, captura um criminoso e participa os factos por este praticados.
1893, dezembro 2. — Para que as palavras dirigidas a superior possam constituir o crime de
offensa por meio de p>alavras ou de injuria verbal, ó mister, segundo a censura de direito, nlo
só que se nlo impute facto algum determinado, mas que a expressao ou expressoes ultrajantes
sejam proferidas com animo de deprimir o carácter ou manchar a reputacao de alguein.
1893, dezembro 20.— Contém doutrina idéntica á do accordao de 10 de junho de 1893, mas
com referencia a urna corneta.
1894, Janeiro 31.— As subtraccoes de dois pares de botéis, praticadas por um mesmo réu
a dois individuos, nao podem ser consideradas como a reiteracao de actos continuos ou suecessi-
vos, para constituirem um delicio continuo, porque foraui praticadas com algum intervallo de
tempo e contra diversos pacientes.
684

1894, fevereiro 19.—Sendo diversos e distinctos o abandono de posto de guarda e a ausen-


cia illegitima, esta só pode servir de circumstancia aggravante para a applicacao da pena cor-
respondente áquelle crime.
1894) fevereiro 19. — A restituiglo de urna quantia subtrahida feita pelo réu ao queixoso ó
apenas urna circumstancia attenuante.
1894, abril 5.—O acto de um réu desembainhar o sabre-bayoneta contra um superior,
suspenso por intervenglo de terceiras pessoas, nao importa um verdadeiro comego de execugao
contra a intégridade péssoal do offendido; embora o réu tivesse posto a sua actividade em acgao,
aquelle acto preliminar nlo pode equivaler a ter iniciado o acto do delicio^ porque desde a pra-
tiGá d'este acto até á consummagao mediava um intervallo, em que podía dar-se o arrependimento
• e desistencia.
1894, abril 26. — A falta de qualquer testemunha nao obsta ao proseguimento da audiencia,
salvo quando o conselho de guerra decida em conferencia que o seu depoimento é indispénsavel
para a justa apreciaclo da causa.
As palavras que constituem provocaclo nao devem ser consideradas em abstracto, mas sim
em concreto, segundo as circumstancias occOrrentes e qiie ao conselho de guerra cumpre apre-
ciar.
1894, maio 26. — NA superioridade do soldado arvorado em cabo resulta do exereicio das
funcgoés propriás d'este posto, sendo a insubordinagao contra elle commettida pelos seus subor-
dinados em acto de servigo.
1894, junho 11. ^-Contém a mesma doutrina do accordao de 5 de agosto de 1893.
1894, junho 21. — O facto de um militar rasgar urna camisa nao importa o crime de inuti-
lisaglo de objectos militares, mas sim urna infracgao disciplinar comprehendida no n.° 10,° do
artigo 1.° do respectivo regulainento.
1894, outubro 18. — O presidente do conselho de guerra nlo pode intervir na votagaó seín
se verificar o caso de empate na decisao dos vogaes, devendo guardar Urna attitude imparcial
durante a conferencia, é sendo milla a sua intervenglo fóra dos casos expressamente designados
na leí.
1894, novembro 16, •—Nlo pode ser considerada infracgao mais grave que falta disciplinar
a recusa a urna ordem para auxiliar a conducgao de urna viga, visto que essa ordem nlo ó con-
cernente ao servigo militar.
1894, dezembro 19.-^-0 militar que inütilisa um clarim nlo commette o crime de inutilisa-
gao voluntaria de objectos militares, mas sim urna simples infracgao disciplinar.
1895, Janeiro 24,¡— A faculdade concedida aos tribunáes militares pela lei de 3 de maio
de 1878, de abreviar a duracao das penas temporarias, e de as substituir, que ó genérica e per-
missiva, nao pode prevalecer contra urna disposigao especial e imperativa da lei penal, que es-
tabelece o limite miniírio alem do qual a pena nlo pode baixar.
1895, Janeiro 24.—É millo o julgamento em que sao propostos quesitos por factos que nao
fazem parte da ordem para a formagao da ctihpa.
1895, Janeiro 24. — Para o effeito da prescripgao extinctiva da acgao penal nos crimes de
desergao só se deve contar o tempo do servigo effectivo.
Ó crime de extravio de artigos, perpetrado
na mesma data do da desergao, aproveita da pre-
scripgao d'este crime.
Os conselhos de guerra nlo téem competencia para mandar devolver os ¡irocessos aos das
outras divisoes, depois das sentengas passarem em julgado, o que sao attribuicoes do tribunal
superior.
1895, margo 2. — Os presos podem ser testemunhas.
1895, margo 9. — O crime de falsidade nlo se verifica pelo facto de haver o réu apresen-
tado relagao de urna subscrípglo aberta entre os seus subordinados, a fim de minorar o alcance
que contrahiu. com a fazenda nacional.
1895, abril 27. — O facto de urna praga dormir estando de sentinella nao constitue crime
de abandono de posto.
1895, maio 11. — Sao millas as sentengas que nao especificaní quaes os factos constitutivos
dos crimes que fazenl objecto da aecusaglo.
1895, maio 11.—Nao estao sujeitos á jurisdicclo dos tribunáes militares os crimes pratica-
dos por urna praga licenciada na reserva contra um superior, que desempenha
as funcgoés de
urna commissao ¡raramente civil e que nao está na effectividade do servigo militar.
Os militares empregados enl commissoes nao militares ou estranhas ao ministerio da guerra,
e os licenciados na reserva, só estao sujeitos á jurisdicgao dos tribunáes militares por crimes
militares.
1895, junho 8.-—No julgamento em que o réu allega na sua defeza verbal, nao ser res-
ponsavel pelo crime imputado, por ter sido julgado incapaz do servigo militar por soffrer de epi-
lepsia, importando isto tima circumstancia derimente da responsabilidade criminal, deve o con-
685 •
.

selho de guerra ser interrogado se o réu estava accidentalmente privado do exereicio das suas
faculdades no momento do commetter o facto punivel.
1895, junho 19. — Nos crimes de desergao anteriores ao novo código de justiga militar sao
competentes os tribunáes militares para conhecer e apreciar a legalidade ou illegalidade do alis-
tamento.
Marinlia .
.

1875, novembro 19. — O facto de urna praga ter terminado o tempo de servigo nao justifica
o acto da recusa de obediencia ás órdens do seu superior, nem aos vogaes do conselho de guerra
perteñee entrar na apreciagao das causas ou motivos por que essa praga é conservada no servigo.
1877', fevereiro 17.—Os consélhos de disciplina nao podem abster-se de julgar, nem aínda
declarar-se incompetentes, deixando de condemnar ou absolver os individuos sujeitos á sua ju-
risdiegao; devem formular sentenga concludente em confoímidade com as regras de direito, sendo
liullo o feito em contrario.
Na mesma data forám publicados mais oito aecordlos no mesmo sentido.
1877, margo 14. — Contém a mesma doutrina dos aecordlos antecedentes.
1877, obril 18. — O facto de urna praga ter concluido o tempo de servigo só pode ser con-
siderado como circumstancia attenüante do crime de desergao, mas nlo para o justificar.
1877, abril 18.—Mais tres aecordlos d'esta data, contendo a mesma doutrina.
1877, julho 11. — Contém doutrina idéntica á dos aecordlos antecedentes.
1877, novembro 21.—ídem, idem.
1880, maio 26. — O voluntario, que pela menoridáde nlo tem cápácidade para asséntar
praga, está isento da responsabilidade militar pelo facto da desergao.
1879, fevereiro 12.—A nullidade do assentamento de praga, como voluntario, pela falta
de documentos exigidos na lei, sendo um acto irregular, nao tem applicacao ao crime de desergao.
1879, fevereiro 19. — Contém a mesma doutrina do accordao antecedente.
1879, julho 9. — ídem, idem.
1881, dezembro 15. — Os tribunáes marítimos só jiodem julgar e tomar conhecinieüto das
contravengoes e delictos expressos no código penal e disciplinar da niarinha mercante. O facto
de urna tirada de um lango de pesca nao entra no numero dos delictos ali designados. O cha-
mado regulamento usos e costumes, no exereicio de pesca, nlo é lei nem tem forga de lei para
que devam ser observados pelos tribunáes marítimos.
1882, Janeiro 18.—O niarinheiro julgado incapaz do servigo activo pela junta de sátide
nlo está isento da responsabilidade pelo crime de deserglo.
.1883, fevereiro 1. — A circumstancia do niarinheiro ter sido admitíido ao servigo com mais
de trinta annos de idade, constitue um acto irregular, mas nao attenua o crime de deserglo.
1883, fevereiro 1.—Contém a mesma doutrina do accordao de 26 de malo de 1880.
1883, junho 14. — Nao tem responsabilidade criminal o militar que tem alteradas as facili-
dades intelleetuaes, conforme foi declarado pela junta de saude.
1883, dezembro 6. — Os tribunáes militares sao competentes para julgarem das offensas in-
juriosas dirigidas pelos militares contra os seus superiores, por escriptos publicados em jornaes.
1884, abril 3.—Contém a mesma doutrina do accordao de 18 de abril de 1877.
1885, novembro 9. — Nao é permittido envolver u'um só processo a investigaelo e julga-
mento de dois ou mais crimes que nlo sejam connexos ou conjunctos.
1886, novembro 25.—As pragas provisorias do corpo de marinheiros estao sujeitas á jttris-
diegao dos tribunáes de marinha.
1886, novembro 25.—Aos tribunáes militares, do exercito de térra, e nao aos de marinha,
compete conhecer dos delictos commettidos por pragas1 que fazem parte do deposito de deporta-
dos, que é um estabelecimento dependente do ministerio da guerra.
1887, Janeiro 13.—Contém a mesma doutrina do accordao antecedente.
1888, julho 26.—Contém a mesma doutrina do accordao de 18 de Janeiro de 1882.
1888, novembro 29. — É millo o julgamento eni que nlo sao inquiridas testemunhas de ac-
cusagao, nem se verifica a verdade da culpa, visto que a lei nao auctorisa o termo de judiciaes.
1889, fevereiro 23. — Contém a mesma doutrina do accordlo antecedente.
1890, abril 18. — Nao estando auctorisada ñas leis a pena de oxpulslo do servigo das pra-
gas pelo seu irregular comportamento, nlo podem os tribunáes impor similhante pena.
1891, fevereiro 3. — Contém a mesma doutrina do accordao de 29 de novembro de 1888.
1891, abril 25. — Contém a mesma doutrina do accordao de 18 de abril de 1877.
1891, maio 14. —O crime de deserglo prescreve passados dez annos a contar da data em
que a praga devia completar o tempo de servigo efectivo a que estava obligada pelo seu alista-
mento.
1891, novembro 13. — O aspirante de marinha que falta ás formaturas do corpo e se ausenta
686
... : '-.
da escola naval,' nlo commette um. crime militar, mas sim urna trangressao da disciplina escolar,
sujeita ás pünigoés estabelecidas no seu regulaménto.
1892, outubro 27.— Quando ao •mesmo-réu sao imputados diversos crimes sujeitos ao con-
selho de disciplina e ao conselho de guerra, deve por todos os crimes ser julgado pelo tribunal
mais graduado.
1892, novembro 22. — O niarinheiro que falta á mostra de salda do navio, aínda que vá en-
trar em operagoes, nlo commette o crime de deserglo em tempo de guerra, e sim apenas urna .
transgresslo de disciplina; em vista do disposto no artigo 316.° do decreto de 14 de agosto de
1892,-e artigo 6.°, n.° l/y do código penal ordinario de 1886.,
1893,. margo 18, —Depois.da publicacló do decreto de 14 de agosto de 1892j- nao cabe.aó
eommandante do corpo de maiinheiros mandar convocar os conselhos de disciplina para julga-
mentO- dos procéssos de desergao, massimao conselho do alniirantado.
1898, junlio 16. —- O facto de uní marinheiro se recusar a cumplir. um castigo de sarilho

dé armas, em uso na armada,. nlo; constitue o crime de desobediencia, e sim urna transgrégsao
dé disciplina.

1893) julho 12.>?™MU9 aüctoiisando a lei penal o castigo de palmatoadasj nao póde.a recusa
a esté castigo ser classificádaconio facto criminoso.: /' :
1893) jupio [2T.— O facto de um réu .ter arreinessado ao mar tres armas, que constituam;
uín sáiilho; d'ellas á que estava sübniettidb como castigo,. nlo importa o ciimei dé, destruiglpy e
sim urna verdadeira inutilisacao voíüjiíaria dasniesmas;armas.
Í894,fmereiroÍ0.'-^MmM^ r
intervém na decisao
; do conséiho, votando simultáneamente com os vogaes effectivos, seni que tenha sido chamado a
supprir.a falta de;;algnm d'eÚés. ,- - ,-.--, :!-;..
.
EEL1CA0 KOMNÁL

DOS

UROS EMIS Gf
PESSQÁL KTIÍII0 SUPREMOGONSELHO MILITAR
DEJUSTIGA

CKEADÓ PELO

DECRETO DI 1 DE JULHO DE 1S54

Presidente
Marechal do exercito duque da Terceira, nomeado em 8 de agosto de 1834.

Vogaes
Marechal do exercito marquez de Saldanha; tenentes generaes Antonio Hypoiito da
Costa*, JoSo Manuel da Silva, bario de Villa Nova de Graia*, Jorge de Avellez Zuzarte de
Sousa*, Luiz do Eego Barreto*, marquez de Sampaio e Carlos Frederico de Caula, nomeados
em 8 de agosto; tenénte general José María de Moura, idem em 30 de setembro de 1835 ti
fallecido em Janeiro de 1836, e brigadeiío barao do Bomfim*, nomeado em 16 de setembro de
1836.
Juizes relatores ,

Conselheiro Manuel Duarte Leitao, auditor geral do exercito, nomeado em 8 de agosto de


1834 e exonerado em 16 de setembro de 1836, e conselheiro Luiz Eibeiro de Sousa Saraiva,
nomeado em 16 de setembro de 1836.

Ajudante do juiz relator


Dr. José Correia Godinho da Costa, nomeado em 6 de outubro de 1834.

Promotor
Brigadeiro graduado JoSo Leandro Valladas*, nomeado em 8 de agosto de 1834.

Curadores dos réus menores


Capitaes de infantería Félix Antonio de Mendonga* e Antonio de Sonsa Cirne*, nomeadoa
em 9 de novembro de 1834.

* Este signal indica que passou ao novo tribunal em 183G,


688

Secretario
Coronel de milicias Joao da Silva Braga*, nomeado em 8 de agosto de 1834.

Officiaes de secretaria
Joao Baptista Ferreira* e Francisco de Sousa Monteiro*.

Amanuense
José Antonio Pinto Soares*.

Porteiro
Clemente Augusto Bolonha*.

Continuo
Manuel Vieira Velloso*, nomeado em 22 de agosto de 1834.

Correio
Jacob Barreiros*.

* Este signal indica que passou ao uovo tribunal ein 1S3G.


EELACAO NOMIML

BOS

1E1BR0S E MUS PESSOAL Qffl TEI eOKITÜiO 0; TBÍBMAL

Qu'er com a tlesignacao de tribunal Supremo conselho de justica militar


quer com a de tribunal superior de guerra emárinlia.

3DE3S3DOB 18S6 -¿^TE .A.O PmBSEKrTB

Presidentes>
/•".:
'r)í«« S
\ da Terceira, marechal do exercito, nomeado em 19 de outubro de 1838. Fallecen-a
26 de sK A
de 1860.
Marquez de Saldanha, marechal do exercito, nomeado vogal em 14 de outubro de 1839,
exonerado em 13 de margo de 1850, sendo duque da mesma designacao; restituido em 12 de
maio de 1851; nomeado presidente em 2 de maio de 1860. Fallecen a 21 de novembrode 1876.
José Frederieo Pereira da Costa, general de divisíío, nomeado em 17 de Janeiro de 1895.

Vogaes do exercito
Visconde de Alhos Vedros-(Antonio Hypolito da Costa), ten ente general, nomeado vogal
effectivo era 22 de dezembro de 1836. Fallecen a 27 de abril de 1839.
Visconde de Eeguengo (Jorge de Avillez Zuzarte de Sousa), tenente general, nomeado vo-
gal effectivo em 22 de dezembro de 1836. Falleceu a 15 de fevereiro de 1845, sendo conde
de Avillez.
Visconde de Villa Nova de Graia, tenente general, nomeado vogal effectivo em 22 de de-
zembro de 1836. Fallecen a 27 de abril de 1844.
Visconde de Geraz de Lima (Luiz do Regó Barreto), tenente general, nomeado vogal sup-
plente em 22 de dezembro de 1836. Falleceu a 7 de setembro de 1840.
Conde de Lumiares, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 22 de dezembro de 1836;
exonerado em 22 de outubro de 1846, sendo tenente general.
Barao do Bomfim, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 22 de dezembro de 1836; pas-
sou a effectivo em 14 de outubro de 1839, sendo conde da mesma designagao; demittido do
posto dé marechal de campo em 18 de fevereiro de 1844; nomeado novamente vogal effectivo
em 21 de dezembro de 1852, sendo tenente general. Falleceu a 10 de julho de 1862.
Barao de Alcobaga, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 25 de dezembro de 1836 ;
exonerado em 22 de outubro de 1846, sendo tenente general e visconde da mesma designagao.
Bernardo Antonio Zagallo, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 25 de dezembro de 1836.
Falleceu a 17 de dezembro de 1841.

1 Os únicos que foram nomeados tees: os mais tem-n'o sido como vogaes de patente superior ou de inaior
antiguidnde.
87
690 ,
.

Márquez de Sampaio, tenente general, nomeado vogal effectivo em 19 de outubro de 1838.


Falleceu a 31 de margo de 1842.
Barao de Cacella, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 26 de maio de 1840. Falleceu
a 17 de dezembro de 1841.
Visconde da Serra do Pilar, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 26 de maio de 1840;
exonerado em 2 de junho de 1840. - /
Martinho José Días Azedo, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 2 de junho dé 1840¿
.

Nao tóniou posse do logar.


Barao de Villar Turpini. marechal de campo graduado, nomeado vogal sujiplente em 15 de
maio de 1841. Falleceu a 29 de setembro de 1846.
Visconde de Beire, tenente general, nomeado vogal effectivo em 18 de fevereiro dé 1842;:
exonerado em 14 de fevereiro de 1849.
Pedro Antonio Rebocho, brigadeiro graduado, nomeado vogal supplente interino em 22 de:
fevereiro de 1842; exonerado em 1 de abril de 1842; nomeado vogal supplente em 8 de agosto
de 1845; passou a Vogal effectivo em 14 de julho de 1862, sendo tenente general e Visconde
de Santo Antonio. Reformado ém 7 dé fevereiro de 1865.
Joao de Vascoiícellos é Sá, marechal de campo graduado, nomeado vogal supplente em 8
de abril de 1842. Falleceu a 22 de juülio de 1846, sendo tenente general.
Barao de Argainaga, marechal de campo reformado, nomeado vogal supplente interino em,
8 de abril de 1842. Falleceu a 23 de setembro de 1848.
Miguel Correia de Mesqüita Piméntel^ brigadeiro graduado, nomeado vogal supplente eni
3 de julho de 1843. Falleceu a 27 de margo de 1860, sendo tenente general e barao de Mes-
quita.
Luiz de Moura Furtado, brigadeiro graduado, nomeado vogal supplente em 13 de novem-
bro de 1843; exonerado em 22 de outubro de 1846, sendo brigadeiro effectivo.
Conde de SamodSes, tenente general, nomeado vogal effectivo era 11 de julho de 1844.
Falleceu a 9 dé setembro de 1857.
Conde das Antas, tenente general, nomeado vogal em 11 de julho de 1844; exonerado em
27 de outubro de 1846.
Barao de Extremoz, marechal de campo, nomeado vogal effectivo em 11 de julho de 1846.
Fallecen a 30 de dezembro dé 1857, sendo tenente general e visconde da mesma designagao.
Francisco Joaquim Carretti, tenente general, nomeado vogal supplente em 24 de julho de
1846; exonerado em 22 de outubro de 1846.
Marquez de Subserra da Beinposta, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 5 de agosto"
de 1846; exonerado em 22 de outubro de 1846.
José Oüolio de Castro Cabral e Albuquerque, tenente general, nomeado vogal supplente
em 8 de setembro de 1846; exonerado em 22 de outubro de 1846.
Marquez de Santa Iría, tenente general, nomeado vogal effectivo em 1 de novembro de
1846. Falleceu a 5 de abril de 1850.
Visconde da Foiite Nova, tenente general, nomeado vogal effectivo em 1 de novembro de
1846. Falleceu a 15 de dezembro de 1852, sendo conde da mesma designagfto.
José Benedicto de Mello, marechal de campo, nomeado vogal supplente em 1 de novembro
de 1846. Falleceu a 18 de agosto de 1850.
Alexaudre Marcellino de Maio e Brito, marechal de campo, nomeado vogal supplente em
30 de setembro de 1847; exonerado em 3 de outubro de 1851, sendo tenente general refor-
mado.
Barao de Pernes, marechal de campo graduado, nomeado vogal supplente em 6 de novem-
bro de 1847; passou a vogal effectivo em 23 de fevereiro de 1858, sendo tenente general. Fal-
lecen a 15 de novembro de 1862.
Barao de Almofalla, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 22 de dezembro de 1847.
Falleceu a 22 de junho de 1850.
Visconde de Vallongo, tenente general, nomeado vogal effectivo em 14 de fevereiro de
1849; exonerado em 22 de fevereiro de 1858.
Barao da•'Varaea do Douro, tenente general graduado, nomeado vogal effectivo em 11 de
setembro de 1850; exonerado em 15 de Janeiro de 1858, sendo tenente general effectivo.
Manuel Alexaudre Travassos, brigadeiro, nomeado vogal supplente era 15 de Janeiro de
1852. Falleceu a 30 de setembro de 1859.
Florencio José da Silva, marechal de campo, nomeado vogal supplente em 9 de outubro
de 1852. Falleceu a 17 de fevereiro de 1860.
Conde do Casal, tenente general, nomeado vogal effectivo em 22 de setembro de 1857. Fal-
lecen a 16 de outubro do mesmo anuo.
Antonio de Padua da Costa, tenente general, nomeado vogal effectivo em 21 de ou-
tubro de 1857; exonerado em 12 de agosto de 1864, sendo general de divisfio; nomeado vo-
691

gal interino em 13 de margo de .1865. Falleceu a 3 de julho de 1869, sendo visconde de


Tavira.
José Pedro Celestino Soares, tenente general, nomeado vogal effectivo em 16 de Janeiro de
1858. Falleceu a 6 de julho de 1874, sendo general de divisao e visconde de Leceia.
Luiz Antonio de Oliveira Miranda, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 18 de fevereiro
de 1860; exonerado em 20 de julho de lt¡64, sendo general de brigada.
Conde de Mello, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 18 de fevereiro de 1860; passou
a vogal effectivo em 26 de novembro de 1862, sendo marechal de campo. Falleceu a 13 de no-
vembro de 1865, sendo general de divisSo.
Luiz Antonio de Mesquita Cabial de Almeida, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 15
de maio de 1860; exonerado em 5 de julho de 1861, sendo general de brigada.
Frederico Leiio Cabreira, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 19 de novembro de
1860; exenerado em 5 de julho de 1864, sendo general de brigada; nomeado vogal effectivo em
7 de junho de 1866; reformado em 10 de maio de 1870; novamente nomeado vogal effectivo em
21 dé junho do mesmo anno, depois de ter sido annullada a reforma e promovido a general de
divisao. Reformado em 11 de setembro de 1872, sendo visconde de Faro.
Jeronymo da Silva Maldonado d'Ega, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 18 de feve-
reiro de 1862; exonerado em 5 de julho de 1864, sendo general de brigada; nomeado vogal em
8 de junho de 1881, sendo general de divisao. Falleceu a 5 de maio de 1886.
Baiüo de Leiria, tenente general, nomeado vogal supplente em 14 de julho de 1862; pas-
sou a vogal effectivo em 29 do mesmo mez; exonerado em 5 de julho de 1864, sendo general
de divisao e visconde da referida designagao.
Barao da Batalha, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 26 de novembro de 1862: pas^
solí -a vo.gal effectivo em 12 de novembro de 1864, sendo general de brigada. Fallecen a 12 de
novembro de 1868. •
Francisco Jacques da Cunlia, brigadeiro, nomeado vogal supplente em 12 de dezembro de
1863; exonerado em 2 de dezembro de 1864, sendo general de brigada.
Francisco Xavier Ferreira, general de brigada, nomeado vogal effectivo em 5 de julho de
1864. Reformado em 10 de novembro do dito anno, sendo general de divisao.
Conde de Torres Novas, general de divisao, nomeado vogal effectivo em 18 de agosto de
1864; exonerado em 27 de Janeiro de 1865.
Joao Carlos de Sequeira, general de brigada, nomeado vogal effectivo em 17 de fevereiro
ele 1865. Falleceu a 28 de Janeiro de 1867,
José María Taborda, general de brigada, nomeado vogal effectivo em 21 do fevereiro de
1865. Falleceu em 21 de setembro de 1867.
Visconde do Pinhciro, general de brigada, nomeado vogal effectivo em 23. de novembro de
1865. Refirmado em 9 de setembro de 1874.
Bariío do Monte Bi-azil, general de divisan, nomeado vogal effectivo em 23 de novembro de
1865; exonerado em 12 novembro de 1869.
Augusto Xavier Palmeirim, general de- brigada, nomeado vogal em 18 de novembro de
1869. Reformado em 19 de Janeiro de 1887, sendo general de divisao.
Barao de Claros, general de brigada, nomeado vogal em 27 de dezembro de 1872; exone-
rado em 30 de abril de 1873; novamente nomeado vogal em 14 de outubro de 1874. Reformado
em 18 de agosto de 1875.
Duarte José Fava, general de brigada, nomeado vogal em 30 de abril de 1873. Reformado
em 21 de Janeiro de 1876, ¡sendo general de divisao.
Antonio de AzeAredo e Cunha, general de brigada, nomeado vogal em 8 de julho de 1874;
exonerado em 1 de feA'ereiro de 1882.
Diogo da Silva Castello Branco, general de brigada, nomeado vogal em 18 de agosto de
1875. Reformado em 4 de agosto de Í880.
Francisco Damazio Roussado Corjáo, general de brigada, nomeado vogal em 5 de abril de
1876. Falleceu a 6 de junho de 1881.'
José Mangos de Faria, general de divisao, nomeado vogal em 18 de agosto de 1880; exone-
rado ein 10 de novembro de 1883.
Joaquim José da Silva Castello Branco, general de brigada, nomeado vogal em 16 de no-
vembro de 1881; exonerado em 1 de fevereiro de 1882; novamente nomeado vogal em 29 de
novembro do mesmo anno. Reformado em 29 de agosto de 1883.
Roque Francisco Furtado de Mello, general de brigada, nomeado vogal em 16 demarco de
1882. Reformado em 5 de fevereiro de 1890, sendo general de divisao.
Joaquim Dias da Silva Tallaya, general de divisao, nomeado vogal em 12 de setembro de
1883. Falleceu a 23 de outubro de 1886.
Conde da Fonte Nova, general de brigada, nomeado vogal em 5 de maio de 1886. Fallecen
a 16 de maio de 1888.
692

José Maria Lobo d'Avila, general de brigada, nomeado vogal em 27 de outubro de 1886..
Falleceu a 7 de agosto de 1889.
Domingos José Gomes, general de brigada, nomeado vogal em 3 de fevereiro de 1887;
exonerado em 24 de agosto do mesmo anno; novamente.nomeado vogal em 30 de junho de 1893.
Reformado em 23 de junho de 1894, sendo general de divisao.
Henrique José Alves, general de divisao, nomeado vogal em 24 de agosto de 1887; exone-
rado era 9 de margo de 1893.
Joao Pinto Carneiro, general de divisao, nomeado vogal enl 19 de maio de 1888. Reformado
em 7 de novembro do mesmo anno.
Luiz de Magalhaes Férreira Guiao, general de brigada, nomeado vogal em 7 de novembro
de 1888; exonerado em 9 de margo de 1893.
Luiz Travassbs Valdez, general de divisao, nomeado vogal em 14 de agosto de 1889. Refor-
mado em 26 de fevereiro de 1890.
Joao Leandro Valladas, general de divisao, nomeado vogal em 12 de margo dé 1890. Fal-
leceu a 29 de maio de 1892.
Antonio Nogueira Soares, general de brigada, nomeado vogal em 7 de maio de 1890; exo-
nerado ein 30 de dezembro do mesmo anno.
Claudio Bernardo Pereira dé Chaby, general de divisao, nomeado vogal em 8 de Janeiro dé
1891; exonerado em 4 de abril do mesmo almo, nao tendo chegado a tomar possé do logar.
Jayme Augusto Scarnichia, general de brigada, nomeado vogal em 29 de outubro de 1891.
Reformado em 9 dé margo de 1895.
Manuel Joaquim Marques, general de brigada, nomeado vogal em 2 de junho de 1892. Fal-,
leceü a 7 de julho de 1893.
Luiz de Sousa Folque, general de divisao, nomeado vogal em 9 de margo de 1893; exone-
rado em 12 de maio do mesmo amio.
Caetáno Pereira Sanches de Castro, general de divisao, nomeado vogal em 9 de margo dé
1893; exonerado em 11 de Janeiro de 1894.
Jorge Cándido Cordeiro Pinheiro Furtado, general de divisao, nomeado vogal em 12 de maio
de 1893; exonerado em 17 de Janeiro de 1895, sendo general da divisEo reformado.
Joaquim Pedro Henriques Barbosa; general de brigada, nomeado vogal em 11 de Janeiro
de 1894. Reformado em 14 de dezembro de 1894, sendo general de divisao.
Joaquim da Cunha Pinto, general de brigada, nomeado vogal em 23 de junho de 1894;
exonerado em 24 de Janeiro de 1895; nomeado novamente vogal em 25 de abril de 1895, sendo
general de divisao reformado.
JoSo Maria de Magalhaes, general de brigada, nomeado vogal em 17 de Janeiro de 1895.
José Ricardo da Costa Silva Antunes, general de brigada reformado, nomeado vogal em 25
de abril de 1895.
,

Vogaes de marinha
Antonio Manuel de Noronha, chefe de esquadra, nomeado vogal effectivo em 22 de dezem-
bro de 1836. Falleceu em abril. de 1855, sendo vice-almirante e visconde de Santa Cruz.
Bernardino Pedro de Araujo, chefe de divisao, nomeado vogal effectivo em 22 de dezembro
de 1836; exonerado em 11 de Janeiro de 1843, sendo chefe de esquadra reformado.
José Xavier Bersane Leite, capitao de mar e guerra, nomeado vogal effectivo em 22 de
dezembro de 1836. Falleceu a 10 de julho de 1843, sendo chefe de esquadra.
Joao de Sousa, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 22 de dezembro de
1836. Reformado em 18 de abril de 1854, sendo chefe de esquadra.
Manuel de Vasconcellos Pereira de Mello, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente
em 22 de dezembro de 1836. Falleceu a 24 de agosto de 1856, sendo vice-almirante e barao de
Lazaran.
JoSo Anacleto Gutterres, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 22 de de-
zembro de 1836; passou a vogal effectivo em 11 de Janeiro de 1843, sendo chefe de divisao
graduado. Reformado em 6 de novembro de 1851, sendo chefe de divisao effectivo.
José Joaquim Alves, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente e m 22 de dezem-
bro de 1836; passou a vogal effectivo em 24 de novembro de 1847, sendo chefe de divisao gra-
duado. Falleceu a 31 de julho de 186.0, sendo vice-almirante.
Izidoro Francisco Guimaraes, capitao de mar e guerra, nomeado vogal effectivo em 14 do
novembro de 1838; exonerado em 14 de abril de 1845, sendo chefe divisao; restituido áquelle
logar em 4 de junho de 1846. Falleceu a 11 de fevereiro de 1852, sendo chefe de esquadra.
José María Vieira, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 14 de novembro
de 1838; passou a vogal effectivo em 2 de outubro de 1843, sendo chefe de divisao graduado.
Falleceu a 30 de dezembro de 1845.
693

Joaquim José Correia, capitao de mar ó guerra graduado, nomeado vogal supplente em 29
de maio de 1840. Falleceu a 3 de margo de 1843, sendo capitao de mar e guerra effectivo.
Gaudino José da Guerra, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 8 de margo
de 1843. Falleceu a 7 de Janeiro de 1852, sendo chefe de divisao.
José Maria Pereira da Silva, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 8 de
margo de 1843. Falleceu a 9 de junho de 1864.
Joaquim José de Almeida, brigadeiro da extincta brigada da marinha, nomeado vogal sup-
plente ein 2 de outubro de 1843; passou a vogal effectivo em 19 de fevereiro de 1852, sendo
marechal de campo graduado. Falleceu a 20 de Janeiro de 1853.
José Gregorio Pegado, chefe de divisao, nomeado vogal supplente em 14 de maio de 1846;
iiao toinou pósse do logar.
Antonio Lopes da Costa e Almeida, capitao de mar e guerra graduado, nomeado vogal sup-
plente ein 14 de maio de 1846; passou a vogal effectivo em 19 de fevereiro de 1852, sendo chefe
dé divisao graduado e barao de Reboredo. Falleceu a 14 de fevereiro de 1859, sendo vice-al-
'. mirante.
Verissimo Máximo de Almeida, chefe de divisao, nomeado vogal supplente em 19 de feve-
reiro de 1852; passou a vogal effectivo em 12 de rnaio de 1853; exonerado em 30 de dezembro
de 1856, sendo chefe de esquadra.
Joao da Costa Carvalho, chefe de divisSo graduado, nomeado vogal supplente em 18 de fe-
vereiro de 1852; passou a vogal effectivo em 10 de junho do 1854, Falleceu a 22 de abril de
1866, sendo almirante graduado e visconde de Ribamar.
Joaquim Antonio de Castro, chefe de divisao graduado, nomeado vogal supplente em 19 de.
fevereiro de 1852; passou a vogal effectivo em 2 de setembro de 1856; exonerado ein 2 de
abril de 1862, sendo chefe de esquadra.
Raphael Florencio da Silva Vidigal, capitao de mar e guerra graduado, nomeado vogal sup-
píente em 12 de maio de 1853; passou a vogal effectivo em 27 de margo de 1862, sendo chefe
de divisao. Reformado em 8 de novembro de 1871, sendo contra-almirante.
Francisco Soares Franco, capitao de mar e guerra,, nomeado vogal supplente em 12 de.
maio dé 1853; passou a vogal effectivo em 3 de outubro de 1860, sendo chefe de divisao; exo-
nerado em 1 de marco de 1869, sendo vice-almirante graduado e.visconde de Soares Franco.
Francisco Antonio Gongalves Cardoso, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente
em 12 de maio de 1853; exonerado cm 24 de fevereiro de 1869, sendo contra-almirante.
Fernando José de Santa Rita, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente era 12
de maio de 1853; passou a vogal effectivo em 30 de dezembro de 1856; exonerado em 15; de
dezembro de 1863, sendo chefe de esquadra graduado.
Marino Miguel Franzini, brigadeiro da extincta brigada da marinha, nomeado vogal effectivo,
em 25 de abril de 1855. Falleceu a 1 de dezembro de 1861.
Antonio Ricardo Graga, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 25 de abril,
de 1855; passou a vogal effectivo em 21 de fevereiro de 1859, sendo chefe de divisao. Refor-
mado em 1 de outubro de 1873, sendo vice-almirante.
Torquato José Marques, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 28 de abril
de 1858; passou a vogal effectivo em 23 de dezembro de 1863, sendo chefe de divisao graduado.
Falleceu a 13 de maio de 1866.
José Bernardo da Silva, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 21 de feve-.
reiro de 1859; passou a vogal effectivo em 2 de abril de 1862, sendo chefe de divisao graduado..
Reformado em 20 de outubro de 1877, sendo vice-almirante.
Joaquim Pedro Celestino Soares, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente em 21
de fevereiro de 1859; passou a vogal effectivo em 26 de abril de 1866, sendo chefe de divisao.
Falleceu a 7 de agosto de 1870, sendo contra-almirante.
José Alemao de Mendonga Cisneiros de Faria, capitao de mar e guerra, nomeado. vogal
supplente em 9 de outubro de 1860; passou a vogal effectivo era 17 de margo de 1866, sendo,
chefe de divisao. Reformado em 23 de setembro de 1873, sendo contra-almirante,
Manuel Thomás da Silva Cordeiro, capitao de mar e guerra, nomeado vogal supplente ein,
8 de abril de 1863. Falleceu, nao tendo chegado a tomar posse do logar.
Joaquim José de Andrada Pinto, capitao de mar e guerra,, nomeado vogal supplente em 8
de abril de 1863; passou a vogal effectivo em 4 de outubro de 1873, sendo, contra-alíiiirante;
exonerado em 17 de setembro de 1885, sendo vice-almirante,
Carlos Craveiro Lopes, capitao de mar e guerra, nomeado. vogal supplente em. 10 de feve-.
reiro de J864. Fallecen a 7 de agosto de 1865.
Joao Máximo da Silva Rodovalho, capitao. de mar e guerra, nomeado vogal supplente-
em 26 de agosto de 1865; exonerado em 24 fevereiro de 1869, sondo contra-almirante gra--
duado.
Joaquim José de Mattos Correia, capitao de mar c guerra, nomeado vogal supplente ein.
'694

30 de dezembro de 1867; exonerado em 9 de margo de 1869; nomeado vogal interino em 28 de


outubro de 1873. Falleceu a 12 de agosto de 1879, sendo contra-almirante.
José Baptista de Andrade, contra-almirante, nomeado vogal em 25 de outubro de.1877;
exonerado em 7 de maio dé 1878.
Joaquim José Cecilia Kol, contra-almirante, nomeado vogal em 9 dé maio de 1878. Fallé-
eeu em 11 de agosto de 1880.
José Joaquim de Soüsa Neves, contra-almirante, nomeado vogal em 21 de agosto de 1877;
exonerado em 17 de dezembro de 1883; nomeado novamente vogal em 23 de setembro de 1885,
Reformado em 27 de fevereiro de 1890.
Francisco Ollegario Seabra Preto, contra-almirante, nomeado vogal em 26 de agosto de.
1880. Reformado em 27 de fevereiro de 1890.
José Maria da Silva Basto, contra-almirante, nomeado vogal em 17 de dezembro de 1883,
Reformado em 27 de fevereiro de 1890,
Antonio do Nascimento Pereira de Sampaio, contra-almirante, nomeado vogal em 27 dé
fevereiro de 1890; exonerado em 10 de fevereiro de 1892; novamente nomeado vogal em. 5 de
abril de 1894.
Rodrigo Augusto Teixeira Pinha, contra-almirante, nomeado vogal em 27 de fevereiro de
1890; exonerado em 24 de abril de 1890; nomeado novamente vogal em 16 de julho de 1891;
exonerado em 4 de maio de 1893.
Antonio de Sousa Pereira de Sampaio, contra-almirante, nomeado vogal em 27 de fevereiro
de 1890; exonerado em 16 de julho de 1891; novamente nomeado vogal em 27 de setembro'
de. 1894.
José Alémao de Mondonga CisneirOs de Faria. contra-almirante, nomeado vogal em 24 de
abril de 1890; exonerado em 10 de abril de 1891 ; nomeado novamente vogal em 10 de feve-
reiro de 1892; exonerado em 27 de setembro de 1894.
Caetano Aiexhndre de Almeida e Albtiquerque, vice-almiranté, nomeado vogal em 10 de
abril de 189L Reformado e exonerado em 5 de abril de 1894,
Manuel Joaquim Ferreira Marques, contra-almirante, nomeado vogal em 4 de.maio de 1893;
exonerado em 31 de Janeiro de 1895.
Joao Thoodoro de Oliveira, contra-almirante, nomeado em 31 de Janeiro de 1895.

Ministros togados

Antonio da Silva Lopes Rocha, nomeado juiz relator em 22 de dezembro de 1836. Falle-
ceu a 24 de junho dé 1842. '
.
Süvino Luiz Teixeira de Aguiar e Vasconcellos, nomeado ajudante do juiz relator em 22
de dezembro de 1836; graduado em juiz relator em 5 de agosto de 1846; passou a juiz relator
em 8 de maio de 1861, sendo barao de Aguiar. Falleceu a 12 de setembro de 1862.
Francisco Pereira de Guimaraes, nomeado ajudante do juiz relator em 22 de dezembro de
1836. Falleceu a 20 de novembro de 1847.
Antonio Barreto Ferraz de Vasconcellos, nomeado juiz relator em 13 de setembro de 1842.
Falleceu a 27 de abril de 1861, sendo visconde da Granja.
Antonio José de Barros e Sá, auditor do exercito, nomeado ajudante do juiz relator em 26
de-setembro de 1859; passou a juiz relator em 20 de junho de 1866.
José Xavier Pereira de Macedo. auditor do exercito, nomeado ajudante do juiz relator em
8 de maio de 1861. Falleceu a 26 de dezembro de 1861.
Joaquim Filippe de Soure, ministro ¿Testado honorario, nomeado juiz relator em 3 de de-
zembro de 1862. Aposentado em 20 de junho de 1866.
Guilherme Germano Pinto da Fonseca Telles, nomeado ajudante do juiz relator em 30 de
outubro de 1872; promovido a juiz da relagFio dos Acores em 23 de maio de 1873 e recondu-
zido n'aquelle logar em 4 de julho do dito anno. Fallecen a 19 de agosto de 1876.
Barao- de S. Joao de Areias, nomeado adjunto do juiz relator em 23 de agosto de 1876;,
passou a juiz conselheiro do supremo tribunal de justiga ein 20 de Janeiro de 1887.
José da C'unha Navarro de Paiva. nomeado adjunto do juiz relator em 26 de Janeiro de
188.7.
.

Promotores de justiga
2fos piocesscs perlencentes ao exercito
Joao Leandro Valladas, brigadeiro graduado de infantería, nomeado em 22 de dezembro de
í 836. Reformado em 5 de setembro de. 1837.
695

Florencio José da Silva, coronel de infantería, nomeado em 5 de setembro de 1837; passou


a vogal supplente em 9 de outubro de 1852, sendo marechal de campo.
Joaquim José de Carvalho, coronel graduado de engenheria, nomeado em 9 de outubro de
1852. Falleceu a 18 de setembro de 1857.
Francisco de Paula de Mendonga, tenente coronel de infantería, nomeado em 23 de setem-
bro de 1857. Reformado em 27 de Janeiro de 1865, sendo coronel.
JoSo da Cunha Pinto, coronel de infantería, nomeado em 7 de fevereiro de 1865. Refor-
mado em 16 de agosto de 1865.
Carlos Augusto Franco, tenente coronel de infantería, nomeado em 16 de agosto de 1865;
nomeado promotor do tribunal em 15 de dezembro de 1868, depois da reforma do mesmo n'ésse
.mez'. Reformado em 7 de margo de 1870.
Luiz Travassos Valdez, coronel do corpo do estado maior; nomeado em 10 dé maio de
1870; exonerado-em 19 do dito mez é anno.
Antonio Ladislau da Costa Camarate, coronel de artilheria, nomeado em 23 de maio de
1870; nomeado novamente em 18 de agosto de 1875, depois da reforma do tribunal de abríldo
niesnio anno. Reformado em 9 de margo de 1881.
Miguel Augusto da Silva, tenente coronel de artilheria, nomeado em 9 de margo de 1881.
:i
Reformado em 10 de junho de 1887, sendo coronel.
Conde do Bomfim, tenente coronel de cavallaria, nomeado em 3 de agosto de 1887 ; passou
a: defensor officioso em 18 de fevereiro de 1893, sendo coronel.
José EstevSo de Moraes Sarmentó, tenente coronel de infantería, nomeado em 18 de feve-
reiro de 1893; exonerado em 28 de fevereiro de 1895.
José da Gama Lobo Lamare, inajor de cavallaria, nomeado em 25 de abril de 1895.

Nos processos pertencenles á marinha

Manuel Pereira de Macedo Vasconcellos, capitao de fragata, nomeado em 22 de dezembro


de 1836. Falleceu a 12 de Janeiro de 1840.
Verissimo Máximo de Almeida, capitao de mar e guerra, nomeado interinamente em 11 de-
janeiro de 1840 e effectivo em 22 de fevereiro do dito auno; passou a vogal supplente em 19
fevereiro de 1852, sendo chefe de divisao.
Joaquim José da Silva, coronel da extincta brigada da marinha, nomeado em 19 de feve-
reiro de 1852. Falleceu a 4 de marco de 1860, sendo marechal de campo reformado.
DamiSo Antonio Contreiras, capitao de fragata, nomeado era 9 de maio-de 1860; exone^
rado em 16 de margo de 1864, sendo capitSo dé mar e guerra addido ao corpo de veteranos da
marinha.
Ignacio Lázaro de Sá Vianna, capitao de fragata, nomeado em 16 de marco de 1864; pas-
sou a defensor officioso em 15 de dezembro de 1868.

Curador dos réuá menores


Nos processos perlencentes ao exercito

Félix Antonio de Mendonga, capitao de infantería, nomeado em 22 de dezembro de 1836.,


Reformado em 2 de junho de 1851, sendo tenente coronel graduado.
Antonio de Sousa Cirne, capitao de infantería, nomeado em 22 de dezembro de 1836. Re-
formado em 2 de junho de 1851, sendo tenente coronel graduado.
Sebastiao Francisco Grini Cabreira, inajor de infantería, nomeado em 27 de maio de 1843;
exonerado em 7 de margo de 1844; nomeado novamente em 30 de setembro de 1845; exone-
rado em 12 de agosto de 184.6.
Francisco de Paula Barros e Quadros, tenente coronel de infantería, nomeado em 7 de
margo de 1844. Reformado em 19 de fevereiro de 1851, sendo coronel.
JoSo da Costa Xavier, ceronel de infantería, nomeado em 20 de junho de 1851; exonerado
em 24 de outubro de 1853, sendo brigadeiro graduado.
Joao Pitta de Castro, major graduado de infantería, nomeado em 13 de agosto de 1851.
Falleceu a 13 de agosto de 1856, sendo major effectivo.
Joaquim José de Carvalho, coronel graduado de engenheria, nomeado em 23 de outubro de
1851; passou a promotor de justiga na secgSo do exercito em. 9 de outubro de 1852.
Joao Carlos de Sequeira, coronel de artilheria, nomeado era 10 de maio de 1853; exone-
rado em 24 de outubro de 1853, sendo brigadeiro graduado.
Francisco Evaristo Leone, tenente coronel graduado de artilheria, nomeado em 24 de ou-
•.'' 696

tubro de 1853; passou em tenente coronel effectivo para o estado maior de artilheria a 24 de
margo de 1857.
José Verissimo Ribeiro, coronel graduado de artilheria, nomeado em 8 de novembro dé
1853. Falleceu a 7 de dezembro de 1868, sendo coronel effectivo.
Baeharel Antonio Maria da Silva Leitao, nomeado curador letrado em 22 de outubro de.
1857. Falleceu a 12 de setembro de 1866.

Nos processos perlencentes á marinha

José AlemSo de Mendonga Cisneiros de Faría, primeiro tenente, nomeado em 18 de abríí


de 1837; deixou dé exercer este logar em 29 do dito mez e anno.
:
Fortunato José Ferreira, primeiro tenente, nomeado em 29 de abril de'1837; deixoü de
exercer este logar em maio do dito anno, sendo capitao tenente.
Luiz Antonio de Almeida Macedón capitao tenente, nomeado em 1 de junho de 1837. Falí
leceü a 4 de agosto de 1843.
José Vicente Lobo Safdinha, tenente coronel reformado da extincta brigada da marinha,-
nomeado em 4 de junho de 1842. Falleceu a 15 de agosto de 1848, sendo coroné! reformado,;
José Pedro Marcellino Schültz, capitao de fragata reformado, nomeado em 12 de sétenibro
de11843. Falleceu a 26 de maio de 1855.
Joao da Silva Carvalho, primeiro tenente, nomeado
em 8 de junhó de 1855; exonerado em
15 de Janeiro de 1857.
'
Ignacio Lázaro de Sá Vianna, primeiro tenente, nomeado em 15 de Janeiro de 1857;.
.- - .
exone-
rado em 13 de junho de 1858¿ sendo capitao tenente; novamente nomeado em 8 de agosto de
1861; passou a promotor de justiga em 16 de margo de 1864, sendo capitao de fragata,
Joaquín! José Cecilia Kol, capitao tenente, nomeado em 13 de Janeiro de 1858; exonerado
em 12 dé maio de 1858.
Luiz Cbrreia dé Almeida, capitSo tenente, nomeado em 12 de maio de 1858. Falleceu a 27
de; maio de 1859.
José Peregrino Leitao, segundo tenente, nomeado em 9 de junho de 1859; exonerado em
14 de julho de 1859.
Antonio José Alvares, primeiro tenente, nomeado em 14 de julho de 1859; exonerado em
23 de dezembro de 1859.
Thoniás Martíniano Nunes de Sousa e Silva, capitao tenente, nomeado em 23 de dezembro
de 1859; exonerado em 7 de margo de 1860.
Frederico Carlos Rosa, capitao tenente, nomeado em 7 de margo de 1860; exonerado
em
21 de maio de 1860; novamente nomeado em 19 de Janeiro de 1866. Falleceu a 30 de setembro
de" 1.868, sendo capitao de fragata.
José Gomes Hemiterio Penna, primeiro tenente, nomeado em 21 de maio de 1860; exone-
rado eui 7 de maio de 1861, sendo capitao tenente.
Joao Antonio Pussich, capitSo de fragata reformado, nomeado em 7 de malo de 1861;
exonerado em 8 de agosto de 1861.
José Maria Pacheco Moreira, capitao tenente, nomeado em 23 de margo' de 1864; exone-
rado em 19 de Janeiro de 1866.

DeTensores oiílciosos

Ignacio Lázaro de Sá Vianna, capitSo de fragata, nomeado em 15 de dezembro de 1868.


Falleceu a 8 de abril de 1870.
Augusto Zeferino Teixeira, primeiro tenente, nomeado em 11 de maio de 1870. Fallecen a
30 de setembro dé 1870.
José Francisco Schultz, ca2)itSo de fragata, nomeado em 6 de outubro de 1870; novamente
nomeado fiara o tribunal superior de guerra e marinha em 18 de agosto de 1875, sendo capitao
de mar e guerra; exonerado em 29 de maio de 1876.
José Joaquim de Almeida, capitSo tenente, nomeado em 7 de junho de. 1876; exonerado
em 25 de agosto de 1876.
Antonio Raphael Rodrigues Sette, capitSo de mar e guerra, nomeado em 25 de agosto de
1876; exonerado em 27 de fevereiro de 1890, sendo contra-almirante, e reformado na mesma
data.
José Estevao de Moraes Sarmentó, tenente coronel de infantería, nomeado em 12 de margo
de 1890; passou a promotor de justiga em 18 de fevereiro de 1893.
Conde do Bomfim, coronel de cavallaria, nomeado em 18 de fevereiro de 1893.
697

Secretaria
Secretarios
Joao da Silva Braga, coronel de 2.a linha, nomeado em 22 de dezembro de 1836. Falleceu
a- 22 de margo de 1839.
Joao Leandro Valladas, brigadeiro reformado, nomeado em 13 de abril de 1839. Falleceu
a 17 de Janeiro de 1861, sendo tenente general reformado.
José Herculano Ferrara de Horta, coronel de infantería, nomeado em 21 de Janeiro de
1861; deixou de exercer éste logar por ter sido promovido a general de brigada em 22 de
margo de 1869.
Conde do Bomfini, coronel de cavallaria, nomeado em 23 de margo de 1869. Reformado em
21 de dezembro de 1871.
Conde da Fonte Nova, major de infantería, nomeado em 23 de dezembro de 1871; nova-
niente nomeado em 18 de agosto de 1875, depois da reforma do tribunal, sendo tenente coro-
nel; passou a vogal do tribunal em 5 de maio de 1886, sendo general de brigada.
José Ricardo da Costa Silva Antunes, tenente coronel de infantería, nomeado em 5 de maio
de 1886; reformado em 31 de dezembro de 1891, sendo coronel; novamente nomeado em 31
de dezembro de 1891, sendo general de brigada reformado; exonerado em 25 de abril de
1895> por ter passado a vogal.
JoaO Luiz Muzanty, official de secretaria, nomeado em 25 de abril de 1895.

Officiaes dé secretaria
Joao Baptista Ferrara, nomeado em 22 de dezembro de 1836; demittido em 12 de setem-
bro de 1837.
Francisco de Sousa Monteiro, nomeado ém 22 de dezembro de 1836; deixou o servigo de
tribunal por ter sido nomeado escrivao do juizo de direito da 6.a vara de Lisboa em 22 de fe-
vereiro de 1837.
José Antonio Pinto Soares, nomeado amanuense em 22 de dezembro de 1836; passou a
official de secretaria em 3 de marco de 1837. Falleceu a 26 de fevereiro de 1863.
Carlos Antonio de Araujo, nomeado amanuense em 18 de margo de 1837 ; passou a official
de secretaria em 6 de novembro de 1837. Reformado em 15 de setembro de 1863.
Joaquim Justino Rebello, nomeado amanuense em 27 de marco de 1850; passou a official
de secretaria em 24 de marco de 1863. Reformado em 7 de junho de 1876, sendo mandado con-
tinuar a servir no tribunal por ofíicio do ministerio da guerra de 21 de outubro de 1876A
Joaquim Freiré de Andrade Salasar d'Eca, nomeado amanuense em 15 de margo de 1861;
.
passou a official de secretaria em 13 de outubro de 1863. Reformado em 2 de junho de 1880 2.
José Antonio Nogueira, nomeado amanuense em 5 de maio de 1853 3; passou a official de
secretaria em 7 de junho de 1874. Falleceu a 25 de outubro de 1884.
Pedro Eugenio Celestino Soares, nomeado amanuense em 11 de fevereiro de 1875; passou
a official de secretaria era 14 de junho de 1880. Falleceu a 26 de novembro de 1888.
Joao Luiz Muzanty, nomeado official da secretaría em 19 de dezembro de 188.4; passou a
secretario.
José Maria Gomes Maríares, nomeado official da secretaria era 7 de dezembro de 1888.
Reformado em 4 de maio de 1894.
Augusto José Joaquim Días, nomeado official da secretaria em 7 de maio de 1894; passou
para a 4.a divisao militar em 16 de julho do mesmo anuo, nao tendo chegado a tomar posse do
logar.
Sebastiao Mendes Rocha, nomeado official da secretaria eni.16 de julho de 1894.

Amanuenses e aspirantes
Francisco Tavares da Cunha, nomeado amanuense em 18364. Falleceu em margo de 1837.
Ezequiel Antonio Velloso, nomeado amanuense em 3 de margo de 1837. Falleceu a 2 de
fevereiro de 1850.

- l Era aspirante addido da extincta inspeccao fiscal do exercito quando foi nomeado amanuense do tribunal.
Está; reformado com a graduacüo e soldó de coronel, c vence 10^000 réis de gratifica cao.
'- Servia na 3." direccao do ministerio da marinha e ultramar quando foi nomeado amanuense do tribunal.
3 Desempenliavaprovisoriamenteeste logar desde 1 de agosto de 18G1,
por resolucao do supremo conselho
de justica militar.
'' Tinha sido eseripturario da contador!a do arsenal das obras militares.
698

Manuel Joaquim Pedro Codina, nomeado amanuense em 4 de outubro de 1838 l. Falleceu


a 21 de setembro de 1853.
Pedro Affonso de Figueiredo, nomeado amanuense em 1 de outubro do 1853, exonerado
em 13 de dezembro de 1860, por ter passado a amanueuse do ministerio da fazenda,
Henríque Augusto Tinoco de Sande e Vasconcellos, nomeado amanuense temporario em
10 de marco de 1857, com o vencimento de 200 réis nos dias uteis por resoluglo do supremo
conselho de justiga militar. Ignora-se quando deixou de exercer o logar. v
Julio Cesar Monteiro, nomeado amanuense em 14 de abril de 1846 2. Falleceu a 28 dé no-
vembro de 1874.
Thomás Eugenio d'Almeida Cayolla, nomeado amanuense em 20 de margo de 1877; passou
á administragao militar em 21 de agosto de 1878 em aspirante com a graduagao de alferes.
José Maria da Graga Soares e Sousa, nomeado amanuense em 22 de novembro de 1882 3;
passou a secretario do conseibo de guerra permanente da 4.a divisSo militar em 31 de margo de
1885. '
Joao . María . Mourao, nomeado amanuense em 15 de setembro de 1880 4; passou a ter a. dé-
signagSo de aspirante em 19 de dezembro de 1884.
Julio Cesar Couceiro Feio, nomeado aspirante provisorio do conselho de guerra permanente
da 4.a.divisSo militar em 19 de margo de 1885; passou a servir no tribunal em 31 do dito inez,
a, aspirante definitivo em 31 de margo de 1886 ; mandado servir de secretario do conselho adminis^
trativo do hospital de inválidos militares de Runa em 19 de julho de 1894.
Antonio Francisco de Oliveira, aspirante com a graduagao de alferes, nomeado em 4 de
marco de 1895.
Porteiros
Manuel de Figueiredo e Oliveira, nomeado em 22 de dezembro de 1836; passou a escrivao
do juiz de direito de Angola em 3 de julho de 1848.
Jacob Barreiros, nomeado correio em 22 de dezembro de 1836; passou a continuo em 21
de maio de 1838, a porteiro em 16 de dezembro de 1848. Falleceu a 8 de fevereiro de 1850».
José Martins, nomeado em 14 de fevereiro de 1850. Falleceu a 20 de maio de 1854,
Duarte Alexandre Holbeche, nomeado em 20 de setembro de 1854. Falleceu a 21 de junho
de 1863.
Antonio Henriques Soares, nomeado servente em 22 de dezembro de 1836; passou a conti-
nuo em 16 de dezembro de 1848, a joorteiro em 17 de julho de 1863. Falleceu a 23 de outubro
de 1878.
Luiz dos Santos da Conceicao, segundo sargento reformado, nomeado em 2 ele dezembro
de 1878. Falleceu a 29 de marco'de 1880.
Joaquim Marques, furriel reformado, nomeado correio em 29 de dezembro de 1877; passou
a porteiro em 10 de abril de 1880. Falleceu a 18 de outubro de 1891.
Joao Maria, primeiro sargento reformado, nomeado continuo em 22 de julho de 1885; pas-
sou a porteiro em 22 de outubro de 1891.
Continuos

Manuel Vieira Velloso, nomeado em 22 de dezembro de 1836; demittido em 21 de maio


de 1838.
Manuel de Sousa, mestre de música, nomeado em 13 de outubro de 1863. Falleceu a 12
de abril de 1870.
Joao José Monteiro, segundo sargento de engenheria, nomeado em 23 de setembro de 1870.
Falleceu em 30 cíe novembro de 1879.
Domingos de Mello, segundo sargento reformado, nomeado em 14 de abril de 1880. Falle-
ceu em 18 de julho de 1885.
José de Almeida, cabo reformado, nomeado para exercer interinamente o logar de continuo
em 22 de outubro de 1891.

1 Tendo sido interprete do supremo tribunal de marinha passou a servir no supremo conselho de justica
militar em 31 do outubro de 1837.
- Dcscmpeuhava este logar temporariamente desde 20 de dezembro de 1862, por rcsolucao do supremo
conselho de justica militar.
3 Desempenhava interinamente este logar desde 9 de dezembro de 1878, por determinado do ministerio
da guerra.
'' Era amanuense da direccao geral de arlilheria quando foi nomeado para csic logar.
699

Correios
Manuel Guilherme, nomeado servente (ignora-se a data); passou a correio em 21 de malo
de 1838. Falleceu a 15 de maio de 1859.
Manuel Joaquim Alves Torres, nomeado em 9 de junho de 1859. Falleceu a 23 de novem-
bro de 1877.
Maximiliano dos Santos, segundo sargento reformado, nomeado continuo em 3 de margo de
1880; passou a correio em 10 de abril de 1880.

Serventes
Antonio Iíenriques daSilveira, nomeado (ignora-se a data); despedido em dezembro de 1895..
José de Aratijo, nomeado em 21 de dezembro de 1859.

Guardas do palacio
José María da Piedade, segundo sargento reformado e porteiro do primeiro'- conselho de.
guerra permanente da 1.a divisao militar, nomeado em 1 de abril de 1880. Falleceu em 14 de ou-
tubro de 1887.
Augusto Faustino da Cqnceigao Martins, amanuense do primeiro conselho de guerra perma-
nente da 1.a divisao militar, nomeado para exercer interinaniente aquelle cargo em 16 de outu-
bro de 1887.
Individuos que estiveram addidós á secretaria do tribunal
Clemente Augusto Bolonha, porteiro do anterior tribunal, addido em 22 de dezembro de
1836. Falleceu a 3 de dezembro de 1848. -
Frederico Hogan de Mendonga, secretario do extincto estado maior imperial, addido em 18
de maio de 1837; passou á secretaria da guerra na mesma qualidade de addido em 10 de julho
de 1855.
Francisco Solano de Moraes, foi encarregado do expediente dos processos em 22 de de-
zembro de 1836, vencendo 30$000 reís mensaes. (Ignora-se quando deixou este servigo.)
Pedro Marianno de Sousa, addido para coadjuvar os trabadlos emquanto fosse preciso em
6 de margo de 1840, vencendo 300 róis diarios. (Ignora-se quando deixou este servigo.)
José Pedro Marcellino Schultz, capitao de fragata reformado, addido em 18 de julho de
1842; passou a curador dos réus menores em 12 de setembro de 1843.
José Joaquim da Costa e Almeida, capitSo de fragata reformado, addido em 8 de novembro
de 1842.. Falleceu a 31 de Janeiro de 1857.
Joao de Sousa Carvalho, secretario do extincto governo do Algarve, addido em 28 de de-
zembro de 1844. Falleceu a 30 de julho de 1854,
Manuel Joaquim Franco Queriol, official do registo do extincto conselho de guerra, addido
em 29 de setembro de 1852. Falleceu a 20 de fevereiro de 1868.
Francisco de Paula Soares Brandao, tenente reformado, addido em 25 de agosto de 1853.
Falleceu a 4 de setembro de 1872.
Manuel Ricardo Gomes de Faria, platicante do extincto commissariado do exercito, addido
em 31 de margo de 1856. Fallecen a 30 de setembro de 1861.
índice alphabelico das malcrías confíelas na compilacao da lcgislacao pena! uiililar portugüeza

Pag. He-
A. Amnistía — pelos aconteeiirentos políticos de se-
tembro de 1836, em 1838............... o ,.;.,-, 177;
para os guerrilhas da Beira e outi'os crimes
Abandono de posto —-deeláracao a fazer quando
sé trata d'este crime .. ( 510
politieos, em 1840
——para
., ...........
os successos politieos dé agostó 6 se»
179

Abasteeimento— veja-se Regimentó das frón- tembró de 1840,em 1840....................; 182


téiras. .para os guerrilhas do Algarve e AIemtejo¿
Abono—para o vestuario á marinhagem quando em 1841 ,
183
condemnada a servir sem vencimento 240 para os officiaes da revolta em 1840 de Ca-
alteracao ao disposto na determinaeao ante- ladores 6, ein 1842 ..',.'. 184
cedente, .> 275 applicacao da antecedente á individuos da
de vinho ou aguárdente á. marinhagem quan- armada, em 1843 185
- do ...,-.
presa 'a bordo 280 para os implicados na revolta dé 1844, em,
idem quando presa, nao tendo graduagao de 1846 189
r ,.........
1846.... 189
official 286 para crimes eleitoraes de 1845, em
'-.——para fardamento ás pracas da marinhagem para os crimes politieos praticados desde 6 198~.
cumprindo sentenga 303 de outubro de 1846, em 1847.
de metade do soldó de segundo grumete ás ——conreinada a executar-se a antecedente dér :
pois da submissao da junta do Porto.......... 198
—T—
da marinhagemquando presas para conselho de
guerra 306 a de 28 de abril de 1847 applicavél tambem .''
' As pracas do exercito com licenea ou deser- aos revoltosos que se submettessem no praso
198
tadas
..
qne forem presas por crimes eommuns... 416
aos alferes graduados, quando presos 424
de quinze dias ........
idem, applicavél aos crimes políticos ante-
de auxilio para o rancho ás pracas cum- riores a 1846 199
prindo sentenca, ,
493 idem, applicavél ás provincias ultramarinas 199
veja-se Corpo de nmrinbeirosda armada. r para os
crimes políticos praticados dejrois dé
Actos — considerados nullos os do governo ille- 1847, em 1849 204
gitimo 144 para, as occorrencias politicas que tiveram
Agentes polioiaes—-normasa observar na ca- logar depois de 1851, em 1852 209'
ptura de militares do exercito ou da arma- para especificados crimes, e indulto para qs
da 503 e 506 roas condemnados em diversas penas, em 1855^. 215
Ajudantes do juiz relator — suppressao de um explicacao sobre duvidas havidas na applica-
d'elles no supremo conselho de justica militar 286 cao da antecedente. 215
Almoxarifes - de artilheria-—sua criacao com • para crimes de desercao, em 1858. ...'.. 232
graduacoes de official 272 para especificados crimes, e indulto para os
de engenheria—.idem com postos de offi- réus condemnados em diversas penas, em 1862. 269
cial 315 para crimes politieos, em 1862 271
Amnistía — para os ausentes ou processados por para especificados crimes, e indulto para os 274
opiuioes politicas, e revisao das sentencas dos réus condemnados etn diversas penas, em 1863.
que soffreram pena ultima, em 1821 124 applicavél a de 10 de outubro de 1862 aos
applicacao da antecedente a outras pessoas, crimes exceptuados no artigo 3.° da anteceden-
em 1821 125 te, em 1863 275
—-—- para os crimes politieos nos Acores, em 1823 132 • para crimes políticos e outros, em 1868..... 291
—— para crimes políticos, em 1824 133 para os crimes de sublevacjio, em 1869 299
eonfirmacao da que havia sido concedida em para crimes políticos, e indulto para os réus 300
1821 no Kio de Janeiro, em 1824 134 condemnados em diversas penas, ein 1869
para crimes politieos, em 1826 138 para diversos crimes, em 1870. 303
idem, em 1827 140 para os factos da sublevaeao na India, em
.idem, em 1832 154 1871 311
, idem, em 1834 163 para os implicados nos processos instaurados
idem, em 1836 168 em agosto de 1872, em 1877 419
702

\?ag.
Amnistía —para crimes eleitoraes, ein 1880... • 430 Auditores— para as brigadas durante a guerra
-. para crimes de abuso de liberdade de im- peninsular, sua cria§íio ... 113
prensa, em 1884. 452 —— sua substitui§ao pelos juizes de fiara- e do
para crimes políticos, em 1885 456 crime 126
-.
r-.—- para
especificados crimes, e indulto para para Lisboa, Porto e Elvas, sua criacao .... 137
os réus condemnados em diversas penas, em —— fixado o seu numero em sete 270
1886 476 mareado o seu numero para o exercito ,é ar-
explicacao sobre duvidas havidas. mada: preceitos para o seu provimento..... ...
-. na appli- 293:
—— fixadas as suas residencias ñas térras- ém
,
cacao da antecedente. 477
para crimes políticos, ém 1888 485 que estivessem os quarteis generaes.........-.. 298
—— para especificados crimes. e indulto ]iara —-—
veja-se Auditoria geral do exercito—Cónse-
os réus condemnados ein diversas penas, em Ihos dé guerra—r Juizes de fofa — Magistrados. :
1890. .. 489 Auditoria — reunida a do Porto ao logar de juiz
— expíi calóes........
sobre os indultos das de 1886 e do crime ............ 49
.1890.............. 491 —— da gente de guerra — os seus eserivaés;.-
para crimes politico's» em 1892.............
...-.— 503 deviam responder ás foihas dos corregedores da ,
" :'. para os implicados na rebelliao do Porto em
1891,61111193;....
corte . . .......
geral do exercito— nomeaejío de um désr > ....; 17 ;
.,..;-> .........
Aññíillagao *—teve-a o julgamento de um sol^
509
embargador para ajudante.........; ............ .111
dado que havia sido encontrado com faca, por ——sua extinecáo é dos auditores de brigada e
incompetencia do juizo»,... ,.-;................ 68 óutros em 1821 .........126v
Appellagao — havia-a para o conselho de guerra
ñas causas érinies da gente de guerra......... 15
• sua nova
extinecáo ein 1824 ...............
relator
135
—— nomeafao interina para este cargó do
idem ñas cansas de inobservancia do regir- do extincto conselho de justiga............... ¡- 156
mérito das ordenanzas......... ..,-...
¿..
18 sua nova extinceao. ¿.. 156
governador do Brazil contra
-;-:;;' liaviara. para o Ausencia illegitima—-modo de contar os dias
ó proeedimento a respeito dos oíliciaes da orde- precisos para constituirdesercao. 207
nanza .i .. 50 fixacjao do dia e hora da apresenta§ao dos
ArpaDUSááos — sel-o-íani os encontrados corrí ar- que a commetterem ás auctoridades. 20.9
mas, bétn cómo os commandántes dos corpos irre- —-— applicacao á armada do disposto no
aviso
gulares do governo da-UBurpagao.-.... 159 de 11 de dezembro de 1850 211
— mandadai'-p6r- em vigor esta detérininiíeao
1846.
-
.'.. 196 ——os que a eommettessém deviam ser julgados
por um conselho dé disciplina na forma da or-
- em
Arsenal do exercito—applicacao do foro mi- denanza de 1805 -,.. 225
litar aos seus empregados... 164 • -como deviá ser averbada no livro de iegisto 228
—-^ mantido O dito foro na sua nova organisacao os que a eommettessém na occasiao da saída
de 1851...... '.. ..........
Artig'os de guerra -- constantes dos regulamen-
208 do navio seria.m julgados em conselho de guerra 268
nao se eonta o tempo d'ella ás pi-acas- absol-
tos de infantería e cavallaria 53 e 63 vidas do crime de desercao 501
—- applicaveisás guarliicoes dos navios de guer^ -— vejase Deserejto em tempo de guerra.
ra os dos ditos regulamentos 81 Auto de corpo de délicto — primeiro acto a pra-
. estabelecidospara a arpiada em 1800
.; .'.'..- S6 ticar na formadlo dos processos do conselho de
.'.-.-'. projécto dos elaborados para a. armada por guerra 64
urna cormnissao ein 1836: J.. 205 ——- devei sempre que for possivel, conter as dé^
Artilheiros do trosso — penas estabelecidasno claracoes do argüido 510
seu1 regimentó para os que se ausentassem sem veja-sé Corpo de mariuheiros da armada.'
licetiC/a . 22 Autopsia— deve ser feita- aos fallecidos quando
Aspirantes a facultativos da armada — lei se presuma ser a morte produzida por offensas
da criacaosua 266 corporaes 418
-—— seu
regulamento, íicando sujeitos ás leis e Autos de investigacao — devem preferir aos
regulamentosmilitares 266 autos de corpo de delicto em casos de menos-
Aspirantes a facultativos militares — lei da importancia na guarda fiscal 515
suá criacao 239
——seu regulamento, íicando sujeitos ás leis e 33
regijlamentosmilitares 241
—— a facultativos navaes e do ultramar —
decretada a sua criaeS'o.,. fieando sujeitos ás leis Baixa de posto — quando a deviam ter os ofii-
e regulamentosmilitares 303 eíaes inferiores considerados desertores....... 213
Asylo a; desertores•— penas para os que o des- •
temporaria—prohibida como castigo, sendo
sem 115 substituido por outros ,
212
——novas providencias a este respeito 143 Batalhao nacional de Maoau -— sujeito ao re-
Asylo dos fllhos dos soldados—seu regula- gulamento dos batalhoes nacionaes 225
mento; penalidades applicaveis aos seus alum- Batalhao naval — seu regulamento; penalida-
nos... 272 des applicaveis ás auas pracas.
... ¡..........178
—— veja-se Gollegio militar. como exceutados os castigos das pravas des-
Auditor—para a cavallaria da Extremadura, sua tacadas nos navios de guerra 180
criacao; 20 alteracao nos castigos applicaveis ás suas1
para as fortalezas de Alcántara e Cascaos, pracas 183
sua criacao .
20 Batalhoes de Mogambique -.—decreto que eriou
—— para a marinha, sua criacao. 76 mais dois, íicando sujeitos aos regulamentos mi-
—^- o da mariiiha era tambem fiscal da junta da litaros. 423
fazenda ............' 83 Batalhoes nacionaes — decreto da sua criagao
.; veja-se Jurisdícfao o Presas. em 1S32; castigos applicaveis ás suas pracas.-. 154
Auditores — para os regimentos, sua criacSo ... 57 applicacao das leis da disciplina ás suas pra-'
—i—abolicao dos geraes: e particulares 57 cas em tempo de guerra ¡ ¿ 160
..
—— sua jurísdiccao ..
57 casos em que gosavam do foro militar 167
—^—patentes e vencimentos que tinliam 61 sua organisacao em 1840, íicando sujeitos ao
sua extinc§ao nos regimentos 76 regulamento das milicias. ¡. ¡ 182
im
Pag. Pag.
Batalhoes naeionaes—suaorganisagao em 1846 éóiíimissao o projeecó d'elle para a armada eni
o respectivo regulamento; castigos applicaveis 1886. ,. militar incumbido outra
¿
477
ás suas pragas 195 Código de justiga — a
'"-—julgaménto dos delietos das sitas praeas se- commissao o exame de um projecto d'elle e do
gundo as leis do tempo de guerra.. .-.... 197 regulamento disciplinar para a armada.. 618 e 672
^-— seü novo regularaento; castigos applicaveis Código de justiga militar de 1875 —lei que
ás suas pravas 201 o approva para reger no reino e seus dominios. 316
Bátalnoes de veteranos — sua extiuegao, delietos e penas; disposigoes geraes. i 316
criando-se companliias de reformados; casos em •— organisagao das justigas e tribunaes milita-
que as pragas d'estas sao consideradas deserto-
;, ras- ,- 292
.
res ; disposigoes preliminares .........
——justigas e tribunaes militares em tempo de
330
.
IBateria dé artillieria da Guiñé —veja-se
(ruiné.
paz
ídem em tempo de guerra.
.:... 338
331
Brigada real dainariiina—alvara da sita crea- —- competencia do foro militar; disposifués pre-
cao, ficando sujeita ás leis militares de discí- liminares .. i 339
/plida ;..,......
..^r^- castigos applicaveis ás suas praeas em sef-
85 competencia dos tribunaesmilitares em tempo
de paz. -.. v i...
idern ein tempo de guerra.................. .
340
vied nos navios de guerra
... * .101 ....... disposigoes applicaveis tanto em tempo de.
342
-1: sua extiilccaoi .. ¿.. ¿. ¿ ....;..... 173
paz como em tempo de guerra .......... ....
-^—ordem do proCes^p nos fe'itoa criinés de jus-
343

O tiga militar em tempo de¡paz.. ............."»v 344


proéesso crime perante os tribunaes milita-
CatLCéílainento -- mandado fazer nos livros de ros ení tempo de guerra... '.Vi.............
¡> 364;
registe publico do governó ¡Ilegitimo ém 1833. 158 —— dissolucao da commissao que confeccionoüo
—j-^' nao obstante elle deviam Continuar ñas re-
referido código de 1875 ...............
resolugíío sobre duvidas na sua óxeeugao e
395
particoes em que existiam. 160 respectivo regulamento 397
Oápellaes militares—seu rcgulamento; penalr- substituigao de algitmns das suas disposi-
dades ÍI que ficávam sújeitos.- 275 goes.. 419
Capitaés da ordena.nga—púdiain sómente ser —— sua applicagao ao regimentó do ultramar.. . 420
presos pelos officiaes d'ella. 15 —-—alteragoes das suas disposigoes coin féspéito
Garcerageni—nao a deviam pagar os presos
militares 74
á provincia de Cabo Verde.: ...............'..
421
incumbido a urna commissao jn-opor a súa í'ér ;
Cárruag'em Cellular— seu estabeleeimentó para forma e do regulamento/ disciplinar do exer-
conduecáo de presos da armada. 273 cito 477
ídem, idi'in de presos do exercito 487 mandado julgar por elle o crime de rebelliap
—^-^
Cartas de¡ seguro — a soldados auxiliares .. .'
era oceorrido no Porto cin 1891. 494
aos auditores das 23roviucias que competía pas- .
alteragoes na forma do processo para os réíis
sal-as 17 impíicadoa no referido crime .....':.... ;.. ...:. .-.. 494
-r. sua concessao aos militares nos crimes civis 79 applicagao das disposigoes anteriores aos cri-
Castigo de inaetividade temporaria—man- .
mes previstos no código em concorrencia com o
dado eliminar no regulamento do servigo dos cor- da dita rebelliao. 49B
pos o respectivo modelo ..
291 —— sua applicagao ao districtoda Gruiiiéj com mo'-
Castigos — applicaveis os das ordenanzas mi-
litares aos soldados que faltassem ás companhias,
diticagoes :'.............;..
Código de justiga militar de 1895 —decreto
.-.. ... 502
pelo regimentó dos armazens 20 que o approvapara reger como leí no continente
---—qnaes os estabelecidos para as faltas com- do reino c illias adjaoentes.'.. ..............,. 559
mett.idas a bordo dos navios de guerra 46 crimes e ponas; disposigoes geraes 560

—— nao os podiam applicar os inferiores aos seus ^
crimes em especial. 565
subditos na presenga dos superiores 51 tribunaes o auctoriclades judiciaes militares
prohibidos abordo os que nsio fossem dosar- em tempo de paz. 581
tigos de guerra 68 — idem em teinpo de guerra, c em circuinstan-
- cias extraordinarias..i
os de correegao ás praeas do batalhao naval ". 589
a bordo deviam ser os do seu regulamento..... 190 -jurisdiegao e foro militar; competencia ém
aos milicianos pobres seria só applicavel o tempo de paz 591
o de privagao de promogáo 95 competencia em tempo de guerra '.'....- 595
veja-se Escolas praticas de cavallaria, infan- disposigoes applicaveis em tempo de paz e
tería, engenheria, artillieria e artilhcria naval — •
em tempo de guerra.... 596
Regimentó dos capitaés de mar e guerra —Va- processo penal militar; processo em tempo
radas. de paz .596
Causas — como resolverem-se as que estavam processo em tempo-de guerra 61Sv
affectas ao conseibo de guerra em 17C3 GO

comego da sua execugao completa...". 671
—^— civeis — nomeagao de urn cscriváo para as Código penal — sua promulgagáo em 1852; cri-
dos militares 85 mes nao qualificados n'elle 210
niaritimas — deviam ser submettidas ao eon- ,
modilica-
selho de justiga supremo militar no Brazil ——- sua applicagao ap ultramar, com
109 goes 213
Cavallos ineapazes-—nao teriam baixa sem se sua nova edigáo em 1886, contendo as re-
lhes cortar nina orelha, estabelccendo-se casti- formas promulgartasdesde 1852 479
gos para os que o nao cumprissem 32 marítimo — incumbida ao consellio da mari-
Circumscriptjoes flacas—equivalentes ás das nha a sua composigao cm 1825 137
companhias de districto para os effeitos discipli- sua publicagao em 1864, estabeleeendo re-
nares 510 curso para o supremo conselho de justiga militar 277
Código^ de justiga da marinlia militar no* -veja-se Jurisdiegao; '

meacao de urna commissao para o formular.... 300
.
Código penal militar — incumbida a sua orga-.
—— nomeacao de outra commissao para o mesmo nisagao a nina junta cm 1802. 94
fim
Código de justiga militar , incumbido a urna
367 nomeagao de mais tres niembros para a dita
— junta ¡- 9
,704

p¿ig. Pag-
Código penal militar—— incumbida a urna outra Companhiasde saude no ultramar — lei da sua .

junta a sua revisao em 1816..... 120 criagao, ficandó as suas pragas sujeitas ás leis
' alvara, mandando por em exeeugao em Portu- e regulamentos militares! 315
gal e no Brazil em 1820 123 Competencia — do general commandante em
—— incumbido a urna commissao a sua organi- chefe - - -
117
sagao em 1846. 194 do commandante das forgas e do governo da
—- idem em 1851....; 208 regencia dos Agores ém 1830 143
-
idem em 1855 2,14 ^-—do commandante em ehefe do exercito liber-
Í—— dissolugáo d'esta ultima commissao.em 1862 270 tador *..._ 1.. 1........ 155:
Código do processo criminal militar—veja- do major general do dito exercito ... 156
se Tribunaes militares. do ehefe do estado máior imperial em 1833.. 168
Códigos do processo e penal da armada — pro- -
ainpliagao á do dito ehefe do estado maior ¡. 158
jeetos remettidósaó supremo conselhó de justiga nao jülgaram tel-a tribunaes,
os quer militar
militar para os examinar em 1860... 241, 242 é 257 res quer civis, no processo instaurado a um gene»-
_
Collegio militar — decreto da sua reorganisa- raleml857
gao em 1851; penalidades estabelecidas para o veja-se Código de justiga ..„
militar .1....
— Compa-
227V

professorado 208 nhias de artilheria de guarnigao-—Consellios dé


•;- -- decreto da sua nova reorgahisagao em 1870; guerra — Intendente da mariiiha dé Lisboa —
servigo obligatorio para os alumnos, e penalida- Ordenanga da armada.
............. ........¡....... 304
des applicayeis. '—— disciplinar— do
commandante do depositó
——- suspénsao do decreto anterior.............. 304 de pragas avulsüs para o ultramar ... - .. . ..... 509
-—^regulamento para o professorado, e penali- ——Veja-se Escolas praticas de artillieria, caval-
dades applicaveis em 1S87. 482 laria, engenberia e infantería. — Guarda fiscal.
Colonia penal militar — decreto da sua feria- Conselhó dó almirantado —- decreto da sua
gao em Angola. 516 criagao em 1795. 1.........
1. 80
Commando em ehefe do exercito — sua ex- - alvnrá elévando-o a tribunal regio..........1 80
tmcgáo em 1859.,'.. 239 titulo do conselhó concedido aos mémbros... 80
Commando geral da armada— decreto da sua.
creagáo em 1869
lei da sua reorganisagao em 1796.. — ...... 81
Commerciar — veja-se Offieiaes.
300 —— seu regimentó ... ¿ ¡ . i....
sua competencia, com dois ministros toga-
¡
86;
...... .
.

Commissao-^incumbido a urna o julgaménto dos, para o julgaménto das presas. 83


dos delietos sobre transportes em 1810 107 titulo do conselhó ao seu juiz relator 84
———novas attribuigoes dadas á anterior 108 nao concedida a revisao das suas senteiigas
-—.— extinccao da nomeada antecedentemente.... 117

e decisoes em casos ordinarios 86
—— incumbido a urna o rever as leis de 14 e 21 decidiá summariamente as contravengoes so-
de julho de 1856.. 241 bre presas 95
veja-se Código de justiga militar e Código pe- sua extinegao 129
nal militar. -decretada á sua nova criagao em 1892; alte-
Gommutagao de pena — a concedida a deser- ragoes na forma dos processos de conselhó de
tores nao eomprehende á peída do tempo ante- a-uerra e na penalidade para o crime de deser-
rior de servigo 132 504
-
veja-se Publicagao.
gao. ...;
seu regimentó, onde foi criado o logar de
Companhia
. -
de artillieria de Jffacau-—de- promotor junto ao mesmo conselhó. 509
creto da sua criagao, íicando as suas pragas su- Conselhó de guerra — decreto da ¡ sua criagao
jeitas ás leis penaes militares e communs 510 em 1640 S
Coifipanhia do Gran-Para e Maranhao— seu regimentó, onde se trata do foro dos sol-
processo a seguir coin os réus de crimes prohi- dados pagos e do processo do seu julgaménto .. 10
bidos pelas leis 50 nao devia impedir que as justigas fossem ao
Companhia de infantería montada de Mossa- castello de tí. Jorge em servigo judicial 13
medes.—decretoda sua criagao, íicando sujeita privilegios dos seus membroa iguaes aos dos
ás leis e regulamentos militares -
513 desembargadores da casa da supplicagao 18
Companhia de Mogambique—veja-se Conse-. devia reunir dois em cada semana 43
lhos de guerra. onde foi mandado funecionar 49
Companhia de saude do exercito—decreto -para os negocios de justiga devia juntar-se
da sua criagao; penalidades applicaveis ás suas ñas quartas feiras de tarde 49
pragas i 208 e 210 um dia em cada semana devia funecionar
Companhia de saude naval — seu regulamento ; como conselhó de justiga para resolver os pro-
foro e castigos a que estao sujeitas as suas pra- cessos; nomeagaopara esse finí de tres ministros
gas 297 juristas -...de. 71
veja-se Servigo de saude naval. reuniría as vezes precisas para resolugao
Companhia de seguranga publica da Loau- —-— 72
processos aceumullados
da — decreto da sua organisagao, Íicando sujeita passou a funecionar na casa do eonselho ul-
ás leis e regulamentos militares 312 tramarino 73
Companhia de ser-vigaes da armada — decreto nomeados mais cinco desembargadores como
da sua criagao junto ao eorpo de marinlieiros 514 adjuntos ao conselhó de justiga.. 75
Companhias de artilheria de guarnigao — seu .. concedido o titulo do conseibo ao seu juiz
regulamento; competencia disciplinar dos seus accessor 80
eommaridantes 279, 405 e 525 admittido um fillio do secretario para o sub-
Companhiasde correegao— esclarecimcntos so- stituir ñas suas faltas 80
bre o.modo de contar o tempo de permanencia snepeiisñq das suas funegoes, passando as at-
n'ellas ás suas pragas 461 tribuigoes judiciacs para o commandante em
Companhias de policía em Cabo Verde — de- ehefe do exercito 160
creto da sua criagao; penalidadesapplicaves ás sua extinegao em 1834 164
suas pragas. 431 veja-se Precedencia.
Companhias de policía em S. Thomé ev Prin- Conseibo de guerra da marinha — sua com-

cipe — idem 431 posigíio para o julgaménto dos desertores da ar-


. sua nova organisagao; penalidades applica- mada 226
veis ás suas pragas 450 püsson a ser p"rmanente 431
7.05

'.'".-
Conselhó de guerra da marinha—alteragao
na sua composigao 487
Pag-
Conselhos de guerra—-extensiva a sua jurisdie-
gao ás offensas ou embaragos feitos a militares
Pag.

--—posta a sua composigao em harmonía com ñas suas diligencias 77


as prescripgoes do código de justica militar de —— idem ás ordenangas durante a guerrapenin- 108
1895........ .' 620 sular
permanente — decreto da sua criagao em
_ 1833. sua nova composigao; competencia do gene-
157 ral em ehefe, foro e auditores 117
-—— sua extinegao em 1834 160 —— devia n'elles observar-se o disposto no ar- 141
Conselhó de justiga— nova organisagao ao que tigo" 126." da carta constitucional
que havia sido criado nos Ágores em 1828 141 sua composigao no julgaménto de réus de
146
——- competencia d'este conselhó 143 tropas isoládas >
.—i— deviátn ser publicas ás suas sessoes. ...*... 147 as suas sessoes deviam ser publicas .. 147
augmento de dois supplentes no dito conselhó
- - - sua 151 —— os processos depois de julgados deviam ser
extinegao em 1833 156 submettidos á decisáo do commandante em
—-— no do almirantado — sua criagao para os ehefe do exercito libertador 155
processos da marinha. 82 idem do major general do dito exercito. ... 156
passou a decisao sobre elles a ser do chéfe
¿
——- no conselhó de guerra — decreto da sua
: criagao em 1777 72 do estado maior imperial, em 1833........... 158

áddicionadosmais dois desembargadores paía ampliagao á competencia do dito chefé do
completar oito ñas séntengas de morte 73 estado maior... 158
'V-—-declarado depois poderem todos os processos nao deviam ser comprehendidos nov mesmo
ser sentenciados por seis juizes 78 processo réus de differentes crimes 212
- .
faculdades que Ihe foram dadas e regrás —-— sua composigaono ultramar na falta dos com-
para a votagao das séntengas 78 petentes offieiaes..:. 213
—:— uomeado para elle um ajudante do juiz re- 1 em Cabo Verde deviam ser feitos onde resi-
lator. : 136 dissem os juizes de direito....; •
232
sua extinegao em 1834 164 foi chamada em 1861 a attenegao dos juizes .

COnselho de justiga no Maranhao—alvara para o disposto na novissima reforma.judiciaria 276


da sua criagao 122 ——- em Angola, na
falta de offieiaes dé térra
Conselhó de marinha—decreto da sua cria- para os compor, seriam nomeados offieiaes da 278
cao em 1822 129 estacao naval.
—— decreto que lhe dá nova organisagao 131 composigao dos de S. Thomé e Principe.."¿. 292
—— elevado a tribunal regio 131 passaram a ser permanentes pelo código de 333
-—- sua jurisdiegao sómente para a armada.... 140 1875, ñas quatro divisoes militares .'¿
— sua
extinegao em 1833 159 estabelecido uniformes para os seus empre-
Conselhó militar — decreto da sua criagao nos gados nos do exercito ... 395
Acores, em 1828 ...-...'...... 141 explicagoes sobre a nomeagao para elles dos
tomou a denominacao de conselhó de jus- offieiaes superiores de um mesmo corpo........ i... 451
tiga em 1829 com nova organisagao 141 •
auctorisada a criagao de mais, por occasiao
Conselhó superiormilitar — veja-seCausas ma- da revolta do Porto em 1891 ....... ... 494
...
rítimas. criagao de mais dois na 3.a divisao militar,
Conselhó supremo de justiga militar de Goa— para julgaménto dos implicados na dita revolta 496 495
sua composigao -.
196 •
dissolvidos os dois criados lio Porto .-.-.'
veja-se Justiga no ultramar. sua criagao nos territorios da companhia dé
—— de Loanda— negado aos seus membros di- Mogambique. ....-..- divi-.' 536
reito a gratiíicagao 227 passaram a ser,territoriaes ñas quatro
n'elle nao pode ser vogal nem relator o pre- soes militares pelo código de justiga militar dé
sidente da relacao 314 1895... 584
alterada a sua composigao. 497 veja-se Conselhó do almirantado— Juizes.
• •
veja-se Justiga no ultramar. interinos — criados em 1784 para julga-
Conselhó supremo militar no Rio de Janei- ménto de soldados incorrigiveis ou nao sen-
ro — al vara da sua criagao em 1808 102 tenciados %
74 e 75
extinegao finí em
sua em 1822 127 —— convocados de novo para o mesmo
Conselhos de disciplina — na falta de offieiaes 1790
...L
78
podiam ser nomeados para elles, na marinha, Conselhos de investigagao — esclarecimentos
os guardas marinhas 180
.
sobre duvidas havidas em casos de desergao... 148

formulario para o julgaménto dos deserto- veja-se Ordenanga da armada.
res no exercito 228 Conservadores — deviam avocar as culpas por
formulario para o julgaménto dos incorrigi- precatorios 16
veis no exercito 233 Donstituigao — revogada a de 1838 e restaurada •

applieavel aos de Mogambiqueo formulario a de 1826 183


estabelecido para o exercito do reino 267 Contrabando — penalidades estabelecidas para
na falta de offieiaes dos eorpos, podiam para os que eommettessem este crime. - 82
elles ser nomeados offieiaes residentes na mesma ; processado este crime pelo superintendente
divisao 273 geral dos contrabandos 69
sua composigao em S. Thomé e Principe... 292 julgaménto e forma do proeesso para este
—— veja-se Batalhao naval—Deposito de con- crime e seus congéneres 459, 478 e 508
tingentes para o ultramar—Regulamento dis- Uontracdita das testemunhas — permittida aos
ciplinar do exercito. réus da armada quando em conselhó de guerra 110
divisionarios — veja-se Regulamento dis- 3ontravengao— penalidades para os que as fi-
ciplinar do exercito de 1894. zessem ñas marcas dos cavallos 14
Conselhos de guerra—alvará da sua eriagao 3orpo de marinheirosda armada — decreto da
»

eml763 51 sua organisagao em 1868; deseontos nos venci- 295


...
sua composigao para réus condecorados com mentos das pragas presas
alguma das ordens militaros 71 lei da sua organisagao, em 1874; falta á
• extensiva a sua jurisdiegao ás offensas ou mostra da saída de navios considerada desergao,
embaragos feitos a oílieiaes das ordeuangas uas punida como as do exercito 315
suas diligencias 75 — lei da sua organisagao em 1884; abonos ás
- 89
706

Pag. Pag.
pragas presas; descontó do tempo de prisao; e Deposito de contingentes para o ultramar-
julgaménto das desergoes. 451 como seriam feitos os conselhos de investigagáo- '
Corpo de marinheiros da armada—seu regu- e de disciplina ás suas praeas. 239
lamento e abonos aos presos 461 —— sujeitas as suas pragas á legislacáo penal
-
decreto da süa organisagao em 1892; .licem- militar do continente 278
ciamento dos reformados com- man comporta- —— julgaménto das suas pragas desertadas pela,
mentó ; suspensao da gratificacao dé readmis- ordenanga de 1805 279
sao aos presos e detidos 489 sua extinegao 295
— nao formardeveni saír de Lisboa as suas pragas a Deposito disciplinar — instruegoes riaí-a elle;
quem se culpa ...... 514 castigos applicaveis ás suas praeas.. ...-. 225
autos de de delicto das süas pragas
..
Deposito de pragas avulsas para o ultra-
—— os corpo
devem ser réméttidos ap respectivo comman- mar— decreto da sua criagao, ficando sujeitas '-
dante.. '..-.,: ; i
559 as suas praeas aos regulamentos penáes do éxer- :
——- qualifíeacao do comportamentodas suas pra- cito I 295
gas para promogáo.. 618 ..
i........ sua extinegao 415 i
'-~-' modo de apreciar o comportamento para a decreto da sua nova criagao, íicando sujeitas
promogáo das suas prácas.. 671 as süas pragas ás leis penaes militares.........:.- ñ02'
Corpos de 1.a línha —sua extúiccao na India e Desafio — por este crime forain mandados para
Macan......., ' 415 fórade Lisboa dois capitaés em 1642........-.. 9
,..
GorpOsnacionaes —portaría criando quatro ém Descontó no pret—qüal o que devia eer féito
18I0j. süjeitps. á legislaclo das milicias........ 109 ás pragas presas para conselhó de guerra . -i... ¡216
Corpos de següranga leí da sua orgariisagaoj Desemfoarg-adores—veja-seConselhó de guerra1.
sendo-lhes;applicaveis—os.castigos estabelecidos Desergao — imposta a pena de mórte para? esté
para, as guardas muüieipáes 176 crime em 1478.. ....- ... 1.
Corr-égedór do crime da corte-—a elle é que penas estabelecidas em 1706 para os sóida»
competía COnliecer das culpas dos soldados en- dos auxiliares Ou jiagos que Gominettessem este
contrados,com pistola., 19 t crime .
33..
GriméS' commüns como seriam julgados os idem em 1755 para os que dessem coito aos _.'.'

commettidos poiv-militar.es em Cabo'Verde .... 285 desertores. 66.
Curador doSi réus—-permittido procedimentopara com os que tivessemdeser- ,
que fosse no-
méado um: advogado para esse fim no conselhó tado depois do decreto de 25 de agosto de 1779 79
de justiga.,. tomadas em. 1812 para evitar
Cus-tas -4— deviam pagabas os réus militares nos
155 —— providencias
este crime 116
processos civis-. 130 —
meios de repressao-d'este crime adoptados
-Yv .-
revógada a disposigao anterior 131 cm 1830, e penas para os allicitidoresi 145
processo para o julgaménto d'este crime. em
tempo de guerra adoptado em 1830—...' 146
T> passou o-julgaménto d'ello a ser segundo a
legislagíio do tempo de paz em 1834 165
posto em vigor o estabelecido em 1830 para
Defensor —permittido aos réus tel-o na 2.a in- os desertores em 1S46 194
stancia... 147 revógada esta determinacao em 1847.. 199
.
: nomeaclo um para os réus da armada, quando novo processo para o julgaménto d'este crime,
elles o nao coiistituissem. 237 estabelecido na lei de 21 de julho de 185.6 217
Defensores offlciosos— obligatoria a sua com- explícagao á dita lei, formulario . .. .
- e para os
parencia ñas sessoes dos conselhos de guerra.. 416 . conselhos de disciplina 228
——• deveni ser avisados dos processos para, jul- as pragas voluntarias nao perderían! esta qua-
gaménto no acto da entrega da culpa aos lificagiio quando desertassem a primeira vez... 237
réus. 486 applicada a lei do 1856, com modífica.goes.
Dégredados-— nao devem ir para LourengoMar- ao ultramar
' 281
ques. 450 alterado o disposto na determinagao antece-
Degredo — como proceder para.com os militares dente 292
condemnados n'esta pena 212 classiíicada como tal a falta á mostra de saída
Delietos — os nao políticos deviam continuar a de navio de guerra 295
ser julgados.pelos tribunaes militares em 1833. 156 processo estabelecido para o julgaménto das
-• e faltas — commettidos pelas pragas dos pragas da armada que a oommettcssem.. 295
corpos voluntarios seriam punidos pelos seus alteragoes ao disposto no decreto que. man-
offieiaes com castigos para elles estabelecir dou applicar a lei de 1856 ao ultramar 442
dos 153 é
a sentenga que deve regular a pena a ap-
Delietos marítimos— remessas^ dos recursos plicar aos que a coinmettcm 449
para-o supremo conscllio do justiga militar.... 278 os autos do corpo de delicto das pragas da
Delietos e penas—-veja-se Código de justiga armarla devem ser remettidos para o comman-
militar. dante do corpo de niarinhtiros 512
Delietos públicos — como procederem osmagis- veja-se Ausencia ¡Ilegitima—Código de jus^
trados nos commettidos por militares 59 tiga militar — Conselhó do almira.nt.ado de
Demlssao — mandada dar aos offieiaes implica- 1892 — Ordenanga de 1805 — Nota de deser-
dos nos aeontecimentos de 1846 197 gao — Novas ordenangas—Recrutanientomarí-
veja-se: Código de justiga militar. timo.
Deportagaó militar—desde quando deve come- em tempo de guerra — applicagao do dis-
- gar a contar-se o tempo da sua duragao 423 posto no decreto de 1830, a este respeito, aos ba-
-— applicado o decreto de 9 de dezembro de talhoes nacionaes criados em 1832 162
1869 ás pragas do exercito deportadas no ul- Desertores—punidos como cm tempo de guerra
tramar.. 451 os dos corpos em servigo fóra do reino 121
-——- veja-se Código de justiga militar. considerados como taes os soldados encon- .

Deportados—foram-n'opara o ultramar os re- trados lora dos postos avangados sem lieenga.. 155
voltosos de 1844 186 •
instruegoes para o julgaménto dos reerutas
do exercito no ultramar, quandojulgadosin- como taes considerados 175
eapazes do servigo, íicam addidos aos corpos.. 490 considerados como taes as pragas com baixa
wi,
Pag. Pag.
que se nao apresentassem ao chamamento ao Escola do exercito—sua organisagao em 1892;
servigo em 1840. 181 legislaeao penal applicavel aos alumnos e mais
Desertores — ídem em 1846, tanto do éxereito pessoal 507
como do batalhao naval 194 e 195 idem ein 1894, ídem 553
.
ídem em 1847. 197 -sen regulamento de 1894.................. 557
idem as pragas que serviram a junta do Escola naval—- sua reforma ein 1887; categoría
Porto em 1847, que se nao apresentassem no dos lentes e alumnos; sujeito todo o pessoal aó
prnso que lhes foi mai cado.-....... ... 200 régimen militar naval 485
idem idem coin respeito as do batalhao ría-val Escola pólyteehniea — decreto da sita ciiaeaó;
e ue inariuhageiri 203 penalidades applicaveis aos lentes. ........... 172
mandados passar a soldados os que fossem •Escola pratica dé artilheria—séu reguiamen-
tambores, corneleirus ou cíarins.. .. ..
214 to ; sujeito todo o seu pessoal ao régimen penal
yeja-se Baixa de posto—-Deposito de contin- militar ".: 515
gentes para o ultramar — Guarda municipal.—
Milicias—Perdüo—Premios—Reerütáménto—
-——-
naval— idem, ídem. ....;....
Escola pratica de engenhéria — idem, idem... 514
,311

Reservas—Veteranos de Macan -—Voluntarlos. -Escola pratica de infanteria é Gavallaria —


Desertores da armada —applicadas a elles as seu regulamento; competencia disciplinar dos
disposigoes do decreto de 1830............ ¡... 152 offieiaes :..............',.-....... i 484
veja-se Cousellios de guerra—Corpodeiuíi? Escola pratioa de cávallaria-^seuregulafnen'
rinhe.iros da armada. to; competenciadisciplinar do pessoal, qüaífie.a
Desertores e jneorrigiveis — os da provincia sujeito ao régimen penal militar eoufiroSíca.stigps 492
de Angola para onde deviam ser mandados..... 443 «=—-seü novo regulamento ; tó'.do o pessoal sujeito .: ','
os do ultramar quando incapazes de servigo ao régimen -penal militar...................; 513:
.....:. Escola pratica. de infantería — seu Tegulaniení;
, ..........
devem ter baixa 451
to ; competencia 'disciplinar do coramandante..;.. 492/
.
Detensao ou reclusáo—como efféctuar-se a dos
que ínutilisam, votidom ou extravian! objeetos •—— seu novo regulamento; todo o
pessoal sujeito
militaros -......... 485
Dictadura— doclaracao ríe a haver assumido Sua
ao régimen penal militar . • .........
Esoóla régimental de engenhéria — séuregu-
i ¡. .. i..
513?

Magostado a Seuhora Y). María II em 1846... .195 •


lamento; penalidades app'iieav.eis aos alumnos: 485>
—-— sailegao
das cortes em 1848 aos actos prati- Escola de sargentos dé artilheria:^ iaem, - -
cados.pelo governo desde 1846. 200 Ídem ..-...' .,...,.,
\iy 487?:
Divisao de reformados do ultramar-—sua .
Escola de sargentos de eavallaria — idenij
criagao junta ao deposito de pragas av-ulsas.... 302' idem... i ¿..... ...-.-.• ..;..ÍI;Í ...:.. ;4S6:.
r-H— passou .a ficár- addida. ao regimentó de infan- Escola de sargentos dé infantería —ídem,
tería do ultramar 415 ídem .-;
".. .......-.-.......:'. 4i87::
——r.idem ao deposito de praeas para o ultramar. 502 Esoóla de torpedos — seu reg.ulaméiito; appli- áis>
Documentos-^nospassadosno tempo do governo caveis ás suas pragas as leise regulamentos *-'.'-''-
¡Ilegitimo foi mandado riscar o nome do rei-
nante 157
ciplin.njees... .- . . ..>>..-
seü novo i'Pg.ulamento; deseontos ás pragas
442:

presas ondetidas.................: -.
480
Escolas regimentaes— sen regulamento; pena- .
Eí lidades applicaveis ás faltas escolares dos. alu-
mnos.-.. ......;. 429V
514
. .... ......;
seu novo regulamento— idem
Emigrados em Portug-al—os que, recebeudo Exautoragao — como praticada em....resülitado de -
subsidio, desertaren! dos depósitos, proeessados sentenea dos tribunaes ordinarios........^.... 422
pelo crime de desobediencia 498 veja-se Código de justiga militar. '
Empregados ci-vis com graduagao militar — Execúgoes capitaés -^ para as coinininadas pelo ,
equiparados aos da iuspecgao fiscal os da re- conselhó de guerra devia fornecer-se o que
partigao de contabilidade do ministerio da fosse preciso ',.. .. 13:
guerra 187 Expedigao a Moganitoique em 1890— os seus.
idem os das pagadorias militares .. 187 delinquentes seriam proeessados segundo a lei
. •
Enfermeiros navaes— seu quadn-o, íicando sujei- de 16 de maio de 1878 :. 493
tos ás leis e regulamentos militares 241
seu julgaménto no foro militar por faltas no
servigo ou insubordinagao 271
Ehgenheiros constructores navaes — lei da
criagao do respectivo corpo. 81 Faltas leves—veja-se Notas.
Equiparagao de categorías— veja-se Magis- Feriados —días cm- que os ha nos tribunaes.... 182
tratura. Piscalisagao marítima — julgaménto dos deli-
Escola de alumnos marinheii'os — lei da sua etos e faltas militares ou íiseaes das süas pra-
criagao; castigos applicaveis aos alumnos 415 gas ...._
'..,........
482
—-'— seu regulamento.; como castigadas as trans- ' Pogueiros—os que se nao alistassem no corpo
gressoes commettidas pelos alumnos. 417 de marinheiros em 1884 continuariam a réger-sé
pela íegislagao anterior 453
-—*- sua reforma e auctorisagao para se criai-eni -.-.
outras; castigos applicaveis aos alumnos 450 Pogueiros e chegador.es — casos em que sao
.
—.- seu novo regulamento; attribuigoes e deveres julgados pelas leis -militares 298
do seu pessoal; recompensas e castigos 460 Porga militar de Angola—decretoda sua or-
Escola de auxiliares indígenas —regulamento ganisacao ein 1857 ; julgaménto dos crimes mi-
litares'. ' 226:
para a que foi criada ein Loanda, onde se mar-
can! os castigos a que ficam sujeitos os alumnos 497 Porga militar da India —
......
decreto da sua orga- •

Escola do exercito — decreto da sua criagao; nisagao em 1894; idem. 552


penalidades applicaveis aos lentes 172 Porgas militares do ultramar—decreto suada
sua reforma em 1863 ; penalidades applica- organisagao em 1869; penalidades applicaveis 301
veis aos alumnos c mais pessoal ". 276 Forma do processo — seu estabeleeimentopara
sua organisagao de 1890; legislacao penal
applicavcl aos alumnos e mais pessoal 492 ' os dos conselhos de guerra. .... ........;.
51 e 62.
veja-se Conselhó do almirantado de 1892 —
idem em 1891, idem 498 Poro militar.
708

Pági i Pag.
Formulario dos conselhos de disciplina—re- Guarda fiscal — seu regulamento disciplinar de i
cqmmendádd o-seu exacto cümprimehto 268 1886 ..... 462
•• ; vejá-sé Coñselhoí de disciplina—Desergao— descontos nos venéimentos segundo as situar
Ineorrigiveis. goes das suas pragas. .-'.. 475
Formulariodos conselhos de investigagao*— —:—órganisada de novo, comprehendendo a fisea>
vejarse Ordenanga da armada. lisagao marítima .479-
Foro militar —- só o gosariam os soldados pagos competencia disciplinar das suas entidades i.. 47-9
nos crimes commettidos depois de alistados.... 8 -idem do commandante geral 480;
-...,—
descontado no tempo de servigo das süas pra- --
——nao se entendería nos crimes civis, nem na
gente dos prdenangas 9 gas o de deténgao.. ¿491-
——- sua fixagao; processo a seguir nos crimes dos
,. .".
——competencia disciplinar dos coñimandantés
offieiaes e soldados. 22 dos batalhoes .... -.,.-..,. v 493
negado n'Um embargo do conselhó de guerra módifieagoes na Sua organisagao em 1892. 501 e 507
ém 1737.. 48 ——-alteragoes nó regulamento disciplinar
de 1886 0X>j
— nao o gosariam
eiaes da real fazenda.
os que resistissem aos offi- ——nao podém continuar a ser readmittidas ás:
pragas de mau comportamento anterior. -. ........512:
——idem os militares que se émpregassem na ,. 69 ——seu novo regulamento disciplinar de 1894-. ..,.-, 539
/venda de Carnes.....>...................... 79 ]
—-- sua nova organisagao em 1894»...-.. *.. < -:>'..•554
-:.--.'-; casos em que os milicianos o gosariam...... 100 resolugao sobre duvidas na interpretacao do
- sua
extinegao ños crimes civis dos militares 126 decreto que trata da anterior organisagao -... ¿ 618
'-;:-' ídem nos negocios civis ou criminaes. alteragoes ñas prescripcííes do artigo 56." da.-"-..
———idémilas causas cririies eiveis, e ......
aboligáo das
128
v
j
j dita Organisagao............... — . .. ., ¡ *.. Í .671,
penas infamantes. 128 I

resolugao sobre duvidas na interpretaéao dpi
—- i-evogaóío o disposto a seu respeito ñas an- § 1.° do artigó 63.° do seu regulamento discípli- :
teriores disposigoes de 182.1 e 1822........... 131
i
nar. . ...... ..V 618
d'elie os tambores ei pífanos dos cor- ...... decreto da
Guarda nacional criagao erñ:
—— gOsariarn
i sua
— .. :
pos1dé milicias nos crimes civis 138 ! 1834;-penalidadesapplicaveis ás suas pragas.. 162
declarado o competente para os crimes que processo no julgaménto das faltas commetti-:
importassem á perda da patente 175 das pelas suas pragas i
168
,
.-.'.:---:.-ft disposjgao anterior applicavel ás guardas decreto da sua reorganisacáo em 1842 ; pe-
mUpicipaes....................... 176 nalidades apiilicaveis ás suas pragas 184
maDtidp aos militares ñas causas erimes 182 seu novo regulamento^ onde se indicara as
-.-•':
'-,v. . ñSo applicavel aos recursos da segunda in-
.... penas em que incorrerem as stias pragas...... 190
stancia para o supremo tribunal de justiga por Guarda policial de Macan — seu regulamento^
incompetencia. 185 ídem -..'. 459
-v--.casos em que 6 ,
perdiam os militares pelo Guarda real da policía — decreto da sua cria- ..
crime de escravatüra.......¡... i '.. 238 gao em Lisboa, idem 94
'':--; -veja.sé Arsenal do exercito Batalhoes na- .. era seu auditor um dos
'
corregedores do
cionaes —Conselhos de guerra — — Justiga no ul- crime de Lisboa. 95

-mar.
....Furtoi—
..•_;:'
tramar -apresos — Servigo dé saude no ultra-
foro eiir que seriam julgados os que com-
decreto da sua ereagao no Porto ; penalida-
des applicaveis ás suas pragas.
Guardas de engenhéria— decreto da sua cria-
...

¡
132

metfessem este crime 75 gao, íicando sujeitos ás leis de disciplinamili-


Furtos pequeños— os militares que os epmmet- tares, mas nao tendo graduagao 302
tessem seriam presos ñas Berlengas c Cabega Guardas fiscaes — criagao de uní corpp d'elles
: Sécca-.
i 20 em 1846, sujeito ao regulamento militar...... 196
Guardas niunicipaes — decreto da criagao da
de Lisboa; penalidadesapplicaveisás suas pra-
& gas
decreto da criagao da do Porto, ídem....... 166
.165

os desertores d'ellas seriam passados ao


Garantía das patentes — estabelecida para os | exercito 173
offieiaes do exercito cm 1835 166 applícada á do Porto a legislagao estabele-
ídem para os offieiaes da armada
—— iiiantida 166 cida para a de Lisboa ". 181
—- confirmada na constituigáo de 1838 176 expulsao das pragas que commettesseni de-
—— em 1845, poclendo comtudo os offi- lietos nao sujeitos ás auctoridadesjudieiacs... 283
eiaes ser passados a aggregados de castigo.... 187 i esclarecida a determinacaoanterior 286
Garantías ihdividuaes—estabelecidaspela con- I- liearam fazéndo parte do exercito desde
!-.- stituigaode 1826 139 í 1868, pelo que respeita a promogáo e disciplina 295
Gólüha — abolido este, castigo a bordo dos navios julgaménto dos crimes militares commetti-
de guerra...,....; 1S8 dos pelas suas pragas, nos tribunaes militares.. 306
Gobernadoresdas armas — tinliam jurisdiegao seu regulamento ; applicavel o foro militar,
' castigar sómente
para militares dentro dos
os competencia disciplinar do commandante geral 491
seus districtos 16 i Guiñé-;-julgaménto dos crimes dos militares
-V—- süa jurisdiegao. 49 I
como os de Cabo Verde 423
Gratiiioagao de guarnigao•—perdem-n'aas pra- i decreto da criagao de urna batería de arti-
gas détidas por eífeito da portaríade 27 de abril | Iberia ali ., 423
de 1.889. 503 ' lei da sua organisagao em districto militar,
G-ratificagoes — veja-se Código de justiga mili- i havendo conselhó de guerra para julgaménto
tar— Organisagao do exercito de 1864 — Pro- i dos crimes militares 501
motores de justiga—Tribunalsuperiorde guerra ! veja-se Código de justiga militar de 1875.—
e marinha. Justiga no ultramar.
Gratificagoes de rea.dmissao — feja-se Corpo
de íiiarinheiros da armada.
Guarda fiscal — seu regulamento; penalidades
applicaveis ás suas pragas 456

,
sua nova organisagao eom¡ quatro batalhaes e Hierarchia fiscal militar—designadaa dos em-
urna companhia indcpentlente 462 pregados addidos á guarda fiscal 460
709

Pag. Pag¿
Jurisdiegao— qual a do intendente da marinha
de Lisboa nos processos maritimoSj na ausencia
do respectivo eapitáo do porto 278
íñaetividade temporaria—veja-se Organisagao —— veja-se Tenente general da artilheria.
do exercito i Justiga no ultramar—regulamento da adminis-
íhcorrigiveis — formulario para ó seu jülga- tracao da justiga na India 70
mento.... —— sua reforma; subsistindo juntas de jus-
''-'-
:.. ........ 233
deviam ser conservados em custodia até á tiga de Macau e Mogambique
as
169
-
confirinagao da sentenga
'—-;. -: para onde déviain ser mandados os de
238 — sua outra reforma; sübstituindo as juntas
dé justica de Angola, Cabo Verde, Mo'cambiqüe
V S. Thomé e Principe .............
292 e 299 e S. Thomé e Principe .. 172
—i—1- idem os das forgas da Guiñé 497 sua reórganisagao em Angola e S. Thomé e'
Indulto — veja-sé Amnistía. Principe; criagao do conselhó supremo de jus-
ínspecgao incumbidos d'ella deviam obser-
—PS tiga militar em Angola 210
var o disposto no artigo 228¡? do Código de jus- —- applicagao ao ultramar da lei de 18 dé jullió
tiga militar de 1875 423 de 1855, com modificagoes.> .............. 233
instruegoes — mandadas observar nos processos —— seu novo regimentó ; jurisdiegao do supremo
Vvérbaes em eampanha. 111 conselhó de justiga militar de Groa, e das jíin-
. ¡.¡',. \
r-—- idem nos processos nao capitaés durante a tasde justiga. .. .i...............
.V
., 287 '

:
campanlia. 113 -—- reforma das ihstituigoes judieiaes no ultra-
'$-,-- estabelecidas para os corpos de infantería mar, e extinegao da junta de justica de An-
,; nos Acoi-es ém 1831..... i 150 gola. .............-.- i.."... 423 V
-—- applicadas as antecedentes aos mais corpos -—- eutro regimentó, no qual sao éxtinctasas
,
dos; Acores 151 juntas de'justica; manda regular nos féitós Cri-
intendente da marinha de Lisboa— teria
.
o mes de justiga militar a ord'em do processo do ."."..
commando das forgas navaes do sen departa- código de justica militar de- 1875 ¡justiga mili-
mentó e a competencia do major general da ar-
mada. i. —.... 296
tar na Guiñé .. .. ^.. ¡..................
515 v

.T
Legiao do ultramar — decreto da sua criagao
em 1870; sendo applicavel ás suas tropas á le-
Juizes — como deviam proceder os dos conselhos gislagao do exercito da ínetropole .. .........;.'....'' 306..
de guerra.. i 56 Legislagao penal militar — incumbida a sua
cOmpilagao a urna commissao...........-....... 282
--—- os do conselhó de guerra, quando vencidos, Liberdade provisoria -^ auctorisacla. a conces-
deviam-a'o declarar nos aceorclaos...........
juizes de fóra — quando servissem de auditores
127
sao d'ella aos condenmados e a suspensab da
ñas pragas deviam ir sentenciar a casa dos pena de prisSo correccional em dadas eircüm-
stancías.. 513
seus governadores 48
Licenciamento para a reserva— nao o p.odem>
". . na India eram auditores da gente de guerra 70 ter as pragas quando estejam em pi-pcessp; Ou,
só com motivo legal podiam escusar-se a 312
servir de auditores 74 presas .,. •-
—— e cprregedores — deviam procurar os sol-
dados fúgidos das fronteiras 20 TM:
Julgados — foi-lhes recommendado o castigo e
reconduegáo dps soldados fúgidos das frontei-
ras 18 Machinistas navaes—decretoda sua organísa- '
Julgaménto — como devia proeeder-se nos di- gao em corpo, sendo-lhe applicaveis o foro e re-
versos casos que n'elle se dessein 78 gulamentos militares 212
regras para votagao dos juizes no conselhó nova organisagao, sendo-lhes conferidas gra-
de justiga 7S duagñes militares e fieando sujeitos ás leis e
Junta — veja-se o Código penal militar. regulamentos da. armada. '••.•!•*, 303.
Junta da í'azenda da marinha — lei da sua outra organisagao com categorías e gradtta-
criagao, servindo n'ella como fiscal o auditor goes militares correspondentes 488
da marinha 81 Magisterio — incumbido a urna commissao P p.ro-
seu regimentó 83 jeeto sobre a parte penal applicavel ao profes-
Junta de justiga de Angola—sua extinegao .. 423 sorado 209
veja-se Justiga. no ultramar. Magistrados — quaes os que deviam julgar a
Junta de justiga de Cabo Verde — sua extine- gente de guerra. 8-
gao e processo para os crimes dos militares. 224 os empregadosnoservigo do exercito podiam
Junta de justiga de Maeau—alvará da sua .. subir até á relagao do Porto 117
criagao 96 sua appsentagao 204
sua nova constituigáo e competencia 310 regulamento respectivo á aposentagao....., 205
Junta de justiga de Mogambique—veja-se Magistratura—cquiparagiío dos seus logares
Justiga no ultramar. com os postos dos offieiaes do exercito c da ar-
Juntas de justiga no ultramar—sua extine-
.
mada — 55
gao 515 Major generalda armada—decretoda sua cria-
Jurisconsulto junto do ministerio da guer- gao para o commando de urna esquadra em
ra
— veja-se Secretaria da guerra. 1796.1 84
Jurisdiegao-—qnal a do provedor dos armazens 20 decreto da sua criacao para o commando da
idem do governador da India 70 armada em 1807 101
limites fixados entre a civil c a militar.... 93 lei criando de novo este logar ein 1822...... 129
,
qual a do auditor da marinha e a des juizes sua extinegao em 1859 241
sobre os processos das presas 100 seu restabolecimento em 1863 ;'.. 273
idem do comniandante -das tropas e a do attribúigoes que lhe foram dadas........... 273
governo nos Agores 152
—— veja-se Intendente da
marinha de Lisboa.
im
Pag. Pag.
Manifestagces .conectivas— reeommeiidado o Offieiaes de secretaria-—veja-se Supremo con-
disposto no regulamentodisciplinarde 1856... 307 selhó de justiga militar.
•—— análoga reeonnnendagao feita aos Ordenanga de 1805-—estabelecendo o prpeesse
.
governa-
dores das provincias ultramarinas 307 e julgaménto de crime de desergao........ . 96
nova reeonimeudacáo eoin respeito ás dos veja-se Ausencia ¡Ilegitima. -— Deposito de
militares em ordeni dp exercito 509 ecntingentes para e ultramar.
veja-se Regulamentcdisciplinar do exercito Ordenanga da armada-—incumbida a sua com-
de 1894. posigao ao conselhó da marinha... 137'
Marinheiros do tro.go—quem tinha jurisdiegao projecto d'ella elaborado por urna commis-
para julgar os que delinquisaem. 22 sao em 1836 ...-
205
—-— penas applicaveis aos que se ausentasseni —— competencia disciplinarmarcadaestabelecido
na de 1865
sem licenga —
Medalha da Cruz Vermelha — decreto da sua ..... 22 para os
para os
offieiaes,
conselhos
e formulario n'ella
de investigagao 283
criagao; casos em que se perde o direito a ob- Ordenangas — sujeitas ás leis eregülameñtosda
tel-a ou a usal-.a 509 tropa de 1." linha durante a guerra -peninsu-
¿Medalha militar—ídem, idem..... ¡ 275 lar ........:. 103
seus regulamentos 277, 279, 298, 312 e 481 véja-se Milicias. —Voluntarios.
nao inhibe de obter a de comportamento Organisagao do exercito — alteragoes no su-
exemplar, faltas leves.. 282 premo conselhó de justica militar que a de-1863 .
- applicavel ás guardas municipaesi 282 fazia e que foi revógadaem .1864 276
.Medalha de servigos no ultramar— decreto ^-— criado o logar de ajudante de procurador •
' da sua criagao e regulamento; casos em que se geral da eoróa na secretaria da, guerra, e reduc- .
perde o direito a obtel-a ou a usal-a. 498 cao ñas gJ'atificagoes ríos membros do supremo .
—-— seu novo regulamento 508 conselhó de justica militar na de 1864 277
Mesa dos generaes—fixadas as cobertas que —:—justigas,- tribunaes e secretariado militares;
podiam ter e os pratos de que constariam. 52 e 83 e castigo dé inaetividade temporaria, tratados
Milicias-—-penasapplicaveis aos seus desertores na de 1884 452
quando dispersas 109 Organisagao dos quadros da armada—situa-
suspensáo dos seus corpos nos Agores 149 eao dos offieiaes; descontó no tempo de servigo;
—¡— sua extinegao e das ordenangas nos Acores. 153 pretericoes e recursos tratados na. de 1890 .... 490
—-— aeu liceneiamento em todo o reino 154 veja-se Secretaria da marinha.
*-.— sua extinegao, ídem 154 Ouvidor geral — veja-se Rekigao do Rio de Ja-
Ministros juristas—veja-seConseibo de guerra. neiro.
Ministros togados-—veja-se Conselhó do almi- Oüvidor de Macan—eompetia-Jhe intervir em
rantado. todos os crimes de paisanos e militares........ 95
Mpeda falsa—-processo especial para o julga-
ménto d'este crime e penalidade applicavel.. .. 239
Monte pió militar — conservado o direito a tel-o JE"
ás familias de offieiaes que tivesse eonnnettido
crimes 176
Mulheres—nao deviam ser presas por causas Patentes — concessáo d'ellas aos offieiaes dos
militares 33 auxiliares 15
Músicos •—seus regulamentos; penalidades appli- Pena de degredo — possessoes em que devia ser
eaveis.v...-.- 278, 302 e 311 cumplida 291
tornado extensivo aos dos eorpos do ultra-
-. • -: . substituida pela de trabalhos públicos, em
mar o estabelecido para os da metropole 455 1830, 149
veja-se Código de justica militar.
Pena de morte — mandada applicar aos deser-
TV" tores, em 1478 1
idem aos soldados pagos encontrados fóra
Nota de desergao—devia ser posta ao official dos quarteis com armas, sem ser em servigo... 69
ídem aos que tentassem contra a seguránga
que estivesse ausente por vinte e quatro horas do estado 105
(na guerra peninsular) 109
executaria Maoau resolucao
sel-o-ia aínda que se presumíase ser justa a nao se em sem '...
regia 203
causa da ausencia 110
abolida, nos crimes políticos 209
Nota sobre castigos-—como so escripturariam; ídem nos crimes nao militares. 289
revista de mostra e outros assumptos 14
prohibido que se applicassé aos revoltosos
Notas — as de faltas leves nao inhibem o USP do da Zambezia 298
distinctivo de ánnos de servige 239
abolida ñas provinciasultramarinas,nos cri-
nao se deviam averbar as de castigos inferio-

res a duas guardas 315 mes civis 304
Prisao vejase Código de justiga militar—Perdao—
-—— veja-se correccional. •
Rebelliao —Reforma penal — Sedigao.
Novas ordenangas-—prohibidapor ellas a venda
Pena de trabalhos públicos—veja Código de
de postos, e as injuras e offensas a offieiaes in- justiga militar— Reforma penal.
feriores ; penalidades ahí estabelecidas para di- Penalidades — quaes as applicaveis aosquefal-
versos delietos e forma do seu julgaménto 33
tassem aos exereicios das ordenangas 2
-ídem ás infraegoes da gente da milicia, e
O •
processo para o seu julgaménto. .............
idem aos que nao satisíizessem aos preeei-
3
tos do regimentó dos sargentos mores 6
Oífensas a inferiores—veja-se Novas ordenan- idem ás pragas das companhias do castello
gas. que ali nao dormissem. 10
Offieiaes—era-litesprohibido commerciar por si idem aos que faltassem á mostra nos anna-
ou por outrem 43 zens 20
Offieiaes de 3.a linha — explicado como deviam aquellas em que ineorriam os militares de-
ser julgados os de Cabo Verde por crimes an- viam sor lidas antes de se lhcs fazer o paga-
teriores a outubi'o de 1856 226 mento 41
71Í

Pag. " ' Pag.


Penalidades—quaesas applicaveis asfaltas no Presidio militar — regulamento provisorio para
servigo dos navios de guerra. 43 Santarem.
o estabelecido em 652
--'.- ídem aos militares que resistissem ás justi- " é n'elle cumprida a pena de prisao militar.. 671
gas civis 61a 93 veja-se Código de justiga militar de 1895.
——>. ídem aos capita.es mores o
offieiaes que nao Presidiosno ultramar— incumbidoa urna com-
fossem exactos na factura das recrutas 79 missao o projeeto de regulamento para elles... 430*
seu regulamento 443
—— ídem aos que se subtrahissem ao recruta- 107 Prisao cellnlar—comego da execugao d'esta
iiiento
: veja-se Arsenal do exercito — Asylo a de- pena. 455
- -
sertores — Bátalháo naval— Batalhaes nacio- Prisao correccional— a inferior a vinte días 475
naes—Cavallosíncapazes— Código penal ma- devia ser cumprida nos quarteis. . .............
rítimo — Collegio militar— Companhiade saude só deve averbar-sé ñas notas biO'graphicas
"do exercito -— Contrabando — Delietos e fal- a imposta aos- cabos Código de justica militar. 622'
;. tas — Desergao —• Equiparagao — Escola do —— maior — veja-se
1 .exercito-—Escola polytechnica — Escola pra- preventiva — como deve contarse aos cOn-
. vtica de artillieria naval—- Forgas militares do demnados a prisao- militar 487
: ultramar.—G-uardanacional — Guarda policial —— reg-ulada a sua applieacao aos aecusados dé 488
de Maeau — Guardareal da polieia— Guardas certos delietos
.;-.; inünicipaes -— Ilisti'ucgoes provisorias — Ma^ Prisoes militares — sómente se devem conser-
:..:
cliinistas navaes;—Moeda falsa — Músicos— -. var íf ellas os réus em processo.............. . 417
Novas, ordénancas—Ordenanga de 1805—Re- Presos — os dos quarteis podiam ser mandados
;'...• gülamento disciplinar — Regülámente das ini- para as eadeias publicas .-.-.- 57
-

-.'licias— Secretaria, da guerra — Servigo. de eondemnados a trabalhos


-—— instruegoesparaos
saude naval. públicos, onde se indicam os castigos a áppli-
A
Penas:—abolidas as cr.ueis e infamantes, e nao car-lhes quando delinquissem \ 120
. .....
deviam; passar dos.delinquentes as outras..... 125 declarado como seriam julgados os que e es-
'"..'-:-'•.- idem pela constituigáo de 1822 128 tavam, por crimes civis, antes.dé 11 de jullio-de
Peída do foro militar — imposto aos que se .1822 ..',,-..'128:
alistassem ñas bandeiras hespanholas 7 deixaram de acompaiihar os processos: á 2i*
:- - idem aos que resistissem ás justigas....... 17 instancia 238
.
—.— idem áos soldados que coinmettessem o
crime Privilegios — concedides aos soldados, em 1446 -i
dé furto. .. 19 ídem, em 1645 aos auxiliares, pelo tempp que
.
Pérdao— concedido em!809 aos soldados deser- estivessein alistados. 15-
......,..,
tados, mas impondo-se a pena, de morte aos que —— idem, em 1659, aos capitaés mores e-outras ;.".-•
de-futuro-o fizessém 106 entidades : .:; 18
—— nao extingue a culpa por infraccao das leis •
restringidos os do foro militar, em 1822.... 128-
militares.'... '.

123 subsistentes sementé os exeeptuadps-nacai-ta.
-——
concedido ein 1824 aos acensados de per ten- constitucienal ;.. i 153í
134 veja-se Regulamento das milicias — Volün-'
cerem a sociedades secretas
—— idem 1824..: aos implicados nos successos do 30 de tai-ios de milicias.
abril de 135 Processo — qual o a seguir-se nos feitos milita-
Póstos — nao pocliam ser para elles propostosos res na India .-.'.....',. .i: 132:
delinquentes ou homisiados.. 16 remessa do-dos conselhos de guerra- para a \V:
os que os requeressem deviam juntar folha

auditoria geral do exercito, íicando alinotadai
corrida. 16 sentenga ........114
d'elles seriam privados os que náoassistissem como proceder-se no caso de ser annulladó. 161,
nos seus tercos ou se ausentassem sem licenga 33v —— veja-se Código de justiga militar — Instrue-
>,
qual a rclacao entre os dos offieiaes do exer- goes — Novas ordenangas --- Ordenanga de 1805J
cito e da armarla 68 criminal — disposigoes acerca el'elle . e de.
Novas ordenangas. outros pontos de justiga. 214'
-—- veja-se de marinha — no caso de ser annulladó, de
Pragas avulsas—regulamentopara as dos na-
vios do guerra, íicando sujeitas ás leis milita- vir servir de auditor no novo julgaménto um
res
.' 431 juiz da relagao. 163,
deportadas— quando incapaces do servigo Promotores de justiga — sua creaeao nos con-
no ultramar deviam ser inspeccionadas pela

selhos de guerra em 1830 147
junta de saude naval 429 considerada activa esta commissao para os
Precedencia
.
os membros titulares do conse- effeitos do abonos 419

lhó de "guerra tinli¡uu-n'a a. respeito dos nao ti- deviam recorrer das séntengas de incompe-
tulares 33 tencia dos conselhos de guerra 492:
Premio — estabelecidopara os apprehcnsores dos Püblicagao — deviam tel-a na ordem do exer-
desertores de marinha, em 1808 104 cito os decretos de perdño ou eommutagao de
idem para os dos desertores do exercito, em pena c as séntengas ant s de sortircm effeito.. 174
1810. 109 explicacoes á. determinagao anterior...'. ...... 174
._
maneira de ser satisfeito 1.14 recomincndada a.vigilancia das auctoiidades
supprimide em 1823
- resta.belecido 130 sobre a de artigo» de militares na rmprensa,
de novo em 1836 168 apreciando actos de seus cheí'cs 496
—— supprimido na armada cm 1.870 305
mantido para os desertores do exercito nos
regulamentos do código de justiga militar 374 e 633
Presas —- seu regimentó de 1796.' 83
Ü
deelaragpes ao dito regimentó 84
o seu julgaménto passou a ser segundo o co- Rehabilitagao dos réus — processo estabelecido
digp eommercial, cessando a seu respeito a ju- para a sua concessao. 618
. risdiegao do auditor da marinha ,
Readmissao—perdem a respectiva gratificagao
161
—— veja-se Conselhó do almirantado — Jurisdie- os offieiaes inferiores do exercito quando presos
gao.. ou detidos 4-31
Presidio de guerra — veja-so Código de justiga a incema disposigáp applicavel aos da armada 431
militar de 1875. veja-se Guarda fiscal.
712

Pag. Pag.
R'ebelliao •— providencias tomadas por occasiao Regulamento para a exeeugao do código .de
da de.Traz-os-Montesem 1823. 129 justiga militar de 1875 — decreto que- o ap-
•' tornadas extensivas ás outras provincias do prova e manda por em exeeugao 367
reino unido. ..... 130 edificios que devem oceupar PS tribunaes mi-
—— mandados julgar em conselhó de guerra os litares, sua secretaria, archivo e mobilia 367
que. a commettessem ém 1846 189 concursos para empregados das secretarias
.-—- sem éft'eíto esta deterniinaeao 190 dos tribunaes militares .V 369
..... 370
—— mandados julgar em conselhó de guerra os formagao das listas ..... 371
implicados na revolta do Porto em 1891.. 494 e 496 participagao dos crimes e queixa do offendido
-veja-se Codige de justiga militar — Demissao corpo de delicto. ..;... 374
371
de postos. summario o prisao i...... '375
Recriminagoés — as dos réus contra terceiros conselhó de guerra
nao deviam escrever-se nos processos 117 tribunal superior de guerra e marinha....... 376; v
Recrutamento —penalidadesapplicaveis aos que. disposigoes eommuns aos dois capítulos ante-
nao cumprissem os preceitos estabelecídos a seu cedentes .: .. -.....i.... ..376
réspeitoi....... 62e 115 exeeugao das séntengas ...
i
....;.,.. 3.77:
——r considerados desertores os sorteados que se disposigoes diversas e transitorias.... 379 e 380,
, nao
aijresentassem no seu destino 168 modelos .,
380
deixou dé subsistir esta disposigao em 1840 181 Regulamento para a exeeugao do eodig-o de
--— marítimo — nao contado no tempo do ser- justiga militar de 1895 — decreto que o ap- .

' vigo da armada o da desergao e da prisao 290 prova e manda por em exeeugao........... .- .367
—— exclarecimentos á disposigaoantecedente pelo tribunaes militares. '......... i. 622;
que: respeita a tempo dé desergao....... ..... 290 participagaodos crimes e queixa do offendido 624
: Recursos — veja-se Código de justiga militar— policía judiciari.a ou instruegao preliminar.. .625
Tribunaes marítimos. instruecáo ordinaria ou summario da culpa.. 633
Reforma penal.— abolidas, pela de 1867, a pena aecusagao e prisao dos culpados ...........
634
de mprte nos primes náe militares, e a de traba- nomeagao dos conselhos de guerra.......... 635
lhos públicos
.¿. ... 289 discussao da causa em audiencia........... 635
——' ápplieadaásprovincias ultramarinas, com ex- supremo conselhó de justiga militar 638
cepgao ..do § 4." do artigo 1.° 292 disposigoes eommuns aos dois capítulos ante-
:'-—-4de 1884 inandou tomar como attenuánte a cedentes 638
prisao preventiva e deseontal-ano tempo da pri- execugáo das séntengas 639
sao correccional 452 disposigoes diversas '. 641
: -—-** applicada ao ultramar a antecedente 455 modelos 642
'-.' Réformado.s do ultramar — veja-se Corpo de Regulamento de cavallaria de 1764-—alvará
marinlieiros da armada. que o approva e o manda observar .62
Refractarios— mandados julgar pelos conselhos Regulamento de infantería de 1763 — alvará
dé guerra eui 1809 ¡
.Regencia dos Agores — mandados executar
107 que o approva e o inanda observar
Regulamento das milicias de 1808 — honras e
......:....
51
os
':^
seusdecretos ilhas
ñas fossem submet-
que se privilegios n'elle concedidos aos milicianos .... .104
tendo ao governo da Ranina. 149 Reincidencias nos crimes— os que as commette-
•Regimentó das í'ronteiras—providencias por rem devem ser mandados para o ultramar 501 e 559
' elle estabelecidas.
,
14 Relagao da Babia — seu regimentó em 1609, no
:
Regimentó das ordenangas — mandado vigo- qual se fixa a sua jurisdiegao -¿.... 7 •
rar no Brazil no 1757 50 sua reformagao em 1652 16
Regimentó de infantería do ultramar — lei da ,: Relagao do Brazil
— seu regimentó, no qual se
sua criagao, sendo-lhe applicavel o regulamento íixa a sua jurisdiegao 6
disciplinar de exercito 415 Relagao da India — seu regimentó de 1587 5
——sua extinegao 502 sua reformagao em 1866 • 70 ....
;
líegimento provisional da armada— decreto veja-se Justiga no ultramar.
que o approva e manda observar ,
81 Relagao do Rio de Janeiro-—seu regimentó
Regulamentodisciplinar da armada—-incum- de 1751 49
bido a urna commissao o formulal-o 442 Relator militar — sua criacao no conselhó de
Regulamento disciplinar do exercito de justiga em 1830 '. 147
1856 —decreto que o approva e manda por em Reservas da armada — seu regulamento...... 556
execugáo
,
219 Reservas do exercito — consideradosdesertores
-
incumbido a urna commissao o modo de o tor- os reservistas que se nao apresentassem no praso
nar applicavel ás trepas ultramarinas. 224 mareado 286
—— explicagoes sobre, os artigos 36.° e 37." do dito seu regulamento 482
regulamento t 224 o auto das faltas dos reservistas ás revistas
. dissolvida a commissao anteriormente indi- deve ser aeompanhado da certidáe do aviso.... 496
cada -.. 225 seu novo regulamento 499
—— applicado ás tropas do ultramar 281 procedimento para com os reservistas nao
—— idem ás guardas municipaes 306 apresentados ao servigo activo anteriormente ao
auetorisada a sua revisao 314 código de justiga militar de 1895 622
'—— de 1875 — decreto que o approva e manda veja-se Organisagao do exercito de 1884.
por em execugáo 397 Reservas do ultramar-—seu regulamento, no
—-—
eselareeimentos sobre duvidas havidas com - qual se marcam as attribuigoes dos governadoves 537
respeito a algumas das suas disposigoes 415 íixadas as attribuigoespenaes dos governado-
—— applicado ás guardas municipaes 416 res •. ' 554 ,

de 1894 — decreto que o approva e manda Réus — destino a dar-so aos condemiiados em
por em exeeugao 516 pena maior, segundo os crimes fossem eommuns
—— declarados os casos que constituem infraegao ou militares 312
do disposto no n.° 21.° do artigo 1.° 554 consulta sobre o referido asaumpto 313
mandado appliear provisoriamente á ar- julgados os da marinha pelo regulamento das
mada 671 tropas do térra, na parte applicavel 74
Regulamento disciplinar da guarda fiscal — Revisao de séntengas — nao perinittida, nos
veja-se Guarda fiscal. casos ovdinarios, ás do eouselho do almirantado 86
713

Pag. Pág.
Revisao de séntengas — applicada ás dos exe- Sóidos — idem dos offieiaes do exercito e armada,
cutados em 1817. 125 idem, pela tarifa de 1887 484
veja-se Amnistía—Rehabilitagao dos réus. Supremo conselhó de justiga militar —de-
Revistas de mostras — veja-se Regulamento creto da sua criacáo e jurisdiegao para o exer-
...'
das frouteiras. cito em 1834 . 164
Revoltosos de 1S44—julgados em conselhó de sua reforma em 1836, eomprehendendona sua
guerra tanto os militares como os paisanos .... 186 jurisdiegao a marinha 1691
—— veja-se Rebelliae. incumbida á secgáo da marinha a ordenanga
da armada ;
178
S coneessao do titulo do .conselhó aos seus-vo-
gaes effecti vos 179
.
nao concedida a equiparacáo dos seus rneni-
Salarios — fixados os que deviam levar pela pe- bros aos do supremo tribunal de justiga.. ...... 183
nhóra nos beus dos que faltassemás companhias modo de serem chamados os supplentes a
das ordenangas 7 supprir as faltas dos vogaes effectivos........ 232
Secretaria da guerra — sua organisagao em coneessao da graduagao de tenente coronel
1859; criado n'ella o logar de jurisconsulto; aos offieiaes da siía secretaria 267
penalidades applicaveis aos'seus emprcgados 241 sua nova organisagao em 1868 293
..
—— o jurisconsulto passou a seu um dos ajudan- casos em que os vogaes podiam désempenhar
tés do juiz relator do supremo conselhó de jus- outra commissao de servigo 297
vtiga militar 272 gosa das honras e preeminencias que compe-
¡ -
substituido o dito logar por ajudante do pro- ten! ao supremo tribunal de justiga pele código
curador geral'da coróa 277 de justiga militar de 1895.. 586
— sua nova
organisagao em 1869 301 relagao do pessoal que o tem constituido com
Secretaria da marinha — sua organisagao-em esta designa gao e com a de tribunal superior de
1868, competindo a urna das suas repartigoes a
disciplina e servigos da armada
guerra e marinha ............ ..............
composigao ém 1866.. 287
687
296 —— de Goa — sua nova .
. sua nova organisagao em 1892; fixagáo dos Supremo tribunal da marinha—decretoda sua
quadros da armada; alteragoes no processo dos críagáo em 1833, com a mesma jnrisdicgáo que
conselhos de guerra e ñas penas dos desertores 504 tinha o conselhó da marinha 159
Secretariado militar — veja-se Organisagao do • sua extinegao em 1836. 169
exercito de 1884. veja-se Vencimentos.
Secretario — supprimido este logar em 1823 no Suspensao de garantías-—por occasiao das
supremo conselhó de justiga 130 oecorrencias de 1826 -. 139
Sentenga—nao podia executar-se em casos gra- ne Algarve e suas proximidades em 1837... s174 174
ves sem consulta do Rei 9 estendida á provincia do Miiiho..
de morte — veja-se Conselhó de justiga do 1 17,9
ecnselho de guerra. por occasiao das oecorrencias de 1840 { 180
Sentenga de trabalhos públicos — quando de- f 181
via ter comego a sua exeeugao 178 revógada quanto á liberdade de imprensa .. 181
Séntengas-—podiam ser confirmadas ou desap- com respeito aos artigos 16.» e 17.» da con-
provadas pelo mareehal Beresford. 106 stituigáo de 1838 .182.
consideradas proferidas 185
nullaa as em nonie no districto de Portalegre em 1S42
do governo illegitimo 151 revógada pouco depois 185
remessa das copias d'ellas para o ministerio em todo o reino por vinte (lias em 1844...... 185
da guerra 415 e 416 restabelecida por sessenta dias em 1846.... 188
——• suspensa a sua execucao só nos casos mar- em todo o reino por sessenta dias no mesmo
cados no código de justiga militar. 417 annp 194
veja-se PublieagSo. np districto de Braga por trinta dias em 1862 271
vis — nao seriam executadas em réus milita- no districto do Porto por trinta dias em 1891 494 ;
res sem preceder exautoragáo 69 e 73 Synopse — das disposigoes eontidas na compila-
Servigo de saude em Cabo Verde e Guiñé — gao da legislagao penal militar portugueza.... v-
lei dá sua organisagao, ficaiido seu pessoal su- dos aceordaos do tribunal superior de guerra
jeito aos regulamentos militares 430 e marinha, estabel.ecendo jurisprudencia ......673
Servigo de saude naval — decreto da sua orga-
nisagao em 1868, ficando as pragas da compa-
nhia sujeitas ás leis e regulamentosmilitares.. 296
modificagoesna sua organisagao 302
T
seu regulamento; penalidades applicaveis ás Tempo de prisao — nao se conta no de servigo
pragas da companhia 307 aos militares nao absolvidos nos conselhos de 132
sua nova organisagao em 1883 450 guerra
seu novo regulamento; penalidadesapplica- mandado tambera nao contar nos postos aos
veis ás pragas da companhia e empregados do
hospital da marinha
Servigo de saude no ultramar—decreto da
sua organisagao, íicando os empregados do seu
4S1
offieiaes do exercito ñas niesmas circumstan-
cias \
2-?4 e 294
t
idem com respeito aos offieiaes da armada)i 296
285
quadro sujeitos ao foro militar 302 297
Soldados fúgidos das fronteiras—veja-seJui- veja-se Corpo de marinheiros da armada—
zes de fóra. Organisagao dos quadros da armada —Recruta-
Sóidos— restituidos aos offieiaes, quando absol- mento marítimo — Secretaria da marinhai
vid'os pelo conselhó de guerra, os que deixaram Tenente general da artilheria— decreto da
de receber 71 sua nomeagaoem 1640, com jurisdiegaosobre os
os dos conselheiros de guerra seriam os das artilheives 8
patentes 78 a elle seriam remettidos os autos e culpas 9-
-— quaes os dos offieiaes do exercito presos ou dos artilheiros
eumprindo sentenga pela tarifa de 1865 279 sua jurisdiegao sobre os boinbardciros 10
—i— ídem dos da' armada, idem, pela tarifa de igualada a sua jurisdiegao á do provedor dos
1868 297 armazens 20
714

Pag.
Titulb do conselhó— veja-se Conselhó do almi- Varadas— fixado o numero d'ellas a applicár,
:rantado —-Conselhó de guerra — Supremo con- é processo a seguir para se impór esté cas-
selhó de justiga militar. tigo 193
Trabalhos ñas: fortificagoes — as pragas a elles abolido este castigo e o de pancadas eóm es-
eóndemnadasseriam remettidas áos respectivos pada de prancha nó exercito 216!
govérñadores 62 idem ñas provincias ultramarinas 281
Tribunal de guerra e justiga— decreto da sua '- idém e outros na armada.. 620;
criagao em 1832 155 Védor geral do exercito — sua jurisdiegao.... 10-
;"
crimes de que devia eonljecer
Tribunal superior, de guerra e marinha—ti-
155 Vencimentos— suspensao d'elles aes eendémna-
dos a trabalhos e diminuigao nes dos presos nos
nha as honras e preeminencias que competem quarteis. 55;
ao supremo tribunal de justiga, pelo código de —— quaes os que deviam ter os offieiaes pre-
justica militar de 1875 .............
¿...... . 336
as gratifieacoes dos seüs membros passaram -—-
ses.
idem os empregados civis com
;-.'-.'... 77:
graduagao !
a ser as correspondentes ás patentes......... 456 militar, no mesmo caso ,','....... I3.8Í
veja-se Uniformes. —-— qüáes os dos membros do supremo conselhó
Tribunaes — extinegao dos existentes no Rio de
Janeiro em 1822 ; creacao de eeiisellios.dejus-
....................'.......;
de justiga militar
das da armada quando
161
'—— fixadps os pragas
tiga ñas provincias do Brazil.. ..........;...
extinegao do conselhó do almirantado e da
127 presas. --.
idém das pragas da marinliagein quando. '
2Ílí:;
junta de fazenda da marinha....... ....... .... . 129 —-
presas bordo.............................. 268:
a
de honra— auetorisadó o governo a erial-os 314 idem: das pragas da armada lias diversas si-
marítimos — fixado o pl'asp para a inter- tuagoes.................i ;......y 295
posigao dos seus recursos.. ¡ i. -.-.,. ..._¿....-.'. 278 idem das pragas graduadas e eneprpóradas
militares — incumbida' Urna commissao do ñas companhias de correegao.................. 429'
projeeto para a sua organisagao e do processo veja-se Abonos—Sóidos.
criminal mili tai- 226 Venda de p.ostos — veja-se Novas ordenangas.
regulamento para a policía e servico interno Veteranos de Macau— seu regulamento; pena-
d'elles ..'. 424 lidades a que ficam sujeitos. .. 308
regulamento para ministerio publicó..... 432
o da marinha substituido
— junta o respectivo
veja-se^Codigo de justiga militar — Organi- corpo por urna divisao ao corpo de mari-
sagao do exercito de 1884. nheirps 295
u
Uniformes — prohibido aos militares irem á
Voluntarios — penalidades
viduos d'estes corpos
applicaveis aos indi-
os dos corpos dos Agores em 1832 ficaram
106 e 149
o sujeitos em tempo de guerra ae regulamento
presenga do rei sem elles 51
militar..-. 158
estabelecidos para os empregados do tribu- ..-..
eommercio criados
nal superior de guerra e marinha 395 -— do -— dois corpos em
1808, concedendo-se-lheshonras eprivilegios.. 105:
y
Varadas —prehibidp este castigo nos corpos na-
de milicias — decreto da criagao de uní
corpo em 1807, com as honras e privilegios dos
corpos de milicias. .^-r-r-í-j-,.,,^... 102
ciónaes.. 157 realistas—? extinegao d'estesj coTjíop:,u >v. 154

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ERRATAS líÁ7 -. .,': ; O a:S

j>.,B. l.htli.'is Eíros Emendas


.

IX 2.a col.-—24 e 25 auxiliares ....,.,.,..-.-. militares.


XV 1.a col. — 46 guarda dé Lisboa guarda municipal de Lisboa
„ l, 3 col. — 47 ou municipal deserta .. :...,.. ou deserta
XVII 2.a col. — 61 6'dezembro .. -. .- 10 dezembro
1." col.—75 Coiiseiho de justica de Mogambique con?elho de jiistiga iñilitar nallidiá; no ca«
XXI .... pitulo iv das juntas dé justiga de Mogam-
.
bique :-''
as que éstiverem presas............... os offieiaes inferiores qué estivéreín presos
XXIV
XXV
XXVII
2.a coi. —-46
2.a col. — 4
2.acol. —13
9
juniio......
1867.......'.:...................-...
saíraai. .................... ...
.
jülho
..... 1887
saírem
V ,..'.;
mando -...',-
7 .
30 60
61
.
mándóü ............:
senteneiarao.....'.,.............,.....sentencéiem
.'

:.',;
:»'.;
56 61, 62 e 63 Aviso de 17 de setembro de 1763 ...... eliminadas ;, ; :
;1. de julho. 1.° de junho '--,,':,;.'
104 63
6
6
.... .
conselhó, de novó..,.............:.... conselhó,: que de novo
162
188 20 28 de fevereiro 6 de fevéreiro
» »
majoria geral...........:...-.....;.. majoria general
206 35 e 36 serenidade ,..:.. severidade
226 35 15 de junho .-. 15 dé julho
238 14 16 de setembro ..;. 16 de dezembro
239 23 4 de julho 4 dejunho
291 32 formado, seja formado fica sem efTeitOj seja
, .
347 12 procederá sempre precederá sempre
397 9 publicado na ordeiíi do exercito n.° 19.. . publicado lia ordém do exercito n.° 9
397 12 devidos. eífeitos. devidos effeitos,
424 17 oútitbro de 1878 outubro de 1879 s
455 45 prisao maior de degredo prisao maior e degredo
480 1 Compete aos offieiaes : Compete aos capitaés :
» 2 Reprehender os eapitáes Reprehender os offieiaes :
518 23 Ihe sem exigidas Ihe sejam exigidas
540 27 servigo que tenha servigo para que tenha
555 23 guarda fiscal serao guarda fiscal nao serao
574 24 territorio portuguez de territorio portuguez do de
674 1 25 26
675 16 saude ronda
699 9 1895 1859
703 2.a cel. — 63 9 96
705 l.acol. —43 196 169
» 2.acol.—28 276. 267
707 2.a col. —61 453... 452
2.» col. — 68 552 *
553
709 2.a col. — 9 substituindo subsistindo

711 2.a col. —62 174.. 172
712 1.a col. — 4 reino unido reino...
Os números 2, 8, 9, 15 e 20 dos modelos respectivos ao regulamento para exeeugao de código de justiga
militar de 1895, que vao indicados como sendo idénticos a outros do regulamento de 1875, erara dos modelos
transcriptos na ordem do exercito; sueeedendo, porém, que estes soffreram modificagoes, quando publicados no
folheto que confém aquelie regulamento, é ahí que deverao ser procurados os dos referidos números e nao nes
de 1875 que se indicaram.
Contraste insuffisant
NFZ 43-120-14
Texte deterioré — reliure défectueusé
NFZ 43-120-11

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