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PROGRAMME

Mode hybride

17h15 Do Marrocos para Eretz Amazônia


Conférence de l’écrivain Márcio Souza
Vendredi 23 juin 2023
Matin 9h00 Accueil des participants
Salle Claude Simon et online1
9h30 Ouverture des travaux
9h45 à 11h15 : Table 1
Modération : Sara Grünhagen, CREPAL/ USN

- Exílios, caminhos e descaminhos na “Eretz Amazônia”:


uma outra faceta do teatro de Márcio Souza
Brigitte Thiérion, CREPAL /USN
- Gaiolas e regatões: a fronteira-mundi liquefeita na obra de Paulo
Jacob
Karina Marques, CRLA-Archivos / Université de Poitiers
- Mémoires familiales (volet 1) : Le récit d’Abraham Pinto
Annie Dray-Stauffer, psychiatre, descendante de la famille
Pinto
11h15-12h45 Débat

12h45-13h45 PAUSE DÉJEUNER


Après-midi
13h45-15h15 Table 2
Modération : Karina Marques, CRLA-Archivos / Univ. Poitiers

- A dualidade judaico-cristã dos judeus na Amazônia brasileira


Maria Luiza Tucci Carneiro, Leer/ USP
- Vozes e imagens de judeus na “terra da promissão” Amazônia
Alessandra Conde da Silva, UFPA
- Escritores judeus na Amazônia hispânica
Regina Igel, University of Maryland, College Park (USA)

15h15-16h00 Débat et pause-café

16h00-17h15 Table 3
Modération : Brigitte Thiérion, Crepal/ USN

- Thèmes et perspectives dans la littérature liturgique du judaïsme


marocain en Amazonie
Renato Athias, NEPE/ UFPE
- Mémoires familiales (volet 2) : Des Juifs marocains en Amazonie
(documentaire)
Alain Amiel, éditeur et réalisateur, descendant de David S.
Amiel

17h15 Do Marrocos para Eretz Amazônia


Conférence de l’écrivain Márcio Souza

17h45 – 18h15 Débat et clôture de la journée

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Décalage horaire avec Paris = - 5h Recife; - 5h São Paulo; - 6h Manaus et Maryland (USA)
Lien de connexion Webex : https://tinyurl.com/JudeusAmazonia

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Résumés

Exils, parcours et égarements dans « l’Eretz Amazônia » :


une autre facette du théâtre de Márcio Souza
Brigitte Thiérion

L’inscription, dans l’œuvre de Márcio Souza, de ses origines juives s’avère récente, elle nous
renvoie essentiellement à deux textes dramatiques, qui évoquent la diaspora juive sépharade en
Amazonie et un essai, où il narre sa découverte tardive d’Israël. Son œuvre fictionnelle accorde une
large place à la réalité sociale et au processus historique de formation de l’Amazonie. Son univers
romanesque a propagé, hors les frontières, l’image d’un monde cruel et burlesque, dominé par l’excès
et l’extravagance. Ses essais, littéraires et historiques, ont fait de lui l’un des grands interprètes d’une
réalité culturelle, plurielle et complexe, reléguée à la marge après avoir occupé une place centrale dans
l’économie internationale. Son intérêt pour les peuples autochtones lui a inspiré des essais tels que
Amazônia Indígena (2015), et le cycle de Teatro indígena do Amazonas (1979). Le cinéma, pour lequel
il nourrit une véritable passion depuis l’adolescence, occupe également une place de choix dans son
œuvre ; toutefois, le théâtre s’avère être une composante incontournable et permanente de sa création et
de son engagement citoyen. L’auteur se consacre à faire vivre la Compagnie du TESC (Théâtre
Expérimental du SESC) qui succède en 1968 à la Troupe Universitaire de l’Amazone, dans laquelle il
fit ses débuts comme dramaturge. Le TESC, dont il devient le directeur et le metteur en scène, à partir
de 2003 jusqu’à sa dissolution brutale en 2016, porte sa voix.
En 1996, Márcio est sollicité pour effectuer un voyage en Israël. Le récit de cette expérience est
publié dans un ouvrage de commande, intitulé Entre Moisés e Macunaíma (2003), partagé avec un autre
grand auteur gaúcho d’origine ashkénaze, Moacyr Scliar. Les textes dramatiques, Exílios et Eretz
Amazônia (présentée en 2010), pièce homonyme de l’étude de Samuel Benchimol sur la diaspora juive
sépharade en Amazonie, dialoguent avec ce voyage, et montrent comment ce thème s’immisce dans
l’imaginaire de l’écrivain, ravivant des origines culturelles et familiales, jusque-là reléguées au second
plan.

Gaiolas e regatões: a fronteira-mundi liquefeita na obra de Paulo Jacob


Karina Marques

“O rio comanda a vida”. O postulado de Leandro Tocantins, título de sua obra ensaística sobre a
região amazônica, oferece-nos uma chave de análise bastante apropriada para compreender boa parte da
produção romanesca de Paulo Herban Maciel [Jacob] (1921-2003), profícuo escritor manauara de
origem judaica sefardita.
Analisaremos nesta comunicação três de seus romances – O gaiola tirante rumo do rio da
borracha (1987), Vila Rica das Queimadas (1976) e Um pedaço de lua caía na mata (1990) – nos quais
a vivência dos protagonistas no meio fluvial amazônico, durante o primeiro ciclo gomífero, apresenta
uma nova perspectiva ao leitor com relação às obras clássicas das “ficções da borracha”, subvertendo
papéis sociais solidificados e valorizando a pluralidade cultural da Amazônia brasileira, constituída pelo
encontro de povos autóctones – indígenas, ribeirinhos, citadinos do interior e das capitais – e alóctones
– migrantes e emigrantes. Essas obras permitem-nos, ainda, observar a existência e a persistência de
antigos mitos políticos nesse espaço de confim, trazidos pelos colonizadores e reatualizados pelas
políticas eugenistas do limiar do século XX.
O conceito de “fronteira-mundi” de Bertha K. Becker parece traduzir em termos tanto geopolíticos
quanto geopoéticos esse território fronteiriço, negligenciado pelos governos nacionais centrais e
cobiçado pelas potências capitalistas internacionais, marcado pela “constante interferência de forças
externas na região e a dificuldade de integrá-las aos Estados nacionais até hoje” (BECKER, 2009). Nessa
“fronteira-mundi”, eldorado do “ouro negro”, encontram-se os protagonistas desses romances
jacobianos – Antônio Damasceno, comandante de um gaiola; os regatões sírios Jamil e o seu filho Nagib;

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assim como o regatão judeu sefardita Salomão Farah. E todos partilham a mesma condição/consciência
de “exiliência” (NOUSS, 2012), construindo uma identidade “amazônida” ao longo da narrativa
(PINTO, 2018).
Nossa proposta é analisar como esses percursos de exílio afeitos ao rio propõem uma fronteira-
mundi liquefeita, possibilitando o remoldar de interesses hegemônicos e heranças culturais etnocêntricas
solidificadas em prol da construção de um “terceiro-espaço” (BHABHA, 2007) “amazônida” partilhado.

Mémoires familiales volet 1 : Le récit d’Abraham Pinto


Annie Dray-Stauffer

En 1879, Abraham Pinto, 16 ans, issu d’une modeste famille juive marocaine, part de Tanger et
débarque à Belém do Para, à l’embouchure de l’Amazone, où il retrouve son frère Moyses. Tous deux
vont d’abord sillonner l’Amazone et ses affluents sur un simple canot. Leur travail consiste à vendre des
marchandises aux populations autochtones vivant isolées le long des rives, en échange de divers produits
locaux et surtout de boules de caoutchouc dont les cours vont en augmentant. Au hasard de leurs
pérégrinations et des dangers affrontés, ils rencontrent d’autres juifs marocains, et se retrouvent pour
fêter ensemble, en pleine forêt, la fête de Kippour. En 1888, ils sont parmi les tous premiers à installer
à Iquitos, au Pérou, une maison commerciale qui prendra une envergure internationale et retournent à
Tanger en 1893. À 83 ans, Abraham accepte enfin de raconter à ses neveux leur vie périlleuse et leur
réussite. C’est ce document familial, retrouvé presque par hasard, qui vous sera présenté.

A dualidade judaico-cristã dos judeus na Amazônia brasileira


Maria Luiza Tucci Carneiro

A história e memória da comunidade judaica no Brasil deve ser analisada a partir de seus pilares-
mestres, cujos vestígios persistem enquanto testemunhos herdados dos pioneiros judeus em diferentes
épocas. Ainda que a identidade sefardita seja uma marca para os descendentes da primeira leva de judeus
marroquinos radicados na “hiléia brasileira”, muito ainda está por ser escrito e revelado para um público
maior. A(con)vivência com os habitantes daquele “mundo verde” – exótico e paradisíaco – certamente
interferiu no judaísmo ali praticado pelos imigrantes marroquinos que alteraram seus ritos, por estarem
distante daqueles que impunham normas ou preceitos. Daí a importância de recuarmos no tempo
procurando reconstituir seu quotidiano e as práticas judaicas junto às comunidades de acolhimento. Sem
rabino e sem Torá recriaram as tradições herdadas de seus antepassados, adaptando seu repertório
cultural judaico à sociedade e cultura locais. Cabe, portanto, avaliar um conjunto de situações que,
certamente, favoreceram a (re)criação desse judaísmo nos trópicos fundamentado em novos saberes,
processo constante nas comunidades judaicas na Diáspora. Souberam conviver com o seu destino
diaspórico, sem perder a identidade judaica, apesar das múltiplas situações de compartilhamentos. Ali
criaram raízes, sem deixar de ser um grupo social específico, (re)construindo suas permissões
alimentares e seus ritos a partir da observação diária, do apoio mútuo e das relações familiares.

Vozes e imagens de judeus na “terra da promissão” Amazônia


Alessandra Conde da Silva

A presença judaico-marroquina na Amazônia pode ser rastreada desde as primeiras décadas do


século XIX. Com o crescimento da comunidade judaica estabelecida na região, a história dos pioneiros
judeus, navegantes dos rios e desbravadores da floresta amazônica, foi escrita, inicialmente, por
escritores pouco habilidosos com a estética literária. O registro inicial, todavia, dá conta de uma história
de lutas e conquistas. Os escritos posteriores mostram maior competência literária, como afirma Regina
Igel em Imigrantes judeus/Escritores brasileiros (1997) e o tema judeus na Amazônia torna-se atrativo
para três grupos de escritores, conforme asseveramos em trabalhos como “Kol Amazônia: Escritores
judeus do Norte do Brasil” (2022), isto é, os judeus, os descendentes de judeus e os não-judeus, seguindo

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a classificação já iniciada pela professora Regina Igel no seu Imigrantes judeus/Escritores brasileiros
ao tratar do tema da produção literária dos escritores judeus na literatura brasileira. E não somente vozes
dos pioneiros marroquinos sefarditas puderam ser conhecidas nos escritos de judeus e não judeus. As
imagens a propósito da presença judaica na região foram pintadas por artistas plásticos judeus que, à
semelhança de seus irmãos das letras, retrataram vivências e convivências em terras amazônicas,
lançando mão em alguns casos do imaginário local. Topos como o da terra da promissão e o da tradição
bíblica judaica, por exemplo, serviram de estro para escritores como Sultana Levy Rosenblatt, Mady
Benoliel Benzecry e para artistas plásticos como Arieh Wagner e Donna Benchimol. A ideia da Eretz
Amazônia, topônimo que alimentou o imaginário dos judeus marroquinos, ajudou os primeiros
imigrantes a conceber a região como el dorado. O mesmo tema inspirou Samuel Benchimol a nomear o
seminal estudo, do qual nos valemos, intitulado Eretz Amazônia: os judeus na Amazônia (1977), assim
como Sultana Levy Rosemblatt, Sandra Godinho e outros escritores da Amazônia a intitular suas
narrativas.

Bibliografia

BENCHIMOL, Samuel. Eretz Amazônia. Os judeus na Amazônia. Manaus: Valer, 2008.


CONDE-SILVA, Alessandra F. Kol Amazônia: Escritores Judeus do Norte do Brasil. In: SALGADO,
Elias; IGEL, Regina. Amazônia Judaica, 20 anos depois: História, memória, tradição e cultura. Rio de
Janeiro: Talu Cultural. 2022, p. 134-169.
CONDE-SILVA, Alessandra; CARDOSO, Joel Cardoso da. Duas artistas plásticas judias na
Amazônia. Arquivo Maaravi: Revista Digital De Estudos Judaicos Da UFMG, 15(29), 2021, p. 30–44.
Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/maaravi/article/view/35907.
IGEL, Regina. Imigrantes judeus/escritores brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1997.

Escritores judeus na Amazônia hispânica


Regina Igel

Entre as diásporas sefarditas, responsáveis pela dispersão dos judeus ibéricos por várias partes
do mundo, a mais dolorosa (e fatal) foi provocada pela Inquisição ibérica, como se deve saber. As
demais, em tempos modernos, ainda que também se devessem à intolerância de administrações políticas-
religiosas, foram incitadas não só por motivos religiosos quanto também por diferenças ideológicas.
Casos assim são exemplificados, tempos mais recentes, pela rigidez de ditaduras, que provocaram a que
muitos judeus se afastassem destes regimes (URSS e seus satélites) mas que, com a existência do estado
de Israel, para esse país se dirigiram.
Não foi assim ao tempo da Inquisição, quando os judeus deslocados da Espanha e de Portugal
não tinham para onde ir, pois poucas eram as áreas em todo o mundo (que era metade do mundo de
hoje) que admitiam os que puderam escapar das torturas e morte dos inquisidores. Entre essas, regiões
sob o Império Otomano receberam algumas centenas de judeus ibéricos, assim como países como a
Holanda e áreas ao norte da África. No nosso continente, América do Sul, foi a região norte que mais
atraiu os fugitivos das sanções ibéricas: a Amazônia, tanto a lusitana quanto a hispânica, aproveitando-
se das travessias transatlânticas de aventureiros.
Este trabalho se inclina a estudar obras literárias selecionadas de autoria de dois descendentes daqueles
primeiros imigrantes sefarditas que se instalaram na parte da floresta amazônica quando ainda era
possessão espanhola. Visto que a floresta alcança nove países, oito deles são ex-colônias espanholas e
é no idioma castelhano que tais obras se têm manifestado.
Os escritores (contemporâneos nossos) visitados neste ensaio são de origem sefardita: José
Guillermo Ángel, ‘nom de plume’: Memo Ánjel (1954 -), romancista e contista, da Colômbia e Isaac
Chocrón Sarfety (1930-2011), dramaturgo, romancista, diretor teatral da Venezuela. Outros escritores
da região amazônica hispânica serão comentados, mas o fulcro deste estudo são os citados acima. Os
trabalhos ficcionais pelos nomeados têm alcançado um corpo leitoral e premiações nacionais e
internacionais. Ambos refletem, nas suas obras, a influência de sua ascendência judaica sefardita, um

5
de forma explícita, outro, em forma velada, como se poderá observar nas obras relevadas no nosso
percurso analítico.

Bibliografia

Ánjel, Memo. Mesa de judíos. Medellín: Colombia: Universidad Pontifícia Bolivariana, 2010.
---------. Cuentos judíos. Los viajeros. Medellín: Colombia: Universidad Pontifícia Bolivariana, 2017.
Chocrón, Isaac. Simón (1983); Clipper (1987); Solimán el magnífico (1991); Escrito y sellado (1993);
Volpone y el alquimista (1996); Uno reyes uno (1996); Tap dance (1999); Los navegaos (2006).

Thèmes et perspectives dans la littérature liturgique


du judaïsme marocain en Amazonie
Renato Athias (NEPE/PPGA/UFPE)

À partir d’observations ethnographiques portant sur la littérature liturgique ces dernières années
dans des synagogues de tradition juive marocaine, aussi bien en Amazonie qu’à Londres, et à Paris, ce
texte cherche des éléments destinés à fournir les bases d’un débat plus large sur la formation d’un
judaïsme marocain en Amazonie.

Mémoires familiales volet 2 : Des Juifs marocains en Amazonie


Alain Amiel

Le « cao-otchu », « bois qui pleure », un hévéa brasiliensis très commun en Amazonie, distille
quand on l’incise une substance très particulière, le latex. Récolté par les Indiens depuis des siècles, il
était utilisé pour ses propriétés particulières d’élasticité et d’imperméabilité. Le développement de
l’industrie automobile et l’invention par Charles Goodyear du processus de vulcanisation (pour les
pneus et les chambre à air) va entraîner une très forte demande de ce produit et déclencher un flux
important de migrants de différents pays vers l’Amazonie, et notamment, à partir de 1870, de nombreux
Juifs marocains (dont mon grand-père) fuyant la misère et l’insécurité. Attirés par le « boom du
caoutchouc », ils vont tenter l’aventure à plus dix mille kilomètres de chez eux et connaître des destinées
assez extraordinaires.

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L’immigration juive en Amazonie :
Dynamiques territoriales et identitaires à la « frontière-mundi »

A imigração judaica na Amazônia: dinâmicas territoriais e identitárias


na “fronteira-mundi”

L’étude de l’immigration juive sépharade en Amazonie du début du XIXe au début du XXe


siècle, dans le contexte du premier cycle du caoutchouc2, et son héritage de nos jours, implique un
changement de perspective épistémologique sur le territoire amazonien, conçu comme une « frontière-
mundi » (BECKER, 2009). Cette image géopolitique et géopoétique créée par la géographe Bertha
Becker nous semble tout à fait appropriée pour penser l’Amazonie comme un « lieu de rencontre.
N’ayant pas la pureté virginale supposée d’une nature intacte, mais plutôt des frontières changeantes.
Ni la fixité du déterminisme et de l’uniformité, mais la dynamique de l’ouverture au possible et à
l’altérité ». (BARTHOLO 2004, p. 14). Le concept de « frontière-mundi » soulève « un questionnement
sur la place ambiguë qu’occupe la région dans l’imaginaire national : symbole essentiel de la
brésilianité, patrimoine naturel convoité par le monde extérieur, et terre « en marge de l’histoire » et des
grandes réalisations civilisatrices » (MARQUES 2018, p. 214).
Le système économique mis en place en Amazonie dans le cadre de la deuxième révolution
industrielle, afin d’approvisionner l’industrie automobile en pleine expansion, a engendré ce que Márcio
Souza a appelé « le délire de la monoculture ». (SOUZA 1977, p. 138-139). L’arrière-pays amazonien,
territoire d’origine de l’Hevea brasiliensis, l’arbre dont on a extrait le latex pour la fabrication des pneus,
a servi les intérêts du capitalisme mondial. La course à la production de caoutchouc n’a donc pas été
« le résultat des exigences du marché intérieur », mais plutôt « le résultat des exigences que les milieux
industriels anglais et nord-américains commençaient à exprimer » (REIS 1953, p. 60).
Ce processus d’industrialisation globale, pour lequel la région amazonienne a servi de périphérie
exportatrice de ressources primaires, a entraîné l’exploitation semi-esclavagiste de la main-d’œuvre des
saigneurs d’hévéas, en créant un réseau de recrutement dans le Nord-Est, une région économiquement
vulnérable ; le massacre des populations amérindiennes ; la destruction de la faune et de la flore
régionales ; les assassinats dus à des problèmes de propriété foncière ; les décès provoqués par des
maladies plus ou moins évitables ; et la dépendance de l’économie extérieure, aussi bien internationale
qu’extrarégionale. Cependant, en parallèle, elle a également favorisé les rencontres interculturelles entre
les populations autochtones, les populations du fleuve dites « ribeirinhas », les migrants et les
immigrants, un élément essentiel pour la construction du territoire et de l’identité amazonienne actuelle.
Dans ce contexte spatial et temporel, nous pouvons localiser une diaspora juive spécifique,
d’origine séfarade, qui s’identifie à son passé ibérique, sachant que la plupart de ces immigrants ont été
« poussés par la crise économique au Maroc et la persécution de plusieurs sultans » (BLAY 2008, p.
42). En raison des persécutions ethnico-religieuses dans la péninsule ibérique au XVe siècle, de
nombreux Juifs se sont installés sur le territoire actuel du Maroc. Pour la plupart, ils parlaient l’espagnol,
le portugais ou le hakitia, un mélange de ces langues avec l’arabe marocain, et ils « ont été connus
comme des megorachim, c’est-à-dire des « Espagnols exilés sans patrie », vivant dans la condition de
« sujets tolérés » (dimmi), bien qu’ils soient intégrés à la vie économique du Maghreb » (CARNEIRO
2021, p. 4). Il y eut cependant des périodes de moindre tolérance qui, ajoutées aux difficultés
économiques, poussèrent ces Juifs sépharades à chercher à émigrer.
Ces affinités culturelles expliquent leur choix de la région amazonienne, surtout à l’époque
marquée par la promesse d’un enrichissement facile grâce à l’« or noir ». En outre, la constitution
brésilienne de 1824 garantissait la liberté de culte religieux domestique ou dans un lieu privé n’ayant
pas la forme extérieure d’un temple, et autorisait la naturalisation des étrangers quelle que soit leur
religion.

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« Le cycle du caoutchouc » s’est étendu sur près d’un siècle, sachant que la période de rush a duré, au
maximum, 32 ans (1880-1912) » (BATISTA 1976, p. 131).

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Bien qu’il existe des documents faisant état de l’arrivée d’immigrants au Brésil au début du
XIXe siècle, ce flux migratoire s’est accéléré avec l’ouverture du fleuve Amazone à la navigation
internationale en 1867, en raison de la pression interne et externe exercée par les agents impliqués dans
l’économie du caoutchouc. Ainsi, « des centaines de ces Juifs, encore très jeunes, embarquèrent pour le
Brésil sur les bateaux à vapeur de la Mala Real Inglesa (Royal Mail Steam Packet Company) ou de la
Ligure Brasiliana italienne, une compagnie qui entretenait une flotte de navires reliant Gênes, Marseille,
Tanger, Lisbonne, Belém et Manaus » (Ibidem, p. 5). C’est par ces voies maritimes, que des milliers de
Juifs séfarades sont entrés au Brésil.
À leur arrivée ils se sont installés pour la plupart dans les capitales régionales de l’Amazonie –
à Belém et à Manaus –, travaillant pour des « casas aviadoras », des magasins d’approvisionnement
appartenant à d’autres immigrants : anglais, allemands, portugais et français. « Ces établissements
commerciaux construits pour approvisionner les « seringais », les exploitations du caoutchouc. Ils
recevaient en échange le caoutchouc que ceux-ci produisaient et réalisaient ainsi les opérations de vente
à l’étranger » (REIS 1953, p. 84). Très souvent, ces immigrants travaillaient comme intermédiaires entre
le magasin d’approvisionnement et les exploitants d’hévéas, en transportant les marchandises par
bateaux. Certains, cependant, sont allés travailler directement dans les exploitations, dans les
baraquements où les produits étaient échangés contre le caoutchouc apporté par les saigneurs. D’autres,
encore, ont préféré travailler de manière plus indépendante, en défiant le monopole des magasins
d’approvisionnement et l’oppression des « seringalistas », les propriétaires exploitants, en exerçant la
profession de « regatão », colporteur, le long des cours d’eau, et en établissant un contact privilégié
avec les populations riveraines et les saigneurs du caoutchouc. D’autres, enfin, ont créé de petits
commerces dans les villes de l’intérieur de l’Amazonie, pour vendre des produits à la population locale.
Ils vendaient des marchandises venues de la ville et achetaient également des produits de la forêt, tels
que des noix, du guarana, des plumes d’oiseaux, de l’huile de copaïba et des boules de caoutchouc.
Il convient de mentionner également l’existence d’un petit flux migratoire de Juifs venus
d’ailleurs, d’Alsace-Lorraine, d’Allemagne et d’Angleterre, qui se sont installés à Manaus et à Belém,
en se spécialisant dans la vente d’articles de luxe importés destinés à l’élite économique du caoutchouc.
Ainsi, les matériaux de finition des résidences de cette partie de la population, comme des bâtiments
publics de la Belle Époque du latex (marbres, tuiles, vitres, etc.) provenaient-ils d’Europe.
Certains écrivains brésiliens d’origine juive ont produit des textes dans lesquels ils ont raconté
l’histoire de cette diaspora juive en terre amazonienne. En recréant des souvenirs familiaux, en
retrouvant des sources historiques, et en recueillant des témoignages, ils analysent l’héritage culturel de
cette immigration au Brésil. Ces œuvres contribuent à la préservation de la mémoire et de l’héritage de
ces communautés, et apportent un regard interculturel très sensible, qui nous permet de repenser le
territoire amazonien comme une « frontière-mundi » et d’intégrer le Nord du pays dans ce que Jorge
Amado a appelé la « géographie littéraire » brésilienne (AMADO, 1999, troisième de couverture de
Tempos infinitos de Paulo Jacob).
Parmi ces écrivains, nous pouvons citer, entre autres, Elias Salgado, Ilko Minev, José Benedito Cohen,
Leão Pacífico Esaguy, Mady Benoliel Benzecry, Márcio Souza, Marcos Serruya, Myriam Scotti, Paulo
Jacob, Rogel Samuel et Sultana Levy Rosenblatt. Bien que leurs œuvres appartiennent
incontestablement à la littérature brésilienne et, plus particulièrement, à la littérature régionale
amazonienne, elles font également partie de la « littérature juive » parce qu’elles répondent au moins à
l’un des critères évoqués par Hana Wirth-Nesher : 1) une littérature produite par des Juifs ; 2) l’adoption
de la thématique des conflits transgénérationnels et de l’engagement éthique ; 3) un texte écrit dans l’une
des langues de la communauté juive ; 4) la présence de la religiosité juive ; 5) le sentiment de perte ou
de non-appartenance identitaire dû à l’hybridité culturelle (WIRTH-NESHER, 2011, p. 3-5).
Tous ces auteurs amazoniens ont écrit des textes littéraires – principalement fictionnels (romans,
nouvelles, pièces de théâtre), mais aussi non fictionnels (mémoires, chroniques, essais) – qui traitent de
la thématique de l’immigration juive séfarade dans la région amazonienne. La plupart de ces textes
évoque la difficulté de préserver la religion et les traditions culturelles juives, en tant que groupe
minoritaire implanté dans une zone géographique isolée et abandonnée. Ils abordent également les
échanges interculturels avec les populations amérindiennes, Riverains et Caboclos, et dénoncent leur
marginalisation, ainsi que les questions écologiques. Cette particularité sociogéographique amène ces
sujets énonciateurs à réfléchir à la construction d’une identité juive « amazônida », amazonienne, qui
serait, selon Lúcio Flávio Pinto, « une condition régionale spécifique dans un corps national. Non pas

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un état donné, naturel, extérieur, mais le produit d’une recherche cognitive, d’une prise de conscience
et d’une action concrète » (PINTO, 2018).
L’œuvre d’Elias Salgado (1958-) est parsemée de fragments de ses souvenirs personnels et
familiaux, entrecoupés de faits historiques guidant le parcours d’immigration de ses grands-parents
paternels marocains. Quant à Leão Pacífico Esaguy (1918- ?), il met l’accent sur le thème de
l’acculturation juive en Amazonie. Mady Benoliel Benzecry (1933- ?) écrit des poèmes dans lesquels
elle dépeint l’exubérance du paysage, le caboclo, le quartier et la famille juive. Marcos Serruya réfléchit
également à la question du genre dans l’histoire de l’immigration juive au Brésil, à travers la saga d’Ana
Júlia, une jeune juive polonaise involontairement soumise à la prostitution en Amazonie, dans le roman
Cabelos de fogo (2010). Myriam Scotti (1981-) a récemment lancé le roman Terra úmida (2021), lauréat
du Prix littéraire de la ville de Manaus (2020) dans la catégorie régionale, qui raconte l’immigration de
juifs marocains en Amazonie, en s’inspirant de l’histoire de ses grands-parents. Mais la figure féminine
pionnière de la littérature juive amazonienne est Sultana Levy Rosenblatt (1910-2007), qui, par-delà le
fait de raconter les souvenirs de sa famille venue du Maroc à Belém, aborde la question de
l’antisémitisme dans ses chroniques. Son œuvre montre le décalage entre le Nord et le Sud du Brésil, la
diachronie de la « frontière-mundi » : « Le monde décrit dans son œuvre est essentiellement la planète
amazonienne – si différente du reste du Brésil, si éloignée des capitales vernissées par un modernisme
désespéré » (IGEL, 2021, p. 5).
Nous pouvons enfin mentionner des écrivains juifs séfarades qui ne sont pas nés au Brésil, mais
qui sont devenus des écrivains amazoniens en écrivant sur la région amazonienne, y compris sur
l’immigration juive. José Benedicto Cohen (1872- ?), poète, traducteur et essayiste, né au Maroc, a écrit
sur l’organisation de la communauté juive en Amazonie et sur l’importance du sionisme. Ilko Minev
(1946- ?), d’origine juive séfarade, est né en Bulgarie et a immigré au Brésil pour des raisons de
persécution politique. Son premier roman, Onde estão as flores (2013), raconte l’histoire de
l’immigration juive en Amazonie dans un contexte autre que celui du cycle du caoutchouc, en relatant
l’exil de Licco Hazan, prisonnier dans un camp de travail forcé en Bulgarie. Dans Na Sombra do mundo
perdido (2018), le protagoniste bulgaro-brésilien, Oleg Hazan, est l’alter ego de l’auteur et les paysages
des deux pays se confondent en toile de fond.
Si les auteurs mentionnés ci-dessus ont écrit des textes à caractère autobiographique dès le début
de leur carrière littéraire, il n’en a pas été de même pour Márcio Souza, Paulo Jacob et Rogel Samuel.
Pour ces écrivains amazoniens consacrés – dont l’origine juive est revendiquée ou connue – cette
thématique est apparue plus tardivement, après une production littéraire consacrée aux problématiques
de leur région. Le premier, grand romancier depuis les années 1970, a publié en 2010 Entre Moisés et
Macunaíma: os judeus que descobriram o Brasil avec l’écrivain juif gaúcho Moacyr Scliar, avant
d’adapter le livre historique Eretz Amazônia: os judeus na Amazônia de Samuel Benchimol sous forme
de pièce de théâtre en sept actes, où il transpose l’histoire de l’exil des Juifs marocains vers la région
amazonienne. Cette réhabilitation de l’identité juive sépharade, que l’on observe chez Márcio Souza, ne
s’est pas produite avec Paulo Jacob et Rogel Samuel.
Jacob a écrit 13 romans, trois d’entre eux ont remporté le prix Walmap (Chuva branca, 1967,
4e place ; Dos ditos passados nos acercados do Cassianã, 1969, 2e place ; et Vila Rica das Queimadas,
1976, 2e place). Il a également publié un recueil de contes yanomami et un dictionnaire de la langue
populaire amazonienne. Son œuvre a abordé des thèmes comme l’oppression dans les exploitations de
caoutchouc, la corruption dans l’arrière-pays amazonien, l’immigration syro-libanaise, et juive
maghrébine, la misère des populations riveraines, la migration des Nordestins vers l’Amazonie et des
peuples de la forêt vers Manaus, ainsi que la destruction de la forêt amazonienne. Parmi ses œuvres,
seul le roman Um pedaço de lua caía na mata (1990) aborde la thématique juive et comporte même un
dictionnaire de termes hébraïques à la fin de l’ouvrage. Malgré la publication de cette œuvre et ses
origines juives séfarades, il ne s’est jamais revendiqué comme juif. Dans le roman O amante das
Amazonas (1992), Rogel Samuel, écrivain, professeur d’université et grand critique littéraire, a fourni
des preuves autobiographiques de sa judéité. Bien qu’il affirme être le petit-fils de Maurice Samuel, un
juif sépharade français devenu riche au Brésil, et que l’intrigue du livre fasse référence à l’histoire de
son grand-père, l’auteur ne revendique pas son identité juive.
Il est également important de souligner l’existence en Amazonie d’artistes plasticiens d’origine
juive séfarade qui abordent le thème du judaïsme dans leurs œuvres. C’est le cas de l’écrivaine Mady
Benoliel Benzecry, qui « a peint des tableaux dans lesquels les cultures juive et amazonienne se

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mélangent » (SILVA, 2021, p. 2). Donna Benchimol, « pour des raisons artistiques semblables à celles
de Mady Benoliel Benzecry, évoque la tradition juive, la sensualité et les thèmes culturels et
géographiques amazoniens » (idem). Enfin, nous pouvons mentionner Arieh Wagner et Alegria Belicha,
dont les œuvres entrelacent des motifs juifs et amazoniens. Il s’agit toutefois d’un domaine qui reste à
explorer.
L’objectif de cette journée d’étude est donc d’approfondir nos connaissances de l’immigration
juive en Amazonie, en réfléchissant à partir d’une nouvelle perspective de conception du territoire et de
l’identité amazonienne, dans le contexte de cette rencontre interculturelle. Pour ce faire, nous souhaitons
mener des recherches transdisciplinaires dans les domaines de l’histoire, de la géographie, de la
sociologie, de la littérature et des autres arts, en étudiant la production littéraire et artistique des auteurs
mentionnés et, peut-être, d’autres à découvrir. Grâce à ces études, notre principal objectif est d’amplifier
notre vision du territoire amazonien, de son identité régionale et de son rôle dans l’imaginaire de la
brésilianité.

Références

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