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MEDICINA VETERINÁRIA
RIO DE JANEIRO
2023
CAMILE RODRIGUES FERREIRA
DALILA ALVES FERNANDES
GABRIEL RICARDO BARBOSA MARTINS
GABRIELLE FREITAS PRESTA
RIO DE JANEIRO
2023
RESUMO
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A infecção em cães por espécies de Leishmania é clinicamente semelhante à
infecção humana, embora, no cão, além do acometimento das vísceras, os animais
sintomáticos frequentemente apresentem lesões de pele (Krauspenhar et al., 2007).
A infecção começa no local da picada do vetor, que geralmente ocorre no nariz ou
na margem interna da orelha, provocando uma resposta inflamatória local. Nos
caninos, a leishmaniose pode apresentar a forma clínica assintomática,
oligossintomática e sintomática (Brasil, 2006a). Na forma assintomática o animal não
apresenta sinais clínicos evidentes da infecção, porém exames sorológicos podem
apontar a presença do parasito. A enfermidade é classificada como
oligossintomática quando manifesta até dois sinais clínicos e estes são
inespecíficos, como pelos opacos, aumento do tamanho dos linfonodos, perda de
peso discreta. Neste caso a sorologia poderá apresentar títulos baixos, o que pode
resultar na interpretação de um falso-negativo (Brasil, 2006b). Na forma sintomática
várias alterações clínicas podem ser observadas nos cães, como linfadenopatia
localizada ou generalizada, polidipsia, poliúria, êmese, polimiosite, poliartrite,
neuralgia, febre, onicogrifose, esplenomegalia, ascite, anemia, emagrecimento
exagerado, perda de apetite (Tilley et al., 2008; Tilley, 2008), hiperqueratose,
alopecia, descamação da pele, eczema nas orelhas e focinho, ulcerações, epistaxe,
uveíte, ceratoconjuntivite, blefarite, diarreia, apatia, sonolência, edema nas patas e
periostite (Brasil, 2006b). Enquanto a prevalência da infecção em cães nas áreas
endêmicas pode chegar a 50% ou mais, a prevalência da doença clínica fica entre
apenas 3% e 10% dos afetados, demonstrando que a maioria dos cães é
assintomática, o que dificulta o diagnóstico da LVC (Gomes et al., 2008; Travi et al.,
2018).
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as formas amastigotas podem ser evidenciadas. A desvantagem do método é a
técnica arriscada e dolorosa de aspirado de baço e medula óssea. A especificidade
desse método é de aproximadamente 100% e a sensibilidade é em torno de 80% em
cães sintomáticos (BRASIL, 2006; FONSECA, 2013). Os métodos moleculares
também são utilizados na detecção do parasito e no monitoramento da cura após o
tratamento. A técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR) é a mais utilizada.
Através dela se detecta o DNA do protozoário, a partir do sangue total, medula
óssea, linfonodos, pele e raspado conjuntival (FONSECA, 2013). Os testes
sorológicos são utilizados devido a elevada quantidade de anticorpos,
principalmente a imunoglobulina G (IgG), produzidas pelos animais infectados.
Todavia, não apresentam 100% de sensibilidade e especificidade. Animais recém
infectados ou que estão no período pré-patente, podem apresentar um resultado
falso-negativo (Jericó et al., 2015). A presença de doenças concomitantes também
pode resultar em falso-positivo, bem como testes realizados em cães filhotes com
idade inferior a 5 meses devido a presença dos anticorpos maternos (Larson, 2016).
Dentre os exames sorológicos mais utilizados, estão o Teste de aglutinação direta
(TAD), RIFI, ELISA (Brasil, 2006a), sendo que no Brasil as técnicas recomendadas
para os cães pelo Ministério da Saúde (MS), são estas duas últimas (Greene &
Vandevelde, 2015).
2 METODOLOGIA
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3 RELATO DE CASO
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Figura 3 – Lâmina com malassezia.
Nesse PCR – real time de punção de medula óssea foram achadas 955,152
cópias de DNA patógeno/Μl (ANEXO 2). Em vista desse resultado, foi necessário
repetir o tratamento com um segundo ciclo de 1,5ml de miltefosina (Milteforan®
Virbac), a cada 24 horas, durante 28 dias. Dando continuidade também para a
domperidona 5mg, a cada 24 horas e ao alopurinol 100mg, a cada 12 horas, ambos
até novas recomendações.
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Figura 4 – Punção de medula óssea.
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4 DISCUSSÃO
O paciente referente ao relato chegou a clínica inicialmente para tratamento
da “doença do carrapato”(Erliquiose) diagnosticado através do teste rápido Snap
4DX Plus IDEXX® e foi levantada a suspeita de leishmaniose devido as lesões
cutâneas e sintomatologia clinica específica que apresentava, concomitantemente
com a localidade onde reside(região norte da cidade do rio de janeiro) que alberga
hoje a maior parte dos casos de leishmaniose relatados na cidade(PREFEITURA
DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, 2023). A suspeita foi confirmada para
Leishmania infantum (chagasii) com teste rápido positivo e posterior exame de
biologia molecular quantitativa real time pcr (qPCR) feito com sangue periférico,
método esse preconizado e utilizado para avaliar de forma rápida a carga parasitaria
em pacientes inclusive humanos(NASCIMENTO et al., 2011).
O referido animal apresentava sintomatologia clinica com lesões cutâneas
com alopecia difusa ao longo de todo o corpo, principalmente em região de cauda e
torso, dermatite descamativa de ponta de orelha, além de anemia, hipoalbuminemia,
caquexia e aumento de ureia, sinais que corroboram com os descritos por Silva
F.S.(2007) que fez um apanhado dos principais sintomas clínicos desta patologia.
Foi optado pelo tratamento do animal seguindo as diretrizes do conselho federal de
medicina veterinária (CFMV) através da portaria 1.426 do ministério da saúde de 11
de julho de 2008 e utilizada a Miltefosina (Milteforan® Virbac) medicamento
devidamente licenciado no ministério da agricultura, pecuária e abastecimento
(MAPA) para uso não humano. O medicamento visa o controle da doença pela
diminuição da carga parasitaria melhorando os sinais clínicos do paciente (Virbac,
2018)(https://pt.virbac.com/medicamentos-sujeitos-a-receita/milteforan.html). Após o
primeiro ciclo de uso do milteforan® se observou significativa baixa na carga
parasitaria, mas ainda com a presença sendo detectada em sangue periférico e com
sintomatologia persistente, após avaliação dermatológica foi constatada presença de
fungo nas lesões cutâneas e iniciado tratamento para o mesmo, visando a
estabilização dos sinais clínicos decorrentes de agentes oportunistas (FREITAS,
L.C. 2019).
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Após o tratamento das infecções secundarias e após novo ciclo com a
Miltefosina o paciente teve seu quadro estabilizado. Segue realizando tratamento
com alopurinol, domperidona e tratamento para as infecções secundárias em pele.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
15
BRASIL, MINISTERIO DA SAUDE. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.426, DE
11 DE JULHO DE 2008 DISPONIVEL EM
(HTTPS://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/SAUDELEGIS/GM/2008/PRI1426_11_07_2
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16
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J Parasitol Drugs Drug Resist 2013; 3:143-153
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ANEXOS
ANEXO 1
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ANEXO 2
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – RELATO DE CASO
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