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CONCURSO DE PESSOAS
Se a lei não distingue entre autor e partícipe (em sentido estrito), considerando
coautores todos quanto concorrem para a ação delituosa, tal distinção, no entanto, está
na natureza das coisas e não pode ser desconhecida pela doutrina, pois dela resultam
consequências jurídicas.
Autor é quem realiza diretamente a ação típica ou quem realiza por meio de
outrem, nos casos da chamada autoria mediata. Partícipe, em sentido amplo, é todo
aquele que, de qualquer forma, concorre para a ação delituosa; em sentido estrito, é
todo aquele que, sem realizar conduta típica, contribui para a ação típica de outrem.
No caso de participação, estende-se a pena a quem não realiza a conduta típica.
Seja qual for a forma de participação, não constitui ela forma autônoma de um fato
punível, estando necessariamente subordinada à realização da conduta típica por parte
de outrem (autor). Por isso se diz que a participação é sempre acessória.
Autor é quem realiza, no todo ou em parte, a ação incriminada que configura o
delito, em seu aspecto objetivo (tipo objetivo) e subjetivo (tipo subjetivo). Com
exceção dos casos de autoria mediata, é a realização da conduta típica que caracteriza
a autoria. Deve o autor reunir os requisitos previstos no tipo para o sujeito ativo nos
crimes próprios e atuar com dolo e demais componentes subjetivos do tipo,
eventualmente exigidos.
Quanto à pessoa jurídica, o CP não contém dispositivo sobre o tema, mas a Lei
nº. 9.605, de 1998, que trata dos crimes ambientais, atribuiu responsabilidade penal às
pessoas jurídicas cujas atividades lesem o meio ambiente (art. 3.º), repetindo o texto
constitucional (art. 225, § 3.°, CF).
Coautor, por sua vez, é quem executa, juntamente com outros, a ação ou omissão
que configura o delito.
5. Autoria mediata
Autor não é apenas o que realiza diretamente a ação ou omissão que configura
o delito, mas também quem a realiza por meio de terceiro que atua sem culpabilidade.
É o caso da enfermeira que, de boa-fé, cumprindo a ordem do médico, ministra o
remédio mortífero.
Há autoria mediata não só quando o executor atua sem dolo, em virtude de erro
(como no exemplo da enfermeira), mas também quando atua sob coação moral
irresistível ou é inimputável (doente mental etc.). Na obediência hierárquica, há, por
igual, autoria mediata.
Nesses casos não há concurso de pessoas, pertencendo a ação delituosa
integralmente a quem se serve do executor (autor mediato) não culpável, que atua como
mero instrumento.
7. Autoria colateral
Como mencionado, não se exige ajuste prévio para que se caracterize o concurso
de pessoas, bastando a consciência de cooperar na ação comum. Ex.: Tício e Caio,
disparando suas armas, alvejam Mévio, matando-o.
Se faltar tal requisito, haverá autoria colateral, rara nos crimes dolosos, mas
frequente nos crimes culposos . Ex.: Tício e Caio, ignorando cada um deles a atuação
do outro, alvejam simultaneamente Mévio que vem a falecer. Cumpre então distinguir.
Se a vítima morreu em consequência dos disparos efetuados por ambos, respondem os
dois por homicídio consumado. Se a vítima morreu em consequência dos disparos de
Tício, só este responderá por homicídio consumado, tendo Caio praticado tentativa de
homicídio. Se houver dúvida intransponível sobre a autoria, a única possível solução é
a de responderem ambos os autores dos disparos por tentativa de homicídio, excluída a
responsabilidade pelo resultado morte, de autoria incerta.
8. Multidão delinquente
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a ele
cominadas. Essa equiparação de todas as formas de participação e autoria, para em
princípio receberem as penas do crime de que se trata, não deve induzir em erro. A
escala penal aplicável a todos os que concorrem no crime é a mesma, mas a pena a ser
fixada para cada um, em concreto, depende da culpabilidade individualmente revelada.
O princípio reitor geral para os juízes, na aplicação da pena em caso de concurso de
pessoas, é a de que cada um dos que concorrem para o crime será punido de acordo
com sua própria culpabilidade, independentemente da culpabilidade dos demais (art.
29, in fine). Todos os que concorrem para o crime estão sujeitos à mesma escala penal,
mas, no processo de aplicação da pena, deve o juiz distinguir a situação de cada um,
tendo em vista a sua culpabilidade, maior ou menor. Esta determina-se segundo a
reprovabilidade que recai sobre a ação ou omissão que realizaram, tendo em vista o
crime comum.
A lei estabelece que a pena deve ser diminuída de um sexto a um terço, “se a
participação for de menor importância” (art. 29, § 1.°, CP). Essa disposição do Código
corresponde à participação de menor importância. A redução da pena, nos limites de
um sexto a um terço, deve ser fixada de acordo com a cooperação maior ou menor para
o delito e caracteriza a adoção da teoria monística mitigada.
Dando bem inspirada solução a matéria particularmente controvertida, a lei
vigente dispõe, no art. 29, § 2.°: “se algum dos concorrentes quis participar de crime
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; esta pena será aumentada até a metade,
na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”. A disposição se aplica ao
caso em que o partícipe (instigador ou cúmplice) pretendia concorrer para um crime
menos grave do que aquele que foi efetivamente realizado pelo autor. A lei vigente
estabelece que o agente vai responder, de acordo com a sua culpabilidade pelo crime
que quis praticar e não pelo que o autor praticou. Todavia, se o resultado mais grave
era previsível, a pena a ser imposta ao partícipe deve ser aumentada “até a metade”. A
previsibilidade de que aqui se cogita é a que se refere ao agente, nas circunstâncias em
que atuou, pois se trata de manter o princípio da responsabilidade subjetiva. É
perfeitamente possível imaginar a existência de dolo eventual em relação ao resultado
mais grave, hipótese na qual por ele responde integralmente o partícipe.
1. Teoria da pena
3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tribunal Penal Internacional – prisão perpétua: inconstitucionalidade.
Revista Jurídica, Porto Alegre, v. 297, julho 2002, p. 65.
4
Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 60, § 4º, IV.
5
STEINER, op. cit., p. 453.
6
MEDEIROS, Antônio Cláudio Cachapuz de. O Tribunal Penal Internacional e a Constituição
Brasileira. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/dh/tpi/cartilha_tpi.htm. Acesso em
23 de agosto de 2020.
7
STEINER, op. cit., p. 454.
8
STEINER, op. cit., p. 452-453.
Apontou-se, também em caráter argumentativo, que existe no ordenamento
jurídico brasileiro a previsão da pena de morte, no caso de guerra,9 bem como, para uma
série de crimes previstos no Código Penal Militar. Sendo assim, “não há, pois, uma
restrição moral ou substancial do constituinte contra a pena de morte”,10 o que
demonstra ser a vedação das penas capitais e de caráter perpétuo uma opção do
legislador interno, sem interferência na apenação dos crimes internacionais sob a
jurisdição do Tribunal Penal Internacional.
Por fim, cabe destacar que, a despeito da previsão da pena de prisão perpétua
pelo Estatuto de Roma, sua ratificação pelo Brasil não implica na adoção desta pena
pelo ordenamento jurídico interno. Conforme dispõe o Artigo 80 do Estatuto, nada
prejudicará a aplicação pelos Estados das penas previstas nos respectivos direitos
internos, ou a aplicação da legislação de Estados que não preveja as penas referidas no
Estatuto.11 Destarte, não foi necessária a adoção interna da pena de prisão perpétua pelo
Brasil para adequar-se ao Estatuto de Roma. Corrobora-se, assim, o entendimento de
que não há incompatibilidade entre o Estatuto de Roma e o ordenamento jurídico
brasileiro, no que tange à pena de prisão perpétua.
2.1. Origens
9
Constituição da República Federativa do Brasil, Artigo 5º, inciso XLVII, letra a.
10
STEINER, op. cit., p. 457.
11
PIOVESAN, op. cit., p. 1335.
O sistema do completo isolamento (solitary system) foi introduzido nas prisões
de Pittsburgh (Western Penitenciary) e Cherry Hill (Eastern Penitenciary) construídas
em 1818 e 1829.
A esse sistema se apôs o de Auburn, adotado na prisão construída em 1829 na
cidade deste nome, no Estado de Nova Iorque. O sistema de Auburn permitia o trabalho
em comum durante o dia, em completo silêncio, ficando conhecido como silent system.
Mais importante foi o sistema irlandês ou progressivo, introduzido pelo capitão
Alexandre Maconochie e Sir Walter Crofton. Maconochie, em 1838, criou um sistema
de marcas ou pontos (mark system), por meio do qual a situação do preso fosse
gradativamente melhorando, de acordo com o trabalho por ele realizado. Propôs que a
duração da condenação fosse medida não por tempo determinado, mas sim por uma
certa quantidade de trabalho a ser realizada, de modo a colocar a sorte do condenado
em suas próprias mãos. Maconochie não pôde implementar o seu sistema, devido à
legislação da época.
Coube a Sir Walker Crofton, nomeado em 1854 diretor de prisões na Irlanda,
pôr em prática um sistema na linha do que foi sugerido por Maconochie. Daí o nome
sistema irlandês. Esse sistema começava com um estágio de nove meses de isolamento
celular. Um segundo estágio era de obras públicas, no qual se aplicava um critério de
marcas ou de pontos, pelo qual o condenado progredia por meio de cinco classes,
podendo acelerar a passagem de uma a outra pelo bom comportamento e pela dedicação
ao trabalho. Um terceiro estágio era uma espécie de teste para a liberação. Nele o preso
trabalhava sem supervisão e sem vigilância, sem o emprego de medidas disciplinares,
mas podendo voltar a etapas anteriores. Finalmente, um quarto estágio era o do
livramento condicional (ticket of leave), que poderia ser revogado se não houvesse bom
comportamento.
O CP brasileiro adotou um regime progressivo.
O ideal da prisão era, assim, a vigilância e controle total sobre a pessoa do preso.
Jeremy Bentham publicou, em 1791, o seu plano para construção do Panótico, que seria
não só um modelo na prisão, como também de todas as instituições de educação,
assistência e trabalho. O Panótico é construção circular, dividido em raios convergentes
para um ponto central, de onde um único vigilante poderia observar todo
estabelecimento. A Casa de Correção que se inaugurou no Rio de Janeiro, em 1850, e
cujas obras se iniciaram em 1834, pretendia ter como modelo o Panótico, mas um erro
de construção levou ao abandono do projeto.
Em realidade, a pena de prisão foi introduzida como castigo duro e feroz.
Difundiu-se a ideia de que a prisão deve promover a custódia do condenado,
neutralizando-o por meio de um sistema de segurança, no qual se esgota o sentido
retributivo da pena e, ao mesmo tempo, ressocializá-lo ou emendá-lo, por meio de um
tratamento.
Como instituição total, a prisão pode deformar a personalidade, ajustando-a à
subcultura prisional (prisonização). A reunião coercitiva de pessoas do mesmo sexo
num ambiente fechado, autoritário, opressivo e violento, pode corromper e aviltar. Os
internos são submetidos às leis da massa, ou seja, ao código dos presos, onde impera a
violência e a dominação de uns sobre outros. O homossexualismo, por vezes brutal, é
inevitável. A delação é punida com a morte. Conclui-se, assim, que o problema da
prisão é a própria prisão, que apresenta um custo social demasiadamente elevado. Aos
efeitos comuns a todas as prisões, somam-se os que são comuns nas nossas:
superpopulação, ociosidade e promiscuidade.
Quanto mais graves forem as penas e as medidas impostas aos delinquentes,
maior será a probabilidade de reincidência. O sistema será, portanto, mais eficiente, se
evitar, tanto quanto possível, mandar os condenados para a prisão, nos crimes pouco
graves, e se, nos crimes graves, evitar o encarceramento demasiadamente longo.
2.2. Espécies
O CP proclama que o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda
da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e
moral (art. 5.°, XLIX, CF; e art. 3.°, Lei de Execução Penal). Os direitos dos presos
estão especificados na lei (art. 40, Lei de Execução Penal), compreendendo alimentação
suficiente e vestuário; atribuição de trabalho e sua remuneração; previdência social;
constituição de pecúlio; proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o
descanso e a recreação; exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e
desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; assistência
material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; proteção contra qualquer
forma de sensacionalismo; entrevista pessoal e reservada com o advogado; visita do
cônjuge, da companheira, de parentes e amigos, em dias determinados; chamamento
nominal; igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização da
pena; audiência especial com o diretor do estabelecimento; representação e petição a
qualquer autoridade em defesa de direito; contato como mundo exterior por meio de
correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não
comprometam a moral e os bons costumes.
Quanto ao trabalho, a Constituição Federal estabelece que constitui um direito
social (arts. 6.° e 7.°). No que se refere ao trabalho do condenado, em qualquer caso,
deve realizar-se de acordo com as aptidões ou ocupações anteriores do condenado,
desde que compatíveis com os objetivos da pena. No regime semiaberto, o condenado
pode frequentar cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou
superior.
Sempre se considerou o trabalho elemento essencial ao tratamento
penitenciário, porque o trabalho é dever social e condição da dignidade humana. O
trabalho do preso não está submetido ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho
e tem de ser remunerado com quantia não inferior a três quartos do salário mínimo.
A lei fixa, no entanto, que o produto da remuneração deve ser aplicada para indenizar
os danos causados pelo crime (se forem determinados judicialmente), na assistência à
família e no ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do
condenado (art. 28, Lei de Execução Penal). Diz a lei que o trabalho será em comum
tanto para o regime fechado como para o semiaberto. No regime fechado, o trabalho
será no interior do estabelecimento; no regime semiaberto, o trabalho será em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O trabalho externo é admissível em
qualquer regime. No regime fechado, o condenado poderá trabalhar em obras públicas,
desde que tomadas as cautelas contra fuga e em favor da disciplina. No regime
semiaberto o trabalho externo se realiza com fiscalização e precauções menos
rigorosas.
2.5. Remição e detração
Diz a lei que o condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto
poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena. Três dias de
trabalho valerão um dia de pena. Se o preso não puder prosseguir no trabalho por
acidente, continuará a se beneficiar com a remição. O condenado que for punível com
falta grave perderá o direito ao tempo remido (arts. 125 e segs., Lei de Execução Penal).
Entende-se por detração penal o abatimento na pena a ser cumprida do tempo
de prisão já cumprida pelo condenado. Estabelece o CP que se computam, na pena
privativa da liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão preventiva ou
provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em
hospital ou manicômio (art. 42).
Se sobrevém ao condenado doença mental, deve ele ser recolhido a hospital de
custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado (art.
41, CP). Da mesma maneira, o tempo de internação computa-se na pena de prisão.
O artigo 75, CP, tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não
pode ser superior a 40 (quarenta) anos, e que, caso o agente for condenado a penas
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser
unificadas para atender àquele limite máximo. Sobrevindo condenação por fato
posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, computando-se,
para esse fim, o tempo restante da pena anteriormente cumprida. De toda forma esse
limite diz respeito ao cumprimento da pena, pois os eventuais benefícios penais devem
ser calculados com base na pena aplicada.
Também introduzida pela lei n.° 9.714, de 1998, a perda de bens faz parte do
rol das penas restritivas de direitos. A possibilidade jurídica de adoção de tal penalidade
encontra-se expressamente prevista na vigente Constituição Federal (art. 5.°, XLVI, b).
O art. 45, § 3.°, CP, estabelece que: “a perda de bens e valores pertencentes aos
condenados dar-se–á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário
Nacional, e seu valor terá como teto — o que for maior — o montante do prejuízo
causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática
do crime.”
Tal pena não se confunde com a possibilidade de perdimento de bens como
efeito da condenação previsto no art. 91, II, alíneas a e b, CP. Circunscreve-se o efeito
da condenação ao perdimento dos instrumentos e produtos do crime (instrumencta et
producta sceleris), ou seja, dos bens ilicitamente obtidos (cf. n.° 397, infra). Como
pena restritiva, a perda de bens pode abranger também bens licitamente adquiridos pelo
autor do fato.
Ressalvada a legislação especial, os bens e valores perdidos serão revertidos em
favor do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN, com a finalidade de financiar e de
apoiar as atividades e os programas de modernização e aprimoramento do sistema
penitenciário.
A lei não prevê valor mínimo, mas fixa como teto máximo o montante do
prejuízo causado ou do proveito obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência
da prática do crime.
A perda de bens somente pode ser imposta em infrações penais em que houve
dano patrimonial.
4. Pena de multa
4.1. Características
5. Aplicação da pena
6. Concurso de crimes
A regra do concurso formal existe para beneficiar o agente. Por meio dela se
exclui o cúmulo material que poderia, em concreto, conduzir a pena injusta,
inteiramente desproporcional com a gravidade dos crimes praticados. Todavia, pode
ocorrer que a regra do concurso formal seja, concretamente, mais grave do que a do
concurso material. Imagine-se que o réu cometa um homicídio e uma lesão corporal
em concurso, mediante uma só ação. A lei manda neste caso que se aplique somente a
pena do crime mais grave (homicídio), aumentada de um sexto à metade. Toma-se por
base a pena do homicídio (crime mais grave) que, aumentada de um sexto, pode
representar um aumento de pena maior do que a pena do crime de lesões corporais
simples. É um resultado incongruente. Em tal caso a pena não pode exceder à que seria
cabível pela regra do concurso material (art. 70, parágrafo único, CP).
Erro na execução é que surge por acidente ou erro nos meios de execução
(aberratio ictus), conforme o art. 73, CP. Nesse caso, não há falsa representação da
realidade, diversamente do que ocorre com o erro sobre o objeto. O erro que versa
sobre o objeto é acidental, sendo irrelevante (art. 20, § 3.°, CP). No erro na execução,
há um desvio no golpe, por imperícia ou por acidente no momento do ataque. Duas
situações podem ocorrer: (a) o agente atinge pessoa diversa; (b) o agente atinge também
a pessoa visada. Se o agente atinge pessoa diversa (A pretendia matar B, mas a sua
imperícia o leva a alvejar C) responde como se tivesse atingido a pessoa que visava.
Consideram-se neste caso as qualidades e condições pessoais da pessoa visada, se
apresentam relevância (ex.: crime contra ascendente, contra criança etc.). A rigor, essa
situação poderia configurar um crime de homicídio tentado em concurso com um crime
de homicídio culposo, mas nossa lei considera o fato um crime único, como se tivesse
sido atingida a pessoa visada.
A segunda hipótese é aquela em que o agente atinge também a pessoa visada.
Nesse caso, há um concurso de crimes, aplicando-se a regra do concurso formal.
Já o art. 74, CP, se refere à hipótese em que vem a ser atingido bem jurídico de
diversa espécie (aberratio delicti): “fora dos casos do artigo anterior, quando, por
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o
agente responde por culpa se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também
o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70, § 1.°”. No caso de aberratio ictus
(erro na execução), a lei manda que o agente responda como se tivesse atingido a pessoa
visada. Quando não se trata de pessoa, mas de ofensa a outro bem jurídico, o agente
responde a título de culpa por essa ofensa a bem diverso, se o fato é punível a título de
culpa.
Assim, se A quer quebrar uma vitrine e, realizando a ação, vem também a ferir
B, que estava nas proximidades, praticará o crime de dano (artigo 163) em concurso
formal com o de lesão corporal culposa (art. 129, § 6.°). Se pretendia A matar B e
apenas quebrou a vitrina, praticará tentativa de homicídio tão-somente, pois não há
crime de dano culposo.
Por fim, cabe ressalvar que, no concurso de infrações, executa-se primeiramente
a pena mais grave (art. 76, CP). No concurso entre crime e contravenção, executa-se
em primeiro lugar a pena correspondente ao crime. As penas não privativas da
liberdade se cumprem integralmente, não estando submetidas às regras do concurso de
crimes. Se há ofensa ao mesmo bem jurídico, o crime absorve a contravenção.
Se expirar o prazo do período de prova sem que tenha sido revogada a suspensão
condicional, não mais se executa a pena privativa da liberdade, que será extinta. Essa
extinção não depende de decisão judicial. A extinção ocorre na data em que expira o
prazo do período de prova, possuindo a decisão que a reconhece natureza meramente
declaratória.
8. Livramento condicional
8.3. Condições
9. Efeitos da condenação
10. Reabilitação
12
Segundo Sérgio Carrara, o manicômio judiciário surgiu, no início da República, em virtude de um
problema concreto, qual seja, o crime praticado por Custódio Alves Serrão. Em abril de 1896, com
ciúmes da irmã, Custódio matou a tiros o seu tutor – o Comendador Belamino Brasiliense, diretor da
Casa de Correção ao tempo do Império. Na ocasião, Custódio foi internado, por conta de “distúrbios
nervosos”, no Hospício Nacional, de onde fugira por diversas vezes. Levado a uma prisão comum, ele
subverteu a ordem e a disciplina local, particularmente em razão de sua inteligência e elevado nível
educacional. O episódio gerou grande polêmica entre médicos e juristas sobre o tratamento adequado aos
“loucos-criminosos” no Brasil. O debate redundou na campanha para construção do Asilo Criminal
Brasileiro, erguido num prédio anexo à Casa de Correção da rua Frei Caneca/Rio de Janeiro. (cf.
CARRARA, Sérgio. Crime e loucura: o aparecimento do manicômio judiciário na passagem do século.
Rio de Janeiro: Eduerj, 1998, p. 127).
11.3.3. Escolha da medida de segurança
A medida de segurança, tal como a pena, só pode ser executada, segundo o art.
171, da LEP, após transitar em julgado a sentença penal, que, no caso, denomina-se de
absolvição imprópria (art. 386, parágrafo único, III, do CPP, com a redação da Lei no
11.690/2008).
Objetivando que o acusado não venha a ser açodadamente submetido ao regime
de internação ou tratamento ambulatorial antes do trânsito em julgado, o art. 172, da
LEP, condiciona a imposição de tais medidas à expedição de guia de execução. O art.
173, da LEP, disciplina os termos da elaboração desta guia, bem assim o seu conteúdo.
A cautela do legislador no trato da presente matéria é louvável.
Lamentavelmente, não era infrequente que inimputáveis fossem irregularmente
13
REsp 324091. STJ. Min. Hamilton Carvalhido. Sexta Turma. DJ de 09/02/2004.
14
Sobre o tema, vide <http://www.tjmg.jus.br/presidencia/projetonovosrumos/pai_pj/. Acesso: em 23
de agosto de 2020.
15
Sobre o tema, vide <http://www.premioinnovare.com.br/praticas/paili-programa-de-atencao-integral-
ao-louco-infrator>. Acesso em 23 de agosto de 2020.
internados em manicômios judiciários, antes do trânsito em julgado do processo, em
flagrante abuso de autoridade. Outra prática igualmente reprovável consiste na
manutenção de inimputável em estabelecimento prisional sob o argumento de ausência
de vaga em hospital de tratamento e custódia.
Iniciado, efetivamente, o cumprimento da medida, deve-se proceder, após o
decurso do prazo de 1 (um) a 3 (três) anos, ao exame médico para averiguação da
cessação de periculosidade (art. 97, § 1o, do CP). Após esse marco inicial, a perícia
médica passa a ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o Juiz
da execução (art. 97, § 2o, do CP).
Na mesma esteira, o art. 175, I, da LEP, dispõe que a autoridade administrativa,
até um mês antes de expirar o prazo acima indicado, remeterá ao juiz minucioso
relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida. Em
complemento, o art. 176, da LEP, diz que o exame de cessação de periculosidade pode
ser realizado a qualquer tempo, inclusive antes do decurso do prazo referencial mínimo.
A ação, tanto no campo penal como no civil, pode ser conceituada como direito
público, subjetivo, determinado, autônomo, específico e abstrato de invocar do
Estado-juiz a aplicação do direito objetivo a um caso concreto. A ação penal,
portanto, não difere da ação civil quanto à sua natureza, mas somente quanto ao seu
conteúdo: é o direito público subjetivo a um provimento do órgão jurisdicional sobre a
pretensão punitiva. O Estado, ao contrário, tem o dever de reprimir as infrações,
considerada a relevância dos bens jurídicos tutelados pelas normas penais, e nesse
19
HC 31702. STJ. Min. Laurita Vaz. Quinta Turma. DJ de 05/04/2004.
sentido não se pode eximir de buscar o pronunciamento judicial adequado. Essa
diferença, contudo, limita-se à natureza do interesse protegido pela norma e não afeta
o próprio conceito de ação, que é idêntico em ambos os casos.
Desse modo, o direito de ação penal é direito público subjetivo, porque exercido
contra o Estado; determinado, já que instrumentalmente ligado a um fato concreto;
autônomo, visto que não se confunde com o material que pretende ver efetivado em
juízo; específico, visto que apresenta um conteúdo próprio; e abstrato, pois ainda que
conexo a um fato concreto, o direito de ação existirá mesmo naqueles casos em que o
juízo decide pela improcedência do pedido.
Considerando o sujeito que pode promover a ação penal, pode-se classificá-la
em pública e privada. Assim, dispõe o artigo 100 do Código Penal que a ação penal será
pública, salvo se a lei da dispuser de modo diverso.
Há, todavia, uma particularidade prevista no art. 101, CP, no que se refere aos
crimes complexos, que são aqueles que a lei considera como elemento ou circunstância
do tipo legal fatos que, por si só, constituem crimes. Neste caso, cabe ação pública, caso
qualquer deles se deva proceder mediante iniciativa do Ministério Público.
O art. 107, CP, enumera as causa de extinção da punibilidade. São elas: pela
morte do agente; pela anistia, graça ou indulto; pela retroatividade de lei que não mais
considera o fato delituoso; pela prescrição, decadência ou perempção; pela renúncia do
direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes punidos por meio de ação penal
privada; pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; e pelo perdão
judicial, nos casos previstos em lei.
Ressalte-se que, entre elas, no entanto, figuram situações em que se extingue
não a pena, mas sim o próprio crime. É o caso da anistia e da superveniência de lei que
deixa de considerar o fato delituoso. A anistia, como será visto, faz desaparecer o
próprio crime, o que ocorre também com a abolitio criminis, voltando o agente à
condição de primário. Já as demais causas de extinção da punibilidade fazem
desaparecer a punição in concreto. A ação praticada continua a ser punível, embora não
seja, em concreto, punida.
As causas de extinção da punibilidade enumeradas no art. 107, CP, não esgotam
as situações em que se extingue a punibilidade. Por exemplo, o cumprimento de pena
no estrangeiro, por crime lá praticado, nas hipóteses em que seria possível a aplicação
da lei penal brasileira (art. 7.º, § 2.º, letra d, CP), também extingue a punibilidade.
A primeira das causas de extinção da punibilidade é a morte do agente, qualquer
que seja o momento em que ocorra, que decorre da adoção do princípio da mors omnia
solvit (a morte tudo resolve). Conforme o momento em que a morte ocorra, antes ou
depois da sentença definitiva, extingue ela a ação penal ou a condenação. Tal princípio
decorre da ação, pela Constituição Federal, da ideia de que nenhuma pena passa da
pessoa do delinquente (art. 5.º, XLV, CF). Com a morte do agente, processado ou
condenado, põe-se fim ao processo. A pena de multa acaso imposta ao condenado que
vem a falecer não pode ser cobrada dos herdeiros. As penas restritivas de direitos
(mesmo que se trate de prestação pecuniária ou de perda de bens) igualmente não
passam da pessoa do condenado.
Os efeitos civis, no entanto, subsistem, a cargo dos herdeiros. A morte não
extingue a obrigação de reparar o dano causado pela ação delituosa. A morte também
não impede a revisão do processo, que pode ser promovida pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão (art. 623, CPP).
Prova-se a morte com a certidão de óbito (art. 62, CPP). A presunção legal da
morte, em virtude da ausência (art. 10, (6º) Cód. Civil) é bastante para extinguir a
punibilidade. Se se demonstra que a extinção da punibilidade foi declarada com falsa
certidão de óbito, tendo transitado em julgado a decisão, nenhuma possibilidade existe
de reabrir o processo. Não existe revisão criminal contra o réu.
A morte é causa pessoal de extinção da punibilidade e não se estende aos
corréus, seja qual for o crime.
Já a anistia, a graça e o indulto são formas de indulgência soberana que
acompanham a pena desde tempos imemoriais. É o benefício concedido ao autor de
crime ou ao condenado por órgão alheio ao Poder Judiciário, que atuam inspirado por
conveniências políticas ou por espírito de humanidade, fazendo desaparecer o crime
cometido, extinguindo a pena ou, de outra forma, favorecendo o condenado. É o que
genericamente se chama direito de graça.
Das formas de indulgência soberana, a anistia é a que apresenta efeitos mais
amplos. Aplica-se, em regra, a crimes políticos, mas pode abranger outras categorias de
ilícito penal. A anistia faz desaparecer o crime, de tal modo que os favorecidos
readquirem a condição de primários, cessando todos os efeitos penais. Os efeitos civis
(reparação do dano) subsistem. A anistia pode ser concedida antes ou depois da
condenação. Quando concedida antes da condenação, a anistia chama-se própria. Se
concedida depois da condenação definitiva, chama-se imprópria. Ela se refere ao fato
delituoso, impondo o seu esquecimento e não pode ser recusada. Pode, no entanto, a
anistia impor condições que os favorecidos não queiram satisfazer.
A anistia é ato do Poder Legislativo e resulta, portanto, de uma lei (art. 48, VIII,
CF). Não pode a anistia ser revogada.
Pode a anistia ser geral (ou plena) ou parcial (ou restrita). No primeiro caso,
beneficia todos os criminosos autores de determinados crimes, indistintamente. No
segundo caso, a anistia favorece apenas determinadas pessoas (por exemplo, os que
forem primários) ou somente os autores de determinados crimes.
Será condicionada a anistia que impuser condições e incondicionada a que for
concedida sem condições. A vigente CF (art. 5.º, XLIII) impede a concessão de anistia,
de graça e de indulto quanto se tratar de crime de tortura, de tráfico ilícito de
entorpecentes, de terrorismo e de crimes hediondos. Leis infraconstitucionais que
regulam tais crimes reproduzem tal proibição (art. 2.º, I, L. 8.072/90; art. 1.º, § 6.º, L.
9.455/97).
Diferentemente, a graça e indulto extinguem apenas a punibilidade.
Subsistem, assim, os efeitos penais da condenação não atingidos pela extinção da
punibilidade.
A graça e o indulto são da competência do Presidente da República (art. 84, XII,
CF), dirigindo-se aos crimes comuns. Diversamente do que ocorre em relação à anistia,
a graça e o indulto só podem ser concedidos depois da condenação. Ambas as medidas
podem extinguir a pena ou tão-somente comutá-la.
O que caracteriza a graça é o fato de ser medida de caráter individual,
favorecendo pessoa determinada. Já o indulto é medida de caráter coletivo, cuja
concessão também pode receber opinião do Conselho Penitenciário, que o Presidente
da República pode não acatar.
O indulto se estende às penas acessórias e às medidas de segurança, a menos
que disponha diversamente.
Pode o indulto ser concedido a quem esteja no gozo de suspensão condicional
da pena. Não pode o condenado recusar o indulto, a menos que se limite a conceder a
comutação da pena (art. 739, CPP). Compete privativamente ao Presidente da
República a concessão do indulto (art. 84, XII, CF).
Outra causa é a abolitio criminis, que decorre do princípio da reserva legal. Se
desaparecer a ilicitude penal do fato, significará que se considera que a ação realmente
não atinge os interesses que se pretendia proteger, ou que estes não merecem a tutela
jurídico-penal. Extinguir-se-á, em tal caso, a punibilidade, cessando a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória (art. 2.º, CP). Subsistem apenas os efeitos civis
e faz desaparecer o próprio crime, tornando o agente à condição de primário.
A prescrição, por sua maior complexidade, será tratada em separado, adiante.
Já a decadência extingue a punibilidade, pois extinguindo o direito de ação, a
decadência, por via de consequência, extingue a punibilidade (art. 107, IV, CP).
A perempção é semelhante à decadência e também significa a perda do direito
de ação, só que depois de iniciada esta, pela inércia do querelante em impulsioná-la.
Extinguindo o direito de ação, a perempção, por via de consequência, extingue a
punibilidade.
Só há perempção nas ações penais privadas, depois que elas se iniciam. O CPP,
em seu art. 60, estabelece os casos em que ocorrerá a perempção: quando, iniciada a
ação penal, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30
(trinta) dias seguidos; quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
não comparecer a juízo, para prosseguir no processo, dentro de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, observando-se a ordem de preferência
estabelecida pelo art. 31, CPP; quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo
justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente ou deixar de formular
o pedido de condenação nas alegações finais; quando, sendo o querelante pessoa
jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
A punibilidade também se extingue pela renúncia do direito de queixa ou pelo
perdão aceito, nos crimes punidos por meio de ação penal privada (art. 107, V, CP).
Em certos crimes, igualmente a retratação do agente extingue a punibilidade,
porque constitui reparação completa do malefício praticado.
Há duas hipóteses, no CP, em que a retratação extingue a punibilidade. A
primeira está prevista no art. 143, CP, relativo aos crimes contra a honra: “O querelado
que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
pena.” A retratação neste caso só é possível se se tratar se calúnia ou difamação, e não
de injúria. A calúnia e a difamação se referem a fatos ofensivos, que podem ser
desmentidos. Já a injúria refere-se a qualidades pessoais negativas, e a retratação
dificilmente pode desfazer o efeito da ofensa. A retratação só é possível nos crimes
contra a honra punidos por ação penal privada, e deve ocorrer antes da sentença de
primeiro grau.
A segunda hipótese de retratação refere-se ao crime de falso testemunho ou falsa
perícia (art. 342, CP). Nesses crimes o fato deixa de ser punível se antes da sentença o
agente se retrata ou declara a verdade. É necessário que a retratação ocorra, também,
antes da sentença de primeiro grau. A retratação do agente estende-se aos partícipes.
Por fim, o perdão judicial não se confunde com o perdão do ofendido nos crimes
de ação penal privada. Perdão judicial é o ato do juiz que deixa de aplicar a pena,
reconhecendo que ocorrem circunstâncias que o justifiquem. São expressamente
previstos em lei.
A lei vigente dispõe que “a sentença que conceder perdão judicial não será
considerada para efeitos de reincidência” (art. 120, CP). O STJ, sobre a matéria, editou
a Súmula n.° 18, que dispõe: “A sentença concessiva de perdão judicial é declaratória
de extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”
a) não pode ela ser declarada quando há recurso da acusação, visando à agravação da
pena. Discute-se se o recurso da acusação que não tenha este efeito também obsta ao
reconhecimento da prescrição. Opinamos no sentido negativo. O recurso do assistente
de acusação tem o mesmo efeito que o recurso interposto pelo M.P.;
b) para que se declare a prescrição retroativa, não é necessário que haja recurso da
defesa. Basta inexistir recurso da acusação;
c) pode ser declarada a prescrição retroativa se a sentença é absolutória e a condenação
é proferida pelo tribunal, não havendo mais recurso da acusação;
d) pode ser declarada a prescrição retroativa se houve sentença condenatória e o tribunal
reduziu a pena, de modo a permitir a prescrição. A sentença condenatória, neste caso,
interrompe a prescrição, mas pode ser considerado o lapso de tempo entre a denúncia e
a sentença.